Uma Breve História da Mágica

UMA BREVE HISTÓRIA DA MÁGICA Quem nunca se emocionou, ou ao menos ficou curioso, ao assistir um show de mágica, seja pela televisão, seja ao vivo no palco. O que poucos sabem, é que a história da mágica é tão antiga quanto o próprio homem. A palavra "mágica" vem da palavra persa “mag”, que era o nome dado aos sacerdotes do templo e que demonstravam possuir poderes ditos sobrenaturais. Esses ensinamentos foram passados também aos egípcios que também possuíam suas demonstrações sobre o sobrenatural, chegando inclusive a serem mencionados na Bíblia. Nesta época a mágica tinha cunho religioso e, por isso, até hoje os termos mágica e magia confundem-se.

Figura 1: Sacerdote persa. Repare na roupa larga e no chapéu pontiagudo, visual que vira a ser relacionado com os magos como conhecemos hoje. A primeira referência de mágica como uma atividade de entretenimento vem do Egito antigo. Os Papiros de Westcar mencionam um mágico chamado Dedi que era capaz de, entre outros feitos, cortar a cabeça de um frango e depois trazê-lo novamente à vida. No século I d.C., em Roma, surgiram os acetebularii, que eram aqueles que executavam a rotina de copos e bolinhas, efeito executado até hoje. Uma curiosidade, o nome acetebularii tem a mesma raiz da palavra aceto, vinagre, isso porque os acetebularii usavam pequenos copos de metal utilizados para armazenar e medir porções de vinagre. No período medieval a mágica entra em duplo declínio: de um lado, aqueles que executavam efeitos fantásticos eram acusados de bruxaria e paganismo. Em defesa desses surge em 1534 aquele que é considerado como o primeiro livro de mágicas da história: "The Discoverie of Witchcraft" (A Descoberta da Bruxaria), de Reginald Scott cujo objetivo era desmistificar a dita bruxaria, expondo como eram feitos muitos truques mágicos. Do outro lado estavam mágicos que andavam com os circos e faziam seus shows em feiras e festivais e eram vistos como escroques e trapaceiros. Essa imagem negativa só seria quebrada séculos mais tarde com a obra de Jean Eugène Robert-Houdin.

Figura 2: “O Mágico” de Hieronymus Bosch (1475 - 1480) Robert-Houdin (não confundi-lo com Houdini, o famoso escapista) é considerado o pai da mágica moderna, pois foi ele quem levou a mágica das ruas, para os palcos dos grandes teatros e criou a imagem do mágico de fraque e cartola. Pelas mãos de RobertHoudin e de outros grandes mágicos que o seguiriam, a mágica vive nos séculos XVIII e XIX o seu apogeu.

Figura 3: cartaz anunciando um show de mágicas “Kellar em seu último mistério - Auto decapitação” (1898) Muitos dos grandes efeitos clássicos que conhecemos hoje, como serrar a mulher ao meio e levitações, se originaram nessa época. Foi também em meados do século XIX que a mágica se reencontraria com o seu lado sobrenatural com o advento dos mentalistas, mágicos que teriam a capacidade de ler pensamentos e evocar espíritos.

Figura 4: Jean Eugène Robert-Houdin (1805 – 1871), o pai da mágica moderna

Nas últimas décadas grandes nomes surgiram como Cyril Takayama, Paul Daniels, Doug Henning; David Copperfiled, a dupla Sigfried & Roy, Derren Brown, Juan Tamariz e o português Hélder Guimarães, este último o mais jovem campeão mundial de mágicas de todos os tempos. Também merece destaque o nome de David Blane, artista que popularizou a mais nova febre do mundo da mágica, que é a mágica executada nas ruas, com pessoas comuns, a chamada “street magic”. No Brasil temos também grandes artistas, alguns ainda desconhecidos do grande público: Rafael Tubino, Baltresca, Volkane, a dupla Átila & Rose, o grupo Oriental Magic Show. Merecem menção honrosa também Enio Finocchi, o maior estudioso da história da arte mágica no Brasil e Júlio Lipan, fabricante de aparatos mágicos reconhecido e respeitado mundialmente, infelizmente ambos falecidos no último ano. Da próxima vez que você estiver passeando pelo YouTube, procure por alguns vídeos de mágicos dos nomes citados. Com certeza você irá se surpreender. --Na próximo artigo veremos os principais tipos de mágicas existentes