Revista Orixas e Africanos - Abril de 1997

July 30, 2017 | Author: kwevodun | Category: Tea, Religion And Belief
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Revistas Orixas e Africanos de Abril de 1997...

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“Olha o poder da pele negra”

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“NKOSISIKELA1’AFJHKA E 0 BRASIL” “Deus abençoe a Africa e o Brasil”

ÒRÍSÀ* & AFRICAI OS ÓRGÃO OFICIAL DE DIVULGAÇÃO DO CULTO E DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Ano X - Edição n9 41 - Diretor-Presidente: Adhem ar D'Ómolu - Editor Chefe: Nelson N. Neto - Diretora-Adm inistrativa: Rose D'Dangbé

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ORISAS & APRÍCAM-on

ABRIL/1997

Povo de Candomblé volte às suas origens! Raízes oferece viagem para a Terra dos Òrisàs e participação nas festas religiosas locais para Grupo de 6 pessoas. • Hospedagem Cotonou/Benín • Visita à Feira dos Feitiços • Visita ao Mercado de panos africanos • Visita ao Centro artesanal • Excursão no interior com destino a: Ketou, reinado Yorubá, Savalou, terra dos Djedje Mahi e Ouidah, ponto de partida dos escravos para o Novo Mundo.

Viagens previstas FESTA DOS INHAMES Princípio de agasta FiSTA DO MAR Prlncfpia de satembra FISTA DE DADAí GUN Ainda sam data daflalda PREÇO DA PASSAGEM R$ 1.400,00 (financiado por cartão de crédito) (inclui a despesa do visto africano) PREÇO DA HOSPEDAGEM - R$ 800,00 por pessoa (hospedagem em casa de família “quarto duplo” Incluindo pensão completa “comida local”, transporte e participação nas festas). Os interessados deverão providenciar os seguintes documentos: 1B- Tirar o seu Passaporte (3 fotos); 2a - Atestado de Vacinação contra Febre amarela; 3B- Preencher um Formulário em 3 vias:

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Editorial CarOs leitores! Há sempre uma razão para enveredarmos por um outro caminho em busca de uma mudanças; quando se pensa em mudar alguma coisa, temos sempre a certeza que será para m elhor, pois se assim não fosse, para que então efetuar uma mudança? No mundo da tecnologia informativa, o impor­ tante não é vencer, e sim competir. Em agosto de 1989 ao lançarmos o primeiro número de nosso jo r­ nal, o fizem os com m uito sacrifício. M ais tarde, tivemos uma parada obrigatória. No limiar de 1992, reiniciamos os nossos trabalhos com a mesma espe­ rança e a m esm a garra, em bora soubéssem os que iríam os encontrar m uitas dificuldades, principal­ mente a financeira. Mas graças a ajuda de inúmeros zeladores e anunciantes, chegamos até o número 33 na cor tradicional que o preto e branco (PB). No final de 1995, realizamos uma outra façanha, que foi editar o nosso jornal em cores (Edição 34); Hoje, estam os buscando uma nova form a e uma

Sumário Povo de Candomblé, volta às suas origens! - P. 1 Disk Santo - P. 03 Osvaldo Mutalê - PP. 04 e 05 Iniciação dentro da Umbanda na T. E. S. Francisco de Assis PP. 06 e 07 Abassá de Azunsu - P. 09 Danielle de Yemonja - PP. 10, 11 e 12 Nossas Ervas Medicinais - P. 13 Coluna da Mulher - P. 14 Nação Jeje perde seu Guerreiro Branco - PP. 15, 16 e 17 Nossos Deuses Africanos - Exu Elegbará - PP. 18, 19 e 20 Cheif lyalode Ifafunke Motunra-io Olagbaju Yeye Oshun Of Lagos-Land - Lagos Nigéria - PP. 21, 22 23 e 24 A grande festa da Cigana Rainha das Estradas - P 25 Tiãozinho de Oxóssi - PP. 26, 27 e 28 Esoterismo Vamos falar dos Ciganos - P. 29 As velas na mitologia Cigana - P. 29 Aries - O signo do mês - PP. 30, 31 e 32 Aromaterapia - Perfumes - P. 33 No Caderninho da Kriz & Sociais de Rose D’Dangbé PP. 34 e 35 Religião - P. - 36 Vânia de Freqüen recebe obrigação de 3 anos - P. 37 Marina de Oxaguiã tira mais um barco - P. 38 Ebâmi Loiá “Lelê do 40” , recebe obrigação de 21 anos - PP. 39 e 40

nova m aneira de levar até aos senhores, as notícia, c u ltu ra e os a c o n te c im e n to s do C u lto A fro Brasileira em formato de Revista. P ara nós, é um a escalada m uito grande, pois , estam os realizando um a das mais difíceis tarefas, ■ que é fazer e por em circulação uma Revista volta­ da especialm ente para a divulgação do Culto e da Cultura negra. Não somos o primeiro e também não seremos o últim o à re alizar este tipo de trab alh o , m ais o importante de tudo, é realizar um a mudança, m a is l que seja pra melhor, e acreditamos que essa mudan­ ça, alcançará esse objetivo. Para tanto, esperamos continuar a receber a soli­ dariedade irrestrita de nossos Zeladores e de nos­ sos Anunciantes, pois graças a eles, é que de hoje em diante estarem os apresentando aos olhos do mundo este novo visual, este novo Layout de pági­ nas, pois, o que ontem era um m odesto jornal, hoje passa a ser uma revista.

0 R15AS £• AFRICANO Jornal Ò risàs & A fricanos - Artes G ráficas e Editora Ltda - ME

Diretores Responsáveis: Rose D'Danc)bé & Adhemar Costa ÒRISÀS & AFRICANOS - “OJU ASE AWO DÚDU” Órgão Oficial de Divulqação do Culto e da Cultura Afro-Brasileira O ESPAÇO

Fundado no dia 16 de agosto de 1986, por Adhemar B. da Costa Registrado no INRI, sob o ns 100542945, em 07 de maio de 1987 EDITOR CHEFE: Nelson Noronha Netto DIRETORA ADMINISTRATIVA - Rose D’Dangbé EDITOR E REPÓRTER FOTOGRÁFICO - Adhemar D’Omolu Administração, Redação e Circulação Rua do Governo, 408 S/202 - Realengo - RJ - CEP. 21770/100

338-0173 Os textos, fotografias e demais criações intelectuais publicadas neste exemplar, não podem ser utilizados, reproduzidos, apropriados ou estocados em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio-mecânico, eletrônico, microfilmagem, fotocópia, gravação etc. Sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais. Produção Gráfica: Editora SAVIR - Telefax: 627-4269 Todos os direitos sobre matéria, reportagem e fotos desta edição, são reservados à: Jornal Òrisàs & Africanos - Artes Gráficas e Editora Ltda - ME

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OlifEAf. f:- f i m c p . im

Osvaldo Mutalê recebe obrigação de 14 anos A b a ssá de O xóssi M u ­ talê, que fica lo c a liz a d a à R u a A lex a n d re A m a ra l, 16 0 - J d . T erra Firm e - Santíssim o CEP 230 9 8 -1 2 0 , v i­ veu nos dias 08 e 15 de d e z e m b ro , m o ­ m entos de rara beleza e e s p le n d o r , p o is o B abalorixá O svaldo M utalê pode realizar o seu g ran d e sonho, q u e fo i f e s te ja r a o b rig ação de seu 14 anos, dada pelo seu zelador Odé Taió. Com o sa b e m o s m u ito b em , re c e b e r um a obrigação atual­ mente, está sendo uma c o is a m u ito d if íc il, levando-se em consi­ deração que, a atual falta de numerário por p a rte de q u em q u e r que seja, está levando muitos filhos-de-santo a adiarem a realização da m esm a, p o r e sse motivo, m esm o tendo j á se u s 21 a n o s de santo raspado, pode somente naquela data, o zelador receber a de 14 anos.

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DAS GRANDES PRESENÇAS Foi uma festa m ui­ to concorrida, tanto a re a liz a d a no d ia 08 q u a n to a no d ia 15, q u e c o n to u co m o comparecimento de vários irmãos-desanto, de todos os seus fdhos, e ami­ gos, que foram participar da grande festiv id ad e em louvor a O xóssi e a Oxum, entre elas estavam: Nenen de N anã, E kéd i M ariza de Ewá, Jô de Oyá, Ekédi Adilceia da Oxun, Josilene

de Iansã, Arlindo de Xangô, Coquinho de Oxóssi, Waldo de Oxóssi, Sônia de Xangô, M ônica de Ogun, D ayse de Yemanja, Marcley de Logun, Geraldo de Onira, E lair dos Santos, G elson G u im a rã e s, R o b e r to do O gun, Juvenal, Nininha de Oxalá, M aria do

S o co rro , E k é d i D en iz e d e O b a lu a iê , Fomo Regina de Ia n ­ sã, Fom otinho D a n i­ el de O xaguiã, S a l­ vador, D o fo n itin h a J a n a in a da O xu n , A lv a n ir, R e n a ta da Oxun, M argana, M í­ ria m , A n a C r is tin a da Oxun, M aria A p a ­ r e c id a d e X a n g ô , S e r g in h o da O xun, A na L úcia da Nanã, Serginho de Ogunté, L áza ro de Xangô, Ogã Acarajé, Sandra, Z é lia , F á tim a da Oxun, Sônia, Izabel, Vilma da Oxun, N ilcéia de Nanã, M aria do Carmo, Valter de Oxalá, Conceição de Oxalá, A lex de Oxós­ si, N eu za de Ia n sã , Sueli de Iansã, Diogo S érg io , A n a L ú cia , O lin d in a S a n ta n a , Angélica, Sueli, Alice, Alice de Xangô, Ekédi V a léria d e O x ó ssi, Maria Rosa, Sônia de Iansã e Ogã César de Oxóssi; dos filh o s da casa: C o n ceiçã o de Xangô, D iná de Oxa­ lá, A d r ie n e (M u ta kevi de Iansã); N or­ m a (M u ta c o s s u n de O s s â im ); B e rn a d e te (M utaloxun da Oxun); Fábio (Mutairá de Xangô); Dirce (M uta O d é A ro ci de O xóssi); F abiano (M u ta O d é G o n g o birô de Oxóssi); R o­ n a ld o d e O g u m , A c y d e I a n s ã , M arco de Ogum, W ilson de Iansã, S érg io d e X a n g ô , A n a d e O gum , R icardo de O xum arê, S andoval de Oxóssi, W anderley de X angô, Walla c e d e O x ó ssi, V in íc iu s e M a rquinho do Ogun.

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A r iif C A N O í

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As en trad as triunfais de Oxóssi e de Oxum anto no dia 08 quanto no dia 15, o que os convidados pude­ ram presenciar foi um espetá­ cu lo m a ra v ilh o . O dé T aió sem p re p re s ta tiv o , fez tu d o o que p o d eria fazer para que o brilhantismo do ritual não fosse empanado, e isso ele conse­ guiu, graças a seu esforço como tam ­ bém, de seus filhos e netos, que deram tudo de si. No dia 08, depois das apresenta­ ç õ e s h a b itu a is , c h e g o u o g ra n d e m om ento do O rixá patrono adentrar ao barracão devidam ente param enta­ do, a fim de tomar o tradicional rum,

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Oxum Rainha de Oyó, Deusa das águas doces, rios, lagos, cachoeiras e também da riqueza e da beleza e quando isso ocorreu, o Orixá rece­ beu um a grande ovação por parte de todos os p resen tes. O svaldo teve o p ra z e r de d a r a seu p ai O x ó ssi M utalê, um a vestim enta riquíssim a, em reconhecimento a obrigação de 14 anos recebida. No dia 15, quando foi comemorado os 7 dias de sua obrigação, foram ren­ didas as justas e m erecidas honrarias sua m ãe O xum , e a m esm a ganhou uma indumentária digna do seu título Não só de Rainha de Oyó, como tam ­ bém, de Deusa das águas doces - rios, la g o s, c a c h o e ir a s - bem com o da riqueza e da beleza. E mais uma vez os assistentes prestaram-lhe as devidas hom enagens, e em altas vozes grita­ vam a sua saudação Ora ieiê ôôô - Eri ieiê ôôô. E ela m o strou to d a a sua b e le z a e seu fa s c ín io , d a n ç a n d o e fazendo os seus atos característico, como se estivesse banhando-se, penteando-se, perfumando-se e colocando as suas ricas jó ia s. E p ara m ostrar todo o seu carinho e respeito, os seus filhos jogaram pétalas de flores e per­ fum e no Orixá. D epois de toda essa

saudação, a mesma iniciou a sua des­ pedida, deixando nas mentes de todos os c o n v id a d o s p re se n te s, a doce e meiga lembrança de sua presença, e a e s s ê n c ia do p e rfu m e que e x a la v a ainda no ar.. Em ambas as festas, o B abalorixá Osvaldo M utalê, fez questão de ofe­ re cer aos seus co n v iv as, um ja n ta r digno de um rei e de um a rainha,

onde os m esm os se deliciaram com uma farta e sofisticada qualidades de iguarias, que foi acom panhado com vinho, refrigerante e cerveja. Essa festa em homenagem a obriga­ ção de 14 anos do B abalorixá O s­ v a ld o M u ta lê , fic a rá a rq u iv a d a e entrará na história das grandes festivi­ dade de ca n d o m b lé re a liz a d a s no Estado do Rio de Janeiro. ■

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O [USAS í' AFRICANOS

N ação Jeje M a h i perde o seu G u erreiro Branco uitos ainda não estão acreditando, mas o fato o correu, e foi um choque para todos que compareceram ao Ilê de São Bento a fim de comprovarem se era ou não verdade, e ao chegarem lá, puderam consta­ tar a triste e dolorosa perda, morreu Luiz D’Jagun.

perm aneceu nove anos em casa de Ilber mas não raspou o seu santo com ele, isso foi m otivado por causa do seu Exu, tendo no entanto, assen­ tado o seu santo, e com o seu centro de Umbanda que ficava localizado à Rua Coimbra n° 450, onde ele cuidava de mais de setenta médiuns.

QUEM FOI ESTE HOMEM?

NASCE O “MITO LUIZ DE JAGUN”

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Luiz nasceu às 15 horas do dia 24 de fevereiro de 1947, numa segunda feira de carna­ val, na Beneficência Espanho­ la, na rua do Riachuelo; Mais tarde os seus pais foram morar na Ilh a do G overnador; na Tijuca e de lá mudaram para a Rua Belisário Pena, na Penha, onde o mesmo passou a maior parte de sua infância e de sua juventude. Luiz foi empresário; Cria­ dor do primeiro Vídeo de Can­ domblé no Brasil; Foi enredo de E scola de Samba; Im or­ talizado no Museu da Imagem e do Som; Criador de vários eventos; Produtor Carnavales­ co; Radialista - apresentador do mais antigo programa do Culto Afro “Despertar do Candom­ blé”, iniciado na Rádio Continental e levado ao ar atualmente pela Rádio Tamoio - e Escritor. INÍCIO DE SUA VIDA ESPIRITUAL Sua vida espiritual iniciou-se aos 9 anos de idade no Terreiro de Umbanda de Dona Ercília, da Vovó Maria Baiana, que ficava localizado nos fundos de sua residência. Mas a sua via espiritual ficou mais aguçada, foi quando aos 4 anos de idade, pode acompanhar os seus pais em uma viagem à Portugal, e ao chegar lá, teve o privilégio de colocar as suas pequeninas mãos no túm ulo de São Bento. Q uando já estava com seus treze anos de idade, Luiz sentiu a necessida­ de de cuidar de sua parte espiritual, mas

Em 18 de maio de 1974, L uiz foi raspado p or seu Zezinho da Boa Viagem, e continuou a cuid ar se seus (70) filhos e transferiu-se do núm ero 354 para o núm ero 450 da mesma Rua Coimbra, onde inaugurou a sua primeira casa de C andom blé, pois o espaço era maior. AS GRANDES FRASES DITAS COM ORGULHO

Dona Ercília, achou por bem, não mexer em seu Orixá, embora soubesse que o mesmo era filho de Obaluaiê. Aos 15 anos de idade, Dona Ercília encaminhou-o à Casa do Caboclo Roxo, que ficava situado na Praça Seca, a partir daí, o m esm o passou a freqüentar o Terreiro, que era de Umbanda, - Omolocô -, passando então a receber os seus G uias esp iritu a is, Exu da Pedra e Caboclo da Lua Alta. Quando tinha seus 18 anos, Luiz pas­ sou a freqüentar algumas casas de can­ domblé, mas os seus Orixás ainda não haviam se m an ifestad o , em bora o mesmo sentisse influência de Oxumarê, Obaluaiê e Oxalá, e foi nesse estado que ele chegou até à casa de Ilber de Azauani, e tomou o seu primeiro Bori. Nessa oportunidade estavam presente o já falecido Jorge D’Yemanjá que ajuda­ va muito o Ilber e a Ekédi Tereza. Luiz

- Sou filho de Zezinho da Boa Viagem; neto de Antônio Pinto “Tata Fomutinho”, que vem ser do Kwê Cejà Undê, sou bisneto de Gaikú “Maria Angorense”. - Na claridade há sempre uma sombra, eu sou a luz com certeza! - Hei! Menino me chama o Machado! FAZER O SANTO Doutra feita, ao ser perguntado como ele se sentiu após fazer o seu santo, Luiz enfatizou: Fazer Santo para mim, fo i um novo horizonte; as m ãos de meu zela d o r foram leves, e eu consegui não só um amigo, mais sim, um pai. O mundo do Santo, prosseguiu Luiz, me trouxe novas amizades; e ao abrir a minha casa, eu fu i privilegiado pêlos Orixás, pois, ao recolher os meus p ri­ meiros barcos, eu pude contar com a presença de meu zelador. Tanto assim, que no convite de minha feitura, fiz questão de colocar essa peque­ nina frase muito significativa: - “Nada se modifica, tudo se Transforma”. a»

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A p rim e ira h om enagem m 1975, na segunda edição do Jornal Ritual e Magia, do fina­ do José D ias R oxo, L uiz foi eleito como: - “A maior revelação jovem de 75 no Candomblé do Rio de Janeiro. • A CRIAÇÃO DO “ILÊ DE SÃO BENTO” - Ao completar um ano de santo ele conversou com o seu zelador e d ecid iram re co lh er o seu p rim eiro barco, sendo Humberto de Oxóssi o seu Rumbono, depois deste, mais vinte e um barcos foram recolhidos, e das setenta pessoas que o acompanha­ va, sessenta e três lhe esperaram e fizeram santo com ele. Como o espaço físico tornou-se pequeno, Luiz resolveu comprar sem dinheiro - um o sítio localiza­ do na Estrada do Quafá 678, em Santíssimo, com aproximadamente 5.000 metros quadrados. Os seus amigos acharam aquilo uma loucu­ ra, pois o terreno era uma mata fechada e ele estava sem dinheiro. M as m esm o assim ele topou a briga e durante muito tempo, com­ prando com sacrifício, material de demolição, ele conseguiu construir a Casa de Jagun, surgindo assim o Ilê de São Bento, onde ele con­ seguiu uma grande façanha, ras­ pando m ais de 676 filh o s-d esan to, confirm ando inúm eros Ogãns e Ekédis, de seus filhos de santo surgiram muitos netos. • CANDOMBLÉ NÃO SE FAZ SOZINHO - Uma vez esse repórter per­ guntou-lhe, como ele se sentia em ter sobre os seus ombros, a grande respon­ sabilidade de cuidar de tantas pessoas que lhe procuravam e de seus inúmeros filhos. E com aquele sorriso matreiro, Luiz me respondeu: - Olha! E uma coisa que eu não sei explicar. Sei que é muito difícil cuidar de tantas pessoas; de fica r aqui às vezes enclausurado; perdendo a minha moci­ dade; deixando de me divertir. Mais eu sou fe liz assim mesmo. E como todo mundo sabe, casa de candomblé é assim mesmo, e candomblé não se faz sozinho. M uitas pessoas - inclusive as que estão dentro do candomblé - falam mal de nossa religião, mas para mim o can­ domblé é uma família, e terá sempre os m esm os p roblem as que uma grande família tem, há ciúme entre os próprios irmãos, pois um acha que eu dou mais atenção há um do que há outro, mas para isso, o dirigente, tem que saber conduzir essas pessoas que fazem parte

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da família. Mas quando existe uma dificuldade, todos se dão às mãos e se ajudam. E é por essa razão que volto afirmar a você, meus filhos-de-santo, são muito bons; são solidários e se respeitam entre si, as casadas sempre trazem os seus maridos, form ando desta maneira, uma grande comunidade. • O INÍCIO E O FIM DA “CHICA XOXA” - Com o falecimento do Doté Luiz de Jagun, termina um dos quadros mais polêmico de um programa de rádio,

que é o famoso “Chica Xoxa”. Algum tempo atrás, Luiz me confidenciou que o objetivo do quadro polêm ico “Chica Xoxa”, era apenas brincar com as pes­ soas sem citar nome de ninguém, há não se estivesse autorizado para tal. Ele fazia a coisa de uma maneira jocosa, e sempre que isso ocorria, a “pessoa” encaixava direitinho a carapuça em sua cabeça. Além desse quadro que agora se encerra com o falecimento de Luiz, ele também levava ao ar os seguintes: Ativando os Axés; Folheando um livro chamado Axé e Como vai você, esses quadros tinham com objetivo louvar e reveren­ ciar os Axés de todas as nações, bem como, enaltecer o Candomblé e valori­ zar o povo-do-santo. Um outro quadro que passou há ser até motivo de bate boca dentro e fora do Candomblé, era No tempo da antiga. Ao apresentar esse quadro, ele chamava à atenção de todos para as normas e éti­ cas de respeito que o povo-do-santo devia cultivar.

• A SSIM O POVO Q U IS ...O S MELHORES DO CANDOMBLÉ - A fim de valorizar mais ainda o povo do candomblé, Luiz que tinha uma imagi­ nação muito grande, criou várias coisas im portantes no sentido de difundir a nossa religião, e uma delas foi o tão polêm ico vídeo sobre a cultura afrobrasileira falando sobre o dia-a-dia de uma casa de candomblé. Esse vídeo foi lançado em todo Brasil. Nesse vídeo quis Luiz mostrar não só a sua ativida­ de na área cultura, como também, valo­ rizar o culto e as pessoas. Pois segundo as suas palavras, o Paide-santo é na realidade um psi­ cólogo; um advogado; e um con­ selheiro, onde tem como finalida­ de, desenvolver uma ação social da maior importância. Em 1994 Luiz apresentou no Scala pela prim eira vez um dos grandes show - onde pode reunir mais de três centena de adeptos do culto e da cultura afro-brasileira intitulado Assim o povo quis...os m elhores do Candomblé, que segundo as suas palavras, tinha o objetivo de m exer com a mente das pessoas, no sentido de que as mesmas não tivessem vergonha de dizer que eram condomblécistas. Esse show foi apresentado nos anos de 95 e 96, sendo que, em 24 de setem bro de 1996 foi no Im perator, e o seu objetivo era p re m ia r inúm eros Z elad o res, E kédis, Ogãns e C om unicadores do Rádio e da Im prensa que difundem a religião. • OS VINTE E UM ANOS DE LUIZ AO SOM DE ÓRGÃO E VIOLINO No dia 27 de m aio de 1995 quando comemorou os seus 21 anos de feitura. O Doté Luiz de Jagun, organizou uma das maiores festas de candomblé já reali­ zada no Estado do Rio de Janeiro, sendo por nós registrado como “o maior espe­ táculo do semestre” Nessa oportunida­ de foi registrado que mais de 2.500 pes­ soas comparecerem ao Ilê de São Bento, - entre os mais famosos Zeladores do Rio de Janeiro - que puderam pela pri­ m eira vez, aguardar o início de uma festa religiosa ao som de músicas suá­ veis executadas por uma organista e quando term inou a festa religiosa, o Dote convidou-os para participarem do Jour Gras, sendo os mesmos recebidos ao som de Violino. As comemorações pelos seus 21 anos, só term inou na segunda-feira. ^

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ORÍSAS £'• AFRICANOS

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Luiz é in tern ad o e o p erad o ogo depois das comemo­ rações dos seus 21 anos de santo, o Doté Luiz foi internado e subm etido a uma intervenção cirúrgica, e nessa época m uitas pessoas do can­ dom blé ficaram preocupadas pelo seu estado de saúde, mas graças à Deus o mesmo se saiu bem e retornou às suas ativida­ des espirituais. E quando reali­ zou o seu tradicional Olubajé, e ao responder uma pergunta for­ mulada por nosso reportagem, o mesmo enfatizou: O meu pai Jagun provou que me quer muito e que eu sou um bom filho. Tudo que tenho e tudo que sou, agradeço a ele; sei que a vida é uma constante guer­ ra, e graças ao meu Pai Jagun, vou vencendo às batalhas que me são impostas: mais eu sou filho de quem? Não é de um Guerreiro! Agora mesmo acabei de ser presenteado, e todos que me conhecem sabem qual fo i o presente, eu mesmo fiz questão de informar ao meu público e o meu presente, também deu ampla repercussão ao assunto, esse presente era o retorno ao Ilê de sua filha Gina de Iansã - Portanto, a vida é isso que eu disse, uma constante guerra, onde nos que somos filhos de Orixá e guerreiros, temos que saber lutar e esperar, pois, a paciência, é uma dádiva dos grandes sábios. • LUIZ ORGANIZA PASSEATA DE PROTESTO - No dia 12 de outubro de 1995, um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, num gesto impensado ou querendo se promover, diante das come­ ras de TV chutou a Imagem de Nossa Senhora Aparecida. Esse gesto gerou as mais discutidas polêmicas entre cató­ licos e espíritas do Brasil. No dia 14 de novembro, o Doté Luiz de Jagun organizou e colocou no centro nervoso da cidade - Av. Rio Branco e Presidente Vargas - inúmeros adeptos do Candomblé e da Umbanda do Rio de Janeiro, com o seguinte lema: - Deus é um só! Agredir a religião dos outros, também é violência. Esse ato praticado pelo finado Luiz, mostrou a sua eterna preocupação com a nossa religião, tendo em vista que, o ato praticado pelo pastor, foi uma afronta aos seguidores da religião católica, da um banda e do candom blé, tendo em vista ser N.S. da Aparecida a padroeira

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do Brasil. • LUIZ É IM O R T A L IZ A D O NO MIS - Numa deferência toda especial entre tantos zeladores ae santo existentes no Estado do Rio de Janeiro, o Doté Luiz de Jagun em 1995 foi convidado a prestar os seus depoimentos e tornou-se assim im o rta liza d o no M useu da Imagem e do Som. Nessa oportunida­ de, com pareceram inúm eros filhos, netos-de-santo e am igos, que foram levar o seu apoio e a sua estrita solida­ riedade. • SEU ÚLTIM O D ESEJO DEVE SER RESPEITADO - Nossa reporta­ gem tomou conhecimento que, antes de falecer, o Doté Luiz de Jagun havia feito um testamento, no qual doava todo o espaço do Ilê de São Bento, para uma Entidade Filantrópica “Azilo dos L ep ro so s” , e que, um O ficial de Justiça deu o prazo de 90 dias para desocuparem o espaço físico. Em se tratando de testamento, a vontade do testamentário deve ser respeitada. Não nos cabe entrar no m érito da questão, pois seus herdeiros legítimos Ekédi Alda e Ialorixá Fátima D ’Oxaguiã, devem respeitar o desejo, que quando em vida, Luiz manifestou. • CANDOMBLECISTAS SE DESPE­ DEM DO “GUERREIRO BRANCO” - Nos dias 20 e 21 de fevereiro, inúme­ ros adeptos do Candomblé e da Umban­ da, comparecerem ao Ilê de São Bento e ao Cemitério do Caju, a fim de presta­ rem às suas últimas homenagem a esse bravo guerreiro, que iria completar no dia 24\2\97 cinqüenta anos de idade. Tudo já estava preparado para ser a

m aior festa, onde vários am igos já tinham inclusive, recebido o convite para participarem da festividade. Mais isso não pode acontecer, e ao invés de rirem e se divertirem, todos que com pareceram ao Ilê de São Bento desta vez, foram para chorar e lamentar a perda tão irreparável. Sabem os p erfeitam en te que não somos imortais; que estamos apenas de passagem, mas mesmos assim, é uma situação muito triste, muito dolorosa. Para alguns, foi apenas mais um que par­ tiu, mais para os seus familiares; para os seus filhos-de-santo e para o Candom­ blé não. O povo-do-santo sabe muito bem o que perdeu, e por algum tempo ainda irá se lem brar de suas brincadeiras, - da C hica X oxa - de seu gesto, de sua maneira de ser; das grandes festas reali­ zadas no Ilê de São Bento, enfim... não devemos blasfemar conta os desígnios de Oxalá, porque irmão, você criou uma lenda, onde a frase era: Assim... O povo quis, os melhores do Candomblé. Permita-me plagiar essa sua frase e com tristeza dizer: - “Assim”... Jagun quis, levou um dos melhores do Jeje Mahi” D escanse em paz Luiz, e queira receber onde você estiver, essa humil­ de homenagem, deste seu irmão que também é um “Guerreiro Düdü” e de sua irmã Rose D ’Dangbé. D oté Luiz D ’Jagun 24 Fevereiro 47 20 Fevereiro 97

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ABRIL/1997

NOSSAS ERVAS MEDICINAIS * Não se deve adoçar os chás. Mas se você xiste pessoas que não gostam de usar determinado tipo de remédio e prefe­ não conseguir tomá-lo, use, pelo menos, mel puro ou açúcar mascavo. Refinado, jamais. rem as nossas queridas plantinhas comumentes chamadas ervas medicinais. Tome o chá, no máximo, 15 minutos depois Como sabemos muito bem, o uso de plàntas de preparado. Não guarde o resto. Ele perde medicinais requer no entanto, um certo cuida­ as propriedades. do, pois como diz o velho ditado, o que é bom Use água filtrada ou mineral sem gás para para um não é para outro; mas no fundo fazer seus chás. Assim, você diminui a quan­ mesmo elas não causam nenhum mal - depen­ tidade de produtos químicos usados em seu dendo do seu uso certo. Ao adquirir ervas tratamento. medicinais, tenha sempre o cuidado de que as mesmas estejam bem frescas e em bom esta­ COMO PREPARÁ-LO do. Se por ventura você não for usá-la ime­ Infusão ou tisana - É usada para os chás de diatamente, coloque-as na geladeira enroladas flores ou folhas. Quando a água levantar fer­ em papel jornal e na última gaveta, a fim de vura, apague o fogo, jogue as ervas e abafe. que a mesma não venha queimar-se com a Ao jogas as ervas na água quente, o processo temperatura baixa. Mais é aconselhável que de fervura se renova por alguns segundo. As você deve usá-las o mais rápido possível, pois infusões são feitas de uma só erva ou de mis­ muitas ervas perdem a substância da sua turas. Depois de 10 a 15 minutos, o chá pode essência. ser tomado. Decocção - E feita com as partes duras da Chá - Ensinar a fazer chá soa até ridículo. p lan ta: raiz, cau le, casca ou sem ente. Afina, pode existir alguém neste mundo que Coloque tudo na chaleira e ferva em fogo não seja capaz de preparar uma bebida quen­ baixo até começar a sentir bem o cheiro da te com um punhado de folhas? E pouco pro­ planta. Em seguida, apague o fogo, deixe o vável. Mas quando se trata de chás medici­ chá esfriar naturalmente, coe e beba. nais, não custa nada relembrar algumas regriMaceração -Não vai ao fogo. Mistura-se as nhas básicas para que o resultado do trata­ ervas na água, v in ag re, óleo ou vinho. mento seja o melhor possível. Aguarde-se um certo tempo, que pode ser de * Use sempre bule de louça ou vidro. Os de algumas horas ou semanas. A maceração metal, além de oxidarem o conteúdo, podem feita em água não deve ser consumida depois desprender partículas não muito saudáveis. de 12 horas por causa da formação de bacté­ * Prefira, sempre que possível, ervas frescas. rias. Descarte as mofadas ou amareladas.

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Dicas do Bem V iver Enfarte do miocárdio - Como preventivo, ingira freqüentemente cebolas assadas, fri­ tas ou sob forma de sopas. Artrite, ciática e reumatismo - Cozinhe folhas e flores de verbena em um pouco de vinagre. Assim que tiver evaporado, colo­ que a verbena sobre um tecido e aplique a cataplasma quente sobre a parte dolorida. Problemas com os olhos - Se os seus olhos estão avermelhados porque você passou da conta na bebida, ou porque não dormiu bem, coloque em um copo cheio de água recém-fervida 1 colher das de chá de flores de camomila ressecadas. Deixe as flores na água por cinco minutos e, em seguida, coe a mistura, de preferência usando um pequeno tecido bem fino. Espere a mistura esfriar e banhe os olhos. Inflam ações de dentes e garganta Macere um punhado de cocleária seca por 5 dias em lOOml de álcool 60°. Filtre e tome 10 gotas em 1 cálice de água morna. Tosse - Coloque 5 ameixas em meio litro de água fria e ferva por 10 minutos em fogo baixo. Adoce com mel, beba o líquido em pequenos goles e coma os frutos.

OS VERDADEIROS BARALHOS '
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