Revista Pergunte e Responderemos - Ano XLIV - No. 497 - Novembro de 2003

April 10, 2017 | Author: Apostolado Veritatis Splendor | Category: N/A
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P rojeto PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de

Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (7/7 memoriam)

APRESENTAQÁO DA EDIQÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar

preparados para dar a razáo da nossa esperanza a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos conta

da nossa esperanca e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que

somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á

fé católica. Somos assim incitados a procurar

consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo.

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Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores:

aborda

questóes

da

atualidade

controvertidas, elucidando-as do ponto de vista crístáo a fim de que as dúvidas se

dissipem e a vivencia católica se fortaleca no

Brasil e no mundo. Queira Deus abencoar

este trabalho

assim

como a equipe de

Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos

convenio

com

d.

Esteváo

Bettencourt

e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual

conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.

e

A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada

em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral

assim demonstrados.

ANOXLIV NOVEMBRO 2003 497 "Senhor, já é tempo de nos vermos" (St3 Teresa de

Ávila) "O Holocausto, Pió XII e os aliados" (J. Blessmann) Protestantes convertem-se ao Catolicismo

Casamentos meramente civis para católicos? Igreja e Satanismo

Sexo seguro? Casáis homossexuais e adocáo oe enancas

"Masturbacáo: de pecado a remedio" (VEJA) O Messianismo de correntes religiosas norte americanas Pastor protestante protesta

Versando sobre vida e morte dos pequeninos

PERGUNTE E RESPONDEREMOS

NOVEMBRO2003

Publicacáo Mensal

N°497

SUMARIO

Oiretor Responsável Estéváo Bettencourt OSB Autor e Redator de toda a materia publicada neste periódico

Teresa de Ávila)

Diretor-Administrador: D. Hildebrando P. Martins OSB

A grande descoberta:

Administra9áo

"»°

e

"Senhor, já é tempo de nos vermos" (St°

Protestantes convertem-se ao Catolicis-

Distribuicáo:

Rúa Dom Gerardo, 40 - 5° andar - sala 501 Tel.: (0XX21) 2291-7122 - Ramal 327 Fax (0XX21) 2263-5679

para

487

Fala a historia:

Edicoes "Lumen Christi"

Endereco

481

Documentacáo e clareza: "O Holocausto, Pío XII e os aliados" por Joaquim Blessmann 482

Correspondencia:

Ed. "Lumen Christi"

Casamentos meramente civis para católicos?

493

Será possível? Igreja e Satanismo

4g7

Candente: Sexo seguro?

502

Debate:

Caixa Postal 2666

CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ

Casáis homossexuais e adocio de criancas

506

Novidade:

Visite O MOSTEIRO DE SAO BENTO

"Masturbacáo: de pecado a remedio"

e "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

(revista VEJA)

na INTERNET: http://www.osb.org.br e-mail: [email protected]

Extremismo:

CNPJ: 33.439.092/0003-21 IMPREStAO

509

O Messianismo de correntes religiosas norte-americanas

514

AlURDemmira: Pastor protestante protesta

521

Tres documentos: Versando sobre vida e morte dos pequen ¡nos

524

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA

ClAnCA MARQUtS SAIAIVA

NO PRÓXIMO NÚMERO: Eles se converteram ao Catolicismo. - Judeus por Jesús. - A acáo caritativa de Joáo Paulo II em 2002. - O Balanco Económico da Santa Sé em 2002. - Unióes Homossexu ais: sim ou nao? - Horóscopo comprovadamente falso. - "Como rezar pela cura entre geracoes" (A. Gambarini). - Meninas acolitas da S. Missa. - "O Papa de Hitler" - "O poder da oragáo" (J. Murphy).

PARA RENOVACÁOOUNOVAASSINATURA (12 NÚMEROS)

NÚMERO AVULSO

R$ 45,00.

r$ 4)50.

Verpág. 527

O pagamento poderá ser á sua escolha: 1. Enviar, em Carta, cheque nominal ao MOSTEIRO DE SAO BENTO/RJ.

2. Depósito em qualquer agenda do BANCO DO BRASIL, agencia 0435-9 na C/C 31.304-1 do Mosteiro de S. Bento/RJ ou BANCO BRADESCO, agencia 2579-8 na C/C 4453-9 das Edicoes Lumen Christi, enviando em seguida por carta ou fax comprovante do deposito,

para nosso controle.

3. Em qualquer agencia dos Correios, VALE POSTAL, enderegado ás EDICÓES "LUMEN CHRISTI" Caixa Postal 2666 / 20001-970 Rio de Janeiro-RJ Obs.: v

Correspondencia

para: Edicoes "Lumen Christi"

Caixa Postal 2666 20001-970 Rio de Janeiro - RJ

"SENHOR, JÁ É TEMPO DE NOS VERMOS!"

(Santa Teresa de Ávila)

O mes de novembro está sob o signo dos seus dois primeiros dias: a 19/11 o calendario cristáo celebra todos os Santos e aos 2/11 comemora todos os fiéis defuntos, suscitando um atento olhar para o Além. Na verdade, a morte desperta o repudio espontáneo de toda criatura

humana. Nao obstante, houve, e há, quem a deseje intensamente. Por qué? Porque tinham e tém consciéncia de que ela nao é urna ruptura, mas sim a consumacáo ou a etapa final de urna longa caminhada; é o portal da eternidade. O primeiro a professar esta verdade foi o Apostólo Sao Paulo em sua carta aos Fil ¡penses:

"Para mim, o viver é Cristo, e o morreré lucro... O meu desejo é partir e estar com Cristo" (1,21.23). Na tradicao crista encontram-se semelhantes dizeres, motivados nao pela covardia ou pela fuga dos desafios deste mundo, mas pelo anseio de chegar á plenitude de urna realidade já possuída germinalmente e tendente a desabrochar-se por completo; ver p. 500 deste fascículo. Urna das vozes mais

eloqüentes neste sentido foi a de Santa Teresa de Ávila, que exclamava: "Se-

nhor, já é tempo de nos vermos!". A Santa desejava passar da fé á visáo facea-face, da penumbra á plena claridade. Por isto podia ela dizer: "A vida é urna só noite em má pousada". A imagem lembra um caminhoneiro que, em seu

longo percurso pelas estradas, tem de passar urna noite em albergue rodoviário; a pousada há de Ihe parecer muito incómoda, freqüentada também por mosquitos, baratas e ratazanas... levando-o a desejar que chegue quanto an tes o fim da noite e a luz do dia. Nao há dúvida, a vida neste mundo tem seus bons momentos, que sao ocasióes de nos reabastecermos física e psíquica mente para percorrer o restante da caminhada; mas esses bons momentos nao sao pontos de chegada; sao trampolins que provocam o mergulho mais fundo de quem deseja progredir. Consciente destas verdades, o cristáo procura ver a transparencia de tudo o que é sensível. Com efeito; é normal vivermos solicitados por muitos compromissos, todos eles com dia e hora marcados, de modo que, quando alguém acaba de desempenhar-se de urna tarefa, já outra o solicita e assim por diante... Esses deveres da vida de cada dia criam urna cortina ou até urna

muralha, que impede de ver o Além. Este parece pálido e vago a quem está envolvido ñas tarefas do aquém; parece muito mais importante o "aqui e agora"

com suas exigencias do que o futuro ou a eternidade. Ora é preciso que o cristáo aprenda a perfurar a cortina que Ihe fecha o horizonte, para viver o aquém á luz do Além. Na verdade, a escala de valores é construida a partir do

Definitivo e nao do passageiro. O cristáo há de viver considerando o temporario

com um olhar de eternidade; cf. 2Cor 4,18.

Possam estas reflexóes contribuir para firmar os passos do peregrino do Absoluto que é cada um de nos! E.B. 481

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" Ano XLIV - N2 497 - Novembro de 2003

Documenta9áo e clareza:

'O HOLOCAUSTO, PIÓ XII E OS ALIADOS" por Joaquim Blessmann

Em síntese: O Prof. J. Blessmann apresenta um livro que é mais do que urna apología (muito documentada) de Pió XII; descreve outrossim, condigóes de vida nos campos de concentragáo e a perplexidade dos países aliados, que nao viam como intervir na Alemanha de Hitler para por termo ás atrocidades ai cometidas. Muito importante é a obser-

vagáo do autor assim concebida: só dezoito anos após o término da se gunda guerra mundial, ou seja, em 1963, comegam os ataque a Pió XII; por que nao tardíamente se de fato o Papa foi réu durante a guerra? A resposta (também muito documentada) afirma que a agressáo nao visa a Pió XII propriamente, mas sim á Igreja Católica por ser esta a voz da consciéncia que admoesta os homens tendentes a graves desvíos mo ráis em nossos días; querem denegrir a Igreja denegrindo a figura do Papa Pío XII. *

*

*

O Prof. Joaquim Blessmann é Mestre e Doutor em Ciencias pelo ITA e dedicado estudioso de temas ligados á Religiáo. Publicou urna obra sobre o Santo Sudario (cf. PR 485/2002, pp. 442-444) e em 2003 oferece aos leitores precioso estudo sobre O Holocausto, Pió XII e os Aliados1, obra da qual passamos a apresentar traeos salientes. 1. Pió XII e os judeus

Já se tem dito e repetido - e Blessmann o faz a seu turno - que Pió XII nao podia clamar em voz alta contra as atrocidades dos campos de concentracáo, porque isto provocaría represalias ainda mais cruéis da parte dos nazistas. Todavía o Papa agiu enérgicamente em defesa dos 1 EDIPUCRS, Porto Alegre 2003, 130 x 210 mm, 237 pp. 482

"O HOLOCAUSTO, PIÓ XII E OS ALIADOS"

judeus, salvando a vida de milhares deles. As páginas 63 a 72do livro apresentam eloqüentes testemunhos de israelitas e nao israelitas que afirmam quanto o Pontífice se empenhou pela defesa dos judeus. Sejam citados apenas alguns dos muitos depoimentos recolhidos por Blessmann: O Primeiro Ministro de Israel, Moshe Sharett disse a Pió XII que seu "primeiro dever era agradecer a ele eá Igreja Católica por tudo que eles fizeram para socorrer judeus".

Isaac Herzog, Rabino Chefe de Jerusalém, assim se manifestou:

"O povo de Israel jamáis esquecerá o que Sua Santidade e seus ilustres representantes, inspirados pelos eternos principios da religiáo que formam os genuínos fundamentos da verdadeira civilizacáo, fizeram por nossos desafortunados irmáos e irmás na mais trágica hora de nossa historia, o que é urna prova viva da Providencia Divina no mundo". Leonard Bernstein, ao saber da morte de Pió XII enquanto dirigía

sua orquestra no Carnegie Hall de Nova York, pediu um minuto de silen cio como tributo para o Papa que tinha salvado a vida de tantas pessoas, sem distincáo de raga, nacionalidade ou religiáo.

Do Dr. Joseph Nathan, representante da Comissáo Hebraica, no fim da guerra, sao as seguintes palavras: "Antes de tudo, nos agradece mos ao Supremo Pontífice e aos religiosos e religiosas que, executando as indicagóes do Santo Padre, reconheceram os perseguidos como seus irmáos e, com grande abnegagáo, apressaram-se a ajudá-los, desprezando os terríveis perigos a que se expunham". Em 5 de abril de 1946 a Comunidade Judaica Italiana enviou a

seguinte mensagem a Pió XII: "Os delegados do Congresso da Comunidade Judaica Italiana, reu nidos em Roma pela primeira vez após a Libertagáo, sentem que é um

imperativo prestar homenagem a Sua Santidade e expressar a mais pro funda gratidáo que anima todos os judeus por sua fraternal humanidade para com eles durante os anos de perseguigáo, quando suas vidas estavam ameagadas pelo barbarísmo nazifascista. Multas vezes sacerdotes foram aprisionados e enviados a campos de concentragáo, e ofereceram suas vidas para ajudar os judeus de todos os modos. Esta demonstragao

de bondade e caridade que aínda anima o justo, serviu para diminuir a humilhagáo, tortura e tristeza que afligiram milhóes de seres humanos". Cf. Blessmann, pp 68s.

2. Por que atacar Pió XII?

Como se vé, os testemunhos de pessoas que viveram o drama da segunda guerra mundial (1939-45) e do ¡mediato pós-guerra foram alta483

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

mente favoráveis a Pío XII. Pergunta-se entáo: por que o atacaram e atacam táo ferrenhamente? E por que essa agressáo só comecou em 1963, dezoito anos após o término da guerra, valendo-se de falsas acu sares? Se estas eram ou sao verídicas, por que nao foram levantadas logo que possível após a guerra?

Escreve Blessmann: "A resposta que temos encontrado é, em parte, surpreendente; ao menos o foipara nos. Mas, refletindo cuidadosamente e recordando tudo que lemos e escrevemos sobre esse tema, acabamos dando razáo a esses autores e estamos a seguir expondo, sintéticamente, suas ponderagóes e conclusóes. Robert P. George (Rychlak, 2000, p. 309-312): Os anticatólicos fa náticos e os católicos anti-Papa tém um grande interesse em manter o

mito de que Eugenio Pacelli foi o 'Papa de Hitler'. O mito é de grande utilidade em seus continuos esforgospara minara credibilidade da Igreja Católica e a autoridade exercida pelo Papa e os bispos em comunháo com ele, bem como para enfraquecer a influencia moral e cultural da Igre ja Católica. Por qué? Porque a Igreja Católica - e, dentro da Igreja, a instituigáo do Papado - é a mais poderosa forga a favor da moralidade tradicional nos conflitos culturáis com o comunismo, utilitarismo, individu alismo radical e outras ideologías secularistas. George chama a atengáo para o fato da difamagáo de Pió XII nao ter comegado na comunidade judaica, nem é ai que estáo os que mais agressivamente a fomentam.

Sao principalmente católicos descontentes, cuja principal disputa é com o principio da teología católica da autoridade Papal em materia de fé e de moral (o grifo é nosso).

Ronald J. Rychlak (2000, p. 306): Rychlak cita alguns desses prin cipios, que sao contestados pelos assim erróneamente chamados católi

cos 'progresistas': celibato dos sacerdotes, náo-ordenagáo de mulheres, contracepgao apenas por métodos naturais, aborto, etc. Ralph Mclnemy (2001, p. 182): Transcreveremos um de seus co mentarios:

O fato é que tais livros de ataque nao sao realmente contra o Papa

Pió XII. Ele é meramente um alvo de ocasiáo. O alvo real é a Igreja Cató lica e sua doutrina moral imutável (o grifo é nosso). Isto está bem claro nos livros escritos pelos auto-intitulados católicos. Seus livros expressam urna furia contida porque a Igreja nao segué suas falsas interpretagóes do Concilio Vaticano II. Sua animosidade contra Paulo VI e Joño Paulo II é em cada ponto táo grande como a que sentem contra Pío XII. Estes dignos prelados seguem por um caminho nao trilhado pelos católi484

"O HOLOCAUSTO, PIÓ XII E OS ALIADOS"

eos dissidentes. Hordas de católicos pós-conciliares convencem uns aos outros que eles podem inventar seu próprio catolicismo e rejeitar o Ma gisterio da Igreja. Comegou com a revolta da teología moral, espalhou-se pelos seminarios e terminou nos pulpitos [...]. A urna geragáo foi dito que eles nao precisam aceitar ensinamentos oficiáis da Igreja, solenemente reiterados pelo Santo Padre. Michael Bobrow (Marchione, 2000, p. 136). Em carta a Margherita Marchione, de 26/12/1998, Bobrow, judeu americano e correspondente da Térra Santa no final dos anos 60, disse que: Os crescentes ataques caluniosos a Pió XII tanto porjudeus e gen tíos (incluindo alguns 'católicos' renegados) realmente nao tém nada a ver com a historia do Holocausto, mas tém tudo a ver com a recente guerra cultural: um decidido esforgopara desacreditara Igreja, devido ao

seu papel de lideranga nos problemas de aborto e eutanasia, bem como sua oposigáo á pornografía e sua defesa dos valores tradicionais da familia [...]. Os ataques a Pió XII comegaram com a pega O Vigárío, no inicio dos anos 60, quando os valores da familia e da moral judaico-cristá declinaram. Margherita Marchione (2000, p. 138) também se posiciona na mesma linha:

Como se explica o malicioso ataque ao Pontífice varios anos após sua morte, em 1958? Foi o anti-catolicismo ressuscitado pelas mudangas culturáis que aconteceram nos anos 60? Aparentemente a Igreja foi vista como um instrumento de repressáo contra a liberdade dos individuos". (cf. Blessmann, pp. 87-89).

Tal explicacáo dos ataques a Pió XII é plausível. A Igreja Católica

tem sido a consciéncia que desperta os homens para os valores éticos ameacados por correntes da sociedade moderna; é urna voz que muitos desejariam sufocar, como desejam eliminar a Santa Sé da assembléia das Nacóes Unidas, pois ela vota sempre contra o menosprezo da vida e da familia. Ser consciéncia em tais condigóes é incómodo, mas vem a

ser um servico prestado á humanidade vítima da violencia (até mesmo em familia), da guerra e das drogas. O católico, ao assumir sua profissao de fé, assume também os riscos (nobres e nobilitantes) que ela acarreta. 3. Conclusáo

Como dito, o livro de Blessmann, além de ser urna apología de Pió XII fallamente documentada, é também um rico manancial de informacoes sobre temas co-relatos. Assim oferece minucioso noticiario sobre os campos de concentracáo do nazismo e suas técnicas de exterminio, mostrando os requintes da perversidade das equipes hitleristas que ai 485

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

trabalhavam. Refere também os planos de Hitler relativos á Igreja Católi ca, o Führer pensou em capturar Pió XII e deportá-lo, a fim de que sua voz nao pudesse ser ouvida pelos adversarios do nazismo. Blessmann também se estende longamente sobre a atitude dos aliados frente aos avancos de Hitler; de modo geral nem os próprios alemáes nem os estrangeiros em outros países sabiam precisamente o que acontecía na

Alemanha; os procedimentos da perseguicáo e do exterminio eram en-

cobertos por rigoroso sigilo, aplicado com grande éxito; os que conseguiam escapar de um campo de concentracáo e contavam o que lá aconte cía, eram tidos como "exagerados e nao fidedignos". Somente quando, no fim da guerra, os aliados entraram nos campos, tomaram consciéncia das atrocidades lá cometidas. Em suma, o livro de Blessmann merece ser lido por todos os que se interessam por aquilo que a historia apresenta de cruel e... de belo. (Continuacáo da p. 526):

vivo dentro de mim. Passei, tenho certeza, muito amor e carinho para o Pedro. Eu e o meu marido, a partir daí, passamos a nos preparar para o

seu nascimento, que foi na hora em que ele deveria vir. Foi triste por um lado, mas maravilhoso por outro. O meu filho nao foi jogado fora numa lata de lixo como um objeto que saiu da fábrica com defeito. Foi registra

do e enterrado como um cidadáo, que foi de fato. Pedro Couto dos San tos Monteiro viveu 4 dias rodeado por mim e pelo meu marido; eu o vi

fazerxixi, evacuar, chorar, "balbuciar" e morreu segurando em urna das máos o meu dedo e na outra mao o dedo do pai. Dei para meu filho o melhor que eu tinha para ¡he dar, o direito de

nascer e de se sentir muito amado, mesmo nao sendo o filho físicamente períeito que todo pai e toda mae esperam ter".

REFLEXÁO Os tres documentos convergem em afirmar que 1) desde a fecundacáo existe vida de um novo ser humano.

2) A vida humana, mesmo a de um deficiente físico ou mental, há de ser respeitada como algo de sagrado.

3) É inconcebível produzir um ser humano para matá-lo a fim de servir a outro ser humano. 4) Estas teses nao dependem de fé religiosa, mas pertencem ao ámbito mesmo da razáo humana. Trata-se de um confronto entre cultura da vida e cultura da morte.

Estéváo Bettencourt O.S.B. 486

A Grande Descoberta:

PROTESTANTES CONVERTEM-SE AO

CATOLICISMO

Em síntese: Dois relatos de conversáo ao Catolicismo evidenciam a luta entre a graga de Deus e os obstáculos que dificultam o caminho para a Verdade Plena. *

*

*

Em PR 495/2003, p. 417, fo¡ apresentado o Nvro de Jaime Francis co de Moura intitulado "Porque estes ex-protestantes se tornaram católi cos!"1: é urna coletánea de testemunhos de irmáos e irmás que do pro testantismo passaram para o Catolicismo; póem em relevo as lutas que tais pessoas tiveram de assumir para chegar finalmente á Igreja fundada por Cristo e entregue a Pedro. - Visto o grande significado desses rela

tos transcreveremos, a seguir, dois dos mais interessantes.

1. Da Assembléia de Deus... HENRIQUE BORCK NETO2 Meu nome é Henrique Borck Neto, nasci em Curitiba em 23/02/

1985, tenho 17 anos e moro em Sao Paulo - SP. Sou de familia evangélica, da Assembléia de Deus, familia fervoro sa dentro do protestantismo. Meu pai é pastor, também da Assembléia de Deus. Isso me deu urna base muito grande dentro do mundo evangélico. Confesso que até os 14 anos eu nem me interessava por nada, mas, depois disso, comecei a estudar a Biblia a fundo para mostrar aos

outros que a verdade é urna só, querendo assim formar apenas urna Igreja baseada na única verdade. Foi ai que tive consciéncia de que existem bilhóes de interpreta-

cóes do mesmo trecho bíblico... Eu conversava com batistas, presbiterianos, luteranos e algumas igrejas pentecostais (estas eram as

mais enérgicas) para tentar formar a MINHA interpretacáo bíblica sem relativismos sobre certos assuntos, mas sim algo concreto e tentar tam

bém esclarecer um diálogo entre todas as outras igrejas (urna bela uto pia). Cheguei á conclusao de que a ¡nterpretacáo bíblica que formei dife1 Ed. Com Deus, Av. Sao José, 921, Sao José dos Campos (SP), 140x210 mm, 256 pp., telefax 12 321-6944. Pp. 52-54.

487

8

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

ría de todas as demais, isso era algo inconsistente, pois, como diz a pró-

pria Biblia, a Verdade é urna só.

Comecei também a perder aquele sentimento que todo pentecostal tém de querer ser apostólo, profeta, enviado de Deus, etc. depois de ler alguns artigos batistas que me deram plena consciéncia de que nao so

mos apostólos e sim Igreja, e que temos que nos portar como Igreja, nao "dando ordens"a outros, mas sim recebendo-os.

Ai a lógica comecou a funcionar um pouco: Se a Verdade é urna só e se a Igreja é "coluna e sustentáculo da verdade" conforme 1Tm 3,15, entáo isso necessariamente implica que a Igreja deve pregar urna só Verdade, que nos leva á salvacáo, chamada por Cristo de "caminho estreito e arduo". Veio-me urna dúvida entáo: Quem pode dizer entre as Igrejas evan

gélica o que é e o que nao é certo ou errado? Sempre que aparecía urna nova doutrina (algo comum entre protestantes, algo do tipo: se isso sem

pre ficar na rotina, vao comecar a nao ter nada que fazer e váo comecar a estudar e conhecer nossa doutrina) havia condenacoes a tais práticas de um lado, e um incentivo a elas de outro. Quem teria autoridade final para nos dizer se tal prática agradava ou nao a Deus?

Perguntei a varios pastores como se resolvía isto, recebí a resposta de que a Biblia nao nos dava respaldo suficiente para dizer, ou seja,

em algumas passagens ela autorizava tal coisa e em outras nao. Come cei a estudar e a ler muito por algo muito obvio: nao existem duas verda des, sendo elas contraditórias. Comecei pelos textos patrísticos. Formei urna visao táo pura e táo de acordó com a Biblia que na minha igreja me olhavam como se eu fosse alguém diferente deles, todos vinham tirar dúvidas comigo ao invés de o fazerem com o pastor, afirmando que eu tinha um "dom especial".

Mas mesmo assim, eu nao me sentía bem. Conforme eu estudava, ia percebendo mais e mais contradicoes na minha igreja (isso nao faz urna pessoa se sentir bem). Comecei entáo a nao apenas ler os textos

patrísticos (os quais eu considerava bons somente até o séc. V), mas a estudá-los. Estudei também a historia da Igreja. Foi quando percebi que a Igreja primitiva (os protestantes chamam assim a Igreja do primeiro século) é a Igreja Católica. Quando descobri isto, entrei em choque: tentei tirar isto da minha cabeca de qualquer jeito: compre! livros que falam contra a Igreja Católica, sobre a inquisicáo, livros que exaltavam Lutero... Mas nao adiantou nada disso, seria como

abandonar a Verdade sufocando de minha mente esta pesquisa que fiz. 488

PROTESTANTES CONVERTEM-SE AO CATOLICISMO

9

Até que voltei a estudar MESMO, muito mesmo (afinal, nao devemos ter medo da Verdade, certo?); retomei meus estudos e comecei a parar de ter medo de talar em público (meio protestante) sobre a Igreja Católica. Foi quando veio a mudanca total: Era só eu talar algo para de fender a Santa Igreja e Sua doutrina, que de "iluminado", em menos de urna semana, eu passei para "herege". Eu achei incrível isto! Como eu posso estar totalmente "iluminado" e depois passar a "herege"? Foi ai que eu comecei a me sentir mal nesta igreja e comecei a ler artigos apologéticos católicos do site Agnus Dei. Ganhei muito mais maturidade com isso.

Hoje sou católico, gracas a Deus, e conheco muito bem a doutrina católica. De vez em quando vou á minha antiga igreja (cresci lá e criei lacos com as pessoas) e estou conseguindo, bem aos poucos, esclare cer algumas pessoas sobre a doutrina católica. Gracas a Deus, estou tirando a imagem maléfica que eu tinha da Igreja Católica da cabeca deles. Peco que voces orem comigo para que a graca divina continué

ajudando nossos "irmáos distantes"a voltarem para o seio da Igreja. Es pero que isso ocorra o quanto antes.

2. GRAHAM LEONARO, ex-Bispo anglicano de Londres1 O ex-bispo anglicano de Londres revela o motivo de sua conversáo ao Catolicismo: "Na Igreja Católica encontrase a verdade sem subjetivismos".

Nao é tato comum que o bispo anglicano de Londres se converta ao Catolicismo. Mas este é o caso de mons. Graham Leonard, que neste último fim de semana participou de um congresso realizado na capital

espanhola pela Associacáo de Conversos ao Catolicismo "A Caminho de Roma". Em entrevista concedida á última edicáo do semanario "Católi cos do Século XXI", revela os motivos que o levaram a dar este surpreendente passo:

P: Qual é a origem da sua conversáo?

- Minha conversáo ao Catolicismo vem de muito tempo, nao foi de repente. Há muitos anos, experimente'! urna grande preocupagáo ante os acontecimentos que ocorríam naquela que era a minha Igreja, a Igreja Anglicana. Sempre defendí que afééum dom de Deus e que ela nao é fruto das descobertas individuáis que cada um pode fazer. Como membro da Igreja Anglicana, me preocupava muito em que nela se dava cada

vez mais importancia as interpretagóes particulares e individuáis da fé. Interpretacóes que dependiam da situagáo, do ambiente, do que a Igreja tivera por bem decidir e opinar em certo momento. 1 Pp. 147-150. 489

10

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

P: Essa queda para o subjetivismo, para o relativismo, o senhor

percebeu apenas nos últimos anos ou chegou a se dar conta de que o problema estava enraizado desde o nascimento da Igreja Anglicana?

- Na realidade, sempre foi assim desde a Reforma do sáculo XVI. Nagüela época, guando nasceu a Igreja Anglicana, a fé foiexpressa como urna tentativa de resposta para a situagáo política criada por Henrigue VIII. O professor Powicke assim afirmou, com clareza: "O gue pode-se

dizer definitivamente da Reforma na Inglaterra é gue esta foi um ato de Estado". A Igreja na Inglaterra encontrava-se á mercé e submissa aos objetivos políticos da monarguia Tudor. Para ele, deixou de ser a Igreja Católica na Inglaterra, passando a ser a Igreja da Inglaterra. P: Isto ocorreu outras vezes?

- Na realidade, este processo de adaptagáo da fé as necessidades do momento vem se repetindo desde entáo. O conteúdo doutrinário da fé dependeu, durante muitos anos, da interpretagáo das fórmulas realizada pelos juristas. Nos últimos anos, tem dependido do Sínodo Geral. Segun do a Conferencia de Lambeth - urna especie de Sínodo de todas as igrejas anglicanas do mundo - cada Igreja em cada país está livre para deter minar como deve entender a sua fé. Quando me del conta disto tudo, compreendi também guejá nao poderla seguir exercendo meu ministerio sacerdotal nestas condigóes.

P: Foi determinante o fato da Igreja da Inglaterra aceitar o sacerdo cio feminino? - Isso foi detonante, pois representou o estabelecimento de urna nova comunhao, segundo a gual se reguer como necessárío crer em algo gue a Igreja jamáis reguereu como materia de fé. Foi um passo adentro desse processo de subjetivismo, segundo o gual cada um é livre para crer no gue guiser. Já ocorrera antes com a fé na ressurreigáo.

P: O senhor é casado, como é costume no clero anglicano. Como a sua esposa acolheu a decisáo de sua conversáo, de que pretendía re nunciar á urna vida confortável como bispo de Londres e passar para urna situacao incerta?

- Ainda antes de mim, ela gueria ser católica, mas nunca me disse

nada para nao pressionar-me, em razáo da minha responsabilidade den tro do Anglicanismo. Ela, assim como eu, está muito feliz desde gue opta mos pelo Catolicismo. P: E seus filhos? Como acolheram tais decisóes?

- Temos dois filhos e cinco netos. Aceitaram a nossa decisáo e a respeitaram; porém, permanecem como anglicanos. 490

PROTESTANTES CONVERTEM-SE AO CATOLICISMO

V[

P: Sentem-se acolhidos na Igreja Católica? - Muito bem, sem dúvida alguma.

P: E os sacerdotes anglicanos que, como o senhor, se converte-

ram ao Catolicismo? Estáo contentes? - Sim, sem dúvida. Nao conhego nenhum que nao esteja satisfeito. P: Em que trabalham após a conversáo?

- Fazemos o mesmo que qualquer outro sacerdote católico: ñas paróquias, como capeláes ñas Universidades, nos hospitais, como pro-

fessores. Por exemplo, um deles, que era sacerdote da diocese de Lon dres quando eu era bispo, é agora vigário geral da diocese católica de Westminster. Em meu caso concreto, a nomeagáo de prelado honorífico que recebi de Sua Santidade tem sido vista pelos ex-anglicanos como sinal de aprovagáo do Santo Padre as boas-vindas que já tinha recebido localmente. Em meu ministerio, concentro-me em realizar retiros espirituais com

os clérigos diocesanos, a convite do bispo de Birmingham, por exemplo. Há algumas semanais, terminei um retiro com os beneditinos da Inglaterra.

P: Alguns, inclusive na Igreja Católica, pedem para que o primado do Papa deixe de ser jurisdicional e passe a ser apenas um primado honorífico. Qual a sua opiniáo a respeito?

- O essencial da primazia petrina nao é a honra, mas a jurisdigao. E isso porque se trata de defender a verdade, os direitos da verdade. O primado do Papa é essencial para a Igreja porque é de instituigáo divina. É essencial também para alcangar a verdadeira unidade entre as Igrejas. P: Por qué?

- Porque a unidade, para que seja auténtica, somente pode estar

fundamentada na verdade. É responsabilidade do Papa assegurar esta unidade na verdade.

P: O senhor eré que devam ser feitas concessóes no diálogo ecuménico para se alcangar mais fácilmente a unidade? - Nao creio que se deva falar em concessóes. A verdade nao se descobre ñas negociagóes, mas na obediencia.

P: Como o senhor enxerga a crise por que passa a Igreja Católica? - Sobre a crise da igreja Católica, depende do ponto de vista, pois nela existem muitas coisas positivas, como os novos movimentos e a revitalizagáo que vém fazendo ñas paróquias. Básicamente, como crise oriunda dos poderes do mal, o que se tenta é difundir o subjetivismo como método para arruinar e destruir a autoridade divina. Eu confio totalmente 491

12

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

e sempre no poder amoroso de Deus e em seus objetivos para a humani-

dade. Confio em Deus totalmente e porque creio em Deus, creio na Igreja

que ele nos deu e por isso tenho esperanga. É esta Igreja que deve dar cumprimento aos planos de Deus para a salvacáo do homem.

Fonte: Agencia Zenit - Madrid, 06/11/2001. 3. Refletindo...

Quem lé os depoimentos atrás apresentados, pode avaliar quanto

o protestantismo está atetado pelo subjetivismo ou individualismo dos seus adeptos. Alias, desde as suas origens ele é marcado por casos pessoais subjetivos que sao projetados para toda a sociedade.

Com efeito, Martinho Lutero (t 1546) teve urna educacáo severa, que Ihe incutiu medo. Certa vez, quando voltava da Universidade, foi quase fulminado por um raio; tendo escapado da morte, prometeu a Santa Ana entrar no convento. Fez-se frade agostiniano e procurou observar a Re-

gra, mas via sempre a distancia entre o ideal e a realidade - o que muito o afligía e amedrontava. Finalmente ñas epístolas de Sao Paulo encontrou a solucáo: somos justificados pela fé sem obras boas - o que significava para Lutero: basta crer sem dar importancia decisiva ao que cada um faz ou nao faz. Sao Tiago, recomendando a necessidade de praticar boas obras, terá escrito urna epístola de palha, que o fogo queimaria sem demora. O problema e a solucáo de Lutero foram lancados ao mundo, que estava convulsionado: a Alemanha, pelo complexo anti-romano, e o

Papado pelo renascentismo. Formou-se assim o protestantismo, que é a imagem de Lutero em escala mundial.

Na Inglaterra também um problema pessoal dá origem a urna nova comunháo eclesial. Com efeito; o rei Henrique VIII pediu ao Papa um divorcio, que nao Ihe foi concedido. Em conseqüéncia o rei fez-se nomear chefe da Igreja na Inglaterra. O problema pessoal do monarca tornou-

se problema da sociedade inteira.

Com toda a lógica o subjetivismo das origens vai solapando toda a historia do protestantismo, esfacelando-o e depauperando-o cada vez

mais. O protestante que toma consciéncia disto, abandona sua comuni-

dade e vai procurar aquela a quem Cristo prometeu sua assisténcia infalível (cf. Mt 16, 16-19; Le 22, 21 s; Jo 21, 15-17; Mt 28, 18-20).

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Fala a historia:

CASAMENTO MERAMENTE CIVIL

PARA CATÓLICOS?

Em síntese: Um periódico de grande circulagáo entre casáis afir ma que até o século XI os cristaos só se casavam no cartórío ou no civil. Esta afirmagáo desfigura a historia e contém flagrante anacronismo, como se depreende da leitura das páginas subseqüentes.

A Carta Mensai das Equipes de Nossa Senhora, n9 376, outubro 2002 traz os seguintes dizeres: "Os primeiros cristaos casavam-se apenas no civil. Nao necessitavam ir ao templo para contrair nupcias. Submetiam-se apenas ao que

prescrevia a legislagáo vigente do Imperio Romano.

No século IV, o cristáo, para as nupcias, precisava da autorizagáo do bispo. Nao se discutía se devia usar este ou aquele rito litúrgico por que as nupcias continuavam sendo realizadas no cartórío. Passou-se todo um milenio depois de Cristo para os cristaos da-

rem inicio a um debate com o fito de saber, como dizemos até hoje, se o casamento religioso era necessário ou basta o civil" (p. 32). Este texto merece comentarios. 1. Casamento civil?

Quem lé os dizeres atrás citados, pode colher a impressáo de que nos primeiros séculos os cristaos iam ao cartório para se casar, como

hoje fazem muitos cidadáos interessados em casamento leigo, nao reli gioso. Ora tal nocao é anacrónica; transiere para o passado costumes e realidades atuais sem perceber que nao cabem em tal contexto antigo. Com efeito; até o século XVI tres momentos sempre foram considerados sagrados, porque referentes á vida, que é própria de Deus: o nascer, o morrer e o casar-se. Somente com Lutero e os reformadores protestan

tes do século XVI foi dessacralizado ou secularizado o casamento; Lutero o tinha como urna necessidade natural comparável ao comer e ao beber, regida tao somente por leis humanas; seria assunto de ordem meramen te civil ou ein weltlich Ding. Calvino censurava a doutrina católica respec tiva como sendo "alucinacáo de crassa ignorancia". 493

14

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

Por conseguinte é despropositado dizer que os primeiros cristáos se casavam no cartório. Veremos, a seguir, como procediam. 2. Percorrendo a historia...

Distinguiremos tres fases. 2.1. Do século I ao século IV

Nao há noticias de urna específica Liturgia do matrimonio entre os cristáos dos tres primeiros séculos. Diz a Epístola a Diogneto no século III: "Os cristáos nao se distinguem dos outros homens nem pela sua pa tria nem pelo seu idioma nem pelos seus costumes; casam-se como to dos os outros" (n9s 5,6). Isto quer dizer que adotavam os símbolos e ritos existentes na cultura greco-romana, excetuando apenas os que tivessem características pagas (sacrificios aos deuses das familias, licenciosidade no cortejo nupcial). Por conseguinte, o rito se celebrava em casa de familia, sob a presidencia do chefe da casa, que, entre outras coisas, unia entre si as máos dos dois nubentes. Dentro desse ritual os cristáos colocavam, sem dúvida, urna mentalidade nova; tinham presentes "as leis extraordinarias e realmente paradoxais da sua sociedade espiritual" (A Diogneto 5, 4); davam particular importancia á procriacáo e á educacao dos filhos (ib. 5, 6).

Considerando atentamente os textos dos escritores dos primeiros séculos, verifica-se que tém o matrimonio na conta de algo de sagrado, embora nao tenha rito próprio. Assim S. Inácio de Antioquia (t 107) dá testemunho de que o matrimonio era celebrado com a autorizagáo do Bispo - o que bem se entende já que os cristáos viviam em meio a urna sociedade paga:

"Convém que os noivos e as noivas celebrem seu casamento de acordó com o Bispo para que sejam nupcias segundo o Senhor e nao segundo a cupidez da carne. Tudo seja feito para a honra de Deus" (A. Policarpo 5, 2).

No século III Tertuliano (t 220 aproximadamente) refere os costu

mes vigentes na Igreja e acrescenta:

"Quem será capaz de explanara felicidade daquele matrimonio que a Igreja acompanha, a oblagáo confirma, a béngáo assinala, os anjos

anunciam e o Pai confirma?" (Ad Uxorem 2, 9) Os dois textos citados dáo a ver que

- o casamento era celebrado com a presenca e a tutela da Igreja

- associado á oblacáo eucarística - com a béncáo do sacerdote. 494

CASAMENTO MERAMENTE CIVIL PARA CATÓLICOS?

15

No século IV urna obra citada por S. Ambrosio (t 397) explícita: "Os sacerdotes consagran) o inicio da vida conjugal e o associam

aos misterios (á Eucaristía)" (Praedestinatus, ver S. Ambrosio, epístola 10, 7PL 16, 98).

2.2. Do século IV ao século XV

Nestes séculos foi-se delineando progressivamente a Liturgia do sacramento do matrimonio.

Já no século IV comeca a aparecer o costume de impor um véu á noiva, á qual um sacerdote dá uma béncáo especial. O véu era um sinal de honra (por isto nao o recebiam as mulheres de vida escandalosa); deriva-se da norma de Sao Paulo, que diz que a mulher deve ter a cabeca coberta na igreja (1Cor 11,2-5). O véu também era imposto as virgens que se consagravam a Cristo, pois estas contraiam uniáo nupcial com o

Senhor; tanto as virgens como as mulheres casadas tendiam á plena uniáo com Cristo, aquelas diretamente, estas mediante o marido (cf. Ef 5, 25-32). A imposicáo do véu era associada também ao mutuo consentimen-

to dos nubentes. O Direito Romana julgava que este era o constitutivo essencial do matrimonio. Os cristáos adotaram este principio: o sacra mento do matrimonio tem a índole de um contrato travado entre duas pessoas livres e devidamente preparadas, contrato que a Igreja abencoa. A partir do século IX, foi-se firmando sempre mais em documentos escritos a consciéncia de que o consentimento matrimonial é a parte es sencial do rito; assim o Papa Nicolau I, aos 13/11/866, declarava que o consentimento é suficiente para que haja matrimonio, podendo os demais ritos (entrega do anel, cortejo nupcial, imposicáo do véu...) faltar, sem atetar a validade do casamento. Nos séculos IX e seguintes, a Igreja foi-se interessando cada vez mais por definir as condicóes para a validade do contrato matrimonial; exigiu que se realizasse em presenca e com

a béncáo do sacerdote, nao mais em casa de familia, mas diante das portas da igreja; esta exigencia tencionava dar ao matrimonio um caráter público, pois é um ato que interessa a toda a sociedade. Depois do con trato celebrado ante valvas ecclesiae ou in facie ecclesiae (diante da igreja), os nubentes entravam no templo onde se celebrava a S. Missa e se dava a béncáo á esposa.

A entrega do anel (= alianca) era um símbolo da fidelidade conju gal. S. Isidoro de Sevilha (t 636) explica que deve ser colocado no quarto dedo da máo esquerda, porque neste há uma veia que vai diretamente ao coracáo.

Na Franca e nos países celtas (llhas Británicas), estava em uso a

béncáo do tálamo ou do leito conjugal. A origem deste rito está, em parte,

no livro de Tobías, onde se diz que Tobías e Sara elevaram uma bela 495

16

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

oracáo a Deus logo depois que se viram na cámara nupcial (cf. Tb 8, 4-

10). É possível que também os apócrifos Atos de Sao Tomé Apostólo

tenham exercido certa influencia sobre o surto deste rito entre os cristaos: ai se lé que o Apostólo Tomé entrou com o rei de Andrópolis na cámara nupcial da filha do monarca e abencoou o jovem casal que se aproximava.

Os cristáos conheciam também a cerimónia do noivado ou da pro-

messa de casamento, ¡á existente em povos pré-cristáos (María SS. estava prometida em casamento a José, quando o anjo Ihe anunciou que conceberia o Rlho de Deus; ainda nao coabitavam; cf. Le 1, 26-38; Mt 1, 18-25). No cemitério do Commodilla, por exemplo, em Roma encontrouse urna inscripáo funeraria crista datada de 390; comemora urna mulher

falecida com 25 anos de idade, dos quais passou sete como noiva (sponsa = prometida) e viveu sete anos e oito meses em matrimonio; disto se concluí que se tornou noiva com onze anos de idade. 2.3. Do século XVI a 1969

No século XVI o Concilio de Trento defíniu com precisáo o ritual e a legislacáo do matrimonio. O decreto Tametsi de 1563 teve em vista os matrimonios clandestinos ou contraídos em foro meramente particular, dos quais se originavam serios abusos; por isto determinou que o consentimento matrimonial deveria ser expresso em presenca do pároco (ou de sacerdote delegado por este ou pelo Bispo) e de duas ou tres testemunhas, sob pena de serem nulos os casamentos realizados fora desta norma. Em 1614 o novo Ritual do Matrimonio reforcava esta disposicáo do Concilio de Trento: o matrimonio deveria ser celebrado nao diante das portas da igreja, mas dentro desta. A cerimónia era muito simples: os nubentes exprimiam o seu consentimento mutuo (as vezes, respondendo Sim as interrogacoes do sacerdote). Depois davam-se as maos; o celebrante dizia a fórmula "Eu vos uno em matrimonio..." e aspergía as máos dadas; benzia a alianca que o nubente colocava no dedo da espo sa; díziam-se um salmo e urna oracáo de encerramento. A seguir, poderia haver a S. Missa.

Este Ritual ficou em uso até 1969, quando entrou em vigor o rito revisto por ordem do Concilio do Vaticano II. 3. Conclusáo

As consideracóes propostas evídenciam que a novídade, no decorrer da historia, nao foi o casamento religioso (que teria sobrevindo ai matrimonio meramente civil), mas dá-se precisamente o contrario: a novidade é o concertó de matrimonio dessacralizado ou secularizado, que aflorou com Lutero e Calvino e se generalizou no Ocidente a partir da Revolucio Francesa de 1789, dando origem ao ritual do casamento meramente civil. 496

Será possível?

IGREJA E SATANISMO

Em síntese: A Sra. Mary Schultze tornou-se notoria por sua agressividade á Igreja Católica. Via internet alega que a Igreja Católica foi fundada por Constantino em314e que o Papa Silvestre I (314-335) foi o sucessor de Sao Pedro. Tais afirmagóes só podem provir de um ánimo obcecado, pois esquecem que Jesús mesmo fundou a sua Igreja, que Ele entregou ao pastoreio de Sao Pedro (cf. Mt 16, 16-19) no século I e nao no século IV (em que viveu Sao Silvestre). Além do mais, Mary afir ma que altos prelados da Igreja fazem pactos com Satanás assinados com o próprio sangue, á semelhanga do que fazem as freirás. Ora as freirás nao fazem isso nem, por conseguinte, os prelados. *

*

*

A sra. Mary Schultze colaborou com o jornal FOLHA UNIVERSAL difamando a Igreja Católica. Continua a fazé-lo através da internet. Sua argumentacáo ó táo inconsistente que nem mereceria atencáo. Todavía amigos de PR tém-nos solicitado resposta as suas alegacoes, pois, como dizia o racionalista Voltaire (t 1778) "Mintam, mintam! Sempre fica alguma coisa". Eis por que passamos a considerar um dos mais significativos pronunciamentos de Mary Schultze, pondo em evidencia o total despreparo da senhora para falar da Igreja Católica.

Satanismo no Vaticano, o Refém do Diabo Urna ostensiva adoracáo a Satanás tem-se tornado comum dentro da ICR (Igreja Católica Romana).

EmApocalipse 13:4, lemos o seguinte: "Eadoraram o dragáo que deu a besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semeIhante á besta? Quem poderá batalhar contra ela?" A Biblia diz, no Livro de Salmos (32, 7), que "Um abismo chama outro abismo". A ICR foi fundada oficialmente em 314 d.C, com o rótulo de crista, pelo imperador pagáo Constantino e o bispo cristáo apóstata, Silvestre (que na linha dos "sucessores de Pedro" ocupa a segunda cadeira, de 314 a 335). Essa "igreja" foi constituida numa ecuménica mistu ra religiosa de cristianismo, judaismo e paganismo.

Como a historia se repete, o Ecumenismo trouxe de volta todas as características dos primeiros tempos do cristianismo apóstata, com o 497

18

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

Concilio Vaticano II. A partir do mesmo, alguns membros da alta hierarquia católica tém avangado muito além da perversáo dos falsos dogmas da ICR, dedicándose, de corpo e alma, á adoragáo do "príncipe das trevas".

Segundo informagóes de algumas confiáveis testemunhas, Sata nás tem penetrado em todos os corredores do Vaticano, até mesmo na Catedral de Sao Pedro. Muitos padres e bispos tém feito pactos de lealdade ao Diabo, assinando esses pactos com o próprío sangue. E essas acusagóes nao tém partido de escritores ou jornalistas protestantes, desejosos de detonar a ICR, mas de altos prelados do próprío Vaticano. Dizem eles que o satanismo ¡á atingiu um grau tao elevado dentro da ICR, que até mesmo o papado já foi contaminado pelo mesmo e que muitos padres e freirás nos USA -eem todo o mundo - tém feito os seus pactos "hemoplásticos", como no caso das freirás enclausuradas, que assinam pactos de sangue em obediencia aos padres e madres superiores. 2. Que dizer?

O texto ácima compreende duas partes: urna relativa á Igreja e outra concemente ao satanismo. 2.1. A Igreja

So existe urna Igreja de Cristo: aquela que ele mesmo fundou e confiou ao pastoreio de Pedro; ver Mt 16,16-19. Essa Igreja foi persegui

da até 313, quando o Imperador Constantino deu aos cristáos a Paz de Miláo. Daí por diante a Igreja pode desenvolver suas virtualidades com plena liberdade sem, porém, trair seu fundador ou sem ceder ao paga nismo. Existem varios testemunhos de cristáos que, após Constantino, souberam eximir-se de influencias do paganismo sofrendo por causa disto penosas situacoes. Ver Apéndice p. 499-501 deste fascículo.

O Papa Sao Silvestre nao foi o sucessor ¡mediato de Pedro, pois viveu no século IV; a Sao Pedro sucederam ainda no sáculo I Lino, Cleto, Clemente.

Como se vé, a historia real é bem diferente da que Mary Schultze

refere, esquecendo o texto de Mt 16 e cometendo grave anacronismo.

De resto, a citacáo bíblica no trecho atrás transcrito é do salmo 42,

8 e nao do salmo 32, 7. 2.2. Satanismo

Gratuitamente a autora afirma que altos prelados e até mesmo o papado estáo envolvidos em pactos com o demonio assinados com o sangue do devoto de Satanás... Donde é que Mary tira tal alegacio táo 498

IGREJA E SATANISMO

19

vaga e genérica? Seus dizeres perdem toda credibiüdade quando Mary escreve: (Prelados se comportam) como no caso das freirás enclaustradas, que assinam pactos de sangue em obediencia aos pa dres e madres superiores". Na verdade, as Religiosa nao fazem isto; as suas cartas de profissao sao assinadas com tinta. Mary Schultze ignora totalmente a materia de que trata; alega coisas falsas, que podem impressionar os incautos, mas que nao tém consistencia, e que depóem nao contra a Igreja, mas contra a escritora. 3. Conclusáo

Mediante esta breve análise do texto de M. Schultze tencionamos demonstrar que tal escritora nao tem autoridade para falar da Igreja Ca tólica. Ela inventa ou repete o que encontra escrito por outros, sem interesse pela verdade como tal, mas movida pelo odio. Fica a pergunta: é

isto que se chama "servir a Cristo"? Nao é muito mais "servir a Satanás", que é o pai da mentira (ver Jo 8,44)? Onde estaría realmente o Satanismo? Já foram publicados outros comentarios dos artigos de Mary Schultze em PR 440/1999, pp. 19ss; 437/1998, pp. 473ss; 430/1998, pp. 113S.

APÉNDICE Eis tres relatos que evidenciam a resistencia dos Bispos cristáos á influencia do Imperador e da cultura paga:

1. S. AMBROSIO DE MILÁO (f 397) Desde o inicio da sua missáo pastoral, Ambrosio mostrou-se arau-

to da ortodoxia em oposicáo ao arianismo. Frente á autoridade imperial manteve-se intrépido. Isto transparece em alguns episodios mais salien tes da sua atividade.

Assim a estatua da deusa Vitoria fora retirada da sala das sessóes do Senado em 384 por ordem do Imperador Graciano. Eis, porém, que a maioria dos senadores, sendo paga, chefiada pelo retor Simaco, pleiteava a reconducáo da imagem ao seu lugar de honra; Ambrosio se opós veementemente a tal gesto, obtendo a Vitoria do bom senso cristáo. Em 390 deu-se urna revolta do povo contra o Imperador Teodósio I em Tessalónica (Grecia) por motivos desconhecidos; o monarca entáo mandou massacrar 7.000 homens. Em conseqüéncia o Bispo escreveu urna carta ao Imperador mostrando-lhe a hediondez do seu crime e a necessidade de fazer penitencia pública para poder entrar de novo na

igreja e participar do culto sagrado. Teodósio rendeu-se á intimacao do Bispo, cumpriu a penitencia, foi absolvido por ocasiáo do Natal de 390.

Ambrosio, amigo e conselheiro de tres Imperadores, foi o primeiro Bispo solicitado por soberanos para sustentar o seu trono vacilante. 499

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

2. S. BASÍLIO DE CESARÉIA (f 379) Em breve Basilio, feito Bispo de Cesaréia, conquistou a amizade do seu povo, pois construiu hospitais e albergues, que constituíam como que urna nova cidade. Mostrou-se também avesso ao arianismo, que

gozava do apoio do Imperador Valente. Este entáo mandou-lhe o prefeito Modesto para intimidá-lo com amea9as de confiscacáo dos bens e exilio, caso nao emitisse urna declaracáo de adesáo á causa ariana. Ao que Basilio respondeu:

"A confiscagáo dos bens nao afeta um homem que nada possui, a menos que queiras esses míseros trapos que vés e alguns poucos livros,

pois estas sao todas as minhas riquezas. Quanto ao exilio, nao sofrerei, porque nao estou preso a nenhum lugar; nao é minha a térra onde estou

atualmente e será minha qualquer térra aonde possa ser levado, ou, melhor aínda: toda a térra é de Deus, da qual somos hospedes de passagem. As torturas? Que efeito podem ter quando nao há corpo? A menos que tu queiras falar do primeiro golpe, o único do qual és senhor. Em suma, a morte será, para mim, urna benfeitora, pois me enviará mais rápidamente áquele Deus para o qual vivo e por quem sou governado, para o qualjá morri em grande parte e ao qualjá há muito tempo desejo teracesso". Respondeu o prefeito Modesto:

"Ninguém até hoje me apresentou semelhante linguagem e me fa-

lou com tanta liberdade". Replicou Basilio:

"Estás surpreso porque nunca enfrentaste um Bispo... Quando estao emjogo Deus e os interesses dele, o resto nao tem valor; só conside ramos a Ele. O fogo, o ferro, os animáis ferozes, as unhas que dilaceram a carne vém a ser as nossas delicias e nao o nosso pavor. Dito isto,

podes injuriar, ameagar, fazertudo o que quiseres: usa do teu poder edá a saber ao Imperador que nem com a violencia nem com tentativas de persuasáo nos farás aderir á impiedade, mesmo se tuas ameagas se tornarem mais violentas aínda" (Migne grego 36,560B; trata-se de um relato

feito por S. Gregorio de Nazianzo em suas Oracoes 43, 49). Estas declaracóes calaram fundo no ánimo do Imperador, que revogou o decreto de sancóes contra Basilio.

3. S. JOÁO CRISÓSTOMO (t 407) Joáo Crisóstomo censurava a luxúria e o fausto da corte de Constantinopla, onde reinava a Imperatriz Eudóxia. Em 404, na festa de

S. Joáo Batista, comecou sua pregacáo com os seguintes dizeres: "Mais urna vez Herodíades se deixa levar, mais urna vez danca, mais urna vez 500

IGREJAE SATANISMO

21

ela requer a cabeca de Joao sobre a bandeja". Os inimigos do pregador tomaram tais palavras como alusivas a Eudóxia e o acusaram de haver ilegitimamente voltado do exilio e deram-lhe ordem de se abster de qualquerfuncáo pastoral; já que o Patriarca nao obedecía, mandaram prénde lo durante a vigilia de Páscoa de 404, quando Crisóstomo se preparava

para celebrar o Batismo dos catecúmenos. Aos 9 de junho um magistra do intimou Joáo a deixar ¡mediatamente a cidade - coisa que realmente ele fez.

O Patriarca foi levado para Cucuso na Armenia, onde permaneceu tres anos. Em breve, porém, os fiéis de Antioquia foram visitar seu antigo

pregador e estimado pastor. Isto mais ¡rritou os adversarios de Crisóstomo, que resolveram abreviar seus dias. Do Imperador Arcádio obtiveram a ordem de mandar o santo Bispo para a extremidade oriental do Mar Ne

gro. Vencido pelo cansaco e pelo incómodo dos caminhos que era obrigado a percorrer ñas intemperies do clima, Crisóstomo faleceu durante a viagem, antes de chegar ao seu destino, aos 14 de setembro de 407. Há um outro mundo, por Henri Frossard. Tradugáo de Antero Ferreira. - Ed. Quadrante, Sao Paulo 2003, 130 x 190 mm, 132 pp.

André Frossard, filho do Primeiro Secretário-Geral do Partido Co munista francés, foi um jornalista e escritor merecidamente conhecido pelo estilo culto e leve, irónico - mas de urna ironía amável - e profundo. Criado num períeito ateísmo, "aínda mais do que cético e aínda mais que ateu, indiferente e ocupado em coisas muito diversas de um Deus queja nem me passava pela cabega negar", entrou aos vinte anos numa peque

ña cápela de París e saiu de lá, cinco minutos mais tarde, "católico, apostó lico, romano", "levado e sustentado pela vaga de urna inesgotável alegría". Neste livro, Frossard analisa a sua inesperada conversáo e os dez primeiros anos que a ela se seguiram, nao de acordó com a cronología exterior, mas segundo a ressonáncia interior dos acontecimentos. Estas páginas sao cativantes por testemunharem urna encruzilhada da Historia repleta de interesse - as vésperas da Segunda Guerra mundial e o seu desencadeamento, e os inicios da grande crise que a Igreja atravessaria depois do Concilio Vaticano II -; por transbordarem de personagens cu riosos e amáveis; e, sobretudo, pela riqueza das suas reflexóes sobre

temas de vida espiritual: a relagáo com Deus, a fé, a leitura da Sagrada

Escritura, as hesitagóes perante o caminho a que Deus chama, a miseri cordia divina e a graga, a liberdade - "nome de guerra da caridade" -, o sofrimento e o amor.

É toda a vida crista que desfila sob os nossos olhos nesta autobio grafía íntima, em que podemos tocar ao mesmo tempo um ardente amor pela Verdade e urna humildade auténtica. 501

Candente...

SEXO SEGURO?1 Em síntese: Está comprovado por pesquisas diversas que os pre servativos de varios tipos nao garantem sexo seguro,mas admitem cerca de 10% de falhas. Em conseqüéncia, quanto mais se faz propaganda de

sexo seguro, tanto mais se induz a juventude ao risco de contrair AIDS.

Muito mais proficuo é apregoar controle sexual e abstinencia de relagoes sexuais extra-conjugais.



*

*

O Pontificio Conselho para a Familia publicou um Lexikon de ter mos ambiguos e discutidos sobre a vida e questóes éticas. Entre os vari os artigos desta obra encontra-se o do Dr. Jacques Suaudeau intitulado Sesso sicuro (Sexo Seguro) as pp. 795-817. Trata-se de um trabalho sólidamente documentado, que em sua primeira parte aborda os resulta dos de numerosas pesquisas e em sua segunda parte propóe reflexóes sobre o assunto. Visto serem estas muito oportunas no Brasil de hoje,

vamos, a seguir, expó-las sintéticamente. 1.0 Autor

Jacques Suaudeau é médico pela Universidade de Liáo (Franca), onde também se doutorou em Filosofía. Trabalhou e exerceu pesquisas em diversos hospitais dos Estados Unidos. Doutorou-se outrossim em Teología Moral pela Universidade Gregoriana de Roma e seguiu Cursos de Teología no Instituí Catholique de París. Atualmente é oficial do Pontificio Conselho para a Familia. Tem varias obras publicadas. Vé-se, pois, que tem autorídade para se pronunciar sobre a temática

"Sexo Seguro".

2. Que sugerem as pesquisas?

O Dr. Suaudeau expoe os resultados de numerosas pesquisas re

alizadas a respeito do uso da camisinha, todos documentados com precisáo, e concluí:

O preservativo, por mais que tenha sido aprimorado pela industria (utilizando látex mais adequado), é incapaz de garantir sexo seguro. Na verdade ele é, em media, 10% falho. Esta porcentagem pode variar ñas diversas pesquisas, pois depende do estilo de vida dos grupos pesquisados; há os que se arriscam maís, como existem grupos menos avanzados que 1 Este artigo já estava no prelo quando o Ministerio da Saúde publicou urna nota sobre o mesmo assunto. Nota que respeitamos. O artigo servirá ao menos para ilus trar o debate. Voltaremos á temática em Janeiro de 2004. 502

SEXO SEGURO?

23

restringem a promiscuidade sexual, o número de parceiros, as práticas homossexuais... Diz textualmente Suaudeau: "Nao existe auténtico safe sex fora da fidelidade conjugal, a qual torna inútil o preservativo" (p. 814). Quanto as campanhas ditas "de sexo seguro" ou em favor do preservativo, podem até ter efeitos negativos ou daninhos, isto é, opos-

tos ao que se deseja. É o que se deduz de recentes pesquisas realizadas pela University College Medical School de Londres; referem-se ao uso do cinto de seguranca na Inglaterra: as campanhas em prol do mesmo provocaram aumento de vítimas de acidentes rodoviários em virtude da impressao de seguranca associada ao uso do cinto. O mesmo pode acon

tecer em conseqüéncia das campanhas de sexo seguro, como observam

N. Hearst e S. B. Hulley do Centerfor AIDS Prevention Studies da Universidade da California em San Francisco. Ver a propósito J. Richens - J. Inrie - A. Copas, 'Condoms and Seat Beits: the Parallels and the Lessons', in Lancet 355 (2000) 9201, 400-403.

N. Hearst - S.B. Hulley, 'Preventing the Heterosexual Spread of AIDS. Are We Giving OurPatients the Best Advice?" in JAMA 259 (1988) 16, 2428-2432, em particular 2431.

Alias o efeito negativo indesejado parece ter ocorrido realmente, conforme relatório apresentado por I. Levin e colaboradores em 1995 sobre o contagio do HIV em ambientes militares: o preservativo utilizado

pelos militares nos seus encontros homossexuais nao somente nao im

pedia a infecgáo do HIV, mas a facilitava, pois aqueles que confiavam no

preservativo multiplicavam seus parceiros e suas experiencias sexuais. Ver Levin - Peterman - Renzullo - Lasley-Bibbs Xiao-ou Shu - Brundage - Mac Neil, "HIV-1 Sero conversión and Risk Behaviors among Young Men in the US Army", 1500-1506.

Segue-se> breve palavra sobre Saúde Sexual.

Usar preservativo significa efetuar urna acáo arriscada procurando evitar o risco, significa remediar a urna situacáo ameacadora. Ora a sabedoria popular ensina que é melhor prevenir do que remediar. E preve nir depende do comportamento das pessoas interessadas. Tenha-se em vista a febre tifóide: urna determinada populacáo por ela ameacada re-

solveu prevenir-se, e conseguiu fazé-lo porque cada familia passou a controlar o tipo de agua que bebia. Algo de semelhante pode ocorrer com

a AIDS; remediar mediante o uso de preservativo nunca extinguirá urna epidemia de AIDS; para tanto requer-se urna medida mais radical, relaci onada com o comportamento dos interessados, a saber: urna sexualidade equilibrada, vivenciada na castidade pré-matrimonial e, posteriormen te, no contexto da vida conjugal. É ¡mpossível evitar o transbordamento de um rio mediante sacos de areia depois que se destruíram os diques res

pectivos. Assim em vez de apregoar safe sex, proclame-se saúde sexual. 503

24_

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

Acontece que de antemáo os programas de combate á AIDS excluíram falar de castidade conjugal e de abstinencia de relacoes

extraconjugais. Alegavam (e ainda alegam) os responsáveis que castida de é urna utopia e que nao compete as autoridades civis entrar em questóes de vida íntima dos cidadáos, principalmente nos tempos atuais, quando o erotismo se acha táo em voga. Ocorre, porém, nesse mesmo mun

do erotizado urna reacáo espontánea da juventude frente á promiscuidade sexual. O caso mais típico é o de Uganda, onde a epidemia da AIDS baixou seus porcentuais nao por causa do uso da camisinha, mas por mudanca do comportamento dos jovens: 56 deles entre 15 e 19 anos declararam ainda nao ter praticado relacoes sexuais. Apregoar medidas preventivas contra a AIDS nao equivale a fazer um moralismo despropo sitado, mas significa atender ao verdadeiro bem da populacáo, como ensina a experiencia.

Em conclusáo: após quanto foi dito, vé-se que recomendar o pre

servativo implica recomendar a roleta russa: a persuasáo de sexo seguro aumentará as experiencias sexuais e crescerá, ao mesmo tempo, a probabilidade de contagio; propagar-se-á assim o HIV. Nao existe safe sex, o que existe é urna curva de probabilidade com urna espada de Dámoces, que a cada momento pode cair sobre a cabega de quantos confiam na

dita "profilaxia" do preservativo. O caso da camisinha é comparável a um tipo de aviáo do qual 10% caem por térra, matando seus passageiros. Quantos viajantes preferirao esse tipo de aviáo a outro mais seguro? Em suma: todos os autores que se interessam pela prevencáo da AIDS concordam num ponto: somente urna mudanca radical na conduta sexual de jovens e adultos pode proporcionar protecáo real e total contra a epidemia da AIDS, e tal mudanca implicará abstinencia de toda condu

ta temeraria ou arriscada.

Suaudeau termina citando urna sentenca do Center for Disease

Control de Atlanta:

"Abstinence and sexual intercourse with one mutually faithful uninfected partner are the only totally prevention strategies -Abstinencia e intercambio com um(a) parceiro(a) nao infectado(a) em mutua fidelida-

de sao a única estrategia totalmente preventiva" (Condoms for Prevention of Sexually Transmitted Diseases 133).

3. A mesma noticia via internet

A Redacao de PR recebeu por via eletrónica a seguinte mensagem: Relatório da ONU aumenta o debate sobre as camisinhas. Taxa de falha com relacáo ao HIV é de 10%

By John Donnelly, Globe Staff, 6/22/2003 504

SEXO SEGURO?

25

Washington - "Um relatório preliminar feito para a agencia da ONU que trata da AIDS descobriu que, mesmo quando as pessoas usam a

camisinha regularmente, a taxa de falha na protecáo contra o HIV está aproximadamente em 10%, colocando estas pessoas num risco maior do que aquele mostrado por muitos grupos defensores da camisinha. O relatório, que pesquisou duas décadas de literatura científica sobre as camisinhas, provavelmente irá botar lenha na fogueira na já esquentada batalha sobre a política dos EUA em combater a AIDS nos países em desenvolvimento.

O debate é entre os defensores da abstinencia, que dizem que o

governo Bush deve abandonar ou reduzir drásticamente a promocáo da camisinha, e os especialistas da saúde, que dizem que as camisinhas tém um papel essencial na prevencáo da AIDS. A doenca já matou mais de 20 milhóes de pessoas no mundo todo e no momento 42 milhoes de pessoas estáo infectadas.

Em relatórios anteriores, a eficacia da camisinha contra o HIV, o virus que causa a AIDS, foi amplamente estimada entre 46% e 100%. Muitos defensores da camisinha disseram que ela oferece cerca de 100% de protecáo quando usada corretamente.

UN AIDS expressou esperanca de que o relatório, que foi visto pelo Jornal Globe (de Bostón), nao só esclareca a confusáo sobre a eficacia da camisinha, mas também ajude a educar as pessoas nos EUA e no mundo todo sobre como usar as camisinhas de forma apropriada.

As conclusóes nao significam que, de cada dez, uma camisinha é defeituosa, mas, pelo contrario, que alguma coisa deu errado em cerca de 10% de uso. Em muitos casos, dizem os especialistas, o erro humano é a causa da falha, resultando em camisinhas que saem do lugar, se rompem, ou nao sao colocadas no momento necessário.

O relatório também disse que a taxa da falha na protecáo contra o HIV é provavelmente a mesma na prevencáo da gravidez. Uma chance de falha em cada dez "nao é bom o suficiente para uma doenca fatal", disse Green. "A forma como as camisinhas sao

comercializadas na África e em outras partes em desenvolvimento no mundo é como se elas fossem 100% seguras. As camisinhas com no-

mes de Shield (escudo) e Protector (protetor) dáo a ¡mpressáo de que

sao 100% seguras.

Shepherd Smith, presidente do Institute for Youth Development, um

grupo que defende a abstinencia, também disse que este relatório preli minar e outros relatórios devem levar a uma avaliacáo dos esforcos de prevencáo do HIV. 505

Debate:

CASÁIS HOMOSSEXUAIS E

ADOgÁO DE CRIANQAS

Em síntese: Ver os itens arrolados á p. 508 deste fascículo.

Tem-se debatido a questáo referente á adogáo de crianzas por par te de casáis homossexuais ou lésbicos. A propósito a Redacáo de PR recebeu importantes dados via ¡nternet, que váo, a seguir, reproduzidos. ADOTAR CRIANQAS

O Presidente eleito da Comunidade de Madh afirmou aos 30/05/03 que um dos primeiros projetos que executará durante o seu mandato será a revísáo da Lei dos Casáis de Fato, permitindo a adocáo de crian-

cas por casáis homossexuais "em funcáo de criterios técnicos".

Numerosos psiquiatras, psicólogos e profissionais da saúde con sultados pela Agencia Veritas manifestaram-se contrarios á iniciativa do governante socialista.

"A flnalidade da adogáo nao consiste em dar um filho a casáis que nao o podem conceber, mas é darpaís idóneos a urna crianga que carega deles", declarou o psicólogo Luís Riesgo.

Aprovar a adogao de enancas por casáis homossexuais implicaría colocar-se contra o artigo n9 7 da Declaracao Universal dos Direitos da Crianca, que estipula: "Os interesses superiores da crianga devem ser o principio norteador de quem tem a responsabilidade da sua educagáo e orientagáo", acrescentou o psicólogo.

A Dra. Ana Martín Ancel, pedíatra, membro da Associagáo Espanhola de Pediatría e da Associacio Européia para a Investigacáo Pediátrica, concorda com Riesgo ao afirmar que "a adocáo existe para acompanhar a crianga que tenha sido privada de sua familia, e tem por objetivo dar a essa crianca o ambiente mais adequado possível ao seu

desenvolvimiento".

"A crianca é um presente, nao um direito que sirva á utilidade de alguém", declarou a Dra. Ancel num artigo publicado na revista "Páginas para el mes" de margo 2003.

506

CASÁIS HOMOSSEXUAIS E ADOgÁO DE CRIANCAS

27

A Sra. Mónica Fonktan, professora de Orientacáo e Terapia Famili ar da Universidade San Pablo CEU de Madri e especialista em Psicolo gía Clínica e Terapia Familiar enfatiza a idéia da necessidade de um pai e urna máe, pois "é melhor para a crianza adotada que sua posicáo de filha seja a mais semelhante possível á que teria em sua familia biológica". A adocáo, "embora nao seja a única resposta á situacáo de desam paro da enanca, com o tempo tornou-se reconhecida como a melhor solucáo, pois imita da maneira mais precisa a forma como tal enanca veio a este mundo e a realidade que Ihe tocaría se nao fosse entregue por seus pais em termos de adocáo", afirma a Prof3 Fontana.

"A familia é indispensável ao desenvolvimento de quaiquer ser hu mano: o relacionamento que se inicia com a familia será necessário á enanca para o seu desenvolvimento e para que chegue a ser ele mesmo". Prossegue a Dra. Fontana:

"No caso de casáis homossexuais há um empecilho para satisfazer a essa necessidade de todo ser humano. Se a relagao entre dois homens

ou entre duas mulheres é natural, como dizem, por que existe a impossi-

bilidade biológica de procriarem? Aos dois anos de idade, a crianga nao tem consciéncia de ser homem ou mulher. Ela adquirirá a nogao da sua

identidade a partir das pessoas que a cercam na infancia. Por isto a cri anga tem o direito de ser formada numa familia para poder atingir um dos

conceitos mais importantes na existencia de quaiquer ser humano: quem sou eu? E, por conseguinte, quem és tu?".

Fontana observa outrossim que "está comprovada a instabilidade das unioes homossexuais, que se rompem quatro vezes mais do que as heterossexuais. Imaginemos as conseqüéncias para a crianca mais ca rente de seguranca e estabilidade.

"Por último hao de aparecer na enanca problemas de socializacáo. Queiramo-lo ou nao, as unióes homossexuais seráo sempre minoritarias e as enancas adotadas por elas, por mais que se procure ajudá-las, nun ca poderáo sentir-se iguais ás demais. Que resposta se pode dar aum menino que pergunta por que seus amigos tém um papai e urna mamáe? Ou entáo: "Que é urna mamáe?".

AAssociacáo Espanhola de Pediatría também se manifestou repe tidamente sobre esta temática. E foí contundente: "Um núcleo familiar com dois pais ou duas máes é, do ponto de vista pedagógico e pediátrico, claramente prejudicial ao desenvolvimento da personalidade e á adaptacáo social da enanca".

Num artigo publicado no diario ABC de 18/10/1994 o Dr. Bamarbé

Tierno, psicopedagogo, afirmava que "devenios aceitar os homossexu507

28

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

ais tais como sao, conscientes de que tém tanta dignidade quanto o primeiro homem. Todavía... é fácil que urna criatura educada por homossexuais ou lésbicas se sinta condicionada pelo seu ambiente (a crianca é urna esponja até os sete ou oito anos de idade, aprende tudo). Sentir-seá também diferente num mundo em que predomina a heterossexualidade. Lembremo-nos de que decidiráo pela crianca pessoas que a acompanharáo diretamente"...

Há pouco tempo a Academia Norte-americana de Pediatría publi-

cou em sua revista "Pediatrics" urna declaracáo pela qual apoiava o dírei-

to, dos homossexuais e das lésbicas, de adotar os filhos de seu parceiro, alegando que "os filhos nascidos ou adotados de um membro de casal do mesmo sexo mereceriam ter a seguranca dos pais legalmente consti

tuidos".

Contudo, segundo Fontana, para refutar tal tese, basta apontar os

erros da metodología aplicada.

Pesquisas realizadas após o ano de 2000 dáo a ver que "está comprovado que a atracáo pelo mesmo sexo ao chegar a idade da adoles cencia é 60% mais forte ñas criancas adotadas por homossexuais ou máes lésbicas".

Em suma, o conteúdo de toda esta mensagem pode ser sintetiza

do nos cinco seguintes itens:

1) A finalidade da adocáo nao é dar um filho a pais que nao o possam ter biológicamente, mas é dar pais idóneos a criancas que deles carecem.

2) Os interesses da crianca devem ser o criterio orientador de quem

a adota.

cáo.

3) Toda crianca precisa da participacáo de pai e máe na sua educa-

4) Até os dois anos de idade a crianca nao tem consciéncia de ser homem ou muiher; ela descobrirá sua identidade a partir do ambiente em que se encontrar, devendo-se notar que até os oito anos a enanca é como urna esponja que absorve tudo com facilidade.

5) Criancas educadas por casáis homossexuais sao muito mais atraídas pelo mesmo sexo do que os filhos educados em lar heterossexual.

Tais observacóes merecem consideracáo.

508

Novidade:

MASTURBACÁO: "DE PECADO A REMEDIO"

(VEJA)

Em síntese: A revista VEJA publicou o resultado de um inquérito segundo o qual a prática da masturbagao é um preventivo contra o cán cer de próstata. A propósito observe-se que tal inquérito tem significado relativo, nao decisivo, como alias se dá com todo inquérito. Além disto, nao se podem esquecer as conseqüéncias nocivas que a prática da masturbagao acarreta, criando dependencia a tal ponto que o próprio adulto se vé obrigado a ceder ao vicio inveterado, mesmo a contragosto. Daía nao conveniencia de estimular ou legitimar a masturbagao. A teoría dos médicos australianos citados por VEJA nao prevalece contra a sentenga negativa da Psicología e da Moral. *

*

*

A revista VEJA, de 23/07/03, p. 64 apresenta urna reportagem sig nificativa da qual vai abaixo reproduzido o trecho inicial: De pecado a remedio

Estudo australiano sugere que masturbacáo ajuda a evitar o cáncer de próstata

A novidade partiu de um grupo de médicos australianos. Depois de analisar o histórico de mais de 2.000 homens, entre 40 e 69 anos, eles conclufram que a masturbagao talvez proteja contra o cáncer de próstata, o mais comum dos tumores masculinos. Para chegarem a essa conclusáo, os pesquisadores enviaram um questionário a 1.079 homens víti-

ma's da doenga, a fim de que detalhassem seus hábitos sexuais ao longo da vida. As respostas foram comparadas as de outros 1.259 homens sau-

dáveis da mesma faixa etária. O resultado indica que, quanto mais

ejaculagóes um homem teve entre os 20 e os 50 anos, menos é a chance

de ele desenvolver o tumor. A protegáo seria ainda mais efetiva quando o entusiasmo onanista se concentra na faixa dos 20 anos. Quem ejaculou

mais de cinco vezes por semana nesse periodo estaría 30% menos pro penso a desenvolver o cáncer em idades mais avangadas. Para a pre-

vengáo do tumor de próstata, ejaculagóes que sao fruto de masturbagao

seriam bem melhores do que as originadas porrelagóes sexuais, porque

nao implicam o risco de contrair infecgóes de um parceiro - essas infec509

30

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

goes apontam pesquisas precedentes, contríbuiriam para o aumento do risco de aparecimento do tumor.

A ejaculagáo, segundo os pesquisadores australianos, ajudaria a evitar que algumas substancias cancerígenas presentes no semen ficassem armazenadas por tempo demais na próstata, onde parte desse fluído é fabricada.

QUE DIZER?

Proporemos quatro consideracóes: 1. Pesquisas e estatísticas

Todos reconhecem o valor das pesquisas, mas sabem que estáo sujeitas a imprecisoes, de modo que nao podem ser tidas como dirimen tes ou como palavra definitiva. Ao lado dos resultados apregoados pelos

médicos australianos, é preciso registrar outros aspectos da prática da masturbacao. 2. Antinatural

O amor humano é naturalmente voltado para um parceiro do outro sexo e num amoroso encontró com ele procura sua satisfacáo. Ora a

masturbacao vem a ser o inverso desse procedimento, fazendo que o instinto sexual se volte para o próprio sujeito, procurando ai seu prazer. Quando essa prática atinge certa freqüéncia, pode tomar-se mania ou mesmo obsessáo, prejudicando o equilibrio nervoso. Isto afeta a personalidade do individuo. Toda prática contraria á natureza é urna ameaca

á identidade do sujeito. O hábito da masturbac.áo pode arraigar-se de tal modo que mesmo o adulto se veja constrangido a ceder-lhe ainda que reconheca a anormalidade do ato.

As origens de tal hábito sao muito diversas: o costume pode decorrer da simples curiosidade que tem o adolescente, de conhecer melhor seu organismo; pode também provir de maus exemplos ou da parte de colegas já viciados; pode também resultar de urna predisposicáo psicopatoiógica. A principio o menino vé em tal prática urna brincadeira inofensiva e só mais tarde percebe a aberracáo (sendo muitas vezes tarde demais para déla se livrar).

Sao varios os fatores que alimentam o hábito. Vítima de urna situacáo infeliz, a pessoa procura sua compensacáo em tal tipo de prazer; assim quem sofre urna decepcáo, quem tem dificuldades no estudo, quem nao consegue emprego, quem é mal sucedido no namoro... A propósito

se exprimem Azpitarte, Basterra e Orduña em sua obra Praxis Crista, vol. II, pp. 341 s:

510

MASTURBAQÁO: "DE PECADO A REMEDIO"

32

"Sería falso sustentar que a melhor forma de amadurecimento hu mano e sexual seja precisamente essa prática concreta. Quem quisesse viver sua sexualidade desse modo teria serías razóes para se preocupar, pois estaría optando por um caminho oposto ao sentido relaciona! que a sexualidade encerra. O simples abandono á necessidade que se experi menta, sem urna dose de esforgo e renuncia para superá-la, implica urna seria dificuldade para a evolugáo posterior, pois 'somente suportando a tensáo pode-se fazer com que o desenvolvimento progrida'. Os própríos psicólogos nao deixaram de apontar os perígos ¡nerentes á masturbagao e que se manifestam com relativa facilidade quando, sobretudo, ela se converte em um hábito adquirido: o risco de permanecer em um estágio narcisista, a excessiva genitalizagáo do sexo, a sua utilizagáo como urna droga para escapar a outros compromissos ou converté-lo em analgési co para encobrir outros problemas - essas sao as conseqüéncias apontadas com maior freqüéncia, mesmo quando ela nao se apresenta como

síntoma de um desajuste mais profundo.

Os sentimentos de culpa nem sempre tém raízes religiosas. Constituem a manifestagáo de urna incoeréncia interna, já que o alterocentrísmo aparece como um movimento característico do crescimento pessoal e sua negagao provoca urna sensagáo de vazio e falta de plenitude, com ressonáncias psicológicas que podem ser detectadas inclusive naqueles que, conscientemente, nao experimentam nenhum complexo de culpa. Até o próprio prazer obtido revelase insatisfatório pela ausencia das emogóes despertadas pelo parceiro, bem como devido a um clima em que a relagáo e o diálogo humanos nao tém relevancia.

Essas consideragóes fundamentáis, que aponíamos apenas sucin tamente, sao suficientes para que o juízo ético e objetivo sobre a masturbagao seja negativo. A sexualidade possui um significado decisi vo para o amadurecimento do homem e para a sua integragáo com os outros. Ela envolve um destino e urna meta para a qual deve-se orientar o esforgo e a educagáo. Quem nao se preocupa e nao se compromete

com a realizagáo dessa tarefa renuncia a urna grave e importante obrigagáo de sua vida. Aquele que, tendo chegado a convicgáo de que se trata de um gesto sem maior transcendencia, abandona o esforgo para supe rar essa prática, está adotando urna posigáo absurda e lastimável, com a qual o único prejudicado será ele mesmo".

É importante notar que até aquí falou tao somente a Psicología, pondo em evidencia os aspectos negativos da masturbacáo. Em particu lar chama a atencáo a observacáo de que a entrega irrefreada ao prazer desfigura a personalidade; esta só se realiza se o sujeito sabe dizer Nao

ao prazer que o estorva e, afinal de contas, nem prazer é. Sem autodomí511

32

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

nio nao há crescimento interior nem grandeza da pessoa. Passemos agora

ao aspecto ético. 3. E a Moral?

As razóes psicológicas atrás aduzidas sao mais persuasivas ou falam mais alto, recusando a prática da masturbacáo, do que os motivos médicos citados pelos pesquisadores australianos. A Moral católica acompanha a sentenca de rejeicáo. O que viola a lei da natureza viola a lei de Deus. Pió XII exprimía essa rejeicao nos seguintes termos:

"Assim, repelimos como errónea a afirmagáo daqueles que consideram como inevitáveis as quedas nos anos da puberdade, que, porisso, nao mereceríam que se fizesse grande caso délas, como se nao fossem faltas graves, pois comumente, acrescentam, a paixáo suprime a liberdade necessáría para que um ato seja moralmente imputável" (AAS, ne 44, 1952, p. 275). Cf. também o discurso aos psicoterapeutas (AAS, nB 45, 1953, pp. 279-280).

Alias já em 1929 o Santo Oficio foi consultado sobre a liceidade de se obter, mediante masturbacáo direta, o semen masculino no intuito de se fazer exame médico necessário ao combate á blenorragia. A resposta foi simplesmente negativa. Em 1979 a Congregado para a Doutrina da Fé publicou a Declaracáo Persona Humana, em que se lé: "Com efeito, falta-lhe a reiagáo sexual requerida pela ordem moral: aqueta reiagáo que realiza o sentido integral da entrega mutua e da procríagao humana no contexto de um amor verdadeiro" (n. 9).

A masturbacáo consciente e voluntariamente praticada constituí pecado grave. Precisamente um pecado é grave quando preenche tres condigóes: 1) haja materia grave (como é a masturbacáo); 2) pleno conhecimento de que o ato é mau; 3) vontade deliberada de o cometer. Ora as duas últimas condicóes nem sempre se cumprem, seja porque o ado lescente pratica o ato sem conhecer o seu caráter pecaminoso, seja por que o jovem e o adulto o cometem ás vezes semiconscientemente ou semivoluntariamente. Também é menos grave a masturbacáo que ocor-

re no caso de pessoas que lutam para vencer o hábito mau e, apesar

disto, caem imprevistamente. É o que se lé na Declaracáo Persona Hu mana:

"A imaturidade da adolescencia, que ás vezes pode se prolongar para além dessa idade, o desequilibrio psíquico ou o hábito contraído pode influir sobre a conduta, atenuando o caráter deliberado do ato e 512

MASTURBAQÁO: "DE PECADO A REMEDIO"

33

fazendo com que nem sempre haja falta subjetivamente grave. No entanto, nao se pode presumir como regra gerala ausencia de responsabilidade grave" (n. 9). 4. Conclusáo

Os argumentos aduzidos pelos médicos australianos vém a ser urna

recomendacáo do hábito da masturbacáo - o que, segundo bons psicó logos, seria altamente nocivo á personalidade do individuo. Verdade é

que nem todos os psicólogos encaram táo severamente tal prática. É de

crer, porém, que o narcisismo, sendo contrario á natureza, é contrario ao bem de quem o pratica.

Do ponto de vista moral, a masturbacáo continua sendo ilícita. A hipotética possibilidade de evitar o cáncer nao justifica o emprego de meios ilícitos. A Providencia Divina nao falta aqueles que Ihe querem ser fiéis (como alias também nao falta aos infiéis).

Alias, antes que a revista VEJA publicasse sua reportagem, a noti cia já fora contestada pelo Presidente da Sociedade Brasileira de Urología, como se lé no JORNAL DA TARDE (de Sao Paulo) com data de 18/07/03: "A NOTÍCIA NAO É BEM ASSIM

O médico Eric Wroclawski, presidente da Sociedade Brasileira de Urología e professor da Faculdade de Medicina do ABC, nao acredita que a masturbagáo previna o cáncer de próstata, conforme foi ampiamente noticiado ontem. Ele está preocupado. "Ao mesmo tempo que nao

vejo um fato físico-patológico que justifique a noticia, acho, inclusive, que ela pode ter repercussóes inadequadas no comportamento coletivo", diz o urologista".

Cristo, urna Crise na Vida de Deus, porJack Miles. Tradugáo de Carlos Eduardo Lins da Silva e María Cecilia de Sá Fortes. - Ed. Companhia das Letras, Sao Paulo 2002, 160 x 210 mm, 400 pp.

O autor, professor universitario, atribuí a Deus urna crise existencialeo arrependimento pornogáo ter libertado do jugo estrangeiro o povo

de Israel. Para reparar essa falta, Deus se terá feito homem e haverá

passado pela morte como os demais homens, mas ressuscitou; assim pode ele dizera todos os homens que a morte já nao é morte. -A rigor, o livro nao merece consideragáo de um estudioso que "nao queira perder tempo", pois peca contra urna nogáo racional, admitindo em Deus arre pendimento e desagravo. Por definigao filosófica (nao só pela fé) Deus nao está sujeito a paixóes, mas é santo e imutável.

Em suma, o autor parece brincar com o conceito de Deus, que ele equipara ao de um grande senhor do mundo dos homens. 513

Extremismo:

O MESSIANISMO DE CORRENTES RELIGIOSAS NORTE-AMERICANAS

Em síntese: Um panfleto adventista interpreta a segunda Besta de Ap 13, 11 como sendo os Estados Unidos da América. A Fera tem dois chifres semeihantes aos do Cordeiro, que sao o Republicanismo e o Pro testantismo; é p ponto de convergencia de muitos segmentos da populagao mundial. E de notar que também os Mórmons atribuem aos Estados Unidos papel privilegiado na dispensagáo da graga divina, pois terá sido

efetuada lá a "terceira revelagáo".

*

*

*

Está sendo propagado no Brasil um panfleto impresso nos Estados Unidos em portugués com o título: "A Virgem María está morta ou viva?". O autor é Danny Vierra, que agride passionalmente a Igreja Católica. O conteúdo desse escrito tem impressionado muitos leitores; eis por que Ihe dedicaremos as páginas subseqüentes.

1. As linhas básicas da obra

O autor é um ex-católico que deseja justificar sua defeccáo ao fazer-se adventista do sétimo dia. Combate nao somente a Igreja-Máe, mas também "o protestantismo apóstata e o espiritismo", porque aprego-

am a imortalidade (a sobrevivencia) da alma e a observancia do domingo

em lugar do sábado:

"... o movimento da Nova EralAssim se formará urna tríplice uniao de catolicismo, protestantismo apóstata e espiritismo sobre a base das doutrínas comuns: a santidade do domingo (o culto do deus-sol babilónico conhecido pelos partidarios de Nova Era como'pai') e a doutrina da imor talidade da alma (que eles conhecem simplesmente como reencarnacáo)" (pp. 85s).

Mortalidade da alma... Segundo D. Vierra, "o individuo já carente de alentó ou respiracao deixa de existir como ser vívente, consciente e

pensante e passa a descansar no sepulcro até ser chamado pela voz de Cristo no último dia (Jo 6, 39)".

Parece haver confusáo entre "estar inconsciente" e "estar morto". Domingo... A transferencia do repouso de sábado para o domingo terá sido decretada pelo concilio de Laodicéia em 336. 514

O MESSIANISMO DE CORRENTES RELIGIOSAS NORTE-AMERICANAS 35

D. Vierra vé Satanás agindo em toda a historia da humanidade; deturpando a religiáo terá ensinado aos homens a doutrina da imortalidade da alma, a devocáo a Maria SSma., a mudarla do sétimo dia para o domingo...

Em suma, toda a historia é urna grande batalha entre Jesús Cristo e Satanás.

De quanto foi dito segue-se que Maria SSma. está inconsciente

(ou morta) e nao pode atender ás oracoes dos seus devotos nem pode aparecer em alguma parte da térra. O autor corrobora sua sentenca ci

tando Ecl 9 5 10: "Os vivos sabem que háo de morrer, mas os mortos nao sabem coisa alguma. Tudo que te vier para fazer conforme as tuas forgas, faze-o, pois na sepultura para onde vais, nao há obra nem proje tos nem conhecimento nem sabedoria alguma".

Tais afirmacóes nao sao raras entre os protestantes; mas típica é a que se refere a

2. O Messianismo da nagáo norte-americana

O capítulo 17 do panfleto intitula-se "A Marca da Besta e o Papel dos Estados Unidos na Profecía Bíblica". O autor detém-se entáo sobre as duas Bestas ai apresentadas. Segundo D. Vierra, a primeira Besta e urna representado do papado romano" (p. 72), odiado e condenado pelo panfletista. A segunda Besta seriam os Estados Unidos da América dota dos de traeos messiánicos, como se depreende do segumte texto:

"O profeta diz- 'Entáo vi subir da térra outra besta, e tinha dois chi-

fres semelhantes aos de um cordeiro...1 (Apocalipse 13:11). Tanto a apa-

réncia desta besta como a forma como sobe indicam-nos que a nagao

que ela representa é diferente das outras que foram apresentadas sob os símbolos anteriores.

A besta de chifres semelhantes aos do cordeiro foi vista a Subir da

térra' Em vez de subverter outras potencias para se estabelecer. a nagao

assim representada deve surgir em territorio anteriormente desocupado,

crescendo gradual e pacificamente. Nao poderla, pois, surgir entre as

nacionalidades populosas e agitadas do Velho Mundo - esse mar turbu lento de •povos, e multidóes, e nagóes, e linguas'. Deve ser procurada no Continente Ocidental.

'Que nagáo do Novo Mundo se achava em 1798 ascendendo ao poder, apresentando indicios de forga e grandeza, e atraindo a atengao do mundo? A aplicagáo do símbolo nao admite dúvidas. Urna nagao e apenas urna, satisfaz as especificagóes desta profeca; esta aponta

Zofísmavélmente para os Estados Unidos da Amenca do Norte

Reiteradas vezes, ao descreverem a origem e o crescimento desta 515

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

nagáo.oradores e escritores tém emitido inconscientemente o mesmo

pensamento e quase que empregado as mesmas palavras do escritor sagrado. A besta foi vista a 'subir da térra'; e, segundo os tradutores a

palavra aquí traduzida por 'subir'significa literalmente 'crescerou brotar

como urna planta'. E, como vimos, a nagáo deveria surgir em territorio previamente desocupado. Escritor proeminente, descrevendo a origem

dos Estados Unidos, faia do 'misterio da sua procedencia do nada', e dizSemeando a sementé silenciosa, desenvolvemo-nos em imperio1'- G A Townsend, The New World Compared with the Oíd, p. 462 Um jornal

europeu, em 1850, referiu-se aos Estados Unidos como um imperio ma-

ravilhoso, que estava 'emergindo'e no 'silencio da térra, aumentando di

ariamente o seu poder e orgulho' - The Dublin Nation". O autor desee a pormenores:

"Republicanismo e protestantismo [os chifres do cordeiro] tor-

naram-se os principios fundamentáis da nagáo. Estes principios sao

o segredo do seu poder e prosperidade. Os oprimidos e conculcados de toda a cristandade tém-se volvido para esta térra com interesse e esperanga. Milhóes depessoas tém aportado as suaspraias, e os Estados Uni dos alcangaram lugar entre as mais poderosas nagoes da Térra" (pp. 72s).

É surpreendente a simploriedade com que D. Vierra trata os textos

bíblicos; em vez de deduzir deles a respectiva mensagem, ¡mpinge-lhes o seu modo de pensar preconcebido e anacrónico. Poe-se a pergunta: 3. Que dizer?

Proporemos tres consideracóes. 3.1. Mortalidade da alma

Note-se logo que em 336 (data alegada por D. V.) nao houve Con cilio de Laodicéia. Conjetura-se, na base de documentos antigos que tenha ocorrido sob o Imperador Teodósio I (347-395) ou mesmo no século V.

A denominado adventista, á qual pertence D. Vierra, tende a retro

ceder ao Antigo Testamento.

Os livros mais antigos do judaismo reconhecem, sem dúvida que o homem morre, mas professam que, após a morte corpórea do ser hu

mano, resta um núcleo da personalidade chamado refaim; este vai para um compartimento subterráneo dito cheol, onde fica adormecido ou in consciente. Por conseguinte, após a morte corporal, o individuo subsiste

sob forma de um núcleo da personalidade inconsciente, segundo os es critos mais antigos do judaismo.

516

O MESSIANISMO DE CORRENTES RELIGIOSAS NORTE-AMERICANAS 37

Quando os profetas dizem que o pecador morrerá, tém em vista a

morte espiritual, como se deduz dos textos seguintes: "Aquele que pecar, esse morrerá.

Se um homem é justo e pratica o direito e a justiga,... esse vivera, oráculo do SenhorJavé" (Ez 18, 4-9).

A crenca no cheol nao podía ser algo de definitivo em Israel Era proposta para evitar que os israelitas cultuassem os antepassados. Ja no Antigo Testamento mesmo cedeu á nocáo de ressurreicao e vida postu ma consciente, como atestam os seguintes dizeres:

Dn 12 2s- "Muitos dos que dormem no solo poeirento, acordaráo, uns para a vida eterna, outros para o opróbrio, para o horror eterno. Os que sao esclarecidos resplandeced como o resplendordo firmamento,

e os que ensinam a muitos a justiga háo de ser como as estrelas por toda a eternidade". Cf. 2Mc 7,9.14

No Novo Testamento é muito clara a sobrevivencia da psyché hu mana (refam consciente e lúcido) no além. Basta folhear o Apocahpse;

aprésenla a liturgia celeste celebrada pelos mártires e justos que passa-

ram desta vida para a bem-aventuranca celeste; cf. Ap capítulos 4 e 5.

Jesús respondeu ao bom ladráo: "Hoje estarás comigo ^ paraíso"

(Le 23,43). Sao Paulo desejava "morrer para estar com Cristo (H i, ¿ó).

A ressurreicáo dos corpos se dará no fim dos tempos; ver 1Cor 15, 23s; 1Ts4,16s; 2Cor 5,1-5; Jo 6,44 e 54. Entrementes, porém, os justos já gozam do premio celeste.

Em conseqüéncia dir-se-á que María nao está morta, mas sim viva, até mesmo glorificada em corpo e alma por especial privilegio Ela pode interceder por seus fílhos militantes na térra nao porque esteja onipresente

PaTouvirPas preces dos fiéis devotos), mas porque Deus Ihe comum*

o que concerne aos homens peregrinos para que os possa acompanhar

coín suas oracóes; Deus, Autor da solidariedade entre nos, nao perm.te que essa solidariedade ou comunháo seja destruida pela morte. 3.2. Sábado ou Domingo?

A Lei de Moisés manda observar o sétimo dia da semana chamado shabat (repouso). De sete em sete dias os israelitas deviam parar a f.m de prestar culto mais solene a Deus.

No Novo Testamento os Apostólos guardaram este preceito; ape

nas deslocaram o inicio da semana crista para a segunda-fe.ra da sema na judaica; ficou a primeira feira judaica sendo o ultimo día da semana

crisKu o dia do Senhor, visto que Cristo ressuscitou comoujova cnaU»a

no dia após o sábado judaico. Seria menosprezo da Pascoa de Cristo 517

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

continuar a guardar o sétimo dia da semana judaica, esquecendo que Jesús ressuscitou no dia seguinte. H q

Por conseguinte a transferencia do sábado judaico para o dominqo cnstao nao foi feita sob o regime do Imperador Constantino no século IV mas pelos proprios Apostólos, como testemunham os seguintes textos." 1Cor 16,1s: "Cuanto á coleta em favor dos santos,... no prímeiro día da semana cada um de vósponha de lado o que conseguir poupar". _ At 20,7: "No primelro dia da semana, estando nos reunidos para a

¡racao do pao...'.

Estes dizeres significam que já no tempo dos Apostólos os cristáos

consagravam o primeiro dia da semana judaica á assembléia litúrgica comemorativa da Páscoa do Senhor. Mais: esse primeiro dia da semana ja entao tem seu nome peculiar: é o dia do Senhor, conforme Ap 1.9:

"No dia do Senhor (en tei kyriakei hemerai) fui movido pelo Espirito". Kyriaké heméra foi traduzido para o latim por dominica dies- don

de em portugués domlnga, domingo.

Por conseguinte é consentáneo com a revelacáo do Novo Testa

mento guardar o domingo e tornar-se falsa a guarda do sábado O que importa nao é o nome sábado, mas sim a observancia religiosa de cada sétimo día; pouco importa o fato de a semana crista comecar um dia

apos a semana judaica.

3.3. Messianismo norte-americano 3.3.1. Quem sao as Bestas?

É totalmente fora de propósito pensar que Sao Joáo no Apocalipse

tenha recebido revelacoes sobre os Estados Unidos da América O que o autor sagrado tinha em vista, era reconfortar os seus ¡mediatos leitores

e?^ °\tLTPérÍ0 R°man°: ^ aprSSent

dáÍ sob a

P*t ?K e d° mar (Ap 13" 4)l Ora ^uem- a Partir da ilha de Palmos, olha para o océano depara-se com a península itálica e Roma Donde se concluí que a primeira Besta simboliza o Imperador persegui-

?a iVaj£°nt0 qUe a SOma de suas letras é ° numero desgra?ado 666

Chris"ti° qü8 qU6rd¡Zer: César Nero; ver Dialo9o Ecuménico, Ed. ííimen Christi d6 B6Sta S°be da terra (Ap 13'^1^ Partir ¡'ha de P«tmnf9.hnda Patmos, olha para o cont.nente, encontra a Asia QuemMenor, aque no da tempo

de Sao Joao era sede de intenso culto do Imperador. Tal Besta simboliza

a re .glao of.c.al do Imperio que incluía o culto do monarca e em ñome da

qual eram boicotados os cristáos.

518

O MESSIANISMO DE CORRENTES RELIGIOSAS NORTE-AMERICANAS 39 Por conseguinte o que o autor sagrado quería dizer é que os perse

guidores do Cristianismo estavam fadados a perecer, como se evidenciava através do número 666, símbolo de desgrasa e ruina. Nem Sao Joao nem os ¡mediatos leitores do Apocalipse tinham nocáo do continente americano. O objetivo do livro sagrado era fortalecer "aqui e agora" a esperanca dos cristáos perseguidos no fim do século 1. 3.3.2. Os Mórmons

Sem querer tomar partido dentro da política internacional, registra mos que a tendencia a se julgar povo messiánico aflorou também na religiáo dos mórmons, cujo fundador foi Joseph Smith, cidadao norte americano que viveu de 1805 a 1844.

Eis como os mórmons explicam a sua origem:

Após a confusáo das línguas em Babel (cf. Gn 11), a tribo de Jared emigrou da Asia para a América. Contudo, já que se constituía de homens maus, Deus permitiu fosse punida por muitas guerras e calamida des públicas, de modo que estava para se extinguir em 600 a.C.

Nesta época, porém, vivia na Palestina um profeta chamado Lehi, da tribo israelita de Manassés; foi avisado por Deus de que, em breve (586 a C) Jerusalém cairia sob os golpes de Nabucodonosor; por isto

veio com outros israelitas para a América, onde encontrou os últimos descendentes de Jared.

Urna vez morto Lehi, houve divergencias entre seus dois filhos Nefi e Lama os quais em conseqüéncia se separaram. A tribo de Nefi conservou-se fiel a Javé, ao passo que os descendentes de Lama prevancavanv em castigo Deus deixou que a cor de sua pele se tornasse verme-

Iha- sao hoje em dia os indios ou aborígenes da América. Quando Cristo

esteve sobre a térra, visitou os Nefitas na América após a sua ressurrei-

cáo Dois ou tres séculos depois de Cristo, também os Nefitas (de pele branca) pecaram gravemente e foram exterminados pelos Lamanitas ou

indios Contudo o último rei e patriarca nefita, Mórmon, antes de morrer escreveu a historia do seu povo sobre placas de ouro, que ele entregou a

seu filho Moroni; este escondeu táo precioso depósito no alto da colina de Comorah, onde finalmente Joseph Smith no século XIX, sob a guia de um anjo (Moroni).o devia descobrir. Daí se origina o Livro de Mormon,

que é como dizem, a terceira Revelacáo (enumerada após o Antigo e o

Novo Testamento), auténtica Palavra de Deus, á luz da qual a Biblia Sa

grada mesma deve ser interpretada. 3.3.3. O Moonismo

De resto também a seita de Moon ou a Associacáo para a Unificacáo do Cristianismo Mundial atribui aos Estados Unidos da América um papel messiánico. 519

1°.

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

Com efeito, segundo Moon, a salvacáo consiste em aderir á políti ca e aos interesses dos Estados Unidos, nacáo pioneira do campo direito e, por isto pioneira de Deus, para lutar contra o campo da esquerda

Moon aplica aos Estados Unidos o que a S. Escritura refere ao povo de Israel: sao o país abencoado, no qual se refugiavam os puritanos deixando sua familia e sua patria, como fizera Abraáo; Deus os protegeu e salvou dos inimigos, colocando-se do lado de George Washington novo Davi, e dos colonos americanos; depositou riquezas ñas máos deles porque precisava de urna nacáo crista poderosa a fim de ser "instrumen to para a salvacáo do mundo". "O futuro do mundo inteiro depende da América do Norte: é a campea de Deus e o milagre da historia moderna" diz Moon. Dos Estados Unidos sairá a salvacáo do mundo. Foi por isto que Deus enviou Moon para lá: "Amo a Deus, e Deus ama os Estados Unidos" Sem dúvida, Moon reconhece que este país moralmente está "deteriorado" pelas drogas, pelo racismo, pela delinqüéncia juvenil, pelo divorcio, pelo ate

ísmo; sabe que a juventude norte-americana se tem entregue ao materialis

mo. Nao obstante, desenvolve um programa bem definido e certeiro. Sem comentarios... 4. Conclusáo

O livro de D. Vierra é mais um panfleto que pretende destruir a Igreja Católica. Carece de valor, dado o seu tom passional obcecado que chega a fazer dos Estados Unidos um farol para o nosso mundo mediante o republicanismo e o protestantismo. Assim associa entre si nacionalismo e religiáo, caindo num despropósito que depóe contra o autor.

Minha Pequeña Filósofa, Minha Pequeña Filosofía, porAchylleAlexio

Rubín. - Ed. Pallotti, Santa María (RS) 2002,2* edigao, 140x210 mm, 373 pp.

O Pe. Achylle Alexio Rubín é doutor em Filosofía pela Universídade de Fríburgo (Suíca) e durante decenios lecionou Filosofía na Universidade Fede ral de Santa María (RS): á semelhanpa do que acontece em O Mundo de Sofía, procura iniciar na Filosofía - mais precisamente... na Ontologia - urna sobnnha sua tratada pelo pseudónimo de Luzia. O estilo do livro é suave e fluente, o autor vai guiando o leitor através de etapas sucessivas ateo Supre mo Ser ou Deus, causa causante e nao causada. Importa notar que o mestre

se opoe tanto ao monismo (que confunde todos os seres numa unidade falsa)

como também ao dualismo, que supóe antagonismo entre dois principios ou entre materia e espirito. O Pe. Acholle chama bipolarídade a posigáo inter mediaria, que admite dois polos, que nao se opóem mutuamente mas se complementam (corpo e alma, homem e mulher, porexemplo).

O livro assim concebido vem a ser um bom manual de Introducáo á

Filosofía.

Além do mais, é rico em alusóes á Filosofía grega, iniciando o estudio

so no pensamento de Platáo e Aristóteles. 520

AIURD em mira:

PASTOR PROTESTANTE PROTESTA

Via internet PR recebeu a seguinte mensagem procedente de um pastor protestante:

Após referir-se as indulgencias tais como foram apregoadas outrora na Igreja, continua o autor da mensagem:

O que chama a atengáo nao é o fato das indulgencias serem urna

realidade na ¡greja medieval, mas estarem presentes na igreja atual, ca racterizada como pos-moderna. A prática foi até "aperfeigoada", urna vez que nao só a béngáo da salvagáo, mas também da cura, prosperidade, emprego, libertagáo entre outras, sao abertamente negociadas em troca

de "ofertas" que recebem os mais diversos nomes, mas que no fim das

contas tém a base ideológica das indulgencias medievais. As pessoas

sao descaradamente extorquidas em nome de Deus para que as grandes catedrais e imperios religiosos sejam construidos1.

Foi contra esse tipo de prática que Lutero se levantou e pregou as

suas 95 teses ñas portas da Catedral de Wittenberg no século XVI.

A prática do dízimo e da oferta é bíblica.mas a indulgencia e aquilo que se tem visto hoje no meio dito evangélico é pura invengáo humana que nao tem nada a ver com o verdadeiro evangelho. A biblia é clara com relagáo a isto:

"Pois pela graga de Deus voces sao salvos por meio da fé. Isso nao

vem de voces, mas é um presente dado por Deus. A salvagáo nao é resultado dos esforgos de voces;... Porque ele nem mesmo deixou de entregar o próprio Filho, mas o ofereceu por todos nos. Se ele nos deu o seu Filho, será que nao nos dará também todas as coisas?" (Efésios 2, 89/Romanos 8, 32).

Talvez seja a hora de urna nova Reforma, de novos Luteros, de urna nova postura. Talvez seja a hora de protestar contra o protestantismo. OBSERVAQÓES

1) Nunca existiu venda de indulgencias na Igreja. Por "obra

indulgenciada" entende-se urna obra boa (vigilia noturna, peregrinacao,

' O autor tem em vista a Igreja Universal do Reino de Deus (N.d.R.) 521

í?

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

esmola...) á qual a Igreja associa os méritos de Cristo, de modo que quem a pratica com total repudio ao pecado e pleno amor a Deus é dis pensado da expiacáo que deve em conseqüéncia de seus pecados. Vis to que, entre as obras indulgenciadas, estava outrora a esmola podía parecer que quem dava a esmola estava pagando algum beneficio ecle

siástico. Apenas parecía...

2) Salvos pela fé... Nao, porém, pela fé inerte que cruza os bracos mas pela fé operante através da caridade (ver Gl 5, 6). A fé sem obras é morta, tal é a fé que o demonio tem e que o faz estremecer, conforme Tg Ainda a propósito da IURD.

PASTOR VON HELDE CONVERTIDO

Mais de urna vez chegou á Redacao de PR a noticia de que o pastor Von Helde, da IURD, o zombador de Maria Santíssima, se converteu ao Catolicismo em conseqüéncia de maravilhoso sinal recebido do

Senhor. Todavía, como chegou também o desmentido da noticia, esta

nunca foi publicada em nossa revista. Recentemente, porém, foí comuni cado a PR que o pastor convertido apareceu na Rede Vida - o que torna a noticia fidedigna. Eis por que vai, a seguir, publicada tal como transmi

tida vía internet:

Foi visto na Rede Vida, em celebragáo de missa há poucos meses-

pastor Von Helde, da IURD, convertido ao Catolicismo.

Foi aquele pastor que chutou a imagem de N. Sra. Aparecida Um sacerdote contou que tal pastor tora acometido de grave enfermidade

Resolveu cuidarse nos EUA, onde os recursos sao maiores. Internado

num hospital, foi tratado e se recuperou. Quis demonstrar gratidáo a quantos o ajudaram na cura da doenca; fez entáo um convite a médicos

enfermeiros, auxiliares... para urna confraternizagáo em determinado lu

gar. Na hora aprazada, todos compareceram. Em ceño momento Von Helde passou em revista o grupo e constatou a ausencia da senhora

negra que todas as madrugadas ¡he dava assisténcia. Interrogados os presentes nao sabiam de que se tratava e desconheciam talpessoa Em

perplexidade, o pastor entrou em reflexáo e compreendeu que só podía ser entáo a Virgem Aparecida. Convencido disto, se converteuao Catoli cismo, tornándose naturalmente devoto de Nossa Senhora.

A Virgem Aparecida, desprezada pelo pastor, ter-lhe-á aparecido pessoalmente a fim de assistir-lhe na enfermidade e abrir-lhe os olhos para seu Divino Filho feito Cabeca da Igreja que Ele fundou e entregou a Pedro. Guarde ela com materno amor este seu novo filho! 522

PASTOR PROTESTANTE PROTESTA

43

Á guisa de complemento, seja aquí transcrita a carta de um irmáo protestante publicada pela revista protestante ULTIMATO de julho-agosto2003,p. 12:

"Li o livrinho María, Um Modelo Bíblico de Espirituatidade, de Douglas Connelly (Editora Uitimato e Editorial Press). No Magníficat, María diz: "Sim! Doravante as geragóes todas me chamaráo bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor" (Le 1, 48-49). N. van deAkker, um pastor da Holanda, diz: "Nos protestantes nao podemos estar ausentes no louvor de María. Onde o protestante falha, o catolicis mo exagera". María, modelo de fé, merece nova reflexáo. A veneragáo (que é tributar um grande respeito, ter em grande consideragáo) dos ca tólicos merece urna revisáo a partir dos dados bíblicos. E, do lado dos protestantes, também é preciso urna nova reflexáo, visto que María faz parte da boa nova.

Theodorus Adríanus Vreeswijk Goiánia, GO"

O Deus da Salvacao, porBernard Sesboüé SJ (Diregáo) e Joseph Wolinski. Tradugáo de Marcos Bagno. - Ed. Loyola, Sao Paulo 2002, 160 x 230 mm, 439 pp.

O Pe. Sesboüé é professor de Teología e membro da Comissáo Teológica Internacional. Com o Prof. J. Wolinski, profundo conhecedor dos Padres da Igreja, dá inicio a urna "Historia dos dogmas" em quatro

volumes; destes o prímeiro, já traduzido para o portugués com o título ácima, vai do século I ao século VIII, compreendendo: 1) A Tradigáo, A Regra de Fé e os Símbolos; 2) a Economía da Salvagáo e3)O Desenvolvimento dos Dogmas Trinitario e Crístológico. A palavra "dogma" (pouco simpática ao homem contemporáneo, como notam os dois autores a p. 19) quer dizer "artigo de fé". A historia nao alterou o Credo apregoado por Jesús e pelos Apostólos, mas deu ocasiáo a que os teólogos aprofundassem os dados da Revelagáo, formulando-os com precisáo e recebendo a cháncela dos primeiros Concili

os Gerais: Nicéia I (325), Constantinopla I (381), Éfeso (431), Calcedonia

(451), Constantinopla II (553), Constantinopla III (680-681), Nicéia II (787). Cada um desses Concilios aprovou, com o abono do Papa, a expressáo

de urna verdade de fé até entáo posta em debate. É tal historia que os

dois autores em foco descrevem com multa documentagáo, mas de maneira acessível ao grande público. Visto que a historia é urna escola, o fiel católico só pode lucrar com a leitura de tal obra, muito sabia e ponde rada. 523

Tres documentos

VERSANDO SOBRE VIDA E MORTE DOS PEQUENINOS

A Redacáo de PR recebeu tres documentos relativos a questóes debatidas com respeito á vida dos pequeninos ameacada por procedimentos avancados. Dada a importancia dos mesmos.váo, a seguir, transcritos. ABORTO

Eis o artigo intitulado CONSIDERAQÓES SOBRE O ABORTO

PROVOCADO, da autoría do Dr. Luiz Eugenio Garcez Leme, Diretor Ci entífico da Blue Life. O texto foi enviado a PR sem indicacáo da fonte o que nao diminuí a forca de seu arrazoado.

"O aborto provocado constituí um problema de importancia vital para

a máe e a crianga. É urna simplificagáo inaceitável encará-lo apenas como

urna polémica religiosos/nao religiosos ou como urna colocagáo ideológi ca ou politicamente correta ou incorreta. Tratase de vida ou morte. A

primeira consideragáo importante é a constatagáo de que desde a concepgao existe um verdadeiro ser humano. Já na primeira célula existem 23 cromossomos que nao sao da máe, portanto nao se trata de urna cé

lula da máe e 23 cromossomos que nao sao do pai e, portanto, nao se trata de urna célula do pai. Tratase de um novo ser que urna simples análise cromossómica mostrará que é humano; tratase, pois, de um ser que é humano e, portanto, um ser humano com direitos inerentes ao ser

humano, o primeiro dos quais é a vida.

O aborto provocado está longe de ser um problema religioso. O juramento de Hipócrates, criado 600 anos antes de Cristo, jáproibia esta prática. Tratase portanto de urna questáo de direito e de moral natural, independente de qualquer confissáo religiosa ou mesmo da existencia ou nao de religiáo.

Com certeza a máe é dona de seupróprio corpo; no entanto, devese considerar que, baseada nos mesmos principios, a crianga também é dona de seu corpo e seu direito á vida supera, do ponto de vista moral, o direito ao bem-estar da máe. Se nao aceitarmos esses simples principi os, nao haverá crime em, porexemplo, matar um vizinho que nos incomodasse física ou psicológicamente.

A verdadeira questáo que se apresenta no aborto provocado éade saber se os seres humanos continuam tendo direito á vida mesmo quan524

VERSANDO SOBRE VIDA E MORTE DOS PEQUENINOS

45

do sao "socialmente inconvenientes". Será que urna changa que repre

senta um encargo financeiro ou que é fruto de urna uniáo extraconjugal merece, somentepor esse fato, do qual é inocente, urna sentenga de morte? As estatísticas sobre mortalidade materna e aborto sao usadas, com freqüéncia, para defender o aborto provocado como um "mal me nor". Essa argumentagáo apresenta enormes fainas. Por esse mesmo

argumento poder-se-ia defenderá morte de todas aspessoas com doengas infecciosas como a AIDS e, conseqüentemente, as estatísticas de saúde da populagáo melhorariam. Por outro lado, a estruturagáo e legalizagáo de agóes, em si mesmas, más, nao pode representar um bem. Partindo desse principio e considerando serem os assaltos urna realidade triste e penosa de nosso quotidiano, dever-se-ia propor a construgáo de "assaltários", onde as pessoas pudessem ser assaltadas com mais conforto e seguranga.

Poresses motivos, mesmo correndo o risco do politicamente incorreto, nao há como se considerar o aborto provocado como urna prática

corr'eta ou mesmo aceitável. A defesa de cada vida, a defesa de toda vida é sempre a defesa de nossa própriá vida.

Dr. Luiz Eugenio GarcezLeme Diretor Científico da Blue Ufe"

PRODUCÁO DE EMBRIÓES PARA FINS TERAPÉUTICOS O jornal O GLOBO publicou declarares da Prof3 Eliane Azevedo, geneticista docente da Universidade Federal da Bahía, declaracóes que tiveram por mánchete:

"Nao há vidas inferiores, somos todos humanos"

A Professora Eliane Azevedo, coordenadora do Comité de Ética

em Pesquisa, é contra O uso de embrióes descartados em pesquisas com células-tronco. Para ela, a vida comeca no momento da fecundacáo e nao seria ético manipular óvulos fecundados.

O GLOBO: Por que a senhora é contra o uso de embrides descartados em pesquisa?

ELIANE AZEVEDO: A ciencia deve servir as pessoas, nao o contrario.

Nao se pode usar urna vida para servir de remedio para outra. Nao há

vidas superiores ou inferiores, somos todos humanos. Se comecarmos a

admitir que uns podem ser sacrificados, vamos criar novas castas. Além disso, a liberacáo desses embrióes abre um precedente para que todos possam ser usados em pesquisa.

• Do ponto de vista ético, nao é pior deixá-los congelados do que usá-los em pesquisa? 525

46

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 497/2003

ELIANE: Esses embrióes existem porque nao houve urna reflexao ética quando se iniciou a prática da reproducáo assistida. Fo¡ um erro do passado, que nao pode ser corrigido com um outro erro, que pode aerar erros aínda maiores.

• Nao se impediría assim o avango de pesquisas que podem levar ao tratamento de doengas hoje incuráveis?

ELIANE: Existe um excesso de propaganda de beneficios, de urna falsa expectativa de que se vai salvar vidas, numa tentativa de convencer a sociedade a admitir coisas inadmissíveis. Isto nao é ciencia, é comercializacáo de idéias. A terapia génica, que é muito mais simples do que o transplante de células-tronco, nao deu certo até hoje.

• Em que momento comega a vida?

ELIANE: Há diversas propostas: na fertilizacao, quando o coracáo co-

meca a pulsar, quando há movimentos fetais, entre outras. Do ponto de

vista biológico e ético, me parece lógico que comeca na fertilizacao. Dali para a frente é um processo continuo.

O FETO ANENCÉFALO (sem cerebro) A Sra. Mará... foi máe de feto anencéfalo. Publica sua experiencia

numa carta que foi reproduzida pelo jornal A NOTÍCIA e citada pelo

Desembargador Carlos Brazil em sua declaracáo de voto sobre o Man

dato de Seguranca ns 42/2000 do TJRJ. Eis o teor da missiva:

"Lendo o jornal A NOTICIA e acompanhando a evolugáo do caso da máe que quer abortar o seu filho anencéfalo, gostaria de relatar a minha experiencia, visto que passei pela mesma situagáo. Pedro era urna crianga muito esperada e amada desde a confirmagao da gravidez (era o nosso primeiro filho). No sexto mes de gravidez fiz urna ultra-sonografia e foi constatado que o meu filho sofría de anencefalia e que morrena logo após o nascimento.

O médico prontamente quis retirar o meu filho através de urna cesanana para a interrupgáo da gravidez. Apesarda nossa grande tristeza,

ficamos um poúco até indignados por nao conseguirmos entender como se pode querer privar alguém que, mesmo muito doente e sem esperangas, receba o cárinho e o amor que nao tem medida e é totalmente incon dicional que é o amor da máe pelo seu filho, sendo este saudável ou doente, sem máos ou com máos ou mesmo sem um órgáo vital. Ñas noites que se seguiram lembro-me de que chorei muito, mas, vendo a minha barriga mexer, eu conversava com meu filho e o sentía (Continua na p. 486) 526

Amigo, se esta revista lhe foi útil, queira difundi-la. Lembre-se de que muitos semelhantes sofrem de problemas que eles nem sabem

equacionar por falta de dados básicos. pr deseja oferecer materia para reflexáo. quem obtiver tres assinaturas novas, terá direito a quarta assinatura gratuita. queira pois destacar esta folha e envia-la a

PR, caixa postal 2666, cep 20001 -970 - Rio de Janeiro - RJ, deviDAMENTE PREENCHIDA COM O NUMERARIO DA(s) ASSINATURA(s). ASSINATURAS NOVAS 1) Nome:. Enderece»:.

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Esta obra, sem similar no

Brasil, contém, em tradujo portuguesa, os documentos do

Magisterio da Igreja referentes á Fé Católica.

Traducao do prof. Paulo Rodrigues, cotejada com os origináis em latim e grego e atualizada com 19 documentos,

chegando-se até a Declaracáo "Dominus Iesus"(2000).

autoría do Pe. Justo Collantes, SJ, professor de Eclesiologia na Faculdade de Teología de

Granada, Espanha. Foi publicada originalmente pela prestigiosa B.A.C. -Biblioteca de Autores Cristianos. O autor antes de falecer, em 2000, enviou urna Apresentacao especial para a edicao brasileira. O teólogo Candido Pozo, SJ., explica que "trata-se de um Denzinger", mas com os documentos em ordem sistemática e nao só cronológica e com

introducoes históricas para cada documento.

O livro trata dos seguintes temas: Fé e razao, As fontes da revelacao, Deus criador, Cristo Salvador, María na obra da salvacao, Deus revelado por Cristo, A Igreja, A graca' Os sacramentos, As realidades escatológicas, Símbolos da fé católica. Sobrecapa corrí texto de Dom Estévao Bettencourt, O.S.B. e Prefacio do Pe. Dr. Ingo Dollinger, vigário episcopal e reitor do Seminario Diocesano de Anápolis.

Edic.óes Lumen Christi - Rio de Janeiro/2003. Formato: 14 x 21 cm. 1.345 páginas.

Prego do volume: R$ 90,00 - 20% de descontó para pedidos de Dioceses e Seminarios (mais de 2 exemplares) e 10% de descontó para pedidos

de sacerdotes, seminaristas e religiosos.

Pedidos em nosso site www.lumenchristi.com.br ou conforme encarte

de pedido no interior da revista.

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