Retoricas de Ontem e de Hoje

August 4, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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  ISBN: 85-7506-035-X

Line neiidedo La Lago Sal Salvador vador Mos Mosca ca(Org.)

RETÓRICAS DE ON ON T EM E DE H OJE  OJE 

2a edição

FFLCH/USP

2001

 

Copyright  2001   2001

da Humanitas FFLCH/USP

É proibida a reprodução parcial ou integral, sem autorização prévia dos detentores do copyright  Serviço de Biblioteca e Documentação da FFLCH/USP Ficha catalográfica: Margarida Maria de Souza - SBD/USP

HUMANITAS FFLCH/USP e-mail: editflch@edu [email protected] .usp.br Telefax: 3818-4593  Edito r respo nsáve l

Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento Coordenação Editorial, Projeto gráfico e Diagramação

Mª. Helena G. Rodrigues – MTb n. 28.840  Em en da s

Selma Mª. Consoli Jacintho – MTb n. 28.839

 

SUMÁRIO A PRESENTAÇÃO ................................. ...................................................................... ......................................................... ....................0 05 .............................................................................. .....................1 11 PREFÁCIO  Jea  Je a....................................... n-Ma -Marrie Klink Klinkenberg ............................................................ VELHAS E NOVAS RETÓRICAS: CONVERGÊNCIAS E DESDOBRAMENTOS .............. ..............1 17 Lineide do Lago Salvador Mosca A RETÓRICA  NA  ÍNDIA  ANTIGA PROCEDIMENTOS RETÓRICOS NA LITERATURA SÂNSCRITA  CLÁSSICA .................... 55

Carlos A Allbe berto rto da Fons Fonse eca PROCEDIMENTOS RETÓRICOS NA POESIA SÂNSCRITA  VÉDICA .............................. 85

Mário Ferreira A RETÓRICA  NA  GRÉCIA  ANTIGA ...............................................................99 Ísis Borges Borges B. da Fon Fonse seca A RETÓRICA  NA  TRADIÇÃO  LATINA ............................... ......................................................... ..........................1 119 Ariovaldo Peterlini FIGURAS DE RETÓRICA  E A RGUMENTAÇÃO ..................................... .................................................. .............1 145 Elisa Guimarães PRAGMÁTICA LINGÜÍSTICA: DELIMITAÇÃO E OBJETIVOS ................................. .................................1 161 Helena Hathsue Nagamine Brandão A RGUMENTAÇÃO E  DISCURSO .................................... ................................................................... ...............................1 183 Maria Adélia Ferreira Mauro

 

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KL KLIN INKEN KENBERG, BERG,JJe ean-Ma n-Marie rie.. Prefácio.

Pã e Psiquê ...............................................................................................................................................

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Retór tóriicas d deeO ntemedeH oje

APRESENTAÇÃO O fato de aRetór tóriica – na acepçã pção o ampl ampla a quelhe dava davam m osestudiosos di ososeculti cultivador vadore esda lilinguag nguage emna A Ant ntiigüidade– pe perrmane anece cerr em plena vitalidade e efervescência, em nossos dias, manifesta-se na necessidade clara de que a presente obra seja reeditada, após uma reimpres eimpressão são em 9 99, 9, também ambémjá esg esgot otada. ada. A escass scasse ez detr trabalh abalhos os que mostr ostrem emess ssa a conti continu nuiidadeeapontem, aome mesmotte empo, paraasno novas vasform formasqueaRetór tórica,comoC Ciiência cia da Linguage nguagem, vemassum assumiindo ndo di diant ante edos avanços nes nesse sesetor tor do conhecimento, justifica a reedição de Retó tórricas de de O ntem ntem e deH oje. A cresce cresceainda ainda considerar que quevi vive vem mos num m mundo undo no qual as situações de confronto se multiplicam e os conflitos delas decorrentes requerem negociações, avanços e recuos, bem como acordos que possibil bilitemuma uma vi vivê vênci ncia, a, senão senão h harmoni armoniosa osa,, pe pello me menos nos com um menor grau tensão eede incompatibilidade. Osde de desdobr sdobram ame ntos atuais atuais aque chegam chegamos os no ttrrato d des essa sass que quesstões reclam clamam am,, ao lado lado de uma uma T Te eori oria da A rgume umentaçã ntação, o, um enfre nfrent ntam amento nto do confli conflito quenão pode pode,, evi vide dent nte emente nte, vir vir isento nto de preocupações éticas. Não se trata de um mero exercício verbal de cunho estético, mas de um espaço polêmico frente ao dissenso, à adversidade. Ressalt alta-se a-seigualm ualment nte eo re recon conheci hecim ment nto o que queca cabe bedaraoscomponentes afetivos e passionais presentes nos atos de troca comunicativa que se sedão nas nasma maiis vari variadas adasfor formasdas prát prátiicasensejadas nsejadaspe pella vi vida da emsociedade. sociedade. Diante desse quadro, o discurso sedutor se faz cada vez mais presente nte, to torrnando-se nando-seumato d de egrandehabil habilidadeo des dese embaraçar-se baraçar-seem meio a um emaranhado de linguagens, de atitudes e de decisões a tomar a cada instante. ...............................................................................................................................................

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 A  Ap pres re seKENBERG, ntaçãBERG, o KL KLIN INKEN JJe ean-Ma n-Marie rie.. Prefácio.

Que o nosso trabalho possa aguçar o interesse por compreender como estes entrelaçamentos se dão no cotidiano, quais os expedientes mais persuasivos para a consecução deste ou daquele objetivo, assim como as razões de determinados recursos nos afetarem mais que outros em situações semelhantes.  Tem  Te m-se, cada vez mais is,, consciên iênciadequefundamental éconsiderar a diferença, o outro presente em cada um e de que resulta um equi quillíbr briio bemmais salut salutar ar no no jog jogo o de in inflfluê uênci ncias asa queesta stam mos todos expostos. Não alteramos o que foi feito na primeira edição e em sua reimpres presssão. De D esejamos quemuitos uitos ttrraba aballhos br brotem otemno espí spírito do que a velha, porém sempre nova, Retórica nos ensinou com tanta sabedoria, repensados e recriados sob as luzes de nossos tempos. A presentam presentamos, os,aseg segui uir, r,orrotei oteiro ro daspa part rtes escom componentes ponentesdapresent se nte eobra:

VelhasDra. eN oLineide vas Re Retór tóri icas: conver conve rgências gênciasMosca edesdo desdobr amentos Profa. do Lago Salvador –bram organizadora DLC DL CV, Áre Á rea a deFi Fillolog ologiia eLíng ngua uaPortugue uessa, FFFL FLC CH/U /USP SP  Tr  Trata-se -sedemostrar acontinu inuida idadedosestudosretórico icosapartir desuas suasorig origenseemse seus usde dese senvo nvollvim vimento entossposterior eriores es, medi ediante ante a avaliação dos principais pontos que sempre os nortearam. Ressalta-se o caráter integrador das Novas Retóricas, ao recuperar aspect pectos os di dissoci ociad ados os a ao o long longo o da histór históriia daRetóri etórica, ca, o queteria teria conduzido conduzi do a um uma a vi visã são o reduci reducioni onista sta de sua exat exata n nat atur ureza eza e dos papéis que cabe a ela cumprir. Pretende-se pois, mostrar a sua vitalidade nos dias de hoje.  A Ret Retóric rica a na Í ndia A ntiga iga Pr Prof. of. Dr. Carlos rlosA lbert berto o daFonse Fonseca eProf. Prof. Dr. Mário rio Ferre Ferreiira DLC DL CV, Áre Á rea adeLíng ngua uaeLiteratu teratura ra Sâ Sâns nscri crita ta,, FF FFLLCH/U /USP SP ...............................................................................................................................................

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A s concepçõe concepçõess da retór retóriica na Índia ndia A ntig ntiga levam evam neces necessari ariaamente a uma teoria do discurso e ao estudo das situações de comunicação e trocas entre as culturas. São pois, inseparáveis de uma um aperspe perspect ctiiva deestu estudos dosda linguag linguagem. A Asscondi condições çõesespecí especí-fificas casde efi eficácia cácia e a que questão stão d da a fig figura lliigam-se ao ao se sent ntiido riritual tualíístico e ao sentido mítico naquela cultura.

 A Ret Retóric rica a na G ré réccia A ntig iga a Profa. Dra. Isis Borges B. da Fonseca DLC DL CV, Áre Á rea a deGrego, FFL FFLC CH/U /USP SP Mos ostr tra a o de desspert pertar ar daconsciênci consciência a retórica retórica na Grécia Grécia e discu discute te questões que stõescomo como a da e elloqüênci oqüência a enquanto enquanto ttendê endênci ncia a natural natural dos gregos. regos. A Atr travé avéss do exame xame deumtext texto o do g gêne ênero ro judi udici ciári ário o ( So SoLísias), ffaz aza a apl pliicaçã cação o dosconbreeoassassi br assassinato natodeE ratóstene atósteness, de Lí ceitos fundamentais da teoria retórica: teoria do Kairos, a psicagogia, as provas subjetivas, as provas técnicas e extra-técnicas, bem como as partes do discurso.  A Ret Retóric rica a na Tra rad diç içã ão Lat Latin ina a Prof. Dr. Ari A riova ovalldo Pe Peterli terlini ni DLCV, DL CV, Áre Á rea a deLatim, Latim, FFLCH FFL CH/U /USP SP A presenta presenta como como se se d deu eu a int ntrodução rodução da teori teoria ad da a Retór Retóriica e em m Roma, precedida pela arte de falar, presente na eloqüência dos oradores, que dela se serviam desde os primórdios de sua história. Com abundante exemplificação, segue as diversas fases por que a Retórica passou, em seu desenvolvimento, na tradição latina. Figura guras deRetór tóricaeA rgume gumentaçã ntação o Profa Profa.. Dra. Dra. Eli Elisa Guima Guimarães rães DLCV, Áre Á rea a deFil Filolog ologiia eLíng ngua uaPortugues uesa, FFFL FLC CH/U /USP SP ...............................................................................................................................................

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 A  Ap pres re seKENBERG, ntaçãBERG, o KL KLIN INKEN JJe ean-Ma n-Marie rie.. Prefácio.

Faz uma avaliação do estatuto da figura, considerando as concepções tradicionais e procedendo a um reexame segundo as novasteori teorias asda A Argum rgumentação (Perelman, (Perelman, Ducrot) ucrot). Expõe a ass razõess p razõe pel elas asquais A Argum rgumentação entação e Retóri Retórica sse e tornam tornaminseparánseparáveis noque processo denele convencimento efeitos a figura produz. e persuasão, ressaltando os

Pragmática Lingüística: delimitação e objetivos Profa. Dra. Helena Nagamine Brandão DLC DL CV, Áre Á rea a deFi Fillolog ologiia eLíng ngua uaPortugue uessa, FFFL FLC CH/U /USP SP A ponta as rel relaçõe açõess da Retórica etórica com a Pragm Pragmática, ática, col colocando ocando em evidência a concepção da linguagem enquanto ação e seus efeitos. efeit os. A consideraçã consideração o dadim dimens ensão ãoprag pragm mática ática no d diiscurso leva ao conhecimento de fatos ligados à enunciação, aos implícitos, pressupostos e subentendidos e, portanto, a uma reavaliação dos mecanismos retóricos.  Arg  A rguumentaçãoeDisc Discurs rso o Profa. Dra. Ma Maria riaA dél déliaFe Ferreira rreira Ma Mauro Departam partamento deLingüística ngüística,, FF FFLLCH/U /USP SP Ressalta a importância para a Retórica em considerar elementos ligadosdi diret retam amenteàenunciação, enunciação,tai taisscom como o asinf nferênci erências asemgeral, eral, emrazão azão desuafor força comuni comunicat catiiva ede sseu eu poder poder de manipul anipulaação.. Trata ção Trata d das asrel relaçõ ações esdesenti entido do util utilizada zadassp para ara constr construi uirr signifi nifi-cados e interpr interpretá-l etá-los, os, colocando colocando aarg argum umentati entativi vidade dadecom como o um princí prin cípio pio consti constituti tutivo vodes dessaati ativi vida dade de..

 Lineide do Lago Salvador Mosca (Org.) ...............................................................................................................................................

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Calíope, musa da eloqüência e da poesia épica, mãe de Linos e de Orfeu. ...............................................................................................................................................

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KL KLIN INKEN KENBERG, BERG,JJe ean-Ma n-Marie rie.. Prefácio.

Sarasvat V  V   “Fluê “Fluênci ncia” a”– espos esposa adeBrahm Brahman, an, o princí princípio pio Cri C riaçã ação no pensament nto o fifillo-

religioso indiano antigo; Eloqüência, divindade tutelar dos literatos. ...............................................................................................................................................

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PREFÁCIO *

LINKENBERG**  JEAN-M ARIE K LINKENBERG

Para a mai Para aior oriia daspessoas, soas,a palavra palavra retórica não evoca mai maisque vagas vag aslembranç branças asde uma termi terminol nolog ogiia abstr abstrusa, usa, emque antanacl antanaclas ase e lade adeiiacomanantapodoto: anantapodoto: nom nomes esdedoe doenças nçasg graves ravesouiincur ncuráve áveiis,ou nomes de monstros escapados de algum parque triássico ou cretáceo? Nesse grande público, poucos há que sabem que a retórica dos antigos constituía uma disciplina que não era, de forma alguma, tão tola. Pode-se Podesenela ver ver,, defato, a pri prim meira eira refl refle exão ssiistemáti temática ca ssobre obreos poderes da linguagem.  T  Ta al retórica ica somente pôde vir à lu luzz porque a socied iedade que a viu nascer ti tinh nha a pa pass ssado ado por uma mudança até então nunc nunca a presenci presenciada ada.. Nela, uma certa forma de democratização havia conduzido a uma nova formade gerar os confl confliitos de intere interess sses. A Até té então, era a violê violência ncia e o face a face. face. A part partiir daí daí, os confl confliitos de deveri veriam amser acert acertad ados os nã não om mais ais diretamente entre as pessoas neles implicadas, mas diante de um determinado públ públiico: o dos p pares ares, que sedenomina público, público, ou o dos e esp speci eciaalistas, tas, juí juízzesou ou outr tros os.. À força fífíssicadeve deverr-sse-ia, e-ia, p portanto, ortanto, sub subsstitui tituirr-ssea força do simbólico: somente aquele que detivesse o domínio sobre os signos, obteria a adesão da coletividade. ................................................... (*)  Tra  Trad dução deLine Lineide idedo La Lag go Salva lvador Mos Mosca.

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(**) (* *) Universidade niversidadedeLiège iège(Bélgica), Départem Département d’EtudesRomanes,mem membrodoGroupe Groupeµ. 11entd’Etudes

 

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KL KLIN INKEN KENBERG, BERG,JJe ean-Ma n-Marie rie.. Prefácio.

Diz-se, comumente, que o objeto da retórica é o discurso; os discursos,, que ess cursos essa discipl discipliina clas classif sifiicava ecujos cujos mecani ecanism smos intern internos os el ela estudava,tanto tanto quanto quanto assuas suasfunç funções õessociai sociais. s.Sea pa pallavra “di “discurso” devia designar apenas um desenvolvimento oratório, pomposo e form al,a “ciênci compree com preenderse--ss iaada: aq aqueles que não vêem hoj hoje e naaretóri retór ica se senão não uma um “ci ência a”nder-se ul ultr trapa apass ada :ueles quellug ugar arnã háoai ainda nda em nossa noss cul cultu tura ra para o que se chamava outrora eloqüência? Colocar a questão, já é trazer uma resposta: aquele tipo de eloqüência, há muito tempo que dela já demoscabo. cabo. Se a palavra, entretanto, refere-se à crítica de arte, ao artigo de  jorrnal, ou ain  jo ind da, aos grit ito os das torcida idas? Se ela remete aos debates da radi adiodi odifu fusã são o ou a aos ossi sittesda intern nternet? et? Se el ela des desiigna tam também bémo sl sloga ogan n político, o anúncio publicitário, o clipe televisionado? Não são estas, de fato, as formas formas contem contemporânea porâneass d da a força força simból bóliica e não não consti constituem tuem elas, igualmente, “discursos”? Sustentar issociência, é admitir que haja lugaropara retórica contemporânea. Uma portanto, de que nossouma mundo contemporâneo tem necessidade, uma vez que o poder nele se institui, mais do que nunca, pelo simbólico: pelas palavras e pelas imagens. Uma ciência que ainda deve merecer o seu lugar. Pois, se a escola nosensi ensina na a deci decifr frar arasp palavr alavras as, a tr traça açarr assua suassletras, letras,ni ningué nguém mnos ensiina, verdade ens verdadeiiram ramente, ente, ler os di discursos scursosque se se fazem fazemouvir ouvir ao noss nosso o redor. Essa ciência, entretanto não está no limbo. Hoje , ela é praticada sob o nome de retórica, mas também sob outros nomes, por filósofos,lilingüi ngüisstas, tas, semiotici oticista stass, antropólog antropólogos os,, soci ociól ólog ogos os,, espe peci ciali alisstasda literatura, teratura, ps psiicól cólog ogos os...... A Asspe pesq squi uissasde deste stess reves revestem temmúlti últipl plos osaspe aspecctos. Uns se interrogam por que uma determinada formulação desenca...............................................................................................................................................

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deia o as dei asse sent ntiimento do públi público e não aquel aquela outra; outra; out outros ros estudam estudamas raz azões õestécni técnicasquefaze fazem mcomqueummesm esmoenunci enunciado adopossaproduproduzir,si sim multane ultaneam amente ente,, vá váririos ossi signi nififica cados dosdistintos. distintos. essa retórica moderna poderia consisEvidentemente, consi tir tir num numa a re recupe cuperaçã ração o iinteg ntegral ral da retórica retóricaem cláss clássdevir ica ca.. Anão his históri tór ia, de fato, rem remode odellou constant constante emente a ass front fronteir eiras asdo iim mpé péririo o retór retóriico, nel nele e desenhando novos reinos e novas repúblicas. Dessa longa evolução – ou mesmo, dessas hesitações – dão testemunho os trabalhos reunidos nesta obra. A discipli disciplina na co cons nstitituí tuída dape pella retór retóriica, naverdad verdade e, jam jamais foi aba abanndonada ao longo de sua história. Segundo as épocas, porém, ela teve estatutos, ou objetos, bem diferentes. Caricaturando a sua evolução, queser serádescr criitacommai aissminúci núciasnasm matér atériiasque quesese seg guem, podesedi dize zerr que e ella constantemente constantemente os osci cillou entre entre uma concepção concepção social social e uma concepção formalista, e que ela acabou por morrer, antes de renascer, de maneira espetacular no século XX. Oscilação entre concepção social e concepção formalista. Nos períodos de relativa democracia e sob seu regime, a retórica viveu enquanto arte da argumentação: de fato, somente um universo de referência, em que prevalece o pluralismo, pode autorizar o debate e, portanto, uma arte de administrar as diferenças e as contradições que nele se exprimem. Nas fases de menor democracia, contudo, a retórica ficou reduzida a não ser mais que um exercício formal. Ficou, portanto, restrita a não ser mais que a prática ou o estudo dos ornamentos. Na época moderna, a retórica conservou o seu estatuto ambíguo. E, além disso, diante das novas disciplinas que surgiram e de que se falará no int nteri erior or desta destaob obra, ra, aretór retóriicaesva esvaziouziou-ssepa parci rcialme alment nte edesuassubs ubstântân...............................................................................................................................................

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cia. Isto explica, simultaneamente, o seu reinado indiscutível sobre o ensino, e o descrédito intelectual que a atingiu no século XIX. Progressivamente, a retórica aproximou-se, assim, de sua morte. Mas, deque forma alguma,morreu de uma morte se dizer a retórica por ter-seignominiosa: realizado. com efeito, podeCadaum uma a das daspa part rtes esdo g grande randee edi difífíci cio o quee ella consti constituí tuía aa adquidquiriu, na verdade, a sua independência, tanto no domínio das disciplinas teóricas como no das disciplinas práticas. Por exemplo, de um lado, os refinamentos dos mecanismos de demonstração levaram a uma lógica que não cessou de se formalizar. Deoutr outro, o, um uma a grandequantidade quantidadedep prát rátiicassociai sociaissretom retomaram aram, numa numa perspectiva prática, uma parte da herança clássica lógica (pode-se pensar sar emati ativi vidad dades estão di diferent ferentes escom como o o ma mark rketi eting ng ou a ba bastante stanteduvi duvi-dosa dos a “p “program rogramaçã ação o neurol neuroliingüística ngüística”) ”);; ou foi retoma retomada dadeform forma mais analítica, como a psicologia social. Os trabalhos aqui reunidos tratam, evidentemente, dessa fragmentação, mas atestam também, vigorosamente, o fato de que essa fragmentação não fez desaparecer o projeto retórico primitivo. A s retóri retórica cass de de hoje – pois é p preciso reciso uti utillizar o plur plural al a es essse re resspe peiito – permanecem fiéis ao programa de sua antecessora clássica: contribuir para constituir uma ciência do discurso dos homens em sociedade. Elas podem, portanto, desempenhar o papel de um horizonte em que se concretiza a necessária interdisciplinaridade das ciências humanas. Disciplina holística, a retórica contemporânea intenta bloquear todo os -ismos redutores e colocar barreiras ao provincianismo metodológico. ...............................................................................................................................................

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Massobretudo, obretudo, comose severáno panoram panorama aquesseg egue,o impacto da retórica contemporânea sobre as ciências da linguagem não terá sido pe peque queno. no. A limentada pe pelo sabe saberr lingüí ngüísstitico co elaborado elaborado no sé sécul culo o XX, a retórica o fecunda também, por sua vez , encorajando-o a alargar os limites num gesto útil, ele tinhada delimitado dedeslocam-se, modo muito estrito. Graçasque, ao seu impulso, as ciências linguagem assi assim m, do est estudo do sistem sistema a par para o da p  pa aro rolle, e se constitui, pouco a pouco, uma teoria da interpretação dos enunciados, na qual a dimensão enciclopédica tem o seu lugar. Pois, é hoje mais difícil separar a semântica da enciclopédia, isto é, da representação do mundo e das crenças que a determinam. Recolocando a língua no seio do conjunto das práticas de comunicação e de significação, a retórica não faz nada mais, portanto, senão empreenderareali realiza zação çãodoprog progrramadesemiót ótiicaproposto por Saussur ure: e: o de estudo da vida dos signos no seio da vida social ...

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VELHAS E  NOVAS  RETÓRICAS: CONVERGÊNCIAS E  DESDOBRAMENTOS LINEIDE  DO   LAGO  SALVADOR  MOSCA*

A vi vitali talidade dadedos estudos retóri retóricos atéos nos nosssos dias foi o que levou à organização de um curso que levantasse os principais problemas com que a Retórica tem-se havido ao longo de sua história, cheia de pon ponto toss al alto tos, s, mas mas tam també bém m decr criises equestitioname onamentos. ntos. A be bem m dizer, é esta mesma dialética que está no bojo de sua própria natureza, que implica em controvérsia, discussão e, conseqüentemente, em influê fluênci ncia a eform formaç ação ão deopi opini nião. ão. De fato, a Retórica tem sido colocada à prova pelos mesmos princí pri ncípi pios os que a norteiam norteiam in intern ternam ame ent nte e eque faz faze em comque el ela reflor fl ore esç sça a se sempre: acei aceitação da m mudança, udança, o rre esp spe eito à alte alteridade e a consi consider deração ação da língua língua com como o lug lugar ar de confront confronto o das subj ubje etivi tivi-dades. Partindo-se do princípio de que a argumentatividade está presente em toda e qualquer atividade discursiva, tem-se também como básico o fato de que argumentar significa considerar o outro como capaz de reagir e de interagir diante das propostas e teses que lhe são apresentadas. Equivale, portanto, a conferir-lhe status e a qualificá-lo parra o exercíci pa cício o da di disc scuss ussão e do e ent nte endim ndiment nto, o, atravé atravéss do di diálogo. álogo. Na verdade, o envolvimento não é unilateral, tendo-se uma verdadeira arena em que os interesses se entrechocam, quando o clima é de negociação, e em que prevalece o anseio de influência e de poder. ...................................................

(*) (* ) Profe Professora Doutora DoutoradaÁ readeFilol Filolog ogia ia eLíng ínguaPort Portug ugue uesado Departam Departame ento deLetr tras as ............................................................................................................................................... ClássicaseV ernáculas, FFLC FFL CH/ USP, coorde nadora nado ra da pres pre s e nte obra. 17

 

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MOSCA SCA,, Lineide Lineide d do o Lag Lago o Sa Salvado lvadorr.Velhas eN ova ovass Re Retóri tóricas: conve converrgências e d deesdo sdobr braamentos.

 Trata-se, napresenteexposiçã  Trat ição, demostrar rar asligaçõesda Retórica, em suas diversas tendências na atualidade, com a Retórica na A nti ntigüidade üidade ede retomar retomar alg algun unss tem temas as ccomuns omuns a ambas ede gr grande importância portância na revit revitali alizzaç ação ão dosestudos retóri retóricos cos.. Hoje oje, mais do que nunca, para compreender os fundamentos da Retórica, faz-se necessária a volta à tradição aristotélica e às demais que nos foram legadas pelas diversas culturas, vale dizer, às fontes dos conceitos que estão à sua base base. T rata-sede um uma aa attitude sse emelhante anteà quesedá na val valor oriiza za-ção do manuscrito, como fonte primeira de estudo. A ssim, a pa parrtitirr dos anos anos 60 60,, asteori teorias asretór tóriica cass moder odernas, nas, representadas sobretudo pela teoria argumentativa de Perelman e seus continuadores e pela Retórica Geral ou Generalizada, do Grupo µ de L iège(Bélgica), (Bélgica), vêm reto tom mar a ve vellha R Re etór tórica e, ao me mesm smo o tempo, tempo, renová-la, nová-la, vale valendondo-ssedos avanços avançostraz traziidos p por or dive diverrsas sas discipli disciplinasque seconfi config gurar uraram amemnossoséculo: aLi Lingüística ngüística,, aSem Semiolog ologiia/Se / Sem miótica ótica,, a Te Teori oria da Infor nform mação, ação, a Prag Pragm máti ática ca.. A utor utore es ccom omo o LLaus ausbe berrg, em seus E le lem mentos ntos d deeRetó tórricalilite terrári ária a, obra que é de 1963, propunham-se a esse trabalho de transposição e de reavaliação sob novas luzes. A per pereni nidade dadedasidé déiiasaristotéli aristotélica cass fazcom quenão sepossa possa falar em morte da Retórica, como por vezes se decretou ao longo de sua tr traje ajetór tóriia. C Cont ontrari rariam amente nteao quepropug propugnava nava A ris ristót tóte eles, cuj cujo o estímulo era sempre para o exercício da reflexão pessoal, passou-se a uma um a refor reform mulaç ulação ão ríg rígida eao apri aprision sionam amento nto a cânones cânones.. A tendê tendênci ncia a que se desenvolveu, a partir daí, em ver na Retórica e, igualmente, na Poétitica Poé ca umpreceituár tuáriio desol soluçõe uçõessquedeve deverriamnortea nortearr toda pr produodução e também a avaliação de obras concretas, esteve presente nos manuai anuais do ssé éculo culo XI XIX. Foram orameles, por conseguint uinte e, responsá ponsáve veiis, em grande parte, por muitas das distorsões que ocorreram e pela deformaçã ção o do conceito ori original de Retór Retóriica ca.. Os p própri róprios os intr introdutore odutoress daRetórricaemA tenas, tó tenas, os ssofi ofistas stas,, le levarama uma uma ati atitud tude ededesc descrrença ao ...............................................................................................................................................

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R etór tóriicas d dee O nteme deH oje

professar o ceti profe ceticism cismo o eace aceitar rac aciiocíni ocínios os detoda orde ordem m, nelesincl nclui uinndo-se os enganosos e só aparentemente corretos. A ssim sim,, no us uso o com comum um,, a pa pallavraretórica foi adquiri dquirindo umval valor pejorativo de que só mais recentemente vem se libertando. Expressões como é detam retórica”, de retórica”, tão comuns em nossos“a pe perhora riódicos, ódinão cos, atestam ates essa visã vi“chega são o muti mutil lada, ada , bem bem distant distante e da dass concepções aristotélicas em que era identificada como uma súmula dos conhecimentos humanos, enfim, como a suprema sabedoria, o que determin de terminava avafosse fosseconsiderada um uma a ciência. A o caracter caracterizar zar o ttrrabaabalho da Retóri Retórica ca,, Pi Pie erre rreGui uirraud aud nos dá esseretr trato, ato, com linh nha as bem delineadas1: D etoda todass as di disci scipli plinas nas anti antigas, gas, éa q que ue melho elhorr mereceonomedeciciênci ência, a, poi pois a am ampli plidão dãodas o obse bserrvações, a suti sutileza leza d da a análi análise, se, a pr precisãodas d deefini niçõe ções,s, o rigor ri gor da dass classi classifficaçõ caçõees consti constituem tuemumestudo sistemáti ático co d dos os recur recursos sos d da a linguagem, cujo equivalente não se encontra em qualquer dos outros conhecimentos ntosdaquela época.

Essa é a razão pela qual se faz necessária a volta, sempre renovada, diretamente aos textos que deram origem aos desenvolvimentos posteri posterior ore es, a fifim mdeevi vitar tar int nte erpretaçõe pretaçõess ccrristali talizadas zadasao lo longo ngo das épocas épocas.. N ão se pode também também deix deixar ar de considerar considerar que cada época faz a lle eitura tura dos fatos de acordo com o seu próprio modo de pensar, uma vez que eles comportam além daquilo que é dado, a maneira de os interpretar e de os comunicar. C  Cabe abelembrar brar que quando se trata de signos, à diferença dos índices, há que contar com aque questão stão da int inte encional ncionaliidadee e evocar vocar tr traços açoscomo como os de polivalência, ambigüidade e imperfeição da linguagem em suas limitações. ...................................................

Estilístic tica a. S. Paulo, Ed. M estre Jou, 1970 (1) GUIRAU GUIRAU D, P., A Estilís 1970,, p. 35-36 35-36.. ...............................................................................................................................................

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MOSCA SCA,, Lineide Lineide d do o Lag Lago o Sa Salvado lvadorr.Velhas eN ova ovass Re Retóri tóricas: conve converrgências e d deesdo sdobr braamentos.

O ponto fundamental da doutrina aristotélica, no que toca à Retórica, reside em considerá-la do domínio dos conh conhe eci cime mentosprováveis e não dascertezas tezaseda dasse evi vidê dênci ncias as,, osquais quaiscabe caberriam a aos osraci racioocí cíni nios os ci cient ntííficos ficoselóg ógiicos cos.. Por essa raz razão, ão, o se seu u campo éo da contr controovérsia, da crença, do mundo da opinião, que se há de formar dialeticamente, pelo embate das idéias e pela habilidade no manejo do discurso. A ristóte tóteles nuncapropôs o me mero e exe xerrcíci cício o de dessseúlti últim mo ou o pr priivivilégio puro e simples do plano da elocução (recursos de expressão). Parte si signi nififica catitiva va desua obra foi de dedi dica cada da àinventio (a temática) e à  (arranj anjo o daspar partes). P Por ortanto, tanto, quando sse efala quea Retóri Retórica ca dispositio (arr secaracteri caracteriza za por ser umatécnica (techne), trata-se simultaneamente de uma técnica de argumentação e de uma habilidade na escolha dos meios para executá-la. A lguma umassocor ocorrrênci ncias asda imprensa já já ate atestam stamesse ssemodo decom com-preender o conceito de retórico como o resultado dos dois componentes,, isto é, em quecon tes conteúdo teúdo efo forrma seapres aprese entam ntamcomo inse inseparáveis. paráveis. V eja-se a-se,, por por exemplo, plo, a manch anche ete queenci ncim ma matéri atéria aa ass ssiinada por nosso corr nosso correspondente e em m Davos (Suíça) (Suíça),, para o cader caderno Dinheiro da FOLHA (2 (2// 2/ 2/97 97), ), ve versa rsando ndo sobreasneg negocia ociaçõe çõessqueosEstadosU ninidos eo B Brrasi asil dese desenvol nvolvi viam amnaque naquelle encontr ncontro: E U A endur ndureecem cemretór tóricacom comoB rasil

O fato de quehoje hojesedá o rre etor torno no a uma uma conce concepçã pção o de Retóri Retórica bem mais próxima das fontes fica evidente em seus novos desdobrament ntos, os, re repr pre esent ntados ados pelasNeo-R o-Re etóri óricas cas,, de quesão são exe exem mplos plos a ass  Teo  Te oria iassdaA rgumentação, fundadasnaslóg lógica icasnão-formais (deCh Cha aïm Perelm Pe relma an e LLucie ucie Ol Olbre brecht-T cht-Tyte yteca ca,, deM ichel chel M eyer, A . Lempereur reur e outros outr os)) enaslógi ógica cass natur naturais ais (deJean-Blaise an-BlaiseGrizeeGeorg orgesV ignaux, além de outros), assim como a Retórica Geral do Grupo µ (Je  (Jean-M n-Ma arie rie ...............................................................................................................................................

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Klinke linkenbe nberg, rg, JJ.. Dubo Duboiis, Phi Phililipp ppe eM in ing guet, uet, Francis FrancisEdel Edeline ne,, FF.. Pire PireeH.  Trino  Trin on), cujaatuação nosúlt ltim imo osvin intteanosvai muito ito além lémdeuma simples retórica das figuras. O Grupo vem estendendo o tratamento retór tórico aoutr outraslinguage nguagens, que não a ass excl xclusiv usivam amente ntever verbais bais(pic(pictóriica tór cass, fíl fílmica cass e etc.). tc.). A ssim, à atitud atitude e dedesc descrrença nos nos e efeit feitos os da Retóri Retórica sse egue-se ue-sea convicção de que é no mundo da opinião, da doxa que são tecidas as relações sociais, políticas e econômicas, uma vez que é a esta que se temacesso sso e não ao que se sechama chamarria “mun “mundo do da ver verdade” dade”.. Postul Postula-se a-se uma um a retóri retórica doverossímil, em que há espaço para o não-racional sob suasdive diverrsas sas for form mas: as: a da se sensibi nsibillidade, da se sedução edo ffas ascí cíni nio, o, da crença edaspaixões em ge geral. Foi em Ar A ristótelesque sse e encontr ncontrou ou a possibilidade de uma dialética entre verdade e aparência de verdade, ou seja, o verossímil, podendo-se falar mais propriamente em representação da verdade, que emerge do senso comum e que se corporifica nos discursos do homem. De igual forma, ao mostrar a ligação da Retórsuasão, desvi ricacomapeas vincul nculando-a ando-aeda noção verrdade ve , Aseus ristót tóte eles estabeleceu bases dessa disciplina que iriamde persistir em desdobram dobr ame ent ntos os mode moderrnos. A suaconcepçã concepção o de discurso convi convincente, como com o se sendo ndo aquele queconseg consegue fa faze zer o públi público senti ntir-seide dent ntiifificado cado com o seu produtor e a sua proposta, é aproximadamente a mesma adotada por Perel Perelm man eT yteca em se seu u T ratado atadodaA rgume gumentação ntação. A 2 N ovaRetór tórica : O ob objjetivo etivo detodaar argume gumentação, ntação, jjá á odi dissem ssemos, os, épr provoca ovocarr ou a aume umentar a adesão dos espí espírritos às teses que se ap aprrese esentam ntam a seu seu assenti assentim mento: uma argume ar gumentação ntaçãoefi eficaz cazéaqueconsegueaumentar essaiintensi ntensidad dadeedeadesão,

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(2) (2) T ratado atadodaA rgum gumeentação ntação. A N ovaRetór tórica ca,, trad. M. M . Erma Ermantina ntina Galvão Pereira. São Paulo, Paulo, M artins artins Fonte Fontes, 19 1996 96, p. 50. ...............................................................................................................................................

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defor orm ma que que sede desencad sencadei eie nos ouvi ouvintes ntes a açãoprete pretendi ndida da ((ação açãoposi posititiva va ou abstenção abstenção)) ou, pe pelo lo m meno enos,s, cri crie ne neles les umadi dispo sposisição ção p par ara a a açã ação, o, quese manifestará no momento oportuno.

O discurso persuasivo, destinado a agir sobre outrosatravés atravé s do  (pal lavra erazão) azaquele ão),, envol nvolve vea dispos disposi içã ção o que osouvinouvin logos (pa tes conferem aos que falam (ethos) e a reação a ser desencadeada nos que ouvem   pa (pathos). Estes são os três elementos que irão figurar em todas as definições posteriores e que compreendem o instruir (docere), comover com over (movere) e o agradar (delectare ). Parti Partindo da noçã noção o de j juíz uízo o, básica em Retórica, aquele a quem se fala também é juiz, daí o caráter int nte erati ativo vo e dialógico dialógico emquese apói apóiam amasNeo-Re o-Retór tóriica cass. Quando se fala, fal a, por portant tanto, o, em Te Teori oria da Ar A rgume umentaçã ntação, o, cabe cabe umreexam xame edasrelações entre Retórica e Dialética, tal como estabelecidas na concepção aristotélica, o que tem sido uma preocupação constante nos trabalhos de Per Perelman e sse eus cont contiinuadore nuadores. C hega-s hega-se e, por esse ca cam minho, nho, às ccaracterí aracterísti sticas casbási básicasque se sempr pre enor nortearam tearam a retór retóriica,d de esdeassuasori origensequea pa paut utam amtambém em nossos dias, guardadas as diferentes condições e modos de existência. São elas:

l. Eficácia: Nodisc discurso ursoper persuasivosã são omobi mobillizadostodososrecursosretóri tóricos para a produção de efeitosdesentido tido, isto é, com vistas a um determinado fim, havendo pois um caráter manipulador em seu funcionamento. De fa fato, to, sã são o as pr proj oje eçõe çõess do sujeit sujeito o da e enun nunci ciaç ação ão queirão de determ termiinar o desenrolar da argumentação, daí a importância das teorias enunciativas para todo e qualquer enfoque retórico. Há que observar, sobretu...............................................................................................................................................

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do, os tr traç aços os enr nraizados aizadosna e enun nunci ciaçã ação o (asform formasdedisc discur urso, so, o modo, os procedimentos de avaliação e outros índices). Nesse sentido, todo discurso é uma construçãoretóri merica ca, na medida em que procura conduzir o seu destinatário na direção de uma determ de termi inada poerqual specti ctiva vaetende doassunto, proje tando-l tando-lhe he om se seeuse própri próprio oeponto pont de vista, vista, parape pre pr obter obterproj adee sã são. o. C on onfor form d de epr pre ende,o essa concepção de base pode ser o ponto de partida para o estudo da estrutur trutura a discursiva do tte exto, do inventári inventário o dos tópicos tópicos eda dass escolhas colhas estil stilísti sticas casefetuada fetuadas. s. A ssimvi vista, sta, a Re Retó tórrica ésempr pre eum uma a techne que implica cultivo, aplicação e estratégia. Na tradição retórica latina, é C íce cero ro no se seu u D eO rator Primeiro, quenos fornece forneceindica ndicaçõe ções tore, Livro Pri 3 preciosas a esse respeito :  Se, defat  Se, fato, aquelas cois isa as quetêmsido idoobserv rva adas nousoenotrat ratamentodo di discur scurso so vêmnotad notadas as e a assi ssinalada naladass por pe pessoas ssoas háb hábei eis e saga sagazes, zes, e defi defini nida dass comas p pala alavr vras, as, explicad xplicadas as no noss seus gên gêneeros, distrtriibuídas nas suas p part artees – coi coisa sa queme par parece ecesej seja a possí possível vel ffaze azerr-se – não nãocompr pree eendo p por orque que,, embor bora não com o rigor de uma estrita definição, todavia ao menos no sentido lato, a retó retórrica nãode deva va ser cconsi onside derrada ada um uma aa arrte.

Pode-se dizer que sob o conceito deRetóri únem-se m-sedois doisram amos: os: tórica ca  reúne l. Estudo d da a produção liliterári terária, a, e em mquea pre preocupa ocupaçã ção o é aidé déiia de ruptura, de inovação, de desvio. Portanto, o que lhe interessa é a oposiiçã opos ção o re regra/ a/de desvio svio eo culti cultivo da diferença, cabendo discussões a ess sse erres espeit peito. 2. Es Estudo da produção pe perrsua suasiva siva pr propr opriiamente ntedita, dita, da e expr xpre essão eficaz, baseada no acordo implícito dos valores e no princípio da cooperraç coope ação ão dos envolvi nvolvidos dos no ato comuni comunica catitivo. vo. Dentro ntro de desssas sas cconon...................................................

l’Orate ateur , Libr. (3) CICERO CICERON, N, D el’Or L ibr. I, chap. chap. 23 23. ...............................................................................................................................................

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dições, parte de uma apologia da norma, do senso com comum um,, da parti partillha deprincí princípi pios ose expectati xpectativas vas. É É,, por portanto, tanto, a noção deidentidade que consoliida o ato dea consol ade desã são. o. São osestereóti tereótipos, pos,o osslug lugares ares-comunsque circulam em suas manifestações. etóri tór seident de ififica ca te teori oria a doesdiscu discurso rso peersua rsuas sião vo,etanto para Ar AAriR stót tóte elieca s com onti para P Pe ecom relmaan. Para te, ar arg gum ume ntaç ntação re retótórica são são liligadas adas, poi poiss não exi exisste disc discur ursso se sem ma audi uditór tóriio e não há argument ntaç ação ão sse em retór retóriica ca.. Na real realidade, por poré ém, não setrata trata deexcl xclusivi usivi-dade de uma ou outra dessas tendências, ocorrendo antes uma supe uperrposi posiçã ção. o. A ssim, na Retó tórrica da da Poesi Poesia a, por exemplo, o Grupo µ aponta os traços que fazem da poesia um instrumento bastante eficaz. O fato de os mecanismos retóricos, por seu caráter estratégico, no sent ntiido log logíístitico co me mesmo do tte ermo, produzir produzire emefeitos feitos desenti ntido, coloca a Retórica em conexão com a Semiótica, que se ocupa das prátitica cass sisignifi nifica catitivas vas,, sejamelasve verrbais ou de outr outra a natur nature eza. za. T ambé bém ma Retórica tem estendido os seus estudos a outras linguagens (fílmica, pi pictór ctóriica ca, pl plás ásti ca), ), confor con form mde ese constatar consta tar1970 na70 fart farta a pr prse odução oduçã o do Grupo Uni Utica niversi versidade dade Lipode ège, que desde desde 19 vem ocupan µ , da do da comunica comunicaçã ção o visua visuall, com apreocupaç preocupação ão de estudar a poss possibil bilidade de transferência, para esse domínio, dos conceitos retóricos de caráter lingüístico. É dessa data a sua Retó tórrica G eral, traduzida em mui uitas tas lílíngua nguass, incl nclus usiive em japonês japonês ecoreano, coreano, e que que foi inicial nicialm mente nte denominada Rhé xatamente ntepor n não ão pri privi villegiar o héto torriquegé géné nérralisé aliséee, exatam verbal.   Em19 1964 64,, R Rol oland and Bar Barthe theslança ançava va na revi revista sta C ommunications unications importante artigo intitulado “Rhétorique de l’image”, posteriormente republicado em L’Obvie et l’Obtus, como parte de seu primeiro capítulo, inti ntitul tula ado “L “L’é ’écri critur ture edu vi vissible” ble”.. Na Fra França denoss nossosdia dias, são os tr tra abalhos deJean-M an-Ma arieFloch, como como I denti ntité téss V isuelle suelless, de 1994, que perrfil pe filham osnov novos os ca cam minhos, nhos, aber abertos com o envol envolvi vim mento nto cada ve vezz maior da publicidade publicidadeedo merchandising. ...............................................................................................................................................

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A s rel relaçõe açõess ent ntrreSem Semióti ótica ca eRetóri tóricaforam foramalvo deestudos do  Sémin ina aireI ntersé rsémio iottiq iquuedeParis Paris da École de Hautes Etudes en Sciences Sociales Soci ales(EHES (EH ESS), S), em seu semestre le letitivo vo de 199 1995/ 5/19 1996 96,, do qual partiparticipam cipamosdur durante anteestág estágiodeestudos estudosepesqui squisa sassnaEur Europa. opa. O tema temaque se estabeleceu, dentro desse quadro de relações, como norteador do grupo par partiticipante, cipante, ffoi oi a questão datensividade (“  (“V V ers unerhé rhétor toriique tensive”). Reconheceu-se inicialmente que, apesar de a Semiótica terse mantido afastada da Retórica, as duas disciplinas têm-se voltado para o mesmo ti tipo de fenô fenôm menos. nos. A ss ssiiméque o Se Sem minár náriio pr propôs-se opôs-se, como objetivo central, examinar a pertinência e o valor operatório, no ca cam mpo da re retó tórrica ca,, deumahipótesetensiva. A pa part rtiir do mome omento em que se adota uma perspectiva essencialmente discursiva, o conjunto do campo retórico (lugares, tropos, figuras) aparece como o da regulação gulação eda modal modaliiza zação ção dastensõesentre grandezas, dimensões ou enunciações que estão em concorrência nas camadas profundas do discurso e que irão aceder à manifestação. A que questão stão bá básica sicada é, enunciação poi pois, s, a da soli ol ici citação tação patê patêm da fifig gur ura, a, provocada por ocasião em ato, isto é,m noicadomínio do vivenciado (“eprouvé”) do conflito, aberto em cada ponto do discurso.  Tall persp  Ta rspectiv iva a játemsid ido o trilh rilha ada pelo lossdesenvolvim lvime entosde Paul Ri Ricoe coeur, ur, no caso caso da me metáfor táfora, a, e por M M.. Pr Prandi, andi, no que toca à àss formas do que ele chama conflito conceptual, na questão dos tropos. Entr En tre e ossemioti otici cista stas, s, des destaca tacam m-seos tr traba aballhos de Cl ClaudeZil Zilbe berrber berg,  Jaccques Fon  Ja Fontanille, De Den nis Bert rtra ran nd, Per A age Bran randt e outros ros. Por sua parte, a Sociossemiótica tem procurado dar conta do aliza zano di disscur cursso, da fala como como atojurí  j  jo ogodeforças que sereali jurídico dico, dos papéis de que se investem os interlocutores, da noção de cenário ede espetacularidade no quadro social. Nesse sentido, têm sido esclarecedor ce dore esosestudosem empreendi preendidos dospor EricLandows L andowski ki no âmbito bito de dess ssa disciplina, entre os quais destacamos A so socie ied dade Refl Refleetida ida, obra em queo autor sevolta volta para para vários váriostitipos posdedi disscurso (o (o jjurí urídi dico, co, o pol políítico, tico, ...............................................................................................................................................

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o publicitário e o jornalístico), preocupando-se com o seu funcionamento global e a eficácia social de tais atividades discursivas. C onfor onform me sepode per percebe ceberr, a R Re etór tóriica – enquant nquanto o teoria teoria do di disscurso per persuasivo – confina confina comvárias váriasdis discipl cipliinas nas,, de dellasrece cebe bendo ndo subsídios, ao mesmo tempo em que fornece seu arsenal já milenar, a partir das experiências que o homem tem feito desde que percebeu a força de seu discurso sobre o outro.

II. Caráter utilitário: O surgim urgiment nto o da Retór tóriica na Gr Grécia Ant A ntiiga prende prende-se -seà luta reivindicatória de defesa de terras na Sicília, que haviam caído em poder de usurpadores. Esse caráter prático, aliado à eficácia, esteve sempre presente nas finalidades da Retórica e é o que modernamente a situa junto junto à Pragm Pragmáti ática ca.. mque medi medida da umdisc Defato, pa parhá ra se sque edeci decidi dirr eem discur urso so visa visape perrsuasuadir e como  o faz, levar conta as características fundamentais da situação em que ele se dá e as relações de intersubjetividade dos interlocutores. Os efeitos perseguidos pelos discursos persuasivos são produt pr odutos os não de umsimplesato ililocutó ocutórrio, com como o tam também bém deelementos extraídos xtraídos daforça força ilocucionári ocucionária a da situação. tuação. C Cabe abeain ainda da lembrar brar que o ato de informar não existe em estado puro e serve antes a convencerepersuadir do que por por si própri próprio. o. A ssiméquedis discursosquese tê têm mcom como o infor inform mativos, tais tais como como o científi científico co eo jornalí jornalísstico, tico, ssão ão o exemplo disso, uma vez que existem em função de determinada finalidade prática a ser atingida. Por esse motivo, coloca-se em questão a tradicional divisão das modalidades dos gêneros jornalísticos em informati ativos, vos, iint nte erpretativos pretativos eopi opinati nativos vos que que,, na re realidade alidade, serve a ape penas nas parabalisa balisar apráxi práxissjornal ornalíística, stica, qua quando ndo não nãomesmo par parade desp spiistar um leitor desavisado. ...............................................................................................................................................

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A lingua nguag gem é ass assim instrum nstrume ent nto o não só de inf nfor orm maçã ação, o, mas basicam basi came ent nte edeargumentação eesta, por sua vez, vez, sedá na comuni  comunica ca-ção e pela comunicação, razão pela qual a argumentação é sempre situada, dando-se basicamente num processo de diálogo, isto é, num contacto entre entresuj uje eitos. Para Par a Ducrot ucrot e A nscom nscombr bre e, a a arrgument ntaçã ação o sse einscr nscre evena pró pró-pria língua, dada a natureza argumentativa da linguagem. O explícito é lingüisticamente portador de uma conclusão, sugerida pelas variáveis argumentativas imanentes à frase. Os autores rejeitam a idéia de queuma uma fras frase esebasta basta a si mesma por sua própri própria estr strut utur ura a pa parra lhe lhedar sentido, independentemente do contexto. Insistem no elo que há entre explícito e implícito como constitutivo da intelegibilidade e no fato de que o argumentativo não é um acréscimo ao explícito, mas está na relação entre ambos. Esclarecem também a questão do literal que, na real realidade dade,, éproduzido emfunção deumsent ntiido im implícit plí cito, o, ponto esse bastante importante quando se examina a figura esua natur atureza. fundam fund ame ent ntais aisaoscom estudos estudos re retó tór ricosreexame algunscampos cam posbás básiicos,e sobre São os quais refletiremos, vistas a um e atualização queserão apon apontados tados a segui guirr: 1.As A spartescompon compone entesdosistemaretóri retórico co 2.Os Osgênerosdodi dis scur curs so 3. A fig figura ura

1. Partes da Retórica: Inicialmente, é preciso achar o que dizer; em seguida, ordenar o que se se encontr ncontrou ou e proce procede derr a um inve invesstitim ment nto o no no plano plano da expres expres-são, sã o, demodo a ter ade adequação quação nasescol scolhas. has. Na reali alidade dade,, o que quesedá éque o pensament nto, o, asidéi déiassefor forjjamnum traba traballho conjunt conjunto o com a ...............................................................................................................................................

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linguagem, result sultando ando que queaprende aprenderr a expri xprimir-se étambémaprende aprenderr a pe pensa nsar. r. No Li Livro T Te ercei rceiro do D eO rato C íce cerro e expõe xpõecommuita uita torre, Cí felicidade essa relação de dupla implicação, que seu estilo inconfundívell expre ve xpressa à maravi maravillha4: D e fato fato,, abundâ abundânci ncia a dos dos a assuntos ssuntos ger gera aaa abund bundânci ância das p palavr alavras; as; e seexiste xiste nobreza nos assuntos de que se fala, surge da natureza do assunto certo esp sple lendo ndorr natur natural al d das as p pala alavr vras( as(....) . A ssim ssim, faci facilm lmeente nte,, na a abun bundâ dância ncia do doss assuntos, da própria natureza fluirão os ornamentos da oração, sem guia algum, desde que seja ela exercitada.

A spart parte escomponent componente esdo si sistem stema retór retóriico para os g grregoseram quatr qua tro o – a inventio, a dispositio,  a elocutio ea actio – às quais os romanos acrescentaram mais uma, a memoria.

I nv nveenti ntio -  É o estoque do materi material, al, deonde ondesetir tiramos a arrgumento tos, s, as prov provas ase outros outros m me eios de persuasã suasão o re relativos ativos ao te tem ma dodos discurso. discu rso. A topica de quetra trata A Ari risstótele tóteless. O estudo lugares– elemento de prova de onde se tiram os argumentos – é parte essencial da inventio. T  Tra ra-ta-se, portanto, de retórica do conteúdo.

Dispositio - É a maneira de dispor as diferentes partes do discurso, o qual deve ter os seguintes componentes: exórdio, proposição, partiçã partição, o, n narr arraç ação/ ão/de desscri criçã ção, o, argum argume entantação(confi (confirrmaç ação/ ão/rrefut futaç ação) ão)epe perroraçã oração. o. T Trrata-s ata-se eda organização interna do discurso, de seu plano. Elocutio  - É o estilo ou as escolhas que podem ser feitas no plano de expre xpressão par para quehaja haja a ade dequaçã quação o for form ma/ a/concon...................................................

(4) CICERO CICERON, N, D el’Orate l’Or ateur , Libr. L ibr. III I II,, chap. chap. 31 31. ...............................................................................................................................................

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teúdo. São conhecidas as virtudes apregoadas pela velha Retórica e que ainda continuam sendo preceitoss do be to bem m di dize zer, embor bora a nem sempre os meios de comunicaçã comuni cação o os tenham tenhamemment nte e: corr correção, cl clareareza, za, conci concisã são, o, ade adequaçã quação, o, ele elegância. ância. Nessa part parte e, h há á ainda que considerar a questão das modalidades de estilo, mencionando a conhecida teoria dos três estilos, de acordo com a adequação de elocução: simples,, médi ples médio o e subli ublime. A Retóri tórica seria, ria, port portanto, anto, uma arte fun funci ciona onal, por todos esses aspectos.

 A  Acctio - É a ação que atualiza o discurso, a sua execução e constititui cons tui o próprio próprio alvo da Retóri Retórica ca.. Nela se incl inclue uem m os elementos suprassegmentais (ritmo, pausa, entonação, timbre de voz) e a gestualidade. Há, portanto, lugar para o não-verbal, que faz parte integrante do ato daum comauditório, comun uniicaçã cação. o.T Tem emrelação -seque ccon onsider siderar pr pre esença de ao qualar o aprincípio básico é o de adequação, tendo-se como finalidade não apenas apenas convence convencerr pel pelos raciocí raciocíni nios, os, ma mass per persuadir com base na emoção.

 Mem  Me moria - É a retenção do m mate aterrial a ser tr trans ansm mitido, tido, con considesiderando-sesobr obre etudo o disc discur ursso oral, oral, em queum orador transmite mensagem a um auditório. Para Quintiliano, a memória era não somente um dom mas uma técnica que poderia também ser desenvolvida por processos mnemônicos, os famosos “truques” para a retenção do disc discur urso. so. Consti C onstituem tuemelementos ntos e ess sse enciaisspa ciai para ra e esssa final finaliidad dade eaprópr própriia estrutur trutura a do di disscurso, a sua coerência interna, o encadeamento lógico ...............................................................................................................................................

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MOSCA SCA,, Lineide Lineide d do o Lag Lago o Sa Salvado lvadorr.Velhas eN ova ovass Re Retóri tóricas: conve converrgências e d deesdo sdobr braamentos.

das part parte es, a euri euritmi tmia a de suas frases. C Conf onfor orm me sse e pode observar, as três partes fundamentais do sistema retórico são fundamentais para que se possa ter o discurso disponível na memória. Esta, longe de ser umdo entrave à criatividade, melhor posse discurso, o que nãopermite elimina uma a improvisação e a capacidade de adaptação às eventuais refutaçõe taç õess. A memoria permite não somente reter, mas também improvisar. Pode-se di Pode-se dize zer que a aiinda hoj hoje e esses pass passos pr propostos opostos pe pella R Re etór tóricaA nt ntiiga constituem constituempr proce ocedi dim mentos ntos impor portant tante espara aconsecução consecução de umtr traba aballho be bem m compos composto ede boa qua quallidade dade.. Os recursos modernosda el eletr trôni ônica ca não deste desterrraramo tr traba aballho da m me emóri ória,como sse eríamos levados levados apensa pensarr. Pel Pelo contr contrário, ário, vol voltam tama recupe recuperrá-la e avalor valoriizála. O elemento oral, que havia sido marginalizado pelo advento da era gutenberguiana, entroniza-se toda aeletro-magnética força através da mídia em geral (telefone, rádio, televisão,com gravação do som e da im image agem). A comunicaçã comunicação o oral oral pod pode epe perrmanecer, ser ser con conse servada, transmitida à distância, reproduzida, tal como a escrita. Já não é bem verdade verd adequeverba volant scripta manent. Al  A lémdis disso, n nota-se ota-sena atual atualiidade o enfr nfraqueci cim ment nto o da oposiçã ção o or oral/ al/ escri crito, to, um uma a vez quea reali reali-dade comunicativa atesta a presença de muitas atuações híbridas. A Retór tóriicaretorna vi vig gorosa, orosa, portanto, não só só nas ssua uass trê trêss pri pri-meiras partes (inventio,dispositio e elocutio) , des desenvol nvolvi vida dass pela via lólógica e pela análise lingüístico-estilística, mas também na memor oriiaena actio, enquanto forma de apresentar as palavras, de gesticular (a K inés nésiica), ca), defazer a in interaçã teração o com o e esp spaç aço o (a Pro Proxê xêm mica ca). ). Há todo umuni unive verso rso “perfor form máti ático” co” a cons consiide derrar e que ve veiio a rre estaurar taurar iig gualmente os componentes emotivos, sensuais e de prazer da palavra, com asuapr pre esent ntiifificaç cação. ão. V oltam oltam tam també bém mà tona tona os tr traços açosque esta...............................................................................................................................................

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vam recalcados e refreados e que os novos meios permitem expandir dir e reve vellar. A sedução, nes nessse cont conte exto xto,, tte em pl ple ena pos posssibil bilidade de exer xercíci cício o com como o instr instrum ume ent nto o de per persuas uasão. ão. A ssi ssim, a Psicanáli Psicanálise e a Semiótica das Paixões vêm bem ao encontro das preocupações tórico co que cabe tomáplenas da Retórica – e é como um sistemaretóri la – em sua atual revigoração.

2. Os gêneros do discurso: C las asssifica ficados dos sse egundo o obje objetitivo vo e o contexto, os gê gêneros básicos de discurso remontam à antiga Retórica e hoje se atualizam sob formas bastante variadas, assumindo novos formatos. São eles: o discurso curs o jjudici udiciá ário rio ou fore forense, o dis discurs curso o del deliberati berativo vo ou políti político co eo dis discurso epidí epidítitico co ou ce cerrimonial. onial. Os discursospodem podem a apres prese entar ntar llug ugare aress comuns (T opo ), o fundo lógico comum a todos os discursos inscritos poii ), numa mesma tradição cultural, e lugares próprios a cada um (eidos)  e quepassamos que passamos adestacar a sseg egui uirr: O disc discurs urso o judi judiciári ciário o visa a destruir os argumentos contrários, tendo que combater a parte oposta, ou seja, a tese proposta e apresentar provas técnicas (criadas no discurso e dependentes da retórica), além das extra-técnicas preexistentes ao discurso (leis, testemunhas etc). O di dis scursodeliberativo trata de questões ligadas à coletividade, à p totalidade dade,, quanto à sua sua adm admiinistraçã nistração oe  po olis emsua totali às decisões a serem tomadas em benefício público. Em sua ristótele tóteless atr atriibui-l bui-lhe he ci cinco ques questões tões bá bássica cass5:  A  Art rteeRet Retóric rica a, A ris ...................................................

(5 (5)) ARISTÓTELES ARISTÓTELES,, Retórica, Liv.  Liv. I, I, cap. cap. IV, IV , sse eç. II. ...............................................................................................................................................

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1) recursos financeiros, 2) guerra e paz, 3) defesa do território, 4) importaçã portação o eexportação xportação e 5) le legislaçã slação. o. O di dis scurs curso o epi pidí díti tico co é o que procede ao elogio ou à censura e, por expl explorar todos osrecurso cursoss lite literári rários os,, oscil oscila a entre ntreo funci funcioonaltambém eo e essté tétitico. Ao A o cum cumpri prir r um uma afunção social e cívi cívica ca,, ligase aco. questões de ética pública. Segue-se ue-seum qua quadr dro o com a final finaliidadede ccada ada titipo po de di disc scur urso, so, o temtempo afetado, a categoria envolvida, o tipo de auditório, os critérios de avalliaç ava ação ão eo a arrgum ume ent nto-t o-tiipo: Finalidade

T empo

Ca attegoria

 Judic  Jud iciá iário rio

A ud uditório

Acus Acusar/ Pas Passado Ética Ética juiz juiz// jura jurad dos defender Deliberativo Aco Aconselhar/ Futuro Epistêmica assembléia desaconselhar Epidítico Elogiar/ Presente Estética espectador censurar

A vva aliação

A rrggum. tipo

jus justo/ to/ ent ntim ime ema injusto (dedutivo) útil/ exemplo prejudicial (indutivo) belo/ ffe eio amplificação

Na realidade, embora esses gêneros sejam bem delineados, dentro da mesma argumentação podem ocorrer traços dos três tipos de discurso, numa relação de dominância e não de exclusão, tal como se pôde observar a partir da especificação dos lugares próprios de cada um, em que já se entrevêem determinadas imbricações. Os diversos tipos de discurso convivem, na tentativa de ganhar a adesão do público e o seu assent ntiiment nto, o, ou se sejja, d de e ccon onve vencê-l ncê-lo o da vali validadeda causa causa proposta pr oposta e p pe ersua suadi di-l-lo o à sua ace aceiitação. C om a mul ultitipl pliica cação ção dos meios decom comuni unica cação, ção, ocorr ocorre tam tam-bémuma umaextr extre emadi diversi versidade dadedemani anifes festações tações,, queapont apontarem aremos osase se-guir uir, embora borasse ejamosdebate debatessjur juríídicos dicosepol polííticos ticosquemaisint inte ensa nsam mentemantêm mantêmvi viva va a tradição tradição re retór tóriica.E Eiisa allgum umas asver versõesa atuai tuaissdeapl aplica ca-çãodostr trê êstitipos posdedi disc scur ursos sostratados tratadospe pella vel velha retór retóriica ca:: ...............................................................................................................................................

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O discurso judiciário:

• Nos tri tribuna bunaiis - uti utillizado ado pe pello promotor promotor epel pelos advog advoga ados d de e defesa defe sa// acusa acusação çãoemseusjul julga gam ment ntos. os. • Nos sse ermõe õess - util utilizado zado por chefe chefess re relligiosos osos,, ac acus usando ando ou dedefendendo comportamentos ou atitudes de afiliados ou não à determin de terminada adacrença reli relig giosa. osa. • Em mani manife fesstos, cart cartas asabertasenot notas asoficiai oficiaiss, denun denunciando ciando ou ou ino noce cent ntando ando pessoas pessoaseatos. A tent nte e-separa docume document ntos os desdessa natur nature eza, publi publica cados dos nos jor jornai naiss ena im imprensa prensa te tellevis visiva, para corrigir boatos, desfazer equívocos ou rebater acusações.  Tratta-se, por e  Tra esstemeio io,, dedar umasatis isffação àcomunida idade, preservando ou alterando uma determinada imagem de si mesmo, indivíduo ou instituição. O di dis scursodeliberativo:

• Docume ocument ntos os técni técnicos cos com recome comendações ndações de consultor consultore es, e outros desse gênero. • Dpareceres iscursos cursos políti polí ticos cosdocumentos em geral ral,, propondo ou des desacons conse elhando a aprovação de projetos de lei, medidas provisórias e outras congêneres. • Pr Pronun onunci ciam ament ntos osaconselhando ou desa desaconse consellhando medidas didas diant di ante edeposiçõe posiçõescont contrroverti overtidas, ttai aisscomo como adoção adoção deumno novo vo sistema degoverno overno di diante antedeum p pllebisc bisciito to,, por exem xemplo; plo; questõ tõe esembaraçosas baraçosascomoainsti institu tuiiçãodaeut utanás anásia,alle egaliza alização ção do aborto ou do comércio de drogas. O dis discursoepi pidí díti tico: co:

• Disc scur ursos soscome comemorati orativos, vos, emocasi ocasiõessol sole enes, nes, geralme alment nte ede caráter emotivo, tais como despedidas, entrega de condecoraçõe açõess, ce cerrimôni ônias asdefor form matura atura ou colaç colação ão degr grau, ence ncerrramentos de eventos, tomadas de posse para cargos e outras situações semelhantes. ...............................................................................................................................................

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• Disc scur ursos sos fúne fúnebre bres, em que se se exaltam xaltam a ass vir virtud tude es de um falecido estimado ou famoso por seus méritos.   A lgum umas asdaspropos proposiiçõe çõessda Retóri tórica ca,, n no o quetoca àque quesstão dos gêneros do discurso, podem hoje ser reexaminadas à luz da teoria dos atos linguagem, o que não cabe entretanto, dese de se nv nvol olve ver r nes nesse sede tr traba abal lho.

3. A Figura: C onstitui onstitui um uma a da dassque quesstõesbasilare aressda Retór tóriicaena A Ant ntiigüiüidadefoi alv alvo o deestudos pr priimorosos orosos,, tendo-secheg chegado ado auminvent nventáário exaus exaustitivo vo e a cl classififica caçõe çõess ba basta stant nte ede detal talhada hadas. s. C Cul ultitivada vadass nos tr traabalhos balh osda Idade IdadeM édia, dia, bas bastant tante evalo valorriza zadas dasno Re Renasc nasciimento, nto, no sé sé-culo cul o XV XV III asfig figur uras asforam foramtema tema deestud tudo o com Dumarsa umarsaiis em seu  (173 730) 0)eno sé sécul culo o XI XIX comP. Fontani ontanie er (18 (1821 21-18 -1827 27)) T raitédes TTrropes (1 emLes FFiigures gures du du D Diisc sco ours, reeditado em 1968 com introdução de G. Genette.  O papel da figura nos estudos retóricos foi assumindo tão grande proporção que, em determinado período de sua história, a Retórica reduziu-se duziu-se ao ao se seu u excl exclusi usivo vo est estudo, sendo ndo esta uma uma dasrazões azõesdo se senntitido do re restri strito to que pa pass ssou ou a veicular veicular e que adistanci distanciou ou de sua sua ace acepçã pção o plena, apta a atender aos demais componentes envolvidos no discurso. Na realidade, foi contra esse tipo de retórica restrita que se voltaram os que se propuseram a reabilitar o sentido original da retórica. Roland Barthes, ao se pronunciar a respeito, considera que seria um contra-senso limitar a Retórica ao estudo dos tropos e termina sua exposição sobre a retórica antiga, mencionando o que ele considera o seu legítimo alcance6: ...................................................

(6) (6) C f. BA BA RTHES, RTH ES, R. “A “A Retó Retóric rica a A nt ntig iga a”. In: CO COHEN HEN,, J. et alii. Pesquisas de retórica. Petrópoliis, Ed. V ozes, 1975, Petrópol 75, p. 221. 221. ...............................................................................................................................................

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Por isso, i sso, rreeduzir a retó retórrica àcate categori goria a de deob objjeto to total tal epuram purameente hhiistór stóriico, co, reivindi ndicar car como no nom medetexto, deesti estilo, lo, um uma a no nova va práti prática ca d da a linguagem linguageme nunca se se sepa parrar daciê ciência ncia rreevoluci volucioná onárria rreeprese presenta nta umúnico único emesmo smo trabalho.

A quebra quebra do equil equilííbrio brio prim primiti tivo vo da Retóri Retórica calevou a divers diversa as alterações, entre as quais ao privilégio concedido ao texto literário, especialme cialment nte ena França. França. No No mund mundo o angl anglo-saxã o-saxão, o, a Re Retór tórica per permaneceu m mais ais próxi próxim ma desuas suasori origens. T Tais ais tendências tendênciasdiss dissoci ociati ativas vasforam bastante prejudiciais a uma concepção integral de retórica, tal como com o concebi concebida da por A ristóteleserecuper cuperadanos e estudos studos atuai atuais. s.   No rei reinadodafifig gura, a metáfora foi semprearainha, rainha, cons constititui tuinndo umdos recursos cursosmai aiss importan portantes tes da léxis (elocutio), portanto do plano pl ano d de eexpre xpressão, seja daléxis retórica, seja da léxis poética tica.. A ris ristóte tótelles trata da metáfora tanto na A  Art rteeRet Retóric rica a como na Art  A rtee Poé Poétic ica a, mas a sua função difere de uma para outra, uma vez que na Retórica o seu valor éargum argume ent ntati ativo, vo, ante antess demais nada nada.. Portanto, Portanto, a distinção distinção não está no procedimento metafórico, que é basicamente o mesmo nos doiss casos doi casos,, masna estr estraté atég gia de sua uti utilização. zação. Em a am mbas bas,, a me metáfora táfora constitui sempre um processo de enriquecimento, em sua função estética de ornato ou de elemento argumentativo, enfim, em sua plenitude. Não Não se sepode neg negar a e efificácia cácia do uso da m me etáfor táfora a nos m mai aissvar variiados titipos pos dedi disc scur ursso, não só naquel naqueles titidos dos como como explici explicitam tame ente nte p pe ersuas suasivos (político, publicitário, jornalístico e outros) como também nas formas mais sutis do discurso literário.   Defini finida da por A ristóteles como como a ca capac paciidadede pe perrce cebe berr se se-melhanças, a metáfora é hoje alvo de muitas investigações e seu valor heurístico vem sendo ressaltado em virtude da função mediadora que lhe é dado exercer. Os trabalhos de G. Lakoff, notadamente, sob a perspectiva de uma semântica cognitiva, colocam a metáfora no centro do sistema conceptual, como a possibilidade de assegurar a expressão denossaexper xperiência, ncia, de mane maneiira sse ensí nsíve vell, isto é, “incor “incorpor porada ada”, ”, manifestando-a sob a forma de uma linguagem figurada. ...............................................................................................................................................

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Inúm núme eras te tent ntati ativas vasforam foramfe feiitas tas,, dent dentrro do âm âmbi bito to da R Re etór tóriica ca,, como int intui uito to de cl classififica carr o inve invent ntá ário dasfig figuras, uras, cujo n núm úme ero se elevava a cerca de duzentos e cinqüenta tipos. Font ontani anie er, em18 1830 30,, na obra obra cit citada ada,, fifize zera um uma a te tent ntati ativa va decl clas asstes ififica caçã ção, o, cheg cheg1.ando a di dis stitinguir nguir seteclass s,se seg gundo o cri crisó téri tério o daspa par rafetadas: figuras de significação ouetropos , em uma palavra; 2. figuras de expressão, ainda recaindo sobre a significação, mas envolvendo várias palavras; 3. figuras de dicção, que trazem modificação material na forma das palavras; 4. figuras de construção, quando afetam aorde ordem mdas daspal palavrasouasua suaexpansã expansão/ o/ subtr subtraçã ação; 5.fifigur uras asdeelocução, que procedem da escolha no nível da expressão da idéia; 6. figuras de scol olha ha depalavr palavras aspara e expr xpre essão deum juí juízo, zo,rre elac aciionand onando o pe pello estilo, esc menos duas idéias; 7. Figuras de pe torneiiosdados dadosao própr própriio  pensamento, torne pensam pe nsame ent nto, o, ind nde epe pend nde ent nte emente ntedesuaexpr expre essão. ssão. Em decorr decorrê ênci ncia a dos avanços avançostraz traziidos pelasC iênci ncias asda LLiinguanguagem edisc disciipli plinas afi afins, ns, tornou tornou-se -seimper periosa, osa, em nossos nossos dias dias,, a nec nece essidadederevi visã são o eadaptaçã adaptação o da da ques questão tão dasfifiguras gurassob novas novaspe perrspectivas. Nesse sentido, cabe destacar a contribuição de Lausberg e, sobretudo, a do Grupo µ, de Li Liège, que em em sua sua Retó tórrica G eral  faz um reexam xame eda fifigura gura eestabe estabelleceum uma a clas classi sifificaçã cação o maisabrange abrangente nte, sob o nome de metáboles, que compreendem quatro classes, examinadas sob tr trêsoper operações açõesge gerais, quai quaisssse ejam am,, dejjun unção, ção, supres supressã são o epe perrmuta: uta: figurasfor form mais, queagemsobreo a asspe pecto cto sonosono Mettaplasmos - fig  Me ro ou gráfico das palavras e unidades menores. - figuras de sintaxe.  Mettataxes  Me  Mettassememas - figuras de natureza semântica.  Me  Mettalogis  Me ism mos - figuras aproximadas às conhecidas como figuras depensamento.  Tal como Hjelm  Tal Hjelmssle lev v, o Gru Grup po µ considera o plano de expressão e o plano do conteúdo, tomando-os quanto à sua substância e à sua ...............................................................................................................................................

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forma. Pode-se, portanto, representá-los no seguinte quadro, de acordo com com o e ellement nto o emque iinci ncide dem m:

vocábulo Frase

expressão

Con Conteúdo

Met Metaplasmo M etataxe

Me Mettassemema M etalogismo

Barilli, renom Baril renoma ado profes professor da U Uni nive versidade rsidadedeBolonha, Bolonha, que percorre a história dos conhecimentos retóricos de suas origens às posições mais recentes, reconhece ser o empreendimento classificatório do Grupo µ “até hoje o mais válido e exaustivo”7. Pode-se dizer que, ao renovar a nomenclatura tradicional e chegar a uma esmerada taxonomia, axonomia, os estudi studiosos osos de L iège for fornece necerram um pr pre eci ciooso iinstr nstrum ume ent nto o detr trab abalho, alho, ap apllicá cáve vell aos vári vários os titipos posdedis discurso. E Em m sua Retó Grupo titirra o máximo máximo pa part rtiido des dessebe bem mfun fundadatórrica da da Poesisia a, o Gr mentado sistema descritivo. Perelman, coerentemente com a sua filosofia da retórica, considera as figuras segundo o fim a que se prestam na argumentação e as classifica em figuras de p  pre ressença, figuras de s  seeleção e figuras de comuEmbora o autor autor privi privillegiea inventio ea dispositio, que ele recupenhão. Embora rou emsuateor teoriia da a arrgument ntaçã ação, o, não des despr pre ezaentr ntretant tanto o a elocutio, nemaisola isoladasoutras outraspart parte es,mas masasubor ubordi dina naaosprincí princípi pios osdeade adesã são, o, de adequação, de conveniência e outros ligados às questões do auditório rio eda re retór tóriica ccom omo o práti prática ca soci ocial al. Enfim, Perelman não prescinde dos objetivos gerais da argumentação. Quando se trata da figura, muito discutível é a questão do grau zero que equivaleria teoricamente à inexistência de desvio, mas quena real realidadeéum uma a constr construção ução art artiififici cial al e não podeseconf confundi undirr ...................................................

(7) BARILLI, R. Retórica. Li L isboa, Ed. Pres Presença, ença, 1985, 1985, p. 156 156.. ...............................................................................................................................................

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com nenhum tipo de discurso, como muitas vezes se intenta fazer. O grau zero da retórica praticamente não se dá nem no discurso ci cie ent ntíífico, fico, que deleprocura procura seaproxi aproxim mar, nemtampouco tampouco na cham chamaada linguagem comum, que não é domínio exclusivo da denotação. Sobre o linguajar ficoumais conhecida a afirmação de Dumarsais, segundocotidiano, a qual se fazem tropos num dia de mercado que numa solene tribuna. A granderefor form mul ulaçã ação o na mane maneiira deabordar asfig figur uras asderetótórica reside no fato de que passam a ser examinadas como fi fig gur ura as de discurso e não como figuras de palavras ou construções. São, portanto, figuras de texto, por desempenhar um papel na produção geral de sent ntiidoque quenel nelesedá, dá, isto é, partici participa pam mdeumproce procedi dim mento ntodi disscursivo deconstruç construçã ãodesenti ntido do. A ruptur uptura a da dass re reg grascom combi binatór natóriiasespe perradas, criando uma impertinência semântica, possibilita a produção de novos se sent ntiidos eoutr outras asleituras turascri criada adass pe pelo novo re recort corte e. É o que dáà fifig gur ura a margempara e estabe stabelece cerr um outr outro o pon ponto to devi vista sta sobr obre eo mundo, a exploração de uma outra “perspectiva”, contando com a sua capacidade de reorganização cognitiva e sensorial. Ela tem o mérito de tornar sensível um conteúdo ausente e, com isto, de propiciar a criação de uma ilusão referencial. No funcionamento de um texto, a figura permite passar de deuma isotopia a outra, no caso de um texto pluri-isotópico, compreendendo-se aqui isotopia como a reiteração de traços, qualquer que seja a sua natureza, ao longo do discurso.  Trattar a fig  Tra igu urae, emúltim ltima a análise lisea metáfora, ra, como elem lemento demodulação na construção do enunciado, significa considerar as variaçõe vari açõessubj ubje etivas tivas que seefetuam, fetuam, tendo como fun fundo do um umrecorte social mais amplo. É, pois, de caráter modelizador a proposta de uma outra visão das coisas, implementada pela metáfora e que resulta muitas vezes na quebra do estereótipo. Font ontani anie er, na jjá á ci citadaobra, obra, di disstingue tinguea metáfor táfora a de“inve “invenção” nção”,, aquella queécont aque conte ext xtual ual einstantâne nstantânea, a, da ““m metáfor táfora a deuso” uso”,, já já codi codi-fifica cada da por uma uma ccom omuni unidade dadelingüísti ngüística ca,, fato de LLíínguaenão dedis discur...............................................................................................................................................

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so. Nos tipos de discurso que dão acolhida aos lugares-comuns, a metáfora de uso tem a sua funcionalidade. Sabe-se que o estereótipo pode veicular a voz da coletividade e a lógica da consciência social, sendo um meio por onde a ideologia flui com facilidade. Nada mais manipulador que premeditação eados criação desse consenso eunanim unanido midade da de,a, quando e esstitim mul ulados artifi artificial cialm mprincípio ente nte. A ode confi confirrmar o já-sabido, impedem o papel de descoberta e de reorganização que está na base da metáfora de invenção. Em Ari A risstóte tóteles, o veross verossíímil depe depende nde,, emúl últitim ma in insstânci tância, a, da público. Se obse observar varmos hoj hoje eo dis discurso opiniião co opin comum mum, isto é, do público. publiicitár publ citáriio, ver veremos que ele lança m mão ão deidé déiiasconsensuais consensuais para a cole col etivi tividade dadee, ao inse inserri-l-las asna argume argument ntaç ação, ão, alca alcança nça os efeit efeitos os de espelhamento e identificação desejados, acabando por sugerir uma ação. Para a publicidade, o verossímil se apresenta não como o verdadeiro, mas como aquilo que se p  pa are recce com ele, que lhe dá impressão de verdade, ou seja, através da ótica da ilusão, na tentativa de imitarPor a realidade. outro lla outro ado, é nalexis poé  poétitica ca quevamos vamos enco ncont ntrrar o e espa spaço ço ext xtrremo da da transg transgrress ssão, ão, dasme metáfo táforrasar arrojadas ojadas, emergente ntesda rre ede de relações criadas nas significações contextuais, isto é, “feitas sob medida” dida” para aquele aquele evento te text xtual ual.. Cabe C abe lembrar brar que nas teori teorias atuaiss sobr atuai sobre ea enunci nunciaçã ação, o, esta étr tratada atada como um “a “acon conteci tecim mento” nto” e a situação discursiva como uma “cena” montada, com seus procediment ntos os estr estratég atégiicos. Pod Pode e-se dizer que o proce process sso od de e me metafor taforização zação envolve todo o discurso poético, lugar por excelência de escolhas estilisticamente marcadas, de exploração máxima das virtualidades do sistema. Qualquer que seja, entretanto, a forma assumida pelo processo metafór tafóriico, previ previssta ou não pe pello códi códig go, ele irirá á ne nece cess ssariam ariamente ntetraz traze er uma um a visã visão o de mundo mundo,, que podeir da e este sterreoti otipi pia a ao contra-s contra-se enso, seja reiteran terando do sabe berresparti partilhados, sejaestabelece cendo ndo re relaçõesinédi néditas tasentr ntre ...............................................................................................................................................

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as coisa coisass. O que importa porta é, portanto, portanto, ava avalliar a sua fun função ção argumentativa dentro daquele determinado tipo de discurso, isto é, os efeitos produzidos. Nesse sentido, fica evidente a fu fun nção persuasiva que a figura exerce sobre os elementos emotivos que constituem e fundamentam a estrutura dos sujeitos, ultrapassando o seu papel puramente informativo para cumprir uma finalidade de incitamento edesedução.   A publi publici cidade dademostra, ostra, comgrandeêxito, xito, queafifig gur ura anão éde ordem puramente estética e que ela pode ser altamente persuasiva. C aberessalt ssaltar ar ainda ainda que estudos sobre o di disc scur ursso poé poétitico co revel velamo fato de que o estético e o persuasivo estão indissoluvelmente ligados8.

Pontos de Contacto: O que se pôde observar ao longo dessa exposição é o fato de que são maisanumerosos que os divergentes, compararmos ve vellha Re Retóri tóros icapontos comoscomuns seus de desdobram sdobrame entos ntos atuaissen nas as Ne NeoRetóricas, razão pela qual fica evidente a continuidade dos estudos retó tórricos. Não só são são constantes constantes a ass rem remiiss ssõe õess aos auto autorres do passa passado, do, como com ottam ambé bém msse econ constata, stata,por sualeit leitur ura, a, quea assnoçõesfundam fundame entais ntais dasNeo-R o-Re etór tóriicasjá estava estavam mp prresente ntes nos e estudos studos da A Ant ntiigüidade üidade:: • A fifinalida nalidade deprática prática..O exercício rcício d da aargum argume enta ntação ção no coti cotidi diano. ano. • A concepç pçã ãodedisc discurso ursoconvin convince cente. nte.A Arrgum gume entação/ o/Pe Persuasã rsuasão. o. • O mundo daopiniã opinião, a doxa doxa.O .O co conj njunto unto das dasopini opiniõe õesspa part rti-ilhadas. • A pres presença d do o não-raci não-racional. O senti ntir, r, as cca ateg tegorias oriaspulsionai pulsionaiss, ...................................................

(8) Cf. GROUP GROUPE E µ, Retórica da Poesia (1980) , , KLINKENBERG, J. M. Le sens rhétoriqu tori quee. E ssais de sémantiquelittérair littérairee(1990), MEY MEYER, ER, M. e LEMPE LEM PEREUR, REUR, A. Figur igurees et  et  C onflits nflits Rhé R héto torriques iques (1990) e outros. ...............................................................................................................................................

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as paixões. • A adequaçã quação o ao ao públi público co esua uass ca carracterí acterísstica ticass. O auditóri auditório contextualizado. • A argum argume ent ntaç ação ão situada. tuada. Te T eori orias asdo ssuj uje eito e pro proce cedi dim mentos ntos enunciativos. • O bem bempúbli público, co, o cidadã cidadão. o. O quadro quadro social da argum argumenta ntaçã ção. o. • A exi xisstência de al alguém uém qu que e jul ulg ga. Re Relaçõe açõess in intersu tersubj bje etivas tivas.. Lógica dos valores. • O jogo ogo de represe present ntaç açõe õess. C onstr onstruçã ução o mútua mútua dossuje ujeitos. Papéis sociais. • Função per persuasiva suasiva da fig figur ura. a. Papel Papel relevante dametáfora. táfora. Por todos os traços apontados, pode-se falar em reflorescimento da retórica, em sua revitalização ou qualque qualquerr outr outra a metáfora táfora do g gê ênero que mostre esse elo com o passado. O novo espírito da retórica é o da integração e um dos seus objetivos é o de eliminar a fissura que se estabelecia asonstr ciências discursos axiomá axi omátiticos cosentre da dem dem onciências straçã ação, o, humanas do âm âmbi bito to e daas m mate atem mática áticados edas ciê ciências ncias que nela se apóiam. Foi a filosofia do Direito que levou Perelman a observar que havia domínios que não poderiam ficar entregues ao arbítr bí triio do subjetivo subjetivo e pa parra osquais poderiamser de dessenvolvi nvolvidas dastéc técni nica cass apropriiada apropr adas. s. A parti partir de dess ssaspr pre eocupaçõe ocupações, s, surgir surgiramobras obrassuas suas ccomo omo  J  Juustic icee et Rais Raiso on, de 1963, mas só agora traduzida entre nós, Logique  jurid  ju ridiq iquue (1976), entre outras. A respos spostta a mui muitas tas de dess ssas as ques questtõesPerelm Perelman enco encont ntrrou em A ris ristót tóte eles. E Ent ntrreosêxi xitos tos desua T Te eori oria daA rgum ume entaç ntação, ão, es estari taria ao de repensar a racionalidade, propondo uma concepção alargada de razão, sem oslimitesanter anteriorm orment nte eac ace eitos. Este ponto de par partida tida levou-o vouo à noção noção deescol escolha ha raz razoáve oávell, umavezquepara elea rraz azão ão éuma uma crença nçaseconvicconvicinstância histórica e dialética, reguladora de nossas cre temose em m rel relaçã ação o a elas. Essesprincí princí-ções etambémda liberdade que temos ...............................................................................................................................................

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pios o le levaria variam auma uma lógica dos va vallores ores.. T ais in ing grediente redientess, própri próprios da Retórica como proposta de visão da realidade, são fundamentais a todo e qualquer exercício da liberdade, uma vez que só há lugar para argumentação onde houver liberdade. É quando se considera o outro apto a compreender e a reagir. Dent ntrro de dess ssas as con condi dições ções,, as te teor oriias da Ar A rgum gume entaçã ntação o se desenvolvem sobre postulados democráticos e têm que necessariamente lidar com valores, preferênci rência as e decisões. Para tanto, devem também aceitar a existência de limitações e imperfeições, isto é, o fato de que por melhor que seja a argumentação e suas escolhas, ela não pretende ser a manifestação da verdade mas do provável, do do crível, cabendo à comunidade (o auditório, universal ou particular, de que fala Perelman) decidir a esse respeito.  Tais  Ta isconcepçõescontrib ribuíra írambastanteparao aperf rfe eiço içoamento da noção, tão mal conhecida, de público e, especialmente, de público-alvo. Entrelaçada a ela, vem também o par opositivo do público/ pr pri que osoproce process os com uniidir cati cativos vos têm que for çosam nt levara emivado, consideraçã consideração pa parrassos nã não o comun confundi confun r os res respe pecti ctivos vosforçosa dom domí ínios. nim os.ente Aeteori teoria de Perelman, em virtude de tratar questões ligadas à razão prática e à teoria da ação e de discutir problemas ligados às negociações de distância entre sujeitos, encontrou boa acolhida nas ciências afins. Hoje oje, já sse epodeava avalliar um pouco m mais ais ess esse econj conjunt unto o de idéias perremalni pe alnianas. anas. A lguns pontos pontos nele fificam camminim nimizados, zados, tai taiss com como oo uso da “má fé” e a argumentação fundada na violência e nas relações deforça força.. Não épossível possível ignorar norar a liligaç ação ão de dessta com opoder. C om omo o se se pode falar em argumentação situada, sem levantar esses traços tão marcantes na sociedade em que vivemos? É nesse quadro – espaço domíínio nio dasquestõe stõesssimbóli bólicas, quesedá público eespaço políti tico co – dom o choque choque delógicasdi difere ferent nte es: a do iint nte eresse sseea dos va vallore ores. C Com om a abertura para outras sociedades, em nome de interesses econômicos e também de aspirações democráticas, com o desenvolvimento das rela...............................................................................................................................................

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ções entre os povos e o conseqüente alargamento da comunidade internacional, assiste-se a um processo que leva a ampliar o campo político e, simultaneamente, a desenvolver os argumentos trocados ent ntrre as part parte es. A di dive verrsidade dos unive univerrsos envol nvolvi vidos dos conduz, identidade/alteridade que entram por sua vez, à consideração em jogo nesses intercâmbios.da É pelo caminho da argumentação, enquanto consideração do outro, que se poderia chegar ao respeito mútuo e a ter-se na confiabilidade uma regra para intercâmbios fecundos. Quantos entraves, entretanto, interpõem-se à realização desse trajeto, que não é nada fácil e, às vezes, até mesmo doloroso. Nos estudos da argumentação, além das lógicas não-formais ligada adass ao traba traballho de Per Perelman, for forma-s a-se eum out outrro círcul círculo o emtortorno de Jean-Blaise an-Blaise Grize, da U ni nive versi rsida dade de de Neuchâte uchâtell, ao q qual ual se ligamGeorges orges Vi V ignaux, Bor Bore el eoutros outros,, voltados voltados pa para as as lógicasnaturais. Seu projeto consiste em explicitar as operações supostas por toda construção de argumentação, realizada por um sujeito que age no seu discurso e que, por meio de operações sobre os significantes, cria representações e, ao mesmo tempo, sentido. Por seu turno, o analista deve chegar a uma representação próxima daquela constituída pelo discurso. No prefác prefáciio àobra d de eV ignaux, in intititul tula adaL’A rgume gumentati ntatio on: essai  d’une d’une lo logigiq que di discursi scursive ve, Jean-Blaise Grize confere especial importância ao que ele chama teatralidade no proces processo so que sedá na Ar A rgum gume entantação9:  Manter um discurso junto a alguém, fazê-lo para intervir em seu julgamento e em em sua suass ati atitude tudes,s, em suma, pa parra persuadi- lo,ou lo,ou ante antes,s, pa parra co convencê nvencê--lo, equi quivale, vale, defatoaproporor-lhe lheum uma arreeprese presentação ntação.. E stalheéd deesti stinad nada, a, oque que  s  sign ignific ifica a queeladevetocá-lo -lo. C omo o ouvint inteestá sempre sitituuado,e ,em msua  p  peessoa, nomundoenas rel relações comaquelequefal fala, os elementos univ iveersa rsais ...................................................

(9 (9)) GRIZE, J. B., prefá refáccio aV IGNA IGN A U X, G., L’Ar ’A rgume gumentation. Essa E ssaii d’une d’unelogiquediscursi discursive ve, Genève nève, Dr Droz, oz, 1976 1976. p. V III. (T (Traduç radução ão da autora autora desta maté matéria) ria) ...............................................................................................................................................

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não serão os que agirão melhor e os raciocínios demonstrativos passarão  freqüentementeaosegundoplano. A ssim im,, aargu rgumentaçãoaprox roxim ima a-se -semuito mai maiss dotea teatrtro oq que ue da da ge geom ometri etria. E la cr criia ummundo muito uito m mai aiss pr próxi óxim mo dodeC alde alderrón q que ue d do od dee Eucli Euclide des.s.

A teori teoria ada a arrgum ume ent ntaç ação, ão, em emsua suassvárias váriasver versões, consti constitui tui,, por por-tanto, um eixo importante da Retórica em sua redefinição moderna, em que entram também uma teoria da composição do discurso e uma teori oria da elocução.O quehá deccom omum um entr ntreessasdiversa diversasste tendênci ndências as está, sobr sobre etudo, tudo, emconsi conside derrar o fat fato o dequea enun nunci ciaçã ação o supõeum locutor e um ouvinte e a intenção de influenciar o outro de alguma maneira. Os modelos interacionistas trazem também a sua contribuição, çã o, pa parrtitindo ndo do pre pressuposto de quetodo ato disc discur urssivo deveser com com-preendido em sua situação comunicacional. Nossas representações do mundo estão est estreitam ament ente e liga ligadas das aos modos odos de sua sua expre expressão ssão e são o resultado da criação de rel  no o dis discurso. Pode-s Pode-se e relaçõe açõesin inte tersubj rsubje etivas tivas n mesmo falar numa espécie de apreensão enunciativa do mundo. Ressalta-se, nesse sentido, o grupo de Genebra, representado por Jacques M oes oeschle chler   Arg (A rgu umentatio ionn et C onvers rsa ation ion. Elém  E léments po pour ur une analyse analyse  198 85), 5), A nn nne eReboul boul,, autoresdo Dictionnaire  p  pra raggmatiq iquuedu dis isccours rs,, 19 E ncyclop ncyclopéédi dique quedePragmati agmatique que (1994), Eddy Roulet, que coordenou a produção pro dução deL’A rticula ticulatitio on du di disco scour urss en en fr françai nçais conte contem mporain (1985). Roule oulet pr propôs opôsummodel odelo hi hie erárqui rquico co do dis discurso conve conversa rsacion cional, al, representando por árvores as unidades de níveis diferentes que se dão na converrsaç conve ação ão (umato pri princi ncipa pall eatos subordinados ubordinadosfacult facultati ativos) vos),, ligadas por funções interativas. Há que destacar também, nesse sentido, os trabalhos de Kerbrat-Orecchioni, da Université de Lyon II (L’I mplicite licite 1986, L  Lees Inte I nterractio ctions Ve V erbale less, em três volumes, 1990) e os de autoria deC hris hristian Plantin (E ssai ssais sur l’ar l’argume gumentation, 1990) ou por ele coordenados (Lieux C ommuns, T opoï, sté 993) 3).. C oordestérréotype types, cli cliché chéss, 199 nou igualmente a recente tradução de La nouvelle dialectique, deF. A . ...............................................................................................................................................

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Eemeren e R. Gr Eeme G rootendorst, ootendorst, pe pesquisa squisador dore es da Uni Unive verrsidade de A mster sterdamnocampo campoda daargum argume ent ntaçã ação. o.  Ten  Te ndo perfilh rfilha ado os pontos básic ico os da naturez reza e constitu ituição da Retórica, em seus primórdios e apontado os desenvolvimentos que ocorreram em suas fases posteriores, chegamos à condição de poder, poder, numa aval avaliação ação fin final, al, reuni unirr os princi principa paiis elementos ntos dedecorrentes desse reexame:  (arte edacons1. O caráter da Retórica, ao mesmo tempo prático (art truçã tr ução o do dis discurso) eteórico (t (te eori oria eanál análiisedes desse ses m me esmos discur discursos) sos) responsável sponsável pel pelo iint nte eress sse e queesta vemsusci suscitan tando do nas últi últim mas décadas, impondo-se junto a várias disciplinas como o Direito, a Ética, a Política e a Psicanálise. Num mundo em que os conflitos e as controvérsias vérsi as são são inevi inevitávei táveis, s, as n ne egociações ea argume argumentaçã ntação o ffaz aze em par parte do cotidiano das nações, das comunidades e das pessoas. 2. A s pos posssibi billidade dadess deconfronto eintercâmbio, abertas pelas

Neo-Re o-Retór tóriica cass, comoutras outrasdi disscipl cipliinascomo como a Pr Pra agmática Li Lingüísti ngüística ca,, a Semióti ótica caDiscursiva ea Te Teori oria aG Ge eral do T Te exto e do Di Discurso, curso, coma A nális náliseConversaci onversacional, onal, para para fal falar ar apenasdasC iências nciasda LLiingua nguag gem, umavezqueoutr outros dom domíínios nios já foram foramapont apontados adosno ite item m anterior. rior. contr ntriibuiçã buição o aos aosestudos 3. A co tudosda L Liinguagem: das velhas retóricas àsvert verte entesatu atuai ais, s, os e estud studos os dos fato fatossde lin linguagemtêm-sebeneficiado muito das idéias e instrumentos de trabalho fornecidos pela Retórica. O que há de comum entre elas é o fato de se empenharem emfazer umadescr U mba ballanço ssiignifi nifica catitivo vo criiçãodoato discursivo. Um dessa contribuição nos é dado por Osakabe, na conclusão de seu livro  A  Arg rguumentaçãoeD is isccurs rso oPo Pollítític ico o10: ...................................................

(10 (10) OSAKA OSAK A BE, BE, H., Argu  A rgum menta taççãoeDiscu DiscursoPo Polít lític ico o. S. Paulo, Ed. Kairós, 1979, p. 191. ...............................................................................................................................................

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É nessa m mesm esma ap per erspecti spectiva va quese vê d deeform orma clar clara a anece necessi ssidade dadeea possi possi-bilidade de recuperação, para a Lingüística, da contribuição da Retórica,tal como aconce concebe berramA ristótele stóteless e Pe Perrelma lman. n. N ão, ão, evi evide dentem ntemente, no se senti ntido do de eliminar as preocupações e conquistas que a lingüística desenvolveu e criistalizo cr stalizouu notrtransco anscorrrer desua hi históri stória, a, de desde sdeSaussur Saussuree, mas nose senti ntido dode romper essa m mesm esma cr criistali stalização zação, embenefí benefícicio o de deumavisão visãomais ais glob globali alizante zante do fenôm fenômenoda lilinguagem nguagem.. I sto é, no senti sentido do d dee se o offerecer como um uma a das alterrnati alte nativas vas p para ara oconfli conflito to q que ueseconfi configur gura. a.

É em razão da volta a esses estudos e às suas contribuições que hoje hoj eesta stam mos bem bemmais próxim próximos do conce conceiito prim primitivo tivo de Retór Retóriica e de seu ssiistem stema integ integrrado depri princí ncípi pios. os. Mui M uita ta coi coisa satemca cam minh nhado ado nessa direção, nos últimos anos. Barilli menciona a esse respeito, o capí ca pítul tulo o deT odor odorov ov de dedi dica cado do aos“Tr “Trope opesset FFiigur ure es”emLittérature et  nova a fun funçã ção o da Retór tóriica é ident dentiififica cada da com o  Signnifica  Sig ificatio ionn onde “a nov ‘fazer-nos tomar consciência do discurso’”11. 4. O caráter  da Re Retóri tóratentando ica ca,, queconjug conj uga auma a ass ca capa paci cidadades intelectivas àsglobalizante sensoriais e afetivas, para função cognitiva e também transformativa, mediante os processos de argument ntaç ação ão edeper persuasão. T rata-se ata-se de u uma ma ação, conforme já expusemos, que se dá sobre o entendimento ( a discussão discussão de tese teses) s) ea vontade. São esse dois pontos que a Nova Retórica procura tratar como indissoci dissociávei áveis, s, depois depoisdetere terem msidopol polari arizzadosnosssé éculosqueaprec prece ederam.A bemdize dizer, tal diss dissociaçã ociação on não ão es estava pre presente nteem Ar A ristóteles stóteles.. A Retóri tórica dilata dilata a extensão xtensão de sse eu cam campo po para toda toda m mani anifes festatação ção dis discur curssiva quevi visa saa ade adessão do ouvint ouvinte e/ leitor, tor, podendo-sedize dizer que todo discurso que não aspira a uma validade impessoal depende ...................................................

(11 (11) BARILLI, BARIL LI, R. Retórica. Lisboa, Ed. Presença, 1985, p. 158. ...............................................................................................................................................

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necessariam nece ariament nte e daretóri tórica. ca. C omo omo o grau ze zero da rre etór tóriica éprati pratica ca-ment nte e um uma a abs abstr traçã ação, o, nenhum nenhum titipo po ffiica iise sent nto o de de ssua ua pr pre esença. nte erve venção nção plurissignificativa da Retórica, na medida em 5. I Int que reflete um dizer  totalizante,  totalizante, que não se subordina ao domínio do demonstrável, do rigidamente formalizável, mas que tem suas regras próprias, permitindo conciliar conhecimento e afetividade, sedução e prazer (o logos e o p  pa athos, intermediados pelo ethos, conce ceiitos da ant antiiga Retóri Retórica ca). ). Re Recorde corde-se -se, na actio, a importânci portância a para a produção de sentido, atribuída à corporalidade, aos gestos, à voz e à movim oviment ntaçã ação on no o espaço. espaço.  Concepçã ção o ampla e concepção especí retórica ca:: n num um 6. Concep cífi fica ca deretóri sent ntiido am ampl plo, o, a retóri retórica equi equivale vale a um uma a determin determinada adade defifini niçã ção o da realidade e, num sentido específico, ao conjunto de recursos utilizados para propor essa visão. Ela não é, portanto, simplesmente uma techne a exi exig gir cul cultitivo vo e ar arte, ma mass uma uma visão devida vida queimpli plica tomada tomada de posi posiçã ção, o,atualidade, aç ação ão no mundo undo. . A ss ssia imquestão , fatos que ocupam m importante espaço na tais como dosocupa Direitos Humanos, umanos, emsuas suas m múl últitipl plas asform formase ocor ocorrrênci ncias as,, e fe fenôme nômenos nos ttais ais como a Publicidade, por si sós já deixam patentes a vitalidade da Retórica, enquanto proposta de caminhos e alternativas, para os quais se buscam os meios mais eficientes de convencimento e de expressão. Te endo a comuni unica caçã ção o social assum umii7. Competênci ncia arre etóri tórica ca: T do um pape papel cadavez vez mais mais m marcant arcante ena e esfe sferra públi pública eno cotidi cotidiano ano das populações, intensificada pelos meios eletrônicos e pela crescente informatização, os novos modos de vida passaram a exigir o que se poderia chamar de “competência retórica” da parte de qualquer cidadão, dã o, em maior ou m me enor grau. O incre ncrement nto o da publicidade publicidade,, aliad aliada a aospr proce ocess ssosdeindustri industriali aliza zaçã ção oecome comerci ciali aliza zaçã ção, o, vir viriaac ace entuar ntuar esse ...............................................................................................................................................

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tipo de desempenho, tornando-o constitutivo da vida moderna. Não cabe cabe aqui aqui um julg julgament nto o sobre o llado ado pos posiitivo tivo ou neg negati ativo vo que tudo isso com comport porta. a. O própri próprio A Arristót tóte eles já a allertava para para o m mau au us uso a que a Retórica se prestava, o que faz parte dos paradoxos a que está subme subm etitida. da. O exem xempl plo o clás clássi sico co es está tá n naque aquelles que a atacaram eque, ao fazê fazê-l-lo, o, foram foram eles próprios próprios ba basstante retóri retóricos cos.. A utor utore es como Roland oland Bar Barth the es, Todor T odorov ov e G Ge enette refe referrem-seaos de desvio svioss ccome ometitidos quanto ao estatuto e à natureza da Retórica e não às suas finalidades básicas, tal como definidas na concepção aristotélica. 8. T ensivida nsividaderetóri órica ca: O ambie biente nteda ccom omuni unica caçã ção o soci social al se

dá num clima de tensividade, em que ocorrem discordâncias devidas a conflitos conceptuais, aos choques semânticos e às diferentes propostas de visão de mundo.  Jürrgen Ha  Jü Hab bermas, daEscoladeFr Fra ankfurt, fundamentaaquestão do D ireit reito o e con da Dem De meocracia obre pri piosedas de com cno omuni unica caçã ção o soci socials básiDi bás icos eque consti stitu tue ma suassobre garanti arantprincí ia,ncípios di diant ante novas vas confi con figuraçõe gurações mundiais undiais edos cconfr onfrontos ontos gerados pe pelo mul multi-cult ti-cultural uraliismo, confor conform me tr tratou atou em curso mini nisstr trado ado em Paris Paris, n no oC Col olllège Inte nternac rnaciional de Phillosophi Phi osophie e, emjane aneiiro do corrente corrente a ano. no. A vont vontade adeea nece necesssidadede comunicar passam a ditar novos paradigmas, em que o jogo de influênci cias asédi disputado sputado passo apasso. Nessascir circunstânci cunstâncias as,, ecom o a advento dvento da comuni unicaç cação ão demassa sa,, a Retór Retóriica foi assumindo a fei feição caracte caracterrística do homem do séc. XX. Do indi indivi vidua duall ao coletivo, há quecontar como complexo complexo pól pólo o de emissão, no caso sobretudo da imprensa, e com a diversidade de condições da recepção.   C onf onfor orm mesepode obse obserrvar, o ca cam mpo da Retór tóriica alarg alargou-se bastan bas tante te de A ristóte stóteles a aos os nossos nossos di dias as,, o que é uma prova prova da fecundidade de seu sistema e de suas propostas. Por sua vez, a exposi...............................................................................................................................................

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ção que ora faço é igualmente uma construção retórica, no sentido aqui definido, na medida em que procurei mostrar a Retórica como gostaria que meu público também a visse, conduzindo-o para uma determinada perspectiva do assunto. De fato, essas foram as propostas: • A pontar a visão visão incom incompleta pleta,, ou me mesmo di disstor torcida, cida, quede della muitas uitasveze vezesse sedeu deu edequese sete tem m conh conhe eci cim mento nto h hiistór stóriico. • A pr pre esent ntar ar a sua sua ve verrsã são o atual atual,, asnov novas asfor form masassumidas. das. • Despertar o int inte eresseeent ntusiasm usiasmo o pe pellaspossi possibil bilidade dadess quea Retórica, assim concebida, oferece aos usuários implicados nos diversos modos de comunicação.

Retórica: possibilidades abertas A s Ne Neo-Re o-Retóri tórica cass não ssão ão normati normativas vas,, se seg gui uindo ndo a trad tradiicion cional al fle flexi xibi billidadepostul postulada adapor A ristót tóte eles. O quesepodefaze fazer éap apont ontar ar aspossibi billidade dadess quea Retór Retóriica ofe oferrecee ospapéis quepode cumpr priir. Estão entre as funções mais importantes:  Suscitar o comentário, a discussão e, portanto, a argumentação. Esta só existe onde não há consenso, uma vez que este resultaria na mort morte eda op opiini niã ão, econsti constitui tui conce conceiito-chavetanto n na a ve vellha retórica aristotélica como nas novas retóricas. Estimular a polêmica, portanto, pa part rtiindo da contr contrové ovérrsia, eexi xig gir ass assimuminte nterlocutor rlocutor tamtambém polêmico. nocular a dúvida, le levando vando à re reflfle exão xão crí críti tica ca.. A exig xigência de • I Inocular um pensamento crítico conduz a atitudes também críticas e refletidas..T oma das oma-se -seo di discurso scurso como uma rededevozes,com com he hesit sitaçõe ações, s,osc osciilcompetência aç açõe ões, s, iidas dasevi vindas ndas mui uito to sutis sutis que exi xig gemdo falante/ ante/ouvi ouvint nte eum uma discursiva bastante apurada. Háfal que contar com asa supe uperrposições enunci nunciati ativas vas,, asambivalênci bivalências as,, os equí quívocos vocos eos de dessli...............................................................................................................................................

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zes semânticos.  Conh onhe ece cerr os modos modos deorg organi aniza zaçã ção o re retór tóriica ca,, de a acordo cordo comos • C gêneros esperados em determinada cultura e nas diversas configurações discursi discursivas. vas. Não N ão se pode e esque squece cerr o fato fato de que em noss nossas as práti prática cass di discursivas há que considerar conside her rança ançass retór repretende-se tóriica cass. A pa part rtiir das micro-estruturas formais do nívelrar dehe superfície, chegar aos dem demais ní níve veiis. C Como omo a aqui quisição sição de com compe petênci tência a par para fatos concretos, o conhecimento dos modos de organização retórica possibilita, entre outras coisas: – planificar uma argumentação – construir um debate – pa part rtiicipar de uma uma entr ntrevis vista – preparar um relato • E  Exam xamiinar cri crititica cam mente nte aargume argumentaç ntação ão eos ape apellos do out outrro, suaspropostas propostas econtrap contrapropostas ropostas,, expl xpliica caçõe çõess ejus ustitififica catitivas vas. A Retórica fornece os meios para analisar o discurso argumentativo, mas também bé mpara defende fenderr-sede delle. A leitur tura a ccrrítica ticados te textos xtos re reque querr o conhe conhecimento das estratég tratégias utilizadas para atender as aparências de “objetividade” e de outros simulacros discursivos, enfim, do conjunto de traços de operações da Enunciação. Desenvolve-se, assim, um método de leitur leitura a ar argume ument ntati ativa va (ou retór retóriica ca)) dos diversostipos tipos dedis discurso em circulação nos textos comunicativos. • Enriquecer a visão de mundo pela diversidade de confrontos e colaborar para a construção de um pluralismo que leve à formação de  juíz  ju ízo osdevalo lor, r, aprin rincíp ípio iossquefundamentamumalóg lógica icadosvalore lores. • Estabelecer o diálogo na busca do verossímil, que resultaria do encontr ncontro o das dasfalas falas,, as asssum umiindo, portanto, umval valor h he eurís urístico. tico. A cons cons-trução tr ução do sent sentiido se faz faz me mediante diante a par partil tilha de ssabe aberes edasvivê vivênci ncias as emques questão.  Esstr trutur uturar, ar, atravé atravéssdaa argum rgume entaç ntação, ão,ttoda odatrocacomuni • E comunica cati tiva va. ...............................................................................................................................................

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Desenvolvem-se, em nossos dias, novos processos de argumentação, adaptados ao extraordinário desenvolvimento das técnicas de comunicaçã comuni cação. o. T em-se que ccon onttar com a coersão da mídia dia ssobr obre e as estruturas argumentativas, com o seu impacto nas lógicas argumentativas, tais como a questão do Direito, a concepção do su jeito  jeit o e seu lug lugar sim imb bólic lico o, as dime imensões subje jettiv iva as dos inte interc rcâ âmbios. Ocorre ainda a ampliação dos espaços discursivos: o maior número de atores políticos, econômicos, sociais e culturais – que fazem parte do espaço públi público – já é, por si só, um fator que modifica os modelos discursivos e o uso das figuras retóricas, razão pela qual se deve retomá-los à luz dessas mudanças. • Levar ao posicionamento diante das situaçõesdeconf confllito e, conseqüentemente, à tomada de medidas e busca de soluções. Estes papéis todos dão o perfil da Retórica, tal como ela é recolocada em nossos dias, após reexame de sua natureza e funções no passsado. pa sado. Para tanto, tanto, for foram amconsti constituí tuídos dos os cap capíítul tulos os quecompõe compõem ma prese pres ent nte e obra cole coletitiva va eque irirão ão dese desenvol nvolve verr temasde vital vital impor portântância cia pa parra os estudos tudos retóri retóricos cos..

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PROCEDIMENTOS RETÓRICOS NA LITERATURA SÂNSCRITA CLÁSSICA CARLOS  ALBERTO   DA   FONSECA*

A pro proposta postade desstaexposição exposiçãoéabor abordar daralg algunsdosprocedimenprocedimentos retóricos vigentes na literatura sânscrita clássica. É necessário, entretanto, remarcar o desdobramento, nesse período, de alguns comportamentos observados nos períodos anteriores.1 C omrelaç ação ão ao ao perí período odo védi védico co (sécs. cs. XX XX-X a.C a.C..), eaí e enr nraiza aizada, da, deve-se observar a profunda consciência, por parte dos poetas, do “poder de significação” (çakti) da palavra poética, por eles propositadamente manipulada de modo a produzir efeitos e sentido não buscados no us uso o coti cotidi diano ano da palavra com como o mero instr instrum ume ento nto de comuni unica caçã ção o comum entre as pessoas. Falassem esses poetas, na sua vida cotidiana, nos seus atos de comunicação de todo dia e toda hora, uma variante di dias astr trática ática qual qualquer que r da norma cult culta a ou um uma a formas va vari riante ante diatópica diatópi caqualquer dos muitos dialetos regionais, ou as duas em momentos e situaçõe situaçõess di diferent ferente es, o que que sse e perce cebe be éque e ess ssa a nor norm ma culta culta – a que chamamos “sânscrito” ( sa  saR sk Bta ) – era sabidamente uma forma por eles con considerada sideradavi  “modi odifificada cada”/ ”/“de “dessvi viada ada” que ccumpri umpria, a, assi assim, vik  k Bta  “m ...................................................

(* ) Professor Doutor D outor da Área Á readeLín íng gua eLit ite eratura Sânsc Sânscri rita ta do Depa Departam rtame ento de Letras Clássica icasseV ernáculas rnáculas,FFFL FLC CH/ USP. (1) A questão questãodape peri riodizaçã odização liliterári terária a daÍndi ndia a ant antiga igaainda étema demuit uita a cont controvérsia, rovérsia, tendoosestudiososdosfatosdaLiteraturaaceitoquasesemesforçoanalíticoadequadode seu objeto objeto as propostas dos estudiosos tudi osos dos fatos da Históri Hi stória. a. Costuma C ostuma-se aceitar, por exemplo, quase sem objeção, que o período clássico da literatura sânscrita coincida com a ascensão ea queda dosGupta (sécs. IIV V -V -VIII d.C d.C.). .). Inegave negavelmente, nte, foi esseo perí período odo emque osmode odelo lossditosclás clássicosviveramseumomentodemaior maior prestítíg gio. Noentanto, istonão  jus  justi tiffic ica ao fatodeseremdeix ixa adosforadesseesquematanto nto aobradra ram mátic ticadeBh Tsa(séc. II a.C.) a.C.)quantotodaaproduç produção ãolite literáriasânsc sânscri rita taposterior aosé séculoVII V II,, parti particularm cularmente aquela que foi elaborada até o século XV (quando come começa asurgir a literatur literatura a vern rnac acul ular ar ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................ ............................. ............................. ............... em línguas modernas), que seguem todas............................. as propostas e todos os modelos válidos e prati-. cadosdur durante anteosséculos culosdosGupta. Gupta. 55

 

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uma função diferenciada com relação à linguagem da prática comum. Faz aze er poes poesia, ou literatur teratura ae em mgeral, foss fosse eela detendê tendênci ncia aa arrtítísstitica ca ou científifica cientí ca,, por part parte eda elite cul cultur tural al br bram amânica dom domiinante e em mtodos os pe períodos his histór tóriicosda Ín Índi dia aa ant ntiiga, e erra uma uma ati ativi vidade dadequede deve veri ria a ter como ssuport uporte eumníve nívell lingüístico deprestítíg gio – umníve nívell lingüístico adjetivadode“ornado, “ornado,enfeitado, rebusca buscado, do, feito comarte, complecompletamente ntepr produzi oduzido/ do/ acabado, acabado, bemtem tempe perrado, de bomgosto, refinafinado”: o tal tal Sâns Sânscri crito, to, emsuma. Neste sentido, seria interessante lembrar que, na passagem do termo orig original de dessignati nativo vo dess dessa norm norma lingüísti lingüística ca p para ara aslíngua nguass eos tempos do mundo ocidental e moderno, perdeu ele o significado que possuía para os indianos antigos, ficando apenas com o significado dicion di cionari ariza zado do de “l “língua fal faladana ÍÍndi ndia aa ant ntiiga”. a”. Deve ve-se -seter se sem mpre em mente que tudo o que se elaborou nesse registro lingüístico na Índia (antiga e mesmo moderna e contemporânea) apresenta, necessar sariament nte e, umccaráter aráterestetiza tetizant nte e– ou, no cas casodalliiteraturarre eferenci ferencial al relativa a qualquer área do saber humano, um caráter ideologizante, no mínim nimo cl clas asssista. A ssim, um texto texto (e (em m) sâns sânscri crito to [e [ent nte endido ndido aqui com qualquer um de seus dois significados] é sempre uma formalização lingüística destinada a propiciar determinados efeitos de sentido – ou estéticos, ou ideol deológ ógiicos–, sendo para tanto mobi obillizados zados todos osrecursos disponíveis e catalogados e analisados pela estilística indiana. Será sempre a expressão em Sânscrito o objeto de reflexão por parte dosestitillistasecrí crítiticos cosliterários teráriosindi ndianos anosanti antig gos. os. Quando come começar çar a ser produzidaumaliteraturae em mPrácri Prácritos, tos,osdiale dialetos tosreg regiionais, apa part rtiir do século século V II d.C d.C ., o pensa pensam ment nto o es estéti tético co a re resspe peiito de dessa produção to tom marácomomode modelloare reflfle exãoelabor elaborada adacombas base enosmodelo modelosspensados para a literatura em Sânscrito. Isto posto, cumpre lembrar, ainda, e amarrando essas notas ao perí pe ríodo odo épico-br épico-bram amânico (s (siituado entr entre eo perí período odo v vé édico dico e o pe perríodo clássiico), a flflag cláss agrrante prefer preferência, ncia, ou de decidi cidida da op opçã ção, o, do dossliteratosin........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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dianos pela oralidade, ou melhor, pela quase recusa da escrita como

suporte do literário, tanto no momento da composição da obra quanto nossme no mecani canism smosdessua uafixação fixaçãoparatr transmi ansmissão, ssão, mastambém tambémno instante desua fruiçã fruição. o. A sol oliidão daescri critur tura a eda lei leitura tura exi xisstitiu u na antiantigüidade üidadeindi ndiana, ana, ma mass não foi esse o m me elhor modo d de e fix fixaç ação ão ede ccon on-tato com o texto (literário ou não): os indianos preferiram decididamente, também com relação ao poético, o confronto corporal, ao mesmo te tempo iinstantâne nstantâneo o e reverberati berativo vo – cri criativ ativo o e fruiti fruitivo vo ao me mesmo tempo e emocional. Não não tivessem conhe conh ecido cique do aracional es escr criita: há algum algumas asalu alusõe sõesque a elaosjá jáindianos nos poem poemas asvédicos, e os poemas épicos refletem sua problematização. No MahT bhT rata,por exe xem mplo, na relaç relação ão al ali instaurada nstaurada entre ntre o narrador V y Tsa e o escriba G aJeça, perpas perpassa saumaautêntica autênti ca discuss discussão ão sobr sobre e osestatutos statutos do cri criador-l-liiterári dor terário-se o-senh nhor or-da-m -da-me emór óriia-e-de-s a-e-de-suas uas-i-int nte enções-expre nções-express ssas as-ver-verbalmente e do escriba-enquanto-fixador-por-escrito-do-que-foi-falado-por-outro; no RT mT  ya J a, por sua vez, vez, os prínci príncipe pess-bardos K Kuça uça e Lava, filhos do herói R Tma, referem-se a parte do poema que já teria sido e esscrita/ crita/g grafadapor V  TlmVki. ki. M Mas asfoi foi,, se sem mdúvida, a orali oralidad dade e, o registro oral dos textos, a forma preferida pelos indianos. Se, nos poemas do período védico, são com bastante freqüência referidas as justas poéticas, competições em que os poetas deveriam dem de monstrar onstrarttodas odasassuashabil habilidade dadessnotrato tratocoma“pal “palavracri criadora” adora” (brahman), no pe perríodo clás clássico sico elas elasseto torrnaram naram,, alémde um uma a compe compe-titiçã ção, o, umprogram programa/ a/e eve vent nto o soci social dos mais mais pratica praticados dos eprivi privillegiados ados,, várias vezes referido, por exemplo, no K T   (“Oss fios fios do dese deseTmas    X tra (“O  jo””), que, para além  jo lém de uma ars amatoria indiana, se constitui numa magní agnífifica cae exposi xposição çãodo compor comportame tamento ntod da a(com (como oq que uerrema allgun unsse esstudios tudi osos os)) “burgue “burguessia”dom domiinante no período período cl clás ássico. O Ou, u, ainda, dramatizado no Bhojaprabandha (“Os feitos de Bhoja”), de Ball T  Tla, do século XV X V I, crônica crônica arbit arbitrari raria amente roma romance ncead ada a da vida na corte do marajá Bhoja, grande mecenas do século XI, que convidava para sa........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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FONSECA FON SECA , C Ca arlos A lberto da & FERREIRA , Má M ário. A R etóri tórica canaÍ ndia ndia Ant A ntiga. iga.

rausate atem mporais poraisem emseupalácio palácio osm maio aiorresliterato literatosssânsc sânscrrito tossdeto todos dos os tempos tempos que ali mediam diamseus tal tale ent ntos, os, entr entre osquai quaissK  T  Tlid lid Tsa (séc. V), Da J Hin e M Tgha (sé (séc. V II) e Bh Bhavabh avabhXti (sé (séc. V III), além do pr própr ópriio mar marajá. U mexemplo plo desse dessesrengasemterras terrasdeBh Bhoj oja: a: doi doiss pândi pâ nditas tas,, pe pensa nsando ndo no prêm prêmiioemour ouro oof ofe erecido pe pelloma maraj rajá, á,comp compuuseramdoi doissversos:2

bhojama R  dehi r T  T jendra    gh Btaç T kas am am a an n vi vit am am/

Dá-nos de m mordisca ordiscar, r, grande grand e rei: co oii ssii n nh h a d e e rrvv a ass e a ma ma n ntte iig ga ad da !

– num segundo completados por K  T  Tlid Tsa: mahiLa R   ca çaraccandra candrik T  T dhavala   R   dadhi// 

E umbúfalo, búfalo, Lua-de L ua-de--Outono utono,, e pe peixes xes,, e manteiga branca e coalhada! 

A inte ntenção do poe poeta, ta, quanto quanto ao ccont onte eúdo, ézom zombar bar da frug frugalidadedo ape apetitite te dos pândi pânditas tas – mas, mas, mai mais do queno conteúdo, é no plano sonoro que o poeta logra imitar os gestos mastigatórios apressados, esfaimados talvez, dos brâmanes magérrimos, com a seqüência de fo fonem nemaspalat palatais ais/ c/ e/ç/ edaccac acum umiinal /L/s3 edasnasais/ n/ e/ m/ . Numa outra ocasião, um tecelão de outras águas assim se dirige àquellemarajá, exi àque xibi bindo ndo suashabi habillidade dadess: k T vya R  karomi nahi cT rutara R  karomi  yat nT tkaromi nahi sidhyati kiR  karomi /  bh X   p T lamaulima J i rañjitapadapVF ha R çr V   s T hasa Z ka kavay T mi vayT mi yT mi //  V

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(2) Salvo refe referência rência expressa xpressa, ttodas odasastr traduçõe aduções foramfeitas pelo autor destasnotas notas. (3) Devemsoar, respectivamente: /tch/ / tch/ , / ch/; ch/ ; acacum cacumin inal al éum/ ch/ comapontadalíngua língua tocando o palato mole; o R  representa a nasalização da vogal que o precede, como na pronúncia pronúnci ade/ s  sa amba/ , massemfechame fechament nto odavogal. ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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– aqui ainda ainda m mal al tr tradu aduzido zido por: Faço um poe poem ma. N ão é omai mais belo que faço. Façocomesforço. sforço. E stou fadado fadado a ao o fraca fr acasso?  sso?  Ó majestade, jói j óia à testa dos dos mai aior ores es paços! paços!  O tapete tapete decores cores devossos pés poeti poetizo, zo, teço, e passo! 

M agní agnífifica ca a image agem do tapete com como o poema. Mas M asnot notar, ar, nos doiss prim doi primeiros ros ve verrsos, o uso rre eiterado do ffonem onema a / k / ,que, que, com como oum uma a navete, vai laçando os fios de um bordado e reaparece no último verso desenhando uma franja iniciada pelo verbo kavayT mi  (“faço um um poe-

ma ) que vai se esgarçando, ou sendo deixado para trás, em vay T mi (“teço”) e yT mi (“chego ao fim”). É por essa convivência estreita com a palavra e suas potencialidades que se deve começar, lembrando aqui um famoso dístico do  MahT bhTL ya  ya  dePatañjal Patañjalii (sé (séc. IIII a.C a.C.), .), come comentari ntarissta depa part rte e da da ““g gramática” deP TJ ni, dís dístitico co que e esc scllarec arece e em ssua ua concis concisão ena anal analogia ogia  TJ ini, que ope opera toda toda a disposi disposiçã ção o do ffalante alante – poe poeta ta ou não não – pa parra tr traba aballhar com a palavra:  gha  gh aF ena k T  yank umbh ak T rakulaR  gatvT ha kuru gha F aR T rya   R  kari L k T ryamTJ ena kari L yamiti /  na tadvacchabd T  akula R  gatvT ha kuru Tnprayuyuk    LamTJ e vaiyT kara J akula çabd T  Tnprayok    L  ya it i // 

Quando sequer umpote potedebarro, barro, vaivai-se seà casado ol oleir eiro o esedi diz: z: ‘Faze ‘Fazemeum pote, tenho tenho um uso para el ele’. Mas M as,, quando se quer uma umapalavra, palavra, não se vai à casa do gramático nem se diz: ‘Faze-me algumas palavras, esto estou uprec preciisando del delas’. as’.

A liás, não va vaii em outra direç direção ão o ssiignifi nifica cado do analí analíti tico/ co/ mor orfol fológ ógiico da palavra palavrak TT vya que,, no pe perríodo cl clás ásssico, nom nome eia toda e   , que quallquer qua quer produção produçãolilite terári rária: a:form formada adaaparti partirr deu um marraiz aizK W“produzir ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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sons”, o que fala da habil sons”, habilidadedo poeta em em elaborar sua suass obras apart partiir do caos, instalado em algum lugar da massa amorfa de seu pensamento, de fonemas e imagens mentais (e em estreita proximidade com a questão ques tão da orali oralidade dade:: “som” “som” é para se ser “ouv “ouviido”). V erdade dadeiira fé fé-de-deofí ofício cio que a aiinda e ecoou coou e em m poe poem ma de Rabindr abindrana anath th T ag agor ore e, poe poeta ta bengali ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1913, que afirmou:  Mergulh  Mergu lho o fu funndo no oceano das form forma as, à procura daquilo que não tem forma.

É mesmo por aí que quesede deve ve pe pensar a Retór Retóriica na ÍÍndi ndia aa ant ntiiga – mais como um conjunto de “procedimentos retóricos” contextualiiza tual zados dos do que com como o uma Retóri Retóricaàla r rom omana ana – vale valendo ndo lembrar aqui um falso problema que se levanta quando uma afirmação tão categórica quanto a de Louis Renou – segundo a qual “il faut éviter le 4

termeimp terme imprroprederhétor rhétoriique  para designar o que na Índia é poética” – é confrontada com os termos que o mesmo estudioso anota para designar esse campo, todos eles listados, além de outros, no verbete “Rhetoric” do E ngl ngliish sh--Sans Sanskr kriitD icti ctiona narry  de  deM onier onier M Monie onier-Wi r-Willlliam iamss. “Retórica” para um, “Poética” para outro, são ambas alaR k TT raç   T   stra (“Código de ornamentos”), sT hityaçT  str  stra a (“C  (“Códi ódigo go decom composição posição literária”), v TZ mayavidyT   (“C (“Ciiência ncia do queéfeit feito o compalavras”), palavras”),  par   pa r T T rt   hT numa J a (“Percepção do para-objeto”),  pr  prav avac acan anav avid idyyT  (“Ciiência (“C ncia da fa falla inte nteressada” sada”), ), kriyT kalpa (“Reelaboração do cotidiano”), no ”), etc. Nenh nhum um de dess sse es te terrmos, entr entretan tanto, to, éabrange abrangent nte e; cada um deles objetiva, na verdade, um aspecto do trabalho poético, quais se jam  ja m, re resspectiv iva amente nte: o conhecim ime ento eaaná nális lise edas“figu iguras rasdelinlinguagem” (alaR k T  Tra   , lit. “suficiência”, “enfeite”), o conhecimento da estruturação dos textos, o conhecimento das potencialidades gramati...................................................

(4 (4)) RENOU, RENOU, L’Inde ’IndeclassiqueI I , § 15 1569 69.. ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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cais e lingüísticas da palavra-na-frase, a compreensão de que o texto literário cria uma outra realidade, o conhecimento de que o literato temalgumpropósito propósito emment nte equandoelabor elabora assua uaobr obra, a, acom compr pre eensão sã o de que ai ainda nda assim o autor fal fala a decoi coisa sass próxi próximasdo se serr hu hum mano. M aso que prete pretende nde o autor comsua obra, qual sua in intençã tenção o prim pri meira, anteri anterior or ao didatis didatismo, a uma liliçã ção o fifillosófi osófica caou dequalque qualquerr outrro teor? out teor?quando come começaramos indi indianos anos asistematiza atizarr asidéiasque o própr própriio ato de faze fazer poesi poesia ia ia e ense nsejjando eque iam se sendo ndo te testadasem cada nova criação? Parece que a resposta poderia ser encontrada numa visão con jun  ju nta, bastante plau lausív íve el, do desenvolv lvim ime ento para rale lelo e simult ltâ âneo, tanto da temática lingüístico-gramatical ao longo dos períodos históricos da antiga, daegraçã reflexão sobre o nv fazer poétitico, poé co,Índia oudo do im impul pulsquanto sopar para ael eda la,necessidade b be emcomoaint inte gração odesse des sede dese se nvol ol-vimento de gramáticas de conteúdo e de expressão com a própria transformaçãosocial queseoperavadeummomentoparaoutro. Nope períríodo odovédico, por exe xem mplo, quandoospoem poemasdo   A  gvveda A g falam do deslumbramento do homem diante das forças da natureza (C (Chuva, huva, Fogo Fogo,, Sol Sol,, Trovão, T rovão, R Raio, aio, Rios, Rios, FFlor lore esta etc.), dos senti ntim mentos (C (Cólera, ólera, Frate Fratern rniidade dade etc.) e dasproduçõe produçõess cult culturais urais (L (Liingua nguag gem, A rmas as,, Somae etc. tc.), ), ostextosapre apresent ntam amelement ntos osrre etór tórico-poéticos co-poéticose em m

sua construção – mas não se teoriza sobre eles. Parece até que esse questition onam ament nto onãomereceserd de estacadorracio acional nalm ment nte e, porque porquenada nessa poesia é racional: o momento é de obediência e louvação às força for çass quecriam criama vida, vida, o momento nto é devi vive verr a vida, vida, n não ão deques questitioonar os fifios os que a tece tecem m. Difere ferent nte e, no entant entanto, o, vai se serr a pos postur tura a doshome homens ns ssâns ânscri critos tos durante o período épico-bramânico, quando, questionando eles, no plano ontológico, olug ugar ar d do o indi indivi vidua duall (T tman) no ccoletivo oletivo (brahman) e refl refle etitindo ndo eles, no no plano fifillos osófi ófico-polí co-polítitico-re co-relligios oso, o, a adequa quaçã ção o de seu comportame comportament nto o (o dharma – discussão tematizada nos dois poe........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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mas épicos sânscritos elaborados nesse período, o Mah   MahT bhT rata e o  RT mT   ya J a), tudo tudo isso sso co com m o surgime surgiment nto o de de ssiistema stemass de pe pensam nsame ent nto o heterrodoxostais como o Budismo, hete Budismo, o JJiinis nismo, os M Mate ateririali alisstas tas,, os LLóg ógiicos etc., aqueles fios começam a ser analisados. Não seria por outra razão que o “gramático” P T  TJJ ini e o “etimólogo”-semanticista Y Tska, ambos am bosdosé sécul culo oV a.C a.C.., játitives vessemsse eocupadoemsua suassobr obras aseminentemente lingüístico-gramaticais de uma primeira conceituação da figura de linguagem chamada upamT   “com “comparação”, paração”, queéju justam stame ent nte e o procedimento lingüístico que aproxima duas realidades, dois significados. E, E, também também, que ness nesse em me esmo smo perí período surgi surgiss sse em a ass pri primeiras form for maliza alizaçõe çõess damétr triica, ou se sejja, da expli explici citação tação dasmodal odaliidade dadess de expr xpre essão sãorríítmicaem me elódica ódicado“texto des desvi viante” ante”.. E, depoi depoiss disso, disso, no pe perí ríodo odo clás clásssico, o h hom ome em sse e sobr sobre epondo àsfor forças çasda natur nature eza za,, aossent ntiiment ntos os eàsproduções produçõescul cultur turais ais – domínio esse possibilitado pelo novo quadro social e ideológico, pelas multitipl pliica cadas dasopor oportun tuniidade dadess defor form mase ccont onte eúdos deexpr xpre essão liliterári terária a da indi indivi viduali dualidade dade,, pela reincidente reincidente viv vivê ência ncia p pe elo home homem mdetodo todossos nichos nichos sociocul sociocultur turais ais por ele me mesmo fabri fabrica cados: dos: pe pella e exteri xterior oriizaçã zação, o, emssum uma, a, dasfor força çassant ante esin interi terior oriizadas zadas.. É ent ntão ãoqueflflor ore escem cemtodos os gêneros literários: a poesia em todas as suas formas e todos os conteúdospos posssíve veiis (lí (líririca ca,, e eró rótitica ca,, relig religiosa, osa, fifillosófi osófica ca,, didática, didática, gnômica, gnômica, desscri de crititiva, va, hi hisstór tóriica, ca, épica etc.), a prosa prosa (roma (romance nce,, cont conto, o, fáb fábul ula) a),, o teatro e seus pelo menos 50 gêneros diferentes, as formas mistas de pr prosa osa e verso. E um um sem-núme m-númerro de obr obras assobr sobre emétr triica (chandas), fifigur guras as de som (çabd T  figur uras as de sent ntiido (arthT laR k TT ra Tla   R k T T ra   ), fig   ), fifiguras guras desomedesent ntiido (çabd TT rth   T -laR k T T r  a), as teorias das “quali-

 gu J a) e dos “defeitos” (doLa), a teoria da “sugestão” (dhvani),  gu dades” a teoria(dosr V  Vti   ou mT rga rga  (modo de de““e encami caminh nham ame ent nto” o” daperce percepção pção da realidade pelo modo de construção da frase), a teoria da v Btti (modelagem da frase) e sua sucedânea teoria da vakrokti (modelagem “enganchada” da frase), a teoria dos rasa (a “emoção”, o “gosto” do ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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texto li literár teráriio), etantas tantasout outrras, as, numa retomada retomada enuma ressiste sistem matiza atiza-ção ção conti continuadas nuadasque cheg chegam amao sé século XV I, numa lis lista e exaus xaustitiva va de autores, títu autore títulloseassunto assuntos, s, sse empr pre eincomple ncompleta. Como C omo seaconsci consciê ênci ncia a da multipossibilidade determinasse o discurso que examina todos os disc di scur ursos sos.. Como C omo seo hom homemfifinal nalm ment nte edemonstr onstras asse seo domí domíni nio, o, cada vez mais mais consc consciienti ntiza zado, do, dos mecani mecanism smos daSEMIOSE, da significação daquilo que sua própria voz produz e dos modos de produzir com mais eficácia aquilo que sua voz quer fazer significar, pouco importando se o produto for for ou não posto posto por escri crito. to. Dentre toda essa riqueza, vejam-se alguns elementos teóricos e algunsefei efeitosdeprocedi procedim ment ntos osretór retóriicos cos// poéti poéticos cosb uscados uscadospelospo poe etas do per período cl clás ásssico. Por exemplo, a compreensão perspicaz de 21 possibilidades de expres expr essã são oda dabelezadeum uma amul mulher her comiima mage gensbasea baseadas dasnuma numarelação estabelecida entre um comparante (o rosto) e um comparado (a Lua):5 I. fig figuras urasfundadasnumare rellaç ação ãollóg ógiicadesimilari aridade dade/ anal analog ogiia: A . rel relação açãoentr tre edoi dois ssegmentosreferen referenci ciai ais s: a) fo  form rma aliza lizada no plan lano discurs iscursivo ivo:

1. upamT  (‘um (‘uma a identi identidade dadenumadiferença diferença’;’;6 “com  “comparação”): paração”): “Te “Teu rosto é como como aLua”; ua”; 2. prat V V   pa    (uma “comparação” com os elementos em lugares trocados;; “inve dos “inverrsão”): ão”): “A Lua écom como o tte eu rrosto” osto”;; 3.  ananvaya  (‘comparação do objeto com o próprio objeto’;7 “autocomp “auto comparação”): aração”): “Te “Teu rrosto osto só ésemelhan hante te a ao o te teu rrosto osto”; ”;

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(5) Lista ista eexemplosem RENOU RENO U , op. cit., § 15 1556 56;; cl clas assifi sificaç cação ão das das figurasem PORC PORC HER ER,, Figures de style, pa  passim. (6) / s Tdharmyam upam T bhede/ Definição Definição dada dadapor Mam M ammaFaemseu K T  Tvyaprak    T ça  [KP] 10.125. A  A pud   PORCHER, op. cit ..,, p. 23. 23.

(7) I dem dem, iibide bidem m, p. 24. ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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4. vyatireka (‘superioridade do outro [termo, o comparado] sobre o comparante’;8 “contr  “contras aste” te”): ): “Te “Teu rosto rosto bri brilha sempre, mas mas aLua brillha ànoite bri noite”; ”; b) fo  form rma aliza izad da no pla lan no sim imb bólic lico o: 5. r  X  pa (‘identidade dadeent ntrre compa comparrant ante eecomparado’, comparado’, um sse eso paka ka (‘identi 9 brepondo brep ondo ao outro; outro;  “metáfor táfora” a”): ): “A Lua do te teu u rrosto” osto”;; 6. bhr T  Tntimant     (‘apreensão de um outro objeto a partir da visão  (‘apreensão [do objeto descrito] como semelhante a esse [outro objeto]’ com sobreposiçãodess desseoutro outro obj obje eto; 10 “oscilaç cilação” ão”): ): “Acredit “A creditando ando ser a Lua Lua,, o çakora voa para teu rosto”; 7. apahnuti (‘neg  (‘negaçã ação o do obj obje eto desc descrrito eafir afirmação ação de umout outrro’ 11 comsobrepos sobreposiiçã ção o do pri primeiro;  “contestação”): “É o teu rosto e não a Lua” Lua”;; 8. utprek LT  (‘representação do objeto descrito por um outro semelhante a ele’ com absorção completa;12 “convencimento”): “É, com efeito, a Lua”; 9. sa R deha (igual à anterior, mas sem absorção; “dúvida”): “É teu rosto ou é aL ua? ua?”; ”; 10. atiçayokti (‘quando há determinação de uma identidade do obje obj eto des descri crito to comum outro após após a abs bsor orçã ção o [do pr priimeiro pe pello 13 segundo]’;  “e  “exces xcesso”): so”): “É uma se segunda LLua ua o tte eu rrosto osto”; ”; 11. aprastutapraçaR sT  (a menção de um objeto fora do contexto permite compreender o objeto do contexto;14 “louvação nãoexpr xpre essa” ssa”): ): “A Lua épáli pálida da diante diantedo teu rosto”; ...................................................   (8)/ upam Tn Td yad anyasya vyatirekaNsa eva saN/ KP 10 10.15 .159 9. I de dem m, iibide bidem m, p. 59.   (9)/ tad r X pakam abhedo ya upam TnopameyayoN/ KP 10 10.13 .139 9. I de dem m, ibidem bidem, p. 69. (10)/ bhr  Tntim Tn anyasaR vit tattulyadarçane/ K P 10.20 10.200 0. I de dem m, ibidem bidem, p. 87.  yan niLidhy Tnyat s Tdhyate s Ttu apahnutiN/ KP 10.1 Bt T  TR 0.146 I de dem , ibidm em em , p.98. 91. (11)/ (12)/ prak   TR LT prak Btasya samena yat / K P 10.13 101.137 746 . I .de dem m,mibidem bide , p. saR bh vanam athotprek  (1 (13)/ 3)/ nigVry Tdhyavas  T TnaR  tu prakBtasyapare J a yat/ yat/ KP 10 10.15 .153. 3. I dem, iibi bidem,p. 110 110.. (14) I dem dem, ibide i bidem m, p. 176. ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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12. samT  sokti (quand  (quando o a pr pre esença de doi doiss de determin terminantes antes dedupl duplo o sentido permite sugerir um determinado diferente daquele que está expr expre esso sso n no o enun enunci ciado; ado; exi xiste stem m doi doiss determi determinan nantes tes a am mal15 gamados com a menção de apenas um determinado;  “  “a atr tribui ibui-ção com posta”): ): “T “Te u rrosto osto gaiam gaiame nte marcado por olho olhoss ne ne-groscomposta” eor ornado nado da lluz uzedo ssor orririso” so”; ; ente B. r elação ent ntrr e duas pr prop oposi osiçõe çõess:

13. d BLFT nta nt a (‘[em duas proposições] a inter-relação de todos [= comparante, comparado, propriedade comum] os elementos’;16 “exem xemplo”): “A Lua no cé céu, u, teu rosto n na a te terr rra” a”;; 14. prativast   (‘quando do h há á me menção, em duasproposi proposiçõe ções, s, a   prativast  X   pamT  (‘quan 17 umapropri propriedadecomum comumem emduasfo forrmas masdi diferent ferente es’;  “comparaç ação ãocorr corre elativa” ativa”): ): “A Luare reina inano nocéu,tte eurosto rostorre einanaterra”; 15. upameyopamT  (compa  (comparração açãodo docomparadocomocomparant comparante e 18 edocompar comparante antecom comocompa comparrado;  “com  “comparaçã paração ore retr triibutiva” butiva”): ): “A Lua écom como o teu rosto, teu rosto com como o a Lua” Lua”;; C. relação entr ntre ed doi oiss pr pre edi dicad cados os:

16. nidarçana (‘afirmação de uma relação que não existe [realmente] entre os objetos e que leva a uma comparação’;19 “ilustração”): ção” ): “T “Te eu rrosto osto tte em abelez beleza a da LLua”; ua”; figuras de dete termin rminada adass p por or cri crité téri rios os lingüísticos lingüísticos (figurasde II . fig

sintaxe): ...................................................

(15)I dem dem, iibide bidem m, p. 344, 361. (16 (16) / (v Tkyadvaye)dBLFTnta ntaNpunareteLTR sarveLTR pratibi  pratibimb mbam am/ KP10.155.Idem, ibidem,p.130. (17)// pra (17) prativas tivastXpam Ttu s T/ s Tm Tnyasy nyasya advir dvir ekasyayatr yatra av Tkyadvaye sthiti N/ KP 10.154. .154.I de dem m, ibidem, p. 139. (18)I dem dem, iibide bidem m, p. 24. (19) / ab abhava havanvastusaR bandh bandha a upam Tparikalpako nidarçan T/ KP 1 10.1 0.15 50.Idem, ibidem,p.151. ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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17. d V  V  paka  pa   ka  (‘quando há menção, uma única vez, de uma propriedadeque pertencea obje objeto toss do conte context xto o e defor fora a do cont conte ext xto, o, e quando há [menção única] de um agente para várias ações’;20 “ilum “ilumiinação”): nação”): “T “Te eu rosto, rosto, ass assim ccomo omo aLua, sealeg alegrra à noi noite” te”;; 18. tulyayogit T  (‘me  (‘menção, nção, umaún úniica ve vez, z, d de e um uma a propr propriiedadeco21

mumsão a objetos da por mesma classe’;  “e  “equali qualiza zaçã ção”) o”):: “A Lua eo lótus vencidos teu rosto”; 19. smara J a (o comparante é mencionado em decorrência de uma circunstância temporal que antecedeu a menção; “lembrança”): “Te “Tendo vi vissto a Lua, Lua, lle embrei-mede teu teu rros osto”; to”; 20. ullekha (com  (comparant parante e ecom comparado parado sã são o indi indica cados dos com como o part partiicipantes de um mesmo nível de percepção; “indicação”): “Eis a Lua, ei eisteu rosto”; 21. pari J J T ma (o comparante é mencionado como agente de uma ação que lhe é imprópria no mundo real; “evolução”): “Pelo teu rosto de Lua o calor da paixão é refrescado”.  Tud  Tu do, nessemodo desvian iantedefalar lar darealid lidadedosujeit ito o, nesse modo de expor expor sua visã visão o de seu mund mundo o emint nte egração, tudo tudo começa com a “emoção “emoção estéti estética” ca”,, o rasa, sistematizado pela primeira vez num T rata atado doso sob breas Ar A rtes tes da Representaçã sentação o, o N TF   yaçT   stra de Bh Trata rata,, tta alve vezz do sé século II I I d.C d.C ., no qual seencontra ncontra umve verrdadeiro “p “prrog ogram rama a de construção constr ução do obj obje eto” (no (no caso, caso, um te texto xto e umespetácul petáculo o tte eatr atrais) ais) de fortes for testitint nturas urassemiótica óticass. É, É, al aliiás, o rasa quedifere diferenci ncia a o queéliterári terário o do que é meramente referencial, não-literário, acadêmico, preocupado ape apenas nas com a descri descrição ção de um obj obje eto de ssabe aberr. Nesse modo integrado de visão do mundo, o conceito de rasa como “emoção estética” veio da cozinha indiana: no mundo não-lite...................................................

(20)/ sakBdvBttistudharmasyaprakBt TprakBt Ttman Tm/ saivakriy kriy TsubahvVLuk Trakasyeti dVpakam/ K P 10. 10. 156. 156. I dem dem, ibidem bidem, p. 278.  TR R  sakBd dharmaNs T punas tulyayogit T/ K P 10 (21)/ (21 )/ niyat niyat Tn T 10.. 15 158 8. I de dem m, ibidem em, p. 285 285.. ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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rário, a pa rário, palavra lavrarasa de designa signa o “gosto”, “gosto”, o “tem “tempe perro” dos al aliment ntos. os. A ssim, capturar orasa de uma obra literária é sentir seu gosto, degustá-la: fruir uma obra de arte literária é uma “degustação da emoção pela mente” (manorasaromaka), ou uma “degustação do gosto pelo coração”. Ess ssa a oper operação ação im impli plica, se sem mpr pre e, umaracionali acionaliza zação ção dos sse ent ntiiment ntos, os, umape perrce cepção pção do emot emotiivo pel pelo o me ment ntal: al: em outr outras aspalavr palavras as,, umareflexão as coisas doela coração: adequadamente uma pelo obra de artesobre literária quando “bate”aprecia-se nas experiências racionalizadas suje ujeito, algo difere diferent nte e daca catarse tarsepropos proposta ta pe pello te teatro grego. C on onvenci vencion onal alme ment nte e, as ““e emoções moçõesestéti stéticas cas”” são oi oito to,, aume aumen ntadas ao longo do tempo por mais três, devendo o literato trabalhar em nível dominante com uma delas em sua obra, podendo no entanto esc scol olher her algum alguma(s a(s))outr outras(s as(s))emnível nível secundár cundáriio. Esseca catál tálogo ogopoderia parecer pequeno demais para a construção da expressão da muito variada gama de sentimentos e emoções experimentados pelos seres humanos, mas as nuances emotivas conseguidas com a utilização equilibrada de emoções dominantes e secundárias aumenta consideravelmente as possibilidades propostas: tal como na preparação de um prato, um “tempero” se mistura a outros produzindo matizes diferenciados. Tam T ambé bém m, tal tal como na cozin cozinha, ha, exi existe stem m impe pedi dim ment ntos: os: o nojo, nojo, por exempl plo, o, não é compatível, patível, nessa nessatr tradição, adição, como erot erotiismo; nemo cômico combina com o patético e o terror. U m rasa, entretanto, não se oferece de imediato ao fruidor da obra: obr a: e elleésempre uma uma constr construção. ução. U mrasa se  serrásempreassomatór omatóriia/ combinação de “elementos” (bhT va ), a saber: um “elemento permanente” [ou sentimento  sthayibh  (sthayibhT va )], um “elemento determinante de suporte” [ou personagem (T lambanavibhT va )], um “elemento determinante de estímulo” [ou condicionador (udd V  V  panavibh   T va )],um “elemento conseqüente” [ou uma manifestação externa involuntária (anubhT va )] e um “elemento acessório” [(vyabhicT ribhT v a), que que a acomcompanha pa nha os conse conseqüent qüente es, podendo ou não não sse er uti utiliza zado] do].. ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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FONSECA FON SECA , C Ca arlos A lberto da & FERREIRA , Má M ário. A R etóri tórica canaÍ ndia ndia Ant A ntiga. iga.

U m exem xempl plo o pr práti ático: co: um pe perrsonag sonage em masc mascul uliino des dese eja um uma a perrsonagemfe pe femin miniina(emum uma adecin cinco cosi situ tuaçõe açõessamorosas orosasposs possííveis: em reunião, ainda não reunidos, ou separados por rusga, por viagem ou por morte); ambos manifestam, ao longo de seqüências dramatizadas,, fífísica das sica e ext exte erior orm mente nte esse sse de dese sejo (ne (neste ccas aso o há há oi oito to conse conseqüenqüentes: tr trans anspir piraç ação, ão,parali paralissia,ttrem remor, lágririm ma,empal palide decime cimento, nto, arrepio, arrepio, desm de smaio egague agueiira);são sãoes estitim mulados uladospelanoi noite tedeluar luar,, pe pellapri prim mave averra ou pel pelo inverno, inverno, pe pella noite, noite, pel pelasfofocas ouficar pe pellos in ince cent ntiivos deoutr outras as pessoas, etc (os condicionadores); podem abatidos, tristes, indolente ntes, arr arroga ogant nte es, com re rem morso, orso, iinv nve eja, do doe ent nte es, etc. (os ace acess ssóri órios) os).. Os“se “sent ntiiment ntos”, os”,el elemento entosspe perrma man nent nte es,são sãoaid idé éiacce ent ntrral em torno da qual se desenvolve o rasa, e compõem uma lista fechada, ao passo pas soqueosout outrrose ellement ntos oscon consti stitu tue emlistas listasmaisou menos nosabert abertas as.. Os sentimentos de desejo [sexual] (rati), alegria (hT  sa), sofrimento (çoka), cólera (krodha ), coragem (u t sT ha ha ), medo (bhaya), nojo nto o(vismaya ), paz-de-espírito (çT ma), amor depai paispelos  (jugupsT ), espant  jugups filhos (vatsalat T ) e amizade  priya  (priya) são, respectivamente, a base das “emoções oçõeses esttéti éticas” cas”çBZ  g TT ra-rasa  (o eróti erótico) co),, hT  sy  syaa-  (o cômi cômico),karu J a  (o patético), raudra- (o colérico), v V ra- (o heróico), bhayT naka- (o terrórico), bV bhatsa- (o nójico), adbh X ta- (o maravilhoso), çT nta- (o  (o tsalya-   (o patérnico) e o pri  priyaya- (o fraterno). pacífico), v T tsalyaA part partiir da e esscolha dorasa com que pretende trabalhar, o literato sevê pr pre esade um uma a sé série dedecor decorrrênci ências as:: numa numaseqüênci qüência a de de deter ter-minações implicadas vêm as pe  pers rso onagens (se o rasa é o erótico, deve haver n ne ece cess ssari ariam ame ente um ho home mem euma ou mais mulh mulheres ardend ardendo o nos cascos do desejo), o assunto (se o personagem é um herói, deve haverr necessari have ariam ame ente nteum uma abatalh batalha, a,marcial oumoral moral), ), o g  gêênero (uma farsa, um drama drama româ românt ntiico, u um ma comé comédia dia româ românt ntiica, ca, etc., tc., ent ntrrepel pelo menos 50 possibilidades: gestos heróicos não permitem uma farsa), música/ dança/ canto na medida que o gênero comandar, ummood  sole solene, ligeiro ou debochado de representação, o uso de objetos de cena, ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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cuidados com o fig  figuurino rino eamaquilagem, efeitos eespe speci ciai aiss, direção re  realista ou convencionali convencionaliza zada, da, e etc. tc.

O esp spe etáculo táculo te teatr atral al é, ass assim, concebido como como a som soma a de todas as artes: agrega linguagem verbal, linguagem corporal, música, dança, canto, simbolização pelos cenários, pelo figurino e pela maquilagem.  Tem  Te mcomo objetiv ivo o colo loccar no palco lco uma“imita itação do comportamento 22 dos seres”,  o palco é o lugar de demonstração de todas as artes e ciências,23 ali se desenrola a natureza do mundo com todas as suas 24

oposições.  Tudo  Tud o o quevai culm lmin ina ar comumespetác táculo teatral, ral, noentanto, começa com a articulação de um texto verbal, mesmo que o ator improvise absolutamente tudo no palco ou mesmo que o espetáculo seja construído pela técnica da dança. E, desta vez, o modelo vem da floresta, ou do jardim: um texto cresce, ou é formalizado, à semelhança de uma árvore. Deve ter cinco partes, chamadas saR dhi “nexo”, articuladas entre si, estabelecendo em moldes mais detalhados nossa seqüência qüênci a come começo-meio-f o-fiim. Cada C adaumdos ne nexos, xos, entre entretant tanto, o, éfor form mado, por sua vez, da articulação de um “assunto” (arthaprak Bti “matéria de base”) e de um “comportamento” (avasthT  “posicionamento”). A ssim, no no prim primeiro nexo, o da “a “apr pre esentaç ntação” ão” (mukha-sa R dhi), arti arti-culam-se um “impulso” (T rambha) euma“sement “semente” e” (bV   ja ); no segun pratimukha- ), um “esforço” ( prayatna  prayatna) e um do, o da(“c “cont ontii);nuaçã nuação” o” ( pratimukha“broto” bindu no terceiro, o da “complicação” ( garbha garbha- ), uma “esperança de sucesso”  pr  outro  (pr T T   pty   T çT ) e um “galho”  pat   (pat T T k   T T  [num   ...................................................

(22)BHARATA, op.ci cit.t.  [BNÇ 1.112],p.9: //n n Tn Tbh TvopasaRpannaR n Tn Tva-sth Tntar Ttmakam/ B T T     J  R  n  T F yam e etan tan may  TkBtam/ “imit “imitation ation ofthe theconduct conductofthe thep pe eoplefull lokav tt  nukara a of emotional fervour while depicting different situations is the main item in the type of  dramaevolved by me.” (23)I de dem m, iibi bidem em[BN [BNÇ Ç 1.116 1.116]:“nowise wiseutt utte erance, rance, nomeans meanstoachi achie evelearni learning, ng,no noart or craft and no useful useful de device vice is omit omitted ted or ig ignor nore ed iin n itit”. ”. dem, iibide bidem m[BN (24)I dem [BNÇ Ç 1.118]; 1.118]; “imit “imitation ation of eve everyt rythi hing ng taking taking placein th the e world world of se seve ven n continents conti nentsisaninvari invariable ablefeatureofthe thedramaticart”. art”. ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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senti ntido, tam també bém mliteral, o texto “dábandei bandeira”] ra”]); ); no quarto, quarto, o da “cri “cri-se” (vimarça vimarça-- ), uma “certeza de sucesso” (niyat T T   pti   ) e uma “flor” fi nalment nte e, no quint quinto, o, o do “desve vellament nto” o” (nirvaha J a-),  (prakar V   prakar  V);   finalme uma “obtenção do fruto” ( phal   phal T  ga ma ) e um “fruto” (k T rya rya ). Esquematicamente: avasthT  (comportamento)

arthaprak Bti  (assunto)

 saR dhi  (nexo)

T rambha  (impulso)

b V   ja (semente)

mukha--  (apresentação) mukha

 prayat  pra yatna na  (es  (esfor forço) ço)

bindu (broto)

 pr T  T pty   T çT  (esperança)

 pat T k T  (galho)

 gar bha - (complicação)

niyat T  T pti    (certeza)

 pr  prak ak ar V V (flor) (  flor)

vimarça- (crise)

 pha l T   (obtenção) T gama  

k T rya  (fruto)

 pratim  pra tim ukh ukha a -  (continuação)

nirvaha J a- (desvelamento)

E há, para cada nexo, um número de a Z  ga “elemento (narrativo)” em número particular, 64 no total, e as noções de tempo e espaço deterrminando dete nando a divi divisã são o ematos epre prelúdi údios os eemcenas cenas devár váriios tipos, tipos, al além ém das 2 23 3 ch chama amadas dasantarasaR dhi “entrejuntas” [que são situações narrrativas nar ativasfun funcio cionai naiss (sonh onho, o, che cheg gada deum uma a car carta, reve vellação ação deum segredo, erro de nome, voz que vem do céu, etc.)], os 36 lak La J a “torneios” “tor neios”lingüísti lingüísticos cos[[for form mastextuaiscri crisstali talizadas zadasquesse ein insseremnos diálogos diálogos dape peça ça,, com como o con conse selho, reprim pri mendas, ag agrrade adecime ciment nto, o, bênbên yT laR k T T ra    “enfeites do drama” [demonstrações ção, etc.], os 33 nTF  emotivas verbalizadas como susto, ofensa, pedido de socorro, suspiros, etc.] tc.] e o uso privi villegiado de tr trê ês fig figur uras as de sent ntiido [comp comparaçã aração o   (“iluminação”)] e do  ya (upamT ), metáfora (r  X  pa  paka ka), d V V   paka    yama maka ka “parrelha”, misto de fifig “pa gur ura a de ssom om esent ntiido, semelhante hante à p paron aronomá omá-sia. E um lon long go e pormenor noriizado zado etc. Para dizer alguma coisa sobre a metáfora, é ela definida no  K T  “Luze uzess da Poe Poesia”, sia”, d de eM am amma maFa, séc. XI, como “uma Tvyaprak    T ça “L identi dentidade dadeentr ntrecomp comparant arante eecom comparado”. parado”. Sempr Sempre econsi conside derrados a ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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partir do enunciado que os formaliza, na figura chamada r  X  pak  paka a o comparante e o comparado são expressos conjuntamente e “não é negada essa identidade [entre os dois termos] em virtude de uma grande sisimilaridade aridadeentr ntreos dois dois [obj [obje etos]” tos]”..25 A  Asssimde defifini nida, da, a m me etáfor táfora a se opõea dois dois outr outros os tipos tipos fundame fundamentais ntais de fifig gur uras asde ssiimilaridade aridade,, quais sejam aupamT   “compar “comparação” ação” eaatiçayokti “excesso”. Enquanto a comparação deve ser estruturada com base em quatro constituintes (comparante, comparado, propriedade comum e marcador lingüístico), a metáfora, por sua vez, coloca em relação direta apenas um comparante e um comparado, fazendo desaparecer a diferença, 26 como afirma Da J Hin em seu K T  Tvy   T darça 2.66.  O que não contradiz aafir afirmaçãod de eMam MammaFa: Da J Hinsubli sublinh nha aofatodeametáforaobl obliite terar rar

asfunçõe funçõess lógicasao ass assimilar di dirretam tame ente nte dois obj obje etos. A o afi afirma rmarr que “a “a dif dife erença [ent [entrre os dois dois obje objeto tos] s] não é negada” negada”,, M Mam amm maFa coloca col oca em em ccaus ausa a o “exce “excess sso”, que, fund fundado ado nu num ma “a “absorção/ bsorção/ eliminação”,, for ção” form mula ulaa ape penas nasocomparant comparante e– diferentem diferenteme ent nte edame metáfo táforra,qu que e expressa os dois objetos conjuntamente. A refle flexão dosteóricos teóricosindi ndianos anos or org ganizou-s anizou-se eao redor redor detr trê ês considerações maiores: a) o modo deform formaç ação ão gr gramatica aticall, ou lilingüística (em composto nominal ou não); b) a hierarquia das metáforas quando multipresentes e concatenadas; ec) a construção da relação entr ntre comparant comparante e ecom comparado parado quando quando há sobr sobre eposição (a metáfor táfora a dita paraR parita “em “em que há re recipr ciproci ocidade dade”). ”). Quantonum à formação lingüístico-gramatical, a metáfora estar presente composto nominal (é então dita ) ou não  samasta  samast apode ser form formaliza alizada da segundo essa e estr strut utur ura a (s (se end ndo o ent então ão di dita taasamasta). A metáfora samasta pareceser afor form mapor excel xcelência nciade dess ssafifigura. gura. Nãoé asi simple plescomposição/j posição/ justaposição ustaposiçãodedoistte ermosqueconsti constitui tui ame me...................................................

(25)/ atis Tmy Tdanapahnutabhe (25)/a anapahnutabhedayor dayor abheda abhedaN/ KP 10.13 .139 9.  Ap A pud  PORCHER, op. cit  cit .,., p. 69 69.. (26)// upam (26) upamaiva tirobh tirobhXtabhed T/ I dem dem,ibidem bidem, loc. cit  cit . ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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táfora: é asubor táfora: ubordi dinaçã nação o morfol morfológ ógiica esint ntática ática do pr priimeiro (o com compa pa-rado, o objeto posto) que funda o processo de identificação. O comparant com parante e (o (o obj obje eto sobreposto) sobreposto) torna-se torna-segramatica aticallment nte ea autô utônonomo, exercendo xercendo umafun função ção na fr fras ase e. U ma m me etáfo táforra dess desse etitipo po “pode ser inte nterpretada, comefeit feito, o, num prim primeiro mome moment nto, o, com como o um ccomomposto que contém uma metáfora” (os ditos compostos nominais “karmadhT raya com  comparati parativos”). vos”). U Um m exemplo plo fr fre eqüentem qüenteme ent nte e citacitado: mukhendu, composto dos termosmukha “rosto” eindu “L  “Lua” ua”,, enentr tre eosqua quaiisseestabel tabeleceum uma aidenti identififica caçã ção: o:“umrosto/ queé/ / com como/ uma Lua”> “um rosto-Lua”. Em seu K TT v  yT darça 2.68, Da J Hin fornece um exemplo de metáforaasamasta que inclu incluii o exe exem mplo plo que ac acaba aba deser citado: citado: no verso/ smi sorrisso( sm  smita taR  mukhendor jyotsn T  / “osorri  smit itam am) do [teu] rosto-Lua (mukhendor ) é um raio-de-luar  jyotsn  (jyotsn T )”. Comrelaç ação ãoàhi hie erarqui arquia aent ntrremetáforas táforasmúlti últiplas, plas,M Mam ammaFa afirmaqueelassão,nessasituação,dedoistipos: metáforas“subordinadas”  ( ssTZ   ga), “que comportam anexos”, e metáforas “não-subordinadas” (nira Z  g “sem a an nexo xos” s”,, ou çuddha  “puras”. Os teóricos observam, ain ga a), “se

da, que a metáfora  sTZ  ga pode ser realizada de dois modos: ela é  samastavastuviLaya aya (“te  (“tem mpor por domí domínio niotodos todososobjetos objetos”; ”;quandoo pos pos-to/ compa comparado rado e o ssobrepos obreposto/ to/ compa comparrante são são expli explicit citados ados), ), o ou ué  (quando ando al algum gumasobre sobreposi posição çãoémencion cionada adaexpr xpre essamenekadeçavivarti (qu te, enquanto out outrra é compree compreendi ndida da pelo sent ntiido). U m exemplo plo de M ammaFa (em Prácrito) que inclui os dois tipos:  jassa ra J anteurae kare ku J antassa ma J H alaggalaaR  /  rasasa R muh V   vi sahasT   para R muh V  hoi   hoi riuse J T  // 

Quando, no harém que é o campo de batalha, [o rei] coloca a mão no fio desua suaesp espada ada[desembainhando-a], nhando-a],o exé xérci rcito to inimigo, nimigo,entre entretanto tantocheio de paixão, repentinamente vira o rosto.

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R etóri tóricas de de O ntem e de H oje

A penas penas umr  X  paka está dir diretame tament nte eexpre xpresso: sso: o do har haré ém (que é o) cam campo de batalh batalha. a. D Doi oiss outr outros os podem podem se ser de deduzido duzidoss do sent ntiido geral da frase: o fio da espada é a amada do rei, o exército inimigo é umarival val.. O rei que de dese semba mbainh nha a aespada spada éassimil assimilado ado a umrei que int ntrroduzumanova novaesp esposa osanoh haré arém m: suarival (com (compa parrantesube subent nte endi dido do do exérci xército to inim nimigo) vi vira ra o rosto. M asesses dois com compa parrante antess (a nova no va espos esposa, a, a ri rival val), ), que ssão ão os obje objeto toss sobre obrepostos, não não e estão stão e expr xpre essos. É a coerência do enunciado que impõe ao espírito as duas outras metáforas, elas próprias subordinadas à primeira identificação. Percebe-se, assim, que a análise do fenômeno metafórico não diz respeito apenas à palavra isolada: os teóricos indianos a inscrevem no contexto de todo o discurso, contexto que exige, no exemplo citado, que se superponha a representação da amada sobre a do exército. Essa análise consid conside era anece ssidade fundam fundame ental ntal dos dois pólos pólem os da fig figur ura. a. LLon ong de considerar apenas o comparante (edo despensar termos de su  s ubsgte ituição, como a retórica ocidental), ela insiste nessa interação fundament ntal al do do compa comparrante anteedo compa comparrado, int nte eraçã ação o que mostr mostra a precisa precisa-ment nte ea ident identiidadena diferença. diferença. Segun Segundo do Mam M amm maFa, ainda, esses dois tipos de metáfora se distinguem do seguinte modo: na metáfora obje etos sobre sobrepostos são são “dir “diretament nte e ent nte en samastavas  samas tavastuvi tuviLaya, os obj didos na audição” (çraut TT    T ropit T  )  , ao passo que na metáfora T),  alguns gunsssão ãodir diretam tame ent nte eexpr xpre essos, enquanto nquanto outr outrossão são ekadeçavivarti al

provenientes do sentido ( TT rth ndirretam tame ent nte e com compree preen n   T   aropit T T ),   indi 2 7 didos. C om relação àconstr construção ução da relação ent entrrecom comparant parante eecom com-parado quando há sobreposição (“a metáfora em sobreposição”,

 pa  p raRp  pa  pealorita ritme ar  X   pa  paokaM ), amma examine-se cido ciado pe mesm sm Mam maFa: o exemplo sânscrito seguinte, forneT l T T na   R   jayakuñjarasya

d BLad TR  setur vipadvT ridheN  /  r T T   jan   r T T   jati   v T ravairivanit T  Tvaidhavyada vaidhavyadas   s te bhuja N  //  ...................................................

(27)KP 10.140-141. I dem dem, iibide bidem m, p. 74-75. ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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Ó rei, teu braço que providencia a viuvez às esposas dos heróis inimigos bri brillha, elepedr que umeposte pos te para pano rada pre preadversi nderrsidade odade. elefante vitória, a, uma pont ponte e de pe dra aésobr sobre o ocea adve . que éa vitóri

A estr strof ofe eofereceumasériede“m “me etáfor táforasemssobr obre eposição”: com efeito, or  X  assimila a o br braço aço ao postesó pode sse er compreend ndii paka  pa ka que assimil do com refer referência ncia a ao or  X  assimil simila a avi vitór tóriia aumelefant fante e. C om omo o  paka que as afirm afir ma o próprio próprio M Ma ammaFa,“asobr sobre eposi posição çãodo elefantessobr obre eavitór vitóriia éacausadasobreposiçãodopostesobreobraço”.Esseprimeiro r  X   paka funda, assim, o segundo, que, sem ele, não teria sentido. O mesmo rac aciiocí ocíni nio o val vale e no cas caso o da segund unda a ssobr obre eposição, a da ponte ponte depe pedr dra a sobre o braço: ela só se justifica na presença de um primeiro r  X  pa  paka ka que supe superrpõe o oceano oceano à adver adversidade. Mas M as,, note-se note-se,, tr trata-se ata-sede um r  X   paka “construído”: o braço e o poste não oferecem nenhuma similaridade eum vi vide dent nte e.tituí Sua aproxi aproxim mação açm ão de deve sse erum fun fundada dada numa a pa propr propri iedade comum com consti cons tuída da precisa precisam ent nte eve por por pri prim meinum ro r  X   paka ka. Se sse e fifize zerr umesquema esquemadess dessas asssuper uperposi posições ções:: br aço,

postepara

o elefante que  que éa

vitória

comparado 1

comparante1

comparante2

comparado 2

poder-se-á perceber que uma relação entre os comparados l e 2 foi construí constr uída da a par partitirr de uma relação pree preexi xiste stent nte eent ntrreos comparant comparante es l e 2: o braço está para a vitória assim como o poste está para o elefante. Esse era o objeto da celebração empreendida pelo poeta: é preciso es-

tabel tabe ce cerr um uma relação relação ent erelação ntrreo braç brque aço oos docomparantes rre ei ea vit vitór óriia.1O Os omparados parados 1 e 2leestão naa mesma e s2.ccom Deduz-se a primeira equação a partir da segunda, graças à metáfora elefante-vitória. Essa “metáfora em sobreposição” apresenta traços comuns com a metáfora aris aristotélica totélica “por “por anal analogi ogia”, a”, ou metáfora proporci proporcional. onal. Lem........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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bre bremos que A Arristóte stóteles e evoca voca o caso demetáfo táforrascomo “atar tarde de da vida”28, que explica do seguinte modo: “existe entre a velhice e a vida a mesma relação que entre a tarde e o dia; o poeta dirá, com relação à tarde, tar de, qu que e ela éa ve vellhice hicedo di dia, a, e, e, da vel velhice hice,, que queela éa tarde davi vida” da”.. Nessa relação de a anal nalogia ogia o se seg gundo undo tte ermo está está para o pri primeiro assim como com ooquart quarto oestáparaotte erce ceiiro. Eis Eisporqueopoeta poetapodeempreg pregar aro quarto quart opelo segund undo oeosegundo undopelo quarto. quarto. O que que isso ttem ememcomum com a metáfor áfora paraR parita? T al como na metáfora por analogia, estamos em presença de quatro termose, e, portant portanto, o, deuma umadupl dupla arre elaç ação. ão. Esquematiza atizando ndo asduasoperações:   1  velhice   tarde   3 

2  -



2

vida

elefante - poste

dia 4 

vi vitóri tória a 3 

braço braço 4

Na “metáfora em sobreposição”, a relação analógica está completamente explicitada. Pela superposição do elefante sobre a vitória, depois a do poste sobre o braço, pode-se concluir que a relação do braço com a vitória é a mesma do poste com o elefante: o braço do rei podedom domar/ ar/ prender prender avitór vitóriia.A ri risstót tóte elese esstabe tabelleceum uma ahomologia (B:A ::D:C ) epodeent ntão ãope perrmutar doi doisstermos(e (essa ssape perrmutaçã mutação opod pode e ser realizada nos dois eixos). No paraR paritar  X  pa  paka ka, a homologia é expressa discursivamente e leva a uma comparação entre os termos; existe relação de similaridade entre o elefante e a vitória, depois entre o poste e o braço. Da relação entre os comparantes deduzimos aquela ...................................................

(28) (28)Cf. Cf. A RISTO RISTOTE, TE, Poétique 1457b, p. 62.

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que exi exisste ent entre re os com compa parrados ados.. Não há re recipr ciprocid ocidade adepos posssíve vell, porque a relação entre comparantes e comparados não é reversível. O proces pr ocesso so dasduas operaçõ operações esnão éexatamente o mesmo. smo. Nos dois dois ccaasos, entretanto, a relação é construída comproveniente a ajuda de um raciocínio, em vez de sermetafórica uma simples aproximação da aperce cepçã pção, o, da visã visão o de uma uma ssiimilaridade aridadeent ntrre dois obj obje etos.29 V ejam-se am-seagor agora a al alguns exemplos plos para m mostr ostrar ar a ques questão tão d da a habi habi-lidade dos poetas sânscritos no trabalho com a camada sonora do texto. A te teoria oria doçabdacitra “pe  “pecul culiiaridade aridadessdosom som””prevêa“ali “aliteração” teração” (anupr T   sa  yam aka, lit. “parelha”). T   , lit. “eco”) e a “paronomásia” ( yamaka No cas caso o da ali aliteração, ela ela pode se ser conse conseg guida uida com arepe petitição ção de fonemas (var  J T nupr T  T  sa   ) ou de palavras ( pad   pad T T nupr    T T   sa   ). Quanto à repeti petição ção de fonemas fonemas,, ela pode e estar star ffor orm maliza alizada da na rre epe petitição ção de um único úni co fone fonema (v Bttyanupr T  dois ou m mais ais (chek TT nupr  Ass T  sa   ) ou de dois   T T   sa   ). A ilustrações que seguem provêm do poema ÇiçupT lavT dha (“  (“A A morte de Çiçup Tla” a”), ), de M Tgha, sé século V VIII, no no qua quall o autor conta umincidente da longa e aventurosa vida do deus K BLJ a: no canto 19, que descreve uma batalha entre K BLJ a e um seu inimigo, M Tgha resolveu concretizar sonoramente todos os ruídos da batalha por meio da elaboração de estrofes dos tipos:30 a) ek T  Tk    Lara, empregando a aliteração de apenas uma consoante: d T  duddadudd T     d T dudad V dado Tdado   Td    V  V d  T d   T T do   V    N  /  dudd T  ‘dadaN  //  Tda   R   dadade dudde dad T T dadadado  

O doador de dons, o doador de dores aos inimigos, o propiciador de pureza, cujo braço destrói os doadores de dor, o destruidor de demônios, propiciador de morte ao miserável e ao generoso, ergueu sua arma contra o inimigo. ...................................................

(2 (29) 9)Bas Base e dos dos comentários ntári os sobre a “m “metáfora” extr xtr.. dePO PORC RCH HER ER,,op. cit .,., p.69-7 69-77. 7. (3 (30)Cf. 0)Cf. BA BA SHA M, T heWond onder er that that was was IIndia ndia, p. 423-424. ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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b) dvyak Lara, val vale endo-se ndo-seda a alliteração de duasconsoant consoante es: k r  X r T T rik    T r V V   kor ekak T  Traka   N   k T rik T kara N  /  korak T /  T k   T T rakaraka   N   ka r V  Vra   N   karkaro ‘rkaruk /// 

O des destruidor truidor de cruéis iini nim migos, igos, o criado criadorr único do mundo, propiciador propiciador dos ferimentos dos vencidos, com mãos de botão de lótus, o domador de elefantes, fantes, fe feroz na batal batalha, bri brilhou como o sol ol..

C om relação à paronomá paronomásia, sia, pode-se pode-se di dize zer que ela ccon onsiste siste na repetição de uma mesma seqüência de fonemas em determinados lugaresdoversoedae estr strofe, ofe,pouco poucoim impor portand tando oseasse eqüênciarre epe petitida daiim mpliicaoun pl não ãouma umahomoní homoním mia,ouseas“pa “pallavras”resultaram sultaramigua guaiistan tanto to por umaquestãod de ehábitos hábitosdesol olução uçãoeufô eufôni nica cadearestasson sonor oras asquanto por “ilusõe “ilusões mor morfol fológicas ógicas”” (ques (questõesde delimitação tação do signo). A estr trofe ofe a abaixo, baixo, sufi suficiente ciente par para exe xem mpli plififica carr a comp compllexi xidade dadedo pr proce ocedi di-mento, provém do K TT v  yT darça, de Da J Hin: in:31  sT la R  sT lambakalik T  sT la R  sT la R  na v V k Litu R /  n T l V n  T l V nabakul  V  V    T  T-  n T l V ki  n V r api//  V   n   nT l V V 

Ela El a é incapazde olhar olhar para aquel aquele al algodoeiro de flores flores pendentes, ndentes, e também de suportar a visão de abelhas aninhando-se nas bakula, ne nem para suas amigas gas que lhe lhe dize dizem menti mentiras! ras!

Nesse exemplo, o primeiro yam  surge eno início nício do verso verso 1,  yamaka aka surg emqueaestr strut utur ura asson onor ora a sT lam “a  “allgodoeir odoeiro” o”– queéaíumaa ag gluti utinação nação eufônica de sT   “e “ella” com alam “incapaz” – se repete imediatamente, mas aí a estrutura sT lam é parte de sT lambakalik T  T,  um composto que ................................................... (31)  Ap  A pud   JHA, Figurative poetry in Sanskrit literature, p. 50. ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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resultou de sT lamba “pendente”+ kalik TT   “bot “botão”; ão”; amesm sma aestr trut utur ura a repete-se pete-seno verso 2, mas a aíí suasduas ocor ocorrrênci ncias as repres represe ent ntam amuma mesma palavra independente, muito embora a primeira delas ainda faça parte do composto que termina o verso 1. No verso 3, a seqüência nT l V  Vse   repete petecomopalavr palavras asindepe independe ndent nte esde dent ntrrode deummesmoco commposto e,nte noeverso 4,nde a estrutura retorna, vez comoto. palavra comple pletame nt ind nde epe pend ente nteecomo pa parrtedesta deum ccompos omposto . U mout outr ro exempl plo, o, quesse eapr aproxi oxim madeum uma aaliteração, aliteração, apres aprese ent nta aparonomá paronomásias sias no iní início, cio, no meio e no fifim m dosve versos rsos ccom om a repe repetitiçã ção o da sse eqüênci qüência a  3 2 k T T la   : k T lak T lagalak T lak T lamukhak T lak T la k T lak T laghanak T lak T lapanak T T la   k T la/  k T lak T lasitak T  Tlak    T lalanik T lak T la k T lak T lagatu k T  Tlak    T la kalik T T lak    T la// 

Ó tu de pele esc scura ura como a garga gargant nta a esc escura ura de Çi Ç iva, ou de Yam Yama, ou da noite; noite; ó falador falador como como a estação estação das chuvas, chuvas, as nuvens esc escuras, uras, ó K BLJ a, destruidor do destruidor supremo, a morte da era terrível: possam as ninf ninfas asde negros negros cabelo cabelosslon ongos gossobre osombros ombrosseencantarem encantaremconti contigo!

Existem também os yama ultrapa apass ssam amover verso. so.Um U mexem yamaka ka queultr plo (chamado çlok TT bhy   T   sayamaka,, “paronomásia que vigora num  sayamaka dís dístitico”) co”)éo da estrof estrofe ecuj cuja a estr trutur utura a ssono onorra dosdoi doissprim primeiros ve verrsos estárre epe petitida danosdoi doissúlt últiimos,ma massorre ecort corte emorfol orfológico ógicodaspa pallavras que oscom compõe põem m e/ ou a h homoní omoním mia im impli plicada cada pro produze duzem m umconte conteúdo difere diferent nte e:33 vin T   yak ena bhava bh ava t T  T  vBttopacitab T hun T   svamitro  svam itroddh ddh T ri J T bhit T   yamatul   yama tul T  /   T p   Bthv V  T çrit    T T  ...................................................

(32) I dem dem, ibide i bidem m, p. 52. (33) I dem dem, ibide i bidem m, p. 56. ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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R etóri tóricas de de O ntem e de H oje

vin T   yak ena bhava bh ava t T  T  vBttopacitab T hun T   svamitro  svam itroddh ddh T ri J T bhit T   yamatul   yama tul T  T p   Bthv V  Tçrit    T  T //   

Ó rei, por causa de vossos braços musculosos e intrépidos, inigualáveis no des destruir truir os fortesini inimigos, igos, a terra foi paci pacifica ficada. da.

U moutr outro ti tipo confi configur ura a aquela aquela estro estrofe fe em queo seg segund undo o verso é exatamente igual ao primeiro, mas invertido: exatamente igual, mas de trás para a frente (chamado pratilomaçlok T   “paronoTrdhayamaka   másia de meio dístico invertido”) – uma figura que alguns teóricos chamam de gat  gata apr aty T  T gat  gata   a “in  “indo-e do-e-vi -vindo”: ndo”:34 n T dino madanT dh V  svT  na me k T  Tcana   k T mit T  T /    t T n T damanodin T   //  T mik    T  na ca k T mena svT dh V 

Eu, que mergulhei na meditação em Brahman, não tenho as flechas do Desejo como como um dos prazeres terrenos, terrenos, nem nemqualquer qualquer pensamento mau mau reveste a paz que sobrevé obrevém todo todo o tempo.

U ma vari variaç ação ão de dessse últi últim mo ttiipo, uma uma construção chamada chamada  sarvatobhadra , que é uma complexa mistura de palíndromos com acrósticos que podem ser lidos em todas as direções:35  sak T ranT n T rak T   sak T   ya  yassT dadasT   yak T   /  rasT hav T  vT ha sT ran T dav T dadav T dan T   // 

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(34)I dem dem, ibide i bidem m, p. 57. Separando-se as sílabas, para melhor percepção da estrutura: n T-di-noma-da-n T-dhV-sv T-na-me-k T-ca-na-k T-mi-t  T T/ t T-mi-k T-na-ca-k T-me-na-sv T-dhV-n T-da-ma-nodi-n T// (35) Ap  A pud   BASHA  BAS HA M, op. cit ..,, p. 424. 424. ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................ ............................. ............................. ................ 7............................. 9

 

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Estava ansioso para a batalha seu exército, cujas flechas destruíram os corposdashostesdosbravosinim inimigos. Suastrombe trombetas tasrivali rivaliza zaram ramcomos gritos de esplêndidos cavalos e elefantes. sa

k  T

ra

n T

n T

ra

k T

sa

k T

ya

s T

da

da

s T

ya

k T

ra

s T

ha

v T

v T

ha

s T

ra

n T

da

v T

da

da

v T

da

n T

A lguns exem exempl plos os de um uma a chamada chamadacitrak TT vya  “  “poe poessiafig figurati urati-  va”, muito praticada a partir do século XII: a) t ura ura Z  gap  gapa adaband ndha ha “desenho do lance do cavalo” (como no jogo do x xadrez adrez:: em cada cada “ca “cassa” o poe poeta ta vai consi consig gnand nando o uma ssíílaba; preenchidos os 32 espaços, o texto resultante deve fazer sentido):36 b T l T   /   T   suk T lab T l T  Tk    T k T ntil T  Tlakal    T  Tlit    T  T  sasv T   sutavat   sut avat V   sT r T   //  Tdarpik    T  T vratagardhit    T  T  

A jovem – agradada agradadados bal balbucios e pe pela g graça raça do negro negro el elefantinho fanti nho,, satisfeita com os movimentos suaves e cuidadosos – continua com o treinamento.  b T

1

16

 T k  sa

31 18

da

30

 

T l  T

 

nt i

 

su

19 8

sv T

15

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T l  T  

20

9

2

 T k   

17

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32

k T  

la la ta

 

 

10

29

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21

14

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3

la

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28

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24

v T

 T l T

27

tV ga

6

13

 

 T l T

 

li

 

s T

11

 

4 25 22

rdhi

26

 T k  t T

 

23

12

 T r 

t T

5

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(36) A pud   JHA, op. cit ..,, p. 60. 60. ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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b) ardhabhrama, “m  “me eia-m a-march archa” a” (vej (veja-seasseqüênci qüências ashor horiizontais e verticais 1-2-3-4, 2-5-6-7, 3-6-8-9, 4-7-9-10, a-b-c-d, e-f-g-c, hh-ii-f-f-b, b, j-h -h-e-a -e-a;; ocupadosos lugares, lugares, aspalavr palavras asresultant ultante es devem devemfa37

zer sentido):37  sa satvar sa tvar atid enit ya R  saH ar T  Tmar    Lan T çini /  tvar T T dhikakasa   R n T de ramakatvam akar Lati // 

Ele, eternamente vigilante, destrói a impaciência, domina o desejo na ocasião oc asião e na espera. sa 1

 

sa 2

 

tva 3

sa 2

 

Ha 5

 

r  T 6

tva 3   r  T 6

 

dhi 8

ra 4

 

ka 9

 

ma 7

 

de b

 

ni c

 

ty aR  d

 

n T f 

 

çi g

 

ni c

ka h

 

saR  i

 

n T f 

 

de b

tva 10   ma j

 

ka h

 

r La e

 

ti a

ra 4

 

ti a

ma 7

 

r La e

 

ka 9

 

 

 

 

c) pa  padmabandha, “desenho do lótus” (o poeta vai consignando uma sílaba para cada ponto predeterminado do desenho da flor do lótus; as palavras resultantes devem fazer sentido):38  yT çrit T cay T  /  T    p T vanatay T   yT tanacchadan V   yT can V   yT   dhiyT   mT   yT   yT mT   yT   saR stut T  //  Tçriy   T  // 

Ocupadacomo rre earr arranj anjo o dos longos longoscabelos, o pensament nto o ansioso, sua beleza silenciosamente celebrada por mim.

...................................................

(37)I dem dem, iibide bidem m, p. 57. (38)I dem dem, iibide bidem m, p. 62; o esquema está na p. 197. ........................... ............. ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ................

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........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. FONSECA FON SECA ,C Ca a............................. rlos A lbe rto da............................ & FERREIRA ,............................. Má M ário. A R etóri tórica canaÍ ndia nd................ ia Ant A ntiga. iga..

Para terminar, terminar, um uma a pequena quena jjói óia a ““hai haikai kaica ca”” deumanôni anônim mo do 3 9 séc. XII XI I: Rosto como a Lua, mãoslót lótus usembotão, voz de mel, lábios de rosa: uma pedra dra seu coração. coração.

mukham indur yathT  pr TJ i N  N   pa  palla llavena samaN  priye  priye/  v T  Tc  aN  sudhT  ivoLF  has te bimbatulyo mano ‘çmavat // 

Note-se, neste caso, que o poema foi todo estruturado com base bas e em em possibi possibillidade dadess de e expr xpre essão são d do o “ma “marrcador cador lingüí ngüísti stico” co” (partículas comparativas ya  yath th T , sa  sama ma , i v a e tulya esufixo ufixo de va vallor comparativo -vat ) das relações entre comparantes (rosto, mão, voz, lábio, coração) e comparados (Lua, botão, mel, um fruto chamado bimba, pedra), e sempre sem enunciação da propriedade comum. ...................................................

(39) A pud   B  BÖHTL ÖHTLINGK, INGK, I ndische Sprüche, poema488 4881. 1. ........................... ............. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. ............................. ............................ ............................. .................

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Referências Bibliográficas ARISTOTE. Poétique. Pari Pariss, LesBel BellesLe Lettres ttres,, 1969. BA SHA M, A. A . L. T heWonder tha thatt was was India. I ndia. A Sur Surve veyy of theculture of of the IIndian ndian subsubcontinent before the coming of the Muslims. N Ne ew York, York, The T he M ac acm milillan lan Co., C o., 195 1954. BHARATA. T he N TFya _Tstra. Translated into English by a board of Scholars. Delhi, Sri Satguru, Satguru, s/ s/ d. R TgaN Btya Series, 2. BÖHTLINGK BÖHTL INGK , Otto Otto. I nd ndiische sche Sprüche. St Pe Petersburg, Kaise Kaiserl rliichen chen A kademie kademie de derr Wissenschaft enschaften, en, 1870-1873 0-1873..  JHA , Kala Kalana nath. th. Figurative Poetry in Sanskrit Literature. Delhi, Motilal Banarsidass, 1975. MONIER-WILLIAMS, Monier.  A San Sanskrit-Englis krit-Englishh D ict ictio ionnary Etym Etymolog logica ically lly an and 

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R etóri tóricas cas d deeO ntemedeH oje

PROCEDIMENTOS RETÓRICOS NA POESIA SÂNSCRITA VÉDICA MÁRIO FERREIRA*

Em texto texto iint nte egrantede dessta coletânea coletânea (p. 55-83 55-83), ), C Carl arlos os A lbe berrto da Fonseca traça um painel da retórica na Índia clássica, no qual procura demv dem onstr onstrar a as s vári várias asfase fas eco s do peste rcur rcurs socl lliiássico terário terári indiano ano do pe per ríodo vé édico dicoaraoque épi épico-br co-bram amâni ânico e deste de ao clás sicoo–indi apre aprese sentam nt–am elementos discursivos recorrentes, afetos à consciência e ao emprego extremado do “‘poder de significação’ (como propõe ele traduzir o conceito de çakti) da palavra palavra poéti poética ca”. ”. O presente texto, circunscrevendo-se ao período védico, tem

por objetivo apontar alguns dos procedimentos retóricos enfeixados na poesia desenvolvida nessa fase literária, mormente aquela constante do AgvedasaR hit  T.  Enfocando-se a temática da construção poética hit T  no vedismo, procura-se demonstrar que a conf confiiguraçã gur ação o re retór tóriica da da p po oe sia  sia védica ica serev revestedecarát ráter exemplar, constitituuin ind doela omodeloprimo rimorcujos el elementos ntos bás básiicos di dial al – mani aniffesto o ouu latente– dapoé poétitica ca clássica clássica, cujos o texto de Fonseca sumaria. No que segue, com vistas à análise do tema proposto, abordam-se abordam-sedois doistópi tópicos cos,, a sabe saber: 1. o cont conte exto da enunnunciação do texto ritualístico; e 2. as características recorrentes da produção retórica da poesia sânscrita.

1. O texto texto ritualí ritualístico: stico: contexto contexto de enunci enunciaçã ação o É já conse consensual nsual, ent ntrreos estudios tudiosos os daliteratura teratura indi indiana ana deexpressão sânscrita, a idéia de que o V eda – vasta coletânea de textos

................................................... (* (*) ) Profes Professor Doutor Doutor da Área Á readeLínguae Lite Literatura ratura Sâns Sânscrita crita do De Depa partam rtame ento de Letras ...............................................................................................................................................

ClássicaseV ernáculas rnáculas, FFLC FFLCH/ USP.

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FONSECA FON SECA , Ca CarlosA lbertoda& FERREIRA FERREIRA,, M Má ário. A Retór tóricanaÍ ndi ndiaA ntiga.

ritualís tualí stiticos coscompos composta ta provavelmente nteao redor do século X XIII a.C a.C.. –, –, em especial no livro denominado AgvedasaR hit  ], títul título o quese hit T  T  [RV ], pode tr traduz aduziir por “C “Col ole eçã ção o (de textos) [saR hit  hit T  T]  do saber revelado [veda] (expresso na forma de) estrofes [B g < B c]”, apresenta forte orientação poética e metalingüística, entendendo-se tais termos na ac ace epçã pção o que Jakobson Jakobson (s/d. (s/ d.:: 122-1 122-130 30)) lhes lhesdá, ou ou sej seja, como funçõe funçõess da linguagem radicadas predominantemente ou na mensagem ou no código. Não obstante tal consenso, é divergente o peso que se costuma atribuir às duas funções na coletânea em estudo. Para alguns autores, a função poética é nuclear e determinante no V eda, constituindo ela o vetor básico por meio do qual se deve aferir o sentido da obra. A ssim, Dharma harmapa palla (1 (19 973, 73, p. 5), 5), proje projetando sobre aobr obra a umconcei conceito que se refere à poesia do período clássico, e estabelecendo desse modo uma forte correlação intertextual entre duas fases literárias, afirma: “O RV  é,  é, antes de mais nada, um k T  Tvya   ” – ou seja, um texto de ext xtrremasofi sofisti sticaçã cação overb verbal al,, emqueaexpre xpressãoémoti otivadapelocon contteú-

do. Nesta mesma per perspecti pectiva, va,Re Renou, pontuando pontuando o “espír pírito essenci ncia alment nte epoéti poético” co” (195 (1958: 8: V ) dos autore autores do Veda, assinala (1955, p. 26), no queconcer concerne àrecorrê corrência ncia na obra dos tor torneios neios m me etali talingüísti ngüísticos cos::  A co composiçã ição[d [do oRV ]  ],, atécnic ica apoétic ica atorna rna-se -seumfimemsi mesma. (...) N estesen sentitido do,, ( ...) pode derr-se se--iasustenta sustentarr quetod todo ooRV éum uma aalegori alegoria adesi  mesmo.

 Em perspectiva diversa, defendem outros autores (assim, Berga Ber gaiigne[1878 [1878,, p [1963, 3, pa não obstante obstante  pa assim] eJ. Gonda [196  passim]), que, não ser umfato o refifinam name ent nto o da rel relaç ação ão e expr xpre essão/cont ão/ conte eúdo, importa porta remarca carr no tte exto védico a função função ri ritualís tualística tica p por or elecumprida prida – ffunçã unção o na qual têm maior relevância, para empregar também os termos de  Jakkobson (s/ d.: 122-130), osfatores  Ja resdecontexto (poisqueo rito rito sempre pr esereal realiza em sisitu tuaçõe açõespredetermi predeterminadas nadaspa parradi adig gmaticam aticamente nte, relativas ao objetivo visado e à forma de obtê-lo), de destinatário (visto ...............................................................................................................................................

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que o rito implica por definição a manipulação de divindades) e de contato cont ato (vi (vissto que o ririto to supõe supõe uma uma cone conexão xão ent entrre rem remetente/sa tente/ sace cerrdote edes destitinatári natário/ o/ di divi vindade ndade). ). A pes pesar dasdifere diferenças nçasteóri teórica cas, s, prese presentes nas duas posições referidas, não parece descabido procurar conciliálas– não, n no oe esspíri pírito da máxim máxima a latina latina in me medio stat stat vir virtus (o que equivaleria a postular que os textos do V eda são ao mesmo tempo ritualísticos epoé poétiticos/ cos/m metal taliingüísti ngüísticos) cos),, masestabelece cendo ndo-se -seum uma a re regência ncia recíproca entre as funções (no sentido de que uma função, para se presentificar, implica necessariamente a outra). Esta conciliação é o ponto de partida deste texto – e ela se pode enunciar nos seguintes termos: enquadrando-se embora o V eda  na tipologia dos textos ritual ritualíísticos ticos,, edados dados osvalor valore es quena cult cultura ura Trya, e nacultur cultura a indoeuropéia por extensão, se projetam sobre a linguagem (a esse respeito, v. Eli Eliade[19 [1983 83,, p. 13]), 13]), a for form ma deoper operar o ri rito iim mpli plica ca,, nos textos textos da védica, mano manobr bras asrecor corrrent nte esdemanipul anipulaçã ação o da mensag nsage em saR hit  hit T  T  védica,

e do código, as quais alçam a linguagem à posição de matriz temática da enunciação ritualística. Para empregar uma fórmula-resumo: no V eda, a lingua linguag gem, dobrada dobradasobr obre esi mesm mesma, tor torna-se na-serito. Ou, na re regência ncia oposta: no V eda, o rriito, ao se sede dessdobrar, dobrar, tr trans ansfor form ma-se a-seemlingua nguag gem. Entendida nestes termos – e em consonância com os postulados da retóri tórica mode oderrna –, –, a for form maliza alizaçã ção o do enun nunci ciado ado da poesia vé védi dica ca não se estabelece como problemática afeta aos limites das figuras e torneios de linguagem que se moldam na superfície do texto ritualístico; ela assume uma dimensão lingüística que diz respeito às condições de enunciaç ciação ão do dis discurso do rriito e queenvolve nvolve,, portanto, portanto, nec nece essar sariam ame ente nte, nare relação açãoenun enunciador ciador// enun nunciatári ciatário, o, estr traté atég giasdeempregodalliingua ngua-gem – entre as quais se alinham a argumentação e a persuasão.  Ten  Te ntemosexplicit licita ar osdadosdo contexto emqueo rit rito védico ico se enunciava. Na Índia antiga, conforme podemos documentá-lo mediante os textos do V eda e dos textos exegéticos dos Br T  dossKalpT s, o Thma    J T s  edo ...............................................................................................................................................

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rito era, ao mesmo tempo, obra assalariada (visto que decorria de um contrato de reciprocidade envolvendo pagamento), secreta (pois que cumprida em local preparado de antemão, normalmente a céu aberto, ao qual só ti tinham nhamac ace esso os ritual ritualiistas contr contratados atados) e oni onipres prese ente nte(poi (poiss que obrigatoriamente associada a praticamente todos os atos da vida cotidiana). Enfatizemos o caráter onipresente do rito. Na sociedade védi vé dica ca – ereferindo ferindo ap ape enas al alguns poucos ccont onte extos – os riritos tos pautavam,, por ví vam víncul nculo o de nece necesssidadeobri obrigatór atóriia: os cciicl clos os dede dese senvol nvolvi vi-mento da vida humana (havendo, assim, cerimônias que se cumpriam desde a gestação de uma criança, passando por todas as etapas de desenvolvimento [infância, “segundo nascimento”, casamento, paternidade] até sua morte); os ciclos da temporalidade (aos quais se correlacionavam os ritos realizados em época fixas, por ocasião do início do ano, das estações e dos pequenos e grandes arcos das revoluções lunares e solares); os ciclos das atividades cotidianas (vinculados aos ritos

da semeadura e colheita da terra; da edificação das moradas; do mapeamento do traçado de uma cidade); e os ciclos de reordenação cósmica (vincul (vinculados adosa cerimôn ôniiasexecut xecutada adassem em épocasdeter term minadas dos ciclos temporais, tendo por objetivo reafirmar a ordem que, no iní nício cio da cri cria açã ção, o, setitinha nha insc inscri rito to nes nesta). ta). Por sobre o víncul vínculo oe eve ventontorito, tal como como sepodeates atestá-lo tá-lo na na liliteratur teratura a exe exeg gética tica do V eda, projetava-se uma relação de causa e efeito: o rito acompanha, temporalmente, o evento – na maior parte das vezes, ele o antecede (assim, por exemplo, o nascimento de uma criança era precedido por três ritos, realizados no curso do terceiro, do quarto e do nono mês de gestação; assim também, o rito diário de acendimento do fogo antecedia o nascimento do sol); mas a temporalidade traduz uma causalidade: é o rito que determin determina a o event evento; o; estesecum cumpre pre porque porque o rriito, ao sse e reali realiza zarr, exe xerrceum efeito feito de coerçã ção o sobre os acont aconte eci cim mentos. ntos. A propós propósiito, no  (ed. d. J. J . Eg Eggeling [[19 1978 78:: IIII, 3, 1, 5]), 5]), lê-se: “Ha“HaThma    J a (e ÇatapaF  habr T  vendo a defecção do rito (diário do) fogo, o sol deixará de nascer, ao ...............................................................................................................................................

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cabo de três meses”. Noutros termos, o universo se manifesta de acordo com uma ordem (sânscrito B ta), a qual qual seintegrou, no pri princípi ncípio o da criação, à dinâmica dos eventos cósmicos múltiplos; é o rito, porém, que é a fonte da ordem, seja porque a cosmogênese, na concepção védi vé dica, ca, se sem mpre sereali aliza zade modo rriitualí tualísti stico, co, seja porqu porque e cabe cabea el ele reproduzir produzir,, reafir afirmando-o, o or orde denam name ent nto o que se sesupõe supõe ser inere nerent nte e aos eventos. C onsta, aci acima, que o rito rito era se sempre obr obra a secreta, por porque querealiza aliza-daemespaço paço p prroi oibi bido, do, int inte erdi dito to aosnão-ini não-iniciados ciados.. Com C omefe feiito, o tratraballho rriitualí ba tualísstico tico consti constituí tuía a, na Índi Índia a védi dica ca,, prerr prerrog ogativa ativa demembros da casta casta bram bramâni ânica, ca, os os brâmanes brâmanes ((do do sânscr sânscrito brahma J a, lit. lit. “aquele quedetém detémo brahman” (= o “poder” oriundo do rito). Eram estes treinados, aos longo de vários anos, nas diversas disciplinas necessárias para o cumprimento do rito – as quais implicavam, entre outros requisitos, a memorização de extensas porções de textos relativos à tradição à qual qual per pertenci tenciam amos riritual tualiistas, ao conh conhe eci cim ment nto o da adequaçã quação o dos

ritos aos eventos e, sobretudo, o conhecimento das artes retóricas, graças às quais se tornava possível evocar e presentificar a forma dos deuses. Resumindo um conjunto complexo de procedimentos, pode-se dize di zer que osritos védicos abarcava abarcavam matos pre prelliminar nare es, re relativos ativos à p prreparraç pa ação, ão, sej seja do ri ritual tualiista (que fica ficava va recluso durante durante osdias diasqueantecedi ce diam ama rea realliza zação ção da ce cerrimôn ôniica) ca),, seja do espaç espaço o sagrado no qual se cumpri cum pria a o rito; rito; eatosexecuti xecutivos vos,, relati relativos vos àculmin culmina açã ção o do obj obje etivo tivo do trabalho litúrgico, envolvendo, no mais das vezes, a manipulação depoder poderes divinos, divinos, cuja cuja iint nte erve rvenção era era pr provoca ovocada da comvis vistas àuti utillização da força de que se investiam tais poderes. Saliente-se que, na teologia teologi a védi védica ca,, os deuses, não não obs obstant tante epode poderrosos– e, port portanto, anto, dotados de força superior à dos homens –, podem ser manipulados, desde que o rito concentre, por meio das fórmulas adequadas, a linguagemforça for ça quedesencadeia a açã ação o des dese ejada dos poder poderes vi visa sados. dos. C on onfo forrme afir afirmam, aes estere resp spe eito, C astag tagnol nola aePadovani Padovani (1972 (1972,, p. 65), 65), emenunnunciado que bem resume a concepção védica do rito: ...............................................................................................................................................

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O sacrifí sacrifíci cio o, gesto gesto ou pala palavr vra a ritual, é efifica cazz p po or si só: só: éinfalí nfalíve vel,l, te tem mvalo valor r  mágico. ágico. N ãoalim alimenta, nãoinvoca, nãoexalta a d diivi vindad ndadee; mas co constr nstrange ange-a, cr criia-a, a-a, po porrqueo mundo – deuses, homens, coisas coisas e eeventos ventos – depe depende ndede um sacr sacriifício, cio, o se serr depe dependedo a ato. to.

 O  Oss atos atos exe executi cutivos vos são são predom predomiinantemente nte lingüísti lingüísticos cos.. Impliplicam um emprego particular da linguagem, em conformidade com padrõe dr õessmí mítiticos, cos,os osquaissã são one nece cess ssários áriosesubstanci ubstanciais aisparaacon conse secuçã cução o do traba traballho lilitúrg túrgico. Com C omisto, pode-s pode-se eesboçar boçar o contexto deprodução do rito. Ele envolve a repetição de paradigmas (pois que o rito é sempr pre ea repetitição ção deummodelo exemplar); plar); umarelaçã ação o enunci enunciador ador-enunciatário (a saber, entre ritualista e divindade); e um código lingüístico, composto de fórmulas, padrões e recorrências que desdobram emanifes anifestam tamaspotenciali potencialidades dades daestrutur strutura a do rriito. No item itemque se segue, sumariam-se as características básicas desse código retórico.

2. Caracte Caracterí ríssti ticas casretóricas retóri casrecorrente recorrentess na poesi poesia védi védica ca À semelhança do proce process sso o que ccul ulm mina na pr pre esenti ntififica cação ção do rito, o mecanismo de desdobramento na poesia védica do código retórico rep eprresenta um movim ovimento de de trtranslação anslação daesfera esfera dopr profano ofano p par ara a  (para ra a concei conce tuação o dos te termos rmos, v. lliEli El iade[s/ [s / d.: aaesfera T rsagrado ata-se, ata-se,  (pa em todas as estratég strituaçã atégiias deem pre pr ego, da inguag nguage em a aí í   p  pa ssim]).do presente, de opor à fala leiga (a que o homem comum está circunscrito) a fala ini iniciáti ciática ca(queéprerr prerrog ogati ativa va do brâm brâmane aneadestrado) trado).. A fala leiga é a fa falla da hi hisstóri tória, vi vincul nculad ada aà àss demandas andas do exis xistir. tir. A fala iniciática, veículo das causas do existir, é atemporal (como em RV 1, X, 130, em que se postula que os metros poéticos geram os deuses criado...................................................

(1) C itado itado se sempre deac acordo ordo com a edição deA ufrecht (195 (1955) 5).. ...............................................................................................................................................

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res) ou congenial à criação (como em RV , X, 71, em que se afirma que, na ori origem, a lilinguage nguagem se se in integ tegrrou às coi coisa sas, s, rre evelando velando-l-lhes hesascaracterísstitica terí cassessenciais). nciais). A oposi oposiçã ção o ent entre re a assfalasleiga/ a/iiniciáti niciática ca,, pr profana/ ofana/ sagrada, configura-se por meio de procedimentos diversos, relativos seja ao plano da expressão, seja ao plano do conteúdo. No plano da expressão, há três procedimentos que são recorrentes e que marcam, de modo decisivo, a face fônica da fala. O primeiro é o recurso ao saR dhi dhi – conjunto de regras eufônicas que se aplicam, no nível sintagmático, ao encontro entre sílabas iniciais e finais das palavras e, no nível morfológico, ao encontro das partículas constitutivas dos vocábul vocábulos, os, e que visa visam m aimpri prim mir, na lilinguag nguagem, a marca marca da ordem. Eis um exemplo. Em RV , X, 127, 1, consta a seguinte estrofe: r T  Ttr   V V vyakhyad  v  yakhyad T T   yat    V V  purutr    purutr T  T   devyak L  Labhi   N   / viçvT  adhi çriyo ‘dhita

(“A noi noite, te, divi divina, na, ao cheg chegar, a tudo dom domiina, com seus olh olhos; os; pos posta ta e esstá com suas jóias”). Esta é a forma de presentificação eufônica – vale

dizer, marcada pela aplicação das regras do s  sa aR dhi   da estrofe, morfologicamente correta, mas anterior ao momento da enunciação: r T  Ttr   V V  vi vi akhyat T   ‘yat V V  purutr    T T    devV ak  ak L  La-bhi   N   / viçvaN adhi çriyaN  adhita// . Ressalte-se que as modificações fônicas aí constantes – e nas regras ge gerai aiss do saR dhi dhi – não constituem fenômeno de acomodação articul arti culatór atóriia (ass (assim, amodifi odifica caçã ção o viçvT  < viçvaN , devido à presença devogal vogal sonora sonoranapalavra palavraseqüe seqüent nte e(adhi). A salte alteraç açõe õesssã são oe eufô ufôni nicas cas

– e exercem uma função não meramente fonética. Em verdade, está em jogo aqui a questão da representação, no discurso, da ordem do mundo. undo. C omo omo afir afirmamFonse onseca caeFerreira (198 (1988, 8, p. 11 117): 7): ( ...) asva varriada dass reg regrras d deesaR dhi ( (....) .. ) co configur nfigura am( ...) .. .) te tenta ntativas tivas d deerepre s  seentar naharmo rmoniz iza açãododis isccurs rso oaharmo rmoniz iza açãoperce rcebida idapelofa fallante na organizaçã ganização o da realidad adee. ( ...) a rea realilida dade de ( ...) te tem m a sua gram gramática: dotada de algumas matrizes originais e imutáveis, ela se re-produz em reocorrrências; oco ncias; damesm sma a for form ma, a linguagem linguagemquea sur surpr preeend endeeorgani organizaza-se se no  jog  jogo do arq rquuétipo ipo ( o sis isttema) co com m a sua pres resentifica ificação ( a fa falla) . As A ssim ...............................................................................................................................................

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comoascoi coisas sasdom mundo undoeest stão ãoencade ncadeada adassentr entreesi, si, desl desliizandonarronda ondad dos os acontecimentos, também a fala, em perpétuo movimento, presta contas, em discurso, curso, da a apropri propriaçã ação o das das co coiisas domundo undo.. A reali alida dade deexixiste ste eem mdua duass instânci nstâncias: as: cate categori gorizad zada a em em si mesma sma e co codi dificad cada a na trtram ama pe perce cepti ptiva va do  fa  fallante. A ins insttância da fras frase é dife ifere rennte: ne nela pulsa a re rea alid ida ade, m ma as re re-existindo, relançando discursivamente o sujeito – e a realidade nele cifrada – no mundo mundo das coi coisas. sas.

Exercendo função análoga à do saR dhi metri trifica ficaçã ção o da fala dhi, a me constitui consti tui outr outro o element nto o rre ecorre corrente nte do plano de expres xpressã são o da poe poesia sia védica. védi ca. Não Não há espaço spaço aqui para apont apontar ar a com compl ple exidade xidadedo empre prego dos metros, os quais envolvem fórmulas sofisticadas de alternância de módulos ódulos rírítmicos. tmicos. Basta Basta dize dizer que que,, no RV , se contam 60 formas possíveis de metrificação da fala (para a descrição dos modelos, v. Griffith [1976, p. 655-656]). Importa ressaltar que, na poesia védica, a metr triififica caçã ção o da lilingua nguag gem nã não o constitui constitui um uma a fô auxiliiar e a ace cesssó fôrm rma a – auxil

ria – de modelagem, na qual se inscreve a fala: a pauta métrica é a  form  fo rma a da linguagem – e é esta forma que permite, em princípio (como se pode entender em RV , X, 130, citado acima), a criação ritualística dos entes. Noutros termos, assim como as coisas do mundo – tal o sol, a lua, os rios, as chuvas – obedecem a um ritmo de manifestação, as fórmulas métricas fazem pulsar, na alternância das quantidades e qualidades vocálicas, o mesmo ciclo de recorrências. O terceiro elemento de expressão, que se soma aos dois anteriores, re refere-se fere-seàsestr straté atég giasde moti otivaçã vação o da re relaçã ação o som/ som/ senti ntido – relaçã ção o cujo cujo ent ente endim ndiment nto o e mane manejjo indi indiciam ciam,, no V eda, o saber da face atemporal da linguagem. Não há espaço, aqui, também, para alinhar as estratégias referidas, relativas aos jogos de aliteração, assonância e simboli bolizaçã zação o fôni fônica ca.. Ei Eiss, à gui guisa sade exe xem mplo, plo, o te texto compl comple eto de um poema védico (RV , I, 1) – apresentado na versão original e numa tradução atenta à forma do plano de expressão (apud  Ferreira  Ferreira [1981, p. 241-242]) –, em que se se a apr pre esentam ntamalguns alguns de tai taiss re recur cursos sos:: ...............................................................................................................................................

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R etóri tóricas cas d deeO ntemedeH oje agnim VD  e purohitaR  yajñasya  yajñasya devamB  tvijam/ hot T T ram   ratnadhT tamam//  agniN  purvebhir BL ibhir iH   yo nutanair uta/ sa dev T n eha vak L  Lati//    agninT  rayim açnavat poL am eva dive dive/ yaçasam viravattamam//  agne yam yajñam adhvaraR  viçvata  viçvataN   pari  pari bhX r asi/ sa ide deveL u gachati//  agnir hot T T  kavikratu kavikratuN satyaç satyaç citraçravasta citraçravastama maN   / devo devo dev devebh ebhir ir T  gamat//   gamat//   yad  yad aZ ga d T çuL e tvam agne bhadram kariL   yasi  yasi// ta tave vett ta tatt sa saty tyam am aZ giraN   //  upa tvT gne dive dive doLT vastar dhiyT  vayam/ namo bharanta emasi//  rajantam adhvaranam gopam B  tasya d V  Vdivim/   vardhamT naR  sve  sve dame//  sa naN  piteva s X nave ‘gne sX   pT   yano bhava/ sacasvT  na N svastaye//  svastaye// 

O fogo eurogo, celeste, preposto, cultor, dadivoso, ve vert rte ent nte e. O fogo, remoto mote de perenes cantos tramado, osdeusesparacárecorra. Pelo fogo, sol a sol, o florente dom devore, magnífico, fecundo. Ó fogo, a reta oferta, entrepresa, circunjazes, aos deuse usess ei-la -la remetida. ti da.

O fogo:sacro, sagaz, ve verírídi dico, co,arqui arquilluzente, retorne,odeus,comosdeuses. A odevotoqu que eteafaga,ó fogo, osbensnãoderr derroga ogas, essa a verdade, ó fúlgido. Detiti,, ó fogo, noctí noctífag fago, o, comde devoçã voção, o, sol a sol sol,, nossachegamos, rreve no everent entes es. Regent nte edasofertas, tas, pastor dareg regra, ra, rebri rebrillhant hante e, a brotar, Com omo o o pai pai ao fil filho, ho, ó fogo, abre abre-nos -nos oautógeno. coraç coração, ão, dáguaridaaonossodom.

No que respeita ao plano do conteúdo, são múltiplas as estratégias a que recorrem os poemas védicos, no sentido de manifestar a trans transllaç açã ão profano– profano–ssagrado. O proce procedi dim ment nto o bás básiico, conform conformeconsconsta acim acima, con consiste siste na ênf ênfas ase e cconf onfe erida àsfunçõe funçõess poéti poética ca emeta-li ta-lingüística – com o que a linguagem se torna tema estrutural dos textos. Pode-se rastrear tal estratégia, analisando-se, na saR hit  seja a as espeT  ,  sej hit T  ...............................................................................................................................................

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culações efetivadas sobre os valores consignados à vT c – à “linguagem”, emsent ntiido am ampl plo o –, –, seja a uti utillizaçã zação o dos tor torneios neios metafóri tafóricos cos,, osquais quais“dobram “dobram”a lliinguage nguagem ssobr obre essii mesma, à mane maneiira deum“uni“universo curvo que se fecha e se basta no seu círculo de ressonâncias”, para empregar uma imagem de Bosi (1977: 26), a propósito do discurso poé poétitico. co. A noção des dessa recursivi recursivida dade de,, encontr ncontramo-la o-la e expli xplicit citada ada emRV, V II, 10 100 0, 10 10:: yad vT c vadanty avicetanT ni r TLFB dev devT nT m niL asT da (“Qua uando, ndo, pal palrante rante,, a mandr T  T /  catasra X rjaR  duduhe  duduhe payTR ssii (...  ( ...)) // (“Q palavra, rainha dos deuses, benéfica, foi deposta, ordenhou-se ela a si mesma, vertendo leite, revigorante, nos quatro mundos.”); e também kratavaN  – kratava X yanti   em RV  , , X, 64, 2, em que se faz referência aos krat X  ou seja, seja, “o “oss pensamentos poéti poéticos cos que sse epensama sisi mesm smos”. os”. Quan Q uan-to à construção da vT c, observa-se, mormente no RV, o delinea delineam mento nto de amplo leque conceitual, centrado no tema da linguagem, o qual engloba nglobaumca cam mpollé éxi xico cocompostodetraços traçosdive diversosdesemant antiiza zação. ção. Neste sentido, na rede semântica dos poemas védicos, a vT c é, ao

mesm smo o tem tempo, dhT ra, “fl “fluxo uxo de água” ua”;; çloka, “som” “som”;; iH a, “fogo”; menT , “fêmea”;sX ryT , “esposa do sol”; mT   yu, “a que bale”; nanT , “mãe”; kaça, “rédea”; nau, “nau”; “nau”; valgu, “a bela” (para o conhecimento dum campo lé léxi xico co pertitinente nenteàlingua nguag gem, v. Nig  Sarup up [19 [1967 67,, p. 3]).  Nigha ha J F  u (ed. Sar Diversos são também os passos em que, sob a superfície dos “significados convencionais” (nitya), se fala da linguagem por meio de “sigguhya ekaN samudro dharu J o nififica ni cados se ecretos”dh(B do bh).X  Arijanm As ssim, RV  Xçaste/ , 5, 1 1:: si L akty X d har ni J  yor  RV, ray VJ dos T m s asmad T   vi, X,  yor   (“Ele, e somente ele, é upastha utsaya madhye nihitam padaR  ve  veN   //  (“Ele,

o oceano oceano,, dador de tesouros; tesouros; mil ve veze zes renas renasci cido, do, conte contempla pla nossos nossos coraç cor açõe ões. s. O Ocul culta-se ta-seno seio do casal casal secreto. O pá páss ssaro aro rre epousano meio da fonte.”) – em que se fala, em verdade, da linguagem (o “oceano”, fonte fonte de rique riqueza zas/ s/pa pallavras, avras, as quais se escondem scondem (= tema tema da linguag nguagem com como o códi códig go iint nte erdito), dito), na fala dos doi doiss ri rituali tualisstas ((o o “ca “ca-sal secreto”), no instante em que o sol (o “pássaro”) desponta na aurora auror a (o “m “me eio da fon fonte” te”). ). ...............................................................................................................................................

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R etóri tóricas cas d deeO ntemedeH oje

A recorrê corrência ncia da metafor taforiizaçã zação o da lilingua nguag gem nã não o raro raro con conduz duz o texto ao lilimiteda inteli intelig gibi billidade, podendo podendo o poe poem ma a apres prese entar-se ntar-secom como o um “t “tecido ecido de deeni enigm gmas” as”((brahmodya) – assim, X, 61, 61, em queseenun nunci ciam am respostas para perguntas não formuladas – ou como texto com severas lacunas – de que é exemplo a estrofe de RV , II II, 38 38,, 4: punaN sam avyad  vitataR   vayant V V  madhyT   kartor ny adhT c ch T kma k ma dh V ra N   / ut  saR hT   yT sthT d vy B  t X X n  B adardhar aramatiN savit  savit T T  dev   T  T gT t// (que as-

sim se pode traduzir, inserindo entre colchetes as palavras defectivas, as quais, como se pode observar, constituem os sujeitos das sentenças, não mencionados anteriormente, e os complementos oracionais básicos:: “[A noi cos noite,] te,] tecendo, ndo, de desdobrou novam novame ent nte e [a obra obra que havi havia a sido e esstendida tendida duranteo dia] dia].. No seio da obra, [SavitB{= o Sol com como o ritual ritualiista},] ta},] o hábil [a [arrtesão] tesão] dispôs[o obje objeto deseu] sabe saber. Levantouse, retomando [suas forças], separou o tempo do rito; o deus SavitB, [açulando] o pensamento, manifesta-se.”).

Recurso análogo ao da dispersão do significado é o emprego dos anagramas – conforme assim os batizou Saussure (v. Starobinsky [1971, p. 28 28-29 -29]), ]), em refer referência ncia aos fei feixes xes de fone fonemas as,, ext xtrraídos aídos do no nom me da divindade-alvo, que se dispersam no corpo da cadeia sonora e que só sepodemrecupe cuperrar con conhece hecend ndo-se o-seo mote do ri rito. No poema RV 1,, RV,, I I,, 1 reproduzido acima, tem-se um exemplo do emprego do anagrama do mote do texto – o deus deus Ag A gni, ni, cujo cujo no nom meserecuper cupera na reit reite eraç ação ão dos fonemas [a], [g], [n], [i] (na tradução, [f], [o], [g]). No conjunto, tais estratégias de conteúdo (aqui sumariamente referidas) conduzem, em suma, ao fechamento do significado num circuito contínuo de auto-referência. Este universo – autônomo e autobastante – assim se estrutura, porque é tal forma, oriunda da junção conteúdo + expressão, o mecanismo que constitui o instrumento demanipul anipula açã ção o dasdi divi vindade ndades – alvo precípuo precípuo do ri rito. Noutr outros os te terrmos, a linguage linguagem m, dobrada dobradaemautoauto-referência, ncia, por enunciar nunciar--se nesta nesta forforma, ccoa oage ge aesfe sfera d diivi vina, na, for orçando çando--a aagi agirr embe benefí nefíci cio odacul culm minaçãoda ...............................................................................................................................................

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FONSECA FON SECA , Ca CarlosA lbertoda& FERREIRA FERREIRA,, M Má ário. A Retór tóricanaÍ ndi ndiaA ntiga.

tarefa litúrgica. O poder do texto poético, manifesto no rito, relativamente à manipulação dos “atos dos deuses”, encontra-se explicitada emRV RV,, X, 130: U mte teci cido dofeito feito d deemuitos uitos fifio os, tal éosac sacrrifífíci cio o. O s br brâmanes, aqui aqui reunido unidos,s, entre ntr etece tecendo ndoos a atos tos dos dos de deuses, uses, dorito a ur urdi didur dura a determ terminam nam.. Sentado ntadoss à  frenntedotear, montado, diz  fre izeem: “Um pontopara cá, umpontopara lá! ” É oho hom memaq aquele ueleq que ueeestende stendeofio, aquele aqueleq que, ue, esti esticando candoofio, ofir fi rmamento  fixa  fix a. A qui estãoos bastões. A qui estáa roc roca, queocantoprod roduz. Q ual é omodelo odeloa iim mitar tar,, dequeaqui aqui se faz a rrep eprrodução, odução, qual éa relaçã relação o entr ntreeonte ontem mehoj hoje? Q Que ue mante anteiiga seutili utilizou? zou? EEm mqua quall re r eci cipi piente nte?? Qual Q ual a regr gra ad do o ririto to inaugu inaugurral? Q Que uehino foi canta cantado do,, dur durante ante oprimeiro sa sacr criifífíci cio o?  O metrtro og TyatrV ge  gero rouu A gni, ometrouLJ iN   ,, Savit , B, ometroanuLFubh , Som Soma, o mote de muitos hinos, e o metro bBhati conced concedeu euapa palav lavrraa BBhaspati. Varu J aeMitrtra aco coliligaram garam--sea ao ometro trovir T j   , j, eotriLFubh crio  criou Ind Indrra. O metro tro  jag  jagat , V, maneja jad dopelos brâ râm manes, engendrou rou todos os deuses.

D iante d deesse m mod odeelo se cur curvam vamos brâma brâmanes, nes, por por imitaçãodenossos pa paiis, à  s  seemelhança do prim rimeeiro rito rito.. Vejo Vejo aqui, cco om o pensamento, os os prim rimeeiros iros brâmane brâm anes, nopri prim meirorito. D os ca cantos ntos edo doss metrtros, os, os entes entes brotr brotraram aram.. Os sete d deeuses a ao o rito ri to seconformam. T al é osacr sacriifício: cio: quand quando o os brâm brâmane aness se p põe õemno caminho d dos os p prrimeiros brâmanes, tecem eles um tecido feito de muitos fios.

 Trata-se, port  Trat rta anto, em suma, com rela relaçção aos proc rocedim ime entos retóricos da poesia védica, como se propôs antes, duma confluência de recursos, à qual a retórica contemporânea está atenta: as estratégias esti stillísti sticas castr transfor ansform mam-seem estratég stratégiasdepe perrsuasã suasão oem mani anipul pulaçã ação; o; a form forma demane anejjo do códi códig go im impli plica aproje projeçã ção o sit situac uaciional da e enun nun-ciação; a metalinguagem torna-se a face complementar da função conativa. Poesia ar arcaica, manifes anifesta emconte contexto antí antípoda poda a ao o da produção produção textual conte contemporânea, porânea, o tte exto védi védico, co, em ssua ua config configuraç uração, ão, re reve vellase, na perspectiva da produção literária, sedutoramente moderno. ...............................................................................................................................................

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R etóri tóricas cas d deeO ntemedeH oje

Rastre trear as es estraté tratég giasretórica retóri cass nel nele in insscri critas tas consti constitui tui traba traballho que pode contribuir para alargar o conhecimento da enunciação da linguagem.

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A ssistete-sse, nasúl últitim mas décadas, a um amplo movimento de restauração e de renovação da Retórica. O interesse que os estudos retóricos despertam, em nossos dias, levou ao reexame da retórica em seus primórdios e à compreensão de sua natureza integral, por muito muito ttem empo reduzida às questões do plano de expressão – a elocução – e, sobretudo, às  figuras. Propõem-se hoje novas

rênci ências, as, valo valorres e de deci ci- sõ  sões (a razão prática) atribue atri buem màsNovasRetóricas um papel bastante significativo, o que evidencia a sua importância mais di direreta pa para o Di Dire reiito, a Éti Éti-ca, a Política, a Psicanálise, a Publicidade, entre as muitas disciplinas. Prefaciada por JeanMarie Klinkenberg, professor da Universidade de Liège (Bélgica) e, membro do grupo µ. Retóricas de On-

abordagens da atividade retórica do homem, em seu sentido pleno.

tem e d dee Hoje H oje aborda os segui seguint ntes es temas: Velhas Velh as e N ovas Retór Retóricas: conve converrgências e de desdobramentos  - Lineide do Lago Salvador Rettórica na Mosca; A Re Í nd ndia ia A nt ntiga iga  -  Carlos

A pres presente ente ob obra ra ssiituase em consonância com os postulados da retórica moderna, fundados nos conceitos de razoabilidade, de adesão, de p  peersu rsua asão, de auditório, assim como nos de negociação e de diálogo. O direito à palavra e o respeito à alteridade constituem o fundamento básico de uma teoria da argumentaçã ção. o. A cl clara ara va valloriz orização das circunstâncias e condições de enunciação e a aptidão

Mário A lbe bert rto oFerreira; da Fonse Fonseca  A ca Re Re-etór tórica na G récia A ntiga ntiga - Ísis Borges B. da Fonseca; A R etó tórr ica na Tradição Latina  Ariovaldo Peterlini; Figuras de Retórica e  A rgu rgum menta taçção  - Elisa Guimarães; Pragmática Lingüística: delimitação e objetivos  - Helena Hathsue N. Brandão;  A rgum rgumeent nta ação e D iscurso  -  Maria Adélia

para lidar com p  pre refe fe--

Ferreira Mauro

 

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R etór tóriicas d dee O nteme de H oje

A RETÓRICA NA GRÉCIA O GÊNERO JUDICIÁRIO ÍSIS  BORGES  B. DA  FONSECA*

A bordando-se bordando-se o tem tema a da Retó tórrica na G récia, habitualmente se inicia pela afirmação de que os gregos mostram, através das obras literárias mais antigas uma tendência natural paranos a eloqüência. Esse fato éque denos fácillegaram, comprovação nos poemas épicos, líricos,, nas tr cos trag agé édias diase a ass ssiim por di diante. ante. Te T ent ntati ativas vas deper persua suasã são o e até até mesmo discursos discursos int nte eiros mani anifes festtama nat natur ural aliidade com queelesse serviam desses recursos e constituem mais uma prova de que a literatura escrita já trazia consigo uma longa tradição.

V ale ci citar exe exem mpl plos osemqueo orador orador dei deixa evi vide dent nte eo int intui uito to de perrsuadi pe suadirr os ouvint ouvinte es. A ssim, nos nos dram dramas asgregos, aparece aparecem mdisc discur ursos sos que lembram cenas de tribunais, como se pode verificar no julgamento de Polimestor, rei da Trácia, na H écuba cuba de Eurípides (v.1129-1251).  Ten  Te ndo elerecebido ido gran randetesouro eo encargo rgo deconserva rvar sob sua proteção Polidoro, o filho mais jovem de Hécuba, matou-o, apoderando-se do-s e, então, da ri rique quezza daví vítitim ma, quando quando Trói T róia a foi ince incendi ndiad ada a. Por um emos que se achava e, comestratagema, o auxíl auxílio de Hécuba sua suass seratraiu-o vas, vas, ce ceg gpara ou-ooelocal matou fifillhos del dele. Em Em consequê conse quênci ncia, a, cabe aum ju juiiz pronunci pronunciar-se ar-se sobr obre e esses ter terríve veiis a aconconteciiment tec ntos. os. É A gamé amémnon que, que, apósouvir ouvir asduaspartes partes,, condena Polimestor pela ambição e pelos atos vergonhosos de ter matado seu hóspede hóspe de.. Diz e elle: E mvossa pá pátrtriia, matar umhósp hósped edeeétalv talvez ezsemimpo porrtânci tância; a; mas eentr ntreenós,  gre  greggos, esseatoévergo rgonhoso. C omo, então, escapar àcensura, ra, absolvendote? te? N Nã ãopoderia( v. 12 124747-1251 1251)) .

................................................... (*) Professora Doutora da Área Á readeLíng íngua eLite iteratura Gre Grega do Depa Departam rtame ento de Letras ...............................................................................................................................................

C láss lássica icass e V ernáculas rnáculas,, FFLC FFL C H/ U SP. 99

 

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FON FO NSEC SECA A , Ís Ísis B Borg orge es B. A R etór tórica nna a G récia A Antiga ntiga..

A pós essa refer referênci ncia a a uma trag tragédia dia do úl últitim mo quart quarte el do sé sécul culo o V a. C C.,., emquesobre obreleva o tópi tópico co da ju caracte racterrístico tico do gênero  jusstiç iça a, ca  jud  ju dic iciá iári rio o, édein intteressemencion ionar o exemplo do disc iscurso deNes Nestor, no canto IX da I lílía ada (v. 53-78), em que o orador se apresenta não como juiz, mas como conselheiro e isso qualifica tal discurso como deliberativo, se se consideram os estudos posteriores da retórica. A nt nte es deana anallisá-lo, não sse e pode dei deixar de cciitar o vali valios oso o coment ntári ário o de M . De D elaunois aunois, em sua obra obra Le plan rhétorique dans (p.15), ), sobr obre e as as ca carrac acterí terísti sti-l’éloquencegr grecque ecqued’Hom d’H omèr èreeà D émosthène(p.15 cas ar oratóri oratór obr marcam o iní isníci cio o da iteratura teratur ag grnada rega: Ica lílía asdda a ea Orte disséi ssé ia. Di  Diaiznas eleobras queasaque eloqüênci oqüência ano nos poem asLLi ho hom méricos temde ssiiste stem máti ático. co. O poeta poeta ser serve ve-se -se,, sem dúvida, dúvida, dasleis ps psiicológicas cológicas da persuasão, mas não distingue nem gêneros, nem planos. Os oradores falam de acordo com seu temperamento e com as circunstâncias.

M as, as, ent ntrreasper personage sonagens deHomero, há cer certas tendênci tendências asoratór oratóriias que, fixadas e acentuadas em seguida nas escolas de retórica, darão como com o re result sultado ado disc discur ursos soslógi ógicos cos.. No disc discur urso so deNestor acimareferido, ferido, desta destaca-s ca-se e a“bel “bela esimple pl es lóg lógica homé homérica ca,, semrigor, or, nemcom compl pliicaç cação” ão”.. A di divi visã são o em tr trê ês par partes é cl clarame aramente nte a ass ssiim de defifini nida da por Delaunois: I- I ntr ntro odução ução dos conselhos de Diomedes (53-60). Insuficiência 1- Louvor do valor de Diomedes (53-56). 2- Mas M as tu não diss disse este tudo, pois pois és jo jovem vem, se bem que cheio de bom senso (56b-59) 3- Cabe C abea mim, o ma maiis velho ho,, acabar, acabar, eA gam amé émno non nn não ão desprezará minha opinião (60-62). II- Os conselhos de Nestor (63-77). 1- V erifica ficaçã ção. o. Ninguém nguém des deseja a g gue uerrra (6 (63-6 3-64) 4).. ...............................................................................................................................................

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R etór tóriicas d dee O nteme de H oje

2- C onse onselhos lhos pr propr opriamente di ditos (65-77). a- Respeitemos a noite e preparemos a refeição (6666a). b- Estabe stabelleci cim ment nto o do aca acam mpament nto o dosjovens jovens(66 (66bb68a). c- Que Q ue A Ag gam amé émno non n comand comande e, e queof ofe ereça um uma a refeição, o que convém à sua função (68b-73). d- Depois, deliberação necessária, pois que o inimigo está perto (74-77). III- É a no noiite d deeci cisisiva va par para a a no nossa ssa pe perda ou a nossa nossa vitó vitórria (78). Esses dois exemplos citados já evidenciam suficientemente que a eloqüência era um dom natural dos gregos que exploram, de ac acor ordo do com ce cerrtas tendênci tendências asoratór oratóriias, as, os recursos p para ara obtenção da persuasão.

Foi na Sicília que, pela primeira vez, apareceu um tratado metódico dico sobr sobre ea ar arte dapal palavra, por volta volta de465 465 a a.. C .. T rata-se rata-sedaTeoria órax ax eT ísi sias as,, que a atesta testa apr pre eocupação deseus a aut utor ore es Retórica de C ór com a premente necessidade de fornecer a seus concidadãos os meios de defes defesa a de se seus di dirreito tos, s, n no o mome moment nto oh hiistóri stórico da passa passag gem da titirrania para a democracia, quando numerosos processos surgiram diante dos tribunais. For oram amos sofi sofistas stasque levaramdeSi Sirracusa acusa pa parra A Atenas tenasessa T Te eoria ria Re Retór tóriica ca.. Emp Empe enhadosemcult cultiivar o dis discurso retór retóriico, os ssofi ofisstas log ogo o sent ntiirama grandeimportância portância do es estudo da gramática ática,, dos sinônim nimos, das fras frase es bem bem elaboradas aboradas,, dasfig figuras urasretóri tórica cass e etc. tc. Exe xerrcitacitavam-se vam -seem suste sustent ntar ar opini opiniões õesdiferent diferente es ent entrre sisi, tendo sempr pre e como como norrma acompa no comparração ação deargum argume ent ntos osverossimil verossimilhan hantes tes.. O quena re reali alidade dadedi disti stingue nguea pesquis quisa socráti socrática ca da dossofi sofisstas está fir firmado no fato de quea p prrimeira, como obje objetivo tivo de cconsti onstitui tuirr uma ciência moral, tenta chegar a proposições morais de uma verdade ...............................................................................................................................................

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FON FO NSEC SECA A , Ís Ísis B Borg orge es B. A R etór tórica nna a G récia A Antiga ntiga..

univerrsal, absolutam unive olutame ent nte ea ace ceiitas por todos, enquant nquanto o a pe pessqui quisa sasofi sofissta, apesa sarr derevelariint nte eressetambé também m porq que uestõe stõessmorais, orais, fifillosófi osóficas case políticas, tem como fim precípuo o ensino da retórica. É assim que, servindo-se de argumentos ilusórios, enganosos, emprega todo o seu esforço em criar a persuasão, sem o cuidado de ostentar uma convicção çã o racion racional al sobre obre o fun fundam damento nto das cois coisas as.. Essecompor comportam tame ento nto dos sofistas não tem sempre a mesma origem, como se pode notar no caso de Protágoras, que não visa apenas ao sucesso imediato, mas é conduzido zid o basicame basicament nte epor ce cerrta des descrença, crença, resultado sultado demadura adura m me editação. ditação. O início da retórica na Grécia antiga é marcado pela figura desse sofista. Embora osconceitos retór r etóriicos de Pr Protág otágoras orasestive tivesssemligados ao mundo mundo pitag pitagór óriico, ele elaborouaborou-os os demane aneiira indepe independente e, e, emgrandeparte, di dive verrgent nte edo pit pitagor agoriismo. Sua aversão aversão à m mate atem má-

tica e à música já servem para atestá lo. Deve se assinalar entre os pitag pi tagór óriicos cos,, na M Mag agna na Gr Gréci cia, a, a presença deuma uma teor teoriia quealcançou grandesucesso no mundo anti antigo, a do kairós re  retóri tórico co.. O us uso o oportuoportuno e ajustado da palavra era para eles uma força ativa no âmbito da educação eda soci ocie edade dade,, maspara para P Prrotág otágor oras as,, o kairós devia ser considerrado m de mais ais num plano semântico-e ântico-expr xpre essi ssivo que m mor orali alissta. A mais importantedoutrina doutrina herdada herdadadaM agna Gr G récia cia por Protág Protágorasfoi a das antíteses. Daí a afirmação de que em torno de cada questão há dois discursos reciprocamente opostos. Os famosos dissó sóii lógoi lógoi  desenvolveram a técnica da contradição a ponto de poder ser considerada como o aspecto pecto mai mais ssiigni nififica catitivo vo da re retóri tórica ssofí ofísstica tica.. Górgias logo tomará a persuasão psicológica, irracional, da  p  pssychagogia como base da eloquência, não vendo nesta uma ciência demonstrativa como fora estabelecida pela retórica do verossímil: a retórica científica de Córax e Tísias, do tipo caracteristicamente probatório, de procura de provas (“písteis”), que depois será desen...............................................................................................................................................

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R etór tóriicas d dee O nteme de H oje

volvida volvi da na te teor oriia daarte re retór tóriicadeA ris ristóte tóteles. T rata-s rata-se edeuma uma arte, deas aspe pecto cto tté écnico, cnico, comnor norm masestabel tabeleci cidas dasci cie enti ntififica cam mente nte. A retórica p a-se e na sedução que a palavra, palavra, se habi habillmente nte  pssychagógica ica baseia-s usada, exerce sobre a alma do ouvinte; procurando despertar nele as reaçõe rea çõess ps psiicológ cológiicas cas, di dife ferreda te teor oriia científi científica ca do ver veross ossímil que obje obje-tiva convencer o ouvinte com a precisão do raciocínio. Górgias preocupou-se em imprimir à arte da persuasão o cuidado tanto com a forma quanto com o conteúdo. Dava grande valor à teori te oria a do kairós e as associ ociava ava-l-lhe he o concei conceito de “conve “conveni niê ência” ncia”,, isto é, a 1

coerência palavras com o conteúdo . Osorgul sofistas impre pres ssionardas o público, públi co, exi exibi bindo ndo comgrande org ulho ho objetivavam a ssua ua ha habi billida dade de em “tornar forte a causa fraca”, afirmação que não podia ser considerada estranha, uma vez que tinha apoio na opinião de Protágoras sobre a re relati ativi vidade dadedas dascoi coisa sasshumanas, humanas, quando asse assegur urava ava queo ho hom mem é a medida de todas as coisas, o que exclui a objetividade absoluta.

V ale ci citar sobre sobreessa ssa que questã stão o o come coment ntári ário o deJ. H Hum umbe berrt e H. Berguin em sua obra H istoi stoireillustrée llustréedela Litté Li ttérrature Gr G recque cque2:  Se o homem, co com efeito feito,, nã não pode conhecer a naturez reza das cois isa as, m ma as  s  so omenteos ju jullgamentos quefaz faz sobreelas, acausa‘fort fortee’nãoéemsi mesma nem mais verdadeira, nem mais falsa que a causa ‘fraca’; ela é simplesmente aquela aquelaque, segui seguindo ndoo cur curso so o orrdi dinári nário od dos os jul julgam gamentos humano anos,s, seri seria a de desti sti-nadaa par pareecer ver verda dade deiira; se um uma a arg argum umentaçã entação oa apropr propriiada ada derruba a se seuu respeito os julgamentos de valores habituais ao espírito, ela se torna falsa e a outra, outr a, verda verdade deiira, semquehaja aí nenh nenhum umpr preejuízo uízo le levado vadoa um uma a re reali alida dade de que re recebeseus a atrtriibuto butoss apena apenass deumatodenossainteli nteligênci gência. O relativi lativism smo o especulativo induz ao ceticismo moral.

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(1) PLATÃO. G órgias, 503 e. (2) J. HUMB HUM BERT et et H. BERGUIN. H istoire istoir e illustrée illustrée de la Litté Li ttérratu aturre G recq cque ue,, 1947, p. 231. ...............................................................................................................................................

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FON FO NSEC SECA A , Ís Ísis B Borg orge es B. A R etór tórica nna a G récia A Antiga ntiga..

Os sofistas exigem alto pagamento por suas lições. Em suas conferências públicas apresentavam como programa de ensino: o discurso ordenado, o mito, a explicação dos poetas. A crí crítitica ca deidéi déias, as, sobre sobretud tudo o mor morais, ais, sem semdúvida dúvida re rece cebe beu u dos sofis ofistas uma col colaboraç aboração ão queimprim primiu um ccaráte aráterr ori original ao fifim mdo sécul culo o V eà pri prim meira me metadedo sé sécul culo o IV IV . Ele Eles e ent ntrraramemdes desafio afio com os críticos dos velhos atenienses, de Platão com seus D iálo logo goss, e, ent ntre re outros outros autor autore es, vale lembrar A ris ristófane tófaness que, nasN uvens uvens, faz de Sócrates um representante da sofística e relata o debate entre o Discur, em queos ssofi ofistas stassão sã o ti tidos com como o corr corrEnsinando uptore uptores que  s  so oJustoeoaIuma nju jusstoverdadeira induzem perversão intelectual e moral. a faze faz er tr triiunfar unfar as caus causas asinj njustas ustas, seo D Diiscurso fr frac aco o vence, vence, concede concedea vitória vitór ia à Inj Injus usti tiça ça.. São vári várias as as obr obras asde tai taiss autor autore es em em quesemanifes anifesta ta a int inte enção de dar ao termo s ntido pe pejjorati orativo. vo. M as, as, mesmo assim, assim,  so ofis fistta um senti

esses cultores da retórica continuaram a obter sucesso em suas atividadessatéfifins de ns d do o sé século IIV V a. C.. C .. A póster ass assinalado nalado o pape papell relevante dossofis ofistasno domíni domínio da retóri tórica ca,, é deint nte eresseci citar tar a opin opiniião deGeorg orgeK enn nne edy em em sua obra ação o aossin sinais ais do desp despe ertar da T heA rt o off PPeersuasio suasionn in G reece, comrelaçã 3 consciê cons ciênci ncia a retór retóriica na Gr Gré écia . Em primeiro lugar, ele coloca o novo racionalismo das provas e argumentos. Os oradore oradores do sé século culo V , diz diz ele, mostr ostram amgrandeempe penh nho o em tirar proveito do argumento do verossímil, antes mesmo da chegada de Górg órgiasa A Atenas tenas, em 4 427 27,, como como sepode obse observar, entr ntre outr outras asobr obras as, no É dipo Rei (58 (583-61 3-615), 5), ttal alvez vez de 4 429 29,, em que C Crreont onte, bas base eado na na probabilidade, procura provar que nenhum motivo o levaria a pretenderr substi de ubstitui tuirr Édipo, Édipo, poi poiss frui atua atuallmente ntedetodos os benefíci nefícios os,, semas preocupaçõe preocupa çõess quelhe tr trari aria a o poder poder. ...................................................

(3) GEORG GEORGE E KENNEDY. KENNEDY. T he A rt of of Persuas Persuasiion in Gr G reece, ce, 1963, p. 30-35. ...............................................................................................................................................

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Reconhece-se como valiosa a aplicação do argumento da verossimilhança e foi através do uso do entimema, isto é, do silogismo retór tórico, etambé também mdo exe exem mpl plo o que A Arristótele stóteles desenv nvol olve veu u o estudo tudo de tal argumento de maneira ampla. K enn nne edy apont aponta a com como o outr outro sin sinal al do nas nasci cim mento nto da consci consciê ência re retór tóriica na G Grrécia o novo novo iint nte eresseem di divi vidi dirr os discur discursos em p parartes, atendendoatendendo-se seà fun função ção espe especi cial al da cadauma uma.. A os poucos seaper aperfeiçoou o simples modelo de começo, meio e fim, como se exigia para que houvesse uma unidade artística. Distinguia-se assim, a narrativa da argume argument ntaç ação,e ão,e acresc acresce ent ntava ava-se -seainda ainda o epí píllogo, que obje objetivava tivava sobr obre etudo resumir os pontos m mais ais iim mportant portante es a abor bordados dadosetentar obter a persuasão através atravésdasemoções emoções. C omo omo terce terceiiro ssiinal do des despe pert rtar ar da consciê consciênci ncia a retór retóriica na Grécia, cia, K Ke enne nnedy considera os estitillos na nova prosa prosa,, de desta staca cando ndo aquele que revela a preferência pelo emprego da antítese, em que se obser-

va o contraste equilibrado de palavras ou idéias. M ui uitos tos ssofi ofistas stasvi viam amemtal conf confrront onto o deopostos o proce processso bá bá-sico do raciocínio. O estud tudo o cuidados cuidadoso o do esti stillo evide evident nte ement nte eg ge era a preocupapreocupação maior com o uso da palavra, claro objetivo da nova ciência da nisso es está o quarto quarto sinal sinal da consci consciência ncia retórica retórica na G Gréc réciia,  filo  fil ologia e nis segundo K enne nnedy. Sofi Sofistas, stas, como Protág Protágor oras as,, compi compillaram um uma a “Orthoépeia” que parece ter sido uma lista de palavras “apropriadas”, distintas das metáforas. Esses estudos, contribuindo para a evolução do estilo, revelam o grande interesse no aperfeiçoamento da nova prosa. C om referênci ferência a ao menci ncionado onado novo novo racionalismo das provas e primeiro dos q qua uatr tro o sinai sinaiss cciitadospor Ke K ennedy nnedy,, não se se argumentos, o prim pode deixar de assinalar que a retórica, diferentemente da lógica, utiliza silogismos que, embora convincentes, são refutáveis, podendo mesmo levar a teses contrárias entre si. Esses silogismos retóricos, ditos entimemas, podem ser verdadeiros ou falsos, como ocorre com os da ...............................................................................................................................................

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Lóg ógiica ca.. A ris ristóte tótelles, n no o proêm proêmio do Li L ivro I desua Art fere- A rteeRe Rettóric rica a, refere se à possibilidade de se ter uma técnica da retórica, de um método rigoroso não diferente do que seguem as ciências lógicas, políticas e naturais. Excluindo-se o 2º capítulo do Livro I da Retórica ari  arisstotél totélica ca,, é bem be m evi vide dent nte e a dif dife erença ent entrre a ass conce concepçõe pçõess ssobr obre e a ar arte or oratór atóriia do A ut utor or,, expr xpre essasno Livr vro o I, I, emrelaçã ação o ao quesesegueapóso pr proêm oêmio do Livro II, onde se destaca o estudo das paixões, desfazendo a caracterizzação teri ação da retór retóriica ccom omo o pur puram amente nte dialéti dialética ca.. A ssim, enquanto a citada “Retórica Livro apenas demonstração, onstraçã o, no LLido ivro IIII A I” ristinha tóte tótelescomo valor valoriifundamento za d da amesmam ane aneiira aafunçãoda sse edução daalma. alma. A retór tóriicade deve veser, por portant tanto, o, dem demonstr nstrati ativa va e emocional. U nidas nidasa dem demon onstr straçã ação o ea psicag psicagogia ogia na Retóri Retórica, conf confiirma-se a-se o que se lê no Livro I , quando A ristótel stótele essus sustenta tenta quenão étar tare efa da

 , retórica p disce ernir nir em relação a cada questão osargu peers rsuuadir , massim disc mentos persuasivos4. A pe perrsuas uasão ão de dem monstrati onstrativa va ea psica cag gógica, por por-tanto, não se contradizem, mas completam-se uma à outra. Não se pode deixar de assinalar que, apesar de os mestres da retó tórrica ssofí ofísti stica ca percor corrreremasci cidade dadess gr gregas, gas, foi foi apenas emA tenas que tiveram seus discípulos imediatos ou indiretos, e somente nessa cidade se verifica o desenvolvimento da grande eloqüência. A tenas, cidade cidadeul ultr tra-de a-dem mocráti ocrática ca,, val valor oriiza zava vasobremane aneiiraaquele que tinha habilidade no uso da palavra, pois vivendo o cidadão num local em que se sucediam os processos com grande freqüência, devi de via a sabe saber defende defenderr-seno tr triibunal e, quanto aosmagistrados trados, tinh tinham am oportunida oportuni dade dedeadquiri dquirir mai maior prestíg tígio, se semostravam mostravam bon bonss or oraadores. ...................................................

(4) ARISTÓTELE ARISTÓTELES S. Retórica, I, 1, 1355 b, 10-11. ...............................................................................................................................................

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A eloqüênci oqüência a dese desenvol nvolve veu-se u-seem A Atenas tenas ssob ob suas trê três for form mas: as:  jud  ju diciá iciári ria a, delib libe erat rativ iva a eepid idít ític ica a. A pósoscome coment ntári ários os a apres prese ent ntados adossobre aretóri tóricana G Grréci cia, a, é imprescindível a apreciação de um discurso que mostre a aplicação das normas seguidas comumente pelos oradores e, para isso, a Art  A rteeRe Rettóric rica a deA ristóteles stóteles,, quebe bem mde defifini niu u tai taiss reg regras, as, servi virrá deap apoi oio o àsnoss nossas as observações. C onside onsiderrando que o m móve óvell da el elaboraçã aboração o da T eoriaRetó tórrica de C ór órax ax eT ísias foi questão questão daac acusa usação ção ede defes fesa a do cidadã cidadão o diante diante dos tribunais, do regime político, da tirania para a democracia, cra cia, naapós S Siicíli cíliaa,mudança o g na origem do desenvolvimen gêêneroju jud dic iciá iário rio está to dess dessa arte arte defornecime forneciment nto o denor norm mas teó teóricas para fortalecer e bem direcionar uma argumentação com o objetivo de persuadir os juízes. Em A tenas, tenas, o rre epr pre esent ntante ante de dess sse e gênero n na aa arrte or oratór atóriia do

período perí odo cláss clássico (V (V eIV a. C.) C .) foi Lísias. Sua obra abrang abrange e25dis discur sos, que fornecem ao jurista informações preciosas, únicas às vezes em ce cerrtas que questõe stõess depr proce ocess sso ou de dire direito; ao hi hisstor toriiador, oferec oferece em o registro inestimável de particularidades da vida social e de costumes de A te tenas nas. M arcel arcel Bizoscom Bizoscome ent nta a5: Os méritos lilite terrári ário os de Lí Lísisias as sã são o muito uito gr grand andees, te tendo ndoleva levado doà pe perfei feição çãoas qualidades exigidas por um logógrafo, próximas das de um autor dramático. D istingue-se stingue-se eem mdi dissi ssim mular sua p peersona sonalilida dade deatr atrás ás d deeseus eventuais cl cliientes eemlhes cri criar ar uum ma fisi fisiono onom mia o orriginal ginal evi viva, va, conformesua sisituaçã tuação o esua ida dade de.. C onta sua suass aventur aventuras as emnar narrraçõ açõees pi pitorescas, torescas, quefre fr eqüe qüentem ntemente têm o ar de um drama ou de uma comédia. Seus argumentos hábeis quase  s  seempresimp imples sãomais accessív íveeis aumju juriri popular eapre ressentam-se -secom umcaráter de ve verrossimiilhança lhança.. Fazia seu cli clieente falar numalinguage linguagem mclar clara, a,  fá  fáccil, natura rall – queéconside idera rad dacomoomais puroático ico. ...................................................

(5) MA RCEL BIZOS IZOS.. Lysias, 1955, vol. I, p. 10. ...............................................................................................................................................

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O discurso So  comprova prova a opini opinião  Sob breoassassina inatodeE ra rattóstenes com deMarce Marcell Bizos BizossobreLLíísiaseconsti constitui tui um dosmaisint inte eressantesexem xemplos dos seus discursos do gênero judiciário, não só pelo seu valor retórico, mas também por constituir um registro de fatos que revelam aspectos da vida social da época, deixando por vezes surpreso o leitor, sobretudo pelo comportamento de uma esposa em pleno sécu culo lo IV a. C.. C .. C onsi onsiderand derando-se o-se as part parte es que com compõem põemesse sse discurso, discurso, cl claraaramen me nte se se dest destacam o p  pro roêêmio (§§ 1-5), a narração (§§ 6-7) a argumene o epílogoretórico  (§§ 47-50). tação (§§ Para27-46) um comentário da obra em foco, é indispensável uma breve exposição de seu conteúdo, para a apresentação de reflexões mais pormenorizadas sobre o pro  proêêmioeo epílogo, reservando-se as partesmaisextensas– nar narrração açãoeargume argumentação– apenas para referências aos recursos de maior relevo dentro da Retórica.

Lísiaselaborou aborou o rre eferi ferido do di disscurso p para ara sse eu cl cliiente nteEuf Eufiileto, acusado do assassi assin nato do am amant ante e desua e esposa. sposa. Em se tratando de obra do gê  gênero ju jud dic iciá iário rio, evidentemente o principal pri ncipal tópico tópico é o da ju dele sse e vale LLíísias siasdesde desde o  jusstiç iça a (tò díkaion) e del iní nício cio do pr proê oêm mio, o quesevêqua quando ndo Eufi Eufilleto soli solicit cita aa aos osjuíz uízesimparrci pa ciali alidade dadeeobje objetitivi vidade dadeno jul julg gamento, nto, sendo sufi sufici cie ente ntepa parra iss isso o que se coloquem em sua situação, isto é, na de um réu acusado injustament nte e. Pr Procura ocura obte obter a benevolência dos ouvintes e provocar até mesmo sua cólera, frisando que vai tratar de um assunto que fere a opinião comum e, dessa maneira, supõe que ninguém poderá admitir que o autor de tão grave delito receba pena leve, pois há, nessas circunstâncias, em toda a Grécia, igualdade de apreciação e de aplicação conseqüente de penas. C omreferê ferênci ncia a àbenevolência, ébe bem mdeve verr o quediz diz A Arristót tóte eles quando trata das três causas que dão origem à confiança que os oradores inspi inspirram am,, com exceção xceção naturalme naturalment nte e da dass dem demonstr onstraç açõe ões. s. C Ciita a ...............................................................................................................................................

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prudência, a vir virtude ea benevolência. Servindo-se Servindo-sedel delas, suasopi opini niõe õess são tidas como justas, como expressão do que se afigura bom a todos e voltadas para a melhor determinação. O orador, pois, obtém a confiança do ouvinte, mostrando-se uma pessoa de bom caráter. Lísias para isso nã não o de desscuidari cuidaria do tópico tópico do ethos. Com C omo o as p  pa aix ixõ ões são as causas quein introdu troduze zem mudanças udançasem nossosjuí juízos zosesão são se segui guidas dasdepe pena na ede prazer, já se vê, nesse passo do proêmio, a intenção de despertar a cólera nos juízes  ,, salientando o orador a gravidade do delito e, em consequê conse quênci ncia, a, a pena pena n natur atural al imposta aosresponsáve ponsáveiisno caso. A função tri tripla pla proêm proê mei,o,além ci citada tada comum ume eente nt teori a re retór tóri ica, ca, consi consiste steem tor tornar nardo o ouvi ouv int nte decom benevol nevole nte ntee,na emte soria ituaçã tuação o de compreender, isto é, de seguir a exposição dos fatos, e em obter a sua atenção. É o que se nota na seqüência deste proêmio, quando Eufileto 6

indi ndica cademodo sum sumári ário o oa asssunto : C onsi onside derro, senho senhorres, quede devo vo p prrova ovarr queE rató atóstene steness sed seduzi uzia a aminhamulher,, de lher desmo smorali alizavazava-a a ede desonr sonrava ava os os m meus eus fifilhos, lhos, equea mimmesmo injjur uriiou entrand entr ando o eem mminha casa ......

Segundo A ristóteles stóteles,, essepro proce cedi dim ment nto oéa aconse consellháve hávell a fifim mde que o espírito possa seguir mais facilmente a exposição, e não fique em suspenso, pois tudo que não foi determinado antes fica vago7. É também recurso de obtenção de maior atenção por parte dos ouvintes a amplificação de que se serve Eufileto, quando deixa claro que a solução de seu caso não importa só a ele, mas a todos os presentes e, de maneira geral, ao Estado. É o que se deduz de suas palavras sobre a necessidade de punição severa de tão grave delito de que foi ...................................................

(6) LYSIAS LYSIAS.. So  Sob bre o assassina inato de Era Er atóstenes, Paris: Les Belles Lettres, 1955, §4. (7) Cf. A RISTÓTELES RISTÓTELES.. Retórica, 1415 a, 12-15. ...............................................................................................................................................

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vítima, ele que conta com o apoio devido das leis, não tendo tido em vista absolutamente qualquer vantagem pecuniária, e ainda acentuando que nenh nenhum uma a causa causade in iniimizade zade o te terria m movi ovido do à vi vinga ngança nça cont contrra Eratóstenes. A cusado cusado pe pela fa fam mília deEratós atóstene tenes, s, Eu Eufifilleto pas passsa deréu a víti vítima emanifes anifesta ta toda toda a segurança segurança emexpor a questão questão do proces processo, pois pois sua força provém da verdade dessa narrativa, elemento que, invocado, impressiona osouvintes ouvintes, por revel velar o seu bom caráter. caráter. O orad orador or recor recor-re, pois, mais uma vez ao ethos, prova subjetiva de grande peso no proêmio do disc discurso. urso. No que concer concerne, portant portanto, o, a essepro proê êmio de cin cinco co parágr parágrafos afos,, deve-se assinalar a bela utilização dos dois elementos básicos na retórica ricaaris ristotéli totélica cado Livro Livro IIII – o ethos eo pa poissafunçã função o psicagóg psicagógiica  pathos – poi da “sedução da alma” se manifesta tão importante quanto a da de-

monstração. onstração. Daí Daí agrandedi dife ferença rençadaretórica retóricado LL.. II II coma do LL.. I, I, em queo A uto utorr só adm admiite a de dem monstraçã onstração, o, isto é, a argume argumentaçã ntação o apodí ap odítitica ca.. Note-se ote-seque p  pa athos, na realidade, envolve todas as manifestaçõesda iirr rra acion cionali alidad dade eemocion ocional. al. Qua uanto nto à narração (§  (§§§ 6-27) 6-27) do disc discur urso so e em m estudo, impr pre essi ssiona o le leitor des desdeo iní início cio o grau grau de sim  simp plic icid ida ade do orador que se expõe humildemente a todos os ouvintes, falando-lhes de seu comportamento emrelação à esposanos pri primeiros eiros tem tempos pos de ca casa sados, dos, época emque a vig vigiava se sem pertur turbá-l bá-la, a, mas mas e evi vitando tando dar-lhe dar-lhe lilibe berrdadeexce xcess ssiiva, situação tuação que pe perdurou atéao nas nascime ciment nto o do pr priimeiro fifillho, qua quando ndo passou a depositar nela toda a confiança. Sua atitud atitude e apr apre esent nta a int inte eressante ssante iinf nfor orm maç ação ão sobre os costucostumes daquela época e, no contexto, vê-se a intenção do orador em captar cap tar a s  sim imp patiados ouvintes, valendo-se da sin  sinccerida ridademanifestapara atr tra air a confiança, fator valioso que viria assegurar-lhe maior atenção no que vie viesse adi dize zer poste posterriorm ormente nte. ...............................................................................................................................................

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C onjug onjugam am-senesteponto ponto o ethos eo p constitui tuindo ndo fatore fatoress  pa athos, consti importante portantess napreparaç preparação ão d do o aud audiitóri tório, n no o obj obje etitivo vo claro por pa part rte e do orador orador de torná-l torná-lo o favoráve favorável à sua sua e expos xposiiçã ção. o. Na seqüência da narração, sã são oapr apre esent ntada adassvárias váriasinfor inform maçõesa respe speito dos cos costume tumess da G Grréci cia, a, sobre sobretudo relacionada acionadass coma vida vida domésti stica, ca, como se se pode pode ve verrifificar car n na a refer referênci ncia a ao ao falecime faleciment nto o de ssua ua mãe, cujo enterro propiciou o nascimento do interesse por sua esposa da part parte edeEratóstenes atóstenes,, cidadã cidadão o quetitinh nha acom como o pr profi ofiss ssão seduzi duzirr mulherescasada casadas. s. A fifig gur ura a da escrava aparece como elo que favorecia o início nício eo prosse prossegui uim mento da uni união ão ilí ilícit cita a. A narra narrativa tiva dosencont ncontros ros noturnos noturnos com como auxí auxíllio da escrava crava,, enquanto o esposo dormia no primeiro andar da casa, amplificada com o fato de que as mulheres, atendendo à própria solicitação do marido traído, traído, passar sarama ocupa ocuparr o andar térr térre eo, é deuma uma ssiimpli plicidade cidadeque

atingeo to atinge tom m da comé comédi dia. a. M Mas asess ssa a s  sim imp plic icid ida adecons consti titui tui umimportantte elemento na captação de s tan  sim imp patiaeconfian fiançados ouvint intes, como prova da s  sin inccerida ridade do réu que, humildemente, não se recusa a expor a verdade dos fatos. E essa humilhação se acentua quando fala do fim de sua feli felici cidade dadena vida vida conj conjug ugal, al, marcado pe pello mom mome ento nto emque foi abordado por uma velha, enviada por outra amante de Eratóstenes furiosamente enciumada, e é informado da traição de sua esposa, com a observação de que a escrava de sua família poderá pô-lo a par de todos os fatos que envolvem a sua esposa e o amante. Eufiileto não titube Euf titubeiia erecorr recorre eao a auxí uxíllio da es escravapa para ra obter o prova. Narr N arra am miinuci nuciosa osam ment nte e ccom omo o tudo tudo sepassou passou e  fl  fla agran rante como prova. como chegou a obter essa prova, auxiliado apenas pelo acaso, refutando a alegação de seus acusadores de que tinha forçado Eratóstenes a entrar em sua casa casa..  Term  Te rmina inada aqui anarrativa, a 2ª 2ª part parte edo discurso discurso judiciári judiciário o (§§ 6-27), inicia-se a argumentação (§§ 28-46), com apoio nas pro  provvas obje je-...............................................................................................................................................

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tivas indispensáveis no gênero judiciário. Leis e testemunhas são invocadas pelo orador. O ponto central no processo é a questão do flagrante delito, e Eufileto tem a seu favor a lei de Sólon que permitia ao mari marido do ul ultr trajado ajado matar matar o cul culpa pado do surpr surpre eendi ndido do e em mflag flagrante ante,, eain ain-da a lei de Sólon que deixa ao esposo traído a liberdade de tratar à sua vontade o amante. De fato, nem sempre a morte era a punição, e o ofendido ofendi do podi podia aa ace ceiitar ce cerrtaspropos propostas tasdeac acor ordo do para solução do pr prooblema. Neste discurso, essa tentativa de acordo é feita por Eratóstenes, que é espancado por Eufileto na presença dos que o acompanham, mas recusada pelo marido ultrajado que não aceita o dinheiro oferecido. O orador, orador, paraass assegur urar arareti retidão dãodesuaconduta condutapelafifie el obe obedi diê ência às leis, pede ao escriba que leia o que está gravado na estela do

A reópag ópago o a quemcabia o julga ulgam mento nto das questões questõesde a ass ssas assin sinato, ato, lei queproibi proibia a fo surpreen form rma almentedeclara rarr assassino inoquemseving ingasse ao surpre der um homem em flagrante delito de adultério com sua esposa. A  jusstiç  ju iça a dessa lei eratão fir irm mementereconhecida idaqueseaplic licavanão só às esposaslegítimas, mas, mas tam também bémàs concubi concubin nas. as. M aso or orador ador n não ão sse ede detém témnes nesse sepont ponto o tão tão im impor portant tante edo pr proocesso. Lança m mão ão de umrecurso curso rre etór tórico es esse sencial ncial em certos tos mome momentos do discurso discurso – o tópico da grandeza –  e est estende-seno tema, numa oportuna amplificação, que vem agravar o caráter de acusação que lhe é imputada, trazendo à lembrança dos ouvintes a diferença, claramente exposta pelo legislador, entre os que praticavam tal delito com vio para ra rea reallizar seu inte intento. nto. A lei lência e os que se serviam da se  sedução pa condenava condena va ospri prim meiros amultas ultas eos últ últiimos àmorte. orte. Expl Expliicao or oraador: os que agem pela força atraem o ódio das vítimas, enquanto os sedut dutor ore escorr corrompem ssuas uasa allmasesetor tornam ossenhor nhore esda casa, casa, tratra...............................................................................................................................................

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zendo ainda o sério problema de tornar duvidosa a paternidade dos filhos. C omo a auxíl uxíliio, pois, daamplificação, Eufil Eufileto tornou ai aindamais grave o delito do adultério cometido por Eratóstenes, claramente definido ni do na fig figur ura a deumsedutor dutor.. O tópico da g  gra ranndeza, aqui tão habilmente empregado, é neste discurso o mais explorado entre os lugares-comuns citados por A ristót tóte eles. Com C omrefer ferênci ncia aàprática práticado del delito, osoutros outroslug ugare aress, o da  po  possibil ibilid ida ade e o da  existência, não tiveram aplicação, uma vez que o réu nãoone neg ocorrê ocorr ênci ncia a do fato, não não abe ndo, portanto, deterterminação naçã degpos pou osssaibi bil lidade dad eou iim mposs pos sibi bil lidade daccabe de do del deliport to. anto, a de A ristóte tóteles lla ament nta a queos lugares-comuns, que estão ao alcance de todos, sejam tão poucos, enquanto os específicos são numer numerosísosíssimos, por porquanto quanto der derivamde ciênci ciências as determin terminada adas, s, es espe peci ciais. ais. Nodis odiscursoe cursoem mfoco, oré oréuti utirratodaasua atodaasuafor força çade deargum argumentanta-

No dis discurso e em mfoco, o ré réu titirra toda asuaforça forçadeargumenta nta çã ção o de sua sua obedi obediê ência ncia às às leis, insisti nsistindo ndo sobre obreo fato deque aimpunipunidadenos cas casos deadul adultéri tério o servi virrá deestí stím mulo ulo para tais práticas práticas. A ristótelesacha acha cconveni onvenie ent nte edize dizer, quando a lei escri crita ta favorece favorece nossa causa, que a expressão “de acordo com a melhor consciência”8 não tem tem p por or fim fimo jjul ulg gament nto o contrári contrário o à le lei, masa não ocorrência de perjúrio, se o juiz desconhece o que diz a lei9. Sem dúvida, desprezadas as leis, ficará apenas o temor do voto dos juízes que tudo decidem. E, nessa situação, vale a pena lembrar o queA ristóte stótelesrecomenda nda queseobse obserrve: ninguém ninguém p prrefer eferee o be bem ma absoluto, bsoluto, mas o q que ue é um b bem em par para sisi.. N ão hhá á 10 nenhuma di diferença eentr ntreenãohave haverr lei e nã não o seser servi virr de dela. la. ...................................................

  (8) O p. cit. , 1375 1375 b, 16-17. 16-17. A fórmula fórmula “julga “julgarr de acordo com a melhor consciência” consciência” está express expre ssanojurame j uramento ntodosjuí juíze zes.   (9) O p. cit. , 1375 1375 b, 16-18. (10) O p. cit. , 1375 1375 b, 19-20. 19-20. ...............................................................................................................................................

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FON FO NSEC SECA A , Ís Ísis B Borg orge es B. A R etór tórica nna a G récia A Antiga ntiga..

E A ristóteles a acres cresce cent nta, a, logo l ogo a se seguir uir, que é expre xpressam ssame ente nte proibido pelas leis mais louvadas o procurar ser mais sábio que as leis. É deint inte eressedestaca destacarr que,n na aargumentação, Eufil ufileto sse e servede vários vári osent ntiimemaspar parademonstr onstrar araocor ocorrrência nciacas casual doflflag agrante. ante. Constituem a prova té técni cnica ca objeti objetiva va de maior valia nesta parte do discurso, enquanto o outro tipo de tais provas, o exemplo, quase não foi utilizado.  Eufileto começa por afirmar que seria culpado se tivesse mandado buscar o amante de sua esposa, apenas por ter ouvido as palavras da velha que lhe comunicou a traição, sem procurar obter a comprovação dos atosodo sedutor. C omo om não não foi esseo seu pr proce ocedi dim mento, nto, concl conclui ui-se -seque nã não o pode ser considerado culpa culpado. do. Nos en entimema mass que se sese segue guem, m, o emprego emprego de iin nterrogaçõe ogaçõess dá grandevi vivacidade vacidadeà a arrgum ume entaç ntação. ão. A Ass ssim, de depoi poiss deci citar tar que que,, na noite noite

do assassinato, tinha jantado em sua casa com um amigo, acrescenta: teri teria a eu deixado me meuu convi convida dado dopar partitirr, ficand cando osó esemrecursos, cursos, aoinvés d dee 11 detê-lo para ajudar-me na vingança contra o adúltero? 

C onclui onclui-se -seque que,, seEufil ufileto não sepreocupou comtestem testemunhas unhas,, é porque não tinha intenção deliberada de praticar o crime. Outro exemplo:  Se tivesse prev revis istto o fat fato, nã não teria pre rep parad rado os servid rvido ore ress e mandado 12 chamar os meus amigos ...? 

Outra utra font fonte ede a arrgum ume entaç ntação, ão, o lugar-comum qu  que eserefere refereàexistê tênci ncia a ou iine nexi xistê stênci ncia a, evidencia-se no momento em que nega ter havido anterior anteriorm ment nte equalquer qualquer motivo otivo de hos hostitillida dade deentr ntreos dois, me menn...................................................

(11)LYSIAS, op. cit  cit , §41 § 41. (12) O p. cit., §42. ...............................................................................................................................................

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R etór tóriicas d dee O nteme de H oje

cionando uma série de causas que comumente criam a inimizade entre homens, todas elas ausentes em se tratando de dois desconhecidos. A ssimcol colocada ocada aques questão, tão, a propo proposição sição int inte errogati ogativa va quesesegueganha a ma maior força força:: Por que eu correria tal risco, se não tivesse recebido dele a mais grave das ofensas? 13

Reforça ainda sua atitude correta, com outra interrogação: D epoi epois, cometia etia esse esse cr criime apó apóss ter convo convocad cado o eu eu pr próp óprrio te testem stemunhas, unhas, sendo do--me permi permititido do,, se desejasse matá-l matá-lo o inj injustame ustamente, queninguém ninguémcompar partiti-14 lhassee desses aconteci lhass acontecim mentos? 

C om essa indag indagaç ação ão Euf Eufiileto conclui conclui suaargumentaç ntação ão edá iiní ní--

cio à última parte de seu discurso: o epílogo (§§ 47-50). O orador, que no proêmio procurou ganhar a simpatia dos juízes, apelando para seus sentimentos de eqüidade diante da gravidade da injúria que o movera à prática do crime, conhecedor da força da prova subj ubje etiva, tiva, do p epíl pílog ogo, o, vai dar rre elevo ao interesse  pa athos, sobretudo no e coletivo, deixando em segundo plano o p  peessoal. Essa atitude, além de provocar emoções, impressionará os ouvintes pela evidência da boa form for mpoderia ação ação éti ética ca do orador or que, que,seu como commaior o verdade verdadei iro dem democr ocrata ata ateni ate nie ense nse,e, não deixar deador mostrar interesse pela causa pública não pela particular. V ê-senes nesse sepasso ahabil habilidadedo autor do dis discurso queutil utilizano momento oportuno o tópico tòsym symphér phéron, “o que é útil”, apontado por A ris ristótele tóteless ccom omo o o princi principa pall nos discursos discursos do do gênero nero del delibe berati rativo, vo, e de de valia, como se nota aqui, em qualquer dos gêneros. ...................................................

(13) O p. cit. , §45. (14) O p. cit. , §46. ...............................................................................................................................................

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FON FO NSEC SECA A , Ís Ísis B Borg orge es B. A R etór tórica nna a G récia A Antiga ntiga..

A lém das das provassubje ubjetivas tivasrefe ferridas, pa orador la lan pathos eethos, o ora ça mão de umas das provas objetivas de menor utilização neste discurso: o ex  fig gura de indução retórica retórica que em A ristót tóte eles fica e em m exempl emplo, o, fi segundo plano, embora tenha sido motivo de preocupação para os seus se us pre predecess decessor ore es. No N o exemplo, tem-se tem-seumarelação ação ent entrre o pa  part rtic icuular  conhecido e o p  pa artic rticuular menos conhecido ido. É exatamente o que se observa quando Eufileto chama a atenção dos juí juíze zes ssobr obre e aimpor portânci tância a da deci decisã são o justa justa a sse er tom tomada ne neste ste processo, pois assim desencorajará outros que tenham tendências para tai taiss pr prA ática áti cas s. ficação que se segue realça a importância do exemplo, ampli quando o orador acrescenta que, se ocorresse a impunidade, isto é, a não punição do adúltero, seria melhor suprimir as leis que vigoram atualmente, substituindo-as por outras em que o esposo traído fosse

punido e o sedutor premiado com a falta do castigo devido. Essas novas leis, pelo menos, não enganariam os cidadãos que, em situação de ví víttimas, as, poderi poderiam, am, sesurpr surpre eend nde esse ssemum a am mante ante ccom om sua sua e esposa sposa,, vin vingarr-sepor suaspr ga própr ópriiasmãos,o ou u sesubme ubmeter tere em aproces processos sosquepoderiamtr traz aze er maior preju prejuíízo par para o e esspos poso o que pa parra o sedutor dutor.. O últi últim mo parágrafo do di disscurso ébr bre eve, ve, masdemuito uito valor valor,, poi poiss sempre apoiado na lei , o ré réu toma toma-a -a com como o fator a garanti garantirr-l-lhe he adeci decissão favorável dos juízes atenienses, porquanto, se não fosse a sua confiança no respeito às leis vigentes por parte de seus concidadãos, não se exporia a perder sua vida, ou, em caso de esquivar-se do julgamento, a ser condenado ao exílio perpétuo e à confiscação de seus bens. No que concerne, pois, ao epílogo, é patente a retomada do elemento de apoio mais forte na argumentação de Eufileto, num predomínio relevante: a lei vigente. De fato, insistindo na importância dessa prova extratécnica, o orador orador envo nvollve ve-a -a dosrecursos cursosmais recomendados na Art ri stót tóte eles, no que se refe fere re à últi última  A rtee re rettóric rica a de A ris parrte do di pa disscurso: di disspõeo ouvint ouvinte ea sse eu favor econtr contra o a adve dverrsár sário, ...............................................................................................................................................

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valendo-se das p  pro rovvas subje jettiv iva as ( ethos thos e p  pa athos)  e serve-se ainda da  pro  provva técnic ica a obje jettiv iva a ( o exemplo) . Com o tópico da amplificação,  é claro seu objetivo de agravar a ocorrência de impunidade em casos de adult adulté ério. rio. C omo sepode ver ver pe pella anál análiisedes desse sediscurso, discurso, não é sem razão razão que Lísias é citado pela crítica como mestre de eloqüência exemplar na composi composiçã ção o de disc discur ursos sosdo g valorizando zando sobremaobrema gêêneroju jud dic iciá iário rio, valori neira a sua profissão de logógrafo e pres prestando servi viço ço ines inestitim mável a cidadãos atenienses despreparados para se apresentarem diante dos tribunais.

Referências Bibliográficas

ARISTOTE. Rhétorique, I II. Paris, Les Belles Lettres, 1967. BIZOS, Marcel. Lysias. Pa  Parris, LLe esBell Belle esLett ttrres, 1 195 955, I, p. 10 10.. DELA DE LA UNO UNOIS IS,, M. Le plan plan rrhé hétor toriiquedans l’élo l’éloque quence nce gr grecq ecque ue d’ d’H H omère à émosthène, Bel Belgique que,, A ca cad. d. Royale. C Cllasse d de e Lettr Lettre es, M émoire oire, Sé Sér. r. 2, 12 12,, 2, 1959. HUMBERT, HU MBERT, J. et BERGU BERGUIN, IN, H. H isto stoiireillustréedela Li Litté ttérratu aturreG recque cque.. Paris, Didier, 1947, p. 231. KENNEDY, G. T heA rt o off Pe Persua suasion sionin G Grreece. ce. London ondon,, Routl Routle edgeand K Ke egan, 1963. LYSIAS. So  Sob breoassassina inatodeEra Erattóstenes. Paris, Les Belles Lettres, 1955.

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A RETÓRICA NA TRADIÇÃO  LATINA

ARIOVALDO  AUGUSTO  PETERLINI*

Desde que o homem se deu conta do poder da palavra e das idéi déias as como mei eios os capaze capazess deinf nflluenciar uenciar o pensa pensam mento ento e a ass a ações çõesde outro homem, a retórica começou a existir. Já Ulisses, no Filoctetes de Sófocles, declara ter chegado, pela experiência, a entender que a língua lleva eva vant vantag agem emà ação. OD.

’Esq Esqll oà pat patrrÕj pa‹, kaÙtÕj í n nšoj po pott

 g  gll î ssan mn - rgÕn, ce‹ra ce‹r a d d’’ e•con ™ rg£t £tiin :  n  nàn àn d’ e„j œ l egcon ™ xi xië ën Ðrî broto‹ oto‹jj  t¾  t ¾n gl î ssan, oÙcˆ t¥r ¥rg ga, p£n p£nq q/ ººg goum oumšn šnhn hn.. (Sophocle, Philoctète, 96-99) Ó filho de nobre pai, eu também, sendo jovem, antigamente, mantinha, de um lado, a língua inativa e, de outro, as mãos lab abori orios osas as.Ag A gora,chegandoàe experiênci xperiência, a,vejoquee ent ntre reos mort ortais aisalílíngua ngua,,não nãoaaçã ação, o,tudo tudoconduz.

Levando a mira em convencer apenas, a retórica foi usada, ao longo da história em qualquer direção moral, como mero instrumento de persuas pe rsuasão,quer nafasedessiimpl ples eseloqüênci eloqüência anatural, natural, quersi sistem stematiza atizada da pellanormas pe normasrequintadas requintadasdaretóri retóricaclás clássic sica. a.Al A lusão usãoaoe em mprego pregoenganaenganadorda“retóri “retórica ca”, ”, encontramos encontramosna Me  Med déiade Eurípides, que contra a fala deJasão,quetentava envolvê-la em falaciosasjustificativasdesua traição, lança seu grito rito de revol revoltta ecensura: ................................................... (*) Professor Doutor da Á rea de Língua e Litera iteratura tura Latina Latina do do Departam Departamento de de Letras ...............................................................................................................................................

Clássicas e Vernáculas, FFLCH/USP.119

 

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PETERLINI, Ariovaldo Augusto. A R etór tórica na T radiçã dição o Latina tina..

‘Emoˆ g¦ r Östij ¥di ¥diko kojj í n sof Õj l šgein pšf uke, pl e… sthn zhm… an Ñf l isk£ k£n nein : gl èssV ès sV g¦ g¦ r aÙcî n t¥d t¥diik’ eâ p pe erist ri ste el e‹n ‹n,, tol m´ pano panour urg ge‹n : (Euripide, Méd  Médée,580-583) Para mim, na verdade, quem, sendo iinj njusto, usto, ttem emo domde falar astutamente, é merecedor do maior castigo. Vangloriando-sededissi dissimular ularhabi habillmentecomalilingua nguag gemasinjusnjustiças, comete com audácia todos os crimes.

A eloqüê oqüênci ncia, a, é cl claro, aro, precede precedeu u a retórica. retórica. A Ant nte es que Córax e  Tísia  Tís iass, ap após a queda da tir ira ania na Sicíli icília a (sé (séc. V a a..C.), C.), quando os processos proces sosdom domiinadospe pellos tiranos tiranos vol voltaram taramaostri tribuna bunaiis regulares ulares, titivessem elaborado suas primeiras normas da arte de persuadir, embora

sem intenções literárias, antes disso já numerosos e grandes oradores titinham nhamexi xisstitido do emovim ovimentado ahis histór tóriia d do o hom home em. (Cicé céron, ron, Brutus, XII, 46) Ver Verum um ego ha hanc nc ui uim mintellegoesse iinn pr prae aecep ceptitiss om omni nibus, bus, non ut easecuti or oratores atores eloq eloquenti uentiae aelaude laudem msisint nt ade adepti pti,, sed sed,, quaesua sspo ponte nte hom homiines eloq eloquentes uentes ffacer acerent, ent, ea q quosdam uosdam obse bserruasseatq atque ue id egi egisse; sse; sisicc essenon non elo eloque quentiam ntiamex ar artitififici cio, o,  s  seedart rtific ificiu ium mex eloquentianatum.. ( C ic icééron ron, Del’orate l’orateur ur , , I , XXXI I ) Mascrei creio oquenessespreceitos((dos dosretores)exi existe steumaforç força, a, não tal que p por orhavêhavê-lla seguido uido osorador oradores estenh tenham amalcanç alcançaadoagl glóri ória adaeloqüênci oqüência,ma a,massacho achoqu que ea allgunsobservarame praticaram o que homens eloqüentes faziam por instinto. Não foi assim a eloqüência que nasceu da retórica, mas a retórica, da eloqüência.

Des esta ta form forma, be bem mantesdeCórax e T Tíísias, osdiscursos discursosdaI líada e da Odisséia serviram de modelo aos jovens, não só enquanto não ...............................................................................................................................................

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existiam os textos teóricos da retórica como também, por longo tempo, tem po, depois deles deles.. E numero numerosos sose g grandes randes oradores oradoreshouv houve e tamtambém bé m antes antes do do iní iníci cio o da retórica retóri ca,, com como o Sól Sólon, on, Pi Pisístra trato, Tem Temístocles, Péricles, Górgias de Leôncio e seu mais célebre discípulo, Isócrates, e muitos outros. Mas alguns elementos teóricos começam a revelar-se aqui e ali já nesses oradores. Cícero lembra que os conhecidos conhecidoscom  estão tão liligadosa Protág Protágoras; oras; que Górg Górgias comm mun unes esloci loci  es deixou por escrito como qualidade essencial do orador a capacidade de valorizar ou depreciar a mesma coisa; que Lísias declara e xi xisti stir r um étodo patratado aprender apresnder a falar fal ar,, e que próprio o Is I sócrat ócrates es, acabou aca bou pormcompor com porpara trraatados sobre sobre a oratóri oratór ia.o(própri Cicéron, Brutus XII, 46-48)  T  To odavia, ia, enquanto na Gré Grécia os jo jov vens, já no século IV a a..C., C., freqüentavam as escolas dos sofistas, onde se adestravam em política,

moral e retórica; retórica; enquanto enquanto aproxi aproxim madam adamentepor 33 339 9a a.C .C.. Ari A risstót tóteles eles nos legava egava sua A  Art rteeRet Retóric rica a ( Tšknh  )  ),, os romanos ainda em Tšknh ‘Rhtorik» 92 a.C. fechavam escolas de retores, embora já as houvesse em Roma fazia algum tempo em língua grega e, depois de 95 a.C., também em lati atim m. Mas M as é claro claro que os romanos romanos acaba acabaririam ampor adotar a retór retóriica, esse“pode “poder”ext r”extraor raordi dinári nário osobreaspess pessoas oas,, essa essafacul faculdade dade,, nodi dize zerr de A riristótel stóteles es,, capaz capaz de descobrir cobrir ttodos odos os possívei possíveiss meios pe persuas rsuasiivos sobre qualquer assunto:

 ”Est Estw d¾· hto htorik¾dÚnamij perˆ ›kas kaston toà qewr wrÁs Ása ai tÕ™ ndecÒmenon pi piqa qanÒ nÒn. ................................................ ........................ .......................................... .................. ¹ d · ht htori orik¾pe k¾perˆ toà d doq oqšnt šntoj æj e„pe‹ pe‹n   doke‹ dÚnasqai qewre‹n tÕpi piq qanÒn......

 

(Aristote, Rhétorique, I, 2, 25-26 e 31-32) 31- 32)

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Seja, pois, a retórica a faculdade de examinar em cada caso o que possaser persuasi rsuasivo. vo. ............................................................................ masa retór retóriica, por as assim simdi dize zer,r, parece serccapa apazz dedes descobr cobriir especulativamente aquilo que persuade...

Se os romanos demoraram a interessar-se pela teoria da arte de falar, jamais desconheceram a força sedutora e poderosa da palavra, cujo fascínio, grandeza e prestígio Cícero celebra numa passagem do D eorator tore: N equeuer ueromihi qui quicq cquam uam, inqui nquit,t, prae praestab stabiililius us uidetur  quam posse dicendo tenere hominum coetus, mentis adlicere, uoluntates im impelle llerequoueli uelit,t, undeautemueli uelitt de deduce ducerre. H aec  aec  una re res iinn om omni ni libe libero pop populo ulo m maxi axim mequein pa pacati catis tranq tranqui uilli llisque sque

ciuitatibus praecipue semper floruit semperque dominata est.  31.. Qu  31 Quid id enimest aut tamadmirab irabilileequamex in infin finitita amultitituudin inee hominum exsistere unum, qui id quod omnibus natura sit datum uel solus uel cum perpaucis facere possit, aut tam jucundum cogni co gnitu tuatqueaud audiituquamsap sapiientibus ntibusse senten ntentitiiisgraui gr auibusque uer uerbis ornata orati oratio o et et po polilita, ta, aut tampotens potens tamquemagni agnifficum quampopuli motus, iudicum reli religigio one nes,s, se senatus natus gr graui auitatemuni unius us oratio orati oneco conuerti nuerti ?    (Cicéron, D el’o l’orrate ateur  ur , I, VI V III, II , 30 30-31 -31) Certamente, disse (Crasso), nada me parece melhor do que conseguir, falando, prender as assembléias dos homens, seduzir asmentes, iim mpul pulsionar sionar asvont vontade adess pa para ra onde se que queiira, fazê-las fazê-l assai sair de ond onde e se se de dese sejje. Iss I sso o foi o que se sem mpre e acima de tudo floresceu e dominou em todo povo livre e principalmente nas cidades pacíficas. O que existe de tão admirável como erguer-se, de uma imensa multidão, um homem que pode fazer, sozinho ou quase só, aquilo que a todos foi dado pela naturez natureza; a; ou o que há de tão agradável para se serr cconheci onheci-do ou ouvido como um discurso elegante e ornado pela sa...............................................................................................................................................

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bedoria dos pensamentos e pela nobreza das palavras; ou o que há tão poderoso e magnífico como mudar, pelo discurso de um só, as paixões de um povo, os escrúpulos dos juízes, a firmeza do se senado nado ?

Oradores, Roma os teve desde os primórdios de sua história. Em 492 a.C. os plebeus do exército, sob a falsa promessa dos patrícios de que lhes seriam perdoadas as dívidas e seriam proibidos os empréstimos usurários, tinham consentido em repelir os Volscos. Mas as,, venci vencidos dose estes stes,, ospatr patrííci cios osdeslem deslembraram brarama assprom promes essas. sas.O povo, revoltado, deserta do exército e refugia-se no monte Sagrado, deixando xand o os patrí patríci cios os e entr ntre egues ues àsua ssort orte e. Na versã versão o de Tito Ti to Lí L ívio, vio, ffoi oi então enviado à plebe, para tentar demovê-la de sua decisão, Menê nênio nio A gripa ripa::

 Sic placuit igit igituur ora rattorem remad plebemmitittti Me Mennenium iumA gripp rippam  fa  faccundumuirum irumet quodind indeoriun riundus era ratt plebi carum rum.I.Iss intro ntromissus iinn ca castr stra ap prriscoillo di dicendi cendi et hho orridomodonihi nihil aliud  qua uam mho hocc na narrrassefe ferrtur: ( T itoLívio, SSto torria d dii Roma IIII , 32) A ssimsedecidi decidiu, u, poi pois, s,quefosseenviado nviadoàpl pleb ebe, e,comop parl arlaamentar, M Menê enêni nio oA Agri gripa, pa, hom homem emfacundo, e ca caro ro à plebe, porquedelaprovin provindo. do.C Contaonta-se sequeele, introduzido ntroduzidonoacampamento, naquele modo de falar sem elegância dos antigos, outracoisanãolhesnarrousenãoisto:

E o “parlamentar” romano lhes contou o apólogo dos membros emguerr uerra a contr contra o e estôma stômag go. Há e estôma stômag gos pat patríci cios os emembros pl pleebeus; ambos são necessários uns aos outros. Menênio foi para persuadir e persuadiu, mesmo se teve de ceder à plebe suas primeiras e importantes reivindicações. Persuadiu com a palavra – isso é o objetivo tivo da retóri retórica. ca. Sécul Séculos antes antes de de Cí Cícero, atendeu atendeu ao queeste viri viria aa ...............................................................................................................................................

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preceituar no Pa precei  Parrtitititio one ness Or O rato torriae: ajustar-se à linguagem do ouvinte, naquele “prisco...dicendi et horrido modo” N amaud audiitorum a aur urees m mo oder derantur oratori prude prudenti nti et pro proui uido do;; et quod quod rresp espuunt uunt immutandum eest. st. (Ciceronis, OratoriaePartit Partitiones iones   ,, V, p. 573)) O ouvi ouvido dodoa audit uditóri ório oserve serve,,port portanto, anto,deg gui uia aao aoorado oradorrprudenteeprevi previdente: dente:éprecisom mudar udaroquee ellerejei rejeita. ta.

Em 280 280 a.C a.C.,., Á pio Cl Cláudi áudio, o, velh velho o e já cego, com um famos famoso o di disscurso, que ai ainda circul circulava avape pella é época pocade Cí Cíce cero, ro, cons conseg eguia uia leva levarr o Senado a repelir as proposta de Pirro, vistas já com bons olhos por muitos romanos, após as derrotas sofridas. B. Gentili (1977, p. 166) dá uma um a ver versã são o depeque pequeno no tr trecho dessa dessaoração oração emesti estillo di dirreto, masnão

fornece a font fornece fonte. e. No N o que pesq pesqui uisa sam mos a res respe peiito diss disso, só conse conseg guim uimos deparar dois textos: um de Ênio, no D e se sene nectute ctute de Cícero, em estilo dire dir eto, e outro, outro, emestitillo indireto, indireto, numfragm fragmento do lilivro vro X XIIII deTito Lívio, que só encontrei na edição de Lemaire: Q uo uob uobiis me mentes, ntes, rectae q quae uae stare soleb solebant  ant   A  Anntehac, dementes sesefle flexereuiam iam?  ( Ê nio, a ap pudC ice cerrone ne,, LLa ave vecch cchiiezza, zza, V I , 16) 16) Para que ponto do caminho tresmalharam assimdementes ntesvossa ment entes, es, que at até é agor ora a acostumadasaoqueéretosempreforam?

 XXXI I . I bi, quumips ipsius ius re reii nouitita ate, tumre reuuere renntiauiri silileentib ibuus omnibus, exspectantibusque cuius rei causa post longi temporis de desuetudi suetudinemse senatum natumiingr ngressus essusesset; abiincom ncommodo odouale ualetudi tudini niss exor xorsus, sus, “sibi quideem mhhacte actenus nusmo molesta lestam mfui fuisse sseca caeeci citate tatem m, dixit, “nunc autem non modo illa delectari, nec quae fierent, uideret, ...............................................................................................................................................

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 s  seedetiam iamaegreferre ferre,, quodaures res nondumobsurd rduuis isssent, netam  fo  foeedaet Ro Rom manonomine ineind indign ignaaudirecogeret retur. ( Titi Lívii, Lí vii, O Op pera o om mnia ia,, X XII I I , 32 - 182 1822, 2, vo vol.l. III I I , p.281) p.281) A li, esta estando ndo todos e em msilêncio, silêncio, assimp pela ela novi novidad dade e do p próróprio acontecimento, quanto pelo respeito a homem tão importante, port ante,eansiososdesabe berr porqual moti otivo voentr entrara aranose senanado,apósodescostumedetãolongotempo,tendoelepartido de seu próprio incomodo de saúde, disse que até então lhe for fora am mol oles esta taacceg eguei ueira, ra, mas“quea agora goranãosósealegrava com ela, por não conseguir ver as coisas que aconteciam, senão que lhe pesava de que tambémseuouvido ainda não tivesse ensurdecido, para que não fosse obrigado a ouvirtantas vergonhas indi indignas gnasdo nomero rom mano.

Cinéias, o embaixador de Pirro, que chegara com as mãos atu-

lhadas de presentes para aliciar os romanos vencidos, após a fala de Á pio Cl Cláudi udio, o, tevederetornar retornar comseu fracasso. P Piirro rro derr derrotou otou ainda alg al gum umas asvez vezes esaosrom romanos,m mas asaca acabou bouvencido vencidopelas pelas“vitó “vitóririas asdePi Pirr rro” o” e, enfim, pelos próprios romanos. Embora os contatos com o mundo grego tenham acompanhado Romade desd sde e osseus seus p pririm mórdi órdios os,, é apa part rtiir do sécul século o II I II a.C a.C.. que a cul cultura grega entra a influir deveras no mundo cultural romano. Se o influxo nfluxo da M Mag agna Grécia Grécia já já sse e fazi fazia ssenti entirr, antes antes das das Guerras Púnicas Púnicas, depois, de pois, como domíni nio o políti político co sobre sobrea Gréci Grécia a eo orie oriente nte, o ttrato rato com povospri privi villegiados ados p por or sé sécul culos os d de e civil civiliza zação, ção, a pos posssibili bilida dade de d de e carr carrea earr para pa ra Rom Roma, a,com desp despoj ojos osdeguerr uerra, a,enor enorm meseriricas casb biibli blioteca otecasseobras de arte, escravos pedagogos para as famílias patrícias, com tudo isso criam-se as oportunidades para o surgimento, em Roma, de uma cultura helenizada e do bilingüismo dos cultos, porta para o melhor do pensam sa mento e dosideai deaisdacultu cultura ra prim primeiram eiramente daGrécia réciae, de depoi pois, s, do Helenismo. ...............................................................................................................................................

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Em 168 a.C., C. L. Paulo Emílio, general romano, tendo derrotado rot ado e em mPidna o rei Pers Perseu, eu, trans transferi feriu u pa para ra R Rom oma a sua sua ime imensa nsabibl bibliioteca. Entre as muitas obras gregas, parece ter chegado assim a Roma a obra obra deA ris ristóte tóteles. A par par com iss isso, o, a LLiiga A Aqué quéiia , quese houve houvera ra ambig biguamentena na guerr guerra a entre entreR Rom oma a ea Mace Macedôni dônia, a,deveu ent entreg regar ar aos romanos, para serem processados, mil concidadãos seus filomacedônios. Veio entre eles o historiador Políbio, a quem Paulo Emílio confiou a educação dos filhos. Foi um desses filhos, Públio Cornélio Cipião Em Emiiliano, que consti constitui tuiu ue em mtorno torno a ssii o chamad ado o C írculodos

C ipiões, um grupo de homens cultos que assumiu, no século II a.C., a vanguarda em assi vanguar assim milar, ar, por parte parte dos rom omanos, anos, certos certos aspectos aspectos da cultura grega e em montar assim as bases de um amálgama original dass d da dua uass ccul ulturas turas.. Com ComPúbl Públiio C Cornéli ornélio oC Ciipião Em Emiiliano, faz faziiamparparte do Círculo Caio Lélio, Caio Fúrio Filão, o analista Caio Fânio, o

 juris  jur ista ta e his isttoria riador Ru Rutílio Ruf Rufo, o orador É Élio lio Tuberão rão, o poeta Lucílio, o historiador Políbio e o filósofo Panécio de Rodes, cujos conhecimentos marcados por uma linha estóica forneceram base teórica grega ao ideal bastante prático da uirtus romana. A pri princi ncipa pall produçãode dess sse grupo deintelectuai ntelectuaissfoi, foi, se sem mdúvi dúvi-da, o ide deal al romano romano cul culto to da humanitas, que, se de uma parte corresp cor responde onde à f i l anqr gregos, os, ““be benevol nevolênci ência a”, de outra outra sse e anqrwp… a dos greg aproxima da pai de… a, com o valor de “educacão literária, filosófica e artística”, elemento distintivo do homem em relação aos demais seres vivos. Consoante Gentili (1977, p. 51) “Cícero, identificando com a cultura e a eloqüência a humanitas, que confere ao homem a sua dignidade de homem, fazendo-o humanus e po con- politu lituss  em con traposição aos indocti et agrestes, mostra que tem presente também o valor da palavra como “benevolência, gentileza, cordialidade”. ...............................................................................................................................................

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Foi o C írculo dos Ci C ipiões que logrou ajustar, na humanitas, as asperezas asper ezasdagrauitas, da dignitas edaauctoritas do caráter romano às atitudes de urbana cortesia e amabilidade dos gregos, uma cultura que neles nel esch cheg egou ou quasea uma seg egund unda a natur naturez eza a (soci (sociedade edadeática ática do sé sécul culo o IV a.C.), tão bem expressa no conhecido verso de Menandro, cujo texto text o orig original não cons conseg eguim uimos ainda ainda locali ocaliza zar: r: “Com “Como o é amáve ávell o homem, quando quando é hom homem!” Por essepe períríodo odo da históri história a romana romana éque viveu viveu umoposi opositor dos Cipiões, piões, Marco Pórci Pórcio o Catã Catão, o, cham chamad ado o tam també bém mdeCatã atão, o, o Vel Velho ho ou Catão Maior, oreprotagonista ferrenha heleni hel eniza zant nte ee ent ntre os romanos. romanos. AtendoAda tendo-nos nos àreação iim magemao quemovimento del dele nos dá Plutarco, Plutarco, contrari contrariam amente à mititig gada ada d de e Cíce Cícero ro (D ese uma a sene nectute ctute), era um personal pe rsonaliidade dade contr contrad adiitór tóriia, moral moraliista seve severo ro para osoutr outros, os, m mas asnem sempre para si mesmo; popular na aparência, defendia na realidade a

aristocraci aristocracia aconservad conservadora; ora; deumaoratória oratóriade desp sprovi rovida dadeornatos,es estiti-lo paratático, linguagem agressiva, concreta, icástica, arguta, às vezes irônica, de quem tem os pés no mundo real; o tom grave e aforístico aparentava ap arentava asimpl simpliici cidad dade e dir direta eta efifirme rmeda lingua linguag gemarcaica. arcaica. Pareci Parecia a um senador saído dos primeiros tempos de Roma: breve, sóbrio, digno, distante das flores da retórica. Mas na habilidade com que tecia seus discurs di scursos, os, valendovalendo-se sede cit citaçõe açõess efifig guras retóricas retóricas,, vi vislumb slumbravam ravamconhecimentosseus hauridos na literatura grega. próprios que permeavam trabalhos apontavam, nãoOs raro, para aaforismos cultura grega. Uma oratória que deveria merecer a proteção de Jano, pois por uma face dispunha-se a satisfazer um auditório romano culto e refinado, mas por outra, a provocar também o consenso da plebe... Há que reconhecer, todavia, que, a par com alguns descomedimentos, o partido de Catão logrou impedir que a invasão maciça dacult cultur ura aedoscostumes costumesgregos,som somada adaàs àsmudanças mudançasinevi inevitávei táveissque aexpa expansão nsãodasconqui conquistas stas determi determinava, nava, cor corrroes oesse seasbaseséticoético-pol polííticas ticasdo estad estado o roma romano no e do regime ari aristocrát stocrátiico. Na visão de de La Penna, ...............................................................................................................................................

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não foi exatamente a cultura grega que se rejeitou, mas o ser por ela colonizado.(La Penna, 1986, p. 41-43) Catã atão, o, quedomi dominou a vida p pol olíítica tica ecultur cultural al de Rom Roma a napri pri-meira me metadedo sé século culo II I I a.C a.C.,., foi a úl últim tima te tentati ntativa va d de e ssobre obrevi vivê vênnci cia a daretór retóriica em emmolde oldess a arc rcaic aicos os.. Das in inúm úmera era máxi máxim mas que que Catão Catão lleg egou ou aos pósteros, duas merecem ecemse serr lembradasaqui aqui,, pe pella im import portânci ância a que lh lhes esderamdepoi depoiss os tratados de retórica clássica; uma é a definição do orador, deixada nos Livros ao filho Marco, onde a expressão uir bonus significa não apenas o homem honesto, noção com que foi normalmente retomada, mas representa, no pensamento de Catão, a definição canônica do aristocrata: Vir bonus d diicend cendii peritus.

Umhomemprobo, hábil no falar.

Outra máxima concerne a uma visão pragmática e, de certa forma,, de forma dessintele ntelectualiz ctualizada adadodi disscurso,um uma a“re “retór tóriica ca”ti ”tipicam picame enterroomana: Rem tene, uerba sequentur. Conheceoa ass ssunt unto; o;aspalavrasvi virão rãoporsi.

Viriam, a seguir, líderes da sempre perigosa reforma agrária, em luta contra os latifúndios e a favor da plebe depauperada, os irmãos Gracos – Tibério Semprônio Graco (162 - 133 a.C.) e Caio Semprônio Graco (153- 121 a.C a.C.) .),, dois doisdosmaior aiores esoradoresromanos, romanos, ant antes esde Crasso e A Antôni ntônio, o, seg segundo undo Cí Cíce cero. ro. ((C Cicé céron, ron, Brutus, XXV XXVII, 1 10 03-104 -104; XXXIII ,125,125-126 126)). Sua form formação ação sse eligavaaosgreg regos, os, jjá ápel pelosmestres tres,, ...............................................................................................................................................

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 jápela mãe, Corn Corné élia, lia, filha ilha de Cipiã Cipião o o A fric frica ano, dona de ref refina inada cultura e severo ideal de perfeição moral. De Caio Graco disse Cícero:  Sed e ecce ccein m mani anibus ui uirr et praesta praestanti ntissi ssim mo ingeni genio oet fflagr lagranti anti 

 s  sttudioet doctus apueroC . G ra raccchus. N oli enimputarequemquam, Brute ute,, pleni nio orema aut utube uberriorema ad ddicend endum umfui fuisse sse.. ( Cícero, Cícero, Br  Bruutus, X XXXI XXI I I , 125 125)) Masei eiss quees esttamos a ant nte e umhom homem emassim assimde pres prestan tanttíssi ssimottalent alento ocomodea ardent rdente ededicaçãoesabiam biamenteeducadodes desdeainfânci nfância, a,C Caio aioG Graco. raco.N Nem empe pense nses, pois,óBr Bruto, uto, que alguém houve mais abundante ou mais copioso para falar.

E Br Bruto uto confes confessa saa C Cíícero que dos oradores oradores,, que ospreced precederam eram, Caio Graco é um dos poucos que ele lê. Sirv Sirva a de de amostra de sua oratóri oratória um pe peque queno no texto texto e ext xtraí raído do do di discurso scurso q que ue pronunci pronunciou ou a propós propósiito do testam testamento ento deÁ talo talo II II I , que, ao morrer, em 133 a.C., havia deixado aos romanos o reino de Pérgam Pérga mo emherança; nele nele oorador serefere àcor corrupção rupção terr terríível da vida política de Roma, cuja classe dirigente havia feito da arte da palavra um meio de enriquecimento. Por não termos conseguido o orig ori ginal latino, atino, vamos val valer-nos r-nos deum uma a traduçã tradução o indubit indubitave avellmente fiel de Francesco Della Corte, que deparamos em Gentili (1977, p. 160-1): ... nãovos p peeço d diinhe nheiiro, ma mass esti estim ma ehonr honra. a. M as o oss queaqui aqui vêm, par para dissuadi dissuadir -vos deace aceiitar esta lei lei,, nãoespe sperramdevós a honr honra, a, mas o d diinhe nheiiro deN icomedes; des; e os os que vos aconse aconselham lhama ace aceiitátá-la, la, muito uito m meno enoss esses esperam a vossa consideração, senão que as recompensas e os prêmios de  Mitrida  Mitrid ates, para engord rda ar oseu patrim rimô ônio; io; eaqueles que, embora pertencendo à mesma casta social e à mesma ordem, estão silenciosos, esses são os ...............................................................................................................................................

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 p  pio iore ress detodos eatodos enganam. Vós Vós, (rom (romanos), cre renndo-os -os alheios ios aestas intrigas, vós lhes concedeis a vossa estima; os embaixadores dos dois reis, crendo que cada um se cale porque favorável à sua causa , cumulam-nos de dinhei heiro. A ssi ssim msuce sucede deu ce cerrta ve vez, z, na G Grréci cia, a, queumato atorr trági trágico sevanglo vanglo-riavadeter conse consegui guido doumtale talento ntopo porr umasóréci récitaequeD emades, oor orador  mais ais elo eloqüe qüente desua ci cida dade de,, lhe repli replicou: cou: ‘E te p par areece tã tão o extr extrao aorrdinár dináriio te ter r   ga  ganhoumtalentocoma tuapalavra ?! E u ganhei dez talentos dore reii Fe Fellip ipee,  p  po orq rquuefiq fiquuei quiet ieto.’Da mesmafo form rma a, hoje, je, esses re reccebemas re reccompensas,  p  po orq rquuesecalam...

NaCícero pass passagem do século século II I I para pa ra o Icomo a.C., a.C., dois doi orad oradores oresdo sãopassado lembralembrados por (Brutus , XXXVI, 138), ossmaiores roma rom ano: Ma Marco António A ntónio (14 (143-87 3-87 a.C.) .C.) e Lúcio Li Licínio cínio C Cra rassso (140 (140-91 a.C.), homens políticos da facção dos otimates, que, embora eloqüentíssimos ambos, divergiam a respeito do problema da maior

importância da matéria do discurso ou da técnica da elocução, para a persuasão. Será a linha da eloqüência de Crasso que Cícero retomará mais ais tarde, tarde, em seu seu sonho de ffaz azer er da or oratór atóriia um q quas uase e humanismo integral. Edmond Edm ond Courba Courbaud, ud, que foi profes professsor n na aU Uni nivers versiida dade de d de e Pa Paririss, estribando-se no testemunho de Cícero (D e orato torre e Brutus), apresenta as principais características da eloqüência de Crasso:  A pe perfeiç rfeiçã ãodaling inguagem, oencantodaform forma a, a graç raçaeobom humor. hum or. SSob obrressaí ssaía a nochi chiste. ste. SSeeu pa patéti tético cotitinha nhaforça, mas ca carrregad gado o de de d diignida gnidade de.. Seus gesto gestoss im i mpressi ssio onava navam m. A frfrase aseera br breve eve,, penetr netrante, ante, condensada: umase seqüê qüênci ncia adepe peque quenas naspr proo p  po osiçõ ições, umafle flecha semprepron rontaa partir. rtir. Se Sem mriva rivall na ré rép plica. Some-se a iss isso o gr grand andee eeleva levação çãodeespír ito, vasta cultur cultura, a, desconheci desconhecida da dos demai aiss orado oradorres deseu tem tempo po;; um gosto m mui ui-to vivo vivo p peelas ar artes tes daG réci cia, a, incur ncursõe sõess emtod todos os o oss do dom míni nios: os: história, jurisprudência, filosofia. Pode-se entender por aí o ...............................................................................................................................................

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moti otivo vo d dee Cí C ícer cero, emseus d diiálo álogos gos d do oD Deeorator oratoree, faze azerr de dele le o  p  po orta-v rta-vo oz de suas idéias. (Cicéron, D el’or l’orate ateur  ur ,., vo vol. I, I, p. p. XXI XXIIIII). ).

Marco A Antóni ntónio, o, o avô avô do triúnvir triúnviro, o, erao op opos osto to deCras rassso. N Nã ão adqui adq uiririra ra cul cultur tura a tão vas vasta ta e visa visava va ess essenci encialme alment nte e aganhar se seus us processos ces sos,, con consi siderando derando bons to todos dos osmeios eios quepara iiss sso o lhe lhe se serrviss vissem em. Semelegânci elegância, a,m mas ascor correto reto no falar, falar,preocupa preocupações çõesartí artísticas sticasnã não o o fas fas-cinavam. Sabia, porém, impressionar os seus ouvintes. Dialético, selnassem eci ecionava onava argum argumentos entos tocava avam m,astuto di disp spunhaunha-os os d de e sort orte q que ue funci funcio oaoos máximo e eraque portoc extremo em solapar oseargumentos do adversário. Modelo do orador hábil, do advogado de demandas, habiituado a todosos segredosdo ofíci hab ofício, o, incom incompa parável rável para tr triiunfar em uma causa difícil (I dem, ibidem p. XXV e XXV XXVII). dem, p.

Enfim o perí ríodo odoáureo da retórica em Roma – o século I a.C. Educar a classe dirigente no exercício do poder, mediante a ativi vida dade deda oratória, oratória, foi por cert certo o o obj objetitivo vo p prag ragm mático ático qu que e a retórica retórica teve em emRoma. oma. Todavia, Todavia, boa pa part rte e do do de dese senvol nvolvi vim mento da ati ativi vidade dade literária em Roma, assim na prosa como também na poesia, se deveu às disputas entre as teorias e estilos diversos e à própria evolução da eloqüência, de forense e política a judiciária e epidítica, esta fim em si mes esm ma nassa sallasde decl declam amações ações..A retór retóriica é, por ess essa aé época, poca, a tteori eoria a literári terária a disponí disponível vel e deveser entendi entendida como códig código de toda a atitivi vida da-deliterári terária a. A parece parece,, então, entr entre e92e80a.C a.C.,., o pri prim meiro tratado tratado latino atino de retórica que nos chegou por inteiro, Rhe heto torrica ad H erennium nnium, de certo Cornifício, até hoje não bem identificado. Servem-lhe de base as teorias de Ermágoras de Temno (meados do século II a.C) e, principalmente, ente, Ari A risstóteles tóteles.. É um manual anual de precei preceitos técnicos, iinsti nstitui tuindo ndo uma terminologia retórica latina, para tentar arrancá-la da servidão aos termos gregos. Não vai além daí a Rhe heto torrica adH erennium nnium. ...............................................................................................................................................

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Marco Túlio Cícero (106 - 43 a. C.)  é, por sem dúvida, o mais importante nome na tradição da eloqüência, da oratória e da retórica retóri ca latina. latina. Na Nasci cido do em emA rpino, rpino, de família e eqüe qüesstre tre, pa parente rente de Mário, homo nouus, foi educado em Roma no direito, na filosofia e na el eloqüênci oqüência. a. Al A li, seus seus dons, dons, sobre sobre flflores orescerem ceremà luz de bons oradores, puderam enriquecer-se no convívio de pessoas cultas como em casa de Lélia, filha de Caio Lélio, onde as conversas sobre o deviamser ser con constant stante e lem embranç brança a de idea deaiis que C ír culo dos Ci C ipiões  deviam marcaram para sempre a mente de Cícero, numa linha aristocrática de cultura cultura humaní humanísti stica ca enum sonho rrep epubl ubliicano, à be beiira da República em frangalhos. Para Pa ra El Elio io Pas Pasoli (Ge (Gentili ntili et alii  alii , 1977, p. 177-178), esse concidadão e herdeiro espiritual de Mário, até certo ponto representante das

classes mais ou menos excluídas do poder, acaba por tranformarse, com osanos, anos, emporta-voz porta-voz da clas classe sediri dirig gente.A ela sua concepção concepção do perf pe rfeit eito o orador orador, versa versado do emtodasa assdiscipl discipliinashumaní anísti sticas cas,, eo estabelecimento de uma língua oratória exemplar fornecem, consciente ou inconscientemente, o instrumento mais perfeito para o exercício do pode poderr. E Em mA lbrecht brecht (19 (1995 95,, vol. vol. I, I , p. 492 492)) lê-se: O ide deal al decult cultur ura a ciceroni eroniano anoestá o orrientado par para aele elevada vada missão do orador como do estado............. o laço compolítica a r es publi pub lica ca  expli xplica ca a guia consci consciê ênci ncia a missi ssioná onárriSó a de um C ícero e a sua lut luta ap por or uum ma causa p peerdida. dida. Q Quem uemlê o oss discursos cur sos nesta p peerspe specti ctiva va d deescob scobrrirá, emlugar das das interpr interpreetaçõees corr çõ correentes – vai vaida dade de,, ce ceguei gueir a polí política – a cr creesce scente nte co consci nsci-ência do papel do orador, que, num momento crucial para a histór históriia d do omundo undo,, empresta àrepúb públilica ca apróp próprria vo voz. z. A república blica ffala ala coma voz deC ícero cero ejunt untam amente ente co com m ela em emudece udece.

Cícero, já como teórico da retórica, já como orador, evoluiu de uma concepção assestada predominantemente à capacidade técnica, ...............................................................................................................................................

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para um ideal de cunho filosófico humanístico; de uma língua bastante aberta até ao uso do cotidiano, para uma língua cristalizada em um clas classici sicism smopuri purista sta.. ... sisicc senti sentio o neminem nemessein orator oratorum umnum numeero hab habeendum ndum,,qui  non sit omni nibus bus eeiis ar artitibus bus q quae uaesunt lilibe bero d diignaeperpo polilitus; tus; quibus ipsi i psis si in di dice cendo ndonon uti utim mur, tam tameen ap appa parret atqueexstat  utrum utrumsisim mus eearum arum rrude udes an d diidi dice cerrimus. (Cicéron, D el’or l’orate ateur, ur, I,  I,17,72 72)) A ss ssiimentendo que ni ninguém nguémdeveser ser con contado tado no nú núme mero dosoradores,amenosquesejamuitoversadonaquelasartes quesãodignas dignasdeumhomemlliivre; vre;mes mesmo mosenãoasusamos no falar, todavia aparece e fica evidente se estamos delas desproviidos ou seascon desprov conhecemos. hecemos.

Quando em 81 a.C. se estreou na oratória, numa causa de direito privado, defendendo no Pro Quinc Quinctio tio um cliente roubado pelo sóci ócio o Névi vio, o, protegi protegido de Si Silla, Cícero Cícero enfre nfrentou e venceu venceu o mais célebre advogado da época, Quinto Hortênsio Hórtalo. No ano seguinte, em seu Pr Hort ortêns ênsiio, Pro o Se Sexto xtoRoscio Am A merino, venceu denovo a H conseguindo a absolvição de Róscio, acusado de parricídio por um libe bert rto o de deSil Sila. Saúdeenfraque enfraqueci cida, da,somadaàousadiadea attacar acaru um mfavori favorito deSi Silla, empl plena enaé época pocadeproscrições proscrições, aconse consellhodosamigosviaja viajaparaaGréci Grécia a epel pela Ás Ásia.Até Até77a.C., a.C., ap aprovei roveita ta do quanto quanto lhe lheéda dado, do,pa para ra enri enrique quecercerse culturalmente. Foi-lhe sobremodo importante o relacionamento com A po pollônio Mólon, queleci ciona onava va emRodes Rodes. Em 76, é questor na Sicília. Designado edil em 70, consegue a acusação de Verres, antigo propretor da Sicília, larápio descarado que chegou a mandar aparar a barba de ouro das estátuas dos deuses na época ép oca d do o calor. As A s Verrinas estão divididas em duas partes: a A ctio ...............................................................................................................................................

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 p  prim rima a in Verre Verrem m, simples introdução de testemunhas e provas, mas tão contu contundent ndente, e, que bastou bastou para que Ver Verres de desist sistiisse sse detudo tudo e parpartisse para o exílio. Hortênsio, que seria o defensor, desiste da defesa. A A ctio secunda in Verre composta de 5 di discursos scursos que foram foramdaVerrem m é composta dos à publ publiici cidade dade,, ma mass nunca foram foram pronunci pronunciado ados. s. A Ass Verrinas s  sã ão considerad consi deradas as a obra-pr obra-priima de Cícero de dent ntro ro do g gêne ênero. ro. Pr Pre etor em66, 66, Cí Cíce cero ro pronuncia pronunciaseu pri prim meiro eiro discurso discurso pol político, tico, o  ou D e imperio C n. Po De lege Manilia ou Pom mpei , em que consegue, sobre a proposta de C. Manilio, tribuno da plebe,um comando extraordinário para Pompeu, a fim de concluir Orientepara uma difícil guerra contra Mitridates e Tigranes, com plenosno poderes resolver, a seu alvitre, paz e alianças. Teve de vencer as reservas que se faziam contra a concentração de poderes nas mãos de um só. Com muitas partes de teor epiidíti ep dítico, co, há quem quem veja veja nesse nesse discurso discurso um signifi significati cativo vo “manual anual do

caudilho” ou, a certas luzes, um quase manual do príncipe. Tudo deu certo: Pompeu ganhou o comando, Cícero ganhou a gratidão dos cavaleiros, que da feliz campanha de Pompeu obtiveram a segurança do comércio com o oriente. Com o apoio dos cavaleiros, Cícero foi eleito cônsul em 63, vencendo o aristocrata Lúcio Sérgio Catilina. Do período consular faremos referência a apenas 3 orações. D e le lege geagr gra aria consti  constitui tuiaa-se sede 4 d diiscursos scursos;; conserv conservaram aram-seo se seg gundo e o terceir terceiro o iinteg ntegral ralm mde ente epart parte e do p pririm meir eiro. o. Cí C íce cero ro ffe ez P. malograr alog rar aRulo, proposta de divisão terras apresentada pelo tribuno Servílio sob a inspiração de César. Para Cícero os propositores da lei eram pseudopopu pse udopopullaresedemagogos: pareci pareciam amatender atenderaosiint nteress eresses esdo povo povo,, masna reali realidade dadequeri queriam amdepaupe depauperar rar o erári erário. A se seu u ver, ver, a llei ei proposta proposta era antidemocrática, ao propor a criação de magistrados (decênviros) com amplos poderes , quase monárquicos. Numa ironia da retórica, o orador consegue fazer com que o próprio povo rejeite a lei agrária. Catilina fez de sua derrota caminho para a ilegalidade, atirando-se a uma conj conjur uração ação comascl clas asses ses arr arrui uinadas nadaspel pelas asguerras, as, opr opriimidasde ...............................................................................................................................................

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dívidas dívi das, e chegando chegando a va vallerer-se se até de escr cravos avos na revolução, revolução, coi coisa sa que Salústi Sal ústio, o, com como otodo todorrom omanodeb boa oace cepa pa,, jamaislhe lheperdoou. perdoou. Emnovembro de63, Cí Cícero pronunci pronunciava avano Senadoaprim primeir eira a de desuasquatro oraorações I n C atilinam tilinam, cujo exórdio ex abrupto se tornaria imortal na história da eloquência oquência hum humana ana volt voltadapara aacusa acusação: ção: Q uousquetand tandeemab abutere, utere, C ati atililina, na, patienti ntia a nostr stra a ?  quamdiu etiam furor iste tuus nos eludet ? quem ad finem  s  seeseeffre ffrennata iac iactabit audacia ?  (Cicéron, D isco 1)) iscours urs - C atilina tilinairirees, I I,, 1

A té qua quando, ndo, afi afinal, nal, ab abusa usarás rás,, ó C Cati atillina denoss nossa ap paciênaciência? ci a?Por quanto ttem empo ain ainda da esseteuffuror uror escarnecerá escarnecerá de nós?Até Atéquelliimiteseva vanglor ngloriiaráessaaudá audáci cia asemfreios?

A se seg gunda oração foi pronun pronunci ciada ada ainda ainda e em m novembro, novembro, mas diante do povo, como também diante do povo, a terceira, em 3 de dezembro, tendo ambas apenas o objetivo de historiar os acontecimentos. Cati Catillina jjá á se se a ause usent ntara ara de Rom oma, a, porém não todos os se seus us seguidores. Em 5 de dezembro, Cícero pronuncia a quarta catilinária diante di ante do Sena Senado do e Catão Catão conseg consegue acondenação condenação à mort orte e deCatil atilina e de seus conjurados. Em 62, Cícero defende num julgamento o direito do poeta A rc rchi hias as à cidad cidadani ania a romana romana,, em sua Pro Aulo A ulo Lici icinio nio A rch rchia ia or oratio, onde num discurso sumamente epidítico o orador mais defende o valor daliteratu teratura ra – humanae litterae –, a sua função e o poeta, do que a cidad cidadani ania a de devi vida da aÁ rqui rquias as,, a qua quall praticam praticamente temcomo como caus causa ag gaanha. Cí C ícero, marcado pel pelo prag pragm mati atism smo detodo romano, romano, masba bastanstante culto culto para para ver ma maiis llong onge, e, tte ent nta a jjus ustitifificar car pragm pragmaticam aticamente o valor das letras na formação do homem. Para Gianotti, 1990, p. 67-68) Cícero: ...............................................................................................................................................

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 A  Attrib ribuui à lititeera rattura e à poesia uma fu funnção subsid idiá iária ria,, in insstrurumental, integr ntegrad ada a naestrutur str utura ad da a so soci cieedade dade.. E msubstânci substância, a, a  p  pro rofis fisssãodohomemdeletras ras pre reccis isa ava, nopensamentodeC íc íceero, ro, de uma justificação social e pública.......... Se, em todo o caso, os  s  stu tud dia litte littera rarum rum f fosse ossem mculti cultivado vadosspelade delectati lectatio o sola (p  ( puro  p  pra razzer estético ico) enãoprod roduzis isssemoutrofru frutto, todaviatambém a rreecre creaçã ação o doespír ito o ouu re r elaxam laxameento p psísíqui quico seri seria a umváli válido do moti otivo vo eum uma a vá válilida dajustif ustificaçã cação. o.

Dep epoi oiss do cons consul ulado, ado, Cí Cícero com compôs pôs mais uns 34 discursos discursos,, em mos.cujo exame os limites deste trabalho não permitem nos detenhaEm 60 a.C .C.. tte emos o I Tri Triunvir unvira ato. E Em m 58, 58, uma uma lei qu que e Clódio, ini nim migo de Cíce Cícero, ro, fezap aprovar rovar,, vi visavaespecifi specificam camente a Cí Cícero, úni único co atingido pela lei. Partiu para o exílio que amargou por 18 meses.

Procônsul em 51 na Cilícia, fez um bom e honesto governo. De 49 a 48 passa pelas hesitações da guerra civil a que Farsália põe um fim com o triunfo de César e a desilusão final pela fuga de Pompeu, que seria morto orto no Egi Egito. to.Em Em Pom Pompe peu uC Cíícero puse pusera ra um dia suases espe peranças ranças republlicana pub canas. s. Pol Políítitico co sag sagaz, az, C Cés ésar tent tenta aa allici ciar ar o g grande rande orad orador or para sseus eus objetiivos. Cí objet Cícero seajusta àsituaçã situação o etolera. tolera. A Aos os15dias diasdemarço de 44 César é assassinado. Fiando-se mais de Otávio, a esperança de liberdade be Cnuíce cero contr Am ntônio, ntôni em 14 orações oraçõe –aIn – cuja vi virul rulê êsnci ncia o ossMarcum p pós ósteros teros  An  A nrdade toniu ium mlança ora rattio ion mro Phil Phcontra ilip ipp pic icaaru rum libri ibri o, XIV XI Vem consagrraramcomoapel consag apelidodeFilípicas, u um ma lem lembr brança ança dasorações orações de Demóstene ósteness contr contra aop pai ai de A Allexandre xandre.. Qua Q uando ndo osdois políti políticos cos vieram às boas, coisa usual entre políticos, Otávio não se opôs a que o centurião centuri ão He Herêni rênio o leva levassse a A Antôni ntônio o a cabe cabeça decep decepad ada a de Cícero. ComCíce cero ro morri morria a aRep Repúb úbllica ea oratóri oratória a livre. livre. Os quase 60 discursos de Cícero que chegaram até nós servem de atestar um dos maiores, para não dizer o maior orador de todos os tempos e o único que tentou expor a teoria do que mais ou menos ...............................................................................................................................................

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executou na prática de toda a vida. Cícero, quer no exílio, quer no recolhiimento a q recolh que ue o levaram levaramjá asituação tuação polí polítitica ca , já já ossofrim ofrimentos ntos norm nor mais da vida, vida, como como v.g v.g.. a morte orte dafifillha , ap aprovei roveitava tava o tem tempo pa para ra elaborar suas obras de filosofia e de retórica. No campo da retórica deixou-nos alguns tratados, alguns mais, outro out rossmenosim importantes. portantes.Pas Passe sem mosporeles elesa vôo depás pássa saro ro,, queéo que nos permite o espaço limitado deste trabalho. O D e inue inuention ntionee ou Rheto torrici lib libriri I I  , escritos aproximadamente por 86 a.C a.C.,., avizinha-se avizinha-se mui uito to do conte conteúdo daRhe heto torricaadH erenium nium; é obra da venção e ajuventude, disposição.mera enumeração e árida de técnicas para a inD e orato tore re libri I I I , vindo a público em 55, desenvolve-se em forma de diálog diálogo o entr entre eA Antôni ntônio, o, Cras Crasso so,, C Cé évola vola e César Estr Estrab abão ão..

Cícero esforça esforça sepor cons constr trui uirr aí a fig figura do p  peerfec rfectus ora rattor , que assu me as qualidades do retor e do filósofo e possui uma formação global, contrari cont rariam amente a ao o uulga formação ssó ó técnica. técnica. uulgarris orator  orator , limitado a uma formação Propondo-se solucionar a célebre disputa entre retórica e filosofia, marcadajáemSócrates SócratesePl Platão, atão,Cí Cíceroretom retoma aoprobl problem emaep propugna ropugna a necessária união de ambas no perfeito orador; censura a Sócrates, que as dividiu, rejeitando a arte da palavra... uod d no om m nis niina rreeret oegniti gni tio oena atqu tque euiitn siiiiaspexe exer tati  p  phhilo ilo..s.oqpuo hia om ins a rerum tur, ohpotitim cm coarum mmuncco nom erip ripu ien ienrtecirqu rq ueosentie ienndi  et ornate dicendi scientiam, re cohaerentes, disputa sputatitio onibussuis se sep parauit;. uit; ..... 661. 1. H incdiscidiumilludextiti xtitit  t  quasisi linguae qua linguaeatq atque ue co corrdis, ab absur surdum dumsaneet iinuti nutile le eet t  reprend prendeendum, ut ali aliii nos nos sap sapeere, alii alii dicer eree doc doceerent. (Cicéron, D el’or l’orate ateur  ur , III III,, XV XVI,I, 60-61 -61) ...já que todo o conhecimento das mais elevadas noções e toda a prática em relação a elas se chamava filosofia, foi ele quetirou tirou es esse senomecomumeseparou, comssua uadi dialét alétiica,a ...............................................................................................................................................

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ciência ciência do bempensa pensarr e a do fal falar ar com e ellegânci egância, a, na reali reali-dade dad e entrel entreliigada adas. s. ... ....61. .61. Daí surg surgiiu aque aquella com como o se sepa pararação da língua e do coração, sem dúvida absurda, inútil e condenável, de sorte que uns nos ensinem a viver bem e outros, a bem falar.

O D eorato torre concede aos dotes naturais nítido primado sobre o aprendizado técnico e ao conteúdo, o primado sobre a forma. Para avaliarmos do entusiasmo extremo, profundo e sincero de Cícero pela oratóriia, é iim oratór mpresci prescindí ndível vel a leit leitura ura da sseg eguint uinte ep pas assa sag gem:  3  344. Qu Quii enimcantusmoderat rataorat ration ionedulcior ior in inuueniri potest?  quod ca carrmen ar artitififici ciosa osauer uerbor borumconclusi conclusio one a apti ptius ? qui acto actor r  imitand tanda aq quam uamorator susci suscipi piend nda a ueritateiucundior ? Qui Q uid d aute autem m

 s  suubtiliu iliuss quamcre reb bra raeeacutaequesententiae iae? quid admirab irabililiu iuss quam ressplend splendore ore inlustr nlustratauerbor uerborum um? qui quiss pleni plenius us qua quam momni gene generre rerumcum cumulata ulata o orrati atio? o? N Neequeulla nonpropri propria ao orrato atorris re res est, est, qua quaeequidem ornatedici gr graui auiterquede debe bet.t. I X. 35 35.. H uius uius eest st iinn d dan ando doconsi consiliodemaxumis re rebus bus cumdigni nitate tate explicata sententia; eiusdem et languentis populi incitatio et effrenati  mod odeerati atio; o; ead adeem facultate eett fr fraus ho hom minum a ad d perni nici cieem eett integr i ntegriitas ad   s  sa alutemuocatur. Quis cohortari rtari ad uirtu irtuttemarde rdentiu iuss, quis a uitiis acrius rius reuoca uocarre, quis ui uitupe tuperrar areeimprobos asp aspeerius, quis cupi cupidi ditate atem mue uehe hem mentius ntius  fra  fran ngerre acrcousteasti ndsote pm otpo esrt?um qu, isluxmueri aerore rotatis, rem mlui eutaare itius c,om nsagi olasntrtra daouitae ? 36. 36., H isto stor ia ue stis tem um, ueritatis, uita mem mitiu orisae uitae, nuntia uetustati uetustatis, qu qua a uo uoce cealia ni nisisi orato atorris im immortalitati  commendatur ?  (Cicéron, D  Deel’o l’orrateur  ateur , II,  II , VI VIIIII,, 33 33-36 -36) Quecantomaisdocepodeencon ncontr trarar-se sequeumdiscurso discursobem cadenciado nciado?Quepoesiamaisharmoni harmoniosa osa,queofifinal nal bemtr bemtraba abalhadodeumafrase?Queator,si sim mples plesimitadordaverdade, será maisagradáveldo queumorador,quelliidacomaprópri própria averdade?O queémaisdelicadoqueumaseqüênc qüênciiadepensament entos os ...............................................................................................................................................

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engenhosos?O que,ma engenhosos maiisadmirável queuma ass ssunt unto oor ornanamentado pe pello bri brillho daspalavr palavras as?O que, mais a abundant bundante e do que um discurso repleno de todo o gênero de conhecimentos ? Não existe qualquer matéria que deva trazer na linguagem de sua expressão elegância e nobreza, que não seja própria do orador. IX. 35. É pr própri óprio o de delle, qua quando ndo sedeli delibe bera ra ssobre obre p probl roblem emas de extrema gravidade, o conselho marcado pela dignidade; cabe-lhe o despertar de um povo elanguescido; cabelhe a pa paci cifificaçã cação o de umpovo a am moti otinado. nado. Pel Pela am mes esm ma elo elo-qüência qüênci a é o cri crim me chamado à de destrui struição ção oua probi probidade dade,, à salvação. Quem pode exortar mais vivamente à virtude; quem, afastar com mais força do vício; quem, mais asperamente repreenderos desonestos, quemcommais elegância louvar os íntegros, quem pode quebrar a ambição mais duramente pela censura, quem, aliviar com mais suavidade a

dor, consol consolando ?A históri história, a, tes testem temunha unha dosséculos culos,, luz l uz da verdade, a vida da lembrança, a mestra da vida, mensageira do passado, porque voz senão pela do oradorse torna imortal ?

a. C. aproxi aproxim madam adamente, “é umaretóPartiti Par titio one ness o orrator toriae, de 54 a. ririca caelementar elementar com compl pleta eta”, ”, diz dizBarthes Barthes,, “uma “umaespéci pécie edecatecismo catecismoque tem a vantagem de dar, em sua extensão, a classificação retórica. Um pequeno com perguntas respostas, formamoralista de diálogodos entre Cíceromanual pai e Cícero filho. É oemais seco, sob o menos tratados do autor (e, por consguinte, o que prefiro).” (Barthes, 1975, p. 158)  veiio a lume ume em em 46 a.C .C.... Diálogo ogo entr entre e Cíce cero, ro, Á tico tico e Brutus ve Bruto, Br uto, é uma históri história a daeloqüência eloqüência romana romana,, ccom omalgum algumas asreferênci referências as ini nici ciais ais àgreg rega aemqueseinspira. nspira. Para Bi Bickel ckel (1092, 1092, p.66) é uma umaobra de importância portância úni única, ca, jjá á por sse er uma uma históri história a da oratória, oratória, o g gê ênero mais peculiar da prosa romana, já por ter como autor a pessoa em quem essa arte chegou à perfeição. Em que pese a idealização de um período ...............................................................................................................................................

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da repúbl repúbliica, apósa el eliminação dosGracos, com o pode poderr danobilitas, e o elogio da fa  facctio senatorial como Quinto Hortênsio Hórtalo e Marco  Jún  Jú nio Bruto, o cesaric icid ida a, a quem o diálo iálog go é dedica icado, e tal é a opinião de Paolo Fedeli (Fedeli, 1986, p. 146), em que pese isso tudo, est estamosqueéumtrabal abalho deextr extrem emo val valor, or,ass assiim p pel ela a ép época oca emque foi escri crito, to, como comope pellacap capacidade acidadedoautor autor noas assu sunt nto, o, autor querematou com chave de ouro a história da oratória livre entre os romanos. O Orator , também de 46 a.C., é ainda uma proposta do pe  perfe rfecctus orator , tomando como modelo o aristocrata ideal, o uir bo bonus nus dice dicendi  ndi  Pol olem emizacomos ne neoo-áti áticos cos de quemCés ésar ar era umrepres epresenen p  peeritus ritus. P tante ililus ustr tre e. E Expõe xpõea sua suadoutrina doutrina do dosstrês trêsestil tilose do do ritmo ritmooratóri oratório. Volta Vol ta à cargacomrespe espeiito à necess necessiidadeda form formaçã ação o ge geral ral,, da cul cultutura humanística para o orator excellens. Um orador completo deve

conhecer a dialética, a literatura, quer em prosa, quer em poesia; as ci ciê ências nciasnaturais, a astronom astronomiia, a rel religião ão,, a a antr ntropo opollog ogiia, a ssoci ociol oloogia, o direito, a história universal. (Gianotti, 1990, p. 58-59) provavelmente etam també bém mde46a a.C .C.,., é D eopti ptim mogener genereor orato atorrum, provavelment uma introdução de que Cícero precede a tradução que fez, non ut  inter nterpres, se sed d ut or orator  ator , dos discursos de Demóstenes e de Ésquines para o processo processo da coroa. A s traduçõe traduçõess não não chegaram chegaramaté nós. O Oss 7 capí capítutulos e 23 parágrafos que restaram expendem a preceito os critérios de Císcursos ceropara uma um boatr trad adução, ução, ai ainda nda que,confes nãoforçandoter trad traduzido uzido os di discursos com oa ttradut radutor, or, m mas ascom como oorador orador ouse sejjse a,“es “esfor çando-se sepa para ra mantero nível níveles estitillísti stico, co, a form forma a da dassfras frase eseasfifig gurasre retór tóriicas, não as as palavras, que substituiu para conformar as escolhas lexicais ao uso da contemporâ contem porânea nea língua ngua culta culta latina.” atina.” (Gianotti, anotti, 1 199 990, 0, p. p. 57). 57). Nesse pequeno estudo sobre a tradução, feito há tantos séculos, reside indubitavelmente o grande interesse dessa obra para nós. a.C.. Não vai além alémdeumpeque pequeno no ttrat ratado ado sobre sobre Topica é de44 a.C os loci communes oratórios, que o orador pode empregar consoante as ci circ rcunstânci unstâncias as.. N Não ãoétr traduçã adução o deA ristótel ristóteles es,, m mas asumdig digesto esto daque...............................................................................................................................................

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les tópicos, elaborado de memória por Cícero, durante os 8 dias que levou num barco, em viagem para a Grécia. Como contribuição ao melhor entendimento do significado de Cícero para a retórica clássica, cremos importante dar aqui a visão que Roland Barthes tem das características que distinguem a retórica ciceroniana: edo o do “s “siistema”; Cí Cícero deve deve tudo aA ristótel ristóteles es, ma mass  O med odesi desintele ntelectuali ctualiza. • A nacional nacionaliização ação da retórica, retórica, a rom romaniza anização ção.. conluio o mí mítitico co do em empiri pirismo profi profisssiona onall e d da a vocaçã vocação oà • O conlui grandecultur cultura. a. A cultur cultura a sse e tornará o g grande rande o ornam rnamento ento da política.

esstitillo: a retór retóriica ci ciceroni ceroniana ana anuncia um • A assunção do e desenvolvimento da elocutio. (Barthes, 1975, p. 155-159) Comamort orte edeCíce cero, ro, exti xting ngui uiuu-ssetambé bém maque aquelleidea ideall oratóri oratório o que supunha upunha oespaço deal alg gum uma a lliiberdade, dim diminut nuta aq que ue fosse. Na seg segunda metade metade do perí período odo de A Aug ugusto, usto, o aticismo foi suplantado pel pelo asianismo e a oratória tornou-se divertimento de salão, com co m asdeclamationes. O fim da liberdade política dava seus primeiros frutos sobre o cadáver de Cícero. À sdeclamationes, marcadasnorma normallmentepelos pelostextos textosemprosa, compareciam não apenas alunos de retórica, mas público mais numeroso que exi exig gia, por vez vezes es, o espa espaço ço ma maiior dos teatr teatros. os. Havia H avia as que que valiam por conferências. A srecitationes, habitualmente de poemas, alcançavam também grande a audi uditór tóriio, que, vezpor out outra, ra, cheg chegavaà b beir eira a da da histeri histeria; a; m mas as,, outras outr asvezes vezes, ao fasti fastio. o. ...............................................................................................................................................

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Naép época oca dosFlávios, ávios, comacr criiaçã ação o doprim primeiro eiro ca cargo rgo deprofes professor pago pelo estado, especialmente para Marcos Fábio Quintiliano (40 a 96 p.C.), renasce o gosto pelo ciceronianismo, pelo classicismo, pella restauração pe restauração dosvelhos velhosiide deais. ais. Masa lilibe berdade rdadep perdi erdida da,, quemarca depessi pessimi mism smo os A ácito, nãopermit permitiiu aesse  Annnales easHistoriae deT ácito, renasci renas cim mento mais que que a tr tranqüi anqüillidadedasteori teorias as ou a técni técnica ca dos di disscursosjudici udiciári ários os ou a ass flores floresda dass orações orações ep epiidíti díticas cas. A lguma uma chachama, se se houve, foi muito uito fugaz... fugaz... Propugnador da formação do orador desde o berço, mas num âmbito estreito e porsua extremo especializado – oda decultura oradorromana – Quintiliano, não obstante importância na história antiga, pois é o maior expoente da retórica clássica, depois de Cícero, não logrou o renascimento que sua capacidade merecia e seu sonho

esperava. esperava. A verdadeir verdadeira el eloqüênci oqüência a jam jamai aiss medrou sob a espada espada de Dâmocles do poder absoluto. Os 12 livros da I ns nstitut titutiioO rato torria, a obra mais compl completa eta sobre sobre retóri retórica na ant antiiqui quidad dade, e, com como o sistemati sistematiza zação, ção, na realidade são o trabalho primoroso de um bom professor de retórica, excelente clas classsificad ficador or.. A Allémdis disso, Q Qui uinti ntilliano tevedepag pagar tributo tributo à proteção do poder oficial de um só, como professor a expensas do estado. Por suagrande iinf nflluência uência na é época poca epos posteri teriorme orment nte, e, há quem quem o acuse acusedeter cont contriribuí buído do àdeca decadênci dência a da dassletras letraslatinas atinas..É uma uma ass asserção de Edmond Courbaud, em seu estudo preliminar à tradução do D e oratore:  A ed educação de toda a juv juventude, de depois de Quin Quinttilia ilianno até os dias sombrios das invasões bárbaras, foi feita exclusivamente  p  peela ret retórica rica; etoda a literat ratura fic fico ou marca rcada por ummesmo cunhooratóri oratório o, ou seja, fifico couu vi vici ciad ada a de demane aneiira uniformepela declamação epela ênf ênfase. ase.   (Cicéron, De l’orateur, livreI, p. XV XVII) ...............................................................................................................................................

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A pena penassum, um, o his historia toriador Públi Públio o Corné Cornéllio T Tá áci cito, to, cuj cuja aob obra ra histó tórrica éuma uma longa longa peregr peregrinação da e espe sperrança deT áci ácitto embusca da liberdade perdida, apenas ele tentou, embora num trabalho menor, revocar das cinzas o espírito da verdadeira eloqüência ciceroniana; só ele conseguiu protestar contra as tendências de seu século, no Dialogus rania a do p pode oderr queimpõesil silê ênci ncio o ao fórume força os de oratoribus: a titirani oradores a uma arte sem compromisso; o abandono dos estudos gerais, em favor do hábito de preparar a criança para a eloqüência, desde o berço... O grande sonho ciceroniano da defesa da cultura global e do bom senso, que resultariam no bom gosto, ficara no D e orato atorre, cujos ideais nem o próprio Cícero alcançou realizar de plano na prática, quanto mais os pósteros.

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FIGURAS DE RETÓRICA E ARGUMENTAÇÃO

ELISA GUIMARÃES*

O título da exposição a ser apresentada oferece, em primeiro plano, pl ano, abertura tura pa parra uma rec recap apiitul tulaç ação ão do concei conceito de Re Retór tóriica ea ele atrelado o de argumentação. É na Retórica de Ar A ristótel stótele es queseas asse sent ntam amos prim primeiros da dados dos cuja cuj a ar artiticul culaç ação ão pass passa a defifini nirr a Retór Retóriica como “a faculdade dede desc scoo1 br briir esp spe ecul culati ativam vame ent nte e sobr obre e todo dado o pe perrsuasivo”. suasivo”.

Para os antigos, o objeto da retórica era, antes de tudo, a arte de falar em p públ úbliico defor efer feria-s a-se e, poi poiss, ao uso uso da lílíngua ngua forma mapersuasiva; rre falada, do discurso, diante de uma multidão reunida na praça pública, como fim fimdeobt obte er suaadesã são o à teseapresent ntada ada.. A ssim, o obj obje etivo tivo da arte retórica – a adesão dos ouvintes – é o mesmo que o de qualquer proce pr ocess ssoargum argument ntati ativo. vo. A argum argume ent ntaçã ação o já jáera, poi pois, s, obj obje eto de estudo desdea anti ntigüidade üidade greco-rom co-romana ana.. Poster Posteriorm orment nte edesa desacreditada creditada,, por porque quelimitadaàclas classifi sifi-cação figuras de estilo,com a retórica ressurge, no atrelada nova-o mentede à argumentação o aparecimento daentanto, Pragmática, quando discur di scurso so e, conse conseqüente qüentemente aargum argume ent ntaçã ação, o, pas passa sarrama ocupar um um lugar de de destaque staque nas pesqui squisa sass sobr obre ea lilin nguagem. A ssi ssim, mode moderrnam name ent nte e, a obr obra a de C . Pe Perelman, autor autor bel belg ga, diligencia reabilitar uma teoria da argumentação que reencontre a tradição aristotélica.2 ...................................................

(* (*)) ProfessoraDoutoradaÁrea Á reade deFilologia FilologiaeLí Líng ngua uaPortugue PortuguesadoDepartam DepartamentodeLe Letras Cláss lássicaseV ernáculas rnáculas, FFLC FFLCH/ USP. (1 (1)) ARISTÓTELE ARISTÓTELES S. Art  A rtee Ret Retórica ricaeA rte rtePo Poéética ica. Trad rad.. deA ntônio PintodeCarvalho. rvalho. Rio, Ediouro, Cap. II, p. 33 33. (2) (2 ) PE PERELMA RELMAN, N, Ch. e OLBRECHT OLBRECHT S - TY TECA , L. T rata atado do dela ar argume gumentación. La ............................................................................................................................................... N ue ueva vaRetó tórrica ca..  T rad. española spañola de deJulia ulia1 Sevil Se Muñoz. M adri adrid, d, Ed. Gredos Gredos, 197 1973. 4villa 5 la Muñoz.

 

............................................................................................................................................... GU GUIM IMA A RÃ RÃES ES,, Elis Elisa a. F  Fiiguras gurasd deeRetó RetórricaeA rgum gumeenta ntaçã ção o.

V ista por Pe Perelman com como o o emprego prego de técni técnica cass discursi discursivas vasvivisando a provocar ou a incrementar a adesão dos espíritos às teses apresentadas ao se seu assent ntiimento to,, a ar argume gumentaçã ntação o caracteri caracteriza za-se -secomo um atodepersuas persuasão.

O autor recolhe, assim, elementos que lhe permitem definir a linguagem não como um meio de comunicação apenas, mas também como um instrumento de ação sobre os espíritos, isto é, um meio de persuasão. Parte o autor belga de uma formulação que conserva os elementos básicosda retórica retóricatr tradici adicional onal:: umatécni técnica ca discursiva quecom comprepreenda um estrato lingüístico e as circunstâncias que possibilitam defender uma tese para a qual se busca a adesão de um público. Daí a posi posiçã ção o por elede defendi fendida da deque nã não oh há á dis discurso neutro, neutro,

objetitivo, obje vo, impa parci rcial. al. É iissto que levaPe Perrelman a afirm afirmar quea lingua lingua-gem não é apenas um meio de comunicação, mas também um instrumento de ação sobre os espíritos, isto é, uma estratégia sempre conducente ao atodepersuadi dirr. A essasponderações ponderações lilig ga-s a-se eain ainda da a te tese sede defendi fendida da por Ducrot ucrot3: a ar argum ume ent ntati ativi vidade dadenão consti constitui tui apenas al algo acresce acrescent ntado ado ao uso lingüísti ngüístico, co, ma mas, pel pelo co contr ntrá ário, rio, e esstá inscri inscrita ta naprópri própria a líng ngua ua.. Ou seja: o uso da linguagem é inerentemente argumentativo. Na argumentatividade, identificada com a idéia de uma argumentação intrínseca à Língua, repousa o postulado básico da Semânmânti tica cadaEnun nunci cia ação. C once oncebe be-se -seasemântica ticaargumentativ tativa a como uma dasverte verten-

tes da pragmática enquanto estudo das relações entre os interlocutores numa situação de discurso. Desenvolvida a partir das propostas de A ustin ustin (1962 (1962)) e Be Benv nve eni nisste (196 (1966), 6), con considera: sidera: ...................................................

(3) DUCROT, DUCROT, O. Pr Prova ovarr edizer . Trad. bras. G Global lobal Universitária, U niversitária, SãoPaulo, 198 1981. ...............................................................................................................................................

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1) a noção de linguagem enquanto fo forrma de ação dotada de intencionalidade;

2) a concepção de argumentação enquanto ativ ativiidadesubj ubjace acentea todoequalque qualquer usodalliinguagem.

For orm ma deação ess essenci ncialme alment nte edialó dialóg gica, instr instrum ume ento nto deinte nteração social, a linguagem propõe-se a atuar sobre o comportamento do outro, tro, levando os fa fallant nte es apar partitillhar seus seus juí juízos zos. Baseada na quepois define perspectiva dialógi dialógica ca,, a sse emrelação ântica ântica ar alocutor-alocutário, rgume ument ntati ativa va abarca, abarca, poi s, o jogo jaogo derelaçõess inters çõe intersubj ubje eti tivas vastr trava avado do entr entre e inte interlocutores rl ocutoresno uso uso da lliingua ngua-gem.

V ol oltando tando àsproposta propostass deDucrot: para para o autor arg argum ume entar ntar signisignifica fica aprese apresent ntar ar A em favor da cconcl onclusã usão o C – apre aprese sentar ntar A como como dedevendo ve ndo le levar o des destitinatá natári rio o a conclui concluirr C. Se todos os enunciados apontam para determinadas conclusões, somos levados a aceitar a idéia de que não há um discurso neutro, ingê ngênuo; nuo; há sem sempre, subjace subjacent nte e, um uma a iide deol ologia. ogia. Reconhec conhece eDucrot, ucrot, ao lado dos conteúdos conteúdos in infor form mativos, ativos, a e exi xisstência de outros conteúdos que se apresentam como relações entre conteúdos, como a relação “ser argumentoservirá para”, fazendo intervir operações argumentativas, cuja interpretação de fundamento aos fatosdis discursivos. O componentelingüístico, dessa forma, passa a incorporar o que Ducrot considera como componenteretóri introduz oduziindo-s ndo-se e retórico co, intr na pragmática, vinculada à descrição lingüística, numa retórica integrada, manifestada pela relação entre enunciados – a relação formal, como dissemos, “ser argumento para”. Sintetiza-se, assim, a idéia ou a teoria fundamental de Ducrot: o valor argumentativo de uma frase não é somente uma conseqüência ...............................................................................................................................................

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dasinfor nform maç açõe õess por ele traz traziidas, das, masa fr fras ase ep pode ode compor comportar tar dive diverrsas sas expressões ou termos que, além de seu conteúdo informativo, servem para dar umaori enunciado, ciado, par para conduzir conduzir orie entaçãoargumentati ntativa va ao enun 4 o des destitinatári natário o em emtal ou qual di dirreçã ção. o. A ssim, é iim mpor portant tante e obse observar a natur nature ezagramatica aticall dos chamados operador como o jáque, mas, atémesmo – o qu que e operadores esargumentati tativos vos– com põe em evidência um valor retórico ou argumentativo da própria gramática. Se, inscritas na própria Língua, existem relações retóricas e argumentativas, compreensível o postulado “a argumentação está na LLííngua”etorna-se aa ass sse erção segund gundo o a qual “o ato d de eargum ar gume entar éo 5 ato lingüístico fundamental”.  Com omo o tal, tal, éresponsável pelaestrutu struturração de todo e qualquer discurso; portanto, subjacente a todos os elementos 6

da textualidade textualidade. V emos, os, pois, a importância importância da Retór Retóriica re resssurgir, urgir, não m ma aisccom omo o uma um a ssiimple ples class classiifificaç cação ão de fig figur uras asde estil stilo, masvista vista com como o um proprocess ce sso argument ntati ativo vo que que, emgraus vari variados, ados, es está tá subj subjace acente ntea todo todossos discursos.  Tem  Te mos, port rta anto, hoje, argumentaçãoeretór tóriicacomotermos quasesinôn nôniimos postulando-se a presença de ambas, em grau maior ou menor, em todo e qualquer tipo de discurso. Desse ssefato, pode-se pode-seconcl conclui uirr que autil utilizaçã zação o argum argume entati ntativa va da Língua não lhe é sobreposta; antes, está inscrita na própria Língua, é prevista previ sta em em ssua ua or org gani aniza zaçã ção o int inte erna. É possível inferir-se ainda dessas reflexões o fato de não haver propriamente distinção entre as noções de lingüístico ede retórico. ...................................................

(4) DUCROT, DUCROT, O. op. cit . (5) DUCROT, DUCROT, O. op. cit . (6) En Entenda tenda-seporte textualidad xtualidade eoconjunto conjuntodeproprie propriedade dadesqueuma umamanifes manifestaçã taçãodallin ing guagem humana deve possuir para ser um texto, ou seja, conectividade, intencionalidade, ac ace eitab itabililidade idade, sit situa uacionali cionalida dade de, inte intertextuali rtextualida dade de, inform informatividade(ver BEAU BEA UGRA NDE, DE, R. de. T ext, D iscour iscourse and and Pr Pro oce cess, ss, 80, p. 19-20) ...............................................................................................................................................

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O que há são níveis distintos de significação. Exi xisstemos me mecani canism smos retóri retóricos p prresent nte es ao ao ní nível vel lingüí ngüísstico tico fundame fundam enta ntal, inscri nscritos tos na própri própria a ssiigni nififica caçã ção o dos enunci enunciad ados os;; existem os mecanismos retóricos que se manifestam em outros níveis que não são propriamente lingüísticos, mas que constituem manobra como aironia, asátira, ainsinuação. discursiva, tal como Enquanto a Gramática põe em relevo a técnica interna do sistemalilingüísti ngüístico, co, for força çando ndo asfor form masaent entrrarn nos osqua quadr dros osdospar paradigmas, aRetó tórricacatalog cataloga asvári várias aspossibi billidadesdepôr emmovi ovim mento nto aquela funci fun cional onaliiadade para obter uma uma e expr xpre essão ssão tão esua fica cazfuncionalidade z quant quanto o possí possíve vel l; enquanto Gramática considera o sistema naefi ob jettiv  je iva a, ist isto é, nosseusvalo lore resmorfo rfoló lóg gic ico os, le lex xic ica aisesint intático icos, a Retóriica cconsidera tór onsidera a face facesubje ubjetitiva va do ato lilingüístico, ngüístico, queé afe feiiçã ção o da 7

libe berrdadeno âmbi bito to daquel daquelesistema. Essa fei feição deliber berdadede queseimpreg pregna na a R Re etór tóriica concreti concreti-za-se no fato de as palavras – matéria e instrumento da argumentação – não ence encerr rrare arem m, contudo, uma uma ssiigni nififica caçã ção o estr estriita, univoca univocam mente nte defifini de nida. da. C omp ompor ortam, tam, tomada tomadassemsi mesmasou iint nte egrada adassno con con-texto de umdis discurso, uma uma plas plastitici cidade dade, uma uma plur plurali alidade dadede sisignifi nifica ca-ção capazes de comunicar intenções diferentes e algumas vezes opostas.. Ligadas, tas adas, pois, pois, à sua sua sisignifi nifica caçã ção, o, pode podem mpe pesa sarr ascar carga gasafetivas afetivas– o que expl expliica umce cerrto constrang constrangiiment nto o im imposto ao hom home em na tarefa deargument ntar. ar. Não é, por conseguinte, o fato das divergências de pontos de vista vi sta a úni única ca raz razão ão dos tr trope opeços ços lig ligadosao proces processo so a arrgum ume entati ntativo. vo. A ssim, sinto sintoni niza zadas dasasno noçõe çõessderetó tórricaedeargum argume entaçã ntação o que, confor conf orm medemonstr onstraram aramasconsi consideraçõe deraçõessapr apre esent ntadas adasatéaqui qui,, estãoinintrinsecamente ligadas, voltemos à fonte aristotélica que, ao longo do tempo, ve vem minspir nspirando, ent ntrrein inúm úme erasoutr outras, essaquestão. ...................................................

(7 (7)) PA GLIANO, GLIA NO, A ntonino ino.  A vid vida adosina inal: ensaios ios sobrealíngu língua a eoutro ross símb ímbolos los.  Tra  Trad d. e pref.f. deA ní pre níba ball Pinto Pinto deC astro. Lisboa, isboa, Fund. Calous C alouste teGulbenki ulbenkian, an, 196 1967. ...............................................................................................................................................

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Recap capiitul tule emos, po poiis, as conh conhe eci cidas das operações ess essenciais nciais da art arte e retórica retóri ca,, ou seja,  –: ativi atividade dadequeconsiste na busca busca Inventio – inveni nvenirrequi uid ddicas –: daquilo daquil o que se sequer quer dize dizer. operação ação qu que e col coloca oca e em m ordem Dispositio – inventadispone ponerre –: oper a matéri atéria aser apr apres esentada. entada. Elo ocut cutio – ornãr nãreverbis – : exercício de burilamento da forma de dizer. El Actio – agere et pronuntiãre –: representação do discurso por meio

de gestos e imposição da dicção. Memori ria a– memor oriiaemandar mandaree –: recurso à memória para domí-

nio dos conteúdos mentais. Enquadradassna elocutio, asfifiguras Enquadrada guras deretór tórica de dese sempenh penham am papel de relevância no processo argumentativo – atividade estruturante do discurso. Dá-se, pois, mais amplitude à expressão figu  figura rass de ret retóric rica a e à importânci portância a do seu seu papel papel como como fator depersuasão. Esquecida essa função argumentativa das figuras, seu estudo redundaria, por certo, num entretenimento vão, ou na simples busca de nom no mesestr stranh anhos os p para ara gi girosrebuscados. buscados. Exercem, si sim m, asfifiguras gurasuma função válida e construtiva, como instrumento não apenas estético mas principalmente discursivo. C onside onsiderra-se a-se afifig gur ura a um uma a for form ma esp espe eci cial al de fa fallar. Desdea Ant A ntiigüidade güidade,, reconhe conhece ceu-se u-sea exi existê stênci ncia a dece cerrtos tos modos de expressão que fogem ao comum e cujo estudo se incluiu nos tr trata atados dos deretóri tórica ca:: daí o nom nome e fig  figuura rass deret retóric rica a. ...............................................................................................................................................

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Faz parte da essência das chamadas fig  figuura rass deret retóric rica a uma estrutura discernível, independente do conteúdo , isto é, uma forma eum emprego que se distancia da forma normal de expressar-se e que, por conseguinte, atrai a atenção do leitor ou do ouvinte. Desde muito cedo, o termo fig  figuura vem sendo marcado por dois aspectos: 1) oefeito feitodeconcr concre etude queprovocano lle eitor ou ouvinte ouvinte;; 2) o distanciamento em relação a outra forma de linguagem, considerada própria e estritamente dentro dos padrões gramaticais.

A s fig figur uras asderetór tóriica ilustram ustramo titipo po delingua nguag gemque não se se afirma em oposição à linguagem comum, mas identifica-se como uma sobreposição de linguagens. Nesseprocesso, o pl plano anodaexpres expressão eo pl pla anodoconteúdo não são anulados, mas trespassados pelo acréscimo de significados. O pressuposto de que há duas maneiras básicas e equivalentes de dizer as coisas – uma própria e outra figurada – levou a análise retóri tórica auma uma vi sentiido fig figurado, pois e esste vis sãoparadi paradig gmáti tica ca do sent resultaria da substituição de dois significantes entre si, no caso das fig figuras uras.. O proble probl ema dasopç opções õesexpr expres essi sivas vas e  era ra ponto iim mportante parra a re pa retór tóriica edi dizia zia re respe speito a umpri princí ncípi pio o mai mais g ge eral compree compreendindido no conceito aptum ou, na form forma g grrega,  pre prep pon, isto é, a virtude de harmonizar as partes de um todo, conferindo-lhes unidade. Por esse princípio, as várias formas de linguagem deviam estar de acordo com as diferentes situações em que são empregadas: pessoa, lugar, gênero literári terário, o, etc. etc. Daí a ne nece cess ssiidade de seter à di dispos sposiição um léxico xico ampl am plo o e dif dife erenciado nciado pa parra a atende tenderr aos múl últi tipl plos os contextos. ...............................................................................................................................................

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A mpa parradospe pella longa exper xperiênci ncia a retór retóriica, ssabiam abiamos anti antig gos que o uso do léxico era determinado pela prática social política e literária. O fa  fato torr sse emântic tico o acaba, então, por incorporar os princípios ordenadores daquelas práticas: éticos, com base em um quadro de valores explícitos ou

implícitos; argumentativos, que determinavam a seleção das formas

expre expr ess ssiivas por seu pode poder de persuasão; suasão;

conformeos padr padrõe õess a arrtís tísticos ticosvig vigenestético-literários, conform tes. À luz da se seleção das for formas expr xpre ess ssiivas sse egundo seu pode poder de 8 perrsuas pe uasão, ão, A Arristót tóte eles  descreve a figura como processo produtor de surpre surpr esa sa,, emquea expectati xpectativa va do rece receptor élograda. A produção produção de duplo sentido não é descartada pela retórica antiga. O artifício, enquanto tal, deve passar despercebido, não seu efei feito sobre o lle eitor ou ouvin ouvinte te.. Daí todo o jogo deocultam ocultame ento nto e sugestões que se ia buscar nas figuras para, em tríplice estratégia, prenderr o inte de interl rloc ocutor: utor: por uma uma emoção susci suscitada tada – movere; por um conheciimento tr nhec tra ansmititido do – docere; por umpraze prazer ofer oferecido – delectare.  Tratta-sedeposiç  Tra içõ ões quenão contra traria riam m a metaalve lvejad jada pelo emprego das figuras de retórica, ou seja, a pr produç odução ãodeefeito persuasivo.

Embasados nas considerações até aqui levadas a efeito, passamos a um estudo da significação argumentativa das figuras de retórica, sem ...................................................

(8) (8) A RIS RISTÓTELES, TÓTELES, op. cit . ...............................................................................................................................................

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a intenção, no entanto, de um exame exaustivo de todas as figuras tradicionais. É de Perelman a pertinente classificação das fig  figuura rass de ret retóric rica a em: 1) fi fig gur uras asdecaracteri caracteriza zação; 2) fi fig guras urasdepr pres esença; 9

 fig gur uras asdecomun unhão hão 3) fi

Esses termos – esclarece o autor – “não designam gêneros dos quais cer certas fifig guras urastr tradici adicionai onaiss seriamasespé spécie cies. Sig Signifi ni fica cam m

apenas que o efeito ou um dos efeitos de certas figuras é, dentro da apresentação dos dados, o de impor ou sugerir sugeri r uma uma car car acter cter i za za-ção, o de aumentar a presença ou de realizar a comunhão com o auditório”.10 V eja-s a-se eo exempl plo o se seg guint uinte e: O que é um exército? É um corpo animado de uma infinidade de paixõesdi diferent ferente es queum homem hábi hábill faz mover par para a adefe defesa sada pátr pátriia; éumatropadehomensarmadosqueseguemcegamenteasordensde um chefecujas cujasint nte enções desconh sconhe ece cem m; é um uma am mul ultitidão dão de e espír spíriitos emsuamai aior oriiaabjeto abjetossemerce cenár náriios,o ossquai quais, s,sempensaremsuapr próópria pri areputa reputaçã ção, o, tr traba abalhampeladosreisecconqui onquisstadores; éumconj conjunt unto o 11 confuso confus odelilibe bert rtin inos os.. ...................................................

  (9) PERELMA PERELMA N, Ch. op. cit .,., p. 274, 274, e seg seg. § 42. 42. (1 (10 0) PERELM PERELMA A N, Ch. I dem, iibi bidem em. (11 (11) BARON, BARON , A. D e la Rhétor Rhétoriqueou de de la com compositi sitio on oratoire oratoir e et litérair li térairee, 4ª ed., Bruxelles Liège, Librairie ibrairi es Polytechniques de de Decq Decq.. 197 1979, p. 61- A pud pud PEREL PERELM M A N, C h. op. cit ..,, p. 276. ...............................................................................................................................................

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O texto revela não a simples intenção de definir a palavra exértativos vos cacito, mas, antes, seu conteúdo encerra elementosargumentati pazes de desembocar numa conclusão que torna indiscutível a idéia de que comandar um exército significa grande dificuldade. A s figuras figuras chama chamadas dasde pre  pressença despertam o sentimento da pre  pre- s  seença do obje jetto do dis isccurso rso na mente tanto de quem o profere quanto daquele que o lê ou ouve. Entre as figuras que intensificam o sentimento de presença do objeto do discurso, vinculam-se as mais simples à repetição. Farto arto exem exempl plári ário o do uso da repe repetitiçã ção o encont encontrramos em emO s Ser Serntónio Vie V ieira ira.. mões do Pe A ntónio A restr triiçã ção o vocabul vocabular, ar, sob a form forma derepetiçã tição, o, éhabil habilm mente nte trabalhada pelo autor que consegue transformá-la num recurso não só

alt altam ament nte eesti stillísti stico co como també também ma arrgume umentati ntativo. vo. Pareceque, que, segur uro o do efeit feito o poéti poético co que sepode extr xtrair da repedella se uti utilliza com prodig prodigalida alidade de,, tição destramente manejada, V ieira de tornando-a uma das marcas de seu discurso, obtendo com ela fórmulas de grande musical usicaliidadeevocativa, vocativa, ao lado lado de re reiiterações deinconfun nconfun-dível peso argumentativo. C orr orrem, assim, assim, fre freqüe qüent nte es e ririca cam mente nte div dive ersifi sifica cados dos os e exe xem mplos de uso da repetição na obra do autor barroco, como se podem observar observ ar nassse egui guin ntespassa passage gens: O pri prim meiro rem reméd édiio éo te tem mpo. po. Tudo cur  cura a otemp tempo, o, tudo faz esquecer, tudo  ga  gasta, tudo digere, tudo acaba.12

A inda no mesmo Se  Serm rmã ãoda Quin Quintta D oming inga da Quare Quaressma: ...................................................

(12)VIEIRA, Pe. A  Antón ntóniio. “Sermão da Quinta uinta Dominga da Quaresm uaresma”. a”. In: Os Sermões. Seleção Seleçãocomensaio crítico crítico deJamil A lmansur mansur Haddad, SãoPaulo, Ed. Melh M elhor oram amentos, s/d, s/ d, p. 265. 265. ...............................................................................................................................................

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T udo a acaba cabaa morte , , tudoseacaba coma mort morte e ,  , atéamesmamorte.

Na figura denominada climax  –  – variante da anadiplose – a repetição efetua-se em função de um encadeamento gradual das idéias. É ainda ainda em emV ieira quecol colhem hemos os o exempl plo: o: N a ci cida dade de nasce o luxo , do do luxo nasce a avareza , da da avareza rom  rompe pe a 13

audác aud ácii a , a aud audácia ácia ger  gera a todo todoss os cr criimes e maldades.

Observ bserve-se e-seapassag passagem em:

Que faz o lavrador na terra, cortando-a com o arado, cavando, regando, mondando, mo ndando, seme semeando? ando? B usca pão pão. Quefaz osoldad soldado ona ca cam mpanha, panha, car carrre ga  gadodeferro ferro,, vigia igianndo, peleja janndo, derra rram mandoosangue? B usca pã pão o. Que  faz  faz onavegantenomar, iç iça ando, amaina inando, lutandocomas ondas ecomo vento? B usca pão pão. 14

No texto, a ordenação dos gerúndios em ritmo silábico ascendente, a similicadência dos verbos que têm, além disso, o mesmo número de sílabas, reforça extraordinariamente a expressividade do padr drão ãorítmico e enume numerati ativo. vo. O proce process sso re reiiterati terativo vo emBusca pão pão funciona como núcleo e tema central da repetição. A expre xpress ssão ão repe repeti tida da ace acent ntua ua o car caráter áter estrófi strófico co do e esque sque-leto rítmico – expressional da frase; chama para ele a atenção do leitor em quem desperta a sensação da pr pr esença esença do obj objeto etodo discu discurr repeti tiçã ção o homofôni homofônica ca pre press s  so o, também pela força da homofonia. A repe ...................................................

(13 (13) V IEIRA, IEIRA , Pe. Antó  A ntónio. nio. O p. cit . p. 267 267 (14 (14) V IEIRA, IEIRA , Pe. Antó  A ntónio. nio. O p. cit . p. 269 269 ...............................................................................................................................................

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ta-se à utilização do processo com vistas à chamada harmonia imitativa. Efetivando-se em níveis diversos e sob variadas formas – tais como a anáfora, o p  po olis isssín índ deto, a s  sin ino oním ímia ia, a acumulação, a amplificação, a repetição abarca todo um jogo lingüístico e retórico que a consagra como fator de ajustamento, de precisão do sentido. Lembra ainda o autor Perelman15 que as figuras de repetição levam a um efeito argumentativo mais complexo do que o de ressaltar a prese presença do obje objeto do di disscurso. A ssim, pe pello pr proce ocessso da reit reite eração, podem sugerir, principalmente, , ouma que ocor ocorr re,essas por efiguras xem xempl plo, o, em e expr xpre ess ssõe ões s do ttiipo: “Um “U madistinções  criança é tomand ndo-se o-se a aqui qui o mesm mesmo te termo par para a si signifi nificar car a pes pessoa soa eo criança”, toma compor com portam tame ent nto, o, ou a cois coisa esuas suas propr propriiedades. dades. Ou ai ainda nda a e expr xpre es-

são são “U “Um m p mpre um pai ”– ”– o segundo termo funcionando como  pa ai é sempre umsubstanti ubstantivo vo adjeti adjetivado vado eilustr ustrando ando o conce conceiito de s  silileepseora rattória, ria, ou sej seja, u um m processo processo que exibe xibe umdos termos em em sse enti ntido pr própr ópriio e outro em sentido figurado. Os efei feitos tosargumentati umentativos vos visa  visados dos pe pello di disc scur urso so não sede desstitinamapenas apenasadespertar pertar asensa sação çãod de e pre ambém  pressençadoobje jetto.  T êmtambém em mira oferecer um conj conjunt unto o de de ca carractere acteres rreeferentes entes à comunhão com como auditório. U ma da dass iidé déiiassobre asquai quaiss insiste insiste Pe Perrelman é ade que, que, efetifetivamente, em função de um auditório é que se desenvolve qualquer argumentação. É do autor a proposta de classificação desse tipo de figura – exemplificado nas formas, entre outras, de alusão, citação, apóstrofe e enálage. Pela alusão, cri cria-s a-se e ou confi confirrma-se a-sea comunhão unhão como audit auditór óriio por força de referências a uma cultura, a uma tradição, a um passado comuns entre o emissor do discurso e o ouvinte ou leitor. ...................................................

cit . p. 268eseg. (15 (15) PERELMA PERELMA N, C h. op. cit  ...............................................................................................................................................

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A ess sse es dados de cul cultu turra se seacres acresce cent nta a ge geral alme mente nte, ao llado ado da car carga ar argume ument ntati ativa, va, o dado deum uma a afe afetitivi vidade dadepa parrticul ticular. ar. Instrum nstrume ent nto o int inte ertextual ca capaz pazde desempe penh nhar ar vári várias asfun funçõe çõess, segundo sua colocação na linearidade do texto, a citação visa a corroborar bor ar o quesedi dizzcomo peso deum uma aautoridade autoridade. C onstitui onstitui,, por portanto, tanto, uma manifestação deliberada, por parte de quem cita, de uma relação de dependência para com o texto citado.  Tex  Te xto-enxert rto o, a cit ita ação enraíz raíza a-se no seu nov novo meio, io, artic rticu ulando-o com outros contextos – e, assim, efetivando o trabalho de

assimilação que, ao lado da tarefa de transformação, propõe-se como essência da intertextualidade. A uti utilliza zaçã ção o da citaç citaçã ão é umca casso típico típico de argumentação através do raciocínio por autoridade.  Ou se seja, o emissor do di disc scur urso, so, ao apoiar

seus argumentos na fala e nos argumentos de alguém de reconhecida autoridade, obtém maior for afirrmações.  força çaargumentati ntativa va emsuasafi Pelo recurso da apóstrofe, o emissor do discurso não pretende informar-se nem tampouco assegurar-se uma aprovação. A nt nte es, conve converte ssua ua intervenção intervenção numaesp spé éci cie edeinte nterpe pellaçã ação, o, num pedido de atenção por parte do receptor sobre a situação em que se encontra, como se pode observar no exemplo que segue: H omematre atrevido vido( di dizz SSão ãoPaulo) aulo),, hom homemtemerár áriio, quemés tu par para aq que ue te  p  po onhas aalterca rcar comDeu Deus?  16

A substitui ubstituiçã ção o deumpro pronome nomepes pessoa soall por outr outro – tal tal com como o ocorre na figura denominada enálage – resulta, simultaneamente, numa fig fi gur ura adepresenç nça a enuma numafi fig gur ura adecomun comunh hão.  A ssim, o s subs ubstituir tituir azcom queo rre ece ceptor ptor sesin sinta ta parti partici cipante pante da me mensaeu ou ele por tu f faz gemdo disc discur urso. so. O mesmo ocorr ocorrecoma substi ubstitui tuição ção deeu ou tu por nós, como no exemplo: ...................................................

(16 (16) V IEIRA, IEIRA , Pe. Ant  A ntóni ónio. o. “Sermão para para as asarmas armasdePor Portugal”. tugal”. Op. cit ..,, p. 404 404 ...............................................................................................................................................

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............................................................................................................................................... GU GUIM IMA A RÃ RÃES ES,, Elis Elisa a. F  Fiiguras gurasd deeRetó RetórricaeA rgum gumeenta ntaçã ção o.

 Será bem que nos d  Será deemos nnó ós a ass batalh talha as, p pa ara que nosso ssos inim inimigo igoss logrem as vitórias? 17

Salient Salie nte e-seain ainda, da, entre entre a ass fi  fig gur uras asdecomun comunh hão, o uso retórico da p  pre resssuposiç içã ão.  Tratta-sedeproc  Tra rocesso queconsist isteemapresentar como jásendo do conhe conheci cim ment nto o públi público ou como como ffaz aze endo pa parrte do sa sabe berr par partil tilhado entre o locutor e o receptor a mensagem que se quer transmitir. Exemplo de pressuposição temos na seguinte passagem, ainda de V ie ieira: ira: O r a, senho senhorr es, jjá áq que ue som somos os cri cristãos, já q que ue sab sabem emos os q que ue hhavem avemos os d dee morrer, e que somos imortais, saibamos usar da morte, e da imortali-

dade.  18

Em síntese: na sua função cumulativa de fi fig gur ura aargumentativ ntativa a e defi fig gur ura adeestil tilo, aschamadas chamadasfi fig gur ura asdecomunhã comunhão ten  tendem dema obte obter do auditór auditóriio um uma a pa parrtitici cipa paçã ção o ativa ativa na expos xposiiçã ção. o. O mesm smo o sepode dize dizerr dos s  sl   logans r  re etom tomados em coro, que im impr pre ession onam amquemescuta eque quem m pa parrtici ticipa. pa. Do exposto decorrem as seguintes conclusões: 1) a progressão do discurso efetiva-se nas articulações da argumentação; 2) por conseg conseguint uinte e, conside considerra-se a-se a a arrgume umentaçã ntação o um iim mportanportante elemento coesivo do discurso; ...................................................

(17 (17) V IEIRA, Pe. A  Antóni ntónio. o. “Sermão rmão do Santí Santísssimo simo Sacram Sacramento”. O p. cit ..,, p. 302 302 (18 (18) V IEIRA, Pe. A  Antóni ntónio. o. “Sermão rmão daQuarta-feir uarta-feira adeC inza inza”. O p. cit ..,, p. 217 217.. ...............................................................................................................................................

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............................................................................................................................................... Retór tóriicas d deeO ntemedeH oje

3) argumentação e retórica associam-se no processo de convencimento e de persuasão; 4) pode-se pode-serelac aciionar os efeit efeitos os do papel dasfig figuras urasde retór retóriica com os fator fatores ge gerai aiss depersuasão; persuasão; 5) a análise das figuras está, portanto, subordinada a uma análise pré pr évi via a da argume argument ntaçã ação. o.

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............................................................................................................................................... GU GUIM IMA A RÃ RÃES ES,, Elis Elisa a. F  Fiiguras gurasd deeRetó RetórricaeA rgum gumeenta ntaçã ção o.

V IEIR IEIRA A , Pe. A ntó ntónio. nio. O s SSeermões. Sele Seleçã ção o comensa nsaiio crí crítitico co deJamil A lmans ansur ur Had adda dad, d, São Pau Paulo, lo, Ed. Melhoram lhoramentos, ss// d. V OGT, C. A . Linguagem, Pragmática eI deologia. Ca C ampinas, Ed. Hucite ucitecc, FU FUNC NCA A MP, 1980.

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PRAGMÁTICA  LINGÜÍSTICA: DELIMITAÇÕES E OBJETIVOS HELENA  HATHSUE  N AGAMINE  BRANDÃO *

C omece cem mos comumasériedeint nte errogações ogações: quando quando um umfat fato o de linguagem constitui um fato pragmático? Qual o escopo de uma disciplina pli na científi científica ca que se de denomin nomina a Pr Prag agm máti ática ca?? A liás, ás, a Pragm Pragmáti ática ca é uma um a discipl discipliina autônomaou é pa parrte deum uma a ciência lliingüística ngüística?? Devi vido do à ambi big güi üidade dadedo tte ermo, cuj cujo o sent ntiido na na lingua linguag gem ccor or--

rente está geralmente relacionado a fatos concretos, adaptados à reali dade ou a atos e efeitos reais, sob o rótulo geral de pragmática têm sido desenvol nvolvi vidos dos estudos studossobre sobreasma maiisdifer difere ent nte esquestões questões,, n nas asmais aisdifediferent nte esárea áreassdo conhecime conheciment nto. o. No campo dos e estudo studossda lliinguage nguagem, a Pr Prag agm mática, ática, qu que etêmsid sido o definida ora como o estudo da linguagem em uso, ora como o estudo da linguagem em contexto, ora como o estudo da relação do usuário da lilinguagem coma lliinguag nguagem, di dizz respe respeiito, sobretudo, à di dim mensão discursiva da linguagem. Blanchet (1995, p. 9), por ex., apresenta as seguintes definições de Pragmática, todas elas colocando essa dimensão: • um conj conjunto unto d dee pe pesquisas squisas lógicológico-lilingüí ngüísti sticas cas ((....) o estudo do uso da linguagem, que trata da adaptação das expressões simbólicas aos conte textos xtos rreeferencial, sisituac tuaciional, nal, aci acional nal e interpe interpesso ssoal al ( E ncyclo ncyclop pedia Universalis); •  o estudo da utili uti lização zação da linguagem li nguagem no di discur scurso so e marcas arcas eespe specí cí- ficass que na líng  fica língua ua ate test sta am sua sua vo voca caçã ção o disc iscursiva ursiva (A . M M.. Dille Dillerr e F. Récanati) ; ; ................................................... (*) Pr Prof ofes essora sora Doutora da Área de Filol ologia ogia e Lí Língua ngua Portuguesa do Departa Departam mento ento de ............................................................................................................................................... 161 Letras Clássicas e Vernáculas, FFLCH/USP.

 

............................................................................................................................................... BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Pragm  Pr agmátitica caLingüístitica ca:: D elilim mitaçõ tações eObje bjetitivo vos.s.

•  o est estudo udo da liling nguagem uagem co como mo fenômeno a ao om mesm esmo o tem tempo po discu discurr sisivo, vo, comunicativo e social (F. Jaques)  ;; •  A  A Prag Pragmática ica é esta sub-d -dis isccip iplin lina a lin inggüís ísttic ica a que se ocupa mais partic rticuularmente do emprego da linguagem na comunicação (L. Sfez).

Pragmática e Retórica  Já sedis isssequea Prag ragmática ica éa Retóric ricadosantigo igos. Osantigo igos retóricos já refletiam sobre as relações existentes entre a linguagem, a lógica (sobr (sobre etudo argument ntati ativa) va) eos e efeit feitos os do di disc scur urso so ssobr obre eo audi audi-tóriio. Para A tór Ari risstótele tóteless havi havia a o discurso discurso dialéti dialético co eo dis discurs curso o re retór tóriico.

O prim primeiro sede desti stinava nava ao homem homem a abstr bstrato, ato, reduzid duzido o ao e estado stado de suj uje eito quepart partiilha o código código lilingü ngüíístico tico do in inte terl rlocutor” ocutor” eo segundo tinha como alvo o homem real, dotado da faculdade de julgamento, de paixões e de hábitos culturais. Se emPlatão Platão a Retór Retóriica impli implicava cavauma uma refle reflexão é étitica ca dealcance unive uni verrsa sall, emA ristót tóte eleselaerauminstr nstrum ume ento nto práti prático co demanipul anipulaação pelo discurso. Nesse sentido, uma das tarefas essenciais da Retórica era justame justament nte einve invent ntor oriiaros topoi, isto é, os pontos de vista pelos quais umassunto podeser tr trata atado. do. Esteinventári inventário o pe permit rmitiiria a ao o locutor locutor ante ante-cipar os movimentos do alocutário (objeções, dúvidas, resistências) e convencê-lo pelo seu discurso sem se contradizer. Portant Por tanto, o, des desde osanti antig gos já senot notava ava,, atravé atravéss daRetór tóriica – o estudo da força persuasiva do discurso, preocupação com questões relativas à eficácia do discurso e aos contextos em que era produzido. Esta preocupação esteve sempre, embora implicitamente, presente na história da reflexão européia sobre a linguagem que, pode-se dizer, está fundada fun dada na di diss ssoci ociaç ação ão entr ntre o llógico ógico e o retór retóriico (M (Main aing guenea ueneau, u, 1990): ...............................................................................................................................................

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– o lógico, centrado na problemática da linguagem enquanto representação, se coloca a questão das condições do enunciado verdadei verdadeiro atravé através daanáli análisseda proposição; proposição; – o re retóri tórico, apaná apanág gio dos ssofi ofisstas edos retores retores,, de deiixa delado a questão da verdade para apreender a linguagem como discurso produtor de efeitos, como poder de intervenção no real, como ação, atividade. A o longo longo dahi histór stóriia, e ent ntrretant tanto, o, es essa sassduaspe perrspe spectivas ctivas,, n não ão caminharam forma estanque, uma interferindo namas outra;muitas isto é, para ser maisde preciso, os estudosmas privilegiaram o lógico, veze vez esacabar acabaram ampor tere teremqueapont apontar ar aspe aspecto ctossprag pragm máticos áticosqu que eemergiam aqui e ali. Havia uma percepção dos elementos pragmáticos, mas

estes eram tidos como secundários, pois o núcleo da preocupação estava centrado no conteúdo proposicional de enunciado e suas condições de verdade. A própri própria gramática, ao lon long go da sua hi hisstór tóriia, não deixou de levar em consi conside derraç ação ão um gr grande núm núme ero de fenôm fenôme enos hoj hoje ea atr triibuí buí-dos ao ao cam campo da Pr Prag agm mática. ática. O estudo do modo, do do tempo, tempo, das dasforformas do discurso relatado, por exemplo, só podiam ser feitos, levandose em cont conta a a ati ativi vidade dade enunci nunciati ativa. va. M as a preocupa preocupação ção ess esse enci ncialalmente morfossintática da tradição gramatical jogava para a periferia o caráte carát er pr prag agmá mátitico co des desse sesfenôm fenômeno nos. s. U Um melement nto o como “fel “feliizm zme ente”em em “Fel “Feliizme zment nte evocêchegou”era era tr tratado atado ape apenas nascomo um “advér“advérbio bi o de frase” enão enquant enquanto o element nto o por portador tador deum va vallor inte nterac aciional entre interlocutores.

O obj obje eto da Pragm Pragmática tica A Pr Prag agmáti ática catempor o obj bje etitivo vo não o estudo estudo da estrutu struturragram gramaatical em si, como elemento auto-suficiente, ou melhor, como sistema. ...............................................................................................................................................

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Ela visa, ao contrário, à utilização da linguagem, sua apropriação por um enunciador que se dirige a um alocutário em um contexto determinado. El Ela ae esstá pre preocupada ocupada com alingua nguag gem enquanto nquanto açã ação, o, ativi atividade dade humana e as as relaçõe relações de interl interlocução ocução aí estabe stabelleci cidas das.. C omo umcam campo po de e estudo studoss quevisa visaa apr apre eende nder a lílíngua e ennquanto fato, acontecimento, realização concreta, a Pragmática desliza parra o llad pa ado o de uma lingüísti lingüística cada fal fala. A propós propósiito, seria ria int inte eress ressantetra trazer a ccontr ontriibui buiçã ção o deElue Eluerd rd (1985). Elegendo como critério classificatório o fato de se considerar ou não as situações ordinárias da comunicação, esse autor distingue três tipos de análises lingüísticas: 1) aquelas que repousam na distinção saussuriana entre língua (códig (códi go iint nte eriori orizado) zado) e fa falla (util (utilizaçã zação o des desssecódi códig go e em m ccada adaato par-

titicular cular decomuni comunica caçã ção). o). A lingüísti ngüística capropr propriiamente ntedita dita te tem mpor ob jetto a líng  je língua queésocia iall ein ind dependentedo ind indivíd ivídu uo, enfocando-a na sua relação com o elemento psíquico; a fala, considerada secundária, diz respeito à parte individual da linguagem, incluindo-se aí a fonação, fonaçã o, tr trata atando-se ndo-sedeumestudo psicofí psicofíssico. P Para ara fundar uma lilinngüística científica, elegem como objeto a língua e excluem a fala; ao excluírem a fala, procedem a três tipos de exclusão: – nas a exclusão na fala;dos sujeitos falantes ordinários, que têm lugar ape– a exclusão do contexto ordinário mundano, que intervém no momento da fala; – a exclusão dos usos ordinários da linguagem, a qual engloba e completa as duas precedentes (p. 9); 2) aquelas que, opondo-se às anteriores, recusam “o postulado do dis dispos posiititivo vo lílíngua/ ngua/ fal fala a eseinte nterrog ogam amsobr obre ea emergênci ncia a do plano da língua línguana epel pelacomun comuniicaç cação ão mesma”. a”. Pr Procur ocuram amabordar abordar alingua...............................................................................................................................................

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gem nos se seus usos usos ordinári ordi nários os,, vendo vendo o bi binômio nômio lí língua ngua// fala com como o uma um a rel relaçã ação o di dialéti alética ca enão exclud exclude ent nte e. Paral Parale elame amente nte, assim assim pro proce ce-dend de ndo, o, nessa nessass análi análise sess ditas ditas prag pragm máti áticas cas,, consti constitu tue em el elementos ntos e esssenciais: o papel dos falantes, do contexto e dos usos ordinários da linguagem. 3) O autor aponta ainda um terceiro tipo de análises lingüísticas: aquelas que “se situam na fronteira mal definida em que a língua se torna fala e perscrutam os procedimentos desta passagem para a enunciação, com a ajuda de traços que ela deixa no enunciado”. São as análises lingüísticas ditas do discurso e da enunciação.

A de dellimitação tação daPrag Pragm mática ática

A del delimitação da Pr Prag agm máti ática ca como como um domín domíniio e esp spe ecífi cífico co do estudo da linguagem é atribuída não a um lingüista, mas a um filósofo esemioti oticista cista am americano, cano, C harle harlesM orri orriss, di disscípul cípulo o dePe Peiirce rce.. M or orrris come começa sua obra (Fundamentos da teoria dos signos, 1938 19 38), ), afir afirmando que o home homem m de destaca staca-se -se e ent ntrre os ani anim mais ais que fazem uso de signos por possuir um sistema de sinais complexo e elaborado. A pe pessar dos m mui uitos tos es estudos, para M Mor orri riss fa falltava um estudo unificador abrangesse resultados obtidos diferentes diferentesdos pontos pontsinais os deque vi vista sta em em queostodos si sinai naissos for foram amenf nfocados ocados. . Ele El edos sse e propõe, então, à tarefa unificadora de esboçar uma teoria dos signos. U tili tilizza o te term rmo o s  seemio iossepara designar qualquer processo em que algo funciona funci ona com como o sinal sinal par para a allguém uém, isto é, em quealgo si signifi nifica ca a allguma coisa para alguém. A Semi Semiót ótiica seria o estudo daspr propr opriiedade dadessess sse enciai nciaissedos titi-pos fundamentais de s  seemio iossis. Em qualquer semiose, há três elementos envolvidos: o próprio sinal, aquilo que ele designa e a pessoa para quem elefuncio funciona na como como ssiinal. nal. A relaç ação ão semiótica óticabás básiicaé, por portant tanto, o, uma uma ...............................................................................................................................................

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relação triádica entre um s  sin ina al (ou signo), uma designação e um ininteoria se semióti ótica ca compl comple eta devedar con conta ta des dessa sa relatérprete. U ma teoria ção triádica em toda sua generalidade e variações possíveis. U ma teori teoria a lingüí ngüísti stica, ca, como como um ram amo o espe speci cial al dess dessa a teori teoria a semiót ótiica mai maiss a abr brange angent nte e, de deve ve de desc scrrever ver e expli xplicar as p prropri opriedade dadess da relação relação ttrriádica queenvol nvolve ve:: o oss ssiinai naiss lingüí lingüíssticos ticos,, suasde dessignaçõe naçõess e seus intérpretes. Explicitando uma idéia que já havia sido sugerida por Peirce, metodol todolog ogiica cam ment nte e, M orri orriss pr propõe subdi ubdivi vidi dirr o e esstudo da rre elação ação triádica básica em três sub-disciplinas: – Sintaxe – que apreenderia a dimensão sintática da semiose,

estudando a relação formal dos signos entre si (relação signo/ signo); – Semânt ântiica– queapreend nde eriaadim dimensãosemânt ântiicadasse emiose, estudando a relação dos signos com os objetos que eles designam(rel (relaç ação ão sisigno/ mundo ou obj obje eto rre efe ferirido); do); – Pragmática – que apreenderia a dimensão pragmática da semiose, estudando a relação dos signos com os intérpretes ou usuári us uários os(relação (relação signo/ us usuári uário). o). Essas três sub-disciplinas tratam de aspectos distintos dos mesmos fatosse semióticos. óticos.Mas Mas, o pe pensa nsam mento nto deMorr orrisnão seapre apressenta nta uní unívoco, voco, cada disciplina constituindo um domínio estanque em relação ao outro. Na ver verdade, dade, Mor M orrrisparece parecehesi hesitar entr ntrea idé déiia dequeo componente componente pragmático atravessa o componente semântico (tendo, nesse caso, os signos, ao mesmo tempo, uma dimensão pragmática e uma dimensão semânt ântiica)eaidé idéiadequeocomponente componentepragmático áticoseocupassome omente nte de um conjunto de fenômenos residuais de ordem psico-sociológica deixados de lado pela sintaxe e pela semântica. ...............................................................................................................................................

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A liás, ás, es essa saquestão questão – como como o com component ponente epr prag agm mático ático fazparte parte da es estrutur trutura a lliingüística ngüística – explica explica aexi xistê stênci ncia a deduaspos posiiçõe çõess dentr ntro da Pragmática lingüística. De um lado, têm-se os minimalistas para quem a pragmática seria um componente entre outros da lingüística, figurando ao lado da sintaxe e da semântica. De outro lado, os maximalistas, aqueles que consideram o componente pragmático como permeando todo o conjunto do espaço lingüístico; para estes não existe nenhum fenômeno lingüístico que lhe possa escapar. O componente pragmático não é algo que se acrescenta do exterior a um enunci nunciado, ado, a uma uma estr estrut utur ura a gr gramati amatical cal umavezque a linguag li nguage em sse e constitui de enunciações singulares, únicas que produzem um certo efeito no interior de um certo contexto verbal ou não verbal.

Essa divergência que domina o campo da pragmática e impossi bilita aos estudiosos traçar-lhe um espaço mais delimitado é agravada ainda pel pelo fato dea Pragm Pragmáti ática ca não não serestr triingir aosestudos lilingüísti ngüísti-cos: filósofos, sociólogos, historiadores, psicólogos que trabalham com a questão do sentido e da comunicação são todos atingidos por preocupaçõe cupaç õess pragm pragmáti áticas cas. V ê-se -se,, assim, assim, a Pr Prag agmáti ática ca ultr ultrapa apass ssar os lliimites do disc discur urso so par para tor tornar nar-se -seum uma a teori teoria a ge geral da açã ação o hum humana. ana.

Sentido semântico e sentido pragmático Entre aqueles que distinguem a Semântica da Pragmática, estão osquediferenci diferenciam amumasemânt ântiica repres represe ent ntacio acional nal deum uma a semânti ântica pr prag agm máti ática. ca. A pr priimeira estuda estuda ascondi condições ções deve verrdadede uma uma fr fras ase e, isto é, busc busca aa apree preender nder se seu u sent sentiido a partir partir da noção dever verdade. A ssim, conhecer o sentido de uma frase é conhecer as condições que devem deve m ser pr pre eenchi nchidaspara queseja verd verdade adeiira. Um U ma fr fras ase ecomo ““A A terra terr a éredonda” donda” só éverdadei verdadeira seo cont conte eúdo aí rre epr pre esentado ntado coin coin-cide com a realidade. ...............................................................................................................................................

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A Pr Prag agmáti ática ca,, por tr tratar atar do us uso o que ossujeit sujeitos os falant falante es fa faze zem da linguagem, atravé atravésdemarcaslingüí lingüísti sticas casesp spe ecí cífifica cas, s,vai vai seocupar tamtambém do sentido, uma vez que o sentido de certas formas lingüísticas remeteàsua suauti utilliza zaçã ção, o, isto é, de desscreveopr própr ópriioato desuaenun enunci ciaç ação: ão: por ex., os dêiticos de pessoa, tempo, lugar; a ordem das palavras; o tempo tem po e o modo modo verbal etc. A ssim, a e enun nunci ciaç ação, ão, como diz diz Réca Récanati nati (1979 (19 79,, p. 7) étam també bém m port portadora adora de sse enti ntido: “o senti ntido n não ão está está ssó ó no no que é dito, mas também no próprio ato de dizer algo num determinado contexto”. Para ele ainda, “um enunciado não só representa um certo estado de coisas, mas também exprime os pensamentos e os sentimentos do locutor, e ele suscita ou evoca no ouvinte sentimentos. Esta parte

do sentido de um enunciado que tem relação com os interlocutores – o que queo e enu nunci nciado ado exprim exprimeou o queel eleevoca – podeser cham chamada ada sse eu oposição ção ao se seu u cont conte eúdo rre epr pre esent sentati ativo vo ou  s  seentid ido o pra raggmátic ico o em oposi  s  seentid ido o semântic ico o” (p. 7). Esse autor coloca o paralelo que os adeptos de uma semântica clássica, representacional têm estabelecido para distinguir um sentido semântico de um sentido pragmático. Para eles, o sentido semântitico co éo sent ntiido ver verda dade deiiro, autê autênt ntiico, es esssencial, ncial, poi poiss se sendo des descri crititi-vo, designati nativo repr pre esent nta a um estado de coi coisa sass eatende às às condi condiçõe çõess de verdade. O sentido pragmático, ao contrário, sendo subjetivo, emotivo, variável de acordo com o contexto, é inessencial; é considerado secund secundári ário, o, apenas apenas um el elemento nto q que ue mati matiza za a fr fras ase e, uma ve vezz que não exerce função nenhuma na determinação da verdade ou falsidade das frases. Se o objeto da Semântica é a frase-tipo, isto é, a frase fora do conte cont exto, abstr traída aída do uso, uso, enquanto nquanto ent entiidadeabstr abstrata ata comvalide validezz unive uni verrsal, o obje objeto da Prag Pragm mática ática éa fras frase e-ocorr -ocorrê ência, ncia, ou mel melhor hor,, o enunciado inscrito no acontecimento singular que é cada ato de enunciação, portanto, entidade concreta e fluida. ...............................................................................................................................................

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Na Semântica, o signo é símbolo, isto é, é associado ao que ele signifi nifica ca ou rep repres rese ent nta a por convenção; convenção; portanto, portanto, a ssiignifi nifica caçã ção o da fr fraase é convencional. Na Pragmática o signo é índex, isto é, é associado existencialmente ao objeto que ele representa, tratando-se de uma associaçã ociação o de fato, cir circuns cunstancial tancial e não não por convenção; convenção; porta portanto, nto, o sentido é indexical. A Se Sem mânti ântica ca (j(juntam untame ent nte e com a Si Sint ntaxe axe)) e estuda studa a lingua ngua-gem enquanto constituída por um sistema de regras ou convenções; daí, a sua proximidade com a lógica e sua inclusão no chamado “núcleo duro” da lingüística ngüística.. A Pr Prag agm mática, por sua vez vez, estuda a linguagem de um ponto de vista por assim dizer exterior: ela não se centra no estudo da linguagem em si, mas, sobretudo, no uso que

se faz dela. Por estudar o comportamento empírico dos sujeitos falantes, ela dá margem a abordagens psicológicas, sociológicas ou etnometodológicas.

A s dife diferente ntes Pragm Pragmática áticass C ent ntrada rada na relação relação signo-usuár signo-usuário, o pape papel dos suj suje eitos falant falante es écrucial crucial para a Prag Pragm mática. A nalis nalisando hi histor toriica cam mente nteo pe percur rcursso da Pragmática sob o foco desse papel, Guimarães (1983) vê duas direções que determinaram o surgimento das diversas pragmáticas conforme o usuárrio se usuá sejja le levado emcont conta: a: – apenas como elemento secundário para determinar a relação da lilinguag nguage em como mundo, dandodando-se seain ainda da re relevo à ques questão tão da referência ou – enquant enquanto o el element nto o cada cada vez vez mai aiss pr proem oemiinent nente e na sua relação com a linguagem. ...............................................................................................................................................

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1. Numa primeira fase, o usuário é considerado apenas para atestar a relação da linguagem com o mundo. Isto é, esta Pragmática estáaind ainda asubor subordi dinada nada ao ao pro probl ble emada referênci ferência, a, compr compromissa omissada da ainda com a questão do valor de verdade das proposições, do valor da lingua linguag gem enquant nquanto o represe presentaçã ntação o de mundo. undo. E Está, stá, portant portanto, o, ainda presa à semântica representacional. Fazem parte dessa tendência: a) aprag pragm máti ática cadeM orr orris: o usuár usuário éconsiderado com como o int inté érprete do signo e não na sua relação com outro usuário, numa instância interlocutiva. Isto é, não há preocupação com a relaç ação ão usuári usuário-usuá o-usuárrio, mascoma relação relação usuá usuárrio-mundo;

b) a pragmática indicial de Bar-Hillel (1954) que se preocupa, fundamentalmente, em determinar como o contexto é necess ce ssári ário o ou contr contriibui pa parra aesp spe eci cififica caçã ção o do val valor or dever verdade das sentenças que são chamadas de sentenças indiciais. Em sentenças como “Este carro é amarelo”, saber o lugar em que se disse essa frase é importante para se determinar se a propriedade “amarelo” é verdadeira ou falsa; igualmente, em “Eu via jo hoje je”” sa saber quem diss isse a sentença e quando o diss isse são fatore fator es de determin terminantes antespara se sede deci cidi dirr sobre o va vallor dever verdadeda proposição. 2. Num N uma a fase fase p poste osterrior da Pr Prag agmática ática,, o usuári usuário o pas passa saa sse er considerado na sua rel relaç ação ão coma lilingua nguag gem, incor ncorporando porando-se -se, gradati adativavament nte e, a relação relação locutor locutor-al -alocutár ocutáriio. T Te em-se, -se, então, a Prag Pragm mática ática da Int nte erlocução que sse e desenv nvol olve ve e em m trê três di dirreçõe ções: s: 2.1 A pragm pragmática conversa conversacion ciona al deGrice rice:: n no o seu texto “L “Lóg ógiica eC on onversa versação” ção”(19 (1975 75)) afi afirrmaquequando um locuto locutorr ffala, ala, elefala falacom uma intenção e procura fazer com que seu ouvinte reconheça na sua fala esta intenção. É importante ressaltar, nesta colocação de Grice, ...............................................................................................................................................

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dois el dois element ntos os:: a iint nte enção do locutor locutor quando fala fala eo re reconhec conheciimento dessa dessaint nte enção pel pelo ouvint ouvinte e. Para e ess ssereconhe conheci cim mento, nto, há princí princí-pios pi os g ge erais que re regul ulam ama mane maneiira pel pela qual, numa relação de conv conve ersação, o ouvinte pode reconhecer, por um raciocínio seu, a intenção do locutor e assim depreender o significado do que ele diz. Estabelece, dessa forma, um princípio geral e amplo que rege toda situação de converrsa ve saçã ção, o, o Pr Princípi ncípio o deC oope ooperraç ação, ão, for form mulado ulado daseguint uinte emanei aneira: “Faça sua contribuição conversacional tal como é requerida, no momento em que ocorre, pelo propósito ou direção do intercâmbio conversacional em que você está engajado”. Emprestando a Kant Kant suas suasca categ tegori orias, disti distingue ngueain ainda, da, subjacentes ao ao Pr Princí ncípi pio o da C Cooperaçã ooperação, o, cate categ gori oriasque se se expre xpress ssam ampe pellasse-

guintes máximas: – C ateg ategor oriia daQuantidade uantidade– relacio relacionada nadacoma quant quantiidadede informação: 1a. máxima: “Faça com que sua contribuição seja tão informativa quanto requerido (para o propósito corrente da conversação)”; 2a.. máxima: 2a áxima: “Não “Não faça faça ssua ua contr contriibuiçã buição o mai maisin infor form mativa ativa do que érequerido”. – C ateg ategor oriia daQuali ualidade dade– aprese apresent nta a uma super upermáxima áxima:: ”Tr ”T rate de fazer uma contribuição que seja verdadeira” que se desdobra em duasmáximasmaisespecíficas: 1a. máxima: “Não diga o que você acredita ser falso”; 2a.. máxi 2a áxim ma: “Não “Não dig diga se senão aquil aquilo para para quevocê pos possa safornefornecer evidência adequada”. – C ateg ategor oriia da Relação Relação – máxima: áxima: “Sej “Seja releva relevant nte e”. ...............................................................................................................................................

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– C ate ateg gori oria d do o Modo M odo – relacion relacionad ado o não a ao o que é dito dito (com (como o nas categorias anteriores), mas sim a como o que é dito deve ser dito. Supermáxim Supermáxi ma: “Sej “Seja a cl claro aro””quesse edesdobr desdobra ae em m vári várias asmáxim áximas: as: 1. “Evite obscuridade de expressão”; 2. “Evite “Eviteam ambi big güidade üidades” s”;; 3. “Seja breve (evite prolixidade desnecessária)”; 4. “Seja ordenado” etc. O sentido é depreendido pelo ouvinte através de inferências, levando em conta a situação em que se disse e as máximas conversacio conversa cionai naiss. Um U menunci nunciado ado do titipo po “A “A lâmpada pada queimou” pode

não ter o valor enunciativo de uma afirmação, mas o de um pedido ou orde ordem m: “Tr “T roque a lâm âmpa pada” da”.. É important portante eaqui a di disti stinção nção que sefazent ntrreimpl pliica catur tura a convenci convencional onal eimpli plica catur tura a conve converrsaci acional onal;; a primeira se depreende por marcas, pistas lingüísticas inscritas no enunciado e a segunda, levando-se em conta fatores “extra-lingüísticos” tais como o contexto, papel dos interlocutores, conhecimentos part pa rtiilhados ent ntrreeles, a int inte encional ncionaliidadesubj subjac ace ente nteao ato ato defala. Esta pragmática considera os usuários na situação de interlocução (relação usuário-usuário), mas é uma Pragmática que ainda gravita em torno de uma concepção de linguagem enquanto representação, sobretudo pelo relevo que dá à questão da informação (pela máxima da Quantidade) e da verdade (pela máxima da Qualidade). 2.2 Pragm Pragmáti ática ca Ilocucion Ilocucional: al: engloba a te teor oriia dosatos delingua ngua-gem, des desenvolvi nvolvida daini inicialm cialmente ntep por or A us ustitin, n, de depois poisre retoma tomada daporSearl Searle e eumgrand grande enúmero d de eestudiosos. studiosos. Esta Pragmática considera também como fundamental a questão da intenção do locutor e seu reconhecimento pelo ouvinte. É, ...............................................................................................................................................

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portanto, uma Pragmática da relação locutor-ouvinte e a linguagem passaa se ser vi vista sta com como o ação ação entre entreint nte erlocutor ocutores. Para Austi A ustin, n, a linguag linguagemnão éusa usada da ape apenas nas para para inf infor orm mar, mas parra rea pa realliza zarr vári vários os titipos pos deaç ação. ão. De Dessa for form ma, des deslloca atradição tradição da semântica lógica, representacional de que o que interessa no significado das sentenças é o seu valor de verdade. A grandecontri contribuiçã buição o deA usti ustin n (196 (1962) foi disting distinguir uir,, ao la lado dasenun nunci ciaç açõe õessconstatati constatativas vas(por ex.: “C “Chov hove e”), rre econhe conheci cidas dastraditradicionalmente pelos filósofos, a existência das enunciações performativas (por ex.: ex.: “Prome “Prometo que vi virei”). rei”). En Enquanto quanto aque aquellastrata tratam m do dizer, isto é, são usadas para falar sobre as coisas como constatar fatos, descreverr estados,obje ve objetos, relatar atar ocorr ocorrê ências nciasep pode odem m se ser qualifi qualifica cadas dassobr obre e

o eixo do verdadeiro e do falso (se correspondem ou não à realidade referida), estas tratam do fazer, pois não podem ser definidas em termos dever verdade dadeiro efalso, mas mas sobr obre eo e eiixo feli felicidade cidade// inf nfe elicidade cidade.. ProProduzir uma enunciação performativa é realizar uma ação pelo fato mesmo de proferir certas palavras (ex.: p  pro rom meter, agra rad decer, avis isa ar, advertir, jura jurar,r, se  sempre na 1ª 1ª pe pess ssoa pr pre esent nte edo iind ndiicativo, cativo, voz ati ativa) va) M as, as, parra iissso, é necessári pa ssário o que ce cerrtas condiçõe condiçõess – condi condiçõe çõess defeli felici cidade dade – sejampre preench nchiidas das:: a) as as cir circun cunstânci stâncias as e as pe pess ssoas oas envol nvolvi vidas das no ato deve devem m se serr apropriadas; b) as pessoas devem ter a intenção de assumir o comportamento implicado; c) a enunciação performativa acarreta certas conseqüências, comoobri obrigaçõe gações, s, sa sançõ nçõe es. Se essas condições não forem preenchidas, o ato de enunciação será conside considerrado iinf nfe eliz e ocorre ocorrerão choques denature naturezas zas difere diferent nte es. A usti ustin n os qua quallififica cadeinsucesso (se por ex., o enunciado “Eu te batizo ...............................................................................................................................................

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Queen Elisabeth”, não for proferido pela pessoa adequada e não for ac acom ompa panh nha ado do rriitual própri próprio a e esste a ato to – o de ba batitizzar um navio), de abuso abus o (se, (se, por ex. x.,, em “Pr “Prom ome eto que vi virrei”, o autor da promess promessa a não titive verr a in intençã tenção o de asustent ustentar). ar). A us ustitin n percebe percebeu, u, mais tarde tarde,, que o critéri critério o das propri proprieda dade dess definitórias (verdadeiro x falso, felicidade x infelicidade) utilizado para dife di ferrenciar nciaratosdefa falla cons constatati tatativos vosepe perf rfor orm mativos ativosnão rre esistia stia à a anánálise, uma vez que: a) pe asrfor enunciações constatativas apresentam certa(de dimensão per fo rmati ativa va n na am me edida dida em em que ao con constatarem statarem screve screvenndo, relatando etc.) um estado de coisas, o fazem de um certo

modo. Isto é, além da relação entre enunciação e estado de coisas representado, é importante considerar o modocomo as palavras se referem às coisas; e esse modo é definido por uma convenção con venção que é socialm socialmente nte estabe stabellecida. cida. A ss ssiim, as enunci enun ciações açõescon constat statati ativas vasservemtambémpara paraestabe abellecer um modo de interação ou comunicação entre locutor e alocutário na medida em que pressupõe a crença deste; b) as enunciações performativas, por sua vez, também carregam umadim dimensãoconstatati constatativa, va, name medi dida daem emque que,, muitas uitasvez veze es, necessitamser ava avalliadas adas na e essca calla ve verrdadeiro/ fals falso. Por ex., x., para um juiz proferir a sentença: “Declaro-o culpado”, é necessário que se leve em conta não só a forma do procedimento estabelecido pela convenção, como também o conjunto de fatos que descreve. A pe perrce cepção pção des desse sess probl proble emas col coloca oca em cheque a oposição oposição excl xclude udent nte e ent ntrre enunci nunciaç ação ão perfor form mativa/ ativa/e enun nunci ciaç ação ão constatati constatativa, va, faze faz endo A ustin ustin buscar buscar uma uma teori teoria a mais e expl xpliica catitiva va dos atos delinguage uagem bas baseada numa numa di disti stinção nção de níve níveiis deestrutur strutura a dos fatos lliingüí üísstiticos cos.. Pr Procur ocurando ando ver emque senti ntido “di “dize zer algo” sse etor torna na “faz “faze er ...............................................................................................................................................

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algo”, pr propõe opõedis disti tinguir nguir tr trê ês tipos tipos d de eatos re reali alizzados ados pel pela a ati tivi vida dade de enunciativa: a) “dizer algo é, na plena acepção de dizer, fazer algo”; o que corrresponde cor sponde à exe xecuçã cução o de um ato llocutór ocutóriio. M ais precisamente, o ato locutório se constitui de três atos: fonético, fático, rético. “O ato fonético é a simples produção de sons. O ato fático é a produção de vocábulos ou palavras, isto é, de sons de um certo tipo pertencentes a um vocabulário [...] e se conformando a uma gramática [...] O ato rético, enfim, consiste em e emprega mpregarr esse sess vocáb vocábul ulos os emum sentido e com um uma a refereferência ncia m mais ais ou me menos nos deter determinados (Austi (A ustin, n, 1970 1970,, p. 10 109) 9)..

b) a produção de um ato locutório acarreta automaticamente a deum ato ato ilocutóri ocutório, isto é, “deum ato ato efetua fetuado do emdize dizendo algo” (p. 11 113). 3). Nesse sse sent ntiido, são atos ilocutór ocutórios, a ato toss do tipo: tipo: coloca colocarr umaques questão, rre esponde ponderr, dar umainf nfor orm maç ação, ão, enunciar nunciar um veredicto dicto ou um uma a int inte enção,pr pronun onunciar ciar um uma a se sentença, fazer uma nomeação, um apelo, uma advertência, uma críti crítica ca,, e etc. tc. O ato ilocutóri ilocutório o ca caracte racteri rizza-se -se: – por descrever um aspecto não denotativo da significação (a queA us ustitin, n, p. 113, 113, cham chama a valor ) que é função do emprego da fras frase e em umconte context xto o de enun enunci ciaçã ação o determin determinado; ado; – pel pelo se seu asp aspe ecto convencional convencional.. Para Austi A ustin n (p. 11 115), 5), cada cada ato ililocutóri ocutório podeser expli xplicit citado, ado, parafrase parafraseado por um uma a fórm fór mul ula aperfor form mativ ativa a. c) “di “dize zer alg algo torna-se torna-sefaz faze er alg algo” tem tem, se seg gundo A usti ustin, n, ain ainda da um terceiro sentido, decorrente de que “dizer algo provocará, muitas vezes, certos efeitos sobre os sentimentos, os pensa...............................................................................................................................................

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mentos, os atos do auditório ou daquele que fala ou de outras pess pe ssoas oasainda” ainda”(p. 11 114) 4).. T rata-se ata-sedo ato per perlocutó ocutórrio quese disting disti ngue uedo ato ato iillocutóri ocutório: o: – pelo seu caráter não-convencional. Se “convencer” denota um ato perlocutório, isto é, as conseqüências ou efeitos de certas argumentações, o fato de se enunciar “eu o convenço que p” não garante a realização desse ato; – por não se realizar dizendo (“in saying”), mas pelo fato de di dizzer (“ (“by by say sayiing” ng”): ): “pelo ato X (ilocutóri (il ocutório) o) e eu u faço Y (um perlocutório)”.

Em relação aos ilocutórios, outra contribuição a ser mencionada éa deSea Searrle(19 (1969 69). ). A o defini definirr ascondi condições çõesde empr pre ego dosatos de linguag nguagem, ele sse epropõe aisolar-l olar-lhes heso componente componenteilocutór ocutóriio. C Chehega, com isso, a uma representação dos atos de linguagem, atribuindo e especificando-lhes uma força (ou valor) ilocutória. Para Se Searle arle, na enunciaç enunciação ão de um uma a fr fras ase e, pel pelo me menos nos ttrrês ato atoss distintos são efetuados: o ato de enunciação, o ato proposicional e o ato ilocutóri ocutório. Para es espe pecif cifiica carr esses concei conceitos, conside considera ra os e enun nun-ciados: (1) (2) (3) (4)

X fu fumamuit ito o. X fum fuma muit ito o? X, fu fumemuito ito.. QueX fu fum memuito ito..

Enunciar Enunci ar cadafras frase eac aciimaérealiza alizarr u um mato deenunci nunciaç ação. ão. Em cada uma dessas frases, embora o enunciador realize atos diferentes – uma asserção, uma questão, uma ordem, um desejo – ele o faz a partir deumato de natureza natureza idênti idêntica ca,, pois pois, emtodos el eles, rre efere umindi ndiví ví-...............................................................................................................................................

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duo (X) e lhe atribui (predica) uma determinada propriedade (fumar muito). Isto é, os quatro enunciados têm a mesma referência e a me mesm sma a predicação. predicação. O ato proposici proposicional onal é esse sseato de re referi ferirr e de predicar. A o afir afirmar, colocar uma q que uesstão, ordenar, ordenar, de dessejar, prometer, assever verar, etc., o enun nunci ciador ador es estar tará árealiza alizando ndo umato ilocutór ilocutóriio. Ess Essa a distinçã disti nção o entr entre e ato propos proposiicional e ato iillocutór ocutóriio vai vai pos posssibili bil itar a Searle isolar o conteúdo proposicional de um ato de linguagem de seu valor valor il i locutór ocutóriio. A ssi ssim, os os enun nunci ciados adosacimatêmo me mesmo conteúdo teúdo propos proposiicional cional:: “X fum fuma a mui muito”, to”,mas masva valloresilocutórios ocutórios(o (ou u força força ilocucionária) diferentes: de asserção, de questão, de ordem, de dese jo.. Em portu  jo rtuguês, os os proc rocessos uti tiliz liza ados para marc rca ar es esta forç rça a

ilocucionária seriam, por ex.: a ordem das palavras, a entoação, a pontuaçã pont uação, o, o modo do verbo, verbo, os ver verbos chamados chamados“pe “perrfor form mativos” ativos”.. O locutor ocutor pod pode eindicar o tipo tipo deato iillocutóri ocutório o querea realliza intr introduoduzindo zin do suas suas fr fras ase es com: com: “descul “desculpe pe-me -me”, ”, “de “decl claro aro”, ”, masnor normalm almente nte é o contexto que permitirá estabelecer a força ilocucionária da enunciação (p. 44). Estendendo essa distinção entre conteúdo proposicional e valor ilocutór ocutóriio a ttodos odos os a atos tos de lilingua nguag gem, Searl Searle e cconce oncebe be uma fórm fórmula ula para re repr pre esentar a estr strut utur ura a dess desse esato atos: s: F(p) Emque que: – F é o ma marcado rcadorr de forç força a ililoc ocutó utóri ria aq que ueindica “a maneira pela qual é preciso considerar a proposição, isto é, qual será a força for çailocuc ocuciionária onária aatri atribui buirr à enunci nuncia açã ção” o” (p. (p. 43 43); ); – p éo conteú conteúdo do proposi proposiciona cional. De acordo com essa fórmula, os enunciados acima teriam respectivamente as seguintes representações semânticas: ...............................................................................................................................................

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(1) (2) (3) (4)

A sserção rção Questã tão o Orde Ordem Des Desejo

(X fum fumar muito) uito) (X fum fumar muito) (X fumar muito ito)) (X fum fumar muito) ito)

O concei conceito de ilocutóri il ocutório, o, des desenvolvi nvolvido do por esses dois fifillósoósofos angl anglo-sa o-saxõe xõess, se serrá re retoma tomado do por D Ducr ucrot, ot, A nscom nscombr bre e e, entr entre e nós,, V og nós ogt. t. 2.3 Segundo Ducrot (1977, p. 285-6), o ato ilocutório, como todo ato, é uma atividade destinada a transformar a realidade. Essa tr tra ansforma nsformaçã ção o é denatur nature ezajurí urídi dica ca.. Is I sto é, todo ato iillocuc ocuciional é

um ato jurídico na medida em que coloca em jogo uma mudança nas relações legais entre os interlocutores – locutor e destinatário, personagens do diálogo. Por ex., o ato ilocutório de perguntar tem como propriedade colocar o interlocutor na obrigação de responder (na medida em que o autor de qualquer ato ilocutório cria uma obrigaçã ção o pel pela sua sua p própr rópriia fa falla), a), e tornar tornar o des desti tinatári natário o ssuj uje eito de um uma a obrigação. Na realidade, conforme acrescenta Ducrot, não se trata de o locutor, pelo simples fato de enunciar falas, criar uma obrigação, mas de ter uma p  pre rettensão para criar uma obrigação. Essa concepção da nature naturezada transfor transform maçã ação o jur juríídica dica queseope operra nas re rellaç açõe õess de comunicação, através do ato ilocucional, como “uma simples pretensã prete nsão”, o”, é que sse epa parra Ducro Ducrott da pos posiiçã ção o de Austi A ustin n e deSearl Searle e para os quais “o ilocutório é uma transformação real do mundo”. Ducrot se opõeao ““jjuri uridi dissmo re realis alista” dosfil filósofos ósofos da lilingua nguag gem, ao re reconhe conhece cerr: – o caráte caráterr sui-r sui-re eferenc ferenciial do ato ililocutóri ocutório. o. Pa Para ra Ducrot, não apenas os performativos são sui-referenciais, mas também todo ato ilocutório na medida em que “dizer que o enunciado E serviu para cumpri prirr o ato iillocu ocutór tóriio A , éimplica plicarr queno senti sentido do m me esmo deE, há ...............................................................................................................................................

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uma alusão a E”. A o este uma estender nder o car caráte áterr sui sui-r -re eferencial ferencial a todo todo ato ato ilocutóri ocutório, o, Ducrot Ducrot que querr di dizzer quetodo ato ililocutório ocutório remete àsua pr própria enunciação, isto é, todo enunciado traz dentro de si uma qualificação de sua enunciação ; – a “i “inte ntencionali ncionaliza zaçã ção o das das tr trans ansfor form maçõe açõess jurídi urídica cass”. Ducrot reconhece um caráter intencional fazendo parte da própria natureza do ato ilocutório. Isto é, os direitos e deveres colocados por um ato ilocutór ocutóriio sã são o deter determinados “pe “pella exi existê stênci ncia a deuma uma intençã intenção, o, ligadaa esse sse ato iillocutó ocutórrio. M as, as, esse uni unive verrso dedi dirreitos e deve deverres ccrriados pela enunciação do ato ilocutório e que o locutor gostaria de impor ao destinatário pode ser recusado por este, que o reduz assim a uma pura pretensão”. (p. 293)

Outra utra ccontr ontriibuição deDucrot, agora juntam juntame ente comA nsc nscom om-bre (1976), diz respeito às relações entre os níveis sintático, semântico e pragmático. Esses autores são contra o estabelecimento de uma ordem de m lilinea nearr ent ntrre ess sse es trê três níveis, níveis, pois pois par para el eles, há na maior parte dos enunciados certos traços que determinam seu valor pragmático independentemente de seu conteúdo informativo. E esses traços traços não po pode dem m ser sem sempr pree consi conside derr ado adoss como como traços tr aços m mar ar- ginais [ ...  gina ...]] Tra T rata ta-se -se,, muita itass ve vezzes, ao contrário trário,, de marca rcass im imb brica ricad das na estrutura sintáxica (p. 7).

A tendo-se às às relaç relaçõe õess e ent ntrre os níve níveiis se semântico ântico e pragm pragmático, ático, analisa anali sam m, por exem xempl plo, o, a di diferença ferença decompor comportam tame ento nto entr entre ea allgum umas as conjunções  já  (já que, pois is,, entre rettanto), que lhes permite defender uma interpretação ao mesmo tempo semântica e pragmática contra uma leitura linear que apreenderia primeiro o valor informativo dessas con jun  ju nçõesedasprop roposiç içõ õespor ela lassligadasparain inttrod roduzir, ir, numsegundo mome moment nto, o, uma uma lle eitura tura prag pragm máti ática. ca. Par Para a el eles, ...............................................................................................................................................

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a descrição semântica de um enunciado não se pode reduzir, em qualquer uer níve nívell que quese sejja, a uma se sem mântica inffo ormativa ((a a deM orris), s) , mas [ ...]  deve conter, desde a partida, indicações que concernem à utilização eventual deste enunciado para apoiar tal ou tal tipo de conclusão (p. 123).

Introduzem, assim, através da sua teoria da argumentação na língua(A (AN NL), a noção noção dearg argum ume entaç ntação ão com como o umtraç traço o constitut constitutiivo denumer numerosose enu nunci nciados adoseanece necess ssidadede de,, aosedescr cre ever umenu enunnciado desta classe, quede orientação ele traz – ou ainda titido do mai ma is res restr triito to,, edizer m fa favor vor queele p pode ode se ser argum argume ento. nto.– num senA argume argument ntati ativi vidade dadeé, segund undo o ess essa ótica, ótica, umval valor or pragmátiáti-

co que não deveser conside considerrado como como derivado, derivado, mascom como o pr priimeiro. Nesse sse se sent ntiido, a argument ntaç ação ão é conce concebi bida da com como o um ato lliingüí ngüísstico tico fundam fun dament ntal, al, ou sej seja, é umelemento nto bás básiico, estrutur struturante ante do di disc scur ursso. E a noção de estrutura argumentativa, objeto daquilo que passa a denominar nomin ar deretó uma ori orientaç ntação ão inte nterna dosenun nun-tórricaintegr ntegra ada, seria uma ci ciados ados para para de determin terminado(s ado(s)) ttiipo(s po(s)) de conclusã conclusão(õe o(ões) s),, ori orientaç ntação ão que está inscrita na própria língua e, portanto, não dedutível dos puros valores informativos. Finalm nalment nte e, V ogt ogt (19 (1983 83,, p. 11), 11), de fil filiaç ação ão duc ducro rotitiana ana,, tam també bém m consid conside ertem a a lliifinalidade ngua nguag gemnem comoeficácia ffor orm mafora de açã ada ção. o. A própria ção ção dr dram am ática ática,, tea teatr tral al que não sua representação; para ele, o jogo de representações acionado pela atividade lingüística  p  põ õe a lingu lingua agem gem na cena de um espetác táculo maior ior e mais complexo: o da história, da cultura e das máscaras sociais que, embora coladas ao nosso rosto, nem sempre sabemos o que significam e nem porque as portamos.

Privilegiando a noção de sentido lingüístico visto como “função ...............................................................................................................................................

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............................................................................................................................................... Retór etórii cas deOnteme d de e Hoje Hoj e

das combinações possíveis de um enunciado com outros enunciados da língua” e também como “função das relações que um enunciado estabe stabellececom outros outrosenunci enunciados adosper pertencent tencente esao mesmo smo paradi paradigm gma argumentativo”, esse autor propõe um estudo macrossintático ou semântico-argum ântico-argument ntati ativo vo dalliinguag nguagem.

Conclusão A Prag Pragmática ática,, n não ão tr trab abalh alhando ando o estr triitam tame ent nte elingüísti ngüístico, co, m mas as desslizando de zando para um ter terreno que o ultr ultrapa apass ssa, permit permite e ““pe pensar nsar os fe fenômenos noslilingüí ngüísti sticos cosnão apenascomo lílíngua mascom como o lilinguagem”,afi afirr-

ma Vogt. V ogt. N No o ent entanto anto,, foi foi justam ustame ent nte eessa ssa pr preocupação ocupação comfatore fatores não propriamente lingüísticos que a fizeram ser colocada por muito tempo tem po à marge margem m dosestudos da ciênci ciência a lilingüísti ngüística ca.. À medida dida quea evidência desses fatores vai se impondo, vai ganhando corpo seu estatuto dedis discipli ciplina lilingüísti ngüística ca.. A anál análisedeseu per percurso nosmostr ostrou ou o gradativo deslocamento de uma semântica representacional, centrada na questão da linguagem enquanto representação da realidade e na questão que stão da vericondici condicional onaliidade, par para a noção desenti ntido que sse e cconsonstitui e se constrói cada vez mais levando em conta questões do uso, do contexto, da int inte erlocução. ocução. A ssum umiindo pr priivi villegiadam adamente nte a funçã função o interlocutiva da linguagem, a Pragmática hoje incorpora noções como heterroge hete ogeneidadedi disc scur ursiva, siva, dialogi dialogissmo, poli polifon foniia. Coe C oerrente ntecomuma uma visão de linguagem enquanto heterogeneidade, diversas também têm sido assua suasspráticas práticas.

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R etór tóriicas d dee O nteme de H oje

ARGUMENTAÇÃO E DISCURSO

M ARIA  ADÉLIA  FERREIRA  M AURO*

Embora bora o te tema sse eenu nunci ncie edeumafor form ma abrange abrangent nte e, não tte enho nho a pretensão, nessediscussão, breve encontro, de efetuar ono percurso dos caminhos dessa particularmente, interiorexaustivo de domínios que,, his que histor toriica cam ment nte e, lhe são são própri próprios, com como o a Re Retór tóriica e, mais recen-

tem tement nte e, assuasher herde deiirasa Nova Nova Retóri Retórica ca,, a Anál A náliise do Di Discurso e a Pragmática. Eximindo-me do compromisso com essa reconstrução histórica dass idéias da idéias,, tomo, entre entretanto, como como rre eferencial ferencial,, o T  Trratado atadodaA rgum gumeen (199 996) 6) com o int intui uito to de ci cirrcunscrever cunscrever as noções tação de Perelman (1 que poss possamor oriient ntar ar a análise análisedo di disscurso argume argumentati ntativo vo es escri crito: to: dis discurso produzido em situação com a finalidade de obter a adesão de um interlocutor. E no âmbito da Nova Retórica não é possível deixar de evocar a cont contrribuiçã buição o de A Arristóte tóteles par para o re resgateea val valori orizaçã zação o da vem ma distindistinlógica lógi ca d do overossí verossím mil que, posta ao lado da lógi lógica ca daverda verdade de, ve guir uir os dois ca cam mposdeapl aplica caçã ção o do rac raciiocín ocíniio humano: humano: o ra raciocíni ciocínio o argument ntati ativo vo e o rac raciiocíni ocínio o demonstr demonstrati ativo. vo. Neste, ste, aspremi premissas sas ssão ão verdadeiras (necessárias e permanentes) naquele, o ponto de partida do raciocínio humano está assentado em premissas verossímeis (prováveiis e con váve contr troversa oversas) s)1. Essa divisão vem distinguir, assim, campos preferenciais de aplicaçã cação o des dessses modos modos deraci aciocinar ocinar:: a dem demonstr onstraç ação, ão, n no o int inte erior dos ssiistemasfor form maisconstru construíídospel pelosllógicos, ógicos, medi diante antea elaboração deum uma a ...................................................

Professora Doutor Doutora a da Á rea de Semiótica ótica e Lingüística Ge Geral do De Departame partamento de (*) Profe Líng Língüística tica, FFLC FFLCH/ USP. SP. (1) Essas Ess as considera cons ideraçõe çõe s s e apóiamnasformulaçõe formulaçõess de de Gill Gille es Declerq Declerq (cf. DEC DECLER ERQ Q, G Gililles les.. ............................................................................................................................................... L’Ar ’A rt d’A d’A rgume gumenter nter. Structure Str ucturess rhé rhéto torriques ique e3t litté littérraire aires. Paris, 1992, p. 31-40). 1s8et

 

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M A U RO RO,, M Ma aria A délia Ferre rreira. ira. Ar  A rgum gumeentaçã ntação oeD iscur scurso. so.

linguag nguagemart artiifici ficial al eunívoca; unívoca; a argum argume entaç ntação, ão, no unive univerrso dosdisdiscursos construídos em linguagem natural e polissêmica, em situações de debate, de decisão e escolha (Perelman, 1996). Portant Por tanto, o, senossiste sistem masfor form mais, ade dem mon onstr straç ação ãodeumaxio axiom ma sefu fund nda aem empro proposi posições çõesevi videntes dentesqueemsi mesmasjáttrraze azemiim mpli plicadas a própri própria certez teza, a, n nos os process processos comunica unicatitivos vos,, cuja final finaliidadeé conconseguir a adesão de um dado auditório, a argumentação se baseia no ca caráter ráter provável provável de opi opini niõe õess. A inda, seo raciocí raciocíni nio o de dem monstrati onstrativo vo conduz a uma conclusão verdadeira e inescapável T odohom homem emé mortal ortal..  Sóccra  Só rattes éhomem.

Logo ogo,, Sócr Sócrate atess é mo mortal.

o rac raciiocíni ocínio argum argume ent ntativo ativo conduzo auditório a aceitar  uma  uma conclusão 2 verossímil , como em  Sexta  Sext a Feira Feira,, 13 13,, ag agosto, é de fa fazzer m meedo. Ma Mass eu não tenho nada contr contra a agosto, que sem sempr pree me tem tratado tr atado bem bem. M as é  p  pre reccis iso oter cuida idado, porqu rqueéumaconjug jugaçãoséria. ria. T enhomuitita as  s  suuperst rstiç içõ ões. A téalém da conta, mas nunca de agostoe gato  p  pre retto. Já omesmonãodigodo13. 13. Pod Podendoescre revver 12, 12, escre re-vo. É qua quase se uma co coiisa insti instinti ntiva, va, gestodede defesa, fesa, uum ma va vaci cina na contra contr ap possí ossívei veiss ma males. les. A gora, gora, que agosto éum mês q que ue nã não o ajuda a julgar bem as coisas políticas, isso é verdade. Jânio e G etúli túlio osofr sofreeramse seus us eeflflúvi úvios. os. C ollo ollorr te teve ve ose seuu m maior aior martíartí rio em agosto. Presidente, eu ouvia com receio as profecias ...................................................

(2) (2) M uito uito do queestá sendo aqui aprese apresentado deve-seàsidéias dePerel Perelman tanto na “Intr “Introodução” quanto na Primeira Parte, principalmente, no parágrafo 1 do seu T ratado atadodaA rgumentação (1996). 96). São iigua gualmente nteaproveitadas aproveitadasasidéiasdeFábio Fábio U Ullhoa Coelho Coelho no no “Prefácio” à edição edição brasile brasileira ira doT rata tado do. ...............................................................................................................................................

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 s  so obre o caos: ‘A ‘A gosto vem aí... Vai Vai sseer a aggosto’. Ma Mass os meus  s  sa antos mara rannhenses me pro rottegera ram me pro rottegem. Minha Minha rot rotin ina a nãovai se a altlterar erar.. Mas ébo bom mdi dizer zer ccom omo a aque quele le ate ateu: u: ‘Sou ateu,  gra  graçças aDeu Deus’(FSP, A-2 A -2,, 12 12// 08/ 93).

Desse modo, diferentemente da demonstração, o raciocínio argumentativo se apresenta como menos coercitivo e mais pluralista. E, em sendo um raciocíni raciocínio o que se se exer xerci cita ta na e atr atravé avés da discursiv discursiviidade, esse trabalho persuasivo não deixa de envolver também a dimensão intersubjetiva e,tivos conseqüentemente, abre-se à influência fatoresps psi icológicos, afeti afe vos,, sócio-cultur ócio-culturais, ais, iide deol ológ ógiicos cos. . Emborados a ssubj ubje etividade marque a natureza desses discursos persuasivos, a persuasão

não re renunci nuncia a àrazão. azão. A razão, azão, se segundo gundo Perelma Perelman n (199 (1996), 6), é usadapar para dirigir nossa ação e para influenciar a dos outros.

1. Argumenta Argumentação ção edi disscurso jornalí jornalístico: stico: o âmbi âmbito to da opini opinião ão A opção opção por anali analisar sar o pr proce ocess sso o argum argume ent ntati ativo vo no cam campo po do discurso jornalístico nos conduz, enquanto leitores assíduos da mídia impressa, a “visitar” o espaço da página editorial e de opinião – espaço dis di scursivo que a abr bri igavários aopini opinião ão daprópr própri empres presa a jornalí jor stica tica(o e edi di-torial); a opinião dos segmentos daiasociedade aínalís representados por seus seus p por orta-voze ta-vozess ((os os ar artitig gos ass assinados); aopini opinião ão dosleitor tore es(Car(C artas à Redação); a opinião do chargista político –. Em decorrência, a função fun ção dess dessa a pági página é iinstaur nstaurar ar o embate embate de perspectivas ctivas diferent diferente es e tornar tor nar públi pública adi disc scus ussã são o dasopi opini niõe õess emconfr confront onto on na a soci socie edade, no momento. Diante desse quadro enunciativo, polifônico e historicamente situado pode-se escolher por analisá-lo a partir da perspectiva do locu ocutor tor// enunciador iinstituci nstituciona onall – a vo vozz do do jornal jornal –. Ne N esseca casso, duas duas ...............................................................................................................................................

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M A U RO RO,, M Ma aria A délia Ferre rreira. ira. Ar  A rgum gumeentaçã ntação oeD iscur scurso. so.

alt alte ernati rnativas vasse ofe oferrece cem m: a pri prim meira, é a p pos osssibil bilidadedeide dent ntiififica carr os indícios de uma racionalidade que se mostra no procedimento de composição e diagramação dos textos, em sua seleção e na constituição do int nte ert rte exto na na pág págiina; outra outra, quesevol voltari taria a àanális náli sedo e edi ditor toriial enquanto um tipo tipo dedis discurso argum argume entati ntativo. vo. A natur nature ezaargum argume entati ntativa va desse tipo de discurso se define tanto pela matéria da qual se ocupa quanto pelo método que subjaz e orienta o processo de sua constituição (Declerq, 1990). É o que se pode observar, examinando um conjunto de editoriais publicados em dois jornais da imprensa paulista – O Estado de São Paulo e a Folha olha deSão Paulo – no perí período odo da cam campanh panha a el eleito3

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