Respostas A Objeções - Francis Nichol

February 22, 2024 | Author: Anonymous | Category: N/A
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a Objeções

U m a defesa bíblica da doutrina adventista

E l ste livro, um clássico da literatura adventísta, traz uma defesa equ ilib rad a das doutrinas fs : ■ adventistas distintivas. Responde a 109 objeções levantadas ao longo de anos, envolvendo tem as com o a lei, o sábado e o santuário, e mostra a verdadeira perspectiva bíblica. Os argum entos, em tom não polêm ico, são convincentes. Com esta obra, você terá um ótim o subsídio para explicar as razões da sua fé. O autor, Francis D. Nichol, foi por m uitos anos um destacado editor nos Estados Unidos. Entre suas %1P•

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im portantes contribuições literárias, destaca-se a sua atuação com o editor dos sete volum es do The Seventh-day A dventist Bible Com m entary (1953-1957). Considerado um dos mais talentosos autores adventistas, Nichol escreveu vários livros e inúmeros artigos.

FRANCIS D. NICHOL

RespostaS a Objeções U m a defesa bíblica da doutrina adventista

T radução

F rancisco A lves

de

Po ntes

Casa Publicadora B rasileira T atuí, SP

Título do original em inglês: Answers to Objections D ireitos de tradução e publicação em língua portuguesa reservados à C a sa P u b l ic a d o r a B r a s il e ir a

Rodovia SP 127 - km 106 Caixa Postal 34 - 18270-970 - Tatuí, SP Tel.: (15) 3205-8800 - Fax: (15) 3205-8900 Atendimento ao cliente: (15) 3205-8888 Internet: wwv.cpb.com.br Ia edição I a impressão - 3 mil exemplares 2004 E ditoração: Marcos De Benedicto, Rubem Scheffel, Márcio D. Guarda e Zinaldo A. Santos Programação Visual: Vilma B. Piergentille C apa: Alexandre Rocha IM P R E SSO NO BRASIL/Printed in B razil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Nichol, Francis D ., 1897-1966. Respostas a objeções : uma defesa bíblica da doutrina adventista / Francis D. Nichol ; [tradução Francisco Alves de Pontes], - Tatuí, SP : Casa Publicadora Brasileira, 2004. Título original: Answers to objections. 1. Adventistas do Sétimo Dia —Doutrinas e controvérsias. I. Título. 04-4305

cdd -286.732

índices para catálogo sistemático: 1. Adventistas do Sétimo Dia : Doutrinas bíblicas : Respostas a objeções : Cristianismo 286.732

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editorÃãfimada

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Iodos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, 1 por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da editora.

Tipologia: Goudy, 11/12.5 - 8835/11576 - ISBN 85-345-0905-0

S umário Pág. Apresentação............................................................................................... 15 Introdução........ ............................................................................................ 17 Parte I: Lei 1. Os adventistas citam muito o Antigo Testamento para provar suas doutrinas. Mas os cristãos seguem o Novo Testamento.............. 25 2. Os adventistas procuram provar que há duas leis descritas na Bíblia: uma moral e outra cerimonial. Mas existe apenas uma lei.... 29 3. Os Dez Mandamentos não existiam antes do tempo de Moisés....... 39 4. A lei foi dada apenas para os israelitas..........................................46 5. Estamos vivendo sob a nova aliança. Portanto, não temos nada a ver com os Dez Mandamentos................................................ 49 6. A lei dos Dez Mandamentos, que foi escrita em tábuas de pedra, se desvaneceu................................................................................ 58 7. A alegoria de Paulo sobre as duas alianças em Gálatas 4 prova que não temos nada a ver com lei na dispensação cristã................... 62 8. Paulo declara que não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça. A lei foi abolida por Cristo..................................................66 9. Lucas 16:16 prova que os cristãos não têm nada a ver com lei........ 70 10. Romanos 7:1-7 prova que a lei foi abolida. Usando a figura do casamento, Paulo explica que estamos “libertados da lei”, que está morta..............................................................................72 11. Efésios 2:14 e 15 e Colossenses 2:14 e 16 provam que a lei foi abolida na cruz........................................................................................77

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R espostas a Objeções 12. Os adventistas não conseguem fazer distinção entre a lei de Deus, que foi abolida no Calvário, e os mandamentos de Cristo, que são obrigatórios para o cristão......................................................... 81 1.3. O único mandamento que agora precisamos guardar é o novo mandamento de Cristo de nos amarmos uns aos outros.................. 85 14. Os adventistas pregam que o ser humano deve obedecer aos mandamentos de Deus, como se isso fosse a essência da verdadeira religião e um passaporte para o Céu.................................87 15. Por que pregar a lei, se ninguém pode ser salvo por ela?......... 95 16. Pela pregação da lei, vocês tentam privar os cristãos da gloriosa liberdade do evangelho.............................................................. 97 17. A Bíblia declara enfaticamente que ninguém pode ser justificado pela guarda da lei. Portanto, pregar a guarda da lei é pregar outro evangelho.........................................................................100 18. Conforme I Timóteo 1:9, o cristão nada tem a ver com a lei...... 101 19. Os adventistas ensinam que precisamos guardar a lei a fim de sermos salvos......................................................................................... 103 Parte II: Sábado 20. Os adventistas declaram que o sétimo dia da semana foi separado, abençoado e santificado por Deus na criação do mundo. Mas Gênesis, que contém o relato do repouso de Deus no sábado, foi escrito por Moisés 2.500 anos depois da criação............................105 21. Êxodo 16:29 e Neemias 9:13 e 14 provam que o sábado só foi dado depois que Israel deixou o Egito.......................................... 108 22. O sábado foi dado somente para os judeus e era parte da velha aliança.............................................................................................. H l

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Sumário 23. Em Êxodo 31:14, lemos que os violadores do sábado deveriam ser apedrejados até à morte. Vocês creem que a mesma penalidade deve ser imposta hoje?..............................................................................H 6 24. Os princípios morais dos Dez Mandamentos permanecem, mas o Decálogo passou. Portanto, o sábado passou........................ 119 25. O quarto mandamento do Decálogo não é inerentemente um preceito moral, mas os outros nove são mandamentos morais........ 122 26. O sábado não era um dia especial de adoração religiosa. O sábado do sétimo dia era simplesmente um dos sábados cerim oniais...............................................................................................

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27. O quarto mandamento do Decálogo é cerimonial, mas os outros nove são morais............................................................................156 28. Embora os Dez Mandamentos fossem abolidos na cruz, nove deles foram restabelecidos no Novo Testamento, e assim são obrigatórios para os cristãos...................................................................140 29. Paulo declara especificamente, em Colossenses 2:14-17, que o sábado foi abolido.........................................................................145 30. A palavra “sábado” ocorre umas sessenta vezes no Novo Testamento. Em todos os casos, exceto um, os adventistas admitem que o sábado semanal tem o mesmo significado.......... 147 31. Muitos que se converteram ao cristianismo nos tempos apostólicos saíram do paganismo e viviam em países onde a guarda do sábado era desconhecida..................................................150 32. Se Paulo estivesse vivo, ele apresentaria a mesma condenação aos adventistas que fez aos gálatas...........................................................154 33. Os profetas do Antigo Testamento predisseram que viria o tempo em que o sábado seria suprimido.............................................156

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R espostas a Objeções ■34. O salmista profetizou que haveria um novo dia de adoração.......159 55. Famosos astrônomos têm descoberto que nosso mundo está vinte e quatro horas atrás do restante do Universo no que diz respeito ao tempo.......................................... ........................................... 163 36. O sábado foi abolido porque Paulo diz que é correto considerar todos os dias iguais na era cristã............................................................... 166 37. Os dias da criação não foram dias literais de vinte e quatro horas, mas períodos longos e indefinidos, com milhões de anos de duração...l71 38. A expressão “o sétimo dia” significa simplesmente um dia em sete......................................................................................................... .. 39. Os adventistas insistem que o sétimo dia, vindo desde a criação em ciclos de sete, é o dia que Deus abençoou e que todos devem guardar como sábado. Mas ninguém sabe agora que dia é aquele.......178 40. Os adventistas dizem que o sábado foi planejado para todas as pessoas, em todos os países. Mas é evidente que ele foi planejado somente para os judeus, num pequeno país da Palestina................... 181 41. O repouso foi mudado do sábado para o domingo no tempo da ressurreição de Cristo......................................................................... 183 42. Desde os primeiros dias apostólicos, os cristãos guardam o domingo em honra à ressurreição de Cristo.............................. 189 43. O apóstolo João chama o domingo de o “dia do Senhor”..... 195 44. Afinal, foi Constantino ou o papa quem mudou a adoração para o primeiro dia da semana?............................................................200 45. A ressurreição é o maior evento na história do cristianismo; portanto, guardamos o domingo...........................................................205

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Sumário 46. Os adventistas dão grande ênfase ao sábado como memorial da criação. Mas nós estamos mais preocupados com a redenção, .207 que e maior. 47. A expressão “o primeiro dia da semana” em Mateus 28:1 deveria ser traduzida por “o primeiro dos sábados ou um dos sábados”............................................................................................... 211 48. Os adventistas afirmam que todos os que guardam o domingo têm a marca da besta..................................................................................217 49. Não creio que um Deus de amor excluiria as pessoas do Céu simplesmente por causa de um dia....................................................... 220 50. O sábado não pode salvar ninguém. Por que não pregar a C risto ?..................................................................................................... 222 51. Eu tenho o batismo do Espírito Santo, e o Espírito Santo deu-me a compreensão de que eu não preciso guardar o sábado......224 52. A lei do país manda guardar o domingo como o dia especial de descanso, e devemos obedecer à lei do país....................................226 53. Se o sábado é o dia correto de repouso, por que mais pessoas importantes não crêem nisso?..................................................................228 54. Se eu guardasse o sábado, seria ridicularizado por meus amigos e vizinhos...................................................................................................... 230 55. Se eu guardar o sábado, não conseguirei sobreviver................ 232 Parte III: Segundo Advento 56. A Igreja Adventista do Sétimo Dia originou-se de um movimento religioso da década de 1840, o milerismo, que marcou uma data para a vinda de Cristo.................................

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R espostas a Objeções 57. O movimento milerita, do qual surgiu o adventismo, foi manchado por excêntricas ações fanáticas.......................................241 58. Os adventistas dizem que eles constituem um movimento profético suscitado por Deus para pregar Sua última mensagem ao mundo. Ao mesmo tempo, admitem que o seu movimento brotou do solo do milerismo, cujos líderes ensinavam que Cristo viria em 1844............................................................................... 246 59. Os fundadores do adventismo inventaram uma nova interpretação para Daniel 8:14 para justificar seu erro de interpretação bíblica.................................................................................248 60. Por vários anos depois do desapontamento de 1844, os adventistas criam que a porta da graça havia se fechado para o mundo................... 249 61. A segunda vinda de Cristo não é literal, mas espiritual. Ele vem ao cristão na conversão ou na morte.........................................251 62. Diante da idéia cristã de amor, é revoltante o ensino de que Cristo virá como um destruidor dos ímpios.........................................253 63. Devemos gastar mais tempo ajudando as pessoas a fazer deste mundo um lugar melhor do que falando de outro mundo................255 64. Cristo disse que Ele viria como um ladrão de noite. Portanto, os adventistas estão errados em pregar que a volta de Cristo está próxima.............................................................................257 65. Uma das melhores provas de que ninguém pode afirmar se Cristo virá amanhã ou daqui a mil anos é o fato de que os apóstolos pensavam que Ele viria em seus dias. Mas eles estavam todos equivocados..................................................................................... 259 66. Pela pregação da breve vinda de Cristo, os adventistas estão falsamente criando esperança e excitação............................................262

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Sumário 67. Os adventistas declaram que a grande chuva meteórica de 13 de novembro de 1833 foi um cumprimento da profecia de que as estrelas cairiam do céu como um dos sinais da proximidade da vinda de Cristo. Mas foi apenas um fenômeno natural................... 68. A idéia de que Cristo aparecerá nos céus em chamejante glória pertence à era da superstição.................................................. Parte IV: Mortalidade do Ser Humano 69. A aparição de Moisés no monte da transfiguração prova que o ser humano é uma alma imortal............................................... 270 70. A alma e o corpo são duas coisas diferentes. A alma é uma entidade separada que vive para sempre depois da morte do corpo. ...272 7 1 . 0 homem real, a alma, floresce apesar de o corpo perecer...... 274 72. Na morte, aquela entidade imortal chamada espírito deixa o corpo......................................................................................

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73. Hebreus 12:23 prova que espíritos des incorporados habitam na glória celestial....................................................................................... 276 74. Paulo torna claro que lhe foi possível estar “fora do corpo ....... 280 75. O apóstolo Paulo diz que, na segunda vinda de Cristo, Deus trará com Ele do Céu aqueles que dormiram em Jesus. Isso prova que os justos vão para o Céu por ocasião da morte..........................282 76. Os que morreram no tempo do Antigo Testamento permanecem inconscientes na sepultura, mas aqueles que crêem em Cristo vão direto para o Céu........................................................................................ 77. As almas dos patriarcas, que morreram muito tempo atrás, estão realmente vivas no Céu.............................................................

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R espostas a Objeções 78. Eclesiastes 12:7 prova que há uma entidade inconsciente e imortal que deixa o corpo por ocasião da morte.............................. 293 79. Que os justos mortos vão para o Céu imediatamente após a morte é evidente da declaração de Paulo em II Coríntios 5:8. ...297 80. O homem é feito à imagem de Deus; Deus é imortal; portanto, o homem é imortal..................................................................................... 301 81. A Bíblia descreve a morte de Raquel dizendo que a sua “alma” saiu................................................................................................. 303 82. Apocalipse 6:9 e 10 prova que as almas dos justos mortos estão no Céu...............................................................................................306 83. Paulo declarou que quando ele morresse iria imediatamente para estar com Cristo................................................................................ 309 84* Entre a crucifixão e a ressurreição, Cristo pregou aos espíritos em prisão. Isso prova que há um espírito imaterial, que sai do corpo na morte............................................................................................312 85. Cristo disse ao ladrão na cruz que este estaria com Ele naquele dia no paraíso.............................................................................315

86. Como harmonizar com a sua crença na inconsciência do ser humano na morte o relato bíblico da médium de En-Dor?.......317 87. A história de Cristo sobre o rico e Lázaro prova a imortalidade da alma................................................................................319

88. A Bíblia fala do “castigo eterno” para os ímpios e do “fogo eterno” em que eles arderão, o que prova a imortalidade da alma.... 322 89. A Bíblia fala dos ímpios descendo para o inferno quando morrem. Isso prova o estado consciente dos mortos.......................327

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Sumário 90. A Bíblia diz que o fogo do inferno não se apaga e que “não lhes morre o verme”. Isso prova a imortalidade da alma.................. 331 91. A doutrina de que o cristão vai para a sepultura por ocasião da morte, jazendo inconsciente até o dia da ressurreição, é uma crença triste................................................................................................. 334 92. A doutrina de que, quando a pessoa morre, ela jaz inconsciente na sepultura até o dia da ressurreição é antibíblica, ilógica e grosseira...................................................... 336 Parte V: Santuário e Expiação 93. Os adventistas não crêem na salvação de Cristo oferecida gratuitamente a todos, porque pregam que a salvação se encontra na observância da lei............................................................. 348 94- Os adventistas ensinam que, como toda a raça humana, Cristo nasceu com natureza pecaminosa e que Ele poderia ter falhado enquanto estava em Sua missão na Terra como Salvador do homem. Mas a Bíblia declara que Cristo era santo, que Ele “não conheceu pecado”e que “não falharia nem desanimaria” .......351 95. Os adventistas, enfatizando a lei, o sábado e outras doutrinas peculiares, falham em dar a Cristo a posição central e dominante que os verdadeiros cristãos Lhe conferem.............................................360 96. Os adventistas ensinam que é ilusório crer e afirmar que alguém que aceita a Cristo como seu Redentor está salvo........... 364 97. Os adventistas tornam sem efeito a morte do Salvador, porque acreditam que Sua expiação pelo pecado não foi completada no Calvário.......................................................................... 369 98. Os adventistas fazem de Satanás o seu salvador e substituto . , .

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R espostas a Objeções Parte V I: Objeções Gerais 99. Os adventistas têm um vigoroso programa de missões estrangeiras. Mas por que impor a religião cristã a pessoas de outros países?............................................................................................. 373 100. Deve existir algo errado no próprio sistema adventista, visto que muitas pessoas deixam o adventismo............................... 376

10 1 . Quando pastores adventistas se dirigem a uma comunidade a fim de realizar séries de conferências, ocultam, a princípio, sua ligação denominacional................................................................... 378 102. Os adventistas mantêm opiniões fanáticas sobre reforma de saúde e vegetarianismo......................................................................381 103. Os adventistas procuram fazer proselitismo............................ 386 104. Em sua oposição às leis dominicais, os adventistas são insensíveis às necessidades do trabalhador e estão cegos para a própria estabilidade do país................................................................ 387 105. Os adventistas, em sua oposição às leis dominicais, demonstram que estão em aliança com os elementos desacreditados do país............................................................................. 390 106. Os adventistas ensinam que somente eles serão salvos........392 107. Os adventistas são anunciadores decalamidades.....................394 108. O adventismo é um novo “ismo” e sustenta doutrinas novas e antibíblicas...................................................................................395 109. Os adventistas têm uma profetisa como muitos outros modernos “ismos”, e fazem de seus escritos uma segunda Bíblia...... 397

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A presentação A lberto R . Tim m I V I u i T A S CRÍTICAS TÊM SIDO FEITAS, AO LONGO DOS ANOS, ÀS DOU­ TRINAS DISTINTIVAS ADVENTISTAS. ESSA S CRÍTICAS DESAFIARAM OS

adventistas a definir mais precisamente suas convicções e a demons­ trar mais claramente o fundamento bíblico de sua fé. Entre as várias defesas da fé adventista, merece especial destaque a obra Answers to Objections [Respostas a Objeções], de Francis D. Nichol. Publicado originalmente em 1932, esse clássico da literatura adventista atingiu sua forma definitiva com a edição “revisada e grandemente ampliada de 1952. Muitos leitores da língua portuguesa se beneficiaram dos tre­ chos dessa obra publicados em 1958 na brochura Objeções Refutadas, com 97 páginas. A presente publicação disponibiliza em português o conteúdo completo da primeira parte dessa importante obra. O autor, Francis D. Nichol (1897-1966), nasceu em Thirlmere, New South Wales, Austrália, no dia 14 de fevereiro de 1897. Aos oito anos de idade, Francis mudou-se com seus pais e duas irmãs para Loma Linda, Califórnia, onde o pai ajudaria a desenvolver a obra médico-missionária adventista. Em 1920, ele graduou-se como ba­ charel em Teologia pelo Pacific Union College, e logo iniciou sua longa e brilhante carreira ministerial e literária. Em 1927 integrouse ao corpo editorial da Review and Herald Publishing Association, assumindo em 1945 a função de editor-chefe daquela editora. Foi por 21 anos editor da Review and Herald, considerada na época o “órgão oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia”. Durante os últi­ mos 15 anos de sua vida foi também membro da Comissão de Depo­ sitários do Patrimônio Literário Ellen G. W hite. A mais importante e duradoura contribuição literária de Nichol foi, sem dúvida, sua atuação como editor dos sete volumes do The Seventh-day Adventist Bible Commentary (1953-1957). Como um dos mais talentosos autores adventistas, escreveu inúmeros editoriais e artigos. Entre os mais de 20 livros de sua autoria, merecem destaque os clássicos The Midnight Cry (1944), a melhor e mais honesta histó­ ria do movimento milerita até então produzida; Ellen G . White and Her Critics (1951), a mais abalizada resposta às críticas levantadas até aquela época ao ministério profético de Ellen White; e Answers to Objections (edição de 1952), uma das mais amplas e convincentes respostas às principais críticas às doutrinas distintivas adventistas.

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R espostas a Objeções Estudos mais recentes enriqueceram significativamente a base bí­ blica e a relevância histórica das doutrinas adventistas aqui expostas especialmente no que diz respeito ao sábado, ao santuário e ao juízo investigativo. Embora tais estudos possam complementar alguns as­ pectos abordados na presente obra, eles jamais conseguirão substituir as valiosas contribuições encontradas nestas páginas. O estudante sé­ rio da Palavra de Deus descobrirá aqui valiosos argumentos bíblicos expostos por alguém que sabia, como poucos, expressar profundida­ de de raciocínio em urna linguagem simples. Sem dúvida, Respostas a bjeçoes continuara sendo um importante símbolo do compromisso adventista com a autoridade normativa das Escrituras. Alberto R. Timm, PhD, éprofessor no Seminário Adventista LatinoAmericano de Teologia (Salt), no Unasp, em Engenheiro Coelho, inte­ rior de òao Paulo.

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I ntrodução A 1 /

MUITO MAIS DELEITOSO SENTIR A FRAGRÂNCIA E CONTEMPLAR A

BELEZA DAS FLORES DE UM JARDIM DO QUE OCUPAR-SE REMOVENDO L A '

gartas das plantas. Alguns nem mesmo desejariam discutir coisas tão desagradáveis, muito menos lidar com elas. Por que falar delas quan­ do podemos falar de flores? Mas, a menos que removamos as lagar­ tas, não poderemos por muito tempo usufruir as flores. Esta simples ilustração provê o motivo para este livro. E escrito para enfrentar a falsa doutrina e, desse modo, ajudar a garantir que as flores da verdade possam continuar vicejando e disseminando seu aroma celestial. Talvez alguém possa replicar que a ilustração não se aplica. Não deseja pensar que inimigos espreitam no jardim de Deus. Acha que Deus cuidará de Sua propriedade, e que as plantas do Senhor, pro­ fundamente arraigadas no solo da verdade eterna, podem com segu­ rança resistir a todos os ataques. Portanto, devemos dedicar todo o nosso tempo a usufruir as flores e convidar o viajante a entrar no jar­ dim celestial e desfrutá-las conosco. A conturbada história da igreja cristã revela a falácia de tal opi­ nião. Mesmo no mais antigo e mais divinamente vigoroso período do cristianismo, os apóstolos sentiram a necessidade de lidar com ameaçadores perigos doutrinais. João, cujos escritos exalam o espíri­ to do amor, advertiu, em suas epístolas, contra a fatal heresia docetista então em desenvolvimento, que considerava Cristo apenas uma aparição, um fantasma (veja I João 1:1-3; 4:2 e 3). Também ad­ vertiu contra a idéia herética de que o cristão está além do pecado, e a idéia igualmente herética de que não precisamos guardar os mandamentos de Deus. Quem expõe tal ponto de vista, disse João, “é mentiroso, e nele não está a verdade.” I João 2:4- Ele discute lon­ gamente o assunto, provando por que tais ensinos são falsos. Paulo disse à igreja de Corinto: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.” I Cor. 2:2. E alguns usariam esta declaração isolada para apoiar a alegação de que o ministro do evange­ lho não deve dar importância a falsos ensinos ou oposição. Quão injus­ tificada conclusão pode ser tirada de um texto isolado de seu contexto! As epístolas paulinas são em geral apresentações concisamente racionais da verdade, com um aspecto negativo e outro positivo. De

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R espostas a Objeções fato, ele pregava a Cristo crucificado. Mas ele percebia que, a me­ nos que a fatal heresia do legalismo judaico fosse exposta e refutada, a pregação de Cristo não teria nenhum proveito. É por isso que suas epístolas lidam de maneira repetida e demorada com tal heresia. Mas esse não foi o único erro doutrinário que ele expôs e refutou. Note, por exemplo, seu extenso e combativo argumento contra o falso ensino de que “não há ressurreição de mortos”. I Cor. 15:12. Ninguém pode ler seus escritos sem exclamar: “Se Paulo não era ad­ vogado de Deus, por favor diga o que ele era!” O grande apóstolo tampouco se contentava em prosseguir sozi­ nho no combate. Exortava outros a fazerem o mesmo. Escreveu a Ti­ móteo: Combate o bom combate da fé.” “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste.” I Tim. 6:12; II Tim. 1:13. Aos presbí­ teros da igreja de Efeso, ele falou de “lobos vorazes” que “entre vós penetrarão”, “que não pouparão o rebanho”, e daqueles que se le­ vantariam em seu próprio meio “falando coisas pervertidas para ar­ rastar os discípulos atrás deles”. Então acrescentou: “Portanto, vi­ giai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um.” Atos 20:29-31. Quando você adverte, adverte contra. Isso inevitavelmente envolve uma ação ne­ gativa, que é justificada por seus resultados: proteger o crente con­ tra a falsa doutrina. Escreveu Judas: “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos san­ tos.” Judas 3. Sua breve carta adverte contra “certos indivíduos” que se introduziram com dissimulação” e estavam corrompendo os princípios morais e negando” doutrina cristã fundamental. Pedro advertiu a igreja contra “falsos mestres, os quais introduzi­ rão, dissimuladamente, heresias destruidoras”. II Ped. 2:1. Ele então prossegue dedicando a maior parte de sua epístola ao exame e refu­ tação daquelas heresias. O relato escrito desses resolutos e militantes homens de Deus pa­ rece não favorecer a idéia de que devemos concentrar-nos exclusiva­ mente em apreciar as flores, porque com certeza as sólidas plantas da verdade não necessitam do cuidado protetor dos lavradores de Deus.

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Introdução Durante o período da Reforma, seus defensores tiveram de fazer mais do que enfocar a verdade positiva da justificação pela fé e ou­ tras doutrinas afins. Tiveram de lidar com fortes e capciosos argu­ mentos apresentados pelos mais sutis porta-vozes de Roma. No despertamento adventista do início da década de 1840, Gui­ lherme Miller e seus associados não puderam lidar exclusivamente com a positiva e gloriosa verdade da breve vinda pessoal de Cristo. Eles tiveram de gastar tempo refutando os ilusórios argumentos de ministros populares que procuravam, entre outras coisas, provar pe­ las Escrituras que a conversão do mundo precedia o advento de Cristo. A literatura do movimento de 1844 está repleta da convin­ cente e vigorosa argumentação dos líderes do advento enquanto ex­ punham o erro e exaltavam a verdade. Quando se desenvolveu o movimento adventista do sétimo dia, logo depois começaram a sair do nosso prelo folhetos, panfletos e li­ vros especiais respondendo às afirmações daqueles que defendiam que o domingo é ensinado nas Escrituras, que a imortalidade da alma é a possessão do ser humano e que a lei de Deus foi abolida, entre outras doutrinas falsas. Tudo isto era inevitável. A apresentação de qualquer doutrina tem dois aspectos: a exposição de evidência para a crença e a resposta àqueles que elaboram argumentos em defesa de uma crença contrária. Ora, o período inicial de defesa militante da crença e refutação de falsos ensinos quase sempre foi seguido por tempos mais calmos. Um movimento religioso surgido no meio de conflito e oposição descobre com o tempo que assegurou uma medida de reputação en­ tre as pessoas. Surge então a tentação de enfatizar com menos ener­ gia as verdades características que trouxeram o movimento à exis­ tência. Foi este procedimento que levou o cristianismo primitivo a fundir-se com o paganismo e diversas igrejas protestantes a perder fi­ nalmente a sua peculiaridade. A paz apela tão fortemente para o guerreiro no campo de batalha religioso como o faz para o soldado literal. O erro cometido pelo guerreiro espiritual é imaginar que nes­ te mundo, tão dominado pelo mal, ele pode ter a esperança de con­ cluir uma paz honrosa que ponha o reino de Deus a salvo de todos os ataques futuros. Nesta guerra não existe dispensa até que Deus declare: “Está feito.”

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R espostas a Objeções Estou plenamente consciente de que a índole religiosa moderna é contra enfatizar crenças distintivas, muito menos lutar em defesa delas. Não se presume ser de bom gosto. Isso protela a mui desejada união de todas as igrejas. Certamente, se as igrejas desejam, acima de tudo, unir-se, devem menosprezar suas diferenças teológicas. Mas também, se uma igreja quer manter sua identidade e justificar sua existência separada, deve estar pronta para dar uma razão para a esperança e as doutrinas que defende. Isso inevitavelmente inclui o enfrentamento dos ataques daqueles que procuram solapar sua espe­ rança e suas doutrinas. Há um ponto, acima de todos os outros, que distingue este mo­ vimento do advento: a firme crença de que Deus o suscitou para pre­ gar uma mensagem distintiva e convidar todas as pessoas a se unir a ele no preparo para o dia de Deus. Se agimos sinceramente de acor­ do com esta crença, devemos estar preparados para enfrentar oposi­ ção, uma oposição que temos razão profética para saber que se tor­ nará mais ativa e mais amarga à medida que o fim se aproxima. Nunca nos esqueçamos de que nosso objetivo declarado é a conclu­ são da grande Reforma protestante do século dezesseis. A Reforma deve seu próprio nome ao militante protesto feito contra falsos en­ sinos, embora, é claro, o protestantismo defenda um grande conjun­ to de verdades positivas. Desvirtuamos o grande nome “protestante” quando não mais estamos preocupados em protestar contra aquilo que se opõe à verdade. Como membros do movimento adventista, devemos estar sem­ pre conscientes do perigo de comprar a paz com a moeda da transi­ gência, ao notar o que aconteceu com a maior parte do protestan­ tismo atual. No início do século vinte, um grande número do ministéiio cristão era ainda constituído de crentes firmes nas doutrinas históricas do cristianismo, começando com a doutrina da criação. Mas um ativo, persuasivo e bem-educado grupo do clero estava de­ fendendo a evolução e idéias racionalistas relacionadas. Era eviden­ te que suas idéias se opunham a doutrinas do cristianismo longa­ mente estabelecidas. E como eles procuraram perfurar este defensi­ vo muro doutrinal.7 Pelo simples expediente de minimizar a impor­ tância da doutrina e afirmando que o cristianismo é na verdade um assunto do espírito, uma linda comunhão com Deus como nosso Pai

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Introdução e com todos os homens como irmãos, e que tudo o mais é secundário. Conseqüentemente, se a ciência tem grandes descobertas para nós, façamos com que as doutrinas se ajustem às descobertas. O que é outra maneira de dizer: “Abandonemos as doutrinas. E isso é exatamente o que ocorreu na maioria das igrejas. E ver­ dade que durante algum tempo se travou uma batalha feroz, atingin­ do o clímax na década de 1920. Depois disso, a maioria dos dirigen­ tes de igrejas que haviam lutado pela ortodoxia gradualmente desis­ tiu. Sua vontade de lutar foi enfraquecida pela altamente promovi­ da noção de que a paz e a harmonia são mais importantes do que qualquer doutrina. Assim, hoje a maioria dos pregadores discursa so­ bre o amor de Deus, o viver idealista, corretas atitudes mentais, a fraternidade humana e coisas afins. As importantes doutrinas bíbli­ cas da criação, do pecado e da salvação, entre outras doutrinas fun­ damentais que sempre constituíram a estrutura do edifício cristão, são raramente ouvidas nas igrejas modernistas, que constituem a grande maioria. Mas, no dia em que o movimento adventista deixar dc enfatizar a doutrina, teremos perdido a justificativa para a nossa existência. Temos uma doutrina definida a apresentar sobre o segundo adven­ to; caso contrário, perdemos o alvo e o objetivo que deveriam ser nossos. Temos uma doutrina definida a pregar sobre a criação, caso contrário, removemos o fundamento para o sábado. Temos uma doutrina definida a pregar sobre pecado e salvação; de outro modo, tornamos sem sentido nosso ensino sobre o santuário. Temos uma doutrina definida a pregar sobre a natureza humana; do contrário, tiramos toda a ênfase de nossa pregação sobre ressurieiçao e vida unicamente em Cristo e nossa advertência contra os enganos finais do espiritismo. E assim poderíamos prosseguir enumerando. Se já houve um movimento construído sobre crenças bem definidas, crenças entrelaçadas como as vigas mestras de um edifício, esse é o movimento do advento. Minimizamos essas crenças somente com o perigo de destruirmos o edifício. Por outro lado, se enfatizarmos es­ sas crenças, devemos estar preparados para enfrentar oposição e opi­ niões contrárias. Contudo, alguém ainda poderia questionar, com incredulidade, se não deveríamos seguir o exemplo de Neemias no tocante aos ad-

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R espostas a Objeções versários da verdade. “Estou fazendo grande obra, de modo que não poderei descer.” Nee. 6:3. Concordo com as palavras de Neemias. É fácil cair em controvérsia desnecessária. Certamente devemos sem­ pre prosseguir na construção dos muros de Jerusalém em vez de des­ cer ao vale para realizar uma conferência com Sambalate e Tobias. Mas Neemias é o último homem em toda a Bíblia que deveria ser citado a favor da inação no que concerne aos adversários do Senhor. Quando Sambalate e Tobias enviaram suas ameaças contra os cons­ trutores do muro, Neemias manteve seus homens trabalhando, mas somente a metade deles, e eles com apenas uma das mãos, porque com a outra seguravam a arma. O restante de seus homens, ele ar­ mou com espadas e lanças e os instruiu a guardar os muros com a própria vida. Certamente os muros não teriam sido construídos se os homens não tivessem continuado trabalhando. Mas com igual cer­ teza podemos afirmar que aqueles muros jamais poderiam ter sido edificados se não houvesse homens combatentes com espadas flame­ jantes e lanças guardando os trabalhadores. Foi o brilho das espadas nos baluartes que deu coragem aos edificadores (veja Nee. 4:16-18). Nunca devemos descer ao vale em busca de controvérsia, mas, quando os adversários atacam a cidadela da verdade em que se en­ contra o movimento do advento, devemos, em nome do Senhor Deus dos Exércitos, estar preparados para defender essa cidadela. Prover armas para a defesa é o propósito deste livro. E agora, para que tudo isso não pareça demasiado combativo, deixe-me acrescentar rapidamente que há diferentes maneiras de lu­ tar pela fé. Precisamos ter certeza de que combatemos o bom com­ bate em harmonia com os princípios celestiais. Só assim traremos foiça ao movimento adventista e glória ao nome de Deus. Algumas regras elementares, se forem seguidas cuidadosamente, habilitarão o soldado de Cristo a se adaptar a esses princípios. Essas normas se aplicam a uma discussão em público, através do prelo, na sala de vi­ sitas, ou na vizinhança. 1. Atribua boa fé e sinceridade àquele com quem você está debatem lo. A sinceridade pode ser possuída mesmo por alguém que apresen,a a mais absurda opinião.

2 . Mantenha a calma. Se você não pode lutar pela fé sem exibir ma elevação de temperatura, não lute. Fique de fora, e deixe que

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Introdução outros de disposição mais serena, ou aqueles que já alcançaram a vi' tória sobre a ira, levem adiante o combate ativo em prol da fé. 3. Seja muito moderado no uso de linguagem contundente. Sem dm vida, há ocasiões em que tal linguagem pode ser necessária, mas eS' sas ocasiões, eu creio, são raras. Não somos com fieqüencia chamados a estar, como Elias, no monte Carmelo. Porque temos certeza no coração de que a verdade e a evidência estão do nosso lado, pode­ mos assumir a atitude de ser calmos, tranqüilos e amáveis em nossa linguagem. Os espectadores, se houver algum, medirão nossa argu­ mentação, ao menos em parte, por nossa maneira de falar, mesmo que a pessoa de quem estamos divergindo não o faça. 4. Revele um espírito de grande seriedade. Evidencie que você está contendendo por suas opiniões religiosas não para satisfazer um desejo de altercação ou controvérsia, mas impelido por uma solene convicção de que as crenças que você defende são da mais sei ia importância. 5. Apele para o coração e para o intelecto. Uma coisa é convencer uma pessoa; outra é torná-la convicta e criar em sua alma o desejo de obedecer às verdades que você apresenta. Não é simplesmente uma questão do que dizer, mas como dize-lo, se voce quer produzir convicção. Enquanto a discussão estiver em andamento, procure cada vez mais elevá-la acima do nível dos fatos e da evidência para o plano da relação que os fatos produzem no coração do ouvinte e o destino eterno. Se queremos realmente ajudar alguém, devemos fa­ zer mais do que silenciá-lo; devemos abrir-lhe o coração para íeceber a verdade que tão ardentemente estamos tentando provar. Agora uma palavra concernente à história deste livro. Ele foi pu­ blicado pela primeira vez, em inglês, em 1932 e continha 254 pági­ nas. Em 1947, uma parte do livro, então esgotado, acrescida com considerável material novo, foi publicada com o título de Reasons for Our Faith [Razões Para Nossa Fé]. Parte deste último livro, tam­ bém esgotado, foi combinada com matéria adicional do volume de 1932 e muito material novo para formar um novo volume. Em muitos casos, as objeções consideradas vieram a mim ao lon­ go dos anos em cartas de nossos pastores e obreiros leigos que afir­ maram que essas eram objeções que eles freqüentemente enfrenta­ vam. Às vezes, esses obreiros enviaram cópias assinaladas de folhe­ tos e panfletos anti-adventistas que circulavam amplamente na área

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R espostas a Objeções em que estavam realizando conferências evangelísticas. Às vezes, as palavras exatas de tal matéria impressa são usadas neste livro. As aspas indicam tal uso. Portanto, as objeções consideradas não são acadêmicas, mas práticas. Ao respondê-las, tentei evitar o estéril pro­ cedimento de lidar meramente com o negativo; em vez disso, pro­ curei apresentar a positiva verdade bíblica em cada pergunta. Este livro não é apresentado para criar disputa desnecessária, mas com o desejo de ajudar você a cumprir a ordem bíblica de batalhar di­ ligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”. Frands D. Nichol, Washington, D .C ., agosto de 1952

N ota d o s editores: Para ganhar espaço, o nome “adventistas do sétimo dia” oi, em muitos casos, abreviado para “adventistas”; e, por amor ao politicamente correto, o termo “homem” foi em geral mudado para “ser humano”.

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Pa r t e

I

L ei OBJEÇÕES 1 A 19

O

b je ç ã o

1

Os adventistas citam muito o Antigo Testamento para provar suas doutrinas, principalmente a lei e o sábado. Os cristãos seguem o Novo Testamento.

C to

it a m o s m u i t o o

O

A

n t ig o

Novo. NÃO FAZEMOS,

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esta m en to .

T

a m b é m c it a m o s m u i­

REALMENTE, NENHUMA DISTINÇÃO QUAN-

to à autoridade entre o Antigo e o Novo Testamento por sermos cristãos. Cremos que toda a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, é inspirada por Deus e assim corretamente o guia para nossa vida. Algumas pessoas, quando discutem a lei e o sábado, procuram estabelecer um contraste ou mesmo um conflito entre o Antigo e o Novo Testamento, como se o primeiro fosse de pouco ou nenhum valor e inteiramente suplantado pelo último. Este falso con­ traste jaz à raiz do errôneo raciocínio que assinala os argumentos daqueles que afirmam que a lei e o sábado foram abolidos na cruz. A “Bíblia” dos apóstolos era o que é agora conhecido como A n ­ tigo Testamento. Os primeiros escritos desses antigos ministros cris­ tãos só começaram a sair de sua pena vinte ou trinta anos, e ate mais, depois da ascensão de Cristo. Não havia máquinas impresso­ ras e serviço postai eficiente para distribuir rapidamente esses escri­ tos. Apenas lentamente eles tiveram circulação. E inteiramente ra­ zoável crer que durante o primeiro século da era cristã o termo Es­ crituras”, mencionado repetidamente no Novo Testamento, era am­ plamente compreendido como significando o que chamamos de “Antigo Testamento”.

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R espostas a Objeções Cristo disse aos judeus: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim.” João 5:39. E então acrescentou: “Porque, se de fato crêsseis em M oi' sés, também creríeis em Mim; porquanto ele escreveu a Meu respei­ to. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas Minhas palavras?” Versos 46 e 47. A razão por que os discípulos não compreenderam os eventos da semana da crucifixão era que eles não compreendiam corretamente as Escrituras, o Antigo Testamento (veja Lucas 24:27). No dia da ressurreição, Jesus mostrou-lhes como Sua morte e ressurreição eram o cumprimento da profecia. “Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras.” Luc. 24:45. Cristo nada sabia da doutrina de depreciar o Antigo Testamento. Nem deram os apóstolos qualquer sugestão de que rebaixavam o Antigo Testamento em favor de alguns escritos que eles logo iriam produzir. Escreveu Paulo a Timóteo: “E que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na jus­ tiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” II Tim. 3:15-17. Poderia o Novo Testamento realizar mais do que isso? Cristo e os apóstolos citavam repetidamente o Antigo Testa­ mento em confirmação de seus ensinos. Disse Cristo a Satanás: “Está escrito”, e citou três vezes o Antigo Testamento (veja Mateus 4 :4 '1 0 ). Ele reprovou os escribas e fariseus citando o quinto man­ damento, do livro de Êxodo, e citando as palavras de Isaías (veja Mateus 15:1-9). Veja também a conversa de Cristo com o jovem rico e com o intérprete da lei (Mat. 19:16-19; Luc. 10:25-28). Pree­ minentes nessas referências ao Antigo Testamento são as citações dos Dez Mandamentos! Como provou Paulo que todos os homens, judeus e gentios, eram culpados diante de Deus e desse modo necessitados da salvação ofe­ recida por meio de Cristo? Citando o Antigo Testamento (veja Ro­ manos 3:9-18). E como ele mesmo sabia que era um pecador diante de Deus e em necessidade do evangelho? Relembrando o que esta­ va escrito no Antigo Testamento, especificamente nos Dez Manda­

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Lei mentos (veja Romanos 7:7). Paulo ordenou à igreja de Roma: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos nineis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei.” Rom. 13:8. E professou ele estar apresentando um novo código, resultado de uma nova revelação que então lhe foi dada? Não, ele cita o Antigo Testamento, e especificamente os Dez Mandamentos (veja os versos 9 e 10). E como apoiou Paulo seu apelo aos filhos para que obedecessem a seus pais? Citando o Antigo Testamento, especifica­ mente os Dez Mandamentos (veja Efésios 6:1-3). Ao desenvolver Tiago seu argumento contra a “acepção de pes­ soas”, apresenta ele novas leis? Não, ele cita o Antigo Testamento, enfocando trechos dos Dez Mandamentos (veja Tiago 2:8-12). E que prova ofereceu Pedro em apoio à sua declaração de que de­ vemos ser “santos”? “Porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” I Ped. 1:16. Sua prova é uma citação de Levítico 11:44. As Escrituras, do Gênesis ao Apocalipse, são um todo. A fonte do Antigo e do Novo Testamento é a mesma: a inspiração do Espí­ rito de Deus. Seu objetivo é o mesmo: desdobrar o plano de Deus, revelar a Cristo, advertir contra o pecado e apresentar a santa nor­ ma divina de justiça. Bem observou alguém muito tempo atrás: o Novo Testamento está oculto no Antigo, o Antigo Testamento está revelado no Novo. Podemos compreender melhor a promessa do úl­ timo livro da Bíblia, de uma Terra nova e recriada e de uma verde­ jante árvore da vida, quando volvemos ao primeiro livro da Bíblia que descreve a boa terra, com sua árvore da vida original, que saiu das mãos de Deus quando Ele no princípio criou o mundo. Com­ preendemos melhor o significado da cruz e as palavras de Cristo: “Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim”, quando lemos em Gênesis o relato da queda do homem. Nunca devemos esquecer que os próprios títulos “Antigo Testa­ mento” e “Novo Testamento” são títulos de feitura humana. Os es­ critores da Bíblia não a dividiam deste modo. Ambos os Testamen­ tos lidam com o velho e o novo no drama do pecado e salvação. O Antigo Testamento apresenta a promessa de uma nova Terra e uma nova aliança, bem como retrata as iniqüidades do ser humano des­ de os dias mais antigos. O Novo Testamento discute detalhadamen­ te o “velho homem” pecaminoso e o antigo problema da sua rebe-

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R espostas a Objeções lião, bem como descreve o “novo homem” em Cristo Jesus e as gló­ rias de um mundo vindouro. A inter-relação do Antigo Testamento com o Novo, a depen­ dência um do outro, sempre foi compreendida por nosso adversário, o diabo. Eis por que ele há muito tempo iniciou seus ataques contra a Bíblia, procurando solapar a historicidade e a autenticidade do Antigo Testamento. Foi neste ponto que se iniciou a alta crítica da Bíblia. E com a destruição do Antigo, o Novo Testamento logo en­ traria em colapso pela ausência de significado e fundamento histó­ rico. E compreensível que os modernistas tentem minimizar a auto­ ridade espiritual e o significado do Antigo Testamento. Mas o que é inexplicável é a atitude de alguns que se consideram os fundamentalistas dos fundamentalistas com referência ao Antigo Testamento. Por que deveriam eles procurar rasgar em duas a vestimenta sem costura das Escrituras? Por que deveriam apresentar a doutrina de que um santo mandamento de Deus no Antigo Testamento deve es­ petar por reafirmação no Novo antes de ter ele autoridade na era ciistã? O telato deixa claro que os escritores do Novo Testamento citavam o Antigo não para informar seus leitores que a passagem es­ pecífica do Antigo Testamento estava ainda em vigor, mas a fim de prover evidência corroborativa de que suas declarações neotestamentárias recentemente emitidas concordavam com o Antigo Tes­ tamento e, portanto, estavam também em vigor. Em outras palavras, os apóstolos, que lembravam seus leitores de que “homens [santos] falaram da parte de Deus” nos velhos tempos “movidos pelo Espíri­ to Santo , desejavam que seus leitores compreendessem que eles, os apóstolos, falavam pelo mesmo Espírito Santo (II Ped. 1:21). Por­ tanto, eles citavam reiteradamente em apoio de suas admoestações e argumentação doutrinal as palavras daqueles “homens santos” que escreveram o Antigo Testamento. E verdade que o cerimonial ritual descrito no Antigo Testamen­ to expirou, por limitação, na cruz, porque então a sombra encontrou a realidade. E os escritores do Novo Testamento declaram especifi­ camente que aqueles ritos, conforme apresentados em uma série de leis cerimoniais, tinham chegado ao fim. Mas esse fato de modo al­ gum toma o Antigo Testamento inferior ao Novo ou justifica a ale­ gação de que o Novo suplanta o Antigo.

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O

b je ç ã o

2

Os adventistas procuram provar que há duas leis descritas na Bíblia: a lei

moral e a cerimonial. Mas existe apenas uma lei.

0

RACIOCÍNIO DA OBJEÇÃO

É ESTE: HÁ

SOMENTE UMA LEI E A

BÍ­

BLIA FALA CLARAMENTE DE UMA LEI ABOLIDA; PORTANTO, OS DEZ

Mandamentos foram abolidos, inclusive, necessariamente, o quarto, cm que os adventistas constroem seu argumento para o sábado. Tanta argumentação falsa tem sido elaborada em torno da dou1 ri na de uma só lei que ela deve ser considerada detalhadamente. A palavra “lei” é usada na Bíblia de várias maneiras. Na frase “a lei C OS profetas”, a palavra “lei” significa um tanto uniformemente os li­ vros de Moisés, porque em seus escritos as leis de Deus são especial­ mente apresentadas. A palavra “lei” é às vezes usada sem referência a algum código específico, como um termo coletivo para descrever qualquer uma e todas as leis. Por outro lado, a palavra “lei é freqiieniemente empregada para designar um código específico (por exemplo, a lei moral ou a lei cerimonial), como procuraremos mostrar. Afirmar que toda vez que a Bíblia usa a palavra “lei” significa o mesmo código seria tão razoável como afirmar que cada vez que a Bí­ blia usa a palavra “dia” quer dizer o mesmo período de tempo. Os fatos são que “dia” pode significar: ( 1 ) a parte clara do ciclo de vinte e qua­ tro horas, como dia em contraste com noite; ou ( 2 ) todo o período de vinte e quatro horas, como sete dias em uma semana; ou (3) um perío­ do indefinido de tempo, como “agora é o dia da salvação . O que pen­ saríamos da pessoa que raciocinasse que, porque certos textos da Bíblia falam do fim do dia, o dia da salvação necessariamente terminou? A Bíblia diz que “a lei” foi “abolida” por Cristo (veja Efésios 2:15). Mas Paulo, que escreveu esta afirmação, também declara: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.” Rom. 3:31. O contraste entre as declarações é acentuado quando se chama a atenção para o fato de que Paulo usou a mesma raiz grega para as palavras aqui traduzidas por aboliu c “anulamos”. Esta raiz, katargeo, significa “tornar inoperante”, “fazer cessar”, “suprimir”, “anular”, “abolir”. Mas disse Paulo, o escritor inspirado, a uma igreja que “a lei” está abolida”, e então a outra igre­ ja exclama “De maneira nenhuma!”, ante a própria idéia de que “a

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R espostas a Objeções lei está abolida, e se refere à mesma lei em cada exemplo? Obviamente, Paulo deve estar falando de duas leis diferentes. Estes dois textos são suficientes em si mesmos para expor a falácia do argu­ mento de que a Bíblia fala de apenas uma lei. O primeiro registro formal de qualquer código de leis divinas para o homem foi no tempo do Êxodo. Foi então que Deus, o qual havia escolhido um povo para o Seu nome, o colocou a caminho da Terra Prometida. Não havia Escrituras nos primeiros séculos, pois nenhum dos sessenta e seis livros da Bíblia tinha sido escrito. Através de Moi­ sés, Deus começou a dar aos homens uma revelação escrita, a fim de guiá-los. Desse tempo em diante, com uma notável exceção, as pala­ vras de Deus para o homem, inclusive Suas leis, foram escritas por agentes humanos, os profetas. Essa única exceção foi um código de leis que Deus falou com Sua própria voz. A história sagrada não re­ gistra nenhum outro sermão jamais pregado ao ser humano em meio da glória sobrenatural e chamejante que circunda o eterno Deus. Referindo-se a esse único exemplo majestoso, Moisés disse a Is­ rael: “Agora, pois, pergunta aos tempos passados, que te precede­ ram, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, desde uma extremidade do céu até à outra, se sucedeu jamais coisa tama­ nha como esta ou se se ouviu coisa como esta; ou se algum povo ou­ viu falar a voz de algum deus do meio do fogo, como tu a ouviste, fi­ cando vivo.” Deut. 4:32 e 33. E quando Deus havia pronunciado o código, os “dez mandamen­ tos , o relato declara: E nada acrescentou” (veja Deuteronômio 4:13; 5:22). O sermão havia terminado, era um conjunto completo, não havia mais nada que Deus desejasse acrescentar. Em seguida, Ele escreveu o sermão com Sua própria mão em “duas tábuas de pe­ dra” (Deut. 5:22). Em nenhum outro documento na história huma­ na tem a mão de Deus escrito. “As tábuas eram obra de Deus; tam­ bém a escritura era a mesma escritura de Deus, esculpida nas tá­ buas.” Exo. 32:16. E o que Deus escreveu naquelas tábuas de pedra foi descrito por Ele como “a lei” (veja Êxodo 24:12). Então segue-se outro momento dramático, após a entrega e a es­ crita dessa lei”. Moisés iniciou sua descida do monte com as duas tábuas nas mãos. Estava levando para Israel o registro permanente daquele impressionante sermão proferido pelo Deus do Céu. Sua in­

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Lei dignação à vista dos israelitas adorando o bezerro de ouro o levou a ui romessar as pedras ao chão e quebrá-las, um símbolo de sua trans­ gressão do código divino. Ordenou então o Senhor a Moisés que escrevesse uma cópia a fim i le tomar o lugar das tábuas quebradas? Não. O Senhor escreveu os Dez Mandamentos uma segunda vez em novas tábuas de pedra. Realmenie, um código muito distinto para que o próprio Deus o escrevesse duas vezes em pedra. Ele confiou aos Seus profetas muitas mensagens vitais para o homem, mas os Dez Mandamentos Ele mesmo escreveu. O ponto focal, o objeto mais sagrado do serviço religioso insti­ tuído por Deus para os israelitas, foi a arca da aliança, acima da qual pairava a santa luz da presença divina. Quando, nas jornadas dos is­ raelitas, a arca era posta em movimento, ninguém devia tocá-la para que não morresse. E, dentro daquele mais sagrado dos objetos sagra­ dos do santuário, foi Moisés instruído a colocar as tábuas de pedra ( Deut. 10:5). Nenhum outro código de leis foi colocado dentro da­ quela arca sagrada. “Nada havia na arca senão as duas tábuas de pe­ dra, que Moisés ali pusera junto a Horebe.” I Reis 8:9. Novamente, esse código de leis foi distinguido como a base de uma aliança entre Deus e os israelitas. Aqueles que se opõem à dou­ trina bíblica da perpetuidade da lei moral, conforme crêem os adventistas, têm procurado apoiar sua opinião com este fato (veja a objeção 5). Eles se esquecem, porém, de que o próprio fato de a lei dos Dez Mandamentos ser descrita como a base única de uma alian­ ça prova mais uma vez que o Decálogo é um código distinto, não de­ vendo ser confundido com nenhum outro. Moisés disse a Israel: “Então vos anunciou Ele a Sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra.” Deut. 4:13. Façamos um resumo destes fatos históricos concernentes à entre­ ga da lei dos Dez Mandamentos: 1. Deus proferiu a lei com Sua própria voz aos ouvidos de todo o Israel. Ele não deu nenhuma outra lei deste modo. E nada acrescentou.” 2. Deus escreveu a lei dos Dez Mandamentos com o Seu próprio dedo. Essa é a única lei que Ele já escreveu para o ser humano. 3. Deus escreveu a lei em tábuas, e Ele mesmo preparou as tábuas. Trata-se da única lei no relato bíblico que foi assim escrita.

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R espostas a Objeções 4. Deus mandou Moisés descer do monte à vista de todo o Is­ rael, levando as duas tábuas de pedra que continham somente os Dez Mandamentos. 5. O próprio Deus reescreveu a lei depois de ter Moisés quebra­ do as primeiras tábuas. 6. Deus instruiu Moisés a colocar as tábuas dentro da arca da aliança, sendo a única lei honrada desse modo. 7. Deus declarou que a lei dos Dez Mandamentos era “sua alian­ ça”, sendo a única lei assim descrita. Contudo, os objetores professam ser incapazes de encontrar na Bíblia quaisquer fundamentos para crer que a lei dos Dez Manda­ mentos seja um código distinto de leis, que não deve ser confundi­ do com nenhum outro código. Gostaríamos de perguntar: se eles pu­ dessem ter ditado a maneira da entrega dessa lei, e tivessem deseja­ do dar prova convincente de que ela era uma lei separada, que pro­ cedimento poderiam possivelmente ter seguido que a teria destaca­ do mais plena ou mais dramaticamente? Mas a lei dos Dez Mandamentos não foi a única apresentada for­ malmente por Deus no Sinai. Havia um código de leis cerimoniais que piovia as regras para o ritual religioso que os judeus deviam se­ guir; por exemplo, seus sacrifícios e ofertas, seus dias de festa anuais, os deveres do sacerdócio. O livro de Levítico está repleto dessas leis. Havia também as leis civis para governar os judeus como nação, como as leis sobre casamento, divórcio, posse de escravos e proprie­ dade (veja Êxodo 21). Até onde permitiam a obscura compreensão espiritual e disposição dos israelitas, o Senhor fez com que esses es­ tatutos civis refletissem o perfeito ideal expresso na lei dos Dez Mandamentos. O estatuto sobre a posse de escravos é uma ilustra­ ção da adaptação do princípio moral à baixa condição espiritual de um povo. Do estatuto do divórcio, Cristo declarou: “Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio.” Mat. 19:8 (veja Marcos 10:4-6). Mas estas leis cerimoniais e civis não foram dadas diretamente por Deus às hostes de Israel. Quanto à maneira como Deus tornou conhecidas essas leis, quem as escreveu e onde foram depositadas, as Escrituras são claras:

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Lei 1. Depois de declarar que o Senhor escreveu os Dez Mandamenlos “em duas tábuas de pedra”, Moisés acrescenta imediatamente: 'Também o Senhor me ordenou, ao mesmo tempo, que vos ensinasse estatutos e juízos.” Deut. 4:13 e 14. Dm autor bíblico posterior apresenta a mesma distinção: “E não farei que os pés de Israel an­ dem errantes da terra que dei a seus pais, contanto que tenham cui­ dado de fazer segundo tudo o que lhes tenho mandado e conforme roda a lei que Moisés, meu servo, lhes ordenou.” II Reis 21:8. Recordando os eventos do Sinai, Neemias, em oração ao Senhor, também menciona o fato de que certas leis foram pronunciadas por 1)eus e outras foram dadas a Israel por intermédio de Moisés: “Des­ ceste sobre o monte Sinai, do céu falaste com eles e lhes deste juí­ zos retos, leis verdadeiras, estatutos e mandamentos bons. O teu santo sábado lhes fizeste conhecer; preceitos, estatutos e lei, por in­ termédio de Moisés, teu servo, lhes mandaste.” Nee. 9:13 e 14. 2. “Esta lei, escreveu-a Moisés.” Deut. 31:9. 3. “Tendo Moisés acabado de escrever, integralmente, as palavras desta lei num livro, deu ordem aos levitas que levavam a arca da aliança do Senhor, dizendo: Tomai este livro da lei e ponde-o ao lado da arca da aliança do Senhor, vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti.” Deut. 31:24'26. Os comentaristas con­ cordam com esta tradução do hebraico: “ponde-o ao lado da arca . Pelo fato de que a lei cerimonial e também os estatutos civis fo­ ram escritos por Moisés e por ele dados ao povo, eles são geralmen­ te descritos na Bíblia como “a lei de Moisés”. Veja, por exemplo: 1. II Crôn. 23:18. Os sacerdotes deveriam oferecer os holocaus­ tos “como está escrito na lei de Moisés”. 2. II Crôn. 30:16. Os sacerdotes celebram a Páscoa “segundo a lei de Moisés”. 3. Esd. 3:2. A construção de um altar para holocaustos ocorre “como está escrito na lei de Moisés”. 4. Dan. 9:13. A destruição de Jerusalém tinha vindo “como está escrito na lei de Moisés.” 5. Mal. 4:4. “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhe prescrevi em Horebe [Sinai] para todo o Israel. O Novo Testamento também revela, em muitas de suas referên­ cias à lei, a mesma distinção entre a lei dos Dez Mandamentos e o

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R espostas a Objeções código de leis dado por intermédio de Moisés. Note as seguintes re­ ferências à lei de ritos e cerimônias, às vezes descrita como a “lei de Moisés” e às vezes simplesmente como “a lei”: 1. E, se o homem pode ser circuncidado em dia de sábado, para que a lei de Moisés não seja violada.” João 7:23. 2. Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que ha­ viam crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés.” Atos 15:5. Mais adiante no capítulo, quando a alegação desses fariseus é reafirmada, abrevia-se a mesma deste modo: “Deveis ser circuncidados, e guardar a lei.” Verso 24. [Esta última frase, encontrada na Versão King James, não existe na Versão Almeida.] Isso ilustra como um escritor do Novo Testamento pode usar a expressão não qualificada, “a lei”, e ainda significar uma lei muito específica (neste caso, 'a lei de Moisés”). O contexto ge­ ralmente é suficiente para esclarecer a que lei se está referindo. Cer­ tamente, se a circuncisão está sob discussão no Novo Testamento (e freqüentemente é este o pomo da discórdia), é suficiente fazer refe­ rência^ ao código de leis que prescreve a circuncisão simplesmente como a lei ; isto é, a lei de ritos e cerimônias dada por Moisés. 3. A lei dos mandamentos na forma de ordenanças.” Efés. 2:15. 4. Os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamentos de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo ” Heb. 7:5. 5. Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há tam­ bém mudança de lei.” Verso 12. 6. ‘Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza.” Verso 28. 7. “Visto existirem aqueles [sacerdotes] que oferecem os dons se­ gundo a lei.” Heb. 8:4. 8. Quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com san­ gue.” Heb. 9:22. 9. “Ora, visto que a lei tem sombra dos bens futuros, não a ima­ gem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem.” Heb. 10:1. A lei dos Dez Mandamentos não dá nenhuma instrução sobre holocaustos, a Páscoa, a construção de um altar, os juízos que viriam

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Lei sobre Jerusalém por causa da desobediência, a circuncisão e a oídem do sacerdócio. Mas a Bíblia reiteradamente revela que há uma lei que fornece tal instrução. Esta lei é a lei cerimonial, descrita na B í­ blia como a “lei de Moisés”. É verdade que “a lei de Moisés” era também a lei de Deus, porque Deus era o autor de tudo o que Moisés escreveu. Por isso, não é esI ranho que um escritor da Bíblia descreva, ao menos ocasional men­ te, a lei de Moisés como “a lei do Senhor”, embora tais exemplos se­ jam poucos. Veja o caso de Lucas 2:22 e 23, onde ambas as expres­ sões são usadas para descrever a mesma lei. Entretanto, em nenhum lu,t»ar na Bíblia a lei dos Dez Mandamentos é chamada “a lei de Moisés”. Note, agora, algumas referências representativas do Novo Testa­ mento a outra lei, que não trata de ritos e cerimônias, mas de ques­ tões morais, a lei dos Dez Mandamentos, à qual também se faz alu­ são, às vezes, como simplesmente os mandamentos. 1. “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos." Mat. 19:17. Cristo cita então imediatamente vários dos Dez Mandamentos. 2. “Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sá­ bado descansaram, segundo o mandamento.” Luc. 23:56. 3. “Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera. Não cobiçarás.” Rom. 7:7. 4. “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.” Tia. 2:10-12. 5. “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.” I João 3:4- Qual lei? C er­ tamente ninguém na era cristã acredita que uma falha em obedecei à lei concernente a ritos e cerimônias é pecado. Contudo, João nos adverte de que transgredir a “lei” é pecado. Ele não sentiu necessi­ dade de explicar a qual “lei” se referia. Quão eloqüentemente isso indica que havia uma lei, conhecida por todos os leitoies de João, que era a regra moral da vida! Que consternação e confusão teiiam suas palavras criado entre os cristãos do primeiro século se eles esti-

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R espostas a Objeções vessem laborando sob a impressão de que havia apenas uma lei, uma lei que era uma mistura de preceitos morais e cerimoniais! E que a transgressão dessa lei na era cristã é pecado! Concluindo, apresentamos um resumo de algumas das declara­ ções contrastantes feitas na Bíblia no que concerne aos códigos de leis moral e cerimonial: A Lei Moral

A Lei Cerimonial

L Proferida pelo próprio Deus. Êxo. 20:1 e 22. 2. Foi escrita por Deus. Êxo. 31:18; 32:16. 3. Em pedras. Êxo. 31:18. 4. Entregue por Deus, seu es­ critor, a Moisés. Êxo. 31:18. 5. Depositada por Moisés “na arca”. Deut. 10:5. 6. Lida com preceitos morais. Êxo. 20:3-17.

7. Revela o pecado. Rom. 7:7. 8. A transgressão da “lei” é “pecado”. I João 3:4.

9. Devemos guardar “toda a lei.” Tia. 2:10.

10. Porque seremos julgados por esta lei. Tia. 2:12.

1. Proferida por Moisés. Êxo. 24:3. 2. Escrita por Moisés. Êxo. 24:4; Deut. 31:9. 3. Em um livro. Êxo. 24:4 e 7; Deut. 31:24. 4. Entregue por Moisés, seu es­ critor, aos levitas. Deut. 31:25 e 26. 5. Depositada pelos levitas “ao lado da arca”. Deut. 31:26. 6. Lida com assuntos rituais e cerimoniais (veja partes de Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). 7. Prescreve ofertas para o peca­ do (veja o livro de Levítico). 8. Não há pecado em sua trans­ gressão, porque agora está “abolida”. Efés. 2:15. (“Onde não há lei, também não há transgressão.” Rom. 4:15.) 9. Os apóstolos não deram “nenhuma autorização” para guardar a lei. Atos 15:24. 10. Não devemos ser julgados por ela. Col. 2:16.

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Lei A Lei Moral

A Lei Cerimonial

I I . O cristão que guarda esta lei “será bem-aventurado no que realizar”. Tia. 1:25. 12. A “lei perfeita, lei da liber­ dade”. Tia. 1:25 (cf. 2:12).

1 1 . 0 cristão que guarda esta lei não é abençoado (veja, por exemplo, Gálatas 5:1-6). 12. O cristão que guarda esta lei perde sua liberdade. Gál. 5:1 e 3.

I h Disse Paulo: “Tenho prazer na lei de Deus.” Rom. 7:22 (cf. verso 7). 14. Estabelecida pela fé em Cristo. Rom. 3:31. I 5. Cristo deveria “engrandecer a lei e fazê-la gloriosa.” Isa.

13. Paulo chamou esta lei de “jugo de escravidão”. Gál. 5:1 (veja Atos 15:10). 14. Abolida por Cristo. Efés. 2:15. 15. Cancelado “o escrito de dí­ vida que era contra nós e que constava de ordenan­ ças”. Col. 2:1416. “A lei de mandamento car­ nal.” Heb. 7:16.

42: 21.

16. “Bem sabemos que a lei é es­ piritual.” Rom. 7:14 (cf. verso 7).

Essas e outras comparações que poderiam ser feitas revelam, além de toda controvérsia, que a Bíblia apresenta duas leis. Chegar a ou­ tra conclusão seria afirmar que a Bíblia apresenta uma irremediável série de contradições. Admitimos que existem certas referências à “lei”, principalmen­ te nos escritos de Paulo, onde o contexto deixa de esclarecer com­ pletamente a que lei está se referindo. Em alguns casos parece evi­ dente que nem uma nem outra lei é particularizada, mas apenas o princípio da lei, em contraste com a graça, está sob consideração. Porém, isso não fornece nenhuma prova de que existe apenas uma lei. Porque existem na Bíblia textos obscuros e difíceis, isso não sig­ nifica que não podemos ter certeza do significado de textos claros e simples. Os textos facilmente compreensíveis devem guardar-nos de tirar falsas conclusões dos textos difíceis.

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R espostas a Objeções A referência às duas leis em tennos de séculos antes de Moisés tam­ bém nos ajudará a manter uma clara distinção entre elas. Embora possa­ mos com exatidão focalizar o Êxodo como o grande momento da entre­ ga da lei moral e cerimonial, não devemos concluir que o tempo antes de Moisés foi um período sem lei, pelo menos sem o Decálogo. Exami­ naremos este ponto mais plenamente na objeção número 3. Aqui preci­ samos apenas observar que os Dez Mandamentos existiam no Éden. Também as primeiras tenras raízes da videira cerimonial, que deveria de­ senvolver-se plenamente no Êxodo, apareceram na forma de simples ser­ viços sacrificais de nossos primeiros pais depois da entrada do pecado. Quem não teve a experiência de contemplar uma árvore altanei­ ra e maravilhar-se ante sua densa e variada folhagem, apenas para des­ cobrir, com um exame mais cuidadoso, que uma planta trepadeira está entielaçada em torno da árvore e o que parecia ser uma é realmente duas! Ainda que um olhar à distância para um alto ramo, principal­ mente se ele está balançando na brisa, deixe de revelar este fato, um exame do tronco perto das raízes, onde a trepadeira fez seu primeiro contato com a árvore, não deixa dúvida de que há duas árvores. Ora, o Decálogo poderia ser comparado a uma árvore imponente, com dez fortes ramos, que nossos primeiros pais encontraram flores­ cendo no jardim do Éden. Depois da sua queda, uma trepadeira da lei cerimonial foi plantada por perto, regada pelo sangue de sacrifícios animais. Durante séculos, a trepadeira cresceu pouco, se é que cresceu. Então, no tempo do Êxodo, ela subitamente assumiu uma forma defi­ nida e tornou-se grande. A árvore não precisou da trepadeira para vi­ ver, mas a trepadeira era inteiramente dependente da árvore. Nos sé­ culos posteriores, a inclinação dos homens era sempre em tomo de cul­ tivar a trepadeira em vez de cultivar a árvore, até que a folhagem da trepadeira quase ocultou a árvore e ameaçou sufocá-la. É, portanto, fácil compreender por que hoje alguns cristãos, olhando para a palavra bíblica que retrata essa árvore, deixem de ver que as duas não são uma. Isso é verdade principalmente se os ventos da discussão teológica estão balançando os íamos. Mas, como acontece com uma árvore literal, não precisa haver nenhuma incerteza no assunto se a atenção está fo­ calizada não nos ramos mais altos, mas no tronco e nas raízes. Falando literalmente, um exame da origem das duas leis e sua entrega formal no Exodo não deixa nenhuma possível dúvida de que eram duas.

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Lei C)s adventistas não podem alegar qualquer visão bíblica especial . m discernir que há duas, não uma. Desde o tempo da Reforma pro­ testante, as grandes entidades eclesiásticas têm percebido isso claramente e registrado o fato em seus credos e confissões de fé! A alega•ao de que existe apenas uma lei tem tido aceitação entre um ceito segmento de cristãos em uma fervorosa tentativa de enfrentar a fort>a da evidência do sábado que agora está sendo tão vigorosa e am­ plamente apresentada pelos adventistas. Nas páginas seguintes, exa­ minaremos vários argumentos contra a lei que devem sua aparente l( a ça à teoria de uma só lei.

O

b je ç ã o

3

Os Dez Mandamentos não existiam antes do tempo de Moisés.

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LEITOR MEDIANO PROVAVELMENTE OBSERVARA QUE, VISTO QUE VI­

VEMOS APÓS O TEMPO DE M OISÉS, A LEI SE APLICA A NÓS, E NÃO ESTAMOS,

portanto, preocupados quanto ao tempo em que a mesma foi dada. E verdade, e poderíamos encerrar aqui o assunto, se não fosse o fato de que o objetor está tentando construir um argumento plausível sobre esta ob­ jeção. Se admitimos que o mundo girou em segurança durante séculos antes de Moisés sem os Dez Mandamentos, então nós mesmos temos meio caminho preparado para crer na próxima objeção, a saber, que a lei foi abolida na cruz. Se homens piedosos como Enoque e Abraão não pre­ cisavam dos Dez Mandamentos, por que precisai iam os ciistãos. Portanto, devido ao sutil argumento construído sobre esse arra­ zoado, devemos dedicar alguma atenção à alegação de que os Dez Mandamentos não existiam antes de Moisés. Em face disso, esta é uma afirmação inacreditável. O Decálogo orde­ na aos homens que não façam ídolos, por exemplo, nem tomem o nome de Deus em vão, não matem, não furtem, nem cometam adultério. Po­ deríamos ser levados a crer que tal código de leis não vigorava antes de Moisés? Há algumas coisas inacreditáveis demais, e esta é uma delas. Na verdade, nenhuma das principais denominações crê assim. Não há nenhum ponto em que as grandes ramificações da igreja

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R espostas a Objeções cristã estejam mais de acordo do que o fato de que os Dez Manda­ mentos estiveram em vigor desde o princípio do mundo. A essência plausível da objeção acima é a afirmação de que aqueles que pecaram antes dos dias de Moisés não poderiam ter sido transgres­ sores do Decálogo, porque ele ainda não fora dado. Eis o argumento: “Anjos ‘pecaram’ (11 Ped. 2:4), mas eles não violaram a lei do S i­ nai, porque ela só foi dada milhares de anos depois da sua queda, e de qualquer forma eles não estavam debaixo dela. Adão pecou mui­ to antes que a lei fosse dada (veja Rom. 5:12-14); Caim pecou (Gên. 4:7); os sodomitas eram ‘pecadores’ (Gên. 13:13), e afligiam a Ló com suas obras iníquas’ (II Ped. 2:8). Certamente nenhum de­ les violou ‘a lei’, que não foi dada antes de Moisés.” Mas não se pode necessariamente concluir que, pelo fato de os dez pieceitos do Decálogo não terem sido proclamados audivelmente antes do Sinai, ou escritos antes daquela data, eles não existiam antes daquele tempo. A analogia com as leis humanas revela que essa conclusão é injustificada. Durante séculos, a Inglaterra teve o que se conhece como “lei comum” ou “direito consuetudinário”, que é parte integrante de todo o sistema de jurisprudência inglês e, postetiormente, americano. Mas apenas lentamente a lei comum foi codificada e posta em forma escrita. Por séculos, muitos estatutos desse direito consuetudinário foram transmitidos de uma geração para outra com pouca ou nenhuma referência escrita. Contudo, mesmo pessoas iletradas receberam como legado de seus pais o suficiente da lei comum para torná-las bem familiarizadas com seus dii eitos primários em face da lei. Não houve nenhum mo­ mento específico na história da Inglaterra em que a lei comum fosse completamente transcrita em um livro e proclamada pelo rei como a lei do país. E mesmo que tivesse existido tal momento na história le­ gal da Inglaterra, o que pensaríamos de alguém que, relembrando o evento, declarasse que antes dessa grande proclamação legal os cri­ minosos que perturbavam a Inglaterra jamais tinham violado a lei? Que outia lei violaram aqueles criminosos antes que a Inglaterra ti­ vesse um código legal escrito para que todos vissem e lessem? Não, a História nos ensina que uma lei não precisa ser formal­ mente proclamada ou escrita em um livro a fim de vigorar. O mesmo pode-se afirmar das leis morais de Deus para a humanidade. Quando

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Lei Ai Ião e Eva foram criados, eles eram perfeitos e serviam a Deus com uin coração perfeito. Daí concluímos apropriadamente que eles ti­ nham a lei de Deus escrita no coração. Deus também falava com eles. I )urante uma existência de quase mil anos, foidhes permitido transmi,,, a instrução divina que tinham recebido. Nem eles nem seus filhos precisavam de um código escrito em pergaminho ou em pedra. Bem firma Paulo que “a lei não é feita para os justos”, isto é, a lei como é ordinariamente compreendida: um código formalmente anunciado e escrito. A lei é escrita no coração da pessoa justa. Logo depois do pecado de Adão, os homens iniciaram um iápido declínio para o abismo da corrupção, como o declara Paulo (veja Romanos 1). Poderiam eles desculpar suas más ações sob pretexto de que não estavam cientes de qualquer lei que tivessem violado? Não. Paulo declara enfaticamente que eram “indesculpáveis” (verso 20). Mas como poderiam estar sem desculpas a menos que ainda reiivessem algum conhecimento dos santos requisitos e leis de Deus? Nossa responsabilidade por nossos pecados é em função do nosso co­ nhecimento (veja João 15:22). Paulo amplia o assunto explicando que quando os “gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, tes­ temunhando-lhes também a consciência.” Rom. 2:14 e 15. Cremos que há apenas uma conclusão razoável: embora as pessoas cedo se afastassem de Deus, o conhecimento dEle não desapareceu imediata ou completamente de sua memória, nem o código divino, originalmente escrito no coração de nossos primeiros pais, Adão e Eva, se extinguiu subitamente. A perturbadora luz da consciência, apesar de os raios ficarem indistintos, de vez em quando iluminava os obscuros mas celestiais traços sobre o coração. Como diz a Bíblia na Linguagem de Hoje: “Eles mostram, pela sua maneira de agir, que têm a lei escrita no seu coração. A própria consciência deles mostra que isso é verdade, e os seus pensamentos, que, às vezes os acusam e às vezes os defendem, também mostram isso. Rom. 2.15. A menos que sustentemos que o mundo antes de Moisés tinha conhecimento suficiente da lei de Deus para compreender a impor­ tância moral de seus atos, estaremos acusando a Deus de injustiça em destruí-lo por suas más ações. A única maneira possível de o ob-

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R espostas a Objeções jetor evitar o embaraçante significado deste fato é afirmar que, emboia os homens que viveram antes de Moisés não conhecessem nada dos Dez Mandamentos, eles tinham um conhecimento de certos princípios morais eternos procedentes do Céu. Se este argumen­ to possui alguma validade, deve residir no reconhecimento de que esses princípios morais eternos - não definidos pelo crítico - eram diferentes dos Dez Mandamentos. Só assim pode ser mantido que os Dez Mandamentos não são eternos. Mas que princípios são mais eternamente morais do que os dos Dez Mandamentos? E como poderia Deus ser justo em condenar os antigos por ações que podemos descrever como pecaminosas apenas por sua não conformidade com os Dez Mandamentos, se realmente tais mandamentos não estavam ainda em vigor? Além disso, se to­ das as ações pecaminosas dos demônios e dos homens antigos po­ dem ser julgadas e condenadas em função dos Dez Mandamentos, que necessidade existe de invocar princípios morais completamente indefinidos e não revelados a fim de lidar com a rebelião moral da­ queles que viveram há tanto tempo? E podem suas ações ser condenadas em função dos Dez Manda­ mentos? Sim. A Bíblia diz que Satanás foi “mentiroso” e “homicida desde o princípio”. João 8:44. Os Dez Mandamentos lidam com suas ações. Ele também procurou colocar-se no lugar de Deus. Aqui está uma violação do primeiro mandamento. Adão e Eva muito certa­ mente cobiçaram o fruto proibido; de outro modo, não teriam esten­ dido a mão para ele, considerando que Deus lhes havia dito expres­ samente que o mesmo não lhes pertencia. Eles cobiçaram e furta­ ram. E os Dez Mandamentos abrangem estes maus atos. Caim ma­ tou a seu irmão. Os Dez Mandamentos são adequados para julgá-lo. Os sodomitas foram distinguidos por sua luxúria. Cristo revelou que o sétimo mandamento abrange tanto o pensamento impuro quanto o ato impuro, e eles eram culpados de ambos. Mas não dependemos apenas dos processos de dedução - embora sejam conclusivos - para chegar à conclusão de que os Dez Manda­ mentos vigoravam antes do Sinai. Os escritores da Bíblia têm muito a dizer acerca de pecado e pecadores. E como definem o pecado? “Pe­ cado é a transgressão da lei”, diz João (I João 3:4). Paulo observa: Onde não há lei, também não há transgressão”, “pela lei vem o ple-

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Lei no conhecimento do pecado.” Rom. 4:15; 3:20. Não há dúvida quaiv lo a que lei Paulo está se referindo, porque ele acrescenta: “Eu não te­ ria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Rom. 7:7. E qual lei diz: “Não cobiçarás”? A lei dos Dez Mandamentos.^ Quando Tiago falou daqueles que cometem pecado, “sendo ar­ guidos pela lei como transgressores”,^ também não deixou dúvida quanto a que lei estava se referindo. É à lei que diz: “Não adultera­ rás” e “Não matarás.” Tia. 2:9-11. Há aqueles que dizem, e citamos suas palavras, que “pecado é um desrespeito a alguma lei, mas não necessariamente a chamada ‘lei moral’, ou os Dez Mandamentos”. Porém, não é isso o que Paulo e Tiago dizem. Não vemos como poderiam ter afirmado mais clara­ mente que a transgressão de uma certa lei é pecado e que essa lei é a lei dos Dez Mandamentos. Além disso, os objetores se esquecem de dizer-nos a que lei João se refere, em I João 3:4, se não é ao Decálogo. Eles não sabem, por­ cine a Bíblia não lança nenhuma luz sobre Ualguma lei” que tenha obrigação moral sobre os homens a não ser o Decálogo. E os objeto­ res, assim como nós, são dependentes das revelações da Escritura. O mesmo era verdade quanto àqueles que viviam nos dias de João. Por isso, é inacreditável que ele devesse definir o pecado —essa coisa hor­ rível que mantém as pessoas afastadas do Céu - como a “transgressão da lei”, sem definir a qual lei se referia, se ele realmente se íefeiia a alguma outra lei além daquela a que Paulo e Tiago se íeferuam quan­ do escreveram sobre o pecado! O próprio fato de João não ofeiccer nenhum comentário explicativo quanto a que lei ele se refeiia é a prova mais forte possível de que se referia à lei que seus leitores, que tinham lido Paulo e Tiago, compreendiam como “a lei”, o Decálogo. Um texto favorito daqueles que procuram provar que o Decálo­ go era desconhecido antes do Sinai é a declaração de Moisés: Não foi com nossos pais que fez o Senhor esta aliança e sim conosco, to­ dos os que, hoje, aqui estamos vivos.” Deut. 5:3. O argumento é assim expresso: Deus declara que os Dez Mandamen­ tos são a Sua aliança. Moisés aqui está falando dessa aliança e diz que ela não foi feita com os pais antes do Sinai; portanto, os Dez Mandamentos não foram dados (e de fato eram desconhecidos) antes daquele tempo.

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R espostas a Objeções Que estranha crença teríamos de sustentar se chegássemos a esta conclusão! No capítulo precedente, Moisés se refere a essa aliança e adverte a Israel: “Guardai-vos não vos esqueçais da aliança do S e­ nhor, vosso Deus, feita convosco, e vos façais alguma imagem escul­ pida, semelhança de alguma cousa que o Senhor, vosso Deus, vos proibiu.” Deut. 4:23. Devemos concluir que nenhum dos filhos de Deus sabia que era errado fazer imagens esculpidas? Dificilmente po­ demos acreditar que alguém responda “sim”. Mas a proibição de imagens é o segundo dos Dez Mandamentos. Daí concluímos que aqueles que viveram antes do Sinai devem ter conhecido o Decálo­ go. Esta é a única conclusão a que podemos chegar. Então o que Moisés queria dizer em Deuteronômio 5:3? A expli­ cação mais simples é que ele via o povo reunido no Sinai como o nas­ cimento da nação escolhida que Deus tinha prometido que procede­ ria de Abraão. Por intermédio de Moisés, Deus disse aos israelitas que, se fossem obedientes à Sua aliança, seriam um “reino de sacerdotes e nação santa”. Exo. 19:6. Antes do Sinai não foi literalmente possível fazer uma aliança com a “nação” ou “reino” dos judeus. Também é verdade que antes do Sinai não houve qualquer proclamação formal do Decálogo. Antes do Sinai, os pais jamais haviam ouvido Deus pro­ clamar Sua lei como ocorreu com Israel. E a lei assim proclamada era a base da aliança. Assim, em um sentido muito real, a aliança feita com Israel no Sinai nunca tinha sido feita anteriormente. Os comentaristas diferem em sua tentativa de esclarecer este tex­ to. Adam Clarke procura fazê-lo com a adição de palavras entre pa­ rênteses: “O Senhor não fez esta aliança com nossos pais (somente) mas conosco (também).” Jamieson, Fausset e Brown observam: “O significado é, ‘não com nos­ sos pais’ apenas, ‘mas conosco’ também, admitindo ser este ‘um concer­ to’ de graça; ou ‘não com nossos pais’ de qualquer modo, se a referência é ao exclusivo estabelecimento do concerto do Sinai; a lei não foi dada a eles como a nós, nem foi a aliança ratificada da mesma maneira públi­ ca, e pelas mesmas sanções solenes. Ou, finalmente, ‘não com nossos pais’ que morreram no deserto, em conseqüência de sua rebelião, e a quem Deus não concedeu as recompensas prometidas somente aos fiéis; mas ‘conosco’ apenas que, estritamente falando, gozaremos os benefícios desta aliança entrando na posse da Terra Prometida.”

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Lei (Quanto ao comentário sobre a alegação de que^por haver uma

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O b je ç ã o 4 0 próprio fraseado da lei dada no Sinai prova que ela foi designada apenas para os judeus. Assim é introduzido o Decálogo: ‘Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei... da casa da servidão’ (Êxo. 20:2). A quem é isto aplicável? Somente à nação israelita, é claro.” Veja também Deuteronômio 4:8, Romanos 9:4 e passagens similares, que declaram especifícamente que a lei foi dada apenas para os israelitas.

C X O S T A R ÍA M O S DE PERGUNTAR: A QUEM MAIS PODERIA O SENHOR TER dado

o s D ez M

a n d a m e n t o s ? A o s e g í p c i o s , f il i s t e u s , a m a l e q u i t a s ,

hititas, jebuseus, ou a qualquer outro dos muitos povos pagãos que amaldiçoavam a Terra com sua presença profana? Não, você diz. Deus não podia fazer uma revelação de Si mesmo a qualquer povo até que esse povo estivesse com a mente e o coração preparados para ouvi-Lo. Deus encontrou tal povo em Abraão e seus descendentes. Assim, Ele lhes deu uma revelação de Sua vontade e de Seus caminhos. Sim, na­ quele grande dia no Sinai, Ele falou exclusivamente a um povo literal, os israelitas, que havia sido libertado de uma servidão literal no Egito. Porém, indagamos outra vez: A quem mais poderia Ele ter falado? Novamente, gostaríamos de perguntar: A quem estava Deus fa­ lando quando enviou Suas importantes mensagens através de Isaías, Jeremias, Daniel e todos os grandes profetas dos tempos do Antigo Testamento? A resposta é: “Aos israelitas.” As mensagens inspiradas que constituem o Antigo Testamento foram dirigidas quase total­ mente aos judeus, e os profetas que comunicaram as mensagens eram judeus. Mas qualquer pessoa que ama a Bíblia não sente o de­ sejo de sugerir que as belas mensagens de salvação contidas em Isaías, por exemplo, que são com freqüência dirigidas diretamente a Jerusalém, são também dirigidas a nós? Não duvidamos que muitos pastores cristãos têm tomado como seu texto estas palavras típicas de Isaías: Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados.” Isa. 58:1. Mas nenhum ouvinte no banco da igieja fica perturbado ou confuso ou informa ao pregador que o texto é dirigido aos judeus, não aos gentios. E quem são os escritores do Novo Testamento? Com uma possí­ vel exceção, eles são todos judeus. A quem dirigiu Cristo virtual­

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Lei mente tudo o que Ele disse enquanto esteve na Terra? Aos judeus. A quem é dirigida a Epístola aos Hebreus? Obviamente, aos judeus. A quem é dirigida a Epístola de Tiago? “Às doze tribos que se enconiram na Dispersão.” Tia. 1:1. Mas qualquer cristão tem dificuldade com estes fatos, ou acha que algumas partes do Novo Testamento não são realmente para ele? Não. Na objeção que está diante de nós, cita-se Romanos 9:4, que diz o se­ guinte: “São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas.” Evidentemente, isto é apresentado como prova, porque diz que “a legislação” ou a entrega da lei” foi para eles. Porém, o texto diz mais do que isso. As “alianças” tam­ bém foram dadas a eles. Note o plural. Tanto a velha quanto a nova aliança! A nova aliança é feita “com a casa dc Israel e com a casa de )udá”. Jer. 31:31; Heb. 8:8. Mas crê algum cristão que a nova aliança está confinada ao crente judeu? Não. Todos nós reivindicamos uma parte nela e cremos que a promessa da nova aliança se aplica também a nós, embora o anúncio dela seja dirigido direta e exclusivamente aos judeus. As palavras de Moisés em Deuteronômio 4:8 são também citadas: “E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?” Diríamos simplesmente que esta declaração é um bom comentário de Romanos 9:4. E descobri­ mos que este verso de Romanos prova mais do que o objetor deseja. Um outro comentário inspirado sobre Deuteronômio 4:8 é a decla­ ração de Cristo: “A salvação vem dos judeus.” João 4:22. Mas tem al­ gum cristão desprezado a salvação por causa deste fato? Nunca devemos esquecer que as admoestações e revelações das Escrituras não são dadas em um vacuo. Quase sempre são postas no contexto de eventos históricos e pessoas de carne e osso. O Sermão da Montanha tem literalmente uma plataforma rochosa como o dis­ curso do Sinai. E a multidão a quem o sermão foi dirigido era indis­ cutivelmente tão judia como o povo reunido diante do Sinai. Ao dar uma revelação, ou invocar um certo procedimento, Deus fre­ quentemente Se valia da oportunidade para Se referir a alguma ex­ periência real pela qual os ouvintes tinham passado. Esta é uma das características das revelações da Bíblia. Mas este fato em si jamais perturba qualquer um de nós, nem nos impede de crer que aqueles conselhos da Palavra de Deus se aplicam também a nós.

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R espostas a Objeções Ora, visto que Deus operou poderosos milagres para tirar do mar turbulento do paganismo um povo para Si mesmo, quão apropriado que pusesse Sua revelação eterna para eles no contexto da experiên­ cia imediata pela qual tinham milagrosamente passado. Assim, eles poderiam sei estimulados a dar àquela revelação o máximo valor em sua mente e ser mais diligentes em obedecer à mesma. Além disso, aquele contexto histórico provê um cenário que nós hoje, que tam­ bém somos carne e sangue, podemos compreender e, compreenden­ do, sei igualmente estimulados a prestar maior obediência a Deus. Bem observa James G. Murphy, em C ommentary on the Book o f Exodus, sobre Êxodo 20:2: “Este [livramento do Egitoj à maneira da Escritura e da Providência é o penhor e a garantia de seu livramen­ to de todas as outras e maiores formas de servidão. O presente é o tipo dc um futuro mais grandioso. Devemos descer a corrente da re­ velação para o Novo Testamento antes de sondar as profundidades deste livramento maior.” Qualquer demonstração de misericórdia e livramento de Deus aos Seus filhos em dado momento da história terrestre é uma razão poi Que aqueles que vivem nesse tempo e os que lêem o relato nas eias subseqüentes devem servi-Lo de todo o coração e obedecer à Sua santa vontade.

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O b je ç ã o 5 A Bíblia diz que os Dez Mandamentos são a aliança que Deus fez com Israel no Sinai, isto é, a velha aliança (veja Deut. 4:13). Essa aliança foi abolida, e estamos vivendo sob a nova aliança. Portanto, não temos nada a ver com os Dez Mandamentos.

D iz o

texto :

“Então ,

vos anunciou

Ele [o S enhor]

a

S ua

ALIANÇA, QUE VOS PRESCREVEU, OS DEZ MANDAMENTOS, E OS ESCRE-

vou em duas tábuas de pedra.” Deut. 4:13. A palavra-chave aqui é “aliança”, traduzida da palavra hebraica hcrith, que pode ser traduzida por “pacto”, “sociedade”, ‘ concerto . t )ra, esses termos têm como sua característica mais essencial a ideia do acordo entre duas ou mais partes. O Dicionário de Webster traz osta definição de “concerto”: “Um acordo entre duas ou mais pes­ soas ou partes.” O Dicionário Aurélio assim define “aliança”: “Cada um dos pactos que, segundo as Escrituras, Deus fez com os homens. Normalmente, pensamos em aliança como um acordo. E, apropria­ damente, encontramos várias referências à aliança de Deus com os israelitas no Êxodo expressas nesta mesma linguagem. Por exemplo: "O Senhor, nosso Deus, fez aliança conosco em Horebe.” Deut. 5:2. "As tábuas da aliança que o Senhor fizera conosco.” Deut. 9:9. Então, por que deveria Moisés descrever os Dez Mandamentos em si mesmos como uma aliança? Pelo mesmo motivo por que Moisés de­ veria dizer aos israelitas: “Porém tomei o vosso pecado, o bezerro que tínheis feito, e o queimei.” Deut. 9:21. Estritamente falando, o peca­ do era seu desvio para um falso deus, uma ação de sua vontade rebel­ de, mas o bezerro era aquilo concernente ao qual o pecado fora comei ido. De modo semelhante, embora a aliança fosse “feita” pela ação da vontade dos israelitas em resposta a Deus (veja Êxo. 19:5-8), ela era concernente aos Dez Mandamentos. Diz mais Webster sobre concer­ to”: “Um pacto solene entre membros de uma igreja para manter sua lé, disciplina, etc.; também o documento que registra tal pacto. Quando os israelitas chegaram ao Sinai, o Senhor disse-lhes por meio de Moisés: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes a Minha aliança, então, sereis a Minha proprieda­ de peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é Minha; vós Me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras

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R espostas a Objeções que falarás aos filhos de Israel.” Èxo. 19:5 e 6. A resposta dos israe­ litas foi de concordância: “Então, o povo respondeu à uma: Tudo o que o Senhor falou faremos. E Moisés relatou ao Senhor as palavras do povo.” Verso 8. Então, no próximo capítulo, vem a proclamação dos Dez Manda­ mentos pela voz de Deus. Ela é seguida, nos próximos três capítulos, por um sumário dos estatutos civis, que mostram a aplicação dos princípios do Decálogo, e por um sumário ainda mais breve de certos requisitos cerimoniais que o Senhor deu ao povo através de Moisés. Então, no capítulo 24, lemos que Moisés “referiu ao povo todas as pa­ lavras do Senhor”, e novamente o povo respondeu: “Tudo o que fa­ lou o Senhor faremos.” Verso 3. “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor. ... E tomou o livro da aliança e o leu ao povo; e eles dis­ seram: Tudo o que falou o Senhor faremos e obedeceremos.” Versos 4-7. Então tomou Moisés o sangue de certos animais sacrificiais “e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Se­ nhor fez convosco a respeito de todas estas palavras.” Verso 8. Aqui o relato declara explicitamente não que as palavras dos es­ tatutos, juízos e leis proclamados fossem a aliança, mas que a alian­ ça foi feita “a respeito de todas estas palavras”. Reportemos por um momento à objeção 2, sobre as duas leis. Aqui dois comentários podem adequadamente ser inseridos: 1. O fato de Moisés ter escrito uma cópia no “livro da aliança” não minimiza a força do fato distintivo de que Deus escreveu o De­ cálogo com Sua própria mão em tábuas de pedra. Uma cópia impli­ ca um original. Infindáveis cópias dos Dez Mandamentos têm sido feitas. Os israelitas simplesmente tinham ouvido o Decálogo en­ quanto Deus o proferia. Eles prometeram ser obedientes. Moisés, dando-lhes uma cópia para ser vista em um livro, queria ter dupla certeza de que compreendiam plenamente o que estavam conven­ cionando fazer. O próprio Deus ainda não havia transferido para ;i pedra as palavras do Decálogo. A distinção entre o toque terrestre da mão de Moisés e a mão divina de Deus e a nítida distinção entre as diversas leis contidas no livro e a única lei moral suprema são cla­ ramente enfatizadas alguns versos adiante: “Então, disse o Senhor ;t Moisés: Sobe a Mim, ao monte, e fica lá; dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que escrevi, para os ensinares.” Verso 12.

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Lei 2. O fato de que estatutos, juízos e certos preceitos cerimoniais foram incluídos na aliança, em adição aos Dez Mandamentos, não faz de todos eles uma só lei, nem confundem no mínimo suas carac­ terísticas distintivas. A essência da aliança, o acordo, entre Deus e os israelitas era que eles deveriam obedecer-Lhe. Isso significava que guardariam fielmente não apenas os Dez Mandamentos, mas tam­ bém os estatutos civis, que deveriam governá-los como nação, e os preceitos cerimoniais, que ditavam o ritual religioso pelo qual ex­ pressavam seu desejo de perdão pelas transgressões das leis morais. Todavia, como os estatutos civis eram uma extensão dos princí­ pios do Decálogo e os preceitos cerimoniais simplesmente apresenta­ vam os meios pelos quais os israelitas deveriam expressar seu sincero desejo de libertação dos pecados cometidos contra o código moral, isso justificava plenamente a descrição bíblica do Decálogo como aquele concernente ao qual a aliança foi feita. Os estatutos civis e as leis cerimoniais eram acessórios ao Decálogo. Deviam a ele sua exis­ tência e significado. Mas o Decálogo não era dependente deles. Com isso em mente, podemos compreender uma série de decla­ rações relacionadas à “aliança” encontradas no relato bíblico após a experiência do Exodo. Cinco fatos se destacam nitidamente ao se­ guirmos o registro dessa aliança no Antigo Testamento: 1. As freqüentes referências feitas pelos profetas a ela. 2. O triste fato de que Israel tão repetidamente a violou. 3. A reiterada combinação da declaração de que o povo transgre­ diu a aliança com a declaração de que tinha violado vários manda­ mentos do Decálogo, o último fato explicando o primeiro. 4. A lembrança a Israel de que os sacrifícios não eram substitu­ tos para a obediência, e a posição essencialmente menor que o Se­ nhor dava ao ritual cerimonial. 5. A promessa de uma nova aliança. Qualquer um que ler atentamente a Bíblia certamente concordará com essas cinco declarações. Moisés advertiu Israel contra a transgressão da aliança por servir a “outros deuses” (Deut. 17:2 e 3). O Senhor reve­ lou a Moisés que, depois da sua morte, Israel se prostituiria, “indo após deuses estranhos na terra”, deixaria Deus e anularia “a aliança” (Deut. 31:16). Quando Josué estava para morrer, ele advertiu quanto ao dia em que Israel transgrediria a aliança, servindo a “outros deuses” (Jos. 23:16).

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R espostas a Objeções Um juízo foi pronunciado sobre Salomão porque ele tinha ido após “ou­ tros deuses” e não tinha guardado “a Minha aliança” (I Reis 11:11). Nos últimos anos dos reis de Israel, o escritor inspirado narrou seus longos anos de desvio repetidamente para os deuses pagãos e de rejeição da aliança de Deus (veja II Reis 17:7-23). Jeremias foi instruído pelo Se­ nhor a dizer aos “homens de Judá”, em sua escura hora de desastre na­ cional, que eles tinham deixado de guardar a aliança feita com seus pais no Sinai: “dai ouvidos à Minha voz e fazei tudo segundo o que vos man­ do; assim, vós Me sereis a Mim por povo, e Eu vos serei a vós outros por Deus.” Mas “andaram eles após outros deuses para os servir.” Jer. 11:4 e 10. Declara Oséias: “O Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios.” Osé. 4:1 e 2. Ele prossegue em sua descrição: “Transgrediram a Minha aliança.” Osé. 8:1. A despeito do seu quase constante desvio dos preceitos morais de Deus, os israelitas nem sempre se desviavam das leis cerimoniais de sa­ crifícios, holocaustos, dias de festa e coisas semelhantes. Evidentemen­ te, às vezes, glorificavam essas cerimônias enquanto transgrediam os Dez Mandamentos, como se o ritual designado por Deus para que des­ sem expressão à sua tristeza pelo pecado (a transgressão da Sua lei) pu­ desse servir como um substituto para a obediência. É este fato que ex­ plica algumas notáveis passagens do Antigo Testamento e revela ain­ da mais o acentuado contraste entre as leis cerimoniais e as leis morais. Através de Oséias, o Senhor disse aos moralmente corruptos “habitantes da terra”: “Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos. Mas eles transgre­ diram a aliança.” Osé. 6:6 e 7. É verdade que os israelitas às vezes se esqueciam até mesmo do ritual de seus serviços religiosos. Evidente­ mente, porém, isso não estava no âmago de sua apostasia. Muito de­ pois que tinham “transgredido a aliança”, devido à sua corrupção moral, ainda estavam realizando um serviço cerimonial em obediên­ cia à lei cerimonial, como se as formalidades exteriores fossem um substituto adequado para a obediência de coração aos requisitos mo­ rais de Deus. Eis por que o Senhor, por intermédio de Oséias, pro­ nunciou este juízo: “Farei cessar todo o seu gozo, as suas Festas de Lua Nova, os seus sábados e todas as suas solenidades.” Osé. 2:11.

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Lei l Jina referência à lei cerimonial revela que todos os dias especiais ,k 111i relacionados são encontrados naquele código. Em linguagem semelhante, o Senhor indaga através de Isaías: "I )e que Me serve a Mim a multidão de vossos sacrifícios?” Isa. 1:11. Ele descreve suas ofertas como “ofertas vãs”. “O incenso é para Mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a con­ vocação das congregações; não posso suportar iniqüidade.” E por que era todo esse serviço cerimonial de ofertas e dias santos espe( iais tão abomináveis a Deus? Porque a realização desse serviço cei imonial era hipócrita. Os sacrifícios, o sábado da Páscoa, o sábado do 1)ia da Expiação e essencialmente todo o ritual cerimonial eram planejados por Deus para prover uma expressão de arrependimento polas violações do código moral e um desejo de purificação do peca­ do, Mas os israelitas estavam inclinados aos maus caminhos e não tinham nenhum desejo sincero de reforma. “Vossas mãos estão i boias de sangue.” Verso 15. Depois de pleitear com eles para que abandonassem seus caminhos corruptos, o Senhor declara: “Se qui­ serdes e Me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.” Verso 19. Aqui está o eco do pacto da aliança feita no Sinai. Jeremias apresenta uma descrição semelhante da violação do códii;o moral de Deus pelo rebelde Israel: “Furtais e matais, cometeis adullui io o jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis, e depois vindes, e vos pondes diante de Mim nesta casa que se chama pelo Meu nome, e dizeis: Estamos salvi >s; sim, só para continuardes a praticar estas abominações!” Jer. 7:9 e 10. Então segue-se esta declaração que mostra, talvez mais acentuadamente do que qualquer outra nesta série de passagens, a distinção ciaia entre as leis moral e cerimonial: “Assim diz o Senhor dos Exércitos, , i I Vi is de Israel: Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios e u )inei carne. Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos e ,iu ilVeios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à Minha voz, e |,i serei o vosso Deus, e vós sereis o Meu povo; andai em todo o caminhn que Eu vos ordeno, para que vos vá bem.” Versos 21-23. Mas não deu o Senhor no Sinai mandamentos relativos a ofertas? Os i

M ITIM O S FRANCAMENTE QUE PREGAMOS QUE O SER HUMANO

DEVE OBEDECER AOS M ANDAMENTOS DE D E U S. TAMBÉM PREGAMOS

com igual força que a única esperança de salvação do homem é pela graça de Deus disponível no evangelho. Não há conflito entre as duas declarações, como procuraremos mostrar. Note, primeiro, estas declarações similares concernentes à obediência, conforme apresen­ tadas no Antigo e no Novo Testamento. Antigo Testamento

Novo Testamento

“E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvo­ re do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gên. 2:16 e 17. “Confirmarei o juramento

“Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado míni­ mo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensi­ nar, esse será considerado grande no reino dos céus.” Mat. 5:19.

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R espostas a Objeções que fiz a Abraão... Porque Abraão obedeceu à Minha pa­ lavra e guardou os Meus man­ dados, os Meus preceitos, os Meus estatutos e as Minhas leis.” Gên. 26:3-5. “Agora, pois, se diligentemen­ te ouvirdes a minha voz e guar­ dardes a Minha aliança, então, se­ reis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é Minha.” Exo. 19:5. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Lev. 19:18. “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto pra­ zer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à Sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordu­ ra de carneiros.” 1 Sam. 15:22. “Voltai-vos dos vossos maus caminhos e guardai os Meus mandamentos e os Meus estatu­ tos, segundo toda a lei que pres­ crevi a vossos pais e que vos en­ viei por intermédio dos Meus servos, os profetas.” II Reis 17:13. “Mas isto lhes ordenei, dizen­ do: Dai ouvidos à Minha voz, e Eu serei o vosso Deus, e vós se­ reis o Meu povo; andai em todo o caminho que Eu vos ordeno, para que vos vá bem.” Jer. 7:23. “Porque, deveras, adverti a vossos pais, no dia em que os ti-

“Por que transgredis vós o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição?” Mat. 15:3. “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” Mat. 19:17. “Em vão Me adoram, ensi­ nando doutrinas que são precei­ tos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guar­ dais a tradição dos homens.” Mar. 7:7 e 8. “Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, esse é o que Me ama.” João 14:21. “Não adulterarás, não mata­ rás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro manda­ mento, tudo nesta palavra se re­ sume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Rom. 13:9. “Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela perse­ vera, não sendo ouvinte negli­ gente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” “Falai de tal ma­ neira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.” Tia. 1:25; 2:12. “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e prati­ camos os Seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus:

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Lei que guardemos os Seus manda­ mentos; ora, os Seus manda­ mentos não são penosos.” I João 5:2 e 3. “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apoc. 14:12.

rei da terra do Egito, até ao dia de hoje, testemunhando desde cedo cada dia, dizendo: dai ouvidos à minha voz.” Jer. 11:7. “Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que Te amam e guardam os Teus mandamen­ tos.” Dan. 9:4.

Note agora as declarações semelhantes do Antigo e do Novo Testamento concernentes à graça de Deus que se torna disponível por meio da fé no evangelho de Jesus Cristo. Devido ao fato de que as experiências de certos personagens notáveis do Antigo Testa­ mento nos são reveladas através dos comentários de escritores do Novo Testamento, a coluna intitulada “Tempo do Antigo Testa­ mento” conterá vários textos do Novo Testamento: Tempo do Antigo Testamento

Tempo do Novo Testamento

“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendên­ cia e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gên. 3:15. “Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio delas, também mesmo depois de mor­ to, ainda fala.” Heb. 11:4. “Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de aconteci­ mentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou

“Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos pe­ cados deles.” Mat. 1:21. “Dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.” Mar. 1:15. “No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” João 1:29. “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos

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R espostas a Objeções pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” Atos 2:38. “Vós sois os filhos dos profe­ tas e da aliança que Deus estabe­ leceu com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência, serão abençoadas todas as na­ ções da terra.” “E não há salva­ ção em nenhum outro: porque abaixo do céu não existe ne­ nhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” Atos 3:25; 4:12. “Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo? Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” Atos 16:30, 31. “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.” Rom. 1:16. “Mas agora, sem lei, se ma­ nifestou a justiça de Deus teste­ munhada pela lei e pelos profe­ tas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; por­ que não há distinção.” Rom. 3:21 e 22. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso,

uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mun­ do e se tomou herdeiro da justi­ ça que vem da fé.” Heb. 11:7. “Nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obede­ ceste à Minha voz.” Gên. 22:18. “Porque, se Abraão foi justi­ ficado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Ora, ao que trabalha, o saláriõ não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça. E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, inde­ pendentemente de obras: Bemaventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bemaventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará peca­ do.” “Essa é a razão por que pro­ vém da fé, para que seja segun­ do a graça, a fim de que seja fir­ me a promessa para toda a des­ cendência, não somente ao que está no regime da lei, mas tam­ bém ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós).” Rom. 4:2-8, 16.

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Lei “Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não é demasiado difícil, nem está longe de ti. Não está nos Céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos Céus, que nodo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar que nodo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Pois esta pala­ vra está mui perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cum­ prires.” Deut. 30:11-14- (Paulo cita esta passagem de Deuteronômio, prefaciando-a deste modo: “Mas a justiça decorrente da fé as­ sim diz.” Veja Rom. 10:6.) “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a Tua benignida­ de; e, segundo a multidão das Tuas misericórdias, apaga as mi­ nhas transgressões.” “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espíri­ to inabalável.” “Pois não Te com­ prazes em sacrifícios; do contrá­ rio, eu Tos daria; e não Te agradas de holocaustos. Sacrifícios agra­ dáveis a Deus são o espírito que­ brantado; coração compungido e contrito não desprezarás, ó Deus.” Sal. 51:1, 2, 10, 16 e 17.

pela fé, a esta graça na qual es­ tamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.” Rom. 5:1 e 2. “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou.” I Cor. 15:10. “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do gran­ de amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamen­ te com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com Ele, nos ressuscitou, e nos fez assen­ tar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema ri­ queza da Sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porquê pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de boas obras, para que ninguém se glo­ rie.” Efés. 2:4-9. “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.” Tito 2:11. “O Espírito e a noiva di­ zem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser re­ ceba de graça a água da vida.” Apoc. 22:17.

Aqui estão as conclusões evidentes a que devemos chegar do es­ tudo destas passagens sobre obediência e graça no Antigo e no Novo Testamento:

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R espostas a Objeções 1. Ao longo de toda a história do nosso planeta, Deus tem tido apenas uma norma para aqueles que desejam ser Seus filhos e assim qualificar-se para o Céu, e esta norma é obediência aos Seus mandamentos. 2. Igualmente, ao longo de toda a história tem havido apenas um meio pelo qual o ser humano pode ser purificado do pecado de sua desobediência passada e ser habilitado a prestar verdadeira obediência no futuro, a saber, a graça e o poder de Deus, que estão dis­ poníveis através da fé no evangelho. As respostas a algumas perguntas ajudarão a tornar estas conclu­ sões ainda mais evidentes. 1. Como se iniciou o pecado na raça humana? Resposta: pela falha do homem no jardim do Éden em prestar obediência à vonta­ de de Deus, Seu santo mandamento. 2. Onde está a vontade de Deus mais concisamente expressa? Resposta: em Sua santa lei, os Dez Mandamentos. 3. Qual é a atitude do homem rebelde para com a Sua lei? Res­ posta: “Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.” Rom. 8:7. 4. Como é o pecado definido na Bíblia? Resposta: “Pecado é a transgressão da lei.” I João 3:4. 5. Quantos dentre nós são pecadores? Resposta: “Todos peca­ ram e carecem da glória de Deus. ” Rom. 3:23. 6. Então como estamos em relação a Deus? Resposta: “Culpável perante Deus.” Rom. 3:19. 7. Pode alguém remover sua culpa dos pecados passados e assim ficar justificado diante de Deus pela fiel obediência à Sua lei no fu­ turo? Resposta: “Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei.” Rom. 3:20. 8. Qual é o propósito da lei em relação ao homem culpado? Res­ posta: “Pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.” Verso 20. “Onde não há lei, também não há transgressão.” Rom. 4:15. 9. O que é o evangelho? Resposta: as boas novas de que Cristo veio morrer por nossos pecados e oferecer à humanidade a graça de Deus. (Mat. 1:21; II Cor. 5:18-21.) 10. O que é graça? Resposta: o favor não merecido que Deus de­ monstrou ao ser humano em salvá-lo e preservá-lo.

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Lei 11. Como é demonstrada a graça de Deus para com o ser huma­ no culpado? Resposta: (1) oferecendo-lhe um meio pelo qual ele pode ser libertado da culpa de seus pecados passados; (2) pela remo­ ção de sua “mente carnal” e do seu coração de pedra, que são “ini­ mizade contra Deus” e não sujeitos à lei de Deus, e dando-lhe um novo coração e uma nova mente que se deleitam em fazer a vonta­ de de Deus. (Rom. 8:7; Heb. 8:10.) 12. Como é o homem livre da culpa de seus pecados? Resposta: “Sabeis também que ele [Cristo] se manifestou para tirar os peca­ dos.” I João 3:5. “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus; ... deixado impunes os pecados anteriormente cometidos.” Rom. 3:24 e 25. 13. Como o homem culpado se beneficia desta oferecida purifi­ cação? Resposta: Pela simples fé em Cristo. “Para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16. 14. No momento da aceitação de Cristo pela fé o que acontece aos pecadores arrependidos? Resposta: cumpre-se para eles a pro­ messa da nova aliança: “Na sua mente imprimirei as Minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo.” Heb. 8:10. 15. Com a lei de Deus assim escrita na mente e no coração, como nos relacionamos com os Seus santos requisitos, que reclamam nos­ sa obediência? Resposta: Cristo “condenou na carne o pecado, a fim de que o preceito da lei [“o justo requisito da lei”, RSV] se cumpris­ se em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espí­ rito.” Rom. 8:3 e 4. 16. Que outra descrição é dada desta nova vida do pecador per­ doado? Resposta: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim.” Gál. 2:19 e 20. 17. Ora, se Cristo é o que vive Sua vida por intermédio de nós, qual será nossa relação com a lei de Deus? Resposta: a mesma rela­ ção para com ela que Cristo mantinha. 18. Qual era a relação de Cristo para com a lei de Deus? Respos­ ta: “Agrada-me fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; dentro do meu co­ ração, está a Tua lei.” Sal. 40:8.

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R espostas a Objeções 19. Como o pecador perdoado revela que não está mais em ini­ mizade contra Deus, mas que realmente O ama? Resposta: pela obe­ diência a Deus, que é o oposto da rebelião contra Ele. “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos.” I João 5:3. 20. Como podemos sumariar o contraste entre o pecador e o per­ doado filho de Deus? Resposta: como aparece no seguinte contraste: O Pecador

O Perdoado Filho de Deus

1. “Inimizade contra Deus.” 2. “Tem uma mente carnal.” Cogita das coisas da carne. 3. “Não está sujeito à lei de Deus.” 4. Controlado por Satanás (Rom. 6:16), que originou toda a rebelião.

1. Em harmonia com Deus. 2. Não anda “segundo a carne, mas segundo o Espírito”. 3. A lei de Deus está em sua mente e no seu coração. 4. Cristo vive nele, e Cristo tem a lei de Seu Pai no coração.

É evidente, portanto, que não há nenhum conflito entre lei e graça; entre a obediência à santa lei de Deus, que é a verdadeira evi­ dência do filho de Deus, e a salvação do pecado por meio da graça de Deus demonstrada no sacrifício expiatório de Cristo. Somos sal­ vos do pecado, da transgressão da lei, para que possamos viver uma vida de obediência, guardando a lei. Nenhum pecador entrará no Céu. Os “santos” que estarão preparados para o segundo advento de Cristo são distinguidos de duas maneiras vitais: eles (1) guardam “os mandamentos de Deus” e (2) “a fé em Jesus”. Apoc. 14:12. Os adventistas, que procuram preparar o seu coração e o coração de ou­ tros para o segundo advento, pregam que o homem deve “guardar os mandamentos de Deus” e possuir “a fé de Jesus”. Desse modo, lei e graça estão combinadas. E é porque “a fé de Jesus” é guardada que “os mandamentos de Deus” podem ser guardados.

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O b je ç ã o 15 Por que pregar a lei se ninguém pode ser salvo por obedecer-lhe? Além disso, o ser humano é moralmente incapaz de guardar os mandamentos.

Ij/ S T A OBJEÇÃO É, NA VERDADE, APENAS UMA VARIANTE DE OBJE­ ÇÕES JÁ REFUTADAS. M AS, POR CAUSA DO ESFORÇO PARA FAZER O AR-

gumento contra a lei parecer tão plausível sob diferentes pretextos, iremos examiná-la. Concordamos com o objetor que ninguém pode ser salvo pela observância da lei e que o homem é moralmente incapaz de guardála. Mas não concordamos com a conclusão que ele quer que tiremos destes fatos, a saber, que a lei foi abolida na cruz. O que você diria a quem argumentasse que os espelhos devem ser abolidos como inú­ teis porque ninguém pode conseguir beleza olhando para eles? Di­ ríamos que não é a função de um espelho tornar as pessoas bonitas, que ninguém jamais reivindicou isso para os espelhos. A função do espelho é mostrar se temos a aparência que deveríamos. Quando descobrimos como está a nossa fisionomia, podemos tomar medidas apropriadas para remediar as imperfeições. Assim é com a lei. A lei jamais foi designada para tornar o ho­ mem santo, puro ou belo. Sua tarefa não é salvar o ser humano dos seus pecados e imperfeições, mas prover-lhe um meio para descobrir qual é a sua verdadeira condição. Quando ele contempla a lei, com a mente avivada pelo Espírito de Deus, vê imediatamente onde este ou aquele defeito moral desfigura a beleza de sua alma, assim como ao olhar para um espelho ele descobre onde este ou aquele defeito físico danifica a beleza do seu corpo. Quando as pessoas vêem os seus defeitos espirituais e tornamse cônscias de sua impureza, adquirem a disposição de espírito para ouvir a mensagem que oferece purificação de sua contam i­ nação. Em outras palavras, somente quando a pessoa descobre que é pecadora, está pronta para ouvir o evangelho, que são as boas novas de salvação do pecado. E pela lei que temos o conhe­ cimento do pecado (veja Rom. 3:2 0 ). Portanto, apenas quando a lei torna-se conhecida é que podemos ser levados a uma disposi­ ção de espírito que desperte o desejo de ouvir e aceitar o que o evangelho oferece.

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R espostas a Objeções Gostaríamos de perguntar: se o homem pecaminoso é incapaz de guardar a lei e quando ele se torna cristão não precisa guardá-la, por que foi dada a lei de Deus? Tornaremos a lei de Deus uma farsa e de­ safiaremos o Céu pela proclamação de um código que por milhares de anos foi impossível de ser guardado e que pelos últimos dois mil anos não precisa ser guardado? Estamos desejosos de saber por que a objeção que está diante de nós deva ser usada para provar que a lei foi abolida na cruz. Os ho­ mens não eram mais moralmente capazes de guardar a santa lei de Deus nos séculos anteriores a Cristo do que têm sido nos séculos se­ guintes. Nem podiam eles naqueles anos antes de Cristo esperar ob­ ter salvação por meio da lei, porque, como já descobrimos, Deus tem tido apenas um meio de salvar os homens desde os dias de Adão: o sacrifício de Cristo. (Veja objeção 14.) Assim, se a objeção acima realmente prova alguma coisa contra a lei hoje, prova-a em todos os dias passados, desde o início da história do pecado. Em outras pala­ vras, não teria existido absolutamente nenhuma utilidade para a lei de Deus em toda a história do mundo. O fato é que em vez de a lei ser abolida para o cristão, não há real­ mente nenhuma verdadeira observância da lei exceto pelos cristãos. O código divino seria uma letra morta se não fossem os cristãos que lhe obedecem. Pela fé, Cristo entra em nosso coração e vive em nós os preceitos do Céu. (Veja Efés. 3:20; Gál. 2:20; 1 Cor. 1:23 e 24.) Assim, em vez de a lei de Deus ser totalmente ignorada e escar­ necida neste mundo rebelde, há homens e mulheres preservando-a e estabelecendo-a da única maneira em que a lei pode ser preserva­ da: vivendo em obediência às suas reivindicações. Eis por que Pau­ lo diz: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.” Rom. 3:31. Nossa fé em Cristo não abo­ liu a lei, mas a tem estabelecido ou confirmado.

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O bjeção 1 6 Pela pregação da lei, vocês tentam privar os cristãos da gloriosa liberdade do evangelho.

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r is t o d e c l a r o u :

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o d o o q u e c o m ete pec a d o é esc r a v o d o pe-

8:34. E o q u e é p e c a d o ? “P e c a d o é a t r a n s g r e s s ã o d a lei.” I João 3:4- Portanto, é o indivíduo cuja vida não está em obediên­ cia à lei de Deus que é privado da liberdade. O homem justo obedece voluntariamente à lei de Deus e encontra felicidade em tal obediência. Lei e liberdade não são palavras opostas. Você não precisa se des­ fazer de uma a fim de ter a outra. Na verdade, há homens que ficam nas esquinas das ruas e declaram que a única maneira de ter verda­ deira liberdade é abolindo todas as leis. Mas como bons cidadãos nós não levamos a sério tal conversa. Ao contrário, sabemos que leis sabiamente feitas e bem guardadas provêem o único fundamento se­ guro para a liberdade em qualquer país. De fato, alguém observou apropriadamente: “Obediência à lei é liberdade.” Esta frase é freqüentemente encontrada inscrita em edifícios públicos no país que ama a liberdade, os Estados Unidos. Em qualquer país, os únicos que acham na lei uma restrição à sua liberdade são aqueles cujos hábitos de vida estão em oposição à lei. O homem que está acostumado ao furto ou ao homicídio acha que a lei restringe grandemente a liberdade de suas ações. Se como cidadãos do mundo encontramos liberdade na obediên­ cia à lei feita pelo homem, por que, como cidadãos do mundo celes­ tial, precisaríamos que a lei de Deus seja abolida a fim de termos li­ berdade? E porque as leis do Céu são injustas e nos privam da liber­ dade que devia ser nossa? Seria blasfêmia exprimir tal pensamento. A lei de Deus proíbe fazer ou adorar ídolos. Ninguém que se chama cristão pode sentir-se privado da liberdade por causa de tal proibição. A lei também nos ordena não tomar o nome de Deus em vão ou profanar o Seu santo dia de sábado. O filho de Deus deseja ser liberado dessas proibições? Semelhantemente, a lei ordena respeito aos pais, e proíbe o homicídio, adultério, furto, mentira e cobiça. Certamente nenhum se­ guidor de Cristo sentirá que esses preceitos o privam da liberdade. Em vez disso, a Bíblia fala claramente da santa lei de Deus como “a lei da liberdade” (veja Tiago 2:10-12). E verdade que se a lei for c a d o .” J o ã o

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R espostas a Objeções pregada separadamente do evangelho, que é o poder salvador de Deus, o resultado será apenas um sentimento de condenação da par­ te dos ouvintes. Eles serão simplesmente levados à percepção de que são culpados. Mas quando o elevado código celestial é apresentado em função da promessa de Deus de dar-nos o Seu divino Espírito para cumprir os santos requisitos da lei, então os ouvintes podem encontrar felicidade e liberdade em tal pregação; porque “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” II Cor. 3:17. Ninguém jamais teria pensado em apresentar contra os adventistas a acusação de privar as pessoas da liberdade cristã se não fosse o fato de que pregamos a lei exatamente como está registrada na Bí­ blia. Muitas denominações protestantes crêem na lei e declaram que sua obediência é necessária. Acreditam tão fortemente que os Dez Mandamentos devem ser obedecidos por todos, que têm persuadido as legislaturas da maioria dos países cristãos a promulgar estatutos para a observância do quarto mandamento, o mandamento do sába­ do, como o interpretam. Uma das estranhas contradições da religião moderna é que nós que invocamos apenas a graça de Deus para habilitar os homens a obedecer ao mandamento que ordena a santificação do sétimo dia devemos ser acusados de legalistas, enquanto as hostes de guardado­ res do domingo que invocam o braço forte da lei a fim de compelir os homens a repousar no primeiro dia da semana alegam ser expoen­ tes da graça. Os adventistas sempre se opuseram ao princípio de abordagem ao descanso sabático do ponto de vista legal, ao passo que os pregadores da observância do domingo são aqueles que têm pressionado quase todos os corpos legislativos dos países cristãos para aprovar rígidas leis a fim de impor o repouso dominical. Porém, por que a pregação sobre a santidade do primeiro dia como, em geral, fazem as denominações protestantes - permite que seus defensores se aqueçam ao calor da graça, enquanto a pregação da santidade do sétimo dia consigna seus pregadores ao frio limbo do legalismo? A explicação não pode ser encontrada na teoria de que nós que pregamos a santidade do sétimo dia o fazemos mais severa e rigorosamente do que os pregadores do primeiro dia. Mesmo um co­ nhecimento superficial da história protestante revela que a santida­ de do domingo geralmente tem sido proclamada com tal severidade

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Lei que levou a maioria à submissão por temor e jogou o restante na pri­ são. Se há hoje um certo relaxamento dessa severidade, isso certa­ mente não reflete qualquer mudança de opinião em relação ao pri­ meiro dia pelos líderes religiosos guardadores do domingo. Eles la­ mentam a complacência atual. Quando dizemos que um dia definido foi separado como santo, freqüentemente deparamos com o argumento de que não há nenhu­ ma diferença entre os dias na era cristã, que é irrazoável afirmar que um significado especial associa-se a um dia específico do ciclo sema­ nal. Mas evidentemente pelas ações e declarações dos próprios obser­ vadores do domingo há uma grande diferença nos dias, tão grande que a guarda de determinado dia significa que você está algemado pelo legalismo e a guarda de outro dia significa que você caminha li­ vremente sobre as vastas expansões da graça. Os adventistas jamais ensinaram um contraste mais pronunciado nos dias do que este. Portanto, o assunto em debate não é se os Dez Mandamentos de­ vem ser obedecidos ou não; virtualmente todos os credos protestan­ tes ensinam claramente a obediência ao Decálogo. Nem é uma questão de haver ou não diferença nos dias. Os protestantes em ge­ ral crêem que há uma tão grande diferença a ponto de justificar as leis civis e penalidades para manter a diferença. A real questão é esta: percebendo que o Decálogo está em vigor e vendo-se que há uma diferença nos dias, qual dia é o correto, o sétimo ou o primei­ ro? Na série de objeções sobre o sábado nas páginas seguintes, ao menos uma resposta parcial será encontrada.

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O bjeção 1 7 A Bíblia declara, repetida e enfaticamente, que ninguém pode ser justificado pela observância da lei. Portanto, pregar a guarda da lei é pregar outro evangelho. “Vós que procurais justificar-vos na lei, da graça decaístes.” Gál. 5:4.

I/ M

h a r m o n ia c o m a

B íb l ia ,

o s a d v e n t is t a s d e c l a r a m r e it e -

RADA E ENFATICAMENTE QUE NINGUÉM PODE SER JUSTIFICADO PELA

guarda da lei (veja a objeção 14). O raciocínio confuso dessa obje­ ção está na idéia equivocada do que significa biblicamente a pala­ vra “justificado”. A evidência apresentada na objeção 14 revelou que o ato divino de justificar um pecador ocorre no momento em que ele vai a Deus, arrependido e com fé, para reclamar o perdão oferecido para os pecados passados através do sacrifício de Cristo. Ensinar que o homem pode apagar a culpa, isto é, a desobediência passada à lei de Deus, pela fiel observância da lei no futuro, é zom­ bar da graça de Deus e pregar outro evangelho. A própria palavra “evangelho” significa boas novas - boas novas de que um plano divino foi projetado pelo qual o homem culpado pode ser purificado de sua culpa; de que o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo foi entregue por nossas ofensas e ressuscitou para nossa justificação (João 1:29; Rom. 4:25). Isso é claramente revelado nas palavras dos anjos que falaram a José e aos pastores. Em relação ao filho de Maria que estava prestes a nascer, o anjo disse a José: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos pecados deles.” Mat. 1:21. O anjo declarou aos pastores: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Lucas 2:10 e 11. Quando pregamos a observância dos mandamentos de Deus, não estamos pregando um evangelho diferente daquele já descrito. Esta­ mos simplesmente ecoando as palavras do apóstolo João: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; ora, os Seus mandamentos não são penosos.” I João 5:3. Estamos simples­ mente convidando o agora justificado filho de Deus a viver em obe­ diência a Deus.

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Lei Paulo, evidentemente, temia que alguns que lessem o que ele ti' nha escrito acerca de o homem não ser justificado pela lei pudesse concluir erroneamente que a graça divina nos livra de qualquer obrigação de guardar a lei. Por isso, diz: “E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei [isto é, não debaixo da condenação da lei] e sim da graça? De modo nenhum!” Paulo, que sabia que “pecado é a transgressão da lei”, está realmente perguntando isto: transgrediremos a lei porque estamos debaixo da graça? Ele respon­ de: “De modo nenhum!” Simplesmente ecoamos sua resposta e con­ vidamos os homens que são salvos pela graça a abster-se de transgre­ dir a lei de Deus no futuro.

O bjeção 18 I Timóteo 1:9 prova que o cristão nada tem a ver com a lei, pois lemos que “não se promulga lei para quem é justo”.

T

/ PIA M O S

TODA A PASSAGEM: “TEN DO EM VISTA QUE NÃO SE PRO­

MULGA LEI PARA QUEM É JU STO , MAS PARA TRANSGRESSORES E REBEL-

des, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina.” 1 Tim. 1:9 e 10. O primeiro fato que se destaca desta declaração da Bíblia é que ela não diz nada acerca de a lei ter sido abolida na dispensação cris­ tã. Em vez disso, revela que a lei serve a um propósito definido na era cristã como nos séculos antes de Cristo. A classe de pessoas con­ tra quem a lei é dirigida - homicidas, mentirosos, etc. - é encontra­ da em todos os períodos da história. Não há nenhum texto na Bí­ blia que prove de maneira mais conclusiva do que este que a lei não foi abolida na cruz. A única maneira de tentar contrabalançar esta prova seria alegar que os assassinos e mentirosos, por exemplo, devem obedecer à lei, ao passo que os cristãos estão isentos dela. Seríamos levados a esta es­ tranha conclusão seguindo o raciocínio do objetor. Mas até mesmo esta defesa do ponto de vista anti-lei é inútil. Podem até os mais pie-

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R espostas a Objeções ciosos justos afirmar corretamente que jamais cometeram pecado? Não. Mesmo os maiores santos tiveram de reclamar repetidamente a confortadora promessa: “Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.” I João 2:1. O mesmo apóstolo que escreveu esta promessa também escreveu: “Pecado é a transgressão da lei.” I João 3:4. Portanto, toda vez que confessamos nossos pecados, confessamos que a lei de Deus é ainda obrigatória e que deseja­ mos ser obedientes a ela. Então, ao colocarmos outra vez nossa mão na mão de Deus e andarmos em justiça, não somos levados ao con­ flito com a lei, porque “não se promulga lei para quem é justo”. Não há realmente nada difícil de compreender sobre esse texto. E uma simples declaração concernente ao propósito da lei que cada juiz, legislador ou leigo hoje concordaria em assuntos civis e religio­ sos. Para quem são nossas leis criminais estabelecidas? Para os cida­ dãos cumpridores da lei? Não, para os ilegais, diz você. Está certo. Mas está o cidadão cumpridor da lei livre dos requisitos dos códigos civis? Não. O mesmo é verdade no tocante à lei de Deus. Ela é dirigida con­ tra os iníquos, não contra os justos, que são cidadãos que obedecem à lei do reino de Deus. Mas estão os cidadãos do reino celestial li­ vres dos requisitos do código divino? Não. Além disso, os bons cidadãos de qualquer governo não são aque­ les que se queixam da lei. Eles têm pouca ocasião para queixa. Sua vida está em harmonia com a lei. É assim no reino espiritual. O ho­ mem cujo coração é reto para com Deus não acha nenhuma ocasião para combater a lei divina ou dizer aos outros que ela deve ser aboli­ da. Em vez disso, ele exclama com o salmista: “Quanto amo a Tua lei! E a minha meditação, todo o dia!” Sal. 119:97. E se ele é surpreen­ dido em uma falta e cai em pecado, não desculpa seu ato pecamino­ so argumentando que a lei não tem nenhuma reivindicação sobre si. Ao contrário, confessa o seu pecado - sua transgressão da lei - e pro­ cura, pela graça divina, obedecer mais fielmente a Deus.

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O bjeção 1 9 Os adventistas ensinam que o homem deve guardar a lei a fim de ser salvo.

N

o v a m e n t e , e s t a é s im p l e s m e n t e u m a v a r ia n t e d e o b je ç õ e s já

REFUTADAS. M A S A PRESENTE OBJEÇÃO EXPÕE TÃO CONCISAMENTE

uma idéia equivocada em relação ao ensino adventista que ela é aqui examinada como uma objeção separada. O jovem rico inquiriu de Cristo: “Mestre, que farei eu de bom para alcançar a vida eterna?” Jesus respondeu: “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” Mat. 19:16 e 17. Os versos seguintes mostram claramente que Jesus Se referia especifica­ mente aos Dez Mandamentos. É lamentável que tantos cristãos se lembrem apenas de uma par­ te das declarações de Cristo. Eles pregam muito acerca do lado pas­ sivo do cristianismo - da aceitação de Jesus Cristo como Salvador. Mas há também um lado ativo, porque o cristianismo abrange mui­ to mais do que a salvação dos pecados passados. Tem a ver com o vi­ ver uma vida sem pecado. Há para o cristão o fazer a vontade de Deus, a guarda dos mandamentos de Deus, e um certo operar a sua pró­ pria salvação (veja Mat. 7:21; Apoc. 14:12; Filip. 2:12). Apesar de não ensinarmos que o crente guarda os mandamentos para ser salvo, ensinamos enfaticamente que o crente que está salvo dá evidência da salvação pela observância dos mandamentos de Deus. Já se observou muito bem que embora não haja salvação em guardar a lei, há uma horrível condenação em não guardá-la. O cristianismo não isenta o homem das reivindicações da lei de Deus que ele como pecador não tem sido capaz de satisfazer. Se fos­ se assim, o cristianismo seria apenas um narcótico para a alma, dei­ xando a pessoa na mesma condição infeliz como antes. Não, o cris­ tianismo é o çlano de Deus pelo qual obtemos poder para guardar as leis do Céu. E o esquema divino pelo qual Cristo vive e opera den­ tro de nós (veja Gál. 2:20). Cremos nas palavras de Cristo: “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” Mas também cremos que o poder para guardar é um dom de Deus. Nada podemos fazer de nós mes­ mos, mas podemos fazer todas as coisas através de Jesus Cristo que nos fortalece (veja Filip. 4:13).

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R espostas a Objeções Aceitamos sem reservas as palavras de nosso Senhor: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer.” João 15:5. Embo­ ra digamos com Paulo: “Desenvolvei a vossa salvação”, imediata­ mente acrescentamos, como faz o apóstolo: “Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade.”

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Pa

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II

Sábado OBJEÇÕES 2 0 A 55 O

b je ç ã o

2 0

Os adventistas afirmam que o sétimo dia da semana foi separado como o sábado ao ser abençoado e santificado por Deus na criação do mundo. Assim, procuram provar que o sábado precedeu o povo hebreu e se aplica a todas as pessoas. Mas Gênesis, que contém o relato do repouso de Deus no sábado e Sua bênção sobre o mesmo, foi escrito por Moisés dois mil e quinhentos anos depois da criação, ou por volta do tempo do Êxodo. Moisés simplesmente anotou naquela referência do Gênesis ao sábado uma declaração do que Deus realmente fez pelo sétimo dia no monte Sinai.

O

PRIMEIRO FATO QUE SE DESTACA CLARAMENTE AQUI E QUE DEVE

SER NOTADO NO INÍCIO É ESTE: ADMITE-SE QUE O RELATO DO GÊN ESIS

a respeito da bênção sobre o sábado na criação traz consigo um po­ deroso argumento em favor da universalidade do sábado para todos os povos em todas as eras. O segundo fato é este: o objetor quer se exibir como alguém que possui um conhecimento notável, no mínimo, dos procedi­ mentos literários de Moisés. Como ele o obteve? Ele não tem aces­ so a nenhuma outra fonte de conhecimento além daquelas conhe­ cidas por todos os estudantes da Bíblia. E tais estudantes, inclusi­ ve eminentes comentaristas, têm um tanto uniformemente através dos anos aceito que Moisés, no livro de Gênesis, está apresentan­ do um relato histórico da semana da criação quando menciona a bênção ao dia de sábado. E eles têm mantido essa opinião a des­ peito do fato de serem observadores do domingo. Mas, honesta­ mente, o que mais poderiam fazer a não ser manter este ponto de vista? Examinemos os fatos.

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R espostas a Objeções 1. Qual é a natureza do livro de Gênesis? Ele é claramente, do iní­ cio ao fim, um livro de história. Apresenta uma breve narrativa, em ordem cronológica, de eventos desde a criação até a morte de José. Portanto, na ausência de clara evidência em contrário, devemos con­ siderar as várias partes do livro, os relatos do que os homens disseram ou fizeram, e igualmente os relatos do que Deus disse e fez, como sen­ do incidentes históricos que ocorreram no tempo indicado na narra­ tiva. O relato do repouso de Deus no sétimo dia da semana da cria­ ção e Sua bênção e santificação do mesmo se ajusta tão naturalmen­ te na seqüência histórica como qualquer outro incidente menciona­ do no Gênesis. Não há nada no contexto que sugira diferentemente. 2. O fato de que o livro de Gênesis foi escrito cerca de dois mil e quinhentos anos após a criação não tem absolutamente nenhuma implicação sobre o assunto. Todos os livros de história são escritos depois dos eventos descritos. E obviamente qualquer livro de histó­ ria que tentasse registrar dois mil e quinhentos anos de história te­ ria de ser escrito no mínimo depois de ocorridos os incidentes do primeiro ano. Afirmar que um escritor de história projetou de volta ao primeiro ano um acontecimento que ocorreu mais ou menos no ano 2500 é fazer uma declaração que só poderia ser acreditada se es­ tivéssemos prontos a acusar o autor de fraude e engano. Não esta­ mos dispostos a fazer isso com Moisés. 3. Mas note o ponto em que o objetor alega que o relato deixa de ser histórico e se torna uma reversão ao passado de um incidente que ocorreu dois mil e quinhentos anos depois. Ele sustenta a nar­ rativa da semana da criação, inclusive o descanso de Deus de toda a Sua obra no sétimo dia (Gên. 2:2). A esta altura, declara o objetor, vem a interrupção, e as palavras que se seguem imediatamente são um retrocesso: “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” Verso 3. Ora, por que Deus descansou? Não porque estivesse cansado. Seu descanso, que é tielmente registrado por Moisés, deve ter tido um significado. O verso seguinte revela o significado. O descanso foi o motivo para a bênção. Ele abençoou e santificou o sétimo dia “por­ que nele descansou de toda a Sua obra”. Verso 3. E que razão existe paru argumentar que Deus descansou no sétimo dia da semana da criação a fim de prover a ocasião para abençoá-lo, e então esperou

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Sábado dois mil e quinhentos anos para pronunciar a bênção? Absolutamente nenhuma. 4. Notemos os exemplos de bênção que são registrados na narra­ tiva da criação: Evento

Bênção Quinto Dia

“Disse também Deus: Po“E Deus os abençoou, dizenvoem-se as águas de enxames de do: Sede fecundos, multiplicaiseres viventes.” vos.” Verso 22. Gên. 1:20. Sexto Dia “Disse também Deus: Produ“E Deus os abençoou e lhes za a terra seres viventes. ... Fadisse: Sede fecundos, multipliçamos o homem à nossa imacai-vos.” Verso 28. gem.” Gên. 1:24-26. Sétimo Dia “Descansou nesse dia de “E abençoou Deus o dia sétitoda a sua obra que tinha feito.” mo e o santificou.” Verso 3. Gên. 2:2. O objetor está disposto a concordar que as bênçãos sobre os atos do quinto e sexto dias seguem imediatamente os incidentes descri­ tos. A construção literária paralela e a completa ausência de qual­ quer sugestão de uma interrupção na narrativa requerem que aceite­ mos que a bênção do sétimo dia segue imediatamente o incidente do repouso divino nesse dia. 5. Note também as construções paralelas, no que diz respeito ao tempo do verbo, encontradas no quarto mandamento. Aqui o Se­ nhor está falando a Israel: a. “Em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra.” b. “E, ao sétimo dia, descansou.” c. “Por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.” Note os quatro verbos, todos no tempo passado: “fez”, “descan­ sou”, “abençoou” e “santificou.” É este tempo passado coerente que dá a máxima força à expres­

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R espostas a Objeções são “lembraste” que introduz o mandamento. O significado óbvio do verbo “lembrar” é trazer à memória um evento passado ou experiên­ cia de alguma espécie. Foi dada a Israel a ordem: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.” E por quê? Porque Deus estava indo agora abençoá-lo? Não, mas porque Deus o tinha abençoado. Com estes fatos diante de si, o leitor não deve ter dificuldade para decidir o assunto.

O bjeção 21 Êxodo 16:29 e Neemias 9:13 e 14 provam que o sábado só foi dado depois que Israel deixou o Egito. 0 próprio silêncio das Escrituras quanto à sua observância por alguém antes dessa época é forte prova corroborativa.

V^Ão

f e it a s d u a s a l e g a ç õ e s a q u i .

P r im e ir o ,

q u e o s á b a d o fo i

INSTITUÍDO EM UM CENÁRIO JUDAICO, ALEGAÇÃO QUE VISA PREPARAR

o caminho para a próxima. Segundo, que o sábado foi feito somente para os judeus. Êxodo 16:29 e Neemias 9:13 e 14, o que quer que declarem, são citados com a finalidade de neutralizar a declaração de Gênesis 2:2 e 3 e eliminá-la completamente do relato. Mas uma afirmação bíbli­ ca faz isso com outra? Não. Quando um texto parece contradizer ou­ tro, podemos ter certeza de que cometemos um erro em nossa inter­ pretação de algum dos textos. Já vimos, na objeção 20, que Gênesis 2:2 e 3 permanece firmemente como um testemunho de que Deus repousou no sétimo dia da primeira semana da história terrestre e imediatamente o abençoou. Assim, estamos preparados desde o co­ meço para crer que seja o que for que ensinem Êxodo 16:29 e Nee­ mias 9:13 e 14, eles não ensinam o contrário de Gênesis 2:2 e 3. Êxodo 16:29 é parte da narrativa da dádiva do maná, que deve­ ria ser colhido cada dia dos seis dias de trabalho e duas vezes mais no sexto dia, porque Deus não dava nenhum maná no sétimo dia. Mas alguns israelitas, contrários à ordem divina, saíram no sábado para colhê-lo. Isso levou o Senhor a inquirir Moisés: “Até quando recusareis guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis? Consi-

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Sábado derai que o Senhor vos deu o sábado; por isso, Ele, no sexto dia, vos dá pão para dois dias.” Êxo. 16:28 e 29. Neemias, muito tempo depois, relembra o que Deus fez por Israel ao tirá-lo do cativeiro, declarando em parte: “Desceste sobre o mon­ te Sinai, do céu falaste com eles e lhes deste juízos retos, leis verda­ deiras, estatutos e mandamentos bons. O Teu santo sábado lhes fi­ zeste conhecer; preceitos, estatutos e lei, por intermédio de Moisés, Teu servo, lhes mandaste.” Nee. 9:13 e 14. Essas passagens tratam essencialmente dos mesmos incidentes e são tão semelhantes em construção que podem ser consideradas jun­ tamente. Notemos certas frases: 1. “O Senhor vos deu o sábado.” Exo. 16:29. 2. Deste-lhes “juízos retos, leis verdadeiras, estatutos e manda­ mentos bons.” Nee. 9:13. 3. “O Teu santo sábado lhes fizeste conhecer.” Nee. 9:14. Cremos que a resposta à objeção encontra-se claramente reve­ lada na segunda destas três frases. Se, como se alega, a construção da primeira e da terceira frase requer a conclusão de que o manda­ mento sabático não existia antes do Êxodo, então a construção da segunda frase requer a conclusão de que o vasto alcance dos estatu­ tos, leis e mandamentos que foram declarados formalmente no S i­ nai não existia anteriormente. Portanto, não somente não teria sido pecado trabalhar no sétimo dia, antes do Êxodo, como não te­ ria sido pecado, antes do Sinai, ter praticado qualquer uma das coi­ sas proibidas pelas várias leis e mandamentos que Deus “lhes deu” naquele tempo. Mas ninguém afirmará que teria sido correto praticar os últimos, porque concorda que nove dos Dez Mandamentos são uma expres­ são de eternos princípios morais. Quando, no Sinai, Deus ordenou: “Não adulterarás”, poderia ser dito, em um sentido da palavra, que Ele então deu a Israel a lei contra a imoralidade. Foi a primeira pro­ clamação formal deste princípio para a nação recém-formada que necessitava de um código de leis claramente expresso. Mas ninguém crê por um momento que antes da entrega dessa lei contra o adulté­ rio do monte em chamas não havia nenhuma proibição divina ao adultério e, portanto, não havia pecado na condescendência com atos imorais.

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R espostas a Objeções O mesmo pode ser dito do mandamento sabático. Ele, juntamente com os outros grandes preceitos do Decálogo, e muitos outros estatutos, foi formalmente tomado conhecido a Israel ao iniciarem eles sua vida nacional. As longas trevas do Egito tinham obliterado completamente sua compreensão da vontade divina. Agora, à luz da coluna de fogo, Deus tomou-lhes claros todos os Seus requisitos, inclusive o sábado. Deus declara: “Eu Me dei a conhecer a eles [os israelitas], para os tirar da terra do Egito.” Ezeq. 20:9. Arrazoaria o objetor, com base nesse texto, que Deus não existia antes do Êxodo? Não. Então por que afirmar que o sábado não existia antes daquele tempo simples­ mente porque Deus o tornou conhecido a Israel? O fato é que o co­ nhecimento de Deus e do sábado tinha se desvanecido em grande parte da mente dos israelitas durante seu longo cativeiro egípcio. Apenas uma palavra precisa ser dita em resposta à alegação ba­ seada no fato de que as Escrituras silenciam no tocante à guarda do sábado por alguém antes do Êxodo. As poucas páginas da Bíblia que precedem o relato do Êxodo cobrem cerca de dois mil e quinhentos anos. Obviamente, apenas alguns realces ou pontos culminantes do longo registro poderiam ser escritos. Principalmente, Moisés procu­ rou prover uma narrativa corrente para ligar a criação com os even­ tos que seguiram à queda do homem, passando pelo Dilúvio, a vo­ cação de Abraão, o surgimento de Israel e sua saída do Egito. Pou­ co é mencionado das atividades religiosas em que as pessoas se en­ gajaram durante aqueles dois mil e quinhentos anos. Apresentar o silêncio das Escrituras como uma prova contra o sáhado do sétimo dia é apoiar-se em um argumento excessivamente fraco. Aqueles que promovem a importância do domingo geralmente incluem em sua argumentação que o homem precisa de um dia de adoração que se repita a cada semana, mas não estabelecem limites de tempo ou lugar. Portanto, aqueles que viveram antes do Êxodo necessitavam de tal recorrente dia. Vendo sua necessidade, deixaria Deus de atendê-la? Na verdade, não foi isso mesmo que Ele fez quando, na criação, separou para uso santo o sétimo dia? E precisa­ mos encontrar uma menção específica da observância desse dia an­ tes de concluirmos razoavelmente que homens santos como Eno­ que, Noé e Abraão guardaram esse santo dia? De fato, que outra conclusão seria razoável?

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O

b je ç ã o

22

0 sábado é judaico. Foi dado somente para os judeus e era parte da velha aliança que foi feita apenas com os judeus. Além disso, Deuteronômio 5:15 declara explicitamente que Deus ordenou aos judeus que guardassem o sábado como um memorial de sua libertação do Egito. Portanto, ele não tem nenhum significado para nós que somos cristãos gentílicos.

E

s t e a r g u m e n t o c o b r e m u it o d o m e s m o t e r r e n o a b r a n g id o

PELA PRETENSÃO DE QUE A LEI DADA NO SlN A I TINHA EM VISTA SO -

mente os judeus. Veja a objeção 4, onde é apresentada evidência para mostrar que toda a Bíblia foi escrita por judeus, a maioria da qual é dirigida diretamente aos judeus, e a antiga e a nova aliança foram feitas com a “casa de Israel” e que o próprio Cristo declarou que “a salvação vem dos judeus”. Ainda mais, todo o protestantis­ mo recorre à Bíblia, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, em busca de orientação espiritual. Todos nós reclamamos o direi­ to à relação da nova aliança, e todos pregamos que a “salvação” que Cristo disse vir “dos judeus” é para todas as pessoas de todos os países. Gostaríamos de fazer esta simples pergunta: por que é o sétimo dia da semana mais judaico do que o primeiro dia da semana? A Confissão de Westminster, que é a mais clara expressão do ponto de vista protestante sobre a santidade de um dia de descanso sema­ nal, declara que o sábado, “desde o princípio do mundo até a res­ surreição de Cristo, foi o último dia da semana”. Este é um perío­ do de, no mínimo, quatro mil anos. Contudo, na primeira metade desse longo período não havia judeus. Será que o sétimo dia da se­ mana subitamente adquiriu um caráter e uma qualidade diferentes no Sinai, enquanto Deus dirigia Seu povo escolhido do Egito para a Terra Prometida? Alguém poderia aventurar-se a dizer sim, e apoiar sua resposta pela referência àquelas declarações do Antigo Testamento de que o sábado foi uma marca distintiva e um sinal entre Deus e os filhos de Israel. Mas se esta resposta prova alguma coisa, ela prova demais, porque os mesmos relatos do Antigo Testamento que assim descre­ vem o sábado nos revelam também que Deus descreve a Si mesmo como sendo, de um modo muito peculiar e distintivo, o Deus de

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R espostas a Objeções Abraão, Isaque e Jacó. Por que não deveria o Senhor ordenar o sá­ bado do Senhor para o próprio povo do Senhor? O motivo por que a observância foi confinada aos judeus na úl­ tima parte daquele período de quatro mil anos antes de Cristo foi que nenhum outro povo sobre a face da Terra era constituído de ver­ dadeiros seguidores de Deus. Eles eram pagãos e idólatras. E claro que o sábado esteve intimamente relacionado com os judeus duran­ te o tempo de sua história nacional; e, como temos notado, assim foi com tudo o mais relacionado à vontade revelada de Deus, inclusive todos os profetas de Deus e todos os escritos que constituíram a Pa­ lavra Sagrada. “Mas”, pode replicar alguém, “a Bíblia não diz em parte alguma que o Salvador e a salvação deviam ser confinados aos judeus.” E verdade. Nem lemos em lugar nenhum que o sábado devia ser con­ finado aos judeus. Ao contrário, temos declarações muito específi­ cas das Escrituras mostrando que o sábado foi designado por Deus para ter uma aplicação mundial. Enumeremos algumas delas: 1. O próprio mandamento sabático diz especificamente que não apenas os judeus deviam repousar, mas também o estrangeiro que es­ tivesse dentro das suas portas (veja Exo. 20:10). Os estrangeiros eram aqueles que não pertenciam à família de Israel; poderiam per­ tencer a qualquer outro povo ou nação. 2. Cristo afirmou que “o sábado foi estabelecido por causa do ho­ mem”. Mar. 2:27. Ele não disse “judeu”, mas “homem”, e não existe nenhuma justificação para confinar o significado da palavra “ho­ mem” aos judeus. Se limitássemos a palavra assim, logo entraríamos em grande dificuldade. Lemos que Cristo é “a verdadeira luz, que, vindo ao mundo, ilumina a todo homem”. João 1:9. Trouxe Cristo luz somente para os judeus? Além disso, o sábado foi dado para que os homens pudessem ter a bênção do descanso e a adoração do seu Criador. Por que desejaria Deus que somente uma pequena fração dos Seus seres criados - porque os judeus sempre têm sido uma par­ te muito pequena da população mundial - participasse da alegria do descanso e adoração? 3. Como poderia o sábado ter sido dado somente para os judeus, sendo que ele foi instituído na criação, muito tempo antes dos dias de Abraão, o pai do povo judeu? (Veja Gên. 2:2 e 3.)

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Sábado 4. O profeta Isaías, falando dos dias finais da história terrestre, quando “a salvação de Deus está prestes a vir”, fala da bênção que virá sobre “os estrangeiros” que guardam o sábado (veja Isa. 56:1-8). 5. Finalmente, na Nova Terra, onde haverá pessoas de todos os povos e nações, o sábado será guardado (veja Isa. 66:22 e 23). E o que dizer de Deuteronômio 5:15, que se alega provar que o sábado foi dado somente para os judeus? O texto diz o seguinte: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o S e ­ nhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendi­ do; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado.” Note o ambiente deste texto. O quinto capítulo de Deuteronô­ mio consiste de uma recapitulação de Moisés, com comentários apropriados, do grande evento do Sinai ocorrido quarenta anos an­ tes, quando Deus proferiu os Dez Mandamentos. Que Moisés não es­ tava tentando repetir literalmente os mandamentos, mas insistindo na observância desses bem conhecidos preceitos, é mostrado pelo verso 12, onde ele diz: “Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor, teu Deus.” Portanto, o primeiro ponto a notar é que essa descrição dos man­ damentos em Deuteronômio não pode ser tomada como substitui­ ção para a forma dos mandamentos encontrada em Exodo 20. Em Exodo encontramos o registro dos mandamentos conforme Deus os falou, e a este registro Moisés especificamente reportou Israel quan­ do insistiu com eles: “Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor, teu Deus.” Sejam quais forem as razões ou apelos apresentados por Moisés, devem ser considerados como uma adição e não como substituição para as razões dadas por Deus quando originalmente proferiu os mandamentos. Deus declarou que o sétimo dia é o sábado em que todos devem descansar, porque “em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra ... e, ao sétimo dia, descansou.” E acrescenta: “Por isso, o Senhor aben­ çoou o dia de sábado e o santificou.” Exo. 20:11. Vejamos outra vez o contexto de Deuteronômio 5. Moisés pros­ segue com sua paráfrase do mandamento sabático e encerra o versí­ culo 14 - que descreve como os servos e os senhores deviam descan­ sar - acrescentando: “Para que o teu servo e a tua serva descansem

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R espostas a Objeções como tu.” Segue-se então o verso 15, que relembra como os israeli­ tas foram servos no Egito, etc. Qual é, portanto, a conclusão natural a que podemos chegar? Simplesmente esta: que Moisés estava dando uma razão adicional para a guarda do mandamento sabático, especialmente aquela ca­ racterística dele que tinha a ver com o descanso dos servos. Esta é a conclusão natural. E ela se torna inevitável quando são citadas certas passagens paralelas. Pouco mais adiante, Moisés dá instrução quanto ao tratamento de um servo e como, depois de ter ele servido seis anos, deve ser li­ bertado no sétimo e despedido com provisões liberais dos rebanhos e manadas do seu senhor. “E”, acrescentou Moisés, “lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito e de que o Senhor, teu Deus, te re­ miu; pelo que, hoje, isso te ordeno.” Deut. 15:15. Concluiremos que a liberalidade e o amor para com os servos são um mandamento que se originou no Exodo, que todos os que viveram antes desse tempo poderiam tratar seus servos de má vontade sem incorrer no desagra­ do de Deus e que somente dos judeus era exigido que mostrasse tal bondade para com os servos? Outra vez, leiamos um mandamento mais detalhado: “Não co­ metereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na me­ dida. Balanças justas, pesos justos, efa justo e justo him tereis. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito. Guardareis to­ dos os Meus estatutos e todos os Meus juízos e os cumprireis. Eu sou o Senhor.” Lev. 19:35-37. Tomaremos este verso e construiremos o argumento de que o mandamento para agir justamente nos vários aspectos da vida se originou com o Exodo, que antes disso o homem podia defraudar impunemente o seu próximo e que Deus exigia so­ mente dos judeus que se abstivessem de enganar alguém? Ou considere esta outra declaração: “Eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que Eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque Eu sou santo.” Lev. 11:45. Devemos con­ cluir disso que o mandamento para “ser santo” destinava-se somen­ te ao Israel literal que foi feito “subir da terra do Egito”? Cremos que até mesmo o mais vigoroso opositor do sábado hesitaria em endos­ sar tal idéia. Mas se tanto a santidade quanto a observância do sá­ bado têm certa relação com o cativeiro egípcio, e contudo concor-

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Sábado damos que todos deveriam ser santos, certamente não podemos usar o Egito como desculpa para a violação do sábado. A luz dessas passagens e de outras que poderiam ser citadas, é evidente que a escravidão egípcia, quando os israelitas foram tratados de forma cruel e injusta, sendo depois libertados graciosamente pelo Senhor, foi citada por Moisés simplesmente como uma razão adicional para eles tratarem os outros de forma justa e amorável. A lei de lidar de maneira justa com os outros, principalmente aqueles que estão em uma condição desafortunada, tem vigorado desde o princípio do mundo; mas assumiu força e obrigação adicional quan­ do foi aplicada àqueles que tão recentemente tinham sido obrigados a trabalhar como escravos no Egito. Em vez de enfraquecer o mandamento sabático, Deuteronomio 5:15 simplesmente serve para mostrar quão excessivamente amplo é o mandamento e como Deus pretendia que o sábado provasse ser uma fonte de refrigério e bênção até mesmo para os servos.

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O bjeção 23 Em Êxodo 31:14, lemos que os violadores do sábado deveriam ser apedrejados até à morte. Vocês crêem que a mesma penalidade deve ser imposta hoje? Se vocês afirmam que a punição característica da lei sabática está abolida, então vocês realmente declararam o sábado abolido, porque a lei não tem força se não houver penalidade para a sua violação. Além disso, lemos em Êxodo 35:3 que nenhum fogo deveria ser aceso no sábado. Se vocês crêem que a lei do sábado ainda está em vigor, por que acendem fogo nesse dia?

D iz

Êxo d o

31:14:

“P o r t a n t o ,

g u a r d a r e is o s á b a d o

,

po rq u e é

SANTO PARA VÓS OUTROS; AQUELE QUE O PROFANAR MORRERÁ; POIS

qualquer que nele fizer alguma obra será eliminado do meio do seu povo.” Se o leitor conferir Deuteronômio 13:6 e 10; 21:18 e 21; 22:21' 28 e todo o capítulo 20 de Levítico, verá que havia toda uma série de condenações à morte de pessoas que eram idólatras, que eram rebeldes aos pais, que cometiam adultério ou eram culpadas de inces' to, que amaldiçoavam pai ou mãe, enfim, que violavam qualquer parte do código moral. De fato, alguém estimou que não menos do que nove dos Dez Mandamentos são especificamente mencionados em conexão com a pena de morte por sua violação. Agora gostaríamos de perguntar ao objetor do sábado: você acredita que o idólatra, por exemplo, deve ser condenado à morte? Ou o filho que amaldiçoa seu pai? Obviamente, a sua resposta é não. Então, de acordo com a sua lógica, se você crê que essa pena não deve ser imposta hoje, evidentemente você crê que não é mais erra­ do, por exemplo, ser um idólatra, ou um filho que amaldiçoa o pai. Mas tal conclusão seria monstruosa, além de irrazoável. Contudo, não seria mais irrazoável do que a alegação de que, pelo fato de os atuais observadores do sábado não crerem que os violadores do sá­ bado devam ser condenados à morte, a lei do sábado foi abolida. Este tipo de arrazoado prova demais, e assim não prova nada. Concordamos que, se a lei não tem penalidade, ela não tem for­ ça. Mas isso não significa que, porque não cremos em apedrejar as pessoas, não haverá nenhuma punição para aqueles que violam o sá­ bado ou qualquer outra parte da lei de Deus. A única diferença en­ tre a antiga ordem judaica de coisas e a nossa hoje diz respeito ao

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Sábado tempo da punição e ao executor da punição. Quando Deus era o governante direto, Ele achou conveniente infligir uma punição imediata. Agora o malfeitor deve aguardar o último grande dia de juh gamento (veja Heb. 10:26-29). Portanto, que o violador do sábado não se sinta despreocupado em sua mente apenas porque Deus não tem trazido juízo súbito sobre ele pela violação do quarto preceito do Decálogo, que declara que o séti­ mo dia é o sábado do Senhor teu Deus, Criador do Céu e da Terra. Conta-se a história de um homem ímpio que gostava de alardear sua desobediência ao mandamento do sábado. Ele morava em uma locali­ dade onde os outros lavradores vizinhos eram fiéis guardadores do sába­ do. Quando chegou o mês de outubro e ele ceifou sua colheita, desco­ briu que tinha em seu celeiro até mesmo mais do que seus vizinhos. Encontrando-se um dia na rua com um pastor que observava o sábado, ele triunfalmente mencionou o fato. A única resposta do pastor foi: “Deus nem sempre faz um completo acerto de contas em outubro.” Nenhuma resposta melhor poderia ter sido dada. O fiel observador do sábado aguarda o dia do julgamento final para receber o seu pleno galardão pela obediência a Deus, o Criador de toda a Terra. E, semelhantemente, o violador [consciente] do sá­ bado deve aguardar o último grande dia do acerto de contas a fim de receber a recompensa final por sua falha em obedecer ao explícito mandamento de Deus. A violação da lei de Deus é pecado, nos in­ formam as Escrituras (I João 3:4); e o salário do pecado é a morte (Rom. 6:23). Não é isso penalidade suficiente? E quanto ao mandamento contra o acender fogo no sábado? Diz Êxodo 35:3: “Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado.” Nossa resposta, brevemente, é esta: 1. A proibição contra o acender fogo não é parte do quarto man­ damento do Decálogo. E são os preceitos do Decálogo que conside­ ramos morais e assim eternalmente obrigatórios. 2. Havia muitos estatutos civis e cerimoniais dados a Israel que tinham duração limitada. Por exemplo, havia estatutos civis que de­ claravam como um escravo devia ser tratado (veja Exo. 21:1-11). O objetor do sábado não encontra nesses estatutos sobre a posse de es­ cravos, por exemplo, nenhuma justificativa para a escravidão hoje. Em vez disso, ele concorda com o observador do sábado de que mui-

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R espostas a Objeções tos dos estatutos dados a Israel através de Moisés eram uma adapta­ ção de grandes princípios morais até ao nível de compreensão mo­ ral dos israelitas, ou a situações específicas que existiam localmente. Nisso está a distinção básica entre os mandamentos morais do De­ cálogo dados a Israel diretamente por Deus no Sinai e a multidão de outros estatutos dados por intermédio de Moisés. Se o objetor do sábado sente-se livre para descartar o estatuto so­ bre o cuidado de escravos enquanto defende que nove dos dez man­ damentos do Decálogo estão ainda em vigor, não somos igualmente razoáveis em descartar o estatuto contra o acender fogo no sábado enquanto defendemos que todos os dez mandamentos do Decálogo estão ainda em vigor? 3. Não se pode ter certeza, com base no contexto, que o manda­ mento dado aos judeus contra o fogo no sábado visava aplicar-se a outra circunstância além do seu jornadear no deserto. O mandamen­ to vem como um prefácio a uma série de mandamentos concernen­ tes à construção do tabernáculo, que deviam vigorar enquanto o ta­ bernáculo estivesse em construção, e então morreriam por limitação. Os próprios judeus nunca estiveram de acordo sobre se a proibição contra o fogo no sábado se estendia além do período do deserto. No deserto, a temperatura em geral era muito quente, e o fogo dificilmente seria necessário para proteger contra a enfermidade. Os israelitas foram instruídos a cozer no forno e ferver no sexto dia a quantidade de maná que desejassem comer dessa forma no dia de sá­ bado. Portanto, não havia nenhuma necessidade de acender fogo para cozinhar nesse dia. Além disso, “acender” um fogo naqueles dias significava empenhar-se em um trabalho muito real e extenso. Como observa o PuV pit Commentary em seus comentários sobre Êxodo 35:3: Acender fogo nos primeiros tempos envolvia conside­ rável labor. Era ordinariamente efetuado pelo atrito de dois paus, ou torcer um objeto arredondado rapidamente entre as duas palmas da mão em uma depressão sobre uma prancha ou tábua. O fogo só vinha depois de um longo tempo. Além disso, como no clima quente da Arábia e da Palestina o calor artificial não era necessário, o fogo ali só

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Sábado podia ser aceso para propósitos culinários, o que envolvia mais trabalho desnecessário.... Os judeus viam o preceito como tendo tido apenas uma força temporária. À luz destes fatos, como poderia a proibição contra o acender fogo suscitar qualquer possível dúvida quanto à qualidade moral e a permanência do quarto mandamento do Decálogo?

O

b je ç ã o

24

Quando nós, os guardadores do domingo, dizemos que a lei dos Dez Mandamentos foi abolida na cruz, os adventistas tentam nos confundir perguntando-nos se cremos que é correto na era cristã furtar, matar ou praticar qualquer outro dos atos hediondos proibidos pelo Decálogo. Nós não o fazemos. Cremos que Deus tem grandes princípios morais que têm governado o Universo desde a eternidade e que continuarão a governá-lo por toda a eternidade. O Decálogo foi simplesmente um reflexo parcial desses princípios. Os princípios permanecem, mas o Decálogo passou. Portanto, o sábado passou.

C

o m o o o b je t o r s a b e q u e

D eu s

t e m t id o e s s e s g r a n d e s p r in c í-

PIOS MORAIS DESDE A ETERNIDADE? TE M ELE ACESSO A INFORMAÇÃO

celestial que nós não temos? Não! O cristianismo é uma religião revelada. Não repousa sobre as especulações filosóficas de sábios, mas sobre a revelação de Deus, contida em um registro escrito chamado Bíblia. O que podemos deduzir pensando ou observando a criação deve sempre ser corrigido pelo que lemos no Livro. Esta é a posição do protestantismo histórico. O objetor não tem nenhuma fonte autorizada de informação que não possuímos. Por isso, ele falha em dar-nos alguma informação quanto ao que são esses “princípios morais”. Ele cuidadosamente os deixa indefinidos e não descritos. Ele está inteiramente fundamen­ tado em afirmar que Deus tem tido “princípios morais” que vigoram através de toda a eternidade. A razão e o senso comum nos assegu­ ram que um Universo governado por um Deus santo certamente

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R espostas a Objeções deve ser controlado por “princípios morais”, ou, mais exatamente, leis morais, pois a teologia cristã sempre fala do Universo como sen­ do divinamente governado por leis morais. Mas nem a razão nem o senso comum podem definir com certeza o que está compreendido nessas leis. Repetimos, somente por um estudo da vontade revelada de Deus na Bíblia podemos saber ao certo o que são essas leis. Sabemos pela Bíblia que, quando Deus a princípio chamou um povo pelo Seu próprio nome, entregou-lhe os Dez Mandamentos es­ critos por Sua própria mão, os quais deveriam ser a base moral do seu governo. Ora, gostaríamos de perguntar ao objetor se ele crê que qualquer um desses dez preceitos era parte das eternas leis morais de Deus. Podemos imaginar ele rapidamente concordando que ao me­ nos nove eram: os mandamentos contra os falsos deuses, a fabrica­ ção de ídolos, blasfêmia, homicídio, adultério, furto, mentira, cobi­ ça, e o mandamento para honrar os pais. Assim, pela admissão do próprio objetor, quando Deus viu que era conveniente revelar aos seres humanos Suas eternas leis morais, Ele deu-lhes o Decálogo, nove décimos do qual consistiam de leis morais eternas. A fala de Deus do Sinai simplesmente tornou audíveis ao ser hu­ mano essas leis morais eternas. E, escrevendo-as, Ele simplesmente as tornou visualmente evidentes. Assim, os homens poderiam ouvir, ver e conhecer ao certo essas eternas leis morais que deveriam governar sua vida. Afirmar que o Decálogo foi simplesmente um “reflexo” de leis morais eternas, como se fosse uma imagem sombria e não a dura­ doura realidade, é confundir a verdade simples com palavras sutis. Po­ deríamos, então, dizer que a voz de Deus que pronunciou o Decálogo e Sua mão que o escreveu eram simplesmente um reflexo sombrio de Si mesmo. Os mandamentos do Decálogo eram tão verdadeiramente uma projeção das eternas leis morais dentro da esfera humana quan­ to a mão e a voz divina eram uma projeção de Deus dentro da nossa esfera mortal. Assim, seria tão irracional falar em destruir o Decálogo enquanto preservando as eternas leis morais como seria falar de des­ truir a voz e a mão divina embora preservando a Deus. Portanto, quando alguém diz que o Decálogo foi abolido no Cal­ vário está, por uma estrita lógica, realmente afirmando que os eternos mandamentos morais de Deus, ou ao menos nove deles, foram aboli­ dos. Em outras palavras, depois de ter Deus revelado aos homens de

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Sábado maneira sobrenatural nove dos Seus eternos mandamentos morais e depois de tê-los exortado repetidamente à obediência por meio dos profetas, subitamente aboliu esses nove eternos mandamentos morais no Calvário. Isso é o que o objetor realmente declara. Contudo, ele acha que é grosseiramente injusto concluirmos que a lógica de sua de­ claração lhe permite mentir, furtar, matar, e assim por diante. Não cremos que aqueles que dizem que o Decálogo foi abolido realmente acham que agora podem matar e furtar. Apenas afirma­ mos que as premissas a partir das quais arrazoam levam logicamente a essa conclusão, e que as defesas que erigem contra tal conclusão não se sustentam. Procuramos mostrar não que as suas normas mo­ rais sejam más, mas simplesmente que a sua lógica é. Evidentemen­ te, o raciocínio é falho por causa da falsa premissa em que repousa e da conclusão errônea à qual conduz. E como os defensores da doutrina da abolição da lei procuram evitar essa conclusão óbvia? Por uma variedade de argumentos, al­ guns dos quais já foram considerados. Por exemplo, dizem que na era cristã estamos cumprindo a lei se temos amor a Deus e ao pró­ ximo, e que tal amor não nos permitirá curvar-nos diante dos ído­ los, mentir ou furtar. Mas o amor, que sempre existiu, torna desne­ cessárias as eternas leis morais, que sempre existiram? Não, o amor simplesmente nos dá discernimento espiritual para ver e um cora­ ção sensível para obedecer a essas leis morais. Além disso, a impor­ tância fundamental do amor a Deus e ao próximo está revelada no Antigo Testamento. Contudo, havia necessidade dos Dez Manda­ mentos nos tempos do Antigo Testamento. Por que não também em nosso tempo? As razões primárias do objetor para alegar que a abolição do De­ cálogo lhe permite transgredir o quarto mandamento, mas não os outros nove, são estas: 1. Somente o quarto mandamento, entre os dez, era cerimonial e, com todas as outras cerimônias, expirou no Calvário. Portanto, não precisamos guardá-lo. 2. Os outros nove mandamentos eram morais, foram restabeleci­ dos pelos apóstolos e, assim, são obrigatórios. Embora essas duas alegações sejam na verdade partes da obje­ ção que estamos discutindo e devam ser examinadas antes de ofe­

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R espostas a Objeções recer uma resposta plena, elas também nos levam a novas áreas de discussão. Portanto, elas serão examinadas separadamente nas pá­ ginas seguintes.

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0 quarto mandamento do Decálogo não é inerentemente um preceito moral, mas os outros nove são manifestamente mandamentos morais. Todos os princípios morais são desvendados pela luz da natureza ou da razão, mas a necessidade de guardar o sétimo dia não é desvendável. Por exemplo, todas as pessoas naturalmente sabem que é errado furtar, matar ou cometer adultério, mas ninguém saberia desse modo que um determinado dia foi separado como santo. Isso precisou de uma revelação direta de Deus. Portanto, o mandamento sabático não é moral. Além disso, não há nada inerentemente santo no sétimo dia da semana. Jamais teria sido errado trabalhar no sétimo dia a menos que Deus tivesse dado um mandamento para nele repousar.

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E L REPLICA MAIS DIRETA PODE SER APRESENTADA EM TERMOS DE RES­ POSTAS ÀS SEGUINTES TRÊS PERGUNTAS BÁSICAS:

P rimeira Pergunta Todas as pessoas sabem naturalmente que é errado furtar, come­ ter adultério, adorar ídolos ou violar qualquer outro dos nove man­ damentos morais? Esta pergunta obviamente desafia o próprio fundamento sobre o qual repousa a objeção. Felizmente, uma resposta clara e segura pode ser dada. Iniciemos com o primeiro mandamento. Esse mandamen­ to não apenas proíbe o politeísmo, mas também requer que adore­ mos um certo Deus, o Deus verdadeiro. Todos os homens sabem na­ turalmente que é errado adorar mais do que um deus? Ou eles natu­ ralmente sabem quem é o verdadeiro Deus? A resposta a ambas as perguntas é não. Embora a maioria sinta que deve adorar algum deus ou deuses, nunca existiu acordo quanto a que deus ou deuses devam s£r adorados.

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Sábado Diz Paulo: “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não O conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação.” I Cor. 1:21. Seu sermão no Areópago é uma exibição de tal pregação. E como conhecia Paulo o ver­ dadeiro Deus? Pelas revelações a ele dadas e por seu estudo da reve­ lação chamada Escrituras. O único Deus verdadeiro é puro e santo, justo e misericordioso. Os deuses das nações têm sido qualquer coisa menos santos, e sua misericórdia, na melhor das hipóteses, tem sido volúvel e capricho­ sa. Ora, o primeiro mandamento nos convida a adorar o único Deus verdadeiro. Por isso, devemos conhecer Sua natureza e Seus santos requisitos para verdadeiramente ohedecer a esse mandamento. Mas somente a revelação pode prover tal conhecimento. Consideremos o segundo mandamento. Sabem as pessoas pela razão ou pela natureza que é errado fazer uma semelhança de Deus ou de qualquer criatura e usá-la como objeto de culto religioso? Não. A história de quase toda a raça humana é uma história de adoração de ídolos. De fato, os católicos romanos declaram que não há nada pecaminoso em fazer imagens e curvar-se diante delas. E como nós, protestantes, procuramos mostrar o problema dos ídolos a católicos e a pagãos? Deixamos nosso caso com a razão e a natureza? Não. Com a revelação. Tomemos o terceiro mandamento. O motivo por que vemos for­ ça e significado na proibição contra o tomar o nome de Deus em vão é que a revelação apresenta o quadro de um Deus muito puro e san­ to a quem devemos tudo e a quem um dia prestaremos contas. Mas os pagãos, mesmo os mais esclarecidos gregos, que não possuíam ne­ nhuma revelação, imaginavam seus deuses como inteiramente se­ melhantes a eles mesmos, voluptuosos, depravados, vingativos, até mesmo assassinos. Teria parecido razoável para um grego acreditar que havia algo de errado em tomar levianamente o nome de qual­ quer um dos seus deuses? Consideremos um mandamento que trata da relação do ser hu­ mano com o seu próximo e vejamos se a razão e a revelação aqui provam o suficiente. Nós, cristãos, ficamos chocados ante o pensa­ mento do adultério em qualquer de suas malignas manifestações. E, quando enviamos missionários para países distantes, procuramos

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R espostas a Objeções desviar os homens desse mal, juntamente com todos os outros males. Mas os missionários não fazem seus apelos baseados na razão e na natureza. Seriam ridicularizados se o fizessem. Este é o testemunho de muitos que têm pregado para povos não cristãos. Em vez dis­ so, eles pregam a moralidade e a castidade em termos de uma reve­ lação de Deus e um mandamento de Deus. Mas por que alongar o exame dos nove mandamentos que o objetor admite serem morais? Cremos que a razão e a natureza desem­ penham um papel em dar-nos um conhecimento do certo e do erra­ do, de Deus e do juízo, de modo que as pessoas estão sem desculpas. Mas a limitação desse papel é tristemente revelada pela longa e pe­ caminosa história humana. Cremos que os habitantes de Sodoma e Gomorra tinham suficiente conhecimento de Deus e do certo e er­ rado para ser moralmente responsabilizados e justamente habilitados à destruição pelo fogo que caiu sobre eles. Mas nosso Senhor decla­ rou que haveria mais tolerância no dia do juízo para Sodoma e G o­ morra do que para aquelas cidades que recusassem receber a mensa­ gem que Seus discípulos lhes trariam. Por quê? Porque os discípulos levariam a elas uma revelação de Deus recebida através de Jesus Cris­ to. Disse Cristo: “Se Eu não viera, nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas, agora, não têm desculpa do seu pecado.” João 15:22. E preciso uma revelação divina, não simplesmente em relação ao quarto mandamento, mas também no que concerne aos outros! Des­ se modo, o próprio fundamento em que esta impressionante objeção foi erigida desaparece. Estritamente falando, não nos seria mais ne­ cessário continuar lidando com esta objeção. Mas olhemos breve­ mente para as outras perguntas envolvidas.

Segunda Pergunta Quais são as provas que os adventistas podem oferecer para apoiar sua afirmação de que o quarto mandamento é moral, em vez de ceri­ monial, e assim eternamente obrigatório como os outros nove? Podemos responder com os argumentos do panfleto “The Morality of the Sabbath” [A Moralidade do Sábado], escrito em 1875 por D. M. Canright. O fato de ele ter posteriormente abandonado a Igreja Adventista não invalida essas provas, assim como a deserção de um ministro da religião cristã não invalida as razões por ele apre­

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Sábado sentadas anteriormente em favor do cristianismo. Pelo contrário, elas permanecem como uma indicação da sua deserção. 1. “Os deveres e preceitos morais são provenientes dos atributos de Deus. O poder criador é o atributo característico de um Deus vivo, e o sábado proveio diretamente do exercício deste atributo na criação do mundo.” 2. A segunda razão segue de perto a primeira: “O dever moral de amar e obedecer a Deus repousa principalmente sobre o fato de que o Senhor criou todas as coisas, e o sábado foi dado para comemorar essa criação.” 3. “A natureza humana, em termos físicos e mentais, requer tal dia de descanso como o preceito do sábado provê, e, como todos os preceitos morais, ele supre uma necessidade natural e universal da humanidade.” 4. “O bem-estar moral e espiritual do ser humano requer exata­ mente o que o preceito do sábado provê e, portanto, ele é moral.” As provas 3 e 4 são idênticas àquelas usadas pelos ardorosos de­ fensores da lei do domingo, exceto que quando dizem “sábado” que­ rem dizer “domingo”. Eles apresentam evidência médica e científi­ ca para mostrar que aqueles que adotam um dia de descanso a inter­ valos regulares de cerca de uma semana podem melhor continuar o seu trabalho durante a semana seguinte. Também apontam para a história religiosa, mostrando que nos “países cristãos” onde um dia semanal de adoração não tem sido fielmente observado a vida reli­ giosa declina. Assim, é um fato bem estabelecido que os líderes do domingo no protestantismo vêem uma qualidade moral no quarto mandamento tão certamente como fazem os adventistas. Sua alegação é que o mandamento é parcialmente moral e parcialmente cerimonial. A parte moral, afirmam eles, é a ordem de santificar um dia em sete; a parte cerimonial, o dia específico que foi separado. Eles precisam alegar que parte dele é moral a fim de impor o domingo; e devem alegar que parte dele é cerimonial a fim de justificar sua mudança do dia de adoração. Ao assumir esta posição, eles desconsideram os seguintes fatos: a. Como foi mostrado, a qualidade moral do mandamento sabá­ tico não está simplesmente nas necessidades físicas, mentais e espi­

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R espostas a Objeções rituais do ser humano. Em primeiro lugar, a qualidade moral vem da relação do mandamento com o ato criativo de Deus. b. O ato criativo manifestou-se em uma certa seqüência de tempo, seis dias em que Deus trabalhou e o sétimo dia em que Ele descansou. c. “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele des­ cansou de toda a obra.” Gên. 2:3. d. A própria razão oferecida no quarto mandamento para o ser humano guardar o sábado é o fato histórico da criação e do descan­ so de Deus no último dia da semana da criação. “Mas o sétimo dia é o sábado ... porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra, ... por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.” Como poderia a linguagem deixar mais claro que um dia especí­ fico está envolvido no mandamento sabático? E que este dia é o me­ morial de um evento histórico específico? Ou como poderia a lin­ guagem esclarecer ainda mais que a santificação desse dia específico de descanso semanal provém do fato de que esse evento histórico es­ pecífico ocorreu nesse dia, o sétimo dia? O “por isso” no mandamento do sábado remonta a esse inciden­ te e ao dia específico que Deus abençoou. Retire o “por isso” ou “portanto”, e a razão para o mandamento do sábado desaparece. Mas é exatamente o que fazem os defensores do domingo quando invocam o mandamento do sábado em favor de um dia de descan­ so em sete, mas descartam a razão para um dia santo semanal. Quando alegam que a característica do dia de descanso semanal do mandamento é moral, mas a característica do sétimo dia é cerimo­ nial (e, portanto, de importância relativamente menor), acham-se em uma curiosa posição de afirmar que um grande princípio moral enunciado no Decálogo repousa sobre um ato cerimonial de Deus de importância relativamente menor. 5. “O preceito do sábado, como todos os preceitos morais, se apli­ ca igualmente bem a todas as nações, em todos os países e em todos os tempos.” Isso decorre do fato de que períodos repetitivos de descan­ so físico e períodos similares de exercício religioso são tão necessários a um povo quanto a outro, em todos os climas e em todas as épocas. 6. “O preceito do sábado resguarda o direito de propriedade do mesmo modo que o oitavo mandamento; e portanto, como este, é moral.” O Senhor dividiu a semana de sete dias em duas partes: seis

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Sábado dias o homem poderia usar como desejasse em trabalho honesto, mas o sétimo dia Deus reservou. “O sétim o dia é o sábado do Senhor teu Deus.” Êxo. 20:10. O Senhor fala d o sábado como “Meu santo dia” (Isa. 58:13). É tão moralmente errado furtar de Deus o sagrado tempo que Lhe pertence como furtar do nosso próximo alguma possessão que é sua. O mandamento que proíbe tal furto de Deus é um mandamento moral. 7. “O casamento é uma instituição m oral. A instituição sabática, sendo feita ao mesmo tempo, pela mesma autoridade, para as mesmas pessoas, e de uma maneira semelhante, é também moral pela mesma razão.” Somente aqueles que estão prontos a afirmar que o casamento re­ pousa não sobre uma lei moral, mas cerimonial, devem logicamente afirmar que o sábado repousa simplesmente sobre uma lei cerimonial. É neste cenário que vemos melhor quão irrazoável é o argumento de que, embora a instituição do sábado seja moral, porque todas as pes­ soas naturalmente sabem que o descanso é necessário, o dia específi­ co mencionado no mandamento sabático é cerimonial, porque as pessoas naturalmente não sabem o dia em que devemos descansar. Nenhum cristão seria impressionado com o argumento de que, em­ bora a instituição do casamento seja moral, porque as pessoas natural­ mente sabem que o casamento é necessário, o aspecto monogâmico dele é simplesmente cerimonial, porque as pessoas não sabem natural­ mente que um homem deve ter apenas uma esposa. Mesmo que os ho­ mens não saibam isso naturalmente, eles o sabem pela revelação, e en­ tão citaríamos o ato de Deus no Éden de unir um homem e uma mu­ lher, e Sua declaração de que os dois seriam “uma só came”. Não con­ sideraríamos nada mais necessário do que isso para provar a qualidade moral da monogamia, de que um unir-se a um é correto, mas um unirse a dois ou mais não é. Os cristãos crêetn que o ato e a declaração de Deus podem dar uma qualidade moral até mesmo à aritmética. Pelo mesmo raciocínio, podemos dispor do argumento acerca da qualidade moral daquela parte do mandamento do sábado que fala de um dia específico. 8. Uma das marcas mais peculiares das várias leis cerimoniais da Bíblia é que todas elas foram dadas depois do pecado, tornaramse necessárias de algum modo pela condição pecaminosa do ser

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R espostas a Objeções humano e expiram por limitação enquanto o ser humano ainda se encontra neste mundo. (Os estatutos cerimoniais dados aos antigos judeus expiraram na cruz; os ritos cerimoniais dos cristãos, como a Ceia do Senhor, expiram no segundo advento.) Isso não é verdade no tocante ao sábado, que foi dado a Adão e Eva no Éden, antes do pecado, e será guardado pelos redimidos no Éden restau­ rado (veja Isa. 66:23). 9. O próprio fato de que Deus colocou o mandamento do sábado no centro do Decálogo, conhecido por todos os cristãos como a lei moral, é em si mesmo a prova mais convincente de que esse manda­ mento é moral. Deus sintetizou Sua doação audível da lei em dez mandamentos; Ele confinou Sua escrita em dez mandamentos. É ilógico acreditar que, sendo a brevidade uma marca tão distintiva desse código, que contém preceitos importantes e eternamente mo­ rais de ambos os lados, Deus inserisse no meio um estatuto cerimo­ nial que deveria expirar no primeiro advento de Cristo! Mas não nos é exigido entreter idéia tão irracional. A série de provas aqui da­ das revela, além de toda dúvida razoável, que o quarto mandamen­ to é moral.

T erceira P ergunta O que dizer da afirmação de que “jamais teria sido errado traba­ lhar no sétimo dia a menos que Deus tivesse dado um mandamento para nele repousar”? Aqui o objetor, evidentemente, procura provar que o sábado é um estatuto cerimonial, que deve sua autoridade não a qualquer qualidade moral inerente, mas a uma ordem arbitrária de Deus. A resposta, na verdade, já foi dada. Porém, mais duas obser­ vações podem ajudar a revelar plenamente a falácia da objeção. 1. Através dos séculos têm havido aqueles que pregaram e prati­ caram o amor-livre. Mesmo na América do século dezenove algu­ mas sociedades formadas de pessoas que reclamavam afinidade com cristãos advogavam o amor-livre e, conseqüentemente, o abandono do casamento. Ora, como o objetor do sábado responderia a tal de­ fensor do amor-livre que afirmasse que jamais teria sido errado pra­ ticar o amor-livre se Deus não tivesse ordenado que deveria existir o casamento, em que dois se unem como se fossem um? Pensamos que o ouviríamos responder imediatamente e com vigor: “O que ne-

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Sábado cessitamos além do mandamento de Deus para determinar o que é certo ou errado?” Ele não apoiaria por um momento o argumento de que as pessoas de visão não sabem naturalmente que a monogamia é certa; portanto, a regra cristã da monogamia é arbitrária e pode ser abandonada por aqueles que desejam maior liberdade. O mesmo ocorre com o mandamento do sábado. Notamos que uma das razões para o mandamento do sábado era proteger os direitos de propriedade. O sétimo dia pertence a Deus. Foi porque Deus separou o dia como Sua propriedade, com bênção e santificação, que ordenou aos homens que o considerassem como diferente dos outros dias, descansassem do seu próprio labor nesse dia e o santificassem. Portanto, o objetor se esquece dos fatos histó­ ricos e da seqüência histórica quando declara que “jamais teria sido errado trabalhar no sétimo dia a menos que Deus tivesse dado um mandamento para nele repousar”. O erro de usar o dia para interesses seculares reside no fato de que o sábado é o santo dia de Deus. O mandamento procede desse fato. Não é, então, um mandamento arbitrário, mas um mandamen­ to moral proveniente da natureza do sétimo dia, a santificada pos­ sessão de Deus. Há algo muito estranho acerca da alegação de que o manda­ mento do sábado é cerimonial. Aqueles que apresentam isso geral­ mente são devotos guardadores do domingo que deploram a difun­ dida profanação do domingo e com freqüência procuram assegurarse de legislação civil para protegê-lo, como fizeram seus pais espiri­ tuais nas gerações passadas. Com uniformidade, sustentam que a guarda do domingo é um assunto moral, não cerimonial, embora não possam citar nenhum mandamento das Escrituras em apoio dessa crença, nenhuma ação divina abençoando ou santificando o dia. Eles precisam recorrer ao quarto mandamento, embora com al­ terações e uma nova interpretação do século dezesseis, a fim de es­ tabelecer a aparência de um argumento para a qualidade moral da observância do domingo. Contudo, eles declaram que nós, guarda­ dores do sábado, baseamos nosso argumento em uma lei cerimo­ nial, embora apelemos para o mesmo quarto mandamento na for­ ma exata em que Deus o outorgou. Tudo isso certamente contribui para a conclusão de que a verda­

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Respostas a Objeções deira controvérsia não é sobre se um dia de descanso semanal é um requisito moral de Deus. A instituição sabática desintegra-se a me­ nos que seja assim vista. A questão, no fundo, tem a ver com qual dia da semana o quarto mandamento nos ordena a guardar: o séti­ mo ou o primeiro? (Veja a objeção 38 para uma discussão deste ponto. Veja também as objeções 26 e 27 para uma discussão de outros aspectos da alega­ ção de que o sábado é cerimonial.)

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0 sábado não era um dia especial de adoração religiosa.... No plano de Deus, a guarda do sétimo dia por parte do Seu povo na Terra deveria ser uma forma externa ou rito; a realização de uma cerimônia defmitivamente prescrita, estipulando a cessação de todo trabalho em determinado dia, ou um dia de completo descanso físico. O sábado só era observado como um dia de significação religiosa quando estava associado às festas anuais.” Tudo isso prova que o sábado do sétimo dia era simplesmente um dos sábados cerimoniais. Todos aqueles sábados, em comum com todos os outros estatutos cerimoniais, foram abolidos na cruz.

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X X J R A V E S DE DUAS ALEGAÇÕES INJUSTIFICADAS, ESTA OBJEÇÃO PRO­ CURA REBAIXAR O SÁBADO DO SÉTIMO DIA AO NÍVEL DOS SÁBADOS

cerimoniais, que foram cancelados na cruz.

P rimeira A legação Falsa O sábado do sétimo dia era meramente uma “forma externa”, que requeria simplesmente “completo descanso físico”. Portanto, não poderia ser aquele dia santo essencialmente espiritual, moral­ mente obrigatório, que os adventistas declaram que ele é. E difícil compreender como alguém familiarizado com a B í­ blia poderia fazer esta declaraçao. Deixemos que a Bíblia ofereça a refutação. A criação do sábado revela que ele é distinto em dois senti­ dos. (1) por Deus ter descansado nele e (2) por tê-lo abençoado

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Sábado e santificado. E, corno foi dito, santificar significa separar para um uso santo. Quando a princípio o Senhor procurou impressionar a nova nação de Israel com o significado do sábado, que sem dúvida fora esquecido por muitos durante seu cativeiro egípcio, Ele fez com que o maná caísse durante os seis dias de trabalho, mas não no sétimo. Os israelitas deviam colher uma quantidade extra no sexto dia e então descansar no sétimo. Quando chegaram na primeira sexta-feira e descobriram que podiam colher duas vezes mais do que nos dias pre­ cedentes, Moisés disse-lhes: “Isto é o que disse o Senhor: Amanhã é repouso, o santo sábado.” O sábado apresentado não era apenas como um dia de “completo descanso físico , mas também como o santo sábado”. Quando Neemias, muito tempo depois, se referiu à doação for­ mal do Decálogo no Monte Sinai, afirmou que ali Deus fez conhe­ cido ao povo o Seu “santo sábado” (Nee. 9:14). Neemias encontrou certos judeus trabalhando no sábado e vendendo mantimentos nes­ se dia. Com indignação ante esta ameaça à vida da nação, agora sur­ gindo de seu longo cativeiro, clamou: “Que mal é este que fazeis, profanando o dia de sábado? Acaso não fizeram vossos pais assim, e não trouxe o nosso Deus todo este mal sobre nós e sobre esta cida­ de? E vós ainda trazeis ira maior sobre Israel, profanando o sábado.” Nee. 13:17 e 18. Somente coisas santas são passíveis de ser profanadas. Quão estra­ nhas aos ouvidos de Neemias teriam soado as palavras daqueles que hoje tentam descartar o sábado como meramente uma “forma exte­ rior” que trata apenas do “descanso físico . Teria Deus, que suportou tão longamente as mais ofensivas iniquidades de Israel, desarraigado a nação judaica e a enviado para o cativeiro por causa de uma falha em guardar uma “formalidade ou rito meramente exterior”? O Senhor, por intermédio do profeta ísaías, oferece uma bênção especial àqueles que realmente guardam o sábado: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor. Eu te farei cavalgar sobre os altos da

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Respostas a Objeções Tena e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do Senhor o disse.” Isa. 58:13 e 14.

Segunda Alegação Falsa O sábado do sétimo dia adquiriu um “significado religioso” “so­ mente quando estava associado às festas anuais”. Ele devia sua qua­ lidade religiosa ou espiritual à sua conexão com os sábados anuais, obviamente cerimoniais. E pode aquilo que é abençoado - neste caso, dar “significado religioso” - estar em mais alto nível do que aquilo que o abençoa? Tudo isso prova que o sábado do sétimo dia era simplesmente um dos sábados cerimoniais. Já descobrimos que o sábado do sétimo dia tem uma santidade ine­ rente a ele dada por Deus no Éden. Até pelo menos 25 séculos depois, não havia ali nenhum dia de festa anual com o qual ele pudesse estar associado ’. Quando o maná foi dado pela primeira vez, Moisés des­ creveu o sétimo dia como ‘o santo sábado”, embora nenhuma, festa anual, com a qual ele pudesse estar “associado” tinha ainda sido dada. Quando Deus anunciou o sábado como uma parte do Decálogo, ele pôde ser descrito como Seu “santo sábado”, conforme escreveu Neemias. Mas a doação do Decálogo precedeu a apresentação das leis que criavam os dias de festas anuais. Não encontramos nada no contexto das passagens de Gênesis, Êxodo, Neemias ou Isaías que falam do san­ to sábado de Deus que ofereça qualquer sugestão de que ele precisava estar associado a alguma festa anual a fim de possuir santidade. Portanto, estritamente falando, não precisamos gastar tempo dis­ cutindo as festas anuais. Contudo, um exame delas adiciona outra prova de que eram essencialmente diferentes do sábado do sétimo dia. Aprendemos de Levítico 23 que havia sete sábados anuais: 1. O décimo-quinto dia do primeiro mês do ano judaico, o pri­ meiro dia da Festa dos Pães Asmos, também conhecido como o sá­ bado da Páscoa. 2. O vigésimo-primeiro dia do primeiro mês, o último dia da Fes­ ta dos Pães Asmos. 3. O qüinquagésimo dia a partir do “dia seguinte após o” dé­ cimo-quinto dia do primeiro mês, posteriormente conhecido como Pentecostes.

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Sábado 4. O primeiro dia do sétimo mês, chamado “memorial, com so­ nidos de trombetas.” 5. O décimo dia do sétimo mês, conhecido como o Dia da Expiação. 6. O décimo-quinto dia do sétimo mês, o primeiro dia da Festa dos Tabernáculos. 7. O vigésimo-segundo dia do sétimo mês, o ultimo dia da Festa dos Tabernáculos. Essas convocações anuais eram adequadamente chamadas sába­ dos”, porque a palavra hebraica shabãtk, da qual nossa palavra por­ tuguesa “sábado” é traduzida no Antigo Testamento, significa sim­ plesmente “descanso”. E nesses sábados anuais o povo descansava de seus labores. Mas o mero fato de que esses dias santos anuais são chamados “sábados” não justifica coloca-los na mesma classe com o sábado do sétimo dia. É verdade que todos são dias de descanso, mas isso não significa que são do mesmo caráter ou posição. Em relação à língua hebraica, poderíamos apropriadamente des­ crever um moderno feriado como um “sábado”, um dia de descanso. Poderíamos também descrever um dia santo da era crista como um “sábado”. Mas seria tola a pessoa que por isso concluísse que feria­ dos e dias santos são da mesma natureza e estão no mesmo nível simplesmente porque ambos são dias de descanso, ou sábados , de acordo com o hebraico. Embora tenham um ponto em comum, a sa­ ber, o descanso, suas diferenças são muitas. O mesmo acontece com os sábados anuais e o sábado do sétimo dia. Suas dessemelhanças são muitas e grandes. Notemos algumas: Sábados Anuais (Cerimoniais)

Sábado do Sétimo Dia (Decálogo) 1. Instituído na criação do mundo. Gên. 2:2 e 3.

1. Instituídos no Sinai, cerca de 25 séculos depois da criação. Lev. 23.

2. Era um memorial de um evento do início do tempo, a criação, antes que o povo judeu existisse.

2. Eram memoriais de eventos da corrente história judaica. Por exemplo, a Festa dos Tabernáculos. Lev. 23:43.

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Respostas a Objeções 3. Sempre tinha em vista volver a mente humana para a criação. Êxo. 20:8-11.

3. Sempre visavam chamar a atenção das pessoas para a cruz. Eram “sombra das coisas que haviam de vir.” Col. 2:17. “Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.” I Cor. 5:7.

4. Deus descansou no sá­ bado do sétimo dia e especifi­ camente o abençoou e santifi­ cou. Gên. 2:2 e 3.

4. Deus não descansou nesses dias e nem os separou com bênção distintiva ou santificação.

5. Comemora um mundo que saíra perfeito das mãos do Criador.

5. Comemoram e prefiguram eventos cm um mundo contaminado pelo pecado.

6. Ligado ao ciclo semanal, é sempre o mesmo dia da semana.

6. Ligados ao calendário judaico, são celebrados em diferentes dias da semana cada vez.

7. Podia ser celebrado em qualquer lugar do mundo, porque o ciclo semanal funciona independentemente de todos os calendários.

7. Podiam ser conhecidos e guardados somente onde existisse o calendário judaico.

8. Guardado cada semana.

8. Guardados somente uma vez por ano.

9. “Estabelecido por causa do homem.” Mar. 2:27.

9. Uma parte daquele ritual cerimonial “que era contra nós.” Col. 2:14.

10. Continuará além deste mundo. Isa. 66:23.

10. Foram abolidos “inteiramente” na crucifixão de Cristo. Col. 2:14.

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Sábado É verdade que todas as coisas que pertencem ao serviço de Deus em qualquer época tenham certa qualidade santa. Também é verdade que esses sábados anuais tinham algumas caracteiísticas em co­ mum com o sábado do sétimo dia. Mas as dessemelhanças são tão reais e tão grandes a ponto de não deixarem dúvida dc que não de­ vem ser confundidos com o sábado semanal. Quando o Senhor instruiu Moisés concernente às festas anuais, conhecidas como “santas convocações”, que giravam em torno de sete sábados anuais, Ele declarou em conclusão: “São estas as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações, ... além dos sábados do Senhor.” Lev. 23:37 e 38. Assim, somos instruídos pelo próprio Deus que os sábados anuais estão separados e em adi­ ção aos “sábados do Senhor”. Como bem observam Jamieson, Fausset e Brown, no comentário sobre Colossenses 2:16, “Levítico 23:38 distingue expressamente ‘o sábado do Senhor’ dos outros sábados”.

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O bjeção 27 0 quarto mandamento do Decálogo é cerimonial, mas os outros nove são morais. “Isso está claramente provado pelo fato de que Jesus, segundo os mais estritos sabatistas de Seus dias, violou o quarto mandamento e foi criticado por eles por agir assim. Além disso, Jesus afirma claramente: Os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa.’ Mat. 12:5. Teria Ele ousado dizer isso se o quarto mandamento fosse um estatuto moral? Poderia o sétimo mandamento, ou qualquer outro dos dez, exceto o quarto, ser violado pelos sacerdotes, e o fato de sua violação ocorrer no templo deixá-los sem culpa?”

G

o s t a r ía m o s d e fa z er d u a s p e r g u n t a s :

1. Se C

r i s t o v io l o u o q u a r t o m a n d a m e n t o , e n t ã o p o r q u e

E le

disse: “Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai”? João 15:10. 2. O objetor do sábado diz que “o estatuto” ou “a lei” (e ele insiste que todos os estatutos morais e cerimoniais estão compreendi­ dos neste termo) vigorou até a cruz. Então, se Cristo violou o man­ damento, não era Ele um pecador? Há apenas uma resposta. Mas sa­ bemos que Cristo não pecou; portanto, deve haver algo errado com o raciocínio da objeção. Que prova é apresentada de que Jesus “violou o quarto manda­ mento ? Uma declaração inspirada das Escrituras Sagradas? Não, so­ mente a acusação dos “mais estritos sabatistas de Seus dias”. Em um certo dia de sábado, enquanto nosso Senhor estava em uma sinagoga, surgiu diante dEle um homem com a mão ressequida. Adivinhando que Cristo poderia planejar a cura do aleijado, alguns estritos sabatistas , com o intuito de acusá-Lo”, perguntaram ao Mestre: “E lícito curar no sábado? Ao que lhes respondeu: Qual den­ tre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quan­ to mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sába­ dos, fazer o bem. ’ Mat. 12:10-12. E então Ele curou imediatamente o aleijado. Retirando-se, porém, os fariseus, conspiravam contra Ele, sobre como lhe tirariam a vida.” Verso 14. Outro exemplo de cura de Cristo no sábado está relatado em João 5:2-18. No verso 18, lemos que o raciocínio dos judeus era que Cristo ‘violava o sábado”. Aqui vemos a acusação dos “mais estritos

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Sábado sabatistas” em seu contexto escriturístico. Todavia, o objetor do sá' bado considera esta acusação como tendo base suficiente para afir­ mar que Cristo “violou o quarto mandamento”. Incrível! O incidente da cura do homem prova exatamente o contrário do que alguns alegam, como revelarão as seguintes perguntas: 1. Se Cristo considerava o quarto mandamento como simples­ mente cerimonial, não era esta uma excelente oportunidade para que discursasse sobre a distinção entre preceitos morais e cerimo­ niais? Os opositores do sábado dos dias atuais certamente teriam fei­ to isso, pois aqui eles discutem este mesmo ponto, insistindo que era apropriado violar o quarto mandamento, porque ele era cerimonial, mas que teria sido pecado violar qualquer outro dos dez, porque eram morais. Mas Cristo não usou esse raciocínio. 2. Note a pergunta feita a Cristo: “É lícito curar no sábado? Quando a mulher samaritana junto ao poço perguntou a Cristo onde os homens deviam adorar, pergunta que através de longos anos tinha tido genuína importância, Ele a descartou sumariamente informando-lhe que se aproximava a hora em que a pergunta não te­ ria mais significado. Se Cristo logo deveria abolir a lei do sábado na cruz, não esperaríamos que Ele desprezasse, de modo semelhante, a pergunta que os “mais estritos sabatistas” tinham feito? Ao contrá­ rio, Ele não deu nenhuma sugestão de iminente abolição, mas res­ pondeu: “É lícito, nos sábados, fazer o bem.” Não há nenhuma sugestão de que Ele Se considerava um viola­ dor do sábado. Em vez disso, Ele estava interpretando o seu verda­ deiro significado. Nem existe alguma coisa em Sua interpietação, ou em Sua ação miraculosa em seguida, que justifique a conclusão de que o sábado repousa sobre uma lei cerimonial. E sempre lícito “fa­ zer o bem” em relação aos estatutos morais. Mas alega-se que o sábado é cerimonial porque Cristo declarou que os sacerdotes “violam o sábado e ficam sem culpa”. Sua referên­ cia aos sacerdotes foi simplesmente apresentada para ilustrar Sua de­ claração de que “é lícito, nos sábados, fazer o bem”. Os adversários de Cristo estavam afirmando que Ele e Seus discípulos profanavam o sábado engajando-se em alguma forma de trabalho nesse dia. Ele lembrou-lhes que os sacerdotes também trabalhavam no sábado, e ficavam sem culpa. Ate mesmo os mais estritos sabatistas concoi -

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Respostas a Objeções dariam que o que os sacerdotes faziam no sábado, em harmonia com “a lei”, era “lícito”, embora os sacerdotes cada sábado se ocupassem no trabalho de imolar e oferecer sacrifícios. O uso por Cristo da palavra “profanar” deve ser compreendido no contexto da controvérsia. Seu argumento parece ser este: se as ações dEle e de Seus discípulos eram profanação do sábado, então os atos dos sacerdotes também eram profanação. Afirmar que Cristo realmente quis dizer que os sacerdotes, cujas ações de sacrificar no sábado eram praticadas em harmonia com a lei, na verdade profanavam o sábado, levaria a uma conclusão impossível. Nesse caso, Cris­ to estaria dizendo que Deus havia dado uma lei santa para preservar a santidade do sábado e então dera a Moisés outra lei que resultava semanalmente na profanação do sábado! Quem quiser chegar a essa conclusão, tudo bem. Nós não queremos. O mandamento do sábado, como todos os outros mandamentos do Decálogo, é relativamente breve. Apresenta o princípio de que o ser humano deve abster-se de todos os seus próprios labores no séti­ mo dia. Mas o Deus que deu a lei também revelou - por exemplo, através de outras leis dadas a Moisés e através das palavras de Cris­ to - como o mandamento do sábado deve ser compreendido e como ele está relacionado com outros aspectos da vida. Mas isso não jus­ tifica a conclusão de que o mandamento sabático era cerimonial. Os mandamentos que o objetor do sábado admite que são morais às ve­ zes precisam de interpretação para que a pessoa consiga saber como pôr em prática seu verdadeiro propósito sob diferentes circunstân­ cias. Por exemplo, o quinto mandamento faz uma declaração não qualificada de que os filhos devem honrar seus pais. Nos países orientais, isso seria compreendido em um sentido do mais vasto al­ cance. Mas e se os pais fossem pagãos, uma situação comum quando o cristianismo foi pregado ao mundo romano? Paulo, que cita as pa­ lavras iniciais do mandamento, prefacia-o com esta óbvia interpre­ tação: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo.” Efés. 6:1. Isso permitia-lhes desobedecer ao mandamento de um pai pagão se o mandamento fosse contrário às normas de Cristo. O oitavo mandamento diz: “Não furtarás.” Trata-se de um man­ damento inquestionavelmente moral. Mas é possível que aquilo que o homem pudesse considerar uma violação desse mandamento Deus

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Sábado não poderia? Evidentemente, pois Moisés foi instruído a dizer ao povo que, se uma pessoa passasse pela seara de fazer sua fome comendo até se fartar, embora nao pudesse carregar nada (veja Deut. 23:24 e 25). Se uma pessoa faminta comesse a uvas do seu próximo, violaria a lei contra o furto. Nao. Por que. Porque o Deus que deu a lei declarou que tal atitude estava em har­ monia com a lei, não obstante defendendo a mais estnta h o n « ^ dade O mesmo é verdade quanto ao mandamento do sabado. Nem Cristo nem os sacerdotes violaram ou anularam o mandamento saS i c o , porque o mesmo Deus que deu o m a n t o » ® « clarou que o trabalho dos sacerdotes e a obra de Cristo eram tOSOnobTetta do sábado pode fazer sua escolha: afirmar que o quar­ to mandamento é cerimonial, o que logicamente requer que o oita­ vo mandamento também seja cerimonial; ou admitir que o ornavo e moral, o que logicamente requer que o quarto também seja^Mas e já se expressou afirmando que todos os mandamento do Dec^ogo são morais, exceto o quarto. A coerência requer que ele inclua tam

bém este.

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O bjeção

28

Embora os Dez Mandamentos fossem abolidos na cruz, nove deles foram restabelecidos no Novo Testamento e são obrigatórios para os cristãos, mas o quarto mandamento não foi; portanto, não somos obrigados a guardá-lo.

D

u a s f a l á c ia s s u b l in h a m e s t e a r g u m e n t o :

1. As PESSOAS COM FREQUÊNCIA FALAM DO A NTIGO TESTAMENTO AO mesmo tempo em que falam da velha aliança, e do Novo Testamento em conexão com a nova aliança. O efeito quase inconsciente sobre quem fala e sobre quem ouve é uma diminuição do Antigo Testamento a ponto de considerá-lo não essencial e totalmente suplantado pelo Novo. E se está associada a isso a idéia de que os Dez Mandamentos são a velha alian­ ça, o caminho está preparado para o tipo de raciocínio apresentado na ob­ jeção acima. Mas já mostramos (objeção 5) que os Dez Mandamentos não são a velha aliança e que o Novo Testamento de maneira nenhuma substitui o Antigo (objeção 1). Quando conservamos claramente no en­ tendimento que tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são nossos guias inspirados, muita da força desta objeção desaparece. 2. A alegação é que os Dez Mandamentos foram abolidos na cruz, mas como notamos (objeções 24 e 25) aqueles que fazem essa afir­ mação admitem que nove dos Dez Mandamentos declaram princí­ pios ou leis morais eternos. O crítico, portanto, acha-se na curiosa posição de declarar que coisas eternas podem ser abolidas. Este é, no mínimo, o ponto ao qual seu raciocínio o leva. Ele hesita em admi­ tir isso? Então gostaríamos de perguntar-lhe: como poderia você abolir a lei dos Dez Mandamentos a menos que abolisse os dez pre­ ceitos que a constituem? Há somente uma resposta para esta pergun­ ta, como o próprio objetor evidentemente percebe, pois ele fala do restabelecimento de nove dos dez mandamentos. Seu dilema é este: ele deve abolir o Decálogo a fim de suprimir o mandamento do sá­ bado, que está no centro dele. A abolição do Decálogo cria o caos moral, de modo que ele deve prontamente restabelecer nove dos dez preceitos. E é disso que necessita a incrível conclusão de que eter­ nos princípios morais foram abolidos e então, de modo igualmente incrível, restabelecidos. Ora, há duas coisas a lembrar acerca dos eternos princípios mo­ rais que constituem os nove mandamentos:

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Sábado 1. Eles abrangem virtualmente toda a extensão da conduta moral. 2. Sendo eternos princípios morais, são uma expressão da própria natureza de Deus, como tem admitido a teologia cristã, e governam todos os seres morais do Universo. À luz desses fatos indiscutíveis, a alegação de que o Decálogo foi abolido na cruz assume um caráter monstruoso e mesmo sacrílego. Quando Cristo morreu na cruz, foi mudada a natureza moral de Deus? É um sacrilégio fazer essa pergunta. Enquanto Deus for de natureza imutável, os princípios morais que irradiam de Sua natureza permane­ cem imutáveis. Enquanto a natureza de Deus abominar a mentira, o furto, o homicídio, o adultério, a cobiça e os falsos deuses, o Universo, até às suas extremidades mais remotas, será controlado por leis morais contra esses maus atos. Mas somos informados de que o Decálogo foi abolido na cruz. Se as palavras querem dizer alguma coisa, isso signifi­ ca que as proibições desse santo código, seus “não farás”, desaparece­ ram. Ora, ou os preceitos foram abolidos ou não foram. Não há meiotermo. Por exemplo, ou o sexto mandamento, que proíbe o homicídio, foi abolido ou não foi. O mesmo se aplica aos outros mandamentos. O objetor espera evitar as estarrecedoras conclusões que inevitavel­ mente surgem do raciocínio do seu ponto de vista, apressando-se a pro­ por a teoria do restabelecimento. O espectador casual pode achar que provavelmente tudo está bem, pois o restabelecimento não preserva a continuidade da lei moral no Universo? Sim, se pudéssemos pensar no restabelecimento como pensamos na mudança de marchas em um au­ tomóvel que viaja pela rodovia. Mas fazer esse tipo de comparação é violar tanto a língua quanto a História. A idéia da mudança de marchas, com a continuação do movimento, nada tem em comum com o pensamento de abolição. Além disso, a figura da mudança de marchas não implica essencialmente em nenhum intervalo de tempo na transi­ ção. Mas é este detalhe do intervalo de tempo que traz à luz a mais in­ crível característica de toda esta teoria do restabelecimento. Os apóstolos, de cujos escritos neotestamentários certas linhas são citadas para provar o restabelecimento de nove dos Dez Manda­ mentos, apenas escreveram seus manuscritos inspirados vinte, trinta, quarenta e mais anos depois da cruz! Este simples fato histórico leva à fantástica conclusão de que todo o mundo, se não todo o Univer­ so, estava livre dos grandes princípios morais durante esse período.

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Respostas a Objeções Por exemplo, quando indagamos ao objetor se ele crê que é correto matar, furtar, mentir, visto que o Decálogo está abolido, ele respon­ de que não, e nos informa que o Novo Testamento restabeleceu leis contra isso. Então ele provavelmente citará Romanos 13:9, onde se encontra proibição explícita desses crimes. Mas existe concordância geral de que Paulo escreveu Romanos por volta do ano 58 d.C. O que dizer do tempo transcorrido entre esse ano e o ano da crucifixão? Mas há outro dilema que confronta aqueles que apresentam a teoria do restabelecimento. Eles parecem ter grande dificuldade para encontrar no Novo Testamento reafirmações explícitas de to­ dos os nove mandamentos. Assim, geralmente recorrem às palavras de Cristo existentes nos quatro evangelhos. Mas essas palavras fo­ ram proferidas antes da Sua crucifixão! Não podemos falar do resta­ belecimento de uma lei antes da sua abolição. Nem pode o objetor uma hora alegar coerentemente que a cruz assinala a linha divisória entre o antigo e o novo, com todas as coisas se tornando novas na ressurreição, e outra hora apresentar as palavras de Cristo antes da Sua crucifixão como exposições da nova e restabelecida lei. A perplexidade que confronta aqueles que apresentam a teoria do restabelecimento vai ainda além. Eles não são capazes de encontrar no Novo Testamento um restabelecimento claro e suficientemente detalhado do segundo mandamento. Devemos volver-nos para as pa­ lavras do Decálogo se, como protestantes, quisermos apresentar uma acusação totalmente convincente contra Roma pelas imagens nas igrejas católicas. Isso é estranho, realmente, se a lei do restabeleci­ mento devesse ser totalmente adequada para cada situação na era cristã! Teria o objetor a audácia de afirmar que o grande Deus, ao es­ crever as palavras do segundo mandamento, foi desnecessariamente minucioso; ou que, ao inspirar os escritores do Novo Testamento, Ele deixou de torná-los tão específicos quanto necessário? Qualquer con­ clusão seria sacrílega. Não precisamos aceitar nenhuma. Como foi dito na discussão sobre a igualdade de autoridade do Antigo e do Novo Testamento (objeção 1), os escritores do Novo Testamento não apresentam nenhum indício de que estejam pro­ mulgando um novo código, ou dando-nos uma nova revelação no sentido de substituir uma revelação anterior em qualquer área da nossa vida espiritual. Eles citam muitas passagens do Antigo Testa­

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Sábado mento para ilustrar o que estão apresentando, e às vezes tais citações são do Decálogo. Às vezes, as citações são breves; outras vezes, mais extensas. Isso explica por que os preceitos do Decálogo não são ge­ ralmente encontrados exatamente da mesma forma ou tão detalhados como no Antigo Testamento. Por que eles não precisam repetir com todas as letras? Constantemente, eles remetiam seus leitores às Escrituras, que naquele tempo significavam o Antigo Testamento, e no Antigo Testamento poderia ser encontrada a mais detalhada e explícita declaração do preceito ao qual o apóstolo fazia referência. À luz desses fatos, não há nenhuma verdade na asserção de que o quarto mandamento não está restabelecido no Novo Testamento. Mas, a fim de remover a última sombra de plausibilidade da objeção, seja dito em conclusão que o Novo Testamento não se silencia em re­ lação ao quarto mandamento. Ao contrário, as referências a ele são tão abundantes como a qualquer outro mandamento. Note as seguintes: 1. Nosso Senhor declarou: “O sábado foi estabelecido por causa do homem.” Mar. 2:27. Marcos, ao escrever essas palavras de Jesus anos de­ pois da cruz, não sentiu nenhuma necessidade de qualificá-las com o co­ mentário de que o sábado foi estabelecido por causa do homem somente até a cruz. Na ausência desse comentário, o que os leitores de Marcos na­ turalmente deduziriam dessa declaração de Cristo? Obviamente, que as palavras de nosso Senhor ainda permanecem e que o sábado pennanece. Todavia, os escritores do Novo Testamento às vezes silenciavam em rela­ ção ao sábado, mas não o tipo de silêncio ao qual o objetor se refere. 2. Mateus relata o que Cristo disse a respeito de certas coisas que eram lícitas no dia de sábado (Mat. 12:12). Ora, se o mandamento do sábado fora abolido na cruz, seria importante que Mateus acres­ centasse imediatamente um comentário para explicar aos primeiros cristãos que poderiam 1er seus escritos em algum canto distante d ^ mundo que toda a discussão da legalidade disto ou daquilo sobre o dia de sábado é meramente um pouquinho de história, pois o man­ damento do sábado foi abolido pouco depois de Cristo fazer Sua de­ claração! Na ausência desse comentário, os leitores de Mateus natu­ ralmente concluiriam que deveriam ser cuidadosos em ver se esta­ vam seguindo o conselho de Cristo no assunto do sábado. 3. Quando Cristo descreveu aos Seus discípulos a destruição que vi­ ria sobre Jerusalém e disse que deveriam fugir quando os exércitos ro­

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Respostas a Objeções manos se aproximassem, acrescentou: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado.” Mat. 24:20. A destruição ocorreu no ano 70 d.C. Por quase quarenta anos eles deveriam orar para que pudessem ser poupados da fuga no sábado. Mas se o sábado foi abolido na cruz, que importância haveria nisso? A força desta indagação é tão grande que alguns têm procurado enfraquecêda, dizendo que no sábado as portas de Jerusalém estariam fechadas. Mas Cristo, que conhecia todo o futuro, sabia que no ano 70 d.C. os judeus realmente sairiam para combater os romanos. (Veja Guerras dos Judeus, de Josefo, livro 2, cap. 19.) Além disso, a ordem de fugir é dirigida “aos que estiverem na Judéia.” Mat. 24:16. A Judéia não estava cercada de muros e portas. Todavia, aqueles que estivessem na Judéia deveriam orar para que a sua fuga não ocorresse no dia de sábado! Poderia haver evidência mais ciara de que Cristo via o dia de sábado como diferente dos outros dias? Quando lemos sobre o conselho de Cristo para Seus discípulos orarem em relação à fuga no sábado e quando associamos com isso Suas palavras concernentes a certas coisas que são lícitas no sábado, sendo que ambas as declarações foram registradas por Mateus déca­ das depois do início da era cristã, não deveríamos concluir que o mandamento do sábado é obrigatório para os cristãos? Mateus nada disse para impedir-nos de tirar essa conclusão lógica. E difícil falar moderamente de tão fantástica proposição como essa de que o Decálogo foi abolido na cruz e então nove dos seus pre­ ceitos foram posteriormente restabelecidos. Talvez algum leitor, to­ talmente persuadido da insensatez de tal opinião, possa indagar com perplexidade: é realmente verdade que os grandes líderes protestan­ tes através dos anos têm crido e ensinado tão incrível doutrina? A resposta é não. A posição clássica do protestantismo, como foi dito, é que o Decálogo é a norma de vida eterna e obrigatória para todas as pessoas em todas as épocas e que somente os estatutos cerimoniais foram abolidos. Aqueles que apresentam a doutrina da abolição do Decálogo, com seu corolário do restabelecimento, esqueceram a po­ sição histórica do protestantismo concernente ao Decálogo. Para a discussão de uma referência do Novo Testamento ao sába­ do que parece apoiar a alegação de que ele foi abolido na cruz, veja a objeção 29.

144

O bjeção

29

Paulo afirma especificamente, em Colossenses 2:14-17, que o sábado foi abolido.

A

PASSAGEM DIZ O SEGUINTE: “TEN D O CANCELADO O ESCRITO DE

DÍVIDA, QUE ERA CONTRA NÓS E QUE CONSTAVA DE ORDENANÇAS, O

qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz, e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Ninguém, pois, vos jul­ gue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.” Na objeção 2, vimos que há duas leis, uma lei moral e a outra ce­ rimonial, e que apenas a éiltima foi abolida por Cristo. Na objeção 11, aprendemos que Paulo, em Colossenses 2:14-17, está falando da lei cerimonial. Na objeção 28, constatamos que a lei cerimonial tem certos sábados anuais. Por isso, podemos adequadamente concluir que Paulo, nessa passagem, nem mesmo está se referindo ao sábado do sétimo dia. Se ele estivesse se referindo ao sábado semanal do Decálogo, en­ tão a única conclusão a que podíamos chegar é que na era cristã não há nenhum dia santo de descanso semanal. E a cristandade, em ge­ ral, crê nisso? Não. As leis dominicais severamente impostas nos di­ ferentes países cristãos em todas as gerações passadas oferecem agressiva, desconcertante e mesmo vergonhosa prova de que a cren­ ça geral é que um dia santo semanal é adequado, correto e escriturístico. Em muitos casos, os defensores do domingo têm empregado como primeira prova em defesa dessa crença o fato de que o Decá­ logo ordena um dia santo semanal. Quando aplicam “o primeiro dia da semana” ao mandamento, isso apenas prova eloqüentemente que crêem que a obrigação de guardar um dia santo semanal deve ser en­ contrada no quarto mandamento do Decálogo. Embora os adventistas tenham coerentemente denunciado as leis dominicais como uma violação da consciência, têm de bom gra­ do admitido que em geral aqueles que decretaram essas leis agiram de boa-fé e em harmonia com o que imaginavam ser o mandamen­ to bíblico. Mas o objetor do sábado, a menos que alegue que desço-

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Respostas a Objeções briu o verdadeiro significado das palavras de Paulo que evitavam todos os seus antepassados guardadores do domingo, deve acusar aqueles antepassados de consumada hipocrisia e de fugir em face das Escrituras. Diz Paulo: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de ... dia de festa, ... ou sábados.” Mas as leis dominicais julgam os homens com referência a um dia santo, um dia de sábado, e violentamente. Não, a cristandade em geral nunca acreditou que a declaração de Paulo suprimia toda distinção em dias e que na era cristã alguém pode, com completa imunidade espiritual, abster-se de considerar qualquer dia santo. E verdade que alguns teólogos, como revelam certos comentários da Bíblia, têm imaginado que encontraram nas palavras de Paulo a justificação para virar as costas ao sábado do sé­ timo dia, mas eles sempre se apressaram em acrescentar que na era cristã temos um novo sábado. Isso, porém, é distorcer as palavras de Paulo. Ele nem mesmo insinua que um novo dia santo deve tomar o lugar do sábado. Fala apenas da abolição de certos dias santos. Por isso, o raciocínio honesto exige que, se somos obrigados a guardar um dia santo na era cristã, tal obrigação deve ser encontrada em uma lei que está acima e além do alcance da declaração de Paulo. E essa lei é o Decálogo, que Paulo não está discutindo nessa passagem de Colossenses. Que Paulo não estava discutindo o sábado do Decálogo é franca­ mente admitido por alguns dos melhores comentaristas da Bíblia, e com seus comentários encerramos esta discussão. Diz Adam Cdarke, metodista, em comentário sobre Colossenses 2:16: “Não há aqui nenhuma insinuação de que o sábado foi aboli­ do, ou que a sua aplicação moral tenha sido suplantada pela intro­ dução do cristianismo.” Jamieson, Fausset e Brown, em seu comentário sobre esse texto, observam primeiro que os sábados anuais “tiveram fim com os ser­ viços judaicos aos quais pertenciam”. Então, acrescentam imediata­ mente: O sábado semanal repousa sobre um fundamento mais per­ manente, tendo sido instituído no Paraíso para comemorar o térmi­ no da criação em seis dias.” Observa Albert Barnes, eminente comentarista presbiteriano: Não há nenhuma evidência nesta passagem [Col. 2:16] de que ele [Paulo] ensinasse que nao havia nenhuma obrigação de observar

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Sábado qualquer tempo sagrado, porque não há a mais leve razão para crer que ele visava ensinar que um dos dez mandamentos tivesse cessado de ser obrigatório para a raça humana. ... Ele mirava o grande nú­ mero de dias que eram observados pelos hebreus como festivais, como uma parte de sua lei típica e cerimonial, e não a lei moral, ou os dez mandamentos. Nenhuma parte da lei moral, nenhum dos dez mandamentos podia ser mencionado como ‘sombra das coisas que haviam de vir’. Estes mandamentos são, por causa da natureza da lei moral, de aplicação perpétua e universal.”

O bjeção 30 “A palavra ‘sábado’ ocorre umas sessenta vezes no Novo Testamento. Em todos os casos, exceto um, os adventistas admitem que o sábado semanal tem o mesmo significado. No único caso, porém, onde a palavra no grego é a mesma (Col. 2:16), eles insistem que ela significa algo diferente. Por quê? Não é que eles sabem que este único verso... destrói completamente todos os seus argumentos para a guarda do sábado pelos cristãos?”

O

s

ILUSTRES COMENTARISTAS CITADOS NO FINAL DA OBJEÇÃO

ANTERIOR ADMITEM QUE O SÁBADO SEMANAL TEM O MESMO SIGNIFI-

cado em uns cinqüenta e nove exemplos, como revela a referência aos seus comentários sobre aqueles textos, mas igualmente reconhe­ cem que este sexagésimo exemplo trata dos sabados anuais. Toda­ via, eles não têm nenhum interesse em provar qualquer coisa em fa­ vor do sábado do sétimo dia. Citamos comentaristas observadores do domingo! Não é nenhum segredo que a palavra grega traduzida por “sába­ do” no Novo Testamento significa simplesmente “descanso” e em si mesma não dá nenhuma indicação quanto a que espécie de descan­ so ou qual dia de descanso. Os cristãos que falavam o grego davam o significado correto da palavra pelo contexto em que a encontra­ vam, como fazemos com muitas palavras. Repetindo uma ilustração dada anteriormente, a palavra “dia requer o contexto paia tornar certo o período de tempo a que se refere. Pode ser a parte clara das

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Respostas a Objeções vinte e quatro horas, todas as vinte e quatro horas, ou um período indefinido, como “este é um grande dia em que estamos vivendo”. Ora, simplesmente porque um escritor usa a palavra “dia” cinqüenta e nove vezes significando vinte e quatro horas, isso não fornece nenhuma prova em si de que o seu sexagésimo emprego da palavra deve significar o mesmo período de tempo! O contexto deve decidir. Se um escritor, por exemplo, disse que “o dia findava enquanto o horizonte ocidental tingia-se de vermelho com a luz refletida do pôr-do-sol”, o contexto do céu avermelhado e do pôr-do-sol seria su­ ficiente para determinar que ele não estava usando a palavra “dia” para significar vinte e quatro horas, mas apenas a parte clara dele. Os cinqüenta e nove ou quinhentos e cinqüenta e nove empregos anteriores da palavra pelo escritor significando vinte e quatro horas não afetariam nossa conclusão de que aqui estava um exemplo onde somente a parte clara do dia era cogitada. De fato, o caso que está diante de nós requer a conclusão oposta daquilo que o opositor do sábado procura estabelecer. Ele admite que umas cinqüenta e nove outras referências ao “sábado” no Novo Testamento falam do sábado do sétimo dia. Nenhuma dessas refe­ rências sugere que o sábado havia perdido, estava em processo de perder, ou devia perder algo da santidade que o havia distinguido até ali. Portanto, se o Novo Testamento ensina a abolição do sábado, este ensino deve ser encontrado nessa única sexagésima referência. Não nos lembramos neste momento que alguém tenha seriamen­ te tentado encontrar um motivo para a abolição do sábado em qual­ quer uma das outras cinqüenta e nove referências. Os opositores do sábado limitam-se a esta sexagésima referência ao “sábado” em Colossenses 2:16 e francamente se apoiam “completamente“ “neste único verso” para despedaçar todos os “argumentos adventistas para a guarda do sábado pelos cristãos”. Este é um peso muito grande para se colocar sobre um único texto, mas é esclarecedor saber que a discussão da palavra “sábado” no Novo Testamento pode ser reduzida a isto. Se este texto real­ mente ensina a abolição do sábado, que choque deve ter vindo aos crentes cristãos espalhados pelo Império Romano enquanto a Car­ ta aos Colossenses lentamente seguia seu caminho, na forma de có­ pias manuscritas, para as diferentes igrejas. Poderíamos imaginar o

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Sábado comentário deles sobre esta ordem: “Temos lido nas Escrituras des­ de Moisés até Malaquias e encontramos ali um mandamento para santificar o sábado do sétimo dia do Decálogo. Temos lido numero­ sas referências ao sábado nos escritos dos apóstolos, mas eles nao deram nenhuma sugestão de que o sábado foi abolido na cruz. ^or que deixaram de fazê-lo em todas as suas cinqüenta e nove referen­ cias ao sábado?” , . r i Mas aqueles primeiros cristãos teriam achado necessário fazer tal pergunta? Não. Eles tinham lido nos escritos dos apóstolos que os ntos e serviços cerimoniais dos judeus foram abolidos por Cristo. assim como quase todos no Império Romano, também sabiam que aqueles serviços incluíam regulamentos sobre comidas e bebidas e várias festas, luas novas e sábados anuais. Portanto, quando eles le­ ram na Carta aos Colossenses que o ritual de alimentos e bebidas, luas novas, sábados, etc., fora abolido, o que eles naturalmente con­ cluiriam, em vista do contexto? A que sábados Paulo estaria se refe­ rindo? Honestamente, agora, qual seria sua conclusão. Chegariam à mesma conclusão depois de ter lido em um livro cinqüenta e nove referências a “dia” como significando vinte e quatro horas, e então ler a sexagésima referência a “dia” no contexto de ceu avermelhado e pôr-do-sol. Eles concluiriam que significava um período diferente de tempo, que Paulo estava falando dos sábados anuais.

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O bjeção 3 1 Muitos que se converteram ao cristianismo nos tempos apostólicos sairam do paganismo e viviam em países onde a guarda do sábado era desconhecida. “Teria sido necessário ordenar-lhes quanto ao dia específico que eles deviam observar. Mas o Novo Testamento silencia absolutamente neste ponto.” Se o sábado ainda está em vigor, por que não foi ele mencionado na resposta de Cristo ao jovem rico (Mat. 19:17-27), ou na comissão evangélica (Mat. 28:19), ou no dia de Pentecostes (Atos 2), ou na decisão do concílio de Jerusalém (Atos 15)?

E

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é s im p l e s m e n t e a

v a r i a n t e d e u m a a l e g a ç ã o f e it a e m

CONEXÃO COM VÁRIAS OBJEÇÕES. O CRISTÃO QUE EM FALSO ZELO SE

opõe ao sábado também geralmente crê com muito ardor que o primeiro dia da semana mantém um lugar espiritualmente singular na semana. Ele enxerga vasta importância no fato de que os escritores do Novo Testamento em nenhum lugar reeditam um mandamento a favor do sábado. Mas não vê nada impressionante ou prejudicial no fato de que os escritores tanto do Antigo quanto do Novo Testamento silenciam acerca de um mandamento a favor do domingo. O completo silêncio de todas as Escrituras com relação a um manda­ mento do domingo parece-lhe mais impressionante a favor do do­ mingo do que o apavorante trovão do Sinai que, ecoando através das páginas da Escritura Sagrada, soa a favor do sábado. Alguém é quase tentado a crer que a reiterada insistência do objetor de que o Novo Testamento não emite nenhum novo mandamento em prol do sábado tem a finalidade de desviar a atenção do fato de que a Bí­ blia, do Gênesis ao Apocalipse, silencia completamente acerca de um mandamento para o domingo. Mas o que dizer acerca dos conversos do paganismo que precisa­ vam de instrução quanto a um dia santo semanal? Sem dúvida, eles necessitavam de instrução. Portanto, se o domingo fosse o dia que devia ser santificado, onde está o registro da instrução apostólica so­ bre ele? Exceto em I Coríntios 16:1-3, que instrui os coríntios a se­ parar alguns fundos no primeiro dia da semana para uma futura ofer­ ta em benefício dos pobres de Jerusalém, não há nenhuma sugestão quanto a algo que os apóstolos pedissem à igreja cristã que fizesse ou deixasse de fazer no primeiro dia da semana. (Veja a objeção 42 para 1

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Sábado uma discussão de I Coríntios 16:1 '3.) Isso é muito estranho. Nenhum mandamento, nenhuma instrução! Esquadrinhamos em vão o Novo Testamento em busca de um mandamento do domingo, de qualquer fórmula de serviço religioso, qualquer sugestão de santidade para o dia, qualquer conselho sobre o adequado programa de vida para esse dia. As igrejas fundadas entre os pagãos jamais teriam se deparado com a idéia da santidade do domingo pela leitura do que os apóstolos escreveram. E quanto ao sábado do sétimo dia? Eles teriam lido cinqüenta e nove referências ao mesmo, e aquelas reférências o retratavam como o dia semanal de adoração, em que Paulo e outros devem ter prega­ do com freqüência. Poderiam ter lido a descrição dada por Lucas como “o dia de sábado segundo o mandamento”. Luc. 23:56. Muitas dessas cinqüenta e nove referências são quase casuais; isto é, partem do pressuposto de que seus ouvintes estão familiarizados com o sá­ bado. Mas como aqueles conversos cristãos do paganismo teriam es­ tado familiarizados com o sábado a menos que tivessem sido instruí­ dos no tocante a ele ? Perto do final do seu ministério, Paulo disse que não havia pre­ gado nada “senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer”. Atos 26:22. Nisso ele seguiu o curso delineado por nos­ so Senhor ressurreto que, “começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a Seu respeito constava em todas as Escrituras”. Luc. 24:27. Os discípulos viram ali o modelo para sua pregação. As Escrituras que eles expunham eram, natural­ mente, o que chamamos o Antigo Testamento. Ora, a fim de que Paulo ou os outros apóstolos ensinassem o A n­ tigo Testamento, eles teriam necessidade de levá-lo consigo. E, en­ quanto ganhavam conversos, teriam feito menos do que exortá-los a ler aquelas Escrituras? Esta conclusão é irresistível. O cristianismo sempre tem sido a religião do Livro, uma religião revelada. Quase nem é necessário acrescentar que, quando aqueles conversos lessem as Escrituras, eles certamente encontrariam o sábado no centro do Decálogo. Portanto, com muita certeza, eles o conheceriam e com­ preenderiam as cinqüenta e nove referências a ele no Novo Testa­ mento. Por que precisariam os apóstolos reeditar um mandamento do sábado? À luz de tudo isso, o argumento baseado no silêncio do

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Respostas a Objeções Novo Testamento sobre o assunto de um novo mandamento tomase sem sentido. Mas, em vista do fato de que os conversos do paganismo conclui' riam naturalmente das Escrituras que o sábado devia ser santificado, quão estranho é o silêncio dos apóstolos quanto ao assunto da abo' lição do mandamento se, como alega o objetor do sábado, eles reab mente pregassem sua abolição. Paulo disse aos presbíteros da igreja de Éfeso que jamais deixou de anunciardhes “coisa alguma proveitosa”. Atos 20:20. Mas onde, na Carta aos Efésios, ele informa que o sábado do sétimo dia do De­ cálogo está abolido? Ele fala da abolição de certos “mandamentos na forma de ordenanças”. Efés. 2:15. Mas já vimos que ele não estava falando do Decálogo (veja a objeção 11). Paulo não reteve “coisa al­ guma proveitosa” de qualquer igreja por ele fundada. Mas, em todas as cartas que escreveu àquelas igrejas, há apenas uma referência em uma carta à abolição de certos “dias de sábado”, e descobrimos que ele estava falando dos sábados anuais (veja objeção 29). Encontramos os escritos de Paulo cheios de discussões do ritual cerimonial que Deus deu a Israel no Sinai. O âmago da controvér­ sia entre ele e os líderes judaizantes era o rito da circuncisão. Ele dis­ se repetidamente que a circuncisão não era necessária, que estava abolida na era cristã. Por causa disso, as turbas de judeus procura­ vam matá-lo. Os judeus talvez estivessem ainda mais fanaticamente ligados ao sábado do que à circuncisão. Eles estavam prontos a matar a Cristo simplesmente porque Ele curou um homem no sábado. Portanto, se Paulo ou os outros apóstolos tivessem ido de um lado para outro, de­ clarando que o sábado foi abolido, como declaravam que a circun­ cisão fora abolida, isso não teria despertado um grande furor? E algo desse furor não teria ecoado através das páginas do Novo Testamen­ to, como ocorreu com a controvérsia sobre a circuncisão? Mas pro­ curamos em vão tal repercussão. Do total de umas sessenta vezes em que a palavra “sábado” é usada no Novo Testamento, somente uma, repetimos, declara que certos “sábados” estão abolidos. E os únicos exemplos onde a palavra “sábado” é usada no cenário do conflito são aquelas dos evangelhos, onde Cristo procurou mostrar o que era “lícito” fazer nesse dia, e não mostrar que o sábado estava abolido.

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Sábado Outra vez vemos que o silêncio dos apóstolos, em vez de ser um ar­ gumento contra o sábado, é antes um poderoso argumento de que os apóstolos jamais falaram contra ele. À luz desses fatos, dificilmente é necessário examinar em deta­ lhe os textos específicos citados na objeção. Temos a obrigação de concluir que, porque o mandamento do sábado não é mencionado nesses textos, ele não vigora na era cristã. Pelo mesmo raciocínio, devemos concluir que se algum outro dos Dez Mandamentos nao e mencionado nesses textos, ele também não está em vigor. Em ateus 19:17-27, o mandamento contra a idolatria, por exemplo, não é mencionado. Concluiremos que ele não é mais obrigatório? Na comissão evangélica, em Mateus 28:19, nenhum dos mandamentos é mencionado. No dia de Pentecostes, Pedro pregou um grande ser­ mão (Atos 2:14-40), mas não menciona nenhum dos mandamen­ tos. No concílio de Jerusalém, os apóstolos deram esta ordem: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.” Atos 15:29. Também aqui não são mencionados muitos mandamentos. Ora, o objetor do sábado concorda que nove dos Dez Manda­ mentos são obrigatórios na era cristã, embora não possa encontrar todos os nove arrolados nesses textos. Por que não nos é permitido crer que o quarto mandamento também é obrigatório, apesar de não ser mencionado nesses textos?

Í53

O bjeção

32

Se Paulo estivesse vivo, ele apresentaria a mesma condenação aos adventistas que fez aos gálatas (veja Gál. 4:9 e 10).

- A . PASSAGEM DE GÁLATAS DIZ O SEGUINTE: “M A S AGORA QUE CO ' NHECEis

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D eu s

ou

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a n t e s , s e n d o c o n h e c id o s p o r

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estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tem­ pos, e anos.” Já descobrimos (objeção 7) que o jugo da escravidão era uma in­ findável série de ritos cerimoniais, particularmente em vista do fato de que aqueles ritos tinham sido pesadamente revestidos de refina­ mentos e adições rabínicas. É evidente que Paulo não está falando da lei moral, porque ela lida apenas com um dia, o sábado do séti­ mo dia. Ele deve estar falando da lei cerimonial, porque somente nela encontramos mandamentos sobre como guardar “dias, e meses, e tempos, e anos.” Como poderia Paulo dizer que o sábado do sétimo dia era um dos “rudimentos fracos e pobres” e que a sua observância conduziria as pessoas à escravidão? Foi Paulo quem instruiu Timóteo que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreen­ são, para a correção, para a educação na justiça”. II Tim. 3:16. Por­ tanto, Paulo seria guiado em sua apreciação do sábado pela aprecia­ ção dele pelos profetas. Isaías, por exemplo, diz que o Senhor cha­ ma o sábado de “Meu santo dia” e então apela-nos para chamá-lo “deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra”. Isa. 58:13. Cristo morreu na cruz para redimir as pessoas do pecado e para santificá-las, a fim de eliminar do mundo tudo o que se relaciona com o pecado, e para restaurar o mundo à sua glória edênica original. Mas por que procuraria Cristo abolir o sábado, que saiu abençoado e santificado das mãos de Deus na impecável beleza do Éden, foi man­ tido diante do povo de Deus como o sinal do Seu poder santificador, foi recomendado “aos estrangeiros” (Isa. 56:6) e aos judeus, e será guardado no Éden restaurado? Os objetores do sábado não fazem ne­ nhuma tentativa séria para enfrentar honestamente esta indagação. Há outra pergunta que gostaríamos de fazer: se Paulo criticaria aqueles que guardam o sábado, por que não criticaria também os que

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Sábado guardam o domingo? Não há a guarda de um dia tanto em um caso como no outro? Mas levemos o assunto um pouco adiante. A acusação de Paulo é contra aqueles que observam uma variedade de dias e períodos de tem­ po, e assim por diante. Os adventistas são caracterizados pelo fato de não observarem uma variedade de dias santos ou tempos, como a Sex­ ta-feira Santa e a Páscoa, embora atribuamos grande significado à mor­ te e à ressurreição de nosso Senhor. Guardamos apenas um dia santo. Paulo, certamente, não nos condenaria juntamente com os gálatas. Indagamos, porém, o que ele diria se pudesse hoje falar ao mun­ do observador do domingo que está dando sempre crescente aten­ ção a uma variedade de dias e tempos religiosos. Um jornal protes­ tante, em um artigo intitulado “The Increasing Observing of Lent [A Crescente Observância da Quaresma], diz: “A Quaresma tem um lugar muito importante no calendário das Igrejas Católica Romana, Católica Ortodoxa, Episcopal e Luterana”. E então acrescenta que “em nossas igrejas há um crescente reconhecimento da Quaresma”. Outro jornal protestante não se contenta simplesmente em promo­ ver a observância do domingo, Sexta-feira Santa, Páscoa, Natal e Quaresma, mas deseja acrescentar outro. Ele lamenta que o “Dia da Ascensão não tem penetrado mais amplamente no pensamento cristão e no calendário das igrejas”. O editorial descreve o que a ob­ servância do Natal, da Páscoa e de outros dias tem feito pelas pes­ soas, e então argumenta que a observância do Dia da Ascensão en­ riqueceria ainda mais a vida espiritual dos cristãos. Esse é o tipo de raciocínio que dominava os teólogos da Idade Mé­ dia, quando adicionavam um dia santo após o outro e construíam a es­ trutura da Igreja Católica que é tão extensamente condenada pelos pro­ fetas de Deus. Mas não estamos citando um escritor católico medieval, mas o editorial de um jornal protestante do século vinte, The Christian Statesman [O Estadista Cristão]. Este é o órgão oficial da National Reform Association [Associação de Reforma Nacional], que ardentemen­ te luta para obter rígidas leis dominicais nos Estados Unidos, e que fala por uma grande percentagem das corporações protestantes do país! Se as palavras de Paulo têm uma aplicação atual, deixamos que o leitor imparcial julgue qual grupo seria condenado: os adventistas ou as grandes corporações protestantes que guardam o domingo?

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Respostas a Objeções Em face de que os adventistas são com freqüência considerados falhos em seu cristianismo porque não observam a Sexta-feira San­ ta, a Páscoa, a temporada da Quaresma, ou quaisquer dias ou tem­ pos especiais, gostaríamos de perguntar: por que devem os adventis­ tas ser criticados por não observar uma variedade de dias e tempos, e ao mesmo tempo ser criticados por Paulo como sendo culpados de observar dias e tempos?

O bjbção 33 Os profetas do Antigo Testamento predisseram que viria um tempo em que o sábado seria suprimido (veja, por exemplo, Oséias 2:11). Em Amós 8:5 é feita a pergunta: “Quando passará ... o sábado?” 0 profeta responde que isso ocorreria quando o Sol se pusesse ao meio-dia e a Terra fosse entenebrecida em um dia claro (Amós 8:9). A Terra foi assim entenebrecida quando Jesus foi crucificado. Desse modo, o sábado chegou ao fim na cruz.

P

J^ A R A CREDITO DOS DEFENSORES DO DOMINGO, DEVE SER DITO DES­ DE O INÍCIO QUE ESTA OBJEÇÃO NÃO É FREQÜENTEMENTE APRESENTA-

da contra o sábado. Oséias 2:11 diz o seguinte: “Farei cessar todo o seu gozo, as suas Festas de Fua Nova, os seus sábados e todas as suas solenidades.” Ponha ao lado a palavra do Senhor através de Isaías: “De que Me serve a Mim a multidão de vossos sacrifícios? - diz o Se­ nhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de ani­ mais cevados e não Me agrado do sangue de novilhos, nem de cor­ deiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante Mim, quem vos requereu o só pisardes os Meus átrios? Não conti­ nueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para Mim abominação, e tam­ bém as Festas da Fua Nova, os sábados, e a convocação das congre­ gações; não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento so­ lene. As vossas festas da Fua Nova e as vossas solenidades, a Minha alma as aborrece; já Me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quan­ do multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Favai-vos, purificais-vos, tirai a maldade de

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Sábado vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o m a l.... Se qui­ serdes e Me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.” Isa. 1:11-19. Aqui está um quadro do Israel apóstata entregue à idolatria e a todos os males, porém observando as formalidades do ritual de dias e tempos a ele dados no Sinai. Assim, os israelitas zombavam dos serviços divinamente ordenados. Em retribuição, Deus disse que ter­ ríveis juízos deveriam cair sobre eles. Não mais se empenhariam em uma rotina de serviços; não mais júbilo ou o som do regozijo seria ouvido no país. As próprias “vides” e “figueiras” deveriam ser des­ truídas (Os. 2:12). Deus fecharia os Seus olhos para não vê-los e os Seus ouvidos para não ouvi-los. E quando foram pronunciadas essas terríveis profecias? Bem an­ tes da destruição do reino de Israel, com sua capital em Samaria, e o cativeiro babilónico do reino de Judá, com sua capital em Jerusa­ lém. Na destruição e no cativeiro os comentaristas da Bíblia encon­ tram adequado cumprimento dessas profecias. Mas os juízos vieram sobre Judá e Israel vários séculos antes da cruz. Assim, o objetor do sábado teria a cessação deste mais de meio milênio antes, cedo de­ mais para ajustar-se à sua teoria de que na cruz o sábado findou e o domingo tomou o seu lugar. A abolição do sábado, ou de qualquer serviço religioso no que diz respeito ao assunto, não é predita por es­ ses textos, mas sim a abolição de uma nação rebelde. O que dizer da pergunta feita em Amós 8:5? A passagem, inclusi­ ve o verso precedente, diz assim: “Ouvi isto, vós que tendes gana contra o necessitado e destruís os miseráveis da terra, dizendo: Quan­ do passará a Festa da Lua Nova, para vendermos os cereais? E o sába­ do, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentan­ do o siclo, e procedendo dolosamente com balanças enganadoras?” Nada podia ser vendido no sábado. Mercadores ímpios e ganan­ ciosos desejavam retomar o seu tráfico o mais cedo possível. Assim, indagavam quanto à passagem do sábado. Afirmar que tal pergunta é dirigida ao profeta Amós ou que os indagadores desejam saber quando o sábado seria abolido é dizer algo manifestamente sem fun­ damento e contrário aos fatos evidentes. E o que dizer da alegação de que Amós predisse o escurecimento do céu na crucifixão de Cristo? Depois de descrever a ganância e a iniqüidade dos israelitas, Amós fala dos juízos que viriam sobre eles:

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Respostas a Objeções “Sucederá que, naquele dia, diz o Senhor Deus, farei que o sol se ponha ao meio-dia e entenebrecerei a terra em dia claro. Converterei as vossas festas em luto e todos os vossos cânticos em lamentações.” Versos 9 e 10. Deixemos que Amós interprete suas próprias palavras. Três capítu­ los antes, ele discute estes mesmos juízos e diz: “Ai de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais vós o Dia do Senhor? É dia de tre­ vas e não de luz. ... Não será, pois, o Dia do Senhor trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade? Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembléias solenes não te­ nho nenhum prazer.” “Por isso, vos desterrarei para além de Damas­ co, diz o Senhor, cujo nome é Deus dos Exércitos.” Amós 5:18-21, 27. E evidente que esse escurecimento do Sol era um sinônimo para o negror do juízo de Deus, e o Sol se pondo ao meio-dia, em um dia claro, um modo figurativo de descrever a forma inesperada e a surpresa daquele horrível juízo. E esse juízo, o súbito negror, que deveria envolver Israel foi ter ele sido levado “para além de Damasco”. Tal juízo caiu sobre o reino de Israel cerca de setecen­ tos anos antes da cruz. Quando Neemias, muito tempo depois, reuniu um remanescen­ te dos israelitas que tinham sido levados cativos para Babilônia e procurou restaurar Jerusalém, uma das coisas que ele tentou fazer com muita coragem foi reviver a verdadeira observância do sábado (veja Nee. 13:15-22).

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O b je ç ã o 3 4 0 salmista profetizou que haveria um novo dia de adoração (veja Salmos 118:22-24). O “dia” mencionado em Salmos 118:24 só pode referir-se ao domingo, o dia em que Cristo tornou-Se a principal pedra angular.

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REJEITARAM, ESSA VEIO A SER A PRINCIPAL PEDRA, ANGULAR;

isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos. Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.” A linha de raciocínio do objetor é esta: (1) Cristo tornou-Se “a principal pedra angular” pelo ato de ressurgir da sepultura; (2) Ele ressuscitou no domingo; (3) a declaração “Este é o dia que o Senhor fez” aplica-se a um dia de vinte e quatro horas e o dia a que se refe­ re é o domingo; (4) portanto, “regozijemo-nos e alegremo-nos” no domingo, guardando-o como o santo dia de Deus. Mas em nenhum lugar a Bíblia diz que Cristo tornou-Se a “principal pedra angular” pelo ato de ressuscitar dos mortos. No Novo Testamen­ to, Cristo é freqüentemente mencionado como “a pedra angular” (Efés. 2:20; 1 Ped. 2:6) e como “a cabeça do corpo, da igreja” (Col. 1:18). Mas essas referências não restringem a qualquer ato da vida de Cristo ou a qualquer momento de tempo Sua aquisição desse título de supremacia. O contexto de Colossenses 1:18 indicaria que, se algum ato está sendo focalizado, é a morte de Cristo, que ocorreu no sexto dia da semana. É verdade que a referência a Cristo como “cabeça sobre todas as coisas”, em Efésios 1:22, é encontrada em um contexto que mencio­ na a ressurreição de Cristo. Mas uma leitura do contexto (versos 1823) mostra que Paulo está discutindo uma série inteira de importan­ tes eventos em conexão com Cristo, eventos dados em sequência, sem nenhuma justificativa para concluir que devem ser compreen­ didos como tendo ocorrido no mesmo dia. Lemos que Deus (1) ressuscitou-O “dentre os mortos”, (2) fê-Lo “sentar à Sua direita nos lugares celestiais”, (3) “pôs todas as coisas debaixo dos [Seus] pés” e (4) O deu à igreja “para ser o cabeça sobre todas as coisas”. Um exame de outros escritos de Paulo indica claramente que Cristo está assentado à “mão direita” de Deus na condição de nosso Sumo Sacerdote: “Possuímos tal sumo sacerdote, que Se assentou à

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Respostas a Objeções destra do trono da Majestade nos Céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem.” Heb. 8:1 e 2. Certamente Cristo não entrou em Sua obra de minis­ tério naquele domingo de manhã quando ressurgiu. Ele esteve com Seus discípulos na Terra por quarenta dias depois da Sua ressurreição. Além disso, a frase “pôs todas as coisas debaixo dos [Seus] pés” traz à mente uma outra passagem de Paulo em que ele diz de Cristo: “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pe­ los pecados, assentou-Se à destra de Deus, aguardando, daí em dian­ te, até que os Seus inimigos sejam postos por estrado dos Seus pés.” Heb. 10:12 e 13. Sem levar adiante o assunto, é evidente que a declaração de Pau­ lo em Efésios 1:22 a respeito da supremacia de Cristo sobre a igreja não justifica a conclusão de que a aquisição de Sua supremacia ocor­ reu no domingo da ressurreição. Ao contrário, as passagens relacio­ nadas em Hebreus indicam que isso tem a ver com uma seqüência de eventos durante um período de tempo. Às vezes, outro texto é citado pelos defensores dessa teoria que procura provar que Cristo Se tornou a pedra angular no primeiro dia da semana, o domingo da ressurreição. Diz o texto: “Com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santi­ dade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso S e­ nhor.” Esta passagem corresponde a uma de Efésios que já analisa­ mos, principalmente Efésios 1:19 e 20. Portanto, ela não fornece ne­ nhuma outra prova em apoio da teoria. Qualquer teoria cuja força dependa de focalizar tudo em um único ato da vida de Cristo, com a exclusão de todos os outros atos, pode jus­ tamente ser vista com suspeita. O grande plano de Cristo para a salva­ ção da humanidade depende de uma série de importantes eventos. A encarnação foi um evento de vasto significado; sem ela não teria havi­ do nenhum plano de salvação. A crucifixão detém uma posição seme­ lhante, porque sem o derramamento de sangue não há remissão de pe­ cados. A ressurreição é semelhantemente de enorme importância; por­ que, se Cristo não tivesse ressurgido, então nós os que morremos em Cristo devíamos perecer. Finalmente, o segundo advento é indispen­ sável para o sucesso do plano da salvação; porque é quando Cristo vem

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Sábado “sem pecado, aos que O aguardam para a salvação”, a fim de cumprir Sua promessa de levar os crentes para onde Ele está (Heb. 9:28; João 14:3). É então que Ele Se torna Rei dos reis e Senhor dos senhores e faz com que todos os Seus inimigos sejam postos debaixo de Seus pés. Somente o tremendo anseio de envolver o primeiro dia da semana com suficiente santidade para ordenar sua reverência pode explicar o raciocínio teológico daqueles que procuram transmitir a impressão de que todas as coisas que têm significado para a salvação do ser humano ocorreram na manhã da ressurreição. A Bíblia não dá essa impressão. As Escrituras conferem profundo significado à tumba aberta, mas também o atribuem à manjedoura de Belém, à cruz do Calvário e ao de­ senrolar dos céus no último dia para revelar a face de nosso Senhor. Tudo isso tem a ver com a parte do argumento que restringiria o cumprimento de Salmo 118:22 a um certo dia de vinte e quatro ho­ ras, o dia da ressurreição. Analisemos a o que o salmista queria dizer quando afirmou: “Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.” Um exame dos versos que precedem e seguem a passagem sob con­ sideração revela que o salmista aqui está preocupado com o assunto amplo da salvação. Assim diz o verso 21: “Render-te-ei graças porque me acudiste e foste a minha salvação.” Diz o verso 25: “Oh! Salvanos, Senhor, nós te pedimos; oh! Senhor, concede-nos prosperidade!” Compare o comentário de Pedro no Novo Testamento: “Este Jesus é a pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra an­ gular. E não há salvação em nenhum outro.” Atos 4:11 e 12. A conclusão natural é que o salmista está falando do dia da salva­ ção que seria anunciado mui claramente pelo advento de nosso Se­ nhor como o Salvador da humanidade. A Bíblia freqüentemente usa a palavra “dia” para descrever um período indefinido de tempo. Por exemplo, lemos sobre o “dia do Senhor”, o dia do juízo . Sabemos que estes abrangem muito mais do que um período de vinte e quatro horas. Semelhantemente, a Bíblia fala do “dia da salvação”. Lemos nos escritos proféticos de Isaías: “Diz ainda o Senhor: No tempo acei­ tável, eu te ouvi e te socorri no dia da salvação.” Isa. 49:8. Note, agora, o comentário de Paulo sobre essa declaração profé­ tica ao dirigir-se à igreja de Corinto. Depois de citar parte de Isaías 49:8, o apóstolo afirma: “Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno,

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R espostas a Objeções êis, agora, o dia da salvação.” II Cor. 6:2. De acordo com o apostolo Paulo, o dia da salvação”, do qual os profetas tinham escrito, era agora , quando ele estava escrevendo à igreja de Corinto, muitos arí(° S ^epois ^ia ressurreição. É evidente que ele compreendia o dia” como se referindo a todo o período da graça divina, que de­ veria prosseguir até o final do tempo de graça da humanidade. Em uma discussão com os incrédulos judeus, Cristo falou daque­ les que eram servos do pecado e de como poderiam ser salvos do mesmo. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis li­ vres. João 8:36. Os judeus não compreendiam o plano divino de salvação e desdenhosamente afirmaram que eram filhos de Abraão e que jamais tinham sido escravos de alguém. Então Cristo respon­ deu: Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o Meu dia, viu-o e rego­ zijou-se.” Verso 56. Abraão, com olhar profético, antecipou o pró­ prio tempo em que Cristo estaria diante dos homens para lhes ofe­ recer salvação e “regozijou-se”. Evidentemente, o “dia da salvação” começou antes da ressurreição. Agora, vejamos juntas a declaração do salmista e a declaração concernente a Abraão, lembrando-nos de que o salmista e Abraão, nosso pai espiritual, aguardavam a vinda do Messias: Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.” Sal. 118:24. Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o Meu dia, viu-o e regozijou-se.” João 8:56. O paralelismo é perfeito. Não precisamos de mais pesquisa para compreendermos o significado das palavras do salmista. Como foi dito no parágrafo inicial, alguns zelosos defensores do domingo, sentindo a falta de um mandamento bíblico para a santi­ ficação do primeiro dia da semana, apressam-se para esta passagem de Salmos e alegam que a Bíblia nos ordena a “regozijar-nos e ale­ grar-nos no domingo. A Bíblia revela que Abraão “regozijou-se” e “alegrou-se” em relação ao “dia” do qual falou o salmista. Há algum defensor do domingo tão corajoso a ponto de afirmar que Abraão guardou o domingo? O que mais precisa ser dito?

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O b je ç ã o 3 5 Famosos astrônomos descobriram que nosso mundo está vinte e quatro horas atrás do restante do Universo no tempo. O registro bíblico do dia longo de Josué - vinte e três horas e vinte minutos - e do retrocesso do Sol quarenta minutos no tempo do rei Ezequias perfazem essas vinte e quatro horas. Assim, tanto os judeus quanto os adventistas estão equivocados acerca do tempo do sábado. Nosso bendito Senhor uniu o sábado e o primeiro dia da semana, fundindo-os no glorioso dia em que Ele ressurgiu dos mortos, o dia que celebramos como sábado.

I 3

r EVEMENTE,

1. Isso

A RESPOSTA A ESTA NOTÁVEL OBJEÇÃO É A SEGUINTE:

PROVA DEMAIS, O QUE É A FRAQUEZA FATAL DE QUALQUER

argumentação. De acordo com o objetor, o sábado e o domingo fo­ ram fundidos muito antes da ressurreição. Foram virtualmente fun­ didos no tempo de Josué, com um refinamento de quarenta minutos no tempo de Ezequias. Esta é outra maneira de dizer que os judeus realmente guardavam o domingo. E se é este o caso, certamente a maioria dos cristãos de hoje não está guardando nem o sábado nem o domingo, porque guarda o dia que se segue imediatamente após o dia considerado sagrado pelos judeus. 2. É razoável crer que Deus responderia à oração do Seu servo Jo ­ sué de tal maneira que confundisse a contagem do tempo para que se tornasse difícil, se não impossível, prestar obediência ao manda­ mento do sábado? Hoje, os guardadores do domingo apregoam mu­ danças no que descrevem como uma qualidade legalista da dispensação judaica, alegando que tudo então era governado por lei rígida, em contraste com nosso período de graça. E sempre lembram-nos que o mandamento do sábado naquele tempo era tão rigoroso que alguém podia ser morto por violar essa lei. Mas agora querem que concluamos que Moisés mal acabara de descer ao descanso e o Senhor operou um milagre por intermédio de Josué que rompia o ciclo do tempo e certamente dava uma elastici­ dade que nunca se revelou na era cristã. Ao menos jamais alguém alegou que o Sol se deteve na era cristã. Lemos do zelo santo de Neemias pelo dia de Deus, o que o levou a fechar as portas de Jerusalém na véspera do sábado, quando come­ çava a escurecer. Que excelente oportunidade teria sido aquela para

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R espostas a Objeções que seus opositores lhe lembrassem que pouco tempo antes, nos dias de Ezequias, houve uma diferença de quarenta minutos na chegada do sábado e que, de qualquer forma, isso era uma questão um tanto flexível e ninguém devia ser importunado por causa do assunto. Mas não encontramos nenhum relato de algo semelhante a isso ocorren­ do na disputa entre Neemias e aqueles que estavam violando o sá­ bado. Encontramos referência ali e em outros lugares ao longo do Antigo Testamento que discutem a obrigação divina do sábado e as penalidades que cairiam sobre os desobedientes. Nem Neemias nem qualquer outro dos escritores inspirados estava ciente da mudança do tempo. Todas as suas mensagens inspiram a convicção de que o sábado é um dia fixo, cuja contagem pode ser facilmente computa­ da e definida, de modo que o culpado não tem desculpa e deve jus­ tamente sofrer horrível punição. 3. Os versos finais do capítulo 23 de Lucas e o verso inicial do capítulo 24 definem a questão da relação de um certo dia com o mandamento do sábado. Os cristãos geralmente estão de acordo que Cristo foi crucificado na sexta-feira e que ressurgiu no domingo. O dia intermediário é descrito como “o sábado segundo o mandamen­ to”. A linguagem é simples e explícita. Qualquer um que ler o man­ damento do sábado e desejar livrar-se de todas as incertezas de dis­ cussão teológica tem apenas que ler esta passagem de Lucas. Não precisamos de astrônomos, nem de ter um conhecimento de todo o tempo passado, ou ser capazes de resolver todas as questões obscuras acerca da cronologia, a fim de ser convencidos do tempo do sábado. Lucas, que, junto com os outros escritores dos evange­ lhos, deu-nos o relato inspirado do Salvador sobre o qual se baseia nossa religião cristã, informa-nos que há um certo dia que é “o sába­ do segundo o mandamento”. É o dia seguinte a esse dia que os guar­ dadores do domingo reverenciam. Lucas nada sabia acerca de uma fusão de dias por causa de Josué e Ezequias. O dia em que Cristo es­ teve na sepultura é “o sábado segundo o mandamento”, e o dia se­ guinte é descrito simplesmente como “o primeiro dia da semana”. 4. Contudo, a esta altura, alguém pode indagar: “Mas o que fare­ mos do relato bíblico sobre Josué e Ezequias?” Não cremos que pre­ cisamos fazer alguma coisa a respeito do relato. Estamos muito dis­ postos a permitir que ele permaneça, e cremos nele. Somente insis­

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Sábado timos que todo o restante do relato da Bíblia também seja permitido permanecer, incluindo as referências que temos citado. A Bíblia é sempre o seu próprio e melhor intérprete. Se, apesar de surpreenden­ tes e desconcertantes milagres, ainda encontramos os profetas de Deus ordenando obediência a um definido dia santo, e Lucas nos in­ formando que o sétimo dia da semana é o dia de sábado segundo o mandamento, então não estamos de modo algum em trevas acerca de como prestar explícita obediência ao mandamento de Deus. A som­ bra do relógio de sol de Ezequias nunca foi designada a lançar uma sombra sobre o sábado. Nem operou Deus um esplêndido milagre para ajudar um antigo guerreiro a combater as batalhas do Senhor a fim de que modernos guerreiros pudessem encontrar armas para aju­ dá-los em sua batalha contra o mandamento sabático que pertence a Deus. Que ironia se a luz adicional dada naquele memorável dia de batalha muito tempo atrás devesse lançar trevas posteriormente so­ bre o sábado! Nesse caso, não teríamos um dia de sábado definitiva­ mente preciso, nem um domingo bem definido, mas algo que faltava quarenta minutos para ser uma coisa ou outra até os dias de Ezequias. 5. É sempre uma estratégia favorita em debate alegar que cientistas conceituados estão do seu lado. Talvez algum astrônomo tenha segui­ do certos ciclos de volta através dos milênios, o que o leve a concluir que há uma diferença de vinte e quatro horas no tempo entre nosso mundo e o restante do Universo. Dizemos “talvez” porque jamais ou­ vimos de tal descoberta. Mas o que dizer sobre isso? Não temos de via­ jar pelo espaço interestelar para descobrir uma diferença na contagem. Podemos atravessar o Pacífico e encontrar uma diferença de vinte e quatro horas. Contudo, não importa em qual lado do Pacífico um ser humano viva, parece não haver nenhuma dificuldade em guardar uma contagem exata do tempo através dos séculos. De fato, os guardadores do domingo na Austrália têm tanta certeza de que estão guardando o primeiro dia da semana correto, em ciclos de sete a partir do dia da res­ surreição, como aqueles que estão no país de origem, a Inglaterra. De fato, em ambos os países a certeza é tão grande que têm sido promul­ gadas leis dominicais para impor a observância do dia. É uma pena que os adversários do sábado tentem perder o sába­ do do sétimo dia viajando ao redor do mundo, embora nunca per­ cam o domingo. Mas o que deve ser dito à pessoa que procura levai-

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R espostas a Objeções nos para as desconhecidas regiões do espaço interestelar a fim de perder o santo dia de Deus? Quem faz uma afirmação radical quan­ to à relação exata de tempo do nosso sistema solar com o restante do Universo está afirmando algo que não pode ser comprovado. 6. Finalmente, deve ser lembrado que a maneira bíblica de contar os dias é do pôr-do-sol ao pôr-do-sol. Portanto, de acordo com o cômputo bíblico, o alongamento do dia de modo miraculoso no tempo de Josué não quebraria o ciclo de sete na contagem dos dias. Afinal, estamos li­ dando com uma instituição bíblica, e não com uma questão de cronô­ metros, parada de relógios ou mesmo astrônomos. Não precisamos ex­ plorar o mistério do dia longo do tempo de Josué para temos certeza de que guardamos o tempo correto em relação ao santo sábado de Deus.

O bjeção 36 0 dia de sábado foi abolido porque Paulo diz que, na era cristã, é correto considerar todos os dias iguais (veja Rom. 14:5).

P

A.FUMEIRO, APRESENTEMOS A PASSAGEM MENCIONADA EM SEU CON­ TEXTO: “A

c o l h e i a o q u e é d é b il n a f é , n ã o , p o r é m , p a r a d i s c u t i r

opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legu­ mes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. Quem és tu que jul­ gas O servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Um faz di­ ferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um te­ nha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.” Rom. 14:1-6. Mais adiante, no mesmo ca­ pítulo, Paulo se refere ao assunto da bebida e do alimento (veja os versos 17 e 21). Aqui há uma discussão de alimentos e bebidas e vários dias san­ tos, e o conselho de Paulo é que nenhum crente deve “julgar” outro crente em tais assuntos. É notável a semelhança com o conselho de

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Sábado Paulo aos colossenses: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de co­ mida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados.” Mas desçobrimos (objeção 29) que Paulo estava falando aos colossenses acerca da lei cerimonial, que trata de alimentos e bebidas e uma variedade de dias santos, e não sobre a lei moral e o sábado do sétimo dia. Mas examinemos mais de perto a passagem de Romanos. Paulo menciona “o que é débil na fé”. Qual fé? A fé do evangelho de Cris­ to, que ensina que recebemos o perdão de todos os nossos pecados e somos aceitos por nosso Senhor sem as obras da lei. Alguns crentes vindos do judaísmo, os quais por muito tempo tinham estado imer­ sos no ritual da lei cerimonial, pareciam não ter uma fe suficiente­ mente forte no início para compreender plenamente a verdade de que somos salvos inteiramente pela graça de Deus, sem qualquer boa obra de nossa parte. Outros que tinham fé mais forte, ou que eram gentios e, portanto, jamais foram partidários da lei cerimonial, eram tentados a julgar criticamente aqueles cuja fé era fraca e continua­ vam a fazer certas distinções cerimoniais em matéria de alimentos, bebidas e dias santos. Paulo foi contra essa atitude crítica. O ponto crucial da passagem, claro, é esta afirmação: “Um faz di­ ferença entre dia e dia; outro julga igual todos os dias. Cada um te­ nha opinião bem definida em sua própria mente. E a frase-chave é. “igual todos os dias”. O argumento do objetor do sábado poderia ser assim resumido: A expressão “todos os dias” não significa todos os sete dias da semana? E, se um crente considera todos os dias “iguais”, isso não significa que ele não atribui nenhuma santidade especial a algum dia? E Paulo não reprova aqueles que julgavam criticamente os crentes que consideravam “iguais todos os dias ? Sem dúvida, o leitor notou que algumas palavras na Bíblia estão grifadas ou italizadas. A palavra “iguais” é ou deveria ser uma delas. Ora, italizar uma palavra indica que ela não foi escrita pelo autor bí­ blico, mas trata-se de uma palavra suprida pelo tradutor, em sua ten­ tativa de expressar melhor o que ele pensa ser o significado da escri­ ta original. Isso é feito em praticamente todas as traduções e é ine­ vitável. Os tradutores conscienciosos da Bíblia indicavam as passa­ gens em que supriam uma palavra para preencher o que considera­ vam ser o pensamento em um texto. Não temos como saber se Pau­ lo, se estivesse vivo e pudesse falar-nos em português, usaria a pala-

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R espostas a Objeções vra iguais para formular sua sentença. Portanto, o próprio fato de que nenhum argumento pode corretamente ser construído sobre a simples palavra “iguais” reduz uma grande parte da plausibilidade da série de perguntas do objetor. Mas ele provavelmente ainda inquirirá confiantemente: A expres­ são “todos os dias” não significa todos os dias da semana? E ele pode acrescentai: As Escrituras não querem dizer exatamente o que o texto diz? O que o objetor esquece é que, embora os escritores da Bíblia fos­ sem inspirados, eles utilizavam a linguagem humana para transmitir sua instrução celestial. E a linguagem humana é um meio inexato e constantemente mutável para expressar pensamentos. Também deve­ mos lembrar que todas a línguas têm expressões idiomáticas, aquelas combinações singulares de palavras que freqüentemente desafiam a tradução. Por exemplo, os norte-americanos dizem em inglês coloquial que certos fatos centralizam-se ao redor” de um ponto. Mas como po­ dem centralizar-se e ainda estar “ao redor”? Entendemos o que isso significa, mas admitimos que não podemos compreender a frase, estritamente falando, se olharmos para cada palavra separadamente. Cristo disse aos Seus discípulos que Ele seria morto e “depois de três dias ressuscitaria. Mar. 8:31. O objetor do sábado poderia plausivelmente perguntar: A expressão “depois de três dias” não significa preci­ samente isso? Em outras palavras, não significa no mínimo o quarto dia, ou talvez mais tarde? Calma! A Bíblia também nos informa que Cristo disse aos Seus discípulos que Ele deveria “ser morto e ressusci­ tado no terceiro dia . Mat. 16:21. Por que não deveria o objetor do sá­ bado agora perguntar: Não significa “o terceiro dia” exatamente isso? Somente podemos harmonizar as duas passagens se admitirmos que a frase depois de três dias” era uma antiga expressão idiomática judaica que significava para eles o equivalente de “terceiro dia”. A pergunta diante de nós gira em torno da compreensão adequa­ da de uma frase bíblica. Se compararmos cuidadosamente passagem com passagem, tanto no que se refere a construções de frases quan­ to ao ensino de doutrinas, não teremos mais problemas sobre as for­ mas literárias da Bíblia do que sobre aquelas que estão em qualquer outro livro. Ao objetor do sábado que insiste que em Romanos “todos os dias significa todos os dias da semana, gostaríamos de perguntar: a

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Sábado írase “cada dia” em Êxodo significa todos os dias da semana? Em Êxodo 16 encontrasse o relato da dádiva do maná. Por intermédio ele Moisés, o Senhor instruiu os israelitas a sair e colher a porção para cada dia”. Verso 4- Quando chegava o sexto dia, era-lhes orde­ nado colher uma porção dobrada, porque no sétimo dia não acha­ riam nada no campo (versos 22-26). Mas alguns se esqueceram, ou eram descuidados, e saíram a colher no sétimo dia. Por isso, Deus os reprovou: “Até quando recusareis guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis?” Versos 27 e 28. Não há registro de que algum israe­ lita respondesse: “‘Cada dia’ significa cada dia da semana, portanto, acho que é correto considerar o sétimo dia exatamente como qual­ quer outro dia.” Evidentemente, eles não tinham ouvido o moder­ no argumento do “cada dia contra o sabado! Êxodo 16:14 revela claramente que a palavra “cada" pode ser com­ preendida como tendo às vezes um significado qualificado na Bíblia. Devemos ler o contexto e comparar passagem com passagem para des­ cobrir se há possíveis qualificações. O mesmo vale para a palavra to­ dos”. Paulo disse: “Todas as coisas me são lícitas.” I Cor. 6:12. Um li­ bertino, isolando essa declaração de todas as outras passagens, pode­ ria tentar provar que sua vida dissoluta e ações escandalosas são com­ pletamente “lícitas”. Mas protestamos que a afirmação de Paulo deve ser lida no contexto de toda a Escritura. E, quando agimos assim, não temos problema com a passagem. Compreendemos que Paulo consi­ derava todas as coisas lícitas dentro do escopo da santa lei de Deus; as práticas cristãs de vida que procediam desse parâmetro eram lícitas para ele. Ele fez a declaração abrangente para dar maior força às pala­ vras qualificadoras que se seguem: “Mas nem todas convêm.” ^ Se analisarmos as palavras de Paulo em Romanos em função des­ sas simples regras de estudo bíblico, veremos seu verdadeiro signifi­ cado. “Cada dia” significava cada um dos dias considerados santos sob a lei cerimonial, que obviamente é a lei que está sob discussão aqui. Por que precisaria Paulo ressaltar que ele não queria dizei a in­ clusão do sétimo dia, sendo que o sábado do sétimo dia não fazia parte da controvérsia? Em lugar nenhum nos escritos de Paulo o sá­ bado do sétimo dia é o assunto da controvérsia! Encerramos com dois comentários de eruditos sobre Romanos 14:5. Primeiro, citamos o metodista Adam Clarke: “Talvez a palavra

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R espostas a Objeções hemera, dia , seja usada aqui para tempo, festival e coisas semelham tes, em cujo sentido ela é freqüentemente usada. Aqui faz-se refe­ rência às instituições judaicas, e especialmente seus festivais, tais como a Páscoa, Pentecostes, Festa dos Tabernáculos, luas novas, ju­ bileu, etc. ... O converso gentio estima cada dia - considera que todo o tempo é do Senhor, e que cada dia deve ser devotado à glória de Deus; e que aqueles festivais não lhe são obrigatórios. Nós [os tradutoies] acrescentamos aqui [a palavra] iguais, e fazemos o texto dizer o que estou certo nunca foi pretendido, isto é, que não há nenhuma distinção de dias, nem mesmo do sábado; e que cada cristão está em liberdade de considerar até mesmo este dia como santo ou não san­ to, ao ser ele persuadido em sua própria mente.” Em segundo lugar, veremos o comentário de Jamieson, Fausset e Brown, altamente considerado nos círculos fundamental istas: “Des­ ta passagem acerca da observância de dias, Alford infelizmente in­ fere que tal linguagem não poderia ter sido usada se de alguma for­ ma o mandamento do sábado estivesse em vigor sob o evangelho. Não poderia, certamente, se o sábado fosse meramente um dos dias de festa judaicos; mas não devemos tomar isso como garantido sim­ plesmente porque ele era observado sob a economia mosaica. E cer­ tamente se o sábado era mais antigo do que o judaísmo; se, mesmo sob o judaísmo, ele era venerado entre as eternas coisas sagradas do Decálogo, pronunciado, como não fora nenhuma outra parte do ju­ daísmo, em meio aos terrores do Sinai; e se o próprio Legislador dis­ se dele quando esteve na Terra: ‘O Filho do homem é Senhor tam­ bém do sábado’ (veja Marcos 2:28) - será difícil mostrar que o após­ tolo queria seus leitores o classificassem entre aqueles desvanecidos dias de festas judaicos, que somente a ‘fraqueza’ podia imaginar que ainda estivessem em vigor. Isso era uma fraqueza que aqueles que ti­ nham mais luz deveriam, por amor, meramente suportar.” Se o objetor do sábado ainda hesita ante o pensamento de per­ mitir que as palavras e frases sejam compreendidas em certos con­ textos e de acordo com a aplicação da época, finalizamos fazendolhe esta pergunta: você entende a frase “roupa de cada dia” como significando a roupa usada cada dia da semana, isto é, todos os sete dias da semana? Se não, por que procura construir um argumento anti-sábado com base na frase “todos os dias” de Romanos 14:5?

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O b je ç ã o 3 7 Os dias da criação não foram dias literais de vinte e quatro horas, mas períodos longos e indefinidos, com milhões de anos de duração. Portanto, os adventistas estão desautorizados a usar o relato da criação em Gênesis 1 como argumento para a santificação do sétimo dia literal do ciclo semanal.

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PORTANTO, NÃO CRÊ QUE O GÊN ESIS APRESENTA UM RELATO HISTÓRI­

confiável, não Há proveito em tentar dar urna resposta. Precisa­ ríamos, primeiro, compreender o amplo assunto da verdade da evo­ lução e a confiabilidade da Bíblia. Isso nos levaria muito além do al­ cance deste livro. Mas tal argumento é às vezes apresentado por cris­ tãos que crêem na Bíblia. Para eles, dirigimos nossa resposta. A maneira como a questão é colocada poderia levai alguém a pensar que os adventistas, tarde na história da Terra, pensaram que descobriram uma conexão válida entre a semana da criação e o sá­ bado do sétimo dia. A verdade é que descobrimos essa conexão len­ do a honesta e confiável narrativa de Gênesis e a simples declara­ ção do quarto mandamento. “Em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou. Exo. 20:11. Quando Deus falou essas palavras aos israelitas, eles certamente compreenderam que Ele queria dizer que o sétimo dia do ciclo sema­ nal tinha sido abençoado. Afinal, foi esse dia específico do ciclo que foram convidados a honrar. Realmente, não teria sentido a ordem de trabalhar seis dias e guardar o sétimo dia da semana, em memó­ ria da criação, se a criação não tivesse ocorrido nesse mesmo molde: Deus trabalhou seis dias e descansou no sétimo dia. Transformar os dias da criação em longos períodos é estragar o paralelismo que Deus, não os adventistas, estabeleceu entre os eventos da criação e o ciclo semanal de atividade humana e descanso. Esta objeção contra o sábado vai longe demais. Não importa o quanto a maioria dos defensores do domingo procure provar que o sábado não é obrigatório na era cristã, eles concordam que ele era obrigatório antes de Cristo. Mas a objeção acima, se fosse verdadei­ ra, poderia ter sido usada por todos os homens piedosos que viveram

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R espostas a Objeções antes do primeiro advento. Portanto, não teria existido nenhum sá­ bado do sétimo dia em toda a história da Terra! Não dá para entender como alguém que aceita o relato bíblico como história verdadeira poderia imaginar os dias da criação como períodos longos e indefinidos, com milhões de anos de duração. Adão foi criado no sexto dia. Ele viveu apenas 930 anos. Muito antes da totalização desses anos, ele tinha sido expulso do jardim do Éden, e em sua condição pecaminosa havia criado uma família. De acordo com a objeção, Adão deve ter vivido toda a sua vida dentro da extensão da­ quele sexto “dia” , porque 930 é apenas um pequeno segmento de um período que é medido em milhões de anos. Mas quando Deus criou o sétimo dia e olhou para trás, para a semana da criação, Ele abençoou esse dia como o clímax de uma obra perfeita. Portanto, nenhum pe­ cado havia ainda entrado para manchar a Terra. Como poderia Adão, que viveu sem pecado no mínimo além do final da semana da criação, ter vivido um total geral de apenas 930 anos, quando ele teve de vi­ ver durante uma fração do sexto e todo o sétimo dia da criação, se aqueles dias tiveram milhões de anos de duração? Todo o relato da criação está escrito em uma narrativa simples. Não há nada nele que sugira que as palavras não deveriam ser com­ preendidas no seu sentido normal. Para cada dia daquela primeira semana, houve “tarde e manhã”. É assim que cada dia é demarcado. Mas “tarde” e “manhã” pertencem a dias de vinte e quatro horas, não a períodos longos e indefinidos de milhões de anos. No terceiro dia, a relva, as ervas, as árvores e a vegetação em ge­ ral foram criadas. Ora, todas elas precisam da luz solar para se desen­ volver. De acordo com a narrativa da criação, o Sol apareceu no dia seguinte. Isso quer dizer milhões de anos depois? Se fosse assim, en­ tão teríamos um milagre mais surpreendente do que se tem imagina­ do que o Gênesis descreva - o reino vegetal florescendo durante sé­ culos sem a luz solar! Lemos a respeito do quarto dia: “Fez Deus os dois grandes luzei­ ros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite.” Gên. 1:16. Aqui, obviamente, as palavras “dia” e “noite” estão sen­ do usadas como as usamos hoje. Desde o início do quarto dia, o dia e a noite foram assim governados. Mas, segundo o relato, a extensão daquele quarto dia e dos dias sucessivos é a mesma de cada um dos

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Sábado primeiros três dias. “Houve tarde e manhã, o quarto dia. Verso 19. Por isso, a pergunta que o objetor deveria responder e: se do quarto dia para a frente, “tarde e manhã” significa um dia comum medido pelo Sol e a Lua, por que deveria a expressão idêntica usada na nar­ rativa concernente aos primeiros três dias significar algo totalmen­ te diferente? Será que uma parte da semana da criação ocorreu em um período longo e indefinido, e o restante em dias com uns^ Mas por que levar adiante a discussão? Se cremos que^o Genesis é história, não pode haver dúvida de que os dias da criaçao são ite­ rais E o “sétimo dia” é tão literal quanto os outros. Alguns que nao desejam santificar este dia o perderiam de boa vontade em meio dos nevoeiros de eras geológicas indefinidas. Preferimos crer na hones­ ta e compreensível narrativa histórica, tão eloqüentemente sumarizada pelo próprio Deus no quarto mandamento: “Em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra, ... e, ao sétimo dia, descansou.

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O bjeção 3 8 A expressão “o sétimo dia” do quarto mandamento significa simplesmente um dia em sete. Portanto, estou observando o espírito da lei do sábado ao guardar um dia em sete. E não é o domingo um dia em sete?

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UM DIA ESPECÍFICO, NÃO SIMPLESMENTE UM DIA EM SETE.

1. Aqueles que crêem na Bíblia falam de uma semana da criação e vêem a série de eventos que então ocorreram como iniciando um ciclo cronológico singular, a semana de sete dias. Foi o sábado sim­ plesmente um dia em sete naquela primeira semana? Não, ele foi o sétimo dia específico daquela semana. Por que se tornaria ele menos específico nas semanas, nos anos e nos séculos sucessivos? 2. O sábado é o memorial de um determinado evento histórico, o término da criação do mundo. Dias memoriais, para ter significa­ do, devem estar ancorados em pontos definidos de tempo. Eles se destinam a recordar um dia específico ou um momento específico da história. Por exemplo, para os americanos, o dia “4 ” (the Fourth) sig­ nifica não o 4 de qualquer mês, mas o 4 de julho. Por quê? Porque em determinado 4 de julho, muito tempo atrás, ocorreu certo even­ to. Por lei, esse dia específico está separado em memória da Decla­ ração de Independência. Ora, o que pensaríamos de quem argumentasse que o “4 ” signifi­ ca simplesmente o quarto dia da criação e ainda observasse a lei que separa o “4 ” como um dia especial para a nação? Mas existem defen­ sores do domingo, pessoas devotas e sinceras, que afirmam que são obedientes ao quarto mandamento, que requer a guarda do sétimo dia da semana em honra da criação, quando guardam o primeiro dia da semana em honra da ressurreição1. E verdade que o quarto mandamento não diz que “o sétimo dia da semana” foi abençoado e santificado por Deus como o sábado, mas simplesmente que “o sétimo dia” foi. Os objetores do sábado procuram tirar proveito disso, argumentando que a expressão “o sé­ timo dia” pode ser construída para significar simplesmente um dia em sete. Mas que Deus pretendia que a expressão “o sétimo dia” no mandamento significasse o sétimo dia da semana será cada vez mais evidente ao prosseguirmos.

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Sábado 3. O mandamento do sábado se refere à semana da criação e é no contexto histórico daquela semana que a expressão “o sétimo dia” do mandamento deve ser compreendida. Deus não descansou sim­ plesmente um dia em sete na semana da criação. Ele descansou no sétimo dia daquela semana. 4. Nenhum dia foi tão solenemente posto diante de Israel pelos profetas de Deus como o sábado semanal. Quando certos israelitas saíram para colher maná no “sétimo dia”, foram reprovados. Quan­ do um deles apanhou lenha no dia de sábado, foi apedrejado. Quan­ do alguns dos que haviam retornado do cativeiro da Babilônia ten­ taram negociar no sábado, foram denunciados. Nem o defensor do domingo nem o observador do sábado tem dúvida hoje em sua men­ te se que aqueles exemplos do Antigo Testamento de violação do sá­ bado tinham a ver com um dia específico, o sétimo dia da semana. Mas os profetas podiam apontar apenas para o quarto mandamento a fim de apoiar sua fervorosa admoestação para santificar esse espe­ cífico sétimo dia da semana. Portanto, devemos concluir que esses inspirados homens de Deus compreendiam que “o sétimo dia’ do mandamento significava especificamente o sétimo dia da semana. E desejaria alguém desafiar a habilidade dos profetas para interpre­ tar corretamente o significado dos mandamentos de Deus? Na ver­ dade, não faz parte do santo trabalho dos profetas de Deus tornar ab­ solutamente claro para nossa mente finita o significado dos manda­ mentos divinos? 5. A cristandade em geral crê que nosso Senhor esteve no túmu­ lo no sétimo dia da semana. E como descreve Lucas aquele dia? “O sábado, segundo o mandamento.” Luc. 23:56. Esta única declaração inspirada é suficiente em si mesma para resolver a questão quanto ao que significa o mandamento quando diz que “o sétimo dia é o sá bado”. Significa o sétimo dia da semana. 6. Como foi observado, ninguém tem dúvida de que era exigido daqueles que viveram antes de Cristo pelo santo mandamento de Deus que guardassem o sétimo dia da semana. Em outras palavras, “o sétimo dia” do mandamento significava inquestionavelmente o específico sétimo dia da semana. Então, que base racional pode ser encontrada para a alegação de que, quando Cristo veio, o claro e es­ pecífico significado do mandamento subitamente tornou-se vago e

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R espostas a Objeções impreciso, e agora significa meramente um dia em sete? Ninguém no tempo de Cristo ou por quase mil e seiscentos anos mais tarde jamais pensou em fazer tão absurda afirmação. Até o ano de 1595, os cristãos, assim como os judeus, compreendiam que “o sétimo dia” do mandamento significava o sétimo dia da semana. Longe de ter quab quer fundamento nas Escrituras, essa teoria de um-dia-em-sete nem mesmo foi insinuada até quinze séculos depois que o último apósto­ lo baixou à sepultura. 7. A própria expressão “o sétimo dia” torna evidente que um dia específico, não meramente um dia em sete, é indicado. Se disséssemos a um amigo que moramos na sétima casa de determinado quarteirão, o que pensaríamos se ele começasse na primeira casa do quarteirão a bater em cada porta até chegar à sétima, explicando em cada porta que estava tentando achar um velho amigo que lhe havia dito que morava na sétima casa do quarteirão, e que isso significava, é claro, que ele morava cm qualquer uma das sete casas? O que pensaríamos? E o que pensariam nossos vizinhos sobre o tipo de amigos que temos? 8. Através de longas gerações, ardorosos defensores do domingo têm conseguido pôr nos livros de lei de muitos países cristãos um es­ tatuto exigindo no mínimo a observância nominal do domingo. Com freqüência, o principal argumento em favor de tal lei tem sido que Deus ordena a guarda de um dia de descanso semanal. O único mandamento para o qual eles podiam apontar seria naturalmente o quarto mandamento do Decálogo. Se fossem lembrados de que o quarto mandamento requer a honra do sétimo dia, não do primeiro, eles poderiam escapar do constrangimento apenas replicando que o quarto mandamento significa simplesmente um dia em sete. Nunca lhes ocorreu que, se a Bíblia ordena meramente que um dia em sete deve ser santificado, eles são presunçosos, para não dizer incoeren­ tes, em procurar exigir que todos descansem num certo dia específi­ co. Mas a história da igreja, até nossa própria época, sinistramente registra que tais defensores do domingo, embora tenham estado dis­ postos a admitir que “o sétimo dia” da lei de Deus significa qualquer dia da semana, estão prontos a aprisionar a pessoa que interpretar assim “o primeiro dia” de sua lei dominical. Agora uma palavra sobre guardar o espírito da lei. A Bíblia tem muito a dizer acerca da letra e do espírito, e alguns têm a idéia equi­

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Sábado vocada de que o espírito de uma lei significa menos do que a letra da mesma, ao menos no que concerne à lei divina, e muito particular­ mente no que tange ao mandamento do sábado. É difícil compreen­ der como tal idéia pôde obter crédito. Talvez seja devido ao fato de que a palavra “espírito” transmite a algumas mentes o pensamento de aparições vagas, etéreas, indefiníveis e sombrias, e que portanto a guarda do espírito de uma lei significa obedecer a alguma coisa que é apenas uma vaga e sombria semelhança dessa lei. Nada poderia estar mais longe da verdade. Quando falamos em guardar o “espírito da lei”, uma frase comum em nossa linguagem de cada dia, queremos dizer guardar essa lei em seu mais pleno e mais profundo sentido. Tomemos como exemplo a lei do trabalho de oito horas encontrada em muitos Estados. Um empregador pode guardar a letra dessa lei e ainda tratar como escra­ vos seus empregados para obter deles em oito horas tanto trabalho quanto obtinha anteriormente em nove ou dez. Dizemos que ele deixou de guardar o espírito da lei. Queremos dizer que se tal empre­ gador tivesse guardado o espírito da lei, estaria livre da letra da mes­ ma, que indiscutivelmente declara que oito horas é o máximo que se pode exigir que um empregado trabalhe em um dia? E claro que não. Em outras palavras, a guarda do espírito de uma lei requer mui­ to mais do que a mera guarda de sua letra. A Bíblia oferece algumas ilustrações de como esse princípio se aplica à lei de Deus. No Sermão da Montanha, Cristo explicou que o mandamento “Não matarás” envolvia muito mais do que absterse de cometer violência efetiva contra alguma pessoa. Aquele que odeia a seu irmão é um assassino. Em outras palavras, o espírito da divina lei contra o homicídio requer que não se odeie ninguém. Mas não há ninguém tão irracional a ponto de afirmar que, guardando o espírito da lei, estamos desse modo liberados de obedecer à sua le­ tra. Que pensamento horrível! É evidente que aqueles que guardam o espírito da lei vão muito além da sua letra, não pela desconsideração da letra, mas por ver na letra uma profundeza de significado muito maior.

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O bjeção 3 9 Os adventistas insistem que um sétimo dia específico, vindo desde a criação em ciclos de sete, é o dia que Deus abençoou e portanto o dia que todos devem guardar como sábado. Mas ninguém sabe agora que dia é aquele. Além disso, as mudanças de calendário confundiram a contagem.

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d e l e v a r m o s a s é r io e s t a o b je ç ã o , g o s t a r ía m o s d e f a ­

UMA PERGUNTA AO OBJETOR: PO R QUE VOCÊ GUARDA O DOMIN'

go? Se você responde como os guardadores do domingo têm rotineiramente respondido através dos séculos, você dirá: “Porque Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana.” De fato, nunca ouvimos que alguma outra resposta fosse dada. Então perguntaríamos: “Você tem certeza de que você e os seus ancestrais espirituais têm guardado o dia da semana específico que veio em ciclos de sete desde o domin­ go da ressurreição?” Você dificilmente pode responder “não”, porque isso seria uma terrível acusação contra todos os seus antepassados guardadores do domingo que conseguiram mandar as pessoas para a prisão quando deixaram de prestar a devida reverência ao domingo. Se você responder “sim”, então como fica a sua alegação de que o tempo se perdeu? O primeiro dia da semana foi transmitido segura­ mente através dos séculos, mas não o sétimo dia? Estritamente falando, não precisamos levar adiante a discussão. Só deveríamos tirar tempo para examinar seriamente essa questão do tempo perdido ou confuso quando os defensores do domingo es­ tiverem prontos a admitir que não têm certeza de que estão real­ mente guardando o primeiro dia da semana. Mas, como a teoria da perda do tempo costuma ser trazida à luz quando os outros argumen­ tos contra o sábado falham, provavelmente devemos dar alguma atenção ao assunto. Que prova é apresentada de que o tempo se perdeu? Absoluta­ mente nenhuma. Somos simplesmente levados a crer que no passa­ do distante todos despertaram uma manhã e concluíram que a segun­ da-feira era terça-feira, ou algo semelhante. Ou talvez que, quando o calendário foi mudado, os dias da semana tornaram-se confusos. E claro que não temos uma história que nos conte tudo o que aconteceu desde a criação. Mas sabemos que, quando chegamos ao tempo da crucifixão de Cristo, “o sábado segundo o mandamento”

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Sábado era definidamente conhecido, e que aquele dia era o dia entre a sex­ ta-feira da crucifixão e o domingo da ressurreição, o sétimo dia do ciclo semanal. Isso torna desnecessária nossa sondagem do tempo antes de Cristo. E quanto aos séculos desde Cristo? Será que as mudanças de ca­ lendário embaralharam nossa contagem das semanas? Felizmente, não precisamos ficar em dúvida. Vamos aos fatos. A partir do tem­ po do Novo Testamento, houve uma mudança do Calendário Julia­ no para o Calendário Gregoriano, sob o qual hoje vivemos. A mu­ dança para o novo calendário foi feita primeiro na Espanha, Portu­ gal e Itália, em 1582 d .C , por um edito do papa Gregório XIII. E por esse motivo que o nosso atual calendário é conhecido como Ca­ lendário Gregoriano. A correção do calendário na mudança do ve­ lho para o novo exigiu a retirada de dez dias do mês de outubro. O resultado foi que outubro de 1582, nos países onde foi feita a mu­ dança, aparecia conforme é mostrado em seguida:

Dom 17 24

1582 d.C.

OUTUBRO

1582 d.C. Seg

Ter

Qua

Qui

Sex

Sab

1

2

3

4

15

16

18

19

20

21

22

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25

31

A quinta-feira, 4 de outubro, foi seguida imediatamente pela sex­ ta-feira, dia 15. O resultado foi que, embora certos dias fossem reti­ rados do mês, a ordem dos dias da semana não foi afetada. E este é o ciclo semanal que mede os dias de sábado para nós. Com o passar dos anos, as outras nações gradualmente mudaram do Calendário Juliano, como o antigo era chamado, para o Calendário Gregoriano. E cada nação, ao fazer a mudança, empregou a mesma regra de reti­ rar dias do mês sem tocar na ordem dos dias da semana. Mas o caso é ainda mais forte do que isso. Além de a semana não ser alterada na revisão do calendário, nem mesmo a idéia de romper de alguma maneira o ciclo semanal foi cogitada. Falando da varie­ dade de planos sugeridos para a correção do calendário, diz a Enci-

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R espostas a Objeções clopédia Católica (volume 9, pág. 251, em inglês): “Cada proposta imaginável foi feita; somente uma idéia nunca foi mencionada, isto é, o abandono da semana de sete dias.” Por que o tempo deveria ser perdido? Quem gostaria de perdê-lo? A civilização e o comércio têm existido através de todos os séculos, e não podemos crer que aqueles que viveram antes de nós fossem tão hábeis como nós para guardar a contagem dos dias? Certamente toda sabedoria e todo conhecimento não estão confinados ao século pre­ sente. Além disso, a conservação exata dos registros do tempo é uma necessidade vital no culto religioso, tanto para os cristãos quanto para os judeus. O cristianismo e o judaísmo foram transmitidos atra­ vés dos séculos desde os tempos bíblicos. São provavelmente os elos mais definidos que nos ligam aos tempos antigos. Seria concebível que todos os povos cristãos e judeus perdessem a contagem das semanas, o que envolveria confusão para todos os seus dias santos? E se tal pensamento fosse concebível, poderíamos crer que todos os cristãos em todas as partes do mundo e todos os ju­ deus em todas as partes do mundo perdessem exatamente a mesma quantidade de tempo? Para manter a idéia de que o tempo se per­ deu, a pessoa tem de ir a tal incrível absurdo! Considere a questão por ainda outro ângulo. Pergunte ao astrô­ nomo se o tempo se perdeu, ou se o ciclo semanal foi alterado. Ele lhe dirá simplesmente que não. Não há absolutamente nenhuma incerteza ao remontar as sema­ nas aos tempos bíblicos. E, quando chegamos ali, lemos que, “passa­ do o sábado”, o “primeiro dia da semana” (a manhã da ressurreição) chegou. Mar 16:1 e 2. Se você espera até domingo para descansar e adorar, você perdeu o sábado, porque a Palavra de Deus declara que ele é “passado”.

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O b je ç ã o 4 0 Os adventistas afirmam que o sábado foi planejado para todas as pessoas cm todos os países. Mas é evidente que ele foi planejado somente para os judeus no pequeno país da Palestina. Como jpoderia alguém guardar um sábado do sétimo dia definido no Círculo Ártico, onde há um dia de seis meses e depois uma noite de seis meses? Ou como acompanharia uma pessoa a ordem dos dias da semana viajando ao redor do mundo, se a gente perde um dia se viaja em uma direção e ganha um dia se viaja na outra direção?

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s

EXPLORADORES DO Á R TIC O SEGUEM UMA CONTAGEM DOS DIAS

E SEMANAS E RELATAM EM SEUS DIÁRIOS O QUE FIZERAM EM CERTOS

dias específicos. Eles nos contam que naquela estranha e quase desabitada parte da Terra é possível saber a passagem dos dias, durante os meses em que o Sol está acima do horizonte, pelas posições mutáveis do Sol, e durante os meses em que o Sol está abaixo do ho­ rizonte, pelo crepúsculo ao meio-dia. Se um observador do sábado se encontrasse naquele fantástico mundo gelado e tivesse algum temor de haver perdido a contagem das semanas, precisaria apenas ir a uma missão dirigida pelos esqui­ mós por alguma igreja guardadora do domingo e comparar sua con­ tagem com a deles! Eles seguem uma contagem, é claro, a fim de sa­ ber quando se inicia o primeiro dia da semana! E quanto ao problema de viajar ao redor do mundo em relação à conservação de uma contagem correta das semanas? Você real­ mente perde ou ganha um dia? Aqui estão os fatos. A chamada re­ tirada ou acréscimo de um dia na circulação da Terra é apenas uma perda ou ganho aparente e não real. De outro modo, as coisas mais espantosas poderiam acontecer. Por exemplo, gêmeos poderiam deixar de ser gêmeos pelo simples expediente de viajar em direções opostas ao redor do mundo - um ganhando um dia e o outro per­ dendo um dia! E se um ganhasse e o outro perdesse um dia, isso sig­ nificaria que um dos gêmeos era realmente dois dias mais velho do que o outro. Tudo como resultado de uma viagem em direções opostas. Mas o que seria se ambos fossem capitães do mar, e as ro­ tas de seus respectivos navios os levassem a continuar andando ao redor do mundo em direções opostas? Não seria apenas uma ques-

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R espostas a Objeções tão de tempo até que um deles se tornasse tantos dias mais velho do que o outro que na verdade teria idade suficiente para ser o pai em vez de ser o irmão? “Que absurdo!”, diz você. Concordamos. Mas é exatamente isso o que aconteceria se fosse verdade que uma pessoa pode realmente perder ou ganhar um dia viajando na direção leste ou oeste ao redor do mundo. _ ° °bjetor agora provavelmente dirá: “Bem, se você realmente nao perde ou ganha dias ao viajar, as pessoas em uma parte do mundo não podem guardar o sábado no mesmo momento que as pessoas em outras partes do mundo, porque, por exemplo, as pessoas na Em ropa começam o seu dia várias horas antes de nós na América. O que você diz acerca disso?” Não é preciso dizer nada sobre isso. O mandamento do sábado não diz nada sobre guardar o sábado ao mesmo tempo em toda pan te da Terra. Ele simplesmente nos ordena guardar “o sétimo dia”. E o sétimo dia não chega em toda parte da Terra? Sim. Além disso, mostramos em nossa análise da teoria do tempo pen dido que nenhum tempo se perdeu; e que, ao contrário, os ciclos semanais chegaram até nós em sucessão ininterrupta através dos séculos, de sorte que podemos ter certeza sobre qual é o sétimo dia da semana. E, é claro, isso significa que podemos estar tão certos em Hong Kong ou no Cairo como em Washington ou Londres, porque os ciclos se desenvolveram fielmente em todos os lugares. Quando chegamos a um país, encontramos as pessoas dali —ciem tistas e leigos, judeus, cristãos e incrédulos — em perfeito acordo quanto aos dias da semana. Com efeito, esse é provavelmente um dos poucos fatos da vida diária em que grupos tão heterogêneos es­ tão de acordo. Pergunte-lhes separada ou coletivamente, e todos lhe darão a mesma resposta quanto à chegada do sétimo dia da semana. Portanto, quão simples é a ordem divina para guardar “o séti­ mo dia”!

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O b je ç ã o 4 1 0 repouso foi mudado do sábado para o domingo na época da ressurreição de Cristo. Uma prova disso é o fato de que Cristo, depois da Sua ressurreição, sempre Se encontrou com Seus discípulos nesse dia. Outra prova é o fato de que o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos no domingo.

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MUDOU O DIA? SO M O S INSTADOS A CRER QUE C R IS T O O FEZ.

NUM ASSUNTO TÃO IMPORTANTE COMO O DIA SANTO SEMANAL,

não podemos nos contentar com conjecturas. Não precisamos conjecturar quanto à santidade do sétimo dia da semana. Temos um mandamento claro, freqüentemente repetido nos escritos dos profetas, para que ninguém pudesse estar em dúvida, e aqueles inclinados ao esquecimento pudessem sempre ser lembrados. Este é o quadro até o tempo de Cristo. Mas procuramos em vão um mandamento para a guarda do domingo no Novo Testamen­ to. Por que deveríamos crer que repentinamente depois do tempo de Cristo as pessoas não teriam mais necessidade de um mandamento claro com respeito à guarda de um dia santo, ou ser lembrados da­ quele mandamento ocasionalmente? Que base existe para o pensa­ mento de que os seguidores de Deus na era cristã naturalmente con­ cluiriam de uma combinação de circunstâncias que dois eventos muito importantes tinham ocorrido: (1) o mandamento explícito de Deus para guardar o sétimo dia tinha sido revogado; e (2) um novo mandamento, para a guarda do primeiro dia, estava agora em vigor? Somente um texto do Novo Testamento fala da abolição dos “sá­ bados” (Col. 2:16), mas já vimos que esse texto não está falando do sábado semanal, como admitem eminentes comentaristas bíblicos guardadores do domingo (veja a objeção 29). E, como já foi dito, ne­ nhum texto do Novo Testamento contém um mandamento para o domingo. Apesar disso, somos instados a crer que o sábado do séti­ mo dia foi abolido na cruz e que o domingo tomou o seu lugar como o dia santo semanal! Ao examinarmos esta objeção e as seguintes, descobriremos que o argumento para a santidade do domingo no Novo Testamento está construído sobre deduções suspeitas, premissas duvidosas e raciona­ lização de desejo. Que os fatos falem por si mesmos.

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R espostas a Objeções Somos solicitados a crer (1) que depois da ressurreição Cristo sempre encontrou-Se com Seus discípulos no domingo, e (2) que isso fornece prova incontestável de que Cristo mudou o dia santo semanal do sétimo para o primeiro dia da semana. Somente seis textos do Novo Testamento mencionam o primei­ ro dia da semana em conexão com a vida de Cristo: Mateus 28:1; Marcos 16:2 e 9; Lucas 24.T; João 20:1 e 19. João 20:26, que com freqüência se imagina referir-se ao domingo, será discutido um pou­ co adiante. Esses quatro escritores dos evangelhos escreveram suas narrativas em algum momento entre vinte ou trinta anos após a ascensão de Cristo e quase setenta anos mais tarde. Esses e outros escritores do Novo Testamento falam do sétimo dia como “o sábado”, sem ne­ nhuma sugestão de que esse dia santo semanal tivesse sido abolido ou estivesse em curso de sê-lo. Descobriremos que, quando falam do primeiro dia da semana, nem mesmo sugerem que esse dia havia ad­ quirido ou estivesse em vias de adquirir alguma santidade. Isso é muito estranho, se, como confiantemente declaram os defensores do domingo, o domingo começou a ser considerado como o dia santo cristão imediatamente após a ressurreição. Um estudo dos seis textos que estão diante de nós revela os se­ guintes fatos: 1. O domingo é chamado em todos os casos simplesmente de “o primeiro dia da semana”. Não é empregado nenhum título de santi­ dade ou mesmo um título que sugira santidade. 2. Não há nenhuma declaração de Cristo, em conexão com Suas reuniões com os discípulos, que sugira que um significado especial deveria passar a ser atribuído ao primeiro dia da semana. 3. O motivo por que os discípulos estavam todos em um lugar no dia da ressurreição não era porque estivessem realizando um serviço religioso para instituir a adoração no domingo, mas porque estavam “com medo dos judeus” (João 20:19). 4. Três dos quatro escritores dos evangelhos afirmam claramente que o sábado tinha findado quando começou o primeiro dia da semana. 5. Evidentemente, portanto, o verdadeiro significado da menção ao primeiro dia da semana no relato da ressurreição é o desejo dos escritores dos evangelhos de fornecer uma narração exata dos even­

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Sábado tos em torno da crucifixão e mostrar que a declaração de Cristo de que Ele ressurgiria no terceiro dia se cumpriu. Além de Suas reuniões com os discípulos e algumas mulheres no dia da ressurreição, conforme mencionadas nos seis textos sobre o “primeiro dia”, que outras visitas que indicam o tempo de Sua visita são registradas? Há duas: 1. O dia da ascensão, que ocorreu “quarenta dias” após a ressur­ reição (veja Atos 1:3 e 9). Obviamente, se o dia da ressurreição é o domingo, o Dia da Ascensão deve ser quinta-feira. As igrejas que celebram o Dia da Ascensão o fazem em uma quinta-feira. 2. Uma reunião realizada uma semana depois do dia da ressurrei­ ção. O tempo é assim dado: “Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-Se no meio e disse: Paz seja convosco!” João 20:26. Teólogos eruditos sustentam que “passados oito dias” é uma expressão idiomática judaica para uma semana. Assim, tratavase de uma reunião de Cristo com Seus discípulos no segundo domin­ go após a Sua ressurreição. Aceitando essa opinião, encontramos evidência, portanto, de reunião de Cristo com Seus discípulos em apenas dois domingos. A primeira reunião no domingo, obviamente, não prova nada. Por que deveria Ele esperar além da ressurreição para encontrar-Se com Seus discípulos? Por isso, toda a evidência para a mudança por Cristo do dia de adoração a ser baseada em Suas reuniões com os discípulos deve ser deduzida do Seu segundo aparecimento. Talvez Jamieson, Fausset e Brown, em seu comentário bíblico so­ bre João 20:26, apresentem o argumento para o domingo tão favo­ ravelmente quanto possível: “Eles [os discípulos] provavelmente se reuniram todos os dias durante a semana precedente, mas .seu S e­ nhor deliberadamente reservou Seu segundo aparecimento entre eles até a repetição do dia da Sua ressurreição, para que Ele pudesse assim inaugurar os deleitosos ritos sagrados do dia do Senhor.” Aqui está um reconhecimento de que os discípulos não estavam escolhendo o domingo para uma reunião. Esta é uma admissão mui­ to importante. De fato, o relato não apresenta nenhuma sugestão de qualquer reunião. Se o verso 26 for comparado com o verso 19, mui­ to naturalmente concluiremos que os discípulos estavam continua-

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R espostas a Objeções mente juntos atrás de portas fechadas simplesmente por proteção. Eles temiam estar fora nas ruas. Mas o texto não dá nenhuma suges­ tão de que Jesus especialmente “reservou Seu segundo aparecimen­ to entre eles” até domingo, e que o fez para “inaugurar” o dia do Se­ nhor. Que frase ou palavras do texto sugerem tal idéia? Absoluta­ mente nenhuma. Mas o texto sugere, ao menos, o motivo por que Ele apareceu nesse tempo específico. Contudo, o motivo não tem nada a ver com a santidade do domingo. Lemos: “Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os Seus discípulos, e Tomé com eles.” João mencio­ na especificamente a ausência de Tomé do cenáculo no domingo da ressurreição e sua conseqüente incredulidade (João 20:24-26). Ele pode mesmo ter estado ausente por vários dias depois da ressurrei­ ção. Mas, nesse dia, ele estava “com eles” no cenáculo. Até aqui, conforme revela o relato de João, o propósito da visita de Cristo “passados oito dias” era conversar com Tomé. Naturalmente, Ele es­ colheu uma ocasião em que Tomé estivesse “com eles”. Além disso, nada pode ser razoavelmente deduzido do relato. Assim, o significa­ do inaugural do domingo a partir dessa reunião que ocorreu “passa­ dos oito dias” desaparece. E verdade que Jesus encontrou-Se com eles em outras ocasiões, mas elas não foram datadas. Talvez o objetor do sábado quisesse afir­ mar, embora sem prova possível, que tais reuniões foram no domin­ go. Se é assim, então examinemos o relato da “terceira vez” que Cristo Se encontrou com Seus discípulos depois da ressurreição (veja João 21:1-14). Os discípulos estavam pescando! Evidente­ mente, eles consideravam a pesca adequada nesse dia, fosse qual fos­ se. O relato nem mesmo sugere que Cristo os reprovou por isso. Ao contrário, Ele os instruiu como pescar. Não nos lembramos de que os defensores do domingo discutam esta “terceira vez que Jesus se manifestava aos discípulos, depois de ressuscitado dentre os mortos”. Em vez disso, eles enfocam Sua primeira aparição aos discípulos, que prova ser explicável em função do Seu desejo de imediatamente reassegurá-los de Sua ressurreição; e em Sua segunda aparição, que é explicável quanto à visita feita porque Tomé estava presente. Não focalizam nenhuma outra aparição, porque não há nenhuma outra que possivelmente possa ser fixada como ocorrendo no domingo, ou

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Sábado que possa ser distorcida para apoiar de algum modo a teoria de que Cristo inaugurou a adoração no domingo. O que dizer da suposta prova para a santidade do domingo basea­ da no fato de que o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos no dia de Pentecostes? Vamos ignorar o fato de que alguns teólogos guardadores do domingo nem mesmo têm certeza de que naquele ano o Pentecostes caiu no domingo, embora isso obviamente enfra­ queça o argumento do domingo. Achamos que o Pentecostes caiu no domingo naquele ano, mas nunca descobriríamos tal fato a par­ tir do relato bíblico do derramamento do Espírito. Nenhuma men­ ção é feita ao dia da semana envolvido. O relato nos informa so­ mente que “ao cumprir-se o dia de Pentecostes” ocorreu o derrama­ mento do divino Espírito (Atos 2:1). Certamente, se o escritor apostólico visse nesse derramamento qualquer significado para a guarda do domingo, ele teria ao menos desvendado o fato de que o evento ocorreu no primeiro dia da semana, mesmo que não tomas­ se tempo para comentar sobre a santidade do domingo, que supos­ tamente seguiu-se como resultado da divina efusão. Mas o objetor pode replicar: “Todos os que lessem o livro de Atos saberiam que o Pentecostes naquele ano foi no domingo, e pode­ riam assim tirar suas próprias conclusões quanto à relação entre a di­ vina efusão e o primeiro dia da semana.” Se essa resposta significa alguma coisa, é que, longe de Atos 2:1 ser uma referência inspirada à santidade do domingo, ou mesmo uma menção ao dia da semana envolvido, o leitor deve apoiar-se em seu próprio conhecimento dos fatos e tirar suas próprias deduções. Isso certamente está longe de um “Assim diz o Senhor” para o domingo. Porém, cada leitor do livro de Atos saberia que o Pentecostes caiu no domingo naquele ano? Lucas escreveu Atos cerca do ano 63 d.C., ou uns trinta anos depois do acontecimento do Pentecostes. As festas judaicas anuais, das quais o Pentecostes era uma, caíam cada ano em um dia diferente da semana, como, por exemplo, o dia da mudança da capital do Brasil para Brasília. Mas será que todos hoje, uma geração depois do acontecimento de 21 de abril de 1960, sabem em que dia da semana ele caiu? Não. O mesmo pode ser dito em relação ao dia de Pentecostes no ano da ascensão de nosso S e­ nhor. O leitor de Atos, o qual foi escrito uma geração depois de

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R espostas a Objeções Cristo, não estaria mais ciente do dia da semana envolvido naquele grande Pentecostes do que estaríamos cientes do dia da semana em que ocorreu a mudança da capital. As próprias palavras de Lucas revelam que ele deseja que o leitor note não que o Espírito Santo foi derramado em determinado dia da semana, mas que foi derramado “ao cumprir-se o dia de Pentecostes”. Não encontramos uma explicação evidente para o cálculo do tempo do incidente no fato de que certos eventos em conexão com o pri­ meiro advento de Cristo foram o cumprimento de serviços típicos dos judeus. “Cristo, nosso Cordeiro pascal” (I Cor. 5:7) cumpriu o ri­ tual típico da Páscoa e foi sacrificado no mesmo dia em que o cordei­ ro pascal era imolado, o décimo-quarto dia do primeiro mês (Êxo. 12:1-6). A oferta das primícias no décimo-sexto dia do primeiro mês encontrou seu cumprimento na ressurreição de Cristo, as primícias dos que dormem, nesse dia (Lev. 23:5-11; 1 Cor. 15:20-23). Então, “ao cumprir-se o dia de Pentecostes” , evidentemente outro serviço típico encontrou seu cumprimento (Lev. 23:15-21). Se podemos de­ duzir alguma coisa da escolha do momento do derramamento do Es­ pírito Santo, é isto: Lucas está procurando mostrar que Cristo é o grande antítipo dos rituais judaicos. Pelo menos, nenhuma outra de­ dução parece de modo algum confirmada pela narrativa.

188

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b je ç ã o

42

Desde os primeiros dias apostólicos, os cristãos guardaram o domingo em honra da ressurreição de Cristo. Isso é claramente revelado em duas passagens bíblicas: Atos 20:7 e I Cor. 16:2.

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PARA A DECLARAÇÃO DE QUE “DESDE OS PRIMEIROS DIAS APOSTÓLICOS

os cristãos guardaram o domingo”. Não há prova de que Cristo ins­ tituiu a adoração no domingo no dia da ressurreição ou durante Suas aparições aos discípulos nos quarenta dias antes da Sua ascensão. Nem há nada nas Escrituras para mostrar que, durante aquele perío­ do de quarenta dias, os apóstolos prestaram qualquer tipo de vene­ ração ao domingo. Portanto, se existe prova bíblica de que os após­ tolos guardaram o domingo, ela deve ser encontrada algumas déca­ das mais tarde, nos dois textos citados nesta objeção e em outro tex­ to a ser considerado na próxima objeção. Não é estranho que uma prática tão revolucionária como a guar­ da de um novo dia santo semanal por cristãos judeus e gentios, e as­ sim o abandono do sábado do sétimo dia, não tivesse sido assunto de intensa e repetida discussão nos escritos dos apóstolos? Quando eles disseram que a circuncisão não era mais necessária, houve um “fu­ racão”. O vento dessa controvérsia sopra fortemente ao longo das páginas do Novo Testamento. Porém, somos instados a crer que os apóstolos disseram aos cristãos conversos que o sábado não precisa­ va mais ser guardado e não ocorreu nenhuma tempestade, ao menos nada suficientemente importante para ser mencionado no Novo Testamento! Todavia, os judeus eram fanaticamente zelosos pelo sá­ bado! Aqui está uma situação muito singular. À luz desses fatos, temos o direito de suspeitar da alegação sobre a santidade do domingo com base nos dois textos citados. E, lembre-se, eles são os únicos dois textos da Bíblia subseqüentes ao dia da ressurreição que mencionam o primeiro dia da semana. Diz o primeiro texto: “No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem [de Trôade] no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meianoite.” Atos 20:7. Este texto é parte de uma narrativa corrente des­ crevendo vários incidentes da viagem de Paulo de volta para Jeru-

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R espostas a Objeções salém, no final da sua terceira viagem missionária. Todo o relato re­ quer dois capítulos. Examinemos primeiro a afirmação a respeito do partir o pão. Em Atos 2:46, lemos que os discípulos “diariamente perseveravam unâ­ nimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração”. Se um serviço de co­ munhão está implícito pelo “partir o pão” em Atos 20:7, não prova nada distintivo para este dia específico em Atos, porque os discípu­ los partiam o pão “diariamente”. Note que nenhum título sagrado é usado para esse dia. É simples­ mente chamado “o primeiro dia da semana”. Portanto, em que de­ vemos basear um argumento para a santidade do domingo? Simples­ mente no fato de que uma reunião religiosa foi realizada nesse dia. Em outras palavras, a lógica é a seguinte: 1. A realização de uma reunião em um certo dia é prova de que esse dia é santo. 2. Paulo realizou uma reunião no primeiro dia da semana. 3. Portanto, o domingo é um dia santo. Assim, livre de toda a linguagem excedente, o argumento em prol do domingo que supostamente se baseia em Atos 20:7 revelase em sua verdadeira fraqueza. Quando lemos todo o relato da via­ gem, descobrimos que Paulo pregou em vários lugares ao longo do caminho enquanto viajava para Jerusalém. Foram todos esses ser­ mões programados para cair no domingo? Veja a última metade do capítulo 20, que apresenta um sumário do que foi talvez um dos mais importantes sermões que Paulo pregou nes­ sa viagem - pelo menos, é o único descrito em detalhes. Um exame do contexto, especialmente o verso 15, indicaria que ele foi provavel­ mente pregado numa quarta-feira, certamente não em um domingo. Por isso, concluiremos que a quarta-feira é um dia santo? Esta seria a conclusão a que podemos chegar com base na lógica apresentada em favor da santidade do domingo nesse capítulo. Na verdade, a lógica nos forçaria a concluir que Paulo tomou santos quase todos os dias da semana nessa única viagem, tantos foram os serviços religiosos que ele dirigiu ao longo do caminho. Não. É necessário mais do que a prega­ ção de um sermão para tornar um dia santo, ou reverter o mandamen­ to divino de que “o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus”.

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Sábado Quando se nota o tempo exato da reunião em Trôade, esta passagem de Atos 20 torna-se ainda menos convincente como uma prova em favor do domingo, se isso fosse possível. A reunião foi rea­ lizada à noite, pois “havia muitas lâmpadas no cenáculo onde está­ vamos reunidos”. Verso 8. O relato diz também que Paulo “prolon­ gou o discurso até à meia-noite” pelo motivo de que ele “devia se­ guir viagem no dia imediato”. Verso 7. Seu discurso continuou de­ pois da meia-noite, pois “ainda lhes falou longamente até ao romper da alva” e depois “partiu”. Verso 11. Na seqüência, a narrativa reve­ la que Paulo tinha de fazer uma viagem através de uma península, indo de Trôade, onde ele tinha deixado seu navio, para Assôs, onde devia embarcar outra vez. É um fato bem conhecido que a Bíblia conta os dias do pôr-dosol ao pôr-do-sol, não da meia-noite à meia-noite, como fazemos hoje (veja Gên. 1:5, 8, 13, 19, 23 e 31; Lev. 23:32). Portanto, a par­ te escura daquele “primeiro dia da semana” foi o que hoje descreve­ ríamos como sábado à noite. Conybeare e Howson, em sua obra Life and Episdes o f the Apostle Paul [Vida e Epístolas do Apóstolo Paulo], página 520 (edição em um volume), escrevem o seguinte concer­ nente ao tempo da reunião: “Era o anoitecer que se seguia ao sába­ do judaico. No domingo de manhã, o navio estava prestes a zarpar.” Assim, Paulo realizou uma reunião no sábado à noite e partiu em sua longa viagem no domingo de manhã. Não vemos hoje os guarda­ dores do domingo atribuindo qualquer santidade ao sábado à noite. Contudo, eles querem se apoiar nesse relato de uma reunião de sába­ do à noite como prova da santidade do domingo. Foi somente porque Paulo pregou um sermão muito longo que a reunião se estendeu até o que os guardadores do domingo consideram como seu dia santo. Paulo passou “uma semana” em Trôade. Verso 6. Então no sába­ do à noite, o início do “primeiro dia da semana”, ele “pregou-lhes, pronto para partir de manhã”. Não há nenhuma boa razão para crer que Paulo absteve-se de pregar durante os “sete dias” e então, por­ que tinha chegado “o primeiro dia da semana”, realizou um serviço religioso. O relato de suas viagens revela que ele pregava constante­ mente. Neste caso, somos informados especificamente por que ele pregou: o apóstolo “devia seguir viagem no dia imediato”. Em outras palavras, ele aproveitou a última oportunidade para falar aos cren­

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R espostas a Objeções tes, quando os discípulos estavam “reunidos com o fim de partir o pão”, mesmo pregando-lhes “até ao romper da alva”. Verso 11. Se o relato prova alguma coisa, é que a reunião do primeiro dia foi reali­ zada não por causa de um costume religioso habitual, mas por causa de uma situação incomum de viagem. A luz de toda a narrativa da viagem de Paulo, a menção do “pri­ meiro dia da semana” é simplesmente explicada como uma das vá­ rias menções de tempo para dar ao leitor um quadro geral do tempo envolvido naquela viagem. Note estas referências: 1. “Se demorou [na Grécia] três meses.” Atos 20:3. 2. “Depois dos dias dos pães asmos, navegamos de Filipos.” Verso 6. 3. “Em cinco dias” veio a Trôade. Verso 6. 4. “Onde passamos uma semana.” Verso 6. 5. “No primeiro dia da semana.” Verso 7. 6. “Devia seguir viagem no dia imediato.” Verso 7. 7. “No dia seguinte, passamos defronte de Quios.” Verso 15. 8. “No dia imediato, tocamos em Samos.” Verso 15. 9. “Um dia depois, chegamos a Mileto.” Verso 15. 10. “Se apressava com o intuito de passar o dia de Pentecostes em Jerusalém.” Verso 16. 11. “No dia seguinte, a Rodes.” Atos 21:1. 12. “Permanecemos lá [em Tiro] durante sete dias.” Verso 4. 13. “Passados aqueles dias.” Verso 5. 14. “Passando um dia com eles” [em Ptolemaida]. Verso 7. 15. “No dia seguinte, partimos e fomos para Cesaréia.” Verso 8. 16. “Demorando-nos ali alguns dias.” Verso 10. 17. “Passados aqueles dias,. . . subimos para Jerusalém.” Verso 15. O Dr. Augustus Neander, um dos mais conceituados historia­ dores eclesiásticos e guardador do domingo, em sua The History o f the Christian Religion and Church (1831, vol. 1, pág. 337), faz esta observação quanto à prova para a santidade do domingo su­ postamente encontrada em Atos 20:7: “A passagem não é in tei­ ramente convincente, porque a iminente partida do apóstolo pode ter unido a pequena igreja em uma fraternidade de partir o pão, em cuja ocasião o apóstolo pregou seu último discurso, em­ bora no caso não houvesse nenhuma celebração específica de um domingo.”

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Sábado Se essa “passagem não é inteiramente convincente” para um his­ toriador eclesiástico guardador do domingo, dificilmente poderia ser co n v in cen te para um guardador do sábado que baseia sua fé no irresistivelm en te convincente mandamento de Deus: “O séti­ mo dia é o sábado do Senhor.” O fato de um defensor do domingo precisar recorrer a Atos 20:7 como prova para a santidade do domingo apenas revela quão fraco é o argumento do domingo nas Escrituras. O outro texto em favor do “primeiro dia” diz assim: “Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de par­ te, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.” I Cor. 16:1 e 2. Supostamente, te­ mos aqui o quadro de um culto em que um grupo está reunido e a oferta está sendo arrecadada. O raciocínio, é claro, é que se um cul­ to foi realizado no domingo, isso prova que o domingo é sagrado e, por inferência, que o sábado do Decálogo foi abolido. Isso é muita coisa para se tentar encontrar em um texto, princi­ palmente quando o texto não permite tirar tais deduções. Em vez de descrever uma oferta na igreja, onde os crentes entregam suas ofer­ tas a um diácono, o relato diz que “cada um de vós ponha de parte, em casa”. A Revised Standard Version, uma tradução amplamente re­ conhecida e aceita, traduz assim esse texto: “No primeiro dia de cada semana, cada um de vós separe alguma coisa e guarde, confor­ me a sua prosperidade, para que as contribuições não precisem ser feitas quando eu chegar.” Em outras palavras, no primeiro dia da se­ mana, cada um devia decidir com base no ganho ou na renda da se­ mana finda o quanto desejava pôr de parte para uma coleta especial que Paulo iria levar para os pobres de Jerusalém, e guardar isso em um lugar especial separado do outro dinheiro da casa. Era um ato de contabilidade em vez de um ato de adoração. Que essa é a compreensão correta da passagem é admitido por sá­ bios teólogos guardadores do domingo, cujo desejo de traduzir cor­ retamente as Escrituras excede o seu desejo de encontrar provas para o domingo. Vejamos, por exemplo, o comentário típico que se encontra na obra The Cambridge Bible for Schools and Colleges, um comentário sobre as Escrituras publicado pela imprensa da Univer­ sidade de Cambridge e editada por clérigos da Igreja Anglicana. O

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0 apóstolo João chama o domingo de o “dia do Senhor”, e diz que achou-se “em espírito” nesse dia. Isso prova que o domingo é o sagrado dia de descanso semanal da igreja cristã e que o sábado foi abolido.

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voz, como de trombeta.” Significativamente, aqueles que fazem essa afirmação acham ne­ cessário abolir o sábado a fim de encontrar espaço para a adoração no domingo. Isso é natural, pois a Bíblia estabelece apenas um dia santo semanal, e os defensores do domingo têm tentado conseguir algum tipo de fundamento bíblico para o domingo. Mas mesmo que, com a expressão “dia do Senhor”, João quisesse dizer “domingo”, isso não forneceria nenhuma prova de que o quarto mandamento do Decálogo foi abolido ou mesmo mudado. Que este fato seja esclare­ cido no início. Ora, como os oponentes do sábado tentam provar que esse tex­ to se refere ao domingo? Deste modo: eles alegam que a expressão “dia do Senhor” como um sinônimo para domingo começou a ser usada pelos pais da igreja em seus escritos pouco depois da morte de João e que, portanto, ele a usou no mesmo sentido. Quais são os fatos? De forma resumida, são estes: chegaram até nós certos escritos atribuídos a vários mártires e outros pais da igre­ ja que viveram nas gerações imediatamente em seguida à dos após­ tolos. Historiadores eclesiásticos afirmam que muitos desses escritos são espúrios, e aqueles que são genuínos foram tão adulterados ou aumentados por escritores posteriores que é quase impossível saber que porção foi escrita pelo autor original. E o próprio fato de que as palavras de um autor foram freqüentemente deturpadas, somado ao fato de que alguns desses mais antigos pais empregavam construções literárias incomuns, se não incoerentes, tem levado tradutores sérios a ficar em grande incerteza quanto ao verdadeiro significado de mui­ tas passagens daqueles escritos. O historiador Augustus Neander assim resume o valor desses do­ cumentos, em sua General History o f the Christian Religion and Church (1854, vol. 1, Apêndice, seção 4, pág. 657):

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Respostas a Objeções Os escritos dos chamados pais apostólicos têm infeliz­ mente, na maior parte, chegado até nós em uma condição muito pouco digna de confiança, parcialmente porque sob o nome desses homens, altamente venerados na igre­ ja, escritos foram cedo forjados com o propósito de confe­ rir autoridade a opiniões ou princípios particulares; e par­ cialmente porque seus próprios escritos, que ainda exis­ tiam, tornaram-se interpolados em subserviência a um inteiesse hierárquico judaico, que visava esmagar o espírito livre do evangelho. Em vista disso, o leitor pode ver imediatamente quão indigno de confiança é qualquer argumento baseado no que supostamente foi dito pelos pais apostólicos ou quando eles supostamente o disseram. Somente se fecharmos os olhos para o elemento espúrio, com a in­ certeza da data, e estivermos prontos a acrescentar um pouco de ra­ cionalização à nossa tradução de certas passagens adulteradas e incocientes, podemos aceitar sem questionamento a alegação de que a expressão dia do Senhor” começou a ser usada pelos pais da igre­ ja logo depois da morte de João. Cremos que não existe nenhuma utilização clara e indiscutível dessa expressão nos escritos dos pais até perto do final do segundo século. Se isso for correto, o argumen­ to em prol do domingo baseado no uso da expressão por João de­ monstra-se tão fraco, tão superficial, que não pode carregar o peso colocado sobre ele. Contudo, mesmo uma passagem adulterada e duvidosa parece plausível para aqueles que precisam do apoio dela. Por isso, a despei­ to da evidência contrária aqui apresentada, ainda permanecerá em muitas mentes no mínimo um sentimento parcial de que a expres­ são foi realmente utilizada pelos pais da igreja para descrever o do­ mingo dentro de mais ou menos uma geração a partir dos dias de João. Além disso, tão intrigante é o fato de que João utilize uma ex­ pressão usada posteriormente para descrever o domingo, que aque­ las mesmas mentes naturalmente se inclinem para a conclusão de que, afinal, João também a usou para descrever o domingo. Sem falar na fraqueza emocional que aflige esse tipo de conclu­ são, há uma evidente falácia que a invalida: a falácia de concluir que,

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Sábado porque uma palavra tem um certo significado em uma época, ela tem o mesmo significado em um período anterior. Esta é uma das piores falácias em que alguém pode incorrer lendo os escritos de uma épo ca anterior. Porque nos escritos de um pai do segundo século a ex­ pressão “dia do Senhor” significava domingo, isso não quer dizer que nos escritos de João a frase significava domingo. As palavras mudam e mesmo invertem o seu significado, e às vezes em um período sur­ preendentemente curto. Até o século dezessete, a palavra “sábado” foi usada por oradores e escritores cristãos para descrever o sétimo dia da semana. Mas nas Ilhas Britânicas, naquele século, houve um grande reavivamento re­ ligioso puritano, que tentou assegurar uma melhor observância do domingo. Foi declarado que o domingo era ordenado no Decálogo, com simplesmente uma mudança do sétimo para o primeiro dia da semana. A fim de tornar sua linguagem coerente com essa opinião, os reformadores puritanos começaram a chamar o domingo de “sá­ bado”. A mudança ocorreu em quase uma geração, no que concer­ ne a um grande segmento da população, e o termo “sábado” usado para “domingo” chegou até os nossos dias. Considere a palavra “sabatista”. Por longos anos, mesmo no iní­ cio do século vinte, o termo era usado para descrever um defensor do domingo que acreditava que o domingo deveria ser rigorosamen­ te guardado, geralmente com o apoio de legislação civil. Hoje, sa­ batista” é usado para descrever um adventista do sétimo dia, que guarda um dia diferente e que se opõe às leis civis para a guarda do sábado. Aqui novamente está uma completa inversão de significa­ do, e em tão breve espaço de tempo. Ou considere outra mudança no sentido das palavras, mais sur­ preendente quanto à diferença de significado e quanto à velocidade da mudança. Na década de 1840, nos Estados Unidos, a palavra “es­ piritualista” significava uma pessoa que espiritualizou o significado literal das Escrituras, ou alguém que tinha opiniões muito espiri­ tuais. Mas, em menos de dez anos, a palavra começou a ser usada para descrever aqueles que tinham se associado com as pancadas de Hydesville, em 1848, que deram início ao moderno espiritismo. Tudo que alguém precisa fazer é examinar um dicionário nao abreviado para encontrar uma infindável lista de mudanças no sig-

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R espostas a Objeções nificado das palavras. E, após tal exame, a pessoa certamente suspeitara de qualquer argumento que procure ler retroativamente nas paavras de um escritor de determinada época o significado dado àqueias palavras por escritores de uma época posterior. Por que concluir, ao ler sobre um “espiritualista” em uma revista teológica de 1840, que está sendo descrito um cren te em espíritos de mortos? Ou por que concluir da leitura de uma revista da década de 1890 que um grupo de “sabatistas” realizou uma reunião que um grupo de adventistas estava em sessão? Ou por que concluir da leitura da declara­ ção de Joao sobre o “dia do Senhor”, escrita cerca do ano 90 d.C., que ele achava-se “em espírito” no domingo? Podemos compreender corretamente as palavras de um escritor à luz do significado que aquelas palavras tinham tido até a época em que ele escreveu. Mas não podemos com segurança ler retroativa­ mente em suas palavras um significado adquirido por aquelas pala­ vras em anos posteriores. Q

CA ° m0 ^01 dlt° ’ ^0ã° escreveu ° Apocalipse por volta do ano d.C. Até aquele tempo, os escritores da Bíblia tinham sempre usado a expressão “dia do Senhor” para descrever o domingo? Não. Eles umformemente descreviam o domingo apenas como “o primei­ ro dia da semana”. Ainda mais surpreendente é o fato de que o pró­ prio João, em seu evangelho, que, segundo consenso geral, foi escri­ to alguns anos depois do Apocalipse, ainda chame o domingo pela mesma fiase descolorida que os outros escritores usavam, “o primei­ ro dia da semana”. Jü

Há apenas um dia na Bíblia que podia reivindicar ser o “dia do enhor , e este e o sábado. O Decálogo o descreve como “o sábado do Senhor” Exo. 20:10. Isaías nos convida a chamar este dia de santo dia d° Senhor”. Isa. 58:13. Cristo descreveu a Si mesmo como Senhor também do sábado”. Mar. 2:28. João tinha ouvido o Salvador pronunciar estas palavras. Também conhecia as palavras o L ecálogo e as palavras de Isaías. Portanto, é muito razoável concluii que ele queria dizer “sábado” quando disse “dia do Senhor”. E claro que alguém pode argumentar que, se João usou “dia do enj^or Para o sábado em Apocalipse, naturalmente ele o usaria também em seu evangelho. Mas, em vez disso, ele usa ali o termo costumeiro sábado”. Admitimos que não sabemos por que ele usou

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Sábado “dia do Senhor” esta única vez. Foi apresentada evidência para mostrar apenas (1) que a interpretação do “dia do Senhor” em Apoca' lipse 1:10 peio objetor do sábado não resiste a escrutínio, e (2) que a única interpretação razoável de suas palavras é que ele queria di­ zer “sábado”. Contudo, a história dos dias de João oferece uma interessante su­ gestão quanto ao motivo por que ele usou “dia do Senhor’ para o sá­ bado no Apocalipse. O cristianismo estava entrando em conflito cada vez maior com Roma pagã. Os Césares eram frequentemente deificados, e às vezes se exigia que os cristãos lhes oferecessem in­ censo, ou perdessem a vida. Havia dias do imperador, como o dia do seu aniversário, que assumiam uma qualidade religiosa por causa da mistura do Estado com a Igreja. O dia em que um César visitava de­ terminada cidade era sempre dali em diante um feriado naquela ci­ dade e conhecido, por tradição, como um dia venerável, um dia dig­ no de adoração. O imperador Domiciano era “acostumado a cha­ mar-se a si mesmo e a ser chamado de ‘Senhor e Deus (Phi ip Schaff, History o f the Christian Church, 8a ed., 1903, vol. 2, pag. 44). Ora, João, que fora banido para Patmos quase certamente duran­ te o reinado de Domiciano, foi especialmente favorecido com reve­ lações da vinda do reino e glória de Cristo, enquanto Patmos brilha­ va para ele com a glória de seu Senhor. Esse Senhor ele descreveu como “Rei dos reis e Senhor dos senhores”, um título muito signifi­ cativo para os cristãos perseguidos que, a custo da própria vida, re­ cusavam reconhecer a César como “Senhor e Deus . Em 4 poca ip se 1:10, João introduz sua primeira revelação da glória de Cristo. Em vista dos conflitos dos cristãos com Roma, seria natural para ele, se essa primeira visão foi no sábado, declarai que achou-se em espiri to no dia do Senhor”, o dia do verdadeiro Senhor, cuja prova de S e­ nhorio é a Sua posição de Criador, de que o sábado é um memorial (veja Apoc. 4:11; 10:6; 14:7).

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“Páginas de declarações autênticas, selecionadas dos escritos de autores cristãos primitivos, poderiam ser citadas em prova do fato de que o piimeiro dia da semana ... foi continuamente observado como um dia divino de adoração desde a ressurreição do Salvador através dos sucessivos primeiros séculos da presente dispensação.” Mas a despeito desta evidência os adventistas do sétimo dia ensinam (supostamente por inspiração) que a mudança veio com Constantino, o primeiro ‘imperador cristão’ nominal de Roma, ‘na primeira metade do quarto século’ (veja O Grande Conflito, 40a ed. [1990], pág. 48). E pela mesma autoridade, eles, contradizendo-se a si mesmos, também declaram que ‘o papa’ tinha mudado o sábado do sétimo para ‘o primeiro dia da semana’ (veja Primeiros Escritos, 3â ed. [1988], pág. 33).”

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ENCONTRADA PARA APOIAR A ALEGAÇÃO DE QUE OS CRISTÃO S CU A R '

davam o domingo. Os “autores cristãos primitivos”, que vieram depois dos apóstolos, não apresentam nenhuma prova indiscutível de veneração do domingo antes do segundo século. É geralmente admitido que quase todos os apóstolos tinham baixado à sepultura como mártb res por volta de 70 d.C. Mas devemos esperar no mínimo quarenta ou cinqüenta anos além dessa data antes de encontrarmos evidência escrita digna de qualquer consideração séria de que os cristãos estavam tendo o domingo em especial consideração. E mesmo algumas das evidências seriam seriamente questionadas por historiadores como ah tamente duvidosas com respeito à autoria, data e significado exato. O que o leitor médio não sabe, e o ohjetor do sábado alegra-se em esquecer, é que nos anos imediatamente após a morte dos apóstolos muitas idéias e costumes pagãos começaram a infiltrar-se na igreja. Falando aos presbíteros da igreja de Éfeso, por volta do ano 60 d.C., Paulo advertiu: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobrc o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando cousas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.” Atos 20:28-30.

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Sábado Alguns anos antes, ele havia escrito à igreja de Tessalônica falando de uma “apostasia” da fé que deveria vir e que resultaria na exaltação do “homem da iniquidade.” Esse “mistério da iniqüidade , acrescentou ele, “já opera” (II Tess. 2:3-7). A maioria dos teólogos protestantes através dos séculos têm considerado essa afirmação como uma profecia do desenvolvimento do papado, © grande poder católico romano. Em seus comentários sobre esta passagem profética de II Tessalonicenses, o comentarista Adam Clarke, embora não tenha certeza em sua própria mente sobre os vários pontos, acrescentei imediatamente: “A tendência geral dos escritores protestantes compreende o conjunto como se referindo aos papas e à Igreja de Roma, ou a todo o sistema do papado.” Ele então sumariza detalhadamente os comentários do Bispo Newton, um dos mais eminentes escritores anglicanos sobre profecia, ob­ servando que ”a parte principal dos modernos comentaristas segue seus passos. Ele aplica o conjunto à Igreja Romana.” E aqui está parcial­ mente o que Newton, conforme citado por Clarke, diz: “O mistério da iniqüidade já estava operando [nos dias de Paulo]; as sementes da cor­ rupção estavam semeadas, mas elas não tinham crescido ate à maturi­ dade.” “Os fundamentos do papado foram postos nos dias apostólicos.” Historiadores protestantes geralmente concordam que as raízes do catolicismo romano atingem no mínimo o segundo século. De­ clara o eminente historiador Philip Schaff: O primeiro exemplo do exercício de uma espécie de autoridade papal é encontrado por vol­ ta do final do primeiro século na carta do bispo romano Clemente (morreu em 102) à desolada e perturbada igreja de Corinto (H lstory ofthe Christian Church, 8a ed., 1903, vol. 2, pág. 157). Ele [Ciemente] fala em um tom de autoridade a uma igreja irmã de fundacão apostólica, e assim revela o tranqüilo e ainda inocente principio do papado” (Ibidem, pág. 646). Paulo morreu como mártir em Roma por volta de 68 d.C. C le­ mente, bispo de Roma, foi um discípulo de Paulo e morreu em 102 d.C. Schaff descreve “o intervalo entre Paulo e Clemente” como uma “transição do apostólico para o apócrifo, da fé para a supersti­ ção” (Ibidem). O objetor do sábado fala entusiasticamente de “autores cristãos primitivos”, que pretensamente forneceram boa prova para a guarda

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R espostas a Objeções do domingo na igreja primitiva. Mas o que aqui é revelado dos pri­ mórdios do papado lança uma densa sombra de suspeita sobre esses autoies . Clemente, bispo de Roma, foi um dos mais antigos, embora ele não escrevesse sobre a questão do domingo! Dos chamados pais da igreja que viveram nos dois séculos imediatamente em segui­ da aos apóstolos, diz Schaff (Ibidem, pág. 628): Procuramos em vão entre eles as doutrinas evangélicas da autoridade exclusiva das Escrituras, justificação so­ mente pela fé, o sacerdócio universal dos leigos; e encon­ tramos em vez disto já no segundo século uma elevada es­ tima de tradições eclesiásticas, obras meritórias e mesmo supermeritórias, e fortes tendências sacerdotais, sacra­ mentais, ritualísticas e ascéticas, que gradualmente ama­ dureceram nos tipos de catolicismo grego e romano. Na objeção 43, vimos que, quando lemos os chamados pais apos­ tólicos, aqueles autores cristãos primitivos”, não podemos ter cer­ teza se estamos realmente lendo o que eles disseram ou o que algum falsificador posterior introduziu em seus escritos. Schaff cita um eminente escritor declarando que, quando nos movemos dos es­ critos inspirados do Novo Testamento para os escritos não inspira­ dos dos pais, é como passar dos verdejantes limites de “uma cidade oriental no deserto” “para um árido deserto” (Ibidem, pág. 636). O objetor do sábado quer nos levar para esse “árido deserto” em busca de prova para a guarda do domingo! Mesmo se pudéssemos ter certeza do que os pais disseram sobre o assunto, qual é o valor de seu testemunho de que a igreja, no que diz respeito ao seu limitado co­ nhecimento de uma pequena parte dela, já estava seguindo a práti­ ca de guardar o domingo? Os historiadores citados desvendam que as raízes de vários ensinos falsos, mesmo de todo o romanismo, re­ montam aos dias daqueles mais antigos pais. Esses vários falsos ensinos e práticas, cristalizados pelo costume e os séculos, finalmente culminaram no papado. Por isso, é natural fa­ lai desses diferentes erros como tendo sido trazidos para a igreja cris­ tã por Roma, o que equivale a dizer que eles foram introduzidos pe­ los papas. Vimos que a guarda do domingo não é apostólica e não é

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lib a d o escriturística; portanto, é um daqueles ensinos não bíblicos q ue en­ traram mais tarde, cujos ensinos constituiram finalmente o sistema doutrinário católico romano. Assim, a Sra. Ellen G. W hite, falando para adventistas, n ão cometeu nenhum erro histórico em afirmar que o papa mudou o dia de adoração. Nem há qualquer conflito entre esta declaração e a declaração de que Constantino “promulgou um decreto fazendo do domingo uma festividade pública em todo o Império Rom ano” (O Grande Conflito, 40a ed., pág. 50). A Sra. W hite não diz que a mm dança do sábado para o domingo veio com Constantino, com o alega o objetor do sábado, mas simplesmente que ele promulgou uma lei dominical, o que é a afirmação de um fato histórico. Os historiadores citados - todos guardadores do domingo —crêem que o domingo tinha a sanção do costume apostólico, talvez até um mandamento apostólico. E o único argumento real que apresentam, na completa ausência de mandamento bíblico ou prova de una costume apostólico da guarda do domingo, é que certamente não encontraríamos a veneração do domingo tão difundida no segundo século a menos que ele tivesse tido sanção apostólica. O que esses historiadores esquecem é que eles acabaram de falar-nos de infindáveis falsas doutrinas e práticas extravagantes no segundo século apoiadas pelos escritos dos pais. Todas essas coisas más tiveram sanção apostólica? Eles também esquecem que o mesmo argumento plausível que usam para provar a origem apostólica da adoração no domingo é usado por Roma para provar a autoridade apostólica em relação a grande número dos seus ensinos e práticas antibíblicas. O argumen­ to é tão bom em um caso como no outro. E, precisamos acrescentar, é indigno em um caso como no outro. Nos “áridos desertos” dos tempos e escritores pós-bíblicos não podemos encontrar lugares se­ guros para nossos pés. Se quisermos caminhar na senda da verdade, devemos prosseguir na vereda das Escrituras, de mãos dadas com nosso Senhor e Seus santos apóstolos. Se ainda parece incrível para algum leitor que tão grande apos­ tasia pudesse estabelecer-se dentro do breve período de, por assim dizer, meio século (da última parte do primeiro século ao longo da primeira parte do segundo século), que ele note um paralehsmo mo­ derno. Na última parte do século dezenove, a maior parte do minis-

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R espostas a Objeções erio cnstao Podia ser descrito como de fé fundamentalista, embora cns.nof, evoluciomstas sutis estivessem tranquilamente começando a receber um ouvido simpático de alguns. Mas, pelo final do primeio quarto do século vinte, uma mudança revolucionária na fé reli­ giosa conhecida como modernismo tinha ocorrido nas principais rami ícaçoes da cristandade. Conceitos básicos como a divindade de Custo, expiaçao de Cristo e a inspiração das Escrituras tinham vastamente mudado de significado. Seria totalmente injustificado um futuro historiador arrazoar que nhmnecenrr,s cC'° da igreja em ®eral ham certas crenças modernistas, essas opiniões devem igualmente er sido mantidas no século dezenove e que os grandes líderes “ n u b s 'A i v i Í Zen0Ve I6” teraoen5inad° modo séculos 05 seus ^iscípulos. A Uevidencia em relação primeirodeSSe e segundo levaarmznu o u e 'n T '^ t h :St° rÍadores são c i m e n t e injustificados em século 7 ° f Ü de CertaS CrenÇaS Serem m m t‘das no segundo apóstoioÍ pT t6r r d° mantÍdaS n° Pnmeir0 6 Pro™ vidas pelos postolos. Por que denegrir a reputação daqueles santos homens'

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45

A ressurreição é o maior evento na história do cristianismo; portanto, guardamos o domingo. Os guardadores do sábado não são cristãos, porque não comemoram o grandioso evento da ressurreição de Cristo dentre os mortos.

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EVENTO DA HISTÓRIA DO CRISTIANISMO, ISSO NÃO SIGNIFICA QUE O

sábado do Decálogo deva ser abolido e a adoração no domingo tome o seu lugar. Mas quem somos nós, frágeis mortais, para tomar nossa própria decisão sobre qual é o maior evento da história do relacionamento de Deus com o Seu povo? A Bíblia jamais fez um pronun­ ciamento sobre esta questão. Além disso, quem somos nós para di­ zer como um sagrado evento da vida de Cristo deve ser comemora­ do? Se os seres humanos devem decidir qual é o maior evento e como deve ser comemorado, então a santidade do domingo, que procede desta decisão, repousa sobre um fundamento humano. Tudo o que seria necessário para mudar o dia de adoração seria que os cristãos concordassem que algum outro evento é o maior na história do cristianismo. E não poderia ser uma ótima idéia conside­ rar a crucifixão como o mais notável evento, uma vez que o mundo testemunhou o exemplo supremo de amor altruísta, ou seja, o Filho de Deus dando Sua vida por um mundo rebelde? Ou não poderia um argumento plausível ser construído para o notável exemplo do nas­ cimento de Cristo, quando o Universo testemunhou a surpreenden­ te cena de Deus Se manifestando em carne ? Sem a crucifixão de Cristo, o cristianismo seria sem sentido. O mes­ mo é verdade quanto ao Seu nascimento miraculoso. Como, então, po­ demos afirmar dogmaticamente qual é o maior evento da história do cristianismo? Como poderíamos provar o erro de alguém que conside­ rasse a cmcifixão, por exemplo, o maior evento? E se, em harmonia com o seu pensamento, decidisse guardar a sexta-feira, como poderíamos di­ zer que não estaria sendo tão coerente como o guardador do domingo, que tenta construir seu dia santo sobre sua própria opinião particular acerca de qual é o mais importante evento da história do cristianismo? A lógica de tudo isso nos leva à conclusão de que uma pessoa po­ deria guardar qualquer dia, dependendo de sua avaliação de eventos

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R espostas a Objeções notáveis, e ainda ser uma boa cristã. Aparentemente, o único dia que o cristão não deve santificar é o sétimo dia da semana! O observador do sábado tem contra si a acusação de que não é um cristão, porque não honra o evento que o guardador do domingo decidiu que deve ser honrado, ou antes porque não o honra da maneira como o observador do domingo decidiu que deve ser honrado. Mas os obseivadores do sábado se lembram do fato da ressurreição de nosso Senhor e seu significado para o cristão, porque cumpri­ mos fielmente a ordenança do batismo, por meio da qual Deus tinha em vista conservar clara em nossa mente a morte e a ressurreição de Cristo (veja Rom. 6:3-5). E batizamos por imersão, o que nos habi­ lita biblicamente e de maneira muito vívida a lembrar que Cristo foi sepultado e ressuscitou. O guardador do domingo, ao instituir um dia em memória da res­ surreição, torna bastante inútil, se não totalmente sem significado, a instituição do batismo, que Deus designou para lembrar aquele evento. Talvez seja este o motivo por que muitas igrejas têm reduzi­ do o rito do batismo à aspersão de algumas gotas de água, um proce­ dimento que não transmite absolutamente nenhuma idéia de “batis­ mo na morte” ou de ressurreição para andar em novidade de vida.

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O

b 1 /

ESTA REALMENTE UMA OBJEÇÃO ADEQUADA PARA SER LEVANTA'

DA CONTRA UM MANDAMENTO DE D EU S? DEVEMOS PRIMEIRO DECIDIR

se teremos lucro financeiro por seguir a voz de Deus antes de obede' cer? A Bíblia contaria uma história muito diferente dos grandes personagens do passado, se tivessem se detido para ponderar se valeria a pena servir a Deus. Os homens e mulheres de Deus são de uma têmpera diferente. Se você não pode ganhar a subsistência, pode ganhar a morte. Você não seria o primeiro a ser chamado a pagar com a vida por ser' vir a Deus. A história dos filhos de Deus é um longo registro de martírio. Sempre tem havido pessoas que prefeririam morrer a desobedecer a Deus. E necessário coragem e bravura para servir ao Céu. Todavia, Deus não requer com freqüência o sacrifício supremo a fim de servi'Lo. Você diz que não poderia sobreviver. Como você sabe? Deus lhe disse que você poderia morrer de fome, ou foi apenas uma tentação do diabo para impedido de tomar a decisão correta? Não, você não poderia ter lido tal pensamento na Bíblia, pois Cris­ to diz: “Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que ne­ cessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat. 6:30-33. E Davi escreveu em sua velhice: “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendên­ cia a mendigar o pão.” Sal. 37:25. Deus ainda vive e ama aqueles que mostram seu amor a Ele pela obediência aos Seus mandamentos. Por que não ter fé nEle, e crer que Ele o habilitará a ganhar a subsistência se você ganhar o sába­ do? Há milhares de crentes pelo mundo que têm demonstrado pre­ cisamente esse tipo de fé em Deus, e têm decidido guardar o sábado. E Deus tem falhado com eles? Não. E verdade que alguns foram pro­ vados em sua fé por algum tempo antes de conseguir achar emprego

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Sábado como guardadores do sábado. Mas eles não morreram de fome O testemunho de milhões de observadores do sábado refuta completa­ mente a objeção que estamos examinando. Aos que temem que não podem obedecer a Deus e ganhar a sub­ sistência, eu gostaria de dizer: se você realmente acha q u e Deus o desampararia caso você resolvesse servi-Lo, voce precisa de uma nova idéia de Deus em vez do sábado. Mas se voce cre que Deus cumprirá Sua promessa de prover para os que obedecem aos Seus mandamentos, e que mesmo que Ele prove sua fé voce preferiria morrer a desobedecer-Lhe, então o seu caminho esta claro, guaidar o sábado.

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Pa r t e

III

Segundo Advento OBJEÇÕES 56 A

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O bjeção 56 A Igreja Adventista do Sétimo Dia originou-se do movimento religioso da década de 1840 conhecido como milerismo, que marcou uma data para a vinda de Cristo. Esse antecedente histórico revela quão irracional e indigna de séria consideração é esta igreja.

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X X .A C U S A Ç Ã O NÃO É QUE NÓS MARCAMOS UMA DATA, MAS QUE OS NOSSOS ANCESTRAIS ESPIRITUAIS O FIZERAM. Q U E O FATO SEJA ESCLA-

recido logo de saída. Os adventistas, ao longo de toda a sua histó­ ria, não marcaram data para o advento. Mais que isso, eles têm enfatizado as palavras de Cristo: “Daquele dia e hora ninguém sabe.” Mat. 24:36. Qualquer crítico que tenha lido nossa literatu­ ra sabe desse fato. Assim, a acusação é forjada contra nós em re­ lação aos nossos predecessores, nosso contexto espiritual. Isto é dito não na tentativa de evitar o fato de que os mileritas marca­ ram data em 1844, mas simplesmente para pôr o assunto na devi­ da perspectiva histórica. Note que o movimento milerita do início da década de 1840 foi essencialmente um movimento interdenominacional. Pastores e membros de várias igrejas foram conhecidos como mileritas. Além disso, o movimento foi a expressão de um avivado interesse nas vá­ rias partes da Escrituras, principalmente as profecias, que apresen­ tam o assunto do segundo advento. Finalmente, qualquer corpora­ ção religiosa que pudesse ter surgido como resultado daquele despertamento para o estudo das Escrituras deveria ser julgada correta-

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Segundo Advent o mente pelas crenças que governam essa corporação em vez de pelas opiniões do vagamente definido movimento milerita, que focalizava uma grande doutrina. Contudo, isso não significa que preferimos esquecer os eventos da década de 1840. Longe disso. O fato de enfatizar que as doutrinas adventistas do sétimo dia não devem ser confundidas com as visões do milerismo não significa que havia algo tão desconcertante, mes­ mo fanático, acerca do incidente milerita da marcação de data em 1844, a ponto de desejarmos evitar qualquer vínculo com aqueles que se uniram ao movimento. De modo algum. Os seguintes seis fa­ tos porão a marcação de data milerita em uma luz inteiramente di­ ferente daquela lançada pelos que forjaram a objeção acima.

F ato N úmero 1 Embora marcar data seja um erro teológico, não é um erro mais grave do que aquele cometido por eminentes teólogos sobre outras questões de doutrina ou prática cristã. Por exemplo, as Es­ crituras declaram que Deus é longânimo, não querendo que n in ­ guém se perca, mas que todos cheguem ao arrependimento. Toda­ via, Calvino e todos os seus seguidores têm fechado os olhos a esta explícita declaração e têm afirmado que alguns são predesti­ nados para a salvação e outros para a condenação. Depois de as­ sistir ao Sínodo de Dort, que dogmatizou sobre a predestinação e seu corolário, a condenação, os bispos anglicanos declararam que era imprudente discutir a condenação, porque ela tendia ao deses­ pero em vez da edificação! Nenhuma acusação pior poderia ter sido feita contra a marca­ ção de data. Mas aqui está a diferença: teólogos têm perdido a pa­ ciência discutindo predestinação, mas não têm perdido a reputa­ ção. Suas conclusões equivocadas têm sido demasiado misteriosas, ao lidarem com os decretos divinos sobre o destino do ser humano. Mas aqueles que equivocadamente concluíram que tinham resolvi­ do o mistério do decreto divino quanto ao tempo do fim do mun­ do foram expostos ao ridículo. E isso a despeito do fato de que eles podem ter discutido seu assunto em doce harmonia e produzido edificação em vez de desespero para aqueles que aceitaram sua teo­ logia. Estranho!

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R espostas a Objeções Fato N úmero 2 E muito melhor para um seguidor de Cristo buscar aprender o máximo possível sobre a vinda de seu Senhor do que ser achado com aquele grupo a quem Cristo reprova por afirmar: “Meu Senhor tarde virá. De todos os erros que um estudante da Bíblia que ama a Cristo pode cometer, a marcação de data poderia razoavelmente ser descrita como o mais perdoável.

Fato N úmero 3 Muito mais importante, porém, do que a questão de relativa gravidade do erro de marcar data é o fato de que a marcação de data não era a essência da mensagem do advento pregada por Guilherme Miller e seus companheiros. A prova desta afirmação é inequívoca. Quando foi realizada a primeira assembléia do advento (Boston, 13 e 14 de outubro de 1840), foi publicada uma declaração dirigida “a todos os que em todo lugar invocam o nome de Jesus Cristo, Senhor nosso e deles . Essa declaração afirmava que o propósito da reunião era reviver e restaurar a antiga fé” mantida pelos “primeiros cristãos dos tempos primitivos da igreja e dos profundamente doutos e inteligentes reformadores” concernente à vinda pessoal de Cristo. Segue-se então este parágrafo: Embora em alguns aspectos menos importantes deste importante assunto não estejamos nós mesmos de acordo, particularmente com respeito à fixação do ano do segundo advento de Cristo, todavia estamos unanimemente de acordo e estabelecidos neste assunto todo-absorvente de que a vinda do Senhor para julgar o mundo está agora es­ pecialmente “próxima às portas”. O título do documento em que aparece esse texto é The First Report o f the General Conference o f Christians Expecting the Advent üfO ur Lord Jesus Christ, seção “Proceedings of the Conference”, pág. 12. O presi­ dente daquela primeira assembléia, Henry Dana Ward, e o secretário, Henry Jones, são descritos como se opondo à marcação de uma data. Em uma assembléia que se iniciou em 24 de maio de 1842, em Boston, uma resolução foi aprovada no sentido de que havia sérias

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Segundo Advento razões para se esperar o fim. em 1843. Mas as atas prosseguem decla­ rando que uma pessoa não precisava concordar com o elemento tempo a fim de ser membro regular da assembléia; precisaria apenas subscrever a crença de que o advento pessoal de Cristo e o próximo grande evento da história profética (veja Signs o f the Times, 1° de ju­ nho de 1842, pág. 69). Na primavera de 1844) o editor do The Advent Hevald, importan­ te semanário milerita, defendia a adoção do nome adventista para o movimento porque “assinala o fundamento real da diferença entre nós e a grande corporação dos nossos oponentes”. No The A dvent Herald, de 20 de março de 1844, pág. 53, lê-se o esclarecimento: Estamos plenamente convictos de que eles [os opo­ nentes] têm procurado conservar diante do público esta questão de tempo como o ponto detestável e herético (e cremos plenamente ser o tempo tão distintamente revela­ do como qualquer outra parte do assunto). Por causa dis­ so, nós o temos defendido, e assim ele se tornou tão des­ tacado, ainda que não seja, nem jamais tenha sido, o úni­ co ou o principal assunto em debate. De fato, há uma di­ ferença maior entre nós e os nossos opositores sobre a na­ tureza dos eventos preditos do que sobre a interpretação dos períodos proféticos [de tempo], ou o seu término. No que tange à marcação de um dia definido para o advento, a saber, 22 de outubro de 1844, o registro é claro de que Miller, Josué Himes e outros importantes líderes não aceitaram essa data defini­ da até outubro. Isso não faz deles menos participantes no erro da marcação de data, mas fornece prova clara em apoio da proposição de que uma data definida para o advento não era a essência do mo­ vimento milerita. Até o fim, alguns preeminentes pregadores mileritas mantiveram-se fiéis às Escrituras de que o dia e a hora não po­ diam ser conhecidos. O próprio Miller, que em 6 de outubro final­ mente aceitou a data definida, desviou-se dela em 21 de outubro, como revela logo depois sua carta ao Dr. I. O. Orr. Essa carta, ma­ nuscrita por Miller, apresenta, entre outras coisas, detalhes dos dias que precederam o esperado advento no dia 10 do sétimo mês judai-

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R espostas a Objeções co, isto é, 22 de outubro. Citamos de uma carta manuscrita, datada de 13 de dezembro de 1844: O nono dia [do sétimo mês, que é 21 de outubro] foi muito notável. Realizamos uma reunião o dia todo, e nos­ so lugar de adoração estava apinhado a ponto de transbor­ dar de almas aparentemente ansiosas. No anoitecer, eu disse a alguns dos meus irmãos que Cristo não viria de manhã. “Por que não?”, eles indagaram. Porque Ele não pode vir em uma hora que eles não imaginam, nem como um laço. Miller queria dizer que, se Cristo viesse em um dia conhecido por antecipação, Ele não estaria realmente vindo, como as Escrituras declaram que Ele virá, em uma hora que os homens não imaginam, e como um laço. Esta revelação sobre o pensamento de Miller na véspera do esperado advento pode ser vista por críticos cínicos me­ ramente como uma prova de que ele não sabia o que pensava sobre o assunto. Para todos os outros, cremos, essa carta ao Dr. Orr mos­ tra que Miller, o líder do movimento do advento de 1844, podia cal­ mamente duvidar da possibilidade de saber o dia da vinda de Cristo sem questionar o significado profético e espiritual do movimento do qual ele era o líder.

F ato N úmero 4 A marcação de data não viciou os princípios básicos de interpre­ tação profética sobre os quais o milerismo se apoiava, e sobre cuja interpretação eles construíram sua mensagem. Esta conclusão se ba­ seia no fato de que a marcação de data não era a essência do mile­ rismo e no fato de que alguns líderes preeminentes não acreditavam em uma data definida para o advento. Os mileritas baseavam toda a sua interpretação das grandes profecias de tempo sobre o princípio de que um dia representa um ano. Eles viam, portanto, naquelas profecias grandes medidas para transpor os séculos e dar um vislum­ bre dos planos finais de Deus para o mundo. Viam descrita a obra do papado em algumas grandes profecias. Em tudo isso os mileritas es­ tavam apenas seguindo os passos de eminentes teólogos dos séculos

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Segundo Advento anteriores. Era na força dessa perspectiva profética e em declarações bíblicas sobre segundo advento que os mileritas baseavam sua cren­ ça de que o advento de Cristo poderia ocorrer logo, e que a Sua vin­ da deveria ser literal e pessoal. O aspecto da marcação de data sim­ plesmente pôs em um enfoque mais bem definido o “quando do ad­ vento, mas não invalidava a pregação milerita básica sobre esse evento culminante.

F ato N úmero 5 Alguns teólogos que se uniram na ridicularização do milerismo no início da década de 1840 eram marcadores de data. A prova disso é indiscutível. No capítulo final de um livro em que procurava expor ao ridículo as opiniões de Miller, um pastor afirmou: “Se alguma con­ fiança pode ser posta na inferência de que os eventos históricos aos quais temos aludido são objetos da profecia, então o milênio come­ çará no final do século dezenove ou na primeira parte do século vin­ te” (W. H. Coffin, The Millennium o f the Church, págs. 81 e 82). Outro teólogo oponente muito citado escreveu no capítulo final de sua obra sobre o milerismo: “Se, portanto, pudéssemos determi­ nar a data precisa do início dos 1260 anos, durante os quais o anticristo papal devia continuar, não haveria nenhuma dificuldade em fixar o ano de sua queda, que ou deve ser contemporâneo com o iní­ cio do milênio, ou senão deve preceder essa gloriosa era por alguns poucos anos. [Segue-se então a discussão de possíveis datas.] ... M i­ nha própria opinião é a favor da ultima, isto e, 2015 (John Dowling, An Exposition o f the Prophecies, págs. 190 e 191). Esses oponentes tiraram das profecias bíblicas suas conclusões quanto ao tempo. Se eles tinham menos certeza quanto à data do grandioso clímax, não era devido a qualquer hesitação para crer que tal data poderia ser descoberta, mas simplesmente pelo fato de que não tinham sido capazes de decidir-se sobre ela com objetividade. Contudo, esses homens não foram em parte alguma os objetos de es­ cárnio. Ninguém os acusou de fanatismo. Por quê? Achamos que existe apenas uma resposta para esta pergunta: eles não predisseram que em certa data o mundo viria a um fim abrasador pelo apareci­ mento sobrenatural de Cristo para juízo, mas que o mundo entraria em uma era milenial em que todos conheceriam ao Senhor, desde o

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R espostas a Objeções menor até o maior. Não era o tempo, mas o evento que estava real' mente em debate. Não compreendemos verdadeiramente o problema real entre os adventistas de 1844 e seus oponentes até compreendermos que a controvérsia centralizava-se no evento a ocorrer. Não era a marcação de data, mas sim o evento predito pelos mileritas, que parecia ridículo para o mundo. Fato N

úm ero

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Podemos verdadeiramente declarar que os adventistas do sétimo dia jamais marcaram uma data para a vinda do Senhor, embora ad­ mitamos francamente, e sem o mais leve constrangimento, que bro­ tamos do solo do milerismo. Esta é a conclusão natural da evidência aqui apresentada. Os protestantes se orgulham de ser descendentes espirituais dos reformadores do século dezesseis. Mas isso não quer dizer que devam ser considerados responsáveis por cada ensino que possa ter sido promulgado pelos reformadores, principalmente se tal ensino não pertence claramente à essência da mensagem da Reforma. Além disso, a Reforma, no início, foi um movimento flexível, in­ definido. Posteriormente vieram as corporações luteranas e calvinistas claramente definidas. Cada uma nasceu diretamente do solo da Reforma, mas pode corretamente afirmar que deve ser considerada es­ tritamente responsável somente por aquelas doutrinas e práticas que têm sido cridas e praticadas desde a organização da sua igreja e o esta­ belecimento da autoridade da mesma. Assim também com os adven­ tistas do sétimo dia em relação ao milerismo e a marcação de data.

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O rjeção 57 0 movimento milerita, ou movimento do segundo advento, do qual surgiu o adventismo do sétimo dia, foi manchado por excêntricas ações fanáticas, como a confecção de vestes para a ascensão pelos iludidos seguidores de Miller, que se assentaram nos telhados e montes de feno para esperar a vinda de Cristo. Multidões foram convertidas em insanos pela pregação fanática. O fanatismo foi desmedido antes e depois de 1844. Isso prova que Deus não estava no movimento que originou o adventismo do sétimo dia.

P A R A FINS PRÁTICOS, VAMOS DIVIDIR A REFUTAÇÃO EM DUAS PARTES. 1. Q

u a i s s â o o s f a t o s r e l a t i v o s a o m o v i m e n t o m i l e r it a a t é

a data em que era esperada a segunda vinda de Cristo em 22 de outubro de 1844 ? Negamos, por completo, as duas acusações mais comumente for­ jadas de que foram confeccionadas vestes para a ascensão e que mul­ tidões foram convertidas em insanos pela pregação milerita. Além disso, negamos virtualmente por completo uma vasta série de outras acusações de fanatismo. Jamais foi possível para qualquer movimen­ to religioso escapar plenamente da acusação de atos fanáticos, por­ que nenhum movimento pode impedir que no mínimo algumas pes­ soas instáveis entrem em suas fileiras e tomem o seu nome. A prova em apoio desta radical negação é encontrada no livro The Midnight Cry, publicado em 1944 pela Review and Herald. Ali são citadas as fontes originais sobre cada ponto importante da his­ tória milerita, inclusive a questão de fanatismo até o final do pró­ prio movimento milerita. 2. Quais são os fatos relativos ao movimento milerita depois de 1844? O movimento tinha liderança unida, publicações mais ou menos oficiais e assembléias gerais freqüentes. Por isso, o espírito do movi­ mento podia ser muito bem determinado. Um indivíduo ou grupo ex­ cêntrico ou fanático destacava-se em assinalado contraste com o cor­ po principal. Os oradores do movimento podiam registrar sua desa­ provação de qualquer conduta irracional. Tais declarações de reprova­ ção foram às vezes necessárias, porque sempre há espíritos instáveis e fanáticos que procuram unir-se a qualquer novo movimento religioso. Depois de 1844, quando o movimento se dissolveu, não houve mais um grupo bem definido e unido chamado “mileritas” para de-

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R espostas a Objeções nunciar e excluir os espíritos fanáticos que pudessem procurar exi­ bir-se sob o nome de milerita ou adventista. Durante todo o tempo, um mundo hostil estava pronto a aceitar e a difundir qualquer história, não importa quão fantasiosa, sobre qualquer um que tivesse aceitado os ensinos do advento. O incrível não é que acusações de fanatismo entre os mileritas no período que se seguiu imediatamente a 1844 tenham chegado até nós, mas que não haja mais estórias desse tipo. Todavia, se os seis fatos a seguir forem conservados em mente, uma pessoa destituída de preconceito não terá dificuldade em con­ cluir que os adventistas do sétimo dia (e todos os adventistas em ge­ ral) não devem ser denegridos por tais estórias. 1. As histórias mais plausíveis acerca dos mileritas que tão am­ plamente circularam até 22 de outubro de 1844 têm se demonstra­ do completamente infundadas na maioria dos exemplos e grosseira­ mente exageradas nos poucos exemplos restantes. Por que dar mais importância a estórias contadas acerca dessas pessoas depois de 1844? Tornaram-se os loroteiros subitamente mais verazes em 1845 e nos anos seguintes? 2. O grande corpo de mileritas, após um escrutínio em seus escri­ tos e em sua conduta até o final de 1844, se revela como pessoas cal­ mas e circunspectas. Eram cristãos sinceros atraídos de muitas igre­ jas. E razoável crer que eles subitamente mudassem sua natureza es­ sencial e irrompessem de todos os lados em excessos fanáticos? 3. Os exemplos isolados de fanatismo, como os que realmente ocorreram depois de 1844, receberam somente vigorosa condenação da liderança que existia, seja entre os adventistas do primeiro dia ou entre aqueles que mais tarde tomaram o nome de adventistas do sé­ timo dia. 4. Nesse período crepuscular de 1845 ao início de 1850, não hou­ ve nenhuma organização real conhecida como adventistas do séti­ mo dia. Houve literalmente apenas um punhado de ex-mileritas, milhares que acrescentaram à sua doutrina da iminência do adven­ to a doutrina do sábado e do santuário. As vezes, uma pequena igre­ ja de um grupo de adventistas consistia apenas em parte daqueles que haviam adicionado essas duas doutrinas às suas crenças. Entre os perturbados e desnorteados mileritas, moviam-se com destaque

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Segundo Advento três pessoas que foram os pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia: José Bates, Tiago W hite e Ellen G. White. Eles encorajaram firmeza na fé do advento e apresentaram as demais verdades do sá' bado e do santuário. Lentamente, começou a tomar forma o que é agora conhecido como a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Que esses três pioneiros enfrentaram às vezes o fanatismo está c k ' ramente relatado em seus escritos. Que eles o condenaram amplamente também está relatado. Sem dúvida, alguns que eram inclinados ao fanatismo foram desviados de sua insensatez e se tomaram membros estáveis do movimento adventista observador do sábado então em de' senvolvimento. Mas isso prova apenas o poder do movimento para subjugar espíritos turbulentos. Em outras palavras, isso prova que o ad' ventismo do sétimo dia é um antídoto para o fanatismo. 5. Os três pioneiros do movimento adventista do sétimo dia estiveram com ele por muitos anos. Continuaram pregando as mesmas idéias básicas sobre o viver religioso através de toda a sua vida pública. Por isso, é adequado concluir que a mais ou menos bem defn nida Igreja Adventista do Sétimo Dia das décadas de 1860 e 1870, quando esses três pioneiros ainda eram as figuras dominantes, foi constituída de pessoas que tinham essencialmente as mesmas crem ças e as mesmas idéias de decoro na vida religiosa. O mesmo estilo foi mantido por aqueles que aceitaram e seguiram os ensinos e com selhos desses pioneiros em dias anteriores. Quando examinamos os legítimos registros da igreja nas décadas de 1860 e 1870, o que encontramos? Haveria alguma coisa que autorize a conclusão de que os adventistas do sétimo dia daquela época eram dados a excessos fanáticos? A resposta é enfaticamente “não”. De fato, a Igreja Adventista do Sétimo Dia ao longo de um século e meio de sua história tem estado singularmente livre de fanatismo e tem denunciado qualquer variedade dele que pudesse erguer a cabeça. Este é um fato simples e indiscutível. Seria realmente estranho se um movimento que coerentemente tem tido tal registro ao longo de sua história tivesse bebido das fontes do excesso fanático. E possível que tenhamos aqui o inverso da máxima até agora incontestada de que um rio não pode se erguer mais alto do que a sua nascente? 6. Uniformemente, as acusações de fanatismo por parte de ad' ventistas do sétimo dia nos anos que se seguiram a 1844 têm sido va-

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R espostas a Objeções gas e gerais. Obviamente, é impossível refutar de maneira conclusi­ va uma acusação que não cite nomes, lugares e datas. Todavia, em 1944, um século depois do alegado fanatismo, um reconhecido crítico publicou uma acusação específica de repelente fanatismo da parte dos pioneiros “da IA SD ” nos dias posteriores a 1844. No The Gathering Caí/, editado e publicado por E. S. Ballenger, apareceu esta acusação: Afirmamos sem temor de bem-sucedida contradição que os pioneiros da IASD atravessavam pontes sobre suas mãos e joelhos, para mostrar sua humildade, e que eles também se agachavam debaixo de mesas e debaixo de fo­ gões antigos para exibir sua humildade. É também um fato que os pioneiros costumavam beijar os pés uns dos outros. Em seus ajuntamentos gerais, eles costumavam reunir todos os homens em uma sala, e cada homem es­ tendia o pé por debaixo de suas capas enquanto o homem na ponta da fila percorria a fila e beijava o pé de cada um dos seus irmãos; então o próximo seguia até que todos ti­ vessem beijado os pés uns dos outros. Estas coisas eram praticadas não por leigos ignorantes, mas por homens com o]. N. Andrews. (Ênfase de Ballenger.) Aqui estava finalmente uma oportunidade de encontrar as vagas histórias acerca de fanatismo entre os “pioneiros da IA SD”, porque exemplos específicos de fanatismo foram mencionados. As acusações foram inequivocamente apresentadas como “fatos” e prefaciadas com a impressionante declaração: “Afirmamos sem temor de bem-sucedi­ da contradição”. Aqui estava, realmente, uma oportunidade de pro­ var as histórias de fanatismo por parte dos adventistas do sétimo dia. O Dr. J. N. Andrews, neto de J. N. Andrews, envolveu-se em cor­ respondência com Ballenger a respeito dessas acusações. A correspon­ dência foi colocada em minhas mãos. Naquela correspondência, Bal­ lenger admitiu que baseou totalmente sua acusação em uma declara­ ção supostamente feita a ele por Oswald Stowell em algum momento entre 1905 e 1912, quando Stowell estava “não longe dos 80 anos de idade”. Nessa correspondência, Ballenger admitiu que Stowell não

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Segundo Advento disse que Andrews beijava os pés dos irmãos, mas que outros, a quem Ballenger foi incapaz de nomear, agiam assim. Ballenger afirmou que não havia mais ninguém vivo que ouviu Stowell contar essa história! Essa correspondência foi publicada em um artigo intitulado “Dead Men Tell No Tales” [Homens Mortos Não Contam Fábulas], na revis­ ta M inistry, em maio de 1944- O artigo observava que Oswald Sto­ well, a suposta fonte da anedota, era um homem muito idoso na oca­ sião em que foi dito que ele contou essa fábula, e que o único que ago­ ra a estava recontando era também muito idoso. Além disso, dizia que o mito tinha a ver com algo que supostamente aconteceu uma cente­ na de anos atrás. Uma fábula tão boa como essa certamente não teria sido mantida em segredo por Stowell até seus últimos dias. Stowell era um adventista do sétimo dia de longa data que tinha vivido toda a sua vida em comunidades adventistas do sétimo dia. Contudo, ninguém tinha ouvido antes essa lenda, nem mesmo o neto de J. N. Andrews. Uma filha de Stowell, a Sra. Parker Smith, que tinha ouvido muitas vezes dos lábios de seu pai a narrativa dos primeiros dias, jamais ouvi­ ra tal fato! Sua carta declarando isso também foi publicada. Em sua resposta em The Gathering Call, edição de julho-agosto de 1944, Ballenger discutiu em oito veementes páginas repletas de ad­ jetivos tudo desde a moralidade dos pregadores adventistas até a sua teologia. Tudo isso encheu espaço, mas foi transparentemente irrele­ vante em atender à demanda por melhor evidência para sua acusa­ ção de fanatismo. De fato, Ballenger alegou surpresa de que alguém devesse levar a sério uma das “coisas triviais” que ele havia produzi­ do contra os adventistas. Ora, homens que desejam ser levados a sério não costumam pre­ faciar acusações “triviais” com as impressionantes palavras: “Afir­ mamos sem temor de bem-sucedida contradição.” Talvez ele - assim como outros críticos que lançam a acusação de fanatismo - conside­ re uma coisa “trivial” fazer boas pessoas falecidas há muito tempo parecerem ridículas. Parece agora que a única coisa “trivial” acerca dessa acusação foi a evidência que ele alegou em apoio dela. Assim terminou a tentativa de definir o que é provavelmente a fá­ bula mais específica já apresentada por um crítico adventista concer­ nente aos alegados excessos fanáticos da parte dos “líderes adventis­ tas” naquele período crepuscular imediatamente em seguida a 1844.

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R espostas a Objeções Em vista dos fatos aqui apresentados, objetores honestos que têm expressado a acusação de fanatismo, pensando que ela podia ser his­ toricamente provada, não mais o farão, é claro!

O

b je ç ã o

58

Os adventistas do sétimo dia dizem que eles constituem um movimento profético suscitado por Deus para pregar Sua última mensagem ao mundo. Ao mesmo tempo, admitem que o seu movimento brotou do solo do milerismo, cujos líderes ensinavam que Cristo viria em 1844. É Deus o dirigente de um movimento que pregou o erro no início e sofreu grande desapontamento e confusão como resultado desse erro?

NÃO TIVÉSSEMOS NENHUM OUTRO REGISTRO DO TRATO DE DEUS

1844, PODERÍAMOS FICAR CONFUNd idos por essa pergunta. Mas temos o relato bíblico, que foi escrito nos tempos antigos para o nosso aprendizado. Quando os discípulos percorreram a Palestina para anunciar que o reino de Deus estava às portas, eles e seus ouvintes entendiam que Cristo estava prestes a es­ tabelecer o Seu reino. Que a multidão cria fervorosamente nisso está claro por seus exultantes brados enquanto Jesus entrava em Je ­ rusalém: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor!” Mat. 21:9. O que é mais significativo na presente conexão é que a Bíblia não relata nenhuma reprovação de nosso Senhor, nenhuma palavra para corrigir as idéias equivocadas do povo. O único comentário é o do apóstolo que relatou a história. Ele disse que essa marcha triunfal cumpria a profecia: “Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, hu­ milde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de car­ ga.” Mat. 21:5. Mas nem a multidão, que sem dúvida tinha em men­ te essa profecia, nem os apóstolos, que estavam discutindo sobre quem deveria ter a mais alta posição no reino, percebiam que o Rei que ca­ valgava em aparente triunfo estava para sofrer a ignomínia da cruz. E verdade que Cristo falou aos Seus discípulos sobre Sua morte, mas é igualmente verdade que eles não compreenderam o que Ele COM A HUMANIDADE EXCETO EM

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Segundo Advento queria dizer. Não há dúvida sobre isso. Os dois discípulos no cami­ nho de Emaús confidenciaram ao seu incógnito Senhor: “Nós espe­ rávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel.” Luc. 24:21. E Cristo respondeu: “O néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discor­ rendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito cons­ tava em todas as Escrituras.” Luc. 24:25-27. Aqueles discípulos estavam completamente desapontados, total­ mente desiludidos. Sua aflição era intensificada pelo fato de que esta­ riam expostos perante o mundo como os discípulos e promotores de um enganador. Esses foram os sentimentos deles quando Jesus foi erguido em uma cruz em vez de em um trono. Os adventistas que em 22 de ou­ tubro de 1844 tinham esperado que Cristo viesse para governar o mun­ do não poderiam possivelmente ter sofrido maior desapontamento. Se o raciocínio dos críticos dos adventistas for correto, Deus não estava no movimento representado pelos apóstolos, os setenta, e to­ dos os que proclamavam: “O reino de Deus está às portas.” Porém, seria sacrilégio afirmar que Deus não estava com os apóstolos e com todos os que proclamavam as alegres novas do reino. Ficamos admi­ rados ante sua lentidão espiritual, sua falha em ver a cruz que se aproximava, sua incapacidade de compreender “tudo o que os pro­ fetas” tinham escrito. Mas não duvidamos nem por um momento da vocação divina dos apóstolos, nem do caráter divino da mensagem que eles pregavam. Ao pregarem que o reino de Deus estava às portas, os discípulos pregavam a Palavra de Deus, mas não compreendiam adequada­ mente o que pregavam. A história religiosa não apresenta nenhum caso mais surpreendente de incompreensão da mensagem por parte dos mensageiros, seguido por um desapontamento estarrecedor como clímax, do que aquele dos apóstolos e de todos os que se uni­ ram a eles. Contudo, o que é mais impressionante nesta conexão é que a história não provê nenhum outro exemplo de um movimento religioso tão indiscutivelmente e diretamente dirigido por Deus. Em vista de tudo isso, quão inoportuna é a objeção que está dian­ te de nós!

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O bjeção 5 9 Os mileritas pensavam que tinham descoberto em Daniel 8:13 e 14 a prova de que Cristo viria em 22 de outubro de 1844. Depois do seu desapontamento, alguns deles, os fundadores do adventismo do sétimo dia, inventaram uma nova interpretação para Daniel 8:13 e 14 para manter sua alegação de que Deus os estava dirigindo. A explicação era que a profecia realmente havia se cumprido em 1844, mas através de um evento que ocorreu no Céu. Consequentemente, o adventismo do sétimo dia nasceu de um dilema.

IV ã O

PRECISAMOS AQUI NOS DESVIAR PARA DISCUTIR A VALIDADE

8:13 E 14. Ela é apresentada longamente em nossa literatura denominacional. Limitamo-nos ao aspecto do dilema. Mesmo se o desejássemos, não poderíamos fazer uma reivindica­ ção exclusiva quanto à origem de um dilema. A Igreja Católica po­ deria plausivelmente descrever o protestantismo de modo semelhan­ te. Lutero teve de admitir o horrível fato do pecado e a necessidade imperativa de redenção. Mas ele se recusou a admitir que as penitên­ cias e boas obras estabelecidas pela igreja fossem meios eficazes de salvação. Assim, ele resolveu o dilema “inventando” uma nova fór­ mula para a salvação; declarou que era efetuada inteiramente através de uma obra feita por Cristo no Céu e que aceitamos pela fé. Os incrédulos freqüentemente declaram que a igreja cristã é o re­ sultado de um dilema. Seu raciocínio é mais ou menos este: os dis­ cípulos tinham de admitir que estavam equivocados, porque Cristo não estabeleceu o Seu reino na Terra como haviam antecipado. Re­ cusaram-se a admitir que estavam enganados quanto ao seu Senhor. Assim, revisaram sua pregação e inventaram a história de que Ele havia ressuscitado e ascendido e estava ministrando por nós no Céu, de onde voltaria para estabelecer o Seu reino. Poderíamos citar outras ilustrações do mundo religioso, mas estas bastam para mostrar que a acusação da origem a partir de um dilema não prova nada. O raciocínio estrito de tal acusação exige que uma pessoa ou um movimento no seu início deve ter ou toda a verdade ou nenhuma verdade, que não é possível ter parte da verdade no início e obter o restante na escola da experiência. Quando o assunto é visto DA INTERPRETAÇÃO ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA DE DANIEL

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Segundo Advento desta forma, a irracionalidade da acusação torna-se evidente. Nossos críticos, juntamente com o restante de nós, terão de admitir que às vezes eles aprenderam novas verdades como resultado de experiências decepcionantes e mesmo dilemas. E se esses críticos crêem que Deus está guiando sua vida, também terão de admitir, juntamente com o restante de nós, que alguns dos dilemas têm sido claramente permiti­ dos por Deus, se não ordenados por Ele, para o seu bem espiritual.

O bjeção 60 Por vários anos depois do desapontamento de 1844, os adventistas do sétimo dia criam que a porta da graça havia se fechado para o mundo. Estava Deus dirigindo um movimento que acreditava em um ensino tão antibíblico como esse?

RESPOSTA

À OBJEÇÃO 58 É QUASE

SUFICIENTE PARA ESTA.

O

PARA­

LELISMO ALI TRAÇADO ENTRE OS DISCÍPULOS DE C R IS T O É OS ADVEN-

tistas pode ser ampliado para abranger a pergunta que está diante de nós. A Bíblia declara explicitamente que os discípulos, principal­ mente Pedro, achavam a princípio que sua mensagem de salvação era somente para os judeus. Assim, longe de incluir os gentios em sua pregação, eles pensavam que não era adequado nem mesmo se assentar e comer com eles. Pedro teve de receber uma visão no ei­ rado a fim de prepará-lo para descer à casa do centurião. Ao voltar da visita, contou aos irmãos de Jerusalém como o Espírito Santo ha­ via sido derramado sobre aqueles que estavam reunidos na casa do centurião, e acrescentou: “Pois, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus?” Atos 11:17. “E, ouvindo eles [os apóstolos e os crentes judeus que estavam em Jerusalém] es­ tas cousas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida.” Verso 18. Apenas lentamente os crentes judeus em Cristo vieram a com­ preender a sublime verdade de que o evangelho deveria ser pregado

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R espostas a Objeções a todas as pessoas, até às mais distantes partes da Terra. Maravilhamo-nos ante sua exclusivista idéia original de salvação, e principal­ mente ante o fato de que os próprios apóstolos eram tão exclusivis­ tas como qualquer um. Mas nunca ocorre a qualquer um de nós, nem mesmo aos críticos do adventismo, questionar a liderança de Deus na igreja apostólica. Sua idéia de salvação exclusiva para os ju­ deus era antibíblica, mas acreditamos que Deus os estava dirigindo. Nesse caso, por que deveria ser considerada uma coisa incrível que Deus também estivesse dirigindo o movimento do advento no iní­ cio, embora eles sustentassem por algum tempo que a graça para o mundo havia terminado? É pior crer que a porta da misericórdia ha­ via se fechado para as pessoas do que crer que ela nunca esteve aber­ ta para elas? Se a igreja apostólica tivesse deixado de ampliar sua visão e de corrigir sua opinião estreita, então uma real acusação poderia ser fei­ ta contra a igreja cristã como o baluarte de um exclusivismo não cristão. Igualmente, se nossos ancestrais espirituais da década de 1840 tivessem continuado a sustentar que o tempo de graça havia se encerrado para o mundo, então uma legítima acusação poderia ser feita contra os adventistas do sétimo dia. Mas em nenhum dos dois casos a doutrina errônea foi mantida. Em ambos os exemplos, o Es­ pírito divino, cuja tarefa é guiar os filhos de Deus a toda a verdade, logo os levou a ver a verdade concernente ao escopo mundial do plano da salvação. Não é relevante para este argumento mostrar como nossos ante­ passados adventistas rapidamente começaram a ampliar sua visão, de sorte que pelo início da década de 1850 (ou seja, uma década an­ tes da organização formal da Igreja Adventista do Sétimo Dia) a doutrina errônea fosse completamente corrigida. (Para uma discus­ são ampla deste assunto, veja a obra Ellen G . White and Her Critics, do mesmo autor, págs. 161-252 e 598-615.) Precisamos apenas esta­ belecer o fato de que eles rapidamente corrigiram seu ponto de vis­ ta sob a iluminação do Espírito divino.

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O bjeção 6 1 A segunda vinda de Cristo não é literal, mas espiritual. Ele vem ao cristão na conversão ou na morte.

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Espírito e guia nossa vida. A experiência da vinda do Espírito na vida dos apóstolos dependia da partida de Cristo. Disse o Mestre: “Se Eu não for, o Consolador [que é o Espírito Santo] não virá para vós outros; se, porém, Eu for, Eu vo-lo enviarei.” João 16:7; 14:26. Portanto, essa experiência da comunhão espiritual com Cristo atra­ vés do Seu Espírito está tão,longe de ser a segunda vinda de Cristo, que a comunhão depende de Sua ida, de Sua partida. Quando Cristo falou da Sua ida, disse aos Seus discípulos que era com a finalidade de preparar um lugar para eles. Então acrescentou: “Voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vós também” (veja João 14:1-3). Ora, certamente Cristo não veio a fim de levar os discípulos para o país celestial no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo veio sobre eles. Todavia, quando Cristo retornar, um aspecto importante será a recepção dos crentes para Si mesmo. Aos filipenses, que eram convertidos e tinham iniciado a carreira cristã, Paulo disse: “Estou plenamente certo de que aquele que come­ çou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” Filip. 1:6. Falou aos tessalonicenses de maneira semelhante: “Dei­ xando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o Seu Filho.” I Tess. 1:9 e 10. Em ambos os exemplos, os leitores a quem Paulo se dirigiu eram conversos, e em ambos os exemplos eles foram instruídos a aguardar “dos céus” a vinda de Cristo, a quem Deus ressuscitara mortos. Pau­ lo certamente não acreditava que a vinda de Cristo era na conver­ são, mas que a conversão nos preparava para o glorioso evento futu­ ro da vinda de um Ser pessoal que fora ressuscitado dos mortos. Quando Cristo veio pela primeira vez, Seu advento foi literal. Ele era um ser real entre as pessoas. Mesmo depois da Sua ressurrei­ ção, Ele disse aos discípulos: “Vede as Minhas mãos e os Meus pés, que sou Eu mesmo; apalpai-Me e verificai.” Luc. 24:39. Que funda-

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R espostas a Objeções mento existe para a conclusão de que o Seu segundo advento será menos real? Se Ele veio literalmente a primeira vez, não devemos naturalmente concluir, a menos que haja clara evidência em contrá­ rio, que Ele virá literalmente no segundo advento? Não existe nenhuma evidência bíblica em contrário. Mas há evi­ dência específica em apoio da conclusão de que o segundo advento será literal. Quando Cristo subiu, dois mensageiros celestiais disse­ ram aos discípulos: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao Céu virá do modo como o vistes subir.” Atos 1:11. Acrescente a seguin­ te declaração de Paulo: “O Senhor mesmo ... descerá dos céus.” I Tess. 4:16. Não é simplesmente uma influência espiritual que virá outra vez, mas “esse Jesus que dentre vós foi assunto ao Céu”. Não é nem um representante celestial, literal e real como tal representan­ te pudesse ser, mas “o Senhor mesmo... descerá dos céus”. E isso o que diz a passagem bíblica. Lemos também que, quando Cristo vier, o resplendor dessa vin­ da iluminará todo o céu e sua ofuscante glória fará os ímpios fugir de terror. Além disso, lemos que, quando Cristo vier, os mortos serão ressuscitados para a vida e, acompanhados dos justos vivos, serão ar­ rebatados para encontrar o Senhor nos ares (veja Mat. 24:27; Apoc. 6 :1 4 4 7 ; João 5:28 e 29; I Tess. 4 4 5 -1 8 ). Somente quando uma pessoa está pronta a espiritualizar o mais literal e claro valor das palavras, pode apoiar a idéia de que a segun­ da vinda de Cristo é espiritual e não literal. Mas, quando as palavras são despojadas do seu significado mais natural, então remove-se toda a base de discussão quanto ao que a Bíblia ensina. A própria evidência que estabelece o fato de que a vinda de Cris­ to é literal, e que não deve ser confundida com a conversão, estabe­ lece também o fato de que a vinda não pode ser na morte. Os ím­ pios não fogem de terror diante da morte de uma pessoa justa, nem são os justos ressuscitados dos mortos por ocasião da morte. Todavia, a fuga dos ímpios e a ressurreição dos justos caracterizarão o segun­ do advento. O advento de Cristo será tão real que “todo olho O verá, até quantos O traspassaram”. Apoc. 1:7.

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O bjeção 6 2 Para a idéia cristã de amor, é revoltante acreditar que Cristo virá como um destruidor e aplicando vingança sobre o mundo.

ARECE ESTRANHO QUE ESTA OBJEÇÃO DEVA SER APRESENTADA, PORQUE QUASE SEMPRE ELA VEM DAQUELES QUE SUSTENTAM A AMPLA'

mente aceita doutrina de que os ímpios, ao morrerem, vão para o inferno de fogo, onde permanecerão através das eras intermináveis da eternidade. Se parece ao objetor mais em harmonia com a idéia cris' tã de amor crer no tormento infindável como a recompensa do ímpio, em vez da rápida destruição em conexão com o segundo advem to de Cristo, então devemos simplesmente confessar nossa incapa' cidade de seguir tal raciocínio e encerrar a discussão. Mas, com o assunto apresentado desta maneira definida, duvidamos muito que o objetor, ou alguém mais, pensaria em afirmar que é indicado maior amor pelas torturas intermináveis do inferno do que pela extinção dos ímpios em conexão com o segundo advento. Todos os que defendem a doutrina elementar de que há uma dh ferença entre o certo e o errado, e que há um dia de juízo em que Deus recompensará as pessoas segundo seus feitos, devem crer que há uma punição para os ímpios e uma recompensa para os justos. Isso é muito evidente para ser questionado por qualquer crente na Bíblia. Os crentes no segundo advento literal de Cristo certamente não são os únicos a defender que os ímpios sofrerão. Com certeza, os fo' gos consumidores do segundo advento não poderiam arder mais furiosamente do que aqueles retratados no inferno de fogo de muitas denominações. Como pode ser argumentado que está em harmonia com a idéia cristã de amor levar os ímpios para algum lugar distante a fim de serem punidos pelo tormento eterno, ao passo que é revob tante à idéia cristã de amor puni-los com a morte aqui mesmo na Terra, onde seus pecados foram cometidos? Deus não tem prazer na morte dos ímpios (veja Ezeq. 18:32). Não é porque Deus odeia as pessoas que Ele finalmente destruirá os ímpios. Não existe outra opção, caso Ele deva eliminar o pecado do Universo. O pecado é algo encontrado somente em conexão com seres morais, possuidores do livre-arbítrio. Os germes do pecado po­ dem crescer apenas quando são abrigados no íntimo da mente e do

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R espostas a Objeções coração. Assim, a destruição do pecado necessita da destruição daqueles que estão decididos a apegar-se aos seus pecados. Deus sempre foi demasiado puro de olhos para contemplar a ini­ quidade. Jamais foi possível ao pecador olhar para a face de Deus. São os puros de coração que finalmente verão a Deus. Quando Moi­ sés, no monte, procurou ver o rosto de Deus, seu pedido foi negado. O Senhor o colocou “numa fenda da penha”, para que ele fosse es­ condido da glória divina enquanto Deus passava (veja Exo. 33 e 34). Podemos aprender uma lição espiritual aqui. Como pobres peca­ dores, nós também podemos ser escondidos na fenda da rocha, a ro­ cha Cristo Jesus. A oportunidade é oferecida a todos para aproveitar-se dessa proteção. Quando estamos escondidos em Cristo, nossos pecados são perdoados. Sua vida santa nos cobre. E assim ficaremos sem temor no dia em que a glória de Deus for revelada do Céu no segundo advento. O mesmo apavorante esplendor envolve a todos - os justos e os ímpios. A diferença é que os justos são protegidos pela cobertura da justiça de Cristo, ao passo que os ímpios estão es­ piritualmente nus. Devem clamar para que as rochas literais caiam sobre eles e os escondam do rosto dAquele que Se assenta sobre o trono. Eles atraíram a morte sobre si mesmos pelo procedimento que voluntariamente seguiram ao longo da vida.

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O bjeção 6 3 Devemos gastar mais tempo ajudando as pessoas a fazer do mundo um lugar melhor, em vez de agitá-las sobre outro mundo, como ocorre quando a doutrina do segundo advento é pregada.

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o d o s c o n c o r d a r ã o q u e o m u n d o s e r ia u m l u g a r m u it o m e ­

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SE A ENFERMIDADE PUDESSE SER ELIMINADA; E QUE NOSSO MUN-

do seria quase ideal se pudéssemos banir do coração humano o egoísmo, o ciúme, o ódio e a luxúria. Mas a pregação para que as pessoas se preparem para outro mun­ do nos impede de lidar com o primeiro desses problemas básicos, que é a enfermidade? Não, certamente não. Cristo passava a maior par­ te do Seu tempo ministrando aos enfermos, e todavia pregava ao povo: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, ... mas ajuntai para vós outros tesouros no Céu, ... porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Mat. 6:19-21. Cristo comissionou Seus discípulos a sair e curar os enfermos. Eles fizeram isso, mas também fizeram da doutrina do segundo ad­ vento, o preparo das pessoas para o Céu, o aspecto central de sua pregação. Vale a pena mencionar que os adventistas do sétimo dia, que fizeram do segundo advento uma característica tão distintiva de sua pregação, estão ao mesmo tempo ministrando aos enfermos por meio de uma rede de hospitais e clínicas em todos os continentes. Em vista da objeção que está diante de nós, isso é realmente um fato notável. Contudo, não é notável, mas apenas o resultado natu­ ral da crença na doutrina do advento. O amor de Cristo que entra no coração daqueles que crêem que Ele logo voltará leva-os a gastar seu tempo e meios para ajudar os enfermos. Pregando que Cristo voltaria, os discípulos fizeram do mundo um lugar melhor em que viver, não apenas pela cura dos enfermos, mas também ajudando aos pobres. Aqueles que aceitavam a pregação e que tinham dinheiro o doavam voluntariamente para um fundo ge­ ral, a fim de que os pobres não sofressem (veja Atos 4:32-37). Que quantidade incalculável de fome e necessidade poderia ser aliviada se esse mesmo espírito controlasse hoje a igreja cristã como um todo! E o que dizer da relação dos vícios do coração humano com a doutrina do segundo advento? Certamente todos os esquemas que os

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R espostas a Objeções sábios deste mundo projetaram têm falhado em prover solução para o crescente problema do crime e da corrupção moral. Deseja o objetor que gastemos nosso tempo em alguma comissão do crime ou comissão de pesquisa social em vez da pregação do advento? Se é assim, que comissão ele sugeriria e que prova ofereceria de que nosso tempo seria bem empregado? Os homens podem projetar maneiras de acorrentar o corpo, mas não de transformar o coração. O prisioneiro sai da cadeia pronto para repetir sua ofensa, ou cometer uma pior. O temor da lei pode refrear um indivíduo de cometer um ato exterior de violência, mas no coração ele ainda é criminoso e aguarda apenas a oportunidade favorável para concretizar seus maus desejos. Porém, quando a poderosa doutrina do retorno pessoal e literal de Cristo é pregada às pessoas, seus sentidos embotados pelo pecado são convencidos do tremendo fato de que um dia devem encontrar a Deus face a face e prestar conta de seus atos. Isso ocorre com uma vividez que de outra maneira seria impossível. E essa poderosa ver­ dade pode ser o meio de Deus despertá-las, levando-as a clamar por auxílio espiritual e se prepararem para aquele dia. Se o objetor está disposto a admitir que a religião tem alguma mensagem para o ser humano, então deve admitir que a mensagem de responsabilidade diante de Deus, conforme apresentada na doutrina do advento, é uma das mais poderosas que podem ser levadas ao coração humano. Toda pessoa que aceita a doutrina do advento e vive na esperan­ ça do encontro com Cristo face a face tem dentro do coração o mais poderoso incentivo para a vida santificada. “E a si mesmo se purifi­ ca todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.” I João 3:3. E o homem cujo coração está purificado é um bom cida­ dão. Quanto mais gente assim houver no mundo, melhor ele será para se viver.

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O bjeção 6 4 0 próprio Cristo disse que viria como um ladrão de noite. O apóstolo Pedro fez uma afirmação semelhante. Os adventistas estão, portanto, desautorizados em afirmar que podem conhecer algo explícito quanto ao tempo da vinda de Cristo.

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C r is t o v ir á . Ao l o n g o d e t o d a a n o s s a h is t ó r ia c o m o uma organização religiosa, temos aceitado literalmente as palavras de Cristo concernentes ao tempo da Sua vinda: “Mas a respeito da­ quele dia e hora ninguém sabe.” “Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor.” Mat. 24:36 e 42. Cristo faz em se­ guida uma alusão à vinda inesperada de um ladrão. Mas não limitamos nossa crença em relação ao advento a essas duas declarações de Cristo. Cremos em tudo o que Ele disse. Aceita­ mos toda a Bíblia. Cristo não restringiu Suas declarações acerca do advento aos dois textos citados. Esses textos são parte de um longo discurso sobre o assunto. Esse discurso foi suscitado por uma pergun­ ta feita pelos discípulos. Eles sabiam que Jesus logo os deixaria e na­ turalmente gostariam de saber quando voltaria. Então, pergunta­ ram: “Que sinal haverá da Tua vinda e do fim do mundo?” Mat. 24:3 (Almeida antiga). O primeiro e talvez mais significativo fato na res­ posta de Cristo é este: Ele nem mesmo sugeriu que a pergunta deles fosse fora de lugar. É evidente que Cristo refletiu sobre a pergunta a fim de que pu­ desse respondê-la em profundidade. Ele descreveu vários sinais que deveriam ocorrer nos céus e na Terra, e então acrescentou: Apren­ dei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam c as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às por­ tas.” Versos 32 e 33. As tenras folhas das árvores no início da primavera nos apresen­ tam uma clara prova de que o verão está próximo, mas não nos ca­ pacitam a dizer precisamente quando chegará o verão. Com esta simples ilustração, Cristo harmonizou Suas duas declarações: a que afirma que podemos saber quando o advento está próximo e a de que “daquele dia e hora ninguém sabe”.

quando

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R espostas a Objeções É verdade que Paulo diz que a vinda de Cristo será totalmente inesperada - como a vinda de um ladrão. Porém, ele se refere a uma classe que estará equivocadamente prevendo “paz e segurança” (I Tess. 5:3). Embaladas para adormecer com um falso senso de seguran­ ça, essas pessoas serão surpreendidas por “repentina destruição”. Mas o que dizer daqueles a quem Paulo está escrevendo que conhecem “os tempos e as épocas”? Escute suas palavras: “Mas vós, irmãos, não es­ tais em trevas, para que esse dia como ladrão vos apanhe de surpresa; porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas. Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios.” Versos 4-6. E como podemos conhecer “os tempos e as épocas”? Estudando as profecias do Livro de Deus. Quando o profeta Daniel esteve dian­ te de Nabucodonosor, rei de Babilônia, que estava perturbado a res­ peito “do que há de ser depois disto”, disse ele ao monarca: “Há um Deus no céu, o qual revela mistérios, pois fez saber ao rei Nabuco­ donosor o que há de ser nos últimos dias.” Dan. 2:28 e 29. Todo o livro de Daniel está repleto de profecias concernentes à vinda de Cristo em glória. Quando Cristo respondeu à pergunta dos discípulos em relação ao tempo do fim do mundo, Ele Se referiu a uma predição feita pelo “profeta Daniel”, e acrescentou: “Quem lê entenda.” Mat. 24:15. Por outro lado, o capítulo inicial do livro de Apocalipse contém esta bênção: “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nelas escritas, pois o tem­ po está próximo.” Apoc. 1:3. Dizer que nada pode ser conhecido acerca do tempo da vinda de Cristo é ignorar esses e outros textos semelhantes e afirmar que o Deus dos profetas escondeu deles qualquer informação sobre o even­ to que constitui o clímax da história terrestre.

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O bjeção 6 5 Uma das melhores provas de que ninguém pode afirmar se Cristo virá amanhã ou daqui a mil anos é o fato de que os apóstolos pensavam que Ele viria em seus dias. Mas todos eles estavam equivocados. O mesmo ocorrerá com os adventistas do sétimo dia.

É verdade que os apóstolos apresentavam o segundo advento de Cristo aos crentes como o único evento importante do futuro. Ele era o centro e a circunferência de sua pregação. Olhando para trás, eles viam Cristo crucificado e então ressurgido dos mortos. Olhando para cima, viam Cristo ministrando como o grande Sumo Sacerdote em favor do ser humano. Olhando para a frente, viam Cristo vindo nas nuvens do céu. Os eventos terrestres não entravam em sua contagem. Tudo girava em torno da relação de Cristo com eles - o que Ele tinha feito por eles, o que estava fazendo por eles e como finalmente viria a fim de recebê-los para Si mesmo. O próprio fato de que fixavam seus pensamentos tão completamente nesse evento futuro poderia facilmente levar o leitor superficial da Bíblia a con­ cluir que todos os apóstolos criam e ensinavam que Cristo viria em seus dias. Mas isso não seria correto. Há declarações específicas que, consideradas isoladamente, pode­ riam levar a essa conclusão. Tomemos a mais típica como exemplo. Paulo, em sua primeira epístola aos tessalonicenses, fala dos mortos que ressuscitarão e daqueles que estarão vivos por ocasião da “vinda do Senhor”. I Tess. 4:15. Aparentemente, alguns tessalonicenses pensavam que Paulo pretendia que eles compreendessem que o dia de Cristo estava diante deles, e os objetores de hoje concluem disso que os apóstolos esperavam a vinda do Senhor em seus dias. Mas tal interpretação das palavras de Paulo é desautorizada. Na segunda epístola que Paulo dirigiu aos tessalonicenses, ele valeu-se do ensejo para corrigir tal impressão, declarando: “Que não vos de­ movais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor.” II Tess. 2:2. Ele en­ tão prossegue assegurando-lhes que esse dia só viria depois que de­ terminada profecia estivesse cumprida, e tal profecia não poderia ser cumprida “sem que primeiro venha a apostasia”. Verso 3. Paulo dis-

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R espostas a Objeções se aos presbíteros da igreja de Éfeso que essa apostasia viria depois da sua “partida”, isto é, depois da sua morte (veja Atos 20:28-30; II Tim. 4:7 e 8). De sua cela da morte em Roma, ele escreveu a Timóteo, seu fi­ lho espiritual: “E o que de minha parte ouviste através de muitas tes­ temunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.” II Tim. 2:2. É evidente, então, que Paulo aguardava os eventos muito além do alcance de sua vida. Se lembrarmos que os escritos inspirados da Bíblia não eram ape­ nas para aqueles que primeiro os leram, mas também para nós, a de­ claração de Paulo em I Tessalonicenses 4:15 e declarações seme­ lhantes de outros apóstolos não se demonstrarão desconcertantes. Deus pode não ter achado conveniente dar a alguns apóstolos uma compreensão tão explícita dos eventos que deviam preceder o segundo advento como fez a Paulo, por exemplo. Nesse caso, eles poderiam mais adequadamente insistir com os crentes para que es­ tivessem sempre em um estado de prontidão para a volta de Cristo. Nos tempos do Antigo Testamento, os profetas freqüentemente não compreendiam as profecias que pronunciavam. A verdadeira compreensão delas era deixada para aqueles que vivessem perto do tempo do seu cumprimento. Pedro explicou isso à igreja do Novo Testamento (veja I Ped. 1:9-12) e lembrou: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie.” II Pedro 1:19. O próprio apóstolo João talvez tenha compreendido pouco das profecias contidas no Apocalipse. Contudo, ele disse por inspiração: Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as pala­ vras da profecia.” Apoc. 1:3. Como foi dito, concordamos francamente que Deus pode não ter dado a todos os apóstolos um conhecimento do futuro. Mas isso não requer a conclusão de que nada pode ser conhecido acerca do segun­ do advento. Relembrando o primeiro século da era cristã, indaga­ mos por que os judeus não estavam todos preparados para receber a Cristo, se as profecias sobre a maneira e o tempo do Seu advento eram tão claras. Havia então alguns que estudavam as profecias, e quando o tempo se aproximava, Deus graciosamente revelou mais

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Segundo Advento plenamente seu significado àqueles que buscavam a verdade. Se hoje estamos em uma atitude de esquadrinhar as profecias em vez de zombar delas, não é possível que Deus possa nos revelar mais plenamente o seu significado? E assim podemos aprender algo muito de­ finido sobre o segundo advento. Concordamos que nenhuma pessoa “pode afirmar se Cristo virá amanhã ou daqui a mil anos”. Mas a profecia pode e o faz. Gostaría­ mos de perguntar ao objetor: você já estudou esses escritos inspira­ dos? Você já obedeceu à ordem do próprio Cristo de 1er e compreen­ der as profecias de Daniel? (veja Mat. 24:15). Já estudou a profecia do próprio Cristo sobre Seu regresso? (veja Mat. 24 e Luc. 21). E você um daqueles que podem reclamar a bênção porque tem lido, com oração e diligência, o livro de Apocalipse? (veja Apoc. 1:3). Até então, por que declarar que nada pode ser conhecido acerca do segundo advento? A Bíblia revela claramente que em todas as eras passadas Deus sempre contou aos seres humanos quando um evento estava próximo. “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro re­ velar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas.” Amós 3:7. Está você pronto a afirmar que Deus mudou o Seu plano em relação à humani­ dade, e que não nos dará nenhum conhecimento sobre um evento que supera em grandiosidade todos os eventos que já ocorreram? A Bíblia contém livros inteiros dedicados a uma discussão profé­ tica do segundo advento de Cristo em relação com os grandes perío­ dos proféticos e incidentes históricos. Ignoraremos essas partes da Escritura Sagrada? Diremos que elas são sem significado? Se não, por que não devemos então estudá-las? Elas não nos darão luz sobre o grande assunto da proximidade do segundo advento.

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O bjeção 6 6 Pela pregação da breve vinda de Cristo, os adventistas estão falsamente criando esperança e excitação. Através dos séculos, pessoas desencaminhadas têm repetidamente imaginado que Sua vinda estava às portas. Este fato é melhor ilustrado pelo excitamento que se espalhou pela Europa no ano 1000, quando multidões esperavam, com fervor fanático, pela vinda de Cristo.

X T

m d o s s u b s t i t u t o s m a i s c o m u n s p a r a a l ó g i c a e a e v id ê n ­

c ia

É O RIDÍCULO, A ZOMBARIA. M U ITA S PESSOAS QUE SE CHAMAM

cristãs pensam que amontoar escárnio sobre a doutrina da literal e breve vinda de Cristo é um sinal de compreensão religiosa superior. Tais pessoas estão certas de que aqueles que pregam essa doutrina são visionários desencaminhados, e que aqueles que dão ouvidos à pregação se tornaram fanáticos ridículos. A fim de provar o seu pon­ to de vista além de qualquer contestação, eles fazem a impetuosa de­ claração encontrada nesta objeção, de que os séculos, notavelmen­ te o ano 1000, têm testemunhado deploráveis incidentes de entu­ siasmo fanático relacionados a essa doutrina. Os fatos são que, durante os longos e geralmente escuros séculos, as grandes massas da população eram grosseiramente ignorantes das Escrituras. Portanto, não tinham consciência do que suas páginas inspiradas dizem sobre o segundo advento. Alguns eruditos, basea­ dos em seu estudo da Bíblia, expressaram certas opiniões quanto à proximidade do advento. Mas essas opiniões eram geralmente ex­ pressas em linguagem não muito exata. E elas não tiveram, exceto em raros casos, qualquer circulação, além das paredes de um mostei­ ro, a costumeira habitação de sábios teólogos dos tempos medievais. A história de que a Europa testemunhou entusiástico excitamen­ to em antecipação do advento ao aproximar-se o ano 1000 é uma len­ da infundada. Os críticos da doutrina da vinda de Cristo amam acre­ ditar nela. Seu amor por essa lenda tem sido tão forte como seu amor pela fábula de que os mileritas no ano de 1844 vestiram mantos para a ascensão em expectativa fanática do advento. De fato, esses dois mi­ tos têm sido as principais “provas” de que a pregação da breve vinda de Cristo pode resultar apenas em falsa esperança e excitação fanáti­ ca. As histórias mirabolantes acerca do que supostamente aconteceu

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r

Segundo Advento no ano de 1844 foram desmentidas (veja a objeção 57). Os mitos acerca do ano 1000 podem tão certamente ser desacreditados. Para aqueles que desejarem examinar um sumário da evidência que desmascara essas histórias, sugerimos que leiam o artigo “The Year 1000 and the Antecedents of the Crusades”, de George Lin­ coln Burr, na American Historical Review, abril de 1901, págs. 429439. (Este periódico é o órgão oficial da American Historical Society). Depois de sumarizar algumas investigações de eminentes historiado­ res do século 19, que haviam examinado os eventos do ano 1000, observa Burr: “Em suma, portanto, a única evidência contemporâ­ nea para um pânico de terror no ano 1000 provou ser uma declara­ ção que 40 anos antes, quando um pregador de Paris a nomeou como a data do fim do mundo - um pregador cuja profecia foi ime­ diatamente refutada e, quanto podemos saber, imediatamente es­ quecida.” Mais adiante em seu artigo, Burr cita com aprovação estas palavras de um dos historiadores que têm investigado a lenda: “Os terrores do ano 1000 são apenas uma lenda e um mito.” Seria muito mais exato afirmar que, através de todos os séculos, a vasta maioria de cristãos tem tido pouco interesse na doutrina da segunda vinda pessoal de Cristo. As razões são duas: 1. Ao longo da Idade Escura e virtualmente até o tempo da R e­ forma, somente o clero e alguns intelectuais tinham cópias das Es­ crituras. Por isso, os cristãos em geral dificilmente poderiam tornarse particularmente preocupados com a doutrina. Esse foi o longo pe­ ríodo de domínio papal no pensamento religioso. 2. No século dezoito, alguns líderes protestantes começaram a ensinar, e sua opinião tem sido cada vez mais aceita, que a vinda de Cristo será espiritual e invisível. Seria a vinda do Espírito divi­ no ao coração humano, convertendo gradualmente as pessoas à justiça. Por isso, não haveria ocasião para que alguém aguardasse com intensa emoção algum importante acontecimento futuro (veja a objeção 61 para uma discussão da alegação de que a vinda de Cristo é espiritual). Também seria igualmente exato dizer que os longos séculos dei­ xam de apoiar qualquer acusação geral de que aqueles que têm acre­ ditado na doutrina da vinda pessoal de Cristo tenham se portado de maneira fanática e irracional.

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O bjeção 6 7 Os adventistas afirmam que a grande chuva de meteoros em 13 de novembro de 1833 foi o cumprimento da profecia de que as estrelas cairiam do céu como um dos sinais da proximidade da vinda de Cristo. Mas não precisamos procurar nenhuma explicação miraculosa e sobrenatural para esse evento estelar. Os astrônomos nos informam que há uma multidão de meteoritos rodopiando no espaço, conhecidos como Leônidas, que são provavelmente os restos despedaçados de um cometa. Esses Leônidas aproximam-se da órbita do nosso planeta mais ou menos a cada trinta e três anos. Houve chuvas em 1866 e em 1899, embora muito pequenas, porque, como explicam os astrônomos, o planeta Júpiter desviou o grupo de meteoritos da trajetória direta da Terra. Isso, ou uma razão semelhante, provavelmente explique a ausência de uma chuva de estrelas em 1933.

A

PRINCIPAL FALÁCIA QUE SUSTENTA ESTA ARGUMENTAÇÃO É A

ALEGAÇÃO DE QUE, PELO FATO DE UM FENÔMENO TER SIDO EXPLICA'

do, ele é invalidado por meio da explicação. Seria um estupendo ato de Deus na operação do Universo uma coisa menor, só porque pobres seres finitos conseguiram descobrir algo do plano que o Infinito tem empregado? Um piedoso astrônomo uma vez exclamou, ao cartografar o curso das estrelas, que ele estava pensando os pen' sarnentos de Deus após Ele. Mas isso fez aqueles pensamentos menos divinos? Descrevemos como egoísta a pessoa que, depois de examinar o produto de algum gênio criativo, declare que poderia ter inventado tal projeto e que não há realmente nada especial no invento. Mas o que diremos da pessoa que, depois de descobrir um pouco do plano que Deus tem usado no desempenho de algum maravilhoso ato, zombeteiramente diga que não há nada notável acerca disso, que é meramente um “fenômeno natural”? Não depreciamos a produção de um inventor porque ele contou com o auxílio de alguma lei simpies e natural, como é o caso na maioria das invenções. Ao contrá' rio, consideramos um sinal da mente superior ser capaz de enxergar as possibilidades de tão simples lei e utilizá-la para tão maravilhosos fins. E não concluiremos razoavelmente que um fenômeno dos céus, em que leis “naturais” foram empregadas, prova a superioridade da Mente que o produziu?

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f Segundo Advento Se Deus achou adequado permitir que as leis de movimento que Ele estabeleceu operem de tal modo que um cometa seja despedaçado e algumas de suas partes sejam espalhadas sobre a Terra como es­ trelas chamejantes, quem é o ser humano para afirmar impiamente que deveria ter sido usado algum outro método? Ou, visto que o ser humano pode explicar algo das leis que operaram na produção do si­ nal estelar, devemos rejeitá-lo como não sendo nenhum sinal? E se Deus, tendo produzido esse fenômeno, quisesse permitir que os res­ tos do cometa permanecessem em nossa órbita, para que em inter­ valos regulares até o final nos lembrassem do grande sinal que antes ocorreu, por que deveria alguém afirmar perversamente que não vê nisso absolutamente nenhum sinal? Mas consideremos o assunto por outro ângulo. Quando Cristo pronunciou essa maravilhosa profecia assinalando os momentos im­ portantes ao longo dos séculos entre Seu primeiro e segundo adven­ tos, Ele previu o que ocorreria na Terra e nos céus. Ele previu, por exemplo, que, com o transcorrer dos séculos, o mundo estaria cheio de guerras, mas ao mesmo tempo haveria grandes planos de paz. Sa­ bendo de antemão que essa seria a situação pouco antes do Seu re­ torno, Ele disse que quando víssemos tais condições podíamos saber que o fim está próximo. A afirmação de que tal condição paradoxal de guerra-e-paz é o resultado “natural” de forças que têm atuado so­ bre a natureza humana em tempos recentes de modo algum invali­ da o paradoxo como um sinal. Somente Deus poderia antever que essas forças especiais estariam operando no coração humano de uma certa maneira específica dois mil anos mais tarde. E a ocorrência de tais cenas de guerra-e-paz ao mesmo tempo em que outras profecias declaram que o “tempo do fim” está às portas fornece a prova de que Aquele que previu isso era divino e que Sua promessa de retorno será cumprida. Igualmente, Cristo previu que, pouco antes do Seu retorno, um grande grupo de fragmentos meteóricos cruzaria a trajetória da Ter­ ra, produzindo o que seria descrito como uma chuva de estrelas ca­ dentes. Prevendo isso, por que não devia dizer que quando víssemos essa cena podíamos saber que o fim está próximo? O que poderia ser mais facilmente compreendido pela humanidade do que um espetá­ culo como esse?

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R espostas a Objeções Se a previsão de condições sobre a Terra é uma prova da divin' dade de Cristo, quanto mais a previsão de eventos nos céus! O fato é que, depois de aconselhar Seus seguidores a “entender” o livro de Daniel, que faz predições específicas quanto ao tempo do fim, Cristo disse calmamente que quando esse tempo chegasse haveria uma grande queda de estrelas. Quase dezoito séculos antes de sua ocorrência o Filho do homem previu um evento que o mais sábio dos fh lhos dos homens não poderia prever por um só dia. E Ele previu esse notável evento celestial em relação com um grande grupo de sinais que ocorreriam na Terra e nos céus. Afinal, quando lemos Sua profecia em conexão com aquelas que Ele insph rou Daniel e João a dar, descobrimos uma plêiade de sinais que de' veriam ocorrer dentro de um período limitado e definido. A espetacu lar chuva de estrelas em 13 de novembro de 1833 permanece seguramente como um sinal, porque somente o Deus que ordena as órbitas das estrelas poderia ter feito com que essa poderosa chuva descesse exatamente na hora certa para combinar com as outras partes de um quadro multicolorido divinamente predito.

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O bjeção 6 8 A idéia de que Cristo aparecerá no céu em chamejante glória, para mudar subitamente a presente ordem da natureza, destruindo os ímpios e levando os justos para o Céu, pertence à era da superstição. Nós, os que vivemos nesta era moderna, sabemos que tudo isso é incrível e contrário às leis da natureza.

T

a lv ez s e ja in ú t il t e n t a r r e f u t a r i s s o

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po rqu e aq ueles qu e

FAZEM ESSAS DECLARAÇÕES SÃO TÃ O CONFIANTES DE QUE SABEM O

que é incrível e como as leis da natureza devem sempre operar que lhes é difícil considerar qualquer raciocínio que possa desafiar o seu ponto de vista. Mas, para benefício daqueles que estão mais dispostos a crer na doutrina do advento, embora atemorizados ou confimdidos por declarações como essa, apresentamos algumas observações. Primeiro, perguntaríamos: que solução para a longa tragédia de um mundo desordenado e agonizante oferece o objetor? Até bá pou­ cos anos, ele provavelmente responderia com tranqüila confiança que o mundo está melhorando gradualmente, porque está operando através do Universo uma grande lei de progresso, e assim finalmen­ te tudo estará bem. Se ele fosse religioso, acrescentaria que esse pro­ gresso está ocorrendo como resultado da lenta mas firme obra do Es­ pírito de Deus no coração humano. Porém, a teoria de que o mundo está melhorando gradualmente sofreu um golpe mortal. As armas de fogo de duas guerras mundiais, somadas à bomba atômica, a despedaçaram completamente. Até mesmo aquele grande número de pregadores que outrora declara­ vam com muita confiança que estávamos caminhando para o milê­ nio perderam completamente a confiança. Pergunte-lhes que solu­ ção tem eles agora para a tragédia do mundo, que caminho para uma nova Terra em que habita a justiça, e eles quase invariavelmente co­ meçam a falar em vaga e sombria linguagem de uma solução divina para a tragédia do mundo além da História. Mas eles não sabem ex­ plicar o que querem dizer com essa frase, que é um tanto nova e es­ tranha para eles. Se você perguntar a pessoas seculares qual é a sua solução para o mundo, elas provavelmente olharão admiradas para você. Sua ex­ pressão revela que estão surpresas de que você esperasse que tives-

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R espostas a Objeções sem uma resposta. Esqueceram-se de que recentemente estavam cer­ tas de que tinham a resposta - porque tinham certeza que sabiam como devem operar as leis da natureza! Diríamos ao objetor: você admite, como todos devemos admitir, que não sabe como operam as leis da natureza em relação com a me­ lhoria do mundo. Então, como pode afirmar confiantemente que a vinda de Cristo é contrária às leis da natureza? Por que confessar igno­ rância sobre a primeira e alegar firme conhecimento sobre a última? Contudo, você talvez recorra à afirmação de que a idéia de apa­ recimento sobrenatural de Cristo para pôr fim ao presente mundo é irrazoável, incrível. Então permita-nos fazer-lhe outra pergunta: se você crê em um Deus, como faz a maioria, parece-lhe razoável que Deus permitisse que nosso trágico mundo, onde o inocente com freqüência sofre nas mãos do culpado e onde a tragédia e a morte se­ guem os passos de todos, continuasse nesta situação para sempre? Achamos que você naturalmente responderia “não”. Isso não nos dá um ponto em comum. Se ambos cremos em Deus e concordamos que é razoável crer que Ele porá um fim ao presente e trágico mundo, chegamos outra vez à pergunta: como você crê que Ele fará isso? Você admitiu que não sabe, que sua primeira idéia de que o mundo estava firmemente se movendo na direção ascendente por al­ guma vasta lei de progresso, deve ser agora abandonada ou, na melhor das hipóteses, vista com profunda suspeita. Em outras palavras, por tudo o que você é capaz de dizer ou saber dos mistérios das leis da na­ tureza ou dos caminhos de Deus em relação à humanidade, nosso mun­ do poderia rolar em sangue e lágrimas para sempre. Você não tem nada para protegê-lo do desespero, exceto sua crença de que um bom Deus certamente não permitirá que um mundo mau continue para sempre. Mas se você apóia sua esperança, ainda que vaga e incertamen­ te, em Deus, não está você desse modo injetando o sobrenatural nos negócios deste mundo que, segundo sua objeção, é inteiramente controlado por leis naturais? E óbvio que sim. E se é admitido o so­ brenatural, você se aventura a dizer como Deus irá produzir o ato fi­ nal no drama da tragédia do mundo? E o divino Legislador escravo das leis que Ele criou? Novamente, se todos achamos que é razoável que Deus ponha um fim à injustiça e à crueldade, não é também muito razoável que

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Segundo Advento Ele, como o Juiz divino, chame todas as pessoas ao Seu tribunal de juízo e abertamente confira punições e recompensas? Não deve ser permitido que as pessoas que estão diante do eterno tribunal, em justiça, encontrem seu Juiz face a face? Mas tudo isso simplesmente nos leva à doutrina da segunda vin­ da pessoal de Cristo. A crença em Deus, que finalmente trará justo juízo sobre todas as pessoas, não traz consigo a crença de que esse Deus, fazendo justiça a todos, providenciaria alguma revelação de Sua vontade para que as pessoas pudessem saber como ordenar cor­ retamente os seus passos para o grande dia do juízo? A resposta cer­ tamente deve ser sim. Contudo, responder “sim” é na verdade admitir que a Bíblia é o Livro de Deus, porque este é o livro que os crentes no verdadeiro Deus têm sempre compreendido ser a revelação da Sua vontade. E, quando abrimos suas páginas, encontramos claramente ensinada a grande doutrina de um fim deste mundo ímpio e a criação de um mundo melhor. Ali encontramos declarações explícitas de que, no clímax da história terrestre, quando Deus trará o julgamento, Cris­ to virá em glória chamejante, trazendo alegria e trasladação aos jus­ tos, e terror e morte aos ímpios (veja, por exemplo, I Tess. 4:16 e 17; II Tess. 1:7-10; Apoc. 1:7). Naquele espantoso e culminante mo­ mento, não ocorrerá a ninguém desaprovar o evento porque é con­ trário às leis da natureza. As pessoas estarão em pé diante do Deus da natureza.

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Pa r t e

IV

A Mortalidade do Ser Humano OBJEÇÕES 69 A 92

O bjeção 69 Quando Cristo transfigurou-Se, Moisés e Elias apareceram no monte, falando com Ele (veja Mat. 17:3). O fato de que Moisés estava ali prova que o ser humano é uma alma imortal, porque Moisés morreu e foi sepultado no tempo do êxodo.

H á

DUAS MANEIRAS DE VER O INCIDENTE DA TRANSFIGURAÇÃO:

COMO UMA VISÃO OU COMO UM EVENTO LITERAL. S E O ENTENDERMOS

como uma visão, então essa objeção é sem sentido, porque em visão um profeta pode testemunhar um quadro de pessoas e eventos sem que as pessoas ou eventos estejam naquele momento realmente diante dele. Mas se entendermos o incidente como literal, o que cremos que foi, então a objeção é igualmente sem sentido, porque a narrativa da transfiguração não diz nada acerca de um espírito ou alma imortal pairando ao lado de Cristo. Em vez disso, lemos que Cristo estava presente, com “Moisés e Elias” ao Seu lado. Sabemos que Cristo era real —“o Verbo se fez carne”. Sabemos que Elias foi transladado corporalmente para o Céu. Portanto, podemos correta­ mente presumir que ele era real. E não há nada no relato a sugerir que Moisés era menos real. Repetimos, porque esta é a essência da questão que está diante de nós, que o relato não diz que o espírito de Moisés estava ali, mas que Moisés estava. Além disso, os discípulos evidentemente devem ter considerado Moisés como sendo tão real como os outros dois, porque Pedro que­ ria construir três tendas: “uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias”. Verso 4. Tendas não são construídas para espíritos imortais.

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A M ortalidade do Ser Htunano Em seu conhecido comentário bíblico, Adam Clarke, um erudito metodista e crente na doutrina da imortalidade da alma, faz este claro comentário sobre Mateus 17:3: Elias veio do Céu no mesmo corpo que ele tinha sobre a Terra, porque ele foi transladado, e não viu a morte (II Reis 2:11). E o corpo de Moisés era provavelmente ressus­ citado, como um penhor da ressurreição; e como Cristo deve vir para julgar os
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