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April 13, 2019 | Author: kerlyjardim | Category: Geography, Reality, Academia, Ciência, Psicologia e ciência cognitiva
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Livro de Geografia do Brasil, 1º ano ensino médio...

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Geografia

1 ensino médio 

geografia 1º ano

Organizadora: Edições SM Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida por Edições SM. Editor responsável: Flávio Manzatto de Souza Bianca Carvalho Vieira Carla Bilheiro Santi Carlos Henrique Jardim Fernando dos Santos Sampaio Ivone Silveira Sucena

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Geografia

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ensino médio 

Geografia 1º ano

Organizadora: Edições SM Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida por Edições SM. Editor responsável: Flávio Manzatto de Souza

• Bacharel em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). • Licenciado em Geografia pela Faculdade de Educação da USP. • Editor de livros didáticos.

Bianca Carvalho Vieira

• Bacharela em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). • Mestra e Doutora em Ciências – Geografia pela UFRJ. • Professora no Ensino Superior.

Carla Bilheiro Santi

• Bacharela e Licenciada plena em Geografia pela UFRJ. • Mestra em Ciências – Geografia pela UFRJ. • Especializada em Políticas Territoriais do Estado do Rio de Janeiro pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). • Professora no Ensino Médio e Superior.

Carlos Henrique Jardim

• Bacharel em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. • Licenciado em Geografia pela Faculdade de Educação da USP. • Mestre em Ciências – Geografia Física pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. • Doutor em Ciências – Análise Ambiental e Dinâmica Territorial pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP). • Professor no Ensino Superior.

Fernando dos Santos Sampaio

• Doutor em Ciências – Geografia Humana pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. • Professor no Ensino Superior.

3a edição São Paulo 2016

Ivone Silveira Sucena

• Licenciada em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. • Professora no Ensino Fundamental e Médio.

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Ser protagonista – Geografia – 1 © Edições SM Ltda. Todos os direitos reservados

Direção editorial Juliane Matsubara Barroso Gerência editorial Roberta Lombardi Martins Gerência de design e produção Marisa Iniesta Martin

Edição executiva Flávio Manzatto de Souza Edição: Ana Carolina F. Muniz, Andrea de Marco Leite de Barros, Daniella Almeida Barroso, Felipe Khouri Barrionuevo, Gisele Manoel, Stela Kuperman Pesso Colaboração técnico-pedagógica: Beatriz Simões Gonçalves, Felipe Azevedo de Souza Mattos, Maíra Fernandes, Maria Izabel Simões Gonçalves, Michelle Maria Biajante, Simone Affonso da Silva Coordenação de controle editorial Flavia Casellato Suporte editorial: Alzira Bertholim, Camila Cunha, Fernanda D’Angelo, Giselle Marangon, Mônica Rocha, Silvana Siqueira, Talita Vieira Coordenação de revisão Cláudia Rodrigues do Espírito Santo Preparação e revisão: Ana Paula Ribeiro Migiyama, Berenice Baeder, Eliana Vila Nova de Souza, Eliane Santoro, Fátima Carvalho, Lu Peixoto, Mariana Masotti, Sâmia Rios, Vera Lúcia Rocha Marco Aurélio Feltran (apoio de equipe) Coordenação de design Rafael Vianna Leal Apoio: Didier Dias de Moraes Design: Leika Yatsunami, Tiago Stéfano Coordenação de arte Ulisses Pires Edição executiva de arte: Melissa Steiner Edição de arte: Pablo Braz Coordenação de iconografia Josiane Laurentino Pesquisa iconográfica: Bianca Fanelli, Susan Eiko, Caio Mazzilli Tratamento de imagem: Marcelo Casaro Capa Didier Dias de Moraes, Rafael Vianna Leal Imagem de capa Marcos André/Opção Brasil Imagens Projeto gráfico cldt Editoração eletrônica Setup Bureau Editoração Eletrônica Ilustrações Adilson Secco, Estúdio Pingado, Setup Bureau, Thiago Lyra Fabricação Alexander Maeda Impressão

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Vieira, Bianca Carvalho Ser protagonista : geografia, 1° ano : ensino médio / Bianca Carvalho Vieira ... [et al.] ; organizadora Edições SM ; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida por Edições SM ; editor responsável Flávio Manzatto de Souza. – 3. ed. – São Paulo : Edições SM, 2016. – (Coleção ser protagonista) Outros autores: Carla Bilheiro Santi, Carlos Henrique Jardim, Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena Suplementado pelo manual do professor. Bibliografia. ISBN 978-85-418-1363-1 (aluno) ISBN 978-85-418-1364-8 (professor) 1. Geografia (Ensino médio) I. Vieira, Bianca Carvalho. II. Santi, Carla Bilheiro. III. Jardim, Carlos Henrique. IV. Sampaio, Fernando dos Santos. V. Sucena, Ivone Silveira. VI. Souza, Flávio Manzatto de. VII. Série. 16-02550 CDD-910.712 Índices para catálogo sistemático: 1. Geografia : Ensino médio 910.712 3ª edição, 2016

Edições SM Ltda. Rua Tenente Lycurgo Lopes da Cruz, 55 Água Branca 05036-120 São Paulo SP Brasil Tel. 11 2111-7400 [email protected] www.edicoessm.com.br

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Apresentação É no espaço geográfico que caminha a vida, ensinou o geógrafo brasileiro Milton Santos. Nesse espaço existem rios e montanhas, ruas, edifícios e plantações; há também técnicas e práticas de trabalho, laços familiares, manifestações religiosas, relações de igualdade ou de desigualdade entre pessoas, grupos e nações. Nos múltiplos espaços da superfície terrestre estão representados, em íntima associação, elementos naturais e sociais, que se constroem e reconstroem o tempo todo. Nesta coleção, o espaço geográfico é estudado em seus múltiplos aspectos, sem separar a natureza da dinâmica social. Assim, a população, os aspectos econômicos, os problemas ambientais ou as questões geopolíticas são analisados, em seus respectivos contextos históricos e naturais, de forma integrada. Desse modo, o estudo de Geografia feito nesta obra oferece ferramentas para entender a realidade em que estamos mergulhados e, dessa forma, apreender o lugar de cada um. Mais ainda, possibilita refletir e atuar sobre essa realidade. É este o principal objetivo da coleção: contribuir para a formação crítica de indivíduos capazes de entender o lugar em que vivem e agir nele de forma responsável. Cidadãos que possam atuar verdadeiramente no espaço em que caminha a vida. Equipe editorial

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A organização do livro Pilares da coleção Essa coleção organiza-se a partir de quatro pilares, cada qual com objetivo(s) próprio(s):

contextualização e interdisciplinaridade

Relacionar o estudo dos conteúdos de Geografia ao de outras disciplinas, áreas do conhecimento e temas atuais, construindo, assim, uma visão ampla e integrada dos fenômenos estudados.

compromisso

visão crítica

iniciativa

Despertar a consciência da responsabilidade e incentivar a reflexão e o entendimento do mundo, para que você se torne um cidadão responsável.

Contribuir para que você seja capaz de entender a realidade que o cerca e refletir sobre seu papel nessa realidade, desenvolvendo, dessa maneira, sua visão crítica.

Incentivar a atitude proativa diante de situações-problema, contribuindo para que você tome decisões e participe de forma ativa em diversos contextos sociais.

As seções e os boxes que se propõem a trabalhar esses eixos estão indicados pelos ícones que os representam.

Páginas de abertura Abertura da unidade Elaborada em página dupla, apresenta um texto introdutório da temática da unidade articulado a uma imagem para levantar seus conhecimentos prévios. Em Questões para refletir você é convidado a pensar e a se manifestar sobre o tema. Abertura do capítulo Texto, imagens e questões se relacionam e introduzem o assunto específico do capítulo. capítulo

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A inserção do Br as na economia mu il ndial ID/BR

o que você vAi estudAr

São Paulo. Fotografia:

Formação do território brasileiro. Industrialização do Brasil.

Coleção particular,

Características regionais do Brasil e a divisão oficial proposta pelo IBGE. Desigualdades regionais. Outras regionalizações do Brasil.

Franz Post, Vista da cidade Maurícia e do O artista holandês fez parte da comitiva Recife ,1653. Óleo sobre madeira, 48,2 cm � de Maurício de Nassau ao Brasil (1637-164 83,6 cm. 4).

Para muitos autores, a conquista e a colonização territoria podem ser consider adas empreendimento l, a partir do século XVI, s capitalistas, pois o lucro no comércio os colonizadores dos bens produzid objetivavam os nas colônias nômicas desenvo . Nesse período, lvidas no Brasil as atividades ecoestiveram estreitam naturais do território ente associadas e, dependentes às potencialidades do capital da Metrópo interesses dos europeu le, visavam atender s. apenas aos Esse cenário começou a ser estruturado no início no século res, sobretudo os portugueses, organiza XVI, quando os colonizadoram feitorias no do pau-brasil. A litoral brasileiro partir de meados para a exploraç desse século, empreen ão car por meio do deram o cultivo sistema de plantatio de cana-de-açún, caracterizado portação, produçã pela monocultura o em grandes propried voltada para a exades e exploraç de instituir a escravid ão de mão de obra ão, que fez milhões escrava. Além de vítimas por numerosos povos mais de três séculos, indígenas e subjugan dizimando do os africanos espaços de produçã trazidos à força, o foi realizada a a formação desses partir do desmata hoje identificamos mento e de outras como problemas alterações que ambientais. Em diferentes moment os ao longo da história, os espaços para atender ao mercado mundial, foram organizados que demandava no Brasil plantação de várias produtos agrícolas atividades exportad ou minerais. A imoras explica a forma construção de suas de ocupação do diferenças regionais Brasil e a .

Assista Desmundo. Direção de Alain Fresnot, Brasil, 2003, 100 min. O filme mostra aspectos da sociedade colonial brasileira e a submissão

das mulheres no século XVI.

Apresentação dos conteúdos

1. Identifique na representação de Franz Post ticos do início da formação do território elementos citados no texto como caracterísmundial. brasileiro e da inserção do Brasil na economi a

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Protecionismo agrícola e abertura comercial

Capítulo 3 – O papel do comércio mundial

trial capitalista de categoria mundial (embora de tamanho modesto, em comparação com outras atividades de negócios globais). […]

incompatibilidade entre os interesses empresariais, políticos e econômicos, nacionais e globalizados, e o sentimento popular. Essencialmente, o negócio global do futebol é dominado pelo imDe acordo com ade ONU, de 10 bilhõescapitalistas de perialismo umascerca poucas empresas com nomes de marcas também globais – um toneladaspequeno em mercadorias sãosuperclubes transportadas por viaem alguns países da Europa. […]. Seus jogadores são número de baseados marítimarecrutados todos os anos. As principais em todo o mundo. são Comprodutos frequência apenas uma minoria […] dos jogadores tem a naprimários exportados navios-tanque a granel cionalidade doem país onde se situaou o clube. A partir da década de 1980, eles provêm cada vez mais (nos porões dos navios, sem embalagem especial), de países não europeus, especialmente da África […]. como minério dedesenvolvimentos ferro, carvão, grãos, bauxita, Esses tiveram um efeito triplo. Do ponto de vista dos clubes, provocaram fosfato, petróleo e gás natural. As mercadorias um considerável enfraquecimento da posição de todos aqueles que não estão no circuito das sutransportadas porinternacionais via aérea correspondem a menos e em especial nos clubes dos países exportadores de perligas e dos supertorneios de 1% do volume global transportado, no entanto, jogadores, notadamente nas Américas e na África. […] Na Europa, os clubes menores mantêm-se são muito caras e pagam bem emmais competição com osfretes gigantes emmaiores. grande medida comprando jogadores baratos […] na esperanEnquanto frete dos minérios e grãosjá descobertas aos superclubes. ça deorevendê-los como estrelas transportados por navio, calculado por peso, atinge O segundo efeito está em que a lógica transnacional da empresa de negócios entrou em conum valor expresso em centavos, bens enviados flito com o futebol como expressão de identidade nacional, tanto pela tendência a favorecer por avião – de flores a equipamentos eletrônicos – torneios internacionais entre superclubes, em detrimento dos torneios tradicionais das copas tendiam a valer ao menos US$ 16 por quilo em e dos campeonatos nacionais, quanto porque os interesses dos superclubes competem com 2013, segundo estudos da indústriaque aérea os das seleções nacionais, sãoBoeing. as portadoras de toda a carga política e emocional da idenAs cargastidade comerciais aéreas respondem porformadas 35% do por jogadores que tenham o passaporte do país. nacional e que têm de ser valor movimentado internacional. Ao contráriopelo doscomércio superclubes, […] [as seleções] não são permanentes. Hoje elas tendem a ser conjuntos de jogadores, muitos dos quais – a maioria, em casos extremos como o do Brasil – jogam em clubes estrangeiros, que perdem dinheiro a cada dia que eles se ausentam, […] para que treinem e joguem com suas seleções. Do ponto de vista dos superclubes e dos superjogadores, o clube tende a ser mais importante do que o país. No entanto, os imperativos não econômicos da identidade nacional têm tido força suficiente para afirmar-se […] e mesmo para impor […] a Copa do Mundo, como o elemento principal e mais poderoso da presença econôOs Estados Unidos e a União mica global do futebol. Europeia são os principais destinos dos navios quevisto carregam contêineresproeminência do comportamento xenofóbico e O terceiro efeito pode ser na crescente com produtos industrializados da racista entre os torcedores […]. Eles ficam divididos entre o orgulho que sentem pelos supercluÁsia – como celulares, computadores, bes e pelas seleçõesroupas, nacionais (o que inclui seus jogadores estrangeiros ou negros) e a crescente veículos e bens de capital. importância que competidores provenientes de povos há tanto tempo considerados inferiores alcançam nos seus cenários nacionais. [...]

A União Europeia destina quase metade de seu orçamento para subsidiar a agricultura. Silo localizado em Lorrez le Bocage, França. Foto de 2013.

sAibA MAis Agricultores contam com a PAC A Política Agrícola Comum foi idealizada depois do término da Segunda Guerra Mundial, período marcado por uma grande escassez de alimentos. Em 1962, ela foi formalizada, dando aos produtores rurais uma renda estável e, aos consumidores, preços baixos. Mesmo após a recuperação no pós-guerra, a PAC manteve-se e, atualmente, representa quase metade da despesa anual da União Europeia.

CONeXÃO

O Brasil no comércio internacional Na atualidade, de acordo com dados da Associação Canadá, China, Estados Unidos, França, Índia, Indonéde Comércio Exterior do Brasil, a participação do país sia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Coreia do Sul, na economia mundial é de apenas 3%. Ao mesmo tem- Rússia, Turquia e União Europeia. Juntos, esses intepo, o Brasil faz parte do G-20, um fórum de discus- grantes concentram cerca de 90% do PIB e dois terços são criado para promover a discussão e a negociação da população mundial. Nas últimas décadas, o Brasil sobre temas relevantes para a economia mundial. Em se destacou como um dos países em desenvolvimento 2015, além do Brasil, integravam o G-20: África do que exigem maior e mais justa participação no comérSul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, cio mundial. 1. Reúna-se com os colegas para discutir a seguinte questão: O Brasil tem condições de liderar as propostas comerciais do G-20? Justifiquem suas respostas.

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O espaço aéreo europeu é um dos mais congestionados do mundo. No entanto, se considerarmos o total dos fluxos no continente, os voos transportam mais passageiros do que mercadorias. Pouco mais da metade do comércio internacional da União Europeia ocorre entre países do bloco e serve-se principalmente de modais terrestres, como rodovias e ferrovias.

aos estrangeiros.

Maior exportador de bens industrializados, a China foi responsável por 40% das importações mundiais de grãos e por 2/3 das de minério de ferro e bauxita em 2013 . Neste ano, a maior parte das exportações minerais do Brasil e Austrália foi direcionada à China.

Hobsbawm, Eric. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 92-95.

Tráfegos globais PARA DisCuTiR

Transporte internacional de mercadorias (2013)

Evolução do tráfego marítimo (1992-2012)

Esta imagem representa as milhares de viagens anuais O fluxo de mercadorias por via aérea é reservado para o 1. Ono que significa a transnacionalização do futebol? de aviões e navios início deste século. A National transporte de bens leves ou perecíveis de alto valor. Oceanic & Atmospheric (NOAA), órgão 2. ComoAdministration o autor relaciona globalização e identidade nacional no futebol? do governo dos Estados Unidos que pesquisa assuntos 3. Atualmente, quando é feita a escalação da Seleção Brasileira de Futebol, muitos dos jogadores relacionados aos oceanos e atmosfera, reuniu dados de GPS de milhares de veículos jogam comerciais criar Quais são as consequências desse fato? convocados no para exterior. essa representação de suas rotas, usando imagens Via aérea: Via marítima: noturnas da Terra feitas por satélite.

Não escreva no livro.

Não escreva no livro. Fontes de pesquisa: BOEING COMPANY. World Air Cargo Forecast 2014-2015. Seattle: Boeing Co., 2015; UNCTAD. Review of

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Dialética: debate em que um argumento é defendido e criticado, visando ao aprimoramento

A maiorPraticamente parte dodesde fluxo de conhecimento, queinternacional adquiriu um público de massa, esse esporte tem sido o catalisador deTráfegodomarítimo como duas formas identificação grupal:No a local (com o clube) e a nacional (com a seleção nacional,Tráfegotomado mercadorias sededá por navios. entanto, aéreotransitório. sempre composta jogadoresde dos maior clubes). No passado, elas eram complementares, mas a transfor-Vias terrestres Xenofobia: é comum quecom asoscargas valor mação do futebol em um negócio mundial e sobretudo o surgimento extraordinariamente rápisentimento e agregado sejam transportadas por atitude de aversão do de um mercado global de jogadores nas aviões. décadas de 1980 e 1990 […] criaram uma crescente

Fotografia: NOAA/SPL/Latinstock

Em 2001, em Doha, capital do Catar (país do Oriente Médio), ocorreu uma reunião que envolveu mais de uma centena de países-membros da OMC. Entre os objetivos dessa reunião, que ficou conhecida como Rodada de Doha, estava o de obter maior liberalização do comércio mundial, ou seja, conseguir que os fluxos de mercadorias pudessem ocorrer entre vendedores e compradores sem barreiras alfandegárias ou protecionismos. Ao longo dos anos, após a Rodada de Doha, foram realizadas outras reuniões em várias partes do mundo. No entanto, o impasse continua, pois os países desenvolvidos

A dialética das relações entre a globalização, a identidade nacional e a xenofobia é enfaticamente demonstrada pela atividade pública que combina esses três elementos: o futebol. Graças

à televisão global, esse esporte universalmente popular transformou-se em um complexo indusA rede mundial de transportes

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Maritime Transport 2014. Genebra: ONU,392014; TOURNADE, SP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C03_036A043.indd J. Anthropogenic pressure on the open ocean. Geophys. Res. Lett./41, p.7924-7932, 2014.

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Variação na ocorrência de navios (em %)

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Este mapa mostra que nas décadas recentes o movimento de navios cresceu em todos os mares. Na costa da Somália, porém, a mancha azul escura indica redução no tráfego marítimo – resultado do temor causado pelo ataque de piratas na área.

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As rotas marítimas pelo oceano Índico e Extremo Oriente apresentam a maior evolução, estimulada pelo desenvolvimento econômico da região. Nota-se também um aumento do tráfego marítimo na costa do Brasil.

Fonte de pesquisa: Tornandre/Laboratoire d’Océanographie Spatiale. 400

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Jean Tournadre/IFREMER

A Rodada de Doha

As nações e o nacionalismo no novo século

não aceitam remover suas barreiras a produtos agrícolas exportados pelos países em desenvolvimento. Estes, por sua vez, fazem restrições à abertura de seus mercados para os produtos manufaturados e os serviços exportados pelos países desenvolvidos. Roger Rozencwajg/Photononstop/Corbis/Fotoarena

Um dos entraves ao comércio mundial tem sido a questão do protecionismo agrícola. Esse protecionismo tem nos subsídios agrícolas seu principal ponto de sustentação. Os subsídios são um volume de capital ou de bens materiais fornecidos pelo Estado aos produtores rurais com o objetivo de auxiliá-los a manter baixos os preços dos produtos agrícolas (tornando-os mais competitivos no mercado). Consequentemente, isso permite que a agricultura continue a ser um ramo rentável. A interferência do Estado tem sido observada principalmente nos países desenvolvidos, sendo, portanto, os produtores desses países os maiores beneficiários dos subsídios. Em geral, a defesa dos subsídios baseia-se em vários argumentos. O primeiro está relacionado à relativa fragilidade do setor agrícola: mesmo dispondo de técnicas modernas, a agricultura depende de fatores naturais que podem comprometer a produção, gerando crises de abastecimento e colocando em risco a segurança alimentar. O subsídio seria uma proteção ao produtor. Outro argumento relaciona-se à manutenção da atividade rural. Na União Europeia, por exemplo, os subsídios chegam aos agricultores por meio da Política Agrícola Comum (PAC), e países como a França e a Alemanha estão entre os que mais defendem os respectivos setores agrícolas.

O texto didático é complementado por imagens (ilustrações, fotos, mapas) e boxes variados, a fim de estimular a sua participação e facilitar a compreensão.

informe

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Cada volume da coleção traz infográficos, em páginas duplas, com riqueza de imagens (fotografias, mapas, gráficos) e pequenos textos que auxiliam na compreensão do fenômeno representado.

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localizada na costa, foram para o norte animais E, no caminho contrário, mos ocorriam exclusivamente na serra da Capivara. países europeus, de Istambul, na Turcontribuíram, por sua vez, para a expan- Constantinopla (atualpor parte do mundo nos séculostos XIX e XX. para armazenamento formação ou ampliação Segundo as datações disponíveis até o momento, os como preguiças, tamanduás, tatus e gambás. dos bens da colônia a circulação de são do A expansão do capitalismo foi comércio realizada na Europa e em outros lu- quia), passaram a dificultar domínios coloniais que seriam mamíferos de grandenavios porte,pelo chamados dedos megafauna, Na região do Parque Nacional da Serra da Capivara, na África, na Ásia e na mar Mediterrâneo, prejudicangares do mundo. por meio da expansão imperialista, caracembarcados em habitaram a região desde o final do Pleistoceno atée oo Oriente. estão representados da chamada megafauna Europa Emdas termos geográficos, o reconhecimento do o comércio entre aAmérica. terizada pelo domínio territorial nações navios paravertebrados serem início do Holoceno. [...] comercializados na principalmente pelo giganMonopólio: sul-americana, caracterizada de neste mercadorias da esfericidade da Terra significou uma gran- Para garantir o suprimento economicamente mais fortes sobre outras. Europa. designa uma europeus procuraram tismo de algumas formas, como preguiças, gliptodontes, Nesse período, os países europeus formaram de mudança pois, a partir de então, podia-se para o continente, os contexto, situação específica a megafauna pleistocênica Política comerciais. mastodontes, entre outros. Esses grandes ou ampliaram seus domínios na África e na da Europa e viajando sem- descobrir novas rotas de supor que, saindo mercado em que toxodontes,mercantilista: da região do Parque uma empresa ou um Os portugueses, com grande domínio Ásia com o objetivo de conseguir matéanimais foram extintos na transição Pleistoceno/Holopre namais mesma direção, os navegadores dariam política econômica Nacional da serra da Capivara pequenochegaram número de então desenvolvida pelosanos. A causa dessa grande exrias-primas e novos mercados consumidores uma volta na Terra e retornariam ao lugar de das técnicas de navegação, de 10 000 empresas domina o ceno, há cerca estados nacionais às ilhas dos Açores, da Madeira e de Cabo para as indústrias europeias.origem, o que estimulou a expansão marítima. tinção é um tema bastante mercado. Há cerca de 60 milhões de anos, a América do Sul europeus entre os discutido pelos cientistas que o sul Mudanda África. ainda Nave-não possuem No final do século XIX, nos países mais séculos XVIum e XVIII, consenso sobre o tema. Sabe-se era uma ilha, assim Verde como eé alcançaram hoje a Austrália. segundo a qual a gando próximo à costa africana, foram esindustrializados, teve inícioAs a formação de inovações tecnológicas houve drásticas alterações climáticas ças geológicas geraram alterações dramáticas no rele- que nesse período riqueza de um Estado tabelecendo várias feitorias no continente. monopólios: grandes empresas passaram sA BA mAa s e o crescimento das populações vo terrestre, como elevação da cordilheira dos Andes, em todo o continente deveria ser medida e a cartografia No final do século XV, Cristóvão Colompor um processo de fusão com o objetivo de pela quantidade de que podem ter contribuído para o deiniciada há cerca 35 milhões de anos, e a formação humanas, fatores Em fins do século XIII, os europeus aper- de bo, a serviço da Coroa espanhola, atingiu as metais preciosos que controlar o mercado. Era o nascimento das de uma ponte intercontinental, a América Central, que clínio dessa este fauna. possuía. feiçoaram suas cartas náuticas, produzindo Antilhas, nae, América Central e, em 1500, multinacionais (ou transnacionais). A London Stock Exchange foi fundada emM1801 m os portulanos (ver abaixo), mapas que reFundação Museu do Homem Americano. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015. uma esquadra portuguesa chegou à costa do Novamente o sistema capitalista se re- na atualidade, é a quarta maior bolsa de valores do m m m m a Àcosta mundo. sua frente, a bolsaatual de Nova York, dos estão contiterritório brasileiro. A posse e a ocuformulava. Os bancos e aspresentavam instituições sobretudo fi- a Nasdaq (ambas nos Estados bolsa de mUnidos) m e adas m nentes e que traziam as rotas de viagem trapação novas terras representaram uma nanceiraspara assumiram ume para papela sociedade. dominan- valores de Tóquio, no Japão. Foto de 2014.mA partir do século XVIII, o sistema de grande importância a natureza te, leia e as empresas abriramNavegue seu capital com m importante C saiba mais çadas com linhas no próprio mapa. medida para aAssista consolidação da s são responsáveis por transportar sedimentos de um m para m a a venda de ações nasFundação bolsas Museu de valores. produção europeu passou por significati-África: No século XIV, os árabes levaram do terra, política mercantilista. Capitalismo: uma o na paisagem e, dessa forma, são capazes de modificar Planície aluvial m Dessae maneira, teve início fase do capivas transformações. A Revolução m m Europa HomemaAmericano sociedades história dedas amor.terrasIndustrial, vários instrumentos que utilizavam Era o início da colonização que sociedade, os rios, subter(Fumdham) A planície aluvial (ou de inundaconflitos, de Nelson talismo monopolista ou financeiro, na Direção de Michael processo de profundas inovações tecnológim assim m como os reservatórios m na navegação, como a bússola, o astrolábio viriam a ser chamadas de Novo Mundo, Bacic Olic e Beatriz m Alguns elementos estruturais estão preRelações de trabalho com o predomínio tam fonte de água para o consumo. ção) consiste em uma área com baiMoore, EUA, 2009, Fundação criada • qual vivemos ainda hoje. m m m cas efeito de àintensas mudanças econômicas e e o quadrante. Invenção chinesa, a bússola, processo base da dos reCanepa. São Paulo: para a preservação 127 exploração min. xa trabalho altitude, plana e próxima asociais, um sentes nodeságua capitalismo, de em modo desde do assalariado. Os que não teve são início orrente de água no mar, umgeral, lago ou em na Inglaterra, país euro-Moderna, 2004. m m que m M O m por exemplo, permitia curso a definição de rumos cursos naturais das colônias e do extermínio do patrimônio O documentário água que ade inunda de acorcaso, o rio sua que origem: deságua em outro afluente. donos de dos meios produção vendem histórico e natural peu que m obteve os melhores m m é chamado m resultados comA obra traz m em alto-mar. ouOescravização dos povos nativos. aborda criticamente m com m salário. do mateontro entre cursos de água da é denominado confluência. do Parque Nacional sua forçaseu de regime trabalhofluvial. em troca propriedadeNo privada • Predomínio informações sobre o sistema econômico asdepolíticas m m século dos XV, os portugueses desenvolcolonização organizou espaços de prom m m m A m m mercantilistas. rial sedimentar (argila, silte e areia) da Serra da povos, etnias e m se originar de diferentes formas: ou pelaseja, águaterras, das chuvas nos Estados Unidos meios de produção, fábri- embarcação ocorrem em determiRevolução Industrial deu novo impulso m m • Crises meA veram a caravela, leve que e na ágil, dução definiu o papel das novas colônias Capivara. No site, que se cíclicas deposita planície inundatradições antigas durante o período da cialmente, acumulando-se em áreas mais baixas do terrecas, minas, bancos, etc. há importantes nados momentos históricos devido a faNao sistema mcontinente,m capitalista, inaugurando a fase dodo chama-se aluvião.a na economia possibilitava crise econômica de mundial. m m mcom velas triangulares,daque informações sobre a das chuvas que, após se infiltrar no solo e na rocha, forma 2008. mA começar pela In-além de descrever tores relacionados à superprodução, C à industrial. mm capitalismo As planícies aluviais, por apresen• Atividades econômicas desenvolvidas com história geológica, seu processo de atingindo depois a superfície e dando origem à nascente m especulação ou àadepoproblemas tarem terrenosfinanceira férteis (devido o objetivo de obter lucro. glaterra, esse sistema foiinterno. adotado pela maio-colonização. humana, da fauna e Trabalho m m mbém podem ter origem na água de degelo das monta-m da flora da região. de sição dos sedimentos aluvionares), m Charles políticos. Algumas crises podem ser ação c dadan a coN xão riamtidoslempaíses daDireção Europa Ocidental e pelos g Ogra a Divisão da sociedade em classes e prinUm m • m m em: período em que as temperaturas estão mais elevadas. veram grande mEUA, 2010, m grande m mDisponível bradas, comoimportância a do finalnadohistória século XIX Estados Unidos, Ferguson, estendendo-se para cipalmentema divisão . Acesso parte do mundo nos séculos XIX e XX. O m tas (donos dos meios m de produção) m e os O documentário os m entre elas m a da antiga Mesopotâmia, em: 16 mar. 2016. NA expansão do m a que m se iniciou em 2008. capitalismo m m mostra as origensmfoi realizada m m efêmeros, m (que trabalhadores vendem sua força de se desenvolveram com o aproveitaAssista m ser intermitentes ou perenes. N m da crise de 2008 m m toneladas porrusconii, meio um da mamífero expansão imperialista, caracM magrícolamostra de capitais em determinados trabalho Amilustração o Eremotherium herbívoro mais de cinco e que m para os capitalistas). Essa divi• Concentração mento dessas planícies. e seus efeitos emque pesava os na maior parte do ano, comportamOfluxo de água m m m m m 1492: a conquista m m terizadaecopelo domínio territorial foi extinto há cerca de 10como mil anos. países, caracterizando-os centrais são em classes é fator de concentração m de países como Islândia,das naçõesdo paraíso. Direção m m m m diatamente após uma chuva. M m maisChina fortes França, e sobre outras. nomicamente, intensificandoma economicamente desigualdarenda, que se intensifica em países menos de Ridley Scott, EUA, m m m m período, osEstados paísesUnidos. europeus formaram1992, : possuem água durante uma parte 154 min. de nas relações entre tais países eNesse os demais. m do ano m e secam no desenvolvidos. m m m atividades C seus domínios na África e na ou ampliaram Niagem. m O filme narra a m m m m m mÁsia com o objetivo m mais maté-viagem m no decorrer de todo o ano. de Cristóvão 1. Explique os fatores m naturais e de os conseguir de origem texto que ameaçam a sentam água % m 15 citados mm m m C mquais são Não escreva no livro. mantrópica màno rias-primas e novos consumidores Colombo América. Um designa a média anual da domercados Parque Nacional da Serra da Capivara. al é o termo que m preservação dos sítios arqueológicos mvariação da m para as indústrias europeias. m mem uma bacia hidrográfica. A quantidade de água que m 2. Identifique o período geológico em que a América Central se formou e explique como sua formação a concen acão e as No final doamericano. século XIX,de nos mais m países m O m m interferiu na fauna do continente m pende do tamanho da área ocupada pela bacia, das vam m m m m mde m industrializados, teve m início a formação m e das perdas de água devido15à evaporação m m m m étricas e à inSP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C01_010A015.indd 4/28/16 10:54 AM m m monopólios: grandes empresas passaram M final dos rios depenm m m e na rocha. Dessa forma, a descarga Nas planícies aluviais, é possível por um processo m m m de fusão com o objetivo de m m as áreas alagáveis m mos m133 es sazonais de m períodos úmidos (maiores descargas) e de identificar durante O extremo m oriente%do Mediterrâneo % mo mercado. Não escreva no livro. Era o nascimento das m m m períodos de cheia. Na imagem, o rio controlar m m m e parte do mar Negro, em mapa do menores descargas). Geralmente, quanto maior o númem m m m Exchangem Waimakariri e sua planície aluvial, Nova multinacionais (ou transnacionais). A London Stock foi fundada em 1801 m e, m Atividades Atlas-portulano veneziano, maior a quantidade de água de um rio. Em regiões áriZelândia. Foto de 2007. m na atualidade, é a quarta maior bolsa de valores do m m m % m do cartógrafo francês Novamente o sistema capitalista se rem Revendo conceitos evaporação pode levar a um decréscimo desse volume. mundo. À sua frente, estão a bolsa de Nova York, Jean-François Roussin, 1673. m mm % SP_GEO1_LA_PNLD18_U2_C09_128a133.indd 133 formulava. Os bancos e as instituições fi03/05/16 15:00 a Nasdaq (ambas nos Estados Unidos) e a bolsa de m m m m assumiram um papel m m m m N nanceiras dominanvalores de Tóquio, no Japão. Foto de 2014. m m m m 14 Esquema do curso de um rio N C O m m no livro.m m Não escreva m m m m m m Vestibular e Enem catarata m queda-d’água devida a um N m m m navegue desnível brusco do terreno mm NAlguns elementosLendo m estruturais m mapas e gráficosestão preAgência Nacional de Águas (ANA) valeSP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C01_010A015.indd em V abertom m 14 4/28/16 10:54 AM m mde modo geral, desde m so superior sentes no capitalismo, O vale menos profundo onde o Nesta página é possível ter acesso a m m m m m desgaste incide sobre as margens informações sobre a gestão dos recursoss m m m m m mDisponível em: . Acesso em: 18 abr. 2016. curvas do rio m m m praia fluvial C m m m m (Aneel) m m Agência Nacional de Energia Elétrica acumulação m mm m m m m m m de aluviões Site da agência vinculada ao Ministério dem Minas e Energia, apresenta m m curso médio m m dados sobre vale em caleira aluvial geração, distribuição e consumo de energia m m vale pouco profundo, elétrica no Brasil. Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2016. % Dm m m m onde o rio diminui curso inferior m m afluente

rn zação da agr cu tura

Catmando/Shutterstock.com/ID/BR

desenvolvimento industrial e financeiro

Características do sistema capitalista

A coleção conta com boxes para apresentar assuntos complementares aos temas (Saiba mais); sugerir filmes, livros e sites para ampliação dos estudos (Assista, Leia e Navegue); e destacar no texto didático glossários sobre termos que você talvez não conheça.

a organ zação agrár a atua

Instituto Cultural Banco Santos. Fotografia: ID/BR

Greg O’Beirne/Acervo do fotógrafo

Atividades

Atividades Ao final dos capítulos, um conjunto de atividades Características do sistema capitalista possibilita a consolidação, a retomada, a análise, a síntese e a pesquisa dos assuntos abordados. Há três subseções nesse conjunto: Revendo conceitos, Lendo mapas, m m % % gráficos e tabelasm e m m Fonte de pesquisa: Secretaria da Educação do Paraná. C Interpretando textos Disponível em: . m Acesso em: 19 nov. 2015. m m m m e imagens.

m

Área de soja por ano do desflorestamento

NO

NE

SO

SE

FRENTE NORTE DO DESMATAMENTO



ARCO SUL DO DESMATAMENTO

2 000

vou deixar meuQuais sertão,biob) A soja é amplamente cultivada noopaís. mas sofrem os impactosmesmo desseos intenso cultivo? olhos cheios d’água 8. O mapa a seguir traz informações a produção e com dorsobre no coração. de feijão em unidades federativas do Brasil. AnaliseVou prodessa Rio carregar massas -o identificando a distribuição produção no Brasil. Escreva uma síntese com suas conclusões. pros pedreiros em construção. Deus até está ajudando:

Brasil – Produção de feijão (2012) 60ºO

VENEZUELA

SURINAME GUIANA

COLÔMBIA

NO

PARAGUAI

Trópico de

SO

AC

Área com risco de desertificação e arenização

0

625

MT

1 250 km

URUGUAI

154

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

SP_GEO1_LA_PNLD18_U3_C11_152a155.indd 154

O

m

Não escreva no115 livro.

RN

a) a distribuição desigual da produção. BA DF b) GO os financiamentos feitos ao produtor rural c) a ausência de escolas técnicas no campo. ES 20ºS MG d) os empecilhos advindos das secas prolongadas. RJ Trópico SP de e) a precariedade deCapricórnio insumos no trabalho do campo.

BOLÍVIA

delta terreno triangular formado na desembocadura do rio pela acumulação de aluviões



SE

RO

PERU

a) Em que regiões brasileiras há mais áreas onde ocorre a intensificação dos processos erosivos? b) Que relação é possível estabelecer entre a atividade agropecuária e a intensificação dos processos erosivos? Justifique sua resposta. c) Pesquisem em livros e em sites da internet as causas do processo de desertificação e arenização. Escrevam suas conclusões no caderno.

SE

PB No trecho daPI canção, composta na década de 1960, PE retrata-se a insatisfação AL do trabalhador rural com: TO

Capricórnio

ARGENTINA

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 123.

NE

AP

Vale, J.; aquino, J. B. SinaCEde caboclo. São Paulo: Polygram, 1994.

Intensificação de processos erosivos

a velocidade e acumula aluviões

Mas plantar pra dividir,

Não faço mais isso, não.

PA(Fragmento.) MA

AM

20ºS

Arco do desmatamento

Área do polígono da seca

40ºO está chovendo no sertão!

Guiana Francesa (FRA)

RR

Equador

Faixa de maior intensidade de desmatamento

Brasil: Total da área ocupada pelos estabelecimentos agrícolas (%)

Ganho a vida na enxada.

Com quem não planta nada. a) Quais anos registram a maior taxa de área planSe assim continuar tada com soja em desflorestamento?

OCEANO ATLÂNTICO

BOLÍVIA

CHILE

7. (Unifor-CE) Observe o gráfico.

Os números das barras referem-se à área desmatada da Amazônia, que eu colho é dividido em hectare, ocupada pelo cultivo da O soja.

PERU

OCEANO PACÍFICO

5. (Enem) 6 000 8 000 10 000 12 000 14 000 Área de soja (ha)

4 000

OCEANO CHILE PACÍFICO

MS

Parte da produção do estado no total do país (%)

PARAGUAI

0

20

40

60

até 10 ha de 10 a 100 ha

80

6. (PUC-RJ) A partirOCEANO da década de 1970, o Governo SC ATLÂNTICO RS Federal passou a intervir, de forma mais decisiva, na Região Centro-Oeste. 0 550 1 100 km Programas e planos contemplaram a região, concedendo incentivos e atraindo investidores para numerosos setores da Fonte de pesquisa: Ferreira, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. sua economia. Assinale a alternativa que não São Paulo: Moderna, 2013. p. 144. apresente um objetivo desses programas e planos regionais. a) O acirramento de conflitos pela posse da terra entre grandes proprietários e empresários agrícolas. b) A execução de grandes03/05/16 projetos 15:06agropecuários com base em incentivos fiscais. c) A ampliação da fronteira agrícola com a incorporação de novos espaços produtivos. d) O aumento do rendimento agrícola graças à introdução de técnicas mais eficientes. e) A ampliação da infraestrutura viária e a construção de hidrelétricas. 20 10 5 1

ARGENTINA

URUGUAI

100 %

de 100 a 1000 ha mais de 1000 ha

IBGE.

A leitura do gráfico e os conhecimentos sobre a questão agrária brasileira permitem afirmar que uma das causas que explicam a atual concentração fundiária no país é: a) o modelo de uso do solo, predominantemente destinado à pecuária bovina. b) o avanço das fronteiras agrícolas na Amazônia durante a ditadura militar. c) a rápida expansão do processo de modernização agrícola em todo o país. d) o significativo êxodo rural que tem esvaziado sistematicamente o campo. e) a terra ser considerada reserva de valor, isto é, uma mercadoria.

m m

m

SP_GEO1_LA_PNLD18_U3_C14_182a187.indd 186

11. (Fuvest-SP) No Brasil, o setor agroindustrial prevê aumento significativo da produção de cana-de-açúcar para os próximos anos. Isso pode ser atribuído:

m a) elevado preço das mercadorias no comércio. b) aumento da demanda por produtos naturais. c) crescimento da produção de alimentos. d) hábito de adquirir derivados industriais. e) uso de agrotóxicos nas plantações.

m m

m m

186

10. (UFPE) Existe, em diversos países do mundo, um sistema de criação que é feito em amplas áreas cercadas, onde o gado é solto para se alimentar da pastagem natural ou de restos de cultura, após a colheita das mesmas. Qual a denominação que é dada, em Geografia agrária, a esse sistema de criação? a) Pecuária intensiva. b) Pecuária ultraextensiva. c) Pecuária ultraintensiva. d) Pecuária nômade. e) Pecuária extensiva.

8. (Enem) Na charge há uma crítica ao processo produtivo agrícola brasileiro relacionada ao:

PR

40

9. (UFV-MG) No final dos anos [19]60 do século XX, o Brasil passou a vivenciar os impactos da Revolução Verde no desenvolvimento de uma agricultura moderna e de grande eficiência econômica. No entanto, a Revolução Verde trouxe também efeitos perversos de ordem social, econômica e ambiental. Das alternativas abaixo, assinale a que não expressa um desses efeitos do processo de modernização da agricultura brasileira. a) Ampliação do processo de concentração fundiária pela incorporação da chamada fronteira agrícola à produção capitalista. b) Formação de um amplo contingente de trabalhadores volantes, dependentes de um mercado de trabalho com grande sazonalidade. c) Degradação das áreas remanescentes de Mata Atlântica do Rio de Janeiro e São Paulo para a implantação da lavoura cafeeira. d) Ampliação da dependência dos produtores ao mercado de sementes pela intensa utilização de híbridos. e) Comprometimento dos recursos hídricos pelo assoreamento de cursos de água e contaminação por produtos químicos.

Enem/2015. Disponível em: . Acesso: 3 mar. 2013.

40ºO

GUIANA

8 876 (19%)

Fonte de pesquisa: Moratória da soja: 7o ano do mapeamento NãoAmazônia. faço mais isso, não. e monitoramento do plantio de soja no bioma Abiove. Disponível em: Acesso em: 10 nov. 2015.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Guiana SURINAME Francesa (FRA)

60ºO

VENEZUELA

Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

10 861 (23%)

2007

Mas plantar pra dividir

Brasil – Riscos ambientais (2012)

A

3 547 (8%)

0

6. Reúna-se com um colega e observem o mapa abaixo, que mostra, entre outras informações, alguns riscos ambientais decorrentes de atividades antrópicas no território brasileiro. Compare-o com o mapa de intensidade de ocupação pela agropecuária da página 149 e respondam às questões a seguir.

Equador

6 508 (14%)

6 308 (11%)

5 800 (12%)

2009

2008

5. Qual foi a característica da expansão da fronteira agrícola no período colonial e no período atual?

COLÔMBIA

6 128 (13%)

2011

4/28/16 11:31 AM

m

a) à maior flexibilidade da nova regulamentação ambiental, que implicará uma importante diminuição de custos. b) ao atual acréscimo de subsídios governamentais para a produção de álcool, chegando a valores semelhantes aos do Proálcool na década de setenta. c) à diminuição gradativa de áreas de produção da soja transgênica, aparecendo a cana como alternativa econômica e ambientalmente viável. d) à recente ampliação da demanda externa por todos os subprodutos da cana devido à desvalorização do real nos últimos dois anos.

m

e) ao aumento do interesse internacional por fontes renováveis de energia, em função do Protocolo de Kyoto. 12. (Unifesp) Observe o mapa. Unifesp/2005. Fac-símile: ID/BR

4. Qual foi o principal marco na estrutura agrária brasileira nas últimas décadas?

2012

2010

Unifor-CE. Fac-símile: ID/BR

Ano do desflorestamento

2013

3. O que é latifúndio? Podemos dizer que toda grande propriedade é um latifúndio? Explique.

EQUADOR

Adilson Secco/ID/BR

7. Analise o gráfico abaixo e responda às questões.

2. O que foi a Lei de Terras de 1850 e qual sua importância para a manutenção da estrutura agrária brasileira?

200 0

400 km

Vestibular e Enem A seção apresenta questões de vestibulares do país e de vários Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) realizados até hoje, de acordo com o que foi estudado em cada unidade.

(IBGE, 2002)

Fonte de pesquisa: IBGE, 2002.

O produto I é beneficiado no país e exportado. O produto II atende ao mercado interno. Identifique corretamente os produtos cultivados nas regiões I e II do mapa. a) I – algodão; II – feijão. b) I – laranja; II – arroz. c) I – cana-de-açúcar; II – milho. d) I – soja; II – mandioca. e) I – café; II – uva. 13. (UFRN) Nos anos [19]90 do século passado, intensificou-se no Brasil o crescimento da atividade agroindustrial articulado aos vários setores industriais, favorecendo a emergência do agronegócio, que tem como característica a: a) constituição de cadeias produtivas atreladas à produção agrícola de caráter familiar, com uma gestão voltada para os mercados internacionais e regionais. b) constituição de cadeias produtivas formadas por agentes econômicos integrados por diversos mecanismos, como cooperativismo, associativismo e integração vertical. c) forma de produção na qual predomina a interação entre gestão e execução do processo produtivo pelos agricultores familiares, com ênfase no trabalho assalariado. d) forma de produção que privilegia o associativismo e a formação de cadeias produtivas que ocorrem nas áreas de assentamentos rurais, onde predomina o trabalho da família. 187

SP_GEO1_LA_PNLD18_U3_C14_182a187.indd 187

4/28/16 11:31 AM

Seções especiais 4/28/16 11:07 AM

180°

1

NO

NE

SO

SE

2

3

50°O

NO RR

Equador

NE

AP

SO AM

PA

MA

SE

CE

PE AL

TO

RO

SE

MT



RN PB

PI AC

10°S

BA

OCEANO ATLÂNTICO

DF GO MG

OCEANO PACÍFICO

45°N

ES

MS SP

Trópico de Capricórnio

0

925

20°S

RJ

PR

1850 km

SC RS

Planalto Depressão Planície

OCEANO PACÍFICO

Belém (PA), 2016. Meridiano de Greenwich

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

50 000 000 20 000 000

1 195 km

Relevo do Brasil. Fonte de pesquisa: Ross, Jurandyr L. Sanches (Org.). Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008. p. 53.

45°S

5

6

Círculo Polar Antártico

0

2 460

4 920 km

Região do município de Barbacena (MG),

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: . Acesso em: 2013. 11 nov. 2015.

68

Andre Dib/Pulsar Imagens

4

Thiago Lyra/ID/BR

1

Não escreva no livro.

0 4/28/16 11:28 AM

Área planejada no Plano Piloto de Brasília (DF) e seu entorno, 2014. 0°

OCEANO ÍNDICO

Capítulo 17

Representação de cadeia de montanhas.

Monte Tabor na Chapada Diamantina, Palmeiras (BA), 2015.

a utilização de tecnologias modernas pela Geografia. 4/28/16 10:59 AM Satélite, radar, fotografia aérea, GPS

Computador

Mapa, carta e planta

234

SP_GEO1_LA_PNLD18_U4_C17_234a238.indd 234

4/28/16 11:37 AM

Projeto

1. Levantamento de dados Para isso, a classe deve organizar-se em grupos de pelo menos quatro pessoas. Cada grupo obedecerá às etapas descritas a seguir. • Com ajuda do professor, Segmentos de atuação de algumas multinacionais brasileiras (2014) pesquisem e façam uma lista Tecnologia da das 10 maiores multinacionais comunicação e Bancos e Cosméticos Comunicação brasileiras. Classifiquem as Seguradoras 2% empresas de acordo com Indústria 8% 13% 2% Autopeças extrativa 2% os segmentos de atuação: Indústria de 2% não tecidos energético, alimentício, têxtil, Alimentos 10% Eletricidade e bebidas tecnologia da informação, e gás 2% indústria cosmética, Indústria química 6% Calçados automobilística, aeronáutica, 6% e têxteis entre outros. O gráfico ao Construção 6% 2% Papel e lado mostra a área de celulose 2% atuação das multinacionais Consultoria 10% brasileiras pesquisadas no Materiais de 8% construção documento “Ranking” FDC das 6% 10% Fabricação de 2% multinacionais brasileiras 2015, máquinas e equipamentos elaborado pela Fundação Don Fabricação Siderurgia e de veículos e Fabricação de Metalurgia Cabral. Observe que, de acordo aeronaves eletroeletrônicos com esse documento, Fonte de pesquisa: “Ranking” FDC das multinacionais brasileiras 2015. Fundação Dom Cabral. em 2014, o setor industrial Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2016. era predominante. • Cada grupo deve selecionar uma das multinacionais brasileiras listadas na etapa anterior, de forma que não haja repetições. Em seguida, vocês devem pesquisar: o contexto histórico da fundação da empresa, os países onde atua, quais são as principais atividades desenvolvidas nesses países, os investimentos aplicados no Brasil e no exterior, a quantidade de funcionários e de unidades no Brasil e no exterior. Para obter essas e outras informações, vocês podem acessar o site da empresa e consultar pesquisas jornalísticas. • Busquem saber dos impactos econômicos, sociais e ambientais gerados pela empresa, tanto no Brasil como nos demais países onde ela atua, especialmente aqueles relativos à degradação ou à conservação ambiental, aos direitos trabalhistas, à contribuição ao desenvolvimento socioeconômico. • Comparem a multinacional brasileira escolhida pelo grupo com outras empresas nacionais e internacionais do mesmo ramo para saber se ela está bem posicionada em rankings mundiais.

Adilson Secco/ID/BR

O que vocês vão fazer Neste projeto, vocês vão reunir-se em grupos e desenvolver uma pesquisa sobre as multinacionais brasileiras. Com base nessa pesquisa, a classe vai organizar uma exposição que mostre, por meio de fotografias, mapas, recortes de jornais e outros documentos, a atuação de empresas brasileiras em outros países do mundo. O objetivo é mostrar a participação do Brasil na economia mundial, identificando as principais empresas brasileiras que atuam internacionalmente e seus impactos na economia brasileira e nos países de destino. Conhecer a atuação das multinacionais brasileiras é uma forma de compreender melhor as relações que o país estabelece com o restante do mundo e o perfil de nossa economia, seus avanços, limites e desafios.

2. Seleção e organização das informações e elaboração do cartaz Agora, o grupo deve discutir as informações levantadas e selecionar quais são significativas para demonstrar a participação da empresa pesquisada no cenário internacional. Em seguida, vocês deverão elaborar um cartaz com essas informações. Para isso, considerem as etapas a seguir. • Identifiquem a empresa por meio de fotos de sua sede e unidades e da identidade visual (logotipo, marca). • Incluam informações sobre a localização da sede da empresa, a data de sua criação no Brasil e a data do início de sua internacionalização. • Elaborem mapas, gráficos e tabelas com as informações levantadas na pesquisa para representar a distribuição espacial da empresa pelo mundo e suas sedes no Brasil. Como exemplo, observem o gráfico abaixo, que mostra a distribuição das principais multinacionais brasileiras em várias regiões do mundo. • Utilizem trechos de matérias jornalísticas e fotos sobre os impactos positivos e negativos da atuação da empresa no Brasil e no mundo, destacando suas dimensões econômica, social e ambiental. • Usem dados comparativos com outras empresas multinacionais brasileiras e internacionais do setor. • Incluam no cartaz uma pequena síntese com as conclusões do grupo sobre a atuação da empresa no Brasil e no mundo e sua importância no respectivo setor econômico. Distribuição geográfica das multinacionais brasileiras no mundo* 90%

81,0%

50%

36,0%

33,0%

29,0%

26,0%

30%

21,0%

16,0%

20% 10% América do Sul

América do Norte

Europa

África

América Central e Caribe

Ásia

Oriente Médio

Oceania

Fonte de pesquisa: “Ranking” FDC das multinacionais brasileiras 2015. Fundação Dom Cabral. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2016.

*Porcentagem das empresas pesquisadas no “Ranking” FDC das multinacionais brasileiras 2015 que possuem subsidiárias ou franquias nessas regiões.

3. Apresentação da pesquisa e montagem da exposição Ao final da elaboração dos cartazes, cada grupo deverá fazer uma apresentação para os colegas na sala de aula, mostrando os resultados da pesquisa. Poderão ser utilizados também outros materiais obtidos durante a coleta de informações, tais como anúncios e filmes institucionais da empresa. Na apresentação, é importante destacar a importância da empresa para o desenvolvimento econômico do país, se a empresa faz parte de algum setor tradicional da economia brasileira ou se está inserida em um setor de desenvolvimento mais recente no país. Os impactos ambientais da empresa no Brasil e nos países em que atuam também devem ser destacados. Após a elaboração dos cartazes, os grupos devem montar uma exposição em local acessível à comunidade escolar com todos os painéis confeccionados pela classe.

76

SP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C05_074A077.indd 76

77

4/28/16 11:00 AM

SP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C05_074A077.indd 77

SE

Geografia e Arte

Síntese da Unidade Atividades esquemáticas que retomam conceitos básicos de cada capítulo.

azul

magenta

A harmonia das cores

violeta

Quando da confecção dos mapas, devemos levar em consideração que as cores possuem um significativo efeilaranja to estético, prestando-se atenção no que podemos chamar de harmonia das cores. abóbora • Harmonia monocromática: quando usamos uma só cor, variando apenas sua tonalidade. Em geral, esta vavermelho Na foto, passeata da Marcha das Margaridas realizada em 12 de agosto de 2015, em Brasíliariação (DF). Oserve eventopara reúnemostrar trabalhadoras rurais do de um fenômea intensidade Brasil e de outros países latino-americanos. Na ocasião, as participantes apresentaram reivindicações em favor da reforma agrária, da no, em quenocores fracas indicam valores fracos e cores igualdade de direitos entre homens e mulheres, além de defender práticas agroecológicas e sustentáveis campo. mais escuras significam valores fortes, como acontece para elaborar Duarte, Paulo A. Fundamentos de cartografia. 3. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2006. p. 180-184.

17

Rosa cromática

Não escreva no livro.

ouro

amarelo

limão

verde

29/04/16 18:57

Fonte de pesquisa: Duarte, Paulo A. Fundamentos de cartografia. 3. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2006. p. 181.

turquesa

azul

púrpura

anil

violeta

Brasil – Acesso à internet de banda larga fixa (2015) VENEZUELA

Guiana Francesa (FRA) SURINAME GUIANA

60ºO

COLÔMBIA RR

40ºO

AM

NE

SO

SE



PA

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MA PI TO

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11:29 AM

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As cores e seu uso em mapas

1. Você conhece outros exemplos de participação das mulheres em lutas sociais no campo? Discuta com AtividAdeS os colegas e escrevam um texto coletivo sobre a importância do aumento da participação das mulheres nessas lutas sociais. 1. Identifique no mapa: a) o tipo de harmonia pelas cores. Justifique sua resposta. Não escreva no livro. b) se as cores utilizadas são primárias ou secundárias. c) se as cores utilizadas são frias ou SP_GEO1_LA_PNLD18_U3_C12_162a165.indd 162 4/28/16 quentes.

70%

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Mundo Hoje

Trabalhadoras rurais protestam por políticas públicas e mais educação

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70,0%

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Adilson Secco/ID/BR

exposição: “As multinacionais brasileiras”

[…] A África só começou a ser ocupada pelas potências A partilha da África (1885) 20°O 0° 20°L 40°L europeias exatamente quando a América se tornou indeEUROPA pendente, quando o antigo sistema colonial ruiu, dando lugar a outras formas de enriquecimento e desenvolviMARROCOS ESPANHOL mento das economias mais dinâmicas, que se industrialiÁSIA TUNÍSIA Mar Mediterrâneo MARROCOS zavam e ampliavam seus mercados consumidores. Nesse SAARA ESPANHOL ARGÉLIA LÍBIA momento foi criado um novo tipo de colonialismo, imEGITO RIO DE OURO Trópico de Câncer plantado na África a partir do final do século XIX, depois 20°N SOMÁLIA da Conferência de Berlim, que em 1885 dividiu o contiÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA ERITREIA FRANCESA SUDÃO nente africano entre Portugal, Espanha, Inglaterra, Fran- GÂMBIA ANGLO-EGÍPCIO GUINÉ SOMÁLIA COSTA PORTUGUESA BRITÂNICA ça, Alemanha, Itália e Bélgica [ver mapa ao lado]. NIGÉRIA DO ETIÓPIA SERRA MARFIM CAMARÕES LEOA LIBÉRIA A divisão, contudo, não foi feita de uma só vez. Se penSOMÁLIA COSTA ÁFRICA UGANDA ITALIANA DO OURO Equador 0° ORIENTAL sarmos em termos amplos, em tempos longos, em proR BRITÂNICA RIO MUNI ÁF CONGO OCEANO ÁFRICA cessos que passaram por muitas etapas, a ocupação da BELGA ORIENTAL ATLÂNTICO OCEANO ALEMÃ África por alguns países europeus teve as sementes lançaÍNDICO NIASSALÂNDIA ANGOLA das desde o início do comércio atlântico. Os acordos diploRODÉSIA ÁFRICA DO NORTE ORIENTAL MADAGASCAR máticos entre os países que participaram da Conferência e RODÉSIA PORTUGUESA ÁFRICA DO SUDOESTE 20°S DO SUL (MOÇAMBIQUE) decidiram nas mesas de negociação europeias quem ficaBECHUANATrópico de Capricórnio Milhares de trabalhadoras rurais participaram da Mar- combate à violência contra a mulher e incentivos à proBélgica LÂNDIA ria com que áreas estabeleceram que estas seriam definiBAÍA DE Grã-Bretanha cha das Margaridas em Brasília [agosto de 2015]. As mu- dução da agroecologia. WALVIS França SUAZILÂNDIA das pelos pontos de ocupação já existentes na vasta costa UNIÃO Alemanha BASUTOLÂNDIA lheres se reuniram nas ruas da capital federal para protestar SUL-AFRICANA garante a diversidade mesaatuadas pessoas Itália éa africana. Assim,“Quem foi a partir desses pontos, nosnaquais Portugal por mais educação e políticas públicas para o campo. agricultura é a produção das mulheres Espanha vam há séculos, que os familiar, países europeus começaram a to- e nós vieDomínio britânico Trabalhadoras rurais e pequenas agricultorasmar se conàs ruas exigindo mais fortalecimento com mais sus0 1090 2 180 km conta domos continente. Estados independentes centraram no Estádio Nacional. […] tentabilidade para o campo”, diz Alessandra Luna, [da] Além das relações diplomáticas e comerciais que exisSecretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag. de pesquisa: Philip’ s atlas of world history – concise edition. 2. ed. Elas cercaram o gramado da Câmara e do Senado tiampara entre chefes e comerciantes africanos e os euro- Fonte London: Philip’ s, 2007. p. 206. protestar contra a falta de incentivos à agriculturapeus familiar. No começo da tardefatores da terça-feira (12) o Congresso fez desde o século XVI, outros foram decisivos “As mulheres do campo são mais discriminadas do que as uma sessão especial em homenagem às margaridas. “Nós e Paris e a partir das quais se buscava ampliar o conhecina ocupação colonial do continente africano. O primeida cidade. Temos que ter agricultura familiar, temos que foi queremos umdo país avancepelos nos direitos, que garanta a mento sobre as regiões até então desconhecidas dos horo deles a exploração seuque interior europeus, dar condições pra que elas também tenham condições de democracia e que garanta o direito nosso de virmos aqui mens do Ocidente. Nessa época o exotismo, ou seja, a que conheciam bem a costa, mas quase nada além dela. viver bem no campo”, diz Susineide de Medeiros, presidennesse espaço e fazermos as denúncias necessáriasmaneira para ga- de viver e as expressões de outras culturas, era Os mapas anteriores ao século XIX mostram a geografia te do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. imaginária que rantir digna parafeita todas e todosfragmenos trabalhadores do na Europa, onde os estudiosos criavam muvalorizado elesvida construíram, de relatos nosso país”, diz Carmen Foro, vice-presidente da CUT. exploradores conquistado-temperatura do ar, pressão Essa é a quinta edição da marcha, que acontece a catados e de induções a partir do […]que conheciam na costa. O seus para abrigar objetos queem mapas queerepresentam coletavam em terras longínquas. da dois anos em Brasília, sempre no dia 12 de agosto. A de interesse De voltapelas ao Estádio Nacional as aumento matérias-primas quemargaridas o conti- seresencone precipitação. Todas as cores que impressionam nossas vistas são data marca o assassinato, em 1983, de Margarida traram compara a presidente Rousseff. No encontro, as do interesse por matérias-primas e mercados, nenteMapoderia oferecer alimentarDilma as novas necessidaAlém • Harmonia pelas cores vizinhas: é outra forma de se obtidas pela combinação do vermelho, amarelo e azul, ria Alves, presidente de um sindicato de trabalhadores trabalhadoras entregaram um documento com to- conhecimento do interior do continente e suas des das indústrias levou osrurais empresários da época de olho do maior harmonizar as cores (vizinhas) da Rosa cromática, deque são chamadas de cores primárias. Elas não podem na Paraíba. O tiro foi disparado por um dono de as reivindicações da marcha que de serão analisadas uma nosterras recursosdas naturais a investir em expedições explopenetração, de seguir que o quinino aju- anti-horário. […] Tanto a vendo-se um sentido ser obtidas por mistura e por isso rotas diz-sedeque são encon-da descoberta naquele estado. Neste ano [2015], a marcha ração pediuque o uniam a umaseus pelointeresses governo. […] à curiosidade de alguns cura da malária, umharmonia fator decisivo para a ocupa-como pelas cores vizinhas monocromática tradas puras na natureza. Quandodava elasnasão misturadas cientistas e aventureiros. daorigem África foi a invenção do rifle. [...] conjunto de Marsola, Flávia. G1, 13 ago. 2015. Disponível em: . Acesso em: 3 nov. 2015. fatoresDapouco a pouco a resistência africana, e os Os percursos dos principais rios da África, como o Niquia ou sequência. secundárias (laranja, verde e violeta). mistura das venceu europeus abriram• caminho à força lo, o Senegal, o Níger e o cores Congo, só foramcom revelados aos exércitos primárias as secundárias, também em partes Harmonia pelas para coresa peneopostas: é usada quando a intração dos comerciantes administradores coloniais, europeus no século XIX, iguais depoisede várias expedições decores duas a duas, surgem as terciárias (abóbora, e dos tenção é […] mostrar claramente que um fenômeno é agentes que iamde subjugando exploração. Na maior parte das vezes elas eram bancadas outro. […] as corsooposta é aquela que fica diapúrpura, anil, turquesa, limão e ouro). [...] de poderes distantesdiferente dominação. [...] por sociedades de geografia sediadas em Londres, Lisboa ciedades locais e impondo a sua metralmente contrária a uma outra na Rosa cromática, como o verde, por exemplo, que se encontra no vértice Cores e quentes Mello e Souza, Marina de. África e Brasil africano. frias São Paulo: Ática, 2007. p. 153-155. contrário ao do vermelho e vice-versa. [...] Cores frias são aquelas que vão do violeta ao verde na pArA DISCUTIr Rosa cromática. [Entre elas, estão o verde, o azul e o vioCores primárias Cores secundárias leta.] […] 1. Quais fatores levaramCores à partilha da África? laranja verde quentes são aquelas que vão do amarelo ao veramarelo 2. Além da conquistamelho pelas armas, colonizadores estratégia na Rosaoscromática. [Entreutilizaram-se elas, estão o da amarelo, o de ensinar a sua língua e a religião cristã aos laranja africanos. O que se pretendia com isso? Explique. e o vermelho.] […]

Não escreva no livro. Novas tecnologias e suas aplicações

• Explique, com base nas informações do capítulo e na sequência abaixo, SP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C05_066A073.indd 68

Informe A ocupação colonial na África

Em análise Traz atividades sobre a construção de procedimentos e conhecimentos geográficos, como a elaboração e interpretação cartográfica, no final de cada unidade.

40°O

Setup Bureau/ID/BR

135°L

Allmaps/ID/BR

1

2014, Google Earth/DigitalGlobe

90°L

João Miguel A. Moreira/ID/BR

45°L

60°O

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Disponível em: . Acesso: 28 jan. de 2016.



OCEANO GLACIAL ÁRTICO

70°O 60°O

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Diferentes formas de representação do espaço

A

Capítulo 16

100 000 000

menos de 1 000 000

Fusos horários

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: . Acesso em: 11 nov. 2015.

A leitura do mapa permite concluir que os países que • Há diversos tipos de representação cartográfica. Nomeie cada uma das têm maior volume de valores em exportações de alta representações apresentadas a seguir, resuma suas principais características e tecnologia estão concentrados na América do Norte, identifique sua finalidade. Europa e Ásia.

200 000 000

SP_GEO1_LA_PNLD18_U3_C12_156a161.indd 160

Coordenadas geográficas

135 601 531

elh

Ainda que reconheçam aspectos positivos na forma milhares de dólares como vivem osValores não em quilombolas, dona Luzia e a gran560 058 334 de maioria dos integrantes das comunidades ainda hoje

160

193 087 961

Cingapura

IC

Alemanha

Estados Unidos Movimentos da Terra 147 833 169Orientação

João Miguel A. Moreira/ID/BR

(emcom milhares de dólares) cada palavra-chave ou expressão abaixo, sintetizando as • Escreva frases

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OCEANO

e orientação geográfica

Valor

País

Chinainformações do capítulo.  560 058 334

IAL FRAN CESA

Síntese da Unidade

MaioresCapítulo exportadores de (2013) 15alta tecnologia Localização

Mundo – Exportação de alta tecnologia (2013)

Minha mãe, Maria Rosa, ganhou uma medalha da 180° 135°O 90°O 45°O mulher mais velha de Santa Luzia, ela morreu com 104 anos. Meu pai, Manuel Livino, por isso me chaCírculo Polare Ártico mam Luzia do Livino, morreu com 118 anos. […] Hoje em dia tem muito remédio, esses médicos não sabem de nada, dão remédio e a doença volta, antigamente gripe era hortelã batida e alho, e sempre comer direito. Veja só, antes,Trópico menino que ficava doente a gente fazia de Câncer o seguinte: queimava a roupa que ele estava vestido e defumava o menino, depois dava um pouco das cinzas OCEANO Equador pra ele beber e pronto, estava curado. ATLÂNTICO com água morna CaBral, Marcelo. O Quilombo do Norte e a fonte da juventude. Disponível em: PACÍFICO . Acesso em: 4 nov. 2015.

O modelo produtivo encontrado em muitas comunidades quilombolas é o da agricultura familiar de subsistência. Na foto, uma mulher quilombola prepara o beiju, feito a partir da mandioca, no Quilombo Maria Romana, Cabo Frio (RJ). Foto de 2015.

Os círculos podem chegar a cobrir uns aos outros. Para possibilitar a leitura, os menores sempre aparecem por cima dos maiores. Abaixo, damos um exemplo de tabela cujos dados es­ tão representados no mapa por meio de círculos propor­ cionais. Observe estes dados aplicados no mapa a seguir.

r Ve Ma

São atribuições do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) o reconhecimento, a demarcação e a titulação das terras quilombolas. Esse é o primeiro passo para a estabilização dessas comunidades. No entanto, muitas terras quilombolas são alvo de empresas extrativistas ou do agronegócio que justificam a expropriação dessas áreas em nome do progresso, da modernidade e do crescimento da economia nacional. É bastante difundida a visão de que apenas formas “modernas” de propriedade e de exploração do solo seriam capazes de produzir comercialmente, estas representariam o progresso; as comunidades quilombolas, o atraso. O modelo familiar de produção é vitimado pelo preconceito, sendo em geral associado a baixos rendimentos, baixa produtividade e agricultura de subsistência. Esse tipo de reflexão tende a conduzir a opinião pública a apoiar o favorecimento da grande propriedade, na ilusão de que assim seriam ampliados a produção, o uso de técnicas avançadas, os rendimentos, os empregos rurais, ao mesmo tempo barateando os alimentos.

IBGE/Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral/Instituto de Geociências Aplicadas de Minas Gerais

Brasil. Constituição, 1988. Disponível em: . Acesso em: 13 dez. 2015.

TOGO

Em análise

Construir e interpretar mapas com círculos proporcionais

Charles Sholl/Futura Press

A lei assegura a propriedade da terra às comunidades e não a indivíduos isolados. O direito à terra é compreendido como a conclusão do processo inacabado de abolição da escravidão, como reparação de uma dívida histórica existente. É conferido por ser a comunidade remanescente, isto é, por ter-se originado de um quilombo e ter mantido traços culturais ainda identificáveis Um mapa pode oferecer grande número de informa­ dessa origem. Por isso, o título da propriedade somenções que permitem conhecer melhor as características te pode ser coletivo e indivisível, o que diferencia da de determinado espaço. ideia de propriedade individual. Alguns mapas podem apresentar o caráter quanti­ A preservação das formas de organização social das tativo de um fenômeno e sua localização comunidades remanescentes de quilombos, assim como no espaço. É esse o objetivo do mapa geométricas das terras indígenas, é importante para com toda figuras a sociedaproporcionais quadrados, etc.). Esse mapa de brasileira. Essas formas (círculos, de organização são concepé mais indicado paraderepresentar ções, interpretações e maneiras lidar com aquantidades natureza absolu­ tas, como“moderno”. o número Podem de habitantes um país. Cada diferentes do padrão mostrarde outras mapa caminhos tem um tamanho, é determinado maneiras defigura ser e no apontar possíveis que de mupelafor quantidade do que está sendo representado. dança, quando necessário. figura mais paraà simbolizar éo O respeito àAdiferença decomum costumes, pluralidadequantidades de círculo, quededeixa bemé um claraaspecto a diferença entre os tama­ culturas, à diversidade valores considenhos. mostrar de umdemocrátifenômeno, um círculo, rado essencial emPara nossos dias aspectos para a prática representando é colocado no local on­ ca, sendo reafirmado peladeterminado Constituiçãovalor, brasileira. esse fenômeno ocorre. da terra caracteriza Não só adeideia de uso comum Umcomunidades círculo representando um valorEles é obrigatoria­ os membros das quilombolas atuais. mente outros colocado no local onde ocorre que o valor do fe­ partilham muitos conhecimentos e práticas nômeno representado. Novos círculos com valores os tornam portadores de uma cultura própria, que aindiferentes são aplicados em eoutros locaisafrido mapa, con­ da guarda muitas influências de usos costumes forme comenta a proporcionalidade se quer representar. canos. Conforme dona Luzia,do da que comunidade quilombola de Santa Luzia do Norte (Alagoas), na qual não raramente os idosos alcançam um século de vida:

Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

Informe e Mundo Hoje Seções destinadas ao desenvolvimento do senso crítico a partir, respectivamente, de textos científicos e textos jornalísticos, geralmente no final dos capítulos.

UA TO R

Propriedade coletiva e identidade cultural

EQ

quilombolas: direito à terra e respeito ao modo de vida Um quilombo representa a base para a sobrevivência física e cultural, o enraizamento social das pessoas que dele fazem parte em um território, e deve ser reconhecido pela sociedade como um patrimônio da cultura nacional. A presença de vários quilombos em todo o país ilustra algumas conquistas. A própria Constituição de 1988 estabelece que:

Meridiano de Greenwich

Presença da África e Presença Indígena Textos e atividades que valorizam a diversidade e combatem o preconceito e a discriminação ao longo dos capítulos.

Presença da África

Cesar Diniz/Pulsar Imagens

19.indd 115

M

Os boxes vinculados aos pilares contribuem para articular o tema estudado ao cotidiano (Conexão); refletir sobre a construção da cidadania e o convívio social (Ação e cidadania); e associar os estudos a outras áreas do conhecimento (Geografia e...).

Não escreva no livro.

1. Qual é a principal característica do Brasil no que se refere a sua estrutura fundiária? Como essa característica se consolidou?

rio que deságua noutro

ra ura

Para incluir esta página no sumário, clicar + shift + command na caixa com texto transparente abaixo

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Capítulo 1 – A formação do mundo capitalista

c c o h dro óg co

4/28/16 11:00 AM

Projeto Propõe a resolução de uma situação-problema, que promove a iniciativa e o compartilhamento de seus estudos. São apresentados dois projetos por ano, estruturados em páginas duplas.

DF

OCEANO PACÍFICO

GO

BOLÍVIA

MG

CHILE

Percentual de acessos em relação ao total da população

Fontes de pesquisa: Anatel. Disponível em: ; IBGE. Disponível em: . Acessos em: 30 nov. 2015.

238

mais de 20,1 de 15,1 a 20 de 10,1 a 15 de 5 a 10 até 5

OCEANO ATLÂNTICO ES

MS SP

PARAGUAI

20ºS

RJ Trópico

PR

de Capricórnio

SC ARGENTINA

RS

0

665

1 330 km

URUGUAI

Não escreva no livro.

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29/04/16 10:32

Geografia e... Relaciona a Geografia com outras disciplinas do Ensino Médio, por meio de textos, imagens e propostas de atividades em comum. 5

SP_GEO1_LA_PNLD18_ N C A S_003A005_APRES_ORGAN CACAO ndd 5

24 05 16 16 06

Sumário  Unidade 1 

A produção do espaço no capitalismo

Capítulo 3 O papel do comércio mundial............28

10

O renascimento comercial e urbano............. 13 As Grandes Navegações..............................................14 Desenvolvimento industrial e financeiro ........................................................................... 15 Características do sistema capitalista........ 15 A dificuldade de classificar os países .........16 Informe: A ocupação colonial na África .............................................................................17 Atividades ......................................................................18

A globalização e o comércio mundial ........ 29 Infográfico: A rede mundial de transportes ......................................................................30 Atividades ilegais e globalização.....................33 Grandes blocos comerciais .................................... 34 Protecionismo agrícola e abertura comercial ........................................................................... 38 Informe: As nações e o nacionalismo no novo século.............................................................39 Presença da África: No vaivém das caravelas lusas, a formação do eixo econômico do Atlântico .....................................40 Atividades ......................................................................42

Capítulo 2 A DIT e as revoluções industriais.......................................................................... 20

Capítulo 4 A inserção do Brasil na economia mundial .................................... 44

Capítulo 1 A formação do mundo capitalista................................................... 12

Xinhua/Wu Xintao/Corbis/Fotoarena

A DIT e a organização do espaço mundial ...........................................................21 A Primeira Revolução Industrial ......................22 A Segunda Revolução Industrial ......................23 A Terceira Revolução Industrial ....................... 24 Informe: As condições de trabalho e os trabalhadores na Primeira e na Segunda Revolução Industrial ...................25 Atividades ......................................................................26

A ocupação do território........................................... 45 A industrialização e a integração do território ..................................................................... 46 Características regionais do Brasil ......... 48 Presença Indígena: Xingu.............................52 Mundo Hoje: A globalização e a cultura brasileira.......................................................54 Informe: Agronegócio e o uso corporativo do território na Amazônia...........................................................................55 Atividades ......................................................................56 Capítulo 5 Circulação e transportes ........................58

O transporte marítimo ................................................ 59 O transporte hidroviário.......................................... 60 O transporte ferroviário .............................................61 As rodovias .............................................................................. 63 O transporte aéreo ..........................................................64 Mundo Hoje: A ineficiência da infraestrutura logística do Brasil ............65 Atividades ......................................................................66 Em análise: Construir e interpretar mapas com círculos proporcionais ......................................................................68 Síntese da Unidade .........................................................................................70 Vestibular e Enem .............................................................................................71 Geografia, Arte e Filosofia: Pessoas ao sol .........................74 Projeto: Exposição: “A multinacionais brasileiras”...............76

Bolsa de valores de Londres (em inglês, London Stock Exchange), Inglaterra. Foto de 2014. 6

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02/05/16 15:03

dinâmica da natureza

78

Capítulo 9 Hidrologia e hidrografia......................... 112

Capítulo 6 Estrutura geológica da Terra............. 80

Ciclo hidrológico ............................................................ 113 Bacias hidrográficas................................................... 114 Bacias hidrográficas brasileiras.................... 116 Informe: Visões distintas sobre a transposição do rio São Francisco..... 119 Oceanos e mares ............................................................ 120 Poluição das águas ...................................................... 122 Atividades ................................................................... 124

Estrutura da Terra .............................................................81 Eras geológicas ................................................................... 82 Teoria da tectônica de placas ............................. 83 Infográfico: Movimentos das placas tectônicas..........................................................................84 Terremotos e vulcanismo ........................................86 Minerais ...................................................................................... 87 Rochas .......................................................................................... 88 Estrutura geológica do Brasil ............................. 90 Informe: O Brasil e os terremotos.........93 Atividades ......................................................................94 Capítulo 7 Relevo ..................................................................................... 96

Agentes internos ou endógenos........................ 97 Agentes externos ou exógenos........................... 97 Formas do relevo ..............................................................98 Classificação do relevo brasileiro...................99 Processos de vertentes: erosão e movimentos de massa...................................... 101 A ação humana no relevo...................................... 102 Informe: Prevenção de riscos de deslizamentos em encostas....................... 103 Atividades .................................................................. 104 Capítulo 8 Os solos....................................................................106

Fatores de formação dos solos ....................... 107 Tipos de intemperismo e fertilidade dos solos ........................................................................ 108 Degradação dos solos ............................................. 109 Informe: Solos para a sustentabilidade da sociedade.............. 110 Atividades .................................................................. 111

Paisagem da Chapada Diamantina, em Caeté-Açu (BA). Foto 2015.

Em análise: Construir um perfil topográfico..................... 126 Síntese da Unidade ..................................................................................... 128 Vestibular e Enem ......................................................................................... 129 Geografia, História e Biologia: Povos pré-históricos e a megafauna sul-americana ............................. 132  Unidade 3  Espaço

agrário

134

Capítulo 10 O mundo rural ................................................. 136

Transformações no campo ..................................137 A diversidade no mundo rural ........................ 138 Diferenças na produção agrícola ................ 139 Sistemas de produção agrícola no mundo ...................................................................... 140 Mundo Hoje: 2050: A escassez de água em várias partes do mundo ameaça a segurança alimentar e os meios de subsistência ..................................... 143 Atividades ................................................................ 144

Andre Dib/Pulsar Imagens

 Unidade 2  A

7

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03/05/16 12:59

Sumário Capítulo 12 O campo e o acesso à terra.............. 156

Origens da concentração de terras............ 147 A organização agrária atual .............................. 148 A expansão das fronteiras agrícolas........ 149 Uso da terra no Brasil .............................................. 149 Presença Indígena: Os indígenas isolados........................................................................... 150 Informe: A agricultura e o Código Florestal.......................................................................... 152 Mundo Hoje: As experiências de produção e vida no assentamento Vitória ............................................................................... 153 Atividades .................................................................. 154

Relações de poder no campo: coronelismo .................................................................157 A reforma agrária e as lutas sociais no campo ....................................................................... 158 O “novo rural” brasileiro ...................................... 159 Presença da África: Quilombolas: direito à terra e respeito ao modo de vida.............................................................................. 160 Mundo Hoje: Trabalhadoras rurais protestam por políticas públicas e mais educação ......................................................... 162 Informe: A compreensão sobre o rural no Brasil........................................................... 163 Atividades .................................................................. 164

João Prudente/Pulsar Imagens

Capítulo 11 O espaço rural brasileiro...................... 146

A modernização da agricultura no Brasil .......................................................................... 167 As relações de trabalho........................................... 168 Agricultura familiar..................................................... 169 O agronegócio ................................................................... 170 Mundo Hoje: Principal gargalo para a competitividade do agronegócio brasileiro é o escoamento da produção............................. 171 Atividades ............................................... 172 Ricardo Teles/Pulsar Imagens

Cultivo de hortaliças em Santa Bárbara (MG). Foto de 2014.

Capítulo 13 A modernização da agricultura..................................................... 166

Mudas de cana-de-açúcar em estufa, Goianápolis (GO). Foto de 2015. 8

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02/05/16 15:03

Capítulo 14 Brasil: potência agropecuária......... 174

Matérias-primas..............................................................175 A produção de alimentos.......................................175 A questão dos alimentos e da fome...........176 A produção de biocombustíveis.....................177 A indústria de equipamentos agrícolas ........................................................................ 178 Informe: Como biocombustíveis poderiam afetar a segurança alimentar?..................................................................... 179 Atividades .................................................................. 180

 Unidade 4  A

representação do espaço produzido

192

Capítulo 15 Localização e orientação geográfica .............................................................. 194

Vestibular e Enem ......................................................................................... 185 Geografia, Biologia e Química: Transgênicos e biotecnologia................................................................................................... 188

Orientação............................................................................ 195 Coordenadas geográficas.....................................196 As coordenadas no globo e no planisfério............................................................ 197 Infográfico: Parque do Solstício......... 198 Fusos horários ................................................................. 200 Mundo Hoje: O que é relógio biológico? / É verdade que o horário de verão atrapalha o funcionamento do organismo?............... 202 Informe: A importância dos mapas................................................................................ 203 Atividades .................................................................. 204

Projeto: Os impactos das atividades agropecuárias .................................................................................................................190

Capítulo 16 Diferentes formas de representação do espaço.................. 206

Em análise: Interpretar mapas de uso do solo .............. 182 Síntese da Unidade ..................................................................................... 184

Borchi-Ana/Only World/Only France/AFP

Informação e representação do espaço........................................................................207 A importância da cartografia........................... 208 Projeções cartográficas.......................................... 209 As diferentes escalas................................................ 210 A cartografia de base.................................................211 A cartografia temática............................................. 213 Construção e leitura de gráficos................... 217 Informe: A ideologia dos mapas......... 219 Atividades .................................................................. 220 Capítulo 17 Novas tecnologias e suas aplicações.......................................... 222

O sensoriamento remoto....................................... 223 As aerofotografias ........................................................ 224 Informe: Estrutura das imagens de sensoriamento remoto.................................... 226 O sistema de posicionamento global ...........227 Os sistemas de informação geográfica e geoprocessamento ............ 228 Mundo Hoje: Cartografia tátil: mapas para deficientes visuais............. 229 Atividades .................................................................. 230 Em análise: Fazer um mapa temático ...................................... 232 Síntese da Unidade ..................................................................................... 234 Vestibular e Enem ......................................................................................... 235 Geografia e Arte: As cores e seu uso em mapas.......... 238 Referências bibliográficas................................................................... 239 Siglas dos exames e das universidades.............................. 240 Detalhe da maquete de Shangai, em Shangai (China). Foto de 2013. 9

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02/05/16 15:03

unidade

1 Nesta unidade 1 A formação do mundo capitalista 2 A DIT e as revoluções industriais 3 O papel do comércio mundial 4 A inserção do Brasil na economia mundial 5 Circulação e transportes

A produção do espaço no capitalismo Após a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1991, o capitalismo ampliou seu domínio e as economias nacionais tornaram-se cada vez mais interdependentes. Apesar do crescimento econômico e do aumento da utilização dos sistemas de informação, as crises também tornaram-se mais intensas e abrangentes. Em 2008, por exemplo, uma grave recessão econômica iniciou-se nos Estados Unidos e se estendeu à maioria dos países do mundo nos anos subsequentes. A crise causou enorme crescimento do desemprego, em especial na Europa, onde diversos países enfrentavam dificuldades financeiras, e fez com que multidões fossem às ruas para protestar. Questões para refleTIR

Imagem da página ao lado: Em 2015, com cerca de 25% de sua população desempregada, a Grécia vivenciava um período de grave recessão econômica, cujas origens são anteriores à crise mundial de 2008. Manifestação popular em Atenas. Foto de 2015.

1. Além do desemprego, que outros impactos as crises econômicas podem ter na vida das pessoas? 2. Comente o papel das tecnologias na mobilização das populações.

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capítulo

Paul Thomas/Bloomberg/Getty Images

Royal Mail Group Ltd/The Postal Museum/Bridgeman Images/Easypix

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A formação do mundo capitalista

o que você vai estudar O renascimento comercial e urbano. As Grandes Navegações. Desenvolvimento industrial e financeiro Características do sistema capitalista. A dificuldade de classificar os países

Funcionárias de um banco no início do século XX, em Londres, Reino Unido. Foto de 1934.

Pessoas em terminal de autoatendimento bancário no início do século XXI, em Manchester, Reino Unido. Foto de 2015.

As atividades humanas agem sobre a natureza, transformando-a em espaço geográfico. O espaço geográfico é, assim, o espaço produzido e organizado pelo trabalho humano, e nele ocorrem as relações sociais. A capacidade de transformação da natureza depende do desenvolvimento técnico de um grupo social. Para o geógrafo Milton Santos, dá-se o nome de técnica a um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais o ser humano realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaços. Nos últimos séculos, o desenvolvimento das técnicas tem se acelerado de maneira intensa, promovendo novos arranjos espaciais e a formação ou transformação do espaço geográfico. Neste capítulo, veremos como o modo de produção capitalista, predominante no mundo atual, estruturou-se a partir do desenvolvimento do comércio, da indústria, dos transportes e das comunicações e desse modo reconfigurou o espaço geográfico. Responda às questões a seguir. 1. Você concorda com a afirmação de que a capacidade de transformação da natureza pela sociedade depende de seu desenvolvimento técnico? Justifique. 2. Com um colega, levante hipóteses sobre as principais diferenças no sistema bancário nos dois períodos representados pelas imagens acima. 12

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O renascimento comercial e urbano Durante o período feudal, a maior parte da população do continente europeu habitava as áreas rurais. Nesse período, o comércio restringia-se aos bens que não eram produzidos nos feudos, como sal, vinho e metais. Esse comércio era feito com a utilização de moedas e também por meio de troca de mercadorias, prática chamada de escambo. No sistema feudal, o poder era descentralizado. Havia reis, mas eles tinham pouca influência sobre os senhores feudais, que exerciam o controle sobre seus domínios. A partir do século XII, começaram a ser definidas as fronteiras nacionais na Europa Ocidental. Esse processo esteve relacionado ao fortalecimento do poder dos reis, à delimitação dos territórios e à consolidação de organizações políticas centralizadas sob a forma de Estados. Portugal, França, Inglaterra e Espanha foram os primeiros Estados Nacionais a serem constituídos. Seus territórios já eram muito semelhantes aos de hoje. Na mesma época, foram adotadas na agricultura algumas inovações tecnológicas, entre elas a charrua, arado de ferro mais eficiente que o de madeira. Essas inovações levaram à ampliação das áreas cultivadas e ao aumento da produtividade, possibilitando a produção de ex­cedentes, que passaram a ser comercializados. As cidades da península Itálica (Veneza, Gênova e Pisa), que se mantiveram como ativos centros urbanos durante a Idade Média, graças ao comércio com o Oriente, intensificaram suas atividades, e produtos como a seda e as especiarias passaram a ser largamente comercializados.

Burguesia: camada social formada na Europa, nos séculos XII e XIII, e que se dedicava, sobretudo, ao comércio. Os burgueses eram assim chamados porque moravam nos burgos, nome dado às cidades e aos povoados da época.

O desenvolvimento do comércio entre os séculos XIII e XV impulsionou o crescimento de diversas cidades, muitas das quais formadas durante o Império Romano. As localidades onde se realizavam as feiras, na Idade Média, serviram, por sua vez, de polos de atração e deram origem a muitos centros urbanos. Nas cidades em expansão houve a formação de um novo grupo social: a burguesia. Ricos comerciantes, eles se tornaram o grupo dominante. Com os burgueses, o valor de venda passou a ser superior ao custo do produto: era o surgimento do lucro, que propiciou um grande acúmulo de riqueza pela burguesia. Iniciava-se, assim, a primeira fase do capitalismo – o capitalismo comercial ou mercantil. Mercadores de frutas e grãos. Detalhe de pintura em papiro de Cristoforo de Predis, 1470. Dimensões não disponíveis.

Assista

saiba mais O nascimento do sistema bancário À medida que o comércio crescia, alguns mercadores europeus se especializaram em operações financeiras, e surgiram alguns tipos de papéis, como as letras de câmbio, contratos escritos que serviam como pagamento em uma transação comercial. Com isso, os comerciantes não precisavam mais levar dinheiro em suas viagens. Um fator que fez os bancos crescerem foi a aceitação pela Igreja da usura – a cobrança de juros em casos de empréstimo.

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Bridgeman Images/Easypix

O crescimento das cidades

Período feudal: período entre os séculos V e XV em que, na Europa, predominou um modo de organização político e social baseado nas relações entre senhor feudal e servos. Os senhores feudais exerciam pleno poder em seus feudos (unidades básicas de produção).

O mercador de Veneza. Direção de Michael Radford, EUA, 2004, 138 min. O filme, cuja história se passa no século XVI, é uma adaptação da peça homônima de Shakespeare.

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As Grandes Navegações

As inovações tecnológicas e a cartografia

Capítulo 1 – A formação do mundo capitalista

Em fins do século XIII, os europeus aperfeiçoaram suas cartas náuticas, produzindo os portulanos (ver abaixo), mapas que representavam sobretudo a costa dos continentes e que traziam as rotas de viagem traçadas com linhas no próprio mapa. No século XIV, os árabes levaram para a Europa vários instrumentos que utilizavam na navegação, como a bússola, o astrolábio e o quadrante. Invenção chinesa, a bússola, por exemplo, permitia a definição de rumos em alto-mar. No século XV, os portugueses desenvolveram a caravela, embarcação leve e ágil, com velas triangulares, que possibilitava a

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navegação sem vento a favor, uma grande conquista para a época. Em 1453, quando os turcos ocuparam Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), passaram a dificultar a circulação de navios pelo mar Mediterrâneo, prejudicando o comércio entre a Europa e o Oriente. Para garantir o suprimento de mercadorias para o continente, os europeus procuraram descobrir novas rotas comerciais. Os portugueses, com grande domínio das técnicas de navegação, chegaram então às ilhas dos Açores, da Madeira e de Cabo Verde e alcançaram o sul da África. Navegando próximo à costa africana, foram estabelecendo várias feitorias no continente. No final do século XV, Cristóvão Colombo, a serviço da Coroa espanhola, atingiu as Antilhas, na América Central e, em 1500, uma esquadra portuguesa chegou à costa do atual território brasileiro. A posse e a ocupação das novas terras representaram uma importante medida para a consolidação da política mercantilista. Era o início da colonização das terras que viriam a ser chamadas de Novo Mundo, processo feito à base da exploração dos recursos naturais das colônias e do extermínio ou escravização dos povos nativos. A colonização organizou espaços de produção e definiu o papel das novas colônias na economia mundial. Instituto Cultural Banco Santos. Fotografia: ID/BR

Em um cenário de efervescência comercial e urbana, os capitais se acumulavam nas mãos dos burgueses. Outros acontecimentos contribuíram, por sua vez, para a expansão do comércio na Europa e em outros lugares do mundo. Em termos geográficos, o reconhecimento da esfericidade da Terra significou uma grande mudança pois, a partir de então, podia-se supor que, saindo da Europa e viajando sempre na mesma direção, os navegadores dariam uma volta na Terra e retornariam ao lugar de origem, o que estimulou a expansão marítima.

Feitoria: construção fortificada, em geral localizada na costa, para armazenamento dos bens da colônia que seriam embarcados em navios para serem comercializados na Europa. Política mercantilista: política econômica desenvolvida pelos estados nacionais europeus entre os séculos XVI e XVIII, segundo a qual a riqueza de um Estado deveria ser medida pela quantidade de metais preciosos que este possuía.

Leia África: terra, sociedades e conflitos, de Nelson Bacic Olic e Beatriz Canepa. São Paulo: Moderna, 2004. A obra traz informações sobre povos, etnias e tradições antigas do continente, além de descrever seu processo de colonização.

Assista 1492: a conquista do paraíso. Direção de Ridley Scott, EUA, 1992, 154 min. O filme narra a viagem de Cristóvão Colombo à América.

O extremo oriente do Mediterrâneo e parte do mar Negro, em mapa do Atlas-portulano veneziano, do cartógrafo francês Jean-François Roussin, 1673. Não escreva no livro.

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Desenvolvimento industrial e financeiro te, e as empresas abriram seu capital com a venda de ações nas bolsas de valores. Dessa maneira, teve início a fase do capitalismo monopolista ou financeiro, na qual vivemos ainda hoje. Xinhua/Wu Xintao/Corbis/Fotoarena

A partir do século XVIII, o sistema de produção europeu passou por significativas transformações. A Revolução Industrial, processo de profundas inovações tecnológicas e de intensas mudanças econômicas e sociais, teve início na Inglaterra, país europeu que obteve os melhores resultados com as políticas mercantilistas. A Revolução Industrial deu novo impulso ao sistema capitalista, inaugurando a fase do capitalismo industrial. A começar pela Inglaterra, esse sistema foi adotado pela maioria dos países da Europa Ocidental e pelos Estados Unidos, estendendo-se para grande parte do mundo nos séculos XIX e XX. A expansão do capitalismo foi realizada por meio da expansão imperialista, caracterizada pelo domínio territorial das nações economicamente mais fortes sobre outras. Nesse período, os países europeus formaram ou ampliaram seus domínios na África e na Ásia com o objetivo de conseguir mais matérias-primas e novos mercados consumidores para as indústrias europeias. No final do século XIX, nos países mais industrializados, teve início a formação de monopólios: grandes empresas passaram por um processo de fusão com o objetivo de controlar o mercado. Era o nascimento das multinacionais (ou transnacionais). Novamente o sistema capitalista se re­ formulava. Os bancos e as instituições financeiras assumiram um papel dominan-

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Expansão imperialista: neste contexto, designa o processo, iniciado no século XIX e comandado sobretudo por países europeus, de formação ou ampliação dos domínios coloniais na África, na Ásia e na América. Monopólio: neste contexto, designa uma situação específica de mercado em que uma empresa ou um pequeno número de empresas domina o mercado.

A London Stock Exchange foi fundada em 1801 e, na atualidade, é a quarta maior bolsa de valores do mundo. À sua frente, estão a bolsa de Nova York, a Nasdaq (ambas nos Estados Unidos) e a bolsa de valores de Tóquio, no Japão. Foto de 2014.

Características do sistema capitalista Alguns elementos estruturais estão presentes no capitalismo, de modo geral, desde sua origem: ••Predomínio da propriedade privada dos meios de produção, ou seja, terras, fábricas, minas, bancos, etc. ••Atividades econômicas desenvolvidas com o objetivo de obter lucro. ••Divisão da sociedade em classes e principalmente a divisão entre os capitalistas (donos dos meios de produção) e os trabalhadores (que vendem sua força de trabalho para os capitalistas). Essa divisão em classes é fator de concentração de renda, que se intensifica em países menos desenvolvidos.

Bolsa de valores: instituição na qual se negociam papéis que representam uma parte do capital de empresas privadas e estatais. Os papéis de empresas privadas são chamados de ações e os do governo denominam-se títulos.

••Relações de trabalho com o predomínio

do trabalho assalariado. Os que não são donos dos meios de produção vendem sua força de trabalho em troca de salário. ••Crises cíclicas que ocorrem em determinados momentos históricos devido a fatores relacionados à superprodução, à especulação financeira ou a problemas políticos. Algumas crises podem ser lembradas, como a do final do século XIX (1874), a do início do século XX (1929) e a que se iniciou em 2008. ••Concentração de capitais em determinados países, caracterizando-os como centrais economicamente, intensificando a desigualdade nas relações entre tais países e os demais.

Assista Capitalismo: uma história de amor. Direção de Michael Moore, EUA, 2009, 127 min. O documentário aborda criticamente o sistema econômico nos Estados Unidos durante o período da crise econômica de 2008. Trabalho interno. Direção de Charles Ferguson, EUA, 2010, 105 min. O documentário mostra as origens da crise de 2008 e seus efeitos em países como Islândia, França, China e Estados Unidos.

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A dificuldade de classificar os países NE

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Capítulo 1 – A formação do mundo capitalista

Meridiano de Greenwich

NO

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Após o final da Segunda Guerra Mundial Economias desenvolvidas, em desenvolvimento e em transição (1939‑1945), as diferenças socioeconômi‑ 180° 135°O 90°O 45°O 0° 45°L 90°L 135°L 180° cas e tecnológicas entre os países torna‑ OCEANO GLACIAL ÁRTICO Círculo Polar Ártico ram-se muito evidentes. Nesse momento, consolidava-se o capitalismo financeiro e 45°N alguns países com maior desenvolvimento OCEANO ATLÂNTICO Trópico de Câncer econômico e tecnológico passaram a exer‑ OCEANO cer hegemonia sobre os demais. PACÍFICO Equador 0° Na segunda metade do século XX, cien‑ OCEANO OCEANO PACÍFICO tistas, entre eles geógrafos, analisaram as ÍNDICO Trópico de Capricórnio transformações do espaço geográfico mun‑ dial e classificaram os países em desenvol45°S vidos e subdesenvolvidos. OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO Círculo Polar Antártico Foram considerados desenvolvidos os países de economia industrializada, cen‑ Economias desenvolvidas trais nas decisões políticas mundiais, e com Economias em transição 0 4 070 8 140 km Economias em desenvolvimento boa qualidade de vida. Os países subdesen‑ volvidos eram aqueles com fraca industria‑ lização, exportações com base em matérias-primas agrícolas ou minerais Fonte de pesquisa: Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). e forte dependência tecnológica. Nesses países, a maioria da população Disponível em: . Acessos em: 6 mar. 2016. aos considerados subdesenvolvidos. Entre esses fatores, podemos citar, por exemplo, o processo de reestruturação econômica, política e social vivenciado pelas antigas repúblicas soviéticas. As economias capitalistas antes consideradas subdesenvolvidas e pe‑ CONEXÃO riféricas apresentam na atualidade uma complexidade de cenários, o que leva ao questionamento da classificação mencionada anteriormente. A redução da pobreza no Brasil Como considerar, por exemplo, hoje em dia, o Brasil e o México paíEm 2000, a Organização das Nases de fraca industrialização? Como classificar a China, considerada ho‑ ções Unidas (ONU), com o apoio de je a segunda maior economia do mundo, um país subdesenvolvido? 189 nações, estipulou oito metas Atualmente, de acordo com a Unctad (sigla, em inglês, para Confe‑ conhecidas como Objetivos de Derência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), os paí‑ senvolvimento do Milênio (ODM). ses poderiam ser organizados em economias desenvolvidas, em tranAté 2015, os países participantes sição e em desenvolvimento (veja o mapa acima). do grupo se comprometeram, por De acordo com a Unctad, os países que concentram os maiores volu‑ exemplo, a reduzir a pobreza extremes de capital e nos quais a maior parte da população tem boas condi‑ ma em seus territórios à metade dos ções de vida, como os Estados Unidos, o Japão e vários países da Euro‑ níveis mundiais de 1990. pa Ocidental, são classificados como economias desenvolvidas (países Para os ODM, são pessoas extrericos). Os países da ex-URSS configuram economias em transição, em mamente pobres aquelas que vivem razão do processo de reestruturação que enfrentam. Já os países antes com menos de 1,25 dólar por dia. Em considerados subdesenvolvidos compõem o grupo das economias em 1990, 25,5% da população brasileira desenvolvimento, dentro do qual há realidades bastante distintas. Há vivia nessas condições. Já em 2012, o Brasil reduziu essa porcentagem para economias muito frágeis e com baixos índices de desenvolvimento hu3,5%. Essa expressiva mudança demano (como as do Haiti, da Nigéria e do Afeganistão) e outras em cres‑ ve-se em grande parte ao crescimencimento e com industrialização importante, mas ainda com graves pro‑ to econômico e a políticas de transblemas sociais (como as do México, da China e do Brasil), chamadas ferência de renda ocorridos no país. de economias ou mercados emergentes. A Unctad também conside‑ 1. Em grupo, relacione essa expresra emergentes alguns países em transição, como a Rússia, por exemplo. siva redução da pobreza extrema no Brasil à classificação do país Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): medida utilizada pela Organização das como uma economia em desenNações Unidas para indicar as condições de vida da população de um país. O cálculo é feito a volvimento. partir de dados de expectativa de vida, grau de escolaridade e renda per capita.

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Informe A ocupação colonial na África 20°O



20°L

EUROPA

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MARROCOS ESPANHOL

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Meridiano de Greenwich

OCEANO ATLÂNTICO

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João Miguel A. Moreira/ID/BR

A partilha da África (1885)

M

[…] A África só começou a ser ocupada pelas potências europeias exatamente quando a América se tornou independente, quando o antigo sistema colonial ruiu, dando lugar a outras formas de enriquecimento e desenvolvimento das economias mais dinâmicas, que se industrializavam e ampliavam seus mercados consumidores. Nesse momento foi criado um novo tipo de colonialismo, implantado na África a partir do final do século XIX, depois da Conferência de Berlim, que em 1885 dividiu o continente africano entre Portugal, Espanha, Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Bélgica [ver mapa ao lado]. A divisão, contudo, não foi feita de uma só vez. Se pensarmos em termos amplos, em tempos longos, em processos que passaram por muitas etapas, a ocupação da África por alguns países europeus teve as sementes lançadas desde o início do comércio atlântico. Os acordos diplomáticos entre os países que participaram da Conferência e decidiram nas mesas de negociação europeias quem ficaria com que áreas estabeleceram que estas seriam definidas pelos pontos de ocupação já existentes na vasta costa africana. Assim, foi a partir desses pontos, nos quais atuavam há séculos, que os países europeus começaram a tomar conta do continente. Além das relações diplomáticas e comerciais que existiam entre chefes e comerciantes africanos e os europeus desde o século XVI, outros fatores foram decisivos na ocupação colonial do continente africano. O primeiro deles foi a exploração do seu interior pelos europeus, que conheciam bem a costa, mas quase nada além dela. Os mapas anteriores ao século XIX mostram a geografia imaginária que eles construíram, feita de relatos fragmentados e de induções a partir do que conheciam na costa. O aumento de interesse pelas matérias-primas que o continente poderia oferecer para alimentar as novas necessidades das indústrias levou os empresários da época de olho nos recursos naturais a investir em expedições de exploração que uniam seus interesses à curiosidade de alguns cientistas e aventureiros. Os percursos dos principais rios da África, como o Nilo, o Senegal, o Níger e o Congo, só foram revelados aos europeus no século XIX, depois de várias expedições de exploração. Na maior parte das vezes elas eram bancadas por sociedades de geografia sediadas em Londres, Lisboa

RIO MUNI

ÁF

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CONGO BELGA

ANGOLA

SOMÁLIA ÁFRICA ITALIANA ORIENTAL BRITÂNICA

ÁFRICA ORIENTAL ALEMÃ

RODÉSIA DO NORTE



OCEANO ÍNDICO

NIASSALÂNDIA

ÁFRICA ORIENTAL MADAGASCAR RODÉSIA PORTUGUESA 20°S DO SUL (MOÇAMBIQUE) BECHUANATrópico de Cap ricórnio LÂNDIA

ÁFRICA DO SUDOESTE

Bélgica Grã-Bretanha França Alemanha Itália Portugal Espanha Domínio britânico Estados independentes

BAÍA DE WALVIS

SUAZILÂNDIA

UNIÃO SUL-AFRICANA

BASUTOLÂNDIA

0

1090

2 180 km

Fonte de pesquisa: Philip’ s atlas of world history – concise edition. 2. ed. London: Philip’ s, 2007. p. 206.

e Paris e a partir das quais se buscava ampliar o conhecimento sobre as regiões até então desconhecidas dos homens do Ocidente. Nessa época o exotismo, ou seja, a maneira de viver e as expressões de outras culturas, era valorizado na Europa, onde os estudiosos criavam museus para abrigar objetos que exploradores e conquistadores coletavam em terras longínquas. Além do interesse por matérias-primas e mercados, do maior conhecimento do interior do continente e suas rotas de penetração, da descoberta de que o quinino ajudava na cura da malária, um fator decisivo para a ocupação da África foi a invenção do rifle. [...] Esse conjunto de fatores pouco a pouco venceu a resistência africana, e os exércitos europeus abriram caminho à força para a penetração dos comerciantes e dos administradores coloniais, agentes de poderes distantes que iam subjugando as sociedades locais e impondo a sua dominação. [...]

Mello e Souza, Marina de. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2007. p. 153-155.

para DISCUTIR

1. Quais fatores levaram à partilha da África? 2. Além da conquista pelas armas, os colonizadores utilizaram-se da estratégia de ensinar a sua língua e a religião cristã aos africanos. O que se pretendia com isso? Explique.

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Revendo conceitos 1. Qual é a relação entre o desenvolvimento técnico e a transformação da natureza? 2. O que é espaço geográfico?

180°

0° 45°L 90°L 135°L OCEANO GLACIAL ÁRTICO

NO

NE

SO

SE

180°

45°N

OCEANO PACÍFICO

Equador OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio

5. O que caracteriza a fase do capitalismo financeiro? 6. Selecione e explique duas características do sistema capitalista.

Círculo Polar Antártico

7. Como estão divididas as classes sociais no sistema capitalista?

Limite internacional

8. Quais são as principais características das chamadas economias desenvolvidas?

0° OCEANO ÍNDICO

45°S OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0

5 090

10 180 km

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 32.

a) Que conjunto formam os países destacados? b) Quais são as características comuns a esses países? c) Dê um título ao mapa.

9. Por que quase todas as antigas economias socialistas podem ser classificadas atualmente como economias em transição?

12. Analise a tabela e responda às questões.

Lendo mapas e tabelas 10. Observe os dois mapas a seguir. Eles representam o mundo conhecido pelos europeus, respectivamente, por volta de 1450 e 1550. Com um colega, comparem os mapas e discutam sobre as causas de sua ampliação.

IDH dos 10 maiores PIBs mundiais (2014)

Carlos Henrique/ID/BR

Reprodução de planisférios de 1450 e 1550

Fonte de pesquisa: Bendjebbar, André; Besnier, Martine. Multilivre. Paris: Hachette, 1996. p. 53.

45°O

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

4. De que forma a exploração das colônias esteve relacionada ao desenvolvimento do capitalismo?

1550

90°O

Círculo Polar Ártico

3. Que fatores e inovações tecnológicas favoreceram a expansão marítima dos europeus?

1450

135°O

João Miguel A. Moreira/ID/BR

11. Compare o mapa abaixo com o da página 16 e responda às questões.

Meridiano de Greenwich

Atividades

País

PIB (bilhões de dólares)

Estados Unidos

17 419

China

10 354

Japão

4 601

Alemanha

3 868

Reino Unido

2 988

França

2 829

Brasil

2 346

Itália

2 141

Índia

2 048

Rússia

1 860

IDH 0,915 (Desenvolvimento humano muito elevado)

0,727 (Desenvolvimento humano elevado)

0,891 (Desenvolvimento humano muito elevado)

0,916 (Desenvolvimento humano muito elevado)

0,907 (Desenvolvimento humano muito elevado)

0,888 (Desenvolvimento humano muito elevado)

0,755 (Desenvolvimento humano elevado)

0,873 (Desenvolvimento humano muito elevado)

0,609 (Desenvolvimento humano médio)

0,798 (Desenvolvimento humano elevado)

Fontes de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: ; Pnud. Relatório do Desenvolvimento Humano 2015. Disponível em: . Acessos em: 8 abr. 2016.

a) Classifique os países de acordo com a proposta apresentada na página 16.

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15. Analise, na paisagem retratada a seguir, a relação entre técnica e transformação da natureza. Alexandr Kryazhev/RIA Novosti/AFP

b) Comparando o PIB e o IDH de cada país, reflita por que a riqueza econômica não significa necessariamente desenvolvimento humano muito elevado.

Interpretando textos e imagens

Coleção Dona Thereza Christina Maria/Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ/ID/BR

13. Compare as duas fotografias da Ponte Boa Vista em Recife e comente os fatores que diferenciam a organização do espaço geo­gráfico retratado.

Bobby Fabisak/JCImagem/Folhapress

Foto de 1885.

Foto de 2013.

Fonte: Historical and descriptive account of the caricatures of James Gillray. London: H. Humphrey, 1805. p. 240. Fotografia: ID/BR

14. Observe a charge. É possível estabelecer alguma relação entre essa imagem e o conteúdo do capítulo? Justifique sua resposta.

No século XVIII, o primeiro-ministro britânico William Pitt e Napoleão “repartem” o mundo no contexto do bloqueio continental, em que Napoleão impede que as nações europeias sob seu domínio comercializem com a Inglaterra, que reparte as terras a oeste do oceano Atlântico.

Abertura de estrada em Novosibirsk, Rússia. Foto de 2015.

16. Leia o texto a seguir e responda às questões. A Europa entra em seu sétimo ano de crise e, se o Produto Interno Bruto (PIB) deixou de sofrer uma forte contração, o continente substituiu a recessão por uma longa estagnação, sem data para terminar. No ritmo atual, as próprias projeções da União Europeia indicam que o bloco apenas voltará a ter os índices econômicos de 2007 em 2020. Em sete anos, o que era uma crise dos bancos virou uma crise social, com políticas de austeridade tendo um impacto profundo numa sociedade que há décadas não sabia o que era uma crise. Com as projeções de que a estagnação vai continuar, o que se observa é um novo rosto da Europa, redefinida ao longo dos anos pela crise. [...] Para a Unicef, as famílias europeias deram “um grande salto para trás” desde 2008. Hoje, a renda média das famílias no Reino Unido regrediu em seis anos. Na Grécia, as famílias voltaram ao que ganhavam há 14 anos. Na Espanha e na Irlanda, a perda foi de dez anos, contra oito na Itália. […] Chade, Jamil. Crise na Europa entra no sétimo ano. O Estado de S. Paulo, 4 jan. 2015. Disponível em: . Acesso em: 25 set. 2015.

a) Como explicar a evolução da “crise dos bancos” para “crise social”? b) Como é possível interpretar a afirmação “as famílias europeias deram ‘um grande salto para trás’”? 19

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capítulo

2

A DIT e as revoluções industriais Atualmente, existe um sistema de relações de produção e de comércio que envolve o mundo, constituindo uma economia mundial. Nessa integração econômica, verifica-se que os países desempenham papéis distintos nessas relações de produção e comércio, participando de uma Divisão Internacional do Trabalho (DIT). A ocorrência da DIT está relacionada tanto ao grau de desenvolvimento das forças produtivas e dos diferentes níveis da estrutura econômica entre os países quanto à diversidade do meio natural, à história e às condições sociais de cada país. A DIT marcou a organização do espaço sob o capitalismo. Na atuaForça produtiva: lidade, as economias desenvolvidas exercem poder sobre as econoconjunto dos meios mias em desenvolvimento, ainda que várias destas tenham vivenciado de produção, ou seja, ferramentas, um processo de industrialização. Em muitos países em desenvolviinstrumentos mento, por exemplo, a economia está fundamentada fortemente na e máquinas utilizados na atividade agrícola. O preço dos produtos agrícolas — e também de produção, terras outros produtos primários, como os minérios — é em geral muito mais e os próprios baixo que o preço dos produtos industrializados. Com isso, esses paítrabalhadores. ses se inserem na DIT em condições de grande desvantagem.

o que você vai estudar Divisão Internacional do Trabalho. Organização do espaço mundial. A Primeira, a Segunda e a Terceira Revolução Industrial.

180°

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João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Exportação de produtos primários e industrializados (2012) 180°

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

NO

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Círculo Polar Ártico

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OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO

Equador

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Parte do total das exportações de mercadorias (%) Produtos primários

Meridiano de Greenwich



OCEANO PACÍFICO

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de 50 a 75 mais de 75

Produtos industrializados de 50 a 75

Círculo Polar Antártico

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

mais de 75

0

sem dados

2 540

5 080 km

Fonte de pesquisa: Ferreira, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo: Moderna, 2013. p. 53.

Analise o mapa acima e responda. 1. O que significa dizer que há países que se inserem na DIT em condições de grande desvantagem? 2. Elabore hipóteses sobre o papel dos países do continente africano na DIT. 20

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A DIT e a organização do espaço mundial Podemos identificar quatro momentos centrais em relação à Divisão Internacional do Trabalho e à organização do espaço mundial. Na Primeira Revolução Industrial, o papel principal das colônias era o de fornecedor de matérias-primas e consumidor dos produtos industrializados. A Segunda Revolução Industrial marcou uma redivisão do mundo, pois novas potências se formaram (como a Alemanha e os Estados Unidos) e passaram a partilhar o mundo colonial. Os demais países tornaram-se área para a exportação de capitais e atuação dos monopólios das novas potências. Situação essa que favoreceu o desenvolvimento da industrialização em alguns desses países, como o Brasil e a Argentina. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a formação do bloco socialista, novos interesses geopolíticos passaram a prevalecer no conflito entre o capitalismo e o socialismo, expressando-se sob a forma de ajuda (empréstimos, investimentos, melhores condições para o comércio) dos Estados Unidos e da União Soviética aos países de seu bloco. Os investimentos criaram condições para a industrialização desses países. A Terceira Revolução Industrial transformou a DIT ao fazer com que as economias desenvolvidas se tornassem fornecedoras de tecnologia, ao passo que algumas economias em desenvolvimento continuaram a ser fornecedoras de produtos primários e outras passaram a ser fornecedoras de matérias-primas e de produtos industrializados intensivos em mão de obra. Assim, a DIT não é inalterável: ela se modifica de acordo com a conjuntura internacional. As crises do capitalismo e fatores econômicos, políticos e sociais internos em cada país levam a reestruturações econômicas que geram novas organizações espaciais.

saiba mais

Bloco socialista: conjunto de países que adotaram o sistema socialista e que estavam reunidos sob a liderança da União Soviética após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Ricardo Teles/Pulsar Imagens

Convivência de contrastes Até o início do século XX, o Brasil era fundamentalmente exportador de produtos agrícolas. Com a aceleração da industrialização, principalmente após 1930, os produtos industrializados passaram a ocupar uma parte importante de suas exportações. O país também começou a produzir tecnologia de ponta em alguns setores, como no petrolífero. Hoje em dia, coexis­tem no país alguns ramos desenvolvidos, característicos da Terceira Revolução Industrial (como o da informática e o da biotecnologia), e outros tecnicamente muito atrasados (alguns setores da agricultura e da indústria).

Biotecnologia: processo científico e técnico desenvolvido por meio da utilização de agentes biológicos, como células e microrganismos, para o estudo de plantas ou animais. A biotecnologia também pode ser usada na produção de sementes melhoradas e na manipulação do material genético.

Em 2014, o Brasil foi o maior país exportador de soja do mundo. Outros produtos agrícolas de exportação brasileiros são o café e a cana-de açúcar. Apesar de o país ser o quarto maior exportador de alimentos do mundo, a participação da agricultura no PIB brasileiro foi de apenas cerca de 23% nesse mesmo ano. Colheita de soja em Rio Verde (GO). Foto de 2015.

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4/28/16 10:55 AM

A Primeira Revolução Industrial A Primeira Revolução Industrial foi um processo de transformações técnicas, econômicas e sociais ocorrido entre o final do século XVIII e o início do século XIX. Esse processo esteve marcado pela descoberta do uso do vapor como fonte de energia, pelo estabelecimento de uma divisão do trabalho na produção de bens e pelo aumento da produtividade. As condições iniciais para a Primeira Revolução Industrial foram criadas pelas Grandes Navegações e pelo gigantesco incremento do comércio, que formaram um mercado mundial. A Inglaterra assumiu a liderança desse processo, em grande parte devido aos capitais acumulados na fase do capitalismo comercial e ao fato de contar com importantes reservas de minério de ferro (usado sobretudo na construção de máquinas) e de carvão. O setor industrial que mais contribuiu para o crescimento da economia inglesa foi o têxtil, tendo a Inglaterra começado a produzir tecidos mais baratos e a exportá-los principalmente para as colônias. Outros países que se industrializaram, como o então Reino dos Países Baixos (Holanda), a França e a Bélgica, levaram outras regiões do mundo a se articular de acordo com seus interesses, tanto para a produção como para o consumo. Apesar de a indústria britânica ser a melhor do mundo, foram as relações coloniais e a possibilidade de exportação em condições vantajosas dos tecidos manufaturados que garantiram a superioridade da Inglaterra nessa primeira fase da Revolução Industrial. De forma geral, várias características marcaram a Primeira Revolução Industrial: ••A produção passou a ser realizada em grandes unidades fabris, com o predomínio de uma intensa divisão do trabalho. Isso criou condições para a diminuição de preços e a expansão do mercado. ••Houve uma separação entre o capital e o trabalho. Na pequena produção mercantil, as formas artesanais da manufatura eram dominantes, e o produtor, o comerciante e o proprietário dos meios de produção eram a mesma pessoa. Na estrutura industrial, o trabalhador já não é possuidor dos meios de produção, sendo obrigado a vender a sua força de trabalho. Essa é a principal característica do modo de produção capitalista. ••Em busca de melhores condições de trabalho e vida, os trabalhadores se uniram em sindicatos, dando origem ao que hoje se conhece como movimento sindical. ••Houve enorme concentração da produção industrial em centros urbanos. Na Grã-Bretanha, surgiram grandes cidades industriais, como Lancashire, Manchester, Birmingham e Glasgow, entre outras. ••As inovações técnicas eram rapidamente aplicadas a problemas práticos e logo absorvidas pelos empresários.

Leia Germinal, de Émile Zola. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. Publicado em 1881, o romance mostra o trabalho de operários em minas de carvão no interior da França durante a Primeira Revolução Industrial.

Assista Os miseráveis. Direção de Bille August, EUA, 1998, 134 min. Baseado no livro homônimo de Victor Hugo, o filme conta a história de Jean Valjean, um desempregado que, após ser condenado à prisão por ter roubado um pão, é perseguido por um policial e pela sociedade francesa do século XIX.

Movimento sindical: movimento de trabalhadores em torno da luta por melhores condições de trabalho e de salários e pela manutenção de seus empregos. Os sindicatos reúnem trabalhadores de uma mesma categoria.

Revolução Industrial e degradação ambiental Durante a Primeira Revolução Industrial, diversos rios tornaram-se local de despejo dos resíduos, e as chaminés das fábricas passaram a lançar substâncias altamente tóxicas no ar. A degradação ambiental foi representada por vários pintores da época. 1. Paul Sandby pertenceu a um grupo de pintores que, no final do século XVIII e início do XIX, começou a produzir representações realistas da paisagem. Que características tem a paisagem representada por Sandby? 2. As áreas industriais de hoje assemelham-se à área industrial da pintura? Explique.

Coleção particular. Fotografia: The Bridgeman Art Library/Easypix

Capítulo 2 – A DIT e as revoluções industriais

geografia e ARTE

Paul Sandby Munn. Bedlam Furnace, Madeley Dale, Shropshire, de 1803. Aquarela sobre papel, 32,5 cm � 54,8 cm.

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04/05/16 15:13

A Segunda Revolução Industrial Após o intenso crescimento da produção ocorrido com a Primeira Revolução Industrial, o capitalismo inglês passou por uma crise em meados do século XIX. Com o objetivo de retomar a lucratividade, as empresas e o governo inglês investiram no desenvolvimento dos meios de transporte e na expansão geográfica da indústria para outros países. No final do século XIX, diante de nova crise, as empresas procuraram criar tecnologias que gerassem maiores lucros, ocasionando a Segunda Revolução Industrial. Os países que lideraram esse processo foram a Alemanha e os Estados Unidos. A Alemanha deu início à incorporação da ciência à empresa capitalista, em grande parte devido ao alto grau de desenvolvimento científico do país e à necessidade de superar internamente o atraso do capitalismo. Durante a Segunda Revolução Industrial, o país foi pioneiro na transformação da química em um ramo industrial de grande importância, com efeitos sobre o processo de produção de outros ramos industriais. Nos Estados Unidos, as inovações estiveram mais relacionadas à técnica, à prática dos inventores. Destacaram-se avanços em quatro campos fundamentais: eletricidade, aço, petróleo e motor à explosão. Algumas inovações técnicas marcaram época e foram responsáveis por grande parte do dinamismo do sistema capitalista da época, caso da indústria automobilística. O grande desenvolvimento da indústria esteve associado à criação de empresas cada vez maiores: trustes, cartéis e holdings conquistaram enorme superioridade em relação aos concorrentes. O papel dos bancos e das bolsas de valores tornou-se central na economia, possibilitando a fusão entre o capital bancário (dinheiro de depósitos, aplicações, etc.) e o capital industrial (máquinas, prédios, etc.). Foi também nesse período que as exportações de capital adquiriram uma importância central na economia, diferentemente do ocorrido durante a Primeira Revolução Industrial, quando as exportações de mercadorias eram mais importantes. As grandes empresas monopolistas associadas aos Estados modernos dividiram o mundo entre si e transformaram a partilha colonial em uma estratégia de avanço do capitalismo e da lucratividade das empresas. Essa política expansionista ficou conhecida como imperialismo e foi um dos principais motivos da ocorrência da Primeira Guerra Mundial.

ação e cidadania

Mulheres nas fábricas e na política Durante a Revolução Industrial, a oportunidade de trabalho nas fábricas, que empregavam cada vez mais mulheres, ocasionou também o crescimento do movimento feminista. As feministas lutavam pela igualdade de direitos entre mulheres e homens em todas as esferas da vida. Defendiam o direito feminino ao voto, a equiparação dos salários e o fim da violência entre os gêneros, além de outras reivindicações. 1. Discuta com os colegas como está a igualdade de direitos entre homens e mulheres nos dias de hoje. Que mudanças ainda precisam ser conquistadas?

Cartel: grupo de empresas que, com objetivos comerciais ou políticos, combinam preços e estratégias de mercado visando eliminar a concorrência e impedir que novas empresas entrem no setor. Holding: empresa criada para administrar um grupo de empresas com o objetivo de otimizar os processos, reduzir os custos e coordenar ações e estratégias de mercado. Truste: grupo de empresas que se fundem para dominar o mercado e controlar a concorrência, elevando o preço de seus produtos.

A contribuição da locomotiva a vapor A locomotiva a vapor, desenvolvida no início do século XIX, trouxe amplas oportunidades de investimentos para o capital inglês. A Inglaterra passou a construir ferrovias em várias partes do mundo. Os avanços tecnológicos da Segunda Revolução Industrial tornaram as locomotivas mais velozes e, no século XX, o carvão foi substituído pelo diesel e pela eletricidade. 1. Comente com os colegas outros avanços tecnológicos ocorridos no setor dos transportes durante a Segunda Revolução Industrial. Reflitam sobre as consequências desse desenvolvimento.

The Granger Collection/Glow Images

geografia e tecnologia

Locomotiva a vapor nos Estados Unidos. Foto de 1862.

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4/28/16 10:55 AM

A Terceira Revolução Industrial A Terceira Revolução Industrial também ficou conhecida como Revolução Técnico-científica e ocorreu na segunda metade do século XX, após o término da Segunda Guerra Mundial. Diversas inovações tecnológicas marcaram esse período, principalmente nos setores farmacêutico e químico, aéreo (surgimento do avião a jato) e no ramo da comunicação e da informação (invenção do computador e da internet). As inovações na agricultura – fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas – também marcaram esse período, tendo sido introduzidas em várias partes do globo. No pós-Segunda Guerra, consolidou-se também o modelo fordista de produção, caracterizado pela fabricação de produtos em grande quantidade e pelo incentivo ao consumo. Na América Latina, a instalação das empresas multinacionais marcou um período de desenvolvimentismo, fundamental para a entrada de alguns países (como o Brasil e a Argentina) em uma nova DIT. Na década de 1970 (marcada pelos choques do petróleo de 1973 e 1979), o Japão adquiriu grande relevância no cenário internacional, e o capitalismo industrial expandiu-se geograficamente em direção ao Oriente. Com essa expansão, Hong Kong,

Assista

Coreia do Sul, Cingapura e Taiwan vivenciaram intenso crescimento econômico e formaram os Tigres Asiáticos. No Japão dessa época, teve origem um novo modelo de produção: o toyotismo.

Roger e eu. Direção de Michael Moore, EUA, 1989, 91 min. O documentário mostra a mudança de fábricas de uma grande montadora de uma cidade dos EUA para o México, provocando grande desemprego e crise social.

Os dias de hoje A Terceira Revolução Industrial permanece até os dias de hoje. Algumas de suas principais características são: ••Desenvolvimento e uso crescente da tecnologia na produção com o objetivo de tornar o trabalho mais produtivo, aumentar o rendimento das colheitas e da produção industrial e tornar o setor de serviços mais eficiente. Destaca-se o desenvolvimento da robótica, das tecnologias de comunicação e informação, da biotecnologia e da química fina. ••Intensificação da globalização, com a ampliação do comércio internacional e do mercado financeiro e a intensificação de trocas sociais e culturais entre as populações. ••Distribuição desigual da tecnologia no espaço geográfico mundial: nos países que se inserem de forma submissa na DIT, a tecnologia gera mais desigualdades internas e externas.

Desenvolvimentismo: política econômica de promoção do desenvolvimento a partir do crescimento da produção industrial e da infraestrutura por meio da participação ativa do Estado. Fordista: termo relacionado à forma de organização do trabalho em uma fábrica proposta por Henry Ford (1863-1947). Mais tarde, tornou-se sinônimo de produção em massa (voltada para o consumo em massa).

180°

135°O

90°O

45°O

0° 45°L 90°L OCEANO GLACIAL ÁRTICO

135°L

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Investimentos em pesquisa e desenvolvimento (2011) 180° NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO Equador



OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio

Investimento público em pesquisa e desenvolvimento (% do PIB) 4 ou mais de 3,0 a 3,9 de 2,0 a 2,9 de 1,0 a 1,9 menos de 1,0 sem dados

Meridiano de Greenwich

Capítulo 2 – A DIT e as revoluções industriais

45°N

OCEANO ATLÂNTICO

Toyotismo: forma de organização de produção implantada na fábrica Toyota, após a Segunda Guerra Mundial, e baseada na produção em pequenos lotes, feita de acordo com a demanda. Nesse sistema, cada trabalhador desempenha várias funções, ou seja, é versátil.

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

OCEANO ÍNDICO

45°S

Círculo Polar Antártico

0

3 080

6 160 km

É grande a desigualdade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que são fundamentais para a produção de novas tecnologias. Nos países desenvolvidos, os investimentos são maiores e isso gera melhores condições para a inovação. Percebe-se que o Brasil se destaca entre os países em desenvolvimento.

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2015.

24

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4/28/16 10:56 AM

Informe

[…] A manufatura de fósforos data de 1833, quando se inventou o processo de aplicar o fósforo ao próprio palito. Desde 1845 desenvolveu-se rapidamente na Inglaterra, espalhando-se das zonas mais populosas de Londres nomeadamente para Manchester, Birmingham, Liverpool, Bristol, Norwich, Newcastle e Glasgow, e junto com ela o trismo, que, segundo a descoberta de um médico de Viena já em 1845, é doença peculiar dos produtores de fósforos. A metade dos trabalhadores são crianças com menos de 13 anos e jovens com menos de 18. A manufatura é tão mal-afamada, por ser insalubre e repugnante, que somente a parte mais degradada da classe trabalhadora, viúvas famintas, entre outras, cede-lhe crianças, “crianças esfarrapadas, meio famintas, totalmente desamparadas e não educadas”. Das testemunhas inquiridas […] 270 tinham menos de 18 anos, quarenta menos de 10 [anos], 10 apenas 8 [anos] e 5 apenas 6 [anos]. A jornada de trabalho variava entre 12, 14 e 15 horas, com trabalho noturno, refeições irregulares, em regra no próprio local de trabalho, empestado pelo fósforo. Dante [poeta florentino, um dos precursores do Renascimento e autor de A divina comédia, obra concluída em 1321] sentiria nessa manufatura suas fantasias mais Crianças e mulher trabalhando nas minas de carvão na Inglaterra. Gravura de artista francês desconhecido, 1843. cruéis sobre o inferno ultrapassadas. […] Nas últimas semanas de junho de 1863, todos os jornais de Londres trouxeram um parágrafo com o título “Sensational: Death from simple Overwork” (morte por simples sobretrabalho). Trata-se da morte da modista Mary Anne Walkley, de 20 anos, que trabalhava em uma manufatura de modas muito respeitável, fornecedora da Corte, explorada por uma dama com o agradável nome de Elise. A velha história, tantas vezes contada, foi de novo agora descoberta, de que essas moças trabalham em média 16 1/2 horas, porém durante a temporada frequentemente 30 horas sem interrupção, sendo reanimadas por meio de oferta oportuna […] vinho […] ou café, quando sua “força de trabalho” fraqueja. Estava-se então no ponto alto da temporada. Era necessário concluir, num abrir e fechar de olhos, como num passe de mágica, os vestidos de luxo das nobres ladies para o baile em homenagem à recém-importada princesa do país de Gales. Mary Anne Walkley tinha trabalhado 26 1/2 horas ininterruptas, juntamente com 60 outras moças, cada 30 num quarto, cuja capacidade cúbica mal chegava para conter 1/3 do ar necessário, enquanto à noite partilhavam, duas a duas, uma cama num dos buracos sufocantes em que se subdivide um quarto de dormir, por meio de paredes de tábuas. […]

Biblioteca Britânica. Fotografia: Kharbine-Tapabor

As condições de trabalho e os trabalhadores na Primeira e na Segunda Revolução Industrial

Marx, Karl. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1996. v. 1. Livro primeiro. t. 1. p. 360-361; 368 (Coleção Os Economistas).

para discutir

1. Os dois excertos acima, da obra O capital, de Karl Marx, tratam das condições de trabalho no período entre a Primeira Revolução Industrial e a Segunda Revolução Industrial. Descreva quais eram essas condições. 2. Podemos dizer que essas condições mudaram nos dias de hoje? Converse com os colegas a respeito desse tema.

Não escreva no livro.

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4/28/16 10:56 AM

command na caixa com texto transparente abaixo

Atividades

Não escreva no livro.

Revendo conceitos 1. O que é a Divisão Internacional do Trabalho? Quais são as condições necessárias para que ela exista? 2. Qual é a característica fundamental da Primeira Revolução Industrial? 3. Qual é a característica mais marcante da Segunda Revolução Industrial? No que ela se diferencia da Primeira? 4. Que países lideraram a Segunda Revolução Industrial? 5. O que foi o imperialismo? 6. Como podemos caracterizar a Terceira Revolução Industrial? 7. Em linhas gerais, qual é o papel do Brasil na atual DIT?

Lendo mapas, gráficos e tabelas 8. Analise o mapa e o gráfico abaixo e responda às questões.

180°

135°O

90°O

45°O

0° 45°L 90°L OCEANO GLACIAL ÁRTICO

135°L

180° NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

45°N

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Acesso à internet (2014)

OCEANO PACÍFICO Equador

Trópico de Capricórnio

Usuários de internet (a cada 100 habitantes) mais de 70 de 40,1 a 70 de 20,1 a 40 de 10 a 20 menos de 10 sem dados



Meridiano de Greenwich

OCEANO PACÍFICO

Círculo Polar Antártico

OCEANO ÍNDICO

45°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0

2 915

5 830 km

Francês 2,8% Alemão 2,6% Outras 21,2%

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2015.

Inglês 26%

Russo 3,2%

Chinês 21,5% Espanhol 7,5% Árabe 4,8%

Malaio 2,9% Francês 2,8% Alemão 2,6%

Português 4% Japonês 3,5%

Outras 21,2%

Espanhol 7,5% Árabe 4,8% Português 4% Japonês 3,5%

Inglês 26% Chinês 21,5%

Russo 3,2% Malaio 2,9%

Idiomas na internet (2015)

Fonte de pesquisa: Internet World Stats. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2015.

a) Considerando a classificação de países em economias desenvolvidas, em transição e em desenvolvimento, a que grupo pertencem os países com menor proporção de usuários da internet? b) Quais são as línguas predominantes na internet? Levante hipóteses para explicar sua resposta. c) O número de pessoas com acesso à internet no Brasil é considerado significativo? Em sua opinião, como isso pode ser explicado? 26

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29/04/16 18:58

9. Analise a tabela abaixo e faça o que se pede. Investimentos em produção de tecnologia, em países selecionados (2012) Países

Receitas de royalties* (em milhões de dólares)

Despesas com pesquisa (% do PIB)

EUA

124 439

2,79

Reino Unido

15 415

1,72

França

12 746

2,26

Alemanha

10 261

2,92

Itália

4 100

1,27

Canadá

3 993

1,73

Israel

1 056

3,93

China

1 044

1,98

Rússia

664

1,12

Colômbia

89

0,17

* Os royalties são os valores recebidos por quem detém os direitos sobre uma inovação tecnológica, um invento, um novo processo, etc. Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2015.

a) Quais são os três países que apresentam os maiores valores de receitas correspondentes ao recebimento de royalties? b) Que conclusões podem ser tiradas a respeito da desigualdade existente entre os países na produção de tecnologia? Escreva uma síntese das suas ideias no caderno.

Interpretando textos e imagens 10. Leia o trecho abaixo e responda às questões. As relações sociais estão estreitamente ligadas às forças produtivas. Ao adquirir novas forças produtivas, os homens modificam seu modo de produção e, ao modificar seu modo de produção, ao modificar a forma de ganhar seu sustento, modificam todas as suas relações sociais. Marx, Karl. A miséria da filosofia. Apud Rosenberg, Nathan. Por dentro da caixa-preta: tecnologia e economia. Campinas: Ed. da Unicamp, 2006. p. 70.

a) Quais foram as principais modificações nas relações sociais que puderam ser observadas devido ao desenvolvimento das forças produtivas ocorrido com a Primeira Revolução Industrial? b) Há diferenças nas relações sociais entre os países altamente industrializados e os de baixa industrialização? Justifique sua resposta.

1993 Scott Adams/Dist. by Universal Uclick

11. A história em quadrinhos abaixo aborda um aspecto da Terceira Revolução Industrial. Explique que aspecto é esse e qual é a crítica apresentada. Explique e interprete também o diálogo apresentado no último quadrinho.

27

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29/04/16 09:40

capítulo

Mundo – Comércio de mercadorias entre regiões (2014)

o que você vai estudar Globalização e comércio internacional.

OCEANO PACÍFICO

AMÉRICA DO NORTE CEI 17,8%

50,2%

As multinacionais e a globalização financeira.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

3

O papel do comércio mundial

ÁSIA OCEANO PACÍFICO

Os movimentos antiglobalização.

52,3%

EUROPA

Atividades ilegais e globalização.

68,5% 8,8%

Os grandes blocos comerciais.

25,8%

AMÉRICA DO SUL E CENTRAL

O protecionismo agrícola e a abertura comercial.

17,7%

ORIENTE MÉDIO

ÁFRICA NOTA: Em mapas como este, em projeção azimutal, não é possível indicar orientação.

OCEANO ÍNDICO

OCEANO ATLÂNTICO

Comércio de mercadorias (bilhões de dólares) 4 665

Porcentagem do comércio realizado

Fluxo comercial inter-regional (bilhões de dólares)

no interior da região com as outras regiões

2 500 1 000

0

2 720

5 440 km

100

Fonte de pesquisa: Organização Mundial do Comércio (OMC). International trade statistics 2015. Disponível em: . Acesso em: 5 nov. 2015.

A globalização, expressão que surgiu nos Estados Unidos no início da década de 1980, pode ser definida como um processo que promove a intensificação das trocas (de mercadorias, serviços, capitais, informações e pessoas) entre as várias partes do mundo. A interdependência criada pelas trocas conduz à formação de um espaço mundial cada vez mais integrado. Esse processo está relacionado a diferentes tipos de fluxos que circulam formando redes. Pode-se afirmar

que a globalização produz redes de fluxos e que estas produzem a globalização. De modo geral, existem dois grandes tipos de redes de fluxos: os relacionados às trocas comerciais e às migrações internacionais, chamados de fluxos materiais, e os fluxos cujos objetos de troca ou de circulação são percebidos, trocados, mas não são visíveis, como os fluxos de informação, denominados fluxos imateriais ou não materiais.

Observe o mapa e responda às questões. 1. Os fluxos representados podem ser classificados como materiais ou imateriais? Justifique sua resposta. 2. Quais regiões mostradas no mapa apresentam o maior volume de mercadorias comercializadas? 28

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Não escreva no livro.

30/04/16 16:32

A globalização está intrinsecamente relacionada ao desenvolvimento e à expansão generali­zada das tecnologias de informação e de comunicação, que possibilitaram a descentralização das empresas. Estas passaram a investir em modernos parques industriais e a produzir em diferentes partes do mundo, conservando as sedes em seus países de origem. Assim, outros dois processos estão relacionados à intensificação da globalização: a expansão da produção e uma forte concentração do poder decisório nos países-sede.

As multinacionais Após o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreu uma expansão em grande escala das multinacionais, possibilitando a mundialização da produção e do comércio global. A ascensão dessas empresas ocorreu com base em produtividade e competitividade. Entre as multinacionais sempre existiu concorrência, e algumas estratégias foram criadas, como a economia de escala. Ao utilizar essa estratégia, uma multinacional podia eliminar concorrentes, inclusive utilizando os mecanismos das fusões e da descentralização da produção, caracterizada pela instalação de filiais em outros países que oferecem condições mais vantajosas (mão de obra barata, presença de matérias-primas e políticas que garantem às empresas menores custos).

A globalização financeira Uma das principais características da globalização contemporânea está relacionada ao extraordinário fluxo de capitais que circulam livremente.

Diariamente, bilhões de dólaOrigem das 200 maiores res são transferidos instantaneamultinacionais (2014) mente de um ponto a outro do planeta, por meio dos recursos 16,6% da tecnologia da informação. Isso 2,0% ocorre graças à desregulamenta2,2% 2,2% 40,2% ção do mercado pela abertura das 2,6% 2,8% fronteiras nacionais. 3,6% Em outras palavras, os contro4,0% les para as entradas e saídas de 4,4% 5,5% 7,3% capitais foram suprimidos e se 6,7% instalou um megamercado único EUA Alemanha Suécia que funciona, por meio das bolReino Unido China Brasil Japão Hong Kong Outros sas de valores, 24 horas por dia. França Suíça Por outro lado, essa globaliCanadá Austrália zação financeira que integra os Fonte de pesquisa: Financial Times. mercados de capitais tem sua Disponível em: . crise do capitalismo: problemas Acesso em: 6 out. 2015. econômicos e financeiros em um dos países centrais do sistema afetam as economias a ele relacionadas, e as bolsas de valores do mundo todo são afetadas pela diminuição dos fluxos de capitais.

Setup Bureau/ID/BR

A globalização e o comércio mundial

A globalização dos serviços A partir das últimas décadas do século XX, expandiram-se diferentes tipos de serviços que, tal como as mercadorias, circulam em fluxos pelo mundo. Redes de bancos, de hotéis e de agências de turismo são exemplos de serviços que têm se globalizado e que representam parte considerável do PIB de vários países, inclusive do Brasil.

Economia de escala: estruturação do processo produtivo para que a empresa ou indústria amplie sua capacidade de produção sem aumentar proporcionalmente o custo dessa produção.

CONEXÃO

Freezer ou congelador? Para muitos cientistas, a globalização tem promovido um processo de favorecimento de algumas culturas em detrimento de outras. Esse fenômeno pode ser percebido ao observarmos a influência que os gêneros musicais, os tipos de alimento, a linguagem e outras manifestações culturais de alguns países têm no dia a dia dos brasileiros. Por que muitas pessoas, por exemplo, chamam o congelador de freezer? 1. Reúna-se em grupo para realizar as atividades a seguir. a) Liste palavras e expressões da língua inglesa utilizadas no cotidiano. b) Sintonize em uma rádio FM por duas horas e conte quantas músicas em inglês e quantas em português foram tocadas. c) Faça um relatório das observações e discuta sobre a influência do modo de vida e da cultura dos países de língua inglesa (sobretudo os Estados Unidos e a Inglaterra) na sociedade brasileira.

Não escreva no livro.

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Assista Denise está chamando. Direção de Hal Salwen, EUA, 1995, 80 min. O filme enfoca o cotidiano de pessoas que passam a se comunicar exclusivamente por telefone. É uma crítica à vida moderna, em que há falta de contato humano.

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A rede mundial de transportes A maior parte do fluxo internacional de mercadorias se dá por navios. No entanto, é comum que as cargas de maior valor agregado sejam transportadas por aviões.

Tráfego marítimo Tráfego aéreo Vias terrestres

De acordo com a ONU, cerca de 10 bilhões de toneladas em mercadorias são transportadas por via marítima todos os anos. As principais são produtos primários exportados em navios-tanque ou a granel (nos porões dos navios, sem embalagem especial), como minério de ferro, carvão, grãos, bauxita, fosfato, petróleo e gás natural. As mercadorias transportadas por via aérea correspondem a menos de 1% do volume global transportado, no entanto, são muito mais caras e pagam fretes bem maiores. Enquanto o frete dos minérios e grãos transportados por navio, calculado por peso, atinge um valor expresso em centavos, bens enviados por avião – de flores a equipamentos eletrônicos – tendiam a valer ao menos US$ 16 por quilo em 2013, segundo estudos da indústria aérea Boeing. As cargas comerciais aéreas respondem por 35% do valor movimentado pelo comércio internacional.

Os Estados Unidos e a União Europeia são os principais destinos dos navios que carregam contêineres com produtos industrializados da Ásia – como celulares, computadores, roupas, veículos e bens de capital.

Tráfegos globais

Transporte internacional de mercadorias (2013)

Esta imagem representa as milhares de viagens anuais de aviões e navios no início deste século. A National Oceanic & Atmospheric Administration (NOAA), órgão do governo dos Estados Unidos que pesquisa assuntos relacionados aos oceanos e atmosfera, reuniu dados de GPS de milhares de veículos comerciais para criar essa representação de suas rotas, usando imagens noturnas da Terra feitas por satélite.

O fluxo de mercadorias por via aérea é reservado para o transporte de bens leves ou perecíveis de alto valor.

Fontes de pesquisa: BOEING COMPANY. World Air Cargo Forecast 2014-2015. Seattle: Boeing Co., 2015; UNCTAD. Review of Maritime Transport 2014. Genebra: ONU, 2014; TOURNADE, J. Anthropogenic pressure on the open ocean. Geophys. Res. Lett./41, p.7924-7932, 2014.

Via aérea:

42

milhões de toneladas

Via marítima:

9,5

bilhões de toneladas

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Maior exportador de bens industrializados, a China foi responsável por 40% das importações mundiais de grãos e por 2/3 das de minério de ferro e bauxita em 2013 . Neste ano, a maior parte das exportações minerais do Brasil e Austrália foi direcionada à China.

Fotografia: NOAA/SPL/Latinstock

O espaço aéreo europeu é um dos mais congestionados do mundo. No entanto, se considerarmos o total dos fluxos no continente, os voos transportam mais passageiros do que mercadorias. Pouco mais da metade do comércio internacional da União Europeia ocorre entre países do bloco e serve-se principalmente de modais terrestres, como rodovias e ferrovias.

Evolução do tráfego marítimo (1992-2012)

Variação na ocorrência de navios (em %) -200

0

200

180oO 150oO 120oO

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90oL

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180oL

70o N

Jean Tournadre/IFREMER

Este mapa mostra que nas décadas recentes o movimento de navios cresceu em todos os mares. Na costa da Somália, porém, a mancha azul escura indica redução no tráfego marítimo – resultado do temor causado pelo ataque de piratas na área.

50o N 30o N 10o N 10o S NO

NE

SO

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30o S 50o S

8 328 km

As rotas marítimas pelo oceano Índico e Extremo Oriente apresentam a maior evolução, estimulada pelo desenvolvimento econômico da região. Nota-se também um aumento do tráfego marítimo na costa do Brasil.

Fonte de pesquisa: Tornandre/Laboratoire d’Océanographie Spatiale. 400

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O comércio internacional e o fluxo de mercadorias

Capítulo 3 – O papel do comércio mundial

Cesar Diniz/Pulsar Imagens

Com a intensificação do comércio de mercadorias após o fim da Segunda Guerra Mundial, formou-se em 1947 um grupo internacional que tinha como objetivo regulamentar o comércio mundial – o Acordo Geral de Tarifas e Comércio, conhecido por sua sigla inglesa Gatt (General Agreement on Tariffs and Trade). O Gatt atuou até 1995, quando foi substituído pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que tem como um de seus objetivos a eliminação das barreiras comerciais e econômicas para garantir a livre circulação de mercadorias. A OMC conta com 162 países-membros (dado de 2015), dois terços dos quais são países em desenvolvimento. Ela é dotada de um órgão de regulamentação, que pode aplicar sanções e que procura dar à organização um caráter de imparcialidade. No final do século XX e início do século XXI, observou-se um expressivo crescimento do comércio mundial que pode ser explicado, entre outros fatores, pelas novas relações estabelecidas entre os Estados e o mercado a partir da adoção do neoliberalismo. Essa doutrina foi gradativamente abrindo as fronteiras e reduzindo o protecionismo. Seguindo uma tendência histórica, observada desde a primeira Divisão Internacional do Trabalho, há uma forte discrepância de preços entre os bens manufaturados e os produtos agrícolas: o valor das commodities teve pequena evolução nos últimos cinquenta anos, enquanto os bens manufaturados aumentaram em quantidade e em valor.

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A análise dos fluxos de mercadorias em escala mundial também permite concluir que os três grandes centros do sistema capitalista (Estados Unidos; Ásia, em especial Japão e China; e a Europa, destacadamente a porção ocidental) apresentam densa rede de trocas que resultam do dinamismo de suas economias nacionais. As regiões menos desenvolvidas, ao contrário, ainda apresentam um pequeno volume de trocas, cabendo a elas um inexpressivo papel no comércio mundial (ver mapa da página 28).

Os movimentos antiglobalização Sobretudo a partir da década de 1990, nas discussões realizadas sobre o processo de globalização e sua expansão pelo mundo, foram enumerados os prós e os contras desse processo. Uma das bandeiras levantadas pelos mais otimistas era que a globalização tornaria o mundo menos desigual economicamente: a ampliação dos fluxos comerciais com maior participação dos países do hemisfério Sul, a expansão dos meios de informação e a descentralização das atividades industriais garantiriam maior crescimento econômico pa­ra todos os países. No entanto, tem-se observado que os benefícios da globalização não se estendem a todos os povos e países. Ao contrário, as diferenças econômicas, sociais e tecnológicas se ampliaram e a pobreza não diminuiu. Esses dados foram responsáveis pelo surgimento de movimentos que se opõem à globalização, denominados movimentos antiglobalização. Seus defensores reivindicam, por exemplo, o fim dos acordos comerciais e do livre trânsito de capitais. Commodity: palavra em inglês que designa o produto que não foi transformado pela indústria (como a laranja, cereais, minérios) e é mundialmente comercializado em grandes volumes, cujo preço oscila de acordo com o mercado financeiro e a demanda. Neoliberalismo: teoria econômica desenvolvida nos anos 1970 que defende a liberdade de mercado e a redução do papel do Estado na sociedade e na economia.

Navio cargueiro se prepara para receber carregamento de minério de ferro no porto de Tubarão, em Vitória (ES). Foto de 2016. Não escreva no livro.

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Atividades ilegais e globalização Ao mesmo tempo que a globalização unifica economias e sociedades segundo normas fixadas no plano internacional, existem atividades ilegais que dela se beneficiam. Trata-se do tráfico de drogas e de armas, do contrabando, da exploração da prostituição e dos crimes financeiros (corrupção, fraudes fiscais, etc.). Tais atividades geram rendas ilícitas, que não são declaradas ao Estado. As atividades ilegais utilizam-se dos mesmos mecanismos que as atividades lícitas, ou seja, fazem uso de sofisticados métodos de produção e venda, de transportes rápidos, de tecnologias de informação e de comunicação. As atividades ilegais movimentam bilhões de dólares e utilizam locais – os chamados paraísos fiscais – para a lavagem de dinheiro. Esta se constitui em uma prática econômica e financeira que tem por objetivo esconder a origem ilícita do capital. Para isso, recursos provenientes das atividades criminosas são investidos em estabelecimentos bancários que não buscam conhecer a origem do dinheiro. Depois, esses recursos passam a transitar por empresas financeiras e vão sendo investidos em atividades regulamentadas, incorporando-se aos métodos legais. Acredita-se que parte do terrorismo internacional seja financiada por recursos ilegais relacionados ao tráfico de armas e de drogas.

Os fluxos comerciais das drogas A partir do século XX, a produção e a comercialização de drogas − o narcotráfico − passaram a representar grave problema para a segurança de muitos Estados. Hoje, essa atividade também se globalizou e é uma das maiores indústrias criminosas do planeta. O tráfico mundial de drogas gera cerca de 320 bilhões de dólares anualmente (50% das atividades do crime organizado). As principais áreas de produção de drogas produzidas principalmente a partir de elementos encontrados na natureza estão localizadas nos países menos desenvolvidos, e os cultivos ilegais representam, muitas vezes, a sobrevivência de lavradores pobres. Esse é o caso, por exemplo, das lavouras de subsistência de papoula (matéria-prima do ópio e da heroí­na) na região do Afeganistão e do Paquistão, e da coca (base da cocaína), na América do Sul. As drogas sintéticas, por sua vez (como ecstasy e anfetaminas), são largamente produzidas em laboratórios de regiões mais desenvolvidas, como Europa, Austrália e Nova Zelândia. A Rússia também tem papel importante na produção das drogas sintéticas.

180°

135°O

90°O

45°O



45°L

90°L

135°L

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Exemplo de fluxo de tráfico de droga ilícita (2011-2013) 180°

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

EUROPA CENTRAL E OCIDENTAL

AMÉRICA DO NORTE

EUROPA ORIENTAL

SUDESTE EUROPEU

ÁSIA CENTRAL

45°N ÁSIA OCIDENTAL

LESTE ASIÁTICO

ORIENTE MÉDIO

Trópico de Câncer AMÉRICA CENTRAL

OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Antártico

Fluxos de metanfetamina

AMÉRICA DO SUL

OCEANO ATLÂNTICO

Meridiano de Greenwich

Equador

OCEANO PACÍFICO

SUDESTE ASIÁTICO

OESTE DA ÁFRICA

LESTE DA ÁFRICA



OCEANO ÍNDICO OCEANIA SUL DA ÁFRICA

45°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0

2 630

5 260 km

Fonte de pesquisa: World Drug Report 2015. United Nations Office on Drugs and Crime (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime – Unodc). Disponível em: . Acesso em: 8 out. 2015.

Não escreva no livro.

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Grandes blocos comerciais Na atual fase do capitalismo, o alto nível de competitividade comercial, fluidez do capital financeiro e expansão das multinacionais intensifica as disparidades no espaço geográfico mundial. Essa situação contribui para que os Estados se organizem regionalmente a fim de proteger e fortalecer suas economias. Nesse contexto econômico, os processos de integração supranacional formam diferentes arranjos ou composições. Assim, é possível encontrar quatro modelos de blocos econômicos: ••Zona de livre-comércio, em que há redução ou eliminação das tarifas alfandegárias entre os países-membros. ••União aduaneira, em que um grupo de países elimina as tarifas alfandegárias (as mercadorias circulam sem pagar taxas) e estabelece a mesma taxa de importação para produtos vindos de outros países. ••Mercado comum, que permite a livre circulação de pessoas, capitais e serviços entre os países-membros. ••União econômica e monetária, em que os países-membros adotam a mesma política de desenvolvimento e uma moeda única.

Leia União Europeia: história e geopolítica, de Demétrio Magnoli. São Paulo: Moderna, 2004. A obra discute a formação do bloco e o aspecto geopolítico de sua existência.

40°N

34

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0

527

1054 km

NE

SO

SE

MONTENEGRO BULGÁRIA Mar Negro ALBÂNIA MACEDÔNIA ITÁLIA

PORTUGAL ESPANHA

GRÉCIA

Fonte de pesquisa: União Europeia. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2015.

NO

Allmaps/ID/BR

Navegue Dos blocos econômicos existentes, o mais antigo e integrado é a União Europeia. Em 1957, ainda no contexto de reconstrução econômica e de Guerra Fria, seis países da Europa Ocidental ­– União Europeia Alemanha (na época, a Alemanha Ocidental), Bélgica, Países Baixos (Holanda), França, Itália e LuO site oficial da União Europeia xemburgo − constituíram uma organização que previa a livre circulação de mercadorias, capitais traz dados e pessoas pelo espaço do bloco que se formava. Tratava-se da Comunidade Econômica Europeia estatísticos (CEE). De 1957, ano de sua criação, até 1992, a CEE foi ampliando-se com a entrada de novos e artigos sobre o bloco. países. Em 1992, com a assinatura do Tratado de Maastricht, a CEE passou a denominar-se União Disponível Europeia (UE). Por esse tratado reestruturou-se o bloco, que assumiu o modelo de união econôem: . tica monetária, foi criada uma moeda única, o euro (€). Em 2015, a moeda única era adotada por Acesso em: 19 países-membros da União Europeia. 16 out. 2015. Em 2004, dez novos países, a maioria da Europa Oriental (ex-socialista), ingressaram na UE, que passou a contar com 25 membros. Em 2007, outros dois países ex-comunistas aderiram ao bloco: Bulgária e Romênia. Em 2013, a Croácia ingressou na UE, sendo o 28o membro. Segundo dados da OMC, em 2015, a União Europeia A formação da União Europeia era responsável por cerca 20°L 40°L 60°L 20°O 0° de 20% de todo o comérOCEANO GLACIAL ÁRTICO Círculo Polar Ártico cio mundial. No interior do bloco, os países com maior SUÉCIA participação comercial são a FINLÂNDIA Alemanha, a França, o Rei60°N ESTÔNIA no Unido e os Países Baixos. Ano de adesão LETÔNIA DINAMARCA LITUÂNIA Diferentemente do que 1957 1995 1973 2004 IRLANDA ocorre com os outros bloREINO HOLANDA 1981 2007 POLÔNIA UNIDO ALEMANHA cos, o comércio intrarre1986 2013 BÉLGICA REP. países 1990-1993 TCHECA ESLOVÁQUIA OCEANO candidatos gional supera o comércio LUXEMBURGO em 2015 ATLÂNTICO ÁUSTRIA HUNGRIA realizado pela União EuroFRANÇA ESLOVÊNIA ROMÊNIA peia com o exterior. CROÁCIA SÉRVIA Meridiano de Greenwich

Capítulo 3 – O papel do comércio mundial

A União Europeia

TURQUIA

MALTA

ÁFRICA

Mar Mediterrâneo

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ÁSIA

Não escreva no livro.

29/04/16 18:03

Ampliação do espaço da União Europeia Em mais de cinquenta anos de existência, o bloco europeu passou sucessivamente de 6 para 28 membros, em um processo que se acelerou no século XXI. Apesar das políticas econômicas comuns, nesse espaço comunitário existem profundas diferenças socioeconômicas. Essas diferenças mostram, de certo modo, o hiato entre a parte ocidental (mais rica) e a parte oriental (menos rica) do continente. Além disso, no espaço da UE há tratamentos também diferenciados entre os antigos e os novos membros. Embora a UE tenha como um de seus objetivos a livre circulação de pessoas, foram criadas regras para conter a migração de povos dos países do Leste Europeu (e de outras regiões fora da UE, como do Oriente Médio e da África Subsaariana), onde a crise do desemprego era maior que nos países da Europa Ocidental. Alguns Estados-membros abriram seus mercados de trabalho. Outros permitem um acesso mais restrito, e o trabalhador migrante precisa de uma autorização de trabalho durante o período de restrição.

A Asean

Em 1989, a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Asia-Pacific Economic Cooperation – Apec) foi criada como um fórum de discussão entre países da Asean e alguns parceiros econômicos da região do Pacífico. Em 1993, formou um bloco econômico. O bloco reúne membros com níveis de desenvolvimento bem diferentes. Seu objetivo não é formar um conjunto político, mas aproveitar o livre-comércio mundial, construindo uma comunidade de economias diversificadas. A Apec apresenta forte potencial comercial. No entanto, ressente-se da disputa entre Estados Unidos, Japão e China pela hegemonia regional. Fazem parte da Apec 21 membros: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Hong Kong, Coreia do Sul, Cingapura, Estados Unidos, Rússia, Filipinas, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Tailândia, Taiwan e Vietnã. Fonte de pesquisa: Apec. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2015.

Não escreva no livro.

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João Miguel A. Moreira/ID/BR

105°L

140°L NO

NE

SO

SE

Trópico de Câncer

MIANMA Baía de Bengala

LAOS

TAILÂNDIA

Mar das Filipinas

VIETNÃ

FILIPINAS

CAMBOJA Mar da China Meridional

OCEANO PACÍFICO

BRUNEI MALÁSIA Equador

I

N

D

O

Mar de Java

OCEANO ÍNDICO 0

Mar de Célebes

CINGAPURA

855

N



É S Mar de Banda

I

A

1 710 km

Fonte de pesquisa: Asean. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2015.

Membros da Apec 180°

135°O

90°O

45°O

0° 45°L 90°L 135°L OCEANO GLACIAL ÁRTICO

180°

Círculo Polar Ártico

MÉXICO

Trópico de Capricórnio

PERU CHILE

Círculo Polar Antártico

1 – COREIA DO SUL 2 – TAIWAN 3 – TAILÂNDIA 4 – VIETNÃ 5 – BRUNEI

SO

SE

45°N

JAPÃO

OCEANO PACÍFICO

2 Hong Kong FILIPINAS 5 7 6 INDONÉSIA 8 3 4

Equador

OCEANO PACÍFICO

1

CHINA

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

NE

RÚSSIA

CANADÁ ESTADOS UNIDOS

NO

João Miguel A. Moreira/ID/BR

A Apec

Estados-membros da Asean

Meridiano de Greenwich

Criada em 1967 no contexto da Guerra Fria e da descolonização, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) foi constituída com o objetivo de assegurar a estabilidade política na região (movimentada pelo surgimento de nações comunistas) e acelerar o desenvolvimento econômico de seus membros. Atualmente, o bloco reúne dez países, de diferentes níveis de desenvolvimento: Indonésia, Filipinas, Cingapura, Brunei, Laos, Vietnã, Camboja, Mianma, Tailândia e Malásia. Em 1992, tornou-se zona de livre-comércio para atrair investimentos estrangeiros. As disparidades cultural e econômica entre seus membros dificultam maior integração.

OCEANO ÍNDICO



AUSTRÁLIA 9

45°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

6 – MALÁSIA 7 – CINGAPURA 8 – PAPUA NOVA GUINÉ 9 – NOVA ZELÂNDIA

0

4 530

9 060 km

35

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O Mercosul

No fim da década de 1980, os desafios econômicos associados ao fim da Guerra Fria levaram os Estados Unidos a retomar o crescimento econômico e a competitividade comercial. Uma das estratégias foi sua articulação com o Canadá e o México para a criação do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), associação que se efetivou em 1994. O Nafta tem como objetivo a eliminação das tarifas de importação para que as mercadorias circulem livremente entre os países integrantes. Nesse bloco, existem grandes diferenças socioeconômicas entre os parceiros: ao passo que os Estados Unidos e o Canadá são potências econômicas, o México é um país em desenvolvimento­. Apesar de a circulação de mercadorias e de serviços ser grande e isenta de impostos entre os países do Nafta, a circulação de pessoas permanece muito rígida, sobretudo quando envolve a emigração de mexicanos para os Estados Unidos. Com a criação do Nafta, multinacionais estadunidenses instalaram indústrias maquilladoras (“maquiadoras” ou “montadoras”) no norte do México, próximo à fronteira com os Estados Unidos.

40°O

VENEZUELA COLÔMBIA

GUIANA SURINAME Guiana Francesa (FRA)

NO

NE

SO

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Equador



EQUADOR

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OCEANO PACÍFICO

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OCEANO ATLÂNTICO

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30°

S

ARGENTINA

Países-membros Países associados

0

950

1 900 km

Fonte de pesquisa: Portal Brasil. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2015.

Estados-membros do Nafta ír c

C

Capítulo 3 – O papel do comércio mundial

O Nafta

80°O

Alasca (EUA)

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ESTADOS UNIDOS

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OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

Equador

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João Miguel A. Moreira/ID/BR

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em 1991 e reunia Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai. A partir de 2012, a Venezuela também tornou-se membro do bloco. Em 1995, os países-membros criaram efetivamente a zona de livre-comércio e, a partir de então, cerca de 90% das mercadorias produzidas nos países-membros do Mercosul podem ser comercializadas sem tarifas comerciais. Os países-membros adotam também a tarifa externa comum (TEC), ou seja, aplicam a mesma tarifa aos produtos exportados para fora do bloco e privilegiam as trocas comerciais entre si. Futuramente, há planos para a adoção de uma moeda única, a exemplo do que fez a União Europeia. Além dos Estados-membros, o Mercosul conta com países associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Guiana e Suriname. Desde sua fundação, o bloco tem passado por crises que são reflexo das condições político-econômicas instáveis de seus membros.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Estados-membros do Mercosul



córnio Capri

1 905

3 810 km 120°O

40°O

Fonte de pesquisa: NaftaNow.Org. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2015.

Assista A fronteira. Direção de Roberto Carminati, Brasil, 2003, 107 min. Rodado no Brasil, no México e nos EUA, aborda o drama de brasileiros que tentam cruzar ilegalmente a fronteira estadunidense, em busca de emprego. O banheiro do papa. Direção de César Charlone e Enrique Fernández, Brasil/Uruguai/ França, 2007, 90 min. A visita do papa é apenas pretexto para mostrar os impactos econômicos de um evento inusitado na humilde cidade de Melo, situada na fronteira do Uruguai com o Brasil.

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Indústria maquilladora: indústria instalada no México e voltada para atividades de montagem e acabamento de produtos para exportação. A maior parte dessas indústrias é estadunidense e, no México, paga baixos impostos e salários aos trabalhadores.

Não escreva no livro.

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A Alca Estados-membros da Alca Alasca (EUA)

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João Miguel A. Moreira/ID/BR

Em meados da década de 1990, o governo estadunidense propôs a criação de um megabloco que reuniria todos os paí­ses do continente americano, à exceção de Cuba, que ainda sofre os efeitos do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos na década de 1960. A Área de Livre-Comércio das Américas (Alca) é, portanto, um projeto de bloco econômico pautado na proposta de eliminação das barreiras alfandegárias entre seus membros. Em vários países latino-americanos, entre eles o Brasil, ocorreram manifestações contra a Alca, e as negociações foram suspensas.

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BAHAMAS REPÚBLICA DOMINICANA HAITI 1 BELIZE 5 7 3 GUATEMALA HONDURAS 2 8 NICARÁGUA 4 EL SALVADOR 9 6 COSTA RICA GUIANA VENEZUELA PANAMÁ COLÔMBIA SURINAME MÉXICO

OCEANO PACÍFICO Equador

OCEANO ATLÂNTICO 0°

EQUADOR

A Parceria Transpacífico

PERU

BRASIL

Em 2015, 12 países constituíram a Parceria BOLÍVIA 1 – ANTÍGUA E BARBUDA Trópico de Capricórnio Transpacífico, conhecida como TPP (da sigla em PARAGUAI 2 – BARBADOS CHILE inglês Trans-Pacific Partnership): Estados Unidos, 3 – DOMINICA 4 – GRANADA URUGUAI Japão, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Malásia, 5 – JAMAICA ARGENTINA 6 – SANTA LÚCIA México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã. 7 – SÃO CRISTÓVÃO E NEVIS 8 – SÃO VICENTE E GRANADINAS 0 1 620 3 240 km A criação do TPP teve como objetivo a redução de 9 – TRINIDAD E TOBAGO tarifas comerciais entre os países-membros e o es40°O tabelecimento de padrões de investimento finanFonte de pesquisa: Congresso Nacional. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2015. dade intelectual entre os integrantes. A redução de impostos sobre as mercadorias beneficiou especialmente os Estados Unidos e o Japão (as duas economias mais fortes do bloEmbargo econômico: conjunto de medidas comerciais restritivas que um país (ou um grupo co), ao permitir que as empresas desses países pudessem vender seus de países) impõe a outro, por razões políticoprodutos a um preço mais baixo. Ao assinar o tratado, outro objetivo ideológicas. dos EUA foi se fortalecer econômica e politicamente perante a China.

180°

135°O

90°O

45°O



45°L

90°L

135°L

180°

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

CANADÁ 45°N

ESTADOS UNIDOS

JAPÃO

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

MÉXICO

OCEANO PACÍFICO

VIETNÃ MALÁSIA PERU

Trópico de Capricórnio

CHILE

Meridiano de Greenwich

Equador

OCEANO PACÍFICO

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Estados-membros da TPP

BRUNEI



CINGAPURA

OCEANO ÍNDICO AUSTRÁLIA NOVA ZELÂNDIA

45°S

Círculo Polar Antártico

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0

2 595

5 190 km

Fonte de pesquisa: The United States Trade Representative. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2015.

Não escreva no livro.

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Protecionismo agrícola e abertura comercial

A Rodada de Doha

Capítulo 3 – O papel do comércio mundial

Em 2001, em Doha, capital do Catar (país do Oriente Médio), ocorreu uma reunião que envolveu mais de uma centena de países-membros da OMC. Entre os objetivos dessa reunião, que ficou conhecida como ­Rodada de Doha, estava o de obter maior liberalização do comércio mundial, ou seja, conseguir que os fluxos de mercadorias pudessem ocorrer entre vendedores e compradores sem barreiras alfandegárias ou protecionismos. Ao longo dos anos, após a Rodada de Doha, foram realizadas outras reuniões em várias partes do mundo. No entanto, o impasse continua, pois os países desenvolvidos

não aceitam remover suas barreiras a produtos agrícolas exportados pelos países em desenvolvimento. Estes, por sua vez, fazem restrições à abertura de seus mercados para os produtos manufaturados e os serviços exportados pelos paí­ses desenvolvidos. Roger Rozencwajg/Photononstop/Corbis/Fotoarena

Um dos entraves ao comércio mundial tem sido a questão do protecionismo agrícola. Esse protecionismo tem nos subsídios agrícolas seu principal ponto de sustentação. Os subsídios são um volume de capital ou de bens materiais fornecidos pelo Estado aos produtores rurais com o objetivo de auxiliá-los a manter baixos os preços dos produtos agrícolas (tornando-os mais competitivos no mercado). Consequentemente, isso permite que a agricultura continue a ser um ramo rentável. A interferência do Estado tem sido observada principalmente nos países desenvolvidos, sendo, portanto, os produtores desses países os maiores beneficiários dos subsídios. Em geral, a defesa dos subsídios baseia-se em vários argumentos. O primeiro está relacionado à relativa fragilidade do setor agrícola: mesmo dispondo de técnicas modernas, a agricultura depende de fatores naturais que podem comprometer a produção, gerando crises de abastecimento e colocando em risco a segurança alimentar. O subsídio seria uma proteção ao produtor. Outro argumento relaciona-se à manutenção da atividade rural. Na União Europeia, por exemplo, os subsídios chegam aos agricultores por meio da Política Agrícola Comum (PAC), e países como a França e a Alemanha estão entre os que mais defendem os respectivos setores agrícolas.

A União Europeia destina quase metade de seu orçamento para subsidiar a agricultura. Silo localizado em Lorrez le Bocage, França. Foto de 2013.

saiba mais Agricultores contam com a PAC A Política Agrícola Comum foi idea­lizada depois do término da Segunda Guerra Mundial, período marcado por uma grande escassez de alimentos. Em 1962, ela foi formalizada, dando aos produtores rurais uma renda estável e, aos consumidores, preços baixos. Mesmo após a recuperação no pós-guerra, a PAC manteve-se e, atualmente, representa quase metade da despesa anual da União Europeia.

CONeXÃO

O Brasil no comércio internacional Na atualidade, de acordo com dados da Associação Canadá, China, Estados Unidos, França, Índia, Indonéde Comércio Exterior do Brasil, a participação do país sia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Coreia do Sul, na economia mundial é de apenas 3%. Ao mesmo tem- Rússia, Turquia e União Europeia. Juntos, esses intepo, o Brasil faz parte do G-20, um fórum de discus- grantes concentram cerca de 90% do PIB e dois terços são criado para promover a discussão e a negociação da população mundial. Nas últimas décadas, o Brasil sobre temas relevantes para a economia mundial. Em se destacou como um dos países em desenvolvimento 2015, além do Brasil, integravam o G-20: África do que exigem maior e mais justa participação no comérSul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, cio mundial. 1. Reúna-se com os colegas para discutir a seguinte questão: O Brasil tem condições de liderar as propostas comerciais do G-20? Justifiquem suas respostas.

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Informe As nações e o nacionalismo no novo século A dialética das relações entre a globalização, a identidade nacional e a xenofobia é enfaticamente demonstrada pela atividade pública que combina esses três elementos: o futebol. Graças à televisão global, esse esporte universalmente popular transformou-se em um complexo industrial capitalista de categoria mundial (embora de tamanho modesto, em comparação com outras atividades de negócios globais). […] Praticamente desde que adquiriu um público de massa, esse esporte tem sido o catalisador de duas formas de identificação grupal: a local (com o clube) e a nacional (com a seleção nacional, composta com os jogadores dos clubes). No passado, elas eram complementares, mas a transformação do futebol em um negócio mundial e sobretudo o surgimento extraordinariamente rápido de um mercado global de jogadores nas décadas de 1980 e 1990 […] criaram uma crescente incompatibilidade entre os interesses empresariais, políticos e econômicos, nacionais e globalizados, e o sentimento popular. Essencialmente, o negócio global do futebol é dominado pelo imperialismo de umas poucas empresas capitalistas com nomes de marcas também globais ­– um pequeno número de superclubes baseados em alguns países da Europa. […]. Seus jogadores são recrutados em todo o mundo. Com frequência apenas uma minoria […] dos jogadores tem a nacionalidade do país onde se situa o clube. A partir da década de 1980, eles provêm cada vez mais de países não europeus, especialmente da África […]. Esses desenvolvimentos tiveram um efeito triplo. Do ponto de vista dos clubes, provocaram um considerável enfraquecimento da posição de todos aqueles que não estão no circuito das superligas internacionais e dos supertorneios e em especial nos clubes dos países exportadores de jogadores, notadamente nas Américas e na África. […] Na Europa, os clubes menores mantêm-se em competição com os gigantes em grande medida comprando jogadores baratos […] na esperança de revendê-los­como estrelas já descobertas aos superclubes. O segundo efeito está em que a lógica transnacional da empresa de negócios entrou em conflito com o futebol como expressão de identidade nacional, tanto pela tendência a favorecer torneios internacionais entre superclubes, em detrimento dos torneios tradicionais das copas e dos campeonatos nacionais, quanto porque os interesses dos superclubes competem com os das seleções nacionais, que são as portadoras de toda a carga política e emocional da identidade nacional e que têm de ser formadas por jogadores que tenham o passaporte do país. Ao contrário dos superclubes, […] [as seleções] não são permanentes. Hoje elas tendem a ser conjuntos de jogadores, muitos dos quais –­ a maioria, em casos extremos como o do Brasil –­ jogam em clubes estrangeiros, que perdem dinheiro a cada dia que eles se ausentam, […] para que treinem e joguem com suas seleções. Do ponto de vista dos superclubes e dos superjogadores, o clube tende a ser mais importante do que o país. No entanto, os imperativos não econômicos da identidade nacional têm tido força suficiente para afirmar-se […] e mesmo para impor […] a Copa do Mundo, como o elemento principal e mais poderoso da presença econômica global do futebol. O terceiro efeito pode ser visto na crescente proeminência do comportamento xenofóbico e racista entre os torcedores […]. Eles ficam divididos entre o orgulho que sentem pelos superclubes e pelas seleções nacionais (o que inclui seus jogadores estrangeiros ou negros) e a crescente importância que competidores provenientes de povos há tanto tempo considerados inferiores alcançam nos seus cenários nacionais. [...]

Dialética: debate em que um argumento é defendido e criticado, visando ao aprimoramento do conhecimento, tomado como sempre transitório. Xenofobia: sentimento e atitude de aversão aos estrangeiros.

Hobsbawm, Eric. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 92-95.

para discutir

1. O que significa a transnacionalização do futebol? 2. Como o autor relaciona globalização e identidade nacional no futebol? 3. Atualmente, quando é feita a escalação da Seleção Brasileira de Futebol, muitos dos jogadores convocados jogam no exterior. Quais são as consequências desse fato?

Não escreva no livro.

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Presença da África No vaivém das caravelas lusas, a formação do eixo econômico do Atlântico O eixo econômico do Atlântico ainda é o mais próspero do mundo. Não há como saber se os empreendedores e navegadores portugueses, apoiados inicialmente por financiamentos de banqueiros genoveses, chegaram a suspeitar dos resultados de sua ação pioneira. As caravelas lusas singraram o mar Oceano – modo como era conhecido o oceano Atlântico no século XV –, e seus navegadores mapearam o litoral da África e aportaram nas costas americanas. Seguiram mais adiante, desbravando as rotas do oceano Índico, mas não deixaram de fazer uma avaliação de como seria possível aproveitar as riquezas da África e da América para abastecer os ávidos mercados europeus. Ao mesmo tempo que conquistavam seu império comercial nas áreas orientais do mundo, os portugueses arquitetavam maneiras de aproveitar economicamente os recursos da África e da América. Nenhum recurso da natureza pode ser aproveitado sem o trabalho humano e sem o uso das ferramentas adequadas. O ouro tem de ser minerado, a terra precisa ser cultivada, e os rebanhos necessitam de cuidados intensivos. Na América, os pioneiros lusitanos depararam-se com terras férteis e abundância de água. Mas o aproveitamento dos recursos naturais não se daria por meio da mobilização e transferência de trabalhadores vindos da Europa. Os ameríndios do litoral do Brasil logo seriam escravizados para suprir a necessidade de trabalho. No entanto, os indígenas opuseram forte resistência à escravização, além de sofrerem muito ao ser expostos às doenças trazidas pelos europeus, que antes não existiam na América. Dizimados pela gripe, pelo sarampo e pela varíola, milhares de indígenas morreram, e povos inteiros chegaram a desaparecer. Com o intuito de reforçar a transferência de força de trabalho para a América, os portugueses se envolveram no tráfico africano de pessoas escravizadas. Os negociantes lusos não demoraram a entender o funcionamento desse comércio, que existia na África havia muito tempo. Tudo dependia de firmar laços de amizade e de comércio com líderes das nações africanas da costa ocidental e, por meio deles, conseguir os cativos. Assim, meticulosamente, os portugueses foram montando suas redes de fornecimento de homens e mulheres escravizados, áreas do litoral para onde essas pessoas eram levadas e uma frota de embarcações que se encarregava de atravessar o Atlântico para abastecer os mercados americanos. Na América, a labuta dos escravizados, distribuídos nos campos de cultivo, de criação de animais e nas minas, produzia os bens que atravessavam o Atlântico na direção dos mercados europeus. 40

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Em muito pouco tempo, contando a partir de meados de 1530, quando a colonização portuguesa se firmou no Brasil, o sistema econômico do eixo do Atlântico se regularizou, tornando-se uma verdadeira rede. Da África eram trazidos à força trabalhadores escravizados cujo fornecimento era garantido pelos sistemas de alianças com líderes africanos e pelas naus de transporte. Eram esses cativos que, por meio de seu trabalho, tornavam possível a obtenção de riquezas de todo tipo: o açúcar, a aguardente, o melaço, o tabaco e, mais tarde, no caso do Brasil, metais preciosos e diamantes. Nos portos, as naus eram carregadas e levavam os produtos para a Europa. Outros artigos, especialmente o tabaco e a aguardente, podiam também rumar para a África, pois tinham grande aceitação nas nações fornecedoras dos escravizados.

O grande negócio do tráfico Logo, outras nações europeias começaram a participar do eixo do Atlântico. Portugal estava na África, mas não ainda como nação colonizadora. Ocupava áreas estratégicas no litoral, mas não desfrutava da posse efetiva das terras. Mesmo na América, as atividades colonizadoras lusas tocavam apenas terras esparsas próximas ao litoral. Não havia como assegurar nenhum tipo de exclusividade, nem mesmo segredo. Ao obterem terras nas Américas, muitas empresas coloniais das nações concorrentes adotaram os métodos portugueses. Comerciantes ingleses, franceses e holandeses, para resolver o problema da falta de trabalhadores nas suas respectivas áreas coloniais, recorreram ao tráfico de africanos escravizados. De modo geral, seguiram o mesmo padrão luso: fazer alianças com líderes africanos, com o intuito de montar suas próprias redes de tráfico de escravizados. Na América, onde fosse possível, estimulavam o cultivo dos artigos bem-aceitos na África. Montaram ainda suas próprias frotas de navios negreiros. Dentre esses recém-chegados, logo se destacaram os comerciantes ingleses. O tino para os negócios, a ousadia e a capacidade organizativa permitiram que os ingleses, a partir do século XVIII, se tornassem os mais importantes traficantes de escravizados do Atlântico. Todo esse esforço para participar do tráfico tem uma explicação de peso: os altíssimos lucros do comércio de escravizados, que eram adquiridos por um preço relativamente baixo na África e negociados por valores muitas vezes mais elevados na América. O ganho estimulou empreendedores e investidores de diversas regiões da Europa a garantir sua participação nesse negócio inescrupuloso. Não escreva no livro.

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Photoshot/Easypix

O forte de Elmina, em Gana, foi construído pelos portugueses em 1482 e, depois, tornou-se presídio de africanos escravizados que eram enviados para as Américas. Foto de 2014.

Com o passar do tempo, a colonização europeia nas Américas ampliou-se, incluindo áreas do interior do continente na exploração econômica, e a população aumentou. Isso fortaleceu ainda mais a prosperidade do eixo econômico do Atlântico. A riqueza produzida graças ao aproveitamento dos recursos americanos está na base da liderança econômica e política alcançada pelas nações europeias. Durante trezentos anos, africanos escravizados continuaram a ser trazidos ininterruptamente para o Novo Mundo. É importante tentar entender que a mentalidade dos povos do passado – em que a escravidão era muitas

vezes vista como natural – é diferente do nosso modo de pensar ­atual. No entanto, ressaltar que um dos motores que impulsionaram o eixo econômico do Atlântico foi o tráfico de escravizados é sempre uma história triste de contar e de lembrar. Milhões de africanos, amontoa­dos cruelmente em navios negreiros, deixaram a terra natal para viver em cativeiro, do outro lado do oceano. O eixo do Atlântico é até hoje a área mais próspera do mundo. No entanto, o custo de sua montagem foi altíssimo, e poucos pagaram um preço tão alto e carregaram um fardo tão pesado quanto os africanos traficados.

Para discutir

1. Antes de o tráfico negreiro generalizar-se pelo Atlântico, a região banhada por esse oceano não era a mais próspera do planeta. Era através do oceano Índico que navegavam os navios mais carregados de riquezas, e era em seus portos que se realizavam as transações mais vultosas. Discuta com os colegas, sob a orientação do professor, os motivos que levaram o eixo do Atlântico a tornar-se mais rico do que o do Índico. O grupo deve redigir um texto argumentativo com o resultado das suas conclusões. Não se esqueçam de abordar o papel desempenhado pelo tráfico africano nesse processo. Leia África e Brasil africano, de Marina de Mello e Souza. São Paulo: Ática, 2007. O livro faz um grande retrato da África, de sua diversidade cultural e de sua história. Mostra também a forte influência africana na sociedade brasileira. O tráfico de escravos para o Brasil, de Jaime Rodrigues. São Paulo: Ática, 1998. O livro conta a história do terrível comércio que trouxe da África para o Brasil mais de 4 milhões de seres humanos escravizados. Aborda as formas de captura na África, a travessia do Atlântico e o imenso impacto demográfico, econômico e social do tráfico no continente africano.

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Navegue Fundação Cultural Palmares A fundação, ligada ao Ministério da Cultura, dá apoio a ações e projetos culturais voltados para o resgate da identidade das populações afrodescendentes e para a construção de uma sociedade sem racismo ou sem discriminação. Disponível em: . Acesso em: 16 out. 2015.

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command na caixa com texto transparente abaixo

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Revendo conceitos

13. Analise o mapa e responda às questões.

AMÉRICA DO SUL E CENTRAL

OCEANO ATLÂNTICO

5. Como ocorre o fluxo de capitais na atualidade?

7. Quais são as principais críticas feitas à globalização? 8. Quais foram os fatores favoráveis à formação dos blocos econômicos? 9. Como se caracteriza a União Europeia? 10. Quais são os obstáculos atuais enfrentados pelo Mercosul? 11. O que são subsídios agrícolas?

Lendo mapas, gráficos e tabelas 12. Analise a tabela a seguir e elabore uma síntese que destaque as principais características das maiores multinacionais.

País de origem

Ramo de atividade

1

Estados Unidos

Loja de departamento

2

China

Petróleo

3

Reino Unido/Países Baixos

Petróleo

4

China

Petróleo

5

Estados Unidos

Petróleo

6

Reino Unido

Petróleo

7

China

Energia elétrica

8

Alemanha

Automobilístico

9

Japão

Automobilístico

10

Reino Unido/Suíça

Mineração

Fonte de pesquisa: Fortune. Disponível em: . Acesso em: 5 nov. 2015.

UNIÃO EUROPEIA

Allmaps/ID/BR

CHINA

5

3

EX-URSS 9

OCEANO ÍNDICO

ORIENTE MÉDIO ÁFRICA

NOTA: Em mapas como este, em projeção azimutal, não é possível indicar orientação.

103

0

4153

8306 km

Fonte de pesquisa: OMC. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2015.

a) Quais são os principais mercados consumidores dos produtos chineses? b) Na atualidade, muitos produtos utilizados no dia a dia dos brasileiros são fabricados na China. Faça uma pesquisa para saber quais mercadorias predominam nas exportações chinesas. c) Levante hipóteses sobre as atividades econômicas predominantes na China. 14. Analise o gráfico e responda às questões. PIB do Mercosul por países (2014) 1,7%

As dez maiores multinacionais (2014) Classificação

ÁSIA AMÉRICA DO NORTE 42

4. Qual é a relação entre a Terceira Revolução Industrial e as multinacionais? 6. Dê exemplos de fluxos materiais e não materiais na atualidade.

541

0,9%

Setup Bureau/ID/BR

3. A partir de quando e de onde ocorreu a descentralização da produção das multinacionais?

8 39

OCEANO PACÍFICO

91

2. Quais foram as consequências da expansão das multinacionais?

Exportações chinesas, em bilhões de US$ (2013)

8

1. O que é globalização? Cite uma consequência desse processo.

7

Atividades

14,6%

15,5% 67,3%

Brasil Argentina Venezuela Uruguai Paraguai

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2015.

a) É possível afirmar que há uma disparidade econômica entre os membros do Mercosul? Justifique. b) O comércio brasileiro com os países do Mercosul tem decrescido desde meados da década de 2000, principalmente em relação às importações feitas pelo Brasil. Levante hipóteses sobre esse fato.

42

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Interpretando textos e imagens

Relações comerciais da Asean (2013)

22,1%

Intra-Asean China União Europeia Japão Estados Unidos Coreia do Sul Austrália Índia Rússia Nova Zelândia Outros

24,2%

0,4% 0,8%

2,7% 2,7%

14%

5,4% 8,2%

9,8%

9,6%

Tradução das falas, da esquerda para a direita: ­— Sou asiático e pobre. ­— Sou sul-americano e pobre. ­— Sou africano e pobre. ­— Vê? Isso é a globalização!

Fonte de pesquisa: Asean. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2016.

18. Leia o texto a respeito da criação da Parceria Transpacífico.

a) Qual é o principal parceiro comercial da Asean? Por que isso acontece? b) Apenas cerca de 25% do comércio realizado pela Asean ocorre entre os países do bloco. Em sua opinião, por que isso acontece?

[…] Apesar de que todas as linhas do acordo afetam as trocas comerciais e de informação, o TPP também tem importantes consequências políticas em escala internacional. Os EUA buscaram esse acordo com o objetivo de conter o poder da China na região. […] Veja os aspectos mais importantes do tratado comercial do Pacífico. El País, 5 out. 2015. Disponível em: . Acesso em: 19 out. 2015. Setup Bureau/ID/BR

16. Analise o gráfico e escreva um texto que apresente as mudanças ocorridas no comércio mundial entre 1953 e 2013. Exportações de mercadorias (1953-2013) 100%

80%

60%

40%

20%

1953

1983

resto do mundo China Japão

17. Analise o conteúdo da charge e responda: Você diria que o autor da charge tem uma visão pró-globalização? Karsten Schley/CartoonStock

Setup Bureau/ID/BR

15. Analise o gráfico e responda às questões.

2003

2013

Alemanha EUA

Fonte de pesquisa: OMC. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2015.

ano

Em que medida a criação do TPP pode enfraquecer politicamente a China? Explique. 19. Leia o trecho a seguir: O Brasil precisa adotar posição mais firme contra o protecionismo da nova lei agrícola dos Estados Unidos aos produtores de algodão […] Os norte-americanos já haviam sido condenados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) por uso de dispositivo protecionista semelhante, que resultou em acordo prevendo o pagamento de multas e a modificação da política de subsídios. Após pagar cerca de US$ 500 milhões, o governo daquele país interrompeu o pagamento da multa e aprovou nova lei agrícola, com subsídios mais amplos, assegurando renda ao produtor de algodão americano mesmo se não houver produção. […] Senadores querem rigor contra protecionismo americano ao algodão. Agência Senado, 8 maio 2014. Disponível em: . Acesso em: 9 mar. 2016.

a) Qual é a instituição responsável por regular o comércio mundial? b) Explique os motivos pelos quais o Brasil deveria adotar uma postura mais “firme” diante do protecionismo dos Estados Unidos. 43

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capítulo

Coleção particular, São Paulo. Fotografia: ID/BR

4

A inserção do Brasil na economia mundial

o que você vai estudar Formação do território brasileiro. Industrialização do Brasil. Características regionais do Brasil e a divisão oficial proposta pelo IBGE. Desigualdades regionais. Outras regionalizações do Brasil.

Franz Post, Vista da cidade Maurícia e do Recife ,1653. Óleo sobre madeira, 48,2 cm � 83,6 cm. O artista holandês fez parte da comitiva de Maurício de Nassau ao Brasil (1637-1644).

Assista Desmundo. Direção de Alain Fresnot, Brasil, 2003, 100 min. O filme mostra aspectos da sociedade colonial brasileira e a submissão das mulheres no século XVI.

Para muitos autores, a conquista e a colonização territorial, a partir do século XVI, podem ser consideradas empreendimentos capitalistas, pois os colonizadores objetivavam o lucro no comércio dos bens produzidos nas colônias. Nesse período, as atividades econômicas desenvolvidas no Brasil estiveram estreitamente associadas às potencialidades naturais do território e, dependentes do capital da Metrópole, visavam atender apenas aos interesses dos europeus. Esse cenário começou a ser estruturado no início no século XVI, quando os colonizadores, sobretudo os portugueses, organizaram feitorias no litoral brasileiro para a exploração do pau-brasil. A partir de meados desse século, empreenderam o cultivo de cana-de-açúcar por meio do sistema de plantation, caracterizado pela monocultura voltada para a exportação, produção em grandes propriedades e exploração de mão de obra escrava. Além de instituir a escravidão, que fez milhões de vítimas por mais de três séculos, dizimando numerosos povos indígenas e subjugando os africanos trazidos à força, a formação desses espaços de produção foi realizada a partir do desmatamento e de outras alterações que hoje identificamos como problemas ambientais. Em diferentes momentos ao longo da história, os espaços foram organizados no Brasil para atender ao mercado mundial, que demandava produtos agrícolas ou minerais. A implantação de várias atividades exportadoras explica a forma de ocupação do Brasil e a construção de suas diferenças regionais. 1. Identifique na representação de Franz Post elementos citados no texto como característicos do início da formação do território brasileiro e da inserção do Brasil na economia mundial.

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Não escreva no livro.

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A ocupação do território Brasil – A ocupação do território (séculos XVI-XIX) 70°O

60°O

VENEZUELA

Guiana 50°O Francesa (FRA) SURINAME

COLÔMBIA

NE

SO

SE



10°S PERU

OCEANO ATLÂNTICO

BOLÍVIA

OCEANO PACÍFICO

20°S PARAGUAI

Capricórnio Trópico de CHILE

0

435

870 km

ARGENTINA 30°S

URUGUAI Meridiano de Tordesilhas Território ocupado no século XVI. Território ocupado no século XVII. Território ocupado no século XVIII. Território ocupado no século XIX. Território ainda não ocupado no século XIX.

Fronteira fixada pelo Tratado de Utrecht (1703). Fronteira fixada pelo Tratado de Madri (1750). Fronteira fixada pelo Tratado de Badajós (1801).

Principais bandeiras captura de indígenas procura de minérios exploração contratada

Ganhos territoriais obtidos por arbitragem no final do século XIX e início do XX.

fortes portugueses

classe trabalhadora livre, formada por imigrantes europeus. Outra atividade que teve impacto na configuração do território nacional foi a exploração da borracha na Amazônia (1870 e 1910), região que recebeu elevado número de migrantes fugidos de uma seca muito rigorosa no Sertão do Nordeste. No século XX, o atual território brasileiro foi mais amplamente ocupado, e as regiões passaram a estar mais interligadas com a construção de ferrovias e rodovias.

Disputas territoriais no século XXI As principais disputas por demarcação de territórios estão concentradas, hoje em dia, principalmente na Amazônia. De um lado, grupos indígenas, historicamente os primeiros ocupantes da região. Do outro, agricultores, pecuaristas e garimpeiros que tentam apossar-se de terras por meio de violência, além de outros meios. Essas disputas têm provocado mortes, sobretudo de indígenas. 1. A delimitação de terras indígenas pelo governo brasileiro, com limites definidos por lei, é uma solução possível para essas disputas. Pesquise as principais dificuldades enfrentadas pelos grupos indígenas para terem suas terras reconhecidas e delimitadas nos dias atuais.

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30°O NO

Equador

ação e cidadania

Não escreva no livro.

40°O

GUIANA

Carlos Henrique/ID/BR

A partir dos principais núcleos de povoamento colonial formados até o início do século XVII – São Vicente/São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Pernambuco –, o território do Brasil foi sendo ampliado. Entre as áreas incorporadas, esteve o semiárido nordestino, onde a pecuária extensiva se espalhou pelas margens do rio São Francisco e chegou ao sertão. Também se iniciou a criação de gado na região onde atualmente se encontram os estados sulinos. Nesse século teve início, ainda, a exploração de áreas de floresta Amazônica pelos portugueses, interessados nas chamadas drogas do sertão. No final do século XVII, partiram de São Paulo expedições de bandeirantes para capturar e escravizar indígenas e encontrar minas de ouro e diamantes. No século XVIII, com a descoberta do ouro nas áreas que hoje pertencem aos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, assistiu-se à interiorização da exploração e da ocupação colonial. Um fato que se destaca nos três primeiros séculos de exploração e ocupação do território brasileiro é a descontinuidade espacial. Em outras palavras, formaram-se “ilhas” de ocupação e povoamento ao longo do litoral e nas áreas interioranas, com ligações muito precárias e por vezes perigosas. Os tropeiros e os pecuaristas foram os principais responsáveis pela consolidação de rotas mais duradouras, bem como pela instalação de áreas de pouso (descanso), que gradativamente tornaram-se núcleos de povoamento. No século XIX, algumas atividades econômicas aceleraram o processo de expansão do território como o cultivo do café. Sob o aspecto social, o café fez surgir uma nova classe com grande poder político, além de uma

Fonte de pesquisa: Théry, Hervé; Mello, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp-Imprensa Oficial, 2005. p. 33.

Drogas do sertão: alguns produtos da floresta Amazônica que eram muito valorizados na Europa durante o período colonial, tais como guaraná, castanha, cravo, canela, entre outros. Pecuária extensiva: tipo de criação na qual o gado é criado solto em uma extensa área de pasto. Tropeiro: condutor de muares e cavalos que transportava bens entre os centros de produção e os centros de consumo durante o período colonial.

45

4/28/16 10:57 AM

Capítulo 4 – A inserção do Brasil na economia mundial

A industrialização e a integração do território

Assista Coronel Delmiro Gouveia. Direção de Geraldo Sarno, Brasil, 1978, 90 min. O filme mostra a trajetória de um comerciante cearense, que, no começo do século XX, manteve uma fábrica de linhas no interior do Ceará. Crise mundial: período cíclico do sistema capitalista mundial que geralmente se inicia com o colapso do setor financeiro, estendendo-se, em seguida, para outros setores. Economia de arquipélago: expressão que designa a economia de um território que está fragmentada em polos praticamente independentes.

40°O

30°O NE

SO

SE



10°S

OCEANO ATLÂNTICO

BOLÍVIA

OCEANO PACÍFICO CHILE

20°S

Distrito Federal Capital de estado

NO

Carlos Henrique/ID/BR

Nas últimas décadas do século XIX e no início do século XX, a exportação de café tornou-se a base da economia brasileira, e o cultivo desse produto acarretou a introdução da mão de obra livre no processo produtivo. As atividades comerciais, financeiras e o setor de transportes sofreram uma relativa modernização e, a partir do capital gerado pela economia agroexportadora, iniciou-se o desenvolvimento do setor industrial brasileiro. No início da industrialização, o descompasso entre o Brasil e os países centrais quanto ao nível técnico e à concentração de capitais era muito evidente. É importante lembrar que, nesse período, começava nos países mais desenvolvidos a Segunda Revolução Industrial, enquanto no Brasil as indústrias empregavam tecnologias simples e não dispunham de capital suficiente para intensificar o processo de industrialização. Em 1929, uma crise mundial provocou um efeito positivo para o desenvolvimento da indústria brasileira: a substituição de importações, processo que se caracteriza pela criação de indústrias para a fabricação de produtos antes importados. A substituição de importações ocorreu devido ao aumento da demanda interna por produtos industrializados e às políticas governamentais implantadas na época (sobretudo financiamentos e taxações sobre produtos importados). Esse processo ocasionou uma significativa mudança na estrutura econômica nacional: a atividade industrial passou a ser o carro-chefe da economia brasileira, ultrapassando o setor agroexportador, em baixa por causa da diminuição da demanda mundial por café. A partir da década de 1930, o Estado brasileiro empreendeu, portanto, uma política desenvolvimentista marcada, entre outros aspectos, pelo aumento da intervenção do Estado na economia com o objetivo de promover a industrialização. Uma importante decisão relacionada a essa política foi a obtenção de financiamento estadunidense para a criação de uma indústria siderúrgica no país – a siderúrgica de Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A consolidação da política desenvolvimentista representou a chegada da Segunda Revolução Industrial no Brasil com algumas décadas de atraso em relação aos países centrais. Na década de 1940 (em plena Segunda Guerra Mundial), Brasil – A economia de arquipélago (década de 1940) o Brasil possuía uma organi70°O 60°O 50°O Guiana VENEZUELA GUIANA Francesa zação fragmentada do espaço, (FRA) SURINAME isto é, pouco integrada. Cada COLÔMBIA porção do espaço apresentava mais ligações com o exterior Equador (onde estavam os mercados para as matérias-primas produzidas) do que com as ­áreas próximas. A deficiente rede de transportes foi um dos fatores apontados para a existência da chamada economia de arquiPERU pélago (ver mapa).

PARAGUAI

Trópico

Zona de influência dos principais focos econômicos

de Capr icórnio

Centro de gravidade econômico Espaço realmente integrado à economia

ARGENTINA

Grande eixo rodoviário

Fonte de pesquisa: Théry, Hervé; Mello, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp-Imprensa Oficial, 2005. p. 43.

46

SP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C04_044A051.indd 46

Principais correntes migratórias Frentes pioneiras e eixos de progressão

URUGUAI

0

440

880 km

30°S

Não escreva no livro.

4/28/16 10:57 AM

O final da Segunda Guerra Mundial em 1945 e o posterior início da Guerra Fria constituíLeia ram um marco decisivo na internacionalização da economia brasileira. A ascensão dos EstaUma breve história dos Unidos como potência capitalista promoveu a articulação de uma base aliada da qual fado Brasil, de Mary ziam parte os países da Europa Ocidental, o Japão e a América Latina. Del Priore e Renato A criação de instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Venancio. São Paulo: Planeta, 2010. Mundial, ambos destinados a socorrer países, principalmente os países em desenvolviEm linguagem mento, foi decisiva para o Brasil. O fato de as políticas protecionistas do Estado brasileisimples e acessível, o ro terem permanecido no pós-guerra permitiu ao país continuar a industrialização por livro conta a história política, social e substituição de importações. No entanto, para as elites isso já não era suficiente, e disseeconômica do Brasil minou-se a ideia de que era necessário alcançar rapidamente o nível de industrialização até os dias atuais. dos países desenvolvidos. Na segunda metade dos anos 1950, começaram a ser instaladas indústrias mais avanNavegue çadas tecnologicamente no país. Nessa época, o Estado brasileiro permaneceu presente na Ministério do implantação da infraestrutura (rede de transportes, ener­gia, comunicações) e na criação e Desenvolvimento, expansão de indústrias de base (siderúrgica e petroquímica) visando dar condições para as Indústria e Comércio indústrias multinacionais produtoras de bens duráveis (automobilística, de eletrodoméstiExterior cos, etc.) instalarem-se no Brasil. Com isso, as multinacionais dominaram e direcionaram o Neste portal, é possível acessar processo de industrialização brasileiro. informações Depois do golpe militar de 1964, fortaleceu-se de modo significativo o elo entre a econosobre economia e mia brasileira e o capital internacional. A abundância de créditos internacionais garantiu a comércio exterior do Brasil, além de fase denominada “milagre brasileiro”, período entre 1967 e 1973 em que o Brasil conheconteúdo sobre ceu elevado crescimento econômico e, simultaneamente, forte concentração de renda. Esse desenvolvimento período foi encerrado com a primeira crise do petróleo, caracterizada por uma forte elevaindustrial. Disponível em: . Acesso is Na década de 1980, mudanças nas organizações econômica e financeira mundia­ em: 7 mar. 2016. tiveram ampla repercussão em nosso país: a economia mundial passou a crescer mais lentamente, provocando déficits públicos em vários países centrais; o neoliberalismo foi adotado Déficit público: nos Estados Unidos e no Reino Unido e se expandiu para outros paí­ses, incluindo o Brasil; ocorre quando um o mercado financeiro mundializou-se, embora tenha continuado bastante centralizado nos governo gasta mais do que arrecada durante grandes centros 1964 financeiros de Nova York, Londres e Tóquio. determinado período As multinacionais ganharam novo ritmo, pois foram (e continuam sendo) favorecidas 1970 de tempo. pela abertura dos mercados promovida pelo neoliberalismo e pelas inovações tecnológicas 1980 da Terceira Revolução Industrial. 1990do Brasil na economia capiA inserção Exportações brasileiras (1964-2014) talista internacional promoveu mudanças 2000 no papel2011 desempenhado pelo nosso país na DIT. De exportador de matérias-primas e 100% Básicos bens agrícolas − modelo agroexportador −, 84,4 o Brasil diversificou a pauta de suas expor80% 74,8 tações com a inclusão de artigos manufaturados, ampliando sua participação no co42,5 mércio mundial (ver gráfico). 60% 27,8 Apesar da modernização promovida pela crescente22,8 internacionalização da economia 48,7 40% − modelo urbano-industrial −, uma parte considerável da população brasileira ainda Semimanufaturados permanece em condições de pobreza.

8 9,1 11,7 16,3 Fonte de pesquisa: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e 15,4 Comércio. Disponível em: . 12,9 Acesso em: 6 mar. 2016. manufaturados Não escreva6,2 no livro. 15,2 44,8 54,2 SP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C04_044A051.indd 47

Setup Bureau/ID/BR

O pós-guerra

20%

1964

1970

1980

1990

2000

manufaturados

semimanufaturados

primários

outros

2014

47

29/04/16 10:38

Características regionais do Brasil O conceito de região é central para a Geo­grafia. A região pode ser definida como uma extensão variável do espaço, delimitada a partir de um conjunto de relações socioespaciais que lhe confere uma característica própria que nos permite diferenciá-la dos espaços vizinhos e externos. De forma sucinta, a região é parte de um todo com o qual se inter-relaciona. Devido à sua grande extensão – 8 515 767,049 km2  –, o território brasileiro precisa ser dividido em partes, tanto para diferenciar cada uma delas como para conhecê-las melhor. Os limites das regiões brasileiras podem ou não coincidir com as divisões político-administrativas dos estados e isso depende do critério adotado na regionalização. A primeira regionalização do Brasil proposta pelo Instituto Brasileiro de ­Geografia e Estatística (IBGE), em 1941, utilizava como critério as semelhanças naturais (clima, relevo e vegetação) de cada porção do território e os limites dos estados. Os limites estaduais sempre foram utilizados pelo IBGE para definir as regiões com o objetivo de facilitar a coleta e a organização dos dados estatísticos e, consequentemente, a implementação de medidas administrativas pelos governos federal e estadual. O Brasil foi dividido em cinco regiões: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. Nas décadas seguintes, o IBGE adotou outros critérios e propôs outras regionalizações do território. A atual divisão regional proposta por essa instituição leva em consideração aspectos econômicos, sociais, políticos e naturais e é utilizada desde 1990. As atuais macrorregiões brasileiras do IBGE são: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (ver mapa).

Regiões brasileiras – Extensão e população (2014)

GUIANA

COLÔMBIA

40ºO

Guiana Francesa (FRA) SURINAME

RR

AP

Equador

NE

SO

SE



EQUADOR

Capítulo 4 – A inserção do Brasil na economia mundial

NO

Arquip. de Fernando de Noronha

AM

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BA

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OCEANO ATLÂNTICO

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OCEANO PACÍFICO

GO MG

MS

Trópico de Capricórnio

Região Norte Região Nordeste Região Centro-Oeste Região Sudeste Região Sul

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20ºS

RJ

SP

PARAGUAI

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10ºS

SE

RO

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ARGENTINA RS

URUGUAI

30ºS

0

535

1 070 km

Habitantes

Norte

3 853 669

17 530 132

Centro-Oeste

1 606 415

15 495 210

Nordeste

1 554 257

56 650 446

Sudeste

924 616

85 929 687

Sul

576 773

29 275 942

ação e cidadania

Allmaps/ID/BR

50ºO

60ºO

VENEZUELA

Extensão em km2

Fonte de pesquisa: IBGE. Disponível em: ; . Acessos em: 9 out. 2015.

Brasil – Divisão regional do IBGE 70ºO

Regiões

As regiões e a diversidade cultural As dimensões continentais do território brasileiro ganham um novo olhar quando se estudam as regiões. É certo afirmar que cada região apresenta identidade cultural própria, que se expressa na literatura, na música, na arte, no artesanato, na culinária, nas festas, no vocabulário regional. Não raro, no interior dos limites regionais percebem-se manifestações culturais singulares, típicas de uma pequena porção do espaço. A soma dessas manifestações resulta em uma extraordinária diversidade cultural, cuja origem pode ser encontrada na união entre a geografia e a história de cada lugar. 1. Reúnam-se em grupos e pesquisem a origem de uma manifestação cultural de cada região do Brasil. Discutam em que medida as manifestações culturais pesquisadas se relacionam com a história da formação e ocupação do território brasileiro. Apresentem para a classe uma reflexão acerca da importância da valorização da diversidade regional brasileira.

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 94.

48

SP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C04_044A051.indd 48

Não escreva no livro.

29/04/16 18:05

As regiões brasileiras Diversas características podem ser identificadas em cada macrorregião definida pelo IBGE. ID/BR NE

SO

SE

rup

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NO

São Luís

Gu

Parnaíba

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Hidrelétrica Boa Esperança

PE

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PB

Rio

BA

Natal João Pessoa

Olinda Recife Caruaru Garanhuns Jaboatão dos Guararapes Maceió

io Vaz a-B arr i Itapicuru

s

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Mossoró

RN

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CE Teresina

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MA

Fortaleza

Sobral

Rio Parnaíba

PA

Carlos Henrique/ID/BR

40°O

AL

R

O Nordeste foi a primeira região brasileira a ser ocupada e a criar espaços de produção, ainda no século XVI. A região apresenta uma grande variedade de paisagens climatobotânicas, utilizadas para definir sub-re­giões em seu interior: de leste para oeste, a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte (ver mapa). Na Zona da Mata, foi estruturada a primeira área canavieira do país, e a ocupação do Agreste e do Sertão deu-se, em parte, pelas condições naturais dessas paisagens, adequadas à expansão da pecuária. No Meio-Norte, a expansão ocorreu no sentido norte-sul. Do ponto de vista econômico, coexistem atualmente na região á­ reas agrícolas modernas, onde há cultivos de exportação – frutas no vale médio do São Francisco, soja e algodão no oeste da Bahia, entre outros –, e áreas com agricultura tradicional e baixa produtividade. Durante os governos militares (1964-1985), ocorreu o primeiro grande desenvolvimento industrial na região, impulsionado por incentivos fornecidos pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). As principais zonas industriais nordestinas estão, hoje, nas áreas metropolitanas de Salvador, do Recife e de Fortaleza. Historicamente, o Nordeste caracteriza-se por apresentar baixos níveis de desenvolvimento. A partir da década de 2000, porém, com a ampliação da irrigação, o aumento da industrialização e a aplicação de alguns programas sociais, verificou-se uma melhora nas condições de vida da população.

Nordeste – Sub-regiões

Ri o

A Região Nordeste

10°S

SE Aracaju

Alagoinhas

Feira de Santana

Salvador Jequié Vitória da Conquista

GO

Itabuna

DF

Ilhéus

OCEANO ATLÂNTICO

MG 0

215

430 km

ES

Zona da Mata

Rio permanente

Capital de estado

Agreste

Rio temporário

Cidade importante

Sertão

Represa

Meio-Norte

Fonte de pesquisa: Andrade, Manuel Correia. A terra e o homem no Nordeste. 6. ed. Recife: Ed. da UFPE, 1998. p. 276.

A Região Sudeste Colonizadores portugueses estiveram presentes na atual região Sudeste desde o século XVI. A partir do século XVIII, o principal polo político e econômico do país começou a se localizar nessa região: primeiro, devido à descoberta de ouro em Minas Gerais e à transferência da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro; depois, a região passou a abrigar a capital do Império e depois da República e também apresentava, a partir de meados do século XIX, extensas áreas de cultivo de café, o principal produto de exportação do Brasil na época. Atualmente, o Sudeste é a região mais populosa e urbanizada do país e abriga o setor industrial mais desenvolvido. Estão localizadas no Sudeste as duas maiores metrópoles nacionais – São Paulo e Rio de Janeiro. A produção agrícola da região apresenta os maiores níveis de mecanização do país. Importantes agroindústrias (laranja e cana-de-açúcar) ocupam extensas áreas, principalmente no estado de São Paulo. Também existem na região outros cultivos destinados à exportação, como o café, a soja e o milho. No Sudeste, assim como nas outras regiões brasileiras, a agricultura moderna coexiste com cultivos tradicionais e pouco mecanizados. Não escreva no livro.

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Paisagem climatobotânica: paisagem que resulta da associação entre o clima e a vegetação de determinado local. Sudene: órgão criado no fim da década de 1950 para promover o desenvolvimento da Região Nordeste.

Assista Espelho d’água: uma viagem no rio São Francisco. Direção de Marcus Vinícius Cesar, Brasil, 2004, 110 min. O filme mostra uma jovem que, à procura do namorado desaparecido, percorre o rio São Francisco e conhece suas belas paisagens. Xica da Silva. Direção de Cacá Diegues, Brasil, 1976, 107 min. O filme aborda a sociedade de Minas Gerais na época da mineração, no século XVIII.

49

4/28/16 10:57 AM

A Região Sul

conexão

Trata-se da única região brasileira que apresenta a maior parte de seu território na zona temperada. Apesar de áreas de seu espaço terem sido ocupadas desde o século XVI para a criação extensiva de gado (bovino e equino), seu crescimento demográfico e econômico começou a ocorrer apenas no século XIX, quando a região recebeu grande número de imigrantes para ocuparem o território. A presença desses imigrantes (italianos, alemães, poloneses, ucranianos, entre outros) garantiu à região muitos aspectos culturais diversos dos da cultura luso-brasileira, encontrada em outras regiões, principalmente no Nordeste e no Sudeste. A Região Sul apresenta hoje um setor industrial e agrícola bem desenvolvido e possui os melhores indicadores sociais do Brasil em saúde e educação. Durante séculos, o Centro-Oeste manteve-se pouco povoado. A partir da segunda metade do século XX, a porção sul dessa região foi afetada pelo crescimento da economia paulista com a extensão de linhas ferroviárias destinadas ao transporte de gado bovino até a região. A região também foi profundamente afetada pela decisão do governo brasileiro de localizar sua sede no então criado Distrito Federal. Para a construção de Brasília, uma grande quantidade de migrantes (sobretudo do Nordeste) se deslocou para lá. Com as rodovias que ligavam a nova capital ao restante do país, migrantes sulinos, em grande maioria, passaram a desmatar áreas de Cerrado para o cultivo de grãos. O baixo preço das terras naquele momento garantiu a formação de grandes propriedades no Centro-Oeste. Nas últimas décadas do século XX, a agroindústria expandiu-se enormemente na região, principalmente a destinada à produção de soja para exportação. Áreas expressivas de vegetação também têm sido desmatadas para a prática da pecuária.

A Região Norte Região brasileira mais extensa, foi pouco povoada durante o período colonial. A ocupação da região foi estimulada pela exploração da borracha, que, entre 1870 e 1910, teve importância nas exportações brasileiras. A integração da região ao espaço geográfico nacional efetivou-se com base em uma estratégia geopolítica, empreendida pelos governos militares, para promover a exploração da floresta Amazônica. Para isso, foram construídas duas grandes rodovias – Cuiabá-Santarém e Transamazônica. Nas suas proximidades, foram instalados grandes projetos de extração mineral, como o Projeto Grande Carajás. Em 1967, o governo criou a Zona Franca de Manaus com o objetivo de atrair empresas e promover a industrialização na área. Atualmente, a região sofre com desmatamentos da floresta Amazônica decorrentes principalmente da expansão de atividades agropecuárias. A região apresenta a maior concentração de grandes propriedades do Brasil e também as principais áreas de conflitos de terras, principalmente no estado do Pará. Outra atividade de destaque na região é a mineração (ver mapa).

Região Norte – Ação antrópica e mortes por conflitos fundiários 80ºO

OCEANO PACÍFICO

70ºO

60ºO

VENEZUELA

Guiana Francesa (FRA) SURINAME

50ºO

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Capítulo 4 – A inserção do Brasil na economia mundial

A Região Centro-Oeste

As monoculturas no Cerrado e a contaminação dos rios Por muito tempo, os solos do Cerrado foram considerados impróprios para o cultivo. Quando ali começaram a ser introduzidas as monoculturas, adotaram-se técnicas que incluíam a correção do solo, maquinário moderno e defensivos agrícolas. Naquele momento, muitos rios da região foram contaminados por fertilizantes e agrotóxicos carregados pelas enxurradas. 1. Na região onde você mora, há rios contaminados por atividade agrícola ou por outras atividades? 2. Discuta com os colegas a quem cabe a tarefa de preservação dos rios.

40ºO

GUIANA

COLÔMBIA

OCEANO ATLÂNTICO

AP

RR Equador

NO

NE

SO

SE



EQUADOR AM PA

PERU Região Norte Área desmatada Exploração mineral entre 2001-2010

Total de assassinatos relacionados a conflitos fundiários 2002-2006 2007-2011

MA

CE

PB

PI AC 40 30 20 10

50

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10ºS

TO

RO

PE AL SE

BA MT

BOLÍVIA

RN

GO

0

415

830 km

Fontes de pesquisa: Simielli, Maria Elena. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 127; DNPM. Disponível em: ; Imazon. Disponível em: ; Inpe. Disponível em: . Acessos em: 13 abr. 2016.

Não escreva no livro.

4/28/16 10:57 AM

Outras regionalizações do Brasil Existem outras propostas de regionalização do território brasileiro. Uma delas data de 1967 e foi elaborada pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger. Esse pesquisador dividiu o Brasil em três regiões geoeconômicas: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul. Os critérios dessa divisão seriam os processos socioeconômicos de cada porção do território, e os limites entre as regiões não obedeceriam aos limites político-administrativos dos estados (ver o primeiro mapa). No final do século XX, os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira apresentaram outra proposta de regionalização, dividindo o Brasil em quatro regiões: Amazônia, Nordeste, Centro-Oeste e região Concentrada. O critério da regionalização seriam as condições do meio técnico-científico-informacional (ver o segundo mapa). A Amazônia se caracterizaria por apresentar uma baixa densidade técnica e demográfica; a Nordeste, por uma agricultura pouco mecanizada; a região Centro-Oeste apresentaria uma agricultura mecanizada e produtiva e a região Concentrada incorporaria atividades relacionadas ao setor terciário e de serviços superiores (finanças, publicidade, entre outros), apresentando também indústrias de ponta e agricultura e pecuária mecanizadas e com alta produtividade. Os elevados níveis técnico-científico e informacional permitiriam à região Concentrada participar mais efetivamente do processo de globalização. De maneira geral, nas últimas décadas, novos espaços metropolitanos surgiram no Brasil; as atividades agropecuárias e de extração mineral expandiram-se por áreas ainda inexploradas, e diversos espaços geográficos foram criados. Por isso, geógrafos e pesquisadores têm argumentado que a regionalização utilizada pelo IBGE desde 1990 deve ser revista.

30

20

10

0

Norte

Nordeste

Setor terciário: setor das atividades econômicas relacionadas ao comércio e aos serviços.

Não escreva no livro.

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Sudeste

Sul

Centro-Oeste

Fonte de pesquisa: IBGE. Síntese de indicadores sociais 2014. Disponível em: . Acesso em: 6 out. 2015.

Brasil – Regiões geoeconômicas 70ºO

50ºO

60ºO

VENEZUELA

COLÔMBIA

40ºO

Guiana Francesa SURINAME (FRA) GUIANA

RR

NO

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MT

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BA DF GO

BOLÍVIA

MG MS apricórnio Trópico de C

OCEANO CHILE PACÍFICO

ES

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PARAGUAI

20ºS

RJ

PR OCEANO ATLÂNTICO

SC ARGENTINA

RS

0

617

1 234 km 30ºS

URUGUAI

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 152.

Brasil – Regionalização com base no meio técnico-científico­‑informacional COLÔMBIA

Guiana 50°O 70°O 60°O Francesa VENEZUELA GUIANA (FRA) SURINAME

RR

40°O NO

NE

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EQUADOR AM

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10°S

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BOLÍVIA

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OCEANO PACÍFICO

MG

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PARAGUAI

órnio de Capric Trópico CHILE ARGENTINA

Nordeste Centro-Oeste

20°S

RJ

PR

OCEANO ATLÂNTICO

SC

Amazônia

Meio técnico-científico-informacional: conceito desenvolvido pelo geógrafo brasileiro Milton Santos para designar a forma de produção do espaço predominante no atual momento histórico, qual seja, a da interferência da ciência, da técnica e da informação na configuração do espaço geográfico.

Setup Bureau/ID/BR

%

Allmaps/ID/BR

O Brasil é marcado por profundas desigualdades socioeconômicas e regionais. Como no país a industrialização fez-se de forma bastante concentrada no Sudeste, houve nessa região uma forte concentração de riqueza. O Sudeste recebeu maior volume de investimentos do Estado, que buscava atrair e favorecer o capital internacional que se instalou no país com as multinacionais. As demais regiões gravitavam em torno do Sudeste, e a consequência desse processo foi a ampliação das desigualdades socioeconômicas entre as regiões. A taxa de mortalidade infantil, por exemplo, reflete as condições de saneamento básico, nível de instrução e equipamento médico-hospitalar disponível para a população. As taxas de mortalidade infantil no Nordeste e no Norte ainda são bem mais altas que as das outras regiões brasileiras (ver gráfico).

Taxa de mortalidade infantil (%) nas regiões brasileiras (2013)

Carlos Henrique/ID/BR

Os desequilíbrios regionais

RS

30°S URUGUAI

0

750

1500 km

Região Concentrada

Fonte de pesquisa: Santos, Milton; Silveira, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. Encarte 2.

51

29/04/16 18:06

Presença Indígena Xingu O antropólogo alemão Karl von den Steinen foi o primeiro a realizar expedições científicas na região do Mato Grosso. Em uma conferência realizada em 1888, ele resumiu suas impressões: Qual será o futuro dos nossos amigos do Xingu? São 3 mil aborígenes que apresentamos, primitivos como saíram das mãos da natureza, portanto, capazes de desenvolvimento intelectual e moral se forem guiados propriamente, ou brutais se forem maltratados. Von den Steinen, Karl. Uma expedição ao Xingu. Brasília: Projeto Rondon-Ministério da Educação, s. d. p. 25.

Contato respeitoso Liderada pelos irmãos Cláudio, Orlando e Leo­nardo Villas Bôas, a expedição Roncador-Xingu foi responsável pelo contato com 15 etnias até então isoladas, pela fundação de 43 cidades e vilas e por mais de 1 500 km de caminhos na selva. A expedição tornou-se, pelas mãos dos Villas Bôas, um empreendimento de contato respeitoso com os povos contatados. Sob o lema cunhado pelo marechal Cândido Rondon, “Morrer se preciso for, matar nunca”, os Villas Bôas foram os principais continuadores do modo pacífico de contato com indígenas iniciado por aquele militar. Criador do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), Rondon foi também o responsável pela instalação de linhas telegráficas em vários pontos da Amazônia brasileira e pelo contato com muitos povos indígenas. Antes de seu trabalho, eram muito comuns os massacres em terras indígenas. O objetivo do parque foi criar um lugar protegido, onde os indígenas pudessem manter sua “cultura original”. Durante os primeiros anos, por exemplo, não era permitido ao indígena andar de bicicleta nem usar chinelos. Todos reconhecem a importância do trabalho dos Villas Bôas. Hoje, porém, entende-se que essa postura acabava colocando o indígena numa posição de inferioridade, como se ele não tivesse capacidade de decidir por si próprio. Renato Soares/Pulsar Imagens

Hoje, na região estudada por Von den Steinen, está o Parque Indígena do Xingu (PIX), onde vivem cerca de 6 mil indígenas de 16 etnias diferentes, sendo a maior referência nacional e internacional sobre a vida dos indígenas brasileiros. Divulgado em livros e reportagens como o “paraíso indígena”, o Xingu é visto como um local onde os indígenas ainda vivem em “estado puro”, longe dos problemas da civilização e em harmonia absoluta com a natureza. Essa visão, porém, esconde os conflitos da rea­lidade vivida pelos nativos da região ao longo de sua história de contato com os não indígenas. O Parque Indígena do Xingu foi criado em 1961 e localiza-se na região norte-nordeste do estado de Mato Grosso. Com 2,6 milhões de hectares – área equivalente à do estado de Alagoas –, está situado na bacia do rio Xingu e de seus dois principais formadores, o rio Kuluene e o rio Von den Steinen. A história da ocupação intensiva por não indígenas na região teve início em 1943, no contexto da Marcha para

o Oeste, um grande projeto governamental de desbravamento e ocupação do interior do Brasil. Como parte do projeto, foi organizada a expedição Roncador-Xingu com o objetivo de mapear o centro do país e abrir caminhos de interligação do território ao restante do país.

Crianças da etnia Kayapó, aldeia Moykarakô em São Félix do Xingu, no Parque Indígena do Xingu (PA). Foto de 2015. 52

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Não escreva no livro.

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Novos tempos Orlando e Cláudio saíram da direção do PIX em 1973. A partir de então, refletindo uma nova postura na condução da questão indígena, cada vez mais indígenas começaram a assumir cargos no parque. Cacique do povo Yawalapiti durante muitos anos, Aritana é um exemplo dessas mudanças. Considerado um dos líderes mais importantes do parque, Aritana resume o processo de luta por emancipação dos povos da região: O Orlando já fez coisa demais para nós, agora é nossa vez de cuidar daqui. Nós não queremos mais o branco mandando e defendendo a gente, queremos que os próprios índios se relacionem com o Governo, mandem documentos, contratem médicos e professores. Ache Tudo & Região. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2015.

Muitos são os desafios que líderes como Aritana têm de enfrentar. Ainda existe, mesmo veladamente, a mentalidade de que o indígena não sabe como conduzir sua própria vida. Segundo muitas lideranças indígenas, há grande interferência de organizações não indígenas no Xingu. Aspectos que hoje fazem parte da vida xinguana, como educação diferenciada, gestão dos recursos naturais e empreendimentos para geração de renda, ainda sofrem com a excessiva intervenção de organizações que não conseguem deixar de lado a ideo­logia de dominação. Entretanto, é uma questão complexa, já que no próprio parque há divergência entre as lideranças indígenas quanto ao caminho de desenvolvimento a ser tomado.

Um exemplo é o assédio de empresas estadunidenses para explorar turisticamente a região. Apesar da discordância da maioria das lideranças, já existe um pequeno hotel próximo à aldeia dos Kamaiurá. Na área da educação, ainda não há professores indígenas suficientes, e muitas escolas do parque são administradas por profissionais que não conhecem bem o cotidiano de uma aldeia e a diversidade cultural dos povos da região. Muitos projetos de geração de renda trazidos por não indígenas são criticados por uma parte dos indígenas. Apesar de se autointitularem “ecológicos” e “sustentáveis”, alguns não levam em consideração as características culturais de cada povo, como seu calendário de plantio e de festas. A questão que mais tem preocupado os habitantes do PIX é a devastação das cabeceiras dos rios que formam a bacia do rio Xingu. Localizadas fora do parque, essas áreas sofrem com o desmatamento para plantio de soja e para pecuária. Como a base da alimentação dos indígenas é o peixe, a diminuição da vazão dos rios comprometerá seriamente sua soberania alimentar. Ironicamente, um dos rios ameaçados leva o nome de Von den Steinen, o antropólogo que perguntava sobre o futuro dos indígenas. É provável que ele não soubesse que o modelo de desen­volvimento de sua própria cultura seria o principal responsável pelos problemas que enfrentam hoje não só os habitantes do Xingu, mas também de todos os locais que essa sociedade alcançou. Educação diferenciada: sistema educacional que combina a estrutura e a organização dos conteúdos da escola não indígena com a educação indígena tradicional.

Para discutir

1. Os depoimentos de Karl von den Steinen e do líder indígena Aritana estão separados por mais de cem anos. De acordo com o texto, indique as principais mudanças ocorridas na região do Xingu durante esse período. 2. Na época da criação do PIX, um aspecto muito importante da geografia da região não foi levado em consideração, ameaçando hoje o parque e seus habitantes. Qual foi esse aspecto, e por que isso aconteceu? Navegue

Assista

Instituto Socioambiental (ISA) A organização não governamental desenvolve diversos projetos de preservação cultural e ambiental na região e no Brasil de maneira geral. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2015.

Xingu. Direção de Cao Hamburger, Brasil, 2012, 102 min. O filme narra a história dos irmãos Villas Bôas, Orlando, Cláudio e Leonardo, que se alistam em uma missão pelo Brasil Central e se empenham na defesa dos povos indígenas.

Y Ikatu Xingu – Salve a água boa do Xingu Site da campanha Y Ikatu Xingu, iniciativa de lideranças indígenas do Xingu, de pesquisadores e da sociedade civil para preservar e recuperar as áreas onde estão as nascentes do rio Xingu. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2015.

Xingu: a terra ameaçada. Direção de Washington​Novaes, Brasil, 2007, 48 min.​ O documentário registra as mudanças ambientais e culturais que têm ocorrido na região do Parque Indígena do Xingu nos últimos vinte anos.

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Mundo Hoje A globalização e a cultura brasileira [...] Na verdade, hoje, cultura, com exceção de alguns pequenos grupos, tem sido sempre resultado de encontros de vários grupos sociais e, portanto, de várias culturas. A cultura brasileira é, na verdade, uma grande “mistura” de várias culturas. E devemos nos orgulhar disto. A mundialização do capital e as novas tecnologias não inauguraram esta cultura, apenas possibilitaram um aumento significativo dos encontros entre grupos sociais e da “mistura cultural”. Penso que nossa atenção e nossas preocupações não precisam se centrar na globalização, enquanto possibilidade de encontros entre culturas, mas, sim, na forma antidemocrática que tem caracterizado esse encontro. Misturar é muito bom. O problema está em não misturar e impor uma determinada cultura como se fosse a melhor. O problema está em fazer das diferenças culturais fontes de desigualdade social. O problema está em fazer das referências culturais de cada grupo elemento de sofrimento psicológico.

Não há culturas melhores ou piores, pois todas elas respondem a formas de vida e a necessidades de grupos. Não há culturas naturais. São todas históricas. Compreen­dê-las nesta perspectiva é fundamental para nos posicionarmos contrários a qualquer forma de imposição cultural, seja por potentes organizações de comunicação, seja por processos de globalização comandados por pequenos grupos representantes do capital internacional, ou seja, por visões científicas discriminatórias. As pessoas precisam de elementos culturais para desenvolverem suas identidades. Esses elementos devem ser coerentes com a vida que levam no dia a dia. Imposição cultural pode assim ser fonte de problemas psicológicos e de sofrimento. Valorizar a cultura do cotidiano, das pessoas comuns e dos grupos que integram o nosso conjunto social é uma tarefa urgente, quando se trabalha para a promoção de saúde.

Veetmano Prem/FotoArena

Bock, Ana. A cultura brasileira hoje. Teoria e Debate, ed. 44, 10 jun. 2000. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2015.

O frevo é um exemplo de manifestação cultural brasileira resultante da mistura de várias culturas. Esse gênero musical é resultado da fusão de outros gêneros, como a marcha, o tango brasileiro, a polca, a contradança e a música clássica; a dança foi elaborada a partir da agilidade dos lutadores de capoeira. Dançarinos de frevo em Olinda (PE). Foto de 2015.

para discutir

1. Você concorda com a afirmação “A cultura brasileira é, na verdade, uma grande ‘mistura’ de várias culturas”? Justifique. 2. O que se entende por imposição cultural? Você percebe essa situação em seu cotidiano? 3. A globalização afetou ou transformou a cultura brasileira? Justifique sua resposta. 54

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Informe Agronegócio e o uso corporativo do território na Amazônia Amazônia Legal – Produção de soja (2013) 70ºO

Guiana 50ºO SURINAME Francesa (FRA) GUIANA OCEANO AMAPÁ RORAIMA ATLÂNTICO

VENEZUELA

COLÔMBIA Equador

60ºO

40ºO NO

NE

SO

SE



EQUADOR MARANHÃO

AMAZONAS PARÁ

CE

PERU

PB PE

PI ACRE

João Miguel A. Moreira/ID/BR

A crise econômica e fiscal que passou o Brasil nas décadas de 1980 e 1990 inviabilizou os investimentos públicos com fortes rebatimentos econômicos na região Amazônica. Como ocorreu em quase toda a América Latina, as medidas adotadas pelo Estado brasileiro foram as […] liberalizantes, nas quais as exportações de commodities constituíram a receita para alavancar a economia e diminuir o déficit público. O agronegócio tornou-se, por conseguinte, a um só tempo, a força política e o motor econômico que vai impor uma transformação geoeconômica e uma agenda geopolítica no espaço rural brasileiro. Nesse contexto, a Amazônia vê emergir a espacialidade do capital globalizado no espaço rural, com a inserção da economia de mercado nas bordas da floresta, sobretudo, no estado do Mato Grosso, no sudeste do Pará e, em menor magnitude, em Rondônia. […]. Destacam-se a produção de grãos – soja, milho e arroz –, madeira e pecuária, todas essas mercadorias destinadas, em seu maior volume, ao mercado nacional e internacional, sobretudo a soja e a pecuária. Esses produtos modificam a geografia econômica da Amazônia, pois cristalizam as múltiplas escalas geográficas do fenômeno da globalização, fragmentando o espaço regional. […] Em duas décadas (1990 a 2010), a área plantada com soja na Amazônia aumentou de 1 573 404 hectares para 6 995 455 hectares, um crescimento de 345%. [...] Quanto à produção de grãos, para o mesmo período, houve um deslocamento espacial da soja, migrando da região Sul e Sudeste para o Centro-Oeste, se territorializando, principalmente, no estado do Mato Grosso que se localiza no sul da Amazônia Legal. Em 1990, a Amazônia produziu 5 799,580 toneladas de grãos de arroz, milho e soja, ao passo que em 2010

TOCANTINS

10ºS

RONDÔNIA Produção de soja (toneladas) 1 926 930 753 940 383 767 166 318 48 714

BA

BOLÍVIA

MATO GROSSO MS

0

GO DF

565 MG 1 130 km

Fonte de pesquisa: Confins, Revista franco-brasileira de Geografia. Disponível em: . Acesso em: 15 de out. 2015.

essa quantidade ficou em 32 602 716 toneladas, cuja variação foi de 462% […]. Significa, portanto, que de um espaço agrícola de subsistência ou de pouco excedente, caracterizado pela atividade extensiva e de pouca tecnologia, o sul da Amazônia se transformou, ainda que de forma sub-regional e fragmentada, em um espaço da globalização das grandes empresas do agronegócio (tradings), cujos agentes hegemônicos territorializam seus projetos econômicos com apoio dos governos e elites regionais, metamorfoseando o espaço num território corporativo do capital. […] Amazônia Legal: região criada em 1953 pelo governo federal para planejar o desenvolvimento social e econômico da área amazônica e que hoje abrange cerca de 60% do território nacional. Trading: empresa de grande porte que atua como intermediária entre fabricante e compradores, no comércio internacional.

Costa e Silva, Ricardo Gilson da. Amazônia globalizada: da fronteira agrícola ao território do agronegócio – o exemplo de Rondônia. Confins, Revista franco-brasileira de Geografia, n. 23, 2015. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2015.

para elaborar

Reúna-se com os colegas e, juntos, respondam às questões. 1. Que tipos de mercadorias ganharam destaque na economia da Amazônia com a inserção da região, principalmente de sua porção sul, na economia globalizada? 2. O que muda na Amazônia a partir do momento em que a região passa a ser um espaço da globalização das grandes empresas do agronegócio? 3. Pesquisem quais foram as principais políticas adotadas pelo governo brasileiro para a ocupação da Amazônia entre as décadas de 1960 e 1970. Elaborem um relatório com as informações encontradas, destacando também os impactos socioambientais provocados por essas políticas.

Não escreva no livro.

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command na caixa com texto transparente abaixo

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Revendo conceitos

10. Analise o gráfico da participação das regiões brasileiras no PIB (Produto Interno Bruto: soma de todos os bens e serviços produzidos numa região ou num país) e escreva um texto mostrando como se configura a desigualdade regional do Brasil.

1. Para os europeus, qual era a importância de conquistar e colonizar terras nos séculos XV e XVI? 2. Quais foram as atividades econômicas que possibilitaram a conquista do interior do território brasileiro no início da colonização?

Brasil – Participação percentual das regiões no PIB (2012)

3. Quais transformações ambientais e sociais foram promovidas pelo café a partir do século XIX? 4. Quais características das políticas desenvolvimentistas foram levadas adiante pelo Estado brasileiro a partir da década de 1930?

Setup Bureau/ID/BR

Atividades

SE 55,2% S

16,2%

NE 13,6%

5. Como se caracteriza a indústria de substituição de importações?

CO

9,8%

N

5,3%

6. Quais foram os critérios adotados pelo IBGE para a regionalização do Brasil? 7. Comente as principais características da regionalização do Brasil de acordo com o meio técnico-científico-informacional.

Fonte de pesquisa: IBGE. Contas regionais do Brasil 2012. Disponível em: . Acesso em: 6 out. 2015.

8. Como se acentuaram as desigualdades regionais no Brasil?

Lendo mapas e gráficos

Participação percentual das populações das regiões Norte e Centro-Oeste no conjunto da população brasileira

9. Anamorfose é um tipo de representação gráfica que apresenta, em tamanhos proporcionais, determinado fenômeno social ou econômico. Analise as anamorfoses a seguir e responda às questões.

%

Norte Centro-Oeste

9

Brasil – Extensão em km2

NORTENORTE

CENTROCENTRO-OESTE-OESTE

8 Setup Bureau/ID/BR

NORDESTE NORDESTE

NORDESTE

NORTENORTE

NORDESTE

Setup Bureau/ID/BR

Brasil – População

Setup Bureau/ID/BR

11. Analise o gráfico e responda às questões.

7 6 5 4

SUL

SUDESTE

CENTRO-OESTE CENTRO-OESTE SUDESTE

SUDESTE SUDESTE

SUL SUL

SUL

3 2 1 0

Fonte de pesquisa: IBGE. Disponível em: ; . Acessos em: 6 out. 2015.

a) O que a anamorfose de população revela? b) Comparando a anamorfose de população com a de superfície, como é possível caracterizar a Região Norte? c) A comparação entre as duas anamorfoses dá elementos para caracterizar a distribuição da população pelo território? Justifique sua resposta.

1940

1950

1960

1970

1980

1991

2000

2010

Fonte de pesquisa: IBGE. Séries históricas e estatísticas. Censo demográfico 2010. Disponível em: . Acesso em: 6 out. 2015.

a) Em que momento do século XX a participação percentual da população da Região Centro-Oeste passou a aumentar? Por quê? b) Quando e por que passou a aumentar a participação da população da Região Norte?

56

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Interpretando textos e imagens

12. Compare os mapas e responda às questões.

60ºO

40ºO

ANOS 1890 Equador



NE

SO

SE

20ºS

Trópico de

Hatoum, Milton. Amazônia: grandes reportagens. O Estado de S. Paulo, São Paulo, p. 121, nov. 2007.

io Capricórn

OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO PACÍFICO

0

Limites atuais

620

60ºO

1 240 km

ANOS 1990 0º

NE

SO

SE

20ºS

Trópico de

io

Capricórn

OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO PACÍFICO Limites atuais

Cidade economicamente importante Zona de influência dos principais focos econômicos Centro de gravidade econômico

0

620

Qual é o problema levantado no trecho do poema? De acordo com o que foi estudado neste capítulo, qual é a causa desse problema? 14. Reúna-se em grupo para ler um trecho do texto de Paul Singer e observe a imagem a seguir.

40ºO

Equador

NO

13. Leia o trecho do poema “Prece de amazonense em São Paulo”. [...] Amazonas: Tua ânsia de infinito ainda perdura? Ou perdi precocemente toda esperança? Os que te queimam, impunes, têm olhos de cobre, mãos pesadas de ganância. Ilhas seres rios florestas: o céu projeta em mapas sombrios manchas da natureza calcinada.

[...] De todas as dependências, a mais irredutível é, provavelmente, a tecnológica. A comercial é sempre negociável, pois não é de interesse de nenhum parceiro arruinar o outro. A financeira é basicamente uma opção política, e por isso sempre revogável. Mas em uma época como a nossa, de tempestuosa transformação tecnológica, ignorar as inovações é impossível. O dilema mais básico para um país como o Brasil em um momento como este é se há pretensão de continuar sendo um eterno cliente de técnicas de produção e de consumo das “nações adiantadas” ou de se converter em uma delas. [...] Singer, Paul. Evolução da economia e vinculação internacional. In: Sachs, Ignacy et al. (Org.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 129. Edmar Melo/JC Imagem/Folhapress

NO

Mapas: João Miguel A. Moreira/ID/BR

Brasil – A integração do território (1890-1990)

1 240 km

Grande eixo rodoviário Principais correntes migratórias Frentes pioneiras e eixos de progressão

Espaço realmente integrado à economia nacional

Fonte de pesquisa: Théry, Hervé; Mello, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp-Imprensa Oficial, 2005. p. 43.

a) Por que se afirma atualmente que a economia brasileira deixou de ser uma economia de arquipélago? b) De onde partiam e para onde se dirigiam os prin­ cipais fluxos migratórios em 1990? c) Um dos símbolos da legenda indica no mapa o centro de gravidade econômico. Onde ele se situa? Explique o que isso significa.

Vista interna de empresa de tecnologia, desenvolvimento e inovação instalada em Recife (PE). Foto de 2015.

a) Debata com seu grupo e, depois, com os demais colegas o dilema brasileiro apontado no texto e o papel dos jovens na opção a ser feita. b) De que forma o local mostrado na imagem responde aos anseios de Singer sobre a posição do Brasil na economia mundial? 57

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capítulo

Kazuhiro Nogi/AFP

5

Circulação e transportes

o que você vai estudar O transporte marítimo. As hidrovias, os portos e os corredores de exportação nacionais. As ferrovias no Brasil e no mundo. O papel integrador das rodovias brasileiras. O transporte aéreo.

O terminal de cargas de Tóquio, no Japão, é um dos portos mais movimentados do Pacífico. Foto de 2015.

Os meios de transporte são fundamentais para a circulação de pessoas, mercadorias e informações. Sua evolução nos últimos séculos contribuiu decisivamente para que ocorresse uma verdadeira integração do espaço mundial, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, quando as áreas de produção e de consumo de mercadorias se multiplicaram e novos meios de transporte foram criados e aperfeiçoados. Além disso, mesmo que muitos meios de transporte ainda tenham custo elevado de aquisição ou de operação (navios e aviões comerciais, por exemplo), os custos por unidade de produto transportado sofreram redução significativa nas últimas décadas, fazendo com que a exploração de mercados mais distantes tenha se tornado vantajosa. Como consequência desse processo, observa-se que rodovias, portos, ferrovias, hidrovias e aeroportos têm expandido e ampliado suas áreas de influência, isto é, as áreas beneficiadas geográfica e economicamente pela sua presença. Observe a fotografia acima e, em seguida, responda às questões. 1. Em sua opinião, podemos dizer que, quanto maior a rede de transporte conectada a um porto marítimo, maior é a influência geográfica e econômica que esse porto exerce? Justifique. 2. Discuta com o professor e com os colegas a importância dos portos para o comércio internacional. 58

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Não escreva no livro.

4/28/16 10:59 AM

O transporte marítimo saiba mais

Com a expansão da globalização e a intensificação do comércio mundial, o tráfego marítimo de mercadorias tem apresentado um aumento significativo. Cerca de 80% da circulação de mercadorias é realizada por esse tipo de transporte. Desde as últimas décadas do século XX, o transporte marítimo de matérias-primas pesadas, como minérios, tem diminuído em relação ao transporte de produtos manufaturados. No entanto, dada a sua importância, o petróleo e seus derivados ainda representam cerca de um terço das cargas transportadas nos oceanos. A localização dos principais portos do mundo está associada ao volume de atividades produtivas e às necessidades de troca de suas respectivas áreas de influência. A capacidade de atração de um porto depende, por sua vez, da infraestrutura de que ele dispõe para assegurar a rapidez das cargas e descargas de um grande número de navios com tamanhos e características diferentes. Os principais portos também são aqueles que dispõem de redes multimodais, ou seja, de um conjunto de vias de transporte relacionadas entre si e que possibilitam ligações rápidas e eficientes entre os lugares.

As vantagens do contêiner Inovação importante para o transporte de mercadorias ocorreu com a criação e o aperfeiçoamento do contêiner na década de 1960. Esse recurso tornou possível a diminuição do tempo de carga e descarga dos produtos. O contêiner é uma grande caixa metálica, de tamanho padrão, que pode ser movida do navio para um caminhão ou para um vagão de trem (e vice-versa).

Os principais portos do mundo Até as décadas de 1970 e 1980, os principais fluxos de mercadorias aconteciam no Atlântico Norte, entre a América do Norte e a Europa Ocidental. No entanto, a partir das últimas décadas do século XX, tem-se verificado um intenso crescimento dos fluxos comerciais no oceano Pacífico. Hoje, dos 20 principais portos do mundo, 15 estão localizados na Ásia Oriental, região cujo crescimento econômico se deu graças à exportação de produtos manufaturados. Nessa região, estão situados os maiores portos para contêineres (Cingapura e Hong Kong) e os conjuntos portuários da baía de Tóquio, principal local de construção de navios e área de concentração de uma das maiores frotas marítimas do planeta.

Leia A volta ao mundo em oitenta dias, de Júlio Verne. São Paulo: Melhoramentos, 2009. Os protagonistas desse clássico utilizam, em pleno século XIX, diversos meios de transporte para cumprir a aposta de dar a volta ao mundo em oitenta dias.

180°

135°O

90°O

45°O

0° 45°L 90°L OCEANO GLACIAL ÁRTICO

135°L

180° NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

Rotterdã-Holanda Antuérpia-Bélgica

Tianjin-China

Los Angeles-EUA

Busan-Coreia do Sul 45°N

Qingdao-China

Shangai-China

Ningbo-Zhoushan-China

Trópico de Câncer

Dubai-EAU

OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio

Os 20 principais portos internacionais – movimentação de contêineres (em milhões de TEUs*) Círculo Polar Antártico

Port Klang-Malásia Meridiano de Greenwich

Equador

Guangzhou-China Hong Kong-China

OCEANO ATLÂNTICO

mais de 30 de 20 a 30 de 10 a 20

Dalian-China

Hamburg-Alemanha

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Principais portos de mercadorias (2014)

Xiamen-China Kaohsiung-Taiwan

Shenzhen-China

OCEANO PACÍFICO

Cingapura-Cingapura



Jacarta-Indonésia OCEANO ÍNDICO Tanjung Pelepas-Malásia

45°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0

menos de 10

2 955

5 910 km

*Sigla em inglês para Tweenty-foot Equivalent Unit. Esta é uma medida, em pés, que determina a capacidade de carga de um contêiner-padrão. Um contêiner de 1 TEU possui dimensões de 20 pés (6,1 metros) de comprimento, 8 pés (2,43 metros) de largura e 8,6 pés de altura (2,62 metros).

Fonte de pesquisa: Porto de Roterdã. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2015.

Não escreva no livro.

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59

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O transporte hidroviário 50ºO

60ºO

40ºO

30ºO

RR

NO

NE

SO

SE

AP

Equador R.

S



R. Amazonas

Allmaps/ID/BR

70ºO

es

AM

CE

MA

PA

AC RO

TO

MT

AL SE

BA

10ºS

DF

GO

MG

MS

OCEANO PACÍFICO

RN PB PE

PI

ES

SP RJ

OCEANO ATLÂNTICO 20ºS

Trópico

PR

de Cap

ricórn i

o

SC

Barragem

RS

Obstáculo natural à navegação

0

570

1 140 km

Trecho navegável

30ºS

Brasil – Portos e corredores de exportação (2012) O setor portuário brasileiro é responsável por 70°O 60°O 50°O 40°O cerca de 90% das exportações do país. Apesar do extenso litoral e da importância dos portos para o comércio exterior, o Brasil não dispõe de um númeEquador 0° ro elevado de portos. De modo geral, no Brasil, os portos apresentam baixa eficiência técnica, como a morosi­dade na carga e na descarga, deficiência no armazenamento de mercadorias, equipamentos obsoletos ou em mau 10°S estado de conservação. Há ainda fatores de ordem organizacional ligados à burocracia na liberação de cargas que dificultam OCEANO enormemente o uso dessas vias de transporte, faltanATLÂNTICO do também investimentos governamentais e empre20°S sariais no setor. Um exemplo de ineficiência portuária é o porto de Santos (SP), onde, com frequência, Capricórnio Trópico de caminhões com produtos destinados ao exterior fiOCEANO cam parados em filas quilométricas à espera de espaPACÍFICO ço e condições para o descarregamento. 30°S Analistas preveem que o país corre sério risco de corredores de exportação (rodoferroviários) sofrer um colapso no setor portuário, o que preju0 570 1140km principais portos dicaria muito o comércio exterior. Alguns portos brasileiros têm maior destaque Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena Ramos. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. porque estão associados a redes multimodais que p. 129. servem às suas áreas de influência e que formam os chamados corredores de exportação. O maior porto exportador brasileiro é o terminal de Tubarão, em Vitória (ES), especializado em mi­né­rio de ferro. O porto de Santos destaca-se pela va­riedade de produtos exportados e importados.

60

Não escreva no livro.

NO

NE

SO

SE

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Ministério dos Transportes. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2015.

Capítulo 5 – Circulação e transportes

Os portos marítimos e os corredores de exportação

Brasil – Rios navegáveis (2013)

mõ oli

Em várias partes do mundo, as águas internas (rios e lagos) são utilizadas para a navegação. São as hidrovias, consideradas um tipo de transporte barato, sobretudo para cargas pesadas, como minérios, grãos, materiais de construção e combustíveis. O Brasil possui uma rede hidroviária de, aproximadamente, 23 mil quilômetros de vias navegáveis. Desse total, 16 mil encontram-se no complexo Solimões-Amazonas, por onde circularam em 2013 mais de 10 milhões de toneladas de produtos. Apesar do grande potencial hidroviário do território brasileiro, apenas 5% das cargas que circulam internamente no país são transportadas em hidrovias. As principais cargas são de minerais (minério de ferro, bauxita, alumina), soja, milho e areia. As hidrovias brasileiras são pouco utilizadas por vários fatores: portos mal equipados, pequena profundidade dos rios, cursos de água com muitos meandros (mais difíceis de serem percorridos), entre outros.

Macapá

Belém

Santarém

Manaus

Itaqui

Vila do Conde

Pecém Fortaleza

Areia Branca Natal

Cabedelo

Recife Suape

Porto Velho

Maceió

Sergipe Aratu Salvador

Ilhéus

Corumbá/Ladário

Tubarão Vitória

Panorama

SP_GEO1_LA_PNLD18_U1_C05_058A065.indd 60

Praia Mole Ponta Ubu Rio de Janeiro Sepetiba São Sebastião Angra dos Reis Santos

Paranaguá São Francisco do Sul Itajaí Imbituba

Porto Alegre

Pelotas Rio Grande

03/05/16 14:39

O transporte ferroviário A ferrovia é um dos frutos da Primeira Revolução Industrial e, naquela época, teve papel central no desenvolvimento econômico dos países da Europa Ocidental, dos Estados Unidos e do Japão. A ferrovia foi a primeira inovação em tecnologia de transportes e pode ser considerada responsável por uma série de transformações na movimentação de cargas e no transporte de passageiros. No passado, a construção de ferrovias teve papel fundamental na criação e recriação de espaços geográficos, pois, ao longo de seu percurso, instalaram-se muitas indústrias e formaram-se novas cidades. Nas antigas colônias africanas, como a África do Sul e o Congo, as ferrovias permitiram acelerar a posse dos territórios. As ferrovias têm a seu favor uma série de fatores, sendo um deles a possibilidade de transportar por longas distâncias e a baixo custo matérias-primas de grande volume (minérios, grãos, madeira), bens manufaturados (automóveis, equipamentos agrícolas) e passageiros. Em princípio, o custo de implantação de uma ferrovia (seja para a instalação dos trilhos, seja pelo valor dos equipamentos) pode ser considerado alto. No entanto, o baixo custo do frete, sobretudo em grandes distâncias, permite o rápido retorno dos investimentos. O uso de ferrovias difere de país para país. Em países de grande extensão territorial, as ferrovias têm, no geral, destaque na matriz de transportes, isto é, no conjunto dos tipos de transporte que servem à sua economia. Com a construção e o desenvolvimento das rodovias no século XX, muitos países deixaram de investir no transporte ferroviário, que assim passou a perder prestígio e importância econômica. A partir de meados da década de 1960, no Japão, e da década de 1980, na Europa, surgiram os trens de alta velocidade, que possibilitaram um aumento da competitividade das ferrovias com relação a outros tipos de transporte. Atualmente, outros países, como os Estados Unidos, a Austrália e a Coreia do Sul, possuem linhas férreas de grande velocidade.

Assista Sociedade do automóvel. Direção de Branca Nunes e Thiago Benicchio, Brasil, 2005, 40 min. O documentário aborda o problema do trânsito nas grandes cidades.

saiba mais Transiberiana, uma ferrovia transcontinental A Transiberiana é a ferrovia mais extensa do mundo (quase 10 mil quilômetros de extensão) e liga a Rússia Ocidental ao Extremo Oriente. A ferrovia começou a ser construída no final do século XIX e, durante o século

XX, foi intensamente modernizada. Hoje, por ela circulam trens de passageiro e de carga e, devido à sua grande capacidade de transporte de produtos, é uma via de transporte fundamental para a economia russa.

170°L

OCEANO GLACIAL ÁRTICO 90°L

NO

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SO

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tic Ár lar

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50

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°N

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50°L

130°L

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80

Transiberiana (linha principal) Transiberiana (linha secundária) Fronteiras entre as províncias Capital Cidade importante

Allmaps/ID/BR

Rússia – Ferrovia Transiberiana

0

660

1320 km

Yaroslavl MOSCOU Nizhny Novgorod

M

ar

N

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Kirov

ro

Omsk

Skovorodino Krasnoiask Novosibirsk

Mar Cáspio

Não escreva no livro.

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OCEANO PACÍFICO

RÚSSIA

Perm Yekaterinburg Tyumen

L. Aral

Tayshet Irkutsk

Chita Ulan-Ude

Belogorsk

Khabarovsk

Ussuriisk Vladivostok

Fonte de pesquisa: The Trans-Siberian Railway. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2015.

61

4/28/16 10:59 AM

A primeira locomotiva a vapor correu pelos trilhos ingleses em 1814, e daí em diante as ferrovias se multiplicaram pela Europa e pelos Estados Unidos. Quarenta anos depois, em 1854, inaugurou-se, no Rio de Janeiro, a primeira ferrovia em território brasileiro, com 14,5 quilômetros de extensão. Na segunda metade do século XIX, sobretudo nas três últimas décadas, ocorreu uma forte expansão das ferrovias no Sudeste do país. Eram as “ferrovias do café”, instaladas com o objetivo de transportar das fazendas até o porto de Santos o principal produto de exportação do Brasil na época. A São Paulo Railway, ferrovia que ligava o interior do estado de São Paulo ao porto de Santos, foi projetada e executada por engenheiros ingleses. Após um período de acentuada expansão, as ferrovias no Brasil começaram a entrar em decadência, o que levou o governo federal a estatizar (passar para o controle do Estado) boa parte da malha ferroviária brasileira, ao final dos anos de 1950. O es­­ta­do de São Paulo passou a gerenciar as estradas de ferro paulistas. Apesar da estatização, as ferrovias enfrentaram a concorrência das rodovias, que daí em diante foram se tornando o componente mais importante da rede viária do país. A partir da década de 1960, a malha ferroviária parou de crescer e, em seguida, começou a diminuir. Em 1960, o país contava com 38 mil quilômetros de linhas férreas e, em 2015, a extensão era de cerca de 28 mil quilômetros. Vários fatores explicam a decadência do transporte ferroviário no Brasil, tais como o crescimento da indústria automobilística no país e a pressão das multinacionais do setor para estimular a expansão das rodovias, além da falta de investimentos pelo Estado que prejudicou a manutenção das ferrovias. Na atualidade, a maioria das estradas de ferro ainda obedece ao traçado original, que estabelecia a ligação entre as áreas produtoras e os portos, tendo um papel pouco relevante na integração inter-regional.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Brasil – Malha ferroviária (2014) SURINAME

Boa Vista

COLÔMBIA

Guiana Francesa (FRA)

60ºO

VENEZUELA

40ºO

GUIANA

RR

Macapá

Equador

Belém

Manaus

MA

CE

Teresina

PI Porto Velho

RN PE AL SE

TO

PERU

Capítulo 5 – Circulação e transportes

SE



Natal João Pessoa Recife

PB

Palmas

RO

BA

geografia e ARquitetura

A Estação da Luz Data de 1867 a inauguração da São Paulo Railway, linha férrea que ligava Jundiaí, no interior de São Paulo, ao porto de Santos, no litoral paulista. A construção dessa estra­ da de ferro, empreendida por enge­ nheiros ingleses, demandou impor­ tantes obras de engenharia, uma vez que parte considerável de seu trajeto era realizada nas encostas da serra do Mar, região de escarpas acentuadas. Entre 1895 e 1901, sob a super­ visão do arquiteto inglês Charles Henry Driver, foi construída a Esta­ ção da Luz em estilo neoclássico. Da planta aos pregos utilizados, tudo foi importado da Inglaterra. À épo­ ca, sua torre era a mais alta da cida­ de de São Paulo.

Maceió

Salvador

DF

Cuiabá

BRASÍLIA

Goiânia

GO

BOLÍVIA

Belo Horizonte

MS

OCEANO ATLÂNTICO

MG

Campo Grande

20ºS

RJ São Paulo

PR

ES Vitória

SP

PARAGUAI

Rio de Janeiro

Trópico

de Capr

icórnio

Curitiba

CHILE

SC ARGENTINA Ferrovia Capital de país Capital de estado

Revista Ferroviária Revista especializada em ferrovias, com notícias nacionais e internacionais, galeria de fotos, etc. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2015.

Aracaju

MT

OCEANO PACÍFICO

SO

Fortaleza

PA

Rio Branco

NE

São Luís

AM

AC

NO

AP

Navegue Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) O portal do DNIT apresenta a história das ferrovias, além de trazer muito material sobre rodovias e hidrovias. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2015.

Coleção particular/ID/BR

A ferrovia no Brasil

Florianópolis

RS Porto Alegre

0

420

840 km

URUGUAI

Cartão-postal da estação, cerca de 1920.

1. Por que a Estação da Luz era considerada tão importante à época de sua construção? Reflitam sobre a relação entre arquitetura e poder econômico.

Fonte de pesquisa: Ministério dos Transportes. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2015.

62

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Não escreva no livro.

29/04/16 17:15

As rodovias A partir dos governos militares, foram efetivamente colocadas em prática as polí­ ticas de integração. Essas políticas faziam parte das estratégias geopolíticas dos governantes, que utilizavam lemas como “integrar para não entregar”. Com um projeto ambicioso e caro, no governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) iniciou-se a construção da rodovia Transamazônica (BR-230), sob o pretexto de “levar homens sem terra para uma terra sem homens”. Ela foi planejada de leste para oeste, ligando João Pessoa (PB), Picos (PI) e Boqueirão da Esperança (AC) numa extensão de pouco mais de 4 mil quilômetros. Às margens da rodovia seriam instaladas agrovilas, locais onde haveria infraestrutura para o assentamento de colonos, que receberiam lotes de terra e orientação para cultivar. Mas, após o início da construção da Transamazônica, o projeto das agrovilas deixou de existir, e os colonos assentados foram abandonados à própria sorte. Atualmente, apenas 2,5 mil quilômetros da estrada estão abertos. Construída durante o período militar, outra rodovia de integração teve um destino diferente da Transamazônica: a BR-364, que liga Cuiabá (MT) a Porto Velho (RO), promoveu o rápido povoamento de Rondônia. Ao longo da BR-364 ocorreu uma ocupação desordenada, provocando intenso processo de desmatamento. Também são importantes rodovias de integração regional a Cuiabá-Santarém e a Manaus-Rio Branco.

No início da década de 1960, com a construção das rodovias Rio-Bahia e Régis Bittencourt (BR-116), que faziam a ligação entre Nordeste, Sudeste e Sul, começou um período de maior desenvolvimento da integração do território brasileiro. É da mesma época a construção da Belém-Brasília, rodovia que representou o primeiro esforço do Estado brasileiro para promover a ligação entre o Sudeste e as regiões Centro-Oeste e Norte do país. Não escreva no livro.

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Ministério dos Transportes O Portal do Ministério dos Transportes traz muitas informações, relatórios e mapas sobre os diversos tipos de transporte. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2015.

Assentamento: área destinada a trabalhadores rurais e suas famílias por meio da reforma agrária ou por outro tipo de política pública de distribuição de terra.

Traçado da rodovia Transamazônica (2013) 70ºO

60ºO

50ºO

GUIANA SURINAME

Rodovias asfaltadas Transamazônica -trecho asfaltado Transamazônica -trecho sem pavimentação

Guiana Francesa (FRA) Oiapoque

Boa Vista

AP

RR

Equador

40ºO

Cidades principais

VENEZUELA

COLÔMBIA

Projetos de integração

Navegue

0º Belém São Luís

Altamira

Manaus

BR-230

AM

PERU

PA

Tucuruí Marabá

BR

-23

0

30

BR-2 Cruzeiro do Sul

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Rio Branco

Porto Velho

RO

460

CE

BR-230

RN 0

BR-23

Natal

PB

PE

BA

MT

João Pessoa Recife

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Palmas Sinop

Cuiabá

Fortaleza

Teresina

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Alta Floresta

Guajará-Mirim

920 km

MA

PI

BOLÍVIA

0

Código federal de rodovia

BR-230 Macapá

São Gabriel da Cachoeira

João Miguel A. Moreira/ID/BR

A partir de 1920, a produção de automóveis em linha de montagem (sistema fordista) barateou o custo desse meio de transporte, tornando-o acessível a um número maior de consumidores. Como resultado, nas cidades da época a paisagem sofreu diversas transformações, como a ampliação e o alargamento de ruas e avenidas e a construção de túneis, pontes e viadutos para a circulação de veículos. O transporte de carga também passou a ser feito em veículos motorizados, impulsionando o crescimento do transporte rodoviário em extensão e importância, inicialmente nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. No Brasil, o setor rodoviário começou a ser organizado a partir do final da década de 1930, com a criação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Com a instalação da indústria automobilística no Brasil e a expansão mundial da indústria petrolífera, o transporte rodoviário cresceu muito e, em pouco tempo, tornou-se o mais utilizado tanto para cargas quanto para passageiros. A opção pelas rodovias diferencia o Brasil de outros países de grande extensão territorial, onde as ferrovias e as hidrovias são os setores predominantes, uma vez que economicamente são muito mais vantajosas. Apesar de o investimento no transporte rodoviário ter sido feito em detrimento de outras vias de transporte, não se pode negar que as rodovias contribuí­ ram para a integração intra e inter-regional do território. Isso aconteceu porque, enquanto o traçado das ferrovias, por exemplo, era determinado pelas áreas produtoras e consumidoras de bens (seu objetivo principal era o escoamento da produção), as rodovias, com traçado mais flexível, podiam ser abertas em diversas localidades.

Maceió

Aracaju

10ºS

Salvador

GO

DF

Brasília

MG

OCEANO ATLÂNTICO

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena Ramos. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 128.

63

4/28/16 10:59 AM

A privatização das rodovias deve ser analisada de dois diferentes ângulos. Por um lado, ao longo de décadas, o Estado mostrou-se incapaz de conservar as estradas, que ficaram inadequadas ao volume cada vez maior de veículos e perigosas para o tráfego. Por outro lado, a cobrança de pedágios deixa as viagens caras para quem transita de automóvel ou transporta cargas de caminhão. Os valores do pedágio são repassados às mercadorias transportadas, tornando-as mais caras.

Brasil – Rede rodoviária (2013) VENEZUELA COLÔMBIA

Boa Vista

Guiana Francesa (FRA) SURINAME Oiapoque GUIANA 60ºO

Equador

40ºO

Macapá São Gabriel da Cachoeira

Belém Altamira

Manaus

Porto Velho Guajará-Mirim

Alta Floresta

Maceió Aracaju Salvador

Brasília Goiânia

BOLÍVIA Corumbá

OCEANO



Natal João Pessoa Recife

Palmas

Cuiabá

O transporte aéreo

SE

Teresina

Sinop

PERU

SO

Fortaleza

Marabá

Rio Branco

NE

São Luís

Tucuruí

Cruzeiro do Sul

NO

João Miguel A. Moreira/ID/BR

A privatização das rodovias

Campo Grande

OCEANO ATLÂNTICO Belo Horizonte Vitória

20ºS

Campinas PARAGUAI PACÍFICO O transporte aéreo começou a ser realizado no o Rio de Janeiro Capricórni São Paulo Trópico de mundo após o fim da Primeira Guerra Mundial (1914Curitiba CHILE ARGENTINA -1918), quando as primeiras empresas aéreas de transFlorianópolis porte de passageiros foram criadas na Europa. Cidades principais Santana do Porto Alegre Rodovias Livramento A partir da segunda metade do século XX, o transAsfaltadas Implantadas URUGUAI porte aéreo de produtos teve um grande impulso 0 535 1 070 km (sem pavimentação) graças ao aumento da capacidade de carga dos aviões Fonte de pesquisa: e à produção em série de aviões cargueiros. Simielli, Maria Elena Ao final dos anos 1990, com a globalização, em várias partes do mundo ocorreram pro- Ramos. Geoatlas. São cessos de fusão entre companhias aéreas sob a alegação de racionalizar os serviços e torná-los Paulo: Ática, 2013. mais baratos. Foi também a partir dessa época que o número de passageiros teve um cresci- p. 128 mento expressivo. A principal vantagem do transporte aéreo é permitir a circulação de pessoas e mercadorias em um intervalo de tempo mais reduzido, sobretudo em médias e longas distâncias. Por isso, o transporte aéreo é mais adequado para mercadorias perecíveis ou de alto valor. A desvantagem desse tipo de transporte é o seu preço elevado e a poluição causada pela queima de combustível. No Brasil, o transporte aéreo de passageiros se popularizou bastante a partir de 2000. No entanto, o número de voos cresceu sem que os investimentos em infraestrutura nos aeroportos aumentassem na mesma proporção.

O estado de conservação das estradas O sistema rodoviário no Brasil é o principal responsável pelo fluxo de passageiros e pelo escoamento das mercadorias internamente. No entanto, em 2015, o Brasil contava com cerca de 1,7 milhão de quilômetros de rodovias e, desse total, 80% estavam sem pavimentação. A maioria das estradas pavimentadas apresentava problemas de má conservação. Em estradas malconservadas, acidentes podem causar a perda total da carga, e o tempo de transporte é muito mais elevado. 1. Existem alternativas ao sistema rodoviário? Quais são suas vantagens e desvantagens? 2. Você considera o sistema rodo­viá­rio o mais adequado para o trans­porte de pessoas e de mercadorias? Justifique.

Evelson de Freitas/Estadão Conteúdo

Capítulo 5 – Circulação e transportes

conexão

Trecho da rodovia BR-364 em Rio Branco (AC) em precárias condições para a circulação de veículos. Foto de 2014.

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Não escreva no livro.

4/28/16 10:59 AM

Mundo Hoje A ineficiência da infraestrutura logística do Brasil […] O problema e o desafio para o setor de transportes estão no processo de distribuição, no trajeto das fábricas até o cliente final. A etapa de distribuição deve ser analisada com a sua devida importância, pois esta envolve mais do que carregar e descarregar mercadoria e/ou produtos, tendo um alto grau de complexidade. O grande desafio da área de logística é descobrir e selecionar o melhor modal a ser utilizado, para cada tipo de transporte. Transporte rodoviário, aéreo, marítimo ou ferroviário. […] Os modais brasileiros em geral apresentam problemas e precisam de investimentos do governo para melhoria e possível adequação das suas deficiências. O sistema rodoviário, o mais utilizado no país, enfrenta situação ruim fora dos eixos das grandes capitais. As estradas são precárias e não oferecem segurança ao transporte. O sistema adotado para as privatizações dos pedágios acabou por onerar o transporte, deixando o custo dos fretes mais alto. O transporte ferroviário poderia ser uma opção interessante, dada a extensão territorial do país, mas ainda enfrenta dificuldades de integração e de renovação tanto da infraestrutura básica como das composições. […] Já no comércio exterior, as mercadorias de primeira classe normalmente viajam de avião. No Brasil temos menos de 1% do transporte de cargas para o exterior sendo feito por aviões, estas mercadorias representam mais de 10% do total. Nos aeroportos normalmente chegam apenas produtos com alto valor agregado e que necessitam ser entregues com urgência. […] Entretanto, nos aeroportos brasileiros esta vantagem competitiva do modal aéreo de entrega rápida acaba se

perdendo devido à burocracia. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, 2013, divulga um estudo que mostra que, em cinco aeroportos brasileiros de carga, o tempo de liberação dos produtos é de aproximadamente 175 horas. Esta espera parece mais longa se compararmos com outros aeroportos do mundo. Por exemplo, em Londres, a liberação da carga demora cerca de 8 horas, já nos Estados Unidos, 6 horas, e, na China, demora só 4 horas. Um dos setores mais prejudicados é o farmacêutico. Uma carga de remédios de R$ 35 milhões tem o custo no valor de R$ 287 mil no aeroporto do Rio de Janeiro. Esta despesa é aproximadamente 40 vezes maior do que o custo para se transportar a mesma carga no aeroporto de Cingapura […] Apesar […] [de] possuir uma extensa malha rodoviária, uma das mais extensas do mundo, o Brasil ainda está muito atrasado se compararmos com as potências mundiais, tendo apenas 13% de nossas rodovias pavimentadas. […] A Índia possui expansão territorial três vezes menor que a brasileira e mesmo assim possui uma malha rodoviária pavimentada aproximadamente sete vezes maior do que a do Brasil […] Ainda, quanto pior estiver o estado de conservação da rodovia, maior será o desgaste do veículo, aumentando invariavelmente os custos variáveis, como peças, lubrificação, combustível, pneus […] De acordo com a CNT [Confederação Nacional do Transporte] (2010), os custos operacionais das frotas nacionais poderiam ser reduzidos aproximadamente em 25% caso as rodovias pavimentadas do País estivessem em ótimo estado de conservação. […]

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Barboza, Maxwell Augusto Meireles. A ineficiência da infraestrutura logística do Brasil. Revista Portuária – Economia e Negócios, 23 set. 2014. Disponível em: . Acesso em: 22 out. 2015.

A aduana é o local por onde todos os produtos importados e exportados passam para entrar ou para sair do país. O despacho aduaneiro tem por finalidade verificar a exatidão dos dados e dos documentos fornecidos pelo exportador ou importador. Com base nas informações prestadas, são calculados os tributos (impostos e taxas) devidos. Um dos problemas enfrentados pelo comércio exterior brasileiro é a burocracia e a lentidão do serviço de despacho aduaneiro. Cargas em aduana na Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR). Foto de 2015.

para elaborar

1. Explique os principais problemas existentes nos sistemas rodoviário e aeroviário brasileiros. 2. De que forma esses problemas afetam as atividades de comércio exterior no Brasil?

Não escreva no livro.

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command na caixa com texto transparente abaixo

Atividades

Não escreva no livro.

Revendo conceitos 1. Que fatores explicam a localização de grandes portos no litoral asiático do Pacífico? 2. Como é possível explicar a capacidade de atração de um porto? 3. Explique em que contexto o uso do transporte ferroviário é mais adequado. 4. Cite os fatores que explicam a diminuição das ferrovias no Brasil. 5. Que conjuntura histórica favoreceu o investimento no transporte rodoviário no Brasil? 6. Por que o potencial brasileiro em hidrovias não é totalmente aproveitado?

Brasil – Matriz do transporte de cargas (2015) Rodoviário

13,6%

Fonte de pesquisa: Confederação Nacional do Transporte (CNT). Boletim estatístico, dez. 2014. Disponível em: . Acesso em: 8 jan. 2015.

a) Que transporte tem destaque na matriz de transporte de cargas do Brasil? b) Considerando as características do território brasileiro, que modais de transporte devem receber mais investimentos? Justifique.

SO

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60ºO LÍBIA

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OCEANO ÍNDICO

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Recife-PE Brasília-DF

Cuiabá-MT

COMORES ZÂMBIA

MADAGASCAR 20°S

CHILE Carga e correio

(em toneladas/ano)

Campo Grande-MS

590 000 PARAGUAI

MOÇAMBIQUE

Confins-MG Vitória-ES

Campinas-SP

SUAZILÂNDIA ÁFRICA DO SUL

Trópico de

Florianópolis-SC

25 000

Guarulhos-SP

OCEANO ATLÂNTICO

Porto Alegre-RS

1005

2 010 km

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena Ramos. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 65 e 67.

a) Quais países africanos possuem as maiores malhas ferroviárias? b) A maior parte da rede ferroviária africana localiza-se próximo ao litoral. Por que isso ocorre? c) Pode-se dizer que o continente africano é integrado por suas ferrovias?

URUGUAI

Nacional Internacional

35°L

io

Congonhas-SP

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0

Capricórn

Santos Dumont-RJ

180 000

abaixo de 5 000

20ºS

Galeão-RJ

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Ferrovia

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Manaus-AM

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REPÚBLICA UGANDA CONGO DEMOCRÁTICA DO CONGO GABÃO RUANDA BURUNDI

Meridiano de Greenwich

OCEANO ATLÂNTICO

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Fortaleza-CE

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SUDÃO DO SUL

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São Luís-MA

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COSTA DO MARFIM GUINÉ EQUATORIAL SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Trópico de

ERITREIA

SUDÃO

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GUINÉ BISSAU GUINÉ

Equador

o

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40ºO

Guiana Francesa (FRA) SURINAME

GUIANA

20°N

m

MAURITÂNIA SENEGAL GÂMBIA

Brasil – Transporte aéreo de carga e correio (2011)

ARGÉLIA

João Miguel A. Moreira/ID/BR

MARROCOS Saara Ocidental Trópico de Câncer

4,2%

0,4%

9. Analise o mapa e responda às questões.

Mar Mediterrâneo

M

João Miguel A. Moreira/ID/BR

NE

Dutoviário

Aéreo

África – Rede ferroviária (2013) NO

20,7%

Aquaviário

7. Analise o mapa das ferrovias na África e, com base em uma pesquisa com um grupo de colegas, responda às questões.

TUNÍSIA

Ferroviário

61,1%

Lendo mapas, gráficos e tabelas

EUROPA

Setup Bureau/ID/BR

8. Interprete o gráfico e responda às questões.

0

575

1 150 km

ARGENTINA

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena Ramos. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 129.

a) A Região Sudeste é a que recebe maior volume de carga e correspondências do exterior. Quais devem ser as características dos produtos recebidos nessa região? b) Analise as características do transporte aéreo de cargas e correio nas outras regiões brasileiras.

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29/04/16 10:42

120°O

100°O

80°O NO

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Grandes Lagos

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MÉXICO

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0

Grandes vias navegáveis

Nova York

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Atlanta

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OCEANO PACÍFICO

Boston

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San Francisco

35°

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Pittsburgh

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OCEANO ATLÂNTICO

Miami

1 340 km

Portos

Fonte de pesquisa: Ferreira, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo: Moderna, 2013. p. 75.

Qual é a importância das hidrovias para a região da costa do Atlântico e do golfo do México? 11. Analise a tabela e responda às questões.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Estados Unidos – Rede hidroviária (2010)

a) Em qual região se situam os maiores portos brasileiros? b) Analise a localização dos principais portos em um atlas e cite um porto especializado na exportação de matérias-primas e um porto exportador de produtos manufaturados e semimanufaturados.

Interpretando textos e imagens 12. Leia o texto a seguir e interprete a imagem. Praticamente a metade (49,9%) do pavimento das rodovias brasileiras apresenta algum tipo de deficiência, sendo classificado pela Pesquisa CNT de Rodovias 2014 como regular, ruim ou péssimo, por apresentar buracos, trincas, afundamentos, ondulações, entre outros problemas. Em relação à superfície do pavimento, 44,7% da extensão pesquisada está desgastada. […] Além do risco à vida das pessoas, os problemas nas rodovias contribuem para aumentar os custos de operação e o tempo de viagem, afetando tanto o transporte de cargas como o de passageiros. Conforme o estudo, o acréscimo médio do custo operacional devido à qualidade do pavimento das rodovias brasileiras é de 26%. Se considerar a região Norte, onde há ainda maiores deficiências na malha, esse índice sobe para 37,6%. Conselho Nacional de Trânsito. Disponível em: . Acesso em: 24 out. 2015. Denilton Dias/O Tempo/Folhapress

10. As hidrovias são utilizadas em larga escala em várias partes do mundo. Analise o mapa da rede hidroviária dos Estados Unidos e responda à questão.

Brasil – Movimento total de cargas de importantes portos e terminais marítimos (2o trimestre de 2015) Portos

Movimento de (%) do total de cargas (milhões cargas transportadas de toneladas) no Brasil

Terminal de Ponta da Madeira (MA)

30,9

12,1

Terminal de Tubarão (ES)

26,6

10,4

Santos (SP)

24,0

9,4

Itaguaí (Sepetiba, RJ)

13,7

5,4

Terminal Almirante Barroso (SP)

12,0

4,7

Paranaguá (PR)

12,0

4,7

Terminal da Ilha Guaíba (RJ)

11,6

4,5

Almirante Maximiano da Fonseca (RJ)

9,7

3,8

Carga de melancias de caminhão que tombou na BR-040, em Minas Gerais. Foto de 2015.

Terminal de Ponta Ubu (ES)

7,5

2,9

Rio Grande (RS)

6,5

2,5

a) Segundo o texto, quais são as condições das rodovias na Região Norte? b) A foto retrata um acontecimento relacionado ao mau estado das rodovias. Que problema é esse? De que outras formas o mau estado das rodovias pode encarecer o preço dos produtos de carga?

Fonte de pesquisa: Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Boletim Informativo Portuário. Disponível em: . Acesso em: 16 out. 2015.

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Em análise Construir e interpretar mapas com círculos proporcionais Os círculos podem chegar a cobrir uns aos outros. Para possibilitar a leitura, os menores sempre aparecem por cima dos maiores. Abaixo, damos um exemplo de tabela cujos dados es­ tão representados no mapa por meio de círculos propor­ cionais. Observe estes dados aplicados no mapa a seguir.

Um mapa pode oferecer grande número de informa­ ções que permitem conhecer melhor as características de determinado espaço. Alguns mapas podem apresentar o caráter quanti­ tativo de um fenômeno e sua localização no espaço. É esse o objetivo do mapa com figuras geométricas proporcionais (círculos, quadrados, etc.). Esse mapa é mais indicado para representar quantidades absolu­ tas, como o número de habitantes de um país. Cada figura no mapa tem um tamanho, que é determinado pela quantidade do que está sendo representado. A figura mais comum para simbolizar quantidades é o círculo, que deixa bem clara a diferença entre os tama­ nhos. Para mostrar aspectos de um fenômeno, um círculo, representando determinado valor, é colocado no local on­ de esse fenômeno ocorre. Um círculo representando um valor é obrigatoria­ mente colocado no local onde ocorre o valor do fe­ nômeno representado. Novos círculos com valores diferentes são aplicados em outros locais do mapa, con­ forme a proporcionalidade do que se quer representar.

Maiores exportadores de alta tecnologia (2013) Valor (em milhares de dólares)

País China

 560 058 334

Alemanha

193 087 961

Estados Unidos

147 833 169

Cingapura

135 601 531

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: . Acesso em: 11 nov. 2015.

A leitura do mapa permite concluir que os países que têm maior volume de valores em exportações de alta tecnologia estão concentrados na América do Norte, Europa e Ásia.

180°

135°O

90°O

45°O



45°L

90°L

135°L

180°

OCEANO GLACIAL ÁRTICO Círculo Polar Ártico

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Exportação de alta tecnologia (2013)

1

NO

NE

SO

SE

45°N

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO



Meridiano de Greenwich

Equador

OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio

OCEANO ÍNDICO

1

Valores em milhares de dólares

45°S

560 058 334

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Círculo Polar Antártico

200 000 000 100 000 000 50 000 000

0

20 000 000 menos de 1 000 000

0

2 460

4 920 km

1 195 km

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: . Acesso em: 11 nov. 2015.

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Não escreva no livro.

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Os dados apresentados na tabela abaixo são do Financial Times, um jornal britânico, e mostram a localização das 431 maiores empresas multinacionais em valor de mercado, no ano de 2014. Localização das sedes das 431 maiores multinacionais (2014) País-sede

Número de empresas

Estados Unidos

203

Reino Unido

37

Japão

34

França

28

Canadá

22

Alemanha

20

China

18

Hong Kong

14

Suíça

13

Austrália

11

Suécia

11

Brasil

10

Índia

10

sendo alcançado. E, por meio da legenda, a infor­ mação absoluta também é dada. 4. Siga a tabela e, no planisfério, trace os círculos nos

países correspondentes. 5. Utilize uma única cor para pintar todos os círculos

traçados no mapa. 6. Faça a legenda assinalando os três ou quatro principais

círculos e seus respectivos valores. A legenda pode ser como a do mapa da página anterior ou com os círculos desenhados lado a lado. Veja os exemplos abaixo. 7. Dê um título ao mapa. 8. Escreva no caderno uma síntese das suas conclusões

sobre o conteúdo do mapa que você fez. Thiago Lyra/ID/BR

Proposta de trabalho

Fonte de pesquisa: Financial Times. Disponível em: Acesso em: 16 out. 2015.

1. Para construir o mapa, reproduza um planisfério polí­

tico em uma folha de papel sulfite ou vegetal.

3. Os outros círculos serão proporcionais ao tamanho

daquele que representa os Estados Unidos. Essa proporcionalidade indica a diferença entre as gran­ dezas. Para que todos os círculos fiquem visíveis no mapa, a proporção gráfica não poderá ser exata. Por exemplo, nos Estados Unidos existem quase seis ve­ zes mais se­des que no Reino Unido, mas na repre­ sentação gráfica o círculo do Reino Unido pode equivaler à metade do círculo dos Estados Unidos. O objetivo do ma­­pa, que é representar a grande di­ ferença do fenômeno entre os países, continua

Não escreva no livro.

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54 727 980

Setup Bureau/ID/BR

nais do mundo têm suas sedes nos Estados Unidos. Na Índia e no Brasil estão as sedes de 10 multinacionais. Esses dois valores serão os limites da legenda. Com um compasso, localize os Estados Unidos no pla­nis­ fério e trace um círculo com um raio de 3 cm. Repita a operação para o Brasil e a Índia utilizando 0,5 cm pa­ ra o raio do círculo. Todos os demais círculos estarão entre esses dois tamanhos. Calcule os tamanhos utili­ zando os dados da tabela.

05_i_6001_EMG1_061_LA

11 754 342

1 064 731 29 040

05_i_6002_EMG1_061_LA Setup Bureau/ID/BR

2. De acordo com a tabela, 203 das maiores multinacio­

1a4

5a9

10 a 26 98

Esses exemplos são apenas ilustrativos. Em seu mapa, use os dados da tabela. 69

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Síntese da Unidade Capítulo 1

A formação do mundo capitalista

••No caderno, elabore um quadro-síntese indicando, com as informações do capítulo, o início da formação, os principais fatos relacionados e as principais características de cada uma das seguintes etapas do capitalismo: comercial, industrial, e monopolista ou financeiro.

Capítulo 2

A DIT e as revoluções industriais

••A partir do esquema abaixo, escreva frases que sintetizam o conteúdo do capítulo. Grandes fábricas, intensa divisão do trabalho

Vantagens comparativas DIT

1a RI Desigualdade tecnológica

Capítulo 3

Apropriação da ciência e da técnica para acumulação de capital 2a RI

Liderança da Inglaterra

Revolução técnico-científica Toyotismo 3a RI

Liderança da Alemanha e dos EUA

Liderança do Japão

O papel do comércio mundial

••Escreva duas ou três frases para cada palavra-chave ou expressão abaixo, sintetizando as informações do capítulo.

··Globalização ··Fluxos imateriais ··Paraíso fiscal

Capítulo 4

··Blocos econômicos ··Comércio ilegal ··Movimento antiglobalização

A inserção do Brasil na economia mundial

••A partir do esquema abaixo, escreva frases que sintetizam o conteúdo do capítulo. A inserção do Brasil na economia mundial

Formação do território deu-se por processos históricos Integração do território na segunda metade do século XX Internacionalização da economia acentuada a partir de 1950

Grandes desigualdades regionais

Circulação e transportes Vinicius Moraes/Fotoarena

••A partir das fotografias,

escreva um texto sintetizando os assuntos principais desenvolvidos no capítulo.

Porto de Tubarão, Vitória (ES). Foto de 2015.

Chico Peixoto/LeiaJáImagens/ Estadão Conteúdo

Capítulo 5

Industrialização concentrada no Sudeste

Rodovia BR-232 em Recife (PE). Foto de 2015.

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Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

Vestibular e Enem 1. (UFC-CE) A Primeira Revolução Industrial provocou uma grande transformação no espaço geográfico. A esse respeito, leia as afirmações abaixo. I. Aconteceu um intenso processo de urbanização, e as cidades passaram a comandar as atividades econômicas e a organização do espaço geográfico. II. Com a ampliação da Divisão Internacional do Trabalho, alguns países europeus especializaram-se na produção industrial, controlando o mercado mundial de produtos industrializados. III. Aconteceram grandes mudanças no modo de produção, sem implicações na organização política e territorial da Europa.

d) o exagerado crescimento brasileiro no setor da indústria de consumo. e) a limitada capacitação técnico-científica da produção nacional.

Assinale a alternativa correta. a) Apenas I é verdadeira. b) Apenas III é verdadeira. c) Apenas I e II são verdadeiras. d) Apenas II e III são verdadeiras. e) I, II e III são verdadeiras. Enem/2014. Fac-símile: ID/BR

2. (Enem)

Considerando-se a dinâmica entre tecnologia e organização do trabalho, a representação contida no cartum é caracterizada pelo pessimismo em relação à: a) ideia de progresso. b) noção de sustentabilidade. c) organização dos sindicatos. d) obsolescência dos equipamentos. 3. (UFRJ) O mundo vem assistindo a uma revolução no setor produtivo que tem sido chamada de Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica (Revolução Tecnológica). A plena inserção brasileira nesse contexto enfrenta um sério obstáculo, que é: a) a grande extensão do território nacional, encarecendo a produção tecnológica. b) o distanciamento geográfico do Brasil em relação aos principais centros tecnológicos. c) a incompetência tecnológica nacional no setor agrário-exportador.

4. (Fuvest-SP) Quanto à formação do território brasileiro, podemos afirmar que: a) a mineração, no século XVIII, foi importante na integração do território devido às relações com o Sul, provedor de charque e mulas, e com o Rio de Janeiro, por onde escoava o ouro. b) a pecuária no rio São Francisco, desenvolvida a partir das numerosas vilas da Zona da Mata, foi um elemento importante na integração do território nacional. c) a economia baseada, no século XVI, na exploração das drogas do sertão integrou a porção Centro-Oeste à Região Sul. d) a economia açucareira do Nordeste brasileiro, baseada no binômio plantation e escravidão, foi a responsável pela incorporação ao Brasil de territórios pertencentes à Espanha. e) a extração do pau-brasil, promovida pelos paulistas por meio das entradas e bandeiras, foi importante na expansão das fronteiras do território brasileiro. 5. (Enem) A urbanização brasileira, no início da segunda metade do século XX, promoveu uma radical alteração nas cidades. Ruas foram alargadas, túneis e viadutos foram construídos. O bonde foi a primeira vítima fatal. O destino do sistema ferroviário não foi muito diferente. O transporte coletivo saiu definitivamente dos trilhos. Janot, L. F. A caminho de Guaratiba. Disponível em: . Acesso em: 9 jan. 2014. (Adaptado.)

A relação entre transportes e urbanização é explicada, no texto, pela: a) retirada dos investimentos estatais aplicados em transporte de massa. b) demanda por transporte individual ocasionada pela expansão da mancha urbana. c) presença hegemônica do transporte alternativo localizado nas periferias das cidades. d) aglomeração do espaço urbano metropolitano impedindo a construção do transporte metroviário. e) predominância do transporte rodoviário associado à penetração das multinacionais automobilísticas. 6. (UFV-MG) A expressão Terceira Revolução Industrial ganhou validade a partir do uso dos avanços científicos e tecnológicos na indústria. No entanto, ela também abrange os progressos ocorridos em outras áreas. De uma forma ou de outra, quase todos os setores da economia e da sociedade se beneficiaram das novas conquistas do conhecimento humano. 71

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Vestibular e Enem Em relação à Terceira Revolução Industrial, é incorreto afirmar que ela: a) provocou um novo equilíbrio na economia mundial na medida em que reduziu a distância entre os países centrais e os países periféricos. b) teve como um dos seus efeitos o deslocamento cada vez mais significativo do poder decisório da esfera pública para os interesses da esfera privada. c) aprofundou a crise nos empregos tradicionais, inclusive nos países centrais, gerando o chamado desemprego estrutural e uma forte terceirização da economia. d) provocou uma crescente internacionalização da produção capitalista e uma reconcentração do capital pelos conglomerados transnacionais. 7. (Enem) De todas as transformações impostas pelo meio técnico-científico-informacional à logística dos transportes, interessa-nos mais de perto a intermodalidade. E por uma razão muito simples: o potencial que tal “ferramenta logística” ostenta permite que haja, de fato, um sistema de transportes condizente com a escala geográfica do Brasil. Huertas, D. M. O papel dos transportes na expansão recente da fronteira agrícola brasileira. Revista Transporte y Territorio, Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010. (Adaptado.)

A necessidade de modais de transporte interligados, no território brasileiro justifica-se pela(s): a) variações climáticas no território, associadas à interiorização da produção. b) grandes distâncias e a busca da redução dos custos de transporte. c) formação geológica do país, que impede o uso de um único modal. d) proximidade entre a área de produção agrícola intensiva e os portos. e) diminuição dos fluxos materiais em detrimento de fluxos imateriais. 8. (UFSCar-SP) A respeito das disparidades regionais do Brasil é correto afirmar que: a) elas sempre existiram na nossa história, com o Nordeste sendo a região mais carente desde os primórdios da colonização. b) elas se tornaram mais graves com a globalização, que ocasionou uma acelerada industrialização do Sudeste e um retrocesso no Nordeste. c) elas foram adquirindo as características atuais com a industrialização do país e tornaram-se assunto da política nacional a partir dos anos de 1950.

d) elas decorrem fundamentalmente das diversidades naturais do nosso território e da distribuição espacial das reservas minerais. e) elas são um problema nacional devido às secas do Nordeste, que sempre exigiram políticas especiais voltadas para o desenvolvimento dessa região. 9. (Unirio-RJ) Desde o seu advento até os dias de hoje, a atividade industrial passou por várias transformações e teve várias etapas ou fases. São características da Segunda Revolução Industrial a(o): a) liderança dos Estados Unidos, o petróleo como principal fonte de energia e a indústria automobilística. b) liderança inglesa, o predomínio da máquina a vapor e as indústrias têxteis. c) disputa pela liderança entre Japão, Estados Unidos e Europa Ocidental, a robótica, a informática e a biotecnologia. d) dispersão espacial da indústria e a utilização de várias fontes de energia como a nuclear, a solar e a eólica. e) uso do carvão mineral como principal fonte de energia, o Taylorismo e o Fordismo. 10. (UFC-CE) Com relação à organização do espaço brasileiro, é correto afirmar que: a) os aspectos físicos naturais (clima, solo, vegetação, relevo e hidrografia) são os únicos condicionantes da organização do espaço. b) o processo de industrialização se deu de modo uniforme em todas as regiões brasileiras. c) a implantação das ferrovias foi o principal fator para a integração entre as diferentes regiões brasileiras. d) o referido processo resulta de diferentes fatores, sendo fundamental o socioeconômico. e) o modelo econômico exportador, introduzido pelos portugueses, favoreceu a integração regional e a formação de um mercado consumidor interno. 11. (PUC-Campinas-SP) Os blocos econômicos surgiram nas últimas décadas, numa conjuntura marcada: a) pelo aumento das taxas alfandegárias, forma encontrada pelos diferentes países para expandir a desnacionalização do capital. b) pelas articulações realizadas por países do Tercei­ro Mundo, que precisavam se unir para ter forças para enfrentar os países industrializados desenvolvidos. c) pelas tentativas de unificação das culturas, já que os grandes obstáculos para a integração dos povos residiam nas diferenças nacionais, sobretudo em razão do idioma e da religião. d) pela necessidade que os países capitalistas tinham de impedir o avanço das economias baseadas na planificação e na ditadura do proletariado.

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Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

As análises do mapa e do texto permitem concluir que: a) a criação de espaços de avanço tecnológico no interior do país é condição fundamental para a expansão da fronteira agrícola. b) os produtos de exportação têm possibilitado a organização do espaço da região central do Brasil. c) a crescente utilização do transporte hidroviário para grandes cargas tem impulsionado a produção agrícola nacional. d) a privatização da rede ferroviária transformou-se em um obstáculo para a circulação de mercadorias no espaço nacional. e) a deficiente rede de infraestrutura de transportes diminui a competitividade agrícola do país no exterior.

e) pela necessidade de abertura da economia, em um mercado altamente competitivo, onde as grandes empresas que controlam as tecnologias acabam adquirindo maior poder de decisão que os Estados nacionais. 12. (Unifor-CE) A partir da década de 1980, a economia mundial passou por grandes transformações que resultaram em um novo desequilíbrio entre o grupo de países desenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Dentre essas transformações, pode-se citar a revolução tecnocientífica, que se caracterizou: a) pela transferência de tecnologias de ponta para os países subdesenvolvidos, a partir da generalização das transmissões de informações via satélite. b) pela emergência das tecnologias da microeletrônica e transmissão de informações e pela expansão da automatização e robotização nas linhas de produção. c) por uma nova concentração da produção industrial nos países desenvolvidos, em função dos menores custos de produção com o uso de robôs nas fábricas. d) pelo uso intensivo de energia elétrica em substituição ao petróleo e pelas novas aplicações da biotecnologia no aumento da produtividade agrícola. e) por uma maior difusão das tecnologias de produção industrial em função da maior integração econômica possibilitada com o uso da internet. 13. (Vunesp) A questão está relacionada ao mapa e ao texto a seguir.

Vunesp/Fac-símile: ID/BR

nas mazo Rio A Itacoatiara

Ri

o

M

ad

ei ra

A soja do Mato Grosso sai por rodovia para Paranaguá ou segue por ferrovia para Santos ou, ainda, por rodovia para Porto Velho e por hidrovia até Itacoatiara, num longo caminho para o reembarque rumo ao exterior.

Porto Velho

Soja

Santos Paranaguá

0

ESCALA 965 km

14. (UEPB) A globalização que marca a nova fase do desenvolvimento capitalista se caracteriza pela mundialização da produção, da circulação e do consumo. Processo este que foi viabilizado pelo avanço técnico acelerado. As transformações rápidas que ocorrem na economia e na sociedade têm hoje a finalidade de intensificar a competitividade, que é mola propulsora do processo de globalização. Podemos identificar como estratégias competitivas do capitalismo globalizado: I. A produção de transgênicos que, embora polêmica, é mais produtiva, aumenta a resistência às pragas e cria a dependência dos produtores junto às empresas que controlam as sementes geneticamente modificadas. II. A customização, ou seja, a fabricação de produtos sob encomenda para atender às especificações do consumidor final, em substituição à produção padronizada em série e com grandes estoques. III. A flexibilização da produção através da adoção de um mesmo padrão produtivo das linhas de montagem, distribuídas pelos vários países do mundo, o que reduz custos e retira a identificação de um produto como sendo de uma nacionalidade. IV. A adoção do protecionismo às empresas nacionais através dos subsídios e das cotas para dificultar a concorrência dos produtos estrangeiros dentro dos territórios nacionais. Estão corretas apenas as alternativas: a) I, II e III b) I, III e IV c) I e IV d) II, III e IV e) II e III

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Geografia, Arte e Filosofia Pessoas ao sol

Smithsonian American Art Museum, Estados Unidos. Fotografia: ID/BR

O pintor Edward Hopper, nascido em Nyack (EUA) no ano de 1882, tornou-se conhecido por seu estilo realista e é considerado um dos artistas estadunidenses mais populares. Frequentemente retratou cenas cotidianas, abordando temas como a solidão, a banalidade e a melancolia na sociedade moderna. Hopper não deixou de expor, ao mesmo tempo, a beleza inesperada de tais cenas. A obra abaixo, denominada Pessoas ao sol, foi realizada em 1960, em óleo sobre tela. Ela retrata uma cena inusitada de um grupo de pessoas completamente vestidas tomando sol. As pessoas estão sentadas e parecem permanecer em silêncio. No texto a seguir, o escritor Mark Strand busca desvendar a obra, trazendo alguns elementos para sua análise e reflexão.

Hopper, Edward (1882-1967). People in the sun, 1960. Óleo sobre tela, 102,6 cm � 153,4 cm.

[...] Um pequeno grupo de pessoas toma sol em cadeiras colocadas em fila. Mas estão aí com o objetivo de se bronzear? Se é assim, por que se vestem como se estivessem no trabalho ou no consultório de um médico? Será que, não importa onde se encontrem, o mundo todo é sua sala de espera? Talvez. O que devemos pensar do jovem que lê? Parece mais absorvido pela cultura do que pela natureza, mas fica com os outros do lado de fora, à beira da estrada, sob o sol. [...] Não se pode imaginar que essas pessoas estejam realmente tomando sol. Parecem olhar ao longe tão distante quanto possível na direção do amplo prado que se estende até a fileira de colinas. E as colinas apresentam um ângulo muito semelhante ao das pessoas reclinadas na cadeira, dando a impressão de devolver esse olhar. A natureza e a civilização quase parecem sondar uma à outra. [...] Strand, Mark. Hopper. Barcelona: Lumen/Random House Mondadori, 2012. p. 61-63. (Tradução dos autores.)

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Não escreva no livro.

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Depois de apreciar a obra Pessoas ao sol e de ler a contribuição de Mark Strand, é hora de relacionar a apreensão artística sobre a realidade com a visão científica acerca das dinâmicas do espaço geográfico. Agora, leia o texto abaixo sobre a interação entre a natureza e a sociedade.

Sociedade e natureza O espaço geográfico não possui apenas uma dinâmica natural. A esta deve ser acrescentada uma dinâmica social, exercida pelas formações sociais que ali vivem e atuam. Ao se apropriar da natureza e transformá-la, os seres humanos criam ou produzem o espaço geográfico, utilizando as técnicas de que dispõem, segundo o momento histórico e de acordo com suas representações, ou seja, crenças, valores, normas (direito) e interesses políticos e econômicos. O espaço geográfico é o espaço das sociedades ou a dimensão espacial do social. Ele contém elementos naturais (rios, planaltos, planícies, etc.) e artificiais (casas, avenidas, pontes, etc.). Segundo o geógrafo Milton Santos, o espaço geográfico somente surge depois de o território ser usado, modificado ou transformado pelas sociedades humanas. Ou quando estas imprimem na paisagem as marcas de sua atuação e organização social. […] O espaço geográfico é a expressão visível de como a sociedade está organizada segundo as normas estabelecidas. Nele estão expressas as desigualdades sociais, a distribuição do poder e o jogo de interesses e de pressões existentes entre grupos e classes sociais sobre o Estado. Decicino, Ronaldo. Espaço geográfico: sociedade transforma a natureza. Disponível em: . Acesso em: 12 nov. 2015.

atividades

1. A leitura de uma obra de arte pode envolver a pesquisa da técnica utilizada pelo pintor, da época em que ele viveu, de seu jeito de ver o mundo. Além disso, cada um de nós, de acordo com seu gosto e sua história de vida, pode expressar o que percebe de uma obra de arte. Os estudiosos da arte de Hopper defendem que suas pinturas abordam a solidão, a melancolia e o isolamento das pessoas. Você também tem essa percepção? Como poderíamos interpretar que, em plena época de globalização, as pessoas sintam-se sós? A partir da leitura do texto de Mark Strand, discorde, se for o caso, da apreciação feita por esse autor. 2. “A natureza e a civilização quase parecem sondar uma à outra”. De acordo com o texto abaixo, essa afirmação de Mark Strand é possível? Justifique sua resposta.

Natureza e civilização [...] há diferença entre Natureza e civilização, isto é, a Natureza é o reino das relações necessárias de causa e efeito ou das leis naturais universais e imutáveis, enquanto que a civilização é o reino da liberdade e da finalidade proposta pela vontade livre dos próprios homens, em seu aperfeiçoamento moral, técnico e político. Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000. p. 57.

3. A partir do artigo sobre a interação entre natureza e sociedade, escreva um pequeno texto que, para você, explique a tela de Hopper, Pessoas ao sol. Use a expressão “espaço geográfico”.

Não escreva no livro.

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Projeto Exposição: “As multinacionais brasileiras”

1. Levantamento de dados Para isso, a classe deve organizar-se em grupos de pelo menos quatro pessoas. Cada grupo obedecerá às etapas descritas a seguir. •• Com ajuda do professor, Segmentos de atuação de algumas multinacionais brasileiras (2014) pesquisem e façam uma lista Tecnologia da das 10 maiores multinacionais comunicação e Bancos e Cosméticos Comunicação brasileiras. Classifiquem as Seguradoras 2% empresas de acordo com Indústria 8% 13% 2% Autopeças extrativa 2% os segmentos de atuação: Indústria de 2% não tecidos energético, alimentício, têxtil, Alimentos 10% Eletricidade e bebidas tecnologia da informação, e gás 2% indústria cosmética, Indústria química 6% Calçados automobilística, aeronáutica, 6% e têxteis entre outros. O gráfico ao Construção 6% 2% Papel e lado mostra a área de celulose 2% atuação das multinacionais Consultoria 10% brasileiras pesquisadas no Materiais de 8% construção documento “Ranking” FDC das 6% 10% Fabricação de 2% multinacionais brasileiras 2015, máquinas e equipamentos elaborado pela Fundação Don Fabricação Siderurgia e de veículos e Fabricação de Metalurgia Cabral. Observe que, de acordo aeronaves eletroeletrônicos com esse documento, Fonte de pesquisa: “Ranking” FDC das multinacionais brasileiras 2015. Fundação Dom Cabral. em 2014, o setor industrial Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2016. era predominante. •• Cada grupo deve selecionar uma das multinacionais brasileiras listadas na etapa anterior, de forma que não haja repetições. Em seguida, vocês devem pesquisar: o contexto histórico da fundação da empresa, os países onde atua, quais são as principais atividades desenvolvidas nesses países, os investimentos aplicados no Brasil e no exterior, a quantidade de funcionários e de unidades no Brasil e no exterior. Para obter essas e outras informações, vocês podem acessar o site da empresa e consultar pesquisas jornalísticas. •• Busquem saber dos impactos econômicos, sociais e ambientais gerados pela empresa, tanto no Brasil como nos demais países onde ela atua, especialmente aqueles relativos à degradação ou à conservação ambiental, aos direitos trabalhistas, à contribuição ao desenvolvimento socioeconômico. •• Comparem a multinacional brasileira escolhida pelo grupo com outras empresas nacionais e internacionais do mesmo ramo para saber se ela está bem posicionada em rankings mundiais.

Adilson Secco/ID/BR

O que vocês vão fazer Neste projeto, vocês vão reunir-se em grupos e desenvolver uma pesquisa sobre as multinacionais brasileiras. Com base nessa pesquisa, a classe vai organizar uma exposição que mostre, por meio de fotografias, mapas, recortes de jornais e outros documentos, a atuação de empresas brasileiras em outros países do mundo. O objetivo é mostrar a participação do Brasil na economia mundial, identificando as principais empresas brasileiras que atuam internacionalmente e seus impactos na economia brasileira e nos países de destino. Conhecer a atuação das multinacionais brasileiras é uma forma de compreender melhor as relações que o país estabelece com o restante do mundo e o perfil de nossa economia, seus avanços, limites e desafios.

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Distribuição geográfica das multinacionais brasileiras no mundo* 90%

81,0%

Adilson Secco/ID/BR

2. Seleção e organização das informações e elaboração do cartaz Agora, o grupo deve discutir as informações levantadas e selecionar quais são significativas para demonstrar a participação da empresa pesquisada no cenário internacional. Em seguida, vocês deverão elaborar um cartaz com essas informações. Para isso, considerem as etapas a seguir. •• Identifiquem a empresa por meio de fotos de sua sede e unidades e da identidade visual (logotipo, marca). •• Incluam informações sobre a localização da sede da empresa, a data de sua criação no Brasil e a data do início de sua internacionalização. •• Elaborem mapas, gráficos e tabelas com as informações levantadas na pesquisa para representar a distribuição espacial da empresa pelo mundo e suas sedes no Brasil. Como exemplo, observem o gráfico abaixo, que mostra a distribuição das principais multinacionais brasileiras em várias regiões do mundo. •• Utilizem trechos de matérias jornalísticas e fotos sobre os impactos positivos e negativos da atuação da empresa no Brasil e no mundo, destacando suas dimensões econômica, social e ambiental. •• Usem dados comparativos com outras empresas multinacionais brasileiras e internacionais do setor. •• Incluam no cartaz uma pequena síntese com as conclusões do grupo sobre a atuação da empresa no Brasil e no mundo e sua importância no respectivo setor econômico.

70,0%

80% 70% 60% 50%

36,0%

40%

33,0%

29,0%

26,0%

30%

21,0%

16,0%

20% 10% 0%

América do Sul

América do Norte

Europa

África

América Central e Caribe

Ásia

Oriente Médio

Oceania

Fonte de pesquisa: “Ranking” FDC das multinacionais brasileiras 2015. Fundação Dom Cabral. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2016.

*Porcentagem das empresas pesquisadas no “Ranking” FDC das multinacionais brasileiras 2015 que possuem subsidiárias ou franquias nessas regiões.

3. Apresentação da pesquisa e montagem da exposição Ao final da elaboração dos cartazes, cada grupo deverá fazer uma apresentação para os colegas na sala de aula, mostrando os resultados da pesquisa. Poderão ser utilizados também outros materiais obtidos durante a coleta de informações, tais como anúncios e filmes institucionais da empresa. Na apresentação, é importante destacar a importância da empresa para o desenvolvimento econômico do país, se a empresa faz parte de algum setor tradicional da economia brasileira ou se está inserida em um setor de desenvolvimento mais recente no país. Os impactos ambientais da empresa no Brasil e nos países em que atuam também devem ser destacados. Após a elaboração dos cartazes, os grupos devem montar uma exposição em local acessível à comunidade escolar com todos os painéis confeccionados pela classe. 77

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unidade

2 Nesta unidade 6 Estrutura geológica da Terra 7 Relevo 8 Os solos 9 Hidrologia e hidrografia

A dinâmica da natureza O Brasil apresenta uma grande diversidade de paisagens formadas pela interação entre os processos naturais e as dinâmicas sociais. Os processos naturais que formam e transformam as paisagens resultam da associação entre os agentes internos, como o tectonismo e o vulcanismo, e os agentes externos, como o vento e a água, responsáveis por processos como o intemperismo. A sociedade apropria-se dos recursos da natureza para desenvolver suas atividades, transformando também as paisagens. Questões para reflETIR

1. Cite algumas características da paisagem mostrada na foto. 2. A partir do texto e da foto, formule uma hipótese sobre como essa paisagem foi formada. 3. As formas de relevo são muito presentes em nossa vida. Lembre-se de alguma forma de relevo e descreva-a. 4. Que interações ocorrem entre a natureza e a sociedade? Explique com exemplos. Imagem da página ao lado: Vista aérea da praia do Vidigal e do morro Dois Irmãos cujo embasamento é formado por rochas como granitos e gnaisses. Rio de Janeiro (RJ). Foto de 2015. 78

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Ricardo Azoury/Pulsar Imagens

IMAGEM

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Estrutura geológica da Terra Uwe Gross/Shutterstock.com/ID/BR

capítulo

o que você vai estudar A estrutura interna da Terra. O tempo geológico. Placas tectônicas, abalos sísmicos e atividade vulcânica. Recursos minerais e diferentes tipos de rochas. A estrutura geológica do Brasil.

O estudo da paisagem e dos diferentes tipos de rochas dão pistas sobre a formação da Terra e sobre as mudanças ambientais ocorridas no passado. Vista do Parque Nacional de Bryce Canyon, nos Estados Unidos. Foto de 2015.

A formação da Terra é um importante tema de pesquisa para o meio científico. Acredita-se que a história do planeta tenha se iniciado há cerca de 4,5 bilhões de anos. Estudos mostram que a Terra, assim como outros planetas do Sistema Solar, formou-se a partir de uma força gravitacional que “reuniu” materiais existentes no espaço (poeira cósmica e gases). Compreender os fenômenos que ocorreram na Terra, como erupções vulcânicas, glaciações, extinção dos dinossauros, etc., é essencial para entender a sua dinâmica espacial e temporal. Além disso, conhecer os fenômenos que já ocorreram na história do planeta pode auxiliar no entendimento e na previsão de fenômenos futuros.

Quanto tempo é preciso para uma rocha ou um mineral formar-se? Quando a cordilheira dos Andes começou a formar-se? Quanto tempo é necessário para um rio escavar e formar um vale? Os estudos a respeito de certos grupos de rochas são fundamentais para desvendar a origem e a formação da Terra. Por meio da análise das rochas sedimentares, por exemplo, é possível encontrar, em diferentes lugares, fósseis de espécies vegetais e animais semelhantes, que viveram há milhões ou milhares de anos. Por outro lado, os minerais são empregados como matéria-prima de diversos produtos e, para determinados povos, adquirem valor simbólico.

Com base no texto e na fotografia acima, responda. 1. Como as rochas retratadas na fotografia foram “esculpidas”? 2. Há diferenças entre os tipos de rochas da paisagem retratada? 3. É possível estabelecer relações entre a estrutura interna da Terra e o que se observa na superfície do planeta? 80

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Estrutura da Terra Thiago Lyra/ID/BR

No princípio, a Terra era um corpo homogêneo, Camadas da Terra mas isso começou a se modificar com o resfriamento natural das áreas mais afastadas do centro do planecrosta (0-40 km) ta. O material mais pesado mergulhou para o interior (ferro, por exemplo), e o mais leve (gases) flutuou para a superfície. A partir de então, a Terra foi se transformando em um planeta com camadas distintas, de acordo com as densidades e os tipos de materiais (ver figura ao lado). São três as camadas da Terra: crosta, manto e núcleo. A crosta é a camada rochosa mais superficial da Terra, com espessura que vai de 0 a 40 km. É composta em grande parte (cerca de 70%) de oxigênio e silício. Os demais elementos (como alumínio, magnésio, ferro e cálcio) aparecem em menores quantidades. A crosta apresenta densidades entre 2,7 g/cm3 e 2,9 g/cm3. Essa é a densidade média dos manto (40-2 900 km) minerais e rochas que compõem grande parte da crosta terrestre. ferro líquido ferro sólido O manto está localizado abaixo da crosta, repredo núcleo interno do núcleo externo (2 890-5 150 km) (5 150-6 400 km) sentando cerca de 83% do volume da Terra, com uma espessura que vai de 40 a 2 900 km. É formado por Fonte de pesquisa: Press, Frank et al. Para entender a rochas com densidade intermediária, predominando os compostos de Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 32. oxigênio e magnésio, ferro e silício. Representação esquemática fora de proporção O núcleo é a parte central da Terra e é formado predominantemente de tamanho e distância e em cores-fantasia. por ferro e níquel. O núcleo externo é líquido e pastoso e inicia-se em uma profundidade de cerca de 2 900 km. O núcleo interno (sua porção mais central) é sólido e estende-se a partir de 5 150 km até o centro da Terra, a cerca de 6 400 km. Essa diferença entre os núcleos (sólido e outro líquido/ pastoso) deve-se à diferença do ponto de fusão dos minerais, que variam em temperatura e também em pressão. Magma: material rochoso em fusão existente no A crescente temperatura das camadas da Terra em direção ao núcleo interior da Terra, composto de uma parte líquida com elevadas temperaturas (entre 700 oC e provoca a movimentação do magma e uma série de modificações na su1 200 oC), de uma parte sólida (que corresponde perfície terrestre. Essa energia também é capaz de movimentar as camaaos minerais já cristalizados) e uma parte gasosa. das superficiais da Terra.

O sismógrafo e a investigação do interior da Terra O sismógrafo é uma importante ferramenta utilizada para o estudo dos abalos sísmicos (terremotos e maremotos) e para a investigação do interior da Terra. Esse equipamento registra as ondas sísmicas geradas por um terremoto e permite determinar a posição exata do foco (hipocentro) dessas ondas e do ponto da sua chegada à superfície terrestre (epicentro). Existem três tipos de ondas sísmicas. As ondas primárias ou ondas P propagam-se em materiais sólidos, líquidos e gasosos a uma velocidade de cerca de 6 km/s. As ondas secundárias ou ondas S propagam-se em material sólido, com velocidade menor que a das ondas P. As ondas de superfície propagam-se nas camadas mais superficiais da Terra (observe a ilustração ao lado). Devido às diferenças de velocidade de propagação, cada onda chegará ao sismógrafo em tempos diferentes. Desse modo, é possível avaliar indiretamente o tipo de material através do qual a onda se propaga, assim como o foco dos terremotos.

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foco

ondas de superfície

Thiago Lyra/ID/BR

saiba mais

manto

núcleo

S

P

Fonte de pesquisa: Press, Frank et al. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 475.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

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Eras geológicas Escala do tempo geológico (em milhões de anos atrás) Época

Pleistoceno

Terciário

Plioceno Mioceno Oligoceno Paleógeno

Eoceno Paleoceno

Cretáceo Jurássico Triássico Permiano Carbonífero Devoniano Siluriano Ordoviciano Cambriano

Éon Proterozoico

1,8 5,3 23 33 56 65 146 200 251 299 359 416 444

Espécie de palmeira do gênero Sabal, fossilizada na época do Oligoceno. Foto de 2014.

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Dan Dry/University of Chicago/Reuters/Latinstock

Neógeno

Paleozoico

0,01

Alamy/Latinstock

Holoceno (ou Recente)

Mesozoico

Éon Fanerozoico

Período Quaternário

Era

Cenozoico

Éon

Paleoclima: termo que designa os climas de tempos geológicos passados.

542 2 500

Éon Arqueano 3 850 Éon Hadeano 4 566 Fóssil de trilobita, animal marinho que viveu durante a era Paleozoica. Foto de 2014.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: Teixeira, Wilson et al. (Org.). Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 2009. p. 292.

Deriva dos continentes Pange

ia

Permiano 225 milhões de anos

Laurásia

Go

Capítulo 6 – Estrutura geológica da Terra

Para que pesquisadores levantassem hipóteses a respeito da formação da Terra, dos paleoclimas, da constante transformação dos relevos e da distribuição dos continentes, partiram de estudos em rochas muito antigas. Algumas delas, com cerca de 4 bilhões de anos, apresentaram evidências de erosão pela água, indicando a presença de hidrosfera (conjunto das águas do planeta). A partir de datações, associadas a outras técnicas, foi possível interpretar “registros” em material rochoso ou fóssil. Há cerca de 2,5 bilhões de anos, houve um aumento do registro fóssil da vida primitiva terrestre, que revelou comportamentos adaptativos de espécies pioneiras. Muitas delas influenciaram na transformação da atmosfera e dos oceanos e, consequentemente, na evolução terrestre. Os principais eventos ocorridos na história da Terra nortearam a construção de uma escala do tempo geológico, na qual são estabelecidas divisões da história do planeta. Os éons correspondem a maior divisão do tempo geológico, sendo subdivididos em eras, que, por sua vez, são caracterizadas a partir da semelhança entre registros fósseis de organismos que viveram no passado e da distribuição dos continentes e oceanos. O período, uma divisão da era, é a unidade fundamental na escala do tempo geológico. A época é um intervalo menor dentro de um período e pode ser dividida em idades, que são a menor divisão do tempo geológico. Em consequência dos grandes avanços tecnológicos (como as novas técnicas de datação das rochas) e das descobertas dos pesquisadores, essa escala frequentemente sofre modificações e novas subdivisões.

nd

Jurássico 135 milhões de anos

Quaternário Hoje

wa n a

Triássico 200 milhões de anos

Cretáceo 65 milhões de anos

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 12.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

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A litosfera e as camadas superficiais da Terra água do oceano

crosta continental

crosta oceânica 8-65 litosfera

100-200

m) idade (k Profund

astenosfera (deformável, passível de fluxo)

manto superior

360-650 manto inferior

Fonte de pesquisa: Petersen, James F.; Sack, Dorothy; Gable, Robert E. Fundamentos de Geografia física. São Paulo: Cengage Learning, 2014. p. 241.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

Press, F. Para entender a Terra, 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. Figs. p. 50-51, adaptadas/ID/BR

Dorsal Mesoatlântica no Atlântico Norte

ISLÂNDIA

Vale em fenda NO

NE

SO

SE

lân

t ic a

AMÉRICA DO NORTE

at

EUROPA

es

o

or

sa

l

M

D

As crostas oceânica e continental e a parte superior do manto terrestre formam a litosfera (do grego lithos, “pedra”). Logo abaixo dessa camada, encontra-se a astenosfera, onde ocorrem movimentos que arrastam a litosfera, provocando sua ruptura em placas, chamadas de placas tectônicas. O cientista alemão Alfred Wegener (1880-1930), no início do século XX, contribuiu para o desenvolvimento de uma teoria que pudesse explicar algumas questões como a origem das grandes cadeias montanhosas, como o Himalaia e os Andes, que estão localizadas nos limites das placas tectônicas. Ao observar o encaixe dos contornos da África e da América do Sul, Wegener baseava seus estudos na hipótese de uma possível união continental pretérita. Para ele, todas as porções de terra teriam formado um único continente, denominado Pangeia (pan = “todo” e gea = “terra”). Algumas descobertas sustentaram essa teoria, chamada de teoria da Deriva Continental, tais como a presença de rochas e fósseis do mesmo tipo na África e na América do Sul. Os fósseis do réptil mesossauro, que viveu na Terra há 270 milhões de anos, por exemplo, foram encontrados apenas na América do Sul e na África, e julga-se improvável que esse réptil pudesse nadar 6 000 km de um continente a outro. Nas décadas de 1940 e 1950, com os avanços tecnológicos estimulados pela Segunda Guerra Mundial, muitas pesquisas foram realizadas no oceano Atlântico, e a descoberta de uma cadeia montanhosa submersa – dorsal Mesoatlântica (ver o mapa ao lado) – mudou os rumos das pesquisas. Não era somente a crosta continental que se deslocava, mas o assoalho oceânico também, pois foram identificadas atividades vulcânicas e a formação de rochas mais recentes (com menos de 185 milhões de anos) do que as encontradas próximo ao continente africano e sul-americano. Dessa observação, constatou-se que havia algum material sob a litosfera que a movimentava. Isso comprovou que a teoria da Deriva Continental era imprecisa, e redefiniu-se esse conceito como teoria da Tectônica de Placas. Quando essas placas se movimentam, chocam-se ou afastam-se, liberam grande quantidade de energia, ocasionando abalos sísmicos (terremotos) e vulcanismo. A liberação dessa energia também pode gerar dobramentos da crosta terrestre, ocasionando assim o surgimento das grandes cadeias montanhosas ao longo dos limites de placas. A dorsal Mesoatlântica constitui-se em um limite divergente, em que as placas tectônicas estão em afastamento. Veja no infográfico das páginas seguintes como a movimentação das placas tectônicas interfere na dinâmica da crosta e no aspecto da superfície terrestre.

Adilson Secco/ID/BR

Teoria da tectônica de placas

GRANDES ANTILHAS

OCEANO ATLÂNTICO

0 AMÉRICA DO SUL

ÁFRICA

1160

2 320 km

ocorrência de terremotos

Fonte de pesquisa: Press, Frank et al. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 50.

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Movimentos das placas tectônicas As placas tectônicas estão em contínuo movimento. Elas colidem, se afastam e se aproximam a uma velocidade média de 2 a 3 centímetros por ano.

Kevin Schafer/Biosphoto/Minden Pictures/AFP

Limites conservativos

Pingado/ID/BR

Nos limites conservativos, ou transformantes, não há formação nem destruição da crosta terrestre. As placas deslizam lateralmente ao longo das falhas.

a do Plac co fi c a P í

Placa icana r Ame orte-

N

A falha de San Andreas, localizada no oeste da América do Norte, é uma espécie de rachadura visível que marca o limite entre a placa do Pacífico e a placa Norte-Americana. Essas duas placas deslizam lateralmente (uma em relação a outra), provocando intensa atividade sísmica na região. Na imagem, vista aérea da falha na Califórnia, Estados Unidos. Foto de 2014.

Limites convergentes

Jose Luis Stephens/Masterfile/Latinstock

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Cordilheira dos Andes

Pingado/ID/BR

Nos limites convergentes, as placas colidem e a mais densa “mergulha” sob a menos densa, gerando um processo de fusão parcial da placa que submergiu. Nesses limites, são formadas grandes cadeias montanhosas e há intensa atividade vulcânica, através da qual o magma localizado nas camadas inferiores da Terra é expelido para a superfície.

Placa ricana Sul-Ame

a de Plac

ca Naz

A Cordilheira dos Andes, cadeia montanhosa formada na costa ocidental da América do Sul, possui cerca de 8 mil quilômetros de extensão, sendo a mais extensa do mundo. Acredita-se que sua formação tenha se iniciado há 25 milhões de anos, quando a placa de Nazca (mais densa) afundou sob a placa Sul-Americana. Ao lado, Cordilheira dos Andes em Santiago, Chile. Foto de 2014. Não escreva no livro.

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180°

135°O

90°O

45°O



45°L

90°L

135°L

180°

NO

NE

SO

SE

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Placas tectônicas OCEANO GLACIAL ÁRTICO Círculo Polar Ártico

PLACA EURO-ASIÁTICA 45°N

PLACA NORTE-AMERICANA

PLACA IRANIANA

Trópico de Câncer

Equador

PLACA DE COCOS

PLACA DO CARIBE

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

PLACA SUL-AMERICANA PLACA DE NAZCA

Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Antártico

PLACA DAS FILIPINAS

PLACA AFRICANA



PLACA INDO-AUSTRALIANA

45°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0

PLACA ANTÁRTICA Limite entre as placas

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ÍNDICO

Meridiano de Greenwich

PLACA DO PACÍFICO

PLACA DO PACÍFICO

PLACA ARÁBICA

Área de separação de placas

2 465

4 930 km

Área de choque de placas

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar: ensino fundamental do 6o ano ao 9o ano. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. p. 103.

Limites divergentes

Pingado/ID/BR

Há zonas de contato em que as placas tectônicas afastam-se umas das outras, constituindo limites divergentes. Nestes, é comum que a ascensão do magma proveniente do manto contribua para o crescimento da crosta, como acontece entre as placas Sul-Americana e Africana, onde está a dorsal Mesoatlântica. Poelzer Wolfgang/Alamy/Latinstock

Placa Africana ca Pla ricana e m -A Sul

Fonte de pesquisa (das ilustrações): Grotzinger, John; Jordan, Tom. Para entender a Terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 32-33.

Representações esquemáticas fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

A maior parte da dorsal Mesoatlântica está submersa. Na Islândia, porém, é possível ver o afloramento dessa cadeia montanhosa. A imagem mostra um mergulhador em uma falha tectônica submersa, no limite entre as placas Norte-Americana e Euro-Asiática, no Parque Nacional de Thingvellir, Islândia. Foto de 2013. Não escreva no livro.

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Terremotos e vulcanismo Material particulado: partícula muito fina de sólido ou líquido suspenso em um meio gasoso.

Adi Dwi Satrya/AFP

Terremotos são abalos sísmicos que ocorrem no interior de placas tectônicas ou no contato entre elas, assim como em consequência de ativida­des vulcânicas. O ponto do interior da crosta terrestre no qual se inicia o terremoto é chamado de hipocentro ou foco. Já o ponto sobre a superfície terrestre onde a intensidade máxima do terremoto é registrada chama-se epicentro. Quando a litosfera se desloca abruptamente, são geradas vibrações sísmicas que vão se propagar em todas as direções na forma de ondas sísmicas. Vulcanismo é o nome dado a qualquer atividade vulcânica. Ele pode ocorrer de forma contínua durante séculos ou apresentar-se totalmente inconstante. Alguns eventos vulcânicos são responsáveis por lançar na atmos­fera grandes quantidades de gases e ­materiais particulados tóxicos. Os produtos de uma erupção vulcânica podem ser sólidos, líquidos ou gasosos. A lava é o material rochoso em estado de fusão que chega à superfície. O vulcão também libera na atmosfera, por erupções explosivas, materiais ou misturas de cinzas vulcânicas, bombas (fragmentos de rochas quentes), blocos de rochas e gases. As atividades vulcânicas classificam-se como centrais, quando ocorre a formação de cone vulcânico; e fissu­ rais, quando não ocorre a formação de cone vulcânico, uma vez que a formação de fissuras na crosta terrestre permite a ascensão do magma.

Em 2015, a erupção do vulcão Soputan lançou gases e cinzas sobre uma vila no norte da ilha de Sulawesi, na Indonésia. Esse vulcão é um dos mais ativos da região.

Tsunami no Japão No dia 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 na escala Richter (que varia de 0 a 10) atingiu a costa nordeste do Japão. O sismo foi o quinto mais forte já registrado e o pior ocorrido nesse país. Esse abalo sísmico deu origem a um tsunami, formação de grandes ondas devido à ocorrência de um abrupto desnível no mar, que empurra a água para cima. O tsunami ocorrido em 2011 no Japão destruiu milhares de ruas e casas e danificou reatores da usina nuclear de Fukushima, iniciando o segundo pior acidente nuclear já ocorrido (o maior foi em Chernobyl, na Ucrânia, em 1986). O tsunami provocou a morte de mais de 15 mil pessoas e o desaparecimento de outras 3 mil. Para o Japão, esses eventos representaram a maior perda de vidas desde as bombas atômicas jogadas pelos estadunidenses sobre Hiroshima e Nagasaki, ao final da Segunda Guerra Mundial. Logo após o terremoto e o tsunami, o governo japonês deu início à reconstrução das áreas atingidas.

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Xinhua/Imago/Fotoarena

Capítulo 6 – Estrutura geológica da Terra

saiba mais

Após os efeitos do terremoto que atingiu o Japão, morador procura pertences em meio aos destroços. Foto de 2011.

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Minerais Minerais são substâncias naturais, geralmente inorgânicas, com uma composição química específica. Na maioria dos casos, são sólidos, com exceção do mercúrio, que permanece líquido à temperatura ambiente. Os minerais podem apresentar uma estrutura química simples (como o diamante e o ouro), constituída de átomos de um mesmo elemento químico, ou podem ser formados por compostos químicos (caso do quartzo: SiO2). A hematita (Fe2O3), por exemplo, é um mineral com alta concentração de ferro que pode ser encontrado em rochas como o granito. Os minerais diferem muito uns dos outros, podendo ser identificados a partir de certas propriedades, como transparência, brilho, cor, traço (cor do pó do mineral), dureza (resistência que o mineral apresenta ao ser riscado), hábito cristalino, entre outras. De acordo com suas fontes de substâncias ou mesmo por seu brilho, os minerais são divididos em metálicos e não metálicos. Para a utilização de um mineral metálico, deve-se transformá-lo em metal ou em liga metálica. Já os minerais não metálicos, na maioria das vezes, podem ser utilizados sem alterações em suas características originais.

ação e cidadania

A mineração A sociedade extrai minerais da natureza para produzir diversos objetos e ferramentas utilizados no preparo da alimentação, no vestuário, no cuidado com a saúde, no entretenimento, na construção de moradias, etc. Os recursos minerais, porém, devem ser explorados de forma sustentável, ou seja, de forma a atender às nossas necessidades, mas sem excesso de consumo, pois podem se esgotar. 1. Dos produtos que você utiliza, faça uma lista daqueles que são feitos de minerais. Você poderia dispensar ou diminuir o consumo desses produtos em sua vida? Por que é importante fazer isso?

Recursos minerais Muitos materiais que utilizamos em nosso dia a dia são feitos de minerais. Dá-se o nome de recurso mineral à substância inorgânica encontrada naturalmente na crosta terrestre e que é utilizada pela sociedade como matéria-prima na confecção de um bem ou produto. Minério é, por sua vez, a designação dada a um mineral economicamente rentável e explorado comercialmente. No início do processo civilizatório, os seres humanos utilizavam minerais, como o quartzo, para confeccionar instrumentos de caça. Hoje, muitas vezes utilizamos minerais na fabricação de objetos de tecnologia de ponta. O silício, por exemplo, é empregado na produção de chips de computadores. Os recursos minerais demoram milhares ou até mesmo milhões de anos para serem formados. Como o consumo desses recursos ocorre de maneira rápida e intensa em todo o mundo, há o risco de escassez e até esgotamento. A exploração mineral pode gerar problemas socioambientais, como desmatamentos, contaminação de ecossistemas, erosão de solos, invasões de terras indígenas e exploração de trabalhadores.

Chip de computador: estrutura de silício essencial para que o computador realize todas as suas funções. Hábito cristalino: aparência externa de um mineral, ou seja, sua forma geométrica, que reflete o arranjo de seus átomos.

Assista Serra Pelada: esperança não é sonho. Direção de Priscilla Brasil, Brasil, 2007, 55 min. Esse documentário mostra a realidade vivida pelos garimpeiros de Serra Pelada vinte anos após seu fechamento.

Máscaras maias Os maias, povo pré-colombiano, constituíram uma civilização em áreas da América Central. Seus sítios arqueológicos datam de cerca de 700 anos a.C. Os maias utilizavam vários recursos naturais existentes na região, inclusive o jade, uma pedra preciosa composta de dois minerais: o piroxênio e o anfibolito. Para esse povo, o jade era uma pedra sagrada e significava vida e fertilidade. Hoje, é utilizado na produção de joias de alto valor. 1. Reflita com os colegas por que certos minerais adquirem importância simbólica em algumas culturas.

Bruno Barbier/AFP

geografia e arqueologia

Na década de 1950, descobriu-se, no interior de uma pirâmide em Chiapas, México, a tumba do imperador maia Pacal Votan. Sobre seu corpo mumificado estava uma máscara feita com fragmentos de jade. Outros minerais também estavam presentes na máscara: nos olhos, a obsidiana (mineral vulcânico) e o nácar; na boca, a pirita – mineral que, segundo os maias, representava a imortalidade. Foto de 2011.

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Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo/MUGEO-USP

Rochas Agregados de minerais, as rochas podem ser classificadas em magmáticas (ou ígneas), metamórficas e sedimentares. Essa classificação agrupa as rochas de acordo com seu processo de formação na natureza. Tais processos podem ocorrer tanto no interior da Terra (endógenos) quanto na sua superfície (exógenos).

Rochas magmáticas

Rochas sedimentares

Fragmento de granito, uma rocha magmática intrusiva. Andre Dib/Pulsar Imagens

O magma, quando solidificado, dá origem às rochas magmáticas (ígneas). As rochas magmáticas podem ser classificadas, basicamente, conforme a composição química do magma e o local onde ele sofreu a solidificação. Quando o magma se solidifica na superfície terrestre, onde as temperaturas são mais baixas, as rochas formadas são denominadas magmáticas extrusivas ou vulcânicas. Quando o magma se solidifica em locais profundos da crosta terrestre, as rochas que daí resultam são chamadas de magmáticas intrusivas ou plutônicas. Mesmo existindo uma grande diversidade de rochas magmáticas, os granitos e basaltos são os mais presentes na superfície terrestre. Os granitos são rochas intrusivas compostas de minerais mais claros (quartzo, feldspato e mica). Os basaltos são rochas magmáticas extrusivas compostas de minerais com coloração mais escura (olivinas, piroxênios e plagioclásios). Graças a sua resistência, o granito e o basalto são de grande importância econômica, sendo utilizados sobretudo na construção civil e em monumentos artísticos. Além disso, essas duas rochas aparecem em muitos lugares no mundo, formando relevos peculiares. Uma das mais famosas quedas-d’água do planeta, as cataratas do rio Iguaçu, localizada na fronteira Brasil-Argentina, tem o basalto como rocha que a sustenta.

As escarpas de basalto formam um desnível no terreno, provocando as quedas das águas do rio Iguaçu, e dão origem às Cataratas do Iguaçu (PR). Essa formação basáltica se formou a partir de um grande derramamento de lavas no período Cretáceo, quando houve a ruptura do continente de Gondwana, formando a América do Sul e a África. Foto de 2015.

Rubens Chaves/Pulsar Imagens

Capítulo 6 – Estrutura geológica da Terra 88

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Scientifica/Visuals Unlimited/SPL/Latinstock

As rochas, quando submetidas a variações atmosféricas (vento, chuva, incidência de radiação solar, por exemplo), sofrem intemperismo, ou seja, seus minerais constituintes passam por modificações físicas e químicas, podendo transformar-se em outros minerais ou simplesmente se desgastar pela ação do tempo. O material intemperizado, chamado de sedimento, pode ser transportado por agentes externos, como gelo, vento ou águas correntes. Quando esses agentes “perdem” sua energia, os sedimentos se depositam e, com o passar do tempo geo­lógico, podem transformar-se em rochas sedimentares. Arenito, rocha sedimentar formada predominantemente por grãos de areia, que medem de 0,06 mm a 2 mm.

O Parque do Varvito em Itu (SP) preserva um raro tipo de rocha sedimentar, o varvito. Imagina-se que os sedimentos que lhe deram origem depositaram-se em diferentes estações do ano; por essa razão, as sucessivas lâminas do varvito servem de referência para a datação de fenômenos geológicos. Foto de 2013. Não escreva no livro.

04/05/16 15:18

As rochas sedimentares possuem grande importância econômica, pois nelas podem ser encontrados o carvão e o petróleo, expressivas fontes de energia. O carvão é formado pela decomposição de restos vegetais (matéria orgânica) em carbono e substâncias voláteis. O petróleo se origina da decomposição de seres vivos em ambiente marinho. Essa matéria orgânica é deposi­tada em locais rebaixados e coberta por espessas camadas sedimentares; depois, é processada por reações químicas e bacteriológicas, pela pressão das camadas sobrepostas e pela ação do calor.

Volátil: neste contexto, substância que passa facilmente do estado líquido para o gasoso (vapor).

Rochas metamórficas Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

As rochas metamórficas se formam quando uma rocha magmática ou sedimentar passa pelo processo de metamorfismo, que modifica a estrutura de sua composição mineralógica ou mesmo química por meio de alterações de temperatura e pressão. Além disso, rochas metamórficas já formadas podem ser submetidas a um novo metamorfismo, sendo transformadas em outras rochas, também metamórficas ou sedimentares. Após o metamorfismo, o arenito (rocha sedimentar) se transforma em quartzito (rocha metamórfica), e o calcário (sedimentar), em mármore (metamórfica), por exemplo. Confira nesta página o esquema do ciclo das rochas que mostra a formação e transformação dos tipos de rochas. Werner Rudhart/kino.com.br

Gnaisse. A formação dessa rocha é resultado do processo de metamorfismo do granito.

Leia Rochas & minerais: guia prático, de Rebeca Kingsley. São Paulo: Nobel, 1998. No livro, a autora apresenta mais de noventa tipos de rochas e minerais com informações sobre suas propriedades, ocorrência e utilização, além do sistema de classificação dos cristais.

Thiago Lyra/ID/BR

Casa construída com quartzito, rocha metamórfica, em São Thomé das Letras (MG). O município possui grande área de extração dessa rocha, utilizada em várias construções. Foto de 2012.

O ciclo das rochas diagênese,

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rochas sedimentares

atura, pressão e metamorfismo temper

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Não escreva no livro.

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magma

essão ra, pr atu per tem ismo orf am et

rochas magmáticas

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sedimentos

rochas metamórficas

o fusã

As rochas metamórficas podem se originar a partir de rochas magmáticas, sedimentares e até mesmo metamórficas (ao passar por diversos processos de metamorfismo). Da mesma forma, as rochas sedimentares podem formar-se a partir da compactação de sedimentos de rochas magmáticas, metamóficas ou de materiais orgânicos. O conjunto de fenômenos químicos e físicos que dão origem às rochas sedimentares é chamado diagênese. Fonte de pesquisa (do esquema): Petersen, James F.; Sack, Dorothy; Gable, Robert E. Fundamentos de Geografia física. São Paulo: Cengage Learning, 2014. p. 250.

89

29/04/16 10:03

Estrutura geológica da Terra

Estrutura geológica do Brasil

Escudos cristalinos

Placa Sul-Americana – Porção continental 80°O

70°O

60°O

50°O

40°O NO

NE

SO

SE

10°N

0

775

I

Equador

1550 km

Carlos Henrique/ID/BR

Os movimentos tectônicos causam a formação de grandes estruturas na 90°Osuperfície terrestre, ou seja, áreas caracterizadas por terem origem e formação geológica semelhantes. O Brasil, que está localizado inteiramente na placa Sul-Americana, possui duas estruturas geológicas principais: os escudos cristalinos e as bacias sedimentares.



II II

10°S

III

OCEANO ATLÂNTICO

Os escudos cristalinos são rochas ígneas III e metamórficas expostas e com relevo ge20°S ralmente brando, resultante do desgaste Trópico de Capricórnio das rochas. Os escudos compreendem os primeiros núcleos de rochas emersas surOCEANO Escudos PACÍFICO I – Guianas gidos desde o início da formação da crosta 30°S II – Brasil-Central terrestre e cobrem cerca de 35% do terriIII III – Atlântico tório nacional. O escudo das Guianas abrange as GuiaCadeia andina e bloco 40°S da Patagônia com nas, parte da Venezuela e do Brasil, e suas exposições do Pré-Cambriano rochas mais antigas datam de mais de Plataforma Sul-Americana 2 bilhões de anos. O escudo Brasil-Central Coberturas 50°S estende-se pelo interior do Brasil, e o Fanerozoicas Embasamento Atlântico expõe-se na porção oriental, Pré-Cambriano atingindo a borda atlântica. No Brasil, também há registros de Fonte de pesquisa: Schobbenhauss, Carlos; Neves, Benjamim Bley de A geologia do Brasil no contexto da plataforma Sul-Americana. ­cadeias orogênicas antigas que derivam do Brito. In: Bizzi, Luiz Augusto et al. (Ed.). Geologia, tectônica e recursos minerais Pré-Cambriano, como o cinturão orogêni- do Brasil. Brasília: CPRM, 2003. p. 8. co do Atlântico (Planalto Atlântico), que engloba a serra do Espinhaço, no estado de Minas Gerais. Nas áreas dos estados de Minas Gerais e do Pará onde predominam os escudos cristalinos, encontram-se importantes reservas minerais.

Cadeia orogênica ou cinturão orogênico: sequência de montanhas soerguidas pela movimentação das placas tectônicas. Pré-Cambriano: termo utilizado para designar o período que antecede o éon Fanerozoico.

Vista panorâmica de Sabará No final do século XIX, o pintor alemão Johann Georg Grimm (1846-1887), em viagem ao Brasil, produziu o óleo sobre tela Vista panorâmica de Sabará. Na obra, pode-se ver ao fundo a serra do Espinhaço, que se estende pelos estados de Minas Gerais e da Bahia e que faz parte do cinturão orogênico do Atlântico. Na serra do Espinhaço, as rochas mais antigas chegam a ter 3 bilhões de anos. A exploração de minérios ocorre em Minas Gerais desde o século XVII e já provocou sérios prejuízos ambientais. São encontradas reservas minerais de Georg Grimm. Vista panorâmica de Sabará, s. d. Óleo sobre tela, 57 cm � 98,5 cm. Coleção Sérgio Sahione Fadel. ferro, manganês, bauxita e ouro. 1. George Grimm foi, sobretudo, um pintor de paisagens. Discuta com os colegas de que forma os geógrafos podem utilizar representações como a de Grimm no estudo do espaço geográfico.

90

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Coleção particular/Fotografia: ID/BR

Capítulo 6 – Estrutura geológica da Terra

geografia e ArTE

Não escreva no livro.

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Bacias sedimentares As bacias sedimentares são áreas deprimidas e preenchidas por material sedi­men­tar trazido de áreas adja­cen­tes. No Brasil, elas possuem con­side­rável extensão (cerca de 5,5 milhões de km²). Os sedimentos acumulam-se em depressões formadas pela subsidência, movimento de deslocamento de porção da crosta terrestre para baixo. Os sedimentos são soterrados e transformados em rochas sedimentares. A subsidência é controlada pelos mecanismos tectônicos. As bacias sedimentares do Paraná, Amazonas e Parnaí­ba constituem as três maiores bacias sedimentares brasileiras. Algumas dessas bacias tiveram origem na era Paleo­zoica (entre 545 e 248 milhões de anos) e outras são mais recentes, formadas na era Ceno­zoica (de 65 milhões de anos para cá).

60ºO

VENEZUELA COLÔMBIA

Tacutu

Guiana Francesa (FRA) SURINAME

40ºO NO

NE

SO

SE

GUIANA

Equador



Marajó

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Brasil – Bacias sedimentares

Amazonas Solimões

Parnaíba Jatobá

Alto Tapajós

Tucano

PERU Parecis

Recôncavo

Bananal

São Francisco Pantanal

BOLÍVIA

20ºS

Paraná

Trópico de

PARAGUAI

io

Capricórn

CHILE

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

ARGENTINA

URUGUAI Bacias sedimentares

0

425

850 km

Fonte de pesquisa: Portal Petrobras. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2015.

Sísmica de reflexão: método de investigação das propriedades da subsuperfície terrestre. Nesse método, a partir de uma fonte sísmica de energia (abalo sísmico natural ou induzido por explosivos), mede-se o tempo que a onda sísmica leva para alcançar um receptor.

saiba mais O potencial energético das bacias sedimentares Cerca de uma dezena de bacias sedimentares estão situadas na Amazônia Legal Brasileira. [...] Três delas – bacias do Solimões, Amazonas e Parnaíba – são as mais importantes não só pelo seu tamanho (juntas ocupam aproximadamente 1,5 milhão de km²), mas principalmente pelo seu potencial. A bacia do Solimões é a terceira bacia sedimentar em produção de óleo no Brasil [...]. O estado do Amazonas tem a segunda maior reserva brasileira de gás natural do país, com um total de 44,5 bilhões de metros cúbicos. [...]

As primeiras descobertas de petróleo na Amazônia ocorreram em 1954, quando a Petrobras encontrou quantidades não comerciais nas cidades de Nova Olinda, Autás Mirim e Maués, no estado do Amazonas. Nos primórdios da Petrobras, as pesquisas foram direcionadas para a bacia do Amazonas, em detrimento da bacia do Solimões. Só em 1976 foi feito o primeiro levantamento de sísmica de reflexão na bacia do Solimões. A partir de 1978, [...] a pesquisa de petróleo na bacia do Solimões foi intensificada. [...]

Revista ComCiência. Disponível em: . Acesso em: 29 out. 2015.

Não escreva no livro.

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A bacia sedimentar do Paraná começou a ser formada na era Paleozoica, no período Devoniano. Ela ocupa uma área de aproximadamente 1 100 000 km² dentro do território brasileiro e é constituída predominantemente de materiais de origem sedimentar, mas também de lavas basálticas. Durante o período Cretáceo, há cerca de 100 milhões de anos (era Mesozoica), ocorreu a separação entre o nordeste brasileiro e a África Equatorial. Com isso, na plataforma Sul-Americana, imensas fraturas e antigas falhas voltaram a se movimentar, e por elas um grande volume de lava vulcânica emergiu à superfície, ocasionando grandes derramamentos basálticos. Na área formada hoje pela bacia sedimentar do Paraná, podemos verificar grandes espessuras (chegando a 1 700 metros) de material magmático. A constituição da bacia sedimentar do Paraná possibilitou, durante o período Carbonífero, a formação de diferentes camadas de carvão mineral. As reservas brasileiras desse recurso natural totalizam 32 bilhões de toneladas. Desse total, o estado do Rio Grande do Sul é o que tem as maiores reservas, seguido de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Além da importância carbonífera, a bacia sedimentar do Paraná possui uma importante reserva de água doce subterrânea – o chamado aquífero Guarani, que cobre uma área de 1 087 000 km2 (ver mapa). A água dessa reserva está localizada em rochas sedimentares e está depositada em diferentes compartimentos, apresentando assim quantidade e qualidade muito variadas.

Andre Dib/Pulsar Imagens

A bacia sedimentar do Paraná

Localizado no Parque Nacional de Aparados da Serra (RS), o cânion de Itaimbezinho foi formado por sucessivos derramamentos basálticos na era Mesozoica. Foto de 2015.

60°O

MA

50°O

PA

PI AC

PERU

NO

10°S

TO

RO

Perfil de aquífero

BA

MT

NE

Thiago Lyra/ID/BR

AM

70°O

Allmaps/ID/BR

Aquífero Guarani – Localização

DF SO

GO

SE

BOLÍVIA

MG MS

20°S

SP

Capítulo 6 – Estrutura geológica da Terra

Trópico de

Capricórnio

RJ

PARAGUAI

0m

PR

CHILE

SC

400 m

ARGENTINA RS 30°S

URUGUAI

OCEANO ATLÂNTICO

40°S

0

500

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena Ramos. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 115.

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1000 m

aquífero

1000 km

aquífero Guarani

92

arenito

Fonte de pesquisa: Departamento de Água e Esgoto de Bauru. Disponível em: . Acesso em: 16 nov. 2015.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia. Não escreva no livro.

09/05/16 11:28

Informe O Brasil e os terremotos A atividade sísmica do Brasil é menor do que a dos países da região dos Andes, porque nosso território localiza-se no interior de uma placa tectônica. Nas bordas ou limites dessas placas a atividade sísmica é mais forte, mas é normalmente mais fraca no seu interior. A história tem mostrado que mesmo em regiões de baixa atividade sísmica (região intraplaca) podem ocorrer grandes tremores de terra. No Brasil, o maior sismo já registrado com magnitude 6,6 ocorreu no Mato Grosso em 31 de janeiro de 1955, e um mês depois outro tremor, com magnitude 6,3, aconteceu no oceano Atlântico, a cerca de 300 quilômetros do litoral do Espírito Santo. Depois disso, pelo menos sete outros eventos, com magnitudes variando de 5,0 a 5,5, ocorreram em diferentes partes do país. É bem provável que, se algum desses sismos tivesse epicentro próximo de uma grande cidade, teria ocasionado danos significativos. Sabe-se que não é preciso que um sismo atinja magnitude elevada para tornar-se destrutivo. A localização do epicentro, a profundidade do foco, a geologia da área afetada e a qualidade das construções são alguns dos fatores determinantes do poder arrasador (intensidade) de um terremoto. Apesar de não ser alarmante, o nível de sismicidade brasileira precisa ser considerado em determinados projetos de engenharia, como centrais nucleares, grandes

barragens e outras obras de porte. É necessário dar atenção especial ao padrão das construções situadas nas áreas de maior risco sísmico preocupando-se com a qualidade das edificações para garantir maior segurança contra os abalos sísmicos. Os tremores de terra são fenômenos normais na história brasileira. Em maior ou menor intensidade, acontecem abalos sísmicos em todas as regiões do país. O Nordeste é uma das áreas mais ativas, principalmente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. No estado do Ceará, em 20 de novembro de 1980, foi registrado o maior terremoto da Região Nordeste, esse evento foi da ordem de 5,2 e a região epicentral do mesmo está situada entre as localidades de Brito, no município de Cascavel, e Timbaúba dos Marinheiros, no município de Chorozinho. Esse tremor de terra é conhecido como “O terremoto de Pacajús” pois, na época, o município mais próximo e mais populoso era Pacajús. No entanto, os dois maiores sismos já registrados no Brasil ocorreram em Mato Grosso e no Oceano Atlântico, próximo ao litoral do Espírito Santo. E suas magnitudes foram: 6,6 e 6,3, respectivamente. Os tremores de terra que afetam nosso território normalmente são superficiais e possuem baixa magnitude; são sentidos em áreas restritas e quase nunca produzem danos materiais graves.

João Miranda/O Tempo/Folhapress

Veloso, J. A. V. Tremor de terra: saiba como agir. Ceará: Governo do Estado do Ceará/Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social/Corpo de Bombeiros Militar/Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), 2008.

Devido a sucessivos sismos de magnitude 3,9 na escala Richter, parte desta casa em Montes Claros (MG) foi derrubada. Foto de 2012.

para discutir

1. Que característica do território brasileiro propicia que ele tenha uma sismicidade mais branda? 2. Que fatores de um sismo interferem nas consequências destrutivas que ele pode ter? 3. Como os efeitos dos abalos sísmicos sobre as populações podem ser amenizados? 4. Que medidas de prevenção contra os abalos sísmicos são tomadas no Brasil?

Não escreva no livro.

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4/21/16 10:24 AM

command na caixa com texto transparente abaixo

Atividades

Não escreva no livro.

Revendo conceitos 1. Explique a evolução da teoria das placas tectônicas. 2. Quais são os tipos de limites das placas tectônicas? Explique cada um deles. 3. Qual é a relação da estrutura interna da Terra com o movimento das placas tectônicas?

4. No caderno, elabore um breve texto que apresente as definições de mineral, minério e rocha. 5. Explique como ocorre o ciclo das rochas e cite exemplos de rochas metamórficas, sedimentares e magmáticas.

Lendo mapas 6. A imagem abaixo apresenta as idades das rochas do fundo oceânico e o mapeamento dessas idades em milhões de anos. Cada faixa colorida indica a idade da porção da crosta que recobre. A partir da análise do mapa e do conteúdo do capítulo, explique no caderno a teoria das placas tectônicas.

Félix Moreno Arrastio/Eduardo Rodríguez Marín/ID/ES

Datação radiométrica das rochas do fundo oceânico

180

147,7 131,9

120,4

154,3 139,6126,7

67,7 83,5

47,9 33,1

55,9 40,1

Fonte de pesquisa: Pedrinaci, Emilio; Gil, Concha; Salazar, José M. Gómez de. Biología y Geología. Madrid: SM, s. d. p. 268-269.

9,7 20,1

0

7. Observe atentamente o mapa e responda às questões. 120°L

140°L

160°L

180°

160°O

140°O

120°O

ÁSIA

100°O

80°O

60°O

40°O

20°O

NO

NE

SO

SE

60°N

Allmaps/ID/BR

Pacífico – Círculo de Fogo 60°L 80°L 100°L Círculo Polar Ártico

40°N

AMÉRICA

Trópico de Câncer

OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO PACÍFICO

Equador

Trópico de Capricórnio

20°N



20°S

OCEANIA

OCEANO ÍNDICO

0

2880

5760 km

Importantes vulcões ativos

40°S

60°S

Círculo de Fogo do Pacífico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Fonte de pesquisa: U.S. Geological Survey. Disponível em: . Acesso em: 10 nov. 2015.

a) O que significa a área do mapa chamada de Círculo de Fogo? b) Relacione os limites das placas tectônicas com a formação das principais cadeias de montanhas dos continentes americano e asiático. 94

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Interpretando textos e imagens Thiago Lyra/ID/BR

8. Observe a figura e explique no caderno a atividade vulcânica com base na teoria das placas tectônicas. centro de expansão

litosfera material ascendente

ponto quente manto

Fonte de pesquisa: Grotzinger, John; Jordan, Tom. 6. ed. Para entender a Terra. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 333.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

JiJi PressAFP

9. Observe e interprete a foto.

comunidades em torno das jazidas [...]. A falta de fiscalização também torna estes locais verdadeiros paraísos para diversas atividades ilegais como lavagem de dinheiro, tráfico humano, de drogas e de armas.

De quem é a culpa? [...] Os governos dos países onde as jazidas estão localizadas têm interesse em atrair grandes empresas, compradores e investidores para seus territórios. As multinacionais querem explorar ou comprar produtos primários a preços baixos a fim de aumentar vendas de seus produtos finais. [...] Tsunami provocado por um terremoto de magnitude 9,0 na escala Richter atinge a cidade de Miyako (Japão) em 2011.

a) Como e por que essa onda foi formada? b) Que medidas podem ser tomadas para a redução dos impactos causados por um tsunami? 10. Leia o texto a seguir e discuta com os colegas quais são os principais problemas enfrentados pelos trabalhadores da atividade de extração mineral. Pesquisem reportagens sobre as condições de trabalho nas mineradoras brasileiras e elaborem um texto a ser encaminhado às autoridades competentes. Mineração é a maior responsável por mortes no trabalho ao redor do mundo A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera o setor de mineração (de ferro, carvão, ouro, diamante, etc.) como o mais perigoso do mundo para se trabalhar atualmente. Segundo a OIT, a indústria extrativa é a que mais oferece risco de acidente e até mesmo de vida, por ser a que menos oferece medidas de segurança aos trabalhadores. [...] trabalhar em uma mina é quase garantia de ter seus direitos desrespeitados também em termos de piso salarial, jornada de trabalho e abusos físicos por parte dos empregadores. [...] A exploração desenfreada de metais também causa um enorme impacto negativo ao meio ambiente e às

Alt, Vivian. Mineração é a maior responsável por mortes no trabalho ao redor do mundo. Politike, Carta Capital, 1o jul. 2015. Disponível em: Acesso em: 18 nov. 2015.

11. Leia o texto e, depois, responda às questões. As terras raras Usados na fabricação de uma variada gama de componentes para tablets, smartphones, baterias de carros híbridos, passando por supercondutores, catalisadores para o refino de gasolina, sistemas de orientação espacial e indústria bélica, esses minérios são considerados material estratégico para vários países. Já foram apelidados de “ouro do século 21” [...] As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos, como lantânio, cério, neodímio, európio, apenas para citar alguns [...], com propriedades muito semelhantes entre si em termos de maleabilidade e resistência, que permitem aplicações diversas. [...] França, Martha S. Juan. Terras que valem ouro. Disponível em: . Acesso em: 16 mar. 2016.

a) Que definição de terras raras dada pelo texto permite diferenciarmos minérios de rochas? b) As terras raras passaram a ser estratégicas para a indústria de tecnologia de bens de consumo. Elabore hipóteses que expliquem de que forma a obtenção das terras raras poderia influenciar no desenvolvimento econômico de um país. 95

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4/21/16 10:24 AM

capítulo

Relevo

Robert Harding/AFP

7 o que você vai estudar Relevo: agentes endógenos e exógenos. Formas do relevo continental e oceânico. Classificação do relevo brasileiro. Erosão e movimentos de massa.

A cordilheira do Himalaia foi formada pela atuação de forças endógenas, ou seja, dos movimentos entre as placas Indo-Australiana e Euro-Asiática. Trecho da cordilheira no Nepal. Foto de 2015.

Na superfície terrestre, existe uma grande variedade de formas de relevo, como planícies extensas, montanhas elevadas e planaltos ondulados. Tais formas resultam da ação conjunta de agentes internos e externos. Os agentes internos ou endógenos estão relacionados à dinâmica interna da crosta terrestre. Trata-se sobretudo dos movimentos das placas tectônicas, que provocam abalos sísmicos, erupção de vulcões, entre outros fenômenos. Os agentes externos ou exógenos estão relacionados aos elementos climáticos e à ação humana. A precipitação, a temperatura e as correntes de ar provocam intemperismo, erosão e deposição, transformando formas de relevo (erosão eólica, por exemplo) e construindo outras (com o depósito de material, pela ação do vento). Esses elementos agem de modo diverso em cada localidade, de acordo com as diferenças climáticas. Em ambientes tropicais úmidos, por exemplo, a chuva e os rios desempenham um papel muito importante no desgaste das rochas e na erosão dos sedimentos provenientes do desgaste. A sociedade, por sua vez, atua na transformação do relevo ao realizar cortes em vertentes para a implantação de rodovias ou ao aplainar terrenos, por exemplo. Para estudarmos o relevo brasileiro, partimos do mapeamento feito com base em diferentes classificações. Algumas delas baseiam-se em critérios como a altimetria, outros caracterizam os relevos a partir dos processos geomorfológicos (como a erosão e sedimentação). Com a evolução e o acesso às técnicas cartográficas, torna-se mais fácil diferenciar as principais feições do relevo e assim classificá-las de modo mais preciso. A partir da observação da imagem e do texto, responda. 1. De que forma os agentes externos podem modificar as feições do relevo da cordilheira do Himalaia? 2. Quais são as principais condições climáticas que interferem na transformação das formas de relevo no Brasil? 96

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Não escreva no livro.

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Agentes internos ou endógenos Os agentes internos – relacionados aos movimentos das placas tectônicas – são responsáveis pela existência das grandes formas do relevo terrestre, como as cordilheiras e as fossas abissais. Assim, algumas montanhas têm origem vulcânica e são formadas pelo acúmulo de material proveniente do interior da Terra, como lavas e piroclastos. As cordilheiras, por sua vez, formam-se em limites de placas tectônicas convergentes, nos quais ocorrem os movimentos horizontais das placas, que provocam o soerguimento de parte da crosta. Em cada continente, existem grandes cordilheiras: na América, as montanhas Rochosas e os Andes; na Europa, destacam-se os Pireneus, os Alpes, os Cárpatos e o Cáucaso; no continente asiático, o Himalaia; e no continente africano, os montes Atlas.

Piroclasto: fragmento de rocha expelido pela erupção de um vulcão.

Agentes externos ou exógenos Os agentes externos atuam diretamente nas formas de relevo, de acordo com os diferentes tipos de clima. Os principais agentes externos são os processos de intemperismo e de erosão/ sedimentação. O intemperismo transforma a rocha, química ou fisicamente, em material friável, ou seja, que se fragmenta facilmente. A erosão é o transporte dos fragmentos pela ação das águas correntes, da chuva, do vento ou do gelo. Quando o agente transportador perde energia, diminuindo sua capacidade de mover os sedimentos, ocorre o processo de sedimentação ou deposição (ver figura).

ANTES

DEPOIS

intemperismo

Thiago Lyra/ID/BR

Agentes externos que atuam sobre o relevo erosão

sedimentação

Fonte de pesquisa: Teixeira, Wilson (Org.). Decifrando a Terra. São Paulo: Ed. Nacional, 2008. p. 266.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

A ação humana também pode ser considerada um agente externo na formação e transformação do relevo. Ao longo da história, em especial nos últimos séculos, o ser humano vem destruindo morros, construindo barragens, aterrando lagos e áreas marí­timas. Ou seja, a ação humana tem alterado o relevo originalmente formado pela ação natural dos agentes internos e externos.

O fim do morro do Castelo Na cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX, a ação humana causou grande transformação do relevo, com a destruição de morros para ampliação das áreas planas. Em 1922, o morro do Castelo, localizado no centro da cidade, foi derrubado com jatos de água, motores elétricos e máquinas a vapor.

Augusto Malta/IMS

saiba mais

Desmonte do morro do Castelo, na cidade do Rio de Janeiro, em foto de Augusto Malta, 1922.

Não escreva no livro.

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Formas do relevo Relevo continental A atuação conjunta dos agentes internos e externos, ao longo do tempo geológico, gera diferentes formas de relevo na crosta terrestre. As principais formas do relevo continental são as montanhas, os planaltos, as planícies e as depressões. ••Montanhas: formas de relevo geralmente com altitudes mais elevadas. Quando agrupadas, constituem as serras, as cordilheiras e os maciços. As montanhas formadas mais recentemente no tempo geológico (no Terciário, de 65 milhões a cerca de 2 milhões de anos) costumam ser mais altas, com vertentes mais íngremes e maior dissecação dos vales fluviais. Já as mais antigas, datadas do Arquea­no e do Proterozoico (entre 4,5 bilhões e cerca de 545 milhões de anos atrás), geralmente apresentam menores altitudes e vertentes mais suaves, em virtude do maior tempo de atua­ção dos processos erosivos. ••Planaltos: superfícies mais ou menos planas, situadas em diferentes altitudes e delimitadas por escarpas íngremes. A origem dos planaltos pode ser diversa e, por isso, eles podem ser chamados de planaltos de erosão, planaltos vulcânicos e planaltos tectônicos. ••Planícies: formas planas ou pouco incli­nadas onde predomina o processo de deposição de sedimentos. Elas podem ser classificadas em planícies marítimas (ou costeiras) e continentais. ••Depressões: áreas geográficas com altitude menor do que as áreas ao redor (depressão­relativa) ou do que o nível do mar (depressão absoluta). A origem das depressões pode estar associada aos agentes internos ou aos agentes externos, como é o caso da depressão Periférica Paulista, for­mada pela ação erosiva dos rios.

Dissecação: processo de rebaixamento dos vales decorrente da erosão fluvial, pluvial ou glacial.

Relevo oceânico

Thiago Lyra/ID/BR

As principais formas do relevo oceânico são a plataforma continental, o talude continental, a planície abissal, a fossa oceânica e a cordilheira oceânica (ver figura abaixo). ••Plataforma continental: é constituída pela con­tinuação da margem dos continentes (crosta continental) submersa pelas águas oceânicas. ••Talude continental: formação sedimentar inclinada em direção ao fun­do oceânico. ••Planície abissal: área profunda e relativamente plana que se estende da base das elevações continentais até os relevos íngremes das cordilheiras oceânicas. Apresenta profundidades entre 4 600 m e 5 500 m. ••Fossa oceânica ou fossa abissal: profunda depressão formada abaixo da plataforma continental em zonas de subducção (movimento de deslizamento de uma placa sob outra) de placas tectônicas. ••Cordilheira ou dorsal oceânica: feição longa e contínua formada pelas zonas divergentes de placas tectônicas. Nas regiões centrais das cordilheiras, existem intensas atividades tectônicas. Fundo oceânico – Principais formas de relevo plataforma continental

Capítulo 7 – Relevo

talude continental

dorsal meso-oceânica fossa abissal

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Fonte de pesquisa: Teixeira, Wilson (Org.). Decifrando a Terra. São Paulo: Ed. Nacional, 2008. p. 263.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia. Não escreva no livro.

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Classificação do relevo brasileiro O relevo atual do Brasil é resultado da influência dos movimentos das placas tectônicas e da erosão, atuante em climas passados e no presente, sobre rochas muito antigas (sobretudo magmáticas e metamórficas). Como o relevo do país não sofreu movimentos orogenéticos recentes, apresenta predominantemente três formas principais de relevo: planalto, planície e depressão. Vale considerar que o desenvolvimento dos estudos geomorfológicos foi acompanhado da produção de novos conhecimentos, metodologias e critérios de classificação do relevo. Estudaremos a seguir as três classificações mais relevantes.

Desenvolvida na década de 1950 pelo geógrafo e professor Aziz Nacib Ab’Sáber, da Universidade de São Paulo (USP), utilizava como critério de classificação os processos geomorfológicos (principalmente a erosão e a sedimentação), não considerando a altimetria. De acordo com essa classificação, planalto é uma superfície na qual predomina o processo de desgaste do relevo, e planície é uma área de sedimentação. Na proposta de Ab’Sáber, o relevo brasileiro é dividido em dez unidades – sete planaltos espalhados por 75% do território e três planícies nos 25% restantes. Fonte de pesquisa: Caldini, Vera L. de M.; Ísola, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 32.

60°O

50°O

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Planaltos

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Allmaps/ID/BR

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OCEANO ATLÂNTICO

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PLANALTO ARENITO-BASÁLTICO

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1280 km

Planície do Pantanal

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena Ramos. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 115.

Brasil – Relevo: Classificação de Aziz Nacib Ab’Sáber (1962) 80°O

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60°O

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Allmaps/ID/BR

Classificação de Aziz Nacib Ab’Sáber

80°O

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Desenvolvida pelo geógrafo e professor Aroldo de Azevedo, na década de 1940, tinha como critério de classificação o nível altimétrico: superfícies planas abaixo de 200 m de altitude foram identificadas como planícies; aquelas acima de 200 m, como planaltos. Assim, o Brasil foi dividido em sete unidades de relevo, das quais quatro são planaltos, que ocupam 59% do território, e três são planícies, que se encontram em 41% do território.

Brasil – Relevo: Classificação de Aroldo de Azevedo (1949)

DEPRESSÃ O SE R RI FÉ RIC A

Classificação de Aroldo de Azevedo

Nível altimétrico: medida vertical de qualquer ponto na superfície terrestre.

Equador

OCEANO PACÍFICO



Planaltos das Guianas Brasileiro Central

10°S

Meridional Nordestino Serras e planaltos do Leste e Sudeste

OCEANO ATLÂNTICO

Maranhão-Piauí Uruguaio-rio-grandense

20°S

Planícies Planícies e terras baixas amazônicas

Trópico de Capricórnio

Planícies e terras baixas costeiras Planície do Pantanal

0

640

1280 km

conexão

De olho no relevo Observe as formas de relevo do lugar onde você mora. A partir dos seus estudos, identifique as formas de relevo nele presentes. 1. Qual é a forma predominante? Que agentes externos atuam sobre o relevo? Você observa uma modificação empreendida pela ação humana? Se sim, qual? Discuta com os colegas.

Não escreva no livro.

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Classificação de Jurandyr Ross Criada na década de 1990 pelo professor Jurandyr Ross, da Universidade de São Paulo (USP), essa classificação foi desenvolvida a partir da análise de imagens produzidas pelo Radambrasil (projeto de realização de imagens, captadas por sistema de radar, da superfície do território brasileiro entre 1970 e 1985). Nessa classificação, os processos geomorfológicos (que dão origem às formas de relevo) foram utilizados como critério, e o relevo brasileiro foi repartido em três tipos de unidades principais: planaltos, depressões e planícies. Como se pode ver no mapa a seguir, de acordo com essa classificação, os planaltos são reunidos em dois grandes grupos: aqueles localizados em bacias sedimentares e aqueles situados em estruturas cristalinas e de dobramento antigo. Os planaltos foram considerados residuais porque estão circundados por extensas depressões que colocam em evidência os relevos mais altos, mais resistentes à erosão. As depressões do território brasileiro são formadas por processos erosivos de intensa atuação nas bordas das bacias sedimentares. A exceção é a depressão da Amazônica Ocidental, constituída de uma vasta área na parte oeste da Amazônia com terrenos abaixo de 200 m de altitude e dissecados, originando baixas colinas. No território brasileiro encontramos, de acordo com essa classificação, importantes planícies ao longo dos rios Amazonas, Guaporé, Araguaia e Paraguai, além das planícies da lagoa dos Patos, da lagoa Mirim e de outras menores ao longo do litoral do país.

60°O

50°O

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Allmaps/ID/BR

Brasil – Relevo: Classificação de Jurandyr Ross (1990)

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DEPRESSÃO NORTE-AMAZÔNICA

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PLANALTOS E CHAPADAS DA BACIA DO PARNAÍBA

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DEPRESSÃO DA AMAZÔNIA OCIDENTAL

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em estruturas cristalinas e dobradas antigas

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Capítulo 7 – Relevo

Planaltos em bacias sedimentares

Depressões em estruturas sedimentares em estruturas cristalinas Planícies em estruturas sedimentares recentes

30°S

0

360

720 km

Fonte de pesquisa: Ross, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. p. 53.

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Processos de vertentes: erosão e movimentos de massa A erosão e os movimentos de massa são dois processos que podem ser observados na paisagem, sobretudo nas vertentes de morros, serras e montanhas. A vertente é também chamada de encosta ou talude.

Erosão

Leia

A erosão é um processo natural de transporte de sedimentos gerado por agentes externos, como o vento, a chuva, os rios e o gelo. Cada um desses agentes atua com maior ou menor intensidade, conforme a resistência da rocha e o tipo de clima. As propriedades dos solos, bem como o tamanho dos grãos, a quantidade de matéria orgânica e a porosidade, também influenciam a erosão. Solos mais arenosos são em geral mais facilmente erodidos do que solos mais argilosos, pois os primeiros costumam apresentar maior porosidade, ou seja, maior quantidade de poros (espaços vazios). Com a infiltração da água nesses poros, é comum os solos sofrerem erosão. A cobertura vegetal também pode reduzir a erosão, já que diminui o impacto da chuva no solo. O escoamento pluvial intenso e concentrado em algumas partes da vertente pode produzir pequenos canais, chamados de sulcos, e canais maiores, chamados de ravinas.­Quando grandes quantidades de água pas­sam no mesmo sulco, o escoamento pode se ampliar pelo deslocamento de grandes massas do so­lo e grandes cavidades em extensão e profundidade, dando origem às ­voçorocas.­Trata-se de feições erosivas com paredes íngremes e fundo chato por onde a água flui durante as chuvas.

Geossistemas: uma introdução à Geografia Física, de Robert W. Christopherson. Porto Alegre: Bookman, 2012. É um dos mais completos livros publicados sobre o assunto e aborda os principais temas ligados à geografia física e cartografia.

Os movimentos de massa são deslocamentos de solo e rocha ao longo de uma vertente sob ação direta da gravidade. São importantes processos naturais que controlam o desenvolvimento e a evolução das vertentes. Os movimentos de massa ocorrem em muitas regiões no mundo, sobretudo naquelas com vertentes íngremes e periodicamente atingidas por intensas chuvas. A ação humana sobre as vertentes, visando, por exemplo, ao uso agrícola ou à construção de casas e divisão de loteamentos, muda as características originais da vertente. A retirada Formação de voçorocas da vegetação, a alteração da geometria das vertentes e a criação de sulcos / ravinas aterros, com a consequente mudança do regime natural de escoamento e infiltração das águas voçoroca pluviais, são algumas das ações humanas capazes de aumentar a probabilidade de deslizamentos. A ocorrência desses processos em zona temporariamente nível da água encharcada áreas ocupadas pela população geralmente causa vítimas fatais e danos econômicos significativos.

Thiago Lyra/ID/BR

Os movimentos de massa

Fonte de pesquisa: Teixeira, Wilson (Org.). Decifrando a Terra. São Paulo: Ed. Nacional, 2008. p. 129.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

geografia e Etimologia

Topônimos Os topônimos são os nomes geográficos dados a lugares, como serra da Canastra. 1. A partir do conteúdo apresentado no capítulo, escolha algum topônimo e pesquise sua etimologia, ou seja, sua origem histórica.

Não escreva no livro.

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A ação humana no relevo

Primeira ala do Mercado Novo em Florianópolis (SC), hoje Mercado Público, inaugurado em 1898. Postal de 1905.

Palê Zuppani/Pulsar Imagens

A atividade mineradora provoca grandes transformações no relevo, como a abertura de minas profundas e cortes em morros para extração de minérios. Na foto, exploração de minério de ferro em Itabira (MG). Foto de 2015. Autoria desconhecida/Coleção particular. Fotografia: ID/BR

Antes

Avener Prado/Folhapress

A sociedade também é um agente de transformação das formas de relevo e, nos últimos séculos, com o crescimento populacional, o desenvolvimento de novas técnicas e a ampliação do sistema capitalista de produção, a transformação do relevo pela ação humana tornou-se muito mais intensa. De um lado, o desenvolvimento da indústria foi acompanhado do aumento da extração mineral e da produção de combustíveis. Atuando em larga escala, durante os séculos XIX e XX, grandes empresas mineradoras exploraram o solo em várias partes do mundo, praticando o desmatamento (intensificando assim os processos erosivos), a poluição do solo e a destruição de várias formas de relevo. O aterro de orlas marítimas, lagoas e outras áreas submersas para permitir a expansão urbana e a construção de portos também tem sido praticado em várias partes do mundo e é outro agente exógeno que transforma o relevo.

Depois

Após sucessivos aterros para a construção de avenidas, o Mercado Público de Florianópolis ficou distante do mar. Foto de 2015.

Capítulo 7 – Relevo

ação e cidadania

Deslizamentos no Brasil No Brasil, os deslizamentos, movimentos de massa de curta duração, são bastante frequentes. As regiões Sudeste, Sul e Nordeste são as mais atingidas devido aos processos naturais (alta declividade e chuvas intensas) e antrópicos (desmatamento para a construção de casas) que predominam nesses estados. Em janeiro de 2011, chuvas intensas causaram grandes deslizamentos na zona serrana do estado do Rio de Janeiro, que resultaram na morte de mais de 900 pessoas, e outras 350, aproximadamente, desapareceram. Os deslizamentos são comuns no Brasil, onde muitas vezes faltam as condições necessárias para prevenir esse tipo de fenômeno e diminuir os impactos naturais e sociais que ele provoca. Entre elas, é possível destacar a regulamentação para a construção civil (muitas casas são construídas em áreas de alto risco), os sistemas de alerta prévio à população e melhores condições de socorro e recuperação das áreas atingidas. 1. Que medidas devem ser tomadas para evitar os deslizamentos de terra em áreas com ocupação humana? 2. Caso os deslizamentos de terra ocorram em áreas ocupadas, que ajuda poderia ser dada às pes­soas atingidas? Com um colega, faça uma lista de ações.

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Informe Prevenção de riscos de deslizamentos em encostas Os principais fenômenos relacionados a desastres naturais no Brasil são os deslizamentos de encostas e as inundações, que estão associados a eventos pluviométricos intensos e prolongados, repetindo-se a cada período chuvoso mais severo. Apesar de as inundações serem os processos que produzem as maiores perdas econômicas e os impactos mais significativos na saúde pública, são os deslizamentos que geram o maior número de vítimas fatais. [...] Os deslizamentos de encostas são fenômenos naturais, que podem ocorrer em qualquer área de alta declividade, por ocasião de chuvas intensas e prolongadas. [...] Nas cidades brasileiras, marcadas pela exclusão socioespacial que lhes é característica, há um outro fator que aumenta ainda mais a frequência dos deslizamentos: a ocupação das encostas por assentamentos precários, favelas, vilas e loteamentos irregulares. A remoção da vegetação, a execução de cortes e aterros instáveis para construção de moradias e vias de acesso, a deposição de lixo nas encostas, a ausência de sistemas de drenagem de águas pluviais e coleta de esgotos, a elevada densidade populacional e a fragilidade das moradias aumentam tanto a frequência das ocorrências como a magnitude dos acidentes.

[...] Dessa forma, uma política eficiente de prevenção de riscos de deslizamentos em encostas deve considerar como áreas prioritárias de atuação os assentamentos precários e também fazer parte das políticas municipais de habitação, saneamento e planejamento urbano. [...] De uma forma geral, esses programas estão estruturados na formação de grupos especialmente encarregados de: elaborar e atualizar permanentemente o mapea­ mento de risco no município; monitorar precipitações pluviométricas e estabelecer ações preventivas de defesa civil; desenvolver ações de mobilização da comunidade envolvendo aspectos de educação ambiental, monitoramento de situações de risco e técnicas construtivas adequadas; mobilizar os demais órgãos da prefeitura encarregados do socorro a vítimas e estabelecer a necessária articulação com os governos estadual e federal, por meio do Sistema Nacional de Defesa Civil; estabelecer redes de solidariedade para apoio às famílias em risco; e finalmente, planejar a implantação de intervenções estruturais de segurança, como redes de drenagem, obras de contenção de taludes ou remoção de moradias.

Carvalho, Celso Santos; Galvão, Thiago (Org.). Prevenção de riscos e deslizamentos em encostas: guia para elaboração de políticas municipais. Brasília: Ministério das Cidades; Cities Alliance, 2006. Disponível em: . Acesso em: 14 nov. 2015.

camada 1. Talude instável, impermeável pois tem declive paralelo às camadas de substrato.

Thiago Lyra/ID/BR

Como ocorre um deslizamento muro de contenção

2. Infiltração da água da chuva. 3. A água chega à camada impermeável atuando como lubrificante.

4. O muro de contenção não suporta o peso das camadas de solo encharcadas. substrato impermeável

5. O solo desliza sobre a argila escorregadia

Fonte de pesquisa: Teixeira, Wilson (Org.). Decifrando a Terra. São Paulo: Ed. Nacional, 2008. p. 127-128 e 183.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fanstasia.

para discutir

1. Quais são os fatores que contribuem para o aumento da frequência dos deslizamentos? 2. No município onde você reside, há problemas de enchentes ou de deslizamentos? Explique. 3. No município onde você reside há um órgão da Defesa Civil? Se sim, quais são as atribuições desse órgão? Não escreva no livro.

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Atividades

Não escreva no livro.

Revendo conceitos 1. As formas de relevo são resultado da interação de agen­tes internos e externos. Explique a ação desses agentes. 2. Diferencie as principais formas de relevo continental.

Regiões Centro-Oeste e Sudeste – Perfil topográfico

3. Qual é a principal diferença entre o critério de classificação do relevo brasileiro desenvolvido por Aroldo de Azevedo e os critérios desenvolvidos por Ab’Saber e Jurandyr Ross?

depressão periférica OESTE

LESTE

rio Paraná

4. De acordo com a classificação de Jurandyr Ross, quais são as duas categorias de planaltos no Brasil?

padas s e cha planalto do Paraná da bacia

5. Explique a formação das planícies e dos planaltos no território brasileiro.

Pantanal Mato-Grossense

Interpretando textos e imagens

7. A partir da análise do mapa, faça o que se pede.

Equador

40°O

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30°O

Rubens Chaves/Pulsar Imagens

50°O

João Miguel A. Moreira/ID/BR

9. As duas paisagens retratadas nas fotografias abaixo são de planaltos. Compare-as e responda às questões.

Brasil – Relevo: Classificação de Jurandyr Ross (1990)

RR

terrenos sedimentares

Fonte de pesquisa: Ross, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2008. p. 63.

Lendo mapas e gráficos

60°O

oceano

terrenos cristalinos

6. Cite exemplos de modificação do relevo terrestre decorrente de ações da sociedade.

70°O

planaltos e serras do leste-sudeste

Thiago Lyra/ID/BR

8. O perfil topográfico a seguir apresenta uma seção do relevo brasileiro das regiões Centro-Oeste e Sudeste. Observe-o atentamente e, depois, enumere as principais características e os agentes formadores de cada tipo de relevo.

BA

MT

PE 10°S AL SE

DF

Vista da serra da Barriga, em Palmares (AL). Foto de 2015.

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OCEANO PACÍFICO

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20°S

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Planaltos

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Trópico de Capricórni o

OCEANO ATLÂNTICO

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Depressões Planícies

Andre Dib/Pulsar Imagens

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30°S

0

565

1130 km

Fonte de pesquisa: Ross, Jurandyr L.S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. p. 53.

a) Cite três estados onde há grandes áreas planálticas contínuas. b) Quais compartimentos do relevo estão mais propensos à sedimentação? c) Segundo essa classificação, quais são os processos predominantes na formação das depressões no Brasil?

Paisagem da Chapada Diamantina, em Caeté-Açu (BA). Foto de 2015.

a) É correto afirmar que os planaltos brasileiros apresentam diferentes formas? Explique. b) Quais fatores atuam sobre o relevo e podem explicar as diferenças entre essas paisagens?

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29/04/16 19:37

Foto de 2002.

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Delfim Martins/Pulsar Imagens

10. As fotografias abaixo mostram, respectivamente, uma voçoroca antes e depois do processo de recuperação, em Mineiros (GO). No local, realizaram-se obras de engenharia e o plantio de espécies vegetais adequadas à recuperação de voçorocas.

Foto de 2014.

11. Considerando que as dunas são formadas pela deposição de sedimentos transportados por agentes externos, com mais um colega, analisem a imagem ao lado e expliquem qual a relação existente na paisagem entre o relevo de dunas e a presença de um parque eólico.

Andre Dib/Pulsar Imagens

Observando as imagens e relacionando-as com seus conhecimentos sobre os processos de erosão, responda às questões. a) Como são formadas as voçorocas? b) Explique por que o plantio de árvores pode ser uma estratégia eficiente para a recuperação de áreas que apresentam voçorocas. c) Que consequências a voçoroca pode provocar, se não for realizada uma intervenção para contê-la?

Dunas e turbinas eólicas (cata-ventos) no Parque Eólico do Trairi (CE). Foto de 2015.

12. Leia o texto e responda às questões. Há formas de intervenção para melhorar a estabilidade dos terrenos, drenar melhor a água, conter encostas, ou seja, melhorar a condição de segurança e a gestão do lugar para que, mesmo numa situação de risco, se possam evitar mortes. Mas a questão de fundo é que ninguém vai morar numa área de risco porque quer ou porque é burro. As pessoas vão morar numa área de risco porque não têm nenhuma opção para a renda que possuem. Estamos falando de trabalhadores cujo rendimento não possibilita a compra ou aluguel de uma moradia num local adequado. E isso se repete em todas as cidades e regiões metropolitanas. Não adiantam nada as obras paliativas aqui e ali se não tocarmos nesse ponto fundamental que é: quais são os locais adequados, ou seja, fora das áreas de risco, que serão abertos ou disponibilizados para que a população de menor renda possa morar? Rolnik, Raquel. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2016.

a) Por que nas cidades e nas regiões metropolitanas existem tantas moradias em área de risco de deslizamentos e enchentes? b) A autora cita dois tipos de medidas para enfrentar os problemas que atingem as pessoas que vivem em áreas de risco. Quais são eles? 105

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capítulo

o que você vai estudar Fatores de formação dos solos. O papel do intemperismo. Fertilidade dos solos no Brasil. Degradação dos solos.

Os solos Na superfície, as rochas são submetidas a condições diferentes daquelas dos ambientes nos quais se formaram. Sujeitas à interação com diversas substâncias (como a água) e às mudanças de temperatura, as rochas passam por um conjunto de modificações físicas e químicas chamado intemperismo. O intemperismo é responsável pela desagregação e pela alteração química dos minerais que compõem as rochas, processos que resultam na formação dos solos. O solo pode ser definido como um corpo natural, claramente distinto do material rochoso, com presença de vida vegetal e animal. É composto de material sólido (minerais e matéria orgânica), líquido (água, sais em solução e matéria coloidal – formada por grãos muito finos – em suspensão) e gasoso (gás oxigênio e gás carbônico). É possível conhecer o processo de formação do solo (pedogênese) observando um perfil de solo, ou seja, um corte vertical no terreno que, partindo da superfície, aprofunda-se e mostra camadas dispostas horizontalmente, paralelas à superfície. As diferentes camadas de um perfil de solo são denominadas horizontes. Cada horizonte é identificado por uma letra e possui propriedades específicas, como textura e diferentes proporções de matéria orgânica e material rochoso. Thiago Lyra/ID/BR

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Solo – Formação e evolução

A

A

A E B

B

rocha

rocha C rocha

rocha  tempo

Fonte de pesquisa: Leinz, Viktor; Amaral, Sérgio Estanislau do. Geologia geral. São Paulo: Ed. Nacional, 2003. p. 68.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

Com base no texto e na imagem acima, responda. 1. De que forma o intemperismo age na formação dos solos? 2. Dê exemplos de agentes que intemperizam as rochas. 3. A partir da formação do solo, quais outros elementos podem se desenvolver? 106

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Não escreva no livro.

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Fatores de formação dos solos Diversos fatores atuam na formação dos solos: o relevo, o clima, os organismos e a rocha matriz, ou seja, a rocha que será intemperizada. O tempo durante o qual cada um desses fatores age também interfere na formação e evolução do solo. O relevo é fundamental na formação dos solos, pois interfere na quantidade de água e na distribuição de luz e calor do Sol sobre o material intemperizado. O clima influencia ativa e diretamente na formação do solo: a velocidade e o tipo de intemperismo são regulados principalmente pela temperatura e pela umidade do ambiente. A ação dos organismos também é importante: as raízes das plantas geram intemperismo físico durante o crescimento; os animais movimentam o solo ao cavar buracos, e a ação dos microrganismos na decomposição da matéria orgânica é essencial para a agregação das partículas que compõem a estrutura do solo e para a formação do húmus. A velocidade de alteração das rochas e a maneira como essa alteração ocorre dependem também da resistência física e química dos minerais que as compõem.

Horizontes principais do solo O – horizonte orgânico de solos minerais

Thiago Lyra/ID/BR

Edson Grandisoli/Pulsar Imagens

O fator tempo influi na formação do solo em relação à duração do intemperismo. A indicação mais clara da influência do tempo é a diferença de espessura entre os solos e a quantidade de horizontes que apresenta. Quanto mais antigo o solo, maior o tempo de ação do intemperismo e, portanto, maior tende a ser sua espessura. É importante considerar, porém, que em ambientes tropicais, mais quentes e úmidos a pedogênese ocorre de forma mais acelerada, dando origem a espessas camadas de solo. Para a formação de um solo, além do intemperismo, atuam também os processos pedogenéticos, que são reações ou mecanismos de caráter químico, físico e biológico, como a lixiviação: em ambientes muito úmidos, o excesso de água retira os elementos básicos do solo (cálcio, magnésio e potássio, por exemplo), que são substituídos pelo hidrogênio da água, tornando-o estéril. A grande variedade de solos encontrada no mundo está diretamente associada às inúmeras combinações dos fatores que influenciam os processos de intemperismo e pedogênese.

A – horizonte mineral com acúmulo de húmus E  – horizonte claro de máxima remoção de argila e/ou óxidos de ferro B – horizonte que concentra os materiais removidos de A e E (acima) C – horizonte com material inconsolidado de rocha alterada R – rocha não alterada

Fonte de pesquisa: Venturi, Luis Antonio Bittar (Org.). Geografia: práticas de campo, laboratório e sala de aula. São Paulo: Sarandi, 2011. p. 87.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

Navegue

Perfil de solo formado a partir de uma rocha sedimentar, com diferentes níveis de intemperização. Piracicaba (SP). Foto de 2012. Não escreva no livro.

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Programa Solo na Escola Nesse site, da Universidade Federal do Paraná, há textos, imagens e propostas de experimentos para a análise e simulação de processos como a erosão nos solos. Traz também vídeos de curta duração sobre a formação dos solos. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2016.

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Tipos de intemperismo e fertilidade dos solos Assim, antes de iniciar uma atividade econômica agrícola ou extrativa, é importante conhecer as características do solo para utilizá-lo corretamente, garantindo sua produtividade e conservação.

Solos no Brasil No Brasil podemos destacar, por suas características de fertilidade e importância histórica, duas classes que agrupam solos com semelhantes propriedades e graus de desenvolvimento: o latossolo e o vertissolo. Os latossolos, predominantes no território brasileiro, são bem desenvolvidos, profundos, com alto teor de acidez e geralmente avermelhados ou alaranjados pela forte presença de óxidos de ferro e alumínio. Terra roxa é o nome popular do solo encontrado nos estados da Região Sul e em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, classificado como latossolo vermelho e nitossolo. É formado pela decomposição de rochas ígneas como o basalto e o diabásio. A partir dessas rochas, o intemperismo deu origem a solos muito férteis, que serviram para o desenvolvimento da agricultura cafeeira e, atualmente, também são aproveitados para o plantio de soja, trigo e café. Na região da Zona da Mata nordestina, predomina o massapê, que desde 1999 passou a ser reconhecido como vertissolo pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. É um solo muito úmido, de cor cinza-escuro e com grande presença de argila. Forma-se a partir da decomposição de granito, gnaisse e rochas calcárias, e apresenta alta fertilidade química. Mostrou-se muito adaptado ao cultivo da cana e, por isso, foi importante para o estabelecimento da economia açucareira no período colonial. Ainda hoje recebe o plantio de cana-de-açúcar.

Capítulo 8 – Os solos

Rubens Chaves/Pulsar Imagens

Na formação do solo, ocorrem três tipos de intemperismo: ••Intemperismo físico: causa desagregação, transformando a rocha em material friá­vel (que se fragmenta facilmente). Em áreas com grande amplitude térmica, a superfície das rochas aquece durante o dia e esfria durante a noite. Esse processo de expansão e contração dos minerais que compõem a rocha promove sua desagregação física. ••Intemperismo químico: provoca alteração química dos minerais que compõem a rocha. A água e as substâncias dissolvidas podem reagir com os minerais existentes e transformá-los quimicamente. Esse tipo de intemperismo é muito mais frequente em regiões quentes e úmidas da Terra. ••Intemperismo biológico: altera as rochas pela ação mecânica e química dos seres vivos (não inclui alteração humana ou antropismo). As raízes das plantas e a escavação dos animais (aranhas, minhocas, etc.) provocam intemperismo físico, fragmentando as rochas. Os seres vivos também causam intemperismo químico pela liberação de substâncias que favorecem a alteração das rochas. No Brasil, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, de clima equatorial e tropical úmido, o processo de formação do solo é muito acelerado, com intensa participação da água e dos organismos no intemperismo. A fertilidade refere-se à capacidade de o solo fornecer nutrientes para o desenvolvimento das plantas. A noção de fertilidade leva em conta principalmente a composição química do solo. A maior ou a menor fertilidade depende dos fatores de formação do solo e, sobretudo, de seu uso pela sociedade.

Plantação de cana-de-açúcar em Itambé (PE), onde predominam solos muito argilosos. Foto de 2015.

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Não escreva no livro.

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Degradação dos solos O solo é um recurso natural de extrema importância para o equilíbrio e para a manutenção de muitos ecossistemas, principalmente por sua capacidade de armazenamento da água utilizada pela fauna e pela flora terrestres. Além disso, oferece suporte à atividade agrícola. Por ser um recurso finito e não renovável, pode levar milhares de anos para recuperar suas propriedades originais. O solo pode também ser destruído no período de algumas gerações e desaparecer para sempre. A degradação do solo é a redução provisória ou permanente da sua capacidade produtiva em consequência da ação humana. A contaminação do solo ocorre quando ele recebe compostos que modificam suas características naturais e sua utilização, produzindo efeitos negativos. Essa contaminação pode ocorrer por resíduos sólidos, líquidos e gasosos e água poluída.

Causas da degradação dos solos

Universal Images Group/Getty Images

As principais causas da degradação dos solos são o desmatamento, a salinização, a poluição, a compactação provocada pelo uso de máquinas agrícolas e pelo constante pisoteio do gado. ••Desmatamento: além de absorver água, a cobertura vegetal reduz a erosão provocada pela água das chuvas. Sua retirada intensifica os processos erosivos, que promovem a perda local de solo. ••Salinização do solo: a falta de manejo para drenar águas da irrigação com concentração de sais minerais e o alto índice de evaporação em áreas semiáridas e áridas provocam o acúmulo desses elementos nos solos, o que reduz sua fertilidade. ••Poluição: tem como causa o uso inadequado e em larga escala de defensivos agrícolas e fertilizantes e o despejo de resíduos industriais nos solos e nos rios. ••Compactação do solo: o uso de maquinário agrícola e o constante pisoteio do solo pelo gado (pecuária) deixam-no mais denso, menos permeável e, assim, pouco adequado ao desenvolvimento das plantas. O desmatamento de uma área florestal teve como consequência a perda de solos e a salinização de uma área próxima a Perth, na Austrália. A remoção da vegetação provocou a elevação do lençol freático, que trouxe o sal de horizontes mais profundos para a superfície. Foto de 2007.

A desertificação Desertificação é o processo de desequilíbrio hídrico e degradação do solo, da vegetação e da biodiversidade nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas do planeta Terra. É produto de vários fatores, em especial, das variações do clima e das atividades humanas. No Brasil, calcula-se que cerca de 16% do território esteja suscetível a essa transformação. Essas áreas estão em 9 estados da região Nordeste e em partes dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Com isso, cerca de 17% da população do país é prejudicada pela baixa produtividade do solo e pela aridez do clima.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

saiba mais

Área em processo de desertificação em Gilbués (PI). Foto de 2013.

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Informe Solos para a sustentabilidade da sociedade A degradação dos solos nas áreas agrícolas, em sua grande maioria, está associada à erosão hídrica, que é intensificada pelo cultivo contínuo e sem práticas conservacionistas. Esse processo consiste no escoamento da água na superfície, resultante da sua menor capacidade de se infiltrar, carreando com ela material de solo, em geral removendo a camada mais rica em nutrientes e matéria orgânica do mesmo. Práticas culturais como a retirada da vegetação natural, aração/gradagem no sentido do declive do terreno, pisoteio excessivo de animais, contribuem para que a erosão hídrica seja acelerada. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). a população mundial vai crescer dos atuais 7 bilhões de habitantes para 9,2 bilhões em 2050, o que vai exigir um aumento na produção de alimentos dos atuais 1,64 bilhões de toneladas para 2,60 bilhões no ano de 2050, ou seja, um aumento de 60% na produção de alimentos em apenas 40 anos. Sem dúvida nenhuma o solo será a base de sustentação para assegurar o crescimento populacional, entretanto seu uso deve ser associado à conservação e ao aumento da eficiência dos sistemas de produção agrícola, além da eficácia das políticas públicas para gestão adequada desse recurso natural. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2016. Allmaps/ID/BR

A ONU [...] decretou 2015 como o Ano Internacional dos Solos e espera que a iniciativa sirva para mobilizar a sociedade para a importância dos solos como parte fundamental do meio ambiente e os perigos que envolvem a degradação deles em todo o mundo. [...] Os solos sustentam não apenas a produção agropecuária, mas também as cidades e empreendimentos industriais como a mineração. “Infelizmente as pessoas só pensam nos solos quando acontecem as tragédias, como os deslizamentos de terra causados por chuvas e a contaminação provocada por excessos de aditivos químicos ou mineração. Ainda assim as informações são apenas factuais e não aprofundam no tema considerando o solo como o meio onde acontecem as tragédias sociais ou ambientais”, diz Gonçalo Farias. [pesquisador da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.] A degradação do solo é reconhecida como componente de risco para manutenção da vida no planeta. Enquanto isso, o aumento da população implica maior demanda por alimentos e matéria-prima vegetal. Depara-se assim com o dilema de, ao mesmo tempo, produzir alimentos, reduzir os impactos ambientais causados pelo uso intensivo do solo, recuperar grande parte dos recursos naturais já degradados e, ainda, preservar os sistemas naturais remanescentes. [...] Os solos são cruciais para a vida na terra, com grande influência sobre o meio ambiente, as economias regionais e globais e as aglomerações urbanas e industriais. Até mesmo a redução da capacidade de armazenamento dos reservatórios de água no Brasil relaciona-se com a degradação dos solos. Dentre as suas diversas funções, proporciona, direta ou indiretamente, mais de 95% da produção mundial de alimentos. No entanto, esta fina e frágil camada que recobre a superfície da Terra e leva milhões de anos para ser formada pode ser perdida e degradada pela erosão em poucos anos de uso, tornando-se improdutiva ou reduzindo sua capacidade de produzir alimentos, pastagens, fibras e biocombustíveis para uma população cada vez maior e mais exigente. [...] O processo de degradação já está impactando a produtividade no Brasil. “São milhões de hectares de terra tornando-se improdutiva que acabam por empurrar a produção agrícola para novas áreas de ambientes naturais, como a floresta Amazônica. [...]

Causas da degradação dos solos no mundo 38%

30% 4%

23%

66%

18%

22%

45%

AMÉRICA CENTRAL

6% 26%

7%

28%

24%

EUROPA

AMÉRICA DO NORTE

15%

40% 10% 29%

ÁSIA

5% 28%

41%

49%

26%

1%

36%

13% 14%

32%

24%

MUNDO

ÁFRICA

AMÉRICA DO SUL

80%

12% 8%

OCEANIA

desmatamento

pastos

exploração de lenha

atividades agrícolas

industrialização

Fonte de pesquisa: Universidade de Michigan. Global Change Program. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2016.

para discutir

1. Considerando os solos de áreas rurais e urbanas, como o crescimento da população mundial contribui para acelerar processos que tornam os solos improdutivos? 2. Com mais um colega, representem em um esquema ou desenho a relação entre a perda dos solos e a ocorrência de outros impactos ambientais mencionados no texto. 110

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Revendo conceitos 1. Quais são os fatores responsáveis pela formação do solo? Explique como eles atuam. 2. Estabeleça as principais diferenças entre intemperismo físico, químico e biológico. 3. Quais são os componentes do solo? 4. Qual é a importância do estudo dos horizontes para a clas­sificação dos solos? 5. O que é solo fértil? 6. Explique as principais causas do processo de degradação dos solos. 7. O que é desertificação?

Interpretando textos e imagens

Thiago Lyra/ID/BR

8. A figura abaixo apresenta um perfil de solo. Identifique três horizontes e descreva-os, analisando o nível de desenvolvimento do solo em cada um deles. Exemplo de perfil de solo

sais minerais é garantido pelo processo de reciclagem, isto é, as folhas, os frutos e os pedaços de caule que continuamente são derrubados pelas árvores sofrem processo de decomposição, [...] restituindo ao solo os elementos de que são formados e renovando dessa maneira o manto fértil que o recobre. Mesmo os solos muito pobres […] conseguem manter uma exuberante vegetação por causa desse rápido processo de “rodízio” dos sais minerais. […] Branco, Samuel Murgel; Cavinatto, Vilma Maria. Solos: a base da vida terrestre. São Paulo: Moderna, 1999. p. 58-59 (Coleção Polêmica).

Pesquise áreas agrícolas ou com pequenas plantações na região onde você vive. A pesquisa também pode ser feita em parques, jardins, condomínios, quintais, casas ou em qualquer outro local que tenha plantas. Converse com pessoas que possam informá-lo sobre os tipos de cultivo e de solo, o uso ou não de adubos e fertilizantes, a utilização de máquinas agrícolas, etc.

Lendo mapas 10. Analise o mapa a seguir e responda às questões. Brasil – Condição para uso agrícola (2011)

O A E

Guiana Francesa (FRA) SURINAME GUIANA 60ºO

VENEZUELA COLÔMBIA RR

Equador

40ºO NO

NE

SO

SE

AP



EQUADOR

PA

AM

MA

CE PI

água

AC

B

BOLÍVIA

BA

MT DF GO

Boa a regular (média a baixa disponibilidade de nutrientes)

rocha

Regular (riscos de inundação e impedimento de drenagem, poucos CHILE nutrientes e excesso de alumínio) Restrita (fortes declives, poucos nutrientes e excesso de alumínio) Desfavorável (excesso de sódio, impedimento de drenagem e risco de inundação)

Fonte de pesquisa: Leinz, Viktor; Amaral, Sérgio Estanislau do. Geologia geral. São Paulo: Ed. Nacional, 2003. p. 68.

9. Leia o texto abaixo e faça o que se pede a seguir. A alimentação das plantas tem muito pouco a ver com a dos seres humanos ou com a dos animais em geral. Tanto para elas como para nós, o elemento químico carbono constitui a “substância-chave”, uma vez que é o principal componente de todos os compostos orgânicos de que são formados os corpos animais e vegetais. Porém, a planta não necessita “comer” compostos orgânicos […], como nós, pois ela é capaz de obter carbono do ar. […] Por isso, os solos que possuem quantidades de sais minerais capazes de “satisfazer” plenamente as necessidades da planta [...] são os solos que permitem melhores e mais abundantes colheitas. Na natureza, esse suprimento de

Desaconselhável (fertilidade baixa, alta salinidade, pouca profundidade, textura arenosa e/ou topografia escarpada)

PB

AL SE

RO

Boa (sem limitações)

C

PE

TO

PERU

RN

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Atividades

MG ES

MS SP

PARAGUAI PR

RJ

Trópico de C apricórni o

OCEANO ATLÂNTICO

SC ARGENTINA

20ºS

RS

0

620

1 240 km

URUGUAI

Fonte de pesquisa: Caldini, Vera L. de M.; Ísola, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 42.

a) Como os conhecimentos sobre o potencial agrícola de um solo podem impactar no desenvolvimento econômico de uma população? Explique. b) As áreas com maior cultivo de soja do país concentram-se nos estados da Região Centro-Oeste. De acordo com o mapa, qual é o nível do “potencial agrícola” da região? Pesquise e depois explique quais são as técnicas implementadas nos solos para o aumento do cultivo e os seus impactos. Ao final, apresente um pequeno resumo da pesquisa e compare-o com os dos demais colegas da classe. 111

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capítulo

9

Hidrologia e hidrografia

o que você vai estudar O ciclo hidrológico e a distribuição da água pelo mundo. Os rios e as bacias hidrográficas. As bacias hidrográficas brasileiras. Os mares e os oceanos, as ondas e as marés. A poluição das águas.

As águas cobrem 70% da superfície terrestre. Do volume total de água existente no planeta, aproximadamente 97,5% é de água salgada e apenas 2,5% de água doce. Do total de água doce, apenas cerca de 1% está disponível para consumo humano, ou seja, está em reservatórios de água subterrâneos, rios e lagos; e o restante se encontra em geleiras, solos gelados e cumes de altas montanhas e na atmosfera. A água serve ao abastecimento humano direto, às atividades agrícolas e industriais. Além de a quantidade de água doce disponível para o consumo ser relativamente pequena quando se considera o conjunto da hidrosfera, a distribuição desse importante recurso natural no planeta é desigual. Enquanto algumas populações habitam regiões com baixa disponibilidade de recursos hídricos, como o norte da África e o Oriente Médio, outras vivem em áreas onde há água em abundância. A desigualdade no acesso à água também ocorre por motivos econômicos e pela ausência de políticas de tratamento e abastecimento de água em muitas localidades, o que significa que grandes contingentes populacionais não têm acesso à água tratada. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estima que, em 2025, mais de 3 bilhões de pessoas sofrerão com escassez de água no mundo.

180°

135°O

90°O

45°O

0° 45°L 90°L OCEANO GLACIAL ÁRTICO

135°L

180° NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

45°N

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Água potável disponível por habitante (2013)

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO Equador

Trópico de Capricórnio

m³ * por habitante ao ano menos de 1000 (escassez) de 1001 a 1700 (insuficiência) de 1701 a 10 000 (suficiência) mais de 10 000 (abundância) sem dados

Círculo Polar Antártico

0° Meridiano de Greenwich

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ÍNDICO

45°S OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0

*1m³ (metro cúbico) = 1 000 litros

3015

6030 km

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. World development indicators: freshwater. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

A partir do texto e da interpretação do mapa, responda. 1. Em que regiões do mundo as populações enfrentam escassez de água? E insuficiência? 2. Comente as razões da dificuldade de acesso à água potável por grandes contingentes populacionais. 112

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Não escreva no livro.

29/04/16 17:26

Ciclo hidrológico ação e cidadania

Uso intenso de água A atividade humana que mais utiliza água no Brasil e no mundo é a irrigação. O fornecimento de água para as plantações requer intensa exploração dos rios e de outras fontes de água doce e apresenta um alto índice de desperdício (cerca de 30% da água destinada à irrigação é perdida). Depois da irrigação, a atividade industrial é a que mais consome água. O abastecimento de água para uso doméstico é a terceira atividade que mais consome a água retirada da natureza. 1. A partir da observação do seu cotidiano, identifique as atividades que dependem do uso da água. Há desperdício do recurso nessas atividades? Você mudaria algum hábito a fim de economizar esse bem comum? Converse com os colegas sobre o assunto.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia. Thiago Lyra/ID/BR

A água é fundamental na dinâmica da natureza terrestre, permitindo a existência de vida no planeta. A constante mudança da água de um estado físico para outro cria o ciclo hidrológico (ou ciclo da água). Para que o ciclo da água exista, é fundamental a incidência da energia térmica solar sobre a superfície terrestre. O ciclo hidrológico é composto de evapotranspiração, precipitação, interceptação vegetal e infiltração (ver figura abaixo). ••Evapotranspiração: com a incidência dos raios solares, ocorre a evaporação da água de rios, lagos e oceanos, a transpiração das plantas e dos animais e a passagem direta da água do estado sólido para o gasoso, processo chamado sublimação. Com a evapotranspiração e a sublimação, a água é transferida da superfície terrestre para a atmosfera. ••Precipitação: após ser condensada a partir do vapor de água contido na atmosfera, a água cai sobre a superfície terrestre em forma de chuva, granizo, neve, etc. ••Interceptação vegetal: nesse processo, parte da água da chuva é retida pela copa das árvores ou absorvida pelas raízes, voltando à atmosfera por transpiração e evaporação. ••Infiltração: fluxo de água da superfície que penetra no solo. A água infiltra-se na terra, formando um ­aquífero ou um lençol freático (fluxo subsuperficial). Além disso, pode escoar superficialmente até chegar a um rio, lago ou ocea­no (fluxo superficial), reiniciando o ciclo. A quantidade de água e a velocidade com que ela circula nas diferentes fases do ciclo hidrológico são influenciadas por diversos fatores, como a cobertura vegetal, a altitude, a topografia, a temperatura, o tipo de solo e a geologia. As alterações produzidas pelo ser humano sobre o ecossistema (ação antrópica) podem modificar parte do ciclo hidrológico, tanto na quantidade quanto na qualidade das águas superficiais e subterrâneas. Entre essas alterações estão o aterramento de áreas alagáveis, o desmatamento, a alteração da rede de drenagem natural, a impermeabilização do solo por asfalto e cimento, etc. Ciclo hidrológico condensação

armazenamento de água no gelo

armazenamento de água na atmosfera

sublimação escoamento superficial proveniente do degelo

precipitação evapotranspiração evaporação

nascente

armazenamento de água nos oceanos

rio

infiltração

lago armazenamento de água subterrânea armazenamento de água doce

descarga do aquífero

Fonte de pesquisa: Centro de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos. Disponível em: . Acesso em: 19 nov. 2015.

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Bacias hidrográficas

divisor de águas

Brasil – Bacia hidrográfica do rio Doce 43ºO NO

NE

SO

SE

40ºO

BA

MG Ri o

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18ºS

Gr an de

Rio

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bacias hidrográficas

OCEANO ATLÂNTICO 21ºS

Fonte de pesquisa: Universidade Federal do Espírito Santo. Disponível em: . Acesso em: 19 nov. 2015.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

Limites da bacia do rio Doce Limites estaduais

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Bacias hidrográficas

Thiago Lyra/ID/BR

Bacia hidrográfica é o conjunto de terras limitadas por divisores de águas (interflúvios), que se encontram nas regiões mais elevadas do relevo. As bacias são drenadas por um rio principal − canal fluvial − e por seus afluentes, também chamados de tributários. Geralmente uma bacia hidrográfica recebe o nome de seu rio principal. Além dos rios e dos divisores, a bacia é composta de outros elementos que influenciam a quantidade de água e de sedimentos que alcançam os canais fluviais, como o solo, a rocha, a vegetação e os seres vivos que nela habitam. Uma bacia hidrográfica pode ter diferentes tipos de ocupação – antrópica, de cobertura vegetal, de solo, etc. –, o que vai depender da localização e da extensão de sua área. As mudanças ocorridas em uma bacia hidrográfica interferem nos rios que a compõem. A água dos rios é alimentada diretamente pela pluviosidade (ou pelo derretimento de neve, como ocorre em vários rios da bacia Amazônica, alimentados pela neve dos Andes) e indiretamente pela água que se infiltra nos solos e nas rochas, alcançando os rios de modo mais lento. Por isso, qualquer interferência nas áreas próximas aos rios pode causar modificações na rede fluvial. Por ser considerada um sistema integrado dos elementos que a compõem, a bacia hidrográfica tem sido utilizada pela sociedade como uma unidade de planejamento. Dessa forma, governos consideram os aspectos naturais e antrópicos das regiões abrangidas pelas bacias e planejam a ocupação do território.

RJ

0

70

140 km

A bacia hidrográfica do rio Doce abrange porções dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. O rio Doce é seu rio principal e desemboca no oceano Atlântico.

Fonte de pesquisa: Agência Nacional de Águas. Disponível em: . Acesso em: 5 jan. 2016.

A usina hidrelétrica de Três Gargantas A usina de Três Gargantas, construída no rio Yang-Tzé (rio Azul), na China, é a maior central hidrelétrica do mundo. A barragem foi planejada para que o país reduzisse sua dependência em relação às usinas de carvão e de petróleo, para diminuir a ocorrência de inundações no rio e para facilitar o transporte fluvial. Entretanto, essa grande intervenção provocou modificações em boa parte da bacia hidrográfica. Para a construção da barragem foi necessária a inundação de 13 cidades, 4 500 aldeias e 162 sítios arqueológicos. Cerca de 1,13 milhão de pessoas foram deslocadas e a paisagem da região foi profundamente alterada.

Liu Jiao/Imaginechina/AFP

Capítulo 9 – Hidrologia e hidrografia

saiba mais

Barragem de Três Gargantas, em Yichang, China. Foto de 2014.

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4/28/16 11:07 AM

Rios

Tipos de rios Os rios podem ser efêmeros, intermitentes ou perenes.

••Efêmeros: secos na maior parte do ano, comportam fluxo de água

Thiago Lyra/ID/BR

durante e imediata­mente após uma chuva. ••Intermitentes: possuem água durante uma parte do ano e secam no período de estiagem. ••Perenes: apresentam água no decorrer de todo o ano. Regime fluvial é o termo que designa a média anual da variação da descarga de água em uma bacia hidrográfica. A quantidade de água que atinge os rios depende do tamanho da área ocupada pela bacia, das variações pluviométricas e das perdas de água devido à evaporação e à infiltração no solo e na rocha. Dessa forma, a descarga final dos rios dependerá das variações sazonais de períodos úmidos (maiores descargas) e de períodos secos (menores descargas). Geralmente, quanto maior o número de afluentes, maior a quantidade de água de um rio. Em regiões áridas, a perda por evaporação pode levar a um decréscimo desse volume.

saiba mais Planície aluvial A planície aluvial (ou de inundação) consiste em uma área com baixa altitude, plana e próxima a um curso de água que a inunda de acordo com seu regime fluvial. O material sedimentar (argila, silte e areia) que se deposita na planície inundada chama-se aluvião. As planícies aluviais, por apresentarem terrenos férteis (devido à deposição dos sedimentos aluvionares), tiveram grande importância na história da humanidade. Muitas civilizações, entre elas a da antiga Mesopotâmia, se desenvolveram com o aproveitamento agrícola dessas planícies. Greg O’Beirne/Acervo do fotógrafo

Os rios são de grande importância para a natureza e para a sociedade. Na natureza, eles são responsáveis por transportar sedimentos de um ponto para outro na paisagem e, dessa forma, são capazes de modificar o relevo. Para a sociedade, os rios, assim como os reservatórios subterrâneos, representam fonte de água para o consumo. O rio é uma corrente de água que deságua no mar, em um lago ou em outro rio. Nesse caso, o rio que deságua em outro é chamado afluente. O ponto de encontro entre cursos de água é denominado confluência. Os rios podem se originar de diferentes formas: pela água das chuvas que escoa superficialmente, acumulando-se em áreas mais baixas do terreno, ou pela água das chuvas que, após se infiltrar no solo e na rocha, forma o lençol freático, atingindo depois a superfície e dando origem à nascente do rio. Os rios também podem ter origem na água de degelo das montanhas, durante o período em que as temperaturas estão mais elevadas.

Nas planícies aluviais, é possível identificar as áreas alagáveis durante os períodos de cheia. Na imagem, o rio Waimakariri e sua planície aluvial, Nova Zelândia. Foto de 2007.

Esquema do curso de um rio

rápido grande queda-d’água

catarata queda-d’água devida a um desnível brusco do terreno vale em V aberto vale menos profundo onde o desgaste incide sobre as margens meandros curvas do rio praia fluvial acumulação de aluviões

curso superior cânion vale profundo de paredes abruptas. Tem um forte poder de desgaste. É um vale em garganta ou V fechado

curso médio

curso inferior afluente rio que deságua noutro planície aluvial acumulação de aluviões com a aproximação da foz

delta terreno triangular formado na desembocadura do rio pela acumulação de aluviões

Não escreva no livro.

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vale em caleira aluvial vale pouco profundo, em regiões planas, onde o rio diminui a velocidade e acumula aluviões

Navegue Agência Nacional de Águas (ANA) Nesta página é possível ter acesso a informações sobre a gestão dos recursos hídricos brasileiros. Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2016. Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Site da agência vinculada ao Ministério de Minas e Energia, apresenta dados sobre geração, distribuição e consumo de energia elétrica no Brasil. Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2016.

Fonte de pesquisa: Secretaria da Educação do Paraná. Disponível em: . Acesso em: 19 nov. 2015.

Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia. 115

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Bacias hidrográficas brasileiras

Bacia do rio Amazonas

70°O

60°O

50°O

40°O

OCEANO ATLÂNTICO

Equador

Atlântico NE Ocidental

Amazônica



Atlântico NE Oriental

Parnaíba Tocantins-Araguaia

Allmaps/ID/BR

Brasil – Regiões hidrográficas

10°S São Francisco Atlântico Leste

OCEANO PACÍFICO

A Lei n. 9 433, de 8 de janeiro de 1997, criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, instituindo uma política nacional para a gestão da água no país. Essa política tem como base alguns fundamentos: considera a água como um bem de domínio público e um recurso natural limitado e dotado de valor econômico; em situações de escassez, estabelece a prioridade do uso dos recursos hídricos para o consumo humano e dos animais; reconhece que a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; e define a bacia hidrográfica como unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos. Em 2003, com o objetivo de orientar o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil, foram definidas 12 regiões hidrográficas. Tais regiões são formadas por bacias hidrográficas, agrupamentos de bacias ou sub-bacias contíguas. A seguir, conheça algumas bacias hidrográficas brasileiras.

0

Paraguai 20°S Paraná Trópico de Capricórnio

810

1620 km

Uruguai Atlântico Sul

Atlântico Sudeste NO

NE

SO

SE

30°S

Fonte de pesquisa: Agência Nacional de Águas. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2015.

Maior bacia hidrográfica do mundo, a bacia Amazônica abrange uma área de cerca de 7 milhões de km². Além do Brasil, estende-se por outros seis países: Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana e Bolívia. Na bacia do rio Amazonas está cerca de 20% de toda a água doce do mundo. Seu principal curso de água é o rio Amazonas, que nasce na cordilheira dos Andes, no Peru, e deságua no oceano Atlântico, próximo à ilha de Marajó. O relevo de planície na região apresenta diferenças em sua topografia que resultam em desníveis nos cursos de água e em várias quedas-d’água, permitindo a construção de hidrelétricas na bacia. A construção de usinas tem como consequência, porém, grandes impactos socioambientais: requer a inundação de enormes áreas, o que significa destituir diversos povos indígenas de seus territórios, destruir a vegetação nativa e comprometer a fauna regional.

Capítulo 9 – Hidrologia e hidrografia

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Sub-bacia hidrográfica: área de drenagem dos rios que desembocam em um curso de água principal.

Leia A bacia Amazônica ocupa aproximadamente 42% do território brasileiro. Na imagem, áreas marginais do rio Amazonas em período de cheia, Manaus (AM). Foto de 2015.

saiba mais Os mananciais Mananciais são todas as fontes de água doce que podem ser utilizadas para o abastecimento da população e o desenvolvimento de atividades econômicas. Os mananciais incluem as reservas de água superficiais e subterrâneas: rios, lagos, represas, aquíferos, etc. No Brasil, desde 1997, existe uma Lei de Proteção dos Mananciais.

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Atlas Soci-água, de Luiz Pinguelli Rosa e Marcos Aurélio Vasconcelos de Freitas. Rio de Janeiro: Synergia, 2011. O livro aborda os problemas sociais e as políticas públicas relacionadas à gestão dos recursos hídricos no Brasil e no mundo.

Não escreva no livro.

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Bacia dos rios Tocantins e Araguaia Apresenta configuração alongada no sentido norte-sul. Seu principal curso de água é o rio Tocantins, que nasce no planal­to de Goiás, a cerca de mil metros de alti­ tude. Seu principal afluente é o rio Aragua­ia, com cerca de 2,6 mil km de extensão, onde se encontra a ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. Grande parte dessa bacia está na Região Centro-Oeste. A bacia possui um grande potencial hidrelétrico. A usina hidrelétrica de Tucuruí, localizada no baixo Tocantins, é responsável pelo abastecimento de energia elétrica de 96% do estado do Pará e 99% do Maranhão.

Bacia do rio Paraná Grande parte da bacia do Paraná localiza-se na Região Sudeste. Seu principal curso de água é o rio Paraná, cuja região hidrográfica possui a maior capacidade instalada para produção de energia elétrica do país (63,3% do total nacional), assim como a maior demanda (75% do consumo nacional). Existem 176 usinas hidrelétricas na região, com destaque para Itaipu, Furnas, Porto Primavera e Marimbondo. Não existe disponibilidade de novos aproveitamentos hidrelétricos de grande porte nos rios principais. Assim, vem ocorrendo atualmente uma tendência de desenvolvimento de projetos de pequenas centrais hidrelétricas em rios de menor porte.

A bacia possui uma importante rota de navegação – a hidrovia Tietê-Paraná – e abrange a área mais industrializada e urbanizada do Brasil.

Bacia do rio Paraguai Inclui o Pantanal, que funciona como um grande reservatório que retém a maior parte da água e regulariza a vazão do rio Paraguai. Esse rio nasce em território brasileiro, e sua bacia hidrográfica abrange uma área de 1 095 000 km², sendo 33% no Brasil e o restante na Argentina, na Bolívia e no Paraguai. No Brasil, sua área atinge porções dos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Bacia do rio Uruguai A bacia abrange terras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Além do Brasil, banha parte da Argentina e do Uruguai. Juntamente com as bacias do Paraná e do Paraguai, forma a bacia do Prata. Assista Belo Monte, anúncio de uma guerra. Direção de André D’Elia, Brasil, 2012, 104 min. Esse documentário independente, produzido antes do término da construção e do funcionamento da usina de Belo Monte, traz depoimentos de moradores e indígenas vizinhos às obras, além da opinião de especialistas, para mostrar os impactos da construção de Belo Monte. Disponível em: . Acesso em: 15 mar. 2016.

CONEXÃO

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Bacia Amazônica: a polêmica acerca da hidrelétrica de Belo Monte Uma grande polêmica envolveu a construção da hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu (um afluente do rio Amazonas), nas proximidades da cidade de Altamira, no Pará. Apesar da grandiosidade do projeto, que prevê a construção da maior hidrelétrica brasileira (em termos de potência) inteiramente em território nacional, o alto custo das desapropriações e da construção de sua barragem e os impactos ambientais e sociais diretos e indiretos da obra podem ser superiores ao retorno da usina em termos energéticos. Além do desmatamento e alagamento de uma imensa área da floresta Amazônica, conhecida por sua grande diversidade de fauna e flora, a obra afetou diretamente centenas de comunidades ribeirinhas e povos indígenas. Muitos ambientalistas defendem que um investimento de tal magnitude poderia beneficiar o desenvolvimento de outras Estima-se que cerca de 20 mil brasileiros tenham migrado matrizes energéticas de menor impacto ambiental e social. para trabalhar na construção da usina de Belo Monte. 1. As hidrelétricas são fontes de “energia limpa”, pois não As condições de trabalho eram muito precárias e houve denúncias contra o consórcio responsável pela obra por contribuem para o aquecimento global com a emissão de exploração de mão de obra e violação dos direitos gases de efeito estufa na atmosfera. Que outras fontes trabalhistas. Foto de 2014. de energia com baixo impacto ambiental você conhece? 2. Faça uma pesquisa para conhecer como as comunidades atingidas pela barragem se organizaram na época de sua construção. Verifique se em algum rio da bacia hidrográfica em que está seu município há projetos de construção de usinas e faça um levantamento das principais mudanças que podem afetar a população.

Não escreva no livro.

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Bacia do rio Parnaíba Ocupa uma área correspondente a 3,9% do território nacional e drena quase a totalidade do Piauí (99%) e parte do Maranhão (19%) e do Cea­rá (10%). A maioria de seus afluentes é perene e suprida por águas pluviais e subterrâneas. A água subterrânea representa a principal fonte de abastecimento da população do Piauí.

Bacias do Atlântico Nordeste Oriental Com uma área equivalente a 3% do território brasileiro, essa região hidrográfica contempla cinco capitais do Nordeste, dezenas de núcleos urbanos e um significativo parque industrial, localizado em Fortaleza, no Ceará.

O rio São Francisco é o principal rio dessa bacia, com aproximadamente 2,8 mil km de extensão. Por atravessar zonas semiáridas, é de crucial importância para as populações sertanejas e foi fundamental no processo histórico de povoa­mento do território nacional. A nascente do rio São Francisco fica na serra da Canastra, em Minas Gerais. A bacia também abrange os estados de Goiás, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, além do Distrito Federal. Entre rios, riachos, ribeirões e córregos são, ao todo, 168 afluentes, dos quais 99 são perenes e 69 são intermitentes. O aproveitamento hidrelétrico da bacia supre a necessidade de energia da Região Nordeste: são 33 usinas em operação, entre elas a de Paulo Afonso e a de Sobradinho. Os recursos hídricos da bacia do São Francisco também são bastante aproveitados na irrigação e na navegação.

Andre Dib/Pulsar Imagens

Bacia do rio São Francisco

Vista do rio São Francisco no limite dos municípios de São Gonçalo do Abaeté (MG) e Três Marias (MG). Foto de 2015.

Bacias do Atlântico Nordeste Ocidental Essa região hidrográfica situa-se no Maranhão e em uma pequena parte do Pará. A principal necessidade de água nessa região hidrográfica é para o consumo humano (64% do total). A região não enfrenta muitos problemas com má qualidade das águas dos rios, pois a maioria das cidades que abriga é de pequeno e médio portes e a área não possui um parque industrial expressivo. Nas proximidades de São Luís, porém, ocorre contaminação por esgotos não tratados.

Bacias do Atlântico Leste

Capítulo 9 – Hidrologia e hidrografia

A área abrangida por essa bacia corresponde a 8% do território do país, incluindo porções de Sergipe (4%), da Bahia (69%), de Minas Gerais (26%) e do Espírito Santo (1%). As bacias costeiras do Atlântico Leste, no trecho situado entre Sergipe e Espírito Santo, contemplam uma enorme diversidade de rios, córregos e riachos. Observa-se elevada concentração de ferro, fósforo e alumínio, além de turbidez (causada por matérias sólidas em suspensão) elevada nos rios Pardo, Salinas e Jequitinhonha, em função do garimpo e da dragagem para mineração.

Bacias do Atlântico Sudeste Seus rios principais são o Paraíba do Sul e o Doce. Além deles, essa região hidrográfica é formada por diversos outros rios, pouco extensos. Os rios que formam as bacias de Santos, da Guanabara e de Vitória são extremamente impactados pela ocupação, devido à elevada demanda de água pelas atividades urbanas, rurais e industriais e à poluição por esgoto e lixo.

Bacias do Atlântico Sul As bacias do Atlântico Sul estendem-se por uma área que vai do norte da Região Sul, próximo à divisa dos estados de São Paulo e Paraná, até o arroio Chuí, no extremo sul do litoral brasileiro. Abrangem porções do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Predominam rios de pequeno porte que escoam diretamente para o mar. As exceções mais importantes são os rios Itajaí e Capivari, em Santa Catarina, que apresentam maior volume de água.

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Assista Sobre rios e córregos. Direção de Camilo Tavares, Brasil, 2010, 108 min. O documentário apresenta depoimentos de especialistas e cidadãos com o objetivo de refletir sobre a relação estabelecida entre as cidades e seus rios.

Não escreva no livro.

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Informe Visões distintas sobre a transposição do rio São Francisco Transposição já! abastecimento urbano (21%) e aos projetos de agricultura irrigada (75%). De acordo com o projeto, 86 cidades da bacia do São Francisco receberão água tratada e saneamento básico. [...] Bacia do São Francisco – Projeto de transposição 40°O

35°O

CE A. Banabuiú A. Castanhão A. Orós

PI

A. Santa Cruz

RN A. Pau dos Ferros A. Angicos

A. Eng. Ávidos

Elétrica Jati Central Elétrica Atalho Rio São Franscisco

PB

A. Coremas e Mãe-d’água

João Pessoa A. Boqueirão

A. Sumé Recife

A. Poço da Cruz

PE

BA

0

130

AL

260 km

NE

SO

SE

5°S

Natal

A. São Gonçalo

Central Elétrica Atalho A. Chapéu A. Atalho A. Entremontes Central

NO

A. Armando Ribeiro Gonçalves

Allmaps/ID/BR

Muito tem se falado e escrito sobre o projeto do Governo Federal de transpor as águas do rio São Francisco para as bacias hidrográficas menores que drenam terras dos estados do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. […] Pode-se afirmar, com certa margem de segurança, que a deficiência hídrica do sertão nordestino é algo absolutamente contornável com a aplicação de tecnologias de captação, armazenamento e distribuição de água. […] Com a transposição de parte das águas do rio São Francisco, essa região tem a oportunidade de melhorar as condições socioeconômicas a partir do desenvolvimento do programa de biodiesel feito com mamona – planta tropical altamente produtiva e de ciclo cur​to. Vastas áreas poderão ser transformadas em pontos de produção de dendê e babaçu, também para geração de biodiesel. Essas atividades ocupariam extensas áreas de terras subaproveitadas e pouco produtivas, gerariam grande número de emprego e renda, além de possibilitar o desenvolvimento da agroindústria. […] O projeto de transposição de águas do São Francisco prevê atender à agricultura familiar tradicional (4%), ao

Maceió

OCEANO ATLÂNTICO eixo Norte trechos da transposição eixo Leste rio receptor açude beneficiado açude (A.) central elétrica capital de estado

SE

10°S

Fonte de pesquisa: Discutindo Geografia, São Paulo, Escala Educacional, ano 2, n. 10, p. 22.

Ross, Jurandyr. O milagre do São Francisco: a polêmica em torno da transposição das águas do maior e mais importante rio nordestino. Discutindo Geografia, São Paulo, Escala Educacional, ano 2, n. 10, p. 21-22.

Um erro imperdoável Muitos têm-nos perguntado por que somos contrários ao projeto da transposição do rio São Francisco, existindo, no país, exemplos de transposições que deram certo, como aquela realizada no rio Paraíba do Sul, para o abastecimento da cidade do Rio de Janeiro. A resposta a esse tipo de questionamento já foi dada por Alberto Daker, eminente professor catedrático de Hidráulica Agrícola (aposentado), da Universidade de Viçosa (MG) […]. Segundo Daker, existem três condições básicas que justificam a transposição de águas de um rio: existirem uma bacia com muita água sobrando e terras e relevo que não sirvam para irrigação; outra bacia com terras irrigáveis, mas com carência de água; e uma relação custo-benefício viável para a realização da obra. Para o caso do abastecimento do Rio de Janeiro, essas alternativas se enquadraram perfeitamente na transposição ali realizada. Já para a transposição do São Francisco, as três não se enquadram, tendo em vista haver demanda por água nas terras cultiváveis próximas ao rio; existir água na região das bacias receptoras, faltando apenas o estabelecimento

de uma política eficiente para a sua distribuição e posterior consumo das populações e, por último, faltar sustentação energética e financeira para a execução da obra. […] Mesmo diante de alternativas mais promissoras e de custos mais apropriados, [...] as autoridades, mesmo assim, iniciaram o projeto da transposição, com a construção dos dois canais de aproximação (nos municípios de Cabrobó e Floresta, em Pernambuco), contando, para isso, com a participação do Exército brasileiro. […] Na nossa avaliação o que estão fazendo lá é […] o agravamento de um processo de desertificação que se encontra em curso. […] em projetos dessa magnitude, a caatinga deveria ser conhecida em sua plenitude, antes mesmo do início do acionamento das motosserras, sob pena de não haver tempo hábil de se conhecer a biodiversidade do Bioma em questão. [...] Diante das agressões realizadas, entendemos que está se cometendo um erro imperdoável, de proporções incomensuráveis, e que precisa ser interrompido a todo custo, em benefício da vida no Semiárido. [...]

Suassuna, João. EcoDebate. Disponível em: . Acesso em: 19 nov. 2015.

para discutir

1. Após a leitura dos textos, realizem um debate dividindo a sala de aula em dois grupos: os favoráveis à transposição e os contrários a ela. Reúna argumentos para defender sua posição. Não escreva no livro.

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Oceanos e mares

Photo12/AFP

Mar Negro

Os mares interiores ou continentais são aqueles que se localizam no interior dos continentes, mantendo comunicação com os oceanos por meio de pequenas aberturas denominadas estreitos ou canais. O mar Mediterrâneo e o mar Vermelho (ver, abaixo, imagem de satélite) são dois exemplos de mares interiores. Os mares fechados ou isolados não mantêm comunicação com ocea­nos ou outros mares. É o caso do mar Cáspio (ver, abaixo, imagem de satélite). Mares e oceanos são muito importantes para a humanidade, pois são fontes de alimento, de matéria-prima e de energia e são utilizados para o transporte e o turismo. Terra – Distribuição da água

Água salgada — 97,5% Oceanos e mares

Mar Cáspio

Mar Mediterrâneo

Golfo Pérsico

Setup Bureau/ID/BR

Os oceanos são grandes extensões de água salgada que rodeiam e separam os continentes. Eles cobrem cerca de 70% da superfície total da crosta terrestre. Os oceanos da Terra costumam ser divididos em Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Ártico e Glacial Antártico – este último formado por águas dos três primeiros. O oceano Pacífico é o mais extenso e profundo, abrangendo uma área de 53% do total de águas oceânicas, seguido do Índico (24%) e do Atlântico (23%). Os oceanos possuem diferenças físicas, químicas e biológicas. A salinidade das águas oceânicas se deve a uma solução rica em sais formada predominantemente (85%) por cloreto de sódio (NaCº), conhecido como sal de cozinha. Esse enriquecimento tem ocorrido ao longo do tempo geológico e origina-se da dissolução das rochas da superfície terrestre (e seu consequente transporte pelos rios até os oceanos) e dos processos vulcânicos que acontecem no assoalho oceânico. Quando esses processos ocorrem, a água contida no interior do planeta, rica em cloretos e sulfatos, mistura-se à água dos oceanos, aumentando sua salinidade. Os mares são porções de água salgada menores que os oceanos. Podem ser classificados em mares abertos, mares interiores ou continentais e mares fechados ou isolados. Os mares abertos estão localizados ao longo das regiões costeiras e têm ampla comunicação com os oceanos. É o caso do mar do Leste (ou mar do Japão).

Água doce — 2,5% Geleiras, gelo polar e solos congelados; água subterrânea, lagos e rios; atmosfera

Fonte de pesquisa: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2015.

saiba mais

Capítulo 9 – Hidrologia e hidrografia

Mar Vermelho

OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO ÍNDICO

Imagem de satélite mostrando os oceanos Atlântico e Índico e os mares Mediterrâneo, Vermelho e Negro (interiores), e Cáspio (fechado). Imagem de 2013.

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Dessalinização Se um local não dispõe de água doce, há duas soluções possíveis: transformar água salgada em doce, ou então transportar água doce de lugares em que ela exista em abundância. A dessalinização (transformação da água salgada, ou usada, em água doce) responde por apenas 1% do consumo mundial de água, principalmente porque exige tecnologia cara e uma enorme quantidade de energia. Mas nos países ricos em petróleo é uma opção viável: Kuwait e Barein, por exemplo, dependem dela. Em outros locais, às vezes, a tecnologia é empregada para abastecer áreas em que há pouca água, mas está muito além das possibilidades da maioria das economias mais pobres. [...] Clarke, Robin; King, Jannet. O atlas da água. São Paulo: Publifolha, 2005. p. 68.

Não escreva no livro.

29/04/16 10:44

Ondas e marés

A diferença entre o nível das águas do mar na maré alta e na maré baixa, chamada amplitude das marés, é maior nas regiões de menor latitude (mais próximas do Equador). Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Nas regiões onde a terra encontra o mar (costas), atuam as marés e as ondas. Esses dois fenômenos geram correntes que causam erosão e deposição de sedimentos, criando paisagens específicas nessas costas. As falésias, por exemplo, são escarpas altas e verticais erodidas pelas ondas que atuam na base do material rochoso (ver fotografia ao lado). O material localizado acima da linha de atuação das ondas não suporta o peso, desmorona e é transportado pelas correntes litorâneas. As ondas são formadas pela ação dos ventos, que, no contato com os oceanos, transferem energia para a superfície da água. As ondas também podem ser causadas por distúrbios sísmicos, como terremotos. Nesses casos, são grandes e destrutivas e recebem o nome de tsunami (que, em japonês, significa “onda gigante”). As marés são fenômenos periódicos de elevação (preamar ou maré alta) e abaixamento (baixa-mar ou maré baixa) do nível das águas do mar ao longo de um dia. São causadas pelas ­forças gravitacionais do Sol e da Lua e pelos movimentos de rotação e translação da Terra. Ainda que o Sol tenha massa muito superior à da Lua, como ele está mais distante da Terra, sua influência sobre a maré é menor que a da Lua.

Período de maré baixa na praia Camacho, Maragogi (AL). Foto de 2013.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Paisagem das falésias em Nísia Floresta (RN). Foto de 2014.

Período de maré alta na praia Camacho, Maragogi (AL). Foto de 2013.

saiba mais O mar de Aral: um desastre ambiental Hoje, o Aral é uma grande porção de água salgada; no passado, porém, era um grande lago natural de água doce. O mar de Aral localiza-se em uma área desértica entre o Casaquistão e o ­Uzbequistão. Há quase cinco décadas, quando o governo soviético desviou dois rios que o alimentavam para irrigar plantios de algodão, iniciou-se o processo de deterioriação das águas do lago por agrotóxicos e pela destruição da floresta que cercava suas margens. A aceleração dos processos erosivos e o desvio das

Não escreva no livro.

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águas que abasteciam o lago aumentaram a salinidade da água. Os lençóis freáticos foram contaminados pelo sal e pelos agrotóxicos, impossibilitando os cultivos e elevando o número de doenças (como o câncer) na região. Atualmente, as águas do Aral estão salgadas e poluídas, e ele foi reduzido a um terço de sua extensão original. Essa situação mostra como o manejo inadequado dos recursos naturais pode causar grandes impactos ao meio ambiente.

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4/28/16 11:07 AM

Poluição das águas A poluição das águas é um problema mundial. Águas de superfície e subterrâneas são contaminadas por poluentes orgânicos (decomposição de plantas e animais), pelo esgoto doméstico e industrial, pelo lixo diretamente jogado nos corpos de água, por fertilizantes e agrotóxicos aplicados nas plantações, por substâncias tóxicas aplicadas em áreas de mineração, por acidentes com derramamento de petróleo, por resíduos industriais, etc.

A poluição dos cursos de água

Eutrofização: forte presença de nutrientes em um corpo de água e consequente proliferação de algas. Estas, ao entrarem em decomposição, aumentam a quantidade de microrganismos que deterioram a qualidade da água.

Rubens Chaves/Pulsar Imagens

Um dos principais tipos de poluição dos recursos hídricos é a poluição agrícola, causada pelo uso de agrotóxicos e de fertilizantes químicos. Os produtos químicos agrícolas atingem o solo por meio das plantas e também são levados pelas chuvas para os rios e mananciais, podendo penetrar o solo e atingir os lençóis freáticos. Os agrotóxicos, como fungicidas e pesticidas, contaminam rios, lagos e aquíferos após a irrigação das lavouras. Os fertilizantes poluem a água porque, ao aumentarem a quantidade de nutrientes (nitratos e fosfatos), provocam o processo conhecido como eutrofização. A poluição urbana atinge os corpos de água de diferentes formas: pelo despejo de resíduos industriais diretamente nos rios, lagos e no mar (prática proibida por lei) e despejo de esgoto e lixo doméstico sem tratamento nos cursos de água, sobretudo nas áreas onde as pessoas não têm acesso a saneamento básico (instalações sanitárias, rede coletora de esgotos, etc.). Vazamentos em postos de combustível também podem poluir os recursos hídricos que abastecem as cidades.

Trecho altamente poluído do rio Tietê, na cidade de Pirapora do Bom Jesus (SP). Foto de 2013.

Recuperação do Capibaribe O rio Capibaribe, um símbolo do estado de Pernambuco, foi fundamental para o desenvolvimento do Nordeste, sobretudo na época colonial, com a cultura da cana-de-açúcar. O rio, que banha a capital, Recife, já foi fonte de inspiração para poetas, escritores e cineastas. Hoje, o Capibaribe se encontra assoreado e poluído por lixo. Desde 2008, porém, a sociedade recifense tem se mobilizado para a recuperação do rio, cobrando das autoridades um plano de sustentabilidade hídrica para a bacia do Capibaribe (enormemente desmatada). 1. Com um grupo de colegas, faça uma pesquisa sobre os rios de sua região ou de sua cidade. Se existir algum curso de água que esteja poluí­do, procurem saber quais são as causas da poluição. Escrevam uma carta a alguma autoridade governamental, apresentando ideias para a possível recuperação do rio.

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Hans Von Manteuffel/Pulsar Imagens

Capítulo 9 – Hidrologia e hidrografia

ação e cidadania

Vista aérea do rio Capibaribe, ainda poluído, na cidade de Recife (PE). Foto de 2015.

Não escreva no livro.

4/28/16 11:07 AM

A poluição das águas marinhas As causas da degradação do meio marinho são várias. Entre elas, destacam-se as emissões de dejetos industriais, de águas residuais não tratadas, de material descarregado por navios em alto-mar, de resíduos provenientes de rios que contêm substâncias químicas nocivas e metais pesados, etc. O vazamento de petróleo, causado por acidentes com petroleiros ou em plataformas petrolíferas, provoca a morte de inúmeras espécies marinhas e outras consequências ambientais. Esses impactos são imediatos, porém a recuperação das áreas afetadas pode durar centenas de anos. Os resíduos sólidos, como embalagens plásticas e outros materiais não biodegradáveis (vidro, lata de alumínio, etc.), poluem os oceanos e mares. Lançados nas águas, podem machucar e sufocar tartarugas, peixes e outros animais marinhos.

180°

135°O

90°O

45°O



45°L

90°L

135°L

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Poluição oceânica 180°

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

45°N

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO Equador

Trópico de Capricórnio

OCEANO ATLÂNTICO Áreas suscetíveis a poluição por derramamento de óleo ou por outros poluentes ao longo das rotas de navegação

Meridiano de Greenwich



OCEANO PACÍFICO

OCEANO ÍNDICO 45°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Áreas com poluição permanente Grandes acidentes petrolíferos após 1985

Círculo Polar Antártico

0

2 630

5 260 km

Fonte de pesquisa: Charlier, Jacques (Dir.). Atlas du 21e siècle: nouvelle édition 2012. Paris: Nathan, 2011. p. 204.

As zonas mortas: o caso do mar Negro Zona morta é o nome dado a uma porção de água onde, devido ao excesso de nutrientes e matérias orgânicas, ocorreu uma intensa proliferação de algas e a consequente redução do nível do gás oxigênio, impossibilitando a manutenção da vida marinha. No mundo tem ocorrido um forte aumento da quantidade de zonas mortas marinhas, o que causa grande preocupação. Na década de 1970, animais marinhos começaram a aparecer mortos no litoral do mar Negro, perto da foz do rio Danúbio. Os cientistas verificaram então que uma grande zona morta havia se formado ali em decorrência do uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos nas plantações às margens do Danúbio. Desde a década de 1990, após a redução desse uso, as águas do mar Negro têm dado bons sinais de melhora.

Não escreva no livro.

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Photo12/AFP

saiba mais

Acima, mar Negro em imagem de satélite de 2013. A oeste, as áreas em azul mais claro correspondem à região da foz do rio Danúbio e às águas com maior concentração de partículas em suspensão.

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command na caixa com texto transparente abaixo

Não escreva no livro.

Revendo conceitos 1. O que é ciclo hidrológico? 2. Explique as etapas que compõem o ciclo hidrológico. 3. O que é bacia hidrográfica? Quais elementos a compõem? 4. Escolha três bacias hidrográficas brasileiras e estabeleça uma comparação entre elas. 5. Explique os processos pelos quais os rios se formam. 6. Qual é a diferença entre oceano e mar? 7. Como os mares são classificados? 8. Quais são as hipóteses aceitas para explicar a salinidade dos oceanos? 9. Qual é a diferença entre rio perene e rio intermitente? 10. Cite duas fontes de poluição hídrica e duas consequências dessa poluição para o meio ambiente.

Interpretando textos e imagens

12. Em novembro de 2015, ocorreu o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração de propriedade de uma grande empresa no município de Mariana (MG). Ao menos 19 pessoas morreram, e a lama de rejeitos, além de cobrir uma grande área, atingiu o rio Doce. O “tsunami de lama” percorreu cerca de 800 quilômetros do rio, até a foz, e contaminou também o mar. Considerando a extensão da área atingida, os impactos ambientais dificilmente poderão ser reparados em futuro próximo. Leia o texto, observe a foto e faça o que se pede. Rio arrasado, pesca inviabilizada, futuro assustador. Os pescadores que vivem na cidade de Tumiritinga (MG) e em outros municípios na rota da lama das barragens rompidas de Mariana, desamparados, são incapazes de imaginar os efeitos do desastre em suas vidas, mas sabem que eles foram imediatos. “A pesca acabou. Tiraram 100% do nosso sustento” [...]. “Eles não mataram só os peixes. A esperança de muitas famílias morreu naquele momento junto com esse rio. Se continuar do jeito que está, eles vão matar muitas famílias de fome.” Maia, Gustavo; Sevilla, Marcela. UOL Notícias, 21 nov. 2015. Disponível em: . Acesso em: 15 mar. 2016. Fabio Braga/Folhapress

Atividades

11. Leia o poema a seguir, do pernambucano João Cabral de Melo Neto, e, depois, responda às questões. O rio Os rios que eu encontro vão seguindo comigo. Rios são de água pouca, em que a água sempre está por um fio. Cortados no verão que faz secar todos os rios. Rios todos com nome e que abraço como a amigos. Uns com nome de gente, outros com nome de bicho, uns com nome de santo, muitos só com apelido. Mas todos como a gente que por aqui tenho visto: a gente cuja vida se interrompe quando os rios. Melo Neto, João Cabral de. O rio. In: Morte e vida Severina e outros poemas. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2008. p. 12-13.

a) Que tipos de rio são descritos no poema? b) Sob quais condições climáticas eles aparecem?

A contaminação por rejeitos de mineração e o aumento da turbidez causaram a mortandade de peixes e de outras espécies no rio Doce. Resplendor (MG). Foto de 2015.

a) Faça uma pesquisa em revistas e sites e reúna informações sobre o rompimento da barragem ocorrido em Mariana (MG), em 2015, e suas consequências. b) Converse com os colegas sobre os impactos socioambientais do desastre e elaborem uma lista relacionando-os de acordo com os prejuízos para as populações locais, para a fauna e a flora e para a economia.

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15. Observe o gráfico e responda às questões. Setup Bureau/ID/BR

13. Observe a charge e aponte os motivos que levaram a personagem a mudar a posição do guarda-chuva. Lute/Acervo do cartunista

Origem da poluição dos oceanos

20%

águas servidas transporte marítimo rejeitos líquidos industriais plataformas de petróleo

30%

dejetos sólidos atmosfera agricultura

20% 10% 5%

10%

5%

Fonte de pesquisa: Aurélien Loriau. Disponível em: . Acesso em: 20 abr. 2016.

a) Qual é a porcentagem que as atividades exercidas em terra firme representam na poluição marítima? b) Considerando os principais agentes poluidores mostrados no gráfico, onde o nível de poluição é maior: na orla litorânea ou em alto-mar? c) Pesquise sobre as providências que poderiam ser tomadas para reduzir a poluição marinha.

Lendo mapas e gráficos 14. Observe o mapa abaixo, identifique as regiões hidrográficas numeradas e escreva no caderno suas principais características quanto ao potencial hídrico.

16. Observe o mapa e faça o que se pede.

Campo Grande

MS

Atlântico NE Ocidental

1

P

iet ê

R

Promissão Ibitinga

SP

Presidente Epitácio

Rosana Taquaruçu Rio Ivaí

Rio P arana

pane ma

Barra Bonita Anhembi

Salto Grande

Hernandarias Itaipu

o

Pi

PR

Rio Iguaçu

qu

Santa Maria da Serra Rio Piracica ba

São Paulo

0

i ri

Atlântico Sudeste

20°S

125

Salto Santiago Curitiba

Foz do Iguaçu

5

Bariri

Pederneiras

Trópico de Capricórnio

Salto del Guaíra Guairá

Trechos navegáveis Trechos de pouca navegabilidade

20°S

Nova Avanhandava

io

Capivara

MG

Porto Colômbia

á

m Rio A amba í

PARAGUAI

4 Trópico de Capricórnio

Três Irmãos

Volta Grande

aji Tib

10°S

São Francisco Atlântico Leste

OCEANO PACÍFICO

Marimbondo

Panorama

Ri

2

São Simão

Rio

3

Atlântico NE Oriental

an Porto Primavera



48°O

Água Vermelha Rio T

Jupiá Três Lagoas

Bataguassu

Rio Ivinhema

Equador

riú cu Su

SE

do Par

SO

Rio

NE

a aíb an ar

Rio Grande

Ilha Solteira

e rd Ve

OCEANO ATLÂNTICO

NO

SE

o Ri

10°N

SO

GO ud oP eix e

Rio

40°O

NE

Pa r

50°O

Allmaps/ID/BR

60°O

NO

po ré o

o Ri

70°O

Rio A

54°O

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Bacia hidrográfica do rio Paraná (2014)

Brasil – Regiões hidrográficas

Eclusas BarragensSC

250 km OCEANO ATLÂNTICO

Sede municipal Capital de estado

Fonte de pesquisa: Ministério dos Transportes. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

Uruguai Atlântico Sul

30°S

0

460

920 km

40°S

Fonte de pesquisa: Agência Nacional de Águas. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2015.

a) Escreva no caderno o nome de três afluentes do rio Paraná. b) Analise o uso da bacia hidrográfica do rio Paraná pela sociedade com base no que você estudou neste capítulo e nas informações apresentadas pelo mapa. 125

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29/04/16 10:45

Em análise Construir um perfil topográfico

Thiago Lyra/ID/BR

Perfil topográfico é um gráfico que representa esquematicamente as variações de altitude ao longo de uma linha traçada sobre um mapa topográfico, que é um mapa de distribuição altimétrica. A imagem resultante é como um corte vertical solo adentro visto de lado. Esse tipo de perfil é utilizado como complemento de análise das características topográficas de um território. Ele ajuda a visualizar os contrastes e a disposição das diferentes unidades de relevo. Nos mapas topográficos são identificados intervalos de altitudes do relevo de uma porção da superfície terrestre. Esses intervalos são representados na forma de curvas de nível. Observe a ilustração a seguir. As diferentes altitudes do relevo representado são divididas em intervalos. Os intervalos dependem da escala: quanto maior a escala, menor o intervalo. Na representação cartográfica do relevo, esses intervalos aparecem na forma de curvas de nível, cada uma delas correspondente a uma altitude.

Representação do relevo no mapa topográfico mapa

mapa 1 600 1 400 elevação acima 1 200 do nível do mar 1 000 (m) 800 600 400

pico 300 250 200 150 100 50 0

fundo de vale

elevação acima do nível do mar (m)

Fonte de pesquisa: Diniz, Maria Ângela Vilaça. Análise do relevo para otimização do uso e ocupação do terreno utilizando SIG. 2002. p. 14. Monografia (Especialização) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

Para a construção do perfil topográfico, traça-se uma linha que passe pelo maior número possível de curvas de nível, para que a representação seja mais abrangente. As figuras abaixo mostram, de maneira simplificada, como é elaborado um perfil topográfico a partir de quaisquer curvas de nível. Sic/ID/BR

09_g_0199_200_201_202_EMG1_122_LA

m

1

3

50

100

escala vertical

200

0

m

150 100 50 A

B

eixo horizontal

2

0

Curvas de nível

A

B 100

m

50

B 100

50

A

0

m

Curvas de nível

1. Curvas de nível como a de um mapa topográfico. 2. Linha que servirá de direção para o perfil topográfico. 3. Perfil construído. Perceba a proporcionalidade das distâncias entre as curvas de nível nos desenhos e no perfil (linhas pontilhadas).

Fonte de pesquisa: Diniz, Maria Ângela Vilaça. Análise do relevo para otimização do uso e ocupação do terreno utilizando SIG. 2002. p. 14. Monografia (Especialização) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

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Não escreva no livro.

29/04/16 13:50

Proposta de trabalho Para esta atividade, você precisará de uma régua e de papel milimetrado (ou quadriculado). 1. Com a régua, meça as distâncias entre as curvas de nível ao longo da linha traçada no mapa abaixo. Transfira esses dados para o papel milimetrado, marcando essas distâncias em um eixo horizontal. 2. Trace no papel milimetrado um eixo vertical. Defina a medida, em centímetro, correspondente a 20 metros de

altitude, que é, neste exercício, a diferença de altitude entre as curvas de nível do mapa. Essa será a escala vertical do perfil. 3. Marque os pontos de intersecção entre as curvas de nível e as altitudes correspondentes. 4. Una os pontos com uma linha contínua.

Allmaps/ID/BR

Niterói (RJ) – Morro do Pico e arredores – Mapa topográfico Praça Nossa Sra. da Conceição

Morro do Pico

100 m

A

10 0 m

0

m

20

0 10

m

m

0 10

B

10 0 m

Fonte de pesquisa: Google Maps. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2015.

5. Construído o perfil topográfico, identifique e analise os elementos abaixo.

a) as principais formas do relevo representadas; b) as áreas mais íngremes e as mais suaves do relevo. Um grande espaçamento entre as curvas de nível significa que a declividade é baixa (relevo mais suave). Se o espaçamento é pequeno, o relevo apresenta-se mais íngreme; c) o ponto com maior altitude e o ponto com menor altitude da área. Não escreva no livro.

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Síntese da Unidade Capítulo 6

Estrutura geológica da Terra

••Com base no esquema abaixo, escreva frases que sintetizem o conteúdo do capítulo. resfriamento da Terra e organização em camadas

minerais

rochas

tectônica de placas e vulcanismo

Capítulo 7

Relevo

••Copie o quadro-síntese abaixo no caderno e, em seguida, preencha-o com as informações do capítulo.

Formas e relevo Origem das formas de relevo Atuação dos agentes internos e externos Causas da erosão e do deslizamento de encostas Formas dos relevos continental e oceânico Compartimentos do relevo brasileiro

Capítulo 8

Os solos

••Com base nas imagens, escreva no caderno um pequeno texto sintetizando Thiago Lyra/ID/BR

Delfim Martins/Pulsar Imagens

os principais assuntos desenvolvidos ao longo do capítulo.

A E B C rocha 

Fonte de pesquisa: Leinz, Viktor et al. Geologia geral. São Paulo: Ed. Nacional, 2003. p. 68.

Desertificação em Gilbués (PI). Foto de 2013.

Capítulo 9

Hidrologia e hidrografia

••Escreva duas ou três frases usando as palavras-chaves ou expressões abaixo, sintetizando as informações do capítulo. Infiltração Bacia hidrográfica Águas oceânicas Ciclo hidrológico Água doce

·· ·· ·· ·· ··

··Poluição urbana ··Marés ··Rio principal e rios afluentes ··Bacias hidrográficas brasileiras ··Poluição agrícola

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Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

Vestibular e Enem 1. (Uece) Assinale a alternativa que contém, apenas, rochas cristalinas e de consolidação muito antiga (Pré-Cambriano). a) Arenito, gnaisse e mármore. b) Quartzo, calcário e granito. c) Gnaisse, granito e quartzito. d) Mármore, mica e arenito.

Enem/2000. Fac-símile: ID/BR

2. (Enem) O gráfico abaixo representa o fluxo (quantidade de água em movimento) de um rio, em três 09_g_0208_EMG1_125_LA regiões distintas, após certo tempo de chuva.

Fluxo fluvial

agrícola floresta regenerada floresta natural

0

30 Tempo depois que a chuva começa (min)

60

Comparando-se, nas três regiões, a interceptação da água da chuva pela cobertura vegetal, é correto afirmar que tal interceptação: a) é maior no ambiente natural preservado. b) independe da densidade e do tipo de vegetação. c) é menor nas regiões de florestas. d) aumenta quando aumenta o grau de intervenção humana. e) diminui à medida que aumenta a densidade da vegetação. 3. (Enem) As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré-Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a do São Francisco. Ross, Jurandyr Luciano Sanches. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.

As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arcabouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que

atraí­ram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por: a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês). b) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro. c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país. d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em reservas de petróleo e gás natural. e) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura. 4. (Uespi) Uma das principais atitudes que prejudicam as florestas é o desmatamento. Metade das florestas do mundo, segundo estimativas internacionalmente aceitas, já foi destruída. Entre as consequências principais desse processo, podem ser citadas as seguintes, exceto: a) enchentes dos rios. b) diminuição da biodiversidade. c) decréscimo do assoreamento dos canais fluviais. d) proliferação de pragas e doenças. e) empobrecimento dos solos. 5. (Enem) Algumas medidas podem ser propostas com relação aos problemas da água: I. Represamento de rios e córregos próximo às ­cidades de maior porte. II. Controle da ocupação urbana, especialmente em torno dos mananciais. III. Proibição do despejo de esgoto industrial e doméstico sem tratamento nos rios e represas. IV. Transferência de volume de água entre bacias hidrográficas para atender as cidades que já apresentam alto grau de poluição em seus mananciais. As duas ações que devem ser tratadas como prioridades para a preservação da qualidade dos recursos hídricos são: a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. 6. (Ufam) O gabro e o granito são exemplos de rochas: a) magmáticas vulcânicas. b) magmáticas extrusivas. c) magmáticas plutônicas. d) metamórficas. e) sedimentares detríticas. 129

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09_c_0209_EMG1_126_LA

Vestibular e Enem d) O plantio de espécies leguminosas intercaladas entre os cultivos permanentes, como o café, garante o equilíbrio orgânico do solo e o protege da erosão. e) Os solos se desenvolvem a partir de um processo lento de intemperismo físico e químico sobre uma determinada rocha e sob a influência de se­­res vivos. 9. (PUC-RS) [...] analise o corte esquemático (croqui) a seguir, que mostra as camadas internas da Terra. PUC-RS/2014. Fac-símile: ID/BR



Unifesp/2009. Fac-símile: ID/BR

7. (Unifesp) Observe o mapa.

Planaltos Depressão Planícies

650 km

Fonte de pesquisa: Ross, 2000. (Adaptado.)

8. (PUC-RJ) O solo não é estável, nem inerte; muito pelo contrário: constitui um meio complexo em perpétua transformação, submetendo-se a leis próprias que regem sua formação, sua evolução e sua destruição. Forma-se no ponto de contato da atmosfera, da litosfera e da biosfera; participa intimamente nesses mundos tão diversos, pois mantém relações constitutivas com o mundo mineral, assim como com os seres vivos.

No croqui, a camada identificada com o número 2 corresponde \\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\ do planeta. a) à crosta d) ao manto b) à litosfera e) ao núcleo 09_c_0211_EMG1_127_LA c) à astenosfera 10. (UFMA) Com base na figura abaixo, identifique as feições topográficas orientadas pelas direções cardeais e colaterais. N

Dorst, Jean. Antes que a natureza morra: por uma ecologia política. São Paulo: Edusp, 1973.

A partir do texto acima, assinale a alternativa que não está correta. a) Em áreas desmatadas, a velocidade de escoamento superficial é acelerada, e a água diminui sua capacidade de transportar partículas sólidas em suspensão. b) As características do solo estão relacionadas com as formas de relevo e a drenagem da água dos terrenos. c) O tipo de solo predominante no Brasil é o latossolo, próprio das regiões de clima quente e úmido, devido ao processo intenso de lavagem e dissolução dos sais minerais que o compõem – a lixiviação.

UFMA/2008. Fac-símile: ID/BR

Assinale a alternativa que contém as formas de relevo predominantes em cada porção do território brasileiro indicada, de acordo com a classificação de Ross. a) Faixa litorânea: depressões. b) Amazônia Legal: planícies. c) Fronteira com o Mercosul: planaltos. d) Região Sul: planícies. e) Pantanal: planaltos.

15

7 8 9 14

E

W8

Legenda Curvas de nível

14

9

10

11

12

13

S

10 11 12 13

12

11 10

a) Terreno íngreme ao nordeste e aplainado a oeste e leste. b) Terreno aplainado ao noroeste e íngreme ao su­ doeste e leste.

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Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

c) Terreno íngreme ao oeste e leste e aplainado ao norte. d) Terreno aplainado ao norte e íngreme ao noroeste e sudeste. e) Terreno íngreme ao sudeste e sudoeste e aplainado a nordeste.

c) No Brasil, embora os abalos sísmicos sejam de baixa magnitude, é possível ocorrer uma grande catástrofe, uma vez que o país está situado próximo à zona de contato das placas de Nazca e da Sul-Americana. Já, na China, os abalos sísmicos são intensos devido à acomodação de suas estruturas rochosas. d) No Brasil, os abalos sísmicos são de baixa magnitude, pois o país está situado no centro de uma grande placa tectônica. Os tremores são provocados pelo reflexo de fortes abalos com epicentro nas zonas de contato entre as placas do Pacífico e da Sul-Americana e, também, pela acomodação de algumas estruturas rochosas. Já, na China, os abalos sísmicos são intensos devido à proximidade com a zona de contato das placas tectônicas Euro-Asiática e Norte-Americana.

11. (UFU-MG) Leia os trechos a seguir e observe o mapa abaixo. “A verdade é que os brasileiros em geral, desacostumados com terremotos, nunca estiveram prontos para encarar algumas manifestações, mesmo que leves, das consequências geradas pelos fenômenos sísmicos. [...]” “Apesar de estarem relativamente acostumados com eventos sísmicos, os chineses foram pegos de forma surpreendente pelo tremor de terra de 8 graus na escala Richter que atingiu a província de Sichuan, a sudoeste do país, no dia 12 de maio de 2008. [...] mais de 80 mil habitantes da cidade e da região perderam suas vidas [...].”

UFU-MG/2008. Fac-símile: ID/BR

Dirani, Claudio. Balanço brasileiro. Descobrindo Geografia, São Paulo, Escala Educacional, ano 4, n. 21, p. 18-22, 2008.

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. p. 66. In: Dirani, Claudio. Balanço brasileiro. Discutindo Geografia, ano 4, n. 21.

Considerando o mapa de placas tectônicas e os trechos sobre terremotos, marque a alternativa correta. a) No Brasil, os abalos sísmicos são de baixa magnitude, pois o país está situado no centro de uma grande placa tectônica – a placa Sul-Americana. Os tremores são provocados pelo reflexo de fortes abalos com epicentro nas zonas de contato e, também, pela acomodação de algumas estruturas rochosas. Já, na China, os abalos sísmicos são intensos devido à proximidade com a zona de contato das placas tectônicas. b) No Brasil, os abalos sísmicos são de baixa magnitude, pois o país está situado no centro de uma grande placa tectônica – a placa de Nazca. Os tremores são provocados somente pelo reflexo de fortes abalos com epicentro nas zonas de contato. Já, na China, os abalos sísmicos são intensos devido à proximidade com a zona de contato das placas da Arábia e da Africana.

12. (UFG-GO) Os divisores de água constituem uma importante referência para a delimitação de uma bacia hidrográfica. Ao utilizar como parâmetro a distribuição das bacias hidrográficas brasileiras, nota-se que os rios formadores das bacias Amazônica e Tocantins-Araguaia são originários de três divisores de água principais. Esses divisores são os seguintes: a) Serra da Canastra, planalto Meridional e planalto Atlântico. b) Serra do Espinhaço, serra Geral e Chapada Diamantina. c) Planalto da Borborema, planalto Meridional e serra da Mantiqueira. d) Cordilheira dos Andes, planalto das Guianas e planalto Brasileiro. e) Planalto Atlântico, planalto da Borborema e serra do Espinhaço. 13. (Enem) A ação humana tem provocado algumas alterações quantitativas e qualitativas da água:

I. Contaminação de lençóis freáticos. II. Diminuição da umidade do solo. III. Enchentes e inundações. Pode-se afirmar que as principais ações humanas associadas às alterações I, II e III são, respectivamente: a) uso de fertilizantes e aterros sanitários/lançamento de gases poluentes/canalização de córregos e rios. b) lançamento de gases poluentes/lançamento de lixo nas ruas/construção de aterros sanitários. c) uso de fertilizantes e aterros sanitários/desmatamento/impermeabilização do solo urbano. d) lançamento de lixo nas ruas/uso de fertilizantes/ construção de aterros sanitários. e) construção de barragens/uso de fertilizantes/ construção de aterros sanitários. 131

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Geografia, História e Biologia

Há cerca de 50 anos, um grupo de pesquisadores, liderado pela arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, descobriu um conjunto de pinturas rupestres no sudeste do estado do Piauí. Desde então, investigações vêm sendo realizadas na região e novos sítios arqueológicos continuam a ser descobertos. Em 1979, o governo federal criou o Parque Nacional da Serra da Capivara e, em 1991, a Unesco declarou a região Patrimônio Cultural da Humanidade. Na serra da Capivara, está a maior concentração de sítios arqueológicos pré-históricos das Américas conhecidos até a atualidade.

Sítios arqueológicos Um sítio arqueológico é um local no qual homens deixaram algum vestígio de suas atividades: uma ferramenta de pedra, uma fogueira na qual assaram sua comida, uma pintura, uma sepultura ou a simples marca de seus passos.

Andre Dib/Pulsar Imagens

Povos pré-históricos e a megafauna sul-americana

Pintura rupestre no sítio arqueológico Toca do Boqueirão, no Parque Nacional da Serra da Capivara em São Raimundo Nonato (PI). Foto de 2013.

Na região do Parque Nacional, atualmente estão cadastrados 1 334 sítios, dos quais 1 028 com arte rupestre, sendo 735 sítios com pinturas, 206 com pinturas e gravuras e 87 somente com gravuras, 306 sítios são aldeias, oficinas líticas e alguns são já do período histórico. Esses números não são definitivos, pois continuamente são descobertos novos sítios no Parque Nacional e seu entorno. [...]

Fundação Museu do Homem Americano. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

Os sítios com pinturas rupestres do Parque Nacional [da] Serra da Capivara, como toda obra de arte exposta ao ar livre, encontram-se em permanente processo de degradação. Em alguns sítios, determinados fatores naturais ou antrópicos agem, acelerando a degradação da rocha ou das pinturas. É preciso, então, encontrar meios de neutralizar a ação destes agentes destruidores para que se possa prolongar por muito tempo a vida destes insubstituíveis documentos pré-históricos. Os pigmentos das pinturas são elementos minerais, similares às rochas, por isso persistem até hoje. Só que estes elementos também passam por processos de degradação natural provocados, sobretudo, pela ação da água que, em geral, quando passa, arrasta parte dessas substâncias. Alguns insetos (vespas, marimbondos, cupins), microrganismos e vegetais também provocam a destruição de sítios com pinturas. Os insetos constroem ninhos muitas vezes sobre as pinturas. Esses ninhos são feitos com argila, restos vegetais e saliva animal. Com o passar do tempo esses ninhos petrificam e recobrem definitivamente painéis com pinturas. O problema mais intenso e mais grave de destruição atinge o próprio suporte rochoso. A rocha é de tipo sedimentar, formada de um arenito muito poroso e cimentada com uma matriz feldspática-quartzítica.

Andre Dib/Pulsar Imagens

Preservação do patrimônio cultural

Vista de formação em arenito no Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI). Foto de 2013.

Ela desagrega-se muito facilmente com a ação da água, [do] vento e variações bruscas de temperatura, típicas de clima semiárido: um Sol escaldante ao meio-dia com temperaturas de até 48 graus e noites frescas com temperaturas variando entre 15-20 graus. [...] A situação dos sítios de arte rupestre do Parque Nacional [da] Serra da Capivara seria bem diferente se não houvesse uma destruição acelerada do patrimônio natural. A preservação dos sítios com pinturas depende diretamente da preservação da fauna e flora da região. A maioria dos agentes causadores da destruição dos sítios é consequência de um desequilíbrio ecológico com quebra da cadeia alimentar. O caso dos cupins ilustra bem esta situação. A caça desordenada de animais (tamanduá, tatu) que se alimentam de cupim fez com que houvesse um aumento considerável destes, que hoje constroem suas galerias sobre pinturas. [...]

Fundação Museu do Homem Americano. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

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Paleontologia As pesquisas paleontológicas na serra da Capivara iniciaram-se em 1991 com os paleontólogos franceses dr. Claude Guérin, da Universidade Claude Bernard – Lyon I, e a dra. Martine Faure, da Universidade Lumière – Lyon 2. Em suas pesquisas, eles identificaram uma rica fauna composta por animais viventes e extintos, propondo que alguns destes últimos ocorriam exclusivamente na serra da Capivara. Segundo as datações disponíveis até o momento, os mamíferos de grande porte, chamados de megafauna, habitaram a região desde o final do Pleistoceno até o início do Holoceno. [...]

A megafauna pleistocênica da região do Parque Nacional da Serra da Capivara Há cerca de 60 milhões de anos, a América do Sul era uma ilha, assim como é hoje a Austrália. Mudanças geológicas geraram alterações dramáticas no relevo terrestre, como a elevação da cordilheira dos Andes, iniciada há cerca de 35 milhões de anos, e a formação de uma ponte intercontinental, a América Central, que

comunicou as Américas do Norte e do Sul por volta de 1,8 [...] [milhão] de anos. Essa ligação entre as terras do norte e do sul possibilitou idas e vindas das faunas dos diferentes territórios, evento que ficou conhecido como Grande Intercâmbio Biótico Americano. Foi por esse caminho que chegaram até o nosso território animais como porcos-do-mato, lhamas, raposas, veados, onças, antas, entre outros. E, no caminho contrário, foram para o norte animais como preguiças, tamanduás, tatus e gambás. Na região do Parque Nacional da Serra da Capivara, estão representados vertebrados da chamada megafauna sul-americana, caracterizada principalmente pelo gigantismo de algumas formas, como preguiças, gliptodontes, toxodontes, mastodontes, entre outros. Esses grandes animais foram extintos na transição Pleistoceno/Holoceno, há cerca de 10 000 anos. A causa dessa grande extinção é um tema bastante discutido pelos cientistas que ainda não possuem um consenso sobre o tema. Sabe-se que nesse período houve drásticas alterações climáticas em todo o continente e o crescimento das populações humanas, fatores que podem ter contribuído para o declínio dessa fauna.

Catmando/Shutterstock.com/ID/BR

Fundação Museu do Homem Americano. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

Navegue Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) Fundação criada para a preservação do patrimônio histórico e natural do Parque Nacional da Serra da Capivara. No site, há importantes informações sobre a história geológica, humana, da fauna e da flora da região. Disponível em: . Acesso em: 16 mar. 2016.

A ilustração mostra o Eremotherium rusconii, um mamífero herbívoro que pesava mais de cinco toneladas e que foi extinto há cerca de 10 mil anos.

atividades

1. Explique quais são os fatores naturais e os de origem antrópica citados no texto que ameaçam a preservação dos sítios arqueológicos do Parque Nacional da Serra da Capivara. 2. Identifique o período geológico em que a América Central se formou e explique como sua formação interferiu na fauna do continente americano.

Não escreva no livro.

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unidade

3 Nesta unidade 10 O mundo rural 11 O espaço rural brasileiro 12 O campo e o acesso à terra 13 A modernização da agricultura 14 Brasil: potência agropecuária

Espaço agrário O mundo rural está estreitamente relacionado à natureza. Mas sua base natural, como o solo, o relevo e o clima, por si só não explica as práticas agropecuárias, a variedade de cultivos ou as maneiras de apropriação da terra. O espaço agrário também está intimamente ligado à organização da sociedade e ao nível de desenvolvimento econômico. Para entender o mundo rural hoje é preciso levar em conta o sistema capitalista. A agropecuária moderna alcança ampla produção e gera grande riqueza. Mas não resolveu a questão da fome no mundo e causa graves problemas ambientais. É a forma de inserção de cada país ou região nesse sistema que pode explicar a desigualdade de acesso aos alimentos ou à terra. Questões para refleTIR

1. Qual é a vantagem do uso de máquinas como as mostradas na foto ao lado? 2. Quais problemas ambientais podem ser causados pela aplicação de técnicas modernas na agricultura? Imagem da página ao lado: Colheitadeiras em plantação de algodão, Costa Rica (MS). Foto de 2015. 134

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Gerson Sobreira/Terrastock

IMAGEM

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capítulo

10 o que você vai estudar Transformações no campo. A diversidade do mundo rural. Diferenças na produção agrícola. Sistemas de produção agrícola no mundo.

O mundo rural As atividades ligadas ao campo são as que ocupam as maiores porções da superfície dos continentes. A agricultura e a criação de animais são praticadas de várias formas, seja por meio de sistemas mais tradicionais, seja por meio de técnicas avançadas, resultando em diferentes volumes de produção e também impactos ambientais de escalas variadas (local, regional ou global). Atualmente, grande parte da população mundial consome uma variedade maior de produtos oriundos das mais diferentes regiões. Isso explica por que a localização geográfica não é mais determinante no regime alimentar. Empresas multinacionais têm se instalado nas áreas rurais de países da África, América Latina e Ásia, onde há solos mais férteis, climas menos rigorosos e abundância de recursos hídricos. Nesses países, essas empresas compram terras e implantam sistemas e técnicas para ampliar a capacidade produtiva dos solos. No entanto, esse tipo de produção nem sempre beneficia a população local. Apesar do crescimento da produção agrícola ao longo das últimas décadas, em 2014, de acordo com o Banco Mundial, mais de 78% da população mais pobre e carente do mundo vivia em áreas rurais, onde são insuficientes as políticas de melhoria de qualidade de vida da população. Um dos fatores que explicam a pobreza no campo é a desigualdade no acesso à terra e às novas tecnologias: pequenos proprietários de terra poderiam, por exemplo, ter novas técnicas disponíveis assim como políticas de crédito para ampliar sua produção.

180°

135°O

90°O

45°O

0° 45°L 90°L OCEANO GLACIAL ÁRTICO

135°L

180°

Círculo Polar Ártico

NO

NE

SO

SE

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – População rural por país (2014)

45°N

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO Meridiano de Greenwich

Equador

OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio

População rural do total da população por país (%) de 64,0 a 100 de 47,0 a 63,9 de 32,0 a 46,9 de 16,0 a 31,9 de 0 a 15,9 sem dados disponíveis

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO



OCEANO ÍNDICO

45°S

Círculo Polar Antártico

0

3 080

6 160 km

Fonte de pesquisa: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Disponível em: . Acesso em: 4 nov. 2015.

Observe o mapa e responda às questões. 1. Em qual continente há mais pessoas vivendo em áreas rurais? Em qual há menos? 2. A elevada população rural pode ser considerada um indicativo do nível de desenvolvimento de um país? Discuta com um colega e escreva uma síntese de suas conclusões. 136

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Transformações no campo Universal History Archive/UIG/Bridgeman Images/Easypix

No processo de formação do capitalismo, na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, uma das características que se tornaram mais marcantes foi a transformação da agricultura e sua consequente adequação ao modo capitalista de produção. A agricultura passou a produzir mercadorias excedentes, com o objetivo de acumular capital visando ao lucro. Na Inglaterra, ocorreram profundas mudanças na agropecuária, especialmente com os cercamentos das terras comunais, que foram transformadas em fazendas de criação de ovelhas. Milhares de camponeses foram expulsos, migrando para as cidades, onde muitos se tornaram operários nas indústrias que estavam surgindo. Esse fato foi fundamental para a Primeira Revolução Industrial e a consolidação do capitalismo. Mas o capitalismo não destruiu integralmente as comunidades camponesas e a agricultura tradicional. Por meio da mercantilização, paulatinamente a agricultura tradicional foi transformando-se em agricultura comercial. Os camponeses, que antes produziam apenas para a subsistência e comercializavam um pequeno excedente, passaram a produzir para o mercado, ainda de forma tradicional, mas inseridos no comércio mais amplo. A inserção das relações capitalistas de produção no seio do campesinato teve um aspecto contraditório: ao mesmo tempo que transformava parte dos camponeses em ricos agricultores, transformava outra parte em agricultores empobrecidos e sem terra para plantar. Estes migravam para as cidades ou passavam a trabalhar como empregados daqueles que enriqueciam. A luta pela terra tornou-se uma das principais formas de resistência do campesinato no mundo, uma maneira de resistir às relações capitalistas que muitas vezes levavam à sua destruição como grupo social. Os camponeses tiveram papel fundamental nas revoluções e revoltas sociais do século XX, tais como a Revolução Mexicana (1910), que propunha uma reforma agrária por meio do desmembramento das haciendas (grandes propriedades rurais, os latifúndios mexicanos). Os camponeses também desempenharam papel central em outras revoluções no século XX, como a Revolução Russa (1917), a Cubana (1959), a Vietnamita (1965-1975) e a Nicaraguense (1979). Mesmo com a intensa urbanização, diversos movimentos sociais rurais têm alcançado grande importância nos países da América Latina, África e Ásia. Ainda hoje, a luta pela terra é uma bandeira presente nesses movimentos.

Propriedade de David Wells, gravura em metal (dimensões não disponíveis). A gravura de 1750 mostra cercamento de terras em Burbage, Leicestershire, Inglaterra.

Alan Oxley/Getty Images

Campesinato: grupo social cuja economia se baseia no trabalho familiar estabelecido no campo e que se dedica à produção agrícola.

Trabalhadores rurais na província de Pinar del Rio, Cuba. Após a Revolução Cubana, mais de três milhões de hectares de terras foram expropriados e transformados em cooperativas sob o controle do governo. Foto de 1961. Não escreva no livro.

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A diversidade no mundo rural

De Agostini/Getty Images

Sylvain Cordier/Biosphoto/AFP

O intenso processo de urbanização mundial ocorrido no século XX transformou significativamente o campo. A modernização da agricultura, em conjunto com a industrialização nas cidades, levou ao êxodo rural, aumentando a população urbana e diminuindo a rural. Nesse período, ocorreu também a subordinação da produção agrícola ao processo agroindustrial, cuja expansão também afetou profundamente outros grupos sociais no campo: comunidades quilombolas e indígenas, por exemplo, perderam parte considerável de suas terras, processo que acarretou na extinção de culturas e modos de vida. No mundo existem sistemas de produção rural muito diversificados. Em países com economias desenvolvidas, como os Estados Unidos, a Alemanha e a Austrália, as áreas destinadas à agropecuária são modernas e urbanizadas, e a população rural é reduzida.

Plantação de trigo que utiliza modernas técnicas de cultivo em Denver, Estados Unidos. Foto de 2014.

Em vários países em desenvolvimento, a população rural ainda é muito numerosa e a agropecuária tem uma participação importante na economia e na organização social. É o caso da China, da Índia e de outros países asiáticos e africanos. Existem grandes diferenças também entre os tipos de cultivo e criação, entre os tamanhos das propriedades e entre as técnicas e tecnologias empregadas (como fertilizantes, defensivos e maquinaria). Assim, existem propriedades onde a aplicação de tecnologia é elevada e a produtividade é alta; em outras, utilizam-se sistemas tradicionais de cultivo. As diferenças ocorrem também nas relações de trabalho, destacando-se o trabalho assalariado e o trabalho familiar. No entanto, em certas regiões persiste o trabalho escravo, universalmente considerado uma violação dos direitos humanos. Essas diferenças são fundamentais para o entendimento da organização do espaço rural no mundo.

Capítulo 10 – O mundo rural

saiba mais As condições naturais As atividades econômicas do campo devem ser planejadas de modo que o produtor ou empresário considere condições dos solos, recursos hídricos disponíveis, frequência das chuvas, desnível do terreno e médias térmicas. Mesmo com o avanço das tecnologias, as condições ambientais são fatores que podem comprometer a produção. Em países tropicais, o uso de defensivos tende a ser mais intenso que nos países temperados, pois a quantidade de pragas que atacam as lavouras é maior nos climas quentes. O tempo da colheita também está associado com as condições climáticas. Em países de dimensões continentais, localizados na faixa tropical, como o Brasil, a colheita dura praticamente o ano todo. Há também as produções especializadas, ligadas às “condições geográficas de origem”, como alguns tipos de vinhos, queijos, cafés e azeites.

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Agricultores semeiam a terra em Dongchuan, China. Apesar de o país ser um dos maiores produtores agrícolas mundiais, grande parte da população chinesa pratica a agricultura tradicional. Foto de 2014.

Comunidade quilombola: comunidade remanescente de quilombo, local onde se abrigavam escravos fugidos no período de escravidão no Brasil. Hoje, tais grupos conservam tradições e crenças religiosas de seus antepassados.

Navegue Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – Divisão Estatística (Faostat) Esse site da FAO traz informações e estatísticas sobre a produção agrícola no mundo (em inglês). Disponível em: . Acesso em: 26 out. 2015.

Não escreva no livro.

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Diferenças na produção agrícola Podemos diferenciar os tipos de agricultura quanto à finalidade, à técnica (que inclui também o uso ou não de produtos químicos) e à mão de obra.

Quanto à finalidade Agricultura de subsistência: as produções agrícola e pecuária são voltadas para o consumo dos produtores, sendo comercializado apenas o excedente de produção. Agricultura comercial: tem como objetivo a comercialização do que se produz visando ao lucro e possui uma integração intensa com o mercado. Existem tanto a pequena agricultura e a pecuária feita por produtores familiares quanto a grande agropecuária realizada por empresas ou grandes proprietários de terras.

Quanto à técnica

Insumo: fertilizantes, implementos agrícolas (plantadeiras, colheitadeiras, arados, pulverizadores) e defensivos (agrotóxicos, inseticidas, herbicidas, vermífugos).

Quanto à mão de obra Agricultura patronal: é aquela na qual a mão de obra principal provém da contratação de trabalhadores assalariados. Normalmente, os empregadores são empresas agrícolas que utilizam técnicas modernas. Agricultura familiar: nela predomina o trabalho dos membros da família e pode ser de subsistência, comercial, tradicional, moderna ou orgânica. Destacam-se dois tipos de agricultura familiar no mundo: a agricultura camponesa e o farmer estadunidense. Na camponesa, a família produz para si mesma e para um mercado local, normalmente objetivando o sustento da própria família, e não o lucro. Já o farmer estadunidense constitui-se na agricultura familiar voltada para a ampliação da produtividade e do lucro, estando amplamente integrada à cadeia produtiva capitalista.

Gerson Gerloff/Pulsar Imagens

Agricultura tradicional: utiliza poucos recursos técnicos, pouca inovação tecnológica e se apoia em conhecimentos transmitidos entre gerações de agricultores. Normalmente, emprega grande quantidade de mão de obra e apresenta baixa produtividade. Tais características são mais comuns na agricultura de subsistência, mas também estão presentes na agricultura comercial. Agricultura moderna: utiliza os avanços da Revolução Verde, nome dado ao processo de mecanização da agricultura ocorrido a partir da década de 1950. A Revolução Verde consistiu no desenvolvimento de máquinas para o preparo do solo, de técnicas de produção de sementes e de produtos químicos para as plantações e criações de animais. Estabelecia-se, assim, uma relação entre a pesquisa científica, a indústria química e a agricultura.

A agricultura moderna baseia-se em uma estreita relação com o mercado: a produção é vendida a grandes empresas agroindustriais e o cultivo é praticado com os insumos comprados. Os países que dispõem de poucos recursos financeiros para desenvolver tecnologia própria estabelecem uma relação de dependência econômica, de maquinários e de insumos com os países desenvolvidos. Agricultura orgânica: sua principal característica é a utilização da terra de forma sustentável, ou seja, preservando os recursos naturais e não poluindo o meio ambiente. No lugar da aplicação de fertilizantes e agrotóxicos, são usadas técnicas naturais de adubação (geralmente à base de esterco), além de métodos não agressivos para o controle de pragas.

O consumo de produtos orgânicos tem crescido muito nos últimos anos no Brasil. Feira livre em Bagé (RS), em que são comercializados apenas alimentos orgânicos. Foto de 2014. Não escreva no livro.

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Sistemas de produção agrícola no mundo

População Economicamente Ativa (PEA): população em idade ativa que exerce atividade ou ocupação remunerada. Inclui tanto as pessoas que trabalham quanto aquelas que estão desempregadas, mas procurando emprego.

Uma característica que diferencia os países em desenvolvimento dos países desenvolvidos é a participação da População Economicamente Ativa (PEA) na agricultura. Ao contrário dos países desenvolvidos, os países em desenvolvimento possuem uma parcela significativa de sua população vivendo no campo. Nesses países, o processo de modernização agrícola levou a um êxodo rural intenso, causando uma série de problemas nas cidades. Mesmo considerando o número de pessoas que deixam o campo, ainda é grande o número de pessoas que vivem nas áreas rurais. Em alguns países, existem políticas públicas voltadas para a manutenção das populações rurais no campo, seja por meio de subsídios às atividades agrícolas, seja pela melhoria das condições de vida nesses lugares (construção de escolas, investimento em transporte público, implementação de saneamento básico, etc.). Observe o mapa abaixo, que localiza e caracteriza, de forma genérica, as atividades agropecuárias no mundo. Alguns tipos de atividade agropecuária são mais comuns nos países em desenvolvimento, como a agricultura primitiva de subsistência, a agricultura intensiva de subsistência e o pastoreio. Essas atividades são comuns, por exemplo, em países dos continentes asiático e africano. Nas chamadas economias desenvolvidas, por sua vez, predominam outros sistemas agrícolas, como a pecuária intensiva e a agricultura associada à criação. Esses tipos de atividades são comuns em países da Europa e nos Estados Unidos.

Navegue Revista Agrária O site da revista digital da USP contém artigos e resenhas sobre questões agrárias no Brasil e no mundo. Disponível em: . Acesso em: 18 mar. 2016.

Mundo – Agropecuária (2012) 135°O

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Meridiano de Greenwich

OCEANO PACÍFICO

Capítulo 10 – O mundo rural

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

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OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Agricultura primitiva de subsistência

Pastoreio

Agricultura intensiva de subsistência

Pecuária extensiva

Agricultura comercial de produtos tropicais

Pecuária intensiva

Agricultura comercial de cereais

Agricultura associada à criação

Agricultura mediterrânea

Áreas não utilizadas

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2 435

4 870 km

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 30.

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Denis-Huot Michel/hemis.fr/AFP

Agricultura na Ásia e na África

Tony Karumba/AFP

A península Arábica, o norte da África e a região central da Ásia são exemplos de como a localização geográfica exerce influência sobre os tipos de produção agrícolas: nessas regiões, predomina o pastoreio nômade devido à infertilidade do solo, à altitude e à baixa pluviosidade, que dificultam e impedem, em algumas áreas, o desenvolvimento da agricultura intensiva. A inserção agrícola dessas regiões na economia mundial não ocorre também devido aos baixos investimentos tecnológicos pelos governos locais, à situação de fragilidade das economias nacionais e à elevada desigualdade social. Na Ásia, há uma grande disparidade quanto à implementação de tecnologia na agricultura: o Japão, apesar de grande importador de matérias-primas, otimiza ao máximo as poucas áreas de cultivo, enquanto a Índia, a Indonésia e a Tailândia ainda mantêm grande parcela Em terrenos muito inclinados, a jardinagem é feita utilizando o terraceamento, uma técnica agrícola de conservação do solo que da população na área rural e, nesses países, as áreas que o protege da erosão hídrica e amplia as áreas de cultivo. recebem mais insumos e tecnologias são aquelas cuja Rizicultura em terraços na província de Yen Bai, Vietnã. Foto de 2014. produção é destinada à exportação. No Sudeste Asiático, é praticada a jardinagem, normalmente em áreas de planície, onde se produzem o arroz e outros vegetais. Nesse sistema, utilizam-se intensa mão de obra e técnicas modernas de adubação e irrigação. A aplicação de novas tecnologias na agricultura de jardinagem, sobretudo na rizicultura, pode aumentar significativamente a produtividade. O sistema plantation utiliza grandes áreas de monocultura (cultivo de um só produto) para exportação. Esse sistema, bastante utilizado na época da expansão colonial europeia (séculos XVI-XIX), é atualmente desenvolvido por grandes proprietários ou por empresas capitalistas, muitas vezes multinacionais, em países como a Índia e a Nigéria, por exemplo. O sistema aplica técnicas modernas e paga salários baixos aos trabalhadores. A agricultura sedentária rudimentar caracteriza-se pela dependência das condições ambientais e, frequentemente, os agricultores são vitimados pelas secas ou enchentes, o que causa graves problemas de fome. Os meios técnicos (como maquinário agrícola) são escassos, levando a uma baixa produtividade. Esse tipo de agricultura representa uma das principais fontes de renda em boa parte dos países asiáticos (como Indonésia e Laos) e africanos (países subsaarianos, por exemplo), além de ser importante em alguns países da América Latina. O pastoreio nômade é muito comum nas áreas próximas aos grandes desertos (Kalahari e Saara, na África, e Gobi, na Ásia, principalmente). As populações praticam atividades de subsistência com base no nomadismo, como a criação de cabras, camelos e gado bovino. As condições naturais não permitem a adoção de práticas agrícolas sedentárias.

Pastor de ovelhas no Quênia. Foto de 2012. Não escreva no livro.

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Agricultura nos Estados Unidos Os Estados Unidos são os maiores produtores de aliEstados Unidos – Posições entre os maiores produtores mentos do mundo. Possuem uma agropecuária bastante mundiais de produtos agropecuários selecionados (2013) moderna e integrada aos diversos processos de comercialização e industrialização. Nesse país, podemos idenQuantidade Produto Posição tificar dois grandes modelos agrícolas: o modelo texano (toneladas) e o modelo californiano. Milho 1o 353 699 441 Modelo texano: inclui as grandes propriedades pro1o 76 460 778 Soja dutoras de fibras e grãos no Meio-Oeste norte-americano, lavouras típicas dos cinturões agropecuários, chao 3 57 966 658 Trigo mados de belts (corn belt, cotton belt – cinturão do milho, 1o 17 396 881 Frango cinturão do algodão), que produzem em larga escala e com alta tecnologia, fazendo uso intensivo de insumos 1o 11 698 579 Carne bovina e mecanização nas lavouras. Assim, esperam ter elevaFonte de pesquisa: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a da produtividade e garantir a uniformidade dos produ- Agricultura (FAO). Disponível em: . tos que são categorizados como commodities no mercado Acesso em: 3 nov. 2015. internacional. Modelo californiano: é o processo produtivo que tem como base a diferenciação de qualidade. Busca-se a diversidade do produto já na origem da produção. Nesse modelo, as mercadorias necessitam de uma atenção maior do produtor. Alguns desses produtos, como frutas e legumes, não passam por processo de transformação industrial; outros são submetidos a processos especiais para destacar o sabor e aroma (como o café). Os ganhos estão associados às especificidades e diferenciações de qualidade, e não à escala de produção. Nesse modelo, entram os produtos orgânicos, por exemplo.

Capítulo 10 – O mundo rural

Agricultura na Europa

Pearl Bucknall/Robert Harding/AFP

A agricultura europeia apresenta grande diversidade regional. No entanto, é possível perceber algumas características comuns entre os países: a estrutura de propriedade baseada em pequenos e médios estabelecimentos, a prioridade dada aos mercados internos e o desenvolvimento de inovações tecnológicas voltadas para a redução do impacto ambiental e a ampliação da produtividade. Os países europeus mais industrializados praticam uma agricultura intensiva, apoiada em técnicas modernas e integrada aos mercados, fruto de um processo de modernização que vem ocorrendo desde o século XIX. Em outros países que tiveram uma modernização tardia, principalmente no Leste Europeu, as práticas agrícolas tradicionais ainda têm grande importância. Os países que integram a União Europeia são periodicamente beneficiados com subsídios concedidos pela PAC (Política Agrícola Comum). Grande parte do orçamento da UE é destinado ao desenvolvimento rural. O objetivo principal é garantir que os produtos agrícolas da União Europeia tenham preços competitivos em relação aos importados, que são mais baratos. Por outro lado, essas políticas também visam incentivar relações comerciais mais equitativas com países em desenvolvimento, ao suspender alguns subsídios aos produtos europeus exportados. Vinhedos em Siena, na região da Toscana, Itália. Foto de 2015.

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4/28/16 11:27 AM

Mundo Hoje

Em 2050 haverá água suficiente para produzir os alimentos necessários para alimentar a população global, cuja expectativa é que supere os 9 bilhões de pessoas, mas o consumo excessivo, a degradação e o impacto das alterações climáticas irão reduzir a disponibilidade de água em várias regiões, especialmente em países em desenvolvimento, segundo advertiram a FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura] e o Conselho Mundial da Água (CMA) em um relatório publicado hoje [14 abr. 2015]. O documento “Rumo a um futuro de segurança hídrica e alimentar” aponta a necessidade de políticas governamentais e investimentos dos setores público e privado para garantir que a produção agrícola, animal e de pesca seja sustentável e contemple também a salvaguarda dos recursos hídricos. Essas ações são essenciais para reduzir a pobreza, aumentar os rendimentos e assegurar a segurança alimentar de muitas pessoas que vivem em zonas rurais e urbanas, segundo destaca o relatório. “A segurança alimentar e [a] hídrica estão estreitamente ligadas. Acreditamos que, desenvolvendo abordagens locais e fazendo os investimentos certos, os líderes mundiais podem assegurar que haverá um volume suficiente, qualidade e acesso à água para garantir a segurança alimentar em 2050 e na posteridade”, disse Benedito Braga, Presidente do Conselho Mundial da Água, ao apresentar o relatório no 7o Fórum Mundial da Água, em Daegu e Gyeongbuk, na Coreia do Sul. “A essência do desafio é adotar programas que envolvam investimentos com benefícios a longo prazo, como a reabilitação de infraestruturas. A agricultura tem de seguir o caminho da sustentabilidade e não o da rentabilidade imediata”, acrescentou Braga.

A agricultura continuará a ser a maior consumidora de água Em 2050 serão necessários mais de 60% de alimentos – até 100% nos países em desenvolvimento – para alimentar o mundo, e a agricultura vai manter-se como o maior setor consumidor de água [...] [do mundo], o que representa em muitos países cerca de 2/3 ou mais da disponibilidade procedente de rios, lagos e aquíferos.

Sadat/Xinhua Press/Corbis/Fotoarena

2050: A escassez de água em várias partes do mundo ameaça a segurança alimentar e os meios de subsistência

A agricultura irrigada em regiões próximas do mar de Aral ocasionou a redução da área de superfície desse lago e a degradação de suas águas. Barcos abandonados em Tashkent, Uzbequistão. Foto de 2015.

Mesmo com o crescimento da urbanização, em 2050, grande parte da população mundial e a maioria dos mais pobres continuarão a obter sustento [...] da agricultura. Ainda assim, este setor verá o volume de água disponível reduzir-se, devido a uma maior competição por parte das cidades e [da] indústria, indica o relatório conjunto da FAO e do CMA. Sendo assim, por meio da tecnologia e das práticas de gestão, os agricultores, especialmente os pequenos agricultores, terão de encontrar maneiras de aumentar a produção com uma disponibilidade limitada de terra e água. Atualmente, a escassez de água afeta mais de 40% da população mundial, uma percentagem que alcançará os 2/3 em 2050. Esta situação deve-se em grande parte a um consumo excessivo de água para a produção alimentar e agrícola. Por exemplo, em grandes zonas da Ásia meridional e oriental, no Meio Oriente, Norte da África e América Central e do Norte, é usada mais água subterrânea do que a que pode ser reposta naturalmente. Em algumas regiões a agricultura intensiva, o desenvolvimento industrial e o crescimento das cidades são responsáveis pela contaminação das fontes de água, acrescenta o relatório. [...]

2050: A escassez de água em várias partes do mundo ameaça a segurança alimentar e os meios de subsistência. Organização das Nações Unidades para a Alimentação e Agricultura (FAO), 14 abr. 2015. Disponível em: . Acesso em: 29 out. 2015.

para elaborar

1. O ciclo hidrológico é um processo natural de reposição de água em mananciais. O cenário de escassez de água é realmente possível? Discuta com um colega sobre essa previsão para 2050 e sobre a participação da agricultura nessa realidade. 2. Como e por que o planejamento integrado e sustentável entre recursos hídricos e agricultura poderia fortalecer o desenvolvimento social de algumas populações? Não escreva no livro.

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command na caixa com texto transparente abaixo

Atividades

Não escreva no livro.

Revendo conceitos 1. Qual processo histórico deflagrou grandes mudanças na organização do campo? Em que país ele ocorreu primeiro?

4. Em sua opinião, o acesso às novas tecnologias poderia assegurar maior produtividade em qualquer parte do mundo? Justifique e dê exemplos.

2. Qual é a principal diferença entre países desenvolvidos e em desenvolvimento no que se refere à distribuição da População Economicamente Ativa (PEA) na agricultura?

5. Quais são os principais modelos de produção dos Estados Unidos e quais são as principais características de cada um deles?

3. Explique como se divide a agricultura quanto à finalidade, à técnica e à mão de obra.

6. Faça um quadro comparativo com as principais características das atividades agropecuárias na Europa, na Ásia e na África.

Lendo mapas, gráficos e tabelas 7. Analise o mapa a seguir e responda às questões. 180°

135°O

90°O

45°O



45°L 90°L 135°L OCEANO GLACIAL ÁRTICO

180° NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

45°N

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Uso de pesticidas por hectare de terra arável (kg/ha) – 2007-2012

OCEANO PACÍFICO

Equador

Trópico de Capricórnio



OCEANO ÍNDICO

Meridiano de Greenwich

OCEANO PACÍFICO

45°S de 6,4 a 26,07 de 2,3 a 6,3 de 1,0 a 2,2 de 0,24 a 0,9 menos de 0,24 sem dados disponíveis

Círculo Polar Antártico

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0

3 155

6 310 km

Fonte de pesquisa: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Disponível em: . Acesso em: 4 nov. 2015.

a) Cite alguns países que mais utilizam pesticidas. b) A partir de que período intensifica-se o uso de fertilizantes? Houve alguma mudança nas práticas agrícolas depois desse período? Explique. c) Se um mapa anamórfico fosse produzido a partir das informações a respeito do uso de pesticidas, quais seriam as maiores áreas e as menores áreas? d) Faça uma pesquisa em livros e na internet e descubra quais os impactos na saúde humana, a longo prazo, do uso desses insumos químicos. Escreva uma síntese dos resultados no caderno.

Adilson Secco/ID/BR

8. Os gráficos a seguir representam alguns impactos ambientais causados por práticas agrícolas. Forme dupla com um colega e, juntos, analisem os três gráficos. Depois, elaborem uma síntese das conclusões da dupla. Impacto ambiental da agricultura no mundo (2010) Emissão de gases de efeito estufa

24%

Ocupação da superfície terrestre (exceto Antártida)

Consumo de água doce

37% 70%

Fonte de pesquisa: Ranganathan, Janet. The global food challenge explained in 18 graphics. World Resources Institute. Disponível em: . Acesso em: 5 nov. 2015.

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9. Interprete a tabela a seguir e responda às questões.

11. Leia o trecho abaixo e responda às questões. [...] O milho é o exemplo mais característico de persistência do passado. A medida usada é o carro de milho; ao contrário da carroça de burro, a plataforma do carro de boi não apresenta anteparo nas suas quatro faces; as mercadorias, quando necessário, são amarradas para não despencarem. No caso do milho, arma-se, ao redor da plataforma, uma esteira de bambu com um metro de altura. Ao se comprar o milho, despejam-se as espigas até atingir a parte de cima da esteira. Temos, então, o que se denomina um carro de milho. Se não houver carro, o comprador examina o monte de milho na roça e escolhe 64 espigas das maiores (uma “mão” de milho) e repete a operação mais sete vezes. Ele obtém, assim, oito mãos de milho que equivalem a um cargueiro de milho. [...]

Maiores produtores mundiais de soja, trigo, milho, aveia e arroz (2013-2014) Produto

País/região

% da produção mundial

Soja

Estados Unidos

32

Trigo

União Europeia

20

Milho

Estados Unidos

35

Aveia

União Europeia

36

Arroz

China

30

Fonte de pesquisa: U.S. Department of Agriculture (USDA). World agricultural production. Disponível em: . Acesso em: 5 nov. 2015.

Carone, Edgard. Memórias da fazenda Bela Aliança. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1991. p. 100.

a) Como você justifica as elevadas produtividades dos países/região destacadas na tabela? b) Considere que grande parte da produção de cada país ou região da tabela é destinada à exportação. Em sua opinião, os altos investimentos dedicados a esses produtos também são destinados à produção dos alimentos que abastecem os mercados internos? Justifique.

No mundo rural tradicional, é costumeiro o uso de medidas que não estão no sistema métrico universal. a) Quais seriam as medidas técnicas para o exemplo dado no texto? b) Pesquise as outras formas de medidas usadas em áreas rurais tradicionais. 12. Analise o texto a seguir e responda às questões.

Interpretando textos e imagens Tony Waltham/Robert Harding Heritage/AFP

10. Observe a foto abaixo e responda às questões.

[...] se esta estratégia internacional de reorganização do comércio em proveito dos países pobres é necessária, ela não será suficiente por si só para salvar e relançar vigorosamente o desenvolvimento da economia camponesa mais subequipada. Será ainda preciso que essa agricultura tenha efetivamente acesso à terra, ao crédito, às instalações hidráulicas suficientes e em bom estado, e a resultados de pesquisa apropriados a suas necessidades. Será preciso ainda que ela se beneficie de uma estabilidade dos preços e de uma segurança fundiária suficientes para ter a certeza de que colherá os frutos de seu trabalho e de seus investimentos, e para estar segura de que se beneficiará da boa manutenção e das melhorias da fertilidade das terras que ela explora. Será preciso ainda que a renda dessa agricultura não seja erodida pelos custos de transformação e de comercialização exorbitantes ou por encargos fundiários, impostos ou taxas exageradas. [...] Mazoyer, Marcel; Roudart, Laurence. História das agriculturas no mundo: do Neolítico à crise contemporânea. São Paulo: Ed. da Unesp, 2018. p. 545. Disponível em: . Acesso em: 4 nov. 2015.

China. Foto de 2015.

a) Que tipo de agricultura a imagem mostra? Qual é a técnica de conservação do solo utilizada no cultivo representado nessa foto? b) Em que regiões do mundo é comum encontrar esse tipo de agricultura?

a) Qual é o principal tema do texto? b) Que tipos de agriculturas devem ser apoiados por uma ajuda internacional de políticas agrícolas? c) Cite três fatores destacados no texto que são fundamentais para o sucesso de políticas aos trabalhadores rurais. 145

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capítulo

Acervo do Museu Paulista, São Paulo, SP. Fotografia: ID/BR

11

O espaço rural brasileiro

o que você vai estudar Origens da concentração fundiária. A Lei de Terras (1850). Organização agrária atual. Expansão das fronteiras agrícolas e uso da terra no Brasil.

Moagem de cana na Fazenda Cacheira, em Campinas, óleo sobre tela, 105 cm � 135 cm, de Benedito Calixto, s. d.

O espaço rural brasileiro apresenta enorme diversidade e complexidade, com aspectos muito contrastantes. O meio rural convive com situações de violência ou relações de trabalho de extrema exploração, mas também com modernizações ligadas tanto às atividades econômicas (agronegócio e agricultura familiar tecnicizada), quanto aos aspectos sociais, como assentamentos bem-sucedidos e experiências de agricultura orgânica. Um dos principais reflexos dos contrastes existentes no espaço agrário brasileiro é a concentração da propriedade da terra: cerca de 1% dos proprietários rurais do Brasil detém 46% das terras brasileiras localizadas no campo. A concentração da terra no Brasil originou-se a partir da primeira divisão territorial implementada pela metrópole portuguesa durante o período Colonial, quando o rei de Portugal dividiu grande parte do então território da Colônia em 14 partes. Observe a imagem acima e faça o que se pede. 1. O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de cana-de-açúcar na atualidade. Reúna-se com um colega e, juntos, discutam se houve mudanças no modo de produção da cana-de-açúcar, no que diz respeito à área de cultivo, às tecnologias e à mão de obra empregadas. Escrevam uma síntese de suas conclusões no caderno. 146

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Não escreva no livro.

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Origens da concentração de terras No início da colonização do Brasil, a partir de 1530, a Coroa portuguesa incentivou o fluxo de exploradores para a Colônia. Para compensá-los pelas dificuldades – como a falta de infraestrutura, as doenças e os conflitos com a população indígena –, a Coroa criou o sistema de capitanias hereditárias. Esse sistema concedia terras e vantagens aos donatários (aquele que era favorecido pela doação), como dar amplos poderes a quem se dispusesse a investir dinheiro e pessoal no estabelecimento de núcleos de povoamento. Esses donatários tinham regalias como o direito de nomear juízes e autoridades administrativas, receber impostos, distribuir terras, etc. Em compensação, arcavam com despesas para ocupar e explorar a área concedida. Poucas pessoas com recursos econômicos se dispuseram a uma empreitada tão arriscada. A maioria dos portugueses com posses estava envolvida em negócios no Oriente, mais prósperos que os do Brasil. Como o cultivo das terras doadas só era viável economicamente em grandes plantações, pois não havia recursos para investir na melhoria de pequenas plantações, as doações a quem se dispusesse a explorá-las eram generosas. Assim, a estrutura fundiária no país já se iniciava de modo concentrado. Inicialmente, foi o cultivo da cana-de-açúcar que impulsionou a agricultura colonial. As grandes monoculturas brasileiras que se formaram a partir de então estavam associadas ao comércio exterior, no sistema plantation. E, de acordo com o pacto colonial, na Colônia produziam e exportavam matérias-primas e produtos para a Metrópole, com o emprego de trabalho escravo.

A Lei de Terras de 1850

Agricultura brasileira: formação, desenvolvimento e perspectivas, de Argemiro J. Brum e Vera Lúcia Trennepohl. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005. O livro trata de diversos temas relacionados às questões do campo brasileiro, como a formação da sociedade agrária, os movimentos sociais no campo, a reforma agrária e o agronegócio.

Posseiro: ocupante de uma propriedade, na maioria dos casos rural, da qual retira seu sustento, mas não é o proprietário.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

A Lei de Terras e a Abolição da escravatura (1888) marcaram a transição para uma agricultura capitalista, pois foram os fatores centrais da criação das bases desse sistema. Com a perspectiva do fim da escravidão, foi criado um mecanismo para impedir a livre posse da terra pelos pobres e escravos libertos. A Coroa preocupou-se em legislar sobre a propriedade privada no campo ao regularizar a compra e a venda de terras, por meio de pagamento em dinheiro, e o novo tipo de mão de obra empregado no cultivo: a assalariada. Sancionada duas semanas após a proibição do tráfico de escravos, a Lei de Terras, de 1850, proibia a aquisição de terras por qualquer outro meio que não fosse a compra; assim, as doações foram proibidas. A lei garantiu a posse de terras a antigos proprietários e posseiros, restringindo-a a imigrantes e ex-escravizados. Só em 1964, com o Estatuto da Terra, o governo e a sociedade passaram a discutir questões relacionadas à reforma agrária.

Leia

O predomínio da monocultura é marcante nas paisagens rurais do Brasil, em sua maioria ocupadas por empresas rurais capitalistas. Herança de um sistema agrário dominante no período Colonial, o cultivo de grandes áreas por poucos proprietários se perpetua nos dias atuais. Plantação de cana-de-açúcar, em Teresina (PI). Foto de 2015. Não escreva no livro.

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A organização agrária atual O resgate da história da formação e organização do sistema agrário brasileiro mostra que as camadas da sociedade que foram privilegiadas no sistema de capitanias hereditárias e de sesmarias continuaram sendo no da Lei de Terras, perpetuando um acesso à terra muito desigual. Nesse sentido, a organização agrária atual assemelha-se muito àquela do período Colonial: predominância de grandes propriedades, com monocultura voltada para a exportação. A principal mudança ocorrida nas últimas décadas foi o aumento da utilização da terra para a agricultura e a pecuária e a transformação de muitos latifúndios improdutivos em empresas rurais que adotam práticas agrícolas modernas. Na legislação brasileira, o termo latifúndio aparece pela primeira vez descrito no Estatuto da Terra, em 1964. Nesse documento, latifúndio é definido como o imóvel rural com dimensão superior a 15 módulos rurais, e o latifúndio por exploração seriam terras menores, mas improdutivas, ou seja, que pouco ou nada produzem. A partir da Constituição de 1988, latifúndio passou a referir-se à grande propriedade improdutiva. Portanto, as propriedades exploradas pela moderna empresa rural não podem ser, a rigor, chamadas de latifúndio.

A concentracão de terras A tabela abaixo nos mostra que um pequeno número de propriedades rurais concentra grandes extensões de terra. A grande maioria dos estabelecimentos rurais no Brasil (mais de 85%) são menores do que 100 ha e ocupam 17% da área total de propriedades agropecuárias. Ao mesmo tempo, os estabelecimentos com mais de 1 000 ha representam menos de 1,5% do número total de estabelecimentos e detêm mais de 50% da área total de propriedades. A dimensão dos estabelecimentos também é desigual entre as regiões do país: no Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste são muito comuns as grandes propriedades onde predomina o trabalho assalariado. Já no Sul e no Nordeste, há maior número de propriedades de agricultura familiar. Nos dias de hoje, a grande concentração de terras (com potencial para produzir) cria uma imensa desigualdade no campo, pois os pequenos produtores que não têm recursos para adquirir máquinas e outras tecnologias transformam-se em trabalhadores assalariados ou migram para as cidades. A grande insatisfação dessa população ampliou o debate sobre a reforma agrária, assunto que será abordado no próximo capítulo.

Capítulo 11 – O espaço rural brasileiro

Brasil – Estrutura fundiária (2012) Tamanho das propriedades

Número de propriedades

Área total

Em hectares

Número

%

Até 10

1 874 899

34,10

de 10 a 100

2 863 773

52,08

de 100 a 1 000

678 462

12,34

181 757 801

30,02

1 000 e mais

81 331

1,48

319 649 245

52,80

Total

5 498 465

100

Área (ha)

%

8 834 570,54

1,46

95 186 129,3

605 427 746

15,72

100

Fonte de pesquisa: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Disponível em: . Acesso em: 4 nov. 2015.

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Módulo rural: unidade rural medida em hectare, que assegura ao trabalhador um rendimento para o seu bem-estar econômico e social. A medida varia conforme a região. Sesmaria: sistema de doação de pequenos lotes de terras para estimular a produção agrícola pelo território brasileiro. Ficou vigente até 1822.

geografia e literatura

Concentração fundiária Leia a seguir um trecho da obra Morte e vida severina: auto de natal pernambucano, escrita entre 1954 e 1955, por João Cabral de Melo Neto, que narra a conversa entre dois homens que acompanhavam o enterro de um camponês que havia sido morto. Funeral de um lavrador [...]– Essa cova em que estás, com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida. – É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio. – Não é cova grande, é cova medida, é a terra que querias ver dividida. – É uma cova grande para teu pouco defunto, mas estarás mais ancho que estavas no mundo. – É uma cova grande para teu defunto parco, porém mais que no mundo te sentirás largo. – É uma cova grande para tua carne pouca, mas a terra dada não se abre a boca. [...] Melo Neto, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. 25. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1988. p. 87-88.

1. O trecho da obra de João Cabral faz referência aos conflitos de terra advindos da concentração fundiária no Nordeste brasileiro. Com um colega, leia e analise cada estrofe do poema. Em seguida, escrevam uma síntese de suas conclusões no caderno.

Não escreva no livro.

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A expansão das fronteiras agrícolas destituindo povos indígenas, ribeirinhos e seringueiros de suas terras e comprometendo o modo de vida dessas comunidades. A expansão da fronteira agrícola permitiu que o Brasil se tornasse um dos maiores exportadores mundiais de soja e carne, mas tem causado graves prejuízos à natureza e à sociedade.

Brasil – Intensidade da ocupação pela agropecuária 60ºO

RR

Equador

40ºO

Guiana Francesa (FRA) SURINAME GUIANA

VENEZUELA COLÔMBIA

AP

AM



PA

MA

CE PI

PE

AC PERU

BA

MT

Porcentagem de área ocupada pela atividade agropecuária* de 0 a 20 CHILE de 20,1 a 40 de 40,1 a 60 de 60,1 a 80 de 80,1 a 100

GO

MG ES

MS SP

PARAGUAI

*Valores calculados com base nas áreas das mesorregiões geográficas do IBGE.

20ºS

RJ Trópico

PR

Fronteira agrícola

Atual Décadas de 1950/1960

OCEANO ATLÂNTICO

DF

BOLÍVIA

PB

AL SE

TO

RO

RN

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Na história do Brasil, a fronteira agrícola se expandiu em função do crescimento da atividade econômica. Nos tempos da colonização, a Mata Atlântica foi sendo destruída na costa nordestina e no Sudeste para dar lugar ao cultivo de cana-de-açúcar, utilizada na produção de açúcar destinado à exportação. No século XIX e início do século XX, as plantações de café, que ocupavam inicialmente terras localizadas no Rio de Janeiro, foram espalhando-se por Minas Gerais e estendendo-se pelo interior de São Paulo. À medida que os solos foram se esgotando, a produção agrícola avançou para áreas de florestas em novas propriedades rurais. A partir da década de 1970, juntamente com a implantação de tecnologia no campo, o movimento da fronteira agrícola passou para os estados do Centro-Oeste, com a soja. A Embrapa teve importante papel nesse processo, pois criou sementes adaptadas ao clima e possibilitou a correção do solo ácido do Cerrado, tornando-o fértil. Atualmente, a produtividade da soja nessa região é uma das maiores do mundo. Nas últimas décadas, a expansão da fronteira agrícola tem significado o desmatamento de grandes áreas da floresta Amazônica, comprometendo a manutenção da biodiversidade,

Embrapa: criada em 1973, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem como objetivo desenvolver inovações tecnológicas para a agropecuária brasileira.

de Capr

icórnio

SC ARGENTINA

RS

0

560

1 120 km

URUGUAI

Fonte de pesquisa: Girardi, Gisele; Rosa, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: FTD, 2011. p. 31.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o uso da terra rural é classificado em três grandes grupos: terras utilizadas para lavouras, que podem ser permanentes ou temporárias, terras para pastagens, que podem ser naturais ou plantadas, e terras com matas e florestas, que podem ser naturais ou artificiais. De acordo com o IBGE, para fins comparativos, na década de 2010, no território brasileiro as áreas de conservação representavam aproximadamente 8,7%, as Terras Indígenas, 14,7%, e quase 40% era ocupado por estabelecimentos rurais. Destes, a maior parte eram pastagens para a prática da pecuária, que abrangiam quase 50% do total da área agropecuária do país. Os estabelecimentos produtores de orgânicos representavam 1,8% do total de estabelecimentos agropecuários, e as lavouras (cultivo de feijão, algodão, arroz, milho, entre outros alimentos) ocupavam 18%. Não escreva no livro.

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Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Uso da terra no Brasil

O aumento de áreas destinadas à pastagem, para a prática da pecuária, é também um dos grandes responsáveis pela expansão da fronteira agrícola no Brasil. Área desmatada em meio à floresta Amazônica, em Itacoatiara (AM). Foto de 2015. 149

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Presença Indígena Os indígenas isolados Os grupos indígenas isolados são aqueles que nunca foram contatados por nenhum órgão representante da ação do Estado. A política de contato do Estado brasileiro com os povos indígenas iniciou-se em 1910 com o Serviço de Proteção ao Índio. Naquele momento, a ideia era, nas palavras do antropólogo Darcy Ribeiro, “fazer do índio um índio melhor”, ou seja, contatá-lo e transformá-lo em algo “melhor”, segundo o pensamento evolucionista da época. A civilização “melhoraria” o indígena, ensinando-o a se comportar como um ocidental. Só em 1987, com as mudanças progressistas oriundas da redemocratização do país, é que a política de contato foi modificada. Grupos indígenas ainda não contatados passaram a ser considerados índios isolados. Caso fossem detectados grupos indígenas sem contato, o Estado deveria promover proteção ao meio ambiente e a demarcação de suas terras, visando garantir o exercício de suas atividades tradicionais. Ou seja, em vez de impor aos indígenas o contato, o Estado deve garantir-lhes condições para terem o modo de vida que demonstram querer. O contato só deve ser feito em caso de ameaça à sobrevivência do grupo isolado. Isso acontece quando, devido ao contato com a sociedade envolvente, os indígenas são expostos a doenças para as quais seu organismo não tem defesa, ou quando algum aspecto da cultura “civilizada” impede a reprodução de seu modo de vida tradicional. É o caso, por exemplo, de uma madeireira ilegal em suas terras ou da desagregação cultural pelo contato com invasores. Gleison Miranda, Funai/AP/Imageplus

Após vinte horas sobrevoando a floresta Amazônica em um pequeno avião monomotor, a equipe do sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Junior avista um pequeno grupo de pessoas. Elas estão espalhadas ao redor de um conjunto de três ou quatro malocas (grandes casas coletivas) e de fartas roças à sua volta. A experiência do sertanista o ajuda a identificar as plantações. Banana, mandioca, mamão, milho, batata e amendoim. As mulheres vestem um saiote de algodão. Os homens usam um cinto de algodão, têm cabelos longos e a parte central da cabeça é raspada. Ao verem o avião, mulheres e crianças correm para a floresta em busca de proteção. Os homens se posicionam e começam a atirar flechas no avião. Era maio de 2008, área próxima ao rio Xinane, no Acre, fronteira do Brasil com o Peru. O grupo era formado por indígenas que se mantiveram isolados e praticamente desconhecidos, apesar dos ciclos da borracha e da castanha que tantos migrantes levaram para a região no século XX. Havia seis grupos de indígenas não contatados nessa área. A fartura das roças e sua proximidade com os igarapés, menos escondidos, indicavam que os indígenas se sentiam seguros de viver lá. Isso acontece graças ao controle que o Estado brasileiro vem realizando na área, o que dificulta a invasão de madeireiros vindos do Peru. Coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental da Fundação Nacional do Índio (Funai), Meirelles trabalha há quase quarenta anos com grupos indígenas que têm pouco ou nenhum contato com a sociedade envolvente. São os chamados indígenas isolados.

Indígenas do grupo isolado habitante das proximidades do rio Xinane, no Acre, miram o monomotor da Funai com seus arcos. Foto de maio de 2008. 150

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Não escreva no livro.

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Povos em risco De acordo com a Funai, em 2015, existiam no Brasil 107 povos indígenas isolados, em nove estados da Amazônia Legal. Parte desses grupos vive uma situação grave, com perigo real de desaparecimento. No passado, viver em lugares muito distantes dos grandes centros urbanos, isolando-se, garantiu sua sobrevivência, mas hoje ocorre o contrário. Habitando áreas de grandes obras, como hidrelétricas, e de intenso desmatamento e expansão ilegal do agronegócio (grandes fazendas de criação de gado, por exemplo), os indígenas isolados dependem de uma política nacional e também internacional de proteção efetiva, já que muitos territórios tradicionais estão em áreas de fronteira. Caso essas políticas demorem a ser postas em prática, as ações ilegais e a “marcha do progresso”, com seu elevado prejuízo ambiental, logo os espremerão em pedaços de terra onde não conseguirão reproduzir seu modo de vida. Para que os governos concretizem melhor as políticas de proteção desses povos, é importante que a população em geral conheça melhor a causa indígena, mais especificamente a causa dos indígenas isolados. Mais até do que os indígenas em contato permanente, os índigenas isolados são alvo de muitos estereótipos e preconceitos.

Isolamento intencional Ao contrário do que muitos pensam, os indígenas não vivem como se ainda estivessem antes de 1500 ou então como na Idade da Pedra, sem saber nada do mundo que os rodeia. Pelo contrário, hoje sabemos que seu isolamento é intencional; afastam-se da sociedade não indígena porque a conhecem e rejeitam. Mais ainda: muitos grupos indígenas isolados não só conhecem a “cultura civilizada”, como escolhem o que gostariam de incorporar ao modo de vida deles. Não são raros os casos em que os indígenas isolados chegam, sem ninguém perceber, às áreas onde estão indigenistas (pessoas que atuam junto às populações indígenas),

madeireiros ou garimpeiros, a fim de pegar objetos para uso em seu dia a dia. São peças que eles conhecem por observar seu uso de longe ou por entrar em contato por rede de trocas com outros indígenas. Um remo, um machado, um pedaço de fio de náilon para amarrar as flechas e até mesmo espingardas são objetos cobiçados pelos índios. José Carlos Meirelles, antes de filmar os povos isolados do rio Xinane, já havia encontrado muitas flechas deles amarradas com náilon usado na corda dos barcos ou em peças de artesanato do Peru. Algo parecido ocorre com os Apiaká do Mato Grosso, que não pegam nada dos indigenistas, mas vão com frequência comunicar-se com eles por meio de sons que imitam os pássaros. Em geral, sempre na mesma hora, aproximam-se do posto indígena e cantam até obter resposta, indo embora logo depois. Escolhem não ter contato, mas sabem fazer-se presentes. Acontece haver até mesmo, em um mesmo grupo étnico, algumas famílias que, após observarem seus parentes em contato com não indígenas, optam pelo isolamento. Exemplo conhecido aqui no Brasil são os Awá-Guajá, que vivem no noroeste do estado do Maranhão. Um dos últimos povos caçadores e coletores do Brasil, os Awá-Guajá sofreram expressiva queda de população desde que ocorreu o contato com a sociedade não indígena. Isso fez com que parte deles, ainda não contatados, optassem por viver isolados dos não indígenas. Em 2012, os Awá-Guajá eram cerca de 365 pessoas, das quais aproximadamente 60 vivem isoladas, tentando manter sua vida autônoma, apesar da ameaça constante de madeireiros da região. Esses são apenas alguns exemplos que demonstram que os indígenas isolados não são meras vítimas dos não indígenas. A seu modo, esses indígenas delimitam seu espaço de contato e mantêm estratégias de resistência e até mesmo de uso de costumes dos não indígenas. Talvez, como afirmou Darcy Ribeiro, o objetivo deles seja “amansar os brancos”. É possível que eles, percebendo o que nossa sociedade tem feito em suas terras ancestrais, nos considerem bárbaros e tolos. Será que eles estão errados?

Para discutir

1. Segundo informações contidas no texto, muitos grupos de indígenas isolados estão em áreas de fronteira. Em que sentido essa localização dificulta a proteção de suas terras e de seus direitos? 2. Com base no texto, discuta com os colegas esta afirmação: “Os grupos indígenas isolados são como aqueles indígenas que Cabral encontrou aqui em 1500”. 3. Responda, no caderno, à questão que finaliza o texto acima, justificando sua resposta. Leia Violência contra os povos indígenas isolados e de pouco contato A publicação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre os indígenas isolados é ilustrada com fotografias dessas comunidades em vários estados brasileiros. Disponível em: . Acesso em: 31 out. 2015.

Não escreva no livro.

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Assista Serras da desordem. Direção de Andrea Tonacci, Brasil, 2006, 135 min. O filme conta a história de Carapiru, um Awá que viveu isolado dez anos na floresta até ser “adotado” por uma nova “família” e ter de se adaptar.

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Informe A agricultura e o Código Florestal Delfim Martins/Pulsar Imagens

As mudanças no Código Florestal geraram intenso debate no início da década de 2010, colocando em pauta a divergência entre os ambientalistas e os representantes do agronegócio que defendiam regras menos rígidas para o desmatamento e para a recuperação de áreas desmatadas. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) criaram um grupo de trabalho para analisar a questão. Confira a seguir algumas perguntas e respostas sobre a relação entre a agricultura e o Código Florestal. Plantação de cana-de-açúcar em Paragominas (PA) em área desmatada da floresta Amazônica. Ao fundo, é possível ver resquícios da floresta. Foto de 2014.

A SBPC e a ABC estão do lado dos ambientalistas ou dos ruralistas? Todas as evidências encontradas nos mais de 300 trabalhos científicos consultados indicam grande potencial de sinergia entre produção rural e conservação ambiental. Com o aporte de avançadas tecnologias no ordenamento territorial inteligente, é possível multiplicar a produção agrícola e – ao mesmo tempo – ampliar as áreas de produção de serviços ambientais nos ecossistemas

naturais. Consequentemente, a SBPC e a ABC estão objetivamente municiadas de argumentos para suportar [apoiar] tanto os ruralistas quanto os ambientalistas. A ciência tem a chave para salvar um acordo entre ambientalistas e ruralistas, que se traduza na sustentabilidade econômica, social e ambiental das paisagens brasileiras. [...]

Qual a área efetivamente disponível para atividades produtivas rurais no Brasil? O Brasil ainda não dispõe de uma política de ordenamento territorial apoiada em dados confiáveis sobre a aptidão agrícola das terras, restrições ambientais e legais, uso atual e potencial de uso das terras. Também não tem um planejamento estratégico para a expansão futura da agricultura. Dispõe apenas de estimativas, muitas vezes tendenciosas. A ciência pode fornecer tais dados e

informações aos legisladores para discussão consciente do Código Florestal a partir de levantamentos de solos em escalas compatíveis, aptidão agrícola e tipificação do uso da terra e da cobertura vegetal. Novas tecnologias e competências estão disponíveis em instituições como IBGE, Inpe, Embrapa e universidades e podem ser rapidamente levantadas através de estudos em parceria. [...]

Que papel tem a inovação tecnológica no ordenamento territorial e na solução de conflitos entre interesses de uso da terra? Hoje é possível mapear terrenos com imagens de satélites ou aviões geradas em alta resolução com o auxílio de laser ou radar em termos geomorfológicos e hidrológicos. Ou seja, o que antes requeria um corpo a corpo de especialistas com cada morro e cada vale na paisagem, seguido ainda por um elaborado processo de compilação de dados e mapeamento, pode ser resolvido agora por processamento matemático das imagens remotas

em modelos de computador. Uma revolução semelhante a sair da fita métrica e do teodolito do agrimensor e passar para o GPS. Mapas de terrenos competentes, com indicação de tipos potenciais de solos, profundidade do lençol freático, declividades, susceptibilidade à erosão, entre outros fatores de aptidão e risco, têm condições de resolver disputas através de evidências incontestáveis. [...]

Perguntas Frequentes, o Código Florestal e a Ciência, respondidas pela SBPC e ABC. Disponível em: Acesso em: 10 dez. 2015.

para discutir

1. Com base na leitura do texto, discuta com os colegas: Qual é a importância da ciência para resolver problemas ambientais na agricultura? 2. Pesquise em jornais, revistas e sites da internet os principais argumentos que foram favoráveis e contrários às alterações no Código Florestal que entrou em vigor em 2012. 152

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Não escreva no livro.

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Mundo Hoje

Coletividade, eficiência e método. Estas são as palavras que norteiam o trabalho e a vida na Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi), criada há 21 anos por 20 famílias em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ao lado da área urbana de Paranacity (a 74 quilômetros de Maringá), e levaram o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o MST a considerá-la uma experiência bem-sucedida de reforma agrária. […] A produção agrícola e pecuária é industrializada no próprio assentamento, chegando ao consumidor com valores agregados. Tanto que as 40 toneladas de açúcar mascavo produzidas mensalmente são comercializadas em vários Estados, parte com embalagem da Copavi, parte por meio de outras empresas. E a cachaça artesanal Camponesa, com selo de produto orgânico, já chega à França, Itália e Espanha e pode em breve ganhar outros países europeus. […] A chance de transformar o sonho em realidade surgiu em 1992, quando o Incra desapropriou uma fazenda improdutiva ao lado da área urbana de Paranacity, e 20 famílias que tinham permanecido seis meses acampadas na frente do Palácio Iguaçu, em Curitiba, foram selecionadas para o assentamento. […] Diferente de outros assentamentos, o Vitória não teve lotes entregues a cada assentado. Foi definida uma área para a construção de casas, outra onde seriam implantadas as indústrias planejadas e uma reserva de mata. Depois aconteceram modificações e hoje há uma área de pastagem para a criação de vacas leiteiras, outra para cana-de-açúcar. Mas acontecem remanejamentos para não cansar a terra e a área que hoje está com cana pode virar pasto, e o pasto virar horta. […] “Foi decidido que ninguém seria dono de imóveis, tudo pertence à cooperativa e quem é sócio pode se sentir proprietário, mas, se alguém quiser sair, não pode vender sua parte na cooperativa” [afirma Ildo Roque Calza, um dos fundadores da cooperativa.] […]

Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Folhapress

As experiências de produção e vida no assentamento Vitória

Estufa de criação de mudas da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi), Paranacity (PR). Foto de 2008.

Educação e consciência são prioridades […] uma das prioridades da cooperativa é a educação dos filhos, e todos os jovens têm apoio para estudar em algumas das melhores universidades do Brasil, graças a convênios que o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) mantém com instituições de ensino. […] Assim, hoje as casas do acampamento são ocupadas por engenheiros florestais, agrônomos, contadores, professores. Tem até um engenheiro elétrico espanhol, que se casou com a filha de um cooperado e mudou-se para o Vitória. […] uma pessoa com curso superior pode ganhar o mesmo que ganharia trabalhando em outra empresa, “mas aqui temos a formação política e ideológica para que o jovem compreenda seu papel na sociedade, que o desenvolvimento econômico tem que estar associado ao desenvolvimento social das famílias, desconstruindo a ideia de que o campo não é mais um bom lugar ou que é lugar de jecas”, diz o engenheiro agrônomo Adilson Gumieiro, o Maguila, que não foi sem terra, mas optou por viver no assentamento. [...]

Carvalho, Luiz de. Vitória, um território onde dividir dá certo. O Diário, 28 dez. 2014. Disponível em: . Acesso em: 21 mar. 2016.

para elaborar

1. De que tipo de agricultura trata o texto? Qual é o principal destino dos gêneros produzidos? 2. Explique como são organizadas a distribuição de terras e a produção nesse assentamento.

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command na caixa com texto transparente abaixo

Não escreva no livro.

Revendo conceitos 1. Qual é a principal característica do Brasil no que se refere a sua estrutura fundiária? Como essa característica se consolidou?

Área de soja por ano do desflorestamento

2. O que foi a Lei de Terras de 1850 e qual sua importância para a manutenção da estrutura agrária brasileira?

Ano do desflorestamento

2013

3. O que é latifúndio? Podemos dizer que toda grande propriedade é um latifúndio? Explique. 4. Qual foi o principal marco na estrutura agrária brasileira nas últimas décadas?

2011

2009

GUIANA

NE

SO

SE

FRENTE NORTE DO DESMATAMENTO

Equador



EQUADOR

ARCO SUL DO DESMATAMENTO

3 547 (8%)

2008

10 861 (23%)

2007

8 876 (19%) 2 000

4 000

8. O mapa a seguir traz informações sobre a produção de feijão em unidades federativas do Brasil. Analise-o identificando a distribuição dessa produção no Brasil. Escreva uma síntese com suas conclusões. Brasil – Produção de feijão (2012) 60ºO

VENEZUELA

SURINAME GUIANA

COLÔMBIA

PERU

RR

Equador

OCEANO PACÍFICO

BOLÍVIA

Faixa de maior intensidade de desmatamento

40ºO

PARAGUAI

Trópico de

Capricórni

o

NO

NE

SO

SE

AP

PA MA

RN PB PE

PI

AC

AL

TO

Área com risco de desertificação e arenização

0

625

SE

RO

PERU

ARGENTINA



CE AM

20ºS

Intensificação de processos erosivos Área do polígono da seca

Guiana Francesa (FRA)

OCEANO ATLÂNTICO

CHILE

Arco do desmatamento

6 000 8 000 10 000 12 000 14 000 Área de soja (ha)

a) Quais anos registram a maior taxa de área plantada com soja em desflorestamento? b) A soja é amplamente cultivada no país. Quais biomas sofrem os impactos desse intenso cultivo? João Miguel A. Moreira/ID/BR

40ºO NO

5 800 (12%)

Os números das barras referem-se à área desmatada da Amazônia, em hectare, ocupada pelo cultivo da soja.

Brasil – Riscos ambientais (2012) Guiana SURINAME Francesa (FRA)

6 308 (11%)

2010

Fonte de pesquisa: Moratória da soja: 7o ano do mapeamento e monitoramento do plantio de soja no bioma Amazônia. Abiove. Disponível em: Acesso em: 10 nov. 2015.

6. Reúna-se com um colega e observem o mapa abaixo, que mostra, entre outras informações, alguns riscos ambientais decorrentes de atividades antrópicas no território brasileiro. Compare-o com o mapa de intensidade de ocupação pela agropecuária da página 149 e respondam às questões a seguir.

60ºO

6 508 (14%)

0

Lendo mapas e gráficos

VENEZUELA

6 128 (13%)

2012

5. Qual foi a característica da expansão da fronteira agrícola no período colonial e no período atual?

COLÔMBIA

Adilson Secco/ID/BR

7. Analise o gráfico abaixo e responda às questões.

MT

1 250 km

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Atividades

BA

GO DF

URUGUAI

BOLÍVIA

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 123.

a) Em que regiões brasileiras há mais áreas onde ocorre a intensificação dos processos erosivos? b) Que relação é possível estabelecer entre a atividade agropecuária e a intensificação dos processos erosivos? Justifique sua resposta. c) Pesquisem em livros e em sites da internet as causas do processo de desertificação e arenização. Escrevam suas conclusões no caderno.

OCEANO CHILE PACÍFICO Parte da produção do estado no total do país (%)

MG

MS PARAGUAI

RJ Tróp ico de

SP

20ºS

Capricórn

io

PR

40 20 10 5 1

ES

OCEANO ATLÂNTICO

SC ARGENTINA URUGUAI

RS

0

550

1 100 km

Fonte de pesquisa: Ferreira, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo: Moderna, 2013. p. 144.

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Interpretando textos e imagens

João Prudente/Pulsar Imagens

9. Observe a foto 1, que mostra a produção agrícola em uma pequena propriedade, e a foto 2, que representa a produção em uma grande propriedade. Em seguida, faça o que se pede. 1

No modelo adotado, os povos tradicionais aparecem como empecilho para o avanço econômico do país, como se este crescimento estivesse destinado a toda população brasileira. Este crescimento, no entanto, refere-se ao desenvolvimento do latifúndio e da exploração de minério; está, portanto, circunscrito a poucas pessoas que já detêm poder econômico. […] O Brasil pode ter demarcado larga extensão de terra na Amazônia, mas isso não corresponde à maior parte da demanda por terra dos povos indígenas; mais de ⅔ das terras reivindicadas continuam sem uma solução ou com o procedimento demarcatório suspenso. Brito, Andrey; Hilgert, Carol. “Em 2015, somos todos indígenas” ou genocidas? O Sabiá, 4 set. 2015. Disponível em: . Acesso em: 17 abr. 2016.

a) Qual é a principal reivindicação dos povos indígenas expressa nessa declaração? b) A que pode ser atribuído o conflito entre os povos indígenas e os grandes fazendeiros? 11. Leia o texto a seguir e responda às questões.

Thomaz Vita Neto/Pulsar Imagens

Cultivo de hortaliças em Santa Bárbara (MG). Foto de 2014. 2

Plantio de milho em Chapadão do Sul (MS). Foto de 2014.

a) Descreva as fotos 1 e 2, estabelecendo, para cada uma delas, hipóteses sobre a finalidade da produção, o tipo de mão de obra empregada e o grau de mecanização empregado na produção. b) Quais são as principais diferenças entre as imagens 1 e 2 do ponto de vista da capacidade produtiva? 10. Leia o texto a seguir, publicado por ocasião dos Primeiros Jogos Mundiais Indígenas. Em seguida, responda às questões. […] Por que os envolvidos estão considerando o evento “uma grande conquista dos povos indígenas?” [...]

[…] A produção de alimentos orgânicos no sistema de agroflorestas vem ganhando destaque entre produtores rurais e pode ser mais vantajoso a longo prazo. Segundo o extensionista rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Rafael Lima de Medeiros, a agrofloresta é um ambiente mais equilibrado do ponto de vista biológico e também um sistema mais vantajoso para o agricultor, que sempre vai ter lucro com alguma colheita da área. Para produzir alimentos orgânicos não é permitido ao agricultor o uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos e transgênicos na lavoura, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. E mais que isso, o processo de produção deve respeitar as relações sociais e culturais e seguir os princípios agroecológicos, com o uso sustentável dos recursos naturais. [...] As verduras, frutas e madeiras de lei estão plantadas juntas, em consórcio, e, segundo Silvia [produtora rural], a biodiversidade é tão grande que evita muitas pragas e dá mais saúde para os vegetais. No terreno crescem, entre outras plantas, a hortelã, que afasta os insetos, e o feijão-guandú, capaz de fixar o nitrogênio no solo. Verdélio, Andreia. Sistema de agroflorestas é mais vantajoso na produção de orgânicos. Agência Brasil, 25 maio 2015. Disponível em: . Acesso em: 21 mar. 2016.

a) Por que a produção de orgânicos em sistemas de agrofloresta é mais vantajoso a longo prazo? b) Podemos afirmar que a produção de alimentos orgânicos no sistema de agroflorestas busca não prejudicar o meio ambiente? Por quê? 155

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capítulo

Delfim Martins/Pulsar Imagens

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O campo e o acesso à terra

o que você vai estudar Características do meio rural nacional. Coronelismo no Brasil. Reforma agrária e lutas no campo. As novas atividades rurais brasileiras.

A fruticultura irrigada no sertão nordestino se desenvolve com altos padrões de inovação tecnológica para produzir frutas de grande qualidade e valor para os mercados interno e externo. Colheita de uva no vale do rio São Francisco, Petrolina (PE). Foto de 2015.

Navegue Incra Neste portal, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, há legislação e dados oficiais a respeito da reestruturação do campo no Brasil. Disponível em: . Acesso em: 1o nov. 2015.

Nas atividades rurais desenvolvidas atualmente no Brasil, é bastante clara a contradição entre o sucesso do agronegócio e a desigualdade social no campo. O agronegócio brasileiro vem se mostrando como um dos mais desenvolvidos e competitivos do mundo, porém emprega cada vez menos trabalhadores. A organização socioespacial do campo, como foi visto no capítulo anterior, estabeleceu-se com base nas desigualdades de uso, ocupação e distribuição de terras. Um dos contrastes notáveis no Brasil é a presença da agricultura moderna ao lado da agricultura tradicional (de baixo uso de insumos). O alto grau de tecnologia e de inovações técnicas em algumas propriedades contrapõe-se à precariedade e à falta de recursos em outras. Podem ser destacados, porém, avanços ligados aos aspectos sociais: as experiências de sucesso em assentamentos, o crescimento da agropecuária orgânica, as melhorias na área de educação e na valorização da cultura no campo. Há ainda os trabalhadores rurais sem terra, que se organizam em movimentos sociais em busca de melhores condições de vida, e comunidades quilombolas, que praticam agricultura de subsistência. Vale observar ainda o difícil acesso à rede de saneamento básico e as relações ilegais de trabalho. Situação especialmente grave é, em muitas regiões do país, a permanência do trabalho escravo e semiescravo, seja na área urbana, seja na rural. Observe a fotografia acima e responda às questões. 1. As condições climáticas locais são fatores que impedem o cultivo de produtos que exigem maior quantidade de água? Justifique sua resposta. 2. Quais são as estratégias existentes na Região Nordeste para captação de água destinada à pecuária e à agricultura? Quais soluções poderiam ser implementadas para beneficiar a população local?

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Relações de poder no campo: coronelismo Leia

Divulgação/Ministério Público Federal

O conhecimento acerca das relações de poder no campo permite compreender a dificuldade de implementação de mudanças na estrutura fundiária do país. O poder agrário é marcante na vida política nacional. Mesmo após a Independência e a Proclamação da República, os proprietários de terra muitas vezes exerceram um poder paralelo ao poder do Estado. Para isso, relembramos que a Lei de Terras – de 1850 até o Estatuto da Terra em 1965 – assegurou e legitimou a propriedade de terras, especialmente dos latifundiários. Na República Velha (1889-1930), mais de três quartos da população viviam no campo, em sua maioria nas terras dos fazendeiros. Em época de eleição, as pessoas, por gratidão, pressão política ou até mesmo violência, eram levadas a votar nos candidatos indicados pelo coronel da região. Esse tipo de relação, conhecido como coronelismo, perdura até hoje. O coronelismo caracteriza-se pela associação direta entre a propriedade das terras e o poder político e pela garantia de privilégios aos coronéis, como a construção de açudes em propriedades privadas com mão de obra e recursos públicos e o controle sobre serviços de saúde e transportes. A rede de clientelismo (prestação de favores políticos em troca de votos) atinge as esferas estadual e federal. Deputados eleitos com a ajuda dos coronéis apresentam pedidos de verbas do orçamento para realizar melhorias em suas áreas de atuação. Assim, serviços públicos gratuitos, de obrigação do Estado, são apresentados como se fossem presentes obtidos pelo prestígio pessoal do coronel, o padrinho.

Terras do sem-fim, de Jorge Amado. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. Originalmente publicado em 1943, o livro narra a formação da zona do cacau na Bahia e faz uma crítica ao coronelismo na região.

Cartaz de campanha do Ministério Público Federal realizada em 2012. Embora muitos redutos tradicionais do coronelismo tenham perdido força, esse tipo de relação social ainda é comum.

geografia e literatura

esbugalhados, com um nó na garganta. E quando pôde falar, não via ninguém na sua frente, via só a luz do sol faiscar na parede branca da casa. – Não sou cachorro, coronel Lula. Não sou cachorro. E fez menção de subir os batentes. O velho gritou lá de cima: – Hein, não ponha os pés nesta casa. [...] Rego, José Lins do. Fogo morto. São Paulo: Klick, 1997. p. 109-110. Reminiscências/Acervo Iconographia

O coronelismo em Fogo morto José Lins do Rego viveu entre 1901 e 1957, e foi um importante escritor da literatura regionalista no Brasil. Suas obras tratam especialmente da sociedade rural nordestina, ambiente no qual o escritor foi criado. Na obra Fogo morto, Lins do Rego aborda a decadência dos engenhos de açúcar. No trecho reproduzido a seguir, o seleiro (artesão de selas) José Amaro, morador das terras do coronel Lula, é chamado pelo coronel para ser expulso da propriedade: [...] – Coronel, eu não sou homem de leva e traz. Moro neste teu engenho desde o tempo do capitão Tomás e nunca dei desgosto. […] – Hein, mestre José Amaro, quem manda neste engenho? – Coronel, eu já disse. Uma raiva de tudo foi se apoderando do seleiro. Já não podia aguentar mais aquelas perguntas bobas. […] – Hein, mestre José Amaro, o seu pai matou em Goiana, não é verdade, hein, mestre José Amaro? Eu não quero assassino no meu engenho. Não é, Amélia? Pode procurar outro engenho, mestre José Amaro. Hein, mestre José Amaro, ouviu? Procure outro engenho. Aquilo foi como uma bofetada na cara. O mestre deu dois passos para trás, estava com os olhos

Propaganda política da década de 1920 contrária à compra de votos.

1. Caracterize a postura do coronel perante o seleiro. De que forma tal postura exemplifica o coronelismo brasileiro?

Não escreva no livro.

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A reforma agrária e as lutas sociais no campo As ligas camponesas e o MST

Pode-se definir reforma agrária como uma mudança na estrutura da propriedade da terra em determinado local. O tema foi incluído na Constituição brasileira, em 1988, garantindo o direito à terra e a desapropriação dos latifúndios improdutivos para fins de reforma agrária. No entanto, as divergências sobre a forma como a terra deve ser distribuída e sobre as propriedades que podem ser desapropriadas para esse fim têm gerado inúmeros conflitos de interesse e violência no campo. Em linhas gerais, pode-se considerar a reforma agrária a partir de dois pontos de vista. O primeiro, mais distributivo, tem como objetivo o aumento do número de propriedades e proprietários rurais. O segundo considera a eficiência dos métodos de produção e o aumento da produtividade. Os modelos de distribuição variam desde a coletivização do uso da terra e a organização em cooperativas até a posse comercial do terreno, em que predominam as leis de mercado praticamente sem intervenção do Estado. O jogo de forças entre os defensores de cada proposta forma o contexto das lutas no campo no Brasil.

Por volta de 1945, começaram a se organizar as Ligas Camponesas, que lutavam por uma reforma agrária ampla. A estratégia utilizada foi a ocupação de terras. Esse movimento durou décadas, até ser violentamente reprimido e extinto após o golpe militar, em 1964. A redemocratização e as discussões da nova Constituição, na década­de 1980, possibilitaram a reorganização dos movimentos sociais que reivindicam o acesso à terra. O principal movimento de luta pela reforma agrária no Brasil é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Uma vertente progressista da Igreja católica, a Teologia da Libertação, e alguns partidos políticos foram os principais fomentadores do MST. Conflitos com oligarquias e latifundiários, que detêm o controle das terras e do poder político, resultaram em grande número de mortes. As principais áreas de conflito estão em fronteiras agrícolas, principalmente em Mato Grosso e Tocantins. Atualmente, a luta dos movimentos sociais no campo é pela aceleração do processo de reforma agrária e pela ampliação dos benefícios aos assentados, como assistência técnica e crédito agrícola. Além da luta pela posse da terra, esses movimentos criam propostas de educação e de participação social para os moradores do campo e para os assentados.

No Brasil, os movimentos pelo acesso à terra existem desde a promulgação da Lei de Terras, em 1850. Antes disso, a forma mais utilizada para o acesso à terra era a posse. O fim da escravidão e a lei que determinava que a posse só seria dada a quem pagasse pelo terreno levaram a inúmeros conflitos envolvendo os grandes proprietários, o governo, os ex-escravizados e os posseiros destituídos de suas terras. Exemplos de resistência e luta camponesa estão presentes em movimentos como a Guerra de Canudos (1893), no interior da Bahia, e a Guerra do Contestado (1908), na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, nas quais milhares de camponeses se agruparam para defender suas terras e organizar resistências.

Oligarquia: grupo formado por poucas pessoas que exerce domínio econômico, social, cultural e político em uma área. Teologia da Libertação: corrente teológica que defende uma sociedade mais igualitária, participativa e justa, na qual a fé cristã deve voltar-se para a libertação e o fim da opressão e da exclusão social.

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Capítulo 12 – O campo e o acesso à terra

A luta pelo acesso à terra

Assista Jenipapo. Direção de Monique Gardenberg, Brasil, 1995, 100 min. O filme relata a história de um jornalista que deseja uma entrevista com um padre defensor da reforma agrária e das lutas dos sem-terra do Nordeste.

Festa de comemoração de um ano da entrega dos lotes no assentamento Eli Vive, Londrina (PR). Foto de 2015.

saiba mais Terra pela liberdade Na história do Brasil, a luta pela terra esteve profundamente ligada à luta pela liberdade. Isso pode ser reconhecido entre os indígenas – que já na época colonial ofereceram resistência à tomada de suas terras pelos

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portugueses – e entre os negros, que se organizaram em milhares de quilombos no território brasileiro. Nos dias atuais, indígenas e remanescentes quilombolas ainda travam lutas em defesa de suas terras.

Não escreva no livro.

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A partir de meados da década de 1980, começaram a ganhar importância atividades que até então eram dispersas e estavam decadentes e sem competitividade no campo. Atividades de lazer e pequenos negócios foram transformados em novas oportunidades de emprego e de renda. A piscicultura, a criação de pequenos animais, a fruticultura de mesa, o plantio de flores e o turismo rural são exemplos dessas atividades que deram nova dinâmica ao mundo rural. Convencionou-se chamar essa nova configuração de “novo rural”. Também é usado o conceito de pluriatividade para denominar a diversificação das atividades produtivas dentro da mesma área ou da mesma propriedade rural. O “novo rural” pode ser dividido em dois grandes grupos de atividades: ••Novas atividades agropecuárias: destacam-se a criação de pequenos animais e a plantação de flores, frutas e hortaliças. Aproveitando a existência de nichos de mercado, essas novas atividades, como a hidroponia e a agricultura orgânica, introduziram e intensificaram algumas mudanças nas formas de produzir. A produção orgânica, voltada para um mercado mais exigente e que busca consumir produtos mais saudáveis, foi uma importante alternativa para as pequenas propriedades. ••Atividades rurais não agrícolas: consistem nas atividades ligadas à moradia, à prestação de serviços, ao lazer e a uma série de atividades industriais. Um exemplo disso são as construções rurais, seja

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

O “novo rural” brasileiro

Plantação de crisântemos em estufa em São José do Vale do Rio Preto (RJ). Foto de 2014.

de casas de luxo, como segunda moradia das populações de mais alta renda em chácaras e sítios de lazer, seja de casas populares para as populações de baixa renda, que buscam no meio rural uma forma mais barata de obter moradia. Podemos citar ainda as atividades agroindustriais derivadas do processamento de produtos agrícolas, como a fabricação de doces e geleias, açúcar mascavo, aguardente, etc. Essas atividades levam ao surgimento de outras, como os serviços de embalagem e transporte de produtos agrícolas, e são frequentemente feitas no meio rural. No campo, percebe-se que o uso e a ocupação do solo, as novas atividades que surgem, os tamanhos das propriedades, o agronegócio e a agricultura familiar, a destruição do meio ambiente e as alternativas sustentáveis revelam fortes contrastes.

Navegue Ministério da Agricultura O portal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento contém informações variadas sobre atividades agropecuárias e estatísticas de produção. Disponível em: . Acesso em: 2 nov. 2015. Hidroponia: técnica de cultivo que dispensa a terra como substrato e utiliza uma solução com nutrientes para promover o desenvolvimento dos vegetais.

Sistema agroflorestal De acordo com o Estatuto da Terra, uma das premissas para a reforma agrária é a promoção de um desenvolvimento rural justo e sustentável. Experiência bem-sucedida no campo é o modelo de agricultura sustentável da agrofloresta. 1. Em grupos, pesquisem quais são os tipos de alimentos produzidos em sistemas agroflorestais no Brasil, as alternativas ao uso de agrotóxicos e informações sobre a cadeia produtiva. Façam um levantamento de mercados que são abastecidos por esses produtos orgânicos na região onde vocês vivem.

Não escreva no livro.

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Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

ação e cidadania

Cultivo agroflorestal em Una (BA). Foto de 2013.

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Presença da África Quilombolas: direito à terra e respeito ao modo de vida Propriedade coletiva e identidade cultural

Um quilombo representa a base para a sobrevivência física e cultural, o enraizamento social das pessoas que dele fazem parte em um território, e deve ser reconhecido pela sociedade como um patrimônio da cultura nacional. A presença de vários quilombos em todo o país ilustra algumas conquistas. A própria Constituição de 1988 estabelece que:

A lei assegura a propriedade da terra às comunidades e não a indivíduos isolados. O direito à terra é compreendido como a conclusão do processo inacabado de abolição da escravidão, como reparação de uma dívida histórica existente. É conferido por ser a comunidade remanescente, isto é, por ter-se originado de um quilombo e ter mantido traços culturais ainda identificáveis dessa origem. Por isso, o título da propriedade somente pode ser coletivo e indivisível, o que diferencia da ideia de propriedade individual. A preservação das formas de organização social das comunidades remanescentes de quilombos, assim como das terras indígenas, é importante para toda a sociedade brasileira. Essas formas de organização são concepções, interpretações e maneiras de lidar com a natureza diferentes do padrão “moderno”. Podem mostrar outras maneiras de ser e apontar caminhos possíveis de mudança, quando for necessário. O respeito à diferença de costumes, à pluralidade de culturas, à diversidade de valores é um aspecto considerado essencial em nossos dias para a prática democrática, sendo reafirmado pela Constituição brasileira. Não só a ideia de uso comum da terra caracteriza os membros das comunidades quilombolas atuais. Eles partilham muitos outros conhecimentos e práticas que os tornam portadores de uma cultura própria, que ainda guarda muitas influências de usos e costumes africanos. Conforme comenta dona Luzia, da comunidade quilombola de Santa Luzia do Norte (Alagoas), na qual não raramente os idosos alcançam um século de vida:

Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. Brasil. Constituição, 1988. Disponível em: . Acesso em: 13 dez. 2015.

Cesar Diniz/Pulsar Imagens

São atribuições do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) o reconhecimento, a demarcação e a titulação das terras quilombolas. Esse é o primeiro passo para a estabilização dessas comunidades. No entanto, muitas terras quilombolas são alvo de empresas extrativistas ou do agronegócio que justificam a expropriação dessas áreas em nome do progresso, da modernidade e do crescimento da economia nacional. É bastante difundida a visão de que apenas formas “modernas” de propriedade e de exploração do solo seriam capazes de produzir comercialmente, estas representariam o progresso; as comunidades quilombolas, o atraso. O modelo familiar de produção é vitimado pelo preconceito, sendo em geral associado a baixos rendimentos, baixa produtividade e agricultura de subsistência. Esse tipo de reflexão tende a conduzir a opinião pública a apoiar o favorecimento da grande propriedade, na ilusão de que assim seriam ampliados a produção, o uso de técnicas avançadas, os rendimentos, os empregos rurais, ao mesmo tempo barateando os alimentos.

Minha mãe, Maria Rosa, ganhou uma medalha da mulher mais velha de Santa Luzia, ela morreu com 104 anos. Meu pai, Manuel Livino, e por isso me chamam Luzia do Livino, morreu com 118 anos. […] Hoje em dia tem muito remédio, esses médicos não sabem de nada, dão remédio e a doença volta, antigamente gripe era hortelã batida e alho, e sempre comer direito. Veja só, antes, menino que ficava doente a gente fazia o seguinte: queimava a roupa que ele estava vestido e defumava o menino, depois dava um pouco das cinzas com água morna pra ele beber e pronto, estava curado. Cabral, Marcelo. O Quilombo do Norte e a fonte da juventude. Disponível em: . Acesso em: 4 nov. 2015.

O modelo produtivo encontrado em muitas comunidades quilombolas é o da agricultura familiar de subsistência. Na foto, uma mulher quilombola prepara o beiju, feito a partir da mandioca, no Quilombo Maria Romana, Cabo Frio (RJ). Foto de 2015. 160

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Ainda que reconheçam aspectos positivos na forma como vivem os não quilombolas, dona Luzia e a grande maioria dos integrantes das comunidades ainda hoje Não escreva no livro.

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Brasil – Comunidades quilombolas (2012) 60ºO

VENEZUELA

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Guiana Francesa (FRA) SURINAME

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20ºS

Capricórn

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Terras tituladas Terras com portaria do Incra (em processo de titulação)

URUGUAI

Estados sem registro oficial de comunidade quilombola

Na beira do Ribeira. Direção de Sergio Roizenblit, Brasil, 2006, 26 min. O documentário mostra práticas autossustentáveis que possibilitam novas formas de sobrevivência cultural e econômica.

NO

João Miguel A. Moreira/ID/BR

existentes não querem viver como eles. Não querem abrir mão das suas crenças religiosas, das suas concepções de família, vizinhança e solidariedade, do seu jeito de se divertir, de educar seus filhos ou de enterrar os mortos. Querem melhorar as condições em que vivem, mas não querem deixar de ser quem são. Não é uma tarefa simples, pois sua existência entra em conflito não apenas com os grandes proprietários rurais, mas com a crença de que seu modo de vida pertence ao passado. Atualmente, estima-se existir cerca de 3 mil comunidades espalhadas por todo o Brasil. Destas, mais de 2 mil já foram reconhecidas pelo governo. O título legal é o primeiro passo para garantir a sua sobrevivência. Muitas outras estratégias, entretanto, precisarão ser usadas. Talvez a mais importante seja tornarem conhecidas a sua existência e a sua importância para o século XXI. Até 2015, os estados brasileiros com maior número de comunidades quilombolas tituladas eram Pará (58), Maranhão (55), Bahia (17) e São Paulo (6).

0

460

920 km

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 127.

Leia

Quilombos vivos. Direção de Denise Monson, Brasil, 2006, 52 min. O documentário faz parte do projeto Quilombos Vivos e realiza uma viagem pelas comunidades quilombolas paulistas.

Cidadania em preto e branco, de Maria Aparecida S. Bento. 4. ed. São Paulo: Ática, 2006. O livro estimula o leitor à reflexão sobre os problemas étnicos brasileiros e sobre os fatos históricos relacionados às chamadas “teorias raciais”.

Sementes da memória. Direção de Paulo Carrano, Brasil, 2006, 46 min. O filme faz parte do projeto Práticas Educativas em Comunidades Tradicionais, da Universidade Federal Fluminense. Após oficina com o grupo da universidade, os quilombolas do Oriximiná, no Pará, pegam as câmeras e retratam a própria realidade.

O racismo na história do Brasil: mito e realidade, de Maria Luiza Tucci Carneiro. 8. ed. São Paulo: Ática, 1998. O livro reconstitui em nossa história – do período colonial até os dias atuais – as marcas da discriminação racial brasileira, abordando aspectos sociais, culturais e políticos.

Navegue Comissão Pró-Índio de São Paulo – Comunidades Quilombolas A CPI-SP é uma organização não governamental, fundada em 1978 por antropólogos, médicos, advogados, jornalistas e estudantes, que tem como objetivo a defesa dos direitos de povos indígenas e quilombolas. No site da entidade é possível acompanhar a situação dos processos de titulação das propriedades de comunidades remanescentes de quilombos em todo o país. Disponível em: . Acesso em: 22 mar. 2016.

Para discutir

1. O texto apresenta dois tipos de interesse na ocupação de terras no Brasil: o lucro privado e o interesse comunitário coletivo. Organizem-se em grupos e levantem argumentos favoráveis e contrários a cada uma das duas formas de uso da terra. Concluída essa etapa, a classe deverá se dividir em dois grupos para um debate: os favoráveis e os contrários ao uso individual e ao uso coletivo da terra. Encerrado o debate, escreva no caderno um texto com suas próprias conclusões.

Não escreva no livro.

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Mundo Hoje Trabalhadoras rurais protestam por políticas públicas e mais educação Milhares de trabalhadoras rurais participaram da Marcha das Margaridas em Brasília [agosto de 2015]. As mulheres se reuniram nas ruas da capital federal para protestar por mais educação e políticas públicas para o campo. Trabalhadoras rurais e pequenas agricultoras se concentraram no Estádio Nacional. […] Elas cercaram o gramado da Câmara e do Senado para protestar contra a falta de incentivos à agricultura familiar. “As mulheres do campo são mais discriminadas do que as da cidade. Temos que ter agricultura familiar, temos que dar condições pra que elas também tenham condições de viver bem no campo”, diz Susineide de Medeiros, presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Essa é a quinta edição da marcha, que acontece a cada dois anos em Brasília, sempre no dia 12 de agosto. A data marca o assassinato, em 1983, de Margarida Maria Alves, presidente de um sindicato de trabalhadores na Paraíba. O tiro foi disparado por um dono de terras naquele estado. Neste ano [2015], a marcha pediu o

combate à violência contra a mulher e incentivos à produção da agroecologia. “Quem garante a diversidade na mesa das pessoas é a agricultura familiar, é a produção das mulheres e nós viemos às ruas exigindo mais fortalecimento com mais sustentabilidade para o campo”, diz Alessandra Luna, [da] Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag. No começo da tarde da terça-feira (12) o Congresso fez uma sessão especial em homenagem às margaridas. “Nós queremos um país que avance nos direitos, que garanta a democracia e que garanta o direito nosso de virmos aqui nesse espaço e fazermos as denúncias necessárias para garantir vida digna para todas e todos os trabalhadores do nosso país”, diz Carmen Foro, vice-presidente da CUT. De volta ao Estádio Nacional as margaridas se encontraram com a presidente Dilma Rousseff. No encontro, as trabalhadoras rurais entregaram um documento com todas as reivindicações da marcha que serão analisadas uma a uma pelo governo. […]

Charles Sholl/Futura Press

Marsola, Flávia. G1, 13 ago. 2015. Disponível em: . Acesso em: 3 nov. 2015.

Na foto, passeata da Marcha das Margaridas realizada em 12 de agosto de 2015, em Brasília (DF). O evento reúne trabalhadoras rurais do Brasil e de outros países latino-americanos. Na ocasião, as participantes apresentaram reivindicações em favor da reforma agrária, da igualdade de direitos entre homens e mulheres, além de defender práticas agroecológicas e sustentáveis no campo.

para elaborar

1. Você conhece outros exemplos de participação das mulheres em lutas sociais no campo? Discuta com os colegas e escrevam um texto coletivo sobre a importância do aumento da participação das mulheres nessas lutas sociais. 162

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Não escreva no livro.

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Informe A compreensão sobre o rural no Brasil políticas de crédito. Suas demandas [...] redundaram quer no reconhecimento legal da categoria “agricultor familiar”, quer na definição de uma série de políticas públicas que vêm colocando em destaque o lugar do rural e redesenhando seu significado: políticas de crédito, educação, habitação, saúde (inclusive com a valorização das formas de medicina tradicionais). [...] Uma política de educação do campo, capaz de valorizar as dimensões culturais e de vida das áreas rurais, tem sido uma importante demanda dos movimentos sociais nas duas últimas décadas. Iniciada com a criação de escolas em assentamentos rurais, apresentada pelo MST, desdobrou-se, em 1998, na Articulação Nacional por uma Educação do Campo [...]. O suposto é a superação do antagonismo entre cidade e campo, que passaram a ser vistos como complementares e de igual valor, embora com tempos e modos diferentes de ser, viver e produzir. A proposta contraria, pois, a pretensa superioridade do urbano sobre o rural e admite variados modelos de organização de educação e de escola [...]. Zanone Fraissat/Folhapress

Desde o final dos anos 1970, a multiplicação dos conflitos por terra, as lutas por melhores preços para produtos agrícolas, por direitos previdenciários, pelo reconhecimento de grupos específicos revelaram facetas de um rural até então pouco conhecido: sem-terra, seringueiros, posseiros, atingidos por barragens, pequenos agricultores, quilombolas, povos indígenas, entre outros, vieram à cena pública, mostraram-se como atores que recusavam os efeitos perversos do processo de modernização da agricultura sobre seus modos de vida e trouxeram demandas que, em seu conjunto e em suas especificidades, abriram possibilidades de afirmação de outra concepção de rural. No final dos anos 1980 começou a ser mais claramente verbalizada a ideia de um novo modelo de desenvolvimento rural com base na agricultura familiar, refletindo o incipiente protagonismo político dessa categoria bastante diversificada internamente. [...] Ao longo dos últimos anos, diversos autores atualizaram e problematizaram a forma como o rural vinha sendo concebido, e entraram na ordem do dia: o cruzamento da questão agrícola com a ambiental; a discussão sobre o que é ser moderno; reflexões sobre a importância da produção de alimentos mais saudáveis, sem altas doses de insumos químicos; a defesa da soberania alimentar; a qualidade de educação, habitação, saúde, infraestrutura disponível no campo. Iniciou-se, assim, um processo lento, mas significativo, de ressignificação do rural, que pouco a pouco começou a deixar de ser visto como residual e trouxe para a pauta política demandas de melhoria das condições de quem lá permanecia, sem destruir modos tradicionais de vida e organização. [...] Os anos 1980 e principalmente 1990 foram períodos de grande mobilização no campo. A literatura tem dado grande destaque às ocupações de terra, à luta pela reforma agrária e ao papel do MST, mas tende a obscurecer um segmento fundamental, que teve um papel decisivo na ressignificação do rural: os agricultores familiares. Desde o início dos anos 1990, vinha se desenhando no interior das organizações sindicais [...] propostas de desenvolvimento com base na agricultura familiar, deixando de reivindicar apenas

O aumento recente de atividades produtivas agrícolas nas cidades torna mais complexa a distinção entre o espaço rural e o urbano. Horta comunitária em São Paulo (SP). Foto de 2015.

Medeiros, Leonilde Servolo de et al. Rural e urbano no Brasil: marcos legais e estratégias políticas. Contemporânea, v. 4, n. 1, p. 118-129, jan./jun. 2014. Disponível em: . Acesso em: 22 mar. 2016.

para discutir

1. Quais mudanças ocorridas no campo, nas últimas décadas, contribuíram para a transformação do que se entende por “rural” no Brasil? 2. O texto reconhece a agricultura familiar como uma “categoria bastante diversificada internamente”. Reúna-se com um colega e, juntos, façam uma pesquisa sobre esse tipo de produção e indiquem quais grupos compõem a agricultura familiar no país. Como essa classificação se relaciona aos movimentos sociais no campo?

Não escreva no livro.

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Não escreva no livro.

Revendo conceitos

d) Compare os dois gráficos. É possível observar algum período em que a evolução do número de famílias assentadas corresponde à evolução da área destinada à reforma agrária?

1. Quais são as principais contradições existentes no meio rural brasileiro? 2. O que é coronelismo?

8. Observe o gráfico a seguir e responda.

3. Quais são as características das lutas sociais no campo brasileiro?

Assassinatos no campo por região (1985-2014)

4. Quais são as principais demandas dos movimentos sociais no campo?

40% (775 assassinatos)

5. Como podemos classificar o “novo rural” brasileiro?

5% (101 assassinatos)

6. O que são atividades rurais não agrícolas? Dê exemplos.

14% (265 assassinatos)

Lendo gráficos

Região Centro-Oeste

160,0

Setup Bureau/ID/BR

Brasil – Evolução do número de famílias assentadas (2001-2014), em 1 000 famílias

140,0 120,0

Total de assassinatos no Brasil: 1934

Fonte de pesquisa: Comissão Pastoral da Terra. Conflitos no Campo: Brasil 2014. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2016.

60,0 40,0 20,0

Brasil – Evolução da área destinada à reforma agrária (1999-2014), em milhões de hectares

35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 1999/2002

2003/2006

2007/2010

2011/2014

Fonte de pesquisa: Incra. Disponível em: . Acesso em: 11 nov. 2015.

a) Em quais anos o número de famílias assentadas foi menor? Em quais anos foi maior? b) Observando o gráfico 1, é possível perceber alguma tendência no número de famílias assentadas? c) De acordo com o gráfico 2, em quais anos a área destinada à reforma agrária foi maior?

Setup Bureau/ID/BR

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

9. No campo, encontra-se o maior número de pessoas em condições de trabalho análogas à escravidão. Com base nos gráficos a seguir, escreva um pequeno texto sobre o perfil do trabalhador escravizado nos dias atuais. Trabalhadores libertados da escravidão (2003-2014) 1% (565) extrativismo 1% (398) confecção 1% (286) mineração 3% (1 228) reflorestamento 3% (1 312) outro 5% (2 168) desmatamento 5% (2 101) construção 8% (3 630) carvão Escolaridade

33% são analfabetos

Adilson Secco/ID/BR

80,0

0,0

Região Sul

a) Em quais estados ocorre o maior número de mortes em conflitos no campo? b) Quais são as possíveis razões para que esses estados sejam os mais violentos?

100,0

2

16% (319 assassinatos)

Região Nordeste Região Sudeste

0,0

25% (474 assassinatos)

Região Norte

7. Analise os gráficos e responda às questões. 1

Adilson Secco/ID/BR

Atividades

29%

(12 458) pecuária

25%

(11 077) cana

19%

(8 260) outras lavouras

Sexo

95% são homens

39%

Idade

só chegaram até o 4º ano

têm entre 18 e 44 anos

83%

Fonte de pesquisa: Escravo, nem pensar! Disponível em: . Acesso em: 22 mar. 2016.

164

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Toledo, Marcelo. Boias-frias abandonam migração para o corte da cana em São Paulo. Folha de S.Paulo, 19 abr. 2015. Disponível em: . Acesso em: 21 mar. 2016.

a) Discuta com os colegas quais são os impactos da mecanização agrícola para os trabalhadores desse setor. b) Ao buscar ocupação em outros setores da economia, quais seriam as novas exigências para esses trabalhadores?

Tales Azzi/Pulsar Imagens

Eles chegavam aos milhares em caravanas de ônibus, dormiam em abrigos para mais de 400 pessoas, ocupavam as praças, supermercados e quadras de esporte das cidades e fizeram, por décadas, parte da paisagem da região de Ribeirão Preto. Mas, neste ano, os boias-frias desapareceram da mais tradicional região produtora de cana-de-açúcar do país. Nesta época do ano, era comum a chegada de ônibus do Vale do Jequitinhonha (MG) ou de Codó e Timbiras, no Maranhão, com trabalhadores para o corte da cana na macrorregião de Ribeirão. Mas, com a assinatura do protocolo agroambiental entre as usinas e o Estado, em 2007, a mecanização de cana avançou muito, levando os migrantes a abandonar a área. Segundo a Pastoral do Migrante de Guariba (SP), em 2015 não chegou à cidade um único migrante, fato inédito em 40 anos. Na década passada, eram ao menos 15 mil ao ano. Agora, buscam outras regiões para atuar na construção civil e na citricultura, ou ficam em seus estados. Dos 1 200 boias-frias esperados no entorno de Guariba, no máximo cem devem ser migrantes, segundo o Sindicato dos Empregados Rurais da cidade. A mão de obra total já foi de 60 mil. Guariba é uma cidade símbolo da luta dos boias-frias, graças a um levante ocorrido em 1984 que resultou em uma morte e iniciou mudanças nas relações trabalhistas. "Hoje, quando ocorre, a migração é espontânea. Ônibus com centenas de migrantes chegando não há mais, nem haverá", disse a socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva, que estuda essa dinâmica trabalhista no campo há mais de três décadas. Dos 5,5 milhões de hectares com cana em São Paulo, 85% foram colhidos por máquinas em 2014, segundo o IEA (Instituto de Economia Agrícola). Em 2007, a mecanização alcançava 42%. A cada 1% de aumento na colheita mecanizada, 702 postos de trabalho são extintos, segundo o instituto.

1

Turistas passeiam a cavalo em Cambará do Sul (RS). Foto de 2015. Joá Souza/Futura Press

10. Leia o texto a seguir e responda às questões.

11. Observe as fotografias abaixo e responda às questões.

2

Cultivo de alface por hidroponia em Ilhéus (BA). Foto de 2012. Marcos Vicentti/Folhapress

Interpretando textos e imagens

3

Derrubada de árvores para criação de áreas para pastagem e agricultura em Rio Branco (AC). Foto de 2010.

a) Quais dessas imagens são representativas do “novo rural” brasileiro? b) Quais são as características que podemos identificar em cada umas das imagens em relação à dependência de tecnologia e de mão de obra? 165

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capítulo

André Vazzios/ID/BR

13

A modernização da agricultura A agricultura de precisão

o que você vai estudar A modernização da agricultura no Brasil.

Análise do solo Mapas de produtividade

DO SOLO PLANTIO

Agricultura familiar.

PREPARAÇÃO

Aplicação de fertilizantes e corretivos

CO LH EIT A

A diversidade das relações de trabalho no campo.

SAFRA

Agroindústrias e agronegócio.

Plantio de acordo com o potencial produtivo

ITA

HE

L CO

Máquinas com sensores de produtividade

Aplicação localizada de defensivos agrícolas

Navegue Embrapa O site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulga informações sobre o desenvolvimento técnico e científico no setor agropecuário. Nele, você também encontra imagens do Somabrasil – sistema de monitoramento da dinâmica espacial da agroprecuária. Disponível em: . Acesso em: 4 nov. 2015.

Geoprocessamento: conjunto de conceitos e técnicas de processamento informatizado de informações geográficas.

NTO AME PANH RA ACOM A LAVOU D

Mapeamento de pragas e doenças

Fonte de pesquisa: Nunes, José Luis da Silva. Agrolink. Disponível em: . Acesso em: 12 nov. 2015.

A modernização da agricultura consistiu no desenvolvimento e na aplicação de novas tecnologias à atividade agrícola. Esse processo de transformação da prática agrícola por influência do modelo industrial teve início no século XIX, nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. No Brasil, a incorporação de técnicas agrícolas mais avançadas acompanhou o processo de transformação do país em uma sociedade urbano-industrial. À medida que a urbanização no Brasil avançava, o mercado consumidor crescia nas cidades e surgia a preocupação em aumentar a produtividade agrícola. Tecnologias de geoprocessamento passaram a ser empregadas na elaboração de mapas de produção, e produtores rurais passaram a contar com o suporte de pesquisas sobre a qualidade e as características químicas dos solos, as especificidades de cada tipo de cultivo e a aplicação da quantidade correta de insumos. Esse tipo de agricultura, caracterizada pelo gerenciamento do cultivo a partir de informações detalhadas e com o uso de tecnologias avançadas, é chamado de agricultura de precisão. No Brasil, o acesso a essas tecnologias ainda é muito desigual e grande parte dos agricultores não dispõe de recursos para introduzi-las em suas propriedades. Interprete o esquema acima e responda às questões. 1. Quais são as quatro principais fases da produção da agricultura de precisão? 2. Em quais fases as tecnologias de localização geográfica auxiliam o produtor? 3. Em sua opinião, o uso de tecnologias é capaz de reduzir os impactos ambientais provocados pelas práticas agrícolas? Explique.

166

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Não escreva no livro.

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A modernização da agricultura no Brasil

Revolução Verde Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as inovações químicas e tecnológicas obtidas durante a guerra integraram um pacote verde, que contava com novas máquinas e implementos agrícolas (adubos químicos, inseticidas, rações, fertilizantes). Ele foi adotado inicialmente nos Estados Unidos e, depois, foi “exportado”, sobretudo para os países menos desenvolvidos, que aumentaram a produtividade, mas ficaram sob dependência tecnológica em relação aos Estados Unidos. conexão

Acesso às tecnologias da informação Com a expansão da cobertura de internet nas áreas rurais, é possível administrar o cultivo por meio de smartphones e tablets. Uma série de aplicativos de celulares foi desenvolvida para que, remotamente, os produtores rurais possam obter informações sobre a aplicação de herbicidas e fertilizantes, o controle do volume de água, entre outros processos. 1. Nessa perspectiva, em grupos, discutam qual o impacto e a importância dos programas de inclusão digital para a população rural.

Ricardo Teles/Pulsar Imagens

Com o apoio do Estado, a partir da década de 1960, foram adotadas no Brasil várias práticas modernas, como o uso de defensivos em grande escala, de fertilizantes e de máquinas agrícolas, resultado da adoção, pelo Sistema Nacional de Crédito Rural, do pacote tecnológico da revolução verde na agricultura. A agricultura brasileira atingiu alto grau de crescimento na década de 1970. A Embrapa, empresa vinculada ao governo federal, desenvolve e implementa essas inovações. Algumas características, como as descritas a seguir, marcaram esse processo. ••Na expansão agrícola foram aumentadas as áreas de produtos ligados à transformação industrial, como soja, pínus (madeira), cana e laranja. ••O alto grau de integração da modernização com os setores industriais, tanto no setor que processa os produtos agrícolas (as agroindústrias) quanto nos que produzem insumos e máquinas para a agricultura. ••A pesquisa científica e de inovação, que possibilitou a criação de novas espécies adaptadas às condições brasileiras. Um exemplo disso é a soja, que passou a ser plantada em praticamente todo o território nacional. Outro exemplo é a pecuária, com o uso da inseminação artificial, que permite obter gado de melhor qualidade. Nos anos de 1970, buscou-se a diminuição da dependência do Brasil em relação às exportações de café, e outros produtos agrícolas começaram a ser exportados. A modernização agrícola não aconteceu igualmente em todo o território nacional. No início, ela foi mais concentrada no Sul e no Sudeste, que também concentraram alguns produtos (soja, laranja, cana, etc.). Essa política gerou críticas. Uma delas foi que o espaço rural brasileiro modernizou-se, mas a estrutura fundiária presente desde o período colonial permaneceu inalterada. Outra crítica ao modelo agrícola adotado no Brasil é que ele tem se caracterizado pela destruição ambiental em larga escala, nas grandes e pequenas propriedades. Muitos produtores alegam não ter condições de adequarem-se às legislações ambientais. A falta de tratamento de resíduos na pecuária, o alto emprego de defensivos agrícolas e o uso desordenado dos recursos hídricos, entre outros, são graves problemas para o avanço da agricultura.

saiba mais

Mudas de cana-de-açúcar em estufa, Goianápolis (GO). Mais de 50% da safra nacional de cana é destinada à produção de etanol. Foto de 2015. Não escreva no livro.

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As relações de trabalho A atividade agropecuária brasileira, nos dias de hoje, é desenvolvida basicamente por empresas do tipo patronal (segmento altamente produtivo e eficiente), por empresas do tipo familiar ou comercial, também eficientes e rentáveis, e pelos produtores ou camponeses que moram nas propriedades, autossuficientes, mas com baixo rendimento. Desse contexto, surgem vários tipos de relações de trabalho. A escravidão foi, por mais de três séculos, a principal relação de trabalho no campo brasileiro, perpassando praticamente todo o período anterior à República (até 1888). Com a vinda do imigrante europeu em larga escala e o fim da escravidão, a relação de trabalho que passou a ser dominante foi o colonato. Nesse sistema, o trabalhador era livre e sua remuneração era dada de duas formas: uma parte em concessão de terras e a outra com salário fixo anual (em dinheiro). Na cafeicultura paulista, por exemplo, os colonos plantavam seus próprios gêneros alimentícios no espaço entre os pés de café do patrão. Com a industrialização e a modernização da agricultura, o emprego de trabalhadores assalariados predomina no campo. Eles são divididos em: ••Trabalhador permanente: contratado o ano todo na propriedade. ••Trabalhador temporário: solicitado apenas nos momentos de maior demanda por mão de obra, como na colheita e no plantio. É também conhecido como boia-fria. Embora sejam trabalhadores rurais, os assalariados do campo geralmente moram na periferia das cidades. Outro tipo de relação de trabalho é o sistema de parceria: o trabalhador entrega parte de sua produção ao dono da terra como pagamento pelo seu uso. Uma das formas mais comuns é a entrega de metade da produção, daí o nome meeiro. Com a modernização da agricultura, surgiram várias profissões ligadas ao meio agrícola: técnicos agropecuários, tratoristas, motoristas de colheitadeira, mecânicos de trator e implementos, entre outras. Como são especializados, esses trabalhadores recebem salários melhores que os não especializados. De um lado, o trabalho manual é substituído pelo mecanizado e, de outro, há uma necessidade de qualificação por parte dos trabalhadores rurais. Ainda existem fazendas que recrutam pessoas e as submetem ao trabalho escravo. Esses trabalhadores são levados de áreas muito pobres com a promessa de receber um salário pelo serviço. Mas os fazendeiros cobram pelas despesas da viagem, pela moradia e pela comida muito mais do que o valor que pagam pelo trabalho. Os trabalhadores ficam endividados e são impedidos de ir embora, muitas vezes sob ameaça de violência. O governo brasileiro tem combatido a escravidão, mas ela ainda existe em todo o país. Submeter uma pessoa a trabalho escravo é crime pelas leis brasileiras e internacionais, constituindo um atentado gravíssimo aos direitos humanos.

Assista Alimentos S.A. Direção de Robert Kenner, Estados Unidos, 2008, 94 min. O documentário investiga a cadeia de produção de alimentos nos Estados Unidos e revela o modo controverso como grandes corporações alimentícias atingem elevada produtividade.

O boia-fria Com a expansão do trabalho assalariado no campo, em áreas de grande produção é comum a utilização de boias-frias: trabalhadores por empreitada de curta duração. São arregimentados por intermediários conhecidos como “gatos”, que cumprem a função de contratadores de mão de obra, transportadores dos trabalhadores, fiscais, pagadores, chefes e capatazes. Os “gatos” ficam com parte do pagamento dos boias-frias e, muitas vezes, para obterem maiores ganhos, atrasam e diminuem os pagamentos. Como recebem de acordo com a produção diária, os boias-frias são frequentemente levados a trabalhar uma quantidade excessiva de horas por dia. Muitos adoecem gravemente.

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Delfim Martins/Pulsar Imagens

Capítulo 13 – A modernização da agricultura

saiba mais

Boias-frias trabalhando no corte de cana em Teresina (PI). Foto de 2015.

Não escreva no livro.

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Agricultura familiar A agricultura familiar caracteriza-se pelo uso do trabalho dos membros de uma família como principal mão de obra de uma propriedade rural. Segundo a definição do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na agricultura familiar a administração dos trabalhos do estabelecimento rural é exercida pelo proprietário das terras (ou pela pessoa que as arrendou), e o uso do trabalho familiar tem de ser maior que o trabalho contratado. Em geral, as propriedades agrícolas familiares têm uma extensão de menos de 100 hectares. Quanto ao uso de tecnologia, pode-se dividir a agricultura familiar em dois grandes grupos.

A pequena agricultura é aquela que tem um nível técnico menor, gera baixa renda e apresenta pouca inserção no mercado. Como exemplo, cita-se a agricultura de subsistência, encontrada em áreas pobres, por meio da qual o agricultor normalmente produz para suas necessidades imediatas e comercializa o pequeno excedente. A agricultura familiar comercial tem melhor nível técnico e, portanto, produtividade maior. Bons exemplos disso são o cultivo de flores, a produção de hortifrútis nos cinturões verdes das grandes cidades e, na pecuária, a criação de frangos e suínos que, organizada em cooperativas, abastece as agroindústrias.

Cinturão verde: área situada nos arredores das cidades que abriga reservas ambientais e sítios e garante a preservação ambiental e parte do abastecimento de alimentos da população dessas regiões.

ação e cidadania

O infográfico a seguir mostra algumas das práticas, geralmente aplicadas em propriedades familiares, que podem contribuir para a redução de custos e para o aumento da produtividade em relação aos padrões tradicionais. Confira.

Uma propriedade rural com agricultura sustentável Identificação, saúde e bem-estar dos animais.

Proteção das lavouras. 1. Rotação de culturas variadas. 2. Escolha de variedades mais resistentes a doenças. 3. Utilização de defensivos agrícolas restrita ao mínimo.

• Conhecimento do ambiente natural e das condições econômicas da propriedade. • Planejamento das práticas agrícolas.

Segurança de saúde e higiene para as pessoas e os produtos.

Getulio Delphim/ID/BR

A agricultura sustentável Na agricultura sustentável busca-se utilizar o espaço agrário de forma racionalizada, minimizando os impactos ambientais. Esse modelo visa reduzir o uso de produtos químicos e prezar pela segurança e pelo desenvolvimento social do trabalhador.

Irrigação com economia de água.

Segurança do trabalho e gestão dos resíduos.

• Emprego de técnicas de adubação sustentável. • Análise frequente dos solos.

• Produção de adubo orgânico em condições de higiene e segurança.

• Adubação limitada às efetivas necessidades (avaliadas com precisão) das plantas e feita em períodos determinados.

Preservação das paisagens e da biodiversidade.

Fontes de pesquisa: Gadon, Odile. Para entender o mundo: os grandes desafios de hoje e de amanhã. São Paulo: SM, 2009. p. 131; Ministério da Agricultura da França. Disponível em: ; Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária. Disponível em: . Acessos em: 13 nov. 2015.

1. Pesquise com os colegas se há no município onde vocês vivem alguma prática agrícola que busque maior integração e respeito ao meio ambiente.

Não escreva no livro.

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O agronegócio Silva Júnior/Folhapress

A modernização agrícola inseriu mais amplamente a agricultura no comércio mundial. Essa comercialização ficou conhecida como agronegócio. O uso do termo “agronegócio” tornou-se mais comum neste século para referir-se a empresas que têm na agricultura sua principal base de negócios. Podemos associar o agronegócio a toda cadeia voltada ao mercado agroindustrial. O agronegócio quase sempre diz respeito à grande agricultura empresarial, produtora de grãos e de itens voltados à exportação. No entanto, existe uma diversidade no agronegócio que abrange tanto a produção para exportação quanto a produção para o mercado interno. A agricultura familiar comercial também faz parte do agronegócio, pois alguns de seus produtos, como milho, soja, arroz e leite, são inseridos nas cadeias agroindustriais típicas do agronegócio moderno.

MA D

A agropecuária é o núcleo da produção agrícola e inclui os processos de cultivo de plantas e de criação de animais. Normalmente, é o campo que fornece os alimentos in natura (em sua forma natural) para o consumo e os produtos para as indústrias de transformação. Com a modernização, as atividades agrícolas se tornaram mais integradas aos processos industriais, utilizando insumos produzidos pela indústria (como máquinas e equipamentos) e fornecendo produtos para o processamento por grandes empresas agroindustriais. Indústria de suco de laranja em Tabatinga (SP). A formação de um complexo sistema agroindustrial envolveu a es- Cerca de 80% das laranjas produzidas no Brasil pecialização da produção. A agroindústria de processamento trans- são vendidas na forma de suco concentrado congelado. A cadeia citrícola abrange desde a forma os produtos vindos da agropecuária em bens de consumo. São pesquisa genética até o processamento para exemplos disso o setor têxtil e de vestuário. As agroindústrias de exportação. Foto de 2015. bens de capital respondem pela produção dos Brasil – Agroindústria (2013) insumos e instrumentos, Guiana 60ºO 40ºO VENEZUELA SURINAME Francesa (FRA) COLÔMBIA como a produção de traGUIANA AP tores, colheitadeiras e imRR Equador 0º plementos agrícolas. EQUADOR Para dinamizar o fluxo desses produtos agroindusPA AM MA CE triais, são de fundamental RN PB importância os agrosserPI PE AC viços. Entre esses serviços AL TO PERU encontram-se: o beneficiaSE RO BA mento, a seleção e o emMT pacotamento; serviços esGO DF pecializados em gestão e OCEANO BOLÍVIA inovação tecnológica e na PACÍFICO MG MS CHILE ES manutenção de equipamen20ºS tos; estruturas e pessoas esSP Cacau RJ Trópico de Capricórnio pecializadas na comercialiCafé PR PARAGUAI Frutas (doce, polpa e suco) zação; além da logística de Madeira OCEANO armazenamento e transporÓleos vegetais (soja, milho, algodão) SC ATLÂNTICO ARGENTINA RS Papel e celulose te de produtos aos mercaPecuária e derivados dos locais e às empresas de Usina de açúcar e álcool 0 475 950 km Principais produtos exportados URUGUAI exportação. RA EI

AS UT FR A O, EIR DÃ AD GO E M L A

Capítulo 13 – A modernização da agricultura

S TA U FR

170

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João Miguel A. Moreira/ID/BR

As agroindústrias

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Fontes de pesquisa: Caldini, Vera Lúcia de Moraes; Ísola, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 53; Simielli, Maria Elena Ramos. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 126.

Não escreva no livro.

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Mundo Hoje Principal gargalo para a competitividade do agronegócio brasileiro é o escoamento da produção O Brasil nasceu para ser um país agrícola. Sua localização geográfica, suas terras cultiváveis e seu clima colaboram com as mais variadas culturas. Nossa produção no setor é grande o bastante para atender grande parte das demandas mundiais por alimentos. No período de 2014/2015 a safra esperada de grãos deve ser na ordem de 206 milhões de toneladas. Mas, apesar de todo esse potencial, a questão da logística e infraestrutura das exportações requer atenção, principalmente no que se refere ao escoamento da produção de milho e soja. “Em 2014 tivemos um déficit de capacidade de embarque desses grãos em 64 milhões de toneladas. Se continuarmos com essa velocidade produtiva, mas sem melhorias em nossos transportes, principalmente nos portos, vamos ter todo esse potencial jogado fora”, afirmou Luiz Fayet, consultor de logística e infraestrutura da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e membro da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Luiz Fayet explicou que, no Brasil, o agronegócio nasceu e se desenvolveu no Sul do País. Mas, com a ocupação de praticamente todas as áreas disponíveis localmente, migrou para o Centro-Norte/Nordeste e o Centro-Oeste, alterando a geografia da produção. Com isso, passou a ocupar regiões desprovidas de infraestrutura terrestre adequada e sem capacidades portuárias para consolidar os novos corredores, deixando-se de considerar o potencial hidroviário com

vistas a reduzir os custos de exportação. “Assim, o problema mais grave é o Apagão Portuário. Não escoamos nossa produção pelas rotas mais racionais, que seriam as do chamado Arco Norte – portos de São Luís, Belém, Macapá, Santarém e Itacoatiara. Nossa produção rola rumo aos portos do Sul e do Sudeste”, frisou. O consultor ressalta que, à medida que o agronegócio foi [...] para as novas fronteiras, os custos logísticos da porteira do produtor até um porto de embarque para exportar foram encarecendo. Hoje, equivalem a quatro vezes mais que os custos argentinos e norte-americanos. “Tudo em função da falta de infraestrutura. Se houvesse uma racionalização nesses custos, poderíamos botar no bolso de um produtor de soja ou de milho dessas áreas uns R$ 4,00 a mais por saca”, completou. [...] Para o gerente de transporte e logística do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Edson José Dalto, a questão da logística sempre foi o “patinho feio” do agronegócio. Ele explicou que como a fronteira agrícola está em expansão, o modo rodoviário é crescente, mas ineficiente. Dalto comparou dois dos principais produtores de grãos: Brasil e Estados Unidos. As distâncias que o nosso país percorre da porteira até o porto são grandes ou médias e conseguem transportar 53% da produção de grãos. Na mesma proporção, os Estados Unidos conseguem 60%. “O transporte brasileiro rodoviário é mais barato no Brasil do que nos Estados Unidos, mas é ineficiente”.

Avener Prado/Folhapress

Principal gargalo para a competitividade do agronegócio brasileiro é o escoamento da produção. Canal do Produtor, 3 ago. 2015. Disponível em: . Acesso em: 10 dez. 2015.

Congestionamento de caminhões carregados com grãos, na chegada ao porto de Santos (SP). Foto de 2013.

para elaborar

Reúnam-se em grupos e criem três listas que respondam às questões a seguir. 1. Quais são as principais justificativas apontadas no texto para explicar o aumento no valor dos produtos? 2. Diante do problema de logística para escoar a produção, quais são as consequências para o produtor? 3. Como os produtores procuram manter preços competitivos no mercado internacional? Não escreva no livro.

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command na caixa com texto transparente abaixo

Atividades

Não escreva no livro.

Revendo conceitos

8. A inseminação artificial tem sido um dos exemplos de aplicação de tecnologia moderna na pecuária. Analise a tabela e responda às questões.

1. Explique o que é a modernização da agricultura. 2. Aponte as principais características da modernização da agricultura no Brasil.

Evolução do mercado de inseminação artificial no Brasil – Origem do sêmen

3. Quais são as críticas feitas à modernização da agricultura no Brasil?

Nacional

4. Quais são as principais relações de trabalho no meio rural brasileiro? 5. Explique o que são os agrosserviços. 6. Quais são as principais características da agricultura familiar?

Lendo mapas, gráficos e tabelas

Ano

Doses de sêmen

%

Doses de sêmen

%

1983

1 024 025

87,16

150 858

12,84

1993

2 597 933

78,21

723 597

21,79

2003

5 713 543

76,45

1 759 716

23,55

2013

6 593 312

50,62

6 430 721

49,38

Fonte de pesquisa: Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). Disponível em: ; . Acessos em: 23 nov. 2015.

7. Observe o mapa e responda às questões.

Guiana 60ºO SURINAME Francesa (FRA) 4 084 GUIANA 6 912

40ºO

VENEZUELA

Equador

22 601

190 932

SO

SE

171 971

149 675

61 401 72 835

70 094

184 227 134 994 77 364

61 987

37 504

NE



17 596 PERU

NO

490 720

140 180

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Brasil – Assalariados ocupados e taxa de informalidade no meio rural (2013) COLÔMBIA

Importado

a) Sobre o uso dessa tecnologia no Brasil, o que ocorreu no período apontado na tabela? b) Sobre a origem do material, qual foi a tendência verificada? 9. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) tem por objetivo dar apoio financeiro às atividades agropecuárias e não agropecuárias (como o turismo rural) do produtor rural e de sua família. Observe o gráfico e responda às questões.

Número total de assalariados ocupados no meio rural

702 679 544 782

55 362

Trópico

252 914

20ºS

de Capr

icórnio

OCEANO ATLÂNTICO

70 710

ARGENTINA

Evolução do crédito do Pronaf (2002-2016)

95 405

134 778

0

590

1 180 km

URUGUAI

Fonte de pesquisa: O mercado de trabalho assalariado rural brasileiro. Dieese. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2015.

a) É considerado trabalhador informal ou ilegal o empregado contratado sem carteira assinada. Quais são as regiões brasileiras que apresentam as maiores taxas de informalidade no meio rural? Em que intervalo percentual está o estado em que você vive? b) No Brasil, em 2013, cerca de 60% dos trabalhadores em áreas rurais não dispunham de carteira de trabalho assinada. Com um colega, discuta sobre os principais benefícios que não são garantidos aos trabalhadores nessa situação. c) Em sua opinião, o que poderia ser feito para reduzir as taxas de informalidade no campo?

28,9

30 25 R$ bilhões

de 80,01 a 92,1 de 70,1 a 80 de 55,1 a 70 de 40,1 a 55 de 28,7 a 40

179 724

22,3 18,6

20 15 10 5

24,1

4,6 2,3 3,5

6,4

7,1

8,1

10,4

12,6 13,3

15,3

0 20 02 / 20 200 03 3 / 20 200 04 4 / 20 200 05 5 / 20 200 06 6 /2 20 00 07 7 / 20 200 08 8 /2 20 00 09 9 /2 0 20 10 10 /2 20 011 11/ 2 20 012 12 /2 20 013 13 /2 20 014 14 /2 20 015 15 /2 01 6

BOLÍVIA

OCEANO PACÍFICO 120 598 Taxa de informalidade no campo (%) PARAGUAI CHILE

Adilson Secco/ID/BR

7 477

Ano

Fonte de pesquisa: Ministério do Desenvolvimento Agrário. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2015.

a) Em que ano agrícola se nota maior crescimento dos financiamentos do Pronaf? b) O que se pode verificar analisando a evolução dos dados? c) Qual é a importância do financiamento concedido aos agricultores familiares?

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10. Leia o trecho abaixo e responda às questões. Aos poucos, com o passar do tempo, criam-se representações e imagens, ou mesmo características para os que mais cortam e os que menos cortam cana. Denominações como “bom”, “mau”, “vagabundo” são comuns de serem ouvidas no canavial. Sempre estes termos têm como parâmetros os objetivos das empresas, ou seja, o “bom” é porque corta muita cana e gera maior lucratividade para empresa, o “mau” porque, comparado com “bom”, não corta “muita” cana e não possibilita tanto lucro para a empresa quanto o outro. Para isso existem denominações específicas. Os que mais cortam são chamados de “bons de facão”, ou de “animais”. Por outro lado, os que cortam pouca cana recebem o pseudônimo de “facão de borracha”. [...]

12. As fotografias abaixo retratam duas realidades do campo brasileiro, uma com maior e outra com menor grau de modernização. Ricardo Teles/Pulsar Imagens

Interpretando textos e imagens

Broietti, Marcos Henrique. Os assalariados rurais temporários da cana. São Paulo: CUT, 2003. p. 86.

a) Discuta com os colegas o significado das denominações dadas aos cortadores de cana. b) Pode-se dizer que, com a modernização da agricultura, as relações de trabalho melhoraram?

Plantio mecanizado de soja em Rio Verde (GO). Foto de 2015. Cesar Diniz/Pulsar Imagens

11. Leia o texto abaixo e responda às questões. Fenômenos como altas temperaturas, geadas, chuvas excessivas, baixo índice de chuvas e noites mais quentes podem diminuir ou até mesmo acabar por completo com safras agrícolas. “No do milho e do algodão, o aumento das temperaturas à noite é responsável pela redução da produção, pois esses alimentos precisam de grande diferença térmica entre o dia e a noite”, exemplifica Eduardo Assad, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Para contornar este quadro, técnicas, que vão além da irrigação tradicional – que gera grande desperdício de água –, vêm sendo utilizadas para criar melhores condições para os cultivos agrícolas […]. [...] [Uma delas é] a chamada plasticultura, na qual o cultivo fica protegido por cobertores plásticos. Alguns produtores os usam para cobrir o solo, por baixo das plantas; outros usam os cobertores como se fossem uma estufa – gerando uma espécie de microclima dentro do ambiente. […] essa técnica é mais utilizada em locais no interior, onde os produtores têm pouca terra para plantar e faz muito frio. Globo Ecologia. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

a) Qual é a técnica aplicada para resolver o problema das baixas temperaturas? Explique. b) O uso de tecnologia na agricultura pode diminuir a dependência das condições naturais? Justifique. c) A partir de suas respostas, elabore um título para o texto transcrito.

Agricultor em plantação de feijão, Caxias (MA). Foto de 2014.

Discuta com os colegas quais são as vantagens e as desvantagens da modernização da agricultura, no que diz respeito ao acesso à tecnologia e às condições de trabalho. 173

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capítulo

o que você vai estudar A produção nacional de matérias-primas. Produção de alimentos e mudanças no padrão de consumo e abastecimento. A segurança alimentar e o problema da fome.

O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de alimentos e de matérias-primas, detentor de uma produção moderna e integrada às cadeias agroindustriais, com institutos de pesquisas científicas e tecnológicas, indústrias de máquinas e infraestrutura de armazenagem. A indústria demanda da agricultura matérias-primas voltadas à produção têxtil, farmacêutica, de cosméticos, de alimentos (óleos vegetais, alimentos processados, bebidas), de energia (álcool combustível, biodiesel, carvão vegetal), de papel e celulose e de móveis. As complexas atividades que integram a agropecuária brasileira proporcionam alimentos para o consumo humano e animal, produtos extrativistas e, além disso, biomassa para a produção de energias renováveis, como os biocombustíveis, a partir da extração de óleos de certas plantas. Adilson Secco/ID/BR

14

Brasil: potência agropecuária

Brasil – Exportações do agronegócio (2001-2014), em bilhões de dólares

Biocombustíveis e suas implicações. A indústria de equipamentos agrícolas.

94,59 95,81

71,84

39,04

43,62

99,97 99,97

76,40 64,78

53,43 49,47

30,66 24,00 24,87 Biomassa: matéria orgânica usada como fonte de energia. Lenha, galhos e folhas de árvores, bagaço de cana-de-açúcar, papéis, etc. são os tipos de biomassa mais comuns.

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

Ano Fonte de pesquisa: Estatísticas e Dados Básicos de Economia Agrícola. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, set. 2015. Disponível em: . Acesso em: 1o dez. 2015.

Com base no gráfico, responda às questões. 1. Quais são as possíveis razões para o crescimento das exportações? 2. Em sua opinião, há relação entre a ampliação das fronteiras agrícolas e os dados verificados no gráfico? Explique. 174

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Não escreva no livro.

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Matérias-primas No Brasil, destaca-se a produção de três matérias-primas de grande importância para a agroindústria: algodão, madeira e borracha. A cotonicultura (cultivo do algodão) em larga escala começou, no Brasil, no século XIX, sendo o Nordeste e parte do Sudeste (São Paulo) as principais regiões produtoras. Como resultado da aplicação de tecnologia no campo e dos incentivos governamentais para o setor (financiamentos, pesquisas, etc.), no ano agrícola de 2015-2016, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, o Brasil era o quinto maior produtor mundial de algodão, e a Região Centro-Oeste concentrava 88% da produção nacional desse produto. O país é também o quarto produtor mundial de madeira, sobretudo de pínus e de eucalipto. Nesse segmento, produzem-se papel e celulose, com destaque para os estados de São Paulo, Bahia, Paraná e Santa Catarina; e produtos de madeira sólida – serrados, carvão vegetal, chapas de madeira, etc. –, destacando-se Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul. A produção de borracha se concentrava na Amazônia até o século XIX, quando o plantio na Malásia e a invenção da borracha sintética levaram ao fim do ciclo da borracha no Brasil, que teve seu auge entre 1880 e 1910. Atualmente, grande parte da produção de borracha vem de São Paulo, Bahia e Mato Grosso, que detêm mais de 80% da área cultivada com seringueiras no país.

Com a modernização da agricultura houve uma concentração territorial da produção, ou seja, alguns estados passaram a produzir certos gêneros agrícolas para todo o país. Antes, o mais comum era a produção descentralizada, em que os produtores atendiam aos mercados locais. Entre os produtos voltados para o mercado interno, destacam-se o arroz, o feijão e o leite. O feijão tem sua produção um pouco mais desconcentrada, destacando-se os estados de Paraná, Minas Gerais e Bahia. Em 2014, o Brasil era o oitavo maior produtor mundial de leite de vaca. Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás respondem por cerca de 60% da produção nacional. Alguns produtos voltados à exportação também são consumidos em larga escala no mercado interno. É o caso do café, da laranja e da soja. O café foi o principal produto de exporBrasil – Agricultura (2012) tação brasileiro até a década de 1970. TrataGuiana 60ºO 40ºO VENEZUELA -se de um dos produtos mais importantes SURINAME Francesa (FRA) COLÔMBIA GUIANA no desenvolvimento do país, responsável Equador 0º pela concentração industrial no Sudeste. EQUADOR Minas Gerais e Espírito Santo respondem por quase 70% da produção nacional, mas Floresta Amazônica é o norte do Paraná a maior região de industrialização desse produto. PERU O Brasil é o maior exportador mundial OCEANO de suco de laranja. Os mercados europeu PACÍFICO e estadunidense são seus principais comProdutos agrícolas Produtos tropicais pradores. A produção se concentra no esAlimentares e oleaginosos – cacau, café, cana-de-açúcar (açúcar e álcool*), frutas, BOLÍVIA tado de São Paulo, que é responsável por amendoim, dendê, coco-da-baía Matéria-prima para indústria – algodão, cerca de 70% da produção nacional. 20ºS fumo, juta, rami, sisal Policultura associada à pecuária (feijão, A cultura da soja é uma atividade que mandioca, milho) PARAGUAI Trópico de CHILE Capricórn Grãos io tem acompanhado a expansão da fronteira Arroz Milho agrícola, sendo hoje uma das responsáveis OCEANO Soja ATLÂNTICO pela ocupação de áreas no Centro-Oeste, na Extrativismo e agricultura ARGENTINA Babaçu, látex, castanha-do-pará, Amazônia Legal e no Nordeste. Os princiguaraná, madeira, pimenta-do-reino 0 535 1 070 km *Álcool: combustível, aguardente, pais estados produtores são Mato Grosso, uso farmacêutico, higiene. URUGUAI Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás, que, juntos, representam mais de 70% da pro- Fonte de pesquisa: Caldini, Vera Lúcia de M.; Ísola, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 43. dução nacional. Não escreva no livro.

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NE

SO

SE

João Miguel A. Moreira/ID/BR

A produção de alimentos

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A questão dos alimentos e da fome nutricional no Brasil: um retrato multidimensional, de 2014, o percentual de subnutridos no país apresentou um queda expressiva nas últimas décadas, passando de 14,9% entre os anos 1990-1992 para 6,9% no período de 2010-2012. Em razão de diversas ações do governo, consolidou-se em 2010 o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que incluiu programas anteriores de educação alimentar e fomento agrícola sustentável. O Brasil, assim, caminha em direção a sua soberania alimentar, ou seja, a possibilidade de uma nação definir sua própria política agrícola e alimentar e produzir aquilo que é necessário para a alimentação de sua população. Atualmente, o mundo produz uma quantidade muito maior de alimentos do que seria necessário para a alimentação saudável de toda a população planetária. No entanto, há uma grande concentração dessa produção, e as populações mais pobres continuam sem acesso a alimentos (ver mapa).

Nas últimas décadas, houve uma mudança no padrão de consumo alimentar do brasileiro, que passou a consumir mais produtos industrializados. Isso permitiu às indústrias expandir sua produção de alimentos processados, como queijos e sucos. Uma das preocupações quanto à ingestão de muitos desses novos produtos é o baixo valor nutricional. Eles contêm alto teor de gorduras saturadas e açúcar, causando obesidade, além de outros problemas de saúde.

O problema da fome Fome é a situação de carência, por um período prolongado, de alimentos capazes de fornecer a energia e dos elementos nutritivos necessários para a vida e a saúde do organismo. Segundo a FAO (sigla em inglês da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o mínimo diário para a manutenção de uma pessoa saudável normalmente varia de 2 200 a 3 000 calorias. De acordo com o relatório da FAO intitulado O estado da segurança alimentar e

Subnutrido: pessoas com distúrbios de nutrição resultantes de uma dieta pobre e deficiente em vitaminas, sais minerais e proteínas.

Assista Muito além do peso. Direção de Estela Renner, Brasil, 2012, 83 min. O documentário retrata a obesidade infantil, especialmente no Brasil. O filme contextualiza os novos hábitos de consumo alimentar e evidencia os elementos artificiais que são aplicados em larga escala e omitidos pela publicidade.

180°

135°O

90°O

45°O

0° 45°L 90°L OCEANO GLACIAL ÁRTICO

135°L

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Subnutrição (2013-2015) 180° NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

45°N

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO

Capítulo 14 – Brasil: potência agropecuária

Trópico de Capricórnio

População subnutrida do total da população (%) 35 ou mais de 25 a 34,9 de 15 a 24,9 de 5 a 14,9 menos de 5 sem dados

Círculo Polar Antártico

Meridiano de Greenwich

Equador



OCEANO ÍNDICO

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

CONEXÃO

A segurança alimentar Segurança alimentar refere-se ao direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade que sejam produzidos de forma sustentável, econômica e socialmente. A fome, a má alimentação, a subnutrição e os preços abusivos são alguns fatores que indicam a falta de segurança alimentar. 1. Junte-se a um colega e discutam de que forma os latifúndios improdutivos podem comprometer a segurança alimentar no Brasil.

176

SP_GEO1_LA_PNLD18_U3_C14_174a181.indd 176

45°S

0

2 955

5 910 km

Fonte de pesquisa: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Disponível em: . Acesso em: 23 nov. 2015.

Não escreva no livro.

4/28/16 11:30 AM

A produção de biocombustíveis

O biodiesel e o etanol O biodiesel é extraído de diversas plantas, como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, soja e cana-de-açúcar, entre outras. Também pode ser extraído de gorduras animais. Atualmente, o biodiesel é utilizado para substituir parcialmente o óleo diesel em motores de veículos e máquinas. A escolha da matéria-prima da qual será produzido o biodiesel deve levar em conta, além de fatores econômicos, fatores ambientais e sociais. Vegetais como o babaçu e o dendê são promissores no Brasil, pois a sua extração tem favorecido populações de baixa renda por meio de programas de desen­volvimento regional, além de contribuir para a preservação ambiental. O etanol (álcool etílico) é o biocombustível mais utilizado na substituição dos combustíveis fósseis. Apresenta várias vantagens em relação à gasolina: além de ser proveniente de recursos naturais renováveis, as emissões de poluentes e gases de efeito estufa geradas pela combustão do etanol são muito menores. O etanol é produzido com diversas matérias-primas: milho, nos Estados Unidos; trigo e beterraba, na Europa; e cana-de-açúcar, no Brasil. Entre esses, o que oferece melhor eficiência ambiental é o etanol à base de cana-de-açúcar. Há muito debate sobre as consequências nocivas do uso do etanol em larga escala em substituição aos combustíveis à base de petróleo. Embora os benefícios ambientais sejam consideráveis (energia limpa e renovável), vários aspectos negativos são apontados. O principal deles é a expansão das fronteiras agrícolas ocupadas pelo plantio de espécies que são matérias-primas do biodiesel e a consequente destruição de áreas florestais. Fonte de pequisa: Revista Biodieselbr. Disponível em: . Acesso em: 9 nov. 2015.

Não escreva no livro.

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Ministério de Minas e Energia

Impactos sociais e ambientais Os alimentos tendem a ser cultivados em áreas cada vez menores, com produções cada vez menores, ao passo que a demanda continua em alta. Consequentemente, esse descompasso entre oferta e procura afeta o preço dos alimentos no mundo, que acaba sendo inflacionado. A alta dos preços de commodities como o milho (usado como matéria-prima do etanol, ração de animais, entre outros usos) impacta diretamente nos preços da carne, dos ovos, do leite e seus derivados, os quais, por sua vez, também aumentam por causa do aumento do preço da ração à base de soja e milho consumida pelos animais. Em países cuja base da alimentação é o milho, os preços elevados geram graves problemas sociais. No Brasil, apesar de esses efeitos serem quase nulos, há uma grande preocupação com a segurança e a soberania alimentar do país no que diz respeito à ampliação de áreas utilizadas na produção do etanol.

Portal com notícias e informações atualizadas sobre a produção do setor energético no Brasil. Divulga também assuntos internacionais, relacionados sobretudo ao Mercosul. Disponível em: . Acesso em: 17 dez. 2015.

Combustível fóssil: formado a partir do soterramento e decomposição de matéria orgânica fóssil, de origem vegetal ou animal. São exemplos de combustíveis fósseis o petróleo, o carvão mineral e o gás natural.

Brasil – Potencialidade para produção de biocombustíveis 70ºO

50ºO

60ºO

GUIANA

VENEZUELA

Allmaps/ID/BR

Biocombustíveis são materiais biológicos que têm a capacidade de gerar energia. Qualquer vegetal ou animal tem potencial bioenergético. No entanto, apenas alguns podem ser explorados economicamente. Os principais produtos biocombustíveis são o biodiesel e o etanol.

Navegue

40ºO

Guiana Francesa (FRA)

NO

NE

SO

SE

SURINAME

COLÔMBIA

Boa Vista

AP Macapá

RR

Equador

0º Belém São Luís

Manaus

AM

Fortaleza

PA

CE

MA Teresina

RN PB

PI AC Rio Branco PERU

PE

Palmas

Porto Velho

AL Maceió 10ºS SE Aracaju

TO

RO

BA

MT Cuiabá

DF BRASÍLIA GO Goiânia

BOLÍVIA

MS Algodão Amendoim

PARAGUAI

Campo Grande

Babaçu CHILE Cana-de-açúcar

SC RS

Macaúba

OCEANO ATLÂNTICO ES Vitória

20ºS RJ Rio de Janeiro Trópico São Paulo de Cap ricórn io Curitiba

PR

ARGENTINA

MG Belo Horizonte

Salvador

SP

Dendê Girassol

Natal João Pessoa Recife

Florianópolis

Porto Alegre

Mamona Soja Capital de estado

URUGUAI

30ºS

0

475

950 km

Capital de país

177

29/04/16 18:09

A indústria de equipamentos agrícolas

Milhares de unidades

2 000 1 717

1 800 1 600

1 464 1 316

1 400 1 159

1 200 1 000 800 545

600 400 200 0

O país dispõe de um parque industrial com mais de trezentas empresas independentes, inclusive as quatro maiores na lista mundial de tratores e colheitadeiras. Outro aspecto importante em relação às máquinas agrícolas diz respeito ao financiamen­to para a compra. Como são equipamentos muito caros, normalmente os agricultores de pequenas e médias propriedades precisam de algum tipo de financiamento, seja por meio de um programa de governo, seja por meio das próprias indústrias ou de bancos comerciais. Atualmente, há uma preocupação com a produção de máquinas menores, voltadas à agricultura familiar, o que permitiria um aumento da mecanização nas pequenas propriedades. Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Brasil – Evolução do número de tratores em uso nos estabelecimentos agropecuários (1970-2050)

Adilson Secco/ID/BR

Na agropecuária moderna, as máquinas e os equipamentos agrícolas desempenham papel fundamental no rendimento da produtividade e na otimização do uso da terra. No agronegócio, há um segmento especializado na fabricação de máquinas e equipamentos que operam diretamente no preparo da terra, no plantio e na colheita, como tratores, colheitadeiras, pulverizadores, retroescavadeiras, cultivadores motorizados, etc. Outros equipamentos também estão presentes nas atividades pecuárias, como resfriadores de leite, ordenhadeiras mecânicas, climatizadoras de aviários, etc.

665

804

821

1995

2006

323 166 1970

1975

1980

1985

Anos

2013

2025* 2035* 2050* *Estimativa: Dieese.

Fonte de pesquisa: O mercado de trabalho assalariado rural brasileiro. Estudos e Pesquisas, São Paulo, Dieese, n. 74, out. 2014. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2015.

Ao tratar da produção de máquinas e equipamentos, percebe-se o predomínio das multinacionais entre as principais indústrias do setor. Mas o Brasil reúne todas as condições essenciais para tornar-se competitivo nesse setor: tecnologia, matéria-prima, mão de obra, experiência acumulada, mercado interno potencial, etc.

O Brasil, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, incentiva o desenvolvimento tecnológico de máquinas. Parte delas destina-se à exportação. Tratores para exportação, em Canoas (RS). Foto de 2012.

Entre a mecanização, a produção e o emprego Com a proibição da queima da palha da cana-de-açúcar, uma das alternativas é a mecanização da colheita. No entanto, o impacto no emprego agrícola é muito grande, devido ao elevado número de trabalhadores que a colheita mecanizada dispensa. 1. Forme um grupo com os colegas. Façam uma pesquisa para saber que tipo de problemas a queima da cana provoca na saúde­das pessoas e no meio ambiente. Em seguida, discutam quais ações poderiam ser implantadas para preservar o meio ambiente nas lavouras de cana, sem prejudicar a saúde e o emprego das pessoas.

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Edson Silva/Folhapress

Capítulo 14 – Brasil: potência agropecuária

ação e cidadania

Queima de cana em Ribeirão Preto (SP). Foto de 2010.

Não escreva no livro.

4/28/16 11:31 AM

Informe Como biocombustíveis poderiam afetar a segurança alimentar? e Swinnen (2013), avaliou-se o impacto da produção de mamona em domicílios rurais pobres e com insegurança alimentar na Etiópia. Verificou-se que cerca de 1/3 dos agricultores pobres […] [alocou], em média, 15% de suas terras para a produção de mamona sob contrato nas cadeias de fornecimento de biocombustíveis, o que melhorou significativamente a segurança alimentar destas famílias, uma vez que eles têm menor número de meses sem alimento e a quantidade de alimentos que consomem aumentou. Além de permitir que estas famílias invistam no cultivo de culturas alimentares, aumentando a produtividade destas culturas e compensando a quantidade de terra utilizada para a mamona, de forma que a segurança alimentar local total não seja afetada. […] A razão de 850 milhões de pessoas estarem atualmente em uma zona de fome ou desnutrição crônica é devido a uma série de pressões e falhas nos sistemas globais de alimentos que, juntas, impossibilitam que pessoas com deficiência nutricional tenham acesso à alimentação nutritiva de forma suficiente, principalmente devido a apresentarem baixos rendimentos, preços elevados dos alimentos, ou ambos. Scott Olson/Getty Images/AFP

[…] Em uma tentativa de reduzir a dependência do petróleo, aumentar a quota das energias renováveis e contribuir para uma redução na queda da renda agrícola, os governos de todo o mundo aprovaram instrumentos legais que promovem a indústria de biocombustíveis. Preocupações sobre os preços dos alimentos têm levado alguns países a suspender momentaneamente ou reduzir programas de apoio, como a China, por exemplo, enquanto outros decidiram incrementar seus investimentos em tecnologias de segunda geração, como os EUA. O complexo relacionamento entre as necessidades de energia e consumo de alimentos, bem como a meta de produção a custos competitivos continuam a ser questões-chave da agenda política das nações produtoras de biocombustíveis. […] Os biocombustíveis disponíveis comercialmente empregam quase exclusivamente culturas alimentares como matéria-prima, predominantemente cana-de-açúcar, beterraba, milho e sementes de oleaginosas (Larson, 2008). Em 2013, 41,8% de todo o milho utilizado nos EUA foi alocado para abastecer a produção de etanol (USDA, 2013b). Consequentemente, os biocombustíveis foram, pelo menos parcialmente, responsáveis pelo aumento dos preços dos alimentos entre 2003 e 2008 […] Os debates com foco em oportunidades e riscos para a segurança alimentar decorrentes da produção de biocombustíveis destacam a necessidade de avaliações integradas e intersetoriais de custos e benefícios em uma economia verde. Ao mesmo tempo que a produção de biocombustíveis pode oferecer oportunidades de desenvolvimento para alguns […] [em âmbito] local, os benefícios econômicos precisam ser avaliados de forma que não comprometam a segurança alimentar nacional, devido à redução de produção ou aumento dos preços dos alimentos causados pela competição por recursos (Pingali et al., 2008; Ewing e Msangi, 2009; McNeely et al., 2009; Molony e Smith, 2010). […] Há grande controvérsia em relação ao impacto dos biocombustíveis sobre a segurança alimentar nos países em desenvolvimento. [...] No estudo desenvolvido por Negash

A demanda crescente por matérias-primas para a produção de etanol tem levado à substituição do cultivo de espécies destinadas a alimentação por outras mais rentáveis, como o milho. Usina de etanol em Palestine, Illinois (EUA). Foto de 2012.

Silva, Alexandre Navarro da. Os biocombustíveis afetam a segurança alimentar no Brasil? Discussão e abordagem quantitativa. 2014. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

para discutir

1. Quais são os argumentos e as experiências favoráveis e contrários à produção de biocombustíveis levantados pelo texto, considerando o cenário de segurança alimentar? 2. Qual é o peso dos padrões de consumo alimentar na demanda agrícola?

Não escreva no livro.

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command na caixa com texto transparente abaixo

Atividades

Não escreva no livro.

Revendo conceitos 1. Quais são as principais características da produção brasileira de algodão?

6. Por que podemos dizer que a fome é um problema mais social do que tecnológico?

2. Quais são os principais usos da madeira plantada?

7. Aponte as características da produção de biocombustíveis no Brasil. Quais são os principais produtos agrícolas ligados a essa produção?

3. Identifique os produtos que se destacam no abastecimento do mercado interno brasileiro.

8. Quais são as principais características da produção de máquinas e equipamentos agrícolas no Brasil?

4. Que características se tornaram marcantes após a modernização da agricultura brasileira no que se refere à espacialização da produção?

9. Comente a importância dos financiamentos para o agricultor brasileiro.

5. Explique o que são segurança alimentar e soberania alimentar.

Lendo gráficos

Mão de obra e insumos

Óleos e gorduras

Adilson Secco/ID/BR

Cadeia de produção do biodiesel

Brasil – Ocupação na atividade agropecuária (1960-2050) 25,0

15,6

21,2 17,9

17,6

16,6

15,2

14,0 11,6

Frituras comerciais e industriais

10,0 5,0 0,0

Extração mecânica e/ou por solvente

23,4 20,3

20,0 15,0

Lavouras e plantios de oleaginosas

Adilson Secco/ID/BR

11. Observe o gráfico abaixo, leia o texto e responda às questões a seguir.

10. Analise o esquema abaixo, que mostra a cadeia de produção do biodiesel. Em seguida, escreva no caderno um pequeno texto explicando como se dão a produção e o comércio desse combustível.

Acumulação e coleta

8,2 4,7

4,9

5,0

5,2

5,8

3,3

3,57

4,07

4,1

4,03

1960

1970

1975

1980

1985

4,9

5,2

5,5

5,6

5,7

5,8

3,69

3,2 2,7 2,3 2,0 1,7 1995 2006 2013 2025* 2035* 2050* *Estimativa: Dieese.

Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários (milhões de pessoas) Média de pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários (pessoas) Número de estabelecimentos agropecuários (milhões de unidades)

Refinação de óleo residual

Processo de extração

[...] Em 1985, [...] havia aproximadamente 4,0 ocupados por estabelecimento, número que se reduziu para 3,2, em 2006, e chegou a 2,7 em 2013. Mantida essa tendência, a projeção é de que, em 2050, haja uma média de menos de dois (1,7) ocupados por estabelecimento [...]

Gorduras de animais

Óleo e gordura para biodiesel

Álcool Catalisador Outros insumos

Biodiesel Processo de produção de biodiesel

Glicerina

Exportação/ Distribuidores (Petrobras)/Varejo Indústrias química e farmacêutica

Fonte de pesquisa: Silva, Cláudio Homero F. da et al. Produção de biodiesel para geração de energia elétrica em microturbinas e motores estacionários. Biomassa & Energia, Viçosa, Renabio, v. 4, n. 2, 2011. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2015.

Fonte de pesquisa: O mercado de trabalho assalariado rural brasileiro. Estudos e Pesquisas, São Paulo, Dieese, n. 74, out. 2014. Disponível em: . Acesso em: 18 nov.

a) De acordo com a pesquisa divulgada pelo Dieese, o número de estabelecimentos agropecuários tem se mantido em torno de cinco milhões nos últimos anos. No entanto, o que o gráfico e o texto revelam quanto à presença de trabalhadores assalariados no campo? b) O que explicaria tal fenômeno na agropecuária?

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4/28/16 11:31 AM

Interpretando textos e imagens 12. Leia o texto e responda à questão. [...] O novo Plano Safra também privilegia a agricultura mais sustentável. Lançado há dois anos, mas que só em 2011 deslanchou, o Programa de Agri­cultura de Baixo Carbono (ABC) teve recursos reforçados para ampliar a preocupação com a preservação do meio ambiente nas propriedades rurais. Trata-se de uma política de crédito que financia técnicas agropecuárias sustentáveis como plantio direto na palha ou recuperação de pastagens degradadas. [...] Zaia, Cristiano. Crédito barato para a lavoura. Dinheiro Rural, São Paulo, Ed. Três, ed. 93, p. 24, jul. 2012.

Quais são os possíveis motivos para incentivar a agricultura sustentável?

London Stereoscopic Company/Getty Images

Cesar Diniz/Pulsar Imagens

13. As fotos a seguir mostram máquinas agrícolas em diferentes épocas. Observe as características de cada uma e redija um pequeno texto sobre a evolução dessas máquinas, assim como as consequências econômicas e sociais de seu uso na agricultura.

Homem operando máquina no campo, Estados Unidos. Foto de 1902.

Colheita mecanizada de soja em São Miguel do Oeste (SC). Foto de 2015.

14. Leia o texto a seguir e responda à questão. Todos os estados brasileiros cultivam cana-de-açúcar, embora em alguns deles essa cultura não tenha grande importância econômica; em algumas áreas a cana é utilizada como forragem, na alimentação de animais, ou é industrializada em pequenos banguês [engenho de açúcar, movido a tração animal], visando à produção de açúcar mascavo, de rapadura e de cachaça. Com os programas de alimentação naturista, têm sido instalados pequenos banguês que atendem a um mercado modesto, mas em expansão. Também o consumo da “cachaça” ou aguardente de cana, bebida muito popular, vem contribuindo para a implantação de alambiques em áreas produtoras já famosas. Algumas empresas têm o prestígio nacional e produzem para o mercado interno e para exportação. Andrade, Manuel Correia de. Modernização e pobreza: a expansão da agroindústria canavieira e seu impacto ecológico e social. São Paulo: Ed. da Unesp, 1994. p. 23.

É possível dizer que a produção em pequena escala é uma alternativa para a agricultura? Em quais condições isso seria viável? 181

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4/28/16 11:31 AM

Em análise Interpretar mapas de uso do solo Os mapas de uso do solo são muito utilizados para compreender a organização do espaço de determinado território. Eles podem mostrar a ocupação do espaço urbano, do rural ou de ambos. O mapa abaixo fornece informações sobre o uso do solo agrícola. Ele representa os tipos de atividades agropecuárias predominantes no território brasileiro. Os produtos primários sempre foram muito importantes para a economia brasileira desde os tempos da colonização, quando produtos como o pau-brasil, a cana-de-açúcar, o ouro, o café e a borracha formaram as bases da economia. Nos dias atuais, a soja, a laranja, o café, a cana-de-açúcar e também as atividades pecuárias e de extração mineral são economicamente muito importantes para o Brasil. O tamanho do território, as condições naturais e o estágio de desenvolvimento tecnológico ajudam a explicar essa importância. Nesse sentido, os mapas de uso do solo são um instrumento privilegiado, pois mostram as características da ocupação do território. O mapa desta página mostra, além da localização dos tipos de atividades agropecuárias existentes e predominantes, as condições técnicas da produção agropecuária. Assim, é representada a organização do espaço rural brasileiro de acordo com o tipo de produção e com o grau de tecnologia empregada.

A leitura do mapa permite compreender que, na Região Norte e na parte norte da Região Centro-Oeste, predominam o extrativismo vegetal e, em menor grau, a pecuária extensiva e pequenas lavouras comerciais e familiares. Na Região Centro-Oeste, embora a pecuária extensiva ainda seja significativa, também estão presentes a pecuária melhorada e a agricultura comercial. Na Região Nordeste, destacam-se as pequenas lavouras comerciais e familiares, acompanhadas pela pecuária extensiva. Nas áreas litorâneas, aparecem as culturas predominantemente comerciais. Na Região Sudeste, é forte a presença da agricultura comercial, acompanhada pelas pequenas lavouras e pela pecuária melhorada. Destacam-se também áreas de pecuária leiteira. No Sul, assim como no Sudeste, a aplicação da tecnologia no campo faz com que predominem a pecuária intensiva (melhorada) e as culturas comerciais, mas há também a presença de pequenas lavouras comerciais e familiares e de áreas com pecuária leiteira.

Como é construído o mapa Para a produção desse tipo de mapa, é necessário ter uma base confiável de dados estatísticos. No exemplo abaixo, foram utilizados, entre outras fontes, dados do

VENEZUELA COLÔMBIA

60ºO

Guiana Francesa (FRA) SURINAME GUIANA

40ºO

Equador

NO

NE

SO

SE



EQUADOR

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Brasil – Uso do solo agrícola (2013)

Pecuária melhorada: o gado é criado confinado ou semiconfinado. Nesse tipo de pecuária, são aplicadas pesquisas para melhoramento genético, e o gado consome apenas metade da água utilizada na pecuária tradicional.

PERU

OCEANO ATLÂNTICO

BOLÍVIA

OCEANO PACÍFICO

20ºS

CHILE Trópico

PARAGUAI

ricórnio

de Cap

Agricultura predominantemente comercial Pequena lavoura comercial e familiar Pecuária primitiva (extensiva) Pecuária melhorada Pecuária leiteira Extrativismo vegetal

182

SP_GEO1_LA_PNLD18_U3_C14_182a187.indd 182

ARGENTINA 0 URUGUAI

470

940 km

Fonte de pesquisa: Simielli, Maria Elena Ramos. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. p. 126.

Não escreva no livro.

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Atlas nacional do Brasil, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados sobre agropecuária foram obtidos principalmente dos censos agropecuários realizados pelo IBGE, que englobam toda a produção agrícola, pecuária e de extrativismo.

Proposta de trabalho O mapa a seguir representa o uso do solo sob outros aspectos. O objetivo central é apresentar informações sobre o grau de modernização da atividade rural no país. O território é regionalizado em zonas modernizadas e zonas menos modernizadas. Cada uma delas é classificada quanto ao grau de diversificação das atividades (muito diversificada, razoavelmente diversificada e pouco diversificada ou espaço de baixa densidade). Além disso, o mapa apresenta dois tipos de linhas que representam: a fronteira de modernização e eixo de progressão e tendência de expansão, que apresenta a difusão de tecnologia no espaço agropecuário brasileiro. Em ambos os casos, há setas indicando os eixos de progressão dessas fronteiras.

Para ajudar a compreender a lógica da modernização no campo brasileiro, foi apresentada uma informação sobre a população das cidades com mais de 500 mil habitantes. É possível perceber, portanto, que o mapa apresenta informações lineares (fronteiras), zonais (zonas modernizadas e zonas menos modernizadas) e pontuais (população). Para compreender melhor o mapa, responda às questões a seguir. 1. Quais são os grandes temas que compõem o mapa? 2. Analise as cores. É possível diferenciar grandes áreas do território? 3. Analise as informações pontuais. O que representam? 4. Analise as informações zonais. Que dados são apresentados? 5. Analise as linhas. O que significam? 6. Ao associar as informações zonais com as lineares, o que é possível perceber? 7. Ao associar as informações pontuais com as demais, o que é possível perceber? 8. Elabore uma síntese das conclusões obtidas com a análise do mapa.

70ºO

Guiana SURINAME Francesa (FRA)

VENEZUELA

COLÔMBIA

40ºO NO

NE

SO

SE

GUIANA

Equador



EQUADOR

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Brasil – Organização do espaço rural

PERU

OCEANO PACÍFICO Zonas modernizadas

OCEANO ATLÂNTICO

BOLÍVIA

muito diversificadas razoavelmente diversificadas pouco diversificadas fronteira de modernização e eixo de progressão

Zonas menos modernizadas muito diversificadas pouco diversificadas espaço de baixa densidade

CHILE

20ºS

PARAGUAI Trópic o

tendência de expansão

Número de habitantes (em 2015)

(de algumas cidades com 500 000 hab. ou mais)

11 967 825

de Ca

pricórn

io

ARGENTINA

2 000 000 500 000

0

400

800 km

URUGUAI

Fontes de pesquisa: Théry, Hervé; Mello, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp-Imprensa Oficial, 2008. p. 143; Atlas geográfico Melhoramentos. São Paulo: Melhoramentos, 2011. p. 69; IBGE. Disponível em: . Acesso em: 1o dez. 2015.

Não escreva no livro.

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183

29/04/16 19:32

Síntese da Unidade Capítulo 10 O mundo rural

••Elabore no caderno um quadro-síntese com as características da produção

agropecuária mundial no que diz respeito: aos tipos de cultivo e criação, uso de tecnologias e tipo de agricultura. Utilize as informações do capítulo.

Capítulo 11

O espaço rural brasileiro

••Escreva no caderno duas ou três frases usando as palavras-chaves ou expressões abaixo, sintetizando as informações do capítulo. •• Concentração fundiária •• Agronegócio •• Pacto colonial •• Fronteira agrícola •• Latifúndio •• Pastagens

Capítulo 12

O campo e o acesso à terra

••Com base nas imagens, escreva no caderno um pequeno texto sintetizando os Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Delfim Martins/Pulsar Imagens

principais assuntos desenvolvidos no capítulo.

Colheita de uva, Petrolina (PE). Foto de 2015.

Capítulo 13

Assentamento Eli Vive, Londrina (PR). Foto de 2015.

A modernização da agricultura

••A partir do esquema abaixo, escreva no caderno frases que sintetizem o conteúdo do capítulo. Brasil

Incentivo do Estado

Mecanização

Defensivos, fertilizantes

Alteração da produção

Pesquisa científica

Maior integração com a indústria

Agroindústrias

Capítulo 14 Brasil: potência agropecuária

••Com as informações do capítulo, preencha no caderno o quadro-síntese a seguir. Características da produção Produção de matéria-prima Produção de alimentos Produção de biocombustíveis Produção de equipamentos agrícolas



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Vestibular e Enem 1. (Enem) Texto I A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso país. Cerca de 1% de todos os proprietários […] [controla] 46% das terras. Fazemos pressão por meio da ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social, como determina a Constituição de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem de terras públicas. Disponível em: . Acesso em: 25 ago. 2011. (Adaptado.)

Texto II O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário de loja: quanto menor o negócio mais difícil manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor de propriedades produtivas e sustentáveis que gerem empregos. Apoiar uma empresa produtiva que gere empregos é muito mais barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária. Lessa, C. Disponível em: . Acesso em: 25 ago. 2011. (Adaptado.)

Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relação à reforma agrária se opõem. Isso acontece porque os autores associam a reforma agrária, respectivamente, à: a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio camponês. b) ampliação da renda nacional e à propriedade ao mercado externo. c) contenção da mecanização agrícola e ao combate ao êxodo rural. d) privatização de empresas estatais e ao estímulo ao crescimento econômico. e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao agronegócio. 2. (UEL-PR) Leia o texto a seguir. É possível identificar no Brasil vários municípios cuja urbanização se deve diretamente à expansão da fronteira agrícola moderna, formando cidades funcionais ao campo denominadas de “cidades do agronegócio”. Elias, Denise; Pequeno, Renato. Desigualdades socioespaciais nas cidades do agronegócio. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 9, n. 1, p. 25-29, 2007. (Adaptado.)

Sobre a expansão da fronteira agrícola moderna e o surgimento das “cidades do agronegócio”, assinale a alternativa correta. a) A expansão da fronteira agrícola moderna e a criação das cidades do agronegócio ocorreram a partir de 1970, com a incorporação das terras do cerrado, impulsionada por políticas públicas

Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

voltadas à ocupação de terras e ao desenvolvimento local. b) A fronteira agrícola moderna e o aparecimento das cidades do agronegócio estão associados às políticas do governo Vargas direcionadas à agricultura, com a criação, em 1951, do Sistema Nacional de Crédito Rural. c) A fronteira agrícola moderna e o aparecimento das cidades do agronegócio ocorreram após investimentos dos Estados Unidos, na década de 1950, em território brasileiro para produção destinada à exportação. d) As cidades do agronegócio estão localizadas predominantemente no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estados onde ocorreu a expansão da fronteira agrícola moderna a partir da década de 1960. e) Por intermédio da expansão da fronteira agrícola moderna e a criação das cidades do agronegócio, a partir da década de 1950, houve uma difusão do meio técnico-científico-informacional em todo o território nacional. 3. (Uespi) Sobre a formação do território brasileiro e a questão fundiária, leia e assinale a alternativa que se apresenta corretamente. a) A monocultura é uma prática que ocupa pequena extensão territorial voltada para a agricultura de subsistência. b) As capitanias hereditárias apresentavam grandes extensões de terra e formaram a base para os latifúndios. c) No processo de formação do território as culturas do gado e do algodão se desenvolveram de forma intensiva. d) A cultura cafeeira alterou as relações de trabalho e de uso da terra por meio dos processos migratórios gerando mais concentração de terras. e) A pequena produção rural familiar coexistiu juntamente com os minifúndios e representa o módulo rural dos grandes produtores. 4. (UFRGS-RS) A modernização da agricultura no planalto Central se dá por meio da relação entre mecanização e apropriação do relevo em áreas de cerrado. É característica dessa relação: a) a destruição das veredas destinadas às atividades de policultura. b) o desenvolvimento da monocultura em vastas ­áreas de topografia plana. c) a drenagem dos solos hidromorfizados para atividades de pecuária. d) a compactação dos solos nas áreas de fundos de vale para edificações de armazéns. e) o uso de solos em áreas de declividade acentuada para rotação de culturas. 185

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Vestibular e Enem 7. (Unifor-CE) Observe o gráfico.

Mas plantar pra dividir

Unifor-CE. Fac-símile: ID/BR

5. (Enem)

Brasil: Total da área ocupada pelos estabelecimentos agrícolas (%)

Não faço mais isso, não. Eu sou um pobre caboclo, Ganho a vida na enxada. O que eu colho é dividido Com quem não planta nada. Se assim continuar

0

20

40 até 10 ha de 10 a 100 ha

vou deixar o meu sertão,

60

80

100 %

de 100 a 1000 ha mais de 1000 ha

mesmo os olhos cheios d’água Vou pro Rio carregar massas pros pedreiros em construção. Deus até está ajudando: está chovendo no sertão! Mas plantar pra dividir, Não faço mais isso, não. Vale, J.; Aquino, J. B. Sina de caboclo. São Paulo: Polygram, 1994. (Fragmento.)

No trecho da canção, composta na década de 1960, retrata-se a insatisfação do trabalhador rural com: a) a distribuição desigual da produção. b) os financiamentos feitos ao produtor rural c) a ausência de escolas técnicas no campo. d) os empecilhos advindos das secas prolongadas. e) a precariedade de insumos no trabalho do campo. 6. (PUC-RJ) A partir da década de 1970, o Governo Federal passou a intervir, de forma mais decisiva, na Região Centro-Oeste. Programas e planos contemplaram a região, concedendo incentivos e atraindo investidores para numerosos setores da sua economia. Assinale a alternativa que não apresente um objetivo desses programas e planos regionais. a) O acirramento de conflitos pela posse da terra entre grandes proprietários e empresários agrícolas. b) A execução de grandes projetos agropecuários com base em incentivos fiscais. c) A ampliação da fronteira agrícola com a incorporação de novos espaços produtivos. d) O aumento do rendimento agrícola graças à introdução de técnicas mais eficientes. e) A ampliação da infraestrutura viária e a construção de hidrelétricas.

IBGE.

A leitura do gráfico e os conhecimentos sobre a questão agrária brasileira permitem afirmar que uma das causas que explicam a atual concentração fundiária no país é: a) o modelo de uso do solo, predominantemente destinado à pecuária bovina. b) o avanço das fronteiras agrícolas na Amazônia durante a ditadura militar. c) a rápida expansão do processo de modernização agrícola em todo o país. d) o significativo êxodo rural que tem esvaziado sistematicamente o campo. e) a terra ser considerada reserva de valor, isto é, uma mercadoria. 8. (Enem) Na charge há uma crítica ao processo produtivo agrícola brasileiro relacionada ao: Enem/2015. Disponível em: . Acesso: 3 mar. 2013.

e com dor no coração.

a) elevado preço das mercadorias no comércio. b) aumento da demanda por produtos naturais. c) crescimento da produção de alimentos. d) hábito de adquirir derivados industriais. e) uso de agrotóxicos nas plantações.

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Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

10. (UFPE) Existe, em diversos países do mundo, um sistema de criação que é feito em amplas áreas cercadas, onde o gado é solto para se alimentar da pastagem natural ou de restos de cultura, após a colheita das mesmas. Qual a denominação que é dada, em Geo­grafia agrária, a esse sistema de criação? a) Pecuária intensiva. b) Pecuária ultraextensiva. c) Pecuária ultraintensiva. d) Pecuária nômade. e) Pecuária extensiva. 11. (Fuvest-SP) No Brasil, o setor agroindustrial prevê aumento significativo da produção de cana-de-açúcar para os próximos anos. Isso pode ser atribuído: a) à maior flexibilidade da nova regulamentação ambiental, que implicará uma importante diminuição de custos. b) ao atual acréscimo de subsídios governamentais para a produção de álcool, chegando a valores semelhantes aos do Proálcool na década de setenta. c) à diminuição gradativa de áreas de produção da soja transgênica, aparecendo a cana como alternativa econômica e ambientalmente viável. d) à recente ampliação da demanda externa por todos os subprodutos da cana devido à desvalorização do real nos últimos dois anos.

e) ao aumento do interesse internacional por fontes renováveis de energia, em função do Protocolo de Kyoto. 12. (Unifesp) Observe o mapa. Unifesp/2005. Fac-símile: ID/BR

9. (UFV-MG) No final dos anos [19]60 do século XX, o Brasil passou a vivenciar os impactos da Revolução Verde no desenvolvimento de uma agricultura moderna e de grande eficiência econômica. No entanto, a Revolução Verde trouxe também efeitos perversos de ordem social, econômica e ambiental. Das alternativas abaixo, assinale a que não expressa um desses efeitos do processo de modernização da agricultura brasileira. a) Ampliação do processo de concentração fundiária pela incorporação da chamada fronteira agrícola à produção capitalista. b) Formação de um amplo contingente de trabalhadores volantes, dependentes de um mercado de trabalho com grande sazonalidade. c) Degradação das áreas remanescentes de Mata Atlântica do Rio de Janeiro e São Paulo para a implantação da lavoura cafeeira. d) Ampliação da dependência dos produtores ao mercado de sementes pela intensa utilização de híbridos. e) Comprometimento dos recursos hídricos pelo assoreamento de cursos de água e contaminação por produtos químicos.

200 0

400 km (IBGE, 2002)

Fonte de pesquisa: IBGE, 2002.

O produto I é beneficiado no país e exportado. O produto II atende ao mercado interno. Identifique corretamente os produtos cultivados nas regiões I e II do mapa. a) I – algodão; II – feijão. b) I – laranja; II – arroz. c) I – cana-de-açúcar; II – milho. d) I – soja; II – mandioca. e) I – café; II – uva. 13. (UFRN) Nos anos [19]90 do século passado, intensificou-se no Brasil o crescimento da atividade agroindustrial articulado aos vários setores industriais, favorecendo a emergência do agronegócio, que tem como característica a: a) constituição de cadeias produtivas atreladas à produção agrícola de caráter familiar, com uma gestão voltada para os mercados internacionais e regionais. b) constituição de cadeias produtivas formadas por agentes econômicos integrados por diversos mecanismos, como cooperativismo, associativismo e integração vertical. c) forma de produção na qual predomina a interação entre gestão e execução do processo produtivo pelos agricultores familiares, com ênfase no trabalho assalariado. d) forma de produção que privilegia o associativismo e a formação de cadeias produtivas que ocorrem nas áreas de assentamentos rurais, onde predomina o trabalho da família. 187

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Geografia, Biologia e Química Transgênicos e biotecnologia

Exemplo de modificação genética de planta ETAPA 1 Identifica-se em uma bactéria, planta ou outro ser vivo, uma característica desejada ETAPA 2 São selecionados o gene ou os genes responsáveis pela característica desejada

Célula da bactéria

DNA da bactéria Célula da planta

DNA da planta

Embalagens de produto alimentício que possui em sua composição componentes transgênicos. Foto de 2015.

Célula transformada ETAPA 3 É feita a transferência do gene ou dos genes

Plântula

Rodrigo Capote/Folhapress

Resultado da fusão dos DNAs

Células cultivadas

Planta transgênica

Fonte de pesquisa: Griffiths, Anthony J. F.; Wessler, Susan R. et al. Introdução à genética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p. 634.

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Renato Luiz Ferreira/Folhapress

de experimentos e análises exaustivas até ser comprovado, de forma inequívoca, que os transgênicos não prejudicam o ser humano e o meio ambiente, posição que é partilhada inclusive por diversos países europeus. As preocupações se referem aos impactos negativos dos transgênicos sobre a biodiversidade, ao temor de reações adversas nos seres humanos e à concentração de poder econômico pelos grupos transnacionais. Quanto à biodiversidade, há o risco da contaminação de variedades vegetais cultivadas em diversos ecossistemas pela troca de genes entre as espécies naturais e os transgênicos. Tal poluição genética pode comprometer a diversidade das fontes de genes e, portanto, frear o desenvolvimento futuro da própria bioengenharia. Dessas circunstâncias decorrem as pressões para a rotulagem de produtos que contenham OGMs entre seus ingredientes, em um contexto de desconfiança crescente dos cidadãos em relação a órgãos governamentais de vigilância sanitária ou encarregados de verificar a qualidade de produtos. Mesmo assim, em defesa dos transgênicos, as empresas interessadas sempre apresentaram um argumento poderoso: até o momento, não houve nenhum desastre que possa ser atribuído a eles. Essa situação de relativo conforto foi abalada só em setembro de 2012, conforme se pode ler no texto a seguir. Adilson Secco/ID/BR

A técnica do DNA recombinante foi popularizada com o nome de engenharia genética. Por meio dela, é possível romper as barreiras naturais que separam os seres vivos e promover a troca de material genético entre eles. Por exemplo: em 1978, um gene humano foi inserido em uma bactéria, e ela se tornou produtora de insulina – indispensável para a sobrevivência de grande número de diabéticos. Essa bactéria – um organismo geneticamente modificado (OGM) ou transgênico – substituiu o antigo processo de obtenção da insulina, caro e demorado. A bioengenharia avançou principalmente na agropecuária. Em seu leque de produtos há, sobretudo, plantas com genes de outros vegetais e que podem também trazer em si material genético de microrganismos: fungos, vírus e bactérias. Tais genes lhes conferem características desejáveis, como maior quantidade de nutrientes ou a resistência a pragas e a agrotóxicos. Também foram desenvolvidos OGMs que tornam infértil a segunda geração de sementes. Os transgênicos vêm sendo combatidos por muitas pessoas, em todos os continentes, desde o lançamento da soja Roundup Ready, resistente ao herbicida Roundup, pela empresa Monsanto, em 1996 – a primeira variedade de OGMs a entrar no mercado. Os opositores, em princípio, não se declaram contrários aos OGMs e à bioengenharia. Apenas querem a realização

Plantação de cana-de-açúcar transgênica em Piracicaba (SP). Foto de 2010.

Não escreva no livro.

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Rotulagem como direito básico [...] Consumimos hoje diversos alimentos com ingredientes à base de transgênicos, produzidos para matar insetos e resistir a agrotóxicos. [...] Não existe consenso na comunidade científica sobre a segurança dos transgênicos para a saúde humana e o meio ambiente [...] Em 2003, foi publicado o decreto de rotulagem (4680/2003), que obrigou empresas da área da alimentação, produtores, e quem mais trabalha com venda de alimentos, a identificarem, com um “T” preto, sobre um

triângulo amarelo, o alimento com mais de 1% de matéria-prima transgênica. A resistência das empresas foi muito grande, e muitas permanecem até hoje sem identificar a presença de transgênicos em seus produtos. O cenário começou a mudar somente após denúncia do Greenpeace, em 2005, de que as empresas Bunge e Cargill usavam transgênicos sem rotular, como determina a lei. O Ministério Público Federal investigou e a justiça determinou que as empresas rotulassem seus produtos, o que começou a ser feito em 2008.

Greenpeace. Ruim para o produtor e para o consumidor. Disponível em: . Acesso em: 21 mar. 2016.

Em 2015, sob forte influência da bancada ruralista, foi aprovada na Câmara o projeto de lei 4148/08, segundo o qual não seria preciso identificar produtos com menos de 1% de transgenia. Entidades contrárias à decisão argumentam que é direito do consumidor saber as características de um produto no próprio rótulo seja este transgênico ou não.

Navegue Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Órgão vinculado ao governo que fiscaliza e regulamenta as legislações de serviços e produtos que afetem a saúde da população, tais como alimentos e produtos farmacêuticos. Disponível em: . Acesso em: 21 mar. 2016.

O fim da dúvida Pela primeira vez na história foi realizado um estudo completo e de longo prazo para avaliar o efeito que um transgênico e um agrotóxico podem provocar sobre a saúde pública. Os resultados são alarmantes. O transgênico testado foi o milho NK603, tolerante à aplicação do herbicida Roundup (característica presente em mais de 80% dos transgênicos alimentícios plantados no mundo), e o agrotóxico avaliado foi o próprio Roundup, o herbicida mais utilizado no planeta – ambos de propriedade da Monsanto. […] O estudo foi realizado ao longo de 2 anos com 200 ratos de laboratório, nos quais foram avaliados mais de 100 parâmetros. Eles foram alimentados de três maneiras distintas: apenas com milho NK603, com milho NK603 tratado com Roundup e com milho não modificado geneticamente tratado com Roundup. As doses de milho transgênico (a partir de 11%) e de glifosato (0,1 ppb na água) utilizadas na dieta dos animais foram equivalentes àquelas a que está exposta a população norte-americana em sua alimentação cotidiana. Os resultados revelam uma mortalidade mais alta e frequente quando se consome esses dois produtos, com efeitos hormonais não lineares e relacionados ao sexo.

As fêmeas desenvolveram numerosos e significantes tumores mamários, além de problemas hipofisários e renais. Os machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crônicas hepatorrenais. O estudo, realizado pela equipe do professor Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França, foi publicado [em 19/9/2012] em uma das mais importantes revistas científicas internacionais de toxicologia alimentar, a Food and Chemical Toxicology. […] De acordo com Séralini, os efeitos do milho NK603 só haviam sido analisados até agora em períodos de até três meses. No Brasil, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) autoriza o plantio, a comercialização e o consumo de produtos transgênicos com base em estudos de curto prazo, apresentados pelas próprias empresas demandantes do registro. O pesquisador informou ainda que esta é a primeira vez que o herbicida Roundup foi analisado em longo prazo. Até agora, somente seu princípio ativo (sem seus coadjuvantes) havia sido analisado durante mais de seis meses. […]

AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia. 21 mar. 2012. Disponível em: . Acesso em: 11 nov. 2015.

Atividades

1. Com um colega, façam um pequeno glossário com as expressões do texto que vocês desconhecem. 2. Os OGMs sofrem oposição em grande parte do mundo. Discuta com os colegas: Quais são as vantagens dos OGMs e por que eles são combatidos?

Não escreva no livro.

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Projeto Os impactos das atividades agropecuárias O que vocês vão fazer Neste projeto semestral, você e os colegas vão elaborar um relatório científico e um seminário sobre os impactos positivos e negativos das atividades agropecuárias em seu município ou estado. O objetivo é aprofundar os conhecimentos sobre as implicações econômicas, sociais e ambientais das principais atividades agropecuárias desenvolvidas no município ou no estado em que vivem. A elaboração do projeto contará com as etapas descritas a seguir.

1. Levantamento de dados Organizem-se em grupos. Em uma primeira etapa, cada grupo deverá pesquisar e listar as produções agropecuárias mais importantes do município ou do estado onde vivem. Em seguida, na sala de aula, os grupos apresentarão suas listas e, juntos, cada um escolherá uma das atividades listadas para o estudo. Feito isso, cada grupo deverá coletar dados e informações sobre a produção selecionada procurando identificar: •• a estrutura fundiária: pequenas, médias ou grandes propriedades; •• as principais propriedades rurais ou empresas que atuam na produção selecionada pelo grupo; •• a localização dessas propriedades, verificando se estão concentradas ou se estão dispersas pelo município ou estado. •• os impactos positivos e negativos que a produção (cultivo ou criação) escolhida pode gerar. Para isso, verifiquem o quadro a seguir. Impactos positivos

Impactos negativos

• Gera quantidade significativa de empregos e de renda para o município ou estado. • Tem parte da produção que pode ser feita de forma artesanal, por comunidades quilombolas, caiçaras, ribeirinhas e/ou indígenas. Esse tipo de produção é incentivado? • Utiliza técnicas sustentáveis e que promovem a conservação da biodiversidade, tais como a agroecologia. • Aplica técnicas para evitar a erosão do solo e o assoreamento de rios.

• Faz uso inadequado de agrotóxicos, fertilizantes e adubos químicos, no caso de cultivo. • Faz uso inadequado de hormônios ou alimentos para os animais, no caso de uma atividade pecuária. • Descarta os rejeitos de forma inadequada, gerando contaminação do solo e da água. • Promove a perda de biodiversidade devido à atividade monocultora e uso de agrotóxicos. • Gera compactação do solo. • Apresenta riscos à saúde por más condições sanitárias.

•• Com base nessa coleta de dados, pesquisem medidas para solucionar os impactos negativos e

medidas para ampliar os impactos positivos do cultivo ou da criação abordada pelo grupo. •• Vocês poderão obter outras informações consultando sites, jornais, vídeos de programas de TV, pesquisas acadêmicas, revistas especializadas e livros. Os sites de órgãos do governo e os de ONGs são os mais indicados. Vocês poderão também realizar visitas a órgãos oficiais, ONGs e cooperativas de produtores do município e realizar entrevistas com produtores e funcionários desses órgãos. A seguir, algumas sugestões para consulta: •• Gestão ambiental na agropecuária, de Luciano Gebler e Julio Cesar Pascale Palhares (Ed.). Brasília: Embrapa, 2007-2014. 2 v. •• A sustentabilidade ambiental da agropecuária brasileira: impactos, políticas públicas e desafios, Texto para Discussão, de Regina Helena Rosa Sambuichi e outros. Brasília-Rio de Janeiro, Ipea, n. 1 782, 2012. Disponível em: . Acesso em: 13 dez. 2015. 190

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•• Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Disponível em: . •• IBGE Cidades@. Disponível em: . •• Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: . Acessos em: 20 abr. 2016.

2. Elaboração do relatório Uma vez de posse dos dados coletados, organizem um relatório com a síntese da pesquisa e as reflexões elaboradas pelo grupo sobre os dados e as informações analisadas. O relatório deverá conter uma breve apresentação sobre o tema, com a identificação da produção agrícola ou pecuária analisada e sua importância no território examinado (município ou estado). Em seguida, deverão ser apresentados os dados relativos: •• à estrutura fundiária; •• à localização da atividade agropecuária; •• aos impactos positivos e as medidas para expandi-los; •• aos impactos negativos e as medidas para atenuá-los. Além disso, o relatório deve ser ilustrado com fotos, gráficos, mapas, de modo que seja didático e agradável de ler

3. Organização do seminário A elaboração do seminário deverá ser feita a partir do relatório produzido pelo grupo, priorizando-se a utilização de imagens (fotos, mapas, ilustrações, esquemas, gráficos) para demonstrar o conteúdo a ser explicitado durante a apresentação. Poderão ser utilizados vídeos, apresentações de slides ou outras mídias recomendadas pelo professor.

4. Discussões

Paulo Fridman/Pulsar Imagens

Após a entrega dos relatórios e a realização do seminário, reúnam-se para discutir as semelhanças e as diferenças entre as atividades agropecuárias apresentadas pelos grupos. Reflitam sobre as características econômicas, sociais e ambientais relacionadas a cada produção, utilizando os conhecimentos de Geografia para compreender os impactos mencionados, mas também estabelecendo relações com outras disciplinas, como Sociologia, Filosofia, Biologia, Química e História. Poderão ser abordados, por exemplo, temas como as relações de trabalho, a organização social e de classes, os requisitos ambientais para a produção e para a conservação ambiental, etc.

Secagem de fibras de sisal em propriedade rural, Valente (BA). Os estados da Bahia e da Paraíba são os maiores produtores de sisal do Brasil. Foto de 2015. 191

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unidade

4 Nesta unidade 15

Localização e orientação geográfica

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Diferentes formas de representação do espaço

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Novas tecnologias e suas aplicações

A representação do espaço produzido A sociedade humana sempre se preocupou em apreender e representar, de alguma forma, o espaço onde vive e desenvolve suas atividades. Nesse sentido, os mapas sempre foram e continuarão sendo um saber social sobre o espaço, saber construído e modificado no decorrer da História. Um dos momentos mais importantes da construção da linguagem cartográfica foi o período das Grandes Navegações, no qual o conhecimento sobre o espaço terrestre aumentou muito. Nesta unidade, vamos estudar vários aspectos da representação do espaço: sua relação com a tecnologia, com as atividades econômicas, com as diferentes visões de mundo, etc. Questões para refleTIR

1. O que mais chama a sua atenção neste mapa? 2. O que se pode perceber sobre o conhecimento da América no período em que o mapa foi elaborado? 3. E sobre o território brasileiro? Cite elementos representados no mapa para justificar sua resposta. Imagem da página ao lado: América do Sul em trecho do planisfério de Pierre Descelliers, feito em Arques, na França, em 1546. 192

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Coleção particular. Fotografia: ID/BR

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capítulo

NASA TV/AFP

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Localização e orientação geográfica

o que você vai estudar Orientação. As coordenadas geográficas. Os movimentos da Terra e as estações do ano. Os fusos horários e a linha internacional da data.

Astronauta da Estação Espacial Internacional prepara-se para cumprir protocolos de segurança e verificar a manutenção dos equipamentos no espaço. Foto de 28 de outubro de 2015.

Quando se observa a imagem de um astronauta flutuando no espaço, é inegável a sensação de desorientação. Isso não acontece por acaso: localizar um corpo ou dizer que ele está em movimento só é possível em função de algum referencial. Esse referencial pode ser qualquer objeto: uma pessoa, um local, os corpos celestes. Assim, esquerda, direita, acima, abaixo, etc. são situações relativas, ou seja, dependem de referenciais. Nas ruas do Brasil, por exemplo, os carros devem se locomover à direita na pista. O referencial, nesse caso, é o sentido do fluxo dos veículos, indicado pela sinalização de tráfego. As pessoas, ao se locomoverem, também se utilizam de uma série de referenciais, como ruas e avenidas, estabelecimentos comerciais, praças e esquinas, principalmente quando se trata de um local que nunca tenham visitado. Considerando o texto acima, responda. 1. Que referenciais de localização você mais utiliza? Dê exemplos. 2. Que outros referenciais de localização existem, além dos citados no texto? 3. Se você estivesse no espaço, como faria para se localizar? 4. Como a tecnologia é capaz de contribuir para que as pessoas se localizem? 194

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Os pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste) são os referenciais adotados nos mapas e servem também como orientação para aeronaves e embarcações em suas rotas. A rosa dos ventos apresenta os pontos cardeais e a relação entre eles e seus intermediários: os pontos colaterais e subcolaterais. O norte magnético é determinado pelo campo magnético da Terra, cuja localização é variável ao longo do tempo geológico, pois depende dos movimentos realizados pela camada externa do núcleo terrestre. O norte geográfico é definido geometricamente com base no eixo em torno do qual a Terra gira em torno de si mesma (eixo de rotação). O polo, nesse caso, corresponde ao ponto da superfície por onde passa o eixo.

N

Sergio Pedreira/Pulsar Imagens

NNE NE

NO NNO ONO

ENE

O

E OSO

ESE

SO SSO

Instrumentos de orientação

SSE SE S

Fonte de pesquisa: Girardi, Gisele; Rosa, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: FTD, 2011. p. 10.

A rosa dos ventos é um importante instrumento de orientação. Na ilustração acima, os pontos cardeais estão indicados em laranja; os pontos colaterais, em amarelo; e os subcolaterais, em verde.

Triff/Shutterstock.com/ID/BR

A bússola é o instrumento mais simples de orientação geográfica. Foi inventada pelos chineses no século II a.C. e está presente no Ocidente desde o século XII. Foi um instrumento de utilidade inestimável no período das Grandes Navegações. Desde que disposta sobre uma superfície horizontal, longe de campos magnéticos, a ponta imantada de uma bússola estará sempre direcionada para o norte magnético da Terra. Uma vez localizado o norte (a localização do norte magnético é muito próxima à do norte geográfico), pode-se facilmente deduzir as demais posições: se o norte está à sua frente, o sul ficará atrás, o leste à direita e o oeste à esquerda. O GPS (sigla utilizada para designar o sistema de posicionamento global – global positioning system, em inglês) é um sistema de orientação baseado em informações transmitidas por satélite. O satélite transmite ao aparelho receptor móvel do GPS sua localização exata e, a partir daí, pode traçar rotas e trajetos. Essa transmissão de informação ocorre independentemente das condições atmosféricas. O GPS é amplamente utilizado na aviação e no transporte marítimo e fluvial e cada vez mais no transporte terrestre.

Luis Moura/ID/BR

Orientação

Bússolas.

O uso de dispositivos de GPS, incorporados a automóveis e telefones celulares, tornou-se comum no auxílio aos deslocamentos realizados em automóveis e, até mesmo, para pedestres e usuários de transporte coletivo. Na foto de 2015, GPS automotivo. Não escreva no livro.

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localizar nenhum ponto. Vamos imaginar a seguinte situação: a cidade de Brasília encontra-se na latitude aproximada de 16º ao sul do Equador. Se não fizermos referência à sua longitude, completaremos uma volta inteira na Terra sem saber em que ponto fica Brasília. Porém, sabendo que a cidade está a cerca de 48º de longitude oeste, conseguimos localizá-la facilmente. Moment Editorial/Getty Images

No dia a dia, baseamos nossa orientação em referenciais próximos, como ruas e edificações. Veremos, agora, como essa questão é tratada em relação aos mapas, uma vez que eles são um dos mais importantes meios pelos quais a Geografia representa os resultados de suas pesquisas. Ao observar um planisfério, você deve perceber que o Brasil está geralmente representado na porção inferior esquerda do mapa. Em outras palavras, nosso país está quase todo ao sul do Equador, linha imaginária que divide a Terra em duas meias esferas: o hemisfério Norte ou Setentrional e o hemisfério Sul ou Meridional. O meridiano de Greenwich, que também é uma linha imaginária, divide nosso planeta em duas meias esferas: nos mapas-múndi, de modo geral, a metade esquerda representa o oeste ou hemisfério Ocidental, e a metade direita é o leste ou hemisfério Oriental. A cidade de Brasília, por exemplo, situa-se ao sul da linha do Equador, portanto, no hemisfério Sul, e a oeste do meridiano de ­Greenwich, no hemisfério Ocidental. Brasília, embora seja uma cidade grande, não passa de um ponto sobre um mapa que representa o mundo. E, ao falar a respeito da localização de um ponto qualquer sobre a superfície terrestre, deve-se considerar a sua posição em relação às duas linhas imaginárias apresentadas. Se a sua posição for dada a partir da linha do Equador, fala-se em latitude. Se tiver como referência o meridiano de Greenwich, fala-se em longitude. Portanto, a latitude refere-se à distância, medida em graus, de qualquer ponto da superfície terrestre em relação à linha do Equador (latitudes norte e sul) e varia de 0° a 90° tanto para o norte quanto para o sul; a longitude refere-se às distâncias relativas ao meridiano de Greenwich (longitudes leste e oeste) e variam de 0° a 180° tanto para leste quanto para oeste. Observe que a linha do Equador e o meridiano de Greenwich são linhas de referência: a contagem para a determinação dos valores de latitude e longitude começa sempre a partir delas. Ao observar um globo terrestre, vemos representadas várias linhas sobre o planeta, algumas delas dispostas na horizontal, enquanto outras se alinham na vertical. As linhas horizontais − os paralelos − assinalam as latitudes e formam uma série de círculos concêntricos a partir do Equador. O Equador é o círculo maior, enquanto os demais diminuem em direção aos polos. As linhas verticais − os meridianos − formam um feixe unindo os dois polos. A intersecção das latitudes e longitudes resulta em uma espécie de “rede”, cuja disposição facilita a localização de qualquer ponto da Terra (ver figura ao lado). Contudo, para essa localização são necessários os dois valores, latitude e longitude. Se dispusermos de apenas um deles, a latitude, por exemplo, não será possível

A linha traçada no chão demarca a localização do meridiano de Greenwich, em Londres, Inglaterra. Foto de 2014.

Terra – Eixo de inclinação e coordenadas geográficas eixo terrestre

polo Norte

Paulo Cesar Pereira/ID/BR

Capítulo 15 – Localização e orientação geográfica

Coordenadas geográficas

polo Sul

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 10.

No sistema de coordenadas geográficas, as linhas que vão do polo Norte ao polo Sul (meridianos) se cruzam com as linhas que dão uma volta completa ao redor da Terra na direção leste-oeste (paralelos). Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia. Não escreva no livro.

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As coordenadas no globo e no planisfério As coordenadas geográficas são traçadas para identificar a localização tanto no globo terrestre quanto no planisfério. É bom lembrar que o globo terrestre é um corpo tridimensional, ou seja, possui altura, comprimento e largura (ou espessura), enquanto o mapa traz apenas duas dessas dimensões (é bidimensional, não possui espessura). Entretanto, embora sejam representações diferentes, tanto o mapa quanto o globo trazem a mesma disposição de coordenadas em forma de rede.

A importância da localização A determinação das coordenadas geográficas de uma localidade é muito importante para a localização de pontos e o traçado de rotas na superfície terrestre. O sistema de coordenadas foi estabelecido por meio de convenções cartográficas, de maneira a garantir que a localização pela latitude e pela longitude dos pontos na superfície seja sempre a mesma em qualquer mapa ou globo. O sistema de coordenadas é muito importante, pois, para as pessoas se deslocarem entre os lugares da Terra, elas devem seguir referenciais precisos. Se o tráfego ­aéreo e de grandes embarcações não dispusesse de um sistema de coordenadas, seria muito difícil transitar com precisão e rapidez de um ponto a outro do planeta. A latitude informa o quanto estamos próximos dos polos ou da linha do Equador, indicando também características da temperatura local, já que, em linhas gerais (e sem considerar outros fatores que influem na temperatura,

como a altitude), quanto mais perto do Equador, mais elevadas são as temperaturas (climas tropicais e equatoriais). Ao contrário, quanto mais próximos estivermos dos polos (ou distantes do Equador), mais baixas são as temperaturas (climas temperados, frios e polares). A longitude, por sua vez, é utilizada no cálculo dos fusos horários, como veremos adiante. Assista Battleship: a batalha dos mares. Direção de Peter Berg, EUA, 2012, 130 min. O filme mostra uma história de ficção científica em que as personagens são envolvidas numa batalha realizada no mar, com o intenso uso do sistema de coordenadas geográficas para alcançar o objetivo e vencer o inimigo.

geografia e matemática

Medição das coordenadas geográficas A latitude e a longitude são medidas por graus de circunferência, indicados por graus, minutos e segundos. Um grau equivale à medida angular de cada uma das 360 partes em que uma circunferência pode ser dividida. No sistema de coordenadas terrestres, um grau (1o) corresponde a 60 minutos (60’) e 1 minuto pode ser dividido em 60 segundos (60”). 1. Um intervalo de 25o equivale a quantos minutos? 2. A que latitude se encontra o trópico de Capricórnio?

Planisfério – Coordenadas geográficas 150°O 120°O

90°O

60°O

30°O



30°L

60°L

90°L

120°L

150°L

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

180° 90°N 75°N

NO

NE

SO

SE

Allmaps/ID/BR

180°

Círculo Polar Ártico 60°N

45°N

30°N

Trópico de Câncer

OCEANO ATLÂNTICO

Equador

15°N

OCEANO PACÍFICO

Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Antártico

Meridiano de Greenwich



OCEANO PACÍFICO

OCEANO ÍNDICO

15°S

30°S

45°S

60°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

75°S 90°S

0

2525

5050 km

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 32.

O mapa representa algumas das linhas de referência das coordenadas geográficas. Não escreva no livro.

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29/04/16 18:10

Parque do Solstício

Ilustrações: Mario Kanno

A incidência da luz solar sobre a superfície da Terra varia devido à movimentação do planeta ao redor de seu próprio eixo (rotação) e em volta do Sol (translação). O eixo de rotação da Terra é inclinado em relação ao eixo de translação. Por essa razão, as estações do ano se sucedem de modo inverso nos hemisférios – quando é inverno no Sul, é verão no Norte. Os solstícios são os momentos em que a inclinação do eixo de rotação mais interfere na distribuição da luz solar sobre a superfície terrestre, marcando o início das estações de inverno e verão. Próximo ao litoral norte do Amapá, foram encontradas dezenas de estruturas megalíticas (do grego mega = grande e lithos = pedra), provavelmente erguidas por povos indígenas pré-colombianos. Segundo arqueólogos brasileiros e europeus, um desses megalitos, hoje preservado no Parque Arqueológico do Solstício, no município de Calçoene (AP), pode ter servido para marcar a passagem do solstício de dezembro. Observe a seguir como a iluminação da Terra pelo Sol varia ao longo do ano.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Um enorme círculo de blocos de granito pode ter sido usado por povos da pré-história amazônica para marcar a mudança das estações do ano. OCEANO ATLÂNTICO Parque Arqueológico do Solstício

AP Macapá Equador

AM

PA

MA

O parque, a cerca de 370 quilômetros da capital Macapá, protege um dos 30 sítios arqueológicos com megalitos conhecidos no estado do Amapá.

Vista verticalmente do espaço, a órbita da Terra seria assim: uma elipse muito semelhante a um círculo, com o Sol quase no centro.

Só há dois dias do ano em que as regiões polares ficam igualmente expostas ao Sol: nos equinócios.

MARÇO Equinócio Início do outono no hemisfério Sul e da primavera no hemisfério Norte.

JUNHO

DEZEMBRO

Solstício No solstício de junho, o Ártico fica totalmente exposto ao Sol. É o início do verão no hemisfério Norte.

Solstício No solstício de dezembro, toda a região ao norte do Círculo Polar Ártico n recebe luz solar. não

SETEMBRO Equinócio Início da primavera no hemisfério Sul e do outono no hemisfério Norte

o

JUNHO O solstício de junho corresponde ao dia mais longo e à noite mais curta do ano no hemisfério Norte. Nesse dia, os raios solares incidem perpendicularmente sobre o trópico de Câncer. 198

o

DEZEMBRO Já no solstício de dezembro, inicia-se o inverno no hemisfério Norte e o verão no Sul, e os raios solares atingem o trópico de Capricórnio de forma perpendicular.

Vista lateral

Vista lateral

Representações esquemáticas fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia.

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Não escreva no livro.

03/05/16 15:12

A maior placa de granito foi cuidadosamente instalada em pé, de modo a ter uma leve inclinação para o sul. Arqueólogos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá verificaram que, do ponto de vista de quem está junto a essa placa, sua inclinação corresponde à da trajetória aparente do Sol no dia do solstício de dezembro.

N

30 metros

No dia desse evento astronômico, a estreita sombra que a placa projeta encontra-se perfeitamente alinhada com as posições do nascente e do poente no horizonte.

Ilustração: Mario Kanno

Como o megalito marca o solstício

Os megalitos do Parque do Solstício foram dispostos de modo circular, numa área com 30 metros de diâmetro, e, à semelhança de outros sítios pré-históricos megalíticos mundo afora, como o de Stonehenge (Inglaterra), poderiam marcar fenômenos astronômicos. Ilustração: Mario Kanno

Vista vertical da estrutura megalítica

S

L O ângulo da placa é tal que no solstício de dezembro as faces norte e sul do megalito ficam igualmente iluminadas, sem projetar sombras nessas direções. Ao longo do dia, as sombras são projetadas na direção noroeste-sudeste.

O

N

Estruturas megalíticas no Parque Arqueológico do Solstício, em Calçoene (AP). Foto de 2013. Não escreva no livro.

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Fontes de pesquisa: CABRAL, Mariana Petry; SALDANHA, João Darcy M. Paisagens megalíticas na costa norte do Amapá. Revista de Arqueologia, Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), Teresina, v. 21, n. 1, p. 9-26, 2008. PIVETTA, Marcos. As pedras do sol. Revista Pesquisa Fapesp, São Paulo, ed. 186, p. 84-85, ago. 2011. Fotografia: Ricardo Azoury/Pulsar Imagens

Arqueólogos creem que os blocos de granito, alguns com até 2,5 metros de altura e quatro toneladas, foram talhados e levados para o alto de uma colina por povos amazônicos há cerca de mil anos. Este megalito é o que está destacado na vista acima e no diagrama ao lado.

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Capítulo 15 – Localização e orientação geográfica

Fusos horários

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Navegue

a luz solar atinge a Terra quase na perpendicular (isso depende da latitude), ou seja, ela forma um ângulo de 90º, ou próximo disso, com a superfície. Nesse caso, não forma sombras ou forma uma sombra pequena. No início da manhã ou no fim da tarde, quando o Sol forma um ângulo bastante inclinado em relação à superfície, o foco se abre e desenham-se sombras enormes a partir dos objetos. nascente

Sic/ID/BR

A alternância entre dias e noites depende do movimento de rotação, que se completa em torno de 24 horas. Nesse movimento, uma das faces da Terra fica exposta ao Sol, enquanto a outra permanece escura. Nos pontos situados sobre a face iluminada é dia, e nos pontos situados na face escura é noite. O movimento de rotação determina não somente a alternância entre dia e noite, mas também a sucessão das horas. Disso resultou a divisão da Terra em 24 partes ou fusos horários, ao longo do traçado dos meridianos. A Terra, como um corpo esférico, possui 360º. Isso significa que os fusos são separados entre si por segmentos de 15º, cada um deles representando uma hora. O meridiano de Greenwich é o meridiano de referência. O meridiano oposto ao de Greenwich, do outro lado da Terra, é o de 180º. Se a Terra está dividida em 24 fusos, quando forem 12 horas em Greenwich, será meia-noite no meridiano oposto. E, levando em conta que a Terra se move de oeste para leste, todos os pontos situados a leste (à direita) de Greenwich experimentam o amanhecer antes dos pontos situados a oeste (à esquerda) desse meridiano. Desse modo, enquanto em Brasília são 19 horas, em Tóquio são 7 horas da manhã do dia seguinte. Desde 2013, vigoram no Brasil quatro fusos horários. Comparando os pontos extremos, quando em Rio Branco (AC) são 10 horas, em Cuiabá (MT) são 11 horas; em Salvador (BA), 12 horas; e no arquipélago de Fernando de Noronha (PE), 13 horas. Durante o horário de verão, a disposição dos fusos continua a mesma, embora em alguns estados da Região Centro-Oeste e nos estados das regiões Sul e Sudeste os relógios sejam adiantados uma hora. As regiões Norte e Nordeste e parte da região Centro-Oeste ficam fora do horário de verão. Nos antigos relógios de sol, à época dos romanos, as horas eram dadas pela projeção da sombra de uma haste no solo ao longo do dia. É importante lembrar que o Sol rea­ liza um movimento aparente de leste (nascente) para oeste (poente). Se uma estaca for fincada no chão, pode-se acompanhar esse movimento e observar que a orientação e o tamanho da sombra mudam com o passar do dia. Ao meio-dia,

Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos Visite o site do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos, vinculado à Universidade de São Paulo, que se dedica à cronobiologia – área que estuda os diferentes ritmos dos fenômenos biológicos que afetam os seres vivos. No site, você poderá avaliar o seu próprio “relógio biológico” por meio de um questionário de cronotipo. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2015.

meio-dia

poente

Fonte de pesquisa: Centro de Ensino e Ciência Aplicada da Universidade de São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2015.

O relógio de sol mede as horas baseado na sombra de um objeto iluminado pelo Sol e traços marcados na superfície. Ao amanhecer, a sombra está bem longa, ao meio-dia, está em seu menor tamanho e, ao entardecer, volta a se alongar do lado oposto. Os relógios de sol não permitem verificar as horas durante a noite e em dias nublados. Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia. Não escreva no livro.

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Linha Internacional de Data

Leia

Os 24 fusos horários são linhas imaginárias que, como os meridianos, são traçadas de um polo a outro. Ao se deslocar para oeste, a partir de Greenwich, uma pessoa terá de subtrair uma hora para cada fuso e, ao se deslocar para leste, terá de adicionar uma hora para cada fuso. Observe o mapa abaixo. Do fuso de Greenwich (0) à Argentina, são três horas de variação (três fusos); de Greenwich até o Japão, há nove fusos e, portanto, nove horas de variação. Se no Reino Unido são 9 horas, no Japão são 18 horas e na Argentina, 6 horas. Portanto, entre Argentina e Japão há 12 horas de diferença. A Linha Internacional de Data (LID) (ou Linha de Data), estabelecida no final do século XIX, demarca a mudança de data no calendário. Seu traçado coincide quase completamente com o meridiano de 180º, com exceção de algumas adaptações regionais (reveja o mapa). Se uma pessoa avançar na direção leste, bem depois do Japão, as horas não serão somadas indefinidamente, pois ela encontrará a linha de mudança de data, por onde passa o fuso oposto ao de Greenwich. Nesse caso, se ela avançar, as horas serão adicionadas normalmente até atingir as 24 horas ou, mais acertadamente, zero hora do dia anterior.

Pequena história do tempo, de Sylvie Baussier. São Paulo: SM, 2005. O livro aborda as diferenças entre a concepção linear e a concepção cíclica do tempo, mostrando como ambas revelam uma noção social diferente sobre o passado e o futuro.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mundo – Fusos horários (2015) 0° OCEANO GLACIAL ÁRTICO NO

NE

SO

SE

Círculo Polar Ártico

Reino Unido 45°N Japão

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO Equador



Meridiano de Greenwich

OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio Argentina

OCEANO ÍNDICO

45°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Círculo Polar Antártico Horário fracionado em meia hora Linha de mudança de data

0 -12 -11 -10 -9 -8

-7 -6

-5 -4

-3 -2

-1

0

2 475

4 950 km

+1 +2 +3 +4 +5 +6 +7 +8 +9 +10 +11 +12

Fonte de pesquisa: Agência Central de Inteligência Americana. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2015.

Observe que os fusos horários estão sujeitos a adaptações. No Brasil, por exemplo, o primeiro dos quatro fusos brasileiros corresponde às ilhas oceânicas; o fuso �3 coincide com limites estaduais; já o fuso �5 abrange o Acre e parte do estado do Amazonas.

conexão

O horário no mundo Greenwich é o meridiano de referência, ou seja, so- para os sistemas de comunicação, etc., pois, assim, hobre ele passa o fuso onde se assinala o horário univer- rários do mundo inteiro seguem um padrão. A delimitasal de Greenwich. Isso significa que as horas, no mundo ção dos meridianos e o estabelecimento dos fusos hointeiro, são ajustadas de acordo com o horário de Lon- rários também é importante para a padronização e a dres, na Inglaterra, por onde passa esse meridiano. Isso consequente organização de atividades que envolvem é útil para quem viaja, para o comércio internacional, pessoas em diferentes lugares da Terra. 1. Discuta com os colegas sobre como os fusos horários interferem nas atividades entre empresas e organizações com atividades em âmbito mundial.

Não escreva no livro.

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Mundo Hoje O que é relógio biológico? Os biólogos acreditam que esse ciclo muda de acordo com a espécie, para que cada uma delas explore um horário diferente do dia. Um estudo recente da Universidade de Osaka, no Japão, constatou que as espécies animais com relógios de exatas 24 horas tendem a ter menos sucesso evolutivo, porque, ao saírem todas juntas para caçar, formam “horários de rush” [de grande movimento coletivo] nos quais a comida se torna mais escassa. Rodval Matias/ID/BR

Todo ser vivo possui um ciclo de descanso e atividade relacionado aos períodos diurno e noturno. Entre os animais, esse ciclo – chamado de circadiano (cerca de um dia) – oscila entre 23 e 26 horas. Já o relógio dos seres humanos, com pequenos desvios, dá uma volta a cada 24 horas e 18 minutos. Como o relógio avança diariamente esses 18 minutos, o organismo se recupera mais facilmente de longas viagens para o leste – direção em que o fuso horário aumenta – do que para oeste. Assim, entrar no horário de verão, quando o relógio é adiantado em uma hora, também é mais difícil do que sair dele. “Todo dia, os minutos extras do nosso ciclo circadiano são ajustados conforme as atividades e a quantidade de luz a que somos submetidos. Se ambas são intensas pela manhã, o ciclo encurta. Atividades no fim da tarde ou à noite o expandem”, afirma o fisiologista John Araújo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal.

Enquanto uns já estão acordados, outros ainda dormem. O sono e a vigília fazem parte do relógio biológico dos seres vivos.

Fisiologista: profissional da fisiologia, ramo da Biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. O que é relógio biológico? Revista Superinteressante, São Paulo, Abril, ed. 170, nov. 2001. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2015.

É verdade que o horário de verão atrapalha o funcionamento do organismo? Para os mais sensíveis, sim. O organismo funciona como um relógio, o que significa ter sono em determinados horários e fome em outros. Quando se adiantam os ponteiros uma hora, o corpo não se adapta automaticamente. O sono, principalmente, fica perturbado. Os que mais sofrem são os “pequenos dormidores” – indivíduos que passam cerca de cinco horas na cama – e os “grandes dormidores” – que precisam de dez horas. Os dois tipos representam cerca de 20% da população.

Durante uma semana eles não sentem sono no horário em que normalmente dormiriam, porque os ponteiros estão adiantados. E estarão sonolentos ao se levantar. “Isso provoca uma queda na concentração durante o dia, aumentando os riscos de acidentes no trabalho ou no trânsito”, diz o cronobiologista Nelson Marques, da Universidade de São Paulo. “Torna-se também difícil rea­lizar trabalhos que exigem atenção.” O problema volta a ocorrer com o fim do horário de verão, quando os relógios são atrasados em uma hora.

Horário de verão pode diminuir a atenção. Revista Superinteressante, São Paulo, Abril, ed. 111, dez. 1996. Disponível em: Acesso em: 27 nov. 2015.

para elaborar

Como grande parte do território brasileiro está localizado em baixas latitudes (no caso, entre a linha do Equador e o trópico de Capricórnio), a diferença de duração entre os dias e as noites ao longo do ano é muito pequena na maior parte dos estados. Já nos países situados nas latitudes médias e altas, como a Alemanha e a Noruega, a diferença dessa duração é muito maior. Na Alemanha, por exemplo, no verão os dias podem durar 17 horas e, no inverno, apenas 8 horas. Em virtude dessas considerações e daquelas apontadas nos dois textos, discuta com os colegas as questões a seguir: 1. Justifica-se a implantação do horário de verão no Brasil? Comente os argumentos favoráveis e os desfavoráveis à manutenção do horário de verão no Brasil. 2. Por que o horário de verão não vigora nas regiões Norte e Nordeste? 202

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Não escreva no livro.

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Informe A importância dos mapas O mapa, um modelo de comunicação visual, é utilizado cotidianamente por leigos em suas viagens, consulta de roteiros, localização de imóveis, e por geógrafos, principalmente, de forma específica. O mapa já era utilizado pelos homens das cavernas para expressar seus deslocamentos e registrar as informações quanto às possibilidades de caça, problemas de terreno, matas, rios, etc. Eram mapas em que se usavam símbolos iconográficos e que tinham por objetivo melhorar a sobrevivência. Eram mapas topológicos, sem preocupação de projeção e de sistema de signos ordenados, mas os símbolos pictóricos eram de significação direta, sem legenda pois era a própria linguagem deles, a iconográfica. Uma vez que a geografia é uma ciência que se preocupa com a organização do espaço, para ela o mapa é utilizado tanto para a investigação quanto para constatação de seus dados. A cartografia e a geografia e outras disciplinas como a geologia, biologia caminham paralelamente para que as informações colhidas sejam representadas de forma sistemática e, assim, se possa ter a compreensão “espacial” do fenômeno. O mapa, portanto, é de suma importância para que todos que se interessem por deslocamentos mais racionais,

pela compreensão da distribuição e organização dos espaços, possam se informar e se utilizar deste modelo e tenham uma visão de conjunto. Os espaços são conhecidos dos cientistas que os palmilham em suas pesquisas de campo, mas é o mapa que trará a leitura daquele espaço, mostrando a interligação com espaços mais amplos. Assim, também, os leigos, ao se preocuparem com a organização do seu espaço, ou de forma mais cotidiana com deslocamentos mais racionais, ou circulações alternativas (congestionamentos, impedimentos) devem apelar para o mapa. Yves Lacoste mostra, de forma crítica, a necessidade de se preparar as pessoas para lerem mapas, além de conhecer o seu próprio espaço. Diz ele que a geografia e a cartografia em particular são matérias que envolvem um conhecimento estratégico, o qual permite às pessoas que desconhecem seu espaço e sua representação passarem a organizar e dominar esse espaço. [...]

Lachlan Bucknall/Alamy/Latinstock

Almeida, Rosângela D; Passini, Elza Y. O espaço geográfico: ensino e representação. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2001. p. 15-16.

Os conhecimentos cartográficos são valiosos para toda a população. Dependendo da necessidade, alguns mapas fornecem informações mais precisas que outros. Por exemplo, nesta foto, de 2015, um grupo de esportistas planeja o circuito de esqui na neve nos Alpes Lyngen, em Troms, Noruega.

para discutir

1. O autor do texto chama a atenção para a importância de se dominar a linguagem cartográfica. Alguns geógrafos consideram muito importante a “alfabetização cartográfica”. Faça um levantamento sobre situações nas quais o domínio da linguagem cartográfica seria importante para uma pessoa qualquer em seu dia a dia. Depois, discuta o assunto com os colegas.

Não escreva no livro.

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command na caixa com texto transparente abaixo

Atividades

Não escreva no livro.

Revendo conceitos

Lendo mapas e gráficos 8. Observe os mapas a seguir e faça o que se pede. a) No mapa 1, identifique os estados de Santa Catarina e do Amapá e, no mapa 2, a Mongólia e Moçambique. Para cada mapa, comente a posição desses territórios, um em relação ao outro. b) Como o uso da latitude e da longitude podem auxiliar na resposta ao item anterior?

1. No caderno, defina: latitude, longitude, paralelos e meridianos. 2. Suponha que você esteja no Rio Grande do Sul. Que referenciais você usaria se tivesse de utilizar um mapa para explicar a um amigo onde fica o estado do Acre? 3. Qual é a diferença entre os movimentos de rotação e de translação da Terra? Explique e mencione uma consequência direta de um desses movimentos.

70°O

1

50°O

Guiana SURINAME Francesa (FRA) Boa Vista GUIANA

COLÔMBIA

4. Se o eixo de rotação terrestre não apresentasse inclinação em relação ao plano da órbita da Terra ao redor do Sol, o que mudaria nas estações do ano?

60°O

VENEZUELA

40°O

Fortaleza

MA

CE

Teresina

RN Natal João PB Pessoa Recife PE Maceió AL 10°S SE Aracaju

PI Porto Velho

Palmas

TO

RO

Salvador

Cuiabá

DF

BRASÍLIA Goiânia

BOLÍVIA

GO

SC RS

capital de país

Vitória

20°S

RJ

Rio de Janeiro

São Paulo Curitiba

PR

ARGENTINA

ES

SP

PARAGUAI

CHILE

OCEANO ATLÂNTICO

MG Belo Horizonte

MS Campo Grande

OCEANO PACÍFICO

7. Que horas serão em Varsóvia (Polônia) quando em Belo Horizonte forem 15 horas? Leve em conta que o horário de verão está vigorando em Belo Horizonte e que Varsóvia está ajustada ao horário de Greenwich.

BA

MT

PERU

6. Se uma pessoa residente em Brasília fosse telefonar para um amigo em Moscou (Rússia) às 22 horas no horário de lá, em qual horário em Brasília essa ligação teria de ser feita?

SE



PA

AM

Rio Branco

SO

São Luís

Belém

AC

NE

Macapá

Manaus

5. Qual é a necessidade de estabelecer um meridiano central (no caso, o meridiano de Greenwich) para determinar as horas no mundo?

NO

AP

RR

Equador

Allmaps/ID/BR

Brasil – Político (2012)

Trópico d

e Capric

órnio

Florianópolis

Porto Alegre

0

600

1200 km

capital de estado URUGUAI

30°S

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 90.

180°

2

160°O

140°O

120°O

100°O

80°O

60°O

40°O

20°O



20°L

40°L

60°L

80°L

100°L

120°L

140°L

160°L

180°

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

80°N

Groenlândia (DIN) Círculo Polar Ártico Alasca (EUA)

NORUEGA FINLÂNDIA SUÉCIA R Ú S S I A ESTÔNIA LETÔNIA REINO LITUÂNIA UNIDO 1 POLÔNIA BELARUS IRLANDA 2 4 5 UCRÂNIA ALEMANHA 3 CASAQUISTÃO 7 6 MOLDÁVIA FRANÇA MONGÓLIA 8 9 10 ROMÊNIA UZBEQUISTÃO 11 12 GEÓRGIA ITÁLIA 16 13 QUIRGUISTÃO ARMÊNIA AZERBAIJÃO 14 15 PORTUGAL ESPANHA TADJIQUISTÃO TURQUIA GRÉCIA C H I N TURCOMENISTÃO SÍRIA TUNÍSIA LÍBANO IRAQUE IRÃ AFEGANISTÃO ISRAEL MARROCOS JORDÂNIA KUWAIT NEPAL ISLÂNDIA

DINAMARCA

CANADÁ

ESTADOS UNIDOS

OCEANO ATLÂNTICO

ARGÉLIA

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO Equador

BAREIN CATAR

LÍBIA

PAQUISTÃO

NE

SO

SE

A

COREIA DO NORTE COREIA JAPÃO DO SUL

40°N

BUTÃO

CUBA

PERU

COMORES ANGOLA MALAUÍ ZÂMBIA MOÇAMBIQUE

BOLÍVIA

NAMÍBIA

PARAGUAI Meridiano de Greenwich

CHILE

20°N

OCEANO PACÍFICO KIRIBATI PAPUA 0° NOVA GUINÉ NAURU ILHAS SALOMÃO TUVALU

TANZÂNIA

BRASIL

Trópico de Capricórnio

URUGUAI ARGENTINA

Círculo Polar Antártico

NO

60°N

EGITO Saara Ocidental HAITI BANGLADESH ARÁBIA E. A. UNIDOS TAIWAN MIANMA REP. DOMINICANA SAUDITA ÍNDIA OMÃ MAURITÂNIA LAOS MALI NÍGER BELIZE JAMAICA Porto Rico (EUA) IÊMEN ERITREIA GUATEMALA PEQUENAS SENEGAL TAILÂNDIA VIETNÃ CHADE SUDÃO GÂMBIA ANTILHAS BURKINA DJIBUTI EL SALVADOR NICARÁGUA CAMBOJA FILIPINAS GUINÉ BISSAU GUINÉ FASO NIGÉRIA GUIANA ETIÓPIA PANAMÁ HONDURAS REP. CENTROSUDÃO SERRA LEOA SRI LANKA BRUNEI GANA SURINAME AFRICANA DO SUL VENEZUELA COSTA RICA LIBÉRIA SOMÁLIA CAMARÕES MA L Á SIA Guiana Francesa (FRA) COSTA DO TOGO BENIN UGANDA COLÔMBIA MALDIVAS QUÊNIA CINGAPURA MARFIM REP. GUINÉ GABÃO EQUADOR DEM. RUANDA SEICHELES EQUATORIAL CONGO CONGO BURUNDI I N D O N É S I A

MÉXICO

Allmaps/ID/BR

Planisfério – Político (2012)

ZIMBÁBUE

MADAGASCAR

BOTSUANA

OCEANO

TIMOR-LESTE

ÍNDICO

VANUATU

MAURÍCIO

SUAZILÂNDIA ÁFRICA LESOTO DO SUL

1 HOLANDA 2 BÉLGICA 3 LUXEMBURGO 4 REPÚBLICA TCHECA 5 ESLOVÁQUIA 6 SUÍÇA 7 ÁUSTRIA 8 ESLOVÊNIA

FIJI 20°S

AUSTRÁLIA

9 CROÁCIA 10 HUNGRIA 11 BÓSNIA-HERZEGOVINA 12 SÉRVIA 13 MONTENEGRO 14 ALBÂNIA 15 MACEDÔNIA 16 BULGÁRIA

NOVA ZELÂNDIA

40°S

60°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

A N T Á R T I D A 80°S

0

2500

5000 km

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 32.

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NNE NE

NO NNO

A

ONO

ENE

OSO

ESE

O

B

E

SO SSO

C

SSE SE S

4

D

N

Fonte de pesquisa: Girardi, Gisele; Rosa, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: FTD, 2011. p. 10.

2015, Google Earth/Digital Globe

Imagem da região metropolitana de Vitória (ES), captada por satélite, 2015. Charles Sholl/Futura Press

N

3

Luis Moura/ID/BR

Luis Moura/ID/BR

9. Observe o gráfico abaixo. Veja o exemplo: o ponto A situa-se ao norte do ponto D. Agora, observe os pontos B, C e D e identifique a posição de cada um em relação ao outro, utilizando os pontos cardeais e os colaterais. Utilize a rosa dos ventos para se orientar. 15_g_0316_EMG1_196_LA

Interpretando textos e imagens 10. Compare as imagens a seguir. A imagem 1 mostra uma galáxia; a 2 representa Júpiter e alguns de seus satélites, a 3 é uma imagem de satélite mostrando a região metropolitana de Vitória, e a 4 é uma foto dessa cidade feita a partir do Convento da Penha. Agora, responda: a) O que mudou de uma imagem para outra? b) Os referenciais de localização são os mesmos em cada uma delas? Quais seriam eles? S. Willner/JPL-Caltech/NASA

1

Cidade de Vitória (ES), vista do Convento da Penha. Foto de 2015.

2

Representação de Júpiter e alguns de seus 67 satélites. Foto de 2009.

Corbis/Latinstock

Imagem de galáxia a cerca de 12 milhões de anos-luz da Terra. Foto de 2003.

11. De acordo com o texto reproduzido a seguir, responda: Qual é o foco da Geografia e sua relação com a representação cartográfica. Pertencendo, ao mesmo tempo, ao domínio das ciências da Terra e ao das ciências humanas, a Geo­grafia tem por objeto próprio a compreensão do processo interativo entre sociedade e natureza, produzindo, como resultado, um sistema de relações e de arranjos espaciais que se expressam por unidades paisagísticas identificáveis. Esse enunciado, por si só, aponta para a dimensão e o enorme alcance de seu conteúdo, enquanto análise integrada de duas categorias indissociáveis: o espaço terrestre e a transformação nele operada pela atividade humana ao longo do tempo histórico. Em nossa opinião, a Geografia é, portanto, a única que, sem deixar de pertencer à categoria das geociências, integra também o quadro das ciências sociais, onde ocupa posição de destaque enquanto decodificadora das paisagens construídas pela ação antrópica. Ao realizar essa tarefa, nas várias escalas de grandeza, e de forma integrada e dinâmica, a Geo­grafia constitui um setor do conhecimento muito bem estruturado e com marcante identidade. […] A Geografia não dissocia os aspectos culturais dos naturais e nisso reside sua singularidade. Analisa a ecosfera em seus cinco componentes (atmosfera, litosfera, hidrosfera, biosfera e antroposfera), os quais se encontram em permanente processo interativo e de intercâmbio de influências. […] Conti, José Bueno. Resgatando a “fisiologia da paisagem”. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo, n. 14, p. 59, 2001. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2015.

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capítulo

Borchi-Ana/Only World/Only France/AFP

16

Diferentes formas de representação do espaço

o que você vai estudar As informações e a espacialização dos fenômenos. Principais formas de representação do espaço. Os mapas e o estudo das organizações espaciais. Projeções cartográficas e escalas. Cartografia de base e cartas topográficas. Cartografia temática, variáveis visuais e propriedades perceptivas. Gráficos e tabelas.

Leia Conhecimento Prático: Geografia, São Paulo, Escala. Revista dedicada à divulgação de conhecimentos geográficos.

A enorme maquete de Shangai (China), feita na escala 1/500, ocupa um andar de um prédio e demonstra a grandeza e o dinamismo de uma cidade global e sua força econômica. Museu do Planejamento urbano, Shangai, China. Foto de 2013.

Atualmente, dados sobre o espaço geográfico (como a distribuição da população e a ocorrência dos fenômenos climáticos) estão disponíveis em várias fontes, basta consultar a internet ou folhear atlas, livros, jornais. Para a elaboração da maquete acima, foi necessário coletar e sistematizar muitos dados sobre a organização urbana de Shangai. Dados que, integrados, passam a ser informação. Passam a ser, em Geografia, conhecimento geográfico. O conhecimento dos limites da área urbana de Shangai é considerado um dado. Para que ele se transforme em informação, é preciso associá-lo a outras variáveis, inseri-lo em um universo mais amplo de relações. Por exemplo, se relacionado ao dado de crescimento populacional, o conhecimento dos limites pode resultar em informações sobre a evolução da expansão urbana. A Geografia tem preocupação especial com a espacialização de informações como essa, seja por meio de maquetes, mapas, croquis, seja por outras representações gráficas. A adequada representação dos conhecimentos geográficos é possível a partir da aplicação correta de certas técnicas cartográficas, como escala e orientação. Após ler o texto e observar a imagem, responda às questões. 1. Quais conhecimentos básicos de cartografia foram usados para construir essa maquete? 2. Em sua opinião, qual foi a intenção do governo em representar a cidade em uma maquete nessa escala?

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Informação e representação do espaço Uma das peculiaridades da Geografia é a sua preocupação com a espacialização dos fenômenos e, portanto, a representação da informação no espaço. Para ler, interpretar e produzir representações espaciais, é preciso compreender as características dos diversos tipos de representação (croquis, mapas, gráficos, perfis). Assim como ninguém inicia o aprendizado de Matemática pelo cálculo de logaritmos sem antes saber as operações básicas, geógrafos e outros profissionais estudam e compreendem as representações mais simples para depois produzirem as formas mais abstratas – os mapas.

Quando se explica a uma pessoa como chegar a um lugar, pode-se esboçar em um papel o desenho das ruas e os pontos de referência que ela precisa seguir. Essa forma de representação simples e imprecisa, mas muito eficaz porque destaca um aspecto particular da realidade, é o croqui. Os croquis servem como um desenho esquemático, um esboço, que representa de maneira prática um fenômeno, sem a necessidade de obedecer rigidamente às convenções cartográficas.

Croqui – Atuação da frente fria sobre a América do Sul A

B

C

Carlos Henrique/ID/BR

Croquis

Fonte de pesquisa: Giusti, Marcos Nicol. A atualização de croquis cartográficos na Geografia. São Paulo: FFLCH-USP, 1998. p. 66.

Maquetes Em vez de desenhar, pode-se construir um modelo em miniatura da realidade, ou seja, uma maquete. Nesse caso, seria introduzido um importante elemento: a representação tridimensional. É como se a pessoa estivesse vendo o objeto tal como ele é, mas em outra proporção. Um bom exemplo do uso de maquetes são as que podem ser vistas nos escritórios de venda de apartamentos. Elas se assemelham muito à realidade, mostrando casas, prédios, árvores, carros e até pessoas­. Tudo em miniatura.

Perfis Se fosse possível serrar uma maquete seguindo uma linha reta, a secção cortada revelaria um perfil, ou seja, uma “fatia” da realidade. Através desse perfil pode-se ver o que está acima e abaixo do terreno. O perfil é muito útil se a intenção for representar ao mesmo tempo as características da cidade, da forma de relevo, do solo e das rochas que dão suporte ao espaço construído.

Mapas De maneira diferente dos croquis, os mapas apresentam uma preocupação maior com os detalhes e a exatidão. Nos mapas, temos informações mais confiáveis e precisas do que nos croquis e nas maquetes. Outro aspecto que diferencia os mapas e as maquetes dos croquis é a relação de proporção existente entre os objetos representados. Trata-se de uma relação básica em cartografia, ou seja, a escala cartográfica. No croqui, a escala nem sempre é respeitada. Além disso, a escala diz respeito ao grau de detalhamento do mapa. Quanto menor o valor numérico expresso na escala, maior o detalhamento, ou seja, os objetos foram representados com menor redução. A opção por uma dessas formas de representação (croqui, maquete, perfil ou mapa), bem como a junção de mais de uma, visa facilitar a transmissão de dados e informações sobre a realidade. Não escreva no livro.

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Assim como a Matemática, a cartografia é utilizada por muitos ramos do conhecimento, além da Geografia. Profissionais de diversas áreas, como arquitetos, geólogos, meteorologistas e militares, fazem uso de mapas. Por outro lado, a cartografia (combinação de linguagem, técnica e ciência) é perfeitamente adequada ao objeto de estudo da ciência geográfica: o espaço. Por meio de símbolos qualitativos e quantitativos, a cartografia representa a localização de fenômenos geográficos, geológicos, climáticos, agrícolas, etc. A representação numérica, na Matemática, e a representação cartográfica, na Geo­grafia, visam facilitar a comunicação, ou seja, tornar instantânea a decodificação das informações contidas nessas representações. Para isso, a cartografia recorre a uma linguagem própria, caracterizada por apresentar informações de forma precisa. Comparando a obra de arte com o mapa, reproduzidos nesta página, por exemplo, podemos perceber Por meio de cores e formas, a arte também que a obra de arte pode ser interpretada de várias ma- representa o espaço, como nessa obra de Lasar neiras, ou seja, é polissêmica, ao passo que os mapas Segall, Paisagem brasileira, 1925. Óleo sobre trazem um único significado, são monossêmicos: para tela, 64 cm × 54 cm. a cartografia, a representação do território brasileiro só pode ser interpretada de uma maneira; no caso do mapa do Brasil abaixo, o objetivo principal é mostrar a divisão política do país.

Museu Lasar Segall, São Paulo, SP. Fotografia: ID/BR

A importância da cartografia

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NO

NE

SO

SE

Allmaps/ID/BR

De forma geral, os mapas correspondem a uma representação geométrica plana simplificada da realidade. De acordo com o nível de detalhe, ou seja, com a escala da representação, os mapas podem ser classificados nas seguintes categorias: Plantas cadastrais: mapas nos quais a escala varia de 1:200 a Brasil – Unidades federativas (2012) 1:10 000. Nelas, acham-se represen60ºO 70ºO 50ºO 40ºO 80ºO VENEZUELA GUIANA Guiana tados lotes residenciais, ruas, aveniFrancesa (FRA) SURINAME das, praças, etc. A regularização de COLÔMBIA RR AP um imóvel ou de um loteamento Equador 0º requer esse tipo de mapa, obtido EQUADOR nas prefeituras. AM PA CE MA Cartas topográficas: mapas com RN PB escala entre 1:10 000 e 1:100 000. PI PE AC AL 10ºS Nelas se registram a representaTO SE RO ção de rios, lagos, áreas inundáveis, BA PERU MT altitudes, vegetação, vias de comuDF nicação, áreas urbanas, etc. As carBOLÍVIA GO MG tas topográficas são a base para a 20ºS ES MS elaboração das cartas temáticas. SP RJ CHILE Trópico de Capricórnio PARAGUAI Mapas regionais: com escala de PR OCEANO 1:100 000 a 1:1 000 000, represenATLÂNTICO SC tam, geralmente, unidades admiARGENTINA RS 30ºS nistrativas. Mapas-múndi: mapas elaborados URUGUAI 0 600 1200 km na escala de 1:5 000 000 ou superior para representar toda a superfície da Terra. Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 90.

30ºO

OCEANO PACÍFICO

Capítulo 16 – Diferentes formas de representação do espaço

Mapas e escalas de representação

Não escreva no livro.

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Projeções cartográficas Diferentemente do globo terrestre (esférico, tridimensional), os mapas constituem representações planas (bidimensionais). Para representar uma superfície tridimensional em uma superfície plana (bidimensional), os cartógrafos estudam e estabelecem relações geométricas e matemáticas, construindo as projeções cartográficas. As projeções cartográficas são classificadas em cilíndricas, cônicas e planas (ver mapas ao lado), e qualquer uma delas resulta em distorções nas formas, nas áreas e nas distâncias da superfície da Terra. ••Projeção cilíndrica: nessa projeção, a esfera terrestre é envolvida por um cilindro, no qual são projetados os meridianos e os paralelos. Esse tipo de projeção conserva as áreas, mas deforma os ângulos, principalmente nas altas latitudes. A projeção de Mercator é um exemplo de projeção cilíndrica. Mercator, cujo nome verdadeiro era Gerhard Kremer (1512-1594), conservou a forma dos continentes, as direções e os ângulos. Observe que, na projeção de Mercator, a Groenlândia fica do tamanho da América do Sul e o Alasca, do tamanho do Brasil. A projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) é uma variação da projeção de Mercator e apresenta distorções menores. Em ambas, à medida que as áreas são ampliadas, aumentam as distorções. ••Projeção cônica: nessa projeção, a esfera terrestre é envolvida por um cone. Destacam-se as formas de pequenas feições, daí sua utilização na representação de localidades junto às latitudes médias. Quanto mais aumentam as latitudes, maior é a distorção. ••Projeção plana: também denominada azimutal ou zenital, resulta da projeção da superfície esférica sobre um plano. Quanto mais nos afastamos do ponto em que o plano tangencia a esfera terrestre, mais a distorção aumenta.

Carlos Henrique/ID/BR

Projeções cartográficas

Projeção cilíndrica

Projeção cônica

Projeção plana polar

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 21.

saiba mais Polêmica na Geografia Na década de 1970, criou-se uma polêmica em torno da proposta de projeção do cartógrafo alemão Arno Peters (1916-2002). Utilizando a projeção cilíndrica, ele teria optado pela proporção entre as áreas dos países do mundo quando representadas no mapa-múndi. Com isso, dava destaque às regiões situadas nas latitudes baixas, próximas à linha do Equador, ou seja, aos países em desenvolvimento, e confrontava a projeção de Mercator, que privilegiava as terras situadas Planisfério – Mercator

OCEANO

SO Meridiano de Greenwich

ATLÂNTICO

OCEANO Equador

NE

PACÍFICO

Trópico de Capricórnio

60°N

SE

OCEANO PACÍFICO 0°

OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO Equador

PACÍFICO

ÍNDICO Trópico de Capricórnio

6 416

NO

NE

SO

SE

Trópico de Câncer

OCEANO

0

60°N

12 832 km

OCEANO PACÍFICO 0°

OCEANO ÍNDICO

0

6 416

12 832 km

60°S

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Círculo Polar Antártico

160°O 140°O 120°O

100°O

80°O

60°O

40°O

20°O



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20°L

40°L

60°L

Círculo Polar Antártico

80°L

100°L

120°L

140°L

160°L

180°

150°O

120°O

90°O

60°O

Carlos Henrique/ID/BR

NO

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

Círculo Polar Ártico

Meridiano de Greenwich

Círculo Polar Ártico

Carlos Henrique/ID/BR

Planisfério – Peters

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

Trópico de Câncer

nas altas latitudes (mostrando a Europa maior do que de fato é). Mercator desenvolveu sua projeção na época em que os europeus lançavam suas políticas colonialistas nos territórios conquistados. Em 1973, Peters desenvolveu uma projeção que apresentava os continentes em seus tamanhos reais. Assim, as áreas continentais do hemisfério Norte aparecem reduzidas, quando comparadas às apresentadas na projeção de Mercator.

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0° 30°O 30°L

60°S 60°L

90°L

120°L

150°L

Fonte de pesquisa: Charlier, Jacques (Dir.). Atlas du 21e siècle: nouvelle édition 2012. Paris: Nathan, 2011. p. 8.

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As diferentes escalas A relação entre o tamanho (ou proporção) dos elementos representados em um mapa e o tamanho correspondente medido sobre o terreno (superfície real) é definida pela escala. Há níveis de detalhamento escalar totalmente diferenciados. Um bom exemplo disso é observar uma grande cidade de um avião a 10 mil metros de altitude, ou observá-la a pé, circulando entre suas ruas e casas. No primeiro caso, distingue-se apenas a mancha urbana, ou seja, o espaço ocupado pelos edifícios, ruas, praças, etc. No segundo, esses elementos são diferenciados individualmente. Assim, as diferentes escalas são aplicadas à realidade conforme os objetivos da pesquisa ou daquilo que se quer representar. Quando se reduz um objeto, elimina-se uma série de detalhes, mas, ao mesmo tempo, abre-se espaço para representar aquilo que realmente interessa. Portanto, um mapa é sempre uma versão reduzida da realidade. Há três modos de exprimir a escala. Na •• forma numérica: 1:500 000 ou 1/500 000. Lê-se “um para quinhentos mil”, ou seja, 1 cm no mapa equivale a 500 000 cm no terreno. ••Na forma nominal: 1 cm = 5 000 m ou 5 km. ••Na forma gráfica, como na figura a seguir.

5

0

5

10

15

20

25

30

Capítulo 16 – Diferentes formas de representação do espaço

quilômetros

Cada “espaço” da barra apresenta a relação de seu comprimento com o valor correspondente na realidade (no terreno).

Como calcular escalas Para verificar a escala na prática, basta comparar o tamanho de uma pessoa retratada em uma fotografia com o tamanho real dessa pessoa. Se a altura dela for 1,7 m (1 m e 70 cm ou 170 cm) e se na foto ela estiver com 17 cm, a redução aplicada terá sido de dez vezes. No caso de um objeto com as dimensões do Brasil, a redução aplicada teria de ser de milhões de vezes. Em um mapa do Brasil com escala de 1:50 000 000, 1 cm equivale a 500 km (ou 50 milhões de centímetros) no terreno. Observe a seguir o mapa do estado da Bahia. Para calcular a distância aproximada entre Salvador e Barreiras, em linha reta, basta medir com a régua (em centímetros) o espaço que separa as duas cidades e o espaço do segmento da escala. Geralmente,

210

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45°O

40°O

PI

PE

MA

AL10°S SE

TO

Barreiras

Carlos Henrique/ID/BR

Bahia – Cidades selecionadas

BAHIA Salvador

GO 15°S

DF

NO

NE

SO

SE

OCEANO ATLÂNTICO

MG Capital de estado

0 Setup Bureau/ID/BR

Escala 1/500 000

o segmento da escala possui 1 cm. Nesse caso, basta multiplicar um pelo outro. Em nosso exemplo, o segmento da escala, de 1 cm, equivale a 165 km. A distância medida no mapa, entre Salvador e Barreiras, é 4,3 cm. Multiplicando 165 por 4,3, chegamos à distância aproximada em linha reta entre as cidades: 710 km.

165

330 km

ES

Cidade importante

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 170.

Como transformar escalas Para transformar uma escala gráfica em numérica, é necessário saber quantos quilômetros no terreno correspondem a 1 cm no mapa. No mapa da Bahia, por exemplo, 1 cm equivale a 165 km. Para converter quilômetros para centímetros, acrescentam-se cinco zeros. Então, a escala numérica do exemplo é 1:16 500 000. Se um mapa apresentar, por sua vez, a escala numérica, multiplica-se a escala (em centímetro) pelo valor da distância medida no mapa (também em centímetro). Como o resultado é dado em centímetro, cabe transformar a medida em quilômetro, cortando para isso cinco zeros. Leia Cartografia básica, de Paulo Roberto Fitz. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. Em linguagem acessível, o livro trata dos conceitos básicos da cartografia. Há explicações, por exemplo, sobre a utilização prática das escalas e a diferença de classificação entre cartas, mapas e plantas. Esse livro contribui para a ampliação do estudo dos fundamentos da Cartografia.

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29/04/16 10:48

A cartografia de base A figura no pé da página mostra a extração de um perfil a partir de um segmento A-B em uma carta topográfica. Note que as altitudes são “puxadas” para o espaço tridimensional, assim como na maquete e no bloco-diagrama.

100 90

120 110

80

90 80

10 0 90 80 70 60 50

70 60

70 60 50 40

5040 70 60 80 90 90 100 80 110 70 60 50

Carlos Henrique/ID/BR

Carta topográfica 160 150 140 130

50 40

50 40

Em metros

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Raisz, Erwin. Cartografía general. Barcelona: Omega, 1953. p. 132.

Perfil topográfico 117

A

117 100 80 0 6 40 20

100

80

60

40

20

B

Fonte de pesquisa: Granell-Pérez, Maria Del Carmen. Trabalhando Geografia com as cartas topográficas. Ijuí: Unijuí, 2001. p. 55.

Bloco-diagrama

Thiago Lyra/ID/BR

Embora tratem de temas diversos (divisão política, relevo, vegetação, etc.), certos elementos estão presentes na maioria dos mapas: o território dos países e dos continentes, as altitudes (elevações continentais e profundezas oceânicas), as coordenadas de localização (latitude e longitude) e a orientação. Esses elementos, entre outros, traduzidos fundamentalmente por relações numéricas, constituem a preo­cupação básica da cartografia sistemática ou cartografia de base. E o profissional que mais se dedica a esse tipo de conhecimento é o engenheiro cartógrafo. Os trabalhos de mapeamento realizados pelos geógrafos contam com bases sistemáticas, pois, para apresentar um tema geográfico, cuja finalidade é conhecer os fatores da distribuição no espaço dos fenômenos naturais e humanos, é necessário definir os elementos básicos de localização, escala e forma do relevo. Entre os produtos da cartografia de base mais amplamente utilizados por geógrafos, destacam-se as cartas topográficas (topografia significa “descrição de um local”). Esse tipo de representação visa identificar e detalhar, com exatidão, elementos da superfície terrestre, como cursos de água, altitudes, vegetação, estradas, etc. É possível ainda deduzir áreas, distâncias, aspectos do relevo (forma do terreno ou modelado), declividade (inclinação), perfis topográficos e delimitação de bacias hidrográficas. O relevo, um dos aspectos mais importantes da carta topográfica, é obtido pela representação do terreno em curvas de nível (isolinhas de altitude). Curvas de nível são linhas paralelas que unem pontos de igual altitude. Da intersecção das curvas de nível a partir de uma linha traçada sobre o mapa, obtém-se o perfil do terreno, por meio do qual é fácil visualizar as porções elevadas e baixas do terreno. Da sucessão de perfis é possível construir o bloco-diagrama. As figuras ao lado mostram tipos diferentes de representação de um mesmo local. Observando atentamente a carta topográfica, veremos que ela proporciona uma visão semelhante àquela que uma pessoa teria da superfície local a bordo de um avião (visão zenital). É como se o avião estivesse sobrevoando o bloco-diagrama, que representa a superfície terrestre e simula, de maneira mais aproximada, a realidade visível.

Fonte de pesquisa: Raisz, Erwin. Cartografía general. Barcelona: Omega, 1953. p. 132.

Não escreva no livro.

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A representação das cartas topográficas Em uma carta topográfica, os setores mais íngremes do terreno ou de maior declividade aparecem nos locais onde as curvas de nível estão mais próximas. Por outro lado, quanto mais espaçadas forem essas linhas, menor será a declividade do terreno. Identificar a declividade é muito importante, já que essa variável condiciona várias outras. A velocidade de escoamento das águas, por exemplo, é tanto maior quanto maior for a inclinação Marcos Amend/Pulsar Imagens

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

do terreno. Consequentemente, maior será também o potencial de destruição dos solos por erosão. Compare as fotos abaixo com o trecho da carta topográfica, reproduzido nesta página. O reconhecimento dessas unidades por meio da carta topográfica é fundamental para o planejamento do território. Esse tipo de documento é bastante utilizado, por exemplo, na construção de estradas e represas.

Vista de encosta e dos picos Esfinge, Abrolhos e Gigante, da Serra do Marumbi. A foto, de 2015, foi tirada a partir da estação ferroviária de Marumbi, em Morretes (PR).

Trecho da represa Piraquara, em Piraquara (PR). Foto de 2015.

Capítulo 16 – Diferentes formas de representação do espaço

IBGE/Copel

Carta topográfica – Serra de Marumbi

0

NO

NE

SO

SE

952

1 904 m

Detalhe de reprodução de carta topográfica da serra do Marumbi, em Morretes (PR), de 1992. As áreas onde as curvas de nível (em marrom) estão muito próximas indicam a declividade do terreno, que se caracteriza por encostas bastante inclinadas. Está indicado na carta, ao norte, o ângulo de visada (em vermelho) da foto tirada a partir da estação Marumbi. As drenagens (em azul) cortam perpendicularmente o terreno, e a oeste, observa-se a represa Piraquara.

Fonte de pesquisa: IBGE; Companhia Paranaense de Energia (Copel). Morretes (PR). Folha M-2843-3. Rio de Janeiro: IBGE, 1992.

geografia e história

A antiguidade dos mapas Ao longo da história da humanidade, o desenvolvi- argila, o vale de um rio. Ainda na Antiguidade, gregos, mento dos mapas ocorreu, sobretudo, devido à neces- chineses e egípcios desenvolveram a cartografia. Bassidade crescente de deslocamento e de identificação ta lembrarmos dos gregos Hiparco (190 a.C.-126 a.C.), dos recursos naturais, como água, alimentos, madeira, que criou o sistema de latitude e longitude, e Cláuetc. Um dos mais antigos mapas de que se tem notícia dio Ptolomeu (90 d.C.-168 d.C.), o defensor da teoria teria sido feito por volta de 2500 a.C. por povos babi- geocêntrica. lônicos. O mapa, encontrado na pequena cidade de GaAtual­mente, os mapas são feitos com base em tecno-Sur, no atual Iraque, representava, em uma placa de logias avançadas, como as imagens de satélites. 1. O que faz com que representações antigas e atuais possam ser consideradas mapas?

212

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Não escreva no livro.

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A cartografia temática

Tamanho

Granulação

Valor

Em relação à variável visual tamanho, uma cidade com 1 milhão de habitantes seria dez vezes maior do que outra com 100  mil. O valor designa a transição do mais escuro para o mais claro (pela intensidade do fenômeno). A densidade populacional é um exemplo de aplicação dessa variável. Pode-se fixar a cor e variar apenas o valor: por exemplo, vermelho-escuro para maior concentração populacional e vermelho-claro para menores concentrações. Tanto a forma como orientação podem ser aplicadas para diferenciar um objeto de outro, como distinguir a área urbana da rural. Na imagem abaixo, as figuras A, D e E mostram a utilização de diferentes cores, formas e orientações, respectivamente, para diferenciar áreas. Note que o “peso” das variáveis em cada uma das unidades não se modifica, pois não há o objetivo de ordená-las. Por outro lado, as figuras B e C utilizam-se, respectivamente, da varíavel valor e cor com o propósito de indicar sucessão, ordem (quantidades relativas à produção industrial e agrícola, por exemplo). A figura F é um exemplo do uso da variável granulação e constitui uma técnica utilizada na elaboração de blocos-diagramas para realçar o realismo do relevo, como é possível perceber no bloco-diagrama presente na página 211. Nele, o sombreamento das vertentes não iluminadas é obtido pela concentração de traços ou pontos pretos. A luz, nesse caso, viria do lado esquerdo da figura. Aplicação das variáveis visuais na elaboração dos mapas

Forma

Orientação

Cor

Fonte de pesquisa: Martinelli, Marcello. Mapas da Geografia e cartografia temática. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006. p. 16-17; 40-41.

Não escreva no livro.

SP_GEO1_LA_PNLD18_U4_C16_206a213.indd 213

A

D

B

E

C

F

Thiago Lyra/ID/BR

Variáveis visuais

Thiago Lyra/ID/BR

Todos os mapas de um atlas utilizam determinadas projeções cartográficas e possuem escala, coordenadas geográficas e orientação. Esses elementos foram produzidos pela cartografia de base. No entanto, os mapas podem tratar de diversos assuntos: população, clima, geologia, etc. É nesse tratamento dos dados e na informação diversificada que reside o objeto da cartografia temática. Em princípio, a representação espacial de um objeto qualquer pode ser expressa por meio de pontos, linhas e área (dimensões do plano). Assim, em um planisfério, uma cidade é um ponto; os rios assumem aspecto de linhas, e os países, de manchas (superfície ou área). Esses mesmos elementos adquirem diferentes propriedades ao representar objetos diferenciados. As suas representações podem variar quanto: à granulação, ao valor, à forma, à orientação e à cor. Tais elementos constituem as variáveis visuais.

Elaborado pelos autores. 213

4/28/16 11:34 AM

o

Arq. Açores 20°O

NT CE

OCEANO ATLÂNTICO

Bermudas

Trópico de Câncer

Brasil – Altitude

AS PEQUENAS ANTILHAS

80°O

NO

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SO

SE

PLANALTO DAS GUIANAS Neg So r as lim o Amazon õe s PLANÍCIE AMAZÔNICA

s



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Altitude (em metros)

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4 000 1 000 500 200 0

PLANALTO BRASILEIRO

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Trópico de Capricórnio

Arag uaia Tocan tins São F Serra ra do Es pin ha ço

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40°O

Orinoco

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OCEANO PACÍFICO

60°O

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Equador

20°N

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Allmaps/ID/BR

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Paraguai

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PEN. DO IUCATÃ

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PEN. DA FLÓRIDA

Golfo do México

C O R E D I L H

Capítulo 16 – Diferentes formas de representação do espaço

ns as

A

100°O

Fonte de pesquisa: Girardi, Gisele; Rosa, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: FTD, 2011. p. 26.

SP_GEO1_LA_PNLD18_U4_C16_214a221.indd 214

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RA L

OCEANO ATLÂNTICO

Prat a

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40°S

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0

770

1540 km

Fonte de pesquisa: Charlier, Jacques (Dir.). Atlas du 21e siècle: nouvelle édition 2012. Paris: Nathan, 2011. p. 172-173.

Brasil – Vegetação nativa 70°O VENEZUELA

60°O

COLÔMBIA

50°O SURINAME Guiana Francesa (FRA)

GUIANA

Equador

Allmaps/ID/BR

C

C.

tal de ien an Or Gr re ad O M ALT CO t rra N XI en Se LA MÉ Ocid P DO dre Ma rra Se

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Em um mapa, um símbolo OCEANO pode representar um objeto qualquer, desde quePACÍFICO indicado na legenda. No entanto, esse mesmo símbolo pode transmitir a ideia de quantas vezes um objeto é maior do que outro. Embora a variável visual seja a mesma (forma), a informação transmitida é distinta (seleção e proporção). Essa mudança refere-se à propriedade perceptiva. Nos mapas desta página, a variável visual cor foi utilizada, mas de maneiras muito diferentes. Na primeira representação, a cor foi utilizada para representar a altitude. Como a passagem de um nível de altitude para outro é gradativa (propriedade perceptiva de ordem), ou seja, essa é uma variável contínua, a cor está disposta em dégradé (vai diminuindo de tonalidade) e os quadrados da legenda se sucedem sem interrupção. No segundo mapa, o tema é uma variável discreta: vegetação nativa no Brasil. Nesse caso, as cores têm o objetivo de identificar cada unidade (seleção, diferenciação) e não de imprimir ordem. Por isso, usam-se cores contrastantes e espaços entre os quadrados da legenda. É a natureza do objeto estudado que orientará a escolha da forma de representação. Variáveis contínuas, como já visto, pedem um tipo de representação que evoque as noções de “ordem” e de “variação gradativa”. Em outro exemplo desse tipo de variável, a temperatura do ar, a representação vai do tom mais frio para o mais quente, associada a uma variação que vai de cores frias (violeta, azul e verde) para cores quentes (vermelho, laranja e amarelo). Por outro lado, cidades, áreas florestais e agrícolas não possuem uma clara continuidade espacial: são objetos localizados no espaço − ou variáveis discretas −, podendo ser traduzidos por um ponto ou uma mancha (área) com cores diferenciadas ou contrastantes. Assim, antes de elaborar um mapa, é importante pensar nos elementos abordados (as dimensões do plano, as variáveis visuais e as propriedades perceptivas), aliados às características do fenômeno. A cartografia não é apenas um conjunto de técnicas. A possibilidade de ampliar o conhecimento a partir de relações entre a realidade e as diversas formas de representação faz da cartografia uma ciência.

214

L. Erie

PL AN ÍCIE

PEN. DA CALIFÓRNIA

As variáveis visuais e as propriedades perceptivas

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120°O GRANDE ado BACIA or l Co PLANALTO DO COLORADO

DE S. PAT AGÔ NIA

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40° 140°O

40°O NO

NE

SO

SE



10°S PERU BOLÍVIA

OCEANO PACÍFICO

20°S Trópico d Capricórnie o

PARAGUAI

CHILE

OCEANO ATLÂNTICO

ARGENTINA

0

490

980 km 30°S

URUGUAI

Floresta Amazônica

Caatinga

Campinarana (campinas do rio Negro)

Mata dos cocais

Cerrado

Mata Atlântica

Campos

Complexo do Pantanal (Cerrado e Campos inundáveis)

Floresta de araucárias

Vegetação litorânea (mangue, restinga, jundu)

Não escreva no livro.

4/28/16 11:35 AM

A cartografia de síntese Na natureza e no espaço geográfico (produzido pela sociedade), não existem elementos estanques e dissociados completamente entre si: os fatores que interferem no clima, por exemplo, têm relação com o solo, o relevo, a vegetação, a presença de cidades, etc. Os geógrafos, quando estudam, portanto, a dinâmica de processos que ocorrem na natureza ou na sociedade, pesquisam e investigam alguns fenômenos específicos como forma de empreender uma análise científica, por meio da qual cada aspecto social (economia, política, cultura, etc.) e natural (clima, solo, relevo, vegetação, etc.) pode ser estudado de forma mais aprofundada. Dessa forma, dizemos que o estudo de aspectos isolados da realidade é um recurso científico-metodológico, pois, na realidade, os elementos e os fenômenos estão

integrados. Depois de compreender cada elemento ou componente da natureza e da sociedade de forma isolada, é necessário estabelecer relações entre os elementos. Assim, como a Geografia investiga aspectos específicos e, ao mesmo tempo, estabelece relações entre eles, existem mapas que representam dados e informações isolados (como os mapas de isoterma, de vegetação ou de tipos de solos) e outros que comunicam informações obtidas a partir da relação entre esses fenômenos e variáveis. A produção de mapas que sintetizam diferentes dados faz parte de um importante ramo da cartografia temática nos dias de hoje: a cartografia de síntese. Os mapas de clima são resultado do estudo da relação entre dados sobre temperatura, chuva, massas de ar, ventos e outros elementos.

60ºO

VENEZUELA COLÔMBIA RR

Guiana Francesa (FRA) SURINAME

40ºO

GUIANA

NE

SO

SE

AP

Equador

AM



PA

CE

MA PI TO

RO

RN PE

AC PERU

NO

BA

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Brasil – Clima

PB

AL SE

MT DF GO

BOLÍVIA

OCEANO ATLÂNTICO

MG ES

MS

OCEANO PACÍFICO

SP

PARAGUAI

20ºS

RJ Trópico

PR

de Capri

CHILE

córnio

SC ARGENTINA Tipos de clima Equatorial Tropical Tropical atlântico Tropical de altitude Semiárido Subtropical

RS

URUGUAI

0

310

620 km

Fonte de pesquisa: Girardi, Gisele; Rosa, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: FTD, 2011. p. 24.

Não escreva no livro.

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215

4/28/16 11:35 AM

São Paulo – Risco de erosão 51ºO

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Um recurso bastante empregado pela cartografia de síntese é a confecção de mapas a partir da sobreposição de representações de dados e informações diferentes na mesma área. Os mapas de zoneamento ambiental, importantes para a implantação de projetos de manejo em unidades de conservação, são feitos dessa forma. Mapas de risco ou suscetibilidade também são resultado do estudo da relação entre processos naturais e antrópicos em uma área (erosão, desmatamento, agentes poluidores, recursos hídricos, tipos de solo, vegetação, clima, etc.). Outro recurso empregado pela cartografia de síntese é a comparação de mapas sobre um mesmo tema, em uma mesma área, no decorrer do tempo. Os mapas que representam a expansão de áreas urbanas ou de áreas desmatadas ao longo do tempo em um determinado local são exemplos desse recurso.

46ºO NO

NE

SO

SE

MG MS 21ºS

RJ

Trópico de Capricórnio

PR OCEANO ATLÂNTICO

Muito alta suscetibilidade a erosão por sulcos, ravinas e boçorocas Alta suscetibilidade a erosão por sulcos, ravinas e boçorocas de grande porte Alta suscetibilidade a erosão nos solos subsuperficiais

0

Baixa suscetibilidade a erosão

100

200 km

Fonte de pesquisa: Prevenção de desastres naturais no estado de São Paulo: atuação do Instituto Geológico. In: VIII Simpósio de Engenharia Ambiental da Unesp, 2012, Presidente Prudente. Disponível em: . Acesso em: 17 dez. 2015.

Situação primitiva

MG

21ºS

Estimativa da cobertura 81,8%

1886 MG 21ºS

MS

Estimativa da cobertura 70,5%

MS

Capítulo 16 – Diferentes formas de representação do espaço

RJ

Trópico de Capricórnio

140

RJ

Trópico de Capricórnio NO

PR

0

280 km 51ºO

OCEANO ATLÂNTICO 46ºO

1952 MG 21ºS

NE

PR

0 SO

140

51ºO

Estimativa da cobertura 18,2%

NO

NE

SO

SE

280 km

SE

MS

OCEANO ATLÂNTICO 46ºO

2000 MG 21ºS

Estimativa da cobertura 3,0%

MS RJ

Trópico de Capricórnio

140

RJ

Trópico de Capricórnio

PR

0

Mapas: João Miguel A. Moreira/ID/BR

São Paulo – Cobertura florestal (antes do século XIX a 2000)

280 km 51ºO

OCEANO ATLÂNTICO 46ºO

NO

NE

SO

SE

PR

0

140

280 km 51ºO

OCEANO ATLÂNTICO 46ºO

NO

NE

SO

SE

Fonte de pesquisa: Cavalli, Antônio Carlos et al. Cem anos de devastação revisitada 30 anos depois. Disponível em: . Acesso em: 15 dez. 2015.

216

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Não escreva no livro.

4/28/16 11:35 AM

Construção e leitura de gráficos Os gráficos privilegiam a quantidade de elementos, relacionando os dados com variáveis numéricas, mas não mostram a localização desses elementos (função desempenhada sobretudo pelos mapas). Os gráficos podem ser de linhas, de barras e circulares.

Gráficos de linhas e de barras

120

Rio Verde (GO) – Temperatura média (2015) 40

Adilson Secco/ID/BR

Rio Verde (GO) – Precipitação média (2015)

Adilson Secco/ID/BR

Observe os gráficos a seguir: o primeiro – um gráfico de barras – mostra a quantidade de precipitação média (total de chuva), por mês, no município de Rio Verde, no estado de Goiás, em 2015. O segundo gráfico, de linhas, representa a variação da temperatura no decorrer do mesmo ano. Note que os dois gráficos indicam a variação de um fenômeno. Entretanto, no gráfico sobre a quantidade de chuva, a variação representada é descontínua (as precipitações ocorrem em momentos específicos). No gráfico que representa a temperatura média (elemento que sempre está presente), por sua vez, a variável é contínua e o uso da linha comunica visualmente melhor esse dado. Na comparação entre tabelas e gráficos, vale ressaltar que a tabela apresenta dados precisos, enquanto o gráfico possibilita uma visualização imediata da informação.

Temperatura (°C)

Precipitação (mm)

100 80 60 40

30

20

10

20 Jan

Mar

Mai

Data

Jul

Set

Nov

Fonte de pesquisa: Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Disponível em: . Acesso em: 10 dez. 2015.

Gráficos de setor Se o dado a ser representado em um gráfico refere-se à sua participação em um conjunto maior de dados, utilizam-se os gráficos de setores ou setogramas. No exemplo 1, ao lado, em um conjunto de vinte objetos, quatro deles representam 20%, e dez, a metade ou 50%. O total de objetos (vinte) corresponde a 100%. No exemplo 2, em um conjunto de mil objetos, duzentos deles representam 20%, e quinhentos, a metade ou 50%. A totalidade dos objetos (mil) corresponde também a 100%. Embora haja variação na quantidade de objetos, a participação deles no todo é igual, dada por valores percentuais.

Não escreva no livro.

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0

Jan

Mar

Mai

Data

Jul

Set

Nov

Fonte de pesquisa: Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Disponível em: . Acesso em: 10 dez. 2015. Sic/ID/BR

0

Exemplo 1 4 objetos 10 objetos

30%

20%

6 objetos

50%

Exemplo 2 20%

200 objetos 500 objetos

30%

300 objetos 50%

217

29/04/16 13:35

A utilização de gráficos, mapas e tabelas

Brasil – Domicílios com pelo menos 1 morador indígena por região (2010)

A escolha da representação gráfica depende do objetivo da pesquisa e das características do objeto a ser representado. No entanto, diferentes formas de representação podem se complementar. Observe o mapa, o gráfico e a tabela, que representam a quantidade de domicílios por região brasileira onde há pelo menos um morador indígena.

Região

Número de domicílios

Norte

72 116

Nordeste

88 147

Centro-Oeste

40 890

Sudeste

57 971

Sul

31 665

COLÔMBIA

Guiana Francesa (FRA) SURINAME GUIANA

40ºO

Equador

NO

NE

SO

SE



EQUADOR NORTE NORDESTE PERU

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

CENTRO-OESTE

Fonte de pesquisa: IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em: . Acesso em: 11 dez. 2015.

Brasil – Domicílios com pelo menos 1 morador indígena por região (2010) 100

BOLÍVIA

90

SUDESTE

CHILE

20ºS

PARAGUAI Trópic

o de C

SUL

apricó

rnio

ARGENTINA

0

725

1 450 km

URUGUAI

80 Milhares de habitantes

Domicílios com pelo menos um morador indígena (em milhares) Acima de 70,1 De 39,1 a 70 Até 39

Adilson Secco/ID/BR

70ºO VENEZUELA

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Brasil – Indígenas por região (2010)

70 60 50 40 30 20

Observe que o mapa localiza o fenômeno, a tabela informa a quantidade exata e o gráfico de barras estabelece a comparação entre os dados. Embora as cores utilizadas no mapa e na legenda também tenham essa intenção, no gráfico a decodificação da informação numérica é instantânea, por causa da disposição das barras com diferentes tamanhos. Dois critérios são fundamentais na construção de um gráfico: igualar as escalas e o tamanho dos gráficos. Caso contrário, é impossível estabelecer uma comparação, o que faz a informação gráfica perder o valor. O mesmo vale para as tabelas: dados econômicos de países não devem ser organizados por ordem alfabética se a intenção for mostrar qual região produz mais ou menos. Assim, são as características dos dados ou a natureza do objeto que permitem definir qual forma de representação é a mais adequada.

10 0

Nordeste

Norte

Sudeste Centro-Oeste Região

Sul

Fonte de pesquisa: IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em: . Acesso em: 11 dez. 2015.

Navegue Portal de Mapas Portal de mapas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com cerca de 22 mil mapas para consulta e download. Disponível em: . Acesso em: 21 abr. 2016.

saiba mais Os gráficos e a veracidade da informação A construção de representações exige critérios precisos. Se as relações de ordem, grandeza, seleção, etc. não forem corretamente utilizadas em uma representação, esta poderá comunicar uma informação errada. Nesse sentido, um erro comumente cometido na representação da variação de um elemento qualquer no tempo é o uso da mesma escala para grandezas diferentes. Na figura hipotética ao lado, por exemplo, o crescimento de 1% aparece graficamente igual ao crescimento de 10%. No caso, a construção de cada gráfico não está incorreta, mas a forma como eles foram apresentados, um ao lado do outro, induz a erro.

218

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Representação da variação de um elemento sem respeitar a escala do gráfico 1%

10%

0

Sic/ID/BR

Capítulo 16 – Diferentes formas de representação do espaço

Fonte de pesquisa: IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em: . Acesso em: 11 dez. 2015.

1970

2000

0

1970

2000

Não escreva no livro.

29/04/16 11:42

Informe A ideologia dos mapas Para a maioria dos geógrafos, a dimensão do território levado em consideração e os critérios dessa escolha não parecem dever influenciar fundamentalmente suas observações e seus raciocínios. Contudo, basta folhear um manual de Geografia ou a coleção de uma revista geo­gráfica para se perceber que as ilustrações cartográficas são de tipos extremamente diferentes, pois essas cartas têm escalas muito desiguais: algumas são planisférios que representam todo o globo, outras representam um continente, outras, um Estado (extenso ou pequeno), outras, uma “região” cuja extensão pode ser variável, outras, uma aglomeração urbana, um bairro, uma aldeia […], uma exploração rural e suas construções, uma clareira na floresta, um pântano, uma casa, etc. Essas extensões de tamanho bem desigual são representadas por cartas, cujas escalas são bem diversas: desde as cartas em pequeníssima escala, que representam o conjunto do mundo, até cartas e planos em escala bem grande, que representam, de maneira detalhada, espaços relativamente pouco extensos. Entre todas essas cartas de escala tão desigual, não há somente diferenças quantitativas, de acordo com o tamanho do espaço representado, mas também diferenças qualitativas, pois um fenômeno só pode ser representado numa determinada escala; em outras escalas ele não é

representável ou seu significado é modificado. É um problema essencial, mas difícil. Ora, a escolha da escala de uma carta aparece habitualmente como uma questão de bom senso ou de comodidade à qual não se dá importância e cada geógrafo universitário escolhe a escala que lhe convém, sem estar muito consciente dos motivos dessa escolha. Em contrapartida, as exigências da prática fazem com que os oficiais saibam bem que não são as mesmas cartas que servem para decidir a estratégia de conjunto e as diversas operações táticas. A estratégia se elabora em escala bem menor que a tática. […] Certos raciocínios não podem se formar se não forem examinados os diferentes aspectos de um fenômeno sobre o conjunto do planeta (é, por exemplo, o caso de certos fenômenos climáticos ou econômicos). Em contrapartida, outros fenômenos, tais como os processos de erosão, não podem ser convenientemente observados senão em escala bem grande, sobre uma vertente, no leito de uma correnteza… Essas constatações são perfeitamente banais para os geógrafos, que não parecem senão reafirmar, ainda uma vez, o ecletismo de seus pontos de vista: ora, dizem eles, é preciso olhar a Terra no microscópio, ora do alto de um satélite.

Ting Shen/Xinhua Press/Corbis/Fotoarena

Corbis/Fotoarena

Lacoste, Yves. Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 3. ed. Campinas: Papirus, 1993. p. 74-75.

Lago Michigan

A imagem de satélite (à esquerda) e a foto (à direita) mostram o lago Michigan, de diferentes pontos de vista. Chicago, Illinois, Estados Unidos, 2015.

para discutir

O texto aborda a importância da escala ou da ordem de grandeza dos fenômenos naturais e sociais. A última frase traduz essa questão. 1. Selecione duas passagens do texto que remetam à importância da noção de escala no tratamento da informação. 2. A partir da reflexão proposta no texto, discuta com os colegas sobre a relação entre os problemas ambientais e econômicos que ocorrem no lugar em que você vive e os que afetam o Brasil.

Não escreva no livro.

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command na caixa com texto transparente abaixo

Atividades

Não escreva no livro.

Revendo conceitos 1. Qual é a diferença entre dado e informação? 2. A temperatura média em Mossoró, no Rio Grande do Norte, é 28 °C e, em São Joaquim, Santa Catarina, é 12,6 °C. Como esses dados podem ser transformados em informações?

União Europeia – Taxa de desemprego (2015)

PARAÍBA Ta Campina pe Grande ro

Rio

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Santa Rita íba

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1 150 km

MALTA

Fonte de pesquisa: Eurostat. Disponível em: . Acesso em: 17 dez. 2015.

João Pessoa

CHADE Lago Chade

12ºN

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BENIN Nupe Gwari Ri

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Plateau Rio

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OCEANO ATLÂNTICO

Ijo

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SO

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Edo Ibo

João Miguel A. Moreira/ID/BR

12ºL

NÍGER

Hausa-Fulani

João Miguel A. Moreira/ID/BR

SE

OCEANO ATLÂNTICO

NE

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Rio

GRÉCIA

5ºL

36ºO

Patos

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575

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Mar Negro

BULGÁRIA

Nigéria – Grupos culturais (2011)

RN

o Ri

N

45º

ÁUSTRIA HUNGRIA ROMÊNIA ESLOVÊNIA

ÁFRICA

Paraíba – Cidades selecionadas

P

SE

Mar Mediterrâneo

0

10. Utilize a escala gráfica do mapa para calcular as distâncias aproximadas em linha reta entre as cidades de Patos e Santa Rita e entre João Pessoa e Campina Grande. Em seguida, calcule a escala numérica para o mapa.

ou

SO

ºN

60

POLÔNIA BÉLGICA ALEMANHA REPÚBLICA TCHECA ESLOVÁQUIA LUXEMBURGO

ESPANHA

Lendo mapas, gráficos e tabelas

s

DINAMARCA

PORTUGAL

9. Em que aspecto os gráficos diferem dos mapas? Pode-se fazer uso conjunto dessas duas formas de representação? Explique.

ha

NE

LETÔNIA Mar Báltico LITUÂNIA

CROÁCIA

8. Qual é a finalidade e a importância das cartas topográficas para a Geografia?

n ira

SUÉCIA

FRANÇA

7. Suponha que 1 centímetro em um mapa seja equivalente a 10 km ou 10 000 m no terreno. Qual seria a escala desse mapa?

SO

NO

FINLÂNDIA

HOLANDA

OCEANO ATLÂNTICO

6. Qual é a finalidade da escala em um mapa?

NO

30ºL



o

ESTÔNIA

REINO IRLANDA UNIDO

5. Qual é a finalidade das projeções cartográficas?

CE

lar Ár tic

Mar do Norte

4. Quais são as diferenças entre plantas, cartas e mapas? Cite um exemplo de cada.

6ºS

o Po

Taxas de desemprego (%) mais de 20 de 12 a 20 de 6 a 11 menos de 6

3. Quais são as características básicas de um croqui, de uma maquete e de um perfil? Em que situação essas diferentes formas de representação podem ser utilizadas?

38ºO

Cír c ul

30º O

João Miguel A. Moreira/ID/BR

11. Cada uma das representações a seguir atendeu a critérios diferenciados de construção. Considerando essa informação, responda às questões.

Cross River

CAMARÕES 5ºN

0

190

380 km

Fonte de pesquisa: Charlier, Jacques (Dir.). Atlas du 21e siècle: nouvelle édition 2012. Paris: Nathan, 2011. p. 168.

a

Rio

8ºS

íb Para

a) Qual é o tema tratado em cada uma das representações? PE Capital de estado Cidade principal

0

60

120 km

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 166.

b) Quais variáveis visuais foram utilizadas em cada um dos mapas? c) Os critérios cartográficos adotados são condizentes com o tema tratado? Justifique sua resposta.

220

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03/05/16 15:18

Adilson Secco/ID/BR

12. Faça uma análise do gráfico a seguir e responda às questões. Alto Araguaia (MT) – Variação média mensal da temperatura e da precipitação (2015) 40

120

30 80 20

60 40

10

Temperatura (°C)

Precipitação (mm)

100

Jan

Mar

Mai

Jul

Set

0

Nov

Fonte de pesquisa: Inmet. Disponível em: . Acesso em: 14 dez. 2015.

Brasil – Área do território por região (km2)

Norte

8,5

Norte

3 853 670

Nordeste

27,7

Nordeste

1 554 291

Centro-Oeste

7,6

Centro-Oeste

1 606 416

Sudeste

41,9

Sudeste

924 617

Sul

14,3

Sul

576 773

Total

100,0

Área total

Fonte de pesquisa: IBGE. Disponível em: . Acesso em: 17 dez. 2015.

20 0

Brasil – Participação de cada região no total da população em 1O jul. 2015 (%)

8 515 767

Fonte de pesquisa: IBGE. Disponível em: . Acesso em: 15 dez. 2015.

Interpretando imagens 15. Considerando as fotos abaixo, que elementos poderiam ser destacados em termos de relevo, vegetação e uso da terra? Construa uma legenda, atribuindo cores para cada um dos elementos que podem ser observados em cada uma das fotos. Relacione cada cor com as características desses elementos; por exemplo, você pode utilizar o verde para a vegetação.

a) Qual é a característica dos fenômenos representados no gráfico? b) De que forma essa característica ajuda a explicar a forma de representação adotada para cada um deles?

5,0

4,8 4,6 4,4

4,6

4,4 4,2

4,2

4,2

4,2

4,0

Vista aérea da região da Chapada dos Guimarães (MT). Foto de 2010.

3,9 3,5

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

2011

2012

2013 Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

4,5

4,8

Adilson Secco/ID/BR

Taxa de homicídio (por 100 mil)

Brasil – Taxa de homicídios de mulheres (2003-2013)

Mario Friedlander/Pulsar Imagens

13. A violência contra a mulher no Brasil é uma realidade cotidiana. Quais as hipóteses para explicar a evolução desse dado?

Fonte de pesquisa: Waiselfisz, Julio Jacobo. Mapa da violência 2015: homicídios de mulheres no Brasil. Brasília: OPAS/OMS/ONU Mulheres/ SPM, 2015; Rio de Janeiro: Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Disponível em: . Acesso em: 23 mar. 2016.

14. Construa um setograma para cada uma das sequências de dados das tabelas a seguir. Na segunda tabela, antes de transcrever os dados para o setograma, converta-os em valores percentuais. Use uma cor para cada região. Em seguida, faça uma análise sucinta de cada setograma.

Vista aérea da cidade de Londrina (PR). Foto de 2015. 221

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capítulo

ESA/Denman Productions/SPL/Latinstock

17

Novas tecnologias e suas aplicações

o que você vai estudar Sensoriamento remoto. Uso das fotografias aéreas para mapeamento. Localização por GPS. Sistemas de informação geográfica e geoproces­samento.

Os satélites são projetados para fazer observações da Terra por meio de vários instrumentos científicos, como altímetros de radar e sistemas de monitoramento atmosférico. A ilustração acima representa o satélite Envisat, lançado em 2002, na órbita da Terra.

seus elementos: o continente, os ocea­nos e as massas brancas que se assemelham a nuvens. Assemelham-se porque, na realidade, não são propriamente nuvens, mas massas de ar com “níveis” de temperatura diferentes. Nas imagens, as camadas mais frias aparecem mais claras e as camadas mais quentes são mais escuras. As manchas de cor branca correspondem então aos topos de nuvens com 15 mil metros de altitude e temperaturas inferiores a 50 oC negativos, correspondendo, portanto, a massas de ar frias. As imagens produzidas por sensoNASA/ NO AA GO res térmicos permitem acompaE nhar a evolução dos sistemas atmosféricos 24 horas por dia, sem interrupção. S

Pr oj e

ct

O ser humano já foi ao centro da Terra e descobriu que lá existe um núcleo metálico? Já esteve no Sol para medir as temperaturas na sua superfície e no seu interior? Para ambas as perguntas, a resposta é negativa. As perfurações mais profundas feitas na Terra não ultrapassaram a crosta, e não há nenhum material em nosso planeta que resista às temperaturas solares (6 000 oC na superfície e milhões de graus em seu interior). A humanidade chegou a conclusões sobre o Sol e sobre o interior da Terra por meio de métodos indiretos, ou seja, utilizando sensores remotos. O termo remoto significa “afastado” ou “distante” e, atualmente, existem aparelhos e máquinas capazes de obter imagens a distância. São máquinas fotográficas, binóculos, telescópios e sensores instalados em satélites. Um exemplo de imagem de satélite que está presente na internet e nos telejornais são as imagens da previsão do tempo. Estas são produzidas por sensores térmicos e recebem tratamento gráfico com cores para realçar

Imagem gerada pelo GOES-13, sistema de satélites utilizado para fazer previsões do tempo e pesquisas meteorológicas. Imagem de 2014.

Após ler o texto e observar as imagens, responda às questões. 1. Podemos dizer que as imagens de satélite são imagens a distância? 2. Em sua opinião, que outros usos a sociedade pode fazer das imagens de satélite? Comente-os. 222

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Não escreva no livro.

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Nessa imagem do satélite Landsat foram utilizadas informações obtidas pelo sistema de radares SRTM (sigla em inglês para Missão Topográfica Radar Shuttle) para compor a representação do relevo. Cabo da Boa Esperança, África do Sul, 2013. Landsat/U. S. Navy/Google Earth

Sensoriamento remoto é o conjunto de técnicas de obtenção de informações sobre a superfície terrestre a distância e a partir do registro da interação entre a radiação eletromagnética e a superfície. O radar é um tipo de sensor remoto, captando ondas eletromagnéticas, como a luz e o calor. O pulso ou sinal transmitido pelo radar é refletido pelo objeto (alvo) e captado novamente pelo radar. Os radares permitem a obtenção de imagens sob quaisquer condições de tempo e não necessitam de sombra natural para destacar o relevo, já que o próprio sensor produz a sombra. O sistema, no entanto, apresenta limitações na identificação de outros elementos, como aqueles relativos à vegetação e ao uso da terra. As imagens de satélite, por sua vez, são produzidas a partir de sensores capazes de distinguir a luz visível e o calor, podendo revelar desse modo características da superfície terrestre relativas a ambiente, recursos naturais, uso da terra, etc.

Ann Ronan Picture Library/Photo12/AFP

O sensoriamento remoto

Nessa imagem captada por satélite, de trecho do rio São Francisco, na região dos municípios de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), é possível distinguir a água em azul, a vegetação em verde e as áreas de solo exposto ou de vegetação esparsa em tons amarelados ou róseos. Imagem de 2013.

A visão nos seres vivos É por meio dos sentidos que os seres vivos tomam contato com o ambiente. Todos os sentidos têm características próprias e, enquanto o paladar e o tato exigem contato direto com os objetos, a audição, a visão e o olfato permitem que os seres vivos investiguem a natureza dos objetos a distância. A visão humana é um sensor remoto que distingue a luz com determinado comprimento de onda (luz visível) ou dotada de certa quantidade de energia. A visão dos felinos, por sua vez, é mais sensível do que a nossa, pois, além da luz visível, permite que eles enxerguem o calor refletido. É por isso que os felinos conseguem localizar suas presas no escuro. As aves de rapina são, por sua vez, aquelas que têm a visão a distância mais apurada. Um falcão, por exemplo, consegue enxergar pre- Jaguatirica (Leopardus pardalis) caçando à noite, no Pantanal Mato-Grossense. Foto de 2013. sas pequenas a 1 500 metros de altitude. 1. Compare o sentido da visão nas classes de seres vivos citadas com a técnica do sensoriamento remoto.

Não escreva no livro.

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Joe McDonald/Corbis/Fotoarena

geografia, Biologia e física

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Capítulo 17 – Novas tecnologias e suas aplicações

As aerofotografias

Rodval Matias/ID/BR

O fato de realçar a altura dos elementos identificados faz desse recurso um importante instrumento na elaboração de cartas topográficas (que representam altitudes), geomorfológicas (que dão destaque ao relevo) e de uso da terra (que indicam a delimitação dos tipos de vegetação, as estruturas urbanas e rurais, as vias de transporte, etc.). Sensoriamento remoto

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 27.

A ilustração mostra a diferença de alcance das aerofotografias e das imagens obtidas por meio de satélites. Representação esquemática fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia. Scott Bair/Acervo do fotógrafo

Outro instrumento importante na geração de dados espaciais é a aerofotografia ou fotografia aérea. As fotografias aéreas são produzidas, geralmente, por câmeras fotográficas convencionais instaladas em aviões. Como as câmeras produzem imagens a partir da luz, os voos são realizados durante o dia, preferencialmente de manhã, quando os objetos na superfície produzem sombras. Como a altitude de sobrevoo das aeronaves se limita à troposfera (porção mais baixa da atmosfera), o resultado normalmente mostra pequenas porções da superfície terrestre com muitos detalhes. As aerofotografias são um recurso que pode ser utilizado a qualquer momento, pois seus custos são relativamente baixos e há várias empresas que prestam esse serviço. As prefeituras são grandes usuárias dele, para a elaboração de plantas cadastrais e demarcação de propriedades rurais. Outro aspecto importante das fotografias aéreas é a estereoscopia, que proporciona uma visão em 3D (tridimensional) do terreno. Com o uso dessa técnica, o relevo, as casas e os demais objetos aparecem como se saíssem do plano, em três dimensões, como nos hologramas. Na estereoscopia, a sensação de profundidade, ou seja, de que algo está situado na frente ou ao fundo, deriva da sobreposição de imagens captadas em ângulos ligeiramente diferentes. Os nossos olhos fazem isso. Ao fixar o olhar sobre um objeto e abrir alternadamente os olhos, o objeto parece mudar de lugar. Na verdade, é o ângulo de visão sobre ele que varia. O efeito estereoscópico da visão humana se dá porque nossos olhos estão lado a lado, na frente do rosto, gerando duas imagens ligeiramente diferentes para o nosso cérebro. Quando o avião sobrevoa uma dada região em linhas paralelas, seu trajeto é definido de forma que, ao retornar, haja uma sobreposição de 30% nas trajetórias. Assim, são obtidos pares de imagens da mesma área em diferentes ângulos, que depois são ajustados em sequência. Com o auxílio de um aparelho chamado estereoscópio, realiza-se a interpretação em 3D.

Estereoscópio sendo utilizado para interpretação de fotografias aéreas. Foto de 2003.

saiba mais Do início da aerofotografia aos dias atuais Os primeiros experimentos com fotografias aéreas remontam a meados do século XIX – o francês ­Laussedalt teria feito o primeiro levantamento aerofotográfico a bordo de um balão em 1858. As fotografias a distância desenvolveram-se realmente, porém, a partir da invenção do avião, no final do século XIX e início do século XX. Atualmente, veículos aéreos não tripulados (Vants), controlados remotamente e popularmente conhecidos

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como drones, também têm sido utilizados para levantamentos aerofotográficos. A vantagem na utilização dos drones é a obtenção de imagens de alta qualidade, com grande precisão de dados de localização e com menores custos em relação aos métodos tradicionais por meio de aeronaves e helicópteros. Além disso, os drones são uma boa alternativa quando as áreas em pesquisa são menores.

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Mapeamento por meio de fotografias aéreas verde-claro; e as áreas de solo exposto aparecem em tons de marrom.

Das fotografias aos mapas O mapa abaixo da fotografia aérea foi elaborado com base na interpretação dessa foto, com o objetivo de representar aspectos do uso da terra nessas áreas. A interpretação da fotografia aérea, assim como a das imagens produzidas pelos demais tipos de sensores, requer conhecimento geográfico por parte do intérprete, para que se possam distinguir os diversos elementos ali presentes. Na impossibilidade de reconhecimento de um dado elemento, torna-se necessário o trabalho de campo, ou seja, é preciso ir até o local verificar se as características do elemento identificado correspondem àquelas sugeridas pela imagem. Base/Base Aerofotogrametria e Projetos S/A

A fotografia aérea abaixo, produzida em Campinas, no estado de São Paulo, mostra locais com grande aproximação visual. A fotografia foi obtida por meio de câmeras localizadas em uma aeronave. No trecho retratado na fotografia, observamos uma área densamente urbanizada e áreas ocupadas pela vegetação. Na área urbanizada, os elementos predominantes são casas residenciais (térreas ou sobrados); galpões comerciais ou industriais (estruturas retangulares, maiores do que as residências comuns) e ruas paralelas e perpendiculares. Na área abrangida pela fotografia também é possível observar a presença de um aeroporto. No trecho com vegetação, as áreas em verde-escuro revelam a presença de vegetação arbórea; a vegetação de baixo porte, como o capim, aparece em tom

Foto aérea de trecho de Campinas (SP), 2012.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Trecho de Campinas – Uso da terra (2012)

NO NE

0

Vegetação de baixo porte Vegetação arbórea Área urbana

Não escreva no livro.

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Área agrícola Solo exposto Área aeroportuária

440 m

SO SE

Corpo d'água Via pavimentada Via não pavimentada

Mapa de uso da terra com base na foto aérea de trecho do município de Campinas (SP), 2012. 225

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Informe Estrutura das imagens de sensoriamento remoto de nível de cinza proporcional à tonalidade da imagem original. Essa matriz é então convertida para um formato digital gráfico, podendo ser lida e manipulada por sistemas de processamento digitais. Existem vários tipos de scanners, desde simples modelos de mão, geralmente utilizados apenas para atividades de editoração eletrônica em microcomputadores, até sofisticados sistemas de cilindro rotatório com leitura a feixe de laser, apropriados para digitalização de mapas e fotos aéreas por evitarem distorções geométricas. Banda: região do espectro eletromagnético determinada pelo comprimento de onda e pela frequência da radiação. Pixel: a menor unidade gráfica de uma imagem matricial e que só pode assumir uma única cor por vez . Quanto menor o pixel, maior a resolução da imagem.

Diego Urdaneta/AFP

As imagens de sensoriamento remoto, por sua natureza digital [...] são constituídas por um arranjo de elementos sob a forma de uma malha ou grid. Cada cela desse grid tem sua localização definida em um sistema de coordenadas do tipo “linha e coluna”, representadas por x e y, respectivamente. Por convenção, a origem do grid é sempre no canto superior esquerdo. O nome dado a essas celas é pixel, derivado do inglês picture element. Para um mesmo sensor remoto, cada pixel representa sempre uma área com as mesmas dimensões na superfície da Terra. Cada cela possui também um atributo numérico z, que indica o nível de cinza dessa cela, que obviamente vai variar do preto ao branco; esse nível de cinza é conhecido em inglês por DN, de digital number. O DN de uma cela representa a intensidade da energia eletromagnética (refletida ou emitida) medida pelo sensor, para a área da superfície da Terra correspondente ao tamanho do pixel. Deve ser ressaltado que o DN de um pixel corresponde sempre à média da intensidade da energia refletida ou emitida pelos diferentes materiais presentes nesse pixel. Uma imagem digital pode então ser vista como uma matriz, de dimensões x linhas por y colunas, com cada elemento possuindo um atributo z (nível de cinza). No caso das imagens de sensoriamento remoto, essas matrizes possuem dimensões de até alguns milhares de linhas e de colunas (o Landsat gera imagens de 6 550 × 6 550 elementos, o que significa mais de 42 milhões de pixels para cada banda!). […] Vale lembrar que qualquer imagem, mesmo não digital (como uma fotografia aérea, por exemplo), pode ser transformada em imagem digital através de um processo conhecido por digitalização. Esse processo é implementado através de um tipo de equipamento periférico denominado scanner, que transforma uma imagem analógica (fotografias, mapas, etc.) em uma matriz com o número de linhas e colunas e o tamanho de cada cela predefinidos, atribuindo para cada cela um valor

Após a digitalização, as aerofotografias podem ser analisadas e utilizadas para mapeamentos da superfície terrestre por meio de softwares de geoprocessamento. Pesquisador do Centro de Sistemas de Informação Geográfica da Universidade Internacional da Flórida, Estados Unidos. Foto de 2015.

Crósta, Alvaro Penteado. Processamento digital de imagens de sensoriamento remoto. 3. ed. Campinas: IG-Unicamp, 1999. p. 23-24.

para discutir

1. O texto descreve a elaboração de mapas com o uso da informática, bastante comum no nosso cotidiano. Entretanto, é preciso refletir: É muito diferente ouvir músicas de um CD e ouvir músicas baixadas da internet? E que diferenças existem entre ler um livro impresso e ler um livro digital? A partir dessas questões, cabe pensar: Qual é a vantagem de substituirmos uma tecnologia pela outra? Discuta com os colegas e com o professor e, em seguida, escreva uma síntese de suas conclusões.

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André Vazzios/ID/BR

O advento dos componentes eletrônicos, sua miniaturização e o acesso a eles possibilitaram o surgimento de inúmeros equipamentos tecnológicos, como os computadores e os celulares. Um dos mais notáveis avanços tecnológicos das últimas décadas (de grande relevância para a Geografia) foi o GPS (do inglês global positioning system ou sistema de posicionamento global). O equipamento, que é um pouco maior do que um telefone celular, é o receptor de sinais enviados pelos satélites e sua principal função é a localização. A localização figura como um aspecto essencial para os estudos geográficos – o mapa, por exemplo, serve para as pessoas localizarem um dado objeto ou fenômeno no tempo e no espaço. A tecnologia GPS potencializa também a aquisição de dados em campo, necessários à elaboração dos mapas. O funcionamento do GPS depende da cobertura local proporcionada por uma rede de satélites e a estrutura dos sinais é semelhante à dos sensores vistos até agora, composta de ondas eletromagnéticas, só que menos energéticas. O GPS é um sistema utilizado também na navegação (aérea, terrestre ou marítima), permitindo ao usuário estabelecer o traçado do traje- Na última década, o GPS passou a fazer parte do to percorrido, uma vez que os pontos marcados são georreferenciados cotidiano de um grande número de pessoas, tornando-se também mais economicamente – apoiados em coordenadas geográficas (latitude e longitude), além da acessível. Na foto, GPS em um telefone celular, 2015. altitude, que também é informada pelo GPS. Os dados colhidos por esse aparelho devem ser, necessariamente, acoplados aos mapas, caso contrário, apenas evitarão que a pessoa ande em círculos. Alguns GPSs já trazem mapas. Nos modelos utilizados em automóveis, à medida que o auSistema de posicionamento global (GPS) tomóvel se desloca, um mapa no monitor do GPS assinala exatamente onde o veículo está e sugere a rota que o motorista deve seguir. Nos trabalhos de campo realizados por geógrafos e pesquisadores, uma função importante do GPS é a possibilidade de assinalar com precisão o local de coleta dos dados: um afloramento de rocha, uma parcela de vegetação delimitada em meio à mata, o local de coleta de solos ou os pontos de mensuração de dados climáticos.

Roman Pyshchyk/Shutterstock.com/ID/BR

O sistema de posicionamento global

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 20.

O sistema GPS conta com uma rede de 24 satélites, que cobrem toda a superfície da Terra. Cada satélite dá duas voltas por dia no planeta, a cerca de 20 200 quilômetros de altitude. Assim, a qualquer momento, os sinais de quatro desses satélites podem ser captados em qualquer local da Terra. Representação fora de proporção de tamanho e distância e em cores-fantasia. Não escreva no livro.

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Os sistemas de informação geográfica e geoprocessamento

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possuem um traço comum: eles se definem pela relação com diversos outros fenômenos. Por esse motivo, torna-se necessário o desenvolvimento de programas sofisticados e o uso de computadores com grande capacidade de armazenamento e processamento de dados. Atualmente, é produzida, por meio de SIGs, uma grande variedade de produtos cartográficos. Entre eles podemos citar: cartas hipsométricas (altitude), cartas de isotermas e isoietas (distribuição de temperaturas e de chuva), cartas clinográficas (declividade do terreno), cálculo de áreas, perfis, blocos-diagramas, uso da terra. Esses produtos são fonte primordial para pesquisas científicas, planejamento territorial, monitoramento ambiental, etc.

Uso da terra

Clima

Relevo

Localização

Característica

Local

Localidade A

Localidade B

Localidade C Nesse exemplo, a cada uma das localidades correspondem uma localização, um relevo, um clima e um uso da terra. IBGE/Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico/Governo do Estado de Alagoas

Capítulo 17 – Novas tecnologias e suas aplicações

Para integrar os dados originados de diversas fontes (satélites, radares, aerofotogrametrias, experimentos e observações em campo, etc.), foi desenvolvido o sistema de informação geográfica (SIG). Trata-se de um conjunto de ferramentas computacionais cujas principais finalidades são o armazenamento e a ordenação desses dados em um meio digital, para que possam ser resgatados e manipulados rapidamente a qualquer momento. Quando uma pessoa utiliza uma máquina digital para fotografar ou quando passa um documento qualquer pelo scanner, está digitalizando a informação, ou seja, passando dados da realidade concreta para o meio digital (aquele dos computadores). A linguagem dos computadores (linguagem binária) é extremamente rápida, pois utiliza apenas dois códigos, 0 e 1 (liga/desliga). É diferente, portanto, da linguagem escrita comum, que requer o uso de todo o alfabeto. Vem daí a necessidade de aumento da capacidade de armazenamento e da velocidade de processamento de dados dos computadores, já que as fontes são diversas e, portanto, a quantidade de dados processados é imensa. A característica básica dos programas de geoprocessamento consiste na elaboração de uma matriz de correlações, na qual são confrontados os locais (linhas) e os dados referentes às características desses locais (colunas), de modo semelhante à tabela ao lado. Os modelos computacionais utilizados no estudo e na previsão de fenômenos climáticos e na simulação de impactos econômicos e ambientais, por exemplo, mobilizam uma quantidade imensa de dados: radiação, temperatura, umidade, pressão, vento, uso da terra, dados socioeconômicos, entre outros. E todos esses fenômenos

Reprodução de carta hipsométrica do estado de Alagoas atualizada e publicada em 2015 pelo governo estadual. Não escreva no livro.

29/04/16 10:18

Mundo Hoje Cartografia tátil: mapas para deficientes visuais considerados assim por auxiliarem a promover a independência de mobilidade e ampliar a capacidade intelectual de pessoas cegas ou com baixa visão. […] Com base na citação de Mary Pat Radabaugh que diz que, se a tecnologia para as pessoas [sem deficiência visual] torna as coisas mais fáceis, para os deficientes ela torna as coisas possíveis, raciocinamos da seguinte maneira em relação à Cartografia: para as pessoas [sem deficiência visual], os mapas reduzem o mundo, auxiliando-as na sua compreensão; para as pessoas com deficiência visual, os mapas ampliam sua concepção de mundo, auxiliando-as na sua autonomia. G. Evangelista/Opção Brasil Imagens

[…] ao longo de toda a história da humanidade, em nenhum momento os mapas foram tão acessíveis quanto atualmente na era da informação digital. Os computadores provocaram uma revolução jamais vista na cartografia, tanto no que concerne à confecção quanto na disposição e uso de mapas, e essa revolução tende a se estender com a disseminação desses na internet. A possibilidade de informações geográficas em banco de dados espaciais colocou a cartografia a serviço de inúmeras atividades estratégicas da sociedade contemporânea, assim como na disseminação de informações em veículos de comunicação de massa. Por mais populares que sejam os mapas nos dias atuais, e que possam ser acessados e vistos pela maioria da sociedade, existe uma camada minoritária desprovida do sentido da visão, que não pode ver e usar esses mapas. […]

O usuário da cartografia tátil A cartografia tátil é um ramo específico da Cartografia, que se ocupa da confecção de mapas e outros produtos cartográficos que possam ser lidos por pessoas cegas ou com baixa visão. Desta forma, os mapas táteis, principais produtos da cartografia tátil, são representações gráficas em textura e relevo, que servem para orientação e localização de lugares e objetos às pessoas com deficiência visual. Eles também são utilizados para a disseminação da informação espacial, ou seja, para o ensino de Geografia e História, permitindo que o deficiente visual amplie sua percepção de mundo; portanto, são valiosos instrumentos de inclusão social. […] Os mapas e gráficos táteis tanto podem funcionar como recursos educativos, como facilitadores de mobilidade em edifícios públicos de grande circulação, como nos terminais rodoviários, metroviários, aeroviá­rios, nos shopping centers, nos campi universitários e também em centros urbanos. Para se tornarem uma realidade em nosso país é preciso o engajamento dos segmentos citados. De qualquer forma, em ambos os casos, os produtos da cartografia tátil podem ser enquadrados como recursos da Tecnologia Assistiva,

Mapa tátil na estação de metrô Siqueira Campos no município do Rio de Janeiro (RJ). Foto de 2014.

Navegue LabTate No Laboratório de Cartografia Tátil e Escolar da Universidade Federal de Santa Catarina, geógrafos e educadores desenvolvem pesquisas sobre mapas temáticos para pessoas com deficiência visual. O site do LabTate apresenta mapas e publicações sobre o tema. Disponível em: . Acesso em: 21 jan. 2016.

Loch, Ruth E. N. Portal de Cartografia das Geociências, Londrina, v. 1, n. 1, 2008. Disponível em: . Acesso em: 4 dez. 2015.

para elaborar

1. O acesso à informação é um direito de todos. Com base no texto, converse com os colegas sobre como a cartografia tátil pode melhorar a vida das pessoas que possuem alguma deficiência visual. 2. Como essa tecnologia poderia ser implantada em espaços públicos, por exemplo, nos parques e museus das grandes cidades brasileiras?

Não escreva no livro.

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Revendo conceitos

2013, Google Earth/Landsat

Atividades

2

1. O que é um sensor remoto? 2. Destaque as diferenças entre os radares e os sensores remotos operados por satélite. 3. Explique por que as fotografias aéreas são realizadas durante o dia e quais são seus principais usos. 4. Quais são as características do sistema GPS? 5. De que forma o GPS ajuda no mapeamento da superfície terrestre? Quais outros tipos de aplicações existem para esse sistema? 6. O que são e para que servem os SIGs? 7. Qual é a relação dos SIGs com as demais fontes de informações? De que forma esse sistema apoia a cartografia moderna?

Interpretando textos e imagens

Manaus (AM). Imagem de 2013.

8. Cada uma das imagens de satélite reproduzidas a seguir possui características diferentes. A imagem 1 retrata a região de Angra dos Reis e Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro. Destaca-se a presença da Mata Atlântica nas serranias e na Ilha Grande. Outro destaque é a presença de pequenas ilhas na região. Na imagem 2, Manaus aparece próxima aos rios Negro (em preto) e Solimões (ao sul de Manaus em tons de marrom) e ao rio Amazonas, à direita. O verde mais escuro é a floresta Amazônica, e o o cinza são áreas que comportam outros usos. Analise as imagens e responda às questões a seguir. a) Quais elementos relativos a uso da terra, relevo e hidrografia podem ser destacados? Eles são os mesmos em cada uma das imagens? b) Que aplicação das imagens de satélite poderia ser proposta na identificação e na solução de problemas ambientais que afetam cada uma das regiões destacadas?

Região da baia de Ilha Grande (RJ). Imagem de 2015.

Texto 1 […] Entre os diferentes tipos de sistemas de informação, os Sistemas Geográficos de Informação, isto é, aqueles sistemas que mostram e analisam a territorialidade dos fenômenos neles representados, são de uso crescente para a representação de ambientes. Este uso crescente se deve, exatamente, à capacidade que possuem de considerar, de forma integrada, a variabilidade taxonômica, a expressão territorial e as alterações temporais verificáveis em uma base de dados georreferenciada. Landsat/U. S. Navy/Google Earth

1

9. Os fragmentos de textos reproduzidos a seguir referem-se a procedimentos de levantamento de dados e à utilização de tecnologias modernas de monitoramento e produção de imagens a partir de aeronaves, satélites, GPS e trabalho de campo. Destaque a ideia principal de cada trecho e aponte a perspectiva geral em relação à moderna cartografia.

Silva, Jorge Xavier da. Geoprocessamento para análise ambiental. Rio de Janeiro: D5 Produção Gráfica, 2001. p. 12.

Texto 2 [...] Um computador instalado em um avião voando a 3 600 metros de altura comunica-se com o Sistema de Posicionamento Global Diferenciado (DGPS) e informa à câmera quando tirar cada uma de uma série de exposições sobrepostas. Ela marca cada foto com a altitude, latitude e longitude do avião. Com resolução de 1 metro. De volta ao laboratório, os técnicos checam as coor­ denadas das fotos a partir de referências terrestres e escaneiam dezenas de quadros para o computador. Um programa retifica e funde as sobreposições para formar mosaicos, elimina reflexos de água e de Sol e às vezes aplica cores de acordo com parâmetros como absorção de luz […].

230

SP_GEO1_LA_PNLD18_U4_C17_230a233.indd 230

4/28/16 11:36 AM

Hans Von Manteuffel/Pulsar Imagens

A fotografia aérea pode criar imagens com resolução de meio metro se o avião voar a cerca de 1 800 metros de altura, mas para isso é necessária uma quantidade maior de imagens, o que eleva os custos. Os satélites custam milhões de dólares, mas podem produzir imagens continuamente. Também podem capturar lugares como o Afeganistão e o Iraque, onde os aviões não podem voar com segurança […].

2

Fischetti, Mark. Revista Scientific American Brasil, n. 20, p. 90-91, jan. 2004.

Texto 3 […] Por isso é importante repensar o trabalho de campo na formação profissional em Geografia. Ele permite o aprendizado de uma realidade, à medida que oportuniza a vivência em local do que deseja estudar. […] Em outras palavras, o objeto reconstrói o sujeito à medida que lhe permite a reflexão, a elaboração, a reformulação e o conhecimento de proposições, ou seja, direciona seu caminho de investigação e tomada de decisão. Trata-se, portanto, de uma relação dialética de interação, onde, ao mesmo tempo em que o objeto (investigado) reconstrói o sujeito, é também ele (o objeto) construído/reconstruído pelo sujeito. A construção do conhecimento, então, não está, de um lado, nem no objeto, nem no conhecimento (idealizado) do outro. Surgiria da relação entre eles, ou melhor, resultaria do processo. […].

2015, Google Earth/DigitalGlobe

Recife (PE). Foto de 2015. 3

Suertegaray, Dirce Maria A. Geografia física e geomorfologia: uma (re)leitura. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002. p. 103, 110.

10. A foto 1, a seguir, foi realizada na cidade de Belo Horizonte (MG), a foto 2, em Recife (PE), e a imagem de satélite 3 mostra Campo Grande (MT). As três imagens foram realizadas em escalas e ângulos diferentes. Luca Atalla/Pulsar Imagens

1

Campo Grande (MT). Imagem de 2015.

a) Que elementos podem ser distinguidos em cada imagem? b) De que forma as diferenças de escala e ângulos interferem nas características das imagens e dos elementos identificados? 11. Leia o texto e responda às questões. Para o ser humano, a noção de tridimensionalidade é proporcionada pelo conjunto de seus dois olhos. Isto se dá em função da fisiologia humana, dado que o cérebro pode captar, comparar e interpretar as imagens vindas através da sua visão binocular. Esta característica faz com que as imagens recebidas por cada olho se fundam em uma só, proporcionando não só a visualização bidimensional mas, também, a sensação de profundidade. Fritz, Paulo Roberto. Cartografia básica. Canoas: Unilasalle, 2005. p. 183.

Belo Horizonte (MG). Foto de 2015.

a) Com base no texto e no que você estudou neste capítulo, explique como é registrada a tridimensionalidade nas fotografias aéreas. b) Qual é o instrumento necessário para interpretar tais registros? 231

SP_GEO1_LA_PNLD18_U4_C17_230a233.indd 231

4/28/16 11:36 AM

Em análise Objetivo A atividade proposta a seguir tem por finalidade a aplicação dos recursos cartográficos, visando à maior familiarização com essa linguagem. A intenção não é produzir um mapa como os realizados por profissionais da área, mas oferecer algumas ferramentas para facilitar o entendimento dos mapas temáticos.

Esta atividade poderá ser feita em diferentes locais, em mais de duas etapas. Em vez de dois desenhos, é possível fazer três, por exemplo. A sequência de ilustrações abaixo mostra a situação proposta, considerando como local escolhido o pico do Jaraguá, em São Paulo (SP). 1

Material •• Folhas de papel sulfite A4 ou bloco de desenho, lápis, borracha, lápis de cor, papel vegetal A4, folha de cartolina ou papel-cartão. Se não for possível fazer a atividade nos arredores da escola, podem ser usadas fotos trazidas pela classe.

Ilustrações: Rodval Matias/ID/BR

Fazer um mapa temático

2

Proposta de trabalho 1. Com os colegas, elabore croquis cartográficos de

acordo com as etapas a seguir. a)  Escolham um local para ser representado nos croquis. Façam o primeiro desenho desse local com base na memória visual. Se o local escolhido for uma praça ou um conjunto de casas, deve ser incluído no croqui tudo o que estiver próximo (praças, prédios, árvores, ruas, rios, áreas de cultivo, pastagens, relevo, etc.).



b) Sigam até o ponto escolhido e executem os mesmos procedimentos da etapa anterior. Façam outro desenho, sempre procurando identificar todos os elementos presentes. c) Pintem os dois desenhos usando cores diferenciadas para cada elemento. Tentem relacionar as características do objeto com a cor: vegetação em verde; ruas e avenidas em cinza ou preto; rios em azul, etc.

d) Em um canto da folha, façam a legenda com as cores que usaram nos desenhos, como no esquema a seguir. solo sem vegetação

casas

prédios

ruas, avenidas

árvores

rios

3

Nessa sequência, é possível identificar que, quanto mais próximo o ponto de vista, mais detalhes podem ser observados na paisagem. Assim, no desenho 1, o objeto está distante e predomina o elemento vegetação. No desenho 2, há um equilíbrio entre vegetação e relevo. No desenho 3, surgem detalhes até então não observados, como afloramentos rochosos. 2. Depois da confecção dos croquis, localizem o estado e, se possível, a cidade onde vocês estão em um mapa do Brasil. Providenciem também, em um guia de ruas ou na internet, um mapa do bairro do local retratado no croqui. No endereço disponível em (acesso em: 8 dez. 2015), há vários mapas das cidades brasileiras. Tirem fotocópias e copiem esses mapas em papel vegetal. Uma das cópias servirá de base para construir o mapa temático. 3. No mesmo endereço eletrônico mencionado acima,



e) Comparem os dois croquis e respondam: O que mudou de um desenho para outro? Que elementos predominam em cada um dos desenhos?

232

SP_GEO1_LA_PNLD18_U4_C17_230a233.indd 232

também estão disponíveis imagens das cidades brasileiras captadas por satélite. Pesquisem o local retratado no croqui e imprimam a imagem. Não escreva no livro.

03/05/16 15:20

2015, Google Earth/DigitalGlobe

5. Se a atividade for feita a partir de fotos de um local,

juntem-nas à sequência, antes dos croquis. Isso também pode ser feito quando a atividade for rea­lizada em campo. 6. A partir da imagem de satélite e da planta da área estu-

dada, copiem os contornos de seus elementos em uma folha de papel vegetal, dando início ao mapa. Em seguida, consultando as fotografias, as observações feitas em campo e os croquis, utilizem cores diferenciadas para representar cada área, tais como os quarteirões com predominância de casas, as áreas verdes, as ruas, etc.

NO

NE

SO

SE

Carlos Henrique/ID/BR

São Paulo – Parque Estadual do Jaraguá (2015)

Imagem de satélite mostrando parte do Parque Estadual do Jaraguá, em São Paulo (SP), 2015.

4. Colem o material produzido em uma cartolina, mos-

trando a passagem de um nível escalar para outro. Vejam dois exemplos:

0

450

900 m

vegetação rasteira árvores edificações solo exposto

Carlos Henrique/ ID/BR

Base Aerofotogrametria SA

Exemplo 2

CBERS/Inpe/ Divulgação 70°O

60°O

VENEZUELA

COLÔMBIA

Boa Vista

Guiana SURINAME Francesa (FRA)

50°O

40°O

GUIANA

Macapá

MA

Porto Velho

Palmas

RO

TO

Teresina

RN Natal João PB Pessoa Recife PE AL Maceió10°S SE Aracaju Salvador

Cuiabá

DF

BRASÍLIA Goiânia

BOLÍVIA

GO

MS

CHILE

SP

SC RS

ES

Vitória

20°S

RJ

Rio de Janeiro

Trópico de

São Paulo Curitiba

PR

ARGENTINA

OCEANO ATLÂNTICO

MG Belo Horizonte

Campo Grande PARAGUAI

Capital do país



CE

BA

MT

PERU

OCEANO PACÍFICO

SE

Fortaleza

PA

PI Rio Branco

NE

SO

São Luís

Belém Manaus

AM

AC

NO

AP

RR

Equador

Capricór n

io

Florianópolis

Porto Alegre

0

600

1200 km

Capital de estado URUGUAI

Croquis

Foto aérea/imagem de satélite

Não escreva no livro.

SP_GEO1_LA_PNLD18_U4_C17_230a233.indd 233

ruas e avenidas

Mapa elaborado pelos autores com base na imagem de satélite ao lado que mostra parte do Parque Estadual do Jaraguá.

30°S

Planta/mapa do Brasil

Allmaps/ID/BR

Ilustrações: Rodval Matias/ID/BR

Exemplo 1

7. Elaborem uma legenda e um título para o mapa. In-

cluam na representação a indicação da escala, das fontes consultadas e a orientação. Escrevam também o nome dos autores. 8. Organizem a apresentação dos trabalhos para o pro-

fessor e os outros colegas. 233

09/05/16 11:30

Síntese da Unidade Capítulo 15

Localização e orientação geográfica

••Escreva frases com cada palavra-chave ou expressão abaixo, sintetizando as informações do capítulo. Movimentos da Terra

Capítulo 16

Orientação

Coordenadas geográficas

Fusos horários

Diferentes formas de representação do espaço

••Há diversos tipos de representação cartográfica. Nomeie cada uma das 1

Allmaps/ID/BR

2014, Google Earth/DigitalGlobe

Disponível em: . Acesso: 28 jan. de 2016.

representações apresentadas a seguir, resuma suas principais características e identifique sua finalidade. 2

60°O

70°O 60°O

3

50°O

RR

Equador

40°O NO

NE

SO

SE

AP

AM

PA

MA

CE

RN PB

PI

PE

AC

AL

TO

RO

SE

MT



10°S

BA

OCEANO ATLÂNTICO

DF GO MG

OCEANO PACÍFICO

ES

MS SP

Trópico de Capricórnio

0

925

20°S

RJ

PR

1850 km

SC RS

Planalto Depressão Planície

Área planejada no Plano Piloto de Brasília (DF) e seu entorno, 2014.

4

Região do município de Barbacena (MG), 2013.

Capítulo 17

Relevo do Brasil. Fonte de pesquisa: Ross, Jurandyr L. Sanches (Org.). Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008. p. 53. Andre Dib/Pulsar Imagens

Thiago Lyra/ID/BR

IBGE/Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral/Instituto de Geociências Aplicadas de Minas Gerais

Belém (PA), 2016.

5

Representação de cadeia de montanhas.

6

Monte Tabor na Chapada Diamantina, Palmeiras (BA), 2015.

Novas tecnologias e suas aplicações

••Explique, com base nas informações do capítulo e na sequência abaixo, a utilização de tecnologias modernas pela Geografia. Satélite, radar, fotografia aérea, GPS

Computador

Mapa, carta e planta

234

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4/28/16 11:37 AM

Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

Vestibular e Enem 1. (PUC-RS) Enquanto na cidade 1 são 18 horas, na cidade 2 são 8 horas do mesmo dia. A indicação correta da longitude da cidade 2 em relação à cidade 1 é: a) 120° Oeste. b) 120° Leste. c) 150° Leste. d) 150° Oeste. e) 180° Oeste.

320

318

342

343 304

322

303 300

301 289 X

265 260

223 240

5 cm

230

22 24 0 260 0 280 30 0 320 340 360

240

R

280 30 0 320 340 360 38 402 0

279

220 200

270

173

Y 330 403

escala 1:50 000

a) As maiores altitudes encontram-se ao centro do esquema. b) A distância real entre os pontos X e Y é de 300 km. c) O rio principal R segue em direção sudoeste. d) As maiores declividades localizam-se na direção oeste. e) A margem esquerda do rio R é a mais favorável à prática agrícola mecanizada. 3. (Enem) Pensando nas correntes e prestes a entrar no braço que deriva da Corrente do Golfo para o norte, lembrei-me de um vidro de café solúvel vazio. Coloquei no vidro uma nota cheia de zeros, uma bola cor rosa-choque. Anotei a posição e data: Latitude 49°49' N, Longitude 23°49' W. Tampei e joguei na água. Nunca imaginei que receberia uma carta com a foto de um menino norueguês, segurando a bolinha e a estranha nota. Klink, Amyr. Paratii: entre dois polos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (Adaptado.)

No texto, o autor anota sua coordenada geográfica, que é: a) a relação que se estabelece entre as distâncias representadas no mapa e as distâncias reais da superfície cartografada.

FGV-SP. Fac-símile: ID/BR

2. (FGV-SP) A partir da interpretação do esquema, é correto afirmar que:

b) o registro de que os paralelos são verticais e convergem para os polos, e os meridianos são círculos imaginários, horizontais e equidistantes. c) a informação de um conjunto de linhas imaginárias que permitem localizar um ponto ou acidente geográfico na superfície terrestre. d) a latitude como distância em graus entre um ponto e o Meridiano de Greenwich, e a longitude como a distância em graus entre um ponto e o Equador. e) a forma de projeção cartográfica, usada para navegação, onde os meridianos e paralelos distorcem a superfície do planeta. 4. (Enem) Quando é meio-dia nos Estados Unidos, o Sol, todo mundo sabe, está se deitando na França. Bastaria ir à França num minuto para assistir ao pôr do sol. Saint-Exupéry, Antoine de. O pequeno príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 1996.

A diferença espacial citada é causada por qual característica física da Terra? a) Achatamento de suas regiões polares. b) Movimento em torno de seu próprio eixo. c) Arredondamento de sua forma geométrica. d) Variação periódica de sua distância do Sol. e) Inclinação em relação ao seu plano de órbita. 5. (UFC-CE) Entre os elementos básicos das representações cartográficas estão as coordenadas geográficas. Sobre algumas de suas aplicações na cartografia está correto afirmar que: a) são símbolos utilizados exclusivamente na confecção de mapas e cartas climáticas. b) são sinais aplicados na delimitação de cotas altimétricas e batimétricas do relevo. c) são referências gráficas que indicam áreas de mesma temperatura no globo terrestre. d) servem para identificar zonas climáticas diferentes e constituem um sistema de orientação. e) servem para relacionar a distância real com a distância gráfica expressa nos mapas. 6. (UFC-CE) Considere um mapa geográfico cuja escala é de 1/1 000 000, e a distância em linha reta entre duas cidades é de aproximadamente 7 cm. Assinale a alternativa que indica corretamente a distância real entre as duas cidades. a) 700 km. d) 7 000 km. b) 70 km. e) 170 km. c) 7 km. 235

SP_GEO1_LA_PNLD18_U4_C17_234a238.indd 235

04/05/16 15:35

Vestibular e Enem 8. (UFRN) Analise a figura abaixo e assinale a opção que corresponde, respectivamente, às coordenadas geográficas dos pontos X e Z. 17_g_0413_EMG1_227_LA 30º

15º



15º

30º

45º

60º

75º

90º 105º

15º

Z

30º

UFRN. Fac-símile: ID/BR

7. (PUC-MG) As representações cartográficas não são neutras. Ao longo da história, a cartografia foi utilizada como instrumento estratégico de dominação e de disseminação de uma visão ideológica acerca do mundo. No ano de 1945 foi criada a ONU – Organização das Nações Unidas, uma organização internacional com sede em Nova Iorque. Com objetivo de promover a paz mundial, promovendo o direito internacional, o desenvolvimento social e econômico e os direitos humanos, a organização serviu também para legitimar a nova ordem internacional que se esboçava a partir de então. O símbolo da ONU, representado abaixo, foi elaborado a partir de uma projeção cartográfica cuidadosamente selecionada, de forma a destacar o novo contexto geopolítico que se consolidava a partir de então. A análise desse símbolo permite concluir:

45º

60º

X

PUC-MG/2015. Fotografia: ID/BR

75º

X

Z

a)

60° de Latitude Sul 15° de Longitude Oeste

30° de Latitude Sul 90° de Longitude Leste

b)

15° de Latitude Norte 60° de Longitude Leste

90° de Latitude Norte 30° de Longitude Oeste

c)

60° de Latitude Norte 15° de Longitude Leste

30° de Latitude Norte 90° de Longitude Oeste

d)

15° de Latitude Sul 60° de Longitude Oeste

90° de Latitude Sul 30° de Longitude Leste

Fonte: .

a) A projeção escolhida procurou reforçar uma visão eurocêntrica do mundo, aspecto essencial num contexto em que a reconstrução do continente europeu tornava-se prioritária na agenda mundial. b) A projeção deu grande destaque ao continente africano, a partir de então escolhido como área prioritária de ação da Organização das Nações Unidas, em virtude do grande número de conflitos políticos e problemas sociais e econômicos. c) A utilização de uma projeção polar, elaborada a partir do polo norte, destacou a centralidade de uma região que assumiu, a partir de então, uma importância geopolítica estratégica, em razão da hegemonia de duas novas superpotências. d) A projeção foi produzida a partir de uma visão terceiro-mundista, visto que os continentes mais pobres ganharam destaque no centro da projeção cartográfica.

9. (UFPE) Observe as proposições abaixo: 1. Círculo de iluminação é o círculo máximo que limita a parte da Terra iluminada pelo Sol da parte não iluminada. 2. Equinócios são os dois momentos em que, durante o ano, o círculo de iluminação atinge a máxima distância dos polos. 3. Latitude de um lugar é a distância, em graus, entre o Equador, tomado como origem, e o paralelo do lugar considerado. 4. Altitude de um lugar é a distância vertical entre o lugar considerado e o nível médio do mar. 5. Solstícios são os dois momentos em que o círculo de iluminação passa, durante o ano, pelos polos. Estão corretas: a) 1, 2 e 3. d) 2 e 5 apenas. b) 2, 3 e 4. e) 1, 3 e 4. c) 3, 4 e 5.

236

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29/04/16 19:34

Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

Vunesp/2015. Fac-símile: ID/BR

11. (Vunesp) Observe o mapa e a fotografia.

rotas tradicionais de migração de animais. O ritmo atual de distanciamento do norte magnético da Ilha de Ellesmere, no Canadá, em direção à Rússia, está fazendo as bússolas errarem em cerca de um grau a cada cinco anos. O Globo, 8 mar. 2011. (Adaptado.)

O fenômeno natural descrito acima não afeta os aparelhos de GPS – em português, Sistema de Posicionamento Global. Isso se explica pelo fato de esses aparelhos funcionarem tecnicamente com base na: a) recepção dos sinais de rádio emitidos por satélites. b) gravação prévia de mapas topográficos na memória digital. c) programação do sistema com as tabelas da variação do Polo Norte. d) emissão de ondas captadas pela rede analógica de telefonia celular. 13. (UFPB) Analisando a figura:

Meridiano de Greenwich

17_g_0417_EMG1_228_LA

Vunesp/2015. Fotografia: ID/BR

(www. ibge.gov.br. Adaptado.) B

C

UFPB. Fac-símile: ID/BR

10. (PUC-PR) Sobre orientação, pode-se afirmar corretamente: a) O espaço entre o sudeste e o noroeste tem dois pontos colaterais e cinco subcolaterais, partindo de qualquer direção. b) A representação gráfica da orientação é feita através das coordenadas geográficas. c) A distância sudoeste-sudeste é de 180°. d) A distância leste-oeste é de 180°. e) O espaço entre o ponto colateral noroeste e o ponto­colateral sudeste, sentido horário, tem dois pontos colaterais e seis pontos subcolaterais.

Equador

A D

Considere as afirmativas: A partir de conhecimentos cartográficos sobre orientação, localização e altimetria, é correto afirmar que a fotografia foi realizada a partir da posição: a) 2. b) 5. c) 3. d) 4. e) 1. 12. (Uerj) Parece improvável, mas é verdade: o Polo Norte Magnético está se movendo mais depressa do que em qualquer outra época da história da humanidade, ameaçando mudar de meios de transporte a

I. Os pontos ocidental. II. Os pontos boreal. III. Os pontos austral. IV. Os pontos oriental.

A e B localizam-se no hemisfério B e C localizam-se no hemisfério A e D localizam-se no hemisfério C e D localizam-se no hemisfério

Está(ão) correta(s): a) apenas I e IV. b) apenas II e III. c) apenas I e III. d) apenas II e IV. e) todas. 237

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04/05/16 18:21

Geografia e Arte As cores e seu uso em mapas […] Todas as cores que impressionam nossas vistas são obtidas pela combinação do vermelho, amarelo e azul, que são chamadas de cores primárias. Elas não podem ser obtidas por mistura e por isso diz-se que são encontradas puras na natureza. Quando elas são misturadas em quantidades iguais, duas a duas, dão origem às cores secundárias (laranja, verde e violeta). Da mistura das cores primárias com as secundárias, também em partes iguais e duas a duas, surgem as cores terciárias (abóbora, púrpura, anil, turquesa, limão e ouro). [...]

Cores frias e quentes Cores frias são aquelas que vão do violeta ao verde na Rosa cromática. [Entre elas, estão o verde, o azul e o violeta.] […] Cores quentes são aquelas que vão do amarelo ao vermelho na Rosa cromática. [Entre elas, estão o amarelo, o laranja e o vermelho.] […]

Cores secundárias

Cores primárias

laranja

verde

amarelo

Setup Bureau/ID/BR

em mapas que representam temperatura do ar, pressão e precipitação. •• Harmonia pelas cores vizinhas: é outra forma de se harmonizar as cores (vizinhas) da Rosa cromática, devendo-se seguir um sentido anti-horário. […] Tanto a harmonia monocromática como pelas cores vizinhas servem para mostrar fenômenos que indicam hierarquia ou sequência. •• Harmonia pelas cores opostas: é usada quando a intenção é […] mostrar claramente que um fenômeno é diferente de outro. […] cor oposta é aquela que fica diametralmente contrária a uma outra na Rosa cromática, como o verde, por exemplo, que se encontra no vértice contrário ao do vermelho e vice-versa. [...]

azul

magenta

A harmonia das cores

violeta

Rosa cromática

Quando da confecção dos mapas, devemos levar em consideração que as cores possuem um significativo efeito estético, prestando-se atenção no que podemos chamar de harmonia das cores. •• Harmonia monocromática: quando usamos uma só cor, variando apenas sua tonalidade. Em geral, esta variação serve para mostrar a intensidade de um fenômeno, em que cores fracas indicam valores fracos e cores mais escuras significam valores fortes, como acontece

ouro

amarelo

limão

laranja

verde

abóbora

Fonte de pesquisa: Duarte, Paulo A. Fundamentos de cartografia. 3. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2006. p. 181.

turquesa

vermelho

azul

púrpura

anil

violeta

Duarte, Paulo A. Fundamentos de cartografia. 3. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2006. p. 180-184.

atividadeS Brasil – Acesso à internet de banda larga fixa (2015) VENEZUELA

Guiana Francesa (FRA) SURINAME GUIANA

60ºO

COLÔMBIA RR

40ºO NE

SO

SE



EQUADOR AM

PA

CE

MA PI TO

RO

RN PE

AC PERU

NO

AP

Equador

BA

PB

João Miguel A. Moreira/ID/BR

1. Identifique no mapa: a) o tipo de harmonia pelas cores. Justifique sua resposta. b) se as cores utilizadas são primárias ou secundárias. c) se as cores utilizadas são frias ou quentes.

AL SE

MT DF

OCEANO PACÍFICO

MG

CHILE

Percentual de acessos em relação ao total da população

Fontes de pesquisa: Anatel. Disponível em: ; IBGE. Disponível em: . Acessos em: 30 nov. 2015.

238

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mais de 20,1 de 15,1 a 20 de 10,1 a 15 de 5 a 10 até 5

OCEANO ATLÂNTICO

GO

BOLÍVIA

ES

MS SP

PARAGUAI

20ºS

RJ Trópico

PR

de Capr

icórnio

SC ARGENTINA

RS

0

665

1 330 km

URUGUAI

Não escreva no livro.

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UFG-GO – Universidade Federal de Goiás UFMA – Universidade Federal do Maranhão UFPB – Universidade Federal da Paraíba UFPE – Universidade Federal de Pernambuco UFRGS-RS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFSCar-SP – Universidade Federal de São Carlos (São Paulo) UFU-MG – Universidade Federal de Uberlândia (Minas Gerais) UFV-MG – Universidade Federal de Viçosa (Minas Gerais) Unifesp – Universidade Federal de São Paulo Unifor-CE – Universidade de Fortaleza (Ceará) Unirio-RJ – Universidade do Rio de Janeiro Vunesp – Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (São Paulo)

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