Temáticas fundamentias de Ricardo Reis

September 17, 2017 | Author: Stephane Azevedo | Category: Greek Mythology, Happiness & Self-Help, Philosophical Science, Science, Psychology & Cognitive Science
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Temáticas fundamentais de Ricardo Reis: Epicurismo: 

O epicurismo é uma doutrina que assenta num ideal de sabedoria que busca a felicidade, isto é, um estado de ataraxia (tranquilidade de alma), através dos seguintes parâmetros: 

Não teme a morte nem os deuses – o poeta mergulha no fatalismo;



A sensação, que é o critério do conhecimento, incentiva a busca do prazer e a fuga da dor;



Reger-se segundo as máximas horacianas do “carpe diem” (procurar aproveitar os simples e naturais prazeres da vida ao máximo, sem preocupações com o futuro e sem excessos) e da “aurea mediocritas” (elogio do “magna quies” do viver campestre).

Estoicismo: 

O estoicismo é uma doutrina que se rege pelo ideal ético da apatia (ausência de envolvimento emocional excessivo que permite a liberdade), pretendendo alcançar uma felicidade relativa (contentamento inconsciente), através dos seguintes parâmetros: 

Atitude de indiferença social e emocional;



Domínio das paixões e não aceitar entregar-se a grandes causas - recusa o amor para evitar desilusões e perturbações na tranquilidade da sua vida;



Aceitar a ordem natural das coisas, mergulhando no conformismo;



Culto do belo, como forma de superar a efemeridade das coisas e a fugacidade da vida (passagem do tempo).

Paganismo: 

Reis é pagão por carácter, acreditando nos deuses da antiguidade greco-latina, nas presenças quase divinas que habitam todas as coisas, na civilização grega e no destino, que está acima dos deuses. Reis refere estas figuras mitológicas com sendo uma metáfora da primazia do corpo, das formas, da natureza, dos aspectos exteriores e da realidade, sem cuidar da subjectividade ou da interioridade.

Nota: Reis admite a limitação e a fatalidade da sua condição humana e pretende chegar á morte de mãos vazias de modo a não ter nada a perder, considerando assim a vida como uma viagem cujo fluir e fim é inevitável.

Frases a reter: 

“O tempo passa, / não nos diz nada”



“Quando te puserem / nas mãos o óbolo último / ao abrirem-te as mãos / nada te cairá”



“Senta-te ao sol. Abdica/ e sê rei de ti mesmo”



“Aprendamos / que a vida passa”



“A vida / passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, / vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, / mais longe que os deuses”



“Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos”



“Quer gozemos, quer não gozemos, passamos com o rio”



“Mais vale saber passa silenciosamente/ e sem desassossegos grandes”



“E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio/ eu nada terei que sofrer ao lembrarme de ti”



“Para ser grande, sê inteiro”



“Sê todo em cada coisa. Pões quanto és/ no mínimo que fazes”



“Breve o dia, breve o ano, breve tudo”



“Prefiro rosas, meu amor, à pátria”

Linguagem e estilo de Ricardo Reis:  Estilo neoclássico influenciado por Horácio;  Linguagem e vocabulário erudito, preciso, coloquial e de influência latinista:  Predomínio das alusões mitológicas;  Recurso a arcaísmos;  Formas estróficas e métricas regulares e de influência clássica;  Frase concisa e sintaxe clássica latina;  Predomínio da subordinação e dos advérbios de modo;  Recurso ao gerúndio, ao imperativo como manifestação de atitude filosófica e ao conjuntivo de carácter exortativo;  Léxico e sintaxe classicizantes: perífrases e eufemismos eruditos e anástrofes e hipérbatos (influência latinista);  Poesia de ressonância moral, pelo que o emprego dos tempos verbais de carácter exortativo e de atitude filosófica valem como máximas e ensinamentos de vida.

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