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As seis perfeições A Disciplina Moral do Budismo Mahayana. Irm. Carlos Eduardo Bravo Peres Bouzada. Iniciação celebrada em 20/03/2015. CIM: Ainda não fornecido. f ornecido. Email:
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Há no Ritual do 1º Grau de Aprendiz Maçom do Rito Adonhiramita, uma importante questão. Para que nos reunimos? A compreensão desta simples pergunta pode nos revelar todo o sentido da Obra Maçônica. Então, este mesmo ritual nos responde: para levantar templos à Virtude, forjar algemas ao vício e cavar masmorras ao crime. Eis porque nos reunimos. Podemos dizer que insensato é o homem que deseja levantar templos ao que ele desconhece. Para levantarmos templos a Virtude é preciso, em primeiro lugar, que conheçamos a Virtude, que tenhamos intimidade com aquilo que é Virtuoso, que sejamos guardiães e protetores de ações virtuosas e que as pratiquemos com todos os nossos esforços e dedicação. Só então, poderemos ser chamados de Homens Virtuosos e honrar nossa qualidade de Iniciado Maçom. Vieram aqui neste mundo, muitos Iniciados, portadores da Verdade e da Virtude, Homens que tiveram como missão nos revelar as lições morais capazes de nos tornar seres altamente virtuosos, libertos do vício e distantes do crime. Cristo, Budha, Confúcio, Lao Tsé, Maomé e muitos outros que atingindo um alto grau de sabedoria, se tornaram Mestres da Virtude. É preciso lembrar que nenhum deles é detentor de Virtudes maiores ou melhores que os demais e muito menos, portadores de Virtudes exclusivas das escolas, tradições ou religiões que foram fundadas em seu Nome. Em outras palavras, não existem Virtudes Cristãs, Budistas ou Muçulmanas. A Virtude é imutável como a Luz e a Verdade! A verdadeira Virtude não depende de raça ou cultura, não perece com o tempo nem com os povos, não é criada por mitos, mas provém da Eterna Fonte, do Absoluto, do G.A.D.U., de causas e de Leis Universais. A proposta deste trabalho é colaborar na compreensão que devemos ter a respeito das Virtudes e das qualidades Morais Perfeitas que podemos atingir como seres humanos. Precisamos aprender com quem já atingiu elevado grau de perfeição e se tornou um Mestre, com quem já submeteu todas as suas falhas, vícios ou imperfeições à sua Vontade e conquistou para si, o título de Iluminado ou portador da Luz, um Mestre da Moralidade. Este trabalho trata de um dos principais ensinamentos sobre Disciplina Moral, daquele que é o Mestre a quem tenho dedicado meus estudos e práticas espirituais. Trata-se de Sidarta Gautama, aquele que se tornou conhecido como Budha Shakyamuni, o príncipe Iluminado do Clã dos Shakyas, ou simplesmente Budha. Lembro aos Irmãos, que a palavra Budha não significa uma Divindade, um Avatar ou um Deus. Budha significa simplesmente desperto ou acordado, ou seja, qualquer um que despertou do sono da ilusão ou que, como dizia o Cristo, conheceu a Verdade e por ela foi liberto, tornou-se um Budha. Todos nós um dia estamos destinados a nos tornarmos Budhas. Para isso precisamos atingir grandes Virtudes e subjugar grandes falhas em nosso caráter. Eis aqui, de forma simplificada, o que nos ensina o Budha histórico sobre este processo. São muitos os ensinamentos de Budha sobre nossas Virtudes e falhas. Vamos nos ater aqui somente a um dos mais famosos ensinamentos da Disciplina Moral Budista, as Seis Perfeições. As Seis Perfeições é um ensinamento do Budismo Mahayana ou Grande Veículo, tradição cujo objetivo é nos elevar a perfeição Moral para então sermos capazes de socorrer ou aliviar todos os seres vivos do oceano de sofrimento e ilusão conhecido como Samsara. As seis perfeições, dentro do Budismo Mahayana, são: a generosidade, a disciplina ética, a paciência, o esforço, a concentração e a sabedoria. Passaremos então, embora de maneira breve, a analisar e a estudar cada uma dessas seis perfeições, que são práticas valiosíssimas para aqueles que buscam construir em seu interior templos à Virtude e lapidar a pedra bruta.
Perfeição 1 – a prática da generosidade:
A Generosidade é a disposição para dar, e sua prática consiste em dar de boa vontade, posses ou energias positivas para aqueles que delas necessitem. A generosidade se expressa na ação! Muitas vezes agimos com mesquinhez por causa do firme agarramento que temos aos nossos corpos e propriedades. Ao superar esse apego, nos livramos de grandes fontes de conflito. É melhor afrouxarmos os laços de nosso apego agora, antes que a morte nos force a isso. Ainda há tempo de extrair alguma essência do que possuímos mediante o seu uso para o bem dos outros, desenvolvendo assim maior disposição para nos separarmos do que é nosso. Dê o possível agora e deseje intensamente ser capaz de se desapegar do que lhe é mais difícil. Dar não somente coisas materiais, mas também instrução e proteção é o auge da generosidade. O que faremos se ao dar quando solicitados, o recebedor nos mostrar insatisfação com o recebido, devolver o presente, pedir mais ou não agradecer e dar as costas? A prática das seis perfeições é integrada e precisaremos aqui desenvolver outra perfeição, a paciência. Dê sem humilhar o recebedor, sem condescendência, competitividade, orgulho ou vaidade. O preconceito de querer dar apenas a amigos e pessoas queridas deve ser evitado. Pratique a generosidade até mesmo e, sobretudo com pessoas que você não tem simpatia. Dê com compaixão aos que não são éticos, dê sem inveja aos superiores e aos iguais sem tentar impressionar. Quando der ensinamento ou instrução, com intenção pura, comunique tão completamente possível tudo o que sabe, se como resultado a outra pessoa se tornar mais instruída ou mais capaz que você, tanto melhor. A generosidade tem valor quando é sincera! Por fim, não há necessidade de dar se o pedido for feito apenas para nos testar ou nos explorar, se você sentir que a pessoa quer algo para propósitos ilegais ou fama, se ensinamentos profundos e secretos forem requisitados por alguém que não está preparado ou se a coisa a ser dada possa causar dano, sofrimento ou fortalecer o vício de quem a recebe. Em todos os casos, a prática da generosidade requer o uso de outra perfeição, a Sabedoria. Perfeição 2 – a disciplina ética:
A ética é sermos capazes de distinguir entre ações apropriadas e inapropriadas. Seguir simplesmente nossos desejos e agir impulsivamente, sem tais considerações, leva-nos a problemas e sofrimentos. O que nos prejudica ou prejudica a outros não é virtuoso e o que beneficia a nós e aos outros é virtuoso. Tendo estabelecido esses critérios, do que é uma ação ética e virtuosa, do que é uma ação defeituosa ou corrupta, mantenha-se atento aos critérios e verifique repetidamente seus pensamentos e ações durante o dia. É importante ter a intenção de deixar de fazer qualquer ação capaz de causar sofrimento aos outros, especialmente às sete atividades nocivas de matar, roubar, ter má conduta sexual, mentir, usar a fala áspera, a tagarelice e a intriga. O primeiro passo é reconhecermos e admitirmos nossos pensamentos e ações faltosos como tais, o que muito poucas pessoas estão dispostas a fazer. Purifique todas as faltas diariamente antes de dormir, através da reflexão, de preces e orações e do arrependimento sincero. Se comprometendo seriamente a não repetir os comportamentos faltosos identificados por você e ao contrário, ter uma forte determinação de agir em ações opostas a essas faltas. Se você tiver um mestre espiritual ao qual possa pedir conselhos ou a quem possa confessar suas falhas isso será excelente em sua prática de disciplina ética.
Perfeição 3 – a prática da paciência:
A essência do ensinamento de Budha é evitar fazer o mal e ajudar os outros, impossível fazer isso sem a prática da paciência. A paciência é a imperturbabilidade em face do prejuízo e da adversidade. Quando alguém nos fere ou nos prejudica, no lugar da raiva ou da vingança, a compaixão e a paciência são as únicas respostas apropriadas, pois os que nos ferem estão em um estado infeliz, causando miséria aos outros e vítimas da ignorância. Se formos tentados a retaliar assim que os outros nos ferem, ainda temos em nós o impulso de causar o mal. Paciência é a arte de permanecermos calmos nos momentos difíceis e desagradáveis. Se algo desagradável já está ocorrendo e não há como evitar, deveríamos aprender a aceitar com tranquilidade as adversidades, transformando em adornos, as dificuldades que encontrarmos. A paciência deve ser cultivada constantemente, essa é a única maneira de estarmos preparados quando surgirem circunstâncias provocadoras. Será que devemos ter raiva das pessoas que nos ferem? Provavelmente acharemos a raiva nesse caso justificável, porque elas nos feriram intencionalmente, nos privaram da felicidade e nos fizerem sofrer física ou mentalmente. Se examinarmos com profundidade o momento em que uma pessoa nos feriu, nos incomodou ou nos ofendeu, veremos que muito provavelmente ela não tinha escolha. A semente da raiva estava nelas, uma situação provocadora surgiu, a resposta mental dela foi distorcida e como resultado a ação inapropriada surgiu. Visto que os demais estão escravizados pela raiva e são na verdade vítimas desse sentimento, revidar com mais raiva de seu lado é uma resposta totalmente inapropriada. Quando for criticado, examine honestamente a si próprio e tente verificar se possui ou não aquela falha. Se a possui pode tomar providencias para se livrar dela, se não a possui, a crítica foi mal dirigida e não há nada para se enraivecer, pois com o tempo se mostrará equivocada. O ensinamento de como praticar a paciência nos desafia a agir de uma forma totalmente oposta às normas convencionais de comportamento, onde se estimula o orgulho e o revide. A paciência é o mais belo adorno do poderoso, a melhor austeridade para acabar com emoções perturbadoras. O antídoto e a vacina da raiva. Um escudo firme contra a linguagem áspera. Sabendo disso, vista a armadura sólida da Suprema Paciência. Perfeição 4 – o esforço:
Se quisermos nos aprimorar interiormente e atingirmos a perfeição, temos que estar preparados para fazer o necessário e persistir pelo tempo necessário. O esforço surge quando contemplamos os benefícios de conquistar nossa evolução moral, como a estabilidade emocional e a firmeza de caráter. Estabilidade, alegria e descanso reforçam e estimulam a prática do esforço. Verdadeiros heróis são os que combatem os vícios e não os que mergulham neles com orgulho, quando na verdade são escravos de seus inimigos. Três tipos de preguiça nos impedem de praticar o esforço: a procrastinação, o envolvimento em atividades mundanas e triviais e a falta de coragem. É fácil sermos extremamente ocupados e preguiçosos ao mesmo tempo. Somos vitimas do vício do ócio ou de dormir, o apego ao prazer nos faz ficar lentos e sem determinação para causas mais importantes. Sentimos prazer em atividades banais e nos dedicamos com intenso vigor a elas. Lembre-se: uma pessoa inteligente sacrifica de boa vontade o que tem menos valor.
Perfeição 5 – A concentração:
Desenvolvido o esforço, ele deve ser aplicado ao cultivo da concentração. Pessoas cujas mentes estão distraídas vivem entre as garras das emoções perturbadoras. Sem uma mente de permanência serena é impossível atingirmos os mais altos graus de perfeição moral, ela age como um receptáculo de todas as realizações superiores. A raiz da concentração é a atenção plena, a habilidade de reter o foco em nosso objeto. Para tal, precisamos encontrar quietude interna e evitar o excesso de atividade mental. Ao desenvolvermos uma mente serena, as distrações interiores são superadas, mas primeiro precisamos nos livrar das distrações externas grosseiras, criadas por atividades físicas e verbais não saudáveis. Uma base essencial para desenvolver uma mente serena é a observância da disciplina ética. Um estilo de vida ético é essencial, pois os ventos das ações não saudáveis cria turbulência no lado da mente e dissipa nosso poder de concentração. A permanência serena nos capacita a direcionar nossa mente aonde quisermos e manter nossa atenção num objeto focal particular por quanto tempo desejarmos. Esta atenção intensa nos traz resultados impressionantes. A concentração é importante não só em nossas práticas espirituais, como também em nossa vida diária. Perfeição 5 – Sabedoria:
O proposito principal de desenvolver a concentração e a permanência serena é que elas sirvam de base de sustentação para a sabedoria. Os praticantes mais evoluídos usam a sabedoria para a investigação da realidade. O entendimento completo da realidade nos livra inteiramente da ilusão, mas mesmo uma compreensão parcial nos afasta em boa parte do sofrimento. Para o budismo, a chave da verdadeira sabedoria, que nos leva a superação de todos os enganos e estados ilusórios é a investigação profunda do nosso próprio Eu, a natureza de nosso Ego e de nossas identificações. Enquanto permanecermos agarrados e apegados à concepção de nosso próprio Eu, não conseguiremos apreender o Divino, as causas maiores que regem a vida, a morte e o estado de iluminação. A raiz de todas as qualidade visíveis e invisíveis é a sabedoria. Os muitos problemas do mundo tem sua raiz na ignorância. São necessários inteligência, interesse e esforço para compreender a realidade. A causa de nosso sofrimento presente é a ignorância em relação à realidade. Não apenas não sabemos como as coisas realmente existem como distorcemos sua existência. A Sabedoria é o olho que vê a realidade última. É o caminho que extirpa totalmente a existência mundana. É o tesouro do conhecimento louvado em todas as escrituras. A luz mais preciosa que dissipa a escuridão. Sabendo disso, o sábio segue o caminho com grande esforço.
Bibliografia:
RINCHEN, Geshe Sonan - As seis perfeições, como atingir o bem estar supremo. 1ª edição. São Paulo: Martinsfontes, 2009.