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December 4, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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EVARISTO MOISES MARCETA

SÍNTESE DA HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE DESDE AS COMUNIDADES DE CAÇADORES E RECOLECTORES ATÉ A IMPLANTAÇÃO DO ESTADO NOVO

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA QUELIMANE 2013 1

Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e Recolectores Até a Implantação do Estado Novo. Por dr.MARCETA

 

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INTRODUÇÃO A presente sebenta versa sobre os conteúdos que serão leccionados na Cadeiras de Historia de Moçambique do século XVI ate século XVIII do Curso de Licenciatura em Ensino de Historia com Habili Hab ilitaç tações ões em Geo Geograf grafia, ia, minist ministrado rado na Uni Univers versida idade de Pedagóg Pedagógica ica Delega Delegação ção de Quelim Quelimane. ane. A disciplina tem como objectivo geral, compreender as principais transformações económicas, politicas, sociais e culturais ocorridas no contacto entre Moçambicanos e outros povos em particular os árabes e os  portugueses, também visa desenvolver, o espírito de pesquisa e de interdisciplinaridade em Historia de Moçambique, bem como a valorização da investigação cientifica tendo como base, o estudo da Historia. A cadeira e fundamental para o curso de Historia visto que, um dos objectivos e a compreensão da nossa  própria Historia, ou seja perceber a evolução da sociedade Moçambicana a nível politico, económico, social, cultural, etc desde a sociedade de caçadores e recolectores, as primeiras sociedades sedentárias e o surgimento dos primeiros estados, a sociedade Moçambicana durante o período colonial. Os principais temas a serem abordados nesta cadeira são basicamente três. O comércio de Ouro, de Marfim e de Escravos. De referir que a comercialização dos produtos acima mencionados contribuiu para o desenvolvimento  politico, económico, social e cultural das instituições politicas Moçambicanas embora em períodos diferentes. O comércio de Ouro contribuiu para a fortificação e a decadência da aristocracia shona caranga da dinastia dos Mwenemutapas; o comércio de marfim foi crucial para o desenvolvimento e a eclosão de conflitos dentro da aristocracia Phiri-caronga dos Estados Marave (Undi, Caronga, Lundu, Kapwit e Biwi), enquanto o comércio de escravos foi fundamental para a transformação dos reinos Yao (Mataca, Mtalica, Jalasi, Mponda, Kawinga) e os reinos afro-islamicos da costa (Sultanato de Angoxe, Xeicados de Kitangonha, Sancul e Sangage), em Estados fortemente centralizados quer a nível político, militar  assim como económico.

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LOCALIZAÇÃO GEOGRAFICA DE MOÇAMBIQUE A Republica de Moçambique esta situada na costa sul-oriental da África entre os paralelos 10º 27΄ e 26º 52΄ de latitude sul e entre os meridianos 30º 12΄ e 40º51΄ de latitude Este. A superfície de Moçambique e de 799.380km/2 (786 380mk/2 terra firme e 13000 km/2 de superfície das aguas interiores), tendo a fronteira terrestre uma extensão de 4330 km/2. As fronteiras: a norte temos a Tanzânia, a oeste o Malawi,i, a Zâmbia, Malaw Zâmbia, o Zimbabwe, Zimbabwe, a África do Sul e com a Suazilândia Suazilândia.. A sul Moçambique Moçambique faz fronteira fronteira com a África do Sul e a Este e banhado pelo Oceano Indico (Guia do Terceiro Mundo, 1986:213).

O RELEVO Cerc Ce rcaa de 44% 44% do te terri rritó tóri rioo Moça Moçamb mbic ican anoo e oc ocup upado ado pe pela la pl plan aníc ície ie li lito tora ral, l, que que te tem m seu maio maior  r  desenvolvimento no sul do pais.  No norte e centro do País predomina a zona de planaltos. Os montes mais elevados são: Binga  em Manica com 2436m, o Chimanimani com 2000m, os montes Mirange na serra da Gorongosa e o maciço de Espungabera com 1050 m, os montes Domue em Angonia com 2096m, Chirobue com 2021m e Tsangano com 1834m. Também temos as montanhas Morrumbala com 1172m as montanhas Chiperane com 2054m, os montes Namuli com 2419m (Guia do Terceiro Mundo, 1986:213).

HIDROGRAFIA Devido a disposição do relevo, inclinado para o Oceano Indico, os rios Moçambicanos correm quase todos no sentido Oeste-Este. Oeste-Este. Dada a sua impor importância tância e extensão, os princi principais pais são: Rovuma que separa Mocambique Mocamb ique e Tanzani Tanzania, a, Messalo em Cabo Delgado, Lurio que limi limita ta as Provincias Provincias de Cabo Delgado,  Nampula e Niassa, Niass a, Ligonha que separa Zambezia e Nampula, Zambeze que nasce na Zambia próximo a fronteira com a RDCongo e com Angola, entra no território Moçambicano onde percorre 850 km e desagua em forma de delta a sul do Chinde. O Pungue nasce no Zimbabwe e desagua na cidade da Beira, o rio Buzi nasce no Zimbabwe e desagua perto do Pungue tendo como principal afluente, o Revue onde se localiza a barragem de Chicamba. O rio Save também nasce no Zimbabwe e limita as províncias de Manica e Sofala ao norte de Gaza e Inhambane, o Limpopo nasce na África do Sul próximo de Johanesburgo e desagua na barra de Inhampura a 15km da Cidade de Xai-Xai, o rio Incomati nasce na 3 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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Provincia Sul-africana do Transvaal atravessa a Swazilandia e desagua na baia de Maputo. O rio Maputo nasce na Suazilândia e desagua na baia de Maputo. A bacia do Zambeze e a maior de todas com 14000km2 (Guia do Terceiro Mundo, 1986:213).  No tocante aos lagos, existem em Moçambique para além de pequenas lagoas litorais, os lagos Niassa, Chiuta e Chirua. O Lago Niassa e o maior de todos e é partilhado por três países nomeadamente Moçambique, Malawi e a Tanzânia. A Barragem de Cahora Bassa e o maior lago artificial de Moçambique, possui uma altura de 160metros e um potencial para gerar 4000 megawatts de energia eléctrica (Rocha, 2006:9).

O CLIMA O clima Moçambicano e influenciado por 2 factores: a corrente quente do canal de Moçambique e a altitude do planalto Moçambicano. O clima de Moçambique e tropica tropicall e quente com uma estacão seco e fresca de Abril a Setembro e um estacão quente húmida com temperaturas médias a rondar 28ºc de Outubro a Marco. A temperatura e a pluviosidade variam ao longo do pais. Na costa e no vale do Zambezee localizam se as zonas mais quentes e húmidas, enquanto as mais frias se encontram Zambez encontram nas terras altas das províncias de Niassa, Manica e Nampula. As zonas de maior pluviosidade são as terras altas e o nordeste e o centro de Moçambique. O sul e geralmente mais seco (Rocha, 2006:11).

A FLORA Existe em Moçambique, 3 tipos principais de formação vegetal; a floresta densa, a floresta aberta aberta e a

savan sav ana. a. A floresta aberta e a savana ocupam 2/3 de todo o território. O mangal aparece em áreas restritas (Guia do Terceiro Mundo, 1986:213). Existe em Moçambique, 4 parques nacionais e 6 reservas de caca bem identificados. Os parques nacionais são: da Gorongosa em Sofala, Chimanimani em Manica, Zinave-Banhine, a sul do rio Save na Provinciaa de Gaza e o Bazaruto, o único parque marinho em Mocambique. E o parque que possui todas condicoes turísticas e facilidades de acesso. Também existem reservas com destaque para a do Rovuma/ Lugenda, junto afronteira com a Tanzania, a do Gile, na Zambézia, a do Marromeu, próximo do delta do rio Zambeze, a do Buzi, a Pomene, entre Vilanculos Vilanculos e Inhambane Inhambane e a reserva de elefantes elefantes da Cidade de 4

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Maputo. As reservas de Gorongosa e de Maputo são as que possuem mais facilidades turísticas, com acesso mais ou menos facilitados. (Rocha, 2006:12). Em Moçambique a maior parte dos destinos turísticos esta localizada ao longo da costa com destaque  para as Ilhas Inhaca e o arquipélago do Bazaruto e o complexo de lagoas (Bilene, Quissico/Zavala, Inhar Inharri rime me), ), que são ap apen enas as al algu guma mass da dass ma mais is embl emblemá emáti tica cass praia praiass e in inst stan anci cias as tu turí ríst stic icas as que Moçambique possui. A norte o destaque vai para a Ilha de Moçambique, as praias de Pemba e das Ilhas Queri Qu erimb mbas as.. No in inte teri rior or de dest stac acam am-se -se as zo zona nass mont montan anho hosas sas,, de parqu parques es e re reser serva vass em Ni Nias assa sa,, Gorongosa, Pafuri e Banhine, a reserva de elefantes de Maputo e as zonas altas de Lichinga, Gurue, Chimoio/Manica e Namacha (Rocha, 2006:13).

A SITUAÇÃO DE MOÇAMBIQUE ANTES DA PRESENCA DOS BANTU Objectivo Geral 

Compreender quem é que habitava Moçambique antes da chegada dos povos falantes de línguas  bantu;

Objectivos específicos 

Descrever o modo de vida das comunidades de caçadores e recolectores;



Analisar Analis ar as caracte caracterís rístic ticas as eco económ nómica icas, s, politi politicas, cas, sociais sociais e cultur culturais ais das comuni comunidad dades es de caçadores e recoletores;



Identificar as causas que contribuiram para o desaparecimento da comunidade de cacadores e recolectores.

 

Primeiros habitantes de Moçambique Os pri prime meir iros os ha habi bita tant ntes es de Moçambique Moçambique   foram foram provav provavel elme mente nte os Khoisan, que eram caçadoresrecolectores. Há cerca de 10.000 anos a costa de Moçambique já tinha o perfil aproximado do que apresenta hoje em dia: uma costa baixa, cortada por planícies de aluvião e parcialmente separada do Oceano Índico  Índico  por um cordão de dunas. Esta configuração confere à região uma grande fertilidade, 5 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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savana   onde pululam muitos animais indígenas. Havia ostent ost entand andoo ain ainda da hoj hojee grandes grandes extens extensões ões de savana  portanto condições para a fixação de d e povos caçadores-recolectores e até de agricultores. Pouco se conhece das comunidades primivas que habitavam Moçambique actual e as zonas limítrofes dos mesmos. A semelhança de muitas outras comunidades primitivas, possuíam uma economia onde  predominavam actividades de caca, pesca e recolecção (Guia do Terceiro Mundo, 1986:217). 1986 :217). De referir que estes povos mais antigos que habitavam na África austral-oriental (os Khoisan) foram mais tarde assimilados pelos novos povoadores ou simplesmente empurrados para as imediações das zonas desérticas e semi-desérticas, pelas sucessivas vagas de imigrantes bantu, durante quase todo o  primeiro milénio d. C. Como testemunho da presença destes povos primitivos, existem na região austral e em Moçambique em  particular, vários locais de pinturas rupestres atribuídas aos bosquimanos, hotetontes, pigmeus, estando os mais conheci conhecidos, dos, localizad localizados os nas Províncias de Manic Manicaa (pinturas (pinturas rupestres de Chinhamapere) Chinhamapere),, Tete,  Niassa e Nampula (Rocha, 2006:14).  De um modo geral pode se afirmar/concluir que antes da fixação dos povos falantes da língua bantu, extensas áreas do território Moçambicano estavam ocupadas/ habitadas pelos Khoisan, povos com, características primitivas.

Características dos Khoisan (primeiros habitantes em Moçambique) Sob ponto de vista económico Estes grupos populacionais que habitavam Moçambique antes da presença dos bantu caracterizavam-se: a) A sua bbase ase econ económica ómica ddependi ependiaa essenc essencialme ialmente nte da caca, pesca pesca e recolecç recolecção; ão;  b) Utilizavam instrumentos rudimentar como pedra lascada/ polida, ossos de animais para pa ra o fabrico fabr ico de instrumentos para a caca e a pesca; c) Desconhe Desconheciam ciam a prat pratica ica da agri agricultu cultura ra e da pastoríc pastorícia, ia, bem com comoo o uso da tecnologia tecnologia do ferro; ferro;

Sob ponto de vista social Este grupo populacional tinha as seguintes características:

a) Os khoisan eram povos primitivos e nomados; b) Viviam em bandos, geralmente nas grutas das montanhas; 6

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c) A organização do trabalho era por sexo e idade; d) Eram imediatistas (produção/consumo) Sob ponto de vista político a) Os khoi khoisan san viv viviam iam num numaa socie sociedad dadee onde não havia a exploraçã exploraçãoo de homem homem pelo hom homem em visto visto que não existiam classes sociais;  b) não havia nesta sociedade o conceito de estado, reino ou império; c) Não tinh tinham am fronte fronteira irass habitac habitacion ionais ais porqu porquee depe dependi ndiam am essenc essencial ialmen mente te da naturez naturezaa para a sua alimentação por isso o nomadismo.

Obs:  De salientar que este grupo populacional desapareceu com o surgimento na África Austral de  populações bantu, que assimilou os khoisan com as suas técnicas, hábitos, e alguns foram empurrados  par as régios desérticas e semi-deserticas se mi-deserticas do deserto de Kalahari.

As migrações e a fixação dos povos bantu A expansão Bantu em Moçambique ocorreu como consequência do conhecimento da agro-pecuária e do  processo do fabrico de ferro. Enquanto que a população Bantu da África Austral teria resultado de um  processo de expansão, provocado na orla noroeste das grandes florestas congolesas, e de migração relativamente rápida para o sul. Bantu - são quase 300 línguas que usam a expressão  Muntu  Muntu para  para designar os homens homens,, segundo Black  (1862).  Linhagem = grupo de parentes que descende de um antepassado comum através de uma filiação materna ou de uma filiação paterna.

 Grupos Linguísticos Norte: Cabo Delgado (Maconde, Macua), Niassa (Ajaua, Cheua, Nyanja, Macua), Nampula (Macua, Koti); 

Centro : Tete (Nsenga, Tauara, Zimba, Tonga, Sena), Zambézia (Chuabo, Lómuè, Macua), Sofala ( Sena, Ndau, Teve), Manica (Chona, Báruè, Teve, Sena, Ndau);



Sul : Inhambane (Tsonga, Shangana), Gaza (Tsua, Chopi), Maputo (Ronga, Changana). 7

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Grupos Etno-Linguísticos  Norte - Cheua Centro - Chona Sul - Tsonga  Nos séculos I a IV, IV, a região começou a ser invadida pelos Bantu, Bantu, que eram agricultores e já conheciam a metalurgia  ferro. A base da economia economia dos  dos Bantu era a agricultura, agricultura, principalment principalmentee de cereais cereais locais, locais, metalurgia  do ferro. sorgo)) e a mexoeira mexoeira;; a olaria, olaria, tecelagem tecelagem   e metalu metalurgia rgia enco encontr ntrava avam-se m-se também também como a mapira ((sorgo desenvolvidas, mas naquela época a manufactura manufactura destinava-se  destinava-se a suprir as necessidades familiares e o comércio era comércio era efectuado por troca directa. A caça e a pesca, actividades masculinas por excelência, eram  praticada com regularidade e desempenhavam papel importante na obtencao de proteínas de origem animal.

Por essa razão, a estrutura social era bastante simples - baseada na " família " família alargada alargad a" (ou linhagem) linhagem) à qual era reconhecido um chefe. Os nomes destas linhagens nas línguas locais são, entre outros: em eMakua, o Nlocko eMakua, o Nlocko,, em ciYao ciYao,, Liwele  Liwele,, em ci-Chewa ci-Chewa,, Pfuko  Pfuko e  e em chiTsonga, chiTsonga, Ndangu  Ndangu.. Apesar da sociedade moçambicana se ter tornado muito mais complexa, muitas das regras tradicionais de organização ainda se encontram baseadas na "linhagem "linhagem". ".

A Palavra Bantu surge através de um estudo feito pelo Bleeck para designar cerca de 300 linguas, isto ee, entre 1851 e 1869, as quais utilizam este vocábulo para designar os homens (singular Muntu), não existe uma raça Bantu. Os primeiros falantes Bantu, teve seu inicio na orla das grandes florestas congolesas, cerca de 3000 mil anos, para a bacia do Congo e África oriental e houve uma migracao rápida para o Sul. A difusão quase simultânea da nova tecnologia de ferro na zona dos Grandes Lagos e África austral.

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Pode Po demo moss afir afirma marr qu quee a ex expa pans nsão ão de demo mogr gráf áfic icaa Bant Bantu u em Mo Moca camb mbiq ique ue ocor ocorre reu u como como consequência do conhecimento da Agricultura e do processo do fabrico do ferro. Evidencias desse processo tem sido reveladas em diversas estacões Arqueologicas na Matola, em Xai-Xai, Vilaculos (Chibuene, Bazaruto) Bajone (na Zambezia), Monapo e outras estacões na província de Nampula. As aldeias dessas primeiras sociedades sedentárias localizavam-se perto de fontes permanentes de agua, at atin ingi gindo ndo dime dimens nsões ões po porr ve veze zess co consi nsider derai ais. s. As ca causa usass er eraa co const nstruí ruída da de made madeir iraa e em segui seguida da maticavam-se as paredes.

Sociedade de cariz Patrilinear e Matrilinear Organizacao Social e Politica Dentro das linhagens e das famílias alargadas cristalizavam-se as formas politicas das relacoes de  producao. A frente de cada linhagem ou da família alargada estava um chefe com poderes políticos, jurídicos e religiosos, e um conselho de anciãos. As funcoes politicas nessa sociedade eram exercidas pelos homens. Em algumas regiões, o poder passava do irmão mais velho para o irmão a seguir na idade, noutras regiões do pai para o filho e outras ainda, a norte do Zambeze, do tio materno para o sobrinho. Os chefes estabeleciam as relacoes entre linhagens e, em particular dentinham o controlo das alianças matrimoniais, por exemplo pelo lobolo no sul de Mocambique. O conjunto desses chefes e anciões constituía classe domi dominante nante da sociedade. Quando Qua ndo a nív nível el terri territor torial ial se estrut estruturav uravaa um poder polit politico ico mais vasto do que o poder poder linhag linhageir eiro, o, orginando quer na conquista militar ou na ocupacao territorial, a linhagem vencedora passa a exercer  uma sumpremacia politica sobre as outras, as quais por intermédios dos respectivos guardiões (chefe), obrigavam a pagar um tributo ao chefe da linhagem vencedora, chefe que era chamado Mpewe, Mwene Alupale, Mwini Dziko, Fumu, Mambo etc.

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Abaixo dessa aristocracia estava a camada dos homens livres também com as suas linhagens. As linhagens linha gens estrangei estrangeiras ras e recem chegada chegadass pagavam um tribu tributo to e a sua condicao condicao era inferior inferior a dos outros homens livres. Junto da classe nobre e dos chefes havia alguns escravos domésticos. As linha linhage gens ns est estav avam am agr agrupa upada dass em cl clãs ãs ( Nihimo, Likola, Mutupo, Xibongo Xibongo)) cu cujo jo nu nume mero ro er eraa rela relact ctiv ivam ament entee di difer ferent entes es na nass soc socie iedad dades es Mant Mantre reli line neare aress do no nort rte. e. No sul parec parecee te terr si sido do ma mais is numerosas. Entrentato, com as migracoes e as guerras, com o desenvolvimento das trocas comerciais, com o impact imp actoo mer mercan cantil til Ara Arabe-S be-Suahi uahili, li, com começa eçaram ram a surgir surgir diferec difereciac iacoes oes regionai regionais, s, a nível nível cultur cultural, al, linguístico e a nível dos costumes bem como a nível politico com o aparecimento de reinos ou de chefacturas. IDEOLOGIA As crenças magica-religiosas e outros aspectos idelogicos desempenhava nessa sociedade um papel fundamental constituindo como uma arma do poder, da coesão social e de aparente imobilidade. Os chefes das linhagens e os chefes territoriais imploravam aos antepassados, para si e para o seu povo, as chuvas, a saúde, a proteccao para a caça e para as viagens. Como elo de ligacao entre os anciãos mortos aos vivos, o chefe-sacerdote detinha uma funcao que era uma base de poder. Em algumas regiões do pais, como em Tete Manica e Sofala, nas formacoes de Estados centralizados desenvolveram-se cultos territoriais, Mhondoro- entre os Caranga-Chona e o Mwari, assistidos por especialistas. Mas era as crenças na feitiçaria, a accao dos feiticeiros e dos curandeiros contra- feiticeiros que exprimiam os conflitos sociais, as coercoes morais e políticos e as dependências familiares. A forma como os homens se julgavam relacionados entre si e com a natureza, e as incertezas as quais estavam sujeitos criava tensões que encontravam expresao figurada na feitiçaria.

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o era tão importante que se pensa que as " aspas aspas"" de ferro - em forma de X, com cerca de 30 cm de compri com primen mento, to, que form formam am abun abundant dantes es ach achado adoss arqueológicos arqueológicos   nesta região - eram utilizadas como moeda. "moeda"" foi substituída por outra: tubos de penas de aves cheias moeda. Mais tarde, aparentemente esta "moeda meticais cujo  cujo nome deu origem à actual moeda de Moçambique. Com o crescimento de ouro em pó - os meticais demográ dem ográfic fico, o, nova novass inv invasõe asõess e pri princi ncipal palment mentee com a chegada chegada dos mercado mercadores, res, a estrutura política tornou-se mais complexa, com linhagens dominando outras e finalmente, formando-se verdadeiros estados na região. Um estados na região. Um dos mais importantes foi o primeiro estado do Zimbabwe. Zimbabwe.

FORMAÇÃO DOS PRIMEIROS ESTADOS EM MOÇAMBIQUE ESTADO DO ZIMBABWÉ (1250-1450)  A formação do Estado do Zimbabwe dá-se no ano 1250. A palavra Zimbabwe provém de mazimbabwe,  para significar amuralhados de pedras. Estes eram para o domínio de uma classe e também protecção militar. Zimbabwe, com Embora os povos que falavam a língua chi-Shona chi-Shona - ainda hoje a principal língua do Zimbabwe, cerca de sete milhões de falantes, em vários dialectos - se tenham instalado na região cerca do ano 500, o primeiro estado do Zimbabwe existiu aproximadamente entre 1250 e 1450 aproximadamente na região da actual República do Zimbabwe. O seu nom nomee der deriv ivaa do doss amura amuralh lhad ados os de pedr pedraa qu quee a aristocracia  aristocracia  fazia construir à volta das suas habitações e que se chamavam madzimbabwe madzimbabwe.. O que parece ter sido a capital deste capital deste estado - o actual monumento  monumento  do Grande Zimbabwe Zimbabwe  - cobria uma superfície considerável (incluindo não só a área dentro dos amuralhados, mas também uma grande de caniço, caniço, à volta daqueles), levando a pensar que tinha uma população de várias centenas, "cidade" cidade" de talvez milhares de habitantes, e uma grande actividade comercial. madzimbabwe,, a mais importante das quais chamada Em Moçambique conhecem-se Moçambique conhecem-se também ruínas de madzimbabwe Manyikeni, Manyikeni, a cerca de 50 km de Vilankulo, Vilankulo, na província de Inhambane Inhambane,, e a cerca de 450 km do Grande Zimbabwe.

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Para além da grande fertil fertilidade idade da região onde este estado se estabeleceu, estabeleceu, o apogeu do primei primeiro ro estado do Zimbabwe deve estar ligado à mineração mineração   e metalurgia  metalurgia  e o ouro, ouro, muito procurado pelos mercadores Pérsico que  que já demandavam as "terras de Sofala", Sofala", pelo menos desde o originários da zona do Golfo Pérsico século XII. XII. Cerca de 1450 1450,, o Grande Zimbabwe foi abandonado, não se conhecendo as razões desse abandono mas, chiShona   que deu  pela mesma altura, verificou-se uma grande invasão de povos também de língua chiShona Mwenemutapas.. origem ao Império dos Império dos Mwenemutapas Estes invasores submeteram os povos duma região que se estendeu até ao Oceano Índico Índico,, desde o rio Zambeze até Inhambane,, pelo que não é claro o abandono do Grande Zimbabwe. Zambeze até a actual cidade de Inhambane

MANYIKENI (1200-1500)   O estado de Manyikeni forma-se no ano de 1200 n.e. Ocupava a actual província de Inhambane (Vilanculos especialmente). O seu povo vivia da agricultura, caça e de fabrico de instrumentos de trabalho de ferro e fiação do algodão para vestuário. Também a população praticava, apesar de em pequena proporção, comércio com os árabes vindos da Península arábica através do Oceano Índico. Os de Manyikeni levavam ouro e marfim para a costa e, em troca, recebiam missangas, tecidos e loiça fina. A decadência do Manyikeni dá-se no ano de 1500, quando os árabes passaram a utilizar o porto de Sofala.  Manyikeni é considerado o primeiro museu arqueológico de Moçambique. No séc. XIII, fazia  parte do território Sedanda. Manyikeni é abandonado nos séculos XVI-XVII devido à fragmentação do Zimbabwe em 1450, implantação da autoridade político-militar portuguesa em Sofala (1505) e na Ilha de Moçambique (1507).

A penetração Mercantil Portuguesa e o comércio de Ouro Os portugueses chegam a Moçambique nos finais do séc. XV (1498), chefiados por Vasco da Gama, interessados no nosso ouro e marfim. Embarcam pela primeira vez no rio Inharime (Inhambane), 12

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Quelimane e Ilha de Moçambique, e começam a fundar feitorias quer locais de comércio quer de defesa contra os ataques árabes e dos chefes locais rebeldes. Surgem assim Sena – 1530, Tete - 1537 e Quelimane - 1544. No séc. XVI tiveram contactos com chefes dos impérios de Mutapa e Marave. No séc. XVIII, alguns portugueses e indianos foram enviados para a região do Zambeze. Os comerciantes portugueses tinham de pagar um imposto anual conhecido por  curva que podia ser em tecidos ou outros artigos. É de salientar que a colonização do nosso país foi feita em três períodos:

Período do Ouro: XIV-XVII A actividade actividade mercantil swahi swahill e árabe em Moçambique Moçambique data antes do séc. XI da nossa era. No início do séc. XVI existiam alguns “mouros” no Império do Muenemutapa. O ouro era o principal artigo de comércio. comérc io. Foi o ouro que trouxe os portugu portugueses eses a Moçambiqe, Moçambiqe, pois o ouro permitia-lhes permitia-lhes comprar as especiarias asiáticas com as quais Portugal entrava no mercado europeu de produtos exóticos. Daí que Moçambique passou a constituir uma espécie de reserva de meios de pagamento das especiarias razão pela qual os portugueses se fixaram no nosso país, primeiro como mercadores e só depois como colonizadores efectivos. A fixação fez-se primeiro no litoral: Sofala-1505, Ilha de Moçambique.1507. Em Sofala os portugueses esperavam esperavam controlar as vias de escoame escoamento nto do ouro e do marfim do interior que tinha em Sofala o seu terminus. Assim lutam contra os árabes-swahil. Em 1530 e 1537 os  portugueses penetram no vale do Zambeze e fundam Sena e Tete respectivamente res pectivamente e em 1544 fundam Quelimane, isto não só para controlar as vias de escoamento, mas também do próprio acesso às zonas  produtoras do ouro. Em 1607, através de Gatsi Lucere, muenemutapa reinante, os portugueses obtiveram a concessão de todas as minas do Estado. Em 1596, os mambos de Manica se revoltam contra Gatsi Lucere, traidor da resistência dos moçambicanos permitindo a entrada e fixação dos comerciantes e militares portugueses no seu Império. Caprazine, filho de G. Lucere, derrotado seu irmão Filipe, torna-se Mwenemutapa e expulsa todos os portugueses do Império recuperando todas as terras e minas que estavam em poder destes. Mavura baptizou-se e declarou-se vassalo de Portugal.   A penetra penetração ção mercant mercantil il fez-se acom acompanhar panhar de teci tecidos dos adquir adquiridos idos na Índia e missangas missangas com compradas pradas em Veneza - isso só para a classe dominante dos muenemutapas. Estes produtos eram vistos como 13 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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 bens de prestígio - suportes de lealdade política e submissão - razão pela qual o muenemutapa faz concessões crescentes aos mercadores portugueses, e aliena o território: vende as terras ricas em ouro fluvial. Como conseqüências disto, no séc. XVII, os camponeses deixam a agricultura e passam à mineração para os portugueses: a sua produção estava virada para o comércio e não mais para o uso  próprio. Assim, em 1693, após muita tentativa, o muenemutapa reinante, C. Dombo, preside uma guerra e em dois anos expulsou os portugueses do planalto do Zimbabwe - assim chegava o fim do  período áureo.

O COMERCIO DE OURO (Sec. XV-XVII) E O ESTADO DO MWENEMUTAPA Objectivo Geral: -Compreender a importância do comércio do Ouro para o desenvolvimento do Estado do Mwenemutapa.

Objectivos Específicos: -Descrever o Processo de Formação e a localização geográfica do Estado do Mwenemutapa; -Analisar a organização político-administrativa; -Identificar as principais actividades económicas; -Analisar o aparato ideológico; -Apontar as causas da decadência.

O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO ESTADO DO MWENEMUTAPA De acordo com Abraham citado por Fagan (1972:124) os primeiros Carangas / Shonas entraram na Rodésia do Sul (actual Zimbabwe) cerca de 850 d. C. Aponta se a região do lago Tanganhica como o local das suas origens mais remotas. Chegado na Rodésia, este povo entrou em contacto com grupos de  bosquimanos e com povos indígenas da idade do ferro. Por volta de 1440, o rei rozwi Mutota lançou

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uma poderosa campanha militar com vista a acrescentar os seus domínios pelos rios Limpopo, Zambeze e pelo deserto de Kalahari (Fagan, 1972:129). Para Costa (1982:22), o Estado do Mwenemutapa surge na sequência da invasão e conquista do norte do  planalto do Zimbabwe pelos exércitos de Mutota ocorrida por volta vo lta de 1440/50.

LOCALIZAÇÃO GEOGRAFICA O Estado do Mwenemutapa localizava-se nos actuais territórios de Moçambique (em particular as actuais Províncias de Manica, Sofala, Gaza, Tete e Inhambane) e parte da Rodésia do Sul- Zimbabwe, com os seguintes limites:

Norte- Rio Zambeze; Sul- Rio Limpopo; Este –Oceano Indico e Oeste Deserto do Kalahari O Est Estado ado de Mwe Mwenem nemuta utapa pa tin tinha ha com comoo vas vassal salos/ os/ sat sateli elites tes os seguin seguintes tes Estado Estados: s: Sedanda, Manica,

Quiteve, Barue, Quissanga e Maungwe. ORGANIZAÇÃO POLITICO-ADMINISTRATIVO A estrutura do poder no Estado do Mwenemutapa era constituída pelos seguintes elementos: mambo,

fumo, encosses, mutumes, infices, as 3 principais esposas do rei e a comunidade aldeã.  No tocante aos estatutos e atribuições, importa nos apresentar as funções de cada elemento a cima mencionado. Assim temos: 1. O Mam Mambo, bo, qque ue er eraa o chefe chefe suprem supremoo /i /impe mperado rador; r; 2. Infi Infices ces-- er eram am os gguard uardas as ddoo mamb mambo; o; 3. Os Mutu Mutumesmes- exerc exerciam iam a funçã funçãoo de mensage mensageiros iros do iimperado mperador. r. O rei também também era auxiliado auxiliado pelas pelas suas 3 principais esposas e 9 funcionários. 4. A nível das Proví Províncias ncias encontra encontramos mos como ddirige irigentes ntes supremos supremos os fumos fumos ou encosses; encosses; 5. O Mwene Mwenemucha mucha era o responsável responsável pela pela comunidade comunidade al aldeã deã ou seja seja era o dirigent dirigentee da aldeia. aldeia. Para Costa (1982:23), no processo de articulação aristocracia-comunidades, o tributo simbolizava as relaç rel ações ões de su subo bordi rdina nação ção e co cons nsti titu tuía ía um me meca cani nism smoo de do domi minaç nação ão do qu quee de ex expl plora oraçã çãoo  propriamente dita, inserido essencialmente a nível ideológico. 15 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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A RELIGIÃO Quan Qu anto to a reli religi gião ão,, no Esta Estado do do Mw Mwen enem emut utap apaa pr prat atic icav avaa-se se o cu cult ltoo do Muari, que era uma essencialmente uma religião do povo. Também se veneravam os espíritos familiares designados por  “vadzimu”, enquanto os espíritos tribais denominavam-se “ mondoro”. A comunicação com estes espíritos era feita por intermediários chamados “ swikiros”. Tudo indica que o poder dos chefes shonas se tinha baseado nas suas faculdades como intermediários ou no seu controlo dos hospedeiros dos poderosos mondoro, de cujas mensagens ao muari dependia a sorte da comunidade (Fagan, 1972:126).

ACTIVIDADES ECONOMICAS  No tocante as actividades económicas no Estado do Mwenemutapa, importa ref referir erir que as a s mesmas mes mas iam em função das exigências e das necessidades da aristocracia dominante, bem como das relações comerciais com os comerciantes estrangeiros em particular os árabes e portugueses. Segundo Fagan (1972:125), os primeiros comerciantes estrangeiros foram os árabes da costa oriental que atraídos pelos rumores da existência no interior de um poderoso reino, penetraram no território caranga pelos vales dos rios Buzi e Save e trocaram com os principais chefes, panos e contas por ouro em pó e marfim. Para Costa (1982:23), a agricultura ocupava o lugar central e constituía a actividade dominante enquanto a pe pecu cuári ária, a, a caca caca,, a pesca, pesca, bem co como mo ou outr tras as ac acti tivi vidad dades es ar arte tesa sanai naiss surge surgem m co como mo apênd apêndic ices es complementares da agricultura. O incremento da penetração mercantil, intensificou as actividades de mineração e em menor escala, a caca ao elefante para a obtenção do marfim (Costa, 1982:24). Ao entrarem no Estado do Mwenemutapa, os comerciantes estrangeiros estavam sujeitos ao pagamento de uma taxa pela circulação e pela comercialização. Esta taxa chamava-se “curva” e o não pagamento

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desta taxa tinha como consequências o confisco dos bens dos comerciantes estrangeiros pela aristocracia dominante ou seja decretava-se a “empata”. A intensifica intensificação ção da penetra penetração ção mercantil foi fundam fundamental ental para o desenvolvimen desenvolvimento to do comércio comércio a longa distância, bem como a multiplicação dos locais de mineração do ouro. O comercio a longa distancia  permitia a obtenção de bens de prestigio e para o melhor controlo destes bens por parte da aristocracia domina dom inante nte,, est estaa opt optou ou em con concent centrar rar as tro trocas cas com comerc erciai iaiss em espaços espaços geográf geográfico icoss limita limitados, dos, as chamadas “feiras comerciais”. Exemplos: Massapa, Luanze e Bocuto. Aristocracia dominante tinha no comércio a longa distancia, a sua principal fonte para a aquisição de  bens de prestígio (panos, missangas) trazidos pelos comerciantes estrangeiros cuja circulação estava sujeita a relação de poder e de parentesco. Os panos e as missangas eram redistribuídos no seio da aristocracia aristo cracia domina dominante nte com a função básica de criar e reproduzir reproduzir uma hierarquia hierarquia de lealdade lealdade no seio da aristocracia e reforçar o seu poder de exploração sobre as comunidades (Costa, 1982:25). As trocas comerciais a longa distancia constituíam ao mesmo tempo, uma fonte de reforço e de enfraquecimento da classe dominante, um factor de estruturação e de dissolução do poder instituído visto que estas geravam o aparecimento no seio da classe dominante, de facções rivais e em luta pela conqu conquis ista ta de posi posiçõ ções es de pri privi vile legi gioo no ac aces esso so ao aoss be bens ns de prest prestig igio io tr traz azid idos os pel pelos os me merca rcado dores res estrangeiros (Costa,1982:25). E no contexto desses conflitos e outros factores associados como a erosão das comunidades aldeãs devido a mineração do ouro em larga escala em detrimento da produção alimentar, que surgem conflitos  pelo controlo do comercio a longa distancia e vão contribuir para a decadência do Estado do Mwenemutapa.

Leituras obrigatórias -COSTA,, Nogueira da. -COSTA da. Penetração  Penetração e impacto do capital mercantil Português em Moçambique, séculos  XVI-XVII, O caso do Mwenemutapa. Maputo: Mwenemutapa.  Maputo: UEM/Departamento de Historia, 1982. -FAGAN, Brian. Africa Brian. Africa Austral . Lisboa: Editorial Verbo, 1972.

EXERCICIOS PRÁTICOS 17

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1. De acordo com Nogueira da Costa, responda as questões que se seguem: a) Identi Identifique fique ooss nív níveis eis de comérci comércioo no E Estado stado do Mw Mwenemut enemutapa. apa.  b) Como se processavam as relações de exploração e de subordinação no Estado do Mwenemutapa? c) Qua Quall er eraa a imp import ortânci ânciaa do tri tribut buto? o? d) Como eera ra feit feitoo o controlo controlo da circulação circulação dos bens de prestígio? prestígio? e) Indi Indique que as pprin rincip cipais ais fe feira irass comerci comerciais ais.. f) Qual foi a impor importância tância e o impacto impacto do comercio comercio do ouro para o Estado do do Mwenemutapa Mwenemutapa??

PERÍODO DO MARFIM: XVII-XIX Com o levante de 1693, que constituiu a primeira forma de resistência em Moç., a produção e comercialização do ouro diminuiu e o marfim passou a ser o produto mais procurado pelos mercadores. Este levante teve como consequência: procura do ouro no norte do rio Zambeze. Os produtos de troca, missangas e tecidos, vinham de Veneza e não de Lisboa. Nos territórios situados entre o rio Luanga-Quelimane fazia-se bastante comércio de marfim. Este representava para os Phiri uma das suas principais fontes de reprodução em troca de tecidos e missangas. Em 1687, o comércio passou a ser com os Ajaua (melhores produtores de marfim), vindos do Lago Niassa, trazendo marfim, azagaias, tabaco. Os reinos mais poderosos, cujo os territórios se estendiam para além dos sultanatos e xeicados afro-islâmicos eram Manica e Morimuno - séc. XVII - os Ajaua surgiam como perigosos rivais no tráfico do marfim. Morimuno recebe ataques portugueses porque interferia no trânsito dos Ajaua que traziam marfim do interior. Neste comércio, também entrou a Baía da Lagoa (Baía do Maputo) vendendo marfim, 18 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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âmbar, oiro, cobre e cornos de rinocerontes. O comércio de marfim conhece o princípio do seu fim nos finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX.

OS ESTADOS MARAVE E O COMRCIO DO MARFIM Objectivo Geral -Compreender a importância do comércio de marfim para o desenvolvimento dos Estados Marave.

Objectivos específicos - Descrever o processo de formação dos Estados Marave; - Analisar a estrutura política administrativa; -Identificar as principais actividades económicas; - Analisar os factores que contribuíram a decadência dos Estados Marave.

O PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS ESTADOS MARAVE 19

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O processo de formação dos Estados Marave difere um pouco do processo de formação do Estado do Mwenemutapa. Enquanto a formação do Estado Mwenemutapa foi através da via violenta ou seja através de conquistas militares, a formação dos Estados Marave foi através da via pacífica. Estes Estados formam-se entre 1200-1400 com a chegada dos povos provenientes da região de Luba na Republica Democrática do Congo, liderados pelo Cla Phiri e ocupavam a região situada a norte do rio Zambeze e entre o rio Chire e Luanga. Apesar de a sua formação ter sido por via pacífica, e tendo como principal Estado Marave o Caronga, estes viriam a se fragmentar em outros Estados como Undi, Lundu, Biwi e Kapiwiti, isto devido a conflitos dinásticos que surgiram no seio da aristocracia Marave provocado ou causado pelo crescente comércio de marfim (Serra, 2000:47). Em Moçambique, o Undi, chefe Phiri, fixou-se inicialmente na actual Província de Tete, entre-os-rios Luia e Kapoche, enquanto Kapwiti e Lundo dominavam a zona de Morrumbala e Milange, o Caranga a  parte do território da Província do Niassa.

ORGANIZAÇÃO POLITICA E ADMINISTRATIVA DOS ESTADOS MARAVE  Nos Estados Marave, o poder era hereditário e a sucessão ao trono era feita por via matrilinear, isto e,  passava do tio para o sobrinho, filho da irmã. O chefe do Estado tinha como titulo, o nome do fundador  da dinastia. No caso Undi, ele como chefe do Estado, era considerado como dono do solo, subsolo, fauna, rios, e tudo quanto lá existisse. A organização política administrativa obedecia os seguintes escalões: - O Undi que era o chefe maximo ou imperador, caso especifico para o Estado Undi; -As províncias era dirigidas por mambo; -O chefe territorial chamava-se Mwini-Dzico;

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- Os respons responsávei áveiss das povoaç povoações/ ões/ alde aldeias ias eram desi designa gnados dos fumos  ou Mweni- Mudzi. (História de Moçambique, 2000:49). De ref refer erir ir que cada ch chefe efe er eraa ser servi vido do po porr um co conj njun unto to de co conse nselh lhei eiro ross os Mb Mbil ilii e um corpo de funcionários menores como mensageiros, a guarda dos chefes sucessivamente.

O APARATO IDEOLOGICO  Nos Estados Marave praticavam alguns cultos ligados a fertilidade das terras, a invocação das chuvas e o controlo das cheias. Os cultos eram dedicados a entidades supremas (culto do Muari ou Muali) ou para a veneração de espíritos naturais e a veneração dos espíritos dos antepassados (Makewana e Mbona). De salientar salie ntar que os mais importan importantes tes desses cult cultos os possuía ofician oficiantes tes geralmente mulheres conhecidas conhecidas por  “sarima.” (História de Moçambique, 2000:51).

ACTIVIDADES ECONOMICAS A principal fonte da economia para a aristocracia Marave era o comércio a longa distância de marfim. Fabricavam instrumentos de ferro com destaque para as enxadas de ferro que passaram a ser o produto machira”, mais exportado exportado atravé atravéss do porto de Quelimane. A produção e comercializaç comercialização ão da “ machira ”, tecido de algodão era outra actividade económica destinada ao comércio a longa distância. A agricultura estava destinada para a produção de bens de subsistência e era reservada para as mulheres que usavam a enxada de cabo curto. As principais culturas eram: o milho, a mapira, a mexoeira, o algodão, o amendoim e as leguminosas. A criação de gado era outra componente na vida económica, sobretudo de bovinos, caprino e ovinos. Tal como o Ouro nos Mwenemutapas, o marfim representava para os Phiri, uma das principais fontes de reprodução por isso a divisão social do trabalho nos Estados Marave em particular nos Estados Caranga e Lundu, contemplava a organização da caca ao elefante. A caça ao elefante, a mineração do ouro, o artesanato era actividades complementares da agricultura. Para além do controlo que exerciam sobre o comércio a longa distancia, a aristocracia Marave recebia diversos tributos com destaque para os seguintes: tributos regulares (marfim, tabaco, esteiras, panos, 21

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etc); rituais  (premissas das colheitas e as taxas pagas aos chefes por orientarem as cerimonias reli religi gios osas) as);; ta taxa xass pel pelaa re resol soluçã uçãoo de disp disputa utass na qu qual al os venc vencedo edore ress pag pagava avam m para para ser serem em

reconhecidos e também tínhamos o  “”  “”chupeta chupeta ou mororo”” mororo”” pago pelos comerciantes que transitavam  pelo território e variava de acordo com o nível dos chefes (Newit, 1997). Para além dos tributos regulares e tribut tributos os ritua rituais, is, a aristo aristocracia cracia dominante dominante també também m recebia recebia tributos tributos de vassalagem que incluíam penas vermelhas de certos pássaros, peles de leão e de leopardo, marfim,  partes comestíveis de outros animais, direitos de trânsito pelas terras e as primícias das colheitas (História de Moçambique, 2000:49).

A DECADÊNCIA DOS ESTADOS MARAVE A decadência dos Estados Marave iniciou nos meados do século XVII mas foi intensificada pela  penetração de uma nova geração de mercadores no fim do século XVIIIXVII I- os prazeiros. As lutas inter-phiri para assegurar o controlo completo do comércio de marfim; o aparecimento dos  Nguni oriundos do Mfecane que chegaram a Moçambique (Províncias de Tete e Niassa). No Estado Undi, os Nguni chegaram por volta de 1835 (História de Moçambique , 2000:52).

Leituras obrigatórias História de Moçambique Volume I. Maputo: Livraria Universitária, 2000

A PENETRACAO MERCANTIL PORTUGUESA E OS PRAZOS DO VALE DO ZAMBEZE Objectivo Geral: - Compreender a penetração mercantil Portuguesa e sua contribuiu para a formação dos Prazos do Vale do Zambeze.

Objectivos Específicos: - Descrever em que contexto do surgimento dos prazos do Vale do Zambeze; -Identificar o tipo e as razoes da aculturação a que se sujeitaram os prazos; - Apresentar a organização política e administrativa dos prazos; 22

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-identificar as actividades económicas; - Avaliar a relação entre os prazeiros e a Coroa Portuguesa; - Analisar o aparato ideológico dos prazos; -identificar as causas da decadência dos prazos do Vale do Zambeze.

A FORMACAO DOS PRAZOS DO VALE DO ZAMBEZE Definição de conceitos: Prazo – era um pedaço de terra cedido pela coroa Portuguesa por um período de três gerações. Prazeiro –   era aquele que recebia a porção de terra da coroa Portuguesa por um período de três gerações.

Prazeiro – e o termo atribuído aos mercadores, ex-soldados desertores, fugitivos que cumpriam penas de degredo que vinham a Moçambique oriundos de Portugal. Achicunda era o termo usado para designar exércitos de cativos guerreiros.

ORIGEM Os prazos foram inicialmente, terras conquistadas por prazeiros a testa de exércitos de cativos, terras cedidas pelos chefes locais a troca de saguate ou ajuda militar contra chefes rivais. Pode sustentar-se que os prazos nasceram com a penetração Portuguesa no Vale do Zambeze a partir de 1530. Foi a partir  desse processo que surgiram no século XVII, os senhores de terras, promotores de guerras sem fim (História de Moçambique, 2000:251).

Os Prazos nasceram com a penetração portuguesa no vale do Zambeze a partir de 1530. O termo Prazo só surge no séc. XVII, quando a concessão de terra era concedida mediante uma renda anual durante duas ou três gerações; findo o prazo a terra voltava à coroa. Era o vice-rei português da Índia quem concedia as terras em nome do re i e confirmado em Lisboa. Portugal, Portug al, querendo garantir e defender defender as rotas comerciais e uma livre circulaçã circulaçãoo dos produtos produtos de troca (ouro e marfim, tecidos, colares de missangas, armas de fogo, munições e bebidas alcoólicas para o 23 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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interior),e para ocupar a nossa terra duma maneira mais organizada (para melhor explorar as nossas riquezas), enviou para Moçambique grupos de portugueses e cristãos de Goa, que se fixaram no Vale do Zambeze. Assim surgiram os prazos - 1600. Eles recebiam grandes extensões de terras ao longo do Zambeze concedidas pelo rei de Portugal por um prazo de tempo (de três em três gerações). Portanto, os  prazos eram terras doadas, compradas ou simplesmente conquistadas no vale Zambeze. Os seus donos eram era m cha chamad mados os praz prazeir eiros os e nor normal malmen mente te eram mer mercado cadores, res, ex-sold ex-soldados ados,, desert desertados ados,, fugiti fugitivos, vos, assassi assa ssinos, nos, pri prisio sionei neiros ros (que cumpri cumpriam am pen penas as de dec decret reto), o), revoluc revolucion ionári ários os ou oposit opositore oress políti políticos cos exilados. Para Isacman (1991:6), o interesse dos Portugueses pelo Vale do Zambeze surge em 1505 com a fundação da feitoria de Sofala e vinte anos seguintes grupos de comerciantes e aventureiros viriam para o Vale do Zambeze a procura das bíblicas minas de Ouro da rainha Sabah, e na esperança de desalojar  os comerciantes árabes que controlavam o comércio no interior e na costa. A intenção de Portugal ao introduzir o sistema de prazos em Moçambique era de dar as terras do Vale do Zambeze o estatuto feudos e a natureza feudal que a sociedade Portuguesa nesse período. O certo e que os senhores de terras do Vale do Zambeze raramente pagavam os foros ou se sentiam vassalos da coroa coroa Por Portu tugu guesa esa poi poiss cada cada um er eraa re reii de si pr própr óprio io e ev even entu tual alme ment ntee in inim imig igos os do doss di diri rige gent ntes es Portugueses.  No século XVII, Portugal nacionalizou a região do Vale do Zambeze com a finalidade de usar a terra nacionalizada para atrair uma imigração em larga escala e para assegurar a perpetuação de uma comuni com unidade dade por portug tuguesa uesa no vale vale do Zambez Zambeze. e. Tam Também bém foram foram ofereci oferecidas das ter terras ras exc exclus lusiva ivamen mente te a mulheres Europeias, bem como a transmissão das propriedades por via feminina (Isacman, 1991:9).

RAZOES DA ACULTURAÇÃO DOS PRAZEIROS O processo de formaçã formaçãoo do prazei prazeiro ro significou uma aculturaçã aculturaçãoo híbrid híbrida, a, isto e, há uma inter-relação inter-relação de culturas quer dos hóspedes/visitantes (prazeiros) e a população local, eles adaptaram-se a cultura local ou seja dos Africanos.

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De acordo com Isacman (1991:6), estes indivíduos adoptaram as culturas africanas devido ao número relativamente reduzido, a falta de mulheres metropolitanas com idade para procriar e o seu total isolamento relativamente a instituições europeias de sociabilidade. A adopção estendeu-se a apropriação de artefactos, técnicas técnicas e línguas locais. A acult aculturação uração foi mais substitu substitutiva tiva que aditiva, aditiva, diferindo assim do processo de hibridação que caracterizou mutas sociedades de fronteira.

QUAL ERA A IDENTIDADE DO PRAZEIRO?  No século XVI, prazeiros eram indivíduos Portugueses residentes em Portugal (desertores, prisioneiros, etc);  No século XVII, prazeiros eram Portugueses residentes em Goa que foram lá para ajudar a expansão Portuguesa, comerciantes bem sucedidos, missionários ligados ao governo;  No século XVIII. Prazeiros eram Go Goeses eses e pessoas ligadas aos Portugues Portugueses es e que tinham ligações com a África Oriental Portuguesa (Moçambique, Mombaça, Quénia);  No século XIX, prazeiros incluíam Portugueses, Africanos que directa ou indirectamente descenderam de Portugueses ou de outras misturas.

ORGANIZAÇÃO POLITICA E ADMINISTRATIVA Quanto a organização politica administrativa de referir que a mesma era composta por: 

Prazeiro, que era o chefe máximo e dirigente do prazo;



Os achicundas- garantiam a captura de milhares de cativos e assegurava militarmente os prazos;



Os chuangas funcionavam como uma espécie de fiscais e todos os trabalhos e tinha a seu cargo, a chefia dos fumos;



Mucazambos e muanamambos, comandavam o exército, controlavam o funcionamento do prazo e da sua segurança;



Mussambazes, eram mercadores negros especializados que se dedicavam ao comércio.

ACTIVIDADES ECONOMICAS 25 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e Recolectores Até a Implantação do Estado Novo. Por dr.MARCETA

 

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Segun Se gundo do Hi Hist stor oria ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue (1 (1988 988:8 :84) 4),, o co comé mérc rcio io de ou ouro ro e marfi marfim m confi confirm rmav avaa a base base económica dos prazos ate século XVIII e estava ligada acumulação primitiva do capital. Os prazeiros também viviam do trabalho dos camponeses que eram obrigados a pagarem boa parte da sua colheita, o mussoco. Entretanto, no final do século XVIII, o comércio de escravos tornou-se a principal fonte de receitas receit as e riqueza dos prazei prazeiros. ros. Para além do comércio de escravos, escravos, os prazeiros prazeiros também praticavam praticavam a agricultura, a mineração.

A DECADÊNCIA DOS PRAZOS A intensificação do comércio de escravos na segunda metade do século XVIII, no Vale do Zambeze obrigou os prazeiros a exportarem os camponeses, os responsáveis pela produção de víveres, mais tarde  passaram a exportar os próprios achicundas, aqueles que protegiam militarmente os prazos e os caçadores de escravos. Assim, os achicundas em fuga organizaram bandos predatórios que atacavam os  prazos e destruíam as redes comerciais comer ciais do sertão; 

As invasões Nguni que culminaram com a captura de mulheres, a queima de povoações e a cobrança de tributos contribuíram para o despovoamento em todo o vale;



Os ataques regulares dos Baruitas aos prazos em busca de alimentos;



Ataques do Mwenemutapa por volta de 1820-1835;



A ocupação de 28 dos 46 prazos existentes pelo exercito dos Gaza Nguni por volta de 1840.



(História de Moçambique, 2000:256).

Leituras obrigatórias História de Moçambique Volume I. Maputo: Imprensa Universitária, 2000. ISACMAN, Alan, Barbara. Os prazos como trans-raiano: um estudo sobre transformação cultural e  social. Maputo,  social.  Maputo, 1991.

Exercícios práticos  

1.De acordo com Isacman (1991) responda: a) Porque e que Li Lisboa sboa na nacional cionalizou izou o vale do Zambez Zambezee no século século XVII? XVII? 26

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 b) Que tipo de aculturação significa o processo de fformação ormação do prazeiro? c) Qua Quall e a iiden dentid tidade ade do ppraz razeir eiro? o? d) Quais foram as razoes qque ue lev levaram aram a aacultu culturação ração dos prazeiros? prazeiros? e) Qua Quall era o int interes eresse se dos Por Portug tuguese uesess no vale do Z Zamb ambeze? eze? f) Indi Indique que aass act activi ividade dadess econ económi ómicas cas do doss pra prazos. zos. g) Aponte as ca causas usas do declínio declínio do do sist sistema ema de prazos

OS ESTADOS AJAUAS E O COMERCIO DE ESCRAVOS Objectivo geral: -Compreender a importância do comércio de escravos para o surgimento dos Estados Ajauas.

Objectivos específicos: - Analisar o processo da formação dos estados ajauas; -Identificar os principais Estados Ajauas; -Apresentar a estrutura política e administrativa; -Mencionar as actividades económicas; -As causas do declínio.

Localização geográfica O grupo etnol etnolinguí inguístico stico yao era predominante predominante na zona planaltica planaltica e montanhosa montanhosa do Niassa entre os rios Messinge e Ligonha, prolongando-se o povoamento ate Mponda e nas proximidades do lago Niassa a nordeste a sudesste. Limites:  Norte: rio Rovuma; Sul: rio Luambala, afluente do rio Lugenda; Este: rio Lugenda; Oeste: rio Lucheringo, afluente do Rovuma. Os Yao têm esta designação porque se consideram ori ginários dos montes Yao, palavra que significa monte sem capim (Medeiros, 1997:81).  

O PROCESSO DE FORMACAO DOS ESTADOS AJAUAS 27

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Os Estados Ajauas começaram a se formar no século XVI. Durante este período ate ao século XVIII, estes Estados ainda eram reinos ou chefaturas, eles se tornaram Estados centralizados no século XIX, (a  partir de 1840/50).

Antecedentes políticos: 

A dispersão de comunidades inteiras e de pequenos grupos,



Os ataques dos angoni-maseko a partir de 1850;



Ataques dos macua-lolo, dos macua- meto;



Guerras entre Che-Nyambi e o seu cunhado Malingalile.

Antecedentes económicos: Antes de se tornarem em Estados, os ajauas praticavam a caça, a pesca, agricultura, a metalurgia do ferro, o comércio de marfim no século XVIII e o comércio de escravos no século XIX. A metalurgia era muito fundamental porque fabricavam instrumentos de caça e de guerra.

Antecedentes sociais:  

Povoação dos núcleos; Existência da bipolarização de classes sociais e;



A existência de unidades familiares.

Antecedentes geo-físico: Seca e fome que contribuíra contribuíram m para a dispersão de alguns grupos ayao (Medeiros (Medeiros,, 1997:81). Todavia, o apare apareci cime ment ntoo de um Esta Estado do cen centr tral aliz izado ado e o fo fort rtal aleci ecime ment ntoo do po pode derr dos chefe chefess deveu deveu-se -se ao desenvolvimento do comércio de marfim no século XVIII, e sobretudo de escravos no século XIX. Assim, a partir de 1840/50, os grandes Estados Yao das dinastias Mataca, Makangila, Mtalica, Jalasi, Mponda e Matipuir e Cauinga, tinham na exportação de escravos, reforçado pelo marfim, tabaco e a importação de tecidos, pólvora e armas de fogo, o pilar da sua economia e a base da dominação de classes (História de Moçambique, 2000:108).

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA Para analisarmos a organização política dos Estados Ajauas optamos por apresentar a organização  politica administrativa de apenas um Estado neste caso concreto o Estado Mataca.

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 No Estado de Mataca I (cerca de 1806-1876) havia uma organização estatal composta pelos seguintes elementos: o soberano Mataca, juízes, um ministro do comércio, um comandante para a aquisição de es escra cravos vos,, mw mweny enyee (ch (chefe efe do di dist stri rito to), ), mwen mwenem emusi usi (c (che hefe fe da povoa povoaçã ção), o), ch chef efes es da dass al alde deia ias. s. A Islamização da aristocracia Yao fortaleceu ainda mais o poder teocrático dos soberanos, que passaram a ser considerados xeiques. As linhagens estavam organizadas localmente na base de um grupo de irmãs, suas filhas casadas e restantes filhos solteiros, todos chefiados por um tio materno chamado “” asyene mbumba””, o mesmo que “guardião da família”. Todo o poder estava concentrado nos dignitários da capital. Não havia chefes subordinados no território e nenhum tributo era aparentemente cobrado dentro do Estado (História de Moçambique, 2000:110).

ACTIVIDADES ECONÓMICAS De referir que antes dos séculos XVIII-XIX, a principal actividade económica era a agricultura praticada geralmente pelas mulheres e filhos solteiros, enquanto os homens adultos dedicavam-se a caca em grande escala em especial a caca ao elefante para a extracção do marfim, isto com o desenvolvimento do comércio de marfim.   Para além das actividades acima mencionadas, também fabricavam instrumento de ferro, tecnologia difund dif undida ida pel peloo clã Chi Chisi. si. Os princi principai paiss produto produtoss exp export ortados ados pelos pelos Estado Estadoss Ajauas Ajauas eram: eram: tab tabaco, aco, artefactos de ferro (enxadas, machados, e armas), pele, marfim, e mais tarde escravos (História de Moçambique, 2000:107). Os Estados Ajauas também importavam certos produtos como: sal, tecidos, missangas, gado, etc. o comercio a longa distancia era praticado pelos mercadores ajauas incluindo os ferreiros a-chisi. O chefe do território era responsável pela organização de todo o processo comercial. O comercio a longa distancia permitia a aquisição de bens de prestigio que serviam para consolidar o  poder dos chefes dentro das suas respectivas linhagens. A nível interno, os chefes distribuíam os bbens ens de  prestigio aos membros da linhagem, enquanto a nível regional, os chefes caravaneiros distribuíam os

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 bens de prestigio aos novos aderentes das linhagens, o que permitiu o controlo de unidades politicas vastas, do que as simples unidades domésticas (História de Moçambique, 2000:108).

A DECADÊNCIA DOS ESTADOS AJAUAS Os Estados Ajaua fortificam-se e tornam-se em Estados centralizados com a intensificação do comércio de escravos mesmo após a primeira abolição internacional em 1836. Foi o comércio de escravos que tornou-se estes Estados mais poderosos militarmente, assim como mais famosos pela dimensão da escravatura praticada por estes Estados. Com a abolição do tráfico de escravos em 1836 decretada pela Inglaterra e em 1869 nas colónias Portuguesas, estes Estados passaram a praticar o tráfico clandestino. A Conferencia de Berlim realizada entre 1884-85 definiu o principio de “”ocupação efectiva””, isto e, cada potencia colonial deveria ocupar  e explorar totalmente as suas coloniais e acabar com os direitos históricos defendidos por algumas  potencias como e o caso de Portugal.  Neste âmbito o gov governo erno colonial Português desenhou um plano militar com a finalidade de acabar com os reinos e estados/ impérios Moçambicanos. Após várias resistências, o Estado Mataca chegava ao fim quando a 8 de Outubro de 1912, as milícias da companhia do Niassa e do exército colonial Português comandadas pelo capitão Pottier de Lima invadiram Mwembe, queimando e saqueando a povoação, e a fuga do che-Chisonga para Tanganhica, bem como a fuga de milhares de wayao para o Nyassalandia e  para Tanganhica (Medeiros, 1997:91).

Leituras obrigatórias: MEDEIROS, Eduardo da Conceição. História Conceição. História de Cabo Delgado e Niassa (C.1936-1929). Maputo, 1997. História de Moçambique Volume 2. Maputo: Imprensa Universitária, 2000.

EXERCÍCIOS PRÁTICOS 1. Sobre ooss Est Estados ados Aj Ajauas/ auas/ Yao, responda as seguinte seguintess quest questões: ões: a) Iden Identif tifiqu iquee os princi principai paiss Esta Estados dos Aj Ajaua auas. s.  b) Descreva o processo da sua formação. c) Qua Quall era a pri princi ncipal pal font fontee económica económica destes destes Estados Estados durante durante a segunda segunda metade metade do Século XIX? 30

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d) Para al alem em dos escravos quais er eram am os ooutros utros produto produtoss de exportaçã exportação? o? e) Os Est Estados ados Ya Yaoo também também importa importavam vam al alguns guns produtos. produtos. Indique-os Indique-os f) Expli Explique que o circ circuito uito de circul circulação ação dos be bens ns de prest prestígio ígio a nível nível iinterno nterno e regiona regional? l?

Período dos Escravos: XVII-XIX  Na segunda metade do séc. XVIII, a procura de escravos ultrapassou a procura do ouro e de marfim. Agora quer-se aquele que tira o ouro e marfim. Assim o homem passa a ser matéria-prima  procurada.  Numa primeira fase eram adquiridos pelos franceses para as suas plantações de açúcar e café nas Ilhas Mascarenhas no Índico; numa segunda fase começa a se enviarem para as plantações da América do Sul (Brasil: plantações de açúcar, cacau, minas de ouro, etc.), vai até o séc. XIX. A terceira fase é após a abolição oficial do tráfico (1836) quando a saída clandestina de escravos se fazia através dos Xeicados de Quitangonha, Sancul, Sangage e do Sultanato de Angoche e também dos Prazos.



Áreas de caça : Vale do Zambeze e a faixa litoral. É de salientar que as populações de origem macua foram as mais sacrificadas e lavadas para as Ilhas Mascarenhas, Madagáscar, Zanzibar, Golfo Pérsico, Brasil e Cuba.



Consequênc Conse quência ia da escravat escravatura ura: (1) despojamento de sua força de trabalho dando a estagnação das soci sociedad edades; es; (2) par parali alisaçã saçãoo do dese desenvol nvolvim viment entoo da populaç população ão moçamb moçambica icana, na, com o abandono das terras de cultivo; (3) provoca fuga das populações originando zonas despovoadas; (4) provoca insegurança permanente; (5) destituições humanas e de bens, semeando assim fome e miséria; (6) decréscimo demográfico; (7) algumas zonas (nos prazos e na sociedade Ajaua

 principalmente) são económico-politicamente restruturadas para a empresa de caça e captura de escravos - uma total instabilidade política generalizada, portanto; (8) degradação dos valores sociaiss e morais sociai morais;; mas, no entant entanto, o, (9) a escravatura levou ao enriq enriquecime uecimento nto da Europa e de uma minoria de chefes locais. 31

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Para se obter os escravos, os chefes das várias tribos envolviam-se em guerras e o que saia derrotado era feito (o chefe e o seu povo) refém e consequentemente escravo. Os escravos capturados em Moçambique eram enviados para Brasil, Cuba, América do Norte e  para as Ilhas do Oceano Índ Índico ico (Mascarenhas, Comores e Madagascar) para as plantações de café, algodão, açúcar e nas minas de metais preciosos. Para além de Moçambique, eram zonas de captura de escravos: Senegal, Gâmbia, Costa do Ouro (Gana), Costa dos Escravos (Togo, Benin e Nigéria), Delta do rio Níger, Congo e Angola.

Algumas Considerações 1. O perí períod odoo do ou ouro ro vai vai de sécu século lo XI XIVV-16 1693 93 - da data ta da pr prim imei eira ra gr gran ande de re resi sist stên ênci ciaa em Moçambique encabeçada por Changamira Dombo.

2. O período de marfim vai desde o século XVII-1750/60, quando começa o tráfico maciço de escravos.

3. O período dos escravos vai desde 1750-60 até 1836, ano em que foi abolida formalmente a escravatura, pois na prática a escravatura termina no nosso século.

4. O período das oleaginosas vai de Século XIX quando os indianos começam a comprar gergelim, amendoim para as companhias e feitorias de Quelimane.

Consequências da Penetração Portuguesa A pe pene netr traç ação ão port portug ugues uesaa te teve ve co como mo co conse nsequê quênc ncia ia a (1) di difu fusão são de pl plan anta tas, s, an anim imai ais, s, (2) int interc ercâmbi âmbioo de cul cultur turas, as, (3) form formaçã açãoo de comuni comunidad dades es mistas mistas,, (4) acumul acumulaçã açãoo de capitai capitaiss (capit (ca pitali alismo smo). ). Par Paraa os nat nativo ivos, s, a col coloni onizaç zação ão sig signif nifico icouu (5) pilhage pilhagem m de suas riquez riquezas, as, (6) destruição dos seus bens e culturas, (7) destruição de sua unidade administrativa, e, em alguns casos (8) eliminação física quase total.

A penetração mercantil Arabe-Persa e os Estados Afro- Islâmicos da Costa Norte de Moçambique

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Os árabes chegam a Moçambique nos sécs. IX-XIV e fixam-se primeiramente no vale da costa moçambicana concretamente na Ilha de Moç. e Quelimane. Os mercadores asiáticos, provenientes do Golfo Pérsico, fizeram uma fixação lenta e progressiva; na costa oriental africana, foi só no século XIII que se fixou maior número dos emigrantes em entrepostos comerciais. Teve como impacto árabo-swahil não só (1) as actividades comerciais, (2) as migrações por mar, (3) os casamentos e contactos entre os grupos locais e os árabes, mas também (4) deram origem às diferenciações regionais a nível cultural (“línguas costeiras”: Muani costeiras”: Muani - na costa de Cabo Delgado,  Delgado,  Nahara na Nahara na Ilha de Moçambique, Koti Moçambique,  Koti   - em Angoche e regiões litorais do continente vizinho) e político (surgimento das chefaturas e reinos afroislâmicos da costa: Sultanatos e Xeicados); dá-se também (5) misturas de raças com núcleos lingüísticos diversos.

Os Reinos Afro-Islâmicos: Xeicados e Sultanatos a) Sultanato de Angoche Fala-se que Quelimane e a Ilha de Moç. teriam sido fundadas por refugiados vindos de Quiloa antes da chegada dos portugu portugueses eses (1498). Os dirig dirigentes entes da expedição expedição (Mussa e Hassane) fixaramfixaramse na Ilha de Moç. e Quelimane, respectivamente. Falecido Hassane, Mussa, reconhecendo que Angoche reunia melhores condições sócio-económicas e comerciais do que Quelimane, instalou Xosa, filho de Hassani, como Sultão. Daí que Angoche passou a ser lugar ideal para tráfico de ouro e marfim, visto que a capital dos Muenemutapas mudara para próximo do Zambeze e a abertura de novas rotas comerciais seguindo o rio. Em 1511 os portugueses atacaram Angoche e incendiaram a povoação. Prenderam o sultão e tentaram, por vias indirectas, minar as influências do sultanato, o que não conseguiram pois os afro-islãmicos afro-isl ãmicos continu continuaram aram a comerc comercializ ializar ar com Melinde, Mombaça e Quiloa. Quiloa. O fim do primeiro primeiro  período de prosperidade de Angoche data a quanto a fixação dos portugueses no vale Zambeze séc. XVIII.  b) Xeicado de Sancul

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Forma-se no séc. XVI; os seus fundadores são vindos da Ilha de Moçambique. Os seus povos tinham um considerável intercâmbio com o exterior. O xeque de Sancul foi assassinado em 1753  pelo comandante de uma força portuguesa. Em 1880, foi capturado Makusi Omar, capitão-mor de Sancul e o mais activo e importante negociante de escravos. No seu lugar entra Hassan Molidi 1880. Suali Bin Ibrahimo (Marave), capitão-mor de Sancul derrotou os portugueses em Magenga em 1896 e foi xeique de Sancul. C) Xeicado de Quitangonha Forma-se no séc. XVI. Os seus fundadores partiram da Ilha de Moçambique. (1515-1585). Em 1755 chegam os franceses a busca de escravos para as sua plantações; plantações; estes perturbaram perturbaram a aliança aliança entre os chefes e as autoridades portuguesas. Morto o xeique de Quitangonha, Amadi Abdulah, em 1884, Mahmud Amde (seu filho) passou a ser xeique. O último acto de revolta dos xeiques de Quit. Verificou-se em 1903-1904 quando a política portuguesa de “ocupação efectiva” decorria tendo o xeique atacado Mossuril.

d) Xeicado de Sangage Desde a sua formaçã formaçãoo esteve sujeito ao sultanat sultanatoo de Angoche, Angoche, e só estabelece estabelece a sua autonomia autonomia no  primeiro quartel do séc. XIX. Para se livrar desta dependência, o xeque fez alianças com a administraçã admin istraçãoo portug portuguesa, uesa, dirigentes dirigentes de Sancul, mercadores baneanes da Ilha de Moç. A sucessão em Sangage era matrilinear o que relacionou os dirigentes daqui e um grupo determinado de mulheres macua. Em 1912, desencadeou-se uma luta contra os portugueses numa aliança com os dirigentes de Sangage, chefes macuas da região: Ibamela e Kubala-Muno.

Algumas Considerações   O im impa pact ctoo árabo árabo-su -suahi ahill (co (com m as suas suas tr troc ocas as comerc comercia iais is,, mi migra graçõ ções es e guerra guerras) s) fez surgi surgir  r  diferenciaçõe difere nciaçõess region regionais ais a nível cultural, cultural, político (chefaturas e reinos), linguí linguístico stico e de costumes, etc., especialmente entre os macuas na costa e os Ajaua. 34 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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  AL-MASUDI, AL-MASUDI, refe refere, re, em 943 nn.e., .e., que Bi Bilad lad as Suf Sufalas alas (te (terra rra de Sofala=terr Sofala=terras as baixas) estava estava dependente de Sayuna (foz do rio Zambeze); afirma também que Zanga (negros islamizados da África Oriental) controlavam o Hinterland a partir das cidades costeiras.   As crença crençass na feiti feitiçari çariaa e nos curan curandei deiros ros expri exprimia miam m os conflitos conflitos sociais, sociais, dependên dependência ciass familiares, coesões sociais. MPONDORO - culto territorial frequente nos Chonas; MWÁRI - culto assistido por especialistas. os mercadores  mercadores  árabes árabes   que demandavam as costas de "Sofala "Sofala"" foram A partir do século X, X, os difundindo o islão islão entre  entre as populações costeiras, mas foi apenas após a instalação em Zanzibar  dum xeicado dependente do sultanato de Oman Oman,, no século XVII XVII,, que começaram a organizar-se  pequenos estados de organização islâmica.

O Império de Gaza O Estado de Gaza foi fundado por Sochangane Sochangane (também  (também conhecido por Manicusse, Manicusse, 1821-1858) como Mfecane,, um grande conflito despoletado entre os Zulu por Zulu por consequência do assassinato de resultado do Mfecane Chaca  (ou Shaka Shaka)) em 1828 1828,, qu quee cu culm lmin inou ou co com m a in inva vasão são de grand grandes es ár área eass da África Austral  Austral  por  Chaca  (o exércitos Nguni exércitos  Nguni.. O Império de Gaza, no seu apogeu, abrangia toda a área costeira entre os rios Zambeze e Maputo Maputo e  e tinha a sua capital capital em  em Manjacaze Manjacaze,, na actual província moçambicana de moçambicana de Gaza Gaza.. O rei de Gaza dominou os reis Tonga Tonga (possivelmente  (possivelmente o mesmo que Tsonga Tsonga,, da língua chiTsonga chiTsonga,, a língua actualmente dominante na região sul de Moçambique) através dos membros da sua linhagem, os  Nguni, comerciando marfim, marfim, qu quee re rece cebi biaa com comoo tr trib ibut uto, o, co com m os  portugueses,  portugueses, estabelecidos na costa Inhambane). (principalmente em Lourenço Marques e Marques e Inhambane). Aparentemente, Sochangane não fazia comércio de escravos escravos - os seus guerreiros eram principalmente da sua linhagem -, nem devolvia aos portugueses os escravos que fugiam para a sua guarda. Mawewe que  que decidiu, em 1859, atacar os seus irmãos para Com a sua morte, sucedeu-lhe o seu filho Mawewe Muzila)) co conse nsegu guiu iu fugir fugir pa para ra o Transvaal, Transvaal, onde ga ganha nharr ma mais is pode poder. r. Ap Apen enas as um ir irmã mão, o, Mzila  Mzila  ((oou Muzila 35

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organizou um exército para atacar o seu irmão. A guerra durou até 1864 e, entretanto, a capital do reino mudou-se do vale do rio Limpopo para Limpopo para Mossurize Mossurize,, a norte do rio Save Save,, na actual província moçambicana de Manica. Manica. Foi em Mossurize que, em 1884 1884,, ascendeu ao trono Nguni, Gungunhana Gungunhana,, filho de Muzila. Gungunhana 1889,, aparentemente pressionado pelos exploradores de ouro de ouro de Manica e falta regressa a Manjacaze em 1889 de apoios locais. Em Gaza, Gungunhana prosseguiu a política de seu pai de assimilação dos reinos resistência à  à dominação portuguesa, mas essa resistência não durou mais de seis locais, os "Tonga" e de resistência anos. Gungunhana foi preso e Gaza finalmente submetida à administração colonial.

Estados Militares do Vale do Zambeze   Os estados militares do vale do Zambeze surgem em 1820 e 1835, em conseqüência de: 

o exército do decadente Estado dos Muenemutapas lançou vários ataques aos prazos da margem esquer esq uerda da do Zamb Zambez eze, e, provo provoca cando ndo o ab aban andon donoo dos praz prazei eiro ross co com m seus seus A-chi A-chicu cunda nda e  populações em geral; 

cerca de 1840, os Nguni tinham ocupado 28 dos 48 prazos ainda existentes, como algumas chefaturas independentes;



o tráfico de escravos no vale do Zambe Zambeze, ze, o qual dependia dependia do mercado brasileiro brasileiro - milhares de camponeses inclusive os próprios A-chicunda foram exportados. Os últimos fugiram para reinos e estados vizinhos.



A dominação de classes nos Estados Militare Militaress é produto da penetração mercanti mercantill portuguesa portuguesa e,

 para tal, eles adoptaram os ritos de investidura dos reis Cheua, assegur assegurando ando existência de um local sagrado no qual se apaziguava os espíritos (mudzimu). Também os chefes conseguiam assegurar a reprodução das relações de produção através da política de aliança matrimonial com principais reis locais. O primeiro Estado a surgir foi o de Macanga a norte de Tete, por Gonçalo Caetano Pereira (Dombo Dombo = terror). O Estado de Makololo foi fundado em 1856; Massingire, Massingire, Massangano, Massangano, Maganja da Costa, Gorongosa, Matequenha, Barue, etc

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Tarefas dos A-chicunda:

 proteger as fronteiras dos Estados Es tados (prazos) contra ameaças externas;



sufocar revoltas internas;



atacar os estados vizinhos para obter escravos;



capturar escravos para a venda. Muzimu - Espíritos dos ancestrais ancestrais prati praticados cados nos Estados mi militar litares es do Zimbabwe, e també também m em Moçambique, sobretudo em toda a região centro.

Factores que levaram a colonização de África:  

divisão e atraso tecnológico de África;  busca de matérias-primas para as indústrias europeias;



competição entre as potências (luta pela supremacia na Europa);



alianças com os chefes africanos;



Conferência de Berlim.

Conferência de Berlim (1884-1885) A Conferência de Berli Berlim m realiza-se realiza-se na Aleman Alemanha, ha, por inici iniciativa ativa da Alemanha. Alemanha. A Alema Alemanha nha tinha ambições expansionistas e, como tal, pretendia criar um império colonial. Portanto a Alemanha, aproveitando a questão do Congo (disputada pela França e Bélgica), promoveu a Conferência Internacional de Berlim e, com ela, a Partilha da África. A Conferência de Berlim tinha como objectivos: (1) regular a liberdade de comércio na bácia do Congo-Níger, bem como nas novas ocupações de territórios na África Ocidental. Era preciso,  portanto, (2) definir as modalidades do acesso às áreas de interesse comum de navegação e de comércio, visto que as tentativas de monopolizar as principais vias de acesso ao interior do continente (bácia do Congo, Níger e Zambéze) e os mercados privilegiados junto aos rios, ameaçavam o equilíbrio das forças ocidentais.

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 Nesta Conferência participaram 14 potências (Alemanha, Áustria, Bélgica, França, Espanha, Portugal, Noruega, Turquia, EUA, Inglaterra, Itália, Holanda, Dinamarca e Suécia). É de salientar  que algumas delas delas (Portugal, Espanha Espanha,, Inglaterr Inglaterra, a, França, Itália e Turquia) já tinham colónias colónias ou interesses territoriais em África, e outros (como Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Noruega, EUA e Holanda) estavam interessados apenas no livre comércio com África. Não é menos verdade que a Conferência, ao abordar sobre a delimitação das fronteiras das colônias, quis evitar conflitos armados. Em 26 de Fevereiro de 1885, o Acto Geral da Conferência contemplava (1) liberdade de comércio na região do Zaire, e (2) navegação no Zaire e no Níger, (3) abolição do tráfico de escravos e as regras regr as sobr sobree uma Ocupa Ocupação ção Efect Efectiva iva.. O ter termo mo Ocupação Efectiva  foi a novidade trazida pela Conferência de Berlim, e que  consistia em a potência garantir não só a ocupação mas também assegurar a exploração dos territórios ocupados.

 O estabelecimento das fronteiras de Moçambique e as rivalidades imperialista s

 Centro Em 1887 surge uma disputa entre o britânico Cécil Rhodes e o português Henrique Barros na sequência de aquele (Rhodes) querer unir e fazer um corredor Cairo-Cabo (Norte e Sul de África) e este (Barros) propôr o “ Mapa Cor-de-Rosa” que ia contra as pretensões britânicas. Visto que Inglaterra Inglat erra recusava o projec projecto to “ Mapa Cor-de-Rosa” (Moçambique-Angola), Portugal faz aliança com Alemanha (1886) concedendo-lhe Namíbia. Alemanha não acedendo ao ‘pedido’, os ingleses, em 1890, enviam a Portugal um ultimato (48 horas) para retirar os seus militares no Chire e na Mashonalândia, com o perigo de intervensão militar e corte das relações diplomáticas, caso não o fizesse. Portugal não o cedendo, Rhodes, com as suas tropas da B.S.A.C., prende Paiva de Andrade e faz construir o forte de Salisbury, em 1891. Assim se estabelece a fronteira com a Zâmbia, Malawi e Zimbábwe e Natal que mantém até hoje. E para evitar que os britânicos viessem a ocupar  38 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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novas regiões , os potuguêses encentaram en centaram “campanhas de pacificação” para dominar os povos e estabelecer uma ocupação efectiva dos territórios.

Portanto, foi entre conflitos, arbitrariedades e tratados que se definiu o traçado das actuais front fro ntei eira rass do nos nosso so pa país ís.. Enfi Enfim, m, po pode demo moss afi afirm rmar ar qu quee a sua de deli limi mita tação ção come começo çou u com o despert desp ertar ar do intere interesse sse dos Britânic Britânicos os em relaçã relação o à baía baía de Maputo Maputo,, pois pois viam viam nela nela uma excelente saída dos produtos do Cabo para o mar e facilidades na aquisição de mão-de-obra.

Norte O conflito é com a Alemanha que tinha ocupado o Tanganhica (Tanzania) e hasteado a sua  bandeira em ambas as margens do Rovuma. Em 1894, penetrou na margem sul, expulsando os  portugueses. Portugal reclama, mas a Alemanha alarga a sua ocupação ate Quionga, área que só voltaria a Portugal após a IGM (1914-1918). Por essa região transitou uma força alemã no decorrer  da Guerra, que chegou até Namacurra, atacando uma fabrica da Companhia do Boror, destruíndo vidas, casas e haveres do campesinato.   Portan Portanto, to, o estabele estabeleciment cimentoo das fronteiras de Moçambique, Moçambique, não foi do século século XV ou XVI, mas si sim, m, da “c “corr orrid idaa im impe peri rial alis ista ta”; ”; nã nãoo fo foii um pro proce cesso sso pa pací cífi fico co,, mas mas ex expri primi miuu a te tensã nsãoo e as contradições das principais potências capitalistas europeias. Será definida no Tratado de Versalhes (28 de Junho de 1919-1920). Em 1919, a Companhia do Niassa organizou uma expedição contra os Macondes último foco de resistência armada à ocupação colonial nessa época.

Tradado de Windsor  Realizado em 1899 entre Portugal e Inglaterra no qual Inglaterra tinha obrigação de proteger a integridade territorial portuguesa contra todos os inimigos presentes e futuros, enquanto que os  portugueses se comprometeram a permanecer neutrais em caso de conflito na Áfrcia do Sul e  proibir qualquer tráfico de armas pelo Porto Por to de lourenço Marques. Os dois bancos então existentes na Beira, Standard Bank Of South Africa e o Bank Of Africa, funcionavam com capitais ingleses.

Sul 39

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Foi entre conflitos, arbitragens e tratados que se traçou a fronteira Sul de Moç., ora vejamos: os ingleses queriam anexar a Baía do Maputo porque: (1) com a colonização britânica no Natal, havia necessidade de mão-de-obra na área de Maputo; (2) os britânicos queriam controlar todas as vias de comunicação, especialmente de Maputo, por onde os Zulu importavam armas de fogo; (3) desejo inglês de anexar a República do Transvaal e Maputo que, para eles, era estratégicos para operações. Frente a esta situação os portugu portugueses eses fizeram um tratad tratadoo (1869) com Transvaal Transvaal reconhecendo-lhe reconhecendo-lhe os direitos territoriais até 26º30’ Sul e sendo montes Libombos como a fronteira de Moçambique com Suazilândia e com a parte oriental do Transvaal. Mas o tratado poucos resultados práticos trouxe o que suscitou, em 1875, a arbitragem internacional do Presidente francês, Marechal MACMAHON, que reconheceu a soberania plena de Portugal em Lourenço Marques e nas áreas adjacentes.

As resistências a ocupação efectiva a) Su Sull de Mo Moça çamb mbiq ique ue   Matibjane, chefe de Zixaxa e Munguduane, chefe de Moamba, negaram a aliança feita pelos

 portugueses e juntaram-se juntaram-s e aos guerreiros de Mahazul. Face aos ataques destes, Portugal envia mais exérc exércit itos os che chefi fiado adoss po porr Antó Antóni nioo Enes Enes ao go gover verna nador dor de Loure Lourenç nçoo Marq Marques ues,, Mouz Mouzin inho ho de Albuquerque.  Ngungunyane, imperador de Gaza, foi prezo a 28 de Dezembro de 1895, e juntamente com Matibjane, foi deportado para a Ilha dos Açores onde morre. Assim os portugueses começam a vencer a partid partida. a. São tidas como causa das derrotas: derrotas: (1) superi superioridad oridadee dos portugueses em termos de armamento, (2) falta de unidade entre os moçambicanos, e também (3) traição de alguns chefes nativos. 40

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Comoo pers Com personag onagens ens da resi resistê stênci nciaa no Sul de Moç Moçamb ambiqu iquee

tem temos: os: Ngung Ngunguny unyane, ane, Maha Mahazul zul,,

 Nuamantibjana, Maguiguane, Ncuanaze.

b) Centro de Moçambique  Esta zona tinha um elevado grau de militarização das formações políticas da região herdado do  período de caça e do tráfico de escravos. escr avos. Daí que Portugal Por tugal para vencer esta es ta região tinha que pedir  muita ajuda quer interna, quer externa, ter grande mobilização de recursos (1897/9). Báruè (fruto da desa desagr greg egaç ação ão de Mu Muta tapa pa)) cr crio iouu muit muitos os pr prob oble lema mass ao aoss po port rtug ugue uese ses, s, e o re recu curs rsoo ao aoss recrutamentos de tropas em Angola, Lourenço Marques, Nguni, e o auxílio militar das Rodésias e da Niassalândia, fez com que Báruè fosse dominado (em 1902) pelos portugueses. Temos como chefes da resistência de Báruè: Cambuemba que reúne seus guerreiros com os A-chicundas dos

praz prazos, os, e em empr pree eende nde as for forti tifi ficaç caçõe õess  Aringas  (espéci (espéciee de Zimbab Zimbabwe), we), Mocomb Mocombe, e, Hunga, Hunga, Mafunda e Candere.

c)Norte de Moçambique São notórios os Namarrais (Monapo, Ilha de Moçambique.) com os chefes Mucutu-Muno e Ibraímo. Outros chefes a distinguir: Farlahi de Angoche, Mataca no Niassa e Mussa-Quanto em  Nampula. O ataque a Parapato 1905 levou a destruição de vários armazéns e quartéis, Wita  que era ataque de surpresa aquem quer que fosse e o ataque otiman que correspondia a razia e ao ataque devastador avarias povoações . Farlahi foi prezo em 1910 e deportado para Guiné onde veio a morrer em 1912. Por vias fluviais (e só por estas), estas), os portugu portugueses eses conseguem dominar dominar Nampula (1896/7), Cabo Delgado (1890) e Niassa (1920).

Consequencias : destruicao das unidades politicas, reinos e chefaturas, em substituicao do novo aparelho administrativo colonial.

  POLÍTICA COLONIAL PORTUGUÊSA NA OCUPAÇÃO DE MOÇAMBIQUE - SÉC. XIX

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A penetração colonial, na maior parte do nosso País, foi feita através de Companhias as quais ocupavam cerca de 2/3 de Moçambique. Portugal, país colonizador de fraco poder, não conseguiu sozinho ocupar, dominar e administrar um território tão vasto como Moçambique. Por isso, deu aos capitalistas estrangeiros: ingleses, franceses, alemães e belgas a autonomia de criarem companhias monopolistas - sociedades que detinham o monopólio de certos produtos. Daí que em 1891 deu a capitalist capit alistas as portugueses portugueses e estran estrangeiros geiros (franceses, ingleses, ingleses,)) as regiões regiões compreendidas compreendidas entre o rio  Zambeze e o rio Save, o qque ue deu a Compan Companhia hia de Moçambique Moçambique.. Em 1892, deu a outros capitalistas  portugueses e britânicos as rregiões egiões do Niassa e Cabo Delgado, o que deu a Companhia do Niassa; Niassa ; e em 1892 funda-se a Companhia da Zambézia que compreende os prazos da Zambézia e Tete . Assim temos as companhias do Niassa e de Moçambique (majestáticas ), e as da da Zambézia,

Boror Société du Madal, Luabo, Sena Sugar Estates, etc. (concessionárias).   Ficava sob controlo directo de Portugal somente Nampula e Sul do Save, regiões que constituíam quase que uma espécie de reserva de mão-de-obra para as minas da África do Sul (Transval), sob o contrato de algumas rendas e salários deferidos dos mineiros. Também Portugal beneficiava-se uma parte do produto (ouro) produzido pelos “seus” homens.

AS COMPANHIAS

  . MA MAG GES ESTTÁT ÁTIC ICAAS São São as grand grandes es co comp mpanh anhia iass que rec receb ebia iam m pe perm rmis issão são de su suaa maje majest stad ade: e: er eram am autori autoriza zados dos directamente pelo rei de Portugal a explorar as terras do seu domínio e a conceder terras a  pequenas companhias (concessionárias). Aqui a presença da burguesia portuguesa não se fazia sentir pois elas tinham muito poder. 

a) Companhia de Moçambique Compreendia uma área de 134822 km 2 limitada entre o rio Zambeze (norte e noroeste) e o paralelo 22º (sul) e entre o Índico (este), e a Rodésia do Sul (oeste); compreendia portanto as actuais 42 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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 províncias de Sofala e Manica. Durou quase 45 anos (1897-1942), quando o decreto de Maio de 1897 fixou definitivamente o prazo da sua validade jurídica como Companhia Soberana, indicando  para o termo do contrato a ano de 1942. São ditas como causas de sua s ua implantação: a criação da  British South Africa Afr ica Company  (B.S.A.C.)

na Rodésia do Sul, a qual sentia necessidade de manter 

uma com compan panhia hia com idê idênti nticas cas cara caracte cteríst rística icass (privil (privilégi égios os polít político ico-eco -económ nómico icos) s) na zona de influência portuguesa. As acções para a sua formação começam em 1878, por Paiva de Andrade com a Société des Fundateurs de la Compagnie Général du Zambeze (1888); falida esta, em 1893, cria a Companhia de Ophir em 1884, que também viria a cair. Daí que em 1888-1889 forma a Primeira Companhia de Moçambique. Produzia algodão, sisal, cana de açúcar, milho, tabaco , et etc. c. Para ta tal, l, a Comp. Implementou o trabalho forçado (Xibalo), cultivos obrigatórios e o

pagamento do imposto de palhota (1000 reis anuais)  que só seria possível tê-lo trabalhando nas  plantações da Companhia. Os territórios do Sul do Save da Companhia tinham o nome de Goruvro Goruvro.. A Be Beir iraa Ra Rail ilwa wayy Co Comp mpan anyy er eraa privi privilé légi gioo de su suaa su subco bconc ncess essio ioná nári riaa estab estabel elec ecer er meio meioss de comunicação com a Rodésia. As terras sob seu domínio já não pertenciam ao rei de Portugal, mas à Companhia com o seu 1º governador: Joaquim J. Machado.

  É de salientar que a ocupação de Manica e Sofala pela Compª. Majestática de Moç. marca, na história da região, a transição do período mercantil para o período de dominação imperialista; come começa ça,, de desde sde en entã tão, o, a pr produ oduçã çãoo ca capi pita tali list staa no te terri rritó tóri rio, o, es espec pecia ialm lmen ente te do capitalismo colonial.

Direitos da Companhia Explor loraçã açãoo dos ter territ ritóri órios os e da pop popula ulação ção que est estava avam m sob seus seus domíni domínios; os; mon monopó opólio lio do   Exp comércio; concessões mineiras e de pesca costeira; colectar taxas e impostos de palhota e de capitação (mussoco); exploração de mão-de-obra para países vizinhos; construir e explorar vias de comunicação (estradas, portos, pontes, caminhos-de-ferro); conceder terras a terceiros; privilégios  bancários e fiscais (emitir moedas e selos).

Deveres

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Pagar 10% dos dividendos distribuídos em 7,5% dos lucros líquidos totais; tinha o dever de manter  a sua sede em Lisboa e dever de amanter-se Compª. Portuguesa no estatuto (formalmente a Compª. tinha de ser portuguesa); entregar os territórios ocupados após expirado o contrato.

Política concessionária  Ela baseava-se no direito de posse sobre a terra conferido por uma Carta Concessionária, fazendo assim o arrendamento de terra para as áreas da: (1) Agricultura - concessão do Prazo Gorongoza à Compª. de Gorongoza (1895), prazo de Chupanga à Compª. de Luabo, concessão de terrenos em Marromeu, Buzi e Moribane à Sociedade Açucareira da África Oriental (1900). Isto originou a queda do campesinato africano que se viu privado das suas terras mais férteis e favoráveis à prática da agricultura; (2) Mineração - concede títulos de exploração de pedras e metais preciosos e de minas em gerall em Macequ gera Macequece ece,, Manica Manica;; (3) Construção  - portos e vias de comunicação, o que resulta na Development opment Corporation Corporation.. Esta, construção do Porto da Beira e Linha Férrea pela The Port of Beira Devel  para tal, instalou a Delegação do Serviço dos Negócios Indígenas para recrutar a mão-de-obra. mão-d e-obra.

Algumas considerações John MOFFAT, em 1888, faz um acordo com Lobengula, filho e sucessor de Mzilikazi (chefe dos Matabele), no qual sustentava que a Companhia Britânica da África do Sul (BSAC) foi autorizada pelo governo britânico a proceder a ocupação da Matabelândia e da Mashonalândia, e a vender terras aos colonos europeus e explorar os seus recursos minerais.

b) Companhia do Niassa   A 2ª Comp. Majestática (com privilégios de ocupação, administração e exploração da área ocupada), explorando 25% do território moçambicano (todo o extremo norte) desde 1891. Compreendia a área entre os rios Rovuma (norte) e Lúrio (sul), o Oceano Índico (este) e Lago Niassa (oeste). Portanto, a Companhia Compan hia do Niassa ocupav ocupavaa várias áreas deixa deixadas das pelo Estado português; todavi todavia, a, sem capitais

para investir e gerir toda essa extensão de terras, a companhia começou com uma máquina assente nas baionetas, sipaios e administradores . A resistência maconde foi uma das últimas da Companhia de Niassa. E com domínio dos macondes Portugal, em sinal de reconhecimento e 44 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e

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‘agredecimento' aos proprietários da companhia, concede-lhes privilégios magestáticos, por 35 anos; a companhia só se instala em Outubro de 1894. Ela obrigava os camponeses a cultivar   milho, arroz,

mexoeira, gergelim, feijão, mandioca, café, goma copal, urzela e cera  que levava para o sul de Moçambique. e Zanzibar; e também obrigava os camponeses a entregar à companhia marfim, pau preto e borracha que tivessem. A Companhia foi comprada por capitais franceses e ingleses. Não tinha muita capacidade financeira, razão pela qual passava de um accionista para outro: 1897-1913 - Ibo Syndicate; 1899 - Ibo Investiment Trust; 1909-1913 - Niassa Consolidated onde o consórcio bancário alemão adquiriu a maioria. Constituem um conjunto de empreendimentos económicos que arrendavam terras, ou do Estado colonial  português, ou da Companhia. Ocupavam-se apenas na exploração económica, reconhecia a soberania territorial de Portugal ou da companhia. Daí que não tinham os mesmos privilégios que as majestáticas. Desenvolveram Desenvo lveram não só o sistema de plant plantações, ações, mas às vezes podiam se ocupar da exploração da mãode-obra. Aqui a burguesia portuguesa apresentava-se como “agentes de autoridade” pois tinha muito  poder e influência.

a) Co Comp mpan anhi hiaa d daa Z Zam ambéz bézia ia  Fundada em Maio de 1892 e relíquia de Paiva de Andrade, ocupava as áreas de Chire, fronteira com Niassalândia e a futura Rodésia do Norte, entre Zumbo e Luenha. Ela nasce da fusão da Sociedade Socied ade dos Fundadores da Companh Companhia ia Geral da Zambézi Zambéziaa (1880) com a Central Afric Africaa And Zouthamberg Exploration Company. Explorava parte dos territórios da Zambézia e Tete ; foi uma das extensas companhias. Subjugou as companhias já existentes em Quelimane. Ela foi uma máquina de conquista de terras insubmissas do distrito de Tete e depois Quelimane, onde extraía o imposto de capitação (mussoco) e os trabalhadores para os trabalhos agrícolas . Nos seus  primeiros 10-15 anos, a Comp. teve actividades repressivas e predatórias. Com o progresso da “pacificação”, as terras altas de Quelimane e Angónia, depressa se revelaram como reservatórios de mão-de-obra importada para a África do Sul e depois para S. Tomé. Quelimane ia conhecer,  pelo menos, 5 a 6 novas companhias que iriam desempenhar um papel determinante no plano

económico económ ico (Compa. de Boror Boror,, Luabo, Compa Compa.. De Açúcar de Moç., Maganj Maganjaa Sociedad Sociedadee do 45

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Madal, Mad al, etc.). É de sali salien enta tarr qu quee a Co Comp mpa. a. da Za Zamb mbéz ézia ia nã nãoo ti tinh nhaa pr priv ivil ilég égio ioss po pois is er eraa concessionária.

b) Companhia do Boror Société du Madal - 1898; c) Société du Madal - 1904; d) Empresa Agrícola do Lugela - 1906 e) Sena Sugar Estates  - 1920, predecessoras: Companhia do Açúcar -1890 e Sena Sugar Factory 1910.

Algumas Considerações Trabalho Forçado  - o governo colonial português criou leis para forçar os moçambicanos a trabalharem na construção de estradas, edifícios, pontes e linhas férreas e nas plantações. A  primeira lei foi publicada em 1899: «..todos os indígenas têm a obrigação de trabalhar... Têm libe liberd rdad adee de es esco colh lher er a mane maneir iraa de cu cump mpri rirr es essa sa ob obri riga gaçã ção. o.....»» (A (AA. A. VV. VV. His Históri tóriaa de

Moçambique, Vol. II, UEM, Fac. De Letras, Dept. De História, Maputo 1983, p. 91)   O traba trabalho lho forçad forçadoo nas plan plantações tações da dass companhias companhias fez com que os produtores produtores em emigrasse igrassem m para áreas controladas pelo governos ou para áreas de companhias menos exigentes.

Xibalo - nome dado ao trabalho forçado no Sul de Moçamb Moçambique. ique. O Xibalo e o Mussoc Mussocoo (imposto de Ca Capi pita tação ção)) tiver tiveram am co como mo co conse nsequ quênc ência ias: s: pe pesso ssoas as que emig emigra ram m pa para ra países países vi vizi zinh nhos, os, especialmente para as minas da África do Sul ou para as grandes machambas das colónias inglesas das Rodésias e da Niassalândia, pois os ingleses e os sul-africanos pagavam-lhes salários mais altos. O governo colonial, ante esta situação, fez um acordo com a África do Sul: «...uma parte dos salá salári rios os dos dos mine mineir iros os mo moça çamb mbic ican anos os deve deveri riaa ser ser pa pago go em ba barr rras as de ou ouro ro ao go gove vern rnoo  português...».Neste salário era também descontado imposto de palhota dando apenas ao mineiro ou à família o que sobrava. Foi assim que Portugal ficou rico de ouro e libra, a partir de mineiros moçambicanos.

A administração Colonial Portuguesa em Moçambique 46

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Desde o séc. XVI, já já havia governadores em Moçambique que governavam algumas regiões. Daí que o território foi dividido em nove (9) distritos com nove governadores e depois em Conselhos

e Circ Circun unscr scriç içõe ões, s, ch chef efia iada dass po porr administradores. As cir circun cunscri scriçõe çõess foram foram subdivi subdividid didas as em Postos  chef chefia iado doss ta tamb mbém ém por adm admini inistra strador dores, es, aj ajud udad ados os po porr Régulos; estes  Régulos (1)  garantiam o controlo dos estranhos que entrassem nnoo regulado sem passe válido, válido, (2)  (2) cobrança de impostos de palhota, (3) mandar prender pessoas para o Xibalo e recrutar pessoas para as  plantações das companhias ou minas da África do Sul, (4) indicar os trabalhadores, carregadores car regadores e recrutas para o exército do governo português, (5) evitar o estabelecimento de negociações com British South Africa Company (BSAC) de Rhodes. Os  Sipaios ajudavam os régulos a prender   pessoas que recusavam o pagamento do imposto de palhota. palhota.   Pela Pela Reforma Administrativa Ultramarina de 1933, a administração local ficou sujeita ao manda ma ndato to efe efect ctiv ivoo de Li Lisbo sboa, a, asseg assegur urand ando-s o-see as assi sim m os in inte tere resse ssess da bu burgu rguesi esiaa po port rtug ugues uesa. a. Estabel Est abeleceece-se, se, pela pri primei meira ra vez vez,, um regime de Inspecçõ Inspecções es Admini Administracti stractivas vas, com o fim de verificar o grau de cumprimento dos regulamentos vigentes. As informações recolhidas pelas insp inspec ecçõ ções es admi admini nist stra rati tiva vass pr prop opor orci cion onar aram am ao Mi Mini nist stro ro da dass Coló Colóni nias as o co cont ntro rolo lo do doss administradores e a tomada de novas medidas necessárias à administração local.

Ascenção do Regime Salazarista em Portugal   O Estado Novo, saído do golpe de Estado de Maio de 1926, em Portugal, ganhou vulto a partir de

1930 e solidificou-se em 1932, com a chamada de Salazar, então Ministro das Finanças entre 1928 e 1932, para a presidência do Conselho. O governo de Salazar surgiu como uma componente agrária muito forte. Teve a funçaõ de criar condições para consolidação da burguesia e acelerar a acumulação de capital, através da repressão dos trabalhadores e da intensificação da exploração colonial.

O “Estado Novo” Português (Naciolisamo Económico de Salazar) Até 1910 Portugal vivia a Monarqui Monarquiaa que foi substitu substituída ída pela República. Desde Abril de 1924-25 que Portugal saíra do golpe de Estado chefiado por Gomes da Costa, procura-se substituir a República; procura-se sanar a instabilidade política e económica consequência do golpe. É daí que 47

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se elege Salazar como chefe apropriado apropriado para tal. Contudo, só em 1930 que Salazar começa com o seu Nacionalismo Económico. Salazar implantando a ditadura (fascismo português) procura fazer um certo proteccionismo da economia quer de Portugal, quer das colónias. É assim que (1) começa a participar intensa e directamente nas plantações e na exportação da mão-de-obra para a África do Sul, (2) começa os cultivos culti vos obigat obigatórios: órios: tabaco, sisal, algodão, cana-de cana-de-açucar -açucar que nada interessava aos camponases, camponases, mas ao colonialismo português, (3) começa a controlar rigorosamente a saída da mão-de-obra para dela ter lucros vindos dos pagamentos deferidos.

O proteccionismo A reacção inicial dos países industrializados à crise mundial e, em particular ao desemprego, foi aumentar o grau de protecção das suas indústrias contra a concorrência estrangeira, proibindo importações de artigos manufacturados ou anerando-os com direitos alfandegários pesados e favorecendo, cada vez mais, as importações de matérias-primas das suas próprias colonias.   Em Portugal, a crise mundial de 1929-1934 reforçou a estratégia esboçada desde 1926 que consistia na (1) valorização dos recursos de Moçambique no interior da burguesia portuguêsa, através da (2) exploração directa e mais intensa da população moçambicana, (3) redução ao indispensável o uso de capitais nacionais e estrangeiras, (4) o governo evita grandes obras de fomento e a fixação dispendiosa de colónos, (5) aproveitando, mais e melhor, o camponês no trabalho constante da terra. A expressão real do “Nacionalismo Económico” português manifestou-se manifestou-se no Acto Colonial e na na Carta Orgânica do Império Colonail Português de 1930, que desenvolveram riogorosamente os  princípios já delineados em 1926. Ess Essaa legislação marcou o fim da autonomia formal da província de Moçambique, que passou a designar-se “Colónia”. O “ Nacionalismo Económico” centralizou

os poderes legislativos e financeiros nas mãos do Ministro das Colónias  (Saiilazar), e visava colocar Portugal a par das restantes potências colonizadoras, em termos de capacidade de dominar  os territórios ultramarinos.

BIBLIOGRAFIA GERAL  48 Sínt Síntes esee da Hist Histór ória ia de Mo Moça çamb mbiq ique ue desd desdee as Co Comu muni nida dade dess de Ca Caça çado dore ress e Recolectores Até a Implantação do Estado Novo. Por dr.MARCETA

 

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