Resposta Ao Sr. Becker Por Marcel Pereira Bernardo

May 4, 2019 | Author: Anonymous Wdq2g3xu | Category: Friedrich Hayek, Inflation, Economics, Austrian School, Theory
Share Embed Donate


Short Description

A página Economia Mainstream, da qual o Sr. James Becker é integrante, iniciou uma empreitada contra a Escola Austríaca....

Description

Resposta ao Sr. James Becker Por Marcel Pereira Bernardo

Introdução A página Economia Mainstream, da qual o Sr. James Becker é integrante, iniciou uma empreitada contra a Escola Austríaca. Austríaca. Uma dessas empreitadas empreitadas é artigo de James Becker sobre a TACE. Bem, o Sr. Becker já inicia com um grave erro procedimental: supor que os leitores possuem conhecimento prévio sobre a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos e, a partir disso, o mesmo se furta a apresentar a teoria e já parte para a crítica. É um erro imperdoável ignorar a apresentação, ainda que resumida, de uma Teoria e focar apenas em apresentar uma resposta a ela. Nem ao menos disponibilizou algum link ou recomendou a leitura de algum artigo para primeiro se certificar de que os leitores estivessem bem guarnecidos quanto ao tema. É de uma má vontade lastimável a conduta do Sr. Becker. Afinal, como se espera que alguém possa apresentar resposta a algo que sequer foi demonstrado?! Resposta a quem? Qual artigo ou livro? l ivro? Publicado quando e onde? Bem, certamente a “resposta” a TACE do Sr. Becker não se baseia em nada que ele tenha realmente lido concretamente por parte dos austríacos, mas sim ao que ele imagina saber sobre a TACE. Em sua avidez em “responder” a TACE, o Sr. Becker negligenciou o básico sobre procedimento acadêmico que ele tanto arroga. Aliás, notei que uma das referências dele é o Wikipedia, algo que deprime quando se trata de conferir fontes  pesquisadas. Sobre Sobre uma pesquisa pesquisa bem feita, é preciso, preciso, primeiro, expor os os pontos gerais da Teoria conforme seus mais eminentes elaboradores, apresentar os contrapontos e, finalmente, realizar a conclusão do tema. Se um pesquisador tiver dificuldades em encontrar material dos próprios elaboradores de uma dada teoria, que pelo menos investigue algum artigo devidamente avaliado pelos pares contendo um apanhado geral sobre a teoria. Isso é o básico de um material minimamente respeitável. Para corrigir essa falha, convido os leitores e, em especial, o Sr. Becker, a ler meu artigo escrito em conjunto com os economistas Rodrigo Nori e Leandro Meyer “A Escola Autríaca de Economia na História do Pensamento Econômico”, onde é apresentado resumidamente algumas das principais teorias da Escola Austríaca, dentre elas, obviamente, a Teoria Austríaca do Capital e a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos. Ou, caso prefiram uma leitura menos “carregada”, tem a explicação de Dan Mahoney (deixarei o link em nota de rodapé) 1 .Não irei exigir do Sr. Becker leituras mais densas como Positive Theory of Capital, Prices and Production ou The Pure Theory of Capital. Só estou pedindo o mínimo mesmo, leia ao menos um resumo. Também vale a pequena observação que não é de todo correto afirmar que a TACE não  passou pelo “crivo “crivo dos especialistas”, especialistas”, como diz o Sr. Becker. Ora, foi justamente justamente tal 1

https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=141

teoria que rendeu a F.A Hayek o Prêmio do Banco da Suécia para as Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel Nobel em  em 19742, cujo processo de escolha e critérios de avaliação se assemelham ao Prêmio Nobel. Como uma teoria não “passa  pelo crivo dos especialistas” especialistas” e, ao ao mesmo tempo, é laureada com premiação premiação e amplo reconhecimento acadêmico? Isso é no mínimo contraditório. Bem, após ter disponibilizado o link de meu artigo para que os leitores estejam mais familiarizados, podemos prosseguir. A objeção do Sr. Becker inicia-se na Controvérsia de Cambridge e, especialmente, no reswitching. A técnica reswitching refere-se a uma situação em que um modo de produção é lucrativo a uma taxa de juros elevada, depois não rentável a uma taxa intermediária, mas depois rentável novamente a uma taxa t axa de  juros muito baixa (MURPHY (MURPHY 2003). Não é trivial dizer dizer que a técnica apresentada apresentada por por Samuelson parte de um mundo irreal no n o qual existem apenas duas maneiras de produzir um bem em particular e, com base nisso, ele supôs ter refutado a Escola Austríaca.

A Teoria Austríaca do Capital frente a Controvérsia de Cambridge Afim de compreender melhor a TAC, é preciso antes entender o conceito de BöhmBawerk sobre Capital como “o conjunto dos produtos intermediários que surgem nas diversas etapas indiretas que perfazem a via de surgimento indireta" (1986, p.38). Essa definição é de suma importância i mportância para extrairmos conceitos-chave como: 1) estrutura heterogênea do capital, 2) vias de produção indireta para formação do capital e 3) o  processo de coordenação coordenação das distintas etapas indiretas indiretas determinada pela pela preferência intertemporal dos agentes. Absolutamente nenhum desses 3 pontos (que formam o núcleo duro da Teoria Austríaca do Capital) foram desmentidos pela Controvérsia de Cambridge. O Sr. Becker foca no reswitching desenrolado a partir da Controvérsia de Cambridge afim de demonstrar que a TAC estaria equivocada e, por consequência, consequência, a TACE. Entretanto, ele se equivocada assombrosamente sobre a questão de que os dois lados da Controvérsia consideraram sobre o reswitching. Joan Robinson, participante ativa dessa controvérsia, chega a escrever um artigo intitulado “The Unimportance of Reswitching” (1975) – A Não Importância do Reswitching – , ou seja, o reswitching seria apenas um  ponto periférico dentro da discussão sobre sobre a Teoria do Capital, não sua pedra angular como deseja transparecer o Sr. Becker. Sobre o posicionamento de Robinson acerca desse ponto específico, diz Garrison: “Her more fundamental point is that reswitching is not something that might actually be “going on” at all; rather, the “switches” refer to critical points of comparison in a comparative-statics exercise”. O que o reswitching demonstra é que nem sempre produções mais indiretas serão mais  beneficiadas a taxas taxas de juros menores, menores, assim como como nem sempre produções produções menos indiretas terão maior benefício a taxas de juros mais altas. Böhm-Bawerk cometeu, sim, um parcial equívoco (mas não um equívoco total) ao supor que a taxa de juros seria deduzida pelo tempo médio de produção do capital. Em alguns casos, pode até ser assim; porém, noutros, não. Em outras palavras, temos uma situação que não passa de um “pode ser que sim, pode ser que não”, sem nada muito conclusivo.

2

https://www.nobelprize.org/prizes/economic ‐sciences/1974/hayek/facts/

Isso em nada altera os 3 pontos do núcleo duro da Teoria do Capital que apresentei acima. Aliás, o próprio Böhm-Bawerk demonstra que a natureza dos juros reside na diferença entre bens presentes e bens futuros e não há objeções apresentadas na Controvérsia de Cambridge quanto a tais pontos. A prova de que a Teoria Austríaca do Capital permanece relevante está em John Hicks. O próprio, durante o período da Controvérsia de Cambridge, sentencia: What we must not abandon are Bohm-Bawerk's (and Menger's) Menger's) true insights - the things that are the strength of the Austrian approach. Production is a process, a  process in time. Though there are degenerate forms forms ( .. .) the characteristic characteristic form of  production is a sequence, in which inputs are are followed by outputs. Capital is an expression of sequential production. Production has a time-structure, so capital has a time-structure. All these things stand; they are not affected. (Hicks, 1973a:100).

Portanto, poderíamos no máximo dizer, com muita boa vontade, que a Controvérsia de Cambrigde corrigiu certos aspectos periféricos da Teoria Austríaca do Capital proposta  por Böhm-Bawerk, mas mas não a suplantou totalmente pois não a desmentiu em em seu âmago. Muito longe disso. Como demonstrado, o próprio Hicks (um economista nãoaustríaco3) admite a importância de não se abandonar os importantes i mportantes insights de BöhmBawerk. Mais que isso, Hicks demonstra que falar em capital é falar em estrutura de  produção, uma produção sequencial sequencial dada no tempo, tempo, ou seja, tudo tudo aquilo que BöhmBöhmBawerk já assinalava. Portanto, os 3 pontos centrais da Teoria Böhm-Bawerkiana, que apresentei acima (1- estrutura heterogênea, 2 - vias de produção indireta e 3 - o processo de coordenação das distintas etapas indiretas determinada pela preferência intertemporal dos agentes), conforme avaliação do próprio Hicks, estão corretos e devem ser mantidos. O próprio Sr. Becker, nas entrelinhas, parece saber disso, tanto é que ele mesmo abre espaço para a possibilidade de que a teoria não esteja realmente errada, apenas incompleta. Como iremos demonstrar mais a frente, segundo a abordagem do Prof. Roger Garrison, existe a possibilidade de taxas múltiplas de retorno e não somente aquelas apresentadas pelo reswitching. Além disso, há um outro item ainda mais relevante nessa discussão que é a questão da dimensionalidade do Capital, algo não observado pelo Sr. Becker. Mas antes de adentrar esses pontos, não posso deixar de lamentar as afirmações do Sr. Becker sobre o posicionamento dos austríacos frente ao reswitching. O Sr. Becker fez graves, anticientíficas e falsas acusações aos economistas austríacos e tais acusações devem ser imediatamente retiradas a bem do debate sadio. A grave e equivocada acusação a qual me refiro dada pelo Sr. Becker é: “caro austríaco que está lendo esse texto, nunca ficou fi cou sabendo do reswitching. Isso porque os autores austríacos tentam esconder esse fenômeno a todo custo, dado que ele representa um estrago total na TACE.” O Sr. Becker afirma isso com base em quê (além da flagrante e quase irrecuperável ignorância sobre o específico tema)?

Aqui fiz questão de mencionar que John Hicks não é um economista austríaco para evitar que alguém suspeite da índole de um economista austríaco por supostamente estar “comprometido” ideologicamente. 3

O Professor Roger Garrison (Auburn ( Auburn University), um dos maiores representantes da Escola Austríaca na atualidade, trata abertamente o tema que o Sr. Becker nos acusa de esconder. O mesmo publicou um artigo intitulado “Reflections on Reswitching and Roundaboutness”. Roundaboutness”. Além do Prof. Garrison, há trabalhos do Prof. Robert Murphy, do Prof. Mario Rizzo e do Prof. Gerald O’ Driscoll, só para citar alguns 4. Logo, a acusação do Sr. Becker é falsa e só pode ser reparada com um pedido público e formal de perdão aos leitores pois estes foram f oram enganados por ele. Com a mesma transparência que afirmo que Böhm-Bawerk cometeu certos equívocos parciais, espero que o sr. Becker a tenha igualmente em admitir que acusou a Escola Austríaca de ocultar algo que nunca ocultou. Dito isso, cabe-me agora apresentar, de maneira geral, a réplica dos austríacos ao reswitching conforme demonstrada pelo Prof. Roger Garrison. Selecionei o texto do Prof. Roger Garrison por considera-lo mais profundo. Como já adiantei, a exposição de Garrison apresenta dois pontos: possibilidade de taxas múltiplas de retorno (não somente aquelas abarcadas pelo reswitching) e a questão de dimensionalidade do capital. O Prof. Roger Garrison afirma: “(...)easily see that if a present value equation took the form of a polynomial of second-degree (or of some higher degree), there was the distinct possibility of multiple internal rates of return” Ainda sobre essas questões, o Prof. Garrison compara sua exposição à de Samuelson e afirma ter 3 distinções: 1) Ele trabalha com taxas múltiplas de retorno que estão muito além daquelas supostas pelo reswitching; 2) também trabalha tr abalha com números mais realísticos e plausíveis, variando entre taxas de juros de 2% e 8%, enquanto Samuelson  parte para algo muito mais mais próximo da ficção ou cenários absolutamente absolutamente anormais, anormais, com taxas de 50% e 100% e 3) ele inicia com taxas múltiplas e, a partir disso, regride para identificar as características temporais dos projetos exemplificados, apresentando suas receitas e despesas. Dessa forma, é possível decompor a sequência dos projetos que exibirão comutação e reswitching, sendo os pontos de comutação ocorrendo nessas mesmas duas taxas de juros, ou seja, r = 2% e r = 8%. Vou esboçar apenas conceitualmente a proposta do prof. Garrison, mas sugero veementemente veementemente a leitura l eitura na íntegra de seu trabalho pois há muito mais detalhamento. Importantíssimo ressaltar que o Sr. Becker consegue ser ainda mais irreal que Samuelson. Enquanto Samuelson Samuelson trabalha com taxas de juros de 50% e 100%, o Sr. Becker vai ainda mais longe na imaginação e joga taxas de 75% e 150%. Aqui, como já disse, é apenas uma apresentação resumida, geral. Vamos a ela:

Objeção 1) Taxas Múltiplas de Retorno 4

http://webhome.auburn.edu/~ http://we bhome.auburn.edu/~garriro/gar garriro/garrison.pdf  rison.pdf 

https://books.google.com.br/books?id=D2K2BQAAQBAJ&pg=PA202&lpg=PA202&dq=reswitching%20Mi ses&source=bl&ots=DVlLuc ses&source=bl &ots=DVlLucgm4E&sig=ACfU3 gm4E&sig=ACfU3U1pgaB74djQg_W U1pgaB74djQg_W9n 9n‐1ApXmgu7_CXQ&hl=pt‐ BR&sa=X&ved=2ahUKEwjP17WarfnhAhVmK7kGHR7fAKsQ6AEwB3oECAUQAQ&fbclid=IwAR0hJy9LnApA VqCJrsBOOk1E27KpB41ClaYDn0ZQ7K57nRocVWPHgrBK6Xo#v=onepage&q=reswitching%20Mises&f=fal se https://mises.org/library/reswitc https://mises.org/librar y/reswitching hing ‐ question?fbclid=IwAR10KsKi question?fbcli d=IwAR10KsKiO8ScfRI7eBJTa O8ScfRI7eBJTaaqz6sU0RNv aqz6sU0RNvtLyMdsmvkthujU tLyMdsmvkthujUpetm_fL09k80bs petm_fL09k80bs

Se um cálculo de valor presente produzir duas soluções para a taxa interna de retorno, digamos r = 2% er = 8%, então esse cálculo deve, em última instância, se resolver na equação. (1) (r! 0.02) (r! 0.08) = 0 ou (2) r! 0.10r + 0.0016 = 0 Reescrevendo para expressar essa equação em termos do fator de desconto (1 + r), obtemos: (3) [(1 + r)! 2r! 1]! 0.10r + 0.0016 = 0 2 (4) (1 + r)! 2.10r! 0.9984 = 0 2 (5) (1 + r)! [2.10(1 + r)! 2.10]! 0.9984 = 0 2 (6) (1 + r)! 2.10(1 + r) + 1.1016 = 0 2 Dividindo pela maior potência do fator de desconto (1 + r) coloca a equação do valor  presente 2 na forma padrão: (7) 1! 2.10/(1 + r) + 1.1016/(1 + r) = 0 2 Finalmente, podemos escalar a equação (7) por 100 para evitar frações de moedas: (8) 100! 210/(1 + r) + 110.16/(1 + r) = 0 2 Em sua interpretação mais simples (e tomando termos positivos e negativos para indicar receitas e despesas, respectivamente), a equação (8) representa um projeto de três  períodos que envolve envolve alguma receita receita inicial. Uma interpretação espelhada da nossa equação de taxa múltipla é produzida invertendo todos os sinais: (9) !100 + 210/(1 + r) ! 110.16/(1 + r) = 0 Os três termos da equação (9) são tomados como recibos (+) ou desembolsos (-) que caracterizam um único projeto. Suponha, no entanto, que transponham tr ansponhamos os o termo  positivo para o outro lado lado da equação equação e interpretemos os os termos, agora todos todos do mesmo signo, representando os desembolsos - mas de dois projetos alternativos, qualquer um dos quais é um meio de produzir uma dada saída em, digamos, período t3. (10) !100! 110.16/(1 + r) = ! 210/(1 + r) A Equação (10) sugere que existe alguma taxa (ou taxas) de juros para a qual os valores atuais dos gastos são os mesmos para ambas as técnicas. A solução para a Equação (10) é, por construção, idêntica à solução para as equações (8) e (9). Ou seja, as duas técnicas têm os mesmos custos, calculados como o valor presente dos gastos, quando o custo do

empréstimo é de 2% e quando é de 8%. Em todas as outras taxas, t axas, uma técnica terá uma vantagem de custo sobre a outra. Como custos relativos das duas técnicas C  b/Ca, é dada  pela equação 11. (11) C b/Ca = 100 + 110.16/(1 + r) 2

100 (1 + r)2 + 100 . 16

 __________________  ___________________________ ____________ ___ = _________ _________________ _________________ _____________ ____

210 / (1 + r )

210 / (1 + r )

 Novamente insisto que que aqui cabe apenas apenas o resumo da objeção de Garrison, contendo contendo apenas conceitualmente sua exposição. Ele realiza os cálculos com as taxas de 2% e 8%, assim como constrói gráficos para permitir ao leitor melhor visualização. Depois de sua explicação sobre como é possível termos retornos múltiplos, o Prof. Garrison lança uma questão: “qual dos dois projetos definidos possui mais capital intensivo ou o mais roundaboutness?” roundaboutness?” No exemplo de Garrison, a técnica B tem um input anterior a A, mas o esforço associado a esse input é apenas $100. O gasto associado ao input inicial da técnica A é $ 210, mas esse input pode ocorrer um período depois. A relação entre tempo e dinheiro é densa o suficiente para que não seja possível dar uma resposta simples para o pergunta sobre intensidade de capital e rotatividade.  No entanto, prossegue prossegue ele, se uma uma das técnicas devem ser declaradas declaradas mais intensivas intensivas em capital (mais rooundaboutness) do que outra, então uma das duas trocas de técnica estará em desacordo com sabedoria neoclássica e austríaca convencional. Garrison exemplifica dando a suposição que a Técnica B seja mais roundaboutness. Uma taxa de  juros a 9% que descresce descresce até 5% provocará provocará uma mudança (da Técnica Técnica A para a Técnica Técnica B) que é consistente com a sabedoria de Böhm Bawerk, isto é, uma taxa de juros mais  baixa favorece processos processos mais a roundaboutness de métodos de produção. Ao passo passo que uma queda contínua da taxa de juros de 5% para 1% vai provocar um reswitching que é contrário ao que Böhm-Bawerk afirmava. afirmava. Esse é o ponto que faz muitos economistas, economistas, de maneira apressada, concluírem que a Teoria Austríaca do Capital deva ser inteiramente descartada. Em outras palavras, é possível observar, através da exposição de taxas múltiplas, que sob determiandas condições, a exposição de Böhm-Bawerk continua acertada; desse modo, não inviabiliza por completo a sua Teoria do Capital. É louvável os esforços dos acadêmicos de Cambridge, mas, o máximo que eles conseguiram fazer foi complementar alguns pontos não comtemplados por Böhm-Bawerk. Com isso, Prof. Garrison conclui sua primeira parte da objeção dizendo: The greater point in offering my own hypothetical example, which in many respects parallels Samuelson’s hypothetical example, is that the framework of analysis here is not Cambridge capital theory at all but rather engineering economics. And, as we will see, my framework is heavy on engineering (or rather on present-value calculations) and light on economics. The key difference between Cambridge, U.K. and Rolla, MO (where I studied engineering) stems, once again, from the issue of the appropriate units for measuring capital. (Garrison, 2006, p.10)

Objeção 2) Aspectos Dimensionais do Capital Já dissemos aqui que a Teoria do Capital apresentada pela Escola Austríaca leva em consideração etapas produtivas no tempo. Considerando isso, é possível compreender que dependendo das taxas de juros, a estrutura do capital pode se alargar ou encolher

devido o nível de S ou I. I . Além disso, as decisões dos agentes é pautada no sistema de  preços e nisso se se avalia se há S demais e I de menos menos ou vice-versa. vice-versa. Vejamos um esboço esboço da dimensionalidade do capital segundo F.A Hayek descreve em The Pure Theory of Capital:

Percebam que há grande preocupação em demonstrar a estrutura do capital no tempo e como ela se modifica conforme o avanço das distintas etapas produtivas no processo de formação do capital. Agora vejamos o que é dimensionalidade do capital para o mainstream:

Isso mesmo, é um grande K. Isso significa capital dentro dos modelos tão celebrados na economia maisntream representado por Q = f (K, L). Não se considera heterogeneidade, heterogeneidade, não se considera vias indiretas produtivas, coordenação via preferência intertemporal, modificações na estrutura produtiva, nada disso. É apenas um K. E assim os economistas mainstream se enganam e enganam o público achando que têm alguma coisa realmente consistente a dizer sobre Teoria do Capital. Essa negligência por parte

de muitos economistas convencionais é uma das maiores queixas dos austríacos em relação a abordagem mainstream sobre o capital, incluindo a do Prof. Roger Garrison. Apresentado os pontos gerais do prof. Roger Garrison, é preciso superar uma dificuldade: “Mas se a TAC precisava de ajustes, como a TACE conseguiu prosseguir prosseguir intacta?”. Acontece que a TACE é mais vasta que o Sr. Becker supôs. Ele não abordou outros pontos também cruciais da Teoria dos Ciclos.

O Verdadeiro Framework da TACE e Os Pontos Ignorados pelo Sr. Becker Como demonstrado na seção anterior, embora algumas inconsistências cometidas por Böhm-Bawerk, o tripé que sustentava sua Teoria do Capital não foi totalmente desmontado. Além disso, novamente chamo atenção ao que o próprio Sr. Becker afirmou sobre a Controvérsia de Cambridge: “Poucas foram as conclusões chegadas nessa controvérsia”. Portanto, os equívocos parciais de Böhm-Bawerk não foram o suficiente para desabilitar por completo nem a Teoria Austríaca do Capital (como destacado por Hicks e posteriormente desenvolvida por Garrison e outros) como também tais equívocos não chegaram a impossibilitar de nenhuma forma o avanço teórico de Hayek sobre a TACE. E isso tem uma razão: a Teoria Austríaca do Capital não é a única a sustentar a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos, ela é apenas um de seus aspectos. A ligação entre ambas, conforme Bernardo, Meyer e Nori (2019) é: (...) os diferentes estágios indiretos não irão se desenvolver sob a mesma constante. Portanto, para sincronizar esses estágios – também podendo ser entendidos como classes de maturação – é necessário o estabelecimento das preferências intertemporais dos agentes econômicos através das forças interativas do mercado. Um fator externo, como, por exemplo, intervenção nas taxas de juros via política monetária, irá alterar a preferência temporal dos agentes, fator este que coordena os diferentes estágios produtivos, criando distorções na estrutura do capital. Eis o elo  para a Teoria Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos, Econômicos, elaborada primeiramente primeiramente por Mises e desenvolvida por Hayek, que será exposta posteriormente. (BERNARDO, MEYER,  NORI, 2019)

 Nota-se aqui algo pouco observado pelos economistas mainstream: preços relativos funcionando como mecanismos de transmissão de informações que, por sua vez, balizam as decisões dos agentes. Conforme eu demonstro no livro “Diálogos Entre a Comunicação, Filosofia e Tecnologia: Reflexões sobre tecnologia, religião e sociedade nas práticas comunicacionais contemporâneas contemporâneas 5”, imagine a economia de mercado como um sistema de comunicação dinâmico onde há emissores e receptores preço nada mais é que a informação. Logicamente, devido ao dinamismo que mencionei, um emissor tornase, noutro momento, receptor e vice-versa. Todos Todos trocam informações ao interagirem no mercado. Essas informações são simbolizadas pelos preços. Mas que informações os  preços expressam? expressam? Os preços revelam o nível de de escassez dos bens. Dito Dito isso, conclui-se que manipulação no sistema de preços (e juros nada mais é que o preço do capital no

5

https://www.fapcom.edu.br/wp‐content/uploads/2019/04/E ‐book‐Di%C3%A1logos ‐entre‐a‐ comunica%C3%A7%C3%A3o ‐filosofia‐e‐tecnologia.pdf 

decorrer do tempo) ocasionará distorções na leitura dos agentes sobre o nível de escassez dos bens, conduzindo-os a alocações equivocadas equivocadas dos recursos. Ou seja, fatores exógenos ao mercado podem causar distúrbios na economia, sobretudo na estrutura do capital. É de extrema importância enfatizar que as distorções na estrutura do capital ocorrem de maneira disforme, ou seja, cada etapa do processo produtivo (desde  bens de ordens superiores aos bens de primeira ordem) é distorcido de maneira distinta  pois cada estágio possui sua própria dinâmica, por isso os austríacos afirmam que o capital  possui estrutura heterogênea. Essas distorções na leitura dos agentes é a chave para rebater a crítica críti ca do Sr. Becker sobre a falsa ideia de que “a TACE TACE ignora as expectativas”. Acontece que juros baixos emitem sinal de que é viável aos empresários aumentarem os investimentos, assim como também é dado o estímulo para que os consumidores comprem mais. Essa é a fase do boom. Creio não haver grandes divergências nessa fase entre mim e o Sr. Becker, pois o próprio modelo IS-LM (elaborado por John Hicks) demonstra que políticas monetárias expansionistas – em cenários considerados “normais”  – tendem a aquecer a economia. Portanto, há o momento do boom. Todavia, Todavia, a expansão monetária tem seu efeito colateral: a inflação. Também nesse quesito creio não haver grandes divergências com o Sr. Becker, afinal o próprio Friedman afirma que inflação é um fenômeno monetário. Mas aqui está o ponto crucial do não entendimento do Sr. Becker sobre a influência dos preços relativos na ação dos agentes econômicos: a inflação distorce os preços e, consequentemente, distorce a avaliação dos agentes sobre quais os setores são mais rentáveis ou sustentáveis. Como a inflação é um fenômeno que se espalha tal qual o derramar de mel em um pires, isto é, atingindo primeiro um ponto específico  para depois espalhar-se lentamente, o efeito em cadeia sobre os diferentes setores  produtivos se dará de de maneira disforme. disforme. O Sr Becker diz “Os austríacos curiosamente exercer um tipo de doublethink quando, em um momento, eles descrevem os empresários como seres dotados de visão empreendedora sobre todas as condições geradas pelo mercado, mas em outro momento acham que os empresários são incapazes de prever coisas simples como a política monetária do governo.” Tal afirmação chega a ser constrangedora, pois em nenhum momento os economistas austríacos afirmam que os empresários conhecem todas as condições geradas pelo mercado, justamente pelo contrário! Se o Sr. Becker tivesse de fato empenhado seriamente em apresentar uma resposta minimamente satisfatória, teria lido The Use of Knowledge in Society, de F.A Hayek. O pensador austríaco afirma que os agentes possuem apenas fragmentos de informações condizentes a cenários específicos de tempo e lugar e estes mesmos agentes, imersos em um ambiente de incerteza, atuam no mercado. Mises também enfatiza como nenhum agente pode deter todas as condições geradas pelo mercado, basta ler Ação Humana sobre a questão de incerteza. Não há nenhum austríaco que afirme algo que o Sr. Becker diz. Em outras palavras, o Sr. Becker é falho na exposição. Sobre o segundo aspecto dos empresários preverem cenários de inflação e se  programarem ajustando o nível de produção, acontece que, de fato, expansão monetária aquece a economia e há aumento de preços sustentado pelo crescimento efetivo. Como disse, os agentes se baseiam nos preços como informações sobre escassez dos bens. Há contínua elevação nos preços ao longo do tempo, porém, esse contínuo crescimento

ocorre em momentos distintos por motivos distintos. Em um primeiro momento, os preços aumentos puxados pela demanda; em um segundo momento, os preços aumentam devido uma bolha inflacionária. Conseguir distinguir o momento exato, de maneira cirúrgica,  perfeitamente absoluta, onde os preços continuam subindo por razões diferentes requer supor que os agentes possuem conhecimento perfeito, algo totalmente contrário à realidade. Em outras palavras, somente um ser onisciente conseguiria cravar com  perfeição quando o aumento de preços deixa de ser dado pelo aumento de demanda e  passa a ser ser dado por efeitos puramente inflacionários, inflacionários, afinal os agentes agentes estão imersos em um ambiente de incerteza. E mesmo que fosse possível se preparar para cenários onde a demanda cai, mas os preços continuam subindo, caímos novamente no problema do  processo de formação do capital: investimentos iniciados no momento do boom se mostrarão insustentáveis no longo prazo, portanto não há meios de voltar atrás. O  processo de reajuste dos empresários, nessa etapa, passa a ser cortes ou até mesmo falência (causando o efeito concertina, como iremos esboçar mais a frente). Sendo assim, não há nenhum “doublethink”; os agentes econômicos se baseiam, via de regra, pelos  preços para tomarem tomarem suas decisões. decisões. Os austríacos não não apenas relatam relatam um cenário onde onde o  boom simplesmente antecede o bust; na verdade, o boom conduzido por políticas monetárias expansionistas é a causa do bust. Novamente, Sr. Becker se mostra falho na compreensão dos postulados austríacos. Talvez os adeptos da economia mainstream se  perguntem: “Mas como como é possível uma uma pequena pequena alteração alteração nas nas taxas de juros por parte dos Bancos Centrais causarem tamanha distorção?” Eis o segundo aspecto da Teoria Teoria Austríaca dos Ciclos que o Sr. Becker simplesmente ignorou: a ligação entre a Teoria de Juros de Knut Wicksell e a TACE. O Prof. Soromenho afirma: A influência de Wicksell na teoria dos ciclos de Hayek é amplamente reconhecida na literatura. Em Prices and Production (1935), obra na qual Hayek expôs a sua teoria ao  público inglês, os conceitos wicksellianos de taxas natural e monetária de juros constituem a base analítica da explicação das flutuações econômicas. (...) A sua teoria, na verdade, abriu um conjunto de questões teóricas e de possibilidades lógicas que seriam trilhadas posteriormente por Hayek. (SOROMENHO, 1995)

Ou seja, existe clara ligação entre a TAC e a TACE, no entanto, a TACE, além da TAC, se sustenta na Teoria Wickseliana de Juros e na Teoria Monetária de von Mises. O Sr. Becker deveria ter se atentado a isso, pois ele não cobriu toda a extensão da TACE TACE e achou de forma ingênua que conseguiu responde-la. Conforme Hayek, a discrepância entre taxas naturais e taxas de mercado podem levar à sérias flutuações. Percebam como a Teoria Austríaca dos Ciclos prossegue de maneira lógica e coerente em todos os momentos, mesmo em backgrounds distintos: novamente aqui falamos de deformações no sistema de preços ocasionadas por manipulação governamental governamental nas taxas de juros. j uros. Também Também aqui falamos sobre alteração das preferências intertemporais, uma vez que estamos falando de  juros, cuja natureza é a diferença valorativa entre bens presentes e bens futuros.  Novamente aqui aqui temos a questão questão dos preços preços carregarem o nível de escassez: escassez: no caso dos  juros, o nível de escassez é sobre a poupança. Baixas taxas de juros levam os agentes a crerem que o nível de poupança está elevado e o nível de investimentos não. Há, no entanto, uma enorme diferença entre taxas de juros baixas pois o nível real de poupança

está elevado e taxas de juros baixas por conta da expansão de crédito. A primeira não ocasiona malinvestments; enquanto a segunda, sim. Prossegue o Prof. Soromenho (1995): Adotando o modelo de crédito puro wickselliano, Hayek iria supor que o aumento do poder de compra ocasionado pela redução da taxa monetária não se distribuía uniformemente por todos os agentes. Ele era direcionado para os empresários, cuja  propensão a poupar era era mais elevada, o que alterava alterava a taxa de investimento da economia como um todo. O enfoque passaria a ser, então, os efeitos reais ocasionados pelo crédito; uma possibilidade aberta por Wicksell, mas por ele não explorada.

O efeito que Soromenho menciona nada mais é que o Efeito Ricardo, já exposto anteriormente na nossa página, mas iremos reforçar. Conforme o Prof. Ubiratan Jorge Iorio, a estrutura do capital pode se alargar ou encolher conforme o comportamento das taxas de juros. No entanto, esse “alargar ou encolher” não pode ser pensado de maneira simplória como um grande agregado homogêneo. Os efeitos do movimento do capital é diferente em cada estágio indireto de produção. Haverá uma espécie de cabo-de-guerra entre bens de primeira ordem e bens de ordens superiores, onde algum desses estágios estará defasado. Como o Sr. Becker está viciado em pensar em termos agregados, ele simplesmente supôs que os desempregados em um setor simplesmente migrariam para outro, algo impensável dentro do escopo austríaco pois cada estágio está interligado e  possui necessidade necessidade do outro para para poder existir. Foi o exemplo exemplo que o Matheus Golfe deu recentemente em nossa página sobre como é necessário ter todos os estágios de via indireta presentes. Há uma fina sintonia entre eles e se um estágio se torna desafado, os demais irão sentir um efeito em cadeia. Explica Ubiratan Jorge Iorio: Tomemos o caso de uma expansão na oferta de moeda. Ela reduz a taxa de  juros, o que aumenta o grau de roundaboutness, isto é, acontece um alargamento da estrutura de produção. Com isso, os preços dos bens finais irão subir comparativamente aos preços dos bens mais distantes do consumo final, o que elevará os rendimentos nos setores produtores dos primeiros e provocará, assim, a redução no grau de roundaboutness. Hayek denominou isto(...) de efeito Ricardo que, em sua formulação original, referia-se à substituição de mão-de-obra (fator de produção de curto prazo) por capital (fator de produção de longo prazo), em decorrência de uma redução nas taxas de juros. Mas, para Hayek e os austríacos, a substituição relevante não é entre “homem” e “máquina”, mas entre bens de capital de ordens menos elevadas e de ordens mais elevadas ao longo da estrutura de capital (IORIO, 2011, p.180).

De um jeito ainda mais simples, podemos dizer que numa economia capitalista, certamente o capital e a maneira como se dá sua produção se torna o item indispensável  para compreensão compreensão da dinâmica do sistema. Não é trivial supor supor que desestruturar desestruturar o  processo de formação formação do capital trará enormes enormes consequências consequências para um um tipo de economia economia cuja sustentação e fundamentação está no próprio capital! O Sr. Becker desconsidera completamente os efeitos de uma política monetária expansionista na distorção do  processo de formação formação dos conjuntos conjuntos intermediários que perfazem as vias indiretas  produtivas cujo seu fator coordenador coordenador é a preferência intertemporal intertemporal dos agentes econômicos simbolizada pelas taxas de juros. Vale dizer que a distorção ocorre por fatores exógenos, ou seja, taxas de juros j uros reduzidas por aumento real de poupança não

causa tal desestruturação. A partir disso, o Sr. Becker decide falar sobre o PIB e taxas de desemprego e novamente se mostra ignorante nos postulados austríacos e tenta de maneira desastrosa compreendê-la por pressupostos keynesianos que são justamente j ustamente opostos ao arcabouço teórico austríaco. Ou seja, o Sr. Becker pretende para a esquerda afim de tentar explicar a direita e mostra-se sem senso de direção algum. Há um livro de F.A Hayek chamado Política Monetária e Desemprego, por isso ele, de forma esquizofrênica, tenta jogar palavras na boca dos austríacos dizendo que nos referimos a desemprego friccional, ainda mais durante 1929. Ao contrário do que é convencionalmente convencionalmente ensinado como um trade-off entre desemprego e inflação, Hayek sempre apontou que é uma relação falsa f alsa pois a inflação mais alta sustenta empregos e setor que não poderiam se sustentar em situações normais de competição de mercado. Emprego em determinados setores impulsionados por expansão monetária são frágeis e tendem, assim que surge o bust, a serem expurgados. É essa a explicação que os austríacos dão para o aumento do desemprego que, após o crash da bolsa de 1929, atingiu 9%. No entanto, e isso já foi dito, o economista Thomas Sowell alega que na metade de 1930 o desemprego já havia caído a 6%. Porém, com o início de sucessivas e equivocadas intervenções intervenções estatais na economia, a taxa de desemprego subiu e não se manteve abaixo dos dois dígitos durante praticamente toda a década 1930 6. Aliás, me impressiona que o Sr. Becker não tenha feito tal distinção. Igualmente impressionante é que o mesmo tentou, como um truque desesperado, atribuir falsamente aos austríacos argumentos que nunca apresentamos. Conforme exaustivamente havíamos falado, para os austríacos, a crise de 1929 foi ocasionada pela expansão do crédito. Sim, sabemos que os monetaristas têm outra versão, no entanto é preciso dizer que tanto para austríacos quanto para monetaristas, a situação econômica se agravou somente após os anos 1930 quando houve crescente intervenção estatal na economia. A ânsia em discordar de tudo faz o Sr. Becker não perceber até pontos convergentes entre as diferentes abordagens.

Algumas Evidências Empíricas sobre a TACE Sobre a última objeção do Sr. Becker de que a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos não se sustenta em evidências empíricas, basta lamentar pois há inúmeras pesquisas demonstrando o oposto. Para não cansar o leitor, l eitor, apenas citarei algumas pesquisas que levantei de maneira bem rápida, ou seja, sem grande esforço, apenas com seriedade em  buscar fontes acadêmicas acadêmicas e que derrubam a afirmação afirmação do Sr. Becker. Colocarei Colocarei os links em nota de rodapé, na mesma ordem de citação, para facilitar o acesso a quem deseja depois conferir 7. Temos 1) “An empirical examination of Austrian business cycle

6

Isso já Isso já foi dito em nossa página no Facebook. Para pesquisar, basta ir no Youtube e procurar “Thomas Sowell crise 1929”. 7

https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs12113-006 https://link.springer.com /article/10.1007%2Fs12113-006-1009-x?LI=true -1009-x?LI=true

https://link.springer.com/article/10.1007/s11138-009-0084-6

theory”, de Robert Mulligan; 2)“Austrian business business cycle theory: Empirical evidence”, de Francis Bismans e Christelle Mougeot; 3) “The recession and Austrian business cycle theory: An empirical perspective”, de William Willi am Buttos; 4) “Detrending, stylized facts and the business cycle”, de Harvey e Jaeger; 5) “Empirical Evidence on the Austrian Business Cycle Theory”, Theory”, de James Keeler; 6) “Is the Austrian business cycle theory still relevant?”, de Anthony M. Carilli e Gregory M. Dempster; 7) “An empirical application of the EVA framework to business cycles”, Nicolás Cachanosky e Peter Lewin; 8) “The Austrian business cycle: A vector error-correction model with commercial and industrial loans”, novamente de Mulligan; 9) “Puzzling over the anatomy of Crises: Liquidity and the Veil of Finance”, de Guillermo Guillermo Calvo, além de meu artigo já mencionado sobre a Escola Austríaco na História do Pensamento Econômico apontando prováveis correlações entre políticas monetárias expansionistas e  períodos de boom and bust decorrentes decorrentes e tal política econômica, econômica, como é o caso da  pesquisa de Monica Monica Mora sobre a expansão de crédito no Brasil durante durante os anos 2003 2003 a 2010, expansão essa que continuou acelerada por mais 3 anos e, em 2015, tivemos uma das mais fortes recessões da história do país. Uma breve procurada no Google Acadêmico teria evitado que o Sr. Becker tivesse apontado tão falsa acusação. Inclusive Jerry Tempelman, um economista mainstream, chega a confessar que a Escola Austríaca teve maior aprofundamento sobre a compreensão da crise de 2008 8. Ou seja, até mesmo um economista mainstream, como Tempelman se identifica, reconhece que a TACE possui um detalhamento mais refinado. Poderia dizer até que a TACE, formulada nos anos 1930, antecipou postulações que só viriam a ser reconhecidas após 1970 com os modelos microfundamentados construídos para passar na Crítica de Lucas. Dito de outro modo, a Escola Austríaca possui análise macroeconômica com fundamentação fundamentação micro desde sua origem em 1870, algo que só viria a ser assimilado pelos economistas convencionais convencionais após 1970, ou seja, com 100 anos de atraso. Sobre a questão do detalhamento, colocamos cerca de 10 artigos apenas  para mostrar que não não é tão bem assim assim que a TACE não está ancorada em dados empíricos. Mas em vez de demonstrar os resultados de um por um, selecionei apenas um deles abarcando o final da década 1950 até o início dos anos 2000 e demonstrando https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08913819308443300 https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/jae.3950080302 https://pdfs.semanticscholar.org/6914/56d9ecbb3d5882fb3107d8b848246878b798.pdf https://link.springer.com/article/10.1007/s11138-008-0044-6 https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S105833001530080X https://www.researchgate.net/publication/228320992_The_Austrian_Business_Cycle_A_Vector_Er https://www.researchgate.net/publication/228320992_The_Austrian_Busi ness_Cycle_A_Vector_ErrorrorCorrection_Model_with_Commercial_and_Industrial_Loans 8

“To be sure, a financial crisis of sorts of  sorts had also been forecast by many non‐Austrian economists, such as Nouriel roubini and Stephen roach. But their predictions tended to focus more on macroeconomic imbalances such as the current account deficit or the federal government debt. White and other Austrians, on the other hand, were more precise in predicting that a crisis would be triggered by a collapse of an of  an asset bubble, specifically the real estate bubble.“

como expansão de crédito causa flutuações econômicas. E sim, quanto mais agressivas são essas expansões maior a tendência do boom and bust ter oscilação maior. Claro que certas medidas de política econômica podem suavizar ou agravar o que vem depois, isso ninguém discordaria. No caso de 1929, a política econômica pós Crash da Bolsa agravou e prolongou a crise. Em 2008, a medida econômica, na visão dos austríacos, conseguiu driblar a crise no primeiro momento, mas apenas para empurrá-la para frente. Ou seja, para os austríacos, o governo Obama não resolveu o problema, apenas o adiou. Voltando ao trabalho de Mulligan, o mesmo diz que a TACE (Em inglês ABC) possui grande robustez para explicar questões cíclicas, principalmente no que concerce questões qualitativas 9. Outro motivo para eu selecionar a pesquisa dele é por pegar  períodos que estão além da crise 1929 1929 e 2008. Embora Embora valha a ressalva ressalva que essas essas duas crises terá uma observação no decorrer desta apresentação. apresentação. A intenção aqui é demonstrar como a TACE pode ter amplitude pois muitos pesquisadores se concentram apenas nas grandes crises e esquecem as crises menores. A TACE pode explicar tanto as maiores crises (29 e 08) como também pode servir para compreensão de crises menores (como as pequenas recessões nos anos 1960) Os dados que Mulligan se baseia são todos do FED e o período observado vai de 1959 a 2003 e as variáveis examinadas são: a relação entre produto real, consumo, investimento e empréstimos comerciais e industriais reais. Quando um crédito adicional é injetado no sistema bancário de reservas fracionárias, a taxa de juros é reduzida e os bancos comerciais aumentam os empréstimos comerciais e industriais acima e além da poupança agregada. A produção torna-se mais rotatória e mais demorada - e intensiva i ntensiva em capital - à medida que os gerentes empreendedores realocam os recursos dos bens de consumo para os bens de  produção. Este artigo artigo testa explicitamente explicitamente as principais afirmações afirmações da teoria ABC, de de que aumentar o crédito disponível para além da poupança real baixa, em vez de aumentar, a produção real e a despesa de investimento real. A Tabela 2 apresenta os testes unitários raiz-raiz de Dickey-Fuller (1979) e Phillips-Perron (1988) para cada variável. Os resultados aumentados de Dickey-Fuller com 48 lags indicam produção, investimento e empréstimos comerciais e industriais são todos I (1), mas esse consumo  pode ser 1 (2) ou integrado de ordem superior. superior. Testes Phillips-Perron Phillips-Perron indicam todas as variáveis são I

9

“In marked contrast to orthodox neoclassical and Keynesian accounts of the of  the business cycle, ABC theory presents a consistent and coherent explanation of the of  the causes and propagation mechanisms of the of  the business cycle. Though more typically qualitative than quantitative, the explanatory successes of ABC of  ABC theory have proved robust over an impressive time period and range of specific of specific applications.”



A Tabela 3 apresenta os testes de Johansen-Juselius para cointegração. Os resultados do teste de rastreio, uma razão de verossimilhança, indicam uma relação estável e cointegrada entre o sistema de quatro variáveis macroeconômicas com três vetores de cointegração.

A metodologia de correção de erros distingue entre efeitos permanentes ou de longo  prazo medidos pelas pelas estimativas dos dos coeficientes dos vetores de cointegração, cointegração, e efeitos transitórios ou de curto prazo medidos pelos coeficientes do processo de ajuste de desequilíbrio. Primeiro, considere os relacionamentos de longo prazo. A estimativa do modelo de correção de erro de vetor (VECM) é relatada na Tabela 4. Para facilitar a interpretação, os três vetores são resolvidos para produção, consumo e investimento, cada um deles explicado por empréstimos comerciais e industriais. Essas três equações estruturais podem ser consideradas como relações de longo prazo que identificam um equilíbrio para o qual o processo de correção de erros se ajusta após qualquer  perturbação exógena. exógena.

As perturbações exógenas citadas por Mulligan são as mesmas citadas por F.A Hayek em Prices and Production and Other Works (2008), ou seja, expansão de crédito que conduz, em um primeiro momento, ao boom, mas, no segundo momento causa o bust. Como já demonstrado, há cerca de 10 artigos que citei, isso por ter feito um breve apanhado de artigos que mostram dados empíricos sustentando a TACE. Apresentei apenas algumas tabelas de Mulligan. Há também questões sobre sucessivas diminuições das taxas de juros durante 1921 a 1927 (com a crise em 1929) e 2001 a 2007 (com crise

em 2008).

De acordo com Hayek, os ciclos se iniciam com a expansão de crédito. Conforme dados da Federal Reserve 10, de 1921 até 1927, houve redução das taxas de juros de 6% a 3,5%, ou seja, uma redução superior a 41% em apenas 6 anos e, em 1929, veio a crise.

Em 2001, a mesma política de redução de juros para estimular a economia foi tomada  pela Federal Reserve11. Em relatório do próprio Federal Reserve apresentado ao Congresso Norte Americano é dito: The devastating events of September 11 further set back an already fragile economy. Heightened uncertainty and badly shaken confidence caused a widespread pullback from economic activity and from risk-taking in financial markets, where equity prices fell sharply for several weeks and credit risk 10 11

FED. Disponível em: https://fred.st https://fred.stlouisfed.org/gr louisfed.org/graph/fredgraph.png? aph/fredgraph.png?g=cdSb g=cdSb.. FED. Disponível em: https://www.federalreserv https://www.federalreserve.gov/boarddo e.gov/boarddocs/hh/200 cs/hh/2002/February/Ful 2/February/FullReport.pdf  lReport.pdf .

spreads widened appreciably. The most pressing concern of the Federal Reserve in the first few days following the attacks was to help shore up the infrastructure of financial markets and to provide massive quantities of liquidity to limit  potential disruptions to the functioning of those markets. The economic fallout of the events of September 11 led the Federal Open Market Committee (FOMC) to cut the target federal funds rate after a conference call early the following week and again at each meeting through the end of the year  12.

Foi a maior queda das taxas de juros em décadas 13, caindo de mais de 5,5% em 2001 a 1% em 2003, e se mantendo neste patamar até 2005. A economia experimentou sua fase de boom, mas em 2007, a economia já dava sinais de crise e em 2008, veio a recessão. Há muito mais apontamentos empíricos, tabelas, gráficos etc. Mas creio ser o suficiente, inclusive para não cansar o leitor. Não pode deixar de citar um levantamento feito por Walter Block, onde ele demonstra que praticamente 30, isso mesmo 30 estudiosos da Escola Austríaca conseguiram prever a crise de 2008, algo que muitos economistas consagrados no mainstream jamais imaginaram. Destacaria a previsão de Ron Paul, pois foi uma das primeiras, senão a primeira. Em 2003, Ron Paul já havia avisado sobre a  bolha no setor imobiliário, a distorção no mercado causada pelo aumento de crédito e como as pessoas perderiam suas casas. Disse Ron Paul: Ironically, by transferring the risk of a widespread mortgage default, the government increases the likelihood of a painful crash in the housing market. This is because the special privileges granted to Fannie and Freddie have distorted the housing market  by allowing them to attract capital they could not attract under pure market market conditions. As a result, capital is diverted from its most productive use into housing. This reduces the efficacy of the entire market and thus reduces the standard of living of all Americans. Despite the long-term damage to the economy inflicted by the government’s interference in the housing market, the government’s policy of diverting capital to other uses creates a short-term boom in housing. Like all artificially-created bubbles, the boom in housing prices cannot last forever. When housing prices fall, homeowners will experience difficulty as their equity is wiped out. Furthermore, the holders of the mortgage debt will also have a loss. These losses will be greater than they would have otherwise been had government policy not actively encouraged over-investment in housing.

Em entrevista realizada depois da crise de 2008, quando o repórter perguntou como Ron Paul havia previsto a crise, sua explicação foi que ele estuda Escola Austríaca enquanto a maioria dos outros congressistas ficam presos em análises mainstream. Isso o permitiu entender a economia e o rumo que ela estava tomando.

12

Os eventos devastadores de 11 de setembro atrasaram ainda mais uma economia já economia  já frágil. A incerteza aumentada e a confiança abalada causaram um retrocesso generalizado da atividade econômica e da tomada de riscos nos mercados financeiros, onde os preços das ações caíram acentuadamente por várias semanas e os spreads de risco de crédito aumentaram sensivelmente. A preocupação mais premente do Federal Reserve nos primeiros dias após os ataques foi ajudar a fortalecer a infraestrutura dos mercados financeiros e fornecer enormes quantidades de liquidez para limitar possíveis interrupções no funcionamento desses mercados. As consequências econômicas dos eventos de 11 de setembro levaram o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) a cortar a taxa básica de juros de juros após uma teleconferência no início da semana seguinte e novamente em cada reunião até o final do ano. 13 FED. Disponível em: https://fred.st https://fred.stlouisfed.org/ louisfed.org/graph/fredgraph.png? graph/fredgraph.png?g=jcUs g=jcUs

Conclusão Ao que tudo indica, o Sr. Becker se precipitou ao tentar criticar crit icar algo que ele sequer esboçou em seu artigo. Essa precipitação o conduziu, de maneira natural e fatal, a erros sobre a compreensão da Teoria Austríaca. Além disso, conforme demonstrado sobre a Controvérsia de Cambridge, o reswitching é facilmente respondido pela Taxa Múltipla esboçada por Garrison, onde não só as suposições são imensamente imensamente mais reais (2% e 8% de juros contra 50% e 100% ou 75% e 100%), como também demonstra que BöhmBawerk, a depender da maneira de como se procede a Técnica, tem certa razão. Em todo caso, como dito pelo próprio Sr. Becker, as próprias discussões da Controvérsia de Cambridge não foram muito conclusivas e mesmo um economista mainstream da envergadura de John Hicks salientou que não se deve abandonar os insights de BöhmBawerk acerca da Teoria do Capital. Se a Controvérsia de Cambridge não serviu para abalar a TAC, muito menos invalidaria a TACE já que esta se baseia não só na TAC, mas em outros aspectos como os choques causados a partir da discrepância entre taxas de juros naturais e taxas de juros de mercado, conforme os postulados wickellianos. O Sr. Becker também apresentou grande confusão ao supor que a TACE tentaria explicar o desemprego de 25% nos EUA como se fosse friccional, algo que nenhum austríaco disse. O que a EA afirma é que políticas monetárias expansionistas causaram a crise. Ponto. Mas, à partir da crise, sucessivos erros na condução de política econômica agravaram a situação durante a década 1930, algo que os próprios monetaristas argumentam. O Sr. Becker quis causar polêmica justamente em um dos pontos onde nunca houve por não compreender devidamente aquilo que os austríacos dizem. Ou seja, o Sr. Becker se baseia muito mais naquilo que ele acha ser os argumentos da EA do que se baseia naquilo que realmente a EA afirma. Por fim, conforme demonstrado, há pesquisas ancorando a TACE em dados empíricos o suficiente para aniquilar a suposição do Sr. Becker de que a Teoria Austríaca dos Ciclos não se relaciona com dados empíricos. Cerca de 10 pesquisas foram citadas dizendo o contrário.

REFERÊNCIAS **Não colocarei as referências em norma ABNT pois não é um trabalho acadêmico, mas as colocarei de modo a facilitar aos leitores a pesquisa caso queiram conferir. A ordem das referências está de acordo com o texto. Também não colocarei todas as referências pois algumas já estão em nota de rodapé. Deixo aqui apenas as principais. BERNARDO, NORI, MEYER. A Escola Austríaca de Economia na História do Pensamento Econômico. Seminário Universidade Estadual Norte do Paraná, 2018. MURPHY. The Reswitching Question, Mises Institute, 2003. Disponível em: https://mises.org/library/reswitchingquestion?fbclid=IwAR10KsKiO8ScfRI7eBJTa question?fbclid=IwAR10 KsKiO8ScfRI7eBJTaaqz6sU0RNvtLyM aqz6sU0RNvtLyMdsmvkthujUpetm_fL dsmvkthujUpetm_fL 09k80bs BAWERK. Teoria Positiva do Capital. Nova Cultural, 1986.

ROBINSON. The Unimportance of Reswitching . The Quarterly Journal of Economics , 1975. HICKS. Capital and Time. Clarendon Press, 1973. GARRISON. Reflections on Reswitching and Roundaboutness. Auburn University, 2006. Disponível em: http://webhome.auburn.edu/~garriro/garrison.pdf  HAYEK. The Pure Theory of Capital. Mises Institute, 2009. Disponível em: https://mises.org/sites/default/files/Pure%20Theory%20o https://mises.org/sites/default/files/P ure%20Theory%20of%20Capital_4.pdf  f%20Capital_4.pdf  BERNARDO, ANDRADE, FERREIRA. blockchain e iot: uma análise de aplicação e aperfeiçoamento do ambiente digital. FAPCOM, 2019. SOROMENHO. Wickell e a Teoria Austríaca dos Ciclos. Estudos Econômicos, 1995. IORIO. Ação, Tempo e Conhecimento. Instituto Mises Brasil ,2011 FEDERAL RESERVE. Full Report, 2002. (Aqui é para mostrar como Políticas Monetárias Expansionistas foram adotadas no início dos anos 2000. Em 2008, veio a crise). Disponível em: https://www.federalreserve.gov/boarddocs/hh/2002/February/FullReport.pdf .

MORA. A Evolução do Crédito no Brasil entre 2003 a 2010. IPEA, 2014. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com http://www.ipea.gov.br/portal/index .php?option=com_content&view= _content&view=article&id=24295 article&id=24295 MULLIGAN. An Empirical Examination of Austrian Business Cycle Theory. Quartely Journal of Austrian Economics, 2006. BLOCK, Walter. Who Predicted the Housing Bubble? Site Lewrockwell.com em 22 de Dezembro de 2010. Disponível em: http://www.ronpaulcurriculum.com/members/BlockHous http://www.ronpaulcurriculum.c om/members/BlockHousingBubble.pdf ingBubble.pdf PAUL. Fannie and Freddie. House Financial Services Committee, 2003. Disponível em: https://www.lewrockwell.com/1970/01/ron‐paul/fannie‐and‐freddie/

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF