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August 16, 2018 | Author: Rô Freitas | Category: Kidney, Medical Specialties, Wellness, Physiology, Science
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Uroanálise e Fluidos Biológicos

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Uroanálise e Fluidos Biológicos

Copyright © 2015 Editora etb Ltda. 1ª edição Todos os direitos reservados.

Diretora acadêmica: Simone Savarego Coordenadora editorial: Rosiane Aparecida Marinho Botelho Produção editorial : etb - Editora Técnica do Brasil

As informações e as imagens são de responsabilidade dos autores. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem a autorização escrita da Editora. A Editora não se responsabiliza por eventuais danos causados pelo mau uso das informações contidas neste livro. Impresso no Brasil Printed in Brazil 

Esse livro está catalogado na CIP.

Palavra da Abril Educação

Desenvolver uma geração de profissionais capazes de estar à frente de um mercado de trabalho desafiador, que exige cada vez mais eficiência e competências comprovadas, é uma das preocupações mais evidentes dos Governos Federal, Estaduais e Municipais, dos gestores de políticas públicas e dos desenvolvedores de programas implementados. Com o objetivo de conquistar esse desafio e contribuir para a formação de profissionais competentes e eficazes, o Sistema etb de ensino técnico apresenta uma proposta de apoio ao processo de ensino-aprendizagem, a partir de um material didático desenvolvido especificamente para programas de formação profissional. Abrangendo mais de 12 eixos de conhecimento e com mais de 102 coleções de “cadernos de conteúdo”, o Sistema etb cobre mais de 90% das demandas de formação profissional por todo o Brasil, contando com o endosso da Abril Educação, cuja trajetória bem-sucedida já atravessa cinco décadas. O Sistema etb tem ao seu dispor a experiência e a abrangência de um dos maiores expoentes no setor educacional, com destaque para metodologias diferenciadas e recursos educacionais exclusivos para a educação profissional. A oferta de programas de formação profissional, baseada em um material didático de qualidade e focado no desenvolvimento de habilidades e competências, associada à sequência de políticas públicas que estimulam o investimento no setor da educação profissional compõem uma proposta aos cidadãos para que consigam entrar no mercado de trabalho pela porta da frente, como convidados a exercer suas atividades de maneira segura e eficiente em empresas que clamam por profissionais diferenciados. Este livro é mais um convite na direção da real compreensão da expressão SER PROFISSIONAL. O objetivo deste curso é a formação de profissionais que não só tenham conhecimento e capacidade de resolver problemas, mas também sejam criativos, éticos e preocupados com ações e processos sustentáveis. A reunião de autores renomados na área do ensino fortalece o caráter criterioso e responsável dos capítulos componentes desta obra, para que, com eles, o aluno esteja provido do material necessário para iniciar sua carreira profissional, a qual será repleta de conquistas e outras lições. Ivan Sartori Diretor de Novos Negócios da Abril Educação Mantenedora do etb – Editora Técnica do Brasil

 Autor(es) Flávio Buratti Gonçalves

Biomédico pela Universidade de Mogi das Cruzes, com Habilitação em Análises Clínicas, Especialista em Diagnóstico Laboratorial de Doenças Tropicais pela Faculdade de Medicina da USP, Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Doutorando em Fisiopatologia Ambiental e Experimental pela Universidade Paulista - UNIP. Coordenador Geral do Pronatec em Análises Clínicas da UNIP. Atua como Docente do nível superior desde 1998, nas áreas de Fisiopatologia, Microbiologia, Imunologia e Parasitologia Básicas e Clínicas. As linhas de pesquisa: Avaliação de sensibilidade de bactérias patogênicas a antimicrobianos sintéticos e naturais; Investigação epidemiológica de infecções bacterianas, fúngicas e virais de importância a saúde pública; Novas metodologias e parâmetros clínico laboratoriais para avaliação diagnóstica. Meire Luiz

Biomédica, formada pela Universidade de Mogi das Cruzes. Atuou como plantonista em laboratórios de urgência e emergência de alguns dos principais serviços de saúde da cidade de São Paulo, entre eles: Hospital São Camilo, Hospital São Luiz e Hospital São Cristóvão. Atualmente, professora do curso técnico em Análises Clínicas do Pronatec da Universidade Paulista – UNIP. Thais Fernanda Silva Barbosa de Freitas

Biomédica formada pela Universidade Paulista - UNIP, com Habilitação em Análises Clínicas. Especialista em Biomedicina Estética pela faculdade de Ciências da Saúde - FACIS. Docente de Química e Bioquímica no curso de Análises Clínicas do Pronatec da Universidade Paulista – UNIP.

Sumário Uroanálise e Fluidos Biológicos Flávio Buratti Gonçalves, Meire Luiz e Thais Fernanda Silva Barbosa de Freitas 

INTRODUÇÃO À UROANÁLISE ...........................................................................................................................7 O SISTEMA URINÁRIO ..........................................................................................................................................8 FORMAÇÃO DA URINA.........................................................................................................................................8 COMPOSIÇÃO DA URINA ....................................................................................................................................9  VOLUME URINÁRIO ............................................................................................................................................ 10 CONTROLE DE QUALIDADE EM URINÁLISE................................................................................................11 COLETA E TIPOS DE AMOSTRA ....................................................................................................................... 12 FUNÇÃO E DOENÇAS RENAIS.........................................................................................................................16 TESTES DA FUNÇÃO RENAL .............................................................................................................................18 DOENÇAS RENAIS ..............................................................................................................................................20 EXAME FÍSICO (MACROSCÓPICO)................................................................................................................. 25 EXAME QUÍMICO ................................................................................................................................................. 27 EXAME MICROSCÓPICO - SEDIMENTOSCOPIA .......................................................................................30 OUTROS MÉTODOS LABORATORIAIS NA URINA .....................................................................................40 PESQUISA DE LEVEDURAS E PARASITAS NA URINA ............................................................................. 41 DOSAGENS QUANTITATIVAS ...........................................................................................................................42 ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO SINOVIAL ..............................................................................................42 CLASSIFICAÇÃO DO LÍQUIDO SINOVIAL ....................................................................................................43 AVALIAÇÃO DO LÍQUIDO SINOVIAL ............................................................................................................ 44 EXERCÍCIOS 1........................................................................................................................................................48 ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO PERITONEAL .......................................................................................53 AVALIAÇÃO DO LÍQUIDO ASCÍTICO OU PERITONEAL ........................................................................... 55 ANÁLISE MACROSCÓPICA DO LÍQUIDO PERITONEAL .......................................................................... 56 ANÁLISE MICROSCÓPICA – CONTAGEM DIFERENCIAL DE CÉLULAS ............................................56 ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO AMNIÓTICO ........................................................................................59 AVALIAÇÃO DO LÍQUIDO AMNIÓTICO ....................................................................................................... 61 ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO ................................................................... 61 AVALIAÇÃO DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO ..................................................................................62 AVALIAÇÃO FÍSICA DO LÍQUOR ....................................................................................................................64

AVALIAÇÃO CITOLÓGICA ................................................................................................................................. 64 AVALIAÇÃO OU EXAME BIOQUÍMICO DO LÍQUOR ...............................................................................65 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO LÍQUOR ............................................................................................ 66 ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO PLEURAL ...............................................................................................67 ANÁLISE LABORATORIAL DO LÍQUIDO PLEURAL ...................................................................................69 PREPARO DA AMOSTRA PARA A ANÁLISE CITOLÓGICA .....................................................................69 DOSAGENS BIOQUÍMICAS DO LÍQUIDO PLEURAL .................................................................................71 ESPERMOGRAMA ................................................................................................................................................ 72 ANÁLISE MICROSCÓPICA ................................................................................................................................ 73 ESPERMOGRAMA EM PACIENTES VASECTOMIZADOS ........................................................................ 75 EXERCÍCIOS 2........................................................................................................................................................85 GABARITO - EXERCÍCIOS 1 .............................................................................................................................. 89 GABARITO - EXERCÍCIOS 2 .............................................................................................................................. 90

Uroanálise e Fluidos Biológicos

Uroanálise e Fluidos Biológicos Flávio Buratti Gonçalves, Meire Luiz e Thais Fernanda Silva Barbosa de Freitas INTRODUÇÃO À UROANÁLISE O exame de urina é considerado o teste laboratorial mais antigo. Descrições históricas relatam que essa forma de diagnóstico e referências ao seu estudo podem ser encontradas nos desenhos dos homens das cavernas e era praticada pelos egípcios e mesopotâmicos. No ano de 1837, foi inserido pela primeira vez na prática clínica. Mesmo que naquela época não existissem procedimentos laboratoriais aprimorados, os clínicos eram capazes de obter dados a partir das características físicas da urina, como cor, odor, turbidez, viscosidade, volume e até sabor doce, visto que algumas amostras atraiam formigas. Famosos nomes na história da medicina estão relacionados ao estudo da urina, inclusive Hipócrates, que no século V a.C. escreveu um livro sobre “uroscopia”. Durante a idade média, os médicos muito estudavam a respeito. Em 1140 d.C. foram desenvolvidos cartazes coloridos para demonstrar o significado de 20 cores diferentes. Então, os testes evoluíram do “teste da formiga” e do “teste do sabor” para glicose, quando em 1694, a determinação da albuminúria por fervura da urina foi descoberta por Frederik Dekker. Charlatães, chamados de “profetas da urina”, começaram a vender previsões ao público e comprometeram a credibilidade do exame. Então, em 1627, Thomas Bryant publicou um livro a esse respeito e sua publicação deu origem às primeiras leis de licenciatura médica na Inglaterra. Atualmente, a maioria dessas informações ainda é descrita em laudos clínicos, porém, a descoberta de aparelhos, como o microscópio (inventado no século XVII), e técnicas práticas mais eficientes possibilitaram incluir, além das características físicas, a análise química e a sedimentoscopia. A utilização da química seca nas tiras reativas reduziu as análises bioquímicas manuais, e o avanço dos equipamentos automatizados foi inserido na análise microscópica. A urinálise é um dos exames laboratoriais mais requisitados pelos médicos para avaliação do paciente, devido à obtenção rápida para análise, de fácil coleta e baixo custo. O teste permite detectar processos patológicos intrínsecos funcionais (fisiológicos) e estruturais (anatômicos) do sistema urinário, bem como o monitoramento do avanço ou retrocesso de lesões durante terapias. Além disso, doenças patológicas sistêmicas podem ser detectadas por meio da confirmação de quantidades anormais de metabólitos específicos excretados na urina. Para tanto, serão abordadas informações pertinentes, e que podem ser fornecidas pelos principais exames laboratoriais de urina, dando um enfoque maior ao exame de urina do tipo 1 ou EAS (Elementos Anormais e Sedimento), como também o método de referência mais utilizado na rotina laboratorial. Além disso, será possível conhecer dados relevantes a respeito da análise de outros fluidos biológicos, como: líquor, sêmen, líquido sinovial, amniótico e líquidos serosos.

O SISTEMA URINÁRIO O sistema urinário tem como principal função eliminar os produtos finais (resíduos) do metabolismo, principalmente ureia, creatinina e acido úrico, recolhidos da corrente sanguínea e excretados em forma de urina. É responsável também pelo controle do equilíbrio hídrico e pela remoção de resíduos tóxicos ou drogas induzidas pelo corpo. Esse sistema consiste de rins, ureteres, uretra e bexiga. Os rins são os órgãos mais importantes desse sistema. São responsáveis pela filtração do sangue, limpando as impurezas, e são essenciais para manter a homeostase, regulando os fluídos corporais, o balanço eletrolítico, o equilíbrio ácidobásico, a excreção de resíduos, e são responsáveis pela produção da urina, que é enviada pelos ureteres até a bexiga urinária, onde fica armazenada até o momento de sua eliminação. Os rins participam ainda da manutenção da pressão sanguínea e da eritropoiese. Sua função é regulada por volume, pressão e composição sanguíneos, além de hormônios das glândulas adrenal (suprarrenal) e pituitária. As figuras a seguir representam a localização anatômica do sistema urinário.

Figura 1 - Sistema urinário. Imagem representando o sistema de veias e artérias que circundam o sistema urinário. Fonte: etb ®, 2015.

FORMAÇÃO DA URINA Um individuo adulto produz cerca de 1,5 litros de urina por dia, sendo a maior parte composta por água e o restante por metabolitos. Sua formação é um processo que engloba filtração, secreção e reabsorção de componentes indispensáveis pelo corpo.

Uroanálise e Fluidos Biológicos Resumidamente, a formação tem início nos néfrons, que são unidades funcionais dos rins. O sangue é recebido nos glomérulos, onde ocorre o processo de filtração do plasma renal. O filtrado formado possui a mesma composição do plasma sanguíneo, mas normalmente apresenta-se livre de proteínas, exceto por poucas de baixo peso molecular. Algumas das substâncias filtradas são: água, eletrólitos, glicose, ureia, creatinina, ácido úrico, aminoácidos e amônia. A taxa de filtração glomerular é proporcional ao tamanho corporal, variando conforme o sexo e a idade, e é importante indicador da função renal, podendo ser calculada através de testes como o clearance   (utilizando a urina de 24 horas) ou pelo cálculo de taxa de filtração glomerular estimada (TFGe). A partir daí, corre pelos túbulos e capilares, nos quais ocorre a reabsorção de substâncias, como água, bicarbonato, cloreto de sódio, cálcio, potássio, fosfato, aminoácidos, proteínas, glicose, entre outros. Cerca de 80% do filtrado é reabsorvido. E então, a secreção de diversas substâncias primordiais ao organismo, agindo contrariamente à reabsorção, faz com que a urina seja formada.

Figura 2 - Fases da formação de urina. 1- Filtração; 2- Secreção e reabsorção; 3- Urina. Fonte: etb ®, 2015.

COMPOSIÇÃO DA URINA Em condições normais, a urina é constituída por ureia e outros produtos químicos dissolvidos na água, que podem ser orgânicos e inorgânicos. Normalmente 95% de água e 5% de solutos. Variações na concentração desses solutos podem ocorrer de acordo com fatores como atividade física, ingestão alimentar, metabolismo corporal e funções endócrinas. Esses solutos são: ureia, creatinina, ácido úrico, sódio, potássio, cloreto, cálcio, magnésio, fosfatos, sulfatos e amônia. Em um dia, o organismo saudável excreta cerca de 60 g de produtos dissolvidos, dos quais 50% correspondem à ureia.

Em situações patológicas (ou determinadas situações, como dietas radicais, por exemplo), substâncias como corpos cetônicos, glicose, proteínas, porfirinas e bilirrubinas aparecem em demasia na urina. Também pode conter estruturas, como: cristais, cilindros, células sanguíneas e epiteliais. Algumas dessas consideradas normais e outras observadas apenas em distúrbios metabólicos e renais. Alguns desses distúrbios, cujo diagnóstico pode ser auxiliado pelo exame de urina, incluem: a Cistite (inflamação na bexiga); a Nefrite (inflamação do rim); a Pielonefrite (inflamação do rim localizada na pelve renal) ou a Glomerulonefrite (processo inflamatório a nível glomerular), podendo estar associadas à infecção bacteriana; e a Nefrose ou Síndrome nefrótica (degeneração do rim sem infecção), conforme veremos em outro capítulo. Podemos ainda encontrar outras substâncias na urina, incluindo hormônios, vitaminas e medicamentos. Para verificar se determinado fluido é urina, pode-se testar a amostra quanto ao teor de ureia e creatinina, substâncias que estão presentes em grandes quantidades na urina, em relação a outros fluidos corporais.

 VOLUME URINÁRIO O volume de urina normalmente produzido diariamente é de 1.200 a 1.500 ml, sendo considerados normais valores entre 600 e 2.000 ml, por dia, dependendo da quantidade de água que os rins excretam em relação à água que foi ingerida. Não obstante, esses valores estão sujeitos a diversas variações. Fatores que podem interferir são: a ingestão hídrica, a perda de fluido por outras vias que não a renal, as variações na secreção do hormônio ADH (hormônio antidiurético) e a necessidade de eliminar quantidades aumentadas de glicose e sais, por exemplo. O volume urinário formado em 24h varia de acordo com a idade: • 1 a 2 dias de vida = 30 a 60 ml/24h; • 3 a 10 dias de vida = 100 a 300 ml/24h; • 10 a 60 dias de vida = 250 a 450 ml/24h; • 60 a 360 dias = 400 a 500 ml/24h; • 1 a 3 anos = 500 a 600 ml/24h; • 3 a 5 anos = 600 a 700 ml/24h; • 5 a 8 anos = 650 a 1400 ml/24h; • 8 a 14 anos = 800 a 1400 ml/24h.

A redução do volume urinário é denominada oligúria. Geralmente ocorre em casos de choque e nefrite aguda, desidratação corporal, por vômito, diarreia, suor e queimaduras graves. A oligúria pode levar à anúria, que é a completa supressão da formação e do fluxo de urina, que pode ser resultante de

Uroanálise e Fluidos Biológicos danos graves aos rins ou de diminuição do fluxo de sangue para os rins. Em um sentido mais amplo, refere-se à 1000/µL Razão de proteínas líquido/soro > 0,5 Proteínas totais > 3g/dL Razão de glicose líquido/soro > 0,5 Glicose < 60mg/dL pH < 7,6 Albumina soro – albumina líquido = 0,6±0,4g/dL Aparência = opaca, turva Densidade > 1,015 LDH > 200UI/L Coagulação espontânea = possível

Tabela 6 -

Relação entre os valores obtidos por dosagens bioquímicas e a identificação dos transudatos. Fonte: elaboração própria com base em Comar SR, Machado NA, Schulz T, França FS, Haas P. Análise citológica do líquido pleural no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Transudatos

Contagem de leucócitos < 1000/µL Razão de proteínas líquido/soro < 0,5 Proteínas totais < 3g/dL Razão de glicose líquido/soro < 0,5 Glicose > 60mg/dL Razão LDH líquido/soro < 0,6 Colesterol < 60mg/dL pH=7,6 Albumina soro – albumina líquido = 1,6±0,5g/dL Aparência= transparente (amarelo-claro e límpido) Amilase = de 0 a 130 UI/L Coagulação espontânea = ausente BD= 0,1-0,5mg/dL BT= 0,2-1,5mg/dL Triglicerídeos < 200mg/dL

ESPERMOGRAMA O exame de espermograma tem o objetivo de avaliar a fertilidade masculina, de comprovar a eficácia da vasectomia e controlar doenças testiculares e penianas sobre a espermatogênese. Trata-se de um procedimento manual em que o princípio do teste requer a análise microscópica dos espermatozoides. A amostra deverá ser colhida no laboratório, via masturbação, sem a utilização de preservativos e lubrificantes, a partir do terceiro ao sétimo dia apos a ultima ejaculação. Para controle de vasectomia, é necessária abstinência sexual de dois dias.

 Análise macroscópica Após o recebimento da amostra, o horário da coleta deve ser anotado e o pH medido. É necessário colocar o material em estufa a 37 °C e cronometrar o tempo de liquefação. Em amostra normal, o tempo de liquefação é de aproximadamente 1 hora. Em seguida, com um tubo estéril cônico graduado, é necessário classificar seu aspecto, cor e viscosidade, e medir o pH e o volume. O volume normal é de 1,5 a 5,0 mL. Quantidades inferiores indicam hipoespermia, superiores indicam hiperespermia, e ausência de ejaculação indica aspermia. O aspecto deve ser de aparência homogênea opaca e com coloração branca. Aspecto heterogêneo, com grumos proteicos e consistência firme, é considerado anormal. O pH normal varia entre 7,2 e 8,0.

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 ANÁLISE MICROSCÓPICA Para análise morfológica é realizado um esfregaço do sêmen liquefeito e, após fixação e coloração com panótico, duzentos espermatozoides devem ser contados, avaliados e classificados de acordo com os critérios descritos por Kruges, que utiliza a análise morfométrica para designar a normalidade dos espermatozoides. Para análise morfométrica é necessário que um micrometro esteja acoplado a ocular do microscópio óptico comum. O resultado é expresso em porcentagem, em que a faixa de normalidade deve ser de 4%. A morfologia normal é designada como um segmento cefálico com formato oval e liso, com as seguintes características: • comprimento de 5 a 6 µm de comprimento e largura de 2,5 a 3,5 µm; • acrossomo deve ser entre 40 e 70% em relação ao segmento cefálico; • parte intermediária deve possuir 1 µm de largura com comprimento de 1,5 vezes o tamanho do

segmento cefálico e não deve apresentar nenhum defeito; • a cauda deve ser uniforme com comprimento em torno de 45 um, sem defeito notável.

Figura 43 - Espermatozoide com morfologia normal. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 44 - Espermatozoides com defeitos de cabeça. Fonte:etb ®, 2015.

Figura 45 - Espermatozoides com defeito de peça intermediária. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 46 - Espermatozoides com defeito de cauda. Fonte: etb ®, 2015.

Motilidade é a avaliação do movimento progressivo sob microscopia óptica. Para realizar esse procedimento, é necessário pipetar 10 ul do esperma em lâmina/lamínula, e observar 200 espermatozoides, obtendo a porcentagem das seguintes categorias: • grau A: rápidos e progressivos (motilidade para frente); • grau B: lentos ou irregulares; • Grau c: não progressivos (motilidade circular); • Grau d: imóveis.

O calculo deve ser realizado da seguinte forma: motilidade progressiva (A+B) = 32%; motilidade geral (A+B+C) = 40%. Para se avaliar a vitalidade espermática é necessário realizar a contagem de 200 células através da coloração com eosina a 3% sobre lâmina/lamínula. Procedimento: em um tubo de ensaio, pingar duas gotas do esperma e duas gotas da coloração (proporção 1:1). Os espermatozoides vivos não se coram (permanecem brancos), e os mortos apresentam coloração rosa. Normalidade: Acima de 50% de espermatozoides vivos.

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ESPERMOGRAMA EM PACIENTES VASECTOMIZADOS A vasectomia trata-se de um procedimento cirúrgico que secciona os dois ductos deferentes para impedir a circulação dos espermatozoides. Para realizar o espermograma em pacientes vasectomizados, alguns cuidados devem ser tomados: • primeiramente deve-se medir o pH, volume, liquefação, viscosidade e coagulação; • colocar 10 uL em lâmina/lamínula e observar no microscópio em aumento de 40x, visualizando

todos os campos minuciosamente. • Nota 1: Caso não seja observado nenhum espermatozoide, centrifugar todo o ejaculado a 3.000

rpm por 15 a 20 minutos. Após centrifugação, retirar o sobrenadante, homogeneizar o sedimento e gotejar em uma lâmina. • Nota 2: Observar no microscópio todos os campos novamente em aumento de 40x, certificando-

se de não haver nenhum espermatozoide nos campos. • Nota 3: É importante na avaliação final, verificar a quanto tempo o paciente realizou a cirurgia

de vasectomia. • Nota 4: Se for até 90 dias que antecedeu o exame de espermograma, recomenda-se realizar um

controle, coletando a cada 21 dias, 3 exames em dias diferentes e anualmente.

Figura 47 - Representação de um esfregaço espermático. Fonte: etb ®, 2015.

Componentes do sedimento urinário, (Cristais, cilindros, células, muco)

Figura 48 - Representação de hemácias normais no sedimento urinário. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 49 - Representação de hemácias crenadas. Fonte: etb ®, 2015.

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Figura 50 - Representação de leucócitos Normais no Sedimento urinário. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 51 - Representação de leucócitos e Bactérias no Sedimento Urinário. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 52 - Representação de células Epiteliais Escamosas Superficiais. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 53 - Célula Epitelial do Túbulo Renal. Fonte: etb ®, 2015.

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Figura 54 - Representação de cilindro Leucocitário. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 55 - Representação de cilindro hialino. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 56 - Representação de cilindro Céreo. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 57 - Representação de cilindro Granuloso. Fonte: etb ®, 2015.

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Figura 58 - Representação de filamentos de Muco no Sedimento Urinário. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 59 - Representação de espermatozóides na amostra de urina. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 60 - Representação de leveduras em Brotamento no Sedimento Urinário. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 61 - Células Mesoteliais Liquido Pleural. Fonte: etb ®, 2015.

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Figura 62 - Representação do líquido Seroso Inflamatório (Líquido Sinovial). Fonte: etb ®, 2015.

Figura 63 - Representação de citologia de Líquido Peritoneal. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 64 - Representação de celularidade em Líquido Amniótico. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 65 - Células em Derrame Pericárdico. Fonte: etb ®, 2015.

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Figura 66 - Monócito e Macrófago. Fonte: etb ®, 2015.

Figura 67 - Adenocarcinoma Bronquíolo-Alveolar. Fonte: etb ®, 2015.

EXERCÍCIOS 2 1. Marque V se verdadeiras e F se falsas as afirmações que seguem.

( ) líquido sinovial não forma coágulos devido a ausência de coágulos; ( ) o número de leucócitos na amostra não determina a sua transparência; ( ) a sinovite é uma inflamação da membrana sinovial; ( ) o aspecto do líquido não tem valor diagnóstico;

2. A artrite reumatóide está associada com a presença de qual cristal na amostra de liquido sinovial? a) monourato de sódio; b) apatita; c) colesterol; d) Charcot Leyden; e) Lipídeos. 3. Descreva as características gerais do peritônio. 4. Descreva as diferenças entre exsudato e transudato.

de stacam-se: 5. São várias as causas de ascite, dentre elas destacam-se: a) trombose; b) hepatite B e C; c) câncer de Fígado; d) pancreatite; e) todas são causas possíveis. 6. Na contagem em Câmara de Neubauer de células de líquido peritoneal, como se deve contar em

situações de baixa, média, alta e exagerada celularidade? 7. Descreva os principais elementos que constituem o líquido amniótico. 8. As variações de cor do líquido amniótico podem indicar sofrimento fetal. Neste sentido, a cor verde indica: a) presença de bilirrubina; b) sangue materno; c) sangue Fetal; d) liberação de mecônio; e) aborto.

Uroanálise e Fluidos Biológicos 9. Para que serve a análise cromossômica do líquido amniótico e quais os requisitos para uma

paracentese? 10. Descreva como ocorre a produção do LCR. 11. Descreva como deve ser feita a coleta do LCR. 12. Paciente apresentando elevada contagem de leucócitos, predomínio de neutrófilos, proteinorraquia

extremamente aumentada e glicorraquia diminuída. No LCR, esses parâmetros indicam: a) meningite bacteriana; b) meningite viral; c) meningite tuberculosa; d) meningite fúngica; e) paciente normal. 13. Qual a porcentagem de glicose encontrada normalmente no LCR? a) 40-50% da glicemia; b) 30-40% da glicemia; c) 20-30% da glicemia; d) 60-70% da glicemia; e) 80-90% da glicemia. 14. Técnica de coloração para evidenciar a presença de C. neoformans em amostra de LCR: a) Tinta da China; b) Gram; c) Ziehl-Neelsen; d) Fontana Tribondeau; e) Hematoxilina Férrica;

15. Descreva como deve ser feita a coleta de líquido pleural. 16. Líquido pleural apresentando coloração xantocrômica pós-centrifugação e vermelho pré-

centrifugação, aspecto turvo ou hemorrágico, é comum nas situações de: a) transudato; b) neoplasia; c) trauma; d) artrite reumatóide; e) doença crônica. 17. Descreva como deve ser feita a análise macroscópica de esperma. 18. Descreva como deve ser feita a análise microscópica de esperma. 19. Descreva as características normais de um espermatozoide e quais as anomalias mais comuns. 20. Qual a importância de se avaliar a motilidade espermática? 21. Espermatozoide com kotilidade circular apresenta grau de motilidade classificado como: a) grau A; b) grau B; c) grau C; d) grau D; e) grau; 22. Para se realizar a vitalidade espermática, o que é necessário? 23. Qual a importância de se realizar um espermograma em pacientes vasectomizados? 24. Descreva como ocorre a produção do líquido seminal. 25. Quais as orientações que devem ser dadas ao paciente que fará a coleta de sêmen para avaliação

espermática?

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GABARITO - EXERCÍCIOS 1 1. E 2. D 3. B 4. C 5. C 6. D 7. D 8. B 9. E 10. D 11. D 12. E 13. Resposta pessoal 14. Resposta pessoal 15. Resposta pessoal 16. Resposta pessoal 17. Resposta pessoal 18. Resposta pessoal 19. Resposta pessoal 20. A 21. C

22. Resposta pessoal 23. Resposta pessoal 24. Resposta pessoal 25. Resposta pessoal

GABARITO - EXERCÍCIOS 2 1.  V, F, V, F 2. C 3. Resposta pessoal 4. Resposta pessoal 5. E 6. Resposta pessoal 7. Resposta pessoal 8. D 9. Resposta pessoal 10. Resposta pessoal 11. Resposta pessoal 12. A 13. D 14. A 15. Resposta pessoal 16. B 17. Resposta pessoal

Uroanálise e Fluidos Biológicos 18. Resposta pessoal 19. Resposta pessoal 20. Resposta pessoal 21. C 22. Resposta pessoal 23. Resposta pessoal 24. Resposta pessoal 25. Resposta pessoal

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