teoria da arquitectura

September 7, 2017 | Author: Nuno Casola | Category: John Ruskin, Renaissance, Baroque, Arts (General), Science
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sumários e notas de aula da disciplina Teoria da Arquitectura do IST....

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Ana Cláudia Ramos_Nádia Albuquerque_Vanessa Formas

Teoria da Arquitectura História da Arquitectura VS Teoria da Arquitectura VS Crítica da Arquitectura A História assenta sobre factos, transformações, obras e autores e projectos, inseridos no contexto socio-cultural e numa ordem cronológica. O seu objectivo é perceber as influências de cada autor, o seu percurso e formação, e de que forma estes se relacionam com a evolução da própria arquitectura. Por outro lado a Teoria resume e relaciona a história, isto é, os temas, princípios, preocupações que influenciaram o pensamento e a prática da arquitectura. Os teóricos não necessitam ser arquitectos, mas precisam de uma base histórica, que lhes proporcione um centro de análise e reflexão teórica. Pensamento sobre a prática que acompanha o projecto e que concorre para uma melhor prática. Por último, a Crítica consiste na reflexão objectiva, que discerne valores, pós e contras, gera debates e avalia significados, percursos ou momentos da história. Avalia as bases de conhecimento da teoria, enquadrando-a nos momentos da história.

A História assenta sobre factos, obras e autores, inseridos no contexto socio-cultural e numa ordem cronológica. O seu objectivo é perceber as influências de cada autor, o seu percurso e formação, e de que forma estes se relacionam com a evolução da própria arquitectura. Os teóricos não necessitam ser arquitectos, mas precisam de uma base histórica, que lhes proporcione um centro de análise e reflexão teórica. Ao criar arquitectura não existem regras mas ideias. Como a de que o Mundo pode ser alterado para um lugar melhor, o pensamento de uma sociedade organizada para esse propósito. O Homem escreveu as primeiras utopias que jamais serão capazes de ser alcançadas. Entretanto o primeiro teorista do mundo ocidental foi Vitrúvio, durante a Antiguidade Clássica e mesmo na actualidade é considerada uma figura importante. Antes da descoberta dos escritos de Vitrúvio as pessoas não se interessavam pela arquitectura apesar de ter conhecimento dela. A escrita foi dividida em 10 partes sem imagens mas sabe-se que o original teria imagens pois refere-se a elas. A tendência era de resumir o original por isso é um problema sempre que se tenta fazer a comparação com as ruínas Romanas. Os problemas na arquitectura estão relacionados com a evolução natural do Homem, mas o assunto cidade continua a ter a mesma importância mesmo passando séculos.

Vitrúvio – Importância do Tratado de Arquitectura Vitrúvio viveu no século II a.C. A sua importância para a História da Arquitectura reside no legado de 10 volumes do Tratado de Arquitectura (o único tratado europeu no período

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greco-romano) que chegou aos nossos dias e serviu de fonte de inspiração a diversos textos sobre Arquitectura e Urbanismo, Hidráulica, Engenharia, desde o Renascimento. O tratado assenta sobre 3 princípios: Firmitas, Utilitas e Venustas (respectivamente: solidez / estrutura, utilidades / funcionalidade, beleza), que são considerados, até hoje, como os alicerces da Arquitectura. Sem a conjugação destes três princípios, isto é, se uma obra não for simultaneamente sólida, funcional e bela, então não seria arquitectura, seria apenas construção. O tratado contribui ainda com a definição de alguns conceitos fundamentais no mundo da arquitectura, tais como a Proporção (relação entre as partes), o Ornamento (elemento decorativo), o Cânone (ritmo / regra matemática) e a Simetria (eixo de equilíbrio formal). O tratado não só redefine o conceito de arquitectura, como também introduz o conceito de arquitecto, definindo-o como produtor educado, isto é, dotado de conhecimentos de diversos ramos do saber, mas também dominador de diversas técnicas do desenho e da construção, complementando desta forma, os conhecimentos teóricos com as experiências práticas da arquitectura. Não se pode omitir que, a falta de formação académica dos arquitectos à época - era um ofício aprendido pela prática com mestres-de-obras experientes - foi decisiva para o alegado "esquecimento" da obra do autor. A par desse motivo, argumenta-se ainda que, com a eclosão do gótico, o autor teria deixado de ser uma referência, uma vez que a sua obra não apresenta indicações ou referências ao emprego de abóbadas de cruzaria ou arcos apontados, a característica mais marcante da arquitectura do gótico Teoria VS Prática Segundo Vitrúvio, a prática da arquitectura é o exercício contínuo e regular de actividades em que trabalhos concretos são feitos com quaisquer materiais necessários, e de acordo com os projectos devidamente representados. A teoria, por outro lado, é a habilidade de demonstrar e explicar aquela hábil produção feita segundo os princípios das proporções.

Renascimento – Pensamento Humanista – Tratadístico (Redescoberta de Vitrúvio) O Renascimento foi um movimento cultural que marcou a fase de transição dos valores e das tradições medievais para a antiguidade clássica, o período greco-romano, durante os períodos do trecento, quattrocento e cinquecento. Itália (Florença, em particular) foi o centro irradiador deste movimento, que influenciou as artes, literatura, política, religião e ciência. Os primeiros passos do renascimento consistiram na imitação das formas clássicas (classicismo), trazendo de novo as ideias de proporção e do estilo das ordens jónica, dórica e coríntica. No entanto, também trouxe novas ideologias, tais como o pensamento humanista (humanismo), que deslocou o centro de todo o universo de Deus para o Homem

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(antropocentrismo). O Homem, como ser racional que era, seria capaz de descobrir todo o mundo sozinho, com o auxílio da ciência. O seu início deveria ser na escola, com a introdução de novas ciências no currículo, tais como: História, Filosofia, Línguas e Matemática (iluminismo). O Humanismo condenava a ganância da Igreja, a exploração das imagens e relíquias, o formalismo vazio dos cultos e a venda da indulgência. No mundo da arquitectura, não se desejava apenas imitar os clássicos. O mundo da tratadística também sofreu grandes revoluções. Propuseram-se cânones e o ordenamento do classicismo, durante os quais os 10 Volumes Da Arquitectura, de Vitrúvio, tiveram um papel fundamental. Foi Leon Battista Alberti que publicou o 1º Tratado da Arquitectura, no qual introduziu a importância teórica na arte do bem construir, definindo um corpus coeso entre a teoria e a prática. A teoria era o ponto de partida, e o arquitecto que melhor soubesse construir era aquele que a estudava. Também defende que a beleza é a arma do edifício, e que esta o irá defender de ser futuramente destruído. Sebastiano Serlio também publicou o seu tratado, os 5 Livros da Arquitectura. Neles incluiu desenhos técnicos dos seus antepassados e o conceito da perspectiva (introduzida como elemento de projecto). Serlio foi o primeiro e grande divulgador das ideias estéticas do renascimento, em Itália. Outro tratado foi o de Andrea Palladio, que seguiu o exemplo de Alberti e realizou a Teoria do seu próprio trabalho com os 4 Livros da Arquitectura. Palladio unia o intelecto à construção. Conseguiu introduzir o lirismo / poesia no rigor e antes de escrever os seus próprios livros, realizou ainda as ilustrações de Vitrúvio (cujos volumes recém-descobertos não traziam figuras), tendo ficado conhecido como o arquitecto que mais remontou à antiguidade. Guarino Guarini também realiza um tratado (que só foi publicado após a sua morte). Trata as abóbadas e os seus efeitos de luz, trabalhando as cúpulas com sistemas de diafragmas, que trazem a luz para o interior.

Leon Battista ALBERTI (1404-1972) “De Re Aedificatoria” Filósofo humanista , escritor, arquitecto e teórico do Renascimento artístico, Alberti é muitas vezes visto como um modelo do Renascimento " homem universal " . O primeiro teórico da arte humanista , Alberti pertencia a uma importante família florentina que tinha sido exilado de Florença desde 1387. Quando a família voltou para a cidade em 1429 Alberti teve acesso a grande arquitectura e arte da cidade, que estudou extensivamente. Alberti nunca recebeu uma educação arquitectónica formal. Suas ideias arquitectónicas eram produto de seus próprios estudos e pesquisas. Dois principais escritos de arquitectura de Alberti são " De Pictura " ( escrito em 1435 ), no qual ele declara enfaticamente a importância da pintura como uma base para a

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arquitectura, e " De Re aedificatoria " (escrito em 1450) sua obra teórica. Como de Vitruvius "Dez Livros de Arquitetura ", "De Re aedificatoria " foi subdividida em dez livros . Não era arquitecto mas fez muitos trabalhos no mundo da arte. Era um humanista no inicio da Renascença, tinha conhecimentos em Literatura e Filosofia, e carregava uma vontade de racionalizar e colocar tudo no lugar devido muito própria do eu tempo. Discípulo de Brunnesleschi. Escreveu sobre Escultura e Pintura e finalmente quis falar sobre Arquitectura, apesar de não ser um artista prático nessa área, depois deste tratado fez algumas obras. Alberti decidiu escrever um novo tratado seguindo e corrigindo o que Vitrúvio havia escrito e baseando-o no seu tempo presente. Organizou os 10 livros criando pela primeira vez uma unidade. Fala sobre a cidade e urbanismo. Não introduziu imagens porque não queria que estas conduzissem para um módulo que pudessem ser aplicadas como tipologias mas sim para o conteúdo ser reflectido como teoria. De Ae Eadificatoria é um tratado escrito em latim e direccionado para um público específico, é mais racional que o de Vitrúvio e mais ficado no conceito de Firmitas (necessidade), alterando ligeiramente o significado de; Utilitas (conveniência) e Venustas (prazer). Faz a diferença entre público e privado e 3 tipos de áreas relacionadas com a proporção (pequena, média e grande). Segundo Alberti, ornamento cria a beleza porém a beleza não é definida por um póstrabalho mas por um conjunto de conceitos e elementos estruturais. Cria uma discussão pois Alberti afirma que a beleza na arquitectura não é um complemento mas um princípio baseado na harmonia e proporção. Os edifícios deveriam ser construídos para servir a sociedade. A diferença essencial entre Alberti e Vitrúvio é que o antigo escritor conta como os edifícios foram construídos, enquanto Alberti está prescrevendo como os edifícios do futuro serão construídos. " De Re aedificatoria " permaneceu o tratado clássico sobre a arquitetura do século XVI até o século XVIII. Ele cobriu uma vasta gama de assuntos, da história ao urbanismo e engenharia para a filosofia da beleza. Cada livro de " De Re aedificatoria " foi dado um título de acordo com seus contextos variados como segue • Livro Um : Lineaments • Livro Dois : Materiais • Livro Três : Construção • Livro Quatro : Obras Públicas • Livro Cinco: Obras de Indivíduos • Livro Seis: Ornamento • Livro Sete : Ornamento para Edifícios Sagrados • Livro Oito: Ornamento para Seculares Public Buildings • Livro Nine: Ornamento para edifícios privados • Livro Dez: Restauração de Edifícios 1,2,3 – Desenho de Projecto | 4,5 – Tipologias | 6,7,8,9 – Ornamentos | 10 – Restauração

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Ornamentos: - Ele desaprova as estátuas e relevos, em vez de quadros com imagens, pinturas, ilustrações de contos ou paisagens; - Os ornamentos aberturas de janelas devem ser de Ordem Coríntia; - A entrada principal – Jónica; - Portas para salas (jantar, câmaras) deve ter ornamentos dóricos. Área: - A dimensão de cada área é um resultado da proporção ponderada entre o tamanho do telhado, o comprimento das vigas, a importância de todos os quartos; - Desenvolveu 3 tipos de área, cujas proporções são calculadas por rácios entre as duas dimensões da área, o comprimento e a largura; - Pequenas zonas - são aqueles cuja razão entre as dimensões são de 1:1, 2:3, 3:04 - Áreas médias - 02:04 , 04:09 , 09:16 - Grandes áreas - 01:03 , 03:08 , 01:04 Os três principais componentes da sua teoria da beleza são o número, o contorno e a ordem. Estas devem ser utilizadas de acordo com uma relação harmónica. Alberti apresenta uma nova visão da arquitetura : - Teoria escrita de futuras construções que sublinhar as necessidades dos cidadãos; - O arquitecto deve pensar e lidar com formas puras na prática artística, ele é quase um filósofo platónico; - Ele desenha planos para cidades ideais, é através desses projectos que ele leva em consideração as questões sociais; - Ele acredita utilitário é parte da beleza arquitectónica, e apreciar a solidez e a variabilidade da construção; - Ele acredita que os fundamentos da arquitectura são: o número, a razão e a ordem, e juntos eles formam simetria e harmonia, a beleza era para Alberti " a harmonia de todas as partes em relação uns aos outros".

Escritores; SÉC. XV vs SÉC. XVI A teoria da arquitectura começou a ser escrita no século 15 portanto no início do século 16 já estaria disponível uma herança considerável. Filarette, Alberti e Giorgio Martini (séc 15). Sérlio, Palladio e Vignola (séc. 16). Filarette propôs uma cidade nova que revelasse uma sociedade nova, com a cidade a definir o bom nas pessoas, mudar o mundo mudando o que lhe é construído. Alberti deu regras geométricas importantes para a construção. E Giorgio Martini falou sobre todo o processo da arquitectura; projecto, cidade e detalhes.

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O século 15 foi marcado pela teoria sem imagens ou modelos, evitando a criação de receitas para que tudo fosse adaptado. Já no século 16 a intenção foi diferente, os textos foram escritos em latim e direccionados para um público específico, apresentavam imagens, descrevem apenas o edifícios sem falar na cidade e classificaram o conceito de ordens clássicas. Sérlio e Palladio usaram modelos de Bramante porque achavam que era um modelo tão importante como a Idade Clássica.

Sebastiano SÉRLIO (1475-1554) “Tutte l’opere d’arquitecttura et prospettiva” Este tratado é composto por 7 livros, o sexto sendo o mais importante pois discute dois pontos de vista, a cidade e o campo. Apresentando vários modelos com diferentes soluções, baseados nos conceitos de proporção, espaço e ornamento. Não foram usadas imagens no tratado. Nascido em Bolonha, Sérlio foi para Roma em 1514, e trabalhou no atelier de arquitectónicos de lado por um tempo. Publicações de Sérlio atraíram a atenção da carreira de François I. Foi convidado pelo Rei Francês, para se pronunciarem sobre a construção e decoração do Château de Fontainebleau. Tratado sobre a arquitectura - A principal contribuição de Sérlio foi o seu tratado prático sobre arquitectura. Apesar de Leon Battista Alberti ter produzido o primeiro livro de arquitectura do Renascimento (c. 1450, publicado em 1486 ), Sérlio foi pioneiro no uso de ilustrações de alta qualidade para complementar o texto. Ele escreveu em italiano, alguns de seus livros que estão sendo publicados com textos paralelos em italiano e francês. Seu tratado debruçava-se explicitamente às necessidades de arquitectos, construtores e artesãos. Conteúdo - primeiro, definições de geometria compreendendo ponto, linha e ( quadrados) planos perfeitos , em segundo lugar, formas tridimensionais da Natureza representada através da teoria da perspectiva , em terceiro lugar , a personificação arquitectónica de forma perfeita, reflecte no Pantheon e os monumentos ' idealizados ' da antiguidade , em quarto lugar , as regras das Ordens , progredindo de Toscana para Compósita e a universalidade das Ordens em portas que compõem , lareiras e fachadas do palácio , o quinto, em sexto lugar , o uso das Ordens em projectos da casa (mais uma vez classificadosde forma ascendente de cabana a palácio) ; concluindo com o menor , sétima etapa com 'acidentes' ou problemas práticos que o arquitecto pode encontrar.

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Influência - Volumes de Sérlio foram muito influentes em França, Holanda e Inglaterra, como um transportador do estilo renascentista italiano e, rapidamente, tornou-se disponível em uma variedade de idiomas ESTRUTURA - Sempre usa desenhos para explicar. LIVRO I - A geometria é o suporte para todas as actividades (arquitectos, equipa-craft, carpinteiros...) LIVRO II - Perspectiva / Surfaces / Ponto de vista LIVRO III - Exemplos de boa arquitectura, com desenhos e medidas (casas, templos, palácios, termas, pontes...) LIVRO IV - Como construir com STONE / romana e as ordens gregas LIVRO V - Como construir templos nos velhos tempos LIVRO VI - Habitação comum na época LIVRO VII - Várias tipologias e cada aplicação (localização, que é o que ele, como construir)

Andreas PALLADIO (1508-1580) “I quattro livre de Architectura” A Grã-Bretanha foi dominada pela arquitectura de Palladio, e por isso têm também um movimento denominado Neo-Palladianismo, que é definido por modelos de casas. O tratado é dividido em 4 partes e discute assuntos como materiais, técnicas de construção e casas. Para Palladio todas as relações devem ser proporcionadas, na mesma casa o uso de diferentes tipologias e ordens que definem as diferentes funções. Introduz a questão sobre casas citadinas e villas, falando sobre as problemáticas com a saúde, água, sol, doenças, etc. Alguns dos exemplos de casas que exemplifica; City House (adaptada ao habitante, ventilação no centro da casa), Tuscan Atrio (com pórticos ao redor, poucas brechas, tentativa de aplicar a ideia de uma casa Romana), Corinthian Hall (colunas perto das paredes), Egiptian Hall (representadas como as basílicas). Tinha um conhecimento aprofundado em materiais de construção, pois foi aprendiz de canteiro, e relacionava-se com os grandes humanistas do norte italiano. Com as suas visitas a Roma, o seu domínio teórico da arquitectura foi sendo apurado, através das pesquisas arqueológicas aprofundadas, que depois se traduziram por desenhos de arquitectura. A obra de Sérlio, pela qualidade das ilustrações, foi a que antecedeu a obra Os Quatro Livros de Palladio. Aqui, ele explora também o efeito sugestivo das ilustrações, mas de forma mais rigorosa que Sérlio. As ilustrações de Palladio sobre edifícios apresentam-se sobre a forma de planta, corte e alçado, em projecção ortogonal (sem perspectiva), utilizando as suas obras para exemplificar o seu tratado.

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A Villa Palladiana A arquitetura de Palladio é uma síntese entre os altos voos do idealismo social de seu tempo com uma preocupação de atender às necessidades práticas de habitabilidade como a base de um bom projecto, aliando funcionalidade, conforto e estabilidade com a beleza e um simbolismo significativo. Nisso ele era um claro continuador de Vitrúvio, que recomendava ao arquitecto obter de um edifício firmitas, utilitas e venustas (solidez, utilidade e beleza). Tendo como base a espessura das paredes ele determinava todas as dimensões da casa usando proporções derivadas de consonâncias musicais, e dispunha os aposentos de acordo com coordenadas modulares. As mesmas preocupações de integração total entre espaços, funções e estética norteavam suas ideias urbanísticas, e dizia que "a cidade não seja mais do que uma grande casa, e que a casa seja uma pequena cidade". Palladio organizava a planta de modo a associar organicamente ao corpo principal da casa, outras dependências para armazenagem de equipamentos e da produção agrícola, formulando um modelo geral que se tornou sua marca registrada, onde, usando um número de elementos formais relativamente limitado, conseguia criar soluções elegantes e de enorme variedade, e empregando materiais econômicos. A villa palladiana é inovadora porque, segundo Pevsner, "pela primeira vez na arquitectura ocidental paisagem e arquitectura foram concebidas como pertencendo uma à outra. Aqui pela primeira vez os principais eixos das casas se prolongam para dentro da natureza, ou, alternativamente, o espectador contempla a casa como o coroamento da vista paisagística".

Barroco – Perrault O estilo Barroco é distinguido pela sua libertação espacial e libertação mental no que diz respeito às tratadísticas, convenções, cânones e geometria elementar. Ocorre uma libertação explícita da simetria e da distinção de espaço interior e exterior. Por estas razões, o barroco assume um estado psicológico de liberdade dos clássicos, ocorrendo sobretudo nos países católicos, já que a sua grande aplicação eram as igrejas. No entanto, este estilo predominou em França, e não em Itália, por exemplo. Ainda que pertença ao período do Renascimento, o estilo Barroco já demonstra um desapego pelos clássicos, inovando em toda a sua nova estética construtiva. Para valor plástico de primeira grandeza, o barroco utiliza a escala e efeitos volumétricos, tais como uma mistura de volumes lineares, côncavos e convexos. Exemplos de arquitectos barrocos são Borromini, Mansart e Perrault. Exemplos de obras barrocas são: o Palácio de Versailles e a fachada do Palácio do Louvre.

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SÉC XVII, França Guerra entre Tradicionalistas e Modernistas, mas não podemos mencionar um sem falar do outro. Foi um assunto altamente discutido na Academia Francesa. Blondel era uma pessoa académica, e por isso tentou ensinar e definir uma arquitectura baseada em regras gerais de instrução. Por outro lado Perrault era uma pessoa mais humanizada, traduziu e comentou o tratado de Vitrúvio, procurou inspiração na Antiguidade Clássica rebuscando conceitos, porém acreditava no desenvolvimento da arquitectura num tempo diferente.

François Blondel e a Distinção entre os Clássicos e os Modernos – a concepção racionalista da arquitectura e a sua importância para a arquitectura de inícios do século XX “Le Cours de d’Architecture” François Blondel nasceu numa família de arquitectos, cujos ensinamentos eram transmitidos de geração em geração. Para França, Blondel vai procurar o classicismo a Itália, de forma a aprender o módulo repetível e poderem-no aplicar em palácios e praças reais francesas. Opondo-se à Escola Real de Arquitectura, Blondel funda uma nova escola privada, na qual baseia o seu curso na cópia de obras-primas da antiguidade. Ensina os ideais do classicismo: ordem e proporção, e acaba por se tornar no primeiro teórico do Neoclassicismo. O Classicismo nasce assim no século XVIII, tendo por base o Iluminismo e o interesse renovado pela cultura clássica da antiguidade, usufruindo dos seus princípios da moderação, equilíbrio, proporção e idealismo contra os excessos dramáticos do barroco. É então, um revivalismo do movimento do classicismo para reagir ao barroco e rococó. Voltam-se a utilizar materiais nobres, como os mármores, granitos e madeiras; formas geométricas regulares; uso da abóbada de berço e de cúpulas; frontões triangulares; decoração de carácter estrutural, ou de relevos clássicos (em estuque); plantas organizadas de forma racional e geométrica. Exemplo: Panteão de Paris.

Escreveu um tratado onde se mostrou defensor dos modos clássicos, apresenta modelos de beleza e perfeição conseguidos através do trabalho matemático das proporções. A Beleza era conseguida pela euritmia, simetria e/ou analogia, e tudo aquilo que partisse do conhecimento nas regras e ordens de proporção.

Claude PERRAULT (1613-1688) Arquitecto, doutor e biólogo. Traduziu os 10 livros de Vitrúvio e acreditava que as ideias proviam das experiências e sensibilidade individuais.

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Para Perrault a Beleza tinha duas vertentes; Positiva (intemporal, permanente, transmite a função do edifício) e Arbitrária (temporária, é relativa de tempo para tempo e de individuo para individuo). A Beleza não depende da imitação, e a ornamentação deve ser utilizada no objectivo de alcáçar uma funcionalidade, mas a Beleza não se alcança somente com ordem na proporção (tal como pensava Vitrúvio). Criou módulos de ordens arquitectónicas para França.

Ambos autores tinham opiniões diferentes sobre o conceito de Beleza; BLONDEL Antiguidade Suporte e imitação da Antiguidade Simetria como ponto fulcral Beleza (proporção)

PERRAULT Moderno Correcção e Desenvolvimento da Antiguidade Simetria como um de vários meios Beleza (experiência/hábitos)

SÉC XVIII, França A Escola Politécnica surgiu como um novo tipo de educação, fundada por Napoleão depois da Revolução Francesa, portanto o ensino era diferente das Escolas Académicas. Iniciou-se a divisão entre Arquitectos e Engenheiros. A racionalidade da função e proporção eram a base desse novo pensamento politécnico, o início da estandardização e modelos. Os edifícios eram apresentados por tipologias, esquemas de divisão interior das paredes por tipos (método Durand), e por funções. Um módulo que poderia ser aplicado através do estudo das diferentes tipologias. Esta racionalidade foi uma consequência do pensamento engenheiro. Exemplo; Edifícios políticos (Neo-clássicos) e Igrejas (Góticas).

Jacques-François BLONDEL (1705-1774) Professor. Define arquitectura como a arte de construir e caracteriza 3 tipos (civil, naval e militar). Assim como separava visualmente; masculina (simples, estilizada) e feminina (ornamentada). Para Blondel, o sobrinho, a decoração é a parte mais interessante da arquitectura, porque através da mesma é possível a distinção individual dos autores. Introduz um novo conceito de habitação, a privacidade, que se baseia numa vontade de limitar os espaços seguindo a funcionalidade e necessidade. É conseguido numa relação entre os quartos e um corredor interior.

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Sobrinho de Jean-François Blondel (1683-1756), arquitecto de Rouen e importante teórico. Antes de 1740, não havia escola em Paris, onde um jovem arquitecto se poderia formar, e aprender tudo o que necessita sobre, o desenho de Arquitectura, o ornamento e Perspectiva, Matemática, e finalmente todos os detalhes a respeito da construção em dos prédios. Era necessário que ele se mudasse sucessivamente de diferentes mestres para ensinar a cada um esses objectos de estudo da Arquitectura. Ele dividiu a arquitectura em: -masculino arquitectura, que é forte, simples na composição geral em, depurado de detalhes de seus ornamentos, projectado para os mercados públicos, hospitais, edifícios militares. -feminino arquitectura de expressão exibe-se por meio da proporção, da ordem jônica, mais ingénuo, encantador. Pode ser aplicadas adequadamente para a decoração exterior de uma casa. Decoração - quatro tipos gerais de DECORAÇÃO : - De fachadas - De apartamentos - De jardins - De teatros ; Decoração é a parte mais interessante da Arquitectura. As suas duas palavras-chaves são o embelezamento e o caracter. Isto relaciona-se com a teoria do caracter, que caracteriza cada edifício e que mostra o objectivo deste. É importante para o arquitecto a utilização da decoração com um sentido de uno e harmonia. Blondel diz que para a relação entre o exterior e o interior tem que contribuir para a leitura e distribuição dos espaços do edifício. Ideias inovadoras/interessantes - A criação de privacidade nos espaços domésticos, contribuíram para o desenvolvimento do conceito de arquitectura-sociedade. “Espaço doméstico público” é singularmente apropriado para um determinado tipo de habitação francês do século XVIII. Blondel tinha desenvolvido o conceito do zoneamento (divisão do espaço em actividades que são funcionalmente e socialmente compatíveis), e tinha usado para introduzir um nível de privacidade previamente desconhecida na arquitectura residencial francesa. Daqui vem também a separação entra espaços de serviços e espaços servidores.

Giovanni Battista Piranesi Giovanni Battista Piranesi viveu durante o século XVIII e além de arquitecto italiano, foi também um grande gravurista, teórico, e também ficou conhecido pela sua vertente humanista. Apreciava particularmente a perspectiva dramática com interesse na arquitectura neoclássica. Ainda jovem, foi a Itália estudar os clássicos e também conheceu a arquitectura barroca. Desenhava essencialmente interiores de palácios e de prisões, de estilo neoclássico. 11

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Os desenhos e gravuras de Piranesi influenciaram o estilo de diversos artistas e personagens da literatura da Idade Moderna. Muitos dos desenhadores neoclássicos e escritores do baixo romantismo reorganizaram a sua eclética visão do mundo que os precedeu. Piranesi inaugurou o seu atelier, o qual prosperou na Roma, tornando-se mesmo «cartão de visita» da cidade.

Iluminismo – Academia – Enciclopédia O Iluminismo surgiu em França, no final do século XVII, contra a teoria teocêntrica, na qual Deus era considerado o centro do universo. O iluminismo defendia uma via de pensamento racional, baseado na experiência e no conhecimento das ciências. Defendia que as crenças religiosas e míticas bloqueavam a evolução do Homem, que só seria possível baseada em factos e provas. O Homem deveria ser o centro (antropocentrismo) e como tal, devia basear a sua existência em procurar respostas a questões que, até à altura, só tinham sido justificadas pela fé. O iluminismo teve o seu apogeu no século XVIII, que por essa mesma razão ficou conhecido como o “século das luzes”. O desejo de aprender as novas ciências, tais como História, Filosofia, Línguas e Matemática, desencadeou uma viragem nas Academias, que além de introduzirem estas novas ciências nos seus cursos, também revolucionaram o modo de ensino teórico para uma vertente prática, na procura de experiências e factos da história. Este desejo de procura originou o desenvolvimento de outras ciências, tais como a Medicina. A Primeira Enciclopédia (francesa), criação original que pretendia reunir todos os conhecimentos apreendidos pelo Homem até então, acabava por divulgar muito mais do que os conhecimentos, isto é, acabava por demonstrar à população uma nova forma de pensar e uma nova fé, que não a religiosa. Como tal, a sua publicação foi censurada e proibida pelo rei e pelo papa, levando 21 anos a ser concluída (1751). Esta enciclopédia, realizada por Diderot e D’Alembert esteve na origem da revolução intelectual que ocorreu durante o século XVIII. É Quatremère de Quincy que escreve, na enciclopédia, a primeira entrada para “Arquitectura”, em 1825.

Estandardização – Jean-Nicolas-Louis DURAND (1760-1834) “Précis des leçons d’Architecture” Arquitecto e professor que teve uma educação entre engenharia e militar, foi o último teorista da Era Clássica. Pretende não a cópia mas o entendimento dos modelos da Antiguidade Clássica antes do seu uso. Discute no tratado assuntos como a Cidade, Edifício Público, Edifício Privado. E tal como Vitrúvio propõe os conceitos de Economia, Conveniência e Utilidade.

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Jean Nicolas Durand viveu em França, durante a segunda parte do século XVIII e a primeira do século XIX. Durand foi pioneiro na construção modular, usando formar puras, bastante depuradas, uma nova arquitectura revolucionária. Durand trabalhava segundo uma funcionalidade de edifícios (pública), ao invés do seu estilo. O seu interesse pela introdução do módulo na arquitectura surgiu das consequências da Revolução Francesa. Após o seu término, passou a ser necessário uma arquitectura de construção corrente, económica e rápida, e não extraordinária, como a unidade de quarteirão estandardizada. Durand imita ainda o ideal de beleza clássica, mas procura uma beleza singular que se possa tornar repetível, como ocorreu em Portugal, na Baixa Pombalina. Para Durand o espaço que proporciona a circulação perfeita seria um pátio central ou um átrio que teria os quartos e salas dispostos à volta. São relevantes a orientação do sol (este – bom, norte – mau), o percurso à volta da casa sem cruzar nenhum espaço, saúde e salubridade, no piso térreo ficariam a cozinha e todo o espaço funcional. Fala sobre duas casas exemplo; Casa do Campo (usa o exemplo dos Gregos e Romanos, espaços confortáveis, os espaços no interior do edifício com diferentes funções eram separados por diferentes tipologias) e Casa da Cidade (descreve 2 tipos (rua e jardim) mas ambos têm várias disposições de espaço, a cozinha e serviços são dispostos no piso térreo mas separados entre si).

Neoclassicismo Arquitectura Utópica: Durand A Arquitectura Utópica foi uma das manifestações do neoclassicismo. Os seus autores foram Louis Étienne Boullée, Claude Nicolas Ledoux e Jean Nicolas Durand. Assentando essencialmente sobre a forma do cubo e da esfera, realizam projectos de uma enorme escala. As propostas (utópicas) tornaram-se impossíveis de se realizarem, por razões financeiras, estéticas e técnicas.

A ideia da Utopia é a de criar um cenário ideal, uma proposta dos autores de modo a mudar a sociedade para melhor. A relação entre o pensamento da Cidade no Séc 18 de Thomas More em comparação com o Classicismo de Filarette é que ambos desejavam objectivos diferentes mas acabariam por ter uma consequência em comum. More desejava uma sociedade melhor, e para isso criou o que pensou ser a cidade ideal, já Filarette desejava criar a cidade ideal, e consequência disso seria uma sociedade melhor.

Étienne-Louis BOULLÉ (17728-1799) Pupilo de Jacques-François Blondel, céptico dos conceitos de Vitrúvio (firmitas, utilitas, venustas).

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Para Boullé a arquitectura é composta por; simetria, regularidade, formas variadas, proporção, carácter. Sendo a simetria e variedade as regras de ouro. Inspira-se nas formas geométricas clássicas, era um visionário no tratamento que dava aos seus edifícios públicos (Biblioteque du Rois). Foi como teórico e professor da École Nationale des Ponts et Chaussées , entre 1778 e 1788 que Boullée causou impacto, desenvolvendo um estilo geométrico e abstrato, inspirado nas formas clássicas. Sua característica principal foi remover toda ornamentação desnecessária, aumentando as formas geométricas para uma escala imensa e repetindo elementos como colunas de forma colossal. Boullée promoveu o conceito de fazer a arquitectura expressar seus propósitos, o que levou seus detratores a chamá-la de architecture parlante, mas que se tornou um dos elementos essenciais da arquitetura de Belas Artes no século XIX. A grandiosidade em seus desenhos levou a que ele fosse caracterizado como visionário e megalomaníaco. Mas seu uso da luz e da sombra era inovador e influenciou arquitectos de várias épocas.

Movimento Moderno O Movimento Moderno iniciou-se na primeira metade do século XX, com William Morris e o seu desenvolvimento das Arts and Crafts, ao tentar reformar a sociedade através de uma nova visão de Design. Defendia a simplicidade ao invés do luxo, a responsabilidade moral dos designers na produção de objectos de qualidade, e o design como produtor de mudanças sociais e instrumento democrático. A atitude de designers e arquitectos, face à industrialização, alcançou mudanças a nível da funcionalidade dos objectos, e nos métodos e nas orientações teóricas de produção artesanal. Novos desafios foram ultrapassados na indústria com a Arte Nova, através de Van de Velde e Mackintosh, que introduziram mudanças nas formas geométricas, nas construções graciosas de planos verticais e horizontais, determinaram a escassa ornamentação e a redução da cor ao branco, preto e cores pastel. Van de Velde cria ainda a escola moderna mais conhecida, mais tarde chamada Bauhaus (que unificava o sentido da arte e da técnica); e a entidade de produção alemã Deutsher Werkbund, cujos principais objectivos eram: inventar, discutir e divulgar. A sua obra mais marcante foi o Weissenhof Siedlungen, em Stultgart (1927).

John Ruskin, Viollet-le-Duc – a verdade arquitectónica, as memórias e o património, preservação / restauro, as leis naturais dos materiais e as técnicas de construção moderna. John Ruskin, que viveu durante o século XIX em Inglaterra. Foi o líder filosófico do Movimento Arts and Crafts, que defendia a preservação dos monumentos históricos. Introduziu o desenho de observação como processo de conhecimento. O seu papel foi 14

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bastante importante na defesa do património, contribuindo para a definição do termo como algo imaterial, algo a preservar, ao invés de destruir. Viveu durante o período da Revolução Industrial, mas era devoto às construções do passado, pregando o total e absoluto respeito à matéria original das edificações. Ruskin lutava contra a industrialização das obras, a favor da cultura tradicional. Ruskin acreditava que, ao conservar a arquitectura do passado, que expressava determinada arte e cultura, entenderíamos a relação existente entre os estilos arquitectónicos e as técnicas construtivas de épocas diferentes, podendo chegar à verdade arquitectónica de cada estilo; utilizando a história dessas construções como veículo de comunicação dos processos de desenvolvimento cultural. Manter vivo o testemunho cultural do passado no quotidiano da cidade, possibilita a que a população identifique marcos referenciais de identidade e memória nos monumentos históricos e nos espaços urbanos. O pensamento de Ruskin vincula-se ao Romantismo, movimento literário e ideológico (final do século XVIII até meados do século XIX), e que dá ênfase a sensibilidade subjectiva e emotiva em contraponto com a razão. Esteticamente, Ruskin apresenta-se como reacção ao Classicismo e com admiração ao medievalismo. Na sua definição de restauração dos patrimónios históricos, considerava a real destruição daquilo que não se pode salvar, nem a mínima parte, uma destruição acompanhada de uma falsa descrição. Escritos - "Podemos viver sem a arquitectura de uma época, mas não podemos recordá-la sem a sua presença. Podemos saber mais da Grécia e de sua cultura pelos seus destroços do que pela poesia e pela história. Deve-se fazer história com a arquitectura de uma época e depois conservá-la. As construções civis e domésticas são as mais importantes no significado histórico. A casa do homem do povo deve ser preservada pois relata a evolução nacional, devendo ter o mesmo respeito que o das grandes construções consideradas por muitos importantes. Mais vale um material grosseiro, mas que narre uma história, do que uma obra rica 21 e sem significado. A maior glória de um edifício não depende da sua pedra ou de seu ouro, mas sim, do fato de estar relacionada com a sensação profunda de expressão. Uma expressão não se reproduz, pois as ideias são inúmeras e diferentes os homens; segundo os objectos de diferentes estudos, chegar-se-ia a inúmeras conclusões. A restauração é a destruição do edifício, é como tentar ressuscitar os mortos. É melhor manter uma ruína do que restaurá-la." Legado - A influência de Ruskin vai além do campo da história da arte. Como pensador social é preocupado com a arquitectura, o operário, a indústria, os ofícios e o arquitecto. Reflecte sobre a cultura, a ética, a moral, os assuntos sociais e a organização da sociedade socialismo cristão “Sete lâmpadas da arquitectura” (1849) e “Pedras de Veneza” Neste primeiro livro defende uma perspectiva sobre a arquitectura ligada a um contexto social, moral e ético, procurando compilar os deveres de um bom arquitecto: 1) Sacrifício Dedicação do homem para com Deus, expressão clara de obediência ao criador. Remete para os ideais góticos.

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2) Verdade As principais características da arquitectura devem ser a verdade/honestidade entre a estrutura e o uso dos materiais. Este uso honesto relaciona-se com o gótico. Vemos a estrutura, nada a cobre, ela própria assume-se como o elemento decorativo e estrutural do edifício. 3) Poder Capacidade dos edifícios de mostrar uma naturalidade sublime, com base no esforço físico do homem. Identidade forte. 4) Beleza Aspiração de que todos os edifícios deveriam ter para alcançar Deus através da ornamentação: elementos da natureza como inspiração principal. 5) Vida O edifício deve ser feito por mãos humanas, por” macones” e “stone carvers”. Construção do homem pondo o seu trabalho na dedicação a Deus. 6) Memória O edifício deve respeitar a cultura. Não é um corte com o passado, é uma continuidade. Restauração, filosofia de Ruskin. O contrário da destruição, olhando para a teoria de Viollet-le-Duc. Não deveríamos destruir mas respeitar todas as eras, reconstruindo. 7) Obediência Ele rejeita a originalidade e a inovação. Ruskin respeita a história, defendendo a ausência de um corte/ruptura. Ao fazer uma intervenção numa pré-existência é preciso respeitar a cultura e não construir algo original só porque sim. É necessário dialogar com as memórias pois, só assim, o arquitecto descobre novos materiais e técnicas que lhe permitem evoluir, num processo lento de aprendizagem consciente da memória. Ideias de Ruskin:  Apesar da sua crítica ao restauro (iguala à destruição), Ruskin não advoga um novo início da arquitectura. Pelo contrário, sublinha que os estilos existentes bastam para as necessidades da sociedade contemporânea. 

“Não queremos um novo estilo de arquitectura” – apenas cada estilo arquitectural deve passar a prova da lâmpada da “verdade”, para poder ser aceite como estilo universal. Isso sucede quando procede: a. Da natureza do homem, ou seja, das suas faculdades artesanais. b. Das leis naturais dos materiais de construção utilizados, isto é, de uma utilização conforme à natureza do material. c. Sinceridade e amor pela verdade no domínio da construção Exemplo: um pilar que não suporte nenhuma carga torna-se um malefício tão condenável como imoral.



Privilegia sobretudo os materiais tradicionais, tais como a pedra e a madeira, enfatizando que a preparação de novos materiais é susceptível de alargar as possibilidades da arquitectura.



Considera o Gótico como o único estilo não-dogmático, que o torna um modelo para o presente. O gótico não sofreu influência de nenhuma estilo anterior, nem de qualquer norma estética, submetendo-se sempre as necessidades práticas, mesmo quando se teve de afastar de dogmas como a simetria. È a flexibilidade deste estilo que o torna universal, e garante a medida máxima de consciência moral e social.

Viollet-le-Duc também viveu no mesmo século. Introduziu o trabalho de restauro, interessado em manter a memória de outras culturas através da preservação do património. 16

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Além de inventor e teórico de arquitectura, também foi restaurador. Nos seus processos de restauro, utiliza novas técnicas de construção moderna, tais como o uso do ferro, em vez da pedra, e o sistema modular (inicialmente aplicado nos caminhos de ferro). Presenciou o Movimento das Arts and Crafts, e pela sua influência introduziu o novo conceito de design global, que se pode adaptar à actualidade e a todos. Foi o pai do “estilo”.

Violet-Le-Duc (1814-1879) Viaja para Itália por 16 meses estudando Arquitectura, de volta à França foi inspirado pelo Gótico. A maioria do seu trabalho foi de restauração do estilo Gótico, onde apresenta ilustrações com detalhes e técnicas. Para Violet-le-Duc o Estilo era algo temporário que desenvolvia com o tempo. “Perception of Restauration”, técnicas da Antiguidade evitando os erros, preservação da materialidade e durabilidade, construções medievais. “On the construction of Religious Buildings in France”, no ano que restaura Notre Dame, é um dos seus melhores trabalhos teóricos, fala sobre a Revolução Industrial, Revolução Francesa e Iluminismo. Restauração – é a rejeição de qualquer desenvolvimento na arquitectura, desde o séc. 16 todos os estilos deixaram de ser originais e lógicos, faziam revivalismos do Gótico mas não respeitavam a Renascença como revivalismo da Antiguidade Clássica. Conhecimento do estilo antes da intervenção, peça final deverá prevalecer somente o estilo original, as alterações posteriores que não têm concordância com o estilo inicial são desvalorizadas. “Lectures on Architecture”, escreveu para que assim pudesse ensinar os seus alunos alguns assuntos teóricos sobre a arquitectura. Debates intensos sobre arquitectura, comparação entre conservadorismo e ingenuidade na arquitectura. Vê restauração de edifícios medievais como recriação e Arquitectura como uma tradução social, económica, técnica, científica e artística (ex: Catedral como o mais perfeito exemplo de identidade de alma da Nação). O estilo mais importante para si é o gótico pela combinação perfeita da técnica com os materiais e o edifício que atinge Deus (através da sua altura), ou seja, a agregação de conceitos como religião, contexto social e artístico e técnica. Só o estilo gótico soube simultaneamente ultrapassar as estruturas teocráticas e valorizar a nação francesa. Atenção ao uso e exploração dos materiais. Quando restaura um edifício não faz uma reconstrução mas sim uma recriação, com base nos conceitos identificados, o ideal gótico. Atenção aos detalhes da construção e organização do espaço interior. Princípios que os modernistas deviam seguir, em oposição ao lado decorativo. Era um homem anti-académico, porque para além da proposta da cópia gótica ele tinha de considerar temas como a atenção à forma como os materiais eram explorados, na 17

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construção do detalhe, e em como os espaços eram organizados – arquitectura com alguma complexidade, preocupado com o pormenor. A sua base teórica assenta acima de tudo no seu profundo conhecimento da construção e da técnica construtiva medievais que adquiriu no decurso dos seus anos de arquitecto-restaurador. Viollet-le-duc pôs em causa os valores estabelecidos da arquitectura do seu tempo: Gótica contra Clássica, construção contra decoração, verdade contra mentira, progresso contra academismo, técnica de engenheiro 20 contra a arquitectura de arte. E era precisamente nesta opção polar que residia o potencial de reflexão e discussão do movimento moderno. (Foi responsável pelo restauro da Notre-Dame). “Para mim a restauração é restabelecer um edifício para se tornar em algo que pode nunca ter existido no tempo.”

William Morris – a beleza moral William Morris viveu durante o século XIX, em Inglaterra, e a sua importância deve-se ao seu desempenho como um dos fundadores do Movimento Arts and Crafts. Morris notabilizou-se como designer têxtil e artista. Trabalhou ainda num atelier de arquitectura (vernacular), ao qual vai encomendar a sua casa (Red House). O desejo de Morris consistia em conceber objectos belos a preços acessíveis, ou mesmo oferecidos, para toda a população; no entanto, na realidade conseguia apenas desenhar objectos extremamente caros, que só podiam estar ao alcance de uma minoria da população. Durante o seu desempenho no movimento Arts and Crafts, Morris evitava a produção industrial barata de artes decorativas e de arquitectura, favorecendo um retorno ao artesanato; e elevando os artesões à condição de artistas. Para Morris, a beleza não deveria ser vendida, mas disponibilizada gratuitamente àqueles que a sabiam apreciar.

William Morris (1834-1896) VS John Ruskin (1819-1900) Arts and Crafts John Ruskin – Teoria. Educado pelo seu pai, bolsa de estudos em escrita. “The 7 lamps of Architecture”, 1 (sacrifício), 2 (verdade), 3 (poder), 4 (beleza), 5 (vida), 6 (memória), 7 (obediência). Contra a industrialização e estandardização, tinha um espírito romântico. “The Storms of Venice”, sem preocupações com a técnica, mas sim com a textura do resultado final, venera a arquitectura de Itália. É totalmente contra a Industrialização, porque explora os trabalhadores e retira a qualidade, alma e carácter. Preocupação maior no processo do

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trabalho mais do que da peça final. Não existe uma obra de arte mas sim uma cadeia de deveres. William Morris (1834-1896) – Prática. “Pre-Raphaelite Brotherhood”, O único trabalho de arquitectura que tem é a sua Casa Vermelha em Londres, onde trabalhou todo o mobiliário manualmente. Existe um paradoxo, pois a Inglaterra pioneira na Industrialização, também é pioneira do movimento anti-estandard. Um movimento contra o progresso porque desejava manter a herança e manufactura, bastante radical e socialista. Não necessariamente realistas pois queriam manter as coisas tal e qual como eram.

Gottfried Semper (séc. XIX) Gottfried Semper (29 de novembro de 1803, Hamburgo; 15 de maio de 1879, Roma) foi uns dos arquitectos alemães mais significativos do século XIX. É junto com Taine, o outro grande expoente da repercussão positivista sobre a concepção da arte e de sua evolução histórica. Semper foi arquitecto teatral de Richard Wagner na Viena da segunda metade do século XIX. Aqui projecta a Burgplatz exterior com a intenção de unir o palácio Hafburg com os Museus de História Natural e de História da Arte. Também foi co-fundador do South Kensington Museum, projecto que pretendia unificar arte e indústria. Em todos casos vemos que na sua prática arquitectónica, Semper estava relacionando a gerência de museus, as ciências naturais e a técnica, todos eles âmbitos positivistas. - Tinha a ideia de uma obra total. - Na vontade de associar arte e técnica, ele viajou para Londres, para encontrar semelhanças. - Privilégio da forma racional, simbólica, tradução de um momento específico ou contexto. A arquitectura da forma como característica de um período ou época (forma = símbolo de um período). Imagem de um contexto (económico, artístico,…). A forma é simbólica pois é a imagem de algo, de uma ideia ou intenção. - O momento histórico mais importante, para ele, foi o Renascimento. - Ele era um homem revolucionário, participando em Dresdeu, em vários trabalhos civis e políticos. A arquitectura era também considerada uma revolução e podia contribuir para transformar o ambiente político. --> Não foi só Le Corbusier que falou em “Arquitectura ou Revolução?”

Ornamento é Crime – Adolf Loos (Séc. XIX) Adolf Loos foi um notável arquitecto, nascido a 10 de dezembro de 1870 em Brno, na República Checa, tendo exercido durante largos anos a sua profissão na Áustria, onde morreu, em Kalksburg(hoje pertencente a Viena), no dia 23 de agosto de 1933.

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Dentre seus trabalhos, destaca-se o projecto para o Chicago Tribune, realizado em 1922, quando trabalhava com Louis Sullivan, e que consiste numa enorme coluna dórica assente sobre uma base cúbica. Em 1908, escreveu o ensaio/manifesto intitulado "Ornamento e Crime", no qual criticava o uso abusivo da ornamentação na arquitectura europeia do final do século XIX. Loos acreditava que "quando uma cultura evolui, ela gradativamente abandona o uso do ornamento em objectos utilitários". Segundo alguns críticos, "esta guerra contra o ornamento e a decoração esconde uma lacuna ideológica no modernismo: a falta de uma base cultural (...) O modernismo procurou deliberadamente destruir todos os vínculos e reminiscências da arquitectura histórica". Segundo os ideais do movimento moderno que excluíam o ornamento, o arquitecto que ficou mais conhecido por rejeitar esse ornamento foi Adolf Loos, que publicou “Ornamento é Crime”, defendendo as suas razões. Loos viveu durante o século XIX e XX. Considerava o ornamento um desperdício económico, de tempo e de trabalho. Segundo Loos, a arte tem uma função, pois é bela e sublime, tem essência e carácter, e o seu espaço é funcional. O ornamento não, o seu efeito é dispensável porque ofusca a própria arte. Adolf Loos opõe-se à planta livre de Le Corbusier. Loos projecta as suas obras no espaço, não em plantas e cortes, provocando vários volumes desconcertados dentro de uma só casa. Foi precursor do Raumplan, o desenvolvimento da planta em diferentes cotas. Através das variações de altura das divisões, bem como das proporções adoptadas e das mudanças de materiais, é estabelecida uma hierarquia entre os diversos espaços; criam-se zonas dentro da casa, definindo também graus de intimidade de cada divisão. Para Loos, arquitectura é composição espacial consolidada – planificação do espaço que poderá ser traduzida em planta. Embora não tenha desenvolvido esta ideia numa teoria formal, a direcção deste pensamento é clara: "A grande revolução em arquitectura é a solução de uma planificação no espaço."

Cidade Industrial, de Tony Garnier – a Cidade Jardim, de Ebenezer Howard A cidade industrial, projectada por Garnier, surge como consequência da revolução industrial. Foi projectada antes da Carta de Atenas, produzida pelos membros do CIAM, que nomeava algumas preocupações relativas ao urbanismo industrial. No projecto da cidade industrial, havia uma separação de funções: trabalho, habitação, lazer e saúde. O valor limite de população residente é inestimável. Esta perspectiva racional,

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que utiliza a ciência e a técnica, é também progressista, pois procura sempre a ideia de progresso futuro. Posteriormente, Howard apresenta a cidade jardim, que se desenvolveria em torno de uma cidade satélite industrial. Na cidade jardim, os residentes viveriam em permanência com a natureza, princípio de subúrbio. Este tipo de cidade recebe menos residentes, pois parte dos seus terrenos são agrícolas, e outra parte são jardins que compõem os locais habitacionais. As cidades jardim que contornassem a cidade satélite principal estariam interligadas por sistemas de transporte que incluíssem ferrovias, de forma a que o deslocamento de uma cidade para outra fosse o mais rápido possível.

Ebenezer HOWARD (1850-1928) Inspirado por uma visão utópica, e no encarrego da responsabilidade de uma sociedade futura melhor. A Inglaterra e outras cidades começaram por industrializar a consequência foi uma imigração massiva para a cidade. Howard tentou propor uma cidade possível e alcançável. Tentou fazer uma comparação entre as características de ambos lugares; Cidade (salário alto – preços altos, ar poluído, espaço atractivo) e Campo (salário baixo- preços baixos, ar puro, pouco conforto). Garden City; 32000 pessoas totais (centro da cidade – 30000 pessoas). Planta circular e concêntrica. No limite da cidade ficam as fábricas, armazéns e campos de agricultura. Liberdade de economia – trocas (não monetário). As novas cidades teriam as mesmas características e seriam ligadas por uma avenida de 5Km. Hierarquia de serviços na cidade.

A cidade jardim surge como resposta à Carta de Atenas, procurando suavizar o urbanismo industrial e trazer de volta a harmonia do campo para as cidades: um melhor nível de vida (conforto inglês). Inspirou o plano do cinto verde da cidade de Londres (1944), e um senso de comunidade, pois o seu desejo era a mudança sociológica mais que a morfológica. Sir Ebenezer Howard tornou-se conhecido por sua publicação Cidades-jardins de Amanhã (Garden Cities of To-morrow), de 1898, na qual descreveu uma cidade utópica em que pessoas viviam harmonicamente juntas com a natureza. A publicação resultou na fundação do movimento das cidades-jardins. As primeiras cidades-jardins foram construídas na terra natal de Howard, no início do século XX. Howard era um ávido leitor; lera o utópico romance de 1888 de Edward Bellamy, Looking Backward, e o tratado económico de Henry George, "Progress and Poverty", reflectindo bastante sobre as questões sociais. Ele não gostava da maneira como as cidades modernas estavam se desenvolvendo e, por isso, pensava que os indivíduos deveriam viver em 21

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lugares que combinassem aspectos da cidade e do campo. Além disso, Howard tinha entusiasmo pelo Esperanto.

Cidades jardim - Howard em seus estudos, perguntou-se “Para onde as pessoas irão?”, então considerou três imãs de atracção da população, a cidade inchada, o campo vazio, e a cidadecampo, que seria a terceira solução. Ele propõe muito mais do que a harmonia entre homem e natureza, ele apresenta toda uma política para a manutenção do equilíbrio social, ameaçado pelas sórdidas condições de urbanização das camadas populares inglesas durante o século XIX. Planeja não só as formas, as funções, os meios financeiros e administrativos de uma cidade ideal, sadia e bela, mas, principalmente, um processo para satisfazer as massas e controlar sua concentração nos centros metropolitanos. A cidade-jardim seria construída no centro dos 2400 hectares, e ocupando 400 hectares, o resto seria para o campo, cortada por seis bulevares com 36 metros, uma avenida central com 125 metros de largura, formando um parque, no finas as casa ficam dispostas em meia-lua para ampliar a visão dessa avenida-jardim. No centro ficariam órgãos públicos e para o lazer (teatro, museu e etc..), o Palácio de Cristal, ocuparia uma grande área servindo como mercado e jardim de inverno, proporcionando aos ingleses durante o longínquo período chuvoso um lugar para recreação. A população seria de cerca de 30000 pessoas, sendo 2000 no campo, as industrias ficariam na periferia ao longo da linha férrea, facilitando o escoamento da produção, a área agrícola seria constituídas por fazendas , cooperativas ou particular. Na cidade jardim, o solo urbano é socializado, e lucro obtido pelo loteador pelas cotas pagas mensalmente, ninguém torna proprietário de sua casa, loja, indústria, isso se da pelo arrendamento. Primeiramente Howard pensou como tornaria sua ideia viável, então em 1899 funda a Associação das Garden-Cities, e logo em 1903 pode adquirir Letchworth, e chamou os arquitetos Parker e Umwin para projectar a cidade , esta cidade atingiu grande êxito, e chamou atenção dos jornais de Londres, atraiu jovens. A atmosfera na cidade era excitante e prazerosa (alcançou em 1962, 26000 habitantes). Em 1919 Howard achou um terreno a 15 Km de Letchworth, onde instalaria Welwin, a segunda cidade-jardim. Hermann Muthesius também teve um papel importante na criação da primeira cidadejardim Alemã - Hellerau, próximo a Dresden, que foi fundada em 1909 por Karl SchmidtHellerau - a única cidade da Alemanha onde as ideias de Howard foram completamente implementadas.

Funcionalismo – a relação Arte e Técnica, o Belo e o Útil Outro ponto de viragem do Movimento Moderno foi a introdução da técnica na produção de design. A primeira a fazê-lo foi a Deutsher Werkbund, na Alemanha. Juntando os ensinamentos técnicos na produção de objectos artísticos, criou assim uma união entre o belo 22

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e o útil, abordando a produção de forma racional, eliminando o ornamento e sublinhado o funcionalismo. O funcionalismo, vertente seguida durante o Movimento Moderno, substituía por completo o ideal de belo pelo útil, no mundo da arquitectura. As obras, despidas de ornamento, tinham unicamente o factor de utilidade para se destacarem. É com a Deutsher Werkbund que se atinge o equilíbrio. Uma obra pode não ter ornamento, mas continuar a ser bela, pois a beleza é encontrada na simplicidade das coisas. Uma peça de design depurada, ainda que não tenha ornamento, assegura a sua beleza pela estética limpa que apresenta, além de tal facilitar o seu melhor desempenho funcional.

Das English Haus e a Bauhaus, e a Artes and Crafts e a Deutsher Werkbund – Hermann Muthesius Herman MUTHESIUS (1861 - 1927) “The English House” Estandardização Um construtor que passou 6 anos a estudar as casas residenciais em Inglaterra, para tentar perceber o pensamento do movimento Arts and Crafts, chegou a conclusão de que eles queriam fazer bem e melhor, então Muthesius iniciou uma estratégia, na Alemanha, para industrializar com qualidade. Primeiro procurou o entendimento dos Britânicos e depois procurou fazer melhor. Em 1907 fica estabelecido na Deustcher Werkbund em Munique. Hermann Muthesius viveu durante a segunda metade do século XIX e a primeira do século XX. Trabalhava na embaixada alemã, em Inglaterra, e foi desta forma que entrou em contacto com o movimento das Arts and Crafts. Era arquitecto diplomata alemão, e quando voltou para o seu país, vai aplicar o que aprendeu na escola que vai fundar, de Artes Aplicadas, mais tarde fundida com a escola de Arts and Crafts de Van de Velde, e chamada então de Bauhaus (dirigida por Gropius). Muthesius também criou uma entidade denominada por Deutsher Werkbund, cujos principais objectivos eram a invenção, discussão e divulgação de produtos alemães. Aplicando nela os conhecimentos das Arts and Crafts, Muthesius pôde oferecer o lado belo do artesanato aos objectos que fabricava, juntando o belo ao útil, e a arte à técnica. Na escola de artes aplicadas que fundou, Muthesius pôde aplicar o ideal da casa inglesa, na qual se procurava o conforto, (por materiais, espacialidade e jardins) acima de tudo, o bem-estar do indivíduo no seu lar. Pôde também aplicar a técnica do conhecimento das Arts and Crafts, juntando-a à arte que se estudava na escola. A escola, agora artística e técnica, tornava-se pioneira no mundo das academias. Conhecido por promover muitas das ideias do movimento Arts and Crafts na Alemanha e por sua influência sobre os pioneiros da arquitectura modernista da Alemanha, tal como Bauhaus.

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Muthesius foi um dos principais arquitectos que construíram a primeira cidade-jardim da Alemanha, Hellerau, fundada em 1909 na periferia de Dresden. Sua fundação também estava intimamente relacionada com as actividades da Deutscher Werkbund. Entre os muitos funcionários de Muthesius estava o urbanista socialista Martin Wagner, que aplicou as lições da cidade-jardim a Berlim, em grande escala, a partir de 1924 até cerca de 1932. Muthesius continuou a projectar casas e a escrever sobre arquitectura até 1927, quando morreu em um acidente rodoviário depois de uma visita a Berlim.

Henry VAN DE VELDE (1863 – 1957) Pintor e teve a sua primeira casa inspirada no movimento Arts and Crafts, apresenta-se como o formato original da Bauhaus que mais tarde viria a alterar-se com Gropius, forma rudimentar que provoca quase que uma dor física. Acreditava que a individualidade artística levaria a um conjunto caótico sem regras e demasiados non-sense formais, mas mesmo assim não deveria ser reprimido.

Arquitectura do nosso Tempo – Otto Wagner Otto Wagner viveu durante o século XIX e XX, na Áustria. Formou-se na escola de Belas-Artes de Viena e mais tarde tornou-se lá professor. Também trabalhou como urbanista em Viena, projectando a rede de caminhos-de-ferro e restruturação da frente do Danúbio. Fez parte do movimento de arte nova, usando linhas simples com poucos ornamentos. Escreveu “A arquitectura do nosso tempo”, em 1901, falando das Arts and Crafts e admitindo que há estilos, mas que estes não se devem seguir. Não se pode ter a eleição de um estilo como a base para a criação da arquitectura. Coloca-se contra o revivalismo e historicismo da altura, pois defendia que a arquitectura devia seguir o que se fazia na época presente, procurando um progresso. É necessário fazermos arquitectura do nosso tempo.

Louis Sullivan – Escola de Chicago – Frank Lloyd Wright Sullivan viveu durante parte do século XIX e XX. Defendia que “a forma segue a função”. Admitia o ornamento, ainda que a beleza ficasse em segundo plano, pois teria de obedecer à estrutura do edifício; inclusive escreveu um tratado sobre o ornamento arquitectónico. A arquitectura, sendo uma procura pela realidade, deveria ser orgânica, pois o Homem pode tornar quase tudo orgânico. O Homem tem poderes físicos, intelectuais, emocionais, morais e espirituais. É em Chicago que Sullivan inicia o seu novo conceito de cidade, cujo modelo de edifícios de escritórios seriam arranha-céus. A cidade tinha um porto marítimo, ligado às linhas de ferro de 24

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todos os EUA. A construção, quase toda em madeira, é desabada com um grande incêndio. É então que Burnham faz o novo plano da cidade, que se junta assim à Revolução Industrial, que já vinha a ocorrer há mais de 50 anos. É introduzido o elevador, a planta radial e a indústria pré-fabricada (arquitectura estandardizada). A construção é realizada em altura (arranha-céus), por Burnham e, mais tarde, por Sullivan. A estrutura é realizada em aço e recebe o encastramento de vidro, usando o orgânico para esconder o inorgânico do aço. O ornamento que Sullivan incluía no edifício tinha o propósito de o tornar desejável, de forma a atrair pessoas ao comércio, por exemplo. Colaborou com Frank Lloyd Wright numa concepção de arquitectura funcionalista orgânica e afirmava que "se a forma segue a função, então o trabalho deve ser orgânico". Os arranha-céus são monumentos e provas vivas da interveniência da arquitectura de Sullivan na época modernista. Ele foi um marco importante na história da arquitectura moderna e deixou os seus ideais proliferarem.

Sullivan influencia Frank Lloyd Wright, que lhe segue o ensinamento de “a forma segue a função” e da arquitectura orgânica. Wright vai trabalhar com Sullivan, separando-se mais tarde do seu atelier e desviando alguns dos seus clientes. Constrói essencialmente casas unifamiliares / moradias: as casas da pradaria, sempre orgânicas, horizontais e funcionais, cujo centro era o ponto de encontro da família: a lareira. Wright também se inspirou na arquitectura japonesa, na sua organização assimétrica, modular e modulável à natureza.

Frank Lloyd Wright (sec XIX) Frank Lloyd Wright (Richland Center, 8 de junho de 1867 — Phoenix, 9 de abril de 1959) foi um arquitecto, escritor e educador estadunidense de ascendência galesa. Um dos conceitos centrais em sua obra é o de que o projecto deve ser individual, de acordo com sua localização e finalidade. No início de sua carreira, trabalhou com Louis Sullivan, um dos pioneiros em arranha-céus da Escola de Chicago. Responsável por mais de mil projetos, dos quais mais de quinhentos construídos, Wright influenciou os rumos da arquitectura moderna com suas ideias e obras e é considerado um dos arquitectos mais importantes do século XX. Antes de se tornar um dos maiores arquitectos de todos os tempos, ele estudou engenharia e, faltando poucas semanas para sua graduação, abandonou o curso e foi trabalhar em Chicago como desenhista no escritório de Silsbee, um arquitecto de renome. Tornou-se a figura chave da arquitectura orgânica, exemplificada pela Casa da Cascata, um desdobramento da arquitectura moderna que se contrapunha ao International style europeu. Foi o líder da Prairie School, movimento da arquitectura ao qual pertencem os projectos da Robie House e a Westcott House, e também desenvolveu o conceito de Usonian home, do qual a Rosenbaum House é um exemplo. 25

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Sua obra inclui exemplos originais e inovativos de edifícios dos mais diferentes tipos, incluindo escritórios, templos, escolas, hotéis e museus. Frequentemente detalhava também os elementos a serem empregados no interior de suas construções, tais como mobília e vitrais.

Mies van der Rohe Mies van der Rohe viveu durante o século XIX e XX. Vai trabalhar como desenhador, e mais tarde torna-se director da Deutsher Werkbund, entrando em contacto com Peter Berenz, e director também da Bauhaus. Mais tarde muda-se para Chicago e lá desenha arranha-céus de vidro e casas de campo em betão. Mies defendia que o arquitecto devia privilegiar a estrutura do edifício, face à sua estética. Seguir só a forma não seria o suficiente. Detém-se muito sobre os métodos construtivos e na forma como dado material poderá afectar o futuro morador. Mies defendia que o passado não devia ser imitado em termos formais: um arquitecto devia voltar a estudar as suas bases e perceber as necessidades da actualidade, de forma a poder adaptar as técnicas construtivas disponíveis do seu tempo, assim como os novos materiais descobertos, ao saber do bem construir do passado. Sempre usou o material na sua funcionalidade extrema, como o aço nos arranha-céus. Defendia que “Less is more”, justificando que os edifícios não eram simples por serem históricos, mas que tinham ficados históricos por serem simples. No último período da Bauhaus, Mies vai dirigi-la, após esta ter passado da direcção de Meyer, e anteriormente, do seu fundador Gropius. Mies internacionaliza-a, dando-a a conhecer ao mundo e criando outros polos, como por exemplo em Chicago.

Sant’Elia e o Futurismo – os manifestos e a ideia de um progresso universal Antonio Sant’Elia viveu durante os fins do século XIX e inícios do século XX. Influenciado por Otto Wagner, vai procurar uma arquitectura progressista. Critica a falta de arquitectura do século XVIII, e atribui essa culpa à procura dos estilos e cópia de vários estilos distintos, ao invés da criação de novos. Defende uma necessidade de inovar e realizar arquitectura que tenha futuro. Para Sant’Elia, a casa não tinha de durar mais tempo que o seu usuário, e poderia então obedecer aos seus ideais de beleza, como o rápido, o simples e o tecnológico. Toda a casa deveria ser como uma grande máquina, cuja estrutura (ex. elevador) deveria estar à vista. O futurismo também se reflecte em Portugal, com Almada Negreiros, Santa Rita pintor e Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) na literatura. 26

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A Sant’Elia junta-se Marinetti (o primeiro a dar a definição de futurismo), e juntos estão na vanguarda do futurismo. Juntos, não acreditavam no monumento maciço, mas naquele que fosse leve e mutável, algo que proporcionasse movimento. Utilizam-se materiais novos e artificiais, nunca sobrepostos ou escondidos por outro mais confortável ou belo, o edifício deve sempre ser honesto a respeito daquilo a que é feito, e portanto as suas infraestruturas devem estar à vista.

Expressionismo – Bruno Tault Bruno Tault viveu durante o século XIX e XX, na Alemanha. Distinguiu-se na vanguarda do expressionismo da arquitectura, cujo maior símbolo é o pavilhão de cristal, realizado em 1914. Tault inspira-se na cultura do oriente, da Tailândia, procurando um sentido profundo e total para a arquitectura, em resposta ao mundo contemporâneo. Procurava o belo reproduzível, de forma que conseguisse realizar modelos massificados modulares. Uma obra expressionista é aquela que tende a ser exagerada ou distorcida, a fim de se obter um trabalho expressivo, como Gaudi, por exemplo. Tault vai influenciar o trabalho de Gropius, Mies van der Rohe e Siza Vieira.

Le Corbusier – o ideário moderno nas várias escalas Le Corbusier nasce Charles Edouard Jeanneret, e vive durante o século XIX e XX. O maior legado que deixou foi a sistematização em série, exibindo os seus 5 pontos para a nova arquitectura: Planta livre (não já paredes mestras, pois os pilares sustentam a laje); Construção em pilotis (casa elevada, usando o espaço inferior para jardim); Cobertura ajardinada (terra e relva sobre o terraço, dando-lhe uso de jardim); Fachada independente da estrutura (como não há pilares na fachada, o vidro é a prioridade); Janelas em banda (rasgos horizontais na fachada, desejo pela luz). Define ainda o sistema dominó, no qual estes 5 pontos são aplicados por piso/andar da moradia, e tal é reproduzível ao longo de toda a sua altura. Corbusier inovou não só na definição de casa unifamiliar (exemplo: villa savoye), mas também na definição de conjunto habitacional, como é o caso da sua unidade de habitação de Marselha, que aglomera num só edificado, inúmeras faz 4 unções que tornariam o edifício independente: habitar, trabalhar, circular e descansar. Integra, por isso, diversas entidades, tais como: hotel, restaurante, livraria, escritórios, ginásio, escola infantil, cresce e habitação. Corbusier ficou também conhecido pelo seu trabalho como pensador e teórico, contribuindo na definição das linhas gerais da arquitectura moderna, produzido pelos CIAM (congressos dos quais fez parte) e na elaboração da Carta de Atenas. Trabalhou também na 27

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Deutsher Werkbund, com Peter Berenz, Gropius e Mies. Elogiava os engenheiros, por desenharem formas simples, que resultavam estruturalmente, talvez por não se ter formado arquitecto e por não ter recebido o preconceito pelos clássicos.

Corbusier foi um arquiteto, urbanista e pintor francês de origem suíça. Aos 29 anos mudou-se para Paris, onde adoptou o seu pseudónimo. A importância de Le Corbusier advém, em grande parte, do seu enorme poder de síntese. Nas viagens que fez a várias partes do mundo, Le Corbusier contactou com estilos diversos, de épocas diversas. De todas estas influências, captou aquilo que considerava essencial e intemporal, reconhecendo em especial os valores da arquitetura clássica grega, como da Acrópole de Atenas. Obra: Le Corbusier lançou em seu livro Vers une architecture, as bases do movimento moderno de características funcionalistas. A pesquisa que realizou envolvendo uma nova forma de entender forma arquitetônica baseado nas necessidades humanas revolucionou (juntamente com a atuação da Bauhaus na Alemanha) a cultura arquitectónica do mundo inteiro. Sua obra, ao negar características histórico-nacionalistas, abriu caminho para o que mais tarde seria chamado de international style, que teria representantes como Ludwig Mies van der Rohe, Walter Gropius, e Marcel Breuer. Foi um dos criadores dos CIAM (Congrès Internationaux d'Architecture Moderne). A sua influência estendeu-se principalmente ao urbanismo. Foi um dos primeiros a compreender as transformações que o automóvel exigiria no planeamento urbano. A cidade do futuro, na sua perspectiva, deveria consistir em grandes blocos de apartamentos assentes em pilotis, deixando o terreno fluir debaixo da construção, o que formaria algo semelhante a parques de estacionamento. Grande parte das teorias arquitectónicas de Le Corbusier foram adoptadas pelos construtores de apartamentos nos Estados Unidos da América. As estruturas por ele idealizadas, de uma simplicidade e austeridade espartanas, nas cidades, foram largamente criticadas por serem monótonas e desagradáveis para os peões. A cidade de Brasília foi concebida segundo as suas teorias. Le Corbusier achava que o objectivo da arquitectura é gerar beleza (muito conhecida também é sua frase: a Arquitectura é o jogo sábio, correcto e magnífico dos volumes baixo a luz), e que esta devia-se repercutir na forma de vida dos ocupantes dos próprios edifícios. Quanto ao critério de máquina de habitar, Le Corbusier estava deslumbrado pelas então novas máquinas: em especial os automóveis e aviões, considerando aquelas que tinham desenhos práticos e funcionais como modelo para uma arquitectura cuja beleza se baseasse na practicidade e funcionalidade; o racionalismo. L´Esprit Nouveau - A fim de divulgar suas ideias sobre a arquitectura e a pintura, Le Corbusier fundou em 1920, junto com Paul Dermée, uma revista de divulgação artística que obteve grande ressonância internacional: L'Esprit Nouveau. Excertos do programa de “Espirit Noveau”- 1 de Outubro 1920

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“ Há um espírito novo: um espírito de construção e de síntese guiado por um projecto claro.” “Cada vez mais as construções, as máquinas estabelecem-se com proporções, jogos de volume e materiais de tal ordem que a maioria são verdadeiras obras de arte porque comportam em si o número, ou seja, a ordem.” “É na produção geral que se encontra um estilo de uma época r não, como muitos acreditavam, en diversas produções com fins decorativos, simples frivolidades que encobrem um sistema de espírito que aoenas fornece elementos de um estilo. O rococó não é o estilo Luís XV(…)” Vers Une Architecture (1923) O primeiro livro de Corbusier foi lançado em 1923. Até lá surgiram as vanguardas e autores como Loos, Sullivan, Rietveld, Behrens, Sant’Elia. O livro é como slogans de publicidade, as imagens são postas em diálogo. Corbusier da um exemplo que Sant’Elia já tinha feito, Parthenon vs carro. Usa os modelos do clássico para construir o paradigma entre o que a arquitectura era e o que a arquitectura devia ser. Corbusier apresenta uma estética que sublinha: - o racionalismo - o funcionalismo - a forma como resultado da função Corbusier defende que o arquitecto deve ser puro, sólido, limpo “Arquitectura ou revolução?” – pode-se evitar a revolução (1920)

Do livro: “Em todos os campos da indústria, levantaram-se novos problemas, foram criadas ferramentas novas capazes de resolvê-los. Se virmos este facto à luz do passado, é a revolução. No edifício começámos a fabricar a divisão em série; criámos sobre novas necessidades económicas, elementos de detalhe e elementos de conjunto; realizações conclusivas foram feitas no detalhe e no conjunto. Se compararmos com o passado, há uma revolução nos métodos e na amplitude das empreitadas. Enquanto a história da arquitectura evolui lentamente através dos séculos, em termos de estrutura e decoração, em cinquenta anos o ferro e o cimento trouxeram novas aquisições que são o início de uma grande potencialidade de construção e o indício de uma arquitectura de códigos transfiguradores. Se analisarmos em funções do passado, verificamos que os estilos já não existem para nós, que um estilo de época está em construção; estamos perante uma revolução. A engrenagem social oscila entre uma melhoria de proporções históricas e a catástrofe. É o instinto primordial do ser humano assegurar uma casa, mas nem o trabalhador nem o intelectual têm uma casa convenientemente. È uma questão de construção que está na chave do equilíbrio rompido dos dias de hoje: arquitectura ou revolução” (pg118).

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Arquitectura pode criar comodidade de vida do novo homem: o Casa, máquina de viver o Trabalho, espaço de trabalho o Cidade, plano de cidade envolve o todo, inclui grande conhecimento Segundo Cobusier, a arquitectura tem a capacidade de reestruturar a cidade. Ele escolhe a casa e escreve várias páginas sobre esta questão. Ele acredita na arquitectura como ferramenta para mudar a sociedade. Corbusier começou com a casa (micro estrutura) e foi cada vez mais longe até chegar a cidade (macro estrutura). Maior atenção ao todo. Aproximação colectiva e unitária, considerando que as necessidades básicas do homem são todas iguais em qualquer parte do mundo. É o que faz com que a civilização seja um todo.

Urbanisme (1976) Conceitos para uma Cidade Contemporânea por Le Corbusier Neste livro Urbanismo o arquitecto apresenta conceitos e argumentos para se projectar uma cidade de três milhões de habitantes (1922) que em termos gerais deveria atender: aos seres humanos, ao espírito, às sensações. Partindo de um terreno ideal, uma cidade deve ser executada desde seu início, excluindo assim situações pré-existentes. Comenta sobre a falta de princípios fundamentais de urbanismo moderno. o TERRENO: "plano é o ideal” o POPULAÇÃO: subdivididos como se era de esperar o DENSIDADES: Segundo ele, quanto maior as densidades, menores as distâncias a serem percorridas, propondo assim aumentar a densidade do centro. o PULMÃO: "O trabalho moderno exige a calma, o ar salubre. O aumento da densidade aumenta as áreas arborizadas". Defende assim a construção do centro verticalmente o A RUA: "é um organismo novo, canalizações devem ser acessíveis, uma obra-prima da engenharia civil". o O TRÂNSITO: "deve ser classificado Todas estas considerações do arquitecto apontam para a adopção da ideia de um usuário-tipo. Aos poucos, movimentos posteriores iniciaram uma revisão deste ideal, propondo uma visão de homem como usuário variável.

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O pensamento de Corbu - É influenciado pelas ideias mecânicas: a casa e a cidade como máquina (funcional, fácil, nunca pára, tempo rápido) tem atenção à macro escala - nunca pára de pensar nos bairros, ruas.

Os cinco pontos de uma nova arquitectura: Em 1926 Le Corbusier apresenta um documento onde expõe em forma sistémica suas ideias arquitectónicas: os chamados «cinco pontos de uma nova arquitectura» representam uma importante inovação conceptual para a época, aproveitando as novas tecnologias construtivas, derivadas especialmente do uso do betão armado (até então este material usavase em moradias e monumentos disfarçando-se de pedra esculpida com molduras). 1. Pilares 2. Telhados Jardim 3. Planta Livre 4. Janela Em Comprimento 5. Fachada Livre Estes cinco pontos contém uma reacção estética fundamental. Não subsiste nada de arquitectura antiga e não resta nada dos ensinamentos das escolas.

CIAM Os CIAM eram os Congressos Internacionais para a Arquitectectura Moderna, e a sua criação, por Le Corbusier e Giedion, foi inspirada pelo Weissenhof Siedlungen, de Stultgart (organizado pela Deutsher Werkbund). Os temas discutidos admitiam um caracter arquitectónico, mas também social, e divergiam consoante as necessidades actuais. Os CIAM ocorreram em 10 sessões, sendo que a 11ª foi a de encerramento, e podem dividir-se em 3 fases: CIAMS 1,2,3 (1928-1930), que discutiam o problema habitacional, definição das regras da arquitectura e da habitação; CIAMS 4 e 5 (1933-1937), nos quais se discutiu o Planeamento Urbano e a Carta de Atenas, isto é, preocupações urbanísticas e relação com a cidade; e CIAMS do 6 ao de ’59, do período do pós-guerra (2ª Guerra Mundial), por atravessar um momento de viragem, durante o qual estavam constantemente a surgir novos temas. É discutida a necessidade de abordar o passado e estudar as estruturas históricas: arquitectura vernacular. Os CIAMS ocorriam em diversos locais, tais como Paris, Inglaterra, Itália, Suíça, Bruxelas, Croácia, Holanda, Grécia, Frankfurt, e até a bordo de um barco no Mediterrâneo. Participavam arquitectos mundialmente conhecidos, tais como: Corbusier, Giedion, Aalto, Hannes Mayer, Ernest May. Os membros mais jovens, após o término dos CIAM, criaram um novo grupo, denominado Team X.

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Estilo Internacional – Henry-Russel Hitchcock e Phillip Johnson O estilo internacional foi um movimento vanguardista, desenvolvido por Philip Johnson e Hitchcock. Baseia-se numa arquitectura funcionalista praticada na primeira metade do século XX. O estilo inspirou-se nas ideias fundamentais de Le Corbusier (os 5 princípios da arquitectura moderna) e na filosofia da arte-técnica da Bauhaus. Tornou-se num estilo moderno, utilizando o sistema dominó de Le Corbusier como base, assim como as janelas em banda, os pilotis, a fachada independente da estrutura, a cobertura em terraço e a planta livre. Estas novas técnicas construtivas eram conjugadas aos novos materiais da época, o vidro, aço e betão. Os volumes eram em geral, platónicos, os espaços brancos. A arquitectura seguia uma linha muito depurada. O estilo foi muito mais expandido nos EUA do que em Inglaterra por exemplo, devido à forte influência das Arts and Crafts, que defendiam o conforto e a horizontalidade dos edifícios.

Henry-Russel- Hitchok and Philip Johnson (Séc. XX) Philip Johnson propôs a Hitchok viajar pela Europa e apresentar a 1ª exposição que tinha um olhar retrospectivo sobre arquitectura desde 1922. A arquitectura ficou conhecida através deste catálogo e não pelos livros anteriores, que atingiram um público restrito. Este catálogo foi um ponto viragem. Fizeram a 1ª exposição de arquitectura com arquitectos conhecidos: Mies, Corbu, Richard Neutra, Aalto, Gropius, FLW. Selecção das obras: 1ª. Seleccionaram a arquitectura que já estava construída De 1922 a 1932. 2ª. sublinhar a estética formal e técnica (características da arquitectura moderna). A questão ética ficou de fora. Consideraram os trabalhos e não os pensamentos. Qual era a intenção? Era encontrar características que une os últimos arquitectos, definir um estilo que sublinha as características mais importantes, pois a arquitectura busca sempre um estilo (barroco, gótico…). A Expo e o catálogo sublinham uma questão: excluem os projectos não construídos (ou seja os desconstrutivistas, futuristas, etc). Porque é que antes de 1922 as ideias não foram construídas: por causa da 1ª GM e não havia capacidade financeira para construir. Hitchcock identificava os quatro líderes da arquitectura moderna, dizendo que eles representavam colectivamente “uma revolução arquitectónica drástica e unificada”. 32

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1 Villa Savoy – Corbusier 34 2 Tugendhat – Mies 3 Casa perto de Denver – F.L.Wright 4 Casa perto de Pinehurst (projecto)– J. Oud O que foi escrito no livro e na expo: há um novo estilo (unidade, totalidade) na evolução histórica da arquitectura. As 3 regras desse estilo são: 1 - Conceber arquitectura como volume; 2 - Qualidade de abstracção resultante do uso de sólidos geométricos e da exclusão de ornamentos; 3 - Regularidade /puro (não aceita curvas, é ortogonal). O título da exposição e do livro é um ponto charneira: este livro teve um grande impacto. A partir de 1932 começa a ouvir-se o termo: International Style. É influenciado por Gropius, que usou este termo em 1925 em Munique. A partir de 1932 nos discursos e registos teóricos há uma mudança: Modernidade vs International Style. Modernismo ≠ Estilo Internacional (anos 10 e 20) - (anos 30 e 40) Antes de 32 - Depois de 32 Não se fala neste termo antes de 32, não existia o conceito - Fixou as características dos anos passados (10 anos) Dois conceitos que falam da mesma coisa, mas tem perspectivas diferentes. Escritos em momentos diferentes. O International Style ajudou o Modernismo a desenvolver-se.

Alvar Aalto – o lugar e as matérias naturais Alvar Aalto viveu durante o século XIX e XX, e foi um dos primeiros e mais influentes arquitectos do movimento moderno norte-europeu. Tinha uma grande consciência clássica e prática pelo gosto vernacular e tinha a preocupação genuína de criar espaços agradáveis para aqueles que os fossem usar. É o caso a biblioteca de Viipuri, com iluminação zenital, e o sanatório de Paimio, cujos tectos dos quartos eram pintados, pois Aalto preocupava-se com o dia-a-dia daqueles acamados que teriam pouco mais para onde olhar do que para o tecto; ou os corrimãos das escadas, que embora de aço, revestia-os com couro, mas o melhor conforto ao toque. Foi um arquitecto finlandês cuja obra é considerada exemplar da vertente orgânica da arquitetura moderna da primeira metade do século XX. Além da preocupação pelo conforto, Aalto também tentava assegurar a melhor ligação à natureza, e a Villa Mairea é o melhor exemplo da organicidade da sua arquitectura, assim como da relação de interior/exterior. O arquitecto não só traz o modelo de pilares extrafinos para dentro de casa, de forma a fazer uma analogia com os troncos altos e finos da floresta

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envolvente; como também cria espaços intersticiais, tais como o alpendre com lareira exterior. O cuidado com o conforto e ergonomia das peças que desenhava para as suas obras, lançou-o também no mundo do design. Aalto também se distinguiu como téorico, e escreveu “A Humanização da Arquitectura” e “A truta e a corrente da montanha”. Na primeira obra, Aalto discutiu sobre a falta de funcionalidade na arquitectura, admitindo que esta deve ser funcional (do ponto de vista de materiais), mas essencialmente deve basear-se no ponto de vista humano e psicológico. No segundo texto, Aalto faz uma metáfora à vida do arquitecto, usando a vida da truta na torrente. Defende que o arquitecto sofre uma maturação constante ao longo da sua vida, como a truta que, ao sair do ovo, sofre o processo de gestação, até chegar ao fim, neste caso o mar. O rio surge como o caminho a percorrer, cujas contracurvas e dificuldades representam as várias influências que o arquitecto vai presenciando ao longo da sua vida. Aalto foi um dos primeiros e mais influentes arquitectos do movimento moderno escandinavo, tendo sido membro do Congrès Internationaux d'Architecture Moderne (CIAM). Alguns dos trabalhos de maior relevância foram, por exemplo, o Auditório Finlândia, e o campus da Universidade de Tecnologia de Helsínquia, ambos em Helsínquia, Finlândia. No campo do design, tornaram-se célebres os projetos de cadeiras baseados na exploração das possibilidades de corte e tratamento industrial da madeira. Além disso, pode-se citar os cristais que desenhou, como o conhecido Vaso Aalto, também chamado como Vaso Savoy.

Historiografia do Movimento Moderno – Sigfried Giedion, Nicolaus Pevsner, Bruno Zevi A historiografia do Movimento Moderno ficou marcada pelo relato de diversos teóricos, tais como Sigfried Giedeon, Bruno Zevi, Nicolaus Pevsner e Reyner Banham (seu discípulo). Sigfried Giedion viveu durante o século XIX e XX. Escreveu, entre outras obras, “Space, Time and Architecture” e “Building in France, Building in Iron, Building in Ferro-Concrete”. Giedion é um dos fundadores dos CIAM, em 1928. Publica uma extensa obra teórica e é o primeiro a reconhecer a importância do trabalho de Le Corbusier no Movimento Moderno. Tafuri vai considerar Giedon como crítico operativo, isto é, um crítico que faz uma análise tendenciosa, em vez de abstracta, da Arquitectura, como se esta fosse um tema académico e não um conjunto de ideias em constante mutação. Bruno Zevi foi arquitecto e historiador e viveu durante o século XX. Durante o período fascista de Itália, Zevi exilou-se nos EUA, recebendo influências da arquitectura orgânica de Frank Lloyd Wright. Segundo Zevi, para compreender a essência da arquitectura e do espaço é essencial “Saber ver a arquitectura”, título da obra que publicou. Nicolaus Pevsner viveu durante o século XX. Escreveu “Pioneiros do Movimento Moderno”. E “Origens da Arquitectura e do Design Moderno”. Trabalhou em História da Arte,

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mas especialmente em Arquitectura e Design. Nasceu na Alemanha, mas exilou-se em Inglaterra devido ao regime nazista. Lá foi professor, e mestre de Reyner Banham. Pevsner como historiador de design - Em cursos de design, Pevsner é mais conhecido por seus clássicos Pioneiros do Desenho Moderno e Origens da Arquitetura Moderna e do design, que são utilizados até hoje em universidades. São trabalhos brilhantes que analisam o nascimento do design moderno. Nesta frase Pevsner resume bem o espírito do design moderno: "Uma cadeira pode ser ao mesmo tempo incômoda e uma obra de arte, mas só um connoisseur ocasional prefere suas qualidades estéticas às utilitárias. A funcionalidade é a primeira de nossa origens". Pevsner é um dos grandes pioneiros da história do design. Reyner Banham viveu durante o século XX também. Era excêntrico, e a procura pelo conforto foi algo que herdou da influência inglesa. Muda-se para os EUA, estudando em particular a cidade de Los Angeles, cujo sistema base era o automóvel e as estradas. As suas obras mais importantes foram “Theory and Design in the first Machine Age” (inspirado na sua tese de mestrado) e “The Architecture of the Well-Tempered Design” (onde atribui ao arcondicionado, a importância de elemento da high-tech). Foi um dos mais influentes críticos na arquitectura, no design e na cultura pop, entre os anos 50 e 80. Foi membro do Grupo Independente (grupo de artistas ingleses que utilizavam os novos meios de produção gráfica com o objectivo de atingirem as grandes massas. Interessavam-se pela cultura pop) e trabalhou na Architectural Review (revista de arquitectura).

Anos 60: Archigram – High-Tech – Cultura Pop (antevisão da cultura globalizada) Os anos 60 ficaram conhecidos pelo movimento do Archigram, que introduzia as novas tecnologias do mundo mecânico. Este movimento foi criado por um grupo de arquitectos ingleses, que procuravam oferecer à arquitectura os conteúdos mais recentes, tais como a high-tech e a cultura pop. Os principais membros eram Cook, Webb e Greene. O grupo inspirou-se na tecnologia como forma de expressão para criar projectos hipotéticos, na tentativa de resgatar as premissas fundamentais da arquitectura moderna. Criaram também uma revista ilustrada, que era publicada regularmente. No entanto, também criou projectos de arquitectura, cuja maior expressão foi no Japão. São construídos edifícios com infraestruturas da high-tech, como o ar-condicionado. Exemplos deste movimento são a Cidade Instantânea, a Walking city on the ocean, a Living-pod e a Plug-in-City.

Louis Kahn – Espaço, Luz, Monumentalidade Louis Kahn viveu durante o século XX. Assim como Corbusier, resume os seus pensamentos em frases curtas e objectivas, ao contrário de Tafuri, Venturi ou Rossi. Tornou-se um arquitecto maduro, pois só ficou conhecido bastante tarde com a construção da Galeria de Arte da Universidade de Yale. Sobretudo, era conhecido como teórico. 35

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Escreveu sobre a Luz e o Espaço, fazendo uma analogia da presença de luz à religião. Defendia que a “arquitectura é luz” e estabelecia uma grande diferença entre espaços servidores e espaços servidos. Escreve “Monumentalidade”, afirmando que a arquitectura é desafiada para resistir ao tempo. Defende a construção sobre três princípios essenciais: a natureza (que justifica o porquê de se construir determinado espaço funcional), a ordem (que justifica que tipo de espaço funcional é que é construído) e o design (que expõe como é que determinado espaço funciona). Defende também uma arquitectura humana e espiritual, que se deve esforçar por atingir uma transcendência. Era um crítico permanente, mas positivo, pondo tudo em causa. Deteve-se sobre a questão “o que é um tijolo”, interessando-se pela arquitectura romana, que era lógica e construtiva (no grego era mais evidente o artístico), e detendo-se na beleza das termas de Caracala (em Roma). Não procurava um estilo próprio na sua arquitectura, apenas reintroduzir a magia na arquitectura. Constrói o Salk Institute, que além de puramente simples e belo, é também bastante funcional, já que distinguiu zonas individuais para pensar, e zonas colectivas para trabalhar.

Aldo Rossi – Cidade, Património, Memória, Identidade Aldo Rossi viveu durante o século XX e ficou conhecido pelo seu ensaio sobre “A Arquitectura da Cidade”. Pertenceu à geração de arquitectos que debateu sobre a necessidade de definir novas coordenadas arquitectónicas, para o movimento moderno (CIAM). Defende a individualidade do espaço urbano, que deve ser interpretado como obra de arte. Critica o funcionalismo ingénuo, afirmando que este se devia tornar redutor. A sua forma de ver a cidade é que é o maior legado que deixou. Dado ser europeu, consegue ver a cidade de um ponto de vista mais humano, que tecnológico ou funcional. The Architecture Of The City (Pádua, 1966) . Defende o oposto do “tábua rasa” de Corbusier . Denfende as “layers of time” da cidade (Cidade é passado, presente e futuro). E com isto põe uma das maiores críticas ao modernismo (o facto de não prestar atenção à cultura) . Defende que temos que co-habitar com o antigo e surge a importância de reabilitar os centros históricos, arquitectura vernacular. . Criar uma arquitectura mais aberta à história da arquitectura. . Forma simples, gosto pela monumentalidade e racionalismo.

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Nos anos 80, a sua arquitectura torna-se mais colorida e menos abstracta. No entanto, manteve-se sempre fiel ao racionalismo e estava bem longe dos jogos e das ironias que caracterizavam o Pós-modernismo. Rossi tinha o objectivo de refutar o funcionalismo na sua forma mais comercializada, vulgarizada nos anos 60, com o apoio de uma argumentação histórica extremamente aprofundada. As suas obras - Unidade Residencial, Milão (1969-1973) Berlim 1990 A arquitectura da cidade foi importante para os anos 60. Foi escrito como resposta a necessidade de verificar e sistematizar de forma científica os seus fundamentos históricos. No seu livro, Rossi analisa a cidade, como sendo o resultado de uma longa história incessantemente reconstruída – isto rompe com muitos conceitos urbanísticos do século XX, cujo ponto de partida era a cidade ideal planificável. O seu grande objectivo é voltar ao monumento aquilo de que o funcionalismo o privara: a forma significativa, a mensagem decisiva, a exigência artística e força ficcional. No entanto, a cidade mostra ser muito mais do que a simples soma de alguns monumentos importantes, pois a cidade é sempre dinâmica, no conflito entre interesses particulares e colectivos, entre a esfera privada e a esfera pública.

Robert Venturi – Complexidade e Contradição Robert Venturi nasceu no século XX e ficou conhecido por ter escrito “Complexidade e Contradição na Arquitectura”. Foi criticado pelo carácter decorativo das suas obras, que assumiam quase um papel autónomo no edifício. Pretendia tornar clara a função a que se destinava o edifício, associando tal facto a uma sociedade de consumo, na qual não há tempo para dúvidas e tudo deve ser claro e explícito – e além do mais, os símbolos já fazem parte do quotidiano das pessoas. Afirmava ser “da riqueza de sentido, mais do que pela clareza do sentido”, tendo ainda a máxima de “Less is a Bore”, contradizendo Mies. Dá imensa importância ao ornamento, e na casa que realiza para a mãe, constrói ainda uma fachada independente da estrutura, sendo puramente decorativa, com o formato tipológico de casa de duas águas. Esta sua obra pode ser considerada a primeira obra de desenho pós-modernista, pois a fachada da casa tinha realmente o desenho da estereotomia de uma casa simples. Na sua obra “Complexidade e Contradição”, Venturi defende uma arquitectura que seja, ao mesmo tempo, complexa e contraditória. Considera que a contemporaneidade já aceitou a contradição como condição existencial, e que esta é o veículo portador de um sentimento poético e expressivo universal. Venturi procura enriquecer a arquitectura, absorvendo os dados da sociedade de consumo, tais como a Pop Art. 37

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Venturi elogia Aalto, por conseguir obter reações humanas através dos materiais que utiliza. Complexity And Contradiction In Architecture (Moma, 1966) - Em Complexidade e Contradição na Arquitetura, Venturi defende uma arquitetura complexa e contraditória. Considera que a cultura contemporânea já aceitou a contradição como condição existencial e em todos os sectores manifesta-se a impossibilidade de alcançar uma síntese totalizante e completa da realidade. A complexidade e contradição não é vista assim como uma algo confuso, mas sim que cria uma qualidade, a que ele chama de “tensão”. Tem o objectivo de fazer uma análise crítica ao seu próprio trabalho Guild House (1960-1963) Chestnut Hill (1960) - Ainda que rejeitando o less is more - frase do poeta Robert Browning, adotada por Ludwig Mies van der Rohe - Venturi vai em busca de elementos complexos e contraditórios inclusive no interior de obras produzidas pelo movimento moderno, reconhecendo em tais contradições o veículo portador de um sentimento poético e expressivo universal. Diz ainda que é a doutrina do less is more que permite ao arquitecto ser altamente selectivo a determinar quais os problemas que quer resolver, podendo a simplicidade forçada resultar numa arquitectura insípida. “Menos é tédio” – “less is a bore”. O reconhecimento da simplicidade na arquitectura não nega o que Louis Kahn chamou o “desejo de simplicidade”. Mas a simplicidade estética, que é uma satisfação para o espírito, deriva de uma complexidade interior. Uma arquitectura de complexidade e contradição não significa pitoresco, ou expressionismo subjectivo. Aalto e Corbusier, apesar de não parecer, promoviam alguma complexidade interior nas suas obras. Exemplo da Villa Savoye (simples por fora, complicada por dentro), Aalto escolhe os materiais e os detalhes com sensibilidade, fazendo parte do todo das suas obras. Esse sentimento é a expressão típica de todas as fases do maneirismo. Do Cinquecento italiano, com Palladio ou Borromini, até Sullivan e, mais recentemente, Alvar Aalto, Le Corbusier e Kahn, o autor procura mostrar, através de muitos exemplos, a sua idéia de complexidade e contradição em arquitetura. Ele diz que a arquitectura se tornava tão mecânica e abstracta que não conseguia comunicar com as pessoas e as pessoas estavam a ficar assim também, carecendo de emoção. Venturi não queria que a arquitectura fosse tão ortodoxa fixa-se numa imagem que não permite mais nenhuma Corpo recebe outros estilos – é disso exemplo a arquitectura medieval/gótica/barroca Exemplo: uma igreja podia estar em plena transformação. Começar no renascimento e acabar séculos depois. Estava em mutação. Um edifício moderno não “aguenta” nada acrescentado, pois já é um objecto em si próprio. Muitos projectos modernos nem consideravam as ruas envolventes, pois é feito de dentro para fora. 38

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A arquitectura moderna não pode ser alterada porque é um objecto em si, puro e fechado sobre si próprio. Para Venturi a arquitectura tem que ter de novo essa capacidade de se transformar a ela própria e receber outras coisas (sociedade, história e cultura), voltar a ter carácter humano e contexto histórico e cultural.O arquitecto tem que estar aberto a isto e comunicar com os utilizadores. Learning From Las Vegas (Cambridge, 1972) - Las Vegas é aqui analisada enquanto fenómeno de comunicação arquitectónica, em que a imagem, o ícon e as características do urbanismo americano devem ser estudados, ensinado-o os arquitectos a ser mais compreensivos e menos autoritários. A importância da Comunicação/imagem - Em 1966 apareceu a TV, a publicidade, o

cinema, a B.D. e a arquitectura de Venturi surge para preencher o impacto destes campos de comunicação Venturi considerava a arquitectura muito conservadora para o tempo que estava a decorrer, por isso foi a Las Vegas com os alunos e estuda a capacidade que Las Vegas tinha de comunicar – palavras na fachada davam pistas sobre o uso do edifício “Learning from Las vegas” é muito importante e apresenta os princípio do pós-modernismo. O principal princípio é: não haver regras.

Manfredo Tafuri Manfredo Tafuri viveu durante século XX e ficou conhecido pela contribuição do marxismo e da teoria do capitalismo, aplicados na arquitectura. Tafuri foi um crítico teórico bastante austero e expressivo. Criticava a arquitectura moderna por desvalorizar a classe operária (referência ao marxismo), uma vez que o seu alvo são as classes mais altas. Afirma que a crise da arquitectura moderna resulta da ideologia da arquitectura, e que a solução para a resolver passa pela intervenção de uma política de perspectiva capitalista. A arquitectura moderna deve estar destinada à população, não a uma determinada classe, e para reestabelecer esse equilíbrio, deverá também aplicar-se à classe operária. Segundo Tafuri, toda a crítica da arquitectura bem reflectida só pode levar a uma dimensão política (que deve ser o capitalismo), e serve para “eliminar esperanças projectistas” irreais (que os arquitectos julgam tão inocentemente resolver, apenas com os seus projectos). Tafuri reconhece a preocupação dos arquitectos, por verem o seu trabalho desaparecer, devido aos avanços tecnológicos (que permitem cada vez mais o planeamento urbano autónomo). Aponta a perda de identidade da arquitectura, que ocorre mais frequentemente em países de capitalismo avançado, e afirma que o ciclo da arquitectura moderna nasce, desenvolve-se e entra em crise em função dos equilíbrios do capitalismo do mercado mundial.

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Rem Koolhaas – a metropolização (velocidade, flexibilidade e mutação) a Contemporaneidade e as principais Reflexões em curso Rem Koolhaas nasceu no século XX e distingue-se pela sua particular perspectiva económica da arquitectura. Antes de ser arquitecto, Koolhaas trabalhou em marketing. Como tal, tem uma perspectiva funcional sobre a economia da cidade. Para Koolhaas, a cidade não podia ter apenas um núcleo, deveria também concentrarse em diversas periferias. É bastante objectivo nas suas afirmações e ideais. Procura inspiração na arquitetura efémera. Já ganhou o prémio de Mies van der Rohe e um pritzker, entre outros. Em Portugal, projectou a Casa da Música, no Porto. Koolhaas realizou projectos de grande escala, seguindo um estilo pós-moderno. Após a conclusão do curso em 1972, Koolhaas viajou para Nova Iorque, juntando-se ao arquiteto alemão Oswald Matthias Ungers que na altura era docente da Cornell University. Permanece na cidade e em 1974 funda o seu Office for Metropolitan Architecture (OMA), enquanto trabalhava no Institute for Architecture and Urban Studies, Koolhaas escreveu o livro Delirious New York, auto-descrito “um manifesto retroativo para Manhattan” que se tornaria de imediato num dos mais importantes textos teóricos pós-modernistas sobre arquitetura. Sua teoria acerca de arquitetura concedeu-lhe o reconhecimento como um visionário no início de sua carreira, mais tarde, a combinação de arquitetura, planejamento urbano e escrita solidificou a reputação de Rem Koolhaas. Em “Delirious New York”, um manifesto retroativo para Manhattan, isto é, uma obra de natureza dissertativa de um estudo sobre urbanismo e cultura metropolitana de Manhattan. Combina relatos históricos e ensaio, em busca da compreensão dos fenómenos urbanos que tornam a vida na metrópole uma “experiência profundamente irracional”. (“Manhattan uma montanha de provas sem manifesto”). Nos episódios narrados da história urbana de Nova Iorque, o autor procura uma teoria e uma designação própria para explicar a transformação e evolução de uma cidade que ainda está em busca de uma teoria, de uma fórmula para uma arquitetura ambiciosa e de densidade. Conceito de “manhattanismo”, é associado à densidade, ao movimento, à reprodução, variedade e ampliação do mundo humano numa visão de tridimensionalidade infindável. Esta visão nasce da “reticula” combinada com a “congestão urbana”, o máximo de racionalismo e adensamento, a quadra independente do comportamento físico do terreno, uma malha urbana que foi totalmente invadida pelo fenómeno do arranha-céu, “uma cidade-dentro de outra cidade”, um gesto megalomaníaco próprio da época industrial do inicio do século XX. Ainda na linha dos novos conceitos e enquadrado com um mundo dentro de cada arranha-céus, destaca-se a “lobotomia”, uma associação com um termo de medicina para caracterizar a desvínculação entre os programas dispostos no interior do edificio e a sua “pele”, o corte da experiência de viver o ambiente no interior do “gigante” com a experiência 40

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de contemplá-los pelo ritmo e dimensão que contribuem para o retrato inconfundível de Manhattan. O autor desta relação entre a racional quadra e o delírio tridimensional, vai relatar as visitas do artista Salvador Dalí e do arquiteto Le Corbusier. A escolha das personagens é pertinente, pois revela as origens teóricas da sua criatividade urbana. Por um lado o arquiteto Le corbusier, o funcinalista racional, moderno, que nasceu para edificar, o homem que representa em si o sucesso do mundo capitalista industrial universalizante, trata-se de uma escolha para tratar o lado mais racional de Nova Iorque, o seu lado mais reticulado e de relações com as necessidades primordiais da humanidade. Por outro lado, o artista-ícone do movimento surrealista europeu como “energia de inspiração” para as associações que combinam razão e fantasia, ciência e brincadeira. Duas personagens que simbolizam o paradoxo, fisico e emocional, delirante que é a experiência de olhar e viver Manhattan. Desta obra de crítica à cidade contemporânea e ao arranha-céu, como edificação paradigmática e simbólica o autor vai extraír instrumentos para o projecto de arquitectura, o caminho teórico para os seus trabalhos, os ritmos e as lobotomias. Manhattan é um tema intemporal, irreproduzível pois não se trata apenas de uma configuração metropolitana, de surrealismo dos limites verticais, trata sim de uma forma peculiar de criar um ambiente, uma personalidade que se caracteriza pelo seu movimento, velocidade e luz. Uma mescla de culturas e experiências extraída do seu comportamento de congestão urbana. É deste Delirio que nasce, cresce e permanece impunente a dinâmica Nova Iorque.

Peter Zumthor – a Arquitectura do Silêncio (luz, matéria e envolvência) Peter Zumthor nasceu no século XX e ficou conhecido como teórico e como arquitecto. Publicou “Pensar a Arquitecura” e “O Núcleo Duro da Beleza”. Escreve sobre a importância da luz na arquitectura, e o papel que esta desempenha em conjunto com a expressividade do material, para formar o ambiente que deseja. A sua arquitectura peculiar desencadeia momentos de grande silêncio, são o caso as Termas de Vals (Suíça), ou a Capela Brother Klaus, na Alemanha. Zumthor procura o sentido profundo da arquitectura, e constrói espaços para pensar, relaxar e reflectir. Peter Zumthor é um arquitecto com uma atitude que transcende o meio de expressão da arquitectura relacionando-a com as outras artes. Com um pai marceneiro desenvolveu os seus conhecimentos de carpintaria suscitando o fascínio pelo uso preciso e sensual dos materiais.

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Desde 1963 estuda design e arquitectura, tendo-se formado em 1968. Hoje, tem o seu próprio atelier onde trabalha sozinho e é professor na Academia de Arquitectura em Mandrisio. No seu percurso profissional ganhou diversos prémios, entre eles o Pritzker 2009. Escreveu artigos e algumas obras das quais as mais marcantes foram Atmosferas e o primeiro que escreveu, Pensar a Arquitectura. Pensar a Arquitectura reúne oito das suas conferências, proferidas em simpósios e universidades de 1988 a 2004 nas quais fala do seu trabalho, do espaço e do ensino e aprendizagem da arquitectura sempre a partir da percepção sensorial das coisas. A percepção é uma das grandes bases do seu pensamento, é interpretar estímulos obtidos através dos sentidos, neste caso, olfacto, audição, visão e tacto, a partir de experiências passadas. A arquitectura é mais do que o objecto em si, é permitir emoções que surgem espontaneamente pelos sentidos e pela intuição, duma forma que não se atinge pelo meio da razão. Ao presenciar um espaço é o material, o som dele e a textura que nos toca, que invoca memórias das experiências de toda a vida, surgem recordações e com elas um sentimento, uma emoção, isto é vivenciar a arquitectura. Inspira-se na música de Sebastian Bach e na ‘arquitectura’ das suas composições, clara e transparente. ‘É possível seguir em particular os elementos melódicos, harmónicos e rítmicos da música, sem perder o sentido da composição no seu todo, em que todas as particularidades encontram o seu sentido’ escreve Zumthor, tal como a arquitectura devia ser, não só todas as partes de uma obra têm de concorrer para um todo, como fazer sentido por si só. Os ritmos e cadência da música são por um lado uma oposição ao silêncio valorizado por permitir as verdadeiras sensações, mas, por outro, a música também têm silêncio, tal como uma parede define um vazio mas esse não deixa de ser um corpo e um espaço que nos permite experimentá-lo. Tudo, o próprio vazio é matéria construtiva. Mas o material só em si não é poético, o sentido nasce quando se consegue criar no objecto arquitectónico significados específicos de certos materiais que só neste singular objecto se podem sentir desta maneira. Procura e afirma que a beleza existe. Cita ‘O poeta do vago só pode ser o poeta da precisão’, pensamento de Ítalo Calvino, ao defender que o belo deve ser vago, aberto e indefinido porque possibilita vários significados. E ‘A beleza está nos olhos de quem a vê’, um objecto pode ser ou não belo conforme as diferentes emoções que desperta, mas é esse sentimento e não pode ser inteiramente comprovada pela forma. Mantém-se fiel à natureza das coisas e que uma obra feita com a adequada precisão para o lugar, desenvolve a sua própria força sem necessitar de acessórios artísticos que são confundidos com beleza. O belo também está na materialidade e no útil, a forma, a construção, a aparência e a função formam o todo. No lugar o projecto não se pode nutrir somente do existente e da tradição pois assim só repete o que o lugar oferece e falta o debate com mundo. Também ao limitar-se ao visionário, falta o peso específico do local. A obra tem de fazer sentido onde se insere e criar de forma espontânea situações espaciais que se harmonizam com o lugar e com o seu tempo.

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Não enfatiza o sentido visual pois pretende transmitir a sensação de experienciar o espaço e não de o ver. Apoia os outros sentidos pois a grande parte da divulgação é baseada em imagens e tudo tem que ser forte visualmente. Um tempo extremamente visual e de bombardeamento de imagens, o que faz esquecer tudo o que pode ser mais profundo. Privilegia outro tipo de tempo mas termina com a importância da luz. É o que permite ver o espaço e não serve apenas para iluminar mas para criar gradações de sombra e luz controlando os ambientes. É uma obra holística pois para além de mostrar uma grande ligação ao local e suas características, comunica com o Homem pelo lado racional e espiritual. Ao ensinar-nos a pensar e não nos deixarmos levar pela superficialidade das coisas permite-nos ter a consciência de onde nascem as ideias, o que é uma grande contribuição na formação de um estudante de arquitectura. O contributo das memórias, o construir para um lugar e para o Homem, o permitir emoções são lições a aprender e a seguir, facilitam a compreensão do seu pensamento e obra. Neste tempo de hoje esquece-se o que envolve o lado mais espiritual do ser humano e Zumthor relembra-nos. Não somos máquinas, habitamos neste mundo.

Reyner Banham – a importância do arquitecto e da sua obra na actualidade. “Theory And Design In The First Machine Age” pode considerar-se um livro bastante importante nos dias de hoje. Por ter reunido todos os períodos arquitectónicos da época moderna, neste formato de “tese”, constitui um elemento de estudo na História da Arquitectura Contemporânea. Compacta todos os conteúdos importantes e relevantes da arquitectura moderna passada, que têm, invariavelmente, influência nas produções da arquitectura actual. O livro concede-nos a perspectiva (ainda que bastante objectiva) de um jovem, na altura em que este escrevia a sua tese de mestrado. Este facto aproxima o leitor do autor, caso o primeiro esteja a ler a obra num período semelhante da sua vida; algo bastante comum, já que o estudo da arquitectura contemporânea está inserido em qualquer curso de arquitectura. Assim, influenciando os futuros arquitectos no mais importante período da sua vida, o ensino, “Theory And Design In The First Machine Age” consegue revelar-se importante, pelo impacto que pode desempenhar na arquitectura do futuro.

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