Santo Rosário - São Josemaria Escrivá
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Santo Rosário, publicado pela primeira vez em 1934, é formado por uma série de considerações sobre os quinze mistérios d...
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São Josemaría Escrivá
Santo Rosário
Extraído do site Escriva Works www.escrivaworks.org.br
Quadrante, São Paulo, 1988 (1ª, 1977)
São Josemaría Escrivá São Josemaría Escrivá nasceu em 1902 em Barbastro, Espanha. É o segundo de seis irmãos. Aprendeu de seus pais e na escola os fundamentos da fé, e desde pequeno viveu costumes cristãos como a confissão e a comunhão freqüentes, a recitação do terço e a esmola. A morte das três irmãs pequenas e a ruína econômica da família fizeram-no experimentar muito cedo o sofrimento e a dor: esta experiência temperou o seu caráter, naturalmente alegre e expansivo, e o fez amadurecer. Em 1915 a família se mudou para Logronho, onde seu pai conseguira um novo trabalho. Em 1918, Josemaría intuiu que Deus queria algo dele, mesmo não sabendo de que se tratava. Decidiu entregar-se completamente a Deus, fazendo-se sacerdote. Deste modo, pensava que estaria mais disponível para cumprir a vontade divina. Começou os seus estudos eclesiásticos em Logronho, e em 1920 prosseguiu-os no seminário diocesano de Saragoça, em cuja Universidade Pontifícia completou a sua formação prévia ao sacerdócio. Em Saragoça fez também — por sugestão do seu pai e com a permissão dos superiores — o curso de Direito. Em 1925 recebeu o sacramento da Ordem e começou a desenvolver o seu ministério pastoral, com o qual, a partir de então, identificou a sua existência. Já sacerdote, continuou à espera da luz definitiva sobre o que Deus queria dele. Em 1927 mudou-se para Madri a fim de obter o doutorado em Direito. Acompanharam-no a sua mãe, a sua irmã e o seu irmão, pois, desde o falecimento do pai, em 1924, Josemaría é o chefe de família. Na capital da Espanha, desenvolveu um intenso serviço sacerdotal, principalmente entre os pobres, doentes e crianças. Ao mesmo tempo, sustentava-se e mantinha a sua família dando aulas de Direito. Foram tempos de grandes apertos econômicos, vividos por toda a família com dignidade e bom humor. O seu apostolado sacerdotal estendeu-se também a jovens estudantes, artistas, operários e intelectuais que, em contato com os pobres e doentes atendidos por Josemaría, vão aprendendo a praticar a caridade e a se comprometerem com sentido cristão na melhora da sociedade. Em Madri, em 2 de outubro de 1928, durante um retiro espiritual, Deus fez-lhe ver a missão à qual o havia destinado: nesse dia nasceu o Opus Dei. A missão específica do Opus Dei é promover, entre homens e mulheres de todos os âmbitos da sociedade um compromisso pessoal de seguir a Cristo, de amor a Deus e ao próximo e de procura da santidade na vida cotidiana. Desde 1928, Josemaría Escrivá se entregou de corpo e alma ao cumprimento da missão fundacional que recebera, ainda que não se considerasse por isso um inovador ou um reformador, pois estava convencido de que Jesus Cristo é a eterna novidade e de que o Espírito Santo rejuvenesce continuamente a Igreja, a cujo serviço
Deus suscitou o Opus Dei. Em 1930, como conseqüência de uma nova luz que Deus acendeu na sua alma, iniciou o trabalho apostólico do Opus Dei entre as mulheres. Josemaría Escrivá colocará sempre a mulher, como cidadã e como cristã, frente à sua pessoal responsabilidade — nem maior nem menor que a do homem — na construção da sociedade civil e da Igreja. Em 1934 publicou — com o título provisório de “Considerações espirituais” — a primeira edição de “Caminho”, a sua obra mais difundida, da qual já foram editados mais de quatro milhões de exemplares. Na literatura espiritual, Josemaría Escrivá também é conhecido por outros títulos como “Santo Rosário”, “É Cristo que passa”, “Amigos de Deus”, “Via Sacra”, “Sulco” ou “Forja”. A guerra civil espanhola (1936-1939) representou um sério obstáculo para a incipiente fundação. Foram anos de sofrimento para a Igreja, marcados, em muitos casos, pela perseguição religiosa, da qual o fundador do Opus Dei só conseguiu sair incólume depois de muito sofrimento. Em 1943, por uma nova graça fundacional que Josemaría Escrivá recebeu durante a celebração da Missa, nasceu a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, na qual se incardinam os sacerdotes que procedem dos fiéis leigos do Opus Dei. O fato de que os fiéis leigos e os sacerdotes pertençam plenamante ao Opus Dei, assim como a cooperação orgânica de uns com os outros nos seus apostolados, é um traço próprio do carisma fundacional do Opus Dei que a Igreja confirmou ao determinar a sua específica configuração jurídica. A Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz desenvolve também, em plena sintonia com os Pastores das Igrejas locais, atividades de formação espiritual para sacerdotes diocesanos e candidatos ao sacerdócio. Os sacerdotes diocesanos também podem fazer parte da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, sem deixar de pertencer ao clero das suas respectivas dioceses. Consciente de que a sua missão tem fundamento e alcance universais, Josemaría Escrivá se transferiu para Roma em 1946, assim que acabou a guerra mundial. Entre esse ano e 1950, o Opus Dei recebeu várias aprovações pontifícias com as quais ficaram corroborados os seus elementos fundacionais específicos: a sua finalidade sobrenatural, concretizada em difundir a mensagem cristã da santificação da vida cotidiana; a sua missão de serviço ao Romano Pontífice, à Igreja universal e às Igrejas locais; o seu caráter universal; a secularidade; o respeito à liberdade e à responsabilidade pessoais e o pluralismo em temas políticos, sociais, culturais, etc. De Roma, por impulso direto do fundador, o Opus Dei foi-se estendendo paulatinamente para trinta países dos cinco continentes, entre 1946 e 1975. A partir de 1948, pessoas casadas que procuram a santidade no seu próprio estado de vida podem pertencer ao Opus Dei a pleno título. Em 1950, a Santa Sé aprova também que sejam admitidos como cooperadores e ajudem nos trabalhos apostólicos do Opus Dei
homens e mulheres não católicos e não cristãos: ortodoxos, luteranos, judeus, muçulmanos, etc. Na década de 50, Josemaría Escrivá estimulou o início de projetos muito variados: escolas de formação profissional, centros de capacitação para camponeses, universidades, colégios, hospitais e ambulatórios médicos, etc. Estas atividades, frutos da iniciativa de fiéis cristãos comuns que desejam atender — com mentalidade laical e com sentido profissional — as necessidades concretas de um determinado lugar, estão abertas a pessoas de todas as raças, religiões e condições sociais: a clara identidade cristã das iniciativas promovidas pelos fiéis do Opus Dei, com efeito, se compagina com um profundo respeito à liberdade das consciências. Durante o Concílio Vaticano II (1962-1965), o fundador do Opus Dei manteve uma relação intensa e constante com numerosos Padres conciliares. Alguns dos temas que formam o núcleo do magistério conciliar foram frequente objeto de suas conversas, como por exemplo a doutrina sobre a chamada universal à santidade ou sobre a função dos leigos na missão da Igreja. Profundamente identificado com a doutrina do Vaticano II, Josemaría Escrivá promoverá diligentemente que seja levada à prática através das atividades formativas do Opus Dei em todo o mundo. Entre 1970 e 1975, o seu empenho evangelizador levou-o a empreender viagens de catequese pela Europa e pela América. Teve numerosas reuniões de formação, de estilo simples e familiar — mesmo quando estavam presentes milhares de pessoas — nas quais falava de Deus, dos sacramentos, das devoções cristãs, da santificação do trabalho, com o mesmo vigor espiritual e capacidade de comunicação dos seus primeiros anos de sacerdócio. Faleceu em Roma, no dia 26 de junho de 1975. Choraram a sua morte milhares de pessoas que se aproximaram de Cristo e da Igreja graças ao seu trabalho sacerdotal, ao seu exemplo e aos seus escritos. Um grande número de fiéis recorreram à sua intercessão desde esse dia, e pediram a sua elevação aos altares. Em 6 de outubro de 2002, mais de 400.000 pessoas assistiram, na Praça de São Pedro, à canonização de Josemaría Escrivá. Na homilia, João Paulo II destacou que o novo santo “compreendeu claramente que a missão dos batizados consiste em elevar a Cruz de Cristo sobre todas as realidades humanas, e sentiu surgir no seu interior a apaixonante chamada para evangelizar em todos os ambientes”. O Papa animou os peregrinos vindos dos cinco continentes a seguir os seus passos. “Difundam na sociedade, sem distinção de raça, classe, cultura ou idade, a consciência de que todos somos chamados à santidade. Esforcem-se por ser santos, vocês mesmos em
primeiro lugar, cultivando um estilo evangélico de humildade e espírito de serviço, de abandono na Providência e de permanente escuta da voz do Espírito”. Mais informação: http://www.josemariaescriva.info/
Sinopse Santo Rosário, publicado pela primeira vez em 1934, é formado por uma série de considerações sobre os quinze mistérios do Rosário (gozosos, dolorosos e gloriosos), para facilitar a prática dessa oração mariana e a contemplação das cenas da vida do Senhor e da sua Santíssima Mãe. O livro termina com uns breves comentários sobre a ladainha lauretana. São Josemaría redigiu essa pequena obra de uma só vez, em 1931, durante a ação de graças da Santa Missa. Foi publicado em 1934, com o objetivo de ajudar os leitores a se dirigirem com simplicidade e confiança a Nossa Senhora e, através dela, à Santíssima Trindade. Porque — como diz no prólogo — "o princípio do caminho, que tem por fim a completa loucura por Jesus, é um confiado amor a Maria Santíssima". Atualmente, Santo Rosário está publicado em 25 idiomas. A sua difusão supera os 700.000 exemplares.
A recitação do Santo Rosário, com a consideração dos mistérios, a repetição do PaiNosso e da Ave-Maria, os louvores à Santíssima Trindade e a constante invocação à Mãe de Deus, é um contínuo ato de fé, de esperança e de amor, de adoração e reparação. Nota do autor, Roma, 9 de janeiro de 1973.
Índice
Prólogo e notas introdutórias
Mistérios gozosos: A Anunciação
Mistérios gozosos: Visitação de Nossa Senhora
Mistérios gozosos: Nascimento de Jesus
Mistérios gozosos: Purificação de Nossa Senhora
Mistérios gozosos: O Menino Perdido
Mistérios Dolorosos: Oração no Horto
Mistérios Dolorosos: Flagelação do Senhor
Mistérios Dolorosos: Coroação de Espinhos
Mistérios Dolorosos: A Cruz às Costas
Mistérios Dolorosos: Morte de Jesus
Mistérios Gloriosos: Ressurreição do Senhor
Mistérios Gloriosos: A Ascensão do Senhor
Mistérios Gloriosos: Pentecostes
Mistérios Gloriosos: Assunção de Nossa Senhora
Mistérios Gloriosos: Coroação de Nossa Senhora
Ladainha
Conclusão
Prólogo e notas introdutórias 0
A recitação do Santo Rosário, com a consideração dos mistérios, a repetição do Pai-Nosso e da Ave-Maria, os louvores à Beatíssima Trindade e a constante invocação à Mãe de Deus, é um contínuo ato de fé, de esperança e de amor, de adoração e reparação. Roma, 9 de janeiro de 1973
Estas linhas não se escrevem para mulherzinhas. Escrevem-se para homens bem barbados e bem... homens, que alguma vez, sem dúvida, elevaram o seu coração a Deus, gritando-Lhe com o Salmista: Notam fac mihi viam, in qua ambulem; quia ad te levavi animam meam. - Dá-me a conhecer o caminho que devo seguir, pois a Ti elevei a minha alma (Sl 142, 8). Hei de contar a esses homens um segredo que muito bem pode ser o começo desse caminho por onde Cristo quer que andem. Meu amigo: se tens desejos de ser grande, faz-te pequeno. Para ser pequeno, é preciso crer como crêem as crianças, amar como amam as crianças, abandonar-se como se abandonam as crianças..., rezar como rezam as crianças. E tudo isso junto é necessário para pôr em prática o que te vou descobrir nestas linhas: O princípio do caminho, que tem por fim a completa loucura por Jesus, é um confiado amor a Maria Santíssima. - Queres amar a Virgem? - Pois então conversa com Ela! - Como? Rezando bem o Rosário de Nossa Senhora. - Mas no Rosário... dizemos sempre o mesmo! - Sempre o mesmo? E não dizem sempre a mesma coisa os que se amam?... Se há monotonia no teu Rosário, não será porque, em vez de pronunciares palavras como homem, emites sons como animal, enquanto o teu pensamento anda muito longe de Deus? - Além disso, repara: antes de cada dezena, indica-se o mistério que se vai contemplar. Tu... já alguma vez contemplaste estes mistérios? Faz-te pequeno. Vem comigo e - este é o nervo da minha confidência viveremos a vida de Jesus, Maria e José.
Todos os dias Lhes havemos de prestar um novo serviço. Ouviremos as suas conversas de família. Veremos crescer o Messias. Admiraremos os seus trinta anos de obscuridade... Assistiremos à sua Paixão e Morte... Pasmaremos ante a glória da sua Ressurreição... Numa palavra: contemplaremos, loucos de Amor - não há outro amor além do Amor -, todos e cada um dos instantes de Cristo Jesus.
Mistérios gozosos: A Anunciação 1
Não te esqueças, meu amigo, de que somos crianças. A Senhora do doce nome, Maria, está recolhida em oração. Tu és, naquela casa, o que quiseres ser: um amigo, um criado, um curioso, um vizinho... - Eu por agora não me atrevo a ser nada. Escondome atrás de ti e, pasmado, contemplo a cena. O Arcanjo comunica a sua mensagem... - Quomodo fiet istud, quoniam virum non cognosco? - Como se fará isso, se não conheço varão? (Lc 1, 34). A voz da nossa Mãe traz à minha memória, por contraste, todas as impurezas dos homens..., as minhas também. E como odeio então essas baixas misérias da terra!... Que propósitos! Fiat mihi secundum verbum tuum. - Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38). Ao encanto destas palavras virginais, o Verbo se fez carne. Vai terminar a primeira dezena... Ainda tenho tempo de dizer ao meu Deus, antes que nenhum mortal: Jesus, eu Te amo.
Mistérios gozosos: Visitação de Nossa Senhora 2
Agora, meu pequeno amigo, espero que já saibas mexer-te. - Acompanha alegremente José e Santa Maria... e escutarás tradições da Casa de Davi. Ouvirás falar de Isabel e de Zacarias, enternecer-te-ás com o amor puríssimo de José, e baterá fortemente o teu coração cada vez que pronunciarem o nome do Menino que nascerá em Belém... Caminhamos apressadamente em direção às montanhas, até uma aldeia da tribo de Judá (Lc 1, 39). Chegamos. - É a casa onde vai nascer João Batista. - Isabel aclama, agradecida, a Mãe do seu Redentor: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! A que devo tamanho bem, que venha visitar-me a Mãe do meu Senhor? (Lc 1, 42-43). O Batista, ainda por nascer, estremece... (Lc 1, 41). - A humildade de Maria derrama-se no Magnificat... - E tu e eu, que somos - que éramos uns soberbos, prometemos ser humildes.
Mistérios gozosos: Nascimento de Jesus 3
Foi promulgado um edito de César Augusto, que manda recensear toda a gente. Para isso, cada qual tem de ir à terra dos seus antepassados. Como José é da casa e da família de Davi, vai, com a Virgem Maria, de Nazaré à cidade chamada Belém, na Judéia (Lc 2, 1-5). E em Belém nasce o nosso Deus: Jesus Cristo! - Não há lugar na pousada: num estábulo. - E sua Mãe envolve-O em panos e reclina-O no presépio (Lc 2, 7). Frio. - Pobreza. - Sou um escravozinho de José. - Que bom é José! Trata-me como um pai a seu filho. - Até me perdoa, se tomo o Menino em meus braços e fico, horas e horas, dizendo-Lhe coisas doces e ardentes!... E beijo-O - beija-O tu -, e O embalo, e canto para Ele, e Lhe chamo Rei, Amor, meu Deus, meu Único, meu Tudo!... Que lindo é o Menino... e que curta a dezena!
Mistérios gozosos: Purificação de Nossa Senhora 4
Completado o tempo da purificação da Mãe, segundo a Lei de Moisés, é preciso ir com o Menino a Jerusalém para apresentá-Lo ao Senhor (Lc 2, 22). E desta vez serás tu, meu amigo, quem leve a gaiola das rolas. - Estás vendo? Ela - a Imaculada! - submete-se à Lei como se estivesse imunda. Aprenderás com este exemplo, menino bobo, a cumprir a Santa Lei de Deus, apesar de todos os sacrifícios pessoais? Purificação! Tu e eu, sim, é que precisamos de purificação! Expiação, e, acima da expiação, o Amor. - Um amor que seja cautério, que abrase a imundície da nossa alma, e fogo que incendeie com chamas divinas a miséria do nosso coração. Um homem justo e temente a Deus, que, conduzido pelo Espírito Santo, viera ao Templo - tinha-lhe sido revelado que não morreria antes de ver o Cristo -, toma o Messias em seus braços e diz-Lhe: - Agora, Senhor, agora já podes levar em paz deste mundo o teu servo, conforme a tua promessa..., porque meus olhos viram o Salvador (Lc 2, 25-30).
Mistérios gozosos: O Menino Perdido 5
Onde está Jesus? - Senhora: o Menino!... Onde está? Maria chora. - Bem que corremos tu e eu, de grupo em grupo, de caravana em caravana: não O viram. - José, depois de fazer esforços inúteis para não chorar, chora também... E tu... E eu. Eu, como sou um criadinho tosco, choro sem parar e clamo ao céu e à terra..., pelas vezes em que O perdi por minha culpa e não clamei. Jesus! Que eu nunca mais Te perca... E então a desgraça e a dor nos unem, como nos uniu o pecado, e saem de todo o nosso ser gemidos de profunda contrição e frases ardentes, que a pena não pode, não deve registrar. E ao nos consolarmos com a alegria de encontrar Jesus - três dias de ausência! - disputando com os Mestres de Israel (Lc 2, 46), ficará bem gravada na tua alma e na minha a obrigação de deixarmos os da nossa casa para servir o Pai Celestial.
Mistérios Dolorosos: Oração no Horto 6
Orai, para não entrardes em tentação. - E Pedro adormeceu. - E os demais Apóstolos. - E adormeceste tu, meu pequeno amigo..., e eu fui também outro Pedro dorminhoco. Jesus, só e triste, sofria e empapava a terra com o seu sangue. De joelhos sobre a terra dura, persevera em oração... Chora por ti... e por mim: esmaga-O o peso dos pecados dos homens. Pater, si vis, transfer calicem istum a me. - Pai, se quiseres, faz com que se afaste de Mim este cálice... Não se faça, porém, a minha vontade, sed tua fiat, mas a tua (Lc 22, 42). Um Anjo do céu O conforta. - Jesus está em agonia. - Continua prolixius, orando mais intensamente... Aproxima-se de nós, que dormimos: Levantai-vos, orai - repete-nos -, para não cairdes em tentação (Lc 22, 46). Judas, o traidor: um beijo. - A espada de Pedro brilha na noite. - Jesus fala: - Vindes buscar-Me como um ladrão? (Mc 14, 48). Somos covardes: seguimo-Lo de longe. Mas acordados e orando. Oração... Oração...
Mistérios Dolorosos: Flagelação do Senhor 7
Fala Pilatos: - Tendes o costume de que vos solte alguém pela Páscoa. Quem havemos de pôr em liberdade? Barrabás - ladrão, preso com outros por homicídio - ou Jesus? (Mt 27, 17). - Manda matar este e solta Barrabás, clama o povo incitado pelos seus príncipes (Lc 23, 18). Pilatos fala de novo: - Então que farei de Jesus, que se chama o Cristo? (Mt 27, 22). - Crucifige eum! - Crucifica-O! (Mc 15, 14). Diz-lhes Pilatos, pela terceira vez: - Mas que mal fez Ele? Não encontro nEle causa alguma de morte (Lc 23, 22). Aumentava o clamor da multidão: - Crucifica-O, crucifica-O! (Mc 15, 14). E Pilatos, desejando contentar o povo, solta-lhes Barrabás e manda açoitar Jesus. Atado à coluna. Cheio de chagas. Ouvem-se os golpes dos azorragues na sua carne rasgada, na sua carne sem mancha, que padece pela tua carne pecadora. - Mais golpes. Mais sanha. Mais ainda... É o cúmulo da crueldade humana. Por fim, rendidos, desprendem Jesus. E o corpo de Cristo rende-se também à dor e cai, como um verme, truncado e meio morto. Tu e eu não podemos falar. - Não são precisas palavras. Olha para Ele, olha para Ele... devagar. Depois... serás capaz de ter medo à expiação?
Mistérios Dolorosos: Coroação de Espinhos 8
Vai ficando satisfeita a ânsia de sofrer do nosso Rei! - Levam o meu Senhor ao pátio do pretório, e ali convocam toda a coorte (Mc 15, 16). - A soldadesca brutal desnudou a sua carne puríssima. - Com um farrapo de púrpura, velho e sujo, cobrem Jesus. - Por cetro, uma cana na mão direita... A coroa de espinhos, cravada a marteladas, faz dEle um Rei de comédia... Ave Rex iudaeorum! - Salve, Rei dos judeus (Mc 15, 18). E, à força de pancadas, ferem-Lhe a cabeça. E esbofeteiam-nO... e cospem nEle. Coroado de espinhos e vestido com andrajos de púrpura, Jesus é mostrado ao povo judeu: Ecce homo! Aí tendes o homem. E de novo os pontífices e seus ministros rompem aos gritos, clamando: - Crucifica-O!, crucifica-O! (Jo 19, 5-6). - Tu e eu não teremos voltado a coroá-Lo de espinhos, a esbofeteá-Lo e a cuspir-Lhe? Nunca mais, Jesus, nunca mais... E um propósito firme e concreto põe fim a estas dez Ave-Marias.
Mistérios Dolorosos: A Cruz às Costas 9
Com a sua Cruz às costas, caminha para o Calvário, lugar que em hebraico é chamado Gólgota (Jo 19, 17). E lançam mão de um tal Simão, natural de Cirene, que volta de uma granja, e o carregam com a Cruz, para que a leve atrás de Jesus (Lc 23, 26). Cumpriu-se o que Isaías tinha dito (53, 12): cum sceleratis reputatus est, foi contado entre os malfeitores - porque levaram, para fazê-lo morrer com Ele, outros dois homens, que eram ladrões (Lc 23, 32). Se alguém quiser vir após Mim... Menino amigo: estamos tristes, vivendo a Paixão de Jesus, Nosso Senhor. - Olha com que amor se abraça à Cruz. Aprende com Ele. - Jesus leva a Cruz por ti; tu... leva-a por Jesus. Mas não leves a Cruz de rastos... Leva-a erguida a prumo, porque a tua Cruz, levada assim, não será uma Cruz qualquer: será... a Santa Cruz. Não te resignes com a Cruz. Resignação é palavra pouco generosa. Quer a Cruz. Quando de verdade a quiseres, a tua Cruz será... uma Cruz sem Cruz. E, com toda a certeza, tal como Ele, encontrarás Maria no caminho.
Mistérios Dolorosos: Morte de Jesus 10
Jesus Nazareno, Rei dos judeus, já tem preparado o trono triunfador. Tu e eu não O vemos contorcer-se, ao ser pregado; sofrendo tudo quanto se pode sofrer, estende os braços com gesto de Sacerdote Eterno. Os soldados tomam as santas vestes e fazem quatro partes. - Para não dividirem a túnica, sorteiam-na para ver a quem tocará. - E assim, uma vez mais, se cumpre a Escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes e sobre elas lançaram sortes (Jo 19, 23 e 24). Já está no alto... - E, junto de seu Filho, ao pé da Cruz, Santa Maria... e Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. E João, o discípulo que Ele amava. Ecce mater tua! - Aí tens a tua Mãe! Dá-nos a sua Mãe por Mãe nossa. Tinham-Lhe oferecido antes vinho misturado com fel, mas, tendo-o provado, não o bebeu (Mt 27, 34). Agora tem sede... de amor, de almas. Consummatum est. - Tudo está consumado (Jo 19, 30). Menino bobo, olha: tudo isto..., tudo, sofreu por ti... e por mim. - Não choras?
Mistérios Gloriosos: Ressurreição do Senhor 11
Ao cair da tarde do sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para ir embalsamar o corpo morto de Jesus. - No outro dia, de manhãzinha cedo, chegam ao sepulcro, nascido já o Sol (Mc XVI, 1 e 2). E entrando, ficam consternadas, porque não encontram o corpo do Senhor. - Um jovem, coberto de vestes brancas, diz-lhes: Não temais; sei que procurais Jesus Nazareno. Non est hic, surrexít enim sicut dixit, - não está aqui, porque ressuscitou, como tinha anunciado (Mt XXVIII, 5). Ressuscitou! - Jesus ressuscitou. Não está no sepulcro. A Vida pôde mais do que a morte. Apareceu a Sua Mãe Santíssima. - Apareceu a Maria de Magdala, que está louca de amor. - E a Pedro e aos demais Apóstolos. - E a ti e a mim, que somos Seus discípulos e mais loucos do que Madalena! Que coisas Lhe dissemos! Que nunca morramos pelo pecado; que seja eterna a nossa ressurreição espiritual. - E, antes de terminar a dezena, beijaste as chagas dos Seus pés... e eu, mais atrevido, - por ser mais criança - pus os meus lábios no Seu lado aberto.
Mistérios Gloriosos: A Ascensão do Senhor 12
Mestre ensina agora os seus discípulos: abriu-lhes a inteligência, para que compreendam as Escrituras, e toma-os por testemunhas da sua vida e dos seus milagres, da sua paixão e morte, e da glória da sua ressurreição (Lc 24, 45.48). Depois, leva-os a caminho de Betânia, ergue as mãos e abençoa-os. - E, entretanto, vai-se afastando deles e eleva-se no céu (Lc 24, 50), até que uma nuvem O ocultou (At 1, 9). Jesus foi para o Pai. - Dois Anjos de brancas vestes se aproximam de nós e nos dizem: - Homens da Galiléia, que fazeis olhando para o céu? (At 1, 11). Pedro e os restantes voltam para Jerusalém - cum gaudio magno - com grande alegria (Lc 24, 52). - É justo que a Santa Humanidade de Cristo receba a homenagem, a aclamação e a adoração de todas as hierarquias dos Anjos e de todas as legiões dos bem-aventurados da Glória. Mas tu e eu nos sentimos órfãos; estamos tristes, e vamos consolar-nos com Maria.
Mistérios Gloriosos: Pentecostes 13
O Senhor tinha dito: Rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito, outro Consolador, para que permaneça convosco eternamente (Jo XIV, 16). - Reunidos todos os Discípulos num mesmo lugar, de repente, sobreveio do céu um ruído, como que de vento impetuoso, que invadiu toda a casa, onde se encontravam. - Ao mesmo tempo, umas línguas de fogo repartiram-se e pousaram sobre cada um deles (At. II, 1-2). Cheios do Espírito Santo, os Apóstolos estavam como bêbados (At. II, 13). E Pedro, rodeado pelos outros onze, levantou a voz e falou. - Ouvimo-lo pessoas de cem países. - Cada um o escuta na sua língua. - Tu e eu, na nossa. - Fala-nos de Cristo Jesus e do Espírito Santo e do Pai. Não o apedrejam, nem o metem na cadeia; convertem-se e são batizados três mil dos que o ouviram. Tu e eu, depois de ajudarmos os Apóstolos na administração dos batismos, louvamos a Deus Pai por Seu Filho, Jesus, e sentimo-nos também ébrios do Espírito Santo.
Mistérios Gloriosos: Assunção de Nossa Senhora 14
Assumpta est Maria in coelum: gaudent angeli! - Maria foi levada por Deus, em corpo e alma, para o céu. E os Anjos se alegram! Assim canta a Igreja. - E assim, com esse clamor de regozijo, começamos nós a contemplação nesta dezena do Santo Rosário. Adormeceu a Mãe de Deus. - Em volta do seu leito encontram-se os doze Apóstolos. - Matias substituiu Judas. E nós, por graça que todos respeitam, estamos a seu lado também. Mas Jesus quer ter a sua Mãe, em corpo e alma, na Glória. - E a Corte celestial mobiliza todo o seu esplendor para homenagear a Senhora. - Tu e eu - crianças, afinal - pegamos a cauda do esplêndido manto azul da Virgem, e assim podemos contemplar aquela maravilha. A Trindade Beatíssima recebe e cumula de honras a Filha, Mãe e Esposa de Deus... - E é tanta a majestade da Senhora, que os Anjos perguntam: Quem é esta?
Mistérios Gloriosos: Coroação de Nossa Senhora 15
És toda formosa, e não há mancha em ti. - És horto cerrado, minha irmã, Esposa, horto cerrado, fonte selada. - Veni coronaberis. - Vem, serás coroada (Cant 4, 7, 12.8). Se tu e eu tivéssemos tido poder, tê-la-íamos feito também Rainha e Senhora de toda a criação. Um grande sinal apareceu no céu: uma mulher com uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. - O vestido, de sol. - A lua a seus pés (Ap 12, 1). Maria, Virgem sem mancha, reparou a queda de Eva; e esmagou com seu pé imaculado a cabeça do dragão infernal. Filha de Deus, Mãe de Deus, Esposa de Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo coroam-na como Imperatriz que é do Universo. E rendem-lhe preito de vassalagem os Anjos..., e os patriarcas e os profetas e os Apóstolos..., e os mártires e os confessores e as virgens e todos os santos..., e todos os pecadores, e tu e eu.
Ladainha 16
Irrompe agora a ladainha lauretana, sempre com esplendor de luz nova e cor e sentido diferentes. Clamores ao Senhor, a Cristo; súplicas a cada uma das Pessoas divinas e à Santíssima Trindade; galanteios inflamados a Santa Maria: Mãe de Cristo, Mãe Imaculada, Mãe do Bom Conselho, Mãe do Criador, Mãe do Salvador..., Virgem prudentíssima..., Sede da Sabedoria, Rosa mística, Torre de Davi, Arca da Aliança, Estrela da manhã..., Refúgio dos pecadores, Consoladora dos aflitos, Auxílio dos cristãos... E o reconhecimento do seu reinado: Regina! - Rainha! -, e o da sua mediação: Sub tuum praesidium confugimus, à vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus..., livrai-nos de todos os perigos, Virgem gloriosa e bendita. Rogai por nós, Rainha do Santíssimo Rosário, para que sejamos dignos de alcançar as promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Conclusão 17
Meu amigo: eu te descobri uma ponta do meu segredo. Cabe a ti, com a ajuda de Deus, descobrir o resto. Anima-te. Sê fiel. Faz-te pequeno. O Senhor esconde-se dos soberbos e manifesta os tesouros da sua graça aos humildes. Não tenhas receio se, ao meditares por tua conta, te escapam afetos e palavras audazes e pueris. Jesus quer isso mesmo. Maria te anima. Se rezares assim o Rosário, aprenderás a fazer boa oração.
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