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SIGNIFICADO NAS ARTES VISUAIS. Erwin Panofsky – Editora Perspectiva 1. ICONOGRAFIA E ICONOLOGIA: UMA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ARTE DA RENASCENÇA O objetivo deste texto é refletir sobre o método historiográfico de Panofsky e seu conceito de iconologia. O método iconológico realiza a interpretação dos objetos artísticos, arquitetura, pintura ou escultura, a partir da decomposição das imagens e reconstrução de seus percursos no tempo e espaço.
PRIMÁRIO OU NATURAL: constitui o mundo dos motivos artísticos é o nível mais básico de entendimento, esta camada consiste na percepção da obra em sua forma pura. Ex Última Ceia- se nós pararmos no primeiro nível, o quadro poderia ser percebido somente como uma pintura de treze homens sentados à mesa. Este primeiro nível é o mais básico para o entendimento da obra, despojado de qualquer conhecimento ou contexto cultural. PRÉ-ICONOGRÁFICA –os objetos e eventos podem ser identificados, tendo por base nossa experiència prática(familiaridade com objetos e eventos). Qualquer pessoa pode reconhecer a forma e comportamento dos seres humanos, animais e plantas, não há quem não possa distinguir um rosto alegre de um zangado. É claro que pode acontecer de nos depararmos com a representação de um utensílio de uma planta ou animal desconhecido, nesse caso temos que partir para a consulta de um livro ou perito, mas nossa experiência prática nos indica livro ou perito que devemos pesquisar. Nossa experiencia prática é indispensável e suficiente como material para descrição préiconográfica, mas não garante a exatidão. HISTÓRIA DO ESTILO - podemos corrigir nossa experiência prática investigando a maneira pela qual, sob diferentes condições históricas, objetos e fatos eram expressos pelas formas
SECUNDÁRIO OU CONVENCIONAL: Este nível avança um degrau e traz a equação cultural e conhecimento iconográfico. Por exemplo, um observador do Ocidente entenderia que a pintura dos treze homens sentados à mesa representaria a Última Ceia. Similarmente, vendo a representação de um homem com auréola com um leão poderia ser interpretado como o retrato de São Jerônimo. Para uma ANÁLISE ICONOGRÁFICA é necessário mais do que uma experiência prática, é necessário o conhecimento de temas específicos ou conceitos adquiridos por fontes literárias, mas para uma a.i exata não basta o suporte da leitura indiscriminada. Assim como Panofsky recorre a história do estilo como instrumento corretivo do primeiro nível, aqui tal instrumento será a HISTÓRIA DOS TIPOS. Compreensão da maneira pela qual, sob diferentes condições históricas,temas ou conceitos foram expressos por objetos e eventos) Francesco Maffei século XVII Estudo de Panofsky mto conhecido, apresenta uma mulher com uma espada na mão direita e uma bandeja com a cabeça degolada na mão esquerda: ou seja uma mistura entre as iconografias de judite e salomé, Panofsky busca a identificação correta. Trata-se de judite, entre outros fatores, por ser mais fácil substituir-se o saco com a cabeça por uma bandeja, que insinuar-se o motivo da espada, atributo honorífico, próprio de mtos santos (Salomé-uma pecadora).Panofsky não leva nem em consideração a hipótese de que o artista tenha desejado criar uma imagem ambivalente, uma Salomé-Judite. Afinal, não necessáriamente tem-se que tomar partido por uma delas. A imagem não deixa de “significar bem” por não representar bem.
SIGNIFICADO INTRINSECO ou conteúdo (Iconologia): este nível leva em conta a história pessoal, técnica e cultural para entender uma obra. Para Panofsky esse terceiro nível ó que realmente corresponde a interpretação, pois revela seu significado profundo. Enquanto nos limitarmos a afirmar que o famoso afresco de Leonardo da Vinci mostra um grupo de treze homens em volta a uma mesa de jantar e que esse grupo de homens representa a Última Ceia, tratamos a obra de arte como tal e interpretamos suas características composicionais e iconográficas como qualificações e propriedades a ela inerentes. Mas, quando tentamos compreendê-la como um documento da personalidade de Leonardo, ou da civilização da Alta Renascença Italiana, ou de uma atitude religiosa particular, tratamos a obra de arte como um sintoma de algo mais que se expressa numa variedade incontável de outros sintomas e interpretamos suas características composicionais e iconográficas como evidência mais particularizada desse “algo mais”. INTERPRETAÇÃO ICONOLÓGICA - finalmente a interpretação iconológica requer algo mais que a familiaridade com conceitos e temas específicos transmitidos através de fontes literárias.Apreender os princípios básicos e gerais inerentes a obra que nem sempre são frutos de uma escolha consciente do artista, não depende apenas de um conhecimento erudito.. A percepção dessas sutis relações depende de um certo talento em usar aquela faculdade mental denominada “intuição sintética. Como essa interpretação está condicionada a sua psicologia e a sua “visao de mundo” a aplicação de princípios corretivos será fundamental. Intuição sintética (familiaridade com as tendências essenciais da mente humana, condicionada pela psicologia pessoal e Weltanschauung) HISTÓRIA DOS SINTOMAS CULTURAIS OU SIMBÓLICOS que garantirá a exatidão a esta ultima fase de interpretação. É aqui que a teoria dos símbolos se faz presente. Símbolo é aquilo que o homem eqto ser racional, criou para compreender a realidade e aquilo que o distingue dos demais animais. Compreensão da maneira pela qual sob diferentes condições históricas, tendências essenciais da mente humana foram expressos por temas e conceitos específicos
O historiador da arte terá que avaliar o que julga se o significado intrínseco da obra ou grupo de obras sobre as quais se detém, baseando-se naquilo que acredita ser o significado intrínseco dos demais documentos da civilização historicamente correspondente a obra em estudo. Terá que estimar os doctos que testemunham as tendências políticas, poéticas, religiosas, filosóficas e sociais da personalidade, período ou país em questão.
Em resumo, P estabelece três níveis de interpretação de três diferentes temas da obra de arte: natural, convencional e conteúdo. Diante destes temas distintos, o ato de interpretar também será distinto: descrição pré-iconográfica, análise inconográfica e interpretação iconológica respectivamente. Como tais estágios dependem de um equipamento subjetivo, e por isso mesmo é grande a possibilidade de erro, elas serão submetidas sempre a princípios corretivos: história do estilo, história dos tipos e história dos sintomas culturais, todos eles unidos por nexos históricos. A soma desses princípios corretivos é a tradição, é o que assegura a validade não só do método iconológico mas da disciplina história da Arte. Na verdade o que separa a iconografia da iconologia para Panofsky é a interpretação. A leitura iconográfica da obra é uma análise e a leitura iconológica é uma interpretação Analise diz respeito a decomposição de seus elementos a fim de classificar cada um destes, Já a palavra interpretar implica um juízo (a análise classifica e a interpretação julga) Argan afirma que o método iconológico de P. É uma investigação histórica pois reconstrói o desenvolvimento ou o percurso das tradições da imagem
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