WISC-III - Power Point Dra Rute Pires (4)
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WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Direcção Regional de Educação – Educação – Funchal Funchal 24, 25 e 26 de Maio de 2012 Rute Pires Faculdade de Psicologia – Psicologia – Universidade Universidade de Lisboa
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Origens
1949 – 1949 – WISC WISC (D. Wechsler)
1971 – Adaptação Portuguesa (J. Ferreira Marques )
1974 – 1974 – WISC-R WISC-R (D. Wechsler)
1991 – 1991 – WISC-III (A. Prifitera)
2003 – Adaptação Portuguesa (M. Simões / CEGOC)
Amostra de 1354 sujeitos, idades entre 6 e 16 anos, representativa representativa da população portuguesa nas variáveis: idade, sexo, nível escolar, área de residência, localização geográfica 2
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Conceito de Inteligência de Wechsler
“Capacidade global “Capacidade global do indivíduo para actuar com finalidade, pensar racionalmente e proceder com eficiência em relação ao ambiente.” ambiente.” (Wechsler, (W echsler, 1944) 1944)
A inteligência é mais do que uma soma de aptidões. O comportamento inteligente depende da
configuração de
aptidões
qualitativamente
diferenciadas
e
apenas
parcialmente
independentes.
A inteligência é uma manifestação da personalidade. O comportamento inteligente é determinado por factores não intelectivos: traços de personalidade, motivação, factores emocionais (e.g., ansiedade) ansiedade)…
A inteligência desenvolve-se ao longo de toda a vida : as aptidões emergem e atingem a maturidade em idades diferentes e o desenvolvimento da inteligência prossegue para além da adolescência.
A inteligência depende do estado e da estrutura do cérebro, não tendo localização cerebral 3
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Conceito de Medida da Inteligência de Wechsler
Escalas individuais, constituídas por diversos subtestes que fazem apelo a diferentes facetas da inteligência, e.g., percepção, memória, raciocínio abstracto…
Escalas divididas em duas partes: Verbal e Realização
Índice de medida: QI Padronizado
Vários níveis de resultados: Resultados Globais (QIs); Resultados Factoriais (IFs); Resultados Normalizados Padronizados (Subtestes)
Aferição e estudo metrológico em grandes amostras
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WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Necessidade da WISC-III
Actualização dos dados normativos
Aumento progressivo dos resultados médios no desempenho dos sujeitos, principalmente nas medidas de realização
Caso português mais grave: WISC-R não adaptada para Portugal
Alterações dos materiais e dos procedimentos de administração com o objectivo de facilitar a adaptação do sujeito à situação de teste
Introdução da cor, alteração da ordem de aplicação dos subtestes, introdução de novos itens mais fáceis e mais difíceis, substituição de itens desactualizados)
Idades de aplicação
Aplicação individual Crianças dos 6 anos e 0 meses aos 16 anos, 11 meses e 30 dias
5
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Tempo de administração
1h/1h30m: 10 subtestes obrigatórios
+ 10/15 m: 3 subtestes opcionais
Aplicação preferencial numa única sessão É possível dividir a aplicação em duas sessões, desde que o intervalo não seja superior a uma semana
Condições de administração
Recomenda-se a aplicação frente-a-frente
É possível optar por uma organização do espaço diferente, mas há que assegurar:
Facilidade de acesso aos materiais de teste;
Materiais de teste fora do alcance visual do sujeito até que sejam necessários;
Cadeira e mesa adequadas à realização das tarefas;
Posicionamento que permita a observação das respostas e comportamento do sujeito
6
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Parte Verbal
Parte Realização
2. Informação
1. Completamento de Gravuras
4. Semelhanças
3. Código
6. Aritmética
5. Disposição de Gravuras
8. Vocabulário
7. Cubos
10. Compreensão
9. Composição de Objectos
12. Memória de Dígitos (opcional)
11. Pesquisa de Símbolos (opcional) 13. Labirintos (opcional)
Os Resultados Brutos são convertidos em Resultados Padronizados, cuja distribuição tem média 10 e desvio-padrão 3 (Manual WISC-III, 2003, tabela 36, pp. 259-280)
Os somatórios dos RP dos 5 subtestes obrigatórios da parte verbal, dos 5 subtestes obrigatórios da parte de realização e dos 10 subtestes obrigatórios são convertidos, respectivamente, em QI Verbal, QI Realização e QI Escala
Completa, cuja distribuição tem média 100 e desvio-padrão 15 (Manual WISC-III, 2003, 7
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
Os subtestes Memória de Dígitos, Labirintos e Pesquisa de Símbolos são opcionais.
Se o examinador optar pela sua aplicação para obter uma amostra mais ampla das aptidões do sujeito, não os deve incluir no cálculo dos QI.
Caso algum dos subtestes obrigatórios seja invalidado ou não possa ser aplicado, os subtestes Memória de Dígitos e Labirintos substituem, respectivamente, um dos subtestes verbais e um dos subtestes de realização e neste caso, são utilizados no cálculo dos QI.
O subteste Pesquisa de Símbolos é necessário para o cálculo do Índice Factorial Velocidade de Processamento. Este subteste, apenas, poderá substituir o subteste Código. 8
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III ÍNDICES FACTORIAIS Compreensão Verbal
Organização Perceptiva
Veloc. de Processamento
Conhecimento verbal e
Raciocínio não verbal,
Velocidade mental e motora
raciocínio verbal
percepção visual,
na resolução de problemas
estruturação espacial,
de natureza visual
coordenação visuo-motora e atenção Informação
Completamento Gravuras
Código
Semelhanças
Disposição Gravuras
Pesquisa de Símbolos
Vocabulário
Cubos
Compreensão
Composição Objectos
9
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Cálculo da idade-teste
Útil quando se quer comparar os resultados obtidos na WISC-III com as normas por idade de outras provas.
A tabela 44
(Manual WISC-III, 2003, p. 289) apresenta,
para cada subteste, os resultados
brutos equivalentes a diversas idades-teste.
A idade-teste média obtém-se somando as idades-teste correspondentes aos diferentes subtestes e dividindo pelo número total de subtestes.
A idade-teste mediana obtém-se ordenando as idades-teste por ordem crescente e procurando o valor central.
Os subtestes Pesquisa de Símbolos, Memória de Dígitos e Labirintos não devem ser utilizados no cálculo das idades-teste média e mediana.
10
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Classificação Qualitativa dos Resultados Médios 13 – Limite superior da Média 12 – Zona Superior da Média 11 – Média 10 – Média 9 – Média 8 – Zona Inferior da Média 7 – Limite Inferior da Média
11
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Relação QI-Percentil
Percentil 99 97 95 90 80 75 70 60
QI 135 128 125 119 113 110 108 104
Percentil 50 40 30 25 20 10 5 3 1
QI 100 96 92 90 87 81 75 72 65
In Manual da Escala de Inteligência de Wechsler par a Crianças (WISC), adaptação portuguesa de J.H. Ferreira Marques (1970)
12
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III
QI 130 ou mais 120 - 129 110 - 119 90 - 109 80 - 89 70 - 79 69 ou menos
WISC-III Classificação Muito superior Superior Médio Superior Médio Médio Inferior Inferior Muito Inferior
WAIS-III Classificação Muito superior Superior Médio Superior Médio Médio Inferior Inferior Muito Inferior 13
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Diferenças entre QI Verbal e de Realização
Uma diferença de 13 pontos entre QIV e QIR é estatisticamente significativa para o nível de significância 0.05
Mas uma diferença pode ser significativa do ponto de vista estatístico e ser muito frequente na população…
A maioria das referências bibliográficas considera que uma diferença significativa que ocorra numa frequência igual ou inferior a 15% da amostra de aferição é já suficientemente rara para permitir uma interpretação clínica
Quanto mais rara for uma determinada diferença na população, maior a segurança na interpretação patológica do desvio 14
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Interpretação das diferenças entre QI Verbal e QI Realização Mais elevado
1. Meio sociocultural (QIV>QIR) 2. Dificuldades de aprendizagem (QIVQIR) 4. Perturbações neurológicas (QIVQIR ) 5. Delinquência (QIV Aptidão de Conceptualização Verbal (Compreensão, Semelhanças e Vocabulário) >
Aptidão Sequencial (Memória de Dígitos, Aritmética e Código)
Outros processos que intervêm na realização da prova: 1. Capacidade de leitura/compreensão do
enunciado do problema; 2. Capacidade para transformar o enunciado verbal num enunciado matemático (pressupõe conhecimentos matemáticos)
Resultados Baixos
Domínio insuficiente da língua
Aprendizagens escolares deficitárias
19
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Vocabulário
Avalia a extensão de vocabulário e o grau de elaboração de conceitos e de pensamento abstracto
Wechsler (1944) considerava Vocabulário uma excelente medida de inteligência geral, reveladora das capacidades de aprendizagem e da qualidade dos processos de pensamento
Medida de inteligência cristalizada, depende do meio sociocultural da criança e da riqueza das interacções verbais com o ambiente
Resultados Baixos
Domínio insuficiente da língua
Falta de oportunidades de aprendizagem
Problemas auditivos ou de expressão oral
Psicoses
20
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Compreensão
Avalia conhecimentos e atitudes sobre convenções sociais e morais
Wechsler (1944) considerava Compreensão como um teste de “senso
comum”, fonte
de
informações
clínicas
sobre
a
personalidade, mais do que sobre a inteligência
É uma medida de inteligência cristalizada, cujo desempenho pressupõe educação familiar e escolar
Compreensão e Disposição de Gravuras informam sobre a qualidade do funcionamento social das crianças?
21
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Memória de Dígitos
Permite apreciar a qualidade do controlo da atenção e da memória de trabalho, embora não seja uma boa medida de inteligência
Tomando como referência o modelo da memória de trabalho de Baddeley (1986), as duas tarefas que compõem o subteste fazem apelo a mecanismos diferentes:
A recuperação de dígitos em sentido directo exige a repetição mental de uma sequência de números e implica o sistema fonológico/articulatório
A recuperação de dígitos em sentido inverso junta a este processo uma segunda tarefa que envolve a inversão da posição dos dígitos na sequência. Implica tanto o sistema fonológico/articulatório quanto o administrador central. Esta tarefa é muito mais exigente que a primeira. Em média, as pessoas conseguem recordar mais dois dígitos em sentido
directo do que em sentido inverso Resultados Baixos
Problemas auditivos e problemas ao nível da expressão oral
Problemas de atenção
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WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Completamento de Gravuras
Avalia o reconhecimento visual e a identificação de formas familiares
É uma tarefa de discriminação visual que exige diferenciação entre o essencial e o acessório
É uma medida de memória a longo prazo de informação visual
Resultados Baixos
Problemas visuais
Pouco conhecimento da cultura ocidental 23
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Código
Avalia a capacidade de aprendizagem de uma tarefa nova num curto espaço de tempo É a única tarefa de aprendizagem da WAIS-III. A rapidez de execução da tarefa depende da facilidade e da qualidade da aprendizagem realizada e esta é influenciada pela memória visual imediata. A realização da tarefa depende, igualmente, da atenção e concentração e de adequadas capacidades de coordenação visuo-motora
Resultados Baixos
Problemas visuais
Problemas de atenção (podem diminuir consideravelmente a velocidade de execução e afectar a memória de trabalho e consequentemente a aprendizagem das associações entre símbolos e dígitos)
Código não deve ser utilizado com pessoas iletradas A ansiedade prejudica o desempenho
O perfeccionismo prejudica o desempenho
É uma prova muito sensível às perturbações neurológicas
É uma prova muito sensível à Dislexia (a leitura facilita a análise de símbolos abstractos)
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WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Disposição de Gravuras
Avalia a inteligência geral na resolução de situações sociais. Implica compreensão do todo a partir da análise das partes, capacidades de planeamento e compreensão de sequências temporais e de relações de causa-efeito.
A realização com sucesso exige a compreensão de cada imagem, a distinção entre o essencial e o acessório e a integração do fundamental numa sequência coerente
A flexibilidade mental favorece a realização bem sucedida da tarefa
A leitura de BD facilita a realização da tarefa
Algumas crianças verbalizam a história enquanto a constroem. A saturação no factor verbal confirma que a prova é uma medida de processos verbais sequenciais
Resultados Baixos
Problemas visuais
Dificuldades motoras
Ansiedade / pressão do tempo
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WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Cubos
Avalia a inteligência não verbal . Depende de capacidades de análise visuo-espacial, de raciocínio sobre relações espaciais, de coordenação visuo-motora e de trabalho sob pressão do tempo
Possibilita a observação de processos cognitivos: que estratégias de resolução de problemas são utilizadas?
A estratégia analítica consiste numa análise da figura que leva à sua decomposição em unidades elementares e posterior síntese do todo
A estratégia global é uma estratégia de ensaio e erro
A estratégia sintética consiste na decomposição da figura em agrupamentos de cubos – estruturas parciais – que são posteriormente sintetizadas na figura tridimensional final
Do ponto de vista do desenvolvimento, a estratégia global diminui da infância para a idade adulta e as estratégias analíticas e sintéticas aumentam. A partir dos 50 anos verifica-se um progressivo retorno à estratégia global
Resultados Baixos
Problemas visuais
Dificuldades na motricidade fina
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WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Composição de Objectos
Avalia a capacidade para compreender o todo a partir da análise das partes, a coordenação visuo-motora e as capacidades de planeamento
Proporciona informação clínica: estratégias de abordagem da tarefa – analítica ou global –; características de perseveração; gestão da frustração; capacidade crítica; capacidade para trabalhar sob pressão
A realização de puzzles e a flexibilidade mental facilitam a realização da tarefa
Resultados Baixos
Problemas visuais
Dificuldades motoras
Ansiedade / pressão do tempo
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WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Pesquisa de Símbolos
Avalia a capacidade para processar rapidamente estímulos de natureza visual. Depende da atenção, concentração, da velocidade motora e do controlo visuo-motor
É muito sensível às perturbações neurológicas
Memória de Dígitos e Pesquisa de Símbolos são as provas mais afectadas em casos de perturbação da atenção, associada ou não à hiperactividade.
Resultados Baixos
Problemas visuais Ansiedade / pressão do tempo
Problemas de atenção
Traços obsessivos 28
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Labirintos
Avalia a rapidez e a precisão do controlo visuo-motor De um ponto de vista clínico informa sobre o controlo e o planeamento do comportamento e sobre a adaptação social
Proporciona poucas informações úteis sobre processos cognitivos e é uma medida pobre de inteligência geral e de organização perceptiva
29
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Dislexia / Perturbações da Aprendizagem / Perturbações da Atenção
Perfil Bannatyne: Aptidão Espacial (Cubos, Composição de Objectos e Completamento de Gravuras) > Aptidão de Conceptualização Verbal (Compreensão, Semelhanças e Vocabulário) >
Aptidão Sequencial (Memória de Dígitos, Aritmética e Código)
Os disléxicos obtêm melhores resultados nos subtestes da categoria Espacial, resultados intermédios nos subtestes da categoria Conceptual e piores resultados nos subtestes da categoria Sequencial
Perfil ACID: Aritmética, Código, Informação e Memória de Dígitos
Perfil SCAD: Pesquisa de Símbolos, Código, Aritmética e Memória de Dígitos
OP > SCAD: ocorre com maior frequência em crianças com Dislexia, Perturbações da Aprendizagem e da Atenção do que em crianças “normais” (dado que ICV é uma medida de inteligência cristalizada, a diferença entre CV e SCAD não diferencia crianças com perturbação de crianças”normais”)
Informação a ser utilizada com prudência, obrigatoriamente integrada com outros dados clínicos (Falsos Positivos)
30
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Deficiência Mental
O diagnóstico de DM pressupõe a simultaneidade de um funcionamento intelectual significativamente inferior à média (QI < 70) e de défices em duas ou mais áreas de competência adaptativa (i.e., comunicação, cuidados próprios, vida social …), que se manifestam durante o desenvolvimento
DM Ligeira (QI 55 – 69)
DM Moderada (QI 40 – 54)
DM Severa (QI 25 – 39)
DM Profunda (QI < 25)
Etiologia
QI < 50 – etiologia orgânica
QI > 50 – sem perturbações neurológicas ou físicas evidentes; meio sociocultural desfavorecido
Padrão característico
QIV < QIR
Subtestes mais difíceis: Vocabulário, Informação, Semelhanças e Aritmética
Subtestes mais fáceis: Completamento de Gravuras, Composição de Objectos, Compreensão e
31
WISC-III Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - III Perturbação de Hiperactividade com Défice da Atenção
Presença
de,
pelo
menos,
6
sintomas
de
desatenção
ou
de
hiperactividade/impulsividade ou dos dois, para se realizar o diagnóstico de PHDA tipo predominantemente desatento, tipo predominantemente hiperactivo-impulsivo ou tipo combinado, respectivamente
Os sintomas surgem antes dos 7 anos, são desadaptativos em relação ao nível de desenvolvimento, provocam dificuldades em, pelo menos, dois contextos, perturbando o funcionamento social, laboral ou académico
Resultados baixos em IVP e nos subtestes Memória de Dígitos e Aritmética surgem frequentemente associados a défices de atenção
32
Estudo de Caso Nome: Carolina Idade: 13 anos e 6 meses Escolaridade: 7º ano do 3º Ciclo do Ensino Básico Família: irmã gémea, irmão com 17 anos, mãe professora do ensino especial e pai técnico de informática
Pedido/Objectivo do exame
Clarificação da natureza das dificuldades de aprendizagem, de mobilização da atenção e concentração.
O pedido de avaliação é efectuado pela mãe, por recomendação da psicóloga da escola e é motivado pela possibilidade da Carolina vir a reprovar, pela segunda vez, no 7º ano de escolaridade.
O seu percurso escolar é descrito como “regular, mas com dificuldades”. Na opinião da mãe, a má preparação ao nível do 1º Ciclo é responsável pelas actuais dificuldades, que se agravaram no ano anterior pelo facto da irmã gémea ter partido uma perna e ter ficado impedida de frequentar a escola durante o 2º período. O acidente e a operação subsequente foram vividos por toda a família com grande sofrimento.
A mãe considera a Carolina “muito nervosa e insegura. Quando está a estudar e vê que não consegue parece que bloqueia.” A este respeito a Carolina diz: “eu estudo, a minha mãe sabe. Quando ela me faz perguntas eu sei responder, mas nos testes não me consigo lembrar das coisas e
Estudo de Caso Gravidez e Infância
Gravidez desejada, não planeada. Por serem filhos únicos desejavam ter mais do que um filho, mas meses antes da gravidez, a mãe tinha sido submetida a uma intervenção cirúrgica, na qual lhe foi retirado um dos ovários e os médicos não consideravam provável que conseguisse voltar a engravidar. Apesar do desejo, “saber que estava grávida de gémeos foi um choque. ”
Gravidez de alto risco com vómitos, mal-estar permanente e ameaças de aborto a partir das 24 semanas. Esteve duas vezes internada, no último internamento permaneceu no hospital até ao parto.
Parto de cesariana, às 38 semanas. Uma infecção respiratória obrigou a Carolina a estar na incubadora durante cinco dias.
A infecção respiratória não teve consequências, embora a mãe considere que a Carolina sempre foi mais frágil do que a irmã. “É mais franzina, sempre comeu menos, embora nunca tenha rejeitado a alimentação. Tem uma grande tendência para as alergias, principalmente as que se relacionam com a pele.”
Dormiu sempre bem e atingiu os marcos do desenvolvimento psicomotor na idade esperada. 34
Estudo de Caso Acontecimentos relevantes
No ano passado, o avô paterno e o avô materno da Carolina faleceram.
O avô paterno faleceu por doença crónica prolongada e o avô materno faleceu em casa e inesperadamente, no dia em que a família festejava o seu aniversário.
Opondo-se ao marido, não quis que os filhos assistissem às cerimónias fúnebres. Simultaneamente, sente-se magoada pelo facto dos filhos não falarem do avô “Nunca me perguntaram se eu estava bem, nunca falam dele... Foram completamente insensíveis (chora)”.
A mãe da Carolina está muito deprimida. Embora tenha tido o apoio do marido, sente que o marido acha que a vida é assim e que ela tem de superar.
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Estudo de Caso WISC-III WISC-III RP
RP
Informação
4
Completamento de Gravuras
5
Semelhanças
9
Código
9
Aritmética
5
Disposição de Gravuras
6
Vocabulário
5
Cubos
6
Compreensão
7
Composição de Objectos
7
(Memória de Dígitos)
(7)
(Pesquisa de Símbolos)
(12)
QI V
70
ICV
74
QIR
75
IOP
73
QIEC
68
IVP
103 36
Estudo de Caso Matrizes Progressivas de Raven – SPM
Resultado > Percentil 25
Tempo de Resposta – Resposta – 30 30’’
Figura Complexa de Rey
Cópia: Entre o Centil 60 e o Centil 70
Tipo I
Tempo – Tempo – 6 6’’ < Centil 10
Memória: Entre o Centil 70 e o Centil 75
Tipo I
Teste de Bender-Santu Bender-Santucci cci
Resultado situado entre a mediana dos 12 anos (59) e a dos 14 anos (63) 37
Estudo de Caso Análise e interpretação da WISC-III
1. Análise do QI da Escala Completa
QIEC = 68
Eficiência intelectual global situada no limite superior do nível Muito Inferior
(69 ou menos)
Intervalo de Confiança Confiança (95%): 63-80 63-80
2. Análise do QIV e QIR
QIV = 70
Intervalo de Confiança (95%): 65-79
QIR = 75
Inteligência verbal situada no limite inferior do nível Inferior (70-79) Inteligência visuo-espacial situada no nível Inferior
Intervalo de Confiança (95%): 69-87
Tabelas 45 e 46 do manual da WISC-III (pp. 291-292):
Comparação QIV/QIR = 70 – 75 = 5 A diferença entre QIV e QIR não é estatisticamente significativa (17.4) e clínico (diferenças iguais ou superiores a 30 ocorrem em apenas 7.9% da amostra de aferição)
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Estudo de Caso Análise e interpretação da WISC-III
Interpretação dos Índices Factoriais
Quando há sobreposição entre ICV/IOP e QIV/QIR, a interpretação dos IF faz pouco sentido…
Faria sentido interpretar ICV e IOP se QIV e QIR estivessem baixos por causa de uma nota anormalmente baixa em Aritmética ou Código, respectivamente. Nestes casos, o ICV reflectiria melhor a Inteligência Cristalizada e o IOP a Visualização Geral.
IVP tem poucos estudos que o validem… Apresentará alguma relação com a atenção, tendo-se verificado que baixava nos casos de perturbação de atenção (Grégoire, 2001).
As dificuldades ao nível da mobilização da atenção são uma das queixas da Carolina, que, contudo, apresenta o seu melhor desempenho neste indicador.
40
Estudo de Caso Análise e interpretação da WISC-III
4. Análise Intra-individual A média individual do João nos 12 subtestes que constituem a WISC-III é de 18, muito superior à média dos rapazes da sua idade. Porém, o seu desempenho num dado subteste é de 12. Este resultado, embora se situe na zona superior da média do grupo etário do João poderá sinalizar uma vulnerabilidade do seu funcionamento cognitivo…
A média individual da Maria nos 12 subtestes que constituem a WISC-III é de 8, traduzindo, globalmente, uma eficiência intelectual na zona inferior da média. Porém, o seu desempenho num dado subteste é de 14 e este resultado superior à média do seu grupo etário poderá sinalizar uma potencialidade do seu funcionamento cognitivo…
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Estudo de Caso Análise e interpretação da WISC-III
4. Análise Intra-individual Diferença entre o resultado de cada subteste e a média de resultados em conjuntos de subtestes (Manual WISC-III, tabela 47, pp. 293-296)
Homogeneidade = média dos 12 subtestes = 6.8
Pesquisa de Símbolos é uma Potencialidade (6.8 – 12 = 5.2 > 5.18; Uma diferença de 5 ou mais pontos entre Pesquisa de Símbolos e a média dos 12 subtestes ocorre em menos de 5% da amostra de aferição) 42
Estudo de Caso Análise e interpretação da WISC-III
4. Análise Intra-individual
Significância das diferenças entre pares de subtestes (Manual WISC-III, tabelas 48-49, pp. 297-298)
Diferenças de 4 ou mais pontos são estatisticamente significativas ao nível de significância de .05
Semelhanças difere significativamente de Informação, Aritmética e Vocabulário; Pesquisa de Símbolos difere significativamente de todos os subtestes, excepto de Código e Semelhanças; Código difere significativamente de Completamento de Gravuras, Aritmética, Vocabulário e Informação
Frequência da dispersão dos resultados entre subtestes (Manual WISCIII, tabelas 50, pp. 299)
Escala Completa: 12 – 4 = 8
Parte Verbal: 9 – 4 = 5
Parte Realização: 12 – 5 = 7
60.1%
64.7%
44.5%
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Estudo de Caso Análise e interpretação da WISC-III
5. Análise Inter-individual
Comparação do desempenho da criança com os resultados médios das crianças da sua idade: x = 10, dp = 3
6. Análise Qualitativa
Código: Traçado negligente com enganos corrigidos
Composição de Objectos e Cubos: Precipitada; estratégia de ensaio-erro; incapacidade para lidar com a frustração; padrão de desistência (e.g., dá a tarefa por terminada antes do tempo, sem realizar qualquer junção correcta)
Disposição de Gravuras, Semelhanças, Vocabulário: Padrão de respostas heterogéneo: sucesso em itens mais difíceis, insucesso em itens fáceis
Vocabulário: Item 10. Baleia, R: “um animal”; Item 15. Isolar, R: “Ficar sozinha”
Memória de Dígitos: 8 ou mais dígitos repetidos em sentido directo ocorre em 9.2% da amostra de aferição; 3 ou mais dígitos repetidos em sentido inverso ocorre em 96.7%; diferenças de 5 ou superiores ocorrem apenas em 2.5%.
Aritmética: Dificuldades no raciocínio (divisão) e no cálculo mental (não sabe a tabuada)
Informação: Item 12. Lusíadas?, R: “Eça de Queiroz”; Item 17. Pôr-do-Sol?, R: “Este”; Item 18.
Estudo de Caso Comparação MPS/ WISC-III
P25 = QI 90 limite inferior do nível Médio.
Diferença de 22 pontos entre WISC-III (QIEC = 68) e MPS (QI= 90)
Esta superioridade poderá ser explicada através da interferência de factores específicos verbais ou da interferência de variáveis emocionais no funcionamento cognitivo.
Embora o QIV não seja elevado, os resultados médios obtidos em Semelhanças e Compreensão e a heterogeneidade do padrão de respostas às MPS (sugestiva de falhas pontuais de atenção) permitem levantar a hipótese da interferência de uma perturbação emocional no funcionamento cognitivo.
45
Estudo de Caso MPS
A 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 0
RO RE
10 11
B 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1 1 1
9 9
C 1 0 0 0 1 0 1 1 1 1 0 0
Discrepâncias 6 7
D 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 0
E 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
9 8
3 2
46
Estudo de Caso Figura Complexa de Rey
Cópia
O tipo de cópia e a precisão da reprodução confirmam a inexistência de dificuldades ao nível da organização perceptiva e da estruturação espacial.
A sua reprodução revela, no entanto, falhas pontuais de atenção (ver elemento 8).
Memória
O resultado obtido na reprodução de memória indica inexistência de limitações mnésicas.
47
Estudo de Caso Figura Complexa de Rey – Cópia
48
Estudo de Caso Figura Complexa de Rey – Memória
49
Estudo de Caso Teste de Bender-Santucci
O resultado total situado entre a mediana dos 12 anos e a dos 14 anos revela capacidades grafo-perceptivas adequadas à idade.
Resultados parciais:
Aos 12 anos os modelos de mais difícil realização são o IV, II e o I
Aos 14 anos os modelos de mais difícil realização são o IV e o I Modelo I
Modelo II
Modelo III
Modelo IV
Modelo V
12 anos
11
11,5
12
15
13
14 anos
11
13
11
16
14
A Carolina obtém o seu pior resultado no modelo III, o mais fácil de realizar em todas as idades, estando o seu desempenho ao nível dos 8 anos.
Desempenhos adequados são obtidos nos modelos I, II e V. 50
Estudo de Caso Teste de Bender-Santucci
51
Estudo de Caso Personalidade
TSCS-2 – Escala do Autoconceito de Tennessee
Teste de Rorschach
Teste de Apercepção Temática (TAT)
Teste de Desenho da Família de Corman
Perturbação afectiva de natureza depressiva, associada a níveis baixos de autoestima e de confiança em si, particularmente no que se refere à percepção das suas capacidades intelectuais.
A Carolina tem lidado com estes afectos negativos através do recurso a uma estratégia defensiva de evitamento dos conteúdos emocionais.
Esta estratégia de simplificação da realidade interna e externa tem consequências quer ao nível dos relacionamentos interpessoais, que não são fonte de gratificação, quer ao nível do funcionamento cognitivo, originando modos pouco sofisticados e vagos de apreensão da realidade, com as consequentes imprecisões ao nível dos processos de tomada de decisão.
O insucesso escolar é apenas a faceta visível de um processo de maturação psíquica que está a decorrer com dificuldades, às quais é necessário dar a adequada resposta.
52
Estudo de Caso
53
Testes de Factor g / WISC-III
Matrizes Progressivas Coloridas , Matrizes Progressivas Standard, Matrizes Progressivas Avançadas
Autor: John C. Raven Para as MPC existem normas portuguesas para crianças dos 6 aos 11 anos (Simões, 2000)
Testes de raciocínio lógico - abstracto
Muito saturados em factor g
Saturados, também, no factor organização perceptiva
Testes sensíveis à deterioração mental 54
Testes de Factor g / WISC-III T. Factor g / E. Wechsler
Os resultados tendem a ser concordantes
No caso dos resultados serem discordantes é possível levantar as seguintes hipóteses:
T. Factor g > E. Wechsler Intervenção de factores
não
intelectuais
(motivação,
atenção,
concentração,
características de personalidade)
Intervenção de factores específicos verbais na eficiência demonstrada na E. W echsler
Factor g < E. Wechsler
Deterioração mental
Dificuldades na organização perceptiva
Dificuldades na mobilização da atenção
Motivação
Dificuldades na resistência à distracção 55
PROVA DE ORGANIZAÇÃO GRAFOPERCEPTIVA (1967)
Adaptação do Teste de Bender
Autores: Hilda Santucci e Marie-Germaine Pêcheux
Útil na avaliação de crianças em idade escolar:
Identifica dificuldades na organização visuo-motora; estas são muitas vezes responsáveis por dificuldades na aprendizagem e/ou problemas de comportamento.
Normas francesas para crianças dos 6 aos 14 anos
Dos 4 aos 6 anos
Baby Bender
Normas portuguesas para crianças dos 6 aos 11 anos da autoria de A. Castro Fonseca (1994) 56
Estímulo 1
57
Estímulo 2
58
Estímulo 3
59
Estímulo 4
60
Estímulo 5
61
PROVA DE ORGANIZAÇÃO GRAFOPERCEPTIVA (1967) Material
5 modelos
Folha A4 (disposição horizontal)
Lápis (não permitir a utilização de régua ou borracha)
Folha de cotação e grelhas de correcção
Tempo de realização
6 minutos
Critérios de realização
A nota 3 é reservada para as realizações raramente conseguidas aos 6 anos.
A nota 1 é atribuída às reproduções que são conseguidas pela maior parte das crianças de 6 anos.
A nota 2 é atribuída aos casos intermédios. O ritmo do desenvolvimento grafo-perceptivo é mais intenso entre os 6 e os 10 anos (com uma evolução acentuada dos 6 para os 7 anos).
Entre os 10 e os 14 anos verifica-se um abrandamento progressivo do ritmo do desenvolvimento grafo-perceptivo.
62
PROVA DE ORGANIZAÇÃO GRAFOPERCEPTIVA Considerações sobre a interpretação
Comparação do resultado global obtido com o nível intelectual global
Eficiência grafo-perceptiva muito inferior ao nível de eficiência intelectual
perturbação da função visuo-motora
Nos casos em que há suspeita de deficiência mental, uma eficiência grafo-perceptiva superior ao nível de eficiência intelectual permite pôr em causa o diagnóstico de debilidade (Estudos revelam que na maioria dos casos de deficiência mental o resultado do Bender é inferior ao nível intelectual obtido).
Análise dos resultados parciais, do grau de dificuldade de cada modelo e da evolução genética das reproduções 63
Figura Complexa de Rey (1959)
Autor: André Rey Figura geométrica complexa sem significado aparente. A sua realização gráfica é fácil, mas a sua estrutura é suficientemente complexa
para
exigir
uma
actividade
perceptiva
analítica
e
organizadora.
Figura A – aplica-se a partir dos 8 anos [Normas portuguesas para crianças dos 6 aos 11 anos, autoria de M. Simões et al. (1997)]
Figura B – aplica-se dos 4 aos 7 anos (Pode aplicar-se a adultos com forte suspeita de DM)
Permite avaliar Organização perceptiva e Memória visuo-espacial (indirectamente fornece dados sobre a eficiência intelectual). 64
FCR Fig. A
65
FCR Fig. B
66
Figura Complexa de Rey Análise da Cópia
Informa sobre a organização perceptiva e o desenvolvimento intelectual.
A análise da Cópia tem em consideração 3 aspectos: Precisão da Cópia, Tipo de Cópia e Tempo de Realização.
Precisão da Cópia
Bem colocado = 2 pontos Correcto
Mal colocado = 1ponto Bem colocado = 1 pontos
Para cada elemento
Deformado ou incompleto mas reconhecível
Mal colocado = ½ pontos
Irreconhecível ou ausente = 0 67
Figura Complexa de Rey
Tipo de Cópia (Osterrieth, 1945)
Tipo I – Construção sobre a armadura
O sujeito começa o desenho pelo grande rectângulo central, que funciona como a estrutura do desenho, em relação ao qual agrupa os outros elementos da figura.
É o tipo de cópia dominante nos adultos. Está, no entanto, presente desde os 4 anos, aumentando lentamente até atingir uma frequência máxima na idade adulta.
Tipo II – Detalhes englobados na armadura
O sujeito começa o desenho por um detalhe ligado ao grande rectângulo (e.g., cruz superior esquerda) ou traça o grande rectângulo englobando em simultâneo um detalhe. A restante reprodução é feita em função do rectângulo enquanto “armadura”.
É um tipo acessório de cópia. Aparece aos 6 anos, desenvolve-se regularmente até aos 12 anos onde atinge a frequência mais elevada para em seguida diminuir até à idade adulta.
Os tipos I e II são semelhantes por polarizarem o desenho em torno do rectângulo central. O tipo II é uma variante do tipo I e ambos são englobados no Tipo I/II.
68
Figura Complexa de Rey
Tipo de Cópia (Osterrieth, 1945)
Tipo III – Contorno geral
O sujeito começa o desenho pela reprodução do contorno integral da figura sem diferenciar explicitamente o rectângulo central. Obtém um “continente” no qual são colocados os detalhes interiores.
Tipo de cópia acessório que diminui depois dos 6 anos (embora aos 10 anos assuma uma expressão razoável) e que é negligenciável na idade adulta.
Tipo IV – Justaposição de detalhes
O sujeito justapõe os detalhes uns aos outros, procedendo por proximidade. Não há elemento director da reprodução.
Tipo de cópia dominante dos 5 aos 10 anos. Na idade adulta assume uma expressão mínima.
69
Figura Complexa de Rey
Tipo de Cópia (Osterrieth, 1945)
Tipo V – Detalhes sobre fundo confuso
O sujeito reproduz uma figura pouco ou nada estruturada na qual não se reconhece o modelo mas onde certos detalhes do modelo são claramente reconhecidos.
Tipo de cópia dominante aos 4 anos. Diminui rapidamente, desaparecendo aos 8 anos.
Tipo VI – Redução a um esquema familiar
O sujeito assemelha a figura a um esquema que lhe é familiar (casa, barco, homem, etc.)
Tipo de cópia bastante raro mas presente aos 4/5 anos e desaparecendo aos 6 anos.
Tipo VII – Garatujas
O sujeito produz uma garatuja onde não se reconhece nenhum elemento do modelo nem a sua forma global. 70
Figura Complexa de Rey CONSIDERAÇÕES SOBRE A CÓPIA A) Processos de cópia inferiores a) Tipo de cópia inferior (em relação à idade) / Cópia pouco precisa:
Atraso do desenvolvimento intelectual => responsável por uma organização perceptiva e uma coordenação visuo-motora deficientes.
Dificuldades específicas na organização perceptiva, estruturação espacial e coordenação visuo-motora, quando o nível intelectual é normal.
Dificuldades de coordenação visuo-motora por falta de treino (N.C e treino escolar)
b) Tipo de cópia inferior (em relação à idade) / Cópia precisa e rica:
Tempo de cópia longo => sujeitos empenhados, mas com dificuldades na análise rápida e racional das estruturas visuo-espaciais.
Tempo de cópia curto, traçado fácil e firme => sujeitos dotados para o desenho que copiam a figura de um modo pouco racional (tipo IV), mas fazem-no com qualidade. 71
Figura Complexa de Rey CONSIDERAÇÕES SOBRE A CÓPIA B) Processos de cópia superiores a) Tipo de cópia superior (em relação à idade) / Cópia precisa e rica:
Sujeitos empenhados, capazes de analisar e estruturar racionalmente os dados visuo-espaciais (o tempo de cópia é normal ou longo).
b) Tipo de cópia superior (em relação à idade) / Cópia pouco precisa:
Tendência para realizar a cópia num tempo reduzido (à pressa), com esquecimentos e imprecisões gráficas, embora a capacidade de elaboração perceptiva seja evoluída (sujeitos dotados para o desenho).
72
Figura Complexa de Rey Análise da reprodução de memória A reprodução de memória realiza-se após a cópia, sem conhecimento prévio do sujeito (intervalo de tempo não superior a 3 m).
Avalia-se segundo os parâmetros: Precisão da reprodução de memória e Tipo de reprodução de memória
Resultados Baixos
Se a cópia foi normal = indicam dificuldades na memória visuo-espacial.
Se a cópia foi deficiente = traduzem as dificuldades de análise perceptiva e de estruturação espacial já reveladas na cópia.
Nota: quando a reprodução de memória é muito pobre, m esmo que a cópia tenha sido deficiente pode-se pensar em dificuldades de memória. 73
Figura Complexa de Rey Considerações clínicas
Mudança da posição do modelo (90º) nos adolescentes e adultos
Frequente nas crianças; com significado
Dificuldades intelectuais.
A partir dos 12 anos, os Tipos de Cópia V, VI e VII sugerem dificuldades intelectuais.
Reprodução com sobrecarga de elementos (adições), tendência para riscar espaços brancos e tendência para repassar traços
Psicopatia.
________________________________
A reprodução de memória é geralmente consonante com o Tipo de Cópia mas podem ocorrer regressões sobretudo nas crianças mais novas (< 7 anos). 74
Bibliografia
Cooper, S. (1995). The clinical use and interpretation of the Wechsler Intelligence Scale for children (3rd ed.). Springfield: Charles Thomas Publisher. Grégoire, J. (2000). L’évaluation clinique de l’intelligence de l’enfant . Théorie et pratique du WISC-III . Sprimont: Mardaga. Maganto, C., Amador, J. A., & González, R. (Coord.) (2001). Evaluación psicológica en la infancia y la adolescencia: Casos práticos. Madrid: TEA Ediciones. Prifitera, A., & Saklofske, D. (Eds.) (1998). WISC-III: Clinical use and interpretation. Scientist practitioner perspectives. New York: Academic Press. Raven, J.C., Court,J.H., & Raven, J. (1996). Standard Progressive Matrices. Oxford: Oxford Psychologists Press. Rey, A. (1959). Manuel, Test de Copie d’une Figure Complexe. Paris: Les Editions du Centre de Psychologie Appliquée. Santucci, H., & Pêcheux, M.G. (1967). Épreuve d’organisation grapho-perceptive pour enfants de 6 à 14 ans. Neuchatel: Éditions Delachaux & Niestlé. Wechsler, D. (2003). WISC-III, Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças – III. Manual. Lisboa: CEGOC-TEA.
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