Capa_Flop_01
4/20/07
8:03 PM
Page 1
Número 1 / Abril 2007
Profissão:
Poker
Saiba como vivem os brasileiros que deixaram suas atividades convencionais para ganhar a vida nas mesas de jogo
Tower Cruise
Cruise Cartas em alto-mar OMEGA
70K
Inauguração da maior casa do Brasil
Curiosidades_JM.qxp #19
4/19/07
11:44 PM
Page 2
Curiosidades_JM.qxp #19
4/19/07
11:44 PM
Page 3
Editorial_01.qxp
4/20/07
4:55 PM
Page 8
[Editorial]
UMA REVISTA DE
Bangor Produções Av. Ibirapuera, 2907 cj412 04029-200 São Paulo, SP
[email protected] EDITOR-CHEFE
Juliano Maesano DIRETORES
André Akkari Eduardo Parra Juliano Maesano
F
oram mais de cinco meses de planejamento para chegarmos a esta edição inaugural que você tem nas mãos. Criamos e recriamos o nome, visual, perfil, logotipo... e, agora, na hora da entrega da revista para a gráfica, temos a sensação de missão cumprida. Sejamos sinceros: somos jogadores de poker, não editores e, por isso, nos aliamos a gente que sabe indicar o caminho mais correto. Apesar de tantas regras gramaticais, gráficas e editoriais, quisemos deixar transparecer um visual e um texto que sejam comuns a toda a comunidade do poker brasileiro. Nossa intenção é ser uma ferramenta, aliada a outras iniciativas, para difundir e solidificar o poker nacional. Nosso primeiro objetivo é socializar o poker como jogo e esporte sadio, desmistificando aquela imagem de saloon do faroeste americano ou de um jogo envolto em densa fumaça de um quarto da máfia. No Brasil, o poker explodiu em um formato mais suave, familiar e amigável - eventos com churrascos, viagens com amigos, torneios em equipes... isso sem falar na turma de brasileiros que torcem para seus conterrâneos nos chats das salas de poker online. Tudo isso aliado ao bom número de jogadores alcançando destaque dentro e fora do país, mostrando aos iniciantes que este jogo não é um bicho-de-sete-cabeças. Com um pouco de empenho e experiência, estamos vendo que todos podemos chegar lá, em uma mesa final de WPT, WSOP ou de um EPT. Para que este sonho possa ser realizado é que estamos aqui, lançando esta primeira de muitas edições da Revista Flop. Esperamos que aproveitem e sejam nossos parceiros e torcedores em mais esse jogo que entramos para ganhar.
Juliano Maesano
Editor-Chefe
DIREÇÃO DE ARTE
Roberto Gomes EDIÇÃO
Edmundo Sansone Neto COLABORADORES
Alexandre Heller (fotos), André Akkari (coluna), Christian Kruel (coluna), Eduardo A. C. Salgado (coluna), Fábio Cunha (coluna), Hernan Herrero (foto da capafundo), Igor Trafane (coluna), Marcelo Camargo (arte da capa), Paulo Nery (tratamento de imagens), Raul Oliveira (coluna), Ruy Hizatugu (fotos). Impressão: Parma PUBLICIDADE
Editora Casa Nova Ltda Tania Macena - Diretora de Publicidade
[email protected] Daniela Calvo - Executiva de Contas
[email protected] Katia Zaratin Santacroce - Executiva de Contas
[email protected] REPRESENTANTES
BRASÍLIA Emilia Faria (61) 3222-0260
[email protected] PARANÁ Helenara Andrade (41) 3222-3702
[email protected] Valdilene Três (41)3233-0008
[email protected] RIO DE JANEIRO Carla Torres (21) 2224-0095
[email protected] RIO GRANDE DO SUL Rogério Cucchiarelli (51) 3268-0374
[email protected] Flop é uma publicação bimestral. Distribuição gratuita. Tiragem: 10.000 exemplares. A revista Flop não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emitidas nos artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo sem autorização expressa.
Curiosidades_JM.qxp #19
4/19/07
11:47 PM
Page 1
4/20/07
5:05 PM
Page 2
Edição 01 – Abril/2007
Sumario_JM.qxp
46 16 Torneio de Inauguração Omega Veja como foi o maior torneio já realizado no Brasil
24 Tower Cruise Saiba mais sobre este torneio à bordo de um cruzeiro
32 Nutzz!, a empresa Como começaram os melhores organizadores do país
36 Profissão: Poker Conheça a história de quem largou tudo para viver do jogo
46 Damas do Poker As mulheres que arrebentam nas mesas e pela internet
Colunas 12 FEDERAL – All In 14 AKKARI – L.A. Poker Classic 22 POKER MANIA – Bad Beats? 30 CK – Uma Realidade Nacional 44 RAUL – A Essência do Jogo 52 JURÍDICA – Contraventores ou vítimas?
Página
10
COLUNA ESPECIAL
POKER STARS
16
MARIA
EDUARDA
“MARIDU” MAYRINCK
Curiosidades_JM.qxp
4/19/07
10:34 PM
Page 3
curiosidades
A História das Cartas
Centenas de formatos foram usados no mundo todo, desde a invenção do papel, até chegarmos à atual configuração.
ós as pegamos milhares e milhares de vezes, mas nunca paramos para nos perguntar o porquê das cartas apresentarem suas formas e valores. Na verdade, foi em torno de 1480, na França, que o baralho que usamos hoje em dia surgiu definitivamente. Antes desta versão francesa, temos primórdios de jogos com cartas desde a invenção do papel, na China. De lá para cá, cada povo surgia com uma variante do maço de cartas, alguns com até cinco naipes. Falando em naipes, a atual configuração deriva de várias fontes, mas a mais aceita é que paus tenha vindo de bastão (ou bengala, porrete), copas eram taças (cups), ouros eram pentagramas ou moedas, e as espadas eram desenhadas como espadas afiadas, mesmo. Originalmente, as figuras incluíam reis, cavaleiros e valetes (pajens), mas logo os cavaleiros deram lugar às rainhas, aqui chamadas de damas. Em algum tempo, os jogadores ficaram cansados de ter de virar as figuras na mesa a toda hora, pois deixar um rei de cabeça para baixo era um desrespeito, e então criaram-se as figuras de corpo duplo invertido, como temos hoje. E, por falar nestas figuras, quem seriam elas? Bem, nossa pesquisa chegou a diversas variantes de cultura para cultura, mas o baralho atual é uma convenção aceita a partir de desenhos franceses de Rouen. Antes desta convenção, os baralhos mais usados traziam as seguintes personalidades: O Rei de Copas representava Carlos Magno, o Rei de Ouros era Júlio César, o Rei de Paus era Alexandre, o Grande, e o Rei de Espadas era o Rei Davi, da Bíblia.
N
Carlos Magno deu origem ao Rei de Copas
A Dama de Copas representava Judith, da Bíblia (ou Helena de Tróia), a Dama de Ouros era Raquel, também da Bíblia, a Dama de Paus era Argine (uma rainha fictícia) ou Elizabeth I, e a Dama de Espadas era a deusa da guerra, Atenas (Minerva ou Palas, em outras culturas). O Valete de Copas representava Etienne “La Hire” de Vignoles, um soldado francês, o Valete de Ouros era Roland (sobrinho de Carlos Magno) ou Heitor, de Tróia, o Valete de Paus era o cavaleiro Sir Lancelot (ou Judas Macabeu) e o Valete de Espadas era Ogier “The Dane” la Danois, um tenente de Carlos Magno. Enfim, de agora em diante, quando você olhar suas hole cards e vir um KK, você pode estar segurando um Júlio César e Alexandre, o Grande.
QUANDO VOCÊ OLHAR SUAS HOLE CARDS E VIR UM KK, PODE ESTAR SEGURANDO UM JÚLIO CÉSAR E ALEXANDRE, O GRANDE.
Galera, vamos precisar de mais um avião.
Em 2006 o Poker Stars enviou 1.624 jogadores ao WSOP. Aliás, ninguém envia mais jogadores do que a gente. Este ano estamos oferecendo:
Pacotes de $12.000
Freerolls para jogadores frequentes
Satélites a partir de $2
Jogue agora no Poker Stars.com e conquiste a sua vaga para o maior evento de poker do planeta, concorrendo a um prêmio multi-milionário. Novos jogadores ganham bônus de 100%.
A maior sala de poker online do mundo
WORLD SERIES OF POKER e WSOP são marcas registadas da Harrah’s Licence Company, LLC, e não têm qualquer ligação ao PokerStars.com
Galera, vamos precisar de mais um avião.
Em 2006 o Poker Stars enviou 1.624 jogadores ao WSOP. Aliás, ninguém envia mais jogadores do que a gente. Este ano estamos oferecendo:
Pacotes de $12.000
Freerolls para jogadores frequentes
Satélites a partir de $2
Jogue agora no Poker Stars.com e conquiste a sua vaga para o maior evento de poker do planeta, concorrendo a um prêmio multi-milionário. Novos jogadores ganham bônus de 100%.
A maior sala de poker online do mundo
WORLD SERIES OF POKER e WSOP são marcas registadas da Harrah’s Licence Company, LLC, e não têm qualquer ligação ao PokerStars.com
Coluna Poker Stars_JM.qxp
4/19/07
10:44 PM
Page 2
Sabendo perder para aprender a ganhar
O
lá meu pueblo, como estão? Estou lisonjeada de ter sido convidada para escrever essa coluna, trazida pelo Poker Stars, numa revista que é mais um passo importante para a evolução do nosso amado Poker no Brasil. Gogogo Brasil!
Primeiro, gostaria de dividir com vocês a minha felicidade e honra de agora fazer parte do Poker Stars. Além de muito trabalho, é uma tremenda responsabilidade, mas tenham certeza de que será feito com toda dedicação, carinho e atenção, seguindo o padrão de alta qualidade e a filosofia de "be the best" já famosa do melhor site de poker. Reach for the Stars, Pueblo! Bom, depois de pensar muito sobre o assunto dessa primeira coluna (já que eu escrevo pouco no meu blog, hum-hum), achei prudente falar de uma das lições mais importantes que já tive até hoje, tanto no poker, quanto na vida: aprender a perder! "Mas a Maridu vai falar sobre saber perder numa revista de poker, onde os leitores só pensam em ganhar?" Sim! Porque a chave para aprender a ganhar é saber perder!
Akkari, JohnnyBax, IgorFederal, BeLOWaBOVe, C.K., Raul "Carteio", Annete_15, Vovô_Léo, João M., TCarrico (qualquer Carriço!), Rizen, e muitos outros excelentes profissionais do poker (MTT online especialmente) têm uma virtude em comum que supera os seus ganhos (que são muitos!) e essa virtude é a de saber perder! Eles sabem que a longo prazo os resultados vão aparecer ("if you build it, he will come"), mas eles também sabem que a curto prazo (em 1, 2, até em 10 torneios) o fator "sorte" entra na jogada, e é necessário ganhar os coinflips para vencerem a guerra. Mas quando o AA deles perde para um 89suited, eles falam "nh, gg" e seguem avante, procurando o longo prazo, pois é lá que está o pote de ouro! Mas pombas, queremos ganhar AGORA, e às vezes esse fator "sorte agora" (pros outros) acontece muito mais do que devia, deixando o jogador (especialmente essa tiltada escritora!) louco, irritado, desanimado, achando que nunca mais vai ganhar nem pique-pega contra o sobrinho de 7 anos. É aí começa a descida...
Com o moral lá embaixo, você começa a jogar inseguro, entra nos pots pisando em ovos, convicto de que vai perder, e inclusive reclama quando dá raise com seu KK e toma call, porque tem certeza de que vai bater o maldito A no flop! De repente você está tão por baixo, que começa a tomar decisões incorretas, joga de forma passiva, não otimiza seus ganhos e agora vive com medo da "bruxa" e do "bicho papão"! Que fase! Tá com medinho, vai pedir colinho pra mamãe (não pra minha, é claro!) lol! É aí que entra a virtude que diferencia os grandes vencedores. Quando eles perdem nessas situações, a auto-confiança deles não se abala (o Akkari nem tilta, grrr!), pois sabem que essa tal de Lady Luck é “facinha” e dá pra todo mundo, até pros mais "feinhos" e "sujinhos" (lol), e ela vai vir pra cima de você também (hehe!)! Sabendo disso, esses vencedores não mudam absolutamente NADA no jogo deles nesses momentos negros onde a Lady Luck está pulando a cerca com o Ricardão, e entram no próximo torneio como se o anterior nem tivesse ocorrido, sabendo que "that's poker" (frase mais irritante!) e continuam jogando como se sempre estivessem ganhando, porque a verdade é que sempre estão, pois sabem perder! Ao contrário de muitos jogadores que depois de 10 (ou 15, ou 20) dias de derrotas intoleráveis, onde parece que até Deus está de marcação com você (nossa, que drama!) desistem e jogam a toalha. Esse jogador ainda não sabe perder, portanto ainda não aprendeu a ganhar. O que fazer quando esses períodos negros de nenhum ITM acontecem com você? (alem de quebrar o teclado?) Continue tentando! Enquanto você estiver tentando, você não fracassou! Respeite seus limites de bankroll para poder continuar tentando. E acima de tudo, mantenha o moral lá em cima, sabendo que "bruxa" e "bicho papão" só existem embaixo da sua cama ou dentro do seu armário, mas não no poker! Só assim você vai conseguir virar o jogo e dar uma dura na Lady Luck, mostrando que você não precisa dela. Aí ela gama de vez e não te larga nunca mais! Pode acreditar! GL a todos, e nos vemos pelas mesas do Poker Stars. Maridu www.needanace.blogspot.com
Teste_Perguntas_01.qxp
4/19/07
11:58 PM
Page 8
Teste Jogando com AA Estamos na metade do Monte Carlo Millions de 2004. Você está jogando na pele de Chris “Jesus” Ferguson, o jogador B, segundo a falar numa mesa de sete jogadores. Ferguson ganhou a WSOP em 2000 e é conhecido como um dos melhores jogadores no circuito. A $16K
BB $110K
B $120K
SB $30K
Blinds: $1.000/$2.000 Antes: $300 Pot: $5.100 D
O Big Blind está bem ativo durante esta sessão, e gosta de colocar vários raises pequenos durante a mão. Esses raises não indicam nada sobre a força de sua mão. Ação: Jogador A dá fold. Sua mão: AsAc PERGUNTA 1: O que você faz e por quê? A: Paga $2.000 B: Dá raise para $6.000 C: Dá all in
C $150K D $70K
Ação: Você acaba pagando os $6.000. O pot agora contém $27.100.
Flop: KsJc6d Ação: O BB aposta $12.000 PERGUNTA 3: O que você faz e por quê? A: Fold B: Paga $12.000 C: Aumenta para $30.000 D: Dá all in Ação: Você paga. O pot agora tem $51.100
Ação: Você acaba dando raise para $6.000. Os jogadores C, D, E e o SB dão fold. O BB dá reraise para $12.000
PERGUNTA 2: O que você faz e por quê? A: Paga $6.000 B: Dá reraise para $30.000 C: Dá all in
Turn: 7h Ação: O BB bate mesa. PERGUNTA 4: O que você faz e por quê? A: Bate mesa B: Aposta $20.000 C: Aposta $50.000 D: Dá all in
Ação: Você acaba apostando $20.000. O BB aumenta para $40.000. PERGUNTA 5: O que você faz e por quê? A: Fold B: Paga C: Dá all in Ação: Você paga. O pot agora contém $131.100. Você tem cerca de $56.000 no seu stack. O BB tem cerca de $46.000.
River : 2h Ação: O BB bate mesa. PERGUNTA 6: O que você faz e por quê? A: Bate mesa B: Aposta $20.000 C: Dá all in Ação: Você aposta $20.000 e o BB dá fold.
Confira a resposta na página 21
E $50K
Federal_JM.qxp
4/19/07
10:42 PM
COLUNA
Page 12
FEDERAL
ALL IN
Se você pretende ser um bom jogador, comece evitando este move a todo momento.
T
oda vez em que estou jogando com iniciantes escuto um ALL IN a cada dois minutos na mesa.
✖ Bateu meu top pair: all in ✖ Estou nut: all in ✖ Estou blefando: all in ✖ Tenho um bom jogo: all in ✖ Esse cara está com flush draw: all in ✖ Eu acho que ele está roubando: all in
Quando jogo com profissionais em grandes torneios escuto muito raramente estas palavras, exceto quando estamos em reta final com os blinds gigantescos e os potes monstruosos. Nessa hora todos fazem de tudo para ganhar os potes e roubar os blinds, e daí os all ins tornam-se repetitivos e constantes. E é aí que acontecem as mais errôneas conclusões. O Johnny Bax deu um all in de 66 do meio da mesa e ele é fera, então isso deve ser certo. O Phil Ivey pagou um all in de AT off suited, então vou fazer o mesmo. O Daniel Negreanu deu um all in em cima de um raise e um call e ele tinha 99; é isso mesmo, o negócio é meter ficha e dar all in. O que as pessoas não percebem é que esses grandes jogadores jogaram por horas (no caso do online) e por dias (em torneios ao vivo) para chegar bem colocados na reta final dos supostos torneios. Uma vez na reta final, a agressividade impera e 12 FLOP
os blinds muitas vezes representam um bom percentual do stack de cada jogador. EXEMPLO: Numa final de torneio, mesa com nove jogadores e o dealer é o Player 9. Player 1 - 320.000 fichas Player 2 - 260.000 fichas Player 8 - 45.000 fichas Player 9 - 30.000 fichas Blinds - 5.000/10.000 - Ante de 1.000 por jogador. Ou seja, o pote tem 5.000 do small blind + 10.000 do big blind + 9.000 das antes = 24.000 fichas, antes mesmo
da mão começar. Imaginem que o Player 8 recebeu K♣8♣ no cut-off. Ele tem 45K em fichas. O pote já contém mais da metade das fichas que ele possui. Se ele roubar aquele pote ele irá para 69K, sem jogar. Ele vai all in e tenta roubar os blinds. Todos correm e o big blind é o Player 2. Ele sabe que o Player 8 tem enormes possibilidades de estar roubando os blinds. Ele olha sua mão: A7 offsuited. Ele dá call e: Player 8 dobra e as pessoas pensam: “Tem que meter ficha com K8 mesmo, ainda mais naipado. Poker é meter ficha com coragem”. Player 8 é eliminado e as pessoas pensam: “Tem que dar call de A7 mesmo, ás é ás. Poker é ter peito pra chamar com A7”.
1 2
AA
Se esses dois jogadores forem o Doyle Brunson e o Gus Hansen, então é que as conclusões serão ainda piores: “Se o Doyle e o Gus fazem isso e eu quero ser um grande jogador, então eu devo fazer o mesmo”. Nada disso. Esses caras jogaram por horas (ou dias) para chegar ali. Deram fold em JJ pré-flop. Largaram AK com um K no board, pois um outro jogador estava dando indício de estar com jogo melhor. Largaram flush draw, straight draw e top pair aos montes. Mas essas mãos não foram para a TV! A TV só mostra a reta final dos torneios. E daí as pessoas que assistem a esse momento tomam conclusões muito erradas. No outro dia, sentam para jogar com seus amigos e enfiam all in a cada dois minutos. Divido os all ins de jogadores iniciantes em quatro classes:
1 ESTOU COM MEDO OU REVOLTADO. Tenho AJ. Subo 3BB pré-flop e recebo um call. Flop: AJ6. Lindo. Eu dou um bom bet (igual ao tamanho do pote) e o cara dá call. Turn: T. Eu aposto bem alto (o pote outra vez) e o cara dá call. River: Q. Caramba, se este cara tiver AQ agora ele fez dois pares maiores que os meus. Se ele tiver qualquer K ele fez um straight. Será??? Eu não mereço. Esse pote era meu. Não é justo. Não pode ser. ALL IN!!!!!!!!
2 ESTOU BLEFANDO. Tenho KJ. Um cara sobe 4BB pré-flop e eu dou call. Flop: Q42. Ele aposta pouco e
American Airlines, Bullets, Pocket Rockets, Pardais
Federal_JM.qxp
4/19/07
10:42 PM
Page 13
eu dou um raise no cara tentando ganhar o pote num blefe. O cara dá call. Turn: Outro 4. Esse cara só deu call. Ele não deve estar tão forte assim. Esse outro 4 não ajudou ele em nada. Talvez tenha assustado ele ainda mais. Situação perfeita para roubar. ALL IN!!!!!!!!
3 BATEU MEU JOGO E EU NÃO ME AGUENTO. Tenho 88. Um cara sobe 3BB pré-flop e eu dou call. Flop: 852. O cara aposta. ALL IN!!!!!!!!
4 EU SOU MACHO. Tenho A♥ 5♥ . Um cara sobe 4BB pré-flop. Eu dou um raise alto nele. Ele volta um reraise alto. Ele acha que eu tenho medo dele. Eu sou macho. Comigo não. ALL IN!!!!!!!! O QUE FAZER? No caso 1, seu all in não tem valor e você não deve apostar nada. Ele pode ter AA, JJ, KQ, AK, AQ, KK, 66 e você está perdido em todos os casos. Você só está ganhando de A6 ou AX. Todas as outras mãos são absolutamente improváveis. De nove prováveis mãos você só está ganhando em duas. Não adianta chorar, gritar ou espernear. Se você der all in, ele vai largar qualquer mão perdedora e dará call só se estiver te batendo. O certo é dar
check e esperar o tamanho da aposta dele. E daí decida se paga ou corre. Não vá all in por medo ou revolta. Você não tem nada a ganhar com isso. No caso 2, caso resolva blefar, aposte 1/3 do stack do seu adversário. Não precisa ir all in. Se ele não tiver nada ou uma mão fraca ele vai largar. Não precisa colocar todas as suas fichas num blefe. Se estiver muito forte, ele te dá um reraise e daí você larga, uma vez que você não tem nada. Pra que all in? No caso 3, tente extrair fichas, não é um momento para tudo ou nada. Essa é uma hora para crescer bastante. Tente atingir esse objetivo calmamente. Pense na melhor maneira de obter as fichas do adversário. Pra que all in? No caso 4. Pare com isso, poker não é prova de masculinidade. Poker é um jogo de habilidade e inteligência. Quer provar valentia? Vá fazer Jiu-Jitsu. ALL IN DEVE SER USADO BASICAMENTE EM 3 SITUAÇÕES: A) Quando você quer defender a melhor mão.
Você tem K♦K♣ Flop: K♥8♥9♣ Um cara aposta, o outro paga. Você dá um raise pesado imaginando que um está flush draw (com 2 de copas na mão) e o outro está straight draw (TJ na mão, por exemplo). Os dois jogadores pagam sua aposta, confirmando seu pensamento. Turn: 3♦ Ufa .... nada mudou. Um cara sai apostando, o outro continua pagando. O pote está enorme. All in pode ser um ótimo movimento. Defenda a mão vencedora até o momento. E quem quiser
K K Cowboys, King Kong, Kangaroos, Ace Magnets, Kaká
pagar para ver o seu draw, que pague bastante caro. B) Quando o adversário avisa que quer entregar tudo.
Você tem AA e sobe 3,5BB. Um cara dá call. Flop: AT8 Você dá check. Ele dá um raise alto. Você dá um reraise pesado nele. Ele sobe novamente colocando metade do stack dele na mesa, já avisando que não vai largar a mão. All in. Ele quer entregar tudo e você não tem como fugir. Só comemorar. C) Em reta final de torneio
Isso já foi falado exaustivamente acima. Existem dezenas e dezenas de exemplos de cada um dos tipos de all ins desastrados que eu citei. Para cada tipo mencionado, eu teria vários outros exemplos de ações indevidas e incorretas que levam jogadores iniciantes a fazer besteira. Não tenho espaço aqui para esmiuçar todas as situações possíveis. Saiba extrapolar os exemplos dados para o seu dia-adia numa mesa de poker. Não pense que vai aprender alguma coisa sobre como jogar um torneio de poker, vendo somente mesas finais em sites ou na televisão. Os all ins sucessivos e a pancadaria das mesas finais não são bons exemplos de comportamento ao longo dos torneios. São exceções, não regras. Igor “Federal” Trafane É natural de São João da Boa Vista e reside em Campinas, SP. Seus maiores feitos no poker foram uma mesa final no Sunday Million do PokerStars e a 314ª colocação no Main Event da WSOP 2006, que teve 8.773 jogadores. FLOP 13
Akkari_JM.qxp
4/19/07
11:09 PM
COLUNA
Page 14
ANDRÉ AKKARI
L.A. POKER CLASSIC
Mais uma vez comprovei, pessoalmente, que o nível das estrelas internacionais não está tão melhor assim.
A
cabei de chegar de Los Angeles, onde fui enfrentar pela primeira vez uma etapa do WPT - World Poker Tour, o L.A. Poker Classic, e queria compartilhar com vocês, amantes do poker, um pouco desta minha experiência. Vale lembrar que, de forma inédita, fui jogar este evento patrocinado pelo Omega Texas Club, o maior clube de poker do Brasil, que vem investindo muito seriamente em nosso jogo. Acredito que minha grande missão nesta coluna seja mostrar para todos os brasileiros que o universo do poker, e daqueles profissionais que a gente vê na televisão, não é um bicho de sete cabeças. Mostrar que, com muita dedicação, estudo e treino, o poker brasileiro pode alcançar níveis internacionais de alto reconhecimento, assim como na verdade já vem alcançando através do poker online.
P
ara comprovar o que estou dizendo, coloco aqui duas mãos dessa minha experiência no Main Event, onde tive a oportunidade de jogar com dois profissionais dos mais famosos do poker. Um deles é o Gank, muito conhecido do ambiente online. Seu nome é Brett, ga-nhador de um bracelete da WSOP e detentor de inúmeros resultados ex-
14 FLOP
pressivos, tanto online quanto live. Joguei por oito horas na mesma mesa que esta fera e vi mãos que, de fato, mostram que ele possui uma habilidade muito apurada. Entretanto, sem querer desmerecer seu talento, conheço brasileiros que possuem o mesmo nível de habilidade que o dele, e alguns até melhores.
M
eu primeiro pote relativamente grande no torneio foi contra ele: minha posição era UTG+1 e eu tinha JJ, então resolvi arriscar e entrar de limp. Muitas vezes tomo esta decisão com pares baixos e médios por uma questão de implied odds, pois se eu subo do começo da mesa, jogando um torneio onde a qualidade dos jogadores é muito alta, provavelmente irei assustar todo mundo e levar apenas os blinds. Caso alguém suba a aposta mais para o final da mesa, descartando o meu limp, existem boas chances de este jogador ter cartas do grupo 1 (AA, KK, QQ, AK), então se eu acertar uma trinca, minhas possibilidades futuras de lucro crescem de forma magnífica.
V
oltando à mão: quando a ação chega ao Gank, ele sobe a aposta para 350 (blinds eram 50/100), o dealer dá call e eu tam-
bém. O flop vem com J82, uma de cada naipe, algo perfeito para a minha situação. Poderia ser melhor: quando você trinca um JJ, torce para que o flop tenha um A, K, ou Q, para que alguém naquele pote acerte o seu top pair e a mão torne-se mais lucrativa – mas não foi o caso. Como eu era o primeiro a falar, optei por dar check, esperando a resposta do Gank, que estava puxando a fila naquele pote. Assim como esperado, ele atira 900. O dealer pensa por uns 20 segundos e larga as cartas, então eu pensei também alguns segundos e resolvi apenas pagar. Neste momento eu tinha por volta de 12.000 fichas, contra 15.000 do Gank. No turn bate um 6, dando no board duas cartas de espadas. Optei por dar check de novo, mas já tinha na cabeça que se ele apostasse algo em torno de meio pote ou 3/4 do pote eu iria dar um call rápido, para que ele me colocasse em um flush draw. Dei check e ele dispara 1.900, como previsto. Neste ponto eu já tinha a certeza de que ele não tinha algo muito forte como AA, KK ou QQ, e sim que ele poderia estar com um TT, 99 ou uma hipótese remota de AK, tentando comprar a mesa. Dei um call imediato e fiquei olhando o river, meio que demonstrando uma torcida por espadas mas, na verdade, apenas tentando passar esta imagem para ele. No river dobra o 2, sem espadas. A princípio fiz uma cara meio desanimada, pensei, pensei, e cheguei à seguinte conclusão: vou apostar algo em torno de metade do valor do pote, para que ele ache que estou tentando comprá-lo e, se bobear, até volte mais ficha na minha cabeça, que era tudo o que eu mais sonhava. Disparei uma aposta de 4.100. Ele
Q Q Ladies, Bitches, Mulheres, Minas, Siegfried and Roy
Akkari_JM.qxp
4/20/07
5:40 PM
Page 15
gastou alguns segundos e neste tempo eu apliquei uma cara de nervosismo, para simular uma tentativa de blefe meio amadora, aí ele me peguntou: “Você estava flush draw, né, Brasil? (era como a mesa me chamava) Você tem AQ de espadas, né?” Eu não falei nada, fiquei quietinho, meio com cara de preocupado, aí ele anuncia o call e mostra 99, e eu apresento o meu maravilhoso e robusto full de J com 2 e escuto: “Nice hand, Akkari”.
J
á estive em situações iguais a esta com jogadores brasileiros, que souberam driblar estas armadilhas que o baralho apronta. Não quero colocar em discussão a qualidade deste profissional, mesmo porque o currículo dele fala por si só, mas é apenas um exemplo de que o poker jogado por estas feras pode ser alcançado pelos profissionais brasileiros com muita dedicação.
O
utra mão muito interessante foi contra um dos grandes jogadores do circuito live, Thor Hansen. Ele tem mais de 1 milhão de dólares em premiação, bracelete da WSOP e tudo o mais, mas veja esta mão e note como até um profissional deste gabarito pode cometer
J J
Jokers, Hooks, Ganchos, Anzóis, Jay Jay
erros aparentemente amadores: Eu era UTG e venho com AKs; os blinds a esta altura estão 200/400 e disparo 1.100. A mesa roda em fold e quando chega no Thor, no small blind, ele resolve dar call. Eu senti, minutos antes, que ele estava meio que implicando comigo no jogo, por ter tomado alguns reraises quando tentou roubar meus blinds, coisa e tal... Talvez por isso o call dele, tentando me soltar do pote pósflop por sua imagem. O flop vem AA9, um sonho, né? Como neste caso, nesta mesa e com este nível, um check chega a ser uma assinatura de slowplay, eu saí disparando 2.500. Ele pensa, pensa e pensa, e resolve dar call. No turn a estrela brilha e aparece um K de espadas, o que eu mais queria. Neste momento dou check e ele, sem pensar muito, dá check também. A esta altura eu tinha 28.000 em fichas e ele por volta de 14.000. No river dobra o 9, eu disparo 3.000 e ele, sem pensar sequer dez segundos, anuncia all in. Eu dou call imediato e ele mostra AT, full de A com 9 e eu full de A com K.
N
a minha modesta opinião, a volta dele de all in não faz muito sentido, sendo que ele
só iria ser chamado para empatar o pote ou para perder. Novamente não quero julgar um cara que tem prêmios e prêmios na minha frente, mas acredito ter sido um erro que lhe custou o torneio de forma desnecessária, um torneio que era para durar cinco dias. Por este pote, durou apenas nove horas, sendo que, se ele apenas desse call na minha aposta, iria perder, mas continuar com 11.000 fichas, e completamente no jogo ainda. Como eu subi a aposta de UTG, não vejo razões para ele não me dar AK. Tinha muita vontade de compartilhar estas mãos com vocês, realmente para mostrar que até os gigantes tomam decisões equivocadas. O poker é um esporte dinâmico demais e, principalmente num longo torneio de poker, se faz necessária uma concentração em tempo integral. Você não pode se dar ao direito de errar, a qualquer momento, mesmo que você não esteja envolvido no pote. As informações estão passando pela sua frente, cabe a você digeri-las e processá-las da melhor forma, para quando o pepino estiver na sua mão você fazer sempre a coisa certa, derivada das informações que você possui. Somente este tipo de filosofia irá levar você a uma lucratividade de médio e longo prazo. André Akkari É sócio da Revista Flop, do site SuperPoker, e um dos maiores jogadores de torneios de Texas Hold'em do país. Seus resultados online e ao vivo crescem a cada dia desde que decidiu se dedicar somente ao poker, há pouco mais de um ano.
SITES ÚTEIS Akkari - www.aakkari.com.br Gank - www.gankowns.com FLOP 15
Omega_JM B.qxp
4/19/07
9:59 PM
Page 16
[Omega 70K] TORNEIO DE INAUGURAÇÃO
OMEGA TEXAS CLUB Segunda-feira, dia 5 de fevereiro às 5:40 da manhã. Dentre exaustos competidores e torcedores, Kima levanta os braços: é o vencedor do maior torneio de Texas Hold'em já realizado no Brasil. Até chegar ali, teve que superar 413 jogadores de todos os cantos do país; iniciantes, amadores e profissionais.
T
udo isso começou horas e horas atrás, na sexta-feira, dia 2 de fevereiro. O torneio anunciava R$ 70 mil reais de prêmios garantidos e, quando o relógio se aproximava das nove horas da noite, o que se via ainda era um mar de gente se espremendo no lobby do Omega. A tarefa mais árdua para os organizadores era fazer com que os participantes fizessem suas inscrições e sentassem em suas mesas, já que a imensa maioria queria colocar a conversa em dia e ➧
16 FLOP
T T
Dimes
Vista superior da mesa final, em all in entre Rafael Caiaffa e Ricardo Fernandes.
Omega_JM B.qxp
4/19/07
9:59 PM
Page 17
FLOP 17
Omega_JM B.qxp
4/19/07
10:00 PM
Page 18
[Omega 70K] insistia em se juntar em rodinhas, o que atrasava mais ainda o início deste que viria a ser um marco para o poker no Brasil. Finalmente o jogo se inicia e o que se vê é uma mistura de estilos: jovens estudiosos seguindo as cartilhas, calling stations, agressivos, “baralhões”, tinha de tudo. O que dava justamente um belo resumo do universo do poker brasileiro e uma imensa emoção a cada ficha apostada. Quarenta minutos de jogo, blinds 50-100, quando ouvimos o anúncio de Luciano Lutkus, o diretor do evento, trazendo a primeira eliminação. É um sinal que acaba com o clima de festa para muitos, lembrando a todos que estão ali por um propósito bem claro: sobreviver aos treze níveis de blinds e, se tudo der certo, chegar ao domingo com um stack confortável. Duzentos jogadores, sanduíches e bebidas à vontade Paulo Pesotti, o jogador local melhor classificado.
por quinze minutos em um lobby lotado. Quem já esteve em um grande torneio sabe muito bem qual é o único assunto que se ouve: bad beats. Aos mais atentos, já se notava um crescimento exponencial de partici-
18 FLOP
Rafael Caiaffa, um dos fortes representantes mineiros, que vieram em peso.
pantes nas mesas paralelas de sit-and-go. Quem preferiu jogar na sextafeira para “fugir” das grandes estrelas que viriam no dia seguinte, não teve assim tanta facilidade. Acabou tendo que enfrentar jogadores como Armando “Quaribravo” Perrone, Leandro “Brasa” Pimentel, Salim Dahrug, Leonardo Bello, Marcelo “Carabina” Amadeu, Felipe “Billy” Bossolani, Victor “Vitão” Marques e Rodrigo “Zidane” Caprioli, entre dezenas de feras. O dia já está claro quando soa o alarme do final do 13º nível de blind, e os 44 jogadores restantes respiram aliviados. Com a previsão inicial de que 70 a 80 jogadores passariam em cada dia, este número surpreendeu a todos, talvez confirmando que o nível de jogo nas mesas era agressivo e de alta instabilidade. Dentre os sobreviventes, Vinícius Bim, de São Caetano, despontava como chip leader, com 133.000 fichas. Sábado, 3 de fevereiro. Às nove horas da noite a situação já está bem mais adiantada do que no dia anterior, já que hoje a organização trouxe mais funcionários e melhorou o sistema de inscrição dos competidores. Praticamente sem atrasos, dá-se o início deste segundo dia com André Akkari, Christian “C.K.” Kruel, Raul Oliveira, Igor “Federal” Trafane, Omar Abede, Vinícius Marques, Daniel “Tevez” Cantera, João “Vovô Leo” Monte e os irmãos Thiago e Bruno Carriço, entre mais de 200 jogadores. Entre blefes fantásticos e jogadas bisonhas, um a um os jogadores vão caindo, com destaque para a queda de André Akkari a três minutos do final do dia, num coinflip de ATo contra seus 99. Perto dele estava o chip leader do dia, Rodrigo Garrido, de Santos, com mais de 150.000 fichas.
9 9 Phill Hellmuth, Wayne Gretzky
Omega_JM B.qxp
4/19/07
10:00 PM
Page 19
Kima, na mesa final. Horas e horas de um jogo técnico.
Quebrando novamente a previsão dos organizadores, e por uma incrível coincidência, ao final deste segundo dia temos exatamente 44 jogadores, fazendo assim com que a grande final de domingo se inicie às quatro da tarde com 88 participantes em briga pelo bracelete de ouro e mais de R$ 20 mil ao campeão, notando que prêmios seriam pagos até o 41º colocado. Vem o domingo e os participantes começam a chegar ao Omega, em São Bernardo do Campo, a partir da uma hora da tarde, aproveitando mais um belo almoço de cortesia aos participantes e torcedores. Com a chegada, uma surpresa: a mesa final não está montada no salão inferior, como planejado, e sim exposta no salão superior de torneio, exatamente abaixo do vão do mezzanino, dando uma incrível visão superior para a “arquibancada”, no restaurante. Ali na mesa, os troféus para os três
8 8 Snowmen, Bonecos de Neve
primeiros colocados, o bracelete do campeão, e quase R$ 100 mil em maços de notas. Ao menos 88 pessoas sentiam um frio na barriga… O início do dia parecia apontar para um rápido desfecho: com duas horas de jogo, metade dos finalistas já estava eliminada. Mas, ao chegarmos próximos do bubble, o jogo começou a ficar naturalmente travado. Com buy-in de R$ 100,00 e direito a dois re-buys e um add-on, o prêmio do 37º ao 41º era de R$ 480,00. Mas uma hora a bolha tem que estourar e, mesmo assim, seguiu-se o torneio com um jogo amarrado até a proximidade da mesa final. Foi neste momento que tivemos um intervalo para o jantar, com pizzas à vontade para todos os presentes, jogadores ou não. Foi um clima surreal para quem pôde ver a chegada das mais de 60 pizzas, trazidas pelo dono da pizzaria e seus ajudantes, felizes da vida. ➧
FLOP 19
Omega_JM B.qxp
4/19/07
10:00 PM
Page 20
[Omega 70K] Após o jantar o jogo seguiu lento até a proximidade da meia-noite, quando cai o 11º colocado, que estava com o short stack, em um all in pago por dois competidores. Rapidamente monta-se a mesa final, que iniciaria com os blinds 20.000-40.000 e ante de 2.000, com os seguintes competidores: MARCO MARCON RODRIGO GARRIDO HUMBERTO “KIMA” KIM RAFAEL CAIAFFA RICARDO FERNANDES PAULO PESOTTI MARCO TÚLIO BARBOSA SOLANGE “XT” GROSSO WESLEY ONISHI MAURÍCIO “PAIZA” PERRELLA
Curitiba, PR Santos, SP São Paulo, SP Belo Horizonte, MG São Paulo, SP São Caetano, SP Uberlândia, MG Indaiatuba, SP São Paulo, SP São Paulo, SP
666.000 fichas 592.500 fichas 557.500 fichas 489.500 fichas 448.000 fichas 444.500 fichas 415.000 fichas 328.500 fichas 261.000 fichas 226.000 fichas
Dá-se o reinício do torneio com a mesa final lotada de torcedores e observadores, tanto na arquibancada superior como no entorno da área isolada aos jogadores. O jogo segue duro até a primeira baixa, quando o short stack Paiza é eliminado por Rodrigo Garrido, que voltou à condição de chip leader. Daí para a frente passam-se horas até as próximas eliminações, chegando aos três finalistas, quando então voltam para a mesa os troféus, o bracelete e os prêmios em dinheiro. É neste momento, por volta das 4h30 da manhã, que ocorre uma das mãos decisivas. Kima anuncia raise quando Caiaffa pensa e volta all in, prontamente pago por Kima. Com
mãos dignas de mesa final, Caiaffa apresenta KK para ver, com terror, o AA de Kima. Um A na mesa tranquiliza Kima, que segue soberano para o heads-up com Paulo Pesotti, o representante local do ABC, que esteve com o short stack em quase toda a mesa final. Após poucas mãos e idas e vindas de fichas de um lado ao outro da mesa, Paulo dá um raise padrão no blind de Kima, que volta em Paulo e acabamos num all in. Paulo mostra-se dominado, com seu A♠ 4♠ contra A♣ J♥ de Kima. Ambos se levantam e o dealer Haroldo vira um flop de 2♥ J♣ T♣ , dando a Kima seu par de J. Os 4 de Paulo não aparecem no turn e river, dando o bracelete de campeão a Kima. Quem sai dali já na manhã, cansado após três dias de evento, ainda não parou para pensar que acabou de presenciar e participar de um evento que mudará o panorama do poker no Brasil. Ficou provado que existe o imenso mercado, e também existe o clima de confraternização e união entre competidores e organizadores de cada estado brasileiro. A troca de informações, métodos e dicas será muito valiosa para os circuitos regionais, que fortalecem o nosso jogo dia após dia. Cabe a nós apenas parabenizar toda a equipe do Omega Texas Club, pela dedicação e esforço no planejamento e execução deste grandioso evento. ■
O salão superior do Omega, lotado minutos antes do início da primeira eliminatória.
20 FLOP
7 7 Sunset Strip, Walking Sticks, Bengalas
Teste_Resposta_JM.qxp
4/20/07
5:13 PM
Page 8
Resposta Jogando com AA Opção A, apenas pagar - 2 pontos. Opção B, raise para $6.000 - 3 pontos. Opção C, dar all in - 0 pontos. Pagar o BB, dando limp, é uma escolha equivocada, mas comum, numa mesa cheia; e uma jogada razoável numa mesa short-handed. Um limp numa mesa cheia encoraja outros limps, portanto é um erro fazê-lo com um par alto. Dar all in antes do flop é uma jogada de iniciante, pois o que você quer é fazer algum dinheiro com essa mão, e não espantar todo mundo. Portanto, o mais correto é aumentar para 3x o BB.
Pergunta 2: Opção A, apenas pagar o reraise - 4 pontos. Opção B, dar um reraise para $30.000 - 2 pontos. Opção C, dar all in - 2 pontos. Primeiramente, note que o mini raise em si é uma jogada muito estranha, mas lembre-se de que seu oponente fez isso por alguma razão. Se você conseguir descobrir essa razão, já terá uma dica imensa de qual é a mão dele. Uma possibilidade é um par alto, como KK ou QQ. Ele pode pensar que você deu raise com duas cartas altas ou com um par menor: “Quero aumentar o pot, com esse mini raise, ao mesmo tempo dando bons odds. Meu oponente vai pensar que estou fraco e pode tentar me forçar para fora do pot. Dando chance para o reraise, eu posso conseguir todo o seu stack antes mesmo do flop”. Outra possibilidade é um par médio, como 99 ou 88. Ele pode estar pensando que pode jogar contra duas cartas altas numa boa, mas precisa saber se está contra um par maior: “Nossos stacks estão grandes, então se o flop vier baixo, eu posso perder muitas fichas jogando contra um par maior que o meu. Se ele der um reraise alto, eu posso me livrar da mão facilmente”. Eu não daria o mini raise, então não acho nenhum dos argumentos acima correto, mas ao tentar descobrir o porquê da jogada, você consegue estreitar as mãos possíveis de seu adversário. Você está tendo odds de 3,5:1 para pagar, e terá posição sobre o BB depois do flop. Qualquer mão boa o suficiente para se dar raise de early position é forçada a, no mínimo, pagar. Nós podemos, é claro, dar reraise, já que somos grandes favoritos contra quaisquer duas cartas. Porém, note que os argumentos anteriores sobre montar uma armadilha com AA já não são válidos. Estamos jogando contra apenas um oponente, portanto o trap é uma alternativa válida. É um movimento dissimulado, e passa a imagem de que aumentamos com algo como AQ, AJ, ou um par médio. Nosso objetivo agora é ganhar um pot muito grande com uma boa jogada depois do flop. Dar all in pode afugentar muitas das mãos que estamos querendo jogar, mas pode também ser pago, o que
66
Kicks, Route 66
Pergunta 3: Opção A, fold - 0 pontos. Opção B, pagar a aposta - 3 pontos. Opção C, dar um raise para $30.000 - 0 pontos. Opção D, dar all in - 0 pontos.
A $16K
BB $110K
faria a mão muito mais fácil de ser jogada.
B $120K
SB $30K
Blinds: $1.000/$2.000 Antes: $300 Pot: $5.100 D E $50K
Não foi o melhor dos flops. Duas das mãos que poderiam estar contra a nossa, KK e JJ, acabaram de virar trincas. Uma mão improvável, mas possível – um KJ – virou dois pares. É improvável que um 66 tenha dado um mini raise pré-flop, portanto essas são as três mãos que ganham da nossa. Seu oponente fez uma aposta de pouco menos da metade do pot. Muitas mãos podem ter feito essa aposta para ver se acabavam com a jogada imediatamente. Se tivéssemos algo como TT ou 99, por exemplo, seria difícil para nós pagarmos, com duas cartas maiores que nosso par no board. Eu não tentaria ler essa aposta com muita força, pois o BB está sem posição e precisa fazer algo, mesmo não tendo acertado o flop. Acho que estamos na frente, mas não estou confiante o suficiente para colocar um raise e ter uma surpresa desagradável. Nós temos posição, então vamos apenas pagar e ver se nosso oponente continua atirando.
Pergunta 4: Opção A, bater mesa - 0 pontos. Opção B, apostar $20.000 - 3 pontos. Opção C, apostar $50.000 - 0 pontos. Opção D, dar all in - 0 pontos. O turn foi inofensivo e a mesa do oponente foi uma boa notícia. Hora da famosa aposta “vem cá, minha nega”. Um bom número é apostar $20.000, cerca de 40% do pot, o que deve manter o adversário na coleira. Nenhum crédito para a alternativa A, bater mesa. Não há razão para assumirmos que estamos atrás. É até possível, mas improvável. Enquanto achar que está na frente, continue aumentando o pot. Nenhum crédito para apostas muito altas também, você não quer que alguém com apenas um par de reis ou valetes se sinta amedrontado e fuja.
Pergunta 5: Opção A, fold - 0 pontos. Opção B, pagar mais $20.000 - 2 pontos. Opção C, dar all in - 10 pontos. Nós tomamos um check-raise, mas a mesa está oferecendo odds de 5,5:1. É um check-raise muito atípico, bem como o mini raise antes do flop. Você não pode largar seu overpair com odds de 5,5:1, tendo posição. A explicação mais simples é a de que seu oponente gosta de miniapostas, e
C $150K D $70K
não podemos concluir nada sobre a força de sua mão. Ainda ganhamos da maioria das mãos que jogariam contra nós antes do flop e as odds são ótimas, então vamos nessa! Se você pagar, a mesa terá $131.000, você terá $56.000 e ele $46.000. Com o tamanho das blinds e antes, ambos estão pot committed. Você provavelmente está na frente nesse momento, jogando contra algo como AK, KQ, AJ, basicamente um único par de reis ou valetes, fazendo com que o oponente tenha poucas outs no river. Se você está contra uma trinca de reis ou valetes, é uma pena, mas você vai perder todo o seu stack no river de qualquer jeito. Também existe a possibilidade de ele ter algum draw, com uma mão como AQ ou QT. Nesse caso, você pode ser chamado agora, mas não será no river. De qualquer jeito, não faz muito sentido esperar mais. O pot cresceu consideravelmente e sua mão é forte o suficiente. Empurre todas as suas fichas para o centro da mesa e veja o que acontece.
Pergunta 6: Opção A, bater mesa - 0 pontos. Opção B, apostar $20.000 - 2 pontos. Opção C, dar all in - 5 pontos. Mais boas notícias. Nenhuma seqüência pode ter sido formada e o BB bateu mesa no river, uma jogada extremamente arriscada se ele tem uma trinca. Todas as evidências apontam que temos a melhor mão, então temos que apostar. A pergunta é: quanto? Com o pot enorme e stacks relativamente pequenos, a jogada correta é novamente dar all in, se você não deu antes. É tentador apostar um valor menor na teoria de que será mais fácil para seu oponente pagar, mas isto é uma ilusão. Se você apostar $20.000, seu oponente tem odds de 7,5:1. Se você dá all in suas odds caem para 4,5:1. Existem mãos que pagariam a aposta pequena, mas fugiriam do all in? Nesse ponto do torneio, provavelmente não, portanto dê all in. Você acaba apostando $20.000 e o BB dá fold (ele tinha AhQc). Teste criado por Fábio Cunha, baseado em testes da internet e de Dan Harrington.
Confira a pergunta na página 11
Pergunta 1:
Cunha_JM.qxp
4/19/07
10:55 PM
COLUNA
Page 22
POKER MANIA
Bad Beats? É difícil passar um dia na comunidade sem que alguém poste algo sobre uma mão que era favorita até o turn ou o river e então... bate a carta milagrosa do adversário (ou, como veremos daqui para a frente, não tão milagrosa assim).
A
posto que todo mundo que já disputou algum torneio já ouviu essa conversa: “Nossa... tô muito bravo, eu tinha A♥ K♦ e perdi para 7♣ 8♣ !” Ou então, a frase campeã: “Putz... eu tinha AA e perdi para xx (coloque aqui quaisquer duas cartas).” Ou ainda: “Poker online é uma porcaria, sempre perco com a melhor mão.” Eu já jogo poker há algum tempo, particularmente Texas Hold’em, e posso dizer com uma certa segurança que já vi e sofri todas as bad beats possíveis e imagináveis. Sem sombra de dúvida, a maioria das jogadas de que o pessoal reclama não é bad beat, e sim mãos nas quais eles são ligeiramente favoritos e perdem. Além disso, as pessoas tendem a ter memória seletiva, e não costumam lembrar das vezes em que acharam uma carta milagrosa no river, ou então quando tinham a melhor mão e ela venceu. Não... eles só lembram das que perderam. Pensando nisso resolvi criar algumas situações e exemplos de 22 FLOP
mãos que geralmente costumamos ver, para saber quais podemos chamar de bad beats, e quais são situações normais de jogo. Todas as porcentagens foram calculadas utilizando o programa PokerOdds versão 2.52, com um valor de amostragem de 100.000 mãos. PAR SOBRE PAR E MÃOS DOMINADAS Numa mão na qual alguém tem 7♣7♠ e alguém tem 9♦9♣, o par de 9 sairá vencedor em 81,2% das vezes. Numa mão na qual alguém tem A♦ K♦ e alguém tem A♣ 9♣ , o AK sairá vencedor em 68,9% das vezes. Note que, pré-flop, é difícil você estar melhor do que nas situações acima e, mesmo assim, você vai perder uma vez em cada cinco com um par maior. Mesmo assim, as duas situações acima consistem em bad beats, caso a melhor mão perca. ALGUMAS MÃOS MAIS INTERESSANTES A♣9♦ x K♥T♥ - O A9 é apenas
53,8% favorito A♣Q♦ x 7♠8♠ - O AQ é apenas 58,1% favorito A♣K♥ x 2♦7♠ - O AK é 66,9% favorito A♥K♥ contra duas cartas quaisquer - O AK vence em 66,1% das vezes Deu para ver pelos exemplos acima que ter a carta mais alta antes do flop, quando não é par ou quando você não tem o adversário dominado, não é grande coisa. Você vai perder duas em cada cinco vezes, no mínimo, em qualquer uma das situações acima. DEPOIS DO FLOP, A COISA COMPLICA MAIS AINDA Vamos supor que você tenha A♥K♥. Você dá raise pré-flop e um jogador dá call. No flop vem A♠ 6♦ 9♦ . Você aposta... e ele volta em você all in. Você, todo feliz, paga. Ele então abre 7♦ 8♦ . Você acha que está muito na frente? Pois saiba que você vai perder essa mão em 56,2% das vezes. Mesmo se o flop viesse algo como
5 5 Nickels, Presto, Speed Limit
Cunha_JM.qxp
4/19/07
10:55 PM
Page 23
A♠ 3♦ Q♦ , você ainda perderia em 36,5% das vezes. Os flush draws acertam com essa freqüência. Ou então você entra numa mão com 8♣8♠. O flop vem 2♥3♥7♠. Mais uma vez você dá all in e o adversário dessa vez mostra A♥ K♥ ? Você é favorito? Quem acha que é, errou de novo. Você perde essa em 55,1% das vezes. A FORÇA DO AA E o par de Ases? Ele parece invencível, né? Você resolve então não dar um raise muito grande, para manter o maior número possível de jogadores na mão e ganhar um pot monstruoso. Veja a força do AA contra mãos randômicas, e contra mais de um jogador: AA contra um jogador vence em 85% das vezes; contra dois jogadores vence em 73% das vezes e contra três jogadores vence em 63,6% das vezes. Viu como vai piorando? E isso é pré-flop, pois piora ainda mais se aparece no board algo como 5x6x 7x, algo dobrado como KKT, ou coisas do tipo. Por isso, sempre tenha em mente algumas
4 4 Sailboats, Barcos a Vela
coisas antes de reclamar de uma bad beat: ➔ Você jogou corretamente a mão em cada rodada de apostas? Ou deu chance de alguém lhe dar um suckout? ➔ Poker é um jogo de longo prazo. Você não mede seus resultados em um dia, e sim em um ano. ➔ Se sua mão não dominar a mão do adversário, mesmo com a pior mão ele vai conseguir ganhar de você com uma boa freqüência. ➔ Marque as pessoas que lhe deram bad beats com jogadas fracas. No online, coloque uma anotação. No live, lembre-se da pessoa. Da próxima vez, você saberá que tal jogador não joga bem e poderá ajustar sua estratégia de acordo. E, lembre-se, todo jogador, profissional ou amador, bom ou ruim, iniciante ou experiente, vai tomar várias bad beats
na vida. Faz parte do jogo. O grande jogador Bobby Baldwin dizia que, quando alguém joga bem, essa pessoa vai receber muito mais bad beats do que aplicá-las. Um bom jogador, quando está all in, geralmente tem a melhor mão. Então, por incrível que pareça, as bad beats acabam mostrando que você, pelo menos em grande parte do seu jogo, está tomando a maioria das decisões certas. Se você acabou de levar uma grande bad beat, evite abrir outras mesas ou torneios online. Vá assistir televisão ou dar um passeio (o videogame, nessas horas, é salvador pra mim). Jogando ao vivo, quando possível, dê uma voltinha de pelo menos cinco minutos. Você vai perder umas mãos e uns blinds, mas é melhor do que entregar o resto das fichas, estando irritado. Agora, o mais importante: não seja um daqueles chatos que vive reclamando das bad beats que tomou. Todo mundo já levou as suas e ninguém suporta um cara que só fala nisso, a todo momento. Além de ser inconveniente, traz um clima muito pesado para a conversa e para o jogo, e isso afasta as pessoas de você. Fábio Cunha natural de São Paulo, é o criador e moderador da comunidade Poker Mania no Orkut, além de ser um dos melhores jogadores brasileiros na modalidade Omaha Hi-Lo. FLOP 23
Tower_JM.qxp
4/19/07
7:34 PM
Page 24
[Tower Cruise]
Poker em Iniciativa inédita do site Tower Torneos contou com alguns dos melhores jogadores do país, que enfrentaram as cartas e o balanço do mar, no enorme MSC Armonia. Fotos de Alexandre Heller
24 FLOP
Tower_JM.qxp
4/19/07
7:34 PM
Page 25
alto-mar FLOP 25
Tower_JM.qxp
4/19/07
7:34 PM
Page 26
[Tower Cruise]
D
uzentos competidores em três dias de puro poker na costa brasileira. Este foi o 1º Tower Brazilian Cruise, evento realizado pelo site Tower Torneos e organizado pela Nutzz! Eventos à bordo do navio MSC Armonia, que terminou com total sucesso. Com a presença de grandes estrelas como Igor “Federal”, André Akkari, Omar Abede, entre muitos outros, este foi o primeiro grande evento nacional a ser transmitido pela televisão, no caso, o canal Fox Sports International. Tudo começou no porto de Santos, onde a cada minuto chegavam jogadores e familiares vindos de táxis e ônibus fretados saídos da Zona Sul de São Paulo. Após curta espera, todos se dirigiam ao navio e suas cabines, para rapidamente se apresentar no Armonia Lounge e confirmar suas inscrições e turnos de jogo. Com o apito do navio anunciando a partida às 17h30 do domingo, os participantes do 1º turno logo se reuniram para dar início ao evento. Além de enfrentar as cartas e bad beats, teriam também que enfrentar um miniciclone tropical, que fazia o navio balançar e muita gente dividir seus estoques de Dramin. O jogo seguiu madrugada adentro com poucas baixas e, já na segunda-feira, o 3º turno teve a sorte de poder jogar sua fase eliminatória com o Armonia já ancorado em Búzios. Após o descanso e passeio dos que tinham o dia livre, os 140 jogadores que restaram se encontraram em duas fases semifinais na noite de segunda-feira, com um mar bem mais suave, para dar seqüência a mais seis níveis de blinds. Foi neste momento que ocorreram as maiores baixas, quando restou apenas um terço do field para o dia final. Terça-feira, o dia da grande final. Após dois dias de muito trabalho, este foi o único momento em que o
26 FLOP
pessoal das equipes de organização e da televisão puderam aproveitar o navio e a viagem, já que o evento reiniciaria apenas às 16h30. Como coincidência, este foi o dia com melhor clima da viagem, em que um sol fortíssimo agraciava os participantes, que confraternizavam na área da piscina com seus familiares. Enquanto o Armonia passava pela Baía de Guanabara em retorno a Santos, os finalistas tomavam seus assentos para o que seria o final da maratona. Foi quando uma ótima notícia se espalhou entre os grupos de jogadores: Fábio “Deu_Zebra” Monteiro acabara de sagrar-se campeão no evento de PL Omaha com rebuys da série FTOPS do Full Tilt Poker, um dos maiores feitos de um brasileiro no cenário mundial até o momento, e uma ótima estréia no primeiro mês de ➧ atuação do Superpoker Team.
O campeão Marcelo Asensio levou o prêmio, um imenso troféu e um belíssimo fichário de cerâmica.
33
Crabs, Caranguejos
Tower_JM.qxp
4/19/07
7:34 PM
Page 27
Enquanto Sérgio Braga recebia uma massagem (acima), alguns jogadores aproveitavam a piscina do Armonia (esquerda). Eduardo Marra, Federal e Juliano Maesano se encontraram na semifinal da mesa televisionada (direita), e Fabiano Lemos (abaixo à esquerda) ergueu a taça de vice no Main Event, que teve a presença de Rodrigo “Zidane” Caprioli (abaixo à direita, de chapéu).
Tower_JM.qxp
4/19/07
7:35 PM
Page 28
[Tower Cruise]
5º
10º
1º
8º 9º 4º
2º
6º
7º
1º Marcelo Asensio 2º Fabiano Lemos 3º Eduardo Parra 4º Eduardo Marra 5º Fernando Issas 6º Kiko Bicudo 7º Eduardo “Seqüela” Fernandes 8º Paulo Amaral 9º Sérgio Braga 10º Sandro “Nordeste2” Brillantino Com uma hora de jogo, Igor “Federal”, na mesa principal da TV, entra de raise em uma mão com A5o e é pago por um jogador. Com um flop de A98, Federal aposta e é chamado. No turn temos um J, o outro jogador pergunta quantas fichas restam com Federal e declara all in. Federal paga e seu oponente mostra 9Jo. O river não salva Federal, que cai na 48ª posição, conseguindo sair no minuto exato do encerramento das inscrições para o torneio Second Chance, que ele viria a ganhar horas depois. Um pouco em seguida temos uma mão muito curiosa, onde Eduardo Marra anuncia all in na mesa da TV, prontamente pago por André Akkari, que anuncia o seu all in over the top. Os dois são pagos por um terceiro, Luis Carlos Barreto Fonseca, também em all in. Marra apresenta KJo, Akkari A5o e Luis Carlos AA. Um board de QJ89T traz uma seqüência na mesa, com uma seqüência maior até K para Marra, eliminando Luis Carlos e deixando Akkari com pouquíssimas fichas, em all in mode. Com um pouco mais de três horas de jogo corrido na final, estamos na bolha com 21 jogadores, quando estes decidem tirar R$500,00 dos três primeiros colocados e premiar o 21º com R$1.500,00. Com uma explosão de aplausos, todos se sentem mais aliviados e o jogo volta a ser mais aberto. 28 FLOP
Já na proximidade da mesa final, o Armonia se aproxima de Santos e novamente os jogadores têm de enfrentar um velho adversário: o balanço. No momento da formação dos dez finalistas, o que se vê é um enorme equilíbrio, com metade da mesa composta de jogadores classificados online pelo Tower Torneos, e a outra metade de jogadores experientes no circuito live brasileiro. Este equilíbrio e a posterior confraternização entre estes dois mundos distintos de jogadores é um fato importante que possibilitará a entrada de novos amadores e semiprofissionais no circuito brasileiro, ao mesmo tempo em que ratifica a séria pretensão do Tower e o nível de seus jogadores. A mesa final correu rapidamente com muitas baixas e terminou com uma surpresa: Marcelo Asensio de São Paulo, que entrou na mesa final na 10ª posição, bateu os outro oito oponentes e Fabiano Lemos do Rio de Janeiro, no heads-up, para levar o troféu de campeão, junto com o prêmio e um belíssimo fichário de cerâmica. Com o sol raiando durante a cerimônia de premiação, os últimos participantes e torcedores seguiram dali direto para o restaurante Marco Polo, onde se juntaram ao restante dos passageiros para o último café da manhã. ■
2 2 Ducks, Dois Patinhos
4/17/07
7:03 PM
Page 1
4 NOITES À BORDO DO MSC ÓPERA R$
anr_Tower 21x28cm
500.000
GARANTIDOS EM PREMIAÇÃO
Coluna CK_01
4/19/07
10:57 PM
COLUNA
Page 30
CK
TEXAS HOLD'EM: UMA REALIDADE NACIONAL! Neste jogo, é importante tomar sempre as decisões corretas e aceitar os resultados de curto prazo, sem perder o foco.
ceito de eqüidade positiva. Ou melhor, suas decisões devem gerar um retorno positivo a longo prazo. Parece bem óbvio falar isso, mas tomar decisões no poker está longe de ser simples e fácil, podem ter certeza. Você tem sempre três opções: dar call, dar fold ou dar raise, e cada ação desta com o cenário em que você se encontra gerará uma expectativa, e assim o
O
título que escolhi é bem propício para o momento que apenas marca o início do boom do Texas Hold'em no Brasil. Estamos em 2007 e o número de adeptos cresce de forma tão grande que o mercado latino-americano, independentemente de futuras e antigas ações relacionadas ao poker online nos EUA, tornou-se um mercado em potencial. Fico muito feliz em saber que eu e o Raul contribuímos de certa forma para isso tudo, mas esta grande febre era uma questão de tempo. Por acaso, eu fui o primeiro a dar “a minha cara a tapa”. A identidade do Brasil com este jogo é realmente fascinante, existem muitos jogadores talentosos formados, e se formando, e muitos se identificam comigo. Sou extremamente grato às palavras tão motivantes que recebo até hoje, até daqueles que me condenam e não se identificam com meu jeito de jogar, pois também são importantes, já que isso realmente faz parte do que eu venho chamando dessa busca à glória em que os torneios e os jogadores competitivos se envolvem! Eu tenho meus ídolos assumidos no Brasil: Akkari, Federal, Thiago Carriço e Raul são simplesmente geniais para mim. 30 FLOP
Saber que inspirei caras como o Akkari e o Tcarrico é um grande orgulho. E ter todos eles como amigos hoje em dia, mais importante ainda. E se os respeito tanto, saibam que não é por apenas serem grandes gênios no jogo, mas por ter certeza, mesmo sem conhecer intimamente todos, que são pessoas de grande caráter.
M
as falando um pouco do jogo e nem tanto no “campo técnico”, vou dividir com vocês um pouco do que acredito ser a receita para o sucesso e a glória pessoal. No longo prazo, o seu resultado vai depender das suas decisões, pois o Texas Hold'em é um jogo muito subjetivo e suas atitudes devem ter sempre uma expectativa positiva (EV+), que é exatamente o con-
seu objetivo se torna escolher aquela ação com maior e melhor expectativa possível. Vejam esses dois exemplos que darei, que aconteceram comigo na semana em que escrevi essa coluna. Seria impossível dar outros exemplos, a não ser estes dois, até porque eles envolvem mais do que o conceito de eqüidade, eles exigem um controle emocional muito grande para você não se ver em tilt na mesa. A seqüência destes dois AA aconteceu, sem exagero nenhum, em menos de 20 mãos na mesa de No-Limit 25-50.
E
u vinha jogando uma mesa short-handed com apenas quatro jogadores, neste que era um jogo tipicamente ultraagressive. Já havia construído quase 50% do meu cacife inicial, quando recebo o primeiro AA no big blind:
AK
Big Slick, Anna Kournikova
Coluna CK_01
4/20/07
5:33 PM
Page 31
o dealer dá raise de 4x o BB, eu dou um reraise com cerca de 6x o raise dele e, para minha surpresa, instantaneamente o dealer volta all in. Eu, com AA, dou call, logicamente, e com certeza com eqüidade positiva nessa situação, a não ser que meu adversário também estivesse com AA, o que era muito improvável. O board veio KKxxx e meu adversário abre no river os seus KK... Essa doeu!!!
D
ei re-buy e iniciei outro cacife, quando no máximo 15 mãos depois recebo AA novamente. Desta vez dou raise 4x de UTG e agora o mesmo jogador da última jogada me paga, em late position. O flop
Vale mesmo a pena continuar jogando depois disso? Se eu tinha alguma eqüidade positiva nesse jogo, será que meu estado emocional nesse momento ainda mantém essa eqüidade como positiva? Cada um reage de uma forma nas situações, mas eu sou um cara emotivo e aprendi que depois disso preciso parar um pouco. Enfim, as duas situações acima são de eqüidade positiva nas minhas decisões, mas a terceira decisão, de continuar jogando, para mim é a mais equivocada. Temos que nos defender ainda mais se sabemos que é um jogo de nível técnico alto, e jogar com a cabeça quente é a pior defesa que existe.
I vem J73, sendo o 7 e o 3 de ouros. Largo disparando quase o valor de pote e, de repente, a mesma situação na minha frente: imediatamente sou posto em all in. Pensei, mas não por muito tempo e paguei, até porque o meu adversário era realmente agressivo. Naquele jogo shorthanded ele faria o mesmo com AJ ou alguma coisa do gênero, e assim no turn veio uma carta preta e no river uma carta de ouros. Meu adversário abre 85 de ouros, flush no river!!! Essa doeu mais ainda e dali eu ainda continuei a session, mas aqui eu queria parar e analisar:
A Q Big Chick, Little Slick
sso que descrevi acima acontece mesmo, em alguns tempos com certeza você se verá fazendo constantemente as jogadas com melhor eqüidade, entrando com 80% pré-flop ou com 74% no flop, e mesmo assim as suas cartas e o seu jogo estarão fluindo bem abaixo da média e seu resultado financeiro nesse período estará sendo negativo. Também terá outros dias nos quais você nem sempre tomará a melhor decisão, e mesmo assim seu resultado e suas cartas estarão acima da média. Mas, no longo prazo, tudo se equilibra e os seus resultados serão reflexo das suas decisões! Ignore os resultados de curto prazo e tenha sempre o foco em suas atitudes enquanto joga. É assim que os grandes jogadores pensam! E mais, as suas decisões são importantes não só enquanto joga, mas sim antes de começar a jogar: saber qual o valor ideal para o seu bankroll, saber encontrar uma
mesa onde você está acima dos seus adversários, tecnicamente... Isso tudo é fundamental para se obter sucesso!
S
e você é uma pessoa competitiva, como eu, saiba muito bem separar a “glória” do “dinheiro”, pois isso é fundamental para se ganhar no poker. Lembrando que ganhar no poker significa ganhar dinheiro. Muitas vezes podemos nos ver perdidos entre o dinheiro e a glória, o que é muito comum quando se compete. Vejam o cenário de cash game online muito caro – ali só existem dois ganhadores certos no longo prazo: o site e o melhor jogador, certo? Portanto se você ainda não é um dos melhores no nível que escolheu jogar, sua decisão está errada! E isso serve em qualquer faixa de valor, pois a disciplina do cash game tem de ser sempre muito rígida. Aprendi muito sobre disciplina em sit-and-gos e multi-tables. Hoje estou amadurecendo e entendo a realidade do cash game online, que se tornou um desafio para mim em 2007. Ou seja, meu objetivo é sentir-me estável no cash game no-limit online. Fora isso, os torneios pelo mundo são sempre meu grande alvo e provavelmente a razão de poder estar aqui hoje escrevendo para vocês! Conto com a torcida de todos e torço muito para o sucesso do Brasil nessa modalidade que se chama Texas Hold'em ! Christian “CK” Kruel É nascido no Rio de Janeiro e um dos pioneiros do Texas Hold'em no Brasil, como criador do site Clube do Poker. É o brasileiro com maior experiência internacional, tendo alcançado diversas mesas finais em etapas do WPT. FLOP 31
Nutzz_JM.qxp
4/19/07
9:06 PM
Page 32
[Nutzz!,a empresa] Organizando
o
jogo
Como um torneio caseiro, entre amigos, tornou-se o maior circuito do país e deu luz à empresa que é referência de bom poker.
N
ão fosse por Leandro “Brasa” Pimentel e Leonardo Bello, o Texas Hold'em teria demorado um pouco mais para se espalhar e se profissionalizar pelo Brasil. Quem diria, quando organizaram um torneio entre amigos no fim de 2004, que hoje eles estariam comandando tudo o que é ligado ao poker no país. Não se pode falar da Nutzz! sem citar o Circuito Paulista de Hold'em, sua marca de maior sucesso. Nascido em Campinas, o Circuito Paulista começou como uma brincadeira com 25 participantes, e hoje possui organização, padrão e nível de dificuldade sem igual. Após os primeiros torneios, em 2004, Brasa e Leo decidiram formalizar a iniciativa e iniciaram o ano de 2005 com diversas etapas, principalmente pelo interior do Estado. Ganhando adeptos no boca-a-boca e através do site de relacionamentos Orkut, o Circuito ainda cresce a cada mês em que roda por São Paulo. “Mas nada disso teria sido possível sem todos os que nos ajudaram na organização, lá no início, como o pessoal de São Caetano, São Paulo, Sorocaba, Americana e São
32 FLOP
Vicente”, diz Leo Bello. Este “pessoal” a que Leo se refere, hoje inclui alguns dos melhores e mais influentes jogadores do país, como as famílias Russo e Bim, Fábio Cunha, Felipe “Billy” Bossolani e a família Kaplar, encabeçada pelo “Presidente”. “No início era uma espécie de cooperativa mesmo, todo mundo se ajudando para levantar o circo em cada cidade, rachando custos, comprando baralho, comida, bebida e pano para as mesas”, confirma Brasa, “todo o dinheiro das inscrições ia para os prêmios”, completa. Crescendo mês a mês, chegou uma hora em que o Circuito teve de
A J
Ajax, Amaury Jr., BlackJack, Jackass
Nutzz_JM.qxp
4/19/07
9:06 PM
Page 33
Brasa e Leo, autografando seu mais novo projeto, um ótimo livro sobre poker.
se profissionalizar, e foi aí que eles procuraram ver quem mais estaria interessado em cuidar do negócio: “Muita gente ofereceu ajuda, mas quase todos tinham empregos fixos e atribuições paralelas, e nessa época o Circuito já nos tomava um tempo enorme”, conta Leo. “Foi aí que resolvemos pegar a coisa e abrimos a empresa, a Nutzz!, para todos os nossos projetos que surgiam a cada dia.” Vale a pena lembrar que foi no Circuito Paulista que “nasceram” jogadores como os próprios Leo e Brasa, além de Igor “Federal”, André Akkari, Fábio “Deu_Zebra” Monteiro e muitos outros. Em algum momento desta jornada, Brasa largou
A T
Johnny Moss
seu emprego numa multinacional para se dedicar em tempo integral ao Circuito e a outras iniciativas ligadas ao poker, e Leo ainda tenta conciliar sua vida de médico em Campinas e recente pai de uma menina. Hoje o Circuito Paulista conta com etapas de mais de cem participantes e vem procurando conciliar seu maior tamanho com as novas dificuldades que isso também traz. Com o maior público concentrado na capital paulista, a Nutzz! vem dando prioridade às etapas feitas na própria cidade, o que demanda locais com muito espaço e atendimento eficiente. Nas casas paulistas também é mais difícil incluir o antigo esquema de ➧ FLOP 33
Nutzz_JM.qxp
4/19/07
9:07 PM
Page 34
[Nutzz!,a empresa] churrasco, comidas e bebidas à vontade, muitas vezes por falta de espaço para a montagem de todo este buffet e ventilação para a churrasqueira. Em 2006, com a experiência do Circuito Paulista, a dupla resolveu montar o BSOP, Brazilian Series of Poker, iniciativa que rodou alguns estados e selecioBrasa é conhecido nou os participanpelo seu estilo muito agressivo. tes um pouco mais, devido ao seu buy-in de R$ 1.000,00. “O primeiro ano do BSOP foi um misto de teste e tentativa de unir o pessoal que joga e organiza o poker em cada parte do país, mas em 2007 queremos transformar o evento em algo muito maior”, explica Brasa. Também não se pode falar da Nutzz! sem citar outro de seus nomes famosos: Devanir Campos, o DC. “Quando a coisa começou a pegar fogo e precisamos de ajuda, o DC foi o primeiro cara que veio nos ajudar, por ser um velho amigo”, conta Brasa. “Hoje ele é um cara que estuda os regulamentos de torneios a fundo e é o brasileiro com maior experiência em dirigir estes eventos.” “Quando nós começamos, não havia regras para seguir. Tivemos que estudar as regras internacionais e muitas coisas foram aplicadas aos poucos no CPH e no BSOP. O próprio conceito de rebuy… do bounty... fomos implantando a cada etapa”, conta DC. “Até hoje algumas regras mudam ou são re-discutidas entre jogadores influentes e a Nutzz!”, termina. Agora, no início de 2007, Leo lançou seu livro “Apren34 FLOP
dendo a Jogar Poker - Princípios, Técnica e Prática”, com colaboração de Brasa. Entre tantas obras estrangeiras sobre o jogo, esta vem preencher um imenso vazio, possibilitando uma literatura de nível básico/intermediário a todos que não podiam ler em inglês. Com escrita fácil e leve, o livro de Leo toca nos principais conceitos necessários para formar um bom jogador, além de contar bastante sobre a história do “novo poker” brasileiro e trazer exemplos e citações de diversas figuras conhecidas do cenário nacional. Se há livros essenciais para o interessado em Texas Hold'em, este é um deles. Outro recente projeto da Nutzz! foi a organização do torneio Tower Cruise, realizado pelo Tower Torneos em fevereiro, à bordo do navio MSC Armonia, que foi um enorme sucesso. Com mais de 200 jogadores no evento principal, torneios paralelos, sit-and-gos e salão de cash game lotado, foi uma experiência que seguramente voltará a ser útil para a empresa. Vocês podem ler mais detalhes sobre o Tower Cruise nesta edição. Para muitos jogadores e pessoas ligadas ao poker nacional, o verdadeiro desafio para a Nutzz! inicia-se agora, com o crescimento do mercado e a entrada de novas casas de poker, circuitos, torneios e organizadores concorrentes. Um passo à frente eles já deram. Resta ver se conseguirão usar a experiência adquirida com o pioneirismo para SITES ÚTEIS se destacar das BSOP - www.bsop.com.br novas iniciativas. CPH - www.circuitoholdem.com.br Leo Bello analisando seus oponentes, um jogador consistente.
K Q Marriage, Casamento, Royal Couple, Casal Real
Curiosidades_JM.qxp #19
4/19/07
11:49 PM
Page 1
Profissão_JM.qxp
4/19/07
8:48 PM
Page 36
[Profissão:Poker]
Trabalho informal
C
A cada mês, dezenas de brasileiros cogitam largar tudo e viver do poker. Mas o que parece ser uma vida tranqüila exige muito estudo e força de vontade.
om a nova onda do Texas Hold'em no mundo inteiro, aqui no Brasil não seria diferente e, rapidamente, fomos criando nossos ícones e conhecendo nossos profissionais. Mas nem todos que vivem exclusivamente do poker são figurinhas carimbadas – muitos trabalham jogando longe dos holofotes e dos novos fãs que surgem a cada dia nos torneios e pela internet. É bom entender que, para ser um profissional do poker, é preciso domínio sobre o jogo. “Não tem como alguém conseguir seu sustento por meses ou anos a fio, dependendo apenas da sorte ou de uma boa maré”, conta André Akkari. Esta constatação por si só já acaba com a antiga discussão de habilidade versus sorte dentro do poker. “Ou então, a justiça teria que aceitar e provar cientificamente que algumas pessoas nascem com mais sorte do que outras”, completa. Entre os profissionais brasileiros nós encontramos gente que vive do jogo há anos, como C.K. e Marcos “XT”, assim como alguns que se iniciaram nesta profissão há alguns meses, como dezenas de pessoas.
36 FLOP
K J
Kojak, King John
➧
Profissão_JM.qxp
4/19/07
8:48 PM
Page 37
André Akkari, um dos poucos que conseguiu uma carreira meteórica.
FLOP 37
Profissão_JM.qxp
4/19/07
8:48 PM
Page 38
[Profissão:Poker] Como em toda profissão, existem aqueles que nasceram mais aptos e aqueles que, através de estudo e experiência, conseguiram alcançar um nível onde se sentem confortáveis para largar seus empregos mais convencionais.
N
Pioneiros
o Rio de Janeiro temos dois amigos que são quase como irmãos, tamanha a proximidade entre eles. Todo mundo que é alguém no poker brasileiro, ou que começa a entrar neste mundo, já ouviu falar em seus nomes: Christian “C.K.” Kruel e Raul Oliveira. Quase sempre viajando juntos para torneios internacionais, ambos já chegaram ITM em diversos eventos do WPT e da WSOP. O maior feito de Raul foi no ano passado, um 40º lugar no Bellagio Five Diamond Classic, acompanhado por toda a comunidade, que garimpava os sites em boa ou má fase no jogo, C.K. sempre busca de informações a cada nível de Em será importante pela abertura que criou. blinds. No início deste ano Raul ainda conseguiu fechar um ótimo acordo em 1º lugar no do meses para descobrir o jogo, nos aprofundar 300K Guaranteed do Partypoker, outro feito extra- nele e principalmente sabermos que era possível ordinário. Já CK vem se focando no cash game fazer disso uma profissão e ser vencedor nesse online, mas seus resultados em multi-tables mostram esporte”, diz Igor “Federal”. “Fora que são dois caras diversas mesas finais em conceituados torneios nota dez, sempre dispostos a brincar e também a WPT, como um 4º lugar no L.A. Poker Classic de conversar seriamente sobre diversos aspectos do 2005 e um 8º no PokerStars Caribbean Adventure, poker”, completa. também em 2005. Assim como qualquer pessoa em evidência, C.K. Do xadrez ao poker botou a cara para bater e realmente levou uns bons tapas da mídia nacional. Não importa o quanto tenictor e Vinícius Marques nasceram no tasse mostrar ao país a matemática por trás do jogo, Brasil, mas moraram parte de suas vidas na suas frases eram sempre colocadas fora de contexto Argentina. São dois irmãos e figuras conhee mal utilizadas. Sem falar na própria artilharia cidíssimas do mundo do poker paulistano. “interna”, porque são muitos os novatos, e até Vinícius, ou Vini, ronda os jogos e torneios alguns jogadores experientes, que insistem em duvi- high stakes há muito tempo. Criado no xadrez, já com dar de suas conquistas. “Mesmo que o Christian não 24 anos conseguiu seu título de Mestre Internacional tivesse ganho nada no poker; só pelas portas que ele na Argentina, onde era muito mais reconhecido do abriu para nós brasileiros, já merece ser considera- que aqui, onde até hoje temos um descaso pelo jogo. do o jogador número um. Se não fosse ele e o Clube “Acho que o jogo perdeu um pouco do encanto, com do Poker, junto com a ESPN, mais da metade das toda a evolução tecnológica, já que a principal qualipessoas que jogam hoje nem saberiam o que é Texas dade do xadrez é ensinar a pensar com a própria Hold’em”, conta André Akkari. cabeça e se acostumar a tomar decisões importantes “Eu fico muito chateado quando vejo uma mole- para a vida”, diz Vini. Rodou o mundo em torneios e cada falar mal do C.K. Não têm a mínima idéia da passou a juventude estudando o tabuleiro, sendo besteira que estão fazendo. O cara é o precursor do campeão paulista por diversas vezes, campeão poker no país. Se não fosse por ele e o Raul, a grande brasileiro e vice-campeão panamericano. Até que maioria dos jogadores atuais, inclusive eu mesmo, o descobriu que, no poker, os ganhos e prêmios eram Akkari e metade dos nossos amigos teríamos leva- de ordem muito maiores. Considerado um jogador
V
38 FLOP
K T
Katie
Profissão_JM.qxp
4/19/07
8:48 PM
Page 39
extremamente técnico, Vini ainda se dedica a outros jogos, como xadrez e gamão, mas é do poker que retira o seu sustento, passando cerca de cinco madrugadas por semana nas maiores mesas da capital paulista. “O Vini joga muito pouco online, ainda não encontrou um jogo tão lucrativo na internet quanto o que ele acha na noite de São Paulo”, diz um amigo. Já Victor Marques, o Vitão, possui laços mais fortes com nosso país vizinho, sendo reconhecido na Argentina tanto pela qualidade de seu poker quanto pela sua participação na torcida do time de futebol River Plate. Ele se dedica com mais tempo à
“Entro numa mesa de poker, qualquer que seja ela, como se o mundo me pertencesse.” Vitão internet e aos torneios menores, conseguindo resultados extremamente positivos em diversos eventos do circuito nacional, como ótimas posições em diversas etapas do BSOP. “Vitão é um dos caras mais queridos do circuito do poker. Sempre alegre e ético à mesa, como seu irmão, ele consegue se apresentar de forma despojada, mas com uma elegância no jogo igualada por poucos”, comenta Juliano Maesano, que já jogou com ambos os irmãos em muitas etapas do CPH e do BSOP. “É difícil levar uma vida estritamente profissional. Acho interessante qualquer jogador ter uma segunda opção na vida, para poder ter um link com o mundo real, já que isso é muito difícil para o profissional do jogo”, conta Vini. Vitão é mais conhecido por suas atividades noturnas: “Eu costumo jogar de domingo a quinta-feira. Acho que o jogador deve tirar alguns dias de descanso para se dedicar a outras atividades interessantes. Eu gosto muito de ficar sem fazer nada, sem obrigação nenhuma. Também gosto muito de sair à noite, mas sem essa história de beber socialmente... gosto de ‘pirar’ mesmo.” Famoso por levar jogadores do país inteiro às suas baladas paulistas, Vitão completa: “costumo sair bastante com o pessoal que joga e o ‘Lovestory’ é parada obrigatória; até já ficou famoso no cenário do poker por minha causa. Além disso acho legal sair para jantar e ver filmes. Em casa gosto de ler, apostar em esportes, ver televisão e cuidar dos meus gatos.”
K 9 Canine, Mongrel, Vira-Lata
União que realmente acrescenta
U
ma coisa é certa: a amizade e a união que esses profissionais possuem entre si espalha-se por grande parte da comunidade de jogadores do país. “É muito engraçado como a coisa aconteceu”, conta Juliano Maesano, “em um mundo onde todo mundo imagina que a galera não preste, fomos capazes de criar um grupo, cada vez crescente, de gente ética e competente, onde todos se ajudam e torcem uns pelos outros.” Federal concorda: “A comunidade do poker é muito unida. De vez em quando ‘quebra uns paus’ como em toda grande família, mas todo mundo quer o bem do poker nacional e conseqüentemente uns dos outros. Já são tantas coisas contra: a mídia, a igreja, ‘a moral e os bons costumes’, o limite de entendimento da lei, a marcha da TFP e o ‘escambau’. Seria uma imbecilidade ficar com guerra de egos. Quem venceu mais? Quem é o melhor? Quem tem o mais ostentoso título? Pára com isso!!! C.K. e Raul são os precursores do poker no país na forma como se encontra hoje. Vitão e Vini são monstros do cash em São Paulo há anos. Akkari é um ícone atual. Sem contar dezenas de outros que não estão nessa matéria, mas fazem a sua parte para a difusão positiva desse esporte. Eu tento dar a minha contribuição. Todos os que estão aqui fizeram e fazem muito para o desenvolvimento e a boa repercursão do poker no país, isso é o que me interessa. O resto é vaidade ou inveja de poucos. São todos meus amigos e torço caninamente por eles.” “Só não podemos nos esquecer de que o poker é um esporte individual e o ego dos jogadores é gigante, mas essa coisa de torcer contra não acontece mesmo!”, finaliza Vitão. O clima entre os jogadores brasileiros é algo realmente sem igual, que não pode ser comparado ao de nenhum outro país. “Os jogadores e torcedores brasileiros já são reconhecidos no exterior devido ao nosso senso de comunidade e torcida. Muitos europeus e americanos já vieram me contar que ficam meio irritados ou até nervosos quando pegam um de nós numa final online”, conta Akkari, “e isso é ótimo, além de ser visto com inveja por eles”, completa. “Nosso pedido é que nunca passem dos limiFLOP 39
➧
Profissão_JM.qxp
4/19/07
8:48 PM
Page 40
[Profissão:Poker] tes, como ofender os adversários ou abusar do português no chat”, explica C.K.
E
Jogador de família
ntre todos os nomes conhecidos, os que aceitaram suas condições de profissionais mais recentemente foram André Akkari e Igor “Federal” Trafane. A história de Akkari é igual à de muitos amadores: iniciou jogando nas mesas Shasta de um centavo do Everest Poker e tentando todos os freerolls possíveis. Com o tempo, muito estudo e um dom natural, em menos de um ano Akkari já possuía resultados tão expressivos que decidiu largar o seu emprego numa empresa de tecnologia. Este salto em sua vida foi logo recompensado com ótimos resultados live no exterior e uma ótima seqüência, que nunca termina, de bons resultados online. Akkari poderia ser chamado de “um cara normal”. Não que os outros sejam estranhos, mas Akkari vem de classe média, é bem casado e tem duas filhas. De uma hora para outra, sua vida virou completamente e grande parte de seu segredo é, com certeza, o apoio que sempre receRaul (acima) e Vini (abaixo) migraram de beu da família. “O André é ‘muito outros jogos, como o gamão e o xadrez. família’, responsável e dedicado. Tudo o que ele faz na vida é em função do nosso bem estar, por isso, quando ele resolveu largar o seu negócio para se dedicar ao poker, eu não hesitei em apoiá-lo”, diz Paula Akkari. Além de ser um jogador reconhecido, Akkari é outro profissional do jogo que pretende ampliar seus negócios dentro do poker: sócio do site SuperPoker, pretende abrir espaço para jogadores e patrocinadores, fincando cada vez mais o poker no país. “A iniciativa deles ao criar o SuperPoker Team foi algo incrível e inédito no país”, afirma Marcelo “MGP” Ferreira, membro da equipe e recente profissional brasileiro. “Quando se imaginaria que jogadores seriam selecionados pelos seus resultados e que suas entradas em torneios seriam bancadas por patrocinadores, aqui no Brasil?”, completa MGP. Akkari também é pioneiro em outro quesito, sendo o primeiro brasileiro a jogar um grande evento completamente patrocinado por uma empresa nacional. Foi o caso do último L.A. Poker Classic, no Commerce Casino, parte do WPT Tour, quando Akkari viajou e jogou o torneio custeado pelo Omega Texas Club, casa de poker recém-inaugurada em São Bernardo do Campo, nos arredores de 40 FLOP
K T
Maverick
Profissão_JM.qxp
4/19/07
8:48 PM
Page 41
São Paulo. Akkari jogou o evento com as cores do Omega e seu companheiro de viagem, Ricky Taki, conseguiu acesso de imprensa no evento através do SuperPoker e manteve toda a comunidade a par de cada lance decisivo do torneio, na comunidade PokerMania do Orkut.
R
O próximo profissional?
ecente ídolo nacional, com incrível colocação no Main Event da WSOP 2006, Federal é um estudioso do jogo que, com a recente venda de suas empresas, só agora começa a se dedicar quase que exclusivamente ao poker. Ex-empresário do ramo da educação, ex-sócio de uma rede de escola de idiomas, de uma editora e de uma empresa de treinamento executivo e empresarial, ele agora começa a se livrar do peso e da dificuldade de tentar conciliar esta “vida dupla”. “A venda das minhas empresas nada teve a ver com o poker. Foram negócios à parte. Recebi uma proposta interessantíssima de um grupo líder no segmento de idiomas, achei uma excelente oportunidade para o momento e fechei o negócio. A consecução da venda de minhas empresas foi Federal (acima) e Vitão (abaixo) são muito analisada exclusivamente sob o prisma respeitados por sua técnica e ética. negocial, administrativo e financeiro. O poker não influenciou em nada essa decisão. É claro que isso me deixará livre para me dedicar mais ao poker e algo que era semiprofissional pode virar uma profissão definitiva. Mas foram – e são – eventos absolutamente independentes”, explica Federal. Com planos de empreender novos negócios em breve, mas com torneios em longas madrugadas, prêmios de grandes monta e o reconhecimento de seus colegas, isso tudo está fazendo a balança de Federal pender mais para o lado do jogo. Só saberemos melhor como isso vai acabar ao longo deste ano, onde Federal já foi o primeiro brasileiro a se classificar para o Main Event da WSOP 2007. “Alea jacta est! A sorte está lançada!”, finaliza Federal, rindo, com a frase de Júlio César, como quem curte a realização de um bom negócio e ainda não sabe exatamente o que vai acontecer no futuro.
Brinquedo levado à sério
O
utro carioca que conhece bem a torcida online e, por coincidência, também tem um irmão vitorioso, é Thiago Carriço. Ele e seu irmão Bruno são um pouco mais recentes no cenário online do poker
J 7 Jack Daniel's
FLOP 41
➧
Profissão_JM.qxp
4/19/07
8:48 PM
Page 42
[Profissão:Poker] nacional, mas entraram arrebentando: em poucos terno e gravata te cobrando, mas você mesmo se meses de jogo conseguiram inúmeras e repetidas colo- cobra e não é pouco. Eu mesmo às vezes fico tão cações nos maiores torneios de diversos sites, chegan- transtornado que chego a me golpear”, conta Vitão. “Para se tornar um profissional acredito que seja do até a figurar nos rankings online internacionais. A história de Thiago é mais curiosa ainda: ele é preciso conhecer bastante do jogo em seus concampeão mundial de FIFA Soccer, o jogo de ceitos, muito de psicologia, e o principal: jogar de videogame de futebol da Electronic Arts, licenciado acordo com seu limite financeiro. Como me disse pela FIFA. Thiago viveu só de jogar FIFA Soccer Marcel Luske, em Barcelona, tomando uma cerveja patrocinado pela EA Sports e Intel, quando rodava depois de um dos eventos do EPT, ‘tem que saber a o mundo em torneios de videogame. “No Brasil, eu profundidade da piscina antes de mergulhar’. É sime o meu irmão éramos uns dos poucos que ples, rápido, rasteiro, mas é verdade. E poucas pespoderíamos viver de videogame. É algo muito soas jogam um jogo que podem jogar mesmo. Eu pouco explorado por aqui. Para você ter idéia, na mesmo já fiz inúmeras barbaridades antes de me Coréia do Sul existem milhares de jogadores que tornar profissional. Até mesmo quem joga ‘pelo vivem exclusivamente disso, através de prêmios e livro’, e somente por ele, faz muita besteira também”, completa. patrocínios”, diz Thiago. “Concentração e E como eles foram parar no poker? “Eu jogadisciplina são as cava poucas vezes o 5-card draw, depois comecei a racterísticas mais imver um pouco de portantes para o joHold’em na telegador profissional, visão e achei interalém do estudo (o essante. Até que fui poker é uma ciência) para Cingapura e da auto-crítica, que jogar a final munditalvez seja o melhor al da World Cyber caminho para um Games 2005 e lá profissional evoluir”, acabei jogando explica Vini. “Mas só meu primeiro tivemos a possibilicampeonato de dade de nos dedicar a Hold’em, contra 18 uma atividade difecaras lá da WCG, e rente como essa deviacabei ganhando. do ao apoio familiar Aí fiquei animado Bruno (esq.) e Thiago Carriço, outros dois sempre incondicioe, quando voltei ao irmãos que engrandecem nosso país. nal. Se eu e o Vitão Brasil, procurei temos a quem agradecer por conseguir fazer as sobre poker no coisas que gostamos, esse agradecimento vai aos Google, achei a matéria com o C.K. na Revista Vip e, a partir daí, o nossos pais”, conclui. Clube do Poker”, explica Thiago. Simples, não é?
Nem tudo é tão simples
M
as também não estamos aqui para fingir que viver jogando poker é algo fácil ou com todo tipo de glamour. É preciso muita dedicação e muita cabeça-fria, além de dezenas de outras qualidades. “Não creio que seja fácil viver jogando poker. Acho que, como em qualquer outro trabalho, você tem seus dissabores e decepções. As vantagens são você fazer aquilo que gosta, não precisar cumprir horários e não ter nenhum ‘mauricinho’ de
42 FLOP
M
A nova safra
arcos “XT”, João M., Vovô_Leo, MGP, Salsicha, Adametes, Sérgio Braga e Felipe Carriço são apenas alguns dos poucos novos nomes que tanto temos visto diariamente. Com excepcionais resultados nos torneios de poker online e uma estrutura cada vez melhor de organização nos torneios live, temos certeza de que no Brasil a cada dia surgirão novos nomes para se juntar a estes e muitos outros que hoje já fazem uma grande equipe de jogadores profissionais de poker. ■
T 2 Doyle Brunson
Curiosidades_JM.qxp #19
4/19/07
11:39 PM
Page 2
Raul_JM.qxp
4/20/07
5:38 PM
COLUNA
Page 44
RAUL OLIVEIRA
A ESSÊNCIA
DO JOGO Nunca devemos apostar apenas “por apostar”. É preciso ter sempre uma razão por trás de cada jogada.
E
m todas as vezes que ensinei poker na minha vida, sempre tentei mostrar que o importante é entender a essência do jogo. A técnica e a matemática se juntam a isso tempos depois, com experiência e estudo, para transformar um mero jogador num grande jogador. O que eu chamo de “essência do jogo”, na verdade é uma matriz bem complicada de vários fatores que geram um raciocínio lógico e, por último, uma jogada. Quando um jogador entende que, para cada situação existe um raciocínio próprio, ele está apto a ser um vencedor no Hold'em. E notem que, quando eu digo cada situação, estou sendo literal, mesmo.
D
ando um exemplo prático: imagine que você sentou numa mesa de cash game com quatro jogadores, onde não conhece nenhum dos seus VOCÊ/ADVERSÁRIO quantidade de fichas estado emocional embate pessoal estilo de jogo taxa de takedown bankroll fora da mesa Resultado: Raise de 4x 44 FLOP
QUANTIDADE DE FICHAS
adversários. E, logo na primeira volta, no small blind, você vem com AQs. O UTG dá fold, o dealer abre raise de 3x o big blind e você resolve voltar um reraise de 3x o raise dele. Uma hora depois, com os mesmos adversários, novamente no small blind, você vem com AQs e, mais uma vez, o dealer abre raise de 3BB. É a sua vez: agora, o que você faz? Se o Hold'em fosse um jogo simples, com certeza você daria mais uma vez um raise de 3x o raise dele, mas é ai que entra a tal “essência do jogo”: nessa hora você vai ter que analisar que imagem você tem, no momento, do seu adversário, versus a imagem que ele tem de você, nesse exato momento. Além disso, fatores como quantidades de fichas, possíveis tilts e embates pessoais entram no jogo e, somente após analisar todos esses dados é que você deve fazer sua jogada. O detalhe é que você não tem o dia inteiro para isso, portanto a ESTADO EMOCIONAL
EMBATE PESSOAL
experiência e o estudo lhe trarão maior agilidade para tomar suas decisões. No exemplo proposto, imagine que o adversário está te dominando na mesa. Nesse caso, talvez a melhor jogada seja apenas dar call e esperar pelo flop. Num cenário inverso, provavelmente o raise de 3x é a melhor jogada. Com ele em tilt, quem sabe um raise de 5x não seja melhor ainda. Ou seja, não existe uma jogada certa e, sim, um momento certo para se fazer uma jogada. Para mim, quando um jogador passa a ter essa noção da dificuldade que o Hold'em envolve, ele passa a entender a essência do jogo. Entendido isso, o segundo passo, que é bem difícil por sinal, é aprender a traduzir esta essência e transformá-la em lucro.
C
om o treino, essas análises passam a ser quase que intuitivas e, muitas vezes, são confundidas com o tal do feeling que, na minha opinião, nada mais é do que o conhecimento adquirido por alguém que não se consegue explicar concretamente. Traduzindo em gráfico uma análise imaginária, o nosso cérebro cruza milhares de informações e chega a um resultado, como no exemplo que coloquei na página anterior. Claro que, no
ESTILO DE JOGO
TAXA DE TAKEDOWN
BANKROLL FORA DA MESA
1500 - 2000 tranqüilo-t i l t 0-0 tight agressive-loose passive
Alta - média baixo - NS
A8
Dead Man's Hand, Mão do Morto
Raul_JM.qxp
4/19/07
10:43 PM
Page 45
meu exemplo, faltaram vários outros fatores importantes, mas é para dar uma idéia das coisas em que eu penso durante a jogada. O que eu quero tentar passar para vocês nesse artigo é que entendam e aceitem a dificuldade do jogo, para aí sim aprenderem sobre ele. Sem dúvida, o maior erro que um jogador de Hold'em pode cometer é pensar que sabe de tudo sobre o jogo, ou de que se trata de um jogo de azar.
H
á uma frase que eu sempre falo para os meus amigos que pensam que há enorme influência do fator sorte: “Enquanto houver pessoas que
9 3 Chuck Norris
pensem assim, eu sempre vou ganhar dinheiro no Hold'em.” Porque associar o Texas Hold'em a um jogo de azar é limitar a inteligência e estagnar o raciocínio. Além disso, todo jogo de azar que eu conheço funciona com um jogador jogando contra a banca, algo que, definitivamente, não acontece no Hold'em. Além disso, a cada dia ou sessão que passa, eu aprendo mais e mais sobre o jogo e os jogadores, e minhas decisões evoluem com o tempo, me transformando em um jogador com maior experiência. A discussão e pesquisa pela internet também é uma ferramenta fundamental
hoje em dia, e temos a sorte de ter no Brasil uma comunidade muito unida, que não guarda segredos teóricos e que divide suas experiências e impressões com iniciantes e colegas mais experientes. Saiba usar do conhecimento dos mais experientes, mas lembre-se de que adquirir sua experiência pessoal será necessário para chegar onde deseja. Raul Oliveira É nascido no Rio de Janeiro e um dos pioneiros do Texas Hold'em no Brasil, como criador do site Clube do Poker. Especializado em cash games de Limit Hold'em, mesmo assim possui um dos mais importantes resultados entre os brasileiros em torneios – um 40º lugar no Main Event do WPT Five Diamond World Poker Classic 2006, no Bellagio, Las Vegas. FLOP 45
Damas do Poker_01 A
4/19/07
10:29 PM
Page 46
[Damas do poker]
DAMAS do
[
POKER
]
A cada dia mais e mais brasileiras aderem aos torneios live e perdem o medo de enfrentar seus oponentes. Aqui vemos a trajetória de quatro destas vencedoras.
Damas do Poker_01 A
4/19/07
10:29 PM
Page 47
Marta Putz e Lucia Dória, amigas desde o tempo do bridge.
Damas do Poker_01 A
4/19/07
10:29 PM
Page 48
[Damas do Poker]
B
em que podia ser diferente, mas a verdade é que ainda é raro encontrar uma mulher nos salões de poker do Brasil. Nos torneios estabelecidos pelo país afora, o número de mulheres competindo não chega a 5%, em geral. Nas mesas de cash game, então, são raríssimas. Pode ser por esta rara aparição ou por seu jogo sólido, mas a verdade é que as poucas mulheres que nos fazem companhia deixam sua marca por onde passam. Estes números não são privilégio brasileiro: no mundo inteiro as mulheres somam uma pequena parcela dos jogadores mas, assim como em outros países, com certeza veremos a nossa proporção aumentar com os meses que passam. Nos Estados Unidos estima-se que 15% dos jogadores sejam mulheres. Outro dado interessante é que no poker online as mulheres se fazem mais presentes, chegando a imensos 35%: alguns creditam isso a um pouco de timidez por parte delas, outros acham que os ambientes dos poker rooms são um pouco masculinos demais, e criam uma barreira para deixá-las à vontade. Bom, se a maioria das mulheres fica pouco à vontade no meio do poker, algumas delas não são nada tímidas e conseguem passear entre os marmanjos com elegância e até um certo senso de mistério e distância, como é o caso de Marta, nossa Dama do Poker.
No meio dos homens Marta Putz vêm de descendência austríaca e seu sobrenome é este mesmo, que carrega com bastante orgulho. Nascida e criada em São Paulo, Marta abandonou seu curso de Direito quando se deparou com o amor da sua vida: o bridge. Com o respaldo financeiro de sua família, Marta seguiu estudando e jogando bridge em torneios paulistas,
48 FLOP
nacionais, sul-americanos e mundiais. Conheceu o Texas Hold'em pela ESPN e ficou fascinada com este novo mundo que se abriu à sua frente: comprou livros pela internet e estudou muito o jogo. “Diferente do bridge, eu entrei no poker para ganhar dinheiro. No mundial de poker o cara ganhava alguns milhões de dólares, enquanto que no mundial de bridge os caras tinham um jantar chique e uma taça”, diz Marta. Como muitos paulistas, somou-se aos pioneiros do Circuito Paulista de Hold'em, quando participou pela primeira vez em uma etapa de Americana, já ficando num honroso quarto lugar. “Entrei no Orkut, dei busca na palavra poker e achei esse torneio que seria num sábado. Foi no meio do mato, cheio de amigos jogando, comendo e bebendo. Uma farra! Eu 'caí lá de balão' e me diverti muito. Foi o começo do poker no Brasil”, conta Marta. “Lembro dela desde a primeira vez, em Americana, quando já deixou uma ótima primeira impressão,” diz Juliano Maesano. “Ela era a única mulher no meio de uns quarenta homens, não conhecia ninguém. Mas foi bem recebida e também soube manter um misto de simpatia e abertura, com uma certa dose de distância, já que nos intervalos estava sempre imersa em um livro ou revista de poker que havia pego com alguém.” Marta ainda joga bridge de uma a duas vezes toda semana e, sendo umas das dez melhores jogadoras de São Paulo, será paga para formar uma dupla vencedora nos torneios estaduais e nacionais. Sobre o seu poker, ela diz: “Hoje eu tenho muito mais prática e treino, estudei mais e conheço toda a 'gambazada' que joga (adoro todos eles). Mas conheço meus limites, não entro em jogos caros se meu bankroll não permite.” Durante a temporada 2006 do Circuito Paulista, Marta figurou entre as primeiras posições do ranking por diversas etapas, e completa: “O ano passado provou para mim que realmente faço parte desse jogo. Este ano quero correr atrás de patrocínio para jogar torneios maiores. Achei super legal a iniciativa do Omega (que patrocinou
A2
Hunting Season
Damas do Poker_01 A
4/20/07
5:45 PM
Page 49
“Diferente do bridge, eu entrei no poker para ganhar dinheiro.” Marta Putz
o jogador André Akkari), mas acho difícil eu conseguir um patrocínio assim. Estou mais é indo para outra linha, procurando amigos interessados em ajudar uma aspirante a jogadora.” Já achamos que Marta passou do nível “aspirante” há muitos meses, mas esta Dama do Poker também teve outros projetos ligados ao jogo: “Quando comecei, queria organizar torneios. Sabia que existia procura e que esse jogo cresceria aqui no Brasil, mas fui desanimada por advogados que disseram que eu não poderia organizar esse zsadsad saddas tipo de coisa. A dificuldade no para se condadBrasil lqqa,c asda.d erqweorioer seguir patrocínio é que quem poderia ajudar weqreroq dfkasl acaba tendo medo de entrar num esporte não legalizado. Mas tem que ver que essa modalidade de poker é um esporte, uma competição sadia, claramente comparável ao bridge”, arremata.
Nos passos da amiga E, por falar de novo em bridge, nós chegamos à
nossa próxima Dama, Lucia “Aces” Dória. Velhas conhecidas dos torneios de bridge, Marta chamou Lucia para um torneio de poker que ia acontecer no Clube Paulistano. “Eu fui assistir à Marta jogar, mas acabei jogando aquele meu primeiro torneio, porque não deixavam ‘sapear’”, conta Lucia. Foi outra paixão à primeira vista e logo em seguida Lucia acompanhou Marta em sua estréia “oficial” no Circuito Paulista, em São Paulo. Semelhante à história da amiga, Lucia acabou o torneio em terceiro lugar, impressionando em sua estréia. Foi neste dia que ganhou seu apelido: “Foi o Leo Bello que inventou. Todas as minhas apostas e ganhos foram em cima de Ases. Verdade que tive umas três mãos com AA e numa delas eu paguei dois all ins, que foi o que me deixou bem no torneio. Acabei em terceiro lugar, mas na maioria das ➧ mãos eu dava raise e reraise com qualquer Ax.”
“Acho que evoluí bastante de lá pra cá, mas tenho um longo caminho pela frente.” Lucia Dória K 8 Kokomo
FLOP 49
Damas do Poker_01 A
4/19/07
10:30 PM
Page 50
[Damas do Poker] E, desde o tempo de jogar com qualquer Ás até hoje, será que o jogo de Lucia mudou? “No começo eu só jogava sit-and-go no Partypoker e depois comecei a jogar torneios. Perdi bastante e daí resolvi que precisava aprender a me defender, me posicionar melhor e melhorar minhas apostas. Passei a ler um pouco, tive aulas com o Fábio Cunha e com o André Akkari, pessoas maravilhosas que tive o privilégio de conhecer. Acho que evoluí bastante de lá pra cá, mas tenho um longo caminho pela frente”, ela afirma. Assim como Marta, Lucia largou tudo para se dedicar ao bridge, logo após se formar em Pedagogia. Com histórias parecidas no cenário do bridge, Lucia concorda com Marta sobre a diferença de jogo entre homens e mulheres: “De forma geral, elas são mais passivas que os homens”. Marta completa: “Se você assistir a um torneio feminino, vai perceber que as mulheres blefam menos. Para a mulher isso é ruim, pois blefar é fundamental nesse jogo. É um dos motivos de se ter poucas boas mulheres jogando. A Lucia é uma mulher ousada, por isso ela se dá bem e é por isso que eu a trouxe para o jogo”. Detalhe: Lucia é a torcedora número um da comunidade nacional do poker. Qualquer um que esteja jogando um torneio online corre o risco de estar sendo observado por ela. “Acho o máximo esta energia toda que passamos durante as mesas finais. Faço questão de acompanhar sempre que posso. Hoje em dia até evito, pois acabo indo dormir tarde demais e aí fica complicado acordar cedo no dia seguinte. Passei a dormir muito menos depois que comecei a jogar poker.” E quando ela se viu na posição de ser observada? “Na primeira mesa final que fiz, no Partypoker, eu estava muito nervosa. O pessoal foi muito legal comigo. A minha conexão estava caindo, vários amigos se ofereceram para ajudar e davam palpites. Foi muito legal ver todas aquelas pessoas torcendo por mim. Alguns, depois, até mandaram alguns artigos para eu ler. Eu ainda não tinha lido nada de poker e era óbvio que eu precisava. Ainda preciso, diga-se de passagem.” 50 FLOP
Bem, humildade é outro ponto que elas dividem, além de ambas acompanharem o desempenho dos mesmos jogadores: “Acompanho sempre o André Akkari, Christian ‘CK’ Kruel, Raul Oliveira e Igor ‘Federal’. Acho que são os que mais admiro, principalmente o Akkari e o Federal, que conheço pessoalmente por estar em São Paulo, e se mostraram muito ‘gente’. Eles transmitem seriedade, humildade e dedicação,” conta Lucia. Marta vai além e nos conta de sua preferência nacional e internacional: “Daniel Negreanu é o cara para mim. Ele joga poker ‘pra cacete’ e é um cara legal na mesa. Aqui no Brasil vou pelas mesmas razões: André Akkari, super jogador e educadíssimo com os adversários; e Igor ‘Federal’, um monstro nas cartas e sempre educado com todos.”
Lição em casa Outra Dama do Poker que se destacou muito rapidamente é Solange “XT” Grosso, esposa de Marcos “XT”, que aprendeu a jogar assistindo a esta fera. O XT, como todo mundo sabe, é um jogador do interior paulista que construiu sua carreira há três anos, totalmente baseado no Everest Poker. Hoje ele
“Mas o que eu gosto mesmo é de jogar ao vivo, ao contrário do Marcos.” Solange “XT” diversificou os softwares, mas 90% do seu trabalho online ainda continua lá. E foi assistindo a ele jogar que Solange começou a brincar, quando XT transferiu um “dinheirinho” e ela nunca mais precisou de sua ajuda. “Eu jogo basicamente os sit-and-gos de 5 e 10 dólares, com alguns multi-tables,” diz Solange, “mas o que eu gosto mesmo é de jogar ao vivo, ao contrário do Marcos.” E como gosta! Solange entrou no cenário live há menos de seis meses, e de quatro etapas do circuito de Campinas já esteve em três mesas finais, além de marcar forte presença no Torneio de Inauguração do Omega, onde chegou bem na mesa final e terminou em sétimo lugar. O pessoal dos circuitos em São Paulo anda dizendo que agora é ela quem sustenta as seis filhas do casal,
J 5 Motown
Damas do Poker_01 A
4/19/07
10:30 PM
Page 51
com um neto prestes a nascer. XT confirma: “Ela realmente joga muito bem ao vivo, possui um misto do modo tight feminino com a minha loucura, já que ela aprendeu me vendo jogar, em casa. E eu só jogo live porque gosto muito dos amigos que fiz, já que não me sinto à vontade numa mesa real. Já a Solange não perde um torneio aqui no interior, e sempre me chama para irmos jogar ao vivo.”
Energia positiva
sempre com muito embasamento teórico. Vidrada em tudo ligado ao poker, Maridu já assistiu e leu praticamente todos os livros ou DVDs em que teve a chance de pôr as mãos, portanto aquele ar de “doida” muitas vezes é usado em seu benefício. “Há uma característica imprescindível para um bom jogador de poker que muitos jogadores que já estudaram de tudo tentam conseguir: a agressividade. Maridu, do mesmo jeito que grandes jogadores como Omar Abede, Fabião “Deu Zebra” Monteiro e C.K., tem a agressividade nata. O desafio é aprender a controlá-la e saber usá-la nos momentos certos. Maridu vem lapidando isto e já mostrando grandes resultados, principalmente no online,” conta Eric Mifune, o primeiro brasileiro a se posicionar bem em um Main
E é assim que chegamos à nossa quarta e última Dama do Poker, a carioca Maria Eduarda Mayrinck, mais conhecida como Maridu. Surgida há mais de um ano no cenário nacional, quando aos poucos fomos sabendo do seu projeto de realizar um documentário sobre o poker e os jogadores brasileiros, Maridu foi conquistando através de seu blog, de forma bem-humorada, o seu espaço, chegando a ser amiga de todos os grandes jogadores profissionais do país. Maridu Com mil projetos e sempre muito Event da WSOP, em 2005. agitada, Maridu "Eu não vejo a menor distinção entre acaba de fechar Federal dando entrevista a homem e mulher nas mesas de poker. Não acordo com os reMaridu durante a WSOP 2006. estamos levantando peso. Eu vejo resultapresentantes brasido, habilidade, e vejo que homem nunca leiros do Poker Stars, para costurar as campanhas, patrocínios e acha que mulher blefa! E isso é verdade: mulher acordos do site em solo brasileiro. Esse seu novo não blefa! (mas às vezes eu minto um pouquinho),” papel de relações-públicas engloba tantas explica Maridu, “até hoje nunca fui ‘diminuída’ por atribuições que, somadas a outras tantas que ela ser mulher numa mesa de poker e, quando sou possui, fará com que ela esteja cada vez em maior subestimada, melhor ainda. Se querem me achar pior ou fraca por ser mulher, quem está perdendo evidência. “A Maridu é uma ótima companheira de mesa e com isso? Com certeza não sou eu!”, ela termina, conversa,” diz o jogador paulista Caio Nery Filho. animada. Sobre os jogadores em que ela se espelha, Maridu “Eu sempre me lembro de que ela costuma falar conclui: “Admiro aqueles que me inspiram a ser que ‘aposta o seu braço bom se tal jogador não tem tal carta’, quando dá fold em uma boa mão. Na ver- uma pessoa melhor, então não tem nada a ver com dade ela já estaria sem braços, mas mesmo assim o poker em si, e sim com a pessoa. O André Akkari é um vencedor pela pessoa que ele é – o poker é costuma sempre estar correta”, completa. Mas não é só no lado social que Maridu marca uma consequência disso – porque ele tem uma dispresença. Seu estilo “tiltado” de ser e escrever tam- posição leve, positiva, alegre e elevada na vida, e bém se reflete nas mesas, onde ela aplica um jogo isso nunca vai permitir que ele saia perdedor – no agressivo para o padrão de muitas mulheres, mas que quer que ele faça.” ■
“Não vejo a menor distinção entre homem e mulher nas mesas de poker. Não estamos levantando peso.”
5 7 Heinz
FLOP 51
Juridica_JM.qxp
4/19/07
10:47 PM
COLUNA
Page 52
EDUARDO A. C. SALGADO
CONTRAVENTORES
OU VÍTIMAS? Um breve estudo da Lei de Contravenções Penais é o bastante para entender que a prática do poker no Brasil não é uma infração penal.
E
m nosso país, segundo o senso comum, a participação em jogos de cartas que envolvam apostas é crime. Os cidadãos que se julgam mais “informados” e muitos profissionais do Direito, vítimas de análises apressadas ou de uma cultura fortemente enraizada, se precipitam e afirmam que a mencionada prática se adequaria à conduta tipificada no art. 50 da Lei de Contravenções Penais, cuja norma preconiza que “Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público (...)” caracteriza a contravenção de rubrica “jogo de azar”, prevista no Capítulo das Contravenções Relativas à Polícia de Costumes, da referida lei. Este entendimento não é totalmente despropositado, porém, no caso específico do jogo de poker, sobretudo com relação a uma de suas inúmeras modalidades, a denominada de Texas Hold’em, não pode subsistir pois, mais do que equivocado, é aberrante.
I
nicialmente, ainda que a norma se apresente de forma clara, cumpre-me tecer alguns comentários e esclarecimentos de natureza doutrinária acerca da contravenção em questão. A conduta típica consiste em “estabelecer ou explorar o jogo de azar em local 52 FLOP
público ou acessível ao público”, mediante pagamento ou não de entrada. Estabelecer significa instalar e manter a casa de jogo, com móveis, máquinas, fichas, roletas etc. Explorar refere-se à organização e execução do jogo. Com relação ao lugar ou ao critério de localização, a conduta deve ser praticada em lugar público ou acessível a ele, por exemplo, em local aberto a todas as pessoas, como praças, ruas, jardins, parques, museus, teatros, cinemas, etc. Analisando o tipo penal em questão, podemos concluir que existem quatro pressupostos para a repressão dos jogos: (1) ser o jogo de azar; (2) ser o jogo praticado em lugar público ou acessível ao público; (3) ser explorado economicamente; e, (4) de maneira freqüente e costumeira. Aqui, um parêntese: a jurisprudência assentou que, para caracterizar o jogo de azar punível pela lei, além do local público ou ao público acessível, havia de ser ele, o jogo, de exploração habitual, isto é, freqüente, costumeira e repetida.
O
s conceitos até aqui explanados não merecem um maior aprofundamento, seja por não ser o escopo do presente artigo, seja por só nos interessar na medida em que for-
mos analisar, de maneira concreta, se existe a adequação da conduta à norma. Ou seja, dependerá se o jogo de poker estava sendo praticado em uma residência, em um ambiente familiar, em uma reunião de amigos, com apostas em dinheiro, ou em um clube de carteado, cujo proprietário estabelece e explora o jogo, ou ainda, em um torneio que, mesmo oferecendo premiação em dinheiro, não afere lucros para os seus organizadores.
A
grande problemática, hoje, repousa em determinarmos se o poker é um jogo de azar ou não. A lei penal brasileira considera jogo de azar, “o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte”. Em que pese a ignorância no Brasil sobre os mecanismos do jogo de poker em suas diversas modalidades, é assunto pacificado pela Matemática e notório no restante do mundo, que o poker é um jogo de habilidade e técnica, onde o ganho e a perda, a vitória ou a derrota, não dependem exclusiva ou principalmente da sorte. O poker é um jogo de cartas onde a preponderância da técnica, do conhecimento e das capacidades (autocontrole, observação, resistência, raciocínio, memorização, concentração, etc.) do jogador em relação ao imponderável e ao fator sorte, mostra-se de maneira mais acentuada. Trata-se de um jogo de habilidade, onde o diletante, o neófito, o iniciante, a despeito da grande sorte que venha a apresentar, é incapaz de vencer um conhecedor e praticante do jogo (um amador pode,
A 2 3 4 5 Bicycle, Bike, Wheel, Minhoca
Juridica_JM.qxp
4/19/07
10:47 PM
Page 53
ceituação que a lei pátria nos fornece e o que se sabe hoje sobre o jogo, deixando à margem a farta literatura e os estudos sobre o tema já publicados, se notabilizará como aberração jurídica, fruto de enorme equívoco, torpe preconceito, miserabilidade cultural ou mero casuísmo. Doutrinariamente, não podendo considerar o poker como um jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte, como facilmente se comprova, ficam extremamente prejudicadas as tentativas de se adequar a prática desse jogo ou esporte à conduta da contravenção penal de jogo de azar.
eventualmente, vencer um profissional em uma parada, em uma mão ou em um torneio mas, em longos períodos ou sessões, fatalmente perderá, e isto é fato).
S
em embargo, podemos citar ainda o clássico trabalho elaborado pelo ilustre Dr. Nélson Ferreira, Delegado Adjunto à Delegacia Especializada de Fiscalização sobre Jogos do Departamento de Investigações do Estado de São Paulo, publicado na década de 70, pela Delegacia de Jogos da Secretaria de Segurança Pública, intitulado Mecanismo dos Jogos de Azar. Nesse verdadeiro tratado, o autor, no capítulo III - Mecanismo dos Principais Jogos de Azar, em seu tópico A - “Jogos de Azar Carteados”, simplesmente não cita ou elenca o jogo de poker como jogo de azar carteado, e mais, no tópico D - “Jogos de Dados”, em seu item 2, que trata
T J Q K A Broadway
do “Jogo de Pôquer de Dados”, é peremptório: “o jogo de pôquer, com cartas, é considerado de habilidade devido a vários fatores que lhe são próprios. Entre esses fatores poderemos citar: o Blefe (Bluff); a possibilidade de ‘passar’, isto é, a possibilidade de o parceiro não ir na jogada quando sem cartas boas; a grande dose de observação dos gestos e expressões dos adversários necessária (fator de grande importância, principal mesmo); o grande autodomínio necessário para não deixar transparecer aos adversários o jogo que se tem em mãos. O Blefe, a ação de simular, fazendo crer ao adversário que se têm grandes jogos, o que, na verdade, não ocorre, é, na realidade, forma de influir sobre a psique alheia, modo de o jogador sem sorte defender-se.”
Q
ualquer tentativa de se enquadrar o poker, em qualquer uma de suas modalidades, como jogo de azar, portanto, considerando a con-
I
nexistindo mudanças na atual lei, o reconhecimento do poker como jogo social ou esporte deixa de ser uma questão jurídica ou de Direito Penal, e passa a depender tão-somente de se transpor os limites execráveis do preconceito, este sim responsável hoje, no Brasil, país profícuo de esquisitices, hipocrisias, aberrações e anacronismos de todas as ordens, pela irritante pergunta que já foi respondida no resto do mundo: serão os jogadores de poker contraventores ou vítimas do preconceito e da hipocrisia? Eduardo A. C. Salgado É advogado militante na cidade de Araraquara, atualmente em Secretaria de Governo do Estado de São Paulo, atuando como Consultor Técnico na área de licitações e contratos administrativos. É jogador de poker já conhecido do Circuito Paulista. Amante dos dois temas, pesquisa e estuda há quase três anos o direito comparado, a doutrina e a jurisprudência nacional e internacional sobre a questão, tornando-se parecerista. FLOP 53
Social_01A
4/19/07
11:33 PM
Page 2
INAUGURAÇÃO DO OMEGA
Mais fotos de quem marcou presença no maior torneio do país
T
anta gente jogando por três dias seguidos... Seria impossível mostrar todos os nomes famosos e figuras que fizeram o show que foi este torneio. Aqui conseguimos mais espaço para mostrar um pouquinho mais da grande festa. Quem quiser ver mais, terá de esperar o próximo grande evento.
Social_01A
4/19/07
11:33 PM
Page 3
Social_01A
4/20/07
5:24 PM
Page 4
POKER EM EQUIPE
Iniciativa mostra que o poker não é sempre um jogo solitário
O
rganizado pelo Poker entre Amigos de Florianópolis e patrocinado pelo SimbaPoker, este foi o 2º Desafio entre Equipes, que aconteceu no início do ano no Hotel Resort Plaza Caldas da Imperatriz, em Santa Catarina. Foram 160 jogadores divididos em 10 equipes de jogadores de todos os cantos do país, que jogaram por dois dias, tendo como vencedor o paulista Robinson “Robgol”.
Equipe Yellow House - Joinville
Equipe LBP - Blumenau
Equipe SimbaPoker.com
Glossario_JM MENOR.qxp
glossário
4/20/07
5:21 PM
Page 3
OS TERMOS DO POKER
A Add-On - Compra adicional de fichas. Torneios com re-buy permitem add-on imediatamente após o período de rebuys, liberado a todos os jogadores, independentemente de suas quantidades de fichas. All In - Quando um jogador aposta todas as suas fichas em uma mão. All In Mode - Quando um jogador tem poucas fichas em relação aos blinds, estando sujeito a aplicar um all in a qualquer momento. Ante - “Pingo”. Aposta colocada na mesa, antes da mão começar, por todos os jogadores.
B Bad Beat - Jogada onde o favorito perde a mão quando seu oponente, com poucas chances, consegue acertar uma carta. Bankroll - Cacife, montante de dinheiro que alguém possui para jogar. Belly Buster - "Racha", carta de meio de seqüência. Bet - Apostar. Big Blind - Aposta obrigatória, colocada pelo jogador sentado na segunda posição. Blank - Uma carta comunitária inútil, que não faz muita diferença para ninguém. Blind - Escuro, aposta obrigatória. Bluff - Blefe. Board - As cartas que são distribuídas viradas para cima, para que todos os jogadores as vejam. Em jogos com flop, são cinco cartas comunitárias no centro da mesa. Nos Stud são quatro cartas pessoais, à frente de cada jogador. Bounty - Recompensa em prêmio ou dinheiro que um jogador ganha por ter eliminado outro de um torneio. Bring-In - Abertura. Aposta forçada na primeira rodada, pelo jogador que recebeu a carta aberta mais baixa, no Seven Card Stud. No Razz, quem faz a abertura é quem tem a carta aberta mais alta. Bubble - Bolha. A posição, em um torneio, do jogador que é eliminado logo antes de entrar na faixa de premiação. Quando este jogador é
eliminado, diz-se que a bolha estourou, e dali para a frente todos já ganham alguma coisa. Buy-In - O montante de dinheiro exigido que um jogador pague para se sentar num determinado jogo de poker, ou o valor de inscrição de um torneio.
C Call - Pagar uma aposta. Cold Call - Quando o jogador paga mais de uma aposta ou repiques sem ainda ter posto nada na mesa. Calling Station - Um jogador passivo que não costuma repicar, e que paga mais apostas do que deveria. Cap - Efetuar o último repique permitido em uma rodada. Em jogos limit há o limite de três repiques. Cards Speak - Termo que indica que o que vale são as cartas do jogador, mesmo que ele anuncie verbalmente um jogo errado. Cash Game - O jogo a dinheiro, sem ser torneio, no qual você pode entrar e sair quando desejar. Também chamado de ring game. Cash Out - Sacar o dinheiro. Chat - O bate-papo, no jogo pela internet. Check - Dar check é continuar no jogo sem apostar; passar a vez; bater mesa. Check-Raise - Quando o jogador primeiro dá check e, depois que alguém aposta, ele repica. Chip - Ficha. Chip Leader - O líder em fichas, o primeiro colocado em um torneio. Chop - Devolver os blinds aos jogadores que os colocaram e seguir para a próxima mão, se mais nenhum outro jogador entrou na jogada. Também significa 'dividir a mesa' e normalmente só existe em jogos ao vivo. Também é usado em finais de torneio quando se pretende propor um acordo (um deal). Clubs - Naipe de paus. Coinflip - Situação em que dois jogadores têm chances quase iguais de ganhar uma mão. Connectors - Duas cartas em sequência. Cut-off - Posição do jogador na mesa anterior à posição do dealer.
D Deal - Acordo. Dealer - A pessoa que manuseia as cartas, distribui a mesa e monitora o jogo, também conhecido como croupier. Dealer's Position - O último jogador a apostar numa rodada, aquele que está com o botão de dealer. Diamonds - Naipe de ouros. Door Card - A primeira carta exposta, ou carta aberta, numa mão em jogos Stud. Draw Lowball - Modalidade de poker em que cada jogador recebe cinco cartas com a opção de trocar uma ou mais cartas por outras, em que a mão mais baixa ganha. Draw Poker - Modalidade de poker em que cada jogador recebe cinco cartas fechadas, com a opção de trocar uma ou mais cartas por outras, para tentar formar uma mão melhor. Também chamado de poker fechado e Five Card Draw. Draw - Quando um jogador ainda não está com a mão feita, mas espera que com as próximas cartas consiga uma boa mão. Ocorre para seqüência (straight draw) ou flush (flush draw). Drawing Dead - Quando o jogador está em um draw, esperando uma carta para fechar seu flush ou seqüência; mas mesmo que ele consiga não terá chances de vencer, pois o oponente já possui mão superior.
E Early Positions - As quatro primeiras posições da mesa.
F Fee - Em um torneio, é o valor da inscrição destinado aos organizadores, não entrando no prize pool. Field - Participantes de um torneio. Um field grande quer dizer que é um torneio com muitos participantes. Five-Card Stud - Modalidade de poker em que cada jogador recebe cinco cartas, uma fechada e quatro abertas, com apostas após a 2ª, 3ª, 4ª e 5ª cartas. Também conhecido
Glossario_JM MENOR.qxp
4/20/07
glossário
5:21 PM
Page 4
OS TERMOS DO POKER
como Stick de cinco cartas. Flop - No Texas e Omaha Hold'em, as três primeiras cartas comunitárias que são abertas no centro da mesa, todas ao mesmo tempo. O flop também indica a segunda rodada de apostas. Flush - Cinco cartas do mesmo naipe, independentemente do valor. Flush Draw - Tentativa de flush. Quando um jogador tem quatro cartas, todas do mesmo naipe, e espera receber uma quinta para fazer um flush. Fold - Correr, desistir da sua mão quando é a sua vez de jogar. Four of a Kind ou Quads - Quadra. Free Card - Carta grátis, que você vê sem ter que pagar nenhuma aposta, pois todos bateram mesa. Freeroll - Torneio gratuito, com prêmios em dinheiro. Freezeout - Formato de torneio onde não são permitidos re-buys. Full House - Uma trinca e um par. Também conhecido como Full Hand, Full Boat, Boat ou apenas Full.
implícita. Cálculo semelhante ao pot odds, mas que leva em conta informações que o jogador tem de seus adversários, podendo assim alterar as probabilidades com suas ações. Inside Straight - Ver Gut Shot Straight. Insta-Call - Quando um jogador paga imediatamente uma aposta ou raise, sem pensar. In the Money ou ITM - Classificação de um jogador que já entrou na faixa de premiação em um torneio.
J
Quaisquer outras apostas são colocadas numa mesa paralela (side pot) e são disputadas pelos jogadores restantes. Isto ocorre quando um jogador fica all in. Middle Positions - As posições intermediárias da mesa. Move - Jogada. Muck - Sair do jogo sem mostrar a mão. Também designa o monte de cartas que já não estão em jogo. Multi-table tournament ou MTT Torneio com várias mesas, que são remanejadas a fim de manter o eqüilíbrio de participantes.
Jackpot - Prêmio acumulado.
N
K Kansas City Lowball - Também conhecido como Razz Deuce-To-Seven, é um tipo de poker em que a pior mão vence. A diferença deste para o Razz normal, é que aqui o Ás só vale como maior carta e as seqüências e flushes atrapalham o jogador, portanto a melhor mão possível seria 2-3-4-5-7 de naipes diferentes. Kicker - Carta de desempate, é a mais alta carta sem par na mão de um jogador, a que geralmente resolve a jogada em caso de empate caso dois ou mais jogadores tenham mãos iguais. Se todos tiverem o mesmo kicker, analisa-se o segundo kicker e segue-se até haver desempate. Kill - Nesta modalidade, as apostas dobram quando um mesmo jogador ganha a mesa duas vezes seguidas.
Nuts - A melhor mão possível em uma determinada altura do jogo. Uma mão que não pode ser vencida.
O
Late Positions - As duas últimas posições da mesa. Live - Jogo ao vivo, ao contrário do online, que é pela internet. Limp - O ato de apenas pagar a aposta do big blind. O jogador que deu limp, ou sempre o faz, é chamado de limper. Loose - Estilo do jogador que joga muitas mãos, mesmo com jogos de médio valor.
Odds - A probabilidade de se fazer uma mão. Offsuit - Cartas de naipes diferentes. Omaha Hold’em - Jogo em que cada jogador recebe quatro cartas fechadas com cinco cartas comunitárias. Para fazer a sua mão, o jogador é obrigado a usar duas de suas cartas e três das cartas comunitárias. On the Button - Ser o último a falar numa rodada de apostas. Posição do botão do dealer. Online - O jogo pela internet. Open - Abrir, fazer a primeira aposta. Open-Ended Straight - Seqüência de duas pontas, que ainda precisa de uma carta para ser completa, em qualquer um dos lados. Outs - O número de cartas restantes no baralho que podem melhorar a sua mão. Over the Top - Quando um jogador dá um raise ou all in over the top, ele está apostando por cima de uma aposta ou raise de um jogador anterior. Overcard - Carta da mesa maior do que o par que está em sua mão. Overpair - Um par em sua mão que seja mais alto do que qualquer uma das cartas na mesa.
I
M
P
Implied Odds - Probabilidade
Main Pot - O valor principal da mesa.
Pot - O dinheiro ou fichas no centro da
G Grinding - Jogar num estilo com poucos riscos e lucro modesto durante muito tempo. Gut Shot Straight - Seqüência que ainda precisa de uma "racha", carta de meio de seqüência, para ser formada. O mesmo que Inside Straight
H Heads-up - Mano-a-mano. Quando apenas dois jogadores estão envolvidos numa mão, torneio ou jogo, um contra o outro. Hearts - Naipe de copas. Hi-Lo - Também chamados de high/low ou hi-low, são os jogos de divisão da mesa entre os jogadores com as melhores mãos alta e baixa. High Card - Uma mão de cinco cartas que não contém nenhum jogo formado, usando apenas a carta mais alta. High Stakes - Jogo de cacifes altos. Hole Cards ou Pocket Cards Cartas que o jogador recebe e somente ele pode ver e usar.
L
Glossario_JM MENOR.qxp
4/20/07
5:21 PM
mesa, que os jogadores tentam ganhar. Pot Committed - Situação onde o jogador já pôs tantas fichas no pot, e este está tão grande, que mesmo sem ter o melhor jogo ele acaba pagando mais apostas. Pot Odds - Cálculo do custo-benefício para pagar uma aposta relacionado ao valor que já existe no pot, levando em conta as chances de você acertar a carta necessária para ganhar a mão. Prize Pool - Valor total das premiações em um torneio.
R Rack - Espécie de bandeja de plástico transparente que comporta 100 fichas de poker em cinco fileiras de 20 fichas. Railbird - Alguém que permanece numa sala de poker, observando os jogos. Rainbow - Quando as cartas do board são de naipes diferentes, não abrindo possibilidade para flush. Raise - Aumentar, repicar. Rake - Comissão, porcentagem de fichas retiradas da mesa (pot) pelo cassino ou sala de poker, pela organização do jogo. Razz - Tipo de jogo semelhante ao Seven Card Stud, mas em que a menor mão ganha a mesa. No Razz, não existe flush ou seqüência, então o melhor jogo seria A-2-3-4-5. Re-Buy - Recompra. Alguns torneios permitem recompras, normalmente na primeira hora, para os jogadores que perderam suas fichas, limitado apenas aos jogadores que possuem um cacife ou menos fichas. Reraise - Também conhecido como contra-repicar, dar re-raise é aumentar novamente uma aposta que já tenha sido aumentada. River - Esta é a última carta. No Hold'em e no Omaha, também é conhecida como 5th street ou 5ª carta comunitária. Em jogos Stud, também é denominada 7th street ou 7ª carta. Royal Flush ou Royal Straight Flush - Uma sequência máxima do mesmo naipe, T-J-Q-K-A. É a melhor mão possível no poker.
S Satellite - Um torneio que, em vez de
Page 5
dar prêmios em dinheiro, premia os primeiros colocados com entradas para um torneio maior. Scoop - Rapelar, ganhar toda a mesa, com as mãos alta e baixa em um jogo Hi-Lo. Session - Sessão de jogo. Set - Ter uma trinca, sendo um par na mão e uma carta formando a trinca na mesa. Seven Card Stud - Stick de sete cartas, é um jogo de poker em que os jogadores recebem três cartas fechadas e quatro cartas abertas. Faz-se a mão com as cinco melhores cartas dessas sete. Shootout - Formato de torneio onde não há remanejamento entre mesas e é preciso vencer todos em sua mesa para avançar. Short-Handed - Um jogo que tem poucos jogadores, normalmente entre três e seis por mesa. Short Stack - O jogador que possui menos fichas em uma mesa ou torneio. Showdown - Abertura das cartas. Na rodada final de apostas, quando todos os jogadores ativos revelam as suas cartas para ver quem ganhou a mesa. Side Pot - Mesa paralela, uma mesa (pot) separada que é disputada pelos jogadores ativos restantes, quando um ou mais jogadores estão all in. Sit-and-Go ou SNG - Torneio onde não há horário para início, formando-se quando completar o número de jogadores necessários. Sitting out - Quando um jogador está ausente da mesa. Slowplay - Quando um jogador tem uma mão muito forte e não aposta muito, permitindo que outros continuem no jogo, tentando aplicar uma armadilha (trap). Slowrolling - Quando um jogador tem a melhor mão e demora, pensando na jogada, para pagar um all in do adversário. É considerado falta de respeito. Small Blind - Aposta obrigatória, colocada pelo jogador sentado na primeira posição. Spades - Naipe de espadas. Split - Empate, divisão do pot. Stack - Pilha de fichas. Steal - “Roubar” os blinds ou o pot.
Stick - Termo usado no Brasil para jogos Stud. Straight - Cinco cartas consecutivas de qualquer naipe, seqüência. Straight Flush - Cinco cartas consecutivas do mesmo naipe. Stud Games - Poker aberto, jogos em que os participantes recebem cartas fechadas e abertas, também chamados de Stick. Suckout - Quando um jogador consegue vencer um jogo melhor, nas últimas cartas. Suit - Naipe. Suited - Cartas do mesmo naipe.
T Takedown - Vencer a mão com o fold dos outros jogadores. Tight - Um jogador que não joga muitas mãos, que é seletivo; também pode ser a indicação de um jogo que não tem muita ação. Texas Hold'em - Também chamado de Hold'em, o tipo de jogo de poker mais popular atualmente. Neste jogo cada jogador recebe duas cartas pessoais e são viradas mais cinco cartas comunitárias na mesa. Cada jogador deve fazer uma mão de cinco cartas, podendo usar quaisquer das sete cartas disponíveis a ele. Three of a Kind - Trinca, também chamadas de trips. Tilt - Um jogador entra em tilt quando sofre uma derrota e fica tão abalado que começa a jogar de forma irracional. Top Pair - Par maior. Quando um jogador usa a carta mais alta do flop para fazer um par com uma das suas cartas. Trap - Armadilha. Quando um jogador tem uma mão enorme e induz outro a entrar na jogada, fazendo-o pensar que pode vencer. Turn - Em jogos de flop, é a quarta carta a ser distribuída. É a terceira rodada de apostas. Two Pair - Dois pares.
U Under the Gun ou UTG - A primeira posição depois do big blind.
Calendario_JM.qxp
4/20/07
8:06 PM
Page 2
Calendário internacional World Series of Poker 2007
Data 01 de junho 01 de junho 02 de junho 03 de junho 03 de junho 04 de junho 04 de junho 05 de junho 05 de junho 06 de junho 06 de junho 07 de junho 08 de junho 08 de junho 09 de junho 09 de junho 10 de junho 10 de junho 11 de junho 11 de junho 12 de junho 13 de junho 14 de junho 14 de junho 15 de junho 15 de junho 16 de junho 17 de junho 17 de junho 18 de junho 19 de junho 19 de junho 20 de junho 20 de junho 21 de junho 21 de junho 22 de junho 23 de junho 24 de junho 24 de junho 25 de junho 25 de junho 26 de junho 27 de junho 28 de junho 28 de junho 29 de junho 29 de junho 30 de junho 01 de julho 01 de julho 02 de julho 03 de julho 04 de julho 04 de julho 05 de julho 06 de julho
www.worldseriesofpoker.com
Hora Evento 12:00 17:00 12:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 12:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 12:00 17:00 12:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 12:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 12:00 12:00 17:00 12:00 17:00 12:00 12:00 17:00 12:00 12:00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53
12:00
54
12:00
55
Nome World Championship Mixed Hold'em (Limit/No-Limit) (3 dias) Funcionários do Casino No-Limit Hold'em (2 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) Pot Limit Hold'em (3 dias) Omaha/Seven Card Stud Hi-Low (3 dias) Limit Hold'em (3 dias) Pot Limit Omaha com Re-Buys (2 dias) No-Limit Hold'em com Re-Buys (3 dias) Omaha Hi-Low (3 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) World Championship Seven Card Stud (3 dias) No-Limit Hold'em / Six Handed (3 dias) World Championship Pot Limit Hold'em (3 dias) Seven Card Stud (2 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) H.O.R.S.E. (3 dias) World Championship Ladies No-Limit Hold'em (3 dias) World Championship Limit Hold'em (3 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) Seven Card Stud Hi-Low (3 dias) No-Limit Hold'em Shootout (2 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) Pot Limit Omaha (2 dias) World Championship Seven Card Stud Hi-Low (3 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) H.O.R.S.E. (3 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) Seven Card Razz (2 dias) No-Limit Hold'em / Six Handed (3 dias) World Championship Heads Up No-Limit Hold'em (3 dias) Seven Card Stud (2 dias) Pot Limit Omaha com Re-Buys (2 dias) Limit Hold'em (3 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) World Championship Omaha Hi-Low (3 dias) Pot Limit Hold'em (3 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) World Championship H.O.R.S.E. (5 dias) Mixed Hold'em (Limit/No-Limit) (3 dias) World Championship Seniors No-Limit Hold'em (3 dias) Pot Limit Omaha Hi-Low (2 dias) Limit Hold'em (3 dias) Omaha Hi-Low (2 dias) No-Limit Hold'em / Six Handed (3 dias) Seven Card Stud Hi-Low (3 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) 2-7 Triple Draw Lowball (Limit) com Re-Buys (2 dias) No-Limit Hold'em (3 dias) World Championship Pot Limit Omaha (2 dias) S.H.O.E. (2 dias) No-Limit Hold'em com Re-Buys (3 dias) Limit Hold'em Shootout (2 dias) Dia de Satélites World Championship NL 2-7 Draw Lowball Re-Buys (2 dias) Dia de Satélites / Evento para a Mídia World Championship No-Limit Texas Hold'em
Buy-In $ 5,000.00 $ 500.00 $ 1,500.00 $ 1,500.00 $ 2,500.00 $ 1,500.00 $ 5,000.00 $ 1,000.00 $ 1,500.00 $ 2,000.00 $ 5,000.00 $ 1,500.00 $ 5,000.00 $ 1,500.00 $ 1,500.00 $ 2,500.00 $ 1,000.00 $ 5,000.00 $ 2,500.00 $ 2,000.00 $ 1,500.00 $ 5,000.00 $ 1,500.00 $ 3,000.00 $ 2,000.00 $ 5,000.00 $ 1,500.00 $ 3,000.00 $ 1,500.00 $ 2,500.00 $ 5,000.00 $ 2,000.00 $ 1,500.00 $ 3,000.00 $ 1,500.00 $ 5,000.00 $ 2,000.00 $ 1,500.00 $50,000.00 $ 1,500.00 $ 1,000.00 $ 1,500.00 $ 2,000.00 $ 2,000.00 $ 5,000.00 $ 1,000.00 $ 2,000.00 $ 1,000.00 $ 1,500.00 $10,000.00 $ 1,000.00 $ 1,000.00 $ 1,500.00 $ 5,000.00 $10,000.00
Calendario_JM.qxp
4/20/07
8:06 PM
Page 3
Calendário nacional Circuito ABC de Poker 2007
www.circuitoabcdepoker.com
Data 13 de maio 02 de junho 21 de julho 19 de agosto 16 de setembro 07 de outubro 11 de novembro 02 de dezembro
Buy-In Domingo Sábado Sábado Domingo Domingo Domingo Domingo Domingo
R$ 150,00 R$ 150,00 R$ 150,00 R$ 150,00 R$ 150,00 R$ 150,00 R$ 150,00 R$ 150,00
LOCAL: Omega Texas Club – Estrutura: 5.000 fichas / níveis de 30min / Freezeout
Circuito Paulista de Hold’em 2007
www.circuitoholdem.com.br
Data 24 de fevereiro 24 de março 21 de abril 19 de maio 23 de junho 07 de julho 25 de agosto 22 de setembro 27 de outubro 01 de dezembro
Buy-In Texas Tatuapé All In Club All In Club A definir A definir A definir A definir A definir A definir Mesa dos Campeões
R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 500,00
Estrutura: 3.000 fichas / níveis de 30min / 1 Re-buy e 1 Add-on (5.000 fichas)
Brazilian Series of Poker 2007
www.bsop.com.br
Data
Local
10 e 11 de março 14 e 15 de abril 05 e 06 de maio 09 e 10 de junho 21 e 22 de julho 11 e 12 de agosto 08 e 09 de setembro 13 e 14 de outubro 17 e 18 de novembro 15 e 16 de dezembro
São Paulo Rio de Janeiro Balneário Camboriú São Paulo Rio de Janeiro Curitiba São Paulo Rio de Janeiro Belo Horizonte Mesa dos Campeões (a definir)
Estrutura: 10.000 fichas / níveis de 45min / Freezeout
Buy-In R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 2.000,00
Ranking_JM1.qxp
4/20/07
8:07 PM
Page 2
Rankings internacionais wpt 1 Tuan Le 2 Daniel Negreanu 3 Michael Mizrachi 4 Alan Goehring 5 Joseph Bartholdi 6 Martin De Knijff 7 Hasan Habib 8 Erick Lindgren 9 Nicholas Schulman 10 Gus Hansen 11 Rehne Pedersen 12 Doyle Brunson 13 David Matthew 14 Barry Greenstein 15 Scotty Nguyen 16 Hoyt Corkins 17 Gavin Smith 18 Paul Maxfield 19 Roland De Wolfe 20 Michael Gracz
wsop US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$
4.467.738 4.259.340 3.988.230 3.785.528 3.760.165 2.810.168 2.409.504 2.243.351 2.192.500 2.171.546 2.166.060 1.980.347 1.903.950 1.863.594 1.846.504 1.780.530 1.742.233 1.711.460 1.648.955 1.645.906
1 Phil Hellmuth 10 braceletes 1 Doyle Brunson 10 braceletes 1 Johnny Chan 10 braceletes 2 Johnny Moss 8 braceletes 3 Erik Seidel 7 braceletes 3 Billy Baxter 7 braceletes 4 T.J. Cloutier 6 braceletes 4 Men Nguyen 6 braceletes 4 Jay Heimowitz 6 braceletes 5 Phil Ivey 5 braceletes 5 Chris Ferguson 5 braceletes 5 Ted Forrest 5 braceletes 5 Layne Flack 5 braceletes 5 Berry Johnson 5 braceletes 5 Stu Ungar 5 braceletes 5 Gary Berland 5 braceletes 6 Allen Cunningham 4 braceletes 6 Scotty Nguyen 4 braceletes 6 Huck Seed 4 braceletes 6 Mais 9 jogadores possuem 4 braceletes
cardplayer 1 J.C. Tran 2 James Van Alstyne 3 Ted Lawson 4 Gavin Griffin 5 Marc Karam 6 Juan Carlos Alvarado 7 David Pham 8 Jared Hamby 9 William “Bill” Edler 10 Ted Forrest 11 John Hennigan 12 Raj Patel 13 Eric Hershler 14 Matthew Casterella 15 Joanne “J.J.” Liu 16 David “Devil Fish” Ulliott 17 Randy Holland 18 Paul Matteo 19 Chuck Kelley 20 Eugene Fouksman
4.332 2.848 2.430 2.352 2.080 2.061 2.010 2.010 1.936 1.925 1.920 1.920 1.920 1.920 1.748 1.662 1.614 1.600 1.600 1.544
Medalha de Ouro Felipe “fcarrico” Carriço Vencedor do Sunday Warm-up do PokerStars e do 300K do PartyPoker no mesmo dia
Medalha de Prata Fábio “Deu_Zebra” Monteiro Vencedor do FTOPS de PL Omaha com Re-buys
Medalha de Bronze João Marcelo “João M.” e João Monte “Vovo_Leo” Pelas inúmeras conquistas nos multi-tables do PokerStars
Ranking_JM1.qxp
4/20/07
8:07 PM
Page 3
Rankings nacionais abc
superpoker 1 João Marcelo 2 André Akkari 3 Marcos "XTTX" 4 Felipe Carriço 5 Salim Dahrug 6 Bruno Carriço 7 Rafael Caiaffa 8 João "Vovô Leo" Monte 9 Fábio "Deu Zebra" Monteiro 10 Marcelo "MGP" Ferreira 11 Igor “Federal” 12 Marco “Salsicha” 13 Thiago “TheDecano” 14 Hugo Adametes 15 Edmilson Tavares 16 Leandro “Brasa” Pimentel 17 Thiago Carriço 18 Christian "C.K" Kruel 19 Robinson “Robgol” 20 Fernando Bornhausen
33.250 25.659 22.951 21.122 20.196 19.825 18.642 18.595 17.594 16.383 14.243 11.304 11.213 10.672 10.519 10.424 10.332 10.116 9.470 9.405
1.880 1.080 960 918 900 720 720 640 558 540 480 450 450 418 365 360 360 270 270 240
cph
bsop 1 Sérgio Brun 2 Sérgio Braga 3 Vicenzo Camilloti 4 Eduardo Parra 5 Clement Hakim 6 Cyril Bernard 7 José BED 8 Salim Dahrug 9 Bruno Ferreira 10 Breno Apolinário 11 João Vilsoms 12 João Monte 13 Felipe Mojave 14 Gabriel Otranto 15 Rafael "Popeye" Salla 16 Ricardo Fernandes 17 Eric Mifune 18 Felipe “Pipo” Andrade 19 Rodolfo Dobbins 20 Pedro Stein
1 William Batista Arruda 2 Caio Fan 3 Eduardo Marra 4 Fernando Viana da Costa 5 Rogério Russo 6 Alencar Colin 7 William Bernardino 8 Thiago Yuji Sato 9 Marcello Alfieri 10 Eduardo Ferreira 11 Marcos Oliveira 12 André "Pardal" 13 Fernando de Moraes 14 Thiago Nishijima 15 Edy Souza 16 Jefferson Christian Vieira 17 Sérgio Sotero 18 Estefano N. M. Oliveira 19 Rodrigo Russo 20 José Irineu da Silva
569 389 346 339 281 273 270 261 250 219 200 199 189 180 170 162 160 159 149 147
1 Andre "Pardal" 2 Eduardo Parra 3 Julio Henrique Cecilio 4 Fernando Issas 5 Carlos Montefeltro 6 Fábio Esteves Carvalho 7 Marcelo Asensio 8 Ernest Kajiura 9 Wanderley Simonetti 10 Marcelo Ribas 11 Matheus Perrone 12 João Vilsoms 13 André Akkari 14 Valdemir Garrido 15 Sérgio Penha 16 Alexandre Silva Oliveira 17 Rafael Turíbio 18 Luiz Filipe 19 Paulo Pesotti 20 André Pagnillo
494 487 484 451 449 346 340 337 336 333 305 297 294 293 285 283 283 274 267 267
Mapas Torneios_JM.qxp
4/19/07
11:51 PM
Page 2
Mapa torneios SP& Online Mapa de Torneios São Paulo Segunda-feira
21:00
Texas Tatuapé
Hot 3K Garantido
Buy-in $50 / Re-buys $25 / Add-on $25
22:00
Allin Club
3K Garantido
Buy-in $50 / Re-buys $50 / Add-on $50
Terça-feira
22:00
Allin Club
15K Garantido
Buy-in $100 / Re-buys $100 / Add-on $100
Quarta-feira
21:00
Texas Tatuapé
5K Garantido
Buy-in $50 / Re-buys $50 / Add-on $50
22:00
Allin Club
3K Garantido
Buy-in $50 / Re-buys $50 / Add-on $50
21:30
Texas Tatuapé
Satélite Top 15K
Buy-in $10 / Re-buys $10 / Add-on $10
22:00
Allin Club
WSOP
Buy-in $200 / 1 Re-buy $200 / Add-on $200
21:30
Texas Tatuapé
Top 15K Garantido
Buy-in $100 / Re-buys $100 / Add-on $100
22:00
Allin Club
10K Garantido
Buy-in $50 / Re-buys $50 / Add-on $50
16:00
Allin Club
No Smoking
Buy-in $150 / Freezeout
20:00
Allin Club
Freeroll Feminino
Buy-in - ZERO / Prêmio - $500
20:00
Texas Tatuapé
Napolitano (Pizza)
Buy-in $30 / Re-buys $30 / Add-on $30
20:00
Omega
Sunday Pizza
Buy-in $30 / Re-buys $30 / Add-on $30
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
Domingo
Sujeito à alterações. Consulte os sites antes de se programar. All in Club (www.allinclub.com.br), Texas Tatuapé (www.texastatuape.com.br) e Omega (www.omegatexasclub.com.br)
Mapa de Torneios Online Segunda-feira
18:00
PartyPoker
Super Monday
Buy-in - US$ 162
00:00
FullTilt
1K Monday
Buy-in - US$ 1060
Terça-feira
18:00
PartyPoker
Super Tuesday
Buy-in - US$ 162
Quarta-feira
15:30
SimbaPoker
Freeroll Feminino
Buy-in - ZERO
18:00
PartyPoker
Super Wednesday
Buy-in - US$ 162
22:00
PokerStars
Wednesday 150K
Buy-in - US$ 320
Quinta-feira
18:00
PartyPoker
Super Thursday
Buy-in - US$ 162
Sexta-feira
18:00
PartyPoker
Friday Special
Buy-in - US$ 215
Sábado
18:00
FullTilt
40K Guaranteed
Buy-in - US$ 322
18:00
PartyPoker
Saturday US$ 320
Buy-in - US$ 320
14:30
SimbaPoker
2K Guaranteed
Buy-in - US$ 20
15:00
PokerRoom
Big Deal 50K Guaranteed
Buy-in - US$ 320
15:45
PokerStars
Sunday Warm-Up
Buy-in - US$ 215
15:45
PartyPoker
200K Guaranteed
Buy-in - US$ 215
18:00
PartyPoker
Sunday US$ 530
Buy-in - US$ 530
19:00
Bodog
100K Guaranteed
Buy-in - US$ 109
19:30
PokerStars
Sunday Million
Buy-in - US$ 215*
21:00
FullTilt
300K Guaranteed
Buy-in - US$ 216
22:45
PokerStars
Weekly HORSE
Buy-in - US$ 215
00:30
FullTilt
Sunday Night HORSE
Buy-in - US$ 216
Domingo
* O Sunday Million do PokerStars possui o buy-in tradicional de US$215, com edições especiais de US$530 mensais e US$1060 trimestrais.
Mapas Torneios_VEGAS.qxp
4/20/07
8:09 PM
Page 2
Mapa torneios Las Vegas Mapa de Torneios Las Vegas Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
Domingo
14:00
Bellagio
US$540
Freezeout
16:00
Luxor
US$50
Freezeout
19:00
Mirage
US$230
Freezeout
19:00
Tuscany
US$22
Freezeout
12:00
Wynn
US$330
Freezeout
14:00
Bellagio
US$540
Freezeout
16:00
Luxor
US$50
Freezeout
19:00
Mirage
US$130
Freezeout
19:00
Tuscany
US$22
Freezeout
20:00
Venetian
US$130
1 Re-buy
12:00
Luxor
US$30
Freezeout
12:00
Wynn
US$330
Freezeout
14:00
Bellagio
US$540
Freezeout
19:00
Mirage
US$230
Freezeout
19:00
Tuscany
US$22
Freezeout
20:00
Venetian
US$130
1 Re-buy
12:00
Wynn
US$330
Freezeout
14:00
Bellagio
US$540
Freezeout
16:00
Luxor
US$50
Freezeout
19:00
Mirage
US$230
Freezeout
19:00
Tuscany
US$22
Freezeout
20:00
Venetian
US$130
1 Re-buy
12:00
Luxor
US$30
Freezeout
12:00
Wynn
US$540
Freezeout
12:00
Venetian
US$540
Freezeout
14:00
Bellagio
US$1.080
Freezeout
19:00
Tuscany
US$22
Freezeout
20:00
Venetian
US$200
Freezeout + Bounty
12:00
Luxor
US$30
Freezeout
12:00
Venetian
US$540
Freezeout
14:00
Bellagio
US$1.080
Freezeout
19:00
Tuscany
US$22
Freezeout
12:00
Luxor
US$30
Freezeout
17:00
Mirage
US$430
Freezeout
19:00
Tuscany
US$22
Freezeout
20:00
Venetian
US$130
1 Re-buy
Torneios e horários sujeitos à alterações.
Tabela de Outs e Odds_JM.qxp
4/19/07
8:19 PM
Page 2
Tabela de Outs e Odds 1
Chances de receber mãos iniciais
2
AA AKs AKo Qualquer par Qualquer Ás Qualquer connector Qualquer suited connectors
220:1 331:1 110:1 16:1 6:1 5:1 25:1
Ao menos um par sem ter par na mão
2:1
Trinca, tendo um par na mão
7,5:1
Quatro para um flush, tendo duas do mesmo naipe
Flush pronto, tendo duas do mesmo naipe
8:1 118:1
Seqüência de duas pontas, tendo connectors
11:1
Seqüência pronta, tendo connectors
78:1
Número de outs que melhoram sua mão
3
Se você tem
Possui
Par Dois pares Meio de seqüência (racha) Duas pontas Quatro para um flush Duas pontas de straight flush
2 outs 4 outs 4 outs 8 outs 9 outs 15 outs
4
Chances aproximadas de acertar no flop
Para fazer Trinca Full House Seqüência Seqüência Flush Seqüência, Flush ou Straight Flush
Chances de acertar as outs
Outs
Acertar no turn (%)
Acertar no river (%)
Acertar no turn ou river (%)
42,6 40,4 38,3 36,2 34,0 31,9 29,8 27,7 25,5 23,4 21,3 19,1 17,0 14,9 12,8 10,6 8,5 6,4 4,3 2,1
43,5 41,3 39,1 37,0 34,8 32,6 30,4 28,3 26,1 23,9 21,7 19,6 17,4 15,2 13,0 10,9 8,7 6,5 4,3 2,2
67,5 65,0 62,4 59,8 57,0 54,1 51,2 48,1 45,0 41,7 38,4 35,0 31,5 27,8 24,1 20,4 16,5 12,5 8,4 4,3
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 09 08 07 06 05 04 03 02 01
Como utilizar Exemplo 1: Você tem quatro cartas para fazer um flush, portanto vê que possui 9 outs, pela tabela 3. Consultando a linha de 9 outs na tabela 4, você sabe que a chance de acertar o seu naipe para o flush no turn é de 19,1%, e de 19,6% de acertar no river. A chance combinada, de acertar no turn ou river, é de 35%. Exemplo 2: Você tem uma seqüência de duas pontas, portanto possui 8 outs. A chance de acertar sua seqüência no turn é de 17%. Caso não acerte, tem mais 17,4% de chance de acertar no river. A chance combinada, de acertar sua seqüência no turn ou river, é de 31,5%.
~
S o m o s t a o l o u c o s p o r P o k e r
q u e d e m o s e s s e n o m e
p a r a n o s s o f i l h o m a i s n o v o .
T E XA SH O L D ’ E MC O P A G O b a r a l h o o f i c i a l d o s e uj o g o p r e f e r i d o .
1 0 0 %
P L Á S T I C O
F o r ne c e do r ao f i c i a l doWor l dSe r i e sofPoke rpo rdo i sa no s s e gui do s , aCOPAGéumada sma i o r e si nc e nt i v a do r a sdoPo ke r noBr a s i l . Vi s i t eno s s al o j av i r t ua l www. c opag. c om. br .