Revista Degustacao Site

August 5, 2018 | Author: Mauro de Sá | Category: Beer, Foods
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 Julho / Agosto 2014 | Revista da Cerveja |

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#11 Julho 2014 Quarto bimestre de 2014  Julho e agosto Porto Alegre/RS

Editor e Diretor Responsável: Fabrício Responsável: Fabrício Scalco Diretor Editorial: Emílio Editorial: Emílio Chagas Conselho Editorial: Editorial: Arthur Winter, Eduardo Bier, Gustavo Dal Ri, Herbert Schumacher , Kátia  Jorge, Marcelo Marcelo Scavone, Scavone, Mauríci Maurício o Chaulet, Chaulet, Paulo Dalla Santa, Santa, Pedro Pedro Braga, Braga, Rodrigo Tomasel, Ronaldo Lague, Sady Homrich, Werner Emmel e Vitório Levandovski Colaboradores: Afonso Fraga Lendini, Alberto Nascimento, Amanda Reitenbach, Associação Colaboradores: Afonso Brasileira de Sommerliers de Cerveja, Carlos Vitor Alber, Diego Cartier, Herbert Schumacher,  Jorge Gitzler, Marcelo Cury, Ricardo Rosa, Ronaldo Rossi e Sady Homrich Redação: Letícia Redação:  Letícia Garcia Estagiária de Jornalismo: Júlia Jornalismo: Júlia Klein Bondan Direção de Arte: Giovani Arte: Giovani Urio Foto de Capa: Marco Rossi Departamento Comercial: João Comercial: João Batista Bergamaschi e Silvana Fuhrmann Ponto de Venda: Sharlize Prates Assinaturas: Diogo Paim Tiragem: 10.000 exemplares

CONTATOS www.revistadacerveja.com.br [email protected] Rua Uruguai, 91. Sala 201 – Centro Histórico, Porto Alegre/ RS – CEP 90010-140 Redação: (51) 3779.7094 | Comercial: (51) 3093.2094 Assine: [email protected] Anuncie: [email protected] Seja um Ponto de Venda: [email protected] Venda:  [email protected]

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EDITORIAL  A efervescente cena cervejeira brasileira Como já foi dito, quem faz cerveja artesanal no Brasil é um herói. Realmente, com todas as dificuldades, restrições e, principalmente, com a injusta realidade tributária, só mesmo a paixão cervejeira para mover os persistentes microcervejeiros e homebrewers brasileiros – que amargaram mais uma derrota ao não verem a cerveja artesanal ser incluída no Simples Nacional. Mas a luta e as reivindicações continuam: muitas reuniões ainda serão feitas até que se mude esta realidade. A Revista da Cerveja  já nasceu com a bandeira de defender os interesses da cultura cervejeira do país e segue nesta luta. Uma luta que já mostra grandes resultados, como vemos nesta edição: uma proliferação de festivais e encontros cervejeiros que movimentam milhares de produtores e adeptos em todo o Brasil. Minas Gerais (Brasil Bier/South Bier Cup), Santa Catarina (I Congresso écnico para Cervejeiros Caseiros) e Espírito Santo (ExpoBeer) são alguns exemplos de eventos bem sucedidos nos últimos meses – isto sem falar dos que estão programados, como o próximo Mondial de La Bière, em novembro, novamente no Rio de Janeiro/RJ, período em que estará acontecendo também o próximo Encontro Nacional das Acervas, em Salvador/BA, só para citar alguns. Encontros que reúnem o melhor da produção cervejeira brasileira e atraem nomes internacionais, de peso, para conferir a qualidade da nossa produção. Nomes que a cada edição enriquecem os leitores com suas entrevistas em nossas páginas, como Brian Strumke, que veio fazer cervejas colaborativas em cervejarias pelo Brasil, Günther Tömmes, que participou da criação da primeira cerveja do país no milenar estilo Gose, e John Palmer, autor cervejeiro que palestrou do I Congresso écnico para caseiros, entre outras feras do mundo cervejeiro – além de nossos consagrados colunistas. E, para saborear, mais de 10 páginas de harmonização, trazendo as delícias da gastronomia peruana. É ou não, uma revista recheada de novidades? Bom proveito!

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 Julho / Agosto 2014 | Revista da Cerveja |

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ÍNDICE 38. Brett em Cultura Cervejeira    r    u    s    n    a    M    l    e    i    n    a    D    :    o    t    o    F

40. O lançamento do livro “Cerveja para leigos” 42. Música trash metal e cerveja True 44. Sidras com os Caçadores de Cerveja 46. Apreciadores e as coisas boas da vida

12. A fábrica Backer 

48. Novidades e lançamentos

18. Blends com o burgomestre Sady Homrich 20. Baviera Boutique Bar e sua carta dinâmica 22. Os prêmios da curitibana GaudenBier

   o    c    l    a    c    S    o    i    c    í    r    b    a    F    :    o    t    o    F

52. Günter ömmes As ideias do mago da cerveja

24. Harmonização Cervejas harmonizando com pratos peruanos

58. Descobertas Científicas 60. Notícias: Procon-RJ e Simples Nacional Foto: Thaís Marini Maciel

62. Novidade Espaço da Abracerva

72. Congresso técnico

98. Viagem pelas cervejas da Califórnia

para os caseiros

64. A cobertura da 8ª Brasil Bier e da IV South Beer Cup

68. Eventos cervejeiros e uma agenda detalhada 82. Experiência cervejeira no Amazonas

104. Fazendo uma Brown Ale com a ArteBrew  Foto: Letícia Garcia

100. Museu da Cerveja e as raízes cervejeiras de Blumenau

84. O conhecimento do mestre-cervejeiro Gustavo de Miranda 86. Análise de mais premiadas no Festival

   o    i    r    U    i    n    a    v    o    i    G    :    o    ã    ç    a    r    t    s    u    l    I

76. Especial  Design de rótulos    o    ã    ç    a    g    l    u    v    i    D    :    s    o    t    o    F

88. Roteiro no caminho de Goiás

90. Cerveja em alto-mar com Herbert Schumacher

92. Entrevista Brian Strumke, da Stillwater

   o    c    l    a    c    S    o    i    c    í    r    b    a    F    :    o    t    o    F

110. A última parte da série Paladar, no Beer Sense 112. Leveduras em Artimanhas Caseiras, com Ricardo Rosa 114. A aposta da Acerva Amazonense

Harmonização

Sommelier Rosária Penz Pacheco

O desafio de harmonizar cervejas com

 pratos peruanos  Apesar de ter muito pouco tempo no meio cervejeiro, menos de um ano, Rosária já tem uma trajetória vitoriosa. Aos 40 anos, esta ex-executiva de contas de banco abandonou a carreira para se dedicar à cerveja. Natural de Porto Alegre/RS, formada em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com MBA em Gestão de Sustentabilidade pela FGV de São Paulo e Sommelier de Cervejas pelo Senac/Doemens de São Paulo e Instituto da Cerveja, em Porto Alegre, ela já se classificou como a 5ª melhor sommelier no 1º Campeonato de Sommelier de Cerveja do Brasil. Para ela, o “casamento” com o chef é a melhor solução para não se ter surpresas nas harmonizações.  Aqui, ela harmoniza cervejas com os pratos peruanos do chef Carlos Nevado.

Novidades

Babá de cervejeiro

 ja pra cachorro  ve Cer

Fazer cer ve ja é dif ícil, trabalhoso, mas é uma paixão, por isso os homebre wers não deixam de f azer. Pensando nisso, a empresa Bre wNann y (EUA) lançou uma a judinha no mercado. Um sistema que a juda na elaboração de receitas, f acilitando o processo para manter o padrão. As opções de babá mais simples custam cerca de 300 dólares e já são comercializadas no Brasil. Para saber mais, acesse  w w w.bre wnann y.com

E não é que o melhor amigo do homem  também merece uma cer ve jinha ? Foi isso que o empresário Marco Melo pensou quando idealizou a Dog Beer (R J). É claro que não con tém álcool e nem nada que possa pre judicar os cachorros: em ou tras pala vras, é um pe tisco líquido, com gos to de carne e rico em nu trien tes.

   o    ã    ç    a    g    l    u    v    i    D    :    s    o    t    o    F

In vic ta (SP) + Sixpoin t (EUA) American Uma AB V e 5,8% IPA com 60 IBU. Com di versos mal tes e lúpulos aromá ticos, a recei ta segue os precei tos de uma Session IPA, para ser consumida  todos os dias, como o nome sugere.

Cerve  ja heróica Em junho rolou a Denver Comic Com (EUA), uma grande convenção de fãs da cultura pop. Além de pessoas fantasiadas, há cerveja na convenção! Pelo terceiro ano consecutivo, a Breckenridge Brewery produziu a cerveja ofcial do evento, que é uma American Amber Ale limitada e exclusiva da Comic Con. Neste ano, o homenageado pela bebida foi o Batman!

Capa

ica  g  á m  ja e v   r  e c a d m e m O ho Fo to: Fabrício Scalco

Ele cresceu na pequena Bitburg, em Eifel, também chamada de Beer Town (Cidade da Cerveja), no oeste da  Alemanha, há 51 anos. A cidade tem apenas uma cervejaria, a Bitburger. Atualmente vive em Viena, onde a Ottakringer é a maior e a melhor cervejaria. Sobre sua cervejaria, a Bierzauberei, ele diz que tentou estabelecer alguns tipos clássicos de Ales no mercado cervejeiro da Áustria, que não eram muito conhecidos há alguns anos e tenta recriar estilos ou “receitas perdidas”, além de fazer cervejas experimentais, com ingredientes inusitados e sabores condimentados. Grande conhecedor da Lei da Pureza Alemã (Reinheitsgebot), tema sobre o qual veio falar na última Brasil Brau, de 2013, ele diz que 70% da cerveja fabricada na Áustria é do estilo Märzen, de média lupulagem e mais doce que as Lagers normais, estilo do qual ele não gosta. Vendeu a sua cervejaria no final de 2013, atuando desde então como cervejeiro cigano e produzindo, aproximadamente, 30 hl por mês.

Eventos cervejeiros

MINAS CERVEJEIRA De 22 a 25 de maio, Belo Horizonte foi palco da 8ª Brasil Bier, evento que este ano ganhou corpo, trazendo mais de 40 cervejarias, uma  programação recheada e a IV South Beer Cup.

Pela oitava vez, a terra da cachaça mostrou que sabe valorizar a forte produção cervejeira dos mineiros. Dividindo o espaço do Centro de Eventos Expominas com a 24ª edição da já consolidada Expocachaça, o evento este ano contou com 48 estandes do setor cervejeiro, que puderam ser conferidos pelas cerca de 30 mil pessoas que circularam durante os quatro dias. Mais que um festival de bebida, a Brasil Bier busca se tornar referência para negócios. “Não é um festival só para se beber cerveja: é uma oportunidade de fazer negócios, de conversar com as pessoas, de se trocar ideias”, diz José Lúcio Mendes, diretor de marketing. “É uma feira de produtos, serviços, equipamentos e insumos. É uma feira da cadeia. E existe sinergia entre a cadeia produtiva da cachaça e da cerveja”, diz. Palestras, premiações e o engajamento dos cervejeiros marcaram esta edição.

   a    i    c    r    a    G    a    i    c    í    t    e    L    :    s    o    t    o    F

 Agende-se  Degusta Beer & Food

 DUM Day

1 a 3 de agosto

19 a 20 de julho

Imigrantes/SP www.degustabeerandfood.com.br

Curitiba/PR  www.dumcervejaria.com.br

Agora com edições anuais, o Degusta Beer & Food, em novo formato, traz ainda mais sabores para os consumidores de cerveja. Em sua última edição, em 2013, reuniu 60 expositores, mais de 8 mil visitantes e proporcionou a escolha de mais de 400 rótulos diferentes. Ultrapassando a degustação de cerveja, o antigo salão da Brasil Brau torna-se independente, trazendo o conceito de harmonização. De 1 a 3 de agosto, a comunidade cervejeira e gastronômica se encontra no Centro de Exposições Imigrantes, em Imigrantes, São Paulo/SP. Os ingressos estão à venda pelo site www.degustabeerandfood.com.br

Celebrando mais um aniversário, o DUM Day chega proporcionando dois dias inteiros de boas cervejas. Como sempre, o evento funciona com ingresso antecipado que dá direito a um copo de vidro, degustações e, claro, a festa!

 IPA Day Brasil 30 de agosto

Ribeirão Preto/SP www.facebook.com/IPADayBrasil Tradicional evento para os fãs do amargor, o IPA Day Brasil celebra o lúpulo e um dos estilos mais quistos da comunidade cervejeira, as India Pale Ale. Os ingressos antecipados sempre acabam sendo vendidos rápido, uma prova do sucesso da festa.

 Mondial de La Bière 11 a 14 de setembro

Mulhouse/França www.festivalmondialbiere.qc.ca

 Mondial de La Bière Rio 20 a 23 de novembro

Rio de Janeiro/RJ www.festivalmondialbiere.qc.ca

 III Encontro Aberto CervaSinos 23 de agosto

São Leopoldo/RS www.cervasinos.blogspot.com Para fortalecer e difundir a cultura cervejeira no Vale do Sinos (RS), a CervaSinos promove encontros abertos onde os sabores e os aromas tomam conta, com os mais diversos estilos de cerveja. Entre as cervejarias confrmadas, estão A Lenda Bier, Baldhead, Irmãos Ferraro, Maniba, Seasons, entre outras.

The British Beer Day 19 de julho

Porto Alegre/RS www.acervagaucha.com.br

Fundado em 1994, o festival consagrou-se como um dos principais eventos cervejeiros do mundo, acontecendo na França, no Canadá e no Brasil. A 2ª edição do tradicional festival cervejeiro desembarca em terras cariocas, trazendo mais de 600 rótulos de cerve jas especiais para degustação e diversos workshops e talk-shows com grandes nomes da cultura cervejeira.

A Acerva Gaúcha promove um dia para degustação dos estilos ingleses, com brassagens coletivas, palestras sobre estilos, ingredientes e técnicas inglesas, além do concurso de “Melhor Cerveja do Dia” e um grande almoço.

Floripa no centro do conhecimento e da

técnica cervejeira Eram apenas 250 vagas e a expectativa  grande para esse primeiro evento da Acerva Catarinense concebido dentro de um enfoque exclusivamente técnico para os cervejeiros caseiros. E a artilharia foi pesada, com nomes internacionais altamente qualificados, como  John Palmer, Stan Hieronymus, Brad Smith e a brasileira Katia Jorge – Colin Kaminiski acabou não vindo por problemas de obtenção de visto. Todos nomes consagrados mundialmente que dispensam apresentações. Durante dois dias, num dos auditórios do Hotel Castelmar, centro de Florianópolis, foram despejadas toneladas de informações cervejeiras muito técnicas para uma  plateia atenta e interessadíssima, vinda de vários estados (RS, PR, ES, CE, entre outros), da capital catarinense, do interior e até do Paraguai.

Mas por que a escolha deste enfoque predominantemente técnico? Ronaldo Dutra Ferreira, o diretor jurídico da Acerva, escalado pela presidência da entidade para ser o organizador do evento, explica: “Foi porque os cer vejeiros caseiros estão atingindo um nível de amadurecimento em que o próximo salto passa por um aprimoramento técnico. Normalmente os eventos cervejeiros estão relacionados em beber cerveja e queríamos transcender isso, mostrar que existe necessidade de estudar também”. E haja estudo: palestras como “Aprendendo a brassar como um monge”, do jornalista Stan Hieronymus, editor do site Real Beer, prenderam a atenção de todos. Afinal, não é todo dia que se pode ouvir uma autoridade deste calibre falar sobre a cervejaria-mosteiro Westvleteren, da Bélgica, e toda a mística que a cerca. Ele, que escreveu o livro “1001 Beers You Must aste Before You Die”, também proferiu outra palestra, sobre lúpulos. Por sua vez, uma das sensações do encontro, John Palmer – sempre muito solicitado, com toda sua autoridade cervejeira, autor do clássico “How o Brew” – também fez duas palestras: “O que, por que e como ajustar a água” e “5 pontos-chaves para cervejeiros caseiros”. Interação completa de palestrantes e plateia

As outras palestras foram “Elaborando receitas”, com Brad Smith, e “Gestão sensorial”, com Katia Jorge, que, com o seu conhecimento e didática, envolveu completamente a plateia. “A análise sensorial deixou de ser específica de cada um, passou a ser uma ciência estatística”, diz. Conhecida por ser uma entusiasta do movimento cervejeiro, afirmou que passaria o dia inteiro falando para a plateia, avaliando o sucesso do evento. Sobre a nova realidade cer vejeira do país, diz que “estamos escrevendo a nossa história e quero ver no BJCP o brazilian style”. E, para isso, certamente eventos como esse vão contribuir muito. Foi, como explica Ronaldo, totalmente organizado por cervejeiros em seu tempo livre, sem a participação de nenhuma empresa profissional. “O evento se  vendeu e acredito que todos tenham voltado para suas casas satisfeitos. Os palestrantes ficaram 100% do tempo à disposição de todos,

Especial

O D A P M ES TA A F A R R A NA G uma gôndola , os em r ca sta de se e o ir o públic r as caracterí sticas Utili zados para atra tra os m de on   , l  pe  pa o nov  rótulos assumem um e jaria é necessário. rv  ce ia  pr ó  pr da s da cerv e ja e as ideia

A degustação de uma boa cerveja começa muito antes do primeiro gole. A questão estética da própria embalagem prepara para o ritual, dando ao cliente maiores informações sobre o produto e sobre a filosofia da própria marca. Um bom rótulo é aquele que, além de trazer as informações exigidas pelo MAPA, traz elementos que possam dar uma ideia do que encontrar dentro da garrafa. No Brasil, diversas empresas já investem neste processo que consagra e diferencia cada cerveja. Segundo um dos mestres do design de rótulos cervejeiros, Randy Mosher, a embalagem precisa ser planejada, pois é o primeiro momento que pode chamar a atenção do cliente. Mosher é responsável por rótulos internacionais e nacionais, como os da cer vejaria paulista Colorado e da Amazon Beer. rabalhando há mais de 25 anos no mercado, Randy formou-se em Design Gráfico pela Universidade de Cincinatti nos anos 70 e há mais de uma duas décadas produz cerveja caseira. Com grande paixão pela bebida, o designer especializou-se nos produtos cervejeiros, principalmente em rótulos, e hoje é um dos nomes internacionais mais respeitados do ramo. No Brasil, o trabalho específico de design de rótulos e materiais cervejeiros também vem surgindo, com profissionais que, além de tudo, são apaixonados pela bebida. Robson Vergilio é sommelier de cervejas, beer judge do BJCP (Beer Judge Certification Program) e designer especializado no assunto. Começou a trabalhar com o tema específico quando encontrou esta falha no mercado, com a falta de profissionais especializados. Hoje em dia, além da criação dos materiais, ministra cursos de design direcionado, além de prestar consultoria para cervejarias, e orgulha-se de seu extenso portfólio de clientes exigentes, que totaliza mais de cem trabalhos feitos. Aqui estão alguns exemplos de cer vejarias que inovaram e trouxeram formas diferentes de exibir seu produto para o público, seja com identidade visual, nova forma de apresentar a cerveja ou um jeito diferente de fazer o rótulo.

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 ia 2Ca beça A cer ve jar no surreu-se (R J ) insp iro r t is tas como a a a l ismo de or Da lí para . ad   v  l a  S  to u o Bruno C cr iação de

Super dif er en t e, o r ót ulo da Mediev al sug er e uma bebida de ou t r as époc as, da Bac ke   r ( MG), t ambém da A g ên   c ia    P o pu lu   s    ado s o f s t ic  s e  s  ta  ( M G ),  i ma l  is a Wä l s e la  s m i n d  lo a   u  t   m  l ó  R  p aa

 ra m c r iada  i nco r po a Pe t ro le u m, co mo n Fo fa to  A gência

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e jar ia Ir mãos F er ra   r o ( RS) já g a nh

ou pr êmio pela qual idade de impr essão do s r ót ulos f eit os pela A g en   c ia    B la  n   k 

e ja r ia A ce r v  R )  ( P  D U M  - se    i  i n s p ra p r ia  na p ró ,  rece i ta do a co n ta n do  ia  h i s tó r o m a c   lo   i  t b e s a D -La d e  t a r

Irrev erência nos rótulos marca as cerv e jas criativ as da Urbana (SP), f eitos pelo sócio F er nand o P ier at ti  .

 l  in ha A no va e ja r ia  v da ce r  R S ),  (  o e  B a r c  y, s u r g a A l l D  t u lo s ó co m r  no s  r e  mod  ze m a    t q ue r  ta da  i e c o s a re , c r iad  ja e ce r v  s i g ne r e  pe lo d Cardo so o   g i r Rod

o ra  Ve nced  so  r  u c do co n  s no  lo de ró t u a l de  Fe s t  iv , a a u  B l u me n  C ia a d  Mo ra  ( P R ) a  E t í l ic co m o  b r i nca ce r a e s t  ilo d  bé m  m  ve ja, ta  pe la  fe i to s b. D -La

A Linha de r ót ulos inspir ada em flm es de cow bo y est ampa a linha 3 Lobos da Bac ke   r ( MG), pela A g ên   c ia    P o pu lu   s   

Brassagem coletiva

   r    e    k    c    e    B    o    ã    o    J    l    a    o    s    s    e    p    o    v    i    u    q    r    A    :    o    t    o    F

Sabor da foresta

Uma expedição cervejeira para o coração da Amazônia proporciona novos olhares para a cultura cervejeira

Repleta de natureza e sabores exóticos, a Amazônia proporciona novos ingredientes para a gastronomia e também para a cerveja. Um grupo de entusiastas da cultura cervejeira, composto por Edu Passarelli, João Becker, Ney Messias, Paulo Schiaveto e Ricardo Gluck-Paul, foi até o Pará acompanhar o início de um projeto: a criação de uma microcervejaria em Belém, que utilizará ingredientes locais em suas receitas. Antes de começar a brassagem, os participantes da trip cervejeira foram conhecer o mercado Ver-o-Peso, um dos maiores da América Latina. odos os tipos de alimentos são encontrados lá, que conta até mesmo com o comércio de cobras. Alguns dos produtos conhecidos durante a viagem

foram o tucupi e o jambu, já utilizados por grandes nomes da gastronomia internacional, como o brasileiro Alex Atala. Para saber mais sobre as variedades das frutas, raízes e ervas amazônicas, a equipe, que até então era composta pelos cer vejeiros João Becker e Paulo Schiaveto, contou com a ajuda do chef Ofir Oliveira, que há décadas trabalha na divulgação e valorização da culinária amazônica e é um dos principais responsáveis pela introdução dessa culinária na Europa. “A gente percebe que produzir cerveja é muito parecido com fazer comida. Ela vai pra panela, jogam-se os ingredientes, cozinha, ferve... A nossa culinária é uma das mais ricas e saborosas do mundo e isso é porque nossos ingredientes são muito ricos e variados. enho certeza que com eles é possível

Roteiro internacional

Um cruzeiro pelo Mar do Norte no navio AIDAsol (Amsterdam, Zeebrugge, Le Havre, Southampton, Hamburgo) Por Herbert Schumacher – Beer sommelier e proprietário da Cervejaria Abadessa [email protected] 

Vocês devem estar se perguntando o que tem a ver roteiros cervejeiros internacionais com um cruzeiro pelo mar do norte, certo? A princípio, não tem nada a ver... Não fosse por um detalhe: a bordo deste navio foi montada uma cervejaria!

“Nós sabemos que uma Brauhaus/Cervejaria é o local preferido dos alemães e onde eles passam a maior parte do tempo”, diz o diretor da AIDA Cruises, Michael Tamm. Além, disto foi desejo dos passageiros haver uma cervejaria a bordo e assim aconteceu. O sucesso foi tão grande que outros navios já possuem o mesmo equipamento para produção de cerveja e mais um está em planejamento. A AIDA Cruises é a única armadora do mundo que tem instalado em três de seus navios, AIDAsol, o AIDAstella e o AIDAblu, equipamentos para a produção de cerveja.

O mestre-cervejeiro e marinheiro responsável pela produção no AIDAsol, André Klein, ficou entusiasmando com a ideia há dois anos, quando foi convidado para produzir cerveja dentro de um navio. Ele trabalha com um ciclo de quatro meses a bordo do navio e dois meses em terra firme, de férias. Moleza? Claro que não, dentro do navio não tem dia livre, são sete dias de trabalho por semana! Segundo André Klein, seu dia começa cedo. Ele tem que controlar os tanques e canos, providenciar a matéria-prima para produção, produzir na sua sala de brassagem, com capacidade de 500 litros, e cuidar das cerve jas. A cervejaria tem uma capacidade total de 13 mil litros e os passageiros consomem, aproximadamente, 2,5 mil litros por viagem de 10 dias. A cervejaria foi montada no décimo andar do navio, juntamente com um Biergarten, ao seu lado, naturalmente com vista para o mar. Perguntado sobre qual é a diferença entre produzir cerveja dentro de um navio ou em terra firme, Klein demonstra tranquilidade. “Difícil foi adaptar tecnicamente a cervejaria às condições do navio em seu meio“, conta. Naturalmente, os equipamentos tiveram que ser adaptados para o movimento do navio, principalmente em dias de mar agitado. Como nós sabemos, a cerveja “não gosta” de ser agitada.

Entrevista

Brian Strumke 

Um cervejeiro on the road

Sem dúvida, ele se envolveu com duas coisas boas na vida: música e cerveja. Natural de Baltimore, Maryland/EUA, Brian também atacava como produtor e DJ, produzindo música eletrônica. Porém, parou em 2004, cultivando um novo hobby: cerveja, estudando lúpulos e maltes. Nascia a Stillwater Artisanal  Ales. Começou nos fundos da sua casa e “viciou” na nova atividade, pensando em fazer cer veja e continuar viajando. Surgiu, então, a ideia de ser um cervejeiro cigano. Ele veio ao Brasil pela primeira vez – para fazer cervejas , claro.

Foto: Fabrício Scalco

A primeira cerveja feita profissionalmente foi uma Saison, chamada de Stateside Season, com lúpulos neozelandeses Nelson Sauvin, o que gerou um leve frutado de vinho. “Nenhuma das minhas cervejas tem um estilo definido, eu pego elementos de diferentes estilos e junto. Fico entediado com as coisas feitas sempre do mesmo jeito”, explica. Inquieto (como um bom cigano), continua mantendo uma casa em Baltimore, um bar e um restaurante. “A maior parte da minha vida é na estrada, trabalhando em um brewpub em São Francisco, então eu vivo basicamente entre essas duas cidades”. Como cervejeiro cigano, fez sua primeira cerveja fora de Baltimore na cervejaria Dog Brewing. Depois disso vieram  viagens (e cervejas) para a Bélgica, Dinamarca, Itália, Espanha, Alemanha, França e agora o Brasil. O roteiro segue e prevê Austrália, Japão e Canadá – todos países onde já se encontra a Stillwater. “Estou tentando passar por todo o mundo”, diz. As relações com o Brasil, apesar de recentes, são intensas. O beer sommelier Marcelo Cury foi um dos que abriu as portas do mercado brasileiro (e cervejeiros) para ele. Veio fazer cerveja com quatro diferentes cervejarias: Carambola, com a 2Cabeças (RJ), Saison de Caju, com a upiniquim (RS), além da Way Beer (PR) e da Morada (PR). odas, segundo ele, são interpretações diferentes, mas o que mais buscou fazer foi usar ingredientes brasileiros, como frutas da Amazônia e da floresta. Na upiniquim, por exemplo, entraram caju e manga, frutos fermentados com Brettanomyces, lúpulo cítrico Amarillo, “para ficar bem frutada e aromática”. Como é visto? “Nos Estados Unidos pensam que eu faço cerveja belga, mas na Bélgica eles me acham um pouco louco, então eles pensam que eu sou muito americano. Eu acho que a Stillwater é extremamente americana por causa de sua mentalidade, constante busca por quebrar as regras”, afirma. Como um cervejeiro global que, porém,  valoriza os ingredientes e a realidade local, manda o seu recado aos brasileiros: “Abracem o Brasil e a sua cultura, peguem inspiração do mundo todo, mas façam cerveja brasileira!”.

Histórias cervejeiras

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 Museu  histórico-cervejeiro O Museu da Cerveja celebra e resgata a tradição cervejeira do Vale do Itajaí 

Um degrau separa o saguão do museu de um mergulho na antiga produção cervejeira de Blumenau. Um degrau e equipamentos de moagem, balanças de lúpulo, arrolhadoras e tachos de madeira levam de volta ao século XIX, quando a produção cervejeira chegou ao Vale do Itajaí com os imigrantes alemães. Equipamentos, imagens e textos que estão ali para lembrar que a cerveja faz parte da história da região, não apenas como bebida apreciada, mas também como parte da economia e do modo de  vida dos habitantes. Através da parede de vidro ao fundo do museu, em que é visível a armação em enxaimel, típica das casas alemãs, é possível ainda ver o Rio Itajaí-Açu, que há 150 anos alimentava a produção cervejeira da região.

Fazendo cerveja

Por Afonso Fraga Landini Cervejeiro e homebrew, formado em Tecnologia Cervejeira pelo Ital Campinas e Tecnologia Cervejeira no Centro de Tecnologia SENAI-RJ Alimentos e Bebidas (SENAI Vassouras/RJ), sommelier de cervejas certificado pela ABS-SP e pela AIS,  proprietário da ArteBrew e do blog Cerveja Artesanal 

Cerveja de origem inglesa, de cor âmbar escuro a marrom. O nome foi usado pela primeira vez pelos cervejeiros de Londres no final do século XVII. No século XVIII, no entanto, ela foi praticamente esquecida pelos cervejeiros que preferiram utilizar maltes mais claros a fim de diminuir os custos de produção e foi somente no final do século XIX que ela ressurgiu através da Cervejaria Mann. Hoje, além da Inglaterra, as Brown Ales são feitas em diversas regiões, com destaque para a Bélgica e Estados Unidos, e são referência de cervejas

de estilos “torrados”, que se caracteriza pelo teor e torrefação do malte que vai do seco ao adocicado e pouco aroma e sabor de lúpulo. Podem estar presentes também notas médias a médio-altas de ésteres frutais. Nesta oportunidade, iremos trabalhar com a versão americana desta cerveja, que apresenta o caráter de maltes torrados, caramelo e chocolate, que aparecem em intensidades médias tanto no sabor como no aroma. O lúpulo nesta versão é um pouco mais insinuante, principalmente no aroma.

20 | Revista da Cerveja | Julho / Agosto 2014

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