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numérica (SN). Num estudo efectuado por Sanz et al (2003), tendo como amostra as cinco primeiras equipas classificadas da liga ASOBAL da época 2002/03 num total de 14 jogos, concluiu-se que mesmo sem significado estatístico, existiu maior êxito em situação de igualdade numérica ofensiva que em superioridade. Este resultado é confirmado pelo estudo de Aguilar (1998) que refere uma eficácia em SN de 49.3%. Ainda quanto à eficácia do ataque em SN, estudos mais antigos (Antón, 1994 e Leon, 1998) apresentam melhores resultados: 58.18% e 55.14% respectivamente. Por outro lado, também refere que quando as equipas atacam em SN existe um aumento de erros, cuja causa pode estar, provavelmente, na tendência para finalizar mais rápido. A maior facilidade em conseguir uma situação de finalização mais cómoda pode também estar na base de uma eficácia de remate abaixo do esperado.

Possibilidade de organização táctica para momentos especiais do jogo de andebol: Ataque em Superioridade e Inferioridade Numérica.

Paulo Jorge de Moura Pereira

Introdução

Frequentemente, no Andebol, “produzem-se duelos que não são simétricos, dando-se uma situação de vantagem numérica por parte dos grupos enfrentados” (Antón, 1998) resultantes da exclusão temporária por um período de dois minutos de um ou vários jogadores por aplicação da regra 16 do regulamento do jogo de Andebol da Federação Internacional (IHF).

Devemos também notar que quando a defesa se encontra em inferioridade numérica (IN), normalmente assume um comportamento mais agressivo procurando mesmo conquistar a posse de bola com acções sistemáticas e coordenadas de dissuasão e intercepção a atacantes pares e sobretudo ímpares. Deste modo, o facto de os sistemas defensivos adquirirem outra plasticidade com um funcionamento mais activo na sua essência, correndo mais riscos do que em situação de igualdade numérica, pode também contribuir para um resultado do ataque abaixo do normalmente esperado. A maior concentração dos Guarda-Redes também pode contribuir para que a finalização possa estar mais dificultada.

Existem diferentes estudos que ajudam a compreender o que ocorre nestas circunstâncias, testemunhando que se verificam de 4 a 7 exclusões por jogo (Enriquez e Falkowski, 1988; Aguilar, 1998; Rocha, 2001; Sanz et al, 2004). Nos estudos de assimetria (desigualdade numérica) também se analisam a eficácia e zonas de lançamento, número de posses de bola, tipos de sistemas defensivos e ofensivos, diferenças relativas ao momento do jogo e ao resultado, por exemplo, ou seja, motivos de sobra para se tratar este tema que se insere nas situações especiais de jogo com a maior responsabilidade. Corroborando a importância que deve ser atribuída aos momentos de jogo em que é necessário jogar em desigualdade, existem treinadores que referem que em jogos igualados a diferença pode mesmo estar na eficácia em situação de superioridade

Um estudo de Rocha (2001) tendo como amostra 24 jogos do Campeonato Nacional de Portugal da 1ª

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apresenta um pior resultado com 44.4% contra 63.6% do Ciudad Real. Estes dados sugerem que um dos factores que também poderá ter contribuído para a vitória do Ciudad Real da liga dos Campeões de 2007/08 terá sido a capacidade para solucionar problemas nas relações de assimetria que ambos os jogos apresentaram.

Divisão de Seniores Masculinos refere que em SN defensiva, a maioria das equipas altera o sistema defensivo optando por formatos mistos (normalmente o sistema 5+1) e se não o faz, o sistema utilizado adquire normalmente maior profundidade. Este comportamento defensivo obriga à planificação de diferentes tipos de actividades no sentido de dar uma maior versatilidade ao processo ofensivo, de forma a que os jogadores possam estar preparados para solucionar problemas decorrentes da utilização destes formatos defensivos, que procuram reduzir o tempo de finalização e a recuperação da posse da bola. Actualmente, a evolução do jogo não permite somente conservar a posse de bola até recuperar o jogador ou jogadores excluídos, pelo que é necessário, pelo menos, conseguir igualdade numérica numa determinada zona do campo e condições para finalizar com possibilidades obter golo.

Ataque em inferioridade numérica

Como referem Luís e Ignácio Chirosa (1999), se considerarmos que uma equipa tem cerca de 5 exclusões por jogo, isso significa estar em inferioridade numérica perto de 20% do total do tempo de jogo (sempre que o adversário não tenha nenhum jogador excluído). Por esta razão, é razoável pensar que deveríamos então dedicar ao treino cerca de 20% de trabalho destinado a preparar acções ofensivas nesta circunstância. Vários são os factores que podem condicionar a planificação quanto ao modelo de jogo a seguir, tais como a experiência do treinador ou as características dos jogadores que compõem a equipa, no entanto as opções devem sempre ter como objectivo, conquistar espaços de jogo eficazes e pelo menos uma situação de igualdade numérica em determinado espaço do campo respeitando sistematicamente princípios do jogo como a continuidade, profundidade, amplitude e a mudança de ritmo necessária e muito importante para poder gerar desequilíbrios. Neste cenário, é necessário também contar com factores chave para se atingir um bom resultado como podem ser o tempo de jogo ou o resultado de forma a poder optar por estratégias mais ou menos arriscadas. Por outro lado, o modelo de

Se considerarmos a final da liga dos Campeões deste ano (2007/08), entre o Ciudad Real e o Kiel podemos constatar que no primeiro jogo houve 10 exclusões e no segundo 6, o que sugere que é necessário garantir um elevado nível de eficiência em jogo, independentemente da configuração numérica em que nos encontramos. Por outro lado, planificar o trabalho dos sistemas defensivos mais adequados para actuar com ou sem vantagem numérica assume uma importância decisiva para a conquista de um resultado positivo. De facto, considerando o total de vezes em que se produziu assimetria em ambos os jogos, o Ciudad Real apresenta uma eficácia global de 61.9% superando o Kiel com 45.4%, demonstrando também em SN ofensiva 60% de eficácia contra 46.1% do Kiel; do mesmo modo, em situação de IN ofensiva, o Kiel também

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jogo deve ser construído em função do sistema defensivo a atacar.

Se a opção for iniciar o ataque sem jogador pivot, ainda que posteriormente se possa jogar transformando o sistema, surge um formato ofensivo como mostra a figura 2.

Este trabalho não pretende explanar o processo de construção das acções ofensivas relativamente aos factores que a condicionam, mas sim apresentar um conjunto de ideias como resultado final tendo em conta o ataque a sistemas defensivos habituais como são a defesa mista 5+1, o sistema 6:0 ou 5:1.

Ataque a defesa mista 5+1 O primeiro passo para atacar qualquer dos sistemas defensivos referidos será decidir com que sistema ofensivo vamos iniciar, sem ou com jogador pivot; neste caso podemos encontrar diferentes possibilidades, por exemplo um sistema 2:3 (2 laterais 1 pivot e dois extremos) ou um sistema 3:2 (3 primeiras linhas 1 extremo e 1 pivot) como mostra a figura 1.

Fig.2 – Sistema ofensivo 3:2 sem jogador pivot.

Estes formatos ofensivos podem ser trabalhados contra qualquer sistema defensivo, sendo no entanto importante perceber qual o que melhor se adapta ao sistema defensivo a atacar. É fundamental que o potencial de determinadas características ofensivas seja aproveitado ao máximo, nomeadamente os pontos fortes de cada jogador. Como exemplo do anteriormente exposto, se não temos extremos que saibam jogar fora do seu posto específico, seja como jogador pivot (por razões antropométricas) ou na 1ª linha ofensiva, o melhor será optar por manter esses jogadores no seu posto específico, procurando outro tipo de soluções. Conhecer o modelo de jogo das equipas adversárias quanto aos sistemas defensivos que habitualmente utiliza, permitem uma planificação do jogo mais precisa, no entanto, é mais importante o domínio de meios técnicos e tácticos individuais e de grupo a utilizar, em espaços mais ou menos reduzidos, do que ter demasiadas acções ofensivas pré-fabricadas. Neste sentido não podemos ignorar a crescente actividade dos sistemas defensivos que

Fig.1 – Exemplos de sistemas ofensivos em inferioridade numérica com jogador pivot.

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O objectivo será o de fixar o defensor central com ou sem apoio do extremo para tentar desequilibrar com um aclaramento por parte do extremo contrário. Apenas há que definir por onde começar. Neste exemplo o extremo direito (ED) procura fixar o ímpar para posteriormente o lateral direito (LD) fixar o central. Esta intenção pode ser limitada por dissuasão do defensor que está no exterior (quando a bola está no LD) ou pelo defensor central (quando a bola está no ED). Neste caso a gestão das distâncias, a desmarcação para receber e a utilização apropriada do drible são determinantes para se poder atingir o objectivo.

fazem com que o imprevisto seja uma constante obrigando a uma necessária e permanente adaptabilidade dos comportamentos ofensivos. O drible (utilizado de forma apropriada), a fixação, o bloqueio e o ecrã, o cruzamento e o aclaramento, ou a circulação de jogadores são os meios técnicos e tácticos mais utilizados no andebol actual. Estes meios tácticos podem surgir isoladamente ou em conjugação, de forma premeditada ou mesmo espontânea em determinados momentos do jogo. Só o treino poderá fazer com que os elementos do jogo possam ser reconhecidos pelos intervenientes em proveito próprio. Constatamos em qualquer das figuras, a possibilidade de estabelecer relações ofensivas, sobretudo entre postos contíguos em determinadas zonas do campo (Fig.3), ao mesmo tempo que se percebe que a distribuição do espaço também muda quando comparamos com o jogo em igualdade numérica. Agora existem zonas que devem ser compartidas por diferentes jogadores e em permanente reajustamento.

Fig.4 – Fixação do defensor central seguido de aclaramento efectuado pelo extremo do lado oposto.

Após fixação do defensor central consegue-se produzir uma igualdade numérica à esquerda cumprindo um primeiro objectivo. Em continuidade, o extremo esquerdo (EE) desmarca-se para o interior (aclaramento) libertando o espaço exterior para o Lateral Esquerdo (LE) beneficiar recebendo do LD que fixou ao centro. Conseguir fixar defensores ímpares na zona da bola e explorar o escalonamento dos defensores longe da bola, são factores chave para se conseguir chegar a zonas de finalização eficazes. Por outro lado, é necessário delinear e prever acções de continuidade

Fig.3 – Defesa mista com marcação ao central, permite estabelecer relações 2X3 próximo da bola e 2X2 longe da bola.

Considerando a situação anterior, e no caso de existir espaço entre linhas defensivas por marcação estrita ao central, a proposta de exercício surge representada na figura 4. 4

que deverão acontecer no caso de não resultar a primeira opção táctica descrita. Sabemos que o tempo que demora a finalizar uma sequência ofensiva, está associado ao formato utilizado pelo ataque. Um ataque transformado para obter níveis de eficácia elevados, normalmente demora menos tempo a ser concluído (Garcia et al. 2003). As razões que podem explicar este acontecimento são, os possíveis desequilíbrios provocados pelas trocas de oponente e o facto de ocorrer um aplanar (diminuição da profundidade) natural dos defensores durante a transformação, permitindo finalizações de média e longa distância com maior comodidade. Da mesma forma, ainda que, em situação de IN ofensiva, introduzir um jogador ou jogadores próximo da linha de seis metros pode favorecer uma finalização mais rápida, necessária após a utilização do primeiro sistema (fixar o central e aclarar do lado oposto). Neste caso, está previsto uma acção táctica encadeada com outra, de forma sequencial. A fig.5 mostra um sistema de continuidade possível tendo em conta as considerações anteriores.

assumindo assim a responsabilidade do LE (troca de marcação) que teria como intenção a exploração do exterior (zona aclarada pelo EE).

Fig. 6 – Cruzamento do ED com LD após o regresso ao dispositivo inicial.

Depois de todos regressarem à posição inicial, produz-se um cruzamento entre o LD e o ED com o objectivo de fazer circular o ED. Ao observarmos a figura 6, poderemos imaginar diversas formas de continuidade, esta é apenas uma delas e mais do que um movimento ofensivo fechado, é um ponto de partida para culminar o ataque.

Fig.7 – Possíveis soluções para culminar o ataque utilizando o sistema de continuidade. Fig.5 – Sistema de continuidade com circulação do ED cruzando com o LD.

O ED após cruzamento com o LD deve procurar espaços que possam gerar perigo antes ou depois de passar a bola ao LE. Normalmente, os extremos são jogadores com maior mobilidade que os defensores centrais ou laterais pelo que é um factor a explorar nesta circunstância. Assim, deve observar a

Como podemos observar, não se produziu qualquer tipo de desequilíbrio dado que o defensor do exterior não permitiu a penetração do EE colocando-o na frente do defensor lateral 5

defensor avançado activo pode provocar erros de passe ou faltas de atacante e dificulta a fixação do defensor central previsto no movimento inicial. Consequentemente, se o defensor avançado iniciar profundo com defesa estrita ao central para posteriormente cooperar com a 1ª linha defensiva, é necessário encontrar soluções de continuidade em que o central possa intervir, seja como apoio, mantendo a estrutura do movimento, ou como possível finalizador.

disposição dos defensores, procurando a melhor trajectória e orientação para poder seleccionar a melhor opção (tendo condições, o remate da 1ªlinha não deve ser excluído). De entre as possíveis opções, destaca-se um ecrã sobre o central ou o defensor lateral (se estão pouco profundos), para o LE beneficiar com remate da 1ª linha, mudança de direcção para o exterior para encontrar relação com o LD (que sai para o exterior ou cruza), após passe ao LE introduz-se na defesa entre os defensores central e lateral, ou entre o lateral e o exterior, a cortina do ED pode proporcionar também remate da 1ª linha do LE. Se a bola entra no EE e dependendo da colocação do ED (agora como pivot) as relações multiplicam-se. O sucesso deste tipo de acções depende do grau de relação existente entre os jogadores para reconhecerem os indícios associados aos diferentes comportamentos. O saber usar o drible e a capacidade para mudar de ritmo são ferramentas fundamentais para criar reais desequilíbrios. Trabalhar estes ou outros elementos tácticos de forma sequencial, permite a partir de ideias base construir um jogo sustentado quanto ao modo e tempo. Não deve ser excluído o jogo aéreo com o EE ou mesmo com o LE. A figura 8 mostra (para além da relação de passe possível entre o EE e o ED agora a pivot) que a reposição do ED após o movimento de continuidade, pode abrir mais possibilidades resultantes do natural incremento de profundidade do sistema defensivo. Recordemos que neste caso, sempre consideramos uma marcação estrita ao central, existindo muito espaço entre linhas defensivas, no entanto, se o defensor avançado cooperar com a primeira linha defensiva com dissuasão do passe ou procurando criar duelos 2X1, devem ser planificados outro tipo de movimentos e relações ofensivas para chegar ao golo, até porque um

Fig.8 – A profundidade natural dos defensores, gera espaços que devem ser explorados.

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movimento conseguir uma relação temporária de igualdade à direita. Se o LE não encontra possibilidades de finalização, deve continuar com passe para a direita ou para o EE, agora a actuar como jogador pivot.

Ataque a defesa 5:1 O sistema defensivo 5:1 apresenta menos espaço entre linhas defensivas que o diferenciam do caso anterior (5+1) definindo-o como um sistema mais fechado, no entanto, a sua estrutura pode ter também características de funcionamento activo procurando a conquista da bola e a diminuição do tempo de finalização do ataque.

Fig.10 – Igualdade numérica temporária

À imagem do exemplo anterior, de ataque em IN contra 5+1, será necessário ter um sistema de continuidade que permita seguir em jogo integrando acções de forma sequencial com o objectivo de produzir desequilíbrios e prolongar o ataque evitando a sanção por jogo passivo. O primeiro movimento, implica que os jogadores da 1ª linha ofensiva saibam jogar noutras zonas que não a que habitualmente lhe está destinada. Se não se conseguiu finalizar, o LD reposiciona na posição de LE, o Central está agora na posição do LD que está ao centro. Se não quisermos ter nunca o LD na posição de LE, deveremos optar por iniciar o movimento pelo ED, pois desta forma, o sistema de continuidade inicia com o central na posição do LE (agora a LD), e o LD ao centro. Cabe ao treinador planificar as actividades em função das necessidades da equipa. Tomando como exemplo, o primeiro caso (inicio do movimento pelo EE), uma solução de continuidade possível, é fazer circular o central (agora a LD) que procura apoio do ED, para entrar e sair a LE (transformação falsa). O LE (ao

Fig.9 – Circulação do EE seguido de cruzamento duplo na 1ª linha ofensiva.

O exemplo proposto na figura 9 mostra uma circulação de extremo (que pode ser um jogador pivot), seguida de um movimento na 1ª linha ofensiva. Esta simultaneidade de movimentos tem como objectivo fundamental, gerar erros nas trocas de marcação ao mesmo tempo que procura aplanar a defesa para possível finalização da 1ª linha ofensiva durante o desenvolvimento do cruzamento duplo. Existem muitos detalhes de execução do movimento, de forma a maximizar os problemas colocados à defesa, sendo para isso importante conhecer o comportamento dos defensores. Se o defensor avançado actuar com pouca profundidade, o LD pode cruzar com o LE, proporcionandolhe um ecrã (aplana o defensor avançado e reposiciona posteriormente a LE). Como podemos perceber pela observação da fig.10, é possível com o 7

centro), recebe do ED devendo verificar se existem condições para finalizar, ou passa ao LD que recebe ao centro (figura 11). O LD pode a partir daqui estimular uma permuta na 1ª linha e assim regressar à sua posição inicial. Enquanto isto, o EE deve reposicionar aproveitando os espaços que habitualmente se criam com o aumento de profundidade dos defensores.

relacionados com a memória, pecando por insuficiência, tendo em conta que o jogo é um meio sistematicamente em mudança, exigindo dos intervenientes uma adaptação constante com tomadas de decisão sucessivas. No desenvolvimento destas acções é importante nunca perder de vista o objectivo fundamental que significa encontrar espaço e tempo para conseguir finalizar nas melhores condições para conseguir o golo. Os jogadores devem ter presente quais são as ideias básicas dos movimentos a aplicar, mas o que sustenta o jogo fortificando-o são os princípios que lhe estão associados. Sabemos qual a sequência mas em qualquer momento podemos encontrar outra solução, que, isso sim, deve ser identificada por todos, daí a importância decisiva do treino na busca das diferentes possibilidades.

C LD

LE

Fig. 11 – Sistema de continuidade após a circulação do EE e cruzamento duplo na 1ª linha.

Ataque a defesa 6:0 O movimento seleccionado para atacar esta defesa, é idêntico ao utilizado contra o sistema defensivo 5:1, pelo que o objectivo a atingir é facilmente perceptível. Circula um extremo (que pode ser um jogador pivot) após cruzamento com o lateral contíguo e produz-se um movimento na 1ª linha ofensiva de cruzamento entre laterais e troca de posto do central que ocupa o posto de LD (figura 13).

Uma possível variante poderia ser um bloqueio do Central (a LD) ao defensor avançado para o LE (ao centro) beneficiar e finalizar com remate da 1ª linha como mostra a figura 12.

C LD LE

Fig. 12 – Variante do sistema de continuidade.

A sequência das acções, deve ter ideias condutoras, mas não deve ser rígida, pelo que em vez de treinarmos decisões treinaríamos somente factores

Fig. 13 – Circulação do EE seguido de cruzamento entre laterais.

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O ecrã do Central (agora a LD) a um dos defensores centrais após passe ao ED, pode possibilitar uma finalização rápida do LE após receber a bola do ED, constituindo uma possível variante do sistema de continuidade, como se pode observar na figura 16.

O EE procura posicionar-se entre os defensores central e lateral antes de passar a bola ao LD que recebe em movimento e cruza com o LE. O central recebe do LE e tenta explorar uma possível igualdade numérica temporária à direita do ataque. O LD reposiciona no posto de LE e este ao centro. O sistema de continuidade é semelhante ao descrito no ataque à defesa 5:1, até por questões de redução de conteúdos tácticos a conhecer incluídos no modelo de jogo (figura 14).

C LD

Fig. 16 – Variante do sistema de continuidade para finalização do LE.

C LD

LE

A rapidez na construção e consolidação do modelo de jogo ofensivo de ataque em IN, juntamente com a qualidade técnica e táctica dos jogadores vai definir as possibilidades da equipa atingir patamares mais elevados de organização.

Fig. 14 – Sistema de continuidade utilizado após o primeiro movimento.

A reposição do extremo, está dificultada pela presença de um maior número de defensores, pelo que deve permanecer mais tempo como jogador pivot, observando se existem espaços para uma possível reposição (figura 15).

C LD

LE

LE

Fig. 15 – A reposição do EE agora está dificultada pela presença de um maior número de defensores na 1ª linha defensiva.

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compreendido entre os defensores lateral e central. Dessa localização, o LE deve escolher a melhor solução em função das circunstâncias.

Ataque em Superioridade numérica Existem estudos que demonstram uma forte correlação entre eficácia em situação de SN ofensiva e resultado final do jogo (Prudente, et al, 2000; Silva, 1998), pelo que, garantir boas condições de finalização deve ser um objectivo essencial. É importante considerar que atacar nesta circunstância, significa ter já uma vantagem adquirida, quer de posição quer numérica, que deve ser explorada conservando o mais possível o posto específico, sem recorrer a meios tácticos que impliquem o seu abandono. Podem existir casos, determinados pelas carências técnicas ou características dos jogadores, em que os meios tácticos a utilizar podem ser diferentes dos que aqui vão ser propostos. Seria um erro planificar acções ofensivas em SN, destinadas a que determinado jogador seja o centro da tomada de decisão sem que este tenha ferramentas susceptíveis de gerar boas respostas tácticas. Da mesma forma, prever soluções garantidas por bloqueios do pivot não sabendo este utilizar adequadamente este meio táctico, conduziria certamente ao fracasso. A figura 17 mostra uma acção que implica a tomada de decisão do LE após receber do jogador Central. A aproximação do LE também pode ocorrer após drible. O que definirá o êxito do movimento táctico, são detalhes de operacionalidade e concentração em todos os indícios, até porque normalmente os defensores adquirem maior actividade e profundidade. O central, deve garantir proximidade ao LE, para dificultar a possível acção de dissuasão do defensor lateral, e para que sejam libertados mais espaços longe da bola a serem utilizados pelo LD, ou ED quando se produz a aproximação do LE ao espaço

Fig. 17 – Tomada de Decisão do LE após ataque ao espaço inter-defensores

Se a dissuasão do defensor lateral não existir, o passe ao central seria outra possibilidade de continuidade. Outro movimento com características semelhantes (figura 18), define como protagonista da decisão a tomar, o jogador central.

Fig. 18 – Tomada de decisão do Central após ataque ao espaço inter-defensores

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É necessário que o LE proceda anteriormente à fixação para o exterior do defensor lateral, garantindo o cumprimento dos princípios ofensivos da amplitude e profundidade, ao mesmo tempo que procura assistir companheiros em posição favorável de finalização (sobretudo pivot e extremo contíguo). Nesta circunstância o pivot está agora posicionado entre os defensores central e lateral próximo da zona da bola e se não receber do LE, deve readaptar a sua posição para garantir vantagem para receber do Central, que por sua vez, deve optar pela melhor solução de continuidade podendo ser também ele a finalizar a acção.

Fig.20 – Proveniência da bola do lado contrário ao posicionamento do pivot.

Estes são apenas alguns exemplos de como finalizar acções em SN tendo em conta a manutenção do posto específico sem recorrer a meios tácticos como o cruzamento ou a permuta que implicam mudança de posto específico. A operacionalidade dos movimentos ofensivos deve obedecer a detalhes que marcam claramente a diferença entre conseguir ou não uma boa situação de finalização. Cabe à equipa técnica optar pelas soluções que melhor se adaptam às características dos seus jogadores. Como vimos anteriormente, em muitos jogos, cerca de 20% do tempo decorre em assimetria funcional o que obriga a que a planificação das actividades seja elaborada atendendo à importância desta referência. Por outro lado, são aspectos psicológicos que podem condicionar o rendimento e consequentemente o resultado final.

Fig. 19 – Adaptação da posição do pivot após passe do LE ao Central

Neste caso, considerou-se a proveniência da bola, a partir do LE, ou seja próximo da zona do pivot. Poderemos configurar a chegada da bola ao Central vinda do LD, sobretudo para criar mais problemas às acções de dissuasão por parte dos defensores laterais ou central (Fig.20). Desta forma o pivot poderá fixar defensores longe da bola e impedir uma possível dissuasão par do defensor central. O pivot deve reconhecer o espaço e tomar a iniciativa de desmarcar para receber do LD.

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Silva, J.A. (1998). Análise dos indicadores de rendimento em equipas de Andebol. Comunicação apresentada no IV World congress of Notational Analysis of Sport – FCDEF – Universidade do Porto.

Bibliografia

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A.; do em no

Rocha. A. (2001). Sistemas defensivos em superioridade numérica em Andebol. Monografia para obtenção do grau de licenciatura - I.S.M.A.I. Sanz, I.; Gutiérrez, P.; Martínez, I. (2004). Comparación de ataques en superioridad e igualdad numérica en balonmano en la temporada 2002-2003. Rendimiento Deportivo.com, nº8.

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