Turismo Pelo Brasil

July 21, 2017 | Author: Angelo Arouca | Category: Tourism, Rio De Janeiro, Economics, State (Polity), São Paulo
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Dos Anais do Conselho de TTurismo urismo da CNC

Membros do Conselho de TTurismo urismo PRESIDENTE Oswaldo Trigueiros Jr. VICE-PRESIDENTE Hélio Carlos de Souza SECRETÁRIO-EXECUTIVO José Maria Mendes Pereira CONSELHEIROS Alfredo Laufer Andrea Nakane Angelo Muniz Freire Vivacqua Ayrton Baffa Aylton Costa Bayard do Couto Boiteux Beatriz Helena Biancardini Scvirer Carlos Alberto de Andrade Pinto Carlos Américo Sampaio Vianna Carlos Augusto Guimarães Filho Carmem Fridman Sirotsky Cleber Brisis de Oliviera Cristiano Rodrigues Teixeira da Silva Cristóvão Leite de Castro Daltro Assunção Nogueira Darcy Daniel de Deus Décio Camões Dirceu Ezequiel de Azevedo Eduardo Jenner Farah de Araujo Elza Soares Costa Marques Enrico Lavagetto Francisco Inácio Havas Genaro Cesário George Irmes Gilson Campos Gilson Gomes Novo Glória de Britto Pereira Glória Konrath Nabuco Gontijo José Theodoro

Harvey José Silvello Hélio Alonso Homero Henrique Rosa Rangel Horácio Neves Joana Palhares Joandre Antonio Ferraz João Augusto de Souza Lima João Portella Ribeiro Dantas Joaquim Xavier da Silveira Jomar Pereira da Silva José Carlos Tedesco Lia Márcia Ribeiro da Silva Luiz Carlos Barboza Luiz Guilherme Neiva Cartolano Margaret Rose de Oliveira Santos Maria Eliza de Mattos Maria Ercília Leite de Castro Mário Saladini Maureen Flores Maurício de Maldonado Werner Filho Mauro José de Miranda Gandra Milton Calheiros de Brito Murillo Couto Nadir Regina Titton Parigot de Souza Nely Wyse Abaurre Nilson Guilhem Guilhem O. Mário Braga Olavo Lyra Maia Orlando Machado Sobrinho Orlando Kremer Machado Paulo Barreto de Araujo Paulo Pizão Ricardo Frazão do Nascimento Roque Vicente Ferrer Sandra Tavares da Rosa Sérgio Ricardo Martins de Almeida Tânia Omena Waldir de Araujo Castro

Turismo pelo Brasil

RiodeJaneiro,2001

Confederação Nacional do Comércio Brasília SBN Quadra 1 Bloco B - no 14, 15o ao 18 o andar Edifício Confederação Nacional do Comércio CEP 70041-902 - Brasília PABX (61) 329-9500 | 329-9501 E-mail: [email protected] Rio de Janeiro Avenida General Justo, 307 CEP 20021-130 - Rio de Janeiro PABX (21) 3804-9200 E-mail: [email protected] .cnc.com.br Web site: www www.cnc.com.br

Projeto Gráfico: SG | DAD | CAA | SDI - Unidade de Programação Visual

Confederação Nacional do Comércio Turismo pelo Brasil/Confederação Nacional do Comércio, Conselho de Turismo. – Rio de Janeiro : CNC, 2001. 172 p. 1. Turismo. 2. Brasil. I. Título.

Apresentação

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Antonio Oliveira Santos

A Política Nacional de Turismo

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Caio Luiz de Carvalho

A Nova Visão Turística de São Paulo 17 José Maria Mendes Pereira O Turismo no Rio de Janeiro 25

Roberto Gherardi

Turismo no Rio Grande do Norte 37

Ivanaldo Bezerra Araújo Galvão

Turismo Ecológico no Amazonas 45

Paulo Roberto dos Santos Corrêa

5 Grande do Sul Günther Staub Desenvolvimento do Turismo no Rio 7 Paulo Renato Dantas Gaudenzi A Estratégia de Desenvolvimento 6do Turismo da Bahia – 1991–2002 O Ceará Caminhando para o Novo87Século

Anya Ribeiro

O Pará e seu Potencial Turístico 103 Adenauer Góes Rio de Janeiro: o Plano Maravilha117

Gérard Bourgeaiseau

Pernambuco: Turismo Indutor de 1Desenvolvimento Frederico Loyo 33 Plano de Desenvolvimento Integral141do Turismo do Kátia Lima Maranhão – Plano Maior Cruzeiros Marítimos 151 Flávio de Almeida Coelho Mato Grosso no Contexto do Turismo 155 Mundial

Ezequiel José Roberto

Apresentação

T

urismo pelo Brasil é mais uma contribuição da Confederação Nacional do Comércio ao processo de desenvolvimento do turismo neste País. É, também, o reconhecimento do esforço feito na área governamental, em colaboração com a iniciativa privada, para consolidar a atividade turística. Divulgando projetos e realizações dos Organismos Oficiais de Turismo do Brasil, trazidos ao plenário do nosso Conselho de Turismo pelos seus dirigentes, a CNC realça as suas estratégias de trabalho e manifesta o seu objetivo de manter o diálogo construtivo e permanente com o governo, confirmando a sua vocação para apoiar e fortalecer a evolução do turismo nacional.

Antonio Oliveira Santos Presidente da CNC

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A Política Nacional de Turismo Caio Luiz de Carvalho Presidente da Embratur

É

para mim uma honra muito grande estar aqui hoje com vocês. A última vez que estive aqui foi no final de 1993 ou no início de 1994, quando eu ainda era secretário nacional de turismo, e o ministro era o Sr. José Eduardo Andrade Vieira. Eu me lembro do carinho com que a Confederação Nacional do Comércio me recebeu naquela ocasião, e fiquei impressionado com a organização que vocês demonstraram: foi a primeira vez que estive num local, falando de improviso, conversando com especialistas e com companheiros que dominam este segmento, e logo em seguida recebi os anais da reunião contendo as notas taquigráficas de tudo o que eu falei – enfim, é uma organização ímpar. De lá para cá, muita coisa aconteceu, graças a Deus. Quem ler aquelas notas taquigráficas, tão bem elaboradas sob a supervisão do nosso José Maria, vai poder comparar e ver que as coisas começaram a acontecer. Eu sempre fui uma pessoa muito cética com relação a uma explosão da indústria de viagens e turismo, de uma hora para outra neste País, pois este é um segmento econômico que exige ponderações e reflexões. A complexidade e o entendimento desse segmento cada vez mais me fascinam, pois constitui um desafio para todos nós que trabalhamos neste setor, principalmente num País como o Brasil. Mas hoje eu sou um otimista, não porque trabalho no governo, mas porque estou convencido de que o problema maior que atingia o nosso segmento, que era a falta de conscientização das autoridades, já não é um problema tão grave. Porque já foi muito pior. Nós avançamos muito nesta área. Eu, como paulista, quero fazer uma ponderação aos companheiros do Rio de Janeiro: nós, que vivemos em São Paulo e no Rio de Janeiro, às vezes não nos apercebemos do que é o Brasil. Esta é uma realidade sobre a qual eu tenho falado, e tenho sofrido muitas críticas dos meus companheiros de São Paulo por falar isso. Brasília é uma cidade que nos ensina muito nesta questão; lá você aprende a entender o Brasil, a despir a camisa do seu Estado de origem, e aí receber as carências, as demandas, vendo que as demandas que você menos recebe são justamente as desses dois Estados líderes, que são o Rio de Janeiro e São Paulo. Isso é um fato que a gente tem que analisar. Por outro lado, a conscientização hoje já existe entre os governantes. Em geral nós 9

saímos muito nas colunas sociais. Não que eu seja contra as colunas sociais, mas o fato positivo é que cada vez mais nós aparecemos nos cadernos econômicos, o que não acontecia no passado. Hoje é possível um prefeito de uma cidadezinha do Rio Grande do Norte chamada Ceará Mirim fazer um concurso público para contratar um bacharel em Turismo. E o mesmo está acontecendo em muitas outras cidades do País. Nossa imprensa especializada está procurando cada vez mais se aprimorar e fazer a leitura de cases que acontecem em outros destinos. Agora, que tem muita coisa para acontecer, tem. Hoje, aqui, mais do que ter a pretensão de fazer uma palestra ou conferência, que não é o meu forte, eu adoraria tomar conhecimento daquilo que vocês gostariam de saber, e das experiências de quem está vivendo esse momento muito rico na história deste País. Ainda que haja muitos que não se adequaram à estabilidade financeira e têm saudade da ciranda financeira, o fato é que nós estamos evoluindo, e nosso País está partindo para um cenário extremamente otimista. Esse cenário otimista nos permite adquirir credibilidade no exterior, o que acaba beneficiando, de forma direta, o cenário futuro para o nosso segmento, que é o Turismo. Com a estabilidade, temos a vinda de investidores estrangeiros, de pessoas que querem fazer joint ventures no Brasil, ou de pessoas que estão interessadas em conhecer um pouco do que é o Mercosul. Neste setor estamos tendo um grande crescimento mas temos tido também erros de estratégia. Há pouco eu conversava com o embaixador João Dantas sobre o perfil do turista que nós estamos procurando buscar. Isso nos custou muito no passado e, no Nordeste, está custando até agora. Como eu sempre digo, no turismo nós estamos sempre aprendendo. Ainda hoje mesmo, no elevador, o embaixador me falava sobre o Turismo de Negócios. É claro que o Turismo de Eventos e Negócios é hoje um segmento em que nós temos que investir cada vez mais. São Paulo, que tem todos os seus problemas sociais e estruturais, problemas de segurança, está com sua hotelaria com alta taxa de ocupação, devido ao Turismo de Negócios. Eu não aceito quando meus amigos hoteleiros se queixam, porque não dá para se queixar com as maiores taxas de ocupação hoteleira da América Latina e com a maior diária per capita da América Latina, que estão em São Paulo, por mais que as pesquisas não o digam. Eu me lembro de que, quando eu estava em São Paulo, em 1985 e 1986, a taxa de ocupação dos hotéis de Guarujá, em pleno mês de fevereiro, apontavam em 10%, quando os hotéis estavam lotados. Aqui no Rio é diferente, porque o Rio é o maior portão de entrada de nosso País. Se o turismo do Rio de Janeiro vai bem, o turismo do Brasil cresce, e as coisas começam a 10

acontecer. O nosso querido embaixador João Dantas fez uma ponderação que nunca tinha me passado pela cabeça, sobre o fato de o Rio de Janeiro ser a Cidade Maravilhosa e ser o maior destino turístico do País, sendo talvez até maior do que o Brasil, em termos de conhecimento – porque lá fora muitas vezes os estrangeiros só falam do Rio de Janeiro, não falam do Brasil. Há pouco tempo foi feita uma pesquisa em Nova Iorque por um especialista em marketing, Cid Pacheco, sobre o que os americanos pensavam do Rio de Janeiro. E o embaixador João Dantas há pouco me chamava a atenção para isso: em geral as pessoas não vêem o Rio de Janeiro como um destino para Turismo de Negócios. Mas acho que isso vai começar a mudar. Na verdade, já está começando a mudar. O Sr. Ronaldo Cesar Coelho vem fazendo um trabalho muito bom neste sentido, e acho que o próprio Mercosul, a Firjan ou a CNC podem contribuir para isso. Agora, eu gostaria de mostrar a vocês um vídeo que talvez alguns já tenham visto. Esse vídeo, que apontava caminhos, foi feito em março do ano passado, mas depois eu vou passar a apontar os resultados concretos que aconteceram desde aquela época até hoje. O vídeo é um pouco longo, mas é bem didático e nos poupa uma palestra, que seria um pouco chata. Gostaria de fazer algumas observações pontuais sobre o vídeo que acabamos de ver. Quanto ao Projeto “Visite o Brasil”, nós não conseguimos fazê-lo decolar, porque dependia muito de o embaixador local vestir a camisa do Projeto. Na verdade ele só existe em Londres, por conta do nosso embaixador Rubens Barbosa, que, com muita competência, talento e amor à causa está fazendo com que melhore o fluxo turístico da Inglaterra para o Brasil. Outro lugar onde esse projeto está tendo sucesso é a Alemanha. Outra coisa curiosa é a questão das feiras. Sabíamos que todos criticavam a Embratur, porque se apresentava mal nas feiras internacionais. Nós encontramos um modelo, junto com a Fenactur, que está sendo elogiado por todos. A partir do momento em que nós terceirizamos para a Fenactur, está sendo possível contratar profissionais lá fora a um preço menor, sem aqueles problemas de burocracia que acabavam inviabilizando a participação do Brasil. Então eu convido os companheiros a conversarem com os operadores do Rio de Janeiro que participaram das feiras. Tenho certeza de que a resposta certamente vai ser positiva, pois já melhorou muito a imagem do Brasil. Gostaria de abordar rapidamente quatro pontos que foram colocados no vídeo, que são as políticas macroestratégicas. É óbvio que não vou descer aos chamados objetivos estratégicos, porque eu costumo dizer que, objetivo, a gente só tem um: aumentar o fluxo de turistas no mercado interno, e captar turistas de outros mercados para o País. 11

Este é o objetivo maior de qualquer órgão de Turismo e de qualquer pessoa que esteja trabalhando com Turismo. Mas as estratégias para que a gente chegue a isso são de dois tipos: as macroestratégias e aquelas 10 estratégias que foram colocadas no vídeo. Dentre essas macroestratégias eu gostaria de falar rapidamente sobre coisas importantes que estão acontecendo. Primeiro, a questão da infra-estrutura básica. Está sendo feito um trabalho muito forte e hoje existe uma consciência de que não é possível o turista ir para uma região onde haja esgotos a céu aberto. Quem achar que isso é possível deve mudar de ramo, senão vai à falência. Porque hoje a concorrência cada vez mais se prepara, se embeleza, se veste; e, por mais que tenhamos recursos naturais e culturais, não vai ser só por isso que os turistas virão aqui. Certa vez ouvi uma colocação muito interessante feita pela prefeita de um pequeno Município brasileiro, que me dizia: “Doutor, não acredito nessa história de cidade turística; acho que cidade boa para o turista é aquela que é boa para o cidadão; se ela não for boa para o cidadão, não vai ser boa para o turista.” É por isso que eu falo que a gente está aprendendo sempre. Quando eu repeti essa colocação para o nosso querido prefeito Luiz Paulo Conde, na última sexta-feira, ele gostou muito, porque não existe uma frase mais verdadeira do que esta, para quem trabalha com turismo. Se você não se sente bem na sua cidade, como é que o turista vai se sentir bem nela? É fantástico o que se aprende trabalhando com Turismo. Então, a infra-estrutura básica é um setor em que o governo Fernando Henrique Cardoso está investindo muito. Mas está investindo não só em projeto; está investindo em ações, em aeroportos, em rodovias, em saneamento básico das cidades turísticas. Isso é uma realidade, onde estão sendo investidos US$ 800 milhões. Na região da Amazônia Legal começam a ser investidos US$ 30 milhões. Estamos trabalhando com o Prodetur Sul, por conta do Mercosul, com a Organização dos Estados Americanos e com o próprio BID e com o Banco Regional de Desenvolvimento Econômico e Social. E aqui, na nossa Região Sudeste, em boa hora eu vi que o nosso querido Roberto Gherardi se uniu ao presidente da Turminas, e os governadores Mário Covas, Eduardo Azeredo, Marcello Alencar e Victor Buaiz se uniram, e nós estamos fazendo um programa de obras e infra-estrutura básica para a Região Sudeste. Existe aí uma questão que nós temos que entender: são programas de médio e longo prazos. O programa do Nordeste demorou quatro anos para acontecer. Só que, se ninguém tivesse começado há quatro anos, não teria acontecido nem agora. Essa é uma questão pela qual eu me bato muito. Acho que a nossa geração, neste ponto – não que nós tenhamos errado, porque aqui estou vendo uma elite diante de 12

mim – na teoria nós sabíamos tudo o que tinha que ser feito, mas infelizmente não levamos em conta as questões estruturais do País, as questões políticas. Eu me lembro que, em 1983, falar de turismo no Estado de São Paulo, era falar em concurso de miss, era dar banda e fanfarra para cidades do interior. Isso é que era Turismo. Hoje as coisas mudaram, e muito. Vocês podem encontrar às vezes alguém que foi colocado na direção de um órgão de turismo porque é amigo de um político poderoso e achava que naquele cargo poderia viajar e participar de coquetéis, mas isso é uma exceção, e esse cara não vai agüentar o tranco. No passado havia toda essa mentalidade, caracterizada pelo imediatismo dos políticos, da qual nós fomos vítimas, mas as coisas melhoraram. Eu gosto de repetir uma frase do governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves, que diz que se deve governar para as próximas gerações, não para as próximas eleições. O que aconteceu sempre na história deste País é que na hora em que alguém começava a ocupar um cargo público, ele já estava preocupado em ganhar as próximas eleições. Não estou generalizando, o que seria leviano, mas estou dramatizando, porque nós chegamos onde chegamos porque aconteceu alguma coisa. Pois bem, acho otimista o cenário de hoje. Temos uma convivência muito saudável com uma estabilidade em que ninguém acreditava, e que, ainda, hoje alguns acham que não vai dar certo. Porque aqui no Brasil a gente tem que, primeiro, fazer com que dê certo e, depois, torcer para que não venha algum desesperado débil mental estragar tudo. Porque existe uma tendência a torcer pelo naufrágio, segundo a tese do “quanto pior, melhor”. Isso é uma coisa que nós temos que extirpar deste País. Nós, que estamos aqui, e que somos uma Elite com E maiúsculo, uma elite pensante, uma elite idealista, temos que enfrentar isso. Nesse sentido, acho que o cenário é muito positivo, porque hoje temos a preocupação de que Turismo se faz com infra-estrutura básica, com programas de capacitação profissional, com uma busca da melhoria da qualidade dos serviços, com legislação moderna competitiva diante de mercados concorrentes, e, também, com muito marketing promocional. Como é que nós vamos ser conhecidos se não investirmos em marketing promocional? Essa parceria que foi feita nesses três anos, foi um trabalho de formiga, um trabalho que não aparece para a imprensa. Eu me revolto muito quando a mídia começa a divulgar algumas coisas da Embratur que estão começando a sair do forno, e dizem: “Puxa, agora você está trabalhando, está de parabéns.” E pouca gente sabe que custou dois anos de trabalho para que esse produto fosse uma realidade. Foram necessários dois anos de trabalho para viabilizar o maior orçamento da história da Embratur. Antes, em cada congresso da ABAV, meus 13

companheiros e muitas pessoas idealistas faziam palestras e diziam: “no ano que vem vamos ter US$ 14 milhões para investir em marketing e promoção”, e nós nunca tivemos dinheiro. A média da Embratur, nos últimos 10 ou 15 anos, era de US$ 3 milhões por ano para investir em marketing e promoção, para reverter percepções, reverter tendências. E nós achávamos que com isso seria possível resolver todos os problemas. Agora, não adiantava você achar que iria resolver porque você era amigo do presidente, ou porque você era uma pessoa séria, ou porque o setor privado estava do seu lado, e os jornalistas do setor estavam do seu lado. Você tinha que ir lá, perder um ano com planejamento estratégico que tivesse pé e cabeça, para convencer o técnico lá de baixo do Ministério do Planejamento, para mostrar a ele que aquele dinheiro iria ser aplicado dentro de um planejamento. E isso foi feito. Mas não foi feito só por mim; foi feito por todos os companheiros da Embratur, pelas pessoas que trabalhavam no Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Sem dúvida – neste ponto eu sou realmente cabotino – o presidente Fernando Henrique Cardoso é uma pessoa que acredita realmente no Turismo. Ele acredita mesmo. Infelizmente eu não tive a oportunidade de falar com ele aqui no Rio, mas estive com ele em sete ou oito eventos, em dois anos, onde ele presidiu eventos da Embratur, o que é uma coisa inédita neste País. Há pouco tempo, o jornalista Horácio Neves, do Brasilturis, perguntou ao presidente se ele podia fazer uma mensagem, e ele falou para a Ana Tavares: “Manda uma foto de quando eu estava na Amazônia, pescando de barco.” Isso quer dizer que ele acredita nessa indústria. Agora, é claro que isso passou também por um processo profundo e muito dramático de nós sacrificarmos amigos e pessoas muito competentes, que trabalhavam na Embratur. Eu peguei a Embratur com 260 funcionários e ela está hoje com 162. Houve uma mudança para Brasília, feita de uma forma burra, e que acabou dando problemas para o turismo brasileiro, pois acabou fazendo com que os melhores técnicos da Embratur, que estavam aqui – a cultura da casa estava aqui – acabassem sendo massacrados. E sem alternativa. Ninguém poderia resolver esse problema. Eu sofri muito porque tive amigos meus que hoje até se aposentaram, que saíram durante a minha gestão. Muitos técnicos saíram durante a minha gestão. Mas o fato é o seguinte: a lei foi mudada. E mudar essa lei parecia impossível. Eu acho que, como eu disse, isso é passado. Temos aqui o Nilo, que é um profissional da área, um companheiro de vocês, pois o ministro Dornelles fez questão de manter o Nilo como chefe do escritório da Embratur aqui. Ele é um hoteleiro, uma pessoa que

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conhece vocês, e eu queria que cada vez mais vocês o utilizassem. Virão muitas boas notícias para o Rio de Janeiro, entre elas, 17 eventos por todo o País para vender a idéia “O Rio é de Vocês”, como ele começou um projeto-piloto no ano passado e vai continuar este ano. Nós vamos investir muito no Mercosul. Voltando à questão do marketing e promoção, devo dizer que todo esse trabalho acabou desembocando em US$ 24 milhões para investirmos em marketing e promoção, o que é algo real. Então, nós estamos começando a aparecer na mídia, vamos aparecer cada vez mais na mídia internacional. Está aí o Roston, nosso diretor de marketing, que está acompanhando a veiculação durante o ano inteiro, pela CNN, de um clipe de um minuto em âmbito mundial, sobre o Brasil. Isso vai ajudar a reverter a percepção daquelas questões que sempre macularam a imagem do Brasil. Isso não significa que nós não vamos ter ações pontuais em mercados principais da Europa, como Alemanha e França, além dos Estados Unidos e o Mercosul. Há uma outra coisa que é muito importante. O maior programa que está se fazendo neste País, hoje, é um programa que não aparece, e que talvez alguns de vocês conheçam: é o Programa Nacional de Municipalização do Turismo. Alguns empresários acham que municipalização não tem nada a ver com eles, mas como os senhores viram, o vídeo mostrado há pouco dizia que o Brasil tinha 1.400 municípios com potencial turístico, dos quais 600 já tinham aderido à metodologia da Organização Mundial de Turismo. Hoje nós temos 1.580 municípios com potencial turístico, dos quais 800 já aderiram àquela metodologia. Como na nossa área nós temos muito daquela história de São Tomás de Aquino – o boi que voava – eu gostaria de apresentar agora um outro vídeo que mostra o que está acontecendo. Nós temos, espalhados por todo o País, 236 agentes multiplicadores formados, isto é, professores; além disso, nós temos 1.200 monitores treinados, que podem dar aulas, depois de aprender a aplicação dessa metodologia através de um método alemão – está aqui o Rizzotto, que conhece bem o assunto – pelo qual, através de divergências, se chega a um objetivo comum, e se vai buscar aquele objetivo com metas definidas, e executar essas metas. Posso citar o caso de um rapazinho que chegou ao Ministério como digitador contratado por uma empresa de segurança, e hoje dá palestras por aí, falando sobre planejamento turístico municipal; ele não tem nem curso superior, mas é uma pessoa que encanta prefeitos, secretários e empresários locais. Eu acho que esse programa é um modelo para o País, e vai ter uma interferência profunda num País como o Brasil, no maior mercado de turismo, que é o Rio de Janeiro, porque ele está melhorando a qualidade do produto turístico nacional a partir do núcleo, da base, que é o 15

Município. Na hora em que você mexe com o núcleo e com a base, você acaba fazendo com que melhore o produto turístico nacional como um todo. Esse programa trata, primeiro, de conscientizar a comunidade. Por exemplo, conscientizar o dono de uma sapataria de que o turismo é bom para ele, não porque o turista vai chegar no município e comprar sapatos, mas porque vai injetar dinheiro no município, e os cidadãos daquele município vão poder comprar mais sapatos. Isso faz com que haja todo um engajamento da sociedade local. Isso muda o método de gestão do prefeito com as coisas do turismo, faz com que o setor privado tenha assento paritário no Conselho Municipal de Turismo, e mais: dá o caminho das pedras para que esse Município possa, por exemplo, criar um fundo de marketing e promoção com receitas próprias, como aconteceu, por exemplo, com a Foztur, em Foz do Iguaçu, onde criaram um mecanismo pelo qual o ônibus deixa um pedágio, e assim por diante, de modo que o Município acabou criando o seu próprio fundo. Por isso foi que eu disse que a partir de 1998 vamos ter um cenário extraordinário, porque está vindo uma geração que nós não tínhamos no passado, ou seja, uma geração consciente de que turismo é fato econômico e social, e que o turismo pode ser talvez o instrumento maior para nós gerarmos empregos e diminuirmos as nossas diferenças regionais.

Março de 1997

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A Nova Visão Turística de São Paulo José Maria Mendes Pereira Secretário de Turismo da Cidade de São Paulo

A

tendendo convites e convocações, tenho percorrido este País falando sobre Turismo e seus reflexos nos programas do governador Laudo Natel, interessado em transformar o fenômeno turístico na nova variável do processo de desenvolvimento de São Paulo. Essas andanças não decorrem de méritos pessoais, mas da condição de ser uma voz de São Paulo, representante de sua força e de sua liderança no País como fator de êxitos econômicos e de avanços tecnológicos e científicos. É um dever profissional que cumpro prazeirosamente e honrado, sobretudo, como no caso presente, em que me curvo à imposição afetiva desse grande amigo, o Dr. Corintho de Arruda Falcão, que preside com tanto brilho este Conselho e é o grande boss da atividade hoteleira e turística no Brasil. Envolvido pela máquina da comunicação, o faço com humildade e cautela, reconhecendo os riscos e inconvenientes dessa exposição. Se fosse apenas trocar idéias e transmitir experiências, tudo bem. Seria mais um neste País de especialistas em turismo, com a verdade individual querendo ser a verdade universal. Um cenário para improvisações e espertezas, um palco nem sempre atento às perspectivas e realidades do turismo. Apesar de tudo, a verdade é que o turismo nacional está caminhando bem. Sua posição na estrutura governamental é boa, se bem assimilado o processo geral do planejamento oficial, cujos objetivos nacionais, entre os quais ele não se encontra, são prioritários e centralizam todo o esforço do governo. Atente-se para a política dos transportes, com a implantação, melhoria e conservação dos equipamentos; para os programas de defesa de meio ambiente; para os projetos de saneamento e educação; para o crescimento econômico do País e a projeção da imagem do seu progresso no exterior; para os planos regionais, estaduais e municipais de avaliação e levantamento de recursos – e teremos uma boa visão do Turismo, que vive e se expande em função desses indicadores, constatando que a atividade consolida-se como fator de desenvolvimento. 17

Estamos queimando etapas para colocar o setor como prioridade nacional, para a transformação deste País em potência turística, situação da qual ainda estamos longe, ao contrário do que muitos afirmam, e o fazem por ignorância, desconhecendo os fatos e a verdade. Poderemos ter o turismo, e o teremos, certamente, como alternativa econômica, como instrumento de aceleração do nosso crescimento, uma contribuição valiosa ao nosso progresso, mas nunca como fator básico, preponderante de nossa riqueza, cuja estrutura e fundamentos são de outra ordem e origem. E não vejam heresia nesta minha afirmação. Trata-se apenas de colocar o problema nos seus devidos termos. De racionalizar o assunto. Entendendo, sem afoitezas e obaoba, a inter-relação entre política geral de desenvolvimento e política setorial de turismo. Constatando a existência de metas prefixadas mais importantes, planos estabelecidos mais convenientes e objetivos programados mais urgentes e preferenciais, postergando projetos setoriais, por mais bem situados que sejam, para oportunidades futuras. Em função disso é que a elaboração turística concentra-se, cada vez mais, nos órgãos centrais de planejamento. Aos organismos turísticos delega-se a função de acompanhar o fenômeno, medindo-o, avaliando-o, determinando as normas da sua oferta e ativando a comercialização dos seus produtos, tendência apontada por Giovanni Fresco no I Seminário de Turismo, promovido pelo BID, em julho de 1971, em Washington. Tendência absorvida pela legislação brasileira, reservando ao Ministério do Planejamento, através do IPEA, órgão do Sistema Nacional de Turismo, a atribuição de realizar estudos, pesquisas e análises turísticas. O I Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, aliás, refere-se ao turismo, como de resto toda a legislação brasileira, sem o entusiasmo fácil de certos círculos da atualidade turística brasileira, recomendando o essencial: “O Plano deve incluir medidas que visem ao incremento do turismo, tanto de correntes turísticas internacionais como internas, dotando-se as regiões propícias de condições favoráveis.” Maior síntese, impossível. Esse enfoque parcimonioso do PND resulta da colocação de outras metas, mais ambiciosas e coerentes com a conjuntura nacional atual, tal como manter o Brasil, até 1994, entre os 10 países de maior nível global e Produto Interno Bruto no mundo ocidental, passando de nono para o oitavo lugar, bem como ultra18

passar a casa dos 500 dólares de renda per capita ainda em 1994. Com esse objetivo prevê investimentos conjuntos do setor público e do setor privado da ordem de 180 bilhões de cruzeiros (a preços de 1972), considerados suficientes para assegurar uma taxa de crescimento de oito a 10% ao ano. A se confirmarem essas previsões, o Brasil chegará ao final do próximo ano com um PIB superior a 300 bilhões de cruzeiros, equivalentes a 54 bilhões de dólares, a preços atuais. Esta digressão confirma com os argumentos do PND o que venho expondo: o turismo no modelo brasileiro de desenvolvimento não é atividade prioritária, como muitos pensam, razão pela qual não lhe são alocados recursos maiores para expansão. Essa não-prioridade, no entanto, não impede que se opere o setor visando o seu melhor aproveitamento no panorama estrutural do País. Tarefa a que devemos estar voltados, com criatividade e poder de aglutinação, os homens que estudamos e trabalhamos o turismo nos organismos oficiais e na iniciativa privada, está tão bem e brilhantemente representada neste Conselho. Angelo Mariotti indica, nessa linha, que uma Política Nacional de Turismo deve preocupar-se em estruturar apoio contínuo e construtivo à iniciativa privada através de uma tríplice função de promoção, impulsão e dissuasão: “Estimulando as energias potenciais, favorecendo as realizações em andamento e, eventualmente, opondo-se ou desviando as manifestações para outros objetivos quando os previstos resultam evidentemente antieconômicos.” O mestre italiano ensina, também, que promoção é uma ação geral de estímulo à iniciativa privada no campo turístico, ação de natureza complexa e com base na informação estatística do fenômeno. E no desconhecimento estatístico está o “calcanhar-de-aquiles” do turismo brasileiro. A essencialidade estatística ainda não está resolvida. E com o desconhecimento dos números, estamos, em muitos casos, vivendo de profecias e palpites. Ainda não dimensionamos o turismo internacional que interessa ao Brasil (permanência, pernoites por categoria de alojamento, distribuição geográfica de fluxos e gastos ou inversão pessoal). Nossa oferta é aleatória, quando já deveria ser precisa: alojamentos, com localização, categoria, capacidade e índice de ocupação sazonal, equipamento turístico complementar e inventário turístico. Somos carentes de estudos e análises estruturais, de avaliações econômicas, sociais e administrativas. 19

O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas editou Resolução no 469-E, em 27 de abril de 1953, estabelecendo a classificação básica da estatística turística. O Conselho Nacional de Turismo baixou a Resolução no 71, de 10.04.1969, estabelecendo normas para a pesquisa turística. Não as transcreverei, são longas e detalhistas, não cabem nesta palestra. Mas, faço a menção visando mostrar que o assunto é importante, que a matéria não pode mais ser ignorada, que o tema deve estar presente na preocupação dos estudiosos, ficando sua responsabilidade executiva com o governo. Encarando essa deficiência, o governo paulista está implantando o Sistema Estadual de Estatística Turística, cujos estudos deflagrei quando Diretor-geral de Turismo do Estado. Silenciosamente, longe dos holofotes da mídia, estamos procedendo os primeiros levantamentos e analisando os elementos inerentes ao movimento turístico paulista. Ao transferir-me este ano da Diretoria de Turismo da Secretaria de Estado para o cargo de Secretário de Turismo da capital paulista, trouxe o mesmo espírito de realização, a mesma vontade de criar um núcleo técnico voltado para esses estudos e pesquisas, nascendo daí a Central de Documentação e Informação Turística – Ceditur, encarregada da coleta, classificação, tabulação e distribuição das informações. A Ceditur, que pretendo instalada em quatro meses, permitirá a exposição e venda em melhores condições de comercialização do produto turístico paulistano como um conjunto de bens e serviços de boa apresentação e qualidade. Possibilitando o conhecimento dos recursos paulistanos e sua exploração racional, a Ceditur dirigirá sua ação para o empresário do setor, abastecendo-o com informações técnicas sobre o mercado, provendo-o de elementos objetivos para estruturar suas operações e planos econômicos. O que estamos fazendo em São Paulo poderá ser um exemplo para outras cidades ou estados. Seremos um laboratório para outros organismos oficiais, já que atingimos um ponto ideal na conjugação de esforços do Estado, do Município e da iniciativa privada no ânimo de criatividade e realização. O nosso plano é simples, com princípios funcionais de Política Turística englobados na Política Municipal de Turismo do prefeito Miguel Colasuanno, visando: I.

Reconhecer o Turismo como atividade privada, cabendo ao governo a orientação normativa, de disciplina e estímulo.

II. Integrar as atividades de turismo no plano geral de desenvolvimento municipal, 20

como negócio de todo mundo, envolvendo todos os setores do governo. III. Criar um sistema de informações básicas sobre as atrações turísticas, sua identificação e aproveitamento. IV IV.. Implantar o Sistema Municipal de Estatísticas Turísticas, permanente e sistematicamente atualizado, que permita o conhecimento e exploração dos recursos existentes e potenciais. V.

Estimular as atividades da iniciativa privada, fornecendo-lhe informações sobre o mercado com dados objetivos e aptos à estruturação do seu plano econômico.

VI. Incentivar a instalação de infra-estrutura básica que atenda às necessidades da recepção turística e à estrutura da recreação popular. VII. Conquistar o mercado turístico, doméstico e internacional, além da corrente de negócios, mediante estratégia de marketing montada sobre novos equipamentos urbanos, levantamento da potencialidade, inventário de recursos e promoção. VIII. Aproveitar o parque de lazer para a recreação organizada e adequação das acomodações públicas para a sua prática: estádios, ginásios, parques, praças, represas, auditórios, bibliotecas, mirantes e casas de espetáculos, racionalizando o uso da folga da população permanente e incluindo este equipamento nos projetos turísticos para os visitantes. Para desenvolver esta política, a Secretaria esta voltada para os seguintes projetos: I. Pesquisa de mercado e de opinião. II. Inventário turístico. III. III.Instalação da Ceditur, com escritório central e postos periféricos e nas áreas de acesso à cidade. IV IV.. Criação de uma imagem turística para São Paulo, acionando esquema de propaganda, publicidade e relações públicas. V. Conscientização turística da comunidade (hábitos de hospitalidade), criação e coordenação de eventos com projeção nacional e internacional, incentivo à apresentação decorativa de estabelecimentos comerciais, prédios públicos e logradouros, 21

em parceria com a iniciativa privada; campanha educacional na rede municipal de ensino sobre as vantagens e benefícios do turismo; abertura de clubes e agremiações fechadas à visitantes e freqüência de viajantes. VI. Descentralização da rede hoteleira, com sua expansão para novas áreas, aliviando a pressão hoje existente no centro da cidade. Política e projetos, como vocês podem ver, sintetizando uma programação de curto prazo, vinculado à recomendação do PND no sentido de “dotar as regiões propícias de condições favoráveis ao incremento do Turismo”. Apesar de uma certa tendência, especialmente aqui no Rio, de menosprezar as possibilidades turísticas de São Paulo, trabalhamos para reverter esse quadro. Sua condição de megalópole, seu paisagismo austero, a carência de recursos naturais clássicos no turismo de lazer, levam a essa observação equivocada. Hoje mesmo, ao chegar aqui, informaram-me que alguém, no Congresso de Hotelaria da semana passada, teria declarado que “em São Paulo não existe turismo e ninguém lá sabe o que é turismo”. Não é bem assim. Não somos gênios, como alguns se consideram, mas trabalhamos com seriedade para incorporar à imagem tradicional do poderio industrial e da grandiosidade econômica essa nova variável, o turismo, no seu processo de desenvolvimento. O Turismo de Negócios, em que somos imbatíveis, mostra-nos indicadores satisfatórios para a atividade em geral: chegada de viajantes, hospedagem hoteleira, destino preferencial e inversão pessoal em taxas de alto nível. Outra razão do estímulo que o turismo está recebendo em São Paulo é que a ninguém é dado desconhecer, nos dias atuais, do seu papel como acelerador do movimento econômico, em razão dos fluxos monetários e de bens e serviços que produz, além das vantagens humanas provenientes do intercâmbio entre pessoas e povos. Por outro lado, organizando, facilitando, complementando e adaptando o lazer às injunções da sociedade, cada vez mais carente de liberdade para a prática de atividades extraprofissionais, de apelos para o desenvolvimento do senso artístico e para as oportunidades de aperfeiçoamento da personalidade – o Turismo ocupa lugar de destaque como vetor de negócios no destino e no preenchimento das necessidade da personalidade.

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Daí, o engajamento de São Paulo no processo de desenvolvimento turístico deste País. Sendo o maior Estado da Federação e sua capital a maior cidade do Brasil como população e poderio econômico, sua participação no movimento turístico seria inevitável, porque não iria parar exatamente diante da indústria do momento, quando em outros setores avança e destaca-se. Por isso propusemos, o Secretário do Estado Pedro Padilha e eu, o projeto do Roteiro Turístico Integrado Rio-São Paulo. A proposta de três meses atrás, ainda não evoluiu, por falta de retorno. Mas continua de pé. Agora desdobrada para toda região Sudeste. Levaremos o assunto à Reunião Nacional de Turismo, a iniciar-se amanhã, esperando sua adoção pelos estados interessados, já que se trata de mecanismo ideal para o pleno desenvolvimento turístico da região. Regionalizando a ação em torno dos recursos e atrativos de toda a região, estaremos beneficiando diretamente a todos os estados interessados e indiretamente a atividade em todo o País. O fortalecimento do produto assim realizado atrairá visitantes com mais facilidade. Todos sabemos que a oferta não é tudo em turismo. Não é nada, se não existir uma demanda nela interessada. Transformado em princípio, Tagliacarne enunciou: é preferível dominar a demanda do que possuir uma boa oferta. O Roteiro Integrado é a ferramenta apropriada para esse trabalho, ao reunir em um mesmo pacote apelos diversificados, atrativos diferentes e motivações desiguais, facilitando a atração como somatório de recursos regionais ao invés da limitação do produto local de um destino isolado. Em outra oportunidade que me for dada, alongarei este tema. No limite do tempo para esta fala, ficarei por aqui. Resta-me agradecer a honra do convite da CNC, possivelmente influenciada por esse grande amigo, o presidente Corintho de Arruda Falcão. No debate a seguir, conforme a regra da Casa, além de esclarecer questões e responder perguntas, espero receber de vocês as lições que ainda me faltam para melhor conhecer o fenômeno do turismo e das viagens.

Novembro de 1973

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O Turismo no Rio de Janeiro Roberto Gherardi Presidente da Turisrio

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os últimos quatro meses, o turismo do Estado identificou um quadro, em termos realistas, do Estado do Rio de Janeiro. Ou seja, o que temos? Na realidade, temos um belíssimo cenário, com grandes virtudes, mas precisamos colocar um palco, refletores, móveis, para começar o show porque temos muito pouca coisa. Eu diria, até, em termos estruturais, começar do zero. A avaliação que fizemos – em termos de municípios turísticos, de proporção, de PIB turístico proporcional no Estado, enfim de resultados de ações isoladas de todos esses municípios turísticos – nos deixou bastante surpresos e, definitivamente, chegamos à conclusão de que precisamos fazer um trabalho de curto, médio e longo prazos para que, provavelmente, esses quatro anos seriam muito curtos. Mas, o que podemos fazer é tentar estabelecer um patamar mínimo de largada para as próximas administrações. Nesse sentido, a idéia foi estabelecer um plano macro, que tivesse três objetivos fundamentais: a edição do produto, o desenvolvimento desse produto a nível de marketing de divulgação e, principalmente, o desenvolvimento estrutural do nosso Estado. Nesse desenvolvimento estrutural pensamos que talvez o melhor caminho fosse iniciar pelas estradas turísticas. Entendemos que o Estado do Rio de Janeiro tem uma diversificação muito grande de destinos turísticos. Temos, numa extensão próxima dos 200 quilômetros de raio de ação, diferentes tipos de atrações em termos de serras, montanhas, praias, ilhas, como é o caso da região da Costa Verde e que são totalmente isolados, quer dizer, cada um por si e Deus por todos. Foi exatamente a filosofia que encontramos no Estado, no momento em que assumimos a Turisrio. Na verdade, a Turisrio não é absolutamente nada em termos do produto turístico. 0 dono do produto turístico é o Município turístico, é a prefeitura do Rio, é o destino turístico. A Turisrio, se for competente, pode transformar-se num grande consultor deste Estado, tanto a nível técnico como a nível promocional. Nessa filosofia, estabelecemos um primeiro passo. O primeiro passo foi a união de todas essas forças que, provavelmente, não sabem como usar seus conhecimentos ou não conseguem passar esses conhecimentos adiante. Chegamos à conclusão de que o 25

mais importante seria tentar unir as forças em torno de um projeto comum que pudesse viabilizar todas essas ações tanto a nível de cumplicidade com o desenvolvimento estrutural, como para a edição de um produto conjunto que pudesse privilegiar o produto Rio de Janeiro e o Rio de Janeiro, como grande gateway grande cidade, pudesse privilegiar o produto interior. Conseguimos, através de um diálogo bastante franco com todos os órgãos governamentais – tanto os municipais como a União, a Embratur – criar o que eu chamaria de um time do Rio. Daí nasceu uma união muito importante que está conseguindo viabilizar alguns projetos que eu gostaria de lhes passar. O primeiro deles foi a ordem que recebemos quando entramos na Turisrio, de fechar o escritório de Nova Iorque. Ora, aquele escritório, pelo que entendemos, foi a única representação oficial do turismo, não digo do Rio de Janeiro, mas do País no exterior. E, talvez, seja a única entidade que represente apenas uma cidade. Na verdade, todas as outras Tourism Authorities em Nova Iorque são de países e não de cidades. Todos vocês sabem muito bem que o Rio vende o Brasil. O grande trade mark internacional do nosso País é o Rio de Janeiro, como a grande marca é o Corcovado, como a Torre Eiffel da França e a Estátua da Liberdade nos Estados Unidos. Enfim, o Rio de Janeiro é o que conhecem. Todos sabem o que é o Rio. E o Rio, sem dúvida alguma, é um portão natural de entrada, tanto para as cidades históricas mineiras como para qualquer outro tipo de destino turístico no Brasil. Sempre foi. O Rio de Janeiro, sem complexos, sempre alimentou o Brasil inteiro com turistas e até criou estruturas, hoje, que são competitivas, com o próprio destino Rio. Com o escritório de Nova Iorque resolvemos fazer um condomínio que passaria a chamar-se Rio Brazilian Tourist Authority que teria como condôminos o Rio Convention Bureau, representando a iniciativa privada, a Riotur, representando o PIB turístico mais importante do Estado e o portão de entrada, a Turisrio, enquanto empresa do Estado do Rio de Janeiro, e a Embratur. Por que, na realidade, mais de 80% das consultas que pudemos verificar no escritório de Nova Iorque são sobre o Brasil. Ou seja, sobre Foz do Iguaçu, sobre Minas, sobre o Pantanal e a Amazônia e que nós, naturalmente, respondemos mal, porque não estamos nem equipados nem preparados para isso, e ocupa muito tempo do nosso staff de Nova Iorque, que já não é grande. Então, resolvemos solicitar ao Caio, como Secretário Nacional de Turismo e Presidente da Embratur, que ele participasse desse condomínio do escritório de Nova Iorque. Por quê? Não só para viabilizar o custeio de US$ 40 mil por mês, que era absurdo, até porque o contrato do escritório de Nova Iorque, da nossa representação – falo “nossa” porque, no fundo, todos vocês estão envolvidos, até porque é o único escritório inter26

nacional que existe, até prova em contrário. Dividimos, não só o custeio, mas o custeio e a constituição desse condomínio estabeleceram um challenge para nós, de poder agir. Por que não adianta só pagar as contas e não ter dinheiro para estabelecer um plano de ação. De fato foi o que aconteceu. Pudemos desenvolver um marketing plan para o escritório de Nova Iorque. Em todos os sentidos, tanto naquele institucional, naquele que neutraliza as imagens negativas, naquele que divulga o produto, como, principalmente, um plano que, provavelmente, vai poder constituir uma coisa que nunca tivemos, que é uma rede de distribuição. Na verdade, até hoje todo o nosso produto foi trabalhado através das companhias aéreas. Tenho aqui o Trigueiros ao meu lado, não como tio mas como ex-dirigente da nossa querida Varig. Ele é testemunha. Sempre usamos as companhias aéreas, os sales reps das companhias aéreas faziam os calls junto aos agentes de viagens, eventualmente esses sales reps não conheciam bem o produto, agentes de viagens menos ainda, a não ser em caso específico de produtos ou de eventos em centers, congressos, coisas que eram fechadas isoladamente. Mas, o produto all year round que podia ser vendido no exterior, nunca conseguimos essa performance exatamente porque não temos uma rede de especia-listas em venda de Brasil. Muito menos porque o produto Brasil não tem credibilidade. Na verdade – e eu me penitencio em parte por isso, porque faço parte da iniciativa privada como operador de incoming – nunca tivemos um produto linear constante com um preço que pudesse ser mantido de forma constante para que os operadores internacionais pudessem colocar isso em seus catálogos. Vocês sabem melhor do que eu que eles trabalham com muita antecedência, colocam esse produto e precisam confiar nesse produto, não só em seus preços como também nas suas reservas. E há uma alternativa de produto. Na verdade, o nosso produto foi sempre um produto que veio como conseqüência de um destino condominial. A nossa estrutura hoteleira do Rio de Janeiro foi montada em função da herança de uma capital federal. Não falo isso como pretenso jovem, porque já não sou mais, estou chegando aos 50 anos mas, tenho conhecimento que toda a nossa estrutura hoteleira do Rio de Janeiro particularmente e do resto do Estado foi sempre de destinos condominiais que, depois, se transformaram em destinos turísticos, até por coincidências. Mas, a do Rio de Janeiro, por exemplo, foi montada como uma estrutura de negócios porque o Rio de Janeiro era um centro de negócios importante, era um centro de cultura importante que foi perdendo essa força, tanto em termos de centro de negócios como de centro de cultura e de acontecimentos, foi caindo no esquecimento, foi sendo dilapidado emocional e moralmente. O que aconteceu? Hoje, o nosso parque hoteleiro está quebrado e vive com uma média de 55%. Pelo menos é o que revelam os dados e os empresários. Por essa razão eles não têm tráfego de baixa estação. No outro dia fiquei muito feliz até, porque não sabia que era um grande conhecedor do nosso ramo; ouvi o embaixador 27

fazendo um pronunciamento, na posse do Alvaro Bezerra de Mello. Ele lembrou que temos que dinamizar o Turismo de Negócios para o Rio de Janeiro, transformar o Rio de Janeiro de novo num grande centro de negócios para que possamos melhorar o nosso aproveitamento médio anual. É verdade. Não temos o nosso year round business exatamente porque vivemos de turismo. Nem vivemos de turismo sadio, em minha opinião. Acho que vivemos de um turismo praticamente atávico, daquilo que foi criado e que vem sendo comprado por curiosidade sociocultural. Na verdade, temos que trabalhar essa baixa estação da hotelaria em termos de incentives. Só para vocês terem uma idéia, acho que a maioria conhece esses números, nos Estados Unidos os incentive tours são, hoje, da ordem de US$ 40 bilhões e menos de 1% vem para a América do Sul. Esse é um cliente fantástico, porque é um público-alvo que tem todas as funções pagas, portanto, é extremamente favorável economicamente. E um público-alvo que consome. Precisamos de consumo, gente que venha, pague e fique por, no mínimo, cinco noites nesta cidade. Por outro lado, a nossa preocupação com relação ao escritório de Nova Iorque não foi só a de estabelecer esse produto linear, em que temos, hoje, uma grande vantagem, como toda essa cumplicidade dos órgãos públicos em estabelecer uma certa confiança na iniciativa privada de poder também se unir. Fiz uma proposta, eles entenderam, espero que seja aceita. Chama-se Produto Rio, estabelecendo um tour de force que seria em cima do erro deles de 55%, um percentual que seria estabelecido em allotments vamos dizer, uns dois mil on nights que pudessem ser vendidos o ano inteiro, garantindo ao operador estrangeiro que ele teria um Produto Rio garantido, com preço que não seria mexido, onde ele pudesse trabalhar em cima. Independente desse fato, tínhamos, dentro da estrutura hoteleira, um grande trauma. O hotel, depois de cerca de 10 anos, perde a sua competitividade, principalmente nos últimos tempos, quando temos um desenvolvimento rápido da tecnologia. A questão da Informática. Os hotéis dependem fundamentalmente disso. Eles dependem de uma informatização adequada up-to-date para serem competitivos, para terem agilidade. Na realidade, com a situação catastrófica dos últimos anos e com um aproveitamento tão baixo, eles não têm work up para se reerguerem e se tornarem competitivos outra vez, seja para o mundo dos negócios, como target, seja para os incentives, seja para os congressos, seja até para o travel planning de um modo geral. Nesse sentido, uma das primeiras coisas que fizemos, sempre pensando no desenvolvimento estrutural, que é fundamental, nos cinco segmentos, o de parque temático, como eles chamam, são os entretenimentos turísticos como wet´n wild coisas desse tipo; o turismo náutico, o transporte rodoviário, os hotéis com custo operacional baixo 28

que apresentamos como conceito, com duas ou três estrelas que, na realidade, são a grande demanda mundial. Naturalmente, faltava a linha de crédito para reforma, que é a grande aflição não só do Rio de Janeiro como de todo o interior do Estado, dos remanescentes que o vento não levou, do interior do Estado. Temos o caso do Sans Souci em Friburgo, alguma coisa no gênero em Cabo Frio, a própria Petrópolis e assim por diante. Esta é uma notícia nova, que não comentamos para não ficar low profile e não prejudicar a redação da lei que regulamenta esse novo critério dentro do BNDES: recebi a notícia agradável, depois de várias gestões e alguma indelicadeza da minha parte – porque não estou muito acostumado com os trâmites oficiais, e eu tinha pressa em anunciar ao mercado, porque os hotéis, se não tivessem essa notícia, muitos deles que já estão à venda estariam falidos – que foi aprovada pelo BNDES a reforma de hotéis; chama-se modernização. Esse é um item importante. Todos estão profundamente entusiasmados. Faremos esse anúncio oficial no Palácio, o Governador fez questão de fazer. Pensei em fazer um pequeno broad-side para anunciar uma espécie de quick reference para todos os setores do turismo, porque não é só o setor de hotelaria. Então, vamos apresentar para que todos saibam a que têm direito, que não é nenhum favor o que o governo está fazendo para o setor privado. Apresentar-lhes o que têm direito, como podem solicitar qual o agente financeiro, enfim, toda a regra do jogo vai ser apresentada oficialmente pelo Governador, no Palácio. Será feito, talvez, um breakfast meeting ou um coquetel no início da outra semana, onde será anunciado inclusive esse item que afligia; apesar de que os presidentes de associações de hotéis, seja AHT seja ABIH, já sabem que foi aprovado porque lhes comuniquei em caráter urgente; estão todos encantados com isso. Com tudo isso quero dizer o seguinte: não é só gastar dinheiro em publicidade, fazer folheto. Percebi que a grande aflição de todos os órgãos de Turismo, seja, municipais – e eu digo até, com todo o respeito, do Rio de Janeiro também – não é participar em eventos, feira. Isso é muito importante. O que não é visto não é lembrado, sem dúvida alguma, é uma forma de se exibir, uma forma econômica de atingir o maior número de alvos possíveis, mas, também, não é a única maneira ou único projeto importante. Percebi que todos eles se preocupam muito em fazer o guia turístico, em fazer folheto institucional, em conseguir verba para divulgar, “Temos que fazer publicidade, o negócio é fazer publicidade, o Brasil está sendo atingido com a péssima imagem do Rio de Janeiro” etc. Na verdade, publicidade informa, não vende. Para vender alguma coisa temos que ter um grande produto.

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Acho que, infelizmente, temos um grande potencial mas não temos um grande produto. Não temos uma estrutura hoteleira que mereça ser chamada de grande produto. Não temos estradas turísticas; é o primeiro sinal de civilização de um destino turístico. Não tem sinalização turística; é 26% da queixa do turista internacional. Não temos comunicação adequada. Não temos portos turísticos para pretender que a lei de cabotagem fosse aprovada, apesar de ter sido, graças a Deus, mas sem os portos eles não vão descer tenders seguramente. Não temos aeroportos turísticos. Enfim, não temos um circuito rotativo ou algumas opções de circuito rotativo no Estado que estabeleçam possibilidade de vender o interior o ano inteiro, ligado. Quando falamos em interior, parece que é uma coisa, assim meio caipira. Quando falamos em interior, digo que, para mim, o Rio é um Estado. Costumo dizer que um Estado de virtudes, não é uma cidade virtuosa. Temos que lembrar que isso privilegia o Produto Rio, que não é apenas a praia, uma plataforma da vida ou um tour ao Corcovado, uma churrascaria. Acho que o Rio é muito mais do que isso em termos de produto turístico e nós vamos editar esse produto. Aí, sim, desenvolver esse produto a nível de marketing e, naturalmente tentar oferecer um palco de operações muito mais adequado do que aquele que temos. Nesse sentido de estradas, a idéia que sugerimos ao Governador foi a de criar um fundo de desenvolvimento turístico, cuja mensagem está sendo elaborada pelos nossos advogados, para ser enviada à Câmara dos Deputados, no sentido de que esse fundo seja aprovado. Na verdade, o Turismo não tem um tostão. O Estado do Rio de Janeiro, como todo o País, não tem um tostão. Mas, o Turismo nunca teve um tostão. Como dizia esse técnico norte-americano que esteve em São Paulo, Peter Kregg, considerado um grande administrador, talvez um dos maiores do mundo, tudo tem limites em termos de administração. Acontece que nunca tivemos esse limite. Acho que chegamos ao limite, como ele disse, em fazer com que o turismo tenha fase em capítulo e para isso o turismo tem que encontrar as próprias formas de estabelecer receita. A Turisrio, eu lhes disse, é um órgão consultor, se tiver competência, e nada mais. É uma empresa extremamente enxuta, com poucos funcionários. Efetivamente temos 78 colaboradores. Temos um pouco mais, mas foram cedidos à Câmara dos Deputados e outros órgãos públicos. Não temos receita, portanto, vivemos de dotação orçamentária do Estado, que paga esse orçamento com muita raiva porque considera uma despesa a fundo perdido sem uma idéia precisa de taxa de retorno, de custo-benefício. Então, chegamos à conclusão que, para não viver às custas do povo sem prestar contas, teríamos que estabelecer uma performance positiva, concreta e sólida para apresentar. Nesse sentido, estabelecemos uma série de projetos. Um deles prevê, inclusive – não 30

quero parecer muito negativo e muito menos indelicado, mas temos uma péssima qualidade de mão-de-obra – a criação de um centro de excelência. A idéia foi fazer em Friburgo. Estivemos com o Governador no Instituto Politécnico de Friburgo, que é uma obra de arte abandonada, que é da Fundação Getúlio Vargas e que a própria FGV pode tocar para a frente como sua própria universidade. Até porque, pelo que eu entendi, pelo que me consta, ela precisa faturar. O que podemos fazer é apoiar, através de organismos de turismo, a própria Embratur, convênios com organismos internacionais que possam estabelecer um currículo compatível com o nosso objetivo, de excelência não só em níveis superiores mas em todos os setores e em todos os níveis. Porque, na verdade, somos mal-atendidos em termos de qualidade de mão-de-obra em todos os níveis. O que mais me surpreendeu, que de certa forma me tirou os complexos, acabei de dizer isso para o Trigueiros, o que mais me entusiasma não é que eu ou nós na Turisrio sabemos muito. Fiquei muito triste porque os outros sabem muito pouco e parecem órfãos. Quando apresentamos projetos e fizemos pela primeira vez, depois dessa união, um primeiro encontro em Petrópolis – escolhemos aquele fantástico monumento histórico, que na realidade não é bem utilizado, que é o Quitandinha, uma coisa fantástica, maravilhosa – até para levar essa idéia de fazer os meetings no interior, fizemos um brain storm com os representantes dos 23 municípios preparados e com desejo de participar. Eles ficaram surpresos porque nunca tinham tido uma conversa desse tipo – aliás, nem sabiam o que era isso – onde a Turisrio levou idéias. A idéia de criar uma marca comum para o Estado, a idéia de estabelecer uma programação visual para o Estado... Estado porque eu disse que somos uma coisa única, inclusive presente a Riotur e cúmplice nesse conceito e nessa nova filosofia – espero que permaneça como filosofia. Estavam presentes, também, criações promocionais, como Vita Rio, campanhas... Inclusive decidimos que seria a hora de parar com a campanha “Vem para o Rio” e criamos uma campanha, cuja decisão é do nosso próprio público-alvo, chamada “Vou para o Rio”. Ou seja, o nosso público-alvo tomando essa decisão. É uma campanha muito interessante que depois posso fazer chegar às mãos de todos vocês. Aliás, vocês verão porque, se Deus quiser, vamos concretizar. Uma coisa importante é o povo, a população. A população do Rio de Janeiro não tem a menor idéia da importância do turismo. Até da importância que o Estado dá ao turismo. Não acredito que ela tenha visto alguma vez alguma referência à Companhia de Turismo do Estado. Ou seja, que nível de importância o Estado dá ao turismo ou a qualquer outro setor e que nível de importância a população vai dar. Provavelmente ela vai dar muito mais importância à CEG do que ao turismo.

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Então, pensamos em fazer um grande rally turístico, que entusiasmou a todos os municípios. Serão 28 eventos durante três ou quatro fins de semana, nos meses de setembro e outubro. Na realidade, é uma campanha de motivação subliminar ao povo do Estado do Rio de Janeiro, fazendo com que o Rio conheça o Rio, que a população crie uma interdependência sociocultural artística, contemplando cinco fundamentos de civilização, que são preservação do meio ambiente, seguranca, lazer, esporte e cultura, bem-estar social. Então, todas as tarefas de todas essas competições culturais, esportivas, artísticas vão ser feitas em torno desses temas e nos municípios turísticos, para chamar a atenção, de forma subjetiva, que temos várias atrações turísticas, temos várias virtudes turísticas diferenciadas, fato incomum inclusive em nosso próprio País. Não acredito que exista outro Estado com tantas alternativas diferentes de destinos. Enfim, foi apresentada uma série de projetos. Projetos dos portos turísticos. Projetos dos terminais turísticos rodoviários. Projetos dos aeroportos turísticos. Nesse particular, a Companhia de Turismo do Estado, como consultora, ajudando a viabilizar. Tínhamos o projeto do aeroporto de Angra, que é um aeroporto turístico importante, que não foi possível contemplar com a verba do Confan, essa verba das taxas da Infraero, uma lei sancionada pelo ex-Presidente Collor em 1992, que estabelece que um delta x dessa taxa vá para investimentos em aeroportos turísticos, onde a Aeronáutica entra com 77% e o Estado, com 23%. O aeroporto de Angra infelizmente não foi contemplado porque a concessão dada pela Secretaria de Transportes ao empresário foi em 1991. Ele se comprometia a fazer a extensão da pista a 300 metros. Custa cerca de R$ 800 mil, algo assim. Há três anos e meio, o Estado, na figura da Feema, enrolava esse pobre empresário sem dizer sim ou não. E ele nunca pôde iniciar a obra da pista e muito menos construir um empreendimento de serviços. Isso é uma vergonha. Graças a esse novo time posso falar sem parti pris porque não conhecia o Governador Marcello Alencar e hoje posso dizer-lhes que ele me seduz a cada reunião e a cada iniciativa que tem... Mais importante: coincidiu com a nossa iniciativa; a filosofia de um time, de um staff unido, de evitar feudos, de evitar que cada um tivesse a sua importância isolada e cada um pensasse em competir em cima do seu status individual. Na verdade, todas as secretarias de Estado do Governo Marcello Alencar são fantásticas. Mas, particularmente, aquelas a mim ligadas, Secretaria de Transportes, Secretaria de Obras, que por acaso é do Vice-governador, Secretaria do Meio Ambiente, com uma pessoa fantástica, o embaixador Flávio Perry, Secretaria de Finanças, de Cultura e a minha, naturalmente, In32

dústria, Comércio e Turismo. Todas são extremamente generosas, gentis e compreensivas com relação a todos os problemas do turismo. Para falar a verdade, acho que todos eles entenderam que o turismo é um setor interdependente com ardor. Há poucos dias ouvi uma coisa muito engraçada de um técnico, assessor do Dr. Raphael de Almeida Magalhães, que disse: “O turismo é tão fantástico que é a única possibilidade de preservação do meio ambiente, economicamente falando; é o único setor econômico que pode preservar o meio ambiente”. Porque, afinal de contas, o mico-leão-dourado não vai ser preservado se alguém não cuidar dele. E esse alguém tem que treinar para isso. O único setor econômico que pode criar empreendimentos que preservem o meio ambiente e que evitem inclusive favelizações ou coisa desse tipo é o turismo. Então, acho que o governo, como um todo, não só estadual como municipal e federal, se conscientizou, já é um primeiro passo, da importância do turismo. Tanto é verdade que eles autorizaram a formação desse Fundo de Desenvolvimento Turístico que seria uma forma de estabelecer uma receita para realizações de curto, longo e médio prazos. Esse fundo viria, em função de concessões que seriam dadas em todos os empreendimentos turísticos, a começar pelas estradas turísticas. Estamos pensando em criar um edital à parte, específico para concessões de estradas turísticas. Disse para a secretaria competente que, infelizmente, o edital que ela fizera para privatizar novas estradas não interessava para as estradas turísticas. Até os próprios fundos de pensão não quiseram investir porque não contemplam, nada mais, do que a taxa de pedágio e algum merchandising na estrada; na realidade, o empresário é responsável por qualquer coisa que acontece na estrada, qualquer dano. As companhias de seguro não querem fazer seguro, enfim, não é um negócio que estabeleça uma vantagem. Então, as estradas turísticas, como prevêem uma concessão feita pela Companhia de Turismo do Estado e empresários que possam editar essa estrada, estabelecer um nível de rentabilidade, um custo-benefício, parte desse benefício iria para esse Fundo de Desenvolvimento Turístico para que se pudesse contemplar projetos futuros em todas as áreas e em todos os setores. Num primeiro plano, essa idéia básica foi evitar que enveredasse por um Prodetur Nordeste, que é um megaprojeto, que levaria anos para ser desenvolvido e, provavelmente, seria mais do que o custo previsto para o Nordeste; são oito estradas, US$ 1,300 milhão. Então, a nossa visão foi a de realização de curto prazo, inclusive com a participação da iniciativa privada. Nesse sentido, criamos alguns projetos minimum minimorum, como das estradas, portos, aeroportos, sinalização turística. Isso, pelo 33

menos, permite um palco inicial de operações em que se pode começar a destacar o desenvolvimento do turismo no Estado. Se fizermos grandes projetos, provavelmente daqui a quatro anos ainda se estaria discutindo em cima deles. Outro projeto importante é o da revitalização da Gamboa até a Praça XV. Está sendo apresentado a nível federal, mas sendo refeito e apresentado pelo Governador Marcello Alencar e pelo Prefeito César Maia. Talvez consigamos viabilizar recursos no BID para que ele possa ir em frente. Esse projeto não revitaliza apenas a Gamboa e, sim, todo o centro da cidade. Em nossa visão, revitalizar o centro do Rio é um pouco revitalizar a imagem da própria cidade do Rio de Janeiro. É todo um centro histórico e cultural, profundamente abandonado desde o Paço até a Praça XV, passando pelo Teatro Municipal e pela Escola de Belas Artes. Enfim, é todo um corredor cultural que precisa ser revitalizado. Mas, voltando à questão dos projetos, a nossa idéia foi pensar em todos os setores que pudessem abranger o desenvolvimento, que não fosse apenas a questão de promover, divulgar, enfim, procurar verbas de publicidade para fazer campanhas no exterior. A nossa idéia é pensar de forma um pouco mais abrangente no que diz respeito a essa palavra produto, no que diz respeito à palavra target. Na minha opinião, independente da procura do target internacional, temos uma capacidade interna muito forte. Vejo o desenvolvimento do turismo auto-sustentado do Rio de Janeiro um grande exemplo para o País. Temos uma responsabilidade na presidência da CTI/Sudeste, que é a Comissão de Turismo Integrado à Região Sudeste. São Paulo, Minas, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Acho que o Rio de Janeiro poderia começar esse projeto de auto-sustentação porque é o nosso grande mercado, nosso mercado de curto prazo. Uma vez editada essa base minimum minimorum que seriam as estradas, essas oito costuras turísticas que pretendemos fazer, podemos criar um turismo auto-sustentado com público interno. Acho que o nosso grande alvo é o mercado interno. Primeiro, o Rio conhecer o Rio. Segundo, o interior de São Paulo, Minas, a reciprocidade que queremos criar, com as pontes turísticas na Dutra e na auto-estrada Juiz de Fora, que vem de Belo Horizonte, são duas pontes turísticas, um pouco mais sofisticadas e estruturadas do que aquelas pontes que vocês devem conhecer na Itália ou na Alemanha, porque estamos trabalhando num programa muito importante que é de informatização turística do Estado. Na verdade, nunca tivemos uma referência. Não temos um dado. Começamos o censo de informações e dados por Friburgo, levantamento de todos os dados, porque ninguém tem dados, nem o IBGE principalmente tem dados que interessam ao turismo. 34

É incrível dizer isso, mas é a verdade. Não existem dados. E dado é a base de qualquer programa de inteligência. Se não, não podemos desenvolver absolutamente nada. Precisamos desse software de inteligência para agilidade do nosso escritório internacional, para interligar todos os nossos clientes nesse programa de consolidação de uma distribuição de especialistas no exterior, particularmente nos Estados Unidos, e, também, para colocar o produto. E essas pontes turísticas, terminais turísticos rodoviários, enfim, todos os nossos clientes no Brasil e no mundo teriam acesso a esse disquete, teriam todo um programa de informações, dados, som e imagem, porque seriam CDs também, e também o produto, que é muito importante. Então, queremos fazer já, em cumplicidade com São Paulo e Minas essas duas pontes turísticas, que teriam esse centro de informações, um acesso do nosso público interno, sejam os ônibus, seja o turismo de carro (os fly and drive) teriam essas pontes, onde parariam num autoposto de primeiro mundo, com coffee-shop, mini market tudo isso teria uma central de informações turísticas onde poderiam obter todas, as informações sobre seu destino, seja os que vêm para o Rio e vice-versa, e podem também fazer suas reservas e o pagamento dessas reservas. Então, esse programa precisa ser trabalhado, naturalmente com esse nosso excesso de dinheiro, em colaboração com a UERJ, que está fazendo praticamente de graça e que tem grandes craques em informática, é um privilégio que o Estado tem, que talvez não usasse antes e nós estamos usando. Então, em termos de projetos do Estado nesses primeiros três/quatro meses, realizamos uma grande análise da situação, tentamos estabelecer uma filosofia de ação comum, imaginamos de que forma poderíamos começar o desenvolvimento do turismo a curto prazo, sem deixarmos de participar de todos os eventos e feiras. Agora tivemos o privilégio e até o orgulho de participar da Feira de Geneve que, em si não foi um grande sucesso, mas nós fizemos um grande sucesso. Apresentamos, talvez de forma inédita em termos de Brasil, um material incentive do destino Angra dos Reis, apresentado pelos decision makers industriais, 2.500, que participaram da feira, com um stand já dentro da cumplicidade, em conjunto com Embratur, Riotur, Rio, Convention. Portanto, pôde ser possível essa nossa participação e a construção desse stand lindíssimo, que foi um grande sucesso. E a distribuição desse material específico e inédito no Brasil porque nenhum outro destino turístico do Brasil tem; o Rio de Janeiro tem o privilégio de ter Angra com esse material profissional, promocionalmente fantástico, que vai ser repetido, provavelmente, em Chicago em setembro. Tanto é verdade que a Riotur quer fazer um material desse para a própria cidade do Rio de Janeiro, para lançarmos também em Chicago. Enfim, estamos participando das feiras, estamos com projeto de participação vibrante e expressiva no congresso nacional da ABAV. São coisas tradicionais que a Turisrio como 35

empresa de turismo do Estado, não pode deixar de participar. Vamos ter uma participação diferente daquelas convencionais, com um grande cenário do Estado – a idéia é essa – com ruas que permitam visitar o Estado do Rio de Janeiro, é uma coisa emocionalmente muito bonita, com material muito bem-feito, com profissionais preparados e, principalmente, com a participação de todos aqueles que compõem o produto Rio de Janeiro. Na Itália diz-se que é melhor ficar vermelho uma vez, do que pálido para o resto da vida. Estamos jogando bola para o campo, tentando jogá-la para a área, naturalmente deve haver cerca de 48 bolas na área, não são todas que vão entrar, mas se não estiverem 48 bolas na área, ou mais, não entrará nenhuma.

Maio de 1995

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Turismo no Rio Grande do Norte Ivanaldo Bezerra Araújo Galvão Secretário de Turismo do Rio Grande do Norte

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outor Oswaldo Trigueiros, nosso digno presidente do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio, demais diretores, conselheiros, meus cumprimentos. Eu queria, apenas, estender esses cumprimentos e, talvez, até assim numa versão especial, aos meus conterrâneos que aqui estão, alguns na mesa, alguns que chegam agora, como a professora Selma, e pedir permissão ao presidente para passar um vídeo, no início, porque nós entendemos que o turismo é, também, uma atividade econômica; é uma atividade de lazer; é uma atividade até cultural, mas, também, uma atividade econômica. O turismo gera empregos, gera renda e se não houver cuidado das autoridades gera também outras coisas ruins, ele é predador por excelência, principalmente quando é turismo de massas e precisa alguns cuidados. Vendo dentro desse prisma, de que é também uma atividade econômica, nós resolvemos trazer aqui, presidente, um vídeo recente sobre o Rio Grande do Norte, que nós chamamos “Diferencial RN” seria: “Diferencial Rio Grande do Norte”, mostrando o Estado de hoje. Como eu morei muitos anos aqui, um pouco em São Paulo e um pouco no exterior, quando a gente olha de fora o Rio Grande do Norte, nem consegue encontrar no mapa da cabeça, na geografia cerebral, “onde é? Será que é Paraíba?”, realmente é difícil. Este vídeo, que nós vamos apresentar aqui, é sobre a economia em geral. Por que nós apresentamos? Primeiro para dizer que o Rio Grande do Norte mudou. O Rio Grande do Norte é uma grande realidade econômica no Brasil. E, como no final do filme, diz: “Agora o diferencial plus, depois de tudo isso que vocês viram é o turismo, é a qualidade de vida.” Depois da exibição do vídeo nós apresentaremos algumas transparências, para podermos depois, talvez, trocar algumas idéias sobre a nossa realidade. Nós apresentamos esse vídeo num data show, na Fiesp, em São Paulo, há uns três meses. Fomos aplaudidos de pé, não pelo vídeo, mas pela realidade do Rio Grande do Norte. Realmente ninguém imagina, por exemplo, que o Rio Grande do Norte seja o segundo maior produtor de petróleo do Brasil e o terceiro ou quarto maior produtor de gás natural, e que possa levar para lá agora, uma fábrica de magnésio metálico que 37

dá um investimento de mais de US$ 1 bilhão. Peço licença ao presidente para apresentar esse vídeo, que dá uma visão geral do Rio Grande do Norte. Agora apresentaremos algumas transparências sobre o desenvolvimento do turismo no Estado. Nossas transparências, como os senhores verão, apresentam alguns dados gerais sobre o Turismo. Ano passado, tivemos 738 mil turistas. É um número em termos comparativos do Nordeste grande; o Ceará, que é um Estado vizinho e que está investindo maciçamente em turismo, recebeu o ano passado pouco mais do que isto. Então, Rio Grande do Norte, depois de Fortaleza, está muito bem posicionado. Tempo de permanência média sete dias. É pouco, alguns Estados já estão conseguindo 13 ou 14 dias, devido a alguns atrativos, como, por exemplo, um parque temático que nós ainda não temos nenhum concluído. Capacidade hoteleira. São mais ou menos 15 mil leitos. Aí não está escrito, mas eu posso informar, são seis mil quartos, de todas as categorias, desde hotéis 5 estrelas até muitas pousadas. A ocupação em 1992, que foi o pior ano dos últimos 10 anos, com a média de 38%, em 1996, 50%, que é a média dos últimos cinco anos: 50,5%. É uma ocupação que poderia ser bem melhor, mas é bom que se diga que os vôos nos últimos anos não cresceram, está havendo dificuldades de lugares na rede aérea, e os hotéis estão crescendo. Então, precisaria que o fluxo crescesse quase geometricamente para acompanhar o ritmo dos equipamentos turísticos/hoteleiros que estão sendo implantados no Estado. Diferencial turístico do Rio Grande do Norte, qualidade de vida, que o vídeo já mostrou. A Via Costeira, e eu gostaria de aqui pedir para se levantar só para ser conhecido, Mário Barreto, está conosco, um grande empresário de turismo do Estado, e para os que conhecem a Via Costeira, ele é o proprietário do hotel talvez mais charmoso, que é o Vila do Mar, aquele que tem uma cobertura de palha e como ex-secretário de Indústria, Comércio e Turismo do Rio Grande do Norte, estava conosco, nós pedimos para Mário vir até aqui. Então, a Via Costeira, como nós dissemos, tem 10 hotéis e mais 15 a construir. O ar mais puro da América Latina, realmente foi a Nasa que atestou isso. Povo hospitaleiro, eu acho que além do nordestino ser muito amistoso, muito receptivo, talvez a presença maciça dos americanos na Segunda Guerra Mundial, em 38

Natal, de 1940 até 1946, depois da guerra eles ainda ficaram, alguns até um ano, e milhares de jovens americanos passaram por Natal durante a guerra, fizeram amizade, alguns casaram por lá e isso, talvez, tenha influenciado na maneira mais aberta, mais franca, mais cordial de se receber a pessoa que vem de fora. Dunas moles e fixas. As dunas de Jenipabu são, com certeza, as dunas mais interessantes do Brasil. Eu conheço todas as dunas do Brasil, eu acho que nada é tão importante, tão motivador como um passeio de bugre nas dunas, tanto que os guias turísticos perguntam: “com ou sem emoção?” e, realmente você faz looping como se estivesse numa montanha russa. Infra-estrutura adequada, o filme, também, já mostrou, várias estradas, inclusive o governo está construindo a continuação da BR-101, que vai de Natal até a curva do Brasil, como eu chamo, ao Norte de Natal, que é a Cidade de Touros, são 80 quilômetros, na BR, e essa estrada será talvez o mais importante eixo de desenvolvimento turístico do Nordeste nos próximos dois ou três anos. Infra-estrutura. O Prodetur é um programa que o governo federal criou para desenvolver o turismo do Nordeste inteiro. A nossa primeira parcela é de US$ 45 milhões. Há uma grande parcela para desenvolvimento institucional de todos os órgãos que atuam, direta ou indiretamente, no turismo; obras múltiplas que são rodovias, transportes; saneamento e abastecimento d’água. Por exemplo: Cancun. Há 30 anos, o governo mexicano decidiu investir, maciçamente, em infra-estrutura e transformou uma aldeiazinha de nativos num dos maiores centros de interesse turístico do mundo, porque investiu em infra-estrutura. Se você faz a sua parte como governo, o empresário chega. Realmente, você criando estradas, comunicações, sinalizações, saneamento, abastecimento d’água, telefonia etc. o empresário chega, o capital chega. Tem tratamento de resíduos sólidos que é lixo, proteção e recuperação ambiental, ampliação e reforma do aeroporto de Natal, fica pronto o ano que vem, podendo receber 1.500 milhão de turistas por ano, e aí não está na transparência, a Infraero, o governo federal, estão iniciando a construção, um pouco ainda sigilosamente, mas os jornais de Natal já estamparam, de um superaeroporto no Município de São Gonçalo do Amarante, próximo a Natal, que seria um grande gate way da América Latina; prevê duas grandes pistas de quatro mil metros, maiores do que a do Galeão hoje; pode receber mais de 20 milhões de passageiros/ano, ou seja, maior que o Galeão também, e fala-se até, vamos dizer, seria até uma alternativa para os ônibus espaciais 39

em emergência porque são pistas gigantescas. O governo do Estado não tem nenhum compromisso com outro aeroporto – esse que eu falei agora – no momento, porque o governador pretende concluir o Augusto Severo, que é onde a gente trabalha hoje, mas o governo já desapropriou 1.500 hectares nessa nova região e o Exército brasileiro está com as máquinas fazendo toda a parte de geofísica, terraplenagem etc. É bom só que se registre a notícia, mas é um negócio que poderá transformar Natal, talvez, numa Cancunzinha da América do Sul. Ampliação da BR-101, já falamos, Natal-Touros. Unidade Operativa do TTurismo urismo Hotelaria. Como nós acreditamos que a qualidade é fundamental nos serviços turísticos, apesar de termos cursos superiores de Turismo, um curso médio de Turismo e vários cursos profissionalizantes feitos pelo Sebrae, Senac, Sine etc. o Governo do Estado fez uma grande parceria com o Sebrae, que está investindo US$ 5 milhões num hotel que pertencia ao Estado, chamado Barreira Roxa, na Via Costeira, e ali será implantado, até o final do ano estará já quase concluído, um Centro de Excelência em Turismo para todo o Nordeste, que treinará todos os segmentos, do empresário até o funcionário mais humilde, por exemplo, um porteiro de hotel. Isso é um começo de revolução pela indução que a qualificação profissional gera mais na frente, já na atividade. Integração do fluxo turístico regional/nacional/internacional. No fluxo regional nós temos trabalhado na melhoria da malha viária e, também, nos pólos do Nordeste. As pousadas e pequenos hotéis recebem muitos hóspedes da região do Nordeste, como de Caruaru de Pernambuco, Campina Grande da Paraíba, do interior do Ceará e das próprias capitais. Nós estamos fazendo divulgações específicas para os pequenos empreendedores da área de turismo, pois há um fluxo espontâneo de pessoas, que com suas famílias, se deslocam de ônibus ou de carro para esse tipo de equipamento. Fluxo nacional. Os principais mercados agentes hoje são, pela ordem: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiânia e Brasília, embora de todos os estados recebamos alguns segmentos de mercado; na abertura de novos mercados, o estímulo ao turismo rodoviário já falamos; vôos charters: o ano passado nós conseguimos, e aqui esse jovem que está ao lado do Dr. Trigueiros, é o meu secretário adjunto de Turismo – Edson Fernandes Ferreira – e luta muito para obtenção de vôos charters no Rio Grande do Norte. Ano passado, no final do ano, com a Companhia de Aviação Lauda Air, do piloto Nick Lauda, nós conseguimos o primeiro vôo charter internacional para Natal. Foi Milão/Natal/Milão, foi absolutamente bem-sucedido e já vários outros vôos ago40

ra estão sendo negociados, aí nós falamos vôos charters com pacotes incluídos, vôos regulares com tarifas acessíveis. Hoje mesmo tivemos uma reunião muito boa com a Varig. Vôos charters regulares, eu falei: Milão/Natal/Milão. Vôo regular: Buenos Aires/Natal/Buenos Aires. A partir do mês passado passamos a ter um vôo diário Buenos Aires/Rio/Natal e volta no mesmo dia, então, tanto os natalenses podem dançar tango argentino, como os argentinos tomar sol e mar bonito em Natal. Abertura de novos mercados. Chileno, nós estamos tentando consolidar um vôo agora do Chile. A Espanha, estamos tentando esse vôo charter com essa operadora. E Portugal, há bastante chance de até o final do ano também se conseguir um vôo de Portugal, não direto, mas para chegar em Portugal com a conexão. Promoções e eventos. Parceria com prefeituras, aqui como é uma casa de empresários, é importante, eu acho que talvez seja o mais importante, essa parceria. O Mário Barreto aqui presente, que é do trade turístico do Estado, ele é um atestado de que nós estamos com a parceria além dos partidos políticos. A gente, em tom de brincadeira, fala muito que o nosso partido é o “PT”, “Partido do Turismo”, no primeiro momento há um certo susto, no segundo momento uma compreensão. Então não há esse problema de partidarismo político; Mário foi secretário do governador anterior – adversário do meu governador – e nós andamos de mãos juntas. Os três Senadores do Rio Grande do Norte estão sempre batalhando pelos assuntos do Estado, independentemente das cores partidárias. Então o Conetur é o Conselho Nacional de Turismo. Nós nos reunimos com todos os empresários do trade uma vez por mês, onde se debate as coisas, se discute, se propõe; a participação em eventos e feiras, sempre vamos com os empresários a tiracolo, ou eles com a gente a tiracolo. Contribuição voluntária para o turismo; aqui no Rio alguns hotéis já estão cobrando uma contribuição espontânea para o turismo, que já vem na nota fiscal do hotel. É mais ou menos na ordem de R$ 1,00, R$ 1,20 para hotel 5 estrelas e cai um pouco para hotéis menos qualificados. E nós agora fechamos um acordo com todos os hoteleiros, passaremos a recolher essa taxa-contribuição, se houver alguma reclamação do hóspede, devolve-se o dinheiro, no ato, porque é espontâneo, mas isso ajudará, em muito, a promover o turismo do Estado fora, inclusive no Rio e São Paulo. Os hotéis aqui, vários já estão com o Convention Bureau cobrando, em São Paulo também. 41

A mídia institucional nos principais pólos emissores. Ainda agora, na semana passada, as Revistas Veja e IstoÉ publicaram numa página inteira, uma senhora com a boca bem aberta gritando: “Não diga que não vai passar as suas férias em Natal.” Página inteira e é parceria com os empresários do Rio Grande do Norte. Com a Embratur nós temos também uma boa parceria, embora ela ande muito curta de dinheiro e constituímos agora, mês passado, também o nosso Natal Convention Bureau. Eventos Eventos: foram listados aqui, com participação em promoshopping, workshops, realização de noites potiguares – há uns 20 dias o governador e a prefeita – adversários políticos ferrenhos – vieram a São Paulo e fizeram uma belíssima noite potiguar, com cerca de 800 agentes de viagens de São Paulo, num dos ambientes mais sofisticados que é o Bar das Artes, e foi muito bem-sucedido, elogiado, todo o empresariado, vários secretários, o governador e a prefeita lutando para atrair turistas para o Rio Grande do Norte. Organização do 1o Fórum de Turismo que vai ocorrer talvez em setembro, em Natal, é um fórum nacional. Projeto Boca Noite, eventos locais. Boca Noite promove artistas do Rio Grande do Norte nas principais ruas à noite, no bairro boêmio da Ribeira. Então, no ano passado deu muito certo e nós estamos trabalhando nessa linha. Marketing. Estão salientadas pesquisas de demanda turística, que nós temos sistematicamente feito. Nós somos delegados da Embratur, cada Estado é delegado, e nós temos que fazer essa pesquisa também para fornecer ao Serviço de Estatística Nacional. Informações turísticas também. Cartilha com índice de preço. Ano passado nós bolamos uma cartilha, como se fora esta que está aqui na mesa dos senhores, mas só que era de duas folhas, uma coisa simples como “ovo de Colombo”: indicação de preços para o turista. Corrida de táxi do aeroporto/Natal para a Via Costeira, tanto; um filé no restaurante classe A... umas 40 ou 50 informações, foi excelente. E na contracapa, os órgãos de fiscalização, para qualquer reclamação. Foi um sucesso. O presidente da Embratur queria apresentar isso, e apresentou, em conferências, em várias partes do Brasil. Uma idéia simples, baratíssima e de extrema utilidade para o turista. Você só é enganado se quiser, está ali a indicação. Não é uma tabela de preços, mas é um indicativo de preços. Criação de CD-Rom. Fizemos agora um CD-Rom sobre o turismo do Rio Grande do Norte, está muito bem-feito, um trabalho muito bom, ainda está em fase de abertura 42

para a área comercial. Quer dizer, foi um grupo privado que fez, qualquer hotel ou equipamento turístico pode anunciar naquele vídeo. Então, nós não trouxemos, porque, ainda, está em fase de conclusão. Campanha nacional de divulgação na revista. Eu já falei. Patrocínio do filme For All. Esse filme foi feito em Natal, com um grande elenco nacional, está para ser lançado em grande rede e conta um pouco a história do americano na segunda Guerra Mundial. O folclore em torno desse filme, embora o filme seja muito bem-feito, é meio documentário até, é que dizem que For All teria originado a palavra forró, porque no sábado eles faziam festa só para os americanos e no domingo abriam para os natalenses e colocava para todos. Então se perguntava: “vão para onde? Vamos para o for all, forró e pegou o forró. Mas isso é só folclore, os historiadores desmentem. Finalmente: geração de emprego e renda. Num Estado ainda atrasado, embora rico, nós temos necessidade urgente de gerar emprego. Criamos esse programa muito simples que está sendo lançado agora em julho, depois de seis meses de trabalho, de parceria e estudo. Basicamente é isso: o objetivo é o ordenamento da orla com geração de emprego e renda. Em todas as orlas principais do Estado. Empresa de pequeno e médio porte com finalidade turística. Empresa ou não. Empreendedor. Até um barraqueiro, sem ter empresa, pode se credenciar a ter um financiamento, ou para ampliar ou para modernizar, ou para construir; uns 20 ou 30 segmentos podem ser abrangidos, por exemplo, locadora de jet-sky, balsa, enfim qualquer coisa, tendo um empreendedor, há dinheiro e assistência técnica. A operacionalização, agora em julho, vai começar na Praia da Pipa, provavelmente no dia 28 de julho; cadastramento é com o Sebrae e o Banco do Nordeste; projeto arquitetônico é com a Secretaria de Turismo; projeto de viabilidade é com o próprio Sebrae; capacitação é com o Sine e o Sebrae; financiamento, com o Banco do Nordeste. Linha de financiamento já hoje disponível: Profat, Proje, Minifunjetur, Balcão de Ferramentas – que já existe hoje e Fundo de Aval do Sebrae. Então, com isto nós estamos gerando dezenas, ou centenas, ou milhares de empregos na orla do Rio Grande do Norte, apenas com o trabalho de coordenação, já que não se reinventou a roda, simplesmente, aproveitando os vários agentes que já hoje atuam, e polarizando um pouco, através da mídia e fazendo com que as coisas aconteçam. Julho de 1997 43

Turismo Ecológico no Amazonas Paulo Roberto dos Santos Corrêa Secretário de Estado da Indústria e Comércio do Amazonas e Presidente da Empresa Amazonense de Turismo – Emamtur

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pós a exibição do vídeo sobre o Amazonas, o meu grande desafio aqui, hoje, é provar para os senhores que ao contrário do dito popular, bom mesmo é programa de índio. Vamos dar uma revisada aqui sobre as informações básicas do Estado. Informações que eu acho que são absolutamente interessantes. O nosso Estado tem 1.500 milhão de quilômetros quadrados; ocupa 18% do território brasileiro, é o maior Estado da Federação; responsável por 20% da reserva de água doce de todo o globo terrestre. Até queria fazer um comentário, que me foi feito por um representante da Força Sindical. Houve uma reunião internacional e esse representante começou a falar, dando um depoimento, e o cidadão que estava comandando a reunião pediu para ele falar em inglês. Aí ele ficou irritado, continuou falando em português, houve aquela discussão, aí ele pediu o microfone e disse para ele: “olha, avisa a esse cidadão e a quem está aqui, a nível internacional, hoje você me pede para falar inglês, daqui a 100 anos você vai me pedir por água!” Acho que é baseado nessa perspectiva que nós temos lá. Uma outra coisa que é um mito também: é que o Estado do Amazonas tem 98,7% da sua floresta intocada. Somente foi retirado, para construir cidades, para construir a zona industrial e para construir a agricultura, que vocês viram aí, do terceiro ciclo, que é um projeto do governador para manter o homem no interior e não emigrar para Manaus. Então, o que se fala de queimadas, de depredação da natureza, no Estado do Amazonas, nós não temos esse problema. E nós temos uma população, no Estado, de aproximadamente três milhões de habitantes, o que dá dois habitantes por quilômetro quadrado, fortemente concentrado em Manaus, como vocês vão ver aqui agora. Manaus fica localizada à margem esquerda do Rio Negro, tem 11.684 de quilômetros quadrados e possui 1.500 milhão de habitantes. Um milhão e meio em Manaus e 45

1.500 milhão espalhado por todo o Estado. Então, um Estado que tem dois habitantes por quilômetro quadrado, em Manaus passa a ter 128 habitantes por quilômetro quadrado, uma profunda concentração de renda, porque lá nós temos a zona industrial, então, Manaus é responsável por 99,8% da arrecadação de ICM do Estado. Volto a falar nesse projeto do governador, do terceiro ciclo, que é a idéia de manter o homem no interior, através da agricultura e, com certeza, num projeto que nós estamos querendo fazer, também através do turismo. Nós temos um parque industrial com 552 empresas, assim distribuídas: 

pólo eletroeletrônico, 202 empresas;



termoplástico, 37 empresas;



químico, 29 empresas;



metalúrgico, 26 empresas, e assim sucessivamente.

Então, nós temos hoje 552 empresas atraídas para a Zona Franca de Manaus, não só pela estrutura que o Estado oferece, com algumas limitações, mas ele oferece uma estrutura básica razoável, mas, também pelo pacote de incentivos fiscais que nós temos. No ano de 1996, essas 552 empresas faturaram US$ 13 bilhões. Hoje, o Estado do Amazonas, apesar de lutar com dificuldade, apesar de fazer os seus investimentos com dificuldade, fica entre o oitavo e o 10o estados arrecadadores de ICMS do País. Estas são as 25 principais empresas por faturamento: Philips, Coca-Cola, Honda, Gradiente, Evadin, Semp, CCE etc., ou seja, principalmente eletroeletrônica; hoje, todas as empresas que fazem televisão no Brasil estão conosco. Todas as empresas que fazem relógio no Brasil estão lá na Zona Franca de Manaus. Por que elas vão para lá? Se a estrutura de negócios de uma determinada indústria não tiver como ponto importante o custo do frete para levar sua matéria-prima para a Região Norte o mercado fornecedor é Sul/Sudeste e trazer o seu produto acabado para o grande mercado consumidor, ou seja, se o frete não for um item absolutamente fundamental no custo, não há outro Estado no Brasil que ofereça benefícios fiscais como nós oferecemos. Nós temos uma redução substancial de ICMS, pode chegar a 100%. Se uma empresa produz um produto que não existe na Zona Franca de Manaus, no 46

momento, se ela por exemplo, vai para o interior, até próximo de Manaus, ela pode ter 100% de ICMS de incentivo. E ela, no mínimo, terá 45% de ICMS de incentivo a pagar como redução. E lá a gente não devolve o dinheiro para o empresário. Por exemplo, se o empresário tem a pagar 100 e tem um incentivo de 60, ele cobra do seu consumidor, em qualquer lugar do País os 100, recolhe aos cofres do Estado do Amazonas, 40 e mantém no seu bolso os 60, não tem nenhuma paga para receber no futuro, não existe nada disso. Pela lei federal a Zona Franca de Manaus foi criada em 1967; ela foi renovada a partir de 1988, por 25 anos, portanto, ela existe no momento até 2013. Pela lei federal é isento de IPI, não há custo de IPI, para a empresa que vende a partir da Zona Franca de Manaus e o Imposto de Importação é reduzido em 88%. Se você importa aqui no Rio pagando 20%, lá você vai pagar 2,4%, é uma redução substancial. Essa Suframa é só para o Amazonas Ocidental, Manaus está localizada no Amazonas Ocidental. A Sudam cobre toda a Amazônia e lá não se paga imposto de renda por 10 anos e isso é renovado. Portanto, volto a dizer aos senhores, se uma indústria tem uma fábrica em qualquer lugar do Brasil, e que o seu custo de frete para comprar matéria-prima e o seu custo de frete para levar o seu produto acabado, não for algo muito forte no seu processo produtivo, não há outro pacote de benefícios fiscais a ser oferecido, exceto do Estado do Amazonas. Como eu fui chamado para falar de turismo, já falei de indústria, vamos falar um pouco agora de turismo. Os senhores são especialistas nisso, então eu vou começar, rapidamente, a falar do cenário mundial e depois falar do cenário estadual. É claro que para nós do Amazonas, turismo é uma atividade econômica absolutamente harmoniosa e que tem muito a ser feito. Esse negócio que faturou, de acordo com informações recentes, US$ 3,6 trilhões no ano passado, e um dos negócios que mais crescem no mundo na medida em que o homem procura cada vez mais lazer e menos trabalho, ele é responsável por 204 bilhões de empregos diretos e indiretos, um em cada nove trabalhadores do mundo está na atividade turística, portanto, é altamente empregador e essa é uma atividade que utiliza todos os setores da economia: agricultura, indústria e, claro, serviço. Portanto, é algo que cresce, é importante, uma demanda muito grande futura e estando no Estado do Amazonas é algo que tem que ser, sem dúvida, desenvolvido. No caso brasileiro, os senhores também são especialistas, sabem que nós somos ca47

rentes na atividade econômica de turismo, faturamos em 1994, eu não tenho dado mais recente, possivelmente os senhores tenham, US$ 45 bilhões, 8% do PIB, quadragésimo sétimo País no cenário mundial a nível de turismo, atrás da Colômbia, que não é um dado bom, portanto, sem dúvida, o País precisa de uma política mais agressiva de turismo. Agora, só uma pequena evolução de faturamento do turismo no Brasil, que vem de 1987, de US$ 25 bilhões, chegando a 1994 com US$ 45 bilhões. Agora, vamos falar sobre o nosso caso específico. O Estado do Amazonas, hoje, não investe um centavo mais em nenhuma atividade que tenha por objetivo vender o nome institucional do Estado. A gente sabe que Amazonas é o nome institucional mais conhecido no mundo. Eu trabalhei 10 anos na Coca-Cola e dizia até, quando eu entrei lá no Estado, que eu defendia oito letras – Coca-Cola –, e passei a defender uma outra marca de conhecimento mundial tão grande como Coca-Cola que é o Estado do Amazonas. Então, a gente não investe um centavo em imagem institucional. O que nós queremos agora é fazer com que essa imagem do Amazonas, a nível mundial e a nível nacional, traga negócios para o Amazonas e negócio de turismo é absolutamente fundamental. Nós também entendemos, por alguma razão, que não é do nosso conhecimento, que o brasileiro não tem por hábito o turismo de floresta. Estou cansado de receber pessoas no Estado, no início você fica muito empolgado e feliz; você leva para visitar a floresta e o cara diz: “Fantástico, inacreditável!”. No início a gente fica muito feliz, mas com o passar do tempo a gente começa a se irritar, porque se a pessoa diz isso é porque ela foi com uma expectativa muito pequena, que ela não foi comunicada e ela se surpreende, se se surpreende é porque não foi comunicada adequadamente. Então, é uma missão nossa, como presidente da Emamtur, o governador deixa isso muito claro no seu plano de governo, de tentar entender primeiro e depois fazer com que mudemos esse conceito, principalmente do brasileiro, que não tem o hábito de turismo de floresta. Esse termo ecoturismo, é um termo que eu não gosto muito de usar, porque geralmente ecoturismo parece aquele cidadão americano, em final de carreira, que faz cafuné em onça. Na verdade, o que nós precisamos é desenvolver o turismo de lazer, turismo de convenção, turismo de parceria, por exemplo, com a praia, por que não fazer uma parceira com Rio, Salvador? Mas, realmente o brasileiro está habituado, pelo que a gente percebe, ao turismo de praia, nós não queremos que diminua o turismo de praia, mas queremos que ele passe a conhecer, passe a gozar e 48

trazer negócios para o nosso Estado, porque nós somos o Estado que pode oferecer a melhor condição, a melhor qualidade do turismo de floresta. Com relação a nossa infra-estrutura nós recebemos hoje 72 vôos semanais da Varig, 116 como um todo, 13 da Vasp, 31 da Transbrasil. A nível internacional, recebemos por semana somente nove vôos semanais, mesmo assim são vôos complicadíssimos. Todo mundo que vai para os Estados Unidos saindo de São Paulo ou do Rio de Janeiro passa em cima de Manaus, por que não parar em Manaus? Mas isso é uma discussão que nós estamos tendo e vamos falar lá na frente. A nossa estrutura hoteleira classificada conta com 3.784 leitos, sendo dois hotéis 5 estrelas: o Tropical, que é o nosso melhor hotel e o Tajmahal e tem outros hotéis, seis de 4 estrelas, seis de 3 estrelas e assim sucessivamente. A hotelaria não classificada oferece 1.553 leitos. Nós temos alojamentos turísticos ambientais, ecológicos, sete hotéis de selva, com 534 leitos. Na frente de cada um dos senhores tem um panfleto falando sobre o nosso hotel de selva, que é algo que vende muito para nível de turismo internacional. O cenário hoje no Amazonas é o seguinte: no ano passado, nós recebemos 155.749 turistas que entraram por Manaus. O que dá uma média mensal de 13 mil turistas ao mês. O Brasil recebeu o ano passado dois milhões de turistas. Então, nós recebemos 7% do turismo nacional. O que é muito, muito pouco. Desses 13 mil hóspedes, 25% deles são turistas internacionais, na sua grande maioria americanos, alemães e japoneses. Nós temos 2.500 turistas, três mil hóspedes por mês. Os 75% restantes, vão lá, fazem compras e até apreciam um pouco o nosso turismo, mas eles não vão, fundamentalmente, por serem turistas; o perfil deles: são paulistas, predominantemente do sexo masculino, 86% masculino, 14% feminino, turismo nacional, idade média de 39 anos, engenheiros, portanto, a missão deles é trabalhar na zona industrial, não são necessariamente turistas, passam a ser turistas quando estão lá e nós temos coisas boas a oferecer. Algumas pessoas acham que o Estado do Amazonas é muito longe, eu costumo dizer que ele é eqüidistante, porque ele fica a 2.865 quilômetros do Rio, vôo direto são 3:30h; hoje nós não temos vôo direto, temos que parar em Brasília, mas se fosse direto seriam 3:30h; São Paulo, 3.100 quilômetros, também 3:30h, já existe o vôo direto para São Paulo de Manaus; Miami quatro mil quilômetros e Nova Iorque sete mil quilômetros. Miami dá 4:30h e Nova Iorque dá 6h. Portanto, somos eqüidistantes de grandes centros, tudo para estourar a nível de turismo. Temos agora uma estrada que foi feita pelo governador, a BR-174, vai ser inaugurada muito breve, está praticamen49

te concluída, que vai nos ligar até Caracas e América Central. Hoje, nós ainda não temos uma ligação via rodoviária com o Sul/Sudeste. Vai ser feito agora um trabalho na BR-319, possivelmente, dentro de um prazo razoável nós vamos ter condições de nos ligar via rodoviária com o Sul/Sudeste, ainda hoje não temos essa ligação. A conclusão a que nós podemos chegar é a seguinte: apesar de termos a marca institucional mais conhecida do mundo, temos como retorno um inexpressivo turismo receptivo. Nós estamos cientes e conscientes de que precisamos tomar medidas, a curto, a médio e a longo prazos, para incrementar o nosso fluxo de turismo. O nosso objetivo hoje, no plano estratégico que nós montamos, estabelecido pelo governador, é triplicar o número de turistas em três anos. É um plano estratégico que eu diria otimista, mas razoável se considerarmos, por um lado, o que a gente tem, a nível de estrutura, para oferecer, já hoje, e o que vai ser construído e, por outro lado, o nível ainda pequeno de turistas que nós recebemos. Quer dizer, temos um potencial enorme para atacar, se soubermos atacar. O Estado ainda é um Estado pouco conhecido. Eu estava comentando ainda há pouco, eu tive a oportunidade de levar a Manaus o presidente da Confederação Brasileira de Remo, com quem nós vamos fazer um evento. Esse homem viajou o mundo todo, viajou o Brasil todo, e quando nós estávamos discutindo a ida desse evento para Manaus, para o Rio Negro, mais ou menos com 15 minutos de conversa eu percebi que ele não tinha idéia do que era o Estado, nem do que era a Capital, mais ou menos como há 40 anos atrás, o americano achava que a capital do Brasil é Buenos Aires. Começamos a conversar e eu perguntei: o senhor tem idéia do que é o Estado? Qual é o potencial do Estado? Da Capital? Ele disse: “Olha vocês devem ter umas 150 mil pessoas.” Eu falei: a Capital tem 1.500 milhão de pessoas. Então, o que nós estamos fazendo agora, são eventos de primeiro nível, com transmissão a nível nacional, começando com a televisão a cabo, que é a Sport TV, para comunicar ao Brasil o que o Estado é capaz de fazer e todo evento a gente coloca dentro de uma hora de programa, 20 minutos falando do Estado, de outros eventos, falando de nossos eventos folclóricos, exatamente para começar a comunicar. Nós fizemos uma agenda, porque é fundamental que tenha uma agenda, não pode ser uma coisa pontual. Então, no mínimo, de dois em dois meses, os senhores que têm, por exemplo, a Sport TV, hoje nós estamos usando a Sport TV como canal de comunicação, os senhores vão ver algum evento, de primeiro nível, do Estado do Amazonas, sempre em parceria com a iniciativa privada. Eu venho de iniciativa privada, o governo, a estrutura estatal, tem sempre muita dificuldade de arrecadar fundos, então, todos os nossos eventos são feitos com a ini50

ciativa privada e o Estado entra como facilitador do processo. Todo custo é pago pela iniciativa privada. Como eu falei, projetos nacionais, o que a gente pretende e está fazendo é se comunicar. O primeiro que nós fizemos foi um vôlei; nós levamos as campeãs olímpicas. No dia 25 de junho, nós fizemos uma partida, no Sambódromo de lá, montamos uma arena, com areia, e fizeram uma partida lá com transmissão pela Sport TV abrindo com uma música, que é a nossa música, música de Parintins, o espetáculo sempre abre com a música e fecha com um espetáculo esportivo de primeiro nível. Depois, nós tivemos o Festival Folclórico de Parintins, eu espero que pelo menos os senhores já tenham ouvido falar nele, no final da apresentação vou passar uma fita que fizemos na época em que eu trabalhava na Coca-Cola, que até tem um pouquinho de merchandising, mas que é uma festa que considero hoje, sem nenhuma, digamos, demagogia, por ser secretário de Estado ou presidente do órgão do Turismo, uma das melhores festas folclóricas do Brasil. Dito isso também pelo pessoal da Globo que esteve com a gente lá, fazendo a cobertura para o Fantástico, eles que cobrem o carnaval, aqui do Rio há 15 anos disseram: “Realmente, essa festa é de primeiro nível.” Então, essa é uma festa que ajuda a promover o Estado, ela é feita no meio da floresta, a 450 quilômetros de Manaus, é a terceira cidade em número de habitantes do Estado, 80 mil pessoas, uma cidade que é carente, como toda cidade do interior do Estado, mas que consegue fazer uma festa, com uma beleza plástica, com uma beleza musical, uma participação efetiva porque são só dois grupos, de uma beleza muito grande. Todo mundo que vai lá se encanta, se entusiasma pela festa. E não podemos esquecer que essa festa é feita numa arena para 40 mil pessoas, dentro da floresta amazônica, que é algo também que tem uma energia diferente. Estamos tentando fazer uma parceria com a Globo para tentar colocar o que a gente puder do Estado, abrir brechas para oportunidades. Na sexta-feira passada, dia 25 de julho, nós conseguimos um bloco, pelo trabalho que foi feito pelo Fantástico conosco, botar um bloco falando sobre essa festa de Parintins nesse programa Criança Esperança, que é capitaneado pelo Renato Aragão que, segundo a Globo, é um dos três maiores programas a nível de audiência nacional, atingindo 80 milhões de pessoas. Estou sempre com o pessoal da Globo, tentando colocar, onde puder, o Estado através de seus eventos. No dia 21 de setembro nós vamos ter uma regata internacional. Os senhores sabem que existe uma prova centenária entre Oxford e Cambridge, e nós conseguimos, através de contato com a embaixada inglesa, trazer essa prova, pela primeira vez, para o Rio Negro, ela já veio quatro ou cinco vezes ao Brasil, Rio e São Paulo, então, vamos 51

fazer uma regata de 12 quilômetros, que é algo que está sendo discutido ainda, porque tecnicamente eles não estão querendo muito. Os ingleses estão um pouco preocupados porque é uma prova de 12 quilômetros contra a correnteza, vindo da Manaus velha para a Manaus nova. Eles estão tão preocupados que vinham aqui para o Rio passar dois, três dias, depois eles iam para Manaus; eles não querem mais ir ao Rio, querem ir direto para Manaus, para treinar. Essa prova vai ter a cobertura da Sport TV, patrocinada pela iniciativa privada, e nós estamos conversando com a BBC de Londres que, na última prova, transmitiu para 400 milhões de pessoas e, como é uma prova centenária, Oxford versus Cambridge, e no Rio Negro, no Amazonas, tem um apelo que os está sensibilizando; a CNN também está interessada. Nós estamos conversando, é tudo de graça, façam a transmissão que quiserem. Então, é uma forma também de se promover o Estado de forma positiva, não só a nível nacional como internacional, e outros eventos estão por aí, todos os eventos possíveis de primeiro nível, nós vamos estar trabalhando sempre com um período máximo de dois meses. Tudo o que a gente faz a gente cria a logomarca, para poder vender depois. Outro ponto importante: todo patrocinador de um evento passa a ser o padrinho daquele evento ad ceternum, ou pelo menos enquanto o governador Amazonino for governador. No ano que vem, em junho, haverá outro evento de vôlei pago pelas mesmas empresas. Este ano foram a Sharp, Honda, Gillette e Shell. Esse aí é o da regata, Inglaterra versus Brasil, esse é o tema da regata e nós convidamos seis empresas para patrocinar e elas ficaram de nos responder na próxima sexta-feira. Enquanto elas não dizem sim, não posso promover o nome. Com relação ao longo prazo nós estamos contatando uma série de empresas nacionais e multinacionais, com experiência, por exemplo: Arthur Andersen, Price, Trevisan, estamos contatando essas empresas que têm experiência, porque a gente ouve muito falar em conversas, em reuniões que nós temos tido lá, eu tentei fazer alguns workshops, por que a gente não tem o turismo mais agressivo? Por que a gente não recebe mais o brasileiro? Por que o brasileiro não tem o hábito de turismo de floresta? E as respostas são as mais diversas possíveis. Por exemplo: me dizem muito que é o preço da passagem. O preço da passagem é caro para qualquer lugar do Brasil. Um carioca sai do Rio de Janeiro, deixa a Praia da Barra, de Búzios, paga 12% mais barato na Varig do que pagaria para ir para Manaus e vai para Fortaleza, para a praia. Eu não quero que ele deixe de ir a Fortaleza, mas o que faz esse cidadão tomar essa decisão e não ir um pouco mais à frente, com um custo um pouco menor e ver algo que ele não vê aqui.

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Então, o que nós estamos fazendo? A gente está contratando uma empresa de consultoria para fazer um plano estratégico do Estado, já tivemos várias conversas, é um projeto de 10 meses no mínimo, um projeto caro, nós temos um Fundo de Turismo e Interiorização do Estado, que foi criado pelo secretário da fazenda, há cerca de dois anos, e tem fundos para pagar isso. Então, nós estamos pesquisando porque queremos um projeto estratégico para o Estado e queremos que esse projeto esteja pronto até março do ano que vem, sob o ponto de vista do que investir, quem vai investir, iniciativa privada, iniciativa pública, de que forma, onde, em que momento, quem chega primeiro, onde é que a gente senta com as empresas de aviação para discutir esses vôos internacionais, isso tudo tem que ser feito de uma forma profissional, analisada, profunda, não pode ser uma coisa de amador. Então, nós vamos investir, não tenha a menor dúvida. Esse é o projeto mais importante que nós temos hoje lá. Entender porque o turismo de floresta não é uma realidade a nível nacional e a nível internacional. E, a médio prazo, não precisa de nenhum projeto para entender que, por exemplo, parque temático, que é algo que está estourando no mundo todo, por que não no Estado do Amazonas? Então, nós estamos conversando com algumas empresas, entre elas, Terra Encantada, que estará inaugurando o parque temático aqui em 12 de outubro, é a nossa idéia. E se os senhores tiverem contato com empresas que queiram fazer esse investimento, por favor me procurem, eu vou deixar meu telefone, nós queremos fazer um Centro Integrado na Ponta Negra. Ponta Negra, para quem conhece Manaus, fica numa região que vai ser o futuro, tipo Barra da Tijuca, onde aparece no filme o Hotel Tropical. Queremos fazer lá um Centro de Convenções, que nós não temos, para quatro mil pessoas, queremos fazer uma marina estruturada, porque nós somos uma grande Veneza, queremos fazer um free shop, porque nós temos um pacote de incentivos fiscais em que o cidadão pode entrar nesse free shop e pagar isento de imposto. Nós queremos fazer um hotel, para que seja competidor do Tropical; Tropical é o melhor hotel que nós temos, precisamos um pouco de competição com o Tropical, de 600 quartos e um parque temático com várias estruturas segmentárias, como a parte da água, onde o cidadão vai poder pescar, vai poder mergulhar, vai conhecer a parte da floresta, a parte de estudo daquela estrutura toda que nós temos lá, de plantas, de animais e convidando universidades internacionais, e nacionais para irem lá e fazer seu estudo. Uma parte de folclore, onde nós temos festas para colocar lá dentro. Enfim, essa é a nossa idéia e queremos uma grande estrutura que coordene isso tudo. Terra Encantada está se mostrando interessada, há outras empresas e nós queremos, até o final do ano, já ter um termo de compromisso entre o governo do Estado, que vai ter que investir em infra-estrutura, e a iniciativa 53

privada, um representante da iniciativa privada que queira fazer esse investimento ou, mesmo que não faça tudo, que queira capitanear essa estrutura de investimento. Isso não precisa de muito estudo para saber que é uma realidade. Como eu disse aos senhores nós somos eqüidistantes, é um projeto que pode receber tanto turista nacional, como a 4:30h receber de Miami, como a 2:30h receber da América Central. Hoje, a Região Norte é uma grande exportadora de turismo para Cancun, Margarita, eu tenho vários agentes de turismo a quem eu disse que não os recebo mais na Emamtur, pois 99,9% dos negócios deles é vender para fora. Falei: recebo, quando vocês tiverem um projeto para trazer turista para cá. Nós vamos ter que inverter, sem dúvida, porque nós temos potencial para isso. Basicamente, o que eu tinha a falar para vocês sobre o que nós estamos fazendo no Estado é isso. Eu vou passar, agora, para finalizar a minha apresentação, um filme que mostra essa fantástica festa que nós temos, a do boi do mar, em Parintins, quero gravá-la na memória de vocês.

Julho de 1997

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Desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Sul Günther Staub Secretário de Estado de Turismo do Rio Grande do Sul

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u tenho o prazer muito grande de estar aqui. É uma honra. O nosso querido Trigueiros estava preocupado com a ausência do Mór. Eu disse-lhe que o Mór deve ter vindo a cavalo, por isso é que chegou atrasado. O Trigueiros foi tão competente na sua gestão na Varig que trouxe a matriz operacional de Porto Alegre para o Rio de Janeiro. Eu vou pedir licença para ficar de pé, eu vou falar lá da frente, por causa da passagem das transparências. Senhoras e senhores, jornalistas: o senhor governador, Antônio Brito, consciente da importância do turismo no mundo, criou a Secretaria de Turismo no Rio Grande do Sul. Portanto, a nossa Secretaria tem um pouquinho mais do que dois anos e meio, e ao criar essa Secretaria, nós passamos a ter um corpo técnico, passamos a ter algum tipo de recurso e passamos, evidentemente, a ordenar o trabalho da Secretaria. Ela tem uma estrutura simples, ela é pequena; nós temos 40 funcionários. Tem, naturalmente, um Diretor-geral, uma Assessoria Jurídica, uma Assessoria Técnica, a parte de Comunicação e Marketing, e depois nós temos uma Área de Desenvolvimento do Turismo que é assistência aos municípios, Divisão de Informações, Divisão de Planejamento e um Departamento de Relações com o Mercado, Parcerias, Área de Convênios, Promoções e Eventos e Área Administrativa. Ela é simples, não tem maiores complicações. Como primeiro ponto da nossa atividade, nós começamos a realizar uma pesquisa da demanda turística emissiva e receptiva internacional, por causa da nossa fronteira com Uruguai, Argentina, proximidade com o Chile e o Paraguai. Esses pontos de pesquisa são os Aeroportos de Porto Alegre, Livramento, Chuí e Uruguaiana, nas divisas com Argentina e Uruguai. O período de realização é o ano inteiro e os resultados são atualizados e permanentes. Quero lembrar o seguinte: todo o trabalho que vamos apresentar representa ações que estão sendo desenvolvidas, nada disso é só parte de algum projeto, são realizações, são 55

trabalhos que nós estamos executando. Estamos fazendo um projeto Portais do Rio Grande, que visa criar um local de acesso com serviços diretos, informações turísticas com auxílio de emergência para a saúde, um abrigo, sanitário público, telefone público, serviços de comércio (pequeno comércio), lancheria, tabacaria, revistas, produtos regionais, caixas automáticas bancárias e assim por diante, com tratamento paisagístico, estacionamento etc. São 10 portões principais de entrada, quero lembrar que não são pórticos em cima de rodovias, é um local com prédio etc. Em Chuí, Jaguarão, Magé, Livramento, Uruguaiana, São Borja, Iraí, Marcelino Ramos, Vacaria e Torres. Aqui está no mapa uma localização das principais entradas do Rio Grande do Sul, seja pelo Brasil ou seja pelo exterior. Temos vários Centros de Informações Turísticas: aeroporto, rodoviária e em várias cidades do interior do Estado, coincidindo praticamente com os Portais; esses Centros de Informações Turísticas que estão funcionando e lá nós fazemos pesquisa de mercado. Alguns desses Centros funcionam 24 horas por dia, muitos funcionam 18 horas por dia e o que menos tempo funciona – 12 horas. Um dos projetos que nós entendemos como importante para o turismo do Rio Grande do Sul é a sinalização turística. Todos os senhores que viajam, já viajaram pela Europa, Estados Unidos e outras partes desenvolvidas do mundo, sabem que a gente recebe na portaria do hotel um material, mapas etc. ou compra e começa a andar e coincide a sinalização com os fatos, direitinho, com o que está no mapa. E nós sabemos que as estradas brasileiras, tanto estaduais como federais, são bastante mal sinalizadas, são precárias. Então, um dos nossos projetos é a sinalização turística. Nós estamos fazendo em conjunto com o Departamento do Estado de Rodovias, com o DNER e com os municípios. É sinalização em estradas federais e estaduais, não entra no Município. Nós já temos sinalizadas dos 1.230 quilômetros de estradas, especialmente no principal eixo de entrada de turistas, sejam brasileiros ou do Mercosul, que é o eixo TorresUruguaiana-Livramento. Um outro projeto que nós executamos, com grande resultado (diz o meu amigo Caio Luíz de Carvalho, presidente da Embratur, que é a única rota que aconteceu no Brasil por enquanto): nós dividimos o Estado em 13 rotas e estamos criando rotas turísticas. É um trabalho importante que nós fazemos. Uma das rotas que está pronta é a “Rota Romântica”, está ali o símbolo, é uma folha de plátano e abrange 13 municípios. Nós 56

constituímos uma Associação de Municípios, daí fizemos um inventário completo em todos os municípios, discutimos esse inventário com as comunidades, eles foram corrigidos, retificados e depois nós partimos para a impressão de uma espécie de lista, como nós temos aqui, o calendário da “Rota Romântica” com todos os fatos do Município, depois então partimos para a sinalização turística, aqui tem uma placa mostrando isso. É um roteiro de 230 quilômetros. Depois nós entregamos para o Trade Turístico, para as Agências de Viagens promoverem esse roteiro. Estradas. Estamos construindo ou reformando cerca de quatro mil quilômetros de estradas no Estado do Rio Grande do Sul, porque as estradas são precárias, como no resto do Brasil, e nós estamos fazendo um investimento de US$ 1,100 bilhão, mais os recursos próprios do governo do Estado. Estamos construindo aeroportos em região turística, como na região de Canela/Gramado e, no litoral, o aeroporto de Torres. Estamos ampliando aeroportos e estamos iluminando aeroportos no interior do Estado, porque no dia 12 de dezembro passado foi assinado pelos presidentes do Mercosul o programa de Viação Aérea Sub-regional e nós estamos nos preparando para isso. O Rio Grande do Sul viveu um longo período de mais de duas décadas de quase descaso com o assunto de turismo. Os governos não davam bola para o assunto de turismo, os governos não colocaram profissionais e muitas vezes era assim: “fulano, a gente tem dívida política com ele, onde é que bota? Bota na Delegacia de Polícia, bota não sei onde? Lá no Turismo tem uma vaga, então põe lá.” Então, foi um setor que não recebeu recursos, não recebeu um apoio aos recursos humanos lá existentes e assim por diante. Então nós tivemos um período muito grande de falta de consciência turística, de descaso no turismo gaúcho. Por que isso? E devo lembrar que foi o primeiro Estado brasileiro que criou uma Secretaria de Turismo no passado e, no entanto, lá pelas tantas um governador resolveu extinguir a Secretaria de Turismo, o que foi lamentável. Por que isso aconteceu? Por uma coisa lamentável chamada “ausência de consciência turística”. Então, um dos nossos principais programas na Secretaria é tentar criar, em todo o Estado do Rio Grande do Sul, uma consciência turística. Então, o nosso esforço, talvez o principal programa da Secretaria, seja criar uma consciência turística. Para isso nós temos feito um trabalho por todo o interior do Estado, porque um outro problema que a área de turismo tinha é que ela se dedicava, basicamente, à região de Canela e Gramado. Nós estamos desconcentrando, nós estamos fazendo uma ação por todo o Estado do Rio Grande do Sul. Dentro desse progra57

ma de conscientização turística, como eu disse, eu acho que certamente é o principal programa nosso, porque quando nós sairmos, se o Estado tiver consciência turística, mesmo se os governantes não quiserem apoiar o turismo, a sociedade vai se mobilizar e vai, possivelmente, exigir dos futuros governantes que dêem atenção ao assunto do turismo. Dentro disso nós temos uma série de trabalhos. Nós fazemos para a rede escolar as cartilhas turísticas para ensinar turismo nas escolas primárias; nós estamos treinando a Força Militar Pública porque é, provavelmente, um dos principais contatos que o público tem com uma comunidade, os empresários do setor, ambulância, trabalhadores em hotéis, restaurantes, casas de espetáculos etc. Temos um programa muito grande de treinamento de “Táxi Turismo” e nós temos treinado muita gente nessa atividade. Temos uma série de cursos: Guia de Turismo Regional; Guia de Turismo Especializado em Atrativos Naturais, um curso com 554 horas, 490 horas-aula; Recepcionista de Eventos e Informações; Espanhol – porque para nós é importante; Gestão de Empreendimentos do Turismo Rural 144 horas, que para nós também é importante; Produtor de Ecoturismo, que são projetos que nós desenvolvemos muito. Este ano estamos investindo US$ 3 milhões em treinamento. Na primeira etapa com 3.185 pessoas, envolvendo 69 municípios com 120 cursos. Na segunda etapa, 173 municípios com 9.165 treinandos num total de 12.300 e poucos treinandos. Estamos fazendo um treinamento espalhado pelo Estado todo, não concentrado numa região, para que o Estado inteiro seja preparado para receber o turista. São cursos internos, não têm problema nenhum, temos um programa interno de qualidade total, em que estamos bem avançados, com excelentes resultados. Na semana passada, um técnico espanhol, fazendo uma espécie de auditoria na nossa atividade, ficou surpreso que às oito horas da noite tinha gente trabalhando, à uma hora da tarde, às oito da manhã, sábado e ele me disse: “Isso aqui não parece repartição pública, isso aqui tem conceito de iniciativa privada.” E é verdade. É assim que nós trabalhamos na secretaria. Temos um grande programa de assessoria aos municípios. Fazemos pesquisa completa no Município, na sede e no interior do Município. Nós implantamos o Sistema de Fluxo Turístico Municipal Permanente; nós elaboramos os Planos Municipais e Regionais de Desenvolvimento Turístico através de um planejamento participativo com a 58

participação das comunidades. Nós temos 173 municípios no Estado do Rio Grande do Sul credenciados como municípios prioritários para o desenvolvimento do turismo no Estado. Estamos bem espalhados e só estamos esperando que a Embratur reabra esse programa de classificação, eu acho que nós incluiremos mais uns 30 municípios. Temos uma área de fiscalização que nós reforçamos bastante, através de um convênio com a Embratur, que fiscaliza agências de viagens, transportadoras turísticas, empresas organizadoras de eventos, empresas de serviços especiais, empresas exploradoras de meio de hospedagem, guias de turismo, habilitação e estímulos financeiros etc. Então, nós fiscalizamos toda a atividade turística, cadastrada ou não, porque o que nós estamos percebendo no Rio Grande do Sul, é que como o governo está movimentando o turismo evidentemente está surgindo uma série de atravessadores não registrados e assim por diante; essa atividade é para proteger a empresa legalmente instituída, que paga impostos etc. Temos um projeto chamado “Prodetur/Sul”, a exemplo do projeto “Prodetur/Nordeste”, em que nós estamos trabalhando, envolve quatro estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul e, agora, o BID entendeu que devia incluir a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, o que complicou um pouco a nossa vida, mas nós estamos trabalhando forte nesse sentido, nessa direção; há duas semanas esse projeto teve um apoio político na Câmara de Deputados, que ele não tinha até então – era um projeto apenas técnico, nosso, nós estamos tocando – e ele é um projeto mais ou menos de US$ 600 milhões, mas o governo do Estado do Rio Grande do Sul, independentemente da aprovação ou não desse projeto, está fazendo um trabalho de infra-estrutura em rodovias, em saneamento básico, em aeroportos etc., independentemente da aprovação ou não dos recursos do BID para o projeto Prodetur. Já foi terminada a primeira fase desse projeto, está na fase da Carta de Intenção, encaminhada ao BID. Um segmento importante que nós estamos trabalhando, com grande resultado, é o Ecoturismo. Nós fazemos a pesquisa, fazemos palestra de conscientização, visitas às áreas de interesse, preparação de mão-de-obra especializada para o Ecoturismo, integração do projeto de turismo rural e cultural. A conscientização da comunidade envolve guias, treinamento de guias, a parte de hospedagem e lazer, produtores turísticos, a parte de alimentação, depois a integração

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do projeto e a divulgação. Ainda no Ecoturismo nós temos um projeto chamado “Caminhos Verdes do Rio Grande” que tem o objetivo de criar 10 caminhos de Ecoturismo no Estado do Rio Grande do Sul, envolvendo áreas de interesse ecológico, aliás, há projetos de Turismo Rural, Turismo Saúde e Turismo Cultural, abrangendo 10 regiões do Estado. Esse projeto de Turismo Rural é um projeto muito importante porque nós temos a área norte do Estado, área nordeste, que é composta por miniportos, basicamente de colonização italiana e alemã, propriedades pequenas, então nós treinamos os pequenos proprietários rurais para receberem, em suas propriedades, o turista da cidade e assim o turista da cidade ter a oportunidade de se hospedar numa casa de colônia, descendente de italiano ou alemão, ou polonês e assim por diante, e nós estamos tendo um excelente resultado com o Turismo Rural. O Turismo Saúde é a área das hidrotermais, que lá no Rio Grande do Sul se isolaram um pouco, a área de Iraí no norte do Estado, nós estamos mexendo nisso, nós estamos reativando essa área, melhorando os equipamentos, treinando as pessoas e assim por diante. A parte de Turismo Cultural, cujo ícone no Rio Grande do Sul é a Região das Missões, que nós estamos revitalizando com grandes resultados, acho que têm saído matérias na grande imprensa brasileira sobre as Missões Gaúchas. Parque Nacional dos Parados da Serra e Itaibezinho. Nós, governo do Estado, junto com o Ibama, fechamos este parque. Nós estamos investindo US$ 2 milhões na reformulação deste parque. É um parque nacional e nós estamos asfaltando a rodovia de acesso a este parque; nós queremos reabri-lo este ano, estamos fazendo um trabalho, eu diria, inédito – esse espanhol que está aí está muito surpreso de encontrar nessa parte do mundo um trabalho desse tipo. Quando nós reabrirmos esse parque, que até agora nunca foi muito explorado e divulgado, lá tem uma comunidade de cinco mil habitantes chamada Cambará do Sul, esta comunidade, esta região vai receber um grande fluxo turístico, então, nós, preocupados com a preservação da cultura, da arquitetura e do Plano Diretor dessa cidade, porque provavelmente esse fluxo turístico vai representar um tumulto na cidade, nós estamos desde o mês passado fazendo um grande plano de treinamento de toda a comunidade para receber esse fluxo turístico. Nós estamos fazendo reuniões semanais com o Ibama, com a Prefeitura, nós temos feito enormes reuniões, nós temos feito um grande programa de trei60

namento, de cursos, das mais variadas ordens, nós estamos trabalhando com a Prefeitura no sentido de que o Plano Diretor seja preservado, de que a especulação imobiliária não destrua casas, ou que de repente surja lá um grupo muito grande de pessoas, hoje nós temos os “sem-tudo, sem-terra” e assim por diante, ou seja, que a cidade não sofra um inchaço e nós estamos preparando esta comunidade, que é uma comunidade pacata, para receber um novo fluxo turístico. Depois desse projeto, existe uma outra cidade para onde nós vamos construir uma rodovia, chama-se Taquara – Santo Antônio da Patrulha. Essa cidade, Santo Antônio da Patrulha, é uma cidade de origem açoriana, ela receberá um grande fluxo turístico e nós, então, vamos fazer para essa comunidade o mesmo trabalho que nós estamos fazendo em Cambará do Sul. Turismo Náutico Náutico. O Rio Grande do Sul tem a maior lagoa de água doce do mundo. Tem outras lagoas menores. Na parte do litoral norte nós temos 42 lagoas. Nós temos uma bacia hidrográfica, temos uma quantidade enorme de rios e o esporte náutico é pouco praticado. Estamos desenvolvendo eventos para estimular o esporte náutico, porque isso não exige investimentos em infra-estrutura e nós temos equipamentos prontos, com baixa taxa de utilização. Baseados nisso, já fizemos seminários, incrementamos já nesse verão uma série de regatas, que antes não se realizavam lá, uma delas, Porto Alegre-Pelotas-Rio Grande, com 330 quilômetros de rota, deu inclusive uma grande matéria na SPM, divulgada em 72 países do mundo. Turismo Religioso. Nós temos várias manifestações religiosas importantes no Rio Grande do Sul e estamos preocupados com isso, porque esse é um assunto que precisa ser bem cuidado se não a gente sofre uma série de problemas. Vejam que a nossa preocupação é sempre com a preservação da identidade cultural do pessoal. Nós temos, na Região de Missões, um local chamado “Caró”, onde vem muito turista paraguaio; nós temos em Santa Maria, no centro do Estado, um cidadão que é um diácono, um beato, e há um grande fluxo de turistas argentinos que vão a Santa Maria para vê-lo e assim por diante. Nós estamos cuidando disso. Clube da Melhor Idade, que é a terceira idade. Nós temos 26 clubes no Estado do Rio Grande do Sul, já superou 3.640 associados. A sede nacional é lá na Secretaria. Nós doamos um espaço para esse pessoal, que é um turista que cada vez mais vai crescer, porque cada vez as pessoas vivem mais e, portanto, cada vez têm mais condições de fazer turismo. São grupos muito alegres e fizeram um Congresso em Recife o ano passado com cinco mil participantes. 61

Publicamos semestralmente calendários de eventos, são cerca de 400 eventos por semestre, nós temos um calendário nacional, interno, do Rio Grande do Sul e fizemos junto com o Ministério do Turismo do Uruguai um calendário de eventos uruguaio/riograndense, em espanhol e em português, distribuído tanto no Uruguai como no Rio Grande do Sul, com grandes resultados. Estamos trabalhando para a emissão do segundo calendário de eventos combinados, que foi a primeira ação turística promocional integrada dentro do Mercosul. Agora nós estamos dentro do Mercosul. Hoje se realiza a RET, que é a Reunião Especializada em Turismo, eu não pude ir porque tinha assumido compromisso aqui e eles marcaram esse encontro depois, nós estamos trabalhando numa parte promocional junto com a Embratur para a promoção das Missões, as Missões brasileiras, argentinas e paraguaias, estamos imprimindo material promocional, que será a segunda ação e a terceira ação, nós estamos desenvolvendo junto com os argentinos, uruguaios e paraguaios, é uma coisa que é comum a nós que é o “Mundo Gaúcho”, o “Mundo Gaúcho” que tem nesses quatro países. Nós estamos trabalhando dentro da RET para fazer um produto integrado: Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. Participamos em eventos estaduais, em eventos nacionais/internacionais com sentido de, internamente, apoiar eventos locais e, externamente, promover o turismo para o Rio Grande do Sul. Essa é a nossa programação para participar em projetos promocionais no segundo semestre deste ano, com investimento de US$ 345 mil, há também uma série de workshops que nós vamos fazer, em várias partes do mundo, com investimentos de US$ 377 mil. Isso para nós é importante porque o nosso orçamento é pequeno. Aí estão os roteiros turísticos. Como eu disse no início, nós estamos trabalhando em várias rotas, rota das missões, da uva e do vinho etc. e hoje, com a divulgação da primeira rota, existe uma verdadeira fé em volta do Rio Grande do Sul. Isso é bom porque as comunidades que estão se organizando estão interessadas em tocar o turismo. Devo dizer qual o nosso conceito de trabalho na Secretaria: nós não entendemos o desenvolvimento do turismo sem uma participação estreita, em primeiro lugar da Secretaria do Turismo do Rio Grande do Sul com a Embratur, com os municípios e com a iniciativa privada. Sem essa participação, sem essa ação conjugada dessas quatro partes, não se faz turismo no Brasil. E graças a Deus nós temos uma excelente relação com a Embratur, uma excelente relação com os municípios, uma excelente relação com o trade turístico do Rio Grande do Sul e com a iniciativa privada. 62

Temos, evidentemente, uma Assessoria de Comunicação e Marketing que faz toda a parte de divulgação do Estado do Rio Grande do Sul, e aqui estão ações que nós estamos desenvolvendo no momento, trabalhos que nós estamos realizando, isoladamente ou com outras entidades. Tivemos uma dificuldade muito grande para criar o Comitê Executivo de Promoção e Capacitação de Eventos, que todos os senhores sabem que é o que traz o principal turista, porque é o que mais gasta, o que mais tempo fica etc. e nós temos procurado atrair eventos para o Rio Grande do Sul, não só para a região de Canela e Gramado, mas para o Estado todo e com excelentes resultados. Nós tivemos uma grande resistência do trade turístico gaúcho, que era contra isso, porque dizia que nós íamos acabar com a ABAV, com a ABIH, enfim com todas aquelas entidades ligadas ao turismo e não era este o nosso objetivo, o nosso objetivo era atrair eventos para reforçar exatamente o trade turístico gaúcho. Criamos o “Sábado”, projeto lançado este ano. Criamos o Centro de Gastronomia do Estado, no sentido de aprimorar e melhorar a gastronomia gaúcha, que é rica, e variada, porque a nossa população se compõe de mais de 20 etnias e nós, então, estamos interessados em aperfeiçoar a gastronomia que se pratica no Rio Grande e dar a ela uma qualificação e um desenvolvimento, conscientes de que as pessoas que viajam, quando vão a um lugar, querem conhecer as coisas mas também querem se alimentar. Nós fizemos um trabalho e, no dia 15 de março, levamos 15 chefes de cozinha internacional, que trabalharam alguns dias conosco, elaborando o currículo, que depois foi encaminhado à Secretaria de Educação para transformar isso em doses de ensino, é um curso com duração de dois anos. Isso é um investimento grande, mais de US$ 1 milhão. Sábado nós lançamos, na cidade de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, na colônia italiana, este Centro Gastronômico. Temos divulgado o Rio Grande por duas campanhas, por duas manifestações. Uma campanha que acabamos de realizar chamada o “Inverno Mais Quente do Brasil” e outro, no verão, chamado “Verão Numa Boa”. Bem que gostaríamos de ter recursos para divulgar o Rio Grande nas quatro estações e até já tenho a campanha pronta, pegar as quatro estações de Vivaldi e fazer uma campanha de comunicação. Por que o inverno? Porque o Nordeste, com muita competência, tem divulgado o verão e nós estamos acostumados a ver o verão extremamente divulgado e como nós temos verão, mas, também temos o inverno e eles não têm, então nós resolvemos, como temos pouco dinheiro, divulgar o inverno. Acho que com excelentes resultados. Também temos uma campanha mais modesta, durante o verão, chamada “Verão 63

Numa Boa” para o turismo mais regional. Resultados não só dessa campanha, mas dessa ação. A área das Missões está lotada, falta hotelaria. A área da Serra de Caxias do Sul com mais 20% de ocupação hoteleira. A área de Bento Gonçalves, na serra, 22,9% a mais. A área de Canela, Gramado e Nova Petrópolis mais 20%. A área de Porto Alegre mais 10% e as outras regiões do Estado aumentaram em 10% a ocupação hoteleira este ano sobre o ano passado. Portanto, o governo do Estado está estimulando o trade e a minha tese é de que primeiro nós precisamos levar o mercado e depois então, ou paralelamente, buscar os investimentos. Eu sempre digo que se uma região tiver passageiros as companhias aéreas vão botar 10, 20 vôos diariamente, se não tiver não põem nenhum. Acabamos de inaugurar o grande Centro de Convenções da Federação das Indústrias, o Sesi. Porto Alegre tinha uma deficiência muito grande, faltava um Centro de Convenções. Foi um investimento de US$ 50 milhões e hoje eu acho que nós podemos acolher, com certo conforto, congressos de três, quatro mil pessoas, o que antes não podíamos. O Centro de Convenções da Pontifícia Universidade Católica também acolhe um número expressivo de eventos, porque nós estamos perdendo eventos de maior porte; está em construção, aprovamos o financiamento semana passada, de um Centro de Eventos em Gramado, um investimento de US$ 6 milhões e um investimento menor em Nova Petrópolis. Também na cidade de Bento Gonçalves um investimento em um Centro de Convenções de US$ 10 milhões. Parques TTemáticos emáticos emáticos. Nós acabamos de aprovar um projeto de US$ 127 milhões de um parque temático, no litoral norte do Rio Grande do Sul, na cidade de Tramandaí, numa área de 180 hectares; um parque temático, já uma ampliação do atual parque que existe há cerca de 25 anos. Ainda próximo do litoral, um pequenino parque está sendo ampliado, nós estamos apoiando. Em Canela e Gramado também existe um pequeno parque chamado “Mundo a Vapor”, recebe 160 mil pessoas por ano, onde nós estamos apoiando uma ampliação no valor de US$ 3,8 milhões e o “Minimundo”, que é um pequeno parque também, cuja ampliação nós estamos apoiando. Hotelaria Hotelaria. Existem hoje vários empreendimentos de construção hoteleira. Só em Gra64

mado são quatro hotéis em construção. Depois de amanhã nós vamos inaugurar um hotel da rede Parthenon, do grupo Accord, na cidade de Santa Cruz do Sul, que é no centro do Estado, um investimento de US$ 8 milhões e nós, hoje, estamos assistindo vários empreendimentos hoteleiros em várias partes do Estado do Rio Grande do Sul. Então, o que nós fizemos foi criar uma demanda, ocupar a capacidade instalada dos equipamentos turísticos do Rio Grande do Sul e ao lado disso nós fomos buscar investimentos. É uma coisa muito difícil, aqui quem trabalha com turismo sabe, porque nós trabalhamos simultaneamente com 12 redes hoteleiras internacionais, e a primeira coisa que todos eles me perguntam: “Tem hotel de rede lá?” Não, não tem. Ah! então vamos conversar. A não ser que o empresário venha aqui, construa, e a gente entre com o know-how e assim por diante. Foi uma coisa muito difícil romper isso e segunda-feira próxima nós estaremos anunciando um empreendimento do Sheraton, lá no Rio Grande do Sul, associado com um grupo local. Acabamos de fazer a campanha de propaganda “Inverno Mais Quente do Brasil”, como mostrei aí nós participamos de eventos nacionais/internacionais, uma estratégia bem definida, só mudamos essa estratégia agora, porque o nosso amigo Luiz Mór e nosso querido presidente da Varig, junto com o diretor regional, lançaram um vôo Porto Alegre/Nova Iorque, no mês de junho, então nós incluímos a área de Nova Iorque e Filadélfia na nossa atividade promocional. Em novembro, vamos fazer um evento promocional na área de Nova Iorque, junto com a Varig, no sentido de que essa linha seja viável e funcione. Nós também vamos fazer o lançamento das Missões, vamos dizer assim, praticamente não teve um lançamento ainda, porque as Missões são consideradas patrimônio da humanidade pela ONU, vamos levar para lá o José Carreras, vamos fazer um grande empreendimento promocional, lançando então as Missões Gaúchas. Eu trouxe aqui dois trabalhos, um comercial da última campanha do “Inverno Mais Quente do Brasil”, um comercial pequeno, de 30 segundos, onde nós falamos em vários produtos do Rio Grande do Sul, não falamos só na Serra Gaúcha. É um comercial extremamente emocional, bastante envolvente que nós vamos apresentar. Ainda tenho mais dois vídeos, com um total de 15 minutos, que não é apropriado passar agora. Um é sobre a Rota Romântica e um é sobre Atração de Investimentos. Agradeço a atenção que vocês me deram até aqui, a grande oportunidade de aqui 65

conversar com os senhores. Devo repetir: todos esses pontos que nós apresentamos são projetos que estão em andamento, não é nada que nós vamos fazer, está acontecendo lá no Rio Grande, estamos trabalhando em cima disso, isso são fatos, porque eu entendo, como profissional de comunicação, que as palavras só têm valor à medida que correspondem a fatos e não adiantaria eu vir aqui e falar em projetos. O único que é projeto é o Prodetur, cuja execução está em andamento, pois estamos investindo em estradas, em rodovias, saneamento básico, telefonia etc. Só em telefonia nós estamos investindo US$ 800 milhões este ano, triplicando, por exemplo, a planta de telefonia celular e assim por diante; ontem, assinamos a interligação dos telefones celulares do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Portanto, pode-se falar do Uruguai com o Rio Grande do Sul e vice-versa com telefonia celular, o que foi um grande avanço tecnológico para nós. Por enquanto, é isso. Agradeço a atenção.

Agosto de 1997

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A Estratégia de Desenvolvimento do Turismo da Bahia 1991–2002 Paulo Renato Dantas Gaudenzi Secretário de Estado da Cultura e Turismo da Bahia

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residente Oswaldo Trigueiros, senhores diretores do Conselho de Turismo, da Confederação Nacional do Comércio, meus amigos conselheiros, senhoras e senhores: eu me sinto muito à vontade em aqui estar, por vários motivos. O presidente do Conselho, Oswaldo Trigueiros Júnior, quando era diretor da Varig, eu dizia que ele era o meu irmão mais velho; um baiano que nos ajudou muito, não só do ponto de vista do apoio, mas, também, das considerações e dos aconselhamentos, que nós fazíamos questão de ouvir, sobre o assunto em que trabalhávamos, para conduzir as atividades da nossa Bahiatursa, que eu tive a honra de presidir por 14 anos. Hélio de Souza também, àquela altura, era um companheirão, irmão, que muito nos ajudou. Hoje, vejo aqui reunidas várias pessoas, um grupo enorme de companheiros, de diversas lides, da Abav, Skal, hotelaria, companheiro secretário Gérard, amigo meu de longa data, do início da Bahiatursa, na época ele na Varig; Glória, na Embratur naquele momento; Cartolano, Gilson, todos companheiros com quem tive oportunidade de trabalhar, juntos fizemos muitas peripécias pelo mundo, fazendo com que o mundo ficasse menor. Um outro ponto importante nesta Casa, é que eu tive oportunidade de duas vezes aqui estar para fazer, como hoje, apresentações; Nevinha me deu a informação que eu não tinha mais, fiz aqui umas considerações sobre o turismo na Bahia em 1980, quando nós iniciávamos a primeira administração na Bahiatursa; depois em 1982 também fizemos aqui umas considerações sobre os caminhos da Bahia, que era um programa que o governo do Estado instituiu a partir de 1992 e que hoje nós temos muito orgulho de ver todo realizado. Àquela altura, na minha primeira administração, o governador do Estado era o atual Senador Antônio Carlos que, sem dúvida nenhuma, nos seus três governos foi quem deu à atividade do turismo na Bahia a sua cara, ao acre67

ditar e ao se empenhar, de forma absoluta, tendo essa atividade como uma das suas prioridades, em todos os seus governos, por entender que turismo, como nós entendemos, é uma atividade econômica, e das mais importantes quando levada a sério, geradora de emprego e renda. Então, nesses anos todos em que eu tenho trabalhado, nesses períodos em que eu trabalhei, por três vezes, a Bahia foi governada por Antônio Carlos. Tivemos a volta, em 1991, do governo Antônio Carlos, quando se retornou toda essa atividade turística. Tivemos a sucessão com Paulo Souto, que tinha sido antes vice-governador e secretário da Indústria, Comércio e Turismo, e com isso a nossa atividade sempre teve um papel importante dentro do governo. Eu costumo dizer que temos consciência de que a Bahia fez muito, e hoje estou aqui mais uma vez para mostrar essa estratégia. Temos orgulho, alguma vaidade, mas a Bahia fez muito porque sempre entendeu que a continuidade era muito importante para o Estado do ponto de vista econômico, e sempre houve interesse governamental para que isso se realizasse. E as coisas só se realizam quando há definição política. Quando existe definição política as coisas são mais fáceis de serem feitas. Só para exemplificar isso: quando a Bahiatursa fazia parte da Secretaria da Indústria e Comércio, que depois tornou-se Indústria, Comércio e Turismo, tinha mais de 40%, ela sozinha do orçamento da secretaria. Claro que essa secretaria tinha uma série de outras empresas, outros órgãos da área comercial, da área industrial, da área de mineração, mas isso era uma amostra que o governo dava, prestigiando com recursos às necessidades que deviam ser executadas, para que a atividade do turismo tomasse corpo. Eu vou iniciar a minha apresentação com uma consideração finalística. Nós não temos dúvidas de que a Bahia, é isso que eu vou tentar mostrar, se prepara, vem se preparando, para tornar-se, sem nenhuma dúvida, o grande pólo do turismo brasileiro, quer do ponto de vista do turismo interno, e isso não vai demorar muito, nós já estamos por aí, e no turismo internacional nós temos uma longa batalha ainda pela frente, mas, seguramente, hoje nós somos, depois do Rio de Janeiro, o grande pólo de atração de estrangeiros. Vamos crescer muito mais com a infra-estrutura que estamos montando. O que eu vou apresentar, está sendo chamado “A estratégia de desenvolvimento do turismo da Bahia”. Em 1991, o Senador Antônio Carlos, ao voltar ao governo, pediu que a Bahiatursa fizesse um novo estudo. Nós tínhamos ultrapassado aquilo que já apresentamos nesta Casa em 1992, que foram os caminhos da Bahia, que eram algumas cidades do inte68

rior, que nós incorporamos ao turismo, e em 1991 nós fizemos um programa, ousado, de 12 anos, quatro já se foram, mais quatro já estão indo, e nós vamos ganhar a eleição em 4 de outubro e vamos fazer mais quatro anos de turismo forte; fizemos um programa ousado, porque entendíamos também que as coisas de turismo não podiam ser feitas em curto prazo, num médio prazo é como nós estamos trabalhando. Então, esse programa que nós vamos apresentar é um programa de 12 anos, que vai de 1991 a 2002. O primeiro trabalho foi refazer a geografia turística da Bahia. Então, nós dividimos o Estado; nós temos 1.100 quilômetros de costa, seguramente desses 1.100 quilômetros nós devemos ter 800 e tantos de praia mesmo, então definimos a Costa dos Coqueiros, que é a parte norte acima de Salvador até o limite com Sergipe; a Bahia de Todos os Santos, em Salvador; a Costa do Dendê, que é a região em torno de Valença e Morro de São Paulo; a Costa do Cacau, que é em torno de Ilhéus; a Costa do descobrimento, que é em torno de Porto Seguro e a Costa das Baleias, que é no extremo Sul da Bahia, em torno de Caravelas, abrangendo o Parque Nacional Marinho de Abrolhos. E, bem no coração do Estado, nós elegemos uma área, que é a Chapada Diamantina, a região em torno da cidade de Lençóis. Quando eu estou dizendo cada uma dessas regiões, eu tenho citado uma cidade e essas cidades são o que nós chamamos os high lights de cada uma dessas regiões. Na Costa dos Coqueiros, no Norte, é a Praia do Forte, que não é nem uma cidade, é um distrito, depois tem Salvador, depois Valença, com Morro de São Paulo, depois nós temos Ilhéus, depois Porto Seguro e, lá embaixo, Caravelas. Estou reafirmando esses nomes porque nós vamos ver depois que estrutura vai ser montada em cima dessa divisão. O governo montou três estratégias básicas. Infra-estrutura, ou seja, aprimorar e fazer crescer o produto turístico da Bahia. Uma estratégia de marketing para esses produtos e formação de recursos humanos, principalmente para reforço dessas áreas infraestruturadas. O governo definiu um programa de 12 anos, em torno de US$ 2 bilhões. Quando a gente fala isso as pessoas se assustam, mas a gente vai ver que, com um bilhão, do que já foi executado, e US$ 650 milhões do que está sendo executado hoje, a soma disso aí já ultrapassa bem mais da metade do programa. É um programa, volto a repetir, de 12 anos, de 1991 a 2002. O primeiro ano nós, praticamente, consumimos na elaboração de projetos iniciais, estratégias, buscas de parceiros. É um programa tido, por muita gente, como ambicioso, mas é um programa factível. O governo próximo, nesses próximos quatro anos, vai investir esse resto de US$ 700 milhões, já com a programação quase toda ela prevista. 69

Para vocês terem uma idéia, há um mês, entreguei ao Governador Cesar Borges, que era o vice-governador, e hoje é o governador do Estado, porque o Paulo Souto saiu para ser candidato ao Senado, o programa dos próximos quatro anos dele, que é candidato à reeleição. Não é coisa extraordinária, porque se nós tínhamos uma programação até 2002, nós já sabíamos o que era e o que nós precisávamos, é claro que no correr disso aí algumas coisas vão ser ajustadas, novidades aparecem, outras coisas podem ser modificadas, mas a programação básica do governo, entregamos ao governador, candidato à reeleição, em mãos, inclusive com valoração daquilo que poderá ser executado, para concluirmos esta programação. O que representam US$ 2 bilhões? Representam recursos que foram, estão sendo e serão dispendidos na área de saneamento básico, que é o ponto mais forte para a melhoria do produto, e nós temos US$ 788 milhões, que estão sendo investidos em água, drenagem etc. Segundo ponto é transportes. Nós temos uma série de rodovias já executadas, sendo executadas e que serão executadas, interligando áreas de interesse turístico. Depois nós temos uma parte forte também dos aeroportos. A parte de patrimônio histórico, com 160 milhões. A parte de energia e outros. Em outros, entram problemas de recuperação ambiental, hospitais, Corpo de Bombeiros, Batalhão de Polícia etc. E uma série de outros custos que importam muito na composição e melhoria do nosso produto turístico. Das áreas que recebem os recursos, é claro que a área de Salvador e da Baía de Todos os Santos é aquela que recebe a maior quantidade. E se a gente imaginar que desse US$ 1 bilhão, US$ 640 milhões representam a despoluição da Baía de Todos os Santos e o saneamento básico da cidade de Salvador e de mais 10 cidades em torno da Baía de Todos os Santos. Nós estamos fazendo isso porque acreditamos, piamente, que o futuro do turismo só acontecerá se não houver poluição, onde tiver poluição, degradação ambiental, não vai continuar no mapa das áreas de interesse turístico do mundo. Então o governo teve muita coragem de empregar US$ 640 milhões. Poucos governos têm coragem de fazer isso, porque é dinheiro enterrado que o povo não vê. Mas, graças a Deus, isso tem que ser mostrado, mostrando a prática do que deve ser o discurso, e o povo passa a entender; a gente já sente no País essa consciência contra a poluição, contra a degradação ambiental etc. O governo da Bahia está investindo só na região 70

metropolitana, Salvador e o entorno da Baía de Todos os Santos, US$ 640 milhões vieram para esgotamento sanitário. Salvador, que hoje tem 26% da cidade atendida, vai passar, com esse projeto, que já está executado na sua quase totalidade, para 84%, e todas as cidades, são 10, no entorno da Baía de Todos os Santos. São cidades que hoje têm seus esgotos jogados nos rios, rios esses que desembocam na Baía de Todos os Santos. Esse é um trabalho de muita profundidade, para o qual nós temos, seguramente, uma resposta forte. O governo da Bahia imaginou que a melhor fórmula que ele teria para comemorar os 500 anos do Descobrimento do Brasil, o encontro das raças, que foi em Porto Seguro, era preparar aquela região para a sua população e para os turistas, que são habitantes temporários de qualquer lugar. Nós não estamos preocupados com festas, festas existirão certamente, a iniciativa privada vai fazer, a Globo vai fazer festa, outras entidades vão fazer festa, nós estamos preocupados em preparar isso. Na chamada Costa do Descobrimento, áreas como o Município de Cabrália, Porto Seguro, Belmonte, os distritos de Trancoso, Arraial da Ajuda, Coroa Vermelha, está se investindo uma coisa nunca vista neste País, se a gente for fazer uma relação habitantes/investimentos, não tem nada igual ao que nós estamos fazendo na Costa do Descobrimento, inclusive nós estamos mostrando isso ao governo federal, ao presidente Fernando Henrique, aos ministros, antes ao ministro Kandir e agora ao ministro Paiva, do Planejamento, que o governo federal também tem que fazer alguma coisa, tem que ajudar, acabar com o analfabetismo na região do descobrimento, que é a melhor forma de presentear o Brasil ao comemorar os 500 anos, nós achamos que estamos corretos. Nós estamos investindo US$ 242 milhões em cidades que, conjuntamente, três ou quatro reunidas, não chegam a 200 mil habitantes. É muito dinheiro numa área de população pequena para esses recursos, mas não tenham dúvida de que são áreas da maior importância para a atividade do turismo e é o rosto do Brasil, os 500 anos. Outro fato também importante é a região da Chapada, onde nós temos um investimento, também, forte e esse investimento passa muito pela preservação ambiental. A preocupação que nós temos com a Chapada Diamantina é por ser ela uma região, parecida com a Chapada dos Guimarães, Barra dos Viadeiros, e que tem uma vantagem já hoje comparativa, tem aeroporto, que nós acabamos de inaugurar, no dia 6 de junho. É um aeroporto para jato, para Boeing 737, é no caminho de Brasília, o que vai facilitar a gente ter vôos regulares e várias empresas de São Paulo, pelo menos três operadoras, já estão se preparando para fazer os fretamentos para a região da Chapada. 71

Nós partimos do pressuposto de que tinha que haver não só rodoviárias, mas, acima de tudo, aeroportos. Nós só acreditamos nessas possibilidades. Nós estamos preparando a Bahia, como eu disse, para receber turistas de qualquer parte do Brasil e nessas áreas de interesse turístico, tudo através de avião a jato, pelo menos o 737. Nós não acreditamos em turboélice e não estamos para brincadeira. Esses dois pontos, Salvador e Porto Seguro, onde nossos aviões maiores chegaram a ir, são aeroportos que hoje estão recebendo vôos internacionais. Em Porto Seguro, para vocês terem uma idéia, desde que nós retomamos, o aeroporto foi feito e, depois de dois anos, teve que ser ampliado. Porto Seguro merece uma consideração muito especial, eu acho que é um fenômeno nacional do Turismo. A cidade tem 75 mil habitantes e recebeu, no ano passado, 600 mil; o aeroporto recebeu quase 500 mil passageiros. Nós fizemos o aeroporto em 1993, eu fui voto vencido, àquela altura, numa reunião com o secretário de Transportes e de Planejamento e o secretário de Indústria e Comércio, que depois veio a ser o governador, que era o Paulo Souto, eu tomei três a um na reunião porque eu dizia para eles que o aeroporto tinha que ser feito já prevendo o Airbus e o 767. E eles não quiseram fazer em 1993. Não levamos dois anos para ampliar o aeroporto para receber o Airbus e o 767. Desde que fizemos essa reforma, no ano passado, nós temos dois vôos semanais da Argentina para Porto Seguro, e na estação de julho e a partir de outubro até março, nós temos tido seis a nove vôos, por semana, da Argentina. Nós temos hoje dois aeroportos; tivemos que provocar com isso a Polícia Federal, a Receita, que não existia por lá, e isso teve que ser provocado, hoje existe, e hoje temos dois aeroportos recebendo vôos internacionais. Temos o aeroporto de Ilhéus que é da Infraero. Temos o aeroporto de Lençóis, que nós também construímos todo com recursos do Estado, como foi o caso do de Porto Seguro, é bom ver que nós não temos recursos federais. Esse dinheiro todo vem de recursos do orçamento do Estado e empréstimos que o Estado tem feito com organizações bancárias: Banco Mundial, Banco Interamericano, bancos japoneses, com KFW da Alemanha e temos tido empréstimos do BNDES. Mas, dinheiro do governo federal, nós ainda estamos esperando. Vamos ter, porque nós já gastamos mais com o descobrimento, aliás, o descobrimento não é da Bahia, é do Brasil, nós estamos gastando 200 e tantos milhões e o governo federal tem que botar alguma coisa. Isso não é choro, porque no Sul o pessoal tem mania de achar que somos chorões, mas nós fazemos e mostramos. Nós temos um Estado organizado, que cumpre a Lei Camata, por isso é que o Estado 72

pode gastar, como gastou ano passado, US$ 1 bilhão de recursos, de investimento. Gastou, no ano retrasado, 700. Nos outros anos, 400. O governador da Bahia, Antônio Carlos, colocou o Estado no lugar certo, fez as reformas que os outros estão fazendo hoje, desde 1991; o Estado da Bahia paga 56% da sua receita líquida ao pessoal, quer dizer, não chega nem aos 60% que a Lei Camata prevê, eu acho que no Brasil só tem nós e mais um Estado ou dois, no máximo, que cumprem a lei. O Estado da Bahia paga com 15% dos seus ganhos os empréstimos, em termos de longo prazo. Não temos empréstimos de curto prazo. Não temos dívida imobiliária, dívida equacionada para 20, 30 anos. Gastamos 12% a 13% de custeio da máquina administrativa e sempre sobram 12%, 13% e 15% de recursos próprios para investir. Então, nós somos um Estado organizado, e por isso somos penalizados; quando vamos ao BNDES, quando vamos aos bancos federais, a primeira coisa que eles perguntam é: “O que vocês precisam aqui para se ajustar na Lei Camata?” Nós não precisamos, estamos ajustados. “Então, não tem linha de crédito para isso.” Por isso é que nós podemos recorrer ao Banco Mundial, ao Banco Interamericano, porque o Estado é organizado, paga, tem despesa e compromissos, nós não temos dívidas. Então, nós estamos investindo. Eu estou fazendo questão de dizer isso, porque a gente abrir a boca para dizer que nós temos um programa de turismo, claro que passa por tudo, porque turismo mexe com tudo. Agora mesmo ficou todo mundo: secretário de Transporte, de Administração, de Saneamento, então, nós conseguimos esse dinheiro para eles gastarem nas suas áreas específicas, dentro de um programa, que aí é que está a força da atividade Turismo. O governo entendeu, fez um programa infra-estrutural que é para o Estado cumprir. A Secretaria de Transportes tem que cumprir; Secretaria de Saneamento tem que cumprir, porque o governo acha que isso é prioridade e por aí vai chegar dinheiro. Com certeza vai chegar. Então, temos outros aeroportos. O aeroporto de Caravelas, que é um aeroporto que foi construído na guerra e em que também desce Boeing. Temos o aeroporto de Morro de São Paulo, eu falei, Morro de São Paulo/Valença. O aeroporto que nós estamos construindo para essa região que é a Costa do Dendê, que hoje é um ponto importante para nós, vai atender a Ilha de Itaparica; para vocês terem uma idéia, esse aeroporto fica a 97 quilômetros da porta do Clube Med. O Clube Med hoje, desembarca seus passageiros em Salvador, leva pelo menos 30 a 40 minutos para chegar ao ferry, mais uma hora de ferry, mais 15/20 minutos para chegar ao hotel; eles vão chegar em uma hora do aeroporto ao hotel. Claro que nós temos outros investimentos nessa área. 73

Aeroporto 2 de Julho, Aeroporto de Salvador. Esse é um caso interessante. Hoje eu vinha conversando com o Dr. Percy, presidente da Nordeste, sobre a Infraero. Esse é um aeroporto interessante, e é um aeroporto de propriedade da Infraero. Esse aeroporto que aí está hoje, 25% dele foram pagos pela Bahiatursa, quando eu era presidente, na minha segunda administração, e agora, o governo está fazendo, com a Infraero, uma ampliação desse aeroporto. Nós vamos fazer toda a pista, mudança de toda a área de administração, de cargas, de prestação de serviços, para poder ampliar o terminal. Vamos modernizar e ampliar o terminal. Nós vamos mais do que duplicar. O aeroporto vai sair da capacidade de atendimento de 1.500 milhão de passageiros para quatro milhões. O interessante é a gente ver que isso é uma grande proposição, que vai custar US$ 140 milhões, o aeroporto Infraero, também está incluído o sistema viário. Nós vamos fazer uma nova pista para chegar ao aeroporto de um determinado ponto, para facilitar e não ter problema de engarrafamento. A Infraero vai ganhar um novo aeroporto, ampliado sem botar dinheiro. Vamos ter alguma ajuda do governo federal. A Embratur assinou conosco e vai nos dar US$ 50 milhões. Os outros US$ 90 milhões nós vamos botar. Já estamos botando US$ 45 milhões de dinheiro e estamos tomando US$ 45 milhões no Banco Interamericano de Desenvolvimento. Então, o governo faz isso porque entende que esse negócio tem que ir para a frente. Estradas Estradas. Nós só vamos falar do sistema viário básico que o governo construiu para ligar as áreas de interesse turístico. É interessante a gente mostrar que praticamente toda a costa está ligada por uma via paralela à BR-101, que é uma estrada federal. Nós fizemos na costa todas as ligações, faltam dois ou três pontos, que são grandes travessias de risco em que nós estamos fazendo serviços de balsas ou pontes, para fechar os 1.100 quilômetros da costa interligados. É importante também a gente mostrar a ligação Vitória da Conquista-Itapetinga, BR101, a estrada que nós construímos para Porto Seguro, para facilitar o acesso de quem vem de Brasília e Goiás a Porto Seguro e mais lá no Oeste, entre Correntina até Goiás, cidade de Posse. Essa estrada fez diminuir em 300 quilômetros a distância entre Brasília e Porto Seguro, entre Goiânia e Porto Seguro. Resultado fantástico, porque a cada dia aumenta o turismo de automóvel nessa área do Sul da Bahia e que foi facilitado através desse conjunto de estradas construídas pelo governo. Então, essa preocupação é muito grande, nós temos mil e tantos quilômetros de estradas construídos, para atender a atividade. É interessante um fato: Caravelas tem um aeroporto, que foi construído na guerra e 74

nós construímos entre Caravelas, Prado, Alcobaça e mais para o Sul outras ligações, que facilitam a chegada das pessoas por avião. Ou seja: os aeroportos são um canal de distribuição do tráfego para nós. Isso faz parte dessa estratégia: como chegar mais rapidamente e com isso nós vamos alcançar o que nós imaginamos, é o nosso desiderato. Nosso Centro de Convenções sofreu uma grande reforma em 1973, quando foi feita a Reunião Ibero-americana. Nós já estamos agora desenvolvendo o projeto do segundo grande pavilhão. Já construímos um, temos mais dois para construir. Vamos construir um para o ano 2000, porque nós estamos querendo fazer o Congresso da Abav 2000 na Bahia e queremos ampliar ainda, aproveitar essa oportunidade, e ampliar, também, o sistema viário em torno do Centro de Convenções. O meio ambiente ambiente. Como eu já disse, a nossa crença é isso, hoje nós temos, praticamente 4% do território do Estado sob o controle ambiental, através de áreas de proteção ambiental e de parques. Ora, o Estado da Bahia é um pouco maior do que a Espanha e um pouquinho menor do que a França. Demos essa amostra, a primeira parte da estratégia, que é a criação das estruturas. Ou seja, melhorar e fazer crescer o produto. A estratégia de marketing está baseada em quatro mercados alvos prioritários: o Brasil, mercado interno, depois o mercado da América do Sul, do Cone Sul, depois o mercado da Europa e o mercado dos Estados Unidos. Não por último os Estados Unidos, mas porque aquele em que nós tínhamos a maior dificuldade de investir, não só por causa de recursos, o mercado americano é muito caro, mas também porque é um mercado em que nós tivemos menos sucesso até então na conquista de uma coisa importante que são os lucros. Vocês viram na infra-estrutura a nossa preparação de aeroportos. Nós só acreditamos no turismo porque o Turismo é no mundo o resultado da aviação. O Turismo no mundo cresceu no momento em que a aviação cresceu e chegou. Então a nossa estratégia vem em cima disso. Em 1997 nós trabalhamos 46 eventos nacionais. No mercado varejo e no mercado atacado. No mercado do varejo, nós fizemos o ano passado uma experiência que nos deu um resultado fantástico. Nós imaginamos que poderíamos alcançar muita gente traba75

lhando no varejão. Escolhemos 20 eventos de grande porte no Brasil; eventos esses cujas publicidades diziam que iam receber 7,5 milhões de pessoas, com a capacidade de arrendar, que eram feiras. Nós nunca tínhamos feito isso, nunca tínhamos visto ninguém fazer. Já tínhamos participado de feira da Abav, mas nós resolvemos participar de feira que não tinha a ver com o turismo. Fomos participar da UD, da Feira de Esportes, de Comércio, de Informática, tentando atingir o público que vai para essas feiras, de repente encontra um stand da Bahia, com baiana, com fitinha do Bonfim, com acarajé, e com operadores vendendo pacote de turismo. Nós tivemos um resultado muito bom com isso. Então na Feira de Informática a Bahiatursa estava lá, com alguns operadores; nós procuramos todos, mas poucos são os que se interessam, e esses conseguem vender os seus pacotes dentro da própria feira, não só fazer publicidade do seu negócio, da Bahia, até vender lá, na própria feira de Utilidades Domésticas vendendo pacote de turismo. Foi uma estratégia usada ano passado; nós passamos um ano estudando, o ano passado começamos e está dando muito certo. Usamos esses atributos com reforço a essa política de vendas: Festival de Gastronomia, de Música, Folclore e Artes Plásticas. Nós introduzimos muito nas nossas coisas a parte cultural, e agora que a secretaria é uma só, Cultura e Turismo, tem nos facilitado muito esse trabalho. Nós participamos de 26 eventos no Brasil, onde nós tentamos atingir 16 mil empresários de atividade turística: operadores e agentes de viagem nesses estados, que mais ou menos coincidem com o das grandes feiras, porque é onde pode-se buscar pessoal com maior poder aquisitivo. A Bahiatursa tem uma tradição de fazer eventos próprios, com parceiros, normalmente companhias aéreas. No mercado internacional nós temos uma participação muito ativa, sendo que esses eventos são quase que exclusivamente ligados à própria área de turismo. Sempre participamos de todas as feiras de que o Brasil participa; participamos de tantas outras feiras em que o Brasil não participa e criamos os nossos eventos, junto com companhias aéreas, nossos workshops. Inclusive nós evoluímos ultimamente, de 1995 para cá, para uma coisa diferente: nós compramos sempre um stand nessas feiras internacionais, ao lado ou em frente ao stand do Brasil, para aumentar o espaço brasileiro, assim como a gente tem uma cara própria da Bahia, porque nós somos um produto conhecido como Bahia e nós não podemos perder isso. Então nós ficamos sempre junto ao Brasil, em frente ao Brasil. E nós temos defendido isso – eu sou 76

muito franco no que digo – com a Embratur, com o trade brasileiro, de que nós devíamos definir os stands brasileiros com quatro ou cinco caras; não adianta a gente imaginar que vai ter 26 estados, 26 caras no stand. Se a gente pegar o Brasil Express nós vamos ver o que vende e definir essas caras para o stand brasileiro. A cara da Bahia, a cara do Rio de Janeiro, a cara da Amazônia, a cara do Pantanal, Foz do Iguaçu, Recife, Santa Catarina, Rio Grande, que esses são os pontos nacionais mais requisitados, mas até hoje isso não pôde ser composto, existem, claro, problemas, porque a autoridade federal tem que ver todos, é a mãe de todos, é o pai de todos, ou pelo menos, o parceiro de todos, que é o mais bonito, que é o mais correto. Então, para não penalizar as coisas, resolvemos fazer uma política ao lado. Então, compramos o nosso, ao lado, aumentamos o lado brasileiro, mas mostramos a nossa cara, o nosso stand, onde fixamos a nossa imagem, com a nossa baiana característica etc. Na parte de recursos humanos nós temos duas vertentes do trabalho. Uma própria nossa, do governo, e uma da iniciativa privada que é importantíssima hoje para a Bahia. Hoje nós temos um batalhão da Polícia Turística. Nós temos a Delegacia de Proteção ao Turista. Para isso a gente teve um trabalho muito grande, específico para esse pessoal, um trabalho permanente, gastamos muito dinheiro com isso, mas tem que ser feito, porque só batendo é que as coisas vão melhorar. Temos formação de mão-de-obra, trabalhamos também no interior, nessas áreas todas definidas naquela nova geografia. Nós temos um apoio muito grande da Secretaria do Trabalho. São muitos recursos e graças a Deus eles não são nossos, são do Fundo do Trabalhador, do FAT. A Secretaria do Trabalho investe nisso conosco. Investimos também dinheiro em ações de suporte técnico. Isso é uma coisa que gosto de mostrar, porque a Bahiatursa sempre teve uma posição, ela nunca foi omissa em nada e a Bahiatursa, quando fala, não fala porque acha que é, a gente pode até errar, e erra também, nós somos humanos, somos iguais a todo mundo, não somos diferentes de ninguém, mas procuramos ter uma base científica. Então nós investimos muito em indicadores econômicos, indicadores estatísticos, em pesquisas. E não é fazer uma vez por ano, ou uma vez a cada dois anos, nós fazemos quase que mensalmente as pesquisas, para a gente ter séries históricas que possam, cientificamente, nos dar uma informação mais próxima da realidade. Trabalhamos muito em cima daquilo que a gente acredita que é o receptivo especial. 77

É uma forma de atendimento a pessoas de uma importância adicional do ponto de vista da promoção, que vai desde imprensa especializada a determinados tipos de operadores, agências, companhias aéreas, autoridades, nós somos muito usados para essa área também. A Bahiatursa faz também um pouco de relações públicas do governo. Nós temos uma produção jornalística muito interessante. Estamos sempre abastecendo os órgãos de imprensa. Nós fazemos 164 matérias/mês para distribuição nacional. O empresariado que está na Bahia, que está indo para a Bahia, tem dado uma resposta muito interessante à ação do governo, porque não adiantava a gente fazer, porque nós não vamos chegar ao fim da linha, o fim da linha não é nosso, o fim da linha é empresarial, assim entende o governo baiano, que faz parte da Frente Liberal. Nós temos hoje já em investimentos executados, em execução e em projetos nestas áreas que nós apresentamos anteriormente, que nós estamos infra-estruturando, US$ 1,6 bilhão de investimentos privados. É interessante a gente ver que essa relação, 1991 a 2002: nos primeiros anos nós fizemos projetos, começamos a executar, os empresários ficaram esperando para ver se era verdade, no momento em que eles começaram a sentir que isso era para valer, os projetos começaram a aparecer, de melhoria, de ampliação, de novos negócios, só que o nosso projeto, o nosso grande plano foi de 12 anos, esse plano já está, como foi mostrado logo no começo, nós já estamos executando mais, em torno já de 1.300 bilhão, entre executado e executando, faltando, até 2002, setecentos e poucos milhões de dólares. Então, nós já estamos na curva descendente desse plano, enquanto que a iniciativa privada tem tudo para continuar na curva crescente, e a gente vai infra-estruturando os locais, nós vamos abrindo espaço para que a iniciativa privada possa atuar. Então, nós temos informações, na nossa carteira de projetos nós temos um setor específico de captação e investimentos na secretaria, que dá orientação empresarial, de estudos e nós temos hoje, já registrados, projetos que chegarão a 4,5 bilhões até o ano de 2012. O nosso trabalho vai diminuindo e o dos empresários vai crescendo. Isso nos dá uma relação hoje muito interessante de 2,1 dólar privado por cada dólar investido pelo governo. Eu estou trazendo uma informação adicional muito interessante também. Nós acompanhamos, semanalmente, a mídia turística nacional. E a mídia turística nacional, não podia ser diferente, se a gente trabalha a partir do grande mercado emissor, que é São Paulo, Rio, Minas, Paraná e Rio Grande do Sul, principalmente São Paulo e Rio, 78

São Paulo interior e capital, o interior de São Paulo é fortíssimo, 70% dessa mídia hoje em jornais, mídia que eu estou falando aí não é nossa, é do governo, mídia privada, de operadores e agentes, é jogada hoje em cima do Nordeste. Nós estamos trabalhando, pelo que foi apresentado até agora, com 14 produtos. Hoje a Bahia tem, se a gente se der ao trabalho de pegar os quatro jornais brasileiros: O Globo, Jornal do Brasil, a Folha e o Estadão, pegar as informações e as propagandas de venda de turismo, nós vamos achar, seguramente, o que a Bahia tem que são os 14 produtos na prateleira dos operadores brasileiros: Itaparica, Salvador, Praia do Forte, Comandatuba, Ilhéus, Porto Seguro, Arraial d’Ajuda, Cabrália, Trancoso, Prado, Abrolhos, Lençóis. Nós temos 14 produtos hoje, por isso nós estamos trabalhando; nós estamos fortalecendo isso porque queremos crescer e crescer com o Estado todo; a gente tem possibilidade disso, de ser o grande pólo de turismo nacional. O que nós queremos ser? O ponto de referência dos brasileiros passarem as suas férias e poder ir à Bahia várias vezes, passar muitos mais dias, porque nós temos produtos a oferecer. Então, Pernambuco tem cinco produtos normais nas prateleiras: Olinda, Recife, Cabo Santo Agostinho, Porto de Galinhas etc. São Paulo tem cinco produtos: Campos do Jordão etc. Alagoas, normalmente, três; Santa Catarina – três, Ceará – dois; Rio Grande do Norte – dois e o Rio de Janeiro, todo brasileiro vem, mas não vem preocupado com apresentação de venda do turismo; nós vamos para o Rio porque o Rio é uma manifestação, e nós participamos, todo mundo gosta de participar de manifestação, então nós vamos para o Rio, nós estamos no meio da manifestação. O Rio é uma manifestação que todo brasileiro tem. Mas, uma coisa interessante: o Rio começou a anunciar também o seu litoral: Búzios. Você via as publicações do Turismo e você não via as praias, a região dos Lagos, ninguém vendia e é uma coisa importante, porque na medida em que a gente cresça os produtos, que a nossa estratégia é essa – é de crescer a apresentação dos produtos, para que eles possam ser vendidos em maior quantidade. Isso tem nos dado 29% da mídia do Nordeste. Porto Seguro tem variado entre 9,8 para 10,2 da mídia nacional do turismo. Eu costumo dizer, e gosto de afirmar isso, Porto Seguro é o maior produto turístico do Brasil, porque em Porto Seguro ninguém vai fazer turismo de visitar parente e amigo, turismo de negócio, turismo de congresso, só se vai lá para fazer lazer, recreação, 600 mil pessoas assim, não tem outro tipo; qualquer outro ponto turístico brasileiro tem o turismo de congresso, tem o turismo de visitar parente, tem o turismo de negócio, lá não tem, só tem turismo de lazer, só vai para lá o pessoal para fazer recreação, lazer, distrair, turismo mesmo. Então, como disse antes, o aeroporto de Porto Seguro, no 79

ano passado, teve quase 500 mil passageiros. Nós já estamos preocupados porque nós não temos mais como expandir o aeroporto; com mais 10 anos a gente vai ter que construir, em um outro lugar, o aeroporto de Porto Seguro. A Soletur anuncia página inteira nos domingos nos jornais, e Porto Seguro está logo na “cabeça de chave”. A Soletur hoje é proprietária de quatro hotéis em Porto Seguro, sendo que dos quatro, um deles é hoje o melhor hotel de Porto Seguro. Ela se dedicou ao Sul da Bahia muito mesmo; é uma empresa carioca que, com muito orgulho para nós, é grande parceira nossa. Inclusive o Hotel do Prado ela comprou da Bahiatursa, porque a Bahiatursa, no passado, eu mencionei isso na palestra eu fiz aqui em 1982, quando o governo não acreditava nos produtos da Bahia e não tinha, em muitos locais, empresários dispostos a investir, nós chegamos a construir 11 hotéis, já quase todos vendidos hoje, um deles foi o do Prado. O outro na região de Lençóis, com aeroporto e tal. O Estado sentia a necessidade de fazer esse investimento e hoje foi se desfazendo e está quase tudo na mão da iniciativa privada. Nós hoje trabalhamos no mercado nacional com 1.170 agências e operadores. Quando falo isso aí, são aqueles que têm folhetos que falam da Bahia, que vendem Bahia e no mercado internacional com 312, que têm os seus folhetos, nos seus catálogos de venda está a Bahia. Um outro detalhe também importante para nós. O governo da Bahia sentiu que o seu ponto fraco era, ainda, a parte de capital humano e hoje conta o início do Instituto de Hospitalidade, que é uma coisa que para nós tem uma importância acentuadíssima. O grupo Odebrecht, que é baiano, estudou durante muito tempo o que devia fazer para a Bahia do ponto de vista mais afirmativo, mais profundo, e chegou à conclusão de que era criar um instituto. Deram esse nome, Instituto da Hospitalidade, que é responsável pela formação de mão-de-obra, inclusive, tem hotel-escola, a certificação ocupacional, eles já estão autorizados pelo ministério para dar qualificação de pessoas e de serviços; eles fizeram contratos que já estão sendo operacionalizados para fazer processos e produtos educacionais, ou seja, material didático para turismo, junto com a Universidade de Cornell dos Estados Unidos; fecharam contrato com a Escola de Hotelaria de Lyon, na Suíça, e estão iniciando a montagem na Bahia; trabalhando com os modificadores de qualidade e criando um espaço cultural no Centro Histórico de Salvador. A Fundação Odebrecht criou esse instituto e já conseguiu trazer, como seu principal parceiro, a Fundação Banco do Brasil. Eles estão em pé de igualdade; conseguiram uma participação com recursos a fundo perdido do Banco Interamericano de Desenvolvimento, porque nesses nossos processos todos de turismo, 80

de infra-estrutura, para vocês terem uma idéia, o Banco Interamericano, diretamente a nós, financiou US$ 130 milhões e financiou de corredores rodoviários e alguns outros processos, ou seja, o BID nos emprestou quatrocentos e poucos milhões de dólares, então ele se convenceu de que era importante mandar dinheiro na área de recursos humanos, já que estão botando dinheiro para a infra-estrutura turística. E isso eles estão fazendo junto com a Fundação Odebrecht e com a Fundação Banco do Brasil; os três juntos é que estão financiando, custeando e vamos manter esse Instituto de Hospitalidade, que era uma grande preocupação do governo a gente não ter uma escola de hotelaria, a gente não ter um processamento, é muito pobre no Brasil ainda hoje material didático sobre turismo, e isso está começando com esse contrato com a universidade americana. Eu gosto sempre de chamar a atenção porque nós temos hoje uma convicção muito forte de que nós estamos conseguindo fazer um cerco absoluto daquilo que é importante para que essa atividade seja crescente, permanentemente forte, porque ela está sendo feita do ponto de vista profissional. O nosso Centro de Convenções, quando foi construído, muita gente dizia que ia ser um “elefante branco”. Agora já vamos partir para o segundo pavilhão e tem mais um terceiro para construir no futuro. No próprio Centro já estamos remanejando áreas para aumentar o número de salas. Estamos trabalhando, fortemente, numa coisa que é muito importante, que é o segmento de cruzeiros marítimos. Nós podemos dizer que nos dois últimos anos o porto de Salvador foi aquele que mais recebeu navios no País. Nós estamos recebendo muitos navios já em Ilhéus. A gente faz uma política, aí eu digo pragmática, com esse pessoal. Em Porto Seguro a gente tem a vantagem dos portugueses toparem parar lá, é o navio Funchal, e nós estamos trabalhando agora em Morro de São Paulo. Fizemos uma experiência, deu certo, e no próximo verão nós vamos investir forte, também, em Morro de São Paulo. Já estamos começando na baía de Camambu. Nós vamos discutir já com esse pessoal que participa do Sea Trade nos Estados Unidos, esse pessoal de navio que participa dessas feiras e seminários. Baía de Camambu é a terceira maior baía do País; a maior baía é a de Todos os Santos, a segunda é de São Luís do Maranhão e a terceira maior é a baía de Camambu, na Bahia. Nós estamos já trabalhando com esse pessoal, é uma área que nós deixamos por último, não foi falado em nenhum momento, nós achamos que é uma coisa muito importante para o futuro. Mas, em termos de navio o pessoal do Funchal descobriu e eles passaram por lá, já foram de 81

lancha e, por incrível que pareça, existe lá um antigo porto, uma empresa americana, por causa de minérios, construiu lá um porto, está lá e ninguém usa. Nós não quisemos que ninguém visse ainda. Vamos esconder um pouco mais essa área para a gente planejar melhor a área da baía de Camambu. Mas, seguramente daqui a dois anos, a gente não vai poder segurar nada disso e isso vai começar a acontecer também. Isso é um fato importante porque são quatro pontos do Estado em que navios param, é dinheiro que vai ficando, compras que vão sendo feitas etc. Nós temos trabalhado muito também nesse programa das regatas internacionais. É um público que não é grande mas é um público consumidor forte; os barcos chegam lá e passam dois meses, muda a tripulação, o cara vem de avião, outros voltam, eles gastam, consertam barco, e depois são pessoas que têm influência, falam bem do lugar. Então é um negócio meio elitizado, mas, ao mesmo tempo, eles têm capacidade de expandir a informação. Nós gostamos de mostrar que, em 1991, quando voltamos para o governo, nós só tínhamos três vôos internacionais por semana saindo de Salvador. Hoje nós temos 23 vôos semanais, nós somos o terceiro aeroporto do País, não em número de vôos internacionais porque Porto Alegre está na nossa frente, é São Paulo, Rio, Porto Alegre e nós, em número de vôos, nós estamos empatados com Santa Catarina, mas nós somos o terceiro no País e bem distante do quarto e do quinto em número de cidades estrangeiras ligadas, de países ligados. Porto Alegre tem quatro países de ligação, mas tem mais vôos do que nós. Nós hoje estamos ligados a 12 países e a 18 cidades. Isso é importantíssimo para nós naquele problema do mercado. Qualquer dia a gente pode ir para a Europa por algum país com que a gente tem ligação. Montevidéu, Buenos Aires, nos Estados Unidos nós temos Miami e Orlando e, a partir de agora, dia 21, nós temos Nova Iorque e Toronto, no Canadá. Esse vôo de Nova Iorque foi uma luta. Nós estamos há cinco anos lutando por esse vôo porque, como eu disse no começo, quando falamos de marketing, o mercado americano é muito grande e muito caro, então nós incluímos um nicho de mercado, Trigueiros me ajudou muito já naquela época, que era o mercado dos afro-americanos. Nós temos 75% de mulatos e pretos em Salvador. Então nós começamos a investir nos afro-americanos da região em torno de Nova Iorque, Atlanta, Chicago, e esse mercado vem crescendo anualmente, e nós estávamos lutando para ter um vôo de Nova Iorque para Salvador, e seguramente agora vai explodir. Nós estamos trabalhando há cinco anos, 82

crescentemente, sem ter o vôo, conseguimos o vôo, dia 21, com uma tarifa excelente, US$ 660, preço de público, ida e volta; estamos trabalhando com as igrejas Batistas, com Centro de Negócios e já em centenas de igrejas; conseguimos fazer isso através de uma igreja de Nova Iorque, aquela igreja onde o Nelson Motta tem amigos, por eles nós entramos ali, com Mister Feldman, fizemos um vídeo da Bahia, apresentado pelo Pastor, ele que apresenta a Bahia como um bom lugar, nós temos participado nos últimos três anos de seus congressos nacionais, então a gente consegue conversar com quatro mil e tantas igrejas; estamos trabalhando com Mister Feldman, que fez uma agência de viagens, e o bureau de vendas nessas igrejas vem se ampliando; nós estamos muito esperançosos, a partir de agora, de conseguir multiplicar muito a vinda dos nossos companheiros do mercado afro-americano. Temos participado, anualmente, de uma feira de produtos e de coisas negras em Nova Iorque, chama-se “Kuanza”, no Lincoln Center, onde estamos juntos com ele, nós temos a nossa cor e a nossa cultura e eles estão interessadíssimos sempre em ver onde as pessoas de cor conseguiram participar, fortemente e bem, no processo civilizatório. Chegamos em 1997 a quase três milhões de visitantes na Bahia, foi um crescimento para nós muito grande, se a gente lembrar que nós tivemos quatro anos de dificuldades absolutas na Bahia, de 1987 a 1991, os malfadados governos, contra nós, colocaram o Turismo para baixo, tivemos que recomeçar e hoje temos computados já 206 mil estrangeiros; eu estou fazendo essa ressalva de computados porque a gente não tem como controlar, pelos nossos cálculos de pesquisa secundária, já estamos em torno de 350 mil estrangeiros, mas a gente não tem como calcular os estrangeiros em uma série de áreas, por exemplo, o extremo Sul da Bahia, região do Morro de São Paulo, por quê? Por mais que a gente crescesse em número de vôos, a maioria do nosso negócio estrangeiro é via Rio de Janeiro. E Rio para nós é uma coisa importantíssima, sempre foi e continua sendo um pólo importantíssimo, não só de emissores brasileiros, mas é o nosso maior parceiro, porque a maior entrada dos estrangeiros, para nós, continua sendo via Rio de Janeiro. Então, nós não temos como computar, a partir de determinado momento, a entrada na Bahia dos estrangeiros, por isso eu disse que nós temos ali, computados na ponta do lápis 206 mil, mas nós achamos, por pesquisas secundárias, mas aí nós não usamos essas informações porque não temos, cientificamente, uma prova do que estamos dizendo, logo preferimos não botar no papel, que já estamos em torno de 350 mil estrangeiros. Isso vai crescer muito, principalmente nesses dois últimos anos em que nós demos um salto muito grande do ponto de vista dos vôos. E a nossa malha, a cada dia, com relação a Rio e São Paulo, melhora. Para vocês terem idéia, hoje depois da cidade de São Paulo, onde a Vasp tem 83

mais vôos é em Salvador. E nós crescemos muito, nós temos uma malha da Varig fantástica para Rio/São Paulo com vôos non-stop. Isso facilita muito para nós e nós agora vamos começar uma política, discuti hoje numa reunião com a diretoria da Bahiatursa sobre o aumento de vôos nacionais, vamos começar a ver os internos, principalmente para toda essa malha de aeroportos que nós estamos criando. Vai ter o vôo direto Brasília/Porto Seguro. Nós estamos aqui com o presidente da Nordeste, já conversamos com ele há algum tempo atrás, vamos esperar, um dia desses chega o Bahia Express, a nossa Nordeste seguramente vai fazer isso. A gente vai usar toda essa malha. E se a gente imaginar que tem no mercado argentino uma grande possibilidade disso, que é o mercado estrangeiro mais difícil da gente computar, porque ele vem de carro, vem de ônibus, vem de avião, via Rio, via São Paulo e vai entrando pelo interior e a gente não tem capacidade de contá-los. Mas a gente vai crescer muito agora com a Pluna, que é do grupo Varig, nós vamos ter a possibilidade forte de ter esse casamento Santiago/Buenos Aires/Montevidéu/Salvador, porque nós já temos o vôo para Salvador, uma vez por semana, e eles vão passar para três. E seguramente isso vai acabar juntando com as possibilidades que a Nordeste vai nos oferecer crescentemente, que é uma empresa baiana, com muito orgulho nosso. Do ponto de vista do turismo interno, São Paulo é o maior emissor, Rio de Janeiro, Sergipe ao lado, Pernambuco excelente emissor, as pessoas, historicamente, não se preocupavam em trabalhar Pernambuco, Pernambuco é um excelente emissor. Nós também estamos trabalhando muito para que os baianos façam as suas férias na própria Bahia. Se nós achamos que é o melhor lugar do mundo, tem que ficar lá. Um dado importante também são as receitas, os ganhos da atividade do turismo, que é a receita global e nós temos um dado também do impacto dessa receita no PIB da Bahia, que é de US$ 1,600 bilhão. Isso representa hoje, imaginamos nós, em torno de 4% do PIB do Estado. Atividade cultural na Bahia, hoje, já representa um pouco mais do que o turismo, no impacto do PIB do Estado. Bom, nosso cenário futuro. Nós vamos trabalhar com hipóteses: fraca – 4% de crescimento, para chegar a quatro milhões de visitantes em 2005 e uma hipótese média para 4.700 milhões em 2005. Nós não queremos trabalhar com hipóteses fortes. Nós acreditamos na hipótese forte, que será mais de 8% ao ano. Por quê? Não é difícil da gente entender se a gente fizer algumas considerações: primeiro, estamos aumentando o espaço turístico com os produtos; estamos aumentando a nossa capacidade de ligações aéreas; o brasileiro passa a ter uma nova política de férias com barateamento 84

das passagens, então acreditamos que essas coisas juntas vão fazer com que a gente possa crescer na hipótese forte, que não está aí, mas seguramente a gente pode chegar a mais de cinco milhões de visitantes no ano 2005. Isso é o que eu queria mostrar como a nossa estratégia nesse plano de 1991 para o ano 2002. Muito obrigado.

Junho de 1998

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O Ceará Caminhando para o Novo Século Anya Ribeiro Secretária de Estado do Turismo do Ceará

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ara nós é uma honra estar aqui na Confederação Nacional do Comércio, no Estado do Rio de Janeiro, no Conselho do Turismo, com um público de tão alto nível, formador de opinião, que para nós é, dentro da metodologia e do processo de trabalho que temos procurado desenvolver, uma instância de monitoramento do nosso trabalho. Quero dizer aos senhores e senhoras que são importantíssimas as avaliações, as críticas, as observações, porque esse é o nosso processo de construção; é fazendo, refazendo, reavaliando, monitorando e definindo novas metas, novas estratégias, a partir da experiência dos senhores, que é riquíssima, e que nós viemos aqui muito mais para aprender do que ensinar. Essa é uma possibilidade que nós temos de aprender, ouvindo os senhores e as observações que forem feitas, a partir do que nós vamos apresentar. Com o retroprojetor, e as transparências que usarei pretendo que os senhores possam entender essa nova política do Turismo. A idéia de colocar o “Ceará caminhando para o novo século” é porque toda essa ação tem uma visão prospectiva até o ano 2020. Todo esse projeto, toda essa política tem uma visão de ações de curto, médio e longo prazos. Ao falarmos aqui da questão dos portões de entrada do Brasil para o Turismo, é muito importante termos em mente a questão de uma visão prospectiva e uma visão de século XXI. O Ceará, hoje, trabalha dentro desse conceito que é conceito de clusters econômico. O que é um cluster econômico? É a capacidade de uma região, estado, país, ou bloco econômico, por exemplo, o Mercosul, de posicionar e manter seus produtos ou serviços competitivos nos mercados nacionais e internacionais estratégicos. Então, é isso que nós, dentro dessa visão, também trabalhamos; é de formatar, constituir produtos turísticos com capacidade de competir em mercados estratégicos definido por uma estratégia de turismo. A visão prospectiva do Plano de Desenvolvimento do Ceará, e estou falando aí Ceará como um Estado, essa região que procura tornar-se uma região competitiva dentro do 87

Nordeste, dentro do Brasil, competindo com outras regiões do mundo, tem cinco vetores para o desenvolvimento sustentável do Estado. Quando a gente fala em desenvolvimento sustentável parece uma palavra meio gasta, mas é o desenvolvimento econômico e social, visando gerações futuras, essa prospecção do ano 2020. Por isso esses vetores são: a conservação da natureza, a capacitação da população, o desenvolvimento da economia, a aplicação da ciência, da tecnologia e da inovação, e o reordenamento do espaço físico. Tradicionalmente e historicamente, o Turismo é trabalhado nas regiões de sol e praia, no litoral dos estados do Nordeste. Os senhores vão ver como nós estamos trabalhando esse reordenamento do espaço físico dentro da política de turismo. O Turismo no plano do desenvolvimento sustentável do Ceará se caracteriza por ser uma atividade econômica estruturadora para o Estado. Até cerca de 10 anos atrás, a indústria e a agricultura eram as atividades estruturadoras do Estado. O Turismo hoje exerce uma função, por decisão do Governador Tasso Jereissati, desde o seu primeiro governo, em 1986, prioritária dos investimentos econômicos do Estado. É uma atividade impactante do espaço físico, porque todos os investimentos feitos para o Turismo são investimentos que beneficiam diretamente a população, mas ao mesmo tempo, o maior impacto no espaço físico é pelo fato de que o turismo não existe sozinho, a indústria do turismo, para resultar em fatos, em ações, em projetos, agrega uma série de outras indústrias, uma série de outros conceitos, que estão em outras políticas: na política de recursos hídricos, na política de desenvolvimento industrial, na política cultural. Então, a política de turismo é um aglutinador. Ela exerce um papel aglutinador de todas as políticas. E entendida dessa forma, vai-se trabalhando para garantir o desenvolvimento sustentável. Aí a gente fala de ordenamento urbano, ambiental, recursos hídricos, administrativos, funcional. É uma atividade de grande efeito multiplicador na economia, o que justifica a alocação de recursos. No Estado do Ceará, em 1995, quando começamos, fizemos um estudo que, a partir da matriz insumo/produto das atividades econômicas do Estado, ficamos conhecendo quais eram os setores-chave da economia do Estado que mais eram impactados pelo Turismo e que, portanto, mais internalizariam recursos de gastos da indústria do turismo. Esse conhecimento é fundamental para que você, no desenvolvimento da cadeia produtiva do Turismo, tenha os resultados e os efeitos da internalização desse recurso. É uma atividade determinante do bem-estar social, na medida em que, se bem pro88

gramada, proporciona lazer e recreação para a sociedade, valoriza bens culturais da população e das diversas regiões do Estado. A nossa meta é um desafio. É colocar o Ceará no mapa do mundo como destino turístico. É situar o Estado, e não somente sua capital, que é portão de entrada nacional e internacional, nesse mapa do mundo turístico. E, agora, vamos falar um pouco dessa experiência que temos feito. Informo que a Secretaria do Turismo tem papel e competência definidos em lei. Foi criada em junho de 1995, portanto, fizemos três anos. Anteriormente, o órgão gestor do turismo no Estado do Ceará estava no nível de terceira instância, não permitindo o desenvolvimento da indústria nesse papel prioritário que lhe foi dado. Foi necessário o governo criar um agente institucional público, com a capacidade de estrutura e de suporte que pudesse planejar, coordenar, executar, promover, informar, integrar as atividades pertinentes ao turismo, fomentar o seu desenvolvimento através de investimentos locais, nacionais, estrangeiros, bem como realizar a capacitação e a qualificação dos segmentos envolvidos, implantando a política do governo para o setor. Este trabalho que estamos mostrando é resultado de três anos de luta em um projeto planejado, trabalhado em uma estrutura adequada, montada na secretaria com um modelo novo, de estrutura horizontal, sem departamentos, divisões, unidades, setores e seções. Somos 14 gerências de projeto com equipes próprias para desenvolverem os objetivos de cada projeto. Aproveitando técnicos e pessoas em diferentes situações. O nosso papel nessa política de aglutinar os setores, não só os setores públicos, as secretarias ao nível do Estado que estão interligadas através das diversas políticas que integram a política do Turismo. A integração a nível público é com o setor federal, no caso a Embratur, o Instituto Brasileiro do Turismo e também a integração com a base local, que é a responsável pelo desenvolvimento das regiões turísticas, que são os municípios. Mas nada resulta integrar setores públicos se não tivermos, absolutamente integrados com o setor privado, que é quem operacionaliza o Turismo. Nós planejamos, fomentamos, criamos os instrumentos, os regulamentos, as normas, mas a operacionalização é toda feita pelo setor privado. Então, nesse papel de formatar o produto turístico, de integrar cada setor da cadeia produtiva na ação de qualificar, informar cada setor, de promover, de fomentar mercados, fluxos, investimentos, numa ação de marketing estratégico, para consolidar o Ceará como destino turístico, o fazemos numa ação de parceiros, envolvendo companhias aéreas, Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, agentes de viagens, equipamentos de entretenimento e 89

lazer, pequenos e médios hotéis, imprensa, comunicação e setor do turismo, locadoras de automóveis, enfim, todas as associações que trabalham no setor. Isso, lhes digo, é fundamental. Os nossos resultados passam por essas parcerias, tanto a nível dos investimentos e dos planejamentos que fazemos, como a nível do monitoramento dos resultados e do seqüenciamento. Apresentado esse panorama, aqui uma síntese do que nós vamos falar, detalhando um pouco mais a política do Turismo, os programas estratégicos, as metas já alcançadas de 1995 a 1998, as metas programadas para 2002 e os desafios para o ano 2010, 2020. Como lhes falei, o Estado tem um plano de governo nessa visão de cluster econômico. E a política do Turismo também tem uma visão de cluster econômico. Precisamos entender e situar que a nossa base de apoio, de infra-estrutura, superestrutura, atrativos turísticos, recursos humanos, fomento a negócios, as parcerias, tudo faz a base econômica para desenvolver o produto turístico. O desenvolvimento dessa base econômica vai sendo acionado pelos três setores de atividades econômicas: setor primário, secundário e terciário, encadeando efeitos para frente e para trás, que colocam no mercado os produtos, os chamados produtos turísticos, através dos promotores que vendem esses produtos, que são as organizações turísticas, as operadoras, agentes e transportadoras, de forma a que esses produtos tenham uma capacidade de competitividade para, nos mercados, serem os produtos desejados, almejados e vendidos. Com isso estou querendo mostrar o panorama no qual trabalhamos. É conciliando e aglutinando os secretários da Agricultura, de Cultura, da Infra-estrutura e o de Política de Recursos Hídricos, de tal forma que todos projetos estejam criando o espaço turístico que essas ações de governo deixem de ser setoriais e pontuais e passem a ser geradoras de resultados integrados e, conseqüente, dentro desse conceito de cluster econômico. Dentro daquelas cinco vertentes existem cinco princípios básicos do turismo no plano de governo. No mapa do Estado do Ceará mostro para os senhores a localização da cidade de Fortaleza e o litoral, que são 573 quilômetros de praia; do lado Oeste o nosso limite com Piauí, que é a Serra da Ibiapaba, ao Sul com Pernambuco, que é a Chapada do Araripe e a Chapada do Apodi com Rio Grande do Norte e a Paraíba está aqui embaixo. A intenção de mostrar esse mapa do Ceará é porque nós trabalhamos para resultados por todo espaço do Ceará naquele princípio de reordenamento do espaço, o desenvolvimento econômico reordenando o espaço, para gerar desenvolvimento social e econômico com base sustentável. 90

O princípio do reordenamento do espaço, a descentralização e a participação, como já me referi, a sustentabilidade, o desenvolvimento social, científico, tecnológico, e sempre a visão de longo prazo. Mostrando para os senhores que essa preocupação da integração da atividade do turismo com as outras atividades econômicas está sempre presente. Está presente na medida em que aquela indicação, que foi o primeiro estudo que nós fizemos, para procurar impactar a economia do Estado cada vez mais através do Turismo, identificado que hospedagem, alimentação, têxtil, vestuário, calçados, produção de bens e serviços para empresas são setores-chave da plataforma de atividades econômicas do Estado impactadas pela indústria do Turismo, então localizamos dentro das diversas regiões de litoral, serras e sertões, onde estão localizadas essas atividades, para que possamos repassar para os outros setores de atividade governamental, como conduzir atividades que venham a agregar a nossa atividade da indústria e turismo resultados mais concretos e mais imediatos. Nossa missão é, como disse, tornar o Ceará um destino turístico consolidado. Com essa base de turismo com conservação de natureza, turismo como aglutinador e gerador de negócios econômicos no desenvolvimento social, turismo com preservação de uma imagem própria e memorável, isso é externamente importante, nós não procuramos copiar modelos – e aí falo como arquiteta – de projetos de arquiteturas, de imagens, de espaços, de ninguém; estamos buscando, na nossa paisagem, seja ela cortada transversalmente, aquilo que está acima do solo que é visto como paisagem, aquilo que está abaixo do solo que tem a riqueza do solo, da terra local, as próprias especificidades para constituirmos a imagem turística do Ceará, para que o diferencial seja a partir da sua própria imagem, sem copiar modelos, seja na área do desenvolvimento de regiões, do desenvolvimento de roteiros turísticos, do desenvolvimento de equipamentos turísticos, de hotéis, até mesmo contactando com investidores internacionais, procuramos colocar no uso do material da construção, no uso da arquitetura, da linguagem da arquitetura, do urbanismo, a própria paisagem da referência de cada uma dessas regiões, geoambientais, seja a região do litoral, seja a região do sertão, seja a região da serra. O marco referencial é o produto Ceará turístico considerado nos aspectos de natureza ambiental, histórico, sociocultural, da hospitalidade, da segurança, da infra-estrutura turística de apoio, a implantação de uma infra-estrutura básica, e aí me refiro a saneamento, água, esgoto, comunicação, energia, toda infra-estrutura necessária para desenvolver a indústria e infra-estrutura turística, os equipamentos de entretenimento, da hospitalidade e da alimentação e serviços. A qualificação, a gestão em parceria, a captação de negócios e investimentos turísticos. 91

Uma linha de marketing estratégico com ações estruturantes é a diretriz do nosso caminho. Essa diretriz parte por essa especificidade que é: onde estamos e quem somos hoje. O Ceará é talvez de todos os Estados do Nordeste, o que tem a maior relação com a região amazônica, e isso é importante para um produto turístico, cujo todo fluxo vem do hemisfério norte, portanto, vem da Europa e da América, então não vem daqui debaixo, passa por cima do Ceará. Historicamente nós estamos assistindo, ainda no século XX, que esse fluxo turístico, que vem de transporte aéreo ou marítimo, sempre passou por cima do Nordeste para adentrar aqui no Sul, via Sudeste, Rio e São Paulo, e retornar para o Nordeste. Quer queiramos ou não, temos que nos preparar para a inversão que vai acontecer nesse fluxo no século XXI. Os novos portões de entrada internacional, construídos no Nordeste do Brasil, a decisão dos seus governantes, governadores do Nordeste, em infraestruturar o Nordeste, priorizando para o turismo, tem indicado, claramente, que as companhias aéreas, os operadores de turismo, procuram o Nordeste para adentrar o Brasil do Mercosul, do Cone Sul, também pelo Nordeste. Uso muito forte a palavra “também”, porque o Centro-Sudeste-Sul, evidentemente, continuará no seu desenvolvimento, mas nossa região se apresenta como uma nova entrada. Há 10 anos, eu tive uma reunião com 12 operadoras dos Estados Unidos, ainda no primeiro mandato do Governador Tasso, e procuramos os governadores do Nordeste para que eles trabalhassem os portões de entrada do Nordeste. Isso é um dos fatores que deram um certo entusiasmo para essas decisões. Afora essa questão de localização e as condições dessa extensão de praia, temos 300 dias de sol por ano, mas temos problemas históricos com estiagem, que todo mundo sabe, mas estamos também trabalhando para resolver essa questão hídrica, com quatro grandes programas de construção de açudes, barramentos, interligação de bacias hídricas, com investimento de mais de um bilhão, trabalhando para que no século XXI essa questão hídrica também esteja resolvida no Estado. O desenvolvimento do produto e do marketing turístico está baseado em três linhas de ação. Uma ação territorial, uma ação institucional e uma ação de fomento. Essa ação territorial é onde fazemos todo o planejamento; do ordenamento territorial, da questão ambiental, da definição das infra-estruturas básicas e de apoio, das superestruturas, dos equipamentos âncoras, das legislações e dos regulamentos necessários para o desenvolvimento do território de uma forma conservada e com visão de longo prazo. 92

A ação institucional para a formatação do produto Ceará turístico passa por ações de gestão, promoção, informação, capacitação. A ação de fomento envolve toda a comercialização de produtos, fluxos e mercados desenvolvendo o pequeno, o médio e o grande investimento. Isso é só o panorama das três áreas do território sobre o qual trabalhamos. A criação de âncoras para o Turismo, para formatar roteiros turísticos e aí está todo o Ceará com uma diversidade de segmentação de turismo, desde o sol, a praia, até rural, recomposição, religioso, cruzeiro, científico, negócios, cultural, esportivo, turismo de eventos e de lazer, percorrendo todo o Estado, essas diversas regiões, e todos os investimentos que hoje são feitos, não só os investimentos diretos dos recursos turísticos, mas os investimentos em estradas, por exemplo, há uma tendência muito comum que uma Secretaria de Obras vai trabalhar estradas e faz o plano rodoviário do Estado. E nós tentamos maximizar todos os investimentos, seja do plano rodoviário, que tem o objetivo de ligar dois pontos, duas cidades, dois distritos, maximizar esses investimentos, para que eles também venham a beneficiar a estruturação do turismo no Estado. Dos 184 municípios do Estado do Ceará, temos hoje reconhecidos pela Embratur, com o selo turístico já entregue, 71 municípios turísticos em seis macrorregiões turísticas. Tem região, por exemplo, que pega uma parte de litoral e uma área que é a Serra da Ibiapaba. Isso é proposital. É a integração da região litorânea com a região serrana, a serra com o sertão, com o objetivo de aumentar a estadia do turista no destino, e com objetivo de oferecer um produto turístico mais rico pela diversidade de componentes do produto ofertado. Além do sol e praia, além da natureza e da cultura que está na praia, no litoral tem a produção artesanal, as olarias, as casas de farinha, a artesã, a renda de birro, o labirinto; na serra, a produção artesanal é virada para os cipós, para os trançados, para a fruticultura, então você complementa e enriquece o produto integrando através de quê? Às vezes é uma via que precisa de 50 quilômetros, que precisa estabelecer essa ligação e essa estruturação é feita. Então, esse conceito de integração de regiões, é trabalhado para que se possa desenvolver os roteiros turísticos temáticos baseados em romarias, cultura, arquitetura, ecoturismo, negócios e esportes. São roteiros que serão promovidos ao longo do Estado. A nossa situação hoje de ligação com o mercado internacional: Vasp, Varig, Transbrasil e TAP voam Europa e Estados Unidos, alguns, no máximo, dois vôos semanais, outros apenas um vôo semanal; a oferta de ligação com a Região Nordeste tem esse patamar, evidentemente que a Região Sudeste e Nordeste ocupam a primeira posição, é com 93

quem temos mais interligações aéreas, e também é de quem recebemos o maior fluxo turístico. Essas interligações permitem a inserção de produtos turísticos regionais, então, ultrapassamos o Estado do Ceará para constituir produtos mais fortes, mais fortalecidos, interligando desde o Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, com quem estamos mais diretamente interligados, dentro daquela segmentação, e aí pode ser esporte, pode ser ecoturismo, pode ser eventos, são produtos turísticos que vão se complementando. Dentro do conceito de ecoturismo especificamente, estamos desenvolvendo um grande programa com seis pólos de ecoturismo no Estado. Esse programa tem Fortaleza como portão de entrada mas para distribuir, passando por São Raimundo Nonato e Delta, de Piauí; até Lençóis Maranhenses, e para o lado do Rio Grande do Norte; indo para Lajedo, Soledade e Sousa, na Paraíba, onde podemos constituir, dessa forma, um produto mais forte. São programas estratégicos que estão funcionando e alavancando. Esses programas dizem respeito à implantação da infra-estrutura, a gestão em parceria, a capacitação e qualificação, a informação para o turismo, a promoção e fomento a mercados e fluxos, e a fomento a negócios. Então trabalhamos, ao mesmo tempo, com essas 14 gerências de atividades, uma equipe de 50 técnicos, a secretaria toda tem 100 funcionários, o peso da área de apoio administrativo ainda é grande, não conseguimos reduzir isso, imagino que o ideal era ter 30 apoios administrativos para 50 técnicos, mas há uma cultura do técnico de pedir as coisas, em vez de levantar e tirar uma xerox, ele pede a alguém para tirar uma xerox; em vez de levantar e fazer a ligação que precisa, não, ele pede a alguém para fazer a ligação, e com isso a gente aumenta essa massa que vai demorando, o processo fica mais lento. Tem uma meta que é tentar diminuir isso. Agora o segundo ponto, falando de resultados: a inauguração do aeroporto em fevereiro. A construção desse aeroporto é um projeto que vem desde o primeiro governo Tasso Jereissati, e sabíamos que ele iria alavancar, enormemente, o Turismo no Estado, porquanto o terminal de passageiros anterior era um gargalo enorme para o desenvolvimento do turismo e dos negócios no Estado e a inauguração gerou um fato de crescimento, de entrada via aeroporto, pós-fevereiro – março, abril, maio, junho – com crescimento de 35% mês a mês. Esse mês de julho a Varig teve uma entrada via aeroporto internacional de Fortaleza, 60% a mais do que julho de 1997. E todas as companhias aéreas também. Estradas Estradas. Outro componente importantíssimo de infra-estrutura para quem quer des94

centralizar, interiorizar. Então o Estado tem criado essas infra-estruturas e as macroinfra-estruturas para que possamos fazer essa descentralização para as outras regiões. Qualidade de vida da população população. Não é só saúde e educação, passa por saneamento. O desenvolvimento sustentável passa por saneamento. Antes de levarmos as estradas, temos que primeiro levar esgoto, água e coleta de lixo, porque senão a estrada traz o público e o público vem e degrada, impacta negativamente a região, e aí não tem mais retorno. Então, o componente estrada busca e procura sempre vir associado de água e esgoto. Meio ambiente ambiente. O projeto, por onde vão passando as estradas, vai se obrigando a recuperar áreas ambientais, seja de praia, a construir e urbanizar lagoas, a criar as unidades de conservação, as estações ecológicas, regulamentando, para que a questão sustentável, a palavrinha sustentável não fique no papel, seja realmente, de fato, praticada. Turismo de eventos eventos. Estamos ampliando o Centro de Convenções de Fortaleza em cerca de 30% da área, com um diferencial que é climatizar. Estamos climatizando todo o Centro de Convenções. Todos os pavilhões têm ar-condicionado, porque é necessário, é fundamental. Para nós mesmos, nordestinos, eu sou nordestina. Quando vamos a eventos em outros Estados do Nordeste, faz pena ver os estrangeiros, esses então morrem de calor, o pessoal do Sul também, então o diferencial é climatizar. Isso é uma primeira etapa. Tem também construção de um grande parque de exposições e congressos. O governador acabou de inaugurar um Centro Cultural e Turístico, que é uma estrutura de apoio ao programa da indústria cinematográfica, indústria audiovisual do Estado do Ceará. Nós temos hoje, além do Instituto Dragão do Mar, que é um instituto de formação, uma lei que se chama Lei Jereissatti, que é uma lei de incentivo, onde do setor privado são repassados recursos de ICMS para o setor cultural, dos impostos estaduais para o setor cultural, para viabilizar projetos na área de cinema, de teatro, de grupos, enfim, existe o instrumento financeiro, o instrumento da formação, o instrumento da infra-estrutura, que é esse equipamento, para que se progrida com esse projeto. Coloquei aqui a questão do pólo, porque esse programa do roteiro do ecoturismo é um programa muito importante para estados como os estados do Nordeste, aí volto a questão das nossas especificidades, o homem sertanejo, em períodos de estiagem, agride o meio ambiente com a foice, tira a mata, corta o mato, para simplesmente ter lenha e isso é uma agressão ao meio ambiente, que vai secando e fazendo um semi-árido do Nordeste, que cada vez está maior. Então o ecoturismo e o turismo rural no Nordeste 95

passam a ser opções viáveis para postos de trabalho, geração de emprego para essa população que hoje agride o meio ambiente por uma questão de sobrevivência. Outros programas importantes: a estação de passageiros no Porto do Mucuripe. O Estado hoje constrói um novo porto, que é um porto offshore, moderno, distante dois quilômetros da linha de costa, e distante 30 quilômetros a Oeste da cidade de Fortaleza, e esse porto Mucuripe é um porto dentro da cidade de Fortaleza, que vai ter toda a sua área de tancagem repassada para o novo porto, com isso transferindo 60% das atividades do porto atual. Então, estamos fazendo todo um estudo em cima da área do porto, para inserir novos negócios e atividades de comércio e serviços, aí esse projeto de turismo para essa região. Na área de parcerias, vou colocar só um exemplo que é fundamental. É o que se conseguiu fazer nesses três anos. Vocês vêem já aí uma disseminação no litoral, naquelas áreas de serras, aqui a parte do Sul do Estado é a área mais importante, de força econômica, o centro, aquela área verde, e a outra área da serra. Então já se vê como nós estamos tendo apoio de estruturas de turismo, assessorias de turismo, secretarias de turismo, órgãos de turismo, que estão aumentando a nossa equipe de trabalho, criando mais pessoas, projetando, pensando, tendo idéias, exercendo atividades, usando os seus recursos humanos, os seus recursos financeiros e aí a parceria vai se constituindo. Com isso nós temos conseguido criar um início de uma nova cultura do desenvolvimento do turismo, descentralizando da ação estadual, da Secretaria do Turismo, mas fazendo junto. Há três anos, quando comecei, antes de assumir, em julho de 1995, realizei 25 seminários em municípios no Estado do Ceará. Em todos esses seminários, os prefeitos só faziam pedir. Eles chegavam: “Eu preciso de estrada. Eu não posso desenvolver turismo se não tiver estrada. Eu preciso que faça um terminal turístico...” tudo era: “preciso, preciso, preciso”. Hoje nós temos a maior satisfação de receber todos esses prefeitos, de 70 municípios turísticos, e nenhum deles vem pedir nada, todos eles vêm apresentar projetos, idéias e convocar para fazer junto, para ser parceiro. Então isso é uma mudança que é muito importante nesse projeto. Área da capacitação capacitação. É um programa permanente. Objetivando diferentes públicos, desde a capacitação, da iniciação escolar, aí nós estamos fazendo com os municípios e com apoio da Embratur dentro desses 70 municípios turísticos, colocando a questão da conscientização do turismo, da importância do turismo naquela região, desde aquele menino pequenininho, na cabeça dele. Depois tem uma área de capacitação para linhas de frente, aquilo que eu chamo de “a brigada”, já dentro da indústria do Turismo. 96

Uma outra formação para o setor institucional público e a última para gestores da indústria do turismo. Nós fizemos, também, qualificar os nossos gestores da indústria do turismo, do setor privado, no sentido de que se atualizem para o mercado e as tendências do mercado futuro. Então, esse programa que estou mostrando aqui, que é um caminhão, que é um projeto, é outra parceria, é uma unidade móvel, é um braço da Secretaria do Turismo que percorre o ano inteiro o Estado, ao mesmo tempo é um elemento de promoção, porque ele é esse outdoor ambulante, são oito metros, ele circula o Estado todo fazendo promoção e colocando os parceiros, aqui tem a Embratur, o Banco do Nordeste, o Sebrae e a Mudança Confiança, que é uma empresa cearense de mudança, que nos cedeu esse baú, e esse baú nós construímos, dividimos em duas salas de aula, e trabalhamos três programas: capacitação, gestão e formação. É a base para fazer pesquisas, os programas de capacitação, e a gente vai circulando, resolvendo questões de municípios que, às vezes, não tinham nem locais adequados para chegarmos e cada vez era um problema encontrar um local para dar aula. Na área de informação também é importante ver como está descentralizando a ação da informação; essa área é onde nós fazemos todas as nossas pesquisas e os resultados desses números que os senhores têm visto em relação a Fortaleza, é o trabalho dessa gerência que faz. O movimento do Aeroporto Pinto Martins entre 1994 e 1997 teve uma média anual de crescimento de 8% a 10%. A interiorização da demanda turística cresceu de 43% para 57%, ou seja, pessoas que chegavam e ficavam entre Fortaleza e os dois municípios mais próximos, para quem conhece o Estado, de um lado, é onde está a Praia do Cumbuco, que é mais conhecida, do outro lado, é onde está a Praia do Porto das Dunas, do Beach Park, todo mundo concentrava nessa área. Então, agora já começou a sair. O fluxo turístico do Mercosul cresceu 254% em dois anos. Os mercados emissores do Ceará também cresceram; hoje, os principais são: Itália, Estados Unidos, Argentina, Portugal, Espanha e Alemanha. Um dado importantíssimo, que mostra o crescimento da indústria e não o crescimento de fluxo, é o crescimento dos meios de hospedagem, serviços de alimentação, serviços de transporte, casas de diversão e serviços auxiliares, variando de 22% a 29%. A taxa de ocupação da rede hoteleira está aumentando. A demanda turística passou de 1994 para 1997 com crescimento de 35%, equivalente a 10% ao ano. A receita cresceu, aumentando o impacto no Produto Interno Bruto do Estado de cerca de três para 4,9%. 97

Vou passar rapidamente, aqui tem o impacto da demanda turística via Fortaleza, o movimento no aeroporto Pinto Martins, o gráfico desse movimento, que vinha numa tendência histórica e, de repente, subiu de uma vez. A receita direta e indireta passou de 650 milhões para 909 milhões, em dois anos, evidentemente criando um impacto no Estado. Os principais emissores que hoje temos no mercado nacional são Nordeste e Sudeste. No Sul, a partir deste ano, nós começamos a fazer um trabalho mais agressivo à medida que a nova política tarifária aérea permitiu, com a redução dos preços, então no primeiro semestre nós já fizemos duas ações na Região Sul e já temos resultados positivos acusados agora em julho. O mercado internacional, um grafismo. Esse resultado foi colocado em outubro do ano passado. A Veja pesquisou e publicou em junho, antecedendo as férias de julho, uma matéria sobre essa preferência de destino dentro do Brasil. Agora, 1998, a variação positiva na demanda turística de 1997 a 1998, em julho, nesse mês que nós fechamos, 18% dentro da demanda hoteleira 22%, isso é muito importante a gente conhecer a demanda turística o que cresceu e a demanda hoteleira, porque se nós estamos conseguindo subir a demanda hoteleira, tem mais gente ficando em hotel e saindo das residências dos amigos, dos parentes e isso é importante, e o que nós cada vez mais queremos: é que o investimento da hotelaria, que é quem sustenta o ano inteiro e que tem custos, que ela tenha a maior ocupação. A taxa de ocupação, crescimento de 9%, a receita turística cresceu 66%, julho desse ano em relação a julho de 1997, a renda gerada também, o impacto sobre o PIB cresceu 20% e o movimento no aeroporto cresceu 32%. Aqui é um cenário de 1998 que nós estimamos fechar. Esse cenário de 1998 significa um crescimento estimado para 1998 de 36% em relação a 1997. Em 1997 tivemos um crescimento de 25% em relação a 1996. E o de 1998, com certeza, nós vamos fechar, porque como viram na entrada do aeroporto já deu 32% e de janeiro a junho nós já fechamos com crescimento de 32%. Então a meta de crescimento de 36%, considerando que agosto a dezembro sempre foi um semestre melhor do que o primeiro, nós temos quase a absoluta certeza de que, em continuando essa política agressiva de marketing, de promoção, nós chegaremos lá. Na área da promoção, nós temos feito muitas ações que permeiam todos os targets do setor, desde o público consumidor, o agente de viagem, a operadora, o investidor e os 98

instrumentos e meios para essa promoção variam desde a mídia impressa, a mídia eletrônica, a mídia especializada, a mídia alternativa, como o apoio que, em parceria, estamos fazendo agora com uma novela que está sendo rodada no Ceará, que já está sendo anunciada, “Meu bem querer”; essa novela é toda produzida no Estado do Ceará. Isso é uma mídia alternativa que entendemos que faz parte da nossa estratégia, e o fazemos em parceria com os hoteleiros. São seis mil room-nights que os hoteleiros estão dando; oito mil cafés da manhã que o setor privado está dando; a Varig é parceira com desconto de 60% nas passagens e setores de pequeno apoio, prefeituras, pequenas empresas, desde arranjar jangada, arranjar carro de boi, seja o que for que a estrutura da Rede Globo requer e solicita, os parceiros estão alocando. Trabalho junto com operadoras de turismo nacionais e internacionais, com companhias aéreas. A força de mídia de pessoas específicas ou de pessoas que têm mídia específica como é o caso da Xuxa, que escolhe o Ceará para fazer suas férias, e sai em todas as revistas e jornais. Isso é uma mídia alternativa que para nós tem dado resultado e funcionado muito bem, sem haver investimento, mas aí eu estou dando um exemplo, se quiserem dizer sorte ou coincidência, a palavra que seja. Na área de promoção, ainda falando dessa promoção agressiva. Os eventos são, a nível de promoção local, também a promoção na área dos esportes, é um segmento que temos conseguido uma alavancagem muito resultante pelas condicionantes do Estado do Ceará, de 300 dias de sol, porque não chove, porque temos 573 quilômetros de praia, então, na verdade, não precisamos de Centro de Convenções com ar-condicionado e iluminação artificial, temos um grande litoral e as serras em que se podem fazer os eventos. E dentro dessa compreensão é que estamos realizando nesse segundo semestre oito eventos internacionais na área de esporte: campeonato internacional de vôo livre, que não sai de Fortaleza, sai do sertão central, eles saltam de uma pedra no sertão central e vão para outra serra; uma etapa do campeonato internacional de windsurf; campeonato internacional de surf; etapa internacional de vôlei de praia; etapa internacional de futebol de areia e mais rally internacional, passagem de barco. Então, essa condição que já foi uma condição inóspita na história do Ceará, nós estamos tentando, através do turismo, dela fazer uma condição de desenvolvimento econômico: a estiagem, o excesso de sol. Ações como todos os senhores têm visto, dentro do Brasil inteiro. Fizemos nesses três anos um total de 106 mil atendimentos isso é contabilizado realmente, porque nós 99

usamos um brinde que é um chapéu de palha, tanto como os que chegam para o Ceará como nas feiras a que nós vamos, nacionais/internacionais, então, no mínimo, nós contabilizamos pelo chapéu que é entregue e que isso é feito com licitação, é feito apropriado, feira a feira, 44 eventos e 52 mil profissionais atendidos, esse atendimento é controlado através do material que nós fazemos imprimir para os agentes de viagens e os operadores, e a cada projeto de investimento de cada evento, isso no final é contabilizado, até mesmo para que possamos estar sempre repondo o material e tendo o material base de estoque, para quando somos solicitados, termos para atender, para apoiar os eventos; existe um público que é de captação de eventos, que foge até da alçada da Secretaria do Turismo, mas que são todas as associações médicas, científicas, tecnológicas, que levam eventos para o Estado. O mercado internacional, a promoção é muito forte, tendo em vista que o conhecimento do Ceará no mercado internacional era insignificante, eu diria, hoje já temos alguns mercados com alguns resultados. Na área do fomento aos negócios, eu só estou aqui querendo mostrar que também os negócios estão saindo da área de Fortaleza e fazemos esse negócio através de eventos e de incentivos a investimentos, com instrumentos de incentivos, instrumentos físicos, financeiros e tributários. Os investimentos físicos, o Estado apóia com a questão da infra-estrutura de acesso, de energia, de comunicação. O investimento tributário: na isenção dos impostos municipais e estaduais, com benefício. Os incentivos financeiros, em algumas isenções também de aporte, de investimentos, não que o Estado entre com recursos diretos, mas são estudados, caso a caso, o valor do investimento e qual o incentivo que podemos dar para atrair esse investidor. As metas programadas para o ano 2002 2002. A linha de planejamento estratégico dos programas exige toda uma programação, eu vou me deter mais na questão das metas, dos indicadores de turismo, para atingirmos uma demanda turística de dois milhões, com impacto da receita do Estado para 7,9, hoje nós temos 4,9, então em dois anos, essa é uma meta que é um desafio; e a criação de equipamentos, unidades de habitação, ampliar em 8.900 leitos para 20 mil, para poder essa infra-estrutura que está sendo trabalhada ir também sendo alavancada. Existe um cenário que é muito interessante: a nossa hotelaria hoje está concentrada na cidade de Fortaleza, praticamente nós não temos resorts nem hotéis de praia, e estamos fazendo um trabalho de atração desses hotéis de praia. Ao mesmo tempo, 100

48% da nossa demanda é voltada para o turismo e lazer e 25% para negócio. Então vejam: se eu crio hotéis nas praias e 48% é lazer, esse fluxo irá todo para a praia e deixará o hotel do centro da cidade vazio. Então estamos trabalhando a recomposição desse fluxo através do segmento de eventos. Então, nesse segmento de eventos, seja de congressos técnicos, ou eventos esportivos, ou feiras e exposições de qualquer natureza, voltando e dotando a hotelaria de Fortaleza para esse mercado e criando a hotelaria mais adequada para o lazer porque essa não está em Fortaleza. Eu estou passando muito rapidamente, porque já me alonguei bastante no tempo, só mostrar os desafios para o ano 2010, 2020, que é ter o Turismo com a geração de emprego e desenvolvimento da economia; o Turismo sustentável como marco da dimensão do progresso social do Estado; a excelência da qualidade do serviço turístico; a excelência na qualidade da informação para o Turismo; os gestores da indústria comprometidos com o desenvolvimento e o Ceará inserido no mapa do mundo. Para finalizar, eu quero afirmar que nada disso seria possível, não fosse o esforço da equipe dos técnicos da Secretaria do Turismo e o apoio da parceria com os empresários do turismo, ABIH, Beach Park, Convention Bureau, Abrasel, Embratur, Sebrae, Banco do Nordeste e as companhias aéreas: Vasp, Transbrasil, destacando a Varig. A estes os nossos agradecimentos e a vocês obrigada pela paciência e atenção com que nos escutaram. Muito obrigada.

Agosto de 1998

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O Pará e seu Potencial Turístico Adenauer Góes Presidente da Companhia Paraense de Turismo – Paratur

I

nicialmente, meu presidente, eu gostaria de agradecer. Agradecer em nome do Governo do Estado do Pará, agradecer em nome do nosso Governador Almir Gabriel, a oportunidade que o Pará e o turismo paraense estão tendo de poder vir falar um pouco sobre o nosso Estado, mas, com toda certeza, também usufruir deste conhecimento que, seguramente, todos vocês são possuidores, e que nós, lá no Estado, precisamos, para realmente tocarmos este projeto turístico, e termos, na realidade, o Estado do Pará inserido no turismo brasileiro, e quiçá, no turismo internacional. Fazendo breve introdução: o Governador Almir Gabriel em seu primeiro Governo – pois, ele foi reeleito agora no último pleito –, em janeiro de 1995, definiu três vertentes, as quais o Estado assumiu e vem trabalhando, no sentido de poder ter o seu desenvolvimento, de olho, principalmente, na questão da geração de trabalho, conseqüentemente de emprego e de melhoria de qualidade de vida do povo paraense. Estas três vertentes são: a primeira, a agroindústria. Nós temos, na realidade, o segundo Estado Brasileiro em dimensões geográficas, são 1.250.000 quilômetros quadrados , e, logicamente, não poderíamos deixar de ter em vista a questão da agroindústria. A segunda vertente, é a da verticalização mineral. Ao longo do tempo, todos nós sabemos que o Estado do Pará vem sendo, cultural e historicamente, um Estado extrativista. Tivemos, na realidade, a época da borracha, no início deste século, da qual temos ainda demonstrações do fausto desse período, chamado belle époque, inclusive com o Teatro da Paz e vários casarios que lá foram construídos. Depois tivemos a época do ouro, principalmente do garimpo manual, do extrativismo da madeira, onde ainda nos encontramos, e, novamente, no extrativismo mineral, mas já desta vez sendo realizado do ponto de vista mecanizado, principalmente através dos grandes projetos capitaneados pela Vale do Rio Doce, Albrás, Alunorte, Mineração Rio do Norte, por aí assim. E o Governo está no firme propósito de que esse minério, ao ser retirado de lá, também possa ter a sua produção verticalizada no próprio Estado, para que se possa agregar, aí também, a questão a que me referi ainda há pouco, da geração de trabalho, de emprego e de renda para a nossa gente. 103

A terceira vertente é a do Turismo. Dentro destes três aspectos a que acabei de me referir, seguramente creio que concordaremos que, aquele que lida com os sonhos, aquele que lida com a felicidade, aquele que, poderíamos dizer, seria a tarefa mais fácil de ser cumprida, aquele que precisaria, na realidade, do menor quantitativo de investimento financeiro, aquele que, seguramente, seria capaz de dar um retorno mais rápido, através desta questão do trabalho, do emprego e da renda, é, sem dúvida nenhuma, o turismo, que tem como fulcro maior, aqui, na Confederação Nacional do Comércio, este Conselho, que no momento tenho o privilégio de visitar. Então o turismo e, particularmente, o ecoturismo que é um dos segmentos que mais cresce no mundo, ganhando cada vez mais a nível mundial essa conotação talvez até movido por dificuldades, como o estresse, insegurança e por toda uma gama de situações que todos nós, que moramos nos grandes centros somos forçados a passar, fazendo com que o meio ambiente ganhe, na realidade, uma perspectiva toda especial como fator de diminuição dessa insegurança, desse estresse. Este é o principal capital que o Estado do Pará tem, a natureza. Aí reside, na realidade nosso grande potencial, pois é a atividade que necessita de um investimento menor, já que o seu maior investimento já está feito através da natureza, que temos de sobra, e que cabe ao Pará saber usufruir. E aí eu poderia avançar mais, no sentido de que levantamentos recentes de instituições idôneas, como é o caso da Organização dos Estados Americanos (OEA), mostram, de forma inequívoca, que o Estado do Pará, dentro da Amazônia brasileira, dita legal, constituída de nove estados, é detentor de, praticamente, 50% de todos os atrativos dessa região. São 1.084 atrativos catalogados, e eu disse, atrativos, potencial, catalogados pela OEA, colocando, na realidade, o Pará numa situação privilegiada, tanto do ponto de vista de ser possuidor deste manancial, como do ponto de vista da sua situação geográfica, como ponto mais próximo da Europa. Do ponto de vista geográfico mas também histórico-cultural, porque foi por lá, na realidade, que em 1616, com a fundação de Belém, através de Francisco Caldeira Castelo Branco, que tudo começou. Dando ao Pará a dimensão continental do Brasil. Agora, passamos a fornecer indicações sobre alguns números do Pará, a fim de que possamos entrar melhor nesse tema do turismo, até porque ele significa, na realidade, negócio, comércio que se traduzem em números. Hoje somos 5.650 milhões de habitantes no Pará, com uma população urbana de 53,51% e rural de 46,49%. Gostaria de deixar claro que quando me refiro à urbana me refiro aos grandes centros, às cidades propriamente ditas. Quer dizer, nós temos hoje a população de Belém com 1,35 milhão de habitantes e temos a grande Belém, como a sua área metropolitana, com algo em torno de um milhão e oitocentos mil habitantes. 104

O que nos leva a levantar esses dados populacionais? É que nós temos hoje uma população melhor distribuída. Algo em torno de 25% dessa população residindo em Belém, e os restantes 75% distribuídos ao longo do Estado, o que nos possibilitou na realidade, trabalhar algumas estratégias de pólos, como vamos ver em seguida. Temos um PIB de 12.863 bilhões, em reais. Agricultura, pecuária, responsável por 20,86% deste PIB. A indústria com 41,14%, baseada, principalmente na questão da extração mineral e dos grandes projetos a que me referi ainda há pouco. Serviços com 37,97%, e um PIB per capita de 2.276 mil. População economicamente ativa de 21,4%. O Estado do Pará é detentor de 2,241% do poder de compra das famílias brasileiras, o que representa, por ano, 15.344 bilhões. Lá nós não temos uma Secretaria de Turismo, temos uma empresa de economia mista, que é a Paratur, que como instituição é a responsável pelo Turismo, é nosso órgão oficial de turismo, criado em 1971. Tendo como principal missão promover o Estado, tornando-o um destino turístico consolidado no mercado nacional e internacional. Tenho absoluta certeza que, se não a unanimidade, a grande maioria deste Conselho concordará que a questão da divulgação e da promoção é fator fundamental para que se possa ter o turismo acontecendo na prática; e muito provavelmente alguns dos senhores até poderiam dizer que ao longo do tempo, e até de um tempo mais recente, muito provavelmente não têm visto o Pará participando com assiduidade maior na mídia nacional e, conseqüentemente, até na mídia internacional. E eu lhes diria que isso é verdade. Nós tivemos, na realidade, nos últimos quatro anos, duas fases muito bem definidas e que eu gostaria de expor aqui aos senhores. A primeira destas fases, no período de 1995 e de 1996, quando o Governo Almir Gabriel teve preocupação muito grande no sentido do equilíbrio do Estado como um todo. Havia dificuldades orçamentárias muito grandes. Só para os senhores terem uma noção disso: o Pará, em janeiro de 1995, tinha comprometido 92% da sua arrecadação com folha de pessoal; de custeio eram 11%, aí nós já tínhamos 103% e de pagamento de dívidas, de situações de compromisso anteriores, em torno de 30%. Então era um Estado completamente ingovernável, porque de cada cem reais que arrecadava, já na “boca do cofre”, tinha 133 comprometidos com o pagamento: o que fazia com que tivesse, quando o governador assumiu, três meses de salários atrasados, e fosse considerado dentro do País como um Estado inadimplente, e que não honrava os seus compromissos. Porque, na realidade, não tinha como honrá-los, pois arrecadava menos do que precisava para pagar. 105

Então nós tivemos, em um período de dois anos, que fechar o “ralo”. Era meta, diminuir-se despesas. Foi necessário, além de demitir pessoal, sacrifícios do ponto de vista político para que se pudesse alcançar esse equilíbrio. A partir de 1997, o Estado passou a ter condição de poder respirar, e, respirando, fazer parcerias com vários segmentos: com o Governo Federal; com a iniciativa privada e com os organismos internacionais, como é o caso do BID e do BIRD. E a segunda palavra de ordem, o segundo momento então surgiu no Estado do Pará, o momento da infra-estrutura. Foram investimentos maciços. O Governo foi reeleito. Nós, então, estamos tendo condições, agora, de ter uma seqüência administrativa, situação que o Estado nunca havia tido oportunidade de experimentar antes, e desta forma, estamos tendo continuidade de planejamento e de organização, e uma terceira ordem que se chama produtividade. Nas primeiras etapas, dos últimos quatro anos, não cabia à Paratur a operacionalização do turismo, porque na realidade nós estávamos com muitos problemas para ter um produto efetivamente preparado e pronto para ser colocado e consumido no mercado, cumpriu etapas e, agora, começa, vejam bem, começa a caminhar utilizando infraestrutura implantada. Inclusive, há 10 dias atrás, tivemos o nosso aeroporto internacional inaugurado, que era antigo sonho da nossa capital, de Belém do Pará, que é, sem dúvida, um portão importante e necessário para o turismo. Foi inaugurado às vésperas do Círio de Nazaré. É por isso que agora começamos a trabalhar no sentido da divulgação e da promoção do Pará. Recentemente tivemos oportunidade de divulgar matérias, em cadernos especializados, não sei se alguns dos senhores leram, mas tivemos publicações no Brasil Turis, na Ícaro, na Veja, no Caderno de Turismo do O Globo e várias outras matérias que foram saindo, e que nós pretendemos se tornem cada vez mais freqüentes, para que nós possamos, gradativamente, na medida em que as possibilidades permitam, com seriedade, trabalhar a operacionalização do nosso turismo. O planejamento que está sendo feito contempla, na realidade, várias interfaces do turismo, com órgãos e entidades federais. Estamos trabalhando isso muito bem com o Ministério do Turismo, com a Embratur, e há, aproximadamente, 45 dias, tive a oportunidade, de aqui mesmo, na Confederação Nacional do Comércio, estar em uma reunião, com o Ministro do Trabalho, com o Ministro do Turismo e com o Presidente da Embratur, tratando de assuntos relativos à questão do Turismo, com órgãos e entidades estaduais e municipais, da qual saímos com uma grande esperança em relação 106

ao turismo paraense, através do programa nacional chamado PNMT (Programa Nacional de Municipalização do Turismo). Dos 143 municípios do Pará, temos 53 municípios que já fizeram adesão a esse programa, que consta de várias etapas mediante oficinas, e que mostra a sensibilização pela importância do Turismo para o Município, que é na realidade onde tudo ocorre, e esse Município precisa dizer que assume a sua responsabilidade em relação ao Turismo, porque daí vem a questão de limpeza urbana, dos Conselhos Municipais de Turismo, da questão do Fundo Municipal do Turismo, e nós depositamos nessa relação com os municípios, que hoje são 53, volto a referir, um crédito muito grande, no sentido de fazer o turismo acontecer. Os Conselhos Municipais, juntamente com as comunidades, são fundamentais, por exemplo, nessa questão da limpeza, que serve para nós entendermos a importância dessa parceria, desse comprometimento da comunidade para com a questão do Turismo. Nós podemos ter a prefeitura que tivermos, o melhor prefeito que tivermos, comprometido com a questão da limpeza urbana, investindo na limpeza urbana, se nós não tivermos, uma comunidade, uma sociedade consciente de que precisa dar uma parcela de colaboração, muitas vezes poderia até se dizer, não limpando a cidade, mas evitando sujar a cidade. Nós podemos ter o prefeito melhor que tivermos, que nós sempre sujaremos muito mais do que qualquer um tenha condição de limpar. Essa é a verdade. O lixo é produto do homem. E nós precisamos aprender a administrá-lo, a controlálo, bem mais do que já fizemos até agora. As organizações não-governamentais também são importantes. Os agentes institucionais privados, nacionais. O turismo faz interface com praticamente todas as atividades. O Governo entende que ainda tem uma administração extremamente lenta, paquidérmica, poderíamos dizer assim, que dá respostas com uma falta de agilidade impressionante. Entendendo isso, meus conselheiros, o Governo está fazendo no Pará uma reforma administrativa. Em síntese o que é essa reforma administrativa? Havia no Estado, aproximadamente, 70 instituições, entre secretarias, entidades de economia mista, autarquias, fundações etc. O Governo do Estado criou sete secretarias apenas, ditas Secretarias Especiais e colocou nessas secretarias as instituições que têm afinidades, com finalidades semelhantes. Como a palavra de ordem no Pará, hoje, chama-se produtividade, foi criada a Secretaria Especial de Produção, assim como foram criadas outras Secretarias Especiais, a de Proteção, de Promoção e de Defesa Social e outras. A Secretaria Especial de 107

Produção acomodou aqueles órgãos que têm a ver com setor produtivo. Ou porque financiam ou legalizam, ou porque têm a ver, diretamente, com a produção. Então, nós estamos locados na Secretaria Especial de Produção, que tem, como já disse, a principal finalidade de encontrar o caminho, todos conversando, para se entenderem, falando a mesma língua, inclusive para evitar que um puxe para um lado, outro puxe para o outro, e com a finalidade de potencializar os recursos também. É assim que o Estado está pensando hoje essa questão da administração estadual, fazendo a reforma a que estou me referindo. O Turismo no plano do Governo constitui-se em prioridade no Estado e o governador nos seus pronunciamentos não diz três palavras em que uma delas não seja turismo, na medida em que esta atividade se apresenta como estruturadora para a economia do Estado, aglutinadora e de grande efeito modificador, sendo, determinante do bemestar social, geradora de renda e distribuidora de riqueza, impactante no espaço físico, social, ambiental e cultural. É objetivo geral do plano de Governo priorizar o Pará como um destino turístico nacional, numa primeira etapa, e posteriormente internacional, compreendendo ações voltadas para o desenvolvimento do turismo nos quatro pólos atrativos. Nós temos os princípios básicos que são: o desenvolvimento social, dentro da linha a que já me referi, no sentido da geração de emprego, da geração de renda; a descentralização, e o turismo é realmente uma atividade descentralizadora e a sustentabilidade, porque na realidade o nosso maior produto é o ecoturismo, e nós precisamos ter a visão bem nítida, preparada realmente, do desenvolver sem devastar. Isso tudo trazendo resultados positivos para o Estado do Pará. A sustentabilidade, com resultados permanentes no processo de desenvolvimento, preservando a capacidade produtiva, compreendendo a natureza, a cultura e a população, para que nós não acabemos botando a perder aquilo que podemos chamar de “a galinha dos ovos de ouro”. A descentralização, ampliando a capacidade de ação, reduzindo custos operacionais e motivando a participação do poder público e da comunidade. O desenvolvimento social científico e tecnológico, ampliando a base econômica do Estado, com geração de emprego e distribuição de renda, visando resultados sociais. Aqui eu queria interromper para passarmos o nosso vídeo. Assistiremos a um vídeo, visando entrar ainda mais no clima paraense, vamos dizer assim: no visual paraense. 108

Depois, então, encerraremos com mais alguns comentários. O vídeo que vamos ver contempla os pólos a que ainda vou me referir. São quatro pólos turísticos: o pólo Belém-Costa Atlântica, pólo Marajó, pólo Tapajós e o pólo Araguaia-Tocantins. Vocês assistirão a uma coletânea, que nós chamamos “É Pará Isso”. São vários clipes, que foram passados apenas no Pará. Com uma finalidade principal: durante algum tempo, convivemos com pessimismo em relação ao nosso Estado. Algumas pessoas, dizendo que o Pará era a “terra do já teve”. Esta é uma estratégia que passa pelo sentido de resgatarmos a auto-estima, o amor pelo Pará, entendendo que na realidade, aquele que precisa divulgar, de forma mais consistente, de forma realmente mais viva, é o próprio paraense. Então, foi uma estratégia utilizada no sentido de mostrar as coisas bonitas, belas, que nós temos, e no sentido de incentivar o paraense a conhecer a sua própria terra, e conhecendo sua própria terra, poder resgatar este amor pelo Pará, o “paraensismo”, como nós chamamos. Achei interessante trazer esses clipes para vocês pelo seguinte: vocês viram que além de dizer “É Pará Isso”, fala-se “Dê Viva aos Turistas”. Estes clipes estão sendo passados desde o início do ano no Estado, com a finalidade do resgate do “paraensismo”, do amor pelo Pará e de desenvolver em cada paraense a vontade de conhecer o seu próprio Estado, para poder falar bem dele, para poder divulgá-lo, para poder trabalhá-lo, mas, também, tem a mensagem bem clara da importância do Turismo, da importância de se receber e tratar bem o turista, porque no duro nós todos sabemos que a melhor propaganda, é, na realidade, aquela que se faz boca a boca. Podemos fazer a melhor divulgação, a melhor campanha promocional, mas se não soubermos receber, se não formatarmos o nosso produto realmente em condições ideais para ser consumido, não conseguiremos manter o processo. Poderemos até encher o Estado do Pará num determinado momento, mas, depois, ele não se manterá nos níveis que nós gostaríamos e estamos trabalhando no sentido de conseguir, para fazer uma situação que seja efetiva, concreta, trabalhadora. Então estamos trabalhando muito essa questão da comunidade, da sociedade, para que entendam a importância do compromisso com o turismo. Estamos trabalhando muito a questão da qualificação profissional, e o Senac tem dado uma contribuição muito grande. O Senac vai inaugurar, brevemente, em seu prédio em Belém, uma ala completa109

mente ligada apenas ao turismo. O Sebrae também tem dado uma ajuda muito grande nesse processo de formação de mão-de-obra, de qualificação de recursos humanos. Nós temos lá a Secretaria do Trabalho e estamos, depois dessa reunião a que me referi no princípio de minha fala, com a expectativa de termos inclusive o próprio FAT, que é o Fundo de Amparo ao Trabalhador, sendo encaminhado numa situação mais específica para o turismo, não apenas no Pará, mas no Brasil inteiro, porque o turismo é prioridade no Brasil todo. Então, estamos, na realidade, tentando preparar essa base de olho na questão da qualificação profissional também. Falei nos pólos prioritários, no sentido de planejamento e de estarmos trabalhando o Turismo no Estado, inclusive em relação aos 53 municípios que fazem parte do nosso Programa Municipal de Turismo, nós temos então quatro pólos. Esses pólos são: Belém/ Costa Atlântica, com entrada por Belém do Pará, e priorizando os municípios do Nordeste paraense, e que fazem frente, vamos dizer assim, para o Oceano Atlântico. E o Governo, então tem pensado uma série de atividades infra-estruturais, para melhorar este pólo turístico, entre elas, o aeroporto de que falei ainda há pouco para vocês. Nós temos um outro projeto governamental, chamado Estação das Docas, em Belém, e que revitaliza parte do antigo Cais do Porto, que começa a ser gradativamente desativado, dentro daquele princípio, que já norteou outras cidades, por este mundo afora, como é o caso de Lisboa, de São Francisco, de Buenos Aires, nós devemos estar inaugurando a nossa revitalização do Cais do Porto no início do ano 2000. Então vamos ter um novo ponto de atração turística para Belém do Pará, com a Estação das Docas, que inclusive será aberta 24 horas por dia, e que terá uma estação de passageiros específica para receber os turistas de cruzeiros que lá chegarão. O segundo pólo seria o pólo Marajó, dentro de todo esse ecossistema especial, que contempla essa que falei ser a maior ilha fluviomarítima do mundo, que, de um lado, tem o espetáculo do Amazonas e, do outro, na chamada contracosta, é banhada pelo Oceano Atlântico. É uma ilha que tem uma situação bem definida, durante seis meses, áreas alagadas, à semelhança de pantanal, e durante outros seis meses, no verão, a região seca cria um outro tipo de paisagem. Um ecossistema maravilhoso, com uma quantidade impressionante de pássaros, de muitas espécies. Só para vocês terem uma idéia: tivemos semana passada, durante quatro dias, uma dezena de operadoras de turismo, das maiores do Brasil, e eu ouvi, de pessoas experientes, com mais de 35 anos de turismo no “costado”, os maiores elogios à Ilha do 110

Marajó, num determinado momento, em que o caboclo lançou a rede no lago e trouxe um pirarucu de mais de 20 kg, que é um peixe bonito de ver e gostoso de provar. Porque as iguarias paraenses, na realidade, são um outro produto, com todo respeito a todos os demais estados brasileiros, mas nós temos um quê de especiaria, não é verdade? Quando a gente fala no Pará, parece que tem um cheiro, é um mato, é uma fruta, não é verdade? Parece-me ser aquele Estado mais tipicamente ligado a essa questão da especiaria, e a nossa comida é uma comida realmente muito típica. É uma atração turística, que nós estamos vendo de que maneira podemos trabalhar de forma objetiva, mais concreta ainda. E estive conversando até com o nosso Ministro de Turismo, que diz muito claramente: “Curitiba inventou um bairro chamado Santa Felicidade”, não é verdade? Há 50 anos atrás não havia, e hoje, na realidade, são mais de 40 mil empregos, por causa de Santa Felicidade, e o ICMS que deixa para o Estado é uma coisa que o governador lá, com toda a certeza, não reclama!!! Seguramente, nós temos uma tradição e nós temos um conteúdo muito maior, para podermos na realidade, não sei nem se a palavra seria criar, inventar, mas de juntar essa questão toda, da comida paraense, e torná-la, realmente, um produto que todo mundo reconheça ser da melhor qualidade. Eu falava do Marajó e falava que essas 10 operadoras foram fazer um famtour na Ilha, assistindo uma pesca de rede que apanhou um pirarucu de mais de 20 kg, considerado dos pequenos, pois já pegaram com mais de 60 kg. Eu ouvi de pessoas, com mais de 35 anos de turismo no “costado”, que diziam para mim: “Adenauer, eu nunca tinha passado, eu nunca tinha tido uma experiência desse tipo, do contato com a natureza”. Acordamos às cinco e meia da manhã, tomamos café e fomos ver o ninhal dos pássaros. É uma quantidade impressionante de pássaros. Depois, fomos fazer essa pescaria lá com o caboclo, para mostrar o peixe, o pirarucu e mostrar o jacaré, que também existe em quantidade. Depois, vejam bem, fomos fazer um passeio de lancha, até a foz do rio Amazonas. Quem é que pode, de repente, trabalhar um atrativo desse: a foz do rio Amazonas? Olha, o que significa isso de potencial, se for devidamente trabalhado? E fomos lá e ficamos, pegando aqueles fluidos positivos em plena foz do Amazonas. 111

O terceiro pólo, o Tapajós, que contempla uma entrada pelo aeroporto de Santarém, ou pelo porto e que, na realidade, reúne aquela que nós consideramos a região mais bem protegida do Estado, por causa das reservas florestais, que são várias, que contemplam aquela região, e onde nós vamos ter o investimento de um programa que para nós também é muito importante, chamado Proecotur, que vocês tiveram aqui, com toda a certeza, uma belíssima fala sobre este assunto, através do professor Álvaro do Espírito Santo, que tem cabedal e competência para falar de turismo e do Proecotur. O quarto pólo seria o pólo Araguaia/Tocantins, contemplando um eixo de desenvolvimento do Estado, e que privilegia também a questão do ecossistema, do ecoturismo, das praias de rios, na época do verão, e a questão da pesca esportiva. Este é um produto no qual nós paraenses estamos depositando expectativa muito grande, por se tratar de produto que tem uma quantidade muito grande de aficcionados, não sei se os senhores têm esta informação mas só perde para o futebol no Brasil, e não apenas no Brasil, mas que mexe também com milhões de dólares, tanto nos Estados Unidos como na Europa e nos países desenvolvidos. Estes são os quatro pólos em que o Pará está trabalhando a questão do Turismo, com o Governo direcionando toda a sua força, em termos de infra-estrutura, aquilo que é possível fazer, está sendo pensado, dentro de etapas gradativas, nessa linha dos quatro pólos. Já estamos trabalhando com o Programa de Desenvolvimento de Ecoturismo na Amazônia Legal, que é Proecotur, o início do processo; o Programa Estadual de Pesca Esportiva; o Programa de Desenvolvimento no Turismo Cultural, principalmente através do projeto Feliz Lusitânia, que engloba a questão dos museus e das igrejas; o Programa Básico de Investimentos para Dinamização do Turismo no Pará e o Programa de Promoção e Divulgação do Turismo. Aqui vemos os principais mercados emissores para o destino Pará! Nacionais: São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Inclusive estamos trabalhando uma parceria complementar com o Estado do Ceará. Sei que a secretária Anya Ribeiro já esteve neste Conselho, e nós já estivemos lá no Ceará dizendo assim, de forma bem clara como estou dizendo para vocês: secretária, vim aqui para aprender com o Ceará, porque, efetivamente, o Ceará tem dado uma aula de como se deve fazer Turismo neste País. Vim aqui dizer que o Pará quer aprender com o Ceará, e vim aqui lhes dizer também que, dentro desse aprendizado, nós gostaríamos de trabalhar com o Ceará ações complementares. O que nós sabemos hoje em dia? 112

Que as pessoas querem, normalmente, sair de onde estão para visitar mais de um destino. Isso é pesquisa inclusive. Se você pode agregar dois, três destinos, é melhor do que trabalhar só um. Uma outra questão que sabemos: é de que, se nós não diversificamos, nós cansamos aquele produto que nós trabalhamos. E os exemplos estão também aí. Então nós sabemos que o Ceará, por exemplo, trabalha muito a questão do sol, da luz, do mar. E nós não queremos competir com o Ceará nisso. Levei uma proposta para a secretária Anya bem clara, bem objetiva, que eu vou repetir aqui para vocês, que ela achou graça e topou a parada. Eu disse: os turistas vêm aqui ao Ceará, para se queimarem, para se bronzearem, e vão para o Pará para despelarem, debaixo das nossas mangueiras, da nossa floresta, na sombra e água fresca. Estamos trabalhando isso, e acredito que essa idéia vai vingar, e vamos associar as duas questões. Os mercados Internacionais visados são a Alemanha, a França, os Estados Unidos e o Caribe. Eu estou indo inclusive ao Caribe, agora no início de novembro, começando pela Guiana Francesa, com os países de língua francesa. Temos alguns indicadores turísticos comparando 1997 com 1998. Quanto ao fluxo nacional, nós tivemos em 1997, em real, 118 milhões, 186 mil; em 1998, 130 mil, dando um acréscimo de 10,37%. Estrangeiros deixaram 10 milhões de reais, 299 mil reais, em 1997; passamos para12 milhões, 482 reais em 1998, com uma variação de 21,20%. Total: 128 milhões de reais em 1997, 142 milhões em 1998, com uma variação de 11,23%. A oferta hoteleira, por unidades habitacionais e leitos nos estabelecimentos de hospedagem: tínhamos uma estimativa de 119 estabelecimentos, hoje estamos com 127, a tendência é crescente para se construir no Estado. Unidades habitacionais: 4.084 em 1997, 4.285 em 1998; leitos: 7.711 em 1997, 8.405 em 1998. Fluxo de hóspedes na hotelaria. Em 1997, 347 mil; em 1998, 374 mil. Estrangeiros: 24 mil, em 1997; em 1998, 27 mil. Total: 371 mil em 1997, 401 mil em 1998, com crescimento de 8,26%. Vocês receberam materiais de divulgação do Estado do Pará. Nesse material, existem duas folheteiras que falam sobre a questão comercial propriamente dita, incluindo incentivos fiscais com legislação específica, que tenta contemplar motivação maior para aquele empresário que quiser ir investir no Pará. E, também, foi distribuída uma coletânea de 20 cartazes, sobre pontos especiais do nosso Estado que, na medida do 113

possível, nós ficaríamos muito honrados realmente se pudessem, em algum momento, ornamentar a parede, ou um local especial, no trabalho ou na casa de vocês. As informações econômicas visam a industrialização do Estado nas áreas agrícola, pecuária, florestal, minerária, agropecuária, agroindustrial, tecnológica e empreendimentos voltados ao comércio e ao turismo. Essa é Lei no 5.493 de 1996, que tem por base, incentivar a produtividade no Estado. Através de que incentivos? Fiscais, financeiros, infra-estruturais para instalação ou relocalização de empreendimentos em pólos de desenvolvimento e compensação de investimentos privados na realização de obras de infra-estrutura pública. Só para se ter mais uma noção do que o Estado fez ou está fazendo em termos de infra-estrutura turística, e sem a qual nós não podemos colocar esse produto formatado para ser consumido. Temos o aeroporto internacional, que foi reinaugurado na semana retrasada, temos o projeto Estação das Docas, que é a revitalização do cais do porto, o compromisso da construção do centro de convenções para cinco mil pessoas, que é um ponto de estrangulamento que nós ainda temos, só para vocês terem uma idéia, está no Pará o maior projeto energético do Brasil, chamado “Projeto Tramoeste”, que leva energia de Tucuruí para toda a região Oeste do Pará. Este é o maior projeto energético do País. E está também no Pará aquele que é considerado hoje o maior projeto de saneamento da América Latina, que é o projeto de macrodrenagem da Bacia do Una. A Bacia do Una é o principal dos igarapés que entram na cidade de Belém. Belém é, vamos dizer assim, a cidade das águas, água por um lado, água pelo outro e água por dentro. São seis Bacias, a maior é a Bacia do Una, e que motivou a retirada de 2.500 famílias, para que esse projeto pudesse ser feito, hoje ele está com 80% das obras construídas. Construção de rodovias. Parceria com o BIRD e Governo federal. O Estado do Pará tem, aproximadamente, 7.000 quilômetros de rodovias estaduais. Destes 7.000 quilômetros estaduais, nós tivemos aproximadamente, 5.000 quilômetros de rodovias reconstruídas até agora, e vão continuar a ser reconstruídas. O que consta na realidade do plano plurianual do Estado para o período 2000/2003? Nós chamamos de programa Beija-Flor. Esse programa Beija-Flor é um compromisso do Governo, é compromisso de campanha do Governador Almir Gabriel, inclusive, através do qual, ações que possam propiciar o desenvolvimento do turismo e devem gerar 40.000 empregos até o ano 2003, com investimentos na ordem de 250 milhões, 114

não diretamente em turismo, mas em atividades, em ações, em obras que possam também indiretamente alavancar o projeto, provocando dessa forma a elevação do fluxo turístico no Estado do Pará. Dentro desse planejamento nós temos pesquisas e planejamentos, consolidação de novos destinos, elaboração de novos produtos, marketing turístico institucional e infra-estrutura. E para o conhecimento e acompanhamento de vocês, nós estamos em vias de fechar contrato com uma das empresas consideradas top de linha em termos de consultoria, planejamento e marketing de turismo no mundo, que é uma empresa espanhola que entrou no Brasil há questão de uns seis meses atrás, tem sede em São Paulo, está também com excelentes técnicos brasileiros e se tropicalizando, vamos dizer assim. Trazendo experiência espanhola que todos nós sabemos que é muito grande na questão do turismo, o Estado do Pará está fechando um contrato com esta empresa, no sentido de que possamos ter, na realidade, um planejamento firme, concreto, que defina ações e estratégias de curto, médio e longo prazos para o turismo paraense. O que nós queremos alcançar? Em 2003 ter a satisfação de poder voltar aqui com vocês, para uma nova conversa, quem sabe, se aquele lá de cima assim nos permitir, e termos o Pará reconhecido como um destino turístico consolidado, seja no lazer, seja no ecoturismo, em eventos, no religioso, que eu disse que é muito forte, ou no rural, onde também temos um grande potencial. Eu queria aproveitar e dizer do meu agradecimento. Estou à disposição, mas queria dizer para vocês que alguns momentos a gente, com toda certeza, reconhece como momentos especiais e os guarda de um modo também muito especial aqui dentro do coração e aqui na cabeça; com toda certeza, este é um desses momentos que eu guardarei de uma forma muito especial. Muito Obrigado.

Outubro de 1999

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Rio de Janeiro: o Plano Maravilha Gérard Bourgeaiseau Secretário Especial de Turismo da Prefeitura do Rio de Janeiro

O

Plano Maravilha foi uma vontade política do Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro. Quando ele me convidou, no dia 17 de novembro de 1996, quando ele foi eleito, eu nem tive tempo de agradecer ao Prefeito Luiz Paulo Conde o convite para ser Secretário de Turismo e Presidente da Riotur, acumulando o Riocentro, que ele já deu a idéia que queria que se fizesse uma política para o Turismo para a Cidade do Rio de Janeiro. Ele tinha tido uma grande experiência como Secretário de Urbanismo, quando idealizou o Plano Estratégico da Cidade, que ele presidiu durante os anos de 1993 até ser eleito prefeito da cidade. E a cidade tinha muitas políticas, em vários campos, no campo social, de transporte e outros, mas para o turismo não tinha. Por que não tinha política? Porque a gente sempre viveu em cima da beleza da cidade do Rio de Janeiro, a infra-estrutura do turismo, os seus grandes profissionais, que são altamente criativos e, principalmente, pelos cariocas que sabem receber, como ninguém, todos os turistas, brasileiros e estrangeiros. Mas, no mundo competitivo, no mundo onde a tecnologia está cada vez mais avançada, que é um mundo difícil, nós não poderíamos continuar a ser amadores. Então, foi uma vontade política da gente fazer o Plano Maravilha. Foi um instrumento agregador de esforços, em que mais de 1.500 pessoas da sociedade carioca foram consultadas. Nessas 1.500 pessoas, nós tínhamos pessoas, obviamente, ligadas diretamente ao Turismo, mas muitas não tinham nada a ver com o Turismo. Foram mesasredondas, foram pesquisas feitas na chegada e na saída de turistas, pesquisas feitas na Argentina, Estados Unidos, Inglaterra, França, Espanha, Itália, Alemanha, porque há um grande contingente de turistas que fazem viagens de longa distância, mas que não vêm para o Brasil. E nós queríamos saber dessas pessoas, que têm poder aquisitivo, por que não querem vir ao Brasil, quais as razões. Então, essas pesquisas foram muito importantes e a gente conseguiu fazer um diagnóstico e desenvolver uma estratégia de desenvolvimento durante esse primeiro semestre. O trabalho demorou de janeiro a agosto de 1997. Em cima do diagnóstico, nós elaboramos o plano operacional, 117

que ficou pronto em novembro, e passamos a implantar o plano de ação, Plano Maravilha, a partir de janeiro de 1998. Os objetivos do Plano Maravilha são: 1) Incrementar os fluxos turísticos para o Rio, consolidando sua liderança no turismo receptivo. 2) Criar uma nova imagem no Brasil e no exterior, como referência na América Latina. 3) Geração de renda e emprego. Em 1997, nós tínhamos 4.042.000 turistas internacionais e brasileiros, domésticos, e nós estamos vislumbrando para o ano 2000, 7.000.000; isso quer dizer 73% de aumento de turistas. E todo mundo achou que era uma meta que não seria atingida, que a gente estava exagerando, como muita coisa não tem credibilidade, e nós falamos que nós tínhamos uma receita de 1,18 bilhões, em 1997, e que a gente poderia ter um incremento de 125% na receita, chegando a 2,65 bilhões, no ano 2000. Posso assegurar que no ano de 2001, quando eu terei o prazer de voltar aqui, é sempre um prazer voltar aqui, eu já fiz duas ou três palestras aqui, e não fiz antes, apesar do convite do Sr. Oswaldo Trigueiros e do Hélio, insistentemente, porque não queria vir, para um plenário tão importante, com pessoas que conhecem tão bem o turismo, com promessas, porque eu acho que todo mundo está farto de promessas. Então, esse tempo que eu demorei a vir aqui é para poder apresentar resultados concretos. Vocês podem ter certeza que em 2001 nós vamos ultrapassar essas metas, largamente. Esse é o resultado do Turismo, que em 1996, o Rio de Janeiro recebia 813 mil turistas estrangeiros, passou para 1.100.000 em 1997; 1.455.000 em 1998, e atingimos 1.724.000 turistas em final de 1999, e o Brasil atingindo 5.300.000, de acordo com os dados da Embratur. Não se enganem quanto a essa subida, aparente, maior que a do Brasil, isso é o contrário, o Rio de Janeiro está crescendo mais do que o Brasil. Por quê? Porque tem um problema da escala que a gente não conseguiu resolver e está aqui a subida do Rio de Janeiro em termos de turismo. O Rio de Janeiro cresceu mais do que o Brasil nesses últimos três anos graças a Deus, e é muito bom para o Brasil, porque o Rio de Janeiro se desenvolvendo nós vamos ter a possibilidade de beneficiar o Brasil todo. A participação que já foi no passado do Rio de Janeiro de 37%, passou para 30%, os alunos podem olhar as estatísticas e dados, é que houve uma mudança de metodologia 118

na Embratur em 1996 para 1997, redistribuindo o aumento desses percentuais, e o Rio de Janeiro ficou com 30%. Quer dizer, nós não baixamos, é devido a uma mudança de metodologia, ficamos com 30,2%, e passamos para quase 33% em 1999, e tenho certeza que no ano de 2000 nós vamos estar em torno de 35% a 36%. Florianópolis passou de 14,0% para 17,69%; e a razão desse segundo lugar é por causa do tráfego de fronteira, por causa do tráfego da Argentina, que tem esse fluxo muito grande no Sul do Brasil. São Paulo passou de 18,4% para 13,74%, porque São Paulo não tem um mercado de turismo, e como o Brasil todo cresceu muito, São Paulo perdeu participação em vista disso. Salvador, que estava com quase 11%, ficou com 12,67% na participação. Foz de Iguaçu, de quase 9% passou para 11,78%, no turismo internacional. Os resultados da área internacional. A Argentina, que é realmente o gerador maior de turismo para o Brasil, seguido da Europa e depois dos Estados Unidos. A Europa traz o dobro de turistas dos Estados Unidos. No primeiro café da manhã que eu pude oferecer à indústria, no mês de março de 1997, coloquei que a Europa era o nosso mercado mais promissor, que era o mercado que a gente teria maior possibilidade para trazer turistas, ao contrário do que todo mundo achava que são os Estados Unidos. E eu fui realmente criticado na época, diziam que eu estava totalmente enganado, que os Estados Unidos eram o mais importante. E aqui está a comprovação de que a Europa é o mais importante. Por quê? Porque a Europa tem laços culturais conosco. O europeu tem muita mais facilidade de viajar para o exterior, descobrir novas culturas, enquanto os Estados Unidos não têm quase nenhuma relação com o Brasil. As relações entre o Brasil e os Estados Unidos são relações comerciais. As relações culturais dos Estados Unidos são com o Pacífico, devido a Segunda Guerra Mundial; com a Europa; com a Irlanda; com as suas origens na Polônia, na Alemanha, na Itália e em outros países europeus, e conosco, América do Sul, não têm nenhuma relação cultural. E nós temos inúmeras colônias européias estabelecidas aqui, só os portugueses vieram colonizar, o resto veio se estabelecer, e o europeu gosta de descobrir novos destinos. Então, eu digo que cada vez que gasto um dólar na Europa eu tenho que gastar cinco nos Estados Unidos, porque é muito mais difícil atrair o americano que, primeiro, não conhece geografia. 119

Um dia, eu estava num evento no exterior, promovendo o Rio de Janeiro, e uma senhora falou: “meu filho trabalha no Departamento do Estado e disse para eu não vender nada abaixo do Rio Grande, devido às revoluções”. Então, eu perguntei: que revoluções? “Nicarágua, Guatemala e tudo”. E eu disse isso é tão longe do Brasil. E alguns anos atrás, quando houve a Guerra das Malvinas, que já foi bem mais recente, nós sofremos um imenso cancelamento, porque todo mundo na Europa pensava que em Copacabana você podia botar a cadeira e assistir à Guerra das Malvinas. E quando aquele avião inglês, que devia sobrevoar a Ilha de Santa Helena, do outro lado do Atlântico, veio pousar em Recife, por um problema técnico, então, realmente, nós ficamos no “coração da guerra”. Então, a idéia de geografia é um negócio tremendo. Por isso eu acredito muito na Europa e na Europa a gente tem as subdivisões com a Alemanha, Itália, França, e está num crescimento muito bom. Então, o verão começou no dia 21 de dezembro e terminou no dia 21 de março. O reveillon trouxe esse ano 272.695 turistas, e o impacto econômico do reveillon na cidade, valor estimado que circulou pela cidade, foi de 278.930 milhões de reais. O carnaval do ano 2000 trouxe 320.137 turistas, gerando um dinheiro circulando pela cidade de quase 350 milhões de reais. E, tirando esses dois eventos, nós temos o verão, de dezembro a março, são 75 dias, nós tivemos 1.568.688 turistas, gerando uma receita de 2.520 bilhões de reais. E nós tivemos o melhor verão, eu acho, de toda a história do Rio de Janeiro, que totalizou 2.164.731 turistas, gerando 3.146 bilhões de reais. Esses dados foram obtidos em cima de pesquisas controladas, isso não foi feito no “olhômetro”. E vocês podem calcular tudo isso com os dados. A gente tem que ver que seria impossível o parque hoteleiro poder acolher todo esse número de turistas. Mas nós temos um grande contingente de pessoas que alugam apartamentos, ficam em residências de amigos aqui no Rio de Janeiro. E nós fizemos pesquisa, inclusive, em todos os pedágios, em todas as estradas de entrada no Rio de Janeiro, na Rodoviária, nos Aeroportos Internacional Tom Jobim e no Santos Dumont. Agora, nós vamos começar pesquisas mensais, para ver o que anda no Rio de Janeiro. Então, isso é um recorde, e isso prova que aquele total de dois milhões de turistas, que nós estamos esperando no final do ano, em termos internacionais, e sete milhões no total, vai ser ultrapassado. 120

Quais são os enfoques do Plano Maravilha? O desenvolvimento de novos produtos, porque você tem que ser criativo, você tem que oferecer cada vez mais produtos, para interessar os possíveis turistas brasileiros e internacionais. Melhorar os nossos produtos atuais. Ter um sistema de informação para a indústria de turismo saber como elaborar os seus planos de marketing e saber como estamos realmente, e, também, atrair investidores para, obviamente, investir na cidade. O nosso plano de marketing turístico é qualidade na prestação de serviço em todos os fornecedores de serviço, que é o novo profissionalismo. O Macroprograma 11: desenvolvimento de novos produtos. É a criação de novos produtos para melhorar a atratividade do Rio, tanto para o carioca, que é muito importante, que nós temos que visar primeiro o carioca, primeiro o cidadão, para o turista usufruir aquilo que o carioca vai gostar, porque se nós fizermos alguma coisa que não satisfaz o cidadão, que não satisfaz o carioca, nós não vamos ter sucesso com os turistas. Devido ao desenvolvimento de novos produtos teve um investimento de US$ 2,500 milhões, que é o City Rio, os ônibus turísticos, o que é algo extraordinário – vocês devem ter visto os ônibus maravilhosos, com ar-condicionado, janelas panorâmicas, que têm um sistema hidráulico, eletrônico, eu não sei bem, que nivela a entrada do ônibus ao nível da calçada, para permitir o pessoal da “melhor” idade ter facilidade em subir nos ônibus, não ter o constrangimento das senhoras subirem nesses ônibus que precisam de uma escada para subir e, para os portadores de deficiência, tem o sistema de poder entrar e fazer os passeios. O número de usuários está cada vez mais aumentando. São 13 ônibus que circulam, de meia em meia hora, tem horário prefixado, o que é extremamente interessante; eu recomendo a todos conhecerem. A Lagoa Rodrigo de Freitas, que virou um point no Rio de Janeiro, com os quiosques, com a diversidade que existe. Antigamente na Lagoa, à noite, não acontecia nada e, hoje, a gente fica na Lagoa até às duas, três, quatro horas da manhã, bebericando, com comida árabe, ouvindo uma boa música, num lugar absolutamente extraordinário que cinco anos atrás, ninguém imaginava que podia se transformar no que é. Na Baía da Guanabara, depois do problema do Bateau Mouche, nós não tivemos mais nenhum investidor para oferecer passeios marítimos. Afinal de contas, nós vivemos à beira do oceano. Hoje, nós temos, novamente, saveiros, que estão oferecendo passeios pela Baía de Guanabara e para fora dela. 121

O nosso prefeito tem muito carinho pela história, pela cultura, e está desenvolvendo uma revitalização do Centro Histórico, como a que foi feita em Paris – a gente não está fazendo de novo, mas, pelo menos, hoje em dia, a gente está passando à ação – que é revitalizar os pontos importantes desta cidade, como a Praça XV, onde já foi feita uma parte, e outras vão ser feitas, como a Praça Tiradentes, o Morro da Conceição, Santa Teresa e “n” outros projetos de revitalização da cidade. Centros de Lazer e Entretenimento – mostrando confiança na cidade, investimentos como a Terra Encantada, o Rio Water Planet, Wet & Wild, NY City Center, Games Works, Parque da Mônica, que vai abrir agora, e o GloboPark, que vai ser um parque temático sobre comunicação, feito pela Globo, que vai começar a ser construído no ano que vem; esses investimentos são da ordem de US$ 560 milhões. Restaurantes Restaurantes. Também há uma rede interessada na nossa culinária. Hoje nós não precisamos mais pensar que só São Paulo oferece. Hoje em dia nós podemos oferecer aos paulistas restaurantes do maior gabarito, da maior sofisticação; podemos oferecer uma diversidade de botequins extraordinários e aqui nós temos empresários, como o grupo do Porcão, que investiu no Porcão Rio’s, que tinha entrado em decadência; hoje o Porcão Rio’s, no Flamengo, novamente virou um ponto de encontro dos cariocas. O Marius, quem diria, investiu num super-restaurante no centro da cidade, está lotado no almoço e lotado de noite. Em Copacabana, ele reformulou o seu restaurante e, amanhã, está inaugurando, onde era o Guimu, o Marius Peixes e Crustáceos, porque ele teve um problema de acústica e não queria incomodar os vizinhos. Então, para não incomodar os vizinhos, ele preferiu mudar a figura do Guimu, e passar a ser um restaurante especializado em peixes, que amanhã ele vai dar de presente para a cidade. O Hard Rock Café vai ser um lugar extraordinário, no Citá América. Eu fui no lançamento do lugar, que vai abrir daqui a algumas semanas, e eu lhes digo que é imperdível o lugar. Tem um terraço absolutamente deslumbrante; no final da tarde, para ver o pôr-do-sol lá na Barra, vai ser algo bárbaro. Vocês vão ver a Lagoa, a Floresta da Tijuca, é um lugar realmente encantador, extraordinário; escolheram um lugar que só o Rio oferece. Aliás, hoje eu fui descobrir um restaurante de 360 graus do Hotel Everest, que oferece uma vista que, nós, que recebemos turistas, homens de negócios, temos que levar lá, para eles ficarem “babando” vendo essa beleza que é esta cidade do Rio de Janeiro. Mas isso são investimentos caros, são investimentos sofisticados, que mostram muita confiança na cidade do Rio de Janeiro. 122

O Macroprograma 22: melhoria dos produtos atuais, diversificando seus serviços e melhorando sua qualidade, para consolidar o destino do Rio de Janeiro. Hotelaria, com uma ocupação de 63,07% em 1996; 63,14% em1997; 66,20% em 1998; 68,44% em 1999; janeiro fechou com 77%, reveillon estava 100%, carnaval também, e eu acho que essa ocupação é ainda superior, porque, para a gente achar vaga em hotel hoje no Rio está difícil, graças a Deus, então, eles estão podendo fazer uma reforma em todos os hotéis. Não há nenhum hotel no Rio de Janeiro que não passou por uma reforma profunda. Nos últimos anos, a hotelaria, devido à ótima ocupação, devido a essa retomada, devido a essa subida e ocupação constante, investiu US$ 135 milhões em renovação. E quando faz renovação é mudança de elevador, mudanças estruturais. Há hotéis que foram totalmente dissecados e refeitos. Agora, o Miramar vai passar pelo mesmo processo, acabou de ser comprado pelo grupo Windsor. O Hotel Nacional, se Deus quiser, vai a leilão daqui a algumas semanas, e seria o último a ser reaberto. Novos hotéis hotéis. Nós temos investimentos na ordem de US$ 332 milhões em novos hotéis. Se vocês me chamassem há cinco, seis, sete anos, e me dissessem: “vamos fazer um hotel no centro da cidade”. Eu diria: “não, vamos para outro lugar, porque o centro da cidade não dá”. E o grupo Windsor está investindo no Guanabara, comprou o prédio do lado, vai passar de 260 apartamentos para 460 apartamentos, vai ser todo refeito. E aí perguntei: que tipo de hotel vai ser esse? É para um pessoal que vem de manhã, trabalha até altas horas da noite, na cidade, precisa voltar para o quarto, trocar de roupa, dormir; no dia seguinte voltar a trabalhar e ir embora para a sua cidade. Em geral são pessoas que ficam uma noite ou duas. Há uma grande demanda disso no centro da cidade. Em Copacabana, temos o Marriott, que vai abrir agora em dezembro. Hotel Riviera, que está sendo totalmente refeito. Luxor também, com um novo hotel. Em Ipanema temos o Star Properties, que comprou aquele hotel que nunca abriu, na esquina da Prudente de Moraes, se não me engano, com Farme de Amoedo. Na Barra, nós temos o Royalty, que está construindo um hotel em que 200 apartamentos já ficam prontos daqui a um mês ou dois meses, e assim que acabar o de 200, eles vão fazer a segunda obra com mais 80 apartamentos. Renaissance, que vai ter um hotel de 510 apartamentos, Pousadas vai ter um investimento lá. Rio Office Park também vai ter um hotel. Rede Windsor está construindo o Mar da Barra Palace, com 450 apartamentos. O Barra First Class é um apart-hotel que já foi lançado e já começou a construção. O Blue Tree, com a Wrobel, já está em construção, na Sernambetiba. O Grupo Accor vai ter um hotel de 200 apartamentos, o Water Planet vai desenvolver 123

vários hotéis, de diferentes módulos, até 800 apartamentos, e a GloboPark vai ter três hotéis com 600 apartamentos. Isso vai gerar em torno de 4.000 apartamentos que vão gerar 4.000 novos empregos. (Então, o pessoal da Faculdade de Turismo, de olho na hotelaria, que eu acho que é um grande filão para o futuro, porque o que está se construindo de hotéis no Rio e no Brasil, é algo para vocês tomarem nota. Isso é a única nota que vocês têm que tomar, porque o resto está escrito, mas é um conselho de um tio mais velho.) Temos a melhoria de produtos atuais, lei de apart-hotéis, que passou para facilitar o desenvolvimento, não como os apart-hotéis eram feitos, mas, agora, tem uma certa restrição, que “X” apartamentos têm que ser colocados à venda para o turismo. E a Lei de Incentivos Fiscais para o Turismo, lazer e entretenimento, está em tramitação na Câmara de Vereadores. A melhoria de produtos atuais atuais. Há cadeias internacionais investindo no Rio. O Grupo Accor, com o Sofitel Rio Palace; Pestana com Carlton Rio Atlântica; o Pousadas com o Caesar Park; o Marriott; o Meliá; o Star Properties; isso dá um plus para a cidade do Rio de Janeiro em termos internacionais, e isso também atrai outras cadeias internacionais, vendo que seus concorrentes estão se estabelecendo aqui, talvez cheguem atrasados, mas serão bem-vindos. O Rio de Janeiro investiu, em 1998, em sua manutenção e limpeza – US$ 723,3 milhões, o que não é pouca coisa; e, ainda, não temos os números do que foi investido em 1999. Uma das razões da melhoria da cidade são os aspectos sociais, e o Favela-Bairro, de que foi desenvolvido o primeiro projeto e agora o segundo, nesses dois projetos nós vamos atingir 40% das favelas, e nós vamos atingir com isso 75% da população favelada na cidade do Rio de Janeiro, com um investimento de quase 700 milhões. O que é o Favela-Bairro? O Governo Carlos Lacerda foi o último governador que transferiu uma favela, não sei se foi a favela da Catacumba ou da Praia do Pinto, naquela época, e foi para a Cidade de Deus. E dali, todos os outros governos sonharam que bastava ir em todos os morros, transportar para alguma área longe, na Zona Oeste, enfim, nessas áreas. Mas, por falta de dinheiro, vontade política, “n” outras razões, nada disso foi feito. Então, o Prefeito Conde, como Secretário de Urbanismo, deu a idéia, porque essas pessoas estão morando nas favelas há décadas; são pessoas que criaram as suas raízes, têm as suas famílias, os seus amigos há muito tempo. Como tirá-los de lá? Expatriá-los para uma outra parte da cidade! 124

Então, criou-se o Favela-Bairro para dar uma atenção maior e para abrir ruas. Abrir ruas, quer dizer, você pode ter ambulâncias que passam para buscar doentes, você tem o serviço de limpeza que pode passar, você tem creches, que estão sendo feitas, quadras para as crianças poderem fazer esporte, ali também a segurança tem mais facilidade e aí a comunidade não fica sob o domínio de certas gangues; a comunidade se sente mais à vontade, se sente mais livre, porque a maioria da população quer estar do lado da lei, então tira essa pressão. E uma coisa muito interessante que aconteceu, e que com essas melhorias, que vocês podem ver como era e como ficou, as próprias pessoas, que moram nessas comunidades, estão investindo para melhorar as suas moradias, porque o seu em volta está melhorando. Então você tem um investimento, dos próprios moradores investindo, e com isso está gerando uma outra economia para a cidade; inclusive, o Favela-Bairro vai ser a estrela da Feira de Hannover, no ano de 2000, que abre de junho até outubro, na Alemanha, porque o Banco Interamericano de Desenvolvimento elegeu o Favela-Bairro como o programa número 1, que tem que ser copiado por outros países que têm os nossos problemas, porque é um programa da maior importância, ele tem que ser exportado e já estamos exportando o modelo para outros países. Isso é o Rio Cidade que vocês conhecem, com as obras que estão em andamento nos mais diversos bairros. Riocentro é outro fator de melhoria. Eu assumi o Riocentro, Oswaldo já era Diretor do Riocentro, em 1993. Nós duplicamos a área do Riocentro, passamos de três para cinco pavilhões e de 50.000 m2, de área de exposição, para 100.000 m2. Hoje em dia, o Riocentro é o maior Centro de Convenções da América Latina, sob todos os pontos de vista. E aqui mostra uma mudança do Rio. Por mais que eu seja, talvez, razoavelmente bom, em termos de marketing, em termos de venda, eu não poderia ter atingido esses resultados se a cidade do Rio de Janeiro não tivesse tido uma mudança positiva nesses últimos anos, porque quando a economia melhora, quando uma cidade melhora, os eventos voltam, e criar “n” eventos. Então, em 1993 eu tinha 22 eventos realizados por ano, e, agora, passamos a 100 eventos, por ano, realizados no Riocentro. O calendário, em termos de reserva para o futuro, em 1993, tinha 30 eventos para a frente, que ia de 1993 até 1996/1997/1998. E agora, nós temos 289 eventos reservados até o ano de 2006. Está certo que nós temos um tremendo pavilhão, tremendo Riocentro, uma equipe extraordinária para prestação de serviços, temos a liderança do Oswaldo, que conhece e é Diretor há 20 anos, que formou uma equipe; até os paulistas, que 125

agora estão vindo fazer evento aqui, ficam abismados com a qualidade da prestação de serviços, que eles não recebem em outros lugares. Nós temos a melhoria do produto atual, Floresta da Tijuca, que era uma guerra que o Secretário de Urbanismo e atual Prefeito Luiz Paulo Conde fez para a gente reconquistar as áreas federais, para a gente administrar a nossa cidade, porque vocês conhecem a história da cidade, ela foi capital durante 197 anos, em 1961 a capital foi para a Brasília, mas tinha “n” prédios do Governo federal. Aí viramos cidade-estado, aí o Estado tomou conta de uma outra parte da cidade. Em 1982, virou Município, e aí o Município fica, com o grupo federal de um lado, o estadual do outro, e fica de “saia justa” para poder dirigir, porque interfere gente que está em Brasília, em outros lugares, e que não moram na cidade. Então, isso foi uma disputa que a gente conseguiu, graças ao Ministro Sarney Filho, que é o Ministro do Meio Ambiente, que concordou em fazer a co-gestão. Isso quer dizer que, hoje, a cidade do Rio de Janeiro tem uma co-gestão com o Ibama, sobre a Floresta da Tijuca, sobre o Corcovado. Aí nós podemos entrar. Tiramos toneladas de lixo que estava na Floresta, recompuzemos os pontos turísticos e históricos da Floresta e duplicamos a freqüência; e temos a Guarda Municipal, hoje em dia, que oferece segurança. Museu de Arte Moderna que estava decadente, nós tivemos a oportunidade da Cimeira, podia ter acontecido no Riocentro. Devido à Rio-92, o prefeito falou: “nós vamos fazer no Museu”. Com isso, nós tínhamos uma possibilidade de investir dinheiro no equipamento decadente. E, hoje, o Museu de Arte Moderna tem filas para as exposições. Parque do Flamengo, também, está sendo totalmente revitalizado; estava num abandono muito grande. Corcovado, nós conseguimos, devido a essa co-gestão, criar um clima de confiança da iniciativa privada, que está investindo no Corcovado, e nós já tivemos essa primeira parte com essa nova iluminação. Agora, começa a segunda fase, onde nós vamos ter dois elevadores e escada rolante, para o pessoal da “melhor” idade, os deficientes, ou aqueles que estão sem preparo físico, mesmo os mais jovens que, muitas vezes, não estão com aquele preparo físico, não ter que subir aqueles 300 degraus. Vocês vão ficar surpresos, mas eu subi duas vezes esta semana e o pessoal mais jovem estava com a “língua de fora”. Riomar, que é o cartão-postal que o prefeito está completando até esse final do ano 126

2000, que é transformar do Santos Dumont até São Conrado, o Rio de Janeiro num cartão-postal. E tem tido melhoria, vocês podem ver os ombrelones dos restaurantes da Avenida Atlântica, estão mudando a cara da Avenida Atlântica, nova iluminação. Os letreiros também vão ser padronizados para melhorar a visualização. TP2, o Novo Terminal do Tom Jobim, que foi extraordinário. E o Mobiliário Urbano, que foi uma concorrência internacional, e nós estamos começando a colocar nos pontos de ônibus, bancos, e vai ter banheiros públicos, em toda a cidade, que vai ser um processo de dois anos, mas que já começou a implantação. Segurança Segurança. A Guarda Municipal passou de 500 homens para 6.000 homens, o que foi um avanço muito importante. O Conselho de Segurança Turística, que é a Polícia Militar e a Guarda Municipal. Nós temos que agradecer ao Governador Anthony Garotinho e ao Secretário de Segurança, Coronel Josias Quintal, pelo acolhimento que o Turismo teve junto a eles. Hoje, nós podemos conversar, a gente consegue avanços, e eu sei que nós temos dois problemas de segurança no Rio, aquele que nós, cidadãos, sentimos e outro que o turista sente, que é totalmente diferente. Então, o problema que nós estamos sentindo é um problema que vai levar algum tempo, que eu não vou entrar no mérito da questão, porque isso é mudança de mentalidade, uma mudança estrutural, é muita coisa. Mas, o que estão fazendo a favor da área de Turismo é muito grande. Quer dizer, hoje continuam os assaltos, mas, a gente está vendo gente ser presa. Quer dizer, há um avanço muito forte, muito importante, a gente vê mais Polícia na rua, quer dizer, talvez os tempos sejam outros, talvez haja mais dinheiro agora, eu não sei, mas isso tem sido benéfico, e nós temos um aumento de turismo e o número absoluto de assaltos baixou, mas, devido a ter muito mais turista, a gente tem também muito mais assalto, mas, relativamente, está melhorando. E nós temos reuniões, a cada três semanas, com esse Conselho de Segurança, onde se reúnem a Secretaria de Segurança do Estado, Polícia Militar, Guarda Municipal, Bombeiros, Defesa Civil, Desenvolvimento Social do Estado, Desenvolvimento Social do Município, por causa das populações que ficam nas ruas, isso é um problema social muito grave. Então, a gente está indo, não se faz de um dia para o outro, mas a gente sente um avanço muito positivo. Um dos grandes eventos no Rio de Janeiro, que é o reveillon, eu não vou descrever para vocês, o que é, e como dizem os estrangeiros: é um evento, que ninguém pode passar a vida sem ver, porque, ver os cariocas de branco, o congraçamento que existe 127

na Praia de Copacabana, em Ipanema, na Barra, em todas as praias; essas milhares de pessoas, de todas as classes sociais, estão na praia, do mais rico ao mais humilde. Você não tem isso em Nova Iorque, no Times Square. Você tem no Times Square, alguns fanáticos, alguns turistas que gostam. Champs Elysées também, porque a alta sociedade, realmente os parisienses não estão lá, enquanto aqui, nós, cariocas, estamos lá e é um momento, realmente, de muita paz, de muita harmonia, de muito amor, e que está virando um produto; quando me dizem que o evento mais importante é o carnaval eu digo: não; porque o carnaval vem sendo vendido há 50 anos. (Eu me lembro, quando entrei na Wagons Lits, em 1958, tinha 14 anos, era boy, a primeira coisa que me disseram, logo no primeiro carnaval, foi para eu tomar conta da arquibancada dos turistas, na esquina da Santa Luzia com Av. Rio Branco, em frente à loja da Boac. Então, eu estava lá, desde as duas horas da tarde tomando conta da arquibancada, até às oito horas da noite, quando os turistas iam chegar.) Então, o carnaval vem sendo vendido há muitos e muitos anos com sucesso. Eu não podia saber, quando cheguei ao Brasil, em 1956, que 41 anos depois eu ia ser o Diretor de Carnaval, encarregado da grande festa. E o carnaval é outro evento extraordinário, está solidificado. O reveillon, é um produto relativamente novo, que vem sendo vendido, profissionalmente, nos últimos cinco anos. E a gente tem tido ótimo diálogo com a ABIH, a Bito, para fazer o produto cada vez melhor, com preços acessíveis, e o reveillon está se transformando, cada vez mais, num grande produto. Eu queria agradecer, de viva-voz, ao Sr. Oswaldo Drummond, meu vice-presidente, pois é ele que organiza o reveillon, é ele que organiza o carnaval e o sucesso, todos os louros que eu levo, eu tenho que agradecer à sua competência e ao seu savoir-faire político e administrativo para conduzir essa grande festa. O sistema de informação, eu já falei para vocês, é dispor de forma permanente e atualizada da informação da atividade turística, útil para sua gestão como atividade econômica e suficiente para os turistas, que eu falei que é importante. Para nós da indústria saber como vai o nosso marketing e também atrair investidores. O que nós tínhamos no passado 38,8% de problemas com segurança, e hoje em dia, em 1998, somente 8,4% dos turistas, não era mais o item número 1 se preocupar com a segurança. Não temos ainda os números de 1999. Limpeza era 36%, passou para 3%, comunicação 21%, passou para 13%. 128

Agora, vamos examinar uma coisa. Todo ano quando a Embratur dá os dados, diz o seguinte: o que o turista acha ruim? Vamos ter que convencer o Caio para mudar essa terminologia. Porque se a gente examinar todos os itens que os turistas elogiam, e todos os itens que os turistas criticam, os elogios só estão subindo, e as críticas só estão descendo, porque jamais nós vamos ter o número zero, isso é impossível, não existe a utopia. Então, vocês têm que ter certeza, de que todos os itens, se vocês examinarem o relatório da Embratur, que é muito bem-feitinho, vocês vão ver que todos os índices de elogios estão melhorando, e todos os índices de críticas estão descendo. Se você pensa em voltar? Os brasileiros: em 1997, 100%; em 1998, 100%; em 1999, 97,9%. Os estrangeiros: em 1997, 92%; em 1998, 94,4%; em 1999, 94%. Recomendarão o Rio a seus familiares, seus amigos? Os brasileiros: em 1997, 100%; em 1998, 95,7%; em 1999, 96,6%. Os estrangeiros: em 1997, 95%; em 1998, 96,6%; em 1999, 97,5%. Então, isso mostra a melhoria da cidade do Rio de Janeiro pelos olhos dos turistas internacionais e brasileiros. O Marketing Turístico, é melhorar a estrutura da oferta, da comercialização, da comunicação e da prestação de serviços turísticos da cidade, assim como a capacitação e competitividade do setor. Investimentos públicos públicos. O que nós fizemos. No primeiro ano, foram US$ 15 milhões que nós investimos e ano passado 6,6 milhões. Por quê? Nosso orçamento é em reais, tivemos a desvalorização e nós perdemos a metade do nosso orçamento. Então essa é a razão, e isso só vai poder corrigir com o tempo, porque nós não podemos acompanhar a desvalorização do dólar. Mas, assim mesmo, nós estamos atingindo todas as metas. A nova imagem imagem: Rio Incomparável. Por que ele é incomparável? Foi perguntado aos turistas: como é que vocês olham para o Rio de Janeiro? Com quem vocês comparam a cidade? É incomparável, igual a Nova Iorque, Paris e Londres, tem personalidade própria, tem uma diversidade tão rica, uma cidade tão extraordinária, não se compara, ela é uma cidade única, uma cidade incomparável, devido à sua beleza natural, devido ao jeito carioca de viver e à sua modernidade. Quando a gente fala de modernidade, eu tenho participado com o Governo do Estado em seminários de investimento no exterior, o que a gente quer focar? Que o Rio de 129

Janeiro não é somente uma cidade para passar férias, mas uma cidade para trabalhar, onde se trabalha muito, onde tem um grande retorno econômico e que você pode fazer as duas coisas; porque, nas outras cidades, você pode trabalhar, e, talvez, você não tem o prazer de poder se divertir e passar o jeito carioca, como só o carioca sabe fazer, depois de trabalhar muito, ele sabe contrabalançar e oferecer esses dois lados. No marketing no Rio Rio: inserir o turismo na vida cotidiana da cidade para conscientizar a população sobre a importância do turismo para o Rio de Janeiro. É importante conscientizar o carioca. Nós temos um longo caminho nisso, mas, está indo, eu acho que em três anos está bom. O marketing é: população do Rio, que é fundamental, devolver orgulho ao carioca, trabalhar a mídia, para que tenha informações contínuas, ativas. No setor turístico, melhoria da prestação de serviço; procurar melhorar a sinalização; sistema de informação; a gente reabriu todos os postos, agora a gente abriu mais um no TP2, nós temos sete postos; e uma coisa que queria dizer: todo mundo quer botar um poste de informação turística em qualquer esquina da cidade. Isso não existe em Paris e não existe em Nova Iorque. Nova Iorque tem um ponto no New York Convention Bureau, perto do Times Square; em Paris, tem no Champs Elysées, um escritório só. Aqui, no Aeroporto TP1 nós temos dois, no TP2, dois, na Rodoviária um, na rua da Assembléia e em Copacabana. O que a gente precisa é desenvolver um novo tipo de folheteria, inclusive na Europa, que a gente vai trabalhar este ano, que é poder distribuir aos milhares os folhetos em tudo quanto é lugar, para que o turista possa ter acesso às informações. As ações promocionais, estão sendo feitas nos países, em regiões selecionadas; primeiro o Brasil, com São Paulo, que é o mercado doméstico mais importante, que traz mais turista; depois, Argentina, que traz o maior número de contingentes de turistas internacionais; Los Angeles, Nova Iorque, Londres, Paris, Frankfurt, onde nós temos representações, pequenos escritórios de marketing, que fazem uma função muito importante junto aos jornalistas. No ano passado, graças à colaboração da Varig e da hotelaria, nós pudemos trazer 416 jornalistas. O que escreveram, positivamente, sobre a cidade, é uma coisa extraordinária. A TAM tem colaborado, também, na vinda. A Continental fez alguma coisa. A gente está precisando de mais ajuda. Uma jornalista dos Estados Unidos, que nós convidamos, disse: o Rio de Janeiro não presta, é ruim; tem aquela imagem. Nós a bombardeamos com 48 e-mails. Vocês imaginam para os Estados Unidos mandar 48 e-mails, é uma loucura! No final, ela 130

desistiu e falou: “Vocês são chatos, então eu vou para o Rio”. Veio com má vontade. Quando ela voltou, escreveu uma página e meia sobre o Rio de Janeiro, encantada, maravilhada, com fotografias a cores. Hoje em dia é o consumidor quem decide suas viagens, o consumidor liga para a sua agência de viagem e diz: “o que você acha, eu ouvi falar que o Rio melhorou, está bem”?. Se o agente de viagem não tiver confiança no produto, ele vai dizer: “O Rio ótimo, mas eu tenho um produto que eu indico: vai para a Indonésia que é fabulosa, deixa o Rio para o ano que vem”. Então, nós estamos fazendo seminários educativos, workshop, para mostrar aos agentes de viagens, operadores, que eles podem ter confiança nos nossos produtos, porque nós não queremos que o agente de viagem venha a perder o seu cliente, tenha receio de perder o cliente. Então, 416 jornalistas, 47 workshops, 28 no Brasil e 19 no exterior. Novo profissionalismo profissionalismo: melhorar a capacitação, de que eu já falei; em 1999 nós lançamos o Brite, que no tempo passado, o Coronel Vieira Ferreira e o Hélio Lima Duarte vieram falar comigo: “olha a gente tem uma idéia de fazer um BTM, assim, assado, o que você acha, vamos levar para o Trigueiros”?. Aí eu me encantei com o negócio; nós invadimos a sala do Trigueiros e dissemos: está aqui uma idéia. Trigueiros, que é um homem de visão, na mesma hora aprovou, e desenvolvemos 3 BTM’s. Infelizmente, esse evento depois foi embora para o Nordeste. Eu acho que o Rio de Janeiro não podia deixar de ter o seu evento internacional, trazendo operadores do exterior. No ano passado, trouxemos 423 profissionais da indústria do turismo mundial. Quem está trazendo é a Varig junto com ABIH. Nós achávamos, como era o primeiro ano, que só viriam 180, 200 no máximo, porque a primeira vez que tem um evento eu não vou, segundo ano também não vou, espero o terceiro para poder, justamente, ver se deu certo. Mas foi uma enxurrada e trouxemos 423 profissionais e 22 jornalistas. Resultado. Novas perspectivas de negócios: 87% vislumbraram que iam fazer negócios rapidamente. Outra pesquisa: qual é a imagem que eles tinham do Rio de Janeiro? Na chegada boa, 66,7%, na saída, 96,8% boa. Imagem na chegada, regular, 22,2%, na saída somente 3,2% tinha uma imagem regular. Péssima imagem, ruim, 11,1%, na saída 0,0%, era imagem desses profissionais que vieram. Eu estou repetindo, agora, para esse ano, nós temos 415 e nós temos 600 operadores em lista de espera querendo vir, devido ao sucesso do ano passado, devido ao produto Rio de Janeiro, ao produto Brasil ser importante. Mas nós não vamos aumentar. Nós queremos fazer um evento pequeno, onde nós vamos manter uma organização muito 131

boa, oferecendo alta qualidade, poder dar atenção aos 400 agentes de viagem, não virar uma “badalação”, e poder ter as reuniões, a cada 20 minutos, de uma maneira séria. Nós não temos intenção de crescer. Nós queremos manter esse número, que é um número muito bom, razoável, e que vai ser mantido assim para os próximos anos. Então, estamos com o Brite do ano que vem já lotado. Tudo isso foi possível, primeiro e o mais importante pelas mudanças da Cidade do Rio de Janeiro. Eu agradeço à minha equipe, que tem trabalhado comigo nesses últimos três anos, que tem feito um trabalho extraordinário. Eu agradeço à indústria do Turismo que tem dado apoio, como, ABIH, ABAV, Bito, enfim, a todos os componentes, a imprensa tem sido altamente positiva junto ao nosso trabalho. Mas uma coisa temos que reconhecer, que o fator do nosso sucesso é a mudança positiva que essa cidade está tendo há alguns anos. Segundo, nós temos, hoje em dia, uma política do Turismo que é o Plano Maravilha. É importante, nós sabemos para onde nós queremos ir, nós sabemos como atingir os objetivos; é um plano para os próximos 10 anos, e conforme foi prometido, a cada três anos, teria uma reavaliação. Nós estamos fazendo uma reavaliação agora, então nós vamos divulgar daqui a dois ou três meses. Reavaliando o trabalho, por quê? Como hoje nós estamos num mundo dinâmico, onde as mudanças são muito rápidas, você tem que estar sempre pronto a fazer pequenas mudanças ou mudanças de rumo significativas. É o que nós estamos fazendo agora e, novamente, nós temos tido uma grande receptividade da indústria, das pessoas, de como eles estão enxergando o turismo. E, terceiro, a desvalorização cambial tem sido um fator positivo, mas não foi o fator de desenvolvimento. Ele vai ajudar, por que nesse primeiro ano tudo foi dolarizado e, agora, com essa estabilidade, com as coisas entrando nos eixos, a desvalorização será positiva, por que o Brasil começa a ficar um pouco mais barato, mas ainda tem um caminho longo, e nós estamos conversando com a indústria, para fazer, justamente, tarifas diferenciadas de baixa e alta estação, tarifa para congressos, para tornar o produto Rio de Janeiro cada vez mais atraente. E o Plano Maravilha, meus amigos, é para um turismo novo, sério e de futuro.

Abril de 2000

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Pernambuco: Turismo Indutor de Desenvolvimento Frederico Loyo Presidente da Empresa Pernambucana de Turismo – EMPETUR

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Nordeste é uma região muito carente de oportunidades econômicas, mas sempre teve no turismo uma das suas grandes potencialidades, o que até pouco tempo atrás não era encarado com a seriedade e a responsabilidade necessárias pelos seus dirigentes, de uma maneira geral. Até 10/15 anos atrás, falar em turismo no Nordeste sempre era tocar numa área para a elite. O presidente de uma empresa de turismo, nas décadas de 1980 e 1970, era tido como uma pessoa que ali estava à procura de viagens, de coquetéis e de outras coisas. Todos os que são ligados ao turismo sabem que há essa pecha naqueles que o dirigem. Graças a Deus, ao longo desse tempo, essa área vem sendo encarada com maior responsabilidade. E encarada, sim, como uma forma de encontrar soluções para os grandes problemas sociais de uma região carente, por meio da atividade turística, pois se deu certo em todos os países do mundo, sem dúvida nenhuma dará certo no Nordeste brasileiro, tendo em vista que temos, no Brasil como um todo, várias vocações turísticas. Eu sempre digo que temos uma vocação para cada gosto e em cada região do Brasil. Portanto, hoje é muito difícil se ver um político que seja contra o Turismo. Alguns não têm mais a coragem de dizer que são contra, apenas eles não reverberam, quando estão no poder, aquilo que deveriam fazer, mas jamais, de público, serão contra, como tivemos um ex-governador de Pernambuco, que disse que turismo em Pernambuco era trazer o homem do interior para a Capital, ou seja, para o litoral. Essa é uma visão curta de dirigentes que já estão ultrapassados. Ditas essas primeiras palavras, eu gostaria de falar um pouco das vocações turísticas de Pernambuco e do que vem sendo feito pelo Governador Jarbas Vasconcelos, homem que desde a primeira vez como prefeito de Recife, e todos os senhores sabem que ele foi prefeito duas vezes e é agora governador, sempre teve no Turismo e sempre deu ao Turismo o destaque que ele merecia. A atividade turística é uma das mais dinâmicas do mundo, apresentando maiores 133

índices de crescimento, à frente das exportações de petróleo, veículos automotores e equipamentos eletrônicos. Além disso, muitos países ou localidades têm no Turismo a sua maior fonte de renda. Desta forma, torna-se importante analisar as principais características deste investimento como: 

ótimo empreendimento para economias em crescimento;



distribuição de renda mais democrática;



indústria que mais cresce no mundo;

incentivo à produção de outros setores da economia: industrial; agrícola; energético; florestal; financeiro; informações; comunicações; comércio e serviços; setor de transportes aéreos doméstico e internacional, ferroviários de cargas, ferroviários de passageiros, hidroviários de cargas, hidroviários de passageiros, rodoviários de cargas, rodoviários de passageiros, marítimos de cargas, marítimos de passageiros; máquinas em geral e equipamentos de transporte; transporte de pequeno porte para passageiros;



geração de milhares de empregos, contribuindo na fixação das pessoas (atualmente, o turismo emprega 10% da força de trabalho global); 



aumento das receitas dos municípios;



melhora da infra-estrutura local;



proteção e preservação do patrimônio natural e cultural;



permissão ao intercâmbio cultural etc.

O turismo é, portanto, um fenômeno social, complexo e diversificado, e, de acordo com os interesses dos turistas, criou-se uma variedade de tipos de turismo, tais como: turismo de férias, de lazer, científico ou educativo, de saúde, de gastronomia, de cultura, de eventos, de feiras e convenções, de compras, esportivo, de negócios, religioso, ecoturismo, aventura, rural, agroturismo, arqueológico e geocientífico, jovem, da “melhor” idade etc. A Empetur S/A – Empresa de Turismo de Pernambuco é o órgão oficial de turismo do Governo do Estado, responsável pela organização, promoção e divulgação do produto turístico “Pernambuco” nos mercados nacional e internacional, assim como fomentador de projetos que visem o desenvolvimento da indústria do turismo. Seu trabalho é desenvolvido em parceria com empresas públicas e privadas, destacando134

se as empresas que representam o Trade Turístico de Pernambuco e a Comissão do Turismo Integrado do Nordeste (CTI-NE), a Embratur, a Sudene e o Banco do Nordeste. A Empetur é um dos mais antigos órgãos oficiais de turismo do Brasil, fundada em 03 de novembro de 1967, um ano após a criação da Embratur, e está ligada, desde a sua criação, ao Instituto Brasileiro de Turismo (principal órgão oficial do turismo no Brasil), de quem recebe apoio institucional do Governo Federal para o desenvolvimento do turismo no nosso Estado. Assim é Pernambuco: um Estado de diversificadas atrações naturais, culturais, históricas, unidas ao estado de espírito de um povo alegre, criativo, acolhedor e hospitaleiro. Por sua privilegiada posição geográfica com relação a diversos países, Pernambuco tem em sua Capital – Recife – um dos principais portões de entrada do turismo internacional no Nordeste brasileiro. Estado de configuração alongada no sentido leste/oeste, apresenta três regiões fisiográficas bem definidas: o litoral-mata, o agreste e o sertão, todas oferecendo um significativo número de atrativos turísticos. Clima tropical, verão o ano inteiro, todo dia é dia de praia em Pernambuco. Ostenta uma rica paisagem litorânea de 185 quilômetros de praias paradisíacas de águas mornas, com piscinas naturais formadas pelos arrecifes, além de ilhas, bancos de areia, baías, enseadas, coqueirais, e tantos outros atrativos naturais, varridos pela brisa constante e suave vinda de um mar, ora azul-turquesa, ora verde-esmeralda, com a deliciosa temperatura de 26 graus centígrados. Praias delineadas por areias brancas, suaves e macias, deixando o turista relaxado pela beleza da mais pura paisagem tropical e energizado com os sabores da variada culinária pernambucana refrescada pela doce e saudável água-de-coco gelada. São praias que oferecem uma enorme multiplicidade de aspectos para o lazer do turista, reunindo os mais variados tipos de pesca, mergulhos submarinos, esportes náuticos, passeios de barco ou jangada etc. A 510 quilômetros do Recife (apenas 50 minutos de vôo) em meio ao profundo azul do Oceano Atlântico, está o Arquipélago de Fernando de Noronha, parte integrante do Estado de Pernambuco, formado por 21 ilhas. Noronha é, acima de tudo, paisagem natural, santuário ecológico, marco zero da poluição mundial, cercado de águas límpidas que chegam a apresentar 40 metros de visibilidade, um mundo de corais, 135

mirantes para contemplação do infinito, piscinas naturais nas rochas de origem vulcânica, peixes multicores, reduto de espécies únicas da fauna e flora no planeta, é área de preservação ambiental obrigatória. Vale ressaltar a beleza do gracioso balé dos golfinhos rotadores, a leveza das grandes tartarugas marinhas, o fulgor de seus pássaros encantados, seus dias ensolarados, noites estreladas de puro romantismo. Fernando de Noronha vem, ano após ano, melhorando sua infra-estrutura receptiva e já é grife nacional e internacional do turismo ecológico. Mas nem só de praia vive o homem e Pernambuco ainda tem muito a oferecer, com os seus inúmeros atrativos históricos. Afinal, modéstia à parte, a sua própria história é a História do Brasil. A História registra que Pernambuco foi um dos pontos mais tocados no Novo Mundo por portugueses, espanhóis, holandeses e franceses. Nas várias construções – casas, fortes, igrejas, praças, ruas, monumentos e detalhes das cidades como Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Cabos de Santo Agostinho, Igarassu, Itamaracá e Goiana – é possível experimentar as sensações de uma volta ao passado. Um harmonioso misto de passado e presente desfila aos olhos dos visitantes. A riqueza cultural deixada pela mescla étnica formada pelo encontro das culturas européia, africana e ameríndia, torna Pernambuco um encontro inesquecível com uma cultura plural de múltiplas tendências e de singular diferencial competitivo para o desenvolvimento do turismo. Todo este traçado histórico/cultural reserva a Pernambuco uma das mais ricas, atraentes e expressivas manifestações humanas em forma de folclore e cultura popular do Brasil. Não é à toa que o movimento cultural de Pernambuco é um dos mais atraentes do País. Seu cenário revela tendências, as mais variadas, fazendo brotar em cada pernambucano seu potencial criativo. Pintores, escultores, artesãos, poetas, romancistas, escritores e teatrólogos, em Pernambuco, produzem as mais belas manifestações artísticas e culturais. As festas em Pernambuco são inumeráveis (Carnaval, São João, Semana Santa, Circuito de Vaquejada, Festival de Inverno, Circuito do Frio, dentre tantas outras). Acontecem quase todos os dias, varam as noites, prolongam-se pelas madrugadas, comprovando que este é o “Estado da Felicidade”. São festas folclóricas, populares, cívi136

cas, artísticas e religiosas, algumas até improvisadas, pois o que não falta ao pernambucano é o espírito de descontração e alegria. No criativo mundo do artesanato, o homem pernambucano usa sua criatividade de várias formas, unindo sons, cantos, movimentos, cores, alegria, multiplicidade de expressões – principalmente nos trabalhos realizados em palha, couro, corda, fibra, metal, ferro, flandre, chifre, fio, concha, osso, pedra, tecido, madeira, barro, cerâmica, vidro – nada passa despercebido à força criadora da gente de Pernambuco. A Cidade de Caruaru, neste particular, destaca-se como o “Maior Centro de Arte Figurativa das Américas”, conforme título outorgado pela Unesco, pela diversificada arte de moldar o barro, eternizando os bonecos do Mestre Vitalino. Recife, cidade das águas, banhada pelo mar e entrecortada por rios e pontes, destacase como a capital do Turismo de Negócios do Nordeste, por sua característica de arrojada metrópole nacional. Sua infra-estrutura, privilegiada posição geográfica no Nordeste do Brasil, é ideal para a realização de congressos, convenções, feiras profissionais e similares, liderando este segmento turístico na região. Além disso, ainda é o principal pólo médico do Nordeste, importante pólo de informática, pólo gastronômico, pólo artístico-cultural, maior centro distributivo do mercado atacadista e varejista da região, sede de grandes empresas públicas e privadas que estimulam um fluxo natural e sistêmico de turistas para a capital pernambucana. Sua rede hoteleira é a maior concentrada em área urbana do Nordeste, com infraestrutura para eventos de pequeno e médio portes. Tudo isso aliado à beleza natural da praia urbana mais bonita do Nordeste (Praia de Boa Viagem), dos pólos diversionais e gastronômicos do Pina, Bom Jesus, de importantes centros de compras (Shopping Center Recife, considerado um dos maiores centros de compras do Brasil), dos parques aquáticos, temáticos e de diversões, beneficiam a consolidação do turismo de eventos e negócios, ao mesmo tempo em que reforçam a indústria do lazer, indispensável para a maior permanência do turista no Estado. Olinda (cidade tombada pela Unesco como “Patrimônio Cultural da Humanidade”) que pelo seu privilegiado patrimônio histórico e cultural, enriquece, ainda mais, as potencialidades turísticas do Estado, próxima da Capital Recife (apenas seis quilôme137

tros de distância) seus mirantes, sua tradição, cantos, recantos e encantos transforma o Turismo de Negócios e lazer num grande fator para o desenvolvimento dessas duas cidades, que, gêmeas, nasceram e juntas convivem. Estrategicamente, na Cidade de Olinda, fronteira com o Recife, está localizado um dos maiores e mais modernos centros de convenções do Brasil – o Centro de Convenções de Pernambuco – sala de visita do povo pernambucano, tem grande destaque e importância pelo que representa no setor de congressos, convenções e feiras, contribuindo, hoje, com mais de 50% do fluxo turístico. As belas praias urbanas e virgens do litoral pernambucano já dispõem de razoável infra-estrutura de lazer e meios de hospedagem, a exemplo de Maria Farinha, Itamaracá, Cabo de Santo Agostinho, Tamandaré, Complexo Guadalupe, Carneiros, Porto de Galinhas, São José da Coroa Grande, dentre outras, tornando Pernambuco bastante competitivo, nesta área, com relação aos demais Estados nordestinos. Sem dúvida nenhuma, para que isso fosse possível o grande marco foi a inauguração, no Município do Cabo de Santo Agostinho, do Resort Blue Tree Park, apontado como um dos mais completos na categoria no Brasil. Por tudo isso Pernambuco se consolida como um grande pólo de turismo de lazer que reserva aos amantes dos esportes náuticos expressiva quantidade de escombros de naufrágios que proporciona ao turista a aventura de mergulhar até esses atrativos, forte diferencial competitivo do turismo em Pernambuco. Pernambuco ainda oferece inúmeras opções turísticas no seu interior – microclima de montanha, festas regionais, eventos culturais, reservas ecológicas e belas paisagens. O Governador do Estado de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, sensível ao desenvolvimento da indústria do turismo como importante fonte de emprego e renda para a economia do Estado, vem realizando concretas e coerentes ações de incremento no setor, a exemplo da ampliação do Aeroporto Internacional dos Guararapes (que será o maior Aeroporto Internacional do Norte e Nordeste do Brasil); a duplicação da BR 232; ampliação e modernização do Centro de Convenções; recuperação, ampliação e melhorias em toda a malha viária do litoral; dotando os principais pólos turísticos de infra-estrutura de água, esgoto e limpeza; melhorando a segurança e sinalização; e incentivando a capacitação de mão-de-obra, fatores importantes para a consolidação de um destino turístico. Vem investindo, por meio do Prodetur, mais de US$ 300,000.00 (trezentos milhões de dólares), em quatro anos, com a finalidade de conseguir o desenvolvimento sustentável do turismo no Estado, além da promoção do produto 138

turístico “Pernambuco” nos principais mercados emissores de turistas no Brasil e no Exterior, dentre outras ações realizadas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Esportes e pela Empetur, faz crer que teremos ao final do ano 2002 a consolidação definitiva de Pernambuco como o grande pólo turístico da região Nordeste. O Estado de Pernambuco – que já alcançou no ano de 2000 a cifra de 2.650.000 de turistas –, vem sendo o segundo Estado mais visitado no Nordeste do Brasil, com um aumento acumulado de 40% em relação ao ano de 1998, e estima-se, para os próximos anos, aumento médio crescente em torno de 15% a 20%. Seus principais mercados emissores são: o próprio mercado brasileiro, onde se destacam São Paulo e os demais estados do Sul, Sudeste e o Centro-Oeste, importante demanda turística que procura em nossas paragens o turismo de sol e mar. Contamos, ainda, com os turistas dos outros estados do Nordeste, que, possuindo os mesmos atrativos (sol e mar), procuram as diversas atrações, principalmente as festividades do nosso movimentado calendário de eventos, além dos demais atrativos do interior, a exemplo das cidades pernambucanas de microclima. Enfim, a proximidade de Pernambuco com a Europa é muito positiva para o crescimento do fluxo de turistas internacionais no Estado, pois, como bem sabemos, é o tempo de vôo um dos principais fatores para a definição do destino turístico nos importantes pólos emissores europeus. Além do mais, o fantástico e paradisíaco litoral pernambucano está próximo ao aeroporto, ou seja, os principais pólos de praia estão todos a aproximadamente uma hora de distância do Aeroporto Internacional dos Guararapes. O produto “Pernambuco” vem melhorando a cada dia que passa e tem muito o que melhorar pois o desenvolvimento da indústria do turismo está sempre em evolução, levando-nos a realizar um trabalho constante, sistêmico, na tentativa de rapidamente suprir e perenizar a renovação do produto turístico Pernambuco, colocando-o no merecido lugar de destaque no turismo nacional e internacional.

Março de 2001

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Plano de Desenvolvimento Integral do Turismo do Maranhão – Plano Maior Kátia Lima Subgerente de Turismo do Governo do Maranhão

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gradeço pela oportunidade de vir a esta Casa falar de um plano de desenvolvimento do Turismo, que o Governo do Estado do Maranhão executa desde 1995, e que, em janeiro de 2000, foi apresentado à sociedade. Desde os primeiros desenhos do Plano de Trabalho da Governadora Roseana Sarney – 1995/1998, o Turismo foi apresentado como um dos setores prioritários para a retomada do desenvolvimento econômico e social do Maranhão, tendo como ponto de partida a grandeza e potencialidade das riquezas naturais, a diversidade cultural e o rico acervo histórico-arquitetônico. Mas era necessário juntar todas estas potencialidades, aliá-las à infra-estrutura em implantação e montar uma estratégia de marketing numa ação consistente com base num planejamento sustentado em dados precisos, que possam garantir a implementação de uma política de investimentos no setor, visando, sobretudo, à solução dos problemas sociais, através da geração de emprego e renda. Para isso, o Governo do Estado, através da Gerência de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, elaborou o Plano de Desenvolvimento Integral do Turismo do Estado – Plano Maior. Na elaboração desse plano, a primeira demanda a ser respondida referia-se ao que o Governo deseja para o futuro do Turismo no Estado – questionado o planejador, no caso a chefe do executivo estadual, a Governadora Roseana Sarney, determinou que o Turismo de Qualidade é a meta a ser alcançada. Óbvio que, com a diretriz dada, o fazer tornou-se muito mais fácil. Não se perdeu tempo na montagem de opções de planejamento, foi-se direto ao ponto. Para iniciar, foi realizado o diagnóstico: um levantamento, em todo o Estado, das potencialidades turísticas existentes, dos recursos naturais e culturais e, acima de tudo, daqueles atrativos com peso, tanto para o mercado nacional quanto internacio-

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nal. Identificados os recursos naturais existentes no Maranhão, buscando aqueles de grande unicidade, como o Delta do Rio Parnaíba – delta oceânico cuja configuração geográfica só é comparável a de dois outros em todo o mundo – e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses – fenômeno paisagístico único, com 155 mil hectares de área formada por dunas de areias alvíssimas e lagoas de águas cristalinas, apresentando, no seu entorno, toda uma biodiversidade de fauna e flora – que, segundo os especialistas e ambientalistas que avaliaram os atrativos, no mundo, não existe nada comparado. Há ainda o Parcel de Manuel Luís – área de mergulho que fica a 179 quilômetros da ilha de São Luís. É uma formação coralina de uma beleza cênica invejável e de grande poder de atração para mergulhadores. O Maranhão dispõe do segundo maior litoral do Brasil, com 640 quilômetros de costa, em linha reta. Possui ainda um conjunto arquitetônico, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, que é o Centro Histórico de São Luís, com cinco mil edificações de valor inestimável da arquitetura civil portuguesa. Uma grande floresta de mangue, talvez a maior área de manguezal da costa brasileira, está no Maranhão. É um grande viveiro para a flora e a fauna marinha e a garantia da sobrevivência de grande parcela da população costeira do Estado. Como atrativo turístico, dispensa apresentação pelas inúmeras oportunidades de negócios para o setor que pode gerar. Reconhecidos os recursos existentes e a sua valoração, partiu-se para analisar o que o Governo e a iniciativa privada estavam fazendo com esses atrativos em termos de oferta de produtos. Era necessário discutir o que realmente dispunha o Estado, em termos de produto, e aquilo que estava sendo comunicado ao público, através das campanhas, dos anúncios, dos folders etc. Descobriu-se que o que se estava comercializando no mercado turístico, até então, não era aquilo que se deveria. Por exemplo: o atrativo Festas Populares, como potencial contava com 11% de interesse dentre os demais, e estava tendo 31% do espaço na comercialização. Ou seja, estava sendo dada uma importância excessiva a um atrativo que não correspondia ao peso real dentro dos recursos do Estado. No final, era isso. Precisava-se redirecionar toda a comunicação para que se atendesse ao mercado, de forma a dar a cada atrativo a sua real importância. Fez-se então uma análise desse mercado com a participação de representantes do setor, no Estado, e também com aqueles que não têm nenhuma atividade voltada para o Turismo, mas que sofrerão direta ou indiretamente pela ação predatória ou 142

não que o Turismo possa gerar, se for mal planejado e administrado. Enfim, procurou-se fazer com que todos participassem do processo. Analisou-se quais eram as oportunidades e ameaças do mercado local, regional e nacional, assim como os pontos fortes e fracos do Maranhão. Entre as oportunidades, a proximidade com a Europa e os EUA foi considerada como um dos pontos positivos, pois se está a sete horas e meia de vôo de Portugal, uma distância muito curta em relação a outros destinos no Brasil, e cinco horas e meia dos Estados Unidos. Outras oportunidades são representadas pelos recursos naturais, únicos e preservados, em todo território maranhense. Entre as ameaças, o acesso é o maior problema, principalmente porque, hoje, o maior centro emissor de turismo no Brasil é São Paulo muito distante do Maranhão, o que constitui uma dificuldade a mais para o turista chegar, pois está, em média, distante seis ou até sete horas de São Luís. Esse é um desafio que se tem que enfrentar: melhorar a malha aérea para o Estado, diminuindo o tempo de percurso, reduzindo assim os custos de viagem. Outra ameaça é a falta de planejamento integral de marketing na região Nordeste e Amazônica. Os estados estão executando ações de forma isolada, não existindo o conceito de integração das regiões. A Floresta Amazônica é o atrativo mais conhecido no mundo. Todos sabem onde fica, mas não se consegue apresentar a região de forma correta, em termos de turismo, para o mercado nacional e internacional. Para o Maranhão, que está a meio caminho, entre o Nordeste e a Amazônia, esta falta de planejamento prejudica, uma vez que estas duas regiões podem ser o maior portão de entrada do Brasil, se houver planejamento e integração em produtos, criando corredores culturais, ecoturísticos, de aventura etc. numa ação conjunta de marketing. Na análise do mercado interno, os recursos naturais preservados são apresentados, em todas as comissões de discussão, como um dos itens mais importantes. Outro ponto forte é a diversidade dos recursos: áreas de cerrado, de cachoeiras, de manguezais e um deserto. O Maranhão tem um pouco de cada região do Brasil, e essa diversidade faz com que, dentro do próprio Estado, se possa ter um circuito de visitação. A cultura popular é apontada pelas pesquisas realizadas no mercado nacional e, principalmente, na Europa e Estados Unidos, como o ponto forte, e isto chamou a atenção para que o mercado colocasse a identidade cultural como o ponto forte. De fato, o 143

Maranhão tem uma cultura viva, uma cultura popular ativa e dinâmica, não degradada e não explorada ainda comercialmente. A manutenção dessa cultura é uma ação que devemos buscar. Mas o desafio é ainda maior, pois não basta só mantê-la, mas fazer dela um instrumento de desenvolvimento sustentado. Como pontos fracos, foram diagnosticados: a oferta de vôos, a infra-estrutura turística precária, o pouco conhecimento do público nacional e internacional sobre o Maranhão, a pouca consciência da sociedade sobre o turismo – uma realidade que requer ações imediatas para modificá-la. É necessário mudar tudo isso. A população, de um modo geral, não sabe o que é a atividade turismo nem o que pode ganhar com essa atividade econômica. E esse é o maior desafio. A falta de consciência leva à falta de qualidade, que leva à falta de oferta de bons produtos. Para resolver todos esses problemas, seria necessário montar uma estratégia em que toda a equipe de planejamento respondesse a alguns questionamentos: qual é a visão de futuro? O que se quer do Maranhão? etc... A primeira ação é a definição de horizonte de tempo para a execução do Plano Maior. É necessário lembrar que a elaboração do Plano começou em 1999, visando a consecução dos objetivos até o ano de 2010 e, o que se deseja ao chegar lá, é que, quando se falar turismo esteja consolidado o conceito de que “o Maranhão é um Estado do Nordeste (hoje muita gente sequer sabe onde fica o Maranhão), ao qual agrupa um conjunto de belezas naturais e culturais únicas e diferenciadas. Por isso, ele está incorporado à primeira linha dos destinos culturais e ecoturísticos do Brasil”. O objetivo do Plano Maior é, em primeiro lugar, conscientizar a sociedade. Não é possível desenvolver o turismo numa localidade se a população não for a parceira principal a ela cabe a responsabilidade de gerenciar todos os impactos, positivos ou não, que o turismo trouxer. Todos deverão estar preparados para cobrar do governo, dos empresários e do turista uma ação correta, que não gere degradação, que não gere impactos muito negativos na região. Criar uma imagem do Maranhão é outro objetivo a alcançar. O Maranhão ainda é um Estado desconhecido. É necessário criar uma imagem que reflita a oferta de atrativos dos pólos e o que estamos dispostos a colocar nas prateleiras das operadoras. A qualidade no serviço é outro objetivo do qual, por definição do Plano, não se pode abrir mão de alcançá-lo: A diretriz do Plano é trabalhar qualidade sempre.

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É óbvio que ampliar fluxos turísticos para o Maranhão também compõe o quadro de objetivos. A partir desses e outros objetivos e das estratégias iniciais definidas, foram traçadas as metas, lembrando sempre que o horizonte é o ano de 2010, quando se espera receber um milhão e meio de turistas, que estarão circulando entre os pólos (pelo menos por dois deles), e quando for totalizada a entrada nos pólos, alcançaremos a meta de um milhão e meio de visitantes. Para alcance dessa meta foi estimado um investimento de 814 milhões de reais, sendo que, desse total, 475 milhões são recursos do Governo, esperando gerar uma oferta de, aproximadamente, 130.000 empregos, neste período de implantação. E, quando implantado todo o processo de estruturação, serão gerados mais 10.300 no setor. Com isso, espera-se uma receita direta de, aproximadamente, 610 milhões de reais. Isso, contando com um tempo de permanência entre 10 e 14 dias no Maranhão. Para atingir esses objetivos, é necessário desenvolver um plano de estruturação que priorize os investimentos necessários. Esse é o desafio. O Maranhão é um Estado muito grande, o oitavo do Brasil em extensão territorial. Então, foi necessário dividi-lo em pólos de atração, tendo como pressuposto os recursos culturais e naturais existentes e suas características geográficas e socioculturais: áreas que possibilitassem um rápido desenvolvimento e que pudessem gerar um retorno mais rápido, dentro desses 10 anos. Foram selecionados cinco pólos: quatro no litoral e um no sudoeste do Maranhão. O primeiro pólo é São Luís, com todos os seus atrativos históricos e culturais. Nesse pólo estão os quatros municípios que compõem a Ilha de São Luís e mais Alcântara. O que se deseja para este pólo é que seja reconhecido como um centro histórico e cultural dinâmico no Maranhão, principalmente, nas áreas históricas de São Luís e Alcântara. Deseja-se apresentar aos operadores o turismo cultural, apesar da capital do Estado dispor da estrutura para o Turismo de Negócios, convenções, congressos e feiras. São Luís, além de tudo, será o centro receptor e distribuidor de todo o turismo para o Maranhão. O segundo pólo, o Parque dos Lençóis, composto por quatro municípios, dispõe de um espaço ecoturístico único e de qualidade. Poucas pessoas, mas um turismo de altíssima qualidade, com visitantes que, realmente, entendam a biodiversidade, a fantástica natureza que tem no Parque Nacional, além de toda a beleza cênica criada pela natureza. 145

O Delta do Rio Parnaíba, juntamente com a área de preservação ambiental dos Pequenos Lençóis, formam o Delta das Américas, o terceiro pólo. O grande atrativo é a área de manguezais, com praias, muitas aves, muita vida. O que se deseja para este pólo é a formação de um conjunto de centros ecoturísticos para entender a biodiversidade que o mangue oferece. A outra área é a Floresta dos Guarás, dentro do que se chama de Amazônia Legal. Aqui o conceito a ser trabalhado é o conjunto de ilhas, as mais oceânicas do Maranhão, a floresta de manguezais, os barcos artesanais, a vida no mar e a observação de pássaros. O que se quer é fazer com que todos compreendam a vida nesta região cheia de barcos, de observação de pássaros e da forma de existir das pessoas que vivem em função das águas do mar e rios. No sudoeste do Maranhão existe a Chapada das Mesas, uma região de cachoeiras, de cerrado, de chapadas, apropriada para o esporte, para a aventura e para o lazer. Aqui o turista é quem decide se vai praticar o esporte, a aventura ou o lazer. Para a melhor compreensão, o Plano Operacional foi dividido em duas fases. A primeira, até o ano de 2002, é a de estruturação, e trata daquilo que o governo pode fazer independente de qualquer outro segmento. Ou seja, o que será feito, em termos de estrutura e organização. Esse período é chamado de estruturação da qualidade Maranhão. O segundo período, o da consolidação da qualidade, vai até 2010. Para esta fase espera-se que os empresários já estejam investindo na melhoria e na implantação de novos equipamentos. Na primeira fase, que o governo está trabalhando agora, o objetivo é investir. Investir em infra-estrutura básica e de serviços públicos. Investir em equipamentos de hospedagem, alimentação, lazer e tudo mais que possa atender bem ao turista. É também a fase de investir em marketing, na criação de uma imagem do Maranhão e também na sensibilização e na qualidade, que é um trabalho muito interno, voltado para a população desses cinco pólos. O Plano Operacional conta com cinco macroprogramas, abrangendo as áreas críticas para o desenvolvimento turístico no Estado, atendendo às demandas de investimento: os Macroprogramas de Maior Qualidade, de Desenvolvimento, de Sensibilização da Sociedade, de Marketing e de Comunicação. O primeiro programa é fundamental, o “Maior Qualidade”, que tem como objetivo preparar os serviços e os produtos turísticos para a nova realidade do turismo que se pretende alcançar com a implantação do Plano Maior. 146

Para o programa Maior Qualidade,, foram criados projetos de treinamento para atender às áreas que, no diagnóstico, se apresentara como mais sensíveis a mudanças e aquelas necessárias de melhorias. Os segmentos que estão sendo trabalhados são: Sagrado e Profano, com o objetivo de melhorar a qualidade na oferta dos nossos atrativos e manifestações culturais. Sabores do Maranhão, o treinamento ocorre no próprio estabelecimento de alimentação e são atendidos do dono, se quiser, até aquele que põe o lixo na rua. Todos são informados sobre o que é qualidade, o que se pode fazer para melhor atender, a importância do sorriso, do cartão de visita, do bem entender, do informar, do saber como é o prato que vai ser servido, quais os ingredientes que constam dele, além de conhecer o cardápio, para poder bem atender o cliente. Pousadas do Maranhão, destinado ao setor de hospedagem. É o mesmo programa feito nos restaurantes, adequado às pousadas. Arte nas Mãos, programa aplicado em parceria com o Sebrae, voltado, exclusivamente, para o artesanato, com o objetivo de melhorar a estrutura do artesanato no Maranhão e fazendo com que o artesão tenha condições de produzir e vender bem o seu produto, e que evite a produção de um artesanato descaracterizado, para que a identidade cultural continue autêntica. Percorrer o Maranhão. Este programa está voltado para todo o segmento de transporte e informação: os guias de turismo, os motoristas de ônibus, de táxis, das transportadoras, enfim, todos aqueles que prestam informações ao turista. Os Azulejos de São Luís e Casarões de Alcântara, programa voltado para os Centros Históricos de São Luís e Alcântara. Pretende fazer com que a população entenda que este espaço representa toda uma herança de nossos antepassados: um acervo arquitetônico dos séculos XVIII e XIX, cuja preservação é imprescindível para a ampliação da oferta de trabalho e renda no Estado, e que este espaço deve ser utilizado como alavancador da atividade turística no Maranhão. O Maranhão Bonito se resume no resgate da cidadania, no gosto pela sua cidade. O objetivo é fazer o cidadão compreender a importância da manutenção de sua rua, do seu bairro e por isso estará trabalhando para melhorar a sua cidade. Deseja-se a compreensão de que o Turismo pode gerar recursos para o cidadão, para o governo, para o empresário, enfim para todos que estão investindo e para os que serão indiretamente beneficiados. 147

Outro macroprograma é o de “Desenvolvimento”. O desenvolvimento turístico sustentável dos pólos só tem sucesso se proporcionar a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. O Plano Maior tem por base a visão de que um destino turístico só será bom a seus visitantes se primeiramente for bom para a comunidade. Todo o esforço para a melhoria e estruturação do produto Maranhão traduz a idéia de prosperidade para toda a sociedade maranhense. Neste macroprograma pretende-se trabalhar o desenvolvimento integrado dos aspectos sociais, econômicos, urbanos e a preservação dos recursos naturais e culturais. Nesse sentido, o Governo do Estado investiu, em 1999/2000, aproximadamente 45 milhões de reais, no Centro Histórico de São Luís, na instalação da rede subterrânea de água, de energia, de telefonia, em calçadas, nas ruas, voltando-as à configuração de como eram quando este centro foi construído, recuperando edificações próprias do Governo, para transformá-las em habitação, em escolas, como a de música, que possui 1.100 alunos e de arquitetura, com mais de 400 alunos. Com este investimento, espera-se a dinamização deste espaço, pois, diferentemente de outros Centros Históricos, este é destinado, em sua maioria, ao comércio e prestadores de serviços. O que se deseja é transformá-lo num espaço dinâmico, com comércio, serviços e residências, que possibilitarão vida com a cobrança de serviços essenciais ao seu dia-a-dia. O Macroprograma de Desenvolvimento é subdividido em cinco programas básicos: infra-estrutura básica e de suporte, planejamento, formação de mão-de-obra, reestruturação de produtos e estruturação de novos produtos. A maioria dos programas aqui relacionados dispensa apresentação. No de Planejamento o que se pretende é a normatização dos espaços, com a elaboração de planos diretores, planos de desenvolvimento locais e normas para os espaços de conservação, como o Parque Nacional dos Lençóis, as áreas de proteção ambiental etc. Um outro programa é o da Sensibilização. Este programa trata da Educação Ambiental, do Lixo (a Campanha: lugar de lixo é no lixo) e da Conscientização sobre o turismo. O outro programa é o de Marketing. Este foi subdividido em quatro segmentos: Investidores – a campanha “O Maranhão é uma grande oportunidade” destinada exclusivamente a empresários e formadores de opinião. Para o segmento trade tem a campanha: “O Maranhão está perto de você”. O Maranhão está distante do maior centro emissor de turismo do Brasil, que é São Paulo e para evitar ou minorar esse problema foram criados escritórios de representação em São Paulo – para atender o centro-sul, e outro em Buenos Aires para o Mercosul. 148

O marketing para a imprensa é “Descubra o Maranhão”, deseja-se que a imprensa conheça o Maranhão. O processo definido é Educar. É necessário informar ou educar sobre o Maranhão, seja através dos escritórios ou de visitas ao Estado esperando-se que compreendam e conheçam como é a vida, os atrativos, para que quando se iniciar as campanhas destinadas ao consumidor elas possam refletir nos veículos de comunicação. E o marketing para o consumidor, com a campanha “Maranhão. O Segredo do Brasil”. Sempre com a parceria dos escritórios, essa campanha não começou ainda, será iniciada com o São João. O resultado, para o Maranhão, destas ações já é visível; pois, até março, abril de 2000 não havia um único anúncio de venda do Produto Maranhão. Após a implantação do Plano Maior, as operadoras começaram a conhecer o Maranhão e criar pacotes e roteiros em que estão sendo divulgadas campanhas em veículos de comunicação especializados do Brasil. O Governo apóia, mas quem está fazendo a venda são as operadoras, que acreditaram nas potencialidades do Estado e nas ações que o Governo está desenvolvendo. O macroprograma de “Comunicação” envolve todos os outros macroprogramas do Plano Operacional, porque, em todos, existe público-alvo, e a este se pretende fazer compreender, criar atitudes e motivações e mudar comportamento. Além da comunicação interna, cada um dos segmentos do macroprograma de marketing pretende-se trabalhar para públicos específicos, como: investidoras que serão trabalhadas no Cone Sul, no mercado nacional e no regional; o trade e a imprensa que serão trabalhados em todos os mercados, incluído o europeu; e o marketing do turista para o mercado do Cone Sul, nacional e regional. Em síntese, esse é o plano e como qualquer processo de planejamento está sempre disponível para receber contribuições, alterações e melhorias, sempre. Obrigada.

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Cruzeiros Marítimos Flávio de Almeida Coelho Presidente da Santa Catarina Turismo – SANTUR

1 – Quando assumi a Presidência da Embratur, em 1963, estabeleci para mim mesmo uma meta, inserida no esforço para viabilizar a entrada do Brasil no mundo dos cruzeiros marítimos. Na verdade, o Brasil estava injustificadamente ausente do setor do Turismo que mais se expandia no mundo. Com uma costa de oito mil quilômetros, em 75% dos quais é verão o ano inteiro, nosso País não podia ficar fora desse mercado por três motivos principais: a) por possuir a maior costa contínua do mundo submetida à mesma legislação; b) igualmente, por ter oito mil quilômetros de litoral com os mesmos costumes e falando a mesma língua; c) pela diversidade de atrativos que essa costa oferece aos passageiros. Histórico 2 – Que fator impedia que os cruzeiros marítimos navegassem na costa brasileira? Uma legislação que remontava a 1890, cujos dispositivos restritivos eram reafirmados a cada Carta Magna. Um intenso lobby dos armadores de transporte de carga sempre atuou com firmeza junto ao Poder Legislativo, para preservar essa “reserva de mercado” equivocada. A razão: o temor desses empresários de se defrontarem com uma situação desconhecida. A legislação por causa disso, acabou engessada. 3 – Em 1993, o Brasil não tinha em sua frota nenhum navio de passageiros. 4 – Foi realizado, desde então, um trabalho junto ao Congresso Nacional, do qual resultou, em agosto de 1995, a Emenda Constitucional no 7, de 15 de agosto. 5 – Na mesma época foi transformada em Comissão Permanente a Comissão Provisória de Turismo da Câmara Federal. 151

6 – Estávamos então prontos para nos candidatar à captação do turismo de cruzeiros. O turismo no mundo 7 – É preciso traçar agora um quadro atualizado do que se passa no mundo do turismo. a) no mundo inteiro, essa atividade representou em 1999 um movimento de US$ 4,5 trilhões; b) gerou 192 milhões de empregos diretos; c) apresentou um movimento de 660 milhões de viagens; d) representou o ingresso de US$ 455 bilhões de divisas. Os cruzeiros no mundo 8 – O total de embarcações construídas, especialmente, para o lazer marítimo não passava, há 20 anos, de duas dezenas. Hoje, o número de transatlânticos chega a 323,que transportam 6,9 milhões de passageiros por ano e geram uma receita de US$ 38 bilhões. O futuro dos cruzeiros 9 – Até o ano de 2004 serão entregues 54 novos navios representando investimentos de US$ 20 bilhões, oferecendo 103.584 leitos. 10 – Estão presentemente (maio de 2001) em fase de negociação mais 46 navios de médio porte, significando a agregação de mais 56.110 leitos. Saturação de destinos no Caribe 11 – Os maiores destinos do mundo estão no Caribe, por um motivo muito simples: o Caribe fica na porta do maior emissor de cruzeiros do mundo, a América do Norte. 12 – Mesmo assim, esse mercado se encontra em vias de saturação. Há 20 anos o porto de Miami dava vazão a três saídas semanais de transatlânticos. Hoje o Estado da Flórida possui cinco terminais de cruzeiros: Fort Lauderdale, Cabo Kennedy, Tampa, Key West e Miami. 13 – As empresas que operam o Caribe estão “inventando” portos para atracar seus navios. A Celebrity Cruises inventou Calica, na costa mexicana, um terminal de calcáreo 152

sem sequer trapiche; a Royal Caribean “inventou” uma praia no Haiti, Labadee, onde construiu toda a infra-estrutura, incluindo porto de embarque/desembarque, pavilhões de alimentação e venda de artesanato, além de recuperar os modestos equipamentos culturais da área. Enquanto isso, em Itajaí, somos obrigados a conviver com a pouca profundidade do porto, que só pode acolher navios menores do que 25 mil toneladas e 150 metros de comprimento. Turismo no Brasil 14 – O Turismo no Brasil tem melhorado muito seus números. Em 1998, por exemplo, movimentou mais de US$ 31 bilhões; circularam no País 38 milhões de turistas domésticos; em 1999 entraram no País 5,1 milhão de turistas estrangeiros, que geraram US$ 3,9 bilhões de divisas. Brasil, o destino alternativo 15 – Para credenciar o Brasil como o grande destino alternativo dos cruzeiros marítimos, é preciso “vender” nossas condições. Dizendo, por exemplo, que: a) em 70% da costa brasileira e verão 365 dias por ano, ao contrário do que ocorre no resto do mundo; b) o potencial de clientes de cruzeiros no Brasil é de cinco milhões de pessoas. Só na temporada 2000 embarcaram em cruzeiros na costa brasileira 50 mil passageiros; c) estrutura física pronta; d) portos (cidades) que constituem atrações universais (Rio, Santos, Salvador) Cruzeiros em Santa Catarina 16 – Na temporada 2000/2001, Santa Catarina acolheu 2,8 milhões de turistas, dos quais 600 mil estrangeiros, dos quais arrecadou US$ 600 milhões. E prevê investir na área turística US$ 140 milhões, através do Projeto já apresentado ao Banco Mundial, o Prodetur. 17 – Santa Catarina apresenta-se como rota alternativa do sul do continente para os cruzeiros marítimos por vários motivos. a) boa qualidade dos seus portos (São Francisco, Itajaí, Porto Belo, Florianópolis e Imbituba.) b) material de divulgação de alto nível; 153

c) bons focos de atração na área de influência do porto (Beto Carrero, compras em Blumenau e Brusque, Praia de Camboriú, Fortes na Ilha de Florianópolis etc.); d) envolvimento de empresas e da comunidade no processo receptivo. 18 – Na temporada de 2000/2001, aconteceram 29 escalas em portos catarinenses, sendo: Florianópolis....................... 16 Porto Belo....................... 10 Itajaí....................... 01 São Francisco....................... 01 Imbituba....................... 01 Com um total de passageiros desembarcados de 14.535 e uma receita gerada de US$ 2.907.000,00 (US$ 200 por passageiro/dia). Desafios que se apresentam a) precariedade e fragilidade da legislação. Os navios de cruzeiro são encarados pelas leis e regulamentos como navios cargueiros e seus passageiros como carga; b) as companhias aéreas brasileiras não se movimentaram para a importância e o futuro dos cruzeiros; c) o mesmo quanto a hotelaria; d) os cruzeiros marítimos se desenvolveram no Caribe graças ao programa 7 + 7. E no Brasil? e) é necessário que o País mergulhe de cabeça na atração dessa qualidade de turismo, preparando seus portos e suas cidades para cumprirem o aspecto “receptivo” da atividade. O primeiro passo a dar é o saneamento de uma legislação ultrapassada – e isso deve ser feito rapidamente pelo Governo federal, com o auxílio até, se for o caso, de uma Medida Provisória. Maio de 2001

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Mato Grosso no Contexto do Turismo Mundial Ezequiel José Roberto Secretário de Estado de Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso

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u gostaria de saudar Oswaldo Trigueiros, presidente do Conselho de Turismo, o vice-presidente, nosso companheiro Hélio Souza, e o José Maria, que é o secretário executivo; saudar a todos os demais conselheiros e conselheiras desta respeitável entidade que é a Confederação Nacional do Comércio, bem como saudar os estudantes, acadêmicos, professores da área de Turismo, servidores desta instituição. Dizer que, particularmente, para nós, é um privilégio, uma honra muito grande poder sair do nosso Mato Grosso, do nosso querido Estado, e vir falar para os senhores, que tiraram um minuto do seu tempo, para que pudessem ouvir um pouco da experiência do turismo que nós estamos desenvolvendo em nosso Estado. Um Estado bastante novo, um Estado que está numa fase muito grande de desenvolvimento econômico, atraindo do Brasil e do mundo todo inúmeros investidores e indústrias. Um Estado de característica agropecuária. Um Estado que tem um potencial muito grande. Estamos há um ano e meio na Secretaria de Desenvolvimento do Turismo do Estado de Mato Grosso. Mato Grosso é um dos poucos estados do Brasil que tratam o turismo como uma atividade estratégica, porque nós temos uma secretaria de primeiro escalão – talvez três ou quatro estados no Brasil têm uma secretaria de primeiro escalão – em que trata, diretamente, as coisas, os negócios e as atividades do setor turismo do nosso Estado. O Governador Dante tem uma visão muito larga; é uma pessoa que tem uma referência a nível nacional; ele foi o autor da emenda que restabeleceu a democracia neste País, as Diretas já. É um governador que está em seu segundo mandato. Enfim, ele tem nos apoiado, nos ajudado muito, para que nós possamos buscar os nossos inúmeros parceiros, para que possamos desenvolver o potencial que o nosso Estado tem; um potencial belíssimo, fantástico; temos oportunidade de desenvolver esse trabalho junto com a nossa equipe. Aqui, conosco, está o Dr. Lacerda, que é o nosso subsecretário de Turismo. Homem que tem uma larga experiência na área; tem mais de 30 anos na atividade turismo. É um 155

dos grandes estrategistas de marketing de turismo do Brasil. É uma pessoa que tem nos ajudado muito, trabalhado muito, e tem sido, praticamente, aquele que tem nos dado uma referência nessa atividade tão estratégica, importante para o Brasil e para o mundo. A nossa Assessora de Comunicação, Lana Motta, também nos acompanha, assim como o maestro Abel, que é professor universitário e é mestre nessa cultura mato-grossense da “viola de cocho”. Sinto-me muito honrado, é uma satisfação muito grande poder estar aqui com os senhores. É um privilégio para nós mato-grossenses, de um Estado tão pequeno desse Brasil. Nos sentimos orgulhosos de poder apresentar para vocês uma parte daquilo que nós estamos desenvolvendo em nosso Estado. O tema da nossa palestra é Mato Grosso no Contexto do Turismo Mundial. Vamos fazer uma panorâmica do Turismo no mundo, no Brasil, e, depois, na parte de Mato Grosso. Iniciamos com uma frase de um publicitário americano, que disse: “Quando você tenta agarrar as estrelas, talvez não consiga agarrar nenhuma delas, mas é certo que não acabará com um punhado de balas nas mãos”. Então, nós temos que pensar alto, pensar para cima, de uma forma que nós sempre vamos ter um resultado positivo. Nós estaremos falando aqui dessa indústria mais poderosa do mundo na atualidade. A indústria que cresce duas vezes mais que o Produto Interno Bruto mundial. Talvez a única indústria que tem seis bilhões de consumidores em potencial, é a indústria do Turismo. Paulo Senise, diretor internacional de hotéis e resorts, diz o seguinte: “Se a indústria do Turismo fosse um país, seria uma das maiores e mais prósperas nações do mundo, com Produto Interno Bruto superior a US$ 4 trilhões, estaria sendo visitada por 700 milhões de pessoas e teria um mercado potencial global da ordem de seis bilhões de consumidores”. Isso é muito significativo. Turismo vem da palavra francesa tour, que quer dizer volta. O tour, em inglês, também quer dizer volta, tornare, em latim, e o tour, em hebraico, que é também uma viagem de reconhecimento. A história do Turismo vem do Século XVIII a.C., na Grécia, com os jogos olímpicos. 156

Foram as viagens motivadas pelo diletantismo, pelo comércio, pela cultura e, também, pela descoberta. No Século II a.C. até o Século IV d.C, no Império Romano, é que surgiu o primeiro sistema de estradas originadas lá no Império Romano, para o campo, o mar, centros termais, templos e festivais, visando, então, a integração do Império. No século XV surgiram as grandes viagens transoceânicas, lideradas pelos espanhóis e portugueses. O Século XVI, com a Renascença, teve a revolução nas artes, nas letras, na ciência e na liberdade do ir e vir. No Século XVII, surgiu o primeiro guia turístico, criado pelo Francis Bacon em 1612. No Século XVIII, John Palmer fez a invenção da diligência, em carruagens, foi o primeiro transporte a conferir o caráter romântico às viagens. No Século XIX, tivemos a invenção da máquina a vapor, que induziu a revolução, especialmente no transporte rodoviário e hidroviário. Então, se intensificam as viagens internacionais através das ferrovias e dos navios. Na primeira metade do Século XX, nós tivemos, então, o advento do automóvel e do avião, quando se criam as condições básicas para a revolução do Turismo. Na segunda metade do Século XX, nós temos o Turismo, que, basicamente, é um sistema de atividades econômicas que impacta mais de 52 setores da nossa economia. Basicamente é esse o conceito que nós temos dessa indústria. Qual é a classificação básica? Nós temos o turismo de massa, dominado pelo turismo de sol e praia, que domina quase que a maioria dos turismos em todo o mundo. Nós temos o turista cosmopolita e urbano, turismo de neve e esqui, turismo de parques temáticos. Nós temos, também, outra classificação de turismo especializado, ou específico, ou personalizado, que é o ecoturismo, muito seletivo, o turismo rural, ou também conhecido como agroturismo e também o turismo de observadores de pássaros. Nós temos na área de esportes radicais, por exemplo, turismo de mergulho, canoagem, rappel, tracking, pára-quedismo, escalada etc. Segundo dados de 2000, da Organização Mundial do Turismo, a indústria teve US$ 4 trilhões de faturamento, US$ 700 bilhões em impostos, que corresponde a cerca de 10% do Produto Interno Bruto mundial; 275 milhões de empregos, 10% da força mundial de trabalho, gerada na indústria de turismo; tivemos 700 milhões de viagens internacionais e também US$ 500 bilhões em divisas. A taxa média de crescimento ao ano de 4%, nesse segmento de 20% ao ano. E nas viagens internacionais, 80% delas são de curta distância. Uma observação: Um estudo científico da Organização Mundial do Turismo estima que o turismo interno representa, em média, 10 vezes o turismo internacional. Então, é uma coisa fantástica. Dados da revista Veja sobre aviação mundial registram para o ano de 1997 um bilhão 157

de passageiros transportados. Existem no mundo, hoje, 11.000 jatos voando, 5,5% ao ano de crescimento no setor da aviação, e 60% desses jatos, são lotados pela indústria de turismo, especialmente os vôos charter. A projeção da Organização Mundial de Turismo para 2010, é que chegaremos a um bilhão de viagens internacionais, US$ 1,5 trilhão em divisas. São números gigantescos. Projeção para 2020, 300% de crescimento das viagens e 500% de crescimento da receita. Dados de 1999 indicam chegada de turistas internacionais por região: Europa com 59%, as Américas com 19%, a Ásia Oriental e Pacífico com 14%; os demais continentes: África com 4%, Ásia 2%, Oriente Médio com 2%. Na receita gerada pelo turismo internacional por região, a Europa fica com 51%, as Américas com 27%, a Ásia e Pacífico com 19%. Nós temos os países líderes em 1998, a França recebeu 70 milhões de turistas, é o primeiro país no ranking mundial, a Espanha 47 milhões e a Itália 34 milhões. Os Estados Unidos, apesar de serem o terceiro em receptivo, recebeu 47 milhões de turistas, teve uma receita maior, 74 milhões; Itália, 30 milhões, a França, 29 milhões. Os americanos têm uma grande estratégia, que faz com que a permanência dos turistas seja maior, tem inúmeros parques, enfim, é uma estratégia muito aguerrida, e o Brasil, recebendo quase cinco milhões de turistas, ocupando a 29° posição, uma receita cambial ainda muito pouco significativa: US$ 3,6 bilhões. Quanto ao Produto Interno Bruto, na Espanha o turismo contribui com 16,1%, na Bélgica com 15,6%, na Grécia com 14,7%, no México com 13,3%, na França com 12%, na Alemanha com 12%, nos Estados Unidos com 9,7%, e aqui no Brasil, segundo fontes da WTTC, que é o Conselho Mundial de Turismo, com 7,8% do PIB. Quanto aos dados do turismo nacional registro uma frase, que a maioria dos senhores já conhece, do Rui Barreto que foi presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro: “Ou crescemos do tamanho do Brasil, ou ele se reduz à nossa dimensão”. Quais são as nossas potencialidades? Somos o País mais tropical do mundo. Somos, indiscutivelmente, o povo mais alegre e comunicativo do planeta. Somos uma nação continente unida, nós temos uma unidade de língua e étnica incomparável. Temos a maior floresta do planeta, que é a Amazônica. Temos 7.500 quilômetros de praias tropicais. Temos os mais espetaculares saltos do mundo, ali representados pelas Cata158

ratas do Iguaçu. Nós temos o maior sistema hídrico do planeta. A maior reserva de biodiversidade da terra, que é o Pantanal de Mato Grosso. São potencialidades que o nosso Brasil tem e cujo desenvolvimento precisamos estimular. Não temos terremotos, não temos tufões ou furacões, enfim, temos absoluta tranqüilidade. Uma frase do presidente da Embratur, senhor Caio Luíz de Carvalho: “2000 é definitivamente o ano em que a indústria brasileira de turismo atinge a idade da razão”. Segundo dados de 1999, o Brasil recebeu cerca de cinco milhões de turistas nas principais entradas no Brasil do turismo receptivo. Janeiro, fevereiro e março são os meses em que nós recebemos mais turistas, caindo nos outros meses. Em janeiro, cerca de 728 mil turistas foram recebidos no Brasil. Principais mercados emissores de turismo para o Brasil são Argentina com 15%, a França com 3%, os Estados Unidos com 14%, a Itália e o Uruguai com 3%. Os maiores emissores são o mercado europeu e a América. A entrada de turistas no Brasil dá-se na maior parte via terrestre, 48%; via aérea 49%, principalmente desses países do Cone Sul. Via marítima e fluvial, apenas 2 e 1%, respectivamente. Os principais portões de entrada de turista estrangeiro no Brasil! São Paulo, o principal, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Mas, basicamente, São Paulo e Rio de Janeiro são os dois principais portões de entrada. Pelo Paraná entram no mês de janeiro, 122 mil turistas. Nos três primeiros meses, janeiro, fevereiro e março o fluxo é maior, depois vai caindo, chegando a dezembro com 68 mil turistas. A entrada de turistas pelo Rio Grande do Sul ocorre preponderantemente nos meses de janeiro, fevereiro e março, recebendo 280 mil turistas, e, em dezembro, chega a 108 mil turistas. Dado o grande número de eventos que existem, de janeiro a dezembro entra em São Paulo uma média de 120 mil turistas, em média mensal. Isso evita a sazonalidade; faz com que os empreendimentos se fortaleçam e tenham um faturamento 12 meses no ano. O que não acontece no Pantanal, por exemplo, porque você tem o período da seca de seis meses e um período da chuva de seis meses. Você tem uma despesa fixa 159

nos seus empreendimentos de 12 meses e, às vezes, só fatura seis meses num ano. Isso é muito complicado. Precisa oxigenar isso e fazer com que o Turismo aconteça 12 meses no ano, como é o caso de São Paulo, através, principalmente, do segmento de eventos, que é um segmento muito crescente. O Mato Grosso está partindo para isso. O governador inaugurou no ano passado um grande centro de eventos, chamado Centro de Eventos do Pantanal, que é do Sebrae nacional, que está entre os melhores do Centro/Oeste, muito moderno, e nós vamos poder, agora, captar eventos no Brasil e no mundo todo, e levá-los para Mato Grosso, o que vai nos ajudar a atrair turistas. As principais cidades visitadas pelos estrangeiros são o Rio de Janeiro, seguida de Florianópolis e São Paulo, depois Salvador. O Rio de Janeiro com quase 30% dos turistas estrangeiros no Brasil. O gasto médio per capita dos turistas em visita ao Brasil é, segundo dados de 1991 a 1999, e num período de nove anos, de 70 dólares/dia. Com referência ao turismo interno, temos um desembarque nos aeroportos brasileiros de 1991 a 1999 muito crescente. Em 1991, 16 milhões, chegando em 1999 a 28 milhões. Vinte e oito milhões de desembarque nacional! Mato Grosso tem um desembarque/ano, dados da Infraero de 1999, de 260 mil passageiros. Os desembarques dos vôos de turismo internacional, no ano de 1991, atingiram um milhão, e, em 1999, chegaram a quatro milhões e oitocentos. Hoje, temos cerca de cinco milhões de turistas. Como os senhores vêem, pelos dados apresentados, o Brasil ainda ocupa uma posição muito modesta no turismo mundial. Esses dados por si só falam. Ocupamos hoje o 29o lugar, e temos muita estrada para percorrer. Recebemos quase o mesmo número de turistas que recebe, por exemplo, a África do Sul, que só teve, no ano de 1999, quatro milhões de turistas. As perspectivas para 2003 mostram que serão investidos até esse ano, em 300 empreendimentos, que são hotéis, resorts, pousadas e 10 parques temáticos, cerca de US$ 8 bilhões . Esses dados são da Revista Exame; serão gerados até 2003, cerca de 500 mil novos empregos. A indústria de turismo tem uma facilidade muito grande de gerar emprego, porque impacta 52 setores da nossa economia, e cada um milhão investido na área de turismo gera três a quatro empregos a mais, por exemplo, do que qualquer outra indústria automobilística; tem um resultado fantástico em termo de geração de emprego. 160

Os principais empreendimentos previstos são hotéis em Manaus, no Amazonas, o Marriot Manaus – US$ 30 milhões, em Fortaleza, no Ceará, três resorts – cerca de US$ 150 milhões, em Alquirás; temos um grupo português investindo no Ceará, em Paracurú, cerca de US$ 500 milhões; no Ceará, em Cumbuco, é uma outra praia bastante interessante, outro grupo investindo US$ 25 milhões. São investimentos pesados nessa área. O Beach Park, também no Ceará, Fortaleza, fazendo um aquário e mais um hotel de 4 estrelas, investindo cerca de US$ 30 milhões; a Odebrecht investindo no Rio Grande do Norte, no pólo de Pitangui, US$ 90 milhões; Porto de Galinhas; na Praia do Francês, em Alagoas, também o Caeser Park, com US$ 30 milhões, enfim, são números muito grandes. Na Bahia, inúmeros empreendimentos também pelo grupo Andrade Gutierrez, Santo André/Bozzano, Multiplan. No Rio de Janeiro, Cabo Frio, Andrade Gutierrez construindo também um resort de US$ 15 milhões. Em Angra dos Reis, outro, Resort Marina. Um grupo italiano está investindo num projeto urbanístico de Camboriú, cerca de US$ 250 milhões. Em Mato Grosso, Poconé, Mato Grosso, Curumba e Bonito, a Odebrecht, em parceria com a Andrade Gutierrez, está investindo também em eco resorts, em hotéis, cerca de US$ 30 milhões até 2003. Em São Paulo estão previstos cinco hotéis de classe mundial, que vão gerar mais 1.500 unidades, investimento de US$ 300 milhões. Estão em construção cerca de 125 novos flats, com mais de 26 mil unidades, investimento de mais de 300 milhões. O Centro de Exposições Transamérica, 22 mil metros quadrados. O Centro de Convenções Anhembi, que está ampliando para 25 mil metros quadrados. O novo Centro Internacional de Guarulhos com 200 mil metros quadrados. São Paulo vai se tornar, como o Rio de Janeiro, uma grande capital do turismo de eventos. O complexo hoteleiro de Anhembi, que estava parado há 30 anos, com 780 apartamentos, foi retomado pelo grupo Hollyday Inn, com investimento da ordem de US$ 100 milhões. Serão cerca de 8 bilhões, que serão investidos nos próximos 10 anos na área. O Rio de Janeiro estava no quarto lugar no ranking mundial de eventos. Isso é interessantíssimo, ranking mundial; 75% da ocupação hoteleira e sete milhões de turistas nacionais e internacionais. Rio de Janeiro tem 130 vôos charter, quase que um a cada três dias. Isso é muito significativo; 100 mil turistas de cruzeiros. O Rio de Janeiro tem 15 novos hotéis inaugurados, e tem investimento na modernização de hotéis de cerca de US$ 132 milhões. Outros investimentos previstos. Restauração do Hotel Serrador; Consolidação da Barra como um pólo de entretenimento e lazer; Parque da Mônica; Cidade do Rock; Global Park com US$ 200 milhões, a própria restauração do Maracanã, em que foram 161

investidos, segundo a Revista Exame, cerca de US$ 25 milhões. Tudo isso são alavancas importantes para o turismo. Esses são os dados do Brasil. Bem, segundo o Jorge Santayana, um filósofo hispano-americano: “É correto preferir a nossa terra a todas as outras, porque somos crianças e cidadãos, antes que possamos ser viajantes e filósofos”. Agora, vamos falar da nossa terra, o Mato Grosso. Nós temos um potencial fantástico,o Pantanal, que, pela Constituição de 1988, é um patrimônio nacional, e pela Unesco, é um patrimônio, já declarado, certificado, Patrimônio Natural da Humanidade, e também um título de Reserva da Biosfera. Nós temos o ecossistema do Cerrado, representado pela Chapada dos Guimarães, que é um fantástico ecossistema para o turismo de lazer, para o ecoturismo, turismo de estudo, aventura, esportes radicais, enfim, é um parque nacional, que fica a 60 quilômetros da nossa capital, muito visitado. Existe um festival muito grande, que é realizado todos os anos, que é um festival de inverno, geralmente no mês de julho. O Cerrado é um divisor das bacias Amazônica e Platina, e também é o paraíso do turismo ecológico, místico e esotérico. Na parte da Amazônia, Mato Grosso tem 550 mil quilômetros quadrados de Floresta Amazônica. Entre os 10 nomes mais conhecidos do mundo, está a Amazônia. Temos a região do Araguaia, que é o maior vale de praias fluviais do mundo. Temos o Vale do Guaporé do Estado, que é um dos mais ricos vales botânicos do Brasil. Temos um grande e diversificado potencial termal. Somos o Centro Geodésico da América do Sul. Somos o portal da Amazônica. E nós somos também o corredor do Pacífico. Tão logo eleito em 1995, o Governador Dante de Oliveira estabeleceu três diretrizes fun-damentais para o desenvolvimento do Turismo em Mato Grosso. Organização e integração institucional do setor. Meio ambiente e infra-estrutura e também um plano estratégico de ação. A organização e integração institucional do setor, que é a nossa primeira diretriz, se deu com a criação de uma Secretaria de Estado, que é a SEDTUR, Secretaria de Desenvolvimento do Turismo. Isso é relevante, porque o secretário está na mesa, a nível de primeiro escalão, conversa com o governador, tem autoridade para estar nas reu162

niões com outros secretários, permite um relacionamento, uma articulação muito ampla, e isso é significativo. É diferente de muitos estados, em que são empresas, agências, às vezes há uma dificuldade muito grande de decisão política, e atividade turística é uma coisa muito dinâmica. Nós criamos a Associação dos Municípios com Potencial Turístico do Estado, chamase AMPTUR, muito organizada, muito atuante. Também fizemos o Fórum Empresarial do Turismo. Todas as entidades empresariais, todos os empreendimentos turísticos do Estado, estão representados ali, e tendo um trade totalmente organizado. Temos a BEOP, dos organizadores de evento, a Associação Brasileira de Locadores de Automóveis, ABIH – Associação Brasileira de Hotéis, ABAV – Associação Brasileira de Agentes de Viagens, Sindicato dos Empresários do Turismo do Estado, o Sindicato dos Guias de Turismo, enfim, todo o segmento turístico do Estado está organizado em entidades, e através também do conjunto, através do Fórum Empresarial do Turismo. Na parte da segunda diretriz, meio ambiente e infra-estrutura, o governo trabalhou durante cinco anos, com muito afinco, e o Governador Dante de Oliveira esteve ontem em Brasília, quando foi assinado pelo Presidente Fernando Henrique e pelo ministro do Meio Ambiente, esse grande programa de ecoturismo, talvez, o maior programa de ecoturismo do mundo, o Programa Pantanal. São recursos da ordem de US$ 400 milhões, para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, basicamente para infraestrutura na região, na bacia do Pantanal. Nós vamos ali ter um gerenciamento das microbacias, para evitar erosão e assoreamento dos rios que formam o Pantanal; um programa de saneamento básico; os projetos de atividades de desenvolvimento sustentáveis; vamos ter estradas-parques; pavimentação de algumas rodovias turísticas, enfim, é um programa fantástico. Mato Grosso, ontem, com a presença do governador, assinou esse grande programa, e só este ano já vai ter um desembolso para Mato Grosso de recursos da ordem de US$ 165 milhões para prepararmos essa região do Pantanal que nos ajudará a desenvolver o turismo. Um outro programa de meio ambiente, infra-estrutura também, é um programa que se chama Proecotur. É um programa de ecoturismo da Amazônia Legal. É um programa do BID, Ministério do Meio Ambiente com os órgãos oficiais do turismo nos estados da Amazônia. São 10 estados da Amazônia Legal e Mato Grosso entra, através do pólo da nossa região Amazônica, que nós temos 550 mil quilômetros quadrados de Floresta Amazônica, também para infra-estrutura. É um programa da ordem de US$ 200 milhões, só que diferente do BID Pantanal, com 200 milhões só para Mato Grosso, e esses 200 milhões são para os 10 estados. Mato Grosso deve ser contemplado 163

com US$ 20 milhões para programas de infra-estrutura: manejo do parque cristalino, que hoje é uma reserva de 160 mil hectares, uma reserva pelo Governo do Estado, criação de estradas-parques, desenvolvimento do plano estratégico do ecoturismo, ampliação dos terminais dos aeroportos, enfim, é uma gama de projetos que vão ser desenvolvidos, já está em implantação essa fase de pré-investimento, já na semana passada estivemos entregando alguns equipamentos. Este ano e no ano que vem vamos investir US$ 1 milhão, nessa fase de pré-investimento, e depois, então, vamos partir para a parte de investimento final. É um outro programa estratégico, foi uma conquista muito grande, e é um programa que já está em execução esse Proecotur da Amazônia, e Mato Grosso está na vanguarda desse programa. Têm muitos estados que não conseguiram gastar o dinheiro que está na conta desde o ano passado. Alguns deles perderam recurso por falta de mobilidade em gastar. Mato Grosso está na vanguarda, já estamos investindo, já estamos desenvolvendo também, é um programa muito grande do Ministério do Meio Ambiente em conjunto com o Governo do Estado. E a terceira diretriz do nosso governo é um Plano Estratégico de Ação. Eu disse aos senhores que nós estamos há um ano e meio na secretaria, estamos, praticamente, implantando toda a secretaria, um sistema de informações para o turismo, que são as informações econômico-estatísticas, que no Brasil são uma coisa muito séria. São poucos estados que conseguem gerar estatística, e, principalmente, os estados menores ainda não têm o conceito de desenvolver, principalmente porque dado é uma coisa que se torna referência até para os investidores. Nós estamos buscando parcerias, através dessa conta satélite da OMT e do Conselho Mundial do Turismo, para viabilizar essas pesquisas econômicas, e ter essas informações econômico-estatísticas. Temos um Manual do Investidor do Mato Grosso, e ali tem também a área do Turismo, onde buscar os recursos, quais são os incentivos que o estado oferece, enfim, são informações básicas disponíveis para os investidores. Temos um grande portal na Internet, que faz parte da nossa estratégia, www.turismo.mt.gov.br, com muitas informações básicas, e, basicamente, é o conteúdo desse CD-Rom que os senhores receberam. Quando vocês abrirem, será, basicamente, 90% do mesmo conteúdo que está no nosso site. Isso facilita muito a vida, nós estamos numa economia globalizada, nós estamos numa era virtual, numa era da informação, e você não pode falar em turismo, que é um mercado que tem só pessoas formadoras de opinião, pessoas tomadoras de decisão, ficar dependendo, às vezes, de um folder, de uma revista, para ter informação do seu Estado. Dois, três anos atrás, se queria uma informação do Turismo em Mato Grosso, você tinha que ligar para a 164

secretaria, passava em 2, 3, ramais, 4, 5 pessoas atendendo, para o último falar que não tinha nada para enviar. Hoje, você quer ter informação, você liga, nós damos o nosso site, e participamos das principais feiras de turismo, divulgamos o nosso site, através de banner, de revista, tudo que for possível nós estamos divulgando, para que a pessoa possa acessar. Você está na sua casa, no seu escritório, na sua operadora, na sua agência, acessa o nosso site, você vai ter um banco de imagem, mais de 200 fotografias do potencial turístico de Mato Grosso, vai ter toda a área de serviço, como chegar no Estado, onde ficar, os hotéis, restaurantes, o que fazer, os atrativos naturais daquele local, o mapa ecoturístico do estado, enfim, você tem todas as oportunidades de informações. O nosso calendário de eventos está no site também. Mato Grosso é um Estado que tem muitos eventos, cerca de 300 por ano, e estão disponibilizados aí, com o mês, a data, o local, e as informações que você quer ter. Enfim, muito rico, uma coisa muito dinâmica, muito rápida, muito inteligente, que permite, então, um dos poucos estados do Brasil que tem um portal nesse nível para que as pessoas possam acessar do mundo todo. A sala do turista, de nossa secretaria, que dá as informações básicas do turista que chega ao nosso Estado, principalmente em nossa capital. E, também, estamos finalizando uma parceria com uma faculdade, para fazer o receptivo no aeroporto, através de informações também lá. Um outro plano estratégico, sistema de informação, é a nossa Biblioteca Tur. É um centro de estudo e pesquisa em turismo. Nós temos pouca informação do Brasil. Nós temos poucos lugares que pode ter uma referência de informação, de bibliografias, que possa, principalmente, atender à nossa comunidade acadêmica. Nós temos quatro faculdades, temos cursos de especialização, pós-graduação, e são poucos os estados que oferecem ferramentas para que esses acadêmicos possam pesquisar. E nós estamos montando, já com o projeto definido, estamos buscando um parceiro para montar, em conjunto, essa Biblioteca Tur, e vamos colocar à disposição de toda a comunidade essas informações básicas dessa atividade que é o Turismo. Outro programa: Ordenamento e Planejamento Turístico do Estado. Estamos buscando recursos também para o desenvolvimento do nosso Plano Estratégico a Longo Prazo. O Brasil perdeu a cultura de planejar, você tem que ter planejamento a longo prazo. Atividade do turismo requer isso. Estamos buscando já uma prioridade do governador, e vamos investir pesado nesse Plano Estratégico, tipo esse Plano Maravilha que o Rio de Janeiro, depois de muito tempo, conseguiu fazer. Isso demanda muito

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dinheiro, consultorias especializadas, e Mato Grosso vai ter o seu plano estratégico. Nós temos que trabalhar com essa visão estratégica, nós não podemos ser amadores num setor que é líder da economia mundial. Nós não podemos trabalhar da forma como é feito hoje. Estamos buscando, também, através da Assembléia Legislativa, uma lei geral e normativa do turismo no nosso Estado. E, também, a exemplo do que existe já na lei de incentivo à cultura, lá no nosso Estado, tipo Lei Federal Rouanet, Lei do Mecenato, o nosso Estado tem a Lei Hermes de Abreu, que é uma lei que destina todos os anos cinco milhões de reais para produções culturais, basicamente incentivo. Estamos buscando uma lei de incentivo e promoção do nosso turismo no Estado. Estamos com consultoria especializada trabalhando isso, para que nós possamos promover o Turismo, que se faz através da promoção, de uma maneira geral. Temos trabalhado bastante em infra-estrutura básica, principalmente articulando com a Secretaria de Obras do Estado, Departamento de Viação e Obras, na manutenção das rodovias turísticas. Temos que ter um cuidado muito grande, fomentando o turismo fora do Estado, vamos lá buscar, divulgar o Estado, para trazer o turista. Nós temos que trabalhar para que o turista chegue e trafegue com tranqüilidade nas nossas rodovias. Para vocês terem uma idéia, a Transpantaneira, onde nós temos inclusive um empreendimento Sesc, que é o Sesc Pantanal, nós temos uma estrada que sempre teve dificuldade de manutenção, todos os anos. Nós assumimos essa postura, conversamos com o governador, estamos articulados diretamente com infra-estrutura, para evitar que essa estrada seja interrompida, principalmente no período da chuva. Para vocês terem uma idéia, um trecho de oito quilômetros, o Sesc Pantanal, nos anos anteriores, teve que fazer e restaurar aquilo lá, por que o Estado não cumpriu o seu papel. Temos trabalhado duro com os outros colegas do governo, no sentido de conscientizá-los de que é importante para o Estado, turisticamente, que seja dada manutenção às rodovias. Agora, com o BID Pantanal, para vocês terem idéia, uma Transpantaneira, que é a principal via de acesso, talvez a única, do Pantanal, é um trecho de 135 quilômetros. Nesse trecho nós temos 125 pontes, quase que uma ponte por quilômetro. Agora com o Programa Pantanal, vão ser todas construídas de concreto; nós vamos evitar, agora, que no período da chuva a água leve essas pontes, pois às vezes boa parte do ano só se chega de barco ou de avião. Com esse programa, isso vai ser resolvido definitivamente, e a Transpantaneira transformada em estrada-parque, onde vão ser colocados todos os mecanismos de segurança e de restauração necessários para que possamos resolver, definitivamente, esse problema. 166

E os programas internacionais, ambientais, estruturais, de que eu já falei anteriormente, que é o Programa Pantanal com US$ 400 milhões, são 200 milhões para Mato Grosso e o Proecotur com US$ 20 milhões; US$ 200 milhões, hoje, significam R$ 400 milhões de investimento em infra-estrutura. Isso é muito significativo, principalmente no Brasil, onde temos deficiência muito grande para investir. Na formação de mão-de-obra, nós apoiamos muito, estamos sempre articulados, dando incentivo e fazendo o que se pode fazer a nível de governo, no apoio ao ensino de segundo e terceiro graus, e pós-graduação. Nós já temos inúmeras faculdades no Estado sendo criadas, e temos estado junto, apoiando, o governo entrando na parte que nos cabe. Também um outro programa, que é o grande gargalo do Brasil, principalmente no setor de turismo, é a questão do treinamento da mão-de-obra, precisamos qualificar a nossa mão-de-obra. Nós temos o Programa Qualificar, que é da Secretaria de Justiça e Cidadania, no qual foram investidos no ano passado cerca de US$ 700 mil em capacitação de mão-de-obra e treinamento. Agora, assinamos com o Sebrae do Estado outro convênio, talvez inédito nessa área de turismo, de um milhão de reais, para capacitação da mão-de-obra em 11 municípios. Vai atingir cerca de 3.000 pessoas, em cursos, de trilheiro, mateiro, taxista, garçom, todas as especificidades da área de turismo. Estamos capacitando essa mão-de-obra, para que possa melhorar mais ainda o atendimento no nosso setor. Vamos assinar um convênio com a Secretaria de Educação do Estado para um amplo programa, projeto de educação e conscientização turística na rede escolar. Teremos vídeos, cartilhas, posters e ação na comunidade, para que nós possamos transferir o mínimo de know-how de turismo, para que as pessoas possam entender o que significa um turista na sua cidade, para que ele possa receber bem esse turista. Um turista bem recebido traz, no mínimo, três turistas. Um turista mal recebido inibe, pelo menos, 10, no retorno. Um outro programa estratégico para nós, é o de municipalização do turismo, chamado PNMT, é um programa da Embratur; os estados são coordenados pelos órgãos oficiais do turismo, no nosso caso é a Secretaria; é, basicamente, a descentralização do turismo. Somos vanguarda nesse programa. Nós já temos dos 100 municípios com potencial turístico, 70 municípios nesse programa. É um programa muito arrojado da nossa equipe técnica, é basicamente transferência de know-how. São oficinas de sensibilização da comunidade, oficinas de capacitação de monitores, onde eles pos167

sam aprender depois, e formar o seu conselho municipal, fazer o seu plano-diretor do turismo para desenvolver a indústria do turismo no Município. Eu sempre digo que o Turismo não acontece no Estado, turismo acontece no Município, onde está o atrativo, onde está o recurso natural, onde está o produto turístico. Esse PNMT é um programa muito arrojado e estamos na vanguarda. Um programa de agroturismo! Estamos incentivando bastante, capacitando, ajudando, articulando, basicamente esse programa consiste no seguinte. São aquelas fazendas que, às vezes, perderam a sua finalidade, a sua atividade principal. Pantanal, por exemplo. Nós temos muitas fazendas lá em que havia pecuária extensiva, se inviabilizaram e hoje não têm nada. Às vezes têm velhas casas; você pode ali criar uma alternativa para virar uma pousada com cinco ou sete apartamentos, ter uma trilha ecológica, um pesque-e-pague, que possa ser recebido pelo próprio fazendeiro, ter uma comida regional, enfim, você vai criar uma alternativa. São muitas pousadas no nosso Pantanal, e estamos com esse programa bastante encaminhado. Outro programa da “Melhor Idade”, que é um programa da Embratur, para os brasileiros acima de 50 anos, congregados através de clubes, associações, que é um programa que a secretaria coordena no Estado, que visa fazer pacotes com preços diferenciados, em baixas temporadas, mobilizando os nossos irmãos brasileiros que têm mais tempo livre, e, às vezes, têm uma renda per capita que lhes permite viajar, estimulando a sua participação, enfim, é um programa fantástico do Mato Grosso. Agora, no mês de agosto, vamos ter um grande congresso do Centro Oeste, do Clube da Melhor Idade, no nosso Estado, que nós estamos apoiando também através da nossa Secretaria. Outro projeto, o da sinalização turística municipal. Estamos incentivando, batendo muito duro nos municípios, nas prefeituras, para que o possam desenvolver. É um projeto muito simples. O turista que vem do exterior, ou de qualquer outro estado, não tem obrigação de saber onde está o atrativo turístico. Ele é novo ali. Mas nós temos obrigação de informar, de sinalizar, para que ele possa sentir-se seguro de chegar àquele destino. Vários municípios já estão implantando a sua sinalização turística municipal. Temos estimulado bastante e está surtindo muito efeito, muito resultado. Há, ainda, o programa de qualidade turística. Há dois meses se reuniram na Embratur, em Brasília, 27 estados brasileiros para discutir essa questão dos órgãos descentralizados da Embratur nos estados. Nós somos a Embratur no nosso Estado, através da força de convênio. A Embratur é descentralizada. E cabe a nós fazermos a fiscalização dos meios de hospedagem, agentes de viagem, transportadores turísticos, dos organizadores 168

de eventos, dos guias e demais serviços. Foram convocados todos os estados a apresentarem um projeto, e aquele projeto que fosse avaliado, estudado e votado ali, seria aquele projeto de referência para o Brasil. Mato Grosso teve a felicidade de apresentar o melhor projeto nessa área, o melhor programa nessa área, teve 25 votos dos 27 estados. Constitui um grande programa, que nós vamos desenvolver e será uma referência para o Brasil. Nós estamos finalizando o projeto, vamos encaminhar à Embratur, e a Embratur vai financiar esse projeto, para que possa ser modelo para o Brasil todo. A última diretriz do nosso Plano Estratégico de Ação, é uma grande estratégia de divulgação. Turismo só se faz fomentando, induzindo, promovendo. Você tem que mostrar a cara, você tem que se apresentar. Nós segmentamos o Estado em quatro regiões: Região do Pantanal, Região do Cerrado, Região do Araguaia e a Região da Amazônia. Ao segmentar isso nós bolamos toda a nossa estratégia de divulgação. Nós criamos uma nova logomarca da nossa secretaria. A nossa logomarca tem o mapa do mundo, o ouro, o tuiuiú, que é nossa ave símbolo do Pantanal em movimento. Essa marca é a nossa assinatura, que utilizamos em todo material impresso e digital. E o slogan: “Mato Grosso quatro regiões, quatro estações, mil emoções”. Nós temos um portifólio de todo material promocional nosso. A nossa campanha se compõe de mais de 18 peças. Tudo que sai da secretaria tem que ter essa característica. Agora, estamos estimulando os outros organismos do Estado para que, quando imprimirem o seu papel ofício, o seu cartão de visita, ali, sem nenhum custo a mais, coloquem uma imagem do potencial turístico do Mato Grosso. Quer dizer, é mais imagem que vai estar sendo veiculada, de uma outra forma em que nós vamos estar podendo divulgar o potencial turístico de Mato Grosso. Nós damos um mapa folder, um mapa turístico do nosso Estado, totalmente segmentado. É um mapa superinteressante, que o turista quando chega recebe e pode ver onde têm os principais aeroportos, as principais regiões, onde têm as reservas ambientais, toda a bacia hidrográfica do Estado, toda a parte de estradas pavimentadas ou não, enfim, um mapa muito ilustrado, muito informativo. Tem a divulgação do site. Em todos os lugares que vamos divulgamos o nosso site. Nós temos um vídeo de padrão internacional, de oito minutos, em português e inglês, que mostra as nossas regiões também. Nós temos o kit básico, com o CD-Rom, a revista, o folder e o vídeo, dentro de uma sacola. No ano passado foram distribuídos 17.000 kits desse material, fomentando, assim, o nosso potencial turístico. 169

Nós temos a revista de 32 páginas e o folder. Nós temos os cartazes. Temos uma coleção de seis posters. Em cada poster, embaixo, tem a assinatura do Governo do Estado, da Secretaria de Turismo e da Embratur. E ainda tem um espaço que, quando for realizado um evento, seminário, congresso, geralmente médio e pequenos eventos, você pede na nossa secretaria esse material, tanto o cartaz, como o folder, e ali você coloca o seu evento. Com isso nós uniformizamos toda a campanha de turismo no Estado. Fornecemos para inúmeros eventos, e você vai, então, dando uma identidade ao turismo de Mato Grosso. São posters das regiões do Pantanal, do Araguaia e do Cerrado. Por exemplo: Região do Cerrado. Os municípios que compõem o Cerrado: Chapada dos Guimarães, Campo Verde. Para realizar um evento lá, antes solicitavam apoio da secretaria em material de divulgação, cada um fazia de um jeito, sem uma identidade, sem uma uniformidade. Então, a secretaria tem o seu material, nós autorizamos, de acordo com o tamanho do evento, a quantidade necessária, e colocam o nome do evento deles, e com isso vão estar divulgando o Mato Grosso de uma forma por inteiro. Nós temos uma coleção de 25 banners: esportes radicais, região do Araguaia, que está disponível na nossa secretaria, para quem realizar o seu evento, trazer gente de fora, possa expor lá o potencial de turismo do Mato Grosso no seu evento. Nós só trouxemos três banners. O turismo do Mato Grosso é parceiro da Secretaria de Cultura. Aliás, o turismo, em qualquer lugar do mundo, só processa duas matérias-primas. Uma, são os atrativos naturais, os recursos naturais, e os outros, são os recursos culturais, atrativos culturais. Nós trabalhamos muito em parceria, até para diminuir custo. Mato Grosso tem essa visão. O nosso secretário de Cultura é muito parceiro nosso, e isso que os senhores viram aqui, essa apresentação do nosso maestro Abel, representando a cultura do nosso Estado, nós fazemos isso, diariamente, sempre trabalhando, mostrando também a nossa gastronomia, o nosso folclore, o nosso artesanato, junto com o nosso potencial turístico. O nosso material é de qualidade. Nós temos uma caixinha vip. Nós íamos trazer, mas deu muito volume. Nós damos para as autoridades que recebemos no Estado e nos eventos a que nós vamos, material sempre de qualidade. Se fizer, faça bem-feito. Não adianta fazer um material que a pessoa joga no lixo. Com mais um detalhe, nós trabalhamos com um conceito na secretaria da seguinte forma. O material ruim, de péssima qualidade, custa, às vezes, mais caro do que o material de boa qualidade, precisa só ter o cuidado de ser profissional e fazer um material que, acima de tudo, 170

coloque respeito. O turista quando pega um material dessa qualidade, desse padrão, se sente respeitado. Ele vê que existe uma estratégia toda cuidando do interesse dele. Nós damos bonés, camisetas, sempre divulgando alguma coisa do turismo do Estado. Outra estratégia de divulgação. Quando vocês aportarem no nosso Aeroporto Internacional em Cuiabá, vão ter um painel luminoso, vocês vão ser recebidos por esse painel. Welcome, bienvenido e bem-vindo, nas três línguas, para que o turista possa se sentir em casa. Temos mais sete painéis, na área de desembarque, das quatro regiões, com a assinatura da Infraero, que é uma parceira, que buscamos também, que nos ajuda a cuidar disso. O aluguel desses painéis no aeroporto custava cinco mil reais. Fomos lá, negociamos, brigamos com a Infraero, e vai ser o nosso parceiro, vamos colocar a sua assinatura aqui, ficou por dois mil por mês. Com mais um detalhe: não preciso nem colocar um funcionário do Estado para cuidar disso, para ligar, desligar, no momento certo. Quer dizer, é uma parceria, estimula o parceiro, está junto conosco, se sente partícipe do processo, e nos ajuda a divulgar Mato Grosso. Nós estamos também com o segmento de turismo nos principais eventos regionais, são vários, que nós temos lá no Estado, feiras, exposição, festas, Festival Internacional de Pesca, de caça, que é o maior do mundo, em água doce, está no Guiness Book, recebe cerca de 200 mil pessoas no período, estamos lá presentes, apoiando, com stand, e material de divulgação. Nos principais eventos nacionais, Mato Grosso tem estado presente, ABAV, Brite, que se realizou esteve aqui no Rio de Janeiro, enfim, em todos os eventos nós temos procurado estar presentes, com os nossos empresários, levando a nossa parte institucional, e apoiando-os nossos empresários para que possam trazer os seus produtos, seus roteiros, seus pacotes, os agentes de viagens, os operadores de turismo, e apoiando eles nesse objetivo. E nos eventos internacionais. Já estamos mostrando a cara no Brasil e no mundo também. Já estivemos em Hanover, em Berlim, enfim, todos os eventos, dos quais participa a indústria do Turismo, que são os principais no mundo, e alguns deles em que está presente a Embratur com o seu pavilhão, Mato Grosso está também, porque fazer turismo no Mato Grosso é fácil, divulgar Cuiabá em Cuiabá, é mole, isso nós fazemos rapidinho. Agora, quero ver você peitar o mercado internacional! Ir lá se apresentar com material que nós levamos, na língua do país de origem, se é na França é francês, se é no Japão é japonês, se é nos Estados Unidos é inglês, tem que ir lá e falar a língua deles. E peitar as grandes operadoras, divulgar o Estado, levar às operadoras, e apresentá-lo, como um grande destino para o mundo e para o Brasil. 171

Assumimos em junho de 1999 e, no nosso discurso de posse,anunciamos a orientação do Governador Dante de Oliveira para o Turismo: “Desenvolvimento de plano estratégico, programas, projetos e ações bem definidos e pragmáticos, esta é a missão da Secretaria de Desenvolvimento Turístico”. E é isto que nós temos procurado fazer.

Junho de 2001

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