VOLUME 11 NÚMERO 1 ISSN 1677-3888
ODONTOLOGIA ODONTOLO GIA CLÍNICO-CIENTÍFICA Scientic-Clinical Odontology JANEIRO/MARÇO - 2012
Igreja de Sant'Ana Carne de Vaca -Goiana - PE Arquivo pessoal de Mércio Silva Church of Sant’A Sant’Ana na Carne de Vaca -Goiana - PE Personal archives of Mércio Silva
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Odontologia Clínico-Científca v. v.11(20 11(2012). 12). - Recife: Conselho Regional de Odontologia de Pernambuco
TRIMESTRAL
Substitui, a partir de dezembro de 2001, a Revista do Conselho Regional de Odontologia de Pernambuco
ISSN 1677-3888 617.6 616.314
CDU.20ed. CDU.2ed.
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ODONTOLOGIA CLÍNICO-CIENTÍFICA
VOLUME 11 NÚMERO 1 ISSN 16773888
Scientific-Clinical Odontology
JANEIRO/MARÇO - 2012 05
EDITORIAL Uma pausa... Aurora Karla L Vidal
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ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE 07
A participação das respostas imunológicas nas doenças periodontais
Why choosing odontologia? E what to expect about the proession? Study with academics o the odontologia course o the Univali Souza FA, et al. 51
The participation o immune responses in periodontal disease Barbosa KGN, et al. 13
Síndrome do túnel do carpo em cirurgiões-dentistas Carpal tunnel syndrome in dentists Melo JV, et al.
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Resistência de união de dois sistemas adesivos ao esmalte bovino
Diagnhóstico de lesão de cárie proximal por imagem - Revisão Sistemática
Bond strength o two adhesive systems to bovine enamel Carvalho RCC et al.
Lesion o proximal cries’ diagnosis by image - A Sistematic Review Silva AVC, et al.
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ARTIGOS ORIGINAIS ORIGINAL ARTICLES Avaliação do conhecimento dos usuários da Faculdade de Odontologia da UFJF quanto às medidas de radioproteção 65
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Avaliação dos conhecimentos de ergonomia em acadêmicos do ciclo profissional em uma Faculdade de odontologia do sistema público de educação superiror em Pernambuco Evaluations o the ergonomics knowledge in undergraduate o the proessional course in a Dentistry’s Faculty o the higher education public system in Pernambuco Loretto NRM et al.
Mast cell in dental pulp: does it have a role? Mastócitos na polpa dental: eles têm uma unção? Júnior CMQ, et al.
75 37
Análise das estimativas de incidência de câncer de boca no Brasil e em Sergipe (2000- 2010) Estimates’ evaluation o mouth cancer incidence in Brazil and Sergipe (2000 - 2010) Melo AUC, et al.
Avaliação do nível de satisfação dos usuários atendidos na clínica integrada do curso de odontologia da Faculdade Novafapi em Teresina (PI) Assessing the level o satisaction o users served in integrated clinical course o dentistry college Novaapi Teresina (PI) Pompeu JGF et al.
Efeito de diferentes agentes clareadores de uso caseiro na microdureza superficial de resinas compostas: microhíbrida X nanohíbrida Effect o different at-home bleaching agents in microhardness surace o resin composites: microhybrid X nanohybrid. Azevedo MR et al.
The knowledge’s evaluation o UFJF dentistry school’s user in terms o radioprotection measures Gomes CK et al.
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Programas de educação e prevenção em saúde bucal nas escolas: análise crítica de publicações nacionais Education and prevetion programs or oral health in schools: a critical analysis o national publications Castro CO, et al.
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Por queda escolher odontologia? o que esperar profissão? Estudo comE acadêmicos do curso de odontologia da Univali
RELATO DE CASOS CASE REPORT Utilização de gel de papaína associado à técnica de restauração atraumática em bebê - relato de caso clínico The use o papain gel associated with the atraumatic restorative treatment in chidhood - clinical case reporting Sousa JM, et al. Sousa
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Surgical of mucocele sia in an excision 8-month-old baby with local anestheExcisão cirúrgica de mucocele sob anestesia local em um bebê de 8 meses de idade Gurgel CV, et al.
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INSTRUÇÕES AOS AUTORES INSTRUCTION TO AUTHORS
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EDITORIAL / EDITORIAL
Uma Pausa... Filosoia, ilosoar é coisa para quem não tem o que azer - para quem não participa da vida, mas apenas a vê passar e, quando der por si, pode ser tarde demais... dizem alguns... Ora, mas o que será de nós, se não pararmos, ao menos um pouco, para reletirmos sobre nossas ações, sentimentos, acontecimentos diários, ou mesmo, sobre o(s) outro(s)... A vida segue rápida, imprevisível e sempre nos chama à realidade, estejamos conscientes ou não. Discordamos do início do primeiro parágrao, pois todos nós, querendo ou não, sempre ilosoamos, seja por meio dos clichês, das rases certas de nossos pais, avós, quando, por meio de um velho ditado popular, diziam que sempre há, na espreita, uma verdade escondida a qual, um dia, mostra a cara nua e crua e az-nos lembrar de que havíamos sido avisados. As diiculdades existem, e temos de enrentá-las; as angústias e os medos dos dias atuais tendem a nos paralisar, mas a relexão pode nos libertar e impulsionar. O amor é a nossa mola propulsora e, quando aliado à orça de vontade e persistência, é ácil seguir em rente, não, não diríamos ácil, mas se segue sem parar ou desistir rente às adversidades, que permeiam todos os nossos passos, pass os, ou seja, é preciso amar, reletir e buscar a melhor orma de atingirmos objetivos e metas, relativando a importância dos atos da vida. Não nos prendamos aos detalhes, mas, ao todo que, ao inal, compensará a jornada, que deve ser relexiva e comunitária, sim, pois ninguém segue só. Somos parte de um todo e juntos devemos seguir e lutar por nossos ideais, mesmo que para alguns pareça loucura, pois a transormação e/ou mudança, muitas vezes, assustam. Amar e compartilhar, extrair beneícios em orma de conhecimento é o nosso lema; as escolhas são transcendentes para a saúde e o espírito. Lembremos Buda que dizia: Boa a dorrelexão! é inevitável, mas o sorimento é opcional. Assim, açamos nossas escolhas...
Aurora Karla L. Vidal Editora
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Artigo de Revisão / Review Articie
A Participação das respostas imunológicas nas doenças periodontais The Participation of immune responses in periodontal disease Kevan Guilherme Nóbrega Barbosa1, Ricardo Dias de Castro 2, Fabíola Galbiatti de Carvalho3, Yanna Nunes Cabral 4 1. Aluno do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba 2. Proessor Assistente do Departamento de Clínica e Odontologia Social da Universidade Federal da Paraíba. 3. Proessora Doutora do Curso de Odontologia do Centro Universitário de João Pessoa. 4. Proessora Doutora do Curso de Enermagem do Centro Universitário de João Pessoa.
DESCRITORES:
RESUMO
Doenças Periodontais; Sistema Imunológico; Imunidade Inata; Imunidade Adaptativa.
As Doenças Periodontais (DP) desencadeiam uma complexa estimulação do sistema imunológico do hospedeiro, tanto por parte da imunidade inata quanto da adquirida. Estudos verificados na literatura evidenciam a participação do sistema inato nas DP de diversas ormas: ativação e sinalização dos Receptores Semelhantes a Toll (TLRs); produção de peptídeos antimicrobianos, como as deensinas e catelicidinas e a importante participação das células dendríticas na mediação entre as duas respostas imunológicas. A resposta imune adaptativa, por sua vez, embora com mecanismos de ação dierentes, guarda uma estreita relação com a resposta inata, de modo que sua ativação ocorre, principalmente, por células dendríticas participantes da imunidade natural. Estudos in ovivo têm verificado das o papel de citocinas, como: interleucina-10 (IL-10), interleucina-17 (IL-17) e INF-γ durante desenvolvimento DP bem como a influência dos anticorpos da imunidade humoral nos casos de DP. O presente artigo busca revisar como as respostas imunológicas do hospedeiro são expressas rente às DP.
Keywords:
ABSTRACT
Periodontal Diseases; Immune System; Immunity; Innote; Adaptive Immunity.
Periodontal Disease (PD) triggers a complex stimulation of the host immune system by both innate and the acquired immunity. Studies reported in the literature demonstrates the involvement of the innate immune system in PD in several ways: activation and signaling Toll Like Receptor (TLRs), production of antimicrobial peptides such such as defensins defensins and cathelicidins cathelicidins and the important important role of dendritic cells cells in mediating between between the two immunologic responses. The adaptive immune response, in turn, albeit with different mechanisms of action, is closely related to the innate response, so that their activation occurs mainly by dendritic cells partici pating in the natural immunity.In vivostudies have verified verified the roleof cytokines cytokines such such as interleukin interleukin-10 -10 (IL-10), (IL-10), interleukin-17 (IL-17) and INF-γ during the development of PD, as well as the influence of humoral antibodies in cases of PD. This article aims to review how the host’s immune responses are expressed against the PD.
Endereço para correspondência Ricardo Dias de Castro Campus Universitário I – Cidade Universitária. CEP 58059-900 Departamento de Clínica e Odontologia Social da Universidade Federal da Paraíba E-mail: ricardodiasdeca
[email protected] [email protected] om.br
INTRODUÇÃO O entendimento das Doenças Periodontais (DP), enquanto doenças de caráter ineccioso, vai além da elucidação das bactérias periodontopatogênicas associadas com o biofilme supra e subgengival. A participação do sistema imune rente às agressões que os microrganismos podem causar representa um ator importante, uma vez que muitos dos atores imunológicos, promovidos em resposta às bactérias, podem causar uma alteração na homeostasia do osso alveolar aetado1. O envolvimento do sistema imunológico vai depender da severidade e progressão da DP e pode ter a participação tan-
to da resposta imune inata ou natural quanto da adquirida ou adaptativa. A resposta imune inata corresponde à primeira linha de deesa do organismo, em que os mecanismos eetores são ativados de orma rápida. A imunidade adquirida, por sua vez, é uma resposta mais demorada, por isso mais específica, sendo dividida em celular e humoral. Essa imunidade conere uma memória imunológica às células do seu sistema (linócitos T e B) e permite a adaptação do corpo a determinados microrganismos. Os linócitos T são os eetores da resposta mediada por células, enquanto que os anticorpos (imunoglobulinas) são os Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 07-12, jan./mar., jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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A Participação das respostas imunológicas nas doenças periodontais
Barbosa KGN, et al. responsáveis pela resposta humoral2. Nas DP, tanto a resposta inata quanto a adaptativa dispõem de células de deesa que respondem à agressão tecidual. Na imunidade inata, Teng3 cita as seguintes células: células epiteliais; células de Langerhans CD83+ da mucosa oral; macróagos teciduais; neutrófilos; células dendríticas da lâmina própria gengival ou periodontal, como células do ligamento periodontal e células mesenquimais.
e 4, enquanto as células dendríticas expressam alguns TLRs específicos10. Schröder et al.9 estudaram os TLR2 e 4 para verificarem se indivíduos com DP apresentavam algum polimorfismo na sequência dos nucleotídeos desses receptores, o que poderia explicar se a variação genética nesses receptores representa um ator de risco para as DP. Para o estudo, os pesquisadores selecionaram 197 indivíduos com DP (116 com periodontite
No caso de uma exposição longaNa aosimunidade patógenoscelular, periodontais, o sistema imune é ativado. ocorre a apresentação de antígenos, principalmente por células dendríticas, aos linócitos T CD4+. Esse mecanismo torna-se destrutivo aos tecidos periodontais, pois os linócitos ativados induzem à destruição do osso alveolar4. Na imunidade humoral, existe a participação das imunoglobulinas. Verifica-se Verifica-se um aumento na produção de imunoglobulinas da classe G (IgG), que está relacionado com a presença de antígenos bacterianos5. Outras imunoglobulinas, como IgA e IgM, não mostraram níveis muito elevados, como a IgG5. O presente artigo tem como escopo revisar os principais estudos relacionados com o envolvimento das respostas imunológicas nas DP, sendo esse um assunto importante na área da Periodontia. Somente com base no entendimento das respostas do hospedeiro nas DP é que se poderá poderá ter uma melhor compreensão da doença em si. Nessa perspectiva, a seguinte revisão, para fins didáticos, irá abordar o tema na seguinte ordem: a) Resposta Inata nas
agressiva e 81 com crônica). Eles coletaram dos pacientes com periodontite swabs e depois fizeram extração do saliva DNA. Eles puderam verificar que algumas variações comuns no TLR4 (polimorfismo) estiveram associadas com a periodontite crônica, mas não, com a periodontite agressiva. Por outro lado, a análise dos TRL2 constatou que não houve associação significativa de polimorfismo nesse receptor com as DP. Hajishengallis et al.10 também estudaram os TLR2. Realizaram um estudo em camundongos inectados com P. Gingivalis no pulmão, com o objetivo de verificar o papel do receptor TRL2 nesse tipo de inecção. Eles puderam verificar que os TLR2 estiveram envolvidos na sinalização de eventos importantes para a morte das bactérias, como a estimulação de leucócitos polimoronucleares e macróagos alveolares. Dierentemente de outras doenças também desencadeadas pela P. Gingivalis, a exemplo das DP e arteriosclerose, em que a estimulação dos TLR2 conere uma utura destruição tecidual, a estimulação dos TLR2 de células da deesa localizadas nos tecidos pulmonares oerece proteção contra a bactéria P.
Doenças Periodontais, b) Resposta Imune Adquirida nas Doenças Periodontais: participação das respostas, mediada por células e humoral.
Gingivalis . vários estudos a respeito do envolvimento dos Revisando TLRs, Teng11 verificou que esses receptores, ao interagirem com determinado produto microbiano (PAMPs), têm a capacidade de sinalizar diversas vias intracelulares responsáveis por mecanismos inflamatórios, como a ativação de citocinas e quimiocinas, que são produzidas durante a ase eetora da imunidade. O autor observou que, no caso de o produto bacteriano ser o lipopolissacarídeo e a interação aconteça com o TLR4, esse receptor, por sua vez, sinaliza algumas proteínas adaptadoras, como MyD88 e Proteínas Associadas ao TIR (TIRAP) para a produção de Fator de Necrose Tumoral Tumoral (TNF-α), interleucina 12 (IL-12) e interleucina 6 (IL-6). Essa adaptadora MyD88 possui domínios de homologia ao receptor Toll/IL-1 Toll/IL-1 (TIR) , sendo recrutada durante a sinalização para ligar-se ao domínio TIR dos TLRs, via interação homotípica TIR-TIR. Essa ligação permite a ormação de complexos de sinalização, como a Cinase Associada ao Receptor da Interleucina-I (IRAK) e o Fator Associado ao Receptor do TNF (TRAF)8.
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REVISÃO DE LITERATURA RESPOSTA INATA NAS DOENÇAS PERIODONTAIS Receptores Semelhantes a Toll (TLR) Com relação à resposta imune inata, atenção importante tem sido dada aos receptores de reconhecimento padrão do tipo: Receptores Semelhantes a Toll (TLRs). Esses TLRs podem ser expressos em dois locais distintos das diversas células do sistema imune: na superície celular ou em compartimentos intracelulares6. A identificação dos TLRs em mamíeros tem revolucionado o campo da Microbiologia e Imunologia, em que, com base no entendimento da indução dos TLRs e de suas sinalizações, novas terapias uturas poderão ser desenvolvidas7. A literatura evidencia que oram identificados 11 TLRs expressos nos seres humanos. Os estudos com esses receptores têm ocado basicamente três áreas: identificação de novos ligantes dos TLRs, como proteínas que se ligam aos TLRs para participar da sinalização intracelular; elucidação de componentes individuais dos TLRs e sua participação nas vias de sinalização e estudos in vivo, evidenciando a participação dos TLRs e sua resistência às inecções8. Os patógenos associados com as DP interagem com os TLRs, estes, por sua vez, induzem citocinas, que irão causar o agravamento da doença9. Um dos principais produtos microbianos capaz de estimular os TRLs das células de deesa é o lipopolissacarídeo das bactérias Gram-Negativas. Grande parte das bactérias associadas com as DP estimula o receptor TRL4. No entanto, o patógeno P. gingivalis diere, pois o lipopolissacarídeo, que essa bactéria produz, estimula o receptor TRL210. As dierentes células participantes da resposta imune inata expressam dierentes TRLs. As células epiteliais gengivais expressam TLR2 e TLR4; monócitos, TLR1, 2, 4 e 5; células endoteliais, principalmente TLR4; fibroblastos gengivais,TRL2 Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 07-12, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
Após a sinalização dessas proteínas supracitadas, haverá ativação de atores de transcrição, correspondendo correspondendo um desses atores cruciais ao ator de transcrição NF- κb. Este é responsável pela transcrição de uma grande variedade de genes7. Os autores ainda explicam que esse ator é um regulador potente da resposta pró-inflamatória e que os genes ativados por ele podem ativar outros NF-κB, ampliando, dessa orma, a resposta imune do hospedeiro. Segundo Teng10, dierentes vias de sinalização por parte dos TLRs essencial são essenciais ao controle da inflamação te cidual, homeostasia local, apresentação de antígenos e ainda ativação de células da imunidade mediada por células. Os estudos desses receptores continuam sendo alvo das pesquisas na área. Estudos têm mostrado que a ativação da cascata de sinalização pelos TLRs, ou ainda, um deeito na expressão desses receptores resulta em dierentes níveis de resposta imunológica rente aos microrganismos, o que pode levar a uma maior suscetibilidade ou resistência do hospedeiro às inecções microbianas10. O entendimento das vias de sinalização dos TLRs surge como uma área interessante no campo da Imunologia das DP.
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A Participação das respostas imunológicas nas doenças periodontais
Barbosa KGN, et al. A partir da compreensão das reais unções exercidas por esses receptores, existe a possibilidade do desenvolvimento de vacinas terapêuticas adjuvantes ao tratamento das DP. Para isso, alguns aspectos seriam necessários a essa nova terapia: 1) a manipulação dos TLRs deveria ser de tal orma que ampliasse os mecanismos protetores da resposta imune; 2) produção das respostas antimicrobianas (memória) por meio das vacinas e 3) estimulação das céluas T apropriadas. A continuação dos es-
β-deensinas (1 e 2) na cavidade bucal. Os autores tinham a hipótese de que esses peptídeos deveriam ser expressos nas diversas glândulas salivares presentes na boca e na mucosa bucal. A identificação das β-deensinas ocorreu por meio da análise do RNAm desses peptídeos. No estudo, observou-se a expressão de β-deensina 1 em glândulas salivares da língua, na parótida, na gengiva e na mucosa bucal. Por outro lado, a expressão de β-deensinas 2 esteve associada a condições de
tudos comorma os TLRs suascom vias de sinalização pode surgir como 12 uma nova deelidar as DP .
inflamação tecidual. Para verificar como ocorria a indução desses peptídeos, os autores cultivaram queratinócitos gengivais e trataram com interleucina 1 (IL-1) ou lipopolissacarídeo. lipopolissacarídeo. A expressão de β-deensinas 1 não mudou signicativamente com IL-1 ou com o lipopolissacarídeo, embora tenha havido marcante expressão de β-deensinas 2 pela indução desses produtos. O epitélio periodontal humano, assim como o de ratos, camundongos e dos mamíeros em geral, possui papéis semelhantes quanto à expressão de peptídeos antimicrobianos. Dale21 explica que o epitélio dos tecidos periodontais, além de ornecer uma barreira ísica, também ornece uma barreira química através da ativação de peptídeos antimicrobianos e da expressão de citocinas e quimiocinas, quimiocinas, que, em situação de estímulos ambientais, são requisitadas para o local. Além das β-deensinas, outra classe de peptídeo antimicrobiano relacionado na proteção contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas são as catelicidinas. Guthmiller et al. 22 testaram a suscetibilidade de várias bactérias associadas ao biofilme periodontopatogênico (como o A. actinomycetemco-
Peptídeos Antimicrobianos A diversa gama de células participantes da resposta imune inata tem a capacidade de interagir com os componentes dos patógenos microbianos, e, além da sinalização de citocinas e quimiocinas, também existe sinalização dos chamados peptídeos antimicrobianos13. Esses peptídeos são produzidos em dierentes localidades do corpo: na cavidade oral, nas vias aéreas, ao longo do trato digestivo, e, devido a características próprias desses ambientes, sugere-se um envolvimento mais complexo do sistema imune inato14. No caso da cavidade oral, existe uma grande variedade de microrganismos presentes, em contraste com as vias aéreas ineriores, que são praticamente livres de microrganismos. Isso indica haver dierentes maneiras de atuação dos peptídeos antimicrobianos14. Os peptídeos antimicrobianos são produzidos por uma grande variedade de células e podem ter participação tanto na resposta imune inata quanto na resposta imune adaptativa. No homem, a grande parte desses peptídeos pertence a duas classes: deensinas e catelicidinas 13, 16. As células que produzem tais peptídeos estão presentes no epitélio da pele, no trato gastrointestinal e bronquial17. Oppenheim et al.13 acrescentam que células presentes no trato geniturinário também produzem peptídeos antimicrobianos. De acordo com Lehrer e Ganz 16, os peptídeos produzidos por células circulantes ou por células do tecido epitelial representam um largo espectro de atividade contra bactérias, ungos e vírus. Existem duas grandes amílias de peptídeos antimicrobianos: as deensinas (α e β) e as catelicidinas. Importantes estudos têm evidenciado o papel das β-deensinas e catelicidinas em condições de DP. Na cavidade oral, esses peptídeos expressam um importante papel para a proteção dos tecidos, sobretudo na condição de DP, DP, em que há uma constante exposição a um biofilme patogênico. Os peptídeos identificados na cavidade oral são as β-deensinas, expressas pelo epitélio, α-deensinas, pelos neutrófilos e o ragmento LL-37 (catelicidina), expresso tanto pelo epitélio quanto pelos neutrófilos, que, juntamente com a saliva, mantêm a saúde bucal18. Estudando a expressão das β-deensinas no epitélio gengival de ratos, Kurland et al.19 induziram periodontite a partir da inecção por Aggregatibacter actinomycetemcomitans, actinomycetemcomitans, porém, antes da inecção, eles causaram uma depressão na flora microbiana com o uso de antibióticos. Eles puderam identificar que, em ratos com gengiva saudável, houve a expressão de três β-deensinas (1, 2 e 5) e dois TLRs (3 e 4). Depois da indução por A. Actinomicetemcomitans, houve um aumento de β-deensinas 1 e 2 já na primeira semana, mas, após certo tempo, houve retorno aos níveis normais, enquanto que os TLRs não soreram alterações dos níveis. Dessa orma, os autores puderam observar que a resposta inata oi eficiente para controlar a inecção nos momentos iniciais, mas que, em casos de colonização persistente desses microrganismos, o sistema inato não será capaz de conter a agressão aos tecidos19. Mathews et al.20 também estudaram o papel das
mitans, Pcatelicidinas. . gingivalis e Fusobacterium nucleatum) quanto a dierentesP. Das três catelicidinas testadas (FALL39, SMAP29 e CAP18), apenas a FALL39 não mostrou propriedade antimicrobiana. Murakami et al.23 também verificaram o papel protetor das catelicidinas rente a bactérias da cavidade oral. A partir da expressão de RNAm e proteínas desses peptídeos em camundongos e humanos, eles puderam verificar a presença desses peptídeos na saliva humana. Primeiramente eles identificaram catelicidinas nas glândulas salivares e, no decorrer do estudo, eles confirmaram a presença de catelicidina na boca humana, uma vez que oi identificado o ragmento LL-37 das catelicidinas. As catelicidinas atuam basicamente de duas ormas: limitando o dano causado pelos produtos bacterianos durante a inecção e por meio da atração de células da imunidade para o local da inecção24. Os mecanismos de ação dos peptídeos antimicrobianos ainda não são pereitamente conhecidos; o mecanismo mais bem conhecido deles é a ormação de poros transmembranas. Mais recentemente, outros mecanismos têm sido descritos: alterações na membrana citoplasmática por meio de translocação de peptídeos, inibição da síntese de parede celular, inibição da síntese de ácido nucleico, inibição da síntese proteica e inibição da atividade enzimática25. É bem provável que, num uturo próximo, os estudos com os peptídeos antimicrobianos possam melhor explicar seus mecanismos de ação contra os patógenos do biofilme periodontal.
CÉLULAS DENDRÍTICAS As células dendríticas são extremamente importantes para a iniciação da resposta imune adaptativa, pois correspondem às mais potentes iniciadoras células apresentadoras de antígeno. Dierentemente dos anticorpos produzidos pelos linócitos B, os linócitos T não possuem capacidade de se ligarem diretamente a um antígeno e precisam que estes sejam a eles apresentados. A apresentação dos antígenos é dada pela codificação de proteínas por parte do Complexo Principal de Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 07-12, jan./mar., jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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A Participação das respostas imunológicas nas doenças periodontais
Barbosa KGN, et al. Histocompatibilidade (MHC), existindo duas classes, o MHCI e o MHC II. Os antígenos intracelulares são apresentados pelo complexo MHC I aos linócitos citotóxicos para a morte direta da célula-alvo; por outro lado, os extracelulares são apresentados pelo MHC II aos linócitos T-auxiliares para modulação da resposta imune26. Na cavidade bucal, as células dendríticas representam uma importante interace entre a resposta inata e adaptativa. 27
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resultados interessantes do trabalho puderam ser achados: os camundongos SCID para linócitos B e T apresentaram perda de osso alveolar; oram as células T CD4+ e não as T CD8+ ou NK1+ que estiveram envolvidas na perda de osso alveolar; camundongos com deficiência de INF-γ e IL-6 mostraram uma redução na perda de osso alveolar, evidenciando que as citocinas estiveram associadas com a indução de perda óssea. Nem todas as citocinas estão envolvidas com a destruição 30
Cutler e Jotwani revisaram os estudos por comparte ênase mecanismos de captura de microrganismo dasnos células dendríticas. Os autores verificaram que, em casos de periodontite agressiva, a presença do A. actinomycetemcomitans estimulava in vitro a ativação e maturação das células dendríticas, ocorrendo posterior indução da linhagem de células Th1. No caso de periodontite crônica, estudos mais recentes têm encontrado células dendríticas epiteliais e plasmocitoides na mucosa oral, em que as células dendríticas epiteliais estão envolvidas na maturação maturação de células dendríticas CD83+, na lâmina própria. Essas células CD83+ , por sua vez, irão ormar conjugados com as células T CD4+. Além da unção conhecida de célula apresentadora de antígenos, as células dendríticas estão envolvidas em mecanismos de reabsorção alveolar em casos de DP. DP. Isso oi constatado no estudo de Alnaeeli et al.4. Os autores verificaram tanto in vitro como em camundongos que as células dendríticas CD11c+, na presença do A. actinomycetemcomitans, podem induzir à osteoclastogênese no osso alveolar a partir da intera-
tecidual. No 10 estudo deesteve Sasaki relacionado et al. , por exemplo, o papel do da interleucina (IL-10) com a proteção hospedeiro rente à periodontite. Primeiramente, eles verificaram que camundongos com imunodeficiências de IL-10 exibiram alta suscetibilidade de DP DP.. Depois, para estudarem o mecanismo de proteção por parte da IL-10, eles condicionaram alguns camundongos para exibir deficiência de uma molécula extremamente envolvida na sinalização da IL-10, a STAT3. Camundongos com deficiência nessa molécula específica apresentaram maior suscetibilidade de perda óssea alveolar com o estímulo da P. gingivalis. Mais recentemente, outra citocina tem sido identificada como participante da resposta imunológica adquirida nas DP: corresponde à interleucina 17 (IL-17). Essa interleucina é produzida pela linhagem Th17, uma linhagem dierente das células Th1e Th2. Camundongos knockout para o receptor IL-17A (principal receptor da IL-17) estiveram relacionados com maior suscetibilidade de DP quando inectados por P. gingivalis. Esse resultado não surpreendeu os pesquisadores, pois já
ção com linócitos T CD4+. Em outro estudo, o A. actinomycetemcomitans teve a capacidade de estimular uma rápida resposta de INF-γ pelas células natural killer (NK). Isso ocorreu porque as células dendríticas, estimuladas pela bactéria, passaram a produzir IL-12, um marcante estimulador de INF-γ. A interação entre A. actinomycetemcomitans e células dendríticas ocorreu pela estimulação de TLR-4. Os autores concluem que essa via de sinalização, envolvendo envolvendo INF-γ., INF-γ., esteve associada com com casos mais leves de periodontite, embora seja bem provável que a exposição contínua a citocinas no local da inflamação possa induzir à destruição tecidual pela resposta imune adaptativa28. Ainda não se tem clareza quanto aos mecanismos das células dendríticas na mucosa oral; algumas questões precisam continuar sendo mais analisadas, por exemplo, como as citocinas e os atores de crescimento regulam as células apresentadoras de antígenos e a resposta das células T27.
era bem esperado. Noestiveram entanto, nesse estudo, as êmeas de camundongos mais mesmo susceptíveis à perda de osso alveolar em casos de DP do que os machos. Os autores explicam que, em humanos, ocorre o inverso, uma vez que outros atores levam o homem a um maior risco de DP: consumo de álcool, tabagismo, cuidados com a higiene bucal e menor requência de visita ao dentista31. O entendimento da resposta imune mediada por células e de como esta se relaciona com a resposta inata requer mais pesquisas nessa área, principalmente no que diz respeitos às vias de sinalização entre essas duas respostas imunológicas. Apenas dessa orma haverá possibilidade de haver o desenvolvimento uturo de imunoterapias ou vacinas terapêuticas, que, além de melhorarem a saúde periodontal de indivíduos com a doença, também proporcionarã proporcionarão o beneícios à saúde sistêmica das pessoas10.
RESPOSTA ADQUIRIDA NAS DOENÇAS PERIODONTAIS Participação da Resposta Celular Com relação à imunidade mediada por células nas DP, o sistema imune, além do papel de deender o hospedeiro contra os mecanismos de virulência das bactérias, ornece meios de evitar uma progressão da injúria tecidual. A imunidade mediada por célula T CD4+ é um ator crucial para o controle da inecção. As pesquisas nessa área têm enatizado os seguintes pontos: estudo da osteoimunologia das DP no desenvolvimento de técnicas para identificar os atores de virulência dos microrganismos e antígenos associados com inecções por A. Actinomicetemcomitans e P. gingivalis10. No estudo de Baker et al.29, a partir da utilização de camundongos experimentais inectados por P. gingivalis, puderam observar o envolvimento da resposta imune adquirida rente à periodontite instalada. Os autores utilizaram o modelo de camundongos com imunodeficiência severa (SCID), e alguns Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 07-12, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
Participação da Resposta Humoral Os trabalhos relativos à participação da resposta humoral nas DP são esparsos na literatura. Teng10, revisando alguns dos principais artigos na área, encontrou que a resposta mediada por anticorpos esteve associada primeiramente a uma resposta protetora, podendo, em alguns casos, ser ela destrutiva ou deletéria. Nardin et al.5 estavam interessados em verificar a resposta imune humoral num grupo de pacientes mais idosos (55 – 74 anos) e mais jovens (25 – 54) com DP, em comparação a um grupo de pessoas mais idosas e mais jovens que apresentavam tecido periodontal saudável. Os autores verificaram que pessoas mais idosas com DP têm capacidade de produzir anticorpos de orma semelhante aos mais jovens com DP. DP. Os níveis de IgG, IgA e IgM produzidos rente a duas proteínas da P. gingivalis não se mostraram muito dierentes entre os dois grupos com a doença e entre os dois grupos saudáveis. Os pacientes mais idosos com DP apresentaram uma elevação nos níveis totais de IgG que não oi observada no grupo jovem saudável, o que para alguns autores possa ser um ator predisponente para a DP ou uma consequência da doença nesse grupo mais idoso. Para os níveis totais de IgA em jovens com DP, DP, eles veri-
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A Participação das respostas imunológicas nas doenças periodontais
Barbosa KGN, et al. ficaram que oi significantemente maior em relação ao grupo jovem sem a doença, embora os dois grupos idosos tenham mostrado níveis elevados dessa imunoglobulina. Para a IgM, não houve mudanças marcantes nos grupos. A resposta imune humoral primariamente é protetora, em que a imunidade mediada por células B não causa danos teciduais ao periodonto, mas essa resposta humoral interage com as células CD4+ Th da imunidade mediada por células, que,
V, Purucker P, Hermann C, Moter A, Göbel UB, Schumann RR. Chronic periodontal disease is associated with single-nucleotide polymorphisms o the human TLR-4 gene. Genes Immun. 2005;6:448-51. 10. Hajishengallis G, Wang M, Bagby GJ, Nelson S. Importance o TLR2 in early innate response to acute pulmonary inection with porphyromonas gingivalis in mice. J Immunol. 2008;181:4141-49.
por sua vez, leva à produção NF-κB, e outras responsáveis pela modulação dede osteoclastos e seuscitocinas precursores, resultando na destruição óssea17. Alguns autores levantam a hipótese de que os antígenos envolvidos nas DP possam ser imunodominantes, mas que, devido à complexa trama de microrganismos envolvidos nas DP e suas diversas ormas de interação com os microrganismos da ecologia normal, torna-se diícil afirmar que haja algum tipo de imunodominância. Apenas com mais estudos na área e com um maior entendimento de como os diversos anticorpos atuam nas DP e da interação entre a resposta humoral e sua indução da imunidade mediada por células T, poderá haver a substituição das antigas imunoterapias passivas, tendo espaço para o novo campo das vacinas10.
11. Teng Y-T Teng Y-T A. Protective and destructive immunity in the periodontium: Part 2- T-cell-mediated Immunity in the periodontium. J Dent Res. 2006;85:209-19. 12. Hajishengallis G, Wang M, Bagby GJ, Nelson S. Toll gates to periodontal host modulation and vaccine therapy. Periodontol 2000. 2009;51:181-207. 13. Oppenheim JJ, Biragyn A, Kwak LW, Yang D. Roles o antimicrobial peptides such as deensins in innate and adaptive immunity. Ann Rheum Dis. 2003;62:17-21. 2003;62:17-21. 14. Diamon G, Beckloff N, Ryan LK. Host deense peptides in the oral cavity and the lung: similarities and differences. J Dent Res. 2008;87:915-27. 15. Gennaro R, Zanetti M. Structural eatures and biological activities o the cathelicidin-derived antimicrobial peptides. Biopolymers. 2000;55:3 2000;55:31-49. 1-49. 16. Lehrer RI, Ganz T. Deensins o vertebrate animals. Curr Opin Immunol. I mmunol. 2002;14:96-102. 2002;14:96-102. 17. Yang D, Chertov O, Oppenheim JJ. The role o mammalian antimicrobial peptides and proteins in awakening o in-
CONCLUSÃO De acordo com os estudos avaliados nessa revisão de literatura, pode-se concluir que a resposta imune inata participa, ativamente, do desenvolvimento das DP e que a resposta imune adquirida está relacionada ao desenvolvimento da DP devido às células T CD4+ associadas à destruição do osso alveolar. Por outro lado, a resposta imune humoral parece estar relacionada com a proteção dos tecidos periodontais, embora possa ocorrer interação com as células T CD4+. Os estudos seguintes na área da Imunologia das DP provavelmente irão dar continuidade em relação à busca dos reais mecanismos imunológicos envolvidos na doença, sobretudo nas pesquisas relativas ao envolvimento da imunidade inata (TLRs e os peptídeos antimicrobianos). Entendendo os mecanismos desencadeadores do início da DP e sua progressão, é bem mais provável que, no uturo, possam ser desenvolvidas novas terapias imunológicas e vacinas para auxiliarem no tratamento de pacientes com DP.
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A Participação das respostas imunológicas nas doenças periodontais
Barbosa KGN, et al. bone loss in mice. Inect I nect Immun. 1999;67:2804-09. 1999;67:2804-09. 30. Sasaki H, Suzuki N, Kent Jr. R, Kawashima N, Takeda J, Stashenko P. T Cell response mediated by myeloid cell-derived IL-12 Is responsible or porphyromona porphyromonass gingivalis-induced periodontitis in IL-10-deficient mice. J Immun. 2008;180:6193-98. 2008;180:6193-98. 31. Yu JJ, Ruddy MJ, Conti HR, Boonanantanasarn K, Gaffen SL. The interleukin-17 receptor plays a gender-dependent role in host protection against porphyromonas gingivalis-induced periodontal bone loss. Inect Immun. 2008;76:4206-13. 2008;76:4206-13.
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Recebido para publicação: 24/05/10 Encaminhado para reformulação: 24/08/10 Aceito para publicação: 23/09/10 Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 07-12, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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Artigo de Revisão / Review Articie
Síndrome do túnel do carpo em cirurgiões-dentistas Carpal tunnel syndrome in dentists Joandina Veloso de Melo1, Luciana Freitas Bastos2, Ana Cláudia de Souza Melo 3, Paulo Correia de Melo Júnior 4 1. Cirurgiã-Dentista do Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco 2. Proessora Adjunta da Universidade Estadual do Rio de Janeiro 3. Cirurgiã-Dentista do Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco, Presidente da Associação Brasileira de Odontologia do Trabalho – seção Pernambuco 4. Mestrando em Clínica Integrada pela Universidade Federal de Pernambuco
DESCRITORES:
RESUMO
Síndrome do Túnel Carpal; Odontologia; Doenças; Profissionais Odontólogos.
A Síndrome do Túnel do Carpo é uma patologia neuro-compressiva, que acomete os cirurgiões-dentistas em ace de sua vulnerabilidade, como distúrbio ocupacional. Essa síndrome tem aumentado nos últimos anos, em unção das condições de trabalho existentes, flexão e extensão do punho repetidamente e de orma contínua, principalmente se associada à orça e a movimentos vibratórios. Em consequência disso, objetivou-se revisar a literatura sobre o tema com um enoque clínico, buscando determinar os principais aspectos etiológicos bem como suas principais características clínicas e métodos de prevenção.
Keywords:
ABSTRACT
Carpal Tunnel Syndrome; Dentistry; Occu pational Diseases; Dentists.
The Carpal Tunnel Syndrome is a neuro-compressive pathology that affects the dentists because of their vulnerability, such as occupational disorder. This syndrome has increased over recent years because of working conditions that exist, andmovements. extension ofThe the objective wrist repeatedly and continuously, especially if associated with the strength andflexion vibratory was to review the literature on the theme with a clinical focus seeking to determine the main aetiologicals aspects, as well as its clinical characteristics and methods of prevention
Endereço para correspondência Paulo Correia de Melo Júnior Rua das Graças, 326/1602 - Bl. A Graças – Recie/PE CEP: 52011-200 e-mail: paulocorreia
[email protected] [email protected]
INTRODUÇÃO Ao longo dos séculos, a relação existente entre trabalho e doença tem sido estudada por historiadores, filósoos e profissionais da área de saúde. As pesquisas têm demonstrado como os dierentes tipos de ocupações aetam a saúde das pessoas e o desenvolvimento científico tem permitido estabelecer medidas para tratar ou prevenir as doenças ocupacionais. O odontologista está exposto a vários riscos associados a diversos agentes presentes no ambiente de trabalho, resultando em dores e incapacidade temporária ou permanente. Entre as patologias com sintomatologia dolorosa, a Síndrome do Túnel do Carpo tem sido relatada como sobrecarga de atendimento. O exercício profissional obriga que cirurgiões-dentistas utilizem, na execução das tareas, os membros superiores e as estruturas adjacentes, sendo as mãos particularmente as mais exigidas. Frequentemente, existe a repetitividade de um mesmo padrão de movimento, em virtude da atividade clínica, compressão mecânica das estruturas localizadas na região, em unção de instrumentos inadequados. Os cirurgiões-dentistas assumem posturas incorretas por necessidade de técnicas operatórias e utilizam orça excessiva, em virtude das características próprias de algumas patologias, trabalhando, na maioria dos casos, sob pressão temporal.
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Abordar a temática na esera da vulnerabilidade nos cirurgiões-dentistas, bem como aproundar os estudos da etiologia e buscar orientações para evitar a Síndrome do Túnel do Carpo, tornou-se uma necessidade emergencial, uma vez que existe um visível crescimento em relação ao ato de desenvolver esse tipo de patologia neuro-compressiva nos profissionais da Odontologia.
REVISÀO DE LITERATURA A Síndrome do Túnel do Carpo é caracterizada pela compressão do nervo mediano em sua passagem pelo túnel do carpo no segmento punho-palmar1, estando associada a tareas que exigem alta orça e/ou repetitividade2. Definida também como uma neuropatia mediana3, ela tem aumentado nos últimos anos entre vários tipos de trabalhadores que utilizam instrumentos vibratórios com esorço repetitivo, inclusive entre os profissionais da odontologia, quando associada às posturas incorretas na sua utilização em unção das condições de trabalho existentes4, 5, incluindo pressão laboral, sendo o agravo que mais acomete o cirurgião-dentista6. Acomete, predominantemente, o sexo eminino na aixa etária entre 30 e 50 anos, expressando-se como dor e parestesias nas mãos e/ou punhos7, 8, 9, 10. As patologias, denominadas genericamente de LER/DORT, Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 13-15, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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apresentam sinais e sintomas de inflamações dos músculos, tendões, das áscias e dos nervos, escapular e pescoço, entre outras, e têm chamado a atenção não só pelo aumento da sua incidência mas também por existirem evidências de sua associação com o ritmo de trabalho11. Os odontologistas estão expostos a riscos ocupacionais, e seus eeitos tendem a intensificar-se com a idade, quando as condições músculo-esqueléticas sorem devido à postura
mão na braçadeira ou punho na tala traz beneício sintomático e uncional aos pacientes com a Síndrome do Túnel do Carpo27. A abertura ou endoscopia para liberação do túnel do carpo é um tratamento t ratamento confiável. Tem Tem a vantagem de uma ligeira cicatriz, unciona com menos tempo, menos internação hospitalar, recuperação precoce, precoce, alta taxa de satisação em comparação com métodos invasivos28. A imobilização do pulso no período pós-operatório ime-
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corporal inadequada . A exposição cumulativa de vibração deve ser mais bem estudada para esclarecimento e avaliação 13 dos eeitos , pois os profissionais, que trabalham com uma ou duas mãos em tareas repetitivas ou submetidas à vibração, têm perda de horas de serviços com o aparecimento da Síndrome do Túnel do Carpo14, o que para Van Rijn et al. 15(2009) está associado a uma média de orça de 4kg, repetitividade no trabalho e carga horária prolongada. Dentistas e higienistas desenvolvem desordens músculo-esqueléticas, podendo ser extremamente debilitantes, se não houver ensino no manuseio dos instrumentos na realização da raspagem e do alisamento radicular por horas semanais, com orça de compressão do punho sob uso de instrumentos vibratórios16. Diagnosticar a orça do instrumento poderia ser útil nos postos de trabalho com riscos elevados de lesão e ajudaria na concepção de instrumentos mais seguros17. A sensibilidade do nervo mediano na condução do terminal é mais sensível e acilita o diagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo18. A temperatura é uma variável comum e im-
diato nãodeapresenta vantagens, quando comparada comdoa ausência imobilização após a descompressão cirúrgica 29 nervo mediano no punho , razão por que há quem deenda que o paciente pode escolher o momento de remover30, dependendo da gravidade do caso, podendo variar de 24 horas a duas semanas. Acreditamos que o melhor é inormar o paciente, caso ele seja mantido com a imobilização, sobre a duração do tempo, deixando-o de ora dessa decisão. Essa síndrome é uma condição complexa e onerosa, causando impacto no trabalho, como mudança de emprego ou parada para o tratamento, o que leva à perda de rendimentos31. É importante azer intervalos, diversificar os trabalhos e manter postura adequada4. As doenças ocupacionais estão presentes na vida dos cirurgiões-dentistas devido ao exercício de sua profissão, podendo estar comprometendo sua capacidade e saúde ocupacional, se não buscar alternativas para melhorar sua qualidade de vida no trabalho. Daí a importância em realizar campanhas de conscientização e programas de adaptação ergonômica e
portante, que modifica os parâmetros de condução nervosa na prática eletrodiagnóstica1, enquanto a hipermobilidade é um ator predominante, havendo uma correlação positiva entre a Síndrome do Túnel do Carpo e a hipermobilidade19. A diminuição da condução motora mediana no antebraço é um achado comum na prática do eletrodiagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo20, o que tem demonstrado eficácia para identificar a patologia já existente, quando os exames ísicos nem sempre a identificam10. Parestesia e/ou dor nas mãos e/ou punhos oram motivos requentes de encaminhamento para exame eletrofisiológico, e sua avaliação revelou que a compressão do nervo mediano do carpo oi a principal causa desses sintomas, mas um número significativo mostrou ter exames normais21. A ultrassonografia de alta requência é sensível e específica para o diagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo22, mas o diagnóstico do parâmetro da sensibilidade ultrassonográfico é menor do que os parâmetros eletrofisiológicos em pacientes com essa patologia23. No entanto, o eletrodiagnóstico tem
alongamentos fisioterápicos, antes e após o exercício laboral, para toda a comunidade acadêmica e profissional de Odontologia.
demonstrado eficácia limitada, e exames ísicos nem sempre são eficientes para identificar a patologia quando existente10, podendo-se perceber que não há critérios clínicos padronizados para o diagnóstico de Síndrome do Túnel do Carpo, não havendo consenso universal, se o diagnóstico deve ser eito em bases clínicas ou eletrofisiológicas24. A identificação dos atores de risco, como os motivos ergonômicos, que impactuam a musculatura esquelética e o stress psicológico, poderia ser incorporada a uma prática padrão de gestão na educação profissional, e as organizações poderiam ajudar com inormações e métodos de como lidar com esses atores de risco. Estes influenciam a duração do trabalho incapacitante12 e têm influência importante sobre o retorno ao trabalho25. Existe a necessidade de uma intervenção fisioterapêutica de orma a adaptar medidas ergonômicas no ambiente de trabalho, a reorganizar o processo de trabalho e a minimizar as desordens músculo-esqueléticas6. A terapia a laser oi eficaz em aliviar a dor e os sintomas na melhoria da capacidade uncional e na orça da mão e dos
dificuldade de movimentos dos dedos e da mão e de segurar coisas, tendendo a intensificar com a idade;
dedos, de leve a moderada, nos pacientes com a Síndrome do Túnel do Carpo sem eeitos colaterais 26. A utilização de uma
median mononeuropathy among dentists. J Am Dent Assoc., 2001;132: 163-70.
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CONCLUSÃO Após revisão da literatura, pode-se concluir que • A exão e a extensão do punho repetidamente e de forma
contínua, principalmente se associada à orça e a movimentos vibratórios em virtude da atividade clínica, são os principais atores etiológicos, que concorrem para o aparecimento da Síndrome do Túnel do Carpo. As más condições de trabalho existentes, como a utilização de instrumentos inadequados, posturas incorretas, orça excessiva e pressão laboral, também contribuem para o desenvolvimento dessa enermidade; • Os sintomas clínicos apresentados são: dor nas mãos e no punho, insensibilidade/ormigamento, sensação de queimação,
• A prevenção deve ser feita com posição confortável da mão e
do punho, devendo se usar duas mãos ao invés de uma, reduzir a repetição, variar a realização de tareas, utilizar erramentas ergonomicamente desenhadas e em boas condições de trabalho para evitar a utilização de orça excessiva, além de realizar exercícios fisioterápicos antes e após a atividade laboral.
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Recebido para publicação: 30/11/10 Aceito para publicação: 30/03/11 Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 13-15, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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Artigo de Revisão / Review Articie
Diagnóstico de lesão de cárie proximal por imagem Revisão Sistemática Lesion of approximal cries’ diagnosis by image - A Sistematic Review Amitis Vieira Costa e Silva¹, José Ricardo Dias Pereira², Lúcia Carneiro de Souza S ouza Beatrice³, Cláudio Heliomar Vicente da Silva⁴ 1. Proessora da Disciplina de Radiologia da FOP- UPE- Recie/ PE, Brasil 2. Proessor Adjunto da Disciplina de Estomatologia da Universidade Federal Federal de Pernambuco (UFPE), Recie/ PE, Brasil 3. Proessora Associada do Departamento de Prótese e Cirurgia Buco-Fa Buco-Facial cial da Universidade Federal Federal de Pernambuc Pernambuco o (UFPE), Recie/PE, Brasil 4. Proessor Adjunto do Departamento de Prótese e Cirurgia Buco-Facial da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recie/PE, Brasil
DESCRITORES:
RESUMO
Cárie dentária; Diagnóstico; Imagem/cárie; Diagnóstico por imagem; Radiografia Interproximal.
O diagnóstico de lesões cariosas proximais incipientes continua sendo um grande desafio para a Odontologia, principalmente devido à impossibilidade do acesso visual durante o exame clínico. Dessa orma, exames complementares por imagem assumem papel importante como meio auxiliar ao diagnóstico dessas lesões. O objetivo deste estudo oi avaliar as diretrizes propostas para o diagnóstico da cárie proximal por imagem mediante uma revisão sistemática da literatura dos últimos cinco anos.
Keywords:
ABSTRACT
Dental caries; Diagnosis; Diagnostic imaging; Radiography, bitewing.
The diagnosis of incipient proximal caries remains a major challenge for dentistry, mainly due to the impossibility of visual access during the clinical examination, and imaging methods play an important role as an aid to diagnosis of these lesions. The aim of this study was to evaluate the guidelines for the diagnosis of proximal caries’ image through a systematic review of the literature produced at the last five years.
17 Endereço para correspondência Amitis Vieira Costa e Silva Email:
[email protected] [email protected] om
INTRODUÇÃO A cárie dentária é considerada uma doença inecciosa multiatorial, que causa desmineralização localizada nos tecidos duros dos dentes por ácidos de origem bacteriana, po-
Os estudos têm demonstrado que a radiografia bitewing é o método mais eficiente para o diagnóstico de cáries proximais, pois são capazes de detectá-las precocemente, quando estão presentes apenas em esmalte.5,6,7,8 Radiograficamente a cárie pode ser descrita como uma imagem radiolúcida, di-
dendo ocasionar desde problemas que aetam a estética até o comprometimento das unções vitais do indivíduo nos dierentes sistemas do seu organismo. Para se estabelecer uma filosofia preventiva em relação à cárie, deve-se levar em consideração a detecção da doença e a avaliação e o monitoramento da lesão diagnosticada. Dessa maneira, muitos estudos têm sido realizados nas áreas de prevenção e diagnóstico precoce dessas lesões. Um dos principais desafios na clínica odontológica continua sendo o diagnóstico precoce da cárie proximal, e a principal dificuldade atribuída a essa detecção clínica é a sua localização, usualmente, abaixo do ponto de contato, dificultando o adequado exame clínico, razão por que, clinicamente, elas são normalmente visualizadas apenas quando já comprometeram grande extensão da ace proximal¹. O exame dessas lesões demanda uma maior atenção clínica, devendo se realizar associação de recursos auxiliares ao método visual, para que se possam obter inormações sobre a sua presença no momento do exame. Assim, pode-se dizer que as quantidades
erente daquela presente nas estruturas hígidas dos dentes, sendo mais acilmente diagnosticada quando presente em esmalte e dentina, pois abrange uma maior extensão no campo visual. Entretanto, em seus estágios iniciais, quando estão presentes apenas em esmalte, exigem um maior treinamento e experiência do profissional.9,1,10 Constata-se, ainda, que, quando a mesma lesão cariosa é comparada por meio histológico e radiográfico, a sua proundidade apresenta-se maior histológica que radiograficamente1,11. Isso ocorre porque, para que se possa identificar, na imagem radiográfica, uma dierença na densidade óptica de um tecido duro, az-se necessário que, no mínimo, de 30 a 40% da sua composição estejam desmineralizados. Dessa orma, a aparência radiográfica das lesões cariosas nem sempre corresponde exatamente ao estado clínico da doença, sendo undamental otimizar a qualidade da radiografia, atentar-se ao ambiente em que se az a interpretação radiográfica e melhorar a perormance do indivíduo que realiza sua avaliação.9, 1 Visando aumentar a exatidão do diagnóstico dessa le-
de cáries proximais detectadas sorem um incremento quando o exame clínico é associado ao exame radiográfico.2,3,4
são, principalmente em sua ase mais inicial, através de exames radiográficos, têm sido constantemente avaliados e proOdontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 17-24, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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Silva AVC, et al. postos métodos capazes de aprimorá-los, para que se acilite a visualização precoce e que se consiga, de orma mais precisa, a determinação da proundidade dessa cárie. Dentre essas mudanças, observa-se a substituição gradativa das radiografias convencionais convenciona is por radiografias digitais na prática clínica, pois, além de melhorar a qualidade da imagem, pode-se realizar um melhor monitoramento da lesão e reduzir a dose de radiação ao paciente. Desde a década de 1990, programas de análise de imagem por meio da avaliação densitométrica das estruturas dentais permitem o diagnóstico de mudanças mínimas no padrão de mineralização da lesão cárie, promovendo um melhor acompanhamento e auxiliando na decisão do tratamento desta nas aces proximais. 5, 12, 13, 14, 15 O objetivo deste estudo oi avaliar as diretrizes propostas para o diagnóstico da cárie proximal por imagem, que incluem a otimização e os avanços no emprego da radiografia bitewing convencional,l, o sistema digital e o desenvolvimento de vários convenciona programas (sotwares) para processamento dessas imagens, além da inclusão de outras técnicas, como alternativa ao diagnóstico por imagem dessas lesões nos últimos 5 anos.
Tabela 1- Distribuição em números relativos e absolutos, por categoria de estudo, no diagnóstico da cárie proximal por imagem.
Foi realizada a distribuição de acordo com o ano dessas publicações, como descrito na tabela 2, por ano e categoria de estudo. Observou-se que, em cada um deles, oi publicado um estudo do tipo revisão de literatura, exceto no ano de 2009. No ano de 2007, oi apresentado o relato de caso, e, no período compreendido entre 2005 a 2009, oram realizadas as pesquisas clínicas.
MATERIAL E MÉTODOS Vinte e cinco artigos que alavam sobre o diagnóstico por imagem da cárie proximal, publicados nos últimos últ imos 5 anos, oram
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selecionados base em uma pesquisa de dados da biblioteca virtual em com saúde: LILACS, MEDLINE, SCIELO, utilizando para essa busca os seguintes termos: diagnóstico cárie, imagem/ cárie e cárie interproximal. Os critérios de inclusão levaram em consideração os seguintes pré-requisitos: publicação em revista indexada, ter sua publicação dentro do período compreendido entre os anos de 2005 a 2011 e ser disponibilizado a partir do SCAD - Serviço Cooperativo de Acesso a Documentos para sua aquisição. Dos 25 artigos, 03 deles não estavam disponíveis pelo SCAD e, portanto, 22 artigos compuseram a amostra dessa pesquisa. Dois cirurgiões-dentistas, com domínio de leitura crítica, analisaram os artigos e responderam a um questionário para cada artigo, composto de 06 questões que abrangiam inormações sobre vários temas: tipo de estudo; método empregado para detecção da cárie proximal; atores que puderam influenciar, segundo o autor, no diagnóstico da cárie proximal por imagem; comparação entre técnicas, sistemas e programas digitais (sotwares). As respostas obtidas oram tabuladas e soreram tratamento estatístico descritivo.
RESULTADOS RESUL TADOS E DISCUSSÃO DI SCUSSÃO Os 22 artigos selecionados que tratavam do diagnóstico da cárie proximal por imagem mostraram que a radiografia bitewing, devido à praticidade de sua execução e ao resultado da técnica em ornecer uma visão privilegiada para avaliação das aces proximais dos dentes posteriores, oi a mais comumente empregada na rotina clínica, tendo sido, portanto, reerenciada em todos os estudos selecionados para essa revisão sistemática como imagem-padrão. Sendo assim, oram observadas três categorias distintas de modelo de estudo, que oram agrupados em revisão de literatura, relato de caso e pesquisa clínica; a proporcionalidade por sua categoria oi apresentada na tabela 1.
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Tabela 2- Distribuição da requência por ano de publicação dos artigos.
RV = revista de literatura; PC = pesquisa clínica; RC = relato de caso
Na categoria de revisão de literatura, oram inseridos 05 desses artigos (22,75 %), dentre estes, pudemos avaliar que as novas diretrizes para o diagnóstico da cárie proximal por imagem apontam para a necessidade da implementação de um protocolo que inclua a associação do exame clínico ao exame radiográfico e a relevância do uso da bitewing como meio auxiliar para o diagnóstico da cárie proximal, as vantagens na utilização da imagem digital em detrimento da convencional e o desenvolvimento de novos sotwares para processamento da imagem digital da bitewing, com o objetivo de acilitar e incrementar o diagnóstico precoce dessa cárie. Um artigo (4,54%) oi do tipo relato de caso, de um paciente que, após ter sido submetido à avaliação e a tratamento clínico prévio, oi encaminhado para o tratamento ortodôntico, tendo sido observada, na documentação de rotina para o planejamento,
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Silva AVC, et al. a presença de cáries proximais assintomáticas, o que reorça, segundo o autor, a necessidade da utilização de um protocolo clínico que inclua o emprego das radiografias bitewing para acilitar o diagnóstico dessas lesões cariosas. A maioria dos artigos, entretanto, dedicou-se à pesquisa clínica. Foram
16 estudos (72,7%), a apresentação e distribuição do percentual por tema de pesquisa clínica, com o propósito de aumentar a acurácia do diagnóstico da cárie proximal por imagem, publicados entre 2005 a 2009, podem ser observadas na tabela 3.
Tabela 3- Distribuição, em números relativos e absolutos, do tema das pesquisas clínicas realizadas, publicadas entre 2005 a 2009.
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Silva AVC, et al. De acordo com a tabela 4, em três pesquisas, os autores desenvolveram, em seus estudos, comparações da quantidade de cáries proximais, quando se adotou um protocolo para o exame clínico apenas com o exame visual e quando se adotou a associação desse exame ao radiográfico por meio da bitewing, A primeira teve
como público-objeto do estudo crianças de 12 anos³; a segunda, em crianças de 9 anos², e a terceira, na população de baixo risco⁴, tendo todos eles concluído que houve um aumento significativo no diagnóstico da cárie proximal, quando se empregou o exame clínico associado ao radiográfico (Ver tabela 4).
Tabela 4 – Distribuição das pesquisas, autores e conclusões relacionados ao tema do fluxo de detecção de cáries proximais, quanTabela do adotado um protocolo que incluiu exames clínico e radiográfico associados.
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A qualidade da imagem radiográfica, oriunda dos dierentes tipos de filme, suscitou duas pesquisas, como orma de investigar se haveria intererência do resultado obtido no diagnóstico da cárie proximal. Dessa orma, um estudo comparou a influência da qualidade das imagens entre filmes convencionais de velocidades dierentes Insight e Ultraspeed para o diagnóstico diagnósti co da cárie proximal em radiografias bitewing e concluiu que a velocidade do filme não interere no diagnóstico da cárie.16 Um outro comparou as imagens de quatro filmes convencionais, Ektaspeed plus, Aga dentus M2
comort, Insight e Flow x-ray FV 58 F-speed e a radiografia digital direta através do sistema Radiovisiography (RVG). Os autores afirmaram que esses cinco tipos de filme não alteraram significativamente no diagnóstico da cárie proximal. Afirmaram, porém, que a vantagem significativa para o uso da radiografia digital seria em relação à diminuição, de cerca de 50%, na dose de radiação ao paciente17, o que tem importância capital em pacientes gestantes e crianças, podendo ser indicada nesses casos específicos. Todos esses estudos oram apresentados na tabela 5.
Tabela 5 – Distribuição das pesquisas, autores e conclusões relacionadas ao tema dierenças na qualidade da imagem em dierenTabela tes tipos de filmes na detecção de cáries proximais.
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Silva AVC, et al. Com o advento da imagem digital, as comparações entre as técnicas se mostraram necessárias, para se avaliar a qualidade dessa nova tecnologia com a convencional no diagnóstico da cárie proximal. Os autores Alkurt et al.17 e Rocha et al.10 realizaram uma comparação entre a imagem convencional e a digital direta e concluíram que ambas apresentaram desempenho semelhante para o diagnóstico de cárie proximal. Entretanto, Civera et al. 4 apontaram que há um incremento no diagnóstico da cárie proxi-
quando se utilizou a digitalização, a imagem mostrou-se mais eficiente para o diagnóstico da cárie proximal que a avaliação no filme radiográfico convencional. Peker et al.19 avaliaram o uso do filme tomográfico através de tomografias convencionais, convencionais, quando comparado à radiografia digital bitewing e apresentaram essa técnica como uma alternativa para o diagnóstico da cárie proximal. Tymoyfieva et al.20 compararam a capacidade de mensuração do tamanho e da proundidade da cárie por meio das técni-
mal quando se utiliza a imagem da bitewing digital. Kimmes et al.18 compararam a imagem convencional com a digitalizada e concluíram que a digitalização das imagens convencio convencionais nais poderia ser uma prática a ser adotada durante o período de transição até o uso consensual da imagem totalmente digitalizada, pois,
cas de Bitewing e a Ressonância Magnética, tendo comprovado um resultado superior desta última em relação à primeira. A distribuição das comparações entre o desempenho das técnicas, para o diagnóstico da cárie proximal que oram realizadas nas pesquisas clínicas dentre os artigos selecionados, oi descrita na tabela 6.
Tabela 6 - Distribuição em número relativo e absoluto dos tipos de comparações eitas entre o desempenho das técnicas para o diagnóstico por imagem de cáries proximais.
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Silva AVC, et al. A substituição gradativa das radiograias convencionais pelas digitais é outro tema de relevância nas pesquisas, pois esse sistema apresentou como uma das vantagens o compartilhamento da imagem, podendo auxiliar no diagnóstico devido à possibilidade de compartilhamento com outros proissionais a distância. Além disso, existe a possibilidade de associação de erramentas importantes, com programas digitais (sotwares) para acilitar a leitura dessas
mento, aumentam, de orma signiicativa, a acurácia desta em detrimento da imagem convencional 5, 12, 13, 14, 15 Houve ainda a comparação do desempenho entre os sistemas digitais utilizados (sotwares) no processamento das imagens para o diagnóstico da cárie proximal por meio das radiograias. A pesquisa de Biasi; Abreu Junior²¹ avaliou três imagens distintas para a detecção da cárie proximal: a digital convencional, a invertida e ambas as-
imagens, permitindo, ainda, o apereiçoamento e desenvolvimento de outros, com vistas a acilitar e avorecer o diagnóstico da cárie proximal no seu estágio mais incipiente. Como a imagem digital pode ser adquirida por diversos sistemas disponíveis no mercado, a comparação entre o resultado radiográico por meio de dierentes sistemas oi objeto de estudo de Shculte et al.¹¹ Os autores compararam o sistema de placa de armazenamento de ósoro e scanner Digora (PSPre) como reerência, comparando com a imagem obtida pelo uso da placa de ósoro da Vistascan e o scanner da Dürr (PSPtest) e ao dispositivo de carga acoplada (CCDtest) com sensor e sotware da Sidex, Sirona. Concluiu que não houve dierença signiicativa entre os três sistemas de captura da imagem para o diagnóstico da cárie proximal. Apesar de a imagem digital por si só não inluenciar, de orma signiicativa, a detecção das cáries proximais, as vantagens agregadas pela acilidade na manipulação e a possibilidade de incremento dessas imagens pela utilização
sociadas e concluíram que nenhuma alterou signiicativamente a imagem, de orma a acilitar o diagnóstico. Por outro lado, na pesquisa de Schulze et al.²², oi realizada uma comparação para avaliar se haveria superioridade na utilização do sistema Joint Photographic Experts Group – discrete cosine transorm (JPEG) com o Tagged Image File Format (TIFF) e entre Joint Photographic Experts Group – discrete walvelet transorm (JPEG2000) com o Tagged Image File Format (TIFF) e concluíram que os sistemas testados (JPEG e JPEG2000) não apresentaram vantagem para o diagnóstico da cárie proximal, quando comparados com a radiograia digital convencional armazenada no sistema TIFF. No estudo de Dysktra 5, oi avaliado o sistema Logicon caries detector, concluindo que sua utilização aumentou em 50% a detecção de cáries, quando comparado a outros sotwares. Por outro lado, o estudo de Pretty et al. 14 deendeu, em seu estudo, que a subtração radiográica é um meio valoroso na detecção da cárie proximal. A discriminação dos sotwares avaliados no período dessa revisão
de cores, além do uso de sotwares para o seu processa-
sistemática oi relatada na tabela 7.
Tabela 7 – Distribuição, em número relativo e absoluto, das erramentas utilizadas individualmente ou em comparação entre duas Tabela ou mais, como meio de aprimoramento na leitura das imagens para o diagnóstico da cárie proximal.
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Outro tema relativamente comum, levantado entre quatro pesquisas, oi a avaliação da capacidade de diagnóstico da cárie proximal em radiograias bitewing, de acordo com o nível de experiência proissional do examinador. Os estudos de Silva Neto et al. 7, Carmona et al. 9 , Kooistra et al.6 e Hala et al.¹ oram embasados na grande divergência no diagnóstico also negativo e also positivo, quando
pação relevante para a prevenção e o diagnóstico da cárie proximal. Todos Todos os autores concluíram que a qualiicação e a experiência proissional podem intererir, de orma signiicativa, no grau de detecção d a cárie proximal por imagem. Além desse ator, outros oram também apontados como relevantes para avorecer o diagnóstico da cárie por imagem, devendo ser observados de orma criteriosa, durante
comparados exames histológicos no preocumesmo dente, e esteaos é um ato que continuarealizados sendo uma
alacionados avaliação na radiográica. tabela 8. Todos os atores citados oram re-
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Silva AVC, et al. Tabela 8 – Distribuição, em números absolutos e relativos, dos atores que puderam influenciar na detecção da cárie proximal, em ordem decrescente de concordância entre os estudos.
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CONCLUSÃO De acordo com a literatura revisada sobre os métodos de diagnóstico por imagem das lesões de cárie proximal, pode-se concluir que 1 – a radiografia bitewing permite um incremento significativo no diagnóstico da cárie proximal quando associada ao exame clínico; além de ser uma técnica de baixo custo e ácil execução, ornece uma visão privilegiada das aces proximais dos dentes, inacessíveis ao exame clínico; 2 - o diagnóstico da cárie proximal não sore influência pelo emprego de filmes de dierentes marca ou velocidade e sistemas (convencional ou digital); 3 - a qualidade da imagem digital não soreu influência dentre os três sistemas testados para sua aquisição e tem como vantagem a possibilidade de agregar erramentas para acilitar a avaliação da imagem, além de promover uma redução na dose de radiação ao paciente de cerca de 50% em relação à técnica radiográfica convencion convencional; al; 4 - os programas utilizados (sotwares) para processamento da imagem digital aumentam, significativamente, a acurácia do diagnóstico da cárie proximal; 5 - a digitalização da imagem convencional é superior para a detecção de lesão de cárie proximal, quando comparada à
imagem convenciona convencional;l; 6 - a ressonância magnética mostra-se mais eficiente que a técnica bitewing para a mensuração da proundidade e dimensão da cárie proximal em relação à polpa dentária.
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Avaliação do Conhecimento dos usuários da Faculdade de odontologia da UFJF quanto às medidas de radioproteção The knowledge’s evaluation of UFJF dentistry school’s s chool’s users in terms of radioprotection measures Carolina Keller Gomes1, Ana Cristina da Rocha Duque 2, Isabela Maddalena Dias2, Maria Elizabeth Marques Nogueira Martins3 Karina Lopes Devito4 1. Acadêmica da Faculdade de Odontologia da UFJF (Minas Gerais, Brasil) 2. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia da UFJF (Minas Gerais, Brasil) 3. Proessora do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia da UFJF (Minas Gerais, Brasil) 4. Proessora Doutora do Departamento de Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia da UFJF (Minas Gerais, Brasil)
DESCRITORES:
RESUMO
Radiação; Protetores contra radiação; Equipamentos e provisões para radiação; Radiografia Dentária.
Proposição: Avaliar o conhecimento dos usuários da Faculdade de Odontologia da UFJF em relação às medidas de radioproteção que devem ser adotadas durante a obtenção de radiografias. Métodos: Cem pacientes responderam a um questionário sobre a experiência como usuários de serviços de Radiologia bem como sobre o conhecimento em relação às medidas de radioproteção. Resultados: Oitenta e cinco por cento dos participantes já realizaram radiografias odontológicas, sendo que para 61,2%, sempre oi oerecido avental de chumbo. Por outro lado, em relação ao protetor de tireoide, em apenas 24,7% dos participantes este aparato oi utilizado rotineiramente. Durante a realização de radiografias intrabucais, 43,5% relataram que oram utilizados posicionadores para manutenção do filme na cavidade bucal. Sete participantes já haviam permanecido como acompanhantes, e apenas um afirmou sempre ter utilizado avental de chumbo durante essa unção. Mais de 39% das participantes nunca havia sido questionada sobre a possibilidade de estar grávida. Do total de pacientes entrevistados, 53% consideram a radiação X perigosa, e 49% acham que, durante a exposição, correm algum risco. Conclusão: Apesar de ainda haver negligência em relação aos procedimentos de radioproteção durante a obtenção de radiografias odontológicas, a maioria dos pacientes reconhece os perigos associados à utilização da radiação X.
Keywords:
ABSTRACT
Radiation; Radiation-Protective Agents; Radiation Equipamentand Supplies Radiography ; Dental.
Purpose: To evaluate the users’ knowledge of UFJF School of Odontology in terms of radiation protection measures to be adopted while taking X-rays. Methods: One hundred patients answered a questionnaire about their experience as users of Radiology services, as well as on knowledge about radiation protection measures. Results: Eighty-five percent of the participants had taken dental X-rays and a lead apron was offered to 61.2%. In relation to the thyroid shield, in only 24.7% of cases was this apparatus used routinely. For intraoral radiographs, 43.5% reported that positioners were used to keep the film in the oral cavity. Seven participants had already remained remained as companions, companions, and only one said to have always used used a lead apron for for this function. More than 39% of the female participants had never been questioned about the possibility of being pregnant. Of the participants interviewed, 53% considered X-rays dangerous and 49% believed that exposure incurred some risk. Conclusion: Although there is still neglect of radiation protection procedures
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while obtaining dental radiographs, most patients recognize the dangers associated with the use of X-rays.
Endereço para correspondência Proa. Dra. Karina Lopes Devito Rua Olegário Maciel, 1930/302E Paineiras – Juiz de Fora – MG/Brasil MG/Brasil CEP: 36016-011 E-mail: karina.devito@uf karina.devito@uf.edu.br .edu.br
INTRODUÇÃO O exame radiográfico é um valioso método auxiliar de diagnóstico nos diversos procedimentos adotados pelo cirurgião-dentista, sendo utilizado em qualquer manobra clínica pré, trans ou pós-operatória1. No entanto, a radiação X deveria ser usada apenas após criterioso exame clínico e a consideração das necessidades re-
sejam, são cumulativos. Por isso, todos os cirurgiões-dentistas têm responsabilidade profissional com seus pacientes, sua equipe e consigo mesmos, a fim de minimizar todos os riscos que possam estar associados à radiação2, 3, 4. No Brasil, a Portaria no 453 do Ministério da Saúde enatiza a necessidade de garantir a indicação exata para a realização dos procedimentos de radiodiagnóstico assim como assegurar os requisitos mínimos de proteção radiológica aos profissionais da área de saúde5.
ais de saúde geral e odontológica do paciente, uma vez que os eeitos de quaisquer doses de radiação, por menores que
A conscientização dessa ação deletéria dos raios X levou pesquisadores a buscarem medidas de segurança na aplicaOdontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 25-29, jan./mar., jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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ção dessa radiação, que incluem cuidados com aparelhos de raios X (colimação e filtração adequadas), utilização de filmes rápidos com posicionadores, processamento radiográfico que garanta a qualidade e padronização das imagens e proteção dos pacientes e dos operadores, minimizando as doses de radiação4. No entanto, poucos trabalhos na literatura avaliaram o conhecimento dos usuários dos serviços de Radiologia Odontológica, que, muitas vezes, por negligência dos profissionais, são os mais prejudicados. Sabe-se que, atualmente, em unção do maior acesso à inormação, a população detém conhecimento acerca de assuntos específicos, passando a exigir mais seus direitos. O objetivo nesta pesquisa oi avaliar o conhecimento dos usuários da Faculdade de Odontologia da UFJF em relação às medidas de radioproteção que devem ser adotadas durante a obtenção de radiografias intra e extrabucais. A realização deste trabalho, além de se justificar como um instrumento de mensuração do conhecimento dessas medidas por parte da população em geral, também auxiliará no maior comprometimento da classe odontológica para a adoção integral das medidas de radioproteção regulamentadas pela Portaria no 453 (1998).
Figura 1. Valores relativos para a questão: você já realizou radiografias odontológicas (intra ou extrabucais)?
MATERIAL E MÉTODOS
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Este estudo oi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) sob o no 184/2009. Tratou-se de uma pesquisa de caráter descritivo, com uma abordagem quantitativa por meio de levantamento de dados, utilizando-se a técnica de coleta de inormações baseada num questionário. Participaram deste estudo 100 pacientes encaminhados à clínica de Radiologia da Faculdade de Odontologia da UFJF. UFJF. Foram incluídos voluntários, de ambos os gêneros, com idade igual ou superior a 18 anos. Todos Todos os pacientes que concordaram em participar da pesquisa assinaram o Termo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e responderam a um questionário, incluindo questões de identificação pessoal e sobre seu conhecimento a respeito das medidas de radioproteção. Todos os pacientes oram abordados previamente a sua entrada para realização dos exames radiográficos, de orma que não ossem influenciados pelos procedimentos realizados. De posse dos questionários preenchidos, realizou-se
Figura 2. Valores relativos oi para a questão: quando realizoupara radiografias odontológicas, utilizado avental de chumbo sua proteção?
uma avaliação quantitativa por meio de estatística descritiva, indicando os valores relativos para cada uma das questões.
diografiaspara odontológicas, oi utilizado protetor de tireoide de chumbo sua proteção?
Figura 3. Valores relativos para a questão: quando realizou ra-
RESULTADOS Dos 100 indivíduos, 68 eram do gênero eminino e 32 do gênero masculino. Para os homens, a idade variou de 18 a 73 anos e, para as mulheres, variou de 18 a 76 anos. Quanto ao grau de escolaridade, os resultados oram bastante divergentes: 24% possuíam o ensino undamental incompleto, 22%, o ensino médio completo, 16%, o ensino superior incompleto, 13%, o ensino médio incompleto, 12%, o ensino undamental completo, 9%, o ensino superior completo, e 4% não possuíam escolaridade. Nas figuras abaixo (Figuras 1-13), estão discriminados os dados da estatística descritiva, realizada para cada uma das questões analisadas.
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Figura 4. Valores relativos para a questão: você acredita que realmente oi ou seria necessária a utilização desses aparatos de proteção (avental de chumbo e protetor de tireoide)?
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Figura 5. Valores relativos para a questão: como os filmes radiográficos oram mantidos em posição durante a obtenção de radiografias intrabucais?
Figura 9. Valores relativos para a questão: você acha que corre algum risco realizando radiografias odontológicas?
Figura 6. Valores relativos para a questão: você já permaneceu como acompanhante na sala de exame, durante a obtenção de radiografias odontológicas?
Figura 10. Valores Valores relativos para a questão: quanto ao grau de periculosidade, como você enquadraria a radiação X utilizada para a obtenção das radiografias odontológicas?
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Figura 7. Valores relativos para a questão: caso você tenha permanecido como acompanhante, oi oerecido a você avental de chumbo?
Figura 11. Valores relativos para a questão: você gostaria de conhecer mais sobre a radiação X e como são obtidas as radiografias?
Figura 8. Valores relativos para a questão: caso você tenha
Figura 12. Valores relativos para a questão: você já oi questionada pelo profissional, antes de azer radiografias, sobre a possibilidade de estar grávida?
permanecido como acompanhante, oi oerecido a você protetor de tireoide?
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Silva e Freitas10 realizaram uma pesquisa no município de Marília e identificaram que dos profissionais participantes, 93% usavam somente o avental de proteção, e apenas 7% utilizavam protetor de tireoide associado ao avental de borracha plumbíera. Na presente pesquisa, apenas 24,7% dos participantes inormaram que sempre utilizaram esse aparato, e 8,2% relataram que apenas eventualmente lhes era oerecido o protetor
De acordo com a Portaria no453, intitulada “Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico”, estabelecida pelo Ministério da d a Saúde em 1o de junho de 1998, os exames radiográficos somente devem ser realizados após exame clínico e cuidadosa consideração das necessidades de saúde geral e dentária do paciente. Além disso,
de tireoide. Melo e Melo1 observaram que 70% dos consultórios entrevistados possuíam protetor de tireoide de chumbo. Entretanto, em Vieira e Barata 8, 36% dos odontopediatras utilizavam protetor de tireoide nas crianças. Tosoni Tosoni et al.7 encontraram uma porcentagem de uso de apenas 21,5%. Quando os usuários oram entrevistados sobre a importância da utilização do avental de chumbo e protetor de tireoide, 86% dos entrevistados acreditam ser importante a utilização desses aparatos de proteção na obtenção de radiografias odontológicas. Durante a realização de radiografias intrabucais, deve-se utilizar, preerencialmente, a técnica do paralelismo com localizadores longos e posicionadores, a fim de evitar que o paciente tenha que segurar o filme com a própria mão, além de garantir uma imagem de qualidade superior e reduzir as chances de erros, que levaria a repetições dos exames 5,6. Segundo Melo e Melo1, 76,8% dos cirurgiões-dentistas entrevistados utilizavam o posicionador para manter o filme na posição correta, e 9,7% mantinham o filme na boca do paciente,
deve-se verificar a existência de exames radiográficos anteriores, que podem ser suficientes para o diagnóstico, tornando-se desnecessária a realização de um novo exame5, 6. A maioria dos processos patológicos com que o cirurgião-dentista se vê envolvido localiza-se em tecidos duros e ossos, oerecendo dificuldade a utilização plena dos exames clínicos. Por essa razão, os exames radiográficos são de especial importância na Odontologia e dificilmente podem ser desd escartados no processo de diagnóstico. Tosoni et al. 7, que avaliaram 395 cirurgiões-dentistas de dierentes especialidades, tempo de ormação profissional e regiões do país, observaram que 99% dos cirurgiões-dentistas participantes realizam exames radiográficos intrabucais. Esse ato também justifica a alta porcentagem (85%) encontrada no presente trabalho de entrevistados que já haviam realizado exames radiográficos odontológicos. Ainda segundo a Portaria no453, a vestimenta de proteção individual deve ser usada de modo a proteger a tireoide, o tronco e as gônadas dos pacientes durante as exposições. A utilização de avental plumbíero, com, no mínimo, 0,25mm de chumbo e que garanta a proteção do tronco dos pacientes, está bastante diundida entre os profissionais das áreas de saúde1. Dentre os usuários da Faculdade de Odontologia da UFJ UFJFF que já haviam realizado radiografias odontológicas, 61,2% afirmaram que sempre utilizaram avental de chumbo, e 14,1% inormaram que, apenas em algumas vezes, oi oerecido esse aparato de proteção durante a obtenção de radiografias. Tosoni et al.7 e Melo e Melo1 observaram, em suas pesquisas, ao entrevistarem cirurgiões-dentistas e não os usuários dos serviços, que 90,8% e 98,1% dos profissionais utilizavam avental de chumbo em seus pacientes, respectivamente. Vieira e Barata8 observaram que 79% dos odontopediatras entrevistados por eles utilizavam avental de chumbo nas crianças atendidas. Com relação ao uso de protetor de tireoide, os valores são bem ineriores, quando comparados à utilização do avental. Silveira et al. 9 observaram que 85,7% dos cirurgiões-dentistas entrevistados utilizavam equipamentos de chumbo para a proteção dos pacientes. A proteção apenas com o avental era utilizada em 33,3% dos consultórios, apenas com protetor de tireoide, em 8,3%, e com ambos, em 58,3%.
quando este não conseguia azê-lo. Silva e Freitas10 observaram que 21% dos profissionais mantinham o filme radiográfico na boca do paciente. Jacobs et al. 11 observaram que 8% dos profissionais ajudavam ajudavam a segurar o filme no interior da boca do paciente. Vieira e Barata8 relataram que a maioria dos odontopediatras (76%) delegava à mãe ou ao acompanhante o procedimento de segurar o filme no interior da boca da criança, 3% delegavam aos auxiliares, e 1% não realizava a radiografia, caso a criança não tivesse capacidade de imobilizar a película. Segundo Tosoni Tosoni et al.7, apenas 26,1% dos cirurgiões-dentistas entrevistados utilizam posicionadores. Na presente pesquisa, em 43,5% dos participantes, oram utilizados posicionadores para radiografias intrabucais; 36,5% seguraram o filme com sua própria mão; 14,1% inormaram que, em algumas vezes, oi utilizado o posicionador e, em outras, ele mesmo manteve o filme em posição com a própria mão, e 1,2% afirmaram que o profissional segurou o filme. Somente indivíduos cuja presença seja essencial ao exame radiográfico devem permanecer na sala de exames. Caso seja necessária a presença de pessoas para assistir uma criança ou paciente debilitado, elas devem azer uso de avental plumbíero com, pelo menos, o equivalente a 0,25mm de chumbo e evitar localizar-se na direção do eixe primário5. Na presente pesquisa, sete participantes já haviam permanecido como acompanhantes durante a execução de radiografias, e destes, apenas um deles sempre utilizou avental de chumbo. Silva e Freitas10 observaram que, em apenas 5% dos casos, outras pessoas permaneciam nas salas além do paciente e operador no momento da exposição. Vieira e Barata8 observaram que 39% dos odontopediatras utilizavam meios de proteção nas mães ou acompanhantes que realizavam a imobilização da película. Quanto à periculosidade da radiação X, Silva e Freitas10 encontraram 59% dos profissionais considerando a radiação X muito perigosa; 31%, pouco perigosa, e 10%, não perigosa. Na presente pesquisa, 30% dos pacientes consideraram a radiação X muito perigosa; 23%, pouco perigosa, e 7%, não perigosa. Cerca de 40% das pacientes do gênero eminino afirmaram que nunca oram questionadas pelo profissional antes de
Figura 13. Valores relativos para a questão: você acredita que a realização de radiografias em mulheres grávidas pode ser pre judicial ao bebê? bebê?
DISCUSSÃO
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REFERÊNCIAS
azer radiografias sobre a possibilidade de estarem grávidas. No entanto, quando questionadas se acreditavam que a radiação X poderia ser prejudicial ao bebê, 66,2% responderam afirmativamente. Silva e Freitas10 e Silveira et al.9 observaram, respectivamente, que 62% e 85,7% dos profissionais evitavam radiograar gestantes. Segundo Zanata et al.12, 86% dos obstetras consideram que podem ser realizados exames radiográficos em pacientes grávidas, desde que sejam utilizados avental
1. Melo MFB, Melo SLS. Condições de radioproteção dos consultórios odontológicos. Ciência & Saúde Coletiva. 2008; 13(2): 2163 -70. 2. Freitas A, Rosa JE, Souza IF. Radiologia odontológica. 5. ed. São Paulo: Artes Médicas; 2000.
de chumbo e protetor de tireoide; 11,4% contraindicam durante o primeiro trimestre de gravidez, e 2,5% contraindicam durante toda a gravidez. Com relação aos dentistas, 16,2% consideram que podem ser realizadas radiografias durante a gravide, 37,8% indicam radiografias só após o primeiro trimestre, 37,8% contraindicam radiografias durante todo o período gestacional, e 8,2% preerem consultar o obstetra, antes de indicar o exame radiográfico. De uma maneira geral, apesar de o público avaliado neste trabalho ter um índice de escolaridade relativamente baixo, a maioria acredita que a radiação X possa ser prejudicial a sua saúde. Além disso, 79% dos participantes gostariam de receber mais inormações sobre essa radiação e como são obtidas as radiografias odontológicas. Os resultados deste trabalho, dierentemente dos encontrados na literatura, trazem inormações sobre os usuários dos serviços de Radiologia e não, do próprio cirurgião-dentista. Dessa orma, as respostas obtidas relatam exatamente o que é realizado durante a obtenção de radiografias odonto-
3. Whaites E. Princípios Alegre: Artmed; 2002. de radiologia odontológica. 3. ed. Porto 4. American Dental Association Council on Scientific Affairs. The use o dental radiographs. Update and recommendations. J Am Dent Assoc. 2006; 137(9): 1304 -12. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 453, de 01 de junho de 1998. Diretrizes de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico. Diário Oficial da União, 1 jun. 1998. 6. Watanabe PCA, Pardini LC, Arita ES. Discussão das diretrizes de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2000; 54(1): 64-72. 7. Tosoni Tosoni GM, Campos DM, Silva MR. Freqüência de cirurgiões-dentistas que realizam exame radiográfico intrabucal e avaliação das condições para a qualidade do exame. Rev Odontol Unesp. 2003; 32(1): 25-9. 8. Vieira CL, Barata JS. Adoção de medidas de radioproteção pelos odontopediatras do nordeste brasileiro. Rev Ibero-Am Odontoped Odontol Bebê. 2004; 7(35): 79-90.
lógicas. Os estudos que questionam os profissionais quanto às medidas de radioproteção adotadas por eles mesmos, muitas vezes, não condizem com a realidade, uma vez que o cirurgião-dentista conhece as normas de radioproteção radioproteção,, responde como deveria proceder idealmente, mas, em muitos momentos, é negligente na sua aplicação, podendo gerar respostas alsas. Campanhas inormativas, por meio de palestras e panfletagem realizadas em escolas, aculdades e postos de saúde, para a população em geral, usuária dos serviços de Radiologia e clínicas odontológicas, poderiam auxiliar na maior adoção de medidas de radioproteção pelos cirurgiões-dentistas, uma vez que o próprio paciente passaria a exigir um serviço de melhor qualidade, atuando como um fiscal das medidas de radioproteção adotadas pelo profissional.
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CONCLUSÃO De acordo com esta pesquisa, pode-se concluir que • há um reconhecimento, por parte dos pacientes, sobre a im-
portância da utilização do avental de chumbo e do protetor de tireoide, apesar de este último ser quase sempre negligenciado pelos cirurgiões-dentistas; • na obtenção de radiograas intrabucais, foi utilizado, na maioria dos participantes, o posicionador de filmes radiográficos; • apesar de apenas 7% dos participantes já terem atuado
como acompanhantes durante a obtenção de radiografias, existe uma negligência por parte dos profissionais quanto à utilização de avental de chumbo e protetor de tireoide para o acompanhante; • a maioria dos prossionais não questiona as pacientes pre viamente à obtenção de radiografias sobre a possibilidade de estarem grávidas. No entanto, a maioria delas acredita que a radiação X seja prejudicial ao bebê; • a maioria dos participantes acredita que corre algum risco re alizando radiografias odontológicas e gostaria de receber mais inormações a respeito da radiação X e de como são obtidas as radiografias.
Recebido para publicação: 20/01/11 Enviado para reformulação: 18/07/11 Aceito para publicação: 29/12/11 Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 25-29, jan./mar., jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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Avaliação do nível de satisfação dos usuários atendidos na Avaliação clínica integrada do curso de odontologia da Faculdade Novafapi em em Teresina Teresina (PI) Assessing the level of satisfaction of users served in integrated clinical course of dentistry college Novafapi Teresina (PI) José Guilherme Férrer Pompeu1, Inês Layanne de Moura Carvalho2, Jannete Araújo Pereira2, Raimundo Guimarães Cruz Neto2 Vera Lúcia Gomes Prado3, Claúdio Heliomar Vicente da Silva 4 1. Proessor Doutor do Curso de Graduação em Odontologia das Faculdades NOVAFAPI, FACID e UFPI. 2. Acadêmico(a) do Curso de Odontologia da Faculdade NOVAFAPI. 3. Proessora Doutora do Curso de Graduação em Odontologia da UFPI 4. Proessor Doutor do Curso de Graduação em Odontologia da UFPE.
DESCRITORES:
RESUMO
Satisação dos consumidores; Odontologia; Triagem; Pacientes; Relações Dentista-paciente.
A satisação do usuário deve ser o principal objetivo de todo serviço de saúde. Por meio da avaliação desta, obtêm-se dados a respeito de suas expectativas, detectam-se as possíveis alhas e buscam-se soluções para a melhoria do serviço prestado. Objetivo: avaliar o perfil e o grau de satisação de 164 usuários adultos em relação ao atendimento odontológico prestado pelas clínicas integradas de odontologia da Faculdade NOVAFAPI. Material e Métodos: trata-se de um estudo descritivo e transversal. A coleta de dados oi realizada por meio de um questionário em que se abordaram aspectos do atendimento clínico e organizacional, aplicado em entrevista direta, na sala de espera das clínicas. Resultados: indicaram um perfil predominantemente eminino 76,22% que estão trabalhando, 81,71% apresentaram renda de 1 a 2 salários mínimos 62,80%.Quanto à satisação técnica, 89,02% dos usuários receberam orientações sobre procedimentos preventivos, 68,29% não sentiram dor e 60,37% não tiveram medo. A avaliação da receptividade pelo aluno e proessor mereceu uma classificação de 62,80% e 48,17%, respectivamente. As sugestões sobre melhorias oram selecionadas com mais atendimentos durante a mesma semana (6,10%) e menor tempo de espera (14,63%). Conclusão: a maioria dos usuários entrevistados mostrou-se muito satiseita em relação à qualidade do serviço odontológico prestado pela clínica integrada da instituição supracitada.
Keywords:
ABSTRACT
Consumer Satisfaction; Triage; Patiants; Dentist-Patient Relation.
User satisfaction should be the primary goal of any health service. By evaluatin evaluating g this, data is obtained about user expectations, possible faults can be detected and solutions can be sought to improve the service. Objective: To assess the profile and degree of satisfaction of 164 adult users of dental care provided by integrated dental clinics at NOVAFAPI College. Methodology: This is a descriptive and transversal study. Data was collected using a questionnaire focusing on aspects of organizational and clinical care, which was applied by direct interview in the waiting room of clinics. Results: the profile of users was predominately female (76.22%), in employment (81.71%), with an income of 1 to 2 minimum wages (62.80%). As for technical satisfaction, 89.02% of users received instructions on preventive preventi ve proced procedures ures,, 68.29% 68.29% felt felt no pain pain and 60.3 60.37% 7% had had no fear. fear. The The evaluation uation of recep receptivit tivityy by the stud student ent and teacher received a rating of 62.80% and 48.17% respectively. Suggestions on improvements were for more consultations during the same week (6.10%), and a shorter waiting time (14.63%). Conclusion: The majority of users interviewed were very satisfied with the quality of dental services provided by the integrated clinic of the aforementionedinstitution.
Endereço para correspondência José Guilherme Férrer Pompeu Rua Napoleão Lima, 1281/601 64049-220 – Teresina – PI E-mail: gpompeu8@gma
[email protected] il.com
INTRODUÇÃO A odontologia proporciona uma visão primordial mediante a realidade de saúde a qual se apresenta por meio do atendimento ético e humanístico, que busca trazer saúde, bem-estar e qualidade no atendimento em saúde bucal 1. Como toda organização que está preocupada com a satisação dos usuários com seus produtos e serviços, os provedores
de serviços dentários estão tornando-se mais envolvidos com a satisação do paciente. Isso se deve ao aumento da evidência de que a associação entre satisação, aquiescência do paciente e sucesso do tratamento determina a qualidade do atendimento em saúde. Em estudo recente, a satisação do paciente é definida como uma resposta de base aetiva e de avaliação de base cognitiva do receptor do tratamento de saúde. É uma combinação complexa do emocional, ísico e material, e seus Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 31-36, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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valores estão diretamente envolvidos com a qualidade2. A disciplina de clínica integrada é uma parte obrigatória do currículo dos cursos de graduação em odontologia como matéria profissionalizante. Esta deve promover a integração dos conhecimentos, habilidades e valores adquiridos ao longo do curso, de modo a proporcionar ao paciente o atendimento integral das necessidades evidenciadas3. A definição de conteúdos, objetivos de ensino e filosofia
Para a coleta de dados, oi utilizado um questionário especíico, previamente validado por estudo piloto realizado com 20 pacientes da instituição, objetivando veriicar a clareza das questões e a idelidade das respostas, além de promover a calibração dos entrevistadores. O questionário oi constituído de 18 questões echadas, em que oram abordados itens sobre o peril do paciente, procedimentos preventivos, indumentária de alunos e proes-
para a clínica integrada deve respeitar e orientar-se pelas determinações e objetivos do currículo pleno de cada Instituição. Assim, os estudos sobre a satisação do usuário são importantes, porque podem contribuir para o planejamento de medidas visando à superação das limitações detectadas com base nas inormações adquiridas4. Para se alcançar a satisação do paciente, além da qualidade do profissional e da inraestrutura didática e operacional da clínica, é necessário que seja implantada uma política educacional que considere proessores e alunos conscientes e também engajados em um processo de transormação social do homem que revele a ética odontológica e que considere, com dignidade, o real compromisso que o profissional de odontologia deve ter com a sociedade brasileira5. A prática pedagógica das clínicas integradas tem demonstrado uma visão ampliada no conceito de tratamento bucal, unindo teoria e prática das disciplinas em uma única atividade clínica, promovendo um aprendizado mais humanístico, com possibilidades de crescimento para alunos e pro-
sores, dor, medo, humanização, atendimento, motivo da procura do serviço, ambiência e 03 questões abertas nas quais os entrevistados podiam discorrer livremente sobre o tema que lhe ora proposto. Os dados quantitativos oram submetidos à descrição estatística. Nos dados qualitativos, utilizou-se a análise de conteúdo das respostas, sendo posteriormente submetidos à análise estatística.
essores6. Motivados por essa questão, oi proposto como undamento para este estudo identificar e pesquisar os itens que os usuários poderão classificar como atores de satisação, ao avaliarem os serviços recebidos e a percepção dos usuários quanto aos atores que determinarão a satisação com a qualidade dos procedimentos realizados na clínica integrada da NOVAFAPI.
MATERIAL E MÉTODOS Este estudo, de abordagem quantitativa e qualitativa observacional do tipo transversal, recebeu parecer avorável para execução do Comitê de Ética em Pesquisa da NOVAFAPI (Processo CAAE nº. 0136.0.043.000-10). Tal procedimento pressupõe a utilização do consentimento livre e esclarecido. Foi entrevistada uma amostra de 164 de um universo de 967 usuários atendidos no pacientes, ano de 2009 nas clínicas do Curso de Odontologia da Faculdade NOVAFAPI (erro amostral de 5,0% e nível de coniança de 95%). O tipo de amostragem oi probabilístico, por meio de um sorteio casual. A seleção e o levantamento dos participantes se realizaram durante o mês de setembro do ano de 2010, em que, a cada dois pacientes atendidos no dia, um era entrevistado (sorteio aleatório adotando moeda - cara e coroa). O critério de inclusão oi a realização de, pelo menos, um tratamento completo. Foram excluídos: usuários que tinham algum tipo de doença, diicultando a ala e/ou compreensão, os que maniestaram algum tipo de dor e/ ou se recusaram a assinar o termo de consentimento para participar da pesquisa. As clínicas do Curso de Odontologia da Faculdade NOVAFAPI possuem inalidades acadêmicas: de pesquisa e atendimento à comunidade. Atendem às especialidades de Oclusão, Dentística, Estomatologia, Radiologia, Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, Endodontia, Periodontia, Prótese, Odontopediatria e Ortodontia. Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 31-36, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
RESULTADOS A partir da estatística descritiva, oi possível identiicar as variáveis relacionadas à idade, ao gênero, ao vínculo de trabalho, à renda amiliar, às inormações sobre procedimentos preventivos, à uniormização dos alunos e proessores, à dor e medo no tratamento, à qualidade do atendimento, ao constrangimento por estar sendo atendido em local coletivo, ao motivo da procura pelo serviço, à inormação sobre a organização em geral, à indicação da clínica para outras pessoas e à avaliação por notas. Os resultados da pesquisa oram avaliados e discutidos de acordo com os itens do questionário, conorme as características característi cas deste estudo: Dos usuários atendidos, um peril predominantemente eminino, (76,22%), e que estão trabalhando (81,71%); • Analisando-se a faixa etária, foram mais prevalentes de
31 a 40 anos (33,54%), 21 a 30 anos (29,88%) e 41 a 50 anos (19,51%); • Analisando-se a faixa salarial, foi mais prevalente de 1 a 2
salários mínimos (62,80%); (TABELA 1)
Tabela 1- Distribuição dos usuários quanto ao gênero, à aixa etária, ao vínculo de trabalho e à renda amiliar na clínica integrada. NOVAFAPI, Teresina, 2010
• Dos usuários atendidos, 89,02% receberam informações so-
bre procedimentos preventivos, e 10,98% não receberam inormações; • Os usuários responderam que 100% dos alunos e professores
estavam trajados com a indumentária completa; ( TABELA 2)
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Pompeu JGF, et al. Tabela 2 – Análise das inormações recebidas pelos usuários sobre procedimentos preventivos e uniormização de alunos e proessores
• Dos usuários atendidos, 68,29% ficaram satisfeitos por
• Quanto à questão medo no tratamento, 60,37% não ti -
não sentirem dor durante os procedimentos realizados. 31,71% sentiram dor, sendo que destes, 61,54% relataram que oi de intensidade moderada, e 76,92% que oi resolvida pelo acadêmico;
veram medo, e 39,63% sentiram medo, sendo que destes, 38,46% tiveram medo de cirurgia, e 26,15% sentiram medo da anestesia, além de outros itens; (TABELA 3)
Tabela 3 – Opinião dos usuários quanto à sensação de dor e medo no tratamento odontológico, ao serem atendidos na clínica integrada da Faculdade NOVAFAPI
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Pompeu JGF, et al. • A receptividade prestada pelo aluno foi considerada ótima
• As sugestões sobre melhorias foram sel ecionadas como me -
por 62,80% dos usuários, 34,76% acharam bom, 1,83%, regular, e 0,61%, péssimo. A receptividade prestada pelo proessor oi considerada por 48,17% como ótima, 45,12%, boa, 5,49%, regular, e 1,22%, ruim;
nor tempo de espera (14,63%) e mais atendimentos durante a mesma semana (6,10%), além de outros itens; • 98,78% dos usuários não sentem constrangimento em se rem atendidos juntamente com outros; (TABELA 4)
Tabela 4 – Análise da opinião dos usuários quanto à receptividade prestada pelo aluno e proessor Tabela proessor,, das sugestões para melhoria do atendimento e opinião dos usuários quanto ao ato de serem atendidos em um ambiente coletivo
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• A maioria já indicou o serviço, pois dos entrevistados
dimento, 95,12% continuariam procurando o serviço;
60,37% ali estavam indicados por usuários já atendimentos anteriormente, e 39,63% relataram não possuir dinheiro para pagar tratamento particular;
• Houve aprovação com notas 10 (54,88%), 9 (24,39%), 8
• Responderam que indicariam a instituição para outras
pessoas (98,78%). Ainda, se tivessem outra opção de aten-
(19,51%), 7 (1,22%) pelo atendimento recebido, e a média das notas oi de 9,33 numa escala de 0 a 10, conirmando a satisação com os atendimentos e com o ambiente. (TABELA )
Tabela 5 – Distribuição dos usuários quanto ao motivo da procura de atendimento, atendim ento, opinião se indicaria ou não os serviços para outras pessoas e se tivessem outra opção continuariam procurando a clínica e avaliação das notas, em escala de 0 a 10, para o atendimento odontológico da NOVAF NOVAFAPI API
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DISCUSSÃO A saúde bucal é uma medida de avaliação dos serviços odontológicos. O Departamento de Saúde do Reino Unido define saúde bucal como “um padrão de saúde, que permite ao indivíduo comer, alar e socializar-se sem doença ativa, desconorto ou embaraço e que contribui para o seu bem-estar geral”. Dessa orma, a avaliação de serviços de saúde bucal deve incluir a satisação com a aparência dos dentes, satisação com a capacidade de mastigação, percepção da necessidade de tratamento dentário, presença de dor de dente e tipo de tratamento recebido7. De acordo com Leão e Dias 8 (2001), a ida ao dentista é um momento de grande significado emocional para o paciente, pois, afinal, o ato de permitir que alguém trate de sua boca, transorma-se em um ato de grande intimidade. Observa-se, na tabela 1, que o gênero eminino predominou entre os usuários da clínica integrada da Faculdade NOVAFAPI. O ato de as mulheres estarem mais presentes nas consultas odontológicas se dá pela importância que elas atribuem à estética, ou ainda, ao indicativo de que podem dispor, em geral, de maior tempo em relação aos homens, por não estarem vinculadas a tipo de ocupação com horários rígidos 9. Apesar de a renda amiliar predominante dos usuários estar na aixa de um a dois salários mínimos (Tabela 1), este não oi o principal motivo atestado por eles para a procura do tratamento, mas, sim, as recomendações dadas desse serviço odontológico por outros indivíduos ( Tab Tabela ela 5). Segundo Esperidião e Trad 10 (2006), os estudos da área de saúde têm demonstrado que os indivíduos das classes sociais mais baixas são os que apresentam maiores dificuldades para a prevenção e o tratamento de certas doenças, ou por não se sentirem capazes de alterar as condições sociais e ambientais que as geram, ou porque sua situação de classe não lhes permite acesso a certas práticas curativas. Conorme Almeida e Gaião 11(2001), a dor é um ator considerável, que gera insatisação, quando sentida durante os procedimentos odontológicos, principalmente de alta complexidade, pois a satisação com a prática odontológica continua sendo muito associada à dor. Consta na literatura que o medo severo do tratamento odontológico pode comprometer e influenciar negativamente a relação entre o profissional e o usuário12. Contudo, esse ato não oi citado pelos respondentes como relevante no presente estudo, pois a maioria declarou não ter sentido medo durante o tratamento, algo verificado em outros estudos (Tabela 3). Todos os usuários entrevistados no presente estudo afirmaram que a paramentação dos alunos e proessores era adequada (Tabela 2). Em unção dos riscos de contaminação por doenças inecciosas aos quais estão expostos os profissionais da odontologia e os usuários, os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) vêm sendo colocados em prática. Verificou-se satisação dos usuários com o atendimento prestado pelos alunos e proessores, ato também observado na maior parte dos estudos que avaliaram a satisação do usuário de clínica de outras aculdades. Segundo Matos et al. 13(2002), o ato de um serviço ser gratuito não exclui a obrigatoriedade de uma atenção individual ao paciente. O profissional deve esmerar-se para que o usuário não se sinta “diminuído” por receber um serviço gratuito. Uma parte dos usuários entrevistados afirmou que gostaria que o tempo de espera para ser atendido osse reduzido e que o número de sessões para o tratamento odontológico osse aumentado na mesma semana (Tabela 4).
O ambiente utilizado para o atendimento oi considerado pelos usuários como predominantemente organizado, conortável, limpo e com boa iluminação. Tais considerações podem ter proporcionado uma sensação de acolhimento e valorização, tornando-os mais motivados, receptivos e colaboradores, otimizando, de uma orma geral, a qualidade do atendimento nessa instituição. A pontualidade dos alunos oi classificada pelos usuários como boa. O que pode também ser interpretado como um importante ator de redução na ansiedade ou no medo do tratamento odontológico para muitos indivíduos, além de indicar consciência e responsabilidade profissional da parte dos uturos cirurgiões-dentistas14. O atraso dos alunos para o início da consulta é considerado uma alta de respeito por parte par te dos usuários, pois, muitas vezes, demoram muito tempo para se deslocarem de suas residências até a aculdade e acabam perdendo quase o dia todo para a consulta4. No protocolo da clínica, após a primeira consulta, eito todo o exame clínico e a anamnese dos usuários, é proposto um plano de tratamento a ser realizado, sendo discutido entre o usuário, o aluno e o proessor. Sabe-se que um dos requisitos para se edificar um orte vínculo entre alunos e usuários, baseia-se na sólida consideração entre ambos e que não é construída de um dia para o outro, mas, gradativamente, pela consciência e atenção15. É relevante ressaltar que, apesar de a metodologia empregada nesta pesquisa também ter sido utilizada em outros estudos, alguns vieses de avaliação positiva por parte do usuário, supervalorizando a qualidade do atendimento recebido, podem estar contidos no presente trabalho. Embora as entrevistadoras tenham reorçado a confidencialidade dos dados e assegurado aos usuários entrevistados que a participação neste estudo não prejudicaria o andamento do tratamento, tal ato pode ter ocorrido, tendo em vista o ato de a entrevista ter sido realizada por alunas da própria instituição avaliada, o que pode ter exercido algum ator de intimidação do usuário em relação a respostas negativas. Outra possibilidade de viés positivo, que poderia ser atribuída ao presente estudo, estaria ligada à presença das dificuldades e dos obstáculos encontrados pelos usuários em conseguir tratamento odontológico em outros serviços públicos e privados. Os resultados obtidos são expressivos, mas é preciso que a Faculdade se reavalie rotineiramente, não apenas nos aspectos quantitativos de sua estrutura e de sua produção, mas, sobretudo, quanto aos aspectos qualitativos de seus processos e de seus resultados.
CONCLUSÕES De acordo com esta pesquisa, pode-se concluir que a) os usuários estão muito satiseitos com os serviços prestados pelas clínicas integradas do curso de odontologia da Faculdade NOVAFAPI, NOVAFAPI, tanto no aspecto técnico e organizacional da clínica como na relação proessor-usuário-aluno, o que reorça o papel social da instituição–escola; b) o perfil sócio-econômico dos usuários atendidos nas clínicas integradas contempla usuários de baixa renda e nível médio de escolaridade; c) apesar de ser um serviço considerado satisatório, há aspectos que necessitam ser melhorados, principalmente no que toca à demora dos usuários a serem chamados, às vindas desnecessárias, e à possibilidade de estabelecer mais atendimentos durante a semana. Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 31-36, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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Recebido para publicação: 23/05/11 Encaminhado para reformulação: 01/11/11 Aceito para publicação: 06/12/11 Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 31-36, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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Artigo original / Original artice
Avaliação dos conhecimentos de ergonomia em acadêmicos do ciclo profissional em e m uma Faculdade de Odontologia do sistema público de educação superior em Pernambuco1 Evaluation of the ergonomics knowledge in undergraduate of the professional course in a Dentistry’s Faculty of the higher education public system in Pernambuco Nelson Rubens Mendes Loretto1, Raisa Queiroz Catunda2, Maria Kaline Romeiro Teodoro3 1. Parte do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco - FOP/UPE 2. Proessor Adjunto Doutor do curso de Odontologia da Universidade de Pernambuco - FOP/UPE 3. Acadêmica do 9o período do curso de Odontologia da Universidade de Pernambuco - FOP/UPE
DESCRITORES:
RESUMO
Engenharia Humana; Odontologia; Saúde do trabalhador; Estudantes de Odontologia; Educação em odontologia.
Objetivo: avaliar o nível de conhecimento, de aplicação e de cobrança da Ergonomia na prática clínica. Material e Métodos: estudo descritivo, observacional de corte transversal realizado com 174 alunos, de ambos os gêneros, regularmente matriculados entre o 4º e o 9º período do currículo antigo de uma Faculdade de Odontologia do sistema público de educação superior em Pernambuco, por meio de um questionário contendo 16 conhecimentos básicos de Ergonomia e 10 situações ergonômicas a serem exigidas pelas disciplinas clínicas. Resultados: a amostra oi predominantemente eminina (67,2%). Como o conceito mais apreendido pelos estudantes, tem-se: No conceito de ergonomia não podem altar às palavras conorto, segurança e eficiência (92,0%), e o menos apreendido oi o seguinte: A maioria dos equipos da aculdade é conceito ISO/FDI 3/ (13,2%). Apenas um conhecimento se associou ao gênero, dois, à idade, e treze, ao período cursado. A melhor taxa de acertos oi do 9º período, e a pior, a do 7º. A situação ergonômica mais exigida pelas disciplinas se relacionou ao uso correto do EPI (50,7%), e a menos exigida, à ginástica laboral (2,7%). A disciplina com maior média de exigência dos conhecimentos de Ergonomia e de sua aplicação oi a Clínica Integrada II (2,40), e a de menor média, a Prótese Fixa II (1,55). Todas as situações ergonômicas se associaram ao período cursado. Conclusões: os conhecimentos de Ergonomia perdem-se ao longo do tempo, e essa perda se deve, em parte, à alta de exigência das disciplinas. A disciplina de Clínica Integrada II é quem mais exige esses conhecimentos e sua aplicação.
Keywords:
ABSTRACT
Human Engineering; Ocupational Health; Students Dental; Dentisty Educational; Dental.
Objective: To investigate the level of ergonomics’ knowledge and its application in clinical practice. Material and Methods: descriptive and observational study of a sectional cross realized with 174 students, of both genders enrolled between 4th and 9th semesters of the old curriculum of the Dentistry’s Faculty of the higher education publicc system publi system in Pernamb Pernambuco uco by by applying applying a survey contain containing ing 16 regard regardss basic knowle knowledge dge of Ergon Ergonomics omics and and 10 ergonomic situations to be required by the clinical disciplines. Results: The sample was predominantly female (67.2%). The concept was perceived by the most in the Concept of ergonomics can not miss words to comfort, safety and efficiency (92.0%) and was apprehended less Most equipos of faculty concept is ISO / FDI 3 / (13.2%). Only a knowledge is linked to gender, to age two, and thirteen of the period attended. The best accuracy rate was the 9th time and the worst of the 7. The most ergonomic situation was related disciplines required by the correct use of PPE (50.7%) and less required was related to gymnastics (2.7%). The discipline with the highest average requirement of ergonomics’ knowledge and its application was the Integrated Clinic II (2.40) and lowest average was the Fixed Prosthodontics II (1.55). All cases were associated with ergonomic period attended. Conclusions: The knowledge of ergonomics are lost over time and this loss is partly due to lack of demand disciplines. Discipline of Integrated Clinic II is looking more demands that knowledge and its application.
Endereço para correspondência Nelson Rubens Mendes Loretto Praça Rodolo de Moraes Moreira, Moreira, s/n - CP 26 Centro - Gravatá CEP 55641-970 PE
INTRODUÇÃO A prática odontológica implica responsabilidades com o paciente, com a equipe de trabalho e com o próprio proissional. Desde os primórdios da ormação, o estudante de Odontologia já deve preocupar-se com essa prática do ponto de vista ergonômico. Em particular, na
Faculdade objeto deste estudo, essa abordagem é eita no 4º período (no currículo antigo) e no 3 o período (no currículo novo a partir de 2009) na disciplina de Orientação Proissional, cujo ementário dispõe sobre o estudo e a aplicação dos princípios, conceitos, técnicas e métodos dos elementos estruturadores - humanos e materiais - e da ilosoia de trabalho na prática odontológica 1. Segundo Wisner (1990), existem os seguintes tipos de Ergonomia: 1) Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 37-43, jan./mar., jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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Avaliação dos conhecimentos de Ergonomia em acadêmicos do ciclo prossional em uma Faculdade de Odontologia do sistema público de educação superior em Pernambuco
Loretto NRM, et al. Ergonomia de concepção: quando a contribuição ergonômica acontece durante o projeto do produto, da máquina, ambiente ou sistema; 2) Ergonomia de correção: quando a ergonomia é aplicada a situações reais para se resolverem problemas que se reletem na segurança, adiga excessiva, nas doenças do trabalhador ou na quantidade e qualidade da produção; 3) Ergonomia de conscientização: quando a ergonomia objetiva capacitar os próprios trabalhadores
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para a identiicação e correção dos problemas do dia a dia ou aqueles emergenciais e 4) Ergonomia de participação: é a que procura envolver o próprio usuário trabalhador ou consumidor do sistema na solução de problemas ergonômicos 2. A Ergonomia representa uma condição interdisciplinar abrangente, que tem por objetivo a solução dos problemas que o homem encontra como consequência de sua proissão3. Se considerarmos que tudo o que azemos na vida tem participação direta da Ergonomia, vamos compreender que estudar ou exercer a Odontologia requer conhecimentos, habilidades e competências ergonômicas, sem o que o estudante ou proissional esteja adado às doenças proissionais com limitação e encurtamento do seu tempo de “vida proissional”, que denominamos como todo aquele tempo produtivo dedicado ao exercício da proissão e que se transorma em bens materiais, sociais e espirituais. É de undamental importância, tanto para o estudante de Odontologia quanto para o Cirurgião-Dentista, o conhecimento de alguns conceitos básicos aplicados na Ergonomia. Entre eles, destacam-se: 1) produtividade; 2) produtividade-limite; 3) delegação de unções; 4) habilidades e responsabilidades; 5) carga de trabalho, adiga e recuperação; 6) tempo, ações e movimentos e 7) conceitos de equipo, posições de trabalho e shoulder-neck-roll 4,5 . A Ergonomia é uma atitude proissional, que se agrega à prática de uma proissão deinida. Nesse sentido, é possível alar de um médico ergonomista, de um psicólogo ergonomista, de um designer ergonomista e assim por diante. Do ponto de vista cientíico, os resultados das intervenções ergonômicas interagem com os diversos campos e as áreas do conhecimento. Os desdobramentos de uma intervenção ergonômica no âmbito cientíico e tecnológico podem ser muitos, mas o que conere a uma ação no ambiente de trabalho o caráter de intervenção ergonômica é o resultado materializado num projeto implantado de mudanças para melhor 6. O desenvolvimento da Ergonomia no Brasil oi inluenciado pela Ergonomia da Atividade, praticada nos países de língua rancesa e diundida, a partir dos anos 70, por Alain Wisner, devido à ormação de diversos mestres e doutores em ergonomia e por meio de suas várias viagens ao Brasil7. A Ergonomia da Atividade é uma abordagem cientíica, que investiga a inter-relação entre os indivíduos e o contexto de produção de bens e serviços (espaço ísico, organizacional e social). Ela analisa as contradições presentes nessa inter-relação e, em consequência, as estratégias individuais e coletivas de mediação operatórias, que são orjadas para responder à diversidade de exigências existentes nas situações de trabalho8. Por outro lado, no período de ormação, é imprescindível a orientação e iscalização do emprego desses conhecimentos na prática clínica, e essa responsabilidade cabe aos docentes, considerando que os agravos ergonômicos à saúde proissional podem se iniciar, ainda, no período acadêmico9. Qual a medida desse conhecimento e dessa cobrança oi o objetivo central deste trabalho, secundando-o à possível inluência de variáveis, como gênero e período cursado no desecho da variável resposta. Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 37-43, jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
MATERIAL E MÉTODOS Tratou-se de um estudo descritivo, de corte transversal realizado com 174 alunos, de ambos os gêneros, estudantes do 4º ao 9º período e que representaram 49,71% de todos os alunos matriculados no ciclo profissional do curso de graduação da Faculdade. Os alunos do 10º período não oram incluídos na amostra por realizarem atividades de estágio profissional ora do campus da Faculdade. Para a coleta dos dados, oi elaborado um questionário de múltipla escolha, com 16 questões básicas de ergonomia, elaborado com base nos reerenciais teóricos nacionais e internacionais da ergonomia aplicada à Odontologia, com quatro alternativas de resposta, e, entre elas, a alternativa não sei. O resultado desse questionário oi enquadrado em uma escala de Likert, constituída de 1 (insuficiente)= até 7 acertos; 2 (regular)= de 8 a 12 acertos; e 3 (bom)= de 13 a 16 acertos. Para avaliação da fiscalização e cobrança dos conhecimentos pelas disciplinas clínicas, oi elaborado um ormulário contendo 10 situações ergonômicas, avaliado segundo uma escala de Likert constituída de 1= nunca; 2= às vezes; e 3= sempre. Para se conhecer o nível de cobrança pelas disciplinas, procedeu-se da seguinte orma: 1) obteve-se, por aluno, a média de cobrança das situações ergonômicas em cada disciplina; 2) para cada disciplina, somou-se a média de todos os alunos que a avaliaram, dividindo-se pelo número desses alunos, e obteve-se a média de cobrança de cadadecrescente, disciplina e a3)fim essas médias oram organizadas em ordem de classificar as disciplinas que mais eetuam a cobrança em contraposição àquelas que cobram medianamente ou com baixa requência. Para ajuste e validação dos questionários, oi realizado um teste piloto com 20 alunos representantes dos períodos pesquisados e que não fizeram parte da amostra final. O projeto de pesquisa oi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Pernambuco através do Parecer nº 047/09. Foi realizada a análise dos resultados com dados emparelhados, com o objetivo de verificar se houve ou não relação entre as variáveis independentes. Para o estudo de associação entre duas variáveis, oi realizado o teste estatístico do Qui-Quadrado para independência (correlação de Pearson), o teste Exato de Fisher e o teste de verossimilhança. Nessa ase, oram apresentados os cruzamentos das diversas variáveis independentes com as variáveis-resposta (dependentes), e o nível de significância dos testes oi de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Este estudo revelou uma presença eminina majoritária (67,2%) numa proporção masculino:eminino igual a 1:2,0, que atesta a presença maciça das mulheres no curso de Odontologia, segundo estudos epidemiológicos que abordam a questão gênero. As disciplinas clínicas avaliadas oram: Semiologia I (4º p); Semiologia II (5º p); Cirurgia Buco-Dental e Dentística Restauradora I (6º p); Cirurgia Buco-Maxilo Facial; Dentística Restauradora II; Endodontia II; Odontopediatria II e Periodontia II (7º p); Clínica Integrada I e Odontopediatria III (8º p); e Clínica Integrada II, Prótese Buco-Maxilo Facial II, Prótese Fixa II, Prótese Parcial Removível II e Prótese Total Total II (9º p).
Tabela 1 Os conhecimentos ergonômicos estão enquadrados nos seguintes grupos: 1) Saúde profissional: P1. No conceito de ergonomia, não podem altar as palavras conorto, segurança e eficiência; P6. Capacidade de trabalho diária relacionada ao ritmo biológico
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é o (a) ritmo circadiano; P7. Estado-limite da resistência orgânica, psíquica e espiritual no processo de trabalho caracteriza o (a) burnout e P11. Os movimentos 4 e 5 são antiergonômicos. 2) Produtividade na atenção clínica: P3. O conceito de produtividade exige a presença do(a) tempo; P4. A delegação de unções exige supervisão; P10. O movimento cronóago prejudica a produtividade; e P14. A parte alta do shoulder-
Loretto NRM, et al. 60 cm. Considerando que eram 16 afirmativas a serem respondidas em 174 oportunidades, o número total de respostas era de 2.784. A partir desse número, oi possível observar que o percentual de respostas ERRADAS somado ao de respostas NÃO SABE oi superior (52,4%) ao de respostas CERTAS (47.4%), demonstrando que mais da metade da amostra não apreendeu os conceitos básicos da ergonomia (Tab. 1). A as-
-neck-roll colocada na nuca do paciente é ideal para procedimentos maxilares. 3) Conceitos undamentais: P2. A ergonomia é uma ciência multidisciplinar; P5. Comportamento adaptativo integrado por sequências e padrões de realização é denominado de habilidade; P8. Correspondente ao tempo gasto em consultório com a produção de bens e serviços é o tempo operatório; P12. A maioria dos equipos da FOP F OP é conceito ISO/FDI 3/; P13. A zona de transerência nunca corresponde à posição de 9 horas; P15. A posição de trabalho ideal do CD para raspagem de cálculo na bateria ântero-inerior é 12h; e P16. A distância correta do refletor à cavidade bucal do paciente é de 50 a
sociação entre conhecimento e gênero mostrou-se significativa somente para a questão P4 (p=0,027), intuindo-se que ser homem é preditor de acerto na questão a delegação de unções exige supervisão. A distribuição da apreensão dos conhecimentos ministrados no início do ciclo profissional (4º p), segundo o período dos estudantes da amostra, revelou que oram aqueles matriculados no 9º período os que obtiveram o melhor resultado, visto que oram os únicos que tiveram ocorrência da classificação BOM (6,8%). O pior resultado oi verificado entre os alunos do 7º período com 82,0% de INSUFICIENTE e 18,0% de REGULAR (Tab. 2)
Tabela 1 Distribuição das respostas sobre os conhecimentos da Ergonomia no grupo total (n=174)
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Tabela 2 A associação entre conhecimento e período mostrou-se signiicativa nas questões: P2 (n=0,003); P3 (n=0,001); P4 (n=0,001); P5 (n=0,003); P6 (n=0,002); P10 (n=0,001); P11 (n=0,001); P12 (n=0,001); P13 (n=0,004); p14 (n=0,001); P15 (n=0,001); e P16 (n=0,033). O período é, sem dúvida, quem mais se associou ao conhecimento, revelando um achado curioso, pois é na metade do ciclo proissional (7º período) que o aluno tem a maior carga horária de atividade clínica (465 horas), seguida do 9º período (405 horas) 10, período que apresenta o pior resultado na apreensão dos conhecimentos. Um dado significativo oi verificar que todas as clínicas da Faculdade possuem equipo conceito 3 ISO/FDI, mas esse conhecimento teve 86,8% das respostas ERRADAS somadas às NÃO SEI para o grupo total. O equipo conceito 3 é uni-
versalmente aceito como aquele que traz mais vantagens à prática clínica em Odontologia. O equipo está localizado sobre o braço esquerdo da cadeira e à rente do paciente, preso a uma coluna fixa no chão. É semimóvel e graficamente se escreve 3 / onde o número à esquerda da barra significa o elemento do CD. A vantagem desse conceito é a de oerecer o menor movimento possível entre os elementos do CD e o campo operatório, apesar de ser psicologicamente desavorável, porque toda troca de instrumentos se processa em cima do paciente, embora esse conceito tenha as mais curtas vias de alcance, razão pela qual deve ser usado com parcimônia por dentistas que atendem crianças. Ele representa a maioria dos equipos abricados no Brasil 11,12,13. O segundo objetivo deste trabalho oi analisar a cobrança, a orientação e a fiscalização dos conhecimentos de ergonomia por parte dos docentes nas clínicas.
Tabela 2 – Avaliação do número de acertos das questões relacionadas com os conhecimentos de Ergonomia segundo o período do curso
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(*): Dierença significativa ao nível de 5,0%. (1): Através do teste de Verossimilhança.
Tabela 3 As situações ergonômicas estão enquadradas nos seguintes grupos: 1) Saúde proissional: P17 Fiscaliza e orienta a posição correta do paciente; P18 Fiscaliza e orienta a postura correta de trabalho do proissional; P19 Fiscaliza e orienta a iluminação correta do campo de trabalho; P20 Fiscaliza e orienta a minimização de ruídos; P23 Controla, exige e iscaliza o uso das normas de biossegurança; P24 Fiscaliza e orienta se o EPI está completo e se é usado corretamente; P25 Indica e orienta ginástica laboral e P26 Identiica e corrige posição de trabalho antiergonômica. 2) Produtividade clínica: P21 Fiscaliza e orienta organi-
Para o grupo total da amostra, oi veriicado que a situação P10 - indica e orienta a ginástica laboral - oi a que obteve o pior resultado com 85,6% dos estudantes inormando que NUNCA receberam tal cobrança e orientação dos proessores, embora tenham recebido o conhecimento no 4º período. Por outro lado, a situação P24 - Fiscaliza e orienta se o EPI está completo e se é usado corretamente obteve o melhor resultado entre os conhecimentos cobrados e iscalizados com 50,7% dos estudantes inormando que SEMPRE são cobrados nessa situação. Ao considerarmos o conjunto total das situações, a soma das respostas NUNCA com ALGUMAS VEZES representa 63,6%, reveladora de que há uma alta de is-
zação da bandeja, e P22 iscaliza e orienta o trabalho a quatro mãos.
calização e orientação por parte dos docentes acerca dos conhecimentos de Ergonomia e de sua aplicação no
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atendimento clínico dos pacientes. Talvez, por não serem cobrados, os alunos negligenciem na ixação e aplicação desses conhecimentos. A associação entre a cobrança, fiscalização e orientação dos conhecimentos ergonômicos e sua aplicação nas atividades clínicas por parte dos docentes e o gênero mostrou-se significativa nas questões P22 (n=0,009) e P23 (n=0,014). Quando a associação se deu com o período, as dez situações
Loretto NRM, et al. mostraram-se altamente significativas, com nove situações, tendo n< 0,001 e apenas a situação P22 com n< 0,006. Para melhor compreensão da Tabela 3, ez-se necessário extrair os dados relativos às respostas NUNCA e SEMPRE, polos extremos de uma mesma questão, e com eles elaborar uma tabela (Tab. 4) que contemplasse a distribuição dessas duas modalidades de resposta, segundo o período cursado pelo pesquisado.
Tabela 3 – Avaliação da cobrança dos conhecimentos de Ergonomia e de sua aplicação em todas as disciplinas
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(1): O cálculo dos percentuais oi obtido com base no número total de 5500, considerando que um mesmo pesquisado estivesse cursando mais de uma disciplina.
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Tabela 4 Foi possível constatar que o período inluencia no desecho da cobrança dos conhecimentos de Ergonomia e de sua aplicação na prática clínica. Com uma alta signiicância de associação, oi possível veriicar, a partir da tabela 4, que enquanto nos períodos iniciais da ormação clínica (4º, 5º e 6º) os alunos são SEMPRE mais cobrados nesses conhecimentos, nos períodos seguintes essa cobrança cai no 7º período com um valor relativo que é mais que o dobro de NUNCA em relação a SEMPRE; estabiliza no 8º período com discreta vantagem para a cobrança SEMPRE e cai novamen-
te no 9º período. Por oportuno, vale destacar que, no 7º e no 9º período, estão as maiores cargas horárias de atividades clínicas. Considerando ainda que oi objetivo do trabalho saber as disciplinas que mais iscalizavam, orientavam e cobravam os conhecimentos de Ergonomia e sua aplicação na prática clínica, a partir da ponderação da resposta dada às perguntas P17 a P26 (nunca= 1;(Tabela algumas = 2;na e sempre = 3), de obteve-se o resultado 5) vezes descrito ordem decrescente do escore médio de exigência de cada disciplina clínica investigada.
Tabela 4 Distribuição absoluta e relativa das respostas nunca e sempre segundo o período dos entrevistados (n=3.398)
1 R/P resposta/período
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Tabela 5 Essa tabela permitiu observar que as médias variaram de 1,55 a 2,40, sendo mais elevadas nas disciplinas Clínica Integrada II (2,40), Dentística Restauradora I (2,31), Cirurgia Buco-Dental (2,17) e Semiologia I (2,09) e oram menores nas disciplinas Prótese Fixa II (1,55), Prótese Parcial Removível II (1,62), Endodontia II (1,73) e Periodontia II (1,78). A comparação desses resultados com aqueles contidos na Tabela 5 revelou que: 1) apesar de a Clínica Integrada II pertencer ao 9º período e ser considerada pelos alunos como a disciplina com maior nível de exigência, a baixa exigência das demais disciplinas desse período
trabalhar na proissão pelo menos durante 40 anos, há de se pensar que isso só será possível mediante a equalização de uma série de atores ligados ao proissional (saúde ísica e mental, duração e carga de trabalho, aplicação dos conceitos ergonômicos na prática clínica) e ao ambiente de trabalho (iluminação, temperatura, ruídos, cores, cubagem, pessoal auxiliar, processos produtivos), entre outros. Para alcançar esse objetivo, desde a ormação no período acadêmico, deve haver uma constante preocupação com a aplicação diuturna da ergonomia no processo produtivo de atendimento clínico. A repetição leva à excelência do azer da mesma orma que o hábito gera o costume.
(Prótese Buco-Maxilo Facial II, Prótese Fixa II, Prótese Parcial Removível II e Prótese Total II) ez com que a resposta NUNCA tivesse 60,5% de ocorrência na exigência nesse período; 2) a segunda disciplina com maior escore de exigência - Dentística Restauradora I está no 6º período que contou com 68,1% de respostas SEMPRE em relação a essa exigência, e a terceira disciplina oi Cirurgia Buco-Dental também pertencente a esse período e 3) a dierença entre o maior e o menor escore médio (2,40 - 1,55) oi de 0,85 equivalente a 64,6% do maior valor (2,40). Ao considerarmos que um cirurgião-dentista possa
Se, desde os primórdios curso, a prática clínica or ergonomicamente orientada, do sem dúvida a longevidade proissional pretendida será alcançada. Foi com satisação que registramos o empenho da disciplina de Clínica Integrada II em prover a constante exigência desses conhecimentos ergonômicos e de sua aplicação clínica. Com certa preocupação, registramos que disciplinas que estão no inal da ormação acadêmica não mantêm elevados padrões de exigência, deixando que erros se repitam e que a saúde proissional do acadêmico seja, de alguma orma, prejudicada.
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Loretto NRM, et al. Tabela 5 – Média dos escores de exigência por disciplina independentemente da questão, em ordem decrescente de valoração.
CONCLUSÃO Os conhecimentos de Ergonomia, ministrados no 4º período do currículo antigo, parecem perder-se ao longo da ormação, perda essa em parte motivada devido à alta de exigência pelas disciplinas clínicas. A apreensão desse conhecimento independe do gênero, mas é influenciada pelo período cursado, sendo que a melhor média de acerto dos conhecimentos de Ergonomia pertenceu aos alunos do 6º período, e a pior aos alunos do 7º período. A disciplina com maior nível de exigência dos conhecimentos de Ergonomia e de sua aplicação na prática clínica oi a Clínica Integrada II, e no 6º período, ocorreu a maior cobrança por parte dos docentes. A cobrança dos conhecimentos e de sua aplicação na atividade clínica é influenciada pelo período cursado pelo estudante.
REFERÊNCIAS 1 Orientação profissional. Plano de Curso da Disciplina de Orientação Profissional. Faculdade de Odontologia de Pernambuco 2009.6 p. 2. Wisner A. La méthodologie en ergonomie: d’hier, à aujourd’hui. Perormaces Humaines & Techniques 1990; 50: 3238. 3. Genovese WJ, Lopes A. Doenças profissionais do cirurgião-dentista. São Paulo (SP): Pancast; 1991. 68-75 p. 4. Loretto NRM. Ergonomia aplicada à Odontologia. Parte 1: Conceitos básicos. Faculdade de Odontologia de Pernambuco 2009. 8 p. 5. Loretto NRM. Ergonomia aplicada à Odontologia. Parte 2: Sistema TAM e posições de trabalho. Faculdade de Odontologia de Pernambuco 2009.1- 8. 6. Vidal MC. Introdução à ergonomia. Rio de Janeiro: Fundação Coppetec, 2002; 3-14.
7. Lima FP, Jackson Filho JM. Preácio da tradução brasileira. In: Daniellou F. A ergonomia em busca de seus princípios: debates epistemológicos. São Paulo: Edgard Blucher; 2004. 244 p. 8. Ferreira MC, Mendes AM. Trabalho e riscos de adoecimento: o caso dos auditores fiscais da Previdência Social Brasileira. Brasília: LPA; 2003.156 p. 9. Loretto NRM. Saúde profissional: as doenças ocupacionais em Odontologia. Faculdade de Odontologia de Pernambuco 2008. 20 p. 10. Universidade de Pernambuco. Faculdade de Odontologia de Pernambuco. Currículo Pleno da Faculdade de Odontologia de Pernambuco. Demonstrativo da carga horária. Camaragibe: FOP/UPE; 1992. 5 p.2. O ambiente ísico de trabalho, 11. Barros OB. Ergonomia a produtividade e a qualidade de vida em Odontologia. São Paulo: Pancast; 1993. 385 p. 12. Barros OB. Ergonomia 1. A eficiência ou rendimento e a filosofia correta de trabalho em Odontologia. São Paulo: Pancast, 1999. p. 61-148. 13. Barros OB. PTO: posto de trabalho odontológico. Maringá: Dental Press, 2006. 233 p. Projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Recebido para publicação: 03/06/11 Aceito para publicação: 21/07/11 Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 37-43, jan./mar., jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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Artigo original /Original artice
Por que escolher odontologia? E o que esperar da profissão? Estudo com acadêmicos do curso de Odontologia da Univali. Why choosing odontologia? E what to expect about the profession? with academics of the odontologia course of theStudy Univali. Fernanda Angeloni de Souza1, Elisabete Rabaldo Bottan2, Mário Uriarte Neto3, Raphael Nunes Bueno2 1. Acadêmica do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, Bolsista de Iniciação Científica 2. Bióloga, Proessora do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí 3. Cirurgião-Dentista, Proessor Doutor do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí 4. Cirurgião-Dentista, Proessor do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí.
DESCRITORES:
RESUMO
Área de Atuação Profissional; Educação em Odontologia; Recursos Humanos em Odontologia; Estudantes de Odontologia.
Objetivo: conhecer os atores que motivaram a opção pela odontologia e, também, as expectativas quanto à profissão de cirurgião-dentista para um grupo de acadêmicos. Materiais e métodos: a pesquisa classifica-se como um estudo descritivo de corte transversal. Os sujeitos da pesquisa oram 228 alunos matriculados nos períodos iniciais e finais do curso de Odontologia da UNIVALI. A amostra oi não probabilística, tendo sido obtida por conveniência. O instrumento de coleta de dados oi um questionário autoaplicável. A coleta de dados ocorreu no segundo semestre de 2010. Resultados: participaram da pesquisa 47% dos acadêmicos cujas idades variaram de 17 a 33 anos, sendo 57% do gênero eminino. Os motivos mais citados quanto à escolha pela Odontologia oram: admiração pela profissão e profissão compensadora em termos financeiros. Para iniciar a profissão, a maioria deseja trabalhar como autônomo, não pretende ter uma atividade paralela à Odontologia e cursará especialização. Conclusão: os resultados obtidos evidenciaram que as expectativas com relação à profissão e aos motivos da opção pela Odontologia são similares tanto para os acadêmicos de períodos iniciais como para os de períodos finais.
Keywords:
ABSTRACT
Professional Practice Location; Education Dental; Dental Staff; Students Dental.
Objective: To know the factors that had motivated the option for the dentistry course and the expectations concerning the profession of surgeon-dentist to a group of pupils. Materials and methods: The research is classified as a descriptive study, of transversal cut. The target population consisted of 228 pupils registered the initial periods and last periods. The sample was not probabilistic, having been gotten for convenience. The instrument of collection of data was himself questionnaire. The data collection period occurred in the second semester of 2010. Results: The research group was composed of 47% of the pupils, whose ages ranged 17-33 years and 57% were female. The more cited reasons to the choice for the dentistry had been: admiration for the profession and compensating profession in financial terms. To initiate the profession, the majority desires to work as independent; it does not intend to have a parallel activity to the dentistry and will attend a course specialization. Conclusion: the gotten results had evidenced that the expectations with regard to the profession and the reasons of the option for the Dentistry are similar for the academics of initial periods and final periods.
Corresponding Author: Pro. Dr. Mário Uriarte Neto Rua Uruguai, 458 – Caixa Postal 360 – Bloco 14 – Sala 202 Campus da UNIVALI - 88302-202 – Itajaí – SC E-mail: odontologia.cc
[email protected] [email protected]
INTRODUÇÃO As transormações no azer saúde, em especial na Odontologia, que ocorreram a partir da década de 80, causaram ortes impactos em vários setores da produção de bens e serviços, e, como não poderia deixar de ser, o mercado de
complexo. Portanto, uma série de mudanças na organização da produção e do trabalho marca a ase atual da Odontologia, tanto em nível internacional quanto em nível nacional. 1-3 Desse modo, ficar atento ao mercado de trabalho, entender qual é o perfil profissional desenhado pela sociedade para cada momento histórico é undamental para quem está pretendendo investir em uma profissão. A escolha profissio-
trabalho também soreu essa influência. Ao longo dos anos, o processo de trabalho odontológico tornou-se cada vez mais
nal é, e sempre oi, um dos motivos de maior preocupação entre os jovens de um modo geral. Muitas vezes, ao ingressar Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 45-49, jan./mar., jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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Por que escolher odontologia?
Souza FA, et al.
em um curso universitário, o estudante traz consigo expectativas que podem mudar no decorrer da graduação. 4-6 Considerando-se as constantes e significativas mudanças vivenciadas pela Odontologia, é importante que as instituições ormadoras estejam atentas à percepção de seus graduandos sobre a profissão. Dessa orma, definiu-se como objetivo dessa investigação conhecer os motivos e as expectativas dos acadêmicos do curso de Odontologia da UNIVALI sobre a profissão de cirurgião-dentista. Identificar o que os acadêmicos pensam e esperam da profissão é uma possibilidade de se azerem emergir consistentes aspectos sobre os dierentes momentos vivenciados coletivamente no curso. Portanto, a análise dos resultados desta pesquisa pode se constituir em um processo de retroalimentação que venha a avorecer a criação de espaços e a identificação de caminhos que conduzam às mudanças necessárias ao preparo do acadêmico para o ingresso na profissão, de acordo com as reais necessidades do mercado de trabalho.
RESULTADOS O índice de participação dos acadêmicos oi de 47%, ou seja, dos 228 alunos matriculados nos períodos selecionados, 107 completaram e devolveram o questionário. Observou-se que os envolvidos na pesquisa eram, na sua maioria, do sexo eminino (57%) e estavam na aixa etária entre 17 e 22 anos (77,9%). As idades variaram de 17 a 33 anos. Os motivos que levaram os acadêmicos a escolherem o curso de Odontologia estão dispostos na figura 1, na qual se observa que admiração pela profissão e profissão compensadora em termos financeiros oram alternativas mais citadas, havendo semelhança nas respostas emitidas pelos dois grupos.
MATERIAL E MÉTODOS Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo descritivo, transversal por meio da análise de dados primários. A população-alvo oi constituída de 228 acadêmicos do Curso de Odontologia, matriculados no primeiro semestre de
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2010, da Universidade do Vale do Itajaí, cursando os três períodos iniciais (1º, 2º e 3º) e os três períodos finais (7º, 8º e 9º). A amostra não-probabilística oi obtida por conveniência, ou seja, integraram a pesquisa os acadêmicos presentes em sala de aula, no momento da coleta de dados, que aceitaram, por livre e espontânea vontade, participar da pesquisa. O instrumento de coleta de dados oi um questionário autoaplicável. Previamente à aplicação do questionário à população-alvo, oi realizado um piloto; esses instrumentos não oram incluídos na análise dos dados. O instrumento final ficou estruturado em três campos, contendo perguntas do tipo echado. O primeiro campo continha três questões para caracterizar os sujeitos quanto ao gênero, à aixa etária e ao semestre em que estavam matriculados. O segundo campo estava constituído de uma única questão de múltipla escolha, enocando os atores determinantes da escolha da profissão de cirurgião-dentista. O terceiro campo abordava as expectativas em relação à profissão por meio de cinco questões diversificadas entre questões dicotômicas e de múltipla escolha. A coleta de dados ocorreu no período de agosto a setembro de 2010, tendo sido eetuada por uma única pesquisadora que, mediante anuência da Coordenação do Curso, esteve nas salas de aula dos períodos selecionados, explicando os objetivos e procedimentos da pesquisa e, posteriormente, entregando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido juntamente com o questionário. Foi estipulado um prazo de até quinze dias para a devolução dos instrumentos preenchidos. Os dados oram tabulados e organizados com o auxílio do programa Microsot Excel 2007, a fim de se obter a requência relativa das respostas emitidas em cada questão. Para a organização e a análise dos dados, os sujeitos oram agrupados, segundo o período de matrícula, tendo sido constituídos dois grupos: Grupo 1: Períodos iniciais (matriculados do primeiro ao terceiro período); Grupo 2: Períodos finais (matriculados do sétimo ao nono período). O projeto de pesquisa oi submetido à Comissão de Ética em Pesquisa da UNIVALI e aprovado sob o n o 88/10. Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 45-49, jan./mar., jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
Figura 1: Distribuição da requência relativa das categorias que expressam os atores que motivaram a escolha pela Odontologia.
Quando oi perguntada sobre as pretensões para o início da carreira, a maioria, nos dois grupos, respondeu que pretendia trabalhar como profissional liberal. Como a pergunta admitia mais de uma alternativa, na figura 2, estão todas as alternativas e respectivas requências, segundo o período de matrícula dos acadêmicos integrantes da pesquisa.
Figura 2: Distribuição da requência relativa das pretensões dos acadêmicos quanto ao seu início do exercício profissional.
A figura 3 mostra a pretensão dos acadêmicos quanto ao ato de realizarem alguma atividade paralela ao exercício profissional da Odontologia. Muito embora a maioria não pretenda exercer outra atividade em paralelo à Odontologia, dentre os que admitiram vir a realizá-la, a maioria citou a docência em curso de Odontologia (graduação ou pós-graduação).
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DISCUSSÃO Ao ingressar em um curso universitário, o estudante traz uma série de expectativas em relação à profissão. O entendimento de expectativa pauta-se na origem da palavra, que vem do latim medieval, e significa situação de quem espera a ocorrência de algo ou sua probabilidade de ocor-
Figura 3: Distribuição da requência relativa das intenções dos acadêmicos quanto ao exercício de atividade paralela à Odontologia
Quanto à capacitação continuada, a maioria deseja começar uma especialização logo após o término de sua graduação, tanto os integrantes dos períodos iniciais (90%) quanto os concluintes (75%). A segunda opção oi dierenciada entre os grupos (Figura 4).
Figura 4: Distribuição da requência relativa das categorias que indicam o tipo de atividade continuada após a conclusão da graduação que os acadêmicos pretendem realizar
Com relação ao terceiro campo do instrumento de coleta de dados que abordava as expectativas em relação à profissão por meio de questões de múltipla escolha associadas à valoração de importância, também se identificou similaridade entre asdas respostas dos dois grupos. A figura 5“aplicação mostra a valorização escolhas, sendo que os quesitos de competências e habilidades técnicas” e “retorno financeiro” oram os que obtiveram o maior grau de importância (100%) nos dois grupos.
Figura 5: Frequência das categorias que indicam o grau de importância para cada um dos itens listados, segundo o grupo de acadêmicos.
rência em determinado momento. Este trabalho centrou seu oco nas expectativas e nas motivações dos acadêmicos do curso de Odontologia da UNIVALI, isto é, objetivou conhecer o que esses estudantes esperam da profissão e quais oram os motivos que os levaram a escolher a carreira de cirurgião-dentista. Essa temática, nos últimos dez anos, conorme levantamento bibliográfico eetuado junto às bases de dados BBO, LILACS, MEDLINE/ PUBMED, tem sido objeto de inúmeros estudos4-27 tanto em âmbito nacional quanto em outros países de distintas partes do mundo. Acreditamos que essa preocupação decorra das proundas mudanças vivenciadas pela Odontologia, como reflexo das discussões sobre promoção da saúde, a partir da Primeira Conerência Internacional de Promoção da Saúde, no Canadá, em 1986. As mudanças que vêm ocorrendo na Odontologia estão se refletindo no perfil dos profissionais, no tipo de serviço oerecido, no número de horas trabalhadas, nos estudos de pós-graduação, no nível de satisação profissional, dentre outros aspectos relacionados à profissão do cirurgião-dentista. Todos esses aspectos devem ser objeto de discussão e análise no decorrer da ormação do acadêmico, uma vez que eles podem exercer influências nas expectativas e na própria opção pelo curso. A escolha pelo curso de Odontologia, de acordo com os estudos revisados, é influenciada por diversos atores, dentre eles se destacam: admiração pela profissão, influência de amiliares, ambição socioeconômica, vocação, profissão da área da saúde 1,3,4-8,10-19,21,25,26. Nesta pesquisa, os principais motivos citados pelos acadêmicos de períodos iniciais e de períodos concluintes oram: admiração pela profissão e por ser uma profissão compensadora em termos financeiros, ratificando-se, portanto, os dados reportados pela literatura. Quanto às pretensões para o início profissional, a tendência dos acadêmicos de dierentes regiões do Brasil e de outros países, ainda, se concentra na atuação como profissional autônomo1,3-13,15-27. As pesquisas revelam que a maioria dos concluintes dos cursos de Odontologia e dos cirurgiões-dentistas que estão no mercado de trabalho tem optado pelas seguintes ormas de trabalho: ter seu próprio consultório; assalariado de outro cirurgião-dentista; trabalhar em parceria com outro cirurgião-dentista; assalariado do serviço público; atuar como profissional liberal e assalariado no serviço público3-10,12,13,16,18-21,24,25,27. Entre os acadêmicos desSa pesquisa, as pretensões inormadas sobre o início de carreira, também, seguem essas tendências. A valorização pelos participantes desta pesquisa quanto a aspectos, como aplicação de conhecimentos e habilidades técnicas; retorno financeiro; autonomia; prestígio e reconhecimento social, aliados à perspectiva de especialização, evidencia uma postura ainda centrada na Odontologia Tradicional, que se caracteriza pelo exercício de uma profissão liberal, com expectativas de se obter um bom padrão de vida 4,7,10,12,14,15,18,19,24,25 . Apesar de esse perfil ser marcante, chama-nos a atenção o ato de que a alternativa atuar com responsabilidade social oi destacada com um altíssimo percentual pelos acadêmicos dos dois grupos. Entende-se que isso é um reflexo do processo de mudança de ormação do acadêmico, que vem sendo implementado no curso de Odontologia da UNIOdontol. Clín.-Cient., Recife, 11 (1) 45-49, jan./mar., jan./mar., 2012 www.cro-pe.org.br
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VALI, com o suporte do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - PRÓ-SAÚDE. Assim, podemos afirmar que processo de mudança curricular, balizado nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), que vem sendo vivenciado no curso de Odontologia da UNIVALI, não se tem mostrado reratário à incorporação de novos modos de pensar a saúde. Dentre estes, estão reflexões sobre a concepção da prática em saúde e da d a responsabilidade ética e social das instituições e dos profissionais rente à realidade sanitária do país. Essa é uma discussão complexa, pois redefine os valores historicamente estabelecidos, promovendo uma transição de modelos, tais como: do biológico para os determinantes sociais do processo saúde-doença; da soberania das especialidades para a atenção integral; do status profissional individual para atuação em equipe; do sucesso reabilitador para o cuidado longitudinal de uma população adstrita 28.
CONCLUSÃO Com base no estudo realizado, conclui-se que, dentre os atores determinantes na escolha pelo curso de Odontologia, para os sujeitos dessa pesquisa, admiração pela profissão oi o mais destacado. Quanto às expectativas em relação ao exercício profissional, observou-se que a maioria pretende atuar como profissional liberal, em parceria ou não com outros cirurgiões-dentistas, e participar de cursos de especialização. Em relação aos resultados obtidos, estes evidenciaram que as expectativas com relação à profissão e aos motivos da opção pela Odontologia são semelhantes entre os dois grupos (períodos iniciais e períodos finais).
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AGRADECIMENTOS Ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica Artigo 170/Governo do Estado de Santa Catarina/Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura da Universidade do Vale do Itajaí (Edital 001/2010 – Processo nº 1150).
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