Songbook Elis
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Descripción: Songbook of Elis Regina...
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Elis Regina
Todas as letras
Pesquisa, organização e diagramação: Vladimir Araújo Projeto gráfico: Juliana Mesquita e Juliana Palezi
Elis Regina
Todas as letras
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Dá sorte
Samba feito para mim
Eleu Salvador Viva a Brotolândia – 1961
Paulo Tito Viva a Brotolândia – 1961
Dá sorte fazer o que eu digo Dá sorte querer seu amor Dá sorte cantar comigo
Pedi pra fazerem um samba para mim. Pra desabafar meu coração. Tenho tanta coisa pra dizer de mim. Como eu gostaria de falar numa canção.
Cante então a canção que eu fiz para ser feliz Cante então a canção que eu fiz para ser feliz Creio no supremo poder Gosto de quem gosta de mim Serei tudo que quero ser
Tu serás
Sou feliz, tenho alguem que me quer e que eu quero bem
Sonhando
Ângela Martignoni/Othon Russo Viva a Brotolândia – 1961
(Dream)
B. de Vorzon/T. Ellis/Vs. Juvenal Fernandes Viva a Brotolândia – 1961
Sonho Eu sempre sonho Que o amor irei buscar Sigo Uma alameda E alquém é o meu par Alguém que eu venero Que tanto quero Não sei quem é Sonho E no meu sonho Sigo com um certo alguém
Murmúrio
Djalma Ferreira/Luiz Antônio Viva a Brotolândia – 1961
Vai nesta canção Meu último adeus Coração sonha em vão Com os beijos seus Foi esta canção Que eu murmurei Tu também longe amei Murmuraste eu sei. Há neste murmúrio huma saudade A vontade louca de voltar Ser como era antes mesmo por instantes E depois morrer para não chorar
Sei que o mundo é mau, jamais vai entender, Que este samba vive de hum sofrer
Tu serás a vida e o meu destino Tu serás angústia e tormento Tu serás a chama que ilumina O eterno fogo de minha alma
O tema é meu. Nasceu assim. Era preciso fazerem um samba pra mim. Amei alguém. Fui só de alguém. O mundo não procurou compreender. Então pedi para fazerem um samba assim. E este samba foi feito todinho pra mim.
E na noite escura, minha estrela Tu serás… tu serás Estrela que mostra o meu caminho Tu serás… somente tu. Vivo para amar-te e adorar-te Pois és a razão dos meus desejos E se em ti não penso a todo instante Não posso acalmar o meu tormento
Fala-me de amor Markus/Rotter/Vs. Max Gold Viva a Brotolândia – 1961
Fala-me de amor, Mesmo que seja pra mentir Fala-me de amor, Se vais partir. Um beijo louco Para lembrar o que passou Dura tão pouco Mesmo que seja o fim Aperta-me assim E nos braços teus Toda magia viverei Beija-me assim Depois adeus! Eu queria sentir teu beijo Com carinho e emocão E guardar este amor tão puro No fundo do coração
(Take me in your arms)
Baby face As coisas que eu gosto
Davis/Asket/Vs. Fred Jorge Viva a Brotolândia – 1961
Hammerstein/Rodgers/Vs. Fernando César Viva a Brotolândia – 1961
Baby face Esse rostinho lindo Baby face Parece ingênuo Não é isso não Baby face Que encontrei sorrindo e me deixou sonhando
As coisas que eu gosto eu vou lhe dizer São coisas bonitas que vêm de você É o céu de um sorriso embriagador E esses seus olhos lembrando o amor Nem sei como pode você ser assim E ter tudo, tudo que é bom para mim Nem de encomenda eu ia achar Outro igual a você para amar
Baby face Esse seu modo estranho de olhar pra mim Me faz acreditar Que você sabe amar Mentindo Baby Face.
Os seus olhos Seu sorriso Que bonitos são Você não existe Na certa sonhei Quando inventei você
Garoto último tipo
Mesmo de mentira Carlos Imperial Viva a Brotolândia – 1961
Diz mesmo de mentira Que eu sou tudo pra você Diz mesmo de mentira Que ao seu lado eu vou viver Diz. Prefiro a mentira Pois a verdade é ruim Diz mesmo de mentira Diz que você gosta de mim
(Puppy Love)
Quero viver na ilusão Pois afinal não machuca o coração Se a verdade me faz mal Eu não vou fazer da minha vida um carnaval
Hoje eu vi um tal brotinho Que o meu coração Foi logo conquistando E eu nem disse não
Mente É melhor assim Diz que você gosta de mim
Garoto último tipo Broto sensação Não sei porque Dei meu coração Saiu pra rua Trânsito parou E pra mim o olhar mandou Que garotinho Mas que tipão E roubou meu coração
Dor de Covelo João Roberto Kelly Viva a Brotolândia – 1961
Beber pra esquecer é teimosia Hoje muito whisky, muita alegria, Amanhã ressaca, saco de gelo O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo A dor pra curar não tem receita É corcunda que se deita Sem achar a posição E sentir saudade não faz mal Não é no fundo do copo Que você vai encontrar sua moral Beber pra esquecer...
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Paul Anka/Vs. Fred Jorge Viva a Brotolândia – 1961
(My favorite things)
Amor, amor Bill Caesar/Vs. Carlos Imperial Viva a Brotolândia – 1961
(Love, love)
Amor, amor Quero um amor que não tenha fim Amor, amor Quero um amor pra mim Amor, amor Quero um amor que me queira bem Amor, amor Eu reciso amar alguém Vivo a sonhar Que estou a beijar O meu grande amor Sempre a esperar Quem me queira amar O meu peito agora diz Eu preciso de um amor Só assim serei feliz
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Poema Fernando Dias
Poema de Amor – 1962
Poema É a noite cheia de amargura Poema É a luz que brilha lá no céu Poema É ter saudade de alguém Que a gente quer e que não vem Poema É o cantar de um passarinho Que vive ao leú, perdeu seu ninho É a esperança de o encontrar Poema É a solidão da madrugada Um ébrio triste na calçada Querendo a lua namorar
Dá-me um beijo
Trovajoli/Daniell/Vs. Romeu Nunes Poema de Amor – 1962
Dá-me um beijo Um só Um só
João Roberto Kelly Poema de Amor – 1962
Bate bate bate constante Pororó-popó Dançando na festa, beijinho na testa e só Seu telefone eu anotei Cupido me laçou E apertou o nó Poró-poroporó Todo dia eu discava Poró-poroporó Discava escondida da mamãe e da vovó Tudo começou de brincadeira E eu fiquei brincando a vida inteira
Nos teus lábios Haroldo Eiras/Ataliba Santos Poema de Amor – 1962
Nos teus olhos Vejo a luz com que sempre sonhei Nos teus lábios Sinto os beijos que as vezes roubei Vem de novo A saudade em meu peito apertar E por isso eu canto Nos teus olhos As estrelas refletem o brilhar Dos teus lábios Beijos mil me fazem lembrar Desde então Não sonho e nem vivo Porque, amor, só posso encontrar Nos teus lábios e os teus olhos quero olhar. Sim os teus olhos quero olhar
Mata meu desejo De mim Tem dó Pois num beijo só você poderá sentir O que sinto é desejo sim de mim Dá-me dá-me um beijo Mais um Só um
Meu pequeno mundo de ilusão (My little corner of the world) Hilliard/Pockriss/Vs. José Mauro Pires Poema de Amor – 1962
Ó vem meu doce bem E vamos depois Ao meu pequeno mundo de ilusão Os dois São teus os sonhos meus Os dois No meu pequeno mundo de ilusão
Pela vida nos deixando com ardor Só tu então Serás a inspiração Para sempre E neste mundo Sempre Terás meu coração Amor E se, meu doce bem, Vieres aplacar esta paixão Serão somente teus O meu pequeno mundo e a ilusão
Vou comprar um coração Paulo Tito/Romeu Nunes Poema de Amor – 1962
Vou comprar um coração Para trocar por este meu Porque sem ilusão não sei viver E este meu coração cansou de amar Com um novo coração Vou repetir os erros meus Fazer oque já fiz Amar em vão Ser infeliz mais uma vez.
Eu sempre quis Contigo, coração, Viver feliz Em meu mundo de ilusão
Saudade é recordar Renan França/Verinha Falcão Poema de Amor – 1962
De que vale o que tenho Só tristezas pra contar E tristeza é ter saudade Saudade é recordar Tu cruzaste o meu caminho Quando eu era a própria dor Hoje deixo o teu carinho Por amor ao teu amor
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Pororó-Popó
(Kiss me, Kiss me)
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Confissão
Podes voltar Othon Russo/Nazareno de Brito Poema de Amor – 1962
Umberto Silva/Paulo Aguiar/Luiz Maranhão Poema de Amor – 1962
Vai nesta cancão A confissão De alguém que hoje é feliz, feliz
Las secretárias Pepe Luis/Vs. Martha Almeida Poema de Amor – 1962
Cha Cha Cha Para o secretário Cha Cha Cha Para estenodatilografar Cha Cha Cha Para o secretário Cha Cha Cha Cha Cha Cha Como é bom bailar Necessito secretário competente Com experiência e boa apresentação Solicito homem jovem e bonito E com carta de recomendação Que domine o idioma Italiano O Francês e o Inglês com perfeição Nao me importa seja loiro ou moreno Mas que tenha bem alegre o coração Quando formos de manhã para o trabalho E a tarde na hora de regressar Que beleza eu e o meu secretário Caminhando e cantando o cha cha cha
Vai dizer também Que só alguém Que ninguém mais faz infeliz O que passou, passou Sei que não volta mais Eis o consolo eneletivo dos meus ais Pra que lembrança sem esperança? Se um é pouco, dois é bom, três é demais
Canção
de enganar
despedida Walter/Joluz Poema de Amor – 1962
Teu olhar Meu olhar Nosso olhar Tuas mãos Minhas mãos A emoção A noite a se perder nos faz, Meu amor, Outra vez Amar Sonhar É manhã Na manhã do adeus Repousa Teus lábios nos meus Um beijo irá fazer Teu olhar Meu olhar Outra vez Amar Chorar
Deixa passar a incerteza que te afasta de mim Quero pensar que ainda me queres como ontem, e assim Quero guardar esta ilusão Adormecer e contigo sonhar Se tu soubesses que torturas em minha alma sem ti Noites inteiras a pensar que havia outra qualquer Mas mesmo assim haja o que houver Podes voltar outra vez para mim
Pizzicato Pizzicati
Stern/Marnay/Vs. Fred Jorge Poema de Amor – 1962
Quando eu ouvi tocar um doce pizzicati Quase desandou e quase parou O pobre coração que só palpita por ti E sempre te adorou Em doce pizzicato o coração pulsou E alegre saltou E alegre cantou E como um violino doido a suspirar Sonhou… sonhou… sonhou… Plum plum plum Que delicioso Plum plum plum Maravilhoso Minha cancão de amor nasceu no meu coração Só para ti Minha paixão Em doce pizzicato eu vou levar-te a emoção O meu amor sem fim A canção que eu canto É por ti meu bem É um doce pizzicato Sempre a saltitar Plum plum plum
Macareña
(La Virgen de la Macareña) B. B. Munterde/Calero/A. Bourget Elis Regina – 1963
À noite quando me deito Eu rezo à Virgem de Macareña Assim sozinho em meu quarto Falo à Virgem Santa todo o meu tormento É de coração que eu peço Que alguém um dia me queira Que me abraçe com ternura E me beije com doçura Ó Virgem Santa Ó Virgem Santa porque sofro tanto Ouvi o que pede Ouvi o que pede a angústia do meu pranto Porque, ó Santa querida, Não encontro na vida alguém para meu amor? Porque, ó Santa querida, Não encontro na vida alguém para meu amor? Alguém que seja ternura E viva comigo os sonhos que sonhei É de coração que eu peço Que alguém um dia me queira Que me abraçe com ternura E me beije com doçura Ouvi o que pede Ouvi o que pede minha alma aflita Minha Virgem Santa Minha Virgem Santa de Macareña
Tango italiano
Malgoni/Baretta/Palessi/Romeo Nunes Elis Regina – 1963 Um tango italiano O nosso tango Quero um dia dançar E sonhar novamente Um tango italiano Um terno tango Como aquele que viu começar Nosso amor tão distante E nos teus braços Rodando ao compasso do tango a recordar Nosso passado E o amor esquecido veremos retornar Um tango italano E os teus braços O meu corpo de novo estreitar E teus olhos de novo encontrar E no céu de teus olhos buscar A aventura perdida
Tristeza de carnaval Bidú/Mutinho Elis Regina – 1963
Formiguinha triste Joãozinho Elis Regina – 1963
Era uma vez uma triste formiguinha Que vivia tão sozinha tocando seu violão Tão simplezinha era sua morada Mas existia lugar pra mais alguém Mas certo dia, como diz a lenda, Tudo lá no quintal se iluminou Formiguinha encontrou outra Inverno sozinha não passou
O carnaval Sempre faz feliz alguém As vezes traz tristeza E a alegria foge Tudo é quarta-feira Tudo é sempre cinza Pra quem amou foi muito bom Pra quem perdeu chorou demais Depois voltou o carnaval Na fantasia de sol E a esperança de encontrar Um novo amor No carnaval No carnaval No carnaval
Dengosa Castro Perret Elis Regina – 1963
Eu sou dengosa Gosto de carinho Amor pra mim Tem que ter denguinho Eu sou assim Dengosa para amar Procuro aguém dengoso Para ser meu par Amar com dengo Dá gosto da gente amar Beijar com dengo Dá gosto de se beijar Amor com dengo Torna mais gostoso o carinho Mas para amar com dengo É preciso ter jeitinho
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A Virgem de
Outra vez Cochran/Newman Elis Regina – 1963
(Again)
Jamais O meu amor tu terás Não te darei novamente A boca ardente, oh, não! Verás Que o sonho que se desfaz Nem deixa rastro na alma E acalma a ilusão de um coração Eu não quero De novo sofrer Tal como eu já sofri Eu não quero de novo viver No amargor em que já vivi O sonho que se desfez Não deixou rastro em minha alma Não sonharei outra vez
Silêncio
À noite
Túlio Paiva Elis Regina – 1963
balançou 1, 2, 3,
Silêncio! Atenção! O samba já tem outra marcação O pandeiro já não faz o que fazia Violão só é na base da harmonia
À noite, amor Vou ver o meu amor E pra nós as estrelas virão
1, 2, 3, balançou 1, 2, 3, o meu samba quero assim Requebra e vai por mim 1, 2, 3, vai não vai 1, 2, 3, ouve o prato a marcar O nosso balançar
A roda do mundo sempre vai girando Vai girando sem parar Tudo nessa vida se renova A bossa velha deu lugar à bossa nova
Faz um passo todo figurado E segue o rebolado A onda do balanço me enrolou
O samba já tem outra marcação E essa é nova marcação
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Eu não posso parar Vejo o tempo correr sem me cansar Você pode notar Batam palmas para quem gostou Do meu samba que a ninguem negou
Ressurreicão
De todo coração Sensação enquanto balançou
Marino Pinto/Pernambuco Elis Regina – 1963
E o sol que sabe que eu espero Que só a noite eu quero Compreende e já se vai Ó Deus, fazei Fazei que a noite seja Sem fim pra mim
Adeus amor
Almeida Rêgo/Newton Ramalho Elis Regina – 1963
Ressurreição, meu amor do passado Tu és a razão do meu porvir Eu sonho em vão por que sonho acordada Quisera saber o que há de vir
Ressurreição, me levou ao passado E curou de uma vez a minha dor Milagre do amor
À noite, amor Vou ver o meu amor A lua há de brilhar Pra nós dois
Nazareno de Brito/Alcyr Pires Vermelho Elis Regina – 1963
Silêncio! Atenção! Porque o samba já tem outra marcação
A chama que se apaga Sempre mata a esperença Minha chama de esperar-te Não se cansa
Berstein/Roberto Côrte Real Elis Regina – 1963
Adeus amor Eu tenho de partir Eu sei que vou sentir Uma saudade imensa de você
Flertei Castro Perret Elis Regina – 1963
Agora sim estou certinha com um só Tanto brinquei que Cupido me acertou Eu tive tantos mas a nenhum eu amei E, no entanto, sem querer, gamei Veja você, eu que nunca pensei em amar Eu que flertava apenas para brincar Mas fui brincar de amor quem soube entender meu coracão E o flerte transformou-se em gamação
Que vai ficar Sozinho como eu A remoer lembranças do passado Meu Deus como é que eu vou ficar Sem ter você pra me abraçar? Sem ter aqueles beijos que são meus? Só meus Adeus amor Eu voltarei, querido, pra recomeçar a nossa vida
Alô saudade
Telefonei para a saudade Dizendo a ela o que sentia Como ela trouxe a solução Meu coração logo esqueceu toda a paixão Acreditei no que me foi prescrito E em tudo o que eu não acreditava Depois do tempo em que levei sofrendo assim Felicidade voltou pra mim
Sem teu amor Luiz Mauro O Bem do Amor – 1963
Se você quiser Baden Powell/Mario Telles O Bem do Amor – 1963
Você quer que eu te conte o que é o amor, Feito para dois amar, Feito de sorriso e flor? Você quer. Mas será que você quer? Caminhar neste luar para eu te mostrar. Vem. Você quer ver na luz do meu olhar, Como eu te quero bem, Como eu te quero amar? Eu não sei. Eu não sei se você quer. Eu posso te dar amor, Se vocie quiser.
Meu coração não pode mais viver assim Sem teu amor Meu coracão vive chorando triste assim Sem teu amor Tudo acabou Fiquei sozinha Sem teu querer Tudo mudou E, sem carinho, Não sei viver Meu coracão hoje só vive de ansiedade Por você Espero em vão o fim de toda essa saudade De você Vou esperar Ó, meu querido, Volte pr favor Meu coracão Não vai viver toda esta vida Sem teu amor
Mania de gostar Luis Mauro O Bem do Amor – 1963
Mania boba é essa da gente de gostar de alguém. Alguém que nos faz um pouquinho feliz quando vem. Alguém que quando vai não diz pra onde nem porque. Parte deixando saudade. Fazendo a gente sofrer. Não vai outra vez meu amor, não vá pra longe de mim. Esse negócio de saudade não foi feito pra mim. Com você aqui bem perto. Juntinho do meu coração. Não viverei mais nesta solidão.
carinho Saudade e
Renan Franca/Verinha Maranhão O Bem do Amor – 1963
Saudade e carinho Ai que vontade de amar! Todo amor tem o seu ninho O meu amor, onde andará? Tantos amores eu já tive Quantos amores mais terei? Nenhum, porém, comigo vive Sozinha sempre viverei
Manhã de
AMOR
Sergio Malta/Joluz O Bem do Amor – 1963
É manhã Vem o sol Vem trazer o calor Que aquece a emoção De um olhar De um aperto de mão Vem a chuva também Vem chorar a alegria Do retorno de alguém De um amor Numa terna ilusão E se faz lá no céu O enlace da chuva e do sol A natureza sorri É tão lindo o matiz do arrebol Já se fez a manhã do amor Já se pôs o arco-iris além Vem a chuva Vem o sol Com eles, meu bem.
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Paulo Aguiar/Umberto Silva O Bem do Amor – 1963
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Há uma história triste Othon Russo/Niquinho O Bem do Amor – 1963
Há uma história triste pelo ar História que não tem “era uma vez…” Há uma história triste pra contar História que começa com “talvez” Foi, talvez, amor que acabou Foi, talvez, um sonho que apagou Restos de lembrança e amargura Rugas de saudade e de ternura
Retorno
Meus olhos
Aécio Kauffmann O Bem do Amor – 1963
Sergio Napp O Bem do Amor – 1963
Meu bem eu agora voltarei Bem sei que estarás a me esperar
Meus olhos Saudades que eu trago Do amor de você
Deixei meu coração cheio de amor juntinho ao teu E só me acompanhou a saudade em seu lugar
Meus olhos Silêncios na espera De alguém que não vem
Agora voltarei novamente aos braços teus E tu sempre estarás eternamente nos braços meus
Ah, se você entendesse A beleza de amar Que eles trazem em si
Na estrada desta vida Nunca mais Nunca mais sozinha Longe amor Dos teus carinhos
Domingo em Copacabana Roberto Faissal/Paulo Tito O Bem do Amor – 1963
Copacabana cheia Bom é domingo mesmo Dias de sol vem alegrar o nosso amor Mar azul Onda azul Vem beijar meus amores Copacabana bela Lua de luz acesa Ando calçada cheia sem pensar Ai, rio até sozinha Da beleza do meu Rio Da TV Rio até o Forte Gente que passa sem ter norte Copacabana eu vou sonhar junto de ti
Ah, se você compreendesse O que escondem meus olhos Voltaria pra mim
O bem do amor Rildo Hora/Clóvis Mello O Bem do Amor – 1963
Se você pensava Bem no amor achar O bem no amor encontrará E quando você quiser Vá buscar ternura No amor que existe Num lugar feito pra dois Sim, vá buscar Tem perfume a flor que nasce No jardim ao sol
É pra frente que se anda Caminhando sem olhar pra trás É pra frente que se anda Caminhando sem olhar pra trás É como a roda da história Que nunca pode parar Há um turbilhão de anseios Despertando a nossa voz Há um mundo de esperança Esperando, Esperado por nós E a gente vai seguindo Olhando só pra frente Sem se voltar pra trás Procurando nosso mundo Mundo de paz
Mundo de paz Túlio Paiva O Bem do Amor – 1963
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De ver tanto encanto na flor Fui pedir a rosa viva e multicor Perfume e cor Fiz nosso amor E o mundo prá nós dois
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O MORRO NÃO TEM VEZ
DIZ QUE FUI POR AÍ
(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
(Zé Keti/H. Rocha)
O morro não tem vez E o que ele fez já foi demais Mas olhem bem voces, quando derem vez ao morro Toda a cidade vai cantar
Se alguém perguntar por mim Diz que fui por aí Levando o violão debaixo do braco Em qualquer esquina eu paro Em qualquer botequim eu entro E se houver motivo, é mais um samba que eu faço Se quiserem saber se eu volto, diga que sim Mas só depois que a saudade se afastar de mim Mas só depois que a saudade se afastar de mim
ESSE MUNDO É MEU (Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)
Escravo no mundo em que sou Escravo no reino em que estou Mas acorrentado ninguém pode amar Mas acorrentado ninguém pode amar
Pout Pourri Dois na Bossa 1 – 1963 (Com Jair Rodrigues)
FEIO NAO É BONITO (Carlos Lyra/Gianfrancesco Guarnieri)
ESSE MUNDO É MEU Feio, nao é bonito O morro existe mas pede pra se acabar Canta, mas canta triste Porque tristeza é só o que tem pra cantar Chora, mas chora rindo Porque é valente e nunca se deixa quebrar Ama, o morro ama Amor bonito, amor aflito Que pede outra história
Saravá, Ogum, mandinga da gente continua Cade o despacho pra acabá Santo guerrero na floresta Se você nao vem eu mesma vou brigá Se voce nao vem eu mesma vou brigá
A FELICIDADE SAMBA DO CARIOCA Vamos, carioca, sai do teu sono devagar O dia já vem vindo aí E o sol já vai raiar Sao Jorge, teu padrinho, te dê cana pra tomar Xango, teu pai, te dê muitas mulheres para amar
(Zé Keti)
Acender as velas, já é profissão Quando nao tem samba, tem desilusão Acender as velas, já é profissão Quando nao sou eu, é Nara Leão
(Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)
(Tom Jobim/Vinícius de Morais) (Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
ACENDER AS VELAS
A felicidade é como a pluma Que o vento vai levando pelo ar Brilha tão leve, mas tem a vida breve Precisa que haja vento sem parar
A VOZ DO MORRO (Zé Keti)
Eu sou o samba A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor Quero mostrar ao mundo que tenho valor Eu sou o rei do terreiro Eu sou o samba Sou natural daqui do Rio de Janeiro Sou eu quem leva alegria Para milhões de corações brasileiros
O MORRO NAO TEM VEZ (Tom Jobim/Vinícius de Morais)
SAMBA DE NEGRO (Roberto Correa/Sylvio Son)
Subi lá no morro só pra ver O que o nêgo tem Pra cantar assim gostoso E fazer samba como ninguém
VOU ANDAR POR AÍ (Newton Chaves)
Vou andar por aí, perguntar por aí Pra ver se eu encontro A paz que perdi
O SOL NASCERÁ (A sorrir) (Cartola/Elton Medeiros)
A sorrir eu pretendo levar a vida Pois chorando eu vi a mocidade perdida
O morro não tem vez E o que ele fez já foi demais Mas olhem bem voces Quando derem vez ao morro Toda a cidade vai cantar Vai cantar, vai cantar Vai cantar, vai cantar
Preciso aprender a ser só
Arrastão
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle Dois na Bossa 1 – 1965 Samba eu canto assim – 1965
A h ! o a m o r Quando é demais ao findar leva a paz Me entreguei sem pensar Que a saudade existe e se vem é tão triste Vê, meus olhos choram a falta dos teus Esses teus olhos que foram tão meus Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor
Edu Lobo/Vinícius de Morais Dois na Bossa 1 – 1965
Eh... tem jangada no mar Eh, eh, eh... hoje tem arrastão Eh... todo mundo pescar Chega de sombra João Jovi, olha o arrastão entrando no mar sem fim Ê meu irmão me traz Yemanjá pra mim Minha Santa Bárbara Me abençoai Quero me casar com Janaína Eh... puxa bem devagar Eh, eh, eh... já vem vindo o arrastão Eh... é a Rainha do Mar Vem, vem na rede João Pra mim!
A h ! o a m o r Quando é demais ao findar leva a paz Me entreguei sem pensar Que a saudade existe e se vem é tão triste Vê, meus olhos choram a falta dos teus Esses teus olhos que foram tão meus Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor
Terra de ninguém
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle Dois na Bossa 1 – 1965 Saudade do Brasil – 1980 (Com Marcos Valle)
Segue nessa marcha triste Seu caminho aflito Leva só saudade E a injustiça Que só lhe foi feita Desde que nasceu Pelo mundo inteiro Que nada lhe deu
Valha-me Deus Nosso Senhor do Bonfim Nunca, jamais se viu tanto peixe assim
Anda.Teu caminho é longo Cheio de incerteza Tudo é só pobreza Tudo é só tristeza Tudo é terra morta Onde a terra é boa O senhor é dono Não deixa passar
Pára no final da tarde Tomba já cansado Cai um nordestino Reza uma oração Prá voltar um dia E criar coragem Prá poder lutar Pelo que é seu
Mas... O dia vai chegar Que o mundo vai saber Não se vive sem se dar Quem trabalha é que tem Direito de viver Pois a terra é de n i n g u é m
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Ah! se eu te pudesse fazer entender Sem teu amor eu não posso viver Que sem nós dois o que resta sou eu E u a s s i m t ã o s ó E eu preciso aprender a ser só Poder dormir sem sentir teu amor A ver que foi só um sonho e passou
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Sem Deus com a família César Roldão Vieira Dois na Bossa 1 – 1965
Menino das
laranjas
Théo de Barros Dois na Bossa 1 – 1965 (Com Jair Rodrigues) Samba eu canto assim – 1965
Menino que vai pra feira Vender sua laranja até acabar Filho de mãe solteira Cuja ignorância tem que sustentar É madrugada, vai sentindo frio Porque se o cesto não voltar vazio A mãe arranja um outro prá laranja E esse filho vai ter que apanhar Compra laranja Menino que vai pra feira É madrugada vai sentindo frio Porque se o cesto não voltar vazio A mãe arranja um outro prá laranja E esse filho vai ter que apanhar Compra laranja doutor Ainda dou uma de quebra pro senhor Lá no morro a gente acorda cedo Que é só trabalhar Comida é pouca e muita roupa Que a cidade manda pra lavar De madrugada ele menino Acorda cedo tentando encontrar Um pouco pra comer, viver até crescer E a vida melhorar Compra laranja doutor Ainda dou uma de quebra pro senhor
Sapato de pobre é tamanco A vida não tem solução Morada da rico é palácio E casa de pobre é barracão Quem é pobre sempre sofre, Vive sempre a trabalhar Mas eu sofro só de dia, De noite eu vivo pra sambar A mulher de branco é esposa E a esposa do preto é mulher Mas minha mulher é só minha, Do branco eu nem sei se só dele é Branco fica atormentado E nem tem tempo pra pensar Mas o preto é mais que branco pra mãe d’água Iemanjá A terra do dono é só dele E ali ninguém pode mandar Mas se eu não pegar na enxada Não tem ninguém pra plantar Eu semeio tanto milho e a colheita é do senhor Mas o dia da igualdade tá chegando seu doutor.
Reza
Edu Lobo/Ruy Guerra Dois na Bossa 1 – 1965 Samba eu canto assim – 1965
Por amor andei já Tanto chão e mar Senhor já nem sei Se o amor não é mais Bastante pra vencer Eu já sei o que vou fazer Meu Senhor Uma oração Vou cantar para ver se vai valer Laia ladaia sabadana ave-maria Laia ladaia sabadana ave-maria Ah! meu santo defensor Traga o meu amor Laia ladaia sabadana ave-maria Laia ladaia sabadana ave-maria Se é praga ou oração Mil vezes cantarei Laia ladaia sabadana ave-maria Laia ladaia sabadana ave-maria
Influência do Jazz
Formosa
Carlos Lyra Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Baden Powell/Vinícius de Morais Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell e Ciro Monteiro)
Quase que morreu E acaba morrendo, está quase morrendo, não percebeu Que o samba balança de um lado pro outro O jazz é diferente, pra frente pra trás E o samba meio morto ficou meio torto Influência do jazz No afro-cubano, vai complicando Vai pelo cano, vai Vai entortando, vai sem descanso Vai, sai, cai... no balanço! Pobre samba meu Volta lá pro morro e pede socorro onde nasceu Pra não ser um samba com notas demais Não ser um samba torto pra frente pra trás Vai ter que se virar pra poder se livrar Da influência do jazz
Vem Balançar Walter Santos/Tereza Souza Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Quem vem lá? Quem vem lá? Se é de samba pode se chegar No meu samba tem sempre lugar Prá quem vem balançando Querendo sambar Quem vem lá? Quem vem lá? Se é de samba pode se chegar No meu samba tem sempre lugar Prá quem vem balançando Querendo sambar Pra quem Traga o samba redondinho, bem certinho assim todinho solto Mas não venha contando mentira rapaz Não ponha no meu samba tão fácil demais
Formosa, não faz assim Carinho não é ruim Mulher que nega Não sabe não Tem uma coisa de menos No seu coração A gente nasce, a gente cresce A gente quer amar Mulher que nega Nega o que não é para negar A gente pega, a gente entrega A gente quer morrer Ninguém tem nada de bom Sem sofrer Formosa mulher!
Samba do avião Tom Jobim Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com lennie Dale)
Eparrê, Aroeira beira de mar Salve Deus e Tiago e Humaitá Eta, costão de pedra dos home brabo do mar Eh, Xangô, vê se me ajuda a chegar Minha alma canta Vejo o Rio de Janeiro Estou morrendo de saudade Rio, teu mar, praias sem fim Rio, você foi feito pra mim Cristo Redentor Braços abertos sobre a Guanabara Este samba é só porque Rio, eu gosto de você A morena vai sambar Seu corpo todo balançar Rio de sol, de céu, de mar Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Cristo Redentor Braços abertos sobre a Guanabara Este samba é só porque Rio, eu gosto de você A morena vai sambar Seu corpo todo balançar Aperte o cinto, vamos chegar Água brilhando, olha a pista chegando E vamos nós Aterrar
Discussão
Tom Jobim/Newton Mendonça Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com pery Ribeiro)
Se você pretende sustentar opinião E discutir por discutir Só prá ganhar a discussão Eu lhe asseguro pode crer Que quando fala o coração As vezes é melhor perder Do que ganhar, você vai ver Já percebi a confusão Você quer ver prevalecer A opinião sobre a razão Não pode ser, não pode ser Prá quê trocar o sim por não Se o resultado é a solidão Em vez de amor Uma saudade vai dizer quem tem razão
Devagar com a louça Luiz Reis/Haroldo Barbosa Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares)
Devagar com a louça que eu conheço a moça, vai devagar moçinha, devagar ei. Eu conheço a moça, devagar com a louça, vai devagar, prá não errar. Devagar com a louça que eu conheço a moça, vai devagar. E eu conheço a moça, devagar com a louça. Vai, prá não errar. Ela é mais enrolada do que linha em carretel, ja viu, mais você nessa jogada, hehe, vira bola de papel. Dê o fora dessa louça, peça logo o seu boné. Você vai ficar de touca, quem avisa amigo é, pois é..'
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Pobre samba meu Foi se misturando se modernizando, e se perdeu E o rebolado cadê?, não tem mais Cadê o tal gingado que mexe com a gente Coitado do meu samba mudou de repente Influência do jazz
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Bocochê
Amor em paz Mulata Assanhada
Ataulfo Alves Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Ataulfo Alves)
Ô, mulata assanhada Que passa com graça Fazendo pirraça Fingindo inocente Tirando o sossego da gente! Ah! Mulata se eu pudesse E se meu dinheiro desse Eu te dava sem pensar Esta terra, este céu, este mar E ela finge que não sabe Que tem feitiço no olhar!
Baden Powell/Vinícius de Moraes Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell)
Tom Jobim/Vinícius de Moraes Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Eu amei E amei, ai de mim, muito mais do que devia amar E chorei Ao sentir que iria sofrer e me desesperar Foi então Que da minha infinita tristeza aconteceu você Encontrei Em você a razão de viver e de amar em paz E não sofrer mais Nunca mais Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz O amor é a coisa mais triste quando se desfaz
Ai, meu Deus, que bom seria Se voltasse a escravidão Eu pegava a escurinha E prendia no meu coração!... E depois a pretoria Resolvia aquestão!
Mas Que Nada Jorge Ben Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Mas, que nada Sai da minha frente Que eu quero passar Pois o samba está animado E o que eu quero é sambar Este samba Que é misto de maracatu É samba de preto velho Samba de preto tu Mas, que nada Um samba como esse tão legal Você não vai querer Que eu chegue no final
Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai Vou procurar o meu lindo amor No fundo do mar Vou procurar o meu lindo amor No fundo do mar Nhem, nhem, nhem É onda que vai Nhem, nhem, nhem É onda que vem Nhem, nhem, nhem Tristeza que vai Nhem, nhem, nhem Tristeza que vem Foi e nunca mais voltou Nunca mais! Nunca mais Triste, triste me deixou
Nhem, nhem, nhem É onda que vai Nhem, nhem, nhem É a vida que vem Jorge Ben Nhem, nhem, nhem Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Jorge Bem Jor e Zinho) É a vida que vai Nhem, nhem, nhem Chorava todo mundo Não volta ninguém Mas agora ninguém chora mais Chora mais, chora mais Menina bonita, não vá para o mar Chorava todo mundo Menina bonita, não vá para o mar Mas agora ninguém chora mais Chora mais Vou me casar com o meu lindo amor ô, ô, ô, ô No fundo do mar Vou me casar com o meu lindo amor Chorava mãe, chorava pai No fundo do mar Na hora da partida Mas era uma beleza Nhem, nhem, nhem Em vez de tristeza É onda que vai Mas era uma beleza Nhem, nhem, nhem Em vez de tristeza É onda que vem ô, ô, ô, ô Nhem, nhem, nhem Chorava mãe, chorava pai É a vida que vai Chorava todo mundo Nhem, nhem, nhem Mas agora ninguém chora mais Não volta ninguém
Agora Ninguém Chora Mais
Mas pois o menino voltou Voltou homem, voltou doutor Menino que é bom não cai Pois já nasceu com a estrela E sempre a mente sã Menino que é bom não cai Pois é protegido de Iansã
Chorava todo mundo Mas agora ninguém chora mais Chora mais, chora mais
Menina bonita que foi para o mar Menina bonita que foi para o mar Dorme, meu bem Que você também é Iemanjá Dorme, meu bem Que você também é Iemanjá
Geraldo Pereira Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Wilson Simonal)
Baiana que entra no samba e só fica parada Não samba, não dança, não bole nem nada Não sabe deixar a mocidade louca Baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras Deixando a moçada com água na boca A falsa baiana quando entra no samba Ninguém se incomoda, ninguém bate palma Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba Salve a Bahia, senhor Mas a gente gosta quando uma baiana Samba direitinho, de cima embaixo Revira os olhinhos dizendo Eu sou fiilha de São Salvador
Eu só queria saber
Miriam Ribeiro/Vera Brasil Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Claudete soares)
Eu só queria ser Um só dos teus anseios Eu só queria ser Um só dos teus momentos Eu só queria ser Dentro de ti A brisa que passou Uma canção me trouxe A brisa que passou Passou e não me trouxe O sol de um meigo olhar Na escuridão
Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Os Cariocas)
Plém plém plém plém plém plém plém plém plém Plém plém Ocupado pela décima vez Plém plém Telefono e não consigo falar Plém plém Estou ouvindo há muito mais de um mês Plém plém Já começa quando eu penso discar Eu já estou desconfiado Que ela deu meu telefone prá mim Plém plém E dizer que a vida inteira esperei Plém plém Que dei duro e me matei prá encontrar Plém plém Toda a lista quase que eu decorei Plém plém Dia e noite não parei de discar E só vendo com que jeito Pedia prá eu ligar Plém plém plém plém Não entendo mais nada Prá que é que eu fui topar? Trimm trimm Não me diga que agora atendeu Será que eu… eu consegui? Agora encontrar? O moço atendeu… alô!
Se acaso você chegasse Felisberto Martins/Lupicínio Rodrigues Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares e Jair Rodrigues)
Se acaso você chegasse Só nesta solidão No meu chatô e encontrasse Sofre o meu coração Aquela mulher Cativo da canção que passou Que você gostou Será que tinha coragem Eu só queria ser De trocar nossa amizade Um só dos teus anseios Por ela que já Eu só queria ser Lhe abandonou? Um só dos teus momentos Eu só queria ser Eu falo porque essa dona Dentro de ti Já mora no meu barraco À beira de um regato E um bosque em flor De dia me lava a roupa De noite me beija a boca E assim nós vamos Vivendo de amor
Somewhere
Stephen Sondheim/Leonard Bernstein Elis no Fino da Bossa 1965-1967
There's a place for us Somewhere a place for us Peace and quiet and open air Wait for us Somewhere There's a time for us Some day a time for us Time together and time to spare Time to look, time to care Someday Somewhere We'll find a new way of living We'll find there's a way of forgiving Somewhere There's a place for us A time and place for us Hold my hand and we're halfway there Hold my hand and I'll take you there Somehow Someday Somewhere There's a place for us Hold my hand and we're halfway there Hold my hand and I'll take you there Somehow Someday Somewhere
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Falsa Baiana
Telefone
Zambi Edu Lobo/Vinícius de Morais O fino do fino – 1965
É Zambi no açoite, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... Chega de sofrer... Eh! Zambi gritou. Sangue a correr é a mesma cor É o mesmo adeus e a mesma dor. É Zambi se armando, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
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É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... Chega de viver na escravidão. É o mesmo céu. O mesmo chão. O mesmo amor. Mesma paixão. Ganga-Zumba ei, ei, ei, vai fugir... Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi... E Zambi gritou ei, ei, meu irmão... Mesmo céu, tui, tui, tui, tui, mesmo chão. Vem filho meu, meu capitão. Ganga-Zumba... Liberdade! Liberdade! Ganga-Zumba vem meu irmão. É Zambi lutando, é lutador. Faca cortando, talho sem dor. É o mesmo sangue e a mesma dor. É Zambi morrendo, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... Ganga-Zumba, ei, ei, vem aí... Ganga-Zumba, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Esse mundo é meu
Té o sol raiar
Sergio Ricardo/Ruy Guerra O fino do Fino – 1965 Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Baden Powell/Vinícius de Morais O fino do Fino – 1965
Esse mundo é meu Esse mundo é meu
Feliz o tempo que passou, passou Tempo tão cheio de recordações Tantas canções ele deixou,deixou Trazendo paz a tantos corações
Escravo do reino e sou Escravo do mundo em que estou Mas acorrentado ninguém pode amar
Resolução Edu Lobo/Lula Freire
Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua O fino do Fino – 1965 Cade o despacho pra acabá Samba eu canto assim – 1965 Santo guerrero da floresta Se você nao vem eu mesma vou brigá Se voce nao vem eu mesma vou ficar É, vou contar o que há. É tempo de dizer quem sou Sim. Eu cansei de lutar E agora quero descansar
Canção do amanhecer Edu Lobo/Vinícius de Morais O fino do fino – 1965
Ouve Fecha os olhos, meu amor É noite ainda Que silêncio! E nós dois Na tristeza de depois A contemplar O grande céu do adeus Ah! Não existe paz Quando o adeus existe E é tão triste o nosso amor Ah! Vem comigo Em silêncio Vem olhar Esta noite amanhecer Iluminar Os nossos passos tão sozinhos Todos os caminhos Todos os carinhos Vem raiando a madrugada Música no céu!
Tanto eu esperei para vencer E agora vejo que perder Nada mais é do que cansar Eu cansei e perdi Em tanta coisa acreditei Se ninguém viu o que eu vi Ninguém sabe mais do que eu sei Mas se a esperança vai me deixar E nem mais vou saber chorar Nem sorrir sem amor para dar Não. É preciso não morrer É preciso decidir de uma vez O que é pra fazer Ou viver ou morrer Há tanto para se fazer Ou viver ou morrer Há tanto para se fazer Todas as canções que eu já cantei Agora tem de me valer E me fazer acreditar Que é preciso viver E o resto é só deixar pra lá E, mesmo só, vou seguir E nada me fará mudar
Que sons mais lindos tinha pelo ar Quanta alegria de viver Ah, meu amor, que tristeza me dá Vendo o dia querendo amanhecer E ninguem cantar Mas meu bem Deixa estar Tempo vai, tempo vem E quando um dia esse tempo voltar Eu nem quero pensar o que vai ser Até o sol raiar
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Fui escravo no reino e sou Escravo no mundo em que estou Mas acorrentado ninguém pode amar Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua Cade o despacho pra acabá Santo guerrero da floresta Se você nao vem eu mesma vou brigá Se voce nao vem eu mesma vou brigá
(Tempo feliz)
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Chegança Amor demais
Edu Lobo/Oduvaldo Vianna Filho O fino do Fino – 1965
Estamos E de todo lugar Estamos E de todo lugar
chegando daqui e dali que se tem pra partir chegando daqui e dali que se tem pra partir
Trazendo na chegança Foice velha, mulher nova E uma quadra de esperança E uma quadra de esperança
Silvio César/Ed Lincoln O fino do Fino – 1965
A canção é o lamento do amor demais Quem chorou Quem sofreu Quem perdeu a paz Venho dizer Na canção O que chorou Seu coração
Ah, se viver fosse chegar Vem Ah, se viver fosse chegar A noite é linda Vem cantar Chegar sem parar, parar pra casar Casar e os filhos espalhar Vem Por um mundo num tal de rodar Toda tristeza Por um mundo num tal de rodar Vai passar
maior
Por um amor Francis Hime/Ruy Guerra Samba eu canto assim – 1965
Vim, eu vim te dizer Eu vim te lembrar Que a vida não é só tristeza e dor É pobre quem tem medo de falar O mundo que quer E depois não dá o amor que guardou Sim, eu vim te dizer Eu vim te falar Que o amor pra ser bom Pra não ser qualquer Precisa gritar a força que tem De tudo mudar Vem, meu amor Vem, que amar é vencer Mas amar é também Gente que vai e vem Gente que também quer Ver este mundo melhor Que o povo é assim E dá o que tem É o povo que faz A vida maior
Só assim tu terás Amor sem fim Amor demais
João Valentão é brigão Pra dar bofetão Não presta atenção e nem pensa na vida A todos João intimida Faz coisas que até Deus duvida Mas tem seu momento na vida É quando o sol vai quebrando Lá pro fim do mundo pra noite chegar É quando se ouve mais forte O ronco das ondas na beira do mar É quando o cansaço da lida da vida Obriga João descansar É quando a morena se enrosca Do lado da gente Querendo agradar Se a noite é de lua A vontade é de contar mentira É de se espreguiçar É de se deitar na areia da praia Que acaba onde a vista Não pode alcançar E assim adormece esse homem Que nunca precisa dormir pra sonhar Porque não há sonho mais lindo Do que sua terra, não há
João Valentão Dorival Caymmi Samba eu canto assim – 1965
Maria do Maranhão Carlos Lyra/Nelson L. de Barros Samba eu canto assim – 1965
Maria, pobre Maria Maria do Maranhão Que vive por onde anda E anda de pé no chão Maria desceu escada Atravessou o país Procurava muito pouco Muito pouco ser feliz Nem feliz queria ser Que feliz não pode ser Quem anda pelas estradas Atravessando o país Maria, pobre Maria Maria do Maranhão Que vive por onde anda E anda de pé no chão Maria seguiu estrada A estrada de uma estrela Maria não viu a estrela Maria é só na estrada Mas muita gente seguiu A estrela que ela não viu E vai dizer pra maria Que tudo tem solução Até mesmo pra Maria Maria do Maranhão Que vive por onde anda E anda de pé no chão
Sou sem paz Adilson Godoy Samba eu canto assim – 1965
Tento em mim seu amor Nasceu como uma flor cantando bem E ninguém jamais amou assim Nunca assim Sofro sem tudo em mim É só tristeza e dor É só você e a felicidade que se foi Que se foi Você fugiu de mim E triste, amor, eu canto assim E a saudade em mim Volte então, sou sem paz Com o seu amor e a felicidade que virá Que virá
Consolação/Berimbau/Tem dó Baden Powell/Vinícius de Morais Samba eu canto assim – 1965
Saveiros
Se não tivesse o amor Se não tivesse essa dor E se não tivesse o sofrer E se não tivesse o chorar
Dory Caymmi/Nelson Motta Compacto duplo – 1966
…
Berimbau me confirmou Vai ter briga de amor Tristeza camará
Luiz Chaves/Adilson Godoy Samba eu canto assim – 1965
Se ele é mais que céu É mais que luz É mais que amor
… Ah! Tem dó Quem viveu junto não pode nunca viver só Ah! Tem dó Mesmo porque você não vai ter coisa melhor
Sinto o infinito Da paz que vem Nascendo em mim
Não me venha achar ruim Porque você me conheceu assim Me diga agora, ora, ora Não foi assim que você gamou?
E sinto, enfim Que é mais que tudo É mais que o mundo Me ensinou
Você sabe muito bem Que mesmosendo louca, assim Gamei também Me diga agora, ora, ora Será que alguém não foi quem mudou?
Paz que eu tanto amei, chorando Não, não se vá Nossa eternidade Que sempre sonhei Nasceu no que sou
Último canto
Aleluia
Edu Lobo/Ruy Guerra Samba eu canto assim – 1965 Elis no Fino da Bossa – 1994 (Com Edu Lobo)
Barco deitado na areia Não dá pra viver, não dá Lua bonita sozinha Não faz o amor, não faz
Francis Hime/Ruy Guerra Samba eu canto assim – 1965
Toma decisão, aleluia! Que um dia o céu vai mudar Quem viveu a vida da gente Tem que se arriscar
Vou acender uma vela Vou só cantar o meu canto E vou cantar da maneira A mais singela
Amanhã é teu dia Amanhã é teu mar, teu mar E se o vento da terra Que traz teu amor, já vem
E só depois Vou te esquecer E só depois Vou te esquecer
Toma decisão, aleluia! Lança o teu saveiro no mar Beabá de pesca é coragem Ganha o teu lugar
Vou acender uma vela Vou só chorar o meu pranto E vou chorar da maneira A mais singela
Mesmo com a morte esperando Eu me largo pro mar, eu vou Tudo o que sei é viver E vivendo é que eu vou morrer
E só depois Quero esquecer
Toma decisão, tá na hora! Que um dia o céu vai mudar Quem não tem mais nada a perder Só vai poder ganhar
Quando um amor acaba em pranto É o mesmo que alguém morrer Vou acender esta vela Que é por mim e é por ela
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Eternidade
Sim, é mais que tudo É mais que o mundo Me ensinou
Nem bem a noite terminou Vão os saveiros para o mar Levam no dia que amanhece As mesmas esperanças Do dia que passou Quantos partiram de manhã Quem sabe quantos vão voltar Só quando o sol descansar, E se os ventos deixarem, Os barcos vão voltar Quantas histórias pra contar E em cada vela que aparece Um canto de alegria De quem venceu no mar
Capoeira me mandou Dizer que já chegou Chegou para lutar
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Jogo de roda Edu Lobo/Ruy Guerra Compacto duplo – 1966
É ô lê, é hora É ô lê, de roda
Canto triste Edu Lobo/Vinícius de Morais Compacto duplo – 1966
Porque sempre foste a primavera em minha vida Volta pra mim Desponta novamente no meu canto Eu te amo tanto mais, te quero tanto mais Há quanto tempo faz partiste Como a primavera que também te viu partir Sem um adeus sequer E nada existe mais em minha vida Como um carinho teu, como um silêncio teu Lembro um sorriso teu tão triste Ah, Lua sem compaixão, sempre a vagar no céu Onde se esconde a minha bem-amada Onde a minha namorada Vai e diz a ela as minhas penas e que eu peço Peço apenas Que ela lembre as nossas horas de poesia Das noites de paixão E diz-lhe da saudade em que me viste Que estou sozinho e só existe Meu canto triste Na solidão
Jogo a vida Jogo a tarde Jogo a faca e a razão Jogo o mundo à sua sorte E a mentira eu jogo ao chão A roda vai rodar E eu jogo o meu amor então E se eu puder Entro na roda e vou rodar também Gira a roda Roda o tempo Nasce um samba em minha mão Olho a praia Chamo o vento Abro os braços e a canção Eu sei aonde estou E sei onde é que eu quero ir E quem quiser Entre na roda e vá rodar também Ó, meu amor O mundo assim não pode ser É só tristeza e noite pra se ver Sozinha estou num mundo Em que o mal é rei Mas o meu canto vem fora de lei Ó, meu amor Vem prá perto de mim cantar Que nessa roda a dor vai se entregar A minha voz é fraca Mas em meu olhar O novo mundo roda sem parar Sem parar Sem parar A rodar A rodar A rodar E assim tenho um norte Tenho a vida Tenho um samba de cordão Tenho a noite já vencida Na palma de minha mão Meu samba já chegou Tanta tristeza quer também E o teu amor Samba na roda do meu coração
Ensaio geral
Gilberto Gil Compacto duplo – 1966
O Rancho do Novo Dia O Cordão da Liberdade E o Bloco da Mocidade Vão sair no carnaval É preciso ir à rua Esperar pela passagem É preciso ter coragem E aplaudir o pessoal O Rancho do Novo Dia Vem com mais de mil pastoras Todas elas detentoras De um sorriso sem igual O Cordão da Liberdade Ensaiado com carinho Pelo Zé Redemoinho Pelo Chico Vendaval Oh, que linda fantasia Do Bloco da Mocidade Colorida de ousadia Costurada de amizade Vai ser lindo ver o bloco Desfilar pela cidade Minha gente, vamos lá Nossa turma vai sair Nossa escola vai sambar Vai cantar pra gente ouvir Tá na hora, vamos lá Carnaval é pra valer Nossa turma é da verdade E a verdade vai vencer
Rosa morena
Dorival Caymmi/Antônio de Almeida Compacto simples – 1966
Rosa morena Onde vais morena rosa Com essa rosa no cabelo E esse andar de moça prosa Morena, morena rosa Rosa morena o samba está esperando Esperando p’rá te ver Deixa de lado essa coisa de dengosa Anda rosa, vem me ver Deixa de lado essa pose Vem pro samba, vem sambar Que o pessoal está cansado de esperar
Canto de Ossanha Baden Powell/Vinícius de Morais Compacto simples – 1966 Dois na bossa 2 – 1966 Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969
O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz O homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou" O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai... não
vou!
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer a tristeza de um amor que passou , eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor
Não
Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer
amar sofrer chorar dizer
Vai, vai, vai, vai, Vai, vai, vai, Vai, vai, vai, vai, Vai, vai, vai,
due eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer a tristeza de um amor que passou Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor
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Vai, vai, vai, vai, não vou
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SAMBA DE MUDAR (Geraldo Vandré)
Samba eu canto assim Samba eu faço asism Só quem sofreu Quem chorou Meu samba vai ouvir Meu samba vai cantar
Poutpourri de
introdução Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
SAMBA DE MUDAR
Só na tristeza e na dor Alguém pode entender Que a dor vai se acabar E assim somente
(Geraldo Vandré)
Só quem sofreu Quem chorou Meu samba vai ouvir Meu samba vai cantar
NÃO ME DIGA ADEUS (Paquito/L. Soberano/J. C. Silva)
Só na tristeza e na dor Alguém pode entender Que a dor vai se acabar E assim somente
Não Não me diga adeus Pense nos sofrimentos meus VOLTA POR CIMA
ENQUANTO A TRISTEZA NÃO VEM
(Paulo Vanzolini)
(Sérgio Ricardo)
Ali onde eu chorei Qualquer um chorava Dar a volta por cima que eu dei Quero ver quem dava
Por isso canta, canta Nasceu uma rosa na favela Canta, canta Nasceu uma rosa na favela
O NEGUINHO E A SENHORITA
CARNAVAL
(Noel Rosa/A. da Silva)
(D. Ferreira/Ataulfo Alves)
Eu gostei da filha da madame Que nós tratamos de sinhá A sinhazinha também gostou do neguinho O crioulinho não tem dinheiro pra gastar Mas a madame tem preconceito de cor E DAÍ
(Miguel Gustavo)
Proibiram que eu te amasse Proibiram que eu te visse Proibiram que eu saisse E perguntasse a alguém por ti Proibiram tudo Proibam muito mais! Preguem avisos! Fechem portas! Ponham guizos! Nosso amor perguntará, E daí?
Lê lê lê A rainha do samba chegou Lê lê lê O batuque do nêgo enfezou NA GINGA DO SAMBA
(Ataulfo Alves)
É na ginga bonita que o samba tem Quem não tem ginga, no samba não se dá bem GUARDA A SANDÁLIA DELA (Sereno/Germano Mathias)
Guarda a sandália dela Que o samba sem ela não pode ficar Diga também pra ela Que a escola sem ela não pode sambar SAMBA DE MUDAR
(Geraldo Vandré)
Porque o samba é o samba bom O samba é meu Da nossa dor É um samba de sofrer Samba de querer Samba de... Samba de mudar
Louvação Gilberto Gil/Torquato Neto Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
Vou fazer a louvação Louvação, louvação Do que deve ser louvado Ser louvado, ser louvado Meu povo, preste atenção Atenção, atenção Repare se estou errado Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado. E louvo, pra começar, da vida o que é bem maior. Louvo a esperança da gente na vida, pra ser melhor. Quem espera sempre alcança. Três vezes salve a esperança! Louvo quem espera sabendo que pra melhor esperar. Procede bem quem não pára de sempre mais trabalhar. Que só espera sentado quem se acha conformado. Vou fazendo a louvação Louvação, louvação Do que deve ser louvado Ser louvado, ser louvado Quem 'tiver me escutando Atenção, atenção Que me escute com cuidado Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado. Louvo agora e louvo sempre o que grande sempre é. Louvo a força do homem e a beleza da mulher. Louvo a paz pra haver na terra. Louvo o amor que espanta a guerra. Louvo a amizade do amigo que comigo há de morrer. Louvo a vida merecida de quem morre pra viver. Louvo a luta repetida. A vida pra não morrer. Vou fazendo a louvação Louvação, louvação Do que deve ser louvado Ser louvado, ser louvado De todos peço atenção Atenção, atenção Falo de peito lavado Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado. Louvo a casa onde se mora de junto da companheira. Louvo o jardim que se planta pra ver crescer a roseira. Louvo a canção que se canta prá chamar a primavera. Louvo quem canta e não canta, porque não sabe cantar. Mas que cantará na certa quando enfim se apresentar. O dia certo e preciso de toda a gente cantar. E assim fiz a louvação Louvação, louvação Do que vi pra ser louvado Ser louvado, ser louvado Se me ouviram com atenção Atenção, atenção Saberão se estive errado Louvando o que bem merece. Deixando o ruim de lado.
Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Dois na bossa 2 – 1966 Compacto simples – 1968 Elis especial – 1968 Elis Regina in London – 1969 Montreaux Jazz Festival – 1982
Upa, neguinho na estrada Upa, pra lá e pra cá Virge, que coisa mais linda! Upa, neguinho começando a andá Começando a andá, começando a andá E já começa a apanhá Cresce, neguinho e me abraça Cresce e me ensina a cantá Eu vim de tanta desgraça Mas muito te posso ensiná
Tristeza que se foi Adilson Godoy Dois na bossa 2 – 1966
Toda tristeza já passou E agora um novo amor vem surgindo Sorrindo Por isso bem feliz eu sei que Toda tristeza já passou E que agora um novo amor Vem surgindo Sorrindo Por isso vou Vou cantando agora Vou levando agora A beleza de um novo amor Que me nasceu Vou cantando agora Vou levando agora Felicidade só
Capoeira, posso ensiná Ziquizira, posso tirá Valentia, posso emprestá Mas liberdade só posso esperá Patá tá tri Tri tri tri Trá trá trá
Samba em paz Caetano Veloso Elis – 1966
O samba vai vencer Quando o povo perceber Que é o dono da jogada O samba vai crescer Pelas ruas vai correr Uma grande batucada Samba não vai chorar mais Toda gente vai cantar O mundo vai mudar E o povo vai cantar Um grande samba em paz
Gilberto Gil Dois na bossa 2 – 1966 Montreaux Jazz Festival – 1982
Amor não tem que se acabar Eu quero e sei que vou ficar Até o fim eu vou te amar Até que a vida em mim resolva se apagar O amor é como a rosa num jardim A gente cuida, a gente olha A gente deixa o sol bater Pra crescer, pra crescer A rosa do amor tem sempre que crescer A rosa do amor não vai despetalar Pra quem cuida bem da rosa Pra quem sabe cultivar Amor não tem que se acabar Até o fim da minha vida eu vou te amar Eu sei que o amor não tem, não tem que se apagar Até o fim da minha vida eu vou te amar Eu sei que o amor não tem que se apagar
Pra dizer adeus Edu Lobo/Torquato Neto Elis – 1966 Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Adeus Vou pra não voltar E onde quer que eu vá Sei que vou sozinha Tão sozinha amor Nem é bom pensar Que eu não volto mais Desse meu caminho Ah, pena eu não saber Como te contar Que o amor foi tanto E no entanto eu queria dizer Vem Eu só sei dizer Vem Nem que seja só Prá dizer adeus
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Upa, neguinho
Amor até o fim
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Meu povo, preste atenção Na roda que eu te fiz Quero mostrar a quem vem Aquilo que o povo diz Posso falar, pois eu sei Eu tiro os outros por mim Quando almoço, não janto E quando canto é assim
Agora vou divertir Agora vou começar Quero ver quem vai sair Quero ver quem vai ficar Não é obrigado a me ouvir Quem não quiser escutar
Lunik 9
Quem tem dinheiro no mundo Quanto mais tem, quer ganhar E a gente que não tem nada Fica pior do que está Seu moço, tenha vergonha Acabe a descaração Deixe o dinheiro do pobre E roube outro ladrão
Agora vou divertir Agora vou prosseguir Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai sair Não é obrigado a escutar Quem não quiser me ouvir
Se morre o rico e o pobre Enterre o rico e eu Quero ver quem que separa O pó do rico do meu Se lá embaixo há igualdade Aqui em cima há de haver Quem quer ser mais do que é Um dia há de sofrer Agora vou divertir Agora vou prosseguir Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai sair Não é obrigado a escutar Quem não quiser me ouvir
Roda
Gilberto Gil Elis – 1966 Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Poetas, seresteiros, namorados, correi É chegada a hora de escrever e cantar Talvez as derradeiras noites de luar Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural Sei lá que mais Ah, sim! Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo E em tudo o início dos tempos do além Em cada consciência, em todos os confins Da nova guerra ouvem-se os clarins Guerra diferente das tradicionais, Guerra de astronautas nos espaços siderais E tudo isso em meio às discussões, Muitos palpites, mil opiniões Um fato só já existe que ninguém pode negar
Gilberto Gil/João Augusto Elis – 1966
6..
7...
Seu moço, tenha cuidado Com sua exploração Se não lhe dou de presente A sua cova no chão Quero ver quem vai dizer Quero ver quem vai mentir Quero ver quem vai negar Aquilo que eu disse aqui
5...
4... 3...
2... 1...
já!
E lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi Nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão:
A lua foi alcançada afinal, Muito bem, confesso que estou contente também A mim me resta disso tudo uma tristeza só Talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção O que será do verso sem luar? O que será do mar, da flor, do violão? Tenho pensado tanto, mas nem sei
Agora vou divertir Agora vou terminar Quero ver quem vai sair Quero ver quem vai ficar Não é obrigado a me ouvir Quem não quiser escutar
Agora vou terminar Agora vou discorrer Quem sabe tudo e diz logo Fica sem nada a dizer Quero ver quem vai voltar Quero ver quem vai fugir Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai trair
Por isso eu fecho essa roda A roda que eu te fiz A roda que é do povo Onde se diz o que diz... Onde se diz o que diz...
Poetas, seresteiros, namorados, correi É chegada a hora de escrever e cantar Talvez as derradeiras noites de luar
Veleiro
Edu Lobo/Torquato neto Elis – 1966
Beira de praia Não faz mal que se deixe Se o caminho da gente vai pro mar Eu vou, tanta praia deixando Sem saber até quando eu vou Quando eu vou,quando eu volto
Estatuinha
Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Elis – 1966
Se a mão livre do negro tocar na argila O que é que vai nascer? Vai nascer pote pra gente beber Nasce panela pra gente comer Nasce vazinho, nasce parede Nasce estatuinha bonita de se ver Se a mão livre do negro tocar na onça O que é que vai nascer? Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas Nasce tapete pra cobrir o nosso chão Nasce caminha pra se ter nossa ialê Nasce atabaque pra se ter onde bater Se a mão liver do negro tocar na palmeira O que é que vai nascer? Nasce choupana prá gente morar Nasce rede pra gente se embalar Nasce esteira pra gente se deitar Nasce os abanos pra gente abanar
Eu vou pra terra distante Não tem mar que me espante Não tem, não Anda, vem comigo que é tempo Vem depressa que eu tenho Braço forte e o rumo certo Aqui o dia está perto E é preciso ir embora Ah! vem comigo nesse veleiro Tá na hora e no tempo, ê... ô... Vamos embora no vento ê... ô...
Sonho de Maria Marcos Valle/Paulo Sergio Valle Elis – 1966
Tanta roupa pra lavar Tanto barraco pra arrumar Tanta coisa pra esperar
Boa palavra Caetano Veloso Elis – 1966
Aprendeu sozinho Na areia, no chão A brincar sozinho Sem a mão de um irmão Aprendeu com o vento Que o sono passou E acordou sozinho No solo sem amor Tava dormindo, acordei Para acertar o namoro Me deram o que de beber Numa caneca de ouro Não lhe deram nada Não é seu este chão Deita olhando o céu Que o céu não tem dono, não Como um passarinho Aprende a voar Solta o pensamento Num braço de mar Voou pra beira do rio Pousou num poço dourado Moça com seu namorado Rico com seu empregado
Todo o morro a sambar Tanta gente pra invejar Nenhum sonho pra sonhar
Aprendeu sozinho Deitado no chão A esperar sozinho Tempo de encontrar irmão
Maria parou de trabalhar No ar uma voz chamou Maria olhou o céu Maria desejou o céu
Inda a madrugada Espera nascer Não lhe deram nada Mas não quer morrer
A vida é uma canção para se cantar Mas é tarde pra voltar Maria deixou a criança chorar Uma estrela deixou de brilhar
Boa palavra, rapaz Boa palavra, rapaz Boa palavra, rapaz É assim que um homem faz
Chorou. Chorou o céu. Chorou E a lágrima do céu apagou Tudo o que maria deixou E maria pra sempre acabou
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Ê... ô... tá na hora e no tempo Vamos lá que esse vento traz Recado de partir
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Tem mais samba Chico Buarque Elis – 1966
Tereza sabe sambar
Tem mais samba no encontro que na espera Tem mais samba a maldade que a ferida Tem mais samba no porto que na vela Tem mais samba o perdão que a despedida
Francis Hime/Vinícius de Morais Elis – 1966
Tem mais samba nas mãos do que nos olhos Tem mais samba no chão do que na lua Tem mais samba no homem que trabalha Tem mais samba no som que vem da rua
Chegou, chegou, sim senhor Chegou sem anunciar Fez um alô pro tiô Fez um olá pra tiá Depois dançou e dançou Até o dia raiar E não contente enturmou Com as cabrochas de lá
Tem mais samba no peito de quem chora Tem mais samba no pranto de quem vê Que o bom samba não tem lugar nem hora O coração de fora samba sem querer Vem que passa teu sofrer Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver
Carinhoso
Pixinguinha/João de Barro Elis – 1966
Meu coração Não sei porque Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo E pelas ruas vão te seguindo Mas mesmo assim, foges de mim Ah! Se tu soubesses Como sou tão carinhoso E muito e muito que te quero E como é sincero o meu amor Eu sei que tu não fugirias mais de mim Vem!..
vem!... vem!.... vem!...
Vem sentir o calor Dos lábios meus À procura dos teus Vem matar esta paixão Que me devora o coração E só assim então
Serei feliz, bem
feliz
Canção do sal Milton Nascimento Elis – 1966 Compacto simples – 1968
Trabalhando o sal É amor, o suor que me sai Vou viver cantando O dia tão quente que faz Homem ver criança Buscando conchinhas no mar Trabalho o dia inteiro Pra vida de gente levar Água vira sal lá na salina Quem diminuiu água do mar? Água enfrenta o sol lá na salina Sol que vai queimando até queimar Trabalhando o sal Pra ver a mulher se vestir E ao chegar em casa Encontrar a família a sorrir Filho vir da escola Problema maior é o de estudar Que pra não ter meu trabalho E vida de gente levar
E não contente enturmou Com as cabrochas de lá Salve, salve a Dona Tereza Ela vai pro céu Ela tem aquela nobreza Que tinha Izabel Branquinha igual assim não pode existir Balanço igual eu juro que nunca vi No carnaval nós vamos nos divertir A turma tá que tá que não cabe em si Porque Tereza enturmou Depois foi-se embora Tereza Foi como um luar Foi deixando tanta tristeza Na turma de lá A gafieira já fez “subiscrição” Pra passar cera e dar uma caiação A turma tá que tá que não sai de lá Tereza um dia pode querer voltar Porque Tereza enturmou Porque Tereza enturmou Voltou, voltou sim senhor Voltou sem anunciar Fez um alô pro tiô Fez um olá pra tiá Tereza é branca na cor Mas isso diexa pra lá Porque Tereza enturmou Porque ela sabe sambar Tereza sabe sambar Tereza sabe sambar
Sérgio Bittencourt Festival dos festivais – 1966
Guardo o meu violão. Já nos faltam canções. São muitas as razões, que temos pra cantar, mas hoje, amor, melhor é não cantar, enquanto houver em nós vontade de fugir de um canto que na voz não vai saber mentir.
Cantador
Dory Caymmi/Nelson Motta Festival da Música Popular Brasileira Volume 2 – 1967
Amanhece, preciso ir Meu caminho é sem volta e sem ninguém Eu vou pra onde a estrada levar Cantador, só sei cantar
Ah! eu canto a dor Canto a vida e a morte Meu canto para ser um canto certo, Canto o amor vai ter que nascer liberto e morar no assobio Cantador não escolhe o seu cantar do ocupado e do vadio Canta o mundo que vê do alegre e do mais triste E pro mundo que vi meu canto é dor só há canto quando existe Mas é forte pra espantar a morte muito tempo e muito espaço Prá todos ouvirem minha voz pra canção ficar se eu passo Mesmo longe e dizer o que eu não disse. Ah que bom se eu ouvisse De que servem meu canto e eu o meu canto por ai. Se em meu peito há um amor que não morreu Ah! se eu soubesse ao menos chorar Por isso o violão Cantador, só sei cantar prefere emudecer. E vem pedir perdão Ah! Eu canto a dor por não poder cantar De uma vida perdida sem amor que hoje, amor, melhor é não cantar.
Luiz Eça/Ronaldo Bôscoli Dois na Bossa 3 – 1967
Bom Ai, que bom é ver vocês E cada vez que eu volto É para dizer Que sem ter vocês Sem ver vocês Não sou ninguém Canta Que a vida passa E, se ela passa Melhor cantar É de vocês O meu cantar É só pra vocês Nosso cantar
Enquanto a nossa meta não for atingida, continuamos gritando o nosso canto. Enquanto nossa música não voltar ao que é, nós lutamos. Faz escuro, mas nós cantamos. O amanhã está breve. Vamos cantar, logo logo, o que é nosso. Porque, mais que nunca, é preciso cantar o que é nosso.
MANGUEIRA
MUNDO DE ZINCO (Nássara/Wilson Batista)
(Aldo Cabral/Bendito Lacerda)
Nao há, nem pode haver Como Magueira não há O samba vem de lá, alegria também Morena faceira só Mangueira tem
Aquele mundo de Zinco que é Mangueira Desperta com o apito do trem Uma cabrocha e uma esteira Um barracão de madeira Qualquer malandro em Mangueira tem
Em Mangueira na hora da minha despedida Todo mundo chorou, todo mundo chorou Foi pra mim a maior emoção da minha vida pois em Mangueira o meu coracao ficou
Mangueira fica pertinho do céu, Elis Mangueira vai assistir o meu fim E deixa o nome na história O samba foi minha glória Eu sei que muitas cabrochas Vão chorar por mim
(Ary Barroso)
(Assis Valente/Zequinha Reis)
FALA, MANGUEIRA!
(Mirabeau/Milton de Oliveira)
Fala, Mangueira, fala Mostra a força da tua tradição Com licença da Portela, Favela Mangueira mora no meu coração EXALTACÃO À MANGUEIRA (Enéas Brites da silva/Aloisio A. Costa)
Mangueira teu cenário é uma beleza Qua a natureza criou, ô ô O morro com seus barracões de zinco Quando amanhece, que esplendor! Todo mundo te conhece ao longe Pelo som do teu tamborim E o rufar do teu tambor Chegou ô ô a Mangueira, chegou!
LEVANTA MANGUEIRA (Luiz Antonio)
Levanta, Mangueira, a poeira do chão Samba de coração Ai, mostra a sandália de prata da mulata Acorda a cuíca e o tamborim Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim Levanta Mangueira, a poeira do chão Samba de coração
DESPEDIDA DA MANGUEIRA
PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO Ficou pra machucar meu coracao!
Pout-pourri
de
Mangueira
Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
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Canção de não cantar
Imagem
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Cruz de cinza, cruz de sal
Manifesto
Walter Santos/Teresa Souza Dois na Bossa 3 – 1967 Compacto simples – 1968
zinho Rocha Guto/Mario – 1967 Dois na Bossa 3
gem traz mensa úsica não m fria a h ra in er m u A ou g chantagem E não faz ia em ideolog E nem fala es falar as para lh Eu vim apen nde perda a esquerda De uma gra ireita ou d d a d é se i Que nem se a nsura cort rta se a ce ha el m er Que me impo v é to dela se Pois eu gos a de e amarel Ou se é ver , amigo companheiro a, ad ar m ca Oh, bora Ela foi em go e foi conti qu E o pior de golpe i um gran Para mim fo armado ou o d de esta Não sei se de coração Ou talvez ito grande dor foi mu a e qu e er ansformou-s Só sei diz inteira tr a id v a h E min e agitação Numa enorm andato ina meu m rm te m si as Já que deportado i cassado e Pois eu fu ê oc nge de v Pra bem lo e dizer a, quero lh ad am a h in Oh, m teu amor Que sem o é morrer at Eu posso
Santa Clara clareai, São Domingo alumiai Vai chuva, vem sol Vai chuva, vem sol
Marcha de quarta-feira de cinzas Carlos Lyra/Vinícius de Morais Dois na Bossa 3 – 1967
Acabou nosso carnaval Ninguém ouve cantar canções Ninguém passa mais brincando feliz E nos corações Saudades e cinzas foi o que restou
Sol, vem sol, vem sol, vem sol Que o menino quer Brincar, brincar Tanto que chamou Vem sol, vem sol Tudo que já fez Cruz de cinza, cruz de sal, Casca de ovo no quintal Tudo que chamou Vem sol, vem sol Santa Clara clareai Vem sol, vem sol E a trizteza do menino São Domingo alumiai Vem sol, vem com tanto azul no céu Pra criança se perder de tanto rir Pro menino se alegrar e o céu cair Nessa rua onde o brinquedo é só você. Sol, vem sol, vem sol, vem sol Que o menino quer Brincar, brincar Tanto que chamou Vem sol, vem sol Tudo que já fez Cruz de cinza, cruz de sal, Casca de ovo no quintal
Pelas ruas o que se vê É uma gente que nem se vê Que nem se sorri Se beija e se abraça E sai caminhando Dançando e cantando cantigas de amor E no entanto é preciso cantar Mais que nunca é preciso cantar É preciso cantar e alegrar a cidade A tristeza que a gente tem Qualquer dia vai se acabar Todos vão sorrir Voltou a esperança É o povo que dança Contente da vida, feliz a cantar Porque são tantas coisas azuis E há tão grandes promessas de luz Tanto amor para amar de que a gente nem sabe Quem me dera viver pra ver E brincar outros carnavais Com a beleza dos velhos carnavais Que marchas tão lindas E o povo cantando seu canto de paz Seu canto de paz
MINHA NAMORADA
EU SEI QUE VOU TE AMAR (Tom Jobim/Vinícius de Morais)
(Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli)
A VOLTA
MINHA NAMORADA
Meu amor eu hoje estou contente Todo mundo, de repente, Ficou lindo, ficou lindo de morrer
Eu sei que vou te amar Por toda minha vida vou te amar Em cada despedida eu vou te amar Desesperadamente eu sei que vou te amar E cada verso meu será Pra te dizer que eu sei que vou te amar Por toda minha vida
Mas quero que você me fale Que você me cale Caso eu perguntar Se o que a faz tão linda Foi tua pressa de voltar
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos Os seus braços o meu ninho No silêncio de depois E você tem que ser a estrela derradeira Minha amiga e companheira No infinito de nós dois
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Hoje eu estou rindo Nem eu mesma sei do quê Porque eu recebi Uma cartinhazinha de você Que diz assim: Se você quer ser minha namorada Oh, que linda namorada, Você poderia ser! Se quiser ser somente minha Exatamente essa coisinha Essa coisa toda minha De ninguém mais pode ser
MINHA NAMORADA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Mas se em vez de minha namorada Você quer ser minha amada Minha amada mais amada pra valer Aquela amada Pelo amor predestinada Sem a qual a vida é nada Sem a quel se quer morrer. Você tem que vir comigo em meu caminho E talvez o meu caminho seja triste pra você
Levanta e vem correndo Me abraça e sem sofrer Me beija longamente O quanto a solidão precisa para morrer?
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
PRIMAVERA
(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Amor, eu lhe direi Amor que eu tanto procurei Ah, quem me dera eu pudesse ser A tua primavera E depois morrer
Pout-pourri romântico Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
Yê-melê
Samba da
Yê-melê ari ará Yê-melê ará Ye-melê ari ará Canto de Yemanjá Zauê zaua Melê Mela Indê olá Onda do mar A rainha mãe do mar Traz o seu amor Sua benção vem me dar E eu dou uma flor Zauê zaua Melê Mela Indê olá Onda do mar Algum dia vai chegar Que eu vou ouvir Esse canto de Yemanjá Vai do mar sair Zauê zaua Melê Mela Indê olá Onda do mar
Samba do perdão Baden Powell/Paulo César Pinheiro Elis especial – 1968
Mais uma vez amor A dor chegou sem me dizer Agora que existe a paixão A hora não é de sofrer Mas quem quer pedir perdão Não deixa a tristeza saber E no entando a tua falta Vem vazar meu coração Mas a vida ensina a crer e a perdoar Quando um amor valer E o nosso é tão grande que já nem sei Tenha pena das penas que eu penei Não despreze mais meu padecer Afasta a melancolia e a solidão Já não cabem mais no meu violão Tanta mágoa, sim, que eu vou morrer Soluço eterno, pedir do coração Só quem morre de amor pede perdão
Lapinha Baden Powell/Paulo César Pinheiro Compacto simples – 1968
Quando eu morrer Quando eu morrer Calça, culote, palitó Calça, culote, palitó
me enterre na Lapinha me enterre na Lapinha almofadinha almofadinha
Vai, meu lamento vai contar Toda tristeza de viver Ai, a verdade sempre trai E às vezes traz um mal a mais Ai, só me fez dilacerar Ver tanta gente se entregar Mas não me conformei Indo contra lei Sei que não me arrependi Tenho um pedido só Último talvez, antes de partir Quando eu morrer Quando eu morrer Calça, culote, palitó Calça, culote, palitó
me enterre na Lapinha me enterre na Lapinha almofadinha almofadinha
Sai, minha mágoa Sai de mim Há tanto coração ruim Ai, é tão desesperador O amor perder do desamor Ah, tanto erro eu vi, lutei E como perdedor gritei Que eu sou um homem só Sem saber mudar Nunca mais vou lastimar Tenho um pedido só Último talvez, antes de partir Quando eu morrer Quando eu morrer Calça, culote, palitó Calça, culote, palitó
me enterre na Lapinha me enterre na Lapinha almofadinha almofadinha
Adeus Bahia, zum-zum-zum Cordão de ouro Eu vou partir porque mataram meu besouro
benção (Samba saravah) Baden Powell/Vinícius de Moraes/Vs. Pierre Barouh Compacto simples – 1968
Etre heureux c'est plus ou moins ce qu'on cherche J'aime rire chanter et je n'empêche Pas les gens qui sont bien d'être joyeux Pourtant s'il est une samba sans tristesse C'est un vin qui donne pas l'ivresse Un vin qui ne donne pas l'ivresse Non ce n'est pas la samba que je veux J'en connais que la chanson incommode D'autres pour qui ce n'est rien qu'une mode D'autres qui en profitent sans l'aimer Moi je l'aime et j'ai parcouru le monde En cherchant ses racines vagabondes C'est la chanson de samba qu'il faut chanter On m'a dit qu'elle venait de Bahia Qu'elle doit son rythme et sa poésie À des siècles de danses et de douleur Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime Elle est blanche de forme et de rimes Blanche de forme et de rimes Elle est nègre bien nègre dans son coeur Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime Elle est blanche de forme et de rimes Blanche de forme et de rimes Elle est nègre bien nègre dans son coeur Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime Elle est blanche de forme et de rimes Blanche de forme et de rimes Elle est nègre bien nègre dans son coeur Elle est nègre bien nègre dans son coeur
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Chico Feitosa/Luiz Carlos Vinhas Compacto simples – 1968
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Tributo ao Tom Jobim Tom Jobim Elis especial – 1968
VOU TE CONTAR (WAVE) Vou te contar Os olhos já não podem ver Coisas que só o coração pode entender Fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho
OUTRA VEZ Outra vez sem você Outra vez sem amor Outra vez vou sofrer Vou chorar Até você voltar
VOU TE CONTAR (WAVE) A primeira vez era a cidade Da segunda, o cais e a eternidade
FOTOGRAFIA Eu, você, nós dois Aqui nesse terraço a beira-mar O sol já vai caindo a o seu olhar Parece acompanhar a cor do mar Você tem de ir embora A tarde cai em cores Se desfaz Escureceu O sol caiu no mar E aquela luz…
VOU TE CONTAR (WAVE) So close your eyes… Laralara… …fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho Sozinho… Sozinho… Vou te contar Os olhos já não podem ver Coisas que só o coração pode entender Fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho O resto é mar É tudo que não sei contar São coisas lindas que eu tenho pra te dar Vem de mansinho a brisa e me diz É impossível ser feliz sozinho When I saw your first the time was half past three When your eyes met mine it was eternity Agora sei Da onda que seguiu no mar E das estrelas que esquecemos de contar O amor se deixa surpreender Enquanto a noite vem nos envolver
De onde vens
Bom tempo
Ah, quanta dor vejo em teus olhos Tanto pranto em teu sorriso Tão vazias as tuas mãos De onde vens assim cansada De que dor, de qual distância De que terras,de que mar
Um marinheiro me contou Q u e a b o a b r i s a l h e s o p ro u Que vem aí bom tempo
Dory Caymmi/Nelson Motta Elis especial – 1968
Só quem partiu pode voltar E eu voltei prá te contar Dos caminhos onde andei Fiz do riso amargo pranto No olhar sempre teus olhos No peito aberto uma canção Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração Saberias num momento quanta dor há dentro dele Dor de amor quando não passa É porque o amor valeu
Da cor do pecado Bororó Elis especial – 1968
Esse corpo moreno, Cheiroso e gostoso Que você tem É um corpo delgado, Da cor do pecado, Que faz tão bem Esse beijo molhado, Escandalizado, Que você deu Tem sabor diferente, Que a boca da gente Jamais esqueceu E quando você me responde Umas coisas com graça, A vergonha se esconde Porque se revela A maldade da raça. Esse corpo, de fato, Tem cheiro de mato, Saudade, tristeza, Essa simples beleza. Esse corpo moreno, Morena enlouquece. Eu não sei bem porque Só sinto na vida O que vem de você
Chico Buarque Elis especial – 1968
O pescador me confirmou Que um passarinho lhe cantou Que vem aí bom tempo Dou duro toda a semana Senão pergunte à Joana Que não me deixa mentir Mas, finalmente é domingo Naturalmente, me vingo Eu vou me espalhar por aí No compasso do samba E u d i s f a r ç o o c a n s a ç o J o a n a d e b a i x o d o b r a ç o Carregadinha de amor V o u q u e v o u Pela estrada que dá numa p r a i a d o u r a d a Que dá num tal de f a z e r n a d a Como a natureza mandou V o u S a t i s f e i t o, a l e g r i a b a t e n d o n o p e i t o O radinho contando d i r e i t o A vitória do meu tricolor q u e v o u V o u a l t o n o L á O sol quente me leva s a l t o n u m Pro lado contrário d o a s f a l t o Pro lado contrário da dor Um marinheiro me contou Q u e a b o a b r i s a l h e s o p ro u Que vem aí bom tempo Um pescador me confirmou Que um passarinho lhe cantou Que vem aí bom tempo Ando cansado da lida Preocupada, corrida, s u r r a d a , b a t i d a d o s d i a s m e u s Mas uma vez na vida Eu vou viver a vida que eu pedi a Deus
Corrida de jangada Carta ao mar
Meu mestre deu a partida é hora, vamos embora Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli Pros rumos do litoral, vamos embora Elis especial – 1968 Na volta eu venho ligeiro, vamos embora Eu venho primeiro pra tomar seu coração Me multiplicando em sol Tento uma canção pra você É hora, Trago flores, girassóis Não me importa mal me querer É hora, vamos embora É hora, vamos embora, é hora vamos embora O que vai de mim, vem Vamos embora, ora vamos embora De um desejo imenso de ser outra vez É hora, vamos embora, é hora Um barco, um azul vamos embora Outra vez, de tarde, morrer Viração, virando vai Olha o vento, a embarcação Minha jangada não é navio, não Não é vapor nem avião Mas carrega tanto amor Dentro do meu coração Sou seu mestre, meu proeiro Sou segundo, sou primeiro Olha a reta de chegar, olha a reta de chegar Mestre, proeiro, segundo, primeiro Reta de chegar, reta de chegar Meu barco é procissão minha terra é minha igreja Noiva é meu rosário No seu corpo vou rezar Minha noiva é meu rosário No seu corpo vou rezar Ora, Ora vamos embora Vamos embora,vamos embora Vamos embora,vamos embora É hora, vamos embora, é hora vamos embora Nego, vamos embora Velho, vamos embora, nego, vamos embora Vamos, vamos embora, ora, vamos embora É hora, vamos embora,é hora vamos embora
Tributo à
Céu sem naves espaciais Flores, só naturais Só nós dois e as coisas banais Mas não, pra quê
Pra que mundo, segue o mundo Sem o mar, sem amar De que vale o som sideral Ou a rima mais genial Se o amor está aqui neste sal Neste encontro franco e frontal Nesse barco longe do mundo Toda a nossa vida e um segundo Pra dizer do amar que voltei Que sou do mar Sou do mar Do mar
Vira
Sou viramundo virado Nas rondas da maravilha Cortando a faca e facão Os desatinos da vida Gritando para assustar A coragem da inimiga Pulando pra não ser preso Pelas cadeias da intriga Prefiro ter toda a vida A vida como inimiga A ter na morte da vida Minha sorte decidida
mundo
Gilberto Gil/José Carlos Capinam Elis especial – 1968
Sou viramundo virado Pelo mundo do sertão Mas inda viro este mundo Em festa, trabalho e pão Virado será o mundo E viramundo verão O virador deste mundo Astuto, mau e ladrão Ser virado pelo mundo Que virou com certidão Ainda viro este mundo Em festa, trabalho e pão
Mangueira Elis especial – 1968
MANGUEIRA (Assis Valente/Zequinha Reis) Nao há, nem pode haver Como Magueira não há O samba vem de lá, alegria também Morena faceira só Mangueira tem FALA, MANGUEIRA! (Mirabeau/Milton de Oliveira) Fala, Mangueira, fala Mostra a força da tua tradição Com licença da Portela, Favela Mangueira mora no meu coração EXALTACAO À MANGUEIRA (Enéias B. da Silva/Aloísio A. Costa) Mangueira teu cenário é uma beleza Qua a natureza criou, ô ô O morro com seus barracões de zinco Quando amanhece, que esplendor! Todo mundo te conhece ao longe Pelo som do teu tamborim E o rufar do teu tambor Chegou ô ô a Mangueira, chegou! LEVANTA MANGUEIRA (Luis Antonio) Levanta, Mangueira, a poeira do chão Samba de coração Ai, mostra a sandália de prata da mulata Acorda a cuíca e o tamborim Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim Levanta Mangueira, a poeira do chão Samba de coração DESPEDIDA DA MANGUEIRA (Aldo Cabral/Benedito Lacerda) Em Mangueira na hora da minha despedida Todo mundo chorou, todo mundo chorou Foi pra mim a maior emoção da minha vida pois em Mangueira o meu coracao ficou PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO (Ary Barroso) Ficou pra machucar meu coracao!
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Edu Lobo/José Carlos Capinam Elis especial – 1968 Aquarela do Brasil – 1969 Elis Regina in London – 1969
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Noite dos mascarados (La nuit des masques) Chico Buarque/Vs. Pierre Barouh Elis Regina em Paris – 1968 (Com Pierre Barouh)
Noite dos Mascarados Chico Buarque Quando o carnaval chegar – 1972 (Com Chico Buarque)
Ele: Quem é você? Ela: Adivinhe, se gosta de mim Os dois: Hoje os dois mascarados Procuram os seus namorados Perguntando assim: Ele: Quem é você, diga logo Ela: Que eu quero saber o seu jogo Ele: Que eu quero morrer no seu bloco Ela: Que eu quero me arder no seu fogo Ele: Eu sou seresteiro Poeta e cantor Ela: O meu tempo inteiro Só zombo do amor Ele: Eu tenho um pandeiro Ela: Só quero um violão Ele: Eu nado em dinheiro Ela:Não tenho um tostão Fui porta-estandarte Não sei mais dançar Ele: Eu, modéstia à parte Nasci pra sambar Ela: Eu sou tão menina Ele: Meu tempo passou Ela: Eu sou Colombina Ele: Eu sou Pierrot Os dois: Mas é carnaval Não me diga mais quem é você Amanhã, tudo volta ao normal Deixe a festa acabar Deixe o barco correr Deixe o dia raiar Que hoje eu sou Da maneira que você me quer O que você pedir Eu lhe dou Seja você quem for Seja o que Deus quiser Seja você quem for Seja o que Deus quiser
Qui êtes-vous?tu dois deviner Si tu m'aimes, tous les deux on se cache Aujourd'hui asques Derrière nos mnder Pour se dema ite v es it D s? u o v es êt i Qu tu m'invites x u je el u q à i o m is D suite ta à e r d n o f e m is a r d Je vou uite f la e n en r p n 'o u q is a Je voudr anteur h c et e èt o p e, d n o b a g Moi, je va onde qui mène au bonheur J'ai perdu la rrs les routes Moi, je cou moi Je reste chez déroute L'amour me pas... Je n'y croyais rapeau d n u te r o p je e r a f n a Moi, dans la fart, je joue bien du pipeau Modestie à p ragile Je suis si f trop J'ai dix ans dme bine Je suis colo rot Je suis pier ui tu es q i u 'h d r u jo u a te r o p m et qu'i Mais c'ést Carevnaievnadl ra normal Demain tout ruedt va finir, laissons le temps courir Demain to ur sa lumière Laisse au jo urd'hui je suis ce que tu attends de moi Aujo verra n o e, ir a f s n so is la x Si tu veu rouvera et r se n o in a em d e u q Peut-être que demain on se reconnaîtra Peut-être La, la, la, la...
Baden Powell/Vinícius de Morais Elis Regina em Paris – 1968
Deixa, Fale quem quiser falar, meu bem. Deixa, Deixe o coração falar também, Porque ele tem razão demais quando se queixa. Então a gente deixa, deixa, deixa, Deixa, Ninguém vive mais do que uma vez. Deixa, Diz que sim prá não dizer talvez. Deixa, A paixão também existe. Deixa, Não me deixe ficar triste.
Aquarela do Brasil / Nega do cabelo duro
A noite do meu bem (La nuit de mon amour) Dolores Duran/Vs. Pierre Barouh Elis Regina em Paris – 1968
Ce soir Je veux trouver la rose la plus belle Et la première étoile qui m'appelle Pour célébrer la nuit de mon amour Ce soir Je veux la paix des enfants qui s'endorment Je veux l'écho d'une vie qui se forme Pour célébrer la nuit de mon amour Ce soir Je veux la joie d'un voilier qui s'élance Et l'abandon d'une main qui s'avance Pour célébrer la nuit de mon amour Ce soir Je voudrais toute la beauté du monde Pour que ce soit la nuit la plus profonde Puisqu'elle sera la nuit de mon amour Pourtant Ces joies soudain me semblent incertaines Je ne peux croire qu'elle serait vaine Cette espérance qui me vient de toi Ah... Mais cet amour tant me tarde à venir Que je ne sais plus comment retenir Cette tendresse Que je veux offrir...
Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 Saudade do Brasil – 1980
AQUARELA DO BRASIL (Ary Barroso) Ô, ôi essas fontes murmurantes Ôi onde eu mato a minha sede E onde a lua vem brincá Ôi, esse Brasil lindo e trigueiro É o meu Brasil brasileiro Terra de samba e pandeiro Brasil! Brasil! Prá mim... prá mim... NÊGA DO CABELO DURO (Rubens Soares/David Nasser) Nêga do cabelo duro, Qual é o pente que te penteia ? Qual é o pente que te penteia ? Qual é o pente que te penteia ? Quando tu entras na roda, O teu cabelo serpenteia, O teu cabelo está na moda, Qual é o pente que te penteia ?
Tristeza
Haroldo Lobo/Niltinho Elis Regina em Paris – 1968
Tristeza, Por favor vai embora, Minha alma que chora, Está vendo o meu fim, Fez do meu coração a sua moradia, Já é demais o meu penar, Quero voltar àquela vida de alegria, Quero de novo cantar. La, ra, ra, ra, La, ra, ra, ra, ra, ra, La, ra, ra, ra, ra, ra, Quero de novo cantar.
Um novo rumo Artur Verocal/Geraldo Flach I Festival Universitario da Musica Popular Brasileira (1968)
Vou caminhando sem caminho Em cada passo vou levando meu cansaço O que me espera? Uma terra, um desencontro A cidade, a claridade E essa estrada não tem volta Lá se solta o fim do mundo Um fim incerto que me assusta Longe ou perto, se prepara Ninguém para para pensar Para olhar a dor que chora a morte De um valente lutador Quem fui, já não sou Vou chegando à encruzilhada descobrir Um caminho e uma nova direção Onde piso vou deixando o que não sou Vou para luta Não paro não Vou para luta, agora eu vou Não paro não Tem tanta gente que se vai A imensidão do seu querer Querendo vida sem a morte Ser mais forte sem sofrer E ter certeza sem buscar Ganhar o amigo sem se dar Sem semear, colher o amor O amor ferido pela guerra Quem na terra desconhece Aparece sem valor Ergo meu braço qual alguém Que já caiu mas levantou Quem fui, já não sou Vou chegando à encruzilhada descobrir Um caminho e uma nova direção Onde piso vou deixando o que não sou Vou para luta Não paro não Vou para luta, agora eu vou Não paro não
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Deixa
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O barquinho
Récit de Cassard
Roberto menescal/Ronaldo Bôscoli Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 Elis Regina in London – 1969
Dia de luz festa de sol E o barquinho a navegar No macio azul do mar Tudo é verão o amor se faz Num barquinho pelo mar Que desliza sem parar Sem intenção nossa canção Vai saindo deste mar e o sol Beija o barco e luz, dias tão azuis Festa do mar, desmaia o sol E o barquinho a deslizar E a vontade de cantar Céu tão azul, ilhas do sul E o barquinho coração Deslizando na canção Tudo isso é paz, tudo isso traz Uma calma de verão e então O barquinho vai, a tardinha cai O barquinho vai
Giro
Antonio Adolfo/Tibério Gaspar Elis, como e porque – 1969 Elis Regina in London – 1969
Hoje a cidade inteira se enfeitou Coberta de alegria, a noite serenou A casa branca, praça e chafariz Da rua principal à porta da matriz Tem lua acesa clareando o chão Tem moça pra dançar de saia de algodão Tem violeiro violando o amor Cantando em verso a paz, desponta um cantador De ponta a ponta Bandas e cordões E a lua tonta Gira os corações No giro, dança Quem quer se alegrar Velho ou criança Vem que tem lugar Sobe o foguete acarinhando o céu E a rua floresceu bandeiras de papel A vida em festa num giro girou Tristeza adormeceu e a noite serenou
Michel Legrand/Jacques Deny Elis, como e porque – 1969
Autrefois, j'ai aimé une femme Elle ne m'aimait pas, on l'appellait Lola Autrefois.
Vera Cruz
Déçu, j'ai voulu l'oublier Alors j'ai quitté la France, je suis allé au bout du monde
Milton Nascimento/Márcio Borges Elis, como e porque – 1969
Hoje foi que a perdi Mas onde, já nem sei Me levo para o mar Em Vera me larguei E deito nesta dor Meu corpo, sem lugar Ah! quisera esquecer A moça que se foi De nossa Vera Cruz E o pranto que ficou Do norte que sonhei Das coisas do lugar Nos rios me larguei Correndo sem parar Buscava Vera Cruz Nos campos e no mar Mas ela se soltou Pra longe se perdeu Quero em outra mansidão Um dia ancorar E ao vento me esquecer Que ao vento me amarrei E nele vou partir Atrás de Vera Cruz Ah! quisera encontrar A moça que se foi Do lar de Vera Cruz E o pranto que ficou Do norte que perdi Das coisas do lugar
je ne pense qu'à elle
O sonho
j'ai voulu vous parler franchement vous ne m'en voulez pas il n'est pas question d'influencer Genevieve, Genevieve est libre
Egberto Gismonti Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969
Sinto que é hora Salto Meu foguete some queimando espaço Tudo vejo e abraço A vaidade Estou morando em pleno céu Namorando o azul Ando no espaço louco Meu foguete segue deixando traços Entre estrelas vejo a liberdade E fotografo todo o céu E revelo paz Busco cores e imagens Faltam pássaros e flores Coração na mão Corpo solto Estou entre estrelas Vou deitar neste luar Indo de encontro ao riso Do quarto minguante E o sol queimando A pele branca Despertando Vejo a cama e meu amor Acordado estou Choro… Choro… Choro…
Andança
Danilo Caymmi/Edmundo Souto Elis, como e porque – 1969
Vim.Tanta areia andei Da lua cheia eu sei Uma saudade imensa Vagando em verso eu vim Vestida de cetim Na mão direita rosas vou levar Me dá amor Amor Me leva amor Por onde for quero ser seu par Rodei de roda andei Dança da moda eu sei Cansei de se sozinha Verso encantado usei Meu namorado é rei Nas lendas do caminho onde andei Me dá amor Amor Me leva amor Por onde for quero ser seu par
Memórias de Marta Saré Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Elis, como e porque – 1969
Pingarrilho/Marcos Vasconcelos Elis, como e porque – 1969
Ela agora mora só no pensamento Ou então no firmamento Em tudo que no ceu viaja Pode ser um astronauta Um passarinho Pé de vento Pipa de papel de seda Quem sabe um balãozinho Ou estar num asteróide Na estrela Dalva que daqui se olha Pode estar morando em Marte Nunca mais se soube dela Desapareceu
Wave
Tom Jobim Aquarela do Brasil – 1969 Saudade do Brasil – 1980
Vou te contar, Os olhos já não podem ver Coisas que só o coração pode entender Fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho O resto é mar, É tudo que eu nem sei contar São coisas lindas que eu tenho pra te dar Vem de mansinho a brisa e me diz É impossível ser feliz sozinho Da primeira vez era a cidade Da segunda o cais e a eternidade Agora eu já sei Da onda que se ergueu no mar E das estrelas que esquecemos de contar O amor se deixa surpreender Enquanto a noite vem nos envolver
Cristal de lua Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro O rosário obrigatório A janta lá na cozinha Todo dia à mesma hora As estórias de Dorinha Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro, pra dentro A lanterna azul partida A dor, a palmatória, a raiva A cantiga mais sentida Um galope de cavalo Mestre severino Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro, pra dentro Bate forte o coração Dor no peito magoado O sorriso mais sem jeito Do primeiro namorado Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro, pra dentro Moço Severino Por do sol Pra dentro Marta Saré
A volta
Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli Aquarela do Brasil – 1969 Elis Regina in London – 1969
Quero ouvir a sua voz E quero que a canção seja você E quero, em cada vez que espero Desesperar, se não te vir É triste a solidão É longe o não te achar Que lindo é o seu perdão Que festa é o seu voltar Mas quero que você me fale Que você me cale Caso eu perguntar Se o que a faz tão linda Foi sua pressa de voltar Levanta e vem correndo Me abraça e sem sofrer Me beija longamente O quanto a solidão precisa para morrer
A time for love Webster/John Mandel Elis Regina in London – 1969
A time for summer skies For humming-birds and butterflies For tender words that harmonize with love A time for climbing hills For leaning out of window sills Admiring the daffodils above. A time for holding hands together A time for rainbow colored weather A time of make believe that we've been draming of As time goes drifting by The willow bends and so do I But oh, my friends, what ever sky above I've known a time for spring, a time for fall But best of all A time for love
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Samba da Pergunta
A casa lá da fazenda A lua clareando a porta Deixando o brilho claro Nas pedras dos degraus
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Minha
Se você pensa Roberto Carlos/Erasmo Carlos Elis Regina in London – 1969 Elis no Teatro de Praia – 1970
Se você pensa que vai fazer de mim O que faz com todo mundo que te ama Acho bom saber que pra ficar comigo vai ter que mudar Você tem a vida inteira pra viver E saber o que é bom e o que é ruim Acho bom pensar depressa e escolher antes do fim
Why he must have asked Did I just turn and stare in icy silence What was I to do? What can one do When a love affair is over? So now he's gone away And I'm alone With a memory of her last look Vague and drawn and sad I see it still All the heartbreak in his last look How he must have asked, Could I just turn and stare in icy silence What was I to do? What can one do When a love affair is over?
Norman Gimbel/Michel Legrand Elis Regina in London – 1969
Minha Não te encontro Só sei que estas perto E tão longe No silêncio Noutro amor Ou numa estrada Que não deixa Seres minha Como sejas Onde estejas Vou te achar Vou me entregar Vou te amar
Cold, no I won't believe your heart is cold Maybe just afraid to be broken again
How insensitive How insensitive I must have seemed When he told me that he loved me How unmoved and cold I must have seemed When he told me so sincerely Why he must have asked Did I just turn and stare in icy silence What was I to say? What can you say When a love affair is over?
Minha Vai ser minha Desde a hora Que nasceste
One someone who can look in your eyes, And see into your heart Let him find you and watch what happens
Você não sabe Nem nunca procurou saber Que quando a gente ama pra valer O bom é ser feliz e mais nada
Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Norman Gimbel Elis Regina in London – 1969
Watch what happens Let someone start believing in you, Let him hold out his hand Let him touch you and watch what happens
Daqui pra frente, tudo vai ser diferente Você tem que aprender a ser gente O teu orgulho não vale nada
(Insensatez)
Francis Hime/Ruy Guerra Elis no Teatro de Praia – 1970
E é tanto, tanto amor Que até pode assustar Não temas essa imensa sede Que ao teu corpo vou levar
Let someone with a deep love to give Give that deep love to you, And what magic you'll see Let someone give his heart, someone who cares like me Let someone give his heart who cares like me
Irene Caetano Veloso Elis no Teatro de Praia – 1970
Eu quero ir, minha gente Eu não sou daqui Eu não tenho nada Quero ver irene rir Quero ver irene dar sua risada
Minha és e sou só teu Sai de onde estás pra eu te ver Pois tudo tem que acontecer Tem de ser Tem de ser Vem para sempre Para sempre
Perdão não tem Edson Arantes do Nascimento Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
Vexamão
Edson Arantes do Nascimento Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
Não Não vá embora não Outro dia Porque a saudade Me pegaram de surpresa Vai ficar em seu lugar Me deram um violão E fizeram eu cantar Não me faça sofrer A sua ausência Eu todo desajeitado Tenha paciiencia Cantando tudo errado Não vá embora Sem saber como parar Não me deixes não
Foi um tremendo de um vexame Quando você chegou Mas o engraçado Foi recebida de braços abertos É que eu cantava errado Jurava me dar amor E os “puxa” achava bom Ser boazinha E não falar em ir embora Estava o rádio Jornal e a televisão Agora depois de tanto tempo E eu todo sem graça Quer partir sem dizer qual a razão Só fazia láralá Não vá, meu bem Porque depois, perdão não tem
Aquele abraço
Can’t take my eyes off you B. Crewe/B. Gaudio Elis no Teatro de Praia – 1970
You're just too good to be true. Can't take my eyes off you. You'd be like Heaven to touch. I wanna hold you so much. At long last love has arrived And I thank God I'm alive. You're just too good to be true. Can't take my eyes off you.
Este samba vai para Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso. O Rio de Janeiro continua lindo, O Rio de Janeiro continua sendo O Rio de Janeiro, fevereiro e março, Alô, alô Realengo, Aquele abraço, Alô torcida do flamengo, Aquele abraço! Alô, Alô Realengo, Aquele abraço, Alô torcida do flamengo, Aquele abraço! Chacrinha continua balançando a pança, E buzinando a moça e comandando a massa, E continua dando as ordens no terreiro, Alô, alô seu Chacrinha Velho Guerreiro, Alô, alô Terezinha, Rio de Janeiro, Alô, alô seu Chacrinha velho palha ço, Alô, alô Terezinha, Aquele abraço, Alô moçada da favela, aquele abraço, Todo mundo da Portela, aquele abraço, Todo mês de fevereiro, aquele passo, Alô Banda de Ipanema, aquele abraço, Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço, A Bahia já me deu régua e compasso, Quem sabe de mim sou eu, aquele abraço, Pra você que me esqueceu, aquele abraço, Alô Rio de Janeiro, aquele abraço!
Zazueira Jorge Ben Elis Regina in London – 1969 Elis no Teatro de Praia – 1970
Ela vem chegando (ela vem chegando) E feliz vou esperando (e feliz vou esperando) A espera é difícil (a espera é difícil) Mas eu espero sambando (eu espero sambando) Menina bonita do céu azul Ela é uma beleza Menina bonita, você é demais Alegria na minha tristeza Zazueira Zazueira Zazueira Ela vem chegando (ela vem chegando) (e feliz vou esperando) E feliz vou esperando A espera é difícil (a espera é difícil) Mas eu espero sonhando (eu espero sonhando) Uma flor é uma rosa Uma rosa é uma flor É um amor esta menina Esta menina é meu amor Zazueira Zazueira Zazueira
Pardon the way that I stare. There's nothing else to compare. The sight of you leaves me weak. There are no words left to speak, But if you feel like I feel, Please let me know that it's real. You're just too good to be true. Can't take my eyes off you. I love you, baby, And if it's quite alright, I need you, baby, To warm a lonely night. I love you, baby. Trust in me when I say: Oh, pretty baby, Don't bring me down, I pray. Oh, pretty baby, now that I found you, stay And let me love you, baby. Let me love you. You're just too good to be true. Can't take my eyes off you. You'd be like Heaven to touch. I wanna hold you so much. At long last love has arrived And I thank God I'm alive. You're just too good to be true. Can't take my eyes off you. I love you, baby, And if it's quite alright, I need you, baby, To warm a lonely night. I love you, baby. Trust in me when I say: Oh, pretty baby, Don't bring me down, I pray. Oh, pretty baby, now that I found you, stay.
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Gilberto Gil Elis no Teatro de Praia – 1970
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a d a r t s E a d s a v r u c As de Santos Roberto Carlos/Erasmo Carlos Em pleno verão – 1970
Se você pretende saber que m eu sou eu posso lhe dizer. Entre no meu carro e na est rada de Santos você vai me conhecer. Você vai pensar que eu nã o gosto nem mesmo de mim. E que na minha idade só a velocidade anda junto a mim. Só ando sozinho e no meu caminho o tempo é cada vez menor. Preciso de ajuda. Por favor me acuda. Eu vivo muito só. Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo, eu piso mais fundo, corrij o num segundo, não posso parar. Eu prefiro as curvas da est rada de Santos onde eu ten to esquecer um amor que eu tive e vi pelo espelho na distância se perder Mas se o amor que perdi eu novamente encontrar, as curvas se acabam e na estrada de Santos eu não vou mais passar. Não, não vou mais passar.
Baden Powell/Paulo César Pinheiro Em pleno verão – 1970
Não venha querer me consolar Que agora não dá mais pé Nem nunca mais vai dar Também quem mandou se levantar Quem levantou pra sair Perde o lugar E agora, cadê teu novo amor Cadê que ele nunca funcionou Cadê que nada resolveu Quaquaraquaquá, quem riu Quaquaraquaquá, fui eu Quaquaraquaquá, quem riu Quaquaraquaquá, fui eu Ainda sou mais eu Você já entrou na de voltar Agora fica na tua Que é melhor ficar Porque vai ser fogo me aturar Quem cai na chuva Só tem que se molhar E agora cadê, cadê você Cadê que eu não vejo mais, cadê Pois é quem te viu e quem te vê Quaquaraquaquá, quem riu Quaquaraquaquá, fui eu Quaquaraquaquá, quem riu Quaquaraquaquá, fui eu Todo mundo se admira Da mancada que a Terezinha deu Que deu no pira E ficou sem nada ter de seu Ela não quis fazer fé Na virada da maré Breque! Mas que malandro sou eu Pra ficar dando colher de chá Se eu não tiver colher? Vou deitar e rolar! O vento que venta aqui É o mesmo que venta lá E volta pro mandingueiro A mandinga de quem mandigá
Frevo
Jorge Ben Em pleno verão – 1970
Bicho do mato Nego teve aí
Bicho do mato Devagar pra não cair
Bicho do mato
Bicho bonito danado
Bicho do mato Nego teve aí
E disse assim:
Bicho do mato Quero você para mim Eu só vou embora Se você disser que sim
Mas eu só ponho o meu boné Onde eu posso apanhar Devagar se vai ao longe Devagar eu chego lá
Bicho do mato Nego teve aí
Bicho do mato
Devagar pra não cair
Até aí morreu Neves Jorge Ben Em pleno verão – 1970
Se segura malandro Pois malandro que é malandro não se estoura Se segura malandro Pois um dia há de chegar a tua hora Vai cantar, vai brincar sem fantasia Você vai chorar de alegria Pois ela vai voltar pra alegrar o seu coração Pois malandro que é malandro não se estoura não Porque até aí morreu Neves Até aí morreu Neves Até aí morreu das Neves Até aí morreu das Neves Devegar malandro Devagar, cuidado! Afobado come cru Devagar se vai ao longe
Tom Jobim/Vinícius de Morais Em pleno verão – 1970
Vem, vamos dançar ao sol Vem, que a banda vai passar Vem, ouvir o toque dos clarins Anunciando o carnaval E vão brilhando os seus metais Por entre cores mil Verde mar, céu de anil Nunca se viu tanta beleza Ai, meu Deus Que lindo o meu Brasil!
Fechado pra balanço Gilberto Gil Em pleno verão – 1970
Fechado pra balanço Deve ser bom, deve ser bom Tô fechado pra balanço Meu saldo deve ser bom Deve ser bom Vou sambar de roda um pouco Um xaxado bem guardado E mais algum trocado Se tiver gingado eu tô, eu tô, eu tô Eu tô de corpo fechado, eu tô, eu tô Deve ser bom, deve ser bom Tô fechado pra balanço Meu saldo deve ser bom Um pouco da minha grana Vais ter saudade, baiana Ponho sempre por semana Cinco cartas no correio Gasto sola de sapato Mas aqui custa barato Cada sola de sapato Custa um samba, um samba e meio O resto... O resto não dá despesa Viver não me custa nada Viver só me custa a vida E a minha vida foi dada
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e rolar Vou deitar
Bicho do mato
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These are the songs Tim Maia Em pleno verão – 1970 (Com Tim Mais)
Caetano Veloso Em pleno verão – 1970
Tenha medo, não, tenha medo, não Não tenha medo não, tenha medo, não Nada é pior do que tudo Nada é pior do que tudo Nem um não, nenhum senão Nem um ladrão, nem uma escuridão Nada é pior do que tudo Que você já tem no seu coração mudo Nem um cão, nem um dragão Nem um avião, nem uma assombração Nada é pior do que tudo Que você já tem no seu coração mudo
Edson Alencar/Hélio Matheus Em pleno verão – 1970
These are the songs I want to sing These are the songs I want to play I will sing it every time And I sing it every day These are the songs I want to sing and play
Não tenha medo
(Roda, roda e avisa!) Sigo o anúncio e vejo Em forma de desejo o sabonete Em forma de sorvete acordo e durmo na televisão. Creme dental, saúde E vivo num sorriso, paraíso Quase que jogado, impulsionado, no comercial.
Esta é a canção que eu vou ouvir Esta é a canção que eu vou cantar Fala de você, meu bem Do nosso amor também Sei que você vai gostar
Nem um chão, nem um porão nem uma prisão, nem uma solidão Nada é pior do que tudo Que você já tem no seu coração mudo
Copacabana
velha de guerra Joyce/Sérgio Flackman Em pleno verão – 1970
Nós estamos por aí, sem medo Nós, sem medo, estamos por aí Qualquer sorte me espera E a tarde talvez vá me mostrar Treze ventos nas janelas E as praças do mundo a me chamar Sou mais um na multidão Na vitrine dos magazines Procurando uma camisa da cor do mar Mão no bolso, riso lento E a tarde passando devagar Não me encontro na vitrine Não ligo, é difícil me encontrar Sou só eu na multidão E eu queria me ver passar Desfilando com a camisa da cor do mar Olha eu lá!
Comunicação
Só tomava chá Quase que forcado vou tomar café Ligo o aparelho, vejo o Rei Pelé Vamos entao repetir o gol!
Osanah
Tony Osanah Compacto duplo – 1970
Sei prá onde vou Agora eu sei quem sou Sei do meu caminho Eu sei com quem eu vou Descubro riso Invento a luz Tudo é claro para quem quer ver Osanah, Osanah, Osanah Osanah, Osanah, Osanah Pela vida afora eu vou jogando fora As coisas que eu guardei por guardar Um passo à frente Ou volto atrás Mas não fico no meusmo lugar Osanah, Osanah, Osanah Osanah, Osanah, Osanah Não me importa o tempo Eu fico aqui e agora E quero tudo que houver prá querer O que é passado nào volta mais E o futuro ainda não chegou Osanah, Osanah, Osanah Osanah, Osanah, Osanah
E na lua sou Mais um astronauta-patrocinador Chego atrasado perco o meu amor Mais um anúncio sensacional! Ponho um aditivo dentro da panela, gasolina Passo na janela da cozinha tem mais um fogão Tocam a campainha Mais uma pesquisa e eu respondo Que enlouquecendo, já sou fã do comercial! (Na Brastel, tudo a preço de banana! Quem não se comunica, se trumbica! Tereeziiinha...! Estamos pensando em bloco... Conheça o Brasil pela Varig! Ducal... meu nome é Gal!... Ducal!....)
Nada será como antes Milton Nascimento/Ronaldo Bastos Compacto duplo – 1970 Elis – 1972
Eu já estou com o pé nessa estrada Qualquer dia gente se vê Sei que nada será como antes, amanhã Que notícias me dão dos amigos Que notícias me dão de você Sei que nada será como está Amanhã ou depois de amanhã Resistindo na boca da noite um gosto de sol Num domingo qualquer, qualquer hora Ventania em qualquer direção Sei que nada será como antes, amanhã Que notícias me dão dos amigos Que notícias me dão de você Sei que nada será como está Amanhã ou depois de amanhã Resistindo na boca da noite um gosto de sol
A fia de Chico Brito
Ih! Meu Deus do céu! Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza Ela – 1971
Chico Anysio Compacto duplo – 1970
Ih! Meu Deus do céu! Estou rindo à toa Ih! Meu Deus do céu! Ela me afeiçoa
Sou filha de Chico Brito Pai de oito filho maior Nascida em Baturité Criada a carne de sol
Espontaneidade Eu sou, eu sou Na mesticidade Eu vou, eu vou
Sete homem e eu mulher Oito filho prá criá Sete homem prá peixeira E a mulher prá…
A sorte e a morte Ocorrem subitamente
Sou filha de Chico Brito Pai de oito filho maior Nascida em Baturité Criada a carne de sol Sete homem e eu mulher Oito filho prá criá Sete homem prá peixeira E a mulher prá… De tanto piscar o os olhos Já tô ficando zarolha De tanto chamar com a mão Na mão já tenho inté bolha Já fiz duzenta novena Já me cansei de rezar Meus cotovelo tá inchado De no portão debruçar Mas caso de quarquer jeito Caso inté no…
Casa no campo Zé Rodrix/Tavito Compacto duplo – 1970 Elis 1972
Eu quero uma casa no campo Onde eu possa compor muitos rocks rurais E tenha somente a certeza Dos amigos do peito e nada mais Eu quero uma casa no campo Onde eu possa ficar no tamanho da paz E tenha somente a certeza Dos limites do corpo e nada mais Eu quero carneiros e cabras Pastando solenes no meu jardim Eu quero o silêncio das línguas cansadas Eu quero a esperança de óculos E um filho de cuca legal Eu quero plantar e colher com a mão A pimenta e o sal Eu quero uma casa no campo Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé Onde eu possa plantar meus amigos Meus discos e livros E nada mais
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Dos oito filho do velho Tem sete que se casou Os homem fez casamento E cinco já procriou Só eu é que tô sobrando Na certa Deus se enganou Acabo me abilolando Porque meu caso é casar E caso de quarquer jeito Caso inté no…
Estou diante dela A felicidade Exijo a parcela Da cumplicidade Lá vem o crime Se anime É hora de matar a saudade
Golden slumbers John Lennon/Paul McCartney Ela – 1971
Once there was a way to get back homeward Once there was a way to get back home Sleep pretty darling do not cry And I will sing a lullaby Golden slumbers fill your eyes Smiles awake you when you arise Sleep pretty darling do not cry And I will sing a lullaby Boy, you gonna carry that weigth Carry that weight a long time
Cinema Olympia Caetano Veloso Ela – 1971
Não quero mais Essas tardes mornais, normais Não quero mais Video-tapes, mormaço, março, abril Eu quero pulgas mil na geral Eu quero a geral Eu quero ouvir gargalhada geral Quero um lugar para mim, pra você Na matiné do cinema Olympia Tom Mix, Buck Jones Tela e palco Sorvetes e vedetes Socos e coladas Pernas e gatilhos Atilhos e gargalhada geral Do meio-dia até o amanhecer Na matiné do cinema Olympia
Madalena Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza Ela – 1971
Oh, Madalena O meu peito percebeu Que o mar é uma gota Comparado ao pranto meu Fique certa Quando o nosso amor desperta Logo o sol se desespera E se esconde lá na serra Eh Madalena O que é meu não se divide Nem tão pouco se admite Quem do nosso amor duvide. Até a lua se arrisca num palpite Que o nosso amor existe Forte ou fraco, alegre ou triste
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Oh, Madalena, Madalena, Madalena, Madalena Oh Ma, oh Mada, oh Madale Oh Madale, le, le, le oh Ma, oh Mada
Falei e disse
Aviso aos navegantes
Black is beautiful
Mulher, se Deus não criasse você Ele próprio custava a crer Mas só que tem que não dá pé você Ser a mulher de quem Vinícius falou
Esse ano vai sobrar um Quem falou já morreu Quem sabe dele sou eu A vida quem dá é Deus
Hoje cedo na rua do Ouvidor Quantos brancos horríveis eu vi Eu quero esse homem de cor
Formosa, não faz assim Carinho não é ruim
Quem é malandro não dá Vidinha boa à ninguém Malandro traz no cantar A pinta que o canto tem Briga com quem sabe mais Não dá camisa a ninguém Olha, aqui você faz Aqui mesmo vai entrar bem
Baden Powell/Paulo César Pinheiro Ela – 1971
Eu avisei bem, não faça ingratidão Porque eu também sei dançar conforme a canção E quem vai embora agora sou eu Adeus pra quem já me esqueceu Tá acabada essa parada E agora cada qual no seu lugar Não tem nada se a jogada dela É ver a lua em vez de um lar Teresa é nome de mulher Ah, que pena que me dá Ela não ser mais Teresa mulher
Baden Powell/Paulo César Pinheiro Ela – 1971
Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle Ela – 1971
Um Deus Negro do Congo ou daqui Hoje cedo amante negro eu vou Enfeitar o meu corpo no seu Eu quero esse homem de cor Um Deus Negro do Congo ou daqui Que se integre no meu sangue europeu Black is beautiful black is beautiful Black beauty so beautiful I wanna a black I wanna a beautiful I wanna a black I wanna a beautiful Que se integre no meu sangue europeu Black is beautiful black is beautiful Black beauty so beautiful I wanna a black I wanna a beautiful I wanna a black I wanna a beautiful
César Costa Filho/Aldir Blanc Ela – 1971
Ela sente a solidão do oitavo andar Todo dia à hora triste do jantar Só um copo, só um prato E ao lado um só talher Tudo é um em seu pequeno mundo De mulher Surge a esperança na vida Ela que dança e convida alguém Ao elevador do oitavo andar Pro primeiro amor do oitavo andar Ela e ele qualquer Ela duela o pranto do amor Com ele qualquer Desce e se esquece no elevador
Mundo deserto Roberto Carlos/Erasmo Carlos Ela – 1971
Num mundo deserto de almas negras Me visto de branco Me curo da vida sofrida, sentida Que deram pra mim Num mundo deserto de almas negras Sorriso não nego Mas vejo um sol cego Querendo queimar o que resta de mim Vivo num mundo deserto de almas negras Na vontade da verdade eu quero ficar E não acredito no dito maldito Que o amor já morreu Tenho fé que o meu país Ainda vai dar amor pro mundo Um amor tão profundo, tão grande Que vai reviver quem morreu Vivo num mundo deserto de almas negras
Com ele qualquer Ela lembra a vida do interior Ela na varanda espera seus irmãos Mesa posta, luz de velas, canções Ela brinca de princesa E vem o carnaval Passa a Páscoa em paz consigo, no quintal Os dias frios de junho As rendas brancas nos punhos, balões E um dia no teatro do local Ela é a virgem no presépio de Natal Ela e um dia qualquer É na varanda, Páscoa, Natal Com um ele qualquer Ela duela o pranto do amor Sozinha outra vez No oitavo andar onde tudo é um
Estrada do sol
Tom Jobim/Dolores Duran Ela – 1971
Quero que você me dê a mão Vamos sair É de manhã, vem o sol, Mas os pingos da chuva que ontem caiu Ainda estão a brilhar, Ainda estão a dançar Ao vento alegre Que me traz esta canção. Quero que você me dê a mão, Vamos sair por aí Sem pensar no que foi que sonhei, Que chorei, que sofri, Pois a nossa manhã Já me fez esquecer, Me dê a mão, vamos sair prá ver o sol.
Os argonautas Caetano Veloso Ela – 1971
O barco, meu coração não aguenta Tanta tormenta, alegria Meu coração não contenta O dia, o marco, meu coração O porto, não Navegar é preciso, viver não é preciso O barco, noite no céu tão bonito Sorriso solto perdido Horizonte, madrugada O riso, o arco, da madrugada O porto, nada Navegar é preciso, viver não é preciso O barco, o automóvel brilhante O trilho solto, o barulho Do meu dente em tua veia O sangue, o charco, barulho lento O porto silêncio Navegar é preciso, viver não é preciso
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Ela
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Alô, alô.
Bala com
Taí Carmem Miranda Heitor/Maneco/Wilson Diabo Os maiores sambas enredos de todos os tempos – 1971
Uma pequena notável Cantou muito samba É motivo de carnaval Pandeiro, camisa listrada Tornou a baiana internacional
Tiradentes
Seu nome corria chão Na boca de toda gente Que grilo é esse? Vou embarcar nessa onda É o Império Serrano que canta Dando uma de Carmem Miranda Cai, cai, cai, cai Quem mandou escorregar Cai, cai, cai, cai É melhor se levantar, oi
Décio Antonio Carlos/Penteado/Estanislau Silva Os maiores sambas enredos de todos os tempos Volume 2 – 1972
Joaquim José da Silva Xavier Morreu a 21 de abril Pela independência do Brasil Foi traído e não traiu jamais A inconfidência de Minas Gerais Joaquim José da Silva Xavier Era o nome de Tiradentes Foi sacrificado pela nossa liberdade Esse grande herói pra sempre deve ser lembrado
20 anos blue
Sueli Costa/Vitor Martins Elis – 1972
Hoje de manhã quando acordei Olhei pra vida e me espantei Eu tenho mais de vinte anos Eu tenho mais de mil perguntas sem respostas Estou ligada num futuro blue Os meus pais nas minhas costas As raízes na marquise Eu tenho mais de vinte muros O sangue jorra pelos furos Pelas veias de um jornal Eu não te quero, eu te quero mal Essa calma que inventei, bem sei Custou as contas que contei Eu tenho mais de vinte anos Eu quero as cores e os colírios Meus delírios Estou ligada num futuro blue
Mucuripe Fagner/Belchior Elis – 1972
As velas do Mucuripe Vão sair para pescar Vou levar as minhas mágoas Pras águas fundas do mar Hoje à noite namorar Sem ter medo de saudade Sem vontade de casar Calça nova de riscado Paletó de linho branco Que até o mês passado Lá no campo 'inda era flor Sob o meu chapéu quebrado O sorriso ingênuo e franco De um rapaz novo encantado Com vinte anos de amor Aquela estrela é dela Vida, vento, vela leva-me daqui.
bala João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1972
A sala cala E o jornal prepara Quem está na sala Com pipoca e bala E o urubu sai voando Manso
O tempo corre E o suor escorre, Vem alguém de porre E há um corre-corre E o mocinho chegando Dando Eu esqueço sempre nesta hora, Linda, loura Minha velha fuga em todo impasse Eu esqueço sempre nesta hora, Linda, loura Quanto me custa dar a outra face O tapa estala No balacobaco E é bala com bala E é fala com fala E o galã se espalhando Dando No rala-rala Quando acaba a bala É faca com faca É rapa com rapa Eu me realizando Bambo Quando a luz acende é uma tristeza Trapo, presa Minha coragem muda em cansaço Toda fita em série que se preza Dizem, reza Acaba sempre no melhor pedaço
Olhos abertos Zé Rodrix/Guttenberg Guarabyra Elis – 1972
Depois da ponte, uma estrada de terra Molhada de chuva Cercada pelo silêncio E sem nenhum pedaço de amor Vendo os olhares desertos De tantas pessoas antigas Tantas pessoas amigas Querendo um cigarro e um carinho Gente que puxa uma briga na estrada Com os olhos brilhando Precisa só de um abraço Bem forte e bem dado E eu quero encontrar as pessoas De mãos e de olhos abertos Sem me preocupar Com dinheiro e posição Eu preciso encontrar as pessoas Ficar de mãos dadas com elas Conversar com a boca E os olhos do coração
Atrás da porta Francis Hime/Chico Buarque Elis – 1972
Quando olhaste bem nos olhos meus E o teu olhar era de adeus Juro que não acreditei, eu te estranhei Me debrucei sobre teu corpo e duvidei E me arrastei e te arranhei E me agarrei nos teus cabelos No teu peito, teu pijama Nos teus pés ao pé da cama Sem carinho, sem coberta No tapete atrás da porta Reclamei baixinho Dei pra maldizer o nosso lar Pra sujar teu nome, te humilhar E me vingar a qualquer preço Te adorando pelo avesso Pra mostrar que ainda sou tua Só pra provar que inda sou tua
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Atravessando uma ponte, de noite No meio da chuva Cercada pelo silêncio Daquela cidade do interior
Cais
Vida de bailarina
Para quem quer se soltar Invento o cais Invento mais que a solidão me dá Invento a lua nova a clarear Invento o amor E sei a dor de me lançar
Quem descerrar a cortina Da vida da bailarina Há de ver cheio de horror Que no fundo do seu peito Abriga um sonho desfeito Ou a desgraça de um amor
Eu queria ser feliz invento o mar Invento em mim o sonhador
Os que compram o desejo Pagando amor a varejo Vão falando sem saber Que ela é forçada a enganar Não vivendo pra dançar Mas dançando pra viver
Milton Nascimento/Ronaldo Monteiro Elis – 1972
Para quem quer me seguir Eu quero mais Tenho o caminho que sempre quis E um saveiro pronto prá partir Invento o cais E sei a vez de me lançar
Américo Seixas/Dorival Silva Elis – 1972
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Águas de março Tom Jobim Elis – 1972 Elis & Tom – 1974 (Com Tom Jobim) Montreaux jazz Festival – 1982
É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol É peroba no campo, é o nó da madeira Caingá candeia, é o matita-pereira É madeira de vento, tombo da ribanceira É o mistério profundo, é o queira ou não queira É o vento ventando, é o fim da ladeira É a viga, é o vão, festa da cumeeira É a chuva chovendo, é conversa ribeira Das águas de março, é o fim da canseira É o pé, é o chão, é a marcha estradeira Passarinho na mao, pedra de atiradeira É uma ave no céu, é uma ave no chão É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão É o fundo do poço, é o fim do caminho No rosto um desgosto, é um pouco sozinho É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando É a luz da manha, é o tijolo chegando É a lenha, é o dia, é o fim da picada É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada É o projeto da casa, é o corpo na cama É o carro enguiçado, é a lama, é a lama É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã É um resto de mato na luz da manhã São as águas de março fechando o verão É a promessa de vida no teu coração É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É uma cobra, é um pau, é João, é José É um espinho na mão, é um corte no pé São as águas de março fechando o verão É a promessa de vida no teu coração É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã É um belo horizonte, é uma febre terçã São as águas de março fechando o verão É a promessa de vida no teu coração É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho
Doente morena Gilberto Gil/Duda Elis – 1973 Luz das Estrelas – 1984
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De manhã cedo ela sai Leva a chave Me deixa trancado O dia inteiro Não ligo Deito sobre os trilhos E vejo o trem passar Entre brinquedos, cigarros O Tesouro da Juventude Em não sei quantos volumes E quando canto Deixo a imaginação voar Mas ontem à noite A mão sobre meus cabelos Ela me disse: "Meu bem, não tenha medo No verão que vem Nós vamos à praia"
Me deixa em paz Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza Elis – 1972
Paz!
Que eu já não aguento mais Me deixa em paz Sai de mim Me deixa em paz
Vai!
Hoje o fogo se apagou Nosso jogo terminou Vai prá onde Deus quizer Já é hora de De voce partir Não adianta mais ficar
Boa noite, amor
Oriente
Boa noite amor Meu grande amor Contigo sonharei
Se oriente, rapaz Pela constelação do Cruzeiro do Sul Se oriente, rapaz Pela constatação de que a aranha Vive do que tece Vê se não se esquece Pela simples razão de que tudo merece Consideração
Maria José de Abreu/Francisco Matoso Elis – 1972
E a minha dor esquecerei Se eu souber que o sonho teu Foi o mesmo sonho meu Boa noite, amor E sonhe enfim Pensando sempre em mim Na carícia de um beijo Que ficou no desejo Boa noite, meu grande amor.
Gilberto Gil Elis – 1973
Considere, rapaz A possibilidade de ir pro Japão Num cargueiro do Lloyd lavando o porão Pela curiosidade de ver Onde o sol se esconde Vê se compreende Pela simples razão de que tudo depende De determinação Determine, rapaz Onde vai ser seu curso de pós-graduação Se oriente, rapaz Pela rotação da Terra em torno do Sol Sorridente, rapaz Pela continuidade do sonho de Adão
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O caçador de
Agnus sei
João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1973
Faces sob o sol, os olhos na cruz Os heróis do bem prosseguem na brisa na manhã Vão levar ao reino dos minaretes A paz na ponta dos arietes A conversão para os infiéis Para trás ficou a marca da cruz Na fumaça negra vinda na brisa da manhã Ah, como é difícil tornar-se herói Só quem tentou sabe como dói Vencer Satã só com orações Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não! Dominus dominium juros além Todos esses anos agnus sei que sou também Mas ovelha negra me desgarrei O meu pastor não sabe que eu sei Da arma oculta na sua mão Meu profano amor eu prefiro assim À nudez sem véus diante da Santa Inquisição Ah, o tribunal não recordará Dos fugitivos de Shangri-Lá O tempo vence toda a ilusão Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não!
esmeralda
João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei Elis – 1973
Verde que te quiero oro Bandeiras removendo a terra Esmeralda que aguarda agora No riacho além de Tordesilhas E Fernão se apaixonou como um selvagem Pela sereia do sertão Na água, imagem virgem Miragem esverdeada
Meio de
Gilberto Gil Elis – 1973
No mel das abelhas e nos frutos O gosto dela, febre da paixão Fernão se esmerava na conquista De esmeralda, inferno de Fernão
Prezado amigo Afonsinho Eu continuo aqui mesmo Aperfeiçoando o imperfeito Dando tempo, dando um jeito Desprezando a perfeição Que a perfeição é uma meta Defendida pelo goleiro Que joga na seleção E eu não sou Pelé, nem nada Se muito for eu sou um Tostão
E um dia no Fusca duas portas, dois amantes Fernão louco, Esmeralda desvairada O enleio dos delirantes No Recreio dos Bandeirantes
Cabaré
João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1973
Fazer um gol nesta partida não é fácil, meu irmão Entrou de bola, e tudo!
Na porta lentas luzes de neon Na mesa flores murchas de crepon E a luz grená filtrada entre conversas Inventa um novo amor, loucas promessas De tomara-que-caia surge a crooner do norte Nem aplausos, nem vaias: um silêncio de morte Ah, quem sabe de si nesses bares escuros Quem sabe dos outros, das grades, dos muros No drama sufocado em cada rosto A lama de não ser o que se quis A chama quase morta de um sol posto A dama de um passado mais feliz Um cuba-libre treme na mão fria Ao triste strip-tease da agonia De cada um que deixa o cabaré Lá fora a luz do dia fere os olhos Ah, quem sabe de si nesses bares escuros Quem sabe dos outros
campo
Ladeira da Preguiça
João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1973
Em tudo o que me acontecer O dedo da comadre tá Na corda quando escurecer Anágua da comadre lá Branco de doer Me convidando a imaginar Se o vento bater A ginga que a comadre dá
Essa ladeira Que ladeira é essa? Essa é a Ladeira da Preguiça
Folhas secas
Nélson Cavaquinho/Guilherme de Brito Elis – 1973
Quando eu piso em folhas secas Caídas de uma mangueira Penso na minha escola E nos poetas da minha Estação Primeira
E a ginga da comadre tá Não sei quantas vezes Em tudo que me acontecer Subi o morro cantando No copo que eu me embriagar Sempre o sol me queimando E assim vou me acabando Se relampejar Se eu adoecer Quando o tempo avisar Se a febre aumentar Que eu não posso mais sambar A comadre vem Sei que vou sentir saudade Ao lado do meu violão Na palha que eu adormecer Da minha mocidade Nas águas em que eu me lavar E na pitanga que eu morder Quando eu piso em folhas secas Na arapuca que eu armar Caídas de uma mangueira Penso na minha escola Onde eu me esconder E nos poetas da minha Estação Primeira Em tudo quanto eu pude olhar No que ouvi dizer Não sei quantas vezes A ginga da comadre tá Subi o morro cantando Sempre o sol me queimando No samba que eu me exceder E assim vou me acabando No doce que eu me lambuzar E assim vou me acabando Na hora que eu endoidecer E assim vou me acabando Se o sangue espirrar Se a ferida arder Se a boca chupar A comadre vem
Preguiça que eu tive sempre De escrever para a família E de mandar contar pra casa Que esse mundo é uma maravilha E pra saber se a menina já conta as estrelas E sabe a segunda cartilha E pra saber se o menino já canta cantigas E já não bota mais a mão na barguilha E pra falar do mundo, falar uma besteira Formenteira é uma ilha Onde se chega de barco, mãe Que nem lá Na Ilha do Medo Que nem lá Na Ilha do Frade Que nem lá Na Ilha de Maré Que nem lá Salina das Margaridas Essa ladeira Que ladeira é essa? Essa é a Ladeira da Preguiça Ela não é de hoje Ela é desde quando Se amarrava cachorro com linguiça
É com esse que eu vou Pedro Caetano Elis – 1973
É com esse que eu vou Sambar até cair no chão É com esse que eu vou Desabafar na multidão Se ninguém se animar Eu vou quebrar meu tamborim Mas se a turma gostar Vai ser pra mim Eu quero ver O ronca ronca da cuíca Gente pobre, gente rica Deputado, senador Quebra, quebra Quero ver uma cabrocha boa No piano da patroa Batucando É com esse que eu vou
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Comadre
Gilberto Gil Elis – 1973
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Conversando no bar Na batucada da vida Ary Barroso Elis – 1974
No dia em que eu apareci no mundo Juntou uma porção de vagabundo Da orgia De noite, teve samba e batucada Que acabou de madrugada Em grossa pancadaria Depois do meu batismo de fumaça Mamei um litro e meio de cachaça Bem puxado E fui adormecer como um despacho Deitadinha no capacho na porta dos enjeitados Cresci olhando a vida sem malícia Quando um cabo de polícia Despertou meu coração E como eu fui pra ele muito boa Me soltou na rua à toa Desprezada como um cão E hoje que eu sou mesmo da virada E que eu não tenho nada, nada E por Deus fui esquecida Irei cada vez mais me esmulambando Seguirei sempre cantando Na batucada da vida
Travessia
Milton Nascimento/Fernando Brant Elis – 1974
Quando você foi embora Fez-se noite em meu viver Forte eu sou, mas não tem jeito Hoje eu tenho que chorar Minha casa não é minha E nem é meu este lugar Estou só e não tem resisto Muito tenho pra falar Solto a voz nas estradas, já não quero parar Meu caminho é de pedra, como posso sonhar? Sonho feito de brisa vento vem terminar Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar Vou seguindo pela vida Me esquecendo de você Eu não quero mais a morte Tenho muito que viver Vou querer amar de novo E se não der não vou sofrer Já não sonho, hoje faço Com meu braço o meu viver
Milton Nascimento/Fernando Brant Elis – 1974 Saudade do Brasil – 1980
Lá vinha o bonde no sobe e desce ladeira E o motorneiro parava a orquestra um minuto Para me contar casos da campanha da Itália E de um tiro que ele não levou Levei um susto imenso nas asas da Pan Air Descobri que as coisas mudam E que o mundo é pequeno nas asas da Pan Air E lá vai menino xingando padre e pedra E lá vai menino lambendo podre delícia E lá vai menino senhor de todo fruto Sem nenhum pecado, sem pavor O medo em minha vida nasceu muito depois Descobri que a minha arma É o que a memória guarda dos tempos da Pan Air Nada existe que não se esqueça Alguém insiste e fala ao coração Tudo de triste existe que não se esquece Alguém insiste e fere o coração Nada de novo existe neste planeta Que não se fale aqui na mesa de bar E aquela briga e aquela fome de bola E aquele tango e aquela dama da noite E aquela mancha e a fala oculta Que no fundo do quintal morreu Morri a cada dia dos dias que vivi Cerveja que tomo hoje É apenas em memória dos tempos da Pan Air A primeira Coca-Cola foi, Me lembro bem agora, nas asas da Pan Air A maior das maravilhas foi Voando sobre o mundo nas asas da Pan Air Em volta dessa mesa velhos e moços lembrando o que já foi Em volta dessa mesa existem outras falando tão igual Em volta dessas mesas existe a rua vivendo o seu normal Em volta dessa rua uma cidade sonhando seus metais Em volta da cidade...
Ponta de areia Milton Nascimento/Fernando Brant Elis – 1974 Montreaux Jazz Festival – 1982
Ponta de areia, ponto final Da Bahia à Minas, estrada natural Que ligava Minas ao porto, ao mar Caminho do ferro mandaram arrancar Velho maquinista com seu boné Lembra o povo alegre que vinha cortejar Maria Fumaça, não canta mais Para moças, flores, janelas e quintais Na praça vazia, um grito um ai Casas esquecidas, viúvas nos portais
O mestre-sala dos mares João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1974 Luz das estrelas – 1984
Há muito tempo nas águas da Guanabara O dragão do mar apareceu Na figura de um bravo feiticeiro A quem a história não esqueceu Conhecido como navegante negro Tinha a dignidade de um mestre-sala E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas Jovens polacas e por batalhões de mulatas Rubras cascatas Jorravam das costas dos santos Entre cantos e chibatas Inundando o coração Do pessoal do porão Que a exemplo do feiticeiro gritava, então: Glória aos piratas, às mulatas, às sereias, Glória à farofa, à cachaça, às baleias, Glória a todas as lutas inglórias Que através da nossa história Não esquecemos jamais. Salve o navegante negro Que tem por monumento As pedras pisadas do cais
Dois prá lá,
Caça à raposa
dois prá ca
João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1974
O olhar dos cães A mão nas rédeas E o verde da floresta
Sentindo frio em minh'alma Te conv i d e i p r a d a n ç a r A t u a vo z m e a c a l m av a São dois pra lá, dois pra cá Meu coração traiçoeiro Batia mais que o bongô Tremia mais que as maracas Descompassado de amor
Maria Rosa
Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves Elis – 1974
M i n h a c a b e ç a ro d a n d o Rodava mais que os casais O teu perfume gardênia E não me pergunte mais
Vocês estão vendo aquela mulher de cabelos brancos Vestindo farrapos calçando tamancos Pedindo nas portas pedaços de pão ? A conheci quando moça era um anjo de formosa Seu nome: Maria Rosa, seu sobrenome: Paixão
A tua mão no pescoço As tuas costas macias Por quanto tempo rondaram A s min h a s n o i te s v a zi a s
Os trapos de suas vestes não é só necessidade Cada um, para ela, representa uma saudade Ou de um vestido de baile, ou de um presente , talvez Que algum dos seus apaixonados lhe fez
No dedo um falso brilhante B rin cos i g u a i s a o c o l a r E a ponta de um torturante B an d- a i d n o c a l c a n h a r
Quis certo dia Maria por a fantasia de tempos passados Por em sua galeria uns novos apaixonados Esta mulher que outrora a tanta gente encantou Nenhum olhar teve agora, nenhum sorriso encontrou
Eu hoje me embriagando De whisky com guaraná Ouvi tua voz sussurrando São dois pra lá, dois pra cá.
E então dos velhos vestidos que foram outrora sua predileção Mandou fazer essa capa de recordação Vocês Marias de agora, amem somente uma vez Prá que mais tarde esta capa não sirva em vocês.
O compositor me disse Gilberto Gil Elis – 1974
Compositor me disse que eu cantasse distraidamente essa canção. Que eu cantasse como se o vento soprasse pela boca vindo do pulmão. E que eu ficasse ao lado pra escutar o vento, jogando as palavras pelo ar. O compositor me disse que eu cantasse ligada no vento, sem ligar pras coisas que ele quis dizer. Que eu não pensasse em mim nem em você. Que eu cantasse distraidamente como bate o coração. E que eu parasse aqui. Assim..
Dentes brancos, cães A trompa ao longe, o riso Os cães, a mão na testa O olhar procura, antecipa A dor no coração vermelho Senhorita e seus anéis, corcéis E a dor no coração vermelho O rebenque estala, um leque aponta: foi por lá Um olhar de cão As mãos são pernas E o verde da floresta Oh, manhã entre manhãs A trompa em cima, os cães Nenhuma fresta O olhar se fecha, uma lembrança Afaga o coração vermelho Uma cabeleira sobre o feno Afoga o coração vermelho Montarias freiam, dentes brancos: terminou Línguas rubras dos amantes Sonhos sempre incandescentes Recomeçam desde instantes Que os julgamos mais ausentes Ah! recomecar, recomecar Como canções e epidemias Ah! recomeçar como as colheitas Como a lua e a covardia Ah! recomeçar como a paixão e o fogo E o fogo, e o fogo...
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João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1974
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Pois é
Modinha
Tom Jobim/Chico Buarque Elis & Tom – 1974
Pois é... Fica o dito e o redito por não dito. E é difícil dizer que foi bonito. É inútil cantar o que perdi. Taí.. Nosso mais-que-perfeito está desfeito. E o que me parecia tão direito. Caiu desse jeito sem perdão. Então... Disfarçar minha dor eu não consigo. Dizer: – somos sempre bons amigos, é muita mentira para mim Enfim... Hoje na solidão ainda custo a entender como o amor foi tão injusto pra quem só lhe foi dedicação.
Tom Jobim/Vinícius de Morais Elis & Tom – 1974
Não Não pode mais meu coração Viver assim dilacerado Escravizado a uma ilusão Que é só Desilusão Ah, não seja a vida sempre assim Como um luar desesperado A derramar melancolia em mim Poesia em mim
Pois é... e então ...
Só tinha de ser com você
Vai, triste canção, sai do meu peito E semeia a emoção Que chora dentro do meu coração Coração
Tom Jobim/Chico Buarque Elis & Tom – 1974
É... só eu sei quanto amor eu guardei Sem saber que era só pra você É. Só tinha de ser com você havia de ser prá você Senão era mais uma dor Senão não seria o amor Aquele que o mundo não vê O amor que chegou para dar O que ninguém deu pra você É. Você que é feita de azul Me deixa morar nesse azul Me deixa encontrar minha paz Você que é bonita demais Se ao menos pudesse saber Que eu sempre fui só de você Você sempre foi só de mim
Corcovado Tom Jobim Elis & Tom – 1974 Montreaux Jazz Festival – 1982
Um cantinho, um violão Este amor, uma canção Pra fazer feliz a quem se ama Muita calma pra pensar E ter tempo pra sonhar Da janela vê se o Corcovado O Redentor, que lindo Quero a vida sempre assim Com você perto de mim Até o apagar da velha chama E eu que era triste Descrente desse mundo Ao encontrar você eu conheci O que é felicidade, meu amor
Triste
Tom Jobim Elis & Tom – 1974 Luz das estrelas – 1984
Triste é viver na solidão Na dor cruel de uma paixão Triste é saber que ninguém pode Viver de ilusão Que nunca vai ser Nunca vai dar O sonhador tem que acordar Tua beleza é um avião Demais pra um pobre coração Que para pra te ver passar Só pra me maltratar Triste é viver na solidão Triste é viver na solidão Na dor cruel de uma paixão Triste é saber que ninguém pode Viver de ilusão Que nunca vai ser Nunca vai dar O sonhador tem que acordar.
Retrato em branco e preto Já conheço os passos dessa estrada, Sei que não vai dar em nada, Seus segredos sei de cor. Já conheço as pedras do caminho E sei também que ali sozinho Eu vou ficar tanto pior, O que é que eu posso contra o encanto Desse amor que eu nego tanto, evito tanto E que no entanto volta sempre a enfeitiçar Com seus mesmos tristes velhos fatos Que num álbum de retratos eu teimo em colecionar. Lá vou eu de novo como um tolo, Procurar o desconsolo Que cansei de conhecer. Novos dias tristes, noites claras, Versos, cartas, Minha cara, ainda volto a lhe escrever Pra lhe dizer que isso é pecado, Eu trago o peito tão marcado De lembranças do passado E você sabe a razão. Vou colecionar mais um soneto, Outro retrato em branco e preto A maltratar meu coração.
Inútil paisagem Tom Jobim/Aloysio de Oliveira Elis & Tom – 1974
Mas pra que? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar, pra que? De que serve esta onda que quebra e o vento da tarde? De que serve a tarde? Inútil paisagem Pode ser que nao venhas mais Que não voltes nunca mais De que servem as flores que nascem pelos caminhos Se o meu caminho sozinho é nada?
Brigas nunca mais Tom Jobim/Vinícius de Morais Elis & Tom – 1974
O que tinha de ser Tom Jobim/Vinícius de Morais Elis & Tom – 1974
Porque foste na vida A última esperança Encontrar-te me fez criança Porque já eras meu Sem eu saber sequer Porque és o meu homem E eu tua mulher Porque tu me chegaste Sem me dizer que vinhas E tuas mãos foram minhas com calma Porque foste em minh'alma Como um amanhecer Porque foste o que tinha de ser
Chegou, sorriu, Venceu, depois chorou. Então fui eu Quem consolou sua tristeza, Na certeza de que o amor Tem dessas fazes más, Que é bom para fazer as pazes Mas depois fui eu Quem dela precisou, E ela então me socorreu. E o nosso amor Mostrou que veio pra ficar Mais uma vez, por toda a vida. Bom é mesmo amar em paz, Brigas, nunca mais
Por toda minha vida Tom Jobim/Vinícius de Morais Elis & Tom – 1974
Meu bem-amado Quero fazer-te um juramento uma canção Eu prometo, por toda a minha vida Ser somente tua e amar-te como nunca Ninguém jamais amou, ninguém Meu bem-amado Estrela pura aparecida Eu te amo e te proclamo O meu amor O meu amor Maior que tudo quanto existe Oh, meu amor
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Tom Jobim/Chico Buarque Elis & Tom – 1974
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Soneto de
Chovendo na roseira
Tom Jobim/Vinícius de Morais Elis & Tom – 1974
De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto
Tom Jobim Elis & Tom – 1974
Olha, está chovendo na roseira Que só dá rosa mas não cheira A frescura das gotas úmidas Que é de Luísa Que é de Paulinho Que é de João Que é de ninguém
De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama
Pétalas de rosa carregadas pelo vento Um amor tão puro carregou meu pensamento Olha, um tico-tico mora ao lado E, passeando no molhado, Adivinhou a primavera
Cadeira vazia Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves Lupiscinio Rodrigues na Interpretacao de: – 1974
Entra meu amor fica a vontade E diz com sinceridade O que desejas de mim Entra podes entrar a casa é tua Já q u e can saste d e v i ve r n a r u a E teus sonhos chegaram ao fim Eu sofri demais quando partiste Passei tantas horas triste Que nem devo lembrar esse dia Mas de uma coisa podes ter certeza Que teu lugar aqui na minha mesa Tu a c a d e i r a a i n d a e s t á v a z i a Tu é s a f i l h a p r ó d i g a q u e v o l t a Procurando em minha porta O que o mundo não te deu E faz de conta que sou o teu paizinho Que tanto tempo aqui fiquei sozinho A esperar por um carinho teu Voltaste, estás bem, estou contente Só que me encontraste muito diferente Vo u t e f a l a r d e t o d o o c o r a ç ã o N ão t e dare i c a r i n h o n e m a fe to Mas pra te abrigar podes ocupar meu teto Prá te alimentar podes comer meu pão
Fotografia Tom Jobim
Olha, que chuva boa, prazenteira Elis & Tom – 1974 Que vem molhar minha roseira Eu, você, nós dois Chuva boa, criadeira Aqui neste terraço à beira-mar Que molha a terra O sol já vai caindo Que enche o rio E o seu olhar Que limpa o céu Parece acompanhar a cor do mar Que traz o azul Pétalas de rosa carregadas pelo vento Você tem que ir embora A tarde cai Um amor tão puro carregou meu pensamento Em cores se desfaz, Escureceu Olha, um tico-tico mora ao lado O sol caiu no mar E passeando no molhado E aquela luz Adivinhou a primavera Lá em baixo se acendeu Olha, o jasmineiro está florido Você e eu E o riachinho de água esperta Se lança embaixo do rio de águas calmas Eu, você, nós dois Sozinhos neste bar à meia-luz Ah… você é de ninguém E uma grande lua saiu do mar Parece que este bar já vai fechar E há sempre uma canção Para contar Aquela velha história De um desejo Que todas as canções Têm pra contar E veio aquele beijo Aquele beijo Aquele beijo
De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente Fez-se do amigo próximo, distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente
separação
Alto da Bronze
Boi barroso
Homens de preto
Alto da Bronze, Cabeça quebrada, Praça querida Sempre lembrada A praça 11 da molecada Praça sem branco Do rato branco e do futebol Da garotada endiabrada Das manhãs de sol Guardo a eterna lembrança Do tempo feliz em que eu era criança Do tempo em que a vida era Da minha infância a grande quimera Hoje eu, pobre profano, Me lembro de ti e dos meus desenganos Ó, meu Alto da Bronze dos meus oito anos
Eu mandei fazer um laço do couro do jacaré Pra laçar o boi barroso, num cavalo pangaré
Os homens de preto trazendo a boiada Vêm rindo, cantando, dando gargalhada Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Folclore Música popular do sul – 1975
Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga O teu lugar, ai, é lá na canga Eu mandei fazer um laço do couro da jacutinga Pra laçar o boi barroso, lá no alto da restinga Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga O teu lugar, ai, é lá na canga
Paulo Ruschel Música popular do sul – 1975
Os homens de preto trazendo a boiada Vêm rindo, cantando, dando gargalhada E o bicho coitado não pensa em nada Só vai pela estrada direto a charqueada Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez Os homens de preto trazendo a boiada Vêm rindo, cantando, dando gargalhada Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez Os homens de preto trazendo a boiada Vêm rindo, cantando, dando gargalhada E o bicho coitado não pensa em nada Só vem pela estrada, vem, berrando, berrando, vem berrando O gado coitado, nasceu, foi marcado Aí vai condenado na estrada berrando A querência deixando Os homens marvado empurrando e gritando Toca boi, toca boi O gado coitado, nasceu foi marcado Aí vai condenado direto a charqueada Mas manda a poeira no rumo de Deus Berrando pra ele dizendo pra Deus Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez Os homens de preto, empurrando a boiada Vêm rindo, cantando, dando gargalhada Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
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Paulo Coelho/Foquinha Música popular do sul – 1975
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Como nossos pais Belchior Falso brilhante – 1976
Não quero lhe falar, meu grande amor Das coisas que aprendi nos discos Quero lhe contar como eu vivi E tudo o que aconteceu comigo Viver é melhor que sonhar E eu sei que o amor é uma coisa boa Mas também sei que qualquer canto É menor do que a vida de qualquer pessoa Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina Eles venceram e o sinal está fechado pra nós Que somos jovens Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz Você me pergunta pela minha paixão Digo que estou encantado com uma nova invenção Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova nova estação Eu sei de tudo da ferida viva no meu coração
Velha roupa colorida Belchior Falso brilhante – 1976
Voce não sente, não vê Já faz tempo eu vi você na rua Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo Cabelo ao vento e gente jovem reunida Que uma nova mudança em breve vai acontecer Na parede da memória Essa lembrança é o quadro que dói mais O que há algum tempo era novo e jovem Hoje é antigo Minha dor é perceber E precisamos todos rejuvenescer Que apesar de termos feito tudo que fizemos Ainda somos os mesmos e vivemos Nunca mais seu pai falou "She's leaving home" Como nossos pais E meteu o pé na estrada "Like a Rolling Stone..." Nunca mais você buscou sua menina Nossos ídolos ainda são os mesmos Para correr no seu carro E as aparências não se enganam, não Loucura, chiclete e som Você diz que depois deles Não apareceu mais ninguém Nunca mais você saiu a rua em grupo reunido O dedo em V Você pode até dizer que tou por fora Cabelo ao vento Ou então que tou inventando Amor e flor Mas é você que ama o passado e que não vê Que é do cartaz É você que ama o passado e que não vê Que o novo sempre vem No presente a mente, o corpo é diferente E o passado é uma roupa que não nos serve mais Hoje eu sei que quem deu me deu a idéia De uma nova consciência e juventude Como Poe, poeta louco americano, Está em casa guardado por Deus Eu pergunto ao passarinho blackbird, o que se faz? Contando o vil metal E raven, never, raven, never, raven Minha dor é perceber Blackbird me responde: Que apesar de termos feito tudo tudo o que fizemos "Tudo ja ficou pra trás" Nós ainda somos os mesmos e vivemos E raven, never, raven, never, raven Ainda somos os mesmos e vivemos Assum preto me responde: Como os nossos pais "O passado, nunca mais!"
(Versão 1)
João Bosco/Aldir Blanc Falso brilhante – 1976
Um por todos João Bosco/Aldir Blanc
(Versão 2)
Do ventre chão da terra mãe Do ventre chão da terra mãe Nasce o herói improvisado Nasce o beato improvisado Querido filho pranteado da fortuna e do acaso Querido filho pranteado da fortuna e do acaso Avante! Um por todos e todos por um! Ficam, das lutas ao longe, Duas medalhas pregadas Em peito de bronze E as bandeirinhas e as rifas O foguetório e a fanfarra Meio velório, meio farra O sentimento dos teus pares
Avante! Um por todos e todos por um! Ficam, das lutas de um homem, Bustos de bronze e histórias Que as horas consomem E as bandeirinhas e as rifas O foguetório e a fanfarra Meio velório, meio farra O sentimento dos teus pares
Heróis dos escolares e das lavadeiras Senhor dos escolares e das lavadeiras Oh! Deus das mocas solteiras Oh! Deus das moças solteiras Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira Eu te conheço Sei preço da fama e nao esqueço Que deitei em tua cama, em teu berço Eu sei teu preço Eu te conheço Meu oportuno herói Eu lavo as mãos Pôncio cônscio pilhado em flagrante Lavo as mãos e prossigo adiante Eu por mim mesma Todos por mim Meu oportuno herói
Eu te conheço Sei preço da fama e nao esqueço Que deitei em tua cama, em teu berço Eu sei teu preço Eu te conheço Meu milagroso irmão Eu lavo as mãos Pôncio cônscio pilhado em flagrante Lavo as mãos e prossigo adiante Eu por mim mesma Todos por mim Meu milagroso irmão
Fascinação
F. D. Marchetti/M. de Feraudy/Vs. Armando Louzada Falso brilhante – 1976
Transversal do tempo – 1978
Quero Thomas Roth Falso brilhante – 1976
Quero ver o sol atrás do muro Quero um refúgio que seja seguro Uma nuvem branca, sem pó nem fumaça Quero um mundo feito sem porta, vidraça
Os sonhos mais lindos sonhei De quimeras mil um castelos ergui E no teu olhar, tonto de emoção Com sofreguidão mil venturas vivi
O teu corpo é luz, sedução Poema divino cheio de esplendor Teu sorriso prende Me enebria, entontece És fascinação amor
Quero uma estrada que leve à verdade Quero a floresta em lugar da cidade Uma estrela pura de ar respirável Quero um lago limpo de água potável
Quero voar de mãos dadas com você Ganhar o espaco em bolhas de sabão Escorregar pelas cachoeiras Pintar o mundo de arco-íris
Los hermanos Atahualpa Yupanqui Falso brilhante – 1976
Yo tengo tantos hermanos Que no los puedo contar En el valle, la montaña En la pampa y en el mar Cada cual con sus trabajos Con sus sueños cada cual Con la esperanza delante Con los recuerdos detrás Yo tengo tantos hermanos Que no los puedo contar Gente de mano caliente Por eso de la amistad Con un lloro pa' llorarlo Con un rezo pa' rezar Con un horizonte abierto Que siempre esta mas allá Y esa fuerza pa' buscarlo Con tesón y voluntad Cuando parece mas cerca Es cuando se aleja mas Yo tengo tantos hermanos Que no los puedo contar Y así seguimos andando Curtidos de soledad Nos perdemos por el mundo Nos volvemos a encontrar Y así nos reconocemos Por el lejano mirar Por las coplas que mordemos Semillas de inmensidad. Yo tengo tantos hermanos Que no los puedo contar Y así seguimos andando Curtidos de soledad Y en nosotros nuestros muertos Pa' que nadie quede atrás Yo tengo tantos hermanos Que no los puedo contar Y una hermana muy hermosa Que se llama libertad
Quero rodar nas asas do girassol Fazer cristais com gotas de orvalho Cobrir de flores campos de aço Beijar de leve a face da lua
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Um por todos
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Gracias a la vida Violeta Parra Falso brilhante – 1976
Jardins da infância João Bosco/Aldir Blanc Falso brilhante – 1976
É como um conto de fadas Tem sempre uma bruxa pra apavorar O dragão comendo gente A bela adormecida sem acordar Tudo o que o mestre mandar E a cabra cega roda sem enxergar E você se escondeu E você esqueceu Pique-papos tem distância Pés pisando em ovos, veja você Um tal de pular fogueira, Pistolas, morteiros, vejam vocês Pega malhação de judas E quebra-cabeças, vejam vocês E você se escondeu E você não quis ver Olha o bobo na berlinda Olha o pau no gato Polícia e ladrão Tem carniça e palmatória bem no teu portão Você vive o faz de conta Diz que é de mentira Brinca até cair Chicotinho tá queimando, mamãe posso ir Pique-papos tem distância Pés pisando em ovos, bruxa, dragão Um tal de pular fogueira E a cabra cega vai de roldão Pega malhação de judas E um passarinho morto no chão E você conheceu E você aprendeu
Gracias a la vida, que me ha dado tanto Me dio dos luceros, que cuando los abro Perfecto distingo lo negro del blanco Y en el alto cielo su fondo estrellado Y en las multitudes el hombre que yo amo Gracias a la vida, que me ha dado tanto Me ha dado el oído que, en todo su ancho Graba noche y día grillos y canarios Martillos, turbinas, ladridos, chubascos Y la voz tan tierna de mi bien amado Gracias a la vida, que me ha dado tanto Me ha dado el sonido y el abecedario Con él las palabras que pienso y declaro "Madre,", "amigo," "hermano," y los alumbrando La ruta del alma del que estoy amando Gracias a la vida, que me ha dado tanto Me ha dado la marcha de mis pies cansados Con ellos anduve ciudades y charcos Playas y desiertos, montañas y llanos Y la casa tuya, tu calle y tu patio Gracias a la vida que me ha dado tanto Me dio el corazón, que agita su marco Cuando miro el fruto del cerebro humano Cuando miro al bueno tan lejos del malo Cuando miro el fondo de tus ojos claros Gracias a la vida que me ha dado tanto Me ha dado la risa, y me ha dado el llanto Así yo distingo dicha de quebranto Los dos materiales que forman mi canto Y el canto de ustedes que es el mismo canto Y el canto de todos que es mi propio canto
O cavaleiro e os moinhos
João Bosco/Aldir Blanc Falso brilhante – 1976
Acreditar na existência dourada do sol Mesmo que em plena boca Nos bata o açoite contínuo da noite Arrebentar a corrente que envolve o amanhã Despertar as espadas Varrer as esfinges das encruzilhadas Todo esse tempo foi igual a dormir num navio Sem fazer movimento Mas tecendo o fio da água e do vento Eu, baderneiro, me tornei cavaleiro Malandramente pelos caminhos Meu companheiro tá armado até os dentes Já não há mais moinhos como os de antigamente
Tatuagem Chico Buarque Falso brilhante – 1976
Quero ficar no teu corpo feito tatuagem Que é pra te dar coragem pra seguir viagem Quando a noite vem E também pra me perpetuar em tua escrava Que você pega, esfrega, nega, mas não lava Quero brincar no teu corpo feito bailarina Que logo te alucina, salta e te ilumina Quando a noite vem E nos músculos exaustos do teu braço Repousar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço Quero pesar feito cruz nas tuas costas Que te retalha em postas mas no fundo gostas Quando a noite vem Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva Marcada a frio, a ferro e fogo em carne viva Corações de mães, arpões Sereias e serpentes Que te rabiscam o corpo todo Mas não sentes...
Colagem
Vecchio novo
Se você com muita calma usar sua raça Vai surpreender A surpresa para muitos é uma arma Pra se esconder
Amor sem pé nem cabeça Que vive dentro de nós Explode tão facilmente E sem mais nos esquece só
Se esconder não é tão bom Pra viver, pra morrer
Quantos e tantos presságios Que, por instantes, nos faz Sentir ser forte, moleque E estranhamente encarar
Se você lembrar que tudo é relativo Vai compreender Mas a compreensão por vezes tão sensata Vai lhe conter Se conter não é tão bom Pra viver, pra morrer Se você tentar despir essa colagem Vai se perder E a perda de si próprio é quase um passo Pra conceder Conceder não é tão bom Pra viver, pra morrer, pra nascer Somos homens sem lugar Homens velhos com raça À espera de algum descuido E com cuidado gozamos paz Somos homens bons demais Sufocados pelo mal Só queremos acreditar Que isso tudo pode acabar
Claudio Lucci/José Maria Pereira Elis – 1977
Um belo poema novo Vecchio de tanto amor Amar Vecchio em canto novo Sempre aqui onde está Ah, se eu pudesse abarcar A força da alma vadia Como um costume leal Eu até que não brincaria Como um poema novo Vecchio de tanto amor Amar Vecchio em canto novo Sempre aqui onde está Amor sem pé nem cabeça Que vive dentro de nós Explode tão Sutilmente E, maroto, nos deixa só
Qualquer dia Ivan Lins/Vítor Martins Elis – 1977
Nessa calma sertaneja De quem sabe o que fareja Eu te encontro qualquer dia Eu te encontro qualquer dia Já conheço os teus rastros Já comi no teu prato Já bebi tua cerveja Eu conheço o teu cheiro Eu te encontro qualquer dia Ah! Eu te encontro qualquer dia Logo quem me julgava morto Mas esquecendo a qualquer custo Vai morrer de medo e susto Quando abrir a porta
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Claudio Lucci Elis – 1977
Cartomante Ivan Lins/Vítor Martins Elis – 1977 Transversal do tempo – 1978
Nos dias de hoje é bom que se proteja Ofereça a face pra quem quer que seja Nos dias de hoje esteja tranqüilo Haja o que houver pense nos seus filhos Não Não Não Não
ande nos bares, esqueça os amigos pare nas praças, não corra perigo fale do medo que temos da vida ponha o dedo na nossa ferida
Nos dias de hoje não lhes dê motivo Porque na verdade eu te quero vivo Tenha paciência, Deus está contigo Deus está conosco até o pescoço Já está escrito, já está previsto Por todas as videntes, pelas cartomantes Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas No jogo dos búzios e nas profecias Cai o rei de Espadas Cai o rei de Ouros Cai o rei de Paus Cai, não fica nada
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Morro velho Milton Nascimento Elis – 1977
No sertão da minha terra Fazenda é o camarada que ao chão se deu Fez a obrigação com força Parece até que tudo aquilo ali é seu Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer Orgulhoso camarada de viola em vez de enxada Filho do branco e do preto Correndo pela estrada atrás de passarinho Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos Sempre pequeninos Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver Orgulhoso camarada conta histórias prá moçada Filho do senhor vai embora Tempo de estudos na cidade grande Parte, tem os olhos tristes Deixando o companheiro na estação distante Não esqueça, amigo, eu vou voltar Some longe o trenzinho ao deus-dará Quando volta já é outro Trouxe até sinhá mocinha prá apresentar Linda como a luz da lua Que em lugar nenhum rebrilha como lá Já tem nome de doutor E agora na fazenda é quem vai mandar E seu velho camarada já não brinca mais, trabalha
Caxangá
Milton Nascimento/Fernando Brant Elis – 1977 (Com Milton) Trem azul – 1982
Sempre no coração, haja o que houver A fome de um dia poder moder a carne dessa mulher Veja bem meu patrão como pode ser bom Você trabalharia no sol e eu tomando banho de mar Luto para viver, vivo para morrer Enquanto minha morte não vem eu vivo de brigar contra o rei Em volta do fogo todo mundo abrindo o jogo Conta o que tem pra contar Casos e desejos, coisas dessa vida e da outra Mas nada de assustar Quem não é sincero sai da brincadeira correndo Pois pode se queimar
Queimar!!! Saio do trabalho e... volto para casa e... Não lembro de canseira maior Em tudo é o mesmo suor
Tr a n s v e r s a l João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1977
d o
t e m p o
As coisas que eu sei de mim são pivetes da cidade. Pedem, insistem e eu me sinto pouco à vontade. Fechada dentro de um táxi, numa transversal do tempo. Acho que o amor é a ausência de engarrafamento. As coisas que eu sei de mim tentam vencer a distância. E é como se aguardassem feridas numa ambulância. As pobres coisas que eu sei podem morrer, mas espero. Como se houvesse um sinal sem sair do amarelo.
A dama do apocalipse Branco por cima e o negro de um sorriso herói Trancam-me a mente e eu nego o quanto a dor destrói Rasgam-me o sonho e o mal me põe na vida E a vida me faz sem medo Nos diademas, pragas, anjos de neon Nos holocaustos trompas, flexas, megatons Rasgam-me a terra e o fogo traz a vida E a vida não traz segredo Fecha-se o ar e o sol se nega Nega-se o pão e a paz E o amor me cega Sete rajadas correm, somem E uma mulher Se entrega e se impõe ardente Constante, serpente, vulgar Rasga-se o sonho e o corpo sente a dor crescer Abre-se a mente e o cego vê a luz nascer Trava-se a guerra e o fogo faz a vida E a vida não tem segredo
Sentimental eu fico Renato Teixeira Elis – 1977
Sentimental eu fico Quando pouso na mesa de um bar Eu sou um lobo cansado carente De cerveja e velhos amigos Na costura da minha vida mais um ponto No arremate do sorriso mais um nó Aqui pra nós cantar não tá pra peixe Tem coisa transformando a água em pó E apesar de estar no bar caçando amores Eu nego tudo e invento explicações Amigo velho amar não me compete Eu quero é destilar as emoções Sentimental eu fico Quando pouso na mesa de um bar Eu sou um lobo cansado carente De cerveja e velhos amigos E os projetos todos tolos combinados Perecerão nas margens da manhã Uma tontura solta na cabeça Um olho em Deus e outro com satã E quando o sol raiar desentendido Eu vou ferir a vista na manhã E olharei pra quem vai pro trabalho Com os olhos feito os olhos de uma rã
Romaria Renato Teixeira Elis – 1977
É de sonho e de pó, o destino de um só Feito eu perdido em pensamentos Sobre o meu cavalo É de laço e de nó, de gibeira o jiló, Dessa vida cumprida a sol Sou caipira, Pirapora Nossa Senhora de Aparecida Ilumina a mina escura e funda O trem da minha vida O meu pai foi peão, minha mãe solidão Meus irmãos perderam-se na vida Em busca de aventuras Descasei, joguei, investi, desisti Se há sorte eu não sei, nunca vi Me disseram porém que eu viesse aqui Pra pedir em romaria e prece Paz nos desaventos Como eu não sei rezar, só queria mostrar Meu olhar, meu olhar, meu olhar
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Natan Marques/Crispin del Cistia Elis – 1977
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O rancho da goiabada João Bosco/Aldir Blanc Transversal do tempo – 1978
Sinal Fechado
Paulinho da Viola Transversal do tempo – 1978
– Olá, como vai? – Eu vou indo, e você, tudo bem? – Tudo bem, eu vou indo correndo Pegar meu lugar no futuro. E você? – Tudo bem, eu vou indo em busca De um sono tranqüilo, quem sabe? – Quanto tempo… – Pois é, quanto tempo… – Me perdoe a pressa É a alma dos nossos negócios. – Oh! não tem de quê Eu também só ando a cem – Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí – Pra semana, prometo, talvez nos vejamos – Quem sabe? – Quanto tempo… – Pois é, quanto tempo… – Tanta coisa que eu tinha a dizer Mas eu sumi na poeira das ruas – Eu também tenho algo a dizer Mas me foge a lembrança – Por favor, telefone, eu preciso beber Alguma coisa, rapidamente – Pra semana... – O sinal... – Eu procuro você... – Vai abrir... – Prometo, não esqueço – Por favor, não esqueça – Adeus, – Não esqueço, adeus.
Os boias-frias Quando tomam umas biritas Espantando a tristeza Sonham com bife à cavalo, batata-frita E a sobremesa É goiabada cascão Com muito queijo Depois café, cigarro E um beijo de uma mulata Chamada Leonor ou Dagmar
Deus lhe pague Chico Buarque Transversal do tempo – 1978
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí" Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir Um crime pra comentar e um samba pra distrair Deus lhe pague Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi Deus lhe pague Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair Deus lhe pague Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir E pelo grito demente que nos ajuda a fugir Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscar-bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague
Amar O rádio de pilha O fogão jacaré A marmita O domingo O bar Onde tantos iguais Se reúnem contando mentiras Pra poder suportar Ai, são pais-de-santo, paus-de-araras são passistas São flagelados, são pingentes, balconistas Palhaços, marcianos, canibais, lírios, pirados Dançando, dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria Dos faraós embalsamados
Construção Chico Buarque Transversal do tempo – 1978
Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Tom Jobim/Jararaca Transversal do tempo – 1978
A praia de dentro tem areia A praia de fora tem o mar Um boto casado com sereia Navega num rio pelo mar O corpo dum bicho deu na praia E a alma perdida quer voltar Caranguejo conversa com arraia Marcando a viagem pelo ar Ainda ontem vim de lá do Pilar Ontem vim de lá do Pilar Com vontade de ir por aí Na ilha deserta o sol desmaia Do alto do morro vê-se o mar Papagaio discute com Jandaia Se o homem foi feito pra voar Inhambu cantou lá na floresta E o velho Jereba fêz-se ao ar Sapo querendo entrar na festa Viola pesada pra voar Ainda ontem vim de lá do Pilar Ontem vim de lá do Pilar Com vontade de ir por aí Camiranga, urubu, mestre do vento Urubu caçador, mestre do ar Urutau cantando num lamento Pra lua redonda navegar
Maurício Tapajós/Aldir Blanc Transversal do tempo – 1978
Cão sem dono Sueli Costa/Paulo César Pinheiro Transversal do tempo – 1978
É nas noites que eu passo sem sono Entre o copo, a vitrola e a fumaça Que ergo a torre do meu abandono E que caio em desgraça É nas horas em que a noite faz frio E a lembrança ao castigo me arrasta Solidão é o carrasco sombrio E a saudade a vergasta Se eu cantar a alegria sai falsa Se eu calar a tristeza começa E eu prefiro dançar uma valsa Que ouvir uma peça E eu recuo, eu prossigo e eu me ajeito Eu me omito, eu me envolvo e eu me abalo Eu me irrito, eu odeio, eu exito Eu reflito e me calo
O Brazil não conhece o Brasil O Brasil nunca foi ao Brazil Tapi, jabuti, iliana, alamandra, alialaúde Piau, ururau, aquiataúde Piau, carioca, moreca, meganha Jobim akarare e jobim açu Oh, oh, oh Pererê, camará, gororó, olererê Piriri, ratatá, karatê, olará O Brazil não merece o Brasil O Brazil tá matando o Brasil Gereba, saci, caandra, desmunhas, ariranha, aranha Sertões, guimarães, bachianas, águas E marionaíma, ariraribóia Na aura das mãos do jobim açu Oh, oh, oh Gererê, sarará, cururu, olerê Ratatá, bafafá, sururu, olará Do Brasil S.O.S. ao Brasil Tinhorão, urutú, sucuri O Jobim, sabiá, bem-te-vi Cabuçu, cordovil, Caxambi, olerê Madureira, Olaria e Bangu, olará Cascadura, Água Santa, Pari, olerê Ipanema e Nova Iguaçu, olará Do Brasil S.O.S. ao Brasil Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Saudosa maloca Adoniran Barbosa Transversal do tempo – 1978
Se o sinhô não tá lembrado, dá licença de contar. Ali onde agora está este adifício arto, era uma casa véia, um palacete assobradado. Foi aqui seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca, construimo nossa maloca. Mais um dia – nóis nem pode se alembrá – veio os home co’as ferramenta e o dono mandô derrubá. Peguemos todas nossas coisa, e fumos pro meio da rua apreciá a demolição. Que tristeza que nóis sentia. Cada táuba que caía doía no coração. Matogrosso quis gritar, mas por cima eu falei: – Os home tá co'a razão. Nóis arranja outro lugar. Só se conformemo quando o Joca falou: – Deus dá o frio conforme o cobertor. E hoje nóis pega paia nas grama do jardim. E pra esquecer nóis cantemos assim: – Saudosa maloca... maloca querida! Dim dim donde nóis passemo os dias feliz da nossa vida.
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Boto
Querelas do Brasil
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Meio-termo Lourenço Baeta/Cacaso Transversal do tempo – 1978
Ah! como eu tenho me enganado... Como tenho me matado por ter demais confiado nas evidências do amor. Como tenho andado certo... como tenho andado errado... Por seu carinho inseguro... por meu caminho deserto... Como tenho me encontrado... como tenho descoberto a sombra leve da morte passando sempre por perto. E o sentimento mais breve rola no ar e descreve a eterna cicatriz. Mais uma vez... mais de uma vez... Quase que fui feliz. A barra do amor é que ele é meio êrmo. A barra da morte é que ela não tem meio-termo.
Corpos Ivan Lins/Vítor Martins Transversal do tempo – 1978
Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você. Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você. Procure saber... procure em você... procure em mim. Procure em todos... na lama, no lodo, na febre, no fogo. Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você. Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você.
Violeta de Belford Roxo João Bosco/Aldir Blanc Elis especial – 1979
Vivia entre bordados Pensativa Violeta A branca adolescente De raro encanto e mão frias
Noves fora
Mão fria, coração quente Quem te botou quebranto Vivia triste no canto Passando as contas do terço São José tirando a barba Me lembra alguém que eu conheço
Fagner/Belchior Elis especial – 1979
Meu Deus! O que é que eu faço? Tua beleza tá me carregando pelo braço
É tudo ou nada Noves fora nada É tudo ou nada Noves fora nada A tua falta somada A minha vida tão diminuida Com esta dor multiplicada Pelo fator despedida Deixou minha alma muito dividida Em frações tão desiguais E desde a hora Em que você foi embora Sou um zero e nada mais Um, dois, três Ene infinito Do meu lado esquerdo É você que é demais
É tanto nem se discute no meio, tou meia tantã, lélé. Mas ninguém fica pra sempre na frente de "vejo amanhã" pois é. Barba, cabelo, bigode, na marra você me arrancou, mas quem tem cabelinho na venta, não senta, não vai nesse andor, morou?
é bola ou búlica, é fogo esse jogo, não dá pra enganar, nêga. E, milagre dos milagres Sem jamais haver provado Dá o fora sua louca. O leito nupcial Eu nunca mais vou dormir de touca. Violeta deu à luz Um bebê de vitral, em meio ao "É hoje só" Da terça de carnaval
Credo
O alentado rebento Vai se chamar Juvenal Por sinal o mesmo nome De um sargento do local
Milton Nascimento/Fernando Brant Elis especial – 1979
Caminhando pela noite de nossa cidade Acendendo a esperança e apagando a escuridão Vamos, caminhando pelas ruas de nossa cidade Viver derramando a juventude pelos corações Tenha fé no nosso povo que ele resiste Tenha fé no nosso povo que ele insiste E acorda novo, forte, alegre, cheio de paixão Vamos, caminhando de mãos dadas com a alma nova Viver semeando a liberdade em cada coração Tenha fé no nosso povo que ele acorda Tenha fé em nosso povo que ele assusta Caminhando e vivendo com a alma aberta Aquecidos pelo sol que vem depois do temporal Vamos, companheiros pelas ruas de nossa cidade Cantar semeando um sonho que vai ter de ser real Caminhemos pela noite com a esperança Caminhemos pela noite com a juventude
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Ja rezei até pro meu santo Na terra Canindé Que me dê amor bem grande Que pequeno não dá pé
João Bosco/Aldir Blanc Elis especial – 1979
Chega, já foi tempo do "tá louca" Chega, dá o fora que eu tou nas bocas Um dia um menino cego Chega, eu nunca mais dormi de touca Tocou Violeta e viu Chega eu nunca mais, nunca mais E depois o surdo ouviu Chagas sumiram, curou-se o coxo Selo, carimbo, estampilha no centro da cuca eu levei, calei. Por obra e graça Mas sou marraio no jogo, no tronco ferido eu sou rei, falei. De santa Violeta de Belfort Roxo Tempo há pro tabibitati sotaque só falta engasgar, porque
Da laranja eu quero um gomo Do limão quero um pedaço E da menina mais bonita Eu quero um beijo e um abraço É tudo ou nada Noves fora nada É tudo ou nada Noves fora nada
Ou bola ou búlica
Dinorah, Dinorah Ivan Lins/Vítor Martins Elis especial – 1979
Quando a turma reunia alguém sempre pedia Ah, Dinorah, Dinorah E o malandro descrevia e logo já se via É, Dinorah, Dinorah E até que ela chegasse a um motel de classe Ui, Dinorah, Dinorah Dava um frio na barriga e pé pra muita briga Ui, Dinorah, Dinorah E nos espelhos ela se despe Dança nos olhos uma chacrete E o pessoal na pior: repete! Mas o verdadeiro fato está dentro do quarto Ui, Dinorah, Dinorah Ele abre o seu armário e vê no calendário É, Dinorah, Dinorah E se abraça em frente a ela, o terno, o corpo dela Ui, Dinorah, Dinorah Desenhando na lapela a boca, o beijo dela Ah, Dinorah, Dinorah
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Joana francesa
Bodas de prata
Chico Buarque Elis especial – 1979
João Bosco/Aldir Blanc Elis especial – 1979 Luz das estrelas – 1984
Tu ris, tu mens trop
Você fica deitada de olhos arregalados Ou andando no escuro de peignoir
Tu pleures, tu meurs trop Tu as le tropique
Não adiantou nada Cortar os cabelos e jogar no mar Não adiantou nada o banho de ervas Não adiantou nada o nome da outra No pano vermelho pro anjo das trevas Ele vai voltar tarde cheirando à cerveja Se atirar de sapatos na cama vazia E dormir na hora mormurando: "Dora"
Dans le sang et sur la peau Geme de loucura e de torpor Já é madrugada Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Mas você é Maria Você fica deitada com medo do escuro Ouvindo bater no ouvido O coração descompassado É o tempo, Maria, te comendo feito traça Num vestido de noivado
Mata-me de rir Fala-me de amor Songes et mensonges Sei de longe e sei de cor
Entrudo
Geme de prazer e de pavor Já é madrugada Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Bonita
Vem molhar meu colo Vou te consolar Vem, mulato mole Dance dans mes bras Vem, moleque me dizer Onde é que está Ton soleil, ta braise Quem me enfeitiçou O mar, marée, bateau Tu as le parfum De la cachaça e de suor Geme de preguiça e de calor
Tom Jobim/Gene Lees/Ray Gilbert Elis especial – 1979
What can I say to you Bonita What magic words would capture you Like a soft evasive mist you are Bonita You fly away when love is new What do you ask of me Bonita What part do you want me to play Shall I be the clown for you Bonita I will be anything you say Bonita Don't run away Bonita Bonita Don't be afraid to fall in love with me I love you I tell you I love you, Bonita If you love me Life will be beautiful Bonita, Bonita
Já é madrugada Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Carlos Lyra Elis especial – 1979
Vem, oh minha amada Desce a estrada de rainha Num passo de rancho corre o manto No medo e espanto morre minha alegria Vem, oh, fantasia Arrasta a saia, rasga o dia Meu passo é o compasso na avenida Teu riso que dança, trança, triste e sofrido Se meu abandono Em cinzas frias amanhece Mas o sangue não se cansa Não se esquece de chamar E eu abro alas, jogo lanças Serpentinas de cores feridas E rompo estandartes na avenida em dor Sem céu, sem luz, sem sol, sem cor Mas vem, ou tudo ou nada Meu entrudo, minha espera Meus campos de guerra, vem amada De tanto que eu chamo, canto, peço e preciso
Cai dentro
Baden Powell/Paulo César Pinheiro Essa mulher – 1979 Montreaux Jazz Festival – 1982
Até que eu vou gostar Se de repente combina da gente se cruzar Ora, veja só, pois é, pode apostar Se você gosta de samba, encosta e ve se dá
Francis Hime/Chico Buarque Elis especial – 1979
Valsa, rancha Me faz esquecer Esperar Em mil lágrimas Mil lágrimas Mil lágrimas Valsa, rancha Me faz responder Transbordar Em mil lágrimas Mil lágrimas Mil lágrimas Mil abraços Mil fracassos Meu delírio Teus pedaços Teu calor Seja feito Teu desejo Seja um beijo Seja como for Quantos braços Mil regaços Mil e um noites Faz um outra vez Como se ainda fosse Como é doce Como você fez
Me valsa Me rancha Me faz Me deixa Que criança Que esperança Que prazer Que saudade Que maldade Piedade Que fartura Que loucura Que cruel tortura Nos carinhos teus Minha santa criatura Diz que jura Pela mãe de Deus Valsa, rancha Me faz desfazer Descansar De mil lágrimas Mil lágrimas Mil lágrimas Valsa rancha Me faz duvidar Delirar Prometer Desatar Responder Transbordar Devolver Me acabar Devagar Desmaiar Com você
Vem Pode chegar Que vai ter De balancear De bambolear E aqui no mocó Tem que dizer no gogó Pois é, vem Tem que dar nó, vem Rebolar, remexer, requebrar, vem Bota a baiana pra rodar De cima em baixo eu quero ver Não sossego o facho até acabar Diz que isso é com você Quaquaquá-quará-quaquá Tem nêgo querendo lhe gozar E logo prá cima de “moi” E é por isso que nao tem colher de chá... Não dou Nem vem na cola, que se entrar de sola vai dançar E é prá nunca mais você poder falar Que dá na bola porque na bola você não dá.Viu?
Deixa o mundo e o sol entrar Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle Elis especial – 1979
De repente, vejo bem Eu sou alguém com medo de viver Sou prisioneiro das coisas que eu amei Mas não tem sentido estar na vida Preso a quem não quero mais De outro lado está você Nessas promessas vou, quase sem ver Que esse amor aflito, guardado só pra nós De tão grande já não dá no quarto Pede o mundo e a luz do sol Meu passado já morreu Quem veio dele, sei, vai me entender Que o amor existe enquanto há paixão Siga minha amiga pela vida E que eu viva um novo amor De outro lado estamos nós Sem compromissos, vem, sem lar, sem lei Siga minha amante enquanto houver amor Abre as portas todas deste quarto Deixa o mundo e o sol entrar
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Valsa rancho
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O bêbado e a equilibrista João Bosco/Aldir Blanc Essa mulher – 1979
Caía a tarde feito um viaduto E um bêbado trajando luto Me lembrou Carlitos A lua, tal qual a dona de um bordel Pedia a cada estrela fria Um brilho de aluguel E nuvens, lá no mata-borrão do céu Chupavam manchas torturadas Que sufoco! Louco! O bêbado com chapéu-coco Fazia irreverências mil Pra noite do Brasil
Beguine dodói
João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei Essa mulher – 1979
Olha, meu bem O que restou daquele grande herói Sem ter amor, enlouqueci e ando dodói Como Tarzan depois da gripe, De emplastro sabiá Tomando cana nos botequins Eu vou me acabar Espremo cravos defronte ao espelho Lembrando você Faço novena, tomo gemada Ah, não dá mais! Julio Lousada que me socorra Nessa aflição mortal Maracujina já não resolve Ao recordar Meias fumê, ligas vermelhas e um olhar fatal Minha Dalila, volta depressa Que o teu Sansão tá mal
Meu Brasil Que sonha com a volta do irmão do Henfil Com tanta gente que partiu Num rabo de foguete Chora a nossa pátria, mãe gentil Choram Marias e Clarices No solo do Brasil Mas sei que uma dor assim pungente Não há de ser inutilmente A esperança Dança na corda bamba de sombrinha E em cada passo dessa linha Pode se machucar Azar! A esperança equilibrista Sabe que o show de todo artista Tem que continuar
Essa mulher Joyce/Ana Terra Essa mulher – 1979
De manhã cedo essa senhora se conforma Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos Ah, como essa santa não se esquece De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão Depois sorri meio sem graça E abraça aquele homem, aquele mundo que a faz assim feliz De tardezinha essa menina se namora Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal Ah, como essa coisa é tão bonita Ser cantora, ser artista, isso tudo é muito bom E chora tanto de prazer e de agonia De algum dia, qualquer dia, entender de ser feliz De madrugada essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar Ah, como essa louca se esquece Quanto os homens enlouquece nessa boca, nesse chão Depois parece que acha graça E agradece ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz Essa menina, essa mulher, essa senhora Em quem esbarro a toda hora no espelho casual É feita de sombra e tanta luz De tanta lama e tanta cruz que acha tudo natural
Basta de clamares inocência Cartola Essa mulher – 1979
Basta de clamares inocência Eu sei todo o mal que a mim você fez Você desconhece consciência Só deseja o mal a quem o bem te fez Basta! Não ajoelhes, vá embora Se estás arrempedido Vê se chora Quando você partiu Me disse chora Não chorei Caprichosamente fui esquecendo Que te amei Hoje me encontras tão alegre e diferente Jesus não castiga um filho que está inocente Basta não ajoelhes, vá embora Se estás arrependida Vê se chora
Sueli Costa/Aldir Blanc Essa mulher – 1979
Foi, quem sabe, esse disco Esse risco de sombra em teus cílios Foi ou não meu poema no chão Ou talvez nossos filhos As sandálias de saltos tão altos O relógio batendo, o sol posto, o relógio As sandálias, e eu bantendo em teu rosto E a queda dos saltos tão altos Sobre os nossos filhos Com um raio de sangue no chão Do risco em teus cílios Foram discos demais, desculpas demais Já vão tarde essas tardes e mais tuas aulas Meu táxi, whisky, Dietil, Diempax Ah, mas há que se louvar entre altos e baixos O amor quando traz tanta vida
João Nogueira/Paulo César Pinheiro Essa mulher – 1979
Eu, hein, rosa! Se manca, segura essa banca de escrupulosa Eu, hein, rosa! O meu jogo é na retranca, área muito perigosa Você parece que nem lembra mais de tempos atrás A tua figura era vergonhosa Eu me reparti querendo reconstituir A quem hoje me vira o rosto assim Mas eu nem me abalo Você vai cair do cavalo Quando precisar de mim Eu, hein, rosa! Vem mansa porque a contradança é mais audaciosa Eu, hein, rosa! Apela pra ignorancia é coisa indecorosa Acho que estou é forçando demais as cordas vocais Você naõ merece um dedo de prosa E pra resumir, faço questão de conferir Se se quebra ou não um vaso ruim Saia no pinote Senão vai ser de camarote Que eu vou assistir seu fim
Bolero de satã Guinga/Paulo César Pinheiro Essa mulher – 1979
Você penetrou como o sol da manhã E em nós começou uma festa pagã Você libertou em você a infernal cortezã E em mim despertou esse amor Atormentado e mal de Satã Você me deixou como o fim da manhã E em mim começou esse angústia, esse afã Você me plantou a paixão imortal e mal sã Que se enraizou e será meu maldito final amanhã E agora me aperta a aflição De chorar louca e só de manhã É a seta do arco da noite Sangrando-me agora São lágrimas, sangue, veneno Correndo no meu coração Formando-me dentro esse pântano de solidão
As aparências enganam Tunai/Sérgio Natureza Essa mulher – 1979 Saudade do Brasil – 1980
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague Se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas São o alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam Poque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera No insistente perfume de alguma coisa chamada amor
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Altos e baixos Eu, heim, Rosa!
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Pé sem cabeça Danilo Caymmi/Ana Terra Essa mulher – 1979
Você me fez sofrer Ninguém me faz sofrer assim O que era tanta beleza Num pé sem cabeça, você transformou Mas você onde está Não me viu, não será? Que teu sono vai ter paz Se meu rosto se acender, brilhar Se teu olho te trair, não vai durar Seu porto seguro, seu lugar comum Você navegando pra lugar nenhum Quem sabe de tudo Não sabe o seu fim Mas eu não me quero fugindo daqui Também não te deixo zombando de mim Quem sabe de tudo não sabe seu fim
No céu da vibração Gilberto Gil 1980
Os homens são mortais Todos os animais Os vegetais também o são Como será Não ser assim? Não precisar O começo, o meio, o fim A encarnação, Deus? Como será Não estar aqui nem lá E tão somente andar ao léu No céu da vibração? Para os olhos, fez-se a cor Para os ouvidos, o som Para os corações, o fogo do amor E para os puros, o que é bom Só me resta agradecer E aguardar a ocasião De tão somente andar ao léu No céu da vibração
Rebento
Gilberto Gil Elis – 1980 Vento de maio – 1981 Montreaux Jazz Festival – 1982
Rebento, substantivo abstrato O ato, a criação e o seu momento Como uma estrela nova e o seu barato Que só Deus sabe lá no firmamento Rebento, tudo que nasce é rebento Tudo que brota, tudo que vinga, tudo que medra Rebento raro, como flor na pedra Rebento farto, como trigo ao vento Outras vezes rebento simplesmente No presente do indicativo Como a corrente de uma cão furioso Com as mãos de um lavrador ativo Ás vezes mesmo perigosamente Como acidente em forno radioativo Ás vezes só porque fico nervosa Eu Rebento Ou necessariamente só por que estou vivo Rebento, a reação imediata A cada sensação de abatimento Eu Rebento, o coração dizendo bata A cada bofetão do sofrimento Eu Rebento, como um trovão dentro da mata E a imensidão do som desse momento
O medo de amar é o medo de ser livre Beto Guedes/Fernando Brant Elis – 1980 Vento de maio – 1981 Trem azul – 1982
Sai dessa
O medo de amar é o medo de ser Livre para o que der e vier Livre para sempre estar onde o justo estiver
Natan Marques/Ana Terra Elis – 1980 Vento de maio – 1981 Trem azul – 1982
Sonhei que existia uma avenida Sem entrada e sem saída pra gente comemorar Toda hora, todo dia, toda vida Na tristeza e na alegria, sem platéia e sem patrão Hoje eu sonhei que cerveja sai da bica No banheiro não tem fila nem existe contramão Que o trabalho é ali na nossa esquina E depois do meio dia, nem polícia e nem ladrão Sonhei, como faço todo dia Como você não sabia, meu senhor não levo a mal A beleza, o amor, a fantasia O que tece e o que desfia não se aprende no jornal
O medo de amar é o medo de ter De a todo momento escolher Com acerto e precisão a melhor direção O sol levantou mais cedo e quis Em nossa casa fechada entrar Prá ficar O medo de amar é não arriscar Esperando que façam por nós O que é nosso dever: recusar o poder O sol levantou mais cedo e cegou O medo nos olhos de quem foi ver Tanta luz
Luiz Guedes/Thomas Roth Elis – 1980 Vento de maio – 1981
Nova esperança Bate coração Renascer cada dia com a luz da manhã Despertar sem medo Enganar a dor Disfarçar essa mágoa que anda solta no ar Ter que acreditar no regresso da estação Como o sol volta a brilhar, como as chuvas de verão Ter que acreditar só pra ter razão De sonhar mais uma vez Nova esperança Bate coração Renascer cada dia com a luz da manhã Semear a terra Certo de colher da semente o fruto Depois descansar
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Hoje eu sonhei, mas não vou pedir desculpas E nem vou levar a culpa de ser povo e ser artista Sem essa, moço, por favor não crie clima Seu buraco é mais embaixo, nosso astral é mais em cima
Nova estação
Aprendendo a jogar Só Deus é quem sabe Guilherme Arantes Elis – 1980 Vento de maio – 1981
Não, não sei guardar ressentimeto Eu hoje lembro com ternura cada momento Promessas de nós dois naqueles dias O tempo transformou-as em palavras vazias Ás vezes a paixão nos traiu Ás vezes foi a voz que mentiu Mas nada disso importa O que vale é o que sorte escreveu Só Deus é quem sabe do amor Eu não sei nada Só sei que a vida nos prepara cada cilada E é inútil se tentar fugir da longa estrada
Guilherme Arantes Elis – 1980 Vento de maio – 1981 Trem azul – 1982
Vivendo e aprendendo a jogar Vivendo e aprendendo a jogar Nem sempre ganhando Nem sempre perdendo Mas, aprendendo a jogar Água mole em pedra dura Mas vale que dois voando Se eu nascesse assim pra lua Não estaria trabalhando Mas em casa de ferreiro Quem com ferro se fere é bobo Cria a fama, deita na cama Quero ver o berreiro na hora do lobo Quem tem amigo cachorro Quer sarna para se coçar Boca fechada não entra besouro Macaco que muito pular quer dançar
O trem azul Lô Borges/Ronaldo Bastos Elis – 1980 Vento de maio – 1981 Trem azul – 1982
Coisas que a gente se esquece de dizer Frases que o vento tem as vezes me lembrar Coisas que ficaram muito tempo por dizer Na canção do vento não se cansam de voar Você pega o trem azul O sol na cabeça Você pega o trem azul Você na cabeça O sol na cabeça
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Vento de maio Telo Borges/Márcio Borges Elis – 1980 (Com Lô Borges) Vento de maio – 1981 (Com Lô Borges) Trem azul – 1982
Vento de raio Rainha de maio Estrela cadente Chegou de repente o fim da viagem Agora já não dá mais pra voltar atrás Rainha de maio, valeu o teu pique Apenas para chover no meu piquenique Assim meu sapato coberto de barro Apenas pra não parar nem voltar atrás Rainha de maio valeu a viagem Agora já não dá mais Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção (Vento solar e estrela do mar…) Sol, girassol, e meus olhos ardendo de tanto cigarro E quase que eu me esqueci Que o tempo não pára, nem vai esperar Vento de maio Rainha dos raios de sol Vá no teu pique estrela cadente até nunca mais Não te maltrates nem tentes voltar o que não tem mais vez Nem lembro teu nome nem sei Estrela qualquer lá no fundo do mar Vento de maio Rainha dos raios de sol Rainha de maio, valeu o teu pique Apenas para chover no meu piquenique Assim meu sapato coberto de barro Apenas pra não parar nem voltar atrás
Pra que que eu fui lembrar dos óio dele Jabuticaba madura Coração cabeça-dura Teima, bate até que fura Desconjura e negaceia Feito lobo em lua cheia Na cadeia desse olhar Que arrepia, esfria e me dá Taquicardia, falta de ar É o coração que desde pro calcanhar de aquiles Doce suplício do amor Faquires tiram partido da dor Que bate, come e repinica Feito fome de lumbriga Na barriga da miséria Coração cabeça velha Me virando do avesso Inventei qualquer pretexto Fui pedir para voltar
Calcanhar de Aquiles Jean Garfunkel/Paulo Garfunkel Elis – 1980 Vento de maio – 1981
Maria, Maria É o som, é a cor, é o suor É a dose mais forte e lenta De uma gente que ri quando deve chorar E não vive, apenas agüenta Mas é preciso ter força É preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria Mistura a dor e a alegria
Maria Maria
Mas é preciso ter manha É preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Milton Nascimento Saudade do Brasil – 1980 Quem traz na pele essa marca Trem azul – 1982 Possui a estranha mania Montreaux Jazz Festival – 1982 De ter fé na vida
Alô, alô marciano Aqui quem fala é da Terra Pra variar, estamos em guerra Você não imagina a loucura O ser humano tá na maior fissura porque Tá cada vez mais down no high society!
Alô alô marciano
Alô, alô marciano A crise tá virando zona Cada um por si, todo mundo na lona E lá se foi a mordomia Tem muito rei aí pedindo alforria porque Tá cada vez mais down no high society!
Rita Lee/Roberto de Carvalho Saudade do Brasil – 1980 Trem azul – 1982
Alô, alô marciano A coisa tá ficando ruça Muita patrulha, muita bagunça O muro começou a pichar Tem sempre um aiatolá prá atolá, Aláh! Tá cada vez mais down no high society!
Amigo é coisa pra se guardar Debaixo de 7 chaves Dentro do coração Assim falava a canção Que na América ouvi Mas quem cantava chorou Ao ver seu amigo partir
Canção da América Milton Nascimento/Fernando Brant Saudade do Brasil – 1980 Mas quem Trem azul – 1982
ficou, no pensamento voou Com seu canto que o outro lembrou E quem voou, no pensamento ficou Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa pra se guardar No lado esquerdo do peito Mesmo que o tempo e a distância digam não Mesmo esquecendo a canção O que importa é ouvir A voz que vem do coração Pois seja o que vier, venha o que vier Qualquer dia, amigo eu volto a te encontrar Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar
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Cheguei no prédio, errei de andar No elevador um gordo me dá Um pisão no calo que me enxotou de lá Mancando Sei que esse amor vai ficar sangrando No peito e no calcanhar de aquiles Doce suplício do amor Faquires tiram partido da dor Que dá lembrar dos olhos dele
Maria, Maria É um dom, uma certa magia Uma força que nos alerta Uma mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta
O primeiro jornal Agora tá Sueli Costa/Abel Silva Saudade do Brasil – 1980
Quero cantar pra você Segunda-feira de manhã Pelo seu rádio de pilha tão docemente E te ajudar a encarar esse dia mais facilmente Quero juntar minha voz matinal Aos restos dos sons noturnos E aos cheiros domingueiros que ainda boiam Na casa e em você
Para que junto com o café e o pão se dê O milagre de ouvir latir o coração Ou quem sabe algum projeto, uma lembrança Uma saudade à toa Venha nascendo com o dia numa boa E estar com você na primeira brasa do cigarro No primeiro jorro da torneira Nos primeiros aprontos de um guerreiro de manhã
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Para que saias com alguma alegria bem normal Que dure pelo menos até você comprar e ler O primeiro jornal
Presi d ente bossa nova Juca Chaves Saudade do Brasil – 1980
Bossa Nova mesmo é ser Presidente Desta terra descoberta por Cabral, Para tanto basta ser tão simplesmente Simpático, risonho, original. Depois desfrutar da maravilha De ser o Presidente do Brasil, Voar da velha capta Brasília Ser alvorada e voar de volta ao rei. Voar, voar, voar, Voar, voar pra bem distante A que versales onde duas mineirinhas valsinhas Dançam como duas debutantes, interessante... Mandar parente a jato pro dentista, Almoçar com o tenista campeão, Também poder ser um grande artista exclusivista Tomando com Dilermando umas aulinhas de violão. Isto é viver como se aprova, É ser um Presidente Bossa Nova, Bossa Nova, muito nova, nova mesmo, ultranova.
Tunai/Sérgio Natureza Saudade do Brasil – 1980 Montreaux Jazz Festival – 1982
Já que tá aí Pela metade, mas tá Melhor cuidar pra peteca não cair Pra não deixar escapulir Como água no ralo Aquilo que já fez calo Doeu feito joanete Castigou nosso cavalo Cortou como canivete Feriu, mexeu, mixou Nunca comeu melado Vai lambuzar Se vacilar pode cantar pra subir Porque não dá pra começar Todo rolo de novo Se o bolo fica sem ovo Se a massa não tem fermento Se não cozinhar por dentro Vai tudo por água abaixo Eu acho, acho, acho que agora tá Quase no ponto tá No ponto de provar Eu acho que agora tá No ponto de solar Acho que agora tá pra lá de pronto tá acho que agora tá acho que agora tá já que tá aí
Onze fitas Fátima Guedes Saudade do Brasil – 1980 Montreaux Jazz Festival – 1982
Por engano, vingança ou cortesia Tava lá morto e posto, um desgarrado Onze tiros fizeram a avaria E o morto já tava conformado Onze tiros e não sei porque tantos Esses tempos não tão pra ninharia Não fosse a vez daquele um outro ia Deus o livre morrer assassinado Pro seu santo não era um qualquer um Três dias num terreno abandonado Ostentando onze fitas de Ogum Quantas vezes se leu só nesta semana Essa história contada assim por cima A verdade não rima A verdade não rima A verdade não rima
Moda de sangue Jerônimo Jardim/Ivaldo Roque Saudade do Brasil – 1980
Henricão/Rubens Campos Saudade do Brasil – 1980
Eu tenho uma casinha lá na Marambaia Fica na beira da praia só vendo que beleza Tem uma trepadeira que na primavera Fica toda florescida de brincos de princesa
Quando te arranho, te lanho de ternura Vertendo sangue do teu corpo de malícia Quando te xingo com palavras obcenas Como jurasse as juras mais serenas Quando me vingo dos males que me fazes Com frazes de maldade e veneno Sinto, meu amor, que o amor é isso Essas coisas muito fora de juízo
Quando chega o verão eu sento na varanda Pego o meu violão e começo a cantar E o meu moreno fica sempre bem disposto Senta ao meu lado e começa a cantar
Menino
Milton Nascimento/Fernando Brant Saudade do Brasil – 1980
Quem cala sobre teu corpo Consente na tua morte Talhada a ferro e fogo Nas profundezas do corte Que a bala riscou no peito Quem cala morre contigo Mais morto que estás agora Relógio no chão da praça Batendo, avisando a hora Que a raiva traçou no tempo
Quando chega a tarde um bando de andorinhas Voa em revoada fazendo verão E lá na mata o sabiá gorjeia Linda melodia pra alegrar meu coração Às seis horas o sino da capela Toca as badaladas da Ave-Maria A lua nasce por detrás da serra Anunciando que acabou o dia
No incêndio repetido O brilho do teu cabelo Quem grita vive contigo
Luiz Gonzaga Jr. Saudade do Brasil – 1980
Mundo novo
Vou buscar um mundo novo, vida nova E ver se dessa vez faço um final feliz Deixar de lado aquela velha história O verso usado, o canto antigo Vou dizer adeus Fazer de tudo e todos mera lembrança Deixar de ser só esperança E por minhas mãos lutando Me superar Vou rasgar no tempo O meu próprio caminho E, assim, abrir meu peito ao vento Me libertar De ser somente aquilo que se espera Em forma, jeito, luz e cor E vou... Vou pegar um mundo novo, vida nova Vou buscar um mundo novo, vida nova
Vida nova
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Marambaia
Quando te prendo na cadeia dos abraços E te torturo, e te sufoco em meus braços E te fuzilo com os olhos do desejo Te mordendo no gosto do meu beijo
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O pequeno exilado Raul Ellwanger Raul Ellwanger – 1980
Navegas, navegas, navegas Lá do outro lado do oceano Na palma da mão já carrega Vinte m il léguas de sonhos Seguingo teu pai que te leva A bordo dos teus nove anos Pequeno exilado sem pátria Navegas teu barco de enganos Navegas teus olhos molhados Na capital dos franceses Carregas teus olhos chorados Contando dias e meses Menino crescido sem terra Teu único plano primeiro É ver terminar tanta espera É ser cidadão brasileiro Guerreiro do bairro da Glória Doende do bairro Floresta Vem cá conhecer nossa história Malandros, calçadas e festas Só quero te ver na cidade Cantando em bom Português Canções de gritar liberdade Daquela que usa o Francês Vou me embora vou me embora…
Aos nossos filhos Sabiá
Ivan Lins/Vítor Martins Tom Jobim/Chico Buarque Saudade do Brasil – 1980 Saudade do Brasil – 1980
Perdoem a cara amarrada Perdoem a falta de abraço Perdoem a falta de espaço Os dias eram assim
Vou voltar Sei que ainda vou voltar Para o meu lugar Foi lá e é ainda lá Que eu hei de ouvir cantar Perdoem por tantos perigos Uma sabiá Perdoem a falta de abrigo Cantar uma sabiá Perdoem a falta de amigos Os dias eram assim Vou voltar, Sei que ainda vou voltar Perdoem a falta de folhas Vou deitar à sombra de uma palmeira Perdoem a falta de ar Que já não há Perdoem a falta de escolha Colher a flor que já não dá Os dias eram assim E algum amor, talvez possa espantar As noites que eu não queria E quando passarem a limpo E anunciar o dia E quando cortarem os laços E quando soltarem os cintos Vou voltar Façam a festa por mim Sei que ainda vou voltar Não vai ser em vão Quando lavarem a mágoa Que fiz tantos planos de me enganar Quando lavarem a alma Como fiz enganos de me encontrar Quando lavarem a água Como fiz estradas de me perder Lavem os olhos por mim Fiz de tudo e nada de te esquecer Quando brotarem as flores Quando crescerem as matas Quando colherem os frutos Digam o gosto pra mim
Redescobrir Luiz Gonzaga Jr. Saudade do Brasil – 1980
memória Jogo do trabalho na dança das mãos macias O suor dos corpos na canção da vida história O suor da vida no calor de irmãos magia Como um animal que sabe da floresta memória Redescobrir o sal que está na própria pele, macia Redescobrir o doce no lamber das línguas macias Redescobrir o gosto e o sabor da festa magia Vai o bicho homem fruto da semente memória Renascer da própria força, própria luz e fé memória Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós história Somos a semente, ato, mente e voz magia Não tenha medo, meu menino bobo, memória Tudo principia na própria pessoa beleza Vai como a criança que não teme o tempo mistério Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor magia Como se fora brincadeira de roda memória Jogo do trabalho na dança das mãos macias O suor dos corpos na canção da vida história O suor da vida no calor de irmãos magia
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Como se fora brincadeira de roda
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O que foi feito devera (de Vera) Milton Nascimento/Fernando Brant Clube da Esquina 2 – 1978 (Com Milton Nascimento) Saudade do Brasil – 1980 Vento de maio – 1981 (Com Milton Nascimento) Trem azul – 1982
O que foi feito, amigo, de tudo que a gente sonhou? O que foi feito da vida, o que foi feito do amor? Quisera encontrar Aaquele verso menino que escrevi Há tantos anos atrás Falo assim com saudade, falo assim por saber Se muito vale o já feito, mas vale o que será Mas vale o que será E o que foi feito é preciso conhecer Para melhor prosseguir Falo assim sem tristeza, falo por acreditar Que é cobrando o que fomos que nós iremos crescer Nós iremos crescer Outros outubros virão, outras manhãs Plenas de sol e de luz Alertem todos alarmas que o homem que eu era voltou A tribo toda reunida, ração dividida ao sol De nossa Vera Cruz Quando o descanso era luta pelo pão E aventura sem parar Quando o cansaço era rio e rio qualquer dava pé E a cabeça rodava num gira-girar de amor E até mesmo a fé Não era cega nem nada Era só núvem no céu e raiz Hoje essa vida só cabe na palma da minha paixão Devera nunca se acabe, abelha fazendo o seu mel No pranto que criei Nem vá dormir como pedra E esquecer o que foi feito de nós
Na baixa do sapateiro Ary Barroso Montreaux Jazz Festival – 1982
Na Baixa do Sapateiro eu encontrei um dia O moreno mais folgado da Bahia Pedi-lhe um beijo, não deu Um abraço, sorriu Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu
Outro cais Marilton Borges/Duca Leal Os Borges – 1980 Vento de maio – 1981
Me atraiu o teu canto Respirei o teu ar Te arranquei do teu cais Me lancei no teu mar Te cobri com meu manto Descansei nessas ondas Misturamos nosso sangue Juntos fomos dançar
Bahia, terra da felicidade Moreno, eu ando louca de saudade Meu Senhor do Bonfim Arranje outro moreno igualzinho pra mim Oh! amor, ai Amor bobagem que a gente não explica, ai ai Prova um bocadinho, ô Fica envenenado, ô E pro resto da vida é um tal de sofrer Ôlará, ôlerê Ô Bahia Bahia que não me sai do pensamento Faço o meu lamento, ô Na desesperança, ô De encontrar nesse mundo Um amor que eu perdi na Bahia, vou contar Ô Bahia Bahia que não me sai do pensamento
Tiro ao álvaro Adoniran Barbosa/Oswaldo Moles Adoniran e convidados – 1980 Vento de maio – 1981
De tanto levar frechada do teu olhar Meu peito até parece, sabe o que? Táubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar Teu olhar mata mais do que bala de carabina Que veneno estriquinina Que peixeira de baiano Teu olhar mata mais Que atropelamento de automóver Mata mais que bala de revórver
Se eu quiser falar com Deus Gilberto Gil Vento de maio – 1981 Trem azul – 1982
Toquinho/Vinícius de Morais A arca de noé – 1980
Corujinha, corujinha Que peninha de você Fica toda encolhidinha Sempre olhando não sei que O teu canto de repente Faz a gente estremecer Corujinha, pobrezinha Todo mundo que te vê Diz assim, ah! coitadinha Que feinha que é você Quando a noite vem chegando Chega o teu amanhecer E se o sol vem despontando Vais voando te esconder Hoje em dia andas vaidosa Orgulhosa com quê Toda noite tua carinha Aparece na TV Corujinha, corujinha Que feinha que é você!
Se eu quiser falar com Deus Tenho que aceitar a dor Tenho que comer o pão Que o diabo amassou Tenho que virar um cão Tenho que lamber o chão dos palácios Dos castelos suntuosos dos meus sonhos Tenho que me ver tristonho Tenho que me achar medonho E apesar de um mal tamanho Alegrar meu coração Se eu quiser falar com Deus Tenho que me aventurar Tenho que subir aos céus Sem cordas pra segurar Tenho que dizer adeus Dar as costas Caminhar decidido Pela estrada que ao findar vai dar em nada Nada, nada, nada, nada Nada, nada, nada, nada Nada, nada, nada, nada Do que eu pensava encontrar
Cobra criada João Bosco/Paulo Emílio Montreaux Jazz Festival – 1982
Suco de sururucu Diga lá jacu Cutia comadre Posta de pirarucu Diga lá caju Barata cascuda Gruta de veiúva negra Caranguejeira Saúva coruja Rastro de jararucu Jararacoral Piranha calunga Diaba de banda retrai De carataí Traíra de dente de dá E cada dentada que dá Cascudo cará Purús juruá Mordida no maracujá De cobra criada no mar Chocalha no cadê você Sussurra no bote que dá Curare de cobra suga e sai Picada de cobra amor não dói
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A corujinha
Se eu quiser falar com Deus Tenho que ficar a sós Tenho que apagar a luz Tenho que calar a voz Tenho que encontrar a paz Tenho que folgar os nós dos sapatos Da gravata Dos desejos Dos receios Tenho que esquecer a data Tenho que perder a conta Tenho que ter mãos vazias Ter a alma e o corpo nus
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Garota de Ipanema
Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Ing. Norman Gimbel Montreaux Jazz Festival – 1982
Olha, que coisa mais linda Mais cheia de graça É ela, menina, que vem e que passa Num doce balanço, a caminho do mar Moça do corpo dourado Do sol de Ipanema O seu balançado É mais que um poema É a coisa mais linda Que eu já vi passar Ah, por que estou tão sozinho? Ah, por que tudo é tão triste? Ah, a beleza que existe A beleza que não é só minha Que também passa sozinha Ah, se ela soubesse que quando ela passa O mundo inteirinho se enche de graça E fica mais lindo por causa do amor
Girl from Ipanema
Tall and tan and young and lovely The girl from ipanema goes walking And when she passes, each one she passes goes – ah When she walks, she’s like a samba That swings so cool and sways so gentle That when she passes, each one she passes goes – ooh (ooh) but I watch her so sadly How can I tell her I love her Yes I would give my heart gladly But each day, when she walks to the sea She looks straight ahead, not at me Tall, (and) tan, (and) young, (and) lovely The girl from ipanema goes walking And when she passes, I smile – but she doesn’t see (doesn’t see) (she just doesn’t see, she never sees me,...)
Asa branca
Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira Montreaux Jazz Festival – 1982
Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu perguntei a meu Deus do Céu Porque tamanha judiação Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Entonce eu disse: “Adeus Rosinha, Guarda contigo meu coração”
Fé cega, faca amolada Milton Nascimento/Ronaldo Bastos Montreaux Jazz Festival – 1982
Agora eu não pergunto mais aonde vai a estrada Agora eu não espero mais aquela madrugada Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser, faca amolada O brilho cego de paixão e fé, faca amolada Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranqüilo Deixar o seu amor crescer e ser muito tranqüilo Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar, faca amolada Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia Beber o vinho e renascer na luz de cada dia A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada O chão, o chão, o sal da terra o chão, faca amolada Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser muito tranqÄilo Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada
Mancada Samba dobrado O dinheiro que eu lhe dei Pro tamborim Não vá gastar Depois jogar a culpa em mim O dinheiro que eu lhe dei Não é meu, não É da escola Por favor, não mete a mão Você lembra muito bem No outro carnaval Você chorou porque não pôde desfilar A fantasia que eu mandei você comprar Não ficou pronta Porque o dinheiro que eu lhe dei pra costurar Você (hum, hum)... Eu nem vou dizer pra não lhe envergonhar
Djavan Montreaux Jazz Festival – 1982
Vai ser pior ainda quando amanhecer Tudo que se tem pra cantar Não pra embalar nem pra devolver O direito de escolher A música melhor para se dançar Quem faz parte dessa cena pode rodar Pra cumprir a mesma pena Não é preciso ensaiar Tá combinado Basta aprender a sambar dobrado
Me deixas louca
Lança perfume
Valsa de Eurídice
Quando caminho pela rua lado a lado com você Me deixas louca E quando escuto o som alegre do teu riso Que me dá tanta alegria, me deixas louca
Lança, lança perfume Lança, lança perfume
Tantas vezes já partiste Que chego a desesperar Chorei tanto, estou tão triste Que já nem sei mais chorar Oh, meu amado, não parta Não parta de mim Oh, uma partida que não tem fim Não há nada que conforte A falta dos olhos teus Pensa que a saudade Pode matar-me Adeus
Armando Manzanero/Vs. Paulo Coelho Trem azul – 1982
Me deixas louca quando vejo mais um dia Pouco a pouco entardecer E chega a hora de ir pro quarto escutar As coisas lindas que começas a dizer Me deixas louca Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague Me deixas louca Quando transmites o calor de tuas mãos Pro meu corpo que te espera Me deixas louca E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço Você me abraça, a noite passa E me deixas louca Sinto os teus braços se cruzando em minhas costas Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço Você me abraça, a noite passa E me deixas louca
Rita Lee/Roberto de Carvalho Trem azul – 1982
Lança menina Lança todo este perfume Desbaratina Não dá pra ficar imune Ao seu amor Que tem cheiro de coisa maluca Vem cá meu bem Me descola uma carinho Eu sou néném Só sossego com beijinho E ve se me dá O prazer de ter prazer comigo Me Me Me Me Me
aqueça vira de ponta cabeça faz de gato e sapato e deixa de quatro no ato enche de amor , de amor
Lança, lança pefume oh oh oh oh lança, lança perfume Lança perfume
Vinícius de Morais Trem azul – 1982
83
Gilberto Gil Montreaux Jazz Festival – 1982
84
Imagino-te já idosa, Frondosa toda a folhagem, Multiplicada a ramagem De agora. Tendo tudo transcorrido, Flores e frutos da imagem Com que faço essa viagem Pelo reino do teu nome, Oh, Flora! Imagino-te jaqueira Prostrada à beira da estrada Velha, forte, farta, bela Senhora. Pelo chão, muitos caroços, Como que restos dos nossos Próprios sonhos devorados Pelo pássaro da aurora, Oh, Flora! Imagino-te futura, Ainda mais linda, madura, Pura no sabor de amor e De amora. Toda aquela luz acesa Na doçura e na beleza, Terei sono, com certeza, Debaixo da tua sombra, Oh, Flora!
Flora Gilberto Gil Trem azul – 1982
Milton Nascimento/Fernando Brant Trem azul – 1982
Brasil está vazio na tarde de domingo, né? olha o sambão aqui é o país do futebol No fundo desse país Ao longo das avenidas Nos campos de terra e grama Brasil só é futebol Nestes noventa minutos De emoção e alegria Esqueço a casa e o trabalho A vida fica lá fora A fome fica lá fora Dinheiro fica lá fora A cama fica lá fora Família fica lá fora A vida fica lá fora E tudo fica lá fora...
(Texto de Fernando Faro) “Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol. Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim... Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas. Um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim – dizem – recontam a vida. Agora retiram de mim a cobertura da carne. Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos. E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Um rascunho... Um forma nebulosa, feita de luz e sombra. Como uma estrela...
Agora eu sou uma estrela!”
(trecho)
Roberto Carlos/Erasmo Carlos Trem azul – 1982
Eu sou aquele amante à moda antiga Dio tipo que ainda manda flores Apesar do velho tienis e da calça desbotada Ainda chamo de querida a namorada A minha namorada…
Começar de novo (trecho)
Ivan Lins/Vítor Martins Trem azul – 1982
Começar de novo E contar comigo Vai valer a pena Ter amanhecido Ter me rebelado Ter me consumido Ter me machucado Ter sobrevivido
Menino do Rio (trecho)
Caetano Veloso Trem azul – 1982
Menino do Rio Calor que provoca arrepio Dragão tatuado no espaço Calção, corpo aberto no estpaço Coração De eterno flerte Adoro ver-te Menino vadio Tesão flutuante do Rio Eu peço pra Deus proteger-te
85
Aqui é o país do futebol
Amante à moda antiga
86
Para Lennon & McCartney Lô Borges/Márcio Borges/Fernando Brant Luz das estrelas – 1984
Por que vocês não sabem do lixo ocidental? Não precisam mais temer Não precisam da solidão Todo dia é dia de viver Por que você não verá meu lado ocidental? Não precisa medo não Não precisa da timidez Todo dia é dia de viver Eu sou da América do Sul Eu sei, vocês não vão saber Mas agora sou cowboy Sou do ouro, eu sou vocês Sou do mundo, sou Minas Gerais Por que vocês não sabem do lixo ocidental? Não precisam mais temer Não precisam da solidão Todo dia é dia de viver Eu sou da América do Sul Eu sei, vocês não vão saber Mas agora sou cowboy Sou do ouro, eu sou vocês Sou do mundo, sou Minas Gerais
No dia em que eu
vim-me embora Caetano Veloso/Gilberto Gil Luz das estrelas – 1984
No dia em que eu vim-me embora Minha mãe chorava em ai Minha irmã chorava em ui E eu nem olhava pra trás No dia que eu vim-me embora Não teve nada de mais Mala de couro forrada Com pano forte, brim cáqui Minha vó já quase morta Minha mãe até a porta Minha irmã até a rua E até o porto meu pai O qual não disse palavra Durante todo o caminho E quando eu me vi sozinho Vi que não entendia nada Nem de pro que eu ia indo Nem dos sonhos que eu sonhava Senti apenas que a mala De couro que eu carregava Embora estando forrada Fedia, cheirava mal Afora isto ia indo, atravessando, seguindo Nem chorando nem sorrindo Sozinho pra Capital Nem chorando nem sorrindo Sozinho Sozinho Sozinho Sozinho
pra pra pra pra
Capital Capital Capital Capital
Velho arvoredo Hélio Delmiro/Paulo César Pinheiro Luz das estrelas – 1984
Eu te esqueci muito cedo Pelo tempo que passou Tal como um velho arvoredo Que o vento não derrubou Tronco mudado em rochedo Pedra transformada em flor E eu fui ficando sozinho no pó do caminho Me desenganando, sofrendo e chorando E mantendo em segredo Essa minha ilusão Que me escapou de entre os dedos Pra não sei que outras mãos E eu me tornei o arremedo De tudo aquilo que eu não sou Mas eu jamais retrocedo O que passou passou Já superei, mas só eu sei O mesmo jamais eu serei Feito a madeira o machado inclinando Eu por fora estou cicatrizando E por dentro sangrando, afastado do medo Mas sozinho, tal como o velho arvoredo Que não serve ao tempo nem ao lenhador E o vento abandonou
Billy Blanco Luz das estrelas – 1984
Não fala com pobre, Não dá mão a preto, Não carrega embrulho. Para quê tanta posse doutor? Para que esse orgulho? A bruxa que é cega esbarra na gente, A vida estanca. O enfarte te pega Doutor ! Acaba essa banca ! A vaidade é assim, Põe o tonto no alto, retira a escada. Fica por perto, esperando sentada, Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão. Mais alto o coqueiro maior é o tombo do coco Afinal todo o mundo é igual Quando o tombo termina, Com terra por cima e na horizontal.
Gol anulado
Corsário
Quando você gritou: Mengo! No segundo gol do Zico Tirei sem pensar o cinto E bati até cansar
Meu coração tropical está coberto de neve Mas ferve em seu cofre gelado, a voz vibra e a mão escreve: Mar Bendita a lâmina grave que fere a parede E traz as febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais
Três anos vivendo juntos E eu sempre disse contente: Minha preta é uma rainha Porque não teme o batente Se garante na cozinha E ainda é Vasco doente
Roseirais Nova Granada de Espanha Por você, eu, teu corsário preso Vou partir a geleira azul da solidão E buscar a mão do mar Me arrastar até o mar Procurar o mar
João Bosco/Aldir Blanc Luz das estrelas – 1984
Daquele gol até hoje o meu radio está desligado Como se radiasse o silencio de um amor terminado Eu aprendi que a alegria de quem está apaixonado É como a falsa euforia de um gol anulado
João Bosco/Aldir Blanc Luz das estrelas – 1984
Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar Meu coração tropical partirá esse gelo e irá Com as garrafas de náufragos e as rosas partindo o ar Nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar
87
banca do
distinto A
88
Lembre-se Sergio Natureza/Tunai
Longe
Sombras desenhadas no horizonte Cavalos cobertos de ouro e bronze Vassalos de um rei de não sei onde Cavaleiros estrangeiros A bandeira do invasor Noite E um tropel atravessa a fumaça Tropas Tropeçando num céu de fogo e prata O mundo acabou de repente Quando a manhã começava A dor começou com o chicote Com as esporas com as espadas Terror Das legiões das ambições e praças Chagas No seio de uma terra abençoada O céu desabou de repente Quando a gente levantava O pó levantou sufocando Quem vivia respirava Passou O tempo mas não apagou a marca Marcou Nos corações nas mentes e nas praças Hoje Na memória viva de uma raça Um pavor latente e uma ameaça E um canto maior que todo medo Espalhando amor por onde passa
Porto dos casais Jaime Lewgoy Lubianca
É sempre bom lembrar coisas passadas Rever os lampiões, os ancestrais Singrando o Guaíba, apareceram Os velhos fundadores coloniais
Chegaram tão alegres, alegres por demais Fundaram este Porto dos Casais É porto, Porto Alegre, antigo Dos Casais Saudades dos tempos que não vêm mais
General da banda
José Alcides/Satiro de Melo/Tancredo Silva
Chegou general da banda ê ê Chegou general da banda ê a Chegou general da banda ê ê Chegou general da banda ê a Mourão, mourão Vara madura que não cai Mourão, mourão, mourão Catuca por baixo que ele vai Mourão, mourão Vara madura que não cai Mourão, mourão, mourão Catuca por baixo que ele vai Chegou general da banda ê ê Chegou general da banda ê a Chegou general da banda ê ê Chegou general da banda ê a
Tom Jobim/Aloysio de Oliveira/Ray Gilbert
Céu, tão grande é o céu E bandos de nuvens que passam ligeiras Prá onde elas vão Ah! eu não sei, não sei E o vento que fala nas folhas Contando as histórias Que são de ninguém Mas que são minhas E de você também Ah! Dindi Se soubesses do bem que eu te quero O mundo seria, Dindi, tudo, Dindi Lindo Dindi Ah! Dindi Se um dia você for embora me leva contigo, Dindi Fica, Dindi, olha Dindi E as águas deste rio aonde vão eu não sei A minha vida inteira esperei, esperei Por você, Dindi Que é a coisa mais linda que existe Você não existe, Dindi Olha, Dindi Adivinha, Dindi Deixa, Dindi Que eu te adore, Dindi... Dindi
John Lennon/Paul McCartney
My Funny
Va l e n t i n e Rodgers/Hart
My funny valentine Sweet comic valentine You make me smile with my heart Your looks are laughable Unphotographable Yet you’re my favourite work of art Is your figure less than greek Is your mouth a little weak When you open it to speak Are you smart? But don’t change a hair for me Not if you care for me Stay little valentine stay Each day is valentine’s day Is your figure less than greek Is your mouth a little weak When you open it to speak Are you smart? But don’t you change one hair for me Not if you care for me Stay little valentine stay Each day is valentine’s day
Yesterday All my troubles seemed so far away Now it looks as though they're here to stay Oh, I believe In yesterday Suddenly I'm not half the man I used to be There's a shadow hanging over me Oh, yesterday Came suddenly Why she Had to go I don't know She wouldn't say I said Something wrong now I long For yesterday Yesterday Love was such an easy game to play Now I need a place to hide away Oh, I believe In yesterday Why she Had to go I don't know She wouldn't say I said Something wrong now I long For yesterday Yesterday Love was such an easy game to play Now I need a place to hide away Oh, I believe In yesterday
89
Dindi
Ye s t e r d a y
90
Mulheres de Atenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas Quando andas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem, imploram Mais duras penas Cadenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas Quando eles embarcam, soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas E quando eles voltam sedentos Querem arrancar violentos Carícias plenas Obscenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar o carinho De outras felenas Mas no fim da noite, aos pedaços Quase sempre voltam pros braços De suas pequenas Helenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas Elas não têm gosto ou vontade Nem defeito nem qualidade Têm medo apenas Não têm sonhos, só têm presságios Lindas sirenas Morenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas As jovens viúvas marcadas E as gestantes abandonadas Não fazem cenas Vestem-se de negro, se encolhem Se conformam e se recolhem Às suas novenas Serenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Chico Buarque
Jesus Cristo Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui... (bis) Olho pro céu e vejo uma nuvem branca que vai passando Olho pra terra e vejo uma multidão que vai caminhando Como essa nuvem branca essa gente não sabe aonde vai Quem poderá dizer o caminho certo é você meu pai Toda essa multidão tem no peito amor e procura a paz E apesar de tudo a esperança não se desfaz Olhando a flor que nasce no chão daquele que tem amor Olho pro céu e sinto crescer a fé no meu Salvador
Sá Marina
Antonio Adolfo/Tiberio Gaspar
Descendo a rua da ladeira Só quem viu que pode contar Cheirando a flor de laranjeira Sá Marina vem pra cantar De saia branca costumeira Gira o sol que parou pra olhar Com seu jeitinho tão faceira Fez o povo inteiro cantar Roda pela vida afora E põe pra fora, essa alegria Dança que amanhece o dia pra se cantar Dança que essa gente aflita Se agita e segue, no seu passo Mostra toda essa poesia no olhar Deixando os versos na partida E só cantigas pra se cantar Naquela tarde de domingo Fez o povo inteiro cantar E fez o povo inteiro cantar E fez o povo inteiro cantar E fez o povo inteiro cantar
San Vicente
Milton Nascimento/Fernando Brant
Coração americano Acordei de um sonho estranho Um gosto vidro e corte Um sabor de chocolate No corpo e na cidade Um sabor de vida e morte Coração americano Um sabor de vidro e corte A espera da fila imensa E o corpo negro se esqueceu Estava em San Vicente A cidade, suas luzes Estava em San Vicente As mulheres e os homens Coração americano Um sabor de vidro e corte As horas não se contavam E o que era negro anoiteceu Enquanto se esperava Eu estava em San Vicente Enquanto acontecia Eu estava em San Vicente Coração americano Um sabor de vidro e corte
91
Em cada esquina eu vejo o olhar perdido de um irmão Em busca do mesmo bem nessa direção caminhando vem É meu desejo ver aumentando sempre essa procissão Para que todos cantem com a mesma voz essa oração
Índices
20 anos blue
46
A banca do distinto
87
A dama do apocalipse
63
A corujinha
81
A fia de Chico Brito À noite
A noite do meu bem
A time for love
(La nuit de mon amour)
A Virgem de Macareña A volta
(La Virgen de la Macareña)
Adeus amor
43
Cartomante
61
35
Caxangá
62
Agora ninguém chora mais
37
50
16
Aleluia
21
48
Alô alô marciano
75
Alô, alô, taí Carmen Miranda
46
Alto da Bronze
9
57
Altos e baixos
71
Amor até o fim
25
Amante à moda antiga
85
Amor demais
20
Amor em paz Andança
16 3
(Love, love)
36
Aos nossos filhos
78
Aprendendo a jogar
73
Aquarela do Brasil
35
Aqui é o país do futebol
85
Aquele abraço Arrastão
As aparências enganam As coisas que eu gosto
(My favorite things)
39
13 71
3
As curvas da estrada de Santos
40
Até aí morreu Neves
41
Asa branca
Atrás da porta
Chovendo na roseira
7
76
Alô saudade
Chegança
37
Agora tá
Águas de março
Caso no campo
8
8
Agnus sei
Amor, amor
Índice geral
8
82
47
Aviso aos navegantes
44
Bala com bala
46
Beguine dodói
70
Baby Face
Basta de clamares inocência Bicho do mato
Black is beautiful Boa noite, amor Boa palavra Bocochê
Bodas de prata Boi barroso
Bolero de satã Bom tempo Bonita Boto
Brigas nunca mais Cabaré
3
70
41 44 49
27
16
68
57 71 32
68 65
55
50
Caça à raposa
53
Cai dentro
69
Cadeira vazia Cais
Calcanhar de Aquiles
Can't take my eyes off you
56
47 75
39
Canção da América
75
Canção de não cantar
29
Canção de enganar despedida Canção do amanhecer Canção do sal Cantador
Canto de Ossanha
6
19
28
29
23
Canto triste
22
Carinhoso
28
Cão sem dono Carta ao mar
65
33
Cinema Olympia
43 20
56
44
Cobra criada
81
Comadre
51
Colagem
Começar de novo
Como nossos pais Comunicação Confissão
61 85
58 42
6
Consolação/Berimbau/Tem dó
21
Conversando no bar
52
Construção
Copacabana velha de guerra
64 42
Corcovado
54
Corrida de jangada
33
Corpos
Corsário Credo
Cruz de cinza, cruz de sal Da cor do pecado Dá sorte
Dá-me um beijo (Kiss me, kiss me) De onde vens Deixa
66
87
67
30 32
2
5
32
35
Deixa o mundo e o sol entrar
69
Deus lhe pague
64
Dengosa
7
Devagar com a louça
15
Dinorah, Dinorah
67
Dindi
Discussão
89 15
93
1, 2, 3, balançou
94
Imagem
29
Inútil paisagem
55
Influência do jazz Irene
Jardins da infância
Doente morena
Dois prá lá, dois prá cá
Domingo em Copacabana Dor de Covelo
49
53 10
3
É com esse que eu vou
51
Ensaio geral
22
Essa mulher
70
Ela
Entrudo
45
68
Esse mundo é meu
19
Estatuinha
27
Estrada do sol
45
Eu só queria saber
17
Eternidade
Eu, heim, Rosa!
Fala-me de amor Falei e disse
21
(Take me in your arms)
71 2
44
Falsa Bahiana
17
Fé cega, faca amolada
82
Fascinação
59
Fechado pra balanço
41
Flora
84
Flertei
Folhas secas
51
Formiguinha triste
7
Formosa
15
56
Fotografia Frevo
Garota de Ipanema Garoto último tipo General da banda
(Girl from Ipanema)
(Puppy Love)
Giro
Glden slumbers
41
82 3
88
36
43
Gol anulado
87
Gracias a la vida
Há uma história triste Homens de preto How insensitive
8
(Insensatez)
Ih! Meu Deus do céu!
60
10
57 38 43
15
38
60
Jesus Cristo
91
João valentão
20
Meu pequeno mundo de ilusão
51
Meus olhos
10
31
Moda de sangue
77
Morro velho
62
Joana francesa Jogo de roda
Ladeira da preguiça Lança perfume Lapinha
Las secretárias
68
22
83 6
Lembre-se
88
Louvação
24
Madalena
44
Los hermanos Lunik 9
Mancada
Manhã de amor
Mania de gostar Manifesto
Marambaia
Marcha de quarta-feira de cinzas Maria do Maranhão
Maria Maria Maria Rosa
59 26
83
Menino
Menino das laranjas Menino do Rio
Mesmo de mentira
54
Mucuripe
46
Mulata assanhada
16
Mulheres de Atenas
90
Mundo deserto
45
Mundo de paz
11
30
89
30
Na batucada da vida
77
20
75
53
83
Memórias de Marta Saré
Modinha
My funny valentine
9
Me deixas louca Meio-termo
38
77
16
Meio de campo
Minha
5
Mundo novo vida nova
9
Mas que nada
Me deixa em paz
(My little corner of the world)
49
50 66
37
77
14
85 3
Murmúrio
2
Na baixa do sapateiro
80
Nada será como antes
42
52
Não tenha medo
42
Nêga do cabelo duro
35
No céu da vibração
No dia em que eu vim-me embora Noite dos Mascarados Noite dos Mascarados Nos teus lábios
(La nuit des masques)
72
86
34
34 5
Nova estação
73
O barquinho
36
O bem do amor
11
Noves fora
O bêbado e a equilibrista
67
70
O caçador de esmeralda
50
O compositor me disse
53
O cavaleiro e os moinhos
60
O medo de amar é o medo de ser livre
73
O pequeno exilado
78
O mestre-sala dos mares O primeiro jornal
52
76
O que foi feito devera (de Vera)
80
O rancho da goiabada
64
O que tinha de ser
55
28
Terra de ninguém
13
Tereza sabe sambar O sonho
36
Olhos abertos
47
Oriente
49
O trem azul
These are the songs
73
Onze fitas
45
Ou bola ou búlica
67
Retorno
Outro cais
80
Reza
Osanah
Outra vez
42 7
(Again)
Para Lennon & McCartney Pé sem cabeça
Perdão não tem
6
Podes voltar
6
Poema
4
Pois é
54
Ponta de areia
52
Por toda minha vida
55
Por um amor maior
20
Pororó-Popó
5
Porto dos casais
(2 na bossa)
Pout Pourri de introcução Pout Pourri de Mangueira Pout Pourri Romântico Prá dizer adeus
72
38
Pizzicati pizzicato
Pout Pourri
86
88 (2 na Bossa 2)
12 24
29
30
25
Preciso aprender a ser só
13
Qualquer dia
61
Quero
59
Presidente bossa nova
Querelas do Brasil Rebento
76
65
72
Récit de Cassard
36
Resolução
19
Redescobrir
Ressurreição
79 8
Transversal do tempo
63
Tributo à Mangueira 10
Retrato em branco e preto
55
Roda
26
Rosa morena
22
Romaria
14
63
Sá Marina
91
Sai dessa
73
Sabiá
78
Samba da benção
(Samba saravah)
31
42
46
Travessia
Os argonautas
28
Tiradentes
Tiro ao álvaro
76
17
Tem mais samba
80 52
33
Tributo a Tom Jobim
32
Tristeza
54
Tristeza
Tristeza de carnaval
35 7
Tristeza que se foi
25
Último canto
21
Um por todos
59
Tu serás
Um novo rumo Upa, neguinho
Valsa de Eurídice
2
35 25
83
Samba da pergunta
37
Valsa rancho
69
Samba do perdão
31
Veleiro
27
25
Velho arvoredo
86
Vento de maio
74
Samba do avião
Samba dobrado Samba em paz
Samba feito para mim San Vicente
Saudade e carinho
Saudade é recordar
15 83
Vem balançar
9
Vera Cruz
5
65
Se acaso você chegasse
17
Se você pensa
38
Sem Deus com a família
14
Sentimental eu fico
63
Sinal fechado
64
Se eu quiser falar com Deus Se você quiser Sem teu amor Silêncio
Só Deus é quem sabe
Té o sol raiar
Vou deitar e rolar
67 5
41
Watch what happens
38
9
Yê-melê
31
8
73
27
Tatuagem
38
9
Sonho de Maria Tango italiano
36
33
Vou comprar um coração
56
Sou sem paz
15
Viramundo
81
Soneto de separação (Dream)
58
47
Violeta de Belford Roxo
54
Sonhando
Vexamão
61
Vida de bailarina
21
Só tinha de ser com você
Somewhere
Velha roupa colorida
2
91
Saudosa maloca Saveiros
Vecchio novo
17 2
20 7
60 19
Wave
37
Yesterday
89
Zazueira
39
Zambi
18
95
Telefone
96
Principais compositores Caetano Veloso
Adoniran Barbosa Saudosa maloca Tiro ao álvaro
65 80
Ary Barroso Aquarela do Brasil Na baixa do sapateiro Na batucada da vida
35 80 52
Boa palavra Cinema Olympia Irene Menino do Rio Não tenha medo No dia em que eu vim-me embora Os argonautas Samba em paz
27 44 38 85 42 86 45 25
Aldir Blanc Agnus sei Altos e baixos Bala com bala Beguine dodói Bodas de prata Cabaré Caça à raposa Comadre Corsário Dois prá lá, dois prá cá Ela Gol anulado Jardins da infância O bêbado e a equilibrista O caçador de esmeralda O cavaleiro e os moinhos O mestre-sala dos mares Ou bola ou búlica Querelas do Brasil Transversal do tempo Um por todos Violeta de Belford Roxo
50 71 46 70 68 50 53 51 87 53 45 87 60 70 50 60 52 67 65 63 59 67
Ana Terra Essa mulher Pé sem cabeça Sai dessa
70 72 73
Baden Powell Aviso aos navegantes Bocochê Cai dentro Canto de Ossanha Consolação/Berimbau/Tem dó Deixa Falei e disse Formosa Lapinha Samba da benção (Samba saravah) Samba do perdão Se você quiser Té o sol raiar Vou deitar e rolar
44 16 69 23 21 35 44 15 31 31 31 9 19 41
Belchior Como nossos pais Mucuripe Noves fora Velha roupa colorida
58 46 67 58
Carlos Lyra Entrudo Influência do jazz Marcha de quarta-feira de cinzas Maria do Maranhão
68 15 30 20
Chico Buarque Atrás da porta 47 32 Bom tempo Construção 64 64 Deus lhe pague 68 Joana francesa Mulheres de Atenas 90 Noite dos Mascarados 34 Noite dos Mascarados (La nuit des masques)34 Pois é 54 Retrato em branco e preto 55 Sabiá 78 Só tinha de ser com você 54 60 Tatuagem 28 Tem mais samba Valsa rancho 69
Claudio Lucci Colagem Vecchio novo
61 61
Guilherme Arantes Aprendendo a jogar Só Deus é quem sabe
Francis Hime
Dory Caymmi & Nelson Motta Cantador De onde vens Saveiros
29 32 21
Atrás da porta Minha Por um amor maior Tereza sabe sambar Último canto Valsa rancho
47 38 20 28 21 69
Ivan Lins
Fred Jorge Baby Face Garoto último tipo (Puppy Love) Pizzicati pizzicato
3 3 6
20 22
Edu Lobo Aleluia Arrastão Canção do amanhecer Canto triste Chegança Corrida de jangada Estatuinha Jogo de roda Memórias de Marta Saré Prá dizer adeus Resolução Reza Upa, neguinho Veleiro Zambi
Aos nossos filhos Cartomante Começar de novo Corpos Dinorah, Dinorah Ih! Meu Deus do céu! Madalena Me deixa em paz Qualquer dia
78 61 85 66 67 43 44 49 61
97
Dorival Caymmi João valentão Rosa morena
73 73
21 13 19 22 20 33 27 22 37 25 19 14 25 27 18
Gilberto Gil Amor até o fim Aquele abraço Doente morena Ensaio geral Fechado pra balanço Flora Ladeira da preguiça Louvação Lunik 9 Mancada Meio de campo No dia em que eu vim-me embora No céu da vibração O compositor me disse Oriente Rebento Roda Se eu quiser falar com Deus Viramundo
25 39 49 22 41 84 51 24 26 83 50 86 72 53 49 72 26 81 33
João Bosco Agnus sei Bala com bala Beguine dodói Bodas de prata Cabaré Caça à raposa Cobra criada Comadre Corsário Dois prá lá, dois prá cá Gol anulado Jardins da infância O bêbado e a equilibrista O caçador de esmeralda O cavaleiro e os moinhos O mestre-sala dos mares O rancho da goiabada Ou bola ou búlica Transversal do tempo Um por todos Violeta de Belford Roxo
50 46 70 68 50 53 81 51 87 53 87 60 70 50 60 52 64 67 63 59 67
98
Milton Nascimento
Jorge Ben Agora ninguém chora mais Bicho do mato Mas que nada Zazueira
16 41 16 39
Aqui é o país do futebol Cais Canção da América Canção do sal Caxangá Conversando no bar Credo Fé cega, faca amolada Maria Maria Menino Morro velho Nada será como antes O que foi feito devera (de Vera) Ponta de areia San Vicente Travessia Vera Cruz
Rita Lee 85 47 75 28 62 52 67 82 75 77 62 42 80 52 91 52 36
Alô alô marciano Lança perfume
44 71 69 65 71 44 31 31 86 41
Roberto Menescal & Ronaldo Bôscoli
75 83
Roberto & Erasmo Carlos Amante à moda antiga As curvas da estrada de Santos Jesus Cristo Mundo deserto Se você pensa
85 40 91 45 38
Lupicínio Rodrigues Cadeira vazia Maria Rosa
56 53
Paulo César Pinheiro
Marcos & Paulo Sérgio Valle Black is beautiful Deixa o mundo e o sol entrar Preciso aprender a ser só Sonho de Maria Terra de ninguém
44 69 13 27 13
Aviso aos navegantes Bolero de satã Cai dentro Cão sem dono Eu, heim, Rosa! Falei e disse Lapinha Samba do perdão Velho arvoredo Vou deitar e rolar
A volta Carta ao mar O barquinho Telefone
37 33 36 17
Ruy Guerra Renato Teixeira Romaria Sentimental eu fico
63 63
Aleluia Esse mundo é meu Jogo de roda Minha Por um amor maior Reza Último canto
21 19 22 38 20 14 21
Torquato Neto Louvação Prá dizer adeus Veleiro
24 25 27
Sueli Costa 20 anos blue Altos e baixos Cão sem dono O primeiro jornal
46 71 65 76
Tunai Agora tá As aparências enganam
76 71
Águas de março Amor em paz Bonita Boto Brigas nunca mais Chovendo na roseira Corcovado Dindi Discussão Estrada do sol Fotografia Frevo Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) How insensitive (Insensatez) Inútil paisagem Modinha O que tinha de ser Pois é Por toda minha vida Retrato em branco e preto Sabiá Samba do avião Só tinha de ser com você Soneto de separação Tributo a Tom Jobim Tristeza Wave
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Tom Jobim 48 16 68 65 55 56 54 89 15 45 56 41 82 38 55 54 55 54 55 55 78 15 54 56 32 54 37
Walter Santos & Tereza Souza
Vinícius de Moraes A corujinha Amor em paz Arrastão Bocochê Brigas nunca mais Canção do amanhecer Canto de Ossanha Canto triste Consolação/Berimbau/Tem dó Deixa Formosa Frevo Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) How insensitive (Insensatez) Marcha de quarta-feira de cinzas Modinha O que tinha de ser Por toda minha vida Samba da benção (Samba saravah) Soneto de separação Té o sol raiar Tereza sabe sambar Valsa de Eurídice Zambi
81 16 13 16 55 19 23 22 21 35 15 41 82 38 30 54 55 55 31 56 19 28 83 18
Cruz de cinza, cruz de sal Vem balançar
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Zé Rodrix Caso no campo Olhos abertos
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“Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol. Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim... Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas. Um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim – dizem – recontam a vida. Agora retiram de mim a cobertura da carne. Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos. E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Um rascunho... Um forma nebulosa, feita de luz e sombra. Como uma estrela... Agora eu sou uma estrela!”
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