revisão de Enem - literatura

July 2, 2019 | Author: Kelly Mendes | Category: Romantismo, Brasil, Simbolismo (Artes), Poesia, Ficção e literatura
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Revisão completa de literatura...

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Professora Kelly Mendes



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“Além de saber as obras clássicas de cada período, é

importante que o candidato tenha um ponto de vista crítico sobr sobree elas elas”; 

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E se surgir alguma questão na prova com autores contemporâneos, não se esquente: “nesse caso é só interpretação do próprio trecho do texto apresentado na questão”;

1 - Qu Quin inhe hent ntis ismo mo (S (Séc écul ulo o XV XVI) I) 

A produção do período quinhentista está voltada para a literatura informativa, principalmente por meio de relatos de viagens dos europeus encantados e assombrados diante de uma nova terra.



O valor é mais histórico do que literário. Além disso, o período é marcado pela literatura jesuítica e materiais para a catequização.

Principais autores:

- Pero Vaz Vaz de Caminha: Caminha: Escreveu “Carta ao Rei Dom Manuel” em 1500 para relatar a chegada ao Brasil.

- Padre José José de Anchie Anchieta: ta: Escreveu textos religiosos e para teatro com destaque para a moral cristã e clara divisão entre o bem o mal. - Padre Manue Manuell da Nóbrega Nóbrega:: Coordenou a primeira missão jesuítica ao Brasil e escreveu relatos aos superiores.

TEXTO I

TEXTO II

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.b www.portinari.org.br. r. Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)

 Andaram na praia, quando saímos, oito oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. c inquenta. Alguns Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem -dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam. CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada chegad a dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que

a) a carta de Pero Vaz Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária. b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna. c) a carta, como testemunho histórico-político, histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos. d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes  – verbal e não verbal  –, cumprem a mesma função social e artística. e)a pintura e a carta de Caminha são manifestações m anifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo m esmo momentos histórico,

2 - Barroco (Século XVII)  

A literatura barroca é marcada pelo conflito entre matéria e espírito, o apelo à religião, ao sobrenatural e ao misticismo, bem como o exagero e a extravagância. O contexto aborda a dominação espanhola no Brasil e a sombra da inquisição, que condenou o Padre Antônio Vieira por seus textos. A poesia satírica também é um dos elementos de destaque do período.

Principais autores:

- Bento Teixeira: Autor de Prosopopéia, obra que é o marco da introdução do barro no Brasil. - Gregório de Mattos: As poesias do escritor baiano também conhecido como "Boca do Inferno" possuem diferentes facetas: lírica, satírica e religiosa  – esta última em sua maturidade literária. - Padre Antônio Vieira: Talvez o mais polêmico dos autores, Vieira é autor do Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes e foi preso pela inquisição de 1665 a 1667.

2. (ENEM)

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela: a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação. b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais. c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino. d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares. e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas. (BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989.)

3 - Arcadismo (Século XVIII) A produção desta escola literária tem como características o predomínio da razão, o objetivismo e o universalismo. A natureza é utilizada como constante plano de fundo e a imitação da cultura clássica greco-latina também.  A linguagem é simples e majoritariamente descritiva, sem subjetivismo. 

Principais autores:

- Cláudio Manuel da Costa – Obras Poéticas - Santa Rita Durão – Caramuru - Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu

No filme “Sociedade dos Poetas Mortos”, a mensagem de carpe diem é transmitida a jovens

estudantes para lembrar a brevidade da vida e a urgência de vivê-la de forma extraordinária. Carpe diem é viver o hoje sem preocupações com o amanhã. É desfrutar a vida e os prazeres do momento em que se vive. Essa expressão tem o objetivo de lembrar que a vida é breve e efêmera, razão pela qual cada instante deve ser aproveitado. Disponível em: . Acesso em: 19 set. 17. (Parcial e adaptado.) Carpe diem é uma convenção do período literário denominado a)Parnasianismo. b)Romantismo. c)Realismo. d)Modernismo. e)Arcadismo.

4 - Romantismo (Século XIX) O romantismo pode ser dividido em três gerações: a primeira possui influências neoclássicas e aborda questões históricas e políticas.  O subjetivismo é extremo, a produção é medievalista e nacionalista, com bastante idealização da mulher. A segunda fase é marcada pelo pessimismo, sentimentalismo exagerado e irracionalismo.  Já a terceira inicia a transição para o realismo e há uma diluição das características românticas. 

Principais autores:  1.ª fase: Gonçalves Dias – Canção do Exílio  2.ª fase: Álvares de Azevedo – Lira dos Vinte Anos  3.ª fase: Castro Alves – O Navio Negreiro

(ENEM) Leia o soneto abaixo: “Já da morte o palor me cobre o rosto,

Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!… já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece…

Eis o estado em que a mágoa me tem posto! O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive!” (AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000)

O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é: a) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte. b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda. c) o descontrole das emoções provocado pela auto piedade. d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa. e) o gosto pela escuridão como solução para o

(ENEM) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo. “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis

anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo,

 A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa:

para os fins secretos da criação.”

c) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, …”

(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.)

a) “… o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas …” b) “… era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça …”

d) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos … “ e) “… o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”

5 - Naturalismo (Segunda metade do século XIX) No contexto do naturalismo é necessário observar os pensadores contemporâneos daquela época: August Conte com o positivismo, o evolucionismo de Charles Darwin, o surgimento da psicanálise com Sigmund Freud, o determinismo do meio com Hippolyte Taine e a luta pela emancipação do proletariado com Karl Marx.  Isso significa uma preocupação com uma descrição objetiva da realidade e a busca pela verdade, marcada pelo determinismo biológico. 

Principais autores:

- Aluísio de Azevedo – O Cortiço

QUESTÃO 111

Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti. Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.  Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios. O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do

 Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela (A) ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades pessoais. (B) interferência afetiva das famílias, determinantes no processo educacional. (C) produção pioneira de material didático, responsável pela facilitação do ensino. (D) ampliação do acesso à educação, com a negociação dos custos escolares. (E) cumplicidade entre educadores e famílias,

6 - Realismo (Segunda metade do século XIX) Esta escola literária é marcada pela objetividade, a descrição da realidade, a narrativa de ação e aventura. A mulher é vista com seus defeitos e qualidades, já a linguagem, é culta e direta Personagens esféricos. Principais autores: - Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas , Dom Casmurro, O Alienista.

- Ironia, ambiguidade, digressão, metalinguagem, pessimismo, Capítulos curtos, pessoalidade narrativa, personagens metafísicos;

“Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-me uma ideia no trapézio que eu tinha

no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas c abriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro- te.” (Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis)

Sobre o texto mostrado, pode-se dizer que: a) o autor faz uma abordagem superficial da situação. b) o autor preocupa-se com os detalhes, por meio de minuciosa descrição. c) o autor dá relevância a outras circunstâncias, negligenciando o foco do assunto. d) o autor não mostra preocupação com o discernimento do leitor, pois apenas sugere situações. e) contempla a si próprio, num ritual egocêntrico e narcisista.

7 - Simbolismo (Fim do século XIX) Escola pautada pelo subjetivismo, pessimismo e a dor de existir. A linguagem é vaga, fluida e busca sugerir em vez de nomear. O uso de figuras de linguagem como metáforas, comparações, aliterações (repetições de sons iguais ou semelhantes) e assonâncias (repetir sons de vogais em verso ou frase) e sinestesias (mistura de diferentes sensações) é frequente. Principais autores: - Cruz e Souza – Tropos e Fantasias, Broqueis e Missal. - Alphonsus de Guimarães – Setenário das Dores de Nossa Senhora, Ismália.

(ENEM) Cárcere das almas “Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,

Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?!” (CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993. )

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são: a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de

8 - Parnasianismo (Final do século XIX e início do XX)

 

O gosto pela descrição nítida, as concepções tradicionais sobre ritmo e rima, além do ideal da impessoalidade são as características principais das obras parnasianas. O culto à forma é fundamental: os autores desta escola estão preocupados em fazer a arte pela arte, sem discutir questões sociais.

Principais autores:  Olavo Bilac – Tratado de Versificação   Alberto de Oliveira  Raimundo Correia.

(ENEM) Mal secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora N’aIma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! (CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasilia: Alhambra, 1995.)

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são  julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que: a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada. b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social. c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja. d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo. e) a transfiguração da angústia em alegria é um

9 - Pré-modernismo (Até a semana de 1922) No começo do século a literatura passa por um momento de transição em que as escolas mais recentes convivem por igual importância, ao mesmo tempo em que os autores buscam apresentar coisas novas.  É um período eclético: há a ascensão da burguesia urbana e diversas agitações de operários imigrantes no começo da industrialização do país, que aos poucos substituía o foco na produção de café para uma diversificação econômica. 

Principais autores:

- Euclides da Cunha – Os Sertões - Monteiro Lobato – Reinações de Narizinho - Lima Barreto – Triste Fim de Policarpo Quaresma - Augusto dos Anjos – Eu - Graça Aranha – Canaã

(ENEM) Psicologia de um vencido “Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância,  A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância…

Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme – este operário das ruínas – Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra,  Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!” (ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. )

 A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como: a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas, o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.

b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro de escuridão e rutilância ” e “Influência má dos signos do zodíaco”. c) a seleção lexical emprestada do cientificismo, com o se lê em “carbono e amoníaco”, “ epigênesis da infância”, “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem. d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética e o desconcerto existencial. e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos

10 - Modernismo O período modernista é dividido em três etapas: na primeira, chamada de fase heroica, existe a busca por uma ruptura com a preocupação das estruturas clássicas no parnasianismo e o simbolismo. Há grande influência de movimentos de vanguarda como o dadaísmo, cubismo e surrealismo.  Na segunda fase, há uma consolidação de estruturas e um forte caráter regionalista na produção. Já na terceira, a literatura está mais próxima das questões existenciais e ainda que fale do regionalismo, como Guimarães Rosa em Sagarana, a intenção é partir do regional para falar do universal. 

Principais autores:

Primeira fase: - Manuel Bandeira – Libertinagem ; Lira dos Cinquent'anos ,  Estrela da Vida Inteira (poesia), Crônicas da Província do Brasil . - Mário de Andrade – Lira Paulistana (poesia),  Macunaíma (rapsódia), Amar, verbo intransitivo (romance).

Estrada

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho, Interessa mais que uma avenida urbana. Nas cidades todas as pessoas se parecem. Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.  Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma. Cada criatura é única.  Até os cães. Estes cães da roça parecem homens de negócios:  Andam sempre preocupados. E quanta gente vem e vai! E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar: Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso. Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos, Que a vida passa! que a vida passa! E que a mocidade vai acabar. BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar,

A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para A) o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à cidade. B) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural. C) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude. D) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança. E) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão

Sambinha Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras.  Afobadas braços dados depressinha Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua.  As costureirinhas vão explorando perigos…

Vestido é de seda. Roupa-branca é de morim. Falando conversas fiadas  As duas costureirinhas passam por mim. — Você vai? — Não vou não! Parece que a rua parou pra escutá-las. Nem trilhos sapecas Jogam mais bondes um pro outro. E o Sol da tardinha de abril Espia entre as pálpebras sapiroquentas de duas nuvens.  As nuvens são vermelhas.  A tardinha cor-de-rosa. Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas…

Fizeram-me peito batendo Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras! Isto é…

Uma era ítalo-brasileira. Outra era áfrico-brasileira. Uma era branca. Outra era preta.  ANDRADE, M. Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1988 

Os poetas do Modernismo, sobretudo em sua primeira fase, procuraram incorporar a oralidade ao fazer poético, como parte de seu projeto de configuração de uma identidade linguística e nacional. No poema de Mário de Andrade esse projeto revelase, pois: a) o poema capta uma cena do cotidiano — o caminhar de duas costureirinhas pela rua das Palmeiras — mas o andamento dos versos é truncado, o que faz com que o evento perca a naturalidade. b) a sensibilidade do eu poético parece captar o movimento dançante das costureirinhas — depressinha — que, em última instância, representam um Brasil de “todas as cores”.

c) o excesso de liberdade usado pelo poeta ao desrespeitar regras gramaticais, como as de pontuação, prejudica a compreensão do poema. d) a sensibilidade do artista não escapa do viés machista que m arcava a sociedade do início do século XX, machismo expresso em “que até dão vontade pros homens da rua”. e) o eu poético usa de ironia ao dizer da emoção de ver moças “tão modernas, tão brasileiras”, pois faz questão de afirmar as origens

africana e italiana das mesmas.

10 - Modernismo 

- Oswald de Andrade – O Rei da Vela . Segunda fase: - Carlos Drummond de Andrade – Claro Enigma. - Cecília Meirelles – Espectros. - Érico Veríssimo – O Tempo e o Vento , Incidente em Antares. - Graciliano Ramos – São Bernardo , Vidas Secas. - Jorge Amado – Capitães de Areia , O Cavaleiro da Esperança , Gabriela, cravo e canela .



- Rachel de Queiróz – Quinze.

Terceira fase:  - Guimarães Rosa – Sagarana.  Clarisse Lispector A Hora da Estrela. 

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. […] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da prépré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. […] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por  aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso ist fat ant dentes

 A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador  a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem. c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas. e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica

Arte e Literatura – Vanguardas Poéticas

O título provocador do quadro com o cachimbo, e a legenda com a afirmação de que aquilo não é um cachimbo, colocou a base mesma da discussão da representação na arte. Uma imagem não é uma realidade, é uma representação da realidade com tudo o que isso encerra de idealização (ainda que realista) deformação, reinvenção, ampliação metafórica ou simbólica de sentido.

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