Revista Pergunte e Responderemos - Ano XLV - No. 499 - Janeiro de 2004

April 10, 2017 | Author: Apostolado Veritatis Splendor | Category: N/A
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P rojeto PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LINE Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoríam)

APRESENTAQÁO DA EDIQÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar

preparados para dar a razáo da nossa esperanga a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15). Esta necessidade de darmos conta

da nossa esperanga e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos

bombardeados

por

numerosas

correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo.

i i

Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questoes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortalega no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site. Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos

convenio

com

d.

Esteváo

Bettencourt

e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.

A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaga depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

Ano xlv

Janeiro 2004

499

Ano sai, ano entra "A busca do Jesús Histórico" (A. Schweitzer)

"Cristo, urna crise na vida de Deus"

Converteram-se ao Catolicismo Todas iguais, as flores do jardim? A Igreja e o preservativo

Bioética: Duas questoes candentes Lavagem cerebral: Procedimentos

A oracáo: tres questoes

"Ciencia divina. A conquista da cura e do milagre" (J. H.C. Resende) Igreja, a instituicáo mais confiávei

PERGUNTE E RESPONDEREMOS

JANEIRO 2004 N°499

Publicado Mensal

Diretor

SUMARIO

Responsável

Estéváo Bettencourt OSB

Ano sai, ano entra

1

Autor e Redator de toda a materia

Relendo a historia: "A busca do Jesús Histórico", por Albert Schweitzer

2

publicada neste periódico Diretor-Administrador:

Relendo os Evangelhos:

D. Hildebrando P. Martins OSB Administracao

e

"Cristo, uma crise na vida de Deus", por Jack Miles

Distribu ¡cao:

13

Protestantes:

Edigóes "Lumen Christi"

Rúa Dom Gerardo, 40 - 5° andar-sala 501

Converteram-se ao Catolicismo

Tel.: (0XX21) 2291-7122-Ramal 327

Relativismo religioso:

Fax (0XX21) 2263-5679

Todas iguais, as flores do jardim?

Enderece-

para

Correspondencia:

Ed. "Lumen Christi"

16 22

Debate público:

A Igreja e o preservativo

27

Na pauta da Bioética:

Caixa Postal 2666

Duas questóes candentes

30

Visite o MOSTEIRO DE SAO BENTO

Manipulando a Psiquiatría Lavagem cerebral: Procedimentos

35

e'PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Sobre

CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ

na INTERNET: http://www.osb.org.br

A oracáo: tres questóes

e-mail: [email protected]

Pensamento positivo:

41

CNPJ: 33.439.092/0003-21

"Ciencia divina. A conquista da cura e do milagre", por J. H. C. Resende 46

Igreja, a instituicáo mais confiável

IMPRESSAO

48

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA grAru mabwes saiuiva

NO PRÓXIMO NÚMERO:

A Inquisicáo Protestante. - Como cristianizar os Salmos? -A Igreja Católica acrescentou livros ao Catálogo Bíblico? - Yehoshua ou Jesús? - Diaconisas: Quem eram? "Escolha sua Igreja...". -Yoga: Que é? -Ávida secreta na Igreja Univesal do Reino de Deus. - A CNBB frente aos preservativos.

PARA RENOVACÁOOUNOVAASSINATURA (12 NÚMEROS) NÚMERO AVULSO

R$ 45,00. R$ 4,50.

O pagamento poderá ser á sua escolha: 1. Enviar, em Carta, cheque nominal ao MOSTEIRO DE SAO BENTO/RJ.

2. Depósito em qualquer agencia do BANCO DO BRASIL, agencia 0435-9 na C/C 31.304-1 do Mosteiro de S. Bento/RJ ou BANCO BRADESCO, agencia 2579-8 na C/C 4453-9 das Edicóes Lumen Christi, enviando em seguida por carta ou fax comprovante do depósito,

para

nosso

controle.

3. Em qualquer agencia dos Correios, VALE POSTAL, endereeado ás EDICÓES "LUMEN CHRISTI" Caixa Postal 2666 / 20001-970 Rio de Janeiro-RJ

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Caixa Postal 2666 20001-970 Rio de Janeiro - RJ

ANO SAI, ANO ENTRA Ano sai, ano entra... E o tempo passa.

Afinal que é o tempo, que passa táo rápidamente? Sem querer recorrer a definicóes filosóficas, podemos dizer que o tem

po é o dom básico de Deus aos homens. Tudo o que fazemos, fazemo-lo no tempo, de modo que, sem tempo nada de bom podemos realizar. A consciéncia do valor do tempo escapa fácilmente, visto que as ocupacoes cotidia nas sao táo absorventes que dificultam urna reflexáo sobre o sentido do tempo. Eis, porém, que a passagem de ano ocasiona algumas consideracóes.

Os anos se somam como os passos de urna caminhada, nao em de manda do Nada, mas da Plenitude..., Plenitude de urna realidade eterna que, pelo Natal, entrou no tempo e tende a desabrochar-se cada vez mais dentro da temporalidade. Isto quer dizer que o cristáo vive simultáneamente duas dimensóes: a temporal, á qual está ligado pelos vínculos da sua

corporeidade, e a eterna, da qual recebeu urna sementé no dia do seu Batismo. É necessário que esta consciéncia de eternidade já iniciada se tome cada vez mais perspicaz e oriente os passos do cristáo. Sao Paulo apresenta a propósito urna bela imagem em 1 Cor 7,29-35.

Considerando os altos e baixos da vida presente, com tudo o que nos faz rir e chorar, recomenda que o cristáo nao se derreta em lágrimas nem se decomponha em gargalhadas, "pois passa a figura deste mundo" (7, 31). Assim falando, o Apostólo compara o decurso da historia humana ao enredo de urna peca de teatro; a platéia é chamada a tomar parte respondendo, aplaudindo, rindo, chorando...; os participantes assim inserem-se no enre do, mas nao podem estar totalmente dentro deste, porque sabem que, quando menos esperarem, caira a cortina sobre o palco, o enredo acabará, mas os membros da platéia continuaráo, devendo prosseguir sua caminhada se gundo a realidade transcendental existente em seu íntimo; é essa sementé de eternidade que deve nortear todo o comportamento do cristáo, mesmo quando ele é mais solicitado pelos afazeres temporais. A comparagáo da historia deste mundo a um enredo de teatro, proposta pelo Apostólo, nao deprecia as realidades temporais, mas ilumina-as, salientando seu papel de sinais ou símbolos que apontam em direcáo do mais-além. Ela significa que tudo passa (mesmo as situacóes mais aflitivas passam) e só Deus fica com a infinita riqueza de seus dons, os únicos que podem saciar plenamente as aspiracóes humanas. Com outra imagem pode-se dizer o mesmo: o cristáo

está ancorado na eternidade e, por isto, firme e estável em meio as vicissitudes da vida presente; cf. Hb 6,19.

É com o olhar assim aberto para o Absoluto e a áncora lancada no océano da eternidade que iniciamos um novo ano. Seja para todos fecundo em frutos imperecíveis! E.B.

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" Ano XLV - Ne 499 - Janeiro de 2004

Relendo a historia:

"A BUSCA DO JESÚS HISTÓRICO" por Albert Schweitzer

Em síntese: Tratase de um livro publicado em 1906 pelo famoso médico A. Schweitzer (1875-1965), que abandonou sua carreira na Euro pa a fim de se dedicar as populagóes carentes da África como médico e missionário.

Albert Schweitzer (1875-1965) nasceu na Alsácia {na época, pro vincia alema) e dedicou-se á Música, á Medicina e as populagóes pobres

da África Equatorial Francesa (atual Gabáo), para onde embarcou em 1913. Em 1906, quando ainda estudava Medicina, publicou sua mais fa mosa obra, que tem o título portugués "A Busca do Jesús Histórico"1;

percorre os autores racionalistas que instituíram a crítica dos Evange-

Ihos nos séculos XVIII e XIX. A obra vale por ser um marco da historiografia, pois relata um passado ultrapassado pela crítica contemporánea; esta procura ser mais madura e fundamentada, cultivando o chamado "Méto do da Historia das Formas"; cf. PR 318/1988, pp. 195ss. A seguir, seráo apresentados alguns dos autores considerados por

A. Schweitzer, enriquecendo assim os conhecimentos históricos do leitor.

1. Hermann Samuel A. Reimarus (1694-1768): rapto do cadáver

Até o século XVIII os Evangelhos eram tranquilamente aceitos sem que alguém pusesse em dúvida a sua fidelidade histórica. O iluminismo ou racionalismo do século XVIII deu inicio á crítica e á suspeita de nao 1 Tradugáo de W. Fischer, Sergio Paulo de Oliveira e Claudio Rodrigues. Ed.Novo Século, Sao Paulo, 160 x 230 mm, 477 pp.

"A BUSCA DO JESÚS HISTÓRICO"

historicidade do texto sagrado. Seguiram-se teorías varias tendentes a desfazer o Transcendental nos Evangelhos de maneira, porém, preconceituosa e gratuita.

Hermann Samuel Reimarus encabeca a lista. Nasceu em Hambur-

go aos 22/12/1694 e nessa cidade lecionou línguas orientáis até o fim da vida (1768). Em 1906 observava Schweitzer:

"Quando nosso período de civilizagáo estiver completo, a teología alema se destacará como um fenómeno único na vida mental e espiritual do nosso tempo. Pois em parte alguma a nao ser no temperamento alemáo se pode encontrar com a mesma períeigao o complexo vivo de condigóes e fatores de pensamento filosófico, agudeza critica, visáo históri ca e sentimento religioso - sem os quais nenhuma teología profunda é possível" (p. 5).

Estaría assim explicado o pioneírismo de Reimarus.

Este autor professava a religiáo natural, filosófica ou o deísmo, propalado na sua obra "Apología dos Cultores Racionáis de Deus" (17741778). Segundo tal obra Jesús seria mero homem, agitador político; em nome de um messianismo nacionalista pretendía libertar do jugo romano o povo de Israel. Catívou adeptos, realizando feitos que na época eram tídos como milagrosos. Todavía o povo recusou empunhar armas contra

os romanos, de modo que Jesús se viu abandonado; morreu desespera do sobre urna cruz. Após a sua morte os discípulos resolveram restaurar o ideal messíánico que os havia agitado, apregoando um messianismo

religioso e espiritual: "Roubaram o corpo de Jesús e o esconderam, e proclamaram para todo o mundo que ele em breve voltaria. Eles no entanto esperaram prudentemente cinqüenta días antes de fazer o anuncio da segunda vínda de Jesús, a fim de que o corpo, caso fosse encontrado, nao pudesse ser reconhecido" (Schweítzer, p. 30). - Os Evangelhos seriam o relato oficial dessa aventura.

A teoría de Reímarus, preconceituosa e arbitraria como é, nao fez escola. A própria crítica racionalista encarregou-se de refutá-la, destacando-se, entre os adversarios, Johann Salomo Semler. 2. Heinrich Eberhard Gottlob Paulus (1761-1851): fenómenos naturaís

Era filho de um pai que julgava ter comunicacáo com os mortos;

para garantir a paz no lar, sentia-se obrigado a fingir que tinha comunicagao com o espirito de sua falecída mae. Em conseqüéncia Gottlob Paulus

concebeu profunda aversáo a todas as experiencias que ultrapassassem

o alcance da razáo. Ao ler os Evangelhos, nao negava a historicidade

dos relatos de milagres, mas procurava dar-lhes interpretacáo meramen-

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

te natural; os evangelistas, em sua mentalidade simplória e ignorante,

teriam dado a aparéncia de fenómenos extraordinarios a tais feitos. Paulus pretende desembaracar o texto sagrado da carga "mística" imposta pe los evangelistas.

Eis como o Pe. Pedro Cerruti refere as interpretacoes dadas por Paulus, em sua obra "O Cristianismo em sua origem histórica e divina" d 157:

"O espetáculo de um pai doente, nevropata, vítima de continuas visóes e alucinagóes, despertara em Paulus, desde a sua infancia, urna aversao profunda contra tudo o que é sobrenatural, nao vendo ñas suas manifestagóes senáo síntomas patológicos de visionarios desequilibra dos. Assim interpretou os acontecimentos maravilhosos dos Evangelhos.

Algumas amostras:

Achava-se Jesús, de madrugada, no alto do Taborcom tres de seus apostólos, quando passaram casualmente dois conhecidos vestidos de branco. Neste momento despontou o sol no horizonte e envolveu o Sal vador ñas rutiláncias de ouro dos seus esplendores nascentes. Pedro,

precipitado, exclama: 'Moisés! Elias!'. Eis a Transfiguragáo do Senho'r, explicada... psicológicamente e 'naturalizada'!

Cristo cura um cegó de nascenga. É um fato real e histórico, diz o Dr. Paulus. O erro está em atribui-lo a causas transcendentes. Jesús empregou apenas um colirio conhecido e usado pelos oculistas... que

assim todos os dias restituem a vista aos nati-cegos! - E o espanto de toda Jerusalém? E o processo desta cura instaurado pelos Fariseus? Foram motivados pela aplicagáo corriqueira de um colirio conhecido? A multiplicagáo dos páes? Nada de mais natural: a exemplo daquela crianga, de Jesús e dos Apostólos, cada um dos presentes se serviu da matalotagem que trouxera consigo. -Eéporisso que tanto se admirou toda aqueta multidáo e quería proclamar rei o Salvador?

O caminhar sobre as aguas foi um simples passear na margem

com as ondas, ao morrer, lambendo os pés de Jesús. -Eéem táo pouca agua que ia afundando Pedro?

As ressurreigóes? Simples despertar de letargías. Lázaro, por exem plo, nao morrera, mas caira em letargía quatro dias antes e fora deposto atrás de urna porta. Por simples coincidencia venturosa, voltou a si quan do Cristo o chamou. Que há de mais obvio e mais natural? - Mas nin guém seguirá a doenga de Lázaro? Ninguém presenciara a sua morte e seu sepultamento? E o espanto geral, quando Lázaro, ainda envolvido nos panos mortuários, saiu vivo detrás daquela 'porta', que era urna pe-

dra sepulcral? (cf. L. Franca, A críse do mundo moderno, 1941, pp. 97-98)".

"A BUSCA DO JESÚS HISTÓRICO" Também as interpretacóes de Paulus foram criticadas pela crítica racionalista, que preferiu negar a historicidade dos milagres, como se dirá logo a seguir.

3. Friedrich Strauss (1808-1874): mito Strauss opoe-se as explicacóes dadas por Paulus, porque vé nos Evangelhos um conjunto de mitos ou historias ficticias; só poderiam ser tidos como históricos alguns poucos episodios e a morte de Jesús na

cruz. Com efeito; para Strauss; tudo o que escapa ao controle da razáo é mito. Assim os discípulos atribuíram a Jesús feitos portentosos que o assemelhavam ao Messias predito no Antigo Testamento. Eis alguns

espécimens do procedimento de Strauss, como o vé Schweitzer: "Se o batismo de Joao era um batismo de arrependimento com vis tas a 'aquele que há de vir', Jesús nao poderia considerarse sem pecado quando se submeteu a ele. De outra forma, teríamos que suporque Ele o fez meramente pelas aparéncias. Se foi no momento do batismo que a consciéncia de sua messianidade despertou, nao saberíamos dizer. Ape nas isto é certo, que a concepgáo de Jesús como tendo recebido o Espi rito em Seu batismo era independente e anteriora outra concepgáo que o tomava como tendo nascido de forma sobrenatural do Espirito. Nos te mos, portanto, nos Sinópticos diversas carnadas de lenda e narrativa, que em alguns casos se cruzam e em alguns sobrepoem-se urnas as outras.

A historia da tentagáo é igualmente insatisfatória, seja interpretada como sobrenatural, ou como simbólica, seja de urna luta interior ou de eventos externos (como por exemplo na interpretagáo de Venturini, onde a parte do Tentador é interpretada por um fariseu); é simplesmente lenda crista primitiva, construida de sugestóes do Antigo Testamento.

O chamado dos primeiros discípulos nao pode ter acontecido como

é narrado, sem que antes eles nao soubessem nada sobre Jesús; a for ma do chamado é modelada sobre o chamado de Eliseu por Elias. A lenda seguinte que foi adicionada - a pesca milagrosa de Pedro - surgiu do dito sobre 'pescadores de homens', e a mesma idéia é refletida, num outro ángulo de refragáo, em Joáo 21. A missáo dos setenta nao é histó rica.

Se a puríficagáo do templo é histórica, ou se ela surgiu da aplicagao messiánica do texto, nao pode ser determinado" (p. 104). As hipóteses levantadas por Strauss suscitaram polémica e oposicáo; no decorrer de cinco anos foram publicados cerca de cinqüenta ensaios sobre o assunto, diante dos quais Strauss se revelou um péssimo

polemista. Na verdade, o embelezamento ou a idealizacáo de urna figura

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

do passado requer tempo; faz-se aos poucos; por isto Strauss postulava urna data tardía (século II) para a redacáo dos Evangelhos. Ora a peleografia mais e mais demonstra que os Evangelhos datam da segun da metade do século I, tendo comecado a respectiva redacáo por volta do ano 50. Ver a propósito PR 398/1995, pp. 290ss. 4. Ferdinand Christian Baur (1792-1860): tendencias Bauraplicou á historia do Cristianismo nascente o esquema dialético de Hegel, segundo o qual a historia procede por tese, antítese e síntese. Ora na Igreja nascente - a tese foi a corrente petrina, judaizante; quería subordinar á Leí de Moisés os pagaos convertidos ao Cristianismo, obrigando-os a obser vancias judaicas;

- a antítese terá sido a corrente paulina, aberta aos pagaos, que seriam dispensados da Lei de Moisés e introduziriam a cultura helenística para dentro do Cristianismo; - a síntese seria a Igreja Católica, compromisso conciliatorio, no qual as duas tendencias se encontram parcialmente absorvidas.

Os Evangelhos Sinóticos representariam as tentativas de conciliacáo redigidas no século II: o de Mateus, de ¡nspiracao petrina com alguns elementos paulinos; o de Lucas, predominantemente paulino; em mea dos do século II terá sido redigido Marcos, de característica neutra. Quanto ao Evangelho de Joio, seria mera especulacao teológica aínda mais tardía. A propósito é de notar que tal teoría está baseada ñas premissas da filosofía de Hegel mais do que na consideracáo dos textos do Novo Testamento. Sao Pedro foi o primeiro a apregoar o universalismo da fé crista {ver At 4,12); foí também o primeiro a receber um pagáo - o centuriáo Cornélio com seus familiares - na Igreja sem Ihe impor a Lei de Moisés (ver At 10, 1-48); no concilio de Jerusalém Pedro e Paulo distribuíram entre si harmoniosamente as tarefas do apostolado (ver Gl 2, 6-10). Sao Paulo reconhecia a autoridade da Igreja-mae, que ele foi visitar ao voltar do seu retiro na Arabia, "para avistar-me com Cefas e fiquei com ele quinze dias" {cf. Gl 1, 18s).

Quanto ao incidente de Antioquía (Gl 2,11-14), ver p. 12 deste fas cículo. 5. Ernest Renán (1823-1892): estilo de romance

Foi seminarista, mas, após ler a literatura crítica alema, perdeu a fé e tornou-se livre pensador. Escreveu urna famosa "Vida de Jesús", que em 1867 estava na 133 edicáo e foi traduzída para varias línguas. Eis como Schweitzer a avalia: 6

"A BUSCA DO JESÚS HISTÓRICO"

"Difícilmente haverá outra obra sobre este assunto com táo abun dantes lapsos de gosto - e do tipo mais deprimente - como a Vie de Jésus de Renán. É arte crista no pior sentido do termo - a arte da imagem de cera. O gentil Jesús, a linda María, os belos galileus que formavam a companhia do 'simpático carpinteiro', poderiam tomar forma num corpo de vitrine de urna loja de arte eclesiástica na Place St. Sulpice. Aínda assim, há algo de mágico sobre a obra. Ela ofende e atrai. Ela nunca será realmente esquecida, nem é provável que seja superada em

sua própria linha, pois a natureza nao é pródiga em mestres do estilo, e raramente um livro é táo diretamente nascido do entusiasmo quanto aquele que Renán planejou entre as colinas da Galiléia" (p. 119). Escrita com grande habilidade literaria, em estilo de romance1, a Vie de Jésus de Renán foi acolhida com aplausos pelos incrédulos; exerceu vasta influencia sobre a carnada popuiacional de cultura media. Mas também foi severamente criticada; "há urna especie de insinceridade no livro, do inicio ao fim, Renán declara representar o Cristo do quarto Evangelho, mas nao acredita na autenticidade dos milagres daquele EvangeIho. Ele declara escrever urna obra científica, mas está sempre pensan do no grande público e na maneira de Ihe interessar; "Ele fundiu assim duas obras de caráter dispar" (Schweitzer, p. 229). Escreve Cerruti (obra citada, p. 162):

"Obra de arte, na qual, com 'visáo de pintor, imaginagáo de poeta, inducáo de filósofo racionalista' (Weinel), o autor impoe aos textos suas

próprías sugestoes, a Vida de Jesús é um romance do diletantismo táo

na moda durante o século XIX e de que Renán foi o perfeito modelo

(Guignebert, op. cit, págs. XXVIII-XXX). Como obra de ciencia, nenhum valor".

6. Alfred Loisy (1857-1940) e os escatologistas Foi católico e, como tal, lecionou no Institut Catholique de Paris. Em 1893 foi destituido da cátedra por ensinar teorías nao católicas: as fórmulas de fé seriam apenas metáforas e símbolos, sujeitos a diversas interpretacoes. No tocante a Jesús, afirmava: "Jesús apregoou o Reino de Deus, mas o que veio, foi a Igreja". Com outras palavras: Jesús terá compartilhado a expectativa dos judeus de seu tempo, que aguardavam

ansiosamente urna intervencáo de Deus: mediante um cataclismo uni1 Efe dois espécimens desse estilo citados por Cerruti, p. 162: "Os possessos do demonio eram simples loucos ou pessoas excéntricas e 'urna palavra meiga basta muitas vezes nesse caso para 'expulsar o demonio'. As curas sao devidas ao influxo moral exercido por Jesús, porque 'a presenga de um homem superior que trate o doente com mansidáo e com alguns sinais sensiveis, Ihe garan te a cura, é muitas vezes um remedio decisivo'(Vie de Jésus, c. XVI)".

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

versal, o Altíssimo viria destruir o reino da iniqüidade dominante na Térra e instauraría um reino de justica, felicidade e paz. Jesús terá esperado essa catástrofe; por isto quis preparar os discípulos para esse grande

evento, apregoando urna "Ética do provisorio": nao resistir aos assaltan-

tes, dar a túnica a quem quer levar o manto, apresentar a face esquerda a quem esbofeteia a direita (cf. Mt 5, 38-42). Conseqüentemente, segun do Loisy e sua escola, tudo o que nos Evangelhos insinúa a Igreja como

sociedade estável e duradoura, só pode ser acréscimo tardio devido aos discípulos que, frustrados, fundaram a Igreja (pois Jesús mesmo nao a fundou, engañado como estava no tocante á escatologia). Tais idéias foram professadas outrossim por Charles Guignebert, C. Burkitt, Johannes Weiss, constituindo a escola escatologista. A propósito convém notar: se nos Evangelhos se encontram alusoes ao juízo final e á gloria celeste, existem também {indicios presentes em todos os manuscritos antigos) de que Jesús contava com a longa

duracáo de sua obra; assim a parábola do joio e do trigo refere o paulati no crescimento das sementes até que chegue o dia da messe (cf. Mt 13, 24-30); o mesmo se depreende da parábola do grao de mostarda que cresce a ponto de tomar-se urna grande árvore; os Apostólos sao envia dos a todos os povos {cf. Mt 28,18-20). A crítica assumiu aínda outro aspecto na

7. Historia das Religioes comparadas: Gunkel, Eichhorn, Wrede No fim do século XIX os estudos da historia haviam progredido tanto que os pesquisadores procuraram descobrir a origem do Cristianis mo no ambiente religioso pagáo que cercava o povo de Israel. Especial mente importante, no caso, parecía ser o culto das religioes de misterios. Estas constavam de ritos dos quais participavam apenas os iniciados, a quem eram transmitidas doutrinas religiosas secretas,... doutrinas que deviam levar o iniciado á felicidade e á salvacáo; os ritos aplicados compreendiam locoes purificadoras, entrega de símbolos e de fórmulas den tro de urna atmosfera de dramaticidade. Em conseqüéncia fundavam-se contrarias religiosas como as de Mitra, Dionisio, Zagreu, Osíris, Adonis,

Átis..., onde o "mista" devia chegar á uniáo com a Divindade. Eis algumas das semelhancas que fundamentariam a pretensa dependencia do

Cristianismo:

Trindades babilónicas e Trimurti da india

(Pai, Filho e Espirito Santo);

»- Trindade crista

Avatares (homens divinos) da india •- Encamacáo do Verbo; Deus salvador nos misterios de Átis, Osíris, Dionisio +- Jesús

Salvador;

ressurreicáo nos mesmos misterios

•- ressurreicáo de Cristo;

"A BUSCA DO JESÚS HISTÓRICO" Ic^óes purificadoras *- Batismo; banquetes sagrados *- Eucaristía; Ascese budista •- ascese crista.

Afirmando a dependencia do Cristianismo em relacáo aos cultos pagaos, os historiadores classificavam como lendária a mensagem his tórica que acompanha a Boa-Nova de Cristo. O Apostólo Paulo terá sido o responsável pela distorcáo paganizante da pregacáo semita de Jesús; Paulo terá helenizado o Cristianismo nascente.

Alguns críticos chegaram mesmo a negar a existencia de Jesús, visto que a nocáo de Deus feito homem é, para a razáo, totalmente inconcebível. Táo radical posicáo hoje em dia nao conta com serios adeptos. A propósito seja observado:

1) há manifestacóes religiosas espontáneas a todo homem que:

por ser espontáneas, podem aparecer em regióes (e religioes) diversas sem que haja dependencia. Assim o levantar as máos para o céu, o ajoelhar-se, o prostrar-se por térra...

2) Também há símbolos cujo significado é o mesmo para todos os homens e, por isto, ocorrem cá e lá sem que haja dependencia. Assim a agua como sinal e fator de purificacáo (donde a locáo das máos, dos pés, do corpo), o fogo, o sal, a luz, as trevas...

3) O conceito de ascese ou mortificacáo das paixóes desregladas para que exista uniáo com Deus é outro elemento que aflora por si mes mo á consciéncia de todo homem sincero.

4) O simbolismo de certos números é o mesmo para todos os po-

vos; assim tres é sinal de perfeicáo, porque lembra o triángulo equilátero, figura sempre igual a si mesma e, por isto, invencível: quatro, idem; don de o valor positivo de 3 + 4 e 3 x 4.

5) Nos casos em que há identidade de sinais (agua, refeicáo sa grada entendida como partilha), é preciso investigar qual a mentalidade que inspira o uso de tal símbolo; será panteísta?... politeísta?...

monoteísta? Se a mentalidade difere de um caso para o outro, torna-se

improvável a dependencia. A respeito veja-se quanto já foi ponderado em PR 266/1983, pp. 30-33:

a) A Trindade crista (Pai, Filho e Espirito Santo) seria análoga as tríades de deuses da Babilonia (Anu.Bel, Ea) ou á Trimurti hindú (que professa Brama, o criador casado com Sarasvati, a deusa da sabedoria; Visnu, o conservador, casado com Lakchmi, a deusa da beleza^Siva, o destruidor e o renovador, casado com Cali, a deusa da destruicáo). Como se vé, em religioes nao cristas há tríades de deuses distintos uns dos outros e entendidos em sentido politeísta. Tém suas aventuras e

10

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

lutam entre si pela hegemonía. Acontece, porém, que na mensagem cris ta há um só Deus, cuja natureza é tao rica que ela se afirma em tres pessoas (que nao sao tres deuses nem repartem a natureza divina). É de notar que os cristaos passavam por "ateus" no Imperio Romano pelo fato de nao cultuarem os deuses da mitología greco-romana - o que bem mostra como eram infensos ao politeísmo.

b) As encarnacóes de Vísnu, que se manifesta em avatares (Buda, Krishnamurti...) seriam paralelas á Encarnacáo do Verbo... Ora um exame mais detido mostra a oposicao frontal entre um e outro termo. O Cris tianismo professa que a segunda Pessoa da SS. Trindade quis assumir a natureza humana, sem nada perder do que é de Deus, a fim de santificar o homem e o mundo. Ao contrario, as crencas hindus professam a metamorfose de Visnu em sucessivos avatares como seriam o peixe, a tarta ruga, o javali, o leáo e..., no fim do mundo, o cávalo. Visnu aparece também em dois heróis (Rama e Krishna), da casta dos guerreiros, que a Ienda divinizou. Krishna, com suas facanhas cruéis e sua vida devassa, foi a antítese do que o Cristianismo atribuí a Jesús Cristo. c) Quanto aos pretensos paralelos de ressurreicáo, verifica-se que

as narracoes pagas estáo muito distantes do evento professado pelo

Cristianismo. Examinemos os mitos mais freqüentemente aduzidos:

Dionisio Zagreu, nascido da uniáo de Júpiter com sua filha Perséfona, foi morto, despedazado e devorado por Titas, instigados por Hera, esposa de Júpiter. Todavía, diz o mito, o coracáo de Dionisio esca para á voracidade dos Titas. Ora Júpiter (segundo uma Ienda) ou Semeie (segundo outra) engoliu tal coracáo e em conseqüéncia deu á luz um outro Dionisio. - Como se vé, este episodio da mitología se diferencia radicalmente do que se chama "a paixáo, morte e ressurreicáo de Jesús Cristo". Seria despropositado querer aproximá-los entre si.

Set ou Tifón mostra a seus convivas um cofre maravilhoso e pro mete doá-lo a quem o achar exatamente proporcionado ao seu tamanho. Apenas o seu irmáo Osíris, que nao suspeitava da cilada, nele se acomodou, Set fez pregar a tampa e lancar o cofre no Nilo; pouco depois, decepou o cadáver e dispersou os pedacos! -Tal terá sido a Paixáo de Osíris! - Ora, continua a Ienda, Isis, irmá e esposa desse infeliz, consumada feiticeira, tornou a unir os membros espalhados. Em váo, porém, se esforgou por reanimá-los. Foi-lhe revelado contudo que, enquanto a múmia reconstituida se conservasse em Heliópolis, seu marido poderia ter uma vida nova no outro mundo; reinaría doravante sobre os mortos. Tal terá sido a "ressurreicáo" de Osíris!

O belo Adonis, amado simultáneamente por Venus e Proserpina, rainha dos infernos, foi morto por um javali; as duas deusas o reclama10

"A BUSCA DO JESÚS HISTÓRICO"

11,

ram entáo. Para dirimir o litigio, Júpiter decidiu que passaria quatro me ses com urna e quatro meses com outra, ficando livre para dispor dos quatro meses restantes. - Como se vé, tal seria a paixáo e a ressurreicáo de Adonis!

Cibele, máe dos deuses, fez morrer a Ninfa, que Átis prefería á própria Cibele. Depois disto reteve consigo o jovem pastor Átis. Este, porém, sucumbiu á ferida que sotrera no segundo instante do seu deses

pero. Cibele entáo obteve pelo menos que o corpo de Átis permanecesse incorrupto; Júpiter concedeu ainda a Cibele que a cabeleira do seu prote gido continuasse a crescer e que o seu dedinho ficasse sempre em mo-

vimento. Tal terá sido a "ressurreicáo" de Átis!

Como se percebe, todos esses mitos estáo muito longe de trans mitir o auténtico conceito de ressurreicáo da Divindade; nao podem ser tidos como paralelos ou analogías da Paixáo, Morte e Ressurreicáo de

Jesús. É simplório ou anticientífico aproximar entre si termos cuja inspiragáo fundamental é antagónica; na verdade, o Cristianismo é essencialmente monoteísta, ao passo que a mitología é politeísta... Alias, sabe-se

que a ¡déia de ressurreicáo era muito estranha ao pensamento helenista; ela nao representava ideal algum a que os gregos aspirassem, pois para muitos destes o corpo era o cárcere ou o sepulcro da alma; nao brotaría do ámago da mentalidade helenista a concepcáo de ressurreicáo como meta para os homens. Muito a propósito diz o escritor cristáo Tertuliano no comego do século III: "A pregacáo da ressurreicáo, inaudita até entáo, abalou as nacóes com a sua novidade" (De resurrectione carnis 3).

d) O conceito de salvacáo ñas religióes pagas geralmente se refe re ao plano medicinal e mágico, tendo em vista o alivio dos sofrimentos terrestres. O Cristianismo, sem negligenciar tal aspecto da salvacáo (tenham-se em vista os milagres realizados por Jesús), apregoa a expiacáo e o perdáo dos pecados, a plenitude da vida em comunháo com Deus mediante a oblacáo de Cristo. - O paganismo nao tinha a nocáo de peca do "ofensa a Deus", ao passo que o Cristianismo a propóe como fundo de cena da sua mensagem; é o que reconhece o crítico liberal R. Reitzenstein: "O que há de novo no Cristianismo, é a redencáo enquanto remissáo do pecado. A temerosa seriedade da pregacáo do pecado e da expiacáo nao se acha no helenismo" (Poimandres, Leipzig 1904, p. 180). e) Se há semelhanca de expressóes entre as religióes helenistas ou orientáis e o Cristianismo, devem-se ao fato de que os sentimentos religiosos sao básicamente os mesmos em todos os homens; há, sim, urna religiosidade natural no pagáo e no cristáo, que recorre aos mes

mos símbolos e gestos para se exprimir; assim o uso da agua e das ablucóes rituais significa naturalmente a pureza interior; a ceia ou a refei11

12

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

cao exprime a comunháo ou participacio; o Sol, a Luz, as estrelas exprimem o brilho da Divindade que ilumina o homem... O Cristianismo nao recusou adotar expressóes religiosas dos povos pré-cristáos na medida em que correspondem ao patrimonio religioso comum de todos os homens e, conseqüentemente, dos próprios cristáos. Tal fenómeno nao

implica dependencia do conteúdo ou da mensagem do Cristianismo em relacáo as religioes nao cristas, visto que a inspiracáo fundamental do Cristianismo é diferente da do paganismo. 8. Conclusáo

O livro de Albert Schweitzer é importante como informativo da his toria da crítica dos Evangelhos desde o comeco do século XVIII até o

inicio do século XX; mostra o esforco de intelectuais racionalistas para explicar o teor do Livro Sagrado sem o apoio da fé. Foram propostas teorías preconceituosas, que a própria crítica no século XX rejeitou, en veredando por trilhas mais fundamentadas, que sao o Método da Historia das Formas, Método nao necessariamente racionalista, pois pode ser

cultivado também em chave católica; cf. PR 318/1988, pp. 491-201.

APÉNDICE Seja brevemente considerado o chamado "incidente da Antioquia" (Gl 2, 11-14). Este episodio aínda vem a ser um testemunho indireto da autoridade do Primaz: Paulo diz ter chamado a atencáo de Pedro justa mente porque o exemplo deste Apostólo era de tal modo persuasivo que

coagia moralmente os étnico-cristáos a o imitarem ou a observaren) a Lei de Moisés: "Se tu, que és judeu, dizia Paulo, vives á maneira dos gentíos, e nao dos judeus, como forcas os gentíos a se fazerem judeus?" (Gl 2, 14). A falha de Pedro parece ter consistido em nao estar plenamente cónscio da influencia que ele exercia ou em nao ter percebido que sua condescendencia para com amigos, embora fosse legítima, era mal in terpretada, perturbando a Igreja inteira. Note-se que, na sua atitude forte, Paulo nao disse palavra contra os direitos de S. Pedro a exercer tal influ encia sobre os fiéis. De tudo ¡sso concluí Loisy que o gesto de S. Paulo "atesta ter sido Simao Pedro o chefe do servico evangélico, o homem com o qual era preciso entrar em acordó, sob pena de trabalhar em váo"

(Les Évangiles synoptiques 14).

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12

Relendo os Evangelhos:

"CRISTO. UMA CRISE NA VIDA DE DEUS"

por Jack Miles

Em síntese: O autor atribuí a Deus urna atitude de arrependimento por nao ter libertado do jugo estrangeiro o povo de Israel. Para reparar essa falha, Deus se fez homem e morreu como os demais homens, mas ressuscitou para dizer a todos que a morte nao é morte... O livro carece de valor filosófico-teológico por causa do grosseiro antropomorfismo, que identifica Deus com um homem volúvel. *

*

*

Jack Miles é ex-seminarista jesuíta. Doutor em línguas do Oriente Medio pela Universidade de Harvard e autor do Livro "JESÚS. UMA CRI SE NA VIDA DE DEUS"1, livro que pretende ser urna nova interpretacáo dos Evangelhos. A seguir, apresentaremos a tese do autor, á qual seráo propostos alguns comentarios. 1. Oconteúdodo livro

Segundo Jack Miles, Deus prometeu ao povo de Israel no século VI a.C. Vitorias sobre seus inimigos, como havia feito no século XIII a.C. tirando seu povo do cativeiro egipcio. Acontece, porém, que Deus mudou seu plano e deixou os judeus sob o jugo estrangeiro desde 587 a.C. até o século I d.C. A crise que assim se instaura em Deus, é solucionada pela encarnacao do Filho de Deus, que assume a morte do homem para dizer a este que a morte nao é morte; tal mensagem é válida nao somente para

os judeus, mas para todos os povos. - Eis como a primeira orelha do livro define a respectiva tese:

"A figura de Jesús surge no Novo Testamento como a solugáo en contrada por Deus para urna crise política decorrente de quinhentos anos de subjugagáo do povo de Israel a potencias opressoras.

No Velho Testamento Deus prometerá aos hebreus salvá-los da escravidáo por meio de Vitorias militares como a obtida por Moisés contra os egipcios. As frustragóes acumuladas, entretanto, comegavam a por

em dúvida a capacidade de Deus cumprir os seus compromissos". 1 Tradugáo de Carlos Eduardo Lins da Silva e María Cecilia de Sá Porto. - Companhia das Letras, Sao Paulo 2002, 160 x 230 mm, 400 pp. 13

14

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

Miles explica como o impasse é solucionado. Jesús altera o discur so de Deus - que deixa de se basear no poder militar e toma o poder moral como norte -, amplia a base de seus fiéis (dos judeus para toda a humanidade) e mostra que a morte nao deve ser encarada como ponto final, mas como o inicio da vida eterna. Deus assume a responsabiiidade por nao ter cumprído suas promessas e por todos os erros do mundo, pune-se a si próprio - por meio da morte de Jesús - e, com isso, livra

seus súditos, os seres humanos, da necessidade de pagar por seus erros". O autor chega a dizer:

"Como foi que o guerreiro divino acabou pregando o pacifismo? A teología crista tem apresentado a tendencia dessa mudanga como crescimento espiritual em Deus, embora raramente usando urna expressáo como 'crescimento espiritual'. A resposta sugerida aquí é que Deus criou urna nova virtude humana a partir de sua necessidade. Encontrou um

modo de transformar sua derrota em vitória, mas a derrota veio primeiro" (p. 154).

Estas noticias já proporcionam suficiente idéia do que J. Miles quer transmitir ao público. Donde a pergunta: 2. Que dizer?

Seráo propostas tres ponderacoes:

1) O livro em foco nao merece ser levado a serio pela exegese científica, pois viola os principios nao só da fé, mas também os da razáo humana, apresentando um Deus sujeito ás vicissitudes humanas - o que

é urna contradicáo; mesmo no plano meramente racional ou Deus existe

como a Suma Perfeicáo ou nao existe.

2) J. Miles justifica seu procedimento afirmando que considera a Biblia de maneira diferente do modo convencional; trata-a sim como obra literaria, na qual o que importa nao é a fidelidade histórica, mas "o signi ficado poderoso que o texto constrói para o leitor". (23 orelha). Salvo enga ño, esta declaracáo quer dizer que o autor nao se interessou pela historia

real como vem narrada pela Biblia, mas fez do texto sagrado urna fonte

inspiradora de urna estória ou de um enredo fantasioso. - Pois bem; reconhecemos a Miles o direito de elaborar suas divagacoes imaginosas, mas eremos que tomar a Biblia como pré-texto para tanto equivale a ferir

a consciéncia de milhóes de fiéis que respeitam o texto sagrado e lamentam o fato de ter sido explorado para deturpar a imagem de Deus e o sentido cristáo da Redencáo.

J. Miles foi certamente fecundo na criacáo do seu contó, mas infe liz por ter assim manipulado o texto sagrado. 14

"CRISTO. UMACRISE NA VIDA DE DEUS"

15

3) O autor fala insistentemente do suicidio de Deus ou de Cristo. Justifica a expressáo dizendo que Deus quis punir a si mesmo por ter cometido urna omissáo em relacao ao povo do Antigo Testamento; ora a pena nao podia ser infligida a Deus por alguma criatura; só Deus a podia infligir; Ele o fez...

-A propósito é de notar que há urna grande diferenca entre a morte voluntaria de Cristo e um suicidio. Com efeito; o suicidio é fruto do desa tino e do desespero, ao passo que a entrega de Jesús á morte foi consci ente, livre e voluntaria. Ele quis ir até a morte por obediencia e amor ao Pai como segundo Adáo, já que o primeiro foi até a morte por desobedi encia e desamor: Ele quis assim reformular o conceito de morte, fazendo déla urna passagem para a eternidade. Era preciso, pois, que Ele tomasse a iniciativa de atravessar a morte com lucidez de mente e senhorio da trajetória. Isto nao é suicidio.

Outros comentarios se poderiam tecer ao livro de J. Miles. Estes bastam para se concluir que é ficcáo despropositada. Manual da Comunidade, organizado por F. Battistini. Ed. Vozes, Petrópolis 2004 (19a edigáo atualizada), 130 x 200 mm, 218 pp.

Freí Battistini oferece ao povo de Deus um livro portador das oragóes mais freqüentes na vida do fiel católico: texto da Missa, tergo medi tado, Via Sacra, ladainhas, cantos; além disto, propóe breve catequese sobre a Biblia, Jesús Cristo, a Igreja, os sacramentos e a Moral católica. Tratase de um compendio muito bem estruturado e de grande utilidade; basta dizerqueja está na 19- edigáo.

O mesmo autor publicou um breve tratado da doutrina da fé e da Moral católicas, tendo em vista a preparagáo para a Primeira Eucaristía, como alias bem insinúa o titulo "Primeiro Encontró". Com vistas á devogáo mañana em particular, Frei Battistini escreveu o livro "María no Projeto de Deus", em que expóe o significativo papel da Virgem SSma. na vida de Cristo e na historia da Igreja. Os livros de Frei Battistini sao inspirados por intensa experiencia pastoral e redigidos em estilo simples, que atinge as carnadas mais hu mildes da populagáo. Possa o autor continuar seu belo trabalho catequético, fecundo e necessário como é. Seus livros podem ser solici tados pelos telefones (83) 235-1458 e 9966-1890.

15

Protestantes

CONVERTERAM-SE AO CATOLICISMO

Em PR 497/2003, pp. 487-492 foi apresentado o livro "Por que es

tes ex-Protestantes se tornaram católicos" de Jaime Francisco de Moura, coletánea de testemunhos de convertidos. Ñas páginas que se seguem, vao transcritos tres depoimentos extraídos dessa obra. Mostram como o estudo da própria Biblia e da historia é caminho que leva o crente á Santa Máe Igreja. Quem examina sem preconceitos a documentacáo básica, verifica que o protestantismo é um desvio e nao urna renovacáo.

I. POR QUE SOU CATÓLICO Cari Olson, ex-protestante fundamentalista "A um de meus escritores favoritos, o grande Apologista G.K. Chesterton, muitas vezes perguntaram por que se tornou católico. 'Por que o Catolicismo é a verdade' era a resposta habitual. Essa é a resposta que eu dou a meus amigos protestantes quando me fazem a mesma pergunta. Eles dizem freqüentemente que isso é arrogante. Mas é ho nesto. Se o Catolicismo nao é verdade, por que se aborrecem?

Eu fui educado como um fundamentalista e freqüentei urna Faculdade de Biblia Evangélica. Aprendí a acreditar em Deus, confiar em Je sús para minha salvacáo e defender minha fé Crista contra as falsidades

do ateísmo, mormonismo e catolicismo. Nos fizemos consideracoes aos católicos de que nao eram Cristáos porque adoravam Maria, o Papa e nunca liam a Biblia.

Com o passar do tempo fiquei mais maduro. Especialmente en-

quanto eu estava na Faculdade, comecei a questionar algumas das interpretacóes da Biblia que me eram ensinadas.

Alguns anos atrás comecei a estudar historia da Igreja e Teología com a ¡ntencáo de descobrir o que realmente aconteceu nos 2000 anos

depois que Jesús esteve na térra. Estudando a real presenca na Eucaris tía, um assunto importante para mim, achei que foi professada claramen te pelos Padres da Igreja e que ninguém questionou isto até o ano de 1500 aproximadamente.

Já que eu estudeí a Reforma, descobri que Lutero nao foi o grande campeao do Cristianismo Bíblico, mas, sim, um monge ansioso e angus

tiado, que quebrou os verdadeiros ensinamentos da Igreja, criando a anarquía na Alemanha mediante os seus falsos ensinamentos. 16

CONVERTERAM-SEAO CATOLICISMO

17

Eu tinha aprendido que o Catolicismo estava cheio de supersticóes, submissao cega para um Papa dominante, que repugnava a Biblia; mas cheguei á conclusáo de que aqueles professores do catolicismo e teólogos conheciam as Sagradas Escrituras. Eu achei que o culto da Igreja Católica estava cheio de respeito profundo pela Biblia e o Corpo de Cristo, respeito que se perdeu ñas igrejas protestantes. Embora eu conhecesse católicos que nao sabiam muito sobre o que eles acreditavam, conheci também católicos cuja maturidade espiritual, amor cristáo e conhecimento, eram impossíveis de se negar.

Simplesmente, vi que o Protestantismo tinha anulado muitos

ensinamentos essenciais da antiga Igreja Crista. Quando estudei mais, vi como eu tinha sido determinado a urna representacáo inexata da Igreja Católica. Tudo o que aconteceu no culto da Igreja, particularmente a Missa, tem um certo significado, normalmente fundado em tradicoes de mui tos séculos atrás.

Durante algum tempo tive muitas conversas com os amigos e ten-

tei enfatizar que nao tinha abandonado as conviccóes evangélicas. Se a Igreja Católica realmente é a Santa Igreja Católica Apostólica, entáo ela merece ser levada a serio e examinada de perto. Convenci-me da minha própria experiencia e com os testemunhos de muitos outros. Ela é a 'casa de Deus'éa 'Coluna e o sustentáculo da verdade'que Paulo descreve a Timoteo (1Tm 3, 15)" (pp. 171 s). REFLETINDO...

Tres pontos chamam a atencáo no texto apresentado: 1) Cari Olson verifica que preconceitos desfiguram a Igreja Católi ca aos olhos dos protestantes; estaría cheia de supersticoes e gente ig norante do texto sagrado;

2) o protestantismo "anulou muitos ensinamentos essenciais da

antiga Igreja Crista". Na verdade, o que esvazia o protestantismo é a recusa do conceito de Igreja-sacramento, com sua Liturgia (perpetuacao da Páscoa de Cristo) e seu magisterio;

3) o estudo é o caminho que propicia a conversáo. O Cristianismo nao comecou no secuto XVI com "o monge Lutero ansioso e angustiado", mas com Jesús Cristo. Daí a importancia de examinar a linha histórica que vai de Jesús até nossos dias, como fez a escola de Oxford.

II. ELES ME CONDUZIRAM Á EUCARISTÍA Testemunho de Conversáo de Linda Temple Ex-Metodista

"Eu nasci em 8 de dezembro de 1941. Meus pais eram metodistas e sempre me levaram para a igreja. Eu me lembro de entrar na igreja 17

18

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

com a idade de 11 anos, num domingo de Páscoa. Depois de duas se manas, já fazia parte daquela Igreja. Sei que era real, e estava bem aten ta para pedir a Jesús que entrasse em meu coracáo e em minha vida. Eu era ativa nessa igreja, até os meus 34 anos, mas depois passei a freqüentar a Igreja Batista.

Fui trabalhar em 1989 em urna firma; era secretaria de um homem católico muito devoto, o Jerry. Ele era urna grande pessoa, marido e pai de cinco enancas. Nos ficamos amigos e ele me ajudou muito em minha vida pessoal. Jerry nunca discutiu a fé católica comigo, mas nos discuti mos a Biblia e outros tópicos cristáos. Ele e a esposa eram ativos na igreja e fizeram seminarios familiares cristáos.

Em julho de 1994, Jerry comecou a ter problemas de estómago que foram diagnosticados como hernia de hiato. Ele perdeu de 15 a 20 kg. Em Janeiro, de 1995, a doenca foi diagnosticada como cáncer de estómago. Embora com 3 a 4 semanas para viver, Deus teve outros pla nos e a vida dele foi prolongada para um ano e tres semanas. Por este ano, eu conduzi o grupo de oracáo no trabalho para Jerry e sua familia. Nos o visitamos varias vezes. Nunca discutimos a Igreja Católica. Porém, em 1995 um tapete novo foi colocado em nosso escritorio. Quando nos estávamos reformando o escritorio, ele decidiu pendurar um crucifixo em cima da porta. Eu ofereci a ajuda. Segurei o crucifixo e Ihe disse que nao entendia por que os católicos sempre tinham que ter Jesús na

Cruz, quando Ele já tinha subido aos Céus. A doce resposta de Jerry era: "Sim, Jesús ressuscitou, mas o crucifixo nos faz lembrar sua Paixáo e seu sofrímento". Respondí que nao precisava de me lembrar dos sofrimentos dele na Cruz. Jerry suavemente disse: "Sim, vocé faz assim e tudo está ceño". Entáo ele se sentou á sua mesa e foi trabalhar como se quisesse dizer: 'Discussáo terminada'. Nada mais havia a dizer. Jerry foi estar com Deus em Janeiro de 1996. Eu visitei a igreja com Sylvia, sua esposa, varias vezes. Perguntei-lhe qual era o significado da Eucaristía. Sylvia me disse que nao era só comunháo, mas "o Corpo e o Sangue de Jesús Cristo". Sendo urna boa crista protestante, eu perguntei onde isso estava na Biblia. Ela respondeu que em Joáo 6. Marquei em minha Biblia. Em fevereiro de 1996 Sylvia me deu varios livros para ler. Enquanto eu lia um deles, minha filha perguntou, "O que vocé vai fazer, Mae? Se tornar católica?" Sendo urna protestante, isso estava me alarmando. Todos os sinos e apitos entraram em minha mente e eu dis

se: "NAO! Eu nao vou!" Assim comecou urna corrida para a Igreja Católi ca que durou 15 meses.

Durante este tempo, comparecí a minha Igreja de origem, mas logo percebi que nao era o bastante, nao entendia o porqué. Adquirí, toda vez 18

CONVERTERAM-SEAO CATOLICISMO

19

que ¡a á Igreja Católica, urna experiencia que parecía um aviso, para mim especialmente quando a igreja servia a Comunháo. Eu nao sabia o que estava acontecendo, só que eu tinha fome de Deus e nao podía estar satisfeita em minha igreja protestante regular. Viví em urna escundao, deserto estéril durante pelo menos oito meses. Eventual mente, senti que nao poderia nem mesmo conversar com Deus. Em maio de 1997, Sylvia me chamou. Fui á casa déla. Conversa mos durante varias horas até de madrugada. Enquanto estava lá, eu notei um livro que estava com a face virada para baixo, em cima da mesa.

Por curiosidade, eu peguei este livro, que tinha o título "Cruzando o Tibet" (Thomas Ray) Era "o testemunho da conversao de um batista que tinha

passado para a Igreja Católica". Sylvia me emprestou o livro. Li em tres dias Rezei em cada secáo, observando todas as centenas de referenci

as bíblicas citadas no livro. Quando eu tinha terminado, contei para Sylvia

que nao era mais urna protestante, mas eu nao sabia para onde Deus iría me conduzir. Rezei a Deus questionando; se a fé católica fosse a real verdade, Ele teria que me mostrar.

Eu visitei Sylvia muitas vezes depois disso. Li muitos livros. Recita-

va o Rosario com ela. Isso era o comeco de minha conversao para a

Igreja Católica Se vocé nao notou, meu aniversario é aos 08 de dezembro, o dia da festa da Imaculada Conceicáo de María, a Máe de Deus.

Fiquei diante do Santíssimo durante oito semanas pelo menos cin co vezes por dia. Foi maravilhoso. Hoje eu rezo o Rosario todos os dias.

Leio aproximadamente vinte livros, vejo muitas coisas maravilhosas na

internet. Já me confessei, fui crismada em um domingo, 31 de Agosto de 1997, as tres horas.

Sylvia colocou urna Medalha Milagrosa e um crucifixo no meu pes-

coco Nos chamamos isto de meu "sim, vocé faz", em memoria da pessoa que comecou tudo, Jerry, agora um dos santos de Deus, que com certeza já está nos céus.

Todo o elogio e gloria por esta conversao váo para Deus, nosso

Pai e Maria Santíssima. Eu já amava Deus antes em toda a minha vida,

mas agora tudo se cumpriu. Este caminho está mais íntimo com meu Salvador. Que o Nome de Jesús seja glorificado para sempre.

Eu só tenho um pedido a apresentar a qualquer um que ler esta

minha historia: quando fizer urna oracáo a Deus, reze par que minha fe nunca venha a se enfraquecer. Obrigada, Jesús! (pp. 175-177). REFLETINDO...

O ponto decisivo para a conversao de Linda Temple foi a Eucaris

tía. Os respectivos textos bíblicos sao muito explícitos ao afirmar a real 19

20

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

presenca eucarística de Jesús; ver Mt 26, 26-28; Me 14, 22-25; Le 22,

19s; 1Cor 11, 24-25; Jo 6, 51-56. Os protestantes tentam fugir da inter-

pretacáo realista de tais textos, mas nao convencem.

III. DE ANTI-CATÓLICA PARA A IGREJA DE JESÚS Testemunho de Jennifer Nashif

"Eu me convertí ao Catolicismo com 24 anos, depois de toda a vida

ser uma anti-católica declarada. Na realidade, eu era algo como agnóstica,

ou coisa parecida. Como poderia um Deus permitir tantas coisas terríveis acontecerem neste mundo, até mesmo em virtuosas pessoas? E como

essa igreja adora a uma mulher mortal e reza diretamente a "padroeiros" em vez de rezar a Deus?

Eu dizia que a Igreja era promovida por homens celibatários que

nao entendiam os fardos e dificuldades de uma familia! Meu marido, um

católico somente no nome, nao tinha resposta para mim. Quando'nós nos casamos, seis anos atrás, eu Ihe disse que eu nunca concordaría em

criar nossos filhos dentro do Catolicismo, e isso estava bem para ele. Nos fomos casados em uma igreja protestante. Dois anos depois, nas-

ceu a nossa primeira filha.

Depois de varios anos, mudando de um lugar para outro, eu sentía um anseio para fazer parte de uma comunidade junto com nossa filhinha que estava crescendo. Nos comecamos a ir a uma igreja protestante, é

claro, em nossa cidade nova. Foi quando eu comecei a adquirir a cons'ci-

éncía de que nos deveríamos tentar uma Igreja Católica. Apesar de todas as suas faltas, respeitei esse compromisso por causa da familia de meu marido.

De onde essa idéia veio? Como eu poderia ter decidido, em um

momento, converter-me a uma Igreja que eu nao aceitava? Depois de ler

alguns livros de Apologética numa biblioteca, percebi que meus preconceitos contra a Igreja estavam baseados em desinformacoes. Como eu lia nesses livros, as informacóes contidas e as explicacoes estavam condizentes com a verdade. Meu marido estava bem surpreso por minha mudanca. Ficou ansioso para voltar novamente.

Á Vigilia da Páscoa, eu fui acompanhada por meu marido minha

filha e meu pai, que era católico. Naquela noite fui batizada, crismada e recebi minha primeira comunháo, tudo em uma noite gloriosa Eu que havia pouco, sentía os véus da parte dos Céus, quase poderia ver a face

de Jesús, de Maria, todos os Anjos e Santos.

Diariamente, agradeco a Deus porque ele sempre me tinha cha mado, apesar de mínhas blasfemias contra a sua Igreja. Em honra de 20

CONVERTERAM-SEAO CATOLICISMO

Nossa Máe Santíssima, nos nomeamos nossa filha com o nome de Ma ría!" (pp. 173s). REFLETINDO... Dois pontos dificultaran! a conversáo de Jennifer Nashif:

1) o mal no mundo. O mal nao é causado por Deus, que por definicáo é agente perfeitíssimo. Acrescenta S. Agostinho: "Deus nunca permi tiría o mal (que o homem comete), se nao tivesse recursos para tirar do mal bens ainda maiores".

2) O culto aos santos. Estes sao amigos de Deus, mais do que

outros, habilitados a interceder por nos. É Cristo quem Ihes confere a graca de interceder por nos, querendo assim associar as criaturas huma nas á sua obra redentora. (Continuagáo da p. 48)

Nao é esta a primeira vez que a Igreja Católica lidera tais inquéri-

tos. Ver Alvaro Barreiro, "Povo Santo e Pecador", Ed. Loyola, 1994: Pp. 149s, nota 21. "Dois exemplos. Na pesquisa feita entre os dias 29 de outubro e 3de novembro de 1993, quando estaya em pleno anda

mento a CPI da corrupgáo, as tres instituigóes mais confiáveis foram a Igreja Católica (77%; o índice de confianga ñas outras Igrejas foi de 42%), os meios de comunicagáo (62%) e o sindicato dos trabalhadores (61%); e as tres últimas foram os empresarios (29%), os partidos políticos (19%) e os políticos (15%). (cf. Jornal do Brasil de 11 de nov. de 1993, p. 4). Na pesquisa feita logo após o segundo turno da eleigáo presidencial de 1989, a Igreja Católica ocupou o primeiro lugar com 82%, ácima da credibilidade

dos próprios institutos de pesquisa, do Tribunal Superior Eleitoral e do presidente eleito (Cf. a materia a respeito publicada pelo Jornal de Opiniáo, de 6-12 de margo de 1993).

P. 22, nota 8. No caso do Brasil, a credibilidade da Igreja é um fato estatisticamente demonstrado. Desde que a Igreja Católica foiintroduzida, em 1984, ñas pesquisas de opiniáo feitas pelo IBOPE sobre as institui góes mais confiáveis, ocupou sempre o primeiro lugar". Urna síntese do livro de A. Barreiro se encontra em PR 391/1994, pp. 530ss.

Ver o resultado de inquéritos posteriores publicado em PR 412/1996, pp. 392-394; 491/2003, p. 236;

496/2003, p. 471; 498/2003, p. 558. 21

Relativismo religioso:

TODAS IGUAIS, AS FLORES DO JARDIM?

Em síntese: O Pe. Zezinho compara as diversas religióes as flores de um jardim. Sao diferentes, pois o jardineiro sabe fazer a variedade. Todavía nao se pode dizer que urna flor é mais bela do que as outras, para nao cair no fanatismo. - Assim os Credos religiosos sao diversos, mas equivalentes entre si. Esta conclusáo relativista é refutada no artigo que se segué, visto que os Credos sao contraditórios uns com os outros; donde se depreende que um deles (o monoteísta) é verdadeiro e os demais (o pantefsta e o politeísta) háo de ser falsos. Contudo quem profes sa um falso Credo pode salvarse nao por efeito do erro que professa, mas por causa da eventual candura ou boa fé com que professa o erro. *

*

*

O Pe. Zezinho (José Femandes Oliveira) divulgou pela intemet urna

quase parábola que incute o relativismo religioso. É "simpática", mas fere a verdade tanto no plano filosófico como no teológico, tornando a verdade vaga ou mesmo secundaria.

A seguir, transcreveremos a "poesia-parábola" do Pe. Zezinho e Ihe proporemos um comentario. 1. AS FLORES DO JARDIM

(Pe. Zezinho)

Fui ver aquele jardim famoso e fiquei lá urnas duas horas.

Flores de todos os tipos, cultivadas ao ar livre ou em estufas. Flores de todas as cores e de todos os nomes. Flores de todos os perfumes.

Difícil comparar. Flores, a seu modo, sao bonitas e vistosas. Depende de qual flor está perto de qual flor.

É ousadia comparar as flores pela beleza. Mais ousadia ainda, afirmar qual délas é mais flor do que a outra. Admirei o jardineiro que planejara tudo aquilo.

Vejo a salvacáo e a graca como um ¡menso jardim de Deus. As religióes como canteiros. 22

TODAS IGUA1S, AS FLORES DO JARD1M?

23

As flores como igrejas ou comunidades.

Se todos os canteiros fossem iguais e só tivessem um tipo de flor. Se um jardineiro tolo, desses que se acham os "super-eleitos", conseguisse acabar com todas as outras flores

e finalmente plantasse no seu canteiro urna só flor, e se ainda conseguisse convencer outros jardineiros a plantar só a sua flor,

eu diria que ele tomou de assalto a obra de Deus...

É bem isso o que alguns pregadores de igrejas andam fazendo. Nao acham que outras igrejas sejam igrejas, nao conseguem ver a graca de Deus nos outros;

falam como se suas igrejas fossem flores cheirosas e as outras, flor que nao se cheira.

Deus, o jardineiro eterno, fez milhares de flores diferentes. Eles, jardineiros aloprados e abiloidados,

querem que o mundo só tenha urna flor: a deles. Urna só igreja: a deles.

No jardim de Deus só há lugar para jardineiros que respeitem todos os tipos de flores. Os outros erraram de profissáo.

Religiosos incapazes de ver beleza nos outros nao sao religiosos de verdade.

Se fossem, teriam percebido a obra multicolorida de Deus. No jardim de Deus cabem muitos tipos de flores. No dos fanáticos só urna: a deles! II. QUE DIZER?

O fiel católico pode muito bem reconhecer valores religiosos fora do Catolicismo: leitura da Biblia, oracáo, prática da caridade... Isto, po-

rém, nao equivale a dizer que todas as religioes sao igualmente boas e verídicas; só pode haver urna verdade; o que Ihe contradiz nao é verdade.

Descendo ao ámago da questáo, distinguiremos o ponto de vista subjetivo e o objetivo. 23

24

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004 1. Aspecto objetivo

Nao se pode dizer que todas as religioes sao equivalentes entre si, pois nao coincidem entre si quanto ao Credo: algumas sao politeístas

(admitem varios deuses), outras sao panteístas (identificam a Divindade,

o mundo e o homem entre si), outras sao monoteístas (professam um só

Deus, distinto do mundo). Mesmo dentro de cada tronco há correntes e variantes... Ora a verdade é urna só, de modo que, objetivamente falando, haverá Credos verídicos (em grau pleno ou menos pleno) e Credos erróneos.

Sem dúvida, o senso religioso ¡nato é o mesmo em todos os ho mens. Ele tem as mesmas expressoes religiosas, independentemente do Credo que professam; por efeito de sua religiosidade natural, todos os homens rezam, dobram os joelhos, prostram-se por térra, levantam as máos ao céu, e praticam as virtudes ditadas pela Ética natural: o senso religioso ensina a nao matar, nao roubar, nao caluniar, nao adulterar... Todavía, além dessa base natural comum a todas as religioes, cada reli giao tem o seu Credo, seu culto e sua Moral própria; neste plano é que se

dáo as divergencias: há quem creia na reencarnacáo e quem nao a acei te; há quem admita o divorcio, o aborto, o homossexualismo, a guerra santa, a poligamia... e há quem nao os admita.

Em conclusao: objetivamente falando, as religioes nao sao equiva lentes entre si; nao sao igualmente verídicas, nem sao igualmente boas. Os católicos, a bom título, dizem que só há urna religiao revelada por Deus: a que culmina em Jesús Cristo e se prolonga através dos séculos no Corpo de Cristo que é a Igreja confiada por Jesús a Pedro e seus sucessores.

É o que o Concilio do Vaticano II professa na Declaracáo Dignitatis

Humanae n91:

"Professa o Sacro Sínodo que o próprio Deus manifestou ao géne ro humano o caminho pelo qual os homens, servindo a Ele, pudessem salvarse e tornarse felizes em Cristo.-Oremos que essa única verdadeira Religiao subsiste na Igreja católica e apostólica, a quem o Senhor Jesús confiou a tarefa de difundi-la aos homens todos, quando disse aos Apostólos: 'Ide pois e ensinai os povos todos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo, ensinando-lhes a guardar tudo quanto vos mandei' (Mt28, 19-20). Por sua vez, estáo os homens todos obrigados a procurar a verdade, sobretudo aquela que diz respeito a Deus e a Sua Igreja e, depois de conhecé-la, a abragá-la e praticá-la". Na Constituicáo Lumen Gentium ns 8 lé-se:

"Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo professamos urna,

santa, católica e apostólica (12), e que o nosso Salvador, depois da sua 24

TODAS IGUAIS, AS FLORES DO JARDIM?

25

Ressurreigáo, confiou a Pedro para que ele a apascentasse (Jo 21, 17), encarregando-o, assim como aos demais Apostólos, de a difundirem e de a governarem (cf. Mt28, 18s), levantando-apara sempre como 'coluna e

esteio da verdade'(1Tm 3, 15). Esta Igreja, como sociedade constituida e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunháo com ele, ainda que fora do seu corpo se encontrem realmente varios elementos de santificagáo e de verdade, elementos que, na sua qualidade de dons próprios da Igreja de Cristo, conduzem para a unidade católica". Por conseguinte nao se pode considerar fanático aquele que pro clama urna verdade obvia: o monoteísmo é lógico. O politeísmo e o panteísmo sao ilógicos. Fanático é, antes, aquele que tem medo de ver apregoada a verdade.

Quanto ao conceito de Igreja, observe-se: o fundador da Igreja é Jesús Cristo (cf. Mt 16,18); essa Igreja chega até nos mediante a sucessáo apostólica (cf. Mt 28, 18-20). Donde se segué que, onde falta a sucessáo apostólica, nao se pode falar de Igreja, mas sim de comunidade eclesial. Tal discurso é lógico. Nao se deve manipular a verdade para fazer amigos. 2. Aspecto subjetivo

É fato que nem todos os homens chegam ao conhecimento do Evangelho tal como Jesús Cristo o pregou e continua a pregar na sua

Igreja; nao tém culpa disto. Todavía tém coragáo reto e sincero ao seguir urna filosofía religiosa diferente do Catolicismo: nao duvidam de que estáo professando a verdade e a ela devem obedecer, mesmo praticando a poligamia ou crendo que a reencamacáo divide os homens em castas diferentes, que tém que sofrer (uns) ou ser inclementes (outros). A tais pessoas Deus nao pedirá contas do que nao tiver revelado ou do que tiverem ignorado sem culpa própria. Poderáo salvar-se nao pelo falso Credo que professam, mas pela boa fé ou sinceridade candida com que o professam. É o que declara a Constituyo Lumen Gentium n9 16:

"Aqueles que ignoram sem culpa o Evangelho de Cristo e sua Igre ja, mas buscam a Deus na sinceridade do coragáo, e se esforgam, sob a

agáo da graga, porcumprirna vida a sua vontade, conhecida através dos difames da consciéncia, também esses podem alcangar a salvagáo eter na. Nem a Divina Providencia nega os meios necessários para a salvagao aqueles que, sem culpa, ainda nao chegaram ao conhecimento ex

plícito de Deus, mas procuram com a graga divina viver retamente. De fato, tudo o que neles há de bom e de verdadeiro, considera-o a Igreja como preparagáo evangélica e dom daquele que ilumina todo homem para que afinal venha a ter vida". 25

26

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

Ou ainda a Constituicáo Gaudium et Spes n2 22:

"Tendo Cristo morrido por todos e sendo urna só a vocagáo última do homem, isto é, divina, devenios admitir que o Espirito Santo oferece a todos a possibilidade de se associarem, de modo conhecido por Deus, a

este misterio pascal".

Assim, de um lado, fica excluido todo relativismo religioso - o que seria relativizar a verdade. Doutro lado, fica excluido também todo fana tismo cegó, que nao leva em conta a inocencia ou a caridura de quem, sem culpa própria, nao adere á verdade, mas se esforca por cumprir o que o único Deus Ihe revela através dos ditames da consciéncia reta e sincera. Deve-se acrescentar que quem se salva fora da Igreja visível, salva-se por Cristo e pela Igreja Católica, mesmo que nao conheca Cris to e a Igreja. Nao há outro caminho de salvacáo senáo Jesús Cristo e seu Corpo Místico.

Comentario do Antigo Testamento I, por varios autores sob a coordenagáo de S. G Oporto e M. S. Garda. Tradugáo de José Joaquim Sobral. Ed. Ave María, Sao Paulo 2003, 180 x 270 mm, 750 pp.

É muito benvinda a inidativa de publicar um comentario aos livros

sagrados. A Editora Ave María assume esta tarefa entregando ao público brasileiro o primeiro volume da obra, com introdugáo e comentario aos

livros históricos do Antigo Testamento. O ponto mais delicado de tal volu me é a introdugáo ao Pentateuco: o autor J. M. Carrasco expóe o que a crítica mais recente propóe sobre a origem desses cinco livros; as hipóteses se tém multiplicado, desconcertando o leitor despreparado. Falam os críticos de fragmentos avulsos colecionados por redatores tardíos, tais hipóteses sao aceitáveis na medida em que nao se oponham á historicidade dos Patriarcas bíblicos. Na Revetagáo de Deus ao povo do Antigo e do Novo Testamento a historia é de importancia capital para o crístáo; as historias vém a ser um longo discurso de Deus. O dentista nao se preocupa com este aspecto da questáo; mas o leitor crístáo nao pode deixar de o levar em conta.

Conseqüentemente a obra em foco é recomendável aos estudio

sos que saibam distinguir nítidamente entre hipóteses discutíveis e sen-

tengas comprovadas. Á p. 5 lé-se urna advertencia dos coordenadores: "O leitor pode servirse deste tomo como livro de consulta rápida sobre

textos bíblicos concretos, mas obterá maior proveito se ler estes comen tarios de maneira continua, detendo-se ñas introdugóes em particular e nos diversos blocos ou secgóes de cada livro". 26

Debate público:

AIGREJA E O PRESERVATIVO

Em síntese: A Igreja Católica foi acusada de mentir por afirmar que o preservativo nao garante sexo seguro; pelo mesmo motivo o Papa perdeu o Premio Nobel da Paz em outubro 2003. Na verdade, a Igreja nao mentiu. O preservativo, quando comegou a ser mais intensamente propalado era tido como cerca de 30% faino: foi aperfeigoado, de modo a tornarse 10% falho. Eis, porém, que, segundo recentes declaragoes de autoridades médicas, já é tido como 100% seguro. Tal resultado e recente- a Igreja, ao tratar do assunto outrora, baseava-se ñas pesquisa

do seu tempo. Mesmo agora sexo seguro nao existe, pois o preservativo

pode ser mal colocado ou pode romperse. *

*

*

A Igreja foi acusada de mentir por afirmar que o preservativo nao

garante sexo seguro; ver O GLOBO, edicáo de 1/10/03. O debate de

alguns anos tomou-se assim mais candente, exigindo esclarecimentos, que, a seguir, seráo propostos.

1. Moral Católica e preservativo

Quando há alguns anos, comecou a ser apregoado o uso da camisinha como preventivo da AIDS, a Igreja se manifestou contraria a tal medida por dois motivos:

a) razáo de ordem moral: o preservativo sugere que as relacoes sexuais sao lícitas desde que se tenha a necessária cautela para evitar gravidez O Governo do Brasil tem distribuido preservativos aos jovens,

de modo a perderem todo receio de praticar o sexo. Ora a promiscuidade daí resultante é condenável pela lei de Deus e pelo bom senso;

b) razóes de ordem técnico-científica: a camisinha nao garante

sexo seguro ou porque o látex se rompe ou porque é mal colocada ou

porque (dizia-se) seus poros deixam passar o espermatozoide e o HIV.

Ora aos 14/10/03 o Ministerio da Saúde em Brasilia divulgou urna

nota de protesto contra a Santa Sé, que afirma serem os poros do preser vativo maiores do que o virus da AIDS. A Igreja seria irresponsavel, pres tando um desservico ao mundo. É a esta alegacáo que se impoe urna resposta.

2. Respondendo...

O histórico da eficacia do preservativo compreende tres fases: 27

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

- nos primeiros anos da década de 1990 diziam serios pesquisa-

dores que o preservativo era cerca de 30% falho. Veja-se a noticia seguinte, já publicada em PR 406/1996, pp. 269-270:

"Eis o resultado da pesquisa da Dra. Susan C. Weller no artiao A

Meta-analysis of Condom Effectiveness in Reducing Sexually Transmitted HIV, publicado na revista Social Science and Medicine 1993, volume 36, issue 12, pp. 1635-1644. Á p. 1635 lé-se em inglés o

que vai aqui traduzido para o portugués:

'As pesquisas indican) que o condom (camisinha) é 87% eficiente

naprevengao da gravidez. Quanto aos estudos da transmissáo do HIV

mdicam que o condom diminuí o risco de infecgáo pelo HIV aproximada

mente em 69%, o que é bem menos do que o que normalmente se supoe'.

Esta verificagáo significa que aproximadamente um tergo dos usu arios do preservativo está sujeito a contaminagao apesar do recurso uti lizado. Esta porcentagem é especialmente expressiva e grave se sepen-

sa que o risco a incorrer éode graves sofrimentos que desembocam em morte sem que naja remedio a contrapor". - poucos anos mais tarde a industria do preservativo se aperfeico-

ara de modo que se pode afirmar ser ele 10%, e nao 30%, falho Ver PR 467/2003, pp. 502-5, texto que faz referencia a um artigo do Dr. Jacques Suaudeau publicado no Lexicón do Pontificio Conselho para a Familia; - pode-se crer que a industria se tenha aperfeicoado mais aínda a ponto de poder garantir um látex totalmente impermeável áo espermatozoide e ao HIV. É na base desta última etapa que o Ministerio acusa a Igreja de uma inverdade. Tal acusacáo pode ser relativizada visto que durante anos a própria comunidade científica admitiu faihas dó preservativo. Desde que a ciencia prove a plena impermeabilidade do

preservativo, a Igreja a reconhecerá. Pode-se mesmo dizer que já a re-

conhece, dado que cientistas da Organizacao Mundial de Saúde e do Brasil a afirmam.

3. Mas...

Ainda que esteja assegurada a plena ¡mpermeabilidade do preser

vativo, a Moral católica nao pode aceitar o uso do mesmo, pois favorece a promiscuidade, insinuando que, eliminado o perigo da gravidez e de

contammacao, nada se opoe ao livre uso da sexualidade. Esta insinua-

cao tem sido causa de graves desastres na vida de adolescentes princi palmente do sexo feminino.

Ademáis nao se pode esquecer que mesmo os mais recentes mo delos de preservativo podem ser mal colocados e gerar surpresas como 28

AIGREJA E O PRESERVATIVO

29

também se podem esporádicamente romper. Daí as restricoes feitas, de quando em quando, pelo bom senso mesmo, ao uso da camisinha. 4. A solucáo

Asolucio para o problema das doencas sexualmente transmissíveis apregoa a disciplina sexual: relacionamento com um parceiro único e

estável. Esta proposta implica sacrificio e renuncia, sacrificio, porém, que é indispensável se alguém quer formar em si urna personalidade forte e bem tracada.

Diráo: tal solucáo é de ordem moral, tocando as consciéncias. Ora nao convém ao Governo fazer moralismo, e sim atender aos anseios da populacáo que nao prejudiquem o bem comum. - Em resposta, observa

mos que o Governo, por mais democrático que seja, nao pode deixar de ter suas leis para a defesa dos interesses comuns; essas leis háo de ser o eco fiel da lei natural, impressa pelo Criador na consciéncia de todo ser humano; ora essa lei natural ensina que o relacionamento sexual, íntimo como é, nao pode ser o comeco de um namoro ou de um noivado, mas exige a total e mutua doacáo do homem e da mulher comprometidos entre si por um vínculo estável. Compete ao Governo laico ao menos nao favorecer qualquer prática que viole a lei natural. Eis a resposta que nos ocorre frente á acusacáo de ter a Igreja dito alguma inverdade.

NOVIDADE: D1REITO CANÓNICO POR CORRESPONDENCIA A Escola "Mater Ecclesiae" acaba de publicar seu 21Q Curso por

Correspondencia, versando este sobre Direito Canónico {Livros II, III, IV e V do Código). O texto é da autoría do conhecido canonista Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre (RS) (apresentacáo do Pe. Esteváo Bettencourt O.S.B.). Sao 39 Módulos que tratam do Povo de Deus, da Missáo da Igreja de ensinar e santificar, como também dos bens materiais da Igreja.

É oportuno que o fiel católico conhega a estrutura jurídica da Igreja, pois ele vive numa sociedade bem organizada, cuja face humana depen de da fidelidade de seus membros á ordem jurídicamente constituida.

Amigo(a), nao perca a ocasiao. Poderá fazer seu pedido á Escola "Mater Ecclesiae" Caixa Postal 1362, 20001-970 Rio (RJ) ou pelo telefax 0 XX 21 2242-4552.

29

Na pauta da Bioética:

DUAS QUESTÓES CANDENTES

Em súrtese: Váo abordadas, a seguir, a questáo de dizera vertíade ao paciente e a da manipulagáo política da Psiquiatría. A primeira se resolve positivamente: o paciente tem o direito de ser informado a respeito do seu estado de saúde principalmente no fim da vida terrestre, quando Ihe é necessárío prepararse mais atentamente para o encontró com o Além. Quanto á manipulagáo política da Psiquiatría, era praticada pelos regimes totalitarios, que tratavam como doentes mentáis os que divergíam da ideología reinante. *

*

*

Duas candentes questóes de Bioética váo, a seguir, consideradas na base de quanto afirma Elio Sgreccia em seu "Manual de Bioética", vol. I, pp. 624-626 e vol. II, pp. 84-87.

1. Dizer a verdade ao paciente?

Ao lado dos que á pergunta ácima respondem positivamente, há os que optam pela recusa, alegando os efeitos nocivos que, para o enfer mo, acarretaria a comunicacao da verdade; chegam mesmo a querer

despertar nele urna falsa expectativa de cura para urna molestia muito adiantada e (humanamente talando) incurável.

O melhor alvitre é, sem dúvida, o primeiro, embora mais penoso e

delicado. Vejamos como o fundamentar.

1. Antes do mais, é preciso evitar a mentira e a falsidade; nao sao premissas sobre as quais possa haver digno relacionamento de médico a paciente ou de familiares a familiar. O ser humano foi feito para a ver dade; por isto há de sentir espontáneo repudio pela falsidade ou o fingimento ou "fazer de conta que...". Daí a necessidade de nao querer con solar o paciente terminal com a proposta de viagem turística, altos estu-

dos, crescente éxito na carreira... Isto equivaleria a tratar um adulto como enanca, impedindo-o de exercer suas faculdades mais nobres frente á questáo mais importante de todas, que é a do sentido da vida (de onde

venho? Para onde vou?).

A situacáo se torna particularmente penosa quando o paciente des cobre que foi engañado e tratado como crianca. Perde a confianca na-

queles que o cercam e sente-se envolvido na solidáo. 30

DUAS QUESTÓES CANDENTES

31

2. Também nao é recomendável o silencio sistemático, que nao diz nem mentira nem a verdade. Alias tal silencio nao se sustenta por muito tempo. O paciente acaba por descobrir ao menos alguns dados referen tes ao seu estado de saúde.

3. Rejeitadas as duas atitudes anteriores, é preciso tender a dizer a verdade ao paciente. Este tem direito a tal, pois a vida é como um livro, do qual cada dia é urna página bem ou mal escrita, com erras de pontuacáo, acentuacáo, grafía; é preciso que, chegando ao fim do livro, o autor o possa rever para corrigir o que ficou faino, inacabado, mal entendido o que só é possível se o paciente está consciente de que deve redigir a conclusao de seu livro. Ele o deve fazer de maneira tranquila e adulta, devidamente informado da situacáo em que se encontra, procurando perdoar e pedir perdáo, agradecendo, recomendando...

4. As informacóes devidas seráo transmitidas ao paciente segundo duas modalidades:

- gradativamente ou de acordó com as disposicoes do enfermo, de

modo que este nao se surpreenda com urna noticia aparentemente es-

magadora. Quando mais nao se possa fazer, ao menos dé-se ao pacien te ocasiáo de leras bulas dos remedios que toma. Assim irá compreendendo o seu estado de saúde;

- a comunicacáo nao seja feita ao paciente em termos frios e técni

cos apenas, mas procure-se usar linguagem de solidariedade fraterna e estima, disposta a ajudar o(a) irmáo(á)...

5. Para que alguém receba com ánimo tranquilo a noticia de seu

desenlace próximo, requer-se urna preparacáo remota. Nao é na última hora que alguém vai dispor-se a enfrentar a morte. A perspectiva desta deve estar presente ao cristáo todos os dias de sua caminhada terrestre,

como também aos nao cristáos, pois, como se diz, "a morte é a única certeza que a enanca tem quando nasce".

É nos dias de saúde plena e lucidez de mente que a pessoa sabia deve considerar a sua consumacáo; nao aguarde a chegada dos primeiros avisos da morte para refletir sobre ela, pois entáo poderá estar esclerosado, cegó, cansado e assim incapacitado de meditar sobre o assunto.

Aprofundando estas consideracóes, importa acrescentar mais dois itens:

6. A morte é correlativa ao tipo de vida. Muito temerario seria fazer

da misericordia divina um pretexto, mais ou menos consciente, para ne

gligencia e tibieza na vida espiritual. É sabio crer que cada um morre 31

32

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

como viveu. Quase cada ato do homem, no decorrer desta vida, deixa urna marca ou um vestigio em sua personalidade; e a morte nao faz se-

náo manifestar definitivamente esse tipo de personalidade do individuo. Por conseguinte, os últimos instantes nao sao algo de essencialmente novo na vida do homem; mas, preparados pelas fases anteriores desta peregrinacáo, vém a ser o seu desabrochamento normal e a sua última expressao. Na morte a pessoa recapitula toda a sua vida e a entrega ao

Pai Celeste; ora, a menos de urna intervencáo extraordinaria de Deus,

nao pode recolher senáo o que tenha semeado dia-a-dia na térra. Os atos cotidianos, aparentemente transitorios, pela morte se tornam imperecíveis, depondo para sempre em abono ou desabono do seu autor. Surge entáo a pergunta:

7. Como nos preparamos para a morte? - Respondemos que a melhor preparacáo para a morte é a vida de cada día, vivida quando estamos lúcidos ou precisamente quanto a morte ainda parece distante. E nos días bons que nos preparamos para os días fináis e para a morte,

e nao apenas quando as faculdades mentáis e físicas comecam a desfa-

lecer (pois entáo é mais difícil pensar, ler, orar...). A acáo de sedativos e analgésicos dificulta o raciocinio e obnubila a mente. A tendencia a afastar o pensamento da morte é paradoxal, pois, como dito, "a morte é a única certeza que temos desde a infancia".

Cada qual viva como desejaria morrer, prestando atencáo as coi sas que realmente terao algum valor naquele momento e distinguindo-as bem de bagatelas e ninharias, que nada significaráo no momento final, mas que muito empolgam e apaixonam no decorrer desta caminhada.

Procure o cristáo julgar tudo como Deus julga, ou seja.a partir da eternidade; coloque-se assim na rota e na luz do definitivo, e a morte nao será um susto nem urna desinstalacáo. Assuma o cristáo as provacóes desta vida como aprendizado para o instante terminal. Trabalhe por deixar este mundo um pouco melhor do que o encontrou, pois este aspecto entrará

na prestacáo de contas que cada qual fará a Deus. Ame os irmáos com sinceridade e benevolencia. E principalmente ore, pois o contato com Deus cultivado na oracao é a mais viva antecipacáo do grande encontró final.

É tradicional pedir a Deus que nos preserve da morte subitánea e

imprevista. É para desejar que estejamos táo maduros na fé que vamos

conscientemente ao encontró da morte. Como dizíamos, a nossa vida de cada dia é como um livro, do qual escrevemos diariamente urna página; no fim da redacáo, é oportuno que tenhamos um espaco de tempo e lucidez de espirito para rever esse livro, corrigir o que nele esteja errado ou inadequado, e ainda melhorar o que precise de ser melhorado; assim 32

DUAS QUESTÓES CANDENTES

33

o cristáo poderá entregar aos pósteros o livro de sua vida emendado e rematado - o que será, sem dúvida, um grande presente.

Possa ainda cada qual morrer reconfortado pelos últimos sacra

mentos, exclamando as palavras fináis da Escritura Sagrada: "Vem, Senhor Jesús!" (Ap 22, 20).

A boa morte é fruto de graca especial ou do dom da perseveranca

final Nao é algo que se possa merecer, mas algo que o Senhor concede,

atendendo as oracóes dos seus fiéis. Merecer o dom da perseveranca

final seria o mesmo que merecer a graca - o que é contraditório (a graca é sempre gratuita). A oracáo, porém, humilde e confiante obtém o grande dom- por isto, pedir a graca de urna boa morte é coisa freqüentemente recomendada pelos Santos e teólogos. Alias, ao invocarmos diariamente a Virgem Santíssima na "Ave Maria", pedimos-lhe que rogue por nos "agora e na hora da nossa morte".

2. A Psiquiatria manipulada pela Política

Na antiga URSS e nos países satélites (e ainda em nossos dias talvez em países totalitarios) a Psiquiatria era (é) aplicada á "cura" ou a punicáo de dissidentes políticos ou de adversarios do Governo; estes eram assim "regenerados" ou faziam pretensas confissoes de delitos e denunciavam seus cúmplices. Os procedimentos entáo aplicados se tornaram conhecidos ao grande público pelo depoimento daqueles que escaparam de tais "terapias" e das respectivas prisóes. Eis o que se pode apurar: O tratamento "científico" comecava por um diagnóstico médico, que declarava ser o réu um doente mental; como esquizofrénico nao por sof rer dissociacóes psíquicas, mas por se dissociar da ideología do Gover no Em conseqüéncia era internado num manicomio sob estrita vigilan cia O Código de Processo Penal da antiga URSS dizia em seu artigo

403- "As medidas coercitivas de caráter médico sao aplicadas pela Corte em relacáo as pessoas que cometeram acóes socialmente perigosas".

As técnicas aplicadas visavam todas a enfraquecer a personalidade do sujeito para que concordasse com tudo quanto Ihe fosse sugerido pelos examinadores; procuravam extinguir sua capacidade crítica mental

de tal modo que ele chegasse a dizer que a filosofía do Governo era a

única plausível orientacáo para o país,... orientacáo que ele havia com batido, merecendo severa censura.

Os tratamentos eram, em parte, farmacológicos: ministravam-se

remedios neurolépticos, que provocavam continua perda de memoria, degradacáo intelectual, emotiva e moral. Além disto, aplicavam-se pan cadas privacáo de alimentos e sobretudo de sonó (o individuo que nao dorme o suficiente, perde a resistencia aos estímulos do ambiente). Os 33

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

"enfermeiros" recorriam também á privado de luz ou ao quarto escuro e silencioso como igualmente praticavam a imersáo dentro da agua. Para receber o laudo de "cura completa", o paciente tinha que confessar tudo o que Ihe fosse sugerido e denunciar os supostos cúmplices dos seus crimes. Era posto em liberdade como amigo do Partido e réu de delitos contra a patria.

Eis o que se chama "lavagem cerebral", tema que será mais am-

plamente explanado no próximo artigo.

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21. Por que nao sou Mórmon?

ZZZ" R$ 200

22. Resposta a Leonardo Boff

ZZZZZZZ RS 2 00

23. Superstifóes

24.María,aMulherbenditaecontrovertida

25.AInquisicáo 26. As Cruzadas em debate

27. Idade Media: trevas?

Re 3'00

"ZZZZZZZZZ

ZZZZZZZ

28. A "Papisa" Joana

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Manipulacáo da Psiquiatría:

LAVAGEM CEREBRAL: PROCEDIMENTOS

Em síntese: O artigo expóe as tres etapas de auténtico processo

de lavagem cerebral: violencia, brandura, produtos farmacéuticos. Visam a "regenerar" os dissidentes políticos, mudando por completo a sua personalidade. *

*

*

O jornalista e historiador russo Anatole Krasnov-Levitine foi exilado em 1974 e fixou residencia na Suíca, conservando-se a par dos acontecimentos ocorrentes em sua térra natal. Concedeu uma entrevista sobre os episodios de perseguicáo religiosa mais recentes na Rússia ao perió dico mensal Religia i Ateizm V SSSR (Kónigstein/Taunus, FRA). O texto desta entrevista foi publicado em traducao francesa pelo boletim ortodo xo SOP (Service Orthodoxe de Presse et d'lnformation) nQ 14, Janeiro 1981, pp. 10-14. É de tal fonte que o extraímos. 1. Que é a lavagem de cránio?

A expressáo "lavagem de cránio" (ou "lavagem de cerebro" ou "lim-

peza da mente") entrou no vocabulario moderno no fim da última guerra

mundial; parece ser a traducáo do termo chinés Hsi-Nao. Designa a aplicacáo de uma serie de recursos da medicina e da psicología que visam a influir no comportamento de uma pessoa a ponto de mudar (ou, como dizem, "limpar, lavar") por completo o modo de falar e agir de tal pessoa.

Em co'nseqüéncia de uma dessas lavagens de cránio, quem, por exemplo sempre foi infenso ao sistema marxista, faz declaracóes entusiastas ern" favor do comunismo, denuncia os colegas "capitalistas burgueses",

"reconhece" ter cometido delitos contra o regime vigente e a patria; numa palavra: desdiz totalmente os seus hábitos e suas afirmacoes de outrora... - Por isto, há quem proponha para tal técnica o nome, certamente mais fiel, de "menticídio".

Tal fenómeno nos interessa na medida em que constituí uma manifestacáo requintada de ciencia e técnica, associadas á hipocrisia sádica, a fim de servir ao odio, á mentira e á deturpacáo da personalidade. Toda a grandeza da criatura parece assim empenhada em contrariar ao Cria dor e as leís do Criador - o que é satánico!

2. Os fundamentos científicos

A inteligencia e a vontade, faculdades características da alma hu mana, necessitam, para agir, do concurso do corpo e, em particular, do 35

36

TERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

cerebro. O cerebro vem a ser quase a "central telefónica" onde as im-

pressoes captadas pelos sentidos externos e pelo sistema nervoso em

geral sao colecionadas e ulteriormente transmitidas á inteligencia, a fim de que esta distinga o essencial do acidental, formule definicoes, avalie

as proporcoes entre meios e fins, etc.

Daí a grande importancia que tem a saúde ou o funcionamento normal do cerebro para as manifestacoes da inteligencia e da vontade do respectivo sujeito. Ora, conscientes disto, médicos e psicólogos moder nos tém concebido métodos esmerados que conseguem influir no siste

ma nervoso e, por conseguinte, no cerebro de um paciente de modo tal

que este produza manifestacóes da inteligencia e da vontade bem diver sas das que ele antes produzia. Tais métodos consistem ora em parau sar, por inteiro ou em parte, urna determinada funcáo do sistema nervoso

ou do cerebro, ora em canalizar essa funcáo a fim de que ela reaja sem-

pre do mesmo modo.

A lavagem de cránio utiliza muito particularmente as descobertas do fisiologista russo, pai da medicina cortico-visceral, Ivan Petrovitch Pavlov, sobre os chamados "reflexos adquiridos" ou "condicionados": por cerca do ano de 1929, Pavlov averiguou, sim, que certos estímulos ou agentes extrínsecos podem provocar ou condicionar reflexos (isto é, reacoes inconscientes) táo arraigados em determinado sujeito que este passa a reagir de tal modo (mesmo fora de propósito e em circunstancias ridiculas) todas as vezes que seja atingido por tal ou tal estímulo...

Urna das experiencias mais significativas realizadas por Pavlov

versava sobre um cao e urna campainha. - Sempre que se levava o ali mento a um cao, Pavlov mandava tocar urna campainha; depois de as-

sim haver feito numerosíssimas vezes, o cientista mandou tocar a cam painha, mas nada dar de comer ao animal por essa ocasiáo. Observou entáo estranho fenómeno: o cao acostumado a comer logo após ouvir a campainha, conservou o hábito de salivar copiosamente a boca ao som da campainha, mesmo quando já nao Ihe serviam comida. O animal ficou assim "condicionado" a responder ao som da campainha como se este som tivesse o odor e o sabor de alimento. Pavlov verificou ainda que outros estímulos, repetidamente aplicados ao mesmo animal, provocavam reacóes ou, como se diz, reflexos ainda mais complicados.

Ora, de experiencia em experiencia, os cientistas descobriram que também o homem é capaz de adquirir reflexos condicionados inconsci

entes; o que quer dizer: é capaz de contrair certos hábitos e tomar atitudes marcantes (por palavras ou gestos) mediante a influencia de fatores mecánicos devidamente concebidos pelos psicólogos e médicos.

No homem a capacidade de adquirir reflexos condicionados pode ser utilizada para remediar a situacoes doentias e compórtamenos mo36

LAVAGEM CEREBRAL: PROCEDIMENTOS

37

raímente viciados da personalidade humana. Ela pode, porém, ser explo

rada para o mal, ou seja, para esmagar e destruir a personalidade. É isto justamente o que faziam os "limpadores de cránio" nos países totalitarios. A técnica longa e complexa da lavagem de cránio conserva até agora índole um tanto misteriosa; as declaracoes das respectivas vítimas

parecem, a certos peritos, tendenciosas, nao merecedoras de pleno cré dito.

Como quer que seja, pode-se reconstituir o curso geral de um processo de limpeza de cránio nos termos que váo abaixo delineados.

3. Como se desenvolve a técnica A lavagem de cránio pode processar-se em tres etapas, de crescente penetracáo e eficiencia. a) Primeira etapa: a violencia A primeira etapa costuma recorrer á violencia, a fim de ¡nduzir o "réu" a confessar suas culpas ou a professar a ideología que ele jamáis quis aceitar.

A vítima é encerrada num cubículo de prisáo. Dáo-lhe vestes ca

racterísticas, que as vezes apresentam urna particularidade aparente mente secundaria: nao tém botóes; basta isto para provocar urna situacáo estranha; o "réu" terá que ficar continuamente sentado ou, todas as vezes que se quiser levantar, deverá fazer o papel ridículo de segurar as caigas com as máos. Apenas dois orificios perfuram esse cubículo de cimento: urna boca

para entrada do ar, e urna viseira na porta, através da qual dois olhos, de dez em dez minutos, controlam qualquer atitude do prisioneiro. A iluminacáo é fornecida por urna lámpada elétrica que "pisca" em ritmo regular, produzindo luz ora vermelha, ora amarela. Se o encarcerado pergunta ao vigía por que a iluminacáo é táo anómala, após a centésima interrogacáo respondem-lhe que a instalacáo elétrica está com defeito; é, porém, um defeito apto a tornar louco o paciente! Alias, tudo que vai acontecendo nesse cubículo, é apto a gerar a loucura. O prisioneiro nao pode ver a luz natural, mas também nao tem

relógio, de modo que nunca sabe ao certo que horas sao; assim as nocoes básicas de "día" e "noite" para ele se váo esvanecendo. Quando saiu de casa, a esposa e os filhos estavam para voltar das ferias, ela esperando mais um nene; "que susto nao terá ela experimentado?", per gunta constantemente o prisioneiro de si para si. Nao sabe por que nem por quanto tempo se acha na situacáo presente. Todo contato com o mundo externo Ihe é peremptoriamente vedado; esse isolamento absolu37

38

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

to tende a desarraigar o prisioneiro e a subtrair-lhe os pontos cardeais

segundo os quais a sua personalidade se orientava antigamente. Dentro do cubículo, durante meses a fio verificam-se fenómenos intrigantes, de índole aparentemente inofensiva e casual, mas na reali dade todos premeditados e desencadeados de modo a desconsertar cada vez mais o paciente. Por exemplo, freqüentemente Ihe dirigem a pergun-

ta: "És realmente N. N...?" Fazem-lhe ouvir discos que imitam a sua voz,

em tom de sussurro, de modo que é levado a confundir vozes reais e a

voz do íntimo da sua consciéncia em soliloquio. Um dia, a refeicáo princi pal consta de um osso apenas, como se nada mais houvera na cozinha; há ocasioes em que os olhos do carcereiro ficam a espreitá-lo incessantemente durante urna hora, a tal ponto que o encarcerado comeca a duvidar da realidade da sua própria visáo. O piscar sistemático da lámpada, o fato de ter que segurar as caigas ñas máos sempre que se levante, ainda contribuem para dar á vítima a impressáo de que está vivendo num

mundo novo, mundo em que tudo é absurdo. Nem sequer Ihe permitem dormir um pouco a fim de esquecer a triste realidade em que se acha! Desta maneira o sistema nervoso da vítima se vai esgotando; cedo ou

tarde poderá parecer-lhe que o preto se tornou branco, e que o branco "virou" preto.

Finalmente, nesse estado de extrema debilidade e vacilacáo men tal o prisioneiro recebe certo dia a visita de um homem... Vira para con versar? - O estranho, munido de capacete de acó, comeca a interro

gar...; mas que coisas absurdas nao pergunta ele!? Mostra-se, além dis to, brutal; esbofeteia, aplica o choque elétrico mediante pincas fixas ás partes mais sensíveis do corpo, e durante quarenta e oito horas continu as intima periódicamente: "Confessa! Confessa! Confessa!".

Após tres visitas deste tipo, o complexo do medo está implantado na maioria dos homens corajosos; a vítima perde todo senso de crítica e de resistencia, assemelhando-se a um animal medroso! Alguns pacientes, de temperamento fraco, após tais tratamentos, se tornam totalmente maleáveis ñas máos de seus carrascos. Confes-

sam tudo que se Ihes sugira, mesmo as coisas que eles reconhecem como falsas.

b) Segunda etapa: a brandura Admitamos que o "réu" ainda queira contradizer aos seus acusado

res, mesmo após tais maus tratos. Comeca entao um segundo grau de

"lavagem" ou de "extorsáo". - Outro visitante o vai procurar no cárcere:... alguém que, desta vez, o parece deixar á vontade e confiante; é um ope rario, no caso de ser o prisioneiro um operario, ou entáo um militar, um 38

LAVAGEM CEREBRAL: PROCEDIMENTOS

39

intelectual, urna mulher, um jovem ou um anciáo, de acordó com a identidade do "réu". Usa de voz branda, atitudes calmas, a fim de explorar a situagáo psicológica do paciente: este, vendo-se no extremo abandono, mil vezes hostilizado, tende a se deixar cativar espiritualmente pela primeira pessoa que se Ihe mostré benigna. Consciente disto, o "benévolo" visitante poe-se a aconselhar: "Nao tens esperanca de escapar, caso nao

confesses. Confessa, e recuperarás teu regime de vida normal, com tua esposa e teus filhos". Essas palavras, de teor aparentemente táo amigo, nao podem deixar de impressionar e mesmo desconsertar a quem só espera maus tratos. A vítima entáo, já muito debilitada física e moralmente, desarmada como enanca, fácilmente se entrega confiante, ou mesmo

sentimentalmente, ao conselheiro... E confessa tudo, chegando a inven tar a narrativa de faltas que Ihe sejam sugeridas pelos acusadores.

O conselheiro aproveita-se da situacáo para fazer um exame junta mente com a vítima:

"Nunca disseste tal ou tal coisa?"

- "É possível... creio que sim... Ah, agora lembro-me: disse-o!" - "Serias capaz de o confessar em público?"

- "É melhor. A verdade tem que ser dita".

- "Levarao em conta a tua declaracáo espontánea". - "Sim; hei de confessá-lo'.

Assim se processa a autocrítica, muito explorada por ocasiáo dos "expurgos stalinianos" empreendidos pelo Governo soviético após a morte

de Stalin. Muitas vezes a autocrítica se efetua numa atmosfera de "delirio místico", em que a vítima é estimulada a se penitenciar e sacrificar em prol dos "interesses da coletividade", chegando mesmo a aceitar como graca ditosa a pena capital!

c) Terceira etapa: os meios farmacéuticos

Dado que o segundo grau de "lavagem cerebral", assim descrito, nao produza todos os efeitos desejados, os técnicos conhecem mais um recurso, que constituí o terceiro grau, de todo irresistível. Utilizam desta vez táticas nao propriamente psicológicas, mas fisiológicas e violentas;

aplicam, sim, ao paciente injecóes de insulina e series de choques elétricos. A insulina queima a glicose do organismo, glicose indispensavei para que o cerebro possa controlar as suas percep$6es; assim o cerebro fica exposto a receber, sem defesa nem capacidade de discernimento, todas

as palavras e imagens sugestivas que se incutam á vítima. Os choques

elétricos, por sua vez, acabam de destruir qualquer vestigio de resistén39

40

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

cia. Desta maneira destrói-se a antiga personalidade moral do individuo e outra, nova, Ihe pode ser impingida, feita segundo a medida dos

"lavadores de cránio". Como dizem, essa nova personalidade moral é extremamente tenaz; a vítima doravante é um autómato sem ¡dentidade,

"teleguiado" até a morte.

Como se compreende, os resultados obtidos pelos recursos da "la-

vagem" dependem, em parte, do temperamento do paciente: pessoa co lérica reage aos choques mais rápidamente do que pessoa sanguínea; quem tem o senso prático da realidade, resiste melhor do que um sonha-

dor ¡solado do mundo em que vive. Conscientes dessas particularidades, os limpadores de cránio tendem a produzir em torno do povo urna atmos fera de entusiasmo ou delirio coletivo; em vista disto, costumam promo ver vultosas concentracóes de massas, em que longos discursos, espetáculos e demonstracóes de esporte ou de forca brutal, holofotes e gritos apoteóticos marcam profundamente a mentalidade dos participantes. Quem respira dentro de tal atmosfera, difícilmente se subtrai á sua influencia nefasta. A resistencia á acáo dos limpadores de cránio tem que ser empreendída já a longa distancia. O conhecimento dos artificios que eles empregam, certamente ajuda o individuo a desmascará-los e a imunizar-se psicológicamente contra eles. Além disto, para que aiguém Ihes possa resistir, torna-se necessário que viva da maneira mais coerente possível com a sua consciéncia, isento de conflitos internos, de paixoes obcecantes, procurando dominar em tudo os impulsos e as reacoes da sua sensibilidade. Está claro que tal nivel de vida só poderá ser adequadamente atingido com o auxilio da graca de Deus, ou seja, mediante um procedimento cristáo que, removendo toda languidez e rotina de ánimo, utilize em grau máximo os dons que Deus dá a cada um de seus filhos

para que se torne "sal da térra e luz do mundo" (cf. Mt 5, 13s).

COMEpO DO ANO: NOVAS ATIVIDADES PARA CRESCER Caro(a) leitor(a), o comeco do ano abre novas perspectivas e incute o desejo de crescer... Se vocé quer ser mais seguro(a) e esclarecido(a) no tocante ao sentido da sua vida, da sua fé, da sua luta de cada día, procure fazer um dos Cursos da Escola "Mater Ecclesiae", que percorrem os tratados da Filosofía (Sabedoria Racional) até os dos últimos acon-

tecimentos da trajetória humana, passando pelo estudo de Deus, Jesús Cristo, a Igreja, os Sacramentos... Refletindo com perseveranca sobre tais assuntos, vocé experimentará a alegría de quem sabe ser amado(a) pelo Amor Absoluto.

Pedidos de informacóes sejam dirigidos á Escola "Mater Ecclesiae" C P. 1362, 20001 -970 Rio (RJ) ou telefax 0 XX 21 2242-4552. 40

Sobre a...

ORAQÁO: TRES QUESTÓES Em síntese: Sao considerados dois casos de demora no atendimento a oragáo ou de aparente nao atendimento. Além do que é comen tada a religiosidade do homem que, posto em crise financeira, procura

socorro espiritual em qualquer fonte religiosa. É de lembrar, frente a esses problemas, que a oragáo feita em uniáo com Cristo nunca é perdida; Deus, porém, sabe methor do que nos o que nos convém. *

*

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Eis o primeiro caso:

1. No ar obstáculos á oragáo?

"Inicialmente, a cirurgia revelou-se um sucesso; todavía, sobrevieram síntomas de rejeigao e volteta ser internado com o objetivo de rever ter o quadro, a fim de que o transplante produza o efeito desejado. De familia católica, recebi urna mensagem de urna senhora de um grupo católico ai no Rio, dizendo que quando o grupo se reúne em oragóes a meu favor, percebem um obstáculo impedindo que as oragóes cheguem até mim e esta seria a causa da rejeigao até aqui manifestada. Por se tratar de grupo de católicos fervorosos, sem pieguismo e sem sofismas, lembrei-me de consultar PR". Que dizer? Proporemos quatro observares:

1) a oracáo nao é um fluxo ou urna corrente de energía cujo curso

possa ser embargado por algum obstáculo no ar. É, antes, urna palavra ou um afeto dirigido a Deus por filhos e filhas que se voltam para o Pai. A oracáo pode ser algo de muito íntimo, mas algo que Deus - e Deus so reconhece, pois Ele sonda os coracóes. Por conseguinte nao se deve imaginar a oracao subindo ao céu através dos espacos celestes.

2) Paralelamente se deve dizer: as gracas que Deus concede ao orante nao vém como um fluxo ou urna caudal que desee pelos espacos e está'sujeita a embargos e obstáculos na via. Deus age diretamente na alma e no corpo de quem O invoca, sem emitir raios ou ondas. Por con seguinte evite-se qualquer tipo de antropomorfismo.

3) O Pai do céu pode demorar para atender ás nossas oracoes. S. Agostinho o explica: "Bate (á porta), Ele quer dar. Mas, o que Ele quer 41.

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

dar, E o protela, para que o protelamento avive os teus desejos. A dádiva teña menos valor aos teus olhos, se Ele a concedesse ¡mediatamente". Assim o orante é exortado a pedir. Se Deus nao atende logo, Ele o faz para que dilatemos o nosso desejo e mais estimemos o dom de Deus.

Se Deus nao nos dá aquilo que nos Ihe sugerimos, dá-nos algo

que mais convenha á nossa salvacáo, pois nao sabemos o que devemos pedir (cf. Rm 8,26). Afinal, a oracáo nao é um meio de "dobrar a vontade de Deus", adaptando-a á nossa (a vontade de Deus é mais santa do que a do homem), mas é um meio de nos fazer colaborar com o plano de Deus; sugerimos-1 he o que nos parece mais conveniente; Ele responde, concedendo-nos isso mesmo ou algo de melhor. Como exemplos bíbli cos de oracáo perseverante, citam-se o cegó de Jericó, que gritava tanto

mais quanto mais Ihe queriam impor silencio (cf. Me 10,46-52), a mulher cananéia que cansava os discípulos com seus rogos a Jesús {cf. Mt 15, 21 -28), o paralítico que, junto á piscina, esperava urna ajuda caridosa (cf

Jo 5, 1-8)...

4) Positivamente qual o papel da oracáo, que o Senhor Jesús tanto

recomendou? Cf. Le 11, 9-13. Ei-lo: desde toda a eternidade, Deus decretou dar as suas criaturas os bens de que precisam; as criaturas irraci-

onais recebem-nos inconscientemente; o homem, porém, dotado de in teligencia e vontade, deve recebé-los conscientemente. Para tanto, o orante sugere a Deus os bens que Ihe parecem oportunos para que atin

ja a sua finalidade suprema; sugere mesmo o pao de cada dia, a saúde

o emprego..., tudo que seja honesto e pareca condizer com a auténtica

meta do homem; assim este colabora com o plano da Providencia Divina, que quer dar ao homem..., mas quer dar mediante a oracáo. Pela oracáo nao é o homem que rebaixa Deus ao nivel das suas finitas cogitacoes,

mas é Deus quem eleva o homem ao plano da sua sabia Providencia.' Assim entendida, nenhuma oracáo é inútil; desde que realizada em uniáo com Cristo, que dizia: "Pai, se possível, passe este cálice; mas faca-se a tua vontade, e nao a minha" (Me 14, 26), a oracáo encontra sempre resposta; se o Pai nao nos dá aquilo que, na nossa simplicidade, Lhe suge rimos, dá-nos algo de equivalente ou melhor.

A Cristo que pediu a isencáo da Paixáo dolorosa, o Pai do céu atendeu, conforme Hb 5, 7... Atendeu, nao por té-lo dispensado de morrer na Cruz, mas por Ihe ter dado mais do que um tipo de morte naturaldeu-Lhe, sim, a Vitoria sobre a morte e o senhorio sobre o Hades (cf. Ap 1, 18).

2. "Os meus pecados impedem que seja atendido?" Escreve um amigo: 42

QRAgÁO: TRES QUESTÓES

43

Ten/io pedido a Deus urna grande graga; mas até hoje, após muitos anos de oragáo, nada conseguí. Verdade é que sou pecador. Sera que meus pecados impedem o atendimento?" Que dizer?

Pecadores sao todos os homens. Nao obstante, Jesús nos incita a rezar assegurando-nos que seremos atendidos. Na verdade, como dito, nenhuma oracáo é perdida ou inútil, desde que feita em uniao com a de

Cristo que dizia: "Se é possível, passe este cálice... Faca-se, porem, a

tua vontade, ó Pai, e nao a minha" (ver Me 14, 36 e Le 11, 9s). O Pai sabe melhor do que nos o que nos convém, de modo que, se Ele nao da o que

Lhe sugerimos, dá algo de melhor ou mais conveniente. - Esta temática

já foi explanada na resposta anterior.

Importa mutto nao considerar Deus como um policial que "aguarda

o pecador na esquina" para puni-lo, deixando de atender as suas oracoes.

Estas verdades váo abaixo expressas em estilo vivencial: NAO RECEBI NADA DO QUE PEDÍ (oragáo de um atleta americano que, aos 24 anos,

ficou paralítico e encontrou Deus no sofrimento)

Pedi a Deus para ser forte,

a fim de executar projetos grandiosos. E Ele me fez fraco,

para conservar-me humilde.

Pedi a Deus que me desse saúde, para realizar grandes empreendimentos. E Ele me deu a doenca para compreendé-Lo melhor. Pedi a Deus a riqueza,

para tudo possuir, e Ele me deixou pobre, para nao ser egoísta.

Pedi a Deus poder, para que os homens precisassem de mim

E Ele me deu humildade, para que eu precisasse deles.

Pedi a Deus tudo, para gozar a vida. E Ele me deu a vida, para gozar de tudo. 43

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 499/2004

Senhor, nao recebi nada do que pedí, Mas me deste tudo do que eu precisava. E, quase contra a minha vontade, as preces que nao fiz foram ouvidas.

Louvado sejas, ó meu Deus! Entre todos os homens

NINGUÉM TEM MAIS DO QUE EU! 3. A religiosidade do povo brasileiro

No JORNAL DO BRASIL de 28 de setembro 2003 lé-se o seguinte: UlMA BÉNCÁO PARA SALVAR A INDUSTRIA Santinhos e loterías lucram com a retracáo da economía

Este ano nao será dos piores, pelo menos para um seleto grupo de

empresas. Sao fabricantes de velas e motocicletas, casas lotéricas e editoras de livros de auto-ajuda financeira que, ao contrario dos demais setores da economía que amargam meses consecutivos de perdas estao faturando com a crise.

Em tempos dificéis, as oragóes dos fiéis sao a salvagáo dos comer ciantes de artigos religiosos e esotéricos. Que o diga a rede Mundo Ver

de. No ano passado, 17% do faturamento da rede (R$ 23 miihóes) foram obtidos com a venda de velas, tergos, santinhos, incensos e escapularios A previsao para este ano é de um crescimento de 25%. Um verdadeiro milagre, tendo em vista que as vendas do comercio caíram 5 4% no pri-

meiro semestre do ano em comparagáo com o mesmo periodo de 2002.

Segundo Jorge Eduardo Antunes, diretor-executivo do Mundo Ver de, em épocas de crise aspessoas ficam mais propensas a comprar oro-

dutos que "tragam bem-estar".

....

~A venda de Prod^os esotéricos cresce sensivelmente em tempos

dificeis porque eles proporcionam boas vibragóes, aumentando a auto estima - afirmou Antunes.

-Éafé que move nossos negocios - resumiu Jair Caldas Netto

propnetario da fábrica de velas Allanjo.

Segundo Netto, no período que antecede os días santos as ven

das aumentam até 30%.

- Nesses últimos tres meses Vivemos um crescimento significativo Aspessoas estáo tendo que apelar para todos os santos para nao contraír dividas - acrescentou.

44

ORAQÁO: TRES QUESTÓES

45

Com a renda em queda e o desemprego em alta, os santos mais requisitados sao Santo Expedito, das causas urgentes, Santa Edwiges, dos endividados, e Sao Judas Tadeu, das causas impossíveis. Da mesma forma que as crengas místicas e religiosas vém deter minando o crescimento das vendas dos artigos esotéricos, a tradicional fezinha multiplica o número de adeptos. A Caixa Económica Federal esti ma que, este ano, a arrecadagáo das Lotéricas será de R$ 3,5 bilhóes, 16,6% a mais do que em 2002. Que dizer?

O texto revela a religiosidade do povo brasileiro; sabe que existe um Senhor Deus capaz de ajudá-lo na tribulacáo.

Todavía esse sentimento religioso é pouco ou nada esclarecido pela razáo. Fica sendo emotivo e cegó. Procura nos símbolos religiosos um fator profilático que imunize contra a desgraca e seja canal de paz. O bem-estar subjetivo é o criterio para avaliar as expressóes religiosas. Estas se tornam terapia para o homem mais do que um culto a Deus. Na verdade, a fé nao dispensa as credenciais que a razáo Ihe pos-

sa oferecer; a fé cega pode tornar-se crendice e supersticáo. É preciso que o fiel saiba por que eré ou quais as razóes que recomendam crer em Jesús Cristo, na Igreja, na Escritura Sagrada...

Rezar 15 dias com Margarida Maria, por Gérard Dufour. Tradugáo de Odila Aparecida de Queiroz. - Ed. Loyola, Sao Paulo 2003, 130 x 210 mm, 124 pp.

O livro nao é diretamente um manual de oragóes, mas urna biogra fía , em quinze capítulos, de Santa Margarida Maria (1647-1690), Religi osa Visitandina, a quem Jesús apareceu expondo-lhe o seu Coragáo, símbolo do Amor Divino, numa época em que a heresia jansenista afastava de Deus os homens, incutindo-lhes pavor de se aproximar do Senhor. O autor do livro aproveita o ensejo para explicar o significado teológico da devogáo do S. Coragáo: Jesús pediu consagragáo dos fiéis ao seu

amor e desagravo pelas numerosas faltas cometidas contra este. Sao

palavras de Jesús á Santa: "Eis o Coragáo que tanto amou os homens, que nada poupou até se esgotar e se consumir para Ihes testemunhar o seu amor e em reconhecimento nao recebe da maioria deles senáo in-

gratidáo por suas irreverencias e seus sacrilegios, pela frieza e pelo desprezo que tém por mim neste sacramento de amor" (p. 55). O livro merece serlido, pois, além de informar sobre seu tema prin cipal, esclarece a faixa etária da Igreja assim focalizada. 45

Pensamento positivo:

"CIENCIA DIVINA

A CONQUISTA DA CURA E DO MILAGRE"1 por José Humberto Cardoso Resende

O Dr. José Humberto Cardoso Resende é um médico que se tem dedicado ao estudo do Santo Sudario. Acaba de publicar um livro dife rente dos seus anteriores escritos, pois trata do pensamento positivo e

dos poderes que o autor Ihe atribuí.

Examinemo-lo sumariamente.

1. Já o título do livro sugere comentarios: "Ciencia Divina. A Con

quista da Cura e do Milagre".

A expressáo "Ciencia Divina" volta freqüentemente no decorrer da obra. Na verdade, nao é senáo o chamado "pensamento positivo", como explica o autor á p. 13:

"Ciencia divina é a ciencia pura e limpa do pensamento positivo e construtivo utilizada pornossa mente,... criando urna sintonía direta entre

Deus e o homem, dando resultados fantásticos que denominamos mila-

gres".

"A conquista do milagre...". - Segundo este linguajar, milagre nao seria urna graca de Deus ou um dom totalmente gratuito, mas seria um produto do pensamento positivo ou do resultado de boa aplicacáo da mente:

"Definimos milagre como sendo o resultado conquistado através da Ciencia Divina, com interagáo ou nao de outra mente (viva ou espiri to), que nao é explicado pela ciencia humana da época, ocasionando

resultado positivo, ¡mediato".

Para o autor, quem pensa com mente limpa em determinado bem e 0 deseja, consegue obté-lo, tal seria o poder da Ciencia Divina.

"Seremos os edificadores dos bens de Deus, do 'querer', 'estar

convicto, decidido e esperangoso'. Basta urna dúvida para o desejo vir

abaixo; porisso o milagre é táo raro" (p. 133).

Ora tal concepcáo nao é crista; assemelha-se á nocáo de "poder da oracáo" proposta por Joseph Murphy (ver PR 498/2003, pp. 57s). O 1 Edigáo do autor, Rio de Janeiro, 2001, 140 x 210 mm, 190 pp. 46

"CIENCIA DIVINAA CONQUISTA DA CURA E DO MILAGRE"

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cristio pede com humildade as grasas de que necessita, sem possuir receita para "forcar a Deus". A mente humana nao emite ¡rradiacóes capazes de conseguir o que nao se consegue pelos recursos da ciencia e da tecnología.

Mais: a expressáo "outra mente (viva ou espirito)" é inadequada, pois o espirito também é vivo. O autor tem em vista os justos que vivem na térra e os que passaram para a outra vida.

2. Podem-se apontar aínda outras imprecísóes ou falhas de línguagem da parte do Dr. José Humberto, que tenciona ser católico, mas cede ao ecletícismo {panteísta ou espirita). Assim:

"Hoje, após exemplos e experiencias, diña: 'Afeé a confianga ple

na e inabal'ável no acontecer, no acreditar, e é a forga plena da leí que nao falha, perfeigáo, a confianga plena em Deus'" (p. 83).

"Tudo o que vocé cria na mente, pode acontecer" (p. 92). "É chegada a hora de despertarmos o nosso consciente e infundirmos no nosso subconsciente a necessidade de ligagáo coma Forga Divi na única e capaz de realizar transformagóes positivas e promover a cura

e o milagre". - Pergunta-se: Que Forga Divina é essa? Porque avivar o subconsciente?

"Anos atrás o fígado foi considerado o órgáo do sentimento... Para o futuro será o cerebro o centro do sentimento ou o inicio do sentimento da ligagáo que explica a Ciencia Divina. Sao Tomás chamou 'centelha Divina, virtudes'" (p. 136).

- Nao se vé muíta lógica nestes dízeres. Ademáis que significa a "Centelha Divina" de que falaria S. Tomás?

Chama ainda a atencao a grafia "intersecáo", que ocorre freqüentemente no livro em lugar da escrita correta "intercessáo". Em suma, o livro do Dr. José Humberto tem páginas interessantes

e válidas sobre higiene mental e otimismo, mas em seu conjunto é ambi

guo, pois adota concepcóes heterogéneas que nao se conciliam com a

fé crista.

SANTO SUDARIO MEDIEVAL? No programa televisivo de Jó Soares, certo profesional, en

trevistado, afirmou ser o Sudario de Turim urna peca medieval. - Ora

o teste do Carbono 14, que levou a tal conclusáo, já foi amplamente reconhecido como falso, havendo indicios de que o Sudario data do século I. Ver PR 418/1997, pp. 104ss e 425/1997, pp. 440s. 47

Que instituigáo?

IGREJA, A MAIS CONFIÁVEL

mail:

Aos 21 de novembro 2003 a Redacáo de PR recebeu o seguinte e-

"INSTITUIQÁO MAIS CONFIÁVEL NO BRASIL Igreja é instituigjo brasileira de maior credibilidade, diz pes

quisa divulgada pela OAB.

74% dos entrevistados dizem confiar na Igreja, em segundo lugar

aparece a Imprensa.

Brasilia, 13 de novembro de 2003. - Segundo pesquisa realizada pelo Instituto "Toledo e Associados", a instituicáo brasileira mais confiável é a Igreja, com 74% de aceitacáo.

A pesquisa foi divulgada essa segunda-feira pelo Conselho Fede ral da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). A pesquisa buscava enfocar

a opiniáo pública sobre a Advocacia e o Judiciário.

Foram entrevistadas 1.700 pessoas das classes sócio-económi-

cas A, B, C e D, de 16 capitais brasileiras.

Segundo a pesquisa, a instituicao brasileira de maior credibilidade é a Igreja (74%), seguida da Imprensa (60%). Logo após vém a Presiden cia da República (58%), a Advocacia (55%), o Poder Judiciário (39%), o Ministerio Público (37%) e o Congresso Nacional (34%). Como a pesquisa enfocava a Advocacia e o Judiciário, as razoes negativas a respeito do Poder Judiciário advém do fato de "haver muitos juízes envolvidos em escándalos, lavagem de dinheiro, corrupcáo, tráfi co de drogas", isso na citacao de 35% dos entrevistados. Segundo a pesquisa, 47% acreditam (plenamente 7% e em parte 40%) na Justica brasileira, enquanto 41% desacreditam (em parte 24% e plenamente 17%).

Os principáis problemas brasileiros citados pelos entrevistados saoDesemprego (86%), Saúde (79%), Violencia/Armas (67%), Educacáo/

Escolas (57%), Casa própria/Moradia (41%)".

(Continua na p. 21) 48

"Em

igualdade

de

circunstancias, dé-se a

Canto Gregoriano

primaziti

ao

gregoriano,

canto

canto

como

próprio

Liturgia

o

da

romana.

De

modo nennuxn se devem excluir de

outros

géneros

música

sacra,

principalmente

polifonía,

desde

correspondam espirito

Mosteiro de Sao Bento Río Je Janeiro

a

da

que ao acao

litúrgica e favorecam a

participacao de todos os

fiéis."

(InstrucSo Geral

do Missal Romano,41)

"Canto Gregoriano ", primeiro CD executado pelo coro dos monges

do Mosteiro de Sao Bento do Rio de Janeiro, sot a direcao deDom Plácido Lopes de Oliveira,OSB.

Com um variado repertorio de 26 pegas, varias délas tradicionais,

alo-urnas inéditas na discograíia gregoriana, como o Anuncio do Natal, o Suscipe, me Domine (cantado no ritual da proíissao dos monges) e a Seqiiéncia da íesta de Sao Dentó.

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Esta obra, sem similar no

Brasil, contém, em traducáo portuguesa os documentos do

Magisterio da Igreja referentes á Fé Católica.

Traducáo do prof. Paulo Rodrigues, cotejada com os origináis em latim e grego e

atualizada com 19 documentos chegando-se até á Declaracao "Dominus Iesus"(2000).

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11

A EÉ CATÓUCA Documental do Mogtofrio da fenjq |

TtadufOo de Rotto Rodrigues

CHataomtíaUa de AbJuaU Rodrigues

"AFéCatótica-Documenfos do Magisterio da Ignja. Das origens aos nossos diai\t de autoría do Pe.Justo Collantes, SJ, professor de Eclesiologia na Faculdade de Teologia de Granada, Espanha. Foi publicada onginalmcnte pela prestigiosa B.A.C. -Biblioteca de Autores Cristianos. O autor antes de falecer, cm 2000, enviou uma Apresentacao especial para a edicáo brasilcira. O teólogo Candido Pozo, SJ., explica que "trata-sé de um Denzinger", mas com os documentos em ordem sistemática e nao só cronológica e com introducoes históricas para cada documento.

O livro trata dos seguintes temas: Fé e raz5o, As fontes da rcvelacáo, Deus criador, Cristo Salvador, Maria na obra da salvacáo, Deus revelado por Cristo, A Igreja, A graca, Os sacramentos, As realidades escatológicas, Símbolos da fe católica. Sobrecapa com texto de Dom Estevao Bcttencourt, O.S.B. e Prefacio do Pe. lngo Dollinger, ex-reitor do Institutum Sapientiac, de Anápolis, da Ordem dos Cóncgos da Santa Cruz.

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