Transcrição - Aula 07 - Cosmologia e Astrologia Medieval

September 6, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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 Instituto Cultural Lux Lux et Sapientia Curso de Astrologia e Cosmologia Medieval  Prof. Luiz Gonzaga de Carvalho Aula 07

Tópicos da aula:

Exemplo de pergunta horária. As maneiras erradas de se ver a astrologia e a proibição da Igreja; a questão do libre-arbítrio. O problema da astrologia vs. ciência. As perguntas sobre a validade da astrologia têm de ser atacadas em quatro planos diferentes: 1) qual o fenômeno observado?; 2) a técnica astrológica para formulação de opiniões; 3) quais as hipóteses ou teorias causais que existem entre o fenômeno e a técnica; 4) depurar, do estudo da técnica, aquilo que é superstição e que acompanha a prática. A função das artes  práticas. Geocentrismo e heliocentrismo; a cadeia de dependência dos movimentos. A possibilidade de uma explicação científica da astrologia. Comparação entre a visão tradicional e a visão moderna das coisas. O treino na astrologia horária. Transcrição da aula: Gugu:

Boa tarde. Antes de entrarmos no assunto, fica uma curiosidade que vamos explicar mais adiante no curso. Como ficamos um pouco atrasados, fiz a pergunta horária: “Haverá aula hoje?” E temos aqui um mapa para interpretar. Claro que, como os alunos ainda não sabem astrologia horária muito bem, não é possível explicar exatamente como funciona. Basicamente, uma aula é significada pela casa IX. E, eu mesmo - o professor -, sou significado pela casa I, pois fiz a pergunta. O que podemos observar aqui no mapa é que o regente da casa IX e o regente da casa I se aplicam a uma quadratura, e os dois estão em casas cadentes. Isso quer dizer que haverá aula hoje, porque eles estão se aplicando e formarão um aspecto. Então, o professor e a aula vão se encontrar. Porém, por se tratar de uma quadratura e os dois regentes estarem em casas cadentes - o que os enfraquece muito -, isso indica que a aula começará após algumas dificuldades ou atrasos. Portanto, fica o exemplo para quando começarmos a aprender astrologia horária. Mas passemos para o assunto de hoje, que é, em parte, a continuação do assunto da aula passada.  Na aula passada, levantamos um pouco a questão questão do livre arbítrio e tentamos explicar que um diagnóstico não tem força causal. Um médico pode fazer um diagnóstico, por exemplo: “Meu filho, você está com o  pior tipo de câncer que existe, e você vai morrer daqui a seis meses.” Então, nesse caso, o médico não teve nada a ver com isso, ele apenas avaliou uma situação. Com o astrólogo se dá o mesmo. Este pode dizer para um sujeito: “Você está me perguntando sobre mudar de emprego, mas estou vendo aqui no mapa que você já decidiu e que você vai mudar de qualquer jeito, mesmo sendo uma droga para você.” Também aqui o astrólogo não tem nenhum poder causal sobre a decisão do indivíduo. Porém, isso levanta Porém, levanta uma questão questão mais geral. Alguém perguntou, perguntou, em uma das aulas passadas passadas,, sobre a Igreja e a atitude dela em relação à astrologia. Tentaremos explicar, hoje, três questões de maneira um  pouco mais geral: 1) a questão do livre-arbítrio; 2) a questão da astrologia em face da Igreja e do cristianismo; e 3) a questão da astrologia e a ciência. A questão do livre-arbítrio está muito ligada à questão da astrologia e o cristianismo. As duas objeções fundam fun dament entais ais da Igr Igreja eja em relaçã relaçãoo à astrol astrologi ogiaa são: são: a) uma questão questão teológ teológica ica e b) uma questão questão antropológica, que está, por sua vez, também ligada à questão teológica. Passemos ao exame da questão teológica, que pode se dividir em duas. Na prática de uma astrologia qualquer, o astrólogo pode vir a acreditar na existência de forças causais no universo que reduzem a transcendência divina, e que podem, num certo sentido, ser consideradas divinas elas mesmas. Isto é, o astrólogo pode acreditar que os astros são espíritos como Zeus, Odin etc., e que eles têm um poder causal independente da vontade divina. Nesse caso, esse tipo de astrologia é proibida pela Igreja, porque implica

 

em idolatria. O outro ponto refere-se à prática astrológica que acredita que a posição de Júpiter ou de Marte, ou o aspecto entre um e outro, tem um poder causal eficiente sobre a vontade humana. Se é, supostamente, a posição dos planetas que decide o que homem fará, mas não ele mesmo, esse tipo de astrologia também é proibida pela igreja. Os motivos dessas proibições são evidentes. Ambas as posições são contrárias às definições que a Igreja tem do que é Deus e do que é o ser humano. Teologicamente, a objeção da Igreja refere-se apenas a esses dois tipos de astrologia. Um indivíduo pode iniciar o estudo ou a prática astrológica, e começar a acreditar  em Odin, Zeus, Cronos, Saturno, Júpiter etc., como os antigos acreditavam. Esse tipo de crença é condenadoque pela Igreja, ela Deus, faz muito O aspirante aouastrólogo pode a acreditar existe sóeum masbem que em nãocondenar. existe livre-arbítrio; que o sertambém humano nãocomeçar é um ser  espiritual, e sim determinado pelos planetas. Essa prática também é contrária à Igreja e é proibida, pois é errada. As duas práticas são supersticiosas, são pecados contra a fé. Mas, igualmente, é um pecado contra a fé pensarmos que um indivíduo é um criminoso por causa do seu DNA, que supostamente determina o seu comportamento. Essa biologia é igualmente contrária à fé. Qualquer determinismo absoluto, qualquer   proposta de uma causalidade eficiente sobre a vontade humana que seja externa ao próprio ser humano é contrária à fé cristã - e não só a ela, mas contrária à fé budista, contrária à fé muçulmana, contrária à fé hindu, e a qualquer sã avaliação do que é o ser humano. Essas objeções teológicas são permanentes, não há um momento na história em que a Igreja muda as suas posições em relação a Deus ou ao livre-arbítrio humano, porque isso faz parte da definição da religião. E isso nos leva ao outro aspecto da questão: o aspecto antropológico. As situações históricas podem mudar a atitude da Igreja em face da astrologia, mas não mudam a posição dela em relação às teses teológica teoló gicas. s. Isto é, se o sujeito sujeito acredita acredita na existência existência de outros outros deuses, deuses, além do único único Deus onipotente, onipotente, criador do universo e juiz dos homens, e acredita que esses outros deuses mandam, independentemente de Deus, então esse sujeito já está fora do cristianismo. Também, se alguém defender a tese de que existe um determinismo absoluto sobre a vontade humana, seja ele astrológico ou não, esta pessoa está fora da religião cristã igualmente. Isso não mudará nunca. Mas o que pode mudar? Se observarmos a literatura dos santos e dos hierarcas da Igreja nos primeiros cinco ou seis séculos do cristianismo, não havia nenhum sermão que não incluía uma condenação à astrologia. Por quê? Pois, a astrologia que fazia parte do corpo de ciências e técnicas da cultura em geral na antiguidade, era usada com muita freqüência pelos sacerdotes pagãos como um argumento a favor da sua religião. O sujeito consultava o astrólogo, a  previsão se concretizava, e o sacerdote pagão dizia: “Está vendo? Foi Zeus quem fez isso! Não é uma coisa astrológica! Isso aqui é a nossa religião.” Isso deixava as pessoas abaladas, e elas pensavam: “Esse negócio não deve ser cristão, porque a religião desses caras aqui está baseada na ciência.” Isso se deu do  período logo após a queda do império império romano, até uns trezentos, quatrocentos, quatrocentos, quinhentos anos depois da sua dissolução. Nessa época, toda a estrutura social vigente era baseada no paganismo. Porém, ao chegarmos nos séculos X e XI, a estrutura social havia sido totalmente reformulada em termos cristãos, e o paganismo estava praticamente extinto do ambiente europeu. Quando lemos os grandes teólogos e santos desse período, nenhum deles fala da astrologia nos mesmos termos da antiguidade. Todos eles diziam: “Os corpos celestes naturais podem ter uma influência sobre os corpos terrestres, por  motivos de ‘x’, ‘y’ e ‘z’.” Havia várias teorias astrológicas, pois eles não estavam mais preocupados com a volta do paganismo e a volto do culto a outros deuses, como, por exemplo, Apolo. As pessoas nem tinham mais um local onde pudessem adorar a Apolo. Essa alternativa não existia mais, então deixou de ser um problema. Nesse momento, o debate acerca da compatibilidade da astrologia com o cristianismo volta-se exclusivamente para a questão do livre arbítrio: “Existe alguma astrologia que não cancela o livre- arbítrio? Se existe, ela é perfeitamente razoável e pode ser estudada como qualquer outra coisa.” Essa é a atitude geral de São Tomás de Aquino, de Duns Scot, de Santo Alberto Magno, dos grandes teólogos e autoridades do tempo. E isso é assim até mais ou menos o século XVII. Era um fato geral, entre os séculos XI e XVII, as pessoas cultas terem que estudar astrologia. Isso mudou novamente com a disseminação das revoluções, da mentalidade iluminista etc. Foi o iluminismo que começou a expulsar a astrologia do ambiente cultural em geral, pois ela não convergia com as concepções que os iluministas tinham do universo.1 

1 Nota do revisor: É interessante lembrar, no entanto, das aulas do professor Olavo que dizem respeito ao início da Modernidade. A  prática de astrologia, alquimia alquimia e magia, bem como a difusão das seitas esotéricas esotéricas e sociedades secretas, foram fatos marcantes dess dessee  período, porém varridos varridos para debaixo ddoo tapete da História.

 

Quando chegamos ao século XX, o problema politeísta não é um problema muito prático realmente. Se entrevistássemos astrólogo por astrólogo, quantos deles realmente diriam acreditar na existência de mais de um Deus? Um em cada cem; deveria existir um maluco em cada cem que acreditava nisso. A maior   parte dos astrólogos não tinha um problema teológico referente à idolatria de falsos deuses. Porém, o que marca esse período é a severa onda de determinismo e relativismo cultural. O homem, então, não tem uma vontade autônoma. Esta é resultado do processo histórico, ou do DNA, ou da sociedade, ou da ideologia do opressor capitalista. Ainda hoje, no século XXI, estamos nessa onda determinista e relativista. Existem inúmeras correntes de  pensamento que propõem que o essa ser humano não se é realmente livre, e as a astrologia pode ser pelo usadamenos, como mais um elemento para reforçar idéia. Hoje, entrevistássemos pessoas que estão, entre o primeiro e o segundo ano de faculdade, todas elas diriam: “Nosso comportamento não somos nós que decidimos, é a sociedade, é o DNA etc.” Todo mundo é deterministas atualmente. E vale dizer de novo: quem é determinista está fora do cristianismo. Acabou, não tem conversa. Uma coisa não é compatível com a outra. Só que a prática astrológica determinista é só mais um capítulo no grande volume de teorias deterministas que existem hoje. O estudo astrológico e a prática astrológica, em si, não são contraditórios com o cristianismo, bem como não são contra contradit ditóri órios os com nenhum nenhumaa religi religião. ão. O que é contra contraditó ditório rio ao cri cristi stiani anismo smo são as teses teses teológicas e antropológicas contrárias à teologia cristã. Se o homem não é livre, toda a mensagem das religiões e toda a mensagem cristã não têm sentido. Todas as religiões pregam: “Você deve se comportar  desse jeito, e não daquele ; e você deve porque você pode, porque é você que decide.” Então, sempre temos de ter em mente aquilo que é permanente e aquilo que é transitório. Só que o sujeito desatento ouve toda essa conversa, abre o catecismo e está lá: “2166. Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente ‘reveladoras’ do futuro. A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenômenos de vidência, o recurso aos ‘médiuns’, tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor  amoroso, que devemos a Deus e só a Ele. ” 2

Porém, devemos lembrar do prefácio - ou do prólogo - do catecismo, que salvo engano é do Ratzinger, cardeal na época. O “novo catecismo” não é novo porcaria nenhuma. O texto não propõe nada de novo, e deve ser interpretado à luz da tradição que sempre existiu. Ele não inova, mas diz a mesma coisa que São Tomás de Aquino falava há 700 anos atrás, com a diferença de estar com uma nova retórica, uma nova veste. Então, se o catecismo não propõe nada de novo, nenhuma determinação nova, realmente não houve nenhuma mudança real. Isso quer dizer que a proibição que existe no catecismo hoje é tão válida quanto a não proibição que existia no tempo de São Tomás de Aquino. Ou seja, ela é uma proibição à idolatria e ao determinismo, e não à prática e ao ensino da astrologia em si. Agora, entramos no terceiro capítulo. Nem o catecismo, nem o papa, nem a astrologia, e nem mesmo eu  podemos servir de substituto da sua consciência. Cada um deve olhar para si mesmo e analisar: “Espera aí, eu acredito que os planetas mandam mais que Deus ou que eles estão em pé de igualdade a Ele? Eu acredito que se Júpiter e Deus decidirem competir, Júpiter tem alguma chance?” Se alguém acredita nisso, não deve praticar astrologia e nem estudá-la. Outro ponto a ser analisado: “Eu acredito mesmo que não sou responsável pelas minhas ações? Acredito que aquilo que faço não é culpa minha?” Caso alguém também acredite nisso, não deve praticar e nem estudar astrologia. O quanto você acredita nisso, ou não, é você que tem que decidir. Eu não posso decidir isso para você, nem o catecismo, nem o livro de astrologia, e nem o papa. Ninguém é substituto da sua consciência. Só você sabe o que você sabe e pensa a respeito dessas questões. Esse é o ponto mais importante. Se alguém tem dúvidas se a astrologia é  permitida ou proibida pela igreja, já demos aqui as linhas linhas gerais para que procure os textos e reflita acerca dessa des sass questõ questões es.. Essas Essas lin linhas has gerais gerais que estamo estamoss dando dando aqui aqui não são substi substitut tutas as da anális análisee que, que, individualmente, cada um deve fazer em caso de dúvida real. Às vezes, só porque demos essas linhas gerais o sujeito pensa que não tem esse perigo: “Não creio nem na maluquice da existência de vários deuses, nem que os planetas são deuses, e nem que eles podem determinar alguma coisa independente de Deus e em contradição a Ele. Também não acredito que são os 2

 Nota do revisor: O capítulo IV da Introdução à Astrologia Astrologia Ocid Ocidental  ental , de Marcos Vinicius Monteiro, também trata do tema.

 

outros, ou os planetas, que decidem o que eu decido. O que eu decido, sou eu que decido mesmo. Bem ou mal, a culpa é minha.” Só que a crença dele pode não ser essa realmente, ainda mais se tratando de quem tem pouca prática religiosa. Mais ainda, se o indivíduo está procurando alguma coisa em que possa jogar  a culpa por aquilo que fez, ele deve estudar biologia comportamental, genética comportamental, teoria revolucionária da história etc. Essas matérias fornecem meios muito mais poderosos para defender a tese de que ninguém é culpado de nada, aliviando então a consciência pesada que a pessoa possa ter. E esses são meios mais populares populares também. Podemos Podemos dizer: “A culpa não é minha, minha, é de Júpiter.” Júpiter.” Nesse caso, muita gente rirá da nossa cara. Agora, também podemos dizer: “A culpa não é minha, é do sistema.” Então, muita gente irá nos aplaudir, e é capaz até que ganhemos um dinheiro. Se alguém tem alguma dúvida acerca da relação entre a religião cristã - ou qualquer outra religião - e a  prática e o estudo da astrologia, analise essas questões e vá procurar os termos, porque é somente a consciência individual que pode esclarecer isso. No meu caso, sei que o estudo e a prática de astrologia não são contrários a nada disso. Na verdade, eles são benéficos para a minha religião. Em última instância, quem pode estudar e praticar astrologia? Só quem está dentro da religião?  Quem não estiver dentro da religião, hoje, e começar a estudar astrologia, não entenderá a questão da transcendência divina e da liberdade humana. A pessoa que não estiver em alguma religião e começar a prática da astrol astrologi ogia, a, fra fraque quejar jaráá em algum algum desse dessess pontos pontos e cairá cairá no engano engano.. A convic convicção ção rel religi igiosa osa é, hoje, hoje,  praticamente a única defesa contra o determinismo ou contra a idolatria. Essa é a verdade. O sujeito que não tem uma firme consciência da transcendência divina; que não tem a consciência de que Deus pode tudo, é independente de tudo, e de que nada faz frente a Ele; que não tem a consciência de que o homem, co como mo imag imagem em e seme semelh lhan ança ça de De Deus us,, como como repr repres esen enta tant ntee de De Deus us na Terr Terra, a, part partic icip ipaa dess dessaa transcendência justamente na sua liberdade final; o sujeito que não tem a consciência disso é o sujeito que não pratica nenhuma religião. O único jeito de a pessoa ter essas firmes convicções é praticando alguma religião. É não clarosão que podemos conceber o caso teorético do ateu esclarecido, porém, casos teoréticos geralmente exemplos reais. O grande problema é que a maioria dos cristãos, hoje em dia, por mais religiosos que sejam, estão contaminados de uma forma muito intensa pelo determinismo. Por isso, é fundamental aquela purificação da mentalidade que falamos na primeira aula.   Hoje em dia é muito mais importante o sujeito procurar se limpar de outras contaminações não astrológicas de determinismo do que se preocupar com astrologia. Há muitos cristãos que dizem: “Sou cem por cento cristão, mas isso que aquele sujeito faz, não é ele, é a sociedade.” Ou: “Não é ele, são os ricos que o espoliam, são os banqueiros, a culpa é dos banqueiros.” Ou ainda: “A ciência diz que é o DNA. O cara nasceu com o gene errado.” Antigamente se falava que a  pessoa nascia sob uma estrela estrela ruim, hoje em dia se diz que ela nasceu com um gene gene ruim. Então, o sujeito está se afastando da religião dele por muitos outros meios que ele não percebe. E, embora não seja, de maneira nenhuma, má política da Igreja manter esse artigo na edição nova do catecismo, é uma péssima  política não ter acrescentado outros detalhes, como por exemplo, que a biologia determinista também é contrária à fé, que teoria da história determinista também é contrária a fé etc. Essas outras coisas  poderiam ter sido incluídas no catecismo, porque essas são questões um tanto quanto urgentes que estão na mente de muitas pessoas. E esse processo processo de purificaçã purificaçãoo mental mental não é mágico. mágico. Às vezes vezes achamos achamos que estamos estamos conscientes conscientes e, de repente, estamos nos justificando com a biologia, com a sociologia, com a história etc. De repente, o sujeito nem percebe que justificando para si mesmo que a ação dele foi determinada pela sociedade, pelos malditos capitalistas, pelos Estados Unidos etc. O indivíduo está rezando o terço e duas horas depois diz: “Isso é culpa dos americanos. Fiz por causa dos americanos, e a culpa é deles.” Isso é contrário à fé. Quem diz isso, está, neste ato, renegando a fé cristã. Como essa pessoa não teve plena advertência, há aí uma atenuante, mas isso não melhora a vida dela em nada. Antigamente, quando uma pessoa dizia que fulano fez algo por causa de beltrano, ela queria apontar uma influência emocional, e não afirmar a existência de uma filosofia determinista por detrás.   Ela só estava falando do palco em que fulano agiu. É óbvio que as pessoas não agem num cenário abstrato, mas diante de informações e da reação interna a essas informações. Porém, a decisão da ação não é determinada nem  pela informação objetiva, nem pela informação subjetiva. A decisão é escolhida a cada momento. Todo mundo sabia disso. Por exemplo, poderiam dizer: “Ele fez isso porque a esposa o traiu.” Então, ninguém achava que a culpa era da esposa e do amante dela. Não havia uma crença determinista. Ninguém tirava o marido traído do banco do tribunal para colocar a esposa. Hoje em dia, diz-se que foi por causa disso, foi  por causa daquele outro etc. Ou então, por causa do uso social da terra, o integrante do MST sai do banco

 

dos réus, e o proprietário da terra é quem fica na posição de culpado. E vão dizer o seguinte para justificar  isso: “Isso aqui é determinismo sociológico. O cara do MST não tem escolha, ele tem que agir assim.” Esse modo de pensar é um tipo de filosofia determinista. determinista. Então, atualmente há tantas outras formas de determinismo tão mais difundidas e tão mais poderosas, que seria de uma certa importância mencioná-las no catecismo.  Aluno:  No

novo catecismo, comandado por Ratzinger, eles tinham consciência dessa distinção que acabamos de mencionar?

Gugu: Édeclaro que tinham. Mas que entender quedeveria o catecismo não é um profundo elaboradoé tratado teologia. Digamos quetemos o livro para o teólogo ser a Suma Teológica. O ecatecismo leitura para o homem comum, para o pai de família, e não para o teólogo. Se ficassem elaborando muitas distinções sutis, as pessoas não leriam. Tentem convencer o católico médio a ler o catecismo. Apenas dez  por cento dos católicos lêem lêem o catecismo. Se a terminologia do ca catecismo tecismo fica muito complicada complicada,, reduz-se a proporção de cristãos que o lêem. Isso só pioraria a situação. O catecismo sempre tem que ser uma leitura mais fácil, compactada, mas tem que dar indicações suficientes. Não foi errado terem listado a consulta de horóscopos e a astrologia como exemplos, mas faltaram todas essas outras coisas que mencionamos aqui. Mas, de maneira geral, o catecismo tem que ficar mais na linha da segurança do que na linha da insegurança. É preferível que um católico não corra nenhum risco de consultar um mau astrólogo. Então, o catecismo, como um conjunto de instruções práticas, sempre tem que ter uma simplificação que seja mais favorável à salvação do que à precisão teológica ou dialética.

Hoje, todo mundo assiste assiste os documentár documentários ios do  Discovery Channel , ou do  National Geographic, que insistem em passar a mensagem, por exemplo, de que alguém mata outra pessoa por causa dos genes com qu quee na nasc sceu eu.. Há uns uns docu docume ment ntár ário ioss de psic psicop opat atas as ness nesses es cana canais is,, e a cois coisaa desc descam amba ba ou em um determinismo social, em um determinismo biológico, ouconclusões um pouco dos dois. Mais antigamente estudo frenologia, queoumedia o crânio das pessoas e tirava acerca dela: “Se o crânio forhavia desseo formato, a pessoa será inteligente, se for desse outro formato, será burra. Se o crânio for desse jeito, a  pessoa será boa, se não, será má.” Atualmente, isso é muito mais sutil e elaborado.  O DNA é misterioso o  bastante para que as pessoas acreditem que ele é capaz de fazer qualquer coisa.   Então, há um clero científico que supostamente sabe dessas coisas, e a população em geral tem que acreditar por fé. E esse é um problema muito maior do que a astrologia. Quer dizer, uma pessoa só irá ao astrólogo se quiser. Já a televisão, todo mundo a liga quando chega do trabalho e está lá passando o Discovery Channel . Porém, há  pessoas que não assistem televisão. Mas a coisa não melhora, pois é na escola que as pessoas aprendem essas besteiradas deterministas. Por tudo isso, deveriam ter incluído um aviso sobre as formas de divulgação científica, porque estas simplificam os estudos dos pesquisadores sérios na direção da ideologia do sujeito que está fazendo a divulgação. Um aviso desse tipo seria importante. Dito isso, entramos agora no problema da astrologia e a ciência. A astrologia é verdadeira? Perguntas so sobr bree as astr trol olog ogia ia e ciên ciênci ciaa me dão dão cans cansaç aço. o. Já as perg pergun unta tass sobr sobree a vera veraci cida dade de da astro astrolo logi gia, a, definitivamente, me dão nojo. Se alguém faz essa pergunta é porque não pensou cinco segundos na questão. A astrologia é uma técnica de formulação de opiniões. Ela é como o diagnóstico médico ou a mecânica de automóveis. Uma técnica não é nem verdadeira nem falsa. Ou ela é boa ou ela é ruim, ou ela é eficiente ou ela é ineficaz. A opinião produzida pela técnica é que pode ser verdadeira ou falsa. Por exemplo, quando alguém leva o carro no mecânico, este pode dizer: “Olha, temos que trocar a  borrachinha da rebimboca da parafuseta, porque ela está queimada.” Daí, quando se abre o capô do carro, a borrachinha borrachinha da rebimboca da parafuseta parafuseta está queimada, queimada, e, ao trocá-la, o carro volta a funcionar. funcionar. Não interessa saber a técnica que o mecânico usou para formular a opinião dele. O ponto chave da questão é: a opinião que ele emitiu é verdadeira ou falsa? A opinião, e não a técnica! Um mecânico pode dizer que ouviu um barulho estranho, outro pode dizer que estava saindo uma fumaça, outro ainda pode dizer que estudou engenharia automobilística etc. A técnica que se usa, desde que a opinião seja verdadeira, não importa. Isso é exatamente como um diagnóstico médico. Como se chega a um diagnóstico? É pela sorte? Tira-se um papelzinho de uma jarra com trezentos papéis? É pelo método do Dr. House? O médico é um Sherlock Holmes da medicina? Não nos interessa qual é o método utilizado para se chegar ao diagnóstico.

 

Em primeiro lugar, devemos nos perguntar: o diagnóstico é correto ou não? A opinião a qual chegamos  pode ser verdadeira ou falsa. A técnica técnica não pode ser verdadeira ou fals falsa. a. Isso é muito importante de entender, pois existe uma tremenda diferença. Podemos perguntar: “A astrologia funciona?” Olha, a boa astrologia funciona; já a astrologia ruim, não. Por meio da boa astrologia, o bom astrólogo formula opiniões verdadeiras em casos que, sem a astrologia, não daria para se formular uma opinião. Isso é como o método de diagnóstico dos chineses. Os médicos chineses só vêem o pulso para fazer diagnósticos, pois eles tratavam das princesas chinesas e só podiam tocar no  pulso delas. Imaginem se eles dissessem para as princesas: “Tire a camisa, pois quero ver como é.” Se dissessem isso, cortavam a cabeça deles. Então, elesAtiveram uma técnica só com o pulso. Essa técnica é verdadeira ou falsa? técnicaque nãodesenvolver é nem verdadeira é falsa.deAdiagnóstico opinião do médico chinês, quando ele diagnostica um problema que deve ser tratado de uma maneira específica, é verdadeira ou falsa? Essa é a única pergunta que tem cabimento.  No entanto, podemos perguntar se uma determinada técnica é razoável, partindo dos seus pressupostos gerais.  Uma técnica pode funcionar, mas pode ser impossível de ser transmitida. Por exemplo, caso haja algum mecânico que descubra o problema de um automóvel tocando tambor, dificilmente ele conseguirá ensinar essa técnica para outro mecânico. Para ensinar a técnica para outro mecânico, ele teria que ter  uma iluminação mística que mostrasse outro mecânico capaz de receber a mesma técnica interiormente, ou ele teria que ser capaz de expor a técnica a partir dos seus pressupostos razoáveis. Então, esse é outro  problema. E, nesse ponto, a astrologia astrologia também é uma técnica extremamente extremamente razoável. As perguntas sobre a validade da astrologia têm que ser atacadas em quatro planos diferentes, assim como as perguntas sobre qualquer outra técnica humana. Isso é um esquema universal. Quando alguém diz que tem uma técnica para avaliar algo, essa técnica tem que ser avaliada segundo esses quatro critérios ou quatro dimensões. Em primeiro lugar, a técnica se baseia na observação de qual fenômeno? É a partir da observação de alguma coisa que determinada técnica se desenvolve. O que foi observado? Então, temos que chegar a uma definição comum do fenômeno. Para que alguém ensine ou explique uma técnica para outra pessoa, essa outra pessoa tem que saber para onde olhar. Essa é a primeira problemática da astrologia. As  pessoas, em geral, não sabem sabem qual o fenômeno observado na aastrologia. strologia. E este fenômeno é muito simple simples: s: é o simbolismo dos astros, o simbolismo do céu. Porém, falar do simbolismo dos astros não é falar da astrologia astro logia ainda. O simbolismo simbolismo dos astros é um fato independe independente nte da astrologia astrologia.. Muita gente diz que o simbolismo dos astros é coisa de astrólogo. Essas pessoas deveriam estudar um pouco de simbolismo. Existe de fato um simbolismo objetivo dos astros? Essa resposta é muito fácil de responder. Se a pessoa ler uns dez livros e meditar no assunto, ela entenderá que as coisas possuem um simbolismo. Se alguém ler meia dúzia de livros do Guénon sobre simbolismo e olhar os objetos a que ele se refere, é impossível que essa pessoa chegue à conclusão de que as coisas não têm um simbolismo. É apenas uma questão de estudo. Tales:

É interes interessan sante te mencio mencionar nar a aprese apresenta ntação ção do meu pai sobre sobre Ratzin Ratzinger ger,, René René Guénon Guénon e o simbolismo.

Gugu: É verdade. Até o papa em uma ocasião disse que o simbolismo é uma coisa objetiva. E, não só isso, como ele também fala que o Guénon prova que o simbolismo é uma coisa objetiva, e não uma  projeção; ele diz que esse fenômeno é, portanto, a base para a constituição de uma ciência simbólica. Ou seja, para os fedelistas 3 de plantão: o papa Ratzinger estudou René Guénon! O papa Ratzinger já saiu da tradição, já é anátema! E o que é pior, ele estudou, continuou estudando e falou publicamente. Todos os fenômenos naturais apresentam relações analógicas uns com os outros e têm um potencial para simbolizar  outros. Se estudarmos um pouco as obras do Guénon sobre simbolismo, entenderemos que isso é um fato natural. Mas podemos passar a vida toda nos especializando em estudar o simbolismo astrológico, o simbolismo simbo lismo dos planetas, planetas, o simbolismo simbolismo dos signos e das casas, casas, e ainda assim não aprenderem aprenderemos os quase nada de astrologia, porque a astrologia não é apenas o estudo do simbolismo. A astrologia é o conjunto de técnicas criadas com base na observação do simbolismo astrológico. Só que, hoje em dia, todo mundo é muito preguiçoso. O sujeito pode dizer: “Não sei se esse negócio de simbolismo é verdadeiro.” Bem, é fácil resolver isso, é só ler uns dez livros e meditar sobre a questão. Após ouvir essa resposta, uma pessoa mais teimosa irá replicar: “Fácil? Como fácil?” Claro que é fácil! Só  é necessário ler dez livros e meditar  3

 Nota do revisor: Orlando Fedeli foi fundador e presidente da Associação Cultural Montfort, e é conhecido por acusar o professor  Olavo de Carvalho e o professor Gugu de gnósticos e modernistas.

 

um pouco. Isso é fácil demais! Então, em geral, a pessoa prefere ficar com a crença de que há o simbolismo ou a crença de que não há. O segundo passo para entender o que chamamos de astrologia é o estudo da técnica astrológica, e esse  passo já é um pouco mais complicado. Também é necessário ler só uns dez livros, mas aqui há uma diferença: uma técnica é uma arte prática, e não aprendemos uma arte prática apenas lendo sobre ela. Digamos que alguém queira entender a teoria dos intervalos musicais. Essa pessoa terá que ler alguns livros sobre o assunto. Após ler esses livros, ela terá o desejo de aprender a tocar violão. Então ela lerá mais alguns livros e terá de tocar o violão todos os dias. Do mesmo modo, se alguém quiser entender a técni técnica ca astrológica astrol ógica, , terá que ler alguns livros iss o, pensar e meditar. medita Depois Depoinatal s disso, que responder uma pergunta horária todos os dias,sobre bem isso, como terá que fazerr.o mapa de terá pessoas conhecidas e comparar os resultados obtidos todos os dias. É assim que se aprende uma técnica. Dá um  pouco mais de trabalho, mas ainda assim é fácil. Se alguém fizer isso por uns dois anos, essa pessoa será capaz de fazer um julgamento sobre a existência de técnicas astrológicas que são realmente eficazes. Quer  dizer, as opiniões formuladas a partir da aplicação dessas técnicas são, geralmente, mais verdadeiras do que as opiniões formuladas sem o uso da técnica. A pessoa aprende isso fácil. Após o aprendizado da técnica, temos o terceiro problema. E, com este, ficamos em um mato sem cachorro. Uma vez observado um fenômeno (no caso, o simbolismo dos astros) e uma vez constituída uma técnica de aplicação desse fenômeno para a formulação de opiniões, devemos nos perguntar: “Mas como isso funciona? Qual é a causa do funcionamento da técnica?” A partir desse momento, passamos a ter um problema científico-filosófico-teorético. E aí o avanço é muito pequeno. Façamos novamente Façamos novamente uma comparação comparação com a mecânica de automóveis automóveis.. Esta se baseia baseia em uma série de fatos naturais (químicos e físicos). Por exemplo, a resistência dos materiais: o aço é duro e a borracha é mole; são o aço é bom de eletricidade e calor, a borracha é má condutora eletricidade e calor. Esses fatos que,condutor se observados, não deixará margem para muita discussão, poisderealmente é assim que tais materiais se comportam. Outro exemplo: o processo de combustão da gasolina é muito rápido, e se ela estiver comprimida, irá não somente queimar, mas também explodirá . Com essa explosão, é possível que se gere movimento. Portanto, há um monte de fenômenos naturais em que a mecânica de automóveis se baseia, e temos que estudar esses fenômenos para entender do que essa ciência trata. Além da observação desses fenômenos, temos a técnica. O mecânico de automóveis pode chegar ao seu diagnóstico do problema ouvindo o barulho do motor, dando um chute no pneu, levantando o capô, colocando o dedo em algum lugar etc. E aí nos perguntamos: “Como a técnica desse cara funciona?” Para responder a pergunta de como determinada técnica funciona, temos um monte de suportes. Esses suportes são os estudos científicos que estão entre o fenômeno e a técnica. Por exemplo, no que diz respeito à resistência dos materiais, há várias teorias físicas e químicas para explicar o porquê do aço ser duro e a  borracha ser mole. Temos também a engenharia automobilística, que é uma aplicação desses experimentos na produção de objetos. Assim, o terreno cognitivo entre o fenômeno dos materiais e a técnica do mecânico está bem preenchido.  No caso da astrologia, de um lado, há o fenômeno, que é o simbolismo dos astros; do outro lado, há a técnica astrológica. Esse terreno intermediário teorético está muito mal preenchido. Ninguém realmente criou uma teoria causal, só existem hipóteses gerais. Por exemplo, temos a hipótese teo-teleológica de Platão Pla tão.. Por que a astrol astrologi ogiaa fun funcio ciona na para para Platão Platão?? Por Porque que Deus Deus cri criou ou os planet planetas as para para que nos entendamos. Essa é basicamente a teoria causal dele. Temos também a teoria elementar de Aristóteles. Para este, por que a astrologia funciona? Simples, ela funciona porque os objetos celestes que estão em movimento a partir do motor imóvel, estão em movimento em dois planos diferentes. Com isso, eles esfriam e esquentam. Portanto, a frieza, o calor etc. são as causas principais de variação nos corpos, segundo a teoria dos quatro elementos. E é por isso que a astrologia funciona para Aristóteles. Temos ainda outras teorias, como a teoria das perturbações gravitacionais, por exemplo. Mas nenhuma dessas teorias elencadas são, de fato, teorias. Na verdade, elas são apenas hipóteses gerais, pois não constituem o terreno. Resumindo, se alguém perguntar por que a astrologia funciona, respondam: “Há a teoria de Platão, a teoria de Aristóteles, a teoria das perturbações gravitações etc. Mas também pode não ser nenhuma delas.” Suponhamos que o sujeito diga: “Se você não sabe como sua técnica funciona, você não devia usá-la.” Então, respondam que da próxima vez que ele for ao dentista, ele não deve usar anestesia, pois esse é exatamente o caso da anestesiologia. A anestesiologia é uma técnica que ninguém sabe por que

 

funciona. Há pelo menos cem anos a ciência médica tenta entender o porquê, quando se injeta essa substância em alguém, essa pessoa pára de ter sensibilidade táctil. Então, digam a esse sujeito: “Não use a técnica que você não compreende teoricamente. Quando você for ao dentista, não use anestesia.” Obviamente isso é uma tremenda bobagem, pois as técnicas práticas sempre vêm antes do conhecimento teorético teoré tico de qualquer qualquer ciência. ciência. Quant Quantos os mecânicos mecânicos de automóvel automóvel têm o conhecimen conhecimento to da fundação teorética da sua arte? Quantos mecânicos têm um diploma de física, ou de química, ou sequer de engenharia enge nharia?? Quase Quase nenhum! nenhum! Imaginem: Imaginem: se fosse proibido proibido ser mecânico de automóveis automóveis sem algum diploma da área, quantos mecânicos existiriam no Brasil? Uns dez. E em conseqüência disso haveria uma fila de dez anos para consertar um carro. Nessa situação seria melhor usar o ônibus. Tales:

Mesmo na teologia é assim. Se observarmos a história das religiões, primeiro surge a declaração daquilo em que temos de crer e a declaração de como devemos agir. A religião é, em primeiro lugar, uma série série de técnic técnicas as aprese apresenta ntadas das pelo pelo seu seu fundad fundador or para para nos tor tornar narmos mos santo santos, s, mais mais sábio sábioss e ma mais is espirituais. A consciência da teologia subjacente a essas técnicas vem bem depois. Na religião é assim. A teologia é algo bem posterior. E mesmo nas ciências é assim. Somente agora estão descobrindo por que um tipo de metal é mais duro que o outro etc. Gugu: Exatamente. Depois de séculos sabendo que o metal “x” é mais duro e o metal “y” é mais mole, e sabendo também como deixar um metal mais duro e outro mais mole, é que surge uma teoria científica que explique esses fenômenos. A técnica sempre precede a teoria. Alguém poderia dizer que a teoria é superior à técnica, mas essa é apenas a ordem de concepção das coisas, e não a ordem de construção real. O adulto adulto também também transc transcend endee o infant infante, e, mas a infânc infância ia vem pri primei meiro ro em nossas nossas vidas. vidas. Apenas Apenas os socialistas têm a opinião de que primeiro surge a teoria e só depois a técnica. Esse negócio não dá muito certo.

Por fim, entramos na quarta questão. Qualquer técnicasupersticiosas. que é praticada tempoTodo suficiente, sem fundamentação teorética, acumula um conjunto de crenças Issopor é óbvio. mundo quer  saber o porquê do que faz. Por exemplo, na maioria das sociedades animistas, o sujeito que trabalha com o metal é considerado um bruxo. As pessoas, nessas sociedades, atribuem um poder sobrenatural ao sujeito que trabalho com o metal. Na África, aquele que é ferreiro, é considerado um bruxo. Outro exemplo: o sujeito que diz que é o DNA que determina o comportamento. Isso é a mesmíssima coisa. Não há nenhum conhecimento científico que afirme isso. Isso é uma crença supersticiosa baseada no fato de que descobriram o DNA, e este explicar algumas diferenças entre as pessoas. Então, digamos que um sujeito com determinado gene “x” é preto, aquele outro sujeito com o gene “y” é branco. Realmente, isso é verdade. Mas, partindo disso, a pessoa conclui que deve haver um gene da psicopatia e um gene da santidade. Então, toda e qualquer técnica acumula algum elemento de crença supersticiosa. E, em nossos estudos,  para chegarmos a alguma conclusão sobre as coisas, teremos que nos limpar dessas crenças falsas. Isso quer dizer que os melhores tratados tratados de astrologi astrologiaa terão cinco páginas de simbolismo simbolismo astral, astral, duzentos duzentos e cinqüenta páginas de técnica astrológica e quinze páginas de hipóteses e superstições do autor. Assim, teremos que separar, no livro, aquilo que é simbolismo, aquilo que é técnica e aquilo que é mera superstição. Isso é assim em qualquer estudo. Hoje em dia, as pessoas acreditam que a ciência é diferente, mas não é. O cientista elabora um experimento, observa certos fenômenos, monta uma hipótese explicativa, e reporta tudo o que fez para outros cientistas. A partir disso, os outros cientistas fazem um esforço para separar aquilo que é real e aquilo que é apenas superstição. É como se fosse um diálogo, em que o cientista que observa o experimento do outro, diz a este: “Espere aí. Nesse parágrafo, está vendo isto aqui que você incluiu? Isso é coisa da sua cabeça, não tem nada a ver com o fenômeno observado, e nem mesmo com a hipótese.” Se observarmos o mais puro experimento científico e lermos o seu relato, haverá lá, também, aquele pequeno  parágrafo de crença do sujeito, pois é assim que as coisas funcionam. As pessoas pensam pensam que as ciências a física, a biologia, a química etc. - são que nem a matemática, onde dois mais dois é igual a quatro (2+2=4) e acabou, sem margem alguma para discussão. Elas pensam, portanto, que as coisas também são assim na física, por exemplo: “A força da gravidade curva o espaço/tempo. É assim e acabou.” Não, as coisas não funcionam assim nas ciências naturais. Estas não possuem esse grau de certeza, que existe apenas em três campos: na matemática pura, na teologia e na metafísica. São os únicos três campos em que existe uma ampla margem de certeza absoluta. Nesses campos, há muitas coisas que temos certeza absoluta, que são irrefutáveis e indiscutíveis. Se alguém discutir, é porque não entende do assunto. Nas ciências não é assim.

 

Assim, voltamos à pergunta: qual a relação da ciência com a astrologia? Da ciência com a astrologia não sabemos. O que querem dizer com “ciência”? O cientista? Quais deles? Quem? O método experimental científico? Há discussões e seqüências de experimentos relacionados à astrologia que estão em andamento desde os anos cinqüenta até hoje. Podemos passar a literatura relacionada depois, desde o experimento do Michel Gauquelin, nos anos cinqüenta, até a última discussão sobre o mesmo fenômeno - o efeito Marte M arte –  em 2009. Podemos dar toda a bibliografia, os artigos científicos que foram publicados um depois do outro. Alguns desses artigos diziam que o efeito marte era real, outros diziam que não, que o experimento estava estava errad erradoo por causa causa de “x”, “x”, outros outros ainda ainda diziam diziam que o experi experimen mento to estar estaria ia cer certo to apenas apenas se acrescentassem uma variável “y”.em Isso estáesendo discutido cinqüenta anos,anos e é chegarão assim quea alguma ciência funciona. Essa discussão começou 1955, somente daqui háháuns dez ou vinte conclusão sobre esse estágio da pesquisa. Chegando-se a uma conclusão, poderão começar a elaborar  novos experimentos para ver se fazem a pesquisa avançar, pois é assim que a ciência funciona. Perguntem a qualquer físico: há cem anos que surgiu a teoria da relatividade, e até agora estão fazendo experimentos  para continuar vendo se as coisas ainda são desse jeito. Então, se o sujeito quer alguma coisa da ciência, saiba que é assim que ela funciona, a muito longo prazo e na base de muita discussão. A diferença é que essa discussão discussão tem parâmetros parâmetros claros. claros. Não é como o debate debate público, que dá para terminar terminar um jogando tomate no outro e todo t odo mundo continuar achando que é uma discussão válida. Pois bem, Michel Gauquelin era um astrônomo cético em relação à astrologia e resolveu fazer o estudo defini def initiv tivoo para para derrub derrubá-la á-la.. Ele pegou pegou alguma algumass alegaç alegações ões típica típicas, s, tra tradic dicion ionais ais,, bem univer universa sais is da astrologia, afirmações que nenhum astrólogo sério consideraria uma falsificação da astrologia, e decidiu testá-las estatisticamente. Por exemplo, os astrólogos tradicionalmente dizem que, se o sujeito tem Marte  perto do ascendente ou perto do meio do céu, é favorável para ele a profissão militar ou de esportista competitivo. O que o Gauquelin fez? Ele pegou os mapas de centenas de esportistas franceses que se destacavam nosdaseus esportes,eme geral. começou verificar Marte realmente se destacava nos mapas deles mais alémou do menos destaque população Ele achecou os se dados recolhidos e disse: “Caramba, é verdade! Há muito mais gente com Marte ascendendo ou culminando entre os esportistas do que entre a  população em geral.” Quando ele publicou os resultados da pesquisa, a comunidade científica ficou tremendamente envergonhada e com raiva dele. Então, fundaram três associações, cujo único propósito era provar que Gauquelin estava errado. E essas associações fizeram suas próprias compilações de dados independentes, dizendo que ele teve um viés na seleção dos mapas e coisas do tipo. Porém, as três compilações confirmavam o que Michel dizia. Isso está sendo discutido desde os anos cinqüenta até hoje. Salvo engano, o último exame de dados e de toda a bibliografia relacionada foi publicado em 2009. Então, isso prova a astrologia? Não, isso não prova a astrologia, mas prova, sim, que nem todas as técnicas astrológicas são coelhos tirados de cartolas. De fato parece que há alguma correlação. É um indício de que o fenômeno existe e merece ser investigado. Desse ponto até a astrologia entrar no currículo das ciências naturais, se tudo continuar normalmente, irá demorar uns trezentos anos. Então,, para quem tiver interesse Então interesse,, mande um e-mail que manda mandamos mos a lista toda dos experiment experimentos os e das contestações publicadas. Só saibam de uma coisa: é necessário estudar estatística primeiro, porque esses caras estão fazendo ciência, não divulgação científica. Quem não entende realmente de ciência estatística, não entenderá nada do que eles estão falando. Porém, é de grande valia para quem tem interesse no método científico moderno e no método experimental. Para quem tem interesse em ciência e quer ter  alguma indicação científica de que astrologia tem algum potencial, que é algo que pode ser considerado, há essa literatura. Uma outra mulher, chamada Bernadette Brady, fez um experimento interessantíssimo na Austrália. Ela quis estudar se havia alguma relação astrológica transmissível de geração em geração, isto é, se existiam  posições astrológicas que eram passadas dos pais para os filhos. O estudo dela é especialmente interessante, porque ela fez um estudo duplo. A Bernadette fez esse estudo comparando os mapas dos pais e dos filhos usando as técnicas t écnicas da astrologia moderna, e depois o mesmo estudo, com as mesmas pessoas, usando as técnicas da astrologia tradicional. A partir daí, ela chegou à conclusão de que esse negócio de astrologia moderna é tudo balela. Esse negócio de Urano, Netuno, Plutão é tudo piada. A análise estatística dos mapas de pais e filhos, considerando Urano, Netuno e Plutão é igual a da média da  população em geral. Mas se considerarmos só as regências de signos tradicionais e planetas tradicionais, os resultados são muito relevantes do ponto de vista estatístico. Mas é importante notar que ela está fazendo trabalho científico. Então, caso alguém queira lê-la, terá que estudar um pouco de estatística  primeiro. Não são artigos de divulgação, divulgação, são artigos científicos.

 

A astrologia é um problema sério que deve ser examinado. E, infelizmente, para que se organizem esses estudos estatísticos, é necessário dinheiro. Não é fácil encontrar uma instituição confiável que realize a compilação de dados das pessoas em uma amostragem sem viés. É preciso muito esforço para fazer isso. Há muito poucos estudos da astrologia – bem menos do que deveria haver -, considerando o quanto a coisa funciona. E os cientistas que se dedicam a fazer esses estudos são pessoas que deveriam ganhar  medalhas, pois eles se tornam extremamente impopulares no meio dos outros cientistas. Ninguém gosta deles, ninguém quer contratá-los para nada, todos acham que eles são uns malucos que em casa usam chapéus pontudos com desenhos de estrelas e da Lua. São pessoas que, só por terem feito esse esforço, só  por terem publicado e perseverado querem saber se existe astrologia ounesses não. estudos durante anos, merecem muito respeito. Eles realmente O caso da Bernadette Brady é um pouco diferente. Ela já era astróloga praticante antes, e não precisava se convencer da eficácia da astrologia. astrologia. Ela queria entender a hereditariedade hereditariedade astral, que é mencionada em muitos tratados antigos, e que não se sabia a maneira de aplicá-la numa prática astrológica. Por isso, ela estudo estudouu o fenôme fenômeno no cienti cientific ficame amente nte e consta constatou tou que, que, realme realmente nte,, há umas umas trê trêss ou quatro quatro técnic técnicas as tradicionais que se aplicam de maneira muito claras. Ou seja, há certas posições que são herdadas com muita clareza entre pais e filhos, que vão muito além da variação estatística normal. O interessante disso é que ela é uma astróloga moderna, e constatou que essas regências de Urano, Netuno e Plutão, pelo menos no caso de pais e filhos, não valem nada. Ela não chega a afirmar categoricamente que as regências modernas não valem nada, para a coisa não ficar mal para o pessoal moderno. Só que, no caso da hereditariedade astral, ela é categórica em dizer que essas regências não se aplicam. Porém, o fato é: essas regências de Urano, Netuno e Plutão não valem nada. Nós aqui vamos direto ao ponto. A questão da relação entre a prática astrológica e a religião por um lado, e a questão da prática astrológica ePoderíamos a ciência moderna outro,categórica são coisasdo que não“épodem respondidas semapenas um exame dajáliteratura. dar uma do resposta tipo assim”.ser Porém, “é assim” porque lemos o assunto. Se o sujeito quiser saber por si mesmo, terá que ler; e, para ler, terá que se preparar. Se alguém quiser entender quais são as questões teológicas ligadas à astrologia, essa pessoa terá que estudar um  pouco de teologia antes. Se ela quiser saber quais são as questões científicas relacionadas ao tema, terá que estudar um pouco de ciência antes. Não há outra saída. Muitas das objeções das pessoas são só lugares comuns e superstições. Quando o sujeito fala que a astrologia não tem fundamento científico, ele não sabe do que está falando. Como já dissemos, nenhuma técnica tem fundamento científico. A sua explicação ou fundamento científico é a posteriori, posteriori, isto é, vem depois. Uma técnica não se desenvolve por causa de um problema científico, mas por causa de um  problema prático. O desenvolvimento desenvolvimento da ciência teorética e o dese desenvolvimento nvolvimento da técnica prática são dduas uas coisas coisas comple completam tament entee indepe independe ndente ntes. s. Mais Mais ainda, ainda, uma ciênci ciênciaa que dê certez certezaa absolu absoluta ta - como como a matemática, a teologia ou a metafísica, que são ciências dedutivas -, só é aplicável a entes universais, abstratos e necessários. Já as técnicas são desenvolvidas para lidar com entes contingentes e singulares. Quando um carro quebra, não temos um problema teorético sobre o desgaste dos materiais, mas temos um  problema prático, e precisamos do carro funcionando novamente. A arte do mecânico não existe para examinar o porquê das coisas quebrarem de maneira geral. A arte do mecânico existe para examinar o que quebrou em um carro determinado, como esta coisa quebrada pode ser trocada, e como o carro pode voltar a funcionar. Isso é verdadeiro para toda e qualquer técnica. Há duas coisas que temos de considerar na aplicação de uma técnica 1) Em primeiro lugar, toda técnica é acompanhada de uma certa nuvem de superstição explicativa. O ser humano não agüenta não saber das coisas. Então, se um indivíduo faz alguma coisa que funciona, e se ele não tiver uma explicação para isso, ele irá querer inventar uma explicação para ficar em paz. Portanto, toda técnica é acompanhada de alguma superstição. O primeiro problema é que temos de viver em paz com a superstição. 2) O segundo problema é objetivo: a técnica permite que se chegue à opiniões verdadeiras com mais freqüência do que com a ausência da técnica? Lembrem-se que as opiniões sobre o fenômeno é que são verdadeiras ou falsas, e não o método pelo qual chegamos à opinião. Podem existir inúmeras técnicas para se chegar à mesma conclusão. Um exemplo disso relacionado não à astrologia, mas à astronomia. Se usarmos o método matemático de Ptolomeu para calcular a posição dos planetas, somos capazes de dizer onde Júpiter estará no céu daqui a uma semana. Porém, se usarmos a técnica de Copérnico, chegaremos à mesma conclusão. Também se usarmos a teoria da gravitação universal de Newton, chegaremos à mesma conclusão. E podemos ainda

 

usar a teoria teoria da relatividade, relatividade, e chegaremos chegaremos à mesma conclusão. conclusão. São quatro quatro técnicas técnicas diferentes diferentes que nos dizem onde Júpiter estará. Qual das técnicas é verdadeira? Essa pergunta não tem sentido. O que faz sentido é perguntar quais são as teorias explicativas associadas a cada uma dessas técnicas. Somente as teses sobre as causas dos fenômenos podem ser verdadeiras ou falsas. E, às vezes, ainda não teremos uma resposta definitiva sobre isso. Então, falar que a astrologia não tem fundamento científico é balela. A aspirina foi lançada em 1899, e a primeira teoria explicativa razoavelmente crível para o seu foi elaborada em 1971. Durante setenta e dois anos, todo mundo curou dor de cabeça sem explicação científica, e isso é  perfeitamente normal. Por que ninguém experimenta fazer uma cirurgia cardíaca sem anestesia, já que ainda não temos explicação científica para o funcionamento dela? Essa obsessão com alguma explicação científica faz parte da grande superstição dos nossos tempos. A pessoa pessoa que quer se livrar livrar desse desse problema problema deve ler dois dois liv livros ros:: The Science Delusion, de Rupert Sheldrake; e o outro é Cosmos and Transcendence, de Wolfgang Smith, que já recomendamos, e que também vale para explicar essa problemática da cosmovisão científica. Este último autor diz que muitas  pessoas, hoje, levantam objeções objeções a muitas coisas, porque estas estas não se enquadram na nossa visão cien científica tífica de universo. Porém, para ele, esse negóc negócio io de visão científica do universo universo é uma grande ilusão. Existe ciência, ciênc ia, trabalho trabalho científico científico,, pesq pesquisa uisa científica, científica, mas visão científica científica do universo universo é uma bobagem. Wolfgang Smith diz que não sabemos ainda o que é o universo, pois ainda não existe essa ciência. Este é um livro muito bom. Todos aqueles que acham há uma explicação científica para tudo devem lê-lo. O autor mostra claramente que entramos em contato com os fenômenos muito antes de termos uma explic exp licaç ação ão cientí científic ficaa para para eles. eles. Há muitos muitos proble problemas mas que podem podem sur surgir gir na mente mente humana humana e que  provavelmente não terão explicação explicação científica nos próximos mil anos. Outra coisa que ele nota nesse nesse livro é o grande perigo da visão cientificista do mundo bloquear o avanço da própria ciência. O Wolfgang Smith faz um alerta muito grande sobre isso. E o problema da relação entre astrologia e ciência, hoje, está muito ligado a isso. Se alguém disser que deveríamos pesquisar sobre a hereditariedade astral, muitos cientistasnão dirão: “Não! Isso é Pronto, astrologia, o queo não se enquadra em nossa visão  portanto vamos estudar!” excluem excluem fenômeno do terreno da ciência ciência. . científica do universo,  Aluno: Qual a relevância do debate entre heliocentrismo e geocentrismo para o estudo astrológico? E qual

o seu ponto de vista pessoal sobre essa teoria explicativa da posição dos planetas no universo de uma forma geral, em oposição simplesmente à parte técnica? Gugu:

O heliocentrismo e o geocentrismo são completamente irrelevantes, tanto em termos da técnica astrológica, quanto em termos teoréticos e de levantamento de hipóteses causais para o fenômeno astrológico. Suponhamos a seguinte hipótese causal: Júpiter lança um raio que alcança o cérebro do feto num determinado estágio de maturação, e isso vira a configuração astrológica do indivíduo que nascerá. Então temos uma teoria puramente material, ou física, da influência astrológica. A Terra pode estar  girando em torno do Sol, ou o Sol pode estar girando em torno da Terra, ou o Sol e a Terra podem estar  girando em torno de Júpiter. Qual é o planeta que está, de fato, girando ao redor de qual? Não importa,  pois em nenhuma dessas dessas hipóteses muda-se a posiç posição ão real, relativa entre Júpiter e a Terra Terra,, no momento da influência. A questão é que todo movimento é relativo. Lembrem-se daquele negócio das aulas de física. Se alguém está viajando a trezentos quilômetros por hora e bate numa pedra, essa pessoa é estraçalhada. Agora, se essa pessoa estiver parada e a pedra vier na direção dela nessa mesma velocidade, ela será estraçalhada do mesmo jeito. Do mesmo modo, ainda que haja uma causalidade física na astrologia, as teorias do heliocentrismo e do geocentrismo são irrelevantes para o fenômeno astrológico. Mesmo do  ponto de vista físico isso não é relevante. Do ponto de vista do simbolismo, a Terra está no centro do universo, evidentemente. Pois, embora o  potencial simbólico das coisas esteja nelas próprias, nós é que somos os leitores privilegiados desse  potencial. Um leão ou um cachorro apenas sofrem o simbolismo, porém, apenas o ser humano o entende. E nós estamos na Terra. Portanto, do ponto de vista simbólico, a Terra é evidentemente o centro. Toda ve vezz qu quee olha olhamo moss para para baix baixoo vemo vemoss o chão chão,, e to toda da vez vez que que ol olha hamo moss para para cima cima vemo vemoss o céu, céu, independentemente de qual planeta gire em torno de qual. Esclareci Esclar ecidos dos esses esses pontos pontos,, devemo devemoss coloca colocarr um ponto ponto fin final al nessa nessa questã questãoo do helioc heliocent entris rismo mo e geocentrismo. Sobre esse tema, a teoria mais antiga e aceita pela astrologia é a de Aristóteles. Para este, nem o Sol está girando em torno da Terra, e nem a Terra está girando em torno do Sol, mas todos os movimentos do universo giram em torno de um ponto focal, que é o motor imóvel. Para Aristóteles, todos os movimentos se apóiam no motor imóvel, que necessariamente tem uma localização física. Essa é a teoria astrológica, e é a teoria do Aristóteles. E, embora ninguém tenha localizado esse ponto no nosso

 

universo, Aristóteles demonstra de maneira irrefutável que isso é necessário. Se a Terra gira em torno do Sol, logo, aquela faz um movimento elíptico ou circular em torno deste. Mas também existem indicações de que o Sol está girando em torno de outra coisa, e de que essa outra coisa gira em torno de mais outra coisa etc. Portanto, na escala global, seguindo esta seqüência, temos de chegar num termo final: há uma coisa em torno da qual todas as outras estão girando. Esse é o primeiro motor imóvel, e Aristóteles demonstra isso de maneira irrefutável na Física. O primeiro motor imóvel é um lugar no universo, e todas as coisas que se movem no universo, têm o seu movimento, em última análise, reduzido a girar em torno desse ponto. As refutar pessoas, hoje,disse acham que isso Então, é meioquando maluco.dizem Pode que até ser, mas está demonstrado e ninguémque é capaz de o que Aristóteles. “naquele tempo o pessoal acreditava tudo girava em torno da Terra”, isso não é bem verdade. Era o povo que acreditava nisso. Santo Tomás de Aquinoo acreditava Aquin acreditava que tudo girava girava em torno do primeiro motor imóvel. Se procurarmos procurarmos pelas palavras palavras dele, veríamos que ele dizia que “é mais razoável crer, dados os fatos, que o primeiro motor imóvel se localiza no centro da Terra, e que, portanto, tudo gira em torno dela”. De certo modo é isso o que vemos. Mas o que é que sabemos de fato? Santo Tomás diria que “sabemos que tudo gira em torno do primeiro motor imóvel”. O princípio de demonstração disso é muito simples. Numa cadeia de movimentos, qualquer coisa é movida por um agente externo, e esse agente externo é movido por outro etc. Isso é uma cadeia de dependência intrínseca. Uma cadeia de dependência intrínseca é necessariamente finita e limitada, e não  pode ser multiplicada indefinidamente. Por exemplo, alguém está andando no trem e o trem está andando na Terra. Então, o trem está movendo uma pessoa, e a Terra está movendo o trem. Se desenharmos o movimento dessa pessoa no espaço, teremos um movimento definido. Alguém pode estar sendo movido  pelo trem, o trem pode estar sendo movido movido pela Terra, a Terra pode estar se move movendo ndo pelo Sol, o Sol pode estar semovimento movendo definido, pela galáxia, centrotem dade galáxia estar sendo movido alguém. Para termos algum essa ocadeia ter umpode fim, senão não pode existirpor movimento algum. Esse é um ponto muito interessante da filosofia de Aristóteles e de grande parte do pensamento da filosofia natural da Escolástica, e que ninguém entende muito bem. Do mesmo modo que Aristóteles diz que a ca cadei deiaa de causa causass efi eficie ciente ntess de um movime movimento nto é necess necessari ariame amente nte limita limitada, da, uma cadeia cadeia de dependência extrínseca pode ser ilimitada. Às vezes, o pensamento Escolástico é um pouco mais bizarro do que pensamos. Por exemplo, diz Aristóteles que nascemos de um pai, e que esse pai veio de um avô, e o avô por sua vez veio de um bisavô etc. Essa cadeia pode ser ilimitada. Pode ser que existam infinitos antepassados, e não existe nada de estranho nisso. Para ele, essa cadeia não é absurda; mas, aplicada ao movimento, movim ento, é. Podemos Podemos reservar uma aula só para explicar explicar essa questão do movimento. movimento. Na verdade, verdade, a teoria tradicional do movimento diz que tudo está girando em torno do primeiro motor imóvel, onde quer  que ele esteja. Essa questão do heliocentrismo e geocentrismo é muito superestimada, e é realmente irrelevante. Há um indivíduo que fez um experimento – um pouco na brincadeira, um pouco a sério – para provar esse ponto. Também não devemos levar o estudo dele muito a sério, mas o fato é que ele decidiu que inventaria uma teoria explicativa natural para a astrologia, e que testaria essa teoria com todos os sistemas de astronomia existente. Pois bem, ele inventou essa teoria, que é bastante plausível, e diz que não faz diferença se o sistema é o geocêntrico ou não. Isto é, a validade da teoria dele não depende da validade de um determinado sistema astronômico. Ele diz que, se observarmos as variações das manchas solares e as variações do campo magnético da Terra, é fácil deduzirmos um grande número de variações das posições  planetárias da astrologia tradicional (isto é, das posições geocêntricas da astrologia). Continua dizendo que, quando estamos no útero, pode ser que o nosso sistema nervoso, em geral, tenha uma sensibilidade especial às variações do campo magnético da Terra. Como essas variações são diretamente proporcionais às posições astrológicas dos planetas, pode ser que seja assim. Por que não? Ele disse: “Provem que estou errado.” E até agora ninguém conseguiu provar. Mais ainda, ele também descobriu que, com a teoria dele, é possível prever o ciclo de manchas solares melhor do que com outras. O nome desse sujeito é Percy Seymour. Ele é um astrônomo inglês da Royal Academy. Ele disse: “Por  que não? Não sabemos qual o mecanismo causal da astrologia, e nem sabemos se existe mesmo a astrologia, mas dizer que é impossível construir um modelo causal para a astrologia é balela, é superstição cientificista. Isso é perfeitamente possível, só não temos os meios ainda. Não temos conhecimento suficiente do sistema solar e não tem conhecimento suficiente da biologia humana. Não temos!”

 

 Aluno:  Há

alguma relevância nessa intuição da astrologia enquanto ciência natural? O próprio Frawley critica essa tentativa de trazer a astrologia para a ciência.

Gugu: Por um lado é criticado porque corre-se o risco de se perder conteúdo. Na pressa de inventar uma explicação material para a influência astrológica, no sentido físico-químico moderno da palavra , pode ser  que essa explicação exclua certos elementos da técnica astrológica que são extremamente eficazes. Isso é mais ou menos o que aconteceu com a medicina chinesa desde a revolução cultural, quando decidiram reinventá-la de maneira a torná-la compatível com o credo revolucionário. A partir daí ela perdeu noventa  por cento de sua eficácia. Então, esse experimento do Seymour é apressado, mas ele mesmo diz: “Não

estou que este uma é o mecanismo. Estou dizendo isso pois não agüentouma quando os Vou meustirar colegas falam falando que é impossível explicação científica da astrologia. É impossível vírgula! uma explicação aqui da cartola e será impossível provar que não é de verdade!” Por isso, tentar explicar é muito precipitado, realmente muito precipitado, mas é bom o sujeito fazer algo assim. Há uma vantagem nisso. Não adianta também ficar só criticando a sensibilidade de uma geração, ou de uma cultura, ou de uma civilização, de maneira estéril. Não adianta dizer: Vocês não entendem isso  porque abandonaram toda a cultura tradicional, e agora vocês estão todos ferrados, virá um apocalipse e todos irão para o inferno!” Não adianta, as pessoas não escutam esse argumento. De repente podemos dizer: “Esse negócio que estamos falando não é impróprio, está vendo? Agora vamos estudar isso aqui a sério?” Isso pode ter um efeito positivo em alguém. Tem muita gente, hoje, honesta e boa que é sensível à argumentação da ciência experimental moderna. Se abrirmos o olho do sujeito nesta direção, por meio dessa argumentação, ele terá a possibilidade de estudar  a coisa tradicional. Se o sujeito disser que só aceita o que tem validez, então ele já era idiota antes disso, e continuará idiota do mesmo jeito. Não foi a ciência que contribuiu para idiotice dele, na verdade ele já era assim. Ele. Elas podesão dizer: “A influência e a astromagnetologia não são aa mesma astro astrologia logia. astromagne astro magnetologi tologiaamagnética cósmica, cósmica, pois o simbolismo simbolismo não significad signi ficada nada.” nada.” coisa Nesse Nesse que caso, casoa, esse sujeito é mesmo um idiota. Se alguém quer saber sobre simbolismo, terá de ler meia-dúzia de livros e meditar no assunto. Só então essa pessoa entenderá do que se trata. Se ela não quiser ler e meditar porque só acredita numa causa física - como, por exemplo, a radiação que chega até o cérebro de alguém - não há nada que possamos fazer para consertá-la. O que houve com essa pessoa é que o cérebro dela foi inundado com uma radiação errada.  Não é que devemos incentivar essas pessoas a fazer esses estudos. Por quê? Porque isso é precipitado. Se o sujeito tem interesse em estudar a astrologia do ponto de vista da ciência moderna, então será uma outra coisa que ele terá de estudar. Não será ainda uma teoria causal que ele deverá estudar, mas sim fazer uma delimitação mais cuidadosa do fenômeno, da mesma maneira que o pessoal que já está estudando o assunto está fazendo. Por exemplo: “Quais são as hipóteses de hereditariedade astral? Vamos fazer uma verificação estatística sobre isso. E quais são as hipóteses de escolha profissional? Vamos fazer uma verificação estatística sobre isso também.” O que é preciso é fundamentar esses experimentos, pois é neste estágio que a pesquisa se encontra no momento. Apenas daqui a uns cinqüenta anos é que poderão começar algum tipo de levantamento de hipóteses causais. Mas, de fato, a teoria do Seymour é realmente genial. Só que há um porém nisso. A pessoa pode lê-lo e ficar fascinada com ele, e essa fascinação pode levá-la a não querer ler literatura astrológica anterior. E então ela nunca aprenderá astrologia. Então,  pessoalmente, sou um pouco crítico quanto a isso, mas não tanto quanto o Frawley. Isso depende de cada talento individual. Se observarmos a história do Seymour, veremos que ele fez isso por causa de suas convicções mais  profundas: “Ah, eu não agüento preconceito! Quando alguém me diz que não se pode estudar a astrologia cientificamente, fico puto! Sou um cientista, e não agüento essa conversa. Não quero engolir essa estória da carochinha de ficar delimitando o que pode ser ciência ou não. E mostrarei para essas pessoas que não  preciso engolir essa besteirada, que elas são idiotas, e que não estão agindo em nome da nossa ciência!” Quando vemos a história dele, o entendemos. E se a coisa tivesse acontecido conosco, teríamos feito o mesmo. Por outro lado, o Frawley diria: “O que temos de fazer é aumentar a quantidade de pessoas que sabem de fato a astrologia astrologia horária. horária. Por quê? Porque sem pessoas que saibam saibam a técnica técnica astrológica astrológica direito, direito, nunca teremo teremoss uma res restau tauraç ração ão da cosmov cosmovisã isãoo tradic tradicion ional, al, e nem teremo teremoss uma explic explicaçã açãoo cientí científic ficaa da astrologia. Se a técnica astrológica for extinta, toda a esperança será perdida.” Esse é o trabalho dele, a vocação dele. Mas no que se refere à fundamentação teorética da astrologia, o Frawley não entende tanto

 

assim, e sai um pouco fora da área dele. Isso acontece por causa do espírito de polêmica dele. Ele diria  para os cientistas: “Vocês não entendem de astrologia e não devem falar sobre isso.” E os cientistas responderiam: “Em primeiro lugar, o que você, Frawley, entende de ciência moderna? O que você entende do método científico e do método experimental? Nada? Então cale a boca e não encha o nosso saco. Você não tem nada a dizer a respeito disso e só pode falar daquilo que entende.” O Frawley comete um erro parecido com o erro do cientista que diz que não se deve ensinar astrologia por ela não ser, supostamente, científica. Os cientistas nem mesmo sabem o que é astrologia, e se eles não sabem isso, também não sabem se devem estudá-la ou não. E o Frawley não sabe o que é o método científico e a experimentação moderna, então também não sabe o que deve ou não ser estudado cientificamente. Portanto, se o sujeito tem o equipamento, se ele se preparou com o conhecimento da ciência moderna e quer saber essa questão, ele tem mesmo é que estudar. E a pessoa que se preparou com o conhecimento tradicional e quer saber sobre a questão tradicional, ela também deve estudar. Todo mundo deve estudar  aquilo que deseja saber! É assim que as coisas funcionam melhor. Quando dizem que um estudo não é muito favorável por qualquer motivo que seja, começa-se a entrar numa zona perigosa. Uma coisa é dar  um conselho prático para um indivíduo, ou para um pequeno grupo de indivíduos, que se conhece diretamente; outra coisa é dizer que, em geral, certos estudos não são bons. Isso é errado. Nesse caso, devemos seguir a teoria de Hugo de São Vitor sobre o estudo: todo e qualquer conhecimento é bom e merece que alguém se dedique a ele. E se o indivíduo juntar um monte de preconceitos? É porque ele é um burro. Isso não é culpa do conhecimento, é culpa da burrice. Também é claro que, cada o indivíduo, quando está estudando alguma coisa, deve fazer uma auto-análise: “Por que estou querendo estudar isso aqui? É só para provar que o tradicional é melhor que o moderno? Ou é para provar que o moderno é melhor que o tradicional? Ou é por que eu quero entender as coisas?” É óbvio que existirá um elemento de preferência. No meu caso particular, prefiro totalmente aquilo que é tradicional ao que é moderno. O que édotradicional mil vezes melhor àquilo é moderno. Mas se alguém deseja estudar um fenômeno ponto de évista experimental, e esse que fenômeno é realmente estudado e enquadrado dentro de uma perspectiva maior, ele deve fazê-lo. Eu apoiaria completamente quem desejasse fazer isso. Não interessa quais são as motivações subjetivas dele, não interessa se ele goste mais do que é moderno ou não. Isso é problema dele, e não meu. Se o sujeito obsessivamente rejeita aquilo que é tradicional e só aceita aquilo que é moderno, ele não faz idéia do universo de sabedoria que está perdendo e que não conseguirá repor. Todo esse conhecimento ficará perdido! Por outro lado, a pessoa pode só aceitar aquilo que é tradicional e rejeitar tudo o que é moderno. Há pessoas que chegam ao ponto de demonizar qualquer coisa que seja moderna. Nesse caso, essas pessoas estão querendo dizer que, num mundo onde existem seis bilhões de pessoas, há um monte de gente que está diretamente ligada ao diabo. E isso só porque elas queriam saber uma coisa, porque elas tinham curiosidade acerca de um tipo de fenômeno? Não devemos ir tão longe. E se alguém tiver  curiosidade pelas duas coisas? Em termos de conselho prático, é melhor não se dedicar às duas de imediato. É melhor que o sujeito se aprofunde no conhecimento tradicional primeiro, e só depois se aprofunde no conhecimento moderno. Isso é assim porque a astrologia, na visão tradicional, é mais integral. Em que sentido? Ela ajuda as  pessoas em outras áreas da vida também. A cosmovisão simbólica é mais verdadeira, e é uma expressão mais real do que é o universo, do que é a realidade, do que é Deus e do que é a nossa alma. E a cosmovisão moderna? Ela é um monte de fragmentos que ainda não se constituiu numa unidade, e que nunca irá se constituir como unidade sem o apoio da cosmovisão tradicional. A cosmovisão moderna é um Frankenstein. É impossível fazer um ser vivo com pedaços de coisas mortas. Então, se o indivíduo quer estudar as duas coisas, dê preferência temporal aos estudos tradicionais. Depois disso, estude a cosmovisão moderna a fim de integrá-la à cosmovisão tradicional. Mas a pessoa  pode ter uma biografia diferente, como é o caso do Seymour. Ele já era astrônomo e cientista moderno, e só depois decidiu mostrar que o conhecimento tradicional não era incompatível com o conhecimento moderno. Essa é a biografia efetiva dele, e não podemos levantar objeções a uma biografia real. Não é correto dizer: “Não, Seymour, esqueça tudo isso, pois agora você vai começar do zero. Você deve estudar  o que é tradicional e esquecer toda a ciência moderna que aprendeu.” Não podemos dizer isso a ele. É uma questão de contraposição entre uma ordem ideal e uma ordem efetiva de fatos que já aconteceram. Voltando ao Frawley, ele é um cara muito inteligente, tem muitas sacadas, e é um astrólogo de primeira. Mas, pelo tom dele, vemos que ele não é alguém que possui um profundo talento científico. Isso tudo que

 

se refere a distinções filosóficas, exames de experimento e contas matemáticas, não é com ele. O Frawley não é a melhor pessoa para dizer o que tem valor e o que não tem valor na ciência moderna. Ele não tem conhecimento científico suficiente para fazer uma avaliação, e nem mesmo gosta desse assunto. Vamos agora recapitular um pouco do que já foi dito. Temos, primeiro, que aprender a observar e assimilar os fatos que são necessários para a assimilação de uma determinada técnica. No caso de quem conserta conse rta automóveis, automóveis, essa pessoa precisa aprender aprender que o ferro é duro e que a borracha borracha é mole; precisa precisa aprender que a borracha pode esquentar e queimar; também que um tanque furado não segura gasolina etc. Alguém que queria ser mecânico tem que observar esses fenômenos. No caso de astrologia, temos que entender o simbolismo astral, temos que entender que as coisas são símbolos. céu são símbolos do quê? Qual a diferença simbólica entre Júpiter e Saturno? E entre MarteOse astros Vênus?e oTemos de saber essas coisas. Em segundo lugar, devemos aprender o conjunto mesmo da técnica. Temos que aprender a interpretar os mapas segundo a técnica astrológica. Se quiséssemos ser mecânicos, teríamos que aprender a interpretar o barulho que o carro faz, o cheiro que sai do motor, o movimento das peças etc. Em terceiro lugar, após termos aprendido essas duas coisas, temos que examinar o terreno cognitivo intermediário entre elas. Ou seja, quais são as hipóteses ou teorias causais que existem entre o fenômeno e a técnica? Existe alguma teoria explicativa? Qual é o seu fundamento? O quanto ela foi testada? Essa teoria é de tipo filosófico-metafísica ou física-moderna-natural? Em quarto lugar, temos de depurar, do estudo da técnica, a superstição que acompanha a prática. Também temos que entender que, podemos fazer trezentas perguntas horárias por dia para aprender a técnica astrológica, mas nem por isso devemos ficar dependentes disso para resolvermos os nossos  problemas. Esse é um dos efeitos típicos do estudo da astrologia. A pessoa que deseja estudar astrologia horária terá de responder a pelo menos meia-dúzia de perguntas todos os dias e verificar se a técnica funcionou. Depois ela deve verificar por que não funcionou, ou num tratado de astrologia, ou num manual de astrologia, perguntando professor. Quando o sujeito começa os prognósticos começam a daroucerto, ele pensaaoque, para todo problema que tiver, devea aprender fazer umae pergunta horária.dele Eé  justamente nesse ponto que tudo começa a dar errado. Não podemos esquecer uma das regras fundamentais da astrologia horária: quando temos um problema, o planeta que significa nós mesmos no mapa estará debilitado. Isso quer dizer que a nossa capacidade interpretativa como astrólogo também estará debilitada, e que erraremos a pergunta. O astrólogo não pode consultar a ele mesmo. Quando ele tem um problema, deve consultar outro astrólogo. Geralmente, quando fazemos perguntas sobre nós mesmos, a resposta sempre é errada, pois surge um elemento supersticioso. O sujeito vê que a técnica funciona, e ele começa a pensar que pode ter um domínio global das contingências da sua vida por meio daquela. Isso é quase que inevitável. O sujeito começa a ter um complexo de bruxo: “Agora vou controlar  completamente o fluxo da minha vida, vou ficar milionário, vou casar com uma supermodelo e ainda vou virar o rei da Inglaterra!” Então, a tentação de poder é muito grande, e isso é um dos elementos de superstição que faz com que a astrologia seja proibida em tantas religiões. O indivíduo pode dizer: “Eu vou dominar a minha vida e a vida das pessoas em torno!” Ah, é mesmo? Não vai nada, pois quem manda em tudo isto aqui é Deus, e quem manda em cada ato é cada um. Tales: Há alguma recomendação a respeito do tipo de perguntas que devem ser feitas para o exercício de

 perguntas horárias? Gugu:

As perguntas mais comuns são sobre objetos perdidos: “Onde eu perdi? Vou recuperá-lo?” Ou então: “Meu irmão vai fazer uma entrevista de emprego, ele conseguirá a vaga?” Por que perguntar “ele” e não “eu”? Pois se quem estiver fazendo a pergunta for a mesma pessoa que fará a entrevista, ela estará debilitada. Essa pessoa já deseja conseguir o emprego e a dúvida sobre isso a deixará com o julgamento  prejudicado. Com relação às outras pessoas, temos mais liberdade para fazer perguntas. Mas isso também não quer dizer que não haja perguntas que podemos fazer a nosso respeito. Há algumas perguntas relacionadas a nós mesmos e que podemos fazer. Se temos somente uma curiosidade ou um interesse cognitivo, e muito pouco interesse vital naquele momento, podemos fazer perguntas relacionadas a nós. Por exemplo, a pergunta que fizemos no começo da aula: “Haverá aula hoje ou não?” Eu tenho algum interesse vital em receber as mensalidades dos alunos, mas não estava muito preocupado com isso na hora em que fiz a pergun pergunta. ta. E, ainda ainda assim, assim, o planet planetaa sig signif nifica icador dor do queren querente te (is (isto to é, de quem quem está está  perguntando) estava relativamente debilitado, pois eu estava um pouco preocupado: “E se não tiver aula? Pode ser que eles já tenham desistido de aprender.” Isso estava lá no fundo. Então, se estivermos apenas curiosos, mas não preocupados, será mais fácil de obtermos uma resposta. Já se estivermos mais  preocupados, ou profundamente interessados, e quisermos muito que a resposta seja “a” e não “b”, então

 

erraremos a interpretação. Em casos desse tipo, o sujeito apenas acerta a pergunta se, durante dez ou quinze anos, ele pratica todos os dias a astrologia horária profissionalmente. E deve-se somar a essa  prática contínua a vocação. Um sujeito desse tipo se acostuma a criar o estado de espírito de desejar  apenas as respostas verdadeiras às suas perguntas, sejam aquelas quais forem. Esse estado de espírito de desejar apenas as respostas verdadeiras é, primeiramente, uma confiança de que é Deus que determina a capacidade do astrólogo de ajudar o cliente ou não. O segundo ponto é que o astrólogo deve ter um sentimento de compaixão, de querer ajudar o outro a livrar-se do sofrimento, ainda que isso nem sempre seja possível, da mesma forma como o médico quando examina um paciente. Se o astrólogo quisereajudar o seu cliente durantesendo uma consulta irá enviesar resposta o lado positivo errarádemais por excesso de otimismo, que pelohorária, menos ele setenta e cincoapor cento para das respostas são negativas. E isso é assim pelo simples fato de que a maior parte das pessoas só consulta o astrólogo quando está muito ferrada, com muito medo, muito preocupada, muito deprimida. As pessoas nunca consultam um astrólogo quando estão num estado de dúvida que não as preocupam muito.   Quando começarmos a introduzir o assunto, teremos de introduzir os significados mais comuns das doze casas. E, a partir disso, poderemos listar as perguntas relacionadas à casa I, à casa II, à casa III etc. Também listaremos quais são as casas mais fáceis de obtermos uma resposta quando somos nós mesmos que estamos perguntando, e aquelas casas que somente conseguiremos responder se alguém muito  preocupado com a questão nos perguntar. Então, vamos listar alguns tipos de questões horárias. O exercício mais comum é sobre objetos perdidos ou roubados, e também se alguém está mentindo ou falando a verdade. Estes são dois tipos de pergunta muito fáceis de responder. Agora, se alguém pretende ser delegado ou promotor, lembre-se que muitas  pessoas mentem por motivos perfeitamente inocentes. Elas mentem porque estão com medo, e não necessariamente porque são culpadas; elas mentem porque estão vergonha, cometeram um crime. Isso acontece. Dizer que o sujeito está mentindo não com significa que elee não sejaporque culpado. Significa apenas que aquela questão específica deverá ser examinada com mais cuidado por meio de outras fontes. Ou então, se não houver outras fontes, deve-se pressionar o sujeito para que ele desembuche: “Não, você está mentindo!” Isso é realmente útil. E também o é para o médico, porque os pacientes mentem muito  para os médicos! Então, essas são questões fáceis: “Fulano vai passar no vestibular?” Ou: “Fulano vai  passar no exame ou não?” Ou ainda: “O Beltrano vai ganhar na loteria?” Essas são as perguntas mais fáceis do mundo de responder! Tales: Geralmente a resposta é não. Gugu:

É a coisa mais fácil do mundo de responder. Olhamos o mapa por mero formalismo. Outra  pergunta: “Mês que vem escolherão quem será promovido no escritório. Vou ganhar a promoção?” Essa também é fácil de responder. Outra pergunta muito fácil: “Fulana gosta de mim?” Agora sim o pessoal vai querer saber o negócio! Mas as pessoas passam a querer fazer perguntas amorosas desse tipo a elas mesmas. Isso nunca funciona. Pode ser que duas pessoas combinem entre si: “Pergunta isso para mim?” E o pior de tudo é quando o sujeito direito, a resposta for positiva – ou que já do indivíduo que fez a consulta -, e aresponder pessoa estraga tudo, pois estava pensando queseja, a coisa jaá garota estava gosta no papo quando, na verdade, a menina só gostava dele, porém esperava ser conquistada. É por isso que em se tratando de aplicação real, perguntas práticas - por exemplo, “como faço para conquistar aquela mulher?” - são muito mais úteis. É claro que a resposta pode ser: “Não há o que você possa fazer nessa condição  para ela achar que você é mais do que um verme insignificante.” Ela pode nem saber que o sujeito existe, e não quer nem saber também! Ela nem sequer o detesta! Enfim, acho que conseguimos dar algumas indicações suficientes sobre a questão do livre-arbítrio e da  proibição da Igreja. Também veremos uma bibliografia de estudos científicos sobre astrologia para mandar para os alunos. Há uma boa bibliografia do tema, e grande parte dela está publicada na internet. Quanto à questão teológica, é sempre bom estudar o tema. Lembrando que isso implica num preparo teológico prévio. Ou seja, o sujeito não entenderá a relação entre teologia e astrologia antes de entender  um pouco de teologia. E o mesmo vale para a questão científica. Esta é até um pouco mais dura de lidar,  porque estatística é algo muito chato. Até pode ser que existam uns mapas que indicam indicam que o sujeito ache estatística interessante, mas esse não é o meu!

 

Se essa questão ficou clara, na próxima aula voltaremos a ver um pouco de técnica astrológica. E, quem sabe, na outra aula mudamos um pouco para o simbolismo em geral. A idéia é alternar os diversos temas  para que nenhum deles chegue chegue cansar a mente do aluno.  Aluno: Podemos falar da relação entre o ( inaudível ) e a música? Gugu: Muito pouco, porque meu conhecimento de música é muito genérico. Tenho uma idéia do que são

intervalos, as qualidades dos intervalos, e o que é melodia. Tenho algumas noções, mas não sou um músico. E tenho também alguma sensibilidade. Sensibilidade estética é um dos fatores do meu mapa. Outro Out ro dia conheci conhe ci somos uma dupla depor gêmeas gêm eas,somos , e elas elatão s ficara fic aram m saben sabendo pou de eastrol ast rologi ogia a elata mea  perguntaram: “Nós gêmeas, que diferentes?” Vidoo um rostopouco dascoduas estava na diferença. Então respondi: “É porque você tem ascendente em Câncer e ela tem ascendente em Leão!” Havia uma diferença de dezessete minutos entre o nascimento de uma e da outra. Ao calcular os mapas, uma tinha ascendente em Câncer, e a outra ascendente em Leão. Isso muda tudo. Eu disse: “Você é a mais velha, mas você tem ascendente em câncer. Você pega uma florzinha e quer ficar admirando, enquanto sua irmã é a que tem garra e que é a dominante!” Isso era muito fácil de notar, porque as diferenças fisionômicas entre elas são diferenças típicas entre Câncer e Leão. Fora a estilização na direção de Câncer e na direção de Leão, elas eram de fato muito parecidas. Eram gêmeas idênticas univitelinas, isto é, gêmeas idênticas. Mas, pelo menos para mim, elas não eram idênticas: uma tem cara de Lua e a outra tem cara de Sol; uma tem cara de Câncer e a outra tem cara de Leão; uma é a meiga e a outra é a sexy. Então é isso, até a próxima aula!

Transcrição: Carlos Augusto G. Nascimento, Leonardo Ferreira, Lucas A. Oliveira, Rafael V. Vanni  Revisão: Danilo Roberto Fernandes

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