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WEBSÉRIES Criação e Desenvolvimento
Guto Aeraphe
WEBSÉRIES CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Escrito por: Guto Aeraphe
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, mecânico ou qualquer outro que vier a ter sem o consentimento ou permissão do autor.
Belo Horizonte, Brasil. Janeiro de 2013
Todos os direitos reservados www.gutoaeraphe.com.br 1
Índice
Sobre o Autor.............................................................................................................03 Como usar este livro................................................................................................04 Agradecimentos.......................................................................................................05 Prefácio.........................................................................................................................06 Introdução...................................................................................................................09 A narrativa transmídia...........................................................................................13 O formato de webseriados...................................................................................16 Erros e acertos..........................................................................................................23 Quem é este webespectador................................................................................30 Escrevendo no formato de webséries.............................................................33 Explicando as letras S – D – R..............................................................................35 O método na prática................................................................................................37 A construção dos personagens..........................................................................42 Um novo jeito de fazer...........................................................................................45 Produção eficiente...................................................................................................47 Apêndice: O Portal Webseriados.......................................................................56
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Sobre o Autor
Formado em Comunicação Social com Pós-Graduação em Criação e Produção em Mídia Eletrônica pelo UNI-BH, Guto Aeraphe trabalha desde 1997 com audiovisual e nesse período já dirigiu e editou dezenas de comerciais para TV, realizou programas para emissoras educativas e comerciais, produziu documentários, curtas e média metragens. É professor universitário nos cursos de Cinema, Publicidade e Jornalismo. Atualmente desenvolve projetos transmídia tendo como principal produto as webséries. Diretor Cinematográfico - SATED MINAS/RPMT nº8135
Contatos:
[email protected] - www.gutoaeraphe.com.br 3
Como usar este livro
“Este não é um livro sobre alta tecnologia e inovação. E sim sobre a alquimia que mídias e novas maneiras de contar histórias estão fazendo e mudando nossa maneira de se divertir e educar” Maurício Mota – Prefácio da edição brasileira de “Cultura e Mercado”, de Henry Jenkins
O que será apresentado aqui não é necessariamente uma regra que tem que ser seguida a “ferro e fogo”. Muito pelo contrário, ela é apenas um guia para que você possa desenvolver com mais facilidade suas webséries. Não é preciso que em todas as suas produções tenham as ações dramáticas citadas. Se você quiser pode até mesmo acrescentar o que julgar necessário ou cortar o que for preciso. O importante é contar histórias e contá-las de forma eficiente. Afinal, este livro foi feito principalmente para aqueles que querem levar o universo das webséries a sério. E para isso é importante pensar que você vai fazer algo para alguém assistir. E não para ficar guardado...
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Agradecimentos
Agradeço primeiramente aos meus pais por acreditarem no sonho de um garoto de Itaúna, interior de Minas Gerais, que se mostrou improvável no início, mas que hoje ganhou o mundo através da internet. Obrigado pelos esforços que me permitiram estudar e buscar minha realização. Quero aproveitar para pedir desculpas pelo susto que dei em vocês, meus amados pais, quando anunciei que deixaria a iminente carreira na medicina para tornar-me um contador de histórias. Agradecer também ao meu amigo e mentor Elimar Alves Pereira, meu pai nas artes. A primeira pessoa que acreditou em mim como artista, que me deu aos 15 anos de idade, a oportunidade de conhecer o teatro e todos os seus encantos. Foi durante um espetáculo dirigido por ele que descobri que deveria ser um médico das almas, e não do corpo. E por fim, ao incrível Adriano Reis, o “Catitu”. Homem de índole e humildade inabaláveis, com quem eu aprendi a amar o cinema e a televisão. Uma enciclopédia viva da cinematografia nacional, um editor cuja sensibilidade derrete até os mais duros corações. Ninguém fica imune as suas imagens... Obrigado pelos ensinamentos!
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Prefácio
Este novo ano começou com um sentimento de mudança e crescimento em todo o país. Um forte desejo de encontrar soluções capazes de oferecer melhores condições de vida para nossa população e em especial para as camadas mais marginalizadas de nossa sociedade. Para isso um dos elementos fundamentais é ampliar a capacidade de comunicação da população. A democratização das grandes redes e de outros instrumentos de comunicação capazes de melhor escutar os anseios da população é um grande desafio, mas além deste acredito que seja essencial explorar a capacidade interativa das novas tecnologias disponíveis, tornando a produção audiovisual acessível à população. Isto quer dizer, instrumentá-los para que eles possam expressar livremente sua cultura, ideais, anseios, reivindicações e sonhos. Neste sentido a tenda tecnológica assume seu papel social ao apresentar os bastidores da produção cinematográfica digital e, sobretudo estimular e motivar os visitantes a contar as suas próprias histórias através de imagens e sons, despertar a alma de cineasta que cada um de nós possui. Um cinema que, usando tecnologias digitais, possa viabilizar o sonho de cada escola, centro de formação, associações de bairros, asilos, hospitais, de ter seus próprios centros de comunicação digital, interligados por internet e munidos de equipamentos digitais simples mas poderosos capazes de erradicar o novo mal que rapidamente se aproxima do horizonte: o analfabetismo digital.
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O Brasil se destaca por ser um celeiro mundial de jogadores de futebol, isto porque diariamente, em cada canto deste país, existem crianças jogando futebol, mesmo que seja em campos de terra e com bolas de meia. Desta forma, porque não estimular nestas crianças o gosto por dominar um computador e uma câmera e deixá-la produzir livremente suas histórias em vídeos? Provavelmente em poucos anos o Brasil se destacaria também como celeiro mundial de cineastas e comunicadores visuais. A tenda tecnológica nasceu deste desejo de compartilhar conhecimentos não somente para quem domina este universo de imagens e sons, mas principalmente para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de se aproximar dele. Finalmente, gostaria de agradecer a participação de todas as empresas convidadas, profissionais e a coordenação geral da Mostra de Tiradentes que tornaram possível viabilizar mais uma vez este espaço de interação e conhecimento.
Texto escrito pelo diretor Toni Martin em 2003, quando foi coordenador da Tenda Tecnológica no Festival de Cinema de Tiradentes.
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Introdução “Mas voltando ao assunto, incontestavelmente vivemos hoje uma revolução. Isso se levarmos em conta que a melhor medida de uma revolução tecnológica é seu impacto na vida das pessoas”
A internet revolucionou nossos hábitos. Isso é indiscutível e não vou discorrer aqui sobre este tema tão amplo. Mesmo porque o foco deste livro é especificamente o desenvolvimento de uma metodologia eficiente para se criar e desenvolver produções exclusivamente para o formato webséries, que tem uma audiência específica e que se divide cada vez mais nas mais diversas mídias. Vamos pegar duas palavras chaves do parágrafo anterior para iniciarmos nossa discussão. A primeira delas é internet. Ainda há muitos que pensam que internet é o fim, quando na verdade a internet é o meio. Isso porque hoje temos que pensar a internet não somente como um navegador que abrimos para digitar endereços de sites, mas como um meio de propagar conteúdos, uma vez que praticamente não há mais barreiras para se desenvolver equipamentos que sejam capazes de se conectar a rede e principalmente transmitir imagens em movimento e de alta definição. Aliás, vamos colocar um fim de uma vez por todas no termo “rede mundial de computadores”, já que até os mais impensáveis equipamentos estão conectados a rede. Mas voltando ao assunto, incontestavelmente vivemos hoje uma revolução. Isso se levarmos em conta que a melhor medida de uma revolução tecnológica é seu impacto na vida das pessoas, com mudanças significativas no modo como produzimos bens e serviços e que desencadeiam uma energia transformadora nas relações humanas em seus aspectos mais íntimos. Talvez você esteja lendo este 9
artigo em seu notebook, tablet ou smartphone. Não importa. O que interessa é que vivemos a “Era das Telinhas”. Um tempo onde tudo está em movimento em todos os lugares, principalmente em dispositivos que se tornaram extensões, verdadeiras próteses de nosso corpo e mente. E de forma quase anárquica nossa atenção é constantemente atacada por diversas mensagens que saltam aos nossos olhos, fragmentando a todo o momento nossos afazeres e relacionamentos, sejam eles parte nosso ciclo social, profissional ou familiar.
A evolução do “homem transmídia”
Tudo isso nos remete a segunda palavra, que na verdade faz parte de uma expressão que acredito já está obsoleta: são as “novas mídias”. Este termo não é novo e foi cunhado para colocar em um mesmo cesto todas aquelas mídias que fossem alternativas as tradicionais como rádio, tevê, impressos e outdoors. Meu Deus! Era só isso que a gente via na faculdade na minha época... E olha que eu me formei em 2002. Como o tempo passa! Uma característica comum ao que podemos considerar como novas mídias é a capacidade de comunicação que é construída fazendo com que, em certo ponto, dispositivos e aplicações sejam automaticamente interoperáveis.
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Nos tempos atuais, este termo virou quase um sinônimo de internet. Primeiro com os já ultrapassados banners, depois com aqueles chatos e inconvenientes popups que invadiam, ou melhor, ainda invadem nossas telas enquanto lemos ou assistimos algo em nossos computadores. Sem esquecer os hotsites promocionais, além de tantos outros exemplos... Hoje o termo novas mídias é sinônimo de redes sociais, tablets e smartphones. E no futuro... Bem, só Deus sabe o que virá a ser. Mas junte a estes conceitos, as novas redes de fibra ótica de altíssima velocidade que começam a chegar e os novos protocolos e equipamentos de IPTV que proporcionarão em breve a consolidação desta nova forma de ver e fazer audiovisual, totalmente independente e alternativa aos grandes grupos de comunicação. Então teremos a revolução!
O conceito de TV Social já é uma realidade entre os espectadores
O fato é que tudo isso transformou principalmente os hábitos de nossos espectadores. A verdade é que enquanto assistimos tevê estamos conversando no facebook pelo smartphone, curtindo, compartilhando ou comentando o conteúdo.
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Este fenômeno é chamado pelos sociólogos de TV social, considerado pelo MIT como uma das dez maiores tecnologias emergentes e tendências para o futuro e que cada vez mais ganha força no mundo corporativo. É cada vez maior o número de campanhas multitelas que têm como objetivo buscar o indivíduo (leia-se consumidor) onde ele está, com produtos/serviços customizados e sob demanda para quem está na frente da tela. Hoje já é possível fazermos nosso “check-in” televisivo através de aplicativos que nos conectam a outras pessoas que estão assistindo a mesma programação e assim temos a chance de conversar e compartilhar nossas ideias com todos, além de que é possível que os realizadores do conteúdo em questão e os anunciantes possam falar diretamente com os seus consumidores. Fato é que os analistas de mercado já batizaram este conceito de uma forma mais ampla, chamado de narrativa transmídia.
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A narrativa transmídia
Em suma, narrativa transmídia é aquela que se desenrola por meio de múltiplos canais de mídia, cada um deles contribuindo de forma distinta para a compreensão do universo narrativo. Uma narrativa transmídia não deve possuir uma única boa história, mas sim um rico universo onde podem se desenvolver diversas histórias e diversos personagens, através de livros, filmes, quadrinhos, sites, etc.
Projeto transmídia
Geralmente, a história é introduzida por um meio (no nosso caso através das webséries) e incrementada através dos outros canais (séries de TV, games, quadrinhos, animações, romances), ampliando seu desenvolvimento narrativo e expandindo seu universo, permitindo não apenas a criação de novos conflitos, histórias e personagens, como também novas maneiras de se consumir e interagir com esse universo. Cada acesso a franquia deve ser autônomo, afim de que seja
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possível consumir e interagir de forma satisfatória com ou sem a necessidade se conhecer os outros, ao menos sem a necessidade de se conhecer profundamente. Cada um dos produtos (filme, games, quadrinhos, programas de TV, romance) se configura como um ponto de acesso à franquia como um todo. Acessar a franquia através de diversos produtos estabelece uma profundidade de experiência de compreensão do universo que motiva ainda mais o consumo. Essa motivação expande não apenas o consumo como também insere o consumidor no universo de uma forma
DICA: O oferecimento de novos níveis de revelação e experimentação renova a franquia e sustentam a fidelidade do consumidor, enquanto que a redundância acaba com o interesse do fã e provoca o fracasso da franquia.
afetiva e duradoura. Convidar o fã a participar do universo da franquia é uma das habilidades chave de narrativas transmidiáticas. Elas conseguem desenvolver universos ricos, cheios de becos e camadas pelas quais as histórias podem expandir não apenas por iniciativa dos produtores, mas também por iniciativa dos fãs. Imersos nestes universos, os fãs passam a desenrolar discussões sobre múltiplas interpretações das histórias, criar novas histórias a partir de seus pontos de vista, investigar a biografia de seus personagens favoritos e descobrir informações que não foram esclarecidas totalmente em todos os produtos. Neste contexto o formato de websérie tem aumentado sua participação no mercado, alcançando marcas expressivas e constituindo-se como referência quando trabalhamos com produtos audiovisuais. A verdade é que temos que levar em consideração estes dois novos conceitos, tevê social e narrativa transmídia, quando vamos escrever histórias para este formato. O primeiro é sem dúvida comportamental, o segundo é mercadológico. Somado com as novas tecnologias de produção que elevaram a qualidade técnica e estética e com a facilidade de distribuição que a rede nos proporciona, temos uma 14
enorme revolução diante de nossos olhos e ao alcance de nossas mãos. Mas afinal de contas, como contar estas histórias dentro destes novos meios para estes novos espectadores?
Websérie ApocalipZe (2012). Em Cena a atriz Raquel Dutra – Direção Guto Aeraphe – Fotografia: Elisângela Guanaira
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O formato de webseriados
“Com as webséries não é diferente. Na verdade, em sua essência, as webséries nada mais são do que a fórmula clássica das séries televisivas aplicadas ao universo multiplataforma da internet.”
Em seu período inicial de maturidade, as webséries eram criadas como complemento a séries de televisão, apresentando histórias paralelas ou complementares da história principal, como é exemplos a série Lost: Missing Pieces ou Heroes: Going Postal. Por vezes este formato foi utilizado para lançar pequenas séries que serviam para fazer a ponte entre duas temporadas da mesma série, mantendo o interesse do espectador, ou ainda como suporte para campanhas publicitárias diversas. A primeira referência sobre o conceito de websérie surgiu com os pesquisadores espanhóis Nuria Romero e Fernando Centellas, em seu ensaio sobre novas narrativas audiovisuais. O conceito de webséries é renovado mais tarde por Henry Jenkins, em seu livro Cultura da Convergência. Ele classifica as webséries como estratégias para narrativas transmidiáticas. A verdade é que todos nos gostamos de ver, ler e ouvir estórias. E isto acontece desde que o mundo é mundo. Em milhares de anos, das mais primitivas as mais modernas histórias, uma coisa não mudou em meio a tanta tecnologia: o drama está no centro de tudo. Através dos personagens nos identificamos e nos realizamos com seus conflitos. O que mudou foi a forma como contamos isso.
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E é exatamente por isso que as webséries ganharam força e se desvencilharam das amarras das séries de tevê ou franquias de cinema para ganhar vida e fãs próprios. Mas antes de entrarmos nos pormenores, vejamos algumas definições para compreendermos melhor o que está por vir.
Cena da websérie Heróis (2011) – Direção Guto Aeraphe – Fotografia: Elisângela Guanaira
De acordo com Umberto Eco o formato de série diz respeito, íntima e exclusivamente, à estrutura narrativa. Temos uma situação fixa e certo número de personagens principais da mesma forma fixos, em torno dos quais giram personagens secundários que mudam, exatamente para dar a impressão de que a história seguinte é diferente da história anterior. (...) Na série, o espectador acredita que desfruta da novidade da história enquanto, de fato, distrai-se seguindo um esquema narrativo constante e fica satisfeito ao encontrar um personagem conhecido, com seus tiques, suas frases feitas, suas técnicas para solucionar problemas. Com as webséries não é diferente. Na verdade, em sua essência, as webséries nada mais são do que a fórmula clássica das séries televisivas aplicadas ao universo multiplataforma da internet. E sem dúvida o público que consome este tipo de 17
produto é o mesmo que consome a tradicional dramaturgia de forma seriada na TV. Talvez a grande diferença esteja no comportamento fragmentado do público e não o público em si, já que em sua maioria, quer algo além da passividade da tela do televisor. Ele quer interagir, participar ativamente do universo proposto. Vejamos a seguir alguns exemplos de como as webséries estão se tornando cada vez mais populares no Brasil, ganhando público e produções cada vez mais elaboradas.
Matéria veiculada sobre o universo das webséries no Brasil
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Matéria veiculada sobre o universo das webséries no Brasil
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Matéria veiculada sobre o universo das webséries no Brasil
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Matéria veiculada sobre o universo das webséries no Brasil
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Muito já foi dito (e bem escrito) sobre formas e conceitos para se elaborar roteiros para cinema e TV. Na verdade, quando me interessei por realizar webséries em 2004, passei a consumir mais estes tipos de “manuais” de escrita. Desde então venho aplicando estes conceitos em meus trabalhos. Testei vários. Desde os mais conhecidos como os de Syd Field, Doc Comparato, Christopher Vogler, Joseph Campbell, etc., até alguns mais alternativos que nem vale a pena citar. A verdade é que nenhum realmente atendeu plenamente às minhas expectativas, já que eles tinham como foco o comportamento de um público passivo, de uma época que não se interagia com nada nem ninguém, que ficava (e de certo modo ainda fica) estático e em silêncio diante da tela grande do cinema. Diante disso, resolvi desenvolver um método que reúne o que vi de melhor nos métodos tradicionais com os conhecimentos de mercado e audiência que os anos de experiência me deram durante a produção dos meus trabalhos realizados até 2012. Com eles pude ter um contato direto como o meu webespectador, recebendo críticas e sugestões, fazendo-me refletir sobre os acertos e principalmente sobre os erros. Confesso que foi um exercício de humildade incrivelmente difícil, mas que no final resultou na criação de um processo mais maduro de realização audiovisual.
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Erros e acertos
Quando comecei no audiovisual sempre tive como objetivo o cinema, mas infelizmente nunca tive a oportunidade de ingressar diretamente em uma faculdade onde pudesse estudar especificamente a sétima arte. Por isso entrei no curso de Comunicação, que era o mais próximo do audiovisual que eu poderia chegar. Hoje eu fico feliz por ter seguido este caminho. A faculdade de Comunicação, com habilitação em Publicidade e Propaganda me proporcionou uma outra visão do processo. Deu-me as ferramentas de mercado que eu iria utilizar com tanto acerto anos mais tarde, quando fiz minha primeira grande websérie. Na verdade o meu primeiro contato com as webséries se deu ainda na faculdade, quando conheci o projeto BMWfilms, uma série de curtas feitos exclusivamente para internet onde o personagem principal era o carro. Foi uma campanha de brand content perfeita na minha opinião. Isso chamou muito a minha atenção principalmente pelo sucesso que a série fazia entre meus colegas, todos admirados com a qualidade do produto. Também não era para menos, afinal foram convidados grandes diretores do cinema norte-americano para realizar os filmes como Ang-Lee, Alejandro González Iñárritu e John Frankenheimer.
Bmwfilms websérie realizada em 2001
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Isto era em 2001, eu estava com 21 anos, faltava um ano para eu me formar e a minha cabeça estava cheia de ideias. Tudo numa época em que ver vídeos na internet ainda era muito complicado e passávamos horas até um destes pequenos vídeos da BMW carregar... O tempo foi passando e em 2004 fiz a minha especialização. Como projeto de conclusão de curso propus para a minha coordenadora uma websérie baseada em “causos” do interior de Minas. Passei semanas pensando, pesquisando e preparando o pré-projeto com toda a dificuldade do mundo para encontrar referências bibliográficas. Aliás ainda hoje não há muita literatura sobre o assunto... Quando apresentei a idéia, minha coordenadora olhou para mim e disse: “deixa isso de lado... não vai dar certo. Esse negócio de vídeo pela internet não vai para frente. A televisão nunca vai perder seu espaço!” Muito triste eu acatei a recomendação e terminei o meu curso. Para falar a verdade eu nem me lembro sobre o que foi o meu trabalho final, pois continuei a realizar minhas pesquisas sobre o tema “webséries”. Somente em 2006, quando trabalhava como coordenador dos laboratórios de comunicação de uma universidade que eu finalmente consegui realizar o meu primeiro trabalho. Fruto do esforço de vários amigos, dentre eles Eron, dono da Foco Vídeo Design que cedeu os equipamentos e dos meus grandes amigos e atores Christiano Corradi e José Roberto Pereira, este último um grande irmão que tenho desde 1996. Fiz o curta e fiz a loucura de disponibilizá-lo em três episódios pela internet. Foi um reboliço na cidade e na região. O filme ficou legal, teve boa visibilidade numa época em que o Orkut reinava absoluto e o youtube dava seus primeiros passos. Mas o curta tinha todos os defeitos de um jovem diretor iniciante se metendo a fazer um filme de suspense pela primeira vez... 24
Making of da websérie Artigo 159
O tempo passou e fui amadurecendo tanto técnica como artisticamente e somente 5 anos depois, em 2011 eu realizei a minha primeira grande produção que colocou o meu nome no mercado nacional. Heróis surgiu da minha vontade de fazer algo com uma temática diferenciada dentro da cinematografia nacional. Depois de frequentar durante muitos anos o Festival de Cinema de Tiradentes, eu estava cansado de ver filmes autorias que só faziam esvaziar as salas com suas temáticas apoiadas na estética do sexo e da pseudo arte. Então em 2010 resolvi encarar o desafio de fazer um filme sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Algo até então inédito e sem referenciais no mercado nacional. Não foi fácil. Imagine um garoto com pouca experiência tentando produzir um filme de época no interior do Brasil... Na ocasião eu já tinha a minha produtora, a Cinemarketing Filmes, e eu precisa provar que era capaz de fazer o filme. Pesquisando na internet eu encontrei em São Paulo um grupo de Reencenação Histórica que topou me ajudar na gravação de um piloto. Então juntei meus equipamentos convoquei meus amigos que trabalhavam comigo na época, Janildo Carneiro, Larissa Lovissi e José Roberto Pereira, meu irmão do coração e grande ator (que mais tarde veio a fazer parte do elenco de Heróis), sendo eles os 25
únicos loucos a encarar esta aventura. Tudo pronto partimos. Chegamos à tarde e fomos bem recebidos pelos nossos anfitriões, visitamos as locações e depois de um breve descanso fomos jantar. Já era quase meia noite quando um telefonema causou indigestão em todos. O evento no qual iríamos gravar o piloto havia sido cancelado. Graças ao empenho de alguns integrantes do grupo conseguimos arrumar algumas peças de figurino e uma arma cênica para fazermos aos ‘trancos e barrancos” a cena improvisada do piloto... Na verdade nem eu sabia bem o que iria fazer. Quase foi um desastre, mas aqueles quase dois minutos de filme que conseguimos ali foram fundamentais para captarmos todos os recursos necessários. Um ano depois estávamos iniciando as gravações da websérie Heróis na histórica São João del Rey. Os problemas durante a produção da websérie Heróis foram inúmeros, de todos os tipos e tamanhos. A inexperiência na produção de um grande filme pesou e passei momentos
terríveis.
Mas
graças
a
equipe
que
estava
completamente
comprometida e que acreditou no projeto em todos os sentidos, conseguimos superar adversidades como a demissão da diretora de arte duas semanas antes do início das gravações, a equipe de efeitos especiais falhando durante as gravações e a logística que atrasava todos os dias. Só para citar alguns...
Set de filmagem de Heróis
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Confesso que a cada encerramento das gravações eu deitava no meu quarto no hotel e ficava me perguntando por quê tinha começado aquilo. Foi assim durante os seis dias de produção. Mas a resposta veio um mês depois, quando o filme ficou pronto. Havia ficado maravilhoso! Apesar de todas as dificuldades eu sabia que tinha nas mãos um material incrível. Foi aí que começou a dúvida: O que eu vou fazer com isso agora? Afinal, Heróis nasceu como um médiametragem e este formato, infelizmente, não se faz quase nada com ele. Não dava para passar em cinema; tv nem pensar; e eram poucos os festivais que aceitavam este formato. Foi então que resolvi desenterrar as minhas idéias de trabalhar com a internet. Certo de que era a melhor coisa a se fazer, fui atualizar os meus conhecimentos sobre o assunto. Nestas pesquisas eu descobri a websérie “2012-Onda Zero”, do diretor carioca Flávio Langoni, que depois veio a se tornar um grande amigo e conselheiro nesta caminhada pelo audiovisual. Flávio havia realizado com destreza e muita competência uma websérie de ficção científica que não devia em nada às grandes produções internacionais. Pelo menos para mim, com este trabalho, inaugura-se o ciclo das webséries no Brasil. Logo seguiram as minhas “Heróis” e “ApocalipZe” e na mesma época veio “3%” e “Lado Nix”, webséries que viraram referência para as outras que se seguiram.
Cena da websérie 2012 – Onda Zero
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Lembro-me como se fosse hoje, quando cheguei na Guerrilha Filmes, produtora do Marcello Marques, diretor de fotografia da websérie Heróis, dizendo que iria veicular o filme em episódios pela internet. O Marcello e todos os outros presentes foram contra, mesmo depois de argumentar com dados do mercado e com exemplos como a websérie “Onda Zero”. Mas como diretor e idealizador do projeto, e com uma vontade imensa de colocar em prática todo o conhecimento adquirido durante os últimos anos, resolvi encarar o desafio e publicar Heróis como uma websérie. Foi a decisão mais acertada da minha vida! Como websérie o filme fez um excelente carreira que nunca faria se seguisse os tramites normais do cinema. Junto com o Grupo “Diários Associados”, com a ajuda do Editor Chefe do “Portal Uai” Benny Cohen e do diretor de programação da “TV Alterosa/SBT” Rodrigo Scoralick, consegui fechar um tipo de “estratégia transmídia” que foi um grande sucesso. Para divulgar, fizemos o seguinte. Toda terça-feira lançávamos um episódio pelo portal, onde continha informações extras como fotos, making of, e um infográfico especial que mostrava toda a trajetória da Força Expedicionária Brasileira na Itália, com fotos e vídeos da época. No domingo que antecedia a exibição, saía uma matéria especial no caderno de cultura do Jornal “Estado de Minas”. Nestas matérias focávamos mais na história real, como objetivo de informar ao público que o Brasil havia feito grandes batalhas durante o período da segunda Guerra. Na segunda-feira, durante o “Jornal da Alterosa” na televisão, programa líder de audiência no horário, fazíamos matérias com os ex-combatentes onde eles contavam de forma emocionante suas experiências durante o conflito na Itália. Em meio a isso tudo, exibíamos comerciais na Tv chamando para o hotsite da websérie no Portal Uai. O resultado... Milhares de acessos em poucas semanas e um retorno de mídia espontânea que foi mensurado pela empresa de assessoria de imprensa “Árvore de Comunicaçã”o que ultrapassou R$ 1,3 milhão de reais.
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Todos estes trabalhos e outros que fiz nos anos que se seguiram, me deram a experiência necessária para conseguir começar a compreender este fenômeno que sãos as webséries. Mas ainda faltava entender uma importante coisa. Afinal de contas, quem era este novo espectador? Quais eram os seus hábitos e desejos? Como lidar com uma audiência tão fragmentada? Foi aí que eu descobri o último elo que faltava.
Página da websérie Heróis no Portal Uai
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Quem é este “webespectador”?
”No entanto temos o compromisso de dar ao nosso webespectador a percepção de que ele está assistindo a um conteúdo “Premium”,
Sem dúvida nenhuma este novo espectador, que aqui chamo de webespectador, tem relação direta com as novas tecnologias de veiculação de imagens em movimento que já citamos anteriormente e com o desgaste dos formatos tradicionais de dramaturgia. Quantas vezes nos entediamos com as famosas “barrigas” nas novelas ou da previsibilidade dos filmes, sem falar na dificuldade que é ir ao cinema: seja no trânsito, seja pelos altos preços dos ingressos. Sem dúvida para levar uma família composta por pai, mãe e filho gasta-se facilmente uma centena de reais ou mais... Ligar nossos dispositivos à internet, no conforto de nossas salas com telas de LED (cada vez maiores e mais baratas), através dos serviços on demand se tornaram uma conveniência cada vez mais utilizada pelos espectadores, ou melhor, pelos webespecatores. Este “novo” público permitiu a criação de uma nova categoria de consumidor de vídeo chamado aqui de “Casual Viewers”, que nada mais é do que um espectador que tem a sua audiência fragmentada, se permitindo programar quando, por quanto tempo, onde e em qual dispositivo ele quer assistir. Isto quebra um paradigma que durante décadas reinou na televisão: a periodicidade e o engajamento. Agora o webespectador não tem mais a fidelidade que tinha antes com as séries. Em um passado recente, quando havia o lançamento de um episódio, era praticamente um evento esperado tão ansiosamente quanto o nascimento de um 30
filho. Hoje, ele nem se preocupa com isso, já que no outro dia ele vai poder ver pela internet em algum dispositivo (de forma legal ou não) e ainda com comentários e reviews de seus amigos nas redes sociais. Talvez um processo interessante para renovar o conceito de engajamento seja o da gameficação das narrativas, ou para ser mais preciso e até mesmo mais chique, o processo de meritocracia audiovisual. Isto nada mais é do que fazer com que seus webespectadores conquistem de alguma forma posições hierárquicas superiores entre sua rede de relacionamento por merecimento. Em resumo, fazer com o que ele se sinta de alguma forma especial em meio a seus amigos. Este é o conceito que temos que aplicar as nossas produções de webséries. Claro que, trazendo para a nossa realidade mercadológica, talvez nunca tenhamos os orçamentos milionários como têm as séries da HBO ou da Warner. No entanto temos o compromisso de dar ao nosso webespectador a percepção de que ele está assistindo a um conteúdo “Premium”, com uma narrativa bem definida, com um cuidado especial na seleção e atuação dos atores e principalmente um apuro no acabamento técnico e estético das webséries. É o famoso “Uau! Isso parece filme de Hollywood!”.
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Depois de muito refletir, eu descobri que era justamente este o conceito que eu tinha que aprender. E apliquei em todos os meus trabalhos. Esta era a “percepção de Premium”! Eu não tinha um grande orçamento em meus filmes, mas as pessoas percebiam que eu tinha. E isso era ótimo para a audiência. Outra coisa que ajuda nessa percepção e que na internet temos a liberdade criativa! Não dependemos de interesses de terceiros. A televisão tem amarras por todos os lados que impedem que várias temáticas entrem na programação. Na rede podemos trabalhar nichos de mercado que são atentos aos mais diversos temas e que em algum momento podem até influenciar na Tevê, devido a grande audiência. Muito bem, agora que já entendemos o que é uma websérie, qual é o seu público e o contexto em que todos eles estão inseridos, vamos ao fundamental: o roteiro!
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Escrevendo no formato de webséries.
Como afirmei anteriormente, todos nós gostamos de uma boa história e para desenvolver este método juntei o conhecimento de vários outros já conhecidos com a minha própria experiência. Aprendi com meu pai que a melhor forma de se conseguir resolver um problema é desmembrando-o em problemas menores, buscando sempre as soluções mais simples e práticas para resolvê-los. Com base nisso, busquei simplificar ao máximo o método para chegar ao resultado necessário e que também fosse de fácil assimilação a qualquer um que deseje ingressar nesse universo.
Então desenvolvi o meu método que chamo Método SDR (Simpatia – Desafios – Resolução) e o baseie em dois pontos principais: o princípio da dramatização e o princípio dos referenciais. O primeiro remete ao cerne das ações dramáticas que é o conflito, interno e externo. Veja bem, “interno e externo” e não “interno ou externo”. Pode até ser que alguns céticos digam que não é necessário o uso dos
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dois ao mesmo tempo, mas no universo dinâmico das webséries um não vive sem o outro. O primeiro serve para justificar a jornada e o segundo serve para definir como ela será. Isso nos lembra de que toda história precisa ter bons personagens. Não interessa se são humanos ou não, se é um cão, uma árvore, um alienígena ou uma pedra. É preciso que se deem sentimentos a estas ações e não tem como contar uma história sem isso. E quanto mais eles estiverem presentes melhor. O segundo princípio é o dos referenciais. É fundamental para o engajamento de nossos websespectadores a identificação com o seu mundo pessoal, real, e também com o seu mundo imaginário. Note que isso não tem nada haver com o tema proposto e sim com os anseios comuns a todo
ser
humano
DICA: A partir destes dois elementos conseguimos criar esta identificação mesmo que o personagem seja completamente diferente de nossos costumes.
relacionado
principalmente com a busca e a conquista. Não importa se somos alguém avesso à violência, mas sempre vamos torcer para que o personagem se vingue dos bandidos, mesmo que para isso ele tenha que usar métodos violentos. Talvez a maior prova disso seja o seriado Dexter, onde nos apaixonamos pelo personagem principal que dá nome a série. Ele é um perito em medicina forense, mas também é um serial killer, que canaliza sua vontade de matar assassinando criminosos e assim, como ele mesmo diz, limpando as ruas de sua pior sujeira. E mesmo assim torcemos por ele. É importante frisar que aqui vamos tratar somente de roteiro para o formato de websérie, tendo ela como suporte para o desenvolvimento de outras narrativas que permeiem por outras mídias (narrativa transmídia). Mas para isto acontecer de maneira eficiente vai depender das suas necessidades e principalmente da sua criatividade.
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Explicando as letras S - D – R
SDR significa: simpatia, desafios e resolução. Parece simples, e é! Fiz um esquema padrão para uma
temporada de
websérie sendo
cinco
episódios
de
aproximadamente 8 minutos cada. Mas você deve estar se perguntando o por quê? dessa divisão? Bem, a experiência na produção e a observação de outros trabalhos mostrou que este é o tempo ideal para desenvolver uma narrativa que seja artisticamente interessante e que proporcione a audiência um entretenimento satisfatório. Pois bem, vamos falar de cada um em separado. O “S” é de simpatia e nada mais é do que criar histórias e personagens que tenham uma identificação direta com o público, que o toque de alguma forma, que gere nele uma simpatia. Parece óbvio, mas não é. Escrever normalmente é um ato muito solitário e pessoal. Na maioria das vezes fazemos somente para nós mesmos, não para o outro, E desta forma omitimos neste processo informações importantes para o bom entendimento do público e consequentemente perdemos sua simpatia. Para atingirmos nosso objetivo com a letra “S” do processo, retorno ao conceito anteriormente explicado de que tudo se resume as motivações humanas. Ou seja, sentimentos e anseios. A próxima letra da sigla é “D” de desafio. Nesta letra se concentra todos os conflitos que o personagem vai passar, tanto internos quanto externos. Estas dificuldades, assim como na vida real, servem para testar nossas aptidões, os limites de nossos medos e principalmente nos motivar a seguir em frente. Tornar desafios óbvios em grandes tomadas de decisão talvez seja o maior dos problemas de quem cria uma websérie. Isso porque não há tempo nem personagens suficientes para desenvolver o arco dramático. Dessa forma a ação tem que ser concentrada (tanto
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em personagens como em locações) para que o público experimente a cada episódio uma dose intensa de emoções, sempre deixando um gancho para o próximo episódio. Afinal de contas, o fim de cada desafio é o principio de outro e assim por diante. Também é fato que, desde que o mundo é mundo, fazemos algo por alguma coisa. Por isso temos o “R” de recompensa. E esta recompensa é dupla. Ao mesmo tempo em que é do personagem, é do webespectador. É o processo de gameficação aplicado ao roteiro, antigamente chamado de “E viveram felizes para sempre”. Esta sensação de plenitude nos faz relaxar e curtir o momento. É quase que uma sensação orgasmica. Todos os conflitos têm que ser resolvidos, não há espaço para pontas soltas no roteiro ou brechas para especulações, sob a pena de gerar no público a decepção. Talvez o maior exemplo disso seja o seriado “Lost” que encerrou de uma maneira que não agradou a todos (incluo-me nesta conta) porque tinham várias histórias paralelas que ficaram sem explicação, por que havia personagens complexos demais e que deram margem a muitas teorias que nem mesmo os autores imaginavam. Resultado... Decepção. Esta lógica de estrutura dramática segue a mesma que mostrei lá no início do texto, aquele em que aprendi com o meu pai que o melhor meio de se resolver o problema é dividi-lo em outros menores. Assim é a lógica do modelo SDR proposto, que se aplica tanto para a temporada inteira como para os episódios. Cada um é a resolução de um problema que vai levar a conclusão do principal. Mas vamos ver como isso se aplica na prática!
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O Método na prática
Graficamente podemos representar o Método SDR da seguinte forma:
Acima da linha acontece o que chamamos de bons eventos e os abaixo são os maus eventos. Além disso, podemos observar sete pontos marcados ao longo da trajetória da temporada. Sendo o ponto inicial e final em verde, as provocações em vermelho e os já famosos pontos de virada em azul. Note que eles estão posicionados estrategicamente em interseções entre os episódios e a linha de bons e maus eventos. Os dois primeiros episódios estão completamente integrados na área verde, de bons eventos. Isso não quer dizer que serão flores para o nosso personagem, muito pelo contrário. Acontecerão as mais diversas ações dramáticas e desta forma apresentaremos seu mundo comum onde ele receberá o chamado a aventura até se
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deparar com a primeira provocação que o colocará em dúvida se ele irá ou não aceitar o desafio. No episódio 02 ele encontra com o seu mentor que o preparará para o que está por vir impondo a ele diversos testes até que ele tem que tomar a grande decisão e atravessar o primeiro ponto de virada. Desta forma completamos o ciclo da “simpatia”, a primeira letra do Método. Então entramos no terceiro capítulo da temporada. Nele há uma mudança radical na curva da ação dramática. Aqui vale um importante comentário. Esta mudança radical é importante para manter a audiência, uma vez que conduzimos de forma linear nosso webespectador e agora precisamos quebrar isso de alguma forma para gerar nele o sentimento de curiosidade sobre o que vem a seguir, já que nem tudo o que ele acreditava era verdade. Então nosso personagem conhece melhor o universo do inimigo e percebe que ele é pior do que tinha pensado e se preparado. Conhece novos inimigos, conquista novos aliados até conhecer o personagem X, que de forma amigável vai apresentálo a tentação, gerando a dúvida se ele deve seguir o bem e o mal (nossa segunda provocação) e que na verdade vai levá-lo para a “morte” (não no sentido literal) que é nosso segundo ponto de virada. No quarto episódio nosso personagem passa pela provação suprema, se recupera e volta com mais força para atingir seu objetivo, já que agora a busca, a motivação passa a ser mais pessoal do que coletiva uma vez que ele foi enganado pelo inimigo. E ele começa literalmente uma escalda para chegar à resolução do drama. Chegamos à terceira provocação e fechamos o ciclo da letra “D” de desafio do método. Agora nosso personagem está pronto para o confronto final. Ele vai resgatar seus aliados, matar seu traidor, enfrentar seus medos e ter o embate final com o 38
antagonista. Neste ponto há a recompensa que geralmente é o retorno para casa com o troféu da liberdade de seus conflitos, tanto internos como externos. Tudo bem, mas... Expliquei aqui como acontece com a temporada inteira, mas não falei nada dos episódios. Pois bem... Lembra-se daquela história de dividir os problemas? É aqui que vamos aplicar isso mais intensamente. Veja o gráfico:
Basicamente vamos utilizar a mesma estrutura dramática. A diferença é que vamos utilizar nos episódios somente o “S” de simpatia e o “D” de desafios, alternando-os entre os episódios de forma a termos sempre um início onde o personagem vai cativar e terminar sempre com um “gancho” para a resolução no episódio seguinte.
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Outra diferença é que as divisões na linha do tempo das ações são menores e o episódio é dividido em quatro “blocos” de 2 minutos cada. A tabela abaixo pode ajuda-lo a descrever como será a estrutura do seu roteiro. Marque e descreva os eventos mais importantes da sua história.
Ponto inicial Simpatia
Provocação 01 Ponto de virada 01 Provocação 01
Desafio
Ponto de virada 02 Provocação 03
Resolução
Ponto final 01
Tabela do Método SDR
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Modelo de Ficha de Cena
Descrição da cena Nome da Cena: Descrição da cena:
Detalhes da Cena Qual é o evento central nesta cena?
Como este evento afeta a trama geral?
Quais personagens estão nesta cena?
Qual é a configuração desta cena?
Quando esta cena ocorre?
Qual é o clima desta cena?
Protagonista/Antagonista Quem é o protagonista nesta cena?
Quem é o antagonista nesta cena?
Qual é o objetivo do protagonista nesta
Qual é o objetivo do antagonista nesta
cena?
cena?
Como o protagonista atingirá este
Como o antagonista atingirá este
objetivo?
objetivo?
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A construção das personagens
É importante desenvolver total e completamente os seus personagens em seu roteiro. Afinal, a razão de um roteiro existir é para contar a história de alguém. Os personagens tem que refletir os sentimentos mais básicos do ser humano. Se o personagem tem inteligência, coração, coragem e outras características admiráveis, o público com certeza irá gostar de ver. Então não tenha medo ou preguiça e coloque-o sobre a mesa, observe-o bem e faça as perguntas certas para colocar para fora o que há dentro dele. Assim, você precisa se alinhar com a
DICA:
personalidade e as características do
Tenho que alertar, o desenvolvimento de personagens é um processo exaustivo. Principalmente porque um personagem é uma extensão da personalidade que você deu para ele.
personagem para criar um algo crível, sob a pena de criar algo sem nenhuma conexão emocional, enfadonho e sem vida. Aqui estão algumas dicas para fazer um personagem totalmente funcional. 1) Em primeiro lugar, você precisa criar
uma personalidade. Como fazemos isso? Simplesmente pergunte as questões importantes da vida. Aplique-as ao seu personagem. Qual é o propósito da vida? O seu personagem acredita em Deus, ou ele é ateu? O que o seu personagem pensa sobre política, religião, sexo? O seu personagem tem sonhos, pesadelos? Como o seu personagem se relaciona com a família dele? 2) Crie profundidade. Até os detalhes insignificantes importam. Na verdade, a maioria das pessoas se lembra de detalhes minuciosos sobre uma pessoa e não da personalidade inteira. Adicionar detalhes sutis e triviais dá cor ao seu personagem.
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3) Outras perguntas que você pode se fazer para criar um personagem interessante: Qual é o maior desejo ou sonho do meu personagem? Qual é o seu pior pesadelo? Onde o meu personagem se sente mais confortável/desconfortável? Como o meu personagem lida com o stress? Qual foi o momento mais embaraçoso da vida do meu personagem? 4) O mesmo vale para os personagens secundários. Obviamente, você não terá que ir muito fundo, mas você precisa do pano de fundo básico para incutir vida em seus corpos unidimensionais. Também é importante que você faça a mesma análise aprofundada do personagem – do seu herói e do seu vilão igualmente. O vilão é tão importante para a história quanto o herói; se você desenvolver profundamente o seu vilão, então o choque de poderes será ainda mais interessante.
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Modelo de Ficha de Personagem
Descrição física Nome:
Características distintas:
Idade: Cabelo: Altura: Papel do persoangem: Olhos: Peso: Motivação Qual é o objetivo deste personagem?
Qual o plano para atingir este objetivo?
Antecedentes do personagem Antecedentes familiar:
Hábitos/Vícios:
Educação:
Personalidade:
Gosta de:
Não gosta de:
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Um novo jeito de fazer...
No meio audiovisual, para um modelo de negócio tornar-se viável, precisa contemplar o público consumidor e o mercado, um não sobrevive sem o outro. Com as novas mídias não é diferente. Para que suas futuras produções tenham êxito, é importante observar algumas dicas: A primeira delas é o tempo de duração das webséries. Particularmente eu acredito que 8 minutos seja o ideal, mas dependendo da sua história você pode utilizar mais ou menos. O importante é que nunca seja menor ou maior que o necessário, com a pena de não conseguir o entendimento da história ou perder o seu webespectador pelo tédio na demora dos episódios. E aqui também cabe um toque sobre a sazonalidade. Já mencionei que os webespecatores não são presos a datas de 45
lançamentos, mas eles sempre gostam de novidades. Então, nunca os deixe com um intervalo grande entre uma produção e outra. Alimente-os sempre com informações, fotos, etc. para que eles não percam o foco em você e no seu trabalho. Outro problema é a banalização do termo. Tudo agora virou websérie! E não é bem isso que o seu consumidor quer... Lembre-se ele quer ter a noção de conteúdo “Premium”. Se sua websérie estiver ligada a outras com características amadoras, a sua audiência vai trata-lo assim também. Principalmente porque ela não quer ter o trabalho de procurar por você. Logo, trabalhe bem o seu site, blog ou redes sociais para que ele comece a se tornar uma referência entre seus amigos. Mesmo porque o processo de popularização das webséries ainda está muito no início e é uma questão de costume, hábito. Assim como um dia nos acostumamos a ir ao cinema, nos acostumamos a ver tevê e nos acostumamos a alugar um DVD, etc. E não se preocupe se a sua websérie não teve milhões de acessos ainda... Tudo é uma questão de posicionamento de mercado. Talvez o seu nicho seja realmente de poucos acessos. Mercadologicamente é mais interessante ter 10 mil acessos qualificados e ativos por episódio do que um milhão que vê apenas uma vez e no dia seguinte nem se lembra mais. Pense nisso! De qualquer forma, as experiências das produções para internet trouxeram um grande avanço no processo de criação e realização audiovisual que facilitou e viabilizou que roteiros, antes inimagináveis nos moldes de produção antigos. Este modelo é baseado no conceito de produção eficiente.
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Produção eficiente
Não vou discorrer aqui sobre os detalhes de uma produção em si. Mesmo porque a estrutura básica de produção é a mesma de qualquer outra para cinema ou TV. Ainda mais se pensarmos aqui que todos estão ligados à internet e consequentemente são uma janela em potencial. Logo temos que fazer com a melhor qualidade possível para passar em qualquer dispositivo possível. O pensamento que se é para internet pode ser feito de qualquer modo ou com qualquer equipamento não é verdade e só vai te trazer prejuízos, dor de cabeça e baixa audiência. (Lembre-se da noção de PREMIUM!). No entanto, este modelo de “produção eficiente” que cito aqui é baseado em alguns pontos fundamentais e de fácil assimilação e aplicação: o primeiro deles é o uso de equipamentos que realmente resolvam os problemas do set, buscando ao máximo a eficiência da relação custo x benefício. As DSLR vieram para colocar um fim definitivo nesta barreira. Mas cuidado, ao contrário do que muitos pensam (e fazem) por aí, a câmera sozinha não vai fazer belas imagens. É preciso um bom profissional para operá-la e extrair o máximo de qualidade que o equipamento possa dar. E aqui chegamos ao segundo ponto: o uso de uma equipe que seja multidisciplinar e autossuficiente, acumulando funções de forma inteligente e sem gerar o desgaste físico e mental. Desta forma, você vai ter os profissionais necessários para realizar os seus trabalhos de forma eficiente e barata. O quadro abaixo mostra uma boa equipe para se começar a trabalhar.
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Quadro uma equipe ideal para começar os trabalhos.
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Para facilitar o início do seu projeto dentro do universo das webséries, fiz uma adaptação de um quadro para modelos de negócios baseado encontrado no site Business Model Generation (www.businessmodelgeneration.com - sob licença do Creative Commons). Nele você vai encontrar tudo o que é necessário para a realização de sua websérie. Aqui fica mais uma dica... Pense em sua websérie como um negócio e a partir disso vá preenchendo o quadro que 9 blocos que se relacionam para descrever como será seu projeto. O ideal é que você reproduza este quadro em tamanho grande e utilize “post-its” coloridos para definir como cada etapa irá atuar no todo. Assim, fica mais fácil mudar, corrigir e incluir ideias. Analise o quadro de acordo com o roteiro a seguir. 1) Vou fazer o quê? – Essa resposta será a sua Temática da Série; 2) Para quem vou fazer? – Aqui estão 3 blocos: Público alvo, distribuição e promoção e interação e engajamento; 3) Como vou fazer? – Coloque quais são os principais (e essenciais) equipamentos da sua produção, a equipe e suas parcerias. 4) Quanto? – Analize os principais custos e as receitas para viabilizar o seu projeto.
DICA!
Combine a temática da sua série com seu público-alvo e a partir daí veja quais serão
Inspire-se em projetos de webséries que deram certo. Tente analisar e visualizar as estruturas de produção por trás destes projetos e a partir daí identifique oportunidades de inovar
os canais de distribuição e as formas de interação e engajamento. Então revise tudo fazendo o caminho contrário para ver se tudo se encaixa dentro da sua temática proposta.
Muito já disse aqui sobre roteiro. Mas como estamos chegando ao final, cabe lembrar algumas dicas importantes. Quando escrever um roteiro de websérie, pense em um público alvo especifico, através de temas onde há poucas personagens e locações a serem trabalhadas, concentrando a ação dramática e 49
encurtando os arcos das tramas. Dessa forma, o seu público terá o máximo de engajamento em um mínimo de tempo. Essa é a proposta crucial para a viabilidade e o sucesso das webséries. Depois passe para a parte de produção e coloque no papel tudo o que é necessário em termos de equipe e equipamento para que a sua produção aconteça. Lembre-se aqui que coloque realmente somente o essencial. Elimine tudo o que é supérfluo sempre com o cuidado para que sua produção não seja prejudicada. Feito isso, veja como você pode conseguir parceiros para reduzir ainda mais seus problemas de produção. Isso é fundamental para que tudo dê certo, uma vez que sempre trabalhamos com orçamentos apertados. Para finalizar, a etapa mais importante e mais decisiva de todo o trabalho. Agora temos que completar o quando com as despesas e receitas. Coloque aqui quais são as estimativas de custos mais importantes que você têm e também as formas com que você pretende financiar o projeto. Na parte de receitas, também é importante colocar como você pretende ganhar recursos com suas webséries. Seja com a venda direta ou com produtos relacionados. Mas tenha cuidado. Se você pretende colocar outros produtos licenciados, é imprescindível que tenha uma estrutura capaz de atender as futuras demandas. E principalmente observe os cuidados legais e fiscais de cada região para que você não tenha surpresas mais tarde. As minhas duas primeiras webséries, Heróis e Apocalipze, são tipos de produção completamente distintos e por isso mesmo ideais para se construir uma média de gastos de orçamento. Heróis tem como tema a participação do Brasil na Segunda guerra Mundial, um trabalho difícil de ser realizado, já que envolvia muita reconstituição histórica e efeitos de tiros, explosões, etc. Já ApocalipZe é uma ficção científica e que se passa em um futuro próximo, onde após um ataque
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bioterroristas, grupos de sobreviventes tentam se reorganizar para entender o que aconteceu. Os orçamentos estavam longe de serem os ideais para as produções, muito em função da minha inexperiência na época e também por eles terem sido pensados para serem realizados com profissionais que atuavam fora do circuito. Mas por sorte tive produtores que conseguiram fazer verdadeiros milagres, adequando as planilhas à realidade assim consegui realizar minhas webséries. Fazendo um cruzamento destas novas planilhas, e buscando trocar informações com outros realizadores, consegui desenvolver um relatório que servisse de base para os meus futuros projetos. Claro que cada projeto é um projeto, com todas as suas especificidades que só saberemos quando definirmos o roteiro. Além do mais, muitas das despesas foram abatidas em função de parcerias realizadas nas mais diversas áreas. No entanto, é possível adequarmos praticamente todos os projetos de websérie dentro desta planilha. E espero que ela sirva de guia para que você possa realizar suas produções.
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Vale aqui mais uma dica. Por mais que acreditamos que nossas idéias são as mais incríveis e rentáveis do mundo, pode ser que o público em geral não ache a mesma coisa... Por isso teste muito seu modelo antes de sair produzindo ou enviando para algum investidor. Crie pilotos, converse com possíveis consumidores, parceiros e fornecedores e a partir dos dados colhidos ajuste seu modelo até que ele esteja consistente o suficiente para transformá-lo em realidade.
Vamos descrever cada etapa do quadro: Temática da série: É a sua grande idéia! Coloque aqui a storyline da sua websérie, os personagens principais e os conflitos dramáticos que você julga serem os mais importantes da sua série. Se você tem dificuldades aqui, é hora de rever se você realmente tem domínio do 52
assunto o suficiente a ponto de justificar uma produção. Coloque post its para cada personagem e conflito que deseja trabalhar. Público–alvo: Este ponto é importantíssimo porque você precisa definir para quem vai direcionar a sua temática. Afinal de contas um trabalho audiovisual é para ser visto e a audiência é que vai te dar condições para monetizar o seu produto. Definido isso, pense em como traduzir em imagens e sons sua websérie que sejam condinzentes com o seu público –alvo. E lembre-se, a internet é um meio de nicho, portanto há sempre um grupo especial de pessoas que querem consumir sua websérie. Distribuição e promoção: Aqui é preciso responder uma questão fundamental, Como eu vou me comunicar e alcançar meus consumidores para que eu possa dar a eles um entretenimento satisfatório utilizando várias plataformas. Afinal, quanto mais curto for o caminho que o seu webespectador fizer em relação ao sua websérie melhor. Veja as melhores formas de hospedagem para seus vídeos. No mercado há várias empresas que fazem muito mais do que o Youtube pode proporcionar, inclusive a administração de publicidade em diversos níveis. Integração e engajamento: Como fazer o meu webespectador interagir com o meu conteúdo e torna-lo o meu maior divulgador? Talvez esta seja um pergunta eterna e que nunca terá uma única resposta. Então pense aqui de forma a atender dois públicos distintos. Aqueles que gostam de interagir e aqueles que não gostam de interagir. Isto quer dizer que temos que observar e identificar em nosso público-alvo seus hábitos de engajamento, principalmente pelas redes sociais.
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Equipe: Trabalhar com uma equipe reduzida é ao mesmo tempo fácil e difícil. Fácil porque temos um menor custo e uma maior facilidade de comunicação entre os membros, o que garante maior agilidade no processo. Por outro lado é mais difícil porque acaba que todos têm que acumular funções. A dica aqui é não extrapolar. Se você tem uma equipe pequena, não tente fazer uma megaprodução que não vai dar certo. Adapte sua produção a sua equipe e assim você nunca terá surpresas desagradáveis. Veja no próximo quadro uma equipe ideal para começar os trabalhos. Equipamento: É fato que hoje em dia há bons equipamentos com custos baixos, mas é preciso ter cuidado para escolhê-los. Observar bem a relação entre custo, benefício e o resultado estético dramático que você pretende para a sua cena. Isso quer dizer que nunca, em hipótese
alguma,
você
deve
trabalhar
com
equipamentos
improvisados que vão, além de estragar sua produção, colocar em risco a integridade física da sua equipe. Então use tudo o que estiver ao alcance da mão, mas com cuidado. Produção e parcerias: Este é o ponto fundamental de toda e qualquer produção independente. Coloque aqui tudo aquilo que você pode conseguir para facilitar a sua produção. Muitas das vezes este quadro pode determinar boa parte do restante. Já teve casos em que tínhamos uma ótima locação, com tudo de graça, inclusive energia. Então tivemos que adaptar boa parte do roteiro para acontecer naquela locação. Pense nisso e você terá sempre boas produções. Estrutura de custos: Aqui temos que ser bem honestos e justos. Não adianta colocar despesas que serão impossíveis de serem cobertas. Seja realista e adapte-se a realidade para que sua produção não vá por água abaixo. 54
Receitas: Tenha em mente de onde virão os recursos para a realização de sua produão. Será patrocínio direto? Via Lei de Incentivo? Ou você vai bancar do próprio bolso. Não importa. O que você tem que ter em mente aqui é que para fazer um produto audiovisual
gasta-se
dinheiro
e
por
isso
temos
que
ter
responsabilidade. Pode-se colocar aqui também uma estimativa de ganho com venda de produtos relacionados à webséries ou até mesmo colocar formas monetizadas para visualizar os episódios. E por fim do uso do conceito de desperdício “0”, otimizando os processos de captação e edição, através de uma pré-produção bem elaborada de forma a evitar que nada, absolutamente nada, seja feito sem antes ser pensado, elaborado e projeto para aquele fim. Como se diz em todos os manuais de eficiência em processos produtivos, o pensamento ainda é a parte mais barata de uma produção e por isso deve ser valorizada e respeitada. Em resumo, faça suas webséries através de roteiros onde há poucas personagens e locações a serem trabalhadas, concentrando a ação dramática e encurtando os arcos das tramas para que o público possa ter o máximo de engajamento em um mínimo de tempo. Essa é a proposta crucial para a viabilidade e o sucesso das webséries.
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O Portal Webseriados.
O Portal webseriados.com nasceu basicamente de uma necessidade e de uma oportunidade. Com o surgimento de várias produções de webséries no Brasil com qualidade profissional e de forma isolada, era preciso concentrar a produção e a audiência que se formou, oferecendo um canal completo onde além de visualizar as webséries, os websepectadores pudessem ter notícias e principalmente interagir com outros que tenham a mesma vontade: seja de produzir, seja de assistir. Se você é realizador, acesse o portal pelo www.webseriados.com e entre em contato conosco!
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Visite a página do autor
www.gutoaeraphe.com.br
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