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Irène Tamba-Mecz
A SEMÂNTICA
tradução Marcos Marcionilo
SUMÁRIO
Introdução: DO SENTIDO À SEMÂNTICA — O NASCIMENTO DE UMA DISCIPLINA ........................ 7 Capítulo I / A SEMÂNTICA DE ONTEM A HOJE: AS CAMADAS DA HISTÓRIA .......................................... 10 I. A ou as semânticas? .......................................... 10 II. Sobrevôo histórico .................................................. 14
1. O
PERÍODO EVOLUCIONISTA —
1883-1931: A HISTÓRIA DAS PALAVRAS ....................................... 15 2. O PERÍODO MISTO: 1931-1963: HISTÓRIA DAS PALAVRAS E ESTRUTURAÇÃO DO LÉXICO .................. 26 3. O PERÍODO DAS TEORIAS LINGÜÍSTICAS E DO TRATAMENTO COMPUTACIONAL: DOS ANOS 1960 AOS ANOS 1990 ..... 34 A) A semântica formal ............................................ 34 B) Semântica e cognição ........................................... 43
44 III.Balanços e perspectivas ................................... 47 C) As teorias pragmático-enunciativas do sentido
Capítulo II / A SIGNIFICAÇÃO LINGÜÍSTICA: LUGAR E CARACTERÍSTICAS DO SENTIDO NAS LÍNGUAS.... 50 I. Delimitação do campo semântico em lingüística 50 II. Relações entre significantes e significados verbais 53 1. C ARACTERÍSTICAS DOS SIGNIFICANTES .................... 53 2. COMPARAÇÃO ENTRE SIGNIFICADOS E SIGNIFICANTES : UM BALANÇO NEGATIVO ........................................... 55 3. C ARACTERÍSTICAS DOS SIGNIFICADOS ..................... 60 III. Conclusões e proposições para uma abordagem lingüística do sentido .................................. 68
Capítulo III / NO NÚCLEO DA PROBLEMÁTICA SEMÂNTICA: AS RELAÇÕES ENTRE FORMAS E SENTIDO NAS LÍNGUAS ............................................. 70 I. A experiência falada do sentido: seu “formulário” e seu papel na “regulação” semântica das línguas ................................. 70
1. E VOCAÇÃO HISTÓRICA E VISÃO GERAL .................... 70 2. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO “FORMULÁRIO ” DAS RELAÇÕES DE SENTIDO NA LINGUAGEM CORRENTE . 75 II. Elementos e unidades semânticos ................ 81
1. MODOS
DE APRESENTAÇÃO DAS FORMAS VERBAIS
SIGNIFICANTES .......................................................... AS PALAVRAS ............................................................
81 2. 83 A)O que é que chamamos “palavra”? ............... 83 B )Sistemas formais que servem para a referenciação: signos indexicais e denominações ... 86 C )Sistemas formais significantes: denominações e signos lexicais .............................................. 91 D )Sistemas formais significantes: signos lexicais e signos gramaticais .................................... 100 E )Conclusões sobre as relações entre formas e sentidos no nível das palavras ...................... 103
3. E STRUTURAS ............................................................ 105 A)Estruturas le xicais ................................................ 105 B )Os mecanismo s estruturais da regulação lexical do sentido .................................................... 127 C )Estr uturas gramaticais ....................................... 131
4. AS
................................................................ 138 A)A unidade de sentido frástico ........................... 138 FRASES
B )Estruturas frásticas do sentido: esquemas prosódicos, sintáticos e enunciativos ............. 144
5. AS
UNIDADES SEMÂNTICAS SUPERIORES À FRASE :
ESTRUTURAS DE SEQÜENCIAMENTO
........................ 151
Conclusão: A ENCRUZILHADA DO SENTIDO E AS ORIENTAÇÕES SEMÂNTICAS — ESTRUTURAS LINGÜÍSTICAS E MODELOS SEMÂNTICOS ................. 155 BIBLIOGRAFIA ............................................................... 158
INTRODUÇÃO
DO SENTIDO À SEMÂNTICA O NASCIMENTO DE UMA DISCIPLINA
O sentido é um dado tão imediato e fundamental em nossa experiência cotidiana da linguagem que não é de admirar reações de espanto diante do surgimento tardio e do estatuto controverso e ainda incerto da “ciência” chamada semântica, que faz do sentido seu campo de estudos. Contudo, pensando bem, percebemos que, do sentido percebido como evidência ao sentido concebido como objeto lingüístico, há um verdadeiro salto conceitual, que indica mais ruptura que evolução epistemológica. Pode-se até mesmo datar com precisão essa virada crucial na história das relações entre pensamento e linguagem: ela coincide com a iniciativa, sem dúvida tímida, mas nem por isso menos revolucionária, de Michel Bréal de considerar o sentido, assim como as formas sonoras, um elemento especificamente lingüístico. A idéia, lançada em 1883, no artigo intitulado “As leis intelectuais da linguagem: fragmento de semântica”1, será plenamente desenvolvida 1. Cf. “Les lois intellectuelles du langage: fragment de sémantique”, in: Annuaire de l’Association pour l’encouragement des études grecques en France , 1883, XVII, pp. 132-142.
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A SEMÂNTICA
no Ensaio de semântica (ciência das significações) , pu blicado em 18972 por esse lingüista francês. Dessa obra, à qual voltaremos constantemente, manteremos essencialmente a intuição da qual surgiu toda a semântica — mesmo que ela permaneça em Bréal como uma intuição quase inexplorada, de tão nova — , a saber que: O homem nada influencia no desenvolvimento da linguagem e que as palavras — forma e sentido — levam uma existência que lhes é própria ( Essai, p. 8).
Baseando-nos nessa intuição, que podemos qualificar de inaugural, definiremos a semântica como uma disciplina lingüística que tem por objeto a descrição das significações próprias às línguas e sua organização teórica . Este pequeno livro se esforçará para demonstrar que essa primeira delimitação da semântica — análoga à que permitiu à lingüística se constituir como disciplina autônoma — é tão necessária quanto relativa. Em vista disso, ele percorrerá, em um primeiro capítulo, o curso breve, mas sinuoso, dessa jovem disciplina. Depois, um segundo capítulo mostrará os limites e as modalidades possíveis de uma análise do sentido lingüístico. Um terceiro capítulo apresentará as unidades e as estruturas semânticas próprias às línguas, consideradas como sistemas de formas “marcadoras” de sentido. E assim se irão destacando gradualmente as características das conexões entre “formas” e “sentidos” nas línguas, e elas serão contrapostas aos modos de organização dessas conexões nas línguas “lógicas”. Ao final desse exame, a estruturação lingüística do sentido sugere dois tipos de abordagens semânticas das línguas: uma, voltada para a compreensão e a formulação 2. Nossas citações foram extraídas da 4a edição dessa obra: Essai de sémantique (Science des significations). Paris: Hachette, 1908.
DO SENTIDO À SEMÂNTICA
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das significações no quadro da “palavra” e da “frase”; a outra, exclusivamente interpretativa, busca os dispositivos lingüísticos de encadeamento, de progressão e de coerência, que permitem compreender enunciados seqüenciais. Vemos também que as línguas dispõem de “formas significantes” capazes de desempenhar ao menos três funções: exprimir significações que elas criam, configurando-as; tornar dizíveis significações que elas registram, mas não criam; dar acesso, por meio de seus usos, aos princípios de sua estruturação e a seu aprendizado. A presente obra foi concebida, apesar das inúmeras introduções gerais e dos múltiplos trabalhos especializados sobre o sentido, como uma reflexão crítica, retrospectiva e prospectiva. Foi preciso selecionar, organizar o grande volume de publicações consagradas ao sentido em distintas áreas de pesquisa, às vezes de uma tecnicidade assustadora. Para não sobrecarregar o texto com notas e remissões bibliográficas em demasia, indicamos apenas nossas fontes diretas de informação, além de uma ou duas obras de referência, que apresentam uma documentação atualizada, a fim de orientar o(a) leitor(a) desejoso(a) de seguir estudos em semântica. Uma preocupação constante guiou nossa abordagem: dar conta da unidade da atividade significante e, ao mesmo tempo, da especificidade das estruturas semânticas das línguas, de sua diversidade e da complexidade de suas interações3. 3. As dimensões dessa coleção levaram-nos a deixar de lado uma parte de minhas leituras e das observações de colegas. Tenho uma dívida particular com Bernard Bosredon, André Collinot, Georges Kleiber e Martin Riegel, com quem freqüentemente discuti, e com France Dhorne, que reviu o manuscrito. As correções factuais introduzidas na 2a edição devem muito à erudição de F. Rastier, que teve a gentileza de corrigir as datações e outras imperfeições do primeiro texto. Agradeço a Anne Collinot, Michel de Fornel, Maurice Gross, Jacques Jayez, Gérard Petit e Francis Renaud, cujas preciosas observações me permitiram atualizar a parte histórica da 4 a edição.
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