Algumas coisas em que você precisa refletir para ser feliz...
ALGUMAS COISAS SOBRE AS QUAIS VOCÊ PRECISA REFLETIR PARA TER UMA
VIDA FELIZ J. ANDRÉ RODRIGUES
Capa: João André Rodrigues Revisor (a): Dipaula Minotto da Silva Email do Autor:
[email protected] Site do Autor: reciclandoideias.com
João André Rodrigues. Rodrigues , João André /Algumas coisas sobre as quais você precisa refletir para ter uma vida feliz! Criciúma - Santa Catarina|Brasil, Catarina|Brasil, 2017 - 112p. 112p.
Copyright © 2017, J. André Rodrigues Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou meio eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação ou sistema de armazenagem e recuperação de informação, sem a permissão escrita do autor.”
Para Dipaula e Helena, sem as quais viver não seria o que é! … A todos que direta ou indiretamente influenciam minha vida…
Sumário
Agradecimentos Introdução O espelho de Narciso: Uma reflexão fenomenológica sobre a mudança O sofrimento não é inevitável A distância entre o discurso e a prática… Você tem medo de que? Entenda porque você faz o que faz, da forma como faz! Você quer mudar? A arte do simples… Qualidades e Defeitos: Polaridades de uma mesma característica! Nem tudo em que você acredita "é"! Por que as borboletas não sorriem? Os Interesses Científicos Faça terapia… Do Coletivo X Indivíduo para o “inter e trans-subjetivo”! É possível? Como na musica dos titãs: O que? Dizer a verdade? Instituições em tempos de liberdade de informação!
Amor, sexo e outras coisas! O Preço! Corrupção: estamos dentro ou fora? O que sabemos é só o que sabemos! Novas empresas para os novos tempos! O fluxo infinito das polaridades! Figura e Fundo: um relacionamento sem fim… Você ja sentiu o poder do agora! Quem da o valor ás coisas? Festejemos! Não tenha medo da mudança! Apego como causa do sofrimento… Awareness Amadurecer Psicoterapia e autoconhecimento São tantas emoções! Pra que servem as regras afinal? Depressão: quem é essa pessoa que sofre? Aprendendo a ser diferente O que não controlamos! Sobre Amigos, Anjos e outras coisas! Concluindo a viagem... Sobre o Autor
E E olho E ouço E cheiro E como E toco E penso E sinto E lembro E adormeço E assim vou levando a vida Sem arrependimentos Com dores e medos Incertezas e riscos Assim vou levando a vida... olhando, ouvindo, cheirando, comendo, tocando, pensando, sentindo, lembrando e adormecendo…”
Trecho de: João André Rodrigues. “Poesias, reflexões e outros ecados”. 2017. Disponível na amazon.com.br .
Agradecimentos Dedico este livro a todos que cruzaram meu caminho e ajudaram a direcionar pelo exemplo, do que e como fazer e também do que e como não fazer. Estão entre eles meus pais, irmãos e familiares, professores, amigos e não amigos, gestores e colegas de trabalho. Especialmente a minha filha Helena, minha esposa Dipaula e meus terapeutas que me ajudaram e ajudam a desbravar os caminhos que escolhi.
Iniciando a viagem...
Introdução Os textos que compõem este livro foram escritos em momentos diferentes e expressam momentos de reflexão sobre a atividade do terapeuta no contato com as pessoas. Este ser (o terapeuta) é aquele que se coloca na condição de facilitador do contato entre a pessoa que o procura e o mundo. Este ultimo (o mundo) é representado pelo terapeuta e autor, em um momento, e em outro, atuando como ego auxiliar. Por fim, as pessoas que buscam o terapeuta, são aqueles que por vezes se desnudam a procura de algo que lhes falta, ou que lhes trás dor. Estas reflexões pretendem ser simples, apesar de complexas, pois apareceram como figuras em algum momento da vivencia no processo terapêutico, no encontro. E por esta razão, se mostraram como um vértice importante da condição e da resolução das situações vivenciadas no "Set terapêutico”. Acredito que todos os textos, se encarados com leveza e seriedade, podem contribuir para que você leitor reflita e integre algo da experiência aqui explicitada através das palavras. E se você integrar ou construir outras reflexões com desdobramentos potencialmente infindáveis, suas ideias mudarão… então você mudará… e assim o mundo também… quero acreditar que para melhor! Os textos foram construídos para serem acessíveis quanto a sua compreensão, tanto para pessoas leigas ou estudantes iniciantes na área de psicologia, quanto para terapeutas experientes que poderão se identificar e aprofundar conceitos e temáticas evidenciadas nos textos. O que não significa que leitores acadêmicos não possam se beneficiar deles. Desejo que você faça bom uso desta obra, e que possa posteriormente compartilhá-la com outras pessoas. Almeja-se que assim este livro possa tocar tantas pessoas que gere uma corrente que ajude a mudar o mundo para melhor! Boa leitura!
O espelho de Narciso: Uma reflexão fenomenológica sobre a mudança1 Gostaria de falar sobre um assunto que tem povoado minha fantasia nos últimos tempos e que tempos! Para tanto, vou contar uma estória: Narciso morava em um belo bosque, lá tudo estava funcionando bem, do jeito que a natureza programou. Viviam no bosque toda ordem de animais, incluindo Narciso o belo, como era conhecido. A vegetação era vasta e diversa atendendo ao gosto e necessidades de todos que nela habitam, sem exceção! Um belo dia nosso herói Narciso caminhava por entre as matas de seu bosque e começou a notar que era realmente belo, mas que seriam necessárias algumas mudanças para que o bosque fosse ainda mais formoso e belo. Começou então a a vasculhar e anotar todas as mínimas coisas que precisam ou poderiam melhorar. Narciso logo se deparou com algumas dificuldades, às mudanças eram difíceis, pois pequenas mudanças interferiam de formas inesperadas, para ele, em outras coisas que aí precisavam de mais mudanças, criando-se assim um ciclo de mudanças infindáveis. O herói percebeu então que a situação exigiria que ele encontrasse ajuda para fazer de seu bosque seu desejo. Então narciso pensou, para mudar eu preciso ser sábio, pois as mudanças afetarão a todos que em MEU BOSQUE passarem. Um sábio poderá me ajudar a reconhecer o que, como e em quanto tempo eu poderei mudar o que precisa ser mudado. O sábio morava a muitos anos no bosque, tantos que ninguém sabia direito quando havia vindo para o bosque, nem mesmo as árvores mais antigas lembravam de tê-lo visto chegar. Alguns achavam que ele sempre esteve ali. Então Narciso procurou o sábio, que lhe disse: - cada coisa tem seu tempo de mudança e algumas só poderão ser trocadas de lugar, mas em alguns casos se você simplesmente trocar de lugar, algo já terá sido mudado, por exemplo, se você recolher varias pedras soltas e coloca-las em torno de um canteiro talvez não fosse necessário modifica-las.- Narciso saiu indignado, pois havia procurado o sábio para fazer grandes mudanças e não
ajeitar pedras. Narciso estava tão indignado que se perguntou se o sábio era tão sábio assim. Foi então falar com o jardineiro que cuidava de seu bosque e discorreu sobre sua intenção de revolucionar, e tornar mais belo e perfeito (o bosque) e esse seria seu legado, afinal alguém tão belo e perfeito como ele saberia melhor do que ninguém aperfeiçoar a natureza. O jardineiro ouviu seu senhor e logo falou: - meu senhor na natureza nada acontece de repente existe um processo que leva tempo, por traz de cada flor que desabrocha, cada gota de água da chuva, e que as mudanças que o senhor quer, levaram anos para acontecerem. Narciso se enfureceu e gritou com seu serviçal e saiu sem destino. Quando se deu conta esta estava em uma clareira em frente a um grande espelho. Narciso ficou atônito, surpreso, um frio lhe correu a espinha e seus olhos se encheram de lagrimas. Então ele percebeu seu rosto desfigurado de raiva, sua musculatura retesada, respiração ofegante e os dentes serrados. E só então ele entendeu o que o sábio e o jardineiro haviam lhe tentado explicar: ao tentar transformar o mundo ele acabou transformado, pois esse é o processo, onde todos somos parte deste bosque e que ao desrespeitar o bosque em seu processo ele desrespeitou a si mesmo. E Narciso chorou!
O sofrimento não é inevitável A maioria das pessoas tem o costume de protelar ações que podem diminuir e muito, a tensão e o desconforto que possam estar vivenciando. Que normalmente está relacionada a dificuldades de dizer não, de colocar limite nas pessoas e situações que possam estar contribuindo ou gerando esse desconforto. Isto acontece, ora pelo medo que temos das consequências do limite que possamos colocar, ora por acharmos que não temos opções, ou mesmo por não conhecermos de forma suficientemente adequada nossos recursos e habilidades. O resultado de não agirmos sobre situações que nos causam o desconforto e sofrimento, pode prolongar o mesmo, que vai minando a auto estima e construindo uma autoimagem distorcida, o que possibilita a sensação de aprisionamento. Ou seja, a pessoa passa a sentir que não há o que fazer, que tudo que possa ser feito não vai gerar uma solução minimamente adequada, amplificando assim o sofrimento. Essa sensação de ausência de possibilidade de solução, faz com que através de alguns mecanismos psicológicos de proteção do eu, se criem uma gama enorme de comportamentos compensatórios de evitação do sofrimento. Estes comportamentos por serem compensatório nunca suprem a "real" necessidade da pessoa, o que cria uma espécie de "buraco" que nunca parece se preencher. Isso faz com que a pessoa tenha muita dificuldade para se ajustar de forma satisfatória. As situações que vivenciamos no cotidiano e esta falta de atualização nas formas de nos relacionarmos com o mundo, podem gerar uma série de prejuízos, dos mais diversos níveis de influência neste contexto. Então o que precisamos fazer no cotidiano para que possamos nos relacionar de forma mais adequada as nossas necessidades, sem que prejudiquemos os relacionamentos que estabelecemos, é encontrarmos meios de comunicar nossas necessidades, considerando as necessidades alheias. Isto pode ser feito, sem que represente necessariamente o rompimento destas relações, a não ser que isto seja imprescindível para a saúde psíquica.
A distância entre o discurso e a prática… Entre o discurso e a pratica muitas vezes observamos um abismo que só pode ser transposto com o que costumo chamar de 3P ( Paciência, Persistência e perdão). O Perdão talvez seja o mais importante, pois somos seres imperfeitos, impermanentes, ego-centrados e excessivamente defensivos de nossos padrões, crenças e ideias. Somos seres fragmentados, interna e externamente. Internamente para nos adequarmos a realidade imediata que exerce pressão para que nos untemos a “massa” hegemônica que chamamos de sociedade. Muitas vezes desconsiderando a singularidade e necessidades individuais em nome de uma coesão social. Externamente somos seres que se veem como separados da natureza, não percebemos como somos "influenciados por leis naturais" que de forma inconsciente2 (este inconsciente é diferente da visão Freudiana) nos empurram e direcionam nosso comportamento de grupo, você pode analisar o que estou propondo assistindo alguns documentários de primatas e outros animais, e com pouquíssimo exercício intelectual perceber as semelhanças entre nós e alguns agrupamentos de animais e seus funcionamentos no coletivo. A única forma de nos integrarmos novamente é através da reflexão e desenvolvimento da consciência, esta capacidade de observar em um fluxo de integração/afastamento. Onde ora, nos colocamos em uma postura de olhar com o que na antropologia se denomina "estranhamento". Se permitindo não ulgar, apenas entender no sentido mais amplo possível. Buscando a coerência, o contexto, e não avaliando do seu contexto ideológico do grupo a que pertencemos. E ora nos colocamos no centro da questão emparelhando e experimentando o contexto em que estamos imersos. Este fluxo de afastamento/estranhamento e imersão/experimentação pode nos permitir ampliar a visão parcial e egocentrada para uma visão holocentrada, onde percebemos e aceitamos o diferente, em uma busca de diálogos possíveis de aprimoramento de grupo e atualização enquanto indivíduos!
Você tem medo de que? Uma das características fundamentais á sobrevivência da espécie humana, é o medo. O medo muito provavelmente tenha sido desenvolvido como forma de nos protegermos dos perigos que viemos enfrentando desde os primeiros estágios do que hoje é o HOMO SAPIENS, ou seja, como somos hoje: “homens sábios”. Gostaria de fazer um exercício de reflexão e para isso vamos buscar na biologia básica um conceito fundamental das células, que é a irritabilidade ou excitabilidade, que é a capacidade de uma célula responder a estímulos intra ou extra celular. A irritabilidade passa a ser então uma propriedade da célula que á torna apta a responder aos estímulos. É uma propriedade que podemos verificar em diversos tipos de células no organismo. E aqui começa nossa reflexão! O medo é uma resposta do organismo a um estimulo que é percebido como perigoso e pede uma resposta de proteção. Assim como a célula que se contrai ao ser perfurada por uma haste, sim a célula tenta se afastar do estimulo no caso a haste que tenta perfura-la! Então o medo seria uma resposta a este estimulo que é ameaçador, porem temos um componente vital a incluir em nossa reflexão, a consciência. Esta capacidade que como organismo complexo o homo sapiens tem desenvolvido e que em alguma medida nos diferencia dos demais organismos complexos, pelo menos até o momento3. O medo é então, o resultado de um complexo sistema de respostas a situações e normalmente desencadeia duas repostas principais do organismo, uma é de fuga já que a pessoa não percebe em si a capacidade de interagir com a situação ameaçadora sem ameaçar sua integridade e equilíbrio biopsicossocial, a outra é de ataque/enfrentamento onde a pessoa ataca a situação problema visando afasta-la ou destruí-la e com isso eliminar a ameaça a sua integridade e equilíbrio biopsicossocial. Ambas tem a função de proteger a integridade da pessoa e estão diretamente ligadas a sobrevivência da espécie, podemos encontrar este comportamento em diversas espécies de organismos complexos. Por ser um comportamento ligado a sobrevivência naturalmente é
levado a um nível de automatização de respostas básicas e rápidas do organismo, onde tende a receber pouca influencia das funções “superiores do organismo” e tendo assim, pouca oposição em sua execução/resposta a situações perigosas a integridade do organismo. Ou seja, o organismo entende que pensar pode coloca-lo em perigo já que a situação perigosa exige uma resposta rápida de ataque ou fuga. O medo desencadeia um impulso que fica em um nível de baixa consciência, pelo menos para a maioria de nós, e isso é uma das principais dificuldades em lidar com medos. Ele fica em um nível de consciência conhecido como inconsciente e com isso não queremos dizer que ele não pode ser acessado, somente que esta pouco iluminado pela consciência. De forma geral refletimos muito pouco sobre como funcionamos diante das situações e normalmente pensamos não conseguirmos agir diferente. Então como tornar consciente algo que esta no “inconsciente” e que tem uma função de proteger o organismo dos perigos do ambiente, e que por isso, tem uma complexa cadeia de interações neurais e que deve ser automática por natureza, pois o tempo de reação é vital para a sobrevivência do organismo. A questão é que muitos dos perigos que desencadearam a necessidade de desenvolvimento desses impulsos de proteção, cujo o sintoma é o medo, não se fazem mais presentes nos dias de hoje. Por exemplo, dificilmente ao passar por uma área qualquer você será atacado por um dinossauro, um tigre ou algum animal selvagem, então o medo que nos impede muitas vezes de explorar novas situações, lugares e formas de fazer algo pode estar ligado á um impulso de autopreservação que pode não ter mais sentido nos dias de hoje, e que na verdade hoje podem ser limitadores, nos impedindo de conquistar novos níveis de autonomia e realizações. Vivemos em uma sociedade em que dedicamos pouco tempo para autoconhecimento, e muitas vezes pode ser visto como perda de tempo. Não nos conhecermos tem custado caro a nosso saciedade e possivelmente ainda seremos devorados4 por algum tempo antes de percebermos a importância desta questão.
Entenda porque você faz o que faz, da forma como faz! Todas as situações percebidas, sentidas e vivenciadas obedecem ao processo que a Gestalt-terapia 5 chama de formação figura e fundo, este processo é indissociável, onde um não existe sem o outro. A figura sempre emerge de um fundo indiferenciado, tendo sua energização feita por uma necessidade que deve se sobre sair as outras necessidades. Ou seja, no organismo emerge sempre a figura que estiver ligada a necessidade de maior urgência e/ou emergência. Deste modo, a figura se mostra bem definida em contraponto a um fundo que a qualifica e lhe confere significado. O fundo é composto a partir das experiências vivenciadas e significadas durante toda a vida, logo, ele vive mudando e se ressignificando do nascimento a morte do individuo. Podemos dizer que compõem o fundo tudo que não esta na figura e que paradoxalmente sustenta essa mesma figura, atribuindo-lhe significado. Tendo em vista que o processo de emergir de uma figura obedece às necessidades mais urgentes para o organismo, fica evidente que só pode emergir uma figura por vez e que o emergir de duas ou mais figuras geraria uma indefinição, gerando confusão que poderia colocar o organismo em perigo. Imagine uma situação onde "um homem esta faminto e no meio de uma rua movimentada, seu alimento cai no chão... ele olha e vem vindo um caminhão que passará por cima de seu alimento", sem uma seleção adequada da necessidade mais urgente ou mesmo de uma decisão rápida e eficiente, ele pode por fim a todas as suas necessidades (morrer). Muitas vezes se ouve pessoas dizendo: "eu consigo fazer varias coisas ao mesmo tempo", na verdade elas consideram que conseguem fazer varias coisas em um curto período de tempo. "Tente assoviar e comer farinha ao mesmo tempo", como dizia meu avô, você não vai fazer nenhuma das duas coisas direito. Uma figura é estabelecida a todo o momento, umas por segundos outras
por minutos, etc., e isso nunca para, durante o estado de vigília. Podemos então dizer que figura e fundo é um relacionamento sem fim, sempre em movimento, uma figura depois da outra. Se a figura é forte e clara conseguimos saber claramente o que fazer, se a figura é fraca ou o processo de formação da figura sofre influencias que à deformam, desfocam ou enfraquecem, temos uma figura mal formada e ai podemos ter dificuldades em reconhecer qual necessidade esta em questão, e assim, em satisfazer esta necessidade que gerou a figura. Assim podemos começar a criar um conflito interno que pode culminar na frustração, sofrimento e adoecimento.
Você quer mudar? A maioria da pessoas sabe ou pelo menos intui o que "precisa/quer" mudar em sua vida, trabalho, relacionamento, etc. Muitas vezes esse saber fica em baixo de um "monte"de ideias e sentimentos produzidos com o intuito de impedir, desviar e fragmentar as indicações desse saber. Tudo para não encarar/enfrentar a "realidade interna" que é vista como ameaçadora e dolorosa ou para não perceber o que "precisa/quer", já que, ao assumir o que quer realmente fazer não poderia negar sua necessidade e assim teria que agir e gerar a mudança. Mudar significa sair de um lugar conhecido para um lugar desconhecido, onde o controle que foi construído ao passo que tornava o desconhecido em conhecido, diminui e abre espaço para o novo. Novas formas de se relacionar com o mundo e com as pessoas precisam ser criadas, testadas e confirmadas, para que a sensação de controle possa ser restaurada. De fato o maior impedimento para a mudança, logo para o crescimento e "amadurecimento", somos nos mesmos. Quanto mais apegados ao controle e quanto mais evitarmos reconhecer nossas necessidades reais de contato com os outros, com o mundo e com nós mesmo, mais cristalizados e resistentes a mudança. Com isso é maior a possibilidade de criarmos uma realidade pessoal de sofrimento, perda de sentido e "rumo" pessoal. A medida que vamos negando nossas necessidades, vamos criando uma forma de funcionar e agir/reagir no contato com o mundo e as pessoas, que vai se estruturando e cristalizando, dependendo do autoconhecimento conquistado até o momento presente. Assim, na tentativa de nos protegermos e/ou protegermos uma dada situação ou contexto, criamos uma realidade que pode nos aprisionar, amedrontar e torturar. Depois que essa forma de evitar ou controlar a mudança se instala, criamos um conjunto elaborado de ferramentas/funções que irão filtrar, distorcer e significar o contexto vivenciado buscando manter “as coisas como
estão". Por isso é tão "difícil" mudarmos sozinhos! Para que a fluidez inerente ao processo de viver seja restabelecida torna-se necessário o auxílio do outro, que age como espelho, refletindo nossos mecanismos que impedem a conscientização desses mecanismos, e de nossas necessidades “reais”, formas de funcionar, para que a mudança seja possível, e assim o equilíbrio possa ser restabelecido. A mudança é um fluxo inevitável e inerente a vida, tentar evita-la é tentar barrar o próprio fluxo da vida.
A arte do simples… A arte da simplicidade é algo raro nos dias de hoje! Nosso cotidiano é complexo e cada vez mais artificialmente rápido, passamos os dias correndo e sem tempo para dedicarmos a nós e aos que amamos. Poderíamos dizer que fomos enganados, pois a promessa era de que a tecnologia iria nos dar mais tempo para vivermos a vida com mais qualidade e intensidade. E o que vemos é cada vez mais o relógio apertando o tempo, e com o tempo, à nós mesmos. Bem, parece que estamos cada vez mais complicados e implicados neste processo de viver racionalmente a vida. Que parece cada vez mais complicada e menos satisfatória, quase sempre se ouve falar da falta de tempo para isso ou aquilo. E claro sempre fica para depois aquela viagem, o regime que nunca começa ou se completa, o almoço com a família, ler para os filhos, etc. A arte do simples nos coloca frente a um dilema, o de escolher entre fazer para "fora" ou fazer para "dentro", explico! Fazer para "fora" é atender as demandas dos outros, da sociedade, de ser mais e melhor, ganhar mais, ter aquele carro, aquela casa mais cara e confortável, e sempre desejando algo a mais num continuo infinito, de novo e de novo... Fazer para "dentro" é olhar para o que é necessário para suprir as necessidades cotidianas, as quais nos dão sempre um estado de tranquilidade e bem estar! Esta ai a diferença, as necessidades de fora quase sempre estabelecem alienação de uma necessidade de "dentro" e claro pressão! As necessidades de dentro não oferecem pressão, ou oferecem menos, ai parece racional deixar para depois, e sempre dizemos um dia vou... A arte do simples nos remete ao natural, ao que é ecologicamente viável e autossustentável, é uma postura de satisfação e não de constante insatisfação!
Comece hoje a olhar com cuidado para o seu cotidiano e perceber o que poderia ser mais simples! Esse pode ser o começo da descoberta do caminho da felicidade tão cobiçado!
Qualidades e Defeitos: Polaridades de uma mesma característica! As qualidades destacam quem as possui, da mesma forma, os defeitos são vistos como falhas, erros. O que normalmente deixamos de perceber é que qualidades e defeitos são expressões polarizadas de uma mesma característica, que essa ou aquela pessoa apresenta. Por exemplo, uma característica como a sinceridade: é uma qualidade que na intensidade "certa" colocará a pessoa no centro de situações em que seus parceiros de trabalho necessitem de uma opinião para tomar essa ou aquela decisão. No entanto, também pode ser um defeito se a pessoa sincera não percebe o contexto em que se encontra e fala sinceramente independente do efeito que sua fala terá ao seu redor. Neste segundo caso, normalmente temos uma forma de falar ríspida e pouco cortês, o que quase sempre leva a conflitos. O importante é atentarmos para a intensidade com que agimos ou deixamos de agir! Todo defeito tende a ser: desagregador, cristalizado, tenso, afetando negativamente o seu equilíbrio, ou seja, cria situações de sofrimento para si mesmo e para sua rede relacional. Ao contrario a qualidade agrega, deixa a pessoa mais flexível, relaxada, equilibrada, cria situações de aceitação para si mesmo e para sua rede relacional. Ou seja, uma mesma característica pode ser vista como uma qualidade ou um defeito, daí a importância de refletirmos constantemente sobre como expressamos as características de que dispomos. E mais, buscarmos constantemente desenvolver nossas formas de expressar e nos relacionar com todos que nos rodeiam.
Dica: Uma boa forma de perceber se suas características estão sendo percebidas como qualidades ou defeito é perguntar:
- Como você me vê? - Quais qualidades você percebe em mim? - Em que acha que posso melhorar? - Tem algo que eu faça ou diga que você gostaria que não o fizesse? - Você pode me pontuar sempre que eu passar da medida? Faça essas perguntas e solicitações à pessoas que você tem afinidade, mas dê preferência e dedique mais atenção ao que for dito por pessoas com quem tem pouca ou nenhuma afinidade! Arrisque-se e faça essa experiência ela poderá dar-lhe uma grande oportunidade de desenvolvimento.
Nem tudo em que você acredita "é"! Seja no mundo do trabalho ou na vida pessoal, nós somos os principais responsáveis por limitarmos nossas opções. Através de um conjunto elaborado de regras, crenças e ideias, nós identificamos, definimos e limitamos até onde é aceitável agir, mudar, escutar, etc. Esta delimitação nos impede de olhar e experimentar novas formas de perceber, sentir e interagir com a nosso espaço relacional. Assim enrijecemos nossas respostas e nos tornamos obsoletos, ineficientes, o peso que impede que a mudança ocorra. E essa forma de "funcionar" passa a ser fonte de problemas e aborrecimentos na vida pessoal e profissional com intensidades e resultados diversos, dependendo de onde estamos e da intensidade de nossa recusa em nos atualizarmos. Isto ocorre porque o "mundo" esta em constante mudança, as pessoas são chamadas a repensarem suas crenças e verdades a todo instante, aquilo que era certo e inquestionável na geração passada, hoje esta na contramão, já não é certo e/ou aceitável. Isto é valido na vida pessoal e profissional de forma geral, também é fonte de muito sofrimento para aquele que "vê seu mundo ruir" e ser "deformado" pelos "novos tempos". O antídoto para a situação é o desenvolvimento de uma postura aberta ao dialogo e aceitação de novas ideias, uma abertura para experimentar o novo e capacidade de lidar com uma certa dose de frustração para ver suas crenças sendo ressignificadas, atualizadas. Isso mesmo, você não tem que abandonar suas crenças, somente deixar que elas sejam ampliadas e melhoradas ao assimilar ou ser assimilada por novas ideias, que a tornarão mais interessante e abrangente. Na vida pessoal a não flexibilização de posturas frente as mudanças, e ressalto elas são inevitáveis, levam ao choque e conflito nas relações que estabelece com o mundo, em que o resultado pode ser o sofrimento. No contexto profissional e organizacional as posturas cristalizadas e inflexíveis transformam o profissional em uma ancora que impede a organização de se atualizar, tornando-se menos competitiva e exposta ao risco de não se modernizar, emperrando seu sistema de gestão. Isto em um
mundo corporativo cada vez mais competitivo e que cada vez menos aceita “a morosidade" pode ser fatal para uma empresa, impendente de seu tamanho. Quer saber se você esta sendo inflexível, se esta impedindo sua vida pessoal, profissional e sua empresa de se atualizar? Verifique seu nível de estresse, se você passa mais de 20% do seu tempo estressado com os outros, seja na vida pessoal ou profissional, é um sinal de alerta. Agora muito cuidado se você estiver abaixo mas perto 50% é provável que você esteja impedindo que mudanças inevitáveis e necessárias aconteçam, seja em sua vida pessoal ou profissional. E claro se você esta em 50% ou mais do seu tempo sob estresse, procure ajuda imediatamente.
Por que as borboletas não sorriem? As borboletas são o que são e não se questionam o por que de serem como são, enquanto lagartas se alimentam e esperam o momento de entrar no casulo, não, nem mesmo esperam, pois isso seria considerar uma intencionalidade. Elas, ainda lagartas, somente vivem e se colocam no casulo assim que sentem a necessidade de fazê-lo. Conosco é diferente pensamos, pensamos demasiadamente, buscando nossa intencionalidade e nossa pseudo certeza no ímpeto de realizar um ideal de nós mesmos. Acreditamos estar sendo e fazendo o melhor de nós mesmos e damos ao mundo nossas criações esperando que o mundo nos reconheça e nos confira o status de real, ou pelo menos virtualmente real. O que acontece é que não sabemos ser como as borboletas, criamos expectativas e essas ideias de como deveríamos ser, acontecer, sentir, querer e tudo mais. Assim delegamos aos outros o sentido das coisas e nos colocamos a mercê das medidas de outros, que não tem a bússola interna adequada ao norte singular e particular, que pertence somente a mim mesmo, e você? Você tem a sua bússola que mostra seu norte, que pode diferir de poucos graus a muitos e isso é o que nos faz diferentes. Como então conciliar para que possamos caminhar juntos? É no respeito a própria singularidade, na habilidade de se colocar em primeiro plano sem deixar de considerar o outro, que reside o segredo da "felicidade". É caminhar ora à frente, ora ao lado e por vezes atras, sem que isso implique em sentir-se maior, sozinho ou diminuído. Pois estar juntos não é pensar, sentir, querer o mesmo que os outros e sim um comprometimento, de que apesar de diferentes ,nossos anseios, escolhemos estar onde e com quem estamos. As borboletas não sorriem porque sua felicidade se realiza no bater de asas, no transformar-se de lagarta em borboleta, no bater de asas, no voo sob
as flores, elas não tentam ser, elas simplesmente são!
Os Interesses Científicos A ciência moderna oportunizou um notável portfólio de inovações e descobertas que vem mudando o mundo, e também a forma como vemos este mundo. Não podemos negar o agradecimento a grandes homens e mulheres que através do esforço e abnegação nos ofereceram tão grandioso legado. O que muitos deles talvez não previram é que o poder econômico iria cooptar o conhecimento e método cientifico para corroborar seus interesses comerciais. E estamos à mercê desta união, onde pesquisas financiadas e possivelmente fabricadas para dar selo cientifico a conclusões mono-óticas e de validade duvidosas, para atender aos interesses de seus financiadores. A ciência se apoia na replicação de experimentos e resultados, para tanto, limita ou busca limitar o conjunto de variáveis que podem influenciar o objeto da pesquisa. O fato é que quem escolhe quais variáveis observar é o pesquisador e através das variáveis um estudo especifico pode encontrar uma ou outra explicação, as vezes totalmente opostas. Aqui lança-se a questão vital, se uma pesquisa cientifica não é independente, isto é, se seu financiamento vem de empresas e conglomerados comerciais, ela pode não ser isenta pela própria natureza dos interesses de quem financia. Assim temos um problema fundamental, a maioria das pesquisas realizadas no mundo tem financiamento privado, entenda-se comercial. O segundo ponto que quero abordar é que as pesquisas cientificas normalmente “quebram” o fenômeno/objeto em partes e buscam entender o fenômeno partir destas partes. Isto é uma herança newtoniana, nada contra Nilton. O fato é que cada vez mais compreendemos a impossibilidade de separação entre os fenômenos e objetos, a tentativa cientifica de conhecer o fenômeno a partir de seu isolamento e fragmentação de seus componentes não nos da um entendimento do mesmo. Já que, este, não pode ser separado das variáveis
que o compõem sob pena de não compreendermos a singularidade que a soma das partes confere. E sem a qual o objeto não é mais “o objeto” e sim uma parte deste objeto, que não pode oferecer a compreensão do objeto como um todo. Acredito que se conseguíssemos tornar as pesquisas cientificas independentes de interesses comerciais, ou menos dependente destes, e passássemos a valorizar as variáveis que não entendemos na pesquisa, ao invés de descarta-las como algo que atrapalha o entendimento do fenômeno, iriamos avançar de uma forma nunca vista no conhecimento cientifico em todas as áreas do conhecimento.
Faça terapia… Algumas pessoas passam pela vida, adormecidas, como se estivessem agindo mecanicamente. Agem pura e simplesmente sem pensar sobre o que estão fazendo. Sem saber se querem, ou se é a melhor forma de fazer, simplesmente fazem. Estão sob o domínio de um sono letárgico que os coloca em uma posição desconfortável em que seus sonhos, desejos e ideais estão subjugados pelos sonhos, desejos e ideais de outros. Não se trata de compartilharem e sim de suprimir, negar, relegar a um segundo plano seus bens mais preciosos. Sua vitalidade e interesse, seus sonhos. É como se intencionalmente ou não, essas pessoas aprisionassem a si mesmos, como forma de corresponder a alguém ou a algo. Vivemos em uma sociedade que nos pede a todo o tempo que deixemos de ser “egoístas” e que pensemos em um “bem maior” pelo interesse social. E assim nos perdemos! Não estou dizendo que devemos negar o social e que de agora em diante façamos o que nos de na “veneta”, e sim, que repensemos a interação individual com o social e vice-versa. O objetivo da sociedade é oferecer um espaço de crescimento e desenvolvimento seguro, acolhedor, vitalizante e não um espaço que “castre”, deprima e negue as potencialidades individuais. Deve ser um lugar estimulante que valorize e aceite as diferenças, que busque sempre evoluir no sentido de se repensar através do tempo e espaço. Criou-se uma idéia de que a sociedade existe independentemente das pessoas que a constituem, é um engodo. A sociedade tem um fim muito especifico, o de dar oportunidade aos seres humanos de viverem e crescerem entre os seus. No passado o objetivo era a sobrevivência contra um meio extremamente nocivo e perigoso, nos unimos contra predadores que ameaçavam nossa continuidade. Com o tempo nossa associação foi mudando se organizando e fomos prosperando e multiplicando, e com isso, veio a necessidade de repensarmos
nossa forma de organizar, assim o fizemos. Através dos milênios fomos mudando e repensando quem éramos e o que queríamos como espécie, hoje dominante no planeta terra. Agora estamos em um nível de sofisticação e desenvolvimento tecnológico que nos desafia. Criamos um sistema de mediação com base no “capital” em detrimento da mediação pelo ser, nossa tecnologia nos empurra a repensar quem somos, de onde viemos e principalmente nosso sistema mediado pelo “capital”. Atingimos um nível de complexidade que nos pede uma reestruturação profunda de nossas relações com o planeta, trabalho, tecnologia, religião, em resumo com a sociedade como um todo. Ai entra em sena um dos maiores desafios. Todo sistema tem uma tendência e se perpetuar, buscando construir formas de se reproduzir e defender-se.
Do Coletivo X Indivíduo para o “inter e trans-subjetivo”! É possível? Toda história é contada a partir, do filtro de quem a conta, de sua construção subjetiva. De tal modo que muitas vezes temos mais de quem conta do que de quem é “contado” em uma determinada história. Isto acontece por causa da impossibilidade, até onde se sabe, de sentirmos o que o outro sente, da forma que sente e na intensidade que sente. A partir dessa reflexão poderíamos dizer que, muitos autores e pensadores já chegaram a essa conclusão, toda verdade é subjetiva e só encontra ressonância na construção subjetiva de cada pessoa. Mesmo se pensarmos a questão a partir das construções coletivas, culturais é individualmente quê significamos o que “experienciamos”. É esse processo de inter-relação entre o coletivo e o individual, onde o coletivo tenta se “perpetuar” e o individual “se libertar”, que avançamos e construímos um presente novo, que evoluímos enquanto sociedade. Talvez com o tempo possamos construir uma forma de gerir as necessidades coletivas e individuais de uma forma menos conflitiva. E aí sim teremos uma era de “ouro” onde o coletivo não oprime e sim aceita e valoriza a sua própria multiplicidade em todas as suas nuances e intensidades. A quem diga que as estratificações e o controle das forças sociais são necessárias para manter a integridade da sociedade e que sem esses mecanismos para manter as relações, a sociedade ruiria e se desintegraria. O fato é que essa forma de pensar apenas busca manter “o atual estado das coisas” (status quo) principalmente porque seu filtro subjetivo não lhes permite ver outras possibilidades. E elas existem, algum dia vislumbraremos de forma real uma sociedade mais igualitária onde cada pessoal poderá encontrar o que a realiza e se “realizar”. Para terminarmos, algumas palavras que devem ressoar e germinar para uma sociedade mais livre e inclusiva: respeito, compaixão, caridade, autenticidade, amor, diferenças, aceitação, e por ai vai, já pensou nisso?
Como na musica dos titãs: O que? O que é mais importante? Ser visto como alguém feliz e prospero ou se sentir alguém feliz e prospero? Estamos rotineiramente envolvidos em acumular dinheiro, ganhar mais, ter mais, um carro melhor, uma casa maior, um corpo mais bonito que perdemos de vista o olhar para nós mesmos. Passamos a buscar realizar um ideal de felicidade que serve muito mais a um sistema econômico que a construção de um modo de vida equilibrado. Criamos a indústria da novidade! Se você passa muito tempo com algo á esta démodé, esta velho fora de moda, logo você não vale tanto!! Ai entramos nesta luta diária, buscando ganhar mais para ter mais, na busca de sermos mais, e isso é uma armadilha pois a todo momento o novo vira velho, antiquado e démodé! Abre-se aqui um espaço para algumas das perguntas mais importantes na vida de qualquer um! - Quais são seus valores? - Seus valores, são seus? - Eles, os valores que você tem como seus, te fazem feliz? - No fim do dia o que você fez te dá uma sensação de que esta completo apesar do cansaço? - Você passa o tempo que gostaria com quem ama? - O que você ama, em quem ama? Estas questões tem milhares de desdobramentos e nos colocam frente a frente com as pressões que sentimos implícita e explicitamente no dia a dia. Sem as respostas a esta perguntas, nossa felicidade pode não ser nossa, o que amamos pode nos deixar ocos e o que achamos que somos ser, apenas um esboço, uma imagem distorcida de nossa “real” potencialidade como indivíduos e como espécie!
Dizer a verdade? Dizer ou não a verdade é um dilema que enfrentamos todos os dias nos mais diversos ambientes que venhamos a frequentar. Quase sempre o dilema se coloca entre um interesse, um ganho, um emprego, um casamento, etc., e aquele que se pergunta: devo ser sincero? Devo dizer uma meia verdade? Ou quem sabe seria melhor me calar? Trocar de assunto para não me colocar em uma “saia justa”? De fato muitas vezes dizer a verdade nos coloca em situação difícil em que nos pomos a desagradar alguém que pode nos negar o que queremos e desejamos. Talvez nos seja impossível resistir ao medo de nos frustrarmos com a perda do que ansiamos. Então, mentimos, falamos meias verdades, omitimos ou dissimulamos, e a mentira nos coloca sob pressão, afinal “a mentira tem pernas curtas” já dizia minha mãe. A partir daí criamos um ciclo vicioso em que mentir nos coloca ou força a manter a mentira, sob o pretexto de não perder o que ganhamos com a mentira. A verdade neste momento passa a ser vista como uma ameaça que deve ser evitada, pois incorre em perda e a perda nos leva a frustração de perder o que ganhamos. Esquecemos que a mentira nos prende de tal modo que passamos “a viver uma vida” de medo em que a mentira passa a ser uma forma viável de evitar a frustração sempre que ela se apresentar. Isto pode tomar proporções tão gigantescas que perdemos contato com nosso núcleo, o “eu verdadeiro”, podemos assim perder vitalidade, espontaneidade e a alegria de viver. O que chama mais atenção e o mais importante é que a única coisa capaz de nos libertar e trazer de volta nossa identidade, nosso núcleo é a verdade que tentamos evitar ao longo do caminho, ela nos liberta e oferece a oportunidade de um recomeço mais autentico e feliz. Onde a frustração é apenas mais um percalço necessário ao nosso amadurecimento pessoal que dividiremos com todos em nossas relações! Você poderia dizer que a verdade é perigosa, que ela oferece um risco muito alto e que não vale a pena ser autentico e perder o que desejamos, seja
o que for. Isto depende muito do ângulo de visão que você utilizar para examinar a questão. Se você sacrifica sua autenticidade para obter algo ou alguma coisa você ganha algo que não pode desfrutar inteiramente. Pois você não é você por completo, logo, não pode desfrutar do que “ganhou” por completo e isso ira frustra-lo novamente. É uma armadilha que não tem escapatória a não ser pela verdade. Lembre-se, a verdade liberta!
Instituições em tempos de liberdade de informação! Em tempos de internet onde a informação circula de forma livre e irrestrita, pelo menos em alguns países, onde o filtro é o produtor de informação. E cada pessoa se tornou uma criadora, propagadora e avaliadora de conteúdos. São tempos de pensamento livre e de pouca confiabilidade de conteúdo, á que, qualquer um, independente de suas intenções, pode expressar e comunicar ao mundo o que pensa, defende e critica sobre absolutamente qualquer coisa. É um momento critico para instituições e empresas de forma ampla e global, pois a forma como as relações são mediadas esta mudando sensivelmente em proporções inimagináveis. Me arrisco a dizer que a internet representa nos dias de hoje o que a revolução industrial representou no século XVIII. O fato é que toda essa informação causa uma confusão sobre o que é confiável e considerado de credibilidade, tanto em termos oficiais (agencias de noticias ) como os meios não oficiais. O poder da contradição e fluxo massivo e colaborativo das informações informais, questionam os meios oficiais de forma aberta e muitas vezes “libertadora” em termos de direito a informação. Para uma sociedade baseada no capital econômico de direito privado ser empurrada para uma mudança onde o capital passa a ser a informação e os meios de controle não são eficientes quanto a restrição de acesso, como o é o capital econômico, pode e esta sendo catastrófico para as formas de controle social. Desta forma todas as instituição criadas, desenvolvidas e protegidas por este sistema passam a experimentar a instabilidade gerada pelo fluxo de informações e a insegurança alimentada pelo mesmo. A solução ainda parece distante e é certo que ela virá, não sem destruir ideias. E quanto mais rígidas as ideias mais devastadora e sofrida será a mudança.
Amor, sexo e outras coisas! Já aviso de antemão este texto não é polido, aqui busco expressar minha indignação para com todos que hipocritamente falam de sexo como se transar fosse algo que pertence a outro lugar que não ao humano, ao animal, a natureza! As constantes incursões da mídia em polemizar a vazão de conteúdo não autorizado expondo a intimidade de pessoas anônimas ou famosas só retrata a imaturidade em lidar com a sexualidade a que estamos expostos em nossa sociedade. Os pais não falam sobre amor e sexo com seus filhos, os professores pouco trabalham a educação sexual em sala de aula e quando tratam do assunto se limitam a falar da anatomia e discussão de alguns valores morais que só dizem respeito a eles mesmos! Fazer amor, sexo, transar, foder são palavras diferentes para se referir a uma mesma necessidade básica do ser humano, bem hoje isso pode ser discutido, e que ao ser tratada como tabu só impede o amadurecimento da sociedade como um todo. O consumo de imagens de sexo esta ligado a insatisfação a que estamos expostos como sociedade e principalmente a forma como discutimos nossa insatisfação apesar do aumento exponencial de consumo de pornografia, comercio sexual, etc. bem em uma sociedade de consumo é de se esperar que tudo vire um produto, ou não? É importante que entendamos que o sentido que damos ao sexo é tão importante quanto o sexo em si, que cada pessoa pode explorar e percorrer caminhos estranhos aos nossos olhos na busca de se conhecer, e amadurecer. Sim existem praticas sexuais que podem não ser saudáveis e são tão reprováveis como o “papai e mamãe vazio”, e carente de sentido, praticado hoje na maioria dos relacionamentos. Afinal “comparecer” é uma obrigação, assim como gozar e (nesse caso vale fingir), pois temos a obrigação de satisfazer ao outro! Hoje o que fazemos é realizarmos ideias de como deve ser o sexo, ao invés de vivenciar o encontro profundo e de entrega na experiência de estar com outra pessoa. Pense!
O Preço! Qual é o preço por não darmos atenção aos nossos sonhos? Por que não seguimos nossa “voz interior” e insistimos em buscar coisas para mostrar, ao invés de sermos felizes pelo que somos? A grande maioria dos problemas enfrentados pela sociedade moderna foi criado, alimentado e esperado por nós mesmos, na medida em que valorizamos muito mais o que as pessoas parecem do que o que elas realmente são. É uma questão básica, para parecer alguém de sucesso e feliz, preciso externamente demonstrar isso. Ora as revistas e propagandas estão cheias de pessoas aparentando felicidade e prosperidade, o que não é necessariamente verdade. Nem tudo que parece é! Para comprovar isso basta conviver um pouco com quem quer que seja e encontraremos uma pessoa como qualquer outra, cheia de duvidas, medos e inseguranças. Isso porque sempre que buscamos externamente a segurança, felicidade, etc., perdemos a principal chave para alcançar-la, a ligação intima com nós mesmos e que nos serve de bússola para acharmos nosso ” verdadeiro caminho “. Assim o preço que pagamos é ficarmos perdidos, sem norte e com a sensação de vazio que assola a sociedade moderna. E o que podemos fazer então? Escutar mais, olhar para além das aparências, valorizar as diferenças e a multiplicidade que ser humano possibilita, e dar para as "coisas" o valor que elas realmente tem. Já é um bom começo!
Corrupção: estamos dentro ou fora? O que se pode dizer sobre os infindáveis casos de corrupção que vemos de tempos em tempos nos meios de comunicação e que tanto servem de assunto nos botecos, padarias, cozinha da empresa, etc. Nestes momentos nos sentimos incapazes de entender a cadeia relacional que está intrínseca a este processo, ficamos horrorizados e ulgamos. Olhamos então, a classe politica com desconfiança, afinal “o poder corrompe”, e assim passamos horas e dias discutindo isso. Até que um dia algo novo acontece, um novo assunto, o cotidiano volta a nos entorpecer e como “a branca de neve” das histórias infantis nós mordemos a maçã envenenada” e caímos em um sono profundo esperando que “um príncipe encantado” venha nos salvar deste terrível destino. Então um novo príncipe se apresenta em sua armadura brilhante e de espada empunhada, valente, heroico e destemido nos promete salvação. E de novo entregamos nosso destino em suas mãos e inevitavelmente este (a) bravo (a) cavaleiro (a) se transforma em nosso algoz, “outra bruxa que nos oferece uma maçã envenenada” e de novo caímos em sono profundo à espera de um novo príncipe que nos salve de nosso “eterno destino de desamparo”. Tem sido assim desde que me entendo por gente e pelo que ouço dos pais dos meus pais, e pais dos pais dos meus pais, isto é tão antigo que se confunde com a história da humanidade. Parece faltar-nos algo que apesar de obvio não percebemos, ou fingimos não perceber. O que seria? Dado as complexidades de nosso atual estado de desenvolvimento e agrupamento social, optamos por um sistema representativo, onde outorgamos a alguém o direito de representar e ditar nossas “vontades, direitos e deveres” e este representante “incorpora” o poder de falar e decidir por nós. Então se apresenta um problema. Sempre que se reconhece ou outorga uma qualidade nova a alguém ou algo, cria-se uma nova realidade, uma nova fronteira onde “este” é reconhecido e se reconhece como diferente daqueles que lhe ofertaram esta condição. É uma fronteira que nos une e separa ao mesmo tempo de nosso representante, é um problema que parece
intransponível. O que não é na realidade, existe um antídoto a este dilema. A solução esta em eliminarmos esta fronteira ou pelo menos torna-la mais flexível de forma a podermos estar ora dentro, próximo, e ora fora, possibilitando assim ao representante o parâmetro de pertencimento ao nosso lado da fronteira. E o mais importante, que a qualidade outorgada de representante é transitória e sustentada pelos representados, onde a fronteira é temporária.
O que sabemos é só o que sabemos! Nos dias de hoje temos como inquestionável o conhecimento científico a que chamamos ciência. Ciência vem de uma palavra derivada do latim “scientia", que significa "conhecimento" e refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistematizado, desta forma, todo conhecimento estruturado pode ser chamado de ciência. Já quando se fala do conhecimento construído através do método científico só é reconhecido se obedecer a regras e procedimentos aceitos por um grupo restrito de pessoas que comumente encontramos nas universidades e instituições de pesquisa. Os conhecimentos adquiridos através do método científico é tido como verdadeiro em detrimento dos conhecimentos do senso comum, religioso, etc. De fato o método científico é mais rigoroso e sistemático que o senso comum, etc., mas esta longe de ser definitivo. Esta constantemente sendo refutado e um novo conhecimento é colocado no lugar ou aperfeiçoado. Isto parece demonstrar que a diferença entre os vários tipos de conhecimentos está muito mais no método aplicado ao conhecer, que ao conhecimento em si. Assim o que podemos questionar é sempre como chegamos a este ou aquele conhecimento, lembrando que conhecimento também é uma questão de crença. Está bem, sei que esta questão é polêmica! Método Científico e crença parecem às vezes irreconciliáveis, muito já se discutiu sobre a diferença entre eles e muito ainda se discutirá. Mas vamos lá.. Quando usamos um determinado método científico “cremos” que este é capaz de captar com fidedignidade o aspecto, variável, etc., a que estamos estudando. Ai está a crença! Bem você pode dizer que o método científico é baseado na observação objetiva da realidade e por isso podemos depositar neste, toda a confiança. Já está comprovado cientificamente que o observador influencia o que esta sendo observado e sendo assim invalidaria o argumento de que “o método científico é objetivo”. Isto não o invalida só lhe confere uma nova variável, o observador!
Discutido isso podemos dizer que o que sabemos é só o que sabemos sobre algo, alguém, etc., através de um determinado método e que principalmente não é definitivo nem absoluto. Pedindo sempre um olhar desprendido e renovador sobre a questão já examinada. O que sabemos é só o que sabemos e estamos sempre acrescentando, discriminando, generalizando, refutando conhecimentos. Isto é o que nos permite conhecer e reconhecer o mundo em que vivemos de forma continua e infinita. Mesmo assim, o que sabemos ainda é só o que sabemos!
Novas empresas para os novos tempos! Novos tempos, novas formas de nos relacionarmos na vida e no trabalho. A cada ano que passa, as mudança tecnológicas, cientificas e culturais tem se acentuado, elas interferem umas nas outras em uma velocidade cada vez maior. Essas mudanças são difíceis de serem assimiladas pelas gerações mais antigas, pré internet e isso gera um impasse que perpassa os valores morais e éticos, contribuindo para gerar conflitos entre as gerações pré e pós internet. A internet é um veículo de comunicação que permite a troca de informações de forma imediata e sem filtragem ideológica, ela coloca os interlocutores em contato direto. Qualquer fato pode ser distribuído na rede instantaneamente e essa velocidade mudou a forma como nos conhecemos e conhecemos o mundo. E ao fazer isso mudou-nos, acelerou o tempo e transformou nosso futuro. Essas mudanças tem estreita ligação com a sofisticação tecnológica e avanços científicos a que estamos expostos. Os meios de produção estão se transformando, aprimorando, e as pessoas que controlam, e manipulam a tecnologia também se transformaram. É claro que as influências e variáveis são muitas, a incapacidade do capitalismo em dar sentido de vida as pessoas, o fato de que não conseguimos sanar mazelas como a fome e a má distribuição de renda, nos coloca em um dilema profundo enquanto espécie. Tudo que somos capazes de fazer e construir, não mudou a vulnerabilidade e não supriu nem sequer nossas necessidades básicas enquanto espécie. As novas gerações mais sensíveis a esse contexto e se responsabilizando pelo destino da nossa espécie e do mundo que nos rodeia, se põem a analisar as instituições que sustentam o mundo como ele é. Um dos fatores que estas novas gerações tem discutido de forma profunda é a função do trabalho em nossas vidas. O trabalho passa a ter um papel de realização pessoal e contribuição para com o mundo. Se o trabalho e a empresa em que este é realizado, não estão íntima e profundamente, ligados a esse novo ideal de comprometimento
com o trabalhador e com o mundo que o cerca, ela não tem dele, o trabalhador, seu comprometimento. Isso pode ser visto na alta rotatividade a que as empresas de forma geral estão expostas e na falta de interesse em colocações que tenham pouca possibilidade de criação e contribuições sociais. Assim o que as novas gerações tem comunicado as instituições é que elas já não servem da forma que estão estruturadas e que elas, as novas gerações não estão dispostas a serem moldadas. Essas novas gerações pedem novas empresas, mais abertas e participativas, e acima de tudo que tenham um profundo interesse no desenvolvimento de seus colaboradores, e com o mundo que nos cerca, que assumam sua responsabilidade para com a transformação social.
O fluxo infinito das polaridades! Experimentamos sempre em determinado momento (aqui e agora) uma polaridade! Sempre escolhemos agir assim e não de outra forma possível, sempre buscando a “melhor forma” de agir a situação que se apresenta, isto significa aceitar que haveria outra forma (a má forma ou uma forma não tão boa e adequada), ou seja, admiti-se outra forma de agir na mesma situação. Desta forma criam-se polaridades na mesma situação, que são ligadas por viés infinitos de possibilidades que não acontecem pura e simplesmente por não estarem dentro da singularidade polar, ou seja, não fazem parte da gama de resposta tidas como corretas pela pessoa. A polaridade acumula energia e quanto mais rígida a estrutura funcional da pessoa, mais próxima da extremidade polar se localiza determinado comportamento, idéia, sentimento, etc., e menos móvel é o fluxo de experimentação destas possibilidades, a pessoa passa ater um conjunto reduzido de respostas e ainda, baixa flexibilidade na construção de novas respostas. Desta forma quanto mais rígida a posição polar da pessoa mais resistente a mudança esta pessoa será! Do contrário, quanto mais fluida na experimentação das polaridades mais facilmente uma pessoa poderá mudar sua percepção e logo, sua forma de experimentar, reagir e agir no mundo.
Figura e Fundo: um relacionamento sem fim… Todas as situações percebidas e vividas obedecem ao processo de formação figura e fundo, este processo é indissociável, onde um não existe sem o outro. A figura sempre emerge de um fundo indiferenciado, tendo sua energização feita por uma necessidade que deve se sobre sair as outras necessidades. Ou seja, o organismo escolhe deixar emergir a figura que estiver ligada a necessidade de maior urgência e/ou emergência. Deste modo, a figura se mostra bem definida em contraponto a um fundo que a qualifica e lhe confere significado. O fundo é composto a partir das experiências vivenciadas e significadas durante toda a vida, logo, ele vive mudando e se ressignificando do nascimento a morte do individuo. Podemos dizer que compõem o fundo tudo que não esta na figura e que paradoxalmente sustenta essa mesma figura, atribuindo-lhe significado. Tendo em vista que o processo de emergir de uma figura obedece às necessidades mais urgentes para o organismo, fica evidente que só pode emergir uma figura por vez e que o emergir de duas ou mais figuras geraria uma indefinição, gerando confusão e demora no agir que poderia colocar o organismo em perigo. Imagine uma situação onde “um homem esta faminto e no meio de uma rua movimentada, seu alimento cai no chão… ele olha e vem vindo um caminhão que passará por cima de seu alimento”, sem uma seleção adequada da necessidade mais urgente ou mesmo de uma decisão rápida e eficiente, ele pode por fim a todas as suas necessidades (morrer). Muitas vezes se ouve pessoas dizendo: “eu consigo fazer varias coisas ao mesmo tempo”, na verdade elas consideram que conseguem fazer varias coisas em um curto período de tempo. “Tente assoviar e comer farinha ao mesmo tempo”, como dizia meu avô, você não vai fazer nenhuma das duas coisas direito. Uma figura é estabelecida a todo o momento, umas por segundos outras por minutos, etc., e isso nunca para durante o estado de vigília. Podemos então dizer que figura e fundo é um relacionamento sem fim, sempre em movimento, uma figura depois da outra…
Você ja sentiu o poder do agora! Qual é seu sentido de vida? O que faz você sentir o corpo arrepiado? Quando foi a ultima vez que você sentiu aquela sensação de estar nas nuvens e de estar no caminho certo? Muitas pessoas passam uma vida inteira tendo sentido umas poucas vezes esta sensação de estar construindo algo significativo, onde somos “possuídos” por uma força que parece contagiar qualquer um que esteja por perto. As vezes parece magica, ou graça divina e nossos olhos, ouvidos, nariz, enfim todo o aparato perceptivo esta aguçado e permitindo uma experienciação da realidade sem as amarras da alienação social, experiência anterior, etc.. É um momento magico em que sentimos que tudo é possível, ou melhor, é o momento que vemos as coisas como elas realmente são! Sentimos e agimos com base no momento presente, onde passado e futuro perdem suas forças gravitacionais que nos tiram da realidade imediata. Este estado de presentificação é um estado natural do ser humano e pode ser alcançado por todos nós, basta que nos coloquemos em um estado de contemplação do presente. Onde passado e futuro são relegados ao que realmente são: o passado já foi, não existe mais e o futuro ainda não é! Se conseguirmos olhar desta forma e darmos ao passado e futuro a importância que devem ter já teremos conseguido um avanço rumo a auto realização!
Quem da o valor ás coisas? Quem da o Valor ás coisas? Fico me perguntando se uma pessoa vale mais que outra, se uma profissão é mais necessária que outra? Quem deve ganhar mais? O que agrega mais valor a esta e não aquela atividade? Se falta um médico o doente pode morrer, se falta o Gari o lixo acumula, bactérias de desenvolvem e se disseminam doenças, ai alguém pode ficar doente e morrer! Quanto mais penso na questão, mais fica claro que nesta equação independentemente da atividade o resultado é o mesmo. Estamos todos ligados em uma teia que não tem sentido sem sua multiplicidade e esta é a questão! Não há coerência, ordem ou sentido em dar mais valor a uma ou outra atividade! Pense nisso, e se pergunte: qual o valor das coisas?
Festejemos! Vamos festejar a diversidade, essa pluralidade existencial de pensamentos, idéias, interesses, culturas e tudo mais que possamos enquanto seres humanos produzir e expressar. Festejemos o futebol, o big brother, as festas paroquiais, os cultos evangélicos, católicos, budistas, taoistas, xintoístas, todas as formas humanas e divinas, pelas quais nos reunimos e esquecemos nossas diferenças, se é que elas existem! Estenda as mãos num ato de confiança e compaixão pelo humano que compartilhamos com nossos semelhantes, namastê! Abra os braços pronto para receber e dar um abraço a ponto de não saber onde começa um e onde termina o outro. Aprenda a respeitar nos outros o humano que à em você, onde o que mais conta é o que compartilhamos em vez de nossas diferenças. E talvez assim deixemos as guerras de lado em prol de um mundo que possamos compartilhar em vez de disputá-lo! Vamos, comecemos em nossa casa, rua, bairro e cidade, não precisamos mudar ao mundo só precisamos mudar a nós mesmos! Comece agora!
Não tenha medo da mudança! Muitas vezes trememos diante da fatal e trágica mudança que se aproxima de nós! É um momento doloroso e cheio de incertezas onde nos sentimos sem chão e sem direção, por fim nos preparamos para o pior! A mudança poderes vista também de forma positiva, trazer novos ares e possibilidades de crescimento, basta não lutarmos contra “ela”. Mudar faz parte do processo natural da vida, normalmente não as mudanças percebemos porque em sua maioria são de ordem suave e pouco visível. Outras são intensas e barulhentas e destas temos medo, pois costumam vir acompanhadas de confusão e sofrimento. Serão mais dolorosas, quanto, quisermos manter as coisas como são. Elas acontecem o tempo todo, não pedem nossa permissão e não conseguimos fugir dela por muito tempo. Então porque ter medo dela? Não é!
Apego como causa do sofrimento… No Budismo o apego é a causa primeira de todo o sofrimento que venhamos a experimentar no decorrer da vida, sem ele não á sofrimento, pois não á perda e se não perdemos não sentimos falta, se não á falta não á dor pela falta, se não a dor pela falta não á sofrimento. Esse é um dilema, pois desde que nascemos aprendemos a definir o eu e o outro, o que é meu e o que é do outro. Meu nome, meus pais, meu trabalho, meu carro, meu (s) filho (s) e não se engane todos esses “meus” estão ligados ou tem origem no apego que os budistas dizem ter relação direta com o sofrimento. Dai a afirmação do budismo de que o sofrimento é inerente ao humano e que a única forma de não sofrer é não se apegar. Bem como fazer isso, não se apegar, em uma sociedade como a que estamos inseridos, que nos pede para consumirmos mais e mais, que dá valor a pessoa conforme ela “tem” mais posses, dinheiro, etc. Como não se apegar quando nossos pais querem nos dar o melhor, o mais moderno, a melhor educação , as melhores oportunidades e somos bombardeados com estímulos ao consumo o tempo todo em todas as mídias, logo somos incitados a desejar e assim nos apegamos. Aqui entra outra questão. Como nossa sociedade é de consumo é necessário que os produtos consumidos tenham uma vida útil reduzida, para que desejemos consumir mais daquele produto ou de um produto melhor, mais moderno. Isso cria um ciclo de desejo e descarte, trazendo a sensação de vazio para nossas vidas. Pois nada é significativo e tudo deve ser substituído para mantermos nossa imagem de prosperidade. Nos apegamos através do desejo que tem sua energia ligada ao amor, ou ao desejo do amor. Bem acho que vocês já estão entendendo o rolo em que nos metemos. Dessa forma não sofrer remete-nos á não desejar e não desejar á uma mudança em nossos valores e comportamentos que são o alicerce de nossa sociedade atual, assim mudar-nos mudaria tudo que conhecemos e desejamos. Como pensaria um budista: Se vais desejar algo, deseje não desejar.
Não! Não deseje não desejar pois isso lhe colocaria na impossibilidade de não desejar, então, seja como o fogo que não deseja queimar ele só queima, ou como a agua que flui de acordo com o terreno e ainda assim transforma o terreno, poderia ainda ser como a terra imóvel, ou muito lenta dando a sensação de imobilidade, que nutre e é base de todas as coisas neste mundo e por fim você poderia ser como o vento fluido, flexível, indo e vindo ligando tudo! “Perca a cabeça e ache os sentidos”!
Awareness A idéia de awareness é simples e complexa ao mesmo tempo: é simples na medida em que é um movimento natural do organismo ao entrar em contato através da experiência, e complexa pois envolve a totalidade de processos do ser. A awareness é um processo e só pode ser observada no transcorrer do fenômeno. É na verdade um modo de experienciar as situações que se apresentam ao indivíduo de modo mais completo e vivido. Quando o indivíduo experimenta algo, há uma série de processos que ocorrem para que ele possa chegar a awareness e assim talvez satisfazer a necessidade que originou o contato. E para compreendermos como se dá tal processo, é preciso compreender os processos organísmicos. Sempre que o indivíduo sente necessidade de algo, emerge uma figura que tem um fundo característico. Esta necessidade parece–nos estar sempre ligada ao processo de auto–regulação organísmica, que busca conservar, equilibrar, atualizar e desenvolver o organismo. Tal fenômeno, propicia o aparecimento de certas figuras, que quando exploradas e sentidas na sua totalidade levam o indivíduo à buscar suprir a necessidade que tenha surgido. A qualidade da experiência do indivíduo esta diretamente relacionada com o processo de percepção e atenção empregadas no contato (perceber e dirigir a atenção ao percebido, com o intuito de explora–lo e conhecê–lo). Este é um processo que tem fundamental importância na conscientização do que esta acontecendo com o indivíduo num determinado momento, o que o indivíduo percebe através das funções de contato configura sua realidade situacional. Logo, define sua percepção da realidade, assim como sua forma de agir no mundo. Se o sujeito percebe com um alto nível de atenção, o contato tende a ser pleno. Mas se do contrário estiver com a atenção diminuída por não estar no aqui e agora, há uma tendência a não conseguir fechar ou acabar a Gestalt de modo satisfatório, e em outro momento é provável que essa situação torne–se figura novamente. E esta situação “inacabada” pode ficar emergindo a todo momento, buscando resolução. Isto porque ao não reconhecer a necessidade de forma adequada não pode agir na busca de sua satisfação.
Deste modo, perceber e atentar ao percebido torna–se fundamental para o estabelecimento do contato, e este, para se chegar a conscientização que por sua vez leva a possibilidade de satisfação da necessidade do organismo. Conscientizar–se de algo só é possível no momento presente. Isto porque conscientizar–se implica em perceber, e só se pode perceber no momento presente. De outro modo, estaríamos falando em fantasia (lembrar, imaginar algo que houve ou que irá ocorrer). Sempre que uma “gestalt” emerge através de um processo de autoregulação, ela pode ter ficado inacabada no passado, mas é no presente (agora) que ela é percebida e sentida. Também quando o indivíduo está ansioso com o futuro, sua ansiedade é sentida (aqui) no presente, pois o futuro ainda não existe concretamente. Ou seja, o passado e futuro são relativos, o presente é concreto, e real. Isto não significa dizer que passado e futuro não tem sua importância, mas que eles só tem significado no presente, no aqui e agora. Parece-nos que quando o indivíduo integra o passado e futuro ao presente, este pode tomar contato com suas necessidades e expectativas, e partir na direção de sua satisfação. Deste modo estar no presente significa estar inteiro, completo, no aqui e agora. Quando surge uma necessidade organísmica, o indivíduo pode “mobilizar energia” para agir em busca da satisfação dessa necessidade. Como já nos referimos, parece-nos que a satisfação de necessidade é um movimento natural do organismo e este buscará sempre o equilíbrio, utilizando-se dos meios que têm disponíveis para isto. Quando no conjunto de necessidades uma se sobressai e vira figura, o organismo busca satisfazê–la de algum modo. Na verdade há sempre um conjunto de necessidades que surgem ao indivíduo, este seleciona e busca satisfazê-las de acordo com as prioridades do organismo e atendendo a uma hierarquia da mais importante para a menos importante. Se o indivíduo não puder então satisfazer a necessidade que emerge como figura, o organismo procurará agir buscando equilibrar–se . Mesmo que para isto precise criar ou desenvolver um mecanismo neurótico 6, que
implicaria no rompimento do ciclo de contato e possível cristalização destes mecanismos. Quanto mais energia for mobilizada, maior será o esforço do organismo na busca da equilibração. Percebemos, que o indivíduo, quando se conscientiza de suas necessidades, tende a ir em busca de sua satisfação e que do contrário, o que se estabelece é uma tensão organísmica, onde a energia usada para a equilibração torna–se insuficiente para conter e regular a explosão em busca da satisfação da necessidade. Tal fato ocorre porque o indivíduo não conseguiu, por alguma razão, tomar contato com sua necessidade emergente e satisfazê–la de modo adequado. Isto não significa dizer que o organismo deve fazer contato e satisfazer todas as necessidades que surjam. Na verdade vemos que o organismo seleciona suas necessidades. Estas necessidades que se tornam figuras, são aquelas que o indivíduo é capaz de perceber e satisfazer. Através da auto – regulação o organismo se administra e torna-se capaz de se adequar criativamente às mais variadas situações. Auto–regular significa, auto–gerenciar, ser capaz de selecionar, avaliar e satisfazer suas necessidades buscando o equilíbrio. Estar ligado (Aware), é fundamental nos contatos que o indivíduo estabelece. Esta consciência permite que o indivíduo perceba, avalie, e aja rumo a satisfação da necessidade que emerge ou diferencie o que não é necessário ao organismo, podendo então, dirigir suas energias para outras figuras emergentes. Quando o indivíduo age, ele direciona sua energia mobilizada na direção de um objetivo. Se a figura elegida não for percebida e avaliada adequadamente, a energia e o objetivo elegidos tendem a não alcançar uma resolução adequada, pois não condizem com a realidade, deixando assim a situação inacabada. Tal fato pode favorecer o aparecimento de uma atitude não adequada com a situação em questão. Se o indivíduo se conscientizar de suas sensações e sentimentos (figura), ele poderá reagir buscando a satisfação de suas necessidades. A satisfação de uma necessidade é um momento pleno, onde há uma
resolução e fechamento da gestalt. A figura pode retornar ao fundo característico, dando lugar a outra necessidade que se sobressai e se torna figura. Inicia–se então um novo ciclo de contato, que logo voltará ao fundo dando lugar a outra figura, e assim outro ciclo de contato se inicia, onde a awareness é essencial para a fluidez desse processo que só tem fim com a morte do organismo. O indivíduo está sempre de um modo ou outro, em contato com o meio. O meio é o campo onde o indivíduo pode ser e existir, deste modo o meio é o local onde o contato é possível. Se é no meio que o contato é possível e a awareness é dada pela qualidade deste contato, podemos dizer que a conscientização se dá na relação que o indivíduo estabelece com o meio. O modo como o indivíduo percebe, dirige atenção e avalia o meio, configuram a sua realidade. O processo da awareness é essencial para a autonomia do sujeito. Ela oportuniza o contato com as necessidades que o organismo sente no transcorrer de sua vida, permite a avaliação de como satisfazer, e ainda se, satisfazer sua necessidade é o que o indivíduo quer ou necessita num determinado momento. Deste modo a autonomia pode ser vista como um processo integrativo que envolve a totalidade do indivíduo, o modo como ele (indivíduo) se conscientiza de seu movimento organísmico e como se posiciona em relação ao meio. A awareness do indivíduo dentro do que discorremos, torna–se fundamental sendo que, sem ela o organismo pode entrar em um movimento confuso de despersonalização , já que pode não reconhecer suas próprias necessidades. Então estar consciente ou aware, é fundamental para que os indivíduos possam satisfazer suas necessidades e se reconhecer no que fazem, portanto, mais inteiros. Integrar as diversas partes do eu é necessário para o estabelecimento da autonomia do indivíduo e para isto a awareness dos processos organísmicos é
essencial. Sendo assim, podemos perceber a awareness como uma propriedade fundamental no contato que transcende os processos funcionais do organismo , podendo ser considerada um modo de experienciar as situações que se apresentam, um modo de fazer contato e de estar no aqui e agora.
Amadurecer Em nossa sociedade amadurecer é sinônimo de endurecer, pois é esperado que, quando atingimos certa idade na escala cronológica em nossa existência, certos comportamentos que são classificados como de alguém “maduro” se instalem. Espera-se que ao amadurecer sejamos sóbrios, responsáveis e com uma tolerância maior ao sofrimento. Diferentemente de uma criança que é espontânea, aberta e sofre sem reservas sempre que algo ou alguém lhe impõem uma situação desagradável. Isto nos remete a um conflito lógico: se ser maduro é deixar de ser criança ao deixar de ser criança abandonamos suas características e passamos a nos controlar, enrijecer e esconder nosso sofrimento. Parece um problema intransponível, pois ser adulto nos remete em abandonar ou trancar “nossa criança”. Você já deve ter visto como age uma criança quando se sente abandonada ou trancada. Bem se você for pai ou mãe deve estar visualizando choro, gritos, comportamentos intensos e variados em busca de liberdade seja do que for! Isto acontece, pois a criança não tem os mecanismos que o “adulto” desenvolveu para deixar de ser criança, isto será desenvolvido nas relações que a criança irá estabelecer com pais, familiares, etc., até que um dia ela acorda e se vê presa “por dentro”. É como se ela passasse a coabitar com modelos de adultos introjetados e estes lhe são tão severos que ela começa a abdicar de sua espontaneidade, irreverência e seu mecanismo de auto realização deixa de ser simples, e passa a desenvolver uma lógica complexa e cheias de variáveis e interveniências. Passa então a ser um adulto cheio de conflitos, medos, raivas e ávido por liberdade. Logicamente cria defesas que o proteja destas emoções, pois estas lhes mostrariam como está no “caminho errado”, ou seja, distante de quem é realmente. Poderíamos dizer que a grande maioria, se não todos os conflitos psicológicos, relativamente duradouros, poderiam ser amenizados ou mesmo erradicados de nossa existência se buscássemos ser como as crianças. Elas são diretas, não escondem o que sentem e falam o que querem, não precisam
de subterfúgios para ser e estar no mundo, dependem dos pais e sabem disso não precisando demonstrar uma auto suficiência de que não dispõem. Sendo assim, olhemos para nossas “crianças” interiores e exteriores buscando dar-lhes espaço de manifestação no cotidiano, amem-nas e respeitem-nas, assim talvez poderemos construir um mundo sem guerras, fome e ignorância, pois são os adultos e não as crianças que transformaram nosso planeta no que é hoje. Você está satisfeito com o que esta vendo? EU não!
Psicoterapia e autoconhecimento A busca pelo autoconhecimento é um tema recorrente na trajetória da humanidade, seja no campo da ciência, no campo da espiritualidade ou onde quer que homem esteja. Podemos empreender nossa busca de diversas formas, sozinhos, em grupos, guiados ou sem guia. O importante é buscarmos conhecer a “nós mesmos”, somente isso nos dará uma direção coerente em nossas vidas! Uma gama grande de variáveis configuram nossas “realidades”, à ideias de certo e errado, valores religiosos, formação politica e de cidadania que aprendemos com nossos pais e mecanismos formais e informais de aprendizagem. Todas essas questões influenciam nossa trajetória no tempo e no espaço que conhecemos como vida. Em certos momentos se apresentam em nossas vidas dificuldades que parecem intransponíveis, pois nossa experiência e capacidade criativa não nos permitem ultrapassar estes impasses, então nos fechamos esperando que a “tormenta” passe ou diminua a sua intensidade. Quando ela não passa, temos duas possibilidades polares ou traçamos nosso rumo em direção do “olho do furacão” onde em seu centro encontraremos a calmaria e resolução do problema, ou permanecemos inertes esperando que alguma “coisa” aconteça e o inevitável se mostre. A psicoterapia pode nos ajudar a enfrentar esse momento “furacão”, em que andamos em círculos, em meio a tempestade nem sempre reconhecemos os abrigos e as possíveis soluções. Pois estamos mergulhados no problema/sintoma, muitas vezes nem mesmo abrimos os olhos ou estendemos a mão buscando apoio. É aí onde os olhos e sentidos do terapeuta podem ser emprestados a nós, olhos estes que pairam carinhosamente e firmes acima do furacão podendo nos guiar ao centro deste para podermos apaziguar ou mesmo transmutar as forças que alimentam a tempestade. Estas forças, as que alimentam a tempestade, quase sempre se mostram a nós disfarçadas de sintomas, ideias, sensações, e sofrimentos, claro não conseguimos reconhece-las facilmente. Parecem ser algo que não reconhecemos como nosso e as vezes nem mesmo reconhecemos sua relação
conosco. Então as coisas se complicam, pois, nada posso fazer em relação ao que “nada tem haver comigo”! Então fico preso a situação e ao sofrimento. Fazer psicoterapia nos dias de hoje é mais que uma forma de resolver problemas/sintomas, é uma forma de empoderar-se, de assumir “as rédeas” de nossas vidas através do caminho do autoconhecimento, a busca mais antiga e constante da humanidade.
São tantas emoções! Uma lágrima contida nos olhos, o peito apertado e a garganta trancada! Um “universo” de emoções que nos atropelam e nos colocam em contato com a imensidão que habita em cada ser. Assustamos-nos com a grandeza desse universo e ficamos por algum tempo atônitos sem saber para que direção olhar, ou melhor, o que sentir diante da força que nos arrasta sem pedir permissão. O ser humano é tido como um ser racional e nossas realizações enquanto espécie são tidas como reflexo dessa capacidade de racionalização. É inegável que somos uma espécie inventiva e que somos muito bons em resolver problemas, também o somos em cria-los. Dizer que a capacidade de raciocinar é o que nos trouxe ao atual estado de desenvolvimento não está errado, também não pode ser tido como uma definição completa e perfeita do que impulsiona as realizações humanas. O aspecto racional de nosso funcionamento carece de uma força motriz e está sempre relacionada a uma necessidade que toma “corpo” através da capacidade de raciocínio, através do reconhecimento, descriminação, etc. Já a força que dá sentido e direção à ação relacionada a esta necessidade encontramos na emoção. É a emoção que nos impulsiona à ação na busca da satisfação de uma determinada necessidade e o raciocínio nos ajuda a encontrar uma forma de, ou a melhor forma de satisfazê-la. Aqui é necessária uma abordagem mais ampla da questão para termos o devido entendimento. Razão e Emoção são polaridades e sendo assim, uma depende da outra para existir e se expressar. Separadas, a emoção carece de sentido e a razão careceria de um motivo para direciona-la. Desta forma não é possível dizer que é este ou aquele o aspecto determinante de nossas realizações enquanto espécie. Ambas são importantes e determinantes. Dito isto, vale um alerta! Historicamente viemos privilegiando a razão como a “grande” responsável pelas nossas realizações e aspecto definidor da espécie, vale lembrar a máxima “o homem é um ser racional”. Esta máxima expressa bem
à desconsideração a que viemos submetendo as emoções tão importantes à razão. As vezes parece que temos medo (remete a emoção) de sentir e reconhecer as emoções que “habitam”em nós, é como se tentássemos separar o que não pode ser separado. E claro nunca da certo, as emoções são a água e o razão a pedra, “água mole pedra dura tanto bate até que fura”. Lembre-se da importância da emoção quando estiveres em frente de uma obra de arte, sem ela, o que é arte mesmo?
Pra que servem as regras afinal? Desde que nos entendemos por “gente”, apreendemos a nos relacionar com os outros, pais, familiares, vizinhos e com a comunidade em geral. Ao chegarmos encontramos um conjunto de regras e expectativas que nos são apresentadas e de certa forma cobradas, como naturais e compartilhadas por todos. Adquirem assim o status de verdade e não admite questionamentos. Essas “verdades" impõem e delimitam as experiências que podemos ou devemos experimentar e as que devemos evitar, diminuindo assim as possibilidades de agir criativamente nas situações em que estivermos envolvidos. Você deve estar pensando, as regras se existem devem ter sido criadas por uma razão! E a resposta é sim, toda regra é criada para dar conta de uma situação que em algum momento foi vital para a sobrevivência e manutenção da vida, e ou da comunidade em que o indivíduo esta inserido. Tanto é verdade que em diferentes comunidades temos regras diferentes, demonstrando que as regras são um importante instrumento de manutenção desta mesma comunidade. O fato é que a mesma regra que é criada para a segurança e manutenção da comunidade, e seus integrantes, também passa a limitar e as vezes ate punir aqueles que querem apresentar resposta diferentes das que são aceitas e esperadas pela comunidade. A questão é que toda regra que não permite discussão e aperfeiçoamento passa aprisionar ao invés de proteger aqueles que a seguem. É importante notar que não estou dizendo que regras são ruins, que não devem existir, e sim que regras são necessárias dentro de um período especifico de tempo, de acordo com a realidade de uma comunidade ou grupo de indivíduos. As regras devem ter validade limitada pelo tempo, pois uma das maiores e melhores características dos seres humanos é sua capacidade de mudar e se adaptar as novas realidades que se apresentam. Diria até que a mudança é necessária para a própria saúde psíquica dos homens. Assim quando as regras são muito rígidas elas dificultam o movimento natural de mudança que os seres humanos necessitam para encontrar sentido
em suas vidas e talvez, grande parte dos conflitos que vivenciamos em nossa existência, esteja relacionada com a nossa necessidade de ir alem daquilo que entendemos com limite. O que proponho não é que saia quebrando as regras e sim que passe a refletir sobre que regras fazem sentido para você, e quais impedem seu desenvolvimento, quais te fazem um pessoa melhor e quais te impedem de ser melhor, de ser mais feliz!
Depressão: quem é essa pessoa que sofre? A depressão é um estado de diminuição do funcionamento tido como normal para um dado indivíduo, como cada indivíduo tem uma história e funciona sistematicamente de forma diferente dos demais indivíduo de sua espécie, talvez o mais adequado seria usarmos o termo depressões. A ciência moderna desenvolveu sua estrutura metodológica com base no ensaio e erro, e através deste chegou a avanços inegáveis, que tem como ferramentas a diferenciação e agrupamentos de resultados através dos processos indutivos e dedutivos de inferências. Desta forma a ciência busca sempre classificar (agrupar e diferenciar) os diversos resultados e objetos de estudo. Uma das premissas científicas mais importantes é que o resultado de qualquer estudo, classificação ou conclusão deve ser geral, ou seja, deve-se poder aplicá-los de forma geral em relação aos grupos estudados/classificados e tanto mais é considerado "verdade científica" quanto mais geral for sua abrangência. Assim coisifica-se o objeto de estudo ao não se considerar o que lhe é singular. (Esta é uma constatação e não uma crítica) Isto posto. A depressão é classificada conforme sua extensão, duração e gravidade. Aqui não trataremos dessas classificações, nem descreveremos sintomas, buscaremos olhar para a pessoa que sofre e não somente para seu estado "dito depressivo". Para isso precisamos ultrapassar a ideia de classificação já que ela busca a generalidade e buscamos aqui a singularidade, aquilo que encontramos só e unicamente na pessoa que sofre, não podendo ser comparado, decomposto em partes, e que para ser compreendido deve ser visto por inteiro. Deste foco, a depressão é um momento existencial, uma forma que uma determinada pessoa encontra para se relacionar com o mundo que a cerca, é uma forma de sentir, interpretar e responder ao mundo ao seu redor. E o único jeito de compreender alguém deprimido é entrar em seu mundo, buscar tanto quanto possível "olhar com seus olhos" e "sentir com suas entranhas",
pressupondo que isto seja possível. Quando nos aproximamos o suficiente, normalmente fugimos disso por ser doloroso, somos capazes de entender o que e como a pessoa está sofrendo, e assim, teremos ideia não só do que a faz sofrer, mas também de seu potencial de enfrentamento, suas alternativas, podendo então servir de guia a esta pessoa durante seu retorno a um estado de maior integração e autonomia. É importante dizer que a técnica psicológica e teoria de base para compreender a pessoa que sofre são essenciais, porém não são absolutas, precisam vir acompanhadas de uma disponibilidade para entrar em contato com a dor do outro de tal forma que acabamos muitas vezes por encarar nossa própria dor. Por fim, termino dizendo que neutralidade e objetividade, enquanto totalidade não existem, o que se pode aceitar e buscar quando necessário é assumir uma postura de afastamento e distanciamento. Que é o inverso do que estou dizendo ser necessário para entender e interagir com quem sofre de forma mais "completa". Tire suas próprias conclusões!
Aprendendo a ser diferente Uma das coisas mais difíceis de fazer é mudar nossa forma de pensar e agir, isto porque nos agarramos a nossas respostas aprendidas de forma tão forte que a simples idéia de mudança pode ser assustadora. Não estou falando simplesmente de mudar coisas corriqueiras, apesar disto assustar muitas pessoas, e sim de mudança na direção de nossas vidas. Isto se deve claro a forma como estamos organizados enquanto sociedade, a forma como transmitimos valores e sem dúvida aos valores transmitidos. Toda sociedade busca se desenvolver e perpetuar através de mecanismos como a família, escolas, meios de comunicação, religião, etc. Para um indivíduo que nasce em uma determinada sociedade é muito difícil não se identificar com esta de forma profunda, salvo quando a família, primeira responsável pela inserção nos códigos (normas) aceitos por essa sociedade, funciona de forma mais aberta. Aceitando ou inserindo mudanças nos códigos sociais por divergências à estes, por erro de interpretação, ou mesmo por falhas nas transmissão. É claro que esse fenômeno é complexo e pede um olhar profundo de nossa parte na busca de sua compreensão. O fato é que a necessidade de mudança ocorre sempre que há insatisfação de um indivíduo ou grupo de indivíduos em relação a forma como a sua sociedade esta organizada ou é exigidas pelo meio ambiente. Isto pode gerar um conflito que leva a uma discussão, um movimento na busca de satisfazer essa necessidade. O processo de mudança é sempre um fenômeno criativo em que o conhecido dá lugar ao desconhecido, trazendo consigo excitação, que pode ser interpretado como medo, ansiedade, etc., de acordo com o conjunto de códigos que significam o conhecido. Ou seja, se o desconhecido for muito diferente do conhecido isso gera uma sensação de ter que abandonar os velhos hábitos e crenças, para dar lugar ao novo. Trazendo consigo uma luta entre continuar a ser e agir do modo habitual e o novo modo, podendo gerar uma sensação de insegurança, medo, angústia, etc. Quanto mais o indivíduo ou grupo for rigidamente organizado, maior a dificuldade de assimilação da novidade e no estabelecimento de formas de lidar com essa. Logo, maior o sofrimento. Se esse indivíduo ou grupo não
está rigidamente organizado e aceita a mudança como uma processo natural de sua existência, essa mudança, necessária e inevitável, pode transcorrer sem conflitos ameaçadores de dissolução da organização existente. E isso torna esse indivíduo ou grupo mais capaz de realizar mudanças e com isso, com maiores possibilidades de sucesso em suas trocas com o meio ambiente e com outros indivíduos ou grupos. Sendo assim aprender a sermos diferentes não é só menos conflituoso em nossa relação com a sociedade e o meio ambiente. É um processo que nos coloca a possibilidade de mudarmos junto com o ambiente e a sociedade, vale lembrar que todas as sociedades, organizações e espécies que não se adaptam as mudanças a que estão expostas se extinguem ou estão em extinção.
O que não controlamos! Nesta vida há muitas coisas que não controlamos e muitas vezes algo de ruim nos acontece! Damo-nos conta então de que não controlamos nada além de nossas reações aos eventos aparentemente aleatórios em nossas vidas. Para algumas pessoas até as reações pessoais são difíceis de controlar! Diante de tão aterradora constatação o que podemos fazer é ter fé! Fé de que isso vai passar, de que depois da tormenta vem a calmaria e com ela o alivio desejado durante a tormenta! Temos vários ditados populares que poderia usar para exemplificar esta questão, porem prefiro dizer: Esteja atento, seja aberto e tenha fé!
Sobre Amigos, Anjos e outras coisas! A momentos na vida que nos sentimos parados e sem forças para continuar ou começar a reagir ou agir, onde tudo parece difícil e distante. É como se algo estivesse drenando nossas forças e o mais fácil seria desistir. É nesse momento que surge um herói, um anjo, UM AMIGO que pode ser sua esposa, esposo, irmão, ou mesmo alguém de fora do circulo familiar mais próximo, um (a) colega de trabalho ou estudo e te pega pela mão dizendo: - Esta tão próximo! - Basta olhar para seu rosto para sentir a sinceridade ou mesmo ouvir palavras simples de apoio e compreensão que mais parecem tocar fundo no coração. Não se sabe que magica permeia estes seres especiais que conseguem dar novo fôlego a corações cansados, talvez, seja a gratuidade de seus atos ou a pureza de suas intenções. A verdade é que quando tudo mais carece de sentido emprestamos desses heróis, anjos, e ou amigos o que nos falta sem data de devolução, juros ou promissórias. Obrigado a todos os amigos, anjos e tudo mais que desconheço!
Concluindo a viagem... Tendo consciência de que nossa percepção configura a realidade que vemos e construimos, esperamos ter possibilitado a ampliação de sua percepção sobre questões tão caras a nossa existência e de nossa espécie. Espero que a leitura dos textos tenha propiciado momentos de reflexões e insight sobre as muitas variáveis que influenciam quem somos e como somos. Sabemos que algumas destas reflexões tratam de coisas tão corriqueiras, outras estão mais distantes de nosso cotidiano, porem todas são igualmente importantes e fundamentais, para que se viva a vida de forma mais equilibrada. E assim para alcançarmos a tão sonhada felicidade. Desejo que você se arrisque em ampliar ainda mais as reflexões que encontrou nestes texto e assim as torne suas reflexões. E as semeie por onde passar, ajudando a construir um mundo mais consciente e passível de mudança.
Sobre o Autor João André Rodrigues tem 43 anos. Desde a adolescência a psicologia e a filosofia são lugares de seu interesse. Formado em psicologia em 1998 pela UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), é psicoterapeuta, especialista em educação permanente em saúde (Fiocruz), Coach e consultor de empresas na área de psicologia empresarial. Tem interesse especial por tudo que é inerente aos seres humanos, desde suas contradições e incongruências às incríveis façanhas de que são capazes de realizar. Os anos de experiência como psicoterapeuta, possibilitaram uma compreensão abrangente do funcionamento das pessoas e das ações que promovem ou agravam seu bem estar. Atuando com um enfoque fenomenológicoexistencial-humanista, em diversas áreas como psicoterapia individual e em grupo, serviços de saúde mental, educação e empresas. O humano é visto pelo autor de um prisma que inclui a multiplicidade de variáveis que o caracterizam como tal. Essa tem sido uma constante em seu olhar pessoal e profissional, percebendo a realidade em suas práticas e estudos que lhe apresentam que o modo como se pensa e age configuram o “destino”.