Um Treinar Para Um Jogar

September 16, 2017 | Author: Rafael Soares da Silva | Category: Association Football, Physics, Physics & Mathematics, Evolution, Portugal
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Um Treinar para um Jogar

O planeamento e realização de uma época desportiva – Juvenis A – Varzim SC

Relatório de Estágio apresentado às provas de Mestrado em Ciências do Desporto, realizado no âmbito do curso de 2º Ciclo em Treino de Alto Rendimento, nos termos do Decreto – Lei nº 74/2006 de 24 Março Orientador: Mestre José Guilherme Oliveira Supervisor: Dr. Eduardo Esteves Realizado por: Eduardo Daniel Marafona Maia

Porto, 2010

Maia, E. (2010), Um Treinar para um Jogar. O Planeamento e realização uma época desportiva – Juvenis A – Varzim S.C. Porto: E. Maia. Relatório Estágio profissionalizante para a obtenção do Grau de Mestre em Treino Alto Rendimento Desportivo, apresentado à Faculdade de Desporto Universidade do Porto.

de de de da

Palavras-chave: FUTEBOL, TREINO, RELATÓRIO DE ESTÁGIO, MODELO DE JOGO, “PERIODIZAÇÃO TÁCTICA”.

iii

Agradecimentos Aos meus Pais, aos quais estou eternamente grato… A todos aqueles que me ensinaram, apoiaram e ajudaram a evoluir: Professor Vítor Frade Mestre Guilherme Oliveira Professor Eduardo Esteves Professor Marco Silva Augusto Neves Rui Barbosa João Mota Mestre Paula Cardoso Professora Helena António Ana Silva À Fato por aturar o meu egocentrismo A todos os meus familiares A todos os meus companheiros da Faculdade A todos os meus amigos do Varzim Aos meus jogadores

Se me esqueci de alguém, não foi por mal, é mesmo falta de jeito…

Eduardo Maia

v

Índice Índice Geral Agradecimentos ................................................................................................. v Índice ................................................................................................................. vii Índice Geral .................................................................................................... vii Índice de figuras .............................................................................................. ix Índice de anexos ............................................................................................. xi Resumo ............................................................................................................ xiii Abstract ............................................................................................................. xv 1. Introdução ...................................................................................................... 1 2. Varzim S.C. .................................................................................................... 5 2.1 Enquadramento com o Clube ................................................................... 5 2.2 Departamento de Formação ..................................................................... 6 2.3 Objectivos a cumprir nos diversos escalões de Formação ....................... 7 2.4 Organigrama da organização do futebol juvenil ........................................ 9 2.5 Condições de trabalho ............................................................................ 11 2.6 A equipa de Juvenis A ............................................................................ 11 2.7 Avaliação da equipa ................................................................................ 12 2.8 “Sistema” de Jogo ................................................................................... 13 2.9 Objectivos da época 2009/2010 .............................................................. 13 2.10 Problemas a resolver no futuro ............................................................. 15 2.11 Conclusão da época ............................................................................. 15 3. Relatório de estágio – Varzim S.C. .............................................................. 19 3.1 Evolução do processo de treino .............................................................. 19 3.2 O nosso processo de treino .................................................................... 22 3.3 Alguns princípios do nosso Modelo de Jogo ........................................... 27 3.4 Progressão metodológica da preparação da época ................................ 36 3.5 Morfociclo Padrão ................................................................................... 39 3.6 Exercícios padrão do nosso Modelo de Jogo ......................................... 45 3.7 Observação de jogos .............................................................................. 57 4. Considerações finais .................................................................................... 61 5. Referências Bibliográficas ............................................................................ 65 vii

6. Síntese Final ................................................................................................ 69 Anexos ................................................................................................................ I

viii

Índice de figuras Figura 1 – Organigrama da organização do futebol juvenil ……………………...9 Figura 2 – Pirâmide de exigência dos escalões .………………….……………..10 Figura 3 – Constituição da equipa ……………………………………….………..12 Figura 4 – Exemplo Morfociclo semanal ……………………………………….…43 Figura 5 – Manutenção da posse de bola (MPV) em estrutura ………….……..46 Figura 6 – Organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (1ª e 2ª fase de construção) ………………………………………………………….….…..47 Figura 7 – Organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (3ª e 4ª fase de construção) ……………………………………………………….….……..47 Figura 8 – Organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (3ª e 4ª fase de construção) em contexto mais específico …………………………...….47 Figura

9



Organização

ofensiva

colectiva

com

transição defensiva

(favorecendo a 3ª e 4ª fase de construção) ………………………………...…....48 Figura 10 – Organização ofensiva colectiva com transições defensivas (jogo) ……………………………………………………………………………………..…..48 Figura 11 – Organização defensiva intersectorial com transições ofensivas (defesas e pivô) ……………………………………………………………..……….49 Figura 12 – Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (defesas e médios) ………………………………………………………...………..49 Figura 13 – Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (defesas, médios e PL ou defesas, médios e extremos) ……………….……… 50 Figura 14 – Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (laterais, médios e avançados (referências de pressão)) …………………...….50 Figura 15 – Organização defensiva colectiva com transições ofensivas (jogo) ………………………………………………………………………………………….51 Figura 16 – Organização defensiva colectiva (basculações defensivas) …….51 Figura 17 – Transições defensivas em jogo ……………………………………...52 Figura 18 – Transições ofensivas em jogo …………………………………..…...52 Figura 19 – Transições ofensivas e defensivas (mudança de atitude) …….… 53 Figura 20 – Transições defensivas e ofensivas (MPV) …………………..…......53 Figura 21 – Finalização com transições (3x2+GR X GR+3x4+GR) …………...54 Figura 22 – Finalização (3x2+GR) ………………………………………….……..54 ix

Figura 23 – Passe, recepção e condução (triangulo, losango, duplo triangulo, Y…) ……………………………………………………………………….…………..55 Figura 24 – Passe, recepção e condução (em semi-estrutura) ………………. 55 Figura 25 – Finalização técnica ………………………………….…………….…..56 Figura 26 – Cruzamentos com finalização ………………………………………..56 Figura 27 – Jogos técnicos …………………………………………….…………..56

x

Índice de anexos Anexos 1 – Calendário Jogos/Resultados …………………………………....….. III Anexos 2 – Exemplo da operacionalização dos treinos (duas semanas) ….... VII Anexos 3 – Material Fornecido aos Jogadores no inicio da época ............. XXXI Anexos 4 – Reconhecimento do bom trabalho ……..……………………... XXXVI

xi

Resumo O Futebol é um desporto universal, visualizado e praticado (directa ou indirectamente) por um número indeterminado de pessoas. Por isso, devemos perceber que existem várias maneiras de ver e treinar o jogo de Futebol. Não existe uma forma correcta ou errada, existem sim diferentes formas de entendimento do jogo de Futebol. Neste relatório, pretendemos demonstrar a nossa maneira de olharmos para o jogo e para o treino de Futebol, aplicando os conhecimentos, adquiridos ao longo de vários anos a estudar esta modalidade, na operacionalização de uma época desportiva. Procuraremos evidenciar os pontos essenciais da nossa maneira de treinar e que nos permitiram obter sucesso nesta época desportiva, ao serviço do Varzim S.C., no escalão de Juvenis A. Verificamos que os pontos fundamentais que o treinador deve ter presente, prendem-se com a intervenção deste e com a criação de um Modelo de Jogo. Será esse Modelo que irá guiar e direccionar todo o processo de treino, sendo a intervenção do treinador que vai permitir a sua aplicação, pois não chega saber o que se pretende, é fundamental aliar o saber “o que fazer”, ao “saber fazer”. Para isso, a intervenção do treinador deve ser ajustada ao jogador, à situação e tem de ser coerente com o seu Modelo de Jogo, pois se queremos chegar a um determinado “jogar”, temos de treinar esse “jogar”. Aliado a estes dois pressupostos, relacionamos alguns princípios que para nós assumiram uma grande importância no planeamento de toda a época desportiva. Em suma, neste relatório de estágio, para além de criarmos um Modelo de Jogo e salientarmos a importância da intervenção do treinador, fazemos referência a vários princípios como essenciais para o êxito, tais como: a ““desmontagem”em diferentes níveis de organização”, a “especificidade”, a “alternância horizontal do tipo de esforço em especificidade”, a “progressão complexa” e o “princípio das propensões”. Sendo a interacção de todos estes princípios, fundamental para a obtenção do sucesso. Palavras-chave: FUTEBOL; TREINO; RELATÓRIO DE ESTÁGIO; MODELO DE

JOGO;

“PERIODIZAÇÃO

xiii

TÁCTICA”.

Abstract Football is a universal sport, viewed and practised (directly or indirectly) by an undetermined number of people. Therefore, we must realize that there are several ways to see and coach the game of football. There is no right or wrong way of understanding the game of football, there are different points of view of de game. In this report, we intend to show our view of the game and the football training, applying the knowledge acquired over several years studying this modality, namely the operationalization of a season. We will seek to highlight the essential points of our way of train and that allowed us to succeed this season, in service of Varzim SC, in the under 17 category. We found that the key points that the coach should keep in mind is the establishment of a game model and the training intervention. This game model will guide and direct the entire training process, under the coach orientation. Such intervention is going to allow the implementation of the game model, because it isn’t enough to know what you want, it is essential to combine the knowledge of “what to do”, with the know “how to do”. For that, the intervention of the coach has to be adjusted to the player and the situation, and must be consistent with their model game, because if we want to reach a certain "play," we have to train this "play". Beside these two assumptions, we list some principles that we found to be of great importance for the whole season planning. In summary, in this report we show a game model establishment with special emphasys in the coach intervention. We refer to several essential principles to succeed, such as the “"dismantling" in different levels of organization”, the “specificity”, “horizontal alternation type

of

effort

in

specificity”, “progression complex” and the “principle of the propensities”. We are aware that the interaction of all these principles, is fundamental to achieve success.

Keywords: FOOTBALL; PRACTICE; STAGE REPORT; GAME MODEL; "PERIODIZATION TACTIC".

xv

1. Introdução Futebol é uma modalidade desportiva colectiva, fazendo assim parte de um conjunto de modalidades designadas como jogos desportivos colectivos (Garganta, 1994a). De entre todas, a actividade citada é a forma de desporto mais popular do mundo, sendo praticada por todas as culturas à escala planetária (Reilly & Williams, 2005). Como consequência de tal popularidade, existem diferentes análises do processo de treino. Sendo essas diferenças evidentes quando olhámos para o passado e analisamos a evolução desse mesmo processo. Martins (2003) identifica três tendências de treino ao longo dos anos: A tendência originária do Leste da Europa, a tendência originária do Norte da Europa e da América do Norte e a tendência Latino-Americana ou “Treino Integrado”. Cada uma delas é representativa de uma época, que por necessidade foram surgindo, levando a alterações no processo de treino. Apesar de cada uma destas tendências permitirem a evolução do jogo de Futebol ao longo dos tempos, apresentam objectivos diferentes, que fizeram com que surgisse uma nova análise do jogo, onde o processo de preparação deve centrar-se na operacionalização de um “jogar” através da criação e desenvolvimento contínuo de um Modelo de Jogo, como referem: Faria (1999); Oliveira, J.G. (2004); Frade (2006); Gomes (2007). A curiosidade da aplicação prática desta nova análise leva-nos à escolha do Estágio Profissionalizante em detrimento à elaboração de uma Dissertação. A escolha deve-se também à proximidade do papel assumido no estágio com a profissão que desejamos para o futuro, Treinador de Futebol. O que nos permite uma maior assimilação e transferência de conhecimentos. Sendo vivências práticas que só o estágio pode proporcionar. Por conseguinte, neste trabalho propomo-nos a desenvolver um estudo sobre o planeamento e realização de uma época desportiva, no escalão sub 17 do Varzim S.C., participante no Campeonato Nacional de Juniores B, da Federação Portuguesa de Futebol. Neste relatório procuramos expor esse processo definindo os seguintes objectivos: 

Elucidar acerca do nosso processo de treino, tendo em conta as nossas convicções; 1



Apresentar o Modelo de Jogo criado;



Apresentar o planeamento da progressão metodológica seguida;



Apresentar o planeamento da época desportiva (morfociclos e treinos).

Para sustentar os objectivos referidos anteriormente, utilizaremos referências bibliográficas que ajudaram a suportar as nossas convicções. A estruturação deste estudo será organizada nos seguintes pontos:  Introdução;  Varzim S.C. 

Enquadramento com o Clube;



Departamento de Formação;



Objectivos a cumprir nos diversos escalões de Formação;



Organigrama da organização do futebol juvenil;



Condições de trabalho;



A equipa de Juvenis;



Avaliação da equipa;



“Sistema” de jogo;



Objectivos para a época 2009/2010;



Problemas a resolver no futuro;



Conclusão da época;

 Relatório de estágio – Varzim S.C. – Evidenciamos os pontos essenciais da realização da nossa época, tendo em conta a nossa análise do jogo, sustentando sempre com referências bibliográficas; 

Evolução do processo de treino – Neste, procuramos demonstrar a existência de várias formas de análise do treino;



O nosso processo de treino – Com este ponto pretendemos demonstrar os pensamentos que estão na base do nosso processo de treino;



Alguns princípios do nosso Modelo de Jogo – Neste procuramos evidenciar os princípios do Modelo de Jogo que criamos, “desmontandoo em diferentes níveis de organização”, e estruturando-o em princípios, sub princípios e sub dos sub princípios, evidenciando a “especificidade” 2

e a intervenção do treinador como essenciais para a aplicação do Modelo de Jogo; 

Progressão metodológica da preparação da época – Procuramos elucidar acerca da progressão utilizada para assimilação do nosso Modelo de Jogo, realçando a “progressão complexa” como meio de evolução;



Morfociclo Padrão – Demonstramos a elaboração do nosso morfociclo padrão, justificando-a com a “alternância horizontal do tipo de esforço em especificidade”;



Exercícios Padrão do nosso Modelo de Jogo – Elaboramos um conjunto de exercícios que fomos exercitando ao longo da época, nos diferentes dias, respeitando sempre os princípios da “especificidade”, das “propensões”, da “alternância horizontal do tipo de esforço em especificidade” e da “progressão complexa”;



Observação de jogos – Salientámos os pontos que queríamos observar na análise dos jogos das equipas adversárias e da nossa;



Nota Final – Fizemos um apanhado dos pontos essenciais do nosso processo de treino, pontos que levaram ao sucesso desta época.

 Referências Bibliográficas;  Síntese Final;  Anexos.

Desta forma, procuramos realizar um relatório baseado no trabalho desenvolvido no estágio, tendo em conta o nosso processo de treino. Sendo esse processo de treino suportado por um conjunto de referências bibliográficas, que apesar de recentes, são aquelas com que nos identificamos e projectamos o nosso futuro.

3

2. Varzim S.C. 2.1 Enquadramento com o Clube Desde 25 de Dezembro de 1915 que o Varzim S.C. constrói uma história no futebol português. Através da prática profissional e amadora do futebol, o clube procura promover o crescimento e desenvolvimento desportivo e social da comunidade poveira, especialmente dos mais jovens. Com vista o espectáculo desportivo proporcionado pela modalidade de futebol, acredita oferecer um conjunto de valências e mais-valias, que visam a promoção do desporto como instrumento essencial para o bem-estar físico e psicológico de toda a sociedade. Este clube tem uma longa história na formação de jovens jogadores e grande parte do prestígio que o Varzim possui no futebol português, foi alicerçado no trabalho desenvolvido nas Camadas Jovens. Conseguir formar bons jogadores e bons Homens, capazes de alcançar sucesso aos níveis desportivo, social e até económico, tem sido ao longo dos anos, a maior vitória do Clube. Tendo o exemplo de jogadores descobertos pelo Varzim S.C. que chegaram a jogar ao mais alto nível do futebol internacional, como o Bruno Alves, o Paulinho Santos, Hélder Postiga, entre outros, que estão espalhados pela II Liga e a I Liga. É de salientar que 11 dos 26 jogadores do plantel profissional do Varzim S.C. são jogadores formados nas camadas jovens do clube. No contexto actual, o Varzim S.C. é constituído, por cinco escalões de formação e um escalão profissional, fazendo um total de dez equipas. No departamento de formação existem: duas equipas de escolinhas, duas de infantis, duas de iniciados, duas de juvenis e uma de juniores, fazendo também parte, a equipa sénior englobada no departamento profissional. De salientar que todas as equipas AA das camadas jovens competem nas divisões mais altas, onde procuram todos os anos ficar nos lugares da frente, passando assim para as fases seguintes de cada competição. O plantel sénior do Varzim S.C. compete na Liga Vitalis e têm uma longa história a nível nacional. Sendo os feitos mais representativos: a época de 96/97, onde o Varzim S.C. subiu à I Liga, e a época 06/07, onde os varzinistas viram o seu clube a chegar aos quartos de final na taça de Portugal, após 5

derrotarem o Benfica. Porém, o feito notável foi o Varzim ter terminado o jogo com 10 jogadores formados nas suas camadas jovens.

2.2 Departamento de Formação Uma ideia para formar O departamento de formação do Varzim Sport Clube tem três vertentes: 

A pré–formação (escola de futebol);



A formação competitiva (equipas de competição jovens);



A maturação (equipa de competição profissional);

Na pré-formação (Tarrotes) incluímos jovens na faixa etária 6 aos 15 anos e é aberta a todos os interessados (mediante o pagamento de uma mensalidade), havendo também a pré-formação com competição, onde há uma selecção dos jogadores (escolas e infantis). O objectivo da pré-formação é o desenvolvimento das qualidades primárias de um jogador de futebol, nomeadamente as qualidades técnicas (técnica de controlo de bola – passe, remate, recepção), qualidades tácticas básicas (visão de jogo, posicionamento mais racional em função do espaço e não da bola…), algumas qualidades físicas (velocidade, coordenação…) e mentais (disponibilidade para o jogo, espírito de equipa e fair play…). Ao longo desta pré-formação é criado um dossier individual de cada jogador que servirá de apoio ao acompanhamento e selecção dos jovens para o quadro competitivo do clube. Ao longo desta fase de formação dos jogadores, os seus treinadores devem seleccionar os mais capazes para integrar os quadros competitivos do clube, treinando e jogando nas equipas federadas passando para o processo de formação competitiva (formação gratuita). A formação competitiva incorpora jovens com idades entre os 13 e os 18 anos e é exclusiva para jovens que cumpram os requisitos de selecção (qualidades técnicas, físicas e mentais) e que sejam referenciados pelos treinadores responsáveis pela selecção. Estes jovens podem ser seleccionados da escola de futebol das jornadas de selecção e captação de talentos assim como da prospecção. 6

O objectivo da formação competitiva é a optimização das qualidades físicas, o aprimorar a utilização das qualidades técnicas em favor do contexto táctico do futebol moderno, o melhoramento das qualidades tácticas complexas (inteligência de jogo) e o aperfeiçoar das qualidades mentais (concentração, espírito de equipa e competitivo, autoconfiança…), tudo com o objectivo de aproximar o jogador a realidade competitiva profissional. A maturação serve para uma preparação e integração dos jogadores seleccionados na equipa profissional. Estes jogadores podem integrar pontualmente ou definitivamente os treinos com a equipa profissional, podendo à posteriori fazer parte do plantel do Varzim ou emprestados a uma equipa profissional com quem poderá ser estabelecido um protocolo e dado o respectivo apoio e acompanhamento.

2.3 Objectivos a cumprir nos diversos escalões de Formação No escalão de Escolas, temos como objectivos: Desenvolver a técnica de controlo de bola (fundamentos básicos *); Promover a visão periférica / combater o olhar para a bola; Combater a aglutinação em torno da bola; Combater o imobilismo dos jogadores sem bola; Promover a intencionalidade dos passes; Introdução de sistemas tácticos simples (posicionais/estáticos – fundamentos tácticos específicos **); Conhecimento das regras (bola dentro/fora, faltas, reposição de bola em jogo); Espírito de equipa; Fair Play; Qualidades Humanas. *- Fundamentos Básicos: Passe; Domínio de bola; Condução; Drible; Remate; Desarme; Cabeceamento. ** - Fundamentos Tácticos Específicos: Guarda – redes; Defesa Lateral; Defesa Central; Médio ofensivo/defensivo; Extremos; Avançados. Para o escalão de Infantis queremos que respeitem todos os anteriores e: Desenvolver a técnica de controlo de bola (fundamentos derivados ***); Combater o “abuso” da comunicação verbal; Promover a ocupação mais racional do espaço; Promover a circulação de bola entre sectores (objectividade/intencionalidade); Promover a construção de situações de finalização de um modo mais organizado e não aleatório; Desenvolver sistemas tácticos simples (organizativos do ataque/defesa - sem trocas ou permutas). 7

*** - Fundamentos derivados: Cruzamentos; Cobranças de faltas; Cobranças de penaltys; Lançamentos. No escalão de Iniciados, para além de acatarmos todos os objectivos anteriores, pedimos para: Promover o jogo Dinâmico - Introdução aos sistemas tácticos

complexos

(com

algumas

compensações



Defesa

e

trocas/permutas/combinações – Ataque); Introdução à cultura táctica evoluída (tarefas individuais ao serviço do colectivo - decisão); Promover os princípios básicos de ocupação do espaço no ataque e defesa (Ataque – amplitude, Defesa – Compactos); Desenvolver a comunicação através da acção (posicionamento de acordo com – Bola, colega, adversário, espaço). Juvenis, para este escalão, sempre respeitando o pedido nos anteriores, procuramos: Desenvolver os sistemas tácticos complexos (Acções colectivas complexas – Defesa e Ataque), assim como, os métodos de jogo evoluídos – ataque organizado/contra ataque, transições defesa - ataque e ataque – defesa, defesa zona/individual/mista, pressing, etc. Para terminar, no escalão de Juniores, pretendemos que consigam efectuar todos os anteriores a um nível muito próximo do futebol profissional, havendo, sempre que desejado, uma interacção dos jogadores alvo (possíveis jogadores para a equipa sénior do Varzim S.C.) com o plantel profissional.

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2.4 Organigrama da organização do futebol juvenil Como ilustrado na Figura 1, o sector juvenil é organizado desde a préformação até à maturação, havendo uma selecção de jogadores à medida que vão subindo de escalão, sendo essa selecção cada vez mais rigorosa.

S E

Seleccionados

Tarrotes

Não seleccionados

Escolas e infantis

Formação competitiva

Seleccionados

Iniciados

Formação competitiva

Seleccionados

Juvenis

Pré - formação

L E

Escola de futebol

C Ç Ã O

E

P R O S P

Formação para o rendimento

Seleccionados

Juvenis e Juniores

Seleccionados

Juniores e Seniores

E C Ç Ã

Maturação

O

Figura 1 – organigrama da organização do futebol juvenil

9

Na formação devemos tentar, à medida que avançamos nos escalões etários, estreitar o “filtro”, sermos mais exigentes nos critérios de selecção e prospecção diminuindo assim a margem de erro. Reduzindo o número de jogadores, ao estritamente necessário, permitindo-nos potenciar ainda mais as condições e tempos de treino, como demonstra a Figura 2.

Seniores Juniores Juvenis Iniciados Infantis Escolas Figura 2 – Pirâmide de exigência dos escalões

Ao longo da evolução dos diversos escalões etários devemos tentar reduzir a necessidade de recrutamento externo e prospecção, não querendo dizer que devemos negligenciar este campo, pois os bons jogadores são sempre bem-vindos, mas a nossa formação deve ser a nossa principal garantia.

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2.5 Condições de trabalho Apesar do Varzim S.C. ser uma equipa com grande história, quer a nível profissional, quer a nível da formação, é um dos clubes com maiores dificuldades ao nível de infra-estruturas na formação (das equipas que competem nos campeonatos nacionais, o Varzim é uma das equipas que piores condições de trabalho apresenta, se não a pior). O Varzim S.C., neste momento, apenas tem um campo pelado, onde todas as equipas da formação, com a excepção dos juniores, treinam. Podendo também usufruir do complexo Municipal, às quintas-feiras (1 campo sintético). Logo, temos que, em todos os treinos, dividir o campo com uma ou mais equipas. Tendo em conta essa divisão, para além do espaço de treino ser limitado, também o material, nomeadamente o número de bolas por equipa, é reduzido. Em suma, o espaço de treino torna-se tão reduzido e o material escasso, ao ponto de não conseguirmos, em muitas situações, trabalhar aspectos que precisávamos, condicionando a evolução da equipa e dos jogadores.

2.6 A equipa de Juvenis A Na equipa de juvenis A do Varzim S.C. podemos distinguir diferentes funções:

Coordenador

Técnico;

Treinador

de

guarda-redes;

Fisioterapeuta/Massagistas; Técnicos de equipamentos (comuns a todos os escalões); Directores; Treinadores e Jogadores (comuns à equipa de juvenis). Esta equipa participa no Campeonato Nacional do escalão sub 17, da Federação Portuguesa de Futebol. Porém, no ano passado participava na 1ª divisão do Campeonato Distrital, da Associação do Porto, que sendo uma equipa de 1º ano a competir com equipas com jogadores de 2º ano, teve algumas dificuldades, acabando por descer de divisão. No entanto, esta equipa contém jogadores de grande qualidade, podendo realizar um bom campeonato este ano. Para tal, pretendíamos potencializar ao máximo as qualidades dos jogadores, com o intuito de, para além da realização de uma boa época, formar jogadores que mais tarde

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possam integrar o plantel sénior do Varzim S.C., ou que consigam ser jogadores de Futebol profissionais. A equipa é constituída por vinte e um jogadores, sendo três deles guarda-redes, como podemos ver na Figura 3. Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Nome Chico Fábio Brasileiro (Filipe) Miguel Adriano Albano Zé Santos João Alberto Hernâni Lucho (Diogo) Anselmo Daniel Carlos Pedro Sá Zé Rui André Lima Ricardo Craveiro Anelka (Bruno) Ribeiro Zé Diogo

Posição GR GR GR DD DD DC DC DC DC DE Pivô/MI Pivô Pivô MI MI MI MI/PL PL Extremo Extremo Extremo

PL – Ponta de lança MI – Médio interior GR – Guarda-redes

Pé preferido Direito Direito Esquerdo Direito Direito Esquerdo Esquerdo Direito Direito Esquerdo Direito Direito Direito Direito Esquerdo Direito Direito Direito Esquerdo Esquerdo Direito

Idade sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 17 sub 16

DC – Defesa central DD – Defesa direito DE – Defesa esquerdo Figura 3 – Constituição da equipa

Nota: Devido ao grande interesse demonstrado por diversos clubes face aos nossos jogadores, foi-nos pedido que ocultássemos qualquer informação sobre eles, pelo que a análise individual dos jogadores foi retirada do relatório.

2.7 Avaliação da equipa Na época 2009/2010, realizámos várias avaliações dos jogadores, quer a nível colectivo, quer a nível individual. Inicialmente fizemos uma avaliação diagnostica da equipa, sendo analisado os aspectos individuais de cada um, assim como a sua relação com

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o jogo e a sua interacção com os colegas. O meio de avalização foi através da observação directa dos jogadores em jogos reduzidos (desde 2x2 até ao 7x7). Ao longo da época fazíamos uma avaliação formal e continua dos jogadores, sendo realizada em todos os jogos, com o intuito de melhorar os aspectos em que tinham mais dificuldades, eliminando alguns erros a nível individual e colectivo. Procurávamos salientar o que de bom faziam, melhorando ao longo da semana de treino, o que de pior demonstravam. Terminamos a época com uma avaliação final dos jogadores e da equipa, quer a nível qualitativo, quer a nível quantitativo, sendo positivo o resultado.

2.8 “Sistema” de Jogo Tendo em conta as características dos jogadores desta equipa, poderíamos utilizar vários “sistemas” de jogo, sendo os melhores para a equipa, o 1:4:3:3, o 1:4:4:2 losango e o 1:3:4:3 losango. No entanto, utilizámos o 1:4:3:3 como principal sistema, sendo o 1:3:4:3 o sistema de recurso. Preferimos o 1:4:3:3 em relação ao 1:4:4:2 losango, pois achámos o sistema mais equilibrado em termos ocupação do espaço, sendo um sistema de mais rápida e fácil assimilação dos comportamentos por nós pretendidos. Contudo, através do conhecimento prático e teórico dos princípios específicos do jogo e da sua interligação com os princípios de jogo do nosso Modelo de Jogo, os nossos jogadores terminaram a época com uma cultura táctica

que lhes permite

jogar em qualquer sistema, mantendo os

comportamentos/princípios pretendidos e treinados pelo treinador.

2.9 Objectivos da época 2009/2010 Do ponto de vista quantitativo, o objectivo, pedido pela direcção, era assegurar a manutenção no nacional. Sendo o objectivo mais real face às condições de trabalho que o Varzim S.C. oferece. Em termos qualitativos, pretendíamos formar jogadores que táctica, física, psicológica e tecnicamente, fossem capazes de mais tarde integrar o plantel sénior do Varzim S.C. No entanto, o objectivo, que a equipa técnica pretendia atingir, era o apuramento para a 2ª fase do campeonato nacional de juvenis. Um objectivo 13

difícil de alcançar, face às fracas condições de trabalho que dispomos no Varzim, mas que graças ao empenho de todos e à qualidade de trabalho apresentado, poderíamos atingir. Qualitativamente

pretendíamos

aumentar

a

cultura

táctica

dos

jogadores, tornando-os auto-suficientes em campo, formando jogadores que futuramente conseguissem tornar-se jogadores de futebol. Pretendíamos que, no final, conseguissem reunir todas as condições necessárias para singrar no Futebol e se tornassem jogadores de profissionais. O objectivo quantitativo pedido pela direcção foi atingido com relativa facilidade, porém o objectivo da equipa técnica, não foi conseguido. Apesar de estarmos a lutar até ao último jogo pela 2ª fase, não conseguimos passar à fase seguinte, acabando a época com 13 vitórias, 4 empates, 5 derrotas, 70 golos marcados (melhores marcadores), 26 golos sofridos e 43 pontos (pontos estes que em épocas anteriores davam acesso à 2ª fase). Em termos qualitativos, conseguimos atingir todos os objectivos pedidos, havendo uma enorme evolução da cultura táctica dos jogadores, conseguindo, cada um dos jogadores, adaptar-se a qualquer sistema táctico proposto, mantendo sempre os princípios e comportamentos pedidos. Acreditamos que, consequentemente, também houve uma evolução técnica (muito trabalhada ao longo da época), uma evolução física (conseguimos jogar e manter o ritmo elevado na grande parte dos jogos) e uma evolução psicológica enorme, visto passarem de uma equipa que desceu de divisão (na distrital) na época anterior para uma equipa que esteve muito perto de passar à 2ª fase do campeonato nacional (conseguimos formar uma mentalidade ganhadora e manter níveis de concentração elevados durante um longo período de tempo, nos treinos e na maior parte dos jogos). Esperamos que o assimilado durante esta época seja fortalecido e evoluído por futuros treinadores, pois assim, garantimos o futuro de alguns destes jogadores como profissionais do Futebol. Como objectivo pessoal, pretendíamos melhorar a nossa concepção de jogo ao nível da organização ofensiva em relação à época anterior, melhorando o nosso Modelo de Jogo e consequente operacionalização de todo o processo de treino. O objectivo foi conseguido, sendo a nossa equipa considerada com o melhor ataque do nosso grupo (70 golos marcados). Apesar disso não 14

descuramos a organização defensiva, conseguindo manter o equilíbrio defensivo em quase todos os momentos (28 golos sofridos, sendo a maior parte de bola parada), considerada também, uma das melhores defesas do nosso grupo.

2.10 Problemas a resolver no futuro A maior dificuldade encontrada é impossível, a curto prazo, ser resolvida, visto ser um problema de infra-estruturas. Como relatado anteriormente, as condições de prática que o Varzim S.C. possui na formação não são as melhores. Outra dificuldade está relacionada com os problemas financeiros que o Clube atravessa. Tendo os treinadores da formação muitos meses de salário em atraso, o que leva a alguma desmotivação e consequente abandono do Clube. Em termos técnicos, pretendemos no futuro, para além de continuar a evoluir em todos os aspectos do nosso Modelo de Jogo, melhorar as nossas bolas paradas, visto que a maior parte dos golos sofridos foram de bola parada ou consequente a esta (cerca de 16 dos 28 golos sofridos).

2.11 Conclusão da época Tendo a época terminado e fazendo uma retrospecção do realizado, concluímos que foi atingido o sucesso desportivo individual e colectivo de todos os envolvidos nesta equipa. A nível dos objectivos quantitativos esperados, conseguimos atingir a meta traçada pela direcção com facilidade (assegurar a manutenção). Apesar do objectivo esperado pela equipa técnica e jogadores não ter sido atingido (passar à segunda fase) ficamos muito satisfeitos com o realizado durante toda a época (sempre a disputar os três primeiros lugar até aos últimos 4 jogos, onde aconteceram situações muito “estranhas”). Apesar de sermos a equipa com mais dificuldades estruturais (e não só), conseguimos fazer um campeonato muito interessante e à altura das melhores equipas. Ao nível dos objectivos qualitativos em mente para esta época, também conseguimos atingi-los. Tínhamos referido no inicio da época que o principal objectivo era preparar os jogadores para mais tarde terem a hipótese de se 15

tornarem profissionais. Para isso, pretendíamos aumentar a cultura táctica de cada um, de maneira a conseguirem adaptar-se a qualquer Modelo de Jogo, independente do treinador e da estrutura com que joga. Pensamos ter conseguido essa evolução táctica, pois fizemos os jogadores passarem por diferentes estruturas ao longo da época (por necessidade ou para evidenciar algumas diferenças entre elas), ao que responderam sempre de forma positiva, cumprindo com todos os princípios tácticos respectivos. O que nos fez acreditar que os nossos princípios de jogo e comportamentos estavam assimilados. Conseguimos, do ponto de vista técnico, eliminar alguns défices que os jogadores demonstravam, principalmente na utilização do pé menos favorito, tornando-se cada vez mais um recurso a utilizar pelos jogadores em jogo. Os princípios específicos de jogo também foram bem assimilados, dando a base necessária para implementarmos o nosso Modelo de Jogo, que respeitando sempre os princípios específicos de jogo, fomos direccionando e evoluindo no sentido de atingirmos a concepção de jogo desejada. Apesar das dificuldades que o clube atravessa, estamos conscientes da possibilidade de alguns destes jogadores se tornarem profissionais. A nível pessoal, pretendíamos evoluir a nossa concepção de jogo e consequente Modelo de Jogo, em relação ao ano passado. Assim, tínhamos planeado para esta época melhorar a organização ofensiva do nosso Modelo de Jogo, mantendo sempre o equilíbrio e a consistência defensiva. Como referidas no nosso Modelo de Jogo, procuramos criar dinâmicas ofensivas que nos permitissem evoluir e originar muitas dificuldades ao adversário, sem nunca comprometer o equilíbrio defensivo. Pessoalmente foi fantástico vermos e sentirmos a evolução da maneira como treinávamos na época passada e como treinamos esta época, conseguindo atingir o objectivo pessoal pretendido. Conseguimos mais vinte golos (50 golos da época passada para 70 golos desta época), tivemos o melhor ataque desta época e mantivemos os mesmos golos sofridos (28 em cada época). Apesar desta melhoria, este ano fizemos menos dois pontos que na época passada (época em que fomos à segunda fase, após oito anos da última ida do Varzim a essa fase), contudo os pontos que tivemos este ano, davam acesso à segunda fase na época transacta (anexos 1).

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A equipa foi considerada como uma das que melhor Futebol jogava, sendo mesmo no final da primeira volta a equipa da semana no “Jornal de Noticias” (Silva, 2009) e a equipa sensação do jornal “o Jogo” (Nunes, 2009) (anexos 4), dignificando o clube e demonstrando que estes jogadores, apesar de terem descido de divisão no ano anterior, têm qualidade e podem chegar longe.

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3. Relatório de estágio – Varzim S.C. Para o estágio profissionalizante entendemos ser importante abordar alguns temas, que serão relevantes para percebermos o realizado ao longo da época.

3.1 Evolução do processo de treino As diferentes concepções de treino existentes no Futebol estão relacionadas com a interligação de distintos aspectos que foram ocorrendo ao longo dos tempos. Até à década de setenta, o jogo de Futebol passou por diversos períodos com características diferentes, mas o que marcou as diferentes épocas e o que fez evoluir o jogo foram as equipas e os jogadores cujas ideias colectivas e individuais de jogo e as habilidades técnicas sobressaíram das demais. Oliveira, J.G. (2004) indica Hurbert Chapman, Vitorio Pozzo, Hugo Meisl, Gustav Sebes e Helenio Herrera, cujas ideias marcaram o Futebol, direccionaram a evolução e solidificaram culturas de jogo. Nessa altura, o processo de treino era direccionado pela dimensão táctica, isto é, ideias e conhecimentos de jogo, e pela dimensão técnica, ou seja, habilidades específicas e conhecimentos relativos a essas habilidades. Isto, porque neste período o desporto de rendimento estava sob a orientação de antigos jogadores cuja formação se relacionava com as suas experiências e respectivos conhecimentos empíricos. Nesse sentido, o processo de treino tinha como preocupações centrais a preparação técnica e a preparação táctica (Tani, 2002). Contudo, este é um período em que existia uma forte implementação de algumas correntes do pensamento cujos objectivos eram a disjunção, a redução e a abstracção da realidade e dos fenómenos. As ideias que estavam subjacentes a essas correntes procuravam a divisão e redução dos fenómenos em partes, para mais facilmente os conhecer e actuar sobre eles, no entanto, não eram salvaguardadas a interacção das relações. Desta forma, o processo de treino era dividido em técnico e em táctico e cada um deles também subdividido, criando-se fases e etapas evolutivas das diferentes habilidades técnicas e comportamentos tácticos, mas a interacção de relações que dão sentido ao jogo não era manifestada (Oliveira, J.G., 2004). 19

No entanto, as décadas de cinquenta e sessenta foram completamente revolucionárias no que concerne ao jogo e ao jogador, e, posteriormente, ao processo de treino em Futebol. O reconhecimento de uma nova característica de jogo, a ”Dinâmica de Jogo”, que por implicar um maior desgaste físico, fez com que a capacidade física fosse vista como determinante para o sucesso das equipas e dos jogadores (Castelo, 1996). Isto levou ao aparecimento de novas ideias, novas funções e acções de jogadores fossem permitidas, sugeridas e promovidas, novos entendimentos e conhecimentos do jogo passassem a ser criados e, em consequência de tudo isto, os processos de treino sofressem grandes alterações. As ideias criativas de jogo dos treinadores, a evolução interactiva e dialéctica do jogador e do jogo, as diferentes correntes de pensamento, o aparecimento de novas disciplinas científicas condicionadoras do processo de treino, o surgimento de novas profissões relacionadas com o treino, a adopção de metodologias de treino de outras modalidades desportivas e alterações estruturais e organizativas no Futebol levaram ao aparecimento de diferentes concepções do treino (Oliveira, J.G., 2004). Podemos identificar a existência de três tendências de treino (Martins, 2003). A tendência originária do Leste da Europa, a tendência originária do Norte da Europa e da América do Norte e a tendência Latino-Americana ou “Treino Integrado”. A tendência originária no Leste da Europa promove a dimensão física, embora encarada de uma forma abstracta, como a dimensão coordenadora do rendimento desportivo, tanto da equipa como do jogador. Caracteriza-se pela divisão da época desportiva em “períodos”, estruturados para atingir “picos de forma” em determinados momentos competitivos. Para além disso, este modelo de preparação confere primazia à variável “física”, assente numa preparação geral e sem qualquer ligação com a forma de jogar. Deste modo, preconiza um processo abstracto centrado nos “factores da carga física”, através de métodos analíticos. A tendência originária do Norte da Europa e da América do Norte elege a dimensão física como a coordenadora do desempenho do jogador e da equipa, mas já reconhece que essa dimensão física deve ser tratada consoante a especificidade da modalidade. Tentou transcender o carácter universal da 20

primeira tendência, dando grande importância ao desenvolvimento das capacidades “físicas” exigidas na competição, definindo-as de “específicas”. Reconhecendo que deve haver uma relação entre a dimensão física e as outras dimensões e que a dimensão física em alguns momentos do treino deve ser exercitada através de exercícios específicos da modalidade. A partir daqui, exacerbou-se a avaliação das “cargas” através dos testes “físicos” procurando conhecer assim, a “forma” dos jogadores. Realçando a importância da individualização do treino físico, tendo em consideração as diferentes exigências que são requisitadas no jogo consoante as posições ocupadas pelos jogadores. Em virtude deste aspecto, os defensores desta metodologia dão grande importância ao esforço específico da modalidade e aos testes de condição física para o controlo e direccionamento do processo de treino. A tendência Latino-Americana ou “Treino integrado” faz apologia de um processo de treino que se manifesta pela integração das diferentes dimensões relacionadas com o jogo. Os defensores desta tendência realçam que o jogo de Futebol é algo indivisível e que como tal deve ser abordado. Deste modo, procura promover uma maior semelhança com as exigências da competição conferindo uma grande importância ao Jogo e à sua especificidade. Contudo, esta concepção pode tornar-se abstracta se o treinador não souber bem o que quer, uma vez que se refere a um Jogo geral a partir do qual se faz a estruturação do processo de treino. Para colmatar os “défices” das concepções de treino referidas anteriormente, surge uma nova análise do treino, onde o processo de preparação deve centrar-se na operacionalização de um “jogar” através da criação e desenvolvimento contínuo de um Modelo de Jogo e portanto, dos seus princípios. Neste contexto, a periodização e programação do processo confere coordenação à Táctica, ou seja, regula-se no desenvolvimento de uma organização colectiva que coordena a variável física, técnica e psicológica. O processo centra-se na aquisição de determinadas regularidades no “jogar” da equipa através da operacionalização dos princípios do Modelo de Jogo assumindo-se por isso, num Treino Específico (Faria, 1999; Oliveira, J.G., 2004; Frade, 2006; Gomes, 2007; Campos, 2008; Oliveira, J.G., 2008).

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3.2 O nosso processo de treino Depois de reflectirmos sobre as diferentes maneiras de análise do treino de Futebol, tirámos as nossas ilações e traçámos um trajecto a seguir. Esta equipa vinha de um ano difícil, visto ter descido de divisão no ano transacto. Como tal, tentamos incutir, desde o início, uma mentalidade ganhadora com uma cultura táctica que lhes permitisse ter confiança para assumir o comando de todos os jogos. Tendo como objectivo a evolução da cultura táctica do jogador e a possível integração do mesmo num plantel profissional, procurámos trabalhar o jogo através do jogo, dando-lhes a conhecer alguns princípios que serão importantes ao longo das suas carreiras, assim como os princípios por nós adoptados e que fazem parte do nosso Modelo de Jogo. Entendemos, juntamente com Garganta (1997), o jogo como um fenómeno complexo pela interacção existente entre os jogadores e os adversários, que tornam o jogo e as suas dinâmicas imprevisíveis e aleatórias. Pelo que a formação táctica específica da modalidade, torna-se fundamental para o êxito desportivo, como refere Ivoilov (1973). Concordando com Oliveira, J.G., 2004, para haver uma evolução da cultura táctica dos jogadores, é importante que aprendam a lidar com aleatoriedade e imprevisibilidade que o jogo provoca. Desta forma, analisámos o jogo na sua globalidade para podermos perceber as interacções que ele evidencia dentro e fora, quais os conhecimentos que provoca, como organizálos, direccioná-los e de certa forma entender a sua dinâmica e complexidade. Como o Futebol é predominantemente um jogo de julgamentos e decisões (Hughes, 1994), os problemas prioritários que se colocam aos jogadores nas acções a realizarem, são de natureza táctica. O jogador deve saber “o que fazer”, para poder resolver o problema subsequente, mas também deve saber o “como fazer”, através da selecção e utilização da resposta motora mais adequada (Garganta & Pinto, 1994). Para o jogador saber o que queremos e seleccionar a resposta mais adequada é importante termos linhas que guiam todo o processo de treino. Sendo que a forma de um jogador perceber o jogo e de nele se expressar,

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depende de um fundo, que poderemos chamar de Modelo de Jogo (Garganta, 1997). Assim, um dos aspectos mais importantes no nosso processo de treino foi a criação de um Modelo de Jogo, que surge para nós, no estágio, como o guia de todo o processo. É ele que define e orienta como as variadas componentes devem ser tratadas. O Modelo de Jogo é fundamental para se conceber e desenvolver um processo coerente e específico preocupado em criar um jogar (Oliveira, J.G., 1991). Porém, não existe apenas um Modelo de Jogo, existem vários, pois cada treinador tem as suas ideias e princípios, logo objectivos comportamentais diferentes. O Modelo de Jogo depende de vários factores sendo um deles as ideias que o treinador tem do jogo (Oliveira, J.G., 2004). O que acontece é que cada treinador constrói uma “paisagem de observação”, compreendida como um conjunto de estímulos organizados em relação ao ponto de vista que ele possui sobre o jogo, ou seja, guarda o que lhe aparenta pertinente, interpreta os dados dispersos e organiza-os dando-lhes um sentido próprio (Garganta, 1997). Desta forma, no decorrer do estágio, a criação do Modelo de Jogo, a planificação dos “morfociclos1” e dos treinos, centram-se na concepção de jogo idealizada por nós, isto é, depende da maneira como olhamos para o jogo de Futebol. Autores como Teodorescu (1984) e Castelo (1996) dividem o jogo de Futebol em duas fases, fase ofensiva e fase defensiva. Caracterizando a fase ofensiva como sendo a posse de bola, onde a equipa através de acções

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Preferimos chamar de morfociclo em vez de microciclo porque o plano semanal tem uma

configuração própria que assume uma forma particular, ou seja, está condicionado à forma dos exercícios e à forma do nosso modelo de jogo, que deve ser identificadora de uma forma mais macro que é o jogo que pretendemos implementar, tal como refere Frade (2006). Segundo o mesmo autor, chama-se morfo porque queremos que adopte forma do nosso modelo de jogo, e para isso acontecer existem alguns processos, como o da continuidade, onde a semana de treino em algumas dinâmicas será sempre a mesma, o que se alterna são os objectivos que poderão surgir dentro dos problemas apresentados no jogo, por isso, Morfociclo, porque queremos modelar a equipe a uma certa forma.

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colectivas e individuais, sem infringir as leis de jogo, tenta marcar golo. E entendendo a fase defensiva como sendo caracterizada pela equipa não ter a posse de bola, onde através de acções colectivas e individuais procura ganhála de maneira a evitar o golo na sua baliza, isto, sem infringir as leis de jogo. Fazendo uma leitura diferente, Oliveira, J.G. (2004) e Frade (2006) consideram fundamental a perspectivação do jogo segundo momentos e não fases, pela inexistência de uma sequencialidade destas mesmas fases. Não basta “só” defender ou “só” atacar, é imprescindível “ligar” estes dois momentos, no sentido de os potenciar para um rendimento superior com base num entendimento global do jogo. Desta forma, vários autores (Van Gaal citado por Mourinho, 1999; Mourinho, 1999; Valdano, 2001; Oliveira, J.G., 2004; Frade, 2006, Gomes 2008) optam por uma divisão diferente. Para nós, o processo de treino tem como objectivo desenvolver uma determinada forma de jogar e, portanto, defender, atacar e transitar entre estes dois momentos. Assim, partilhamos a ideia que no jogo de Futebol existem quatro momentos: o momento de organização ofensiva, o momento de organização defensiva, o momento de transição ataque-defesa e o momento de transição defesa-ataque. Conscientes que a representação do todo é muito importante, a inter-relação dos quatro momentos são um factor chave. Oliveira, J.G., (2004) caracteriza os quatro momentos no seu estudo da seguinte forma: o momento de organização ofensiva é caracterizado pelos comportamentos que a equipa adopta quando tem a posse de bola, com o intuito de preparar e criar situações ofensivas de forma a marcar golo; o momento de transição ataque-defesa é assinalado pelos comportamentos que se devem ter imediatamente após se perder a posse de bola (estes segundos iniciais revelam-se de particular importância, uma vez que ambas as equipas se encontram momentaneamente desorganizadas para as novas funções que têm de assumir, como tal, ambas tentam aproveitar as desorganizações adversárias); o momento defensivo é representado pelos comportamentos que a equipa deve assumir quando não tem a bola em seu poder, tendo como meta a organização da equipa de maneira a impedir que a equipa adversária crie e prepare situações de finalização e consequentemente marque golo; e por último,

o

momento

de

transição 24

defesa-ataque

diz

respeito

aos

comportamentos que a equipa deve revelar nos segundos imediatos ao ganho da posse de bola (esse momento inicial é importante porque as equipas encontram-se desorganizadas para as novas funções e o objectivo é aproveitar essa desorganização para benefício próprio). Baseados nesta ideia, a criação de um Modelo de Jogo assume, para nós, um papel importante neste estágio profissional, abrangendo os princípios/comportamentos desejados para a equipa, nestes quatro momentos. Para este ano, tivemos como objectivo trabalhar ao nível da cultura táctica de cada jogador (não esquecendo o resto). Concordando com Oliveira, J.G. (2004) assumimos a importância da dimensão táctica como estimuladora das qualidades de desempenho e como gestora e direccionadora do processo de treino, com o intuito de preparar os jogadores para poderem jogar em qualquer equipa, independente do modelo de jogo e da estrutura que o treinador possa vir a utilizar. Tendo sempre presente que na construção da atitude táctica, o crescimento das possibilidades de escolha de um jogador depende do conhecimento que este possui do jogo, estando a sua forma de actuação fortemente condicionada pela maneira como ele concebe e entende o jogo (Garganta, 1997). Para isso, assentamos a base da nossa concepção de jogo, nos princípios específicos do jogo, pois acreditamos que se os conseguirem perceber e aplicar em qualquer situação, conseguirão aumentar o seu entendimento do jogo e actuar em qualquer equipa, em qualquer estrutura, independente do modelo de jogo, tornando-os auto-suficientes em jogo. Foi atribuída, portanto, grande importância ao aumento da cultura táctica específica do jogador, com o objectivo da evolução colectiva e individual ser constante e permanente. Sustenta-se, frequentemente, que a expressão mais elevada da performance, no Futebol, decorre de um alto grau de desenvolvimento e especialização de diversos factores, tradicionalmente agrupados em quatro dimensões: táctica, técnica, física e psicológica (Kunze, 1981; Bangsbo, 1993; Millher, 1995; Garganta, 1997).

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Desta forma, o futebol conta com quatro principais dimensões de rendimento: o físico, o psicológico, o técnico e o táctico (Queiroz, 1986; Pinto, 1988; Garganta, 1997; Castelo, 2002). Nós, tendo em conta a análise do jogo escolhida, teremos a dimensão táctica como orientadora das restantes dimensões (técnica, física e psicológica). No entanto, apesar de ser a dimensão táctica que direcciona todo o processo de treino, as restantes dimensões não são menos relevantes, pois a dimensão táctica necessita delas para se manifestar. Assim, o táctico, não é o físico, não é o psicológico, não é o estratégico, mas sem eles não pode existir, pois o táctico só é táctico se incorporar todas as dimensões, isto é, a interacção entre elas. Na mesma linha de Faria (2002) e Frade (2006) favorecer o táctico e a organização do jogo foi o propósito principal do nosso processo de treino, pois ao estarmos a privilegiar o táctico, estamos a privilegiar todas as outras dimensões do rendimento, porque por necessidade do táctico surgem todas as outras componentes. Estamos conscientes que apesar da dimensão táctica orientar as restantes, o mais importante é conotá-los e considerá-los sempre como uma globalidade, como referem Queiroz (1986) e Tavares (1998). Tendo a dimensão táctica como orientadora, procurámos através do processo de treino criar hábitos relativos a princípios/comportamentos do nosso Modelo de Jogo nos quatro momentos. Os hábitos resultam de conhecimentos que são criados através das experiências que ficam gravadas na memória, sendo a finalidade dos hábitos, preparar o cérebro antecipadamente para os cenários possíveis, tendo em conta um determinado envolvimento, e criar mecanismos para que o cérebro consiga reagir o mais rapidamente possível a uma situação específica (Damásio, 2000; McCrone, 2002). Tendo esta ideia presente, no inicio da época realizámos treinos todos os dias da semana, sendo o Sábado ou o Domingo, destinado a jogos treinos, que serviam como avaliação da equipa, em que analisávamos se os comportamentos/princípios estavam a ser assimilados e a transformarem-se em hábitos. Decidimos ter treinos todos os dias, pois achamos importante nessa fase, tendo o táctico e a organização do jogo como principal objectivo, dar-lhes

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alguma intensidade de treino. Pretendendo trabalhar acima de tudo a cultura táctica dos jogadores, não descurando as restantes dimensões. Assim, manipulámos o treino de forma a criar adaptação. Sendo que quando essa adaptação atinge níveis altos, por consequência o rendimento também os atinge, concordando com Bompa (2009). Desta forma, com uma elevada intensidade nos treinos pretendíamos criar adaptações por parte da equipa e por parte dos jogadores, para que muitos dos comportamentos que pretendíamos

que

acontecessem,

aparecessem

muitas

vezes

com

naturalidade, isto é, que se tornassem hábitos.

3.3 Alguns princípios do nosso Modelo de Jogo O modo como se idealiza o jogo de Futebol é determinante para a construção do Modelo de Jogo, isto é, para se atingir um determinado jogar, é necessário treinar esse jogar. Para se construir um Modelo de Jogo é importante que o treinador saiba muito bem aquilo que deseja para a sua equipa. Tem que ter ideias muito concretas em relação às “invariantes/padrões” que pretende que a equipa e os respectivos jogadores manifestem. O Modelo de Jogo foi um aspecto fundamental de todo o processo de treino, sendo ele que orientava, direccionava tudo o que fazíamos e que pedíamos para fazer, tendo Oliveira, J.G. (2006) e Gomes (2008) a mesma linha de pensamento. “Um Modelo de Jogo condiciona um modelo de treino, um modelo de exercícios, um modelo de jogador. O modelo de jogo é um projecto consciente do que é a concepção de jogo do treinador, onde as características individuais dos jogadores são determinantes na definição desse mesmo Modelo de jogo” (Faria, 1999, pp 49). Desta forma, o processo de treino deve ser elaborado sofrendo influências do Modelo de Jogo, do modelo de preparação e do modelo de jogador (Araújo, 1987). Devendo, os modelos de preparação e de jogador, aquando da organização do processo de treino, ter como ponto de partida o Modelo de Jogo da equipa (Tschiene, 1985, citado por Garganta, 1997). Assim sendo, apresentamos alguns princípios do nosso Modelo de Jogo, o qual vamos decompor em princípios, sub princípios e sub dos sub princípios. “Desmontando

em

diferentes

níveis

27

de

organização”,

ou

seja,

descomplexificando o nosso Modelo de Jogo, de forma a podermos trabalhá-lo melhor e ser de mais fácil compreensão e assimilação para o jogador.

3.3.1 Organização defensiva Na organização defensiva, temos como principal princípio a defesa à zona pressionante, isto é, após determinarmos uma zona de pressão (que poderá ser alta, média ou baixa consoante o jogo) a equipa tem de mudar rapidamente de atitude e pressionar para provocar o erro do adversário ou ganhar a posse de bola. Seguindo os seguintes sub princípios – pressão ao portador da bola pelo jogador mais próximo (contenção); coberturas defensivas por parte dos colegas mais próximos ao colega que realiza a pressão; restantes elementos da equipa organizam-se defensivamente (concentração), mantendo sempre a equipa equilibrada defensivamente. Dentro destes sub princípios convém destacar alguns dos sub dos sub princípios como: não entrar de primeira na pressão ao portador da bola, tentar provocar o erro numa fase inicial para depois procurar “roubar” a bola, fechar os espaços e as linhas de passe e agressividade em todos os momentos de pressing e quando falamos em agressividade falamos em retirar espaço para jogar e tempo para pensar ao portador da bola. 3.3.1.1. Alguns dos comportamentos da dinâmica defensiva da equipa: - Os avançados são os primeiros a defender, onde o PL, procura condicionar os centrais mantendo-se sempre entre o central que tem a bola e a nossa baliza, cortando linhas de passe para o pivô e condicionando o passe longo. - Os extremos condicionam a linha de passe para os laterais, realizando logo pressão quando a bola entra nestes (referência de pressão); os extremos quando a bola se encontra no lado oposto, têm de fechar dentro, retirando espaço e equilibrando a nossa equipa; à medida que vai rodando o jogo para o seu lado, o extremo báscula, subindo no terreno de jogo, condicionando o passe para o lateral. O mesmo tem de dar coberturas por cima ao médio interior e ao lateral do seu lado, cortando linhas de passe e fechando espaços.

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- Aos médios pedimos uma dinâmica muito intensa, sendo um aspecto chave do nosso jogar, pedindo aos interiores para realizarem basculações à medida que a bola vai rodando, dando coberturas ao PL e aos extremos, sendo que quando a bola está na lateral, o médio interior desse lado dá cobertura ao extremo e o outro fecha o espaço para o meio, condicionando o passe para o pivô adversário. Quando um médio interior assume a contenção, o pivô e o outro médio interior têm de dar coberturas, sendo que, o médio interior que realiza a contenção não pode “largar” o adversário enquanto este estiver no seu lado do campo, havendo uma troca de contenção para o outro médio interior quando há uma passagem de um lado do campo para o outro, invertendo os papéis. Quando a equipa se encontra numa zona mais baixa do terreno de jogo, os médios interiores têm de dar coberturas aos laterais, fechando o espaço interior por cima (sendo os centrais a fecharem os espaço interior por baixo), onde o médio interior do lado contrário fecha o meio e em caso de perigo de cruzamento fica há entrada da área, ficando o pivô a fechar as linhas de passe para o meio da área, dando coberturas ao médio interior do lado da bola (nota: se puder o médio interior assumir a contenção na lateral, melhor, para assim ficar com a cobertura do lateral, do pivô e do extremo). O papel do defensivo do pivô é muito importante, pois é ele que dá os equilíbrios todos e retira espaço nas costas dos médios interiores, dando confiança para estes pressionarem o adversário. Quando o pivô tem de assumir a contenção, os médios interiores têm de ajustar rapidamente e de preferência um deles assumir a contenção deixando o pivô ajustar e equilibrar a equipa, mas quando isso não é possível é um dos interiores que deve assumir o papel do pivô. Esta dinâmica defensiva dos médios muito complexa e intensa, sendo por esse motivo um comportamento sempre presente em todas as semanas de treino. - Aos defesas pedimos que encurtem os espaços de maneira a dar coberturas ao pivô e retirarem o espaço nas costas dos médios interiores na zona lateral do campo. A dinâmica defensiva pedida aos laterais é para bascularem fechando o espaço quando a bola se encontra no lado oposto (muito ou pouco espaço, vai depender da velocidade do lateral e da equipa adversária, o espaço é gerido pelo jogador, sendo corrigido por nós se 29

acharmos que está muito fechado ou muito aberto, porém é uma distancia que teremos (o jogador e nós) de nos sentir confiantes e confortáveis), e assumindo a contenção quando a bola se encontra do seu lado. É muito importante, não entrarem de primeira, nem para roubar a bola, pedimos apenas para condicionar o adversário e não deixar sair cruzamento, pois ao condicionarmos com as respectivas coberturas (médio interior, central e restantes a fechar espaço) o adversário erra por si próprio, mas temos de ser agressivos, inteligentes e não dar espaço para jogar (não sermos precipitados). Os centrais dão coberturas aos laterais e pivô, retirando espaço nas costas deste. Quando a bola se encontra na lateral, um central vai dar cobertura e o outro fica na zona do primeiro poste e o lateral do lado oposto fica na zona do segundo poste (médio interior do lado oposto na zona de entrada da área/penalti e o pivô a fechar o passe rasteiro para o meio (entre o lateral, médio interior e central do lado da bola), estilo losango, ficando no vértice o lateral e no oposto o pivô, sendo os vértices laterais ocupados pelo central e médio interior), estando preparados para o cruzamento (que não deverá sair). O GR tem de acompanhar sempre a equipa e se necessário subir para retirar espaço nas costas dos defesas. - Queremos sempre que possível, que seja um jogador mais subido no campo a fazer contenção para assim ter mais coberturas entre ele e a baliza. Quando o GR adversário pontapeia longo, queremos que sejam os médios a ganhar a bola, tendo a cobertura os avançados e dos defesas. Assim como, quando há uma bola no ar, o mais próximo vai disputar e os restantes dão coberturas e fecham espaços para ganharmos as segundas bolas. Nota: As contenções e as coberturas defensivas são demasiado importantes no nosso Modelo de Jogo, pelo que devem ser realizadas com eficácia e rapidez, assim, na contenção e nas coberturas, nunca devemos entrar de primeira, devemos sim condicionar o adversário e quando uma é ultrapassada (contenção) a outra (cobertura) deve actuar logo, deve ser uma cobertura activa e não passiva. Na defesa à zona atemos como referências: a bola, o colega de equipa, o espaço e por último o adversário, sendo a interacção entre elas e delas com a situação, que torna a defesa à zona eficaz.

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3.3.2 Transições ofensivas Continuando a descomplexificação do Modelo de Jogo, nas transições ofensivas, temos como principal princípio retirar a bola imediatamente da zona de pressão através do passe. Tendo como sub princípios: retirar a bola da zona de pressão para ataque rápido, onde procuramos chegar o mais rapidamente possível à baliza adversária através do passe longo em profundidade ou com passes curtos em progressão; retirar a bola da zona de pressão para segurança, isto é, quando a nossa equipa se encontra desequilibrada preferimos conservar a posse de bola, tirando de uma zona mais povoada para uma zona menos povoada, deixando a nossa equipa equilibrar-se, passando assim a um ataque mais apoiado. Como sub dos sub princípios procuramos uma mudança rápida de atitude, onde os extremos abrem e dão profundidade à equipa para sairmos em transição em profundidade; os jogadores mais próximos da bola procuram criar linhas de passe em segurança (recuadas ou laterais em diagonal para virar o lado da bola). 3.3.2.1. Dinâmica desejada na transição defesa-ataque: - Queremos uma mudança de atitude rápida de todos os jogadores, sendo que os avançados sobem e abrem, dando profundidade e largura à equipa. Os médios fazem o mesmo, mas procuram linhas de passe curtas e seguras para sair em ataque rápido ou para circularem a bola em segurança. Quando recuperamos a bola, os jogadores devem olhar logo para os avançados, mais em específico o extremo do lado contrário. Os defesas devem baixar e abrir, dando linhas de passe de segurança para virar rapidamente o lado da bola sem correr o risco de a perder. Devendo tirar rapidamente a bola da zona de pressão pelos defesas em segurança, ou pelos avançados para ataque rápido, ou pelos médios que poderão sair em ataque rápido ou em segurança. - Mas não é sempre tão linear, a bola poderá sair pelos avançados e não sair um ataque rápido. O importante é sair da zona de maior pressão para menor pressão, dando sempre linhas de passe seguras (de onde sairá ataque rápido ou ataque apoiado). 31

3.3.3 Organização ofensiva Para a organização ofensiva, temos como principal objectivo a circulação objectiva da bola, onde procuraremos desorganizar a equipa adversária para podermos criar situações de finalização. Como sub princípios pedimos: tem que haver sempre uma ou mais linhas de passe de segurança (cobertura ofensiva); os jogadores têm de criar linhas de passe diferentes e ocupar espaços vazios para procurar desequilibrar a equipa adversária (mobilidade); no último terço do campo queremos objectividade, onde o drible serve para procurarmos o espaço para desequilibrar o adversário para depois passarmos a bola ao colega solto, isto é, penetrações sucessivas e passe até haver possibilidade de golo (estilo andebol). Nos sub dos sub princípios temos as trocas posicionais; rematar sempre que possível; jogar o mais simples possível no nosso meio campo defensivo; laterais mais fixos, onde só sobem pela certa; pivô sempre em equilíbrio e como linha de passe de segurança... 3.3.3.1. Comportamentos ofensivos esperados: - Equipa bem aberta, quer em largura quer em profundidade, jogadores móveis a criar sempre linhas de passe em diagonais e objectivos na circulação; na última zona do campo pedimos para não hesitarem nas decisões, assumirem uma e irem até ao fim, quer seja remate, passe ou finta (logicamente vamos trabalhar essa decisão ao longo da época para assim escolherem a que melhor se enquadra na situação). Pedimos qualidade nos passes e inteligência na ocupação dos espaços. Para nós dar uma linha de passe, não implica aproximar, implica sim, inteligência a pedir a bola e se necessário libertar espaços e ocupar outros espaços vazios para a bola poder entrar em segurança (o que acontece é que ao aproximarem do jogador com bola retiram espaço de jogo a este). - Na zona defensiva do campo pedimos que joguem simples, de preferência a dois toques, sendo os laterais importantes na circulação de bola por trás para virar o jogo. Estes não devem subir no terreno de jogo desnecessariamente, o papel deles é defender e é isso que têm de ter em mente, assim têm de criar linhas de passe de segurança aos centrais. 32

Quando têm a bola devem entregar aos médios e aos extremos, ou seja, não devem ser eles a criar o desequilíbrio, temos jogadores cuja posição é mais propícia a isso, pelo qual a bola deve ser entrega a esses. Assim, devem entregar e apoiar, dando linhas de passe de segurança. Logicamente que poderão subir no terreno de jogo, quando este o pede, porém só pela certa, e quando os colegas dão indicação para isso (não é norma, é pedido pelo jogo), após a jogada têm de reorganizar rapidamente. - Os extremos não devem baixar em demasia para pedir jogo, devem deixar esse papel para os médios, podendo haver trocas de posições, onde assumem o papel da respectiva posição. Os extremos na última parte do campo podem “ir para cima” do adversário quando existe 1x1 e mesmo 2x1, porém devem decidir bem e não hesitar, dentro da área ou na sua periferia estão todos autorizados a rematar, tendo sempre que haver movimento para a recarga. A decisão nesta última parte do campo é fundamental e por esse motivo, esperamos que façam a decisão correcta. - O pivô tem que promover sempre o equilíbrio da equipa mesmo a atacar, sendo sempre linha de passe de segurança e tendo sempre em mente virar o lado da bola, tirar da confusão para uma zona menos povoada. - Pretendemos uma dinâmica “estilo andebol” para os médios interiores e avançados, sendo os restantes membros da equipa a provocar o equilíbrio para os desequilíbrios criados por essa dinâmica. Assim, o portador da bola ataca o espaço vazio e depois solta a bola para um colega livre, caso ninguém lhe feche o espaço, vai para a baliza para finalizar. Tentando com isso criar o desequilíbrio da equipa adversária, promovendo situações de finalização para a nossa equipa. - No pontapé de baliza, pedimos, sempre que possível para sair a jogar, sendo que a equipa sobe deixando apenas os quatro defesas, após a bola entrar nos centrais aparece o pivô para ir buscar jogo, caso não consiga receber sai e aparece o médio interior do lado contrário aonde está o pivô. Caso não dê para sair, pedimos ao GR para bater para o meio campo, onde vão estar os nossos médios preparados para ganhar a bola. Nota: Vamos dividir a nossa organização ofensiva em quatro fases, para nos ser mais fácil identificar no jogo em que fase está a ocorrer a maior parte dos erros e melhorá-los (1ª Fase de construção – Gr para defesas, 2ª fase de 33

construção – Defesas para médios, 3ª fase de construção – Médios para os avançados e 4ª fase de construção – Finalização). Estamos conscientes que poderão haver passes do GR para os avançados, dos defesas para os avançados…, contudo, estamos interessados em analisar o porque de isso acontecer, se é porque o jogo pede (desmarcações, transições rápidas…) ou se é por falta de opções, linhas de passe, e/ou dificuldade criada pelo adversário.

3.3.4 Transição defensiva Na transição defensiva, temos como princípio a pressão imediata ao portador da bola, onde pedimos uma mudança rápida de atitude após perda de bola para que a nossa equipa, por um lado possa impedir o contra ataque adversário, e por outro lado dar tempo aos restantes membros da equipa para se organizarem defensivamente. Como sub princípios pedimos um pressing inteligente e organizado, onde o mais próximo realiza a contenção e os restantes dão coberturas e fecham espaços, criando uma grande aglomeração (organizada) de jogadores em torno da bola. Para sub dos sub princípios pedimos sempre para não entrarem de primeira, provocando inicialmente o erro do adversário antes de tentarem “roubar” a bola; qualidade na decisão se fazemos ou não falta para impedir males maiores; mas mais importante que isto tudo é sermos inteligentes, disciplinados e mentalmente disponíveis para a realização de uma transição ataque-defesa forte e rápida. 3.3.4.1. Comportamentos esperados na transição ataque-defesa: - A equipa, após a perda da bola tem de reagir rápido e com inteligência, o mais próximo condiciona o portador da bola para dar tempo à nossa equipa reorganizar-se, sendo essa reorganização activa e rápida, isto é, o mais próximo da bola faz contenção, os mais próximos dessa zona dão coberturas e os restantes membros fecham espaços e equilibram a equipa. Mais uma vez a contenção é fundamental, devendo ser realizada com eficácia, sem entrar de primeira, sem tentar tirar a bola (numa primeira fase),

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onde as coberturas também têm de estar presente e ser activas, ou seja, mal o colega é batido têm de actuar, passando a realizar a contenção. - Uma transição ataque-defesa, inteligente, rápida e organizada é fundamental para recuperarmos a bola rapidamente e quando isso não acontece é fundamental para reorganizarmo-nos defensivamente sem que o adversário nos crie perigo. Entre outros princípios estes são hierarquicamente mais “importantes”, isto é, são os que definem os quatro momentos. Porém, é a interacção entre todos os princípios/comportamentos que vai permitir atingir a concepção de jogo desejada. Temos consciência que o Modelo de Jogo poderá sofrer algumas alterações ao longo da época, pois nunca podemos considerar um Modelo de Jogo acabado. O Futebol é imprevisível e está em constante evolução, logo as nossas concepções de jogo sofrem alterações, evoluem e consequentemente o nosso Modelo de Jogo também evolui, como refere Tamarit (2007). Contudo, a maneira escolhida por nós para conseguirmos trabalhar os comportamentos referidos anteriormente, que nos permitiu uma maior transferência para o jogo e foi muito importante para a obtenção de sucesso, foi respeitando a “especificidade”, onde as adaptações que o treino provocava não ficam somente limitadas a adaptações fisiológicas, mas também a factores tácticos, técnicos e psicológicos, (Bompa,1983), e onde trabalhávamos princípios/comportamentos contemplados no nosso Modelo de Jogo, como corrobora Oliveira, J.G. (2004). Se entendermos a “especificidade” como um conceito qualificador de uma relação entre variáveis, essas variáveis vão representar a informação específica de determinado contexto (Gibson, 1979). Assim, a “especificidade” para nós tem a ver com o treino dos comportamentos que desejamos nos determinados momentos do jogo, tendo sempre como referência o nosso Modelo de Jogo. Ou seja, tem de haver uma permanente e constante relação entre as várias dimensões (tácticas, técnicas, físicas e psicológicas) e estas com os princípios do nosso Modelo de Jogo. Só podemos considerar algo específico se estiver relacionado com o Modelo de

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Jogo que estamos a criar, como confirmam Oliveira, J.G. (1991), Gomes (2008) e Oliveira, J.G. et al (2008). Desta forma, corroborando com Faria (2007) a “especificidade” colocada no treino vai consentir que o jogador se adapte à forma de jogar pretendida, respeitando os princípios propostos, originando em competição que o jogador se antecipe a um conjunto de situações, possibilitando uma resposta mais acelerada. Pois a experimentação em treino dos comportamentos desejados vai permitir que em jogo aconteçam naturalmente. Porém, estamos conscientes que não chega criar exercícios em que os princípios do nosso Modelo de Jogo possam aparecer, isto é, o seu verdadeiro aparecimento depende da intervenção do treinador, pois a verdadeira “especificidade” só aparece quando o gestor do treino (treinador) tem a capacidade de intervir e direccionar o treino para os comportamentos desejados. Desta forma, não basta os exercícios serem potencialmente específicos de algo, é necessária uma intervenção “interactiva” do treinador com os exercícios e com os jogadores. Como salientam Oliveira, J.G. (2003) e Campos (2008), devemos perceber em que momento efectuar reajustes entre o grau de dificuldade do exercício e a promoção do sucesso, para permitir o aparecimento e frequência dos comportamentos desejados. Aliando a “especificidade” do nosso Modelo de Jogo à intervenção do treinador, ficamos mais perto do “jogar” por nós pretendido (um treinar para um jogar).

3.4 Progressão metodológica da preparação da época Para uma melhor e mais rápida assimilação do nosso Modelo de Jogo, optamos por uma “progressão complexa” dos nossos princípios. Esta refere-se à “montagem” e “desmontagem dos diferentes níveis de organização” e da articulação dos princípios e dos sub princípios durante o padrão semanal e ao longo destes, tendo em conta a evolução da equipa. Ou seja, há um aumento da complexidade pedida em cada princípio/comportamento à medida que este vai sendo assimilado. É neste aspecto que reside a diferença na configuração dada à prática entre uma fase mais precoce da aprendizagem e uma fase mais avançada. É 36

perceber que a progressão do menos complexo para o mais complexo só tem sentido quando conhecemos bem o jogar e percebermos o que é mais complexo tendo em conta os princípios do nosso Modelo de Jogo. Tendo Faria, (2007), Oliveira, J.G. (2007), Campos (2008) e Oliveira, J.G. et al, (2008) a mesma linha de pensamento. Com isso em mente, decidimos na fase inicial introduzir e assimilar os princípios de jogo específicos (anexos 3), pois foram eles que nos forneceram a base de toda a organização do nosso jogar nos quatro momentos – Organização defensiva, organização ofensiva, transição ataque-defesa e transição defesa-ataque. Acreditámos que se os jogadores conhecerem e souberem aplicar em qualquer momento os princípios de jogo específicos, conseguirão mais facilmente assimilar os princípios que cada treinador tem no seu Modelo de Jogo. Passamos a enunciar os diferentes tipos de princípios específicos de jogo, com base no autor Carlos Queiroz (1983). 

Princípios específicos do ataque – Penetração; Coberturas Ofensivas; Mobilidade e Espaço.



Princípios específicos da defesa – Contenção; Coberturas Defensivas; Equilíbrio e Concentração. Numa 2ª fase trabalhámos os princípios do nosso modelo de jogo, a fim

de chegar à concepção de jogo desejada. Nesta fase podemos distinguir dois momentos, sendo o primeiro: a organização defensiva da equipa, com a qual iniciámos o trabalho da nossa concepção de jogo. Achámos importante começar pela organização defensiva, pois pretendíamos promover um equilíbrio defensivo, para que a equipa ganhasse confiança e consistência defensiva, permitindo-nos evoluir para outras situações (defender bem para atacar ainda melhor). Defender é mais fácil do que atacar, pois não engloba lidar com a bola directamente (apesar de defendermos em função dessa), permitindo uma melhor assimilação dos comportamentos. Por esse motivo torna-se mais fácil a equipa perceber o que se pretende e posteriormente passar para comportamentos cada vez mais complexos, como a organização ofensiva, que por ter bola presente, assume uma maior dificuldade, como concorda Gomes (2007).

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As transições são um aspecto fundamental no nosso modelo de jogo, por isso procurámos trabalhá-las desde sempre, ou ligados à organização defensiva ou à organização ofensiva, porém e como no jogo também acontece, realizámos jogos de transições em que passam de transição defensiva para transição ofensiva e vice-versa, sem nunca passarem por um momento de organização. Então, em todos os exercícios de organização defensiva procuramos colocar as transições ofensivas pois uma não existe sem a outra. Num segundo momento e após estarmos minimamente consolidados defensivamente, trabalhámos a organização ofensiva da equipa. Nesta, procurámos criar algumas dinâmicas que nos permitem proporcionar várias situações de finalização e consequente concretização. Como referido, as transições são um aspecto fundamental no nosso modelo de jogo e procurámos desde sempre trabalhá-las, como a transição ofensiva está ligada à organização defensiva, a transição defensiva está intimamente ligada à organização ofensiva. Nesse caso, sempre que realizámos exercícios de organização ofensiva, também trabalhámos a transição defensiva. Assumimos o aumento da complexidade na evolução dos treinos como o fundamento do processo de assimilação dos princípios de jogo, sendo esse aumento de complexidade a resolução para munir os jogadores e a equipa com as ferramentas necessárias à consecução do nosso Modelo de Jogo em cada etapa do seu desenvolvimento, como refere Campos (2008). É importante referir que embora seguíssemos esta ordem metodológica, estes quatro momentos estão todos ligados entre si e a interacção correcta destes é que nos levou à concepção de jogo desejada. Dentro destes trabalhámos sempre todos os princípios, no entanto, poderíamos ter dado mais ênfase a uns do que a outros consoante o objectivo que colocámos no exercício e/ou no treino. Faria (2007) e Oliveira, J.G. (2007) validam a ideia que a “progressão complexa” utilizada, não se resume só a uma progressão do mais fácil para o mais difícil, assume-se como reguladora do processo de treino, quer na ordem metodológica dos princípios, sub princípios e sub dos sub princípios a trabalhar, quer na progressão complexa de um simples exercício, obrigando os jogadores a estarem em constante assimilação. Se um exercício se torna 38

básico, temos de o reestruturar de maneira a que os jogadores estejam numa evolução permanente para que consigam ter comportamentos cada vez mais complexos. Não podemos, também, esquecer que os jogadores estiveram em férias, como tal a sua disposição física não será a melhor. Contudo, apesar dos objectivos principais serem a aplicação e assimilação dos nossos princípios de jogo, vamos procurar que os próprios exercícios também sejam física e mentalmente intensos a fim de preparar o melhor possível os jogadores para a época desportiva. Pois esta interacção das dimensões (táctica, física, psicológica e técnica) é que vai criar um estado óptimo de desempenho, como concordam Faria (2002) e Frade (2006).

3.5 Morfociclo Padrão No futebol não podemos pensar em picos de forma, mas sim em patamares de rendimento, uma vez que o que pretendemos é uma estabilização do rendimento num período de competição que é longo (Frade, 2006). Para tentarmos manter o rendimento da equipa num patamar elevado, elaboramos um morfociclo padrão (jogo de domingo a domingo), onde contemplamos alguns exercícios padrão para os diferentes dias da semana, que realizamos ao longo da época, mas sempre respeitando a progressão complexa referida anteriormente. Como pretendíamos que o nosso jogar evidenciasse determinados padrões

ou

comportamentos,

tivemos

de

treinar

esses

padrões

e

comportamentos de uma forma sistemática e consistente. Sendo os comportamentos/princípios, sub princípios e sub dos sub princípios do nosso jogar sempre evidenciados em todos os nossos exercícios, em todos os treinos e em todos os nossos morfociclos, podendo uns ser mais evidenciados do que outros, de acordo com o estipulado para o treino ou para a semana de treino. Para a elaboração do Morfociclo, respeitamos uma determinada alternância de conteúdos, sendo esses conteúdos sempre específicos do nosso Modelo de Jogo. A necessidade de alterarmos o tipo de esforços nos diferentes dias da semana surge da acumulação da fadiga, como referem Faria (2007), Gomes (2007), Campos (2008) e Oliveira, J.G. et al (2008). Muitos dos 39

erros tácticos e técnicos realizados no final de um jogo ou dos treinos, são resultado directo da fadiga acumulada (Bompa, 2009). A solução encontrada para reduzirmos a fadiga foi através de uma “alternância horizontal em especificidade”. Alteramos o tipo de esforços solicitadas em cada dia da semana, para assim, podermos trabalhar em intensidades elevadas nos diferentes dias, conseguindo gerir o desgaste dos jogadores. Caracterizando as contracções musculares ao nível da tensão, da duração e da velocidade, que apesar de qualquer exercício conter a interacção das três, umas são mais solicitadas num dia do que outras. Em suma, a gestão do tipo de esforços pedidos nos diferentes dias da semana, vai permitir trabalharmos com índices de intensidade e de assimilação de comportamentos elevados, controlando a fadiga, evitando lesões e recuperando os jogadores para o próximo jogo, tal como confirmam Amieiro et al (2006), Gomes (2007) e Oliveira, J.G. et al (2008). Assim, para um morfociclo com jogo de domingo a domingo (Figura 4), preparámos os treinos de acordo com o elaborado por vários autores (Faria, 2002; Amieiro et al, 2006; Oliveira, J.G. et al, 2008): Ao Domingo – Jogo; Na 2ª Feira – Dia de Folga – Entendemos dar folga na 2ª feira em vez de 3ª feira, porque com a folga depois do jogo conseguíamos, do ponto de vista físico, recuperar algum do desgaste, porém, o verdadeiro objectivo da folga no dia a seguir ao jogo era uma recuperação mais mental do jogador, deixando esse dia para estarem com a família e amigos. Assim, quando retomávamos os treinos, poderíamos reiniciar a semana de treino com elevada (relativa…) concentração e sem interrupções (outro factor importante na escolha da folga à 2ª feira). À 3ª Feira – Treino de recuperação activa – No primeiro treino da semana realizávamos um treino de recuperação onde o principal objectivo era uma recuperação em contexto táctico/técnico, isto é, onde trabalhávamos maioritariamente aspectos tácticos com graus de complexidade reduzidos e aspectos técnicos (controle de bola, passe, recepção, remate…). Ou seja, trabalhámos com intensidades baixas os sub princípios e os sub dos sub princípios do nosso Modelo de Jogo, mas direccionando o nosso treino de acordo com a nossa concepção de jogo, para trabalhar aspectos técnicos de 40

nível individual/colectivo ou tácticos nível individual/colectivo. Neste treino, dávamos também importância ao lado lúdico que o próprio jogo de futebol acarreta (paixão pelo jogo). Na 4ª Feira – Treino da sub dinâmica tensão – Neste dia, trabalhávamos com intensidades elevadas, visto os jogadores já estarem praticamente recuperados do jogo. Desta forma, exercitámos os nossos sub princípios e sub dos sub princípios, dando ênfase aos aspectos que para nós são determinantes no jogo de futebol, como as transições ofensivas e defensivas, isto é, aos sub princípios e sub dos sub princípios que são importantíssimos para as realizar. Tínhamos por norma trabalhar situações reduzidas de intensidades elevadas, com grande abundância de acelerações, travagens, mudanças de direcção, mudanças de atitude, decisões rápidas e acertadas em relação a momentos específicos do jogo (pressão ou não pressão, passe ou remate ou finta ou cruzamento, contenção activa ou passiva até chegar ajuda, mobilidade ou cobertura ofensiva, tirar a bola de pressão por onde…). Para tal acontecer realizávamos em espaços curtos, com um número de jogadores reduzido e o seu tempo de realização também era reduzido. À 5ª Feira – Treino da sub dinâmica duração – Actuávamos ao nível dos nossos grandes princípios, da nossa organização do jogo, dando ênfase à organização ofensiva e defensiva com as respectivas transições, onde predominam situações descontínuas, semelhantes ao jogo, através de exercícios relacionados com o Modelo de Jogo. Para tal, procurávamos exercitar a nível macro todos os princípios que o jogo de futebol tem, através de exercícios de organização intersectoriais e colectivos. Como já referimos anteriormente, as transições são de extrema importância para nós e como tal também as exercitávamos, neste caso associadas à organização a que estão ligadas. Tínhamos por norma exercitar a organização da equipa intersectorial e colectiva, com o intuito de eliminar erros e promover determinados comportamentos. Colocávamos também, algumas nuances estratégicas de maneira a preparar o jogo seguinte. Ao contrário do dia anterior, os exercícios neste treino, deveram ser realizados em espaços grandes, com um número elevado de jogadores e com um tempo de exercitação longo. 41

Na 6ª Feira – Treino da sub dinâmica velocidade – Neste dia treinam-se sub princípios e sub dos sub princípios num contexto de intensidade moderada/reduzida, ou seja, situações descontínuas, semelhantes ao jogo e relacionados com o Modelo de Jogo, que contemplam uma grande densidade de comportamentos relacionados com sub princípios e sub dos sub princípios. Sendo o último treino da semana, pretendíamos dar um treino de intensidade “baixa” relativa (gerindo o desgaste da semana de treino), onde acentuávamos a nossa atenção para aspectos estratégicos da nossa concepção de jogo. Treinando as nossas combinações ofensivas e as nossas bolas paradas. Os exercícios promoviam uma elevada velocidade de decisão e de execução. Como tal, eram realizados em espaços que permitam contemplar os objectivos referidos, sendo o tempo de duração dos exercícios reduzido. No Sábado (para quem treina neste dia) – Treino de recuperação activa – Neste dia treinam-se sub princípios e sub dos sub princípios relacionados com o Modelo de Jogo, num contexto onde a intensidade geral do treino é reduzida, ou seja, treinam-se situações descontínuas que possam contemplar tensão e velocidade de contracções musculares altas, mas que no somatório do esforço, tornam o treino de baixa intensidade. Tendo como objectivos promover a recuperação quer fisiológica, quer emocional e pré activar a equipa e os jogadores para o jogo do dia seguinte. Contudo, nós, por impossibilidade de treinarmos aos sábados, treinámos apenas quatro vezes por semana, dando folga no dia anterior e posterior ao jogo.

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2ª Feira 14/12/09

3ª Feira 15/12/09

4ª Feira 16/12/09

5ª Feira 17/12/09

6ª Feira 18/12/09

Hora: 7h

Hora: 8h

Hora: 7h

Hora: 7h

Intensidade baixa

Intensidade baixa

Intensidade moderada/alta

Intensidade moderada/alta

Intensidade moderada/baixa

Passes em contexto técnico-táctico

Passes em contexto técnico-táctico

Meinho

Folga

Jogos técnicos (passe, recepção, condução…)

Transições ofensivas e defensivas (MPB)

Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (Defesas, médios e extremos)

Jogo lúdico

Finalização em contexto táctico técnico com transições Organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (avançados e médios)

Tempos para as diferentes dimensões:

Táctica – 30’ Técnica – 20’

Organização ofensiva com transição defensiva (mudança de atitude em jogo) Táctica – 50’ Técnica – 10’ Física – 10’

Organização ofensiva colectiva com transições defensivas

Transições ofensivas e defensivas (MPB com zona neutra)

Sábado 19/12/09

Domingo 20/12/09

Intensidade baixa

Intensidade máxima

Folga

Jogo Cachão

Finalização em contexto técnico Cruzamentos em contexto tácticotécnico Bolas paradas

Organização defensiva colectiva com transições defensivas Terminar em jogo Táctica – 60’ Técnica – 10’

Táctica – 50’ Técnica – 25’

Nota: Na dimensão táctica contemplámos todas as dimensões…

Figura 4 – Exemplo Morfociclo semanal

Após o referido anteriormente, podemos esclarecer que por exercícios padrão, referimo-nos a exercícios com uma base de esforços mais propícia a determinado dia da semana, respeitando a “alternância horizontal do tipo de esforços em especificidade”. Tentávamos procurar e criar sempre contextos de treino onde podia haver desempenhos máximos, mas como existia sempre um desgaste relacionado com o jogo ou com o treino anterior, era importante encontrar soluções que resolvessem esse problema. Daí a importância que a “alternância horizontal em especificidade” do tipo de esforço do jogar assumiu para nós no estágio. Alternar os comportamentos e o tipo de contracções musculares pedidas nos diferentes dias da semana foi decisivo para que a exigência do 43

que queríamos fosse feita em função da relação que existia entre o desempenho e a recuperação, como concordam Faria (2007) e Campos (2008). Concordando com vários autores (Faria, 2007; Gomes, 2007; Oliveira J.G., 2007; Oliveira J.G. et al, 2008), a interacção da “alternância horizontal do tipo de esforço em especificidade” com a “progressão complexa” é fundamental, pois não podemos exigir a evidenciação de determinados princípios com grande complexidade quando os jogadores ainda estão em processo de recuperação. Tendo em conta esse aspecto, concluímos que a “progressão complexa” está ligada: à interacção do desgaste emocional e do tipo de esforço realizado nos diferentes dias; à complexidade táctica dos exercícios, que engloba a complexidade do ou dos princípios existentes; à complexidade da dinâmica do exercício; á quantidade dos jogadores presentes no exercício; o espaço do jogo; e do tempo e duração do exercício. Nota: a)

Tendo em conta que após um jogo analisámos e definimos

um conjunto de objectivos a trabalhar ao longo da semana, o morfociclo padrão torna-se importante para a organização do processo. Assim, com o morfociclo semanal procurávamos preparar o próximo jogo, tendo em consideração o que se passava no jogo anterior e o que pretendíamos para o jogo seguinte, como concorda Oliveira J.G. (2006); b)

A intervenção do treinador nos exercícios é que os

direcciona para os objectivos e comportamentos pretendidos, como tal, o mesmo exercício pode ter efeitos diferentes dependendo daquilo que queremos treinar; c)

Em todos os treinos, iniciámos o aquecimento com passe,

trabalhando os elementos técnicos mais básicos e importantes do futebol, recepção, passe e condução, entre outros, favorecendo a multilateralidade dos jogadores; d)

No ponto seguinte, vamos referir o tipo de exercícios

trabalhados nos diferentes dias da semana do morfociclo.

44

3.6 Exercícios padrão do nosso Modelo de Jogo Com os exercícios procurávamos criar um contexto que fosse propenso a determinada aquisição (“princípio das propensões”). Assim, os exercícios quando surgiam já se encontravam configurados de modo a apresentarem os comportamentos desejados (tendo em conta os princípios do nosso Modelo de jogo). Isto é, o exercício já está estruturado de modo a que os comportamentos esperados apareçam com frequência. Mas para isso, é muito importante que a intervenção do treinador seja direccionada no sentido de evidenciar os comportamentos desejados, como confirmam Faria (2007), Gomes (2007), Oliveira J.G. (2007). Oliveira J.G. et al (2008) exemplificam da seguinte forma e de acordo com a sua ideia de jogo, se a nossa equipa em termos de organização ofensiva manifesta uma má circulação, principalmente nos sectores médio e atacante e consequentemente apresenta poucas situações de finalização. Se o próximo adversário demonstra na sua organização defensiva um bloco muito baixo e uma grande densidade de jogadores perto da bola. Nós, para a semana de treino, teremos de criar exercícios de organização ofensiva, onde devemos exercitar a posse e circulação com grande intensidade em toda a largura para desorganizar o adversário, exercitar a entrada em espaços para finalizar e consequente finalização, colmatando os aspectos em que estamos com mais dificuldades e trabalhando estrategicamente o próximo jogo. Desta forma, os exercícios ao longo da semana de treino deverão ser propensos ao aparecimento, com frequência elevada, dos comportamentos que pretendemos corrigir e melhorar. Porém, é com a intervenção do treinador que estes serão específicos ou não, direccionando o exercício para os comportamentos esperados. Vários autores (Faria, 2007; Gomes, 2007; Oliveira J.G., 2007; Oliveira J.G. et al, 2008) concordam que no treino devemos criar um contexto/exercício, onde seja propício o aparecimento de uma grande densidade/frequência de comportamentos/princípios/acções, presentes no nosso Modelo de Jogo e indicados para o determinado momento, ou seja, de acordo com o que queremos trabalhar e sempre tendo em conta a especificidade do nosso Modelo de Jogo. 45

Com isso em mente, elaboramos um conjunto de exercícios padrão específicos do nosso Modelo de Jogo, que achámos importantes para a aquisição dos comportamentos/princípios nele contemplados. Contudo, estes exercícios não são estanques, ou seja, dentro da sua própria estrutura podem surgir variações, para ajustarmos o exercício à evolução da equipa dos jogadores, respeitando a “progressão complexa” anteriormente referida. Para a exercitação da dinâmica ofensiva da nossa equipa, construímos um conjunto de exercícios de organização ofensiva com a respectiva transição, onde

trabalhámos a

organização

ofensiva

intersectorial ou

colectiva.

Dependendo do pretendido para o jogo, ou dos aspectos que pretendíamos melhorar, tendo sempre em conta o referenciado no Modelo de Jogo. Alguns exemplos: - Manutenção da posse de bola em estrutura – GR+10 x 6 (Figura 5), podendo aumentar o número de adversários à medida que o exercício vai evoluindo. Exercitar a MPB em estrutura, promovendo a circulação e a criação de linhas de passe (realizar 15 passes e passar com a bola controlada nas balizas), trabalhar a dinâmica ofensiva (criação de linhas de passe (segurança e ruptura) e ocupação de espaços vazios. Este exercício não contém a transição defensiva nos jogadores que realizavam a posse de bola (jogadores utilizados no jogo), mas contém a transição ofensiva dos jogadores que defendiam (jogadores que não utilizados no jogo). Exercício realizado normalmente no primeiro treino da semana (3ª feira);

Figura 5 – Exercício de manutenção da posse de bola em estrutura

- Organização ofensiva intersectorial com transição defensiva – GR+8 x 8+GR (Figura 6), onde trabalhámos a dinâmica ofensiva intersectorial da equipa na 1ª

46

e 2ª fase de construção. Exercício realizado normalmente no terceiro treino da semana (5ª feira);

Figura 6 – Exercício de organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (1ª e 2ª fase de construção

- Organização ofensiva intersectorial com transição defensiva – GR+8 x 8 (Figura 7), onde trabalhámos a dinâmica ofensiva intersectorial na 3ª e 4ª fase de construção. Exercício realizado normalmente no terceiro treino da semana (5ª feira);

Figura 7 – Exercício de organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (3ª e 4ª fase de construção)

Organização ofensiva intersectorial com transição defensiva - 6 X 5+GR (Figura8), onde trabalhámos a dinâmica ofensiva intersectorial dos médios e avançados referida no Modelo de Jogo. Exercício realizado normalmente no segundo ou no terceiro treino da semana (4ªfeira ou 5ª feira), porém era realizado na maioria das vezes no terceiro treino da semana;

Figura 8 – Exercício de organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (3ª e 4ª fase de construção) em contexto mais específico) 47

- Organização ofensiva colectiva com transição defensiva – GR+10 x 8+GR (Figura 9), neste trabalhámos a dinâmica ofensiva colectiva na 1ª, 2ª, 3ª e 4ª fase de construção, mas favorecendo a 3ª e 4ª fases de construção. Exercício realizado normalmente no terceiro treino da semana (5ª feira);

Figura 9 – Exercício de organização ofensiva colectiva com transição defensiva (favorecendo a 3ª e 4ª fase de construção)

- Organização ofensiva colectiva com transição defensiva – GR+10 x 10+GR (Figura 10), trabalhámos a dinâmica ofensiva da equipa em jogo propriamente dito, porém com uma gestão do espaço de jogo. Exercício realizado normalmente no terceiro treino da semana (5ª feira).

Figura 10 – Exercício de organização ofensiva colectiva com transição defensiva (Jogo)

Para a exercitação da dinâmica defensiva da nossa equipa, também construímos um conjunto de exercícios de organização defensiva com a respectiva transição, onde trabalhámos a organização defensiva intersectorial ou colectiva. Dependendo do pretendido para o jogo, ou dos aspectos que pretendíamos melhorar, tendo sempre em conta o referenciado no Modelo de Jogo. Alguns exemplos: - Organização defensiva intersectorial com transições ofensivas – GR+5 x 6 (Figura11), onde trabalhámos a dinâmica defensiva intersectorial dos defesas e 48

pivô de acordo com o referido no Modelo de Jogo. Exercício realizado normalmente no segundo ou no terceiro treino da semana (4ªfeira ou 5ª feira), porém era realizado na maioria das vezes no terceiro treino da semana;

Figura 11 – Exercício de organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (defesas e pivô)

- Organização defensiva intersectorial com transições ofensivas – GR+7 x 8 (Figura 12), aonde podemos acrescentar mais o GR, onde trabalhámos a dinâmica defensiva intersectorial dos defesas e médios, podendo focar na dinâmica defensiva dos médios, entre outros objectivos possíveis para este exercício

(exemplo:

dinâmica

dos

jogadores

na

lateral

do

campo,

nomeadamente dos laterais com as respectivas coberturas…). Exercício realizado normalmente no terceiro treino da semana (5ª feira);

Figura

12



Exercício

de

organização

defensiva

intersectorial com transição ofensiva (defesas e médios)

- Organização defensiva intersectorial com transições ofensivas – GR+8 x 8+GR e GR+9 x 8+GR (Figura 13), onde trabalhámos a dinâmica defensiva intersectorial dos defesas e médios, juntamente com o PL ou com os extremos, de acordo com o que pretendemos exercitar. Ou seja, com o PL queremos trabalhar as coberturas ao PL, fechando bem o meio e criando a disponibilidade para os interiores irem à lateral, mantendo o meio fechado. Com os extremos queremos que consigam fechar bem as zonas laterais do campo dando coberturas aos extremos, criando a dinâmica contemplada no nosso Modelo de Jogo, dos médios no nosso meio campo, obrigando o médio 49

(e o extremo) do lado oposto a gerir o espaço central de maneira a fechar linhas de passe e gerir esse mesmo espaço, estando pronto para assumir a contenção quando a bola for para o seu lado. Exercícios realizados normalmente no terceiro treino da semana (5ª feira).

Figura 13 – Exercício de organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (defesas e médios e PL; defesas, médios e extremos)

- Organização defensiva intersectorial com transições ofensivas – 8 x 10+GR (Figura 14), onde trabalhámos a dinâmica defensiva intersectorial dos avançados, médios e laterais, pretendendo exercitar a dinâmica defensiva dos jogadores mais avançados do terreno de jogo com as respectivas coberturas e fecho de espaços, exercitando as nossas referências de pressão (bola nos laterais, bola no nosso meio, bola no ar, maus passes, más recepções) e possíveis acções estratégicas. Exercício realizado normalmente no terceiro treino da semana (5ª feira).

Figura 14 – Exercício de organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (laterais, médios e avançados – referências de pressão)

- Organização defensiva colectiva com transições ofensivas – GR+10 x 10+GR (Figura 15), onde trabalhámos a dinâmica defensiva colectiva da equipa, contemplando todos os aspectos referidos anteriormente. Exercício realizado normalmente no terceiro treino da semana (5ª feira).

50

Figura 15 – Exercício de organização defensiva colectiva com transição ofensiva (jogo)

- Organização defensiva colectiva – GR+10x 0 (Figura 16). Neste exercitamos a dinâmica defensiva para que os jogadores saibam ao certo o que é pedido, exercitando a basculação da equipa e referindo aspectos particulares da nossa concepção de jogo. Exercício realizado normalmente no primeiro treino da semana (3ª feira).

Figura 16 – Exercício de organização defensiva colectiva (basculações defensivas)

Nota: Nos exercícios de organização ofensiva trabalhamos sempre as transições defensivas e nos exercícios de organização defensiva exercitamos sempre as transições ofensivas. Para a exercitação da dinâmica da nossa equipa nas transições defensivas e ofensivas, construímos um conjunto de exercícios de transições, onde trabalhamos a alguns dos comportamentos fundamentais para uma transição rápida e inteligente. Dependendo do pretendido para o jogo, ou dos aspectos que pretendíamos melhorar, tendo sempre em conta o referenciado no Modelo de Jogo. 51

Para trabalharmos a transição defensiva num contexto macro, de jogo, utilizávamos o seguinte exercício, que apesar de trabalharmos a organização ofensiva, a importância ia para a transição defensiva, que caso demorasse a acontecer é causada pelo treinador. - Transições defensivas em jogo – 8 x 8+GR (Figura 17). Neste exercício trabalhámos a transição defensiva num contexto de jogo, obrigando a uma reacção rápida e inteligente de todos os jogadores. Assim, os jogadores sabem o que têm de fazer quando o colega do lado realiza um certo tipo de acção. Exercício realizado normalmente no segundo treino da semana (4ª feira), sendo o último exercício do treino;

Figura 17 – Exercício de transições defensivas em jogo

Para trabalharmos a transição ofensiva num contexto macro, de jogo, utilizávamos o seguinte exercício, que apesar de trabalharmos a organização defensiva, a importância ia para a transição defensiva, que caso demorasse a acontecer é causada pelo treinador. - Transições ofensivas em jogo – 8 x 10+GR (Figura 18). Trabalhámos a transição ofensiva num contexto de jogo, obrigando a uma reacção rápida e inteligente de todos os jogadores. Exercício realizado normalmente no segundo treino da semana (4ª feira), sendo o último exercício do treino;

Figura 18 – Exercício de transições ofensivas em jogo

52

Para trabalharmos alguns dos aspectos que iam permitir esses tipos de comportamentos preparávamos os seguintes exercícios:

Figura 19 – Exercício de transições ofensivas e defensivas (mudança de atitude)

- Nestes (Figura 19), existem duas equipas, formando duas filas, uma de cada lado, onde sai um jogador com bola e outro está a defender, mal seja golo, tem rapidamente que sair um jogador do lado onde foi golo, passando rapidamente a defender o jogador que fez o remate e assim sucessivamente. No exercício de 2x2 e 3x3, tem a particularidade de quando é golo o jogador que rematou tem de dar uma volta à baliza ou tocar no poste (caso haja GR) antes de defender,

criando

momentaneamente

superioridade

numérica

para

os

jogadores que rapidamente partem para o ataque (2x1 ou 3x2). Estes exercícios (1x1;2x2;3x3 que futuramente se tornam em GR+1x1+GR; GR+2x2+GR; Gr+3x3+GR) permitiam-nos exercitar os princípios específicos do jogo; a decisão; a criatividade… (tudo). Obrigando-nos a mudanças rápidas de atitude, com transições quer defensivas, quer ofensivas muito rápidas, muito intensas e inteligentes. Assim, promovíamos intensidade nas transições e disponibilidade física e mental para tal, favorecendo sempre a transição rápida. Exercício realizado normalmente no segundo treino da semana (4ª feira).

Figura 20 – Exercício de transições ofensivas e defensivas (MPB)

53

Nestes exercícios (Figura 20 – transições ofensivas e defensivas (MPB)), treinávamos tudo o que tem a ver com uma mudança de atitude rápida e inteligente, sendo favorecido a posse de bola em detrimento da transição rápida, pois na transição ofensiva tínhamos de tirar a bola da zona de pressão para MPB, ocupando bem os espaços e jogar simples, já nas transições defensivas exercitávamos a mudança rápida de atitude e os princípios específicos inerentes a ela. Exercício realizado normalmente no segundo treino da semana (4ª feira).

Figura 21 – Exercício de finalização com transições (3x2+GR X GR+3x4+GR)

Este (Figura 21) refere-se a um exercício de finalização com transições, onde pedíamos que fossem objectivos, atacassem o adversário para libertassem espaços e os colegas (3x2+GR), quando perdessem a bola teriam de mudar logo de atitude e pressionar, o GR faz transição pelos laterais que realizavam, juntamente com os centrais, GR+4x3+GR. Focávamos a tomada de decisão no último momento e a qualidade da acção técnica escolhida (passe, finta ou remate). O exercício era realizado por vagas de três jogadores, que saíam ao apito do treinador. Exercício realizado normalmente no segundo treino da semana (4ª feira), sendo o exercício com zona neutra, que por permitir maior recuperação, realizado no último treino da semana (6ª feira).

Figura 22 – Exercício de finalização (3x2+GR)

Neste exercício (Figura 22), trabalhávamos a finalização, onde realizávamos 3x2+ GR, aonde o PL aparecia entre os defesas para receber e tabelar ou 54

rodar e rematar e realizam 3x2+GR. Onde era dada ênfase à tomada de decisão no último momento e a qualidade da acção técnica escolhida (passe, finta ou remate). Exercício realizado no segundo treino da semana (4ª feira). Como

exercícios

técnicos,

trabalhávamos

o

controlo

de

bola,

passe/recepção/drible, a finalização e os cruzamentos, exigindo sempre concentração e qualidade. Através dos seguintes exercícios: - Passe/recepção/drible… (Figura 23). Exercícios realizados no inicio de cada treino, maioritariamente no inicio do segundo e do terceiro treino da semana (4ª feira e 5ª feira);

Figura 23 – Exercício de passe, recepção e condução (triangulo, losango, duplo triangulo e em Y)

- Passes em semi-estruturas (Figura 24). Exercício realizado normalmente no primeiro treino da semana (3ª feira);

Figura 24 – Exercício de passe, recepção e condução (em semi-estrutura)

55

Finalização técnica (Figura 25). Exercício realizado normalmente no quarto treino da semana (6ª feira);

Figura 25 – Exercício de finalização técnica

Cruzamentos com finalização (um defensor) (Figura 26). Trabalhávamos a qualidade do cruzamento e da finalização, assim como, o timing de ocupação das zonas de finalização (três zonas de finalização e uma de equilíbrio – segundas bolas). Exercício realizado normalmente no primeiro treino da semana ou no último treino da semana (3ª feira ou 6ª feira), porém era maioritariamente realizado no primeiro treino da semana;

Figura 26 – Exercício de cruzamentos com finalização

Jogos técnicos (pé volei; Freestyle; meinhos, 1x1, controle de bola no ar com diversas partes do corpo…) (Figura 27). Exercício realizado normalmente no primeiro treino da semana ou no último treino da semana (3ª feira ou 6ª feira), porém era maioritariamente realizado no primeiro treino da semana.

Figura 27 – Exercício de jogos técnicos (pé volei; 1x1; controle de bola no ar…)

É importante voltar a referir que os exercícios só são potencialmente específicos, ou potencialmente bons, ou potencialmente algo. A intervenção do 56

treinador (e os jogadores) é que vai determinar a qualidade do exercício e a sua especificidade, pois só poderá ser específico se trabalharmos aspectos do nosso Modelo de Jogo. É fundamental perceber a importância do exercício ser propenso ao aparecimento de aspectos específicos do nosso Modelo de Jogo, pois é através disso que vamos poder ou não evidenciar os comportamentos desejados. Fazendo aparecer mais vezes os comportamentos pretendidos ou não… É essencial perceber a importância da “progressão complexa” para conseguirmos

uma

boa

evolução

e

consequente

assimilação

dos

comportamentos. Pois os exercícios não podem ser demasiados fáceis, nem demasiado difíceis, é necessário um constante ajuste da dificuldade do exercício. Apesar de ser referido em último, não é menos importante, até porque a interacção destes todos é que vai originar um estado óptimo de aprendizagem e assimilação. A “alternância horizontal do tipo de esforço em especificidade” é importantíssima, porque permite-nos perceber quando e em que dia, devemos realizar determinado exercício, para assim, não haver um acumular de fadiga, podendo treinar sempre em intensidade altas relativas, sem correr risco de lesões e podendo sempre proporcionar o máximo de assimilação possível dos comportamentos desejados. Tentámos, tendo em conta a dimensão táctica como orientadora das restantes, promover a especificidade do jogo de Futebol através da realização dos exercícios acima referidos, entre outros. Nestes exercícios trabalhávamos sempre aspectos referentes ao nosso Modelo de Jogo e procurávamos em todos os momentos evidenciar os comportamentos por ele contemplados, permitindo assim chegar a um determinado jogar através de um determinado treinar (anexos 2) …

3.7 Observação de jogos Como complemento do treino procurávamos, sempre que possível, observar as equipas contra quem jogávamos. Preparando as semanas de treino sempre com a intenção de superar as dificuldades que os adversários nos poderiam colocar e aproveitarmos os seus défices. No entanto, também 57

fazíamos uma reflexão do nosso jogo com o intuito de percebermos o que correu bem e o que correu mal. A semana de treino era pensada de maneira a eliminar o que fizemos de errado e melhorar o que de bom elaboramos. Com a observação das equipas adversárias pretendíamos perceber os aspectos onde eram fortes (onde nos poderiam criar mais perigo) e os aspectos que a nossa equipa podia desequilibrar e aproveitar. Para tal, observávamos a dinâmica colectiva da equipa, com o intuito de perceber em que sistema de jogo jogava e que individualidades sobressaíam, alertando os nossos jogadores para possíveis desequilíbrios. Evidenciando junto deles, potenciais jogadores perigosos, assim como, os jogadores mais fracos, onde aproveitávamos as suas debilidades. Em relação ao GR observávamos se batia longo ou saía a jogar, e para que zonas. Notávamos se acompanhava a equipa a subir ou ficava na baliza, se nas bolas paradas era destemido ou não, aliado a isso víamos se decidia bem ou não nas saídas. Em termos colectivos, analisávamos a equipa adversária nos diferentes momentos do jogo: - Para a organização defensiva da equipa, observávamos que tipo de defesa praticavam e que zonas fechavam melhor ou pior. Que tipo de dinâmica defensiva privilegiavam e que zona do campo pressionavam mais. - Na organização ofensiva, procurávamos distinguir alguns movimentos padrão e que estilo de jogo era privilegiado, directo ou apoiado. Estudávamos a dinâmica ofensiva no último terço, para percebermos se procuravam as linhas para cruzar ou o meio para rematar. Víamos se preferiam o passe ou a condução, rupturas e desmarcações ou passe curto com bola no pé… - Nas transições defensivas, presenciávamos se mudavam rápido de atitude e baixavam, se mudavam rápido de atitude e pressionavam, ou não mudavam rápido de atitude. Avaliámos também, se eram organizados ou desorganizados nos actos. - Nas transições ofensivas, pretendíamos observar a dinâmica das transições, ou seja, se procuravam a transição rápida através do passe longo ou do passe curto, ou se privilegiavam a MPB para segurança. Nos dias de hoje, as bolas paradas são um factor importantíssimo no Futebol, como tal, observávamos com muita atenção as bolas paradas, para 58

identificar alguma jogada estudada, com o intuito de a precaver. Nas bolas paradas contra nós, procurávamos perceber para que zona colocavam a bola e se havia alguma movimentação específica, se jogavam curto ou para o meio da confusão, se jogavam rápido... Nas bolas paradas a nosso favor, tentávamos perceber que tipo de defesa faziam, se podiam ser influenciados pelo arrasto provocado pelos nossos jogadores e víamos se havia alguma zona mais frágil para atacar ou aproveitar. Tendo os aspectos referidos em conta, procurávamos nos treinos elucidar os nossos jogadores para certas situações, com o intuito de aproveitarmos essa informação para começarmos com alguma vantagem táctica e estratégica. Contudo, é muito importante referir, que apesar desta informação, em momento algum, a maneira de jogar da equipa adversária se sobrepunha à nossa.

Nós

trabalhávamos

sempre

o

nosso

jogar

(padrões/comportamentos/princípios), tendo em conta o nosso Modelo de Jogo, evidenciando alguns comportamentos estratégicos para estarmos melhor preparados, pois acreditamos que o treino faz o jogar, faz o jogo, pois só assim faz sentido a criação de um Modelo de Jogo. Por exemplo: - Se o adversário joga com extremos bem abertos, a gestão dos espaços pelos laterais vai ser diferente do que se esses extremos jogassem dentro, assim como, se o PL procura rodar para rematar, os nossos jogadores sabem que a bola não deve chegar a ele em condições e quando chega tem de haver uma contenção forte e agressiva (sem entrar de primeira), sempre com coberturas e fecho de espaços (linhas de passe). - Se os laterais adversários sobem, os nossos jogadores, nomeadamente os nossos interiores têm de ser mentalmente disponíveis para ir à lateral ajudar os nossos laterais, que contam também com as coberturas dos centrais. Deste modo, os nossos extremos sabem que têm de fechar o espaço por cima e mal ganhamos a bola explorar o espaço que o lateral adversário deixou. - Igualmente, se o jogo adversário passa sempre pelo pivô, os nossos jogadores sabem que apesar de estarem a cumprir como os princípios do nosso Modelo de Jogo, a contenção e as coberturas dos homens da frente têm de fechar as linhas de passe para o pivô e, se a bola lá chega, um dos 59

interiores tem de realizar imediatamente contenção, havendo um ajustamento do posicionamento dos restantes membros da equipa. O mais importante é acreditar no que estamos a realizar, mantendo os nossos princípios do início ao fim. Nunca descurámos a nossa maneira de jogar em função do adversário, porém estamos é mais atentos a determinados aspectos e a colmatá-los com os comportamentos e princípios que a nossa concepção de jogo, tendo em conta o nosso Modelo de Jogo, evidencia ou contempla. Em relação à observação feita à nossa equipa, procurámos localizar em que zonas e em que momentos tivemos mais dificuldades, quer a defender, quer a atacar. Privilegiámos a observação colectiva da equipa, mas visto esta contemplar os comportamentos individuais de cada um, ou seja, como a dinâmica colectiva é realizada através de acções individuais, que nas suas interacções vão originar a dinâmica da equipa, acabámos por observar as prestações individuais dos jogadores (mais ao nível do posicionamento; disponibilidade mental e física; e decisões em jogo).

60

4. Considerações finais Depois de toda a operacionalização de uma época desportiva, ficamos cada vez mais convencidos, que para haver sucesso no Futebol, é um factor importante, independente da metodologia de treino utilizada, o treinador ter um entendimento muito claro de como quer que a sua equipa jogue e consequentemente, saber como treinar e intervir para chegar a esse jogar. Saber o que quer e como lá chegar… Para isso, entendemos haver pontos vitais na operacionalização do processo de treino, pontos que fomos referindo ao longo do relatório de estágio. Concluímos que o primeiro prende-se com a criação de um Modelo de Jogo, mas para isso o treinador tem de saber muito de Futebol. Tem de definir os princípios/comportamentos que quer que a sua equipa tenha nos diferentes momentos do jogo, e em todos os princípios/comportamentos tem de ter bem claro o que os jogadores têm de fazer nas várias situações do jogo. Ou seja, tem de ter uma ideia de jogo bem clara daquilo que pretende que os jogadores façam em todas as situações que poderão acontecer em jogo, como concordam vários autores (Oliveira J.G, 1991; Garganta, 1997; Faria, 1999; Oliveira J.G., 2004 e 2006; Gomes, 2008). Aliado ao saber o que fazer é necessário saber o como fazer. Nesse sentido, o segundo ponto refere-se à maneira como transmitimos esses princípios/comportamentos do Modelo de Jogo. Para isso, tem de ter uma intervenção coerente e consistente com a realidade vivenciada, isto é, tem de actuar no momento certo, corrigir, evidenciar e promover os comportamentos desejados, como referem Oliveira J.G. (2003) e Campos (2008). Com as ideias bem definidas de como queremos jogar e sabendo como as transmitir, vamos passar a outros pontos que estruturaram o nosso processo de treino. Como demonstrado ao longo deste relatório, na operacionalização de todo o processo de treino (na planificação dos morfociclos, dos treinos e dos exercícios) surgiram pontos que para nós assumiram uma importância elevada. Sem uma ordem de importância específica (sendo todos importantes, principalmente na sua interacção), referimos a “desmontagem em diferentes 61

níveis de organização” como fundamental para estruturarmos/articularmos a nossa concepção de jogo em princípios, sub princípios e sub dos sub princípios. Evidenciando os mais importantes nos diferentes momentos de jogo e colocando-os em diferentes níveis, de forma a ser mais fácil trabalhá-los e assimilá-los, concordando com Oliveira J.G. et al (2008). Salientamos a “progressão complexa”, que nos permitiu ao longo da época, ajustar o treino à evolução dos jogadores, consentindo uma assimilação contínua e ajustada dos princípios/comportamentos do nosso Modelo de Jogo como corroboram vários autores (Faria, 2007; Gomes, 2007; Oliveira J.G., 2007; Campos, 2008; Oliveira J.G. et al, 2008). Baseados em vários autores (Amieiro et al, 2006; Faria, 2007; Gomes, 2007; Campos, 2008; Oliveira J.G. et al, 2008) realçamos a importância da “alternância horizontal do tipo de esforços em especificidade” que nos permitiu trabalhar sempre em intensidades elevadas relativas, controlando a fadiga, evitando lesões e proporcionando sempre uma elevada assimilação de comportamentos nos diferentes treinos da semana. Demonstrámos a importância dos exercícios serem propensos ao aparecimento de um número elevado de comportamentos desejados (“princípio da propensões”), para assim, se tornarem hábitos e consequentemente aparecerem de forma natural e rápida em jogo. Comportamentos que têm de estar contemplados no nosso Modelo de Jogo, pois só assim podemos trabalhar uma ideia de jogo, como salientam Faria (2007), Gomes (2007) e Oliveira J.G. (2007). A interacção da “alternância horizontal do tipo de esforços em especificidade” com a “progressão complexa” é fundamental, pois não podemos exigir a evidenciação de determinados princípios com grande complexidade quando os jogadores ainda estão em processo de recuperação. Tendo em conta esse aspecto, concluímos que a progressão complexa está ligada: à interacção do desgaste e do tipo de esforço realizado nos diferentes dias; à complexidade táctica dos exercícios, que engloba a complexidade do ou dos princípios existentes; à complexidade da dinâmica do exercício; à quantidade dos jogadores presentes no exercício; ao espaço do jogo; e do tempo e duração do exercício. Seguindo a linha de pensamento de diversos

62

autores (Faria, 2007; Gomes, 2007; Oliveira J.G., 2007; Oliveira J.G. et al, 2008). Por último, mas muito importante para o sucesso desportivo, como refere Bompa (1983), é a necessidade de trabalharmos em “especificidade”, pois esta vai direccionar todo o processo de treino em função daquilo que desejamos. Sendo essa “especificidade” só “especificidade” se trabalharmos comportamentos do nosso Modelo de Jogo. Assim, a especificidade relacionase com a articulação dos vários princípios do nosso Modelo de Jogo, compreendendo também a articulação dos princípios, sub princípios e sub dos sub princípios de cada momento de jogo. Desta forma, a “especificidade” colocada no treino vai consentir que o jogador se adapte à forma de jogar pretendida, originando, em competição, que essa forma saia com naturalidade, permitindo ao jogador uma antecipação mais rápida a um conjunto de situações, como comprovam Oliveira J.G. (1991), Faria (2007), Gomes (2008) e Oliveira J.G. et al (2008). Depois do referido, podemos responder à pergunta “Porquê o morfociclo padrão ser realizado durante toda a época?”

Simplesmente porque

acreditamos que se respeitarmos o acima referido na nossa operacionalização, manteremos os índices de performance dos jogadores e da equipa sempre constantes e elevados, pois o objectivo de qualquer treinador é uma época constante e não uma época de altos e baixos. Pretendemos uma estabilização do rendimento durante um longo período de tempo, tal como relata Frade (2006). Refere ainda, que a semana de treino em algumas dinâmicas será sempre a mesma, o que se alterna são os objectivos que poderão surgir dentro dos problemas apresentados no jogo. Em suma, foi a interacção de todos estes os factores (e outros) que permitiu o sucesso deste estágio profissionalizante. Com o pensamento de que se queremos jogar de determinada forma, temos de treinar essa forma, ou melhor, os comportamentos/padrões/princípios desse jogar. Um Treinar para Um Jogar…

63

5. Referências Bibliográficas Amieiro, N.; Barreto, R.; Oliveira, B. & Resende, N. (2006). Mourinho: Porquê Tantas Vitórias? Lisboa: Gradiva. Araújo, J. (1987): Encerramento – Conclusões do 3º Seminário Internacional de Desportos Colectivos. Espinho. Bangsbo, J. (1993): The Physiology of Soccer – with special reference to intense intermittent exercise. August Krogh Institute. University of Copenhagen. Denmark. Bompa, T. (1983): Theory and methodology of training. Kendall/Hunt. Lowa. Bompa, T. (2009): Entrenamiento de equipos deportivos. Barcelona. Paidotribo. Campos,

C.

(2008):

“A

justificação

da

Periodização

Táctica

como

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Faria, R. (2007): Entrevista In Campos, C. “A justificação da Periodização Táctica como fenomenotécnica «A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINDADOR como a sua impressão digital». MCsports. Frade, V. (2006): Apontamentos das aulas de Metodologia Aplicada I, Opção de Futebol. FADEUP. Porto. Trabalho não publicado. Garganta, J. (1994a): Para a teoria dos jogos desportivos colectivos. In O ensino dos jogos desportivos colectivos (pp. 11-25). A. Graça & J. Oliveira (Eds.). Porto: CEJD/FCDEF-UP. Garganta, J. (1997): “Modelação táctica do jogo de Futebol – Estudo da organização da fase ofensiva em equipas de alto rendimento”. Dissertação de doutoramento (não publicada), FCDEF-UP, Porto. Garganta, J. & Pinto, J. (1994): O ensino do futebol. In O ensino dos jogos desportivos colectivos (pp. 97-137). A. Graça & J. Oliveira (Eds.). Porto: CEJD/FCDEF-UP. Gibson, J. J. (1979). The Ecological Approach to Visual Perception. Boston: Houghton-Mifflin Gomes, M. (2007): Entrevista In Campos, C. “A justificação da Periodização Táctica como fenomenotécnica «A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINDADOR como a sua impressão digital». MCsports. Gomes, M. (2008): “O desenvolvimento do jogar, segundo a Periodização Táctica”, MCsports. Oliveira J.G. (1991). Especificidade, o “pós-futebol” do “pré-futebol”. Um factor condicionante do alto rendimento desportivo. Dissertação de Licenciatura (não publicada). FCDEF-UP, Porto. Oliveira J.G. (2003): Entrevista In Tavares, J. F. F. Uma noção fundamental: a ESPECIFICIDADE. O como investigar a ordem das “coisas” do jogar, uma espécie de invariâncias de tipo fractal”. Dissertação de Licenciatura (não publicada). FCDEF-UP, Porto.

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Comunicação

apresentada

no

“Curso

Superior

de

Especializacion. El entrenamiento global en el Fútbol profesional: nuevas tendencias”, organizado pelo FutbolEstudio, la Federació Catalana de Futbal y la Fundació del RCD Espanyol, no Centro de Alto Rendimento de Sant Cugat del Vallés, em Barcelona, em Março. Hughes, C. (1994): The Football Association Book of Soccer-Tactics and Skills (4ª ed.). British Broadcasting Corporation and Macdonald Queen Anne Press. Ivoilov, A.V. (1973): Theoritischen aspek der sportlichen taktik. Leistungssport, 3 (2) Kunze, A. (1981): Fussball. Sport Verlag. Berlin. Martins, F. (2003): A “Periodização Táctica” segundo Vítor Frade: Mais do que um conceito, uma forma de estar e de reflectir o Futebol. Dissertação de Licenciatura (não publicada). FCDEF-UP, Porto. McCrone, J. (2002). Como funciona o cérebro. Porto.Civilização. Miller, R. (1995): A “small-game” approach to tactical awareness. Scholastic Coach, 64 (10): 27-30.

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6. Síntese Final

Um Treinar para um Jogar O planeamento e realização de uma época desportiva Juvenis A – Varzim SC Eduardo Maia Junho 2010

Resumo O estágio representa a união do conhecimento científico com a experiência da prática empírica, com isso, pretendemos demonstrar a nossa maneira de olharmos para o jogo e para o treino de Futebol, aplicando o conhecimento científico, adquirido ao longo de vários anos a estudar esta modalidade, na operacionalização de uma época desportiva. Procuraremos evidenciar os pontos essenciais da nossa forma de treinar e que nos permitiram obter sucesso nesta época desportiva, ao serviço do Varzim S.C., no escalão de Juvenis A. Neste relatório de estágio, para além de criarmos um Modelo de Jogo e salientarmos a importância da intervenção do treinador, fazemos referência a vários princípios metodológicos como essenciais para o êxito desportivo, tais como: a “desmontagem em diferentes níveis de organização”,

a

“especificidade”,

a “alternância

horizontal do tipo

de

esforço

em

especificidade”, a “progressão complexa” e o “princípio das propensões”. Sendo a interacção de todos estes princípios, fundamental para a obtenção do sucesso.

Introdução O Futebol é a forma de desporto mais popular do mundo, sendo praticada por todas as culturas à escala planetária (Reilly & Williams, 2005). Como tal existem diferentes análises de treino. Martins (2003) identifica três tendências de treino ao longo dos anos: A tendência originária do Leste da Europa, a tendência originária do Norte da Europa e da América do Norte e a tendência Latino-Americana ou “Treino Integrado”. Sendo cada uma delas representativa de uma época, que por necessidade foram surgindo, levando a alterações no processo de treino. Apesar de cada uma destas tendências permitirem a evolução do jogo de Futebol ao longo dos tempos, apresentam objectivos diferentes. Surgindo, por consequência, uma nova análise do treino. Onde o processo de preparação deve centrar-se na operacionalização de um “jogar” através da criação e desenvolvimento contínuo de um Modelo de Jogo. (Faria, 1999; Oliveira J.G., 2004; Frade, 2006). Motivados pela última análise, propomo-nos a desenvolver um estudo sobre o planeamento e realização de uma época desportiva, no escalão sub 17 do Varzim S.C., participante no Campeonato Nacional de Juniores B, da Federação Portuguesa de Futebol. Procurando, ao

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longo do trabalho: elucidar acerca do nosso processo de treino, apresentar o Modelo de Jogo criado, apresentar a progressão metodológica seguida e apresentar o planeamento da época desportiva (morfociclos e treinos).

O nosso processo de treino Depois de reflectirmos sobre as diferentes maneiras de análise do treino de Futebol, tiramos as nossas ilações e traçamos um trajecto a seguir. Tendo como objectivo a evolução da cultura táctica do jogador e a possível integração do mesmo num plantel profissional, procuramos trabalhar o jogo através do jogo, dando-lhes a conhecer alguns princípios que serão importantes ao longo das suas carreiras, assim como os princípios por nós adoptados e que fazem parte do nosso Modelo de Jogo. Como o Futebol é predominantemente um jogo de julgamentos e decisões (Hughes, 1994), os problemas prioritários que se colocam aos jogadores nas acções a realizarem, são de natureza táctica. O jogador deve saber “o que fazer”, para poder resolver o problema subsequente, mas também deve saber o “como fazer”, através da selecção e utilização da resposta motora mais adequada (Garganta & Pinto, 1994). Para o jogador saber o que queremos e seleccionar a resposta mais adequada é importante termos linhas que guiam todo o processo de treino. Sendo que a forma de um jogador perceber o jogo e de nele se expressar, depende de um fundo, que poderemos chamar de Modelo de Jogo (Garganta, 1997). Assim, um dos aspectos mais importantes no nosso processo de treino foi a criação de um Modelo de Jogo, que surge para nós, no estágio, como o guia de todo o processo. É ele que define e orienta como as variadas componentes devem ser tratadas. O Modelo de Jogo é fundamental para se conceber e desenvolver um processo coerente e específico preocupado em criar um jogar, como refere Oliveira J.G. (1991). Autores como Teodorescu (1984) e Castelo (1996) dividem o jogo de Futebol em duas fases, fase ofensiva e fase defensiva. Contudo, vários autores (Van Gaal citado por Mourinho, 1999; Mourinho, 1999; Valdano, 2001; Oliveira J.G. 2004; Frade, 2006, Gomes 2008) optaram por uma leitura diferente do jogo. Para nós, o processo de treino tem como objectivo desenvolver uma determinada forma de jogar e, portanto, defender, atacar e transitar entre estes dois momentos. Assim, partilhamos a ideia que o jogo de Futebol se estrutura em quatro momentos: o momento de organização ofensiva, o momento de organização defensiva, o momento de transição ataque-defesa e o momento de transição defesa-ataque. Conscientes que a representação do todo é muito importante, a interrelação dos quatro momentos são um factor chave. Baseados nesta ideia, a criação de um Modelo de Jogo assume, para nós, um papel importante neste estágio profissional, abrangendo os princípios/comportamentos desejados para a equipa, nestes quatro momentos. Para este ano, tivemos como objectivo trabalhar a cultura táctica de cada jogador (não esquecendo o resto), assumindo a importância da dimensão táctica como estimuladora das qualidades de desempenho e como gestora e direccionadora do processo de treino, com o

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intuito de preparar os jogadores para no futuro poderem jogar em qualquer equipa, independente do modelo de jogo e da estrutura que o treinador possa vir a utilizar. Para isso, assentamos a base da nossa concepção de jogo, nos princípios específicos do jogo, pois acreditamos que se os conseguirem perceber e aplicar em qualquer situação, conseguirão aumentar o seu entendimento do jogo e actuar em qualquer equipa, em qualquer estrutura, independente do modelo de jogo, tornando-os auto-suficientes em jogo. O futebol conta com quatro principais dimensões de rendimento: o físico, o psicológico, o técnico e o táctico (Queiroz, 1986; Pinto, 1988; Garganta, 1997; Castelo, 2002). Nós, tendo em conta a análise de treino escolhida, teremos a dimensão táctica como orientadora das restantes dimensões (técnica, física e psicológica). No entanto, apesar de ser a dimensão táctica que direcciona todo o processo de treino, as restantes dimensões não são menos relevantes, pois a dimensão táctica necessita delas para se manifestar. Assim, o táctico, não é o físico, não é o psicológico, não é o estratégico, mas sem eles não pode existir, pois o táctico só é táctico se incorporar todas as dimensões, isto é, a interacção entre elas. Favorecer o táctico e a organização do jogo foi o propósito principal do nosso processo de treino, pois ao estarmos a privilegiar o táctico, estamos a privilegiar todas as outras dimensões do rendimento, porque por necessidade do táctico surgem todas as outras componentes, como concordam Faria (2002) e Frade (2006).

Alguns princípios do nosso Modelo de Jogo O modo como se idealiza o jogo de Futebol é determinante para a construção do Modelo de Jogo, isto é, para se atingir um determinado jogar, é necessário treinar esse jogar. Para se construir um Modelo de Jogo é importante que o treinador saiba muito bem aquilo que deseja para a sua equipa. Tem que ter ideias muito concretas em relação às “invariantes/padrões” que pretende que a equipa e os respectivos jogadores manifestem. Salientando as perspectivas de Oliveira J.G. (2006) e Gomes (2008), o Modelo de Jogo foi um aspecto fundamental de todo o processo de treino, sendo ele que orientava, direccionava tudo o que fazíamos e que pedíamos para fazer. Assim sendo, apresentamos alguns princípios do nosso Modelo de Jogo, o qual vamos decompor em princípios, sub princípios e sub dos sub princípios. “Desmontando em diferentes níveis de organização”, ou seja, descomplexificando o nosso Modelo de Jogo, de forma a podermos trabalhá-lo melhor e ser de mais fácil compreensão e assimilação para o jogador. A maneira escolhida por nós para conseguirmos trabalhar os comportamentos referidos anteriormente, que nos permitiu uma maior transferência para o jogo, foi respeitando a “especificidade” do nosso Modelo de Jogo, onde trabalhávamos os princípios/comportamentos por ele contemplados, corroborando com as ideias de Oliveira J.G. (2004). Assim, a “especificidade” para nós tem a ver com o treino dos comportamentos que desejamos nos determinados momentos do jogo, tendo sempre como referência o nosso Modelo de Jogo. Ou seja, tem de haver uma permanente e constante relação entre as várias dimensões (tácticas, técnicas, físicas e psicológicas), em correlação permanente com os princípios do nosso Modelo de Jogo. Só podemos considerar algo específico se estiver relacionado com o

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Modelo de Jogo que estamos a criar, como referem vários autores (Oliveira J.G., 1991; Gomes, 2008; Oliveira J.G. et al, 2008). Porém, estamos cientes que não chega criar exercícios em que os princípios do nosso Modelo de Jogo possam aparecer, isto é, o seu verdadeiro aparecimento depende da intervenção do treinador, pois a verdadeira especificidade só aparece quando o gestor do treino (treinador) tem a capacidade de intervir e direccionar o treino para os comportamentos desejados. Desta forma, não basta os exercícios serem potencialmente específicos de algo, é necessária uma intervenção “interactiva” do treinador com os exercícios e com os jogadores. Assim como, devemos perceber em que momento efectuar reajustes entre o grau de dificuldade do exercício e a promoção do sucesso, para permitir o aparecimento e frequência dos comportamentos desejados, como confirmam Oliveira J.G. (2003) e Campos (2008).

Progressão metodológica da preparação da época Para uma melhor e mais rápida assimilação do nosso Modelo de Jogo, optamos por uma “progressão complexa” dos nossos princípios. Esta refere-se à “montagem” e “desmontagem dos diferentes níveis de organização” durante o padrão semanal e ao longo destes, tendo em conta a evolução da equipa. Ou seja, há um aumento da complexidade pedida em cada princípio/comportamento à medida que este vai sendo assimilado. É neste aspecto que reside a diferença na configuração dada à prática entre uma fase mais precoce da aprendizagem e uma fase mais avançada. É perceber que a progressão do menos complexo para o mais complexo só tem sentido quando conhecemos bem o jogar e percebermos o que é mais complexo tendo em conta os princípios do nosso Modelo de Jogo. Tendo Faria, (2007), Oliveira, J.G. (2007), Campos (2008) e Oliveira, J.G. et al, (2008) a mesma linha de pensamento. Com isso em mente, decidimos na fase inicial introduzir e assimilar os princípios de jogo específicos, pois foram eles que nos forneceram a base de toda a organização do nosso jogar nos quatro momentos. Numa 2ª fase trabalhámos os princípios do nosso modelo de jogo, a fim de chegar à concepção de jogo desejada. Nesta fase podemos distinguir dois momentos, sendo o primeiro: a organização defensiva da equipa, com a qual iniciámos o trabalho da nossa concepção de jogo. Achámos importante começar pela organização defensiva, pois pretendíamos promover um equilíbrio defensivo, para que a equipa ganha-se confiança e consistência defensiva, permitindo-nos evoluir para outras situações (defender bem para atacar ainda melhor). Defender é mais fácil do que atacar, pois não engloba lidar com a bola directamente (apesar de defendermos em função dessa), permitindo uma melhor assimilação dos comportamentos. Por esse motivo torna-se mais fácil a equipa perceber o que se pretende e posteriormente passar para comportamentos cada vez mais complexos, como a organização ofensiva, que por ter bola presente, assume uma maior dificuldade, concordando com as ideias de Gomes (2007). Num segundo momento e após estarmos minimamente consolidados defensivamente, trabalhámos a organização ofensiva da equipa. Nesta, procurámos criar algumas dinâmicas que nos permitem proporcionar várias situações de finalização e consequente concretização.

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Sendo as transições um aspecto fundamental no nosso modelo de jogo, procurámos desde sempre trabalhá-las, relacionando-as com a respectivo momento de jogo, ou não, de acordo com o pretendido. Corroborando com Campos (2008), assumimos o aumento da complexidade na evolução dos treinos como o fundamento do processo de assimilação dos princípios de jogo, sendo esse aumento de complexidade a resolução para munir os jogadores e a equipa com as ferramentas necessárias à consecução do nosso Modelo de Jogo em cada etapa do seu desenvolvimento. Faria (2007) e Oliveira, J.G. (2007) validam a ideia que a “progressão complexa” utilizada, não se resume só a uma progressão do mais fácil para o mais difícil, assume-se como reguladora do processo de treino, quer na ordem metodológica dos princípios, sub princípios e sub dos sub princípios a trabalhar, quer na progressão complexa de um simples exercício, obrigando os jogadores a estarem em constante assimilação. Se um exercício se torna ultrapassado, temos de o reestruturar de maneira a que os jogadores estejam numa evolução permanente para que consigam ter comportamentos cada vez mais complexos.

Morfociclo Padrão Para tentarmos manter o rendimento da equipa num patamar elevado, elaboramos um morfociclo padrão (jogo de domingo a domingo), onde contemplamos alguns exercícios padrão para os diferentes dias da semana, que realizamos durante toda a época, mas sempre respeitando a progressão complexa referida anteriormente. Como

pretendíamos

que

o

nosso

jogar

evidenciasse

determinados

padrões

ou

comportamentos, tivemos de treinar esses padrões e comportamentos de uma forma sistemática e consistente. Sendo os comportamentos/princípios, sub princípios e sub dos sub princípios do nosso jogar sempre evidenciados em todos os nossos exercícios, em todos os treinos e em todos os nossos morfociclos, podendo uns ser mais evidenciados do que outros, de acordo com o estipulado para o treino ou para a semana de treino. Para a elaboração do Morfociclo, respeitamos uma determinada alternância de conteúdos, sendo esses conteúdos sempre específicos do nosso Modelo de Jogo. A necessidade de alterarmos o tipo de esforço nos diferentes dias da semana surge da acumulação de fadiga, como comprovam vários autores (Faria, 2007; Gomes, 2007; Campos, 2008; Oliveira J.G. et al, 2008). A solução encontrada para reduzirmos a fadiga foi através de uma “alternância horizontal em especificidade”. Alteramos o tipo de esforços solicitados em cada dia da semana, para assim, podermos trabalhar em intensidades elevadas nos diferentes dias, conseguindo gerir o desgaste. Caracterizando as contracções musculares ao nível da tensão, da duração e da velocidade, que apesar de qualquer exercício conter a interacção das três, umas são mais solicitadas num dia do que outras. Em suma e na mesma linha de pensamento de Amieiro et al (2006), Gomes (2007) e Oliveira J.G. et al, (2008), a gestão do tipo de esforços pedidos nos diferentes dias da semana, vai permitir trabalharmos com índices de intensidade e de assimilação de comportamentos

73

elevados, controlando a fadiga, evitando lesões e recuperando os jogadores para o próximo jogo. Tendo em conta Faria (2007) e Campos (2008), tentávamos procurar e criar sempre contextos de treino onde podia haver desempenhos máximos, mas como existia sempre um desgaste relacionado com o jogo ou com o treino anterior, era importante encontrar soluções que resolvessem esse problema. Daí a importância que a “alternância horizontal em especificidade” do tipo de esforço do jogar assumiu para nós no estágio. Alternar os comportamentos e o tipo de contracções musculares pedidas nos diferentes dias da semana foi decisivo para que a exigência do que queríamos fosse feita em função da relação que existia entre o desempenho e a recuperação.

Exercícios padrão do nosso Modelo de Jogo Com os exercícios procurávamos criar um contexto que fosse propenso a determinada aquisição (“princípio das propensões”). Assim, os exercícios quando surgiam já se encontravam configurados de modo a apresentarem os comportamentos desejados (tendo em conta os princípios do nosso Modelo de jogo). Isto é, o exercício já está estruturado de modo a que os comportamentos esperados apareçam com frequência. Mas para isso, é muito importante que a intervenção do treinador seja direccionada no sentido de evidenciar os comportamentos desejados, como salientam Faria (2007), Gomes (2007) e Oliveira J.G. (2007). É importante referir que os exercícios só são potencialmente específicos, ou potencialmente bons, ou potencialmente algo. A intervenção do treinador é que vai determinar a qualidade do exercício e a sua especificidade, pois só poderá ser específico se trabalharmos aspectos do nosso Modelo de Jogo. É também fundamental perceber a importância do exercício ser propenso ao aparecimento de aspectos específicos do nosso Modelo de Jogo, pois é através disso que vamos poder ou não evidenciar os comportamentos desejados. Fazendo aparecer mais vezes os comportamentos pretendidos ou não. Devemos perceber a importância da progressão complexa para conseguirmos uma boa evolução e consequente assimilação dos comportamentos. Pois os exercícios não podem ser demasiados fáceis, nem demasiado difíceis, é necessário um constante ajuste da dificuldade do exercício. Apesar de ser referido em último, não é menos importante, até porque a interacção destes todos é que vai originar um estado óptimo de aprendizagem e assimilação. A alternância horizontal do tipo de esforço em especificidade é importantíssima, porque permite-nos perceber quando e em que dia, devemos realizar determinado exercício, para assim, não haver um acumular de fadiga, podendo treinar sempre em intensidade altas relativas, sem correr risco de lesões e podendo sempre proporcionar o máximo de assimilação possível dos comportamentos desejados.

Considerações finais Depois de toda a operacionalização de uma época desportiva, ficamos cada vez mais convencidos, que para haver sucesso no Futebol, é um factor importante, independente da

74

metodologia de treino utilizada, o treinador ter um entendimento muito claro de como quer que a sua equipa jogue e consequentemente, saber como treinar e intervir para chegar a esse jogar. Saber o que quer e como lá chegar… Para isso, entendemos haver pontos vitais na operacionalização do processo de treino, pontos que fomos referindo ao longo do relatório de estágio. Concluímos que o primeiro prende-se com a criação de um Modelo de Jogo, mas para isso o treinador tem de saber muito de Futebol. Tem de definir os princípios/comportamentos que quer que a sua equipa tenha nos diferentes momentos do jogo, e em todos os princípios/comportamentos tem de ter bem claro o que os jogadores têm de fazer nas várias situações do jogo. Ou seja, tem de ter uma ideia de jogo bem clara daquilo que pretende que os jogadores façam em todas as situações que poderão acontecer em jogo, como concordam vários autores (Oliveira J.G, 1991; Garganta, 1997; Faria, 1999; Oliveira J.G., 2004 e 2006; Gomes, 2008). Aliado ao saber o que fazer é necessário saber o como fazer. Nesse sentido, o segundo ponto refere-se à maneira como transmitimos esses princípios/comportamentos do Modelo de Jogo. Para isso, tem de ter uma intervenção coerente e consistente com a realidade vivenciada, isto é, tem de actuar no momento certo, corrigir, evidenciar e promover os comportamentos desejados, como referem Oliveira J.G. (2003) e Campos (2008). Com as ideias bem definidas de como queremos jogar e sabendo como as transmitir, vamos passar a outros pontos que estruturaram o nosso processo de treino. Como demonstrado ao longo deste relatório, na operacionalização de todo o processo de treino (na planificação dos morfociclos, dos treinos e dos exercícios) surgiram pontos que para nós assumiram uma importância elevada. Sem uma ordem de importância específica (sendo todos importantes, principalmente na sua interacção), referimos a “desmontagem em diferentes níveis de organização” como fundamental para estruturarmos/articulamos a nossa concepção de jogo em princípios, sub princípios e sub dos sub princípios. Evidenciando os mais importantes nos diferentes momentos de jogo e colocando-os em diferentes níveis, de forma a ser mais fácil trabalhá-los e assimilá-los, concordando com Oliveira J.G. et al (2008). Salientamos a “progressão complexa”, que nos permitiu ao longo da época, ajustar o treino à evolução

dos

jogadores,

consentindo

uma

assimilação

contínua

e

ajustada

dos

princípios/comportamentos do nosso Modelo de Jogo como corroboram vários autores (Faria, 2007; Gomes, 2007; Oliveira J.G., 2007; Campos, 2008; Oliveira J.G. et al, 2008). Baseados em vários autores (Amieiro et al, 2006; Faria, 2007; Gomes, 2007; Campos, 2008; Oliveira J.G. et al, 2008) realçamos a importância da “alternância horizontal do tipo de esforço em especificidade” que nos permitiu trabalhar sempre em intensidades elevadas relativas, controlando a fadiga, evitando lesões e proporcionando sempre uma elevada assimilação de comportamentos nos diferentes treinos da semana. Demonstrámos a importância dos exercícios serem propensos ao aparecimento de um número elevado de comportamentos desejados (“princípio da propensões”), para assim, se tornarem

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hábitos e consequentemente aparecerem de forma natural e rápida em jogo. Comportamentos que têm de estar contemplados no nosso Modelo de Jogo, pois só assim podemos trabalhar uma ideia de jogo, como salientam Faria (2007), Gomes (2007) e Oliveira J.G. (2007). A interacção da “alternância horizontal do tipo de esforço em especificidade” com a “progressão complexa” é fundamental, pois não podemos exigir a evidenciação de determinados princípios com grande complexidade quando os jogadores ainda estão em processo de recuperação. Tendo em conta esse aspecto, concluímos que a progressão complexa está ligada: à interacção do desgaste e do tipo de esforço realizado nos diferentes dias; à complexidade táctica dos exercícios, que engloba a complexidade do ou dos princípios existentes; à complexidade da dinâmica do exercício; à quantidade dos jogadores presentes no exercício; ao espaço do jogo; e do tempo e duração do exercício. Seguindo a linha de pensamento de diversos autores (Faria, 2007; Gomes, 2007;

Oliveira J.G., 2007; Oliveira

J.G. et al, 2008). Por último, mas muito importante para o sucesso desportivo, como refere Bompa (1983), é a necessidade de trabalharmos em “especificidade”, pois esta vai direccionar todo o processo de treino em função daquilo que desejamos. Sendo essa “especificidade” só “especificidade” se trabalharmos comportamentos do nosso Modelo de Jogo. Assim, a especificidade relaciona-se com a articulação dos vários princípios do nosso Modelo de Jogo, compreendendo também a articulação dos princípios, sub princípios e sub dos sub princípios de cada momento de jogo. Desta forma, a “especificidade” colocada no treino vai consentir que o jogador se adapte à forma de jogar pretendida, originando, em competição, que essa forma saia com naturalidade, permitindo ao jogador uma antecipação mais rápida a um conjunto de situações, como comprovam Oliveira J.G. (1991), Faria (2007), Gomes (2008) e Oliveira J.G. et al (2008).

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Nunes, G. (2009). As boas apostas de Varzim e Beira-Mar. O Jogo (244), 31. Pinto, C. (1988). Periodização do treino desportivo. O Treinador, 21, 39 – 56. Queiroz, C. (1986). Estrutura e Organização dos Exercícios de Treino em Futebol. Lisboa: Federação Portuguesa de Futebol. Reilly, T. & Williams, A. M. (2005). Science and Soccer (2ª ed.). Oxon: Routledge. Silva, S. (2009). Liderança nos juvenis é uma boa surpresa. Jornal de Noticias (137), 46. Teodorescu, L. (1984): Problemas de teoria e metodologia dos jogos desportivos. Lisboa: Livros Horizonte. Valdano, J. (2001): Apuntes del bálon. Madrid: Marca.

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Anexos

Anexos 1 Calendário Jogos/Resultados

III

Calendário 2009/2010 – Juvenis – Nacional

1ª Jornada Padroense x Régua Braga x Vizela Diogo Cão x Rio Ave Limianos x Varzim Cachão x Fafe Freamunde x Guimarães

Resultado 1x1 2x2 2x1 2x5 0x4 1x2

12ª Jornada Régua x Padroense Vizela x Braga Rio Ave x Diogo Cão Varzim x Limianos Fafe x Cachão Guimarães x Freamunde

Resultado 0x9 5x1 1x2 9x0 4x2 3x0

2ª Jornada Fafe x Freamunde Rio Ave x Padroense Régua x Limianos Varzim x Braga Guimarães x Diogo Cão Vizela x Cachão

Resultado 0x4 1x4 2x1 6x0 2x2 6x1

13ª Jornada Freamunde x Fafe Padroense x Rio Ave Limianos x Régua Braga x Varzim Diogo Cão x Guimarães Cachão x Vizela

Resultado 3x1 1x0 2x1 2x1 0x1 0x6

3ª Jornada Padroense x Guimarães Freamunde x Vizela Diogo Cão x Fafe Cachão x Varzim Limianos x Braga Régua x Rio Ave

Resultado 4x1 1x0 3x0 0x3 0x5 1x0

14ª Jornada Guimarães x Padroense Vizela x Freamunde Fafe x Diogo Cão Varzim x Cachão Braga x Limianos Rio Ave x Régua

Resultado 2x1 1x0 0x1 12x0 6x0 4x0

4ª Jornada Fafe x Padroense Guimarães x Régua Rio Ave x Limianos Vizela x Diogo Cão Varzim x Freamunde Braga x Cachão

Resultado 0x5 6x0 2x0 4x0 3x0 6x0

15ª Jornada Padroense x Fafe Régua x Guimarães Limianos x Rio Ave Diogo Cão x Vizela Freamunde x Varzim Cachão x Braga

Resultado 3x0 0x9 1x1 3x0 3x1 0x6

5ª Jornada Freamunde x Braga Limianos x Cachão Rio Ave x Guimarães Padroense x Vizela Régua x Fafe Diogo Cão x Varzim

Resultado 2x0 3x1 2x1 4x1 1x4 2x2

16ª Jornada Braga x Freamunde Cachão x Limianos Guimarães x Rio Ave Vizela x Padroense Fafe x Régua Varzim x Diogo Cão

Resultado 3x1 0x1 2x1 1x1 3x0 3x2

IV

6ª Jornada Guimarães x Limianos Fafe x Rio Ave Vizela x Régua Braga x Diogo Cão Cachão x Freamunde Varzim x Padroense

Resultado 6x2 0x2 4x2 6x0 4x7 0x0

17ª Jornada Limianos x Guimarães Rio Ave x Fafe Régua x Vizela Diogo Cão x Braga Freamunde x Cachão Padroense x Varzim

Resultado 0x1 2x0 0x2 0x1 11x0 2x0

7ª Jornada Diogo Cão x Cachão Limianos x Freamunde Padroense x Braga Régua x Varzim Guimarães x Fafe Rio Ave x Vizela

Resultado 6x0 1x3 2x2 1x3 5x0 3x1

18ª Jornada Cachão x Diogo Cão Freamunde x Limianos Braga x Padroense Varzim x Régua Fafe x Guimarães Vizela x Rio Ave

Resultado 0x2 3x1 1x1 8x0 0x1 6x1

8ª Jornada Cachão x Padroense Freamunde x Diogo Cão Braga x Régua Varzim x Rio Ave Fafe x Limianos Vizela x Guimarães

Resultado 0x6 2x1 4x0 1x1 0x0 1x2

19ª Jornada Padroense x Cachão Diogo Cão x Freamunde Régua x Braga Rio Ave x Varzim Limianos x Fafe Guimarães x Vizela

Resultado 5x0 2x3 0x4 0x0 1x3 2x2

9ª Jornada Padroense x Freamunde Limianos x Diogo Cão Régua x Cachão Guimarães x Varzim Rio Ave x Braga Fafe x Vizela

Resultado 4x0 2x2 2x1 5x0 2x0 1x0

20ª Jornada Freamunde x Padroense Diogo Cão x Limianos Cachão x Régua Varzim x Guimarães Braga x Rio Ave Vizela x Fafe

Resultado 2x2 5x0 2x0 2x3 2x0 2x0

10ª Jornada Freamunde x Régua Diogo Cão x Padroense Cachão x Rio Ave Braga x Guimarães Varzim x Fafe Limianos x Vizela

Resultado 3x0 1x0 1x4 2x1 2x0 2x3

21ª Jornada Régua x Freamunde Padroense x Diogo Cão Rio Ave x Cachão Guimarães x Braga Fafe x Varzim Vizela x Limianos

Resultado 0x5 3x0 7x1 0x2 1x4 7x0

11ª Jornada Régua x Diogo Cão Rio Ave x Freamunde Padroense x Limianos Guimarães x Cachão Vizela x Varzim Fafe x Braga

Resultado 2x2 1x4 5x0 9x0 1x2 0x1

22ª Jornada Diogo Cão x Régua Freamunde x Rio Ave Limianos x Padroense Cachão x Guimarães Varzim x Vizela Braga x Fafe

Resultado 6x0 5x3 0x2 1x4 3x1 2x0

V

Comparação entre a 1ª volta e a 2ª volta Vitórias Empates Derrotas Golos Marcados Golos Sofridos Pontos

Fim da 1ª Volta 7 3 1 27 12 24

Fim da 2ª Volta 6 1 4 43 14 19

Total 13 4 5 70 26 43

Comparação entre a época 2008/2009 e a época 2009/2010 Vitórias Empates Derrotas Golos Marcados Golos Sofridos Pontos

Época 2008/2009 14 3 5 50 26 45

Época 2009/2010 13 4 5 70 26 43

VI

Diferenças - 1 Vitória + 1 Empate = Derrotas + 20 Golos marcados = Golos sofridos - 2 Pontos

Anexos 2 Exemplo da operacionalização dos treinos (duas semanas)

VII

Preparação do morfociclo 6 Para esta semana, realizaremos mais um treino do que habitual no nosso morfociclo padrão, isto porque tivemos jogo no sábado e para não estarmos dois dias seguidos sem treinar, treinaremos também na 2ª feira. No entanto, para não modificarmos muito o nosso morfociclo padrão e tendo em conta a recuperação dos jogadores e o desgaste dos treinos, dividiremos o treino, que normalmente fazemos na 4ª feira em dois e o realizaremos na 3ª e 4ª feira, trabalhando no último, alguns dos nossos grandes princípios em situações reduzidas, isto é, para além de trabalharmos os nossos sub princípios e sub dos sub princípios, também exercitaremos os nossos princípios de jogo em situações mais reduzidas, em número de jogadores e nas dimensões do campo(GR+5x6 e GR+7x8), sempre tendo em conta o nosso Modelo de Jogo. Tendo presente o que anteriormente foi dito, para o treino 22, pretendemos realizar um treino de recuperação em contexto táctico/técnico. Realizaremos, para além dos habituais exercícios de passe, basculações defensivas, trabalhando o posicionamento defensivo da equipa em algumas situações, alertando os jogadores para os erros cometidos no jogo, corrigindoos e relembrando a importância do jogo colectivo defensivo no nosso modelo de jogo. Faremos de seguida passe em semi-estrutura, onde os defesas e pivô vão circular a bola à vontade, basculando ofensivamente, tendo em conta o que trabalhamos em treinos anteriores (cuidado aos passes de risco, bascular ofensivamente de maneira a equipa se encontrar aberta e equilibrada). Os avançados e médios realizaram o mesmo exercício (com os mesmos comportamentos) mas poderão finalizar após a circulação. Nota: exercitaremos as circulações com os defesas e pivô no meio dos avançados e médios, para assim, sentirem os espaços adversários ocupados. Apesar de não haver interacção, é uma situação mais próxima da realidade, obrigando os jogadores a estarem concentrados e a realizarem o passe bem para não acertarem nos colegas. Terminaremos o treino, com um exercício de três equipas, onde duas jogam e a restante faz de apoio. O objectivo é mais lúdico, isto é, deixámos os jogadores jogar à vontade com o intuito de promover um ambiente alegre e motivador no grupo. Para o treino 23, efectuaremos um exercício de transições ofensivas e defensivas, onde o principal objectivo e a mudança de atitude quando ganha ou perde a bola, contudo, este exercício trabalha todos os princípios que temos VIII

por base no nosso modelo de jogo. Faremos de seguida um exercício de finalização com transição ofensiva e defensiva, trabalhando a finalização em contexto táctico/técnico 3x2+GR, onde pedimos que ataquem o espaço interior para libertar as alas, caso o espaço interior não seja fechado, devemos aproveitá-lo e ir para a baliza. Caso os defesas ganhem a bola ou o GR defenda, realizam uma transição rápida para a baliza adversária, através dos laterais, procurando aproveitar o adversário desorganizado 4x3+GR. Terminámos com uma organização ofensiva intersectorial com transição defensiva, onde o principal objectivo é a mudança rápida de atitude após perda de bola, isto é, queremos que a equipa mal perca a posse de bola, reaja rápido e passe logo a defender, tendo 7 segundos para voltar a recuperar a posse, caso não consiga é golo para a equipa adversária. É importante, que a pressão seja feita de forma organizada, um faz a contenção e os restantes dão cobertura e fecham espaço. No treino 24, realizaremos um exercício de MPB, onde pretendemos, para além de trabalhar a mudança de atitude após ganho e perda de bola, trabalhar a remoção bola da zona de pressão após o ganho desta para uma zona mais segura e assim conservar a posse da bola. Depois exercitaremos a organização defensiva intersectorial com transição ofensiva numa situação mais reduzida, onde vamos trabalhar os defesas e pivô, procurando assim uma melhor assimilação dos comportamentos por nós pedidos. Efectuaremos de seguida e progredindo do exercício anterior, a organização defensiva intersectorial com transição ofensiva dos defesas e dos médios, neste vamos ter atenção aos comportamentos dos médios e às coberturas dos defesas a estes, não esquecendo também, todos os outros comportamentos defensivos já trabalhados. No treino de 5ª feira, treino 25, realizaremos o nosso treino habitual de organização defensiva e ofensiva colectiva com as respectivas transições, pedindo sempre para por em prática o que já trabalhamos, exercitando os nossos princípios de jogo numa dimensão macro. Porém, antes de trabalharmos a organização colectiva, vamos efectuar um exercício de organização defensiva intersectorial com transição ofensiva. Neste pretendemos trabalhar a cobertura dos médios aos extremos sem nunca deixar o meio desprotegido. É nossa intenção trabalhar sempre os pontos menos bons da nossa equipa, tendo em conta o jogo passado e o nosso Modelo de Jogo, para quando estes acontecerem em jogo, a equipa esteja preparada para os superar. Contudo não deixamos de realçar e de treinar aquilo que somos bons. A relação perfeita destes vai-nos permitir superar qualquer dificuldade, mas só conseguimos atingir, ou andar perto da perfeição se treinarmos sistematicamente os comportamentos esperados. IX

Para o último treino da semana, treino 26, repetiremos o treino da última sexta. Tendo sempre em atenção a parte estratégica do jogo, principalmente nas bolas paradas.

X

6º Morfociclo 2ª Feira 31/08/09 Hora: 10.30h Intensidade baixa Passes em contexto técnicotáctico Basculações defensivas Passes em semiestrutura (Defesas e pivô e médios e avançados com finalização)

Jogo Lúdico (3 equipas, 1 faz de apoio)

3ª Feira 01/09/09

– Preparação para o jogo contra o Braga

4ª Feira 02/09/09

5ª Feira 03/09/09

Hora: 18h Hora: 18h Hora: 18h Intensidade Intensidade Intensidade moderada/alta moderada/alta moderada/alta Atenção aos tempos de recuperação! Passes em contexto técnico-táctico

Passes em contexto técnico-táctico

Passes em contexto técnico-táctico

Transições ofensivas e defensivas (2x2 – mudanças de atitude ofensivas e defensivas)

Transições ofensivas e defensivas (MPB)

Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (defesa + médios e extremos)

Finalização em contexto táctico técnico com transições Organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (mudança de atitude em jogo – avançados, médios e laterais)

Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (defesas + pivô x avançados + médios) Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (defesas + médios)

Organização defensiva colectiva com transição ofensiva Organização ofensiva colectiva com transição defensiva Alongamentos + abdominais

Alongamentos + abdominais XI

6ª Feira 04/09/09

Sábado Domingo 05/09/09 06/09/09

Hora: 18h Intensidade Intensidade Intensidade baixa máxima moderada/baixa Meinho Transições ofensivas e defensivas (MPB com zona neutra) Finalização em contexto técnico Combinações ofensivas com basculações defensivas da outra equipa Jogo com bolas paradas

Folga

Jogo Braga

XII

Treino nº22 Data: 31-08- 2009 – 2ª feira Espaço: Sintético Objectivos Gerais: Recuperação em regime táctico/técnico 1 – Passe com dupla triangulação – 2x 3’ - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1/2 toques; - Atacar a bola em vez de esperar por ela; - Concentração máxima; - Alternar de lado; - 2 Grupos de 12 elementos, 2 em cada sinalizador; - Alongamentos no final – 3’ 2 – Basculações defensivas – 10’ - Gr+10x0 - Defender á zona em bloco; - Seguir os princípios específicos do jogo; - O Prof. Indica que sinalizador pressionar e os jogadores vão lá fechar o espaço; -Correcção de alguns erros posicionais cometidos em jogo.

3 – Passe em semi-estrutura – 10’ - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1/2 toques; - Atacar a bola em vez de esperar por ela; - Concentração máxima; - Pivô e defesas; - Médios e avançados com finalização (ocupar os lugares de finalização); - Bascular bem. 4 – Água – 5’ 5 – Jogo lúdico – 5x3’ - 3 Equipas; - 3’ Para marcar golo; - 2 Jogam 1 faz de apoio; - Aplicar os princípios do jogo do ataque e da defesa; - Exercitar todas as acções táctico/técnicas.

XIII

VSC

Treino nº 23 Data: 01-09- 2009 – 3ª feira Espaço: Pelado VSC Objectivos Gerais: Transições ofensivas e defensivas (mudança de atitude); Finalização em contexto táctico/técnico e organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (mudança de atitude em jogo). 1 – Passe em Y – 2x5’ – muda de variante - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1/2 toques; - Atacar a bola em vez de esperar por ela; - Concentração máxima. 2 – Alongamentos – 3’ 3 – Mudança de atitude – 10’ - 2x2 em 25mx20m; - Objectividade em ir para a baliza; - Mudança de atitude quando ganha ou perde a bola; - Agressividade e raça; - Tempo de recuperação = ao tempo de espera; - Quem põe a bola pela linha final ou marca golo tem de dar 1 volta à baliza antes de defender; - Mal seja golo ou a bola saia pela linha final, sai imediatamente outros jogadores para finalizar na baliza contrária (aproveitar o adversário desorganizado e a superioridade numérica). 4 – Água – 5’ 5 – Finalização em contexto táctico/técnico – 15’ - GR+2x3 com transição de 4x3+GR; - GR põe bola, sempre que é golo não há transição, se o GR defender sai rapidamente transição pelos laterais – 4x3; - Mudar rápido de atitude quando perde ou ganha a bola; - Objectividade, aproveitar a superioridade numérica; - Rematar sempre que possível, não hesitar; - Decidir bem (ou passe ou remate); - Ataca o defensor para libertar ou um colega ou o espaço. 6 – Água – 5’ 7 – Organização ofensiva intersectorial + transição defensiva (avançados, médios e laterais) – 15’ - Jogo GR+7 x 8; - GR+7 – recupera tira da zona de pressão; - Seguir os princípios específicos do jogo; - Perde a bola faz transição defensiva (mudar logo de atitude); - Se não houver muitas transições, provocá-las (largar uma bola na outra equipa e essa é que conta em vez da outra); - Só pode dar 2/3 toques antes da linha preta - Jogar simples; - Rematar sempre que possível. 8 – Alongamentos - 5’

XIV

Treino nº 24 Data: 02-09- 2009 – 4ª feira Espaço: Pelado VSC Objectivos Gerais: Transições ofensivas e defensivas (MPB); Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva. 1 – Passe em triângulo – 2x3’+1’ alongamentos. - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1/2 toques; - Atacar a bola em vez de esperar por ela; - Concentração máxima. 2 – Alongamentos – 3’ 3 – MPB com mudança de atitude - 10’ - 5x5 em 2x 20mx20m - 2 a pressionar de cada vez; - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1-2 toques; - Criar linhas de passe (diagonais); - 8 Passes = 1 golo; - Agressividade e raça; - Defesas x médios x avançados. 4 – Água – 5’ 5 – Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva – 2x10’ - GR + 5 x 6 - Seguir os princípios específicos do jogo; - Bascular bem defensivamente; - Pivô tem de condicionar sempre o portador da bola a partir da linha – defesas dão cobertura e fecho de espaços (se pivô tiver que subir para condicionar, a defesa acompanha); - Pivô só báscula dentro das linhas tracejadas; - Ganha a bola tem de passa a linha com a bola controlada. 6 – Água – 5’ 7 – Organização defensiva intersectorial + transição ofensiva (defesas e médios) – 15’ - GR + 7 x 8 - Seguir os princípios específicos defensivos do jogo; - Bascular bem defensivamente, pivô só báscula dentro das linhas tracejadas; - Médios interiores tem de condicionar sempre o portador da bola a partir da linha – pivô e defesas dão cobertura e fecho de espaços (se os médios tiverem que subir para condicionar, a defesa acompanha); - Médios interiores tem de ocupar bem o campo e têm de ter disponibilidade de ir à linha lateral – cobertura do pivô e restantes fecham espaço; - Ganha a bola tem de passa a linha com a bola controlada. 8 – Alongamentos + Abdominais – 10’

XV

Treino nº 25 Data: 03-09- 2009 – 5ª feira Espaço: Pelado VSC Objectivos Gerais: organização defensiva intersectorial e colectiva com transição ofensiva e organização ofensiva colectiva com transição defensiva. 1 – Passe em duplo triangulo – 7’ + 3’ alongamentos - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1/2 toques; - Atacar a bola em vez de esperar por ela; - Concentração máxima. 2 – Organização defensiva intersectorial + transição ofensiva (defesas, médios e extremos) – 15’ - GR + 9 x 8 - Seguir os princípios específicos defensivos do jogo; - Bascular bem defensivamente, pivô só báscula dentro das linhas tracejadas; - Médios interiores tem de condicionar sempre o portador da bola a partir da linha – pivô e defesas dão cobertura e fecho de espaços (se os médios tiverem que subir para condicionar, a defesa acompanha); - Médios interiores tem de ocupar bem o campo e têm de ter disponibilidade de ir à linha lateral – cobertura do pivô e restantes fecham espaço. 3 – Água – 5’ 4 – Organização defensiva colectiva com transições ofensivas – 15’ - GR+10 x10+GR; - Defender á zona em bloco intermédio; - Atenção às referências de pressão; - Recupera a bola faz transição ofensiva (marcar golo). Referências de pressão: - Bola no corredor lateral; - Bola no ar; - Maus passes e recepções; - Bola no nosso meio; - Passe para trás sobe equipa. 5 – Água – 5’ 6 – Organização ofensiva colectiva com transição defensiva – 15’ + 3’ água + 10’ - Jogo GR+10 x 10+GR - Seguir os princípios específicos do jogo; - Perde a bola faz transição defensiva (mudar logo de atitude); - Atacar o defensor para libertar espaços ou colegas; - Só pode dar 2/3 toques antes da linha preta - Jogar simples; - Rematar sempre que possível; - Trocar campo a meio (15’ - 1ª e 2ª fase de construção – jogar do lado da área; 10’ - jogar contra o lado da área - 3ª e 4ª fase de construção). 7 – Alongamentos + Abdominais – 10’

XVI

Treino nº26 Data: 04-09- 2009 – 6ª feira Espaço: Pelado VSC Objectivos Gerais: Transições ofensivas e defensivas (MPB); Finalização técnica; Combinações e Bolas paradas. 1 – Meinhos – 6’ + 2’ de alongamentos - 2 Grupos, 2 ao meio e 1 Toque. - Sai sempre 2 e entram 2 (sai os 2 últimos a tocar na bola). 2 – MPB com zona neutra. 10’ - 6x6x6 em 46mx20m, sendo a zona neutra 6mx20m; - 3 a pressionar de cada vez; - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1-2 toques; - Criar linhas de passe (diagonais); - 8 Passes e põe a bola do outro lado = 1 golo; - Agressividade e raça; - Defesas x médios x avançados. 3 – Água – 5’ 4 – Finalização técnica – 15’ – 5’ cada grupo - 3 Grupos - Cruzamentos alternados; - 2 Competem entre si para ver quem marca mais e o outro faz os cruzamentos; - Só podem rematar de primeira e não pode bater no chão (GR vão trocando); - Roda no sentido dos ponteiros do relógio 3x (cada grupo realiza 2x). 5 – Movimentações ofensivas – combinações – 30’ - Troca interior com o extremo (extremo, PL e interior do lado contrario vão finalizar e extremo que cede lugar fica em equilíbrio); - Troca PL com o extremo (interior do lado contrario e extremos vão finalizar e interior do mesmo lado fica em equilíbrio); - Mudança de lado para o extremo; - Qualquer um dos médios e defesas podem por a bola para a entrada dos colegas; - Fazer dos 2 lados; - Ocupar sempre os lugares de finalização; - GR põe bola longa para os médios (equipas fechadas inicialmente); - Fazer a saída de bola para os extremos. 6 – Jogo com bolas paradas – 15’ - Cantos contra e a favor; - Livres directos e indirectos; - Lançamentos laterais; - Com transição ou sem transição.

XVII

Reflexão do jogo contra Braga

Para este jogo esperávamos encontrar uma equipa com bons jogadores a nível individual que podiam fazer a diferença em algumas situações, no entanto com algumas dificuldades em termos colectivos, com mudanças de atitude lentas e muito passivos nas bolas paradas. Entrámos com vontade de assumir o jogo, com a equipa equilibrada e organizada, pedindo aos jogadores rigor defensivo, disponibilidade, empenho e sacrifício. Defender bem para atacar ainda melhor, com mudanças de atitude, quer defensivas, quer ofensivas, muito agressivas… Podemos afirmar que desde o início até ao fim do jogo tivemos o domínio total, não dando a mínima hipótese ao Braga para impor o jogo deles. Conseguimos aplicar o nosso jogo, cumprindo com o que pedimos e aplicando o que treinámos na totalidade do jogo. Temos de dar os parabéns aos jogadores pois cumpriram religiosamente com o que lhes foi transmitido ao longo da semana de treino e na palestra do jogo. Sabíamos que a maneira de contrariar a qualidade individual do Braga seria com um bom jogo de equipa, contenção imediata ao portador da bola, coberturas e fecho de espaços e linhas de passe. Não há muito a dizer em relação a este jogo, foi quase perfeito, conseguimos marcar 8 golos (dois foram anulados) a uma equipa como ao Braga, sendo que esta não realizou um remate à nossa baliza no jogo todo. Contudo temos de referir que na 2ªparte o Braga entrou em jogo tentando reagir aos três golos sofridos, mas sem eficácia, a nossa equipa controlou sempre o jogo, apesar de nos cinco minutos iniciais ter baixado de intensidade, o que partiu um pouco a equipa. Porém, após os feedbacks da equipa técnica voltaram a assumir o jogo até ao fim. Temos que continuar a treinar bem para continuarmos a jogar bem e cada vez melhor…

Varzim S.C. x Braga 6x0

XVIII

Preparação do morfociclo 7 Para esta semana continuaremos a trabalhar o nosso modelo de jogo, para nos conseguirmos aproximar da concepção de jogo pretendida. Contudo temos de ter cuidado com o excesso de confiança da equipa, visto o resultado do jogo anterior. Como temos jogo no sábado, realizaremos o microciclo de 2ª feira a 5ª feira, mantendo a estrutura do nosso microciclo padrão. No entanto, no treino de 2ª feira realizaremos um treino mais leve, visto termos tido jogo no dia anterior. Para o treino 27, efectuaremos um treino de recuperação leve, com um objectivo mais técnico e lúdico. Realizaremos uns meinhos como activação e pré disposição para o treino, de seguida faremos um exercício técnico, onde o objectivo é fazer o meio campo todo com a bola no ar, ou seja, três grupos de sete elementos de mão dadas fazem um círculo e tentam levar a bola no meio deles sempre no ar até ao meio campo (cada um, só pode dar um toque de cada vez na bola). Trabalharemos, de seguida, a MPB em estrutura, onde têm de realizar quinze passes seguidos para marcar golo, ou passar entre umas balizas postas estrategicamente no campo, e continuar o passe para marcar golo. Quem defende são os que não jogaram ou jogaram menos. Terminaremos com o treino holandês, onde 3 equipas jogam e uma faz de apoio. Contudo, controlaremos o ritmo deste para não se tornar muito intenso, sendo o objectivo deste lúdico. No treino 28, executaremos um exercício de transições ofensivas e defensivas, onde pretendemos que exercitem a MPB, assim como retirá-la da pressão após o ganho desta. A mudança de atitude também é importante que seja rápida e agressiva, de forma a condicionar logo o adversário no caso de transição defensiva e aproveitar o adversário desorganizado no caso da transição ofensiva. Praticaremos a finalização em contexto táctico/técnico, de forma a trabalhar o timing de finalização, assim como a decisão no momento de passar ou rematar. Para isso, exercitaremos o 3x2+GR e o 4x3+GR após o ganho da bola pelos centrais e GR, que fazem transição ofensiva pelos laterais e os três que estavam a atacar fazem transição defensiva. Finalizaremos o treino com um exercício de mudança de atitude defensiva em jogo, onde pretendemos que os jogadores após perderem a posse de bola, mudem rápido de atitude e passem logo a defender com transições defensivas muito fortes.

XIX

Pretendemos com o treino 29 trabalhar os nossos princípios numa dimensão macro, dando assim continuidade ao trabalho realizado por nós anteriormente. Praticaremos, após o exercício de passe inicial, a organização defensiva intersectorial com transição ofensiva, mantendo os objectivos referidos em microciclos anteriores e exigindo cada vez mais, uma cultura e disciplina táctica mais apurada, focando a nossa atenção para as movimentações e acções defensivas dos defesas e médios. Realizaremos um exercício de organização defensiva colectiva com transição ofensiva, acrescentando os avançados ao exercício anterior. Exercitaremos a defesa à zona, em bloco intermédio numa primeira fase e depois em bloco médio numa segunda fase. É importante o papel dos avançados, pois damos-lhes a tarefa de condicionar os quatro defesas, sendo que o PL tem ainda que cortar as linhas de passe para o pivô. Para isso, é fundamental o trabalho dos médios a fechar espaços nas costas dos avançados e a dar-lhes coberturas defensivas, tendo os médios o apoio dos defesas, que também têm um papel semelhante, fechar espaços e dar coberturas aos médios. Esta dinâmica defensiva é importantíssima, pois só resulta com o trabalho colectivo da equipa e é nisso que vamos aprofundar. De seguida, efectuaremos o trabalho de organização ofensiva colectiva com transição defensiva. Neste, praticaremos, numa fase inicial, a 3ª e 4ª fase de construção, onde pediremos que criem situações para finalizar, tendo em conta os princípios e trocas posicionais que temos exercitado até então, assim como solicitaremos que decidam bem no momento de finalizar ou passar a bola a um colega melhor posicionado. Numa segunda fase, trabalharemos a 1ª e 2ª fase de construção, onde queremos que o GR decida rápido e com eficácia por onde sair, tendo em conta o que temos exercitado ao longo dos treinos (Pontapé de baliza – sai curto pelos centrais ou bate longo; com bola na mão pode sair ou pelos centrais ou laterais), pediremos aos defesas que procurem dar linha de passe ao GR, para assim sairmos a jogar e que depois consigam ligar o jogo com os médios, onde damos ênfase ao pivô para ser o elemento de ligação, criando linhas de passe para os defesas orientando os apoios para a baliza adversária. Caso tenha dificuldade em receber, deve ceder o espaço para um médio interior entrar. Então, dividindo em duas fases a orientação dos nossos feedbacks no exercício de organização ofensiva colectiva, conseguiremos trabalhar as quatro fases de construção, realçando o que nos interessa no exercício

XX

Estes comportamentos são demasiado importantes para não serem trabalhados todas as semanas, daí repetirmos todas as semanas os exercícios de organização defensiva e ofensiva (podendo focar mais um objectivo em detrimento do outro, mas a dinâmica é a mesma). Para terminar a semana de treino, faremos o treino 30, sendo um treino de intensidade geral baixa, onde exercitaremos as trocas posicionais da nossa equipa e as bolas paradas. .

XXI

7º Morfociclo

– Preparação para o jogo contra o Cachão

2ª Feira 07/09/09

3ª Feira 08/09/09

4ª Feira 09/09/09

5ª Feira 10/09/09

Hora: 10.30h

Hora: 18h

Hora: 18h

Hora: 18h

Intensidade baixa Jogos técnicos (meinho e jogo dos toques) MPB em estrutura com oposição semipassiva Jogo lúdico (3 equipas, 1 faz de apoio)

Intensidade Intensidade Intensidade moderada/alta moderada/alta moderada/baixa Atenção aos tempos de recuperação! Passes em contexto técnico-táctico

Passes em contexto técnico-táctico

Transições ofensivas e defensivas (MPB)

Organização defensiva intersectorial com transição ofensiva (defesa + médios)

Finalização em contexto táctico técnico com transições

Organização defensiva colectiva com transição ofensiva

Organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (mudança de atitude em jogo – avançados, médios e laterais)

Organização ofensiva colectiva com transição defensiva Alongamentos + abdominais

6ª Feira 11/09/09

Sábado Domingo 12/09/09 13/09/09

Intensidade baixa

Intensidade Intensidade máxima baixa

Meinho Transições ofensivas e defensivas (MPB com zona neutra) Finalização em contexto técnico Combinações ofensivas com basculações defensivas da outra equipa (saída de jogo) Jogo com bolas paradas

XXIII

Folga

Jogo Cachão

Folga

XXIV

Treino nº27 Data: 07-08- 2009 – 2ª feira Espaço: Sintético Objectivos Gerais: Recuperação em regime táctico/técnico 1 – Reflexão sobre o jogo – 10’ 2 – Meinhos – 6’ + 2’ de alongamentos - 2 Grupos, 2 ao meio; - Sai sempre 2 e entram 2 (sai os 2 últimos a tocar na bola); - 1 Toque. 3 – Jogo dos toques – 10’ - 3 Grupos; - Levar a bola no ar até à linha do meio campo; - Se deixar cair volta atrás; - Só podem dar 1 toque de cada vez. 4 – MPB em estrutura com oposição semipassiva. 10’ - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1/2 toques; - Atacar a bola em vez de esperar por ela; - Concentração máxima; - 15 Passes = 1 golo - GR+10x6 - ir aumentando o nº de defensores; - Quem defende conta o número de recuperações; - Se passarem com a bola controlada nas balizas e continuarem os passes também é golo; - Quem defende são os que não jogaram. 5 – Água – 5’ 6 – Jogo lúdico – 6x3’ - 3 Equipas; - 3’ Para marcar golo; - 2 Jogam 1 faz de apoio; - Aplicar os princípios do jogo do ataque e da defesa; - Exercitar todas as acções táctico/técnicas.

XXV

VSC

Treino nº 28 Data: 08-09- 2009 – 3ª feira Espaço: Pelado VSC Objectivos Gerais: Transições ofensivas e defensivas (MPB); Finalização em contexto táctico/técnico e organização ofensiva intersectorial com transição defensiva (mudança de atitude em jogo). 1 – Passe em duplo triangulo – 7’ + 3’ alongamentos - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1/2 toques; - Atacar a bola em vez de esperar por ela; - Concentração máxima. 2 – Alongamentos – 3’ 3 – MPB com mudança de atitude - 10’ - 5x5 em 2x 20mx20m - 2 a pressionar de cada vez, agressividade e raça; - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1-2 toques; - Criar linhas de passe (diagonais); - 8 Passes = 1 golo; - Defesas x médios x avançados. 4 – Água – 5’ 5 – Finalização em contexto táctico/técnico – 15’ - GR+2x3 com transição de 4x3+GR; - GR põe bola, sempre que é golo não há transição, se o GR defender sai rapidamente transição pelos laterais – 4x3; - Mudar rápido de atitude quando perde ou ganha a bola; - Objectividade, aproveitar a superioridade numérica; - Rematar sempre que possível, não hesitar; - Decidir bem (ou passe ou remate); - Ataca o defensor para libertar ou um colega ou o espaço. 6 – Água – 5’ 7 – Organização ofensiva intersectorial + transição defensiva (avançados, médios e laterais) – 15’ - Jogo GR+7 x 8 - Seguir os princípios específicos do jogo; - GR+7 – aguentar 8 segundos com a bola controlada – recupera tira da zona de pressão; - Perde a bola faz transição defensiva (mudar logo de atitude) – têm 7 segundos para recuperar a bola, se não é golo para a outra equipa; - Se não houver muitas transições, provocá-las (largar uma bola na outra equipa e essa é que conta em vez da outra); - Só pode dar 2/3 toques antes da linha preta - Jogar simples; - Rematar sempre que possível. 8 – Alongamentos + Abdominais – 10’

XXVI

Treino nº 29 Data: 09-09- 2009 – 4ª feira Espaço: Pelado VSC Objectivos Gerais: organização defensiva intersectorial e colectiva com transição ofensiva e organização ofensiva colectiva com transição defensiva. 1 – Passe em Y – 2x4’ – muda de variante - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1/2 toques; - Atacar a bola em vez de esperar por ela; - Concentração máxima. 2 – Organização defensiva intersectorial + transição ofensiva (defesas e médios) – 10’ - GR + 7 x 8 - Seguir os princípios específicos defensivos do jogo; - Bascular bem defensivamente, pivô só báscula dentro das linhas tracejadas; - Médios interiores tem de condicionar sempre o portador da bola a partir da linha – pivô e defesas dão cobertura e fecho de espaços (se os médios tiverem que subir para condicionar, a defesa acompanha); - Médios interiores tem de ocupar bem o campo e têm de ter disponibilidade de ir à linha lateral – cobertura do pivô e restantes fecham espaço. 3 – Água – 5’ 4 – Organização defensiva colectiva com transições ofensivas – 15’+10’ - GR+10 x10+GR; - Defender á zona em bloco intermédio (1ªparte) e bloco médio (2ªparte) – trocar de campo; - Atenção às referências de pressão; - Recupera a bola faz transição ofensiva (marcar golo). Referências de pressão: - Bola no corredor lateral; - Bola no ar; - Maus passes e recepções; - Bola no nosso meio; - Passe para trás sobe equipa. 5 – Água – 5’ 6 – Organização ofensiva colectiva com transição defensiva – 15’ + 3’ água + 10’ - Jogo GR+10 x 10+GR - Seguir os princípios específicos do jogo; - Perde a bola faz transição defensiva (mudar logo de atitude); - Atacar o defensor para libertar espaços ou colegas; - Só pode dar 2/3 toques antes da linha preta - Jogar simples; - Rematar sempre que possível; - Trocar de campo a meio (15’ - 1ª e 2ª fase de construção – jogar do lado da área; 10’ - jogar contra o lado da área - 3ª e 4ª fase de construção). 7 – Alongamentos + Abdominais – 10’

XXVII

Treino nº30 Data: 10-09- 2009 – 5ª feira Espaço: Pelado VSC Objectivos Gerais: Transições ofensivas e defensivas (MPB); Finalização técnica; Combinações e Bolas paradas. 1 – Meinhos – 6’ + 2’ de alongamentos - 2 Grupos, 2 ao meio e 1 Toque. - Sai sempre 2 e entram 2 (sai os 2 últimos a tocar na bola). 2 – MPB com zona neutra. 10’ - 6x6x6 em 46mx20m, sendo a zona neutra 6mx20m; - 3 a pressionar de cada vez; - Qualidade no passe e na recepção; - Se possível jogar a 1-2 toques; - Criar linhas de passe (diagonais); - 8 Passes e põe a bola do outro lado = 1 golo; - Agressividade e raça; - Defesas x médios x avançados. 3 – Água – 5’ 4 – Finalização técnica – 15’ – 5’ cada grupo - 3 Grupos - Cruzamentos alternados; - 2 Competem entre si para ver quem marca mais e o outro faz os cruzamentos; - Só podem rematar de primeira e não pode bater no chão (GR vão trocando); - Roda no sentido dos ponteiros do relógio 3x (cada grupo realiza 2x). 5 – Movimentações ofensivas – combinações – 30’ - Troca interior com o extremo (extremo, PL e interior do lado contrario vão finalizar e extremo que cede lugar fica em equilíbrio); - Troca PL com o extremo (interior do lado contrario e extremos vão finalizar e interior do mesmo lado fica em equilíbrio); - Mudança de lado para o extremo; - Qualquer um dos médios e defesas podem por a bola para a entrada dos colegas; - Fazer dos 2 lados - GR põe bola longa para os médios (equipas fechadas inicialmente); - Ocupar sempre os lugares de finalização; - Fazer a saída de bola para os extremos. 6 – Bolas paradas – 15’ - Cantos contra e a favor; - Livres directos e indirectos; - Lançamentos laterais; - Com transição ou sem transição.

XXVIII

Reflexão do jogo contra Cachão Neste jogo, esperávamos encontrar algumas dificuldades relativas à longa viagem, ao provável calor e à motivação dos jogadores, visto ser um jogo “teoricamente” fácil (principalmente após a vitoria sobre o Braga por 6x0). Como de esperar, a viagem foi longa e a temperatura estava demasiada alta, mesmo muito calor, para um jogo de futebol. Em relação á motivação, tentamos alertar para a falta de concentração e facilitismo que poderia haver neste jogo, dizendo que os jogos só se tornam fáceis depois de os jogarmos e olharmos para o resultado. Até lá, concentração máxima e intensidade máxima… Apesar do resultado, não jogamos bem, isto é, não foi o nosso melhor jogo, porque poderíamos ter marcado muitos mais golos (mais sete claras oportunidades de golo). Não podemos dizer que foi falta de atitude ou de empenho, pois reconhecemos a dificuldade que os jogadores tiveram em jogar debaixo daquele calor, contudo, mesmo nessas circunstâncias não podemos descurar o nosso modelo de jogo e a nossa concepção de jogo. Foi claramente o que aconteceu, quer pelo calor, quer pelo facilitismo que a outra equipa nos permitia. O Cachão não queria claramente jogar, não queria ter bola, jogando todos atrás da linha da bola, chutando sempre para onde estavam virados e queimando tempo desde o 1º minuto até ao fim do jogo, independentemente do resultado. Fomos no jogo deles, fazendo um jogo muito directo e muito precipitado, comportamentos que queremos que sejam controlados e direccionados de acordo com o que pretendemos e com o que o jogo nos permite. Apesar das dificuldades ou facilidades, da pressão ou a falta dela, temos de impor, em todos os momentos possíveis, o NOSSO jogo, a NOSSA concepção de jogo, tendo sempre por base os princípios por nós trabalhados, sustentados no NOSSO modelo de jogo. Sem esquecer o falado anteriormente, podemos dizer que em termos de organização defensiva não estivemos muito bem à medida que o jogo decorria. A equipa estava demasiada passiva, quer pelo calor, quer pela facilidade que o Cachão nos dava, a equipa estava demasiada relaxada, a demorar nas coberturas, a defesa estava a dar muito espaço para o nosso pivô, este por sua vez estava muito parado, para o exigido da posição... comportamentos que não podemos permitir. No entanto, não tivemos muitas dificuldades defensivas para lidar com os jogadores adversários, que procuravam nitidamente não perder por muitos. Ofensivamente, tivemos uma equipa precipitada e com muita infelicidade na finalização, ou por mérito do GR adversário, que esteve muito bem, ou por XXIX

demérito nosso que sozinhos falhávamos a baliza. Fizemos um jogo muito directo, aproveitando as fragilidades da defesa adversária. Contudo, deveríamos alternar o nosso jogo, para não o tornar tão óbvio, o qual não o fizemos e o Cachão fechou-se. Na segunda parte conseguimos circular mais a bola, virar mais o lado desta, alternar o jogo curto com o longo, criando assim muito perigo, mas mais uma vez não fomos felizes na finalização. Em relação às transições, podemos referir que as defensivas estavam muito lentas em relação ao esperado e as ofensivas estavam rápidas, mas precipitadas algumas vezes. Concluímos que este jogo não correu como esperado, onde não conseguimos impor o nosso jogo, ou melhor, dominámos o jogo todo sem nunca impormos o nosso jogo. E o calor, a longa viagem e a facilidade do jogo, não podem servir de explicação para isso. Apesar de todas as circunstâncias possíveis, o nosso jogo terá de vir sempre ao de cima. Mais uma lição a aprender e assimilar, para mais tarde não se repetir…

Cachão x Varzim S.C. 0x3

XXX

Anexos 3 Material Fornecido aos Jogadores no início da época

XXXI

Dados importantes para a nossa equipa Conhecer os principios de jogo! Quais são? O que significam?

Princípios – As regras de base segundo as quais os jogadores dirigem e coordenam a sua actividade – consideradas individualmente e em colectivo durante os momentos.

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Princípios Fundamentais do jogo:

 Recusar a inferioridade numérica  Evitar a igualdade numérica  Criar a superioridade numérica Princípios Específicos do jogo: 

Ofensivos



Defensivos

Ofensivos: 1. Penetração – Caracteriza-se por transportar o centro do jogo para as zonas de finalização, orientando os comportamentos tácticos/técnicos (passe, condução de bola, 1x1 e remate) para a baliza adversária, bem como evitar que o adversário tenha tempo para se organizar em termos defensivos. Quando portadores da bola, devemos ver se existe a possibilidade de rematar à baliza ou se há espaço livre de progressão para a baliza contrária. 2. Cobertura ofensiva – Não é mais do que fornecer uma linha de passe segura ao portador da bola, desenvolvendo o equilíbrio defensivo (deve estar atrás, ao lado ou ligeiramente adiantado ao seu colega, bem como livre de marcação), de forma a caso ele perca a bola esteja lá alguém para compensar, não permitindo situações de inferioridade numérica nas zonas de disputa de bola. Deve-se ter em conta a distância, ângulo e lado da cobertura.

3. Mobilidade



Caracteriza-se

por uma variabilidade

das

posições, na ocupação e criação de espaços livres, tentando criar linhas de passe diferentes.

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4. Espaço – Disposição aberta dos jogadores, de forma a dar maior amplitude ao ataque, quer em largura quer em profundidade, para criar um maior número de linhas de passe, obrigar a defesa a flutuar e a criar desequilíbrios na defesa – campo grande, equipa bem aberta.

Defensivos: 1. Contenção – É a marcação que se faz ao portador da bola (1x1), devendo tentar fechar a linha de remate ou de progressão para a baliza, devendo ter em conta o posicionamento entre a bola e a baliza, a velocidade e ângulo de aproximação e também adquirir uma posição de base adequada (um pé à frente do outro – nunca paralelos). Inicialmente serve para atrasar o adversário até chegar a ajuda e/ou até a nossa equipa se equilibrar defensivamente (impedir o contra ataque e dar tempo para a nossa equipa se organizar defensivamente) – inicialmente não entra para roubar mas sim procurar provocar o erro do adversário, quando tiver ajuda pode ser mais agressivo e tentar roubar a bola. 2. Cobertura defensiva – É o apoio ao colega que realiza a contenção, tentando dar superioridade numérica à defesa (1x2), devendo ter em conta uma boa posição de base, observar a bola, ter em atenção à distância, ângulo e lado de cobertura. 3. Equilíbrio – Contrário à mobilidade, caracteriza-se na cobertura dos espaços e dos jogadores livres, cobrindo eventuais linhas de passe, procurando restabelecer, no mínimo, uma situação de igualdade numérica para com o adversário. 4. Concentração – Caracteriza-se pela defesa restringir o espaço disponível para jogar, diminuindo a amplitude do ataque, de forma a facilitar a cobertura defensiva, bem como a criar situações de superioridade numérica – campo pequeno, equipa fechada. XXXIV

Algumas palavras-chave sobre o nosso jogar: Agressividade – Significa tirar tempo e espaço ao adversário. Tirar da pressão – Tirar a bola da zona onde a ganhamos, de preferência com passe, para uma zona menos povoada pela equipa adversária. Defesa à zona – neste tipo de defesa o que nos interessa é: - A bola; - O colega de equipa; - O espaço; - O adversário. Contenção – pressionar o portador da bola, inicialmente não entra para roubar mas sim procurar provocar o erro do adversário, quando tiver ajuda pode ser mais agressivo e tentar roubar a bola. Nunca entra de primeira! Cobertura defensiva – apoiar o colega que faz a contenção, se o colega for batido, actuar logo e fazer contenção. Fecha – fechar os espaços ao portador da bola, quer as linhas de passe quer a sua progressão. Organiza – mal pare o jogo por qualquer motivo (falta, bola sai fora…), ou a equipa ganha a bola ou perde a bola, mantemos a concentração e a equipa organiza-se rapidamente preparando a próxima acção.

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Anexos 4 Reconhecimento do bom trabalho

XXXVI

(Reportagem Susana Silva, JN) XXXVII

(Texto de Gil Nunes, O Jogo)

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