RESUMO CUCHE

November 4, 2018 | Author: Larissa Molina | Category: Sociology, Society, Ideologies, Science, Social Psychology
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cultura e identidade...

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Cultura e Identidade: In: A noção de cultura nas Ciências Sociais  –  Denys  Denys Cuche

O capítulo discute a relação entre cultura e identidade, pois o temos geralmente são associados. associados. O autor inicia o texto observando a justamente a “moda” que se tornou discutir sobre “identidade”. A este fenômeno o autor

 justifica a existência pela exaltação da diferença e a apologia à sociedade sociedade multicultural por um lado e por por outro a exaltação da ideia de cada um por si. Nesse sentido, propõe uma separação dos significados de cultura e identidade. Para o autor, cultura depende em grande parte de processos inconscientes, inconscientes, e identidade remete a uma norma de vinculação consciente baseada em opções simbólicas e na diferença cultural. Identidade cultural se caracteriza por sua polissemia e sua fluidez e seria um dos componentes da abrangência da identidade social. Na psicologia social ela exprime as interações entre indivíduo, o ambiente ao seu redor e também está vinculada a classe sexual, de idade, social, uma nação etc. Portanto, a identidade permite que o indivíduo se localize em um sistema social e seja localizado socialmente. Entretanto, por dizer a respeito a grupos é que  para o autor, a identidade social é ao mesmo tempo inclusão inclusão e exclusão. exclusão. As concepções objetivistas e subjetivistas da identidade cultural – Segundo Cuche, as visões teóricas sobre

identidade cultural que possuem uma concepção concepção objetivas a consideram a partir de certo número de critérios e objetivos como a língua, cultura, religião, religião, vinculo a território etc. É o caso das que concebem concebem a cultura como “segunda natureza”,

como uma herança, ligada a tradição e suas raízes. Essa concepção entende que o

indivíduo ou grupo não tem influência sobre sua identidade. identidade. Também há a abordagem culturalista que dá com ênfase não mais na herança biológica e sim na herança cultural e socialização. E também as teorias chamadas de primordialistas consideram consideram a identidade etno-cultural primordial. Já a concepção subjetivista subjetivista da identidade, entende que a identidade cultural não é uma identidade recebida definitivamente. Assim, encara o fenômeno de forma estática e quase imutável. Para o autor esse ponto de vista tem levado ao extremo a identidade como uma questão de escolha individual arbitrária, efêmera e instável. A concepção relacional e situacional - “A construção da identidade se faz no interior de contextos

sociais

que determinam a posição dos agentes e por isso mesmo orientam suas representações e suas escolhas. Além disso, a construção da identidade não é uma ilusão, pois é dotada de eficácia social, produzindo efeitos sociais reais. A identidade é uma construção que se elabora em uma relação que opõe um grupo aos outros grupos com os quais está em contato”. p.182  

Assim, essa concepção permite ultrapassar a alternativa

objetivismo/subjetivismo. objetivismo/subjetivismo. Uma cultura particular não n ão produz por si só uma identidade diferenciada, ela resulta das interações entre os grupos e os seus procedimentos de diferenciação. Nisso a identificação acompanha a diferenciação e foco acaba ficando no estudo da relação e não mais da essência da identidade. Essa concepção relacional e situacional pode funcionar como afirmação ou como imposição da identidade, sempre uma negociação entre uma auto-identidade e uma heteroidentidade (de si mesmo e a definida pelos outros). Cuche demonstra como a identidade é o que está em jogo nas lutas sociais e posições de poder. Neste sentido, o autor acredita que não se pode esperar das ciências sociais uma definição justa e irrefutável da identidade cultural, o cientista deve apenas explicar os processos de identificação sem julgá-los.

A identidade, um assunto de Estado -

Segundo Cuche, com a edificação dos Estados-Nações modernos, a

identidade tornou-se um assunto de Estado, que instaura regulamentos e controles para a identidade. A ideologia nacionalista é uma ideologia de exclusão das diferenças culturais. Nessa relação de controle, os indivíduos e grupos são cada vez menos livres para definir suas próprias identidades. O Estado-Nação moderno se mostra mais rígido em sua concepção e em seu controle da identidade do que as sociedades tradicionais, entretanto, grupos minoritários cuja identidade é negada ou desvalorizada reagem reapropriando os meios de definir sua identidade segundo critérios próprios e não apenas com base na identidade concedida  por um grupo dominante. Assim, o sentimento de uma injustiça coletivamente sofrida provoca nos membros do grupo vítima de uma discriminação um forte sentimento de vinculação à coletividade. A identidade multidimensional -  Não deve-se

reduzir cada identidade cultural a uma definição simples e

 pura, pois dessa forma não leva-se em conta a heterogeneidade de todo grupo social. O que dificulta a identidade é o seu caráter flutuante. Se considerar a identidade de forma monolítica isso impede a compreensão da identidade mista que é um fenômeno frequente na sociedade. Os imigrantes são um exemplo pois os encontros entre povos multiplicaram essas identidades sincréticas que desafiam a compreensão da identidade como algo fixo e estável. Cuche também fala que a identidade é relacional, cada indivíduo possui essa consciência de ter uma identidade de forma variável de acordo com as dimensões do grupo ou situação. Entretanto, raramente polos de referência de uma dupla identidade estão situadas no mesmo nível. As estratégias da identidade -

Em razão de seu caráter multidimensional e dinâmico, a identidade é

complexa, mas também possui flexibilidade. Uma dimensão mutável que para Cuche nunca se chegará a uma solução definitiva, e certos autores usam o termo “estratégia de identidade”, pois é vista como um meio para atingir um objetivo. Entretanto, os atores sociais não são totalmente livres para definir sua identidade segundo interesses do momento, pois há a relação de força entre grupos, sendo a identidade resultante da identificação imposta por outros grupos. Um exemplo extremo de estratégia da identidade consiste em ocultar uma identidade pretendendo escapar de discriminação. Com Pierre Bourdieu Cuche diz que esse caráter estrategista entretanto não implica necessariamente de uma perfeita consciência dos indivíduos ao afirmar uma identidade. Esse conceito nos auxilia a entender não só as estratégias, mas também os deslocamentos de identidade. As fronteiras da identidade - O autor ainda chama atenção para a questão das “fronteiras” da identidade,

 pois identificação é ao mesmo tempo diferenciação, vontade de demarcar limites que pode ser chamar de fronteiras, entretanto elas são simbólicas. O que cria essa separação é a vontade e o uso de certos traços culturais como marcadores de sua identidade específica. Participar de certa cultura particular não implica automaticamente ter certa identidade particular. Uma mesma cultura pode ser instrumentalizada de modo diferente e até oposto nas diversas estratégias de identificação. O autor conclui que as fronteiras são concebidas como uma demarcação social que podem ser renovadas constantemente. A partir de qualquer mudança na situação social, econômica ou política pode provocar deslocamento de fronteiras. No estudo sobre identidades não deve se procurar uma definição, mas sim o seu contexto: de que forma é produzida, mantida ou questionada etc.

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