Usos Do Passado - História Antiga, Arquitetura e Iconografia Nas Relações de Poder No Mundo Contemporâneo - Julio Gralha.

November 29, 2017 | Author: biamc | Category: Sociology, Power (Social And Political), Science, City, Image
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Usos Do Passado - História Antiga, Arquitetura e Iconografia Nas Relações de Poder No Mundo Contemporâneo - Julio Gralha...

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USOS DO PASSADO: HISTÓRIA ANTIGA, ARQUITETURA E ICONOGRAFIA NAS RELAÇÕES DE PODER NO MUNDO CONTEMPÔRANEO Julio Gralha UFF-PUCG [email protected] O presente artigo trata da apropriação de práticas culturais e sociais do mundo antigo — em maior medida Egito e Grécia, mas levando em conta também a cultura romana — por indivíduos e grupos sociais do Rio de janeiro (Campos e Rio de Janeiro). Tais apropriações parecem ter sido usadas para legitimar ações, e um determinado poder; de modo a estabelecer ligações culturais ou identidades gerando assim um dado prestígio sócio-cultural. Além disso, memórias sociais são construídas perpetuando assim um dado indivíduo e sua obra bem como um dado grupo social e suas ações. Neste contexto a expressão da materialidade destas práticas culturais e sociais está fundamentada na arquitetura e na iconografia de construções e monumentos localizados nestas cidades bem como certos cemitérios urbanos. No caso de Campos o cemitério do Caju. Agradeço a comissão organizadora do 4º Seminário de pesquisa do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da UFF bem como a direção do Pólo e do Instituto pela participação neste seminário. "Trabalho apresentado no 4º Seminário de pesquisa do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional, da Universidade Federal Fluminense - UFF, realizado em Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, em março de 2011.

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Nas últimas duas décadas aproximadamente a relação entre a História Antiga e o tempo presente (modernidade e mundo contemporâneo) se estreitaram de modo que objetos da Antiguidade passaram a compor e a fundamentar uma parte dos estudos da Modernidade e do mundo contemporâneo, através de analises comparativas e em boa parte através dos usos do passado, ou seja, uso das práticas sociais, culturais, religiosas e políticas do Mundo Antigo como forma de legitimidade na Modernidade. No campo específico da Egiptologia, por exemplo, dois conceitos foram desenvolvidos nos anos 90: o de Egiptomania definido como a reinterpretação e o re-uso de traços da cultura do antigo Egito, de uma forma que lhe atribua novos significados1 e o conceito de Egiptosofia desenvolvido por.Erik Hornung — egiptólogo que fez contribuições significativas à Egiptologia. ―... a terra do Nilo foi a fonte de toda sabedoria e baluarte da ciência hermética. Assim começou uma tradição que ainda esta viva hoje, e a qual me aventura a chamar de Egiptosofia (Egyptosophy). ... Egiptosofia: o estudo de um Egito imaginário visto como fonte profunda de toda ciência (tradição) esotérica. 2‖ Este é um dos exemplos de como historiadores e egiptólogos passaram a problematizar certas apropriações, seja no campo das práticas culturais sociais e políticas, seja no campo das práticas mágico-religiosas no que diz respeito ao Egito Antigo e a Modernidade. Por outro lado a análise do professor Glaydson José da Silva 3 parece central para o desenvolvimento dos usos do passado no que se refere as mudanças dos domínios da história a partir também dos anos 90: ―Do auxílio epistemológico de outras áreas do conhecimento humano à consolidação da interdisciplinariedade como práxis de pesquisa e de uma narrativa positiva e ensimesmada a uma História problema, o presentismo, como colorário de todas essas inquietações, talvez seja uma das conseqüências mais incômodas e, ao mesmo tempo, uma das que mais contribuições teóricas aportou à História Antiga.‖4

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BAKOS, M. Egiptomania. São Paulo: Paris Editorial, 2004. HORNUNG, Erik. Conceptions of God in Ancient Egypt. The One and the Many. Ithaca (NY): Cornell University Press, 1996, pp 1-3. 3 Professor Adjunto de História Antiga da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 4 SILVA, Glaydson José da. História Antiga e usos do passado: um estudo de apropriações da Antiguidade sob o regime de Vichy (1940-1944. Campinas: UNICAMP, 2004, p. 26. 2

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A partir destas práticas interdisciplinares e aportes teóricos o próprio estudo das relações entre a Antiguidade e o mundo contemporâneo, entre o passado e o presente na escrita da História do mundo antigo tem sido, desde então objeto de inúmeros trabalhos recentes5 salienta o referido pesquisador.6 Neste contexto é possível verificar que o uso de práticas e elementos do Mundo Antigo a serviço de uma lógica que justifica certas ações, que expresse formas de legitimidade, e que passa ser levada em conta no processo de construção de identidades e alteridades tornam-se possibilidades de análise e estudos comparativos fundamentadas tanto em elementos do Mundo Antigo quanto do Mundo Moderno e Contemporâneo. Talvez um bom exemplo seja o trabalho e Arnaldo Momigliano7 que trata da escrita da história a partir da análise das obras de historiadores do mundo antigo, sobretudo Heródoto e Tucídides, de forma a compreender o papel do historiador, da escrita da história, e um certo retorno da narrativa. Outro bom exemplo são os estudos de François Hartog8 que também tratam da escrita da História, das formas da narrativa e os usos da História tais como a ―História como a mestra da vida.‖ Assim sendo, os usos do passado de um mundo antigo egípcio e grecoromano e suas relações com o mundo moderno/contemporâneo fazem parte desta pesquisa tendo como eixo central elementos que configurem processos de construção de legitimidades, memórias e imaginários. Em parte tais construções são geradoras ou são geradas pelo fascínio e sedução que temas relativos ao Egito antigo, Grécia e Roma antiga suscitam nos indivíduos e nos grupos sociais, bem como pelas práticas culturais e sociais, e valores legados ao homem moderno. Nesta pesquisa foram escolhidos dois locais para se analisar os usos do passado e suas implicações sócio-culturais e as relações de poder: 1) A cidade de Campos dos Goytacazes no Norte Fluminense, sobretudo entre 1830 e 1880, que contribuiu para o desenvolvimento da região, de uma elite e de uma arquitetura e iconografia significativa. No século XX elementos neo-clássicos foram incorporados a cidade em função de uma nova orientação cultural e das relações de poder. 2) A cidade do Rio de Janeiro, que de 1763 até a construção de Brasília agregou funções significativas. Foi centro da metrópole portuguesa considerada por especialistas como a ―Metrópole Interiorizada‖ e sede da côrte de Dom João VI entre 1808 e 1821. Em um segundo momento tornou-se capital do Império e finalmente capital da República. A cidade passou assim por diversos momentos e, sobretudo, a partir da segunda metade do século XIX recebe ou compartilha os ideais sociais e políticos da época bem como das expressões artísticas e vanguardas.

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Ver na bibliografia BERNAL (2003), DROIT (1991) DUBUISSON (2001) entre outros. SILVA, Glaydson José da. Op. Cit, p. 26. 7 MOMIGLIANO, Arnaldo. As raízes clássicas da historiografia moderna. Bauru:EDUSC, 2004. 8 HARTOG,François. O Espelho de Heródoto: Ensaio sobre a Representação do outro. BH: UFMG, 1999. HARTOG, François (org). A História de Homero a Santo Agostinho. Trad. Jacyntho Lins Brandão. Belo Horizonte: UFMG, 2001 e 6

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A arquitetura de certos prédios públicos e moradias privadas bem como a iconografia urbana e funerária como corpus a ser analisado nesta pesquisa passa a ser considerada cultura material que pode ser lida, que possui sentido, e está carregada de intenção. De certa forma representa a ação de um indivíduo ou grupos sociais que se utilizam de uma comunicação não verbal. A construção e/ou reforma de certos monumentos e espaços parecem ter uma função na esfera do poder, na esfera da cultura e na esfera do social. Ou seja, uma arquitetura que possui um discurso material, e ao que parece, com um grau elevado de eficiência de comunicação não verbal. Tendo isso em vista, a afirmativa do arqueólogo André Zarankin parece ser pertinente ao fazer uma análise da Arqueologia da Arquitetura: ―A construção das relações sociais por meio de discursos materiais é uma estratégia eficiente da reprodução do poder.‖9 Enunciado de outra forma, citamos a contribuição o antropólogo Bruce G. Trigger10 que defende a Arquitetura Monumental como a forma visível e durável de consumo (consumo de recursos e energia) que desempenha um papel importante na formação do comportamento político e econômico dos seres humanos nas sociedades mais complexas (que podemos compreender como sociedades antigas e modernas). Levando em consideração as cidades de Campos e do Rio de Janeiro defendemos que a monumentalidade da arquitetura e o refino na produção de iconografias, podem expressar as relações de poder de uma elite ou grupo social. Estas iconografias traduzidas também em estátuas são encontradas na arquitetura de prédios públicos e moradias privadas bem como na arte funerária. Podemos citar como exemplo de prédios públicos o Palácio Tiradentes no Rio de Janeiro e a Câmara de Campos (antigo fórum) em estilo Neo-clássico. O primeiro parece afirmar a racionalidade, a transparência das leis e o espaço da discussão do cidadão; e do poder no segundo exemplo representa o local do saber e da razão.

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ZARANKIN, Andrés. Paredes que Domesticam: Arqueologia da Arquitetura Escolar Capitalista. Campinas:UNICAMP, 2002b, p 14. 10 TRIGGER, Bruce G. Early Civilizations. Ancient Egypt in Context. Cairo: The American University in Cairo Press, 1996, 3a ed, p. 34.

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Figura 01: O Palácio Tiradentes serviu de sede para a Câmara de 1926 a 1960, quando ocorreu a transferência da Capital Federal para Brasília.11 Sua arquitetura e iconografia neo-clássica impacta o espectador e possivelmente passa uma noção de poder – local das decisões que envolviam a nação.

Figura 02: a atual Câmara de Campos do Goytacazes construído entre 1932/35 inspirado no Parthenon grego foi concebido para ser o Fórum e comemorar o centenário da elevação da vila à cidade. A construção com sua arquitetura 11

Fonte: http://www.camara.gov.br/internet/infdoc/HistoriaPreservacao/Sedes/Rio.htm - 29/03/2010

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significativa pretende expressar materialmente as relações de poder e justiça relativamente diferente da concepção do templo grego o que pode ser visto como uso do passado.

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Em termos da expressão da materialidade do indivíduo o túmulo do marques do Paraná (falecido em 1856) e do escritor, médico e dramaturgo Claudio da Silva (falecido em 1954) são significativos para esta pesquisa. As imagens abaixo são de caráter preliminar uma vez que um corpus imagético específico explicitando os detalhes será produzido ao longo do projeto.

Figura 03: Complexo funerário do Marques do Paraná, 1856 (fonte: Julio Gralha). A arte e arquitetura funerária do túmulo do marques do Paraná se fundamenta no Egito antigo pela egiptomania e egiptosofia. A sepultura tem forma piramidal, hieróglifos, esfinge e uma jovem aparentemente um arauto, mas com atributos da deusa Isis, a grande mãe. Os elementos egípcios, em parte helenizados, estabelecem relações culturais e talvez místicas com este passado. A sepultura de Claudio da Silva possui uma arquitetura funerária ligada a mitologia e ao teatro grego. Tem por base a reprodução de um teatro grego no qual as moiras parecem encenar a vida diante dos espectadores que lá queiram parar, apreciar e ler na base do teatro o nome do individuo falecido agora rememorado por aqueles que o visitam. Na mitologia grega as moiras são três irmãs que determinavam o destino dos homens e dos deuses. Poderiam ser mulheres de aspecto sinistro ou não dependendo do ―olhar‖ do individuo ou grupo social produtor da arquitetura. Cloto que segura o fuso fabricava o fio da vida, Láquesis responsável tecer a vida e o destino e por Átropos que no momento certo ceifava a vida determinando o final da existência.

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Ambos os túmulos estão situados no cemitério São João Batista fundado em 1852 que apesar de seguir orientação católica, permitiu (e permite) as mais diversas manifestações artísticas. Nele foram sepultados barões, viscondes, marqueses e a partir dos anos 30 foi escolhido como local de sepultamento dos segmentos médios e de ―bons recursos‖ da sociedade. Apesar de não ter sido realizado um levantamento do cemitério do Caju em Campos (a intenção é ampliar o levantamento para as cidades próximas) alguns monumentos são significativos como o mausoléu da Família Marcelino Martins dos santos cuja estrutura parece ter por base elementos neo-clássicos o que demonstra legitimidade cultural e social. A apropriação de elementos da Antiguidade (Egito, Grécia e Roma), ou seja, os usos do passado, teria por objetivo configurar certa legitimidade de poder — formas de estabelecer prestígio e relações de cooperação e cooptação —, tanto na esfera social quanto na esfera cultural. Por outro lado, os usos do passado e a legitimidade permitiriam uma forma de rememoração daqueles que deixaram esta vida estabelecendo assim o sentido de eternização de um dado evento histórico ou grupo social, mas, sobretudo, a lembrança e a rememoração do indivíduo promotor da ação — é o caso dos exemplos do Marquês do Paraná e do escritor Claudio da Silva. Assim sendo, os usos do passado também se configurariam em práticas culturais exercidas pelos grupos sociais de modo a construir memórias coletivas12, memórias sociais13 e imaginários sociais14 de um determinado sujeito histórico, de um evento histórico ou grupo social.

Memória, Imaginário e Poder Os grupos humanos parecem construir memórias coletivas a partir de memórias individuais. Peter Burke salienta que a visão tradicional da relação entre a história e a memória não é relativamente simples, mas nos serve como base para uma de suas análises a cerca da prática de certos historiadores. Em um dado momento a função do historiador era de ser o guardião da memória dos acontecimentos públicos, quando escritos para proveitos dos autores, para lhes proporcionar fama, e também em proveito da posteridade, para aprender com o exemplo deles.15 Além disso, o passado lembrado pode se tornar um mito — a mitogênese — em certas situações. Em um contexto social e cultural a memória então se tornaria memória social segundo Burke e poderia justificar ações no presente com referência ao passado. Este é dos conceitos utilizados nesta pesquisa, pois a expressão da materialidade desta memória social se traduz pelo uso da arquitetura e da iconografia. Como exemplo podemos citar mais uma vez a arquitetura e iconografia neo-clássica da fachada que expressa a memória da Grécia Antiga a memória de um saber organizado e racional ao alcance dos cidadãos.

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HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. Rio de Janeiro: Centauro Editora, 2004. BURKE, Peter. História como memória social.In: Variedades de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2000, p. 67-89. 14 BACZKO, Bronislaw.Imaginação Social. In: Enciclopédia EINAUDI. Vol 1. Memória e História. Lisboa: Imprensa Nacional e Casa da Moeda, 1984. p 296-331. PATLAGEAN, Evelyne. A história do imaginário. In: A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1990, p.291. 15 BURKE, Peter. ―História como memória social‖.In: Variedades de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2000, p. 67-89 13

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Mas como chegamos a esta premissa? Será que todos que olham a fachada desta construção compreendem isso? Certamente que não, mas o contato popular, informativo e científico com a civilização grega permitiu a construção de uma memória coletiva que passe a ser expressa na arquitetura e de certo modo torna-se compreensível ao espectador. Neste momento fundamentamos o segundo conceito aplicado nesta pesquisa que pode ser traduzido a partir da obra de Maurice Halbawsch 16 que afirmou que as memórias são construídas por grupos sociais. São os indivíduos que lembram, mas são os grupos sociais que determinam o que é memorável. Assim sendo os indivíduos estabeleceram lembranças e sentidos para a arquitetura grega e os grupos sociais do Rio de Janeiro estabeleceram o que deveria ser memorável. No nosso exemplo a fachada da Biblioteca Nacional na cidade do Rio de Janeiro e a Camara Municipal de Campos dos Goytacazes traduzem esta situação. Por outro lado o mesmo conceito pode ser aplicado também à arquitetura e iconografia funerária. Um terceiro conceito também pode ser aplicado neste momento e que já foi citado no item relativo ao tema, trata-se da Arquitetura Monumental17 de Bruce Trigger que em última análise expressa a monumentalidade como forma de impacto nos grupos sociais. Assim sendo, as contribuições de Peter Burke, Maurice Halbawsch e Bruce Trigger podem fundamentar a expressão da materialidade no campo da arquitetura e da iconografia. Entretanto cabe ressaltar que a legitimidade das relações de poder, seja política, social ou cultural passa a ser constituída como algo material, visível e palpável a partir de uma ação ou ações formuladas no plano das idéias — possivelmente através da construção de memórias coletivas — intimamente ligadas a um projeto que pode ter um caráter político, no caso de certos prédios públicos e um caráter cultural e social no caso de certos monumentos funerários. Bronislaw Baczko salienta que o imaginário social é, pois, uma peça efetiva e eficaz do dispositivo de controlo da vida coletiva e, em especial, do exercício da autoridade e do poder.18 Enfim o poder da propaganda e do convencimento são percebíveis também no mundo moderno e deve ser levados em conta. Mas esta expressão da materialidade só teria este ―poder‖ por estar fundamentada nas práticas culturais e sociais aparentemente na forma de memórias coletivas. A partir deste ponto os conceitos do cientista político James Scott19 são pertinentes: refiro-me as transcrições ocultas e públicas. Em seu trabalho Domination and the Art of Resistance: Hidden Transcripts o autor estuda as relações de poder entre as elites  no nosso contexto as elites produtoras da arquitetura e iconografia urbana e funerária, e os subordinados (os diversos segmentos ou grupos sociais), definindo dois conceitos básicos: hidden 16

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. Rio de Janeiro: Centauro Editora, 2004 e BURKE, Peter, Op. Cit. 17 TRIGGER, Bruce G. Early Civilizations. Ancient Egypt in Context. Cairo: The American University in Cairo Press, 1996, 3a ed. TRIGGER, Bruce G. ―Monumental Architecture: Thermodynamic Explanation of Symbilic Behavior‖. World Archaeology 22:119-32, 1990. 18 BACZKO, Bronislaw, Op. Cit. P. 309 19 SCOTT, James C. Domination and the Art of Resistance: Hidden Transcripts. New Haven: Yale University, 1999.

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transcripts e public transcripts (que doravante chamaremos de transcrições ocultas e transcrições públicas), analisando como tais elementos são usados por estes segmentos. Ambas as formas do discurso podem ocorrer, tanto nos grupos que detém um certo tipo de poder quanto nos segmentos subordinados (visto aqui como os diversos grupos sociais não necessariamente subordinados socialmente, mas que serão atingidos pelo impacto das obras arquitetônicas). Com esta visão, se o discurso do subordinado ocorre na presença do grupo que detêm o poder diz-se que é uma transcrição pública, caso contrário denominamos de transcrição oculta20 Este mesmo conceito pode ser aplicado aos grupos que detêm o poder, a particularidade é que a transcrição oculta21 se relacionaria às trocas de favores, ou seja, longe ―dos olhos‖ dos subordinados, sejam estes populares ou membros da elite com menor poder e status. De uma forma geral é possível dizer que a transcrição pública é a constante afirmação da legitimidade do poder e a própria elite é consumidora de sua performance. Tal conceito é possível de ser usado no processo de legitimação social e cultural na cidade do Rio de Janeiro tendo como expressão da materialidade a arquitetura e a iconografia. Desta forma o indivíduo e os grupos sociais de uma dada elite fazem dos monumentos, construções e monumentos funerários a transcrição pública da legitimidade de um dado poder explorando em certa medida os significados construídos a partir de memórias coletivas e memórias sociais.

Corpus Iconográfico e Arquitetural Segundo o prof. Ciro. F Cardoso22, a iconografia deixou de ser apenas ilustrações para ser encarada como fonte e objeto para a história. Principalmente em setores de pesquisa como a História Antiga, em que a carência de fontes escritas é flagrante, a iconografia vem sendo utilizada com freqüência, em certa medida de maneira simplista e com metodologias inadequadas. A partir dos anos 60 um número variado de pesquisadores voltou-se para a iconografia. Nossa intenção é tratar a iconografia e a arquitetura do Mundo Antigo na cidade do Rio de Janeiro como artefato que pode ser lido e interpretado tentando capturar o sentido do discurso. Assim sendo, a arquitetura em si mesma pode ter caráter iconográfico e deste modo ser lida. Desta forma fizemos a opção por analisar o corpus iconográfico da cidade do Rio de Janeiro por duas abordagens de modo a explicitar a expressão da materialidade e a construção da legitimidade de poder (político, social e cultural) cujas transcrições públicas e ocultas se traduzem pela monumentalidade, impacto visual e os usos do passado (apropriação) de elementos da Antiguidade.

A função da imagem de Jacques Aumont como método

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SCOTT, James. Op. cit. p. 8. SCOTT, James. Op. cit. p. 14. 22 CARDOSO,Ciro F. Narrativa, Sentido, História.Campinas:Papyrus, 1997, p 204. 21

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Para compreender a função da imagem e utilizar uma metodologia de análise para o corpus iconográfico formulamos um quadro de análise a partir do trabalho de Jacques Aumont23 que pesquisa as questões teóricas sobre imagem, suas funções, relações com o real e como podem ser vistas. Escolhemos para esta pesquisa três elementos para analisar a função da imagem que são designadas pelo autor como ―modos‖.24 1. O modo Simbólico Inicialmente as imagens serviram de símbolos; para ser mais exato, de símbolos religiosos, vistos como capazes de dar acesso à esfera do sagrado pela manifestação mais ou menos direta de uma presença divina. A arquitetura e a iconografia de monumentos funerários podem ter conotação mágico-religiosa e permitem acesso às esferas do sagrado pela manifestação mais ou menos direta de símbolos divinos. No que se refere aos monumentos urbanos e funerários na cidade do Rio de Janeiro a arquitetura e a iconografia são a expressão da materialidade de um ―poder‖ político, social ou cultural através também de elementos significativos da Antiguidade. Mais especificamente com relação a arquitetura e iconografia funerária um certo apelo místico e mágico pode ser identificado.

2. O modo Epistêmico. A imagem traz informações (visuais) sobre o mundo, que pode ser conhecido inclusive em alguns de seus aspectos não visuais (mapas)... Mas essa função geral de conhecimento foi muito cedo atribuída às imagens. Em nossa pesquisa tal conhecimento (mensagem, idéia e sentido) podia ser extensivo aos segmentos sociais. Ora de forma diferenciada (um grupo social apreende um determinado conhecimento na arquitetura e na iconografia diferentemente de outro segmento social), ora de forma coesa (uma determinada imagem contida na arquitetura, na iconografia, e nos monumentos urbanos e funerários da cidade do Rio de Janeiro poderiam passar para todos os segmentos uma mensagem única).

3. O modo Estético. A imagem é destinada a agradar seu espectador. A oferecer-lhe sensações (aisthésis) específicas. Esse desígnio é sem dúvida também antigo... Podemos dizer que em nosso objeto de estudo que a forma teria tanto a de função de impressionar pela monumentalidade quanto pela ―beleza‖ (cores, textura e etc.).

A tipologia de Richard H. Wilkinson como método

23 24

AUMONT, Jacques. A Imagem. Campinas: Papirus Editora, 2002. 7a ed. AUMONT, Jacques, Op. cit., p. 77.

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A partir dos nove elementos desenvolvidos pelo egiptólogo Richard H. Wilkinson25 para analisar a imagem na arte egípcia construímos um quadro de análise. O método se baseia na interpretação dos signos através do significado de nove tipos de símbolos básicos em uma cena. São eles: o símbolo da forma, da dimensão, da localização, do tipo de material, da cor, dos números, dos hieróglifos, das ações e dos gestos. Apesar de inicialmente serem aplicados para a Egiptologia de um modo geral os tipos de símbolos básicos podem ser aplicados em outras áreas da História.

Forma: O simbolismo da forma pode aparecer em dois níveis: o primeiro nível quando um objeto sugere conceitos e idéias de forma direta. A fachada sobre a entrada em estilo grego da Biblioteca Nacional O segundo nível acontece quando este simbolismo é indireto. Por exemplo, citando a sepultura de Claudio da Silva mais uma vez na qual as Moiras encenam a vida em um teatro. Ou seja, o teatro da vida. Segundo Wilkinson a forma seria um dos meios, nos programas de arquitetura, para estabelecer a ordem no seu mundo.26

Dimensão: A dimensão dos objetos e figuras na iconografia denota poder, força e importância. Assim sendo a imagens de grandes proporções como o Palácio Tiradentes, Biblioteca Nacional diante dos espectadores da cidade é indicativo de poder e prestígio de certos grupos sociais. Assim como a dimensão de certas câmaras e recintos pode denotar poder e legitimidade através da monumentalidade.

Localização: A localização absoluta de uma estrutura ou objeto e a colocação de objetos em determinados locais tem relevância simbólica, em parte pela orientação, seja ela baseada nos pontos cardinais, no curso do Sol, no posicionamento das estrelas, ou áreas geográficas.

Material: A natureza do material tem relevância, assim sendo; metais, madeiras e rochas possuíam valor e poder simbólico em função das práticas culturais e sociais. Desta forma o ouro era importante por simbolizar uma substancia imperecível e divina, e também o Sol. Assim como uma fachada em mármore denotaria poder.

Cor: A cor poderia dar individualidade e vida a uma imagem, além disso, havia o valor simbólico e atributos culturais ligados às cores. Desta forma, o azul representaria o céu o verde a natureza ou uma casa real (Braganças por exemplo). 25 26

WILKINSON, Richard H. Symbol & Magic in Egyptian Art. London: Thames & Hudson, 1994. WILKINSON, Richard H, Op. cit., p. 29.

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Número: Além da idéia de quantidade, os números podem ter valor simbólico. Assim o número 4 poderia significar a ―coisa completa‖, plena, totalidade e de certa forma também poderia significar a estabilidade, os quatro pilares e os pontos cardiais. As quatro ―torres‖ da Biblioteca Nacional, além de estética poderia passar para espectador a impressão de estabilidade.

Hieróglifo: Como a escrita hieroglífica era considerada Medu-Netjer, ou seja, ―palavras do deus‖ a utilização de certos signos para formar uma cena denotaria poder das palavras divinas. Na arquitetura urbana e funerária da cidade do Rio de Janeiro estes hieróglifos podem ser encontrados em locais específicos e podem ter um sentido para determinados grupos sociais. De certa forma este elemento é o mais raro de ser encontrado.

Ações: Uma cerimônia talhada ou pintada em uma estrutura, a descrição de um ritual na fachada de um prédio público ou um grupo de estátuas executando uma determinada ação denotam uma ação simbólica e legitimidade.

Gestos: Os gestos estão associados de certa forma as ações, mas por si só podem indicar submissão, domínio, proteção e invocação.

Análise da Arquitetura e da Iconografia Como exemplo, passamos a uma análise preliminar.

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ARQUITETURA – Catálogo e Descrição Num. de ordem: Título:

Local: Orientação: Período Histórico: Datação: Monumento: Descrição:

Função:

Observação: Referência Bibliográfica:

001 Mausoléu do Marques do Paraná

Cemitério São João Batista – Cidade do Rio de Janeiro Não identificado Segundo Reinado Segunda metade do século XIX, 1856 Monumento funerário de forma piramidal Monumento funerário em formato de pirâmide similar às tumbas da 19ª dinastia tendo uma figura feminina em estilo neo-egípcio helenizado cuja postura parece indicar uma prática ocultista (o mago da carta do Tarô). Expressão da materialidade que legitima um poder social e cultural (o estudo do Egito) e talvez tenha função mágica em função do gesto do arauto feminino. — Não identificada

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ANÁLISE DA ARQUITETURA – Função como Imagem Modo Simbólico O monumento funerário representa uma tumba na forma piramidal. A pirâmide indica uma ligação entre o plano dos homens com o plano divino qualificando o sujeito da ação (o falecido) como ligado ao divino.

Modo Epistêmico O túmulo na forma piramidal protege, isola, eterniza e é o portal que separa duas dimensões distintas. Ou seja, legitima um poder social e cultural, e uma lembrança ou rememoração do sujeito e suas ações mesmo depois da morte. O caráter epistêmico permite a construção de memórias coletivas e um imaginário social.

Modo Estético O monumento funerário causa impacto ao espectador pela monumentalidade e caráter mágico-religioso da arquitetura e da iconografia tendo em vista que o uso de elementos da mitologia e da cultura egípcia antiga fascina o espectador a partir da construção de memórias coletivas e um imaginário social.

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ANÁLISE DA ARQUITETURA – Tipologia de Wilkinson ANÁLISE DA ICONOGRAFIA (2) TIPOLOGIA DE WILKINSON Elementos encontrados (X) Forma

Dimensão

X

X

Localização

X

Ações

X

Cor

Número

X

Hieróglifo

Material

X

Gestos

X

X

Forma:

A forma piramidal denota ligações divinas e mágicas

Dimensão:

Apesar de atualmente afastado da entrada do cemitério o complexo possui dimensão significativa de modo a impactar o visitante

Localização:

A orientação do complexo não foi avaliada neste momento e atualmente está afastado da entrada do cemitério.

Ações:

A jovem com atributos da deusa Isis parece convidar o visitante.

Cor:

Não identificado. Talvez houvesse, mas nesta análise preliminar não foi possível analisar o material.

Número:

Pirâmide, jovem divindade e esfinge estão em igualdade de número denotando equilíbrio.

Hieróglifo:

O pórtico possui desenhos estilizados.

Material:

Aparentemente pedra de boa qualidade e mármore. Faz-se necessário uma análise mais apurada.

Gestos:

A jovem divindade, olha para o espectador ou visitante e de forma graciosa parece leva-lo ao pórtico.

Considerações O complexo funerário denota uma ligação cultural e possivelmente mágica do Marques do Paraná com o Egito. No século XIX uma literatura cientifica e ocultista estava sendo produzida, mas neste momento não temos como avaliar se o Marques teve acesso a este material. Por outro a lado o complexo impacta o visitante estabelecendo legitimidade pela monumentalidade, por memórias coletivas que rememoram o falecido desde 1853. De fato neste momento estou perpetuando esta rememoração pelo fascínio e exotismo da arquitetura e iconografia do complexo funerário.

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