Resenha Livro Economia Politica
Short Description
Download Resenha Livro Economia Politica...
Description
129
RESENHA
Ecnma plítca: uma ntrduçã crítca
Rodrigo Castelo Branco* UFRJ/ UniFOA
REsENHA:: Ecnma plítca: uma ntrduçã crítca. REsENHA NETTO, Joé Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica. Sã Paul: Edtra Crtez, 2006. Book REviEw: Pltcal Ecnmy: a crtcal ntrductn. NETTO, Joé Paulo; BRAZ, Marcelo. Political Economy: a critical introduction. Sã Paul: Edtra Crtez, 2006. O que está errado, agora, no nosso discurso? Alguma coisa? Ou tudo? Com quem ainda podemos contar? Somos restos da corrente correnteza za viva que o rio depositou em suas margens? Ficaremos para trás, sem entendermos, sem sermos entendidos por ninguém? (Bertolt Brecht)
Escrtr de peças teatras engajadas na prmçã da emancpaçã humana, Bertlt Brecht tnha cm uma das suas prncpas mtações redgr texts acessíes à classe trabalhadra. Respetand a autnma (relata) das artes e seu cnteúdo etético epecíco, ele bucava contribuir efetamente para a cnstruçã de uma scedade scalsta perada pela açã cnscente e autemancpada d prletarad. Brecht tnha hrrr a eltsm teórc. Freqüentemente quexaa-se ds texts escrts pels lóofo da Ecola de Frankfurt, em epecial Ador no e Horkheimer. Na ua avaliação, o frankfur frankfur tans desenleram uma lnguagem nacessíel as nã-ncads e, pr ss, craam um absm
entre ua teoria e a ação revolucionária. Afeito às déas “grsseras”, sempre subrdnadas – mas nã subjugadas –, à prátca, Brecht escreeu: “ pensament nã precsa de luz demas, de pã demas, nem de pensament demas”. Muta csa sera dferente se estas elucubrações tessem td ec a lng da hstóra d marximo. Perry Anderon, no enaio Considerações sobre o marxismo ocidental , antu que, a lng d sécul XX, partcularmente deps da geraçã pré-prmera guerra mundal – basta lem brarms de Lênn e sua brchura Imperialismo, fase superior do capitalismo: um ensaio popular , u de Rsa Luxemburg e seu lr escrt para curss de frmaçã plítca d Partd ScalRecebido em 16.03.2009. Aprovado em 22.05.2009.
Revista PRAIAVERMELHA PRAIAVERMELHA / Rio de Janeiro / v. v. 19 nº 1 / p. 129-132 / Jan-Jun 2010
130
Rodrigo Castelo Branco Democrata Alemão, Introdução à crítica da economia política – a tradçã marxsta pratcamente abandnu s estuds sbre ecnma plítca, sua lgaçã dreta cm mment perár e f refugar-se nas cdadelas acadêmcas, cm seu lnguajar própr, tã dstante da realdade ctdana da classe trabalhadra. Apó o conturbado ano 1990, período no qual surgram árs atestads de óbts da tradçã de pensament e açã plítca naugurada pr Marx e Engels, marxsm, lentamente, se recm põe, e ntelectuas lgads a esta tradçã cmeçam a prduzr texts ntrdutórs ltads para grande públc. Este é precsamente cas d lr Economia Política: uma introdução crítica, de Joé Paulo Netto e Marcelo Braz, lançado pela edtra Crtez. A obra etá etruturada em torno de nove capítu ls, além da ntrduçã, cnclusã e uma (extensa e rica) bibliograa conolidada de todo o livro. Ao nal de cada capítulo o leitor encontrará, de forma rápida e aceível, referência bibliográca tradi cionai e, além dio, uma relação de lme acerca d tema ersad. Este cudad edtral em uma bblteca básca drecnada a públc unerstár cnsttu uma bela ndade, ps agrega uma utra frma de lnguagem, tã dfundda hje na juentude (talez mas d que a própra lteratura), as estuds acadêmcs. O capítulo 1 (Trabalho, ociedade e valor) di erta, ob o enfoque luckaiano, a repeito da ca tegra trabalh, cncet central de tda a crítca da economia política marxita. Dicilmente o leitr encntrará um títul sbre ecnma plítca – mesm dentr da tradçã marxsta – que t enha tal abrdagem sbre a categra trabalh, partcularmente do Lukác da Ontologia do Ser Social . Utlzand-se deste referencal teórc, que entende trabalh cm uma atdade nelmnáel e cnsttuta d gêner human, capaz de (ptencalmente) satsfazer as necessdades d estômag e da fantasa ds seres humans, fazend regredr as barreras naturas e trnand-s, prtant, seres sciai livre e autônomo, Netto e Braz ditanciamse das nterpretações tradcnas da ecnma que êem trabalh cm um smples fatr de prdução, uma atividade mercantilizada e reicada. Este pnt frte d lr, cntradtramente, traz um pnt passíel de crítca, que s autres,
incluive, etão ciente: etamo falando da dicul dade que prentura letr pssa ter n entendment d capítul, dada a lnguagem hermétca de Lukác. Ma até aqui o autore mantêm-e éi a Marx, quand este, n prefác da edçã francesa de O Capital , arma que “não há etrada real para a cênca, e só têm prbabldade de chegar a seus cms lumnss, aqueles que enfrentam a cansera para galgá-ls pr eredas abruptas”. o capítul 2 apresenta cncets báscs da crítca da ecnma plítca, tas cm excedente ecnômc, frças prdutas, relações de prdução, ditribuição, conumo, dentre outro. No nal s autres fazem um bree hstórc ds mds de prduçã, da antgudade até captalsm, passand pel escrasm e feudalsm. os capítuls 3, 4 e 5 traçam um panrama d lr i de O Capital (o prcess de prduçã d captal), títul centenár que demnstra fôleg renovado na explicação obre a atuai congura ções d captalsm cntemprâne, fetas, é clar, as dedas medações hstórcas. os capítuls 6 e 7 aançam ns lrs ii e iii de O Capital (o prcess de crculaçã d captal e o prcess glbal de prduçã captalsta, respectamente), dscutnd a repartçã da mas-ala entre as frações da classe burguesa, a queda da taxa de lucr e as crses ecnômica. Nete conjunto de capítulo, que ocupam quase a metade da bra, s letres encntrarã uma “sã segura e atualzada da Ecnma Plítca, [que] nã faz nenhuma cncessã a sm plsm e a esquematsm”, cm escree Carls Nelon Coutinho na quarta capa. No último doi capítulo – O imperialimo (cap.8) e o captalsm cntemprâne (cap.9) – s autres demnstram, ctand uma larga bblgraa, baeada fundamentalmente no texto de Lênn, Hlferdng, Mandel, Baran, Seezy, Chesnas e Harey, que a crítca da ecnma plítca mantee-se a e pulsante após a mrte de Marx, send capaz de trazer à tna, cm muta prpredade, pertnênca e sldez teórc-metdlógca, as nas determnações sóc-ecnômcas que emergiram na fae imperialita do capitalimo. Tema atuai como, por exemplo, o neoliberalimo, a nancerzaçã da rqueza e a reestruturaçã prduta nã sã abrdads pr uma perspecta aplgétca, de cncessã as mdsms teórcs d noo tempo – o chamado pó-modernimo. Todo
Revista PRAIAVERMELHA / Rio de Janeiro / v. 19 nº 1 / p. 129-132 / Jan-Jun 2010
Economia política: uma introdução crítica estes temas sã abrdads segund a le d alrtrabalho de Marx, contantemente rearmada ao lng d lr, funcnand cm uma espéce de o condutor (pp.90, 149-151, 189). A retomada da lei do valor-trabalho como pedra angular da tradçã marxsta é um ds mérts d lr Economia política: uma introdução crítica, bra escrta para ser um text ntrdutór, uma espéce de síntese de td debate marxsta a res pet, ns dzeres de Lênn, da prncpal fnte d pensament marxan. Cntud, mar mért d text, ndscutelmente, é traduzr, de md smples, clar e bjet, sem mares sbressalts, uma bra densa e chea de percalçs cm s tms de O Capital . o lr, prtant, sere cm um gua útl de prmera aprxmaçã à crítca de ecnma plítca. Vale, todavia, uma advertência nal que, egund a nssa pnã, psselmente é cmpartlhada pels autres: nenhum manual, pr mar que seja a sua credbldade – e este é cas d lr aqu analsad – substtu a letura (brgatóra) ds texts clásscs e rgnas de karl Marx e de tda uma tradçã que segue psterrmente. Ps, como dizem Joé Paulo Netto e Marcelo Braz, “é desnecessár sublnhar, lg de níc, que nssa precupaçã em ferecer um lr ltad para a abrdagem ncal da Ecnma Plítca nã dee ser cnfundda cm qualquer ntençã facilitista, que poupe ao etudante reexão, empenho e e frç. Supms um estudante nteressad, dspst a aprender, a se aprprar de nfrmações e de concepçõe teórica; um etudante que não tenha med da crítca e, muncad de cnhecments, se prpnha exerctar a sua própria crítica” (p.12).
Referências NETTO, Joé Paulo e BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica. Sã Paul: Edtra Crtez, 2006 * Rodrigo Castelo Branco é Ecnmsta. Mestre em Serç Scal. Dutrand da Escla de Serç Scal/UFRJ, Pesqusadr d Labratór de Etudo Marxita Joé Ricardo Tauile (LEMA) do insttut de Ecnma/UFRJ, Dcente d Centr Univeritário de Volta Redonda (UniFOA). rdrg.castel@gmal.cm Revista PRAIAVERMELHA / Rio de Janeiro / v. 19 nº 1 / p. 129-132 / Jan-Jun 2010
131
View more...
Comments