Stephen Jay Gould - A Falsa Medida Do Homem

August 19, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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CQLEÇÃCJ CIÊNCIA ABERTA Um Pouco  Pouco  Mais  Mais  de  Azul  —  H.  Reeves Ontem, o Universo —  B. Gatty  A  Origem do Ser Vivo —  B. Gatty  A  Prodigiosa Aventura das Plantas —  J.-M. Pelt e J.-P. Cuny Darwin e os Grandes Enigmas da Vida —  S. J. Gould O Cálculo e o Imprevisto — /.   Ekeland

A FALSA MEDIDA DO HOMEM

Elogio —  A. Jacquard A HoradadoDiferença Deslumbramento —  H. Reeves O Círculo dos Fogos —  J. Lizot A Mão Esquerda da Criação —  J. D. Barrow e J. Silk O Dilema Nuclear —  C, Rubbia  com  N. Criscenti  A  Herança da Liberdade —  A. Jacquard O Polegar do Panda — S.  J. Gould O Sorriso do Flamingo — S.   J. Gould Jornada para as Estrelas —  R. Jastrow  A  Falsa Medida do Homem —  S. J. Gould  Pró  Próxim ximos os

STEPHEN JAY GOULD

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Martins Fontes

 

Afi nal de contas, o que é mais simples que pesar um céreb ro? Basta • tirá-lo do crânio e colocá-lo na balança. Não é bem assim. Tobias enumera quatorze quatorze fatores fatores passíve is de provocar dis tor ção . Uma parte deles se refere a problemas relacionados com a própria medição: Em que nível se separa o cérebro da medula espinhal? Devemos ou não remover as meninges (as meninges são as membranas que recobrem o cére bro e a dur a-má ter , o revestimento exte externo rno grosso, grosso, que pesa entre 50 e 60 gramas)? Quanto tempo depois da morte do sujeito se deve pesar o cérebro? O cérebro deve ser conservado em algum líqu ido antes da pesagem e, em caso afirmativo, por quanto tempo? Em que temperatura o cérebro deve ser preservado depois da morte? A maior parle da literatura sobre o assunto não especifica adequadamente esses fatores, e os estudos feitos por diferentes cien tistas geralmente não podem ser comparados entre si. Mesmo quan do podemos nos assegurar de que o mesmo objeto foi medido da mesma maneira e em condições iguais, surge um segundo grupo de fatores de distorção: as influências sobre o tamanho do cérebro que não têm uma ligação direta com as propriedades que interessam (a inteligência ou a origem racial): o sexo, o tamanho do corpo, a idade, a alime nta ção, os fator fatores es am ambientai bientaiss não vinculados à alime ntaç ão, a profissão e a causa da morte. Assim, a despeito das milhares de páginas publicadas e dos milhares de sujeitos estudados, Tobias con clui que não sabemos — como se isso tivesse alguma importância — se os negros têm, em média, cérebros maiores ou menores que os dos brancos. Entretanto, o tamanho maior do cérebro dos brancos era um "fato" inquestionável entre os cientistas brancos até muito recentemente. Muitos investigadores devotaram uma atenção extraordinária ao estudo das diferenças de tamanho cerebral entre os diferentes grupos humanos. Não chegaram a nada, não porque as respostas não existam, mas porque essas respostas são muito difíceis de sei obter e porque as convicções   a priori  são evidentes e distorcem a investigação. calorevidentemente do debate entre Broca e Gratiolet, um doa defensores de No Broca, com muito má intenção, fez uma observação que resume admiravelmente as motivações implí citas citas em tod todaa a tradi ção cr anio métri ca: " Há muito tenh tenho o observado" observado",, afirmou De Jouvencel (1861, p. 465), "que, em geral, os que negam a importância intelectual do volume do cérebro possuem cabeças pequenas." Desde o princípio, os interesses particulares têm sido, por uma ou outra razão, a fonte das opiniões emitidas a respeito deste sisudo tema.

lüò...

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Medindo corpos

 

 Dois estud  Dois estudos os sobre sobre o cará caráter ter simies simiesco co dos in deseja veis

transformou o pensamento humano du ranteOo conceito decorrer de doevolução século XIX. Quase todas as questões referentes às ciências da vida foram reformuladas à luz desse conceito. Até então, nenhuma idéia havia sido objeto de um uso, ou de um abuso, tão generalizado (por exemplo, o "darwinismo social", ou seja, o uso da teoria evolucionista para apresentar a pobreza como algo inevi tável ). Tanto os criacionis criacionistas tas (Agassiz e Mort on) quanto os evoevolucionistas (Broca e Galton) puderam explorar os dados a respeito do tamanho do cérebro para estabelecer distinções falsas e ofensivas entre os grupos humanos. humanos. Mas outros argumentos quantit ativos surgi ram como como apênd ices da teoria evolucionista. Neste cap ítu lo, disc discuto uto dois deles, que considero manifestações representativas de um tipo muito uma freqüente; apesar das diferenças marcantes, deixam deis exibir seme lha nça digna de interesse. O pri meirnão o deles é a ma mais genéri ca de todas as justificações justificações evolutivas do ordenamento hierár quico dos dos grupos grupos human humanos: os: o argumento argumento da rec api tul açã o, fr eqüen temente resumido pelo enganoso trava-língua "aontogenia recapitula a filogenia". A segunda é uma hipótese evoluoionista específica a respeitad o caráte r biológico da conduta criminosa: a antropologia antropologia criminal de Lombroso. As duas teorias apoiavam-se no mesmo méto do quantitativo e supostamente evolucionista, que consistia em bus car sinais de morfologia simiesca simiesca entre os membr os dos grupos consi derados indesejáveis.

O macaco^mjodos nós: a recapitul ação Uma vez demonst demonstrada rada a evoluç ão, os naturalistas do século X IX devotaram-se a estabelecer os verdadeiros caminhos que ela seguira. Em outras palavras, procuraram reconstruir a árvore da vida. Os fósseis deveriam fornecer os indícios necessários, pois eram os únicos registros dos antecessores das formas modernas. Mas o registro fóssil é extremamente imperfeito, e todos os troncos e ramos importantes da árvore da vida desenvolveram-se antes que o surgimento das par to* dur-v: ri.y.- nr*>? nr*>?";s ";snin nin
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