Superinteressante Edição 400(Março-2019).pdf

April 18, 2019 | Author: Rodrigo Tenório | Category: Venezuela, Hugo Chávez, Brazil, The United States, Japan
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A REINVENÇÃO DO

CÉREBRO

A HISTÓRIA DA EUGENIA  A busc busca a pela pela “raç “raça a pura pura”” não não é só coisa de nazista. Foi um fenômeno global, e seu  fantasm  fan tasma a segue segue pr presen esente te.. P. 32

Ler �ensamentos, im�lantar memórias, aumentar a inteli�ência. Existem cientistas tentando fazer tudo isso – e conseguindo. Conheça as pesquisas mais surpreendentes. P. 22 POR BRUNO GARATTONI E TIAGO CORDEIRO

P. 54

P. 48

P. 08

P. 58

A CÂMERA DO CELULAR ESTÁ DESTRUINDO NOSSAS LEMBRANÇAS.

O FUTURO, DE ACORDO COM STEPHEN HAWKING.

AFINAL, O QUE ACONTECEU COM A VENEZUELA?

OS PRIMEIROS HABITANTES DAS AMÉRICAS. NO PIAUÍ.

S U P E R I N T E R E S S A N T E

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CARTA AO LEITOR

E D I TO R I A L

Fundada em 1950

VICTOR CIVITA (1907-1990)

ROBERTO CIVITA (1936-2013)

Conselho Editorial : Victor Civita Neto (Presidente),

Thomaz Souto Corrêa ( Vice-Presidente) e Giancarlo Civita

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Esta é a nossa edição número 400. Comecei a �abalhar aqui na 224, de março de 2006 – há exatos 13 anos. Naquela época a SUPER já era uma publicação �adicional. E fazer parte dela, mais do que a realização de um sonho, era uma responsabilidade difícil de medir: a de manter aceso o fogo da revista mais amada do País. Mesmo assim, era um �abalho mais simples que o de hoje. Éramos só uma revista mensal. Agora não. Produzimos dezenas de reportagens a cada semana para o nosso site, além de a�alizar as melh melhores ores matérias da história da SUPER – aquelas que não têm têm data de de validade,, pois valem cada uma como validade um pequeno livro de não-ficção.  Trata-se de um esforço que dá resultado. Hoje, a SUPER é até mais relevante do que era no tempo em que só havia a edição impressa. Com 13 milhões de visitantes únicos por mês, somos um dos maiores sites de divulgação científica do mundo, bem à frente de publicações es�angeiras de primeira linha, como a Scien�fic  American  Americ an (3,3 milhões), a  Popul  Popular ar Science (2,8 milhões) e a  New  NewScien�st  Scien�st  (2,8 milhões). Mesmo a (ó�ma) página da Nasa, com seus 12 milhões de visitantes únicos, tem menos audiência que a nossa. Nunca �vemos tantos leitores. E isso se reflete em ou�os núme ros. Para ter acesso ilimitado ao nosso site, você precisa de uma assina�ra digital. E já contamos com 73 mil assinantes nessa modalidade. Em suma: a SUPER já é uma publicação online consolidada. Também temos uma boa presença nas redes sociais, com 3,9 milhões de ��������� ��� ����.

seguidores no Facebook e ou�os 3,9 milhões no Twier. No Instagram, começamos a publicar reportagens “pocket” – com temas complexos resumidos em ar�gos de alguns parágrafos. Dá uma olhada lá nas nossas séries #MulherCien�sta e #ColunINSTACósmico para entender melhor. Esse �po de inicia�va é fruto de um �abalho diário dos repórteres Luiza Monteiro e Bruno Vaiano, e da designer Juliana Krauss, nova integrante da nossa equipe de arte. E foi �ndamental para que a nossa audiência no Instagram mais do que q ue dobrasse em um ano, de 250 mil para 550 mil seguidores seguidores.. Agora anota aí. Quando chegarmos a chegar a um milhão, vamos sortear os dez livros mais vendidos da SUPER en�e os seguidores. Nosso catálogo, com 43 obras feitas pelos jornalistas aqui da casa, e que vai ganhar mais �ês tí�los neste ano, já está bem fornido, afinal – e também mos�a que somos mais do que uma revista; somos uma ins��ição voltada a disseminar o conhecimento humano, em todas as plataformas que existem, e que vierem a exis�r. Mesmo assim, a edição impressa segue sendo o xodó da redação. Ela é o nosso disco de vinil: um produto artesanal, precioso, para colecionar. E que serve de base para todo o nosso ecossistema. Obrigado por pres�giá-lo.

Diretor de Redação: Alexandre Versignassi Editora de Arte:  Bruna Sanches Editor: Bruno Garattoni Editora assistente: Ana Carolina Leonardi Repórteres: Bruno Vaiano, Guilherme Eler, Luiza Monteiro, Rafael Battaglia Popp Designers: Carol Malavolta, Juliana Caro, Yasmin Ayumi Estagiários: Ingrid Luisa (texto), Juliana Krauss (arte) Produtor Gráfico: Anderson C.S. de Faria Colaboração: Alexandre Carvalho (revisão) Atendimento ao Leitor: Walkiria Giorgino Pool Administrativo: Mara Cristina Piota (coordenadora).

www.superinteressante.com.br / [email protected] PUBLICIDADE   Daniela Serafim (Financeiro, Mobilidade,

Tecnologia, Telecom, Saúde e Serviços), Renato Mascarenhas (Beleza, Higiene, Decoração, Moda e Mídia & Entretenimento), Renata Miolli (Alimentos, Bebidas, Imobiliário, Educação, Turismo e Varejo), William Hagopian (Regionais), Yuri Aizemberg ( Diretor Relacionamento com Mercado) ASSINATURAS E VAREJO Daniela Vada (Atendimento e Operações), Ícaro Freitas (Varejo) , Juliana Fidalgo (Gobox), Luci Silva (Relacionamento e Gestão Comercial), Patricia Frangiosi (Comunicação), Rodrigo Chinaglia (Produtos) ATENDIMENTO E OPERAÇÕES Daniela Vada CANAIS DE VENDAS Luci Silva  MARKETING DE MARCAS, EVENTOS E VÍDEO Andrea Abelleira  AUDIÊNCIA DIGITAL Isabela Sperandio MARKETING CORPORATIVOE E PRODUTO Rodrigo Chinaglia PROJETOS ESPECIAIS E ABRIL BRANDED CONTENT Ivan Padilla DEDOC E ABRILPRESS Adriana Kazan  PLANEJAMENTO, CONTROLE E OPERAÇÕES Filomena Martins

Redação e Correspondência: Av. Otaviano Alves de Lima, 4.400,

Freguesia do Ó, CEP 02909-900, São Paulo, SP. Tel. (11) 3037-2000. Publicidade São Paulo e informações sobre representantes de publicidade no Brasil e no Exterior:  www.publiabril.com.br, tel. 11 3037-2528 / 3037-4740 / 3037-3485. Licenciamento de conteúdo:

para adquirir os direitos de reprodução de textos e imagens acesse: [email protected]

SUPERINTERESSANTE  edição nº 400 (ISSN 0104-178-9), ano 33, nº3, é

uma publica publicação ção da Editora Abril 1987 G+J España S.A. “Muy Interesante” (“Muito Inte Interes ressan sante”), te”), Espa Espanha. nha. Edições anteriores: Venda exclusiva em bancas, pelo preço da última edição em banca. Solicite ao seu jornaleiro. Distribuída em todo o país pela Dinap S.A. Distribuidora Nacional de Publicações,, São Paulo. SUPERINTERESSANTE não admite Publicações admite publici publicida dade de redacio reda cional. nal.

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Av.. Otaviano Alves de Lima, 4400, Freguesia do Ó, CEP 02909-900, Av São Paulo, SP

 Alex andre Versig nas  Alexandre nassi si DIRETOR DE REDAÇÃO ALEXANDRE.VERSIGNASSI�ABRIL.COM.BR

www.grupoabril.com.br

S U P E R I N T E R E S S A N T E

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CARDÁPIO

MARÇO DE 2019

22 Ca�a

Parece Blade Runner. Mas pode ser você.

A REINVENÇÃO DO CÉREBRO

Implante de memória, inteligência turbinada e telepatia: conheça as pesquisas que vão virar seu cérebro de ponta-cabeça.

32 Eu�enia, ontem e ho�e

A busca da “raça pura” não foi uma loucura isolada de Hitler: foi uma estupidez mundial, que ainda reverbera. reverbera.

40 A ascensão do caviar

Ele já foi ração de gado. Entenda as reviravoltas que lançaram sobre as ovas o maior raio gourmetizador da história.

48 Ste�hen Hawkin�

Em livro póstumo, o físico encara perguntas difíceis: Deus existe? Dá para prever o futuro? Os robôs vão dominar o mundo?

54 Viciado em Insta�ram?

Não é só você: como a obsessão por tirar fotos está destruindo nossa memória.

58 Serra da Ca�ivara

Os segredos arqueológicos (e a disputa DJFOU¬ƋDB RVF TF FTDPOEFN OP 1JBV¬

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ESSENCIAL 6 ��� ���������

O comprimido que entra

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enorme no estômago.

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A peregrinação de Kumbh Mela, na Índia.

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Conheça a TV micro LED: uma mistura de LCD com OLED (e a gente explica B TPQB EF MFUSJOIBT

SUPERNOVAS 10

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Criptomoedas prometem nas olimpíadas nipônicas. Capa I Ilustração Yan Blanco

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único existisse no Brasil?

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Na rabeira de Dumbo, relembramos as criaturas fantásticas do diretor.

Afinal, o �ue aconteceu com a Venezuela?

E SE...

Qual é a diferença entre astronauta e cosmonauta?

18

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O R Á C U LO

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64 mil CASTRAÇÕES COMPULSÓRIAS FORAM REALI� ZADAS NOS EUA ENTRE 1907 E 1963 GRAÇAS À EUGENIA.

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Moebius.

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Como organizar um bloco de Carnaval para chamar de seu.

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ÚLTIMA PÁGINA 74 ��� ���������

A história das letras do BMGBCFUP Ǵ EPT DBOBBOJ tas até hoje.

S U P E R I N T E R E S S A N T E

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ESSENCIAL

U M A

I M A G E M . . .

Foto NurPhoto/Getty

Images

E S S E N C I A L

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E S S E N C I A L

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ESSENCIAL

...UMA OPINIÃO

�� ������ ��������� Poderia ser o Cordão da Bola Preta, mas é algo mais tradicional

RVF P CMPDP DBSJPDB EF ǝǜǝ BOPT &TTFT T¢P PT /BHB 4BEIVT HVBSEJ´FT EP IJOEV¬TNP RVF WJWFN OBT NPOUBOIBT JTPMBEPT EBT UFOUB¦´FT EB TPDJFEBEF &MFT EFTDFN QBSB B GFTUJWB QFSFHSJOB¦¢P EF ,VNCI .FMB RVF EVSB Ǡǡ EJBT /FMB NJMI´FT EF Ƌ¨JT TF CBOIBN OB GP[ EP SJP TBHSBEP :BNVOB OP OPSEFTUF EB �OEJB QBSB MBWBS TFVT QFDBEPT

Afinal de contas, o �ue aconteceu com a Venezuela?

Ela �á foi uma das �uatro na�ões mais ricas do mundo, tem mais �etróleo �ue a Arábia Saudita, e está �uebrada. Enten Entenda da como o chavismo arrebentou o �aís.

P O R   F E L I P P E

H

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HERMES

�abalhando em um restaurante peruano de dono argen�no na capital paulista, a venezuelana Eliza é mais uma en�e as tantas figuras que dão vida ao sincre�smo da cul�ra brasileira. Mas Eliza e seu irmão, a quem ajudou a emigrar para o País há �ês meses, também representam um fenômeno assustador: o êxodo venezuelano. Desde 2015, 3 milhões de cidadãos abandonaram a Venezuela. Um em cada dez habitantes. habitantes. Metade imigrou para Colômbia e Peru. O Brasil, que tem seu cen�o econômico longe da fronteira com a Venezuela e fala ou�o idioma, recebeu menos gente, mas mesmo assim um con�ngente considerável: 85 mil pessoas. Boa parte sem nada e disposta a morar na rua em Roraima. De acordo

E S S E N C I A L

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EDIÇÃO

com um levantamento da FGV, 30%

deles têm curso superior. E a tendência é piorar. A ONU es�ma que o número de re�giados deve deve chegar a 5,3 milhões até o final deste ano. Quase 20% da população – um êxodo

de proporções bíblicas. Tudo isso num país que detém as maiores reservas de

  A L E X A N D R E

V E R S I G N A S S I

Um em cada seis venezuelanos terá deixado seu país até o fim de 2019. 2019. Um Um êxodo êxodo de 5,3 milhões de pessoas.

pe�óleo do planeta (bem à frente da

Arábia Saudita, a segunda colocada). Tudo isso numa nação que, até o início do século 21, �nha o maior PIB per capita da América do Sul, e que, na década de 1950,, estava en�e as qua�o mais ricas 1950 do mundo. O que houve?

recuou de 70% para 20% do total de

bens de consumo providos no país. A torra de dinheiro colocou lá em cima

o déficit público (ou seja, o tanto que o governo gov erno gasta a mais do que arrecada). O Brasil, que precisa de reformas para

presidente interino da Venezuela em janeiro, e foi reconhecido como tal pelos EUA, pelos maiores países da Europa e por boa parte da América La�na (Brasil incluído, obviamente).

República esta�sta Claro que as ditaduras de Chaves

não quebrar, tem hoje um déficit de 7,5% do PIB. O da Venezue enezuela la chegou

Milícia Mas falta combinar com os russos.

(1999-2013) e de Maduro (desde 2013) 2013)

rapidamente a 16%.

estão no cen�o do problema. Mas a

A declaração de Guaidó não vale nada den�o da Venezuela, porque Maduro

história é mais longa. Após a descoberta de pe�óleo na Venezuela, em 1922,

Com os recursos públicos quase todos destinados destinados a c obrir o déficit, começou a faltar dinheiro na joia da

o país viu uma sucessão sucessão de golpes golpes e

coroa, a PDV PDVSA. SA. A produção de pe�ópe�ó -

par�dos polí�cos que buscavam abocanhar parte dos recursos gerados nos acordos com companhias es�angeiras. O que parecia resolvido com a demo-

leo implodiu, saindo de 3,2 milhões

cracia, implementada em 1958, e que

do barril de pe�óleo saiu de US$ 103 em 2014 para pa ra US$ 35,7 em 2017. Com

se tornaria a mais mai s longeva da América do Sul, durou pouco. Em 1973, após o primeiro choque do pe�óleo, o país decidiu nacionalizar

empresas pe�olíferas, condensando �do na gigante giga nte PDVSA. PDVSA. Com recursos recurso s do pe�óleo,, o Estado aden�ou na econope�óleo mia. Grandes empresários perceberam

para 1,5 milhão de barris diários (menos que a Pe�obras, que �ra 2 milhões de barris/dia). Para piorar, a cotação menos dólares en�ando, en�ando, o país em-

pobreceu severamente: em 2012, eles importavam US$ 62 bilhões. Em 2018, foram só US$ 9,2 bilhões (o Brasil, para dar uma referência, importou US$ 180 bilhões no ano passado, com dólar em alta e �do o mais).

que, estando os recursos no governo,

deveriam adaptar-se e produzir para deveriam pa ra o governo, govern o, não para os consumidores. E a população foi se tornando cada vez

mais dependente do auxílio estatal. Bom, pe�óleo e derivados respon-

Impressora de dinheiro Para ter como pagar os salários dos �ncionários públicos, o governo recor-

reu à mais imbecil das soluções: ligar as impressoras de dinheiro. Com mais

dem por 96% das exportações da VeVenezuela (no Brasil, por exemplo, são só 9%). O boom na cotação do barril, na década passada, passada , sob o governo Chavez, fez ingressar na Venezuela mais de US$ 750 bilhões. Com con�ole total sobre a maior fonte de riqueza do país e achaques a empresários, Chavez aproveitou a bonança para expandir ainda mais a presença do Estado na economia.

moeda em circulação do que coisas

Comprou da iniciativa privada o con�ole de siderúrgicas, bancos, in-

colapso. Sua úl�ma eleição foi declarada fraudulenta pelo Parlamento ve-

dús�ias de alimentos, fábricas de todo �po. En�e 2008 e 2015, o setor privado

nezuelano. Juan Guaidó, o jovem nezuelano. j ovem líder da Assembleia, de 35 anos, declarou-se

para comprar, não deu ou�a: os preços inflaram. Em 2019, a inflação venezuelana deve passar dos 10 milhões por

cento, segundo o FMI. cento, FM I. Em meio a esse caos, a re�ação do PIB chegou a 13,7% em 2017; mais 15,4% em 2018. Hoje,

nove em cada dez venezuelanos estão abaixo da linha da pobre p obreza. za. Nisso, o governo Maduro en�ou em

tem costas quentes. Com uma força militar e paramilitar bem armada, o

ditador tem ins�umentos para in�midar quem lhe faça oposição. opos ição. Em 2008, Hugo Chávez Chávez dis�ibuiu dis�ibu iu 100 mil �zis para sua milícia. Em 2017, 2017, foi a vez de Maduro Madur o armar ou�os 500 mil. A milícia, uma espécie de SS implementada pelo chavismo, tem sido responsável

por boa parte da repressão repressão,, e segue fiel ao líder chavista. Os militares venezuelanos, que dão

suporte a Maduro no poder, p oder, con�olam 14 dos 32 ministérios, além de gerir a PDVSA, PDV SA, responsável por p or basicamente b asicamente

todas as receitas em dólar do país e, sem surpresa, de onde sai boa parte dos desvios de recursos públicos – de acordo com uma delação do banqueiro suíço

Mahias Krull, só a família de Maduro desviou US$ 1,2 bilhão. Além dos militares, Maduro possui ampla condescendência do Judiciário, o qual �atou �atou de aparelhar aparelhar ao longo longo de seu mandato. Ainda que enfrente oposição na Assembleia, como a do

presidente da casa, há pouco ou nada presidente que o Legisla�vo possa fazer tendo as mãos atadas pelos juízes. Man�do o poder, Maduro enfrentaria novas eleições apenas em 2025, quando a Revolução Revolução Chavista completaria 27

anos. Se ainda es�ver por lá, não restam dúvidas dúv idas de que a Venezue enezuela la terá ensinado lições valiosas sobre como

arruinar um país. S

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SUPERNOVAS EDIÇÃO ANA

CAROLINA LEONARDI

Tó�uio: a Olim�íada das cri�tomoedas � ����� � ��������� quando o assunto é gra-

na: cerca de 65% dos pagamen pagamentos tos por lá são feitos em dinheiro de papel. Dinheiro Di nheiro de plás�co, como cartão de crédito e débito, nem é aceito em boa parte dos comércios locais. Com o fluxo enorme de �ristas que é esperado para os Jogos Olímpicos de Tóquio, Tóquio, o país quer mudar esse quadro. Um dos caminhos testados? Criptomoedas. Três

grandes bancos japoneses estão desen desenvol volvend vendo o as suas – e ao menos uma rede de pagamento baseada em blockchain deve ser lançada a tempo das Olimpíadas. O plano é que o sistema do Mitsubishi UFJ Financial Group processe mais de 1 milhão de �ansações por segundo – dez vezes mais do que a capacidade das bandeiras a�ais de cartão, como Visa e Mastercard.

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FATOS

26 � � ������ �� ����������� cujo pa�imônio pa�imônio,, somado, equivale a todo o dinheiro que possuem as 3,8 bilhões de pessoas mais pobres do mundo (ou seja: 51% da população do planeta).

Por que travamos sob pressão ������ ����� a recompensa de um

EFTBƋP TFHVOEP B OFVSPDJ©ODJB NFMIPS a nossa performance nele: até a coordenação motora costuma NFMIPSBS .BT JTTP até certo ponto: quando a pressão ¨ BMUB EFNBJT F I NVJUP B HBOIBS F B QFSEFS B NBJPSJB EBT QFTTPBT USBWB Ǵ F B IBCJMJEBEF DPHOJUJWB QJPSB $JFOUJTUBT EFTDPCSJSBN RVF FTTB šUSBWBEBŢ FTU associada à atividade DFSFCSBM OB SFHJ¢P do corpo estriado WFOUSBM &N HFSBM B SFB ƋDB NBJT BUJWB EVSBOUF P EFTBƋP .BT RVBOEP P NFEP EF QFSEFS ƋDB HSBOEF EFNBJT B BUJWJEBEF EJNJOVJ Ǵ F B DPOFxão com o controle NPUPS OP D¨SFCSP UBNC¨N DBJ

QUANTOS ANOS VOCÊ TEM (DE ACORDO COM SEU INTESTINO)? A coleção de bactérias que vive por lá pode ajudar a definir a qualidade da sua ve velhice. lhice. � ������ �� ������ que a Terra deu ao redor

do Sol desde que você nasceu é apenas uma das formas de medir a sua s ua idade. O envelhecienvelhecimento, afinal, é uma medida de quanto o seu organismo já se desenvolveu – e, depois de uma certa fase, de quanto ele já se deteriorou. Há quem envelheça envelheça num ritmo mais rápido que o normal, e quem mantenha um corpinho rela�vamente jovem, apesar de sua data de nascimento. Para calcular essa idade biológica, a ciência conta com �uques como medir, por exemplo, as pon�nhas dos cromossomos, chamados telômeros. Quanto mais curtos, em geral, maior o nível de envelhecimento envelhecimento celular de alguém. Agora, porém, cien�stas acreditam

que encon�aram ou�a medida importante – no intes�no. Usando inteligência ar�ficial, eles descobriram que a coleção de bactérias que vive no intes�no de cada pessoa (o microbioma) sofre variações típicas para cada faixa etária. Desse padrão, emerge também o fato de que algumas pessoas têm a “idade intes�nal” incompatível com a data de nascimento – o microbioma pode estar numa fase mais “velha” ou mais “jovem” que o esperado para a idade do indivíduo. Essas descobertas são essenciais para cien�stas que es�dam a longevidade. Ao entender as caracterís�cas (inclusive microbió�cas) das pessoas que envelhecem melhor, eles podem inves�gar como melhorar a velhice de todo mundo.

“São mulas �ara ‘lavar’ anúncios”,

 Alex Silva Ilustração  Brunna Mancuso Foto Alex Foto Ilustração Brunna

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FATOS

Um internauta corneteiro fez nascer o herói nacional Macaco Cidadão.

ENQUANTO ISSO... Por Ingrid Luisa

A Ford criou uma tecnologia para colchões de casal que impede que uma pessoa ocupe o espaço da outra na cama �.

COMPRIMIDO�BAIACU COMPRIMIDO� BAIACU INCHA PARA TRATAR TRATAR ESTÔMAGO Uma possível pegada de OFBOEFSUBM DPN DFSDB EF Ǟǥ NJM BOPT GPJ FODPOUSBEB em Gibraltar .

Cientistas descobriram mais EF Ǟ NJM OPWBT CBDU¨SJBT OB ƌPSB JOUFTUJOBM IVNBOB�.

Chefe da Nasa declarou que americanos voltarão à Lua šQBSB ƋDBS O¢P WJTJUBSŢ�. Fontes  Ford Europe  Quaternary Science Reviews  A new genomic blueprint of the human gut microbiota. ( Nasa.

Engenheiro do MIT criou cápsula que fica 100 vezes maior den�o da barriga. � ��� ���� ����� quando vê um baiacu?

Xuanhe Zhao, engenheiro mecânico do MIT, teve uma epifania. Especialista em hidrogel, ele criou uma cápsula capaz de monitorar a saúde do estômago por longos períodos, per íodos, sem ser des�uída pelos ácidos estomacais nem causar desconforto ao paciente. O que motivou você a desenvolver a cápsula-baiacu? Existe uma demanda na medicina para criar disposi�vos ingeríveis melhores. Quando estamos falando em um comprimido que precise passar muito tempo no estômago, liberando remédios ou monitorando tempera�ra ou acidez, o que você geralmente tem são ele�ônicos feitos de materiais rígidos como c omo plás�co, ou cerâmica, que incomodam ao passar pelo �ato gas�ointes�nal, e podem até machucar a mucosa. Eu �abalho com hidrogell – e sempre achei que seria uma boa droge alterna�va.. O proble alterna�va problema ma é que hidrogéis na�rais, como a gela�na, são facilmente digeríveis pelo organismo.

Como foi que o peixe se tornou inspiração? Vimos, no YouTube, YouTube, um baiacu baiac u expandir muitas vezes o seu tamanho, sem que a sua pele perdesse elas�cidade ou resistência. Nos inspiramos nisso n isso para desenv desenvolver olver um material que suportasse su portasse o ambiente gás�ico cáus�ico, cheio de movimentos cíclicos e con�ações, e que também conseguisse se expandir para permanecer no estômago sem ser expelido. Como vai funcionar o uso do comprimido? Quando chega ao estômago, a interação da cápsula com o ácido estomacal faz com que ele aumente cem vezes de tamanho em 15 minutos. Lá, imaginamos que ele possa liberar medimentos ou até agir como balão gás�ico, para passar a sensação de saciedade e promover emagrecimento. Quando não for mais necessário, o comprimido pode ser expelido. O paciente só precisa beber uma solução concen�ada de cálcio, que não faz mal ao organismo, e o aparelho volta volta ao tamanho original. Ana  Ana Carol Carolina ina Leonar Leonardi di Ilustração Brunna Mancuso

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Quanto �elo a Antár�da �á �erdeu Um novo es�do da Universidade da Califórnia revela, em gigatoneladas, quanto de gelo antár�co já “escorreu pelo ralo” desde 1979 – e quais foram as áreas do con�nente mais afetadas pelo derre�mento. 1.500

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MARGEM DE ERRO 25 0

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2 0 09 � 2 0 17

Fonte Four Decades of Antarctic Ice Sheet Mass Balance from ��������� , Proceedings of the National Academy of Sciences.

14.661

��� � ������ �� �������� ��� ������� �� com aviões nos EUA em 2018. Só essa

fração do total mundial equivale a mais de 40 passarinhos atingidos por dia. Esses acidentes são monitorados desde 1990, e, com o aumento do tráfego aéreo, cresceram 692% de lá para cá. O que as fabricantes de aeronaves têm feito é desenvolver turbinas que não entrem em colapso ao colidir com os bichos – o que resolve o risco do avião cair por conta de uma batida dessas. Já para proteger os passarinhos, há iniciativas como soltar aves de rapina nas áreas próximas a aeroportos. Alguns pássaros podem até virar jantar, no início – mas, no longo prazo, aprendem a evitar a região.

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FATOS

Temperos inteligentes

3 NOTÍCIAS SOBRE

Bei�os Beijos ancestrais em uma caverna na Sibéria, beijos espinhosos e ataques ao vírus do beijo.

1

2.

1.

3.

Males beijoqueiros

Ninho do amor

Diga-me quem tu beijas

0 W¬SVT EB NPOPOVDMFPTF Ǵ DPDPnhecida como Doença do Beijo Ǵ BGFUB ǥǜǺ EB QPQVMB¦¢P BJOEB RVF CPB QBSUF OVODB BQSFTFOUF BQSFTFOU F TJOUPNBT &MB UFN MJHB¦´FT QPS¨N DPN VN NBM bem mais grave: a esclerose N¹MUJQMB 6N OPWP FTUVEP NPTUSB RVF UFSBQJBT ESTUJDBT QBSB SFEV[JS B QSFTFO¦B EP vírus no organismo diminuem TJOUPNBT FOUSF PT QBDJFOUFT RVF TPGSFN DPN B FTDMFSPTF

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TOP 3

Países ciberviciados ����� �� ��� �� ������� ���� � 16 � 6� ����, �� � 0 � � � � � � �.



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MÉDIA GLOBAL



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10H2MIN DE USO DE INTERNET

6H42MIN

POR DIA

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FATOS

NÃO É BEM ASSIM... Notícias �ue bombaram �or aí - mas não são verdade

A NOTÍCIA

Governo dos EUA censura pediatra que provou relação entre autismo e vacina

O MAPA AQUÁTICO AQUÁTICO DAS ESTÁ ESTÁTUAS DA ILHA DE PÁSCOA PÁSCOA Um novo es�do afirma que as moais apontavam para localização de água fresca. As famosas está�as de pedra da pedra da Ilha de Páscoa, chamadas de moais, eram cons�uídas em homenagem a pessoas importantes dos clãs que viviam por lá séculos a�ás. Elas representavam o cen�o cerimonial de cada vila e nunca ficavam de frente para o mar – sempre olhando para o interior dos povoados, como grandes protetores de pedra. Um novo novo es�do, recém-publicado no periódico PLOS  One, acredita que a posição das está�as, no entanto,, tem um significado entanto si gnificado ex�a. Segundo Seg undo

os pesquisadores, elas marcavam a localização de fontes de água fresca e potável, um recurso indispensável em um território pequeno, equivalente à metade de Ilhabela, onde grupos diferentes compe�am por man�mentos básicos. An�opólogos da Universidade de Oregon fizeram uma análise espacial de onde ficam as moais – e concluíram que quan�dade de está�as concen�adas em um só ponto parece indicar o tamanho da fonte e a qualidade da água encon�ada ali.  ACL

Cigarros no Havaí: proibidos para menores de 100 anos Uma proposta de lei  SFD¨NBQSFTFOUBEB OP )BWB¬ RVFS MJNJUBS P BDFTTP BP DJHBSSP BQF OBT � QPQVMB¦¢P NBJT WFMIB EP BSRVJQ¨MBHP Ŝ F Q´F NBJT WFMIB OJTTP " QSPQPTUB ¨ JNQPS VN MJNJUF QSPHSFTTJWP EF JEBEF QBSB B DPNQSB EF DJHBSSPT OP BOP RVF WFN BQFOBT QFTTPBT EF  BOPT QPEFSJBN DPNQSBS VN NB¦P OB CBODB /P BOP TFHVJOUF BQFOBT NBJPSFT EF ŧ & BTTJN QPS EJBOUF BU¨  RVBOEP B JEBEF N¬OJNB TFS EF  BOPT 0 PCKFUJWP DMBSP ¨ SFEV[JS QPVDP B QPVDP P NFSDBEP DPOTVNJEPS EF DJHBSSPT F EFTJODFOUJWBS P VTP FTQFDJBMNFOUF FOUSF B QPQVMB¦¢P NBJT KPWFN BU¨ UPSOBS P OFH²DJP JOWJWFM

O QUE ELA DIZIA &N Ǟǜǜǣ P N¨EJDP "OESFX ;JNNFSNBO UFTUFNVOIPV OB  +VTUJ¦ B DPOUSB B BMF HB¦¢P EF RVF WBDJOBT DBVTBSJBN BVUJTNP FN DSJBO¦BT /PT ǝǝ BOPT TFHVJOUFT QPS¨N TFVT QS²QSJPT FTUVEPT NPT USBSJBN RVF FMF FTUBWB FSSBEP NBT P HPWFSOP SFDVTPVTF B EFJYMP TF SFUSBUBS QUAL É A VERDADE ;JNNFSNBO ¨ F TFNQSF GPJ B GBWPS EB WBDJOB¦¢P 0 CPBUP OBTDFV EF VN FTUVEP RVF FMF MJEFSPV OP RVBM VNB DSJBO¦B DPN QSP CMFNBT DPOH©OJUPT OBT NJUPD³OESJBT NPTUSPV EF TVSQSFTB SFHSFTT¢P DPHOJUJWB U¬QJDB EP BVUJTNP " DPODMVT¢P EB FRVJQF GPJ EF RVF P HBUJMIP UFSJB TJEP VNB SFB¦¢P JOƌBNBU²SJB MFWF � WBDJOB DPOUSB SV C¨PMB 0 DBTP NVEPV TJN B WJEB EF ;JNNFSNBO P OFVSPQFEJBUSB QBTTPV B JOWFTUJHBS B SFMB¦¢P FOUSF BVUJTNP F NJUPD³OESJBT F O¢P WBDJOBT ²CWJP

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PLAYLIST

O CIRCO DO TIM BURTON

O insólito diretor é o responsável pela versão com atores de  Dum  Dumbo bo, o elefante com orelhas enormes, que eseia nos cinemas em 29/3. Aqui, algumas curiosidades sobre ouos personagens dele.

 BEETLEJUICE

 Os Fantasmas

se Divertem  1988

No roteiro original, Beetlejuice era bem mais maléfico do que é no filme. Em vez de um fantasma, ele seria um demônio alado, e seu plano para a família Deetzes era estupro e assassinato (não travessuras e casamento).

 

 EDWARD MÃOS

DE TESOURA  Edward Mãos de Tesoura  1990

Tim Burton imaginou o personagem em 1974, quando estava no ensino médio. Para dar vida a esse sonho, Johnny Depp emagreceu 25 quilos e usou um cabelo baseado em Robert Smith, vocalista do The Cure.







 JACK SKELLINGTON   O

Estranho Mundo de Jack   1993

Todo filmado em stop motion, o protagonista  Jack teve mais de 400 400 cabeças diferentes ao longo do filme e eram





Enineeru

Dail dose of internet

YouTube

PÉROLAS DO STREAMING

Você sabe por que as latas de alumínio têm fundo curvo? Como o celular sabe se está na vertical? Como a cafeteira “puxa” a água sem um motor? Desvende esses e outros mistérios da engenharia neste canal – que está em inglês, mas tem tradução (clique em Configurações e Legendas).

YouTube

A americana que foi presa, algemada e aí roubou o carro da polícia. A colmeia que usa ilusão de óptica para se defender. O que acontece se você molhar um sonrisal no espaço – ou estiver a bordo de um avião afundando na água. O melhor dos vídeos virais, em 3 minutos diários.

Fotos Reprodução/Divulgação

P L A Y L I S T

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EDIÇÃO

  B R U N O

G A R A T T O N I

Texto Ingrid Luisa Texto Ingrid e Rafael Popp  Leonardo Ilustração Leonardo Ilustração Soares

necessários três frames (quadros) para cada vez que ele piscava. Já que cada segundo do filme tinha 24 frames, um minuto levava uma semana para ser filmado.

Ele vive em 2D. Mas sonha em D

 GATO QUE RI

   

  Alice no País País das Maravilhas

 2010

O gato sorridente é conhecido por ditos ilógicos e por aparecer em uma árvore. E ela foi inspirada por uma árvore real, que está de pé em um jardim no Christ Church College, em Oxford, atrás da antiga casa de Alice Liddell - que inspirou a personagem principal.

nos cinemas, há quase dez anos, os filmes em 3D foram perdendo relevância – o público simplesmente se cansou do efeito efeito.. Mas este su spense chinês, sobre um criminoso que tenta acertar as contas com o passado, usa a tecnologia de um jeito novo e interessante. 

O filme é exibido em 2D, mas a projeção muda para 3D (com óculos especiais) na última cena: uma reconstrução visualmente incrível, com 50 minutos e nenhum corte de câmera, de um sonho do protagonista.  Longa Jornada Noite Adeno . Estreia dia 21/3 nos cinemas.

A DITADURA EM AÇÃO é uma espécie de SimCity mais realista: além de construir e gerenciar uma nação, você (no papel de um líder chamado “El Presidente”) também pode pagar propinas, fraudar eleições, mentir para a opinião pública e até matar opositores, entre outras gentilezas. No novo game da série, a grande novidade está no povo, que ficou mais difícil de engambelar – agora, cada habitante virtual tem sua própria personalidade, desejos e esperanças. Tropico 6. Para PC, 

 SPARKY  Frankenweenie  2012

Mais de 200 fantoches e cenários foram criados para o filme, incluindo 12 do cãozinho Sparkys. Vários bonecos do mesmo personagem permitiram que se trabalhasse em mais de uma cena ao mesmo tempo.

 Mac, PS PS4 4 e Xbo Xbox x O ne. US$ 50.



Eu Não Sou Um Homem Fácil  Netflix  Netf lix

Machista e fanfarrão, Damien bate a cabeça e acorda num mundo diferente.. Nele, as mulheres diferente dominam a sociedade e agem como homens, tolhendo e assediando o sexo oposto. Comédia divertida e oportuna.



Fre Fesval  Netflix  Netf lix

Um festival de música  jamais visto, visto, com com mais mais de 30 bandas, centenas de celebridades e influenciadores digitais e milhares de fãs (que pagaram US$ 4 mil cada um) reunidos numa ilha particular nas Bahamas. A ideia era essa. Mas deu tudo errado. E como.

“Foi então ue Ricardo comeou a edir dinheiro dinheiro..

E ficou conhecido como Fofão da Auusta”,     Chico Felitti em

seu livro-reportagem sobre a vida de Ricardo Corrêa da Silva: o maquiador que injetou meio litro de silicone industrial no rosto, ficou deformado (como uma versão demoníaca do personagem infantil Fofão), virou mendigo e se tornou um dos personagens mais estranhos, e assustadores, das ruas de São Paulo.  Ricardo  Ri cardo e Vânia . R$ 54,90.

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TECH

UM PASSO À FRENTE DO OLED Samsung promete lançar nos próximos meses a primeira televisão com tecnologia Micro LED � que reúne as qualidades das telas OLED e LCD, como alto brilho, cores intensas e contraste perfeito. Veja como ela funciona. Texto Bruno Garattoni

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Uma corrente elétrica altera o estado físico do cristal líquido, que se torna opaco ou transpaSFOUF Ǵ BDFOEFOEP PV BQBHBOEP cada pixel da tela. O problema é que, como o cristal não emite MV[ QS²QSJB B UFDOPMPHJB SFRVFS VN CBDLMJHIU JMVNJOBEPS USBseiro. Trata-se de um LED, que GJDB TFNQSF MJHBEP *TTP DBVTB vazamento de luz e prejudica o contraste da tela.

" UFMB ¨ GFJUB EF NBUFSJBJT PSH¡nicos, como a polianilina, que emitem luz ao receber corrente elétrica. Por isso, ela não preciTB EF CBDLMJHIU " WBOUBHFN ¨ que a tela apresenta mais contraste e cores mais profundas. " EFTWBOUBHFN ¨ RVF PT QJYFMT emitem menos luz, e por isso B UFMB UFN NFOPT CSJMIP &MB UBNC¨N QPEF GJDBS NBODIBEB QPS JNBHFOT FTUUJDBT

A tela é formada por LEDs microscópicos,, cada um do microscópicos UBNBOIP EF VN QJYFM ǝǜǜ NJcrômetros, a espessura de um GJP EF DBCFMP &MFT QSPEV[FN B própria luz, dispensando o iluminador, e por isso a tela tem contraste e cores perfeitas. & UBNC¨N QSPEV[ NVJUP CSJMIP 3FTVMUBEP CSJMIP F EVSBCJMJ dade das televisões LCD, com contraste e cores de OLED.

   P     ¢    ¦    B    H     M    V    W     J     %      s      o       t      o        F

T E C H

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  B R U N O

G A R A T T O N I

VISÃO 360 GRAUS

VOCÊ DECIDE

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Os �ro�etos mais interessantes �e sur�reendentes� do mundo do crowdfundin�

tem uma câmera na parte de trás, que capta o que está acontecendo ao redor do motociclista. Essa imagem é projetada no visor frontal do capacete, onde aparece como se fosse um retrovisor virtual. Ele aumenta bastante a TFHVSBO¦B EP NPUPDJDMJTUB Ǵ F também mostra informações de GPS, indicando onde e quando virar (você define a rota no seu smartphone). Pena que o produUP DVTUF DBSP 64ǧ ǝǢǜǜ

Universo na mesa kickstarter.com

CERVEJA COM BLUETOOTH �� ����������� �� ����������� têm apostado nas chamadas “party speakers”, speakers”, caixas de som com alto-falantes que mudam de DPS F GVO¦´FT QBSB CSJODBS EF %+ " (5,1(ǝǜ EB 4POZ SBEJDBMJ[B essa tendência: tem até uma espécie de mesinha retrátil para colocar copos de cerveja (segundo o fabricante, o produto é à prova de derramamento de líquidos). A caixa tem conexão Bluetooth, CBUFSJB DPN ǝǟ IPSBT EF BVUPOPNJB F QFTB Ǣǣ LH + FTU � WFOEB QPS 64ǧ Ǟǡǜ OPT &TUBEPT 6OJEPT

O FIM DO TALHO

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Desinfetante ele�ônico kickstarter.com

� ������ � apresentou

ao mundo o “talho” (notch), um corte na parte de cima da tela para abrigar a câmera frontal. Apesar de ser bem feinho, ele foi copiado por todos os outros fabricantes. Mas, agora, há uma solução melhor: P )POPS 7JFX Ǟǜ 64ǧ Ǣǡǜ EB DIJOFTB )VBXFJ tem apenas uma discrediscretíssima abertura para a câmera e o sensor de reconhecimento facial.

Projeto DeskSpace O que é  Uma luminária que reproduz o Sol. Ela é feita de calcita dourada e iluminada por dentro, produzindo uma luz suave e bem bonita. Será fabricada em três tamanhos, para uso na mesa ou como aba jur,, e virá com nove  jur nove esferas esferas de minérios, tamanhos e DPSFT EJGFSFOUFT Ǵ SFQSPEVSFQSPEV zindo os planetas do nosso Sistema Solar. Meta US$ 6 mil Chance de rolar

Io�a sem �rofessor vem com um aplica�vo que ensina as principais poses da ioga. Mas o �uque é que ela tem sensores, embu�dos no tecido, que detectam se você está fazendo os movimentos direito – e avisa, por meio de pequenas vibrações, quando é necessário corrigir alguma posição. A calça tem versões para homens e mulheres, é à prova d’água (pode ir à máquina de lavar), e custa US$ 249. � ����� ���� �

Projeto UVGLO O que é  Um gadget que mata vírus e bactérias. Na hora de usar o aparelho, que parece um pendrive, basta conectá-lo à entrada USB do seu smartphone (é compatível com iPhone e vários modelos Android). Ele usa a bateria do celular para alimentar uma lâmpalâmpa da ultravioleta, que elimina ǥǥǥǺ EPT NJDSPPSHBOJTNJDSPPSHBOJTNPT FN ǝǜ TFHVOEPT Meta US$ 25 mil Chance b b b b a

S U P E R I N T E R E S S A N T E

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CAPA

      O       D       O        Ã       Ç       N       E       V       N       I       E       R       A

C A P A

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 Reportagem  Bruno Garattoni e Tiago Cordeiro Ilustração  Milton Nakata  Design Yasmin Ayumi

 Ler,, e con�o  Ler con�olar lar,, �ensamento �ensamentos. s. Im�l Im�lantar antar memórias, aumentar a inteli�ência, �ansmi�r in�orma�ões �or tele�a�a.  Existem cien�stas cien�stas tentando tentando �azer �azer �do isso – e, em al�uns casos, conse�uindo. Conhe�a as �es�uisas �ue �retendem revolucionar a mente humana.

C A P A

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� SITUAÇÃO ATUAL: TESTE EM HUMANOS

LER PENSAMENTOS (E ATÉ SONHOS)

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1984 ,

George Orwell seguida, os cien�stas mos�am determi-

imaginou um fu�ro em que o Estado fiscaliza até os pensamentos dos cida-

pensando, ou não, numa determinada imagem ou cena. Talvez Talv ez seja possíve po ssívell decifrar até um

do livro, Winston, só é preso após se-

nados estímulos para a pessoa – fotos, palavras, sons –, enquanto monitoram o cérebro dela. Cada elemento (a imagem de um pássaro, por exemplo exemplo)) a�va determinados conjuntos de neurônios – e a máquina de ressonância, observando observando

te anos de monitoramento). No fu�ro, isso poderá ser feito em tempo real – e diretamente do cérebro. A ciência ainda está longe de enten-

o fluxo de de sangue sangue para cada um dos ram voluntários para dormir� den�o voxels, enxerga isso. Repita a medição de máquinas de ressonância magné�ca. magné�ca. algumas dezenas ou centenas c entenas de vezes, e você terá uma biblioteca de padrões.

que se passa den�o das nossas cabeças pode ser reduzido aos padrões de sinais elé�icos que percorrem as sinapses do

pensamento a�va determinados voxels, e poderá p oderá iden�ficá-lo. Em 2017, 2017, cien�stas da Universidade

descobrir o que alguém está pensando.

cia ar�ficial e conseguiram adivinhar, com 87% de acerto, o que os voluntários estavam pensando. Ok, o sistema é primi�vo: limita-se a indicar a presença ou ausência de 42 elementos (como “animais”, “violência”, “perigo”, “deslocamento”, “pessoas” e “grupo de pessoas”) no pensamento. pensament o. Mas, em ou�as pesquisas,

Monitorando a a�vidade cerebral dessas pessoas, o sistema foi capaz de detectar a presença ou ausência de 20 elementos (como “carro”, “livro”, “prédio”, “mulher”, “homem”, “rua” ou “comida”) nos sonhos das pessoas. Assim que a pessoa terminava de sonhar – o que q ue era constatado monitorando suas ondas cerebrais –, ela era acordada e os cien�stas perguntavam o que ela havia sonhado.

dãos. Isso é feito vigiando as pessoas enquanto elas assistem à tele televisão, visão, um método precário e lento (o protagonista

der como a mente humana funciona. Mas de uma coisa ela já sabe: �do o

cérebro. Se você conseguir cap�rar e

Quando a pessoa imaginar um pássaro, por exemplo, você saberá que esse

Carnegie Mellon� combinaram essa decodificar esses sinais, em tese poderá técnica com um sistema de inteligênNa úl�ma década, várias equipes de pesquisadores tentaram – e, dentro

de certos limites, conseguiram – fazer isso. Primeiro, o voluntário é colocado den�o de um aparelho de ressonância

magné�ca, que enxerga os fluxos de

sangue den�o do cérebro. Ele cria um mapa com 1 milhão de voxels: cubinhos

com 100 mil neurônios cada um. Em

dos fenômenos mais misteriosos da mente humana: os sonhos. É o que

acreditam pesquisadores da Unive Universirsi-

dade de Kyoto, no Japão. Eles coloca-

A lei�ra de padrões cerebrais tem

usos nobres, como permi�r que pessoas paralisadas voltem a se comunicar comunicar.. Mas também pode tomar caminhos sinis�os,

permi�ndo que regimes totalitários leiam à força a cabeça de alguém. O mais

esse mesmo método foi além: conse-

provável é que aconteça o que acontece com quase todas as tecnologias:

guiu indicar se os voluntários estavam

um pouco de cada coisa.

Fontes � Predicting the Brain Activation Pattern Associated With

the Propositional Content of a Sentence: Modeling Neural Representations of Events and States.  +JOH 8BOH F PVUSPT $.6 Ǟǜǝǣ � Neural Decoding of Visual Imagery During Sleep. : ,BNJUBOJ F PVUSPT Ǟǜǝǟ

C A P A

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Uma técnica �ue combina ressonância ma�nética e inteli�ência artificial �á �ermite deduzir o �ue uma �essoa está �ensando – com até 8�% 8�% de acerto. acerto.

� SITUAÇÃO ATUAL: TESTE EM HUMANOS

IMPEDIR A MENTIRA. OU TORNÁ�LA MAIS CONVINCENTE

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pré-frontal dorsolateral direito [que fica

minúscula e imperceptível, de apenas 0,001 ampére, no córtex pré-frontal dorsolateral dorsolate ral direito de uma pessoa – e ela passará a men�r menos. Essa foi a

logo a�ás da testa] está diretamente ligado à hones�dade”, diz Michel André Maréchal, um dos autores do es�do.  Dois pesquisadores da Estônia foram além e dispensaram os ele�odos:

conclusão de pesquisadores das universidades de Zurique, Chicago e Cambridge, que colocaram 145 pessoas para  jogar dados dados em fren frente te a uma uma tela. tela. O processo �nha dez rodadas, e era simples: a pessoa jogava os dados, e aí a tela mos�ava a lista de combinações

usaram ímãs para interf interferir erir com a a�vidade elé�ica do cérebro de 16 voluntários(. Como você talvez se lembre das aulas de física do colégio, toda corrente

Mas ele é que deveria dizer se havia de

elé�ica produz um campo magné�co. Isso também vale para a ele�icidade que passa pelos nossos neurônios, e também funciona ao con�ário: se você interferir no campo magné�co, vai

fato acertado, acertado, e podia men�r para ganhar

alterar a corrente elé�ica. Os cien�stas

mais. Os voluntários não sabiam, mas os cien�stas estavam filmando �do – e constataram que 37% das respostas eram mentirosas. Já com a corrente elé�ica, a �apaça caía para menos da

aproveitaram esse princípio para criar

metade: apenas 15% 15% das respostas eram men�rosas. O sistema não é perfeito 12 pessoas eram hipermen�rosas e sempre

que dizer qual cor estava e stava vendo – e era

�apaceavam, mesmo sob estímulo elé-

córtex pré-frontal dorsolate dorsolateral ral direito.

�ico), mas o efeito efei to é notável notável – tanto que seus criadores acreditam ter encon�ado

E, por isso, men�u menos. Curiosamente, quando os cien�stas es�mulavam o córtex pré-frontal dorsolat dorsolateral eral esquerdo,

premiadas 5+2 ou 2+1, por exemplo). O par�cipante ganhava US$ 9 a cada acerto.

a raiz neuronal da men�ra. “O córtex

um sistema de indução mental sem fio. Eles colocaram ímãs perto da nuca dos voluntários e mostraram discos coloridos a eles. O voluntário tinha ins�uído a tentar men�r. Metade das

pessoas recebeu pulsos magné�cos no

� Increasing Honesty in Humans with Noninvasive Brain Stimulation, .JDIFM "OES¨ .BS¨DIBM F PVUSPT Ǟǜǝǣ � Effect of Prefrontal Transcranial Magnetic Sti mulation on Spontaneous Truth-Telling, *OHB Truth-Telling, *OHB ,BSUPOBC F 5BMJT #BDINBOOD Ǟǜǝǝ The Truth about Lying: Inhibition of the Anterior Prefrontal Cortex Improves Deceptive Behavior. Behavior. "INFE  "INFE " ,BSJN F PVUSPT Ǟǜǝǜ

o efeit efeito o era oposto – e os voluntários voluntários conseguiam men�r mais vez vezes. es. Além de fazer as pessoas men�rem

mais, é possíve possívell �ansformá-las em men�rosas mais convincentes. A chave é

aplicar uma corrente elé�ica muito pequena no córtex pré-frontal anterior, área ligada à cognição e às emoções.

Pesquisadores da Univ Universidade ersidade de Tuebingen, na Alemanha, aplicaram sinais elé�icos para reduzir temporariame temporariamente nte a a�vidade dessa região – e pessoas antes propensas à hones�dade passaram a men�r melhor�. A pesquisa reuniu

22 voluntários numa simulação: eles interpretavam funcionários que �nham terpretavam desviado dinheiro de suas empresas e seriam interrogados por um dete�ve. Caso conseguissem enganá-lo enganá-lo,, poderiam ficar com o valor roubado (20 euros). Quando recebiam o estímulo

elé�ico, os par�cipantes men�am com mais segurança. Ficavam mais �anquilos ao negar env envolvimen olvimento to e pareciam mais capazes de escolher em quais si�ações seria melhor distorcer dados,

de forma a enganar o interrogador i nterrogador sem deixar a men�ra óbvia demais.



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� SITUAÇÃO ATUAL: SÓ EXISTE EM TEORIA

FAZER UPLOAD DA CONSCIÊNCIA E DE MEMÓRIAS

Massachusetts usaram um nov novoo �po de ressonância magné�ca, que �abalha servando a memória memória e a consciência das com campo magné�co de 7 tesla – quapessoas – que viv viveriam eriam após a morte se cinco vezes mais intenso do que as como simulações de computador. Esse máquinas comuns. O resultado é uma é um dos cenários mais recorrentes, imagem 3D que mos�a, com resolução e menos realistas, da ficção científica. muito maior, a es�u�ra e as conexões Mas isso não significa que não haja do cérebro. Em 2017, os pesquisadores pesquisadores tentando ir nessa dire- escanearam o cérebro de 1.200 volunção. A principal inicia�va é o Human tários e colocaram os resultados na inConnectome Project, criado em 2009 ternet�. Mas ainda estão longe do fim. pelo governo dos EUA em parceria “Vamos “V amos precisar de pelo menos uma com seis universidades. Seu obje�vo década para terminar de mapear o céreé produzir um “conectoma” “conec toma”,, ou seja, um bro, porque é necessário gerar imagens mapa com todas as conexões neurais em alta resolução de cada neurônio e do cérebro humano. Esse mapa pode- cada conexão. E essa nem é a parte ria ser reproduzido e executado num mais difícil”, explica o neurocien�sta supercomputador,, o que represen supercomputador representaria taria holandês Randal Koene, cofundador a criação de uma inte inteligência ligência ar�ficial da empresa Carbon Copies, que tenta  jamais vista – e o primeiro primeiro passo para a descobrir como reproduzir a mente huhudigitalização da mente humana. Parece mana em computador. “Depois vamos megalomaníaco, e é mesmo. Mas tem precisar jogar esses dados num sistema rod á-los. É possível que na décerto nexo. Em 2005, o projeto Blue capaz de rodá-los. Brain, criado pelo governo da Suíça e cada de 2030 sejamos capazes de fazer pela IBM, conseguiu escanear e simular isso com cérebros menores, como o de em computador 31 mil neurônios (e 37 moscas”, diz. O Human Brain Project, que é banmilhões de sinapses) do córtex primário somatossensorial de um rato�. É um cado pela União Europeia, está tentannada – não dá nem 0,02% 02% dos neurônios do vencer os obstáculos tecnológicos. do bichinho –, mas mos�a que a téc- E eles são ainda maiores do que o es�������� � ������� ������ � ������-�� �� ����������,  pre-

nica em si funciona. O grande desafio

caneamento do cérebro. O obje�vo do

rodar uma simulação dela.

mil vezes mais do que todos os dados do Google, do Facebook, da Microsoft e da Amazon – somados.

é escanear nossa massa cinzenta, um verdadeiro universo (o cérebro humano tem 250 vezes mais sinapses do que há de es�elas na Via Láctea), e criar computadores potentes o bastante para

Para tentar resolver o primeiro pro-

blema, cien�stas do Hospital Geral de

projeto é criar um supercomputador capaz de armazenar, manipular e executar, em tempo real, um banco de dados d ados com 1,1 bilhão de terabytes, o tamanho es�mado do conectoma humano. Isso é

Em tese, é até �ossível re�roduzir o cér cérebr ebro o humano em com�utador. Mas a má�uina teria de lidar com 1,1 bilhão de terab�tes.

Em suma: impossível não é, mas estamos longe. Se um dia conseguirmos, vai demorar. Por isso uma star�p chamada Nectome, criada por dois es�dantes do MIT, propôs uma solução: um serviço de preservação supostamente capaz de manter o cérebro intacto por

décadas, até que a ciência seja capaz de reproduzi-lo em computador. A empresa demonstrou sua técnica num cérebro de porco, que manteve as sinapses intactas. Mas tem sido vista com ce�cismo pela comunidade científica, inclusive por um detalhe macabro: seu procedimento, que é letal, precisa ser feito com o cérebro ainda vivo.

Fontes � Reconstruction and Simulation of Neocortical Microcircuitry,

Henry Markram e outros, 2005. https://www.humanconnectome.org/ nconnectome.org/study/hcp-young-adult/document/ study/hcp-young-adult/document/����-subjects-data-release ����-subjects-data-release � https://www.huma

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� SITUAÇÃO ATUAL: TESTE EM HUMANOS

AUMENTAR A

COGNIÇÃO

� �������� �������� � �����������  em

40%. Pelo menos em macacos. Em 2017, 2017, a Agência de Projetos de Defesa Avançados Darpa), a divisão de tecnologia do Pentágono, publicou um es�do( relatando relatando essa façanha, alcançada em testes com dois animais. Ambos  já eram eram adul adultos tos – �nham �nham 4 e 10 anos de idade –, mas mesmo assim os militares conseguiram aumentar dras�camen dras�camente te sua capacidade de aprender. Na experiência, os bichos viam fotos de paisagens numa tela. Podiam observar cada uma por 15 segundos. Eles não sabiam, mas havia um pequeno alvo desenhado em cada foto – se os bichos olhassem para esse ponto ponto,, ganhavam suco como recompensa. Normalmente, macacos rhesus levam em média 21 tenta�vas até entender esse jogo. Mas as duas cobaias da Darpa, que receberam 0,002 ampére de corrente elé�ica no córtex pré-frontal, foram muito melhores: dominaram o jogo em apenas 12 rodadas. Os cien�stas já esperavam esse resultado, supostamente ligado ao aumento na frequência de disparos dos

neurônios. Mas constataram que a explicação não era bem essa. O estímulo elé�ico não interferia com os neurônios em si. Fazia algo maior: melhorava a conexão en�e regiões do cérebro. “Essa técnica provoca mudanças na excitabilidade dos neurônios de áreas específicas. E, por isso, também uma ampla melhoria na capacidade de processar informação”, diz Donel Martin, psiquia�a e pesquisador pe squisador da Universidade Universidade de New South Wales, na Aus�ália. Dependendo pendend o da corrente elé�ica aplicada, é possível despolarizar ou hiperpolarizar grupos de neurônios, ou seja, torná-los mais ou menos sensíveis aos sinais de outros neurônios. Martin usou essa técnica em humanos. Ele colocou 54 pessoas para resolver problemas de lógica, com dificuldade crescente, envolvendo formas e cores. Metade dos voluntários recebeu estímulos elé�icos –e solucionou as charadas de forma mais rápida e correta(. “O �atamento é eficaz para facilitar o aprendizado de qualquer �po de conhecimento”, afirma ele. Há es�dos indicando que essa e ssa

técnica, chamada tDCS (es�mulação �anscraniana por corrente contínua), também pode acelerar o aprendizado de matemática e idiomas(5)(6). Além disso, o benefício parece ser de longo prazo. Na experiência de matemá�ca, realizada na Universidade de Oxford, o efeito persis�u por seis meses após as sessões. Nas experiências com a técnica, menos de 1% das pessoas relata algum �po de desconforto relacionado à corrente elé�ica. elé�ica. A esmagadora esma gadora maioria nem percebe que está sob efeito dela. Por que, então, não há aparelhos do �po sendo vendidos para todos os es�dantes do planeta? “Os efeitos da tDCS ainda não são totalmente compreendidos”, diz o neurologista Pedro Pedro Vieira, pósdoutorando do Ins��to Neurológico de Mon�eal e especialista na técnica. “Ela induz grandes oscilações nas ondas cerebrais cerebr ais de baixa frequência, o que por sua vez amplia a conec�vidad conec�vidadee en�e neurônios próximos próximos e áreas distantes di stantes do cérebro de maneiras ainda imprevisíveis, e que poderiam provocar danos”, afirma. Na dúvida, melhor não arriscar. →

Transcranial ial Direct Current Stimulation Facilitates Associative Learning. Matthew R. Krause e outros, 2017. � Can Transcranial Transcranial Direct Current Stimulation Enhance �Transcran Outcomes from Cognitive Training?, Donel M. Martin e outros, 2013. � Long-T  Long-Term erm Enhancement of Brain Function and Cognition Using Cognitive Training and Brain Stimulation. Albert Snowball e outros, Universidade de Oxford, 2013.  Noninvasive brain stimulation improves language l earning. Universidade de Munster, 2008.

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� SITUAÇÃO ATUAL: EXPERIÊNCIAS EM ANIMAIS

IMPLANTAR

MEMÓRIAS

�� ����� ��� ������� ������� ��� ���� ,  escrito pelo americano Phi-

lip K. Dick em 1966, Marte já foi colonizada pelo homem – e o protagonista da história, Douglas, sonha em ir até lá. Só que custa muito caro, e por isso Douglas escolhe a segunda melhor opção: vai até uma empresa especializada e paga para ter memórias de Marte implantadas em seu cérebro. O que ele não sabe é que, na verdade, já havia estado no planeta vermelho – mas suas lembranças disso haviam sido apagadas a pagadas pelo governo. Um delírio e tanto. Mas, na vida real, já existem pesquisas tentando fazer as duas coisas: apagar e criar memórias memórias.. Em 2012 o neurologista Todd Sacktor, da Universidade Columbia, conseguiu eliminar uma lembrança do cérebro de ratos, que haviam sido condicionados c ondicionados a evitar alimentos doces. Ele descobriu que, se uma proteína cerebral chamada PKMzeta� fosse inibida enquanto o rato se lembrava daquela memória ( é  é melhor  melhor  não comer doces), ela era des�uída – e, posteriormente, o bichinho passava a ingerir açúcar como se não houvesse amanhã. A ideia é criar um procedimenproc edimento que, no fu�ro, possa ser usado para eliminar �aumas da mente humana. A indução de memórias também já foi demons�ada em camundongos de laboratório. Tudo começou em 2013, quando o MIT usou engenharia gené�ca para criar ratos com uma caracterís�ca insólita: partes do seu cérebro podem ser ativadas, ou desativadas, usando luz�. Primeiro os pesquisadores injetaram nos animais um vírus capaz de alterar o funcionamento dos neurônios do hipocampo, área relacionada à formação de memórias. Depois inseriram, cirurgicamente, uma fibra óp�ca nos cérebros dos pobres bichinhos, para iluminar o hipocampo com luz infravermelha. i nfravermelha. Feito Feito isso, iniciaram o experimento. Primeiro, cada rato era colocado num ambiente seguro,

Ex�eriências em ratos conse�uiram a�a�ar lembran�as traumáticas. E também fazer o o�osto: criar a memória de al�o �ue �amais ocorreu. enquanto a a�vidad enquanto a�vidadee do seu hipocampo era gravada. No dia seguinte, a cobaia era levada para um lugar ruim, onde recebia choques elé�icos nas patas. Só que, eis o �uque, os cien�stas ligavam a fibra óp�ca – e ela a�vava os mesmos grupos de neurônios que o rato �nha acionado na véspera, quando não havia perigo. Resultado: o bichinho associou a memória da primeira gaiola aos choques e passou a ter medo dela, onde jamais sofrera maus-�atos. Pior: os ratos só temiam esse local – não �nham qualquer receio da gaiola de tor�ra. Os cien�stas �nham plantado uma memória falsa. Uma equipe de cien�stas franceses conseguiu algo ainda mais impressionante: inserir lembranças posi�vas no cérebro de 40 camundongos enquanto eles dormiam�. Os pesquisadores notaram que determinada região do hipocampo era a�vada quando os ratos en�avam em certa gaiola. Então colocaram os bichos várias vezes ali, até que perceberam que aquela região ficava a�va mesmo enquanto os ratos dormiam. (Não se sabe o mo�vo, mas talvez eles es�vessem sonhando com a gaiola). Com os ratos adormecidos, os cientistas estimularam uma área cerebral que dispara a produção de dopamina, neuro�ansmissor relacionado ao prazer. Ao acordar, os ratos passaram a adorar aquela gaiola e passar cinco vezes mais tempo den�o dela. Não havia mo�vo obje�vo obje�vo para isso: eles nunca �nham ganho comida, ou qualquer coisa boa, ali. Era uma falsa memória.

Fontes � The Genetics of PKMZ

and Memory Maintenance. T. Sacktor e outros, 2017. � Creating a False Memory in the Hippocampus, Steve Ramirez e outros, 2013.  Explicit Memory Creation During Sleep Demonstrates a Causal Role of Place Cells in Navigation, Gaetan de Lavilléon e outros, 2015.

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� SITUAÇÃO ATUAL: EXPERIÊNCIAS EM ANIMAIS

EXERCER CONTROLE EXTERNO

DE PENSAMENTOS

���� ���� �� ���� ��� ���������

ao usar o con�ole c on�ole remoto remoto da sua TV TV,, a luz infravermelha infravermelha é facilmente bloqueada por obstáculos. Mas ela a�avessa materiais mais porosos, como ossos – inclusivee os da caixa craniana. Expeinclusiv riências feitas pela empresa americana Neuro-Laser constataram que a luz infravermelha é capaz de pene�ar até 30 mm de tecido ósseo. Daria �anquilamente para a�avessar a caixa craniana humana, cuja espessura média é de 4 a 9 milíme�os, mil íme�os, dependendo dependendo do ponto. Isso significa que, teoricamente, é possível es�mular o cérebro com luz sem precisar abrir a cabeça da cobaia. E isso, em macacos, já foi feito. Como os camundongos do texto anterior [veja página ao lado], eles foram infectados com um vírus que altera al tera o funcionamento dos neurônios. Essa técnica se chama optogené�ca, optogené�ca, e consiste em acoplar um vírus (geralment (geralmentee um adenovírus, que normalmente normalmente causa infecções respiratórias) com genes que es�mulam a produção de rodopsina, uma proteína fotossensível – ou seja, que converte luminosidade em sinais elé�icos. Ela é fabricada na�ralmente nos olhos, onde nos ajuda a enxergar. Mas, se for inserida no cérebro, produz algo anormal: torna os neurônios sensíveis à luz. Numa experiência realizada por cien�stas da Universidade de Cambridge e do MIT, os cérebros de macacos foram es�mulados com luz infravermelha( enquanto eles �nham de tomar decisões simples, como escolher en�e duas guloseimas. Quando o infravermelho estava ligado, o cérebro aumentava a produção de dopamina – e o animal sempre preferia a guloseima que estava comendo, mesmo se ela fosse idên�ca à ou�a. O efeito era desencadeado por luz, sem a necessidade de um implante cerebral. Mas ainda há um grande

� Near-infrared photonic energy penetration: can infrared phototherapy effectively reach the human brain? TA Henderson, 2015. � Dopamine Neuron-Specific Optogenetic Stimulation in Rhesus Macaques. William R. Stauffer, e outros, control of neural circuits.M. circuits. M. Shapiro e outros, 2018. 2016.  Acoustically targeted chemogenetics for the non-invasive control

obstáculo: o vírus tem de ser injetado diretamente no cérebro, o que é ex�emamente invasivo e perigoso. Mikhail Shapiro, professor de engenharia química quí mica do Ins��to de TecnoTecnologia da Califórnia Cal ifórnia (Caltech), descobriu um jeito de resolver isso. Injetou bolhas de ar muito pequenas, com nanômen anôme�os de diâme�o, na corrente sanguínea de ratos�. E encostou um aparelho de ul�assom na cabeça deles. Quando o sangue estava chegando ao cérebro, o ul�assom agia sobre as bolhinhas, fazendo elas vibrarem – e abrindo pequenas brechas na barreira hematoencefálica uma camada de sangue, também presente em humanos, que envolve o cérebro e bloqueia a en�ada da maioria das moléculas). Com isso, Shapiro conc onseguiu in�oduzir vírus optogené�cos sem precisar abrir a cabeça dos animais. Bastou uma reles injeção na veia, com uma ajudinha do ul�assom, e os bichos estavam hackeados pelo resto da vida. Se um dia for aplicada a plicada em humanos, a optogené�ca poderia ser usada para distorcer totalmente a realidade de uma pessoa. Ela funcionaria como uma hiperdroga, capaz de manipular o indivíduo a tal ponto que ele faria qualquer coisa em �oca de mais dopamina. Não à toa, a Darpa (divisão de tecnologia do Pentágono)) tem olhado essa técnica com Pentágono atenção, e financia pesquisas pesquisa s a respeito em várias universidades. Um dos projetos mais ambiciosos é o Cor�calSight, que reúne a Unive Universidade rsidade Stanford e quatro empresas de biotecnologia. Ele pretende usar a optogené�ca para conectar uma microcâmera, sem fios, ao córtex visual humano. Se der certo, ce rto, isso poderá significar a cura de quase todos os casos de cegueira. E também o princípio de uma era obscura – onde seria possível fazer uma pessoa enxergar coisas que, na verdade, verdade, não existem. →

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� SITUAÇÃO ATUAL:

TRANSMITIR INFORMAÇÕES

TESTE EM HUMANOS

POR TELEPA TELEPATIA TIA

���� ���� ��� �� ��� �����������������,  a ciência já sabe como cap�rar

e decodificar padrões neuronais – e também induzir respostas cerebrais

usando pulsos magné�cos e sinais elé�icos. Mas, até agosto de 201 2013, 3, ninguém

havia tentado fazer o óbvio: juntar as

duas coisas e criar cri ar um sistema que permi�sse comunicação direta, telepá�ca,

en�e dois cérebros humanos. Naquele ano, um grupo da Universidade de Washington conseguiu conectar as mentes de duas pessoas pela internet. As cobaias foram os próprios autores

da pesquisa, os neurocien�stas neurocien�stas Rajesh Rao e Andrea Stocco. O primeiro ves�u

um capacete de ele�oe ele�oencefalograma, ncefalograma, que detecta ondas cerebrais e permite iden�ficar iden�ficar sinais básicos – dá para saber, por exemplo, exemplo, quando a pessoa pensa em mexer o próprio braço. Já o ou�o colocou uma touca conectada a um aparelho de es�mulação magné�ca �anscraniana, que usa ímãs para interferir com a a�vidade elé�ica de determinadas regiões do cérebro [leia

mais na pág. 25] . Rao �nha à sua frente um joguinho de computador cujo obje�vo era disparar mísseis con�a navios inimigos (sem acertar os aviões aliados que passavam voando). Andrea estava

numa sala a 1 km de distância, onde onde também iria jogar aquele game. Mas

com uma enorme diferença: ele ficava de costas para a tela. tela. Seria guiado, apenas, pelas ondas cerebrais do colega.

E aí aconteceu. Rao decidiu a�rar. Ele não acionou o joys�ck; simplesmente imaginou o gesto. Isso gerou

colabora�vo: os dois primeiros pensavam em quais peças mexer e seus cérebros enviavam as ordens para o terceiro.

Ele ficava de costas para a tela, mas mesmo assim conseguia jogar – pois

sua mente executava automa�cament a utoma�camentee as ordens enviadas pelos ou�os dois�. Duas empresas, a espanhola Starlab e a francesa Axilum, usaram uma técnica

parecida para conectar um voluntário na Índia a ou�o na França�. Eles se comunicaram usando uma espécie de

código Morse, formado por sequências de pulsos (que �veram de aprende a prenderr antes). O indiano usou essa linguagem para formar duas palavras e pensou nelas. Alguns minutos depois, elas chegaram à mente do francês – que pensou, acerac ertadamente, em “hola” “hola” e “ciao”. Mas isso não quer dizer muita coisa; ele poderia simplesmente estar chutando. A prova

de que é possível �ansmi�r informações só veio no ano seguinte, quando

a Universidade de Washington fez uma experiência experiê ncia parecida com dez pessoas. Eles foram agrupados em pares, separados em salas diferentes, e colocados para jogar um jogo de adivinhação�. A primeira pessoa, chamada de “analista”, “anal ista”, via objetos numa tela. A ou�a, ba�zada de “jogadora”, “jogadora”, �nha de adivinhar quais eram. Um teste muito difícil; tanto que

os jogadores só acertavam, por puro

chute, 18% 18% das respostas. respo stas. Mas, quando

a �ansmissão de ondas cerebrais foi

ligada, o índice de acerto disparou: 72%. Segundo os cien�stas, a técnica tamt ambém poderia ser usada para �ansmi�r

sinais en�e es�dantes. “Imagine um ondas cerebrais que foram �ansmi�das aluno com déficit de atenção (DDA), e para Stocco – cuja mão, incrivelmen- ou�o normal”, declarou a neurociente, apertou sozinha o botão de disparo. dispar o. tista Chantel Prat, uma das autoras A façanha foi o resultado de mais de do es�do, ao jornal da universidade. universidade. dez anos de pesquisas, e o começo de “Quando o es�dante normal es�vesse atenção, o cérebro do ou�o uma série de ou�as experiências. Em prestando atenção, 2018, os pesquisadores da Universidade seria automa�camente colocado num de Washington Washington conectaram �ês pesso- estado de maior foco”, disse. Mais do as, que jogaram uma espécie de Te�is

que telepa�a, sincronia de mentes. S

Duas �essoas tomaram decisões – e seus cére cérebro bros s enviaram as ordens �ara uma terceira, cu�a mente executou as a�ões.

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Fontes � BrainNet: A Multi-Person Brain-to-Brain Interface for Direct Collaboration Between

Brains, L. Jiang e outros, 2018. � Conscious Brain-to-Brain Communication Communication in Humans Using Non-Invasive Technologies, C. Grau e outros, 2014. � Playing 20 Questions with the Mind: Collaborative Problem Solving by Humans Using a Brain-to-Brain Interface. Andrea Stocco e outros, 2015.

S U P E R I N T E R E S S A N T E

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HISTÓRIA

Francis Galton, pai da eugenia

UMA LONGA HISTÓRIA DA

Eugenia

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Charles Davenport, higienista genético.

A busca pela “raça pura” não é só coisa de nazista: foi um fenômeno mundial mundial. . E o seu fantasma ainda ronda a sociedade. Texto Bruno Vaiano Ilustrações Marcel Lisboa  Design Carol Malavolta Edição Alexandre Versignassi

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A na Inglaterra da rainha Vitória. Após �ês surtos de cólera e um episódio de calor intenso no verão de 1858, ba�zado de Grande Fedor (em maiúsculas, mesmo), despejar todo o cocô de Londres no Rio Tâmisa não parecia mais uma boa ideia. Saneamento básico e saúde pública eram tão discu�dos no fim do século 19 quanto a corrupção em Brasília é hoje. A Revolução Indus�ial havia criado uma pobreza inédita, diferente da do camponês que plantava por subsistência. Operários da indús�ia têx�l e da cons�ução naval se empilhavam em cor�ços, sem acesso a água �atada. Frequentavam Frequen tavam pubs e bordéis, eram desnu�idos, alcoóla�as e �nham filhos – muit muitos os filhos. filhos. Francis Galton, rico herdeiro de uma família tradicional, viu na ���� ������� �� ������ ���

periferia de Londres um problema proble ma darwinista. darwi nista. Ao pé da le�a: ele era primo de Charles Darwin, e havia lido l ido (ou melhor, devorado) a Origem das Espécies logo após o lançamento, em 1859. O que Darwin afirmou, grosso modo, foi o seguinte: filhotes de uma ninhada nascem com diferenças su�s. Os que forem mais aptos – graças a dentes afiados, tímpanos aguçados ou músculos de con�ação mais rápida – conseguem mais água, alimento e sexo. Assim, eles têm mais filhotes, e seus �aços hereditá hereditários rios vantajosos prevalecem na população. Evolução Evolução por seleção na�ral. Darwin não menciona o ser humano uma única vez no livro; mesmo assim, acendeu uma lâmpada na cabeça de Galton. Ele não só notou que a sobrevivência dos bem adaptados se aplicava ao Hom  Homoo sapiens sapiens como concluiu que só havia um  jeito  jeit o de sal salvar var a “raça “raça europeia”: acelerar ar�ficialmente,, (por decreto, mente dec reto, até) a a�ação da seleção na�ral. Para Galton, era necessário deses�mular o coito en�e humanos que a elite econômica via como vira-latas e incen�var os humanos de raça, com pedigree. Empreender um

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Os eugenistas mediam fisionomias, crânios e cérebros em busca de “inaptos”.

aperfeiçoamento autodirigido, para o bem do próprio povo. Em 1883, Galton deu à es�atégia um Galton �ôs a humaninome: eugenia. Vem do grego: eu signific  significaa “bom”, dade numa �lanilha de “linhagem”, ”, gene significa “linhagem Excel. E �ueria deletar “raça”, “parentesco”. “Estamos muito neas colunas incômodas. cessitados de uma palavra breve para a ciência de melhorar a estirpe”, afirmou Galton. “Para dar às raças ou linhagens li nhagens de sangue mais adequado uma chance melhor de ainda estava escondida epiléticos, criminosos, prevalecer depressa so- na gaveta). Em 1877, nu- prosti prostitutas... tutas... Essa mobre as menos adequadas.” ma espécie de  Minorit  Minorityy dalidade de eugenia era 19, ele chamada de negativa . Para Galton, a tendên-  Report do século 19, cia à miséria, ao vício e esquadrinhou os rostos Um relatório sobre o à doença era tão heredi- de condenados tentando resultado da prática na tária quanto a al�ra ou a�ibuir um �po de crime Califórnia – recordista de a cor dos cabelos. Se os a cada fisionomia. Galton esterilização en�e os 32 filhos dos inaptos já iam queria �ansformar a hu- Estados que a adotaram morrer pela mão cruel da manidade em uma imensa – serviu de inspiração paseleção na�ral, era me- planilha de Excel. E dele- ra os oficiais nazistas que lhor que não nascessem: tar as colunas incômodas. implantaram a prá�ca do Essas ideias foram re- ou�o lado do Atlân�co. “O que a na�reza faz às cegas (...) o homem pode cebidas como a vanguarda Também havia a eufazer com previdência, da ciência. No início do sé- genia posi�va: incen�var rapidez e bondade” bondade”.. culo 20, Londres sediaria a reprodução dos aptos. primei meiro ro congresso congresso Tornaram-se comuns Ele se tornou uma má- o pri quina de coleta de dados. internacional de eugenia. as Fitter Family Fairs Tirava as medidas corpo- A Inglaterra não chegou (“feiras de famílias mais rais de famílias inteiras a colocar em prática as aptas”, em português), em busca de uma expli- ideias de Galton. Dezenas em que casais com gecação para o fenômeno da de ou�as nações, porém, nes supostamente bons hereditariedade (lembre- as abraçaram. A mais de- eram exibidos em pódios se: a gené�ca de Mendel dicada delas, nas primeiras e ganhavam medalhas. décadas, não foi a AlemaUm dos símbolos nha – e sim os EUA. da eugenia americana foi Charles Davenport, Eu�enia ian�ue mandachuva do Eugenics Em 1907, 1907, o Estado de In- Record Office (ERO) (ERO) – cen�o �o de pesquisa pesquisa em diana adotou a primeira o cen lei de esterilização com- Cold Spring Harbour, pulsória do mundo. En�e En�e Nova York, York, que encabe1907 e a década de 1960, çou os esforços de himais de 64 mil america- gienização gené�ca. Ele nos considerados “inap- era contra casamentos tos” evolu�vamente foram interraciais (comentarecas�ados com anuência mos a relação da eugenia das autoridades. Eram al- com o racismo nos prócoóla�as, esquizofrênicos, ximos parágrafos) e via a



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en�ada de imigrantes do

sul da Europa e da Ásia

como um risco à boa es�rpe americana.

“Idiota” e “imbecil” não eram xin�amentos: eram cate�orias científicas.

Davenport, de bobo,

não �nha nada. Aplicando a lógica de �ansmissão de

caracterís�cas hereditá-

rias descoberta por Mendel em seus experiment experimentos os com ervilhas, iden�ficou

corretamente que a doença de Hun�ngton era um �aço dominante, e o albinismo, recessivo. O

problema é que ele ex�apolava a lógica: começou a inventar genes para �do

– até um um das famílias famílias de de construtores de barcos. Não havia espaço para o

um fardo para o Estado

diferente que pegou o ou produzir prole que vai bonde da eugenia. Se era requererr vagas em prisões requere

possívell isolar (e eliminar) possíve

Knox. Xingamentos como

por que não seria possível

ou asilos”, afirmou em 1915 o médico Howard

óbvio: que um filho tende

“idiota”” e “imbecil” eram “idiota

Tudo era herdado.

termos técnicos, aplicados na classificação de pessoas em relatórios oficiais.

a seguir o ofício do pai.

No porto de Ellis Island, também em Nova York, imigrantes recémchegados da Itália, da Grécia e dos países do bloco comunista eram submetidos a testes de QI. “O propósito de aplicar a escala de medição mental em Ellis Island é peneirar os imigrantes que podem (...) se tornar

os indesejáveis den�e os membros de uma raça, hierarquizar as próprias raças? Pior: por que não fazer isso à maneira Excel, comparando narizes,

A pobreza das cidades europeias no século 19 assustava a elite – que inventou uma solução “científica”.

testas e o volume de cére-

bros e crânios de negros, Embora hoje eugenia brancos e índios? seja associada a racismo No livro A Falsa Meno imaginário popular, dida do Homem, publicaGalton e Davenport não do em 1980, o biólogo �nham nada a ver com os Step Stephen hen Jay Gould, G ould, de escravocratas re�ógrados Harvard, cita o caso de do sul dos EUA, asso- Robert Bean – um méciados à Ku Klux Klan. dico que em 1906 puFoi um tipo de racismo blicou um longo ar�go Racismo científico

AS CURVAS DO PRECONCEITO

mm

Dois gráficos medindo regiões do cérebro chamadas joelho madas  joelho e  e esplênio conforme a etnia: um com viés racista, outro não.       o         h         l       e       o         J

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Esplênio Homem branco

Mulher branca

Homem negro

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Pesquisador que refez o es tu tudo sem saber a etnia dos cérebros.

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Pesquisador que sabia a etnia de cada cérebro.

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Brain  3PCFSU #FOOFUU #FBO ǝǥǜǢ On several anatomical characters of the human brain, said to vary according to race and sex, with Fonte:  Some Racial Peculiarities of the Negro Brain especial reference to the weight of the frontal lobe lobe  'SBOLMJO 1BJOF .BMM ǝǥǜǥ

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comparando as medidas de várias partes dos cérebros de negros e brancos. Uma das áreas analisadas foi o corpo caloso – que conecta o hemisfério direito ao esquerdo. O corpo caloso é divido em dois �echos, o  joelho e o  esplênio , e Bean havia percebido algo, em sua opinião opinião,, fantás�co: o joel joelho ho e o esplêni esplênio o de negros eram muito menores que os dos brancos [veja o gráfico à esquerda ]. Era racista demais para ser verdade. Tanto Tanto que Franklin Mall, o orientador de Bean na Universidade Johns Hopkins, suspeitou. Ele refez o es�do – dessa vez, medindo 106 cérebros sem saber, de antemão, a etnia dos indivíduos a que pertenciam. Resultado? Seu gráficos saíram neu�os. O desejo de comprovar teses pré-concebidas era tão grande que pesquisadores manipulavam os próprios dados inconscientemente. No Brasil, eugenia e racismo andaram de mãos dadas – o ranço aparece

disfarçado até hoje: “Meu neto é um cara bonito, viu? Branqueamento da raça”, disse o vice-presidente Hamilton Mourão em ou�bro de 2018 2018.. Quem concordaria é Renato Kehl – o farmacêu�co que, lá na década de 1920, 1920, liderou os esforços de limpeza gené�ca no Brasil: “A nacionalidade brasileira só embranquecerá à custa de muito sabão de coco ariano”. Kehl Kehl se tornou o bode expiatório dos livros didá�cos, mas não �abalhou sozinho: muito sujeito que hoje é nome de rua par�cipou. “Vital Brazil foi membro da Sociedade Eugênica de São Paulo, assim como Arnaldo Vieirade Carvalho – o da Avenida Dr. Arnaldo, em São Paulo, fundador da Faculdade de Medicina da USP”, diz a historiadora Pie�a Diwan, autora do livro Raç  Raçaa Pura Pura. Monteiro Lobato e Roquette-Pinto, também. Ou seja: a eugenia foi uma invenção inglesa, aperfeiçoada nos EUA e disseminada por todo o Ocidente no en�eguerras. O Holocausto foi só sua manifestação mais conhecida, mas todas as atrocidades ordenadas por Hitler (e rechaçadas pelos Aliados após a 2ª Guerra Mundial) tiveram precursores entre os próprios Aliados. A descoberta dos campos de concen�ação desencadeou um surto de peso na consciência que culminou com a publicação, em 1950, de um documento da Unesco intitulado



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 A Que Quest stão ão da Ra Raça ça. A ciên-

cia pedia desculpas, e a palavra eugenia virava tabu.

O �resente A mesma genética que  jus�ficou a eugenia eugenia ho je dá arm armas as para combatê-la. Para começo de

conversa, conv ersa, a maioria esmagadora das nossas caracterís�cas é determinada

por dezenas de genes, que interagem en�e si e com o ambie ambiente nte numa comcomplicada dança bioquímica. Se na década de 1920 parecia óbvio que há um gene para famílias cons�utoras de barcos, hoje

a única certeza é que não há muitas certezas. “Os geneticistas não

veem preto e branco, mas tons de cinza”, explica o

gene�cista Alysson Muo- acontece em ou�os catri, da Univ Universidade ersidade da Califórnia em San Diego (UCSD). Muo�i lida diariamente com esses tons: seu laboratório busca �atamentos para formas graves de au�s-

sos – como o dos surdos nos EUA”, diz Muotri.

“Alguns se recusam a ser grupos étnicos distantes geograficamente. ro�lados como deficien- en�e si geograficamente. tes,

e preferem passar a

vida sem auxílio médico. Ou�os surdos optam por mo – enquanto represen- �atament �atamentos os para vo voltar ltar a tantes da parte mais leve escutar. É preciso respeido espec�o reivindi reivindicam cam tar a opinião de cada um.” que o au�smo é só parte A ideia de raça, por sua de sua personalidade, e não uma doença. “Isso

Um es�do da Universidade Stanfor Stanford d analisou 1.056 indivíduos de 52

vez, simplesmente não tem validade biológica.

A ideia era verificar se uma quantidade razoável de genes podia ser

encon�ada encon �ada na população de um lugar, mas não de ou�o – o que evidenciaria a existência de raças.

Algo en�e 93% e 95%

da variação gené�ca foi verificada entre indivíduos do mesmo grupo. As diferenças en�e grupos foram irrisórias

– en�e 3% e 5%. 47% dos

A diversidade humana é um de�radê su�l. � im�ossível dividi-la em caixinhas.

genes analisados apare-

ciam em populações dos cinco con�nentes. Moral da história: a diversida-

de humana é um degradê su�l; é impossível dividi-la em caixinhas. A ideia de raça é só uma forma de dar ares científicos ao preconceito.

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financiamento governaDNA é algo mais revela- mental não permite. Por dor que um prontuário exemp exemplo: lo: eles descobrimédico. Logo, será pos- ram um gene associado sível julgar alguém com à doença de Parkinson base nele com a mesma em seis meses”, diz a genaturalidade com que ne�cista Ricki Lewis, do O fu�ro

imigrantes eram julgados por QI em Ellis Island.

Albany Medical College College..

se cobra mais caro de um idoso que de um jovem.”

possível “ajustar” a al�ra, possível a cor dos olhos ou até a inteligência teligên cia – mas com um detalhe, claro: para quem

Ter o DNA de todo “No futuro, todos te- mundo sequenciado remos nosso genoma abre caminho, é claro, sequenciado. É inevitá- para editá-lo. E é aí que vel”, diz Muo�i. “Por um mora o problema: emlado,, essa informação vai bora ninguém discorde lado nos ajudar a prevenir e que buscar a cura para o �atar doenças com mais Parkinson ou Alzheimer eficiência [ como já se faz seja algo bom, é preciso com o gene BRCA1, asso- ter em mente que isso ciado ao câncer de mama]. abre brechas perigosas. Por ou�o, seu uso pelos Conforme os cien�stas planos de saúde deve elucidar elucidarem em o quebra-caser controlado. Cobrar beça da interação en�e os mensalidades de acordo genes, aperfeiçoamentos com a suscep�bilidade a cada vez mais completornarãoo realidadoenças não só é possível xos se tornarã como já acontece, quando de. Tudo indica que será

Na biologia, hoje, o conceito de raça não existe – e a at atua uaçã ção o dos genes é mais complicada do que pensaram os eugenistas.

Empresas como a 23andMe, que oferecem testes de ances�alidade puder pagar. A desigual(ainda bastante impreci- dade econômica, assim, sos), armazenam as infor- será também uma desimações do DNA de seus gualdade gené�ca. Uma clientes em bancos de da- distopia eugênica, com dos. Eles passam longe de a criação de uma “casta fazer um sequenciamento superior”. É por isso que completo: leem apenas só há um jeito é�co da ci�echos. Mas mesmo es- ência avançar: pensando ses �echos são uma arma nas consequências e na poderosa. “A 23andMe democra�zaçã democra�zaçãoo de seus usa suas bases de dados avanços. A gené�ca tem para conduzir pesquisa muito a aprender com seu numa velocidade que o passado sombrio. S Fontes: Raça

Pura 1JFUSB %JXBO Ǟǜǜǣ DNA: O Segredo da Vida , James D. Watson e "OESFX #FSSZ Ǟǜǜǟ O Gene: uma História Íntima  4JEEIBSUB .VLIFSKFF ǞǜǝǢ Human Natures: Genes, Cultures and the Human Prospect  1BVM 3 &ISMJDI Ǟǜǜǜ Genetic Structure of Human Populations  /PBI " 3PTFOCFSH FU BM ǞǜǝǞ

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GASTRONOMIA

de ração a frisson

Caviar Símbolo máximo do luxo, a ova do es�r�ão do Mar Cás�io era comida de cam�onês, até ser adotada �ela realeza russa.  Entenda como reviravoltas �eo�olí�cas lan�aram sobre o caviar o maior raio �ourme�zador da história.

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Texto Marcos Nogueira Foto Alex Silva  Design Brun a Sanche s Produção Juliana Caro Edição Alexandre Versignassi

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O caviar começou a ser consumido como alimento (e ração) na Rússia do século 9.

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Segundo o livro Caviar: a Global  Histor toryy (“Caviar: uma História Glopressão é emprestada da d a França, onde onde,,  His nos anos 1980, 1980, a oposição de direita já j á bal”, sem �adução para o por�guês), chamava o president presidentee François Mit- o es�rjão en�a nesta história história muito muito terrand de gauche caviar. mais pres�giado do que suas ovas. “Sua A nação francesa, por sinal, desem- carne, parecida com a de vitela, �nha com pendor para o socialismo. A ex-

penha papel fundamental nesta história. enorme popularidade nos períodos de Apesar de russo, foi na alta sociedade pa- abs�nência de carne vermelha imposrisiense que o caviar desabrochou de vez. tos pela autoridade cristã”, escreve a

O fenômeno coincidiu com o nasci- autora Nichola Fletcher. “Diz-se que mento ment o do conceito moderno de luxo – um bom cozinheiro pode obter [do surgia um mercado voltado para pessoas es�rjão] carne de vaca ou de carneide poder aquisi�vo muito alto, a lto, alimen- ro, porco ou frango frango”, ”, acrescenta, em citação a Frank Buckland, um autor ���� � ��� �������� que mis�ra per- tado por bens de consumo produzidos sonagens improváveis: improváveis: Zeca Pagodinho, em série. Isso só foi possível possível depois da popular na Inglaterra do século 19. um neto de Gêngis Khan, Marco Polo, Rev Revolução olução Indus�ial. A indús�ia do Carne tão versá�l era muito apreciaNapoleão Bonaparte, Bona parte, Ivan (o Terrível), Terrível), luxo se instalou em Paris, e era lá que da nos tempos an�gos, quando o es�rLouis Vuitton e os aiatolás do Irã. O também estava o caviar. Deu match.  jão era abun abundant dantee em em todas todas as águas águas da da fio conector de toda essa gente é um Alguns séculos antes, porém, as ovas Europa. Assim como o salmão, ele é um alimentavam os pobres da peixe marinho que migra para cursos ar�go comestível bastante par�cular: de es�rjão alimentavam o caviar, conserva conserva salgada das ovas ovas de Rússia. Sem prestígio nenhum, o caviar de água doce na época da procriação. um peixe chamado es�rjão. vez por ou�a virava ração para o gado. A região salobra da foz de um rio é o Mais do que o caviar em si, o que A ascensão social do caviar só foi pos- habitat típico dessa cria�ra. importa para esta história é aquilo que síve sívell graças às reviravoltas reviravoltas históricas e Para azar do esturjão, seu design ele representa: luxo e exclusão social. acontecim acontecimentos entos for�itos que moldaram mudou muito pouco desde o Jurássico,

Caviar não é para o bico de muita gente. gente. o mundo moderno. Agitação essa, aliás, É disso que o sambista Zeca Pagodinho que con�asta fortemente com o es�lo está falando fala ndo quando canta: “Você “Você sabe o de vida do produtor original da iguaria. que é caviar?/Nunca vi nem comi, eu só O pacato es�rjão e s�rjão vive placidamente placidamente ouço falar”. O que define os consumi- no lodo desde o período Jurássico. Presa dores da iguaria nem sempre é o saldo fácil, o peixe foi quase exterminado para bancário. O berço é o que conta mais. O caviar ta mbém virou adje�vo. Símbolo máximo da dolce vita, ele é

suprir os consumidores de luxo. Com

quando não sofria a ameaça de predador

algum. O software do bicho permane-

ceu o mesmo: ao ser cap�rado, ele não

morde nem foge. foge. O es�rjão não reage. re age. Pescá-lo Pescá-l o nas águas água s rasas dos es�ários é de uma facilidade covarde. Começou ainda na Idade Média o

a escassez, o valor do caviar aumentou extermínio do bichão – que pode a�ngir

mais ainda. E, na lógica perversa perversa do 8 me�os de comprimento, pesar uma empregado pelos militantes de direita mercad mercado o de luxo, quanto mais caro o tonelada e meia e viver por mais de cem no Brasil para descrever uma parce- produto, mais cobiçado ele será. anos. “Es�dos arqueológicos mos�am la de seus antagonistas: a “esquerda O es�rjão está numa sinuca de bico. que, no século 8, o es�rjão representava caviar”, intelec�alidade endinheirada Vamos examinar, a seguir, o caminho 70% do peixe consumido nos países que o colocou nessa enrascada. bál�cos; no século 12, a proporção caiu para 10%”, escreve Nichola Fletcher. Uma ova Na Rússia, o es�rjão era o prato faO mundo consome as ovas de uma in- vorito da Quaresma e ou�as datas si-

finidade de cria�ras aquá�cas: salmão, milares da li�rgia li�rg ia ortodoxa ao longo do

capelim, bacalhau, tainha, ouriço-do- ano. Para os mais pobres, porém, �nha -mar, peixe-voador. A rigor, nenhuma preço proibi�vo. As coisas mudaram padelas pode ser chamada de “caviar”. ra os russos – humanos e es�rjões – no Caviar é o nome dado apenas às ovas século 13, quando a Igreja autorizou o de algumas espécies de es�rjão eura- consumo de ovas durante a penitência. siá�cas e norte-americanas. As mais Foi o primeiro passo para o caviar se valiosas são, s ão, em ordem decrescente, be- tornar um símbolo russo. Vendidas coluga, osse�a e sevruga – todas na�vas mo subproduto, as ovas en�aram para dos mares Cáspio, Negro e de Azov. a dieta da classe camponesa. ca mponesa. Curiosamente, os russos chamam A vas�dão do território russo obridesenvolver um o cav caviar iar de ikra, palavra genérica para gou os pescadores a desenvolver denominar ovas. Isso dá uma ideia da método para conservar as ovas e, assim, banalidade com que a Rússia, histori- vendê-las de Moscou às distantes estecamente, �atou o alimento. pes siberianas. Como um queijo fino ou



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um bom presunto, o caviar é curad curado o em

Mais ou menos na mesma época, um certo Marco Polo chegou a Veneza com sal e ma�rado em câmaras frias. Hoje em dia, as ovas podem passar por pasteu- histórias fabulosas de riqueza das terras rização – o que es�ca a sua validade, mas do Oriente, para onde ele teria viajado diminui o valor. No tempo dos mongóis, com seu pai. Os contos de Marco Poporém, �do era bem mais rús�co. lo deram aos mercadores venezianos a

Mon�óis e cossacos A primeira aparição do caviar em um

 jantar de gala gal a se deu na nobilíssi nobilíssima ma

presença de Ba� Khan, neto de Gêngis Khan e imperador im perador dos mongóis en�e 1242 e 1255. As forças mongóis haviam implodido o poderio russo. Conquistaram bas�ões da importância de Moscou e Kiev, e se estabeleceram no Cáucaso. A capital Sarai Ba� ficava no delta do Rio Volga Volga – uma extensa planície planície alagadiça na n a junção com

100 gramas de caviar beluga podem custar R$ 5 mil.

centelha necessária para se meter em barcos a�avés do Bósforo até o Mar

Negro e, de lá, cruzar o Es�eito de Kerch para o Mar de Azov e a Crimeia, no bololô do território mongol.

Do Cáucaso, os mongóis con�olavam a Rota da Seda. Compravam dos chineses e vendiam para os mercadores árabes e persas, que encaminhavam

tecidos e especiarias ao consumidor europeu. Os venezianos bagunçaram esse esquema, passando a negociar di-

retamente com os mongóis. Os forneo Mar Cáspio, o maior maior lago do mundo. mundo. cedores, que não eram bobos nem nada, Com águas rasas, calmas e salobras, o empurraram aos italianos coisas para delta era um gigantesco motel de es�r- as quais não havia demanda alguma

 jões.. Em busc  jões buscaa de sex sexo, o, para lá acor acorriam riam

na Europa. En�e elas, as ovas salgadas

mul�dões de peixes da espécie beluga, de es�rjão, que ficaram conhecidas na que produz o mais valioso dos caviares.

Itália como caviale – derivado do �rco Antes dos mongóis, moravam na havyar , que vem do persa an�go mahivizinhança os cazares. Estes, curiosa- -e-khâveeyâr , “peixe “p eixe grávido”. Enquanto isso, no Norte, os moscovimente, deixavam em paz os es�rjões.  Judeus,  Jud eus, os cazares obedeciam obedeciam à kashrut  tas retomavam as terras perdidas para os – conjunto de normas alimentares que mongóis. Quando reconquistaram o del- diretamente aos nobres em Moscou. “Em proíbe, en�e ou�as coisas, peixes sem ta do Rio Volga, Volga, no século s éculo 16, os russos 1868, 1.500 membros da corte �nham Fletcher. escama. É o caso do es�rjão (ou era, confiscaram toda a indús�ia de caviar esse privilégio”, afirma Nichola Fletcher. implementada pelo an�go inquilino. Mas Bem antes, quando Napoleão deu com como veremos em breve breve).). Terrível, �nha um problema: pre- os burros n’água –ou melhor, no gelo–, “Os mongóis não �nham essa aver- Ivan, o Terrível,

são”, escreve Nichola Fletcher. Eles cisava proteger aquele sertão todo de ao tentar invadir invadir a Rússia, o caviar c aviar já encon�aram um bufê livre de es�r- novos invasores. O czar �rou de le�a. era ar�go fino. Ao fiasco napoleônico

 jões e se serviram. serviram. Desen Desenvol volveram veram um sistema de pesca com paliçadas em que o próprio peixe se encalacrava num num labirinto de anzóis flu�antes. Passaram a comer e a vender carne de es�rjão.

Delegou a guarda daquelas lonjuras aos de 1812, sucedeu-se a corrida da aristocossacos: um grupo g rupo heterogêneo, heterogêneo, forma- cracia moscovita a Paris. Com ela, foi a

do por dissidentes da Igreja Ortodo Or todoxa, xa, reboque o hábito de comer caviar com

camponeses fugi�vos do sistema feudal e párias de es�rpes sor�das. Na�ralmente,, os cossacos Na�ralmente coss acos passaram Quanto às ovas, elas foram apresentadas ao imperador no Mosteiro da a con�olar o comércio de es�rjão e Ressureição, em Uglich, no Alto Volga. de caviar. Ricos e afastados dos olhos Conta a lenda que Ba� foi lá jantar com da corte moscovita, desenvolveram Yildiz, sua mulher. Na hora da sobreme- crescente autonomia. O movimento se sa, compota de maçãs com ovas salgadas �ansformou em insurreição. ins urreição. O levante, levante, de es�rjão, Yildiz ficou revoltada com porém, foi massacrado pelas �opas do o cheiro e deixou a sala. Ba� Khan, Khan , por czar. Em 1671, os cossacos, rendidos, sua vez, comeu �dinho. presentearam o czar Aleixo com um

blinis – pequenas panquecas – e creme azedo. Até hoje a França ocupa o segundo lugar en�e os países que mais consomem caviar. Cerca de 15% 15% das ovas de es�rjão têm o mercado francês como des�no.

Paris é uma festa Se você acha que a internet �ansformou o mundo, tente tente imaginar o impacto que a máquina a vapor causou c ausou no século 19. Subitamente Subitame nte,, a Europa ficou pequena. Ferrovias e barcos rápidos possibilitaram

prato de caviar, numa demons�ação de humildade e submissão. O caviar a comunicação e o comércio sem interacabava de es�ear na alta sociedade, mediários en�e regiões distantes. A inde onde nunca mais sairia.

dús�ia incipiente reduziu de forma substancial o tempo e o custo na produção de

A oferta dos cossacos se tornou obrigação. Como prova de lealdade, ar�gos como roupas e relógios. O luxo eles passaram a enviar o melhor caviar tornou-se – rela�vamente – acessível.

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Antes da Revolução Revolução Indus�ial, qual-

quer �po de bem de consumo chique era exclusividade das realezas e do alto clero. Fazer uma bolsa de couro tomava

toda a capacidade de �abalho de uma oficina de artesãos, por exemplo. Só quem era o dono do pedaço podia, por assim dizer, se dar ao luxo.

Em 1859, um suburbano parisiense chamado Louis Vuitton abriu uma fabriqueta com 20 funcionários em Asnièressur-Seine. Cons�uiu um império sobre bolsas, pastas e malas de viagem vendidas a quem �vesse dinheiro para comprá-las.

Alguns quilôme�os a Leste, na região de Champagne, vinicultores com olhar marqueteiro vendiam ao mundo sua bebida borbulhante com preço nas al�ras. As pequenas pérolas de sabor mari-

nho do caviar se encaixaram perfeitamente no zeitgeis  da capital do novíssi zeitgeist  t  da mo luxo. E esse caráter segue impresso

no produto. Hoje, qualquer um pode comprar caviar online, no Brasil, sem sair de casa. Desde que pague R$ 5,4 mil por uma la�nha de 125 gramas.

É o fim? O desmantelamento da URSS, no final

do século 20, foi um desas�e para as populações de es�rjão. O Cáucaso se fragmentou em novos países que viram fragmentou na exploração do caviar um meio rápido de ganhar dinheiro. Em poucos anos, o es�rjão quase desapareceu da margem norte do Mar Cáspio. Na margem sul, via-se alguma esperança de recuperação. Lá, afinal, fica o Irã. Aos muçulmanos também é vetado comer peixes sem escamas. Mas os aiatolás descobriram es�dos que mos�am que o es�rjão tem minúsculas escamas na cauda. Aí, voilà, o caviar virou halal.

Ou�a solução seria a produção de caviar em fazendas aquá�cas e de espécies na�vas da América do Norte. Pena que o mercado de luxo não se comova demais com o que não é the real thing – o beluga selvage selvagem m do Cáspio.

Talvez Talv ez o es�rjão precise do apocalipse humano para sobreviv sobreviver. er. Porque, Porque,

como diz um an�go ditado russo, “o que é bom para o homem não é bom para o peixe” (men�ra: eu acabei de inventar essa frase. Mas, para o es�rjão, que segue em sua placidez jurássica em direção à ex�nção, tanto faz). S

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CIÊNCIA

A S Ú L R DE

S T E PHEN I S M P HAWKING A O S S T A S

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 Breve evess Em Br  Respo  R esposstas para Grandes Questões, livro lançado após sua morte, Hawking tenta novamente responder a dilemas que colocam a humanidade para pensar. Aqui estão suas conclusões mais instigantes.  Reportagem Guilherme Eler

Ilustrações Estevan Silveira

 Design  Juliana  Juli ana Caro

Edição Bruno Garattoni

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É POSSÍVEL PREVER O FUTURO? Em tese, é sim. Hawking diz que, caso fosse possível saber a posição e a velocidade de todas as partículas do Universo em um determinado momento, daria para calcular onde cada uma estará no instante seguinte. E isso vale para coisas coisa s subje�vas, como como a roupa que você vai usar amanhã ou o nome de seus filhos que ainda não nasceram. O problema é que, como descobriu o físico alemão Werner Heisenberg (1901-1976), essa conta não é precisa. Segundo seu "princípio da incerteza", não conseguimos medir a posição de coisas muito pequenas sem interferir no resultado da conta. Quando prevemos a órbita de Marte, por exemplo, exemplo, isso não a�apalha em nada sua �ajetória ou ve velocidade locidade.. Mas não vale para partículas part ículas muito pequenas, como elé�ons. Iluminar um elé�on para es�dá-lo, por exemplo, já é suficiente para fazê-lo roubar energia da luz e perder estabilidade. Dessa forma, quanto mais exata for a previsão sobre a velocidade do elé�on, mais difícil é achar a posição dele no espaço e vice-versa. vice-ve rsa. Na verdade verdade,, o buraco é mais embaixo embaixo.. Heisenberg descobriu que uma partícula ou tem posição ou tem velocidade. Ou seja: o mundo microscópico é feito de fantasmas inescrutáveis. A chave para diminuir essa imprecisão seria analisar posição e velocidade velocidade como se fossem uma coisa só. Isso é possível a par�r da "função de onda", onda", fórmula que es�ma o estado quân�co de uma partícula usando probabilidade estatís�ca. Se pudéssemos achar a função de onda de cada partícula que existe, aí sim, daria para mapear o fu�ro de todas as coisas.

O QU QUEE HÁ HÁ DENTR DENTROO DE UM BURACO NEGRO? O grande mistério sobre buracos negros é que não sabemos se eles têm "memória". A teoria mais aceita é a de que não há como conhecer sua história. Por exemplo, se um dia o buraco sugou uma estrela, planeta ou nave espacial, nenhuma tecnologia que exista ou venha a existir será capaz de rastrear o que caiu

lá dentro. Hawking, porém, morreu tentando criar uma teoria que dissesse o contrário. Os vestígios daquilo que um buraco negro engoliu escapariam de alguma forma junto da radiação que FMFT FNJUFN Ǵ VNB GPSNB EF FOFSHJB DPOIFDJEB DPNP SBEJB¦¢P

Hawking", esta sim a maior descoberta científica de Stephen.

O FUTURO SEGUNDO HAWKING

O QUE A HUMAư NIDADE FARÁ NOS PRÓXIMOS MIL ANOS.

NESTA GER AÇ ÃO

E M 50 A NOS

ENVIAREMOS UMA SONDA A ALPHA CENTAURI, O SISTEMA ESTELAR MAIS PRÓXIMO DO NOSSO.

ENTENDEREMOS O QUE ACONTECEU NO BIG BANG, COMO A VIDA COMEÇOU NA TERRA, E SE ELA EXISTE EM OUTROS LUGARES DO COSMOS.

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FILMES QUE HAWKING CITA NA OBRA  STAR TREK

Campeão de citações, citações , a parece 6 vezes  DE VOLTA PA� RA O FUTURO

Cita ao falar de universos  paralelos  2001: UMA ODISSEIA NO

 Não quer  Não quero o ofender a fé de ninguém, mas acho que a ciência tem uma explicação explica ção mais convincente que a existência de um criador divino." 

ESPAÇO

Como seria se as máquinas

DEUS EXISTE?

saíssem de controle  JURASSIC PARK  EXTERMINA� DOR DO FUTURO

Também não haveria necessidade de um criador, pelo mesmo mo�vo. Se o tempo não exis�a antes do Big Bang, então não há um instante no qual o Universo foi produzido, diz

Hawking. Quando observamos a  INTERESTELAR 

Como seria viviver em várias dimensões

COMO TUDO COMEÇOU?

 INDEPENDENCE DAY 

vas�dão do cosmos, e como a vida humana é insignificante e acidental, explica o físico, parece pouco plau-

sível que alguém o tenha criado e

con�ole nosso des�no. Para além da vontade de um ser superior, sup erior, �do é regido por "leis da na�reza" na�reza" imu-

Retrato fiel de

táveis e universais. É até possível

uma possível

entender tais leis como "d "deus". eus". Só que, pensando pensando assim, ele não seria

invasão alie-

pessoal e acessível, como pregam

nígena

Para Hawking, tudo veio do nada. No primeiro momento do Big Bang, todo o Universo estava

as religiões. Caso fosse, no entan-

to, Hawking diz que teria algo na

comprimido num único ponto, menor

que um próton. Não se sabe o que criou tal ponto. Segundo o físico, ele pode, inclusive, ter surgido do nada, sem demandar qualquer energia. Uma vez que nem tempo, nem nem espaço exis�am, não há como hav haver er algo anterior, do qual o ponto tenha se originado.

ponta da língua para ques�oná-lo: "Perguntaria o que ele pensa de um negócio bem complicado, �po a Teoria-M”, que afirma

que podem exis�r não qua�o, nem cinco, mas 11 dimensões. Assim como não há um antes, não há

também um depois. Quando a vida acaba, retornam retornamos os ao pó – de es�ela, é claro.

EM 100 ANOS

VIAJAREMOS PARA QUALQUER LUGAR DO SISTEMA SOLAR – COM EXCEÇÃO, TALVEZ, DOS "PLANETAS EXTERIORES" URANO E NETUNO.

SEREMOS SUPERADOS PELAS MÁQUINAS EM INTELIGÊNCIA.

DESCOBRIREMOS COMO MOLDAR A INTELIGÊNCIA E OS INSTINTOS AGRESSIVOSS HUMANOS. AGRESSIVO



C I Ê N C I A

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HÁ VIDA INTELIGENTE INTE LIGENTE FORA DA TERRA? Se existe, deve estar muito distante – caso con�ário,  já te teria ria vin vindo do ao nos nosso so pl plan aneta eta.. Mas Mas,, e se já rec receb ebem emos os

visitas intergalác�cas e não nos demos conta disso? Para Hawking, Hawking, a aparição a parição de OVNIs e aliens deveria deveria ser

muito mais evidente evidente do que sugere nossa vã ufologia – e, potencialment potencialmente, e, catas�ófica. As chances de que formas de vida inteligente apareçam espontaneamente é tão baixa que, segundo o cien�sta, é provável que a Terra seja o único planeta da galáxia (ou do Universo

observável) em que isso aconteceu. Mas nada impede que muitos ou�os planetas tenham vida. Essa vida não teria necessariamente desenvolvido inteligência – pelo menos não da forma como a conhecemos. Surge aí um problema de conceito, aliás. Como humanos, tendemos tendemos a �atar �ata r inteligência como consequência evolu�va: se algo é mais mai s evoluído, é mais inteligente – o

que não necessariamente é verdadeiro fora de nossa limitada caixinha. Isso quer dizer que podem exis�r,

em algum canto do Universo Universo,, indivíduos biologicamente b iologicamente complexos, mas incapazes de criar uma nave ou, ainda, �avar um contato amistoso. Não que a busca por vizinhos inteligentes, inteligentes, por si só, valha val ha muito a pena. No nosso a�al estágio, encon�ar uma civilização ex�aterres�e seria como quando os na�vos americanos encon�aram

Colombo. “Não creio que eles achem que sua si�ação melhorou depois disso”, disse Hawking.

É POSSÍVEL VIAJAR NO TEMPO? A ciência sabe perfeitamente perfeita mente como viajar ao fu�ro. O problema é de engenharia: para tal, precisaríamos apenas cons�uir uma nave espacial abusivamen abusivamente te veloz. veloz. Ela precisaria chegar bem perto de 1,08 bilhão de km/h – a velocidade da luz. Caso ela vá até 99,99999…% da velocidade da luz, por exemplo, seria possível sair do

ano 2019 para qualquer data fu�ra. É que, quanto mais rápido a nave vai, mais devagar o tempo passa para quem está lá den�o, e mais rápido do lado de

fora. Assim, uma viagem vi agem de 5 minutos perto da velocidade da luz significaria um salto de um século para

impossibilidade física – tanto que, em 2009, fez uma

brincadeira: organizou uma festa para viajantes no tempo. Para garan�r que só �ristas do fu�ro comparecessem, divulgou o evento evento só depois que ele aconteceu. Mas ele e ou�os físicos imaginaram uma gambiarra: levar uma nave hiperveloz até o fu�ro, mas com um buraco de minhoca no porta-malas. O buraco serviria como um portal en�e a data de des�no da nave (o ano de 2119, por exemplo) e 2019. Nisso, seus bisnetos do século 22 poderiam usar o portal para te visitar aqui

no século 21. Uma viagem ao passado. Voltar para o fu�ro. O que a ciência ciência não imagina é como como voltar  antes da invenção dessa primeira máquina do tempo, no tempo. Hawking achava que essa era mesmo uma

de qualquer forma, seguiria impossível.

EM 50 0 AN O S

EM 1 . 00 0 AN O S

FAREMOS NOSSAS PRIMEIRAS VIAGENS INTERESTELARES.

DESCOBRIREMOS UMA 'TEORIA DE DESCOBRIREMOS TUDO' , QUE UNA A RELATIVIDADE COM A FÍSICA QUÂNTICA.

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O SER HUMANO VAI SER EX TINTO? Sim – a menos que a gente dê um jeito de abandonar a Terra antes. Com o esgotamento dos recursos na�rais, mudanças climá�cas, desmatamento, superpopulação, guerras, fome, escassez de água e

extermínio de espécies, "confinar-se no planeta seria viver como náufragos que não tentam escapar de sua ilha deserta", argumenta. Usando os en�everos recentes en�e Donald Trump e Kim Jong-un como exemplo, Hawking diz crer, porém, que uma guerra nuclear seja a maior ameaça hoje.

A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL VAI DOMINAR O MUNDO? Se a humanidade der brecha, vai. É preciso garan�r que nossos obje�vos estejam alinhados com os das máquinas quando a capacidade capacid ade intelec�al delas superar a do ser humano – Hawking acredita que isso acontecerá den�o de um século (veja a linha do tempo abaixo).

Para o médio prazo, o físico é es�anhamente o�mista: o uso de robôs poderia automa�zar empregos empregos e �azer prosperidade e igualdade aos Hom  Homoo sapi sapiens ens – algo que, convenhamos, conv enhamos, parece longe de acontecer. Menosprezar a capacidade e a astúcia de inteligências inteligências ar�ficiais, no entanto, pode ser nosso pior erro. O verdadeiro risco

nem é criar uma coisa má, que saia sai a do con�ole e decida assumir um lado perverso perverso.. Mas, sim, algo competente demais. O melhor exemplo para entender o risco seria pensar em nossa própria relação com as formigas. formiga s. Não é como se os humanos as odiassem a ponto de querer riscá-las do mapa. Porém, caso uma colônia c olônia esteja esteja em

uma área que precisa ser alagada para a cons�ução de uma hidrelé�ica, por exemplo, não pensamos duas vezes antes de afogar milhares delas. “A tecnologia poderia tapear os mercados financeiros, superar a in-

ven�vidade dos cien�stas, aprender a manipular mais que os líderes humanos e nos subjugar com armas

que seremos incapazes de compreender", diz Hawking. Teríamos de en�egar a Terra de bandeja. Só restaria

torcer para que ainda sobrassem robôs submissos para nos ajudar na tarefa de arrumar ou�o planeta. S

UM CONFRONTO NUCLEAR OU CATÁSTROFE CAT ÁSTROFE AMBIENTAL P ODE JÁ TER DEVASTADO A HUMANIDADE.

REFORMULAREMOS COMPLETAMENTE O DNA HUMANO.

PRECISAREMOS ESTAR DE MALAS PRONTAS PARA ABANDONAR A TERRA.

S U P E R I N T E R E S S A N T E

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PSICOLOGIA

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MEMÓRIAS EDITADAS Psicólogos alertam: a mania de tirar fotos o tempo todo pode estar destruindo as nossas lembranças, e nos tornando pessoas mais superficiais.

Texto Rafael Battaglia Foto  Martin Parr  Design Bruna Sanches Edição Alexandre Versignassi

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As câmeras digitais acabaram com a limitação de poses. O celular realizou ����� ��� ���. São 1.100 novas imagens no sistema a cada segundo. Isso uma utopia: colocou uma câmera digital sem falar nos ou�os bilhões de cliques em cada bolso – ou quase isso: 60% dos armazenados na memória dos celulares c elulares brasileiros têm smartphone; en�e os

formas de expandir a capacidade de guardar informação que �azemos de fábrica. Das pin�ras rupes�es (como as da página 62) aos livros e quadros, quase �do o que entendemos como e que nunca verão a luz do dia.  jovens  jov ens adulto adultoss (18 a 34 anos), anos), são 85%. “cul�ra “cul�ra”” vem do impulso de tornar a Nunca se fotografou tanto, t anto, claro. No Há quem não tenha onde morar, mas vida um fenômen fenômeno o menos fur�vo fur �vo.. aparelhinho, ho, com uma câQuando você vive com uma câmera início do século 21, ainda estávamos possua o seu aparelhin presos à quan�dade de fotos que cabiam mera digital embu�da que, há 20 anos, fotográfica de capacidade vir�almente vir�a lmente num rolo de filme – o rolo podia abrigar custaria US$ 5 mil. infinita no bolso, no entanto, a tendên12, 24 ou 36 imagens. Logo, o momento momento E tome foto. De �do. De todos. cia é que você se preocupe mais em momentos do que em prestar de �rar uma foto era especial. E poucos Só tem um problema: esse hábito regis�ar momentos se aven�ravam aven�ravam a es�car o braço e �rar pode estar acabando com as nossas vi- atenção neles. Aí complica. uma foto da própria cara. A chance de das – pelo menos com a forma como “Prestar atenção é fundamental para codificar informações na memória”, memória”, diz a dar ruim era gigantesca. nos lembramos das nossas vidas. E pode estar distorcendo nossas italiana Giuliana Mazzoni, professora de personalidades também. t ambém. Feche a câme- psicologia da Universidade de Hull, no ra do seu celular e vamos entend entender er isso. Reino Unido, e especialista no assunto. Giuliana é um de vários psicólogos Lembran�as incom�letas acadêmicos que amaldiçoam o hábito O celular é um HD extern externo o do nosso cé- de �rar fotos – ao menos quando ele se rebro. Uma extensão da nossa memória. torna uma compulsão. “Se você adquire E isso começou bem antes do celular. esse hábito, seu cérebro pode começar Desde sempre, a humanidade buscou a processar informações de forma mais � ��������� ������ 95 ������� ��

1.100

FOTOS

vão para o Instagram a cada segundo.

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superficial.” Resultado: memórias mais

fracas, mais difíceis de acessar.

Ainda há rela�vame rela�vamente nte poucos es�dos sobre o tema. Um deles, conduzido por psicólogos de Yale, Wharton e outras universi universidades dades americanas,

diz que o hábito de �rar fotos tem um

detalhe posi�vo bastante óbvio: nos ajuda a lembrar de detalhes visuais. Mas prejudica ou�os aspectos da memória. No teste, 294 par�cipantes foram Henkel mos�ou imagens de obras de

convidados para ir a um museu. Parte

arte aos par�cipantes, par�cip antes, perguntando se

deles pôde �rar fotografias ao longo da visita e a ou�a não. Quem levou uma câmera conseguiu se lembrar melhor de detalhes visuais das obras de arte, mas se saiu pior na hora de recordar informações a respeito do acervo que

elas estavam ou não no museu. O grupo que �rou fotos teve teve mais dificuldade em reconhecer quais obras �nha visto visto.. “As pessoas delegam à câmera a tarefa de lembrar as coisas por elas. E isso tem um impacto nega�vo na forma como c omo

�nham ouvido durante a visita.

elas recordam suas experiências”, conclui a psicóloga.

4,2

BILHÕES é a quantidade de curtidas que as fotos do Instagram recebem a cada dia.

Ou�o es�do, feito pela psicóloga Linda Henkel, da Unive Universidade rsidade FairPara Giuliana Mazzoni, a era da fofield, nos EUA, é até mais pessimista. tografia instantânea também pode ter A conclusão ali é que não, �rar fotos reve reverberações rberações em nossa personalidade. person alidade. não ajuda nem na retenção de memórias “As selfies e poses são planejadas, não têm na�ralidade”, ela diz. “Se a gente puramente visuais. “As pessoas sacam sua câmera pra�- se basear fortemente em fotos ao nos memória talvez agradeça se você parar e camente sem pensar, na esperança de lembrarmos do passado, poderemos dar uma boa olhada no que vai fotografar cap�rar o momento, e acabam deixan- criar uma iden�dade própria distorci- antes de efe�vamente apertar o botão. do de perceber o que está acontecendo da com base na imagem que desejamos É como num show show.. Em vez de assisassi s-

bem ali, na n a cara delas”, disse Henkel Henkel à

 Psychological hological Science. revista americana Psyc

promover para os ou�os.”

�-lo pelo celular, gravando �do o que Estamos todos fadados a virar zum- está acontecendo, tente aproveitar aproveitar um um

Henkel também levou um grupo de

bis sem personalidade, então? Claro

voluntários a um museu. Uma parte voluntários do pessoal estava munida de câmeras. A outra, sem nada. No dia seguinte,

que pesquisar sobre o assunto. Por via das dúvidas, porém, vale lembrar: sua

Fotos Martin

Parr/ Latinstock

que não. O fato é que ainda há muito o

pouco mais o momento. momento. No fim, a única memória que importa é aquela gravada

nos seus neurônios. neurônio s. Você Você é feito delas, não da sua �meline do Instagram. S

S U P E R I N T E R E S S A N T E

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ARQUEOLOGIA

A Serra da Capivara, no Piauí, é mais que um wallpaper perfeito: guarda a maior concentração de pinturas rupestres do planeta – e aj ajuda uda a reconstruir reconstruir a história perdida dos primeiros primeiros habitantes habitantes das Américas Américas. .

PAR Texto Ingrid Luisa, de São Raimundo Nonato Malavolta ta Edição Ana Carolina Leonardi  Design Carol Malavol

(QUASE) ESCONDIDO

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ÍSO

F

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Falar do con�nente americano é falar de forasteiros:

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no tempo, começando por quando �do isso aqui era mato… Ou melhor: quando o sertão era mar. Do mar aos croquis

A região sudeste do Piauí, onde fica a Serra da Capi-

vara, ocupa uma zona de

fronteira en�e duas grandes formações geológicas:

um escudo cristalino do

período Pré-Cambriano, e a bacia sedimentar do mar Siluriano-Permiano. En�e 440 e 360 milhões de anos

a�ás, esse mar cobria toda a região. Os paredões rochosos da Serra, com mais de 100 metros de

o Nov Novoo Mundo foi o pe- al�ra, foram criados emnúl�mo con�nente des- baixo d’água – prova disso bravado pelo Ho  Homo mo sap sapie iens ns.. são as dezenas de fósseis Só a Antártida passou de pequenos ar�ópodes mais tempo sossegada. marinhos achados por lá. Mas como era a América Há 220 milhões de antes dos humanos? E anos, porém, a farra dos quando eles começaram animais aquá�cos acabou a aparecer por aqui? Junto Junto

às respostas consensuais para essas perguntas, há uma série de con�ov con�ovérér-

sias científicas que, curiosamente, convergem para

um lugar inesperado: o

interior do Piauí. Nos paredões do semiárido brasileiro, homens

pré-históricos regis�avam suas vidas para a posteridade. É num pedaço da caatinga equivalente à cidade de São Paulo que fica a maior

concen�ação de pin�ras

abruptamente: um grande movimento tectônico levantou o fundo do mar no Piauí – e jogou toda a água para o Ceará. Os sedimentos dessa �emedeira estão lá até hoje. Viraram parte

dos grandes cânions da Serra da Capivara.

Centenas Cente nas de milhões de anos depois, esses mesmos paredões segui-

ram testemunhando fatos pitorescos. Um deles

aconteceu acontece u ou�o dia, di a, geo-

logicamente falando. Foi há 115 mil anos, quando

rupes�es do planeta.Há começou a úl�ma Era do exatos 40 anos, em 1979, Gelo. O Piauí se tornou essa região foi �ansfor- uma espécie de oásis – a próxima da linha mada no Parque Nacional região, próxima Serra da Capivara. do Equador, nunca conConhecer a história da gelou. Vestígios Vestígios paleonp aleonSerra é mergulhar na história da humanidade, humanidade, e da

própria Terra. A melhor

forma de iniciar esse mer-

gulho, portanto, é viajar

tológicos mos�am que o

clima ameno a�aiu uma fauna exuberante: �gresdente-de-sabre, preguiças

gigantes, mastodontes

(parentes do mamute), paleolhamas (mis�ra de cavalo, tamanduá e, é claro, lhama). Com o fim da Era do Gelo, porém, a umidade caiu e as tempera�ras aumentaram severament s everamente. e.

Ao longo dos 3 mil anos seguintes, os animais da

megafauna foram ex�ntos, e a vegetação mudou para

se adaptar às novas condições: nascia a caa�nga.

Nessa época, já havia

humanos por lá. A abun-

dância de sí�os arqueológicos na Serra é prova disso. São mais de mil, cheios de artefatos de

pedra lascada, esquelet esqueletos os

humanos e, claro, pin�ras rupes�es. A maioria delas

foi feita en�e 6 mil e 12 mil anos a�ás. Só como base de comparação, as mais antigas do mundo

têm mais de 30 mil anos. A quan�dade de desenhos na Serra da Capivara, no entanto, é única no

mundo: enquanto sí�os europeus possuem de 10 a 12 figuras, apenas na Toca do Boqueirão da Pedra Furada, um dos pontos mais famosos da Serra, há 1.200 1. 200 pin�ras.

Para além da arte rupes�e, também na Serra foi encon�ado o segundo

Foto página anterior  Brazil Photos/Getty images

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crânio mais antigo das o trabalh trabalho o de sua vida. vida. Américas: Zuzu, que Sua obs�nação foi o que viveu há 9,92 mil anos, levou a Capivara a a�air só perde em idade para interesse arqueológico Luzia, a mulher de 11 de cunho internaci internacional. onal. mil anos cujo crânio foi Mas a mesma insistência achado em Minas Gerais. da pesquisadora em teocon�oversas versas �ouxe Há quem defenda, po- rias con�o rém, que a Serra estava a Serra para o cen�o de ocupada por humanos disputas científicas que bem antes de Zuzu, ou  já duram duram décad décadas. as. mesmo de Luzia. Estamos falando de Niède Guidon. O seixo no sapato A arqueóloga franco-bra- Em 1978, Niède Guidon sileira de 86 anos foi a começou a escavar o síprimeira a desconfiar tio Toca do Boqueirão do potencial científico da Pedra Furada, aquele escondido no meio do que guarda 1.200 figuras Piauí. Guidon fez da Serra rupes�es. Lá, ela encontrou dois dos artefatos mais controversos de sua carreira: pedras que A Pedra aparentavam ter sido lasFurada, que dá cadas por Hom  Homoo sapiens sapiens e nome ao sítio pedaços de carvão que que coleciona pareciam vir de foguei�.��� pinturas ras feitas por humanos. rupestres. Niède mandou o carvão para a França, para ser datado em laboratórios FORTALEZA de lá. Para sua surpresa, o carbo carbono-14 no-14 indic indicava ava que a amos�a �nha 26 CE TERESINA RN NATAL mil anos de idade. Nos anos seguintes, Guidon PI encon�ou objetos cada PB JOÃO PESSOA vez mais antigos. Em 1986, ela publicou um PE RECIFE ar�go na revista científica Nature, que tornou BA AL os vestígios da Serra da MACEIÓ BA Capivara conhecidos mundialmente. No papel, Niède apresenta carvões e pedras que indicariam a PARQUE NACIONAL presença humana na AméSERRA DA CAPIVARA rica do Sul há 32 mil anos. 1.3�� km2 Esse é um dado que distorce toda a história das ocupações na América: o consenso científico Cidade de São Paulo é de que o homem chegou ao Novo Mundo Mundo há cerca cerc a 1.521 km2 de 15 mil anos – não muito mais, não muito menos. Sabemos que o Homo Foto #SB[JM Foto  #SB[JM 1IPUPT(FUUZ JNBHFT



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sapiens surgiu na África

en�e 200 mil e 300 mil anos atrás. De lá, espalhou-se pela Europa e Ásia. Há 60 mil anos, nossa espécie atingia a Austrália. Depois, as Américas – de acordo com as teorias mais aceitas, via Es�eito de Bering, que era terra seca na época. Aqui, a narra�va oficial nos leva aos homens

de Clóvis, por muito tempo considerados o povo americano mais an�go. Nos anos 1920, nas ci-

dades americanas de Folsom e Clóvis, Novo México, foram encon�adas pontas de lanças ao lado de fósseis de animais de grande porte. Eram armas humanas de 13 mil anos de idade, que comprovavam a presença de homens na

América em plena Era Glacial. Daí surge a teo-

ria “Clovis First ”, ”, segundo

a qual todo e qualquer ou�o grupo humano que

habitou o con�nente teria, necessariamente, necessariament e, chegado depois deles.

Nas últimas décadas, porém, a primazia de Clóvis foi fortemente contestada. Hoje, há centenas de sí�os mais an�gos na Venezuela, no Peru, no Brasil, na Argen�na e nos próprios EUA. O sí�o de Monte Verde, no Chile, por exemplo, tem datações de 14,6 mil anos. Mesmo assim, muitos arqueólogos americanos (chamados pe jora�v  jor a�vame ament ntee de de “pol “políci íciaa de Clóvis”) ainda duvidam dessas descobertas. Defendem que os achados são só pedras comuns, não ferramentas humanas. Perceba, porém, que mesmo os artefatos préClóvis mais aceitos, datando de 15 mil anos, vieram apenas 2 mil anos antes da cul�ra Clóvis. É uma variação bem menos radical do que sugerem os artefatos de 20 a 30 mil anos

Serra �eoló�ica A evolução natural da Capivara (e da América do Sul), do mar ao sertão.      A      R      E

P A L E O Z O I C A

            *

     A      M

     O      D      O        Í      R      E      P

54 1

4 8 5, 4

CAMBRIANO

4 4 3 ,8

O R DO V I C I A N O

41 9 , 2

SILURIANO

3 5 8, 9

DE V O N I A N O

298,9

C A RB O N Í F E R O

251,9

PERMIANO

2 0 1, 3

TRIÁSSICO

JU R ÁS SI CO

������� �������������� Mar Siluriano-Permiano cobria toda a Serra

AMÉRICA DO SUL * Milhões de anos

� � �-�� �� �� � Artrópodes marinhos que habitavam a Serra Trilobitas

�� ��� � � Primeiros movimentos de placa que, no futuro, culminaram na abertura do Atlântico Sul

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da Serra. Justamente por isso, a maior parte dos especialistas considera que as amos�as de carvão de Niède foram criadas por incêndios naturais. Por raios de tempestade, não por pessoas. No parque, turistas caminham por passarelas (abaixo) para  visitar as pintupinturas de � a �� mil anos de idade (à esquerda).

M E S O Z O I C A

C E N O Z O I C A

1 45

66

CR E TÁ CE O

23

PALEOGENO

2,58

N EO EO GE GE NO NO

Megafauna

Tigre-dentes-de-sabre

Preguiça gigante

Paleolhama

Tatu gigante

Fotos .BVSJDJP 1PLFNPO

H OJ E

Q UA UA TE TE RN RN ÁR ÁR IO IO

 Homo sapiens

Guidon, é claro, defende sua descoberta. Segundo a pesquisadora, uma queimada produziria restos de carvão para todo lado – os de Niède estavam concen�ados num lugar só, protegidos sob paredões da Pedra Furada. Já a defesa das pedras tem por base o formato delas:

choque”,, nos disse Walter choque”

sobre as pedras lascadas. “Saí da visita 99% convencido de que ali �nha

mãos humanas de 30 mil

anos a�ás, a cronologia de Niède na época. Mas 1% de dúvida ainda é algo ex�emamente significa�vo. significa�vo.””

Se Walter é cauteloso quanto aos 30 mil anos, é abertamente cético quanto a qualquer objeto de 100 mil anos: “Isso é Guerra nas Estrelas, ficção científica, nem se discute”. A migração direta pela África também é amplamente descartada. as lascas estão presentes Segundo o arqueólogo apenas de um lado, como André Strauss, professe �vessem sido molda- sor da USP que a�ou na das por impactos con- Serra da Capivara, mesmo tínuos e planejados, em que haja provas de uma uma direção só. migração mais an�ga na O mais antigo dos Serra, esses homens tamsupostos instrumentos bém teriam chegado pelo humanos de Niède tem Es�eito de Bering. 100 mil anos de idade. Ele Quando se aposentou, foi a peça final na teoria Guidon cercou-se de finada conv c onvencional encional que guras concei�adas para ela defende até hoje: há dar con�nuidade ao seu 100 mil anos, exis�riam �abalho na Serra. Convicomunidades humanas no dou o arqueólogo francês Piauí, formadas por ho- Eric Boeda para liderar as mens vindos diretamente pesquisas por lá. Boeda é da África, sem passar pelo um dos principais nomes Es�eito de Bering. do mundo no es�do de A comunidade cien- ferramentas an�gas feitífica recebeu as ideias tas de pedra. Em seus 20 de Niède com �emenda anos no Piauí, ele idencautela caute la – para não dizer �ficou pedras de 22 mil hos�lidade. No Brasil, um anos como ins�ument ins�umentos os de seus crí�cos mais ferre- humanos – seus artefatos nhos foi o bioarqueólogo mais ex�emos chegam à Walterr Neves, conhecido Walte c onhecido “faixa etária” dos 40 mil. como “pai” de Luzia. “Eu São datações mais não acreditava em uma conservadoras do que vírgula nas descobertas as de Niède – mas ainda dela na Pedra Furada, e vão muito além do que a confesso que achava que teoria oficial de ocupaera uma questão de in- ção da América é capaz competência. Mas, quan- de explicar. “A es�atégia do ela me convidou para dele é inteligente. Passa visitar a Serra [em 2005] por números mais palpáprimeiro”, diz André e eu vi os artefatos, foi um veis primeiro”,



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Strauss. “Eric, além do prestígio, está aberto ao diálogo, algo difícil com a Niède. Antes de �do, ele está tentando tentando recuperar a credibilidade dos achados humanos da Serra.” A fundadora teimosa

Entre pedras lascadas e farpas, uma coisa ninguém contesta: Niède Guidon é uma exímia adminis�adora. O relacionament relacionamento o en�e Guidon e o Piauí já ul�apassa as Bodas de Ouro: começou em 1963. Niède �abalhava bem longe, no Museu do Ipiranga, em São Paulo, onde foi organizada uma exposição sobre figuras rupes�es no Brasil – as únicas conhecidas até então, feitas em Minas Gerais. “Um senhor veio visitar a exposição e me mos�ou fotos de ou�as pin�ras, dizendo que também havia esses ‘desenhos de índios’ perto da cidade dele”, conta Niède. Foi só em 1970 que Guidon teve a chance de

encon�ar pessoalmente os tais “desenhos de índio”. Oito anos de es�do depois, ela instalava por lá uma comissão permanente de pesquisa, fruto de uma parceria entre a França e o Brasil. Reuniu biólogos, zoólogos, botânicos e paleontólogos para promover uma ampla investigação inv estigação em toda a Serra. “Não �nha es�utura, estrada, nada. Os moradores locais foram nossos primeiros guias, exploramos �do a pé.” Criar uma reserva totalmente dedicada a preservação e pesquisa, porém, foi um trabalho árduo. “Conseguimos que o gov governo erno criasse criasse o parque, mas não colocaram um funcionário sequer”, conta Niède. O projeto era tornar o parque um bem público, público, que a�aísse �ristas e movimentasse a economia da região. Para isso, Guidon e sua equipe receberam apoio técnico do an�go Banco

Interamericano de Desenvolvimento, e receberam doações da Pe�o Pe�obras bras para manter o parque de pé. Não foi suficiente, porém, para fazer deslanchar o paraíso arqueológico escondido: ainda hoje, a serra recebe só 20 mil �ristas por ano. A situação só piorou quando as verbas públicas secaram. Os repasses da Pe�obras foram a zero com a crise na empresa.

A che�ada do homem às Américas

15.000 anos

40.000 anos

13.500 anos

PEDRAS ARCAICAS

atrás

atrás

PO NT AS DE LANÇA Complexos de Clóvis Novo México/EUA

Artefatos préClóvis mais aceitos como ferramentas.

ciência – e da versão paralela de Guidon.

atrás

atrás

Complexo de Buttermilk Creek - Texas/EUA

Os indícios por trás da narrativa oficial da

100.000 anos

A pintura ao lado é símbolo da Serra, mas não mostra capivaras, e sim dois veados. Abaixo, o morador mais ilustre do parque: Zuzu.

As evidências mais antigas dos homens de Clóvis.

32.000

anos atrás

PEDRAS ARCAICAS

PEDRAS ARCAICAS

CARVÃO

Parque Serra da Capivara - Piauí/BR

Parque Serra da Capivara - Piauí/BR

Parque Serra da Capivara - Piauí/BR

Seriam as pistas mais antigas de presença humana na Serra.

Instrumentos datados por Boeda são 60 mil anos mais recentes.

Indícios mais antigos de possíveis fogueiras humanas.

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Dos 270 funcionários que o parque já teve, só

foi possível manter 40. A es�u�ra, hoje, depende de pequenos montantes vindos do Ins��to Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Biod iversidade (ICM(ICMBio) e do governo do Piauí. Em 2014, começou a cons�ução do úl�mo sonho de Niède: o Museu da

Na�reza (MuNa). Nele, a pesquisadora queria contar a história da Serra de

forma similar à que você leu nestas páginas: em uma viagem no tempo, por toda a evolução na�-

ral da Capivara, da época em que o Piauí era mar até os dias de hoje. O dinhei-

ro, pedido ao BNDES em 2001, veio sem correção monetária. mone tária. Graças à ma-

gia da inflação, inflaç ão, os R$ 13,7 milhões já compravam �ês vezes menos �jolos e massa corrida quando a verba chegou. Mas o MuNa insis�u em nascer. na scer. Foi Foi inaugurado em dezembro de 2018. Final feliz para

Guidon e sua Serra. 12.700 anos

atrás

11.500 anos

atrás

9.920

Mas e quanto à origem das pedras lascadas milenares? Estaria Niède, afinal, totalmente enganada na tese que guiou toda a sua carreira? Apontar para uma conclusão não é tão simples. “Nem todas as perguntas têm como resposta sim ou não. Há uma terceira opção, que talvez seja a mais frequente de todas: não sei”, diz André S�auss. “No caso da Serra, essa é a conclusão mais ho-

anos atrás

A N Z I C K 

L U Z I A

Z U Z U

Complexo Anzick – Montana/EUA

Sítio Lapa Vemelha - MG/BR

Parque Serra da Capivara - Piauí/BR

Esqueleto parcial, único fóssil humano da cultura Clóvis.

Crânio mais antigo já encontrado nas Américas.

Segundo crânio mais antigo das Américas, e o mais velho da Serra.

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nesta. E é uma resposta HOJE

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perfeitamente científica. perfeitamente Existia gente lá há 40 mil anos? Esse é um debate legítimo, e que

segue em aberto.” S Fotos .BVSJDJP 1PLFNPO

S U P E R I N T E R E S S A N T E

1/6 0          0

80 ������ �� �������� ��

É o tempo total que os astronauta astronautass de todas as missões Apollo,  juntos, passaram passaram exploranexplorando a superfície da Lua. � ���������

ILUSTRAÇÃO TIAGO

LACERDA

EDIÇÃO BRUNO

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE COSMONAUTA E ASTRONAUTA? Yuri Gaga rin rin, , Klushino, Rússia

VAIANO

Na prá�ca, nenhuma. Os dois termos se referem à mesma profissão. A diferença é geográfica: “cosmonauta” é usado pelos russos; “as�onauta”, pela Nasa e as demais agências espaciais (como a Esa, da União Europeia). “As�onauta”  A�avé avés s do Zodía Zodíaco co, de é a mais an�ga: vem do romance A� Percy Greg (1880). O termo foi adotado pela Nasa em 1959. Já “cosmonauta” passou a valer oficialmente em 1961, após Yuri Gagarin se tornar o primeiro homem no espaço. Na corrida espacial da Guerra Fria, o nome alterna�vo foi uma opção ideológica, que reafirmou a iden�dade sovié�ca. Ele foi criado por Viktor Saparin, autor de ficção científica stalinista – que bebeu da filosofia do cosmismo, uma mis�ra de catolicismo ortodoxo, ortodoxo, ressurreição dos mortos por meios tecnológicos e colonização planetária, que mexeu com o imaginário russo no começo do século 20. �

O R Á C U L O

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6 0          0

Oráculo, você pode me explicar a fita de Moebius? Luiz Fornazari Neto, Irati, PR

1PTTP UFOUBS UFOUBS DBSP -VJ[ "T TVQFSG¬ TVQFSG¬DJFT DJFT DPOWFODJPOBJT T¢P PSJFOUWFJT Ǵ isto é, têm dois lados. O lado de cima e o lado de baixo de um lençol, por exemplo. Pense numa formiga andando no lençol. Se ela não passar pela

CPSEB EP MFO¦PM FMB O¢P NVEB EF MBEP " ƋUB EF .PFCJVT QPS PVUSP MBEP não tem lado. Isso a torna, no jargão matemático, uma superfície “não orientável”, com propriedades diferentes. Ou seja: um carro que está

BOEBOEP EF VN MBEP EB ƋUB ¨ DBQB[ EF DIFHBS BP PVUSP MBEP TFN QBTTBS QFMB CPSEB 1BSB QSPWBS BDPNQBOIF DPN P EFEP B JMVTUSB¦¢P BP MBEP 

PÁ PUM

Um ovo de galinha é uma célula só?

Por �ue a lín�ua dos cães da ra�a chow-chow chow-c how é azul? azul ?

 Marcos Sc hroed er er, ,

 Marley,  Marley , Flórida, Flórida, EUA

cidade não identificada

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Qual é a língua mais falada do mundo? Leonardo Kaizer  Manu el el, , Bié, Bié,  Angola

� P DIJO©T DPN DFSDB EF ǝǞǥ CJMI¢P EF falantes nativos. �

NÚMERO INCRÍVEL

5

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NBJPS PWP EF HBMJOIB  K CPUBEP FN FN ǝǤǥǢ�

OUTRO DADO RELEVANTE SEM NENHUMA LIGAÇÃO

5

����������� ��������� ��� eleitos democrati-

camente terminaram o mandato.

�� ��� ��� ��������� contém

nos, esse pigmento fornece maior proteção

VNB ¹OJDB D¨MVMB Ǵ P HBNFUB

DPOUSB PT SBJPT VMUSBWJPMFUB 67 Ǵ F ¨ P NPUJ -

feminino, com metade do DNA

vo pelo qual existem pessoas de várias cores.

EP QJOUJOIP .BT ¨ QSPCMFNUJDP

/P DBTP EPT DIPXDIPXT VNB NVUB¦¢P

pensar no ovo em si, com casca e

inusitada fez com que a língua produzisse melanina em excesso. Como as células dessa parte do corpo são rosadas, o resultado da mistura é a coloração arroxeada.

UVEP DPNP P HBNFUB &MF ¨ VN invólucro em torno do gameta, que servirá para proteger e alimentar o

QJOUJOIP 0 O¹DMFP F BT PSHBOFMBT EP gameta (os componentes essenciais

"M¨N EP DIPXDIPX PVUSBT SB¦BT EF PSJHFN DIJOFTB DPNP P BLJUB F P TIBSQFJ UBNC¨N

EB D¨MVMB FVDBSJ²UJDB ƋDBN FN VN QPOUP EB HFNB DIBNBEP disco

possuem língua roxa. Antigamente, os cães RVF UJOIBN FTTB DBSBDUFS¬TUJDB FSBN DPOTJ -

 germinativo  germinati vo. A gema em si, com seu estoque de proteínas, lipídios e polissacarídeos, polissacaríd eos, é contínua com o disco germinativo. Por isso, algumas fontes � mencionam a gema como

EFSBEPT NBJT QVSPT F TVBT MJOIBHFOT GPSBN GBWPSFDJEBT QPS TFMF¦¢P BSUJƋDJBM " FYQMJDB¦¢P ¨ NJUPM²HJDB OB $IJOB DPOUBWB

B D¨MVMB Ǵ P RVF B UPSOBSJB B NBJPS célula que você já viu.

Por que é gostoso estourar espinhas?  Matheu s de Jesus, cidade não identificada

se que, durante a criação do mundo, o céu foi pintado de azul. No processo, um pouco de tinta caiu na Terra, e os cães que a lamberam tornaram-se sagrados. �

������ ����������� ������ �������� no cérebro� Dopamina é um

neurotransmissor, isto é: uma molécula que os neurônios usam para enviar mensagens eletroquímicas uns aos outros. No caso, mensagens prazerosas: ela é a responsável pelo vício em drogas e em  fast-food . Isso

MFWB � QS²YJNB QFSHVOUB QPS RVF FTUPVSBS FTQJOIBT MJCFSB EPQBNJOB " SFTQPTUB FTU FN %BSXJO &YUSBJS JNQVSF[BT EB QFMF FWJUB EPFO¦BT EF GPSNB RVF B TFMF¦¢P OBUVSBM CFOFƋDJPV PT BOUFQBTTBEPT IVNBOPT RVF TFOUJBN QSB[FS FN FTUPVSBS TVBT FTQJOIBT BOUFT RVF FMBT TF UPSOBTTFN VNB JOGFD¦¢P HSBWF Ǵ F OB 1S¨)JTU²SJB QPUFODJBMNFOUF MFUBM

Reportagem #SVOP 7BJBOP (VJMIFSNF &MFS *OHSJE -VJTB 3BGBFM #BUUBHMJB Fontes  Extravehicular actvity /BTB EJTQPO¬WFM FN IUUQTCJUMZǞ*D44Ǟ)  Science, Religion and Communism in Cold War Europe  PSH 4UFQIFO " 4NJUI ǞǜǝǢ  $ISJTUJOB #SFDI *.& 641  &UIOPMPHVFDPN  (VJOOFTT 8PSME 3FDPSET  Molecular Biology of the Cell ǠUI FEJUJPO ( "MJOF ;PQQB DJSVSHJ¢ WFUFSJOSJB 6OJWFSTJEBEF "OIFNCJ .PSVNCJ � %S $BJP -BNVOJFS  %FSNBUPMPHJTUB EB 4PDJFEBEF #SBTJMFJSB EF %FSNBUPMPHJB 4#% F EP )PTQJUBM EBT $M¬OJDBT EF 4¢P 1BVMP

O R Á C U L O

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ORÁCULO

QUANDO UMA PESSOA MORRE, O SANGUE PODE SER APROVEITADO PARA TRANSFUSÃO ? Eduardo Eduard o Gloria, Gloria, Rio Gran de, RS � ������������ ���������  NBT OBEB QSUJDP 0 QJPOFJSP

GPJ P DJSVSHJ¢P TPWJ¨UJDP 4FSHFJ :VEJO :VEJO FN ǝǥǟǜ &MF TBMWPV VN IPNFN RVF IBWJB UFOUBEP TVJD¬EJP SFBQSPWFJUBOEP ǜǡ M EF TBOHVF SFUJSBEP EP DPSQP EF VN QBDJFOUF EF Ǣǜ BOPT P M¬RVJEP QBTTPV Ǣ IPSBT OP HFMP FOUSF B NPSUF F P QSPDFEJNFOUP QSPDFEJNFOUP  4F DPN B UFDOPMPHJB EBRVFMB ¨QPDB FSB QPTT¬WFM DPN B EF IPKF UBNC¨N ¨ .BT PT QSPCMFNBT T¢P WSJPT VN ¨ RVF B DPBHVMB¦¢P EP TBOHVF EF VN DBEWFS DPNF¦B T² ǡ NJOVUPT BQ²T P DPSB¦¢P QBSBS EF CBUFS F TBOHVF DPBHVMBEP ¨ EJG¬DJM EF NBOJQVMBS 4F B NPSUF GPJ DFSFCSBM E QBSB NBOUFS P TBOHVF DJSDVMBOEP BSUJƋDJBMNFOUF Ǵ NBT JTTP T² TF KVTUJƋDB ƋOBODFJSBNFOUF QBSB QSFTFSWBS QSFTFSWBS VN DPSB¦¢P PV QVMN¢P RVF O¢P QPEFN TFS UJSBEPT EPT WJWPT 0VUSP ¨ RVF BO©NJDPT MBDUBOUFT MBDUBOUFT VTVSJPT EF ESPHBT F UBUVBEPT SFDFOUFT O¢P QPEFN EPBS F VN NPSUP O¢P QPEF JOGPSNBS TF ¨ VNB EFTTBT DPJTBT %FTDPCSJS OB NBSSB EFNBOEBSJB FYBNFT DBSPT 0 NBJT GDJM NFTNP &EVBSEP ¨ PT WJWPT EPBSFN &TUF 0SDVMP RVF UVEP TBCF QSPNFUF RVF B BHVMIB O¢P E²J (

Existe a possibilidade de um dia acharem o Hino Nacional muito antigo e resolverem escolher um novo? Isso já aconteceu em algum país?

Dá �ara es�antar mos�uitos usando som?

Rodrigo Cesar, via Instagram

Ian Matos,

Por �ue sen�mos dor de cabe�a �uando tomamos al�o muito, muito �elado?

via Instagram

Tadeu Santos Santo s,

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F NFYF BDPOUFDF .BT O¢P QPSRVF P IJOP TFKB BOUJHP F TJN QPSRVF FMF O¢P SFQSFTFOUB NBJT B JNBHFN RVF P SFHJNF EB WF[ RVFS USBOTNJUJS " 'SBO¦B ¨ VN CPN FYFNQMP FOUSF ǝǣǥǡ F ǝǤǣǥ B Marselhesa HBOIPV F QFSEFV P U¬UVMP EF IJOP OBDJPOBM US©T WF[FT Ǵ IBKB JOTUBCJMJEBEF QPM¬UJDB &N Ǟǜǜǝ 3VBOEB DSJPV VN OPWP IJOP QBSB SFDPNF¦BS FN QB[ BQ²T VN HFOPD¬EJP PDPSSJEP FN ǝǥǤǠ & B 3¹TTJB BEPUPV VNB OPWB DBO¦¢P FN ǝǥǥǜ DPN P ƋN EB 6344 Ǵ NBT 1VUJO FN Ǟǜǜǜ SFUPSOPV � BOUJHB NFMPEJB TPWJ¨UJDB NVEBOEP BQFOBT B MFUSB " "N¨SJDB -BUJOB OFTTF BTQFDUP ¨ VN FYFNQMP EF FTUBCJMJEBEF TFVT QB¬TFT QSBUJDBNFOUF O¢P NVEBN EF IJOP NFTNP OBT NVEBO¦BT NBJT SBEJDBJT EF SFHJNF

PERGUNTE AO ORÁCULO Escreva para [email protected]

mencionando sua cidade e Estado.

via Instagram � ������ ��������� ������  SFQFMFOUF

*BO /¢P FYJTUFN FTUVEPT DJFOU¬ƋDPT RVF QSPWFN B DPOTJTU©ODJB DPOTJTU©OD JB F FƋDDJB EF EJTQPTJUJWPT F BQMJDBUJWPT RVF FNJUFN TPOT QBSB BGBTUBS PT JOTFUPT � /P FOUBOUP DJFOUJTUBT VTBN P TPN QBSB P NPOJUPSBNFOUP NPOJUPSBNFOU P EF NPTRVJUPT � F BU¨ QBSB BUSB¬MPT 1PS FYFNQMP I VN EJTQPTJUJWP RVF JNJUB P TPN EBT BTBT EBT G©NFBT EP Aedes aegypti USBOTNJTTPS USBOTNJTT PS EB EFOHVF. " WJCSB¦¢P ¨ DBQUBEB QFMPT NBDIPT QPS NFJP EP ²SH¢P EF +PIOTUPO RVF ƋDB OB CBTF EBT BOUFOBT & FMFT T¢P BUSB¬EPT BPT NPOUFT Ǵ P RVF QFSNJUF GB[FS VN DFOTP EFNPHSƋDP EB QPQVMB¦¢P 

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O R Á C U L O

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LISTA

Quais �mes mais tomaram �ols de Pelé?

Quais �uerras duraram mais?

Gordon Banks, Sheffield, Sheffield, Reino Unido    S    L    O    G    0    5

Lee Ma rvin rvin, , Saigon, Vietnã

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   S    L    O    G    2    4

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   S    L    O    G    0    4

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   S    L    O    G    2    3

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Fontes  'VUEBEPT

Responda-me, prefeito do cosmos: qual é a cidade mais nova do Brasil?

As menores do Brasil:

Lavínia Lira de Campos, via Instagram

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1° SERRA DA SAUDADE �MG� ��� ����������

A campeã de pequenez ultrapassou #PS FN Ǟǜǝǜ

Fontes  'VOEB¦¢P 1S²4BOHVF )FNPDFOUSP EF 4¢P 1BVMP F -VJ[ 'FSOBOEP 'FSSB[ EB 4JMWB QSPGFTTPS EF QBUPMPHJB DM¬OJDB EB 641 ( Electronic mos-

quito repellents for preventing mosquito bit es and malaria infection (review) � Using mobile phones as acoustic sensors for high-throughput mosquito surveillance � .BSJB "OJDF .VSFC 4BMMVN FOUPN²MPHB '41 641 � Cerebral Vascular Blood Flow Changes During ‘‘Brain Freeze”  ǞǜǝǞ  *#(&

2° BORÁ �SP� ��� ����������

É um povoado EFTEF ǝǥǜǥ NBT GPJ FMFWBEB B NVOJD¬QJP FN ǝǥǢǡ

3° ARAGUAINHA �MG� ��� ����������

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ORÁCULO

Por que só dá para modelar o cabelo quente?  Ana Carolina Malavolta, Malavolta, designer da SUPER

O avestruz enfia mesmo a cabeça na areia quando está com medo? Luís Pereira, Juazeiro, BA

�� ��� �� ������  é uma

IBTUF ƋCSPTB GPSNBEB QPS células mortas recheadas com uma proteína chamada queratina. O calor desnatura essas proteínas (em outras palavras, desmancha a estrutura delas, que parece um novelo de lã embaraçado). Quando as proteínas desnaUVSBN B BMHP FOUSF ǝǡǜo$ F ǝǥǜo$ PT ƋPT BNPMFDFN Ǵ F aí é só ajeitá-los ao gosto do freguês: chapinha para cabelo liso, ou babyliss, cilíndrico, para cachos. Quando os ƋPT T¢P SFJESBUBEPT QFMB lavagem ou suor), a proteína WPMUB BP OPSNBM Ǵ F P DBCFMP também. Se a queratina desnaturasse desnaturass e para sempre, o cabelo seria irremediavelNFOUF EBOJƋDBEP

QUEM É A ELMA DA ELMA CHIPS?  Heverton Ca mpos, cidade não identifica da

são duas, as irmãs paranaenses Elfriede Wagner e Maria Unger, de uma família de imigrantes alemães que aportou no sul do país na década de 1950 e se estabeleceu em Curi�ba. O nome é só um �ocadilho com o “El” de Elfriede e o “Ma” de Maria. O primeiro salgadinho foi o S�ksy – os pali�nhos crocantes cobertos com sal grosso, que vêm na embalagem verde. Eles foram vendidos primeiro de porta em porta, a par�r de 1958, para ajudar nas contas da casa. Depois, na confeitaria Elma, �ndada em 1962. O S�ksy é uma versão indus�ializada e comprida de um bretzel salgado – aquele pão em forma de laço comum na Suíça e na Alemanha, parente do pretzel famoso no Brasil: frito, com canela. �

���� Mas a lenda se

espalhou por um motivo. Ou melhor: dois. Um é que avestruzes costumam viver em meio a grama alta. Quando eles abaixam o longo pescoço para comer plantas e insetos, a cabeça, pequena, some no meio da vegetação. Quem vê de longe pensa que o bicho se enterrou. Outro motivo é que as mamães avestruz põem seus enormes ovos em buracos no solo, e abaixam a cabeça para girá-los durante a incubação. Quando uma fêmea sente um predador se aproximar, ela senta em cima dos ovos e abaixa a cabeça, para que seu corpo seja confundido, a distância, com uma pedra. (

� ���� ��� � ���:

CONEXÕES De Fre�at a

Fra�ola  por Brun o Vaiano



LOST IN TRANSLATION Origem Holanda

 Polí�ca do aves�uz  aves� uz 

S�uisvo�el�oli�k &ODBSBS PT QSPCMFNBT DPN B WFMIB UUJDB EF ƋOHJS RVF FMFT O¢P FYJTUFN Ǵ DPNP VN BWFTUSV[ FN OFHB¦¢P DPN B DBCF¦B FOƋBEB OB BSFJB WFKB BDJNB

Fre�at

Jor�e e Matheus

Roberto Frejat, guitarrista do Barão Vermelho, Vermelho, pegou o microfone e seguiu carreira solo BQ²T Ǟǜǜǝ 6N EF TFVT NBJPSFT sucessos foi a canção “Amor pra Recomeçar”, que foi regravada ao vivo no Royal Albert Hall, em Londres, por…

Dupla sertaneja de Itumbiara, Goiás, que ultimamente anda tocando covers do John Mayer. "U¨ ǞǜǝǞ GPSBN EB HSBWBEPSB Universal, mas desde então estão com a Som Livre, fundada originalmente para fazer as tritrilhas sonoras de novelas da…

(

Imagens � 5FDB -BNCPHMJB8JLJNFEJB $PNNPOT � #BIJB /PU¬DJBT8JLJNFEJB $PNNPOT � Divulgação/Reprodução

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MANUAL  por Rafael Rafael Battaglia

Como or�anizar um bloco de Carnaval Carnaval? ?

3

1

   P     E       Ţ    F    U    P    O   S    S    B   P    S    H   N    F    U    P    O    ¢     J      O    B   V     I   F    O   P    V   O     $   B    [   F     J    T    S    U    T    B   F    F   T     #   B       N     Ţ    T   V     ©   F    V   P    H    S    E    V   B     #   T    T    P   B    O   Q    F   P    V   O    R    "    F     1    š    P    P   D     E    M    P    P    C    D    P    P     M    E     #   T     š   B    P   S     E   P    T    E    B    F    [    S    J    P     E   O    B   B    H    [   S     J    O   P    B   T    B    H    S    E    P   B    T    P   N     E   V      T    N    V   P    S      J    P   F     I    H    M     J    D   B     J    S    $    Q   B     4   O    T    J    B    F    M    B    V    S    +    P   F     .     Ţ    T    P    B    U    D    S    J    F   O     C    ©    H   D     &   T       C      s      e    0       t    B      n   S    S      o   B        F    G    O    o     i    B     k    '    o    š     T   F     l     i     Ţ     G   B      :    U      o   B    S     J        ã      ç    1      a   P      r    D       t    P      s    M      u        l    #        I    š



JUNTE A GALERA Montar um bloco FYJHF USBCBMIP FN equipe. Reúna um pessoal com dispoTJ¦¢P QBSB EFDJEJS P UFNB EB GFTUB RVF pode ser um artista, um meme ou até BMHVNB NBOJGFTUB¦¢P ideológica. Crie um FTUBOEBSUF F EFƋOB cores e identidade visual.

4

2

ARRECADE DINHEIRO Você pode procurar patrocinadores, patrocinadore s, dentro EBT SFHSBT EB QSFGFJUVSB QSFGFJUVSB 0VUSB GPOUF EF SFOEB ¨ B venda de abadás, snacks e bebida nos ensaios BCFSUPT Ǵ OB IPSB do bloco, mesmo, só ambulantes registrados QPEFN USBCBMIBS WFOWFO EFOEP B DFSWFKB PƋDJBM



PROCURE APOIO DA PREFEITURA Algumas ajudam os blocos inscritos PƋDJBMNFOUF FN troca de seguir as regras do edital, eles recebem ajuda DPN CBOIFJSPT segurança e trânsito. 0T JOEFQFOEFOUFT sem alvará, podem ser impedidos EF EFTƋMBS TF alguém reclamar.

P A R A S A B E R M A I S





PENSE NA MÚSICA Uma diária de trio elétrico sai no mínimo por 3ǧ ǡ NJM + VNB CBUFSJB exige bons músicos, claro (procure por eles no 'BDFCPPL PV DPN JOEJDBJOEJDB ções de outros blocos). A ordem das músicas deve TFS DPOGPSUWFM F GDJM de decorar.



5 DIVULGUE Crie um evento nas redes sociais uns três NFTFT BOUFT F BUVBMJ[F com postagens, vídeos e enquetes. Se o objetivo ¨ GB[FS VN CMPDP QFQF queno, evite a internet: QSPDVSF SVBT GPSB EP FJYP BWJTF B WJ[JOIBO¦B F DIBNF PT BNJHPT



Mês ideal para procurar a prefeitura em...

São Paulo (SP)

Rio de Janeiro (RJ)

Belo Horizonte (MG)

Recife (PE)

Florianópolis (SC)

Out. Ou t. (an (ano o ante anteri rior or) )

Maio Ma io (an (ano o ante anteri rior or) )

Out. Ou t. (an (ano o ante anteri rior or) )

Jane Ja neir iro o (mes (mesmo mo ano ano) )

Jane Ja neir iro o (mes (mesmo mo ano ano) )

Rede Globo

Márcio Simões

Fra�ola Gato que caça o

Maior emissora de TV nacional. Antes de construir o Projac, gravou em vários FTU¹EJPT Ǵ JODMVTJWF VN OP bairro carioca da Usina �, RVF BCSJHPV BU¨ Ǟǜǝǜ P estúdio de dublagem Herbert Richers, onde trabalhou trabalhou... ...

Veterano da dublagem Ǵ UBMWF[ O¢P IBKB VN CSBTJMFJSP RVF OVODB UFOIB PVWJEP TVB WP[ 'F[ BUPSFT como Samuel L. Jackson, 8JMM 4NJUI F "MFD #BMEXJO Dos Looney Tunes, é responsável por Patolino e…

pássaro Piu-Piu. A dupla BQBSFDF OB N¹TJDB š'JDP Assim Sem Você” de $MBVEJOIP F #VDIFDIB Ǵ que tocaram no programa da Globo Por Toda Minha Vida BTTJN DPNP $B[V[B parceiro do Frejat.



Fontes � O salgadinho de Curitiba que ganhou o país: impossível comer um só, publicado na Gazeta do Povo . � "NFSJDBO 0TUSJDI "TTPDJBUJPO "TTPDJB¦¢P "NFSJDBOB EF "WFTUSV[FT  O Livro do Boni +PT¨ #POJGDJP EF 0MJWFJSB 4PCSJOIP Ǟǜǝǝ



S U P E R I N T E R E S S A N T E

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E SE...

Texto Guilherme Eler

REALIDADES PARALELAS

... O BRASIL ADOTASSE A POLÍTICA DO FILHO ÚNICO? 407 ��� �����. Esse

é o dinheiro que uma família brasileira precisa desembolsar para criar um filho até os 23 anos,

segundo uma es�ma�va do Ins��to

Nacional de Vendas Vendas e Trade Marke�ng

(Invent). O dado é de 2013 – se fosse

corrigida pela inflação, a despesa seria ainda maior, de R$ 578 mil. E isso se a

– equivalent equivalentee à do Mali hoje. hoje. Nas décadas de 1960 e 1970, aliás, a população do planeta crescia a uma taxa de 20% a cada dez anos – o dobro da taxa a�al. O caso era especialmente esp ecialmente delicado delicado na China, que já �nha uma população conside-

rável e cada mãe seguia dando à luz 5,75 filhos, em média. No final dos anos 1970,

a população do país era de 980 milhões m ilhões

de pessoas – a produção de alimentos da época ameaçava não dar conta. Em 1979, por decisão do então presidente Deng Xiaoping, teve início o maior ex-

perimento de engenharia demográfica da história. Segundo es�ma�vas do governo, governo, a chamada “polí�ca do filho único” evitou o nascimento de pelo menos 400 milhões de chineses – sim, quase dois Brasis – até

ser revogada, há �ês anos. Mas e se o nosso país �vesse feito o mesmo?

Bom, considerando que a população da China em 1980 era de 980 milhões e que em 2016, ano em que ex�nguiram a polí�ca, eram 1,379 bilhão de chineses,

�vemos por lá um aumento de 40%.

Faz sen�do, então, �ansplantar essa taxa para a nossa hipótese. Se o Brasil �vesse adotado adotado a polí�ca de filho único em 1979, quando ainda contava com 121

família pertencer à classe C (renda en�e

milhões de habitantes, hoje seríamos 170 milhões de pessoas – 39 milhões

abastadas, a conta pode ul�apassar os R$ 2 milhões. Achou caro? Milhares de brasileiros têm certeza disso. Tanto que, segundo o

de brasileiros a menos em comparação

tagem de casais que optaram por não ter

à proporção en�e homens e mulheres. Hoje, no Brasil, nascem menos homens do que mulheres (são 97 meninos para

R$ 2.005 e R$ 8.640). Em casas mais mai s

aos a�ais 209 milhões. Essa mudança na pirâmide popula-

cional, porém, não seria uniforme. E úl�mo levantamento levantamento do IBGE, a porcen- isso vale também no que diz respeito crianças foi de 19,4% do total. Ou seja: hoje, para uma em cada cinco famílias do País, ter filho não é prioridade. O

cada 100 meninas). Mas, na China, a número de filhos por casal no Brasil está polí�ca do filho único gerou um deem declínio e, em 2018, chegou à marca sequilíbrio: a quan�dade de homens de 1,77 – inferior à média da América aumentou desproporcionalmente desproporcionalmente.. La�na (2,0) e do mundo (2,5). Mas nem sempre foi assim. No final

da década de 1960, a taxa de natalidade do Brasil era de 6,07 filhos por mulher

um fardo. O fato de a grande maioria das famílias querer um filho homem fez crescer o número de abortos de meninas, ou de infan�cídio i nfan�cídio.. À época, a proporção era de 105 homens para cada 100 mulheres, mas ela disparou ao

longo do tempo – e, em 2015, a China �nha 115 meninos para cada 100 meninas com idade até 14 anos.

Claro, não é razoável razoável supor que o Brasil fosse pra�car infan�cídios, como ocorreu na China. Mas, como c omo os homens tendem tendem a ganhar salários maiores, talvez talvez houvesse

alguma preferência por filhos meninos meninos..

Em 1980, 80% da população chinesa

Como dá para saber o sexo da criança com �ês meses de gravidez, e os exa-

ciais para o �abalho pesado do campo, enquanto as mulheres eram vistas como

mes de ul�assom existem desde a década

era rural. Filhos homens eram essen-

de 1950, não é improvável que também

E

S E . . .

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Mais mimos, menos Previdência.

�véssemos mais abortos de meninas. E isso poderia ter consequências sociais espantosas. Um levantamento feito pelo Instituto para Estudos do Trabalho (IZA), na Alemanha, usou

dados coletados na China en�e 1988 e

2004 para revelar que um incremento de apenas 0,01% na proporção absoluta en�e homens e mulheres é suficiente para aumentar a violência e a incidência

de crimes em 3%.

Ou�a consequência é que a pirâmide etária brasileira seria inver�da, inver�da, ou seja, haveria mais idosos e menos  jovenss – processo  joven process o que estamos esta mos a�avessando para valer agora. Em 2017, a porcentagem de chineses com mais de 65 anos era de 10,7% (no Brasil, 8,5%  Getty images Foto Getty Foto

da população está nessa faixa etária,

com quem �nha irmãos, ir mãos, eles mos-

Com mais gente acima dos 65 anos,

o rombo na Previdên Previdência cia Social se tor-

�aram risco 23% maior de apresentar problemas com a balança. Também usavam mais internet e

naria um problema ainda maior do que já é. Se a polí�ca do filho único �vesse acontecido por aqui no mesmo

viam mais TV.

Até pouco tempo a�ás, ainda havia quem defendesse polí�ca do filho

ríamos 3,8 milhões de idosos a mais. O impacto se estend estenderia eria até à saúde pública. A obesidade infan�l aumentou na China do filho fi lho único. Enquanto problemas do �po afetavam cerca de 2%

uma even�al superpopulação nos

chegou à casa dos 21% en�e 2006 e

Uma sociedade mais violenta e uma Previdência Previd ência ainda mais quebrada até daria para aguentar. Mais crianças

segundo dados do Banco Mundial).

período em que ocorreu na China, te-

das crianças en�e 1981 e 1985, o total

2010.. O IMC (Índice 2010 (Índic e de Massa Corpo-

ral), da mesma forma, cos�mava ser maior em filhos únicos. Em comparação

único no Brasil. O medo era de que

levasse a um apocalipse. O aumento brutal na produ�vidade agrícola nas úl�mas décadas (aqui e lá fora)

afastou esse fantasma. E agora a hipótese soa como piada. Ainda bem.

mimadas, não. S

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Uma breve história das le�as: do alfabeto protossinaí�co, prot ossinaí�co, de 1900 a.C., até hoje. Infográfico Bruno

Vaiano e Juliana Caro

1900 a.C. até 1500 a.C.

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