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Prazer em aprender: escola não é castigo O que temos em comum com nossos “hermanos”? um jornal de ideias
Congresso Nacional conservador: até quando? Ritmos biológicos e estilos de vida: como harmonizar? Fotograa: Tiago da Silva Greff
Fraternidade, o caminho da paz É preciso falar. É preciso ouvir. ouvir. É preciso que todas as vozes ecoem e que, sobretudo, as vozes se entendam e organizem a palavra e a ação coletiva. É preciso diálogo em torno do que gera as desigualdades, e jama ja mais is se li limi mita tarr ap apen enas as às co comp mpen ensa saçõ ções es.. Douglas Belchior, professor na rede pública de São Paulo e dos cursinhos da União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora (UNEafro Brasil)
Assinaturas Mundo Jovem
2015 Informações: p. 3 Informações: e contracapa
LÍNGUA E LITERATURA
O escritor Rubem Alves nasceu na cidade mineira de Boa Esperança. Casualidade ou não, dentre tantas belas frases inspiradas, escreveu: “Esperança é quando, sendo inverno do lado de fora, a despeito dele brilha o sol de verão no lado de dentro”.
As sementes que Rubem Alves plantou
Lúcia Barcelos,
escritora, poetisa, integra a Equipe do jornal Mundo Jovem. E-mail: lupoetando
[email protected] @yahoo.com.br
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Rubem Alves foi teólogo, educador, tradutor e escritor: autor de livros de Filosofia, Teologia, Psicologia e de histórias infantis. E foi também um grande poeta, com uma linguagem que lem bra os pássa pássaros, ros, cujos trina trinados dos são capaz capazes es de despertar os sonhos que repousam no recôndito da alma de cada um. Ao faze fazerr essa comp compara aração ção do poe poeta ta com o pássaro, lembrando também do Rubem Alves educador, cabe aqui “Enquanto a ria o caminho dos poetas, a transcrição de suas próprias sociedade feliz não que é o caminho das imapalavras: “Escolas que são asas gens. “Uma boa imagem chega, que haja pelo não amam pássaros engaiolados. é inesquecível”. Por isso, menos fragmentos suas crônicas e seus livros O que elas amam são pássaros de futuro em que a são ricos em metáforas e em voo. Existem para dar aos alegria é servida como pequenas histórias ilustrapássaros coragem para voar. sacramento, para que tivas que facilitam a comEnsinar o voo, isso elas não poas crianças aprendam preensão de suas dissertadem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não que o mundo pode ções. Suas palestras, para pode ser ensinado. Só pode ser ser diferente. Que a quem teve o privilégio de encorajado”. escola, ela mesma, assisti-las, também conEssa personalidade multifaceseja um fragmento templavam essa agradável tada também muito contribuiu e do futuro...” característica. continuará contribuindo através Com um estilo todo Rubem Alves das suas produções literárias, próprio de se expressar, para o enriquecimento da EduRubem Alves deixa dicas cação de adultos, jovens e crianças, pois tinha o va valio liosas sas aos edu educad cadore oress no que diz dom de transformar ideias e palavras em brin- respeito à alma humana, no sentido cadeiras divertidas para transmitir informações. de que é através da sensibilidade que Ass im im,, su suas as ob obra rass to torna rna ra ramm-se se in inte tere ressa ssa nt ntes es se consegue perceber e tentar comsubsídios para professores e educadores de um preender melhor o que nos rodeia, o modo geral. contexto do mundo. Outra dica bem importante do autor: tudo isso passa Paixão e sensibilidade pelo processo da arte de pensar. Rubem Alves afirma que, para além da didáNo seu jeito de lidar com as patica, “o grande segredo da Educação é a paixão lavras, Rubem Alves aponta para um do professor”. E foi mais longe ainda com o seu casulo onde se podem gestar esperanjeito ímpar de enxergar a profundidade das temá- ças. Ele acreditou no poder mágico da ticas quando, no seu dizer poético, entendeu que palavra e permanecerá entre nós, em há dois olhos para a educação: “o primeiro olho suas obras, conforme dito por ele: “Es vê as coisa coisass da ciênci ciência, a, da vida e do mundo, e o crever é o meu jeito de ficar por aqui. segundo olho vê as coisas eternas”. Cada texto é uma semente...”. Ainda a respei respeito to da Educaç Educação, ão, Rubem Alves diz que as explicações conceituais são difíceis Rubem Alves nasceu em 15 de setembro de de aprender, monótonas talvez. Então, ele prefe- 1933 e faleceu em 19 de julho de 2014.
Ser Fraterno: um compromisso com paz!
Sugestão de Site Site ocial do autor:
http://rubemalves.com.br No Site do Mundo Jovem Documentário Rubem Alves, o professor de espantos . Com direção de Dulce Queiroz. Duração 44 minutos. Pode ser assistido em nosso site, na edição de fevereiro de 2015, por este link: www.mundojovem.com.br/edicoes
Para a reunião de professores
“Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua milho de pipoca para sempre”!
Em uma de suas parábolas, Rubem Alves nos compara aos milhos de pipoca. Alguns de nós temos a capacidade de nos transformarmos em “ores brancas macias” quan do aquecidos pelo fogo, outros se mantêm como piruás, milhos que não estouram na panela. Você concorda? Um novo ano letivo se anuncia para 2015. E quais são as mudanças que pretendemos ter em nossa escola? O que eu preciso mudar em minha prática docente? E enquanto grupo de professores? Como poderemos nos permitir mudar para melhor? Leia mais: www.releituras.com/rubemalves_ pipoca.asp
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Conra o que você vai ler
no Mundo Jovem em 2015! Temas escolhidos a partir de pesquisa com os assinantes Educação
• Metodologias de ensino e aprendizagem com adolescentes • Mediação de conitos na escola • Educação integral no Brasil • Conselho escolar • Educação escolar indígena • A mercantilização do Ensino Superior • Desvalorização e desinteresse pelo estudo • Educação matemática • Música na escola • Protagonismo dos estudantes • Outros temas em encartes pedagógicos (veja ao lado)
Filosoa • Como a Filosoa ajuda a pensar? • Filosoa e libertação • De onde surgem as ideias? • O que é a verdade? • Pessoas invisíveis nas cidades • Antroposoa • Categorias estéticas • Ignorância X conhecimento • Filosoa, religião e ciência • Ética do discurso • Outros temas em encartes pedagógicos (veja ao lado)
Sociologia
• Efeitos da sociedade da informação • Consequências da Ditadura Militar • Sociedade de consumo e desenvolvimento • Modernidade e sociedade líquida • A ideologia (neo)liberal • Estado policial e sociedade de controle • As “razões” do fundamentalismo • Pierre Bourdieu e as contestações do capitalismo • A pena de morte • Trabalho, autogestão e autonomia • Outros temas em encartes pedagógicos (veja ao lado)
Ecologia
• Qual rastro deixamos no mundo? • Falta de água nas cidades • Biodiversidade • Animais de estimação • Estrangeiros na Amazônia • Ecossistemas brasileiros • Direito ambiental • Cidades sustentáveis • Ameaças aos rios • Abelhas em extinção?
Projetos Pedagógicos
• Valores • Literatura • Meio ambiente • Família e escola • Juventudes • Produção escrita • Educação para o cooperativismo • Gênero e diversidade
Ensino Religioso
• Cultura da paz • A fé e suas obras • Quem é Deus? • O diabo existe? • Milagres existem? • Religião e política • Mulheres nas religiões • A água nas religiões • Pastoral da Criança • Drogas e comunidades terapêuticas
Saúde e Bem-Viver
• Saúde mental • Humanização do parto • Saúde comunitária • Qualidade de vida no trabalho • Bem-viver e a saúde pública • Medo de quê? • Música e dança • Contaminação dos alimentos • Vida lenta x estresse • Atividades físicas na escola
Ciências Naturais • Ritmo biológico • Viroses, infecções e epidemias • Corantes naturais e articiais • Alimentos orgânicos • Produtos de limpeza e higiene • Sal e açúcar • Memória e esquecimento • Som e excesso de ruído • Ciência forense • Velocidade e adrenalina
Diversidade Cultural
• Sistema Nacional de Cultura • Comunidades tradicionais pesqueiras • Saraus das periferias • Povos ciganos e direitos humanos • Frevo: patrimônio imaterial da humanidade • Pontos de cultura • Cinema, saber e crença • Rádio no Brasil • Cultura do Norte • Centenário de Grande Otelo
Língua e Literatura
• Rubem Alves • O desao de ler, escrever e interpretar • Literatura regional • Literatura para jovens • Mediação de leitura na escola • Livro didático e a educação • Trovas e oralidade • Imperialismo linguístico • Mauricio de Sousa • Língua estrangeira e música
Geograa Temas relacionados à América Latina
• Brasileiros e latinos: o que temos em comum?
• A geograa no Enem • As orestas equatoriais • Disputas territoriais • Tensões sociais e a pobreza no mundo • A educação na América Latina • Manifestações e protestos • Estado, poder e mídias • Diversidade étnica e cultural • Violações de direitos humanos
História
• Como estudar História? • História da formação econômica das sociedades • Civilizações asiáticas • Escravismo • Civilizações ameríndias • Civilizações africanas • Sistema feudal • Sistema moderno-burguês • Comunismo • Economia e História: para onde vamos?
Política e Cidadania
• O novo cenário político brasileiro • Plebiscito e referendo popular • Cidadania, militância e mobilização popular • Política X politicagem • Política assistencial: compensatória ou emancipatória? • “Cidadãos de bem”? • Efeitos da globalização e FSM • Exercício da cidadania nas redes sociais • Voto obrigatório • O Brasil em reformas
Realidade Brasileira
• Economia brasileira • Violência doméstica e Lei Maria da Penha • Brasil: oportunidade de negócios? • Crianças errantes • Trabalho infantojuvenil • Inação e deação • Sonegação scal • O sistema carcerário • Desmilitarização da polícia • Flexibilização dos direitos trabalhistas
Juventudes Depoimentos de jovens sobre:
• Estudar no exterior • Grêmio estudantil • Inclusão no trabalho • Sociedade competitiva • Prevenção ao alcoolismo • Solidão na juventude • Viver conectado • Violência física • Intercâmbio e voluntariado • PROUNI
Novidade: matérias* bilíngues para desenvolver o espanhol! * Uma por edição
Pais e Filhos
• Relacionamento entre gerações • Ciberbullying • Parceria família e escola • A relação entre pais e lhos • Violência psicológica na família • Afetividade e acomodação conjugal • Amizades e relações no mundo virtual • Famílias reconstituídas • Alienação parental • Redes de proteção à infância e à adolescência
Sexualidade
• Homossexualidade nas novelas • Sexualidade na adolescência • Dia da Mulher: o que comemorar? • Projeto de vida a dois • Sexualidade infantil e pedolia digital
• Gravidez e uso de drogas • Violência sexual • DSTs virais • Liberdade sexual e responsabilidade • Estresse prossional e sexualidade
Encartes pedagógicos Formação de Professores
• O que é o Enem? • Ciências Humanas e suas tecnologias • Ciências da Natureza e suas tecnologias • Linguagens, códigos e suas tecnologias • Matemática e suas tecnologias
Afro.Br Encarte de Cultura Afro-Brasileira • Ações armativas
• Griôs e quilombos • Educomunicação e negritude • Religiões de matriz africana • Brasilidade negra
Filosoa • Heráclito, Bergson e a necessidade da mudança • Marx, a dialética e a transformação do mundo • Nietzsche e potência do ser • Wittgenstein, Paul Ricoeur e a losoa da linguagem
• Adela Cortina e a ética nas prossões
Sociologia
• A idade penal • Jovem e meio ambiente • Jovem, trabalho, família e formação • Jovem e suicídio: um fato social • Apatia, inércia, comodismo do jovem?
Assine ou renove sua assinatura! Veja como na contracapa desta edição.
DOS LEITORES Em família
Palavras
Os pais possuem opiniões diferentes dos lhos, mas assim mesmo pais e lhos podem se entender. Às vezes, quando estamos em crise, devemos contar com os nossos pais (eles querem o nosso bem). Quando caímos, as únicas pessoas que cam por perto de nós são os nossos pais: eles são o nosso “braço direito”. Valorizem os seus pais enquanto estão por perto, pois um dia eles não estarão mais por aqui para ajudá-los! Daniel Barberino, Breno Barradas e Pedro Henrique Miguel Calmon, BA
Vontades
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Fé em ação
Palavras são sementes: Antes de crescerem para cima, Em busca da luz do sol, do ar livre e do céu azul, Devem crescer para baixo, Buscando, no solo úmido, frio e escuro, Os nutrientes que as fortalecem.
Fé, agora é preciso. Nas cidades, nos abismos Onde a dor fez sua morada, No exílio de cada estrada. Solidariedade para amar Sem impor condições, ajudar... Doar-se em imposição, Fazer diferença na multidão.
Palavras são plantas: Da mesma forma que estas Têm suas raízes xas no ventre da terra, Aquelas têm sua força e autoridade No terreno respeitoso da escuta.
A quem muito perdeu, ser Auxílio, força, carinho. Gesto que não se retrai Mas no amar se refaz.
Palavras são crianças: Umas são gestadas no útero da mãe, Outras, no útero misterioso do silêncio.
Vontade fútil, trivial, banal... Afetiva, forte, atrevida, Sensacional! Vontade poderosa, melosa, preguiçosa! Rápida, lenta, duradoura! Gostosa! Vontade fraterna, amigável, familiar, Essencial, perene, elementar, De gostar! Vontade de viver mais, De sorrir, De curtir, De persistir! Vontades? Tenho. Só não tenho, De desistir!
Waleska Frota Fortaleza, CE
Palavras são pássaros: Depois de criarem asas, livres e soltas no ar, Jamais retornam ao ninho abandonado, Ampliando, em espiral, o raio de seus voos.
“Acredito que ‘educação’ é a palavra-chave para dizimar a ignorância que tanto exclui os povos de seus direitos fundamentais.”
Palavras são janelas: De igual maneira que o aproximar-se de umas Abre os horizontes da paisagem, O fato de conhecer o sentido das outras Aprofunda o leque do conhecimento.
Maria José Pereira Souza Biritinga, BA
Aos leitores
Palavras são águas: Deslizam e murmuram mansas nos vales, Fecundando o chão para o plantio. Precipitam-se e rugem bravias nos rochedos, Revelando suas energias ocultas.
Ilda Neta Silva Almeida Palmas, TO
Como está a nossa “pegada”? Somos nós que alimentamos essa máquina produtora de lixo no planeta. Estamos com problemas de norte a sul, do ocidente ao oriente, devido aos desmatamentos, às queimadas e às guerras que atingem todas as espécies de vida. Alimentando esse modo de agir, colheremos enchentes, calor excessivo, falta de água, maremotos, tufões, furacões, vulcões, degelos e por aí afora. É preciso dar um basta às barbáries que estamos vendo e vivenciando desde tempos distantes, para que a humanidade possa viver em harmonia com a natureza, e as nossas crianças possam viver como crianças no Planeta Terra.
Palavras são ventos: Aqui uma brisa leve e suave Que dobra e acaricia as espigas maduras. Ali, um furacão tempestuoso Que tudo varre, devasta e destrói. Palavras são ores: Ornamentam encontros, salas e festas Com suas formas, perfumes e cores, Mas logo murcham, secam e morrem, Deixando no ambiente a dor de um vazio ou ausência.
ISSN n°1677-1451
Diretor: Pe. Eduardo da Silva Santos
Jornalista responsável (interino): Márcio Zoratto Gastaldo (MTPS nº 12492) Impressão: EPECÊ
Diagramação e Finalização Gráca: Jornal Mundo Jovem
Mundo Jovem é uma publicação mensal (fevereiro a novembro) da editora da PUCRS, sob orientação da Faculdade de Teologia:
Ser Fraterno: um compromisso com paz!
da vida, de forma pacíca, harmônica
e feliz é compromisso da escola, mas também das famílias e de toda a sociedade. Comecemos o ano escolar nova-
a fraternidade em todos os lugares por onde passarmos. Que em 2015 sejamos todos sementes de paz para construirmos um mundo onde o amor à diversidade seja combustível de nosso dia a dia!
Equipe responsável: Luiz Gambim, Lúcia Maria Barcelos, Maria Izabel de Andrade Teixeira, Jorge Alvício da Silveira Teixeira (MTPS nº 11273), Ângela Machado Barcelos, Rui Antônio de Souza, Márcia Oliveira de Oliveira, Jaqueline de Souza Franco, Márcia Helena Koboldt Cavalcante, Fabiane Costa Cozza, Tiago da Silva Greff, Gabriela Thomaz, Rogério da Silva Castro.
Associado à Signis Brasil
Para transformar uma cultura violenta é preciso ensinar e aprender com base no diálogo, na escuta, na participação e na corresponsabilidade. Trabalhar temas próximos da realidade, desenvolver pessoas humanas com maior equilíbrio físico e emocional, capazes de lidar com todas as dimensões
mente juntos para rearmar a paz e
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS E-mail:
[email protected]
Pedro Gomes Moreira Porto Alegre, RS
Educar para a paz
Como assinar: veja na contracapa desta edição ou entre em contato com nossos atendentes. Fone: 0800.515200 (somente telefone xo) Fax: (51) 3320.3889 / 3320.3902 Assinaturas:
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Inscrição 473301, Livro nº 14, Cartório de Registro Especial.
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ECOLOGIA
A ideia de felicidade acoplada ao consumo, o sonho da moda, a fugacidade dos produtos e a aparente abundância trazem efeitos a curto, médio e longo prazos, com impacto na sociedade e no ambiente. Qual é a marca que estamos deixando no planeta?
Pegada ecológica: consumo, logo existo?
Mirian Fabiane Dickel Strate,
bióloga e professora, Teutônia, RS. E-mail:
[email protected]
Vivemos em uma sociedade pautada pelo consumo, que sustenta a economia mundial. Valendo-se disso, o capital cria produtos para os diversos públicos, gostos e bolsos, de modo que, embora milhões de pessoas vi vam abaixo da linha da pobreza, há parcelas de consumidores que são responsáveis por alimentar o ciclo de produção capitalista. O que chama atenção é a urgência de se fazer circular os produtos e as formas de vida, os quais rapidamente envelhecem e são substituídos. Isso se traduz em experiências de vida caracterizadas por conquistas em curto prazo, modos de ser em constante busca de novas sensações, com inquietação e insatisfação crescentes.
Impacto no planeta O consumidor, na sociedade atual, está sempre em movimento, ligado às mudanças, instigado a abolir a durabilidade e a permanência das coisas, ao mesmo tempo em que luta para se reconhecer através dos inúmeros bens aparentemente disponíveis a todos. No Site do Mundo Jovem
Quer saber qual pegada ecológica está deixando no planeta? Acessa a Calculadora de Pegada Ecológica em nosso site, na edição de fevereiro de 2015, por este link: www.mundojovem.com.br/edicoes
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Mas alguma vez você já pensou na quantidade de recursos naturais necessários para manter o seu estilo de vida? Já imaginou avaliar o impacto no planeta das suas opções no dia a dia, daquilo que você consome e dos resíduos que você gera? A pegada ecológica individual mede o quanto a presença de cada pessoa no mundo consome dos elementos que compõem o nosso espaço de vida e existência, com vistas ao atendimento das necessidades que elege para sua vida em sociedade. Como critério para reconhecimento das condicionantes do nosso estilo de vida, a pegada ecológica coletiva pode ser comparada com a capacidade da natureza de renovar esses elementos componentes bióticos e abióticos do meio ambiente. A pegada ecológica de um país é a área total requerida para a produção de todas as demandas de consumo de sua população, incluindo alimentação, vestuário, educação, saúde, cultura, trabalho, moradia, transporte, comunicação, entretenimento etc., as quais implicam exploração da natureza no que diz respeito a matéria-prima, energia, água, ter-
ras agricultadas, áreas urbanizadas e, ainda, a bolsões de absorção dos resíduos gerados por todas as etapas implicadas nesse processo antrópico geral. Portanto, em decorrência do ato de consumir produtos e ser viços diariamente, a população mundial consome componentes ecológicos do planeta como um todo, de modo que a pegada ecológica da humanidade é a soma de todas essas áreas implicadas, onde quer que elas estejam no planeta. A humanidade necessita hoje de 1,5 planetas para manter seu padrão de consumo, colocando a biocapacidade planetária em grande risco.
Cidadania ambiental Sustentabilidade é a palavra da vez, entretanto é muito mais do que uma palavra da moda. Ser ecologicamente sustentável é uma forma de vida, e a única maneira de permitir que nosso planeta se recupere para que possamos viver em paz e por muito tempo ainda com os recursos naturais que ele tem para fornecer. Além disso, a cidadania possui estreita ligação com o meio ambiente, a partir do momento em que decidimos apli-
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car sustentabilidade em nossa própria casa e exigir dos órgãos públicos o cumprimento da legislação ambiental. Pensar globalmente, agir localmente, conceito que contribui para mudar o comportamento do cidadão, introduzir a noção que cada um dos bilhões de seres humanos que habitam o planeta deve fazer a sua parte. Não vamos salvar o planeta porque recusamos uma sacola plástica, mas, se os sete bilhões de seres humanos que habitam a Terra atualmente a recusarem, serão sete bilhões de sacolas a menos. Preservar o meio ambiente é preservar a própria pele, e fragilizar o meio ambiente é fragilizar a economia, o emprego, a saúde. O certo é que não existe saída se não houver alteração nos costumes predatórios. É imprescindível que os cidadãos tomem conhecimento do seu papel enquanto agentes de conscientização e responsabilidade ambiental, optando pelos produtos de empresas comprometidas com o meio ambiente e a qualidade de vida da sociedade. Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.
Questões para Debate 1 - Como deno o meu
estilo de vida e de consumo? Que impactos ele gera no meio ambiente? 2 - Quem são os principais depredadores e quem são as principais vítimas dos desequilíbrios ocasionados pelo excesso de consumo? 3 - O que signica ser um
cidadão responsável pelo ambiente de todos? Que impactos positivos podemos gerar para o planeta?
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JUVENTUDES Entrevista: Nicole Walczak
Oportunidade para expandir fronteiras
l a o s s e p o v i u q r A
O sonho de expandir as fronteiras do país já se tornou realidade para mais de 83 mil jovens brasileiros. Nicole Walczak, de 21 anos, foi uma das contempladas pelo Ciência Sem Fronteiras e hoje estuda medicina na Holanda. Do quarto que divide com uma nlandesa, na cidade de Leiden, a estudante conversou com o Mundo Jovem sobre a experiência e os desaos do programa.
E-mail:
[email protected]
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Nicole, fale-nos sobre a sua trajetória até aqui. Estudei no colégio da Uni versidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) com bolsa parcial, porque minha mãe trabalhava na instituição. Entrei na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 2010, através de um programa já extinto, que se chamava Programa de Ingresso ao Ensino Superior. Escolhi a medicina porque sempre fui fascinada pelo corpo humano e queria exercer uma profissão em que me sentisse útil na vida das pessoas. Como é a sua rotina de estudos na Holanda em comparação ao Brasil? No Brasil, a faculdade exige dedicação integral. Aqui, eu estou estudando no segundo ano, e lá eu estava no quarto. Mesmo assim, não se compara ao meu segundo ano no Brasil, que foi muito mais pesado em questão de carga horária. O conteúdo que a gente estuda em um semestre aqui eles estudam em um mês e meio. Assim temos mais tempo livre para fazer exercício físico, realizar cursos de línguas, enfim, ter uma qualidade de vida melhor. Como está sendo esta expe-
estranho no início, pois eu já tinha visto a maior parte do conteúdo no Brasil e pensei que não precisaria me preocupar, mas fui supermal na prova. Recém tinha chegado, não estava muito adaptada, sem clima para estudar, e o conteúdo foi passado muito rápido. No Brasil, estava acostumada a chegar em casa e retomar o conteúdo da aula. Mudar de ambiente dicultou muito a rotina de estudos.
Quais são os pontos positivos do programa e quais devem ser aprimorados? Os pontos mais interessantes é viver uma cultura diferente, conhecer gente de todos os cantos, estar dentro do sistema educacional de outro país e, assim, entender o que pode ser melhorado no sistema brasileiro. O conhecimento novo que é levado de volta é um dos pontos mais interessantes e contribui para o desenvolvimento do país. E estudar em uma faculdade de primeiro mundo era uma oportunidade só de quem tinha mais grana. Este programa muda a situação. Eu mesma não estaria aqui se não fosse o Ciência Sem Fronteiras. Mas acho que pode ser um pro blema o governo não ter muito controle com o aluno aqui.
riência no programa até agora?
Pessoalmente, era tudo o que eu queria: ser mais independente e conhecer pessoas diferentes. Em termos acadêmicos, foi bem
Como assim? Em relação à frequência do aluno?
Não. Isso depende de cada universidade. Se a faculdade
cobra presença, você pode reprovar por isso. Aí, neste caso, perde a bolsa. O que acontece é que não tem nenhuma cobrança em relação à nota. Mas o principal desafio mesmo é que ele ainda atinge a população que tem uma condição um pouco melhor, porque eu não conheci nenhum bolsista que tivesse alguma diculdade nanceira: todos eram de classe média. O programa exige curso de línguas, e aca bam sendo privilegiados aqueles que podem pagar um cursinho particular. Mas, quanto a isso, já vi que este ano, pelo menos na UFSM, começaram a dar curso de línguas voltado para o Ciência Sem Fronteiras (pouco depois desta entrevista, o MEC aprovou o programa Idioma Sem Fronteiras). Acho que esta questão da contrapartida, do que fazer depois, quando o estudante volta para o país, tem que ser aprimorada. Falta um pouco esta continuidade do programa quando se volta para o país de origem.
Levando em conta a sua área, a medicina, poderia traçar um paralelo entre os dois países? Na Holanda o sistema de saúde funciona muito bem. Até os 18 anos não é preciso pagar nada. Depois disso, adquire-se um seguro de saúde, que é pago conforme o salário. Aqueles que recebem um salá-
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rio baixo, podem pedir ajuda ao governo, e serviços como Fisioterapia e Odontologia são à parte. Como a desigualdade social não é tão grande, a maioria da população consegue pagar o seguro saúde. No Brasil, um sistema assim dicilmente funcionaria. 80% dos brasileiros usam o SUS, a maioria porque não tem mesmo como pagar um plano privado. Mas eu ainda acho que o modelo do SUS, na teoria, é um dos melhores do mundo. Na prática, ainda temos muito o que melhorar.
Sugestão de Site
www.cienciasemfronteiras.gov.br Ciência Sem Fronteiras
Ciência Sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, a expansão e a internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a nalidade de man ter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e à inovação.
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EDUCAÇÃO No passado, a escola era o único lugar de acesso aos conhecimentos, que lá estavam concentrados. Hoje, ela sofre uma crise sem precedentes, pois nem sempre as informações atualizadas da internet são contempladas na metodologia do professor, muito presa em livros e apostilas.
Desaos pedagógicos da adolescência k c r i B t s i r h C a i r í S
Cynthia Castiel Menda,
educadora, psicóloga clínica e escolar, mestre em Educação pela PUCRS. Atualmente exerce suas atividades prossionais na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), RS. E-mail:
[email protected]
O próprio perl de alguns jovens se torna um desao, em uma cultura imediatista, de inquietude, contestação e desmotivação. Diante desse quadro, é possível fazer algo na escola para que o processo de ensino e aprendizagem se concretize? Por incrível que possa parecer, sim, é possível e necessário fazer algumas propostas diferenciadas para que o adolescente tenha prazer em aprender e que frequentar a escola não seja um castigo. Não sou adepta de receitas prontas, mas penso que, a partir de ideias que deram certo, outros professores podem, dentro da sua realidade, inovar e ter maior sucesso nessa tarefa. Então, seguem algumas propostas que, mesmo que pareçam muito simples, podem fazer a diferença com sua turma.
1. Escute seus alunos: proporcione espaços de diálogo sempre em suas aulas. Converse quando chegar em sala de aula, trate-os pelos nomes, saiba mais de suas histórias de vida, pergunte suas opiniões sempre que haja espaço na matéria que você trabalha. Utilize as técnicas de júri simulado, discussão de temas transversais, análise e apresentação de textos diferenciados por grupos. Tudo isso irá estimular a participação e o interesse dos alunos. Estudos diversos comprovam que a aproximação emocional com os alunos diminui a incidência de casos de violência na escola e aumenta a motivação para frequentar as aulas. 2. Use as tecnologias como aliadas da aprendizagem: em vez de proibir os celulares, por exemplo, experimente fazer com seus alunos um projeto de fotos e/ou vídeos sobre a matéria que estão trabalhando. Proponha mais trabalhos de pesquisa e aproveite para desenvolver as habilidades de análise e síntese. Atualmente, as informações não são mais problema, mas entender as que realmente são cientícas e têm rele vância necessita de uma orientação pedagógica que o professor pode dar. Igualmente, abuse das ferramentas que você tem disponíveis para que os estudantes aprendam com maior facilidade os conteúdos a serem desenvolvidos: vídeos, lmes, jogos para computador e experiências práticas sempre são bem-vindas às salas de aula dos adolescentes. 3. Trabalhe em grupo: a referência dos adolescentes é o grupo, e individualizar o trabalho na escola vai na contramão dessa necessidade de pertencimento.
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7 Ensine seus alunos a trabalhar em grupos. Comece com duplas, trios, e coloque, no máximo, cinco componentes em cada um. Faça lista de exercícios como desafios para serem alcançados pelos alunos e outras atividades que podem ser divididas e trabalhadas em partes por cada um dos grupos da sua turma. Lembre que hoje o mercado de trabalho exige que as pessoas saibam compartilhar conhecimentos, planejar ações e executá-las em equipe.
importância do processo avaliativo. O mundo moderno exige da escola uma nova proposta do processo de ensino e aprendizagem, com um trabalho mais dinâmico e próximo aos alunos. Cabe ao professor sair da posição de queixa e experimentar novos caminhos e oportunidades para tornar esse processo prazeroso para ambos os lados.
4. Traga as manifestações artísticas para sua aula: descubra os talentos dos seus alunos e use-os como aliados da aprendizagem. Vale música, desenho, poesia, teatro, dança. Peça que eles criem a partir dos conteúdos desenvolvidos e se surpreenda com os resultados.
O trabalho em pequenos grupos na sala de aula , de Joan Bonalds. Porto
5. Estabeleça regras de convivência:
faça um contrato pedagógico no início do ano, discutindo direitos e deveres, estabelecendo os papéis de cada um na sala de aula. Os estudantes devem construir essas regras juntos para que se comprometam com a sua observância. Relembre o contrato sempre que necessário. 6. Elabore avaliações signicativas e
contextualizadas: utilize histórias, guras e, principalmente, o raciocínio dos estudantes nas suas avaliações. Faça avaliações diferenciadas: em grupo, individual, oral e escrita. Isso exibiliza a possibilidade de o aluno se sair bem e entender a
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Sugestões de Leitura
Alegre, Artmed, 2003.
Dinâmicas em sala de aula: para todos níveis de ensino , de Elaine Pereira
Daroz, Recife, UFPE, 2012.
Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas , de
Vasco Pedro Moretto. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
Para a reunião de professores Que tal dividir os professores em pequenos grupos e aprofundar os aspectos sugeridos pela autora? Seria possível traçar algumas ações a curto e médio prazo que poderiam ser implementadas em nossa escola, buscando contribuir com a educação dos adolescentes. Cada grupo pode sugerir ações e responsáveis para que tenhamos resultados e cazes, a partir da divisão de tarefas entre professores, gestores e alunos.
PAIS E FILHOS
Filhos e lhas são sempre pensados
às sombras de seus pais. Por isso, ouvimos as metáforas “Filho de peixe, peixinho é”, que ultrapassam gerações, por muitas décadas. Os ditados populares, na verdade, expõem o tema: a família e os (des) caminhos da transgeracionalidade.
Família e transgeracionalidade
O que herdamos de nossos parentes? m o c . s e g a m i e e r f / a l i v A a n i r a M – z e n i t r a M a i l í m a F
O que isso signica? Marta Bellini,
doutora em psicologia social, docente na Universidade Estadual de Maringá, PR. E-mail:
[email protected]
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Transgeracionalidade é uma noção definida como a transmissão de valores, de padrões de comportamentos que passam de geração a geração. Em outras palavras, podemos pensar na ideia, também popular, “vem de berço”. O que vem do berço, metaforicamente falando? São os modos como falamos, como agimos, como vestimos, como vemos o outro. Assim, se um pai cria seu lho de maneira machista, desvalorizando as mulheres da família e as de fora, seu lho fará isso também. Bem, até quanto isso é verdade? Nem sempre: o lho poderá ser muito diferente do pai. O lho de um pai machista não está fadado a ser outro peixe machista. Filho de peixe não é peixe. É uma pessoa que tomará a mãe, o pai, os avós como referência para sua construção, mas será sempre uma outra pessoa, será original.
Laços familiares Ocorre que, mesmo sendo uma pessoa incomum, diferente de nossos pais, em família vivenciamos um pouco de tudo: valores, segredos, crenças, lealdades invisíveis, preferências por alguém, mitos, enm, laços de vários tipos; às vezes, nós difíceis de serem desfeitos ou compreendidos. Herdamos não somente traços biológicos, mas também os traços ou laços da família. São heranças que, algumas vezes, tornamos negativas em nosso processo de viver. Temos que pensar, então, o que é uma família. Neste breve texto, vou tomá-la como um grupo de pessoas com laços afetivos que têm uma história de vida. Ou seja, têm uma dinâmica que pode ser vista
Com base na leitura do artigo e das experiências vividas por você em sua família, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma culta, sobre o tema As tramas da transgeracionalidade na formação de valores . Selecione e organize de forma clara os argumentos para defender seus pontos de vista. Você tem cerca de uma hora para elaborar a redação.
pelas histórias que nos contam os avós ou que nós contamos a lhos e lhas. Mudamos de lugar porque imigramos, buscamos novas chances de emprego; muitas vezes um pai abandona sua família, uma mãe cria seus lhos sozinha. Um casamento se desfaz, outro se refaz. O padrão de permanência nesse movimento de instabilidade são os laços de amor, de afeição. Nós sabemos que pertencemos a algum grupo e que, aí, temos acolhimento.
Rituais de passagem O nosso movimento com a família está no tempo, na nossa história, e é também a nossa experiência sensorial, intelectual, espiritual do mundo. Boas ou más, as experiências, no fundo, são sempre aqueles rituais de passagem para nos tornarmos humanos. Pensando em Walter Benjamin, a infância é o país das descobertas. Descobertas das ruas, dos brinquedos, dos cheiros, das cores, das aventuras, dos destinos familiares desconhecidos. Herdamos isso, e não é pouco. Adultos, vamos repetir essas histórias com nossas famílias; no caso, é uma representação recriada. E, assim, repassamos aos descendentes a história cultural e pessoal dos antepassados. Rimos, choramos e perpetuamos as histórias de nossos parentes. Entretanto muitos de nós detemo-nos nas amarrações da vida em família. Uma mãe que foi abandonada pelos parentes e pelo marido, e que jamais
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esqueceu seu sofrimento, é capaz de manter o ódio e a desesperança nas gerações futuras. Uma lha aos 50 anos ainda poderá chorar a preferência da irmã mais velha; um lho de 40 anos se droga para falar aquilo que não disse ao seu pai aos seis anos de idade. Também camos em volta das do- enças da tradição da família. Muitas vezes, tomamos, inconscientemente, esse legado psicológico dos desafetos e não nos desatamos dele porque são amparos defensivos para nossa vida. Nesse sentido, sem saber, somos mantidos pelo ódio aos pais, a nós mesmos e aos outros. Conhecer as tramas da transgeracionalidade importa para desvelar a tessitura das dores, dos sofrimentos e sair dos psiquismos da família. É possível. Nesses casos, é possível sair da zona de estacamento e da exaustão, para constituir outras experiências que também serão passadas adiante.
Sugestões de Leitura A criança, o brinquedo e a educação ,
de Walter Benjamin. São Paulo: Editora Summus, 1984. Transgeracionalidade, um olhar sistêmico , de Clariana Palmieri Brandão Alba. Disponível em: http://bit.ly/transgeracional A força do legado transgeracional numa família , de Maria Emília Sousa Almeida.
Revista Psicologia: Teoria e Prática, 2008. Disponível em: http://bit.ly/legadotransgeracional
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SEXUALIDADE De tempos para cá, a presença de personagens homossexuais em novelas tornou-se comum no Brasil. Apesar disso, as representações dos personagens não heterossexuais apontam para uma perigosa relação entre os discursos midiáticos e o imaginário social formulado por tais atuações.
A homossexualidade nas telenovelas Júlio César Sanches,
o ã s i v e l e T e d o b o l G e d e R : o ã ç u d o r p e R
jornalista, mestrando em Comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ. E-mail:
[email protected]
Pesquisadores da área dos estudos de gênero indicam uma forte presença do fenômeno de heterossexualização de personagens que não são heterossexuais. Desse modo, segundo os teóricos, o modelo de representação de personagens não heterossexuais estaria caminhando para a consolidação de uma imagem classicada como heteronormativa. Entendendo que a heteronormatividade se sustenta na aplicação de vivências heterossexuais como uma norma a ser seguida, identificamos que as representações de personagens não heterossexuais nas teleno velas brasileiras estão completamente alinhadas com o universo heteronormativo. Nas narrativas dos últimos anos, toda e qualquer situação em que as homossexualidades são representadas trazem à baila esse teor.
Controle dos corpos A aceitação desses personagens não heterossexuais se dá pela via da identicação de normalidade desses sujeitos, seja pela adoção de crianças, pelo casamento, pela constituição de família ou pela estética aceitá vel (com indumentária e gestos regulados). Os personagens vão se enquadrando cada vez mais em um circuito que apaga as diferenças entre ser heterossexual e ser homossexual. De modo geral, as homossexualidades representadas nas telenovelas brasileiras evidenciam um horizonte de controle dos corpos não heterossexuais. Para serem aceitos pela audiência e inclusos em um
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ordenamento social, os personagens homossexuais replicam os valores de uma sociedade em que a heterossexualidade é a norma. Além disso, eles submetem-se ao apagamento de toda estética não heterossexual. Sem afetações, os homossexuais representados ngem ser pessoas comuns à realidade de uma sociedade que está disposta a ver na TV apenas o modelo de sexualidade heteronormativa. O conito gerado pela possível exibição de um beijo gay, por exemplo, desenvolveu um levante das alas mais conservadoras da sociedade brasileira. Alguns personagens típicos da política nacional, assim como líderes religiosos extremistas, iniciaram uma verdadeira batalha contra a veiculação de uma imagem de afeto entre pessoas do mesmo sexo na telenovela Amor à vida . Em certa medida, esse é um dos aspectos que evidenciam as disputas que acontecem em torno dessas representações.
são revela o quanto é perversa a forma como as homossexualidades são representadas na teledramaturgia. Há uma nítida manipulação das forças sociais atuando diretamente nessas representações, ditando exatamente os limites morais aceitos pela maioria dos expectadores. Ampl iando essa questão, podemos considerar que existe uma homofobia pulsando nesse processo de visibilidade dos personagens homossexuais nas novelas brasileiras. Compreendendo que a heteronormatividade está presente nas telenovelas, a indagação que devemos fazer a partir de
Homofobia disfarçada
Sugestão de Vídeo
Caso estejam alinhados com a moralidade hegemônica da sociedade, os personagens homossexuais podem ser aceitos. Entretanto essa aceitação/inclu-
Sugestões de Leitura Um corpo estranho: ensaio sobre sexualidade e Teoria Queer , de Guacira Lopes Louro.
Autêntica Editora, 2004.
Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo , de Tomaz Tadeu da
Silva. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.
Web aula produzida para a disciplina de Teorias de Currículo, ministrada por Shirley Sales, da UFMG: http://youtu. be/-e9cyqjVbjA
Ser Fraterno: um compromisso com paz!
agora é a seguinte: de que modo essas representações de personagens não heterossexuais na TV brasileira dialogam com a sociedade? E que características das homossexualidades estão sendo violadas pela heteronormatividade reiterada nessas representações? Partindo desses questionamentos, poderemos identicar um cenário perigoso e cruel para aqueles sujeitos cuja se xualidade não é bem vista em nossa sociedade. Talvez essas perguntas nos ajudem a perce ber por que o Brasil é um dos países mais homofóbicos do mundo. Da violência simbólica das telas para a violência corporal das ruas, existe um conjunto de poderes controlando os corpos, as sexualidades e decidindo quem pode viver e como deve viver.
Reunião de professores Currículo escolar e sexualidade Entender heterossexualidade, bissexualidade e demais questões de gênero é fundamental em nossa formação como professoras(es). Além da compreensão biológica ou cultural, estudar esse tema nos orienta à garantia dos direitos humanos e à superação de todas as formas de preconceito. Após ler o texto e assistir ao vídeo indicado, debata com os professores, buscando compreender: o que pensamos sobre as diferenças de gênero? Quais são os preconceitos que temos? Em nossa escola, em que momentos reafirmamos a heteronormatividade? Em quais atividades podemos promover a diversidade de gênero no currículo?
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SOCIOLOGIA
A sociedade da informação, traz no seu bojo histórico o contínuo processo de rupturas e mudanças, passando a adotar técnicas
A informação, a mídia e as novas subjetividades
especícas para
transmitir conteúdos que recongurem
novas formas de convivências sociais. Claudionor Pereira de Lima,
sociólogo e professor, São Paulo, SP. E-mail:
[email protected]
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A uni versa lizaç ão do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório, adquire outros impulsos, com base em nova s tecnologias e no uso excessivo da mídia e de seus dispositivos. Isso faz da informação e da mídia elementos importantíssimos na elaboração e na ressignificação de novas subjetividades do nosso tempo e, consequentemente, de notáveis mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas.
Indústria cultural Theodor Adorno e Max Horkheim noticam que a cultura é um dos elementos determinantes para o uso do capitalismo. No afã de cada vez mais resultados de “mais-valia”, há a massicação da cultura, fazendo com que passe a existir o princípio da convivência midiática para, a partir de então, alimentar o sistema. Ainda segundo os autores, a indústria cultural, por meio do processo reprodutivo, tenta tornar todos os ouvintes iguais ao
Sugestões de Filmes Sociedade do Espetáculo
http://youtu.be/A4FAJsFqHe0 Além do Cidadão Kane
http://youtu.be/049U7TjOjSA Um dia na vida de Eduardo Coutinho
http://youtu.be/j9vYJ74JGzg
AMafalda – tira em quadrinhos desenhada pelo cartunista Dargentino Quino entre 1964 e 1973 – é uma menina preocupada L com a humanidade, a paz mundial e também com a indústria Acultural. A partir da tira acima, discuta: a televisão pode ampliar F Anossa ignorância diante da vida? Quais programas contribuem Mpara nos tornar alienados ou para abrir nossos olhos? sujeitá-los, autoritariamente, aos idênticos programas de vários canais. E, ao fazer isso, esquematiza um mecanismo de padronização para uma homogeneidade entre os sujeitos para agradá-los, mas também para controlá-los. O capitalismo impõe, dessa forma, seu próprio ritmo frenético, le vando o indivíduo, geralmente, a deixar de pensar e reetir sobre o sistema ideológico que lhe é imposto. Faz, então, com que os valores sociais e a felicidade sejam inuenciados e condicionados por essa cultura que atroa a capacidade de ser espontâneo, deixando de ser soberano em suas escolhas.
A Era Digital John Thompson traz à tona a necessidade de conhecer a ecácia do poder simbólico e os impactos que os indivíduos venham a ter mediante institucionalizações e consagrações simbólicas de valores efêmeros criados pela comunicação da mídia. Para tal interpelação, o autor recorre ao contexto social do século 19, quando a comunicação e a interação se davam face a face, e existia maior conservação de valores, crenças e a presença entre os pares. Já na modernidade midiática as categorias de tempo e espaço são recongu-
radas de modo que as questões cronológica e espacial não são mais barreiras para a interação entre pessoas. Elas passam a viver sob o signo da teleimagem, onde tudo é instantâneo. Cria-se, assim, um instante sem passado e sem futuro, um agora mediático, muitas vezes, experiência local do indivíduo. Através da teleimagem mesclam-se a cultura e a ideologia de forma aparentemente inofensiva, porém sempre com um m único: impor uma cultura dominante por dispositivos simbólicos. Isso pode ser mais bem entendido por meio da leitura da Sociedade do Espetáculo , obra de Guy Debord, na década de 1960, que aponta para uma sociedade imagética. Para Debord, os indivíduos abdicam da dura realidade dos acontecimentos da vida, passando a viver movidos pelas aparências e pelo consumo permanente, dado o poder hipnótico causado pelas imagens, as quais, em alguns graus, conseguem deixar a pessoa passiva e aberta à aceitação dos valores impostos pelo capitalismo. Os indivíduos integram-se e interagem por meio da comunicação imagética: se não houve registro imagético ao público, então não é real ou não aconteceu. Entretanto muitos indivíduos
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QUINO. Toda Mafalda . São Paulo: Martins Fontes, 2013, p. 372
não estão atentos que a mídia geralmente utiliza de suas informações de forma manipuladora, mesmo quando o que é veiculado (parcial ou inteiro) tenha no cunho um peso de verdade. As questões trazidas por esses autores revelam que estamos diante de uma sociedade de excessos de estímulos, causados pela tecnologia a serviço do capitalismo, onde o virtual passa a ocupar o lugar do real. É inegável que o monopólio da informação e da mídia passa a ser desenhado sobre os pressupostos da exclusão social, de tal forma que os excluídos são cada vez mais excluídos, e os privilegiados, mais privilegiados. E todos consentem com a dominação que uma categoria exerce sobre as outras.
Mamãe no Face Zeca Baleiro
Mamãe, eu fz o disco do ano E até mesmo Caetano Parece que aprovou Mamãe, eu sigo na minha rota Veja só o Nelson Motta Disse que o disco é show Só falta que a Folha de São Paulo Comece a incensá-lo Dizer que eu sou o cara (...)
Zeca Baleiro satiriza a força da mídia para consolidar o “sucesso” dos artistas. O que você pensa sobre isso? Cite alguns exemplos de inuências cultu rais que acontecem conosco. Veja o clipe da música por este link : http://youtu.be/vs4IlPVX3cY
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FILOSOFIA Desde sua origem, a Filosoa possibilita ao ser humano o despertar da consciência para compreender sua realidade. As explicações dadas pelos mitos passaram a não ser sucientes,
surgindo a necessidade de um pensar fundamentado na razão.
Como a Filosoa ajuda a pensar? Isabel Cristina Costa Freire,
m o c . s e
professora de Filosoa da Educação Básica e do Ensino Superior, especialista em Docência do Ensino Superior, Supervisão e Orientação, São Luís, MA. E-mail:
[email protected]
O despertar dessa consciência vem desde o homem primitivo, que no primeiro momento encontrou-se numa análise intuitiva e, gradativamente, foi passando a naturalista, com os primeiros pensadores na busca pelo elemento constitutivo em caráter contemplativo. Já o período clássico evidencia o ser humano procurando fundamentos para as suas inquietações sobre sua própria essência. Neste cenário, relembremos Sócrates (469-399 a.C.) e seus ensinamentos pelo diálogo, utilizando o método de ironia (formulações de perguntas) e mai- êutica (parturiente de ideias) numa forma humilde de reconhecimento da ignorância como busca constante da verdade. Esse método faz pensar que não devemos car presos a ideias prontas e acabadas.
O encanto do pensar Em Platão (427-347 a.C.), vamos encontrar o seguinte esclarecimento: a Filosoa é um saber que se dá por meio do intelecto, e é próprio dos lósofos que conseguem libertar a alma do cárcere corpóreo para a compreensão do eterno e imutável. E Aristóteles (384-322 a.C.) ressalta: “pela admiração, os homens (...) são levados a losofar, cando primeiramente maravilhados pelos problemas”. A propósito, os pensamentos dos clássicos Platão e Aristóteles foram aproveitados pelos lósofos e teólogos cristãos do período medieval, traçando o domínio da ciência humana nos traços divinos, em que o ato do conhecer está no interior humano. Já na Modernidade, os lósofos encontraram-se emancipados da autoridade divina, rejeitando a tradição. Mas buscaram compreender as mudanças dessa época em várias situações. Podemos apontar alguns lósofos, entre eles Descartes, na discussão do it, destacando a primeira intuição diante da ideia clara e distinta numa reconstrução do saber. Kant, com sua losoa crítica, tentou a síntese compreensiva desse período. No seu pensamento referente à Filosoa, evidencia que “é, pois, um sistema de todo conhecimento losóco”, e assim existe a possibilidade de aprender a losofar exercitando o talento da razão, que direciona ao reetir, analisar e fazer críticas a esses sistemas. Marx nos faz reetir sobre a transformação da realidade, natural à realidade social na conjugação da teoria e práxis com o intuito de desenvolver uma reexão contextual. Por outro lado, o período
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g a m i e e r f / o m l e i l g u G e d i v a D e d s o t o f e r b o s J M / o d l a t s a G o i c r a M e d e t r A
11 pós-moderno é marcado pela reação às linhas anteriores, objetivando pensar na “demissão” da Filosoa na função própria e secular da metafísica. Outra característica é que coloca a pensar na Filosoa como desconstrução, para a construção de conceitos, numa articulação ao pensar dos espíritos livres. Filosoa e educação Para Saviani (1980), a tarefa da Filosoa na educação é de uma reexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que a realidade educacional apresenta. Por certo, o ser humano tem que ser o lósofo reexivo, buscando elementos que se encontram na raiz d determinado problema, compreendendo os reais motivos num certo rigor, saindo das ilusões do senso comum, pautando-se numa visão totalizante da realidade. Diante do exposto, surge a necessidade de analisarmos a ressignicação da Filosofia na contemporaneidade. Wonsovicz (2005) ressalta que “a Filosoa na escola, dentro de uma didática losóca que começa com crianças e continua com adolescentes e jovens, é um saber sobre o homem e a realidade, sobre o mundo para compreendê-lo e transformá-lo”. Essa transformação é possível quando se estabelece a consciência ativa da realidade, interferindo com o pensar, deixando sua marca de melhoria com suas ações sábias, tendo a consciência de si, do outro e do mundo.
Ser fraterno: um compromisso com a paz!
Portanto o pensar proposto pela Filosoa é dinâmico, pois leva a uma postura de investigação, compreensão, tomada de decisão frente a argumentos criteriosos, desenvolvendo as habilidades de raciocínio, contextualizando socioculturalmente seus conhecimentos. Além disso, por pensar de modo totalizante, se articula com outras áreas de conhecimento.
Sugestões de Leitura Textos básicos de Filosofa , de Danilo Marcondes. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. Educação: do senso comum à consciência flosófca , de Demerval Saviani. São Paulo:
Cortez, 1980.
Programa Educar para o pensar: flosofa com crianças, adolescentes e jovens. v. 3 , de Silvio
Wonsovicz. Florianópolis: Sophos, 2005.
Questões para Debate 1 - Por que o pensar é importante em nossas vidas? 2 - Pesquise mais sobre o método losóco de Sócrates, partindo
da realidade e formulando perguntas que ajudem a pensar o contexto que vivemos. 3 - Como o pensar pode se tornar um encanto e não um peso? E como pode se tornar um instrumento de transformação da realidade?
ENSINO RELIGIOSO Entrevista: Douglas Belchior
A paz que eu quero: com justiça e igualdade! l a o s s e p o v i u q r A
Buscar incessantemente a paz. Dizer, gritar, viver a paz é tarefa e missão de todos e de cada um de nós. É assim que construímos a Cultura da Paz, o único e efetivo antídoto à cultura da violência,
tão presente em nossa sociedade. Nesse sentido, construir relações mais fraternas e solidárias, especialmente com as pessoas que mais precisam de cuidado e atenção, é caminho possível e urgente para que chegue a paz tão sonhada. Conversamos sobre esse tema com Douglas Belchior, professor da rede pública de São Paulo e dos cursinhos populares da UNEafro Brasil, que nos desaa a falar e expressar as violências sofridas, para superá-las em busca da paz.
E-mail:
[email protected]
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cia e a da resistência, nos acompanha, Os desafios são imensos, pois, assim como uma vez que diante da violência, muitas outrora, o país continua dominado por alguns vezes, a mesma violência aparece como setores, como é o caso do agronegócio, do setor única opção de defesa. Esse caldo de bancário, dos meios de comunicação nas mãos de cultura influenciou na formação dos meia dúzia de famílias, da especula valores da sociedade, na ção imobiliária, dos interesses das conformação de valores megacorporações internacionais. O religiosos, chegando até “Como nos lembra capital continua fortalecido. O Brasil a base familiar, mas a vioa canção, ‘Paz sem é um grande campo de consumo, o lência sempre foi instruvoz não é paz. É que é muito bom para os grandes mento de ação e prática medo!’ É preciso empresários. O Brasil é um grande dos grupos que se mantifalar. É preciso produtor agrícola, mas essa riqueza ouvir. É preciso veram no poder. E não se e essas terras estão nas mãos dos trata apenas de violência que todas as vozes mesmos latifundiários de sempre e convencional, física. Falo ecoem e que, dos novos latifundiários a partir do de todas as formas de viosobretudo, as vozes agronegócio. Então, a estrutura não lência, todas as formas de se entendam e mudou. A desigualdade hoje está se oprimir e impor vonorganizem a palavra ofuscada por um período em que a tades a partir da coerção, e a ação coletiva.” economia melhorou, em que há uma do poder econômico, da condição de emprego um pouco violênc ia de gên ero ou melhor, mas isso em médio e longo prazo não nos da heteronormatividade e, principaloferece expectativas positivas. Nós precisamos, mente, no caso brasileiro, do racismo. então, dialogar com essa realidade em que parece O que leva a sociedade a ser violennão haver conito, não haver grandes problemas sociais, mas sabemos que isso pode trazer resulta- ta? Que fatores promovem a cultura da violência? dos ruins e conituosos. Como já disse, somos fruto de uma Nosso modo de viver é agressivo e violento? cultura de violência, de uma cultura Como a violência se manifesta em nosso cotidiano? penal. De nossos 514 anos de história A história de formação do Brasil, desde a inva- pós-invasão, 388 anos foram sob a são europeia, relaciona violência e resistência. É a égide de um sistema de escravidão, onde história do genocídio indígena, do genocídio negro o uso da violência era pressuposto funcontinuado, como ainda hoje vemos. Ao mesmo damental. Após a abolição, vivemos dois tempo é também a história da resistência desses períodos de ditaduras, momentos em povos a toda opressão. Essa memória, a da violên- que mais uma vez a opinião coletiva foi Como você avalia o contexto atual no Brasil?
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drasticamente inuenciada por valores que justicam a violência a partir de determinados padrões morais. Nos curtos períodos de democracia, como o que vivemos hoje, o Estado institucionalizou a violência e, com o uso do aparato de mídia, rearma valores penais muito mais próximos da vingança do que da justiça. De maneira que é muito difícil, mesmo para os pequenos conitos sociais, imaginar soluções que não passem pela ideia de penalização, no lugar de reeducação. Uma sociedade que elege o consumo como ponto máximo da vida, mas que ao mesmo tempo não proporciona oportunidades iguais para se alcançar tais desejos, cria o ambiente de disputa desigual, de opressão pela chegada ao resultado e, consequentemente, de violências.
Como promover a cultura da paz nos espaços onde vivemos? Como nos lembra a canção do Rappa, “Paz sem voz não é paz. É medo!”. É preciso falar. É preciso ouvir. É preciso que todas as vozes ecoem e que, sobretudo, as vozes se entendam e organizem a palavra e a ação coletiva. É preciso diálogo em torno do que gera as desigualdades, e jamais se limitar apenas às compensações. É preciso tratar e amenizar a dor, mas é necessário curar a doença. A organização e a prática da educação popular são estratégias importantíssimas para essa tarefa.
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Como as instituições, especialmen- de pessoas que vivem o mundo e são te as religiões, podem contribuir na inuenciadas por ele. De maneira que promoção de uma cultura da paz? o contexto social que cerca a escola Religiões mobilizam o povo, es- e no qual estão inseridos estudantes, pecialmente o povo mais frágil, mais professores e funcionários é uma dolorido pelas injustiças do mundo. das chaves para compreender seu Independente da denofuncionamento. Antes minação e da origem ainda, a escola é um de fé, todas elas são aparelho do Estado, e “O contexto expressão da cultura não só o prédio e a essocial que cerca a e da crença do povo. trutura, mas a proposta escola e no qual Tanto poder colocado didático-pedagógica e estão inseridos a serviço do interesa política educacional estudantes, se coletivo sempre traz são elementos fundaprofessores e vitórias e faz avançar mentais para a prática funcionários é uma direitos sociais. Vivede qualquer projeto. das chaves para mos um momento rico Infelizmente, não compreender seu desse exemplo, como há por parte do Estado funcionamento.” as posições progressis brasileiro políticas pútas do Papa Francisco. blicas sucientes para Quando a Igreja se dedica, em sua que todas as escolas públicas sejam prática e em seu discurso, às cau- espaços qualificados de educação, sas populares, está se colocando a de reexão, de fomento da diversiserviço da paz, que acreditamos ser dade, do respeito às diferenças e, o mais saboroso fruto da justiça. consequentemente, de uma Cultura de Paz. As iniciativas quase sempre Que ações e iniciativas estão acon- dependem de ações individuais e/ tecendo no meio juvenil como formas ou de grupos que, por sua conta, as de canalizar a agressividade e promo- promovem. Daí uma vez mais a imver a paz? portância da mobilização popular, Em todo país surgem, a cada no sentido de cobrar que os poucos momento, novos grupos e espaços avanços conquistados em forma de de discussão sobre como construir leis e direitos se efetivem na prática. um mundo melhor para se viver: Nesse sentido, as lutas políticas, saraus, cursinhos populares, grupos de discussão, grupos teatrais e de como as manifestações dos jovens, em danças, posses de hip-hop, uxos de junho de 2013, são importantes? funk. Aqueles que se dedicam à luta As mobilizações de junho abripor justiça social precisam vivenciar ram uma brecha para recuperarmos esses espaços. A importância da o valor da política, como busca da educação, o respeito à diversidade felicidade coletiva. Então penso que étnico-racial, religiosa e cultural, o a juventude brasileira, como é da combate ao racismo e à violência do própria natureza da juventude, de Estado, a preocupação com o meio contestação, percebe o seu ambienambiente, o papel fundamental das te, percebe que há problemas e se mulheres na dinâmica social e seu di- volta contra esse poder estabelecido. reito ao corpo e à vida, a importância Porém nós corremos o risco dessa da participação política, todos esses energia revolucionária própria da jusão temas que mobilizam a juventude ventude ser capitalizada com valores e que, quando provocados dentro do conservadores. Então nós precisacontexto, propiciam ambientes em mos aproveitar esse momento em que que as potencialidades e a energia (e a população está mais sensível ao não agressividade) se transformam debate político e usar as estruturas, em ações propositivas e mobilizações tanto da Igreja como da sociedade, importantes para a sociedade. para organizar as pessoas do ponto de vista das lutas progressistas, de Como a escola pode educar alunos avanço das causas populares, de e professores para uma cultura da paz? resistência e luta por dignidade do Antes de qualquer coisa, a escola povo que sempre foi excluído, como é um ambiente de convívio coletivo os indígenas e negros.
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Religiões e a luta por justiça social Na sociedade brasileira, a Igreja Católica e outras igrejas cristãs têm um papel muito importante, de demarcação de espaço, um papel político em determinados momentos e um papel de agregação social. Não se pode falar que as igrejas como um todo sempre tiveram um papel em favor da justiça, mas nos dias de hoje elas têm muito a dizer para a sociedade, no sentido de alertar para valores que são cristãos, e ao mesmo tempo são valores da democracia, como a justiça social e a solidariedade. Principalmente a Igreja Católica, que sempre foi ocial e dominante, mas também outras igrejas
cristãs estão tendo uma oportunidade de ganhar novas adesões, inclusive de quem já está presente na própria igreja. Transformar a religião também numa questão de pertencimento, de escolha, não apenas de cultura de transmissão intergeracional da religião. O que para muitas pessoas pode causar preocupação pode fortalecer uma igreja, ela ter essa possibilidade de viver num contexto de diversidade religiosa. E também estão chamadas a entender o que se entende realmente por ecumenismo. É diferente ter um ecumenismo onde há um polo dominante tão evidente, e ter um diálogo religioso onde existem vários polos. Esse é o desao do momento atual: construir um diálogo religioso, com uma perspectiva ecumênica, a partir dos valores das igrejas com vários centros, e não apenas um centro que propõe as regras e os termos do que sempre se chamou de ecumenismo, e hoje procuramos chamar de diálogo inter-religioso. A ação e o compromisso são muito importantes. Se diz que o jovem é o grande porta-voz das mudanças na sociedade. Uma pessoa que sai da proteção da família e começa a crescer passa a experimentar, a construir sua identidade, tem uma chance de se ligar no mundo, de crescer, de olhar em torno. Quem trabalha com a juventude tem a ideia de que a juventude é muito propícia à participação. Porém não se pode colocar tudo nas costas dos jovens, porque eles reetem a sociedade, que
tem pouco grau de participação. Mas a juventude tem essa força e possibilidade que não se encontra em outras faixas etárias. A juventude é o espelho retrovisor, pois o que acontece na sociedade acontece na juventude. Embora eu acredite que podemos ter uma visão mais promissora da juventude, por conta deste ciclo que ela vive.
Ser Fraterno: um compromisso com a paz!
Regina Novaes, antropóloga, Rio de Janeiro, RJ. E-mail:
[email protected]
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ESPECIAL
Diante de tantas absurdas violências
que nos últimos tempos vemos no noticiário internacional, é compreensível que o mundo inteiro tenha se maravilhado com a notícia de que o
Malala: jovem, mulher e educadora para a paz e v i h c r A k n u r T
Prêmio Nobel da
Paz foi concedido a duas pessoas, sendo uma delas a jovem paquistanesa de 16 anos, Malala Yousafzai. Maria Clara Lucchetti Bingemer,
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professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio, RJ. E-mail:
[email protected]
O mérito de Malala é a luta incessante contra o trabalho infantil, a violência de gênero e tudo que constitui obstáculo à educação, sobretudo para as mulheres. Ao pronunciar-se à imprensa internacional sobre o prêmio, abriu o peito e os lábios com segurança e, ao mesmo tempo, com o frescor da idade na delicada voz. E disse a frase memorável: “Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. Educação é a solução”. Sugestões de Leitura
Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã ,
de Malala Yousafzai e Christina Lamb. Companhia das Letras. Malala: a menina mais corajosa do mundo , de Viviane Mazza. Agir. Sugestão de Site
Fundação Malala Yousafzai: www.malala.org.br No site do Mundo Jovem
Assista ao discurso que Malala Yousafzai proferiu durante conferência na ONU. Pode ser acessado em nosso site, na edição de fevereiro de 2015, por este link: www.mundojovem. com.br/edicoes
Que ninguém se A violência armada “A praça! A iluda, porém. A história praça é do povo do talibã não esperou de Malala não foi uma como o céu é do para desfechar-se sotranquilidade, como condor. É o antro bre ela. Em 2012, foi a de muitas jovens de onde a liberdade vítima de um atenta16 anos nos dias de cria águias em do quando voltava da hoje. Vivendo em um escola, desafiando a seu calor!” país violento e dividinorma estabelecida. Castro Alves do, onde movimentos No ônibus que a levava políticos usam a força para ate- para casa, recebeu um tiro na morizar e oprimir, desde cedo cabeça. Foi internada em estado se rebelou contra esse estado de grave, correndo risco de não coisas e viu o conito transferir- sobreviver. -se para sua vida pessoal. Aos que lhe perguntaram como reagiria a seus agressores, Coragem e ousadia o que faria se a atacassem de Desde os 13 anos, Malala novo, sua resposta surpreendeu atua como ativista em favor do o mundo: “Não se deve lutar com direito à educação das mulheres, crueldade e violência, mas com especialmente àquelas que o re- diálogo, paz e educação”. gime talibã proíbe de ir à escola. Mais ainda: preocupada em Começou a ter visibilidade e abrir o coração e a mente de notoriedade escrevendo em um seus agressores, disse que seu blog da BBC (canal internacional objetivo era mostrar como seria de notícias) sob pseudônimo, de- importante que eles tivessem o nunciando a violência do regime. direito e a possibilidade de dar Junto com o pai, participou de um educação aos lhos deles. Sua documentário intitulado Perda de esperança era que entendessem aulas: a morte da educação da que este era o motivo de seus protestos e sua atuação política. mulher . Pretendia chamar a atenção da opinião pública sobre as O Prêmio Nobel da Paz é, diculdades que enfrentavam as portanto, mais do que justo remulheres para poder ir à aula nas conhecimento da estatura moral zonas ocupadas pelo talibã. Ma- dessa menina, essa jovem mulher lala defende o que considera um que engrandece a humanidade. direito das mulheres: educar-se. Tomara que todos possamos
Ser fraterno: um compromisso com a paz!
aprender com ela – nesse sentido, muito sintonizada com o grande Papa Paulo VI –, que a paz só pode ser fruto da justiça e da educação. Siga em frente, Malala. Te acompanhamos com carinho e admiração. E que Deus a proteja!
Atividade “A praça é do povo como o céu é do condor” O trecho do poema O povo ao poder , de Castro Alves,
inspira nossa atividade. Leve os estudantes a uma praça e organize-os em roda, de forma confortável. A seguir, peça que leiam o texto sobre Malala e busque saber as opiniões dos jovens sobre ela e a luta por direitos iguais entre homens e mulheres. Algumas questões sugeridas: 1 - Por que Malala é um exemplo de vida? 2 - A coragem de Malala pode nos inspirar a sermos jovens mais solidários que lutam por um mundo melhor? De que forma? 3 - Como são as relações entre homens e mulheres em nosso país?
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DIVERSIDADE CULTURAL No Sistema Nacional de Cultura (SNC), a promoção das políticas culturais é desenvolvida de forma sistêmica e
compartilhada entre os entes federados, como em outros sistemas de articulação de políticas públicas, a exemplo do SUS.
Cidadania cultural e diversidade C B E l a t r o P / o t i l e M o r d n a e L
João Pontes,
diretor de Cidadania e Diversidade Cultural da Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul, cientista social e mestrando em Sociologia (UFRGS). E-mail:
[email protected]
Nos últimos anos, o governo brasileiro passou a reconhecer que o acesso aos meios de criação, produção, circulação, fruição, formação, memória, pesquisa, informação e comunicação de bens e serviços culturais é um direito social básico, como determinam a Constituição Federal e inúmeras con venções internacionais, como a da Unesco. Como contraparte ao direito dos cidadãos e das cidadãs, o papel do Estado não é de fazer ou levar cultura, mas justamente o de garantir as condições de acesso a esses meios, reconhecendo a pluralidade de culturas e potencializando a criação e a ampliação de redes colaborativas e de compartilhamento entre essas diferentes culturas.
Autonomia Acima de tudo, não compete ao Estado determinar o que deve ou não ser produzido no campo da cultura: pelo contrário, as políticas culturais no Brasil vêm sendo marcadas pela garantia e pela promoção da autonomia. Com liberdade de criação e expressão, as políticas culturais colaboram com a construção de sujeitos sociais autônomos, com capacidades de reexão, crítica, criatividade e alteridade. Ao potencializar principalmente os processos de criação, produção e formação, opera-se a descolonização da cultura: descolonização dos uxos internacionais unilaterais (e a hegemonia das culturas norte-americanas e europeias, inclusive fortalecendo uma cultura de integração desde o Sul mundial, de uma América Latina unida e soberana), dos uxos nacionais (centrados no eixo Rio-São Paulo), descolonização do corpo e da mente, descolonização por parte de poucos(as) sobre outros(as). Todos e todas são seres culturais, são sujeitos e sujeitas da história. As políticas culturais passaram a ser vistas em sua tridimensionalidade: cidadã (tendo em vista que se trata de um direito social básico), estética (como potencializadora de processos simbólicos) e econômica (na medida em que lidam com o mundo do tra balho, com a mobilização de recursos, a movimentação de cadeias produtivas, a geração de renda etc.). Visão sistêmica A estrutura institucional vem se organizando de acordo com as diferentes necessidades sociais, buscando dialogar com as inúmeras singularidades que compõem o campo da produção cultural. Assim
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15 entendem-se as políticas culturais de forma sistêmica: envolvendo um conjunto de atores e instituições (a sociedade, os entes federativos e os três poderes), com atribuições e direitos singulares, em uma rede articulada, orientada por planos que estruturam diretrizes e desaos democráticos e participativos, e criam fundos interligados entre os entes federativos (governo federal, estadual e municipal). É possível considerar que as políticas culturais estão no extremo oposto às políticas de saúde. O SNC, nas palavras da ex-ministra Marta Suplicy, é “a certidão de nascimento das políticas culturais” e data pouco mais de um ano de aprovação pelo Congresso. A maioria de estados e municípios sequer contam com os seus planos; e o acesso aos bens e serviços culturais está longe de ser reconhecido como direito pela maioria da população. Diante disso, temos três grandes desaos: a construção da consciência dos direitos (cidadania cultural); a construção de desenhos institucionais que compreendam os diferentes níveis de necessidades e demandas socioculturais, esferas de participação e atribuições estatais (a criação e o detalhamento/aprofundamento dos sistemas de cultura); e, para depois, a sua plena efetivação. Por m, o processo de garantia dos direitos culturais passa pela ampliação do orçamento (o Fundo Nacional de
Ser Fraterno: um compromisso com a paz!
Cultura); democratização da gestão (com participação popular, a exemplo dos colegiados setoriais, das conferências, do Conselho Nacional de Políticas Culturais, da Comissão Nacional de Pontos de Cultura etc.); e um planejamento que ultrapassa as gestões governamentais, indicando diagnósticos, desafios, diretrizes e metas para o projeto de país que queremos nos próximos 10 anos (o Plano Nacional de Cultura). Estes elementos são os pilares de estruturação do Sistema Nacional de Cultura.
Sugestão de Site Ministério da Cultura / Sistema Nacional de Cultura: www.cultura.gov.br/snc Sugestão de Vídeo Conheça mais sobre o Sistema Nacional de Cultura: http://bit.ly/painel-SNC
Questões para Debate 1 - Por que devemos encarar também a cultura como um direito da cidadania? 2 - Por que há a necessidade de uma “descolonização da cultura”? 3 - Como reconhecer, valorizar e promover a diversidade cultural brasileira? Como fazer isso na escola?
GEOGRAFIA Convidaram-me a escrever sobre a identidade latino-americana. Estou seguro de que, se há uma barreira que nos impede de nos relacionarmos e identicarmos
com o resto do continente, não é o idioma. Tanto que, se sigo escrevendo em espanhol, me entenderás, certo, leitor? Então, continuemos assim.
Quem somos, América Latina? Vitor Taveira,
jornalista e mestre em Estudos Latino-Americanos, diretor da Expedição Abya Yala e integrante da Casa América Latina Liberdade e Solidariedade (Calles) e do programa de rádio “Soy Loco Por Ti”, de Bogotá, Colômbia. E-mail:
[email protected]
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Pois bem, a história que venho contar começa em 1492, quando uns navios imensos cruzaram o Oceano Atlântico e aqui desembarcaram Cristóvão Colombo e os primeiros colonizadores. NÃO! Não, não, não: é mentira. Não é aí que iniciamos. A história da América Latina começa muito antes dos europeus, pois aqui já existia vida, cultura, história e civilização, ou melhor, tudo isto no plural. Existia uma enorme quantidade de culturas originárias deste continente, que o herói cubano José Martí preferia chamar Nossa América, que o povo Kuna nomeia Abya Yala , “terra madura” em sua língua própria.
Tempero cultural Às culturas que aqui já estavam, somou-se a europeia, acompanhada de um processo colonial repleto de violências físicas e simbólicas contra as que aqui viviam (é importante recordar). Isso sem falar da grande quantidade de pessoas trazidas da África, o que foi uma das maiores brutalidades e vergonhas da humanidade: a escravidão massiva e o comércio internacional de pessoas. Porém a contribuição europeia é, sim, muito grande e valiosa à nossa cultura, pois chegaram também não só colonizadores espanhóis, portugueses, ingleses, franceses e holandeses, mas também, posteriormente, imigrantes alemães, italianos, suíços, entre tantos outros. Também migraram para cá chineses, japoneses, árabes, colocando ainda mais tempero em nossa sopa cultural. Em meio a esta mescla de tantas inuências, como falar de identidade latino-americana? Melhor nem falarmos dela. Melhor pensarmos plural, nas identidades latino-americanas. Existem muitas semelhanças, porém também profundas diferenças entre países e mesmo entre regiões dentro de um mesmo Estado nacional. Porém o processo político e social dos últimos anos levanta um potente e possível caminho: a unidade na diversidade. A heterogeneidade não tem que ser um problema, pelo contrário, deve ser uma virtude, pois é, possivelmente, a maior riqueza que temos.
Latino-irmãos Sim, somos diversos, porém também podemos e devemos estar unidos. Não é um tema somente cultural, porém também histórico e político. Temos
“Eu tenho tantos irmãos Que não os posso contar E uma noiva muito linda Que se chama liberdade” Atahualpa Yupanqui
um passado comum de exploração e dores, todavia não sanados, um presente de transformações e um futuro por construir. Podemos eleger estar juntos ou separados. O colonialismo, o imperialismo, o capitalismo e, possivelmente, outros ismos se beneciaram da estra tégia de “dividir para dominar” e, muitas vezes, nos olhamos como inimigos e competidores, não como irmãos ou cooperadores, como poderia ser. Como escreveu Ferreira Gullar em seu poema chamado Nós, latino-americanos , somos irmãos “não porque seja o mesmo sangue que no corpo levamos: o que é o mesmo é o modo como o derramamos”. Olhar com mais atenção nossos vizinhos latino-americanos e aprender deles é, então, um ato político amoroso. Deixar-se penetrar pelos acordes da guitarra de Silvio Rodríguez, admirar-se com as pinturas de Oswaldo Guayasamín, enamorar-se da voz de Chavela Vargas, encontrar nossa forte ternura nos poemas de Mario Benedetti, viajar na mágica realista dos contos de Ga briel García Márquez, entender nossa realidade nos lmes de Fernando Solanas ou perder-se nos livros de Mario Vargas Llosa. Isso, para recordar apenas algumas estrelas de nossa constelação latino-americana, notáveis ondas de sensibilidade no mar de afetos que é o nosso continente. Uma pessoa que viaja sabe o quanto é mais bonito sonhar juntos e sentir
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soprar o vento das utopias. Dizia o sábio músico e trovador argentino Facundo Cabral: “uma bomba faz mais ruído que uma carícia. Porém, para cada bomba que destrói, existem mil carícias que constroem a vida”. Estou seguro de que você se identica com isso. É certo que existe um ou uma latino-americana dentro de você. Pode ser que esteja dormindo: desperta-o. JÁ!
Sugestões de Leitura A descoberta da América (que ainda não houve) , de Eduardo Galeano. Editora
da UFRGS.
Canto geral , de Pablo Neruda. Bertrand
Brasil.
Todas las Sangres , José María Arguedas.
Editorial Horizonte.
A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais , organizado por Edgar-
do Lander. Clacso Livros.
Questões para Debate 1 - Que barreiras ainda impedem a unidade latino-americana? 2 - Que importância e valor tem a diversidade de culturas na América Latina? 3 - Como, em nossas escolas, promover a cultura e a identidade latino-americana?
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GEOGRAFÍA A mí me invitaron a escribir sobre la identidad latinoamericana. Estoy seguro que de haber una barrera que nos impide relacionar e identicarnos
con el resto del continente, no es el idioma. Tanto que si sigo escribiendo en español, me entenderás, ¿no es cierto lector? Entonces, continuemos así.
¿Quiénes somos, América Latina? “Yo tengo tantos hermanos Que no los puedo contar Y una novia muy hermosa Que se llama libertad” Atahualpa Yupanqui
Vitor Taveira,
periodista y maestro en Estudios de Latinoamericanos, director de la Expedición Abya Yala y miembro de la Casa América Latina Liberdade e Solidariedade (Calles) y del programa de radio Soy Loco Por Ti. E-mail:
[email protected]
Pues bien, la historia que vengo a contar comienza en 1492, cuando unos navíos inmensos cruzaron el Océano Atlántico y desembarcaron aquí Cristóbal Colón y los primeros colonizadores. ¡NO! No, no, no, es mentira. No es ahí que iniciamos. La historia de América Latina comienza mucho antes de los europeos, pues aquí ya había vida, cultura, historia y civilización. Lo mejor, todo esto en plural. Existía una enorme cantidad de culturas originarias en este continente que el héroe cubano José Martí prefería llamar Nuestra América y que el pueblo Kuna nombra Abya Yala , “tierra madura” en su lengua propia.
Condimento cultural A la s que ya esta ban, se sumó la llegada de la cultura europea, acompañada de un proceso colonial repleto de violencia física y simbólica contra
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las que aquí vivían, es importante recordar. Esto sin hablar de la gran cantidad de personas traídas desde África en lo que fue una de las más grandes brutalidades y vergüenzas de la humanidad: la esclavitud masiva y el comercio internacional de personas. Pero la contribución europea es sí muy grande y valiosa a nuestra cultura pues llegaron no sólo colonizadores españoles, portugueses, ingleses, franceses y holandeses pero también posteriormente inmigrantes alemanes, italianos, suizos, entre tantos otros. Tam bién migraron para acá chinos, japoneses, árabes, poniendo aún más salsa y sabor en nuestra olla intercultural. En medio a esta mezcla de tantas inuencias, ¿cómo hablar de identidad latinoamericana? Mejor ni hablemos de ella. Mejor pensemos plural, en las identidades latinoamericanas. Hay muchas similitudes, pero también profundas diferencias entre países y mismo entre regiones dentro de un mismo Estado nacional. Pero el proceso político y social de los últimos años levanta un potente y posible camino: la unidad en la diversidad. La heterogeneidad no tiene que
ser un problema, más bien debe ser una virtud, pues es quizás la mayor riqueza de tenemos.
Latino-hermanos Sí, somos diversos, pero también podemos y debemos estar unidos. No es un tema solamente cultural. Pero también histórico y político. Tenemos un pasado común de explotación y dolores todavía no sanados, un presente de cam bios y un futuro por construir. Podemos elegir estar juntos o separados. El colonialismo, el imperialismo, el capitalismo y qui zás otros ismos se beneciaron de la estrategia de dividir para conquistar y muchas veces nos miramos como enemigos y competidores, no como hermanos o cooperadores como pudríamos ser. Como ha escrito Ferreira Gullar en su poema llamado Nós, latino- -americanos , somos hermanos “não porque seja o mesmo sangue que no corpo levamos: o que é o mesmo é o modo como o derramamos”. Mirar con más atención a nuestros vecinos y aprender de ellos es, entonces, un acto político amoroso. Dejarse penetrar por los acordes de la guitarra de
Ser Fraterno: um compromisso com paz!
Silvio Rodríguez, admirarse por las pinturas de Oswaldo Guayasamín, enamorarse de la voz de Chavela Vargas, encontrar nuestra valiente ternura en los poemas de Mario Benedetti, viajar en la mágica realista de los cuentos de Gabriel García Márquez, entender nuestra realidad por las películas de Fernando Solanas o perderse en los libros de Mario Vargas Llosa. Esto para recordar apenas algunas estrellas de nuestra constelación latinoamericana, notables ondas de sensibilidad en el mar de afectos que es nuestro continente. Una persona que viaja sabe lo tan más bonito que es soñar juntos y sentir soplar el viento de las utopías. Decía el sabio músico y trovador argentino Facundo Cabral: “Una bomba hace más ruido que una caricia. Pero para cada bomba que destruye, hay mil caricias que construyen la vida”. Estoy seguro que te identicas con esto. Es cierto que existe un o una latinoamericana dentro de ti. Puede ser que esté dormido. Despiértalo. ¡YA!
Sugestão de Filmes Batalha das águas (También la lluvia), de Icíar Bolhaín Pachamama - O Filme ,
de Eryk Rocha Machuca , de Andrés Wood
Ao sul da fronteira (South of border ), de Oliver Stone
Sugestões de Músicas Latinoamérica , de Calle 13 Canción con Todos ,
de Mercedes Sosa Cinco Siglos Igual , de Leon Gieco Soy Loco Por Ti, América , de Caetano Veloso
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HISTÓRIA O ensino de História está, quase sempre, condicionado a uma concepção ou corrente historiográca. Isso
quer dizer que o conhecimento histórico e o ensino da matéria se modicaram ao longo dos tempos.
Um olhar sobre o saber histórico J M o v i u q r A
Maria de Lourdes Abrantes Sarmento,
graduanda do curso de História da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), PB. E-mail:
[email protected]
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Antes de constituir-se como disciplina escolar, a História se confundia com a história bíblica e dos deuses. Por isso, da Idade Média até o século 17 evidenciou-se uma História ancorada na religião. Embora a história já fosse ensinada pelos jesuítas desde o século 17, foi somente no século 18 que ela ganhou contornos delimitados como conhecimento objetivamente elaborado e teoricamente fundamentado. A partir da fundação do Colégio Pedro II e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), em 1838, a História, enquanto conteúdo de ensino especíco, passou a ser difundida no Brasil. O IHGB surgiu como o centro pensante, elaborando um parâmetro de história nacional oficial, e o Colégio Pedro II foi o executor desses parâmetros, influenciados pelo positivismo e pelo catolicismo. Nessa perspectiva, cabia a tais instituições elaborar uma identidade nacional, visto
Sugestões de Leitura O ensino de História: revisão urgente , de Conceição Cabrini. São
Paulo: Brasiliense, 2004.
História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas , organizado
por Leandro Karnal. São Paulo: Contexto, 2010. Sugestões de Sites
Tempo, Revista Digital de História da UFF: www.historia.uff.br/tempo Rede social voltada para o ensino da história: www.cafehistoria.ning.com
que naquela época o Brasil enfrentava um momento delicado, marcado por instabilidade social e política (crise da Independência). Fazia-se necessário induzir o povo a colaborar com a estrutura social e política vigente. O objetivo dessa disciplina era despertar o patriotismo necessário para a emergência de uma identidade nacional.
Nacionalismo e seus “heróis” No período republicano, foi legado à educação o status de redentora da nação. Por conseguinte, buscou-se, a partir do ensino de História, fortalecer o espírito nacionalista necessário para a sedimentação da identidade nacional, abrindo espaço para as discussões concernentes a questões educacionais. Destacou-se a proposta do pedagogo José Verí ssi mo, o qua l acr editava que, para o projeto político da República consolidar-se, era preciso um sistema educacional abrangente e perpetuador de um patriotismo e de um pertencimento nacional. Ao ensino de História cabia priorizar o estudo dos feitos e da biograa dos grandes cidadãos
brasileiros. Assim, na I Conferência Nacional de Educação, em 1927, discutiram-se os caminhos para se construir uma identidade nacional comum, a partir do ensino de História, da moral e do civismo. Apes ar dos di ve rsos esforços feitos pelo governo republicano, não se conseguiu construir uma educação sistemática e universalizante. Esse projeto só foi alcançado no governo de Getúlio Vargas, quando houve a consolidação de uma memória nacional e patriótica, contemplando o culto aos heróis e a ênfase nas tradições nacionais nas aulas de História.
História e ditadura Durante todo o regime militar brasileiro (1964-1985), a disciplina foi usada como mecanismo de manipulação social e controle da ordem social vigente. Sua missão era neutralizar qualquer tipo de crítica ao Estado. No período da ditadura militar, a História, como disciplina escolar autônoma, foi diluída e passou a coexistir com a Geograa sob a intitulação de Estudos Sociais. Não
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era intenção formar um aluno crítico e reflexivo, e sim um aluno submisso e passivo ao autoritarismo do Estado. Com a redemocratização política, o ensino de História passou a ser pensado para instruir o aluno a criticar toda forma de repressão e autoritarismo. Partindo desse pressuposto, infere-se que, a partir de 1980, o ensino de História tomou novas direções. Passou a ser uma arma contra o autoritarismo e qualquer tentativa de censura – gerando, portanto, um cidadão em consonância com o contexto da época. Enquanto disciplina escolar no Brasil, a História, desde sua gênese, foi usada como justicação do poder da ordem dominante, como propagadora de uma determinada ideologia. Por isso, é nossa tarefa batalhar por uma História que leve os estudantes a compreender o contexto em que estão inseridos, permitindo que ultrapassem as barreiras da dominação.
Atividade História é coisa de fofoqueiro? Por que aprender sobre tanta gente morta se estamos vivos? Estudar história inuencia nossas
escolhas? Essas e outras dúvidas estão presentes na cabeça dos jovens. Então, que tal aproveitar o começo do ano e debater sobre a importância de estudar História? Pode-se assistir ao vídeo indicado e responder essas e outras perguntas junto com os estudantes. Além de reetir, poderemos colher dicas de interesse dos jovens ao longo do ano. Link: http://youtu.be/uqJboU9vupU
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POLÍTICA E CIDADANIA Por que o Congresso Nacional cou mais conservador? A resposta exige uma reexão sem preconceitos: porque parte
da sociedade brasileira é conservadora e está assustada com a evolução dos costumes que vêm solapando os seus alicerces.
O último grito do conservadorismo l i s a r B a i c n ê g A / m o b e z z o P s e u g i r d o R o i b á F
Juremir Machado da Silva,
escritor, jornalista e professor na Faculdade de Comunicação da PUCRS. E-mail:
[email protected]
Quando algo importante está para mudar denitivamente, é comum que pessoas se apavorem e tentem resistir de modo radical ao inevitável. É o efeito do estertor. O Brasil tem brincado com o jogo eleitoral votando em candidatos como Tiririca. Uma avaliação serena dos resultados do último pleito indica que Tiririca não passa de um mal menor. Ele não tem ideias, não tem projetos e nada representa, salvo a triste despolitização dos seus eleitores.
Fim de uma época O problema começa mesmo com a eleição de conservadores extremados e preconceituosos como o deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro (PP) e o gaúcho Luís Carlos Heinze (PP). Eles foram os mais votados em seus estados. Bolsonaro faz da homofobia a sua principal bandeira. Heinze foi escolhido pela ONG britânica Survival como o “mais racista do ano”, por ter dito que gays, lésbicas e quilombolas são “tudo que não presta”. Em sociedades cada vez mais sensíveis à diferença religiosa, sexual e racial, Heinze e Bolsonaro encarnam o contrário, atraindo para eles os votos de parte daqueles que veem no chamado politicamente correto o m de uma época, de uma maneira de viver e de uma civilização. O Brasil está em convulsão. O país entrou no liquidicador dos comportamentos cotidianos e vê-se entre duas forças igualmente poderosas, o avanço do respeito às diferenças versus as últimas tentativas de conservação de “valores” condenados ao ocaso. Não se trata de eliminação de qualquer ética ou de des-
Atividade Investigando o novo Congresso Tal qual Sherlock Holmes – personagem de Arthur Conan Doyle –, que tal convidar os alunos para investigar o perl dos deputados reeleitos
e dos novatos? Em grupos, a pesquisa pode resultar em uma análise das principais pros sões dos políticos, cruzar partidos e grupos de representação. Depois, pode-se fazer um debate para revelar as “pistas” que indicam se teremos um Congresso mais conservador no próximo período. Dica: O site do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) é uma boa fonte para começar as “investigações”: www.diap.org.br
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19 truir referências, limites e respeito mas, ao contrário, de ampliar horizontes, de render-se à diversidade, de coibir preconceitos e de pôr m a um estado secular de hipocrisia. O Congresso Nacional, caixa de ressonância das contradições sociais da nação, não teria como escapar da exacerbação desse conito.
A luta por direitos De certa forma, a eleição de uma legislatura mais conservadora remete à tentativa de construção de um dique artesanal contra um tsunami. A transformação vem das ruas. Algumas dessas mutações já estão legitimadas pelo Supremo Tribunal Federal, como o caso gay. Mas as lutas simbólicas em torno dos direitos de cada um, especialmente desses atores sociais antes marginalizados, as chamadas minorias, ainda se estenderão por um bom tempo. Reformas importantes quase sempre sofrem pesadas ameaças de retrocesso. A guerra contra certas diferenças, no entanto, parece perdida. Aquilo que se cristaliza na mídia, por exemplo, nas novelas de televisão, funciona como uma espécie de indicador do futuro imediato. É o parado xo maior dessa resistência formal ao que se impõe informalmente. Último urro. O Congresso Nacional será mais conservador pelos próximos quatro anos. Isso não signica, porém, que poderá aprovar recuos expressivos em matérias sensíveis de comportamento. Na era das redes sociais, a pressão popular é permanente. O
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legislador já não pode se dar o luxo de ignorar o barulho da internet. Heinze e Bolsonaro resumem uma perspectiva. Embora se sintam poderosos com seus milhares de votos, eles irão a Brasília ecoar o m de um tempo, aquele tempo em que ser preconceituoso, imperativamente excludente, era uma obrigação moral. Seria possível abordar outros nomes e outras razões. O todo, porém, está na parte. Aceitar o outro como ele é, naquilo que não prejudica terceiros, é a regra de um mundo que busca mais tolerância, equilíbrio, paz, humildade e justiça. O caminho é longo. Talvez seja o caso de se tentar ver por trás dessa má notícia, o crescimento do conservadorismo no Congresso Nacional, uma boa novidade: o declínio de uma era, cujas sombras ainda se erguem como se fossem muralhas indestrutíveis. Até quando mesmo?
Questões para Debate 1 - Em tempos de eleições dividiuse o país entre aqueles que estavam curiosos e atentos às eleições e os que não queriam nem ouvir falar. Por que isso aconteceu? 2 - Conhecer e debater sobre o perl dos políticos eleitos amplia
o nosso embasamento para criticar e dá ânimo para perceber avanços na política brasileira?
SAÚDE E BEM-VIVER O conceito de saúde mental vai muito além da ideia de doença ou a ausência dela. Entrar nesse tema consiste em
pensar o cotidiano, as possibilidades de relações que estão sendo permitidas no dia a dia do existir.
Saúde mental
Um eixo entre o existir e o adoecer Rubiane Rodrigues Mostazo,
psicóloga no Ambulatório de Saúde Mental de Ourinhos, SP, mestre pela Universidade Estadual de Campinas. E-mail:
[email protected]
O que está em questão no campo da saúde mental é a problemática da subjetividade humana e os destinos sociais que se entrelaçam no campo da saúde mental. Portanto o corpo social estará articulado ao campo da saúde mental, o adoecimento se integra à experiência humana e se torna objeto da ação como uma realidade construída signicativamente.
a ê r r o C a i l ú J : o ã ç a r t s u l I
O sofrimento mental
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A saúde mental de cada indivíduo tende a variações e inuências de fatores biológicos e sociais, e dependem de satisfazer adequadamente as necessidades emocionais, em um senso contínuo de segurança e valor pessoal. Entretanto, quanto ao sofrimento psíquico, consolidamos a existência humana, visto que todo indivíduo vivencia situações de sofrimento intenso: isso pode ocorrer diante de perdas ou de situações estressantes. Não somos imunes ao adoecimento mental e podemos necessitar de ajuda para nos restabelecermos emocionalmente. O sofrimento mental severo e persistente pode ocasionar um rompimento com a realidade, desencadeando sintomas de diferentes formas, envolvendo o aspecto afetivo, de pensamento, de percepção de si e do mundo, sendo uma manifestação violenta e repentina de ruptura do equilíbrio de um sentimento. Alucinações e delírios podem fazer parte do quadro de sintomas em um estado de crise severa e persistente.
Atenção e cuidado O olhar e as propostas de cuidados às pessoas em sofrimento mental têm passado por muitas reformulações, mediante as lutas de trabalhadores, familiares e usuários de serviços em saúde mental. Com a implantação da Lei 10.2016/2001, que trata da reforma psiquiátrica, novas propostas de cuidado passaram a perpetuar no Brasil, e novos modelos de serviços da saúde mental surgiram. O modelo hos-
Para além dos muros da escola A função do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é prestar atendimento a pessoas com sofrimento psíquico, diminuindo e evitando internações psiquiátricas, e articular-se com a rede de serviços da comunidade. Que tal agendar uma visita da turma no CAPS mais próximo da escola? É uma oportunidade para os estudantes conhecerem o funcionamento, a realidade das comunidades e também histórias de superação.
pitalar deixou de predominar e se abriu espaço para um modelo aberto, reabilitador, ou seja, uma atenção psicossocial, que viabilize práticas de cuidados mais humanizadas, promovendo a autonomia, respeitando a singularidade e a subjetividade na construção da cidadania. Como retrata Amarante (1995), a trajetória da desinstitucionalização é caracterizada, sobretudo, pelo surgimento de novos serviços, estratégias e conceitos em saúde mental, com o aparecimento do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), das Cooperativas Sociais, dos Centros de Convivências, dos Serviços Residenciais Terapêuticos e outras propostas que tenham como eixo a territorialização, visando aos cuidados com a pessoa, estando ela inserida em sua comunidade, possibilitando a permanência e o fortalecimento dos vínculos afetivos. O preconceito, a exclusão e o desrespeito aos doentes mentais ainda continuam presentes em nossa sociedade. Conviver com as diferenças é um deso a ser aceito e pensado pela sociedade. É necessário estabelecer uma relação de amor, solidariedade e cumplicidade no cuidado às pessoas que passam por algum tipo de sofrimento psíquico. A promoção em saúde mental é um fator importante para minimizar riscos. Quando se proporcionam condições de vida saudáveis, se promove a prevenção, visto que os fatores ambientais são capazes de alterar o biológico e ocasionar
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danos emocionais, desencadeando transtorno mental. Outro fator importante é o uso de álcool e outras drogas, que podem ser um risco para ocorrer uma desordem mental, aumentando a incidência de um sofrimento mental severo e persistente. Enm, saúde mental vai além do campo das doenças mentais. Proporcionar saúde mental é entrar nas possibilidades da existência humana e social que dizem respeito ao estado mental do sujeito e da coletividade, da existência humana e de suas relações sociais.
Sugestões de Leitura Saúde mental , de J. Birman e C. B. Bezerra Jr. In: Saúde e Sociedade no Brasil . Rio de
Janeiro: Relume Dumará, 1994.
Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil , de P. Amarante. Rio
de Janeiro: Fiocruz, 1995.
Saúde mental e atenção psicossocial , de
P. Amarante. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007.
Questões para Debate 1 - O que devemos levar em conta para termos uma boa saúde mental? 2 - Como cuidar das pessoas com sofrimento mental? 3 - Que avanços já tivemos e o que precisa melhorar no atendimento às pessoas com doenças mentais?
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CIÊNCIAS NATURAIS
Ritmos biológicos
A vida surgiu em um planeta cíclico: dias e noites se alternam, as marés variam com as fases da Lua e as estações do ano mudam conforme a posição da Terra e do Sol. Como será que esses ciclos afetam os seres vivos, principalmente os humanos?
O tempo que nos rege Aline Vilar Machado Nils e Lívia Clemente Motta Teixeira,
e t n e m e l C a i f o S : o ã ç a r t s u l I
biólogas e doutorandas em Fisiologia, pesquisadoras no Laboratório de Neurociências e Comportamento da Universidade de São Paulo (USP). E-mails:
[email protected];
[email protected]
Com a exposição ao ambiente cíclico, os seres vivos que conseguiram prever tais mudanças e preparar seu organismo para reagir a elas tiveram maior chance de sobrevivência e originaram os seres vivos rítmicos que vivem hoje na Terra. Os ciclos de sono-vigília, alimentação, temperatura corporal, alterações hormonais e reprodução (animal ou vegetal) são os ritmos biológicos mais evidentes, mas há outros fatores celulares e comportamentais que variam ciclicamente. Os seres vivos têm ritmicidade biológica característica da espécie. Humanos são animais diurnos, mais ativos durante o dia. Seus hábitos de alimentação, diurese e excreção variam ao longo do dia de forma sincronizada, como vários instrumentos tocando uma mesma música.
Harmonização saudável Os ritmos biológicos são sincronizáveis, se ajustam a no vos horários, principal mente por exposição à luz natural ou artificial, podendo também ser sincronizados por fatores como horários escolares e de trabalho numa espécie de relógio social. Quando esses fatores externos contribuem para uma harmonização saudável entre os diferentes ritmos biológicos em um indivíduo, ela é dita sincronização positiva; mas quando provocam dessincronização interna, é dita negativa e pode prejudicá-lo. Como podemos sincronizar nossos ritmos biológicos de maneira harmônica? A preferência por horário de atividade dene
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o cronotipo do indivíduo: matutino, vespertino ou indiferente, o qual muda ao longo de sua vida. Quando bebês, nossos ritmos ainda estão em sincronização, normalmente na infância somos mais matutinos. Vamos nos tornando vespertinos, em geral, conforme vamos entrando na adolescência. Quando adultos, há novamente um deslocamento no sentido da matutinidade. Contudo é preciso considerar que há variações individuais, e até entre homens e mulheres. O cronotipo é determinado geneticamente, mas estudos mostram que o mesmo indivíduo pode apresentar características comportamentais diferentes dependendo do ciclo de iluminação ao qual é exposto. Por exemplo, se morar em Porto Alegre, abaixo do trópico de Capricórnio, a quantidade de horas com sol varia muito ao longo do ano, mas em Natal a variação é muito pequena, por esta cidade car próxima do Equador. Mudanças na adolescência Na adolescência, o corpo passa por muitas mudanças, inclusive nos padrões de sono do ciclo sono-vigília, que se desloca naturalmente para mais tarde,
entre 12 a 18 minutos a cada ano. A secreção do hormônio melatonina – que indica para o cérebro que é escuro e que animais diurnos devem dormir – também ocorre mais tarde, o que faz com que o adolescente esteja mais alerta tarde da noite e prolongue o sono de manhã. Isso é um problema quando os horários escolares exigem que o aluno acorde cedo, enquanto seu relógio biológico está programado para dormir. Essa tentativa de se adequar ao relógio social pode causar desarranjo nos seus ritmos biológicos, cada um tentando seguir um horário diferente, como se a orquestra desanasse. Assim, muitos adolescentes não têm a rotina regular de duração e qualidade de sono adequada ao seu descanso e desenvolvimento. Essa dessincronia prejudica a aprendizagem, aumenta a sonolência e pode causar problemas emocionais e de agressividade. É importante ressaltar que fatores ambientais agravam essa condição, como exposição exagerada à luz (lâmpadas, TV, telas de computador ou celulares), por inibirem a ação da melatonina, o que pode ter consequências sérias à saúde, tais como: alterações
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de digestão e hormonais, predisposição ao desenvolvimento de diabetes tipo II, obesidade, diculdade de aprendizagem e de atenção, entre outros. O ideal seria que os estudantes vespertinos estivessem no turno da tarde. Infelizmente, muitas vezes esse turno não está disponível ao ensino médio. Por outro lado, muitos preferem estudar pela manhã e ter a tarde livre. Assim, resta evitar a exposição à luz articial e a agitação durante a noite, além de buscar ingerir alimentos leves para minimizar essa tendência à vespertinidade. O melhor é dormir em escuro completo, pois uma mínima exposição à luz já distorce a produção de melatonina e pode afetar os ritmos subsequentes.
Sugestão de Leitura O sono na sala de aula: tempo escolar e tempo biológico , de Fernando Louzada e
Luiz Menna-Barreto. Editora Vieira & Lent, 2007. Sugestão de Vídeo Animação Família Dias : http://temponavida.com/ anima.html
Atividade Qual o seu cronotipo? Descubra seu cronotipo: matutino, vespertino ou intermediário? Isso pode ser feito no site do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos: http://bit.ly/cronotipos Por meio de entrevista com parentes e amigos, pode-se construir um cenário do desenvolvimento do ciclo vigília-sono, identificando diferenças individuais e entre as idades.
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REALIDADE BRASILEIRA
No Brasil de hoje, a indústria tem um papel muito importante na geração de riquezas e de postos de trabalho
Economia brasileira:
carências e oportunidades
qualicados. Ela
precisa investir para se tornar mais produtiva e nós, trabalhadores, precisamos ter uma capacitação
J M o v i u q r A
prossional para
nos tornarmos mais produtivos e melhorar a nossa posição no resto do mundo. Lúcia Garcia,
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economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Porto Alegre, RS. E-mail:
[email protected]
O Brasil avançou muito nos últimos dez anos na pauta social, que criou um mercado de consumo para a produção, mas no campo econômico está faltando avanços mais ousados. As iniciativas do governo brasileiro estão voltadas para a infraestrutura, e a política industrial ainda não aconteceu no Brasil. Este salto nós ainda precisamos dar. Também estamos deixando passar a oportunidade do nosso bônus demográfico, ou seja, aquela estrutura em que no país há mais pessoas jovens do que velhas, o que ocasiona uma maior geração de riqueza. Temos uma janela de mais ou menos 15 anos pela frente, para que o Brasil dê um salto. Contudo ainda estamos apostando todas as chas no petróleo, que é a matriz energética da segunda revolução in-
Sugestão de Filme O Emprego (2008). Direção de San-
tiago Grasso. Duração: 7 min. Esta premiada animação ajuda a reetir
sobre o papel do ser humano nas sociedades modernas, sobretudo em relação ao trabalho. Pode gerar um bom debate com os estudantes sobre as relações sociais, o trabalho, a exploração e o futuro do trabalho para os jovens. Assista: http://vimeo.com/32966847
dustrial – e sabemos que a matriz da terceira e da quarta revolução industrial é o conhecimento.
Para o jovem se preparar No Brasil há muitas estatísticas e indicadores, mas não uma articulação das informações para gerar uma interpretação e possi bilitar que o jovem se direcione para as ocupações adequadas. Isso existe nos EUA, por exemplo, onde um serviço público voltado para a juventude indica as ocupações em alta e as ocupações em declínio. Isso é importante para que o jovem possa se realizar, porque ninguém trabalha sem se identicar com o trabalho que vai desenvolver. Se fizermos um balanço, entre 18 e 24 anos você dene o que vai fazer na vida, e é ali que precisa de informação. Precisa saber se vai ser médico, engenheiro, um excelente operário, um fantástico biólogo, um jardineiro, um artista plástico ou outra ocupação qualquer. É preciso decidir nesse momento da vida, mesmo que não seja denitivo. Carecemos de um sistema de informações e de prospecção que indique isso. Já se conhecem as ocupações nas quais o Estado brasileiro deveria investir
para qualificar pessoas para o momento atual. Mas também é preciso construir um farol para o futuro, um sistema de prospecção que aponte para a juventude os caminhos do mundo do trabalho
Farol para o futuro O trabalho é o grande organizador da vida social. Sem tra balho não há perspectiva de coesão social, colocando em risco a estabilidade política. Nós tivemos essa situação no Brasil nos anos 1990. Os jovens sabiam que viviam no limbo, sem perspectiva alguma. Hoje, a juventude tem perspectiva, mas não tem informação e direcionamento. Para isso, os equipamentos de formação estão começando a se estruturar no Brasil. Quando existe um sistema único de seleção para o Ensino Superior, por exemplo, damos um grande passo no país, porque ampliamos a oferta da qualicação de Ensino Superior. Hoje os jovens, cada um na sua localidade, concorrem a um processo seletivo no Brasil inteiro, e isto é uma forma de conhecer o que o país está oferecendo em termos de ensino e de oportunidade em educação. Recentemente, passamos a ter a oportunidade
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da seleção unicada também encaminhada para escolas técnicas de qualicação prossional. Assim, estamos ampliando, racionalizando o sistema para que as pessoas tenham as ferramentas para saber como elas podem se preparar. Precisamos apontar para o jovem e inclusive ajudar a estrutura de prossionalização, dizendo para onde a economia e a sociedade irão. Essa discussão está colocada não apenas no âmbito da indústria, mas também de serviços importantes, como o de saúde. E ca claro que, embora exista insuciência de prossionais, há muitas oportunidades surgindo na área técnica.
Questões para Debate 1 - Quais são as principais carências do nosso país? 2 - Como essas carências podem se tornar oportunidades de trabalho para os jovens? 3 - O que é preciso fazer para que o jovem se torne mais qualicado
para atender às novas demandas do mercado de trabalho?
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CURTAS E DICAS CARTUM
Ações para frear a desigualdade Os benefícios de pequenas ações para frear a desigualdade falam por si sós. Um aumento de 1,5% no imposto sobre a riqueza dos milionários de todo o mundo seria suciente para que todas as crianças do planeta estivessem na escola, bem como para a pro visão de serviços de saúde nos países mais pobres. Investir em serviços públicos gratuitos também é essencial para acabar com a brecha entre as pessoas ricas e as demais. Todos os anos, 100 milhões de pessoas em todo o mundo cam mais pobres por terem que pagar para receber assistência médica. De 2009 a 2014, pelo menos 1 milhão de mulheres morreu durante o parto, devido à falta de serviços básicos de saúde. Fonte: www.adital.org.br
CONHEÇA! Centro de Juventude Cajueiro O Centro de Juventude Cajueiro de Formação, Assessoria e Pesquisa é um espaço voltado para partilhar sonhos e projetos, com a missão de prestar serviços às organizações juvenis, aos jovens e a seus educadores/ as. Oferece formação integral, cursos presenciais e virtuais, escolas de educadores de adolescentes e jo vens e escolas de lideranças, entre outros. Informações: http://cajueirocerrado.blogspot.com
BRINCADEIRA Use a cabeça!
Eduardo Borges
“Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque não podemos desistir da vida.” Martin Luther King Jr., pastor americano, ativista dos direitos humanos
Organizar o grupo em duas las. Entregar um boné ou chapéu para o primeiro de cada la. A brincadeira é fazer o boné chegar ao último, passando de cabeça em cabeça, sem usar as mãos, braços ou pernas. Incentivar o grupo com palavras de ânimo. Vence a que concluir primeiro! Ao nal pode-se conversar sobre: os pensamentos e sentimentos surgidos durante a brincadeira; exemplos de outras situações que exigem que saibamos usar a cabeça; o que isso signica na vida?
“Desejo precisamente que o diálogo entre nós ajude a construir pontes entre todos os homens, de tal modo que cada um possa encontrar no outro, não um inimigo nem um concorrente, mas um irmão que se deve acolher e abraçar.” Papa Francisco
Datas Especiais Janeiro: 28. Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Fevereiro: 17. Carnaval. 18. Início da Quaresma e da Campanha “Fraternidade, Igreja e Sociedade”. 20. Dia Mundial da Justiça Social. Março: 8. Dia Internacional da Mulher. 10. Dia Mundial de Combate ao Sedentarismo. 14. Dia Nacional da Poesia. No site do Mundo Jovem: conra as sugestões para as datas comemorativas: Volta às Aulas e Dia Internacional da Mulher.
PELO PRAZER DE LER Violência e morte
na cidade grande
O rapaz do metrô: poemas para jovens em oito chacinas ou capítulos , de Sérgio Cappa-
relli. Rio de Janeiro, Galera Record, 2014. 149p. O livro é uma narrativa, em oito capítulos, em que praticamente todos os textos estão organizados como poemas. Um jovem de 16 anos, trabalhador-aprendiz do setor de manutenção dos trens do metrô, testemunha e documenta (por acaso), em sua câmera, uma chacina e uma onda de violência no bairro paulistano do Campo Limpo, onde mora. Para reetir sobre os acontecimentos recentes, ele anda
pelas linhas do metrô, tem notícias de outros crimes, teme por sua vida, se apaixona por uma colega de trabalho, é chamado para depor etc. Sua relação com a cidade está denida de antemão por sua
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cor da pele e por sua classe social, pela violência da polícia e dos grupos de extermínios e pelo racismo. Destaca-se, no livro, a estrutura que liga os capítulos, em forma de poemas. Cada texto aparece como se zesse parte do mapa de estações
das linhas do metrô. E entre uma parada e outra, uma linha e outra, uma paisagem e outra, o jovem percebe o mundo ao seu redor, descobre seus sentimentos em relação aos lugares e às pessoas, dá vazão à imaginação e até exercita a escrita. É também uma manifestação da coragem de quem já sabe que não vai se dobrar e que a arte pode ser uma forma de resistência! Merece destaque o tom de denúncia e inconformismo que os poemas vão conferindo à narrativa. E apesar do tema ser pesado, há lirismo, há humor e grandes voos da imaginação, como subir de repente uma das escadarias do metrô e deparar-se com uma praia da Tasmânia!
Ser Fraterno: um compromisso com paz!
O autor é dos mais premiados na área do livro infantil e juvenil. Tem mais de 30 livros publicados e já ganhou quatro vezes o maior prêmio literário do país, o Jabuti. Foi professor universitário por muitos anos: a maior parte deles na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É mineiro, mas vive em São Paulo desde que se aposentou. Este livro tem também um projeto gráco que
reforça os elementos da violência urbana: marcas de sangue, projéteis detonados, “oculares” de metralhadoras etc., apesar do acalanto que, ironicamente, abre o livro. A leitura ui que é uma maravilha! Celso Sisto, escritor, especialista em Literatura Infantil e Juvenil e doutor em Teoria da Literatura. E-mail:
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Em 2015, assine um jornal de ideias! Neste novo ano, que tal assinar um jornal que contribui para o trabalho de professores e para a formação integral do jovem?
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Filosofia Subsídio para ensino de Filosofia encartado no jornal Mundo Jovem
Tudo está em permanente mudança, deixando de ser continuamente o que era e se tornando outra coisa. Ao mesmo tempo, algo sempre permanece, pois se trata da mesma realidade. Os lósofos chamaram esta paradoxal passagem de um estado a outro de todas as coisas, no decorrer do tempo, de devir: o vir a ser do real. O tempo é um enigma, e reetir sobre ele pode ser admirável.
Fevereiro de 2015, v. 7, n. 31
Reflexões sobre o tempo e as transformações
mos ser levados, com isso, a dizer que Sempre a primeira vez tudo passa e, aparentemente, nada Há um terceiro aspecto do tempo, permanece. “Tudo ui”, como nos presente no conceito de duração – diria o lósofo Heráclito, que viveu termo que o lósofo Henri Bergson antes de Sócrates. (1859-1941) utiliza para pensar tal Porém, se você prestar atenção complexidade. Observe, ainda mais mais uma vez a esta experiência, po- uma vez, que o agora, este exato derá perceber um segundo aspecto do momento em que vivemos, tem mais tempo. Pois também é possível dizer, uma propriedade: ele, admiravelmenpensar e sentir que: sempre é agora. te, nunca antes existiu. Este agora É, pois, eternamente agora, desde o nunca antes existiu, e também este... início do universo até o futuro mais E a cada vez que possamos pensá-lo longínquo que você possa imaginar. A ou senti-lo. existência ocorre permanentemente O agora revela, assim, a sua natuno agora. Nesta perspectiva, o tempo reza de ser continuamente a primeira Sérgio A. Sardi, passa a ser uma imagem móvel da vez. Talvez possamos sentir isso ao doutor em Filosofia (Unicamp) e professor adjunto do Departamento de Filosofia da PUCRS. eternidade, como nos diria outro - dizer: nunca antes foi agora. A duE-mail:
[email protected] lósofo, denominado Santo Agostinho, ração, a passagem de um tempo que que viveu na Idade Média. é sempre inaugural, percebida em Vou propor a você uma experiência Esta natureza paradoxal do tempo uma experiência interior, repõe no de pensamento, em etapas, em ca- nos leva a armar que as duas faces todo de nossa percepção do mundo madas. Em primeiro lugar, sugiro que do tempo são verdadeiras: então, essa visão mental do mundo como você sinta este momento em que vive, tudo passa e, simultaneamente, um jorro incessante de novidade, sinta o agora. Observe que, a cada vez tudo permanece sendo o que é. como nos diria Bergson. que você pronunciar esta palavra ou Assim como nós mesmos, que nos Ao dizermos e sentirmos que “este até mesmo simplesmente pensá-la, a transformamos, mas também per- agora nunca antes existiu”, o próprio cada vez que você puder sentir o que manecemos sendo os mesmos, ou existir, incluindo o seu existir, caro esta palavra indica, então já não será seja: o nosso eu perdura no tempo, leitor, talvez possa também ser visto e mais agora. Sempre que você puder apesar de ser sempre diferente. E é sentido como uma criação contínua. sentir o agora, ele já passou. Isso pode assim o todo do real. Mas ainda há Há sentido e beleza nesta visão. Expeaté causar alguma vertigem. E pode- algo mais a reetir. rimente contemplar o mundo assim, incluindo a sua presença, como parte Johannes Moreelse (1602-1634) apresenta Heráclito como o “lósofo que chora” desta criação, e parte fundamental, Heráclito pois ao contrário de todas as coisas, (535-475 a.C.) todos os seres humanos temos consNasceu em Éfeso, atual ciência da nossa própria existência. Turquia. Foi um filósofo Talvez isso ocorra também com outros pré-socrático considerado o seres e até com o todo da vida. “pai da dialética”. Parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer parado. Mas este é apenas um pressuposto de uma doutrina que vai mais além. A mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas
quentes esfriam, as frias esquentam; coisas úmidas secam, as secas umedecem.
Questões para debate 1 - Por que é importante reetir mos sobre a vivência do tempo? 2 - Como assim, “tudo passa e tudo permanece” em nossas vidas? 3 - Como é pensar e viver a vida como um “jorro incessante de novidade”?
“Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o É admirável pensar e sentir que mesmo, assim como fazemos parte deste uxo intermináas águas que já serão vel de criação e novidade. E podemos contemplar também esta dimensão outras.” Heráclito do ser que permanece sendo eternamente a mesma, além desta outra, Sérgio A. Sardi pela qual sentimos que tudo passa. É um modo de ver o mundo, é um Dando um passo além em nossa modo de sentir a existência. reflexão, observemos que os três Mas há ainda algo mais para aspectos se ligam. Pois, se a cada acrescentar à experiência em etapas vez que pensarmos o agora, ele já que propomos no início deste texto: passou – e, sob este aspecto, nunca pois passado, presente e futuro se é agora – por outro lado, também unem no uir incessante a que chaobservamos anteriormente que é mamos de agora. Primeiramente, o sempre agora. Por m, constatamos passado está presente em nossa meum terceiro modo de sentir e pensar mória, e o futuro, em nossas expectao tempo, ao nos darmos conta que é tivas, e isso ocorre sempre no agora. sempre a primeira vez que é agora, Em segundo lugar, constatamos que e a cada instante, e ainda, e conti- o agora é sempre novo, e assim ele nuamente, eternamente, é sempre se abre continuamente a um futuro novo e é sempre outro o permanecer inusitado. Ao mesmo tempo, o agora a que denominamos agora. Somos é também muito antigo, pois guarda conduzidos, assim, a formular estas em si tudo o que já aconteceu. Mas, três ideias em uma só, pois: sempre, em qualquer momento no tempo, eternamente, nunca antes foi agora. em todas as épocas da história, a Ou, ainda: o agora é o que sempre existência ocorre sempre no agora, nunca antes existiu. O agora, con- este agora cheio de passado e que se cebido como criação, inclui em si o alarga no futuro. O agora, o tempo é permanecer e o passar. o puro criar-se incessante do ser. O
Passado, presente e futuro agora é o que sempre-nunca foi, é e será. Pois: sempre-nunca foi agora. Vivemos nesta lâmina de eterna novidade, e esta criação incessante coincide com a permanência do todo do mundo. O existir é a pura novidade incessante do ser, jorro ininterrupto do qual fazemos parte. Eis uma imagem do tempo, eis uma visão sobre nós mesmos, nossas existências e o real. Eis, nas experiências que foram propostas, um modo singular de pensar com o qual podemos nos admirar, reetir, contemplar, enm, losofar. Sugestão de Vídeo Conheça mais sobre os pensamentos de Heráclito acessando esta vídeo-aula: http://youtu.be/G6cixmFeJGY
Sugestões de Leitura Heráclito contextualizado, de Alexandre Costa, Ed. Odysseus. Henri Bergson , organizado por Silene Torres Marques e Debora Cristina Morato Pinto. Ed. Alameda.
Atividade Música: Como uma onda Autor: Lulu Santos
Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa, tudo sempre passará A vida vem em ondas Como um mar
Num indo e vindo innito Tudo que se vê não é Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo No mundo
Não adianta fugir, nem mentir Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora Aqui dentro sempre, Como uma onda no mar
Registre por escrito em quais momentos da nossa vida nos sentimos como uma onda no mar, conforme diz a música de Lulu Santos. Que tal compartilhar com os colegas em uma roda de conversa? Subsídio para Filosofia encartado no jornal Mundo Jovem, v. 7, n. 31
Formação de
Professores No ano de 2014, mais de oito milhões de estudantes realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Ao compararmos com o seu primeiro ano de existência, percebemos o avanço que o exame teve para o aluno brasileiro.
Subsídio para desenvolver a Formação de Professores sob a perspectiva do Enem
Fevereiro de 2015, v. 3, n. 11
Enem: reações e ações na educação básica 4) Linguagens, códigos e suas tecnologias: Nesta área estão as disciplinas
de Língua Portuguesa, Literatura, Educação Física, Artes e Línguas Adicionais (Inglês e Espanhol). Nesta prova é exigida principalmente a interpretação de textos.
Roselane Zordan Costella,
5) Redação: A redação, que corres-
professora do PPG em Geografia e da Faculdade de Educação da UFRGS, coordenadora Institucional do Pibid. E-mail:
[email protected] a ê r r o C a i l
ú J : o ã ç a r t s u l I
No seu primeiro ano de implementação o Enem foi realizado por apenas 116 mil alunos, em 1998. Este exame nasce num cenário em que se busca a avaliação diagnóstica e o aprimoramento dos alunos da Educação Básica, atendendo aos dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). No ano de 2005, foi instituído o programa Universidade Para Todos (ProUni), que permite o acesso de É solicitado domínio sobre o sistema alunos em universidades particula- internacional de medidas, grandeza res, custeados pelo governo federal. em comparação, álgebra, além de A entrada neste programa está con- interpretação de grácos e tabelas. dicionada à pontuação do candidato no exame do Enem e também ao 2) Ciências Humanas e suas tecnoenquadramento do mesmo num logias: A prova cobra conhecimento de perl social e econômico exigido. História, Sociologia, Geograa e FiloPreparar para o Enem ou para soa. As questões são sobre evolução uma formação que atenda esse tipo da tecnologia, conitos territoriais, uso de avaliação exige uma postura de de recursos naturais, temas ligados à escola, uma mudança de paradigma conquista de direitos como o Estatuto e concepção enquanto metodologia Racial, da Criança e do Adolescente e de ensino e ação com relação aos do Idoso etc. As questões costumam alunos. vir contextualizadas com temas atuais. Atualmente, a prova é composta por 45 questões, tendo no total 180 3) Ciências da Natureza e suas tecquestões para serem resolvidas num nologias: A prova solicita conteúdos curto espaço de tempo. Está dividida das disciplinas de Física, Química e em cinco áreas: Biologia. Os assuntos estão voltados para as fontes de energia, questões 1) Matemática e suas tecnologias: ambientais e aplicabilidade de con A prova cobra conhecimentos de ceitos e conteúdos para interpretar Matemática aplicados no cotidiano. situações cotidianas.
ponde a uma quinta prova do Enem. exige cinco competências básicas: domínio da norma padrão da língua portuguesa; compreensão da proposta de redação; seleção e organização das informações; demonstração de conhecimento da língua necessária para argumentação do texto; elaboração de uma proposta de solução para os problemas abordados, respeitando os valores e considerando as diversidades socioculturais. Interdisciplinaridade As questões do Enem apresentam maior quantidade de textos verbais e não verbais do que outras provas. Às vezes há mais de um texto para a mesma questão. Outra peculiaridade é a estrutura da prova, fundamentada em cinco grandes eixos, com cinco grandes competências. Assim, em muitas questões não há necessidade de lembrar os conteúdos especícos, mas saber o que fazer com eles. O conteúdo necessário vai proporcionar ao aluno o desen volvimento de capacidades como: argumentação, interpretação, leitura, aplicabilidade de conceitos, e outras. As questões, na maioria das vezes, não se referem a um componente curricular, e sim a uma área do conhecimento. Assim, a tendência é aparecerem questões interdisciplinares.
O Enem não representa somente uma prova classicatória tradicional, mas também a oportunidade de ingresso na universidade. Quem realiza esse exame poderá, por meio do Sisu ou do ProUni, conquistar vagas gratuitas em universidades públicas e privadas.
Ingressar na universidade
Roselane Zordan Costella Ilustração: Júlia Corrêa
Após a obtenção dos resultados do Enem, você poderá se inscrever no Programa Universidade para Todos, escolhendo até cinco cursos em uma ou mais universidades particulares que aderiram ao programa. A classicação se dará conforme a pontuação obtida no Enem. Assim, por exemplo, você poderá cursar Ciências Jurídicas numa universidade particular sem precisar pagar pelo estudo. O sonho da formatura se torna uma realidade, e a sua vida de estudante não acaba no nal do terceiro ano de Ensino Médio, após a conquista do diploma. Se você não conseguir ingressar no curso superior por meio do ProUni, ainda terá chance de recuperar a vaga em cursos que não tiveram candidatos sucientes para preenchê-las. Isso será possível pela inscrição no SISU (Sistema de Seleção Unicada), podendo escolher dois cursos para concorrer à vaga que levará em conta a pontuação no exame. Dicas para uma boa prova • Observar as pequenas mudanças que ocorrem na redação; ler cada uma das competências; dar-se conta do que representa escrever diante O Enem em números 2 dias de provas; 4 áreas do conhecimento; 5 provas no total 4 provas objetivas 1 prova dissertativa (Redação)
destas competências; simular redações com temas sociais, utilizando conceitos trabalhados no ensino médio e pautando as competências; rever os temas desde 1998 para ver a que se propõe esta redação. • Apurar a sua leitura de mundo; ler reportagens de jornal, extraindo delas o conhecimento, não somente as informações; car atento na espacialidade e temporalidade dos acontecimentos, bem como o que e por que aconteceu. • Treinar com questões e simulados,
fazendo cada questão num tempo muito rápido. Se zer um grupo de 10 questões, estipule um tempo de dois minutos por questão; se simular as 90 questões, utilize um tempo de três minutos. • Observar o que estudou sobre urbanização, energias, ambientes, estatística, saúde e outros temas que aparecem em todas as provas desde 1998, problematizando-os. • Revisar os conteúdos da mesma forma que faria com outro vestibular, mas priorize o entendimento.
Estude muito! Para a prova do Enem as hacotidianos com os conceitos bilidades mais importantes são: trabalhados em aula: se o foco interpretar, ler com competência, da imprensa está no Japão, saber defender um ponto de por exemplo, entendê-lo em vista, argumentar, pensar em Física, Química, Geograa, propostas, resolver situações/ Filosoa, História etc. fortaleproblemas, administrar o tempo, cerá a capacidade de interagir aplicar conceitos em situações com diferentes conhecimencotidianas. Para isso é necessário: tos, fazendo com que você 1. Estudar! Essa é a sua tarefa, a esteja apto a interpretar uma sua responsabilidade. Quantas questão que exija essa comhoras por dia você dedica aos preensão. estudos? Você sabe estudar? 4. Encontrar soluções para os Revê o que foi trabalhado em problemas que as disciplinas aula? Formula perguntas aos apresentam, junto com os professores sobre os assuntos conteúdos trabalhados. Para não entendidos? isso leia, classique, escolha 2. Ler com concentração, reargumentos e resolva de forma conhecendo nas leituras as concentrada. diferentes informações apre- 5. Escrever intensamente, obsersentadas, contextualizando-as vando onde estão suas maiores no tempo e no espaço, tecendo dificuldades e procurando, críticas sobre o assunto. Leia a cada reescrita, superá-las. todos os dias uma notícia de Convença o leitor das suas mundo e transra o contexto produções textuais sob o seu da leitura para o seu cotidiano. ponto de vista. Seja crítico e 3. Relacionar os acontecimentos consciente.
Subsídio para desenvolver a Formação de Professores sob a perspectiva do Enem, v. 3, n. 11