RPG - Ebook - Solidão-book One Parte 2
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Ebook oficial e gratuito. http://www.daemon.com.br um conto de mistério para Trevas...
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Solidão – parte II Por Rigonato Capítulo 2: Busca. Não posso acreditar no que está acontecendo, estou vivendo mas não estou acreditando. Mais um dia se passou e parece que alguma coisa está me perseguindo, não me sinto sozinho em lugar algum, mesmo aqui trancado no quarto com meu computador tenho a sensação de estar sendo observado por alguém. O pior de tudo é que sei que tem alguma coisa se divertindo com isso. Tenho que desabafar e mesmo que seja aqui, contar tudo o que me aconteceu hoje, todos os fatos diferentes ou importantes, sei que se escrever tudo detalhadamente relacionar os fatos corriqueiros e o que está acontecendo agora vou poder entender o que está acontecendo. Pelo menos é o que espero, que isso tenha uma explicação lógica e plausível, minha maior esperança é que não esteja ficando louco. Neste momento vou continuar meu relato, o mais próximo possível do derradeiro fato contado na última vez. Depois de escrever me aliviei um pouco e como a noite já estava alta, decidi tentar dormir. Foi em vão depois de algumas horas quando finalmente o sono venceu a dúvida e a expectativa e consegui sonhar, digamos que o sonho não foi muito agradável, mas como sonhar com anjinhos depois daquilo? Bom foi uma tentativa, passei o resto da noite sentado na cama meditando e esperando o despertador tocar para me levantar e ir para a escola. Cheguei lá com muito receio mas meu estômago já havia decidido parar de girar. Ainda bem por que se estivesse como estava ontem acho que não teria coragem nem de entrar lá. O ar estava pesado, abafado e quente, uma coisa muito estranha em um dia de inverno mas esse era o menor dos meus problemas, não eram poucos porém estavam se multiplicando a cada segundo. As aulas passaram muito lentamente, não que tenha prestado atenção nelas, falando a verdade o único fato que me lembro com clareza do dia de hoje dentro da sala de aula foi o meu amigo Beto, acho que o único que se deu ao trabalho de reparar como eu estava: -O que tá acontecendo cara? Parecia que não estava com a cabeça na aula, era raro ver você olhando pra cara dum professor. -Tá acontecendo umas coisas muito estranhas na minha vida, num dormi nada e tô esperando o horário da saída pra ir pegar um arquivo que eu dexei no pc da escola. -Acho que já sei o que tá acontecendo. Vo cê tá apaixonado! -Eu sempre tô e você sabe disso. -Decide o que vai fazer da vida, a mina que você tá a fim num tá nem aí pra você. Ela só te ignora e tu num desiste de babar por causa dela. Faz alguma coisa senão parte pra outra, sai, vai conhecer gente nova, garanto que você acha uma mina mais gata que ela e que esteja a fim de você. -Num tô a fim dela só porque ela é gata, tô porque sou um idiota mesmo, o pior é que num tenho coragem de olhar nos olhos dela e dizer o que tô sentindo. -Faz o que achar melhor. A vida é sua mesmo. Tá começando o intervalo, respira um poco, come alguma coisa que tua cara tá horrível. Depois a gente conversa. Depois daquilo teve um único outro fato que me lembro antes de ir procurar o texto que estava escrevendo no computador da escola. Foi quando eu vi aquela garota linda, pela qual estou apaixonado, na vida real ou na ficção quase tudo acontece por causa de uma garota linda. Minha vida não era uma exceção. Gosto dessa menina desde quando era criança. Sei o nome dela, Marina, mas nunca consegui formar um diálogo com ela. Durante todo o intervalo parei de pensar na morte, só via ela e imaginava uma dúzia de maneiras de dizer alguma coisa pra ela, quase todos os dias faço isso, pena que minhas pernas não ajudem na aproximação e minha boca não consiga transmitir o que eu quero falar. Mesmo assim sinto uma felicidade quase ignorante quando à vejo, tenho a impressão que vou na escola todos os dias só para curtir estes pequenos momentos de esquecimento total e de um pouco de alegria. Não consigo me aproximar dela de forma alguma, ela sempre está com um grupo de pessoas ou com um amigo dela que eu detesto, o Nando, ele tem muita raiva de mim também, não conseguimos nos entender de jeito nenhum mas ele ainda cisma de tentar me irritar de vez em quando. Hoje ela estava muito linda, com uma blusa bem azul como os olhos dela, o que ajudou a realçar a cor mais ainda. Estava com uma calça jeans simples mas que ficava com formas incríveis no corpo dela. Não sei se estava mais linda do que ontem ou anteontem, mas com os cabelos presos pude ver seu sorriso mais de uma vez e me lembro com perfeição de cada uma delas, o que me proporcionou um sentimento o mais próximo da felicidade em todo o dia.
Apesar deste ter sido um dia normal acho importante escrever aqui cada uma das minhas atitudes significantes para uma análise posterior. Para ser sincero, estou escrevendo tudo o que se passa aqui apenas para não acabar enlouquecendo. Estava muito afetado com tudo que estava acontecendo. O sono, o cansaço e a dúvida da minha sanidade me deixaram num estado quase irracional. Naquele dia estava agindo muito mais por instinto do que pela razão, estou certo de que isso contribuiu em muito para as coisas que eu disse e fiz logo depois, eu próprio me assustei com as atitudes que tive porém me senti muito melhor depois do que desabafei. Estava de pé ao lado do portão de entrada do lugar onde ficamos na escola durante os intervalos entre as aulas. Permaneci encostado no parente da porta pensando no que faria e esperando o tempo passar. Vi Marina se aproximando de mim, provavelmente estava passando por aquela porta para ir até o banheiro ou apenas para voltar para sua sala, fechei meus olhos devido ao cansaço e quando menos esperava meus pensamentos se materializaram em palavras: -Se não bastasse ser linda ainda usa esse perfume maravilhoso. Depois não querem que eu me apaixone. Abri meus olhos assustado e rezando para não ter dito aquilo alto, não estava preparado para receber um fora dela, não com tanta coisa estranha acontecendo. Quando olhei para ela, vi seu olhar na minha direção, um sorriso de surpresa mas alegre e cheia de curiosidade ela me perguntou: -Você falou comigo? -Perdão, é que eu pensei alto... -Acho que isso eu percebi sozinha. O que eu quero saber é se estava pensando em mim quando você falou. Ela era muito direta e isso me deixou ainda mais assustado. Não sabia muito bem o que responder, assim como não sabia qual ia ser a reação dela. Eu não a conheço muito bem porém sei que não é uma pessoa muito previsível. Como qualquer pessoa na minha situação fiquei sem saber o que fazer, o medo de que uma ação minha provocasse uma reação negativa quase me fez desistir daquela conversa mas não teria outra chance, o que me restou foi tentar ser o mais sincero possível: -Pra falar a verdade eu tava sim.- Na minha face tinha um pequeno sorriso, que não escondia a vergonha e o medo que sentia, nem a minha surpresa com as palavras que saíam de meus lábios. -Outra coisa. Quem é que não quer que você se apaixone por mim?- Ela era direta e também vi que prestou atenção em cada palavra minha. Pensei que não conseguiria sair de lá sem declarar tudo o que sentia por ela mas a conversa foi interrompida: -Qualquer um que goste dele, saiba que não estamos num conto de fadas e se lembre de que na vida real se a princesa beijar o sapo ele não vai virar um príncipe.- Nando apareceu por trás dela dizendo isso e a abraçou com força, pelo jeito eu tinha pensado mais alto do que eu podia imaginar. -Num fala assim com ele Nando, ele só tava sendo bonzinho comigo.- Disse a garota. -Vamo embora então pra eu ser bonzinho do jeito que você gosta Mari. E você seu Nerd, fica longe da minha mina senão eu acabo com a sua cara.- Ele falou com o dedo indicador em riste quase na minha cara. -Pode tentar a sorte quando você quiser. Não tenho medo de você.- Fiquei fora de mim com tudo que aconteceu e com muita raiva acabei respondendo à ameaça dele mas quando ele estava se desvencilhando da namorada para me atacar ela o impediu. -Não vai brigar aqui no colégio. Vem comigo.- Ela disse acabando com a discussão e evitando a briga, olhando para o Nando sem o sorriso no rosto e com um olhar de desaprovação. Depois daquilo não vi nenhum dos dois durante o resto do dia. Esperei pelo final do intervalo sentado em uma cadeira, perto da cantina, com as mãos sobre o rosto pensando sobre o que eu tinha dito, como toda aquela situação estava me afetando e em como a proximidade da morte acaba modificando as pessoas. Quando o sinal tocou eu me levantei e fui até a sala onde ficam os computadores do colégio. Esperei pelo final da aula que estava sendo dada à uma outra classe e depois fui até o computador onde estava o texto estranho que apareceu da outra vez. Procurei de todas as maneiras e não encontrei absolutamente nada. Quando estava quase desistindo e o sono me derrubava vi na tela do pc um arquivo chamado "morte" com as letras estilizadas de um modo diferente, uma caligrafia triste, melancólica de certa forma. Abri o arquivo e vi um texto com as mesmas letras que dizia o seguinte: "A Morte é muito só, mesmo tendo a companhia de toda a humanidade. Ela inveja a capacidade dos humanos de tocar e serem tocados. Ela os inveja por poderem se comunicar com facilidade e serem amados e compreendidos. Ela é muito poderosa pois se alimenta da energia das criaturas vivas que abandonam este plano de existência e usa essa energia para alterar os eventos e influenciar a vida dos humanos. Existe uma pequena possibilidade de Morte, assim como os seres humanos, se interessar por alguém sem um motivo aparente, então ela altera os eventos naturais da vida de um ser vivo de modo que ele seja prejudicado ou ajudado.
A Morte parece ter alguns aspectos humanos, porém não se sabe quais são estes aspectos. Será que a Morte pode amar ou apenas odiar? Até que ponto podem chegar os seus poderes? Como saber quais serão os planos da Morte para você ou o que ela pode fazer a uma pessoa que atrapalha os seus planos?" Depois que li isso acabei com mais perguntas que respostas. As mensagens serão de alguma coisa sobrenatural que está me perseguindo? Tudo leva a crer que sim, ou eu posso estar ficando louco, o que não deixa de ser uma ótima explicação neste caso bizarro. Voltei para casa muito confuso. O medo parece estar passando aos poucos. Acho que estou me acostumando com a situação. Passei a tarde toda tentando dormir para me recuperar pois estava quase caindo de exaustão. Á noite fui na casa do Beto onde não aconteceu nada especial mas não poderia terminar o dia sem passar para o papel o que me aconteceu hoje. Agora posso descansar mais um pouco, sem uma parte desse peso nas minhas costas.
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