UFCD - 7214 - Abordagem Biológica, Psicológica, Social e Cognitiva Do Envelhecimento

November 13, 2019 | Author: Anonymous | Category: Diabetes Mellitus, Envelhecimento, Terceira Idade, Insônia, Dormir
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Abordagem Biológica, Psicológica, Social e Cognitiva do Envelhecimento

UFCD: 7214

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Detalhe da UFCD: 7214 – Abordagem Biológica, Psicológica, Social e Cognitiva do Envelhecimento

Designação da UFCD: Abordagem Biológica, Psicológica, Social e Cognitiva do Envelhecimento

Código: 7214

Carga Horária: 50 Horas

Objetivos:  Identificar os conceitos e princípios fundamentais sobre o processo de envelhecimento;  Identificar os problemas de saúde mais comuns no idoso e suas consequências;  Identificar alterações na autonomia e funcionalidade e seu impacto na qualidade de vido do idoso;  Identificar as redes sociais de apoio e os serviços de institucionalização. Conteúdos:  Principais alterações biológicas do envelhecimento:  Alterações estruturais: o Células e tecidos; o Composição global do corpo e peso corporal;

o Músculos, ossos e articulações; o Pele e tecidos subcutâneos.  Alterações funcionais: o Sistema cardiovascular; o Sistema respiratório; o Sistema renal e urinário; o Sistema gastrointestinal; o Sistema nervoso e sensorial; o Sistema endócrino e metabólico; o Sistema imunitário; o Ritmos biológicos e sono.  Implicações das alterações funcionais na prestação de cuidados pessoais.  Problemas de saúde mais comuns no idoso:  Doenças cardiovasculares;  Diabetes;  Doenças reumáticas;  Perturbações mentais e comportamentais;  Alterações da visão;  Alterações cognitivas.

 As principais perturbações mentais e comportamentais no idoso e suas consequências:  Perturbações mentais orgânicas (doença de Alzheimer, outras demências, depressão);

 Perturbações mentais e comportamentais devidos ao abuso de substância psicoativa;  Esquizofrenia, perturbações esquizotípicas e perturbações delirantes;  Perturbações do humor;  Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores físicos.

 Alterações na autonomia e funcionalidades e impacto na qualidade de vida do idoso:  Quedas;  Imobilidade;  Depressão.  Aspetos psicológicos do envelhecimento:  Modificação das funções cognitivas;  Os afetos e a sexualidade nos idosos;  Envelhecimento emocional e suas caraterísticas;  Aspetos psicológicos de risco no idoso.  Aspetos sociais do envelhecimento:  Evolução histórica do conceito de idoso;  A perspetiva de outras culturas;  A interpretação individual e social das várias fases do ciclo da vida;  Atitudes, mitos e estereótipos associados à velhice.

 Redes de apoio:  As pessoas idosas e o meio ambiente;  A diversidade do meio ambiente;  A família e a comunidade.  As instituições formais:  Caracterização e natureza das instituições formais;  Institucionalização das pessoas de idade;  A vida quotidiana nas instituições.

Referenciais de Formação: 762319 – Técnico/a de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade

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Índice:

1.

Processo de Envelhecimento: Aspetos Psicológicos e Sociais .............................. 1 1.1. Evolução Histórica do Conceito de Idoso ..................................................... 5

1.2. Atitudes, Mitos e Estereótipos Associados à Velhice .......................................... 7 1.3. Fases do Ciclo de Vida do Idoso ........................................................................ 11 2. Principais Alterações Biológicas do Envelhecimento ......................................... 12 2.1. Alterações Estruturais do Envelhecimento ....................................................... 13 2.2. Alterações Funcionais do Envelhecimento........................................................ 15 2.2.1. Sistema Cardiovascular ............................................................................ 16 2.2.2. Sistema Respiratório ................................................................................. 17 2.2.3. Sistema Renal e Urinário ........................................................................... 18 2.2.4. Sistema Gastrointestinal ........................................................................... 19 2.2.5. Sistema Nervoso e Sensorial ..................................................................... 20 2.2.6. Sistema Endócrino e Metabólico ............................................................... 21 2.2.7. Sistema Imunitário ................................................................................... 22 2.3. O Sono no Idoso .............................................................................................. 23 3. Problemas de Saúde Mais Comuns no Idoso..................................................... 27 3.1. Doenças Cardiovasculares ................................................................................ 27 3.2. Diabetes no Idoso ............................................................................................ 29 3.3. Doenças Reumáticas ........................................................................................ 31 3.4. Alterações da Visão e da Audição..................................................................... 32 3.5. Aptidões Cognitivas ......................................................................................... 33 4. Perturbações Mentais e Comportamentais no Idoso ........................................ 36 4.1. Demência ........................................................................................................ 38 4.2. Doença de Alzheimer ....................................................................................... 40 4.3. Esquizofrenia ................................................................................................... 43 4.4. Depressão ....................................................................................................... 44 4.5. Perturbações Delirantes .................................................................................. 46 4.6. Perturbações de Ansiedade ............................................................................. 48 4.7. Perturbações Somatoformes ........................................................................... 49 4.8. Perturbações Devidas ao Abuso de Substância Psicoativa ................................ 50 5. Quedas no Idoso .............................................................................................. 51 6. Sexualidade na Terceira Idade ......................................................................... 54 7. A Família Enquanto Rede Informal de Suporte ................................................. 58 8. Redes Formais de Apoio ao Idoso..................................................................... 60 9. A Institucionalização do Idoso .......................................................................... 64 10. Bibliografia: ..................................................................................................... 67

“A melhor sala de aula do mundo está aos pés de uma pessoa idosa." (Paulo Coelho)

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1. Processo de Envelhecimento: Aspetos Psicológicos e Sociais A vida adulta é de todas as fases do ciclo de vida, a mais longa e a mais propícia a mistérios na nossa sociedade e provavelmente na generalidade da história humana (Levinson, 1978, in Marchand, 2005). Ao progressivo envelhecimento demográfico tem vindo a corresponder uma longevidade crescente, que traduz uma conquista importante da humanidade. Esta ocorre principal e significativamente nas sociedades mais desenvolvidas, que devido ao progresso socioeconómico e do avanço da ciência e da tecnologia têm vindo continuadamente a criar condições de vida favoráveis ao aumento da esperança média de vida (Alves, 2013).

“Saber envelhecer é a grande sabedoria da vida”.

(Henri Frédéric Amiel)

O envelhecimento corresponde a uma fase progressiva do ciclo vital de qualquer organismo que sofra a influência do tempo. Representa um conjunto de alterações que ocorrem no nosso corpo, como consequência do tempo vivido (Pinhel, 2011). O processo de envelhecimento é progressivo e degenerativo, caracterizado por uma menor eficiência funcional, com enfraquecimento dos mecanismos de defesa face às variações ambientais e perda de reservas funcionais. É universal e intrínseco, ou seja, não é determinado por fatores ambientais, apesar de ser influenciado por eles (Pinhel, 2011). Simões (2006, in Pinhel, 2011) refere que envelhecer não significa necessariamente algo negativo. Muito pelo contrário, é um momento de transformação e de aprendizagem das fases anteriores a novas descobertas.

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Costa (2002, in Pinhel, 2011) salienta que o envelhecimento é um facto inerente à vida humana, desta forma, acontecerá a todos, sem distinção de classe social, crença ou ideologia política. Podemos retardá-lo ou mascará-lo, mas nunca impedi-lo.

Desta forma, a literatura (Geithner & McKenney, 2010) apresenta-nos três tipos de envelhecimento: 

Normal: Que se refere ao envelhecimento e às suas alterações funcionais que não são resultado de doenças;



Patológico: Que se refere aos efeitos da idade resultantes de perturbações ambientais, mutações genéticas e acidentes da natureza;



Ótimo: Quando existe preservação da capacidade funcional e da qualidade de vida.

Cardão (2009, in Pinhel, 2011) refere que a velhice é uma etapa da vida marcada pela longevidade, que embora tenha o processo de envelhecimento como pano de fundo, não se confunde com este. Envelhecer não é ser idoso, é ir sendo mais velho dentro de um processo complexo de desenvolvimento entre o momento em que nasce e o momento em que morre, sendo inerente a todos os seres vivos.

Fontaine (2000 in Marchand, 2005) concebe o envelhecimento como um processo que não se reduz a perdas, mas antes a uma interação contínua entre fenómenos biológicos, psicológicos e sociais, que provoca alterações no organismo à medida que a idade cronológica aumenta. Do ponto de vista biopsicossocial, pode dizer-se que não se envelhece, da mesma forma, ao mesmo ritmo e pela mesma idade cronológica. Embora o envelhecimento seja comum a todas as pessoas, revela características próprias de pessoa para pessoa, consoante a estrutura biológica e de personalidade, em estreita interação com o meio.

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Não se podem vincular todas as dificuldades que caracterizam o modo de vida dos idosos a fatores sociais, uma

vez

biológicos e psicológicos

que

são

os

fatores

fulcrais

capacidade de adaptação

do

realidades, tendo uma

relevância crucial no

processo

de se

envelhecimento e velhice só

as

pessoas

às novas

envelhecimento

(Pimentel, 2005). Infere-

nem

idoso

na

então,

que

não são sinónimos, pois

idosas

envelhecem (Marchand, 2005).

Envelhecer é um processo natural que não é sinónimo de doença. Cardão (2009 in Pinhel, 2011) refere que o envelhecimento bem sucedido implica a capacidade de o idoso se adaptar às mudanças do meio ambiente, sendo a atividade física um fator importante, pois permite preservar a funcionalidade e o sentimento de valor próprio. Distinguem-se, assim três parâmetros do envelhecimento bem-sucedido: baixo risco de doenças, ou incapacidades, funcionamento físico e mental elevado e interesse ativo pela vida (Rowe e Kanh, 1999 in Melo, 2012). Simões (2006 in Pinhel, 2011) salienta que o grande desafio de envelhecer com saúde é fazer com que somente as mudanças normais

do

envelhecimento

ocorram,

minimizando as limitações. Este refere que os idosos de hoje não só são mais saudáveis, mas também mais instruídos e sê-lo-ão cada vez mais no futuro. Além das alterações da componente física podem-se verificar modificações nas reações emocionais do idoso, como o acumular de perdas e separações, solidão, isolamento e marginalização

social.

As

principais

características de um envelhecimento emocional pautam-se pela redução da tolerância aos estímulos,

vulnerabilidade

à

ansiedade

e

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depressão,

sintomas

hipocondríacos,

autodepreciativos,

de

passividade,

conservadorismo de caráter e de ideias, e acentuação de traços obsessivos (Sousa, 1998 in Cardoso, 2009). Podemos considerar a morte como a maior das crises que o idoso enfrenta. Na terceira idade as perdas aceleram-se, sendo que o tempo para a sua superação é significativamente menor. Pode ocorrer, que o idoso se sinta incapacitado ou demasiado fragilizado para enfrentar as perdas, instalando-se assim uma crise patológica. Mesmo considerando que envelhecer e adoecer não sejam sinónimos, existem determinados acontecimentos que são mais frequentes em idosos, nomeadamente:  Momento trágico (viuvez, reforma, etc.);  Rutura a nível pessoal, familiar e social;  Dificuldade em adaptar-se;  Espera emocional negativa (desilusão com a vida, insónias, depressão);  Alteração do grupo de amigos. A velhice traz consigo a perspetiva de morte. A perda de amigos, familiares e de pessoas de referência social reforça o carácter de finitude, o qual ganha maior incidência ao longo do processo de envelhecimento. Quando existe um acontecimento grave, que envolva aspetos físicos, mentais e sociais, e que gera sofrimento, a morte passa a ser não só uma probabilidade como também uma alternativa (Pinhel, 2011). De acordo com Schroots e Birren (1980 in Melo, 2012) o processo de envelhecimento apresenta três componentes:  Biológica: Que resulta da vulnerabilidade crescente e de uma maior probabilidade de morrer, a que se chama senescência;  Social: Relativa aos papéis sociais apropriados às expectativas da sociedade para esta faixa etária;  Psicológica: Definida pela autorregulação do indivíduo no campo emocional e cognitivo, adaptando-se ao processo de senescência e envelhecimento social.

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Envelhecer é um processo dinâmico, inevitável e irreversível, habitualmente lento e progressivo, mas individualizado, já que as pessoas não envelhecem da mesma forma nem ao mesmo tempo. Desta forma, o ser saudável deixa de estar relacionado com a idade cronológica e passa a ser entendido como a capacidade do organismo em responder às necessidades da vida quotidiana, assim como, a capacidade e a motivação física e psicológica para continuar à procura de novas conquistas pessoais e familiares (Melo, 2012). A passagem para a velhice é variável de acordo com o tipo de ocupação, os países, os sistemas sociais e as épocas históricas. A entrada na reforma e os 65 anos deixaram de ser um indicador rigoroso para sinalizar o início da velhice, considerandose atualmente a existência de processos de envelhecimento individuais e diferenciados de pessoa para pessoa, em linha de trajetórias de desenvolvimento a que cada um esteve sujeito ao longo da sua vida (Paul e Fonseca, 2005 in Alves, 2013).

1.1. Evolução Histórica do Conceito de Idoso Nos tempos pré-históricos a velhice terá sido extremamente rara. O idoso insere-se na História com um texto egípcio do ano 2450 A.C., sendo frequentemente referenciado no Antigo Testamento. No período que antecede Platão o tratamento filosófico dado à velhice era predominantemente negativista, na medida em que a observação dos seus efeitos negativos não era acompanhada pelo incitamento em viver esse período da melhor forma possível (Gomes e Viegas, 2007 in Melo, 2012). Platão (427- 347 a.C.) considerava o resultado do processo de envelhecimento como uma continuidade da vida de jovem e adulto, numa lógica de que se envelhece como se viveu. Já Aristóteles (384-322 a.C.) refere-se à quarta idade como sendo a da senilidade, com deterioração generalizada das capacidades. A deterioração do corpo a par com a do espírito (Paul e Fonseca, 2005 in Melo, 2012). Manualis Manualis- Manuais de Formação Online

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Até ao século XVII, apenas 1% da população vivia mais de 65 anos, aumentando para aproximadamente 4% no século XIX (Hamilton, 2010 in Melo, 2012). Para Costa (2002) as definições de envelhecimento e de idoso continuarão a evoluir com o desenvolvimento, no entanto, o que é dado como certo, é que a sua utilização implica relações com o tempo. O envelhecimento teve, pois, ao longo da história, diversas conotações, que variaram em função dos valores atribuídos ao idoso pela sociedade, e do papel atribuído no âmbito do seu contexto cultural e social.

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1.2. Atitudes, Mitos e Estereótipos Associados à Velhice Com a transformação da sociedade, que recorrentemente valoriza a produtividade, a juventude e a beleza, os idosos tornaram-se num grupo vulnerável propício à exclusão por parte dos mais jovens, sendo por vezes vítimas de discriminação, de representações sociais e de estereótipos. Desta forma, o idoso é percecionado, muitas das vezes, como alguém cansado, doente e improdutivo, podendo estas avaliações negativas tornar-se símbolo da própria identidade, levando a que este as considere verídicas (Almeida & Cunha, 2003 in Neves, 2012). Atualmente é concebida uma generalização de todos os idosos, originando estereótipos, que comprometem a sua participação ativa na sociedade (Mennocchi, 2009 in Neves, 2012). Consequentemente têm-se gerado falsas crenças relativamente aos idosos, que se devem à falta de compreensão e desconhecimento por parte da população em geral sobre esta faixa etária, contribuindo para isolar e acelerar o processo de envelhecimento, gerando um abandono crescente, quer pela família quer pela sociedade (Castro, 2007 in Neves, 2012). A exagerada valorização da juventude, contribui igualmente para encarar a velhice como estando associada à invalidez e à morte, gerando, muitas vezes o isolamento do idoso (Elsner, Pavan & Guedes, 2007 in Neves, 2012) Eis alguns dos estereótipos mais frequentemente associados ao idoso:

ESTEREÓTIPOS

FACTOS

Os idosos manifestam interesse pelo que O idoso é confuso e desinteressado em os rodeia, gostam de estar atualizados e relação ao mundo.

de

aumentar

o

seu

conhecimento.

Apenas um número reduzido sofre de alguma

doença

que

o

incapacite

cognitivamente. Ser dependente não é sinónimo de ser Os idosos são doentes e dependentes idoso, pelo contrário, poderá suceder-se

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dos outros.

em qualquer das diversas etapas da vida. Muitos idosos cuidam de si, vivendo ativos e saudáveis. O fato de a maioria dos idosos ter alguma doença não significa que sejam incapazes de ser autónomos. Estudos demonstram que existe uma

Os

idosos

deficiente,

são são

senis

(memória preservação do intelecto e de outras

desorientados

ou funções

dementes).

mentais

no

envelhecimento

normal, continuando o idoso apto a aprender e a memorizar. Investigações

demonstram

que

um

grande número de idosos mantém laços de amizade, permanecem em contacto estreito com a família e participam regularmente em atividades sociais. Centros de convívio e universidades de Os idosos vivem sós e na infelicidade.

terceira idade têm sido procurados pelos mais velhos para realizarem atividades de socialização e de aprendizagem. A maioria dos idosos estão em casa ao

Muitos idosos estão institucionalizados.

cuidado da família, de si mesmos e/ou de instituição de apoio. Só uma pequena percentagem

reside

em

ambiente

institucional. Os idosos gostam de partilhar carinho, Os idosos não se interessam pela afeto e amor. O interesse sexual do idoso atividade sexual.

é maior do que se pensa e do que eles próprios imaginam. A assexualidade não é típica do envelhecimento e não se aplica a todos os idosos. Pelo contrário, trabalhadores idosos são

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Os idosos são inúteis para a sociedade e mais assíduos ao trabalho, sofrem menos incapazes no trabalho.

acidentes e têm um rendimento mais constante relativamente a trabalhadores mais jovens. Apesar da diminuição da perceção e da velocidade de reação, a maioria geralmente desempenha as suas funções tão bem quanto os jovens. É verdade que as pessoas quando

Os idosos são conservadores e

envelhecem são mais estáveis, contudo

incapazes de mudar.

os idosos não recusam totalmente a mudança. As pessoas possuem suficiente plasticidade

cognitiva,

afetiva

e

emocional para assimilar os processos adaptativos

impostos

pela

velhice,

podendo enriquecer e modificar os seus comportamentos.

Quando

surgem

situações novas, são capazes de se adaptar a elas, tão bem quanto os outros. Pelo contrário, à medida que o ser Os idosos são todos iguais.

humano envelhece, diferencia-se dos outros sob diversos aspetos (humor, personalidade, modo de vida, filosofia pessoal, etc.). A velhice é um período vivenciado de forma diversificada nas diferentes classes sociais e, o ritmo de envelhecimento é diferente de indivíduo para indivíduo. Os idosos têm plenas condições para

É quase impossível para a maioria dos aprender, porém com velocidade mais idosos aprender algo novo.

reduzida, podendo demorar mais tempo a assimilar novas informações. A geração atual de pessoas mais idosas

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Os idosos tendem a ser mais religiosos

tende a ser mais religiosa que os jovens,

com a idade.

porém,

para

muitas

pessoas,

independentemente da idade recorrem a Deus como recurso emocional para lidarem com os seus problemas.

A maioria destes estereótipos refletem o desconhecimento acerca do processo de envelhecimento, influenciando a forma como a sociedade interage com a pessoa idosa e até a maneira como o idoso encara a sua situação pela dificuldade em reconhecer e desenvolver as suas potencialidades (Neves, 2012).

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1.3. Fases do Ciclo de Vida do Idoso O envelhecimento dá origem a uma diminuição da capacidade da adaptação e de resposta às variadas solicitações criadas ao idoso, havendo consequentemente uma instabilidade do equilíbrio homeostático, que conduz a uma maior facilidade em adoecer, conduzindo assim a um aumento da dependência do idoso (Melo, 2012). A etapa da velhice subdivide-se em várias fases: 

A primeira corresponde à fase de

entrada na velhice e abarca o período dos 60-70 anos;  A segunda corresponde a uma fase intermédia entre os 70 - 75/80 anos;  A terceira e última fase a partir dos 75/80 anos.

Todavia, a subdivisão mais utilizada regula-se apenas por duas fases: os " jovens idosos " - desde a entrada até aos 75/80 anos e os " grandes idosos " a partir dos 75/80 anos até à morte. A esta última fase, denominada por 4ª idade associa-se uma progressiva e acentuada deterioração das capacidades biológicas, psicológicas e sociais do indivíduo e sobre ela recai um ponto de vista extremamente negativo. Na



idade



uma

grande

probabilidade de o indivíduo se transformar numa pessoa senil, aumentando assim as possibilidades de entrada definitiva numa instituição de apoio especializado (Marchand, 2005).

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2. Principais Alterações Biológicas do Envelhecimento As modificações fisiológicas que se produzem no decurso do envelhecimento resultam de um conjunto de interações entre os vários fatores intrínsecos e extrínsecos e manifestam-se através de mudanças estruturais e funcionais. Cada sistema tem o seu período de envelhecimento, sendo este gradual e heterogéneo. As alterações não se dão todas ao mesmo tempo, sendo umas mais evidentes e incidentes do que outras. Seja qual for o mecanismo e o tempo de envelhecimento celular, este não atinge simultaneamente todas as células, tecidos, órgãos e sistemas. Desta forma, é de primordial importância conhecer as alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento e saber identificar as síndromes geriátricas, de forma a prevenir o bem-estar do idoso (Cardoso, 2009).

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2.1. Alterações Estruturais do Envelhecimento Ao longo do envelhecimento, o idoso vai sofrendo alterações ao nível da composição global corpórea, tais como:  Redução da massa magra, a qual tem maior atividade metabólica, verificando-se simultaneamente o aumento da quantidade de tecido adiposo, considerando-se metabolicamente menos ativo;  Aumento da massa gorda e percentagem de gordura corporal principalmente na região central do corpo;  Redução do metabolismo basal;  Aumento do risco de obesidade e doenças crónicas;  Diminuição do tamanho da fibra muscular;  Diminuição da força, velocidade e potência;  Limitações funcionais nas atividades da vida diária;  Redução da massa óssea;  Redução da cartilagem que cobre as extremidades ósseas (que provoca a osteoporose, o aumento do risco de quedas, a osteoartrite e a dor ao movimentar-se). Segundo Rossi e Sader (Freitas et al., 2002 in Geithner & McKenney, 2010), ocorrem modificações anatómicas na coluna vertebral, que causam uma redução na estatura, aproximadamente de 1 a 3 cm por cada década. Após os 50 anos de idade inicia-se a atrofia óssea, ou seja, a perda de massa óssea que poderá levar a fraturas. A cartilagem articular torna-se menos resistente e menos estável sofrendo um processo degenerativo. Ocorre diminuição lenta e progressiva da massa muscular, sendo o tecido gradativamente substituído por colagénio e gordura. As alterações no sistema osteoarticular provocam a perda do equilíbrio corporal do idoso, reduzindo a amplitude dos movimentos e modificando a marcha. O envelhecimento modifica a atividade celular na medula óssea, ocasionando um reabastecimento inadequado de osteoclastos e osteoblastos e também um

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desequilíbrio no processo de reabsorção e formação óssea, resultando em perda óssea. Existe também a tendência de aumentar de peso verificando-se o aumento do tecido adiposo e a perda de massa muscular e óssea. A distribuição da gordura corporal acentua-se mais no tronco e menos nos membros. Dessa forma, a gordura abdominal eleva o risco para doenças metabólicas, sarcopenia e declínio de funções (HUGHES et al., 2004 in Cardoso, 2009). O aumento da gordura corporal total e a diminuição do tecido muscular podem ocorrer principalmente devido à diminuição da taxa de metabolismo basal e do nível de atividade física (Cardoso, 2009).

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2.2. Alterações Funcionais do Envelhecimento O envelhecimento compreende uma série de alterações ao nível das funções orgânicas e mentais devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o organismo, o que limita o processo de manutenção do equilíbrio homeostático, originando um declínio gradual das capacidades funcionais. Consequentemente, um organismo envelhecido, quando submetido a situações de stress, poderá apresentar dificuldades em manter a sua homeostase e, desta forma, manifestar uma sobrecarga funcional, a qual poderá culminar em processos disfuncionais, uma vez que há o comprometimento dos sistemas endócrino, nervoso e imunológico (Jacob et al, 1994 in Teixeira, 2006). O organismo envelhece como um todo, enquanto os seus órgãos, tecidos, células e estruturas subcelulares têm um envelhecimento diferenciado, sendo um fenómeno influenciado pela hereditariedade (Weineck, 1991 in Teixeira, 2006).

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2.2.1. Sistema Cardiovascular O envelhecimento encontra-se associado a alterações estruturais cardíacas. Consideram-se as modificações mais importantes na estrutura e funcionamento cardiovascular: o aumento de gordura, a espessura fibrosa, a substituição do tecido muscular por tecido conjuntivo e a calcificação do anel valvar (Pasi, 2006 in Geithner & McKenney, 2010). Verifica-se também uma redução do tempo de relaxamento e da complacência do miocárdio, o aumento da pressão arterial e a redução do fluxo sanguíneo. As paredes do ventrículo esquerdo aumentam de espessura, ocorrendo o depósito de colagénio, da mesma forma que a aorta se torna mais rígida (Geithner & McKenney, 2010). Nas artérias, ocorre o acumular de gordura (aterosclerose), a perda de fibra elástica e o aumento de colagénio. Desta forma, a função cardiovascular fica prejudicada, diminuindo a resposta de elevação de frequência cardíaca ao esforço ou estímulo, aumentando a disfunção diastólica do ventrículo esquerdo o que dificulta a ejeção ventricular. Consequentemente ocorre a diminuição da resposta às catecolaminas e a diminuição da resposta vascular ao reflexo recetor. Advém uma maior prevalência de hipertensão arterial sistólica isolada com um maior risco de episódios cardiovasculares (Geithner & McKenney, 2010).

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2.2.2.Sistema Respiratório As alterações determinadas pelo envelhecimento afetam desde os mecanismos de controlo até as estruturas pulmonares e extrapulmonares que participam no processo de respiração. Os pulmões mostram igualmente um declínio gradual da capacidade respiratória que passa de 165 litros aos 25 anos para 75 litros aos 85 anos (Firmino, 2006). A musculatura da respiração enfraquece com o progredir da idade. Este processo ocorre devido ao enfraquecimento dos músculos esqueléticos adicionado ao enrijecer da parede torácica, resultando na redução das pressões máximas inspiratórias e expiratórias, provocando um maior grau de dificuldade em respirar. Desta forma, ocorre a diminuição da forca dos músculos respiratórios, da taxa de fluxo expiratório e da pressão arterial de oxigénio (Cardoso, 2009).

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2.2.3.Sistema Renal e Urinário Recorrentemente ocorre uma diminuição da função renal em cerca de 50% das pessoas que atingem os 80 anos. A atrofia da uretra e o enfraquecimento da musculatura pélvica associados à perda de elasticidade uretral e de colo vesical favorecem o aumento da frequência de incontinência urinária. Desta forma, define-se a incontinência urinária como a eliminação involuntária de urina, em local e momento inadequado. Não se trata de uma doença, mas sim de um sintoma. Este problema aumenta com a idade, apesar do envelhecimento em si não ser causa de incontinência urinária. Este problema é mais frequente nas mulheres do que nos homens e afeta cerca de 30% dos idosos que vivem em comunidade e 50% dos idosos institucionalizados (Terra, 2003 in Cardoso, 2009).

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2.2.4.Sistema Gastrointestinal Segundo Alencar e Curiati (2002 in Cardoso, 2009), o sistema gastrointestinal, assim como os demais sistemas, sofre modificações estruturais e funcionais com o envelhecimento. As alterações ocorrem em todo o trajeto gastrintestinal. Ocorrem alterações na cavidade oral, havendo perda do paladar, redução na secreção da lípase e insulina pelo pâncreas, diminuição da metabolização de medicamentos pelo fígado, dificuldade de esvaziamento da vesícula biliar, diminuição da absorção de lípidos no intestino delgado. No cólon observa-se o enfraquecimento muscular. No ânus são observadas alterações relacionadas com a espessura. Existem alterações do colagénio e da força muscular, que diminuem a capacidade de retenção fecal volumosa. A isto acrescem-se alterações da elasticidade retal e da sensibilidade à sua distensão (Cardoso, 2009).

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2.2.5. Sistema Nervoso e Sensorial Verifica-se a redução do tecido cerebral (10% entre os 30 e 90 anos), a diminuição de certas enzimas, recetores e neurotransmissores, a desmielinização, a diminuição da taxa de condução nervosa, a diminuição do controlo do sistema postural e reflexos posturais e a redução da capacidade coordenativa (Geithner & McKenney, 2010). Durante o envelhecimento são várias as mudanças estruturais que ocorrem: ao nível do sistema nervoso, ocorre a diminuição do volume do sistema nervoso central (perda de neurónios e outras substâncias) e as fibras nervosas perdem a sua mielina – responsável pela velocidade de condução do estímulo nervoso (Straub et al., 2001 in. Teixeira, 2006). Relativamente ao sistema sensorial, órgãos dos sentidos são extremamente importantes, não só para a vida relacional do sujeito como também para dar qualidade à sua existência. Quando a pessoa envelhece os 5 sentidos declinam em acuidade, trazendo maior prejuízo o campo da visão e da audição pois são os que maior importância tem na adaptação à vida quotidiana e ao nível relacional (Firmino, 2006).

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2.2.6. Sistema Endócrino e Metabólico No decorrer do processo de desenvolvimento vão-se apresentando: Falhas na regulação da homeostasia; Aumento dos níveis de insulina; Redução da sensibilidade a insulina; Redução dos níveis de GH e IGF; Redução dos níveis de testosterona (Geithner & McKenney, 2010).

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2.2.7. Sistema Imunitário Com o aumento da idade, desenvolvem-se, por vezes, patologias infeciosas e alguns tipos de cancros. Estes problemas encontram-se, por vezes, associados à diminuição gradual das funções do sistema imunológico. A deterioração da função imunitária associada ao processo de envelhecimento denomina-se de imunosenescência, que contribui de forma importante para uma maior mortalidade observada em adultos mais velhos, com maior incidência de infeções do sistema respiratório e urinário (Robinson et al., 2001 in Cardoso, 2009).

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2.3. O Sono no Idoso O sono encontra-se estreitamente relacionado com a idade cronológica das pessoas e apresenta mudanças significativas ao longo da vida. Este carateriza-se por uma necessidade fisiológica, que tem como funções biológicas a restauração do organismo e a conservação da energia, permitindo o equilíbrio físico e emocional. O ser humano passa aproximadamente dois terços da sua existência a dormir. Um idoso dorme cerca de seis horas ou menos, o seu sono é em grande parte superficial, entrecortado, associado a múltiplos despertares (Mugeiro, 2010).

No entanto, dormir torna-se indispensável e fundamental para a homeostasia do organismo, pelo que, a má qualidade de sono no idoso, dá origem a:  Aumento da ansiedade e da irritabilidade;  Diminuição da capacidade intelectual;  Perda de memória e de reflexos;  Depressão e reações emocionais adversas;  Aumento do índice de massa corporal, desenvolvimento da obesidade e diabetes;  Diminuição do sistema imunitário;  Aumento de doenças respiratórias ou alérgicas, cardiovasculares;  Pior desempenho nas tarefas.

À medida que se envelhece, o sono torna-se mais fragmentado, com interrupções do tempo de sono, o que provoca sonolência excessiva ao longo do dia e diminuição do estado de alerta. Ocorre

também

uma

diminuição da quantidade total de

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horas de sono no período de 24 horas, devido à diminuição da quantidade total de horas de sono (alteração do ritmo biológico).

Mudanças sociais e fisiológicas do envelhecimento contribuem para a alteração do padrão normal do sono, tais como: as mudanças no padrão social e familiar, a diminuição do ciclo de amizades e a inatividade física e profissional.

No entanto, as perturbações do sono podem dever-se a outro tipo de causas:  Problemas ou conflitos familiares;  Más notícias;  Medicação com efeitos no padrão normal de sono;  Falta ou excesso de alimentos ou líquidos à hora de deitar;  Ambiente com luz ou ruídos excessivos;  Parceiro de quarto com hábitos de sono diferentes.

Em geral, a arquitetura do sono sofre as seguintes modificações com o envelhecimento:  O tempo total de sono durante a noite é reduzido, pois os cochilos diurnos são frequentes e prolongados;  Diminuição do sono profundo;  Diminuição do limiar do despertar devido ao ruído (mais pronunciado na mulher);  Aumento do período de latência para o início do sono (mais de 30 minutos em cerca de 32% das mulheres e 15% nos homens);  Redução da duração total do sono;  Maior número de transições de um estágio de sono para outro e para a vigília;  Aumento dos problemas respiratórios durante o sono;  Aumento da atividade mioclónica noturna, que altera o ritmo circadiano.

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No entanto, consoante as causas dos problemas de sono, há soluções e fatores que favorecem um sono confortável e tranquilo, nomeadamente:  Comer ou beber algo ligeiro antes de deitar (quando não existe contraindicação médica);  Gozar de um ambiente calmo, obscurecido e sem ruído, à temperatura adequada;  Evitar assistir a programas de televisão violentos ou situações excessivamente dramáticas;  Ouvir música suave e ler um texto agradável;  Evitar discussões ou debates empolgantes;  Tomar a medicação prescrita.

Insónia Um dos principais distúrbios do sono é a insónia (dificuldade em adormecer ou em manter o sono, ou a sensação de que o sono que se teve foi insuficiente). Insónia não é apenas não dormir ou dormir pouco. Há quem durma pouco e não se queixe durante o dia. Falamos de insónia quando o facto de se dormir pouco tem consequências negativas durante o dia: fadiga, cansaço fácil, ardência nos olhos, irritabilidade, ansiedade, fobias, incapacidade de concentrar-se, dificuldades de atenção e memória, mal-estar e sonolência.

A insónia tem efeitos psíquicos e sociais, mais do que biológicos. Um dos riscos que acarreta para as pessoas mais velhas é o de terem acidentes, uma vez que, passam o dia menos despertas e atentas. A insónia é mais frequente nas mulheres do que nos homens, e também nas pessoas que vivem sós.

Causas da insónia:  A insónia pode ser causada por substâncias que ingerimos. A cafeína e a teína, o álcool, os corticoides e outros medicamentos podem causar transtornos do sono.

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 A insónia pode também ser causada pelas dores e incómodos associados a doenças crónicas das pessoas idosas (doenças das articulações, asma, problemas cardíacos, digestivos ou urinários, bronquite, entre outros).

Mas a insónia verifica-se também em pessoas que não têm qualquer doença. O stress é suficiente para causá-la em qualquer idade, e mais acentuadamente nas pessoas mais velhas. Acontecimentos penosos como a morte de um amigo, perda do cônjuge, perda do espaço social, dificuldades financeiras, sentimentos de abandono, limitações físicas próprias da idade, mudanças no estatuto social ou perceção da própria condição de saúde podem causar distúrbios do sono. As três situações de saúde mental mais associadas à insónia na pessoa idosa são:  Ansiedade: Esta dificulta o adormecer e pode levar a que a pessoa acorde várias vezes durante a noite;  Depressão: Uma consequência da depressão pode ser acordar cedo ou dormir demais;  Demência: quando ainda em estágios iniciais, pode haver muitas vezes inversão do ciclo circadiano (dia-noite/ sono-vigília).

A insónia pode ainda ter causas ambientais. As pessoas que se deitam tarde, ou ficam a ver televisão ou a ler até de madrugada, podem ficar com o ciclo do sono desregulado. Este tipo de insónia adquirida afeta pessoas que trabalham em turnos noturnos ou que atravessam frequentemente fusos horários, como os pilotos de avião.

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3. Problemas de Saúde Mais Comuns no Idoso Para Hoeman (2000 in Cardoso, 2009) viver mais tempo aumenta as probabilidades em 80% de contrair uma ou mais doenças crónicas, bem como limitações físicas incapacitantes. Acrescenta ainda que em muitos casos é difícil de distinguir se se tratam de alterações decorrentes do processo de envelhecimento ou se são manifestações patológicas.

3.1. Doenças Cardiovasculares Algumas alterações biológicas esperadas na pessoa idosa com o envelhecimento ocorrem no sistema cardiovascular. Quando o idoso é submetido a um esforço, ocorre uma diminuição na capacidade do coração, de aumentar o número e a força dos batimentos cardíacos. Com o envelhecimento, ocorre também a redução da frequência cardíaca em repouso, o aumento do colesterol e da tensão arterial (Zaslavsky & Gus, 2002). Ocorre um decréscimo do batimento cardíaco máximo, associado à idade, que decorre da frequência cardíaca máxima, pois esta diminui de 6 a 10 batimentos por minuto (Zaslavsky & Gus, 2002). O miocárdio, com o envelhecimento, apresenta regiões com fibrose, depósito de lipofuscina e substância amiloide. Já no endocárdio, é produzido um depósito de lípidos e cálcio nas válvulas, com frequentes depósitos sucessivos. Tanto no pericárdio como no endocárdio, ocorre um aumento do colagénio (proteína de tipo fibrosa que tem maior concentrações na pele, ossos e tendões). Com o envelhecimento, acontece a atrofia, com degeneração, das fibras musculares no miocárdio, assim como a hipertrofia das fibras que restam. Verifica-se um aumento do sistema de colagénio e de depósitos de gordura e substâncias amiloides (Zaslavsky & Gus, 2002). Já nas grandes artérias ocorre uma perda da componente elástica determinando, assim, uma maior rigidez da parede. Essa perda de elasticidade nas paredes

arteriais

representa

comummente

uma

condição

descrita

como

arteriosclerose. Esta, por sua vez, é causada por um aumento na calcificação das artérias e pelo surgimento de colagénio (Zaslavsky & Gus, 2002). Manualis Manualis- Manuais de Formação Online

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Nos estádios mais avançados da vida, a arteriosclerose pode provocar: ataques cardíacos, anginas e acidentes vascularcerebrais. Estes podem ser provocados por mudanças normais da idade, influências ambientais e fatores genéticos. O envelhecimento estabelece algumas modificações

estruturais,

diminuição

da

pois

reserva

leva

à

funcional,

estabelecendo um limite para a performance durante a atividade física. Desta forma, a atividade física moderada e regular atua significativamente na prevenção de algumas doenças cardiovasculares, como a doença cardíaca isquémica, os AVCs, a hipertensão e as doenças vasculares periféricas. A quantidade média de sangue bombeada a partir do coração, passa de 5 litros por minuto, aos 20 anos, para 3.5 litros por minuto aos 75 anos. Representa um declínio de cerca de 0.7% ao ano. No jovem adulto o número de batimentos cardíacos pode atingir as 220 pulsações por minuto mas, no indivíduo com 65 anos a frequência máxima não passa dos 160 batimentos por minuto. A frequência cardíaca máxima que se pode atingir vai decrescendo um batimento cardíaco por ano (Firmino, 2006).

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3.2. Diabetes no Idoso A Diabetes Mellitus é uma doença crónica que se caracteriza por uma elevada taxa de glicose (açúcar) no sangue e por uma falta parcial ou total de insulina. Esta doença é bastante frequente na população idosa (ocorre em 20% acima dos 70 anos), no entanto, é pouco diagnosticada e tratada nesta idade. A grande maioria dos diabéticos tem mais de 45 anos (Zaslavsky & Gus, 2002). O aparecimento da doença com o envelhecimento poder-se-á dever a uma predisposição genética ou a um conjunto de outros fatores como: o aumento de peso; a falta de atividade física; stress; infeções; grandes cirurgias ou medicação. A

diabetes

no

idoso

apresenta

frequentemente

alguns

sintomas,

nomeadamente:  Perda de peso;  Muita sede;  Urina

em

quantidade

e

grande diversas

vezes;  Fome em excesso;  Fadiga fácil;  Deterioração da acuidade visual;  Dormência ou formigueiro nas pernas;  Infeções constantes;  Dificuldade de cicatrização das feridas. A diabetes não controlada poderá causar: derrames cerebrais; ataques cardíacos, cegueira, amputação de membros, doenças renais e impotência sexual. O paciente diabético deverá;  Fazer no mínimo 4 refeições ao dia, em pequenas quantidades;  Não ingerir açúcares ou fritos;

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 Comer legumes ou verduras;  Beber muita água;  Não ficar muitas horas seguidas sem se alimentar. O exercício físico ajuda a controlar a diabetes porque melhora a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina. As atividades físicas mais recomendadas para os idosos são a caminhada e os exercícios físicos realizados dentro de água, como a natação e a hidroginástica.

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3.3. Doenças Reumáticas Reumatismo é o nome comum para as doenças que afetam o sistema músculoesquelético. Representam o conjunto de diferentes doenças que agridem o aparelho locomotor, ou seja, ossos, articulações, cartilagens, músculos, tendões e ligamentos. Além disso, algumas doenças reumáticas podem comprometer outras partes e funções do corpo humano, nomeadamente os rins, coração, pulmões, olhos, intestino e até a pele (Zaslavsky & Gus, 2002). É uma doença comummente encontrada em idosos. Existem mais de 100 tipos diferentes de doenças reumáticas, sendo as mais comuns: artrite reumatoide, artrose, tendinite, gota, dores na coluna, osteoporose, fibromialgia, lúpus, esclerose sistémica progressiva e a lombalgia. Apesar de apresentarem como sintoma comum a dor nas articulações, cada tipo de doença reumática tem características próprias. Estas provocam dor e incapacidade, limitando o idoso, mas raramente são fatais. Podem ser causadas ou agravadas por fatores genéticos, traumatismos, obesidade, sedentarismo, stress, ansiedade, depressão e alterações climáticas. Esse grupo de doenças não é transmissível, não é contagioso e normalmente é acompanhado de dor (Zaslavsky & Gus, 2002). Eis alguns sintomas: dificuldade em se movimentar ou rigidez nas articulações ao acordar; diminuição da flexibilidade da coluna ao calçar os sapatos; limitação ao pentear-se; dificuldades em escovar os dentes; dor, inchaço e calor nas articulações. As doenças reumáticas, assim como outras doenças crónicas, têm tratamento. Se a doença for descoberta no início e tratada de forma adequada, o paciente reumático poderá levar uma vida normal e sem dor, minimizando o risco de incapacidade física.

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3.4. Alterações da Visão e da Audição A deterioração visual deve-se a modificações fisiológicas e alterações mórbidas (Cardoso, 2009). As causas mais frequentes que as determinam costumam corresponder a cataratas, glaucoma, degenerescência macular e retinopatia diabética. De acordo com Heath (1992 in Firmino, 2006) 50% dos indivíduos a partir dos 40 anos apresenta sinais de começar a desenvolver cataratas. As alterações visuais que ocorrem com o avançar da idade são caracterizadas pela

diminuição

da

acomodação,

da

acuidade, da sensibilidade às cores e da perceção em profundidade. A incidência dos problemas oculares e da cegueira aumenta progressivamente com a idade (Firmino, 2006). Uma outra dificuldade que usualmente se observa corresponde ao declínio da perceção visual do movimento. A diminuição da acuidade visual pode limitar bastante uma pessoa nas atividades de vida diária, limitando também o contacto social, uma vez que a pessoa passa a ficar dependente de terceiros para se movimentar (Firmino, 2006). No que respeita à audição, Plomp (1978 in Firmino, 2006) refere que 50% das pessoas acima dos 75 anos tem perda da acuidade auditiva. Segundo Nadol (1993 in Firmino, 2006) o declínio da audição é determinado por fatores genéticos e pela exposição que ocorreu ao longo da vida ao ruído excessivo e a substâncias ototóxicas. Devido a este facto a pessoa vai perdendo a perceção às frequências elevadas, a capacidade de localizar sinais sonoros, de discriminar a origem de sons diferentes e tem dificuldade em compreender o discurso das outras pessoas. Quando há barulho envolvente a audição fica ainda mais prejudicada (Firmino, 2006).

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3.5. Aptidões Cognitivas Segundo Park et al. (2001 in Cardoso, 2009), muitas evidências sugerem que adultos mais velhos têm maior dificuldade em reter e assimilar novas informações, e gradualmente as suas competências de raciocínio vão diminuindo. Em geral, os idosos são mais lentos para responder algumas tarefas cognitivas, e são mais suscetíveis ao rompimento da informação que adultos mais jovens. As funções intelectuais também se alteram, processos

verifica-se: de

a

dificuldade

aprendizagem

e

nos de

memorização, o que se relaciona com as alterações

químicas,

neurológicas

e

circulatórias que afetam a função cerebral; a diminuição da eficácia da oxigenação e nutrição

celular

e

a

diminuição

na

aprendizagem associada às insuficiências das sinapses e à disponibilidade de determinados neurotransmissores (Braver e Brach, 2002 in Teixeira, 2006). Os estudos relativamente ao desempenho intelectual têm vindo a demonstrar que as aptidões cognitivas atingem o seu pico pela década dos 30 anos, continuam estáveis até à década dos 50 ou começo dos 60 e, a partir de então, começam a declinar. O declínio gera-se a partir dos 70 anos. No entanto, este não é uniforme para todas as funções cognitivas (Firmino, 2006). Spar e La Rue (1998 in Firmino, 2006) mencionam, a respeito das funções intelectuais, os seguintes fatos:  A capacidade de comunicar eficazmente mantém-se estável, no entanto, os idosos apresentam uma maior dificuldade em compreender mensagens longas e complexas e apresentam um discurso mais repetitivo;

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 Os idosos evidenciam uma maior dificuldade nas tarefas de raciocínio que envolvem uma análise lógica e organizada de material abstrato ou não familiar;  No desempenho de tarefas que implicam planear, executar e avaliar sequências complexas de comportamento os idosos costumam revelarse mais lentos do que os jovens;  Os idosos são mais lentos nos aspetos percetivos, mnésicos e cognitivos bem como nas funções motoras;  Os idosos apresentam dificuldade em repartir a atenção por múltiplas tarefas ou em desviar a atenção de um para outro tópico. Cohen (2005 in Firmino, 2006) refere que existem 2 tipos de inteligência: fluida e cristalina: 

Inteligência

Fluída:

não

depende exclusivamente de aprendizagem prévia. Tem a ver com a rapidez com que novas situações são apresentadas; 

Inteligência

Cristalina:

relaciona-se com a informação acumulada e o vocabulário adquiridos desde os tempos de escola como da vida quotidiana. Diz respeito à aplicação das aptidões e do conhecimento previamente adquirido para resolver os problemas. Segundo aquele autor a inteligência fluida tende a declinar lentamente com a idade. Em contrapartida a inteligência cristalina frequentemente melhora ou expandese com a idade. O prejuízo gradual da memória costuma ser comum na velhice. Com o envelhecimento é normal que ocorra um certo esquecimento. Consequentemente, por volta dos 70 anos, pode-se observar uma maior dificuldade em memorizar. Os lapsos de memória tornam-se preocupantes quando comprometem o indivíduo ao nível Manualis Manualis- Manuais de Formação Online

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pessoal, social ou profissional. Num estádio avançado, o idoso chega a apresentar esquecimentos para procedimentos vulgares como lembrar-se se tomou banho, se almoçou, ou mesmo reconhecer os seus próprios familiares (Cardoso, 2009).

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4. Perturbações Mentais e Comportamentais no Idoso A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças mentais e comportamentais. Perceber o limiar de diferenciação entre o estado normal e a presença de alterações na pessoa idosa, torna-se um processo complexo. Desta forma, alterações de memória, demência, depressão e alterações do sono são alguns dos distúrbios mais frequentemente encontrados na terceira idade (Koch & Rosa, 2001). Os primeiros sintomas de um quadro de demência no idoso são: esqueceremse continuamente das coisas, colocá-las em lugares inadequados, perder-se em locais conhecidos, apresentar-se confuso, desconfiado ou assustado, perder o interesse em fazer coisas de que sempre gostou, não reconhecer pessoas, amigos, entre outros. Muitas perturbações mentais em idosos podem ser evitadas ou atenuadas. Consequentemente, uma avaliação médica e psicológica torna-se necessária para o esclarecimento do quadro clínico apresentado pelo idoso (Cardoso, 2009). Diversos fatores psicossociais de risco predispõem os idosos a perturbações mentais, nomeadamente:  Perda de papéis sociais;  Perda da autonomia;  Morte de amigos e parentes;  Declínio da sua saúde;  Isolamento social;  Restricões financeiras;  Diminuição das capacidades cognitivas.

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As perturbações mais comuns na terceira idade são: Demência; Doença de Alzheimer; Demência Vascular; Esquizofrenia; Depressão; Perturbação Bipolar; Perturbação Delirante; Perturbações de Ansiedade; Perturbações somatoformes; Perturbações por abuso de álcool e outras substâncias.

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4.1. Demência O aumento da esperança média de vida contribui para uma vida quantitativamente mais longa. Este facto predispõe a população idosa, que vive atualmente em média mais 20 anos que há 40 anos atrás, em risco de desenvolver quadros neurodegenerativos, verificando-se uma maior incidência de demências. Desta forma, importa compreender o que é a demência.

Demência é um síndrome resultante da perturbação do cérebro, em geral de natureza crónica ou progressiva no qual se registam alterações de múltiplas funções nervosas superiores incluindo a memória, o pensamento, a orientação, a compreensão, o cálculo, a linguagem e o raciocínio. As perturbações das funções cognitivas são muitas vezes acompanhadas, e por vezes precedidas por deterioração do controlo emocional, do comportamento social

ou da motivação. (ICD 10, WHO 1992 in Castro-Caldas & Mendonça, 2005).

Demência refere-se a um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções cognitivas anteriormente adquiridas vão sendo gradualmente perdidas. Com o aumento da idade a demência torna-se mais frequente. Envolve entre 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas pessoas com mais de 80 anos (Firmino, 2006). A demência caracteriza-se por um declínio cognitivo que concebe uma dependência progressiva e incapacidade atingindo a necessidade imprescindível de cuidadores ou de institucionalização (Koch & Rosa, 2001).

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Os fatores de risco conhecidos para a demência são: a idade avançada e um histórico familiar de demência. Os sintomas de demência incluem:  alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientação;  perturbações de comportamento: como a agitação, a inquietação, raiva, violência e gritos;  desinibição sexual e social;  Impulsividade;  alterações do sono;  pensamento ilógico;  alucinações. As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da imunodeficiência adquirida, álcool, medicamentos, infecções, doenças pulmonares crónicas e doenças inflamatórias. Por vezes as demências são causadas por doenças degenerativas primárias do sistema nervoso central e por doença vascular (Koch & Rosa, 2001). As demências são classificadas em vários tipos, de acordo com o quadro clínico, sendo considerada a mais comum a doença de Alzheimer.

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4.2. Doença de Alzheimer De uma larga panóplia de demências destaca-se a doença de Alzheimer, sendo esta responsável por 50 a 70% de todos os casos (Castro-Caldas & Mendonça, 2005), convertendo-se num dos principais problemas de saúde. Estima-se que existam entre 15 a 20 milhões de pessoas com Alzheimer em todo o mundo (Figueiredo, 2007). Trata-se

de uma

neurodegenerativa irreversível

doença progressiva

com

e

um

aparecimento

insidioso, que pressupõe

perdas de memória,

bem como um leque de

distúrbios

cognitivos,

comprometendo

assim a autonomia do

idoso.

Consecutivamente produz

mudanças

comportamentais

e

de

assim como, deterioração

personalidade, do pensamento.

Representa um protótipo de demência degenerativa cortical, ou seja, clinicamente é acompanhada de perturbações cognitivas que envolvem a área da linguagem, as praxias e as gnosias, sintomas estes que vão predominando e ganhando uma linha de força ao longo de toda a evolução da doença (Figueiredo, 2007). A sua prevalência aumenta gradualmente com a idade, tendo o seu pico de iniciação aos 60 anos, com rácios de incidência que duplicam a cada 5 anos até, pelo menos, aos 85 anos de idade. Apesar de a idade ser o fator de risco com maior incidência, outros fatores como os genéticos (história familiar de doença de Alzheimer, apolipoproteína E4, outras alterações genéticas), ambientais (traumatismo cranioencefálico, exposição a estrogénios, exposição a anti-inflamatórios), forma familiar da doença (cromossoma 21, cromossoma 14 e 1), processos ligados ao envelhecimento (stress oxidativo, fatores vasculares), assim como, o género, a educação, o tabaco, podem interligar-se motivando o surgimento da patologia. (Figueiredo, 2007).

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É considerada uma doença social na medida em que toda a família é atingida pela mudança de comportamento do idoso, pelo desconhecimento e pelos preconceitos existentes. Desta forma, um diagnóstico precoce revela-se crucial, pois permite a atenuação dos sintomas da doença (Department of human health & human services, 2009). Os sintomas poderão ser melhor compreendidos ao longo de três etapas do seu desenvolvimento: ligeiro, moderado e severo, de acordo com o nível de comprometimento cognitivo e o grau de dependência do indivíduo. Saliente-se que esta divisão serve como orientação para perceber o processo de evolução da doença, para ajudar os cuidadores a manterem-se atentos a potenciais sintomas e para permitir o planeamento futuro. Não obstante, cada pessoa conviverá com a doença de forma diferenciada e distinta. Numa fase inicial a pessoa pode ter dificuldades com a linguagem, apresentar significativa perda de memória, desorientar-se no tempo e no espaço, apresentar dificuldade em tomar decisões, carecer de iniciativa e motivação, manifestar sinais de depressão e agressividade e perder o interesse por atividades. No entanto, ainda é capaz de executar as atividades básicas do dia-a-dia, mantendo-se independente. Numa fase moderada há um maior comprometimento intelectual e o paciente passa a necessitar de algum apoio no que concerne às atividades instrumentais e às atividades básicas do dia-a-dia. Numa fase mais avançada, o paciente acaba

por

perder

independência,

a

sua

necessitando

autonomia de

e

assistência

integral (Figueiredo, 2007; Bottino et al., 2002). Todavia, é de relevar que o diagnóstico em vida do sujeito é um diagnóstico

possível ou

provável, pelo que, um diagnóstico definitivo necessita de uma evidência histopatológica obtida por biópsia ou necropsia (Figueiredo, 2007; Bottino et

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al., 2002). Ainda não existe tratamento estabelecido que possa curar ou reverter a deterioração causada pela doença de Alzheimer, no entanto, as opções disponíveis visam atenuar as disfuncionalidades cognitivas e as alterações de comportamento, melhorando a qualidade de vida do paciente e da sua rede de suporte, com uma abordagem multidisciplinar. Entre as principais técnicas destacam-se: treino cognitivo, técnica para melhor estruturação do ambiente, orientação nutricional, programas de exercícios físicos, orientação e suporte psicológico aos familiares e cuidadores (Bottino et al., 2002).

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4.3. Esquizofrenia Esta doença vulgarmente tem início no final da adolescência ou idade adulta jovem e persiste para toda

a

vida.

Segundo

diversos

entre

12

a

estudos 15%

das

esquizofrenias iniciam-se após os 40 anos. Cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos acentuada à medida que o paciente envelhece (Firmino, 2006). Sintomas incluem inibição social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico, alucinações e rigidez afetiva. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com drogas antipsicóticas que devem ser administradas pelo médico com cautela (Firmino, 2006). Fatores de risco: hereditariedade (existe um risco acrescido quando existe história familiar de doença afetiva); género (predominam as mulheres); estado conjugal (maior número de pacientes solteiros); isolamento social (verifica-se que há uma associação entre o aparecimento da doença e o isolamento social, provocado quer pela viuvez, pela perda de amigos, pela reforma, pela mudança de habitação ou por outras causas); personalidade (os doentes com esquizofrenia tardia têm vindo a ser descritos como reservados, excêntricos, solitários, desconfiados e emocionalmente frios) (Firmino, 2006).

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4.4.

Depressão

Embora a doença possa afetar as pessoas em qualquer fase da vida, alguns estudos indicam que os sintomas são altamente prevalentes nas fases tardias da vida. A sua incidência anual tem tendência a aumentar com o evoluir da idade, com ratios de 17 por cada 1000 idosos com idades compreendidas entre os 70 e os 79 anos, aumentando para 44 por cada 1000 idosos de idades entre 79 a 85 anos (Firmino, 2006). As depressões estão muitas vezes associadas com outras doenças médicas, cuja evolução agravam ou complicam. São por isso um importante fator de mortalidade, levando em muitos casos ao suicídio. O indivíduo deprimido perde o interesse pelas atividades diárias e, com isso, podem surgir outros problemas de saúde, como diminuição da atividade, dificuldade em dormir ou de se alimentar e uma baixa autoestima. Os cuidados consigo mesmo podem ajudar a pessoa a prevenir a depressão ou a contribuir para o tratamento. A prática de atividade física, um sono regular e o não consumo de álcool e drogas ajudam a

minimizar

os

sintomas

da

doença.

O

relacionamento e interação com familiares e amigos torna-se fundamental em todo o processo (Koch & Rosa, 2001).

Os sintomas incluem:  Diminuição da energia e da capacidade de concentração;  Perda de interesse e prazer nas atividades quotidianas e nas interações sociais;  Alterações do sono especialmente o despertar precoce pela manhã e múltiplos despertares durante a noite; Manualis Manualis- Manuais de Formação Online

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 Sensação contínua de fadiga ou cansaço;  Sentimento de reprovação ou culpabilidade;  Sensação de abandono pelos familiares ou amigos próximos;  Estado de letargia ou agitação;  Aumento ou diminuição do apetite, originando alterações de peso;  Queixas somáticas (como dores pelo corpo, ansiedade,...);  Pensamentos frequentes de morte ou suicídio. Poderão existir dificuldades de memória em idosos deprimidos, o que se denomina síndrome demencial da depressão que poderá ser confundida com a verdadeira demência. Além disso, a depressão poderá estar associada a uma doença física ou ao uso de medicamentos. Vários fatores estão associados a sintomas depressivos como: limitações funcionais, doenças crónicas, isolamento social, problemas socioeconómicos, perturbações de memória, doença de Parkinson, acidentes vasculares e cerebrais, doenças crónicas ou cardiovasculares, hipotiroidismo, perda de parentes próximos, excesso de medicamentos, entre outros (Koch & Rosa, 2001).

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4.5.

Perturbações Delirantes A época de início ocorre por volta da meia-idade, podendo atingir a velhice. Caracteriza-se pela existência de ideias delirantes

não

bizarras,

em

regra

circunscritas e bem sistematizadas, cuja duração seja superior a um mês. Não se verifica alterações no comportamento, mantendo em regra, um funcionamento razoavelmente adequado (Firmino, 2006). Os sintomas traduzem-se em alterações do pensamento de natureza persecutória (os pacientes crêem que estão a ser espionados, seguidos, envenenados ou de algum modo assediados). Os delírios mais frequentes são os persecutórios, de ciúme, erotomaníacos, somáticos ou de grandiosidade. Em regra, têm tendência à cronicidade, uma vez que o tratamento é difícil, devido à resistência do doente em tomar a medicação (Firmino, 2006). Fatores de risco: personalidade (verifica-se que vivem sós e que apresentam uma personalidade de tipo paranoide ou esquizoide); fatores genéticos (observa-se uma incidência mais elevada de esquizofrenia nos familiares dos doentes com perturbação delirante); fatores socioeconómicos (o baixo nível socioeconómico tem sido associado à perturbação delirante) (Firmino, 2006). As alterações do pensamento podem acompanhar outras doenças mentais que devem ser descartadas, tais como, a doença de Alzheimer, transtornos esquizofrenia,

por

uso

de

álcool,

transtornos

depressivos e transtorno bipolar. Além disso, podem ser secundárias ao uso de medicamentos ou sinais

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precoces de um tumor cerebral (Koch & Rosa, 2001).

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4.6. Perturbações de Ansiedade Incluem transtornos de pânico, fobias, perturbações obsessivo-compulsivas, ansiedade generalizada, de stress agudo e de stress pós-traumático. Dos apresentados, os mais comuns são as fobias (Koch & Rosa, 2001). As perturbações de ansiedade poderão iniciar-se no período intermediário da idade adulta, no entanto, algumas aparecem pela primeira vez após os 60 anos. Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autónomo pode explicar o desenvolvimento de ansiedade após um elemento stressor importante. A perturbação de stress pós-traumático é frequentemente mais severa nos idosos do que em indivíduos mais jovens, tendo em consideração a debilidade física e psicológica concomitante nos idosos (Koch & Rosa, 2001).. As obsessões (pensamento, sentimento, ideia ou sensação intrusiva e persistente) e as compulsões (comportamento consciente e repetitivo como contar, verificar ou evitar um pensamento que serve para anular uma obsessão) podem aparecer pela primeira vez em idosos, embora seja possível encontrar esses sintomas em pessoas de outras faixas etárias (Koch & Rosa, 2001). Poderão fazer-se representar por atos excessivos, fomentados pelo desejo de organização, rituais e pela necessidade excessiva de manter rotinas. Ou em compulsões, passando a verificar as coisas repetidamente, tornando-se geralmente inflexíveis e rígidos.

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4.7. Perturbações Somatoformes Este grupo inclui sintomas físicos (por exemplo dores, náuseas e tonturas) para os quais não pode ser encontrada uma explicação médica adequada e que são suficientemente sérios para causarem um sofrimento emocional ou prejuízo significativo, à capacidade do paciente para se adaptar a papéis sociais e ocupacionais. Nesses transtornos, os

fatores psicológicos são

grandes contribuidores para o

início, para a severidade

e para a duração dos sintomas.

Não são resultado de

simulação consciente (Koch &

Rosa, 2001).

A hipocondria é comum em pacientes com mais de 60 anos, embora o seja mais frequente entre as pessoas com 40 e 50 anos. Exames físicos repetidos são úteis, pois permitem garantir aos pacientes que eles não têm uma doença fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e percebida como tal pelo paciente. Ao tratamento, deve-se atribuir um enfoque psicológico ou farmacológico (Koch & Rosa, 2001).

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4.8.

Perturbações Devidas ao Abuso de Substância Psicoativa

Os pacientes idosos podem iniciar um quadro de dependência a uma droga ou inclusive à medicação. A dependência de álcool, geralmente, apresenta uma história de consumo excessivo que se iniciou em fases anteriores e frequentemente está associada a uma doença médica, principalmente doença hepática. Além disso, a dependência ao álcool está claramente associada a uma maior incidência de quadros demenciais (Koch & Rosa, 2001). A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum. Os pacientes idosos permitem-se a abusar de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crónica ou para garantirem uma boa noite de sono. O quadro clínico é variado e frequetemente inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal, depressão e desnutrição (Koch & Rosa, 2001). Uma particularidade de tais

dependências

pacientes é que tanto os quanto

o

nesses medicamentos

álcool

estão

relacionados com um

maior número de

quedas e fraturas, o que reduz expectativa de vida do idoso após o

significativamente

a

incidente.

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5. Quedas no Idoso As quedas constituem a primeira causa de incidentes a pessoas acima dos 60 anos e as mortes devido a quedas, ocorrem principalmente nos idosos. As consequências das quedas são mais desfavoráveis nos indivíduos mais velhos pois estes, muitas das vezes, acabam por sofrer um trauma psicológico, ficando com medo de se movimentar. Cerca de 5% das quedas originam fraturas, sendo as mulheres mais propícias a cair e os homens mais propícios a morrer, devido às complicações das fraturas (Koch & Rosa, 2001). Causas mais comuns das quedas dos idosos:  Vertigens e desequilíbrio;  Arritmia cardíaca;  Acidentes cardiovasculares;  Osteoporose;  Perda de visão;  Perda da capacidade auditiva;  Anemias;  Pés com alterações nas unhas, micoses, joanetes, calos;  Problemas graves da próstata ou prisão de ventre, que levam a um esforço para urinar e podem, consequentemente, provocar desmaios;  Artroses no pescoço que podem causar desequilíbrio;  Fraqueza por desnutrição;  Uso de bengalas, andarilhos ou cadeiras de rodas;  Mudança

de

posicionamento

(deitado para sentado; sentado para de pé);  Demências, pneumonias, infeções urinárias, enfartes e hemorragias;  Uso

de

medicamentos

(antidepressivos); Manualis Manualis- Manuais de Formação Online

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 Ingestão de bebidas alcoólicas. Consequências das quedas no idoso:  As fraturas e as suas sequelas juntamente com o medo de voltar a cair podem levar à imobilidade e, com isso, piorar a circulação originando tromboses;  Dificultam a respiração originando pneumonias;  Facilitam a osteoporose com o aumento das limitações físicas;  Diminuem a independência e a interação social do idoso. Como prevenir as quedas no idoso:  Evitar tapetes e pisos escorregadios;  Não deixar objetos perdidos pela casa;  Não trancar a porta da casa de banho (local frequente de acidentes);  Instalar um telefone próximo à cama e utilizar luzes de cabeceira fixas;  Remover soleiras altas das portas;  Não encerar o piso;  A altura da cama e das cadeiras deve ser apropriada, de forma a o idoso manter os pés no chão quando sentado;  Colocar os utensílios em locais de fácil acesso;  Evitar calçado de salto alto ou sola lisa;  Não andar de meias;  Manter a casa iluminada;  Colocar um interruptor de luz próximo à cama;  O idoso não se deve levantar rapidamente após acordar (deverá

aguardar

alguns

minutos antes de se sentar e de caminhar);  Retirar móveis baixos;  Ao sentar, o idoso não deverá utilizar sofás e cadeiras

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com assento mole e profundo;  Instalar corrimão nas escadas e na banheira para apoio;  Colocar um banco na banheira para facilitar a lavagem dos pés;  Atravessar a rua sempre nas faixas de segurança;  Realizar visitas periódicas ao oftalmologista;  Não tomar medicamentos sem prescrição médica.

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6. Sexualidade na Terceira Idade A sexualidade é uma necessidade fundamental do ser humano, cuja dinâmica e riqueza deve ser vivida em pleno. Esta representa um conjunto de processos biológicos e psicológicos que se iniciam com a conceção e prosseguem na vida adulta. É concebida e idolatrada enquanto um ato amoroso, baseado na partilha de sentimentos e desejos, concedendo a cada um, o papel principal na exploração da sua intimidade. É embebida por influências que variam culturalmente, enraizada de acordo com valores, estereótipos, crenças e preconceitos, sendo afetada por aspetos psicológicos e emocionais. A sexualidade é uma faceta da afetividade, é uma forma de comunicação através da qual nos aproximamos da pessoa amada/desejada, dela fazendo parte a atração, a entrega, a ternura, o carinho e a gratidão. É uma expressão que não se perde necessariamente com o envelhecimento. “A vida sexual transforma-se constantemente ao longo de toda a evolução individual, porém só desaparece com a morte.” Myra e López

Nos

últimos

anos

houve

uma

evolução

relativamente ao conceito de sexualidade, percebendose que esta não se reduz ao ato sexual ou genital. A Organização Mundial de Saúde define Saúde Sexual como a “integração dos aspetos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do ser humano sexual, em formas que enriquecem e realcem a personalidade, a comunicação e o amor.” Isto pressupõe o exercício da sexualidade livre de temores, vergonhas, culpas, mitos e falácias. No adulto idoso, a sexualidade ganha outra forma de vida. A voracidade da juventude dá lugar à pacificidade da velhice. No entanto, verifica-se que o facto de

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uma pessoa ter uma idade mais avançada não significa impedimento para usufruir da sua sexualidade. À medida que o envelhecimento progride, a quantidade de atividade sexual tende a diminuir e ocorrem modificações na resposta sexual, mas o interesse e aptidões para o desempenho sexual permanecem. Na determinação do bem-estar sexual do idoso adquirem marcada relevância fatores psicossociais. A reação pessoal ao envelhecimento e perdas que o acompanham, a adaptação à doença crónica, bem como as atitudes do meio envolvente face à sexualidade, condicionam as atitudes e vivências do próprio (Firmino, 2006). Existem outros fatores que limitam a livre expressão da sexualidade nas pessoas idosas:  O interesse do(a) companheiro(a), quando o mesmo(a) existe (note-se que há duas vezes mais mulheres do que homens em idade avançada);  O estado de saúde, física e mental;  Problemas de impotência no homem ou de dispareunia (dor durante o coito) na mulher;  Efeitos colaterais de medicamentos;  Perda de privacidade;  Preconceitos da sociedade.

A persistência de mitos justiça a visão ainda prevalecente na sociedade atual, que toma como certo o desinteresse e a incapacidade de desempenho sexual dos idosos. Supostamente, o desejo tê-los-ia abandonado e qualquer dimensão erótica terse-ia extinguido das suas vidas. Este é o mito do idoso enquanto ser assexual (Firmino, 2006).

Porém, a necessidade de intimidade física e emocional mantêm-se nesta fase da vida. Nalguns casais, a maior disponibilidade em termos de tempo e a ausência das responsabilidades familiares, podem criar as condições propícias à redescoberta da sexualidade, vivenciada de forma mais tranquila, menos presidida pela urgência do

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desejo, privilegiando assim a sensualidade, o prazer das carícias, a comunicação e a partilha da intimidade (Firmino, 2006). É importante realçar que em nenhuma idade a atividade sexual se resume ao coito, nem se mede pela frequência com que este ocorre. Isso torna-se ainda mais evidente nas idades mais avançadas.

Mudanças na Mulher Ao contrário do que se pensou durante muitos anos, a menopausa não provoca, diretamente, doenças depressivas nem transtornos psiquiátricos graves. É uma mudança que exige à mulher uma adaptação, mas não tem de limitar-lhe a vida sexual. Para algumas, chega a ser um período de libertação, serenidade e estabilidade, em que disfrutam perfeitamente das relações. A mulher de idade avançada pode manter os seus padrões sexuais até ao final da vida. Não obstante, após a menopausa há mudanças fisiológicas e anatómicas a nível do aparelho genital e de todo o organismo, mudanças essas que não são repentinas nem decorrem de forma igual em todas as mulheres. Elas devem-se, sobretudo, a uma grande redução da produção hormonal, mais especificamente de estrogénios.

Mudanças no Homem Ao contrário da mulher, não existe para o homem um fim claro e definido da fecundidade. A produção de esperma diminui a partir dos 40 anos e mantém-se ativa até depois dos 90. Também a produção de testosterona sofre um declínio gradual a partir dos 55 anos. Embora não haja um processo masculino tão definido como a menopausa, existem mudanças. Não estar consciente delas pode causar num homem de idade avançada, angústias antecipatórias sobre o seu desempenho sexual. Essas mudanças estão relacionadas com fatores hormonais, neuronais e vasculares, para além da menor produção de testosterona.

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Homossexualidade nas Pessoas Mais Velhas Se há problemas quanto à aceitação social da vivência da sexualidade nas pessoas idosas ainda mais complicado se torna quando falamos da homossexualidade. As pessoas idosas homossexuais vivem as mesmas mudanças fisiológicas e psicológicas que os heterossexuais. São frequentes as relações de longa duração, ainda que, muitas vezes possam não ter sido assumidas. Curiosamente, nas idades mais avançadas reduz-se o medo de a homossexualidade ser descoberta, situação talvez relacionada com a menor valorização por parte da pessoa da eventual crítica social.

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7. A Família Enquanto Rede Informal de Suporte Ao longo do tempo as estruturas que fazem parte de uma sociedade vão-se inevitavelmente alterando, sendo que o papel do idoso na família não é exceção. O cuidado ao idoso, se recuarmos alguns anos atrás, era assegurado de forma exclusiva pela família, em especial por alguém do sexo feminino. Porém, mudanças na estrutura familiar, tais como: a entrada da mulher no mercado de trabalho, o aumento dos divórcios, a diminuição do número de filhos, entre outros fatores, levou a que as famílias nem sempre tenham a possibilidade/disponibilidade de prestar cuidados ao idoso (Diogo, Ceolim e Cintra, 2005 in Melo, 2012). No entanto, atualmente, a família é ainda referida como a maior fonte de suporte para o idoso devido à sua função protetora, pois é onde o mesmo encontra o apoio, que necessita. Apesar de 37,6% (INE, 1999) dos idosos portugueses viverem com a família, existe a convicção muito forte no público em geral de que existe um grande desinvestimento familiar relativamente aos ascendentes, o que não corresponde à realidade. Por todo a Europa, a família constitui ainda o grande pilar da responsabilidade pelos dependentes idosos. A família contínua a ser uma instituição significativa para o suporte e realização do indivíduo (Jacob, 2002).

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No entanto, face à conjuntura económica e social atual, constata-se que a ideia de que é dever dos filhos tratar dos seus pais na velhice está cada vez mais a ser colocada de lado, tendo esta tarefa sido transferida para a sociedade, sendo encarada como um dever social. Assim, os casos em que o idoso permanece junto da família têm vindo a diminuir. O custo inerente ao cuidado a um idoso e as mudanças de valores levam a que a institucionalização seja cada vez mais frequente (Ângelo, 2000 in Melo, 2012). A ausência quase total de ajudas eficazes destinadas às pessoas que cuidam dos familiares encontra-se no centro dos problemas e é a principal razão pela qual as famílias muitas vezes são obrigadas a recorrer às instituições de apoio aos idosos (Jacob, 2002). As exigências da sociedade em relação aos custos de vida que levam à necessidade de se trabalhar cada vez mais, as alterações do estatuto do idoso na sociedade, a própria interpretação por parte da população idosa do encargo que são para os filhos, o evitar de casos de isolamento e abandono dos idosos são outros fatores que levam à procura pela institucionalização (Melo, 2012) Contudo, e apesar da evidente necessidade social destas instituições, é de referir que as Instituições de acolhimento de idosos se apresentam como uma alternativa que visa complementar e nunca substituir a ação da família, prestando os serviços necessários e tendo presente as suas necessidades e a sua individualidade (Melo, 2012).

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8. Redes Formais de Apoio ao Idoso A nível nacional, as respostas sociais institucionais existentes caracterizam-se segundo duas tipologias: o acolhimento permanente que engloba os equipamentos de colocação institucional de idosos, tais como: os lares, as residências e as famílias de acolhimento; o acolhimento temporário, de carácter não institucional, que reúne os serviços de apoio e acompanhamento local dos idosos, tais como: os serviços de apoio domiciliário (Melo, 2012).

Cada vez mais, as instituições tentam oferecer serviços que promovam um envelhecimento bem-sucedido, potenciando a manutenção das competências sociais e de bem-estar dos idosos. Neste sentido, os equipamentos sociais tendem a focar as suas respostas na promoção do bem-estar físico, social e mental do idoso, o que inclui uma participação ativa deste nos mais variados domínios da sociedade: económico, espiritual, cultural, cívico e social (Melo, 2012). Eis as formas de equipamentos e respostas, formais e oficiais, disponíveis em Portugal (Jacob, 2002): Centros de Convívio: são centros a nível local, que pretendem apoiar o desenvolvimento de um conjunto de atividades sociais, recreativas e culturais destinadas aos idosos de uma determinada comunidade. Estes promovem uma participação ativa do idoso;

Centros de Dia: constituem um tipo de apoio dado através da prestação de um conjunto de serviços dirigidos a idosos da comunidade, cujo

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âmbito assenta no desenvolvimento de atividades que proporcionem a manutenção dos idosos no seu meio sociofamiliar. Os objetivos do Centro de Dia focam-se na: prestação de serviços que satisfaçam as necessidades básicas; prestação de apoio psicossocial; fomento das relações interpessoais ao nível dos idosos e destes com outros grupos etários, a fim de evitar o isolamento. O Centro de Dia assegura, entre outros, os seguintes serviços: refeições: convívio/ocupação; cuidados de higiene; tratamento de roupas; férias organizadas.

Lares de Idosos: equipamentos coletivos de alojamento permanente ou temporário, destinados a facultar respostas a idosos no âmbito do acolhimento, alimentação, cuidados de saúde, higiene, conforto, onde se propícia o convívio e a ocupação dos tempos livres dos utentes.

Residência:

é

desenvolvida constituído

a

resposta

em por

um

social

equipamento conjunto

de

apartamentos, com serviços de utilização comum, para idosos com autonomia total ou parcial.

Serviço de Apoio Domiciliário (SAD): é uma resposta social que consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicilio, a indivíduos e famílias que, por motivo de doença, deficiência, velhice ou outro impedimento, não possam assegurar de forma temporária ou permanente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou atividades da vida diária. Este deve proporcionar os seguintes serviços: prestação de cuidados de higiene e conforto; arrumação e pequenas limpezas no domicílio; confeção, transporte e/ou distribuição de refeições; tratamento de roupas. O SAD pode ainda assegurar outros serviços, nomeadamente: acompanhamento ao exterior; aquisição de

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géneros alimentícios e outros artigos; acompanhamento, recreação e convívio; pequenas reparações no domicílio; contactos com o exterior. Apoio Domiciliário: consiste na prestação de serviços, por ajudantes e/ou familiares no domicílio dos utentes, quando estes, por motivo de doença ou outro tipo de dependência, sejam incapazes de assegurar temporária ou permanentemente a satisfação das suas necessidades básicas e/ou realizar as suas atividades diárias. É um tipo de apoio que conquistou muitos adeptos, na medida em que se caracteriza pela prestação de um serviço de

proximidade

com

cuidados

individualizados e personalizados. Além disso, é preservada a família e a casa que constituem para o idoso um quadro referencial muito importante para a sua identidade social.

Acolhimento Familiar de Idosos (AFI): é a resposta social que consiste na integração, temporária ou permanente, em famílias que prestem os cuidados necessários, quando ocorre uma inexistência ou insuficiência de respostas sociais que possibilitem a integração do idoso ou na ausência de família que assegure o pleno acompanhamento.

Centro de Acolhimento Temporário de Emergência para Idosos: é a resposta social que consiste no acolhimento temporário a idosos em situação de emergência social, perspetivando-se o encaminhamento do idoso ou para a família ou para outra resposta social de carácter permanente.

Centro de Noite (CN): é a resposta social dirigida a idosos com autonomia que desenvolvem as suas atividades da vida diária no domicílio mas que durante a noite, por motivos de isolamento,

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necessitam e acompanhamento. É uma estrutura cuja lógica de intervenção tem por base o apoio temporário, que pretende dar resposta a situações de: isolamento geográfico ou social por, respetivamente, residirem longe da comunidade local e pela ausência de redes de suporte informal que possam dar apoio; Solidão, sentimento que pode advir de situações de isolamento; Insegurança, traduzida pela incapacidade em lidar com situações perturbadoras como é por exemplo, a morte ou afastamento da pessoa com quem se residia. Tendo em conta os objetivos que presidem aos centros de noite e, pelo facto de não se dispor ainda de experiência significativa do desenvolvimento desta resposta, as presentes orientações constituem, nesta fase, um quadro referencial que permite enquadrar iniciativas que visem a sua implementação.

Unidades de Cuidados Continuados: constituem respostas residenciais a idosos, que apresentam um maior grau de dependência.

A evolução das respostas sociais tem sido uma constante. Estes serviços procuram, assim, melhorar as condições de

vida

da

população

idosa,

em

conformidade com as suas limitações, potencialidades, condições monetárias e pela sua condição de vida (Melo, 2012).

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9. A Institucionalização do Idoso Segundo

o

Dicionário

Priberam

da

Língua

Portuguesa

o

termo

institucionalização significa “ato ou efeito de institucionalizar”. Em Portugal, as instituições destinam-se a abrigar pessoas idosas necessitadas de um lugar para morar, alimentação e cuidados por período integral. Considera-se institucionalização do idoso quando este se encontra durante todo o dia ou parte deste, entregue aos cuidados de uma instituição que não a sua família. Para Goffman (citado por Santos e Encarnação, 1998 in Jacob, 2002), as instituições totais ou permanentes consistem em lugares de residência onde um grupo de indivíduos leva uma vida fechada e formalmente administrada por terceiros. Existe uma rutura com o exterior, dado que todos os aspetos do seu quotidiano são regulados por uma única entidade. As mudanças ocorridas na sociedade, tal como já referido anteriormente, aparecem como as responsáveis pela situação atual de aumento da institucionalização do idoso. As razões para a institucionalização passam sobretudo pelo facto de a família não conseguir dar resposta às necessidades do idoso ou então quando outras respostas sociais não conseguem prestar todos os cuidados solicitados (Melo, 2012). Levenson (2001, citado por Almeida, 2008 in Melo, 2012) refere um conjunto de fatores associados ao risco de institucionalização, sendo alguns dos mesmos:  As deficiências cognitivas;  O facto de se viver só;  A perda de apoios sociais;  Os problemas com as atividades de vida diária;  A pobreza;  As deficiências na rede de suporte informal. No entanto, evidencia-se o isolamento como a causa mais comum para a entrada nas instituições de acolhimento, o que se explica pela inexistência de uma

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rede de interações que facilitem a integração social e familiar dos idosos e que garantam um apoio efetivo em caso de necessidade (Melo, 2012). A entrada do idoso numa Instituição de acolhimento é, por norma, um momento difícil para o idoso, em especial quando este ainda possui alguma autonomia ou se a sua entrada se deveu a um acontecimento trágico (por exemplo, a morte de um cônjuge). Born e Boechat (2006 in Melo, 2012) referem que por mais qualidade que a instituição possua, vai haver sempre um corte com o passado, passando a existir um afastamento do convívio social e familiar.

A pessoa institucionalizada precisa de se acostumar ao seu novo espaço, às novas rotinas, a novas pessoas com quem irá partilhar o espaço e toda esta nova realidade pode originar situações de angústia, medo, revolta e insegurança. Porém, a institucionalização não deve ser encarada apenas pela negativa, pois existem idosos que podem sentir-se mais acompanhados, ativos e mesmo mais felizes do que quando se encontravam sós em suas casas. Neste processo de mudança, o indivíduo pode criar os seus próprios mecanismos de adaptação e desenvolver uma sensação de satisfação pela sua nova condição (Melo, 2012).

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É neste aspeto que o modo de organização de uma instituição, as atividades que oferece, a relação de suporte, o grupo de técnicos e colaboradores que possui, entre outros aspetos, é de extrema importância para que o sentimento de satisfação ocorra perante a nova situação de vida do idoso. Neste sentido, para Perracini (2006, citado por Almeida, 2008 in Melo, 2012) os ambientes para idosos deveriam possuir as seguintes características: (a) Acessibilidade e uso; (b) facilidade de circulação, especificamente no que concerne ao conforto, à conveniência e à possibilidade de escolha; (c) conservação de energia; (d) comunicação: aspetos sensoriais e relacionamento social; (e) segurança: sem risco de lesão e acidentes; (f) proteção: que não cause medo ou ansiedade e que seja previsível (confiável); (g) privacidade. Consequentemente torna-se imprescindível um foco no momento de acolhimento ao idoso pois este é, por norma, o primeiro contacto direto que o mesmo tem com o local que vai ser o seu lar. Logo é necessário acompanhá-lo e apoiá-lo, tendo em consideração a sua privacidade, vontade e singularidade (Melo, 2012).

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