Senasp - Análise Criminal 1 - VA.pdf

May 29, 2018 | Author: BenjamimBenji | Category: Experiment, Interview, Information, Police, Sociology
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APRESENTAÇÃO Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso de “Análise Criminal”. A seguir, veja a apresentação do tema proposto, os objetivos esperados, a importância da análise criminal e como ela é fundamental para que se obtenham resultados efetivos no âmbito da segurança pública. Bons estudos! Segundo alguns autores há três tipos de mentiras sobre a estatística: as mentiras, as mentiras sérias e as estatísticas. Veja algumas delas: “Os números não mentem, mas os mentirosos forjam os números.” “Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.” coisa.” O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatística “como um bêbado utiliza um poste de iluminação – para servir de apoio e não para iluminar”. Quais são as razões para que esta visão persista? Por que fazer análise criminal? Estas são algumas das perguntas que servirão ser virão de base para os seus estudos sobre o tema em questão. As principais razões para a produção de impressões distorcidas da realidade a par tir das estatísticas são: • • • • •

O uso de pequenas amostras Distorções deliberadas Perguntas tendenciosas A elaboração de grácos enganosos Pressões políticas

Este curso tem como propósito a construção de um alicerce que amplie a formação de analistas criminais no Brasil. Dessa forma, a perspectiva é contribuir para que novos conteúdos relacionados às modernas técnicas de análise sejam agregados em futuro próximo. Aqui você estudará os conceitos básicos da análise estatística que fundamentam o processo de análise criminal.

Objetivos do Curso Ao nalizar o curso, você será capaz de: • Reconhecer a importância da análise criminal; • Descrever os principais conceitos e aplicações da estatística criminal; • Identicar as técnicas e instrumentos que possibilitam a coleta de informações; • Aplicar os conceitos básicos básicos relacionados relacionados à estatística para compreender melhor as técnicas utilizadas na análise criminal; Identicar os diferentes tipos de mapas, relacionando-os às suas informações; Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a operacionalização da análise criminal. 2

APRESENTAÇÃO Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso de “Análise Criminal”. A seguir, veja a apresentação do tema proposto, os objetivos esperados, a importância da análise criminal e como ela é fundamental para que se obtenham resultados efetivos no âmbito da segurança pública. Bons estudos! Segundo alguns autores há três tipos de mentiras sobre a estatística: as mentiras, as mentiras sérias e as estatísticas. Veja algumas delas: “Os números não mentem, mas os mentirosos forjam os números.” “Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.” coisa.” O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatística “como um bêbado utiliza um poste de iluminação – para servir de apoio e não para iluminar”. Quais são as razões para que esta visão persista? Por que fazer análise criminal? Estas são algumas das perguntas que servirão ser virão de base para os seus estudos sobre o tema em questão. As principais razões para a produção de impressões distorcidas da realidade a par tir das estatísticas são: • • • • •

O uso de pequenas amostras Distorções deliberadas Perguntas tendenciosas A elaboração de grácos enganosos Pressões políticas

Este curso tem como propósito a construção de um alicerce que amplie a formação de analistas criminais no Brasil. Dessa forma, a perspectiva é contribuir para que novos conteúdos relacionados às modernas técnicas de análise sejam agregados em futuro próximo. Aqui você estudará os conceitos básicos da análise estatística que fundamentam o processo de análise criminal.

Objetivos do Curso Ao nalizar o curso, você será capaz de: • Reconhecer a importância da análise criminal; • Descrever os principais conceitos e aplicações da estatística criminal; • Identicar as técnicas e instrumentos que possibilitam a coleta de informações; • Aplicar os conceitos básicos básicos relacionados relacionados à estatística para compreender melhor as técnicas utilizadas na análise criminal; Identicar os diferentes tipos de mapas, relacionando-os às suas informações; Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a operacionalização da análise criminal. 2

• •

Identicar os diferentes tipos de mapas relacionando às informações que reúnem; Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a operacionalização da análise criminal.

Estrutura do Curso O curso está dividido nos seguintes módulos: • • • • •

Módulo 1 – 1 – Por que fazer análise criminal? Módulo 2 – 2 – Coleta de informações Módulo 3 – Análise Estatística Criminal Módulo 4 – 4 – Sistemas de Informação Geográca Módulo 5 – Operacionalização da análise criminal

Bom curso!

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MÓDULO

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POR QUÊ FAZER ANÁLISE CRIMINAL?

Apresentação Seja bem-vindo(a) ao primeiro módulo deste curso! Neste módulo, você estudará a importância da análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento e a sua contribuição para a gestão das ações de segurança pública.

Objetivos do módulo Ao nal do módulo, você deverá ser capaz de: • Denir análise criminal e identicar as contribuições para a gestão da segurança pública; • Compreender os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do foco nas ações de análise criminal; e • Classicar a produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as vertentes utilizadas.

Estrutura do módulo O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: • • • • •

Aula 1 – A análise criminal e seu campo de aplicação Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento Aula 3 – Análise criminal X alocação de recursos Aula 4 – Focalização das ações da análise criminal Aula 5 – Vertentes básicas

E então, você está preparado para iniciar a primeira aula? Nesta aula, você aprenderá mais sobre a análise criminal e o seu campo de aplicação. Vamos lá!

Aula 1: A análise criminal e seu campo de aplicação 1.1 Dimensões do campo de aplicação O campo de aplicação da análise criminal pode ser descrito a partir de duas dimensões principais: •

Orientar os gestores quanto ao planejamento, execução e redirecionamento das ações do siste-  ma de segurança pública , contribuindo para a melhoria na distribuição dos recursos materiais e humanos; e Dar conhecimento à população e a outros órgãos governamentais e não-governamentais • quanto à situação da segurança pública , auxiliando suas participações efetivas na gestão e execução das ações .

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1.2 Denição •

A denição de análise criminal abrange muito mais que um simples traçado de grácos, tabelas e mapas. Constitui-se no uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles tirar CONCLUSÕES. • A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos, por meio dos quais tratam as informações para tentar conhecer as causas que determinam o fenômeno da segurança pública, buscando identicar, no resultado nal, quais inuências cabem a cada uma dessas causas. Você concluiu a primeira aula! Vamos prosseguir? Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento O modelo atual de alocação eciente dos gastos públicos cria a necessidade de repensar a forma como a segurança pública é feita. Os prossionais dessa área devem se questionar sobre os resultados es perados de sua atividade prossional, assim como sobre a forma de agir para cumprirem essa expectativa: como fazer mais com menos recursos? Para responder a questão levantada no slide anterior – como fazer mais com menos recursos? – é preciso passar da reação  para a ação. Ao invés de apenas reagir diante de uma cadeia de incidentes, a principal estratégia para quebrar esse ciclo é a execução de ações preventivas para a criação de ambientes seguros. Importante! Essa é a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de pensar policiamento. A atitude mais comum é o pronto atendimento à vítima, mas dessa forma, o alcance de resultados depende somente do aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas.

2.1 Nova perspectiva A nova perspectiva de policiamento requer que: • • •

A polícia examine de modo detalhado cada um dos problemas a serem abordados, identica do suas causas; Leve em consideração um conjunto bastante amplo de opções para intervir sobre essas causas; e Escolha a opção a ser utilizada com base em uma relação de custo e benefício, pautada no alcance de resultados.

Observa-se uma mudança na lógica de gestão, pois o objetivo prioritário deixa de ser apenas a solução dos crimes que já ocorreram e passa a ser a manutenção de um ambiente social onde não ocorra nenhum crime, as pessoas possam andar nas ruas tranquilamente e a sensação de segurança seja compartilhada por todos e todas, independentemente de suas características culturais, econômicas e naturais.

2.2 O trabalho do analista criminal Atualmente, o trabalho do analista criminal está limitado à tabulação dos registros sobre os crimes. Em poucas situações, observa-se a análise dos padrões de vitimização, tendo como foco principal a identicação do perl de quem deve ser preso e, em situações escassas, essa análise busca identicar fatores urbanos e populacionais associados aos padrões de incidência criminal. 5

 

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Essa situação ca ainda mais precária quando se questiona o uso das conclusões dessas análises na gestão das ações e políticas de segurança pública. Os processos de tomada de decisão baseados na rotina e na autoridade, marcados pela indiferença quanto aos resultados a serem alcançados em perspectiva sistêmica, ainda prevalecem. Uma das explicações para essa situação é a grande falta de analistas criminais bem treinados e compromissados com sua atividade. Importante! O bom analista criminal não espera uma demanda de informação para iniciar seu trabalho. Espontaneamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identicar problemas que devem ser resolvidos, avalia as principais causas do problema para identicar as respostas com o maior potencial de efetividade e traça um projeto de execução que sempre parte da diretriz que é preciso aprender com os resultados alcançados, quer sejam positivos ou negativos. Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal é a existência, entre esses prossionais, de uma concepção modesta sobre a importância do seu trabalho, visto sempre como um tra balho de bastidores. É preciso repensar essa concepção. O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos de segurança pública, pois tem inuência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim como sobre a forma de resolver o problema. Mais que uma fonte de informações, o analista criminal deve assumir o papel de conselheiro. Mais que um técnico especialista em análise de dados, o analista criminal deve agir como um pesquisador que visa trazer as melhores contribuições possíveis da ciência para o aperfeiçoamento do trabalho policial. No quadro funcional dos órgãos de segurança pública, o analista criminal é a pessoa com maior conhecimento sobre o processo de produção e coleta de informações, a análise de dados e sobre a avaliação de resultados. Além disso, é a pessoa com maior capacidade de encontrar fontes alternativas de dados e relatórios que podem ser utilizados para dar sustentação e aperfeiçoar as análises a serem empreendidas e as conclusões a serem alcançadas. A importância do trabalho do analista criminal foi demonstrada em uma pesquisa sobre a efetividade das estratégias de ação policial desenvolvida nos Estados Unidos, em 2003. Veja na gura 1 um quadro de avaliação de resultados de diferentes estratégias de policiamento. As estratégias selecionadas pela pesquisa foram distribuídas considerando dois eixos principais: a focalização do objeto alvo da ação (eixo horizontal) e a ampliação do conjunto de estratégias de policiamento utilizadas (eixo vertical).

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A partir da Figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforço da lei foi trocada por uma perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximação da polícia com a comunidade, além da realização de ações sociais. Observe que, no contexto da estratégia tradicional, a focalização é baixa e a estratégia envolve apenas o reforço da lei (perspectiva jurídica). A pesquisa conclui que não existem evidências empíricas de um resultado efetivo das ações em relação à redução da incidência criminal. Por outro lado, no policiamento orientado para o problema (Clarke & Eck, 2007), marcado pela focalização da ação e pelo uso de um conjunto diversicado de estratégias orien tadas para a solução dos problemas abordados, a pesquisa identicou fortes evidências empíricas de um resultado efetivo em relação à redução da incidência criminal. O policiamento orientado para o problema tem como principal estratégia de intervenção a promoção de mudanças nas condições que fazem do crime um problema repetitivo. Ele apresenta um grande avanço em relação à estratégia tradicional de policiamento, pois objetiva um resultado mais efetivo do que o alcançado pelas respostas reativas aos incidentes e pelas patrulhas policiais preventivas. Nesta aula, você viu vários aspectos sobre o trabalho do analista criminal frente à nova perspectiva de policiamento! Vamos prosseguir para a próxima aula? Aula 3 – Análise criminal X Alocação de recursos O aumento de recursos nanceiros investidos é suciente para o alcance de resultados? No âmbito nacional, uma constatação cientíca de Cerqueira e Lobão (2003) expôs que que a efe tiva solução dos problemas de segurança pública nunca resultará apenas do aumento dos recursos gastos pelos órgãos de segurança pública. Baseados em informações sobre os fatores associados à incidência de homicídios em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, entre 1980 e 2003, eles concluíram que o aumento das despesas com segurança pública não está relacionado estatisticamente à redução da incidência de homicídios. Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o único relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios. 7

 

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Cabe ressaltar, no entanto, que os autores consideraram os gastos em segurança pública sem separá-los e sem analisar as possibilidades de distribuição e aplicação desses recursos efetivos na própria área. Para alcançar resultados reais, não basta aumentar o volume de recursos nanceiros investidos. É preciso analisar as alternativas de intervenção e investir os recursos conforme as relações entre custo e benefício de cada alternativa. Essa questão aponta para a importância do analista criminal, que fornece o subsídio tanto para a tomada de decisão quanto para o investimento. Por m, a pesquisa destaca a necessidade de trabalhar com estratégias de intervenção que ultrapassem o âmbito das ações tradicionais de polícia, pois a melhor perspectiva de resultado foi observada quando reunidas todas as estratégias de ação de forma conjunta: • • •

Ações policiais; Redução da desigualdade social; e Aumento da renda per capita.

SAIBA MAIS... Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: “A análise criminal contribuindo para mudan-  ças na política nacional. ”, que está nos anexos do curso. Nota: Há na REDE EAD um curso de Policiamento Orientado para o Problema. Matricule-se para o próximo ciclo, caso ainda não tenha cursado. Nesta aula, você estudou sobre a Análise criminal e a Alocação de recursos. Vamos prosseguir?

Aula 4 – Focalização das ações e o trabalho da análise criminal 4.1 A dinâmica de trabalho do analista criminal Em relação à dinâmica de trabalho do analista criminal, pode-se, didaticamente, dividi-la em quatro etapas: • • • •

Sistematização e análise dos dados de segurança pública, buscando identicar padrões de in cidentes; Submissão desses padrões a uma profunda análise buscando identicar suas causas; Identicação de formas de intervenção nas relações causais encontradas para cessar a ocorrên cia dos incidentes; e Avaliação do impacto das intervenções e, caso haja ausência de impacto, reinício do processo.

No contexto do policiamento orientado a problemas, as formas de intervenção devem ser concebidas de maneira ampla, não se restringindo apenas às ações tradicionais de polícia. Por outro lado, o uxo de trabalho de análise envolve a contínua coleta e sistematização de novos dados que podem resultar em mudanças radicais nas ações que já vêm sendo executadas.

4.2 A focalização das ações Para a análise criminal ser mais eciente, as quatro etapas expostas anteriormente precisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a questã o da focalização das ações: • A valorização de uma perspectiva local de ação; e • A focalização de tipos criminais especícos para intervenção.

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4.2.1 A valorização de uma perspectiva local de ação Ao focalizar uma perspectiva mais local, o analista criminal faz com que sua instituição seja mais bem informada, eciente e capaz de usar seus recursos para reduzir o crime. A perspectiva local atribui ao analista criminal maior capacidade para investigar e identicar as causas do problema abordado. Essa orientação do trabalho numa perspectiva local propõe que o analista: Converse com os policiais sobre como eles concebem seu trabalho; participe diretamente de atividades desenvolvidas pelos órgãos de segurança pública; troque informações com prossionais das empresas de segurança privada; crie uma rede com analistas criminais das regiões vizinhas; colete informações diretamente com agressores e vítimas; e busque contribuir para aprimorar os processos de coleta de informação. 4.2.2 A focalização de tipos criminais especícos para intervenção A focalização nos tipos criminais permite ao analista especicar as causas particulares, os atores e as dinâmicas de cada tipo de crime, permitindo uma análise mais apurada do fenômeno criminal. Caso essa focalização não seja realizada e uma categoria criminal ampla (roubo, por exemplo) seja considerada como problema, torna-se difícil identicar as causas do problema. Cada tipo de roubo – em estabelecimento comercial, residência, transporte coletivo, de carga, dentre outros – possui suas causas especícas, resulta de diferentes motivações e envolve atores distintos em termos de conhecimento, habilidade e organização. Importante! Cada tipo criminal especíco tem causas particulares e recomenda-se que as intervenções sejam focalizadas em cada um deles separadamente. Parabéns, você está quase no m deste módulo! Vamos prosseguir para a última aula?

Aula 5 – Vertentes básicas blica

5.1 Vertentes da produção de conhecimento para segurança pú-

Magalhães (2007) destaca três grandes vertentes básicas do trabalho de produção de conhecimento voltado para a gestão em segurança pública: • • •

Análise criminal estratégica; Análise criminal tática; e Análise criminal administrativa.

Veja a seguir cada uma delas.

5.1.1 Análise criminal estratégica (ACE) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas in9

 

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uências a longo prazo. Dentre seus principais focos estão: • Formulação de políticas públicas; • Produção de conhecimento para redução da criminalidade; • Planejamento e desenvolvimento de soluções; • Interação com outras secretarias na construção de ações de segurança pública; • Direcionamento de investimentos; • Formulação do plano orçamentário; • Controle e acompanhamento de ações e projetos; e • Formulação de indicadores de desempenho. Seu principal objetivo é: Trabalhar na identicação das tendências da criminalidade. Exemplicando... Se o analista identica que o fenômeno criminal apresenta uma tendência ascendente, essa informação será utilizada para formular e determinar prioridades das ações dos operadores do sistema de segurança pública.

5.1.2 Análise criminal tática (ACT) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas inuências a médio prazo. Essa vertente estuda o fenômeno criminal visando fornecer subsídios para os operadores de segurança pública que atuam diretamente “nas ruas”. Nesse sentido, o conhecimento é utilizado pelas polícias ostensivas e investigativas. Dentre seus principais focos estão: No caso da Análise Criminal Tática, a produção de conhecimento serve para: • •

Orientar as atividades de policiamento ostensivo nas atividades preventivas e repressivas. Exemplo: Identicação de pontos quentes, correlacionando dia e horários críticos; e Subsidiar a polícia investigativa nas soluções das ocorrências criminais, principalmente na busca da autoria e materialidade dos delitos.

Seu principal objetivo é: Trabalhar na identicação de padrões das atividades criminais.

5.1.3 Análise criminal administrativa (ACA) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o público alvo. A atividade nessa vertente se assemelha à de um editor-chefe, pois tem o objetivo de selecionar os assuntos divulgados para cada cliente. Dentre seus principais focos estão: • • • • •

Fornecimento de informações sumarizadas para seus diversos públicos – cidadãos, gestores públicos, instituições públicas, organismos internacionais, organizações não-governamentais, etc.; Elaboração de estatísticas descritivas; Elaboração de informações gerais sobre tendências criminais; Comparações com períodos similares passados; e Comparações com outras cidades similares.

Seu principal objetivo é: Trabalhar as estatísticas criminais de forma descritiva. Finalizando... Parabéns! Você nalizou este módulo! 10

Aqui, você aprendeu que: • A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos. Por meio deles, as informações são tratadas para que se possa conhecer as causas que determinam o fenômeno da segurança pública, buscando identicar, no resultado nal, quais as melhores ações para cada uma dessas causas; • O modelo atual de alocação eciente dos gastos públicos cria a necessidade de pensar melhor a forma de como se faz segurança pública; • O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos de segurança pública, pois tem inuência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim como sobre a forma de resolver o problema. • Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o único relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios; • Para a análise criminal ser mais eciente, as quatro etapas da dinâmica de trabalho do analista precisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a questão da focalização das ações: a valorização de uma perspectiva local de ação e a focalização de tipos criminais especícos para intervenção. Agora, para xar o conteúdo é importante que você realize os exercícios propostos a seguir. No próximo módulo você aprenderá sobre: • • •

A descrição dos métodos de abordagem; A enumeração dos aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e A identicação das fontes de dados e informações de segurança pública.

Bons estudos!

Exercícios Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 1, realize as atividades propostas a seguir. 1. Podemos denir segurança pública como: a) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair conclusões. b) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para traçar grácos, tabelas e mapas. c) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para executar ações e políticas de segurança pública. d) É constituída de ferramentas para levantar informações. 2. A análise criminal se enquadra na perspectiva da segurança pública: a) Reativa b) Preventiva c) Passiva d) Proativa 3. A produção do conhecimento de gestão em segurança pública pode ser classicada segundo três 11

 

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vertentes. Considerando estas vertentes, associe a 2ª coluna de acordo com a 1ª: (1) Análise criminal estratégica (ACE) (2) Análise criminal tática (ACT) (3) Análise criminal administrativa (ACA) ( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o estudo dos fenômenos e suas inuências no médio prazo. ( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público alvo. ( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas inuências no longo prazo.

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Gabarito Resposta correta atividade 1: a alternativa “a”. Resposta correta atividade 2: alternativa: “b”. Resposta correta atividade 3: sequência: 2; 3; 1).

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MÓDULO

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COLETA DE INFORMAÇÕES

Apresentação Olá! Seja bem-vindo ao módulo “Coleta de Informações”. Antes de iniciar o conteúdo desse módulo, que tal relembrar o que você estudou no anterior? • • •

Você viu a denição de análise criminal e identicou suas contribuições para a gestão da segurança pública; Compreendeu os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do foco nas ações de análise criminal; e Viu a classicação da produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as ver tentes utilizadas.

Neste módulo, você estudará alguns dos métodos de abordagem dos fenômenos sociais que podem ser utilizados para a elaboração de diagnósticos sobre a situação da segurança pública e monitoramento de resultados das ações e políticas. Cabe destacar que um método não exclui o outro. Muitas vezes é preciso combiná-los, pois cada um possui vantagens e limitações; a combinação possibilita que se complementem.

Objetivos do módulo Ao nal do módulo, você deverá ser capaz de: • • •

Descrever os métodos de abordagem; Enumerar os aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e Identicar as fontes de dados e informações de segurança pública.

Estrutura do módulo O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: • • •

Aula 1 – Métodos de abordagem Aula 2 – Construção de um questionário Aula 3 – Fontes de dados e informações de segurança pública

Aula 1 – Métodos de abordagem 1.1 Abordagem e técnicas de análise A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens. Para cada uma das abordagens há técnicas de análise especícas, veja a seguir:

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1. • • •

Observação do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real. Análise de conteúdo Estudo de caso Análise de dados secundários

2. Criação de situações articiais e obser vação do comportamento antes das tarefas denidas para as situações. • Avaliação de impacto (laboratório) 3. Realização de perguntas às pessoas sobre o que fazem (zeram) e pensam (pensaram). • Survey  • Estudo de caso

1.2 Vantagens e limitações das técnicas de análise • • • • •

Análise de conteúdo Estudo de caso Análise de dados secundários Avaliação de impacto Survey

Análise de conteúdo Alguns tópicos de pesquisa são suscetíveis ao exame sistemático de documentos, como romances, poemas, publicações governamentais, músicas, boletins de ocorrências etc. As informações trazidas pelos documentos são sistematizadas, buscando a existência de semelhanças. As principais desvantagens desta técnica são: • O tipo de documento selecionado para o exame pode não ser a medida mais apropriada da questão ou fenômeno a ser estudado. • A análise dos documentos sempre envolve um espaço de arbitrariedade. Estudo de caso O estudo de caso envolve a descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de uma determinada situação social. Num estudo de caso, você busca coletar e examinar o máximo de informações possíveis sobre o tema. Se o estudo é sobre a comunidade, você aborda a sua história, seus aspectos religiosos, políticos, econômicos, geográcos, sua composição racial etc. Em resumo, você procura a descrição mais abrangente e tenta determinar as inter-relações lógicas dos seus vários componentes. Enquanto a maioria das pesquisas busca diretamente o conhecimento generalizado, o estudo de caso busca o conhecimento abrangente de um só caso. Dessa forma, o conhecimento produzido não é necessariamente generalizável. Se o estudo de caso é realizado pelo pesquisador que é participante no evento ou grupo social estudado, este é denominado de Estudo de Caso com Observação Participante. Na prática, como observador participante, o pesquisador pode ou não se revelar como tal. Essa decisão tem importantes implicações metodológicas e éticas. O pesquisador que admitir que esteja realizando um estudo pode afetar diretamente o fenômeno que pretende estudar. Por outro lado, a não identicação do pesquisador pode ter implicações éticas relativas ao engano. Como estudo de caso, a observação participante busca colher informações muito detalhadas. 15

 

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A grande desvantagem desse método é que o pesquisador dicilmente consegue manter procedimentos sistemáticos de pesquisa. Análise de dados secundários A realização de pesquisas cientícas não envolve, necessariamente, a coleta e análise de dados ori ginais (pesquisa de campo). Alguns tópicos de pesquisa podem ser estudados analisando dados já coletados e compilados. A análise dos dados secundários tem a grande vantagem da economia. O pesquisador não precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas, codicações, recrutamento de sujeitos experimentais etc. A principal desvantagem do método é que o pesquisador ca limitado a dados já coletados e compilados por outros, que podem não representar adequadamente a questão que lhe interessa. Avaliação de impacto A avaliação de impacto procura determinar os resultados das ações e políticas. Para mensurar esses resultados, não basta olhar o objeto de análise e ver o que aconteceu com ele depois da aplicaçã o da política. Para garantir que as mudanças observadas são resultantes da política empreendida, é preciso comparar o grupo em que ela foi implementada – chamado de tratado – com um grupo similar que não a experimentou – chamado de controle. TRATADO: Grupo em que foi implementada a política. CONTROLE: Grupo similar em que não foi implementada a política. Quando se está trabalhando com experimento aleatório, também chamado de experimento puro, é bastante simples medir o impacto. Os experimentos aleatórios são aqueles em que os “ tratados” e “controles” são escolhidos de forma aleatória na população. Esse tipo de estudo é muito usado na medicina para testes de remédios. Das pessoas inscritas para o teste, são selecionados dois grupos de forma aleatória, por sorteio. Para um grupo é distribuído o placebo (grupo controle) e para o outro grupo é dado o remédio (grupo tratado). Depois do tratamento, compara-se a condição de saúde dos dois grupos. Se o grupo tratado apresenta melhor condição de saúde de que o grupo controle, o remédio tem resultado positivo. Caso contrário, o remédio não tem resultado. Entretanto, na prática, é quase impossível implementar experimentos aleatórios no caso de políticas públicas, pois existe um problema ético e moral. PARA REFLETIR... Sendo o objetivo fazer uma política de prevenção à criminalidade em áreas de alta periculosidade da cidade, como escolher uma área que não vai receber essa política? Isto é justo com a população desse local? Normalmente, as ações e políticas têm desenhos não aleatórios e as avaliações devem buscar desenhos não experimentais, denominados por avaliações de estudos observacionais ou quase-experimentais. A implicação do desenho não experimental para a avaliação do impacto é que o “controle” não pode ser comparado diretamente com o “tratado”, pois os atributos de ambos não são, necessariamente, 16

equivalentes. Para fazer essa comparação é necessário que se apliquem técnicas estatísticas que tornam o “controle” equivalente ao tratado. Existem várias técnicas para isso, as mais usadas são “pareamento com escore de propensão” e “diferenças em diferenças”. Neste curso não serão tratadas essas técnicas, pois exigem um conhecimento avançado em estatística. Para mais detalhes, veja Ravallion (2001; 2005) e Heckman et al. (1998). Survey 

Um survey  é realizado quando se pretende construir enunciados sobre uma população, isto é, descobrir a distribuição de certos traços e atributos, avaliar o impacto de alguma política ou ação etc. Para que seja viável, em termos técnicos e econômicos, a pesquisa é realizada em uma amostra cienticamente selecionada da população, de forma a representá-la. Essa seleção cientíca da amostra permite a extrapolação dos resultados encontrados para a população, ou seja, se a amostra é composta por 50% de homens, pode-se extrapolar o resultado dizendo que nossa população é composta de 50% de homens. A coleta de informações envolve sempre a aplicação de um questionário, que deve priorizar a construção de questões com respostas fechadas, retirando ao máximo a possibilidade de respostas abertas em formato de texto. Assim, esses instrumentos de coleta de informação favorecem o uso de técnicas quantitativas para análise dos dados.

1.3 Métodos e técnicas X Aplicações Os vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto ao tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a ser coletada. Eles ta mbém podem ser utilizados de forma complementar quando necessário. Veja abaixo alguns exemplos: •





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Quando se precisa de informações representativas da situação de grandes grupos sociais com menor gasto de recursos e maior rapidez, são utilizados surveys  e informações secundárias , sistematizadas continuamente por órgãos de estatística ocial. Essas informações se agregam no conjunto denominado de informações quantitativas e se caracterizam por buscar mensurar a questão estudada em números ou categorias. A grande limitação dos dados quantitativos na realização de pesquisas é que eles reduzem a realidade a algumas categorias, deixando de lado muita informação que seria útil para uma melhor compreensão do fenômeno estudado. Pesquisas com informações mais detalhadas: Quando se verica a necessidade de trabalhar com informações mais detalhadas, partimos para outro conjunto de informações denominado por informações qualitativas. As pesquisas envolvendo a coleta dessas informações – análise de conteúdo e estudo de caso – são normalmente mais difíceis e mais caras de serem realizadas. Ao mesmo tempo em que se conhece a realidade de modo mais detalhado, perde-se capacidade de generalização dos conhecimentos produzidos. Pesquisas na área de segurança pública: Como exemplo de pesquisas na área de segurança pública, é possível citar:

 

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Pesquisas na área de segurança pública Pesquisa que analisam informações trazidas de bases de ocorrências registradas pelas polícias. Pesquisas de vitimização. Pesquisas que buscam avaliar de forma mais detalhada a criminalidade, envolvendo entrevistas com moradores. Pesquisa mais detalhada realizada por alguém que convive com a comunidade.

Técnicas de análise Análises de dados secundários.

Survey Estudo de caso.

Estudo de caso ou, especicamente, pesquisa etnográca.

Aula 2 – Construção de um questionário Olá! Na aula anterior você conheceu os três métodos de abordagem dos fenômenos sociais e também estudou sobre as várias técnicas de análise de tais fenômenos. Dando sequência ao conteúdo desse módulo, agora, você aprenderá a construir um questionário. Preparado(a)? Vamos lá! O que é um questionário? Um questionário pode ser denido como um: “conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de personalidade e informação biográca”. (YAREMENKO et al., 1986).

O objetivo de uma pesquisa determina a forma do questionário e a maneira da sua aplicação por meio dos conceitos e da população alvo.

2.1 Denição e a relação com a pesquisa É possível vericar as seguintes interdependências entre a elaboração de um instrumento e a estratégia de sua aplicação: • • • •

O grau de complexidade dos conceitos determina o número de perguntas e sua forma de apresentação. Há uma relação recíproca entre características da população alvo e complexidade dos conceitos a serem investigados, pois ambos determinam a maneira de transformação dos conceitos em perguntas e sua administração. O tamanho da amostra determina o formato do questionário em relação ao tipo de entrevistas e ao tamanho do seu conteúdo. O tamanho da amostra é determinado pelos recursos disponíveis (tempo, dinheiro e recursos humanos).

2.2. Elaboração de um questionário Na elaboração de um questionário, o analista criminal deve estar atento também aos seguintes 18

fatores: 1. Contexto social da sua aplicação; 2. Perguntas; 3. Estrutura lógica na organização dessas perguntas; e 4. Diferentes formas de coleta de informação. No que diz respeito à administração do questionário, sendo ele observado como um instrumento de coleta de informações é importante apontar que esse processo envolve sempre uma interação entre pesquisador e respondente. A interação pode ocorrer no âmbito de uma entrevista presencial, na qual os dois atores são colocados frente a frente numa relação de entrevistador e entrevistado, ou no âmbito da resposta a um questionário encaminhado, por exemplo, via e-mail ou correio, no qual ocorre uma interação entre os dois atores pela apresentação do questionário (na maneira como as questões foram escritas, no agradecimento pela disponibilidade de responder ao questionário, dentre outros fatores). Ou seja, mesmo no preenchimento de um questionário, ocorre uma entrevista, mas nesse caso, a relação entre entrevistado e entrevistador é mediada pelo questionário.

2.3 Contexto social da aplicação do questionário A disposição do respondente em revelar algo sobre si mesmo, permitindo o pesquisador obter as informações desejadas, varia conforme a situação. O pesquisador não tem poder sobre o respondente e precisa convencê-lo de que vale a pena participar da pesquisa. Alguns aspectos do contexto social e cultural na interação entre entrevistado e entrevistador devem ser observados, como por exemplo: • • • • • •

Criação e manutenção de um ambiente de cortesia durante a entrevista. Seriedade no processo de interação, favorecendo a obtenção de respostas autênticas. Boa impressão sobre a imagem do pesquisador e da organização representada por ele. Ênfase na relevância do assunto da pesquisa para o entrevistado. Promoção de uma aproximação do entrevistado e do entrevistador em termos culturais. Realização da pesquisa em um ambiente físico adequado para o alcance dos melhores resultados na realização da pesquisa.

2.4 Estrutura lógica do questionário Segundo Dillman (1978), três coisas devem ser feitas para maximizar as respostas de um questionário: • • •

Minimizar o custo para o respondente. Maximizar as recompensas para o respondente. Estabelecer a conança de que a recompensa será concedida.

Lembre-se das seguintes recomendações para o estabelecimento da estrutura lógica do questionário: Muitas pessoas participam de pesquisas por se sentirem importantes em ter sua opinião valorizada ou pela oportunidade de falar e serem ouvidos. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é outra forma importante de recompensar os respondentes. • 19

Estabelecer contato com o respondente em potencial e assegurar sua cooperação. Para esta 

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belecer conança, o entrevistador deve se apresentar e indicar com e para quem trabalha. A seguir, precisa capturar o interesse do respondente pelo tema e para isso, sugere-se ressaltar o quanto opiniões e experiências do respondente são importantes. São os primeiros momentos da entrevista que importam para a disposição do respondente em cooperar. Nesse momento, o questionário e sua importância devem ser apresentados da forma mais completa. • Como o respondente pode desistir da pesquisa a qualquer momento, persiste a necessidade de continuar a manter seu interesse durante a realização da entrevista. Alguns pontos merecem especial atenção para evitar a desistência no meio do processo da entrevista: a tarefa deve parecer ser breve, é preciso reduzir ao máximo o esforço mental e físico requerido, eliminar as possibilidades de embaraço, qualquer implicação de subordinação e custo nanceiro. • O mínimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela valiosa colaboração do respondente, seja de maneira verbalizada no m da entrevista, seja de maneira escrita no m do questionário. Muitas pessoas participam de pesquisa por se sentirem importantes em ter sua opinião valorizada ou por poder falar e ser ouvido. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é outra forma impor tante de recompensar os respondentes.

2.5 A estrutura do questionário Uma estrutura bem pensada contribui para reduzir o esforço físico e mental do respondente. Além disso, assegura que todos os temas de interesse do pesquisador sejam tratados numa ordem objetiva, mantendo o interesse do respondente em continuar. É preciso saber com precisão por que s e está incluindo cada pergunta no questionário. Os princípios a seguir poderão ajudá-lo na estruturação: • 1º Princípio: Procure sempre direcionar a estruturação do questionário da seguinte forma: do geral para o especíco, do impessoal para o pessoal, do menos delicado para o mais delicado. • 2º Princípio: Disponha as perguntas de modo a obedecer a uma lógica de aproximação. Exemplo: Ao se pesquisar a situação de insegurança, primeiro se pergunta sobre a cidade, depois sobre o bairro e, então, sobre a rua e a casa onde o respondente reside. • 3º Princípio: Garanta que as perguntas referentes a uma mesma temática permaneçam sempre  juntas e recebam uma introdução que ajude o respondente a concentrar-se nela.

2.6 As perguntas As perguntas iniciais servem para estabelecer um relacionamento de conança entre respondente e pesquisador. Nunca se deve começar o questionário por perguntas burocráticas (nome, sexo, idade, renda familiar etc.), pois essas questões só terão respostas autênticas quando o respondente desenvolver certo grau de conança no entrevistador. As perguntas burocráticas devem ser inseridas sempre no nal do questionário. Cabe destacar também que perguntar o nome no início da entrevista contradiz qualquer armação sobre o caráter condencial da entrevista. Quais são as características de uma boa pergunta? Uma boa pergunta é aquela que gera respostas dedignas e válidas  e, por essa razão, devem apresentar algumas características básicas: • A pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente; • As expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas para os respondentes; • Os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e • Os respondentes precisam estar dispostos a responder.

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2.7 Aspectos a serem observados A seguir, você conhecerá os principais aspectos a serem observados na elaboração de uma pesqui sa: Linguagem Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso car sempre atento à população alvo da pesquisa. A compreensão da linguagem utilizada pode mudar de acordo com o público. Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou sosticados devem ser evitados. Há dois problemas nos questionários relacionados à linguagem. São eles: 1. A ambiguidade, ou seja, o questionário permite mais de uma interpretação da pergunta; 2. As perguntas podem direcionar as respostas, então é preciso car atento à escolha das palavras. Importante! Uma vez que as questões estiverem elaboradas, pergunte-se: O respondente está entendendo o que o entrevistador quis perguntar? O enunciado da pergunta induz a resposta de alguma forma? Quanto ao tipo de perguntas, é possível elaborar perguntas abertas e fechadas. Perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e variabilidade das possíveis respostas. Esse tipo de perguntas estabelece, no início da entrevista, um clima receptivo entre pesquisador e respondente e, no nal, captura as opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas. As perguntas abertas também servem para reforçar ao respondente o real interesse nas suas opiniões. Perguntas fechadas são aquelas em que são oferecidas opções para o respondente escolher como resposta. Devem ser utilizadas quando se conhece os tópicos que serão informados pelos respondentes. Além disso, esse tipo de pergunta deve ser usado quando existem muitos respondentes e pouco tempo para a pesquisa.

2.8 Problemas que devem ser evitados A forma com que as perguntas são formuladas e ordenadas no questionário podem gerar alguns problemas. Ao formular as perguntas é preciso vericar se elas não constituem ameaça ao respondente. Caso existam razões para supor que o respondente é “sensível” ao tema, é preciso vericar maneiras de encontrar a informação sem provocar constrangimento. Outro problema diz respeito ao entrevistado fornecer respostas falsas às perguntas. Um dos motivos é que o respondente pode ter algo a esconder ou não saber como responder. Por m, se o respondente não lembrar de alguma resposta, o entrevistador não deve deixá-lo constrangido. É preciso frisar que as perguntas não constituem em um teste e que é natural não ter respostas para todas as perguntas.

2.9 Escalas de respostas Para tornar mais fácil a classicação das respostas às perguntas é necessário que se pense nas esca las de respostas. As escalas podem ser classicadas em: • • •

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Escala Nominal; Escala Ordinal; Escala Intervalar.

 

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A Escala Nominal utiliza símbolos ou números somente para identicar as pessoas, objetos ou categorias. Por exemplo, o gênero, estado civil ou atributos como cor de cabelo, uso de bengala e existência de tatuagem. Mesmo para as medições em escala nominal é preciso se preocupar em estabelecer um bom relacionamento com o respondente. Exemplo: A frase “Qual o estado civil de V.Sa?” soa melhor do que solicitar simplesmente “Estado civil”. Dependendo da população alvo e do objetivo da pesquisa, um maior ou menor número de alternativas é apropriado. Exemplos: A raça pode ter como categoria apenas: a) brancos e b) não brancos OU a) brancos, b) negros, c) pardos, d) indígenas, e) asiáticos e f) outros. Lembre-se! O importante é que as opções sejam mutuamente exclusivas e cubram todas as alternativas. Na Escala Ordinal, além de se identicarem as pessoas, objetos ou categorias, ocorre uma orde nação desses elementos. Por exemplo, a hierarquização da percepção de níveis de violência entre diferentes locais de uma cidade, status social ou ordem de chegada em uma competição. Uma técnica de mensuração muito utilizada nas ciências sociais para levantar atitudes, opiniões e avaliações é a construção de escalas Likert. Nela, o respondente avalia um fenômeno numa escala de, geralmente, cinco alternativas. Para saber mais sobre as escalas Likert, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Likert. O conteúdo das alternativas varia de acordo com o tema abordado na pergunta. Um ponto interessante na utilização de escalas é a decisão quanto ao uso de número par ou ímpar de alternativas, pois o uso de um número ímpar de alternativas indica que se criou um ponto neutro no meio da escala, ou seja, foi aberto espaço para o entrevistado expor uma posição neutra sobre o tema abordado. Independentemente do número de alternativas, é importante que as opções estejam balanceadas, isto é, as direções opostas de respostas devem possuir o mesmo número de opções. Veja abaixo dois exemplos de perguntas na escala ordinal. a) Em termos gerais, o quão satisfeito você está com as suas condições de trabalho? 1. Bastante satisfeito 2. Muito satisfeito 3. Pouco satisfeito 4. Nada satisfeito b) O quão seguro, você se sente ao andar sozinho pelas ruas na região onde reside ao anoitecer? 1. Muito seguro 2. Razoavelmente seguro 3. Nada seguro Na Escala Intervalar, as características são ordenadas conforme uma dimensão subjacente e os intervalos entre as alternativas têm tamanho conhecido e podem ser comparados. Exemplos: • O tamanho da população. • O número de crimes registrados. • O número de inquéritos concluídos.

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Aula 3 – Fontes de dados Neste módulo você estudou as três abordagens dos fenômenos sociais e suas respectivas técnicas de análise. Além disso, você também aprendeu a construir questionários de forma apropriada. Agora, na próxima aula, você estudará sobre as fontes de dados. Vamos lá! O uso cientíco das informações de segurança pública e de justiça criminal para a gestão de polí ticas envolve não apenas informações especícas dessa área, mas também informações socioeconômicas e urbanas necessárias para se contextualizar a sua situação. Essa contextualização permite, por exemplo, identicar as causas sociais dos fenômenos de segurança pública e também aperfeiçoar a visão sobre o resultado alcançado. Possibilita, ainda, vericar se as mudanças que ocorrem na segurança pública têm também outras condições além da atuação dos órgãos dessa área. Do ponto de vista da pesquisa social, há um consenso de que apenas as informações administrativas de agências de segurança pública e justiça criminal não são sucientes para a compreensão dos fenôme nos relacionados à incidência criminal ou à violência. Para uma visão efetivamente compreensiva dos fenômenos relacionados a tal problemática, como enfatiza Kahn (2002), é necessário atentar para as condições gerais de vida da população.

3.1 Fontes de dados Em seu artigo sobre a importância dos indicadores como instrumento auxiliar à prevenção municipal da criminalidade, Kahn (2002) observa que o nível socioeconômico é um fator explicativo para o pre domínio de eventos criminais especícos em determinadas localidades, muito embora a explicação da sua distribuição seja bastante complexa. Outros estudos buscaram entender a relação entre taxas de criminalidade e indicadores socioeconômicos. Soares (2008), por exemplo, busca analisar a relação entre desenvolvimento, desigualdade e homicídios a partir de uma revisão de vários estudos empíricos que abordam a relação entre taxas de homicídios e variáveis sociais e demográcas, tais quais renda, alfabetização, urbanização, migração, entre outras. Dessa forma, é desejável que os bancos de dados sobre criminalidade – geralmente compostos por dados administrativos policiais, como registros de ocorrências -, contenham informações socioeconômicas da população local e da infraestrutura urbana. Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal são dados policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional, para ns de administração dos procedimentos de rotina. Em geral, essas informações não são utilizadas na área de gestão, pois somente os dados das polícias estão organizados em banco de dados. Já os demais, na maioria das vezes, não estão informatizados ou constituem arquivos de formulários. Geralmente, esses dados não contêm as informações necessárias para a avaliação de políticas públicas de segurança ou programas particulares. Faltam informações sociodemográcas, dos infratores ou demandantes dos serviços de justiça criminal, dentre outras. Em função disso, é preciso pensar criativamente na utilização de outras possíveis fontes para complementar ou checar as informações fornecidas pelas bases de dados ociais.

3.1.1 Características e limitações dos registros das polícias militares e das polícias civis • 23

Polícia Militar: Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não  

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blica

abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base exclusiva de um sistema de informação criminal. O grande problema dessa base de dados está relacionado à subnoticação dos crimes, ou seja, muitos indivíduos não reportam os crimes à polícia. Polícia Civil: A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla gama de incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime. Um dos grandes problemas dessa base de dados também é a subnoticação dos crimes. Por causa das características dos dados gerados pelas polícias e suas limitações, muitas vezes são necessárias fontes alternativas de informações.

3.2 SINESP – Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pú-

Desde o ano de 2004, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, vem despendendo esforços para a concretização de uma base nacional de dados e informações de segurança pública, com o apoio dos entes federados, órgãos federais e estaduais, instituições de segurança pública, prossionais em segurança pública, pesquisadores e demais parceiros. Uma grande ação foi a criação do Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal – SINESPJC, implantado em 2004, com o módulo Polícia Civil e posteriormente com o módulo Polícia Militar em 2006. Este sistema teve como principal objetivo iniciar o processo informatizado de coleta de dados estatísticos junto às 27 UFs, em um cenário que contava apenas com 07 UFs com sistemas de registro de ocorrências informatizados. Neste contexto, a SENASP veio fomentando - junto aos entes federados e por meio de convênios com a União - o desenvolvimento, customização e ampliação de sistemas informatizados de registros de ocorrências policiais e sistemas de atendimento e despacho das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares. O objetivo foi o de melhorar os processos de envio, tratamento e análise de dados. Mesmo com o apoio da SENASP, as instituições de segurança pública não deixaram de arcar com o ônus de ter que alimentar, de forma manual ou minimamente informatizada, a base de dados nacional. Limitações do SINESPJC não permitiam que sistemas estaduais fossem integrados diretamente ao sistema nacional, tornando o processo de alimentação lento e árduo. Além disso, havia o problema da falta de padronização dos formulários de coleta nos Estados. Partindo deste novo cenário, identicados os problemas e desaos, a SENASP em maio de 2012,  juntamente com representantes das Polícias Civis, Militares e Corpos de Bombeiros Militares das 27 Unidades de Federação, deniu os campos e conteúdos mínimos dos boletins de ocorrências e atendimento e despacho das instituições de segurança pública. Neste mesmo ano, foi promulgada a Lei 12.681, que institui o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas, com a nalidade de armazenar, tratar e integrar dados e informações para auxiliar na formulação, implementação, execução, acompanhamento e avaliação das políticas relacionadas à segurança pública; sistema prisional e execução penal; e enfrentamento do tráco de crack e outras drogas ilícitas. Com isto, o SINESPJC torna-se o módulo de estatística do SINESP. Logo após a criação da lei do SINESP, o Ministério da Justiça, por meio da SENASP, toma o compromisso de rmar junto às Unidades da Federação 27 termos de adesão ao SINESP, raticando o compromisso de todos em cooperar com a implantação, manutenção e atualização do sistema. O não envio dos dados previstos no Termo implica na impossibilidade de receber recursos ou celebrar parcerias com a União para nanciamento de programas, projetos ou ações de segurança pública e do sistema prisional. • •

Enviar os dados previstos no Termo Possibilidade de receber recursos e celebrar parceiras com a União

O SINESP tem como objetivo sanar o problema da má qualidade de informações de crime no Brasil. Essa má qualidade se deve aos diversos problemas estruturais que impediram, ao longo dos anos, uma 24

melhor qualidade da informação, e, além disso, a particularidades dos próprios eventos criminais, que, por natureza, são difíceis de serem registrados pela população. Por exemplo, furtos e roubos de pequenos valores e casos de estupros, abus os, assédios e coerções, muitas vezes, estão inseridos dentro de contextos pessoais ou familiares, fazendo com que as vítimas raramente procurem as autoridades para registro dos fatos.

3.3 Fontes alternativas de informação Pesquisas de vitimização Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de vitimização, que permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também o tamanho e o perl da subnoticação. No Brasil, a primeira pesquisa de vitimização realizada em âmbito nacional foi empreendida pelo Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística (IBGE), no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1988. Depois disso, o IBGE empreendeu outra pesquisa nacional de vitimização, também como suplemento da PNAD, no ano de 2009. Cabe destacar a Pesquisa Nacional de Vitimização realizada pelo Ministério da Justiça, de 2010 a 2012, no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, pelo Centro de Estudos da Criminalidade e Segurança Pública (CRISP) e Datafolha. Para saber mais sobre essa pesquisa, acesse o arquivo “Pesquisa de vitimização”, que está nos anexos do curso. Outros exemplos de pesquisas de vitimização empreendidas no Brasil são expostos a seguir: •





Pesquisa de vitimização ILANUD: Essa pesquisa foi desenvolvida em 2002, a partir da parceria Instituto Latino Americano das Nações Unidades (ILANUD)/Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República/FIA/Universidade de São Paulo (USP). Ela é representativa para os municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitória. Pesquisa de vitimização INSPER : Essa pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER). O estudo toma como base pesquisas domiciliares com 2.967 pessoas na cidade de São Paulo em 2003 e 2008. Os sete tipos de ocorrência apurados no levantamento são: residência, veículo, componentes de veículos, crime contra a pessoa, trânsito, agressões e casa de temporada. Pesquisa de vitimização CRISP/UFMG: Essa pesquisa foi desenvolvida nos anos de 2001, 2003 e 2006 pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (CRISP/UFMG) e é representativa para o município de Belo Horizonte, no qual foram entrevistadas 6.220 pessoas.

Outras fontes de dados e informações: No caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras são importantes para comprovar tendências. Entretanto, como nem todos os carros estão segurados, as informações das seguradoras devem conter menos registros que as das polícias. No caso dos homicídios, os dados do Datasus/Ministério da Saúde são geralmente de uma conabilidade superior aos da polícia, pela própria natureza de sua produção e por estarem submetidos a uma crítica mais detalhada. Mas eles também apresentam problemas, como a existência de uma categoria de mortes violentas de intencionalidade desconhecida, que incluiria homicídios, suicídios e mortes acidentais. Para chegar a uma estimativa mais precisa, é necessário submeter essa categoria a uma estimativa que reclassica uma parte dela como homicídio. Além disso, a diculdade maior para utilizar esses dados 25

 

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como indicadores de segurança pública é a demora na sua divulgação, justamente devido ao tempo dedicado à crítica dos dados. De qualquer forma, é muito importante que, mesmo com certo atraso, tais registros sejam comparados com os da polícia, para testar a validade dos últimos. Existem inúmeras instituições públicas e privadas que compilam informações que podem ser relevantes para a análise de crimes, criminosos ou vítimas especícas. Alguns exemplos: as as agências de regularegula ção dos produtos controlados (tais como armas, álcool ou drogas), agências reguladoras que scalizam instituições bancárias ou de segurança, autoridades scais e alfandegárias, departamentos de segu rança de instituições privadas etc. etc . SAIBA MAIS... O site do Ministério da Justiça vem Justiça vem se institucionalizando nos últimos anos a nos como referência nacional em relação às informações de segurança pública. Destacam-se Desta cam-se como exemplo de relatórios disponíveis nessa página: Para saber mais sobre o Ministério da Justiça, acesse: http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/seguranca-publica/estatisticas.. guranca-publica/estatisticas • • • • • • • • •

Efetivo dos Órgãos Estaduais de Segurança Pública (2003 a 2007); Análise das Ocorrências Registradas pelas Polícias Civis (2004 e 2005); Perl das Instituições de Segurança Pública (2004 a 2007); Investimentos dos Governos Estaduais em Segurança Pública (2005 a 2008); Diagnóstico da Perícia Criminal no Brasil (2012); Estudo Prossiográco e Mapeamento de Competências: Perl dos Cargos das Institu ições EstaEstaduais de Segurança Pública (2012); Mulheres nas Instituições de Segurança Pública (2013); Pesquisa Perl das Instituições de Segurança Pública (2013); Pensando a Segurança Pública (2013).

Há ainda... • • •

Os portais das Secretarias Estaduais de Segurança Pública, Pública , da Polícia Civil e Civil e da Polícia Militar.. Quando as informações estatísticas não estão disponibilizadas no portal é preciso fazer um tar contato telefônico ou por e-mail com os gestores dessas instituições, solicitando-as. Os Grupos de pesquisa e pesquisa  e portais acadêmicos relacionados acadêmicos relacionados a essa questão. Censo demográco realizado demográco realizado pelo IBGE a cada 10 anos.

Para saber mais sobre Censo demográco, acesse o arquivo “Censo”, “Censo”, que está nos anexos do curso. Finalizando... Neste módulo, você estudou que: •

• •

A compreensão compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir partir de três abordagens: observação do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real; criação de situações articiais e observação do comportamento antes das tarefas denidas para as situações e realização de perguntas às pessoas sobre o que qu e fazem (zeram) e pensam (pensaram). Para cada uma das abordagens há técnicas de análise especícas. Cada uma delas tem vanta gens e limitações. Os vários vários métodos métodos de abordagem dos fenômenos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto ao 26

• •

• • •

tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações in formações a serem coletadas. Eles também podem ser utilizados de forma complementar quando necessário. Um questionário pode ser denido como um “conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de personalidade e informação biográca”. (YAREMENKO (YAREMENKO et al., 1986). Os dados frequentemente frequentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal são dados policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional, para ns de adminis tração dos procedimentos de rotina. Em geral, essas informações não são utilizadas na área de gestão. Os registros registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não abrangem o con junto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base base exclusiva de um sistema sistema de informação criminal. A Polícia Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar registrar uma ampla gama de incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime. Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível possível são as pesquisas de vitimização, que permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também o tamanho e o perl da subnoticação.

Exercícios Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 2, realize as atividades propostas a seguir. Atividade 1. O método de pesquisa de avaliação de impacto inclui: a) semelhanças. b) c) social. d)

(

) Sistematização das informações trazidas pelos documentos, buscando a existência de

( ) Determinação dos resultados das ações e políticas de segurança pública. ( ) Descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de uma determinada situação (

) Construção de enunciados sobre uma população.

Atividade 2. Qual a principal vantagem da coleta de informação por dados secundários? a) b) c) d)

( ( ( (

) O pesquisador ca limitado a dados já coletados e compilados. ) O pesquisador tem que selecionar a amostra de forma cientíca. ) O pesquisador não precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas e codicações. ) O pesquisador não pode representar adequadamente a questão que lhe interessa.

Atividade 3. Em relação às perguntas contidas no questionário, assinale a armativa FALSA: a) ( ) As perguntas devem apresentar cinco características básicas: a pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente; as expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas para o respondente; os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e os respondentes precisam estar dispostos a responder. responder. b) ( ) As perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e variabilidade das possíveis respostas. Esse tipo de pergunta estabelece, no início da entrevista, um clima receptivo entre pesquisador e respondente, e, no nal, captura as opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas. 27

 

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c) ( ) Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso atentar para a sua compreensão pela população alvo da pesquisa. Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou sosticados devem ser utilizados para facilitar a compreensão do entrevistado. d) ( ) Perguntas em escala nominal utilizam símbolos ou números somente para identicar as pessoas, objetos ou categorias.

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Gabarito Resposta correta atividade 1: armativa b). Resposta correta atividade 2: armativa c). Resposta correta atividade 3: armativa c).

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MÓDULO

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ANÁLISE ESTATÍSTICA CRIMINAL

Apresentação Olá, seja bem-vindo(a) ao módulo “Análise Estatística Criminal”! Neste módulo, você estudará os conceitos básicos relacionados ao estudo da estatística para compreender melhor as técnicas utilizadas na análise criminal. Lembrando que, no módulo anterior, você aprendeu a descrever os métodos de abordagem dos fenômenos sociais (e as técnicas de análise correspondentes). Também estudou sobre os aspectos que devem ser observados na construção de um questionário. E, por m, conheceu diversas fontes de dados e informações de segurança pública. Preparado(a) para aprender mais sobre Análise Criminal? Então, vamos lá!

Objetivos do módulo Ao nal do módulo, você deverá ser capaz de: • • • • •

Denir os principais conceitos relacionados à estatística; Correlacionar as séries estatísticas aos fatores básicos que as estruturam; Descrever as formas pelas quais as informações podem ser apresentadas estatisticamente; Identicar as técnicas utilizadas na estatística descritiva; e Denir análise de regressão.

Estrutura do módulo O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: • • • • •

Aula 1 – Conceitos básicos Aula 2 – Séries estatísticas Aula 3 – Apresentação dos dados Aula 4 – Estatística descritiva Aula 5 – Análise de regressão

Aula 1 – Conceitos básicos 1.1 Estatística e análise estatística criminal O termo estatística surgiu da expressão em latim statisticum collegium, que signica palestra sobre os assuntos do Estado. No século XVII, o termo Statistik foi utilizado designando a análise de dados sobre o Estado. Entretanto, somente no início do século XIX o termo adquiriu o signicado de coleta e classicação de dados, que persiste até hoje. A análise estatística criminal consiste na aplicação da análise estatística aos dados de criminalidade 30

e segurança pública.

1.1.1 Estatística descritiva X Estatística inferencial A estatística descritiva é um ramo da estatística que utiliza várias técnicas para organizar, descrever e sumarizar dados. Já a estatística inferencial reúne o conjunto técnicas utilizadas na identicação de relações entre variáveis que representem ou não relações de causa e efeito. 1.2 Conceitos básicos

Variáveis

Amostra

População

São objetos que servem para guardar informações e permitem dar nomes a cada uma das partes da informação que se quer guardar. Por exemplo, tratando-se de vitimização dos indivíduos, há como variáveis distintas: quantos crimes o indivíduo sofreu, sua escolaridade, seu gênero, sua idade etc.

É uma coleção de dados relativos a uma parte da população que a representa. É usada, na maioria das vezes, por causa da impossibilidade e dos custos de coletar informações de todos os elementos da população.

É um conjunto de indivíduos ou objetos que apresentam pelo menos uma característica em comum.

Censo É uma coleção de dados relativos a todos os elementos de uma população.

1.3 Fluxo de execução da análise estatística O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas: coleta, crítica, apresentação e análise dos dados. •





• • 31

Coleta de Dados: Após a denição do problema a ser estudado e o estabelecimento do projeto de pesquisa (objetivo, a forma pela qual os dados serão coletados, cronograma das atividades, custos envolvidos, exame das informações disponíveis e delineamento da amostra), o passo seguinte é a coleta de dados, que consiste na busca ou compilação das informações em variáveis, componentes do fenômeno a ser estudado. Crítica dos dados: A revisão crítica dos dados procede com a nalidade de identicar e suprimir os valores estranhos ao levantamento, os quais são capazes de provocar futuros enganos. Esses valores podem ocorrer, principalmente, por problemas de preenchimento ou digitação dos questionários. Apresentação dos Dados: Convém que as informações sejam organizadas em conjunto de dados - de forma prática e racional - para facilitar sua apresentação no formato de tabelas, grácos ou mapas. A execução dessa etapa ocorre de forma interligada à próxima etapa (análise dos dados), pois com o desenvolvimento da análise é possível descobrir outras tabelas, grácos ou mapas que sejam necessários para melhor compreensão do fenômeno estudado. Elaboração de tabelas / Elaboração de grácos / Elaboração de mapas: São representações utilizadas para resumir e apresentar os dados de uma pesquisa, visando descrevê-la. Análise: Análise das informações produzidas a partir da leitura das tabelas, grácos e mapas, sistematizando as conclusões em um relatório.  

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A execução desse uxo da análise estatística envolve sempre a possibilidade de retorno à primeira etapa da pesquisa (coleta de dados). Tanto a crítica dos dados pode mostrar que a etapa de coleta não foi bem planejada ou executada, quanto às etapas de apresentação e análise podem evidenciar que os dados coletados são insucientes para garantir uma boa compreensão do fenômeno estudado.

Aula 2 - Séries estatísticas 2.1 O que é uma série estatística? Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de classicação, ou seja, uma sequência de números que se refere a certa variável. A construção de séries estatísticas está estruturada em três fatores básicos e esses fatores levam à existência de três tipos distintos de séries estatísticas:

Veja a seguir mais detalhes sobre cada série. A série temporal (cronológica, histórica, evolutiva ou marcha) é identicada pelo caráter variável do fator cronológico.

Fonte: SENASP/MJ – Pesquisa Perl Organizacional das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher – Brasil (2003/2007) 32

A série geográca (territorial, espacial ou de localização) é identicada pelo caráter variável do fator local. Tabela 3 – Ordenamento das UF por taxas de homicídio (em 100 mil) – Brasil 2000-2010*

Fonte: SIM/SVS/MS

*2010: dados preliminares

A série especíca (ou categórica) é identicada pelo caráter variável do fator fenômeno.

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Tabela 4 – Ocorrências registradas pelas polícias civis por número e taxas por 100 mil habi tantes (Brasil-2012)

Aula 3 – Apresentação dos dados Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter atenção ao examiná-los, pois, muitas vezes, o conjunto de valores é extenso e desorganizado e há risco de se perder a visão global do fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em tabelas, grácos ou mapas, facilitando sua compreensão.

3.1 Construção de tabelas Um dos objetivos da construção de tabelas é sistematizar os valores que uma ou mais variáveis podem assumir, para que se tenha uma visão global da sua variação. Ou seja, a tabela é uma maneira de apresentar resumidamente um conjunto de dados.

1. TÍTULO DA TABELA – Conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo às perguntas: O quê? Quando? e Onde? É localizado no topo da tabela, além de conter a palavra “TABELA” e sua respectiva numeração. 2. CORPO DA TABELA - É o conjunto de linhas e colunas que contém informações sobre a variável em estudo. Nota: A substituição de uma informação da tabela pode ser feita pelos seguintes sinais: (...) informação é coletada, mas não está disponível; (–) informação não coletada e (?) quando há dúvida da validade da informação. 3. RODAPÉ - Elementos complementares da tabela: 34

1.

Fonte: Identica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados nu -

méricos. 2. Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou especíca algum conteúdo da tabela. 3. Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento de uma tabela que necessita de uma nota especíca.

3.2 Construção de grácos A construção de gráficos atende às mesmas finalidades da construção das tabelas, ou seja: representar os resultados de forma simples, clara e verdadeira; demonstrar a evolução do fenômeno em estudo e observar a relação dos valores analisados. Veja que a disposição dos elementos é idêntica à das tabelas. Clique sobre cada um para ter acesso a mais informações. • Título do gráco: Conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo às perguntas: o quê? Quando? e Onde? Localizado no topo do gráco, além de contar a palavra “GRÁFICO” e sua respectiva numeração. • Corpo do gráco: É a representação gráca da análise efetuada. • Rodapé: Elementos complementares do gráco: o Fonte: Identica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados numéricos; o Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou especíca algum conteúdo do gráco; o Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento do gráco que necessita de uma nota especíca Na análise criminal, se trabalha com 4 tipos de grácos. Veja a seguir cada um deles. Grácos em colunas Conjunto de retângulos dispostos verticalmente, separados por um espaço.

Grácos de Barras Conjunto de retângulos dispostos horizontalmente, separados por um espaço.

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Gráco 2 – Percentual da população que considera ter aumentado a delinquência nos últimos 12 meses (América Latina, 2011)

Grácos em setores Representação através de um círculo, por meio de setores, sendo muito utilizado quando se quer comparar cada valor de uma série com o seu total (proporção).

36

Grácos em linhas ou curvas Utilizado principalmente para representar séries temporais.

Aula 4 – Estatística descritiva 4.1 Parâmetros para descrição dos dados Como você estudou anteriormente no curso, a análise descritiva envolve técnicas para organizar, resumir e descrever os dados de uma pesquisa. Para facilitar a descrição dos dados, são utilizados alguns parâmetros que serão apresentados a seguir, didaticamente divididos em cinco grupos: 1. 2. 3. 4. 5.

Parâmetros para comparação relativa; Distribuição de frequência; Medidas de tendência central; Medidas de dispersão; Análise de correlação.

Estude a seguir sobre cada uma delas.

4.1.1 Parâmetros para comparação relativa Proporção É obtida a partir do cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total. Exemplo 1: Considere 10 pessoas retidas em uma delegacia, das quais 4 são homens. A proporção de homens é de 4/10 = 0,4, ou seja, temos 0,4 homens por pessoa retida na delegacia. Exemplo 2: Considere que 20 ocorrências são registradas em um município, das quais 10 são homicídios dolosos. A proporção de homicídios é de 10/20 = 0,5, ou seja, 0,5 homicídios por ocorrência 37

 

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registrada no município. Porcentagem As porcentagens são obtidas a partir do cálculo das proporções, simplesmente multiplicando-se o quociente obtido por 100 (a palavra porcentagem signica “por cem”). Enquanto a soma das pro porções é igual a 1, a soma das porcentagens é igual a 100, a menos que as partes não sejam mutuamente exclusivas e exaustivas. Exemplo: Considerando os exemplos de proporção, há 40% de homens entre as pessoas retidas e 50% de homicídios entre as ocorrências registradas no município Razão É o resultado de um número A em relação a um número B (“A dividido por B”). Exemplo: A razão de policiais por viatura no Brasil é de (policiais)/(viaturas) = 618.613 / 76.074 = 8,13, ou seja, há 8,13 policiais por viatura. Cabe ressaltar que a razão busca relacionar quantidades de itens diferentes, como: policiais por viatura, PIB por habitantes, recursos nanceiros gastos pela polícia militar pelo total do efetivo da polícia militar etc. A seguir, você aprenderá a calcular a proporção, a porcentagem e a razão, a partir da tabela 6.

Cálculos da proporção, porcentagem e razão – Tabela 6 Proporção de gastos com a subfunção policiamento Gasto com a função policiamento/Gasto total  > 18.591.783.723,58/51.547.486.525,76 = 0,36

Para cada real gasto com segurança pública, 36 centavos são referentes à subfunção policiamento. Porcentagem de gastos com a subfunção policiamento 0,36 x 100 = 36% Cerca dos 36% dos gastos com a função segurança pública no Brasil são referentes à subfun38

ção policiamento Razão de gastos com a subfunção policiamento por gastos com a subfunção defesa civil. Gastos com a subfunção policiamento/Gastos com a subfunção defesa civil > 18.591.783.723,58/1.

630.080.129,49 = 11,40 Para cada real gasto com a subfunção defesa civil são gastos R$ 11,40 com a subfunção policiamento

4.1.2

Distribuição de frequências

A distribuição de frequência é o conjunto de mensurações de frequências para os dados observados. • • • • •

Frequência absoluta: É o número de vezes que o valor de uma determinada variável é observado. Frequência absoluta acumulada: É a soma das frequências absolutas dos valores inferiores ou iguais ao valor dado. Frequência relativa: É a razão da frequência absoluta pelo número total de observações. Frequência relativa acumulada: É a soma das frequências relativas dos valores inferiores ou iguais ao valor dado. Distribuição de frequência: É uma forma de apresentar as frequências. São apresentadas as variáveis seguidas de suas frequências absolutas.

Exemplo: número de homicídios ocorridos em 16 cidades distintas. A seguir, você estudará a explicação dos conceitos relacionados à distribuição de frequência, com base na Tabela 8. Distribuição de frequências Frequência absoluta: Na primeira coluna foram colocados, em ordem crescente, todos os possíveis números de homicídios ocorridos em 16 cidades. Na segunda coluna, aparecem quantas cidades sofreram aquele número de homicídios. Observe, na tabela 8, que a frequência absoluta de 0 homicídio é um, ou seja, das 16 cidades analisadas somente uma delas teve 0 homicídio. A frequência absoluta de 3 homicídios é dois, ou seja, duas cidades tiveram 3 homicídios. A frequência absoluta de 4 homicídios é um, ou seja, uma cidade teve 4 homicídios, e assim por diante. Frequência absoluta acumulada: Foi construída a terceira coluna da tabela 8 somando-se à cada linha a frequência absoluta. Na primeira linha, a frequência absoluta acumulada coincide com a frequência absoluta (1). Na segunda linha soma-se a frequência absoluta acumulada da primeira linha (1) à frequência absoluta da segunda linha (2), obtendo-se uma frequência acumulada 3. Na terceira linha, soma-se a frequência absoluta acumulada anterior (3) à frequência absoluta dessa categoria (1), sendo a frequência acumulada igual a 4, e assim por diante. Frequência relativa: A frequência relativa é dada pela divisão da frequência absoluta da categoria pelo número total de cidades, obtendo-se o percentual das cidades que sofreram aquele número de crimes. Para obter a frequência relativa de 0 homicídio, divide-se a frequência absoluta dessa categoria (1) pelo total (16) – (1)/(16) = 0,0625, ou seja, 0,0625 das cidades têm 0 homicídio. Da mesma forma, encontra-se que 0,125 das cidades têm 3 homicídios, 0,625 das cidades têm 4 homicídios, 0,25 das cidades têm 5 39

 

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homicídios. Multiplicando a frequência relativa por cem, encontra-se a porcentagem das cidades com determinado número de homicídios. Por exemplo: 0,0625 x 100 = 6,25, ou seja, 6,25% das cidades não sofrem homicídios. Frequência relativa acumulada: É obtida de forma similar à frequência absoluta acumulada, ou seja, somando-se à cada linha a frequência relativa das categorias dos números de homicídio. Na primeira linha, a frequência relativa acumulada coincide com a frequência relativa. Na segunda linha, ao se somar a frequência relativa acumulada da primeira linha (0,0625) à frequência relativa da segunda linha (0,125), o que resulta na frequência acumulada de 0,1875. Veja agora os grácos utilizados na distribuição de frequência. Histograma O histograma é um gráco de barras justapostas, com a área das barras proporcional à frequ ência absoluta.   Exemplo:

Polígono de frequência É a representação gráca de uma distribuição de frequências absolutas. São grácos de linhas que unem os pontos médios das bases superiores dos retângulos de um histograma. Polígono de frequência acumulada É a representação gráca de uma distribuição de frequências absolutas acumuladas. São grá40

cos de linhas que unem os pontos correspondentes ao limite superior da frequência acumulada.

4.1.3 Medidas de tendência central As medidas de tendência central são indicadores que resumem a distribuição de um conjunto de dados. Esses indicadores devem ser utilizados quando se pretende comparar distintos grupos de dados. Por exemplo: comparações entre diferentes regiões ou comparações de uma mesma região em tempos distintos. Outras situações de utilização: • • •

Média: É a soma de todos os resultados dividida pelo total dos casos. Moda: É a observação que ocorre com maior frequência em uma amostra. Mediana: É o valor da variável que ocupa a posição central nos dados, ou seja, que divide a amostra ao meio.

Exemplo: Considerando os dados hipotéticos vistos anteriormente, na tabela 7, as medidas de tendência central em relação à distribuição de homicídios por cidade são:

Como calcular a média, a moda e a mediana? MÉDIA: Somam-se todos os homicídios ocorridos e divide-se por 16, que é o número de cidades. Média = (0+3+3+4+5+5+5+5+6+8+9+10+12+12+14+18)/16 = 119/16 = 7,4375 MODA: O valor que ocorreu com maior frequência absoluta. No exemplo citado, o valor 5 ocorreu mais vezes, 4 vezes. 41

 

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MEDIANA: Há duas fórmulas para calcular a mediana: Número de observação par: Mediana = (X(n/2) + X[(n/2)+1])/2 Número de observação ímpar: Mediana = X[(n+1)/2] Para o cálculo da mediana, o primeiro passo é a ordenação crescente das observações, como mostrado no exemplo anterior (cálculo da média). Após a ordenação das observações, identica-se cada uma delas por um índice numérico. No exemplo citado “X 2” é igual a 3, ou seja, a cidade 2, nesta sequência de cidades em ordem crescente de número de homicídios, possui 3 homicídios. No mesmo exemplo, a mediana é calculada da seguinte forma:

Outros conceitos: Para compreender melhor os cálculos das medidas apresentadas, conheça mais três: •

• •

Taxa bruta - é o estimador mais simples para o risco de ocorrência de um evento, denindo-se como a razão entre o número de eventos ocorridos na área e o número de pessoas expostas à ocorrência desse evento. O cálculo da taxa é desenvolvido quando se precisa comparar a incidência de fenômenos entre diferentes regiões, com tamanho populacional diferente, ou uma mesma região onde a população varia com o tempo. O valor da taxa é calculado pela divisão do número de vítimas efetivas pelo tamanho da população de risco, ou seja, pelo tamanho da população que poderia sofrer esse crime, e o valor obtido é multiplicado por 100 mil. Quartis - São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em quatro partes iguais. Decis - São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em dez partes iguais.

Veja no exemplo a seguir como calcular os demais conceitos estudados. Exemplo: Veja a Tabela 9 – Ocorrências de estupro registradas pelas polícias civis segundo unidade da federação (Brasil – 2010). Para ver a Tabela 9, acesse o arquivo de mesmo nome que está disponível nos anexos do curso. Para calcular a taxa por 100 mil habitantes de estupros considera-se a quantidade de registros de estupro como o numerador, a população como denominador e multiplica-se 100.000. Com base na Tabela 9, o cálculo da taxa de estupros em Rondônia é efetuado pela seguinte fórmula: (número de estupros ocorridos em Rondônia) x (100.000) = 678 x (100.000) = 43,39 (população em Rondônia) 1.562.409 A importância do cálculo da taxa é vericada, por exemplo, quando se observa que, apesar da Po lícia Civil do Rio de Janeiro ter registrado 4.418 vítimas de estupro em 2010, a unidade da federação com maior incidência de estupros foi Roraima, com apenas 302 ocorrências registradas. Dada a diferença de tamanho entre a população dessas UFs, no Rio de Janeiro foram 27,63 vítimas para cada grupo de 100.000 habitantes e, em Roraima, 67,04 vítimas para cada grupo de 100.000 habitantes. 42

Cálculos Para se determinar a taxa de uma região geográca (que reúne várias UFs) não se deve calcular a média das taxas das UFs, pois esse cálculo não leva em consideração o tamanho da população de cada UF dentro da região geográca. O correto é somar as vítimas de todas as UFs, a população de todas as UFs e realizar o cálculo da taxa média da região geográca. Veja a seguir a diferença gerada a partir desses dois tipos de cálculo.

• •

Taxa da Região Sudeste: 10.719/80.364.410 x (100.000) = 13,34 Média das taxas das UFs da região Sudeste: (11,71 + 21,28 + 27,63 + 7,90)/4 = 17,13

Obs. A Lei Federal 12.015/2009 altera a conceituação de “estupro”, passando a incluir, além da con junção carnal, os “atos libidinosos” e “atentados violentos ao pudor ”. Cálculos Moda: A amostra da taxa de estupro não apresenta moda, dado que, considerando as casas decimais, as taxas de estupro entre as 27 UFs não têm valores repetidos. Mediana: A mediana de uma série de observações é o número que ca exatamente no meio da série quando os dados estão ordenados e o número de observações é ímpar. Caso o número de observações seja par, a mediana é a média aritmética de dois números do meio. Isso signica que, para um conjunto de dados ordenados, a mediana ocupará o centro do conjunto. Mediana: 21,28 Identicação dos quartis Os quartis dividem os dados em 4 partes iguais. A identicação dos quartis pode ser exem plicada da seguinte forma: Identicação dos quartis para a taxa de estupros (por 100 mil hab.) entre as Unidades da Federação

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Fonte: MJ/SENASP/SINESP e IBGE.

4.1.4 Medidas de dispersão As medidas de dispersão são conjuntos de medidas que descrevem a variabilidade de um conjunto de dados e permitem vericar como os dados estão distribuídos em torno da tendência central. São medidas de dispersão: Amplitude, Variância, Desvio padrão. Para que você entenda melhor os cálculos das medidas de dispersão, volte aos dados hipotéticos da tabela 7. • Amplitude: É a diferença entre o maior e o menor valor dos dados analisados. Se os dados são categóricos, a amplitude é a diferença entre o limite superior da última categoria e o limite inferior da primeira categoria. Como calcular a Amplitude? Para calcular a amplitude subtrai-se o maior número de homicídios (que é o da cidade 16 = 18) do menor número (que é o da cidade 3 = 0). Amplitude = 18 – 0 = 18 •

Variância: É a medida do grau de dispersão dos dados em torno da média. A variância mostra 44

em que medida os dados estão agrupados ou dispersos. A variância é representada por s². Como calcular a variância? Para calcular a variância na amostra, primeiramente se subtrai o número de homicídios em cada cidade (X i) da média da amostra (X) e depois esse valor é elevado ao quadrado. Média: s2 = [2.(3 – 7,4375)]2 + (9 – 7,4375)2 + (0 – 7,4375)2 + (4 – 7,4375)2 + [4.(5 – 7,4375)]2 + (6 – 7,4375)2 + (8 – 7,4375)2 + (10 – 7,4375)2 . [2(12 – 7,4375)]2 + (14 – 7,4375)2 + (18 – 7,4375)2 = Média = 119/16 = 7,4375 Em seguida, são somadas as diferenças e o resultado é dividido pelo número de observação da amostra menos 1 (n-1). Novamente, X i representa o número de homicídios (X) que ocorreram na cidade i.



Desvio Padrão: É obtido calculando a raiz quadrada da variância. O desvio padrão é representado pelo símbolo “o”. Como calcular o desvio padrão? Após descobrir o valor da variância, calcula-se sua raiz quadrada. Esse resultado é o valor do desvio padrão.

s = √s2 = √22,52971 = 4,74649 Nota: Todos os pacotes estatísticos, incluindo o Excel, fazem o cálculo da variância e do desvio padrão automaticamente. Resumindo...

Exemplo prático de uso das medidas de dispersão Após o diagnóstico da situação de um Estado, identica-se que duas (2) regiões se destacam pelas altas taxas de incidência de homicídios. Comparando as medidas de dispersão das taxas municipais de homicídios para essas duas regiões, descobre-se que em uma delas os valores estão mais dispersos do que na outra região. Isso signica que, na região onde os valores estão menos dispersos, o problema da alta incidência de homicídios está 45

 

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distribuído de forma ampla, atingindo grande parte dos municípios da região. Na região onde os valores estão mais dispersos, ocorre o contrário: a incidência de homicídios está concentrada em alguns poucos municípios e outro conjunto signicativo de municípios tem incidência baixa de homicídios. Nesse caso, identicar o grau de dispersão dos dados informará se é preciso planejar a ação tendo como foco todos os municípios da região ou apenas alguns que têm a situação mais precária.

4.1.5 Coeciente de correlação A análise de correlação tem como objetivo medir a intensidade ou grau de associação linear entre duas variáveis, mas sem determinar a relação funcional entre elas, ou seja, sem determinar que uma variável é responsável pela alteração da outra. A análise é feita por meio da interpretação do coeciente de correlação, permitindo identicar se um fator está associado a outro. Veja o exemplo a seguir.

Pelo coeciente de correlação, é possível saber se o desemprego está associado ao aumento da cri minalidade, mas não é possível saber se é o desemprego que causa o aumento do crime ou se é o aumento do crime que leva ao aumento no desemprego. O coeciente de correlação mede a intensidade de associação linear entre duas variáveis. B: A associação entre número de homicídios e número de armas de fogo. O cálculo do coeciente de correlação é realizado com base na variância da amostra, através da seguinte fórmula:

A interpretação desse coeciente é simples. Considerando que r é sempre um valor entre -1 e +1, temos: • • •

Se r = 0, não existe correlação; Quanto mais próximo de -1 ou de +1, mais forte é a correlação; Se r < 0, existe uma correlação negativa, ou seja, quando uma variável cresce a outra decresce. 46



No exemplo, quando o número de armas de fogo decresce, o número de homicídios cresce; e Se r > 0, existe uma correlação positiva, ou seja, quando uma variável cresce a outra também cresce. No exemplo, quando o número de armas de fogo cresce, o número de homicídios cresce também.

Importante! A interpretação do coeciente de correlação não permite fazer inferências (deduções). Consideran do o exemplo da arma de fogo e do homicídio, suponha que o coeciente de correlação seja 0,6, portanto positivo. Pode-se armar que as duas variáveis se correlacionam positivamente, mas não é possível prever o número de homicídios com base no número de armas de fogo. Para se constatar a relação funcional entre as duas variáveis e fazer a inferência, é necessário a análise de regressão, apresentada na aula seguinte. Nota: Os pacotes estatísticos também calculam o coeciente de correlação automaticamente.

Aula 5 – Análise de regressão 5.1 Origem O termo regressão foi introduzido pela primeira vez em 1886, por Francis Galton, no estudo da relação entre as alturas de pais e lhos. A análise de regressão procura determinar a relação funcional entre duas ou mais variáveis. Hoje, os modelos de regressão são amplamente utilizados em várias áreas do conhecimento, inclusive na análise criminal.

5.2 Objetivos da regressão O principal objetivo da análise de regressão é modelar o relacionamento entre uma variável (chamada de dependente) e outras variáveis (chamadas de explicativas). Em outras palavras, procura determinar em que medida as variáveis explicativas se relacionam com a variável dependente. Para isso, estima-se o valor médio da variável dependente, a partir dos valores das variáveis explicativas. Exemplo: No exemplo do coeciente de correlação (associação entre número de homicídios e número de armas de fogo), não há interesse em saber somente a correlação entre a arma de fogo e o homicídio. O objetivo nal é saber em que medida um aumento ou diminuição no número de armas de fogo implica no aumento ou na diminuição de homicídios.

Para isso, estima-se uma regressão linear considerando como variável dependente o número de homicídios e como variável explicativa o número de armas de fogo. Essa estimativa fornece uma equação, por meio da qual é possível inferir o número médio de homicídios de acordo com o número de arma de fogo. Entretanto, como a regressão estima uma relação estatística, ela está sujeita a erros. Toda a análise de regressão se baseia na correção desses possíveis erros por meio de diversos métodos que variam de acordo com o tipo e distribuição dos dados. Para realizar a análise de regressão, são necessários conhecimentos avançado em estatística e em álgebra, o que se distancia do escopo deste curso. O conhecimento necessário para realizar a análise de regressão é conteúdo suciente para a realização de um curso especíco sobre o tema.

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SAIBA MAIS... Aos que desejam se aprofundar no assunto, dois manuais bastante conhecidos na área são indicados: • Wooldridge, J.M. Introdução à Econometria: uma abordagem moderna, São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006). • Gujarati, D. Econometria Básica. São Paulo, Makron, 3a edição, 2000). Finalizando... Neste módulo, você estudou que: • A análise estatística criminal consiste na aplicação da análise estatística aos dados de criminalidade e segurança pública; • O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas: coleta, crítica, apresentação e análise dos dados; • Uma série estatística é constituída por uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de classicação, ou seja, uma sequência de números que se refere a certa variável. Existem três tipos distintos de séries estatísticas: série temporal; série geográca; e série especíca; • Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter atenção ao examiná-los, pois, muitas vezes, o conjunto de valores é extenso e desorganizado e há risco de se perder a visão global do fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em tabelas, grácos ou mapas, facilitando sua compreensão; • Para facilitar a descrição dos dados são utilizados alguns parâmetros: parâmetros para comparação relativa; distribuição de frequência; medidas de tendência central; medidas de dis persão; e análise de correlação; • A análise de regressão tem por objetivo determinar em que medida as variáveis explicativas se relacionam com a variável dependente. Para isso, estima-se o valor médio da variável dependente, a partir dos valores das variáveis explicativas. Exercícios Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 2, realize as atividades propostas a seguir. Atividade 1. Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de classicação. Quando o fator básico que estrutura a construção de séries esta tísticas é o fator descrito, podemos dizer que esta série é: a. b. c. d.

( ( ( (

) ) ) )

Uma série temporal Uma série geográca Uma série especíca Uma série bipartida.

Atividade 2. Uma vez que os dados foram coletados, muitas vezes o conjunto de valores é extenso e desorganizado e seu exame requer atenção, pois há risco de se perder a visão global do fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em: a.

( )

Tabelas, organogramas e mapas. 48

b. c. d.

( ) ( ) ( )

Tabelas, cronogramas e mapas. Tabelas, uxogramas e mapas. Tabelas, grácos e mapas.

Atividade 3. A análise descritiva se constitui de técnicas utilizadas para organizar, resumir e descrever os dados de uma pesquisa. O parâmetro para a comparação relativa, obtido a partir do cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total, é denominado: a. b. c. d.

( ( ( (

) ) ) )

Porcentagem Razão Proporção Relação

Atividade 4. “A distribuição de frequência é o conjunto de mensurações de frequências para os dados observados. A _____________ é o número de vezes que o valor de uma determinada variável é observado”. Marque a alternativa correta que completa a frase acima na área tracejada: a. b. c. d.

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( ( ( (

) ) ) )

Frequência absoluta acumulada. Frequência relativa acumulada. Frequência relativa. Frequência absoluta.

 

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Gabarito Resposta correta atividade 1: Resposta: armativa c). Resposta correta atividade 2: Resposta: armativa d). Resposta correta atividade 3: Resposta: armativa c). Resposta correta atividade 4: Resposta: armativa d).

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MÓDULO

4

SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)

Apresentação Olá! Seja bem-vindo(a) ao Módulo 4 – Sistema de Informação Geográca (SIG). Neste módulo, você estudará a representação dos dados e informações a partir de mapas. A seguir, veja os objetivos desse conteúdo. Bons estudos!

Objetivos do módulo Ao nal do módulo, você deverá ser capaz de: • • • • •

Denir os principais conceitos relacionados à estatística espacial; Identicar os tipos de projeções cartográcas; Compreender a utilização de escalas; Identicar os diferentes tipos de mapas; e Correlacionar os diferentes tipos de mapas às suas informações;

Estrutura do módulo O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: • • • •

Aula 1 – Estatística espacial: conceitos básicos Aula 2 – Projeções cartográcas Aula 3 – Escala cartográca Aula 4 – Construção de mapas no SIG

Aula 1 – Estatística espacial: conceitos básicos 1.1 Geoprocessamento Disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas, computacionais e geográcas desti nadas à coleta e ao tratamento de informações espaciais. Envolve também o desenvolvimento de sistemas (softwares) que utilizam esses dados. Esses sistemas são chamamos de Sistemas de Informação Geográca (SIG), tradução da palavra inglesa Geographical Information Systems (GIS). Obs.: Neste curso, será utilizada a sigla SIG.

1.2 Coleta de dados georeferenciados Para que haja análise espacial, é necessário, antes de tudo, uma base cartográca ou um mapa di gital da região foco do estudo. A coleta da base cartográca ou construção do mapa digital pode ser realizada por levantamentos terrestres ou sensoriamento remoto. Essa coleta é muito onerosa, o que diculta o acesso gratuito 51

 

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das bases e mapas.

1.3 Coordenadas geográcas Constituem um sistema de linhas imaginárias que dividem a Terra. Elas foram criadas com o objetivo de padronizar, universalmente, a localização espacial em qualquer ponto do globo terrestre. Para entender o sistema de coordenadas é necessário se familiarizar com as noções de latitude, longitude e com os pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste).

1.3.1 Latitude É determinada pelos paralelos. Os paralelos são linhas imaginárias que cortam a Terra no sentido leste-oeste, paralelas à linha do Equador. A linha do Equador é o paralelo mais conhecido e corta o globo terrestre exatamente ao meio, dividindo a Terra em duas partes iguais. É por esse motivo que seu nome deriva do radical grego equi , que signica igual . Por convenção, a linha do Equador é a latitude “zero”. Conforme nos movemos para o norte ou para o sul, a latitude aumenta em proporções iguais. Ao norte da Linha do Equador, a latitude é positiva e ao sul ela é negativa. Dois outros paralelos também famosos são os trópicos de Câncer (23°26’00”) e de Capricórnio (23°27’09” ). As zonas tropicais recebem esse nome porque estão situadas entre esses trópicos, na zona próxima à linha do Equador.

1.3.2 Longitude É determinada por linhas imaginárias que cortam o globo terrestre no sentido norte-sul, passando pelos dois polos. Essas linhas imaginárias são chamadas de meridianos. Ao contrário dos paralelos, todos os meridianos dividem a Terra ao meio, porque todos passam nos polos. Em 1884, a International Meridian Conference  adotou o meridiano de Greenwich como marco “zero”, que é usado, universalmente, para a localização de pontos na Terra. Os outros meridianos foram calculados em 180° para leste e oeste do meridiano de Greenwich, totalizando os 360° do globo terrestre. A oeste do meridiano de Greenwich, a longitude é negativa, e a leste é positiva. Cada grau de longitude é subdividido em 60 minutos, e estes em 60 segundos. Dessa forma, a longitude é especicada no formato de Graus (°), Minutos (‘) e Segundos (‘’). Na próxima aula, começaremos a aprender mais sobre as projeções cartográcas.

Aula 2 – Projeções cartográcas 2.1 Projeções cartográcas As projeções cartográcas são formas de representar a superfície terrestre em um plano. A grande diculdade das projeções cartográcas é representar uma superfície esférica em um pla no. Para resolver essa questão, diferentes métodos de projeções cartográcas têm sido desenvolvidos há vários séculos, baseados em modelos matemático. No entanto, cada um apresenta distorções diferentes, em áreas distintas. Compreendendo a questão Imagine a abertura da esfera terrestre até o ponto em que ela ca plana. Se existem os pontos A, 52

B e C na Terra e eles apresentam a mesma distância entre si, quando essa representação for feita em uma superfície plana, provavelmente, ocorrerão distorções da distância real entre os pontos. Para facilitar o entendimento, pense em um desenho feito na superfície de uma bola de futebol. Ao cortá-la na metade do diâmetro e abri-la em cima de uma mesa como uma “folha plana” com a intenção de manter o desenho, seria preciso rasgar a bola em pedaços ou distorcê-lo, aumentando o tamanho de alguns pedaços e diminuindo outros. A mesma coisa acontece quando se quer representar a Terra em uma superfície plana.

2.2 Tipos de projeções A respeito das projeções cartográcas, elas são divididas em três tipos básicos: plana, cônica e cilíndrica. Já em relação ao tipo de contato entre as superfícies de projeção, elas podem ser secantes ou tangentes, sendo que a secante corta o globo na sua extremidade e a tangente coincide com o limite do globo. A seguir, estude cada uma delas.

2.2.1 Projeções planas (Azimutais) São realizadas através de um plano tangente à esfera terrestre. No ponto de tangência está o centro da representação cartográca. As áreas próximas a esse ponto apresentam pequenas distorções e as mais distantes apresentam grandes distorções ou desaparecem. Assim, a região da área de tangência aparece em destaque. Seu principal uso é o geopolítico, pois pode realçar a posição de um país, colocado no ponto de tangência. Empresas multinacionais também utilizam essa projeção colocando em destaque seu país sede. Os mapas aeronáuticos e de navegação também a usa esse tipo de projeção.

2.2.2 Projeções cônicas As projeções cônicas representam a esfera terrestre sobre um cone imaginário que entra em contato com a Terra em um determinado paralelo. Perto desse paralelo, suas distorções são pequenas, aumentando à medida que se distancia dele. Esse tipo de projeção é muito utilizado para representar áreas de latitude entre 30° e 60° ou áreas de grande extensão latitudinal.

2.2.3 Projeções cilíndricas Projetam a esfera terrestre sobre um cilindro. Em relação à tangente, suas distorções aumentam à medida em que aumenta a latitude, ou seja, quando se aproxima dos polos. No caso da secante, as distorções são mais distribuídas e reduzem nas proximidades dos polos, como pode ser observado na gura 9. Esse tipo de projeção é muito usado para representar toda a superfície terrestre, como em um mapa mundi. Existem vários tipos de projeções cilíndricas, cada um com suas particularidades. A projeção mais antiga é a de Mercator, de 1569. Nessa projeção, o espaçamento entre os paralelos adjacentes aumenta com a latitude, de forma que a distorção leste-oeste é acompanhada por uma distorção norte-sul idêntica. Para saber mais sobre “Mercator”, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Proje%C3%A7%C3%A3o_de_ Mercator.

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SAIBA MAIS... Projeção Mercator X Universal Transversa de Mercator (UTM) A projeção UTM foi proposta em 1950 com objetivo de abranger todas as longitudes. No sistema UTM, a superfície terrestre é dividida em 60 fusos, com amplitude de 6° de longitude cada um. A latitude é limitada a 84°N e 80°S, pois as distorções são signicativas para latitudes maiores. A principal diferença entre a projeção de Mercator e a UTM é que, na projeção de Mercator, o cilindro é paralelo ao eixo de rotação da Terra e, na UTM, ele é perpendicular. Você concluiu a aula 2! Vamos prosseguir?

Aula 3 – Escala cartográca 3.1 O que é uma escala cartográca A escala cartográca é um dos principais elementos de um mapa. O mapa é a representação de uma área em tamanho reduzido. É através da escala que se identica a proporção existente entre o mun do real e a sua representação, ou seja, com a escala cartográca é possível calcular o tamanho real da área.

3.2 Formas de escala cartográca Existem duas formas de mostrar a escala em um mapa: forma numérica e forma gráca. A seguir, estude cada uma delas.

3.2.1 Forma numérica A escala é apresentada por uma fração ou proporção, que indica a relação entre a distância no mapa e a distância na área. Exemplo: uma escala de 1:1.000.000 (um por um milhão) signica que cada 1 centímetro no mapa equivale a 1.000.000 centímetros na área, ou seja, cada 1cm no mapa equivale a 10 quilômetros na área real.

3.2.2 Forma gráca A escala é apresentada como um segmento de reta em que uma unidade de medida na reta equivale a uma determinada medida real, conforme relação determinada. Cada sequência de reta tem um centímetro, que equivale a dez quilômetros na área real, ou seja, cada 1cm no mapa é proporcional a 10km na área representada. Para elaborar mapas de pequenas áreas, não é preciso usar escalas que reduzam muito o seu tamanho. Quanto menor for o denominador da escala, menor é a redução aplicada para a sua elaboração e maior será a escala. Acontece o contrário quando se representa áreas muito grandes, por ser preciso reduzir muito seu tamanho, o denominador da escala é grande e, portanto, a escala é menor. Importante! A escolha da escala é realizada de acordo com a informação que se pretende destacar. Quando se quer representar elementos básicos de uma área sem seus detalhes, escolha escalas pequenas, como nos mapas geopolíticos. Por outro lado, se estiver interessado nos detalhes da área, escolha escalas grandes, como nas plantas de construção civil. 54

Você está se esforçando, parabéns! Vamos para a última aula?

Aula 4 – Construção de mapas no Sistema de Informação Geográca (SIG) 4.1 Representações de objetos geográcos Um objeto geográco pode ser representado em um mapa por ponto, linha ou polígono. Esses elementos podem estar ligados a vários atributos. Os atributos são as propriedades do objeto espacial, ou seja, é a base de dados que dene esse objeto. Pontos: Abrangem as entidades geográcas. Essas entidades são representadas por um par de coordenadas de latitude e longitude que permite sua localização espacial. Alguns exemplos de entidades geográcas representadas por pontos são: ocorrências criminais como roubos ou homicídios, registros de determinados tipos de doença, árvores, as lojas de uma rede de comércio, estações de trem, entre outros. Linhas: As linhas são formadas por um conjunto de pontos conectados. Os rios, as ruas, o trajeto das viaturas policiais ou de um criminoso serial e outras diversas representações podem ser representadas por linhas. Polígono: É um conjunto de linhas fechadas sobre uma área. É possível representar com polígonos a fronteira de países, de municípios, a área de atuação de um comando da Polícia Militar, área de atuação de um grupamento especial e área de favelas, por exemplo.

4.1.1 Sobreposição de temas Na linguagem do SIG, os temas ou camadas são uma coleção de objetos espaciais de uma área especíca. Para constituir uma representação cartográca e organizá-la em forma de mapa virtual, reúnem-se vários temas. Os temas estão ligados a uma fonte de atributos e às denições de sua representação no mapa. Assim, os temas representam cada tipo de informação que vai compor um mapa e os mapas são constituídos da sobreposição dos temas. Imagine um mapa de ocorrências de roubos (pontos), outro mapa com as ruas (linhas) e outro com os bairros (polígonos) de um centro urbano. A sobreposição vai permitir que todos eles estejam representados na mesma imagem, permitindo a um analista observar como o padrão pontual de distribuição se comporta nas ruas e nos bairros. O mapa é um excelente instrumento analítico. A representação de um fenômeno em forma de mapa permite uma melhor visualização e entendimento da sua distribuição espacial, além de deduções que outro tipo de análise não permite visualizar. Exemplo: Um mapa com postos de polícia pode revelar a cobertura média dos postos polic iais, um mapa de homicídios pode revelar as áreas em que a polícia precisa concentrar seu efetivo, um mapa de crime cometido por um maníaco pode ajudar a prever onde ele atuará novamente. Os mapas mais utilizados na análise criminal são os mapas de ponto e os mapas temáticos. Vale destacar que não há um tipo de mapa mais recomendado que o outro. A escolha depende do tipo de dado e do atributo a ser representado. Além disso, para um mesmo atributo podem ser gerados mapas diferentes. Recomenda-se sempre a construção de mais de um mapa sobre o mesmo fenômeno analisado para que se possa observar as variações e buscar seus motivos. A seguir, estude os tipos de mapas.

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4.2.1 Mapa de pontos Nos mapas de pontos, sobre uma camada de mapa de polígono, aparecem os eventos ocorridos em formato de pontos. Esses pontos também podem ser apresentados por alguma gura, como uma cruz ou um boneco para representar eventos de homicídio.

4.2.2 Mapa Hot Spots Nos últimos anos, um padrão pontual que ganhou muito reconhecimento na análise criminal, por sua utilidade, é o mapa de Hot Spots, que signica “áreas quentes”. Esse mapa mostra qual a densidade de concentração dos pontos, utilizando gradações de cores. O mapa apresenta cores mais “fortes” nas áreas onde a densidade de eventos criminais é maior, ou seja, as áreas quentes. À medida que a densidade diminui, as cores ganham tonalidades mais claras. Assim, surgem manchas no mapa que indicam as regiões onde a criminalidade está mais concentrada. A estimativa da densidade criminal de um local está na contagem dos casos dentro de um determinado raio. Essa contagem é ponderada pela distância em relação aos eventos vizinhos e suavizada por uma função chamada Kernel. Por isso, esse tipo de mapa também é chamado de mapa de Kernel. Essa função associa os eventos vizinhos, atribuindo cores diferentes dependendo da quantidade e da distância média entre os eventos. O resultado é o cálculo da concentração e a revelação dos Hot Spots. A estimativa da densidade criminal de um local está na contagem dos casos dentro de um dado raio. Essa contagem é ponderada pela distância em relação aos eventos vizinhos e suavizada por uma função chamada de Kernel. Por isso, esse tipo de mapa também é chamado de mapa de Kernel. Essa função associa os eventos vizinhos atribuindo cores diferentes dependendo da quantidade e da distância média entre os eventos, calculando a concentração e revelando os Hot Spots. Vantagens e desvantagens do mapa Hot Spots O mapa de Hot Spots  tem a vantagem de possuir visualização agradável, revelando os locais, os tamanhos e as formas das manchas criminais. Já como desvantagens, ele não apresenta o número de eventos e é capaz de causar distorções. As distorções acontecem porque a função de Kernel trabalha com a densidade relativa entre os locais, sendo possível formar mapas iguais trabalhando com 10 crimes ou com 1000 crimes. O raio determina o espaço no qual será realizada a contagem de eventos. Assim, quanto maior o raio, menor é o detalhamento em relação à distribuição dos crimes. Quando se busca identicar um quarteirão ou esquina mais problemáticos, é preciso utilizar raios menores. Já quando se quer identicar um bairro ou região mais problemáticos, utiliza-se raios maiores.

4.2.3 Mapa temático Os mapas temáticos apresentam a distribuição espacial do atributo de interesse. Veja algumas especicações: • Sua construção pode ser feita sobre uma camada de mapa de polígonos (geralmente, uma divisão da área estudada), sobre um mapa de bairros de uma cidade, municípios de um estado ou países de um continente. • Os polígonos são ordenados de acordo com o atributo de interesse e divididos em grupos. Cada grupo de polígono é colorido com uma cor. • Geralmente, as cores mais claras correspondem aos menores valores do atributo e as cores mais escuras aos maiores valores. Exemplo: Um exemplo de mapa de temático, na área de estudos criminais, é o mapa de taxas de 56

ocorrências de homicídios por 100 mil habitantes. O mapa temático é também muito utilizado em outras áreas do conhecimento, como por exemplo, para mostrar municípios que concentram mais casos de dengue ou níveis de alfabetização da população em municípios de uma determinada região. Para determinar a divisão dos grupos de polígonos de acordo com o atributo de interesse, existem algumas técnicas. Essas técnicas determinam quais os valores do atributo que abrangem cada um dos grupos, ou seja, quais intervalos de valores do atributo devem ser considerados em cada grupo. Além disso, determinam a quantidade de polígonos que cada grupo deve conter. Existem várias técnicas para a divisão dos polígonos e o próprio analista criminal pode construir os intervalos, de acordo com o objetivo do estudo. Veja nas próximas telas três das várias técnicas para estraticação de atributos. •

Passos Iguais (Equal Ranges )

Nesta técnica, os intervalos do atributo são divididos matematicamente em partes iguais. A diferença entre os extremos de cada intervalo é a mesma para as classes. Por exemplo, se o menor valor for 10 e o maior valor 50, com 4 intervalos, os intervalos serão de 10 em 10, independentemente do número de polígonos em cada classe. •

Quantil (Equal Counts )

Os intervalos do atributo possuem o mesmo número de polígonos. No mapa a seguir (gura 17), podemos ver as 27 UFs e 4 intervalos. Dessa forma, serão aproximadamente 7 UFs em cada intervalo. Esse tipo de divisão é muito usado em casos ordinais nos quais as legendas não se referem a valores, mas sim a categorias de muito ou pouco e de mais ou menos. •

Desvio Padrão (Standard Deviation )

Nesta técnica de estraticação de atributos, os intervalos possíveis são os intervalos de 0.25, 0.5 e 1. Nesse caso, o número de classes não é denido pelo usuário e sim, pela distribuição dos valores. Finalizando... Parabéns você chegou ao m! Neste módulo, você estudou que: • • •





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Geoprocessamento é a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas, computacionais e geográcas destinadas à coleta e ao tratamento de informações espaciais. Envolve também o desenvolvimento de sistemas (softwares) que utilizam esses dados; Para que haja análise espacial, é necessário, antes de tudo, uma base cartográca ou um mapa digital da região foco do estudo; As coordenadas geográcas são um sistema de linhas imaginárias que dividem a Terra. Elas foram criadas com o objetivo de padronizar universalmente a localização espacial em qualquer ponto do globo terrestre. Para entender o sistema de coordenadas, é necessário se familiarizar com as noções de latitude, longitude e com os pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste); A escala cartográca é um dos principais elementos de um mapa. É através da escala que se identica a proporção existente entre o mundo real e a sua representação, ou seja, com a escala cartográca é possível calcular o tamanho real da área. Existem duas formas de escala cartográ ca: numérica e gráca; Um objeto geográco pode ser representado em um mapa por ponto, linha ou polígono. Esses elementos podem estar ligados a vários atributos. Os atributos são as propriedades do objeto espacial, ou seja, é a base de dados que dene esse objeto.

 

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Exercícios Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 4, realize as atividades propostas a seguir. 1.

Marque (V) paras as armativas verdadeiras e (F) para as falsas:

( ) Para que haja análise espacial, é necessário, antes de tudo, uma base cartográca ou um mapa digital da região foco do estudo. A coleta da base cartográca ou construção do mapa digital pode ser rea lizada por levantamentos terrestres ou sensoriamento remoto. ( ) A latitude é determinada pelos paralelos. Os paralelos são linhas imaginárias que cortam a Terra no sentido leste-oeste, paralelas à linha do Equador. ( ) As coordenadas geográcas são um sistema de linhas imaginárias que dividem a Terra. Elas foram criadas com o objetivo de padronizar universalmente a localização espacial em qualquer ponto do globo terrestre. ( ) O geoprocessamento é a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas, computacionais e geográcas destinadas à coleta e ao tratamento de informações espaciais. Envolve também o desenvolvimento de sistemas (softwares) que utilizam esses dados. ( ) A longitude é determinada por linhas imaginárias que cortam o globo terrestre no sentido leste-oeste, passando pelos dois polos. Essas linhas imaginárias são chamadas de meridianos. 2. A escala cartográca é um dos principais elementos de um mapa. O mapa é a represen tação de uma área em tamanho reduzido. É através da escala que se identica a proporção existente entre o mundo real e a sua representação, ou seja, com a escala cartográca é possível calcular o ta manho real da área. Qual a representação de forma numérica de uma escala em que um centímetro no mapa equivale a doze quilômetros na área real: ( ( ( (

) 1: 120.000 ) 1: 12.000 ) 1: 1.200.000 ) 1: 1.200

3.

Considerando os diferentes tipos de mapa, associe a 2ª coluna de acordo coma 1ª.

1. 2. 3.

Mapa de pontos Mapa temático Mapa hot spots

( ) Esse mapa mostra qual a densidade de concentração dos pontos, utilizando gradações de cores. ( ) Sua construção pode ser feita sobre uma camada de mapa de polígonos sobre um mapa de bairros de uma cidade, municípios de um estado ou países de um continente ( ) Sobre uma camada de mapa de polígono, aparecem os eventos ocorridos com símbolos que os identiquem.

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4. Considerando as três principais técnicas para estraticação de atributos, associe a 2ª coluna de acordo coma 1ª. 1. 2. 3.

Passos Iguais (Equal Ranges ) Quantil (Equal Counts ) Desvio Padrão (Standard Deviation )

( ) Os intervalos do atributo possuem o mesmo número de polígonos. ( ) O número de classes não é denido pelo usuário, e sim pela distribuição dos valores. ( ) Nesta técnica, os intervalos do atributo são divididos matematicamente em partes iguais.

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Gabarito Resposta correta atividade 1: V; F; V; V; F. Resposta correta atividade 2: terceira opção: 1:1.200.00. Resposta correta atividade 3: 3; 2; 1. Resposta correta atividade 4: 2; 3; 1.

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MÓDULO

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OPERACIONALIZAÇÃO DA ANÁLISE CRIMINAL

Apresentação Olá! Seja bem-vindo(a) ao Módulo 5 – Operacionalização da análise criminal. A operacionalização de uma análise criminal envolve a formulação de um quadro de compreensão sobre o problema analisado, buscando identicar suas causas. Esse quadro é responsável por criar os subsídios necessários para o processo de tomada de decisão quanto às estratégias a serem adotadas para solucionar o problema. Neste módulo, considerando os fatores determinantes da incidência da criminalidade, você estudará os conceitos de três correntes teóricas importantes na estruturação do trabalho de análise, bem como a indicação dos caminhos pelos quais o analista criminal pode guiar sua metodologia de coleta, análise e interpretação dos dados. Ao nal do módulo, será apresentada uma série de exemplos de gestão de políticas e ações de segurança pública fundamentados na análise criminal de modo a trazer alguns subsídios que ajudem na difusão dessa prática entre os órgãos de segurança pública brasileiros. Bons estudos!

Objetivos do módulo Ao nal do módulo, você deverá ser capaz de: • • • •

Reconhecer as contribuições das ciências sociais para a análise criminal; Analisar exemplos de boas práticas de análise criminal; Identicar os problemas mais comuns na análise criminal; e Enumerar os tópicos que compõem a estrutura de relatório.

Estrutura do módulo O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: • • • •

Aula 1 – Contribuições das ciências sociais para a análise criminal Aula 2 – Exemplos de gestão de políticas e ações de segurança pública Aula 3 – Problemas comuns na análise de dados Aula 4 – Estrutura do relatório de análise criminal

E então, está preparado? Vamos iniciar?

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Aula 1 – Contribuições das ciências sociais para a análise crimi1.1 Abordagem ecológica do crime Dentre as abordagens que podem ser utilizadas no trabalho de análise criminal, destaca- se a abor-

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dagem ecológica do crime, que abrange três principais correntes teóricas: • • •

Teoria das atividades rotineiras (Felson, 1998); Teoria dos lugares desviantes (Weisburd, 2012); Teoria da desorganização social. (Shaw e McKay, 1942).

A abordagem ecológica do crime analisa os processos sociais enfatizando variáveis epidemiológicas e geográcas na explicação da distribuição das taxas de crimes. (Sherman et al. 1989).

1.2. O objetivo da abordagem ecológica do crime  A revisão da abordagem ecológica do crime apresentada neste curso, tem como objetivo principal destacar que o trabalho de análise criminal nunca pode se restringir apenas à lógica ingênua de vericar se o recurso empregado pelos órgãos de segurança pública afeta a incidência criminal. Vários são os fatores associados ao incremento ou diminuição da incidência. Independente de termos órgãos policiais bem equipados e prossionais qualicados, todos os outros fatores associados à desorganização social, à existência de lugares predispostos a condição de desviantes e à presença de vítimas e agressores em potencial afetam diretamente a incidência criminal. Importante! Um bom trabalho de análise criminal sempre deve considerar os diversos fatores que inuenciam, positiva ou negativamente, a incidência criminal.

1.3 Correntes teóricas As três correntes teóricas trabalhadas são baseadas na ordem social. Cada uma dessas teorias privilegia um aspecto especíco da circunstância ligada à ocorrência do crime: •

A teoria das atividades rotineiras abre espaço para a inserção dos conceitos da escolha racional; Para saber mais sobre a teoria das atividades rotineiras, acesse o arquivo de mesmo nome, que está nos anexos do curso.



A teoria dos locais desviantes abre espaço para a inserção das características do ambiente físico como um elemento importante na explicação do crime; e Para saber mais sobre a teoria dos desviantes, acesse o arquivo de mesmo nome, que está nos anexos do curso.



A teoria da desorganização social abre espaço para a importância da identidade social como fundamento do controle social sobre a criminalidade.

Para saber mais sobre a teoria da desorganização, acesse o arquivo de mesmo nome, que está nos anexos do curso. Vamos continuar?

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Aula 2 – Exemplos de gestão de políticas e ações de segurança pública Nesta aula, você estudará alguns exemplos práticos de gestão de políticas e ações de segurança pública, retirados do relatório Ferramentas e Técnicas de Análise Criminal (São Paulo, 2008), elaborado por Túlio Kahn. Esses exemplos são fundamentados na análise criminal, de modo a trazer subsídios que ajudarão na difusão dessa prática entre os órgãos de segurança pública. São eles: 1. 2. 3. 4. 5.

Prevenção de roubos; Favela, tráco e homicídios; Desordem urbana: usando a metodologia de policiamento orientado a solução de problemas; Avaliação da eciência de ações: criação de buffers; Letalidade policial.

Para saber mais sobre os assuntos acima, acesse os arquivos “Prevenção de Roubo”, “Favela”, “Desordem”, “Avaliação da eciência de ações” e “Letalidade Policial”, disponíveis nos anexos do curso. Outros exemplos: 1. 2. 3.

Problemas da segurança no postos de saúde; Recuperação da sensação de segurança no espaço urbano; e Programa Fica Vivo.

Para saber mais sobre os assuntos acima, acesse os arquivos “Problemas da segurança nos postos de saúde”, “Recuperação da sensação de segurança no espaço urbano” e “Programa Fica Vivo”. Os exemplos selecionados abordam várias dimensões da gestão, envolvendo não apenas a tomada de decisão em termos das estratégias de ação policial no nível operacional. O primeiro exemplo descreve alguns procedimentos básicos de operacionalização da análise criminal, usados para traçar ações policiais na prevenção de roubos em transporte coletivo e de veículos, além da identicação de criminosos. Os demais exemplos evidenciam a necessidade de ampliar as estratégias de solução, ações envolvendo alguns problemas, tais como os mostrados a seguir. • • • •

A alta rotatividade dos prossionais dos postos de saúde de um município, em função da gra vidade da segurança pública; A alta incidência de desordem e conito dentro de uma escola pública; Atropelamento de crianças e adolescentes; e A incidência de roubos e furtos na praia.

O último exemplo traz a descrição do programa Fica Vivo, que, baseado na análise criminal, integra vários atores, como universidades, polícias, Ministério Público, dentre outros, em prol da solução dos homicídios em um aglomerado urbano da cidade de Belo Horizonte, desde 2002. Cada região têm seus problemas e, por essa razão, precisa de remédios especícos para solucioná-los. Mais do que sugerir remédios, os exemplos expostos têm o objetivo de destacar a importância da realização de boas práticas de análise criminal, antes e durante, a execução das ações e políticas de segurança pública. Sem bons diagnósticos dos problemas a serem abordados e de um monitoramento contínuo 63

 

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dos resultados alcançados pelas ações empreendidas, os recursos nanceiros podem ser desperdiçados, vidas humanas podem ser perdidas e nenhum resultado pode vir a ser alcançado, independentemente da boa vontade e intenção que oriente a execução da ação. SAIBA MAIS... Leia sobre o Método Iara no arquivo de mesmo nome, disponível nos anexos do curso. Veja na próxima aula uma síntese sobre os problemas mais comuns da análise de dados, destacados por Túlio Kahn e denominados por ele como fatos que levam a interpretações imprecisas das estatísticas de segurança pública. Vamos prosseguir?

Aula 3 – Problemas comuns na análise de dados Esta aula apresenta o resumo do Manual de Interpretação de Estatísticas de Criminalidade, elaborado pela Coordenadoria de Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. 1) Sazonalidade A passagem do tempo não é linear, pois implica em mudanças climáticas, alteração das atividades sociais e econômicas, favorecendo ou inibindo a ocorrência de determinados crimes. Em outras palavras, existem diversas situações e fatores ligados ao calendário anual que explicam porque a criminalidade sobe ou desce, sistematicamente, em certos momentos. • • • • •

No verão, os dias são mais longos e as pessoas vão mais às ruas, aumentando as oportunidades para o cometimento de crimes; Nas férias, as pessoas viajam e deixam as casas desprotegidas, facilitando os arrombamentos; Também aumentam nas férias os mortos nos acidentes em estradas. Na volta às aulas, crescem os furtos e roubos de automóveis em torno das universidades; Nos nais de semana e feriados, as pessoas estão mais em casa, aumentando a ocorrência de violência doméstica.

O término da colheita das safras agrícolas desemprega grande quantidade de mão-de-obra migrante e pouco qualicada, aumentando o desemprego e diminuindo a renda do trabalhador em certos períodos do ano, com efeitos sobre os roubos e furtos. A recomendação é, sempre que possível, comparar períodos de tempo equivalentes: comparação entre anos inteiros ou entre mesmos períodos de meses de dois ou mais anos. 2) O problema da unidade de análise É um fato conhecido na criminologia que um grupo pequeno de locais é responsável por uma proporção grande dos crimes que ocorrem na sociedade. Trata-se do fenômeno da concentração espacial do crime, determinada por características sociodemográcas, geográcas, econômicas e históricas dos locais – bairros, cidades ou estados. É muito ousado comparar as taxas de criminalidade de um bairro com as de uma cidade, de uma cidade com as de um estado, de um estado com as de um país, pois as unidades são bastante desiguais. A recomendação é que se busque sempre comparar unidades territoriais que sejam equivalentes administrativamente: bairro com bairro, distrito policial com distrito policial, estado com estado, etc. Sempre que possível, também, a comparação deve ser feita entre unidades com características sociais, econômicas e culturais semelhantes. Dependendo do delito estudado, ao fazer a comparação entre um bairro miserável e um bairro classe alta, haverá diversas distorções que não terão aplicabilidade efetiva na 64

análise criminal, pois as realidades são diferentes. 3) A escolha do período base de comparação  Dependendo do crime que se escolha e do período usado como base para a comparação, pode-se tanto “provar” que a criminalidade está caindo como o contrário, dependendo da interpretação. Por isso, a seleção do período base é uma questão de grande importância e, em sua escolha, devem ser considerados dois aspectos: • Deve-se tomar como base um período “normal”, no qual os valores não sejam nem muito altos nem muito baixos. Se o período base for atípico, o crime poderá estar superestimado ou subestimado nos meses de comparação. • Deve-se tomar um período base não muito distante do período de comparação. A princípio, é difícil estipular o quão próximo ou distante esse período deve ser, porque essa escolha depende, dentre outros fatores, da escala e do tamanho da série temporal. Nesse caso, o melhor guia é o bom senso ou, então, a utilização de algum marco simbólico, como mudanças de admini stração ou alguma outra data que represente um evento marcante. 4) Cálculos de porcentagens e taxas com bases muito pequenas É comum encontrar manchetes alardeando aumentos elevados no percentual de crimes, que foram baseadas em números absolutos pequenos, transmitindo uma sensação de insegurança que nem sempre condiz com a realidade. Embora não seja obrigatória, uma regra de etiqueta estatística recomenda cautela no cálculo percentual, caso a base seja inferior a 100 casos, e precaução redobrada com números absolutos inferiores a 30. Quanto maior a base, menores as oscilações percentuais. 5) Tomar dados de noticação de crimes como se fossem o universo dos crimes As estatísticas ociais estariam corretas se todos os cidadãos e cidadãs vitimados relatassem às autoridades os crimes de que foram vítimas, mas a experiência em diversos países, desenvolvidos ou não, revela que isso raramente ocorre. A propensão por parte das vítimas em noticar o crime sofrido varia com uma série de fatores e circunstâncias, relacionadas às percepções da vítima, ao sistema policial ou ao tipo do crime e do bem roubado. Assim, é possível que o aumento na estatística de determinado crime esteja reetindo um aumento na “noticação”. Medidas como a criação da Delegacia da Mulher, da Delegacia Participativa, da Polícia Comunitária, do Boletim de Ocorrência pela internet, do termo circunstanciado preenchido pela Polícia Militar, Rodoviária e Ambiental podem incentivar a noticação do crime, o que é algo positivo. Mas em contrapartida, podem aparentar um aumento errôneo da criminalidade. Por essa razão, antes de interpretar o aumento dos índices de criminalidade como aumento do crime, é preciso levantar as mudanças que foram feitas e se elas podem estar reetindo apenas um aumento na noticação de crimes. 6) Atividade policial A dimensão dos indicadores de atividade policial de resultados (veículos recuperados, cargas recuperadas, armas apreendidas, prisões efetuadas, cativeiros descobertos etc.) varia com a quantidade de crimes. Por isso, esses indicadores devem ser vistos, quando possível, em relação aos crimes, pois quanto maior a sua incidência, maior a probabilidade de que a polícia consiga mais agrantes, armas, entorpecentes, cargas e veículos recuperados.

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Cuidado: Se analisados do ponto de vista de sua dimensão absoluta, esses indicadores podem ser enganosos. Por exemplo, se o volume absoluto de veículos roubados está caindo, o mesmo acontecerá em relação aos veículos recuperados. Nesse caso, o mais correto é vericar qual a porcentagem de veículos re cuperados sobre o total de veículos roubados e furtados. 7) Certos indicadores reetem simultaneamente atividade policial e fenômenos criminais Quando os homicídios aumentam ou caem, temos forte convicção de que realmente o indicador está reetindo o fenômeno retratado, já que a noticação é elevada e o homicídio não varia bruscamente em razão da maior ou menor atividade policial. Em contrapartida, as apreensões de entorpecentes ou de armas de fogo têm uma interpretação ambígua: quando aumentam, pode ser tanto porque há mais drogas e armas circulando quanto porque houve um aumento da atividade policial relacionada à repressão dos crimes. Em outras palavras, estatísticas relacionadas a entorpecentes, armas, contravenções, crimes de trânsito e a outros assuntos, podem ser “positivas” quando estão aumentando, se o aumento for reexo da intensicação do trabalho policial. 8) Diferenças conceituais entre as estatísticas de homicídio da segurança pública e outros órgãos Sobre a discrepância vericada entre os números de homicídio divulgados por diferentes institui ções da área de segurança pública e saúde, cabe esclarecer que: •

• • • o o o o o o o

Cada instituição usa uma fonte e tem uma metodologia própria de coleta e análise dos dados. Por isso, os dados sempre conterão diferenças. Algumas instituições utilizam como fonte primária de seus dados de homicídio a declaração de óbito, enquanto outras têm como fonte o boletim de ocorrência; Na esfera da saúde, a preocupação está em identicar a natureza da morte do ponto de vista sanitário, enquanto na segurança, a preocupação é de natureza jurídica e criminológica. Na declaração de óbito, a causa básica da morte pode ser “perfuração do abdome por objeto contundente”, sendo classicada como homicídio. Já pelo BO, dependendo da situação, a morte poderá ser classicada como: Homicídio doloso; Homicídio culposo; Latrocínio; Morte a esclarecer; Suicídio; Lesão corporal seguida de morte; ou Lesão corporal grave.

Isso ocorre porque na confecção do boletim, é possível que não se tenha ainda o resultado da morte. Por m, resta esclarecer que a declaração de óbito utiliza o endereço de residência da vítima, enquanto o BO usa o endereço da ocorrência. Se a vítima mora em um lugar, mas morre em outro, num local se contabilizará um homicídio a menos e em outro um a mais, dependendo da fonte. 9) Identicação de tendências Para que possamos falar com algum grau de conabilidade sobre uma tendência de aumento ou queda de um indicador, é aconselhável vericar se existem, pelo menos, três observações consecutivas 66

na mesma direção, de preferência usando séries “estacionárias”, isto é, descontados os efeitos sazonais e outros, quanto maior o número de observações consecutivas na mesma direção, maior a certeza de que se está diante de uma tendência. 10) População utuante e pendular Alguns municípios - principalmente os turísticos - ou alguns bairros – nas áreas centrais e comerciais das cidades – sofrem com o problema da elevada população utuante ou pendular. Durante os nais de semana, verões ou durante o horário de trabalho, a circulação de uma quantidade muito maior de pessoas (além das que residem no local) aumenta consideravelmente. No momento de calcular a taxa por 100 mil habitantes para esses locais especícos, frequentemente se esquece que o denominador de base é de fato muito maior, visto que se deve incluir a população utuante. Não apenas a população, mas também a frota de veículos pode ser utuante ou pendular, de modo que é preciso levar em conta o tamanho da frota ao analisar a incidência de roubo e furto de veículos. É preciso também car atento ao fato de que alguns crimes (maus tratos, tortura, lesão corporal e homicídios) crescem em determinadas localidades devido à concentração de presídios ou unidades da Febem, que são locais com grande número de pessoas. 11) Hierarquização de cidades, bairros e outros rankings Quando estatísticas são divulgadas, muitas entidades – jornais, agências de turismo e outros grupos com interesse em crimes – utilizam-nas para compilar rankings de cidades e estados.   Esses rankings não possuem nenhuma percepção sobre muitas variáveis que moldam o crime numa cidade ou região em particular. Essas hierarquizações levam a interpretações simplistas ou incompletas da realidade, que criam percepções enganosas e afetam negativamente algumas cidades e seus residentes. O leitor deve ser alertado para evitar comparar dados estatísticos apenas com base no tamanho da população, sem examinar todas variáveis que afetam o crime num determinado local. O usuário do dado pode fazer comparações bastante errôneas. Você está quase no m do módulo. A próxima aula trata de relatórios de análise criminal. Vamos continuar?

Aula 4 – Estrutura do relatório de análise criminal 4.1 Denição O relatório consiste numa apresentação lógica, simples e sistemática das ideias e traz conclusões referentes ao objetivo da avaliação; todo o resto pode ser dispensável. Ele deve fornecer não só uma descrição geral do trabalho efetuado, como também os resultados e a importância deles. O relatório deve ser escrito de modo a garantir sua compreensão pelo pessoal técnico, podendo ser utilizado por eles como instrumento de trabalho. Enquanto um relatório informal normalmente se dirige ao supervisor e responde a questões de caráter imediato, um relatório formal tem uma ação mais institucional e maior importância. O relatório formal é geralmente lido por pessoas não familiarizadas com o assunto abordado. Por esse motivo, ele não deve iniciar o assunto sem uma explicação prévia a respeito. Outro ponto importante é a diferença de leitura dos vários utilizadores. Quando um relatório passa pelas mãos do supervisor, este dedicará um tempo ao seu estudo e revisão, conrmando os cálculos, asse gurando-se dos resultados e corrigindo a discussão com detalhes.

4.2 A Estrutura do relatório de análise criminal A tarefa de decidir a execução ou não do projeto ou trabalho ao qual o relatório se refere é do 67

 

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gestor ou do pessoal administrativo. Pelo fato de estarem constantemente envolvidos em várias atividades, o relatório deve ser estruturado de forma simples e objetiva, permitindo ao gestor entender quais os resultados, conclusões e possíveis resoluções, evitando assim retrabalhos por parte dos analistas para adequação. Sendo assim, é importante que se tenha um pequeno sumário no início do relatório, satisfazendo a necessidade do rápido entendimento por parte dos gestores e do pessoal administrativo. O leitor não deve precisar folhear 20 páginas de cálculos tediosos até encontrar os resultados. O relatório deve ser dividido em seções. Cada uma delas deve começar numa nova página, convenientemente anunciada, e todas as páginas devem ser numeradas. Um trabalho mal apresentado e de difícil leitura dá a impressão de má qualidade. É evidente que, se for necessário algum esforço para ler e decifrar um relatório, restará menos energia para a compreensão de seu conteúdo.

4.2.1

Seções do relatório

Deve ser colocado um número e um título em todas as guras e tabelas, não devendo aparecer como elementos dispersos no relatório. Sempre deverá haver um texto, mesmo que curto, agregando todo o material informativo. Mesmo não sendo o fator mais importante na apreciação global de um relatório, a boa apresentação sempre deve ser levada em consideração. Um relatório deve ser estruturado nas seguintes seções: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.

Página de Título Sumário Índice Metodologia de análise Introdução dos resultados obtidos Observações experimentais e resultados Discussão dos resultados e conclusões Bibliograa Apêndices

SAIBA MAIS... Para saber mais sobre as seções do relatório, acesse o arquivo “Seções de relatório”, disponível nos anexos do curso. Finalizando... Parabéns, você chegou ao m! Neste módulo, você estudou que: •

• •



Dentre as abordagens que podem ser utilizadas no trabalho de análise criminal, destaca-se a abordagem ecológica do crime, que abrange três principais correntes teóricas: teoria das atividades rotineiras (Felson, 1998); teoria dos lugares desviantes (Weisburd, 2012); teoria da desorganização social. (Shaw e McKay, 1942); Cada região tem seus problemas e, por essa razão, precisa de remédios especícos para solu cioná-los; Sem bons diagnósticos dos problemas a serem abordados e de um monitoramento contínuo dos resultados alcançados pelas ações empreendidas, os recursos nanceiros podem ser des perdiçados, vidas humanas podem ser perdidas e nenhum resultado pode vir a ser alcançado, independentemente da boa vontade e intenção que oriente a execução da ação; Um relatório de análise criminal deve ser estruturado nas seguintes seções: página de título; 68

sumário; índice; metodologia de análise; introdução dos resultados obtidos; observações experimentais e resultados; discussão dos resultados e conclusões; e bibliograa. Exercícios Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 5, realize as atividades propostas a seguir. 1.

Considerando as teorias estudadas, marque a opção correta:

a) A teoria ecológica do crime, a teoria dos lugares desviantes e a teoria da desorganização social compõem a abordagem das atividades rotineiras. b) A teoria dos lugares desviantes, a teoria das atividades rotineiras e a teoria ecológica do crime compõem a abordagem da desorganização social. c) A teoria da desorganização social, a teoria das atividades rotineiras e a teoria ecológica do crime compõem a abordagem dos lugares desviantes. d) A teoria das atividades rotineiras, a teoria dos lugares desviantes e a teoria da desorganização social compõem a abordagem ecológica do crime. 2.

Marque (V) para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas:

( ) Segundo Stark (1987), existem cinco aspectos que caracterizam as áreas urbanas como lugares desviantes: densidade demográca, pobreza, mistura do tipo de utilização da área urbana, variação na composição da vizinhança e a degradação da área urbana. ( ) A conjugação desses cinco fatores levaria a três processos sociais diferentes: (1) aumento nas oportunidades de crime, (2) aumento na motivação para a ação desviante e (3) diminuição no controle social. ( ) A teoria ecológica analisa a forma pela qual a conjugação desses três processos irá resultar num aumento da atração de pessoas e atividades desviantes para uma região e num aumento da intensidade do grau de desvio dessas atividades. ( ) Quanto maior a densidade populacional de uma região, maior seriam as possibilidades de associação das pessoas predispostas para a ação desviante e maior o cinismo moral dentro da comunidade. ( ) A degradação funcionaria como um estigma (marca) sobre os membros da comunidade, não apenas reetindo o status de seus membros, mas conferindo status a eles. A presença do estigma resultaria numa redução da conformação das pessoas às regras sociais. As pessoas mais convencionais tenderiam a se mudar dessas áreas, gerando um processo de concentração de pessoas tendenciosas ao desvio com baixa moral, podendo tanto ocupar o papel de vítima quanto de agressores. 3.

Sobre a teoria da desorganização social, marque a alternativa FALSA:

a) A teoria da desorganização social propõe a existência de três principais fatores estruturais relacionados com a criminalidade: baixo status socioeconômico, heterogeneidade étnica e mobilidade residencial. b) O efeito de concentração, resultante do conjunto de oportunidades e limitações usufruídas pelos residentes de uma região em termos de acesso a empregos, escolas de qualidade, famílias estruturadas e a exposição a modelos de papéis sociais convencionais, gera barreiras estruturais e cult urais que enfraquecem a ordem social e o controle sobre a atividade criminosa na sociedade. c) O conceito de desorganização social está ligado à incapacidade de uma comunidade de garantir a realização dos valores comuns de seus membros e na incapacidade de realizar um controle social efetivo. d) As dimensões estruturais da desorganização social estão baseadas na interdependência de redes sociais dentro de uma comunidade e no grau de supervisão que a comunidade é capaz de exercer 69

 

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sobre seus membros. Essas redes sociais podem ter caráter informal (par ticipação em organizações sociais e estabilidade institucional) ou formal (ligações intergeracionais, identidade do grupo e anomia). e) É própria das comunidades desorganizadas a criação e a perpetuação de subculturas, e a criação de uma cultura geral baseada na tolerância para o desvio e para o crime. Não que a violência seja considerada algo desejado, mas é algo tolerado e esperado como parte da vida cotidiana.

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Gabarito Resposta correta atividade 1: Opção (d). Resposta correta atividade 2: V; F; F; V; V. Resposta correta atividade 3: Alternativa (d).

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