Roberto Cadeira - Pequeno estudo sobre a compreensão e ... um bom jogo de tarot[1]
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PEQUENO ESTUDO SOBRE A COMPREENSÃO PREENSÃO E A APRESENT APRESENTAÇÃO AÇÃO DE UM BOM BOM JOGO JOGO DE TAROT TAROT (PROFISSIONAL)
ROBERTO CALDEIRA
CAPA E DIAGRAMAÇÃO: ANDRES Z. FATORETTO
Nota Inicial Esse trabalho é fruto de várias dúvidas le- vantadas por alunos em aula, que por uma li- mitação de tempo, geralmente ficam sem respos- ta completa, pois, no trajeto das aulas, minha principal preocupação é o ensino do jogo e a fi- losofia do Tarot, ficando os meandros do aten- dimento profissional num segundo plano. Por isso resolvi escrever esse estudo. Aqui, qualquer aficcionado da antiga arte poderá recolher informações úteis para sanar dúvidas comuns aos que atendem profissionalmente, bem como, terá exemplos práticos de ocorrências de consultório e posturas dos consulentes. Espero que esses escritos lhe possam ser de va- lia, e que o seu jogo se enriqueça, sendo ele bené- fico aos que dele se valerem. Não considero esse estudo um livro, portan- to, espero que os amigos que dele venham a se utilizar, entendam à falta de rigor literário e lisura estilística; ambicionei apenas executar uma mera redação técnica sem grandes preten- sões de estilo, mas com conteúdo apurado, para que os que aqui vierem a se servir, possam ter uma orientação segura e prática sobre técnicas bási- cas para o bom atendimento dos usuários do Tarot. O Autor
Dedico esta obra ao empenho dos meus amados alunos em divulgar, abrilhantar e acrescentar aspectos maravilhosos à este siste- ma de melhoria de vida que é o Tarô. Ofereço também esse trabalho a aqueles que se foram, mas que mesmo assim, continuam a levar a mensagem do “Caminho do Louco” mundo afo- ra. O meu respeito a todos. ‘ E, de uma forma muito especial, gostaria que esse livro seja uma homenagem a Rubens Lacerda, o meu querido Binho, exemplo vivo de quem vive a verdadeira jornada do Tarot, tan- to no deleite como na angústia do crescimento e evolução; o meu carinho nessas linhas.
Este livro foi escrito em prol da evolução dos Homens.
O Tarot é uma arte!
A arte é uma série de objetos que provocam emoções poéticas. (Le Corbusier)
Sobre de
o que devemos pensarmos em
saber antes jogar
Creio estar me dirigindo a tarólogos, por- tanto, não perderei precioso tempo discorrendo sobre o que vem a ser o Tarot. Aproveitarei estas linhas para pôr em andamento um projeto que a muito instigava-me: o de preparar um breve e singelo estudo sobre a postura e comportamento de um tarologista. Operar um instrumento de informação como o Tarot, implica não raramente, no tra- tamento de problemas de outrens, o que, consequentemente, nos faz sabedores de diversos aspectos delicados e privados das vidas de nos- sos consulentes; obrigando-nos a uma preocu- pação redobrada com nossa conduta e atitudes durante o nosso trabalho. Para que esta operação seja o melhor suce- dida, precisamos do nosso mais valoroso alia- do, que embora muitos não saibam, não é o Tarot, pois como já o disse anteriormente, o nos- so baralho é um instrumento, o qual não deve- mos confundir com o executante do jogo que so- mos nós. Saliento isso para que extinga-se essa deificação do baralho, que em alguns chega ao absurdo do tratamento dos arcanos como fos- sem esses pessoas vivas. O sucesso infalível da nos- sa atividade provém de inúmeros fatores, mas nenhum mais importante que o nosso grande aliado: o amor! Um tarólogo é feito antes de tudo de um amor pela humanidade que deve beirar o 01
irrestrito. Amar aos seres e suas evoluções é o nos- so único código de honra. Esse é o norte que nos orienta e modela as nossas posturas. Quando uma sessão de cartas é efetuada, somente uma atmosfera amorosa dará um tom sublime às suas palavras; sem que nos esqueça- mos que o principal provedor desse amor fantás- tico é o tarólogo que preside a atividade. Agora que já sabemos qual é o nosso funda- mental parceiro nos caminhos misteriosos dos arcanos, podemos entender porque muitos que exercem essa função não são bem sucedidos, ou podem até ter um brilhantismo, que inevitavel- mente será passageiro. Devemos entender que o ato da postulancia das cartas, mais que um auxílio, é a prova derradeira que o nosso consulente é o único senhor do seu próprio livre- arbítrio; e que somente ele tem o poder para pro- mover a sua felicidade, através do manuseio consciente do seu destino. Nós os tarologistas precisamos ser os primei- ros a negar a imutabilidade dos destinos, pois, se sabemos que nenhum desígnio está definido até que aconteça, não podemos ter a levianda- de de afirmarmos que advinhamos o futuro, ou pior, que tudo já está escrito e “que o quê tiver que acontecer acontecerá”. Para um melhor embasamento do que digo, colocarei apenas um exemplo que defina amplamente essa idéia: por- que você não atravessa uma avenida extrema- mente movimentada sem olhar para os lados? Não dizem muitos que ninguém morre de véspe- ra? Será que quando você estiver na u.t.i com inúmeras fraturas e escoriações, isso se você já não estiver no mundo dos mortos, sairá da sua boca a afirmação de que o atropelamento acon- teceu porque foi Deus quem quiz. 02
Atente bom amigo a este fato: porque Deus nos daria livre-arbítrio se tudo o que fosse ocor- rer já estivesse definido por Ele? Se fossemos ape- nas parte de um plano secreto que nunca pode- remos entender, em verdade não possuímos von- tade própria. Então, se tudo é a vontade do des- tino, não existe suicídio ( já que tudo está pre- visto previamente); o que você acha disso? Pare- ce-lhe lógico isso? Para que possamos nos definir como verda- deiros tarólogos, haveremos de não somente com- preender, mas também incorporar em nossas vi- das a noção de que o futuro é reação de nossa ação presente, e que a vontade que vem da alma é seu maior veículo. Não se iluda a prever o futuro, dedique-se a mostrar aos semelhantes que a felicidade lhes pertence, bastando para tal, que a procura seja consciente, corajosa e ativa. Não se prenda ao hábito infrutífero de dizer o que irá acontecer, fale sim do que pode vir a ser se nós o quisermos. Outro ponto a ser posto em questão é se o que fazemos é profissão, missão ou dom. Com certeza profissão o é, tanto que nós __ou alguns de nós__ provam este fato sustendo-se por esta atividade; missão somente será se a adotarmos como meta de vida por opção própria; e finalmente, se for um Dom, todos os seres humanos o possuem in- distintamente. Qualquer indivíduo pode manu- sear um baralho de Tarot maravilhosamente bem, sem que precise possuir características espe- ciais. Um engano freqüente entre nossos parceiros de profissão é a crença infundada de que pela simples razão de trabalharmos com um jogo de informação, somos seres “escolhidos” ou ilumi- nados; que somos agraciados com uma evolu 03
ção acima dos outros “normais”; que somos os herdeiros de antigas Pitonisas e Feiticeiros. Ser um tarólogo significa incentivar, apoi- ar e solidarizar-se com quem quer que nos pro- cure. Não se perca na vã vaidade de achar que o Tarô é um oráculo; lembre-se de que oráculos são veículos de comunicação dos deuses antigos ( e são sempre pessoas os instrumentos de vaticí- nios). Aproveitando o assunto, quero dirigir-me a aqueles que dizem estar jogando por intermédio de espíritos. Uma simples visita a um terreiro de Umbanda ou a um centro Kardeccista, mostrar- lhes-ás que entidades desencarnadas não se uti- lizam desses artifícios. Aos que propalam possuir um “cigano” ou coisa tal, é importante saberem que o povo cigano jamais jogou Tarot, e sim o baralho cigano composto de 36, 43 ou 52 car- tas. Inclusive, aos que acreditam serem os ciga- nos os criadores do Tarot, saibam que quando as primeiras tribos chegam a Europa por volta de 1292, já haviam registros da existência de baralhos do tipo Visconti-Sforza e Medieval. Livrem-se das superstições e confiem mais em suas intuições, isso só há de contribuir na melhoria do seu jogo e nos resultados alcança- dos pelo consulente. Muitos perguntam-me sobre qual é o melhor baralho para uso; costumo dizer que um verda- deiro tarólogo joga com qualquer tipo de carta. É como fazer curso numa auto-escola: você aprende a conduzir automóveis, e não um tipo específico de carro. Escolha o Tarot de sua pre- dileção (em constituição, todos os baralhos são identicos), ele é tão bom quanto outro qualquer. Costuma haver muita dúvida entre os pro- fissionais sobre assuntos ligados a preparação 04
do jogo. Alguns acham que não se pode comer carne, consumir bebidas alcoólicas e fazer sexo antes de uma sessão. Creio que a carne não traz nenhuma qualidade de impecílio no desempe- nho do operador de Tarot, pois, fosse assim, quando você utiliza qualquer utensílio domés- tico, este o impregnaria com a mesma energia que compõe as forças “malignas” da carne, se levarmos em conta que garfos, facas, colheres, pratos e panelas são usados indistintamente para o preparo de toda espécie de alimentos. Quanto as bebidas, com exceção dos degustadores, nenhuma atividade profissional deve ser precedida pela ingestão de alcoólicos, porque, certamente ela diminuirá e afetará re- flexos e raciocínio. Por último o sexo: se uma boa transa não o deixar desanimado para o traba- lho em seguida... faça bom proveito; caso con- trário: faça depois! A escolha é somente sua. Outros desejam saber se deve-se fazer uma oração , concentração ou ritual antes do jogo. Novamente uma questão de cunho pessoal. A crença do executante não deve interferir na in- formação dada aos que nos procuram, não obstante, deve-se negar a própria fé. Aconselho que solitariamente, antes do princípio dos tra- balhos, você desenvolva seus rituais particula- res, embora não sejam fundamentais ao bom andamento do jogo. lembrem-se que até ateus jogam o Tarot ( e muitos maravilhosamente bem). Alguns hão de preocuparem-se com energi- as nefandas provindas dos que recebem consul- tas; citam casos de outros tarologistas que pas- saram mal durante uma entrevista com pessoas ditas negativas; e o mesmo dizem de indivíduos assolados com magia negra, maldições e “tra 05
balhos”. Tranqüilizem-se, uma das funções do baralho é converter a energia do cliente em algo benéfico a ele mesmo. Nunca devemos despender da nossa própria força, devemos utilizar sóbria e corretamente as energias advindas de quem se vale de nossos préstimos, sempre a seu benefício, e assim com todos os que passarem por nós du- rante o dia. Se fossemos usar de nossas energias, após cinco atendimentos como estaríamos? Por último, vou dirigir-me aos inseguros que sempre perguntam: e como vou saber se eu acer- tei? Amigos, nós nunca acertamos ou erramos, damos simples informações, que cabe ao ouvinte transformar ou não em realidade. Se você pre- ver que ele (o ouvinte), comprará um carro em seis meses, caso seu cliente não possua o dinhei- ro necessário como ele adquirirá o bem? Você não acha que o seu consultante deve ganhar primei- ramente os reais precisos para que sua previsão venha a concretizar-se; portanto, não é o pró- prio que há de decidir se comprará ou não o re- ferido veículo? Nunca afirme que vai, e sim que pode acontecer conforme o seu arbítrio e esforço mandarem. Assim age um correto tarondólogo; ele dá opções e escolhas incitando os que o ou- vem a posicionar-se da melhor forma. Com isso outros dirão: e se o meu cliente dis- ser que o quê eu falei estava errado? Pense comi- go: para que serve um jogador de Tarot que só diz o quê os consulentes já sabem? Não seria a nossa função apontar vertentes da vida das pes- soas que elas não estejam vendo? O bom de suas existências elas já conhecem, que tal mostrar- mos o que não anda bem? E não podemos nos esquecer daqueles que vêm para a sua sessão de Tarot com um script já formulado, caso não fa- lemos o que eles tanto anseiam, dizem que so- 06
mos incompetentes. Você é consciente do traba- lho que faz, as opiniões dos seus consultadores não podem interferir no seu desenvolvimento en- quanto usuário do Tarot; em verdade, quem en- tende de Tarologia: você ou ele? Não tome esta última colocação como uma forma prepotente de apropriarmos-nos do conhecimento tarolístico, use a certeza da sua capacidade para um melhor embasamento dos seus présti- mos em relação às prioridades daqueles que ser- vem-se dos nossos serviços. Um tarólogo é em essência um servidor hu- milde e dedicado, tendo em mente que uma fe- roz luta é travada contra as forças da apatia e mediocridade humanas e, que como servos, tornamo-nos guerreiros imbatíveis da felicida- de. Embora isso pareça mera poesia chula, ser um entendido em Tarot é propagar incansavel- mente o lirismo da abençoada vida. Mais que tudo, viver, torna-se ao sábio a sublime poesia. De posse dessas idéias, estamos preparados para o sagrado trabalho do jogo de cartas; se você possuir a mente limpa, o coração amoroso e o espírito puro, acredito que o seu Tarot será inquestionavelmente infalível, belo e certeiro nos seus intentos.
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Sobre o que devemos fazer para começar um jogo.
Para que possamos explorar largamente este tópico, usarei de um exemplo que à primeira vis- ta parecerá inapropriado, mas à medida em que aprofundarmo-nos nele, tornar-se-á clara mi- nha intenção. O que nos diz qual é o excelente jogador de futebol? Logicamente a sua perícia durante as partidas que disputa, sua técnica apurada e a sua constância em marcar gols, nos darão a cla- ra noção de que este indivíduo é um craque. Mas o que ele faz para ser um ídolo futebolístico? É esta a analogia que tento criar; seguir os passos de um garoto que um dia quer sagrar-se um grande atleta e, com os mesmos elementos, mostrar o caminho de um grandioso tarólogo. Vamos então por tópicos: a) Um jovem precisa treinar arduamente até adquirir a habilidade necessária a um exímio futebolista; igualmente, o tarologista pratica até atingir a mestria. O grande e fatal erro da mai- oria dos que jogam Tarot é a sua prepotência em achar-se isento da necessidade da prática de jogo. Sem essa intimidade, o tarólogo depen- derá sempre de cartas com significados pré-for- mados, transformando o seu jogo num amonto- ado de pressuposições. A maior habilidade do jogador de Tarot é a sua intuição exercitada e aguçada; cartas não possuem significado pré- vio; fujam dos estilos que delimitam as informa- ções de uma carta numa minúscula síntese de 08
uma página de livro... para isso: somente o cons- tante jogar! b) Um aspirante a profissional da bola precisa cultivar um físico sadio e esguio, sem nunca per- der de vista a força e resistência fundamentais numa partida. O profissional da tarologia tam- bém carece de um exercitar paulatino dos seus estados mentais e emocionais, para que o consulente possa contar com um interlocutor equilibrado, sensato e coerente nas suas atribui- ções. Para tanto, jamais podemos esquecer que, quando numa sessão de Tarot, o jogo é efetuado como num espelho, onde o que dizemos ao nosso ouvinte, estamos a falar a nós mesmos. É nossa obrigação estarmos em dia com nossas pendên- cias existenciais para que a coerência __para não citar a verdade__ permeiem nosso amado tra- balho. c) Um futebolista nato tem na bola a sua com- panheira de trabalho e diversão, tanto nos bons quanto nos maus momentos. Creio não ser preci- so dizer qual o melhor amigo de um tarólogo. Quando você estiver com problemas, que tal em- punhar o seu baralho e jogar para si mesmo? O tarologista que diz não conseguir ler para si mesmo é um enganador, pois temos em nós mes- mos nossas melhores cobaias; e só jogaremos a outros após termos testado conosco. Isso faz um tarólogo respeitável: aplicar nos seus clientes apenas o que ele mesmo testou, ou seja, seu pró- prio jogo. d) Os jogadores costumam zelar primorosamente pêlos seus equipamentos e indumentárias espor- tivas. O bom tarólogo se mede pela forma de transporte e estado do seu Tarot. Caso você pre- sencie um jogo sendo efetuado em qualquer lu- gar, sem uma toalha específica para esse fim e 09
por uma pessoa sem o necessário asseio e postura física, estarás visualizando qualquer coisa, me- nos um correto manuseio do Tarot. e) Já em campo, minutos antes do início da par- tida, é costumeiro ver-se todo um time a fazer embaixadas, chutes e passes para a melhoria da sua intimidade e entrosamento com a bola. Nos instantes que antecedem o princípio da sessão de cartas, o embaralhar das lâminas é funda- mental para uma perfeita simbiose com o consulente, tanto como a mesa de jogo arruma- da prévia e caprichosamente fará com que seu cliente sinta-se mais confortável em suas mãos. Lembre-se: nunca prepare a mesa às vistas do usuário; esse é o seu momento de concentração pessoal... acaso já viste um jogador profissional vestir-se em frente à sua torcida? f)Para encerrar esta analogia pergunto-lhes: Você já viu algum craque da magnitude de um Pelé ou Maradona, dizer publicamente que en- tende tudo de bola? Da mesma maneira, você nunca verá um grande tarólogo afirmar que conhece tudo de Tarot. A discrição faz o bom pro- fissional. Com esses conceitos à mão, passa agora a ser possível o principiar do jogo em si, com a certe- za de que tanto os preparativos pessoais quanto os técnicos preenchem as mais rigorosas regras de profissionalismo e competência. Só há um fis- cal apto a verificar tudo isso; e ele é o seu maior e mais exigente crítico: você!
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Sobre o que devemos ter em men- te durante o jogo.
Inicio essa parte do estudo dando um aviso que fará do seu jogo um sucesso no intento per- seguido, ou pelo contrário, desgraçará qualquer tentativa no uso do Tarot. Ao principiar uma sessão de Tarot, certifique-se que sua mente está livre de pressupostos ou impressões que possam tornar o jogo tendencioso e parcial. Nunca te- nha opiniões sobre o consulente, essas opiniões direcionarão a sua intuição, transformando o que seriam informações em conselhos dirigidos pelos seus conceitos morais. A ética do Tarot consiste em apenas inter- pretar as cartas; sem qualquer espécie de julga- mento do que deva ser certo ou errado; o único que pode assim o decidir é o consulente, pois, se a responsabilidade de suas vidas pertence-lhes, nada mais justo que a palavra final também lhes pertença. Durante a condução do jogo é imperioso que em primeiro ato sejam apontados os pontos ge- néricos da fase atual daquele que nos procura; tendo em seguida a especificação dos focos prin- cipais de problemas, suas origens e porquês; dan- do ao assistido, uma noção ampla de como vai o andamento de sua vida, quais os aspectos que merecem maior atenção e onde ele vem errando na administração da mesma. Após essa etapa, deve-se iniciar uma parte dedicada à solução dos pontos conflituosos, que 11
terão sempre, por parte do jogador, uma solu- ção ou sugestão a ser apresentada para que o procurante possa reposicionar-se, mudando sua vida e, por conseguinte, atingindo estágios mais elevados de felicidade. Posto isto, entraremos automaticamente no processo de incentivo e fortalecimento do consulente, para que o mesmo sinta-se apto a promover as alterações necessárias e consiga __por seu mérito__ a tão desejada felicidade. Nunca devemos nos esquecer que apoiar não sig- nifica dar elogios baratos e fúteis; essa é a parte do jogo em que transformamos uma pessoa der- rotada em grande e vigoroso vencedor, apenas salientando o quanto e como ele deve externar suas admiráveis qualidades. É nisto que consiste a força do Tarot, trans- formar o medo em fé, o caos em ordem, a dúvi- da em coragem e a ilusão em vida plena e ver- dadeira. Isso ocorrendo, ficar-lhe-á claro a mudan- ça no consulente; suas feições, gestos e fala esta- rão carregados de força ( mesmo que inseguro), levando-o a uma sensação de solucionamento dos seus mais terríveis problemas... estará feito então o seu trabalho!
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Do que devemos estar preparados durante o jogo Numa seção de cartas, será comum que im- previstos, desatenções ou a inexperiência preju- diquem sobremaneira seu desempenho, fazendo com que o seu trabalho deixe a dever, frustran- do-o, e o que vem a ser pior, malogrando as es- peranças de quem o procurou. Portanto, passe- mos à limpo algumas ocorrências comuns junto com pequenos e valiosos conselhos para uma atu- ação primorosa e eficiente. Serão colocados tópicos sequenciados pelo grau de coloquialidade. Os mais comuns virão antes, seguidos dos raros, mas não desprezíveis casos, que podem destruir a carreira de um tarólogo com facilidade. Vamos a eles: 1) Antes de tudo, Tarot é inteligência, portanto, a observação inicial precede o bom jogo. Não vá dizer a um paraplégico que você vê no Tarot que ele deve praticar cooper. Isso é o que chamaría- mos completa e total falta de atenção, o que não é difícil de acontecer. Observe a entrada do seu consulente; verifi- que as suas maneiras, gestos; veja como ele se comporta inicialmente; com isso você já estará lendo Tarot e arregimentando informações que enriquecerão o seu jogo. 2) Não tenha medo de perguntar, você não é obrigado a advinhar tudo. Preocupe-se em pas- sar informações úteis, diretas e claras, e o que 13
trouxer-lhe dúvidas, peça ao assistido que lhe esclareça. Dou-lhe um exemplo: você vai falar sobre a família do consultante: pergunte-lhe quantos e quem são os integrantes da mesma. Não é mais fácil e evita erros? Seja humilde... per- gunte. 3) nunca entre em assuntos polêmicos do tipo: adultério, morte, prêmios de loterias, pessoas que fazem macumbas, traições, corrupções, maledi- cências e outros tantos assuntos que correspondam à polêmicas que não possam ser comprovadas totalmente. Caso lhe seja pedido que responda a uma dessas questões, recuse-se imediatamente, diga que não fala sobre isso e não dê maiores explicações: você é quem coman- da o jogo. 4) Não receite remédios, terapias ou tratamen- tos pertinentes à áreas especializadas. Caso você detecte algum problema, encaminhe-o ao espe- cialista em questão para que o diagnóstico cor- reto lhe seja dado. 5) Exima-se de opiniões e posturas religiosas. Os que nos procuram esperam informações provin- das do Tarot, não conselhos carolas de profissi- onais que se iludem achando que o seu credo é o mais acertado da face da terra. 6) Não seja juiz de pendengas pessoais: nunca dê a razão a este ou aquele, independente ao motivo exposto... as partes sempre hão de encon- trar uma melhor solução sem que o tarólogo se exponha ao perigo de ser chamado de parcial. 14
Lembre-se de que algum dia essas pessoas farão as pazes, e você será considerado um elemento inconveniente no processo de reaproximação. 7) Precavenha-se para não cair na vaidade idi- ota de dar nomes ao léu. Sempre é melhor que o consulente faça suas associações, e o mais im- portante, ache por si mesmo as pessoas que estão envolvidas nos seus processos de vida. 8) Não paquere ou faça galanteios a nenhum cliente; você está só com a pessoa no consultório, e uma palavra mal entendida pode acarretar acusações e, que por mais inocente que sejas, ja- mais sua reputação se recomporá, pois entre o embate de palavras, sempre a do consulente pre- valecerá. 9) O máximo de pessoas presentes numa sala de consultas de Tarot não pode ou deve ultrapas- sar duas. De três acima a consulta tornar-se-á uma festa adolescente, com todos opinando e interferindo em seu trabalho. 10) O respeito pelo seu trabalho vem da forma e posicionamento da sua vida; todos estarão a observar a maneira que se veste, anda, fala, sorri e acima de tudo: a coerência entre seu trabalho e comportamento. Uma vida cheia de picos e que- das denota um tarólogo que não segue seus pró- prios conselhos, portanto, um péssimo profissio- nal! 15
Do que devemos estar preparados no transcorrer do jogo. No caminhar de qualquer jogo de Tarot, são prováveis uma série de ocorrências que podem pegar desprevenido o oficiante do trabalho. Para isso reservamos essa parte desse escrito: para que fique claro aos que me lêem, que uma sessão de Tarot implica num montante de responsabili- dades e cuidados, que somente o excelente pro- fissional estará imune a erros grosseiros, o que resguardará a integridade do seu consulente... que diga-se, é a sua maior prioridade. Novamente, dividiremos em pequenos tópi- cos para uma melhor absorção dos temas. a) Se o seu consultante reclamar que está tonto, enjoado, descontrolado ou extremamente ner- voso; pare o jogo e com a desculpa de pegar um copo d’água, saia da sala por alguns momen- tos. O consultante está muito nervoso, dê-lhe al- gum tempo para se acostumar à situação e reto- me a atividade. b) Caso as reclamações sejam de dores físicas incontroláveis, encerre o jogo e entre em conta- to com algum familiar da pessoa para que ele venha buscá-la. Somente em urgência extrema é que a iniciativa de socorro deve ser sua. c) Ainda no mesmo tema, se seu interlocutor dis- ser que esta mal por causa de energias “hostis” ou “negativas”, ignore o que ele diz. Havendo 16
insistência, faça prevalecer sua autoridade de especialista na área. Geralmente, essas demons- trações desnecessárias de poderes extrasensoriais são uma forma de se auto-afirmar em cima do seu trabalho. d) Se em meio ao jogo seu cliente afirmar de pró- pria boca que vai suicidar-se, chame imediata- mente uma testemunha e faça-o repetir a sua afirmativa novamente, pois, se caso venha a se concretizar o prometido, mesmo que o falecido deixe uma carta dizendo que você o incentivou a tal ato, o depoimento da testemunha o isen- tará da suspeita. e) A salvo os tópicos passados, nunca interrom- pa o seu jogo; e não permita que outros o façam. O atendimento a um ser humano deve ser visto de forma sagrada. Uma vez iniciado o seu tra- balho, é dever seu levá-lo até o final. f) Muitas vezes os que nos procuram sentem-se momentaneamente atraídos por nós: IGNORE! Isso passará. g) Se, ao contrário, foi você quem se empolgou com os encantos do consultante: ESQUEÇA! Ali, naquela hora, você é isento e imparcial, assexuado e distante. Sendo incontido o desejo, ligue num outro dia e marque um encontro; ses- sões tarológicas não condizem com flertes ou afins. h) Se a consulente começar a exibir-se de ma- neira lasciva ou provocante: ignore e não olhe, nunca reprima, trazendo um clima pesado para 17
a consulta. i) A sedução sendo verbal, com narrativas sexu- ais exageradas, devem ser tratadas com frieza e descaso; isso fará com que o sedutor recolha-se ao seu lugar. j) Se alguma de suas colocações ofender o ou- vinte, peça desculpas simples e encerre o assun- to; caso ele não aceite e quiser continuar a con- tenda, devolva-lhe o dinheiro e peça que se reti- re, avisando-o que tão logo se acalme poderá marcar outra consulta. l) Havendo protestos do cliente, dizendo que você nada acerta, peça-lhe que tenha calma e preste atenção ao jogo; não cessando, interrompa, de- volva-lhe o dinheiro e diga-lhe para procurar outro profissional. m) Havendo recusa do pagamento do jogo com a alegação de que seu trabalho foi incompleto ou inexato, não dê continuidade à conversa, peça que o indivíduo retire-se e não mais retorne. n) Se os protestos girarem em cima do valor da consulta, não dê explicações... cada qual deve saber o preço do seu trabalho e, os demais, o quanto podem pagar pelos serviços a que se be- neficiam. o) Jamais volte atrás no dito; é de coragem que são feitos os bons tarólogos. Se suas palavras fo- rem postas em dúvida, posicione-se inflexivel- mente e não se perca em falatórios.
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Após o jogo: Sinta-se feliz e realizado... você deu o me- lhor de si, procurando sempre oferecer informa- ções e saídas aos problemas daquele que o pro- curou. Isso é a vida de um grande tarólogo: ser- vir bem e amorosamente. A tarologia é uma arte antiga e venerável pelo seu cunho de estímulo ao bom viver, res- saltando sempre o poder do livre-arbítrio como fator decisivo para o encontro do caminho da felicidade. Cumprida sua missão, vá você atrás da sua felicidade, e torne-se exemplo de que a filosofia do Tarot é mais que jogar cartas, é viver bem e cada dia melhor. Espero que estas mínimas sugestões possam auxiliá-lo nas suas atividades e, sobremanei- ra, empurrá-lo na procura de novas maneiras e técnicas de apoio ao ser humano. Deixo o meu carinho e incentivo a você que escolheu um dos meios mais maravilhosos de vida... o Tarot! Com todo o meu respeito e carinho,
Roberto Caldeira
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Escrever um manual exige objetividade, clareza e direcionamento. Esse pequeno estudo aglutina maravilhosamente esses requisitos; ampliando a todo interessado na ciência tarológica, um universo amplo e profundo, sobre o que vem a ser o Tarot.
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