RESUMO Os excluídos da história 1 cap- Michelle Perrot
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Os excluídos da história operários, mulheres e prisioneiros De Michelle Perrot
Capítulo 1 Os operários e as máquinas na França durante a primeira metade do séc. XIX
A resistência à maquinaria é descrita como uma conduta arcaica, rebelião espontânea de primitivos da revolta, ato de fúria cega, guiada pelo instinto de conservação. Função política da divisão de trabalho e da maquinaria nos processos de acumulação do capital: instrumentos de uma estratégia estratégi a patronal para o controle da produção e a imposição da obediência a trabalhadores cuja competência profissional garantia uma incomoda autonomia. A origem e o êxito da fábrica não se explicam por uma superioridade tecnológica, mas pelo fato de ela retira do operário todo e qualquer controle e dá ao capitalista o poder de prescrever a natureza do trabalho e a quantidade a produzir. Patronato, máquina e disciplina
A existência de uma mão-de-obra abundante e barata limitava o recurso às máquinas. o patronato não tinha um projeto mecanizador, o discurso dominante continua sendo o do emprego, não o da produção. Salários altos e reivindicações dos operários urbanos fazem com que manufaturas sejam implantadas no campo (longe das cidades caras) desindustrialização As grandes cidades mantêm as industrias altamente qualificadas cuja mecanização ainda não se tornou possível. Mecanização que permite empregar crianças A máquina permite romper o nó de estrangulamento das pretensões operárias. A máquina é uma arma de guerra dirigida contra essa barreira de resistência que são os operários de ofício. Ela permite eliminá -los, substituí-los por uma equipe de engenheiros e técnicos, racionalizadores por natureza, mais ligados à direção da empresa. Permite que o patronato se assenhoreie da totalidade do processo de produção. O que esta em jogo é o controle das matérias primas, dos produtos em qualidade e quantidade, dos ritmos e dos homens. É um instrumento de disciplina cujos efeitos precisam ser vistos concretamente. Os operários contra as máquinas: a luta aberta
A resistência francesa à maquinaria tem foco, principalmente por parte dos trabalhadores a domicílio, em uma oposição mais global à industrialização. Essa resistência é muitas vezes organizada, modulada, seletiva; distingue entre os diversos tipos de máquinas. Inúmeras ações coletivas marcam a oposição dos trabalhadores, esses impulsos coincidem com as crises econômicas e políticas.
As máquinas são mais aceitas em períodos de prosperidade, de falta de braços. Mas vem o desemprego e elas são postas em causa. ludismo: destruição das máquinas As primeiras crises são de caráter agrícola, em que ocorre uma coincidência entre o alto preço do pão e o impulso ludista. Os operários tentam se aproveitar das mudanças de governo, apelando para o paternalismo dos prefeitos, para conseguir a retirada das máquinas. Chave da 1ª Rev. Ind. (final do sec XVIII) -> setor têxtil. Novas técnicas visam eliminar os privilégios dos operários. As industrias leves foram as primeiras a serem mecanizadas A metalurgia pesada tinha um reino dos profissionais que guardavam suas técnicas em segredo, esses acusados pelos industrialistas de freiar o crescimento. As inovações técnicas da segunda metade do sec.XIX acabam com isso quando passam aos engenheiros a maioria das tarefas que pertenciam aos operários. Na siderurgia as máquinas que substituem o esforço humano parecem mais necessárias, e o operário se mantém como operador. A disciplina mecânica é sutil, favorável à interiorização. Quais são as máquinas visadas pelos operários? As grandes que exigiam construções novas e implicavam em um reordenamento no espaço produtivo na fábrica. As pequenas, capazes de se tornarem domesticas, eram aceitas e até procuradas. Instrumentos de oficinas ou domésticos eram aperfeiçoados. A atitude operária não é absolutamente hostil ao progresso técnico, desde que ela o governe. Quem resiste? Os operários de ofício, os mais qualificados, instruídos, e organizados, estão na frente da resistência às máquinas que vão substituí-los. As
mulheres e as máquinas
Na fábrica a máquina reproduz e até aprofunda a divisão tradicional dos
sexos e a subordinação feminina. As mulheres dos operários assumem o pepel das donas-de-casa que defendem o nível da família (trabalho e pão motins por alimento as vezes se misturam ao ludismo) Na Rev. elas se exigem trabalho a domicílio. Defendem, assim como os homens, seu direito de emprego. A máquina de costura selará a aliança das mulheres com as máquinas? Ela atendia as condições desejadas pelas mulheres, mas elas primeiro foram instaladas nas oficinas e só depois se tornaram objeto doméstico. Formas de luta
Algumas surgem no calor da ação, outras implicam em modelos mais avançados de organização:reuniões, associações, petições, cartazes.. As petições mostram a vontade legalista dos operários, afirmam sua confiança nas autoridades que garantem emprego em troca de impostos (desempregados não tem dinheiro para pagar impostos)
Os cartazes anônimos criticam e censuram a dureza, indiferença e o desprezo dos patrões. Os operários dos ofícios tradicionais interditam as oficinas mecanizadas. Tanto quanto (e mas que) uma luta de classes, a oposição às máquinas, à produtividade industrial e seus ritmos é aqui a defesa de um estilo de vida mais folgado e autônomo. A destruição
das máquinas
ludismo simbólico: a máquina é um refém e a destruição dela é um meio de pressão num conflito. Ao longo de todo o séc. XIX este tipo de violência será para os trabalhadores o meio de expressão de sua fúria. Essa forma declina à medida que os instrumentos e produção se tornam mais caros e de substituição mais difícil, os operários passam a respeitar suas ferramentas de trabalho. Passada essa onda a destruição raramente aparece como gesto de um arrebatamento súbito, a passagem para a ação é lenta e as vezes hesitante. A destruição das máquinas tem uma certa sistemática que visa à aniquilação. As multidões ludistas são massivas, misturadas e populares. Os trabalhadores a domicílio contra as máquinas e fábricas
Os trabalhadores domésticos se opuseram à mecanização pois isso significava o ingresso na fábrica A longa
resistência dos tecelões
No séc.XIX os tecelões ocupavam uma posição econômica importante, por isso tinham salários relativamente altos e extrema liberdade. Eles se opõem de uma forma passiva, próxima da sabotagem. A má vontade e a irregularidade causam a falência de diversos estabelecimentos. Eles se obstinam, preferindo aceitar baixas salariais, ao invés de deixar seu local de trabalho (sua casa). Operários do sudeste
Só aceitaram seu tear depois de torná-lo domestico, e empenharam-se em aperfeiçoá-los para torná-los mais produtivos. Alguns trabalhadores usam em proveito próprio o progresso técnico para a defesa da liberdade. Contra essa resistência, ao longo do sec.XIX o patronato tenta difundir a fábrica rural, e cria as tecelagens mecânicas com mão de obra infantil e feminina. Contribuição da Igreja a industrialização: por no trabalho populações pobres ou delinqüentes, mulheres e crianças trabalhando em oficinas de caridade, fornecer um pessoal para supervisão da disciplina, trestar-se à fase de experimentação técnica. A máquina é uma arma de estratégia de dominação que controla o processo de produção. Os trabalhadores querem defender sua liberdade.
Imprensa operária
Ela não demonstra uma hostilidade contra a máquina, mas existe um debate. A solução para o desemprego é política: é preciso controlar e orientar o progresso, criar um poder central e protetor que regula todos os pr ogressos e ameniza todos os sofrimentos. Segunda metade do sec.XIX, denunciam as conseqüências da mecanização: superprodução, má qualidade, especialização excessiva. Também reivindicam um uso social e moral das máquinas, aderindo ao mesmo tempo ao crescimento e ao poderio racionalizante da sociedade industrial. C omo se deu essa alteração? A formação de uma elite técnica sempre foi um dos objetivos do poder, pois sua inexistência era um dos principais obstáculos à introdução das máquinas. Para isso foi desenvolvido uma pedagogia mecânica, onde as máquinas ocupam lugar de destaque, verdadeiro empreendimento de exaltação industrial, de criação de uma psicologia cientificista -> elite operária técnica.
Capítulo 2 As
três eras da disciplina industrial na França no século XIX
A sociedade industrial implica ordem e racionalidade Sua instauração supõe não só transformações econômicas e tecnológicas, mas também a criação de novas disciplinas. Nunca uma evolução se fez em linha reta. Os sistemas de sobrepõem e coexistem. A era
do olhar
A visibilidade e a vigilância também são os princípios da disciplina nas fábricas. O trabalho manual predomina, com uma intensa divisão de trabalho que estrutura a organização em oficinas diversas e fornece os princípios de ordenamento do espaço. Princípios que regem a organização espacial nas grandes manufaturas integradas: princípio político, a beleza das construções demonstra o poder e o privilégio industrial concedido por ele; princípio técnico, circulação de matéria-prima facilitada, racionalização do espaço; vigilância do fluxo de pessoas e mercadorias, pátios fechados. Modelos disciplinares: religioso (silêncio) e militar (hierarquia, disposição em fileiras) Regulamento de segurança, no sec XVIII cada novo manufatura tinha o seu. Papel disciplinar da família
Peça chave no emprego de crianças. As primeiras manufaturas e fábricas estão instaladas no campo, próximas as fontes de mão-de-obra. A célula familiar é o núcleo do sistema. Os fabricantes procuram empregar toda a família para garantir o recrutamento e a fidelidade de mão-de-obra. Os pais são responsáveis pelo trabalho e pela subordinação de seus filhos.
Uma revolta dos jovens contra a fábrica fira uma revolta contra os pais. Família é a base desse 1º tipo de administração industrial paternalismo Característica: presença física do patrão nos locais de produção, as relações sociais do trabalho são concebidas conforme o modelo familiar (o patrão é o pai e os operários os filhos), os trabalhadores aceitam essa forma de interação e até a reivindicam pois têm orgulho de pertencer à empresa com a qual se identificam (explicação do pq tantas empresas ignoraram a greve). Autonomia
dos trabalhadores
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