Relatorio Percurso pedestre

December 17, 2018 | Author: srjorgesantos | Category: Lisbon, Snow, Nature
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RELATÓRIO

PERCURSO PEDESTRE

Curso: Técnico de Informação e Animação Turística Módulo: Turismo de Desporto Aventura Formador: Rui Pires Formando: Jorge Santos

nº13

Introdução No módulo de Turismo de Desporto Aventura, surgiu a oportunidade de se realizar um percurso pedestre em contexto de visita de estudo, com o acompanhamento de um guia turístico à Serra de Montejunto, sendo esta, o miradouro natural mais alto da Estremadura (considerada a Varanda da Estremadura), elevando-se a 666 metros acima do nível médio do mar, situada a norte do distrito de Lisboa entre os concelhos Cadaval e Alenquer, com o intuito de se verificar e analisar a paisagem natural e reserva regional existente, e algumas das ruínas. Considerado assim, um local de grande valor ecológico, geológico, histórico e paisagístico, fazendo parte do Maciço Calcário Estremenho e apresentando uma estrutura geológica com várias dezenas de grutas, algares e dolinas, bem como necrópoles e fósseis pré-históricos. Possuindo também um microclima muito característico, característico, marcado pela transição entre a influência marítima e continental, o que lhe confere uma fauna e flora bastante distintas das existentes nos ecossistemas ecossistemas envolventes. envo lventes.

Desenvolvimento No dia 30 de Outubro, por volta das 9h45 da manhã, partimos de Caldas da Rainha num Transfer 1 em direcção à Serra de Montejunto, situada a 50km norte de Lisboa, entre os concelhos Cadaval e Alenquer. Chegamos ao destino por volta das 10h40.

Fig.1 - Transfer 

Após a chegada, tivemos o privilégio de o senhor Narciso Moreira (Técnico responsável do Centro de Interpretação Ambiental) fazer-nos uma breve descrição detalhada da constituição da serra, informando-nos que esta é o miradouro natural mais alto da Estremadura, com cerca de 666m de altitude, indicando também que este era considerado um local de grande valor ecológico e paisagístico, fazendo parte do Maciço Calcário Estremenho e apresentando uma estrutura geológica com várias dezenas de grutas e algares, bem como necrópoles e fósseis pré-históricos, possuindo também um microclima muito característico, característico, marcado pela transição entre a influência marítima e continental, o que lhe confere uma fauna e flora bastante distintas das existentes nos ecossistemas ecossistemas envolventes.

Fig.2 – Maqueta da Serra de Montejunto

Fig.3 – Legenda da Maqueta da Serra de Montejunto Antes de passarmos à “acção”, o senhor Narciso Moreira, fez questão de nos

mostrar na maqueta da serra, o ponto onde nos encontrávamos (Fig.4) , e qual a zona onde se iria decorrer o passeio pedestre com sensivelmente 5 Km de distância, considerada esta uma pequena rota (percurso pedestre que não excede os 30km de distância, equivalente a uma jornada).

Fig.4 – Bandeira representa o Centro de Interpretação Ambiental  – maqueta. Após todas as explicações fornecidas pelo técnico, iniciamos o nosso percurso, começando por visitar a Real Fábrica de Gelo da Serra de Montejunto. O hábito de saborear gelados e matar a sede com bebidas frescas nos dias quentes de Verão terá vindo de Espanha sendo introduzida em Portugal pela corte de Filipe II. Não existindo ainda as modernas tecnologias de refrigeração, o recurso à neve e ao gelo constituía a única alternativa possível. Por isso, a procura deste escasso e valioso bem, foi crescente, bem como a sua comercialização. Localizada a cerca de 40 Km de Lisboa e próximo do rio Tejo, então via privilegiada de acesso à capital. A Serra de Montejunto apresentava grandes vantagens sobre o principal (e único) centro abastecedor de neve, a Serra do Coentral, situada na extremidade sul da Serra da Estrela. Este complexo industrial foi considerado por diversos especialistas internacionais internacionais "como um caso único pela originalidade das suas estruturas e pelo razoável estado de conservação".

Fig.5/1 - Alguns dos 44 tanques adjacentes Fig.5/2 - Outros dos 44 tanques adjacentes

Fig.5/3 Tanque principal junto à nora. A figura acima Fig.5 /3, representa o tanque principal junto à nora, com a capacidade de 151 mil litros, onde a partir deste se procedia ao abastecimento dos adjacentes (Fig.5/1 e Fig.5/2). Nestes tanques mais pequenos, eram colocados cerca de 10 a 15 centímetros de água (consoante a temperatura do dia), as temperaturas negativas, e já habituais naquela época do ano, faziam com que esta solidificasse durante a noite. Logo pela madrugada, os cerca de 100 trabalhadores oriundos das aldeias limítrofes, subiam até à serra para iniciarem um trabalho árduo, consistindo este em partir aquela camada formada durante a noite, com um maço de ferro. Em seguida o gelo era colocado, calcado nos cestos e transportado para os depósitos de cerâmica Fig.6 e 7, estes com cerca de 350.000 m3 de capacidade. Logo de seguida, homens entravam dentro desses tanques, e com maços de madeira, batiam-no de forma a que ficasse o mais prensado possível, formando um único bloco com 7m de diâmetro, sendo depois tapado com palha de forma a conservar as temperaturas negativas.

Fig.6 e 7 – Representam Representam as câmaras de conservação do gelo.

Para que se iniciasse o transporte desta matéria, seria necessário que os operários entrassem dentro destas câmaras e cortassem o gelo em forma de cubos. Cubos estes, que eram içados e colocados dentro de cestos arriados a machos, mulas ou até burros, que nestes faziam o transporte serra abaixo por entre carreiros e carrascos até ao Cercal. Chegando ao Cercal, o gelo era retirado dos cestos e empilhado, como se de uma construção se tratasse, em cima de carros de bois, estes continuavam o percurso até à Vala do Carregado, sendo que nesta mesma vila à beira rio Tejo plantado, aportava os chamados barcos da neve, onde mais uma vez esta matéria-prima seria colocada, e Tejo abaixo seguia até ao seu destino final. Quando finalmente chagava a Lisboa, o gelo era distribuído pela Casa Real e a outros estabelecimentos estabelecimentos como geladarias, hospitais, entre outras. Nas traseiras da fábrica do gelo, existe também em cerâmica, aquele que em tempos foi produtor de cal. Este forno Fig.8 e 9, conhecido por forno de combustão, produzia cal líquida que era utilizada para, em pequenas quantidades, desinfectar a água e quando misturada com areia, esta servia para reparar fendas nas câmaras de frio.

Fig.8 e 9 – Forno de combustão para realização de cal. Seguido desta visita matinal e chegada a hora do almoço, a turma juntou alimentos e bebidas e fizemos um pic-nic no parque de merendas mesmo ali ao lado. Uma hora depois, tal como combinado, Sr. Narciso Moreira chegou, dando assim indicação que iríamos iniciar o percurso pedestre de 5 km. O monitor e os 20 caminheiros prosseguiram a caminhada podendo observar assim alguns dos 500 tipos de plantas existentes, entre as quais se destaca a orquídea silvestre por ser uma das mais ameaçadas e estando mesmo em vias de extinção. Por entre carreiros e pinheiros, podemos observar pinheiros mansos, sobreiros e castanheiros, constatamos constatamos

e desfrutamos de uma paisagem natural ao nível da sua fauna e flora f lora rica e impar. Aqui nidificam mais de 75 espécies, sendo que 10 são consideradas ameaçadas pelo livro vermelho dos vertebrados de Portugal, destacando-se a Águia Perdigueira, o Bufo Real e o Andorinhão Real, são mesmo considerados raros a nível nacional. A flora com transição mediterrânica-atlântica, é composta também por manchas de Carvalhos Cerquinhos, para além de outras culturas sazonais, que juntas formam um manto colorido em tons de verde, digno de ser contemplado por quem por ali passa.

Uma vez que era pertinente a realização deste percurso, para uma interpretação da paisagem natural, na aula anterior o nosso formador Rui Pires explicou-nos os significados dos diversos tipos de símbolos que poderíamos encontrar pelo caminho pedestre. As figuras que se seguem foram captadas neste mesmo dia, sendo todas elas de minha autoria, para exemplificar as marcas que iam delineando d elineando o caminho correcto.

Os 2 traços pintados na pedra, significam que estamos no caminho correcto e as cores (vermelho e amarelo) identificam uma pequena rota. Esta imagem, para além de representar o símbolo, também mostra obra de mão humana na construção e empilhamento destes blocos de pedra.

Estas imagens são símbolos representativos que fomos encontrando ao longo do percurso, que para além de nos indicarem o nosso caminho, também nos davam indicação de outros destinos. Felizmente, ao longo destes 5 km, também tivemos a indicação dos caminhos a não seguir. Como exemplo ilustrativo, apresento a Fig.10.

Fig.10 – Caminho errado ou caminho a não seguir. Seguido do percurso que realizamos, fez-se questão de visitar a Ermida de Nossa Senhora das Neves do século XIII e o que resta do possível primeiro Convento Dominicano do País construído no século XII, situadas no topo da Serra de Mon tejunto. Estas estruturas são de grande interesse Patrimonial.

O convento encontra-se hoje em dia em Ruínas, mas possibilita uma boa observação sobre o modo de vida dos Frades Dominicanos na vida conventual medieval, tendo a Capela sido por ele construída em devoção a Nossa Senhora das Neves. A Capela, construída no século XIII, foi muito alterada a partir do século XVI, apresentando no interior interessantes altares com azulejaria do século XVII. O convento Dominicano, dado a sua localização inóspita, foi entretanto abandonado, instalando-se os frades num outro Convento, em Santarém. Anualmente em Agosto, celebra-se a Romaria de Nossa Senhora das Neves, atraindo muitos fiéis e visitantes.

Conclusão Após ter realizado esta visita, concluo assim que para além de termos apreciado uma paisagem natural (quase virgem) e de termos desfrutado de um ambiente puro, também reforcei a matéria dada na sala de aula, relativamente aos conceitos e sinaléticas de percursos, desta feita em contexto prático. Foi bastante gratificante ter tomado conhecimento da produção e fabrico do gelo, ao visitar a Fábrica Real situada na quinta da serra. Tendo sido um processo artesanal utilizado entre o séc. XVII e séc. XIX, ao qual hoje, não é tão valorizado devido às novas tecnologias terem vindo facilitar esta produção. Por fim, uma das partes que me sensibilizou foi quando cheguei perto da entrada do Convento Dominicano e olhando à minha volta, verifiquei o esplendor de uma vasta extensão envolvente à serra, ou não estivesse eu na “Varanda da Estremadura”.

Agradeço ao formador Rui Pires pelo facto de me ter proporcionado esta prática, ao Sr. Narciso Moreira pela esplêndida recepção e aula de interpretação cultural e paisagística, assim como ao Centro de Interpretação Ambiental desta serra.

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