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PREPARAÇÃO TESTES ECONOMIA A 10. ANO 0
Maria João Pais Maria da Luz Oliveira Maria Manuela Góis Belmiro Gil Cabrito
Resumos da matéria Fichas de avaliação Testes com tipologia de Exame Soluções
ÍNDICE Módulo I – Introdução 6OJEBEFȣq"BUJWJEBEFFDPOÎNJDBFBDJÅODJBFDPOÎNJDB Resumo
2
Ficha Formativa 1
5
Teste de Avaliação 1
7
Módulo II – Aspetos fundamentais da atividade económica 6OJEBEFȤq/FDFTTJEBEFTFDPOTVNP Resumo
10
Ficha Formativa 2
15
Teste de Avaliação 2
17
6OJEBEFȥq"QSPEV¾PEFCFOTFTFSWJÂPT Resumo
20
Ficha Formativa 3
26
Teste de Avaliação 3
29
6OJEBEFȦq$PNÄSDJPFNPFEB Resumo
32
Ficha Formativa 4
40
Teste de Avaliação 4
43
6OJEBEFȧq1SFÂPTFNFSDBEPT Resumo
46
Ficha Formativa 5
49
Teste de Avaliação 5
51
6OJEBEFȨq3FOEJNFOUPTFSFQBSUJ¾PEPTSFOEJNFOUPT Resumo
54
Ficha Formativa 6
59
Teste de Avaliação 6
60
6OJEBEFȩq1PVQBOÂBFJOWFTUJNFOUP Resumo
64
Ficha Formativa 7
69
Teste de Avaliação 7
72
4PMVÂÐFT
Nota: Este livro encontra-se redigido conforme o novo Acordo Ortográfico.
75
1
RESUMO
A atividade económica e a ciência económica REALIDADE
SOCIAL E CIÊNCIAS SOCIAIS
A Economia, assim como as outras ciências socias ou humanas, preocupa-se com a identificação e explicação dos fenómenos sociais. Estes referem-se a qualquer realidade social objetiva e constituem o objeto de estudo das ciências sociais. De facto, as desigualdades sociais, a pobreza, a exclusão social, a família, a educação, a imigração, a religião, o desemprego, a globalização ou o desenvolvimento decorrem da vida em sociedade e, como tal, são designadas por realidades sociais ou fenómenos sociais. Todavia, apesar da diversidade das situações referidas, qualquer dos fenómenos sociais faz parte de um grande conjunto a que chamamos vida social. Dado que a vida social é uma unidade complexa, é suscetível de ser abordada segundo diversas perspetivas disciplinares ou «interesses» das diferentes ciências. A razão por que se recorre a diversas ciências sociais é, unicamente, pela necessidade de obtermos informações múltiplas, de acordo com a perspetiva própria de cada ciência social. Deste modo, do contributo dado pelo conjunto das ciências sociais obter-se-á uma explicação mais completa e profunda do fenómeno social analisado. Não se pense, contudo, que a área estudada por cada uma das ciências sociais é diferente. Todas elas, como acabámos de ver, debruçam-se sobre a mesma realidade social ou fenómeno social, só que com «olhares» diferentes. Na verdade, a realidade social (objeto de estudo das várias ciências sociais) é uma só — o comportamento social dos seres humanos, que contém várias dimensões: económica, sociológica, demográfica, histórica, política e jurídica, entre outras. Com efeito, não nos é possível descortinar comportamentos apenas económicos ou sociológicos, etc., pois a atividade humana é pluridimensional.
Direit o Geog rafia Dem ogr ... afia
Política
História
Psicologia
ia nom Eco gia iolo Soc
An
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Constatamos assim que todos os fenómenos da realidade social são fenómenos sociais totais, isto é, têm implicações a vários níveis do real social (económico, sociológico, demográfico, entre outros), podendo, por isso, ser objeto de pesquisa de todas (ou de algumas) ciências sociais. A esta atitude metodológica, que procura integrar o contributo das várias ciências sociais ou disciplinas no sentido de encontrar uma explicação e um entendimento mais profundo da realidade social, chamamos interdisciplinaridade.
Fenómeno social
INT
2
ERDIS
CIPLINARI
DA
DE
UNIDADE 1 / A ATIVIDADE ECONÓMICA E A CIÊNCIA ECONÓMICA
A ciência económica A ciência económica procurará dar resposta aos fenómenos sociais, estudando a sua dimensão económica, pois esta constitui o seu campo de estudo específico. Os fenómenos económicos ligados à produção, à distribuição, ao consumo, à repartição dos rendimentos e à acumulação, entre outros, são o seu objeto de estudo. Sendo uma ciência, a Economia possui, a par do seu objeto de estudo, um corpo de conceitos específicos que se traduzem numa terminologia própria, cuja utilização permite o entendimento do campo de estudo de que se ocupa, uma metodologia científica e uma teoria própria. Objeto de estudo Conceitos específicos CIÊNCIA ECONÓMICA
Terminologia própria Metodologia científica Teoria própria
O problema económico Encontramo-nos perante uma situação contraditória: de um lado, a multiplicidade das nossas necessidades, que são ilimitadas; de outro, a escassez de recursos capazes de as satisfazer. É aqui que reside o problema fundamental da Economia. A adequação dos recursos escassos às necessidades, que são ilimitadas, implica optar, fazer escolhas. Os indivíduos, ao efetuarem escolhas, pretendem obter para si próprios o máximo benefício com o mínimo dispêndio de recursos, o que exige uma gestão eficiente dos mesmos. É na gestão eficiente dos recursos escassos que consiste a racionalidade económica. A Economia é a «ciência das escolhas» porque estuda como utilizar os recursos escassos para satisfazer as múltiplas necessidades humanas. O custo de oportunidade de um bem consiste na alternativa que tem de ser sacrificada para se obter esse bem. NECESSIDADES ILIMITADAS
RECURSOS ESCASSOS
Problema económico
Escolhas
Satisfação de algumas necessidades
Não satisfação de outras necessidades
Benefício
Custo de oportunidade
3
A atividade económica A produção, o consumo, a distribuição, a repartição dos rendimentos e a acumulação constituem as principais atividades económicas.
Os agentes económicos e suas funções Agente económico é todo o interveniente na atividade económica, desempenhando, pelo menos, uma função com autonomia. Existem as seguintes categorias de agentes económicos: Famílias, Empresas (Não Financeiras), Instituições Financeiras, Administração Pública (Estado) e Resto do Mundo. As principais funções desempenhadas pelos agentes económicos correspondem às principais atividades económicas.
Produção
Repartição dos rendimentos
4
Consumo
Distribuição
Acumulação
UNIDADE 1 / A ATIVIDADE ECONÓMICA E A CIÊNCIA ECONÓMICA
FICHA FORMATIVA 1
1. ;cĤģĕĕ"f[hjeZ[ĥģZeijhWXWb^WZeh[iZ[jeZeeckdZeÄcW_iZ[īģģc_b^[iZ[f[iieWi Äl_l_WcYecWiikWi\Wcb_WiYecc[deiZ[ĤZbWh[iZei;K7fehZ_WY[hYWZ[ĕ"ħ[khei$ =beXWb;cfbeoc[djJh[dZiŚŘřŚ0Fh[l[dj_d]W:[[f[h@eXi9h_i_i"E?J"ĤģĕĤ
1.1 Refere o objeto de estudo das ciências sociais. 1.2 Explicita a dimensão económica da pobreza, a partir da afirmação acima trans-
crita. 1.3 O estudo da pobreza exige que se recorra às diferentes ciências sociais.
Indica, justificando, três ciências sociais a que recorrerias, com exceção da Economia, para estudar este fenómeno social. 1.4 Indica três exemplos de fenómenos sociais para além da pobreza. 1.5 Explica em que consiste a interdisciplinaridade. 2. 7 IeY_ebe]_W feZ[ [ijkZWh W h[bWe ZWi Yh_WdWi Yec ei i[ki fW_i" jWb Yece W Fi_YWd|b_i[ feZ[[ijkZWheZ[i[cfh[]ejeX[cYeceW;Yedec_W$I[ZkWiekcW_iZ_iY_fb_dWifeZ[c [ijkZWhec[icei[]c[djeZWh[Wb_ZWZ[fehgk[WiZ_\[h[dWii[i_jkWc\ehWZWh[Wb_ZWZ[[ [ijeh[bWY_edWZWiYeceieb^Wh[iZWf[iieWgk[_dl[ij_]W$ Eb_l_[hCWhj_d[j$Wb$"Dekl[WkCWdk[bZ[IeY_ebe]_["FWh_i07hcWdZ9eb_d"ĤģĕģWZWfjWZe
2.1 Dá exemplos de quatro ciências sociais para além das mencionadas no texto 2.2 Justifica o facto de a relação das crianças com os seus pais ser um fenómeno
social. 2.3 Mostra que a Economia é uma ciência social. 2.4 Explicita como é que a Economia estuda a família. 2.5 Comenta o texto, tendo em conta o conceito de interdisciplinaridade. 3. 7fWhj_hZ[ĤģģĦ"f[hWdj[WiYh[iY[dj[id[Y[ii_ZWZ[iZ[c_d[hW_ifehfWhj[ZW9^_dWfWhW WiikWi_dZijh_Wi[Wj_l_ZWZ[iZ[Yedijhke"eifh[eiZeekhe"fhWjW"YeXh["dgk[b"p_dYe [\[hheYec[WhWcWWj_d]_hc|n_cei^_ijh_Yei"eh_]_dWdZeeWkc[djeZei_dl[ij_c[djei ZWi [cfh[iWi ckbj_dWY_edW_i$ 9edjhW W _dijWbWe Z[ c_dWi W Yk WX[hje" Z[i[dhebWhWc-i[ĕĨĕYed\b_jeidW7ch_YWBWj_dWgk[fheZkpħĤZWfhWjWZefbWd[jW"ĦħZeYeXh[[ ĤĤZep_dYeYeceWh]kc[djeZ[gk["Z_\[h[dj[c[dj[ZWic_dWiikXj[hh~d[Wic[dei h[dj|l[_i"eideleifhe`[jeiZWd_\_YWceWcX_[dj[[WiWj_l_ZWZ[iW]hYebWijhWZ_Y_edW_i ZWiYeckd_ZWZ[i$ 7b[`WdZheH[Xeii_e";bFWi"ĤĤ%ģī%ĤģĕĤWZWfjWZe
3.1 Apresenta uma noção de recursos. 3.2 Enumera três recursos para além dos mencionados no texto. 3.3 Explica em que consiste o problema económico, com base no texto. 3.4 Indica o objeto de estudo da Economia. 3.5 Apresenta uma noção de custo de oportunidade.
5
4. EfheXb[cWZWWfb_YWeZeih[Ykhiei[iYWiiei[Ze[cfh[]eWbj[hdWj_le"[c\_dWb_ZWZ[iZ[ Z[i_]kWb_cfehj~dY_W"egk[Yedij_jk_eeX`[jeZW;Yedec_WB$HeXX_di$ ehi-ih_[d$ĕģ"`Wd[_heZ[ĤģĕĤ [ 7bj[hdWj_l[i?dj[hdWj_edWb[i d$ ħĨ" i[j[cXhe Z[ ĤģĕĤ WZWfjWZe
5.1 Refere as principais atividades económicas para além da mencionada no texto. 5.2 Apresenta uma noção de agente económico. 5.3 Identifica um agente económico cuja função principal é a produção de bens e serviços
não financeiros. 5.4 Identifica um agente económico implícito na afirmação destacada. 5.5 Justifica o facto de a precariedade ser um fenómeno social. 5.6 Identifica a dimensão económica da precariedade, a partir da afirmação destacada.
Nota: Para a resolução desta ficha consulta também o manual, págs. 26 a 45.
6
TESTE DE AVALIAÇÃO 1
UNIDADE 1 / A ATIVIDADE ECONÓMICA E A CIÊNCIA ECONÓMICA
=HKFE ? As questões que se seguem são de escolha múltipla. Das quatro respostas (A a D), apenas uma está correta. Assinala-a com X. 1. A Economia é a ciência que estuda as escolhas entre utilizações alternativas dos recursos. Essas
escolhas decorrem do facto de (A) os bens serem livres. (B) a Humanidade ter liberdade de decisão. (C) os bens serem escassos. (D) a Humanidade ter necessidades primárias. Exame Nacional de 2010 – 1.a fase (adaptado)
2. Em Economia, a noção de escassez está relacionada com o facto de (A) a realidade social poder ser estudada segundo diferentes perspetivas. (B) os recursos serem insuficientes face às necessidades dos indivíduos. (C) os custos de produção das empresas poderem, por vezes, ser diminuídos. (D) a ciência económica fazer previsões que nem sempre se verificam. Exame Nacional de 2011 – 2.a fase
3. A escolha é uma questão fundamental em Economia, pois as necessidades humanas (A) alteram-se com o tempo e os recursos disponíveis são ilimitados. (B) são ilimitadas e os recursos disponíveis são escassos. (C) são substituíveis e os recursos naturais são renováveis. (D) variam no espaço e os recursos naturais são ilimitados. Exame Nacional de 2012 – 1.a fase
4. São atividades económicas (A) a produção, a distribuição e o desemprego. (B) as Famílias, as Empresas e o Estado. (C) a produção, a distribuição e o consumo. (D) as Famílias, as Empresas e as Instituições Financeiras. Exame Nacional de 2011 – 1.a fase
5. As Famílias constituem um agente económico cuja função principal é (A) consumir bens e serviços. (B) realizar poupança. (C) produzir bens e serviços. (D) redistribuir o rendimento. Exame Nacional de 2012 – 2.a fase
7
=HKFE ?? 1. ;djh[ `kd^e Z[ Ĥģĕĕ [ `kd^e Z[ ĤģĕĤ" e i[jeh _dZkijh_Wb h[Ykek Ĥ"ĕ dW PedW ;khe [ Ĥ"Ĥ dW K; W Ĥĩ$ ;ijWi gk[ZWi" gk[ WXhWd][c ĕĤ Zei Ĥĩ ;ijWZei" j
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25
TAXA DE DESEMPREGO NA UNIÃO EUROPEIA
%
Janeiro 2008 Junho 2012 20
15
10
5
Áustria
Holanda
Luxemburgo
Malta
Alemanha
Rep. Checa
Suécia
Bélgica
Roménia
Finlândia
R. Unido
Dinamarca
Eslovénia
França
Polónia
Itália
Chipre
Estónia
Hungria
Bulgária
Lituânia
Irlanda
Eslováquia
Letónia
Portugal
Grécia
Espanha
Zona Euro
UE-27
0
Eurostat, 2012
1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6
Explicita a situação de Portugal no que respeita ao recuo do setor industrial, tendo em conta o texto. Indica que países da União Europeia atingiram taxas de desemprego superiores às da Zona Euro, em junho de 2012. Refere os quatro países da União Europeia que sofreram maiores subidas da taxa de desemprego, entre janeiro de 2008 e junho de 2012. Relaciona, com base no gráfico e no texto, o recuo da produção industrial e o aumento do desemprego. O estudo do fenómeno social – desemprego – exige o recurso a uma pluralidade de ciências. Justifica a que ciências se deveria recorrer para estudar o desemprego. Explicita a perspetiva económica do desemprego.
=HKFE ??? 1. O economista inglês Alfred Marshall afirmou na sua obra Princípios de Economia que «a
Economia é o estudo da Humanidade nos assuntos correntes da vida». 1.1 Apresenta o objeto da Economia, a partir da afirmação de Alfred Marshall. 1.2 Enumera as condições para que uma disciplina possa ser considerada uma ciência.
8
UNIDADE 1 / A ATIVIDADE ECONÓMICA E A CIÊNCIA ECONÓMICA
=HKFE ?L 1. 7 c_dW Z[ YeXh[ Z[ CefWd_ dW P~cX_W cW_i Ze gk[ X[d[\_Y_Wh ei ^WX_jWdj[i beYW_i j[c i_Ze i_dd_ce Z[ c_ih_W [ Z[ febk_e$ Ei iWb|h_ei ie ck_je XW_nei [ e Wh [ W |]kW [ije iWjkhWZei Z[ Z_n_Ze Z[ [dne\h[ [ Z[ Whid_Ye Z[l_Ze We cjeZe Z[ [njhWe [iYeb^_Ze" cW_i [Yedc_Ye" gk[ [dl[d[dW W fefkbWe jejWb$ ?]eh CWhj_dWY^[" ¼H[ikbjWZei ZW [nfbehWe½" 7bj[h[Ye" d$± ĥĤģ" `Wd[_he Z[ Ĥģĕĥ WZWfjWZe
O cobre é um recurso. Justifica a afirmação. 1.2 Explica em que consiste a racionalidade económica, a partir do texto. 1.3 Explicita a necessidade da interdisciplinaridade, tendo em conta o exposto no texto. 1.4 Justifica em que agente económico incluirias as empresas de exploração mineira. 1.1
=HKFE L 1. Lê a seguinte afirmação:
Só a perceção do comportamento de todos os indivíduos que realizam uma função económica análoga permite obter uma visão global da realidade económica. 1.1 Apresenta uma noção de agente económico, a partir da afirmação. 1.2 Justifica em que categoria de agentes económicos incluirias cada uma das seguintes entidades: a) Câmara Municipal do Porto; b) Caixa Geral de Depósitos; c) TAP Portugal; d) Hipermercados Continente, e) Ministério da Educação; f) CP, Comboios de Portugal.
Nota: Para a resolução deste teste consulta também o manual, págs. 26 a 45.
9
2
RESUMO
Necessidades e consumo 2.1 NECESSIDADES Em todos os tempos e lugares, homens e mulheres têm procurado resolver estados de carência sentidos por todos – as necessidades. As necessidades são múltiplas e variadas e estão permanentemente presentes no nosso quotidiano. Dado que constituem situações de mal-estar, os indivíduos têm procurado a sua eliminação, sendo o consumo um dos meios para tal.
Necessidades
Consumo
Características das necessidades As necessidades têm quatro características:
.VMUJQMJDJEBEF – as necessidades são múltiplas e de diferente natureza. Todos sentimos
necessidades básicas como comer, beber, dormir, ter saúde ou ter habitação, por exemplo; mas também sentimos outras necessidades, ditas superiores, como a necessidade de nos relacionarmos com os outros, de sentir autoestima ou realização pessoal.
4VCTUJUVJCJMJEBEF – é possível satisfazer as necessidades através de meios alternativos, substituíveis entre si. De facto, quando não temos leite poderemos satisfazer as nossas necessidades de cálcio com um iogurte.
4BDJBCJMJEBEF – a partir do consumo de uma determinada dose de um bem poderemos
ter as necessidades satisfeitas. Por exemplo, ao fim de três copos de água, a nossa sede está saciada.
3FMBUJWJEBEF – as necessidades variam no tempo e no espaço. As necessidades de alguns bens alimentares atuais – pizas, por exemplo – não eram sentidas há um século pelos portugueses. O vestuário ocidental também não satisfaz as necessidades de vestuário das mulheres afegãs, por exemplo. As necessidades são, portanto, relativas ao momento histórico e ao espaço geográfico e cultural em que são sentidas.
Classificação das necessidades As necessidades sentidas pelos indivíduos não são todas iguais, distinguindo-se em função de dois critérios principais – a sua importância e o facto de vivermos em coletividade. Quanto à sua importância, existem:
/FDFTTJEBEFTQSJN¼SJBT – aquelas que se não forem satisfeitas podem pôr em risco a vida dos indivíduos (p. ex.: alimentação, descanso).
/FDFTTJEBEFTTFDVOE¼SJBT – aquelas que, embora importantes, se não forem satisfeitas, não põem em causa a vida das pessoas (p. ex.: cultura).
/FDFTTJEBEFTUFSDJ¼SJBT – as que são supérfluas e perfeitamente dispensáveis (p. ex.: vestuário de marca).
10
UNIDADE 2 / NECESSIDADES E CONSUMO
Quanto ao facto de vivermos em coletividade, existem:
/FDFTTJEBEFTJOEJWJEVBJT – as que sentimos independentemente de vivermos com os outros (p. ex.: alimentação).
/FDFTTJEBEFTDPMFUJWBT – as que decorrem do facto de vivermos em coletividade, podendo ser satisfeitas por bens e serviços públicos (p. ex.: necessidade de segurança).
2.2 O CONSUMO O consumo é um comportamento económico indispensável à satisfação das necessidades e pode ser definido como o ato pelo qual se destrói um bem para satisfação das necessidades dos indivíduos.
Necessidades
Consumo
Satisfação das necessidades
Fatores que influenciam o consumo Existem múltiplos fatores que influenciam o consumo. Em termos esquemáticos, temos:
Rendimento Preços 'BUPSFTFDPOÎNJDPT Inovação Crédito FATORES QUE INFLUENCIAM O CONSUMO Moda
Marketing 'BUPSFTO¾PFDPOÎNJDPT Cultura Desejo de ostentação
11
Todos compreendemos a influência dos fatores não económicos no nosso consumo. Sabemos a importância da publicidade, do merchandising e de outras estratégias para aumentar o nosso desejo de consumir. Vamos, no entanto, abordar com mais detalhe a ação dos fatores económicos sobre o ato de consumir. Um dos fatores determinantes do consumo é o rendimento das famílias. Quanto maior for o rendimento, maiores serão as possibilidades de adquirir os bens e os serviços de que as famílias necessitam. Caso estas não tenham o rendimento necessário, então, poderão recorrer ao crédito, que será facilitado, ou não, em função das taxas de juro praticadas. Podemos também indicar os preços como um dos fatores que mais influenciam o consumo das famílias. De facto, quando os preços são baixos, maior será a nossa propensão a consumir, verificando-se o contrário quando os preços são altos. Um outro fator de grande relevância nas sociedades industrializadas atuais é a inovação. Esta, associada a preços de produção mais baixos, origina novos bens que geram grande apetência. Telemóveis modernos com novas funções são, certamente, um dos bens que se enquadram nesta situação.
Lei de Engel Engel foi um economista alemão que fez um estudo sobre o consumo das famílias operárias belgas no século XIX. Na sua pesquisa, calculou a percentagem que as famílias gastavam em diferentes tipos de bens relativamente ao total das suas despesas de consumo – coeficientes orçamentais. Concluiu, então, que quanto maior fosse o rendimento das famílias, menor era o coeficiente orçamental relativo à alimentação (a percentagem do orçamento familiar gasta na alimentação). Verifiquemos a Lei de Engel, através de um exemplo: No quadro que se segue, observamos que as duas famílias têm rendimentos diferentes (1000 e 10 000 euros) e estruturas de consumo também diferentes (cada uma gasta valores diferentes nas várias categorias de bens). No exemplo apresentado, todo o rendimento é gasto em consumo. Estrutura das despesas de consumo de duas famílias (em valores monetários) Categorias de consumo
Família X (4 membros)
Família Y (4 membros)
Bens alimentares e bebidas
500
3000
Vestuário e calçado
100
2000
Habitação
100
2000
Saúde
100
500
Educação
50
500
Transportes
100
500
Lazer
30
1000
Outros
20
500
1000
10 000
Total do rendimento mensal (euros)
12
UNIDADE 2 / NECESSIDADES E CONSUMO
Coeficientes orçamentais relativos às diferentes componentes do consumo das duas famílias Categorias de consumo
Família X (4 membros)
Família Y (4 membros)
Bens alimentares e bebidas
500 : 1000 = 100 = 50%
3000 : 10 000 = 100 = 30%
Vestuário e calçado
100 : 1000 = 100 = 10%
2000 : 10 000 = 100 = 20%
Habitação
10%
20%
Saúde
10%
5%
Educação
5%
5%
Transportes
10%
5%
Lazer
3%
10%
Outros
2%
5%
100 %
100%
Total do rendimento mensal (euros)
A leitura do quadro permite verificar, por exemplo, que:
50% das despesas de consumo da família X destinam-se aos gastos com a alimentação (o coeficiente orçamental relativo à alimentação é de 50%);
30% das despesas de consumo da família Y destinam-se aos gastos com a alimentação (o coeficiente orçamental relativo à alimentação é de 30%).
Segundo a Lei de Engel, quando uma família gasta percentualmente mais em alimentação (coeficiente orçamental maior), ela tem menos rendimentos do que a outra. No exemplo apresentado, a família X tem menos rendimentos do que a família Y. Esta lei pode ser adaptada a outras situações. Serve também para comparar níveis de desenvolvimento entre países ou níveis de vida de estratos sociais diferentes, níveis de rendimento em períodos diferentes, etc. A comparação entre os coeficientes orçamentais, relativos à alimentação, permite-nos, assim, tirar outro tipo de conclusões:
Coeficiente orçamental relativo aos bens alimentares
País A
País B
35%
20%
Recorrendo à Lei de Engel, podemos concluir que o país B é mais rico do que o país A. Mas podemos ainda analisar o crescimento económico de um país, utilizando o mesmo princípio. No quadro abaixo, o país apresenta crescimento económico, visto o coeficiente orçamental relativo à alimentação ter diminuído, no período considerado.
Coeficiente orçamental relativo aos bens alimentares
1970
2010
35%
20%
13
A sociedade de consumo Após a Revolução Industrial e as permanentes descobertas científicas e tecnológicas, a produção, paulatinamente, começou a exceder as necessidades de consumo das populações dos países mais industrializados e desenvolvidos. Em meados do século XX, foi afirmado que o eixo das preocupações dos empresários se tinha deslocado da esfera da produção para a das vendas. Isto é, era mais difícil vender do que produzir. Surge, então, todo um conjunto de estudos para encontrar soluções para escoamento do excesso de produção. O marketing passa a ser tão ou mais importante que a produção. A criação de novas necessidades passa a constituir uma estratégia de escoamento da constante e exponencial produção. Consome-se para escoar a produção! Estamos, assim, em plena sociedade de consumo, uma sociedade de abundância, com bens baratos, de duração limitada e produzidos em série. Para escoar tal profusão de bens, o comércio adapta-se – surgem os grandes centros comerciais, os hipermercados, grandes superfícies de consumo centralizado, em horários alargados. O consumo massifica-se, com a oferta de bens produzidos em série, a custos baixos, sem grande qualidade ou duração.
O consumismo e o consumerismo O consumismo é, assim, a imagem da sociedade de consumo. Os constantes e permanentes apelos ao consumo, veiculados pelas mais modernas estratégias de vendas e fidelização dos consumidores, têm como resposta um consumo desenfreado, pouco criterioso, instintivo e pouco racional. Consome-se porque estamos numa sociedade estruturada para tal. O consumismo é a resposta dos consumidores aos apelos para consumir sem grande necessidade real. Em resposta a uma sociedade excessivamente consumista, com grandes desperdícios e pouco criteriosa, têm surgido movimentos de apelo à ponderação. São os movimentos consumeristas. Reutilizar, reciclar e reduzir é o seu lema. Não ao desperdício, ao lixo, ao esbanjamento, à ostentação, à poluição, à quantidade! Não ao consumo feito por fábricas poluidoras, que recorrem ao trabalho infantil ou à exploração da mão de obra; não aos bens testados de forma cruel sobre seres indefesos; não ao consumo irracional! Existem várias organizações de defesa do consumidor no nosso país e na Europa. Consulta os sites da DECO, do Instituto do Consumidor ou a Agenda Europa, da responsabilidade da União Europeia, para saberes mais sobre os teus direitos e deveres de consumidor responsável.
14
UNIDADE 2 / NECESSIDADES E CONSUMO
FICHA FORMATIVA 2
1.
Explicita as quatro características das necessidades.
2.
Através de setas, liga os itens das duas colunas de modo a obter relações verdadeiras. Alimentação
Necessidade primária
Joias
Necessidade secundária
Especialização profissional
Necessidade terciária
Automóvel utilitário
3.
Distingue necessidades individuais de necessidades coletivas, exemplificando.
4.
Relaciona o conceito de consumo com o de necessidades.
5.
Comenta a afirmação: O consumo é um comportamento económico, sociológico, histórico e psicológico; ou seja, é um fenómeno social total e complexo.
6.
No Boletim Económico do Banco de Portugal, pode verificar-se, para 2012, uma previsão de retração do consumo privado e do consumo público de -7,3% e -1,7%, respetivamente. 6.1 Distingue os autores dos tipos de consumo referidos no Boletim.
7.
Existem tipos de consumos acessíveis a todos, cujo consumo individual não diminui o consumo de outro indivíduo, como a iluminação proporcionada por um farol. 7.1 Como se designa esse tipo de consumo? 7.2 Distingue-o de consumo individual.
8.
As cerejas, produzidas e comercializadas pela empresa Frutol S. A. são adquiridas pela fábrica de compotas Doce–Come Lda., mas também são adquiridas pelas famílias para alimentação. 8.1 Classifica o consumo de cerejas pelos três agentes económicos.
9.
Define padrão de consumo, a partir da seguinte afirmação: Os alemães preferem cerveja; já os italianos gostam de vinho.
10.
O consumo sofre a influência de múltiplos fatores económicos e não económicos. 10.1 Indica os fatores económicos que influenciam o consumo. 10.2 Explica como o preço e o rendimento podem influenciar o consumo. 10.3 Justifica que o acesso ao crédito pode ser um fator de estímulo para o consumo. 10.4 Através de um exemplo, explica como a inovação dos bens pode constituir um elemento apelativo para o consumo. 10.5 Indica dois fatores não económicos que possam influenciar o ato de consumir.
15
11.
Observa a seguinte tabela relativa a uma das categorias de consumo das famílias portuguesas, entre 1989 e 2011. Categoria de consumo
1989/1990 (coeficiente orçamental)
2010/2011 (coeficiente orçamental)
Alimentação
29,5%
13,3%
Inquérito aos Orçamentos Familiares (1989/1990) e Inquéritos às Despesas das Famílias (2010/2011), INE
Classifica a evolução do nível de rendimento das famílias portuguesas, no período considerado. 11.2 Justifica a resposta anterior, tendo em conta a Lei de Engel.
11.1
12.
Observa o quadro seguinte relativo à estrutura das despesas mensais de duas famílias. Categorias de despesa
Família A
Família B
Alimentação e bebidas não alcoólicas
40%
———
Vestuário, calçado e objetos de uso pessoal
15%
20%
Habitação e despesas de água, gás e eletricidade
20%
20%
Saúde
10%
10%
Lazer
5%
20%
Outras
15%
15%
Define coeficiente orçamental. 12.2 Calcula o coeficiente orçamental para a alimentação relativo à família B. 12.3 Sabendo que a família B tem um orçamento mensal de 5000 euros para despesas de consumo, calcula o valor dos gastos dessa família com a alimentação. 12.4 Indica, justificando, qual das famílias tem um nível de rendimento maior. 12.1
13.
A sociedade de consumo nasce com a revolução industrial e a necessidade das economias industrializadas produzirem cada vez mais. Mas é após a II Guerra Mundial que as empresas constatam que se torna mais difícil vender do que produzir. A partir daí, o eixo das preocupações empresariais desloca-se da produção para as técnicas de escoamento dos produtos. 13.1 Recorrendo ao texto, apresenta uma noção de sociedade de consumo. 13.2 Explica o aparecimento do consumismo com o desenvolvimento da sociedade de consumo.
14.
Comenta a seguinte afirmação: O consumo sustentável é um comportamento de cidadania responsável e um exemplo de consumerismo.
Nota: Para a resolução desta ficha consulta também o manual, págs. 46 a 91.
16
TESTE DE AVALIAÇÃO 2
UNIDADE 2 / NECESSIDADES E CONSUMO
=HKFE ? As questões que se seguem são de escolha múltipla. Das quatro respostas (A a D), apenas uma está correta. Assinala-a com X. 1. A sensação de sede vai desaparecendo à medida que vamos ingerindo quantidades adicionais
de água, até que a necessidade de beber água desaparece. A característica das necessidades que a afirmação anterior ilustra é a (A) intensidade. (B) saciabilidade. (C) substituibilidade. (D) multiplicidade. Exame Nacional de 2011 – 2.a fase
2. Num dado ano, o coeficiente orçamental das despesas em alimentação da família A foi de
50%. Considera ainda que esta família destinou uma parte do seu rendimento para poupança. Então, podemos concluir que, nesse ano, as despesas em alimentação da família A representaram metade do (A) total das suas despesas de consumo. (B) seu rendimento disponível. (C) total das suas despesas de capital. (D) seu rendimento pessoal. Exame Nacional de 2012 – 2.a fase
3. Supõe que, num determinado ano, uma família dispõe de um rendimento mensal de 2500 eu-
ros. No mês X, o total das suas despesas de consumo foi de 2000 euros, tendo sido gastos 950 euros em alimentação e 600 euros em vestuário. Então, o coeficiente orçamental das despesas em alimentação desta família é (A) 38,0%. (B) 1050 euros. (C) 47,5%. (D) 1550 euros. Exame Nacional de 2012 – 1.a fase
4. Uma das características da sociedade de consumo é que nela (A) se verifica o consumo de massas. (B) o consumo público é superior ao consumo privado. (C) a moeda perde, gradualmente, importância. (D) se constata a negação da Lei de Engel. Exame Nacional de 2011 – 1.a fase
17
5. Um dos objetivos associados aos movimentos consumeristas é o de (A) defender os interesses de produtores e vendedores. (B) estimular padrões de consumo massificado. (C) promover os direitos dos consumidores. (D) proteger os interesses das pequenas e médias empresas. Exame Nacional de 2012 – 2.a fase
=HKFE ?? 1. O consumo das famílias portuguesas sofreu uma queda no 2.o trimestre de 2012. As causas
apontadas para o fenómeno observado deveram-se, essencialmente, ao aumento da carga fiscal, ao desemprego, ao endividamento e a alguma incerteza política. 1.1 Apresenta uma noção de consumo. 1.2 Identifica, no texto, os fatores económicos e não económicos que influenciam o consumo. 1.3 Explica de que forma o aumento da carga fiscal pode influenciar o consumo das famílias. 1.4 Indica um exemplo de mais um fator económico que possa influenciar o consumo. 1.5 Comenta o texto, tendo em conta a relação entre o consumo e a satisfação das necessidades dos cidadãos. 2. De acordo com uma sondagem realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião
da Universidade Católica Portuguesa, nos dias 15, 16 e 17 de setembro de 2012, os inquiridos deram as respostas a seguir indicadas.
13%
No emprego
«Na sua opinião, que efeito terão todas as medidas anunciadas pelo Governo no Orçamento de Estado de 20131, nos seguintes fatores?»
74% 13% 32%
Nas exportações
43% 25% 23%
Nas importações
55% 22% 10%
No consumo interno
77% 13%
Relaciona as informações obtidas e demonstra que o consumo é um fenómeno social complexo, influenciado por múltiplos fatores.
1
18
Aumento dos impostos, aumento das contribuições para a Segurança Social, corte nas pensões da função pública, corte nos subsídios para a função pública, alteração dos escalões do IRS, novas regras para a atribuição de subsídio de desemprego e RSI.
Aumentar Diminuir Ns/Nr
UNIDADE 2 / NECESSIDADES E CONSUMO
=HKFE ??? 1. Observa os seguintes valores. Portugal $PFGJDJFOUFTPSÂBNFOUBJTSFMBUJWPT» BMJNFOUB¾PFCFCJEBTO¾PBMDPÎMJDBT
União Europeia a 27
2000
2009
2000
2009
16,6%
16,9%
13,0%
13,1%
Pordata, outubro de 2012 1.1
Comenta a situação evidenciada no quadro, tendo em conta a Lei de Engel.
2. O quadro seguinte refere-se ao rendimento e despesa das famílias, em Portugal, em 2005/2006. Valores totais anuais médios, por agregado familiar e por região (euros) Total (*)
Norte
Centro
Lisboa
Alentejo
Algarve
Rendimento anual médio
22 136
19 906
20 119
27 463
18 276
22 080
Despesa total anual média
17 607
16 992
15 985
20 715
14 067
18 139
Despesa total anual média em produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, por agregado familiar e por região (em % do total das despesas ) Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas
16,0
(*) Inclui Madeira e Açores.
17,0
16,0
14,0
17,0
15,0
Inquérito às Despesas das Famílias (2005/2006), INE (adaptado)
Relaciona, com base nos dados apresentados, o rendimento das famílias em Portugal, em 2005/2006, com as suas despesas de consumo, considerando: 2.1 o rendimento e a despesa anuais médios, totais e por regiões; 2.2 o peso das despesas de consumo em produtos alimentares e bebidas não alcoólicas no total de despesas. Exame Nacional de 2011 – 1.a fase
=HKFE ?L 1. E Yh[iY_c[dje ZW [Yedec_W ckdZ_Wb Wii[djW" [c bWh]W c[Z_ZW" de Yedikce Wc[h_YWde" e gkWb h[fh[i[djW ĩģ Ze FheZkje Zei ;K7 [ Wfhen_cWZWc[dj[ Ĥģ ZW Wj_l_ZWZ[ ckdZ_Wb$ 7 ieY_[ZWZ[ Z[ ^_f[hYedikce Ye_dY_Z[ Yec kc [ijWZe ZW [Yedec_W cWhYWZe f[bW Y[djhWb_ZWZ[ Ze Yedikc_Zeh$ Gilles Lipovetsky, A felicidade paradoxal – ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo, Ed. 70, 2007 (excerto) 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6
Apresenta uma noção de padrão de consumo. Indica duas das características da sociedade de consumo. Relaciona sociedade de consumo e comportamento consumista. Distingue consumismo de consumerismo. Explica a importância dos movimentos consumeristas na sociedade do «hiperconsumo». Comenta o texto, tendo em conta os conceitos apropriados.
Nota: Para a resolução deste teste consulta também o manual, págs. 46 a 91.
19
3
RESUMO
A produção de bens e serviços 3.1 OS BENS – NOÇÃO E CLASSIFICAÇÃO Para a satisfação das suas necessidades, os indivíduos produzem bens e serviços. Bens são os meios através dos quais homens e mulheres tentam ultrapassar esse estado de carência ou mal-estar.
Necessidades
Produção de bens e serviços
Consumo
Satisfação das necessidades
Dada a multiplicidade de bens e serviços de que os indivíduos podem dispor para a satisfação das suas necessidades, é conveniente classificá-los, segundo critérios específicos, para os conhecermos melhor. Assim: Quanto à natureza, existem:
#FOT NBUFSJBJT – quando é possível senti-los, vê-los, isto é, quando têm visibilidade física, podendo ser armazenados (p. ex.: um livro, um bolo, uma ferramenta).
#FOTJNBUFSJBJTPVTFSWJÂPT – quando não têm visibilidade física, não são palpáveis, não podendo ser armazenados (p. ex.: um concerto, uma aula, uma consulta médica).
Quanto ao custo, existem:
#FOT MJWSFT – quando são adquiridos sem dispêndio de qualquer dinheiro ou esforço, como o ar que respiramos.
#FOT FDPOÎNJDPT – quando é necessário gastar algum dinheiro ou despender algum esforço para os adquirir. Estão nesta categoria os bens escassos, ou seja, a maioria dos bens que consumimos.
Quanto à função, existem:
#FOTEFDPOTVNP – quando se destinam ao consumo final das famílias (p. ex.: o vestuário, a alimentação ou um computador pessoal).
#FOTEFQSPEV¾P – quando se destinam a produzir outros bens pelas empresas (p. ex.: um computador, uma máquina ou matérias-primas).
Quanto à duração, existem:
#FOT EVSBEPVSPT – quando não se anulam após uma primeira utilização (p. ex.: uma máquina, uma peça de roupa ou um telemóvel).
#FOTO¾PEVSBEPVSPT – quando se esgotam após a sua utilização (p. ex.: uma peça de fruta ou as matérias-primas que se incorporam nos produtos finais).
20
UNIDADE 3 / A PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
Quanto às relações recíprocas, existem:
#FOTTVCTUJUVUPT –aqueles que têm características semelhantes e que se podem substituir entre si (p. ex.: azeite e óleo, açúcar e sacarina ou Coca-Cola e Pepsi).
#FOTDPNQMFNFOUBSFT – aqueles que, para atingir os fins para que foram criados, têm de ser utilizados em conjunto (p. ex.: o computador e a impressora completam-se na elaboração e apresentação dos trabalhos; o carro e a gasolina).
Bens materiais 2VBOUP»OBUVSF[B Bens imateriais ou serviços Bens livres 2VBOUPBPDVTUP Bens económicos CLASSIFICAÇÃO DOS BENS Bens de consumo 2VBOUP»GVO¾P Bens de produção Bens duradouros 2VBOUP»EVSB¾P Bens não duradouros
2VBOUP»T SFMBÂÐFTSFDÈQSPDBT
Bens sucedâneos/ substitutos Bens complementares
3.2 PRODUÇÃO E PROCESSO PRODUTIVO. SETORES DE ATIVIDADE ECONÓMICA Produção é o ato económico que consiste na criação de bens e serviços. O processo produtivo é a sucessão de etapas através das quais as matérias-primas são transformadas em produtos finais, o que corresponde a tecnologia. A variedade dos bens e serviços produzidos pelas economias não permite por si só avaliar o nível de desenvolvimento dos países. Para tal, é necessário agrupar os bens e serviços produzidos de acordo com um critério específico, de modo a perceber se o país é, essencialmente, agrícola, industrializado ou se produz sobretudo serviços. O critério utilizado, apresentado pelo economista Colin Clark (1905-1989), ainda hoje é seguido.
21
Segundo Colin Clark, os bens e serviços são agrupados em três setores.
4FUPSQSJN¼SJP – inclui os bens provenientes da natureza. Agricultura, silvicultura, pesca, caça, pecuária e indústrias extrativas são as atividades incluídas neste setor.
4FUPSTFDVOE¼SJP – inclui as indústrias transformadoras, a produção e distribuição de gás, água e eletricidade e a construção.
4FUPSUFSDJ¼SJP – setor residual – inclui todas as atividades não consideradas nos setores primário e secundário. São os serviços, dos quais se destacam o comércio, a educação, a saúde, o turismo e a atividade bancária, por exemplo.
Tendo em conta o tipo de indústria, é possível falar de indústrias ligeiras (onde predomina o trabalho) e de indústrias pesadas (onde predomina o capital). Pode ainda dividir-se as indústrias em tradicionais, as que recorrem a processos produtivos antigos, e modernas, as que recorrem a tecnologia de ponta, inovadora. Jean Fourastié, um economista francês, propôs uma alteração à tipologia anterior, integrando as indústrias extrativas no setor que designou por setor industrial. Também propôs a designação de setor agrícola e setor dos serviços para os setores primário e terciário, respetivamente. Estas classificações permitem, então, caracterizar as economias dos países e verificar se eles são desenvolvidos, em desenvolvimento ou menos desenvolvidos. Um país desenvolvido é aquele em cuja economia predomina o setor terciário – é um país terciarizado. Um país menos desenvolvido é um país predominantemente agrícola, em que o setor primário é o dominante. Num país em desenvolvimento, o setor primário já não é o dominante, o setor secundário tem algum destaque em termos do seu contributo para o produto do país e o setor terciário tem um peso semelhante ao do secundário. País desenvolvido
Setor III > Setor II > Setor I
País menos desenvolvido
Setor I > Setor II e Setor III
3.3 FATORES DE PRODUÇÃO – NOÇÃO E CLASSIFICAÇÃO Para produzir são necessários fatores de produção – força de trabalho, capital ou meios de produção e recursos naturais (que é possível integrar no capital).
Força de trabalho FATORES DE PRODUÇÃO
Capital Recursos naturais
Trabalho – população ativa, taxa de atividade e taxa de desemprego A população de um país que pode trabalhar, sendo remunerada por isso, é a sua população ativa. Esta integra não só os homens e as mulheres que têm uma ocupação ou profissão e são remunerados por isso, mas também os desempregados. 22
UNIDADE 3 / A PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
Obviamente, os indivíduos que não fazem parte da população ativa formam a população inativa, sendo esta constituída pelos estudantes, reformados, inválidos e donas de casa. Trabalhadores 1PQVMB¾PBUJWB Desempregados
Estudantes
POPULAÇÃO RESIDENTE
Reformados 1PQVMB¾PJOBUJWB
Inválidos Donas de casa
A percentagem correspondente à população ativa relativamente ao total da população residente dá-nos a taxa de atividade. 5BYBEFBUJWJEBEF 1PQVMB¾PBUJWB = 100 1PQVMB¾PUPUBM
É possível calcular a taxa de atividade por género.
5BYBEFBUJWJEBEFGFNJOJOB
1PQVMB¾PBUJWBGFNJOJOB = 100 1PQVMB¾PGFNJOJOBUPUBM
5BYBEFBUJWJEBEFNBTDVMJOB
População ativa masculina = 100 População masculina total
É importante conhecer, igualmente, a percentagem de desempregados relativamente à população ativa. A taxa de desemprego dá essa informação.
5BYBEFEFTFNQSFHP %FTFNQSFHBEPT = 100 1PQVMB¾PBUJWB Há diversos tipos de desemprego, dos quais se salientam, pela sua importância económica e social, o desemprego tecnológico e o desemprego de longa duração. O primeiro resulta do desenvolvimento tecnológico e da incapacidade do trabalhador pouco qualificado em acompanhar as novas tecnologias. O desemprego de longa duração é o que se prolonga por um ano ou mais. 23
Também se podem calcular taxas de desemprego por género.
5BYBEFEFTFNQSFHPGFNJOJOP
.VMIFSFTEFTFNQSFHBEBT = 100 1PQVMB¾PBUJWBGFNJOJOB
5BYBEFEFTFNQSFHPNBTDVMJOP )PNFOTEFTFNQSFHBEPT = 100 1PQVMB¾PBUJWBNBTDVMJOB
5BYBEFEFTFNQSFHPEFMPOHBEVSB¾P %FTFNQSFHBEPTI¼BOPPVNBJT = 100 1PQVMB¾PBUJWB
Capital O capital é outro fator produtivo. O capital pode ser:
$BQJUBM GJOBODFJSP – conjunto dos meios financeiros de uma empresa. Este divide-se
em capital próprio, quando os meios financeiros são propriedade da empresa, e capital alheio, quando os meios financeiros não pertencem à empresa.
$BQJUBMUÄDOJDP – conjunto dos meios que permitem a produção. Divide-se em capital
fixo, que representa todos os meios de produção que não se anulam durante o processo produtivo, como as máquinas, por exemplo, e capital circulante, que designa as matérias-primas e as matérias subsidiárias que serão incorporadas nos produtos finais.
Capital próprio $BQJUBMGJOBODFJSP Capital alheio
CAPITAL
Capital fixo $BQJUBMUÄDOJDP Capital circulante
Produtividade dos fatores produtivos A produtividade é um conceito central em economia, representando a quantidade/valor da produção que se obtém com o emprego de uma certa quantidade/valor de trabalho ou capital.
1SPEVUJWJEBEFNÄEJBEPUSBCBMIP 1SPEV¾P 5SBCBMIP 24
1SPEVUJWJEBEFNÄEJBEPDBQJUBM
1SPEV¾P $BQJUBM
UNIDADE 3 / A PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
3.4 A COMBINAÇÃO DOS FATORES DE PRODUÇÃO É possível produzir as mesmas quantidades com combinações diferentes dos fatores produtivos. A função de produção traduz essa possibilidade: Capital
O Trabalho
Função de produção de um bem P = t (capital, trabalho)
Como conseguir a melhor combinação dos fatores produtivos? Qual a dimensão ótima da empresa? A solução depende da variável tempo – se considerarmos o curtíssimo prazo, o empresário não tem qualquer hipótese de alterar a combinação dos fatores produtivos. No entanto, se tivermos em conta o curto prazo, já é possível alguma alteração – a do fator trabalho, dado que o capital é de mais difícil alteração no curto prazo. Por último, se considerarmos o longo prazo, já será possível alterar os dois fatores produtivos. Numa perspetiva de curto prazo, a combinação ótima dos fatores produtivos é dada pelo valor mais alto da produtividade marginal (o aumento da produção quando se aumenta uma unidade do fator produtivo variável – neste caso, mais um trabalhador). A justificação tem a ver com a Lei dos Rendimentos Decrescentes, que afirma que a partir de uma dada combinação dos fatores produtivos, como um deles é fixo, a produção vai aumentando cada vez menos – a produtividade marginal vai diminuindo/os rendimentos vão decrescer. Já numa perspetiva de longo prazo, temos de recorrer aos custos de produção. Verifica-se que, quando a produção aumenta, até um certo limite, os custos médios por unidade produzida vão diminuindo. Há economias de escala que originam rendimentos crescentes. É, assim, vantajoso para o empresário produzir grandes quantidades. Este facto deve-se à diminuição dos custos fixos, que vão «tendendo para zero» à medida que a produção aumenta. Há como que uma repartição dos custos de funcionamento pelas novas unidades produzidas (sede da empresa, despesas de investigação, abatimentos em grandes quantidades compradas aos fornecedores, etc.). Naturalmente, a partir de uma certa quantidade produzida, verificam-se deseconomias de escala. Curtíssimo prazo
Não é possível alterar a combinação dos fatores produtivos.
Curto prazo
É possível alterar a quantidade de um dos fatores produtivos, normalmente o trabalho.
A melhor combinação é dada pela máxima produtividade marginal (o produto obtido quando se adiciona uma unidade de fator produtivo).
Lei dos Rendimentos Decrescentes – quando um dos fatores produtivos é fixo, a partir de uma certa produção, os rendimentos decrescem.
Longo prazo
É possível alterar a quantidade de todos os fatores produtivos.
A melhor combinação é dada pelo menor custo médio.
Lei das Economias de Escala – os custos médios diminuem com a quantidade produzida.
25
FICHA FORMATIVA 3
1.
Apresenta uma noção de bem.
2.
Estabelece a correspondência correta entre os elementos das duas colunas. Bilhete de cinema Bem livre
Amizade Ar Areia da praia
Bem económico
Peixe de um rio Bicicleta 3.
Classifica, no texto seguinte, os bens destacados quanto à sua função e duração. O sr. Silva é sócio e trabalhador de uma pastelaria. Tem um carro próprio para uso pessoal e uma carrinha que utiliza como meio de distribuição dos artigos confecionados para venda.
4.
O azeite e o óleo são bens substitutos. Esta afirmação é (A) verdadeira, porque são dois bens de preço semelhante. (B) falsa, porque o azeite tem uma qualidade superior ao óleo. (C) verdadeira, porque se podem substituir entre si. (D) falsa, porque nunca se pode substituir um pelo outro.
5.
Apresenta um exemplo de dois bens complementares e justifica a tua resposta.
6.
Observa a seguinte função de produção relativa ao bem X. Capital
A
8
O
5 Trabalho
Indica uma noção de processo produtivo. 6.2 Qual o significado da curva representada? 6.3 Qual o significado do ponto A? 6.1
7.
26
Em que setor de atividade económica integras cada um dos ramos de atividade? Silvicultura
Pecuária
Papel
Saúde
Comércio
Construção
Turismo
Educação
Lazer
Produção e distribuição de gás, água e eletricidade
UNIDADE 3 / A PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
8.
Identifica e classifica os fatores produtivos referidos no texto seguinte e distingue capital fixo de capital circulante. Para a produção de vestuário, trabalham na fábrica de Confeções Sousa, Lda. 10 costureiras, uma mestra, um estilista e uma gestora. A fábrica possui sete máquinas de costura, duas mesas de corte, dois computadores, outro mobiliário adequado ao tipo de produção, tecidos, linhas e mais material específico. A empresa tem, ainda, um carro de serviço.
9.
Considera os seguintes dados estatísticos, relativos à economia portuguesa, em 2011 (em milhares). População residente – 10 647 Emprego total – 4837 Desemprego total – 706 Desemprego de longa duração – 375 Calcula: 9.1 a taxa de atividade; 9.2 o número de inativos; 9.3 a taxa de desemprego; 9.4 a taxa de desemprego de longa duração.
10.
Explica a importância da aprendizagem ao longo da vida.
11.
Recorrendo a um exemplo, distingue riqueza de capital.
12.
Distingue capital financeiro próprio de capital financeiro alheio.
13.
Observa a seguinte função relativa à produção de 1000 unidades do bem X. Capital
4 A
3
B
2
C 1
O
1
2
3
4
5 Trabalho
Apresenta uma noção de função de produção. 13.2 Indica o significado do ponto A. 13.3 Em termos de quantidade, é preferível produzir em A, B ou C? Justifica. 13.1
27
14.
Explica o conteúdo da seguinte afirmação: A produtividade do trabalho aumenta com a educação e a formação dos trabalhadores.
15.
Observa o quadro seguinte e completa a coluna da produtividade marginal. Trabalhadores rurais
Produção total (sacos de cereal)
8
400
9
420
2 tratores
10
450
30 alfaias diversas
11
460
12
465
Capital
100 ha
Produtividade marginal
Indica a combinação ótima dos fatores produtivos. 15.2 Justifica a resposta à questão anterior. 15.3 Explica a evolução dos valores da produtividade marginal, com base na Lei dos Rendimentos Decrescentes. 15.1
16.
Observa o quadro seguinte e completa-o. Quantidade produzida
Custos fixos (u.m.)
10
Custos totais (u.m.)
30
110 120 210
15 20
290
Seleciona a quantidade ótima que a empresa X deverá produzir. (A) 5 unidades. (B) 10 unidades. (C) 15 unidades. (D) 20 unidades. 16.2 Justifica a resposta à questão anterior. 16.1
Nota: Para a resolução desta ficha consulta também o manual, págs. 92 a 137.
28
Custos médios/ unitários (u.m.)
50
5 7
Custos variáveis (u.m.)
14,0
UNIDADE 3 / A PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 =HKFE ?
As questões que se seguem são de escolha múltipla. Das quatro respostas (A a D), apenas uma está correta. Assinala-a com X. 1. Supõe que uma família possui, em determinado momento, uma casa, um carro e um certo
montante monetário em depósitos bancários. O conjunto destes ativos, que a família possui em determinado momento, é considerado como (A) riqueza. (B) investimento. (C) poupança. (D) capital. Exame Nacional de 2012 – 2.a fase
2. O quadro abaixo apresenta dados relativos à população do país A, em 2010. Milhares de indivíduos População total
10 200
População ativa
5500
População empregada
5200
De acordo com os dados apresentados, podemos concluir que no país A, em 2010, (A) a taxa de atividade era de 50,9%. (B) 5000 milhares de indivíduos eram inativos. (C) 4700 milhares de indivíduos estavam desempregados. (D) a taxa de desemprego era de 5,5%. Exame Nacional de 2012 – 1.a fase
3. O quadro abaixo apresenta os resultados de um estudo, efetuado por uma empresa produ-
tora de azeite, referente à sua estrutura de custos para os meses de janeiro e de fevereiro. Meses
Produção (litros de azeite)
Custos fixos (unidades monetárias)
Custos variáveis (unidades monetárias)
Janeiro
300
1000
3600
Fevereiro
600
1000
5400
De acordo com os dados apresentados, podemos concluir que, em 2010, (A) os custos variáveis médios do mês de fevereiro foram superiores aos do mês de janeiro. (B) os custos totais médios do mês de fevereiro foram iguais aos do mês de janeiro. (C) os custos totais médios do mês de janeiro foram inferiores aos do mês de fevereiro. (D) os custos variáveis médios do mês de janeiro foram superiores aos do mês de fevereiro. Exame Nacional de 2012 – 2.a fase
29
4. A empresa Bolodoce dedica-se à produção de bolos. Esta empresa efetuou, ao longo dos
primeiros cinco meses do ano, um estudo sobre a sua produção, do qual foram retirados os dados que abaixo se apresentam. Capital
Número de trabalhadores
Produção mensal de bolos (em milhares)
1
12
2
23
3
37
4
50
5
60
2 fornos 4 amassadeiras
Com base nos dados do quadro, (A) a produtividade marginal pela utilização do 5.º trabalhador é de 60 000 bolos mensais por trabalhador. (B) a produtividade marginal pela utilização do 5.º trabalhador é de 12 000 bolos mensais por trabalhador. (C) a produtividade média do trabalho quando se utilizam 4 trabalhadores é de 12 500 bolos mensais por trabalhador. (D) a produtividade média do trabalho quando se utilizam 4 trabalhadores é de 50 000 bolos mensais por trabalhador. Exame Nacional de 2011 – 2.a fase
5. Quando, a longo prazo, se verifica que os custos totais médios diminuem com o aumento da
quantidade produzida, fala-se da existência de (A) deseconomias de escala. (B) economias de escala. (C) rendimentos à escala. (D) empresas à escala. Exame Nacional de 2012 – 1.a fase
=HKFE ?? 1. O quadro abaixo apresenta dados relativos à população do país A, em 2011, e à taxa de ati-
vidade registada nesse ano.
População inativa (em milhares de indivíduos)
5103
Taxa de atividade (em %)
52
1.1
Determina, com base no quadro, o valor da população total do país A, em 2011.
1.2
Determina o valor da população empregada, sabendo que o número de desempregados foi de 550 mil. Exame Nacional de 2012 – 2.a fase (adaptado)
30
UNIDADE 3 / A PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
2. Lê o seguinte texto e analisa o gráfico anexo.
O fator de maior destaque no mercado de trabalho, em 2007, em Portugal, foi o elevado valor da taxa de desemprego (8,0%), valor que constitui um aumento de 0,3 pontos percentuais face ao observado em 2006. A taxa de desemprego dos jovens (taxa de desemprego juvenil) subiu 0,2 pontos percentuais, situando-se nos 16,4%, em 2007. Regista-se, contudo, pela primeira vez desde 2004, a redução do desemprego entre os jovens mais qualificados (ensinos secundário e superior). A alteração de estrutura setorial da economia pode explicar esta diminuição do desemprego entre os jovens mais qualificados. O crescimento do emprego em setores que exigem funções mais qualificadas, como «saúde e ação social», «atividades imobiliárias, de aluguer e serviços prestados às empresas» e «atividades financeiras», pode ter contribuído para absorver jovens qualificados. Em contrapartida, a alteração da estrutura produtiva, bem como o progresso tecnológico, exigindo qualificações mais elevadas, colocam desafios crescentes aos jovens com baixas qualificações. TAXA DE DESEMPREGO JUVENIL POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE EM PORTUGAL % 30 25 20 15 10 5 0 2006
2007
Básico - 1.º e 2.º ciclos Básico - 3.º ciclo
Secundário Superior Relatório Anual 2007, Banco de Portugal (adaptado)
2.1
Explica, com base no texto e no gráfico, o comportamento do desemprego juvenil, em Portugal, em 2006 e em 2007, considerando: nBFWPMV˨˗PEPEFTFNQSFHPKVWFOJMQPSŎWFMEFFTDPMBSJEBEF nBTSB[̯FTEPDPNQPSUBNFOUPEBUBYBEFEFTFNQSFHPKVWFOJMQPSŎWFMEFFTDPMBSJEBEF Exame Nacional de 2011 – 1.a fase (adaptado)
=HKFE ??? 1. Observa os valores do quadro seguinte relativo à produtividade horária do trabalho. Anos
UE-27
Portugal
2000
100
62,5
2010
100
65,2 Eurostat, INE e Pordata (2012)
Apresenta uma noção de produtividade horária do trabalho. 1.2 Interpreta os valores registados no quadro acima. 1.3 Indica dois fatores suscetíveis de aumentar a produtividade do trabalho.
1.1
Nota: Para a resolução deste teste consulta também o manual, págs. 92 a 137.
31
4
RESUMO
Comércio e moeda 4.1 COMÉRCIO – NOÇÃO E TIPOS Distribuição e circuito de distribuição Entre a atividade produtiva e o consumo existe uma atividade económica intermediária chamada distribuição, cuja função é distribuir e colocar os bens à disposição dos consumidores. O transporte, a armazenagem e o comércio constituem as principais atividades da distribuição.
Transporte
Produção
Distribuição
Armazenagem
Consumo
Comércio
Do local de produção até ao local onde vão ser consumidos, a maior parte dos produtos passa por um ou mais intermediários, como o transportador, o armazenista e o comerciante. Os intermediários constituem o circuito de distribuição do produto.
Tipos de circuitos de distribuição Existem vários tipos de circuitos de distribuição, consoante o número de intermediários:
$JSDVJUPVMUSBDVSUP – não há intermediários, pois o consumidor obtém o produto de que necessita junto do produtor. Como exemplo, temos a compra de vinho ao produtor.
$JSDVJUPDVSUP – neste circuito há apenas um intermediário entre produtor e consumi-
dor. Esse intermediário é o comerciante retalhista, que adquire os produtos ao produtor, vendendo-os à unidade ao consumidor. Este tipo de circuito aplica-se a uma variedade de produtos como, por exemplo, estadas em hotéis em que a agência de viagens é o intermediário entre o consumidor e o hotel (prestador do serviço) ou a venda de flores, em que a florista compra ao produtor e vende ao consumidor.
$JSDVJUPMPOHP – entre produtor e consumidor existem vários intermediários: importadores,
armazenistas, transportadores e retalhistas. Os intermediários que estão entre o produtor e o retalhista designam-se grossistas, pois compram e vendem em grandes quantidades, isto é, a grosso. Muitos produtos alimentares utilizam um circuito deste tipo, pois entre produtores e consumidores existem vários intermediários como, por exemplo, os grossistas do Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL) e os retalhistas que vendem ao público os produtos alimentares seja na praça, na mercearia ou no supermercado.
A escolha do circuito de distribuição deve ser adequada ao tipo de produto e de mercado. Assim, para um produto de grande distribuição geográfica e que exija muitos pontos de venda, um circuito longo será mais adequado, pois o produtor não terá, na maior parte dos casos, 32
UNIDADE 4 / COMÉRCIO E MOEDA
capacidade para distribuir milhares de unidades do seu produto por milhares de retalhistas, como, por exemplo, no caso das pastilhas elásticas e dos medicamentos, entre outros.
Tipos de comércio Quanto à organização do circuito de distribuição:
$PNÄSDJPJOEFQFOEFOUF – o comerciante que intervém num determinado circuito de distribuição atua de uma forma independente, pois não está associado a outros retalhistas ou grossistas. A grande maioria do chamado pequeno comércio ou comércio tradicional é comércio independente.
$PNÄSDJP JOUFHSBEP – os intermediários que intervêm num determinado circuito de distribuição atuam de uma forma organizada, podendo associar-se entre si para terem maior poder negocial face à concorrência. Produtores, grossistas e retalhistas podem integrar a mesma organização empresarial ou apenas associar-se. O Continente ou a Zara são exemplos de integração empresarial, na medida em que as funções de grossista e de retalhista estão integradas na mesma empresa (caso do Continente), podendo, como no caso da Zara, alargar a integração à atividade de produção. O comércio associado é constituído por comerciantes independentes que juntam recursos para enfrentar as grandes cadeias de distribuição, conseguindo, dessa forma, obter igual capacidade negocial junto de produtores ou grossistas. As centrais de compras são um exemplo deste tipo de comércio. Uma outra forma de associação de interesses a nível de comércio é o franchising. Este tipo de comércio consiste num contrato entre franchisador e franchisado em que o primeiro cede ao segundo o direito de se apresentar sob a sua marca para vender determinados produtos mediante uma contrapartida monetária. Este negócio permite ao franchisador alargar o mercado da sua marca com menor despesa de investimento e possibilita ao franchisado vender um produto já conhecido e com notoriedade no mercado. A existência de uma rede alargada de lojas com a mesma insígnia é, na maior parte dos casos, possível através do franchising (caso da Parfois e da McDonald’s).
Quanto à estratégia de comercialização:
$PNÄSDJPUSBEJDJPOBM – é o chamado comércio de proximidade, caracterizado por lojas de pequena dimensão, em que o proprietário normalmente está presente, pois há poucos empregados. Muito do comércio tradicional são lojas que comercializam essencialmente produtos alimentares, daí o facto de serem chamadas de puros alimentares, havendo outras, como drogarias ou papelarias, que existem nos bairros residenciais.
4VQFSNFSDBEPTFIJQFSNFSDBEPT – são lojas que funcionam em regime de livre serviço, podendo ser de média dimensão, como os supermercados, ou de grande dimensão, como é o caso dos hipermercados (grandes superfícies). Neste tipo de comércio vendem-se produtos alimentares, de higiene, de limpeza doméstica, eletrodomésticos, artigos de papelaria, entre outros. Relativamente a este comércio é de referir as chamadas lojas de discount, que praticam preços comparativamente mais baixos pois dispõem de muito menos sortido, oferecem essencialmente produtos brancos ou de marca própria, têm menores custos com o arranjo e decoração dos espaços, etc. 33
$FOUSPTDPNFSDJBJT – são grandes superfícies onde se encontram lojas de vários ramos de comércio, funcionando uma das lojas como polo de atração dos consumidores (loja âncora). Estes espaços comerciais localizam-se nos centros urbanos, junto das principais vias de acesso, e possuem parques de estacionamento. Neste tipo de comércio são ainda de referir os retail parks e os outlets. Um retail park é um conjunto de lojas de média dimensão localizadas junto a um parque de estacionamento comum, enquanto os outlets são centros comerciais constituídos por lojas de fábrica que vendem produtos em fim de linha e excessos de stock a preços reduzidos.
(SBOEFTBSNB[ÄOT – são lojas que vendem um grande sortido de produtos, organizando as vendas por departamento, normalmente coincidente com um andar do edifício.
$PNÄSDJPFTQFDJBMJ[BEP – são lojas que comercializam um determinado tipo de produto, como é o caso das livrarias e das sapatarias, ou que se especializam em produtos afins como, por exemplo, lojas de mobiliário e artigos de decoração, ou, ainda, lojas que vendem produtos relacionados com um tema, como desporto, bricolage, etc. Dentro deste género de comércio têm vindo a surgir lojas de média e grande dimensão que oferecem produtos com boa relação preço-qualidade, funcionando em regime de livre serviço e localizando-se, preferencialmente, nas periferias dos grandes centros urbanos, junto de hipermercados e das principais acessibilidades. Estas lojas são conhecidas como category killers, de que o IKEA e a Decathlon são exemplos.
Comércio independente 2VBOUP»PSHBOJ[B¾P EPDJSDVJUPEFEJTUSJCVJ¾P
TIPOS DE COMÉRCIO
Comércio integrado: q Integração empresarial q Comércio associado q Franchising Comércio tradicional Hipermecados e supermercados
2VBOUP»FTUSBUÄHJB EFDPNFSDJBMJ[B¾P
Centros comerciais Grandes armazéns Comércio especializado
Métodos de distribuição Existem dois grandes métodos de distribuição: venda direta e venda à distância:
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7FOEB EJSFUB – o comerciante vende o seu produto diretamente ao cliente. É o que acontece quando vamos ao café, à mercearia, à feira, ou ao quiosque comprar o jornal.
7FOEB»EJTU½ODJB – neste caso, não há contacto direto entre vendedor e comprador, sendo as vendas efetuadas por catálogo, por correspondência ou pela internet.
UNIDADE 4 / COMÉRCIO E MOEDA
4.2 A EVOLUÇÃO DA MOEDA – FORMAS E FUNÇÕES Da troca direta à troca indireta O aparecimento da moeda veio pôr fim à troca direta (produto por produto), passando os produtos a ser trocados por intermédio de um outro bem aceite por todos: a moeda (troca indireta). Com a moeda, as trocas tornaram-se mais fáceis na medida em que a moeda é o bem que todos aceitam como intermediário nas trocas. Produto
Moeda
Produto
Formas e evolução da moeda Ao longo da História, a moeda foi assumindo formas diversas:
.PFEBNFSDBEPSJB – bens utilizados como moeda: por exemplo o sal, as conchas, as peles, etc.
.PFEBNFU¼MJDB – peças em metal (cobre, bronze, ouro, prata e as atuais ligas), cujo valor era inicialmente determinado pelo seu peso, passando, depois, a ser certificado pelo processo da cunhagem. Esta forma de moeda apresenta inúmeras vantagens: durabilidade, divisibilidade e facilidade de transporte.
.PFEBQBQFM – constituída por notas de banco que, em função da vinculação à moeda metálica em ouro ou prata, foi assumindo diferentes espécies: – moeda representativa – as notas podiam ser convertidas em ouro e prata, pois a quantidade de notas em circulação era equivalente ao ouro e prata guardado nos cofres dos bancos. – moeda fiduciária – a quantidade de notas em circulação era superior à quantidade de ouro e prata existente nos bancos, baseando-se a circulação da moeda na confiança que o público tinha nos bancos. Essa situação era de elevado risco para os depositantes pois, com a possibilidade de converter as notas em ouro e prata, os bancos poderiam não ter o metal suficiente para reembolsar todos os pedidos. – papel-moeda – as notas deixam de ser convertíveis e os Estados impõem a sua aceitação. É o que se chama o curso forçado da moeda, ou seja, as notas circulam por imposição da sua aceitação por parte do Estado. É o que acontece nos dias de hoje.
.PFEBFTDSJUVSBM – é constituída pela circulação dos depósitos e traduz-se em registos nas contas dos clientes. Esses registos eram, antigamente, escriturados em livros de registo sendo, atualmente, processados eletronicamente por via informática. Na circulação de depósitos utilizam-se vários instrumentos: cheques, ordens de transferência, cartões de débito e de crédito.
Moeda-mercadoria
Moeda metálica
Moeda-papel qNPFEBSFQSFTFOUBUJWB qNPFEBGJEVDJ¼SJB qQBQFMNPFEB
Moeda escritural Moeda eletrónica
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Desmaterialização da moeda A evolução que a moeda sofreu ao longo dos tempos foi acompanhada de um processo de desmaterialização, isto é, a moeda foi perdendo conteúdo material. Da moeda metálica aos pedaços de papel (notas) e destas aos meros registos da circulação dos depósitos, inicialmente manuscritos e atualmente informáticos, a moeda foi deixando de ter conteúdo físico. Hoje em dia, elevados montantes de moeda totalmente desmaterializada circulam no mundo através da mera movimentação de depósitos por via informática, seja pela utilização de cheques, de ordens de transferência ou de cartões eletrónicos.
Funções da moeda Na troca indireta, a moeda desempenha múltiplas funções:
.FJPEFQBHBNFOUP – sendo a moeda aceite por todos como intermediária nas trocas, qualquer dívida pode ser paga através dela.
.FEJEBEFWBMPS – a moeda expressa o valor dos bens, através dos preços. 3FTFSWBEFWBMPS – a moeda pode ser guardada durante algum tempo para ser utilizada mais tarde.
4.3 A NOVA MOEDA EUROPEIA – O EURO No ano de 2002, no espaço da União Europeia, uma nova moeda entrou em circulação – o euro. O euro tornou-se a moeda oficial de 17 países da UE, tendo substituído as suas antigas moedas nacionais. Três países optaram por não participar neste processo de adoção do euro, mantendo, em consequência, as suas moedas: Reino Unido, Suécia e Dinamarca. Dos países que aderiram à UE em 2004 e 2007, apenas Malta, Chipre, Eslovénia e Eslováquia adotaram o euro como moeda. O processo de adoção do euro é exigente, pois obriga os países a cumprir os chamados critérios de convergência, de forma a aproximar os desempenhos económicos dos países. Face à criação do euro, a política monetária deixou de ser conduzida pelos Estados e passou a ser uma política comum da Zona Euro, cabendo ao Eurossistema, constituído pelos dezassete Bancos Centrais da área do euro e pelo Banco Central Europeu, a sua definição.
4.4 O PREÇO DE UM BEM – NOÇÃO E COMPONENTES A troca coloca a questão de saber o valor dos bens a trocar. Como se viu anteriormente, uma das funções da moeda é ser medida de valor. Assim, será através da moeda que se irá exprimir o valor dos bens, atribuindo-se um determinado preço a cada bem. O preço de um bem é o seu valor, expresso numa unidade monetária (euros, dólares, libras, etc.). Como se pode observar quando se vai às compras, os bens não têm todos o mesmo preço e o mesmo bem pode variar de preço. Vários fatores intervêm, assim, na formação do preço de um bem:
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/ÕNFSPEFWFOEFEPSFTFEFDPNQSBEPSFT ou, por outras palavras, o preço de um bem estará dependente da quantidade que produtores e vendedores estão dispostos a vender (oferta) e da quantidade que os consumidores estão dispostos a comprar (procura). Se, por exemplo, a quantidade de petróleo oferecida pelos vendedores for escassa face à quantidade que os consumidores estão dispostos a comprar, o preço do petróleo subirá. Se, pelo contrário, se registar uma menor procura de petróleo por parte dos compradores relativamente à quantidade disponibilizada pelos vendedores, o seu preço baixará.
UNIDADE 4 / COMÉRCIO E MOEDA
$VTUPEFQSPEV¾P – a produção exige a utilização de fatores de produção (trabalho e capital), o que representa um determinado custo de produção. A produção de sapatos, por exemplo, envolve custos com matérias-primas, máquinas, salários, juros, etc. Cada par de sapatos produzido tem, deste modo, um preço de custo. Como quem produz espera obter lucro da sua atividade, o preço de venda estipulado pelo produtor terá de ser superior ao preço de custo. O custo de produção constitui, assim, um fator que influencia o preço dos bens: se ocorrer uma subida dos custos de produção, é provável que os preços de venda também subam e o mesmo acontecerá no sentido inverso.
4.5 A INFLAÇÃO – NOÇÃO E MEDIDA Noção de inflação Como se viu, o preço de um bem é influenciado por vários fatores, o que pode originar variações (subida ou descida do preço) ao longo de um determinado período. Essas variações podem dizer respeito apenas a alguns bens ou, pelo contrário, afetar um conjunto muito alargado de bens. Podem também ocorrer temporariamente, numa determinada época do ano, ou terem um caráter contínuo e duradouro. Assim, pode falar-se em variação sazonal dos preços ou em inflação. Precisando os dois conceitos:
7BSJB¾PTB[POBMEPTQSFÂPT – oscilações dos preços de alguns bens em determinadas épocas do ano. Por exemplo, determinados produtos alimentares escasseiam em certas épocas do ano tendo, portanto, um preço mais alto; quando, pelo contrário, estão na sua época, há maior quantidade no mercado sendo o seu preço mais baixo.
* OGMB¾P – subida generalizada e contínua dos preços dos bens. É a situação em que se verifica uma subida dos preços de muitos bens, como os combustíveis, a eletricidade, o gás, os transportes, as comunicações, os produtos alimentares, etc.
Causas da inflação A subida generalizada dos preços não é devida a um determinado fator mas a um conjunto de fatores, entre eles o excesso de procura, a subida dos custos de produção e a inflação esperada:
&YDFTTPEFQSPDVSB – se a quantidade procurada de vários bens for superior à quantidade oferecida desses bens, verifica-se uma subida dos preços.
"VNFOUPEPTDVTUPTEFQSPEV¾P – a subida dos custos de produção (matérias-primas, energia, salários, etc.) irá refletir-se no aumento dos preços de venda dos bens. Por exemplo, quando ocorre um aumento de salários, a subida destes pode originar não só um aumento dos custos de produção, mas também um aumento da procura. O aumento dos salários pode, assim, ser um fator que contribui para a inflação pela via da procura e pela via dos custos.
* OGMB¾PFTQFSBEB – a expectativa de um aumento da inflação desencadeia, por parte dos agentes económicos, comportamentos geradores de inflação. É o que acontece quando se negoceiam aumentos salariais mais elevados para fazer face a uma previsível subida da inflação. Esse aumento pode, como se viu acima, gerar inflação pela subida dos custos e pelo aumento da procura. O mesmo poderá acontecer com as empresas que, prevendo uma 37
subida do preço das matérias-primas, fazem repercutir de imediato a futura subida nos preços atuais dos bens.
Desinflação, deflação e estagflação
%FTJOGMB¾P – situação económica em que se verifica um menor crescimento dos preços. Por exemplo, em 2011, os preços cresceram 3,6% e, em 2012, os preços cresceram 3%.
%FGMB¾P – quebra geral dos preços. Por exemplo, em 2009, em Portugal, os preços da generalidade dos bens desceram 1%, ou seja, a taxa de crescimento dos preços foi negativa (–1%).
&TUBHGMB¾P – situação económica em que coexiste uma estagnação da economia (menor crescimento da produção, do rendimento, do investimento, do consumo, etc.) e um crescimento dos preços (inflação).
Consequências da inflação
%FQSFDJB¾P EP WBMPS EB NPFEB – a subida dos preços tem como consequência a depreciação do valor da moeda, ou seja, um menor poder aquisitivo da moeda. Como exemplo, temos a seguinte situação: com €10, no passado, compravam-se dois bilhetes de cinema e um pacote de pipocas, atualmente nem dois bilhetes se compram.
%FUFSJPSB¾PEPQPEFSEFDPNQSB – outra consequência da inflação é a quebra do poder de compra, pois se a subida dos preços não for compensada pelo aumento do rendimento, as famílias não poderão comprar a mesma quantidade de bens, verificando-se uma descida do nível de vida. Por exemplo: em Portugal, no ano de 2012, o rendimento disponível caiu 4,9% e os preços aumentaram em média 3%, o que significa uma perda do poder de compra.
Índice de preços no consumidor O índice de preços no consumidor (IPC) mede o custo de um conjunto alargado de bens representativos do consumo das famílias (o chamado cabaz de compras), num determinado período de tempo, normalmente um ano. A variação do custo do cabaz de compras representa a variação dos preços dos bens sendo, assim, possível medir a inflação. Por exemplo: o cabaz de compras no país X custava, em 2009, €1700 e, em 2006, €1800. O IPC de 2010 em relação a 2009 será: IPC 2010/2009 =
1800 =100 = 105,8 1700
O valor calculado significa que em cada €100 houve um aumento de €5,80, em 2010.
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UNIDADE 4 / COMÉRCIO E MOEDA
Índice de preços no consumidor (IPC) – taxa de variação (%) Classes de despesa
2010
2011
Produtos alimentares
–0,2
2,0
Bebidas alcoólicas e tabaco
4,4
Vestuário e calçado
Classes de despesa
2010
2011
Comunicações
–1,9
2,9
7,9
Lazer e cultura
–0,2
0,9
–1,7
3,9
Educação
2,8
2,0
Habitação, água, luz, gás
4,4
6,7
Hotéis, cafés e restaurantes
1,2
1,4
Equipamentos domésticos
1,6
1,1
Bens e serviços diversos
0,5
1,7
Saúde
–1,3
4,4
Total
1,4
3,6
Transportes
4,6
8,8
INE, 2012
Taxa de inflação A partir do IPC é possível calcular a taxa de inflação. Com base no exemplo anterior em que o IPC foi de 105,8 teremos:
105,8 – 100 = 100 = 5,8% 100
Taxa de inflação homóloga e taxa média de inflação A taxa de inflação homóloga compara o valor da inflação num mês com o mesmo mês do ano anterior (mês homólogo). A taxa média de inflação é a média aritmética simples das últimas doze taxas de inflação. Por exemplo, em Portugal, a taxa média de inflação, em 2011, foi de 3,6%, e a taxa de inflação homóloga, em janeiro de 2012, foi de 3,5% (no mês de dezembro de 2011 o valor foi de 3,6%). Com a adesão ao euro, um dos grandes objetivos da política monetária comum é a estabilidade dos preços. Para isso, o Banco Central Europeu fixou o nível de inflação entre os 0% e os 2%. Como se viu anteriormente, são vários os fatores que influenciam a variação dos preços dos bens, entre eles o preço dos bens energéticos. A forte subida dos preços do petróleo registada em anos recentes repercutiu-se no preço dos bens, o que dificultou a manutenção da estabilidade dos preços e um valor baixo da inflação
Excesso da procura
Aumento dos custos de produção
Inflação esperada
INFLAÇÃO
Deterioração do poder de compra
IPC (Medida da inflação)
Depreciação do valor da moeda
39
FICHA FORMATIVA 4
40
1.
A distribuição é uma atividade essencial à vida das populações. 1.1 Explica a importância desta atividade para a população. 1.2 Indica as atividades que integram a distribuição.
2.
Na atividade comercial intervêm retalhistas e grossistas. Estes atuam nos vários circuitos de distribuição, utilizando para o efeito formas de organização e comercialização diversificadas. 2.1 Distingue retalhistas de grossistas. 2.2 Indica os vários tipos de circuitos de distribuição. 2.3 Retalhistas e grossistas atuam em todos os tipos de circuitos de distribuição? Justifica a tua resposta. 2.4 Caracteriza o sistema comercial de franchising. 2.5 No retalho alimentar o consumidor tem à sua disposição lojas de comércio tradicional, supermercados e hipermercados. Distingue estes espaços de comércio.
3.
Identifica o tipo de circuito de distribuição que corresponda a cada uma das seguintes situações: (A) Venda de fruta na mercearia fornecida pelos produtores da região. (B) Sapatos portugueses sendo vendidos em vários países, armazenados e posteriormente transportados para as lojas para serem vendidos. (C) Ida ao cabeleireiro. (D) Compra de azeite no produtor.
4.
Considera as afirmações que se seguem. (A) No comércio integrado os intervenientes no circuito atuam separadamente de forma a terem menor capacidade negocial. (B) O comércio tradicional localiza-se normalmente nas zonas residenciais, sendo maioritariamente independente. (C) A grande variedade de produtos de marca e um especial cuidado na apresentação dos produtos são características das lojas discount. (D) O que distingue um hipermercado de um supermercado é apenas a dimensão. 4.1 Classifica as afirmações anteriores em verdadeiras e falsas. 4.2 Corrige as falsas.
5.
No comércio moderno português os centros comerciais são uma das opções escolhidas pelos consumidores para a realização das suas compras. 5.1 Apresenta uma noção de centro comercial. 5.2 Indica duas razões que expliquem o poder atrativo dos centros comerciais junto dos consumidores.
6.
A distribuição pode ser realizada por métodos diversificados. 6.1 Indica os dois principais métodos. 6.2 Caracteriza um deles.
UNIDADE 4 / COMÉRCIO E MOEDA
7.
Na evolução das sociedades humanas as trocas constituem um meio de garantir maior qualidade de vida às populações, que se acentuou com a passagem da troca direta para a troca indireta. 7.1 Distingue a troca direta da troca indireta. 7.2 Apresenta duas vantagens da troca indireta relativamente à troca direta. 7.3 Explica a importância das trocas para a qualidade de vida das populações.
8.
O crescimento das trocas, associado ao desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação, intensificou o processo de desmaterialização da moeda. 8.1 Apresenta uma noção de moeda. 8.2 Explicita em que consiste o processo de desmaterialização da moeda. 8.3 Caracteriza a forma de moeda mais representativa da sua desmaterialização.
9.
Completa o quadro: Forma de moeda a) Fiduciária c) Papel-moeda e)
10.
Descrição A moeda é convertível, em ouro e prata equivalente. b) Bens como as peles são utilizados como moeda. d) Os depósitos circulam através de cheques, cartões ou transferências.
Considera as seguintes situações em que a moeda está presente: Situação A
O consumidor antes de fazer as suas compras observa os preços afixados.
Situação B
Hoje em dia, muitas operações de compra de bens e serviços são efetuadas através da utilização de cartões de débito.
Situação C
Os depósitos a prazo constituem uma das principais formas de aplicação das poupanças das famílias portugueses.
Situação D
A família Martins comprou, no final do ano, um televisor no valor de 600 euros utilizando para o efeito um cheque.
Identifica, em cada situação, as funções da moeda referidas. 10.2 Cartões de débito e cheques constituem formas de moeda? Justifica a resposta. 10.1
11.
Quando num determinado período ocorre inflação num país as suas principais causas residem no excesso de procura e no aumento dos custos de produção. Ocorrendo inflação, a moeda perde valor aquisitivo. 11.1 Apresenta uma noção de inflação. 41
Explica as causas da inflação referidas no texto da página anterior. 11.3 Relaciona inflação e perda do valor aquisitivo da moeda. 11.2
12.
A inflação tem consequências económicas e sociais. Seleciona as afirmações verdadeiras: (A) Quando se verifica inflação a moeda adquire maior valor. (B) Numa situação de inflação verifica-se sempre uma diminuição do poder de compra. (C) As pessoas com rendimentos fixos diminuem o seu poder de compra quando se verifica uma subida geral do nível de preços. (D) Para manter o poder de compra o aumento dos salários tem de acompanhar o aumento dos preços. (E) Numa situação de inflação, o nível de vida ou custo de vida é sempre afetado negativamente.
13.
O índice de preços no consumidor registado de 2011, em Portugal, situou-se nos 103,6. 13.1 Explicita o conceito de índice de preços no consumidor. 13.2 Interpreta o valor do IPC, em 2011.
14.
Considera a informação que se segue. De acordo com o INE, no ano de 2011, o IPC registou uma taxa de variação média de 3,7% (1,4% no ano anterior) em Portugal. Para esta subida, terá contribuído o crescimento dos preços dos produtos energéticos, bem como a subida da taxa normal do IVA de 21 para 23%. No entanto, no mês de dezembro de 2011, o IPC registou uma variação homóloga de 3,6% (4,0% em novembro). 14.1 Distingue taxa de variação média de taxa de variação homóloga. 14.2 Descreve o comportamento da inflação em Portugal no período considerado. 14.3 Explica a influência que os fatores referidos na questão tiveram na evolução do comportamento dos preços em Portugal.
15.
Considera as seguintes situações: No país A, num certo período de tempo, por exemplo 1 ano, o nível dos salários manteve-se relativamente ao ano anterior e o nível geral dos preços registou uma subida. No país B, no mesmo período de tempo, verificou-se uma queda do nível geral dos preços, mantendo-se o nível dos salários. Explica as diferenças de nível de vida nos dois países.
Nota: Para a resolução desta ficha consulta também o manual, págs. 138 a 175.
42
TESTE DE AVALIAÇÃO 4
UNIDADE 4 / COMÉRCIO E MOEDA
=HKFE ? As questões que se seguem são de escolha múltipla. Das quatro respostas (A a D), apenas uma está correta. Assinala-a com X. 1. No circuito de distribuição ultracurto (A) intervêm poucos grossistas. (B) o produtor vende diretamente ao consumidor. (C) o produtor é o próprio consumidor. (D) intervêm poucos retalhistas. Exame Nacional de 2011 – 1.a fase
2. A família Saraiva possui uma pequena empresa que se dedica à venda de flores aos consumi-
dores, as quais são compradas diretamente aos produtores; exerce a sua atividade no rés-do-chão do prédio onde habita e a empresa não emprega outros trabalhadores. Classificamos o tipo de comércio praticado pela família Saraiva como comércio (A) integrado. (B) independente. (C) grossista. (D) primário. Exame Nacional de 2010 – 1.a fase
3. São considerados tipos de moeda: (A) o papel-moeda e os cheques. (B) as notas de banco e os cartões de débito. (C) o papel-moeda e a moeda escritural. (D) as notas de banco e os cartões de crédito. Exame Nacional de 2008 – 1.a fase
4. A moeda escritural é (A) criada pelo sistema bancário. (B) criada pelo Banco Central Europeu. (C) anterior à moeda-mercadoria. (D) anterior à moeda metálica. Exame Nacional de 2010 – 2.a fase
5. Na atualidade, a expressão «desmaterialização da moeda» aparece associada à (A) desvalorização da moeda em circulação. (B) subida generalizada do preço dos bens. (C) diminuição do rendimento disponível. (D) perda do suporte físico da moeda. Exame Nacional de 2011 – 1.a fase
43
=HKFE ?? 1. O comércio, o armazenamento e o transporte são atividades que integram a distribuição.
Apresenta três aspetos que justifiquem a importância da distribuição para os consumidores. Exame Nacional de 2008 – 1.a fase
2. Por que razão o comércio é hoje reconhecido como tão importante? Por que motivo ele jus-
tifica, muito mais do que antes, a atenção dos poderes públicos e privados? Por um lado, para a nova centralidade do comércio contribuíram o poder económico e a consequente importância que assumiram algumas empresas de distribuição, situadas hoje nos primeiros lugares do ranking das maiores empresas de todos os setores. Por outro lado, a incorporação de sofisticadas tecnologias de gestão, para responder aos problemas de logística, levou o comércio a tornar-se destinatário de formação profissional organizada para empresários e trabalhadores, e conduziu ao aparecimento de novas competências e de novos perfis profissionais. Por último, as crescentes exigências do consumidor, em termos de apresentação, de qualidade e de segurança dos produtos e, ainda, de proteção do ambiente e de melhoria do bem-estar, contribuíram para deslocar o ponto nevrálgico da oferta para a procura, arrastando o poder da indústria para a distribuição. O quadro que se segue apresenta dados relativos à participação do comércio na economia portuguesa, em 1996. Portugal Número de postos de trabalho no comércio (milhares)
630
% do emprego no comércio relativamente ao emprego total
14,9
Contribuição do comércio para o PIB (%)
14,2 173 257
Total de empresas no comércio % das empresas de comércio relativamente ao total de empresas
32,2
Observatório do Comércio – Observar o Comércio em Portugal, Ministério da Economia, 2001 (adaptado)
Explica, com base no texto e no quadro fornecido, a importância do comércio na economia portuguesa, considerando: nBQBSUJDJQB˨˗PEPDPN˭SDJPOPUPUBMEBBUJWJEBEFFDPO̬NJDB nPTGBUPSFTFYQMJDBUJWPTEFTTBJNQPSU˕ODJB Exame Nacional de 2011 – 1.a fase
3. Lê o texto que se segue. ?d_Y_Wbc[dj[" W ce[ZW-fWf[b lWb_W fehgk[ de i[h_W [c_j_ZW cW_i ce[ZW Ze gk[ e Yedi[dj_Ze f[be lWbeh Zei Z[fi_jei [n_ij[dj[i$ FWiiek-i[" cW_i jWhZ[" ZW ce[ZW h[fh[i[djWj_lW } ce[ZW ÒZkY_|h_W" [c gk[ W [c_iie Z[ ce[ZW ikf[hWlW e lWbeh Z[ii[i Z[fi_jei$ E Ykhie \ehWZe \e_" feh Òc" W _cfei_e ZW de Yedl[hj_X_b_ZWZ[$ Ikh]_k Wii_c e fWf[b-ce[ZW$ CWi" dW ^_ijh_W ZW [lebke ZW ce[ZW" ^| W_dZW gk[ j[h [c YedjW W ce[ZW [iYh_jkhWb$ MWbj[h CWhgk[i" Ce[ZW[?dij_jk_[i
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