Rotinas Em Neurologia - Chaves - 1ed (OCR)
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Rotinas em neurologia chaves 1ed...
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R848
Rotinas em neurologia e neurocirurgia [recurso eletrônico] / Márcia L. F. Chaves, Alessandro Finkelsztejn, Marco Antonio Stefani (orgs.), Adroaldo B. M allmann ... [et al.]. Dados eletrônicos. - Porto Alegre : Artmed, 2008. Editado também como livro impresso em 2008. ISBN 978-85-363-1864-6 1 . Neurologia. 2. Neurocirurgia. I. Chaves, Márcia Loureiro F. II. F inkelsztejn, Alessandro. III. Stefani, Marco Antonio. rv. Mallmann, Adroaldo.
CDU 616.8 Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB - 1 0/Prov-021/08
Márcia L. F. Chaves Alessandro Finkelsztejn Marco Antonio Stefani e colaboradores
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Reimpressão 2009
2008
1
© Artmed Editora S.A., 2008
Capa:
Paola Manica
Preparação de originais: Leitura final:
Taíse Simione
Juliana Thiesen Fuchs
Supervisão editorial:
,
Laura Avila de Souza
Projeto gráfico e editoração eletrônica:
TIPOS design editorial
Reservados todos os direitos de publicação, em ARTMED® EDITORA S.A. Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 Porto Alegre RS Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070 ,
língua
portuguesa, à
E proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. SÃO PAULO Av. Angélica, 1 091 - Higienópolis 01 227-100 São Paulo SP Fone (1 1 ) 3665-1 1 00 Fax (1 1 ) 3667-1 333 SAC 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL
Márcia L. F. Chaves -Professora Adjunta da Univer
Amauri Dalacorte - Neurocirurgião do Serviço de
sidade Federal do Rio Grande do Sul ( UFRGS). Chefe
Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Divina Provi
do Serviço de Neurologia do Hospital de Clínicas de
dência. Especialista em Neurocirurgia pela Socieda
Porto Alegre (HCPA). Doutora em Clínica Médica
de Brasileira de Neurocirurgia. Mestre em Medicina
pela UFRGS.
pela Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre ( PUCRS). Doutorando em Medicina pela PUCRS.
Alessandro Finkelsztejn -Médico contratado do Ser
Médico Auditor em Saúde e Consultor em Neuroci
viço de Neurologia do HCPA. Chefe do Serviço de
rurgia da Unimed/RS.
Neurologia do Hospital Divina Providência. Mestre em Epidemiologia pela UFRGS.
Ana Beatriz Zimmermann - Médica formada pela UFRGS.
Marco Antonio Stefani - Professor Adjunto da UFRGS. Neurocirurgião do HCPA. Doutor em Clínica
Analuiza Camozzato - Médica Psiquiatra. Doutora
Médica pela UFRGS.
em Ciências Médicas pela UFRGS. Pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento.
André Dalbem -Médico Neurologista. Coordenador Adroaldo B. Mallmann -Professor Adjunto da Facul
do Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hos
dade de Medicina da Universidade de Passo Fundo
pital São Lucas da PUCRS.
(UPF). Preceptor de Residência Médica em Neuro cirurgia do Hospital São Vicente de Paulo e do Insti
André Leite Gonçalves - Médico Pesquisador do
tuto de Neurologia e Neurocirurgia de Passo Fundo.
Hospital Israelita Albert Einstein. Professor do Curso
Mestre em Ciências Médicas pela UFRGS.
de Pós-Graduação em Neurologia/Neurociências da Universidade Federal de São Paulo -Escola Paulista
Alexandre da Silveira Perla - Médico Neurologista
de Medicina (UNIFESP/EPM). Professor de Neurolo
e Neurofisiologista Clínico. Coordenador do Ambula
gia da Faculdade de Medicina do ABC (FMAB C).
tório de Cefaléias do HCPA. Neurologista do Hospital São José do Complexo Hospitalar Santa Casa de Por
André Palmini-Médico Neurologista. Diretor Cientí
to Alegre. Mestre em Neurociências pela UFRGS.
fico do Programa de Cirurgia da Epilepsia do Hospital São Lucas da PUCRS. Professor Adjunto de Medicina
Alexandre Mac Donald Reis - Médico Neurocirur
Interna da PUCRS.
gião. Mestrando em Ciências Médicas pela UFRGS.
Anelise Junqueira Bohnen - Especialista em Ga Alvaro Ernani Georg - Neurocirurgião do Hospital
gueira pela Stuttering Fondation of America e
Cristo Redentor e do HCPA. Mestre em Epidemiolo
Northwestern University. Mestre em Fonoaudiologia
gia pela UFRGS.
Autores pelo Ithaca College, USA. Doutoranda em Letras pelo
Cloer Vescia Alves- Coordenador Geral de Urgência
Instituto de Letras da UFRGS. Presidente do Institu
e Emergência do Ministério da Saúde.
to Fala e Fluência.
Daniela dos Santos Marona - Chefe da Unidade de Angela Zanonato- Acadêmica do Curso de Medicina
Terapia Intensiva do HCPA. Mestranda em Enferma
da UFRGS.
gem pela UFRGS.
Antônio Carlos Huf Marrone - Professor Adjunto
Débora Feijó Villas Bôas Vieira -Professora da Esco
de Neuroanatomia do Departamento de Ciências
la de Enfermagem da UFRGS. Chefe do Serviço de
Morfológicas da UFRGS. Professor Assistente de
Enfermagem em Terapia Intensiva do HCPA. Douto
Neurologia da Faculdade de Medicina da PUCRS.
randa em Epidemiologia pela UFRGS.
,
Apio Cláudio Martins Antunes - Professor Adjunto
Débora Palma Maia -Neurologista pela Universida
da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Me
de de São Paulo (USP) -Ribeirão Preto. Mestre em
dicina da UFRGS. Chefe da Unidade de Neurocirur
Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Mi
gia do HCPA. Doutor em Neurocirurgia pela
nas Gerais (UFMG). Médica Assistente da Clínica
UNIFESP/EPM.
de Distúrbio de Movimentos da FM/UFMG. Profes sora Adjunta do Centro Universitário Newton Paiva.
Artur Schuh - Médico Residente do Serviço de Neu rologia do HCPA.
Diego Zaquera Carvalho - Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFRGS.
Ayrton Massaro -Assessor Médico do Centro de Me dicina Diagnóstica Fleury. Doutor em Neurologia pela
Eduardo Sprinz - Médico Infectologista do HCPA.
USP.
Doutor em Ciências Médicas pela UFRGS.
Bethania Gamara Ehlers -Médica Pesquisadora do
Eliseu Paglioli Neto -Professor de Neurocirurgia da
Serviço de Neurologia do HCPA.
PUCRS. Doutor em Neurociências pela PUCRS.
Bruno Scardazzi Pozzi - Oncologista Clínico.
Estela Lladó-Carbó - Médica Neurofisiologista. Fellowship em Neurofisiologia pelo Beth Israel Me
Carlos Roberto de Mello Rieder- Neurologista. Mé
dical Center.
dico do Serviço de Neurologia do HCPA. Professor do Curso de Pós-Graduação em Clínica Médica da
Fernanda Garcia da Silva -Enfermeira do HCPA.
UFRGS. Coordenador do Ambulatório de Distúrbios do Movimento do HCPA. Doutor em Neurologia pela
Fernando Antônio de Oliveira Costa- Professor Ad
Universidade de Birmingham, Inglaterra.
junto de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Católica de Pelotas (UCPEL). Chefe do Serviço de
Carolina Machado Torres - Neurologista e Neuro
Neurocirurgia do Hospital Universitário São Francis
fisiologista. Médica contratada do HCPA e do Progra
co de Paula (UCPEL). Mestre e Doutor em Neuroci•
ma de Cirurgia da PUCRS.
rurg1a.
Charles Peter Tilbery- Professor Titular de N eurolo
Fernando Jahn da Silva Abreu - Médico fom1ado
gia da Santa Casa de São Paulo. Coordenador do Cen
pela UFRGS.
tro de Atendimento e Tratamento da Esclerose Múlti pla (C ATEM).
Francisco Eduardo Costa Cardoso -Professor As sociado de Neurologia da Faculdade de Medicina da
Cigléa do Nascimento - Nutricionista Clínica do
UFMG. Coordenador do Setor de Distúrbios do Movi
HCPA. Especialista em Nutrição Clínica pelo IMEC.
mento do Hospital das Clínicas da UFMG.
Clara Belle Manfroi Galinatti- Médica graduada pela
Frederico Soares Falcetta - Acadêmico da Faculda
UFRGS.
de de Medicina da UFRGS.
Rotinas em neurologia e neurocirurgia Gilberto Schwartsmann - Professor da Faculdade
Jerusa Fumagalli de Salles - Professora Adjunta
de Medicina da UFRGS. Membro da Academia Na
do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da
cional de Medicina. Membro da Academia Sul-Rio
UFRGS. Coordenadora do Curso de Especialização
Grandense de Medicina.
em Neuropsicologia da UFRGS e do Ambulatório de Neuropsicologia do HCPA. Doutora em Psicologia
Gisele Silva de Moraes - Acadêmica da Faculdade
pela UFRGS.
de Medicina da UFRGS. Integrante do Grupo de Pes quisa do Centro de Referência em Esclerose Múltipla
Jerusa Smid -Neurologista do Grupo de Neurologia
do RS (CREEM).
Cognitiva e do Comportamento do Hospital das Clí nicas da faculdade de Medicina da Universidade de
Guilherme Loureiro Fracasso -Acadêmico da Facul
São Paulo (USP). Neurologista do Instituto de Infec
dade de Medicina da UFRGS.
tologia Emílio Ribas.
Gustavo Costa Fernandes -Acadêmico da Faculda
João Arthur Ehlers - Coordenador do Serviço de
de de Medicina da UFRGS. Monitor do Departamen
Neurologia do Sistema de Saúde Mãe de Deus. Neu
to de Medicina Interna do HCPA.
rofisiologista responsável pelos laboratórios de Neu rofisiologia Neuroevidencia do Hospital Luterano e
Gustavo Rassier lsolan -Neurocirurgião do HCPA.
Hospital Universitário (ULBRA) e Hospital Mãe de
Professor da Pós-Graduação em Cirurgia do HCPA.
Deus e Mãe de Deus Center (SSMD).
Pós-Doutor em Neurocirurgia pela University Of Ar kansas For Medical Sciences.
Jonas Alex Morales Saute -Acadêmico da Faculda de de Medicina da UFRGS. Fundador e Presidente
Helena Ferreira Moura -Médica formada pela Uni
da Liga de Neurologia de Porto Alegre
(2006-07).
versidade do Estado do Pará. Cursando Especializa ção em Psiquiatria na UFRGS.
Jorge Freitas Esteves -Professor Adjunto da Facul dade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Neu
Isabel Piazenski -Enfermeira Assistencial da Unida
ro-Oftalmologia do HCPA.
de de Terapia Intensiva do HCPA. Mestre em Neuro logia pela UFRGS.
Jorge Junqueira Bizzi - Neurocirurgião do Serviço de Radiocirurgia do Hospital Moinhos de Vento.
lsis Marques Severo -Mestranda em Enfermagem pela UFRGS. Pós-Graduada em UTI Adulto pela
José Augusto Bragatti -Neurologista e N eurofisio
ULBRA. Pós-Graduada em Planejamento Pedagógico
logista Clínico. Chefe da Unidade de Eletroencefa
pela UFRGS.
lografia e Coordenador do Ambulatório de Epilepsia do HCPA. Mestre em Clínica Médica pela UFRGS
Jaderson Costa da Costa- Professor Titular de Neu rologia da Faculdade de Medicina da PUCRS. Chefe
José Miguel Dora - Médico Residente do Serviço
do Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas da
de Endocrinologia do HCPA.
PUCRS. Diretor Médico do Programa de Cirurgia de Epilepsia do Hospital São Lucas da PUCRS. Diretor
Josep Valls-Solé - MD/PHD. Consultor Sênior do
do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS.
Departamento de Neurologia do Instituto de Neu rociências do Hospital Clinic, Barcelona.
Jairo Blumenthal -Ortesista e Protesista. Diplomado nos Estados Unidos. Diretor Clínico da Correto Clíni ca de Próteses e Órteses. Membro das Academias
Juliana Bohn Assmann - Acadêmica da Faculdade de Medicina da UFRGS.
Americana e Brasileira de Ortopedia Técnica.
Jamile Rodrigues lsoppo -Nutricionista. Especialis
Karen Renata P. Finkelsztejn -Fisioterapeuta do Ser
viço de Fisiatria do HCPA.
ta em Nutrição Clínica pela Universidade Gama Fi lho.
Laura Bannach Jardim -Professora Adjunta do De partamento de Medicina Interna da Faculdade de
Autores Medicina da UFRGS. Chefe do Laboratório de Me
Neurologia e Neurocirurgia do Hospital São Vicente
dicina Genômica do HCPA. Doutora em Clínica Médi
de Paulo. Ex-Research Fellow do Barrow Neurolo
ca pela UFRGS.
gical Institute -Phoenix/AZ. Membro da American Association of Neurological Surgeons.
Leonardo Frighetto - Neurocirurgião do Serviço de Radiocirurgia Hospital Moinhos de Vento. Ex-Fellow
Márcio Francisco Lehmann - Professor de Neuro
da Divisão de Neurocirurgia da Universidade da Cali
cirurgia no departamento de Clínica Cirúrgica da
fórnia, Los Angeles.
Universidade Estadual de Londrina (UEL). Mestran do em Medicina pela UEL.
Leonardo Vedolin -Neurorradiologista. Doutor em Medicina pela UFRGS.
Maria Alice de Mattos Pimenta Parente -Professora do Departamento de Psicologia do Desenvolvimento
Letícia Petersen Schmidt Rosita -Otorrinolaringo
da UFRGS. Doutora em Psicologia pela USP.
logista do HCPA e do Sistema de Saúde Mãe de Deus. Mestre em Cirurgia pela UFRGS. Especialização em
Maria Paz Loayza Hidalgo -Médica Psiquiatra. Pro
Otologia do HCPA.
fessora Adjunta do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS. Pesquisadora do Grupo
Lisia von Diemen - Médica Psiquiatra. Mestre em
de Pesquisa em Cronobiologia Humana do HCPA.
Psiquiatria pela UFRGS.
Doutora em Ciências Médicas pela UFRGS.
Luciana Barcellos Teixeira -Enfermeira do HCPA.
Mariana Peixoto Socai -Mestre em Ciências Médi
Enfermeira do Grupo Hospitalar Conceição. Mestre
cas pela UFRGS. Professora do Curso de Medicina
em Epidemiologia pela UFRGS.
da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).
Luciano Nogueira -Médico Neurologista. Professor
Marino Muxfeldt Bianchin - Médico Neurologista.
de Neuroanatomia e Clínica Neurológica do Adulto
Professor Adjunto do Departamento de Medicina In
da Faculdade de Fisioterapia do Instituto de Ensino
terna da UFRGS.
A
Superior de Santo Angelo.
Maria Fernando Prieto Peres -Médico Pesquisador Luis Henrique Canani - Médico Endocrinologista.
do Hospital Israelita Albert Einstein. Professor do
Professor Adjunto do Departamento de Medicina In
Curso de Pós-Graduação em Neurologia/Neurociên
terna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Doutor
cias da UNIFESP/EPM. Professor de Neurologia da
em Endocrinologia pela UFRGS.
Fundação e Faculdade de Medicina do ABC.
Luiz Carlos Porcello Marrone - Médico Residente
Newton Satoru Odashima -MD/PHD.
do Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas da PUCRS.
Nícolas Silva Lazaretti - Médico Oncologista e In ternista. Médico Oncologista do Centro Integrado
Maira Tonidandel Barbosa -Médica Especialista em
de Terapia Onco-Hematologica de Passo Fundo. Es
Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Ge
pecialização em Oncologia Clínica pelo Hospital
rontologia. Doutora em Neurologia pela Universida
Royal Marsden, Londres. Mestrando em Ciências
de de São Paulo. Pós-Doutoranda do Setor de Distúr
Médicas pela UFRGS.
bios do Movimento, Serviço da Neurologia da UFGM.
Osvaldo Massaiti Takayanagui- Professor do Depar Marcelo Krás Borges - Fisioterapeuta. Mestre em
tamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Mé
Ciências do Movimento Humano pela Escola de Edu
dica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
cação Física da UFRGS. Especialista em Fisioterapia N eurofuncional.
Patrícia de Saibro -Psiquiatra. Especialista em de pendência Química. Mestranda em Psiquiatria pela "
Marcelo U. Crusius - Neurocirurgião. Preceptor de
UFRGS. Médica do Centro de Pesquisa em Alcool e
Residência Médica em Neurocirurgia do Instituto de
Drogas do HCPA.
Rotinas em neurologia e neurocirurgia Paulo Caramelli -Professor Adjunto e coordenador
Brasileira de Acupuntura e Associação Médica Brasi
do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comporta
leira. Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em
mento do Departamento de Clínica Médica da
Acupuntura da PUCRS. Mestre em Clínica Médica
UFGM.
pela USP. Doutora em Medicina pela PUCRS.
Paulo Petry Oppitz - Neurocirurgião do Serviço de
Roberto Rossatto - Médico Neurologista e Neuro
Radiocirurgia do Hospital Moinhos de Vento.
fisiologista Clínico. Médico Neuroemergencista.
Paulo Sérgio Crusius -Diretor e Neurocirurgião do
Recheie Paz Fonseca -Fonoaudióloga e Psicóloga.
Instituto de Neurologia e Neurocirurgia de Passo
Professora Adjunta da Faculdade de Psicologia e do
Fundo. Professor titular de Neurologia e Neuroci
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da
rurgia da UPF. Preceptor da Residência Médica em
PUCRS. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Neu
Neurocirurgia do Instituto de Neurologia e Neuro
ropsicologia Clínica e Experimental da PUCRS. Su
cirurgia de Passo Fundo.
pervisora do Ambulatório de Neuropsicologia do HCPA. Membro da Diretoria da Sociedade Brasileira
Pedro Schestatsky-Médico Neurologista e Neuro
de Neuropsicologia. Pós-Doutora em Psicologia Clíni
fisiologista. Especialista pela Academia Brasileira de
ca pela PUC-RIO.
Neurologia. Doutor em Ciências Médicas pela UFRGS.
Rodrigo Barbosa Thomaz - Médico Neurologista do Centro de Atendimento e Tratamento de Esclerose
Rafael Armando Seewald - Médico farmado pela
Múltipla (CATEM) da Santa Casa de São Paulo. Es
UFRGS.
pecialista pela Academia Brasileira de Neurologia e Associação Médica Brasileira.
Rafael do Amaral Cristovam -Acadêmico de Medici na da UFRGS. Integrante do Grupo de Pesquisa do
Rodrigo Lindenmeyer -Médico contratado do Servi
Centro de Referência em Esclerose Múltipla do RS
ço de Oftalmologia do Hospital de Clínicas de Porto
(CREEM).
Alegre. Responsável pelo Setor de Glaucoma do HCPA.
Rafael Selbach Scheffel -Médico Residente do Ser viço de Medicina Interna do HCPA.
Rosane Brondani -Médica Neurologista. Mestre em Ciências Médicas pela UFRGS.
Raquel da Silva Townsend -Médica graduada pela UFRGS.
Sady Seilamen Costa -Professor Associado do De partamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia
Renata Areza Fegyveres - Médica Neurologista.
da UFRGS. Chefe da divisão Otologia e Otoneurolo
Pesquisadora Colaboradora do Grupo de Neurologia
gia do Sistema Mãe de Deus. Diretor da Comissão
Cognitiva e do Comportamento (GNCC) e do Centro
de Educação Médica Continuada Abora -CCF.
de Referência de Distúrbios Cognitivos ( CEREDEIC) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
Sheila Cristina Ouriques Martins -Consultora do Mi
da USP. Doutoranda do Departamento de Neurologia
nistério da Saúde em AVC. Neurologista da Unidade
da Faculdade de Medicina da USP.
Vascular do HCPA e do Hospital Mãe de Deus. Dou tora em Neurologia Vascular pela UNIFESP/EPM.
Ricardo Nitrini - Professor Associado do Departa mento de Neurologia e Coordenador do Grupo de
Silvete Maria Brandão Schneider - Enfermeira do
Neurologia Cognitiva e do Comportamento e do Cen
HCPA. Habilitação em Saúde Pública.
tro de Referência em Distúrbios Cognitivos (CEREDIC) da Faculdade de Medicina da USP.
Sílvia Dornelles-Mestre em Distúrbios da Comuni cação Humana.
Roberta Riga Dalacorte - Preceptora da residência Médica de Geriatria do Hospital São Lucas da PUCRS.
Simone Rizzo Nique Peralles -Professora do Curso
Especialista em Acupuntura pela Sociedade Médica
de Fisioterapia do Centro Universitário Metodista
Autores IPA. Mestre em Pediatria pela UFRGS. Especialista
Valéria Santoro Bahia -Membro do Grupo de Neu
em Fisioterapia N eurofuncional.
rologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da USP. Doutora em Medicina pela Fa
Sônia Maria Dozzi Brucki -Pesquisadora do Centro
culdade de Medicina da USP.
Paulista de Neuropsicologia -UNIFESP/EPM. Mem bro do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Compor
Vitor Félix Torres -Médico Neurologista e Neurofi
tamento da Faculdade de Medicina da USP. Respon
siopatologista Clínico. Médico Contratado do Grupo
sável pelo Ambulatório de Neurologia Cognitiva do
Hospitalar Conceição. Mestrando em Ciências Médi
Hospital Santa Marcelina. Doutora em Medicina pela
cas pela UFRGS.
UNIFESP/EPM.
Victor Mascarenhas de Andrade Souza - Médico Suzana Veiga Schõnwald - Neurologista, traba
Neurologista do Hospital São Lucas da PUCRS.
lhando no laboratório do sono do HCPA. Thomas Jefferson University; Fellow do American College
Vívian Fontana -Acadêmica de Medicina da UFRGS.
of Physician.
Wolnei Caumo - Médico Anestesiologista. Especia Telmo Tonetto Reis -Médico do Serviço de Neurolo
lista em Tratamento de Dor pela UFRGS e pela AMB.
gia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento.
Professor Adjunto do Departamento Farmacologia
Membro Titular da Academia Brasielira de Neuroci
do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRGS.
rurgia. Membro Titular da Sociedade Brasileira de
Professor do Serviço de Anestesiologia e Medicina
Neurocirurgia. Membro da American Academy of
Perioperatória do HCPA.
Neurology.
,
1
re ac 1 0
A união do
método clínico às ferramentas da me dicina baseada em evidências permite um proces so diagnóstico mais abrangente e atualizado em qualquer especialidade. A aplicação dessa junção na prática da neurologia contribui para tomá-la uma especialidade dinâmica e mais simples de ser seguida. Este livro foi estruturado de acordo com essa filosofia. Cada capítulo foi escrito se guindo um roteiro de uso e indicação de evidên cias, objetivando um resultado que expresse o mo vimento internacional que procuramos seguir. Uma grande parte dos autores, bem como os or-
ganizadores, são membros do Serviço de N eurolo gia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, repre sentantes de uma instituição universitária que tem como missão formar profissionais de excelên cia. Além desses autores, contamos com diversos outros importantes representantes de diferentes escolas de nosso Estado e do País. Esperamos que este livro atenda às expectativas dos leitores e seja de auxílio no manejo diário dos pacientes, mos trando a importância do trabalho feito em equipe, de forma multidisciplinar e com base em evidênc1as. •
Os organizadores
,
1
___.. u m a r 1 0
Parte 1 Di ag nóstic o e m neu r ologia
1
Raciocínio diagnóstico em neurologia
__,)
8
AVC isquêmico / 97 Sheila Cristina Ouriques Martins Rosane Brondani
/ 19 9
Márcia L . F. Chaves
AVC hemorrágico
/ 112
Rosane Brondani
2
Tomografia computadorizada e ressonância magnética
Sheila Cristina Ouriques Martins
/ 27
Gisele Silva de Moraes
Leonardo Vedolin
10 3
Líquido cerebrospinal
/ 37
Newton Satoru Odashima
Cefaléias: diagnóstico diferencial
/ 128
Alexandre da Silveira Perla
Osvaldo Massaiti Takayanagui
11 4
Eletrencefalografia
/ 51
Eletroneuromiografia
/ 144
Mario Fernando Prieto Peres
José Augusto Bragatti
5
Cefaléias: tratamento André Leite Gonçalves
/ 68
12
Pedro Schestatsky
Demência
/ 157
Márcia L . F. Chaves
Artur Schuh
13
Josep Valls-Solé
6
Potenciais evocados
/ 83
Demência de Alzheimer, vascular e mista / 184 Renata Areza Fegyveres
João Arthur Ehlers
Paulo Caramelli
Vitor Félix Torres
14
Bethania Camara Ehlers
Outras demências / 204 Ricardo Nitrini Sônia Maria Dozzi Brucki
Parte 2 P atologi a s neu r ológic a s
7
Doença cerebrovascular / 93
Valéria Santoro Bahia
__,)
Jerusa Smid
15
Avaliação neuropsicológica
Sheila Cristina Ouriques Martins
nas doenças neurológicas / 218
Rafael Armando Seewald
Maria Alice de Mattos Pimenta Parente
Rosane Brondani
Jerusa Fumagalli de Salles
Cloer Vescia Alves
Rochele Paz Fonseca
Sumário 16
17
Distúrbios do movimento/ 230
26
Ataxias hereditárias/ 363
Carlos Roberto de Mello Rieder
Jonas Alex Morales Saute
Raquel da Silva Townsend
Laura Bannach Jardim
Tremor: diagnóstico diferencial/ 244
27
André Dalbem
Polineuropatias/ 381 Pedro Schestatsky Angela Zanonato
18
Doença de Parkinson
Estela Lladó-Carbó
e parkinsonismo/ 254 Maira Tonidandel Barbosa
28
Miopatias e distúrbios da
Débora Palma Maia
junção neuromuscular/ 392
Francisco Eduardo Costa Cardoso
Vitor Félix Torres João Arthur Ehlers
19
Epilepsia: mecanismos e classificação clínica / 277
29
Insônia/ 400
André Palmini
Analuiza Camozatto
Angela Zanonato
Wolnei Caumo Maria Paz Loayza Hidalgo
20
Epilepsias generalizadas / 293 Victor Mascarenhas de Andrade Souza
30
Distúrbios do sono/ 41 O
Jonas Alex Morales Saute
Suzana Schõnwald
Jaderson Costa da Costa
Raquel da Silva Towsend Diego Zachera Carvalho
21
Epilepsias focais/ 309 José Augusto Bragatti
31
,
Alcool e sistema nervoso central/ 427
Gisele Silva de Moraes
Lisia von Diemen
Rafael do Amaral Cristovam
Helena Ferreira Moura
Marino Muxfeldt Bianchin
Patrícia de Saibro
Juliana Bohn Assmann
22
Tratamento cirúrgico das epilepsias/ 324
32 O diabete e seus efeitos no sistema nervoso central/ 443
Gustavo Rassier lsolan
Rafael Selbach Scheffel
Marino Muxfeldt Bianchin
José Miguel Dora
José Augusto Bragatti
Luis Henrique Canani
Carolina Machado Torres Frederico Soares Falcetta
33
Vívian Fontana
Distúrbios neurológicos e a infecção pelo HIV/ 455 Eduardo Sprinz
23
Infecções do sistema nervoso central/ 334
Clara Belle Manfroi Galinatti
Osvaldo Massaiti Takayanagui
Fernando Jahn da Silva Abreu
Newton Satoru Odashima
34 24
25
Diagnóstico diferencial das
Síndromes neurológicas paraneoplásicas / 4 70
doenças desmielinizantes do adulto/ 346
Ana Beatriz Zimmermann
Rodrigo Barbosa Thomaz
Bruno Scardazzi Pozzi
Charles Peter T ilbery
Gilberto Schwartsmann
Esclerose múltipla/ 351 Alessandro Finkelsztejn
Nícolas Silva Lazaretti
35
Neurite óptica/ 477 Jorge Freitas Esteves Rodrigo Lindenmeyer
Rotinas em neurologia e neurocirurgia 36
Vertigens J 480
44
Doença degenerativa da coluna
Sady Selaimen da Costa
Amauri Dalacorte
Letícia Petersen Schmidt Rosita
Roberta Rigo Dalacorte
J 597
Rafael do Amaral Cristovam
45
Sílvia Dornelles
37
Rotinas em morte encefálica e avaliação dos quadros de coma J 503
Tratamento intensivo do paciente com AVC isquêmico agudo J 612 Ayrton Massaro
46
Roberto Rossatto
Aneurismas cerebrais e hemorragia subaracnóidea J 623
Gustavo Costa Fernandes
Marco Antonio Stefani
Márcia L. F. Chaves
Antônio Carlos Huf Marrone Luiz Carlos Porcello Marrone
Parte 3
P ato l ogia_n _ _ _ _ _ _ _ _ _ se _
38
Márcio Francisco Lehmann
' i u_ r_ o_ c_iru s_ _ __ _ _ r_ g_ c_ a ___
�
Traumatismo craniencefálico
J 523
Rafael Armando Seewald
47
Marco Antonio Stefani
Malformações vasculares cerebrais: diagnóstico e tratamento J 634
Antônio Carlos Huf Marrone
Marco Antonio Stefani
Luiz Carlos Porcello Marrone
Márcio Francisco Lehmann Guilherme Loureiro Fracasso
39
Traumatismo raquimedular J 535
48
Alvaro Ernani Georg
Hidrocefalia J 643 Jorge Junqueira Bizzi
40
Diagnóstico diferencial dos tumores do sistema nervoso central J 544
49
Neurocirurgia funcional
Gustavo Rassier lsolan
Alexandre Mac Donald Reis
Fernando Antônio de Oliveira Costa
Telmo Tonetto Reis
J 660
Rafael do Amaral Cristovam
50
Marco Antonio Stefani
41
e radioterapia estereotáxica fracionada J 668
Tratamento dos tumores cerebrais supratentoriais
Radiocirurgia estereotáxica
J 557
Jorge Junqueira Bizzi
Gustavo Rassier lsolan
Leonardo Frighetto
Eliseu Paglioli Neto
Paulo Petry Oppitz
Frederico Soares Falcetta Gilberto Schwartsmann
42
Tratamento dos tumores cerebrais da base do crânio e dos tumores infratentoriais J 571
43
Parte 4
A te n d ime nt o m u ltid isc ip lina r _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
51
_
Ápio Cláudio Martins Antunes
Rotinas de enfermagem no AVC agudo J 681
Gustavo Rassier lsolan
Fernanda Garcia da Silva
Frederico Soares Falcetta
Silvete Maria Brandão Schneider
Tumores raquimedulares
J 589
52
Paulo Sérgio Crusius
Cuidados de enfermagem no pós-operatório de neurocirurgia
Adroaldo B . Mallmann
Isabel Piazenski
Marcelo U. Crusius
Débora Feijó Villas Bôas Vieira lsis Marques Severo Daniela dos Santos Marona
�
_
___
J 689
Sumário 53
Cuidados de enfermagem no
58
pós-operatório de cirurgia carotídea / 708
Órteses/ 768 Jairo Blumenthal
Débora Feijó Villas Bôas Vieira
59
Isabel Piazenski
Manejo nutricional em doenças neurológicas / 779
Daniela dos Santos Marona
Cigléa do Nascimento
lsis Marques Severo
Gisele Silva de Moraes
54
Reabilitação no AVC agudo / 718
Jamile Rodrigues lsoppo
Simone Rizzo Nique Peralles
Apêndice
Marcelo Krás Borges
Escalas em neurologia/
55
811
Reabilitação nas lesões medulares / 728
Alessandro Finkelsztejn
Marcelo Krás Borges
Marco Antonio Stefani
Simone Rizzo Nique Peralles
Rafael do Amaral Cristovam Gisele Silva de Moraes
56
Fonoaudiologia nas doenças neurológicas/ Anelise Junqueira Bohnen
57
Dor neuropática / 757
Luciana Barcellos Teixeira
740
Silvete Brandão Schneider Mariana Peixoto Socai Karen Renata P. Finkelsztejn Luciano Nogueira
Pedro Schestatsky João Arthur Ehlers Bethania Camara Ehlers
Índice/ 851
parte 1 .......
1
....- 1a
,
1
nos 1co e 1
neuro o....._. 1a
capítulo 1 1
,
1
ac 1 o c 1 n 1 0
1
1a
,
1
n os 1 co 1
e m n e u ro 0�1 a Márcia L . F. Chaves
Aplicando neurologia baseada em evidência A neurologia ainda é considerada uma especiali dade médica difícil e complicada. Há muitos desa fios que facilmente desencorajam os estudantes que se deparam com a clínica neurológica pela primeira vez. Não é difícil compreender o que faz os acadêmicos perceberem as características do currículo médico e das condições do ensino como desafios, pois, depois do rápido e compactado con tato com as disciplinas básicas (neuroquímica, neurofisiologia, neuroanatomia e neuropatolo gia), geralmente sentem-se intimidados pela com plexidade do sistema nervoso. A partir desse mo mento, são expostos a rituais compostos de inú meras e elaboradas manobras, as quais tentarão aplicar aos pacientes com o objetivo de desenca dear sinais cujos nomes muitas vezes são difíceis até de pronunciar. Todos esses rituais acabam re forçando, de fato, a concepção de que em neurolo gia há uma combinação excepcional de processos extremamente intelectuais aos quais o diagnóstico deve atender. Além disso, os alunos não têm expe riência com os diferentes exames que são usados no diagnóstico neurológico, como a punção lom bar e o exame do líquido cerebrospinal ou o ele trencefalograma, a eletromiografia, os potenciais evocados, a arteriografia e os demais exames de imagem. Ao mesmo tempo, não sabem como in-
terpretar os resultados. A maioria dos livros-texto apenas confirma esse temor à medida que os estu dantes encontram nesses livros uma numerosa quantidade de detalhes sobre muitas doenças ra ras do sistema nervoso, fazendo com que se per guntem: que espécie de memória prodigiosa deve ter alguém que escolhe essa especialidade? Já no Capítulo 1 do livro Princípios de Neurologia de Victor e Adams, desde edições muito anteriores (Ropper; Brown, 2008 ) , os autores se referem a todas essas dificuldades e acreditam que grande parte delas pode ser vencida pela utilização dos princípios básicos da clínica médica. Primeiro, e principalmente, é necessário conhecer o método clínico e adquirir familiaridade com seu uso. A importância do método clínico é muito gran de no estudo das doenças neurológicas, bem como em outros campos da medicina, e as diretrizes apresentadas a seguir são de aplicação universal: 1 ) a solução do problema clínico é alcançada por uma série de inferências e deduções: por meio de cada tentativa de explicar um elemento da história de uma doença ou um achado físico; e 2 ) o diag nóstico é um ato mental de integração de todas as interpretações para a seleção de uma explicação mais compatível com todos os fatos da observação clínica. O processo lógico envolvido no diagnóstico não é o mesmo para todos os pacientes com doença
Raciocínio diagnóstico em neurologia neurológica. Em algumas situações, a adesão es
lesão. Essa etapa pode ser chamada de diagnósti
trita a uma seqüência formal de raciocínio é extre
co sindrômico; •
mamente necessária, enquanto em outras a rela
Essas correlações permitem que o médico loca
o processo
ção entre os achados clínicos e o diagnóstico
lize
da doença, i.e., estime a( s)
anatômico/etiológico é tão direta que não há ne
parte(s) do sistema nervoso envolvida(s) Essa
cessidade de uma seqüência tão formal de racio
etapa pode ser chamada de diagnóstico anatômico
cínio. Por exemplo, o quadro clínico da doença de
ou
.
•
Parkinson é geralmente tão característico que a
topográfico;
A partir do diagnóstico anatômico e das infor
natureza da doença é quase óbvia. No entanto, a
mações clínicas, principalmente a respeito da
aplicação do método clínico provará consistir, na
forma de início, da evolução e do curso da doen
maioria das vezes, em uma seqüência de passos
ça, do envolvimento de outros sistemas não
(Figura •
•
1.1 ) :
neurológicos, dos antecedentes mórbidos e fa
Sintomas ou sinais são assegurados pela histó
miliares e dos achados laboratoriais, pode-se
ria e pelo exame físico, respectivamente;
deduzir o diagnóstico patológico, e, quando o me
Os sintomas físicos que são considerados rele
canismo e/ou a causa da doença podem ser de
vantes para o problema sob análise são inter
terminados, chega-se ao •
pretados em termos de fisiologia e anatomia,
diagnóstico etiológico;
Finalmente, o clínico deve avaliar o grau de
isto é, identificam-se a(s) alteração(ões) fun
incapacitação e determinar sua reversibilidade
cional(is) e a(s) estrutura(s) anatômica(s) im
(temporária ou permanente). Este
plicada(s) na doença. Geralmente, identifica
funcional é importante para o manejo da doença
se um agrupamento característico de sintomas
e para estimar o potencial de recuperação da
e sinais, constituindo uma síndrome. A formu
função.
diagnóstico
lação dos sintomas e dos sinais em termos sin
A obtenção de descrições de sintomas e sinais
drômicos é de grande auxílio na identificação de uma estimativa de
Obtenção dos dados clínicos
localização
Pela história
e
natureza
da
de farma precisa para sua correta interpretação
Interpretação dos sintomas e dos sinais em termos de fisiologia e anatomia
Fonnulaçlo sindrõmica e localização de lesão
Diagnóstico sindrômico
Dlagn6stlco anat6mlco
Pelo exame físico
•......................................................................
....................................
...
• • •
�
Etapas
•
1
... . .. . . .... . ... . . . .. . ... . . .. . .. .. .
...
Ili
li
• • •............................................................................................................
[ Figura 1 . 1 ]
...
....................................
..
Seqüência de passos necessária para a organização do raciocínio diagnóstico em neurologia.
Rotinas em neurologia e neurocirurgia em termos de função comprometida do sistema nervoso constitui obviamente uma etapa funda mental para o diagnóstico. As informações epide miológicas sobre as doenças e, principalmente, so bre a população que atendemos são extremamen te valiosas para a formulação das hipóteses diag nósticas. O raciocínio deve sempre partir das con dições que mais freqüentemente acometem aque la população em geral, para que depois se formu lem hipóteses para grupos individualizados (''de
Quadro 1 .2 EXEMPLOS DE DIAGNÓSTICOS SINDRÔ MICOS EM NEUROLOGIA Síndrome Síndrome Síndrome Síndrome Síndrome Síndrome
cognitiva convulsiva de hipertensão intracraniana meníngea motora sensitiva
risco'') para uma dada condição (p. ex., faixa etá ria, sexo, tabagismo, alcoolismo, história familiar, ,
etc.). E claro que, em uma grande parte das ocasiões, esses enfoques são utilizados simultanea•
• A
•
mente, pois, com o tempo e a exper1enc1a, tornam. se automat1cos. ,
O raciocínio clínico é focado no desenvolvimen to de uma lista de problemas e diagnósticos dife renciais específicos para cada paciente. Listas de
Quadro 1 .3
CLASSIFICAÇÃO DAS SÍNDROMES MOTORAS 1.
Piramidais Hemiplégica Paraplégica Tetraplégica Monoplégica
problemas incluem sinais e sintomas de doenças, história médica pregressa, história familiar, histó ria psicossocial e preferências do paciente em ter mos de cuidados. A produção de diagnósticos dife renciais inclui os potenciais diagnósticos para
2.
Parkinsoniana Coréica Coreoatetótica Distônica
cada sistema e para categorias de doenças usando o mnemônico VINDICATE (Quadro dros
1. 1 ). Os Qua
1.2 e 1.3 apresentam exemplos de diagnós
ticos sindrômicos e a classificação das síndromes motoras. A partir do diagnóstico cuidadosamente pro posto, em conjunto com os diagnósticos diferen
Extrapiramidais
3.
Cerebelares Atáxica
ciais relevantes, e depois de concluídas todas as
etapas, incluindo a investigação laboratorial, par
Quadro 1.1
te-se para a decisão terapêutica. Muitas vezes, os
MNEM Ô NICO "VINDICATE" PARA DIAGN ÓSTICO DIFERENCIAL DAS ETIOLOGIAS
tratamentos são sintomáticos, mas podem garan
Vasculares 1 Infecciosas N Neoplásicas D Degenerativas 1 latrogênicas C Congênitas, relcaionadas ao desenvolvimento A Auto-imunes, alérgicas T Traumáticas E Exposição ambiental, endócrinas, metabólicas, tóxicas
V
tir uma boa qualidade de vida para os pacientes, já que a evolução de um grande número de trans tornos neurológicos é lenta e de bom prognóstico funcional a curto e médio prazo. Deve-se lembrar que, além do tratamento farmacológico, há outras formas de reabilitação. A orientação ao paciente, bem como ao grupo familiar, sobre a doença e as farmas de manejá-la é fundamental, mesmo que (e até principalmente) se trate de uma enxaque ca sem aura, não-complicada e com boa resposta farmacológica. Esse é processo básico que aproximou o raciocí nio diagnóstico neurológico do método clínico e
Raciocínio diagnóstico em neurologia foi um passo fundamental para o crescimento da neurologia como especialidade clínica. No entan to, com o aumento progressivo da informação mé dica, esse recurso sozinho não é mais suficiente para o domínio adequado das ferramentas para o raciocínio diagnóstico. Quando estava na escola na Inglaterra da época da guerra, entre os marcos do currículo escolar, junto com banhos frios, matemática, repolho cozi do e longas c aminhadas no campo, estavam o la
tim e o francês. Era óbvio que latim não passava
de um exercício teórico, porque, afinal de contas, os romanos já estavam mortos. No entanto, mes mo a França sendo visível logo do outro lado do Canal, por anos ela ou foi ocupada ou era inacessí vel, assim aprender francês parecia um exercício muito pouco prático e teórico. Era impensável pa ra mim e para meus professores que eu fosse al gum dia encontrar uma utilidade prática para este aprendizado -que francês fosse uma íngua para ser falada.
Este é um depoimento feito por Drummond Rennie, um dos editores do JAMA e também um dos co-responsáveis pela série de 25 artigos pu blicados entre 1993 e 2000, chamada The Users' Guides to the Medical Literature (2002). Naquela mes ma revista médica sobre diretrizes para a utiliza ção da literatura médica e medicina baseada em evidência (MBE), Rennie transfarmou sua expe riência na juventude em uma figura de linguagem na apresentação do livro organizado a partir destes artigos ( Guyatt; Rennie, 2002) para exemplificar a relação que muitos clínicos têm com a literatura médica. O autor define essa relação como clara mente visível, mas completamente inacessível''. E claro que a prática clínica deve estar baseada nos achados divulgados nas revistas médicas, mas também é importante reconhecer que, em poucos anos, a quantidade de infarmação médica duplica em tamanho, e progressivamente os clínicos pare cem ter menos tempo para avaliá-la. A tarefa ideal de estar atualizado com a literatura torna-se a ca da dia impraticável, especialmente se o objetivo for cobrir um grande número de revistas, fazendo uma leitura individualizada de cada volume. Como a literatura médica vem se tornando cada vez mais inacessível, ela reforça a imagem de que 11
,
pertence a outro mundo e não tem nada de útil para oferecer a um paciente em particular. A MBE, cuja origem filosófica remete à Paris da metade do século XIX e mesmo de antes, é o uso consciencioso, explícito e prudente da melhor evidência do momento na tomada de decisão so bre o cuidado de pacientes individuais. A prática da MBE constitui-se na integração da expertise clí nica individual com a melhor evidência clínica ex terna disponível de pesquisa sistemática. Expertise clínica individual quer dizer a proficiência e a capacidade de julgamento que cada clínico indivi dualmente adquire por meio de experiência e prá tica clínicas. Expertise aumentada é refletida de muitas formas, principalmente em mais diagnós ticos efetivos e eficientes, em mais identificações responsáveis e no uso humano de dilemas indivi duais dos pacientes, direitos e preferências nas to madas de decisão clínicas sobre seus cuidados. A melhor evidência clínica externa disponível, por sua vez, refere-se à pesquisa clinicamente rele vante, geralmente no campo das ciências básicas, mas especialmente no da pesquisa clínica sobre acurácia e precisão de testes diagnósticos (incluin do o exame clínico), poder de marcadores prog nósticos, eficácia e segurança terapêutica, reabili tação e regimes preventivos. Evidência clínica ex terna invalida tanto testes diagnósticos quanto tratamentos previamente aceitos e os substitui por novos, que devem ser mais poderosos, acurados, eficazes e seguros. Bons médicos utilizam tanto a expertise clínica individual quanto a melhor evi dência externa disponível, e nenhuma isoladamente é suficiente. Sem expertise clínica, a prática corre o risco de tornar-se tiranizada pela evidência externa; mesmo sendo excelente, uma evidência externa pode não ser aplicável ou pode ser inade quada a um paciente em particular. Sem a me lhor evidência externa do momento, a prática cor re o risco de tornar-se rapidamente desatualiza da, causando prejuízo aos pacientes. A prática da MBE é um processo longo e permanente, consti tuindo um aprendizado autodirigido, no qual cui dar dos pacientes cria uma necessidade de infor mação clinicamente importante sobre diagnósti co, prognóstico e terapia. Esse processo se dá por meio de 5 etapas: ( 1) converte-se essa necessida de de informação em questões respondíveis; (2) procura-se, com máxima eficiência, a melhor evi-
Rotinas em neurologia e neurocirurgia dência com a qual se responde às questões; (3) avalia-se criticamente a evidência quanto à sua validade (proximidade à verdade) e utilidade (aplicabilidade clínica); (4) integra-se essa avalia ção com expertise clínica e aplica-se isso na práti ca; e (5) avalia-se o desempenho do médico. No dia-a-dia, a melhor forma de aplicar MBE é aprender a decodificar o problema do paciente em uma questão, ou mais de uma questão, clínica que deverá ser respondida por meio das ferramen tas de acesso à literatura médica. Questões clínicas geralmente surgem na mente dos clínicos de tal maneira que encontrar respostas na literatura mé dica por si só é um desafio. Dissecar a questão em seus componentes para facilitar a localização da melhor evidência é uma habilidade fundamental na MBE. A maioria das questões pode ser dividida em tres partes: "
•
População: quem são os pacientes relevantes?
•
Intervenções ou exposições: testes diagnósti
cos, alimentos, medicações, procedimentos ci rúrgicos, etc. Quais são as estratégias de mane jo que estamos interessados em comparar, ou qual é o dano potencial com o qual nos preocu pamos? Para questões sobre terapia ou dano, devemos questionar quem é o grupo controle.
•
Desfecho: quais são as conseqüências relevan
tes para os pacientes da exposição nas quais estamos interessados? As habilidades necessárias para a prática basea da em evidência foram identificadas em 1992. Elas incluem capacidade para definir o problema de um paciente com precisão, estabelecer que infor mação é essencial para resolver o problema, con duzir uma busca eficiente na literatura, selecionar os melhores estudos relevantes, aplicar regras de evidência para determinar sua validade, extrair a mensagem clínica e aplicá-la ao problema do pa ciente. A essas capacidades, é importante adicio nar a compreensão do impacto dos valores dos pacientes sobre o balanço entre vantagens e des vantagens das opções de manejas disponíveis e a capacidade de apropriadamente envolver o pa ciente na decisão. Uma década de experiência com MBE não modificou o maior desafio da prática baseada em evidência: a limitação de tempo. Fe linnente, novas fontes para suporte aos clínicos estão disponíveis, e o ritmo de inovação é rápido. Pode-se considerar que a classificação das fontes de infarmação é acompanhada por um mecanismo mnemônico, o 4S (Tabela 1.3). Sistemas são sumários que conectam um número de sinop ses relativas ao cuidado de um problema em par-
Tabela 1.3 HIERARQUIA DAS EVID ÊNCIAS PR É-AVALIADAS (4S)
Study (estudos)
A pré-avaliação envolve selecionar somente aqueles estudos que são altamente relevantes e que são caracterizados por projetos de estudo que minimizam o viés, permitindo, assim, inferências mais fortes.
Systematic review (revisões sistemáticas)
As revisões sistemáticas fornecem aos clínicos uma visão geral de todas as evidências que tratam de uma questão clínica específica.
Synopsis (resumos estruturados)
Os resumos estruturados dos estudos individuais ou das revisões sistemáticas sintetizam os principais detalhes e resultados metodológicos necessários à aplicação das evidências ao cuidado individual do paciente.
System (sistemas)
Diretrizes práticas, vias clínicas ou resumos de livros-texto baseados em evidências fornecem ao clínico muitas das informações necessárias para orientar o cuidado individual dos pacientes.
Raciocínio diagnóstico em neurologia ticular de um paciente (p. ex., sangramento agu do do trato gastrintestinal alto) ou tipo de pa ciente (p. ex., paciente ambulatorial com diabete).
Exemplo da aplicação da medicina baseada em evidência na prática da clínica neurológica Revisão sistemática sobre repouso após punção lombar para prevenção de cefaléia Muitas vezes, aprende-se uma prática baseada em experiências pessoais cuja base de conhecimento pode estar defasada, e freqüentemente não se ve rifica se há evidência atual diferente dessa prática. É necessário aprender a obter a melhor resposta do momento às questões clínicas. Em relação à prevenção da cefaléia após punção lombar, para envio do líquido cerebrospinal para exame, para mielografia ou para qualquer outro propósito, ain da é prática comum recomendar ao paciente que faça repouso no leito após a punção. Que pergun tas têm sido levantadas sobre essa medida preventiva recentemente? Que estudos demons tram que a medida é eficiente? Há alguma com plicação por adotá-la? Os pacientes questionam sobre ela? Que dados da literatura têm sido usa dos para responder aos questionamentos? Há 1 6 ensaios clínicos randomizados (NE I) sobre repouso no leito após punção lombar (entre 1980 e 1992), e nenhuma mudança na cefaléia pós-punção foi constatada, apenas aumento da dor lombar. No entanto, cerca de 80% das unida des neurológicas no Reino Unido têm protocolos que recomendam repouso no leito após punção lombar ( Serpell et al., 1998). Apesar de existir evi dência de má-prática há mais de 15 anos, a prática do conhecimento informal ou não-baseado em evidência continua sendo adotada.
Como colocar evidência na Prática? Como fazer MBE? Em primeiro lugar, é muito importante ter noção de que uma parte das questões nunca será respon dida. Quando uma questão é respondida sem MBE, é provável que a informação não seja nem a melhor nem a mais atual. Para utilizar as ferra mentas da evidência, é necessário iniciar pela questão clínica, escrevendo o problema clínico que necessita encontrar uma resposta. Deve-se definir
a questão crítica do problema e perguntar-se mais uma vez se é possível respondê-la. Caso seja possí vel, é importante avaliar de que forma conseguiu a informação e qual é a sua origem. Independente mente da resposta à questão clínica, dá-se início a uma busca segundo os passos da MBE. Verifica se se essa questão crítica constitui a ''menor ques tão possível de ser respondida'' e se ela é relevante com relação ao problema clínico original. A seguir, busca-se a melhor evidência utilizando um site de busca de literatura médica (p. ex., MEDLINE, Best Evidence, Up to Date, Clinica! Evidence, Cochrane Library). Encontrando a evidência, deve-se fazer uma avaliação crítica desse achado. Se tal evidên cia pode ser generalizada para a realidade dos pa cientes, ela deve ser integrada à experiência clínica do médico e aos valores do paciente individual. Esses passos estão resumidos no Quadro 1.4. A seguir, é apresentado um caso clínico sobre o repouso no leito para prevenir cefaléia após pun ção lombar. •
•
Caso clínico: - Um paciente de 55 anos será submetido à punção lombar para exame do líquido cere brospinal. Os familiares estão ansiosos em relação à necessidade de repouso no leito após a punção e querem saber qual é a me lhor recomendação. - O paciente também pergunta se precisa ficar deitado na cama muitas horas após o exame, pois já ouvira falar sobre isso, mas costuma apresentar desconforto lombar depois de al gumas horas deitado, especialmente se não estiver dormindo. - Para fornecer uma orientação baseada em evidência e atender aos valores e às expecta tivas do paciente e de seus familiares, deve se recomendar o repouso no leito? A questão: - O repouso no leito previne cefaléia após pun ção lombar? População: adultos submetidos à punção lombar Indicador: repouso no leito Comparador: atividade imediata (ou ou tro tipo de intervenção) Desfecho: cefaléia pós-punção •
•
•
•
Para aplicar os passos da MBE a esse caso clíni co, primeiramente devem-se sublinhar as pala-
Rotinas em neurologia e neurocirurgia Quadro 1.4 PASSOS DA MEDICINA BASEADA EM EVID Ê NCIA
Questão clínica • • •
Escreva um problema clínico recente Qual era a questão crítica? Você conseguiu respondê-la? Como?
Busca pela informação • • • •
A •
•
• • •
• • •
•
Formular uma questão respondível Perseguir a melhor evidência Avaliar criticamente a evidência Integrar com experiência clínica e com valores do paciente
melhor evidência depende do tipo de questão Quais são os fenômenos/problemas? (OBSERVAÇÃO) Qual é a freqüência do problema? (FREQÜÊNCIA) AMOSTRA AO ACASO (ou consecutiva) Esta pessoa tem o problema? (DIAGN ÓSTICO) AMOSTRA AO ACASO (ou consecutiva) COM PADRÃO-OURO Quem terá o problema? (PROGN ÓSTICO) ESTUDO DE SEGUIMENTO OU COORTE Como se pode aliviar o problema? (INTERVENÇÃO/TERAPIA) Ensaios clínicos randomizados
vras-chave e pensar em sinônimos para elas. A seguir, seleciona-se no site do MEDLINE a opção Clinicai Queries, clicando na categoria therapy e digitando a questão. Desse modo, obtêm-se di versos artigos publicados sobre o assunto; caso isso não ocorra, deve-se modificar a questão acres centando sinônimos ou substituindo-os por ou tros sinônimos. Se o objetivo for buscar as princi pais revisões sistemáticas já publicadas, selecio na-se a opção Find Systematic Reviews. Em relação à questão do repouso no leito para prevenir cefa léia pós-punção, apesar de, há muito tempo, ela ser atribuída à mobilização precoce do paciente, há pouca evidência sobre isso. A revisão dos arti gos publicados mostra 1 6 ensaios clínicos que
avaliam repouso ou atividade imediata, seja re pouso de até oito horas, seja repouso mais pro longado (24 horas) ( NE I). As razões para a reali zação da punção lombar também são diversas, como anestesia, mielografia e diagnóstico. Ne nhum dos estudos mostrou que repouso é melhor do que atividade imediata para prevenir cefaléia pós-punção. Todas as revisões sistemáticas con cluem que não há evidência de que repouso no leito após punção lombar ou cervical seja melhor do que atividade imediata na redução da incidên cia de cefaléia (Evans et al., 2000; Sudlow; Warlow, 2002; Thoennissen et al., 2001 ). Respondendo às questões do caso clínico, a re comendação do repouso poderá ser feita apenas se forem desconsideradas todas as evidências dis poníveis, inclusive as revisões sistemáticas publi cadas no Canadian Medical Association Journal e na Cochrane Library, ambas de 2001. Para os familia res, dever-se-ia explicar que, de acordo com os dados atuais da literatura médica, o paciente, após a punção, não necessitará ficar restrito ao leito e terá o atendimento necessário se apresentar qualquer sintoma relacionado ou não à punção. E importante explicar que a ocorrência da cefaléia pós punção independe dessas medidas (ou seja, o pa ciente poderá ter cefaléia com ou sem repouso), mas está um pouco mais relacionada com o calibre da agulha utilizada no procedimento (com as mais finas, é menor a ocorrência de cefaléia) (nível de evidência I e II) (Evans et al., 2000). Para o pacien te, além de fornecer esse esclarecimento, pode-se ainda explicar que o repouso prolongado no leito, segundo as evidências atuais, aumenta as chances de piorar sintomas lombares, talvez explicando o desconforto que ele relata nessa condição. Pode se sugerir uma avaliação posterior deste problema (dependendo da intensidade, da condição em in vestigação no momento, etc.). Em resumo, não há evidência que sustente a recomendação de re pouso no leito para prevenir a cefaléia pós-punção. ,
Considerações finais A combinação do método clínico com as ferra mentas da MBE constitui o processo diagnóstico mais abrangente e atualizado em qualquer espe cialidade clínica. A aplicação da junção desses mé todos na prática da neurologia torna-a uma espe cialidade dinâmica e mais simples de ser seguida.
Raciocínio diagnóstico em neurologia Referências
Sites recomendados
Evans RW, Armon C, Frohman EM, Goodin DS. Assess
http ://clinicalevidence.bmj .com/ceweb/index.j sp
ment: prevention of post-lumbar puncture headaches: re port of the therapeutics and technology assessment sub commit tee of the american academy of neurology.
http://cochrane.bvsalud.org/cochrane/ main.php?lang =pt&lib =COC
Neurology. 2000 Oct 10;55(7) :909-14.
http://jama.ama-assn.org/
Guyatt G, Rennie D, editors. Users' guides to the medical
http://WWW.accessmedicine.com/
literature: a manual for evidence-based clinica! practice.
resourceTOC.aspx?resourceID = 54
Chicago:
AMA Press; 2002.
Ropper AH, Brown RH. Adams and Victor' s principles of neurology [on-line] . 8th ed. New York: McGraw-Hill; 2005 [capturado em 23 fev. 2008]. Disponível em: URL: http:// www.accessmedicine.com.
Serpell MG, Haldane GJ, Jamieson DR, Carson D. Pre vention of headache after lumbar puncture: questionnaire survey of neurologists and neurosurgeons in United I 250
Osso esponjoso
1 30 +- 100
Gordura
-65 +-1 0
Sangue (coagulado)
80 +-10
Plasma
27 +-2
Exsudato
> 1 8 +-2
Músculo
1 2 +-2
.
[
Figura
2.1 ]
janela óssea.
Exemplo de exame do crânio com
ritmos de reconstrução como MPR (multiplanar reconstruction), MIP ( maximum intensity projection ) e VR ( volume rendering ) são utilizados para melhor demonstração tridimensional das estruturas estu dadas (Figura 2.2). A utilização de um meio de contraste iodado injetado por via endovenosa é comum nos estudos tomográficos do encéfalo. O iodo tem elevado nú-
[
Figura
2.2 ]
Exemplos de reconstruções MIP de uma malformação arteriovenosa.
Rotinas em neurologia e neurocirurgia •
••
•
•
mero atom1co e, consequentemente, atenua s1gn1ficativamente a passagem do raio X. Seu uso visa a detectar ruptura da barreira hematencefálica (p. ex., tumor cerebral) e acentuar as diferenças entre estruturas com diferentes fluxos (p. ex., es tudo angiográfico). A impregnação pelo agente de contraste depende basicamente da dose do con traste e de fatores farmacocinéticos, como osmo lalidade e hidrofilia. O volume de contraste injeta do varia conforme o peso do paciente, a região a ser estudada e o tipo de aparelho de TC. Em um exame convencional do crânio, utiliza-se de 1 a 2 mL/kg de contraste a 1 a 8 mL/s. Com o cresci mento da técnica de ressonância magnética ( RM ), o uso de contraste no espaço subaracnóideo (mie lotomografia ou cisternografia por TC) é raramen te realizado. A descrição de um relatório de TC exige uma revisão sistemática de todas as estruturas identi ficadas no exame, como o encéfalo, a calvária, as partes moles de face e crânio, a base do crânio, as órbitas e as cavidades paranasais. A correlação clí nica e radiológica deve ser encorajada para au mentar a acurácia do método. Normalmente, des creve-se a estrutura em estudo como isodensa ou isoatenuante, hipodensa ou hipoatenuante e hi perdensa ou hiperatenuante em relação ao tecido normal adjacente. Lesões hiperdensas, por exem plo, apresentam maior densidade do que o tecido padrão ou centro da janela (Figura 2.3). A
Aplicações Com a introdução da TCMS, ocorreu um grande avanço na utilização do método em neurorradiolo gia (Rydberg et al., 2000). Em relação à RM, com a TC o tempo de exame é menor, o custo é inferior e há maior facilidade para monitorar pacientes ins táveis. Apesar do crescimento da RM, a TC perma nece como o método mais rápido e eficaz de ava liar pacientes com suspeita de hemorragia cere bral. Outra vantagem reside na detecção de calci ficações, como, por exemplo, em alguns tipos de tumores do sistema nervoso central ( SNC) (p. ex., craniofaringioma), em doenças metabólicas espe cíficas (p. ex., doença de Krabbe) ou em infecções do SNC (p. ex., toxoplasmose neonatal). Além disso, a detecção de lesões na região cortical dos ossos da calvária, como, por exemplo, em fraturas, é maior na TC. Com o surgimento da TCMS, o estudo angio gráfico por T C tornou-se uma excelente alternati va para estudo não-invasivo dos vasos intra e ex tracranianos, como, por exemplo, na detecção de aneurisma cerebral. O método também tem sido utilizado no estudo de doenças oclusivas, de mal formações vasculares e de lesões vasculares pós traumáticas. Da mesma forma, a perfusão por TC é realizada na avaliação de penumbra isquêmica e reserva funcional cerebral e no estudo hemodi nâmico dos tumores. No estudo das doenças de cabeça e pescoço, a TC é o principal exame de ima gem para avaliar doenças das cavidades parana sais (sinusopatia inflamatória, sinusite fúngica e tumores), fraturas (na órbita, no maxilar e na base do crânio), doenças do osso temporal (otosclerose, colesteatoma e displasias da orelha interna) e al gumas doenças da coluna (na avaliação de fratu ras e na análise pós-operatória de instrumentação cirúrgica).
Limitações
[
Figura
2.3 ]
Hemorragia intra-axial no hemisfério cerebelar esquerdo.
Existem alguns fatores que limitam a utilização da TC. Entre eles, destacam-se os problemas relaciona dos ao uso de contraste iodado e ao uso de radiação ionizante (Bõhn; Schild, 2006; Pannu; Wiebe; To nelli, 2006). As duas principais complicações do uso do contraste iodado na TC são a nefropatia induzida pelo contraste (NIC) e as reações de hipersensibili dade (RHs). A NIC é a terceira causa de perda de função renal aguda em ambiente hospitalar e está asso-
Tomografia computadorizada e ressonância magnética ciada a maior mortalidade, maior tempo de in ternação hospitalar e necessidade de diálise, prin cipalmente nos pacientes com fatores de risco (Quadro 2 .1). Apesar das evidências limitadas, quando o uso de TC for indispensável, medidas preventivas como suspensão de medicamentos nefrotóxicos, reposição de volume e uso de meio de contraste isosmolar devem ser estimuladas. Apesar da redução da incidência de RHs, esse tipo de complicação ainda ocorre em até 3% dos pacientes. As RHs são divididas em imediatas (menos de uma hora após a infusão) e tardias (entre uma hora e sete dias após a infusão). Conti nuam imprevisíveis em um grande número de pa cientes e podem apresentar desde quadros leves (urticária) até casos dramáticos (necrose epidér mica tóxica e óbito por choque anafilático). Apesar de não haver evidência na literatura, medicações como anti-histamínicos e corticóides são usados para prevenir as complicações. Outra preocupação é o uso de meio de contraste na gestação e na lactação. Na gestação, o uso deve ser evitado; quando for indispensável, devem ser feitas provas de função da tireóide do recém-nas cido. Como a excreção pelo leite materno é míni ma, a lactação não deve ser suspensa em mulheres que tenham utilizado meio de contraste iodado.
Quadro 2.1 FATORES DE RISCO PARA NEFROPATIA INDUZIDA PELO CONTRASTE Doença renal crônica Diabete melito
A TC é a principal fante de exposição à radiação em medicina. Como o número de exames de TC tem aumentado significativamente nos últimos anos, os efeitos da exposição repetida são particu larmente importantes em pediatria (risco de de senvolvimento de câncer relacionado à radiação) e na gestação (potencial efeito teratogênico quan do a dose ultrapassar 50 a 100 mGy). Dessa forma, estratégias para redução da dose de radiação são necessárias como controle dos parâmetros de aquisição (kVp, tempo de rotação do gantry, mi liamperagem e pitch ).
Ressonância magnética As imagens de RM estão baseadas na atividade eletromagnética do núcleo do átomo de hidrogê nio, que é o elemento mais simples e abundante do corpo humano (Reimer; Parizel; Stichnoth, 2003; Mitchell; Cohen, 2004). O próton do hidro gênio tem carga positiva e, devido ao movimento giratório deste em torno do seu próprio eixo, for ma um pequeno campo magnético (spin magnéti co). O método foi introduzido na prática clínica na década de 1980 e é considerado o exame de ima gem de escolha para o diagnóstico da maioria das doenças que afetam o SNC. Comparada com técni cas baseadas em raio X, como a TC, a RM apresen ta excelente resolução espacial e de contraste nas imagens, além de alta sensibilidade e especifici dade para o estudo morfológico e funcional do SNC. Quando empregado apropriadamente, o mé todo não tem efeitos deletérios para o organismo, podendo ser utilizado em crianças, gestantes e ou tras populações sensíveis.
Idade Hipertensão Baixo hematócrito Insuficiência cardíaca congestiva Balão intra-aórtico
Princípios A ressonância é definida como o aumento da am plitude de oscilação de um sistema exposto a uma força periódica (no caso das imagens da RM on das de radiofreqüência - ORs - emitidas pelo equi pamento). A obtenção de um sinal de RM inicia com o posicionamento do paciente em posição su pina dentro do equipamento de RM que pode ter um baixo ou um alto campo magnético (variando de 0,2 a 3,0 Tesla). Para estimular os spins magné ticos, é preciso emitir uma OR capaz de causar ''movimentação'' e ''relaxamento'' dos spins. Exis tem dois tipos de relaxamento: relaxamento lon,
,
Fração de ejeção menor do que 40% Hipotensão Fonte: adaptada de Pannu; Wiebe; Tonell, 2006.
Rotinas em neurologia e neurocirurgia gitudinal e relaxamento transversal, descritos pe las constantes de tempo T l e T2, respectivamente. Quanto mais longos o T l e o T2, mais tempo de mora o processo de relaxamento. O valor de T l e T2 depende da intensidade das interações entre os spins magnéticos e da freqüência com que essas interações estão sendo moduladas. Dessa forma, o líquido cerebrospinal, o córtex e a substância branca, por exemplo, apresentam diferentes tem pos de relaxamento. Todo esse processo é captado pelo sistema de bobinas que ficam ao redor da cabeça do paciente durante a realização do exame. A formação das imagens de RM depende de como as ORs são usadas. Combinações de diferen tes características e tempos de emissão das ORs, denominadas seqüências de pulso ( SPs), e dife rentes SPs demonstram as características de rela xamento T l e T2 dos tecidos. As imagens iniciais de todo protocolo de RM são os localizadores, SPs extremamente rápidas que auxiliam o planejamento das demais SPs. Nor malmente, são obtidas imagens nos três planos ortogonais (sagital, axial e coronal). No plano sa gital as estruturas da linha média (corpo caloso, aqueduto cerebral, quarto ventrículo e medula) devem estar simétricas. Já as imagens axiais, idealmente, são obtidas paralelamente à linha in tercomissural (unindo as comissuras anterior e posterior). As imagens coronais freqüentemente são obtidas paralelamente à superfície posterior do tronco cerebral ou ao maior eixo dos lobos tem porais. A escolha dos planos e das SPs deve ser determinada pela suspeita clínica do médico assis tente. Por exemplo, pacientes com suspeita de epi lepsia do lobo temporal devem obrigatoriamente realizar imagens coronais e axiais do hipocampo, devido à possibilidade de esclerose mesial tempo ral. Da mesma forma, pacientes com traumatismo craniencefálico devem ter imagens gradiente-eco para excluir possibilidade de dano axonal difuso. Na maioria dos exames, o uso de um agente de contraste (gadolínio) endovenoso é realizado. Sua função é diminuir os tempos de relaxamento dos tecidos com os quais entra em contato, detec tando quebra da barreira hematencefálica, por exemplo. Utilização de imagens tardias, de dupla dose de contraste e de imagens com saturação da gordura e com técnica de transferência de mag netização potencializam o realce das lesões. Assim como na TC, o relatório de um exame de RM exige uma análise sistemática de várias
estruturas localizadas no crânio, no encéfalo, na transição craniovertebral e na base do crânio e de estruturas da face, como órbitas, cavidades para nasais e fossas infratemporais. Conhecimento da história clínica e exame neurológico são funda mentais para a correta interpretação dos achados observados. A descrição de uma lesão geralmente utiliza os termos isointensa, hipointensa ou hipe rintensa, em relação ao córtex normal adjacente. Um tumor cerebral, por exemplo, freqüentemente se apresenta hipointenso em T l e hiperintenso em T2.
Aplicações A RM é realizada como método diagnóstico na maioria das doenças que afetam o SNC, incluindo doenças congênitas, infecciosas, degenerativas e vasculares e tumores (Atlas, 2002; van der Knapp; Valk, 2005). O objetivo desta seção não é revisar as características de imagem de todas as doenças do SNC, mas destacar como as SPs podem ser úteis em algumas doenças específicas. Para o estudo mais aprofundado dos sinais radiológicos das principais doenças, sugere-se leitura complemen tar em livros-textos especializados.
SP ponderada em T1 A SP T l é uma das mais robustas para demonstrar a anatomia do SNC e tecidos com componente gorduroso como os lipomas do SNC. Além disso, quando a imagem é adquirida após a infusão de gadolínio, é sensível para demonstrar lesões em atividade como neoplasias primárias e doenças in flamatórias. No estudo da epilepsia, geralmente são realizadas aquisições volumétricas T l com re formatações para o estudo anatômico do córtex e da substância branca subcortical e o diagnóstico de displasias corticais (Figura 2 .4).
SP ponderada em T2
A SP T2 é utilizada em todos os protocolos de neurorradiologia. E muito sensível para detectar aumento de água (p. ex., inflamação) nos tecidos, como, por exemplo, nas placas de esclerose múlti pla. Mais recentemente, SPs T2 adquiridas em 3D têm sido utilizadas para a demonstração anatô mica dos pares cranianos, dos condutos auditivos e das estruturas das orelhas internas (Figura 2.5). Uma SP alternativa é a STIR (short TI inversion recovery), seqüência que anula o sinal da gordura e ,
Tomografia computadorizada e ressonância magnética com as seqüências spin-eco tradicionais. Essas ca racterísticas causam significativa perda de sinal em regiões com heterogeneidade do campo mag nético, o que aumenta a sensibilidade para detec tar calcificações, produtos da degradação da he moglobina de eventos hemorrágicos prévios (he morragia hipertensiva, angiopatia amilóide e cavernoma), dano axonal pós-traumático e depó sito de material ferromagnético (Figura 2.6 ) .
SP FLAI R (fluid attenuation inversion recovery) A SP FLAIR corresponde a uma SP com contraste T2 que tem o sinal do líquido cerebrospinal anula do devido à aplicação de um pulso de radiofre qüência invertido. Dessa forma, demonstra maior contraste e conspicuidade para mostrar as lesões, principalmente no córtex e na substância branca periventricular. E extremamente sensível para detectar placas de esclerose múltipla e edema vaso gênico, para diferenciar lacunas de espaços peri vasculares dilatados e para detectar doenças no espaço subaracnóideo, como carcinomatose me níngea (Figura 2.7). Alguns artefatos podem ocor rer em FLAIR, principalmente pela pulsação li quórica na fossa posterior e pela saturação incom pleta do sinal do líquido cerebrospinal em pacientes que realizam a RM com suporte anestésico e oxigenioterapia. ,
[ Figura 2.4 ]
Displasia cortical no hemisfério cere
[ Figura 2.5 ]
Imagem sagital T2 do encéfalo.
bral direito.
tem relativa insensibilidade à heterogeneidade do campo magnético, sendo utilizada no estudo de epilepsia de lobo temporal e doenças das órbitas.
SP gradiente-eco Conceitualmente, a SP gradiente-eco utiliza um pulso de radiofreqüência com menor angulação e tempo de eco curto (25 a 30 mseg) em comparação
[ Figura 2.6 ]
Múltiplas lesões com baixo sinal em gradiente-eco (dano axonal difuso).
Rotinas em neurologia e neurocirurgia
[ Figura 2.7 ]
Lesões hiperintensas na substância branca periventricular (esclerose múltipla).
Angiorressonância magnética (angioRM) O estudo da vascularização arterial e venosa do SNC é feito pela angioRM. O método se baseia na supressão de sinal dos tecidos estacionários e na demonstração dos tecidos em movimento. Exis tem diversos métodos para sua realização, como TOF ( time ofjlight, sensível para detectar baixo flu xo), contraste de fase ( usado para determinar a direção, a velocidade e o volume do fluxo) e aquisi ção volumétrica 3D com gadolínio ( alta relação sinal-ruído e baixo tempo de exame). As técnicas mais utilizadas para avaliar os vasos intra e ex tracranianos são 3D TOF ( técnica MOT SA) e aqui sição volumétrica 3D com gadolínio, nessa ordem (Figura 2.8). Adicionalmente à análise vascular, sempre que existir a suspeita de dissecção vascu lar, deve ser feita a seqüência spin-eco T l axial com saturação de gordura para demonstrar o he matoma parietal, que pode ser negligenciado no estudo vascular isolado.
[ Figura 2.8 ]
Exemplo de angioRM dos vasos
cerebrais.
( abscesso cerebral e doença de Creutzfeldt-Jacob) e na caracterização de tumores do SNC (medulo blastoma e linfoma). No AVC, a zona isquêmica aguda se manifesta com hipersinal na difusão e hipossinal no mapa de ADC ( Figura 2.9). Uma das variantes da difusão é a tractografia por RM, em que a mensuração é feita de acordo com a orientação das fibras dos tratos do SNC: moléculas
Difusão e tractografia por RM A difusão por RM mede o movimento randômico das moléculas de água nos tecidos biológicos quando submetidas a um alto campo magnético. Essa propriedade é expressa em dois tipos de ima gens: difusão e mapa de ADC (apparent diffusion coefficient). A difusão por RM tem sido utilizada no estudo de diversas doenças do SNC, como na detecção do acidente vascular cerebral agudo (AVC), no diagnóstico de doenças infecciosas
[ Figura 2.9 ]
AVC isquêmico agudo no território da artéria cerebral média direita.
Tomografia computadorizada e ressonância magnética que se movimentam paralelamente à orientação das fibras têm movimento facilitado se compara das às moléculas que se movimentam perpendicu larmente (fenômeno de anisotropia). Essas dife renças são transfarmadas em mapas de anisotro pia ou tratos ( tractografia). Mesmo que ainda em desenvolvimento, a técnica tem sido testada na avaliação pré-operatória de tumores do SNC, trau matismo craniencefálico e doenças degenerativas (Figura 2.10).
Espectroscopia de prótons por RM (ERM) A ERM é uma ferramenta que avalia de forma não-invasiva o ambiente químico do tecido em estudo (Figura 2.12). O resultado dessa técnica é
Tractografia por RM demonstrando os tratos corticospinais.
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[ Figura 2.1 1 ]
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Perfusão por RM demonstrando dé ficit perfusional (penumbra) no território da artéria ce rebral média direita.
a criação de um gráfico no qual são demonstrados alguns metabólitos, sendo que os quatro princi pais são n-acetilaspartato (marcador neuronal), colina (marcador de síntese de membrana celu lar), mioinositol (marcador glial) e creatina (me tabolismo energético celular). A espectroscopia tem sido utilizada na investigação de tumores do SNC e de doenças infecciosas e degenerativas.
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[ Figura 2.10 ]
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Perfusão por RM A perfusão por RM é uma técnica que quantifica diferentes parâmetros hemodinâmicos, como o volume sangüíneo cerebral, o fluxo sangüíneo ce rebral e o tempo médio de trânsito do agente pa ramagnético injetado por via endovenosa. O con traste causa uma perda transitória de sinal na re gião estudada, proporcional à sua concentração. A ferramenta tem sido utilizada na avaliação da penumbra isquêmica (AVC agudo), na diferencia ção de tumores do SNC e na orientação de biópsia cerebral (Figura 2. 1 1 ).
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[ Figura 2.12 ]
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Gráfico da espectroscopia de pró
Rotinas em neurologia e neurocirurgia RM funcional A RM funcional, conceitualmente denominada BOLD imaging (blood oxygen level-dependent), avalia o efeito da deoxiemoglobina nos tecidos em pre sença ou ausência de ativação cortical. Resumida mente, na presença de um paradigma de ativação cortical, ocorre maior transfarmação de oxiemo globina em deoxiemoglobina. O inverso ocorre em situações de repouso. Essas diferenças são capta das pelo equipamento de RM (efeito BOLD) e são transformadas em mapas de ativação cortical. Atualmente, a RM funcional raramente é utilizada nos protocolos clínicos. Em centros de pesquisa, a técnica tem sido utilizada para mapeamento do córtex motor, de áreas de linguagem e de centros da memória (Figura 2 .13) .
Limitações A RM é um método de imagem considerado segu ro ( Shellock; Crues, 2004). Até este momento, não há evidência de que a exposição ao campo magné tico, a gradientes ou a pulsos de radiofreqüência determinem efeitos biológicos significativos sobre o organismo. Entretanto, objetos ferromagnéticos (derivados de ferro ou aço), como prendedor de cabelo, material de hemóstase, tubos de oxigênio ou cadeira de rodas, podem ser atraídos pelo cam-
po magnético e transformados em projéteis de alta velocidade que podem causar sérios danos para o paciente. Pacientes com implantes metálicos ferromagnéticos (p. ex., marcapasso cardíaco, des fibrilador interno, clipe ferromagnético de aneu risma e prótese coclear) têm alto risco, e a RM portanto, é geralmente contra-indicada nessas situações. Da mesma forma, existe a preocupação quanto ao exame em gestantes. Até o momento, não fo ram demonstrados efeitos biológicos significativos nos fetos quando expostos ao campo magnético ou aos pulsos de radiofreqüência. Apesar disso, existe um risco teórico relativo ao efeito sobre as células em formação no primeiro trimestre da ges tação. As recomendações atuais indicam a reali zação do exame quando a infarmação obtida for maior do que com outros métodos diagnósticos. A decisão de realizá-lo no primeiro trimestre deve ser individualizada, ponderando-se os riscos e os benefícios. O mesmo raciocínio vale para as ges tantes que trabalham no setor de RM Reações de hipersensibilidade ou nefropatia re lacionadas ao uso do gadolínio são infreqüentes quando comparadas às reações relativas ao uso de contraste iodado na TC. Evidências indicam que o uso de gadolínio na gestação ou na lactação não tem efeitos biológicos sobre o feto ou o recém nascido. Mais recentemente, um alerta do Food and Drug Administration (FDA) recomenda cau tela no uso do gadolínio em pacientes com insu ficiência renal, devido ao risco de desenvolvimen to de fibrose nefrogênica sistêmica. Para uma revi são completa das contra-indicações, ver sites espe cíficos nas referências deste trabalho. ,
.
Referências Atlas SW. Magnetic resonance imaging of the brain and spine. 3rd ed. Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins; 2002. v. l . Bõhm I, Schild HH. A practical guide to diagnose lesser-known immediate and delayed contrast media-induced adverse cutaneous reactions. Eur Radiol. 2006 Jul;l6(7): 1570-9. Jones TR, Kaplan RT, Lane B, Atlas SW, Rubin GD. Single versus multi-detector row CT of the brain: quality assessment. Radiology. 2001 Jun;2 l 9( 3 ) :750-5.
[ Figura 2.13 ]
Ativação cortical da área motora primária do hemisfério esquerdo.
Mitchell D, Cohen M. MRI principles. 2nd ed. New York: Saunders; 2004.
Tomografia computadorizada e ressonância magnética Pannu N, Wiebe N, Tonelli M. Alberta I 1 1 0 mmHg no início do tratamento
•
Procedimento cirúrgico grande nos últimos 1 4 dias
•
Infarto agudo do miocárdio nos últimos três meses
•
Cirurgia intracraniana, AVC extenso ou trauma craniano grave nos últimos três meses
•
História de hemorragia intracraniana prévia
•
Hemorragia gastrintestinal ou geniturinária nos últimos 21 dias
•
Crise convulsiva com déficit neurológico residual no pós-ictal (não causada por AVCI)
•
Punção arterial em local não compressível nos últimos sete dias
Fonte: Adams et ai., 1 997; Raffin et ai., 2006.
Rotinas em neurologia e neurocirurgia Quadro 8.2 REGIME DE TRATAMENTO DO AVCI AGUDO COM RT-PA ENDOVENOSO 1 . Transferir o paciente para a unidade de trata mento intensivo ou para a unidade de AVC 2. Iniciar a infusão de rt-PA endovenoso 0,9 mg/ kg, administrando 10% em bolo em um minuto e o restante em uma hora; não exceder a dose máxima de 90 mg 3. Não admin istrar heparina, antiagregante plaquetário ou anticoagulante oral nas primei ras 24 horas do uso do trombolítico 4. Manter o paciente em jejum por 24 horas pelo risco de hemorragia e pela eventual necessida de de intervenção cirúrgica de urgência 5. Realizar exame neurológico (escore NIHSS) a cada 1 5 minutos durante a infusão, a cada 30 minutos nas seis horas seguintes e, após esse período, a cada hora até completar 24 horas de tratamento 6 . Monitorar a pressão arterial a cada 1 5 minutos nas primeiras duas horas, a cada 30 minutos nas seis horas seguintes e, depois, a cada hora até completar 24 horas de tratamento 7. Se a pressão arterial estiver acima de 1 80/105 mmHg, iniciar metoprolol (ou esmolol) endovenoso e manter os níveis o mais próximo possível dessas cifras (manter PAS entre 1 60 e 1 80 mmHg); alternativa: nitroprussiato de sódio (0,5 mg/kg/min) 8. Monitorar a pressão a cada 1 5 minutos durante o tratamento com anti-hipertensivos; observar hipotensão
de trombolíticos recebe, na fase aguda do AVC, antiagregante plaquetário. Acido acetilsalicílico (AAS ) , na dose de 160 a 325 mg, diminui o risco de eventos cardiovasculares graves em 1 3 a cada 1 .000 pacientes tratados (Adams et al., 2007). Na impossibilidade da utilização do AAS, utiliza-se o clopidogrel ou, quando este não está disponível, a ticlopidina. O estudo CARE SS randomizou 100 pa cientes após AVCI agudo de origem carotídea para receber clopidogrel ( 300 mg no primeiro dia, se guidos de 75 mg/dia) + AAS 75 mg versus AAS 75 mg/dia. No Doppler transcraniano, a combinação determinou uma redução do risco relativo de 40% no número de pacientes com microembolização em sete dias ( Markus et al., 2005). Levando-se em consideração esses achados, em alguns centros tem sido empregada a terapia dual na fase aguda em pacientes com AVCI de origem carotídea. Pacientes com AVCI causado por embolia car díaca, trombose venosa cerebral, síndrome do trombo intraluminal e dissecção arterial extracra niana de carótidas e vertebrais são freqüente mente tratados com heparina seguida por anti coagulante oral ( Brott; Bogousslavsky, 2000). Ne nhum ensaio clínico comprovou a superioridade desse tipo de tratamento em relação ao antiagre gante plaquetário, mas existem estudos em an damento na tentativa de avaliar que tipo de AVC pode ter benefício com a anticoagulação na fase aguda. Nos casos de AVCI embólico, nos quais o risco de transformação hemorrágica é maior, o pa ciente deve ser anticoagulado com heparina, res peitando-se o melhor momento para o início e considerando-se o tamanho do AVC ( três a sete dias após o ictus em AVCs moderados, 14 dias em AVCs extensos). ,
O atendimento especializado do AVC agudo 9. Se houver qualquer suspeita de hemorragia intracraniana, suspender o rt-PA e solicitar TC de crânio com urgência, hemograma e exames de TP, K11P, plaquetas e fibrinogênio 1 O. Após as 24 horas do tratamento trombolítico, seguir o tratamento do AVC com as mesmas orientações relativas ao paciente que não rece beu trombólise, isto é, antiagregante plaquetário ou anticoagulante Fonte: Adams et ai., 2007; Raffin et ai., 2006.
A organização de centros especializados no atendi mento do AVC é uma das maneiras de melhorar o atendimento de um número maior de pacientes, com a organização de sistemas de triagem e inves tigação e com a criação de um ambiente adequado para o tratamento seguro com rt-PA. A estrutura ção de unidades de AVC, com espaço físico defini do e equipe treinada para o atendimento dos pa cientes, diminui o risco de morte em 1 7%, de morte ou dependência em 25% e de morte ou ins titucionalização em 24% ( Stroke Unit Trialists Collaboration, 2007) . E necessário tratar 18 pacientes ,
AVC isquêmico em unidades de AVC para prevenir um desfecho (NNT = l 8 ) .
Prevenção secundária Após o tratamento da fase aguda do AVC, é funda mental o tratamento preventivo ( Sacco et al., 2006). O paciente que já teve um AVC tem nove vezes mais chance de ter um novo evento.
Antiagregação plaquetária ,
E indicada para AVCis ou AITs de origem nãocardioembólica. Está associada a 28% de diminui ção de risco de novo AVC. AAS 50 a 1.300 mg/dia é eficaz para prevenir AVCI ou AIT. Altas e baixas doses têm eficácia si milar, entretanto maiores doses de aspirina apre sentam um maior risco de hemorragia gastrintes tinal. A dose recomendada é de 50 a 325 mg/dia. Ticlopidina 250 mg duas vezes ao dia diminui o risco relativo de novo evento em 2 1 % quando comparada ao AAS. Os efeitos adversos mais co muns são diarréia ( 12% ), outros sintomas gastrin testinais e rash. A freqüência de complicações he morrágicas é similar à do tratamento com aspiri na. Neutropenia ocorre em 2% dos pacientes e quase sempre é reversível com a retirada da droga. Existem relatos de púrpura trombocitopênica trombótica (PTI). Clopidogrel 75 mg/dia é tão eficaz quanto aspi rina para a prevenção do AVC. Alguns estudos su gerem uma leve superioridade do clopidogrel em pacientes diabéticos e em pacientes com AVC ou IAM prévios ( Bhatt et al., 2002; Ringleb et al., 2004). Causa mais diarréia e rash do que a aspirina, mas sintomas gastrintestinais e hemorragias são menos freqüentes. Existem raros relatos de PTT. No caso da combinação entre dipiridamol 100 mg e aspirina 25 mg, o comprimido de liberação lenta (Agrenox® ), utilizado duas vezes ao dia, re duz em 18% o risco de novo evento em relação à aspirina sozinha. Aguardam-se os resultados do estudo PROFESS, ainda este ano, para definir a segurança do seu uso em pacientes com cardio patia isquêmica. O efeito adverso mais importante é a cefaléia, que muitas vezes impossibilita o seu uso. Não há aumento do risco de complicações hemorrágicas. Essa formulação ainda não existe no Brasil. A combinação de clopidogrel 75 mg e aspirina 75 mg/dia foi comparada com clopidogrel 75 mg
no estudo MATCH, que randomizou 7.599 pacien tes de alto risco cardiovascular com AVCI ou AIT recentes (Diener et al., 2004). Não houve diferença na redução de risco de eventos vasculares maiores, e houve um aumento absoluto de 1,3% no risco de sangramento grave com o tratamento combi nado. A maioria dos pacientes recebe aspirina como primeira escolha (NE I, GRA), por ser mais barata, o que facilita a adesão ao tratamento. Clopidogrel ou combinação de dipiridamol e aspirina são op ções aceitáveis como tratamento inicial (NE II, GR A), pois, apesar do custo maior, têm uma pe quena redução de eventos em relação à aspirina. Para pacientes intolerantes à aspirina, clopidogrel é a melhor opção ( NE II, GR B). No Brasil, devido ao custo do clopidogrel, a ticlopidina também po de ser usada nessa situação. O uso da combinação de clopidogrel e aspirina pós-AVC aumenta o risco de hemorragia com o uso continuado, e não é roti neiramente recomendado ( NE III ). Para pacientes que têm um AVCI usando aspirina, não há evidên cia de que aumentar a dose da aspirina aumente o benefício. Deve-se considerar, nesse caso, a troca de antiagregante plaquetário.
Tratamento para hipertensão Tratamento anti-hipertensivo está indicado para prevenção secundária do AVC após a fase aguda (NE I, GR A) ( Sacco et al., 2006 ) . O nível-alvo de pressão arterial é definido como menos de 120/ 80 mmHg (NE II, GR B ) ( Chobanian et al., 2003 ) . A melhor droga ainda permanece incerta, mas a recomendação é o uso de diuréticos ou a combina ção de diuréticos e inibidores da enzima conver sora de angiotensina (NE I, GR A).
Tratamento para diabete Pacientes com diabete devem ter um controle rigo roso de pressão arterial e lipídeos ( NE II, GR B ) . São recomendados como primeira escolha os ini bidores da enzima conversora de angiotensina e os bloqueadores do receptor da angiotensina (mais efetivos em reduzir a progressão da doença renal) ( Sacco et al., 2006 ) . A glicemia deve ser normal ou próxima do normal para diminuir as complicações microvasculares (NE I, GRA) e, pos sivelmente, as complicações macrovasculares (NE II, GR B ) . O controle da glicemia deve atingir o alvo de hemoglobina glicosilada menor ou igual a 7%.
Rotinas em neurologia e neurocirurgia Controle de lipídeos Pacientes com AVCI ou AIT com hipercolestero lemia têm indicação de utilizar estatina com o ob jetivo de reduzir o LDL colesterol para menos de 100 mg/dL. Pacientes com alto risco vascular de vem manter o LDL menor do que 70 mg/dL (pa cientes com doença cardiovascular estabelecida associada a múltiplos fatores de risco maiores, es pecialmente diabete; fatores de risco graves e mal controlados, incluindo fumo; múltiplos fatores de risco de síndrome metabólica, principalmente tri glicerídeos superiores a 200 mg/dL e HDL inferior a 40 mg/dL; pacientes com síndrome coronariana aguda; e pacientes com estenose carotídea) . Pacientes com AVCI ou AIT de origem presu mivelmente aterotrombótica devem usar estatina, mesmo que apresentem o colesterol normal. Pa cientes com HDL baixo são candidatos a trata mento com niacina ou genfibrozil.
Modificação dos hábitos de vida ,
E fundamental a modificação do estilo de vida para diminuir o risco de doenças vasculares. E recomendado parar de fumar, diminuir a ingestão de sal e aumentar o consumo de potássio ( NE I, GRA), diminuir a ingestão de gorduras saturadas e aumentar a ingestão de frutas e vegetais ( NE I, GR A), fazer atividade física por pelo menos 30 . . . mmutos no mrrumo tres vezes por semana e evitar excesso de álcool (homens podem consumir dois drinks por dia, e mulheres não-grávidas, um drink) . ,
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Referências Adams HP Jr, del Zoppo G, Alberts MJ, Bhatt DL, Brass L, Furlan A, et al. Guidelines for the early management of adults with ischemic stroke: a guideline from the American Heart Association/American Stroke Association Stroke Council, Clinical Cardiology Council, Cardiovascular Ra diology and Intervention Council, and the Atherosclerotic
Tratamento para fibrilação atrial
Peripheral Vascular Disease and Quality of Care Outcomes
Pacientes com fibrilação atrial e AVC têm indica ção de uso de anticoagulante oral, com INR-alvo entre dois e três. Não se deve anticoagular na fase aguda.
in Research Interdisciplinary Working Groups: the American Academy of Neurology affirms the value of this guideline as an educational tool for neurologists. Stroke. 2007 May;38 ( 5 ) : 1655-71 1 . Erra tum in: Stroke. 2007 Jun; 38( 6) :e38. Stroke. 2007 Sep;38( 9) :e96.
Tratamento para estenose carotídea Em pacientes com AVCI ou AIT nos últimos seis meses e estenose carotídea ipsilateral superior ou igual a 70%, está indicada endarterectomia caro tídea, de preferência dentro de duas semanas do evento (NE I, GR A). Em estenose carotídea ipsi lateral moderada (50 a 69%), é recomendada en darterectomia dependendo das características dos pacientes: idade (maiores de 75 anos têm maior benefício), sexo (homem tem efeito protetor mai or), co-morbidades e severidade dos sintomas ( sintomas hemisféricos têm maior benefício com a cirurgia do que quadros de amaurose fugaz) ( NE I, GR A). Não há indicação de endarterectomia em estenose inferior a 50% ( Sacco et al., 2006 ) . Angioplastia com stent pode ser considerada ( NE II, GR B ) quando realizada por médicos experien tes, alcançando morbimortalidade de 4 a 6% em pacientes com estenose superior ou igual a 70% difícil de acessar cirurgicamente, em pacientes com condições médicas que aumentariam muito . . . . o risco crrurgico em pacientes com estenose carotídea pós-radiação ou reestenose pós-endarterec tomia. "
Albers GW Diffusion-weighted MRI for evaluation of acute stroke. Neurology. 1 998 Sep; 5 1 ( 3 Suppl 3 ) : S47-9. Albers GW, Clark WM, Madden KP, Hamilton SA. ATLANTIS trial: results for patients treated within 3 hours of stroke onset. Alteplase Thrombolysis for Acute Noninterventional Therapy in Ischemic Stroke. Stroke. 2002 Feb;33( 2) :493-5. Bamford J, Sandercock P, Dennis M, Burn J, Warlow C. Classification and natural history of clinically identifiable subtypes of cerebral infarction. Lancet. 1 9 9 1 Jun 22;337(8756):1521-6. Bhatt DL, Marso SP, Hirsch AT, Ringleb PA, Hacke W, Topol EJ. Amplified benefit of clopidogrel versus aspirin in patients with diabetes mellitus. Am J Cardiol. 2002 Sep 15;90( 6) :625-8. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Sistemas de informação sobre mortali dade (sim) e nascidos vivos ( SINASC). Brasília: Ministé rio da Saúde; 2005. Brott T, Bogousslavsky J. Treatment of acute ischemic stroke. N Engl J Med. 2000 Sep 7;343( 10) :710-22.
AVC isquêmico Chapman I 65
4,6
3
1 ,2
0,4
Folstein et ai., 1 991 Fratiglioni; Grut; Forsell, 1 991
Baltimore, MD, EUA Estocolmo, Suécia
DSM-111 DSM-111 R, Hachinski (1 975)
> 65 > 75
4,5 1 1 ,9
2 6
Heyman et ai., 1 991
Carolina do Norte, EUA
DSM-111, NINCDS
> 65
3,05
-
Bachman et ai., 1 992
Framingham, MA, EUA
Cummings and Benson
> 65
4, 1
2,3
Copeland et ai., 1 992
Liverpool, Inglaterra
Geriatric Mental Scale
> 65
4,3
Ueda et ai., 1 992
Hisayama, Japão
DSM-111, Karasawa (1 987), Hachinski (1 975)
> 65
6,7
CSHA, 1 994 Park et ai., 1 994 [ Continua ]
Canadá Coréia
DSM-111 R, NINCDS, CID-10 DSM-111 R, Hachinski (1 975)
> 65 > 65
8 1 0,8
2 3 -
0 ,4
0,5 2,9 -
1 ,4
3,3
0 ,7
0,3
1 ,7
3,8
1 ,2
5, 1 6,5
1 ,5 1 ,3
1 ,4 3
1
1 1 1 1 1 1 1 1
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O)
p
Tabela 12.1
(continuação)
ESTUDOS DE PREVALÊ NCIA DE DEM ÊNCIA
Fonte dos dados
Local
Definição de demência
Idade (anos)
Taxa global DA
DV
Outra causa
(%)
(%)
(%)
(%)
Manubens et ai., 1 995
Pamplona, Espanha
CAMDEX
72-74 75-79 80-84 85-89 90-91
6,3 1 1 ,8 1 7,3 25,6 34,7
0,6 8,2 1 0,6 1 7,8 25
3 1 ,9 2,2 0,9 6, 1
2,7 1 ,7 4,5 6,9 3,6
Graves et ai., 1 996
Estado de Washington, EUA
DSM Ili R, NINCDS
> 65
6,3
3,5
1 ,4
1 ,4
Perkins et ai., 1 997
Houston, Texas, EUA
NINCDS, Hachinski (1 975)
60-80 60-80 60-80 60-80
1 ,85 1 ,26 4,8 4,75
Herrera et ai., 2002
São Paulo, Brasil
> 65
7, 1
CSHA, Canadian Study of Health and Aging; CAMDEX, Cambridge Examination for Mental Disorders in the Elderly; DSM, Diagnostic and Statistical Manual of Menta./ Disorders; NINCDS, National lnstitute of Neurologica and Communicative Disorders and Stroke.
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Rotinas em neurologia e neurocirurgia Etiopatogenia e fisiopatologia As investigações neuroquímicas e neurobiológicas levaram ao avanço na compreensão das causas das demências. Os estudos realizados com ima gem funcional permitiram a identificação de pos síveis biomarcadores, a partir dos quais uma gama de potenciais abordagens de tratamentos surgiu, enfocando aumento da função neurotransmisso ra, intervenções no nível da produção e do depósi to amilóide e redução dos fatores de risco secundá rios, como hipertensão, depressão e hipolipidemia. A DA está associada com lesão e morte neuro nal difusa, com achados patológicos caracteriza dos por placas senis e enovelados neurofibrilares. A etiologia da DA permanece indefinida, embora progresso considerável tenha sido feito na com preensão de seus mecanismos bioquímicos e gené ticos. Suas alterações neuropatológicas e bioquí micas podem ser divididas em dois tipos gerais: modificações estruturais e alterações de neuro transmissores (ou de sistemas neurotransmisso res ) . As modificações estruturais incluem enovela dos neurofibrilares, placas neuríticas e alterações do metabolismo amilóide, bem como perdas si nápticas e morte neuronal. O declínio cognitivo é acompanhado do surgimento dessas lesões, que se caracterizam pelo depósito fibrilar extracelular de polipeptídeos derivados de glicoproteínas de nominadas �-APP ( �-amyloid precursor protein, pro teína precursora �- amilóide) e por enovelados fi lamentosos intraneuronais formados por proteí nas tau em um arranjo denominado PHF (paired helicalfilaments, ou seja, filamentos helicoidais pa reados ) . Os depósitos amilóides são distribuídos principalmente nas paredes dos vasos cerebrais, nas placas neuríticas e nas lesões difusas nos gân glios da base e no cerebelo. Nas placas neuríticas típicas, encontram-se processos neuronais (com PHF), processos astrocíticos e microglia. As �-APP têm origem em um gene do cromossomo 2 1, mas o envolvimento de outros cromossomos também tem sido investigado. Nos cromossomos 1 e 14, há genes de proteínas envolvidas no processamento das �-APP e, no 19, estão genes das apolipopro teínas E, que interagem com as proteínas tau na gênese dos PHF ( Cummings et al., 1998). A teoria da cascata �- amilóide para a patogênese da demên cia causada por DA ainda predomina, mas outros possíveis eventos menos prováveis estão sendo ex plorados. O alelo e4 do gene da apolipoproteína E é aproximadamente três vezes mais freqüente nas
pessoas com DA do que nos controles pareados por idade, e pessoas homozigotas para o gene apresen tam maior risco para a doença do que as não-ho mozigotas. Entretanto, a especificidade e a sensibili dade do teste da ApoE4 são muito baixas para permi tir seu uso como teste de rastreio na população geral ( Apolipoprotein..., 1996). Na DV, infartos contribuem para a maioria dos casos, mas pequenos múltiplos infartos e doença de pequenos vasos são mais freqüentes como substrato de DV do que infartos isolados maio res. No entanto, DV subcortical tem sido progres sivamente mais reconhecida como a variante iso lada mais comum de DV, contribuindo para tal vez 40% dos casos. Na DV, o declínio cognitivo pode iniciar apenas com a presença de fatores de risco, principalmente no caso da hipertensão. Leu coaraiose, hemorragias, angiopatia amilóide, vas culites, angioendoteliose e infartos incompletos são fatores etiológicos menos comuns. Os fatores ambientais, muito mais do que os fatores genéti cos, parecem ter papel importante na DV. A histo logia é a da causa subjacente. Os processos que levam à DV podem iniciar antes de ocorrer o in farto. Fatores de risco, principalmente a hiperten são, sem eventos vasculares claros, são associados com aumento relativo do volume dos ventrículos laterais, sugerindo atrofia e declínio cognitivo. Leucoaraiose está etiologicamente associada a hi pertensão e história de AVC, sugerindo causa vas cular, embora a associação fisiopatológica não es teja firmemente estabelecida. Leucoaraiose não está, por outro lado, associada à doença carotídea. A localização dos infartos em regiões como o tálamo pode ser crucial, no entanto existe muita discussão sobre que lugares são mais importan tes, em parte devido à aplicação de diferentes mé todos em populações diversas. As evidências fa vorecem de farma variável as seguintes localiza ções: bilateral, lado esquerdo, tálamo, território da artéria cerebral anterior e lesões frontais. O en volvimento do hemisfério dominante é mais co mum entre indivíduos demenciados do que entre não-demenciados com múltiplos infartos, mas é mais comum se os sujeitos são selecionados por não apresentarem múltiplas lesões. A demência de corpos de Lewy é uma causa de demência degenerativa conhecida mais recente mente e apresenta sobreposições clínicas, patoló gicas e genéticas tanto com a DA quanto com a doença de Parkinson. Na DCL, os corpos de Lewy
Demência estão amplamente distribuídos nas regiões límbi cas, paralímbicas e neocorticais. A técnica padrão para a identificação dos corpos de Lewy no córtex é a imunopigmentação por ubiquitina. A proteína pré-sináptica a-sinucleína foi recentemente iden tificada como o componente principal dos corpos de Lewy e de neurites relacionadas aos corpos de Lewy, e parece ser um marcador mais específico para essas inclusões. A dimensão da contribuição dos corpos de Lewy corticais para a lesão neuronal e, assim, para a síndrome clínica ainda não está bem definida. Outras alterações patológicas, inclu indo patologia do tipo Alzheimer, freqüentemente coexistem com corpos de Lewy e podem contribuir para o fenótipo clínico ( Gómez-Tortosa et al., 2000). No caso das demências frontotemporais (DFTs ), considera-se que a etiologia seja variada. A maioria entra na categoria dos transtornos de generativos. A doença de Pick segue como o protó tipo das demências degenerativas. Algumas das DFTs têm ligações com mutações do gene tau, lo calizado no cromossomo 17, enquanto outras são conhecidas por serem familiares, mas aguardam a identificação de um gene específico. A base pato lógica das DFTs é a concentração de achados de patologia macroscópica no neocórtex dos lobos frontais e temporais. A classificação histopatoló gica dessas demências está sendo revisada à medi da que a base molecular das doenças é descoberta. A maioria dos neuropatologistas norte-america nos exige corpos de Pick (inclusões argirofílicas intraplasmáticas) presentes para o diagnóstico de doença de Pick. Corpos de Pick são encontrados no neocórtex frontal e temporal anterior e no hi pocampo. Um constituinte principal dos corpos de Pick é a proteína tau. Além dos corpos de Pick, um dos principais achados histopatológicos da doença de Pick é o marcado grau de perda neuro nal cortical. Duas variantes da doença de Pick ( corpos de Pick-positivo ) podem ser identificadas neuropatologicamente com base no grau de perda celular: uma forma cortical e outra na qual a perda celular é tanto cortical quanto subcortical. Além disso, variações na gravidade da patologia podem ser observadas entre os hemisférios direito e es querdo e entre localizações anteriores dos lobos frontais e temporais. A principal distinção entre DFT e afasia progressiva primária pode simples mente ser feita pela preponderância de envolvi mento do hemisfério direito em relação ao esquer-
do. Por outro lado, a patologia frontal e a temporal não apresentam diferenças clínicas identificáveis. Há também formas de doença de Pick ( tipo B ) com ausência de corpos de Pick, mas com neurô nios edemaciados cromatolíticos (que contêm proteína tau). Esses achados histológicos são, por vezes, referidos como células de Pick. Dependendo da localização das células de Pick, a doença em que elas ocorrem é referida como demência com neurônios edemaciados cromatolíticos ou degene ração corticobasal. Uma terceira categoria de con dições seria aquela em que não há achados histo lógicos característicos e que tem sido denominada ''demência sem histologia definida'', ''demência não-específica'', ''degeneração frontotemporal'' ou ''demência do tipo de lobos frontais''. Quanto à base molecular das DFTs, a patologia tau é a principal. Pela microscopia eletrônica, as inclusões do tipo corpúsculo de Pick são compos tas de filamentos ''retos'' de 15 nm de comprimen to. Esses filamentos são constituídos de proteínas tau. Corpos de Pick contêm proteínas tau, as quais são o componente principal dos enovelados neu rofibrilares da DA. A proteína tau é hiperfosforilada em ambas as doenças, mas na DA ela existe em trios, enquanto na doença de Pick é encontrada em duplas de 55kd e 64-kd. O significado dessa diferença ainda não é conhecido. DFTs com neurônios cromatolí ticos edemaciados também apresentam material tau-positivo. Desde 1998, é sabido que o gene tau no cromossomo 1 7 está ligado às DFTs e diversas famílias já foram ligadas a mutações tau. Essas famílias apresentam fenótipos nos quais DFT é a manifestação principal, o que ocorre também com as famílias com parkinsonismo proeminente. A doença de Pick pode ocorrer como um transtorno familiar associado às mutações tau. Um número considerável de casos esporádicos de DFTs e al guns poucos casos familiares não apresentam mu tações tau, sugerindo que há outros mecanismos que ainda não foram descobertos.
Quadro clínico Sinais e sintomas de demência pela história e pelo exame do estado mental A avaliação de uma suspeita de demência com preende técnicas básicas de anamnese e exame
Rotinas em neurologia e neurocirurgia do estado mental. Não há um único instrumento amplamente usado para aquisição de história da demência. O Quadro 1 2 . 1 cobre as principais áreas de comprometimento que devem ser revisadas com um familiar, um amigo próximo ou o cuidador do paciente. Um informante que esteja realmente a par dos dados e que possa falar francamente
Quadro 12.1
CHECKLIST DOS SINTOMAS DE DEM ÊNCIA
PROVÁVEIS DE APARECER EM PACIENTES RECENTEMENTE DIAGNOSTICADOS (SUPOSTAMENTE LEVES)
Comprometimento de orientação no tempo ou no espaço Comprometimento de memória recente: Fazer a mesma pergunta várias vezes em um período de 5 a 1 O minutos Esquecer eventos recentes que ocorreram poucas horas ou dias antes Esquecer conversas recentes Alocar itens erroneamente de forma repetida Esquecer nomes de amigos ou membros da família •
•
•
sobre esses tópicos é essencial para estabelecer um diagnóstico. Geralmente, essas questões são mais bem discutidas na ausência do paciente. Ao ter receio de que suas respostas aborreçam o pa ciente, o infarmante pode não ser completamente franco. O perfil temporal de uma doença que cau sa demência é central no diagnóstico diferencial. O delirium e as demências rapidamente progressi vas são primariamente reconhecidos como dife rentes das outras síndromes pela duração dos sin tomas. A relação temporal entre eventos vascula res ( acidente vascular cerebral) e comprometi mento cognitivo é necessária para distinguir DV de demência causada por DA. Outras doenças clínicas podem ter papel impor tante ou contribuinte na síndrome demencial ( Quadro 12.2). O exame do estado mental deve ser tão familiar quanto a ausculta cardíaca ao clí nico que pratica cuidados primários. O exame com formato padronizado fornece consistência e con fiabilidade. O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) atualmente é a avaliação do estado men tal mais amplamente utilizada. Embora não seja perfeito em todos os aspectos, apresenta vários
• •
Quadro 12.2
Problemas para encontrar palavras, perda de habilidade de conversação
QUESTOES IMPORTANTES SOBRE DOENÇAS CLÍNICAS NA AVALIAÇÃO DA DEM ÊNCIA
Comprometimento do julgamento
O paciente usa medicações que poderiam causar confusão?
Perda de interesse ou incapacidade para desem penhar passatempos ou tarefas diárias: Uso de telefone Lida com finanças, talão de cheques, dinheiro, contas Compras Preparação de alimentos Organização e cuidados com a casa Condução de automóvel (o paciente pode sofrer acidentes ou perder-se) Atividades ocupacionais • •
• •
•
•
•
-
Existe história de: trauma? consumo de álcool? fatores de risco para vírus da imunodeficiência humana? doença da tireóide? crises de cefaléia ou cefaléia de início recente que poderiam sugerir existência de lesão com efeito de massa, como hematoma subdural, tumor cerebral ou meningite crônica? doença psiquiátrica, como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, ansiedade, que exija hospitalização e medicações? AVC, ataques isquêmicos transitórios, eventos de déficit focal neurológico? doenças sistêmicas como câncer ou doenças do tecido conjuntivo? • • •
• •
•
Alterações no humor ou no comportamento como: Mudanças sutis nas relações interpessoais Ansiedade de início recente Agitação na forma de paranóia, irritabilidade, ilusão ou pensamento ilógico •
• •
•
•
Demência ,
pontos fortes. E sensível a variações das doenças ao longo do tempo, tem ampla variação e é útil na demência leve a moderada, correlacionando se com patologia cerebral. Sua principal falha é a baixa sensibilidade para detectar demência leve ( Anthony et al., 1982), sendo que uma das princi pais razões para essa falha é a inadequação da evocação de três palavras como medida de memó ria recente ( Cullum; Thompson; Smernoff, 1993 ) . Outras avaliações do estado mental curtas e popu lares também sofrem de relativa baixa sensibilida de nos itens de memória recente. A escala de ava liação clínica da demência CDR ( clinica! dementia rating ) é um instrumento semi-objetivo de esta diamento de gravidade de demência amplamente utilizado. Com um treinamento simples e com a utilização de uma rotina, a escala CDR pode ser utilizada como instrumento de diagnóstico e clas sificação de gravidade da demência e de detecção de comprometimento cognitivo leve, em um am biente ambulatorial ou mesmo em estudos de co munidades. Na demência leve em fase inicial, os itens de evocação tardia, a subtração seriada de 7, o dese nho e a tarefa de soletrar a palavra ''mundo'' são provavelmente os testes mais sensíveis do MEEM. Se o clínico necessita de avaliação mais sensível, deve complementar o MEEM com outros testes de memória e com testes mais sensíveis, como o teste de evocação tardia de 10 palavras, os testes
construcionais (desenho do relógio ) e as tarefas executivas/ raciocínio ( cálculos, similaridades, flu ência verbal). Esses testes adicionais aumentam a sensibilidade da avaliação no exame do estado mental para demência inicial. Quanto ao quadro clínico de demência, o mais evidente é o encontrado em DA. A duração mé dia da DA é de 1 O anos, durante os quais as pes soas afetadas progridem de perda de memória dis creta para necessidade de supervisão nas 24 ho ras do dia, total dependência e óbito ( Figura 12.1 ) .
-
Início dos sintomas cognitivos Perda da independência funcional Dificuldade nas compras e no manejo das finanças Dificuldade no banho Problemas de continência Dificuldade em alimentar-se Problemas comportamentais Internação em casa geriátrica Óbito [ Figura 12.1 ]
o 1
Transtornos neuropsiquiátricos na demência Em termos de manejo dos pacientes, uma das evo luções mais importantes dos últimos anos foi o reconhecimento do papel dos transtornos psiquiá tricos e comportamentais nas síndromes demen ciais. Tais condições incluem transtornos afetivos ( depressão, ansiedade e euforia), mudanças de personalidade, dificuldades comportamentais ( agitação, apatia, irritabilidade, desinibição e comportamento motor aberrante ), alucinações, ilusões e transtornos alimentares. Os transtornos neuropsiquiátricos, que ocorrem em até 90% dos pacientes com demência, são uma das causas principais de sobrecarga e estresse dos cuidadores e de institucionalização dos pacientes. No entanto, fornecem dicas extremamente importantes em re-
2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 1 12 Tempo (anos)
Ocorrência típica das manifestações da demência na doença de Alzheimer.
Rotinas em neurologia e neurocirurgia lação aos processos subjacentes da demência e são peças-chave para o diagnóstico diferencial e o prognóstico (Tabela 12.2 ) . Depressão é talvez o transtorno mais amplamente estudado, em fun ção das dificuldades do diagnóstico diferencial en tre a demência precoce e as síndromes depressi vas. Atualmente, já se reconhece que demência e depressão não são mutuamente exclusivas; pelo contrário, depressão ocorre em aproximadamente 40 a 50% dos casos de demência.
Exame do estado mental O exame do estado mental é de grande utilidade no diagnóstico de demência para corroborar a his tória de comprometimento cognitivo ou estabele cer que existe comprometimento cognitivo na au sência de uma boa história. A concordância ou discordância entre história e exame do estado
mental é muito útil no diagnóstico. Concordância de presença de disfunção cognitiva nos dois méto dos é um dos pontos centrais no diagnóstico de demência. Quando a história sugere fortemente comprometimento cognitivo, mas a avaliação do estado mental é normal, há a possibilidade de di versas alternativas, como demência muito preco ce, alto nível educacional ou de inteligência, trans torno depressivo primário ou distorção por parte do informante. Teste psicométrico é geralmente necessário para solucionar a discrepância e esta belecer um diagnóstico. Quando o exame do esta do mental é claramente indicativo de comprometi mento cognitivo, mas a família e o paciente negam qualquer problema cognitivo prévio, outras possi bilidades diagnósticas incluem estado confusional agudo, nível educacional ou de inteligência baixo ou reconhecimento inadequado pela família do pa ciente do desenvolvimento dos déficits cognitivos.
-
Tabela 12.2 TRANSTORNOS NEUROPSIQUIÁTRICOS NA DEM ÊNCIA
Humor
Comportamento
Traços psicóticos
Doença de Alzheimer
Apatia Depressão Ansiedade
Agitação Desinibição Transtorno alimentar
Alucinações Ilusões Euforia
Demência de corpos de L.ewy
Depressão
Demência vascular
Depressão
Perda de tato (falta de consideração) Grosseria Choro
Demência frontotemporal
Euforia Ansiedade ldeação suicida Apatia
Comportamento inadequado Desinibição Agitação Hiperoralidade Transtorno alimentar Perseveração Hipersexualidade
Doença de Parkinson
Depressão Ansiedade
Alucinações Ilusões Alucinações Ilusões
Alucinações Ilusões
Demência Diagnóstico Exame neurológico Além do exame do estado mental, o resto do exa me neurológico é necessário principalmente para diferenciar a DV e a demência associada a Par kinsonismo da demência ligada à doença de Al zheimer. O exame neurológico em um paciente com DV pode ser inalterado ou pode haver evidên cia de hemiparesia, hemianestesia, hemianopsia, negligência unilateral, diplopia, disfagia, disartria, paralisia facial, ptose palpebral ou anormalidades pupilares. Nenhuma dessas alterações ocorre exclusiva mente em decorrência de AVC; assim, o clínico necessitará colocar tais achados em uma perspec tiva mais ampla, incluindo a história e o exame do estado mental. Além disso, essas alterações não provam em definitivo que a etiologia vascular é a causa da demência; elas são apenas suporte ao diagnóstico. Achados de rigidez ( aumento da re sistência ao movimento passivo amplo dos mem bros e do pescoço ), bradicinesia, postura encurva da, marcha de pequenos passos, comprometimen to do equilíbrio ( incapacidade de endireitar-se após ter sido empurrado) e tremor de repouso no cenário de demência apresentam peso diagnóstico mais alto. Assim que outras causas de sinais ex trapiramidais possam ser excluídas (principal mente uso simultâneo de medicação antagonista de receptor dopaminérgico ), esses achados no exame neurológico são basicamente diagnósticos da contribuição de uma doença de Parkinson à demência. Pode haver outros achados que apon tem para etiologias específicas de demência, como coréia no caso de doença de Huntington ou dis função do movimento ocular extrínseco vertical na paralisia supranuclear progressiva, mas essas condições são muito mais raras em uma unidade de cuidados primários e secundários do que doen ça de Alzheimer, DV ou demência com Parkinsomsmo. •
Avaliação laboratorial diagnóstica Os critérios da Academia Americana de Neurolo gia para o diagnóstico de demência estipulam vá rias recomendações específicas (Tabela 12.3 ) . Os testes para diagnóstico molecular e aconselha mento genético para famílias com demência au tossômica dominante de início precoce são novos
desenvolvimentos, e, assim, essa abordagem não é útil para demência de início tardio. Nesta última condição, a suscetibilidade dos genes do candidato identificado tem pequeno efeito de risco. O papel dos estudos de imagem também já foi exaustiva mente debatido (Corey-Bloom et al., 1995 ). Em bora neuroimagem não seja recomendação de ro tina, há algumas situações em que ela deve ser considerada. A presença de outros sinais ou sinto mas neurológicos ( cefaléia, crises convulsivas e achados motores anormais no exame), juntamen te com comprometimento cognitivo, deve indicar estudo de imagem. A importância dos estudos de imagem aumen ta de acordo com a duração da demência ou com a incerteza dessa duração pelo clínico. Nas situa ções em que o início da demência pode ter ocorrido em menos de seis meses, mas esse fato não é claro devido a falha na informação disponível, um exa me de imagem é justificável para descartar neoplasia e hematoma subdural crônico. Diferen temente, considerando-se uma situação de um pa ciente com uma história típica documentada que cobre diversos anos de uma demência no momen to avançada, parece difícil justificar um exame de imagem. Por outro lado, do ponto de vista dos critérios diagnósticos, no caso da DA e das de mais causas de demência, a maioria dos sistemas diagnósticos exige um exame de imagem para completar os critérios.
Diag nóstico diferencial Distinguindo demência de outras condições Envelheci menta Os problemas de memória no idoso são mais fre qüentemente considerados como fazendo parte do envelhecimento normal. O alegado comprome timento inevitável da memória no envelhecimen to cria uma pronta explicação para lapsos cogni tivos. Duas décadas de pesquisas em psicologia cognitiva estabeleceram que o envelhecimento normal não está associado a declínio dramático na memória recente e no julgamento. A interpre tação do que é esperado no envelhecimento cog nitivo é complicada pelos desafios metodológicos. Os idosos são mais suscetíveis a doenças con correntes que podem afetar adversamente a cog-
Rotinas em neurologia e neurocirurgia -
Tabela 12.3 AVALIAÇÃO DIAGN ÓSTICA RECOMENDADA NOS CASOS SUSPEITOS DE DEM ÊNCIA
Medida
Para que pacientes Indicação
História e exame neurológico
Todos os pacientes
Rotina
Laboratório: hemograma completo, glicemia, Todos os pacientes eletrólitos, cálcio, uréia e creatinina, provas de função hepática, provas de função tireóidea, 812 sérica, sorologia para sífilis
Rotina
Outros testes, como folato sérico, HIV, raio X de tórax, EQU, rastreio toxicológico
Pacientes selecionados
Evidência a partir da história ou do exame, levantando possibilidade diagnóstica
Punção lombar
Pacientes selecionados
Duração curta de sintomas ou evidência de meningite, câncer metastático e reação sérica de absorção fluorescente do anticorpo do treponema (FTA-ABS) positiva
Estudos de neuroimagem, tomografia computadorizada ou imagem por ressonância magnética
Pacientes selecionados
Todos os pacientes com curta duração de sintomas; pacientes com outros sinais e sintomas neurológicos (p. ex., crises convulsivas, cefaléia, exame motor anormal) ; pacientes com idade abaixo dos 60 anos
Testes neuropsicológicos
Pacientes
Casos em que há necessidade de distinguir demência leve, depressão e demência frontotemporal; casos com implicações legais
PET, SPECT
Pacientes selecionados (casos raros)
Possivelmente útil para corroborar diagnóstico de demência de lobo frontal
Genotipia da APOE
Pacientes selecionados (casos raros)
Possivelmente útil para aumentar a probabilidade de diagnóstico de DA
HIV, human immunodeficiency vírus (vírus da imunodeficiência humana); PET, positron emission tomography (tomografia por emissão de pósitrons); SPECT, single-photon emission computed tomography (tomografia computadorizada por emissão de fóton único); APOE, apolipoproteína E. Adaptada de Academia Americana de Neurologia.
nição. Além disso, a presença de demência inci piente em um pequeno subgrupo de amostras não selecionadas de idosos torna-os prováveis de pior desempenho do que os grupos de comparação de
indivíduos em seus 20 anos de idade. Em estudos longitudinais e naqueles que avaliam apenas os idosos mais saudáveis são revisados, o único acha do consistente por meio do espectro de idade (pelo
Demência menos até aproximadamente a idade de 75 anos) é a lentificação do desempenho. O desempenho nas tarefas de evocação tardia nos idosos saudá veis está preservado na décima década de vida. Sendo assim, não parece válido atribuir queixas de memória ou de comprometimento cognitivo ao envelhecimento.
Comprometimento cognitivo leve O conceito de comprometimento cognitivo inter pondo-se entre envelhecimento normal e demên cia muito precoce está na literatura há muitos anos. Recentemente, o construto de comprometi mento cognitivo leve ( CCL) foi proposto para de signar um estado precoce, mas anormal, de com prometimento cognitivo. No entanto, há contro vérsia em relação à definição precisa desse concei to e à sua implementação em vários cenários clíni cos. Subtipos clínicos de CCL foram propostos pa ra ampliar o conceito e incluem farmas prodrô micas de uma variedade de demências. Os crité rios empregados para classificação de CCL estão no Quadro 12.3. O Registro Mayo de doença de Alzheimer ini ciou em 1986 como um estudo longitudinal de
base comunitária sobre envelhecimento e demêneia. A medida que os participantes eram avaliados, os pesquisadores iam reconhecendo que classificá los apenas como normais ou demenciados deixava muitos entre essas duas categorias. Um grupo que parecia ter déficits cognitivos sutis, primariamen te no domínio de memória, mas com desempenho intacto nos demais domínios, não era nem normal nem comprometido o suficiente para permitir o diagnóstico de demência. Esses indivíduos foram categorizados com uma designação separada e, quando seguidos ao longo do tempo, pareceram progredir para demência em uma taxa maior do que a população geral (Petersen et al., 2001 ) . A estimativa de CCL na população geral é de 3,2% e a de déficit cognitivo idade-associado é de 19,3%. Em um estudo de base populacional, CCL foi um preditor mais pobre de demência do que o déficit cognitivo idade-associado no período de três anos, com uma taxa de conversão de 1 1, 1 %. Indivíduos com CCL compõem um grupo instável, no qual quase todos mudam de categoria a cada ano; no entanto, aqueles classificados como tendo déficit cognitivo idade-associado mostraram cons tituir um grupo mais estável, cuja taxa de conver,
Quadro 12.3 CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO PARA COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE Mayo Clinic Alzheimer's Disease Research Center (MCADRC) • • • •
• •
Queixa de memória pelo paciente, pelo familiar ou pelo médico Atividade de vida diária normal Função cognitiva geral normal Comprometimento objetivo em uma área cognitiva (escore > 1 ,5 função de memória anormal para a idade) COR 0,5 Paciente não-demenciado
DP da normatização para a idade ou
=
Critérios propostos por Petersen et ai., 2001 AAN -
• •
• • •
Queixa subjetiva de memória (relato corroborado por informante colateral e por escalas) Função intelectual geral preservada demonstrada por desempenho em habilidades lingüísticas (vocabulário) Demonstração de comprometimento da memória por testagem cognitiva Desempenho preservado em atividades de vida diária Ausência de demência
CDR, Clinicai Dementia Rating; DP, desvio-padrão.
Rotinas em neurologia e neurocirurgia são para demência foi de 28,6% em três anos (risco relativo = 2 1,2 ) ( Ritchie; Artero; Touchon, 2001 ) .
um diagnóstico em um paciente com depressão e com queixas cognitivas.
Delirium
Psicose
Delirium pode ser erroneamente diagnosticado co mo demência se o clínico falhar na avaliação do início e da progressão do transtorno cognitivo. De lirium, por definição, tem início agudo e geralmen te ocorre ao longo de horas a dias. Delirium e de mência são também diferenciados por alteração do nível de consicência no delirium e sua preservação na demência. Pacientes com delirium apresen tam flutuações do nível de consciência e também mostram comprometimento de atenção e concen tração. Pacientes com demência, ao contrário, não têm flutuações da consciência e geralmente têm atenção e concentração normais durante a fase leve da doença. Quando os dois transtornos se so brepõem, a identificação é mais difícil. Os pacien tes com demência são os que provavelmente apre sentam maior risco para delirium no cenário de doenças clínicas agudas ( Francis; Martin; Kapoor, 1990). Estudos de seguimento com pacientes que apresentaram delirium mostraram que eles nem sempre têm uma recuperação cognitiva comple ta, talvez porque o episódio de delirium desmas cara algumas vezes um quadro de demência in cipiente ou não-identificada.
Sintomas psicóticos, como alucinações, ilusões, paranóia, ou comportamentos bizarros que apare cem pela primeira vez no final da meia-idade ou nos indivíduos idosos, requerem uma avaliação cuidadosa de demência, delirium ou ambos. Embo ra uma doença primária psicótica com ilusões e alucinações, como esquizofrenia, possa se apre sentar pela primeira vez tardiamente durante a vida, esse fato não é comum ( Raskind; Alvarez; Herlin, 1979 ) . Assim, esquizofrenia não deve ser um diagnóstico de primeira escolha nas conside rações etiológicas em pacientes idosos com sin tomas psicóticos de início recente.
Depressão Demência e depressão algumas vezes se sobre põem. Depressão pode ser um sintoma precoce de diversas doenças que causam demência ( Kra mer; Reifler, 1992 ) . Pacientes com depressão sem demência podem ter queixas de comprometimen to de memória e de concentração, porém apresen tam desempenho normal nos testes objetivos. De forma característica, os pacientes com depressão têm maior probabilidade do que os pacientes com demência de se queixar de problemas de memória, mas essa diferença não é sempre um discrimina dor confiável. Pacientes deprimidos voluntaria mente farão referência a sentimentos de tristeza ou desesperança, mas queixas de tristeza de forma espontânea ou induzida não excluem demência. Comprometimento cognitivo objetivo geralmente, mas não sempre, diferencia demência de depres são ( LaRue, 1989). Avaliação competente do esta do mental de beira de leito ou avaliação neuropsi cológica são necessárias para caracterizar a fun ção cognitiva adequadamente a fim de se fazer
Diagnóstico diferencial das demências O diagnóstico diferencial das demências no idoso envolve cinco síndromes principais (Tabela 12.4), que incluem as apresentações freqüentemente ob servadas com início do comprometimento cogni tivo subagudo ou gradual. O diagnóstico diferen cial de demência não se aplica para pacientes mais jovens (indivíduos com idade entre 45 e 50 anos). Nos pacientes mais jovens, há um número de do enças que devem ser consideradas e que não se rão abordadas neste capítulo.
Demência causada por doença de Alzheimer A demência causada por DA é a forma mais co mum de demência no idoso. Aproximadamente 40 a 60% dos pacientes com demência nos estudos epidemiológicos apresentam DA. Os critérios do DSM-IV para DA exigem comprometimento de memória recente e pelo menos outra anormalida de cognitiva ( afasia, apraxia e agnosia) ou com portamental. No entanto, esses domínios cogni tivos não descrevem tão acuradamente os sinto mas centrais da doença. O Quadro 12.4 apresenta os critérios diagnósticos mais freqüentemente uti lizados (NINCDS-ADRDA), e o Quadro 12.5 apre senta diretrizes para o reconhecimento precoce de demência que enfatizam os sintomas mais cen trais da DA.
Demência rapidamente progressiva As demências rapidamente progressivas são trans tornos de disfunção cognitiva nos quais sintomas
Demência -
Tabela 12.4 SÍNDROMES DEMENCIAIS Síndrome demencial
Características distintivas
Demência rapidamente progressiva
História: apresentação em semanas/meses. História clínica sugere doença sistêmica. Crises convulsivas, cefaléia ou anormalidades motoras inesperadas estão presentes.
Demência associada a AVC
História: anormalidades vasculares, incluindo história de AVC, e comprometimento cognitivo. Exame neurológico: sinais de tronco, achados motores assimétricos. Imagem: infartos.
Demência associada a parkinsonismo
História: anormalidades motoras antecedem o comprometimento cognitivo ou são simultâneas a ele. Exame neurológico: sinais extrapiramidais.
Demência frontotemporal
História: alterações no julgamento e no comportamento social. Exame do estado mental: déficit executivo excede amnésia anterógrada.
Demência causada por doença de Alzheimer
Amnésia anterógrada proeminente (amnésia ocorre após trauma ou doença) de início gradual. Outros déficits cognitivos e comportamentais podem estar presentes com a progressão da doença, mas podem ser leves no início.
e sinais estão presentes por apenas uns poucos dias ou meses (Quadro 12.6 ). Nessa categoria, es tão as demências chamadas tratáveis nos esque mas diagnósticos precoces. Distúrbios metabólicos e tóxicos são comuns nesse grupo. Uma história completa direcionada para identificar anteceden tes e sintomas associados aos distúrbios e trans tornos listados no Quadro 12.6 oferece a indicação mais acurada do diagnóstico correto. Avaliação laboratorial é elemento necessário no diagnóstico das demências rapidamente progressivas. Neuroi magem é imprescindível no diagnóstico do hema toma subdural subagudo, bem como das neopla sias benignas cerebrais (p. ex., meningiomas). Punção lombar pode ser necessária na investiga ção de meningite (Tabela 12.3) ou outras condi ções. O diagnóstico de doença de Creutzfeldt-Ja kob (DCJ) se estabelece com base no início rápido do comprometimento cognitivo. A vasta maioria dos pacientes com DCJ morre em um ano após o
diagnóstico. Em geral, a doença é acompanhada por déficits motores ( cerebelares, piramidais ou extrapiramidais ) e, por fim, convulsões e anorma lidades eletrencefalográficas.
Demência associada a AVC DV é um diagnóstico controverso. Devido à com plexidade do estabelecimento de conexões causais entre os infartos cerebrais de vários tamanhos e localizações e a DV , os neuropatologistas variam em como diagnosticam essa condição. Além do mais, a presença de alguma patologia da DA na maioria dos casos de DV levanta a questão de o que constitui a carga mínima das alterações da DA necessárias para realizar esse diagnóstico. De pendendo do grau de patologia da DA, a contribui ção das lesões vasculares para a demência é incer ta. Com questões sobre padrão-ouro neuropato lógico para diagnóstico, não é surpreendente que as taxas de diagnóstico de DV, tanto nos estudos
Rotinas em neurologia e neurocirurgia Quadro 12.4 ELEMENTOS-CHAVE DOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO NINCDS-ADRDA Diagnóstico de DA provável • • • • •
Presença de síndrome demencial Déficit em duas ou mais áreas cognitivas Piora progressiva da memória e de outra função cognitiva Início entre 40 e 90 anos de idade Ausência de doença sistêmica que possa causar a síndrome
Achados que suportam o diagnóstico provável • • • •
Afasia, apraxia, agnosia (incluindo disfunção visoespacial) progressiva Comprometimento das atividades de vida diária e mudança comportamental História familiar positiva Liquido cerebrospinal, EEG e TC sem alterações ou com achados inespecíficos
Achados consistentes com o diagnóstico provável • •
•
• •
Platô no curso da progressão da doença Sintomas psiquiátricos e constitucionais (depressão, insônia, ilusões, alucinações, dificuldades de controle comportamental, transtornos do sono e perda de peso) Outras anormalidades neurológicas na doença avançada (aumento do tônus muscular, mioclonias ou distúrbio de marcha) Convulsões na doença avançada TC de crânio normal para idade
Achados inconsistentes com o diagnóstico provável • • •
Início súbito, apoplético Achados neurológicos focais precoces no curso da doença Convulsões ou distúrbio de marcha precoce no curso da doença
Diagnóstico clínico de DA possível •
•
Pode ser feito com base na síndrome demencial quando as seguintes condições são preenchidas: - outros transtornos neurológicos, psiquiátricos ou sistêmicos suficientes para causar demência estão ausentes - achados atípicos estão presentes no início, na forma de apresentação, ou no curso clínico Pode ser feito na presença de um segundo transtorno que cause demência, mas não é provável que seja a única causa para a demência
ECG, eletroencefalograma; TC, tomografia computadorizada.
clínicos como nos epidemiológicos, em que os critérios são mais subjetivos, variem considera velmente. Os critérios diagnósticos para DV in cluem comprometimento cognitivo de múltiplos domínios e perfil temporal neurológico de déficits residuais típicos de AVC (Quadro 12.7). Indivi dualmente, nenhum dos critérios do quadro é pa tognomônico de DV. AVC nem sempre é identifi cado. A ressonância magnética pode detectar in-
fartos que são clinicamente silenciosos, e o proble ma aparece quando é necessário decidir quantos infartos é suficiente identificar para se fazer o diagnóstico de DV. Outro aspecto importante é a localização da lesão, porque um pequeno infarto talâmico ou infartos no estriado podem ter maior significado do que alguns grandes infartos corti cais. Outra evidência diagnóstica importante é a relação temporal entre o reconhecimento do AVC
Demência Quadro 12.5 SINTOMAS QUE PODEM INDICAR DEM ÊNCIA Esta pessoa vem apresentando dificuldade crescente com qualquer das atividades listadas abaixo?
Atividade
Exemplo
Aprendizado e retenção de novas informações
Dificuldade para lembrar eventos
Lida com tarefas complexas
Dificuldade com talão de cheques, com o ato de cozinhar, etc.
Habilidades de raciocínio
Incapacidade para lidar com eventos inesperados
Orientação e habilidade espacial
Perder-se em locais familiares
Linguagem
Busca de palavras (word finding)
Comportamento
Menos iniciativa, mais irritabilidade, depressão
Adaptado de Costa; Wiliams; Somefield, 1996.
Quadro 12.6 DEM ÊNCIAS RAPIDAMENTE PROGRESSIVAS E ESTADOS CONFUSIONAIS SUBAGUDOS
Condições mais prováveis de serem reversíveis Distúrbios tóxicos: Mau uso (abuso) de medicações Problemas relacionados ao álcool: intoxicação, síndrome de abstinência, síndrome de Wernicke-Korsakoff • •
Distúrbios metabólicos: tireóide, cobalamina, eletrólitos, distúrbio hepático, distúrbio renal, distúrbio do cálcio Transtornos depressivos Detectáveis pela história por meio da presença de convulsões e cefaléia: Neoplasias: primárias e metastáticas Hematomas subdurais crônicos Meningite crônica • • •
Detectável pela história por meio da presença de distúrbio de marcha e incontinência Hidrocefalia de pressão normal •
Condições fatais, irreversíveis Encefalite paraneoplásica límbica Doença de Creutzfeldt-Jakob '
Rotinas em neurologia e neurocirurgia Quadro 12.7 ACHADOS SUGESTIVOS DE DEM Ê NCIA VASCULAR
Na história • • • •
Início do déficit cognitivo associado ao AVC Melhora sintomática que segue evento agudo Início abrupto Deterioração em degraus
No exame •
Achados típicos do AVC (p. ex., hemiparesia, hemianopsia)
Na imagem •
Infartos acima do tentório
Concordância entre história, exame e imagem •
•
Comprometimento cognitivo coincide no tempo com o AVC Comprometimento cognitivo corresponde à localização do infarto na imagem
e o início do comprometimento cognitivo. Quanto menor o espaço de tempo, maior a probabilidade do diagnóstico de DV. Essa condição costuma ser muito heterogênea em apresentação.
ça. Esse comprometimento reflete o enfraqueci mento do estímulo dopaminérgico aos circuitos cognitivos que inclui os núcleos da base, e os dé ficits são geralmente leves e de significado incerto, porque os fatores não-cognitivos também apre sentam papel que precisa ser considerado na in terpretação dos achados. Humor deprimido, con fusão, alucinações e agitação podem afetar a moti vação e a atenção. O diagnóstico da demência na DP não é direto. Na DP e na demência de corpos de Lewy, há um padrão indicando demência subcortical. Esse con ceito veio dos estudos da paralisia supranuclear progressiva e da doença de Huntington, condições de importante patologia subcortical. Os pacientes apresentam proporcionalmente bom desempenho de memória, mas nítida lentificação psicomotora (bradifrenia) e dificuldade com tarefas que envol vem abstração, raciocínio e troca de padrão cog nitivo. Há três categorias principais de sintomas na DP e na demência de corpos de Lewy: cogniti vos, motores e comportamentais. Há vários fatores de risco clínicos para demência na DP, entre os quais avanço da idade e início tardio da doença ( principalmente depois dos 70 anos), além de achados motores mais graves. Outros fatores de risco são depressão coexitente, fluência verbal po bre, disfunção executiva precoce e início precoce de alucinações. A duração da DP não aumenta o risco de demência, independentemente da idade do paciente e da gravidade da doença.
Demência associada ao parkinsonismo Sinais extrapiramidais são comuns no idoso. Gros seiramente, 30% dos indivíduos com parkinsonis mo desenvolverão demência ( Stern et al., 1993 ) . O reconhecimento da demência na doença de Parkinson (DP) é importante devido às questões de manejo e tratamento diferentes, em muitos as pectos, na comparação com a DA. O diagnóstico é realizado com base na história e no exame neu rológico. Marcha e dificuldades de equihôrio, rigi dez, bradicinesia e tremor de repouso são as mani festações centrais da DP. No idoso, o tremor de repouso é menos comum. Além disso, entre as manifestações cognitivas e comportamentais da demência associada com a DP, ocorrem as bem relatadas alucinações visuais vívidas. Nos testes psicométricos sensíveis, praticamen te todos os pacientes com DP apresentam compro metimento em relação aos controles de mesma idade, mesmo mais no início da evolução da doen-
Demência frontotemporal As DFTs são muitos menos comuns do que a de mência causada por DA, a DV ou a demência assaciada ao parkinsonismo. E uma categoria cujo diagnóstico é feito com base na história e nas evi dências do exame do estado mental de compro metimento desproporcional de raciocínio e julga menta em relação à amnésia anterógrada. O ter mo síndrome disexecutiva'' foi aplicado à sín drome cognitiva dos pacientes com DFT que, gros seiramente, tinham alteração do raciocínio abstra to, julgamento pobre e diminuição da flexibilidade mental. Alterações comportamentais são especial mente importantes e podem ser erroneamente atribuídas a doenças psiquiátricas primárias. Os pacientes podem tornar-se muito isolados e ser confundidos e tratados como tendo depressão; por outro lado, podem manifestar-se com muita ina dequação social, felicidade excessiva e agressivi,
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Demência dade inadequada, ou exibir comprometimento do julgamento, e, dessa forma, ter um diagnóstico errôneo de fase marúaca de um transtorno bipolar. Os critérios diagnósticos da DFT refletem as carac terísticas cognitivas e comportamentais observa das (Neary et al., 1998) ( Quadro 12.8). Três sín dromes clínicas diferentes podem ser identificadas nas DFTs: uma relacionada às mudanças progres sivas da personalidade (variante frontal), uma se gunda síndrome relacionada à afasia progressiva fluente (variante temporal ou demência semânti ca) e uma relacionada à afasia progressiva não fluente ( afasia progressiva primária).
Tratamento O tratamento deve refletir os valores e os desejos do paciente e de sua família. O manejo da demên cia é complexo e, idealmente, envolve abordagem interdisciplinar para avaliação, tratamento e edu cação. Os papéis de enfermagem, serviço social, psicologia, representação legal e manejo de caso podem ser vitais nos cuidados efetivos a longo prazo dos pacientes com demência. O impacto de um tratamento com abordagem interdisciplinar pode ser muito maior do que qualquer intervenção clínica ou farmacológica sozinha. O aumento da socialização (por meio de lugares que ofereçam atividades diárias daycare) e a melhora do padrão do sono, pela sua higiene, podem minimizar a ne cessidade de intervenções farmacológicas para vá rios comportamentos difíceis. Ensinar familiares e cuidadores a utilizar métodos para minimizar agitação também precisa ser encorajado. A prepa ração para o futuro é outro aspecto que deve ser incorporado nos planos dos cuidados. Uma preocupação especial no manejo é a pro moção da segurança pessoal. Enfermeiros ou tera peutas ocupacionais que fazem visitas domicilia res podem auxiliar as famílias com avaliação da situação da segurança da casa. Nos locais onde não se dispõe de equipes com esses profissionais para visitas domiciliares, solicita-se aos familiares e aos cuidadores que tragam em uma das consul tas um desenho esquemático da casa ( como uma planta da moradia). Na consulta para discutir se gurança, o clínico pode, junto com a família e/ou os cuidadores, definir todos os pontos de risco, marcando-os no esquema, e verificar que adapta ções são necessárias para solucionar cada um de les. Por exemplo, uma escada que separa um andar -
superior com os quartos do andar inferior com a cozinha e outras peças deve receber um portão, que, à noite, precisa ser fechado para o paciente não correr o risco de cair na escada, e assim por diante. O risco de dirigir veículos motorizados e provocar colisões e lesões fatais aumenta com a duração e a gravidade da demência (NE I e II) ( Dubinsky; Stein; Lyons, 2000). Um dos objetivos principais do tratamento glo bal deve ser a prevenção de excesso de incapacita ção, que pode ser alcançada minimizando efeitos adversos de medicações e maximizando capacita ção e conhecimento de cuidadores. No entanto, as mudanças agudas no comportamento demandam avaliação em busca de um fator complicador como uma infecção ou um distúrbio metabólico. Condi ções co-mórbidas são comuns nos pacientes idosos com demência, e o manejo ideal nesses transtornos pode reduzir incapacitação e maximizar função.
Sintomas neuropsiquiátricos Em primeiro lugar, alterações comportamentais devem ser manejadas não-farmacologicamente, antes de se administrar uma medicação. Uma am pla variedade de intervenções não-farmacológicas pode ser avaliada para cada situação em particular. Tais intervenções incluem música, vídeos de membros da família, fitas com as vozes dos cui dadores, caminhadas, exercícios leves, estímulo sensorial e relaxamento ( NE III e IV para pacien tes com demência; NE I para idosos instituciona lizados ) . Pouca consideração é dada às interven ções não-farmacológicas para pacientes que vivem na comunidade, mas atenção tem sido dada às intervenções que podem beneficiar os cuidadores desses pacientes (NE II a IV). Poucos ensaios clínicos randomizados e contro lados foram direcionados para agentes psicofar macológicos ideais no tratamento das alterações comportamentais da demência. As recomenda ções são feitas com base em pequenos ensaios, estudos abertos e dados extrapolados de estudos com pacientes sem demência. O uso de risperi dona ou olanzapina para tratar problemas com portamentais associados à demência não é reco mendado no Reino Unido devido ao risco aumen tado de efeitos adversos cardiovasculares e/ou mortalidade (NE I, GR A). Embora o FDA ameri cano não tenha aprovado os antipsicóticos atípicos para uso em pacientes com demência, essas dro-
Rotinas em neurologia e neurocirurgia Quadro 12.8 CRITÉRIOS DIAGN ÓSTICOS CLÍNICOS DAS DEM ÊNCIAS FRONTOTEMPORAIS
Perfil clínico: •
•
Mudança de caráter e alteração da conduta social - achados dominantes iniciais e característicos ao longo de toda a evolução da doença Percepção, habilidade espacial, praxia e memória estão intactas ou relativamente bem preservadas
Critérios diagnósticos maiores (todos devem estar presentes): • • •
• •
Início insidioso e progressão gradual Declínio precoce na conduta social interpessoal Comprometimento precoce na regulação da conduta pessoal Incompetência emocional precoce Perda de insight precoce
• • •
• • • •
Critérios de suporte: •
• • • • •
• • •
Transtorno comportamental Declínio na higiene e nos cuidados pessoais Rigidez e inflexibilidade mental Distractibilidade e falta de persistência Hiperoralidade e mudança de hábitos alimentares Comportamento estereotipado e perseverativo Comportamento de exploração Fala e linguagem: - Fala alterada (produção) : perda da espontaneidade ou fala ansiosa - Estereotipia da fala - Ecolalia - Perseveração - Mutismo
Início antes dos 65 anos, história familiar positiva de transtorno similar nos familiares de pr1me1ro grau Paralisia bulbar, fraqueza muscular e fasciculações •
•
•
Sinais presentes ao exame neurológico: •
Critérios diagnósticos menores:
. amnes1a grave e precoce desorientação espacial fala festinante, logoclônica, com perda do trem do pensamento mioclônus fraqueza corticospinal ataxia cerebelar coreoatetose ,
• • •
Reflexos primitivos Incontinência Acinesia, rigidez e tremor Pressão sangüínea baixa e lábil
Exames complementares: •
•
•
•
Exame neuropsicológico: comprometimento significativo nos testes de lobo frontal na ausência de amnésia grave, afasia ou transtorno da sensopercepção Eletrencefalografia: normal no EEG convencional Imagem cerebral: anormalidade predominantemente frontal ou temporal anterior nas técnicas Estruturais ou funcionais
Critérios de exclusão (todos devem estar ausentes): • •
início abrupto com eventos ictais trauma craniano relacionado ao início
Fonte: Neary et ai., 1 998.
gas são freqüentemente prescritas nos Estados Unidos e em muitos outros países. Para determinar que evidências suportam o uso dos antipsicóticos atípicos no tratamento de
agressividade, agitação e psicose nos pacientes com DA, ensaios clínicos foram identificados em uma última busca nos registros sobre demência dos dados Cochrane, usando os termos olanza-
Demência pina, quetiapina, risperidona, clozapina, amisul prida, sertindole, aripiprazole e ziprasidona (Ballard; Waite, 2006 ). Apenas os ensaios clínicos randomizados, controlados com placebo e cegos que avaliavam demência, psicose e/ou agressivida de foram analisados. Dezesseis ensaios clínicos que utilizaram antipsicóticos atípicos preencheram o critério de entrada, por serem randomizados e controlados com placebo, no entanto somente no ve puderam ser incluídos na metanálise e apenas cinco haviam sido publicados na íntegra em perió dicos com corpo editorial . Nenhum estudo com amisulprida, sertindole ou zotepina preencheu os critérios para inclusão. Os incluídos tiveram os seguintes resultados (NE I, GRA): não houve me lhora significativa da agressividade com risperi dona e olanzapina comparadas ao placebo; houve melhora significativa na psicose entre pacientes tratados com risperidona; pacientes tratados com risperidona e olanzapina mostraram maior inci dência significativa de uma série de efeitos adver sos (incluindo AVC ), efeitos extrapiramidais e ou tros desfechos importantes; houve um aumento significativo nas perdas nos grupos tratados com risperidona ( 2 mg) e olanzapina ( 5 a 1 O mg); e os dados não foram suficientes para avaliar o impac to sobre a função cognitiva. A conclusão dos revi sores foi de que a evidência sugere que risperidona e olanzapina são úteis para reduzir agressividade e risperidona reduz psicose, mas ambos estão as sociados com eventos adversos cerebrovasculares graves e sintomas extrapiramidais. Apesar da mo desta eficácia, o aumento significativo nos eventos adversos confirma que nem risperidona nem olan zapina devem ser usados em tratamentos de roti na em pacientes com demência que apresentam agressividade ou psicose, a menos que haja sofri mento grave ou risco de prejuízo físico àqueles que vivem ou trabalham com os pacientes. Embo ra dados insuficientes dos estudos considerados estejam disponíveis, uma metanálise de 1 7 en saios clínicos controlados com placebo de neuro lépticos atípicos para tratamento de sintomas comportamentais em pessoas com demência con duzido pelo FDA sugeriu um aumento significati vo da mortalidade (razão de chance = 1,7). Uma revisão sistemática publicada mais recen temente avaliou os benefícios e os prejuízos dos antipsicóticos atípicos quando usados em pacien tes com sintomas comportamentais e psicológicos de demência ( Carson; McDonagh; Peterson,
2006 ) . A evidência para olanzapina e risperidona sustenta suas efetividades quando comparadas ao placebo. Risperidona não mostrou vantagem so bre haloperidol, tanto nas medidas de eficácia nos estudos de melhor qualidade quanto nas medidas de sintomas extrapiramidais. Evidência para olan zapina foi muito limitada para avaliar eficácia e segurança. Os ensaios foram curtos e conduzidos em populações altamente selecionadas (NE II). O potencial de risco elevado para eventos adversos cerebrovasculares e mortalidade foi uma séria preocupação. Os autores concluíram que, para jul gar o quanto os benefícios dos antipsicóticos atí picos ultrapassam os potenciais prejuízos, os clíni cos ainda necessitam de mais informação.
Comprometimento cognitivo Tratamentos com inibidores da colinesterase Donepezil, galantamina e rivastigmina estão apro vados para uso na DA de leve a moderada. A base teórica para o uso de drogas colinérgicas para pacientes com DA recai no aumento da secreção ou no prolongamento da meia-vida da acetilcolina na fenda sináptica em áreas relevantes do cérebro. Os inibidores da colinesterase, que retardam a de gradação da acetilcolina naturalmente secretada, ofereceram o avanço mais significativo. O primei ro dos inibidores a ser comercializado para o trata mento da DA foi a tacrina, que, embora tenha se mostrado efetiva em ensaios clínicos, tem uma alta incidência de efeitos adversos potencialmente sé rios e já foi superada pelas drogas novas (NE I, GR A). As três medicações presentes no mercado são donepezil (Eranz® ), rivastigmina (Exelon® ) e ga lantamina (Reminyl® ). Essas drogas têm proprie dades farmacológicas levemente diferentes, mas todas agem inibindo a degradação da molécula de acetilcolina ( o neurotransmissor classicamente associado à função de memória) por bloquearem a enzima acetilcolinesterase. Ao contrário do donepezil, a rivastigmina inibe a butilcolinestera se bem como a acetilcolinesterase. A galantamina, além de inibir a acetilcolinesterase, tem atividade agonista nicotínica. A significância clínica dessas diferenças ainda não foi estabelecida. O donepezil tem meia-vida mais longa, o que torna sua dose de uma vez ao dia uma opção lógica. O maior efeito comprovado dessas medicações é o de modificar as manifestações da DA. Revisões
Rotinas em neurologia e neurocirurgia da Cochrane Collaboration de cada um dos inibidores da colinesterase já foram completadas e publica das ( Birks et al., 2000; Birks; Harvey, 2006; Loy; Schneider, 2006). Nessas revisões, todas as evi dências disponíveis, publicadas e não-publicadas, relatando os estudos sobre os inibidores foram identificadas, avaliadas e descritas. Foram incluí dos 23 estudos com donepezil (5.272 pacientes randomizados), nove com rivastigmina ( 3 .449 pa cientes randomizados ) e nove com galantamina (5. 194 pacientes randomizados ) nas revisões. O objetivo da maioria desses estudos é avaliar a efi cácia e a tolerabilidade do inibidor da colineste rase, detectando diferenças na taxa de deterioração da função cognitiva entre os grupos tratados e os que receberam placebo ao longo de três ou seis meses. A função cognitiva é geralmente ava liada pelas medidas da ADAS-Cog ( a subescala cognitiva da escala da doença de Alzheimer e doen ças associadas Alzheimer s Disease and Associated Disorders) ou do Mini-Exame do Estado Mental MEEM. A impressão clínica global de mudança e medidas de comportamento e da habilidade para realizar as atividades de vida diária foram avalia das em alguns dos estudos de forma suplementar. A maioria dos estudos é patrocinada pelas compa nhias farmacêuticas que fabricam e comerciali zam as medicações. As três revisões chegam a con clusões similares: em certas doses testadas, nas mais altas do que nas mais baixas, os inibidores da colinesterase mostram eficácia no que diz res peito à função cognitiva, às atividades de vida diá ria, ao comportamento e ao estado clínico global quando comparados ao placebo e houve mais efei tos adversos, como náusea, anorexia, vômitos, ce faléia e dor abdominal, associados ao inibidor da colinesterase do que ao placebo. Um período de escalonamento de dose de aproximadamente três meses é necessário para desenvolver tolerância e minimizar os efeitos adversos. -
/
Respondedores ou não-respondedores? Pode
mos aumentar a eficiência de uma droga definin do o alvo apropriado: prescrevendo-a apenas para aqueles pacientes que apresentam benefício e pelo tempo que esse benefício for demonstrado. Apesar de uma proporção importante de pacientes alo cados nos ensaios clínicos não ter apresentado me lhora com as medicações, não há indicadores con fiáveis disponíveis para identificar que pacientes
com DA são prováveis de se beneficiar. Alguns cri térios de prescrição, incluindo aqueles do NICE (2001 ), recomendam monitoramento clínico obje tivo dos pacientes. Diagnóstico clínico formal e avaliação usando algumas escalas devem ser em pregados, e a prescrição não deve ser continuada nos casos de falta de benefício ( Evans; Wilcock; Birks, 2004). A definição de ausência de benefício ainda é controversa. A que intervalo o paciente deve ser avaliado? Devido à progressão da DA, um pa ciente cuja função cognitiva não mostra mudança ao longo do período de avaliação deve ser classifi cado como respondedor ou como não-respondedor? A prática clínica, sem dúvida, evoluirá, mas no mo mento, uma tentativa de três meses é geralmente percebida como apropriada (NICE, 2001; FDA). Es tabilização ou melhora no escore da ADAS-Cog ou no MEEM, alguma forma de medida de impressão global e desempenho de ADL nesse período deve riam indicar resposta, enquanto deterioração indi caria não-resposta. Para alguns pacientes, a opção por escalas de avaliação escolhidas mais individual mente para refletir problemas particulares, por exemplo, comportamentos desafiadores, distúrbios do sono ou incontinência, pode ser relevante. Questões éticas podem ser levantadas. Critérios de organizações como o NICE têm por objetivo primário controlar os custos das drogas, com base no custo-efetividade global, e não devem ser alu didos na tentativa de evitar o cuidado ótimo ou humanitário de pacientes individuais. Mudança nos escores ao longo do período de observação necessita ser interpretada à luz da tendência que pode ser esperada na história natural de um trans torno progressivo como a DA. Nos ensaios clínicos, isso representa, em média, uma variação de 2 pon tos por ano no MEEM e de 4,5 pontos por ano na escala ADAS-Cog para os grupos-placebo. Em outros grupos de pacientes, quedas mais rápidas são observadas. Há também variação intra-sujei to a se considerar. Durante o período tão curto como um mês de uso da medicação, pacientes que usaram placebo mostraram variação de 5 pontos no MEEM e de 10 pontos na ADAS-Cog. Isso, em parte, reflete flutuação na condição do paciente e, em parte, erro de medida. E ainda incerto se extrapolar esses dados para a população geral de pacientes com DA é justificável. A tomada de deci são para pacientes individuais com base em esco res médios é ainda mais questionável. ,
Demência Por quanto tempo se deve manter o tratamento?
A decisão mais difícil é a de quando interromper o tratamento. Se um problema como o início de agitação começa após o paciente ter sido tratado por algum tempo com uma dose estável e há sus peita de tratar-se de um evento adverso tardio do tratamento, a decisão é relativamente simples. Em muitas circunstâncias, no entanto, haverá apenas uma suspeita de que o efeito do tratamento estaria se dissipando, seja com base na impressão global seja com base em uma escala de deterioração, caso esta esteja sendo utilizada. Nessas situações, já foi sugerido que um regime de ''férias da medica ção'' possa ser empregado, ou seja, suspensão temporária do tratamento (por um curto período) com reavaliação após a nova introdução ( Figura 12.2 ) . Inicia-se melhor a interrupção, provavel mente, reduzindo-se gradualmente a dose, quan do existe variabilidade para isso, embora a meia vida longa do donepezil possa dispensar essa ne cessidade. Não é clinicamente justificável, embora isto já tenha sido sugerido (NICE, 2001 ), especi ficar um ponto em uma escala, como o Mini-Exa me do Estado Mental, abaixo do qual a droga é interrompida automaticamente. Tal escore deve, isto sim, lembrar ao clínico que está na hora de realizar uma avaliação cuidadosa da situação quando tal estágio é atingido. E importante, nesse momento, verificar que estágio o paciente atingiu e redefinir as indicações das medicações disponí veis, o benefício apresentado pelo paciente com a medicação em uso, as expectativas de familiares e cuidadores, e, por fim, a própria experiência e as crenças do médico. A tomada de decisão deve estar baseada em todas essas variáveis. Isso é o verda deiro exercício da medicina baseada em evidência. ,
Tratamentos com drogas não-inibidoras da colinesterase Memantina. A abordagem racional para o desen
volvimento das drogas antidemência com base na disfunção neuroquímica dessa condição sugeriu uma outra droga potencialmente útil, a meman tina, que modula o sistema glutamatérgico blo queando o receptor do tipo NMDA (N-metil-D aspartato) . L-glutamato é o principal neurotrans missor excitatório no sistema nervoso central; está implicado na transmissão neural dos processos de aprendizado e de memória e na plasticidade neuronal. Há evidência de que o aumento da ação excitatória desse aminoácido tem um papel na pa-
togênese do dano provocado pelo AVC isquêmico e, possivelmente, na doença de Alzheimer (Caca belos; Takeda; Winblad, 1999). No entanto, a ativi dade fisiológica do glutamato é necessária para a atividade cerebral normal e não pode ser abolida completamente. A memantina foi primeiramente sintetizada como um agente redutor dos níveis elevados da glicemia, mas não se mostrou efetivo. Posterior mente, a droga foi testada em modelos animais de cognição, observando-se reversão dos déficits de aprendizado e da plasticidade neuronal. Nos últimos 1 O anos, a droga foi testada em ensaios clínicos em pacientes com DA, DV e demência mista em diferentes estágios. Em todos os estudos, a incidência e a gravidade relatada de efeitos ad versos foram baixas. A memantina foi aprovada em fevereiro de 2002 pela Agência Européia de Avaliação dos Medicamentos (2004) para trata mento da DA de moderada a grave. Uma revisão sistemática incluiu sete ensaios clínicos envolvendo DA, DV e demência mista ( McShane; Areosa Sastre; Minakaran, 2006 ) . De forma geral, os revisores concluíram que, em do ses diárias de 20 a 30 mg, a memantina foi associa da a uma pequena melhora na função cognitiva por pelo menos 28 semanas nos pacientes com DA leve a moderada, DV ou demência mista ( NE I, GRA). Em doses mais elevadas, houve um efeito benéfico mais precoce sobre humor e comporta mento. A incidência global de eventos adversos e as perdas no seguimento dos estudos não diferi ram entre os grupos tratados e o grupo-placebo, mas, em três ensaios, a incidência de impaciência e agitação foi maior no grupo com memantina do que no grupo-placebo. Os dados não foram sufi cientes para permitir análise dos resultados para pacientes com DA apenas. Nesse momento, não seria eticamente aceitável conduzir ensaios controlados com placebo para DA, e comparações diretas da memantina com os inibidores da coli nesterase são absolutamente necessárias. O meca nismo de ação da memantina difere daquele dos inibidores da colinesterase, e há alguma evidência para um efeito aditivo, havendo estudos que rela tam desfechos significativamente melhores com a combinação de doses estáveis de donepezil e me mantina ( 20 mg) do que com placebo nas medidas cognitivas, de atividades de vida diária, de desfe chos globais e de comportamento (Tariot et al., 2004).
Rotinas em neurologia e neurocirurgia Estabelecer o diagnóstico de doença de Alzheimer
i
Estabilizar alterações comportamentais, se necessário (p. ex., depressão, agitação)
i
Revisar uso dos inibidores da colinesterase com paciente (se apropriado), familiares e cuidadores. Registrar MEEM, ADL-IADL, outras medidas cognitivas de rotina (p. ex., teste do relógio, OS, etc.)
i
Iniciar terapia com um dos inibidores na dose inicial
i
Avaliar efeitos adversos nas primeiras duas a quatro semanas, reavaliar em oito semanas para determinar resposta clínica
i
i
i
-
Paciente claramente se beneficia
Paciente possivelmente se beneficia
Paciente NAO se beneficia
i
i
i
Manter a dose ou iniciar escalonamento*
Iniciar escalonamento de dose
Iniciar escalonamento de dose
+
Reavaliar após 12 semanas do início da terapia paciente recebendo dose efetiva a partir de 8 semanas, novo reajuste da dose.
i -
Paciente claramente se beneficia
Paciente possivelmente se beneficia
Paciente NAO se beneficia
Manter medicação
Iniciar suspensão da medicação; no caso de piora, retornar à medicação.
Suspender medicação por duas semanas
+
[ Figura 1 2.2 ]
+
+
i Iniciar tratamento com outro inibidor
Diretrizes práticas para o uso dos inibidores da colinesterase nos pacientes com doença de
Alzheimer.
* Manter dose no caso do donepezil (5 mg/dia), iniciar escalonamento no caso da rivastigmina, que pode ter sido iniciada em dose tão baixa quanto 1 ,5 ou 3 mg/dia para atingir 9 ou 1 2 mg/dia, e da galantamina (4 mg duas vezes ao dia inicialmente para passar, em 8 semanas, para 1 6 mg/dia). MEEM, Mini-Exame do Estado Mental; ADL, Escala de atividade de vida diária; IADL, Escala de atividade de vida diária instrumental; DS, Teste de span (extensão) de dígitos.
Considerações finais
O ritmo da investigação científica nesta área é rá pido, e é provável que as direções das pesquisas levem a tratamentos mais efetivos no futuro. A Figura 12.3 representa um resumo da compreen são atual dos mecanismos da DA e do local de
ação das terapias utilizadas. Enquanto em direção a novas estratégias biológicas de tratamento, muito permanece a ser realizado na área do mane jo das doenças e do desenvolvimento de modelos apropriados de cuidados de longo prazo.
Demência Possível sítio de ação de vários tratamentos
Estrógenos, antioxidantes, drogas antiinflamatórias não-esteróides
Outros fatores contribuintes ao dano neuronal
Processo primário da doença de Alzheimer
Idade Fatores genéticos e ambientais que podem modificar início Inflamação (placas de �-amilóide da Proteína precursora amilóide proteína precursora amilóide) Trauma craniano Presenilina Apolipoproteína e4 Dano oxidativo (enovelados neuríticos da hiperfosforilação da proteína tau) Deficiências metabólicas e nutricionais
i
Morte neuronal
Inibidores da colinesterase
(p. ex., processamento anormal da proteína precursora amilóide) Perda de neurotransmissores
Intervenções comportamentais Intervenções família cuidadores Antidepressivos Neurolépticos Estabilizadores do humor
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Sintomas
[ Figura 12.3 ]
Possíveis mecanismos patogênicos e sítios de ação de algumas estratégias de tratamento da doença de Alzheimer.
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