Resenha Pedagogia Do Oprimido

August 30, 2017 | Author: João Batista S. Lima | Category: Love, Liberty, Pedagogy, Power (Social And Political), Knowledge
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Pedagogia do Oprimido é um livro do autor Paulo Freire, figura emblemática no cenário educacional brasileiro, foi escrito na época em que esteve exilado em seu país, o Brasil, durante o período da Ditadura Militar. Publicado pela editora Paz e Terra em sua 11ª edição. Foi publicado pela primeira vez em 1967. Esta obra ressalta a luta pela libertação do homem, que é um ser inconcluso, vive uma problemática, sempre em busca de perguntas e respostas por conhecer pouco de si mesmo. Esta obra tem uma grande preocupação com a humanização e mostra também a importância de reconhecer a existência da desumanização. O querer ser mais provoca atitudes desumanas, acompanhados de injustiças e exploração. As camadas menos favorecidas são oprimidas e terminam por aceitar o que lhes é imposto devido a falta de conscientização. Para Paulo Freire só a conscientização é quem liberta. O opressor querendo sempre ser mais, agindo com desumanidade, afeta a si mesmo porque o ser humano observa os efeitos de suas ações praticadas e afeta também todo grupo ao seu redor, dessa forma, “a violência pode gerar violência” como diz o ditado popular. Pode gerar um círculo vicioso onde a violência será sempre usada para conquistar algo ou para solucionar e acabar com o sofrimento do oprimido. A violência do opressor dá margem para o surgimento da luta de cada oprimido para que busquem seus direitos e sua liberdade. Freire refere que na luta pela liberdade é necessária a crença no povo através de um comprometimento autêntico, de uma comunhão e de uma aproximação que geram um renascer.

No que respeita a situação concreta de opressor e os

oprimidos, o autor cita que só na convivência com os oprimidos se poderão compreender as suas formas de ser, de comportar e de refletir sobre a estrutura da dominação, sendo uma delas a dualidade existencial que leva a assumirem atitudes fatalistas, religiosas, mágicas ou místicas, que não permitem a superação da visão inautêntica do mundo e de si. No que diz respeito a necessidade da comunhão dos homens para se libertarem, somente quando o oprimido descobre o opressor e se compromete na luta pela sua libertação começa a crer em si mesmo, sendo ação cultural para a liberdade por ser ação com o povo. A ação libertadora como resultado da conscientização. Os oprimidos nos vários momentos de sua libertação precisam reconhecer-se como homens, na sua vocação do ser em geral. A reflexão e a ação se impõem, quando não se pretende erroneamente dividir o conteúdo da forma histórica de ser do

homem. Ao defendermos um permanente esforço, de reflexão aos oprimidos sobre suas condições concretas, não estamos pretendendo um jogo divertido em nível intelectual. Estamos convencidos pelo contrário, de que a reflexão conduz a prática habitual. Somente quando os oprimidos descobrirem claramente o opressor e juntarem-se na luta organizada por sua libertação, começaram a crer em si mesmos, superando assim sua “convivência” com o regime opressor. É preciso que creiamos nos homens oprimidos. Que os vejamos como capazes de pensar certo também, pois se essa crença nos falha, abandonamos a idéia ou não a temos, do diálogo, da reflexão, da comunicação e caímos nos slogan, nos depósitos e nos dirigismos. Esta é uma ameaça contida nas inautênticas adesões à causa da libertação dos homens. A ação libertadora, reconhecendo esta dependência dos oprimidos como ponto vulnerável, deve tentar,a través da reflexão e da ação, transformá-la em independência. Não podemos esquecer que a libertação dos oprimidos é libertação de homens e não de “coisas”. Por isto, se não é autolibertação, ninguém se liberta sozinho. A dialogicidade não nos ensina a repetir as palavras, ela abre um leque para entendermos a existência como uma exigência e o diálogo como uma ferramenta essencial para o convívio social em que estamos inseridos, ele é o encontro em que solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos dirigidos ao mundo a serem transformados e humanizados, não podemos nos ater apenas, a um ato de depositar idéias, nem tampouco tornarmos simples a troca de idéias a serem consumidas por aqueles que a trocam. O diálogo é a porta para o conhecimento, a resposta ao amor, pois se não existir amor pelas pessoas, pelo mundo, não há entre eles abertura para a dialogocidade e o ser que não tem um pensamento verdadeiro se fecha em seu próprio cárcere. A palavra em si é o que nos difere dos animais irracionais. Palavra é ato libertador, controlá-la sobre palavra – mundo, torna-a chave essencial de domínio dos mecanismos de poder. O poder mudar o mundo. Libertá-lo da ignorância em que o diálogo não existe no ato de ação e reflexão. Freire nos convida para o comprometimento com a palavra autêntica, onde não precise minimizar a reflexão para haver a ação ou minimizar a ação para que haja a reflexão. “Não é no silêncio que os homens se fazem, mas no trabalho, na ação – reflexão” (FREIRE, p.44, 1970).

Para o educador e o educando é sua principal forma de se interagirem, de buscarem uma verdade, um conhecimento, mas muitas das vezes quem dialoga não é o conhecedor das verdades de quem vive submisso e dominado por quem impõe seu poder e suas decisões e muito menos as experiências de uma vida sem muitas expectativas, quem tem o dom da palavra pode transformar vidas, humanizar o mundo de modo consciente e mais digno. A história só se faz presente por que houve quem lutasse por algum ideal, por isso que muitos educadores lutam por melhor educação, por que só educando os homens é que poderá deixar de existir a desumanização e a opressão, quando toda a sociedade for educada, de forma que o educador e o educando possam ser ouvidos, quando houver um diálogo entre opressores e oprimidos, só assim a educação terá um quadro diferente dentro do sistema brasileiro, é a força das palavras que muda o mundo. A investigação temática não pode limitar-se a um ato mecanizado, frio, calculado, uma vez que a investigação se dá no âmbito humano e requer um processo de busca de conhecimentos e criação, desenvolvendo temas significativos a interpretação de problemas. Por isso a investigação se fará mais pedagógica do que crítica, que focalizando na realidade, se feixe na compreensão da totalidade. Sendo assim investigadores profissionais e povo, serão sujeitos a busca em torno da investigação do tema gerador, que envolve o pensar do povo e sempre referindo-se a realidade num pensar crítico através do qual os homens se descobrem. Pedagogia do oprimido orienta todo um processo investigativo, partindo do princípio de que toda investigação parte da realidade do investigado, que expõe seus desejos e seus costumes, cultura, tendo como sujeito principal o ser humano. Portanto esta obra é indicada não só para educadores, mas a todos que estão em processo de formação acadêmica e, também, demais interessados pelas discussões do campo educacional e social a qual a obra aborda.

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