Tempos Eufóricos - Análise Da Revista Kosmos

November 10, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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1 DIMAS, Antônio. Tempos Eufóricos: análise da

revista Kosmos, 1904-1909. São Paulo: Ática, 1983. Resumo

O livro de Antônio Dimas está dividido em quatro partes. A primeira primeira,, intitulada A Passarela Galante, traz a parte teórica do ensaio. Nela, Dima Dimass pr proc ocur uraa mo most stra rarr o como como a li lite tera ratu tura ra veicu veicula lada da nessa nessa re revis vista ta refle refleti tiaa o esp espíri írito to da época de otimismo em relação às transformações arquitetônicas da capital, porém sem aderir aderir a um umaa li lingu nguag agem em mode moderna rna.. São São anal analis isad adas as as prod produç uçõe õess em pr pros osaa (c (con onto to e crônica), poesia e crítica literárias, cada uma delas recebendo um capítulo. A segunda parte do livro traz um breve resumo dos textos publicados na revista Kosmos durante a sua existência. A terceira parte traz uma antologia de alguns

in inte teri rior or,, fa fart rtur uraa de il ilus ustr traç açõe õess e uma uma cert certaa mostr mo straa hesit hesitant antee de Ar Artt Nouve Nouveau. au. Todos Todos os  jornais da época aproximaram aproximaram Kosmos das  publicações  publicaç ões européi européias: as: “intelig “inteligentes” entes” e “civilizadas”. Se quanto ao feitio pode-se elogiar Kosmos, qu quan anto to ao cont conteú eúdo do a qu quee se fa faze zerr muit muitas as re ressa ssalv lvas. as. Um do doss maior maiores es probl problem emas as foi a ilust strraç açãão exce xcess ssiiva e a não não ad adeequa uaçção (equilíbrio) entre imagens/fotos e textos. Havia uma tendência de priorizar o aspecto visual, levando os autores a produzir um texto com uma linguagem enfática para chamar a atenção do leitor. Dimas mostrar o como essa linguagem acabou criando situações absurdas como a de fi ficccio iona nalliz izaar re rellatos qu quee dever veria iam m se ser  r  meramente jornalísticos (pág. 7). Para Dimas, Kosmos e Renascença: “Eram revistas de ‘ilustração’, de popularidade, para  preencher o ócio com dignidade”. dignidade”. (pág. 9) Para Dimas, Kosmos era uma revista feita

Para Dimas, o começo do séc. XX significou  para a cidade do RJ um período de retraim retraimento ento intelectual, pois todos estavam voltados para as mudanças urbanísticas. O jornalismo carente de

 para osadeeolhos, refletindo mesmo aspecto so soci cied edad fl flum umin inen ense se da o ép époc oca, a, em qu quee da as  pessoas queriam ser vistas na rua do Ouvidor e nas mesas da Pascoal e da Colombo. A revista era feita para os olhos e não para o cérebro. O autor enfatiza os aspectos de reur urba bani nizzação do Rio, pr proomov ovid idos os pr proo Rod odri riggues Alves e Perei reira Pass ssos os,, qu quee colocavam a cidade como a vitrine do Brasil. Assim: “Kosmos não fora pensada para questionar  nenhum tipo de sistema: literário ou não. [...] Kosmos era ato de afirmação; veículo móvel,

informações - após a Abolição e a Proclamação da República – começa “a deglutir” alguns dos  principaiss escritore  principai escritoress da época, apresent apresentando-se ando-se como uma opção de “profissionalização” aos esc scri rittore res. s. Mas nã nãoo fo fora ram m todo doss os que aceitaram aceitara m o desafio da imprensa diária. Dos que aceitaram destaque para Olavo Bilac e Coelho  Neto.  Nesse context contextoo surge a Revista Revista Kosmos Kosmos,,  publicando  publica ndo 64 números entre 1904 e 1909. No começo, coube a direção a Mário Behring que se afa afast stou ou em 1905 1905,, al aleg egand andoo sob sobre recar carga ga de trab trabal alho ho.. As Assu sume me a di dire reçã ção, o, entã então, o, Jo Jorg rgee Schmidt na condição de diretor-proprietário. A revista vinha num formato que agradava ao públ públic icoo burg burguê uês: s: fo form rmat atoo gr gran ande de,, pa pape pell couché, uso intenso de cores na capa e no

comprobatório do remodelamento urbano, sua exte extensã nsão. o. Protag Protagoni onista sta de um umaa consc consciê iênci nciaa urbana moderna que se modelava à custa da negligência dos subúrbios cariocas, espaço da competência de Lima Barreto”.(pág. 10) Olavo Bilac e Coelho Neto que colaboraram  para a revista procuram em seus textos estar à  parte das questões questões políticas políticas e sociais, pois esta não era a índole de Kosmos. “O que era essa índole de Kosmos? Como  precisar um termo tão vago, mas ao mesmo tempo, tem po, tão sintomá sintomátic tico? o? Sint Sintomá omátic ticoo de uma socie soc iedad dadee que se prete pretendi ndiaa civil civiliza izada, da, cult culta, a, elegante e... inofensiva. Inofensiva como os seus textos ficcionais que se enquadram mais dentro de uma uma ca cate tegor goria ia de ‘or ‘ornam namen ento to’’ do que de ‘criação’ ou ‘documento’. ‘documento’.

textos significativos para comprovação da tese de Dimas. Primeira Parte A passarela galante Capítulo 1 - A entressafra literária

 

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Se ‘c ‘cri riaç ação ão’, ’, os te text xtos os perm perman anec ecem em na esteira de um romantismo diluído e liquefeito; se ‘do ‘docum cument ento’, o’, em empe penha nhados dos num veris verismo mo rasteiro que se esforça em ser eco do realismo ou germe de regionalismo.”(pág. 19) O Conto

É assinalada a permanência de temáticas de cunh cunhoo româ românt ntic ico, o, va vale lend ndoo-se se de esqu esquem emas as literários já ultrapassados. No entanto, também é comum a mescla com o no novvo, ou seja,  pinceladas  pincelad as modernas (realista (realistas-naturalist s-naturalistas) as) em algu alguns ns te text xtos. os. A maio maioria ria dos te text xtos os te tende nde a trazer mensagens de cunho moralizante. Para Dimas, se não fosse a presença de Gonzaga Duque poderia se considerar  desprezível os contos amorosos publicados: “É em meio meio a ta tanto nto deseq desequil uilíbr íbrio, io, ta tant ntaa hesitação entre permanência permanência e renovação e tanta  punição de atos eticame eticamente nte inaceit inaceitáveis áveis para a moral mo ral vigent ente, e,a que esse esse lig tre trecho cho edeespo ‘um ro roma mance nce inéd inédito ito’, ’,vig aind ainda ligeira eira esporadi radicame camente nte manc ma ncha hado do de fr fras ases es conv conveencio nciona naiis (‘ (‘Su Suss moço!’; ‘Sou o grilhet grilhetaa da desventura’), desventura’), emerge com vigor. [comentando sobre Sangravida] Sangravida] pág. 25 Dimas também aponta algumas características simbolistas nos textos: “A elegibilidade da alma, o impacto perante o Novo, a incapacidade popular de consumi-lo, a inac nacess ssib ibil ilid idaade da mul ulhe herr amad adaa, a exploração ostensiva do sensualismo são dados simbol sim bolist istas as cor corriq rique ueiro iros, s, sem me menci nciona onarr os ambiente ntes luxuo uxuoso soss e exó xótticos, cos, alguns localizados em espaço medieval.” [o autor dá como exemplo Virgílio Várzea] “Fugi “Fu gindo ndo pa para ra Tempo Tempo e Espaç Espaçoo re remo moto toss também, Coelho Neto apela ora para a cultura clássica, ora para orientes bizarros em contos de  perceptível  perceptív el sabor di didático-mo dático-moralista.” ralista.” (pág (pág.. 30) “Além da evidente e comprovada cópia de  padrões estéticos europeus [ainda falando sobre Coelho Neto], será que se poderia atribuir o recuo à história euroasiática a um desconhecimento, e conseqüente complexo de inferioridade cultural, de nossa própria tradição? Ignorando – ou desprezando? – nosso processo forma for mador dor,, o gross grossoo de no nosso ssoss fic ficcio cionis nista tass de então era incapaz de reorganizá-lo mi mime meti ticam cament ente, e, ref refug ugian iando do-se -se em tr tradi adiçõe çõess

al alie iení níge gena nass pa para ra su supe pera rarr a ‘v ‘ver ergo gonh nha’ a’ da mestiçagem mestiç agem e conferir-se foros de civiliz civilização. ação. É clar cl aroo qu quee sa sabe bemo moss in inte tenc ncio iona nall o exot exotis ismo mo  parnaso-decadente,  parnaso-de cadente, um dos veios constituintes constituintes dess dessee mov oviiment mentoo po poééti tico co.. Mas as,, no ca caso so  brasileiro,  brasilei ro, a importação importação desse traço não viria em socorro, por acréscimo de um desejo de nivelarse culturalmente à Europa?” (pág. 31) Dimas assinala o aproveitamento de fatos históricos como material ficcional, porém sem muita elaboração por parte dos autores. O in inte teri rior or br bras asil ilei eiro ro e se seus us ha habi bita tant ntes es também são retratados, seguindo os seguintes moldes: “como força de contenção ao desvario europeiz euro peizante ante e dem demonst onstrava rava ‘que nem tudo tinha virado belle époque no Brasil de 1900’; comoo re com resíd síduo uo de um umaa práti prática ca estét estética ica realista-naturalista; como caldo de cultura para uma 





efervescência efervescê ncia reg regional ionalista ista posterio posterior.” r.” (pág. 36) Quanto ao primeiro caso Dimas assinala que esse material constitui “uma tentativa ficcional fa falh lhaa de se le leva vant ntar ar os há hábi bito toss e cost costum umes es roceiros, dispondo-os em fila como se fora um most mo stru ruár ário io de an antr trop opol olog ogia ia cult cultur ural al.. Não Não atingindo o nível documental (não era esse o objet obj etivo ivo)) e nem nem al alcan cança çando ndo o mi mimé méti tico co,, os ‘tipos da roça desenham a realidade rural com o lápis grosso, detectando apenas o pitoresco e o ‘difer ‘di ferent ente’, e’, e sã sãoo incap incapaze azess de di disso ssolv lver er as ar areest stas as cont contun unde dent ntes es dos pe pers rson onag agen enss e conferir-lhe dimensões mais convincentes. [...] esses textos simplesmente catalogam as virtudes e os vícios estereotipados estereotipados do meio rural...” (pág. 36) “Noo co “N conj njun unto to,, a pr pros osaa de Ko Kosm smos os na nada da antecipa ante cipa est estetic eticame amente nte nada propõe, propõe, have havendo ndo qu quaand ndoo mui uitto, su supe pera ra a in inér érci ciaa di dilu luen ente te  justaposição  justapos ição à própria época. Neste sentido, ao ad adot otar ar ca cami minh nhos os temát emátic icas as em vo voga ga e/ou e/ou  procedimentos  procedim entos estéticos estéticos em vigor na virada do século, não se pode negar cunho de atualidade à re revi vist sta, a, embo embora ra is isso so fo foss ssee pr proc ocur urad adoo mais mais deliberadamente no nível gráfico visual.” (pág. 44) “Sur “Surpr pree eend nder er pr proc oced edim imen ento toss no novo vos, s, no  plano do significa significante nte que peleja pelejassem ssem por 

 

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desbar desb arat atar ar há hábi bito toss ad adqu quir irid idos os,, é espe espera ranç nçaa ingênua, pois não cabe ao veículo de comunicação da cultura média do momento a re resp spoonsab nsabil ilid idaade de,, e nem nem a int nteençã nção, de revoluci revo lucionar onar visc visceral eralment mentee os padrões. padrões.”” (pág (pág.. 46) A Crônica

 Num primeiro moment momento, o, Dimas coment comentaa alguns aspectos gerais da crônica. Depois faz uma distinção sobre os inte intellec ectu tuai aiss trad tradic icio iona nais is (r (reepr pres esen enta tam m a continuidade histórica: o clero, por exemplo) e os org orgâni ânicos cos (sã (sãoo evolu evoluçõe çõess sus suste tentá ntária riass da fai faixa social dominante), partindo de  pressupostoss de Gramsci para quem toda  pressuposto atividade humana por mais degradada que seja sempre sem pre conse conserva rva “um mí mínim nimoo de at ativi ividad dadee intelectual criadora”. “Para o teórico italiano, a partir do momento em que o indivíduo recusa-se a participar  jogo e luta por construir sua própria visão do de mundo, não importando qual seja sua condição soc social, eis aí o ho hom mem dot otaado de ‘l ‘liinh nhaa conscientee de conduta moral’”. (pág. 52) conscient “Quer-me parecer que, no caso concreto de Bilac, sua atuação, aparentemente isolada, foi a de confirmar, num plano explícito, o acerto das medidas governamentais da recuperação urbana carioca (e, por consegui conseguinte, nte, o surgime surgimento nto de um  periódico fino e el elegante egante com comoo Kosmos Kosmos); ); e, num  plano implícito, implícito, embora de maneira esgarçada e cont ontrad radit itór ória ia,, o ace acert rtoo da ment ntaalid idad adee mate ma teri rial alme ment ntee pr prog ogre ress ssis ista ta fi finn-de de-si -sièc ècle le.. Todavia Toda via seri seriaa esqu esquemá emática tica e, port portant anto, o, tal talvez vez inadequadoo caracter inadequad caracterizá-lo izá-lo como puro intelec intelectual tual ‘orgânico’, uma vez que sua atitude colaboracionista fundava-se sobre uma cultura essencia esse ncialme lmente nte liv livresc rescaa e, pois pois,, eclesiá eclesiástic stica.” a.” (pág. 53) “[.. “[...] .] Bila Bilacc ma mant ntém ém vi vivo vo nas nas pr prim imeeir iraa  páginas de Kosmos o mito do salto tecnicista tecnicista com com suas suas even eventu tuai aiss deco decorr rrên ênci cias as mo mora rais is e sociais”. (pág. 53) Bilac, opondo-se as tendências parnasianas francesas que não ligavam o belo ao útil, deixa que que o jorn jornal alis ista ta engu engula la o po poet eta, a, ad ader erin indo do euforica eufo ricamen mente te ao refor reformism mismoo ina inaugur ugurado ado por  Pereira Passos.

Bi Bila lacc co cont ntri ribu buír íraa com com 46 crôn crônic icas as pa para ra Kosmos,, demonstrando Kosmos demonstrando pouca preocupação preocupação com as aflições do povo fluminense: “Instalado em uma publicação que atingia um segmento social acanhado e explorando um gêne gênero ro po pouc ucoo es espe pecu cula lati tivo vo (e (em m te term rmos os de  problematizaçõe  problem atizações), s), o cronista não só incensava o consumidor específico como, eventualmente, menosprezava ou ridicularizava o que brotasse no canteiro popular. Seu olhar dirigia-se dirigia-se sempre  para os lados ou para cima. Para baixo, concessivamente apenas.” (pág. 55) Quando analisa avanços tecnológicos, Bilac analisa somente seu uso imedia imediato, to, não pensando nos benefícios futuros que eles podem trazer. Bilac sente-se incomodado com alguns inventos como como o cinem cinemat atógr ógrafo afo,, ju julg lgand andoo pé péssi ssima ma a qu qual alid idad adee da dass im imag agen enss (sem (sem pe pens nsar ar qu quee a técnica iria evoluir). (pág. 65-66)’’’’’’ “Do alto de sua coluna, o cronista contempla o mundo ao redor e dele retira apenas os dados que julgamas significativos, amplia-osIsso parafaz arrastar  o leitor, não aprofunda-os”. com qu quee o au auto tor, r, po porr exemp xemplo lo,, nã nãoo come coment ntee o Carn rnav aval al no mesm smoo nú núm mero em que era noticiado o naufrágio do Aquidabã. Em 1906, quando Afonso Pena assume a  presidência,  presidênci a, Bilac enaltece o espaço dado à imprensa (o 4o poder) para que os repórteres acompanh acom panhasse assem m a comiti comitiva va do presiden presidente. te. A suposta abertura serve para que sejam descritas inuti inu tili lidad dades es como como o númer númeroo de beb bebida idass que entulhavam as despensas do Maranhão (navio): “O jornal tem o direito de dizer que s. ex. acordou a tal hora tornou a adormecer, e que s. ex. repetiu ao almoço o frango assado e que s. ex. prefere bife sangrento ao bife passado, e que s. ex. ao sair do banho espirrou três vezes por ter  apanhado um resfriado”. (pág. 57- rodapé) Atendo-se a esses detalhes, a revista isentase de come comenta ntarr fat fatos os polít político icoss rel relev evant antes es.. A re revis vista ta serve serve como como vitrin vitrinee desse desse Ri Rioo que se civiliza. O homem público aparece como um homem simples, injetando no leitor a idéia de ig igual ualdad dade. e. A revist revistaa assum assumia ia uma uma prete pretensa nsa neutralidade nos assuntos políticos: “Neut “Ne utral ralida idade de ma manho nhosa sa,, suspei suspeita ta,, se não  parecesse paradoxal, que evita discutir a extensão político-administrativa da viagem, mas que não hesita em atrair as graças da nova camada cam ada diri dirigent gente, e, ao elogia elogiarr fotogra fotograficam ficamente ente

 

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(poi (poiss o Ve Verb rboo comp compro rome mete te)) su suas as pr prim imei eira rass  providências”.  providênci as”. (pág 58) Quando um assunto delicado como o surto de varí varíol olaa im impõ põee-s -see, Ol Olav avoo Bi Bila lacc to toma ma o cuidado de pedir desculpas ao leitor por tratar de tal assunto numa revista de arte. Comentando a doença, Bilac enfatiza que ela seria mais danosa  para as mulhere mulheress ricas por terem uma pele mais  bonita. (pág. (pág. 62-63) Dimas enfatiza as crônicas de João Luso  publicadass na Kosmos (13 ao todo). As crônicas  publicada de Luso tinham um tratamento mais ficcional (quanto ao fato que as originou) e lidavam mais com a ironia e a graça, tratando de aspectos sociais. Há uma uma descriç descrição ão bem interessan interessante te do tipo do repórter em uma das crônicas de João Luso. O autor revela que o repórter é o mais novo rep eprresentante do proletariado intelectual do Brasil.

Sintetizando: o ntos próprio [Olavo redi“Assinando redige ge text textos os ate atentos às nome modific modificaçõe açõess Bilac], loc locais, ais, desen desenca cade deada adass e lo longa ngame mente nte esper esperada adas, s, sem esquecer-se, contudo, do que passa fora do país. Texto cujo teor opinativo banalizado pela idéia const onstaante nte do pro roggre ressso so,, est steend ndeem-s -see e enca encade deia iamm-se se àq àque uele less ar arti tigo goss at atua uais is sobr sobree zool zoolog ogia ia,, botâ botâni nica ca,, hi hist stór ória ia,, espe espele leol olog ogia ia,, engenharia militar e civil etc., formando uma das linhas básicas da revista: a de fornecer a atualização cultural para o leitor. Sob Sob o ps pseu eudô dôni nimo mo de Fant Fantas asio io,, elab elabor oraa crônic crô nicas as que que fun funci ciona onam m como como mo mome mento ntoss de exercíci exer cícioo lit literár erário, io, distensor distensores es lúdi lúdicos cos que se aliam aos contos para cumprir a outra etapa: a da educação estética do leitor. Tem-se, assim, a crônica como gênero de forte maleabilidade apta a cumprir a função eclét ecl ética ica de Ko Kosmo smos, s, revist revista-e a-espe spelho lho de um  período cultural não menos ecléti eclético, co, mas  precursora das atuais revistas de grande  público”. (pág. (pág. 82) A Poesia

Dimas começa com o texto Maldito Mestres do passado, de Mário de Andrade o capítulo. Em seguida, lembra que o autor tinha a coleção comp comple leta ta de Ko Kosm smos os em qu quee deve deve te terr li lido do  poemas de “um lirismo funcionári funcionárioo público”,

 pois a revista “transmitia “transmitia um tipo de poesia mora mo rali liza zant nte, e, edi difi fica cant ntee, ad adeequ quad adaa a uma uma ideologia de progresso, de regeneração material (e moral?) no limiar de um século novo em cidade nova”. (pág. 85) Dimas procura compreender os motivos que levara ram m a uma aceitação maior da ar arte te  parnasiana,, em detrime  parnasiana detrimento nto da simbolista, simbolista, pelo  público brasileiro. brasileiro.  Num primeir primeiroo momento, momento, contextualiza contextualiza a  boemia européia a partir de pressupost pressupostos os de Heuse serr. Es Esse se aut utor or defi finniu três rês tipo poss de  boêmios:: 1) os boêmios do primeiro regimento  boêmios que causaram arrepios (absorvidos pelo sistema Gaut Ga utie ier, r, Nerv Nerval al,, Ar Arse seni nioo Hous Houssa saye ye); ); 2) o  boêmio real: constit constituído uído por um grupo naturalista naturali sta e integrante integrante do proletariado proletariado artístico; 3) que rom rompe pe radic radical alme mente nte com os qua quadro dross  burgueses e se lança em doidas aventuras aventuras (Corbière, Verlaine, Rimbaud). (pág. 85-86) “A bo boem emia ia li lite terár rária ia brasil brasilei eira ra do fim do sé sécu culo lo XIX, XI tão bem bem nova vasc scul ulha hada dasempre po porr es esse se  precioso AX, vidatã lioterária literária Brasil Brasil..., ..., nos  pareceu suspeita de pose, de artificia artificialismo, lismo, de neo-romantismo, neo-roma ntismo, aparentando antes uma atitude importada, junto com os ‘ismos’ da época, do que resposta visceral e autêntica autêntica a contingê contingências ncias do nosso nosso meio meio econô econômic micoo e soc socia ial, l, qu que, e, de resto, nada tinham a ver com o Europeu”. (pág. 86) Os escritores brasileiros provinham em sua maioria de modestos segmentos urbanos em via de afi afirm rmaçã ação. o. Essa Essa bu burg rgue uesia sia urban urbanaa que se formava precisava se afirmar. Assim,  participaram  particip aram dos primeiros primeiros movimentos movimentos de questionamento por liberdade. Os escritores daquele momento procuravam importar padrões europeus naquilo que se tem de mais exterior: “O po poeeta boêm oêmio io,, mov movid idoo tal alve vezz pe pelo lo mesm me smoo es espí píri rito to de desf desfor orra ra,, vi ving ngav avaa-se se da operosidade e da austeridade burguesa através do ócio pândego. E, numa engenhosa conjunção conjunção involun invo luntári tária, a, o visuali visualismo smo plástic plásticoo da poes poesia ia  parnaso-simbolista  parnaso-sim bolista combinava-se combinava-se como o exi xibi bici cion onis ismo mo pe pess ssoa oall de muit muitos os de se seus us cultores que confundiam ‘literatura’ com ‘vida literária’ literár ia’ e que fizeram das confeitarias de então umaa vi um vitr trin inee de on onde de pu pude dess ssem em ver ver e se sere rem m vistos”. (pág. 88)

 

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Assim, como fizeram arte pela arte, fizeram também Boêmia pela Boêmia. Dimas enfatiza que o Romantismo fora uma arte arte que que conq conqui uist star ara, a, in incl clus usiv ivee na po poes esia ia,, leitores.. Com o advento do Parnasianism leitores Parnasianismoo de do Si Simb mbol olis ismo mo,, o fo foss ssoo ent ntre re os po poeemas mas e o  público leitor ampli ampliou-se. ou-se. Porém, a poesia simbolista encontrou mais resistência, por seu alto teor de inventividade. Além disso, o grupo Pa Parna rnasia siano no foi ma mais is ag agres ressiv sivoo e conqu conquist istou ou espaço em jornais como A Gazeta de Notícias e A Se Sema mana. na. Bi Bila lacc enfat enfatiza iza qu quee to todos dos jo jove vens ns  poetas daquele mome momento nto queriam ser vistos e estavam em busca de reconhecimento. (pág. 91)  Não se pode esquecer que a arte Parnasiana era mai maiss cons conserva ervadora dora,, devolven devolvendo do um certo certo equil equilíbr íbrio io aba abala lado do pelo pelo rom romant antism ismo. o. As Assim sim,, retomando antigas fórmulas (métrica, mitologia clássica, preservação da língua etc.) Produziu-se então: “Literatura como meio de reforçar valores

Segundo Afrânio Segundo Afrânio Coutin Coutinho: ho: “O mom momento ento era de sincretismo, ecletismo e diletantismo”. A revista trouxe em média 1,5 artigos de opinião crítica por número. Pa Para ra Dima Dimas, s, o ac acla lama mado do ecle ecleti tism smoo nã nãoo re refle fletia tia di difus fusão ão cultur cultural, al, ma mass sim o varia variado do espectro de orientações, procurando atender a to todo doss os go gost stos os po poss ssív ívei eis, s, ou se seja ja,, fo form rmar  ar  leitores. A li lite terat ratura ura e as art artes es plást plástica icass ocupa ocupam m  praticamente  praticam ente um mesmo espaço: 35 artigos de literatura X 37 de artes plásticas. (pág. 107)  Nada se pode esperar de extraordi extraordinário nário desse espelho da época. No entanto, pode-se ga gari rimp mpar ar al algu guns ns do doss pr prin inci cipa pais is di dile lema mass da crítica da época: liberdade de criação, inovação x sistemas, política educacional no ensino da arte etc. A re revis vista ta si situ tua-s a-see num momento momento que os emb mbat ates es id ideo eoló lógi gico coss da dass no novvas corr correent ntes es literárias já haviam serenado.

ouosta com como inuma strum ument entosma o adis dissua suasór sório são fac faces esi op opos tass odeinstr um a mesm me mo moed eda, a,io qu que e at atri ribu bui função literária ao fenômeno literário. Valendose de uma dessas faces, muitos colabo colaboradores radores de Kosmos reafirmaram o caráter de solidariedade do periódico com seus consumidores ao lhes forn fornec ecer er exem exempl plos os de edif edific icaç ação ão mo mora ral, l, no mesmo tempo em que, animados por  sol solic icit itaç açõe õess estra stranh nhas as ao of ofíc ício io po poét étic ico, o, comprometiam inapelavelmente a qualidade de seus versos”. (pág. 98) “É inco incont ntes está táve vell o cará caráte terr di dilu luen ente te da maioria dos poemas de Kosmos. Navegando na es este teir iraa de te tema mass e/ e/ou ou de re recu curs rsos os fo form rmai aiss canonizados, nada de no novvo se propõe, exaurindo-se – muitas vezes até o ridículo – a herança legada”. (pág. 103) “A junção nção dos text xtos os de po poeesi siaa com ce cerca rcadur duras as flora florais, is, le lembr mbrand andoo ou não o Ar Artt  Nouveau, oferece motiv motivos os de especul especulação ação que nos levam a pensar na justeza de adequação entre ambas as linguagens: a verbal e a visual. Assim Assi m com como, o, pági páginas nas ant antes, es, refe referimo rimo-nos -nos ao es esfo forç rçoo do verb verboo que te tent nta, a, in inut util ilme ment nte, e, empa em pare relh lhar ar-se -se co com m a im imag agem em fo foto togr gráf áfic ica, a, assistimos aqui, de novo, a uma defasagem”. (pág. 104)

Dima Disimo. maso. s coment com a al algum gumas críti tica cas snheza dezaJos José Veríssim Verís Fi Fica caentareg regist istrad radaaas acrí es estra tranhe doé crítico ao analisar o texto de uma escritora e a ênfase que dá à origem negra de Cruz e Sousa –  quando se refere ao poeta. Dimas enfatiza que o crítico nunca vira com bons olhos a estética simboli sim bolista. sta. Veríssim Veríssimoo assinala assinala nos versos versos de Cruz e Sousa “o tam-tam” africano, caracterizando sua poesia como possuidora de ritmos primitivos. Gonzaga Duque diz que Cruz e Souza foi: “guiado “gui ado pela sua ima imagina ginação ção psicopat psicopata”, a”, que tin inha ha uma uma “s “sen ensi sibi billid idad adee mórb mórbid ida” a” e qu quee “faltava-lhe estudos, métodos e crítica”. A crítica queria manter a ordem, opondo-se aos desvarios românticos dos anos 20 e 30. Propunha a manutenção da ordem, do apolíneo. (pág. 111) “Já foi dito que não se pode tomar Kosmos como representante direto de nenhu hum m movi mo vime ment ntoo li lite terá rári rio, o, po porr uma uma ra razã zãoo muit muitoo si simp mple les: s: se seuu in intu tuit itoo come comerc rcia iall ób óbvi vio, o, qu quee  pretendiaa atingir amplo consumo, prestava  pretendi p restava-se -se à divulgação de conceitos vagos e esparsos tidos como portadores da idéia de ‘refinamento’ e de ‘civilização’.” (pág. 113) Voltando-se para o heterogêneo, a revista também tinha que abrir espaço para os grupos minoritários.

A Crítica

 

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Para Dimas, a revista acolhia variado sabor  de te tend ndên ênci cias as,, “con “const stit itui uind ndoo-se se nu num m va vast stoo depósito vivo para onde afluíam mercadorias culturais sintomáticas de um conceito vago de Progresso.” (pág. 118) Há uma tend tendênci ênciaa mor moraliz alizante ante da crít crítica ica,, valorizando aquelas obras que trazem ensinamentos úteis. Gonzaga Duque destaca-se como um dos  principaiss críticos ddee artes plá  principai plásticas. sticas. Poré Porém, m, seus comentários se referem mais ao meio artístico, às políticas públicas para estimular a arte do que aos objetos artísticos. Meia Dúzia de Palavras Finais

“Na verdade, o que ocorre com Kosmos, dura durant ntee se seus us quas quasee qu quat atro ro an anos os e me meio io de existência, é a formação e consolidação de uma nova mitologia urbana, a qual essa revista se enc encarr arreg egou oudade pro propa paga garr e dela dela al alim iment entou: ou: a mitologia Avenida. Kosmos é a referência concreta e globalizadora de um período eufórica e ingênua e complementam-se. Esta se prolonga naquela”. (pág. 133) “Daa le “D leit itur uraa in inte tegr gral al de Kos osm mos o qu quee emer em erge ge,, em úl últi tima ma in inst stân ânci cia, a, é o exem exempl ploo concreto de um tempo dilacerado e ambíguo. Kosmos é a casca vistosa de modernidade que queria impor-se à custa de notícias ficcionalizadas como recurso de abrandamento; de conce concessõ ssões es reg region ional alist istas as al alam ambi bicad cadas; as; de cron cronis ista tass em empe penh nhad ados os,m ,mas as caut cautel elos osos os;; de  poesias moraliz moralizantes antes e edificant edificantes, es, tudo isso envolto em vinhetas florais. A representação do momentoo encontrara excelente signo: a flor, que moment o Art Nouveau nos exportara. Mais uma vez o mi mito to cump cumpri riaa a fu funç nção ão de ‘e ‘eva vacu cuar ar o re real al’. ’. (Barthes – Mitologias) A flor flor cheir heira, a, embelez elezaa e pu puri rifi ficca o ambiente.” (pág. 13)

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