RESUMO Os excluídos da história 1 cap- Michelle Perrot

April 25, 2019 | Author: Ana Augusta Philipp | Category: Artificial Intelligence, Tecnologia, Industries
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Os excluídos da história  operários, mulheres e prisioneiros De Michelle Perrot 

Capítulo 1 Os operários e as máquinas na França durante a primeira metade do séc. XIX

A resistência à maquinaria é descrita como uma conduta arcaica, rebelião espontânea de primitivos da revolta, ato de fúria cega, guiada pelo instinto de conservação. Função política da divisão de trabalho e da maquinaria nos processos de acumulação do capital: instrumentos de uma estratégia estratégi a patronal para o controle da produção e a imposição da obediência a trabalhadores cuja competência profissional garantia uma incomoda autonomia. A origem e o êxito da fábrica não se explicam por uma superioridade tecnológica, mas pelo fato de ela retira do operário todo e qualquer controle e dá ao capitalista o poder de prescrever a natureza do trabalho e a quantidade a produzir. Patronato, máquina e disciplina

A existência de uma mão-de-obra abundante e barata limitava o recurso às máquinas. o patronato não tinha um projeto mecanizador, o discurso dominante continua sendo o do emprego, não o da produção. Salários altos e reivindicações dos operários urbanos fazem com que manufaturas sejam implantadas no campo (longe das cidades caras)  desindustrialização As grandes cidades mantêm as industrias altamente qualificadas cuja mecanização ainda não se tornou possível. Mecanização que permite empregar crianças A máquina permite romper o nó de estrangulamento das pretensões operárias. A máquina é uma arma de guerra dirigida contra essa barreira de resistência que são os operários de ofício. Ela permite eliminá -los, substituí-los por uma equipe de engenheiros e técnicos, racionalizadores por natureza, mais ligados à direção da empresa. Permite que o patronato se assenhoreie da totalidade do processo de produção. O que esta em jogo é o controle das matérias primas, dos produtos em qualidade e quantidade, dos ritmos e dos homens. É um instrumento de disciplina cujos efeitos precisam ser vistos concretamente. Os operários contra as máquinas: a luta aberta

A resistência francesa à maquinaria tem foco, principalmente por parte dos trabalhadores a domicílio, em uma oposição mais global à industrialização. Essa resistência é muitas vezes organizada, modulada, seletiva; distingue entre os diversos tipos de máquinas.  Inúmeras ações coletivas marcam a oposição dos trabalhadores, esses impulsos coincidem com as crises econômicas e políticas.

As máquinas são mais aceitas em períodos de prosperidade, de falta de braços. Mas vem o desemprego e elas são postas em causa. ludismo: destruição das máquinas As primeiras crises são de caráter agrícola, em que ocorre uma coincidência entre o alto preço do pão e o impulso ludista. Os operários tentam se aproveitar das mudanças de governo, apelando para o paternalismo dos prefeitos, para conseguir a retirada das máquinas. Chave da 1ª Rev. Ind. (final do sec XVIII) -> setor têxtil. Novas técnicas visam eliminar os privilégios dos operários. As industrias leves foram as primeiras a serem mecanizadas A metalurgia pesada tinha um reino dos profissionais que guardavam suas técnicas em segredo, esses acusados pelos industrialistas de freiar o crescimento. As inovações técnicas da segunda metade do sec.XIX acabam com isso quando passam aos engenheiros a maioria das tarefas que pertenciam aos operários. Na siderurgia as máquinas que substituem o esforço humano parecem mais necessárias, e o operário se mantém como operador. A disciplina mecânica é sutil, favorável à interiorização. Quais são as máquinas visadas pelos operários? As grandes que exigiam construções novas e implicavam em um reordenamento no espaço produtivo na fábrica. As pequenas, capazes de se tornarem domesticas, eram aceitas e até procuradas. Instrumentos de oficinas ou domésticos eram aperfeiçoados. A atitude operária não é absolutamente hostil ao progresso técnico, desde que ela o governe. Quem resiste? Os operários de ofício, os mais qualificados, instruídos, e organizados, estão na frente da resistência às máquinas que vão substituí-los.  As

mulheres e as máquinas

Na fábrica a máquina reproduz e até aprofunda a divisão tradicional dos

sexos e a subordinação feminina. As mulheres dos operários assumem o pepel das donas-de-casa que defendem o nível da família (trabalho e pão  motins por alimento as vezes se misturam ao ludismo) Na Rev. elas se exigem trabalho a domicílio. Defendem, assim como os homens, seu direito de emprego.  A máquina de costura selará a aliança das mulheres com as máquinas?  Ela atendia as condições desejadas pelas mulheres, mas elas primeiro foram instaladas nas oficinas e só depois se tornaram objeto doméstico. Formas de luta

Algumas surgem no calor da ação, outras implicam em modelos mais avançados de organização:reuniões, associações, petições, cartazes.. As petições mostram a vontade legalista dos operários, afirmam sua confiança nas autoridades que garantem emprego em troca de impostos (desempregados não tem dinheiro para pagar impostos)

Os cartazes anônimos criticam e censuram a dureza, indiferença e o desprezo dos patrões. Os operários dos ofícios tradicionais interditam as oficinas mecanizadas. Tanto quanto (e mas que) uma luta de classes, a oposição às máquinas, à produtividade industrial e seus ritmos é aqui a defesa de um estilo de vida mais folgado e autônomo.  A destruição

das máquinas

ludismo simbólico: a máquina é um refém e a destruição dela é um meio de pressão num conflito. Ao longo de todo o séc. XIX este tipo de violência será para os trabalhadores o meio de expressão de sua fúria. Essa forma declina à medida que os instrumentos e produção se tornam mais caros e de substituição mais difícil, os operários passam a respeitar suas ferramentas de trabalho. Passada essa onda a destruição raramente aparece como gesto de um arrebatamento súbito, a passagem para a ação é lenta e as vezes hesitante. A destruição das máquinas tem uma certa sistemática que visa à aniquilação. As multidões ludistas são massivas, misturadas e populares. Os trabalhadores a domicílio contra as máquinas e fábricas

Os trabalhadores domésticos se opuseram à mecanização pois isso significava o ingresso na fábrica  A longa

resistência dos tecelões

No séc.XIX os tecelões ocupavam uma posição econômica importante, por isso tinham salários relativamente altos e extrema liberdade. Eles se opõem de uma forma passiva, próxima da sabotagem. A má vontade e a irregularidade causam a falência de diversos estabelecimentos. Eles se obstinam, preferindo aceitar baixas salariais, ao invés de deixar seu local de trabalho (sua casa). Operários do sudeste

Só aceitaram seu tear depois de torná-lo domestico, e empenharam-se em aperfeiçoá-los para torná-los mais produtivos. Alguns trabalhadores usam em proveito próprio o progresso técnico para a defesa da liberdade. Contra essa resistência, ao longo do sec.XIX o patronato tenta difundir a fábrica rural, e cria as tecelagens mecânicas com mão de obra infantil e feminina. Contribuição da Igreja a industrialização: por no trabalho populações pobres ou delinqüentes, mulheres e crianças trabalhando em oficinas de caridade, fornecer um pessoal para supervisão da disciplina, trestar-se à fase de experimentação técnica. A máquina é uma arma de estratégia de dominação que controla o processo de produção. Os trabalhadores querem defender sua liberdade.

Imprensa operária

Ela não demonstra uma hostilidade contra a máquina, mas existe um debate. A solução para o desemprego é política: é preciso controlar e orientar o progresso, criar um poder central e protetor que regula todos os pr ogressos e ameniza todos os sofrimentos. Segunda metade do sec.XIX, denunciam as conseqüências da mecanização: superprodução, má qualidade, especialização excessiva. Também reivindicam um uso social e moral das máquinas, aderindo ao mesmo tempo ao crescimento e ao poderio racionalizante da sociedade industrial. C omo se deu essa alteração? A formação de uma elite técnica sempre foi um dos objetivos do poder, pois sua inexistência era um dos principais obstáculos à introdução das máquinas. Para isso foi desenvolvido uma pedagogia mecânica, onde as máquinas ocupam lugar de destaque, verdadeiro empreendimento de exaltação industrial, de criação de uma psicologia cientificista -> elite operária técnica.

Capítulo 2  As

três eras da disciplina industrial na França no século XIX

A sociedade industrial implica ordem e racionalidade Sua instauração supõe não só transformações econômicas e tecnológicas, mas também a criação de novas disciplinas. Nunca uma evolução se fez em linha reta. Os sistemas de sobrepõem e coexistem.  A era

do olhar

A visibilidade e a vigilância também são os princípios da disciplina nas fábricas. O trabalho manual predomina, com uma intensa divisão de trabalho que estrutura a organização em oficinas diversas e fornece os princípios de ordenamento do espaço. Princípios que regem a organização espacial nas grandes manufaturas integradas: princípio político, a beleza das construções demonstra o poder e o privilégio industrial concedido por ele;  princípio técnico, circulação de matéria-prima facilitada, racionalização do espaço; vigilância do fluxo de  pessoas e mercadorias, pátios fechados. Modelos disciplinares: religioso (silêncio) e militar (hierarquia, disposição em fileiras) Regulamento de segurança, no sec XVIII cada novo manufatura tinha o seu. Papel disciplinar da família

Peça chave no emprego de crianças. As primeiras manufaturas e fábricas estão instaladas no campo, próximas as fontes de mão-de-obra. A célula familiar é o núcleo do sistema. Os fabricantes procuram empregar toda a família para garantir o recrutamento e a fidelidade de mão-de-obra. Os pais são responsáveis pelo trabalho e pela subordinação de seus filhos.

Uma revolta dos jovens contra a fábrica fira uma revolta contra os pais. Família é a base desse 1º tipo de administração industrial  paternalismo Característica: presença física do patrão nos locais de produção, as relações sociais do trabalho são concebidas conforme o modelo familiar (o patrão é o pai e os operários os filhos), os trabalhadores aceitam essa forma de interação e até a reivindicam pois têm orgulho de pertencer à empresa com a qual se identificam (explicação do pq tantas empresas ignoraram a greve).  Autonomia



dos trabalhadores

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