Ser No Ser - Teorema e Credo Da Vida Humana (AMORC, português)

July 10, 2017 | Author: Kurt | Category: Thought, Life, Reality, Human Nature, Attitude (Psychology)
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Este livro trata do fascinante mistério da natureza e da Vida do Ser Essencial que é fonte, sede e fim de tudo, e do ser...

Description

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Teorema e Credo da Vida Humana

Zaneli Ramos, FRC

SER NOSER Teorema e Credo da Vida Humana

Zaneli Ramos, FRC

SER NO SER Teorem a e C redo da V ida H um ana Z a n e li R am o s, F. R. C .

COORDENAgÁO E SUPERVISÁO Charles Vega Parucker, F. R. C. Grande Mestre

BIBLIOTECA ROSACRUZ ORDEM ROSACRUZ, AiMORC GRANDE LOJA DA JURISDIQÁO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Ia Edigáo em Língua Portuguesa outubro 2004

ISBN - 85-317-0179-1

Todos os dircitos reservados pela ORDEM ROSACRUZ, AMORC GRANDE LOJA DA JURISDIQAO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Proibida a reprodugáo em parte ou no todo

Composto, revisado e impresso na Grande Loja da Jurisdigáo de Língua Portuguesa Rúa Nicaragua, 2620 - CEP 82515-260 Caixa Postal 4450 - CEP 82501-970 Curitiba / PR Tel.: (0**41) 351-3000 - Fax: (0**41) 351-3065 www.amorc.org.br

A

Indice Nota de Abertura .................................................................................................. 7 P refacio..................................................................................................................... 9 Introdugáo.............................................................................................................11 P ró lo go ...................................................................................................................19 CAPÍTULO I O Teorema - E nunciado................................................................................. 23 O Teorema - A n álise......................................................................................... 24 Natureza e Estrutura do Ser H um an o .............................30 Fungáo Existencial do Ser H um ano................................. 37 CAPÍTULO II O Teorema - A n alo g ía......................................................................................4 7 CAPÍTULO III O Teorema - Corolarios................................................................................... 55 Relagáo Simplificada dos Corolarios...........................................................71 CAPÍTULO IV O Credo - E nunciado......................................................................................73 O Credo —Com entarios................................................................................... 74 No Tempo E terno ..........................................................................78 Um Ser Infinito e Vivo..................................................................81 Harmonizagáo Cósmica ............................................................... 85 CAPÍTULO V O Emblema Rosacruz.......................................................................................H7 Capa do livro ........................................................................................................ 89 Questóes Relevantes........................................................................................... 93 Em S u m a ............................................................................................................109 G lossário..............................................................................................................113 Biblioteca Rosacruz......................................................................................... 11 7

Nota de Abertura A parte principal deste livro está escrita num a linguagem de estilo filosófico e, por isto mesmo, sua leitura pode ser pesada ou difícil para quem náo esteja acostumado a essc estilo. Assim, redigi no final, a partir da página 109, sob o título Em Suma, um texto em linguagem mais direta e simples, cuja leitura pode auxiliar a do texto principal. Recomendo que vocé leia primeiro esse texto final, por paradoxal e esquisito que isto lhe pareja.

Prefácio Este livro é o registro de uma palestra que fiz no ámbito da Ordem Rosacruz, AMORC, apresentando o desfecho da busca que caracterizou precipuamente o sentido da minha vida e minha principal motivagáo e que resultou em minha afiliagáo a essa Antiga e Mística Ordem. Trata-se entáo de um depoimento. E a palavra busca se refere aqui ao empenho de encontrar a melhor idéia possível (no meu caso) sobre o complexo Deas- U n i verso-Vi da.

O intuito é de ofereccr a compartilhamento, sem nenhum objetivo egocéntrico, a experiencia pessoal dessa busca fundam ental que realmente dá valor superior e sentido sublime á vida como ser humano no mundo. Estas características da referida busca e constatagóes preocupantes quanto ao estado atual da vida humana neste planeta — quanto á mentalidade do ser humano em geral, á poluigáo do nosso h áb itat, ao sofrim ento que as d iversas cu ltu ras ou sociedades impiedosamente impóem a muitas pessoas já a partir do seu nascimento - me levam a atribuir especial, forte e fundamental importancia a um esforgo de alcangarmos o grau possível de consenso naquela idéia sobre Deus, o Universo e a Vida. E digo “grau possível” porque estou cónscio de que isto náo é possível a q u a lq u e r prazo previsível de modo cabal (ap licáv el a toda a humanidade) e por via meramente racional, dado que a humanidade está distribuida numa escala evolutiva, fato que torna cada pessoa apta ou náo a compreender e aceitar algum a idéia proposta para aquele consenso - aliás, só saber e determinar qual é a melhor id éia... E acresce que a razáo, apesar de importante e útil como efetivamente é, náo é faculdade que por si só possa levar o ser humano á consciéncia mais profunda e sutil da verdade sobre a sua origem, a sua natureza e o sentido de sua existéncia e de sua vida no mundo. Resta entáo o que fago com este livro: tentar contribuir para esse consenso num esforgo básico de propor aquela idéia sobre Deus, o

Universo e a Vida, tal como pude apreendé-la; e nisto tentar contribuir também para desviar a humanidade da rota de autodestruigáo (neste planeta) em que ela parece se encontrar em decorréncia das idéias que mantém sobre essa questáo fundamental e das atitudes e do comportamento que délas resultam. Por outro lado, na consciencia daquele processo evolutivo e de minhas lim itagó es, náo tenho a pretensáo de desen cad ear a necessária modificagáo de idéia. Entendo que essa modificagáo é forzosamente o resultado evolutivo da própria experiencia da vida humana (ao longo de sucessivas encarnagóes), pela interagáo da psique de cada individuo com tudo aquilo com que ela entra em contato, consciente ou incons­ cientemente, deliberadamente ou náo, gragas ao processo psicológico e cibernético de vivencia. Sei inclusive que, mesmo que a idéia que aqui proponho (e para a qual náo reclamo originalidade absoluta) fosse “a v erdadeira”, seria com certeza idiossincrasicam ente rejeitada por inúmeras pessoas. Náo obstante, entendo também —e tenho recebido disto a confirmagáo de testemunhos espontáneos - que a proposigáo de urna idéia diferente da que certa pessoa esteja mantendo pode atuar em seu caso particular como um toque modificador através da interagáo psíquica já referida. E, como estou convicto de que a idéia que aqui proponho á livre reflexáo de cada leitor pode ter sentido e efeito positivos naquela interagáo e n aq u ele processo evolutivo (in d iv id u al e socialm ente), sinto-m e justificado em apresentá-la á sua consideragáo. Oxalá venha eu a ter a alegria de saber que pelo menos em um ou alguns casos essa proposigáo tenha surtido o efeito desejado. Aliás, reitero a nota da primeira página quanto á leitura antecipada que vocé deve fazer do texto intitulado Em Sum a, á página 109. o 0 o

Introdugáo No desen rolar da busca a que me referí no inicio do Prefacio, apreendi o que assimilei como principios de pensamento, ou seja, fatores de acertó ou que aumentam a probabilidade de acertó no pensamento, corrigindo tendencias do modo natural de pensar que podem levar a equívoco ou erro. No intuito de reforjar o aproveitamento deste livro por parte do leitor que ainda nao tenha atentado para esses principios, passo a apresentá- los. 1. A titu d e M ed itativ a No contexto deste livro, pensamento é a atividade psíquica que se efetiva na ideagáo’, esta, por sua vez, consiste no evento da ocorréncia da idéia e no procedimento de seu desenvolvimento. A idéia pode ser adquirida por informagáo. mas, neste caso e estritamente, constitui conhecimento superficial, como algo apenas “agregado" á mente e passível de ser trabalhado intelectualmente. Na ideagáo que aqui se considera c é fundamental —como acentuado no texto principal do livro —idéia é ou se torna um elem ento da psique , algo constitutivo do seu estado (modo de e sta r), com urna en erg ia potencial em efeitos determinantes ou modificadores desse estado psíquico. A idéia adquirida por informagáo pode se tornar um elemento assim numa psique em condigáo de interagir com ela de modo que resulte em assimilagáo. Mas a idéia mais valiosa e que deve ser fator ou resultado de modificagáo evolutiva da psique deve ser adquirida por meditando. Trata-se de ensejar a ideagáo por atitude mental passiva (iscnta de trabalho intelectual, de atividade mental em pensamento racional e sentimento) e receptiva. Essa atitude propicia inspirando, levando a psique a “se abrir" para influxos de inteligencia superiores e superara restrigáo de seus condicionamentos. Esse fenómeno psicológico de inspiragáo é aqui denominado translucidez e, o conhecimento por ele adquirido, metacogniqdo, como explicado adiante. Em suma, trata-se de “parar de pensar" para intuir.

Portanto, o primeiro principio de pensamento (ou da “arte de pensar”) consiste cm que a pessoa assuma a atitude meditativa necessária á inspiragao. Inclusive pelo procedimento de transferir para o subcons­ ciente (“jogar para dentro”) a intengáo ou o desejo de intuir e aguardar confiantemente, ocupando-se em qualquer atividade, a conscientizagáo da intuigáo desejada.

2. Conciliagáo de E xtrem os Urna das tendencias do nosso modo natural e comum de pensar é a de extremismo. Vale dizer, de nos situarmos numa idéia extremada ou de saltarmos de urna idéia que nos é proposta para urna outra, esta extremada. A observagáo pessoal desta tendencia e a correspondente conscientizagáo da mesma devem levar a urna espécie de “vigilancia” da mente em sua atividade de pensar. Na prática é necessário, como método de trabalho intelectual, estar atento ao processo de ideagáo, de modo a sustar esse extremismo. M ais do que isto, deve se tornar tam bém método de trabalho intelectual o ter sempre em mente aquilo que na instrugáo rosacruz é chamado de lei do triángulo. Resumidamente e no caso em questáo, trata-se de compor a melhor idéia (razoável e sabia) pela conjugagáo dos aspectos essenciais de duas idéias opostas. Por exemplo, como é tratado neste livro, entre a idéia de mundanismo (dedicagáo á vida material) e a de ascetismo (execragáo dos aspectos materiais da vida humana), compóese a idéia razoável e sábia numa atitude de vida efetiva no mundo mas voltada para objetivos sublimes - vida m ística , conforme definida neste livro. (Evidentemente, náo se trata de ir ao extremo de conciliar, por exemplo, bem e mal. Os opostos a considerar devem ser complementares - e náo absolutamente antagónicos - e o resultado de sua conjugagáo, como foi dito acima, deve ser razoável e sabio.)

3. Consciencia de Significado Embora a expressáo que dá titulo a este ítem seja evidente, ela se refere a dois aspectos como principio de pensamento: primeiro ao fato propriamente de que o individuo esteja sempre consciente do significado

das idéias que lhe ocorram, ñas palavras usadas para designá-las (com recurso a dicionário sempre que necessário e a despeito de seu uso corrente, que pode ser equivocado); segundo, á busca desse significado como recurso de “sondagem” (perscrutagáo) de uma idéia ou questáo, com o objetivo de resolvé-la —a questáo —ou conscientizá-la —a idéia de maneira inequívoca. Aqui, o recurso ultrapassa a consulta a dicionário e necessita o uso do primeiro principio mencionado (atitude meditativa). Por exemplo, na questáo ou idéia de que “todas as pessoas deveriam assimilar e assumir a proposigáo do Teorema e Credo da Vida Humana feita neste livro, a fim de contribuírem efetivamente para que a sociedade se tornasse afinal judiciosa, equánim e e felicitante”, cabe sondar entre outros o significado da palavra sublinhada, com recurso ao primeiro principio. Neste caso ocorre a compreensáo e conscientizagáo de que as pessoas que compóem a humanidade sáo seres distribuidos numa escala evolutiva, de modo que a pretendida assimilagáo e assungáo daquele teorema nem sempre é possível (lamentavelmente, talvez o seja bem menos do que o desejado), abstragáo feita da possibilidade de equívoco nesse próprio teorema.

Em virtude deste principio, por todo este livro as palavras esp ecífica e cuidadosamente escolhidas nos dois aspectos supracitados sáo sempre explicitamente definidas e “abuso” do emprego de sublinha, itálico e negrito. E um glossário com essas definigóes é posto á disposigáo do leitor no final do livro.

4. Liberdade de Ideagáo Mesmo que o pensamento se inicie ou se d esen vo lv í a partir d e uma idéia adquirida e por mais importante, notoria, respeitável que seja sua fonte, deve-se pensar com lib erdade. personalidade, de m aneira autónoma. Isto se deve a que o maior valor do pensamento náo está na aquisigáo de cultura e sim na alimentacáo do processo evolutivo da psique, inclusive pela propiciagáo da metacognigüo. Portanto, deve-se questionar sempre e mesmo ousar duvidar. ainda que de si para si mesmo, fora de qualquer situaqao de debate ou conñ ito declarad o. E claro, porém, que isto excluí relativamente a aquisigáo e o uso de conhecimento científico, erudito ou técnico, que implica estudo especializado.

(Alias, espero que seja esta a atitude de qualquer leitor deste livro. Em meu livro anterior, O Espirito do Espago, chamei isso de “jogar lenha na fogueira”- o que interessa nao é a lenha em si, mas o calor e a luz que sua queim a proporciona.) Passo agora a um outro assunto preliminar. Id éia, A titu d e, C o m p o rtam en to No Prefacio, fiz referencia á constatagáo de falta de consenso na humanidade quanto á idéia de Deus, do Universo e da Vida (o que inclui a idéia do ser humano quanto á sua própria natureza e ao sentido de sua vida). E acentuei a importancia de se buscar esse consenso. A razáo disto assenta na relagáo de conseqüéncia entre estes tres fatos: idéia , atitude e com portam ento. Com efeito, toda idéia, conforme aqui defino idéia —simplificando, urna energia psíquica —tende a estabelecer urna atitude específica (predisposigáo psíquica em determinado sentido), a qual tende a condicionar um comportamento (agáo ou reagáo). Isto pode ser representado assim;

►id é ia (Energia psíquica)

ATITUDE (Predisposigáo)

I----- COMPORTAMENTO (Agáo ou reagáo)

+

E evidente a sucessáo de idéia , atitude e com portam ento , representando a relagáo de conseqüéncia mencionada acima. A linha tracejada fechando o circuito sugere o fato de que o comportamento do individuo participa em sua vivencia, da qual pode resultíír influencia na idéia ou m odificado da mesma, e assim por diante. Tem-se entáo o ciclo psicológico pelo qual se desenrola a evolugáo da psique, o que vem reforgar a importancia de trabalharmos individualm ente a idéia referida no inicio do texto relativo a este tópico. Cabe ressaltar que esses trés fatos - idéia, atitude e comportamento —sáo também relativos á índole de cada individuo, em fungáo das características de sua psique no ponto ou grau de sua evolugáo.

Na humanidade, segue-se evidentemente a suma importancia do empenho coletivo na busca da consonancia de idéia que nos falta e que causa básicamente muitos de nossos problemas, conflitos e transtornos. Isto levanta o problema d e...

Dissensáo Filosófica e Necessidade Psicológica O adjetivo filosófico significa relativo á Filosofía ou aos filósofos. Neste sentido, tem o caráter de um estudo especializado e académico, erudito, que escapa á experiencia da maioria das pessoas. O adjetivo psicológico significa relativo ou pertencente á Psicología ou concernente aosfatos psíquicos, segundo a ciencia dos fen óm en os psíquicos e do comportam ento. Neste sentido e a rigor, tem também o caráter de um estudo especializado e académico, que escapa á experiencia da maioria das pessoas. Entre parénteses, ambos estes estudos escapam a minha própria experiencia. Por isto mesmo passo a d th n u filo so fa e psicología filo só fico e psicológico, tais como estes termos sao empregados neste livro. Filosofía —A idéia pessoal sobre Deus, o Universo e a Vida, e o decorrente modo de viver, com seus valores, gostos, interesses e objetivos - seja essa idéia conscientizada e deliberadamente expressa em palavras ou náo. Filosófico - R elativo a filo so fía . tal como definida acim a. Vale acrescentar que, neste sentido, a filosofía de um dado individuo constituí precipuamente o seu modo de pensar, mesmo que a idéia básica desse pensamento náo esteja conscientizada. Psicología —Modo pessoal de entender a própria psique em suas fungóes - independente de estudo - determinado e condicionado pelas características da psique pessoal e em fungáo da evolugáo da mesma. Também predisposigáo psíquica —atitude —para agáo e reagáo ou interagáo - comportamento - caracterizando a índole do individuo. Psicológico - Tudo o que é relativo á psique, que se refere á sua atividade ou ao seu funcionamento. Ora, dissensáo significa básicamente divergencia de opiniáo. ou seja, falta de consenso, de concordancia de idéia. Atentando entáo para a hum anidade como conjunto de individuos diferenciados entre si,

percebem-se neste problema de dissensáo dois aspectos: o filosófico e o p sico ló g ico , ambos ligados á índole e á evolugáo psíquica de cada individuo. Entáo, se existem na hum anidade varias, ou muitas e diferentes filosofías, náo podem estar todas certas, náo podem ser todas verdadeiras! O melhor que se pode admitir é que todas tenham um ou mais pontos de veracidade em comum (o que talvez náo seja verdadeiro.. Seguese que nenhum a filosofía deve nem pode prevalecer universal e defini­ tivamente, por imposigáo. Mesmo admitindo por hipótese que uma das filosofías existentes fosse “a verdadeira”, a tentativa de sua ímposigáo iría necessariamente redundar e esbarrar em conflito psicológico dañoso a todos os individuos que náo pudessem ou náo quisessem aceitá-la. Dentre esses individuos, aqueles que fossem levados a duvidar de sua própria filosofía mas náo pudessem ainda compreender e adotar a “filosofía certa” seriam mais ou menos gravemente atetados de modo negativo e sofreriam disturbios psicológicos. Em suma, por neeessidade psicológica, relativamente a equilibrio e bem -estar - e, em algu n s casos, até m esm o a san id ad e m ental (normalidade psíquica) —é importante que cada individuo possa manter sua filosofía, rejeitando livrem ente q u alq u er outra que lhe seja apresentada, na medida em que lhe desagrade ou o afete de modo perturbador e ameagador. Afinal, em matéria de evolugáo (mudanga progressiva para mais e melhor) náo é possível dar “saltos”. Por outro lado, considerando-se a h um an idade em geral e a neeessidade evolutiva dos individuos em particular, é importante que cada filosofía tida como “m elhor” - mais correta ou mais avangada na visáo de alguém - seja apresentada e proposta á livre considerado dos individuos em geral, no intuito de beneficiar e ajudar aqueles que estejam sendo interiormente premidos pela neeessidade psicológica de modificar sua filosofía num sentido evolutivo —que sejam buscadores. Ai está o espirito que motiva e rege a idéia deste livro. É válido e necessário discordar no aspecto filosófico da idéia de alguma pessoa (ou instituidlo), mas cumpre respeitar no aspecto psicológico seu direitoesua neeessidade de manter essa idéia. Náo cabe, portanto, discuti-la ou tentar converter a pessoa a uma outra idéia.

Idealismo Versus Realismo Aqui está mais um conflito de idéias por extremismo, que requer conciliagáo de opostos. Com efeito, para o idealista, a postura realista é inferior porque limitada c limitante, miope e estagnan te. Para ele, a atitude realista é tam bém reprovável por ser co n fo rm ista, dado que aceita sem questio n am en to e em penho de m udanga as regras e os valores estabelecidos. O realista é tido como retrógrado e alheio ou prejudicial ao progresso. Real é aquilo que de fato existe concretamente e no presente, mas que nao é necessariamente bom e náo deve ser necessariamente definitivo, ao passo que ideal é aquilo que pode vir a existir concretamente, corrigindo os defeitos do real. Para o realista, a postura idealista é reprovável e mesmo desprezível, justamente porque está “fora da realidade”; por conseguinte, é prejudicial á vida na realidade. que, em última análise, é o que necessariamente prevalece. O idealista é um “sonhador inútil" que em nada contribuí para o bem-estar real da humanidade. Ideal é aquilo que só existe na idéia, que é imaginário, ao passo que real é aquilo que existe de tato, cuja existencia é verdad eirá. Para resolvermos esta pendencia pela conciliagáo destes dois opostos, temos de superar o “versus” e suprim ir o “ista”. No primeiro caso, precisamos claramente assumir a postura de conciliar os dois opostos, pela conjugagáo razoável dos aspectos essenciais de seus significados. No segundo, basta-nos atentar para o fato de que qualquer postura “ista” é ou tende a ser extremada, radical, intolerante c adversa ao salutar empenho de h armonía e avango. No pensamento de um ideal, temos o aspecto e tato positivo de cogitarmos urna situagáo (e vida) futura que venha corrigir algo que na situagáo (e vida) atual náo seja bom ou náo esteja bem. No pensamento do real, temos o aspecto e fato positivo de atentarmos para a situagáo (e vida) atual de modo a náo tendermos a fugir psicológicamente para urna situagáo (e vida) futura que só exista na imaginagáo. Fazemos a necessária conciliagáo combinando os aspectos c íatos positivos de ambos os opostos: devenios viver realísticamente no presente o melhor possível, mas estudando e contemplando idealmente um futuro

que melhore ainda mais esse presente. O real é o “solo firme” e concreto em que podemos e precisamos caminhar, trabalhando para modificá-lo na dire^áo do ideal, que é o “farol” que guia nossa víagem nessa dire^áo. Isto parece evidente e notorio, mas o fino é que tenho ouvido a respeito de pessoas que nutrem e sustentam idéias como as que compóem a tese deste livro a crítica maldosa e pejorativa de que elas sao “idealistas” no sentido de “sonhadoras” ou “voadoras”. A verdade, porém, é que elas estáo usando de sabedoria para cogitar um ideal que nortcie o esforgo de mudar o real para um real melhor e superior. H á casos em que essa crítica tem caráter egocéntrico. As pessoas que a fazem estáo psicológicamente bem na realidade que vivem atualmente e temem a possível mudanza para um ideal que nao entendem e que, pelo que im aginam , viria privá-las de sua seguranza psicológica e de seus prazeres atuais. Nao há o que fazer nesses casos, mas, fora deles, pode-se por exemplo expor num livro como este um ideal que venha nortear a vida hum ana para urna realidade melhor e tendente a urna realizad o sublime. Assim sendo, este livro expóe sim um ideal, porém, sem extremismo nem devaneio e na esperanza (pelo menos) de que ele contribua para a necessária o rientado da vida humana no sentido daquela realidade melhor e tendente a urna realiz a d o sublime. Isto posto, creio agora que “o cenário está pronto” para a apresentagáo do Teorema e Credo da Vida H um ana e passo a fazé-la a partir do prólogo, a seguir. o 0 o

Prólogo No Prefacio, fiz referencia ao processo evolutivo que caracteriza o sentido e a fungáo da existencia e da vida do ser humano. Por definigáo, entáo, esse processo se desenrola em etapas —já que evolugáo é mudanga gradativa para um estado mais avangado. Uma dessas etapas é a que, na tradigáo mística, recebeu o nome de despertar. A alegoria, aqui, assenta no fato constatado de que o ser humano é inicialmente inconsciente de sua verdadeira e mais profunda natureza e da fungáo maior e final de sua vida no mundo. Específicamente, assume a esse respeito uma das idéias do contexto social e cultural (inclusive a fam ilia) em que recebe maior influencia, principalm ente mas náo exclusivamente em seu período de formagáo. Chega entretanto uma etapa daquele processo evolutivo natural, interior e inconsciente, em que ele “estranha" a idéia assumida por essa influencia, o que marca o comego daquele despertar. Vários eventos aparentemente fortuitos váo levando o individuo á conscientizagáo desse despertar, acabando por marcar este fenómeno ao longo de sua vida. Um desses eventos é a leitura “eventual" de algo relacionado com aquela questáo do sentido e da fungáo da existencia e da vida do ser humano. As vezes, essa leitura apenas apresenta e enfatiza a questáo; outras vezes, propóe além disso uma resposta para ela. No meu caso e como razáo parcial da escolha do título deste livro (Ser no Ser), há dois desses marcos de despertar que sáo interessantes como Prólogo, ainda mais que um deles é um exccrto de uma pega de Shakespeare, H amlet , e prólogo é justamente uma cena introdutória numa pega dessa natureza. Passo entáo a apresentar este primeiro marco de despertar, no seguinte monólogo de Hamlet:

Ser ou nao ser; eis a questáo: Se é mais nobte sofrer m entalm ente Os aqoites de atroz fortuna,

Ou arm arse contra um mar de perturbagóes E, opondo-se a elas, findá-las. Morrer: dormir; Nada mais; e por um sono dizer que jindam os A angustia e os m il choques naturais De que a carne é herdeira, é urna consumando A ser ardentem ente desejada. Morrer, dormir; Dormir, talvez sonhar; ah, ai está o problem a; Pois, nesse sono de morte, que sonhos poderáo vir? Qtiando tiverm os desvendado esse m ortal enigma, H averemos de ter descanso : há o respeito Que torna calamitosa essa vida tdo longa; Pois, quem suportaría os fla gelos do tempo, A iniqüidade do opressor, a insolencia do hom em orgulhoso, As afligóes do am or despiezado, a protelagdo da lei, A injuria das obrigagoes, e o despiezo Que o paciente mérito sofre dos indignos, Quando a própria pessoa poderia sua vida cessar Com um m ero punhal? Quem suportaría fardos, (¡em endo e sitando ntima vida exaustiva. Sendo porque o m edo de algo após a morte, Da regido desconhecida de cujasfronteiras Ncnhum viajante retorna, confunde a vontade, E nos faz antes suportar os males que temos Que fu g ir para outros que deseonhecem os? Assim a consciencia nos torna todos covardes E assim, a tonalidade natural da re sol u gao E esmaecida pelo pálido matiz do pensamento, E em preendim entos de grande arroubo e importancia Com esta considerando seu desenrolar extraviam E perdem o nom e de agao. Mas, tranqüiliza-te! Bela Ofélia! Ninfa, em tuas oragóes Sejam todos os meus pecados lembrados. Este monólogo e famoso pelo menos em seu primeiro verso. Nele, Shakespeare - ou, considerada a controversia existente, Francis Bacon

levanta a questáo mas náo propóe solugáo para ela, cxceto pela idcia de suicidio, logo “esm accida’pelo medo do desconhccido no estado post mortem . Este tipo de marco de despertar como que alimenta o fogo da ansiedade de conhecermos afinal a razáo de ser da nossa existencia e da nossa vida; dá renovado ímpeto á busca e ai está sua importancia. Neste livro, o que fago é expor a solugáo que encontrei para o dilema apontado por Hamlet. O utro m arco de despertar, para m im , foi a leitu ra do livro Spar\enbroke, de Charles Morgan, na juventude. Ao que me lembro, Sparkenbroke era o nome de urna familia rica da Inglaterra, que possuía urna mansáo numa enorme propriedade, na qual havia inclusive um túmulo da familia. Certa vez, algum personagem do livro e membro da familia, muito jovem, passou a noite dentro do túmulo, vivendo entáo urna experiencia muito forte, relacionada com o enigma shakespeariano. E, na lapide que ornava a entrada desse túmulo, lia-se a seguinte inscrigáo - conforme me lembro déla:

Algum mortal em m eio a humana lida, Lamenta acaso quem aquí repousa? Chora o ten próprio exilio e deixa a minha vidal Com a térra por m áe e o sono por esposa, Ofrios ventos hibernáis, correi, Que a primavera, aqui, tem ¡m ortal guarida. Quem bate? O rei. Quem hesita? Um imbécil. Aqui senti entáo um louvor, náo específicamente á morte, mas á vida como estado de ser superior á existéncia física no mundo. Daí á procura de um entendimento superior ao destes dois marcos de despertar —ainda que reforjada por eles —foi urna persistente continuaqáo da busca, alimentada aqui e ali por outros desses marcos, de diversas fontes. Por conseguinte, a razáo de ser deste livro (como da palestra que o originou) assenta precipuamente no impulso solidario de compartilhar, menos estas duas experiencias em p articu lar e m ais o que cías

representaram como marcos de despertar na saga da busca do sentido superior da nossa vida. Com efeito, em última análise, estamos todos de fato “no mesmo barco”; o problema é que nao estamos “remando no mesmo sentido nem no mesmo ritmo”. O resultado é o freqüente extravio do barco, além de estarmos enfrentando o “mar de perturbaqoes ” e sofrendo “a angustia e os choques na turáis de que a carne é herdeira ”. H A M U ITO TEM PO — desde nossos prim ordios — estam os “remando esse barco de modo caótico”. Por quanto tempo mais vamos continuara “remá-Jo assim" ? Piorainda: por quanto tempo mais vamos poder continuar a fazé-lo? Ai está justamente a importancia vital de buscarmos respostas para as questóes que afligem ou mesmo aturdem os “hamlets” e os “sparkenbrokes” existentes de fato nos buscadores já despertos, a fim de que possamos afinal “descansar desse mortal enigm a ”. E vale acrescentar e lembrar que o processo é evolutivo; tem muitas etapas e, neste prólogo, estamos abordando táo-somente a primeira: o despertar. Neste paira constantemente a questáo fundamental de Hamlet: ser ou nao ser? E a resposta que proponho neste livro e já revelada no seu título é: ser no SER! o 0 o

C apítulo I

O Teorem a

-

Enunciado

Em sentido absoluto, o nada é um absurdo.

Em esséncia, tu d o é um Ser ú n ico, tra n scen d en te,

etern o, in fin ito e vivo: o Ser.

No universo, tudo - coisa, ser vivo ou fen ó m en o - é

m anifestagáo tem poral e espacial d e atributos d esse Ser E ssencial, mediante atualizagáo das p oten cia lid a d es de sua natureza.

S om en te o Ser E ssencial é substantivo em natureza. Todas as suas m anifestagoes, q u e con stitu em o U niverso e a Vida, sáo verb os.

O ser hum ano é verbo. Emana do Ser Essencial, efetivase n ele, para fu n gó es da Vida d ele. A vida do ser hu m ano é pa rte da Vida do Ser E ssencial e subsidiária a esta.

OT

eorem a-

Análise

*** Em sentido absoluto, o nada é um absurdo. * * *

É absurdo aquilo que é contrário á razáo, que fere o principio fundamental da lógica no empenho ou na tentativa de pensar a natureza da realidade. Com efeito, é um contra-senso admitir-se a existéncia de algo que constitua inexisténcia absoluta. Nada só pode ter sentido relativo as facilidades de percepgáo e cognigáo do ser humano, limitadas como sao em sua natureza vinculada a condigóes de tempo e espago. Entáo: *** Em esséncia, tudo é um Ser único, transcendente, eterno,

inñnito e vivo: o Ser. *** De fato, náo podem existir dois ou mais seres, pois, que haveria entre cíes? Nada? Logo,é válido,consoante com as leis da razáo, com a lógica, admitir-se o principio de que tudo é um único ser! Isto pode ser adequadamente simbolizado por um círculo. Realmente, o círculo é urna figura geométrica que se caracteriza por um conjunto de pontos referidos a um centro, do qual partem raios iguais (como o que está indicado na figura) em todas as diregóes, abrangendo todos os pontos no ámbito do círculo. Gráficamente, a circunferéncia delim ita o círculo no espago, porém, simbólicamente, por analogía, mesmo assim ele se mostra adequado para representar a idéia ora considerada de que tu do tem esséncia e existéncia —portanto, origem. duragáo e fim - num único Ser (“dentro" dele). Os pontos do círculo, como elementos de sua composigáo e de expressáo de suas propriedades, representam a manifestagáo Figura 1

dos atributos do Ser Essencial c devem ser entendidos como “cintilantes”, já que tem cometo, duragáo e fim, na Vida Eterna e Infinita do Ser Essencial. Isto pode ser visualizado assim:

As figuras 2a a 2d devem ser vistas como representativas de diferentes graus de intensidade e diversificado da manifestagáo de atributos do Ser Essencial, desde seu estado primordial e subjacentc de potencialidade (figura 2a), sempre presente. Interessante considerar o fato sugestivo de que o estado potencial do Ser Essencial é aqui representado pela cor prcta do centro do círculo em todas as figuras, dado que o preto constituí ausencia de cor no sentido físico, aqui representando a transcendencia imánente ao Ser Essencial, seu estado primordial de ser.

Cada ponto desse círculo simbólico representa alguma coisa, algum ser v iv o , ou algum fen ó m en o que podemos perceber, ou conhecer indiretamente, ou ainda algum a atualizagáo de potencialidade do Ser Essencial que transcenda nossas facilidades de percepgáo e cognigáo. E esse Ser único é, em esséncia. necessariam ente transcendente, metafísico; nao pode estar sujeito as limitagóes ou restrigóes de tempo e espago. De lato, se ele tivesse tido comego, no tempo e no espago, que teria havido antes dele? Nada? Se viesse a ter fim, no tempo e no espago, que haveria depois dele? Nada? Assim, o Ser Essencial, por ser metafísico, nao tem duragáo no tempo nem extensáo no espago. E agora, sempre: eterno; está aq u i, sempre: é infinito. Isto o torna transcendente também por ser inacessível á razáo humana, as faculdades de percepgáo e cognigáo do ser humano. O Ser Essencial é incognoscível em sua esséncia! Nao obstante, esse Ser Essencial é vivo: realiza em atividade os atributos de sua natureza; manifesta ou atualiza suas potencialidades, isto é, torna-as efetivas em agóes mediante energías , a varios níveis e em diversos cam pos. P otencialidade é justam ente isto: poténcia ou poder de manifestar, o que requer, ao que se constata indiscutivelmente, energia, aquilo que tem a potencialidade de produzir forga, o fator natural de atividade ou de oposigáo a atividade, de movimento ou de oposigáo a movimento. Energia é o fator necessário de existéncia e vida. E a energía primordial imánente ao Ser Essencial é diversificada em vários campos, consistindo cada um deles num ámbito de atividade de energia e manifestagáo (Vida do Ser). Assim: *** No un iverso, tu d o —coisa , s e r vivo ou fen ó m en o —

é m an ifestagáo tem pora l e esp a cia l d e atributos d e s s e S er E s s e n c i a l m ediante atualiz agáo das p oten cia lid a d es de sua natureza. * * *

Portanto, criagáo é um absurdo! (Ou a unicidade do Ser Essencial é falsa e o nada tem existéncia absoluta!).

Em sentido absoluto, nao há nem pode haver criagáo; somente m an ifestad o de atributos, atualizagáo de potencialidades, do Ser Essencial, nele próprio! E tudo é meio; nada é Fim. N ada tem ou pode ter finalidade em si mesmo. O universo de manifestagoes do Ser Essencial (ou, sim plificando, o U niverso) é composto de coisas, seres vivos e fenóm enos, O Ser Essencial e o Universo constituem a R ealidade , o conjunto de tudo o que existe. E: Coisas sáo elementos da Realidade que náo manifestam fungóes biológicas (vida). Seres vivos sáo elementos da Realidade que manifestam fungóes biológicas (reinos vegetal e animal). Fenómenos sáo elementos da Realidade (fotos, even tos) causados por relagóes (interagóes) e eventos (agóes), internos ñas coisas e nos seres e ex tern o s en tr e eles (forgas, m ovim entos, im pactos). Podem ser perceptíveis ou náo pelo ser humano e compreensíveis ou náo para ele. Tais relagóes e eventos ocorrem necessariamente segundo leu naturais. (Leis naturais sáo relagóes sistemáticas e irrevogáveis de cansa e efeito ñas manifestagoes de energías - por exemplo, a lei da gravidade. Segue-se que o Universo é um sistem a cib ern ético , vale dizer, automático, autocontrolado e autodirecionado para um fim próprio da sua natureza mediante leis naturais cujo conjunto constituí a sua Lei. Este é o sentido, neste livro, da expressáo Lei do Universo ou, mais simplesmente, da referencia á Lei, que aqui náo tem conotagáo alguma de decreto.)

Exercício Em qualquer situagáo de sua vida no mundo, sempre que lembrar, mantenha “nos bastidores” ou “no plano de fundo” da sua mente a consciencia dessa idéia fundamental de que tu d oéu m Ser único, essencial, transcendente esem pre onipresente e de que tudo (inclusive vocé mesmo) é

manifestando temporal e espacial, efemera, de sua potencialidade.

É possível que assim vocé propicie um dia a ocorréncia dessa consciencia como um sentí m en tó di reto (maravilhoso!), em cognicáo intuitiva capaz de am pliar e aprofundar sua vida no mundo, situandoa no contexto sublime da Vida do Ser Essencial no Universo. Esse sentimento poderá ser especialmente valioso em momentos ou períodos de crise, tensáo, angustia, tedio, etc. Algumas situagóes seráo especialmente apropriadas para isso, como a de passear a sos e em silencio numa praia deserta ou num bosque, numa zona de mata, por exemplo. E importante que vocé tente entáo se colocar em atitude contemplativa, isto é, passiva, sem estar pensando ou analisando objetiva e racionalmente as coisas e os eventos ao seu redor e sem estar pensando algo passado, presente ou futuro. Vocé poderá reconhecer aqueie sentimento intuitivo na consciencia sutil e espontánea de que por trás de tudo o que estivcr percebendo objetivamente estará urna PRESENLA transcendente e essencial, bem como de que tudo —seja coisa, ser vivo ou fen óm en o —teve a mesraa origem que vocé e tem o mesmo sentido existencial que vocé, de ser fungao da natureza desse Ser Essencial, fenómeno na Vida dele. Isto será particularm ente significativo em situagóes que incluam outras pessoas. E esse sentimento há de ser fator positivo de evolugao de sua idéia sobre o universo e a vida em geral, bem como sobre a sua vida em particular, acarretando evolugáo correspondente em sua atitude e seu comportamento para com tudo. Voltando ao Teorema: * *■#

S om en te o Ser E ssencial é substantivo em natureza. Todas as suas m a n ifesta góes, q u e co n stitu em o U niverso e a Vida, sao verbos. * * *

Ser-substantivo : Que é ser em si mesmo; que tem realidade própria, esséncia em si m esm o. S er -v er b o 1. Agáo, estado, a tu a liz a c a o de p o te n cialid ad e do ser-substantivo.

Relativamente ao Ser Essencial, tudo é fenómeno - verbo. Os fatos físico s —no sentido estrito de eventos observáveis —e as coisas sao fenóm enos que atu alizam potencialidades do Ser Essencial sem apresentarem as fungóes biológicas próprias dos seres vivos —vida no sentido estrito de tais fungóes. Os seres vivos sao fenómenos que atualizam potencialidades do Ser Essencial apresentando fungóes biológicas metabolismo, crescimento, sensibilidade e reagáo a estímulos, adaptagáo ao meio, reprodugáo, etc. —mediante um organismo. Por isto podem ser entendidos e designados como fenómenos de ser, em comparagáo e diferenciagáo com as coisas e os fenóm enos puram ente físicos —sem vida. ***

O s e r h u m a n o é v e r b o . E m ana do^ S er E ssencial, efetiv a -se n ele, para fu n có es da Vida d e le . A vida do ser h u m a n o é pa rte da Vida do Ser E ssencial e subsidiaria a esta. * * *

Portanto, o ser humano é fen ó m en o de ser e a fm alidade de sua existéncia como tal nao pode ser a sua própria vida no mundo (!) - que é restrita e efémera - e sim a de que através déla se cumpra alguma fungáo superior, sublime, transcendente, da natureza do Ser Essencial, na Vida dele próprio (i.e., do Ser Essencial). Assim, o ser humano é um vetor de atualizagáo de potencialidades do Ser Essencial no Universo. Simbólicamente, consideremos a figura 3. Vetor é, gráficamente, um segmento de reta orientado, urna seta como a que aparece na figura 3. E usado para representar forga, que, por sua vez, é atualizagáo de energia potencial. E justamente neste sentido que o ser humano é um vetor na Vida do Ser Essencial, no seu Universo de manifestagóes. Figura 3

(Esta imagem é forte e já sugere em que sentido o ser humano deve de preferencia orientar sua vida no mundo. O sentimento decorrente do exercício já proposto acrescenta um fator emocional de motivagáo para essa orientagáo. ao fator racional da idéia expressa no enunciado do Teorema da Vida H um ana aqui apresentado.) Scguem-se as questóes de saber o que é o ser humano como tal vetor e de que modo se cumpre sua fungáo na natureza e na Vida do Ser Essencial, como vamos agora estudar.

Natureza e Estrutura do Ser Humano Quanto a natureza, bási­ camente, já foi dito: fenóm eno na Vida do Ser Essencial, em co n traste com a id éia ou concepgáo do ser hum ano como ser propriamente, com realidade original e perene e finalidade de existencia em sua própria vida no mundo e fora ou “acim a” deste. Sua estrutura. á sem elhanga do que ocorre com o Ser Es­ sen cial, é tríp lice e tem a composigáo necessária ao Figura 4 cum prim ento de sua fungáo existencial. Com efeito, pode-se reconhecer no Ser E ssencial, por inferencia e sim plificagáo, a estrutura tríplice representada na figura 4. Em (1), centro do círculo, tem -se a natureza absoluta do Ser E ssen cial, tran scen d en te, incognoscível em si m esm a, mas indiretam ente cognoscível (dedutível) em suas m anifestagoes no Universo. Em (2), o círculo interm ediário, um segundo elem ento

cstru tural, prim eiro nivel de m anifestadlo, também m etafísico e co n cretam en te inco gn o scível em si m esm o. Em (3 ), o círcu lo ex te rio r, um te rc e iro elem en to e s tr u tu r a l, seg u n d o n iv el de m an ifestagáo , físico , co n cretam en te co gn o scível e no q u a l se desenrola a vida do ser hum ano no mundo e se m anifesta todo o universo de coisas, seres vivos e fenómenos. (E claro que esta classificagáo ou divisáo estrutural do Ser Essencial é relativa as faculdades de percepgáo e cognigáo do próprio ser humano.) No ser humano, tem-se a mesma estrutura (com referencia a mesma figura). Em (1), a natureza transcendente do ser hum ano, neces­ sariamente nucleada no Ser Essencial (o nada é um absurdo...): a alma. E ai que a natureza do ser humano é urna fungáo incognoscível da natureza do Ser Essencial e sua vida no mundo é um aspecto da Vida dele. Em (2), a psique humana - o espirito , o eg o , a m ente - metafísica, mas indiretamente cognoscível pela manifestagáo de suas fungóes (como a inteligencia, a sensibilidade, a capacidade de expressáo e comunicagáo) mediante um organismo físico em (3), onde se tem o ser humano no mundo, em corpo, situagáo em que ele é um sistema psicofísico através do qual se manifestam atributos (se atualizam potencialidades) do Ser Essencial no campo material da Realidade, segundo a Lei.

Entre parénteses: Neste ponto, é interessante que sejam definidas duas nogóes que já foram citadas: a de campo e a de sistema. Campo: Espago ou ámbito de atividade, manifestagáo, atualizagáo de potencialidade energética. E fácil entender e assim ilar esta nogáo considerando-se urna barra imantada, um ímá, situado sobre o tampo vazio de urna mesa, no centro do mesmo. Ao se aproximar desse ímá um prego (por exemplo), há um ponto em que ele é súbitamente atraído para o ímá e nele se encosta com algum impacto. Repetindo-se essa operagáo á volta do ímá e marcando-se os pontos a partir dos quais o prego se desloca até ele, obtém-se um círculo com o próprio ímá como seu centro. Aparentemente, nada existe nesse círculo; entretanto, nele

está presente a energia própria do magnetismo do ímá e á qual se deve a agáo de deslocar o prego. Sistema: Conjunto de partes ou elementos coordenados e correla­ cionados entre si e considerados como formadores de um todo funcional situado em algum am b iente, com o qual pode trocar influencias específicas c recíprocas. O corpo humano, por exemplo, é um sistema orgánico situado neste mundo e guardando reciprocamente com ele relagóes diversas. Uma m áquina é um sistema mecánico que executa uma ou mais operagóes específicas, em fungáo tías relagóes dinámicas de suas partes, e do sistema por elas formado com o ambiente onde ele se encontra. De modo geral, pode ser tida como sistem a, para fins de estudo, qualquer coisa considerada como unidade funcional em si mesma e ñas suas relagóes com o ambiente onde exista ou se encontre.

Voltando a abordar a na­ tureza e a estrutura do ser humano, no empenho de dar resposta á questáo de saber o que ele é, consideremos agora, específicamente, a psique hu­ mana (nivel ou fase 2 da es­ trutura geral do ser humano), cu ja e stru tu ra é tam bém tríplice (figura 5). — A fase 1, nuclear, pro­ funda, essencial, é a metafase (combinagáo de meta, prefixo Figura 5 indicativo de transcendencia. com fa se, termo designativo de nivel ou elem ento de composigáo cstrutural); suas fungóes, por serem transcendentes, náo podem ser diretamente observadas, mas podem ser inferidas, ou conhecidas por intuigáo ou m etacognigao (conhecimento direto por via metafísica).

- A fase 2, intermediaria, é a fase propriamente psíquica , intelectual - a m e n t e - que atualiza ou efetiva os influxos da metafase e da fase 3 em efeitos racionais e emocionáis; é a sede das fungóes mentáis (razáo e emogáo) e constitui o ego humano. - A fase 3, superficial, sensorial , é aquela pela qual sao observadas e empregadas as funcóes do corpo ñas suas relagóes internas e com o ambiente (o mundo). A seta que parte de (1) e causa efeito em (2) indica um influxo metafísico na psique. A seta que parte de (3) e causa efeito em (2) indica um influxo sensorial na psique. As duas setas paralelas e em sentidos opostos indicam interagáo da psique com o mundo. A psique humana, portanto, pode ser entendida como um sistema composto de tres níveis: 1) O nivel transcendente , constituindo a metafase (potencialidade de inteligencia do Ser Essencial presente no ámago da psique) —a

alma. 2) O nivel psíquico , constituindo a fase propriamente psíquica (a mente subjetiva, sede de eventos racionais e em ocionáis, da consciencia subjetiva) —o espirito , o ego humano. 3) O nivel sensorio , constituindo a fase perceptiva sensorial (a mente objetiva, sede de eventos sensoriais, da consciencia obietiva através das fungóes do corpo , dos sentidos). E conveniente, aqui, a definigáo de consciencia'. Trata-se de evento psíquico que ocorre como um sentimento na psique (fase 2) sobre alguma realidade (objetiva ou subjetiva, material ou imaterial, ou mesmo im aginaria). Guarda correspondencia com essa realidade e constitui, portanto, o conhecim ento da mesma. Pode ser autoconsciéncia. como sentimento de algum evento interior na psique. E conhecim ento é idéia ou representacáo mental de alguma realidade de que se toma consciencia direta ou indiretamente. Existem varios tipos de conhecimento, conforme o meio ou método de sua obtengáo e a base de pensamento que lhe atribui validade: Científico - Obtido por observagáo ou constatagáo objetiva. Tem na experimentagáo controlada seu instrumento de verificagáo, estudo e desenvolvimento da idéia representativa do conhecimento. Tem caráter

intelectivo, no uso da lógica aplicada á programagáo e aos resultados da experim entado. Embora nao prescinda necessariamente da in tu id o , principalmente no tocante a descobertas, náo assenta metodológicamente sobre esta. Filosófico - Obtido por pensamento. Tem na lógica seu instrumento de verificado , estudo e desenvolvimento da idéia representativa do conhecimento. Tem caráter intelectivo, no uso da lógica para eJaboragáo e v alid ad o do pensamento. Embora náo prescinda necessariamente da in tu id o e da observado, principalmente no tocante a premissas, náo assenta metodológicamente sobre estas. Intuitivo —Obtido por in tu id o . Embora náo prescinda neces­ sariamente da observaqao e do pensamento , náo assenta metodológicamente sobre estes. Requer atitude m editativa (de passividade in telectual), condigáo ou estado em que a psique v iab iliz a o influxo da fase transcendente de sua tríplice constituido (a fase 1) em sua fase intelectiva (a fase 2), disto resultando o conhecimento como afloramento sensível, ao campo intermediario da psique, de alguma apreensáo direta (porvia metafísica): metacognigáo.

Observacáo importante: A lógica consiste na operagáo mental de raciocinio, na fase subjetiva da psique, mediante encadeamento de idéias por sucessivas relagóes de conseqüéncia. evidentes ou demonstráveis, que levam de uma premissa a uma conclusü o. Embora seja muito importante na vida humana em geral e na concepgáo da Realidade em particular... ... a lógica nao é prova suficiente de verdade! Pode apenas orientar o desenvolvimento de um raciocinio e verificar sua corregáo, estabelecendo assim a possível validade do pensamento de que decorra uma idéia. Um argumento pode ser lógicamente válido, mas falso no tocante á verdade. Segue-se que, quanto á busca da verdade . destes tres tipos de conhecim ento, os dois prim eiros, ainda que importantes e necessários, sáo inferiores ao terceiro, porque:

-

o conhecim ento científico faz abstragáo da realidade trans­ cendente do Ser Essencial e da fungáo superior e transcendente de metacogniqao da psique, limitando-se aos resultados que a observagáo e a lógica permitem; — o conhecimento filosófico assenta precipuamente sobre a razáo mediante a lógica, tendendo assim a fazer também abstragáo da fungáo superior e transcenden te de m etacogn i (¿lo da psique e a limitar seus resultados —idéias —ao que a lógica permite (a menos, é claro, que se amplié ou estenda a definigáo de filosofía). (Assim foi que, durante muito tempo, o ser humano manteve como verdadeira a idéia de que o Sol girasse em torno da Terra! A observagáo e a lógica se conjugavam neste sentido, já que o Sol surgia ao alvorecer no Leste, ascendía a um apogeu ao meio-dia e descia ao entardecer no Oeste, ocultando-se e deixando a Terra escura até o alvorecer seguinte. Lógicamente, a Terra escurecia porque o astro luminoso estava “dando volta” ao nosso planeta “por baixo’' dele.)

Exercício Sempre que lembrar, mantenha “nos bastidores” ou “no plano de fundo” da sua mente a consciencia da idéia de que a passividade intelectual propicia a m etacogniqao , o conhecimento ou a ideagáo por intuiqao. Isto será particularmente útil quando vocé precisar ter uma idéia para resolver um problema, expressar um pensamento ou um sentimento, iniciar ou dar continuidade a um raciocinio, achar um objeto perdido, etc. Será entáo indispensável que ponha sua mente num estado passivo, de receptividade, meditativo. Se vocé conseguir essa passividade intelectual por apenas um segundo (ou fragáo), sob a motivagáo do intuito do momento (um dos casos acima indicados ou outro), a metacognigáo ocorrerá naturalmente, o que náo acontecerá se sua mente se mantiver em estado de esforgo intelectual para o mesmo fim. Aliás, isso é o que “todo mundo faz” naturalmente, ñas circunstancias aqui indicadas. Mas a consciéncia disso pode tornar o recurso mais eficaz.

Duas outras definigóes se impóem agora, dada a referencia a verdade e idéia. Verdade: Em sentido absoluto, a natureza intrínseca da Realidade ou de qualquer um de seus aspectos ou elementos (independentemente da humana concepgao). A natureza intrínseca do Ser Essencial e de suas m an ifestares. E incognoscível, já que o conhecimento humano tem necessariamente natureza relativa e a natureza intrínseca da Realidade é necessariam ente transcendente (m etafísica); constitui o A bsoluto . inacessível á pcrceptividade e a racionalidade do ser humano. De modo relativo (de conhecimento), verdade é a “melhor idéia” sobre a Realidade ou algum de seus aspectos ou elementos - no sentido de ser a idéia que guarde a melhor correspondencia com a natureza intrínseca do aspecto ou elemento da Realidade considerado ou da Realidade como um todo —ou seja, a idéia que expresse ou represente a melhor correspondencia entre o que se pense e sinta a respeito de alguma realidade e o que ela de fato seja. Idéia : Urna nogáo comum de idéia é a de representado mental de algo (concreto ou abstrato), com natureza intelectual, com o caráter puram ente racional atribuido ao pensamento e geralm ente (quase necessariamente) expressa através de palavras. Urna outra nogáo se impóe, por excmplo, pela observado de que muitas vezes ocorre que alguém tenha urna idéia. sinta-a em sua mente, mas nao consiga expressá-la verbalmcntc. A idéia existe e representa mentalmente algo (concreto ou abstrato), mas tem a natureza de um sentimento (aqui sem conotagáo emocional nem moral; mais como urna espécie de sensagáo). Segue-sc o reconhecimento de dois tipos de idéia: um, racional, que resulta de um pensamento que se dcscnrola como num jogo verbal “mecánico” de “arm ar palavras”; o outro, sensitivo, que resulta de um sentimento (mais urna vez, sem conotagáo emocional nem moral), de um evento psíquico que ocorre como urna sensagáo na mente subjetiva, embora guardando relagáo com algo exterior a ela e assim o representando, independentemente de expressáo verbal. (A importancia disto está em que, como veremos achante, na busca da verdade já mencionada c no sentido relativo de verdade. será mais

importante e eficaz a idéia que tenha caráter racional e sensitivo, como é próprio das nogóes obtidas por conhecimento intuitivo ou m etacogmqáo , po rque... ... idéia é fator intrínseco de atitude e comportamento. I)o ponto de vista de co n scien cia, id éia foi d efin id a como representado mental, verbalizada ou náo. Aqui é preciso entende-la como energía psíquica , com a potencialidade de desencadear na psique um estado de predisposigáo ou propensáo, de impulsao para determinado tipo de agáo ou reagáo, o que caracteriza atitude. Esta, por sua vez, condiciona ou predeterm ina o correspondente com portam ento, a correspondente agáo ou reagáo. Segue-se, é claro, que. quanto mais a idéia que um individuo faga de sua natureza e da fungáo de sua vida na Vida do Ser Essencial íor relativam ente verdadeira, m ais ele terá atitude e comportamento propicios ao cum prim ento dessa fungáo e ao aperfeigoamento da sociedade. A relevancia disto é evidente e pode ser estendida á necessidade de consenso na humanidade quanto áquela idéia. Lamentavelmente, o que se constata é bem diverso disto: vivemos em situagáo de conflito de idéias a esse respeito, o que vem dificultar seriamente ou mesmo impedir o esforgo de organizar ou modificar a sociedade humana de maneira que ela se torne equanim e, pacífica e fator coadjuvantc do empenho individual de propiciar o cumprimento daquela fungáo superior.)

Fungáo Existencial do Ser Humano Como já foi dito, o ser hum ano é um vetor de a t u a liz a d ° de potencialidades do Ser Essencial, um fen óm en o de ser por mcio do qual se cumpre alguma fungáo superior, sublime, transcendente, da natureza do Ser Essencial, na Vida deste. Essa fungáo, também já toi dito, transcende a natureza e a existéncia do ser humano em sua tase egóica (a fase 2 da psique), bem como sua vida no mundo, embora se cumpra através délas (!). (Intercssante, aqui, esclarecer um aspecto particular do significado de transcender , que designa o fato de ultrapassar, de passar além de. No

contexto deste livro, nao se trata de “contornar e ir mais longe” ou “passar por tora de c ir além ” e sim de “passar através de e exceder”.) Qual será essa fungáo? Nao é possível ao ser humano saber, já que o Ser Essencial é incognoscível em natureza. A tentativa de analisar c expressar essa fijngáo em termos de consciencia (autoconsciéncia do Ser Essencial), por exemplo, é atraente, mas corre-sc o risco de equívoco por antropomorfismo (atrib u id o de características hum anas ao Ser Essencial). M elhor deixar a questáo assim, como o fascinante misterio da natureza e da Vida do Ser Essencial (que, alias, será fascinante e n q u a n to p e rs is tir com o m is te rio ) . E m ais seg u ra e basta a com penetrado de que nos destinamos ao cumprimento dessa fungáo, por forga da Lei. Importa-nos, porém, refletir sobre como (de que modo) ela se cumpre, para que possamos orientar e conduzir nossa vida no mundo no sentido mais propicio a esse cumprimento (o vetor!). Seja como for, apesar de desconhecerm os a n atureza do Ser Essencial, é dele essa fungáo e é nele que ela se cumpre. Podemos entáo retomar o simbolismo a que já demos inicio ao reconhecermos (adm itirm os como certa) a estrutura tríplice do Ser Essencial e a correspondente estrutura trí­ plice da psique hum ana (que co n stitu i o ser h u m an o em natureza e manifestagáo). Dado que a natureza do Ser E ssencial se m anifesta ener­ gética e dinám icam ente, isto é, m ediante movimento e forgas em a tiv id a d e o rg á n ic a , sistémica, é adequado que isto seja re p resen tad o com o na figura 6. Cada um desses “vetores de linha quebrada” representa um Figura 6 tipo de m anifestagáo do Ser Essencial desde seu estado transcendente ao campo físico de sua atualizagáo de potencialidade.

No caso específico do ser h u m an o no m u n d o , tem os entáo a re p re se n ­ ta d o da figura 7. Como já foi estabelecido, a e s tru tu r a tr íp lic e q u e aparece na coroa circu lar desta figura representa o ser humano em seu estado de sistema psicofísico, ou seja, como psique m anifestando e aplicando suas fungóes no campo m aterial do Ser E sse n c ia l, em in te ra g á o Figura 7 com psiques sem elhantes, outros seres vivos, coisas d iversas, e exp erien cian do diferentes vivencias em fungáo dos fenómenos decorrentes dessa interagáo. O “vetor de lin h a q u e b ra d a ” rep resen ta o co n jun to de en ergías responsáveis pela fenomenología constitutiva de cada ser humano. Ele e sugestivo de movimento vibratorio ou, numa expressáo mais gen eralizad a, vibragóes como m anifestagoes de energías a várias freqüéncias, próprias dos campos psíquico e físico da constituigáo do ser hum ano (que, vale lembrar, é fen ó m en o de ser). C ada um desses sistem as psicofísicos constituí um individuo hum ano, sem elhante aos dem ais individuos da mesma especie, ou seja, igual a eles em constituigáo básica, mas diferente deles em funcionam ento específico. Assim, scm elhanga significa igualdade constitucional e diferenga funcional, como se observa, por exemplo na espécie h u m an a, tanto física e o rgán icam en te q uan to psiquicam ente.

A qui é interessante e im portante atentarm os para a faculdadc fundamental e aptidáo natural da psique: a inteligencia.

In teligén cia : No sentido mais ampio e primordial, fungáo do Ser Essencial que atualiza uma potencialidade imánente a ele (Luz, como termo metafórico tradicional de referencia a um atributo do Ser Essencial que é incognoscível em si mesmo). Essa fungáo se revela na Lei, isto é, ñas relagóes de causa e efeito, sistemáticas e irrevogáveis, que organizam o U niverso, correlacionando e coordenando coisas, seres vivos e fenómenos, num sistema em evolucáo natural para o cumprimento ou a realizagáo daquela potencialidade. No ser humano, em sentido mais restrito e mediato, a inteligéncia é faculdade da psique que se efetiva em aptidóes mentáis, intelectuais, aplicadas ao aprendizado, á compreensáo, á atribuigáo de significado, á adaptagáo a vicissitudes, ao exercício da criatividade, etc. E exercida a partir da consciencia de algum a coisa, algum fato ou alguma idéia, e com recurso ao raciocinio. Seus fenómenos ocorrem na fase intermediária da psique, no campo da mente subjetiva. Como mero fenómeno de consciencia, a inteligéncia tem seu nivel mais limitado e superficial no campo sensorio, da consciéncia objetiva (fase 3), porque é entáo condicionada pelos sentidos; e seu nivel mais ampio e profundo no campo psíquico, da consciéncia subjetiva (fase 2), porque pode ai se manifestar sob influxo di reto da Luz do Ser Es­ sencial, no fenómeno de ilu m inagáo. Embora a psique individual tenha sido gráficam ente situada, juntamente com o corpo físico, no n iv el ou cam po m aterial de manifestagáo do Ser Essencial, na realidade ela pertence, por sua natureza de fenómeno psíquico, ao nivel anterior de m anifestagáo desse Ser. Situa-se entáo, com todas as demais psiques hum a­ nas, num campo psíquico próprio do nivel intermediário da estrutura do Ser Essencial. Isto leva á representagáo da figura 8.

Aqui temos algum as psiques no campo psíquico do nivel 2 da estrutura do Ser Essencial (o plano espiritual). As setas duplas na figura 8 indicam influencia recíproca entre cada psique e o campo psíquico em que ela está situada. Considerando-se agora que cada psique se destina a realizar uma fungáo sublime do Ser Essencial e que as psiques no mundo se evidcnciam distribuidas numa escala evolutiva, desde um estado primitivo a um estado avangado, é forgoso admitir-se que cada psique vive uma alternancia de períodos de manifestagáo entre o plano espiritual e o plano material. Trata-se, é claro, de sucessivas reencarnagóes na Terra, com períodos de permeio no plano espiritual, o que leva ao seguinte esquema simbólico:

Figura 11

Na figura 9, temos a manifestagáo de um individuo humano em corpo, psique e alm a, no plano material. Na figura 10, após o advento da morte desse individuo, a persistencia da psique do mesmo individuo no plano espiritual (com o correspondente núcleo anímico). E, na figura l l , o retorno dessa psique ao mundo por sua uniáo a um novo corpo. A cada período de vida no mundo (encarnagáo), a psique passa por situagóes experienciais que acarretam vivencias psicológicas modi­ ficadoras do seu estado quanto ao discernim ento intuitivo, mais profundo e verdadeiro, de sua própria natureza e da natureza do universo e da vida. Isto constitui o proccsso de iluminaqao já mencionado, que consiste em progressiva transparencia á manifestagáo da Luz do Ser, ou translucidez. Esse processo advem das interagóes da psique no plano material (situagóes de vida), as quais, m ediante impactos psicológicos, váo m odificando o estado da psique e orientando-a para um enfoque g rad ativ am en te m ais esp iritu al e, correspondentem ente, menos mundano. Isto pode ser visualizado assim:

As linhas representativas de vibragóes (manifestagáo de energia a várias freqüéncias) sáo bem mais grossas no desenho da direita da figura 12, sugerindo aumento da atualizagáo da potencialidade de inteligencia do Ser Essencial (Luz) na linha quebrada maior, que parte do núcleo desse Ser, e aumento da translucidez da psique na linha quebrada menor, que parte do núcleo da própria psique.

Considerando-se apenas a psique em si, isso pode ser representado de modo mais simplificado assim:

Figura 13 Nos desenhos I e II da figura 13, a seta (vetor), representativa de atualizagáo da energía primordial do Ser Essencial, potencial em Luz, indica ou sugere aumento na translucidez da psique. Nos mesmos desenhos, esse vetor precipuo atravessa a psique pelo seu núcleo, cruzando toda a sua lase psíquica e toda a sua fase sensorial. Isto sugere aplicagáo da inteligéncia da psique sob influxo direto e progressivo da Luz do Ser.

(Antes da translucidez aqui proposta, a psique atua como se tivesse “luz própria”, diretamente de sua fase psíquica e através de sua fase sensorial, para o mundo. Sua condigao é de relativa opacidade quanto a Luz do Ser. Assim:

Figura 14

Nao é portanto de estranhar que a figura 14 esteja cortada com um “X ”, em sinal de reprovagáo da idéia tío individuo cuja psique ela representa e, por conseguinte, do que se pode esperar de sua atitude e de seu comportamento. Resta o consolo da certeza filosófica de que o processo evolutivo a que ele está necessariamente sujeito vai apagar essa figura de sua existencia humana e nela restaurar a figura 13.)

O quadro gcral e final de todas estas co n siderares é urna evolugáo cíclica da psique hum ana, por ilum inagáo progressiva ou aumento gradativo de translucidez, cujo desfecho transcendente é incognoscível mas pode ser entendido e referido como realizaedo gloriosa de urna funqao da natureza do Ser Essencial, de um fen óm en o de auto-realizaqáo na sua Vida. O ego humano, entáo, realiza-se nessa fungáo, num evento paradoxal de “deixar de ser em si mesmo para ser no Ser" - para ser infinita e eternamente (aqui e agora, sempre) na gloria daquela sublime fungáo realizada. Isto pode ser simbolizado assim:

Figura 15 -4 5 -

Em (I) temos o Ser Essencial, em sua estrutura tríplice nucleada em sua natureza transcendente, que enccrra a potencialidade de tudo. Em (II), a evolugáo da psique humana para a realizado de sua fungáo, também transcendente, na Vida do Ser Essencial (isto está indicado e representado pela seta que orienta o círculo representativo da psique para o centro do círculo que simboliza o Ser Essencial). Em (III), novamente o Ser Essencial, porém, agora diferenciado por aquela realizagáo sublime através da natureza humana em seu aspecto metafísico ou espiritual, no ápice da evolugáo da mesma, a ilum inagáo (isto está indicado pelo resplendor de linhas radiantes em torno do núcleo do Ser Essencial).

o 0 o

C apítulo II

O Teorem a

— Analogía

No capítulo anterior foi introducida a sim bolizado da idéia do Teorema que é tema deste livro a partir da figura do circulo. Neste capítulo é considerada e elaborada uma outra analogía, com o objetivo usual de auxiliar e reforjar a cómpreensáo daquela idéia. Isto se deve também a que o objeto de comparagáo dessa outra analogía me ocorre freqüentemente e osinto —com alguma “dose de fascínio” —como tendo alguma semelhanga, em alguns pontos, com o sistema cibernético aquí proposto para o Universo c o ser humano e com a relaqáo de ambos com o Ser Essencial. Assim, consideremos, ao nivel de mero usuario leigo (portanto, sem recurso a conhecimento científico ou técnico profundo), um c o m ­ putador. Ele é um sistema constituido das seguintes partes principáis: 1. A CPU (sigla inglesa para LJnidade Central de Processamento ), que concentra os elementos nucleares do computador, em particular o microprocessador , que é como um centro de funcionamiento e controle do mesmo. 2. Elementos intermediarios (placas de circuitos eletrónicos). que fazem a conexáo do microprocessador com partes responsáveis por fungóes específicas, como as que se relacionam com imagens e sons. 3. E lem entos p eriféricos, que fazem a com unicagáo entre o computador e o usuario, como o m onitor , o m ouse e o teclado. Podemos entáo adotar aqui aquele mesmo simbolismo do Teorema, do ponto de vista gráfico - básicamente, o círculo. Uma diferenga ressalta ¡m ediatam ente do fato de que o com putador é um sistema físico: portanto, sua n atu reza n u clear náo é transcendente e náo sáo potencialidades dele que se atualizam em seus elementos intermediários e periféricos, como náo é dele a in telig en cia subjacente ao seu funcionamento. O ser humano náo é um mero computador!

Do ponto de vista estrutural, porém, pode-se usar a mesma figura básica:

Em (1), o núcleo do computador, seu microprocessador. Em (2), suas fungóes geradoras e editoras de fenómenos como textos, imagens e sons. Em (3), suas fungóes de interagáo com o usuário. As coisas que, por exemplo, ao usuário parecem ser imagens, na realidade. no computador e tais como elas sáo geradas, m antidas e modificadas (editadas), náo o sáo! Trata-se de sinais (impulsos elétricos) associados a conceitos matemáticos. (Lembra Pitágoras: “os números sáo por assim dizer o principio, a fonte e a raiz de todas as coisas’ .) Isso é análogo á situagáo que vivemos como seres humanos no universo: as coisas que nos parecem ser concretas e com realidade própria (e que assim nos afetam!), sáo na Realidade manifestagóes de energias a partir de condensagóes em íons, átomos e moléculas associados de modo mais ou m en os complexo. O computador funciona m ediante program as , cada um dos quais consiste num conjunto ou numa seqüéncia de instrugóes para execugáo de d e te rm in a d a s o p eragó es, re su lta n te s de sin a is eletró n ico s o rgan izad o s segundo um código m atem ático e m ed ian te um a linguagem preestabelecida. Ele contém programas básicos inacessíveis ao usuário leigo, determinantes e lim itantes de suas fungóes. É através

desses programas que o usuario póe o computador em funcionamento (inclusive para fazer seus próprios programas). Os program as sao arm azen ad o s como m em ória no próprio computador ou lora dele. Os que determinam, controlam e limitam o funcionamento básico do computador estáo armazenados nele e náo podem ser alterados pelo usuario leigo (a m em ória em que estáo registrados tem o nome de ROM , sigla inglesa para "memória só de leitura”). Os que permitem ao usuario realizar seus objetivos com o uso do computador sáo armazenados dentro ou fora dele, em discos de varios tipos, como os atuais c conhecidíssimos CD’s. Além dessa ROM , o com putador proporciona ao usuario urna memória temporaria, que é apagada quando ele é desligado (a memória RAM, sigla inglesa para ‘‘m emória de acesso randóm ico” —cjuer dizer, de acesso aleatorio, na qual se pode 1er ou escrever e que pode ser alterada ou apagada). E convém acrescentar que, além de programas, as memórias associadas ao computador, dentro ou lora dele, podem conter dados (informaqóes , na terminología própria da informática, isto é, idéias em textos ou imagens, ou latos passíveis de registro e transmissáo em alguma forma organizada), independentemente de que esses dados constituam instrugóes programáticas. Em suma, o computador é um sistema cibernético que funciona através de program as e m em órias, no processamento de dados. Por tras do que ele apresenta á visáo hum ana está algo de natureza transcendente em relagáo a esta faculdade humana. Ele é regulado e operado por relagóes sistemáticas de causa e efeito (do tipo “se-entáo”, como as da lógica que compóe básicamente os programas), análogas as leis que regem o universo. Esses programas e dados sáo guardados em memórias. a partir das quais podem ser recuperados e alterados. Os aspectos principáis do computador, para o objetivo desta analogía, sáo esse caráter cibernético (“automático”) e o caráter virtual daquilo que nele se produz e processa (virtual aqui quer dizer caráter “diferente em natureza do que aparenta” ou de “realidade aparente”). Destacando os pontos principáis: 1. H á urna in te lig e n c ia p rim o rd ial e subjacente regendo o funcionamento do computador, que náo é dele próprio.

2. Tanto em natureza quanto em fiincionamento, o computador é con stituido em ú ltim a an á lise de fenóm enos energéticos subyacentes a suas aparéncias concretas. 3. Esse funcionamento se faz por processamento de dados mediante programas e memorias. 4. Há uma memoria que o usuário náo pode alterar e outra que ele altera. 5. A memoria alterável pelo usuário pode ser registrada num meio exterior ao computador por algum tempo e depois recuperada para dentro dele e modificada. Isto pode ser repetido ciclicamente e usado para avango e aprimoramento progressivo do conteúdo dessa memoria . 6. Essa memoria ciclicamente alterável. armazenada num CD, tem a natureza de fenómenos eletromagnéticos. A analogia entre estes pontos da estrutura e do funcionamento de um computador e pontos correspondentes da estrutura e do “funcionamento” de um ser humano é mais ou menos evidente, mas vale a pena explicitá-la: 1. O ser h u m an o é c ib e rn é tic o , isto é, co n stitu id o e autom áticam ente regido por leis naturais que refletem uma inteligéncia que náo é dele e que o transcende. 2. O ser humano em si é também constituido em última análise de fenómenos energéticos a partir dos átomos e das moléculas que constituem seus tecidos e órgáos. Sua aparéncia imediata, por conseguinte, constituí uma espécie de “realidade virtual”. 3. Suas fungóes se assemelham a processamentos desencadeados por “p ro gram as” executados a p artir de algu m a fonte ou “m em oria”, em conform idade com os “dados” próprios da situagáo em que o sistema requer o exercício daquelas fungóes. 4. O ser humano tem uma memoria subconsciente, “de tipo ROM”, sobre a qual náo exerce controle, nem quanto aos “programas” que regulam suas fungóes nem quanto aos “dados” que nela estáo “gravados”. E tem uma memoria consciente “de tipo RAM\ cujo conteúdo ele pode recuperar e alterar volitivamente e que é temporaria, ou seja, que é “apagada” quando ele é “desligado” —temporariamente pelo sono profundo ou definitivamente pela morte.

5. A memoria “de tipo ROM ”do ser humano, com seus programas e dados, constituí sua psique na fase 2, a qua] retorna á fase3 com o despertar diario, quando ele é “religado”- situagáo em que sua memoria “de tipo RAM ” torna-se disponível e viabiliza o acesso e o processamento de dados já acumulados (no computador, num CD, por exemplo). Essa memoria “de tipo RAM ” se torna também disponível por ocasiáo da primeira “inicializagáo” de um novo sistem a psicofísico com o renascim ento, porém, em estado “virgem”, sem viabilizar o acesso e o processamento de dados relativos a períodos de vida anteriores —os quais estáo contidos em sua memoria subconsciente. No computador, seria como se o CD que armazenasse esses dados náo estivesse disponível. E cabe esclarecer que, no computador, inicializagáo é a operagáo que dá partida nele quando é ligado, executando programas e carregando dados de sua memoria ROM. Isso se repete cíclicam ente, por sucessivos ren ascim en to s, e redunda em aprim oram ento progressivo ou evolugáo da psique. 6. Assim como em sua fase física, o ser humano é constituido de fenómenos energéticos em sua fase psíquica e, portanto, náo é um ser-substantivo , com realidade própria, com existencia distinta e independente, embora seja em geral tido como uma “entidade” (o espirito). Ele é como um a “m em oria num com putador cósmico”, formada de “programas e dados” e com a natureza de atualizagóes de potencialidades energéticas (fenóm enos ; por isto é aqui designado como fen óm en o de ser). Comparando entáo: Figura 17 —O computador: com seu m icroprocessador em (1 ), gerando e editando fenómenos (processando dados) em (2) e interagindo com o usuário em (3). O ser hum ano: com seu núcleo de inteligencia de origem transcendente em (1), vivendo p síq u icam en te em (2) e interagindo com o universo material em (3)-

Figura 17

Figura 18 —O computador: sob a agáo reguladora do seu m icro-processador, acessando e p r o ccssa n d o progra m a s e dados arm azen ad o s num CD . O ser hum ano: gerado por potencialidades do Ser Essencial c regido em última análise por Sua Lei, como sistema psicofísico no m undo, in teragin d o com seus sem elhantes, outros seres vivos, coisas e fe­ nóm enos diversos, e ex p erien cian d o Figura 18 diferentes vivencias em funcáo dessa interacáo. (Importante lembrar e salientar aqui a ressalva já feita quanto a esta analogia: a comparagao do ser humano com um computador tem a precariedade de que a semelhanga apontada entre os dois é meramente funcional e parcial. N a realidade, o ser hum ano é um ser vivo e inteligente - fen óm en o de ser —e o computador é um objeto, urna coisa, urna m áquina, sem vida no sentido biológico e sem inteligencia própria —táo-somente fen óm eno. Vocé, caro leitor, deve ter sempre em mente esta ressalva, que dá validade a referida com parado pelas razóes apresentadas na abertura deste capítulo. Em outras palavras, a despeito de sua precariedade, que rcconhego, a analogia me ajuda a expressar a idéia —tanto mais difícil quanto envolve aspectos transcendentes —e ajuda vocé a compreendé-la melhor.) Figura 19 —O computador: desligado. Sem possibilidade de acessar e processar a informagáo contida no CD, a qual, náo obstante, continua disponível no mesmo e isto está representado pelo “disco” em linha interrompida inserido no elemento (2) da estrutura do sistem a com putacional. O CD, propriamente, está guar­ dado em algum lugar fora do seu drive (o dispositivo, no computador, em que ele é Figura 19

posto cm funcionamento para acesso á informagáo e seu processamentó). O ser humano: falecido. Persistente como psique, no campo psíquico da fase intermediaria (primeiro nivel de manifestagáo) da estrutura do Ser Essencial. É justamente nesse estado e nessa situagáo que ele é como “uma memoria .num computador cósmico”, ou seja, um sistema que se constituí num fen óm en o de ser metafísico, no plano espiritual.

Entre parenteses:

Figura 20

É importante considerarmos a situagáo das psiques humanas no campo psíquico onde elas se encontram durante cada vida no mundo e cada intervalo entre renascimentos. É esta situagáo que está indicada na figura 20. O fato a salientar, já mencionado no capítulo anterior, é a influencia recíproca entre cada psique e o campo psíquico em que ela está situada, representada pelas setas duplas. Isto significa que, conforme o estado de cada psique, tem-se relativamente o estado do campo, e vice-versa.

Ora, cada psique se caracteriza em sua m anifestado por impulsóes cibernéticas para determinados tipos de agáo ou reagáo, potencializadas justamente pelo seu estado de ser. Assim, se o estado de ser de uma psique for negativo em qualquer sentido ou destrutivo, o estado do cam po psíquico tenderá a ser correspondentem ente negativo ou destrutivo e a influenciar deste modo as demais psiques. O mesmo ocorrerá para um estado de ser positivo em q u alq u er sentido ou construtivo. Pode-se pensar ainda que qualquer um desses dois estados de ser tenha um efeito somatório de intensidade, relativamente ao número de psiques envolvidas. Por exemplo, na medida em que as psiques neste mundo persistam num estado de ser que se reílita em atitudes e com portam entos egocéntricos e violentos e nutram o gosto por prazeres egóicos (a despeito do bem-estar de seus semelhantes ou de outros seres) e pela violéncia de qualquer tipo e em qualquer género de atividade (inclusive esportes), o campo psíquico tenderá a influenciar de maneira deletéria a todas as psiques, provocando ñas mais suscetíveis efeitos como de angústia, depressáo e, ñas demais, de agressividade (em casos extremos, talvez mesmo de insanidade m ental). A importancia de corrigirmos nossa mentalidade em nossa vida no mundo é evidente, como é também obvia a importancia social da educagáo formal e informal neste mister.

Em suma, voltando á analogia do ser humano com o computador: O computador: náo oferece analogia cabal com o ser humano ao nivel geral e final da figura 19, porque náo tem natureza transcendente por via espiritual. O ser hum ano: apresenta analogia parcial com o computador, se sua psique é simbólicamente comparada com um CD cujo conteúdo informático seja avangado e aprimorado mediante sucessivos processamentos. O fato fundamental a ser retido a despeito da precariedade da analogia é q u e ... ... o ego ou espirito hum ano náo tem natureza própria, em si mesmo, e sua vida no mundo deve afinal cumprir uma fungáo que transcende sua existéncia mas se realiza através déla!

C apítulo III

O Teorem a

— Corolários

(Lembrando: Corolário é uma proposigáo que decorre ou se deduz ¡m ediatam ente de um teorem a, ou seja, de uma outra proposigáo, demonstrada.) Primeiro, convém trabalharmos e esclarecermos melhor a expressáo ser n o Ser que dá título a este livro e constitui a tese do teorema. Nesta expressáo, o primeiro ser é verbo (designa fen ó m en o , estado , ou aqdo) e o segundo Ser é substantivo (designa O SER, o único possível com natureza imánente e que constitui a esséncia de tudo —o Ser Essencial). Eser no Ser náo significa táo-somente “existir no Ser" e sim assumir uma postura (atitude e comportamento) baseada na idéia expressa no Teorema da Vida H um ana aqui proposto e viver cada vez mais sob as impulsóes próprias da correspondente motivagáo. Assim, ser no Ser tem o sentido de: 1. Tornar-se progressivamente menos focalizado em si mesmo. no ego (a psique pessoal, o espirito “individual”, a mente “particular”) e mais focalizado no Ser Essencial. como fungáo da natureza dele e fenómeno na Vida dele, para manifestagáo da Luz dele. 2. Sentir-se progressivamente menos ser-substantivo e mais ser-verbo e tornar-se progressivamente menos fim e mais m eto. 3. Motivar-se progressivamente menos por valores, gostos. interesses e objetivos (pessoais e culturáis), próprios do ego e de sua vida efémera no mundo e mais por valores, gostos, interesses e objetivos nobres, inspirados pelas impulsóes da potencialidade do Ser Essencial presente no núcleo do próprio ego. 4. No tocante ao entendimento da natureza e da vida do ser humano, no contexto essencial, orientar-se e motivar-se progressivamente

menos por conceitos científicos e filosóficos (sem desprezá-los no contexto cultural e no aspecto prático do conhecim ento científico) e mais por conceitos obcidos por metacogniqáo. Estes itens podem ser resumidos num só: tornar-se progresivam ente menos egocéntrico . O primeiro e fundamental corolário do nosso Teorema é, portanto... ... a gra dativa dim inuigáo do nosso natural egocentrism o. Esta proposito é muito difícil —no mínimo —de se por em prática, pelo fato mesmo de que o ego existe e constitui a nossa realidade interior, embora ela seja apenas fenoménica. Mais ainda, é através dele, com suas vivéncias em sucessivas encarnares no mundo, que se desenrola a evolugáo aqui proposta e que se cumpre a finalidade sublime da mesma - a iluminando. Por conseguinte, náo se trata de elim inar o ego e sim de usá-lo cada vez mais como agente do Ser Essencial na atualizagáo evolutiva da potencialidade Dele, da Sua potencialidade de Luz e Vida, como já foi mencionado, isto nos impóe urna definigáo mais extensa e minuciosa desse egocen trism o cuja dim inuigáo é o corolário fundam ental tío Teorema que estamos estudando. O próprio termo, egocen trism o , indica o seu significado comum: característica ou índole do individuo que está centrado no seu ego, isto é, que refere tudo a si mesmo, ao seu “eu" com suas propensóes, suas impulsóes, que sáo fatores de necessidades e caréncias pessoais geradoras de deseaos egóicos de bem-estar (inclusive prazer) e engrandecimento. No contexto filosófico deste livro, porém, por tras desta definigáo há urna que lhe é fundamental: individuo que vive em funqáo da idéia de que

ele é um ser em si mesmo* com esséncia própria, de m odo que sua vida no m undo tem por finalidade buscar, prom over e conquistar tudo aquilo que possa contribuir para a satisfaqáo de seus desejos, bem com o evitar e repelir tudo aquilo que tenda a im pedir ou dificultar essa satisfagao egóica. Segue-sc que todos os seres humanos sáo egocéntricos a um grau natural e comum. Natural porque, como já foi dito, o ego existe, ainda que de modo fenom énico; e comum porque raras sáo as pessoas motivadas por urna idéia náo egóica de sua própria natureza. Entre os extremos de elim inare de supervalorizar o ego - este último constituindo a tendéncia mais comum - há que se buscar conciliagáo

numa idéia m ediana. Trata-se entáo de adotar a idéia do valor do ego como m cio para um fim que o transcende. Assim, dá-se a ele o valor necessário ao cumprimento de sua fungáo, ao mesmo tempo que se modera esse valor o suficiente para o mesmo fim. Nosso egocentrismo é decorréncia natural da constituigáo da nossa psique e de seu estado pré-translúcido (relativamente primitivo e o mais comum na humanidade atual). Para consideragáo disto, proponho que vocé releia antes o que foi colocado sobre a psique no primeiro capítulo e depois atente para o argumento relativo á figura abaixo.

Figura 21 Nesta figura, as setas mais grossas e em sentidos opostos indicam interagáo predominante da psique com o campo material, através de suas fungóes mentáis objetivas e subjetivas. A seta mais fina indica a necessária participagáo, na vida da psique, do fator transcendente de sua existéncia (assim como o computador náo pode funcionar sem as fungóes do seu microprocessador, apenas mediante o funcionamento de suas placas intermediárias). Apesar desse fator transcendente da existencia da psique, a situagáo representada nesta figura corresponde á definigáo comum do ser humano como anim al racional. De fato ele é animal por semelhanga biológica

com os anim ais; e é racional justamente naquilo que o distingue deles (que o torna “superior” a eles). Por outro lado, esta idéia da natureza humana é redutora da mesma e aponta para o equívoco muito comum na hum anidade de se concentrar nessa condigáo m ínim a de animal racional (em valores, gostos, interesses c objetivos). Tem-se aqui, entáo, um duplo equívoco: primeiro, a nogáo do ego como ser-substantivo, com realidade própria, absoluta (a nogáo de espirito com este sentido); segundo, a concentragáo funcional nessa condigáo de animal racional. Evidentemente, o que se pretende com a tese proposta neste livro é o empenho do ser humano de priorizar gradativamente sua natureza transcendente (a n ím ica), ensejando cada vez m ais o in flu x o da p o te n c ialid ad e dessa n atu re za na sua propensáo á anim alidade e á racionalidade. N aturalm ente, isto leva a uma vida relativamente meditativa e á necessidade de uma revisáo nos valores, gostos, interesses e objetivos que norteiam a vida concentrada na animalidade e na racionalidade (bem como na emotividade). Tem-se aqui um enfoque claro de idéia como fator fundamental de atitude e comportamento (reveja isto no Capítulo I). E, como idéia náo é táo-som ente um fenómeno arbitrário de pensar “mecánicamente”, de modo que qualquer idéia seja aplicável a qualquer psique, tem-se também o enfoque de idéia como fenómeno dependente do nivel evolutivo de cada psique, o que traz o i menso problema de implantagáo, na humanidade em geral, do empenho de priorizar a natureza anímica em relagáo á natureza animal e racional. Por um lado, essa implantagáo depende do avango evolutivo da humanidade e, inversamente, esse avango evolutivo depende dograu de éxito no esforgo dessa implantagáo, sobretudo através da educagáo (formal e pedagógica na escola; informal e fortuita na influencia da familia e da sociedade em geral). Seja como for, o fato é que o egocentrismo, em ambos os sentidos já apontados para este termo, é o principal fator da problemática humana, individual e coletivamente; e que o primeiro corolario do Teorema da Vida H um ana enunciado no Capítulo I é justamente a diminuigáo ou gradativa eliminagáo do egocentrismo. Ou seja, a idéia desse teorema, quando efetivamente assimilada, suscita a atitude e o comportamento necessários á boa resolugáo daquela problemática.

Passemos entáo ao segundo corolario. Para isto, é conveniente acentuarmos ou reforgarmos a idéia de translucidez da psique já abordada. Trata-se, evidentemente, de uma metáfora. Assim, translucidez significa transparencia á lu z; é translúcido o objeto que deixa passar a luz, como todo mundo sabe. Mas, aqui, a referencia á luz é simbólica; o termo luz representa, pelo principio da analogia e relativamente áquilo que ilumina, que aclara ou esclarece , a potencialidade de inteligencia do Ser Essencial —Luz —que é atualizada na psique humana pelo fenómeno de intuigáo ou, como prefiro denominar, m etacognigao ou apreensáo direta por vía metafísica. O co n h ecim en to assim obtido ocorre num sentimento de verdade independente (em si mesmo e no meio de sua obtengáo) de raciocinio científico ou filosófico, ou seja, que é inspirado, intuido, transluzido. Numa das monografías da instrugáo rosacruz, esta metáfora foi representada assim;

O ego gradativamente iluminado (translúcido) Figura 22 (O texto desta figura e suas características gráficas foram feitos específicamente para este livro.) O segundo corolario do teorema em questáo consiste justamente n o ...

...g r a d a tiv o a va n go e a p ro fu n d a m e n to d o d is c e r n im e n to do individuo, na m edida do grau d e translucidez p o r ele alcangado em sua psique. Vale dizer, no que tange á evolugáo da humanidade e á resolugáo de sua problemática no mundo, o maior valor náo deve ser atribuido á

inteligencia no sentido mais comum deste termo, isto é, de capacidade e habilidade m ental, principalm ente quanto ao raciocinio (por mais admirável que isto seja; afinal, um crápula pode ser muito inteligente neste sentido). Tampouco deve esse valor ser atribuido á cultura, cujos elem entos (conhecim ento, criagáo intelectual e artística, etc.) náo guardam necessariam ente relagáo com a translucidez do ego aqui postulada. Um dos criterios e meios de reconhecimento desse valor maior é ju stam en te o d iscern im en to in tu itiv o ou d iscern im en to por metacognigáo resultante da translucidez do ego. Ora, náo é possível tornar alguém (qualquer individuo) translúcido a algum prazo pretendido ou previsível, porque náo há como elim inar do histórico da h u m an id ad e o processo evolutivo, de m udanza progressiva em íungao das vivencias de cada individuo humano no mundo, por forga da Lei. Entáo, o que se pode fazer para incrementar essa evolugáo é educar formal e informalmente (pela escola, pela familia c pela sociedade) de modo a propiciá-la m ediante valores, gostos, interesses e objetivos que favoregam e mesmo suscitem a necessária translucidez do ego (em contraste com o reforgo da anim alidade, da racionalidade e da emotividade naturais do ser humano). Com o reco n h ecer esse d iscern im en to por tra n slu c id e z (ou discernimento lúcido)? Pela natureza e pelas qualidades da idéia, das atitudes e do comportamento do individuo, tais como tratados nos demais corolários do Teorema da Vida H um ana. (E de se lembrar: “pelo fruto se conhece a árvore”...) O terceiro corolário do Teorema da Vida H um ana é decorréncia direta do crescente influxo da L uz do Ser Essencial no ego, pela prevaléncia na psique da idéia expressa no teorema. Trata-se da motivagáo mística na vida no mundo. Passemos entáo á definigáo destes termos e da expressáo por eles composta. M otivagáo —Impulsáo de atitude e comportamento do individuo, em fungáo de uma idéia (conscientizada ou náo e no sentido psicológico dado a idéia neste livro —de energía psíquica). M ístico - Adjetivo que aponta para m istério , espiritualidade e contemplando ou meditando , idéias e atitudes sobre as quais assenta a condigáo de místico.

Misterio consiste no sentimento da transcendencia do Ser Essencial (e de sua incognoscibilidade), bem como da tungáo e finalidade da existéncia do ser humano (e de tudo!) na Vida dele. Neste sentido, a Realidade adquire caráter m ístico para o ego lúcido, justamente por conseqüéncia de sua iluminando. Espiritualidade faz referéncia, naturalmente, a espirito , que aqui é definido e entendido como a fase fenoménica intermediaría da psique, a que perdura no campo psíquico de manifestagáo do Ser Essencial e que é sede das fungóes mentáis (razáo e emogáo), constituindo o ego humano. Espiritualidade, portanto, alude ao sentimento dessa condigáo humana que transcende a materialidade do próprio ser humano (sua condigáo de anim al racional no mundo) e que se realiza pela Luz e na Vida do Ser Essencial. Quanto a contemplando ou meditando , ambos os termos se referem a passividade intelectual, ou seja, cessagáo de atividade mental objetiva (sensoria) e subjetiva (de pensamento e sentimento), para ensejar o evento da translucidez espiritual ou m ística. O objetivo das práticas de contemplagáo e meditagáo é justamente de transluzir a potencialidade iluminadora do Ser Essencial presente na alma humana. Vale acrescentar que essa motivando mística apontada como corolário do Teorema da Vida H um ana guarda relagáo com a eliminagao do egocentrismo e constitui fator direto da propensáo individual para costum es superiores aos que sáo próprios da an im alid ad e e da racionalidade da condigáo humana. Em suma, a m otivagáo m ística consiste na propensáo do ego para a vida contemplativa e introspectiva , no intuito de crescen te espiritualizacáo. Passemos agora ao quarto corolário do teorema, que consiste em atitude positiva na vida no mundo. O teorema em si constitui a idéia e, como tal, é determinante dessa atitude. Positiva , aqui, significa construtiva, confiante efraterna. Construtiva, porque inclina a corrigir, melhorar, aperfeigoar. Aqui sáo objetos dessa inclinagáo ou propensáo o próprio individuo e a sociedade de cujo conjunto ele é elemento. Conscientizado da destinagáo sublime de sua natureza, em contraste com a preponderancia de sua condigáo de anim al racional, o ego propende a se corrigir, se melhorar,

sje aperfeigoar, e a contribuir (na m edida do possível e de suas características pessoais) para igual empenho por parte da sociedade. Confiante, em fun^áo da mesma idéia quanto á destinado sublime do ego como meio e da convicgao de que o fim que através dele deve ser realizado há de se cumprir por for^a da Lei de manifestado da natureza do Ser Essencial. O egocentrismo na apreciagáo da vida como ser humano no mundo (com suas vicissitudes, sua efemeridade e seus mil e um choques e sofrimentos) pode levar o individuo a hesitar nessa convicio, mas a diminuigáo desse egocentrismo (o primeiro corolario) vai enfxaquecendo e rareando essa hesitagáo e levando o ego a um estado de esperanca e fe, fatores essenciais ao seu equilibrio psicológico e á sua estoicidade, bem como propicios á sua ilum inado. Fraterna, por conseqüéncia lógica e direta da idéia de que há um único Ser, atualizando suas potencialidades através de todos os seres humanos (além dos outros meios que compóem a Realidade), a despeito do julgam ento e das d is c r im in a r e s que eles próprios fagam por egocentrismo e falta de sabedoria (como também por observado natural e inevitável das diferen^as realmente existentes entre os individuos humanos distribuidos ao longo da escala evolutiva). Ademáis, na medida da translucidez alcanzada pelo ego, essa atitude será fraterna também por for^a do Amor que é a terceira potencialidade transcendente e sublime do Ser Essencial (juntamente com Luz e Vida). A essa atitu d e positiva corresponde co n seq ü en tem en te um comportamento positivo, com o mesmo sentido básico dado acima ao adjetivo positivo. Nesse comportamento, o ego dará mostras de empenho persistente e progressivo de aprim oram ento,fé e estoicidade, compaixáo e solidariedade, o qual é sem dúvida essencial á edificado de urna sociedade equánime. harmoniosa e felicitante.

Aqui é importante e necessário darmos aten^áo especial ao Amor como potencialidade do Ser Essencial. Amor é comumente tido como fato psíquico de cunho emocional, afetivo, extremamente difícil se nao impossível de definir com qualquer grau de precisáo. No dicionário, podemos colher várias defini^óes, como:

1. Sentimento que predispóe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa. 2. Sentimento de dedicado absoluta de um ser a outro ser ou a urna coisa; devo^áo extrema. 3. Sentimento de afeto ditado por lacos de familia. 4. Sentimento terno ou ardente de urna pessoa por outra. e que engloba também atragáo física. 5. A dorado, venerado, culto: amor a Deus. 6. Inclinado ou apego profundo a algum valor ou a alguma coisa que proporcione prazer; entusiasmo, paixáo. Ao 1er estas definigóes, percebo dualidade em todas elas ; há sempre um ser que ama e um ser ou objeto que é amado. Por isto sublinhei algumas palavras em varias destas definigóes (colhidas no dicionário Aurelio). Esta o b s e r v a d o de d u alism o faz supor urna conotagáo de egocentrismo na idéia de am or ali expressa. Eu amo alguém, algum ser ou alguma coisa —porque esse objeto do meu amor traz ao meu ego um estado feliz, de íntimo contentamento. E esse equívoco de dualismo e egocentrismo na idéia de am or é particularmente evidente e grave no item n- 6, onde o fenómeno de paixáo é colocado como sinónimo de

amor. Bem, definigáo de palavras pode ser urna coisa arbitraria e até indiscutível. Nao obstante, lamento essa idéia dualística e egocéntrica de amor, que chega a confundi-lo com paixáo ! Seria bom que estes dois termos fossem definidos como opostos, no sentido de que o primeiro im p licasse altru ism o (d esp ren d im en to do ego) e, o segundo, egocentrismo. (Chego a perceber que, em inúmeros casos apontados como de amor —por exemplo, entre pais e filhos, cónjuges e outros —nao há verdadeiramente amor porque persiste um sentimento egocéntrico! Via de regra, o ego se reflete e satisfaz no seu “amor" aos seus familiares, á sua pátria, ao seu time esportivo, etc.). Reitero o reconhecimento da dificuldade de se definir «mor. A situagáo de dualidade parece inevitável, quando se considera o amor de alguém por outrem, por algum outro ser ou por alguma coisa, justamente em conseqüéncia da idéia de alguém, outrem, algum outro ser e alguma

coisa como entes diversos em sentido absoluto e nao como fenómenos diversos que manifestam potencialidades de um mesmo e único Ser Essencial. Assim sendo, a primeira base da reformulagao da idéia de amor, para que ela possa ser aplicada ao Ser Essencial, deve ser a Sua unicidade essencial a despeito de Sua multiplicidade de manifestadlo. Nessa multiplicidade e em particular na dualidade que se observa entre opostos complementares (como homem e mulher), a unicidade do Ser Essencial fica preservada ao se entender que ocorra entre eles um fenómeno de harm onizado ou consonancia vibratoria. A situagáo de egocentrismo é adversa a essa harmonizando, já que justamente ela acarreta a situagáo de dualidade. Por conseguinte, aquela reformulagao da idéia de amor passa necessariamente pelo desprendimento do ego, que deixa de se entender e sentir como ente distinto em sentido absoluto e passa a se entender e sentir como fen óm en o de ser relativo e harmonizável com outros egos em geral e, em particular, com um ego que lhe seja oposto complementar. Amor , entáo, seria entendido, sentido e definido como uniáo por consonancia, por harm onizagáo, de dois ou mais fen ó m en o s d e ser (como num acorde musical) e, portanto, com supressao psicológica do estado de ser distinto e com desprendimento do sentimento egóico de ser em si mesmo, para ser nessa uniáo (talvez se devesse por isto falar em “amor com”, em lugar de “amor por”). Deste modo ficam preservadas, de um lado, a real unicidade fenoménica dos egos envolvidos na situagáo de amor c, de outro, a unicidade do Ser essencial a essa mesma situacáo. No tocante ao próprio Ser Essencial, seu Amor é a potencialidade desse fenómeno de harmonizagáo em uniáo vibratoria, responsável pela preservagáo de sua unicidade na m ultiplicado de suas manifestagóes fenoménicas que atualizam essa potencialidade no Universo. Amor, entáo, é a fungáo unificadora e harmonizadora da natureza do SER, em esséncia e manifestagáo.

(Este “palavreado prolixo” pode ser visto como “indigesto” e inútil e pode-se dizer que, afinal, só se conhece o amor vivenciando-o e, entáo,

pouco importa como ele seja definido ou entendido - se é que isto é possível. O fato, porém, é que muito do que é chamado de amor no mundo nao é realmente amor porque tem caráter egocéntrico. Este equívoco é fator de desilu
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