Relacionamentos Liz Greene

March 24, 2017 | Author: Elaine S. Santana | Category: N/A
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Introdução

Não sabes que antigamente o céu e os elementos eram uma coisa só, e foram separados um do outro por artificio divino, para que pudessem dar origem a ti e a todas as coisas? Se souberes disso, o resto não pode te escapar. Portanto, em toda geração é necessária uma separação desse tipo. ... Nunca obterás dos outros o Um que buscas sem primeiro fazer de ti mesmo uma só coisa... Gerhard Dom

Os príncipes e as princesas, como toda criança sabe, sempre vivem felizes para sempre. Apesar das feitiçarias, das madrastas malvadas, dos ogres, dos gigantes e dos anões malévolos, o amor triunfa, o mal é vencido, e o feliz casal desaparece de mãos dadas na névoa da imaginação, sem nenhuma alusão a varas de família ou pagamento de pensão anuviando o para-sempre. O processo de "crescimento, como toda criança aprende, com sua crescente maturidade e capacidade de encarar "a vida como ela é", natural mente nos ensina de outra forma. Os príncipes e as princesas, junto com Papai Noel, o coelhinho da Páscoa, os amigos imaginários e outras relíquias da vida de fantasia da infância, não são material adequado para os adultos. Começamos a aprender razoavelmente cedo na vida que ninguém vive feliz para sempre; precisamos fazer os relacionamentos "darem certo", e isso é uma questão de responsabilidade, compromisso, disciplina, obrigação, autosacrifício, comunicação e outros termos usados com tanta freqüência que seu significado deveria ser mais ou menos claro. Mas, de alguma forma, na experiência de viver, esses termos se tomam cada vez mais ambíguos quando percebemos que o outro, esse estranho que esta na nossa frente, seja marido ou esposa, filho ou amante, amigo ou professor, sócio ou inimigo, ainda é um estranho. O relacionamento é um aspecto fundamental da vida. É arquetípico, o que significa que é uma experiência que impregna a estrutura básica não apenas da psique humana mas do universo em sua totalidade. Em ultima analise, tudo é construído a partir do relacionamento, pois não teríamos

consciência de nenhum aspecto da vida se não o

reconhecessemos através do que cada um deles tem de diferente de todos os outros aspectos. Reconhecemos o dia porque existe a noite, e o relacionamento entre ambos de fine e identifica cada um deles. Se considerarmos ao menos um pouco essa idéia. tornar-se-a cada vez mais evidente, que nos, seres humanos, só podemos nos conceber como indivíduos por meio da comparação com aquilo que não somos. Por uma série de razões, algumas obvias e algumas muito mais sutis, hoje em dia existe uma ênfase maior sobre a experiência do relaciona mento do que houve durante outros períodos de nossa historia. Os relacionamentos sempre foram um aspecto importante da vida, mas nem sempre se chamaram relacionamentos, e nem sempre se lhes atribuíram outros propósitos além daqueles óbvios: alivio da solidão, satisfação do desejo, continuação da espécie, proteção do indivíduo e da sociedade, experiência do amor (uma palavra completamente ambígua, como todo adulto sabe), promoção de ganhos materiais. Todas essas razões bastante validas para que façamos o esforço – freqüentemente gratificante, e com igual freqüência doloroso – necessário para conviver com outros seres humanos. Entretanto, principalmente com o trabalho da psicologia durante os últimos setenta e cinco anos, tornou-se evidente que os relacionamentos não são apenas um meio de se atingir a satisfação pessoal de um tipo ou outro. São também necessários para o crescimento da consciência e da compreensão que o indivíduo tem de si mesmo. A pessoa não sabe que aparência tem. até se ver refletida no espelho, e esta simples verdade se aplica não apenas a realidade física mas também a realidade da psique. Inúmeros escritos esotéricos e psicológicos nos dizem que o homem esta para ingressar numa nova era. A palavra

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alemã Zeitgeist se refere adequadamente a este conceito, embora sua tradução não seja fácil. De uma maneira muito geral, significa o "espirito da época", um novo vento que sopra através de uma era e anuncia alterações significativas e dramáticas na consciência humana. Poderíamos dizer que as grandes mudanças ocorridas na perspectiva do homem, na época da Renascença, na religião, na ciência, nas artes e em todas as áreas da atividade humana foram manifestações de um Zeitgeist. Algo novo nascia, permitindo ao indivíduo ver um tipo diferente de realidade ou, mais precisamente, ver uma porção da realidade maior do que ele percebia antes. As mudanças na consciência ocorridas na aurora da era crista também podem ser consideradas manifestações de um Zeitgeist, pois é característico do inicio de uma nova era a morte dos velhos deuses e o nascimento de novos. Aparentemente, estamos vivenciando outro Zeitgeist neste período histórico, embora seus vagos contornos só sejam visíveis agora para aqueles que estudaram a linguagem do simbolismo. É possível que esse redirecionamento da consciência, ao qual a astrologia deu o nome simbólico de Era de Aquário, tenha, como um de seus motivos centrais, o esforço no sentido do conhecimento interior – um conhecimento que viria complementar a ênfase sobre o conhecimento exterior, que já nos é muito familiar. O espirito da época atual parece estar profundamente preocupado com a autocompreensão e com a procura do sentido. E embora se possa atribuir essa procura a mudanças econômicas e políticas que inevitavelmente criam tensão, estresse e autoquestionamento, também pode ser possível encarar essas duas tendências convergentes – o tumulto sócio econômico e o que pode ser descrito simplesmente como uma busca espiritual – como acontecimentos sincrônicos. Isto é, um não precisa ser a causa do outro, mas ambos podem ser sintomáticos de uma profunda mudança interior ocorrendo na psique coletiva. Pode parecer que questões de tal peso, como a transformação da consciência humana e a entrada numa nova era, tenham pouco a ver com os transtornos e problemas extremamente subjetivos que levam tantas pessoas a buscar aconselhamento para suas dificuldades de relacionamento. Se uma mulher deixa o marido por causa de um amante, ou se uma mulher esta lutando com sentimentos de inadequação sexual que mutilam seu potencial para um casamento satisfatório, pode parecer irrelevante a comunicação de que há um Zeitgeist em curso. Entretanto, essa relevância existe. Ouvimos dizer, com freqüência suficiente, que as estatísticas de divorcio estão em alta; que os valores e padrões morais consagrados pelo tempo e que pautaram nossos relacionamentos por muitos séculos estão desmoronando e perdendo o sentido para as gerações mais jovens; que a atual conduta sexual entrou por meandros sem paralelo mesmo no decadente Império Romano. Parece que alguma coisa definitivamente esta acontecendo com nossos critérios de avaliação dos relacionamentos e também com as formas de lidarmos com nossos problemas. Antigamente, sofríamos em silencio. Agora, entretanto, Há um constante aumento do numero de obras publicadas, assim como de artigos em jornais e revistas, sobre as dificuldades de conviver com os outros. Também há um constante aumento da atividade do aconselhamento conjugal, dos grupos e seminários de "movimento do crescimento", e de analise e terapia individuais – todos tentando, entre outras coisas, lidar, com maior ou menor sucesso, com as necessidades, desejos, conflitos, medos e aspirações de cada pessoa nos relacionamentos. Quase não é necessário mencionar fenômenos tais como o "Movimento de Liberação das Mulheres" e o "Movimento Gay de Liberação", cada um tentando enfrentar certos aspectos dos problemas dos relacionamentos, a sua maneira. Mesmo a controvérsia sobre a educação sexual nas escolas é uma questão centrada no relacionamento, como também o é a questão do aborto. Toda essa reavaliação dos relacionamentos é tanto parte de uma busca geral de valores mais significativos e de uma maior compreensão da psique, como do surgimento mais surpreendente do interesse por antigos estudos esotéricos como a astrologia, a alquimia e outras supostas esquisitices. Todos estes são aspectos da mesma busca, e, quanto mais cedo percebermos isto, tanto maior seria nossa perspectiva no contexto mais amplo que está por trás de nossos problemas pessoais. A ciência, que tem dado a ultima palavra sobre a realidade por muito tempo, esta se surpreendendo ao se aproximar o domínio do que costumava ser chamado estudos ocultos. Para o nosso assombro, pessoas com títulos respeitáveis nos dizem que as plantas reagem a emoção humana e apreciam a musica; que o Sol a Lua e os planetas efetivamente parecem emitir energias que afetam a vida humana; que nossa mente é capaz de proezas tais como a telepatia, a telecinese e a

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clarividência nos limites nos limites rigidamente controlados e monitorados do laboratório; e que Deus talvez esteja to vivo e bem além de tudo, escondendo-se secretamente na matéria. A esta altura não é apenas a dogmática estreiteza mental, mas também medo, o que mantém as pessoas agarradas seus velhos conceitos do que é real e racional, porque a própria ciência está no umbral de um universo surpreendentemente semelhante ao mundo magico e misterioso dos contos de fadas. Quando se acredita estar firmemente postado numa sólida rocha, é difícil descobrir que a rocha começou a mudar, a se dissolver, a se transformar em outra coisa. Nesta nova paisagem na qual todos nos, gostando ou não dessa idéia, estamos sendo lançados, precisamos desesperadamente de mapas. Temos bem poucos roteiros, pois estamos aprendendo, numa velocidade alarmante, que na realidade conhecemos muito pouco da natureza humana. Com seu nome atual, a psicologia é uma ciência muito nova, e é, sob muitos aspectos, primitiva e inexperiente como tudo que esta na sua fase inicial. Entretanto, a psicologia é um dos poucos mapas confiáveis que temos, embora esteja sendo feito no próprio processo de exploração. Contudo, a psicologia, no seu sentido mais profundo, existe há muito tempo com outros nomes, o mais antigo dos quais talvez seja a astrologia. Os psicólogos podem se surpreender com isso mais do que qualquer outra pessoa, mas nossa palavra psicologia vem de duas palavras gregas – psique, que significa "alma", e logos, que significa "sabedoria" –, e o estudo da alma humana pertenceu ao domínio da astrologia muito antes de pertencer a qualquer outro." Em alguns círculos, a ciência mais antiga e a mais nova parecem estar moldando um casamento muito curioso. A astrologia ultimamente tem tido um renascimento, embora seu valor real não esteja, no conceito popular, desvirtuado dos prognósticos mágicos do futuro, mas na função muito mais importante de se tornar um instrumento imensamente poderoso para exploração da psique humana. Embora a psicologia e a astrologia usem diferentes linguagens e métodos de pesquisa e aplicação, o objeto de sua investigação é o mesmo, e as duas juntas são potencialmente muito fecundas. O produto dessa união ainda está para ser plenamente reconhecido, mas constitui o objeto deste livro. E se considerarmos a idéia de que os relacionamentos são, entre outras coisas, um caminho em direção a autodescoberta, é provável que a antiga sabedoria da astrologia e a moderna percepção da psicologia profunda, juntas, possam dizer-nos alguma coisa sobre nossas formas de relacionamento. A carta astrológica de nascimento corretamente levantada é um mapa simbólico da psique humana individual. Esse mapa é como uma semente, pois contém em microcosmo os potenciais existentes no indivíduo e os períodos de sua vida em que esses potenciais provavelmente

serão concretizados. Embora a imagética da astrologia seja diferente da

terminologia mais precisa da psicologia, o mapa astrológico de nascimento pode ser comparado aos modelos da psique que nos foram oferecidos por homens e gênio e percepção no campo psicológico, como C. G. Jung e Roberto Assagioli. Mas modelos são apenas modelos, não realidade; também não são eitos para serem interpretados como realidade. Um modelo, na verdade, é uma sugestão, uma inferência, uma lente através da qual, se olharmos cuidadosamente, podemos vislumbrar o que não pode ser articulado em palavras ou expresso em conceitos. O coração de cada ser humano é um mistério, e a essência da atração e repulsa entre indivíduos é igualmente um mistério, por mais que tentemos defini-la em termos conceituais. Mas com mapas adequados, podemos ao menos começar a entender o mistério com o coração, mesmo que não possamos apreende-lo com o intelecto. Não faremos aqui qualquer tentativa de provar ou negar a validade da astrologia. Já existe uma série de excelentes livros a disposição do investigador interessado, tratando especificamente de provas factuais sobre o assunto e, no fim deste livro, é fornecida uma bibliografia completa. Cada um deve, no final das contas, formar sua própria opinião sobre a astrologia, e não se pode formar uma opinião autêntica sem ter algum conhecimento do assunto e sem dispor de alguma experiência além das concepções e falsas interpretações populares. A esta altura, já devemos ter aprendido que ,tais concepções e interpretações são extremamente falíveis; não faz muito tempo, acreditávamos que a Terra fosse plana e sustentada no céu por uma gigantesca tartaruga, e isso com aprovação total dos cientistas da época. Diz o provérbio que o bolo se prova comendo, e a opinião só pode ser de terminada quando o indivíduo tem experiência e conhecimento diretos, que o ajudam a cristalizar seu próprio juízo – não um juízo de segunda mão.

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Se este livro não é uma tentativa de justificar a astrologia, tampouco é um manual para a montagem do seu próprio horóscopo, em parte porque isso implicaria um outro volume, em parte porque já existem muitas obras desse tipo disponíveis. Todo o material astrológico apresentado aqui, portanto, é interpretativo e não mecânico, de modo que, para usá-lo com o máximo proveito, o leitor deveria obter, por seus próprios esforços ou recorrendo a um profissional, um horóscopo corretamente levantado para si e para as pessoas com as quais está envolvido. Há muitas formas de encarar a realidade, e algumas são válidas para algumas pessoas e não para outras. É perfeitamente possível que ninguém veja o todo, porque só podemos ver através da perspectiva de nossa própria coloração psicológica. A realidade, portanto, é subjetiva mesmo para a maioria das pessoas "de mente aberta" ou "desprendidas". Aprendemos recentemente que mesmo as partículas subatômicas podem alterar seu comportamento de acordo com o observador, e que o antigamente seguro campo da matéria inanimada não oferece mais segurança como ultimo baluarte da "realidade objetiva". E esse reconhecimento da parcialidade de nossa visão talvez seja o princípio da sabedoria. Talvez seja mesmo a hora de tirar a poeira dos nossos velhos livros de contos de fadas, porque o trabalho de Jung demonstrou que os contos de fadas, como os sonhos, não são o que aparentam. Há uma sabedoria nos mitos e contos de fadas que fala a alguma coisa em nós que não é o intelecto. As razões desse fato nos levam a um confronto direto com a realidade da psique inconsciente e do mundo dos símbolos. Se o conto de fadas nos diz que o príncipe e a princesa vivem felizes para sempre, existe algum sentido nesse final, pois, como até uma criança sabe, os contos de fadas não pertencem ao mundo comum e não devem ser assim considerados. Eles pertencem ao mundo do inconsciente e são simbólicos. Se o conto de fadas nos diz que o príncipe, para conquistar a princesa, precisa desafiar o dragão, matar a bruxa má e destruir o poder da madrasta perversa com a ajuda de seus úteis companheiros animais, isto também tem um significado, e podemos aprender muito sobre os caminhos que estão abertos a nossa frente quando olhamos a saga do príncipe com olhos diferentes. Os mitos e os contos de fadas se constituem em mais um mapa para o nosso pais desconhecido. Nas suas descrições das vicissitudes e lutas do herói em busca de sua amada, espelham uma jornada interior que cada um de nos precisa fazer para se tornar inteiro. E só quando reconhecemos a nossa própria inteireza e possível reconhecer o estranho, o outro. Talvez só então possamos verdadeiramente começar a nos relacionar. Talvez precisemos crescer para baixo, em vez de crescer para cima, para que possamos olhar a nossa assim chamada realidade com os olhos de uma criança e reconhecer que a verdade pode existir no mundo da psique independentemente de correlações materiais, "Encarar a vida como ela é" pode, na verdade, ser uma atitude que contém tremenda arrogância e muito pouca sabedoria, já que nenhum de nós sabe, na realidade, o que a vida é; só sabemos que aparência ela tem para nós. Nossas vidas tem exatamente tanto ou tão pouco sentido quanto nelas colocamos. Estamos todos aparentemente sozinhos, mas se deve necessariamente ser assim, ou se a solidão deveria significar o que pensamos que significa, é questionável. A maioria de nós precisa ter a coragem de experimentar novas ferramentas, e faze-lo sem preconceito. Jung, como médico e pesquisador, teve a coragem de aprender a astrologia e usa-la na sua exploração da psique. Se, graças ao seu trabalho, existe qualquer validade na maior compreensão de nós mesmos que agora possuímos, faz sentido que tenhamos a coragem de nós explorar através de ferramentas semelhantes – principalmente quando essas ferramentas podem nos ajudar a viver vidas mais significativas e desfrutar de relacionamentos mais significativos. A saga do príncipe contém muitas surpresas, e uma das maiores é a descoberta de que cada um de nós é simultaneamente o príncipe, o dragão, a madrasta má, o animal útil e a amada também somos a saga e o contador da historia, tudo ao mesmo tempo.

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1 A Linguagem do Inconsciente O mundo e o pensamento são apenas a espuma de ameaçadoras

figuras

cósmicas; o sangue pulsa com seu vão; os pensamentos são acesos por seu fogo; e essas imagens são os mitos.

Andrei Bely Tudo que passa é elevado a dignidade da expressão; tudo que acontece é elevado a dignidade do significado. Todas as coisas são ou símbolos ou parábolas.

Paul Claudel

A maioria de nós, que nos acreditamos indivíduos pensantes, gostamos de presumir que sabemos um bocado sobre nós mesmos. Provavelmente sabemos, sob o ponto de vista de que podemos enumerar nossas virtudes e vícios, catalogar nossos aspectos, "bons" e "maus" e avaliar nossos gostos e antipatias e objetivos. Mas mesmo um autoconceito de âmbito tão limitado é grande demais para muita gente, que parece perambular pela vida desprovida de qualquer senso de identidade além de um nome que não escolheu, um corpo criado sem o seu controle e um lugar na vida que geralmente é o resultado da necessidade material, do condicionamento social e, aparentemente, do acaso. Entretanto, mesmo se tomarmos um indivíduo que tem a perspicácia de se "conhecer" em termos comportamentais, ocorre um fenômeno muito curioso. Peça a ele que se descreva e, se ele for honesto com você e com ele mesmo – uma premissa bastante rara, para inicio de conversa –, pode ser que lhe faça um retrato bem abrangente de sua personalidade. Mas peça a sua esposa para descreve-lo, e pode parecer que ela esta falando de outro indivíduo. Surgem traços de personalidade que o próprio homem parece desconhecer totalmente; são-lhe atribuídos objetivos que são os menos importantes de seus valores; muitas vezes as qualidades a ele atribuídas são diametralmente opostas aquelas que ele acredita constituir sua própria identidade. A gente começa a imaginar quem está enganando quem. Pergunte a seus filhos o que acham de você e vai obter uma descrição totalmente diferente; seus companheiros de trabalho trarão novas informações; seus conhecidos vão descrever um outro homem. Podemos tentar essa simples investigação e, por meio dela, verificar que o mais observador de nós, o mais introspectivo, vê apenas o que decide ver através da lente de sua própria psique; e como nossos conceitos da realidade, tanto a nosso respeito como a respeito dos outros, são sempre vistos através de lentes tingidas, é inevitável que saibamos muito menos a nosso respeito do que suspeitamos. Precisamos admitir que o que esta mais próximo de nós é exatamente aquilo que conhecemos menos, embora pareça ser o que conhecemos melhor. A despeito do que qualquer pessoa tenha a dizer sobre as teorias de Freud sobre o inconsciente, não podemos evitar o fato de que o indivíduo registra muito mais em sua psique do que é acessível as limitações de sua percepção ao consciente. Quer sejamos realmente motivados por necessidades biológicos, Freud sugeriu, ou pela vontade do poder, como Adler sugeriu, ou pelo impulso em direção a totalidade, como Jung sugeriu uma coisa é clara: geralmente não percebemos nossas motivações mais profundas e, por causa desse grau de cegueira, dificilmente podemos ter percepção das motivações de qualquer outra pessoa. Os conceitos de consciente e inconsciente ao difíceis de explicar porque são energias vivas que, diferentemente dos órgãos do corpo físico, não se prestam a classificação. Não obstante, a psique contém vasto campo de material oculto, geralmente só comunicável através de canais normalmente rejeitados ou menosprezados. A maioria das pessoas não entendem seus sonhos e freqüentemente não fazem nenhum esforço para lembrar-se deles, ou os consideram sem sentido; as fantasias são consideradas infantis, a não ser as eróticas, e nesse caso são consideradas pecaminosas; as explosões

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emocionais são consideradas embaraçosas e disfarçadas com desculpas variando da má saúde as dificuldades de negócios. Em termos de relacionamento, talvez, o mais importante mecanismo que possuímos para ver dentro da psique seja a projeção. Muitas vezes, usamos essa palavra em relação ao cinema, e seu significado nesse contexto pode nós ajudar a entende-lo também no sentido psicológico. Quando vemos uma imagem projetada em uma tela, olhamos a imagem e respondemos a ela, em vez de examinar o filme ou a transparência dentro do projetor, que é a fonte real da imagem; também não olhamos a luz dentro do projetor, que nos torna possível ver a imagem. Quando uma pessoa projeta alguma qualidade inconsciente, existente dentro de si, em outra pessoa, esta reage a projeção como se pertencesse ao outro; não lhe ocorre olhar em sua própria psique para descobrir a origem. Ela vai tratar a projeção como se existisse fora de si, e seu impacto geralmente aciona uma alta carga emocional porque, na realidade, a pessoa está encarando o seu próprio ser inconsciente. Esse mecanismo muito simples funciona sempre que temos qualquer reação emocional altamente carregada ou irracional, positiva ou negativa, a outra pessoa. É trabalho para toda uma vida introjetar, reconhecer e trazer de volta para nos essas qualidades inconscientes, de modo que possamos começar a distinguir os vagos contornos da identidade do outro. E,

com certeza, não nos aproximamos mais, porém nos distânciamos, quando

formamos ou rompemos

relacionamentos de acordo com respostas baseadas em nossas próprias projeções. A projeção psíquica é um dos fatos mais comuns da psicologia.... Simplesmente lhe damos outro nome, e normalmente negamos que seja nossa culpa. Tudo que é inconsciente em nos, descobrimos no nosso vizinho, e o tratamos de acordo com isso . Por que deveríamos atribuir aos outros o que nos pertence? É compreensível se considerarmos as qualidades "más". Se não gosto de uma determinada característica minha, se de fato a sua admissão é tão dolorosa que ela permanece inconsciente, essa minha parte não-admitida vai me atormentar no seu ímpeto pela expressão, parecendo me confrontar a partir do exterior. É mais difícil entender por que deveríamos rejeitar qualidades positivas. Para tanto, é preciso aprender algo a respeito da estrutura e das leis da psique – sempre lembrando que qualquer coisa que a psicologia tenha a dizer sobre a psique é, na realidade, a psique falando a seu próprio respeito, o que toma impossível a "objetividade completa". Podemos agora voltar ao nosso assunto da projeção. O ego é o centro do campo da consciência de todo dia, racional; de forma muito simples, é o que eu sei – ou penso que sei – que sou. A consciência consiste primariamente no que sabemos, e no que sabemos que sabemos. Para a maioria de nós, o ego é tudo que sabemos de nós mesmos, e enquanto ficamos nesse ponto e olhamos o mundo, o mundo nos parece colorido pelo ponto de vista particular do ego. Qualquer pessoa que tenha uma visão diferente, presumimos que seja teimosamente dotada de estreiteza mental, ou esteja deliberadamente mentindo, ou seja possivelmente anormal ou louca. O ego parece se desenvolver de acordo com determinadas linhas desde o nascimento. Se fossemos totalmente o produto de nossa hereditariedade, de nossos condicionamento e meio ambiente, as crianças nascidas nas mesmas circunstâncias seriam exatamente iguais psicologicamente – o que evidentemente não acontece. A disposição individual já é um fator na infância; é inata, e não adquirida no decorrer da vida" . A astrologia também sugere que o temperamento do indivíduo é inerente ao nascimento, e uma compreensão da astrologia pode ser útil na percepção da natureza dessa semente que desabrocha no ego adulto. Ela pode não apenas nos falar do eu que conhecemos, mas também do que não conhecemos simbolismo do mapa de nascimento também reflete a tendência humana natural de experimentar e avaliar a vida através do ego, pois o horóscopo é uma mandala que tem a Terra, e não o Sol, no seu centro. Ele mostra, em outras palavras, como a vida aparece, e como provavelmente será experimentada, pela consciência individual, e não o que a vida verdadeiramente é.

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Na medida em que crescemos, Há muitas qualidades de nossa natureza que não são incorporadas ao ego em desenvolvimento, embora, mesmo assim, nos pertençam. Essas coisas devem ter permissão para viver, mas podem ser inaceitáveis para os pais, podem conflitar com doutrinas religiosas, violar padrões sociais ou, finalmente, mas não menos importante, simplesmente conflitar com aquilo que o ego valoriza mais. Algumas dessas qualidades rejeitadas podem ser "negativas" por as julgarmos destrutivas; algumas podem ser "positivas" e ter muito mais valor, individual e socialmente, do que aquilo que o ego fez de si próprio. Com efeito, um indivíduo pode valorizar a mediocridade – sem perceber o que esta fazendo – e sufocar dentro de si as sementes emergentes de unicidade e criatividade; ou sua auto-imagem pode ser excessivamente modesta, sendo então as qualidades mais excepcionais relegadas ao inconsciente. Todas essas coisas serão projetadas num objeto adequado. O objeto de uma projeção não se limita a indivíduos. Pode ser uma organização, uma nação, uma ideologia ou um tipo racial que se torna o foco para a projeção do lado escuro, não-admitido, da pessoa. Uma pessoa que se opõe com violência e irracionalidade ao capitalismo pode estar projetando tão fortemente quanto aquela que seja igualmente violenta e irracional em sua reação ao comunismo. A qualidade característica da projeção não é o ponto de vista, mas a intensidade e a alta carga da reação. Pode-se ficar no meio de uma discussão entre duas pessoas e ouvir, com espanto, como uma acusa a outra do que ambas estão fazendo. Quando se está de fora, isso é engraçado e ao mesmo tempo trágico, como pode atestar a maioria dos conselheiros conjugais. Mas quando se está envolvido, sob o sortilégio do próprio mecanismo de projeção, com o inconsciente despertado, fica-se absolutamente convencido da própria razão. Aceitar a dolorosa e onipresente possibilidade de estar errado é desagradável, porque significa abrir mão de ilusões Há muito alimentadas sobre nós próprios. Viver a vida sem essas ilusões requer coragem e um senso moral que não tem semelhança com o conceito social comum de uma moralidade já estabelecida. Não é de surpreender que projetemos, porque apenas assim podemos continuar a culpar os outros pela nossa dor, em vez de reconhecer que a psique contém tanto a sombra como a luz e que nossa realidade é aquela que nós mesmos criamos. Entretanto, na projeção e na subsequente descoberta, jaz um veículo imensamente importante pelo qual podemos chegar a conhecer o que esta oculto em nos e o que não vemos nos outros. É comum focalizar a projeção numa tela que tem uma ligeira semelhança com a imagem projetada, embora seja também comum a semelhança ser interpretada como identidade. A pessoa precisa ser um bom "gancho" para acomodar a coisa de que queremos nos livrar; e, além disso, desejamos ser um pouco seletivos nos relacionamentos. (Aqui também, como veremos, a astrologia fornece uma importante chave para o que possivelmente projetaremos e que tipo de indivíduo provavelmente vamos escolher para honrar ou insultar, outorgando-lhe nossa projeção .) Mas, a despeito da semelhança entre a tela e a imagem, elas nunca são iguais, e a projeção é quase sempre um gritante exagero de alguma característica que, por si só, poderia estar harmoniosamente integrada na natureza da pessoa ou do outro. Há certos aspectos desagradáveis da projeção que entram nos relacionamentos. Se uma pessoa é eternamente o alvo das qualidades inconscientes de outra, e se carece do autoconhecimento para discernir o que esta acontecendo, com o tempo ela vai começar a se assemelhar a projeção. Todos nós sabemos de situações aparentemente inexplicáveis nas quais, por exemplo, uma mulher parece ter o azar de atrair uma parceria dolorosa atrás da outra. Todos os seus amantes podem bater nela, embora não tenham um histórico de tal comportamento anterior; balançamos a cabeça tristemente e dizemos algo a respeito da condição lamentável da mulher, nunca reconhecendo o conluio inconsciente que sua situação implica. Através das nossas projeções, damos um jeito de extrair das outras pessoas qualidades que, de outra forma, poderiam ter permanecido sementes que nunca brotariam; e nenhum de nós pode dizer que sua própria psique não contém as mesmas possibilidades tanto para o bem como para o mal. Nenhum de nós pode julgar sementes. Mas, com a cuidadosa irrigação e com a luz do Sol de nossas projeções, provocamos essas respostas uns nos outros, de uma forma que as vezes parece uma possessão demoníaca. O homem que acredita que as mulheres são devoradoras, manipuladoras e destrutivas, porque há alguma parte inconsciente dele que contém essas qualidades, pode mascarar tudo isso debaixo de uma atitude consciente de atração pelo sexo oposto; entretanto, pode ficar horrorizado ao descobrir que toda mulher com a qual se envolve acaba, no fim das

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contas, tentando devora-lo, manipulá-lo e destrui-lo. Pode acreditar que descobriu uma verdade geral sobre as mulheres. No entanto, é possível

que ele mesmo tenha provocado essas qualidades nas mulheres, que poderiam nunca tê-las

demonstrado de outra forma. Em outro relaciona mento, a mesma mulher poderia se comportar de uma maneira totalmente diferente; e como a opinião coletiva do sexo masculino não é unanime a respeito da misoginia, podemos, seguramente, abrigar algumas suspeitas sobre nosso pobre cavalheiro devorado. Mas de quem é a culpa aqui? Podemos dizer que alguém é responsável pelo inconsciente? Não é mais realista e mais caridoso admitir que não podemos controlar aquilo que ignoramos? Até um tribunal reconhece que um crime cometido em estado de insanidade merece tratamento psiquiátrico e não punição. O que dizer, então, de nossas projeções inconscientes de hostilidade, raiva, estupidez, destrutividade, possessividade, ciúme, maldade, mesquinharia, brutalidade e a miriade de outros aspectos de nosso próprio lado sombrio que julgamos eternamente ver nas pessoas que achamos haver nos desapontado? Embora não sejamos responsáveis pelo inconsciente – afinal o ego é apenas um crescimento recente da matriz do inconsciente –, é nossa responsabilidade tentar aprender um pouco sobre ele, tanto quanto possível dentro das limitações da consciência. Talvez este desafio faça parte do nosso Zeitgeist. Depois de tantos milhares de anos de história, já não somos crianças, e precisamos aceitar as responsabilidades da idade adulta psicológica. Uma dessas responsabilidades é dar ênfase as nossas projeções. Não sabemos muita coisa sobre o inconsciente, e isso é obvio uma vez que ele é, acima de tudo, inconsciente. Sabemos que esse mar sem limites, do qual surge nosso pequeno farol da percepção, parece funcionar de acordo com padrões de energia e leis diferentes; tem um modo de comunicação e uma linguagem diferentes, e deve ser explorado levando em conta essas diferenças. Se um inglês viaja pela Alemanha, não pode esperar ser entendido se teimar em falar apenas inglês, e o mesmo se aplica a relação entre o ego e o inconsciente. Infelizmente, o ego, em geral, tem a mesma atitude do inglês, e fica espantado quando esse tipo de compromisso é requerido. Mas se nosso objetivo for investigar-nos e desenvolver nosso potencial real, é preciso aprender a linguagem do inconsciente. E ele é sem duvida um alienígena – tão alienígena que rimos nervosamente, ou nos encolhemos de medo quando o encaramos nos sonhos, nas fantasias, nas explosões emocionais e em todas as áreas da vida onde uma qualidade magica ou estranha impregna a nossa percepção e esfumaça os contornos do que acreditávamos ser a realidade nítida e bem definida. Só acreditamos que somos os senhores de nossa casa porque gostamos de nós lisonjear. Na verdade, entretanto, somos dependentes, num nível surpreendente, do funcionamento adequado da psique inconsciente, e precisamos confiar que ela não nos falhe. Um dos postulados mais importantes estabelecidos por Jung sobre o inconsciente é que ele compensa o consciente. A psique é um sistema auto-regulador que se mantém em equilíbrio da mesma forma que o corpo. Cada processo que vai muito longe, imediatamente, e inevitavelmente, exige uma atividade compensatória . Tudo, em outras palavras, que não está contido ou expresso na vida do ego. esta contido no inconsciente, de uma forma nascente e incipiente. Uma das características do ego consciente é que ele se especializa e se diferencia; o inconsciente, por outro lado, é um mar fluido, mutável, indiferenciado que flui a volta, acima e abaixo da concha nítida do ego, desgastando algumas partes e depositando partes novas, da mesma forma que o próprio mar flui a volta de um promontório rochoso. A psique como um todo contém todas as possibilidades; o ego só pode funcionar com uma possibilidade de cada vez, já que sua função é ordenar, estruturar e tornar manifesto um fragmento particular das ilimitadas experiências da vida. Não é de surpreender que no mito e nos contos de fadas esse mundo do inconsciente seja com tanta freqüência simbolizado pelo mar, e a jornada do herói nas profundezas é a jornada do ego nas profundezas da psique. O inconsciente é um mundo submarino, cheio de criaturas estranhas e magicas; e para os pulmões humanos, acostumados a respirar o ar, a imersão total naturalmente é a morte psicológica. Chamamos essa morte de insanidade. A luz de tudo isso, podemos começar a entender por que a pessoa que cresceu com uma formação deturpada, cujo ego se desenvolveu por um

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caminho estreito e ao qual se negaram todas as outras expressões possíveis, também seja aquela que tem mais probabilidade de fazer intensas projeções sobre os outros e ser mais assediada pelos aparentes defeitos dos outros seres humanos. O modo primário de expressão do inconsciente é o símbolo. Estamos rodeados de símbolos durante a vida toda, vindos da nossa vida interior, da vida dos outros e do mundo a nossa volta, mas muitas vezes somos indiferentes a seu significado e a seu poder. Um símbolo não é a mesma coisa que um sinal; não é simplesmente algo que representa outra coisa. Os vários sinais que vemos na estrada, por exemplo, tem significados específicos: não vire a direita, não estacione, obras adiante. Mas um símbolo sugere ou infere um aspecto da vida cuja interpretação é inesgotável e que, em ultima a analise, escapa a todos os esforços do intelecto para limitá-lo ou determiná-lo. Não se pode nunca sondar totalmente as profundezas de seus multifacetados significados, nem se pode catalogar esses significados em termos intelectuais, porque freqüentemente contem antíteses que o

ego consciente não consegue perceber simultaneamente. Além disso, os

significados de um símbolo não são ligados pela lógica, mas pela associação, e as associações podem irradiar-se numa quantidade de direções contraditórias. Não podemos ter consciência de todas as associações ao mesmo tempo, nem delimitar um perímetro para as ondulações da associação da mesma forma que fazemos para o caminho claramente definido da lógica. Um símbolo é como uma pedra lançada no lago da psique. Estamos no meio do lago, por assim dizer, e não temos olhos nas costas. Um símbolo evoca uma resposta nossa em nível inconsciente, porque compreende associações não logicamente relacionadas e que são fundidas num todo significativo. Um exemplo simples é o da bandeira de um determinado país. Para um patriota, essa bandeira é o símbolo de tudo que o país significa para ele; na sua presença, todos os valores emocionais e religiosos corporificados por ela, o senso de liberdade ou de sua falta, seu lar, suas raízes, sua herança, as possibilidades do futuro e uma miriade de outras associações que nunca poderíamos explicar completamente explodem dentro dele em um instante com alta carga emocional. Podemos ver, nesse simples e tosco exemplo, o poder do símbolo. Uma bandeira pode evocar ódio, violência, paixão, amor, sacrifício, autodestruição ou heroísmo, e precipitar o indivíduo – ou uma comunidade de indivíduos – numa reação emocional sobre a qual não Há controle consciente. O símbolo da suástica, usado com fria inteligência e total conhecimento do seu poder, ajudou a lançar o mundo no caos Há apenas quarenta anos; e mesmo agora, quando é vista numa parede de metro ou de um prédio, ele tem a capacidade de provocar poderosas reações emocionais e uma multidão de pode rosas associações. De forma muito semelhante, os símbolos religiosos convencionais podem ter imenso poder. O crucifixo prateado no pescoço de um cristão devoto, ou a estrela de Davi no pescoço de um judeu, tem um significado que nunca pode ser comunicado em palavras, mas proporciona um vislumbre daquilo que, para muitos, é o mais elevado e mais sagrado dos mistérios, corporificado numa simples forma geométrica. A bandeira, a suástica, a estrela de Davi e o crucifixo são símbolos que podemos prontamente identificar como tal. Mas há símbolos a nossa volta que não identificamos com tanta facilidade, porque são expressões dos padrões energéticos subjacentes que moldam a própria vida, Jung chamou essas linhas básicas de energia de arquétipos, e, embora um arquétipo não tenha forma, ele se comunica conosco através de muitos símbolos de natureza tão vasta que o ego consciente recua assombrado. A própria natureza, como a humanidade, funciona de acordo com padrões arquetípicos, ao mesmo tempo que os corporifica. No ciclo das estações, por exemplo – com a vida nova surgindo na primavera, a maturidade e a frutificação no verão, a desintegração gradual e a colheita no outono, a esterilidade e a germinação subterrânea secreta no inverno – podemos ver o ciclo de nossas próprias vidas, do nascimento á maturidade, decadência, morte e renascimento. O ciclo do Sol no céu, nascendo no leste, culminando no Meio-do-céu, pondo-se no oeste, e desaparecendo durante a noite apenas para nascer novamente, parecia aos antigos ser a face de Deus, porque viam refletida, na jornada solar, a totalidade da vida. Diferentemente dos nossos antepassados. não mais adoramos o Sol, mas ainda respondemos inconscientemente ao símbolo. O crescimento de uma planta, de semente a folha, a flor e novamente a semente, simboliza mais uma vez esse processo da vida – assim como os quartos da Lua, os ciclos dos planetas e das constelações. Aqui podemos começar a ver por que a astrologia era, para os antigos, um olho que se abria para o funcionamento do universo – porque toda experiência da qual um ser humano é capaz, se vista simbolicamente, pode

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encontrar um correspondente num desses ciclos naturais no céu. A linguagem da literatura esta cheia de correspondências semelhantes, assim como o mito e o conto de fadas; e nos também as empregamos no nosso discurso diário, quando falamos das marés da vida, da fase crescente ou minguante da vida, do desejo, do amor. Essas coisas precisam ser meditadas e sentidas, em vez de analisadas, pois os símbolos naturais da vida nos falam sobre a nossa inteireza e a nossa ligação com os outros e com o próprio fluxo da vida; mas não é ..- possível discerni-los se olharmos apenas com o intelecto. poderíamos ampliar mais ainda esse conceito e sugerir que mesmo nós, seres humanos, somos símbolos, pois todo o universo é energia, e Há certos padrões energéticos subjacentes básicos sem forma, porém com qualidades definidas que se corporificam como o homem. Freud passou muito tempo tentando demonstrar que tudo, nos sonhos, é símbolo dos órgãos sexuais masculinos ou femininos. O que não lhe ocorreu foi a possibilidade de estar considerando as coisas ao contrário, e que os órgãos masculinos e femininos são, eles mesmos, símbolos das misteriosas energias, arquetípicas que os chineses chamam yin e yang. Como se diz que Jung afirmou certa vez, até o pênis é um símbolo fálico. Aquelas qualidades que associamos com a masculinidade: franqueza, vontade, clareza, abertura, força, são espelhadas no corpo de todo homem, e aquelas associadas com a feminilidade: sutileza, ocultação, delicadeza, gentileza e suavidade, também estão espelhadas no corpo de toda mulher. Em conseqüência do trabalho da vida de Jung, temos razões para acreditar que o arquétipo, a própria energia básica, exista antes de haver uma forma através da qual ele possa manifestá-se. Ou, na expressão da Bíblia, no principio era o Verbo. Quando olhamos o rosto dos outros, vemos ali os símbolos de traços de caráter inerentes. Expressamos isso instintivamente, quando falamos de queixo franzino, maxilar determinado, testa de erudito, nariz aquilino, mãos artísticas e olhos penetrantes. Estamos colocando em palavras nossa percepção inconsciente) de que o próprio corpo pode ser um símbolo do indivíduo, e vemos na forma física uma destilação cristalizada e concretizada do outro que está diante de nós. Esse é um principio importantíssimo para ponderar, porque nos diz algo sobre o que é, de fato, a atração ou repulsa sexual. Um mundo muito diferente abre-se para nós se entendermos que a, realidade manifesta é, em si mesma, um símbolo. Esta é a base sobre a qual se estabeleceram todas as doutrinas religiosas, e todo o pensamento esotérico, a tradição de sabedoria secreta de séculos, deriva desse milagre do símbolo que Emerald Tablet cristalizou na frase: "Assim em cima como embaixo." Jung insinua a mesma direção em seu trabalho, mas, como cientista, foi obrigado a basear suas idéias em observações empíricas e não em visão intuitiva – ou, pelo menos, apoiar sua visão em fatos verificáveis. A psique surge de um principio espiritual que é tão inacessível ao nosso conhecimento quanto a matéria Os mesmos padrões arquetípicos estão sob as duas. Podemos começar agora a vislumbrar o que realmente significa o inconsciente. Freud acreditava ser uma lata de lixo na qual se despejava a acumulação particular dos fragmentos rejeitados de cada pessoa; acreditava que seu conteúdo fosse composto quase exclusivamente de desejos reprimidos inaceitáveis para o ego consciente e para a sociedade na qual o indivíduo vivia. Sem duvida Há uma acumulação de sujeira no inconsciente de cada um – provavelmente em proporção direta e compensatória á “limpeza" do ego consciente. Ao mesmo tempo, também há uma acumulação de riquezas. Além do mais, a sujeira também é relativa; não é muito apetitosa na mesa da cozinha, mas todo jardineiro sabe que sem seu adubo teria um jardim muito inferior O inconsciente abre acima e abaixo de nós um repositório de (imensa energia criativa uma matriz da qual, surgem todas as coisas, e não para no nível individual, mas se funde num grande mar coletivo, além das fronteiras humanas, que se estende até o desconhecido. É possível que o que a psicologia moderna chama inconsciente fosse conhecido pelos antigos como os deuses, ou Deus; e não é de surpreender, quando meditamos sobre essas coisas, que a ciência e a religião, depois de se terem apedrejado mutuamente por tantos séculos, estejam começando a descobrir que viajam na mesma direção. rumo ao mesmo mistério – por mais que seus veículos sejam diferentes. Dessa excursão ao mundo em que se encontram a psicologia e a religião, vamos voltar aos problemas práticos dos

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relacionamentos. Podemos ver agora que a maior parte das coisas que ocorrem num relacionamento é inconsciente, porque a maior parte do que uma pessoa é permanece inconsciente. O mistério de por que um homem é atraído por um certo tipo de mulher, por que ele começa seus relacionamentos de uma determinada forma, por que eles seguem um determinado rumo e por que ele encontra determinados problemas com os quais deve lidar, torna-se menor quando percebemos que muito do que chamamos atração e repulsão é, na verdade, atração ou repulsão que pertencem à qualidades inconscientes do próprio homem. É rara a pessoa que pode dizer que não há um elemento de projeção em seus relacionamentos, já que, provavelmente, boa parte do inconsciente nunca pode tornar-se de fato consciente, e que assim vamos eternamente projetar. Pode ser que projetemos até mesmo Deus. Quem, então, é a amada, e onde vamos encontra-la? No interior ou no exterior? Ou em ambos?

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2 O Mapa Planetário do Potencial Individual O que esta embaixo é como o que está em cima. E o que está em cima é como o que está embaixo, de modo que o milagre da unidade possa ser cumprido. Tabula Smaragdina

O fado e a alma são dois nomes do mesmo principio. Novalis

O Mapa de Nascimento Qualquer compreensão da linguagem da astrologia deve começar com um entendimento do que o horóscopo de nascimento pode e não pode nós dizer. O horóscopo é um mapa astronômico altamente complexo, baseado não apenas na data de nascimento, mas também no horário, ano e lugar. Em primeiro lugar, portanto, é preciso descartar todas as noções preconcebidas e preconceitos baseados na astrologia das revistas populares, que não tem virtualmente nada que ver com o estudo verdadeiro. O mapa de nascimento não conjura o fado de um indivíduo de forma predestinada. Em vez disso, simboliza as linhas básicas do desenvolvimento

potencial de seu caráter. Com um mínimo de reflexão, percebe-se que uma pessoa agirá e

moldará sua vida de acordo com suas necessidades medos e capacidades, e que essas necessidades. medos e capacidades derivam de sua disposição intrínseca. Nesse sentido, o caráter é o fado, e se formos ignorantes de nossas próprias naturezas – como o é a maioria que nunca investigou o inconsciente –, os astros não poderão ser culpados pelo fato de seguirmos precipitada e cegamente o caminho que nós mesmos escolhemos. Esse ponto fundamental é critico para a compreensão de todo o estudo da astrologia. A interpretação mais superficial de fado e livre-arbítrio – fado é o que estou "destinado" a fazer, enquanto livre-arbítrio é o que "escolho" fazer – nos impossibilita ver o sutil paradoxo de que esses dois opostos são um e o mesmo. Sabemos que além de toda vida, seja psíquica ou material, jazem os padrões arquetípicos, os ossos nus da estrutura da existência. Ainda não sabemos se há qualquer base material para o fato de os dados astrológicos se correlacionarem com o comportamento humano, embora não demore muito até que tenhamos as provas, através da nossa pesquisa sobre relógios biológicos e os ciclos das manchas solares. A trabalhosa e rigorosa pesquisa estatística de Michel Gauquelin demonstrou de forma dramática que tais correlações são válidas , mas a razão de sua validade ainda nos escapa. Os fatos materiais referentes a astrologia, entretanto, como a possibilidade de emanações de energia dos planetas que afetam o campo de energia do Sol, são apenas uma das pontas do espectro do arquétipo. A outra ponta é si e as posições o céu num momento determinado, repetindo as qualidades daquele momento, também refletem as qualidades de qualquer coisa nascida naquele momento, seja um indivíduo uma cidade, uma idéia, uma companhia ou um casamento. Um não causa o outro; são sincrônicos, e se refletem mutuamente. No que diz respeito a razão dessa sincronicidade, temos, de um lado, 4 arquétipos de Jung do inconsciente coletivo e, de outro, os ensinamentos da doutrina esotérica. Esses dois pontos de vista parecem revelar a mesma verdade, que as descobertas da física quântica e da biologia nos últimos vinte e cinco anos estão começando a asseverar. A vida é na verdade um organismo, e as várias partes desse organismo, embora diferentes em forma e aparentemente separadas, participam do mesmo todo e estão interligadas com todas as outras partes. Paracelso, escrevendo sobre astrologia no século XVI, diz: Se eu tenho "maná" na minha constituição, posso atrair "maná" do céu... "Saturno" não está apenas no céu, mas também nas profundezas da terra e no oceano. O que é "Vênus" senão a "artemísia" que

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cresce no seu jardim? O que é "ferro" senão "Marte"! Isto é, Vênus e artemísia são produtos da rnesma essência, e Marte e ferro são manifestações da mesma causa. O que

corpo humano senão uma

constela o dos mesmos poderes que formaram as estrelas no céu? Aquele que sabe o que é o ferro, sabe os atributos de Marte. Aquele que conhece Marte, conhece as qualidades do ferro . O sistema solar não é apenas um arranjo do Sol e dos planetas físicos unidos pela força da gravidade e orbitando no espaço. Também pode ser visto como o símbolo de um padrão de energia vivente, refletindo as formas menores de vida contidas nele a qualquer momento. Na tentativa de compreender o simbolismo do horóscopo de nascimento, é útil considerar o que conhecemos da psique, pois o mapa no nascimento é realmente um modelo, em termos simbólicos, dos vários padrões de energia psíquica que compõem o indivíduo. Sabemos que o ego, como centro do campo da consciência, é um centro regulador cuja função é iluminar as áreas do inconsciente tanto pessoal como coletivo, que estão procurando a luz; e sabemos também que o é o delegado ou o reflexo daquele centro misterioso que Jung chama Self e o ensinamento esotérico, chamado Alma. Sabemos também que na medida em que o indivíduo se desenvolve, é provável que bloqueie do seu campo de consciência aqueles aspectos de sua natureza que na realidade lhe pertencem, mas que, por uma razão ou outra, são incompatíveis com seus valores ou com os valores de sua família ou da sociedade. Finalmente, sabemos que é extremamente importante, se busca a autoplenitude e uma vida significativa que realize também o propósito maior para o qual se nasceu, trazer a luz esses aspectos da própria natureza em vez de condená-los à perpétua escuridão inconsciente. Como projeção ideal dos primeiros dias da infância, a personalidade quase nunca é totalmente expressa; apenas uma parte é realizada, e, no caso de muitas pessoas, essa parte é de longe menor do que constitui seu verdadeiro patrimônio hereditário. Nesses casos, dizemos que a pessoa nunca desenvolveu realmente seu potencial, ou que desperdiçou oportunidades ou talentos, ou que nunca foi realmente "verdadeira consigo própria". O mapa de nascimento é uma semente ou esquema de tudo que, em potencial, pertence a personalidade de uma pessoa – se florescer totalmente, em plena consciência. E o mapa de uma estrada no seu sentido mais autentico, pois o objetivo de seu estudo não é "superar" as "influencias" dos planetas, mas sim dar espaço, na vida da pessoa, para a expressão de todas as qualidades e impulsos nele simbolizados. Só então o indivíduo pode se aproximar do plano original do desenvolvimento de sua vida conforme foi "concebido" – pois precisamos, no fim, concluir por um desenvolvimento inteligente, com propósito – pelo Self. Se isto parecer uma definição muito obscura ou elevada do horóscopo de nascimento, cabe lembrar que a astrologia, antes de se tomar propriedade das colunas em revistas e jornais populares, foi um arte sagrada. Através dela, o estudioso tinha acesso a uma percepção intuitiva do funcionamento das energias por trás da vida, que nenhum outro sistema antigo – com exceção, talvez, do seu equivalente oriental, o I Ching – podia proporcionar. O grande esta refletido no pequeno, e o fato de a astrologia também poder ser usada para esclarecer problemas mais mundanos não compromete seu valor psicológico mais profundo. É apenas um reflexo do fato de que, mesmo nos menores detalhes de nossa vida refletimos aquilo que é a nossa essência. Visto por este prisma, torna-se claro que a compreensão do horóscopo de nascimento proporciona uma nova dimensão a compreensão do caminho de vida de alguém. Da mesma forma, a comparação de dois horóscopos fornece informação considerável sobre o interfuncionamento de duas vidas; e foi dessa arte de comparação de mapas que se desenvolveu a sinastria o uso da comparação de mapas para investigar e avaliar os relacionamentos. Em termos astronômicos, o horóscopo de nascimento é simplesmente um mapa – calculado com precisão, de modo que não possa ser criticado pelo mais impertinente astrônomo – do céu, conforme aparece na hora e local exato do nascimento do indivíduo. O círculo dos dozes signos zodiacais é um símbolo da totalidade, e em sua totalidade representa todas, as possibilidades da vida. Nesse sentido, o zodíaco é como qualquer outro símbolo universal de inteireza coma o ovo, ou o urobouros. (a serpente que devora a sua cauda), ou a cruz de braços iguais. É uma mandala, e como Jung demonstrou, as mandalas são a expressão simbolica da inteireza potencial da vida e da psique humana. São ao mesmo tempo símbolos do Self e símbolos de Deus, pois os dois são, em termos da percepção humana, a mesma coisa.

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Contra o cenário desse circulo do zodíaco (que é chamado eclíptica e é, na verdade, o circulo aparente do Sol cruzando o céu) ficam o Sol, a Lua e os oito planetas conhecidos. As posições desses planetas, conforme se colocam na roda zodiacal no momento do nascimento do indivíduo, formam o padrão interno do mapa de nascimento. Assim, temos um quadro Simbólico, com a roda da inteireza no exterior e a combinação individual dos componentes psicológicos no interior. Cada mapa é composto dos mesmos ingredientes: doze signos zodiacais, oito planetas, o Sol e a Lua. Entretanto, cada mapa é diferente porque em qualquer momento particular o arranjo o de todos esses fatores é diferente, tanto no padrão planetário como no relacionamento entre os planetas e o horizonte e a própria Terra. Em outras palavras os seres humanos são construídos a partir da mesma matéria-prima, dos mesmos impulsos ou energias, necessidades e possibilidades; mas existe um arranjo individual dessas energias que dá a ca de singularidade ao padrão. As mesmas forças estão presentes em todos nós, fato com o qual nos deparamos sem cessar em qualquer trabalho envolva aconselhamento ou terapia. Mas existe um singularidade criativa que faz dessas energias básicas uma obra de arte única que é a vida individual. Essa forma criativa, é preciso entender, não deriva do ego, que é dificilmente capaz de tal feito; ela deriva do self, e o Self, como tal, não está mapeado no mapa de nascimento. É o zodíaco inteiro. O mapa também não de mostrar a decisão do indivíduo em qualquer momento de sua vida, de cooperar voluntariamente com os esforços de sua própria psique rumo a uma maior consciência, e portanto a um uso mais completo dos potenciais que lhe pertence desde o começo. Nessa decisão reside o significado mais profundo do livre-arbítrio individual.

Os Planetas Os blocos básicos da construção no simbolismo astrológico são os oito planetas, o Sol e a Lua. No jargão astrológico, referimo-nos também ao Sol e a Lua como planetas. porque isso torna as coisas mais fáceis. Em astronomia, esses dez corpos celestes são os componentes do organismo do nosso sistema solar. Simbolicamente, formam o organismo da psique humana. Nos antigos ensinamentos esotéricos, acreditava-se que o espaço não era "vazio", mas, na realidade, o corpo vivente de uma vida gigantesca, um organismo que possuía os atributos de consciência e propósito. Sua forma física era o sistema solar, e o Sol expressava o coração, em torno do qual a Lua e os oito planetas serviam como órgãos ou centros de energia – da mesma forma que as órgãos do corpo humano servem a função primária do coração doador da vida. Antes da descoberta de Urano em 1781, apenas cinco planetas eram conhecidos; mas podemos ver vagas sugestões dos outros três na mitologia" invariavelmente simbolizados como deuses invisíveis, vivendo debaixo das águas ou da terra. Embora possamos considerar esse conceito esotérico do sistema solar abstrato e difícil de imaginar, é um símbolo indispensável para qualquer tentativa de compreender como os planetas funcionam no mapa de nascimento. A astrologia, como o inconsciente coletivo do qual trata a psicologia, consiste em configurações simbólicas: os "planetas" são os deuses, símbolos dos poderes do inconsciente . Podemos agora começar a investigar o significado de cada um dos corpos celestes de acordo com os impulsos básicos ou padrões arquetípicos que simbolizam no indivíduo.

O Sol e a Lua O Sol, o coração do sistema solar e, isoladamente, o símbolo mais importante no mapa de nascimento, sugere, por sua representação pictórica – um ponto no centro de um circulo – que reflete o impulso do indivíduo para se tornar ele próprio. Embora isso pareça bastante simples, é tarefa para uma vida. O circulo é o antigo símbolo da inteireza, da divindade e da eterna unidade da vida, porque não tem princípio nem fim; o ponto no centro sugere que o espirito, ou a vida, ou o Self, se manifesta (em um lugar determinado e em um determinado momento) como um ego individual que possui, como um de seus atributos, o impulso em direção à auto realização . Como qualquer outro símbolo vivo, o Sol no mapa de nascimento não pode ser reduzido a algumas palavras-chave bem escolhidas. Mas podemos começar a penetrar seu significado se soubermos que ele sugere o caminho que o indivíduo deve seguir para preencher seu impulso básico de

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obter um senso de identidade. Poderíamos dizer que o Sol simboliza o impulso para a autoexpressão, a auto-realização, a autoconsciência ou uma série de outros termos que realmente não fazem sentido a não ser que se esteja consciente da necessidade subjacente, na pessoa, para ser ela mesma,

e a não ser que se possa ver essa necessidade em

funcionamento em todos os atos criativos executados não por qualquer motivo dissimulado, mas como um autentico reflexo da essência da individualidade. Os planetas do mapa de nascimento simbolizam as experiências arquetípicas da vida, e a astrologia é apenas uma forma de retratá-las. Outra, como já vimos, é o mito e o conto de fadas, e o Sol pode ser considerado um reflexo do mesmo principio expresso como o Herói. A saga do Herói é a mesma jornada expressa através do simbolismo do mapa de nascimento, e o Herói, sempre e sempre, procura primeiro sua outra metade, para que possa ficar inteiro, e em seguida sua origem, para que possa realmente identificar sua ascendência e seu propósito. Poderíamos também dizer que o Sol. no horóscopo, é um símbolo do impulso, dentro do indivíduo, para identificar aquele centro ou força vital de que seu ego consciente, seu "eu" pessoal, é um reflexo. O Sol, portanto, é um símbolo da ego, no sentido que Jung da ao termo. Em ultima análise, é o recipiente ou veículo para que a totalidade da psique, o Self, se torne manifesta. Como já observamos, o mapa não mostra o Self, que é simbolizado pela roda zodiacal como um todo. O mapa de nascimento é apenas o caminho que o ego segue, a saga especifica do herói individual; e aquelas qualidades que o indivíduo pode, potencialmente, concretizar na consciência – seu pequeno quinhão no espectro maior da vida – são simbolizadas pelo signo que o Sol ocupa no nascimento. Muito prejuízo não-intencional foi causado a astrologia pelas colunas de signo solar nos jornais e revistas populares, e, infelizmente, até o mais sério estudante da astrologia freqüentemente cai na mesma armadilha que os leitores dessas colunas: o signo solar geralmente é interpretado como um conjunto de padrões de comportamento cristalizados e preexistentes. Podemos ler que se uma pessoa é de Áries, é cheia de vontade, impulsiva, temerária e gosta de desafios. Se a pessoa é de Touro, é estável, confiável, sensual, teimosa e gosta de bem-estar material. E assim por diante. Mas seria rnuito mais significativo, e mais de acordo com a compreensão da psique proporcionada pelo trabalho da psicologia analítica, ver o Sol não como um mero catálogo de traços de caráter, mas como aquilo que a pessoa está se esforçando para ser e o que ela é em potencial, em essência. Na verdade, esse símbolo do ego totalmente integrado raramente é alcançado antes dos primeiros trinta anos de vida; e o inicio do autentico auto questionamento geralmente vem logo em seguida ao ponto da crise dos vinte e nove anos, chamada retorno de Saturno. Viver todo o potencial do Sol é a jornada de uma vida. Assim, podemos dizer que seu signo solar não o "torna" algo em particular; em vez disso, simboliza aquelas energias, aquele mito especifico, do qual você esta tentando aprender como se tornar consciente e tentando expressar de uma forma criativa Cada indivíduo tem a tarefa de tornar consciente e canalizar, por meio de sua individualidade impar, o significado do simbolismo do signo solar, de modo que ele seja caracterizado pela misteriosa essência do próprio Self. Ter nascido com o Sol em Áries pode não tomar uma pessoa cheia de vontade e impulsiva, mas sugere que ela precisa cultivar um senso de vigor da vida, uma capacidade de se afirmar no mundo exterior, de proceder a mudanças e enfrentar os desafios criativamente, para que se torne completa. Com o risco de uma simplificação exagerada, podemos dizer, de forma semelhante, que Touro precisa aprender a se relacionar com o mundo terreno e a construir nele um senso de valor permanente; Gêmeos precisa desenvolver seus poderes de discriminação intelectual, para poder aprender mais sobre o mundo a sua volta; Câncer precisa aprender a abrir o fluxo de seus sentimentos para os outros de modo a alimentar a nascente consciência daqueles que ama; Leão precisa aprender a identificar, por meio de seus esforços criativos, aquele centro de si mesmo que é o verdadeiro criador e ao qual deve se dedicar; Virgem precisa aprender a aperfeiçoar-se e purificar-se como um veículo de serviço para que possa exercer seu papel na transmutação de tudo que d vil ou indiferenciado na vida; Libra precisa aprender a identificar os opostos dentro de sua própria natureza e equilibrá-los, para podei relacionar-se com os outros; Escorpião precisa aprender a amar e integrar sua própria escuridão, para poder eliminar a escuridão a sua volta; Sagitário precisa aprender a ver a consistência subjacente a toda aspiração humana, de modo que seu senso de significado da experiência da vida possa ser ensinado a

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outros; Capricórnio precisa aprender a dominar primeiro o seu ambiente e depois a si próprio, para que brilhe como um exemplo do poder da vontade humana; Aquário precisa aprender a se tornar consciente da vida do grupo do qual faz parte, de modo que possa contribuir para o crescimento da consciência coletiva; e Peixes precisa aprender a se oferecer como uma dadiva para a vida mais ampla, para poder executar a tarefa de salvar o que esta perdido. O signo solar dificilmente é tão pessoal quanto um conjunto de padrões de comportamento, e não faz ninguém se tomar coisa alguma. É um símbolo do que precisa ser alcançado. A probabilidade maior é de que o indivíduo só alcance esse objetivo com dificuldade. É bom ter em mente que o Sol não é um ponto pessoal no mapa, no sentido de pertencer ao comportamento da personalidade. Simboliza o caminho, o alvo, não a maquina em que se viaja – até que estes se tornem a mesma coisa. O Sol é o coração do ser humano, e quantos de no conhecem verdadeiramente seu coração? Os planetas, como todo simbolismo na astrologia, são divididos em l dois grupos de energias: masculinas e femininas. O Sol é considerado um planeta masculino, porque esta associado com o lado da vida que diz respeito a vontade, a consciência, a decisão e ao impacto sobre o ambiente – em outras palavras, é um principio ativo. Como seria de se esperar, é mais "acessível" aos homens do que as mulheres porque reflete um impulso que é mais fácil aos homens tornar consciente. Quando chega aos dezesseis anos, a maioria dos homens esta bem ciente da necessidade de ter uma identidade individual: muitas mulheres, por outro lado, se contentam em encontrar sua identidade, durante a primeira metade da vida, através de seus parceiros e de sua família. O principio da auto-realização através da irradiação da luz do ego no mundo é muito mais uma prerrogativa da consciência masculina do que da feminina. No horóscopo de uma mulher, por tanto, o Sol geralmente sugere o que ela espera do lado masculino da vida, a e dos seus homens, para se completar. Mas, no plano ideal, é claro, tanto as polaridades masculinas e femininas do mapa precisam ser expressas por todos os indivíduos. Isto faz parte do desafio de nossa crescente consciência. O Sol reflete o impulso interno de todo ser humano para se expressar, para se tornar o que potencialmente é. A Lua, ao contrário, simboliza o impulso para a inconsciência, para o passado, para uma imersão no fluxo de sentimentos, que permite ao indivíduo ser parte das correntes de massa da vida, sem empreender a luta exigida para a autoconsciência. A Lua também é símbolo da mãe, tanto pessoal com arquetípica, e é para esse ventre, com sua abençoada defesa e segurança, que o nosso lado lunar deseja retornar. A Lua retrata o impulso para mergulhar na experiência de viver, sem ter de avaliar ou entender a experiência; também simboliza o impulso para o conforto e para a satisfação das necessidades emocionais. Enquanto o Sol se empenha na diferenciação, a Lua se empenha no relacionamento e na fusão de identidades. O Sol se furta aos relacionamentos pessoais em beneficio do desenvolvimento do ego independente; a Lua se furta a identidade em beneficio dos relacionamentos, e anseia pela paz da noite quando todas as cores se misturam e tudo dorme. Esther Harding, em seu livro sobre o significado psicológico do simbolismo da Lua, afirma: Nos tempos da adoração da Lua, a religião se preocupava com as forças invisíveis do mundo do espirito, e mesmo quando a religião do estado foi transferida para o Sol, um deus de guerra, de engrandecimento pessoal, e das coisas desse mundo, as qualidades espirituais permaneceram com as divindades lunares; pois a adoração da Lua é a adoração dos poderes criativos e fecundos da natureza e da sabedoria inerente ao instinto e a unidade com a lei natural. Mas a adoração do Sol é a adoração daquilo que sobrepuja a natureza, que ordena sua plenitude caótica e subordina seus poderes a realização dos fins humanos. O Sol e a Lua compõem um duo de macho e fêmea no mapa de nascimento, simbolizando a polaridade macho/fêmea em cada indivíduo, e a tensão implícita entre eles é necessária. Sem ela, não poderia haver consciência nem vida. O Sol e a Lua se assemelham a outros símbolos de pares, como escuro e claro, vida e morte e todos os outros pares de antíteses que constituem os grandes pilares que sustentam o organismo da vida. Esses opostos abrangem tudo, desde o sublime até o ridículo: o Sol não apenas indica, de forma muito ampla e profunda o caminho do indivíduo em direção a plenitude, mas também diz algo sobre a imagem que ele vai projetar para a multidão; e a Lua não apenas indica o caminho pelo qual o indivíduo pode restabelecer o contato com a vida da natureza que esta nas raízes do seu ser, mas também diz alguma coisa sobre a forma como ele mantém sua casa e o tipo de hábitos pessoais

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que manifesta. Esse espectro de significados muitas vezes confunde as pessoas em relação a astrologia: como pode um símbolo ter um sentido tão significativo e ao mesmo tempo aparentemente tão insignificante? Mas todo símbolo, por sua própria natureza, é sempre assim; e, além de tudo, estamos lidando aqui com arquétipos, e os planetas que os simbolizam formam a estrutura básica da experiência do indivíduo. Tudo que pertence a eles, do mais superficial ao mais profundo, obedece a um padrão. Podemos discernir pelo signo da Lua no nascimento um pouco da forma pela qual o indivíduo se expressa quando não é um indivíduo, e sim uma criatura de instintos. Em outras palavras, a Lua simboliza a natureza instintiva ou nãoracional. Também sugere, pela sua colocação no mapa de nascimento, a esfera da vida em que o indivíduo busca um sono simbólico, uma inconsciência, uma fuga ou um refugio – em que é mais provável haver um predomínio de suas necessidades, em vez da motivação de contar com sua própria vontade e capacidade de tomar decisões. Pode-se observar a Lua quando o ego não está lutando por alguma coisa – quando a pessoa relaxa em seus padrões de resposta instintiva. Um exemplo pode ajudar a esclarecer a polaridade do Sol e da Lua em nível interpretativo. Com o Sol colocado num determinado signo no nascimento, os objetivos simbolizados por esse signo se tornam parte, de alguma forma, das aspirações do indivíduo na vida. Com a Lua colocada num determinado signo, as necessidades instintivas simbolizadas por esse signo se tornam parte das exigências do indivíduo para o bem-estar emocional. Assim, por exemplo, podemos ver a pessoa com o Sol em Leão lutando pela auto-expressão criativa como um objetivo importante na vida, com uma valorização consciente de honra, lealdade, integridade e singularidade individual. Por outro lado, podemos ver uma pessoa com a Lua em Leão respondendo a vida de uma maneira intuitivamente dramática, com uma necessidade menos consciente de exibição, aceitação, adoração e um palco para representar – não porque ela valoriza essas coisas, mas porque necessita delas para sentir-se segura. A pessoa com o Sol em Leão, se está ver realmente seguindo o seu caminho, vai lutar para se tornar o que Há de mais elevado e melhor na figura do Herói; com a Lua em Leão, simples mente se sente especial e reage de acordo, com um sortimento de qualidades leoninas um tanto menos apurado, porém mais natural e relaxado. Em geral, o Sol é um símbolo da consciência e a Lua, do inconsciente no horóscopo de um homem; no de uma mulher, a Lua simboliza 4a consciência e o Sol, o inconsciente. Há exceções, naturalmente. Elas geralmente ocorrem, por exemplo, quando uma mulher tem uma forte

inclinação

masculina, ou porque tenha uma mente poderosamente

desenvolvida ou porque esteja se rebelando contra seus instintos. Também ocorrem quando um homem tem uma forte inclinação feminina, ou por que tenha sentimentos poderosamente desenvolvidos ou porque esteja se rebelando contra a necessidade de lutar pela individualidade. Mas o Sol e a Lua são duas metades da mesma unidade, e ambos são necessários em seu lugar adequado. É a integração harmoniosa desses dois símbolos que os alquimistas descreviam na sua coniunctio ou casamento sagrado, e que nos contos de fadas é o final da historia, o herói e sua amada vivendo felizes para sempre. Como já vimos, entretanto, é raro o indivíduo que consegue incluir todo o seu ser na sua experiência concreta. Geralmente o instinto se choca com os objetivos da vida, porque esses objetivos são muito estreitos ou muito difíceis de ser alcançados, ou proibidos pela sociedade ou pelos próprios valores; o indivíduo muitas vezes sente que precisa escolher um dos dois, quando o que é realmente necessário é um casa mento entre eles, de modo que ambos possam ser expressos como uma unidade viva. Se ele não puder realizar esse casamento interno, como pode esperar que um casamento externo seja bem-sucedido?

Mercúrio Em seguida, passamos para o planeta Mercúrio, em termos astronômicos o menor e mais rápido planeta do sistema solar; na mitologia, uma estranha figura andrógina que possui as chaves do conhecimento e leva mensagens entre os deuses e entre os deuses e os homens. Mercúrio, que esta ligado ao Hermes grego, ao Thoth egípcio e ao Loki norueguês ou teutônico, é um símbolo da maneira pela qual não apenas percebemos, mas ordenamos as nossas percepções de modo que possam ser entendidas e comunicadas. Ele é fundamentalmente o símbolo do impulso para entender, para integrar o

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motivo inconsciente e o reconhecimento consciente. Esse planeta não representa o intelecto, embora tenha sido descrito dessa forma nos manuais mais antigos, pois devemos nos lembrar de que Há outros modos de percepção além do racional, aos quais, no passado, não se dava muito reconhecimento. Pode-se perceber e entender através dos sentimentos, ou da intuição, ou dos cinco sentidos. Mercúrio colocado em Câncer no nascimento sugere uma pessoa que percebe através do inconsciente e avalia suas percepções através do sentimento; Mercúrio em Capricórnio, por outro lado, percebe através dos sentidos e acumula fatos em sua cabeça mais ou menos dura, avaliando suas percepções de acordo com o que já foi experimentado e provado. O planeta é um símbolo do modo pelo qual o indivíduo se torna consciente de seu ambiente assim como de si próprio, e pode-se também dizer que simboliza o impulso para assimilar a experiência, para se tornar ciente. Mercúrio está ligado a estranha figura de Mercurius na alquimia medieval. Isto sugere – embora ele não seja considerado especialmente poderoso ou significativo na astrologia tradicional, que geralmente o relega a função de "comunicação" – que esse planeta pode ser mais do que aparenta a primeira vista. Na alquimia, Mercúrio é o grande transformador; e talvez devessemos recordar que ele é o impulso da pessoa para entender o que a eleva acima dos outros reinos da natureza, o que a leva a refletir sobre o seu desenvolvimento, e consequentemente a cooperar voluntariamente com o inconsciente na sua luta por uma maior integração. Então podemos começar a ver por que Blavatsky diz, em A doutrina secreta, que "Mercúrio e o Sol são um", subentendendo portanto a unidade entre o pequeno microcosmo do entendimento do homem e o grande macrocosmo do propósito cósmico. Sendo o planeta mais próximo do Sol, Mercúrio é o mensageiro do Sol, e enquanto o Sol é o símbolo da essência, Mercúrio é o símbolo da função que nos permite conhecer a essência. O signo de Mercúrio no nascimento sugere a forma pela qual o indivíduo aprende, como percebe e classifica ou assimila o que aprende: qual o método pelo qual ele transmuta a experiência em compreensão. Como mensageiro, Mercúrio é o símbolo da ponte entre o Self e o ego, assim como entre o ego e o ambiente; ele é o grande unificador, assim como o grande destruidor. Através de sua perspicácia, o indivíduo tanto pode reconhecer a interligação de todas as coisas, como apartar-se de todas as ligações por meio da proliferação de dados isolados e sem sentido.

Vênus e Marte Vênus e Marte, que eram amantes na mitologia grega e romana, são outra dupla masculino-feminino. São outra forma de expressar o Sol e a Lua, isto é, o yin e o yang, ou macho e fêmea. Mas aqui o impulso basicamente feminino para o relacionamento, a harmonia e o ajuste na esfera das relações pessoais. faz um delicado contraponto ao impulso basicamente masculino para a conquista, o isolamento, a separação e a afirmação, em detrimento dos outros, para satisfazer o desejo. Vênus simboliza a necessidade de buscar a partilha com o outro, mesmo ao ponto de se ser engolido, Marte simboliza a paixão que busca se esgotar no outro, e atingir um alvo objetivo. Marte deseja; Vênus é o impulso para ser desejado. Vênus nos permite reconhecer o que somos no relacionamento com os outros e, através de comparações, tenta descobrir as semelhanças; Marte nos capacita a impor nossa vontade a despeito dos outros, e, através da autoafirmação, revela as diferenças. Os antigos glífos astrológicos desses dois planetas são agora usados como símbolos biológicos de macho e fêmea. Esses dois "deuses" são expressões da grande polaridade Sol-Lua de forma especializada: são os princípios cósmicos da luz e escuridão, ativo e passivo, atuando especificamente no campo dos relacionamentos humanos. Editora Pensamento, São Paulo. Se a Lua é a mãe, Vênus é o arquétipo da amante ou hetaira: essas são duas faces da mulher. Se o Sol é o pai, Marte é o conquistador: essas são duas faces do homem. Cada um de nós tem essas quatro faces, mas optamos por nos identificar com uma mais do que com as outras. Como diz D. H. Lawrence, as mulheres são esposas ou amantes, os homens são maridos ou amantes. A expressão do impulso simbolizado por Vênus pode ser vista na forma como a pessoa

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se enfeita, seu gosto pessoal, sua resposta á beleza, e seus valores sociais; também pode ser vista no que o indivíduo mais valoriza nos relacionamentos, o que ele procura na parceria ideal. A expressão do impulso simbolizado por Marte pode ser vista na forma pela qual a pessoa consegue o que quer; a qualidade ou modo de seu desejo é refletido por esse planeta, a maneira como ele conduz a caça, e a forma de expressão que suas paixões assumem. Como esses dois planetas são tão especialmente importantes no relacionamento interpessoal, vamos voltar a eles mais tarde. A mesma lei geral, como no caso do Sol e da Lua, se aplica aqui: para os homens, Marte é uma energia mais acessível, enquanto para as mulheres, Vênus é mais acessível. Consequentemente, assim como com o Sol e a Lua, o planeta cuja

energia é antitética ao sexo do indivíduo geralmente vai ser projetado num

objeto adequado nos

relacionamentos interpessoais, e o indivíduo tentara viver seu lado transexual por meio do seu parceiro. Muitas vezes o signo em que Vênus está colocado no mapa de um homem descreve o que ele busca na mulher como amante ideal; e o signo em que Marte esta colocado no mapa de uma mulher descreve o que ela procura num homem. Uma mulher com Marte em Capricórnio, por exemplo, pode achar as qualidades terrenas, a ambição, a força de vontade e a determinação sexualmente atraentes num parceiro; um homem com Vênus em Peixes pode achar as qualidades de simpatia, compaixão, gentileza, imaginação e capacidade de perdoar adoráveis numa mulher.

Júpiter e Saturno Com esse par de planetas, deixamos para trás a esfera dos impulsos e desejos pessoais. O Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus e Marte são chamados planetas pessoais porque simbolizam impulsos que se manifestam de forma pessoal; são orientados para o ego, em termos das energias psíquicas

que simbolizam, e a consciência tem um acesso relativamente

fácil a eles, levando em conta as dificuldades na integração dos opostos. O reino de Júpiter e Saturno, ambos reis dos deuses na mitologia antiga, leva o indivíduo para além da esfera da sua consciência de ego pessoal, e ele começa a estabelecer contato com o que é transpessoal – tanto dentro como fora dele. Júpiter e Saturno são os grandes exploradores, os guardiães do portão do mundo pessoal; ambos tem duas faces, uma voltada para dentro e outra para fora, e ambos simbolizam impulsos para transcender os limitados, confins do pequeno self. Um vai para cima e outro vai para baixo; são,

respectivamente, como a cenoura que leva o burro adiante prometendo-lhe futuras possibilidades de

recompensa, e o chicote que o leva a mover-se porque é muito doloroso ficar parado. Obviamente, nossa tendência é preferir a cenoura ao chicote, e somos inclinados a valorizar mais a sorte do que a dor; mas esses dois planetas simbolizam, de maneiras opostas, impulsos em direção à consciência e ao crescimento. Poderíamos dizer que Júpiter é um impulso masculino e Saturno, um impulso feminino; isto porque Júpiter, um deus dos céus e das tempestades, esta ligado às regiões "superiores" da mente intuitiva, enquanto Saturno, um titã e deus da Terra, esta ligado as regiões "inferiores" do inconsciente pessoal, ao lado escuro da natureza humana. Ambos são necessários e criam mais uma variação do tema de luz e sombra, desta vez transferido para a esfera da realização do significado. Como o símbolo de Saturno vai ser descrito mais completamente a seguir, não vamos dizer muita coisa sobre ele agora. Júpiter, entretanto, merece uma descrição mais detalhada. Esse planeta esta ligado ao que pode ser chamado impulso religioso, impulso que Freud e seus seguidores acre ditavam ser apenas uma sublimação do instinto sexual, mas que Jung demonstrou ser tão básico, no ser humano, como qualquer um dos impulsos biológicos. O indivíduo não precisa apenas sobreviver e propagar sua espécie; também precisa saber que de alguma forma, em algum lugar, a vida te um padrão, uma ordem e um significado intrínsecos; é um todo do qual ele precisa ter ao menos um vago conhecimento intuitivo, para ser capaz de ter esperança e crescer. Pode ser que tenhamos criado Deus; mas não podemos criar aquilo de que não temos experiência, mesmo inconsciente, e podemos dizer que Júpiter simboliza a necessidade de experimentar o numinoso, o divino projetando-o e nosso exterior em formas simbólicas que então podemos adorar e chamar de divindade. O signo em que Júpiter está colocado no mapa de nascimento do indivíduo sugere a forma como ele procura essa

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experiência de sentido na vida. Um indivíduo com Júpiter em Virgem poderia, por exemplo, procurar vivenciar a razão do objetivo do seu trabalho, porque este poderá proporcionar uma espécie de ritual, uma autopurificação e um auto-refinamento rítmicos, capacitando-o a se tornar consciente de um padrão mais amplo. Como Júpiter procura expandir a experiência de modo que seu significado brilhe através da forma, Júpiter em Virgem vai procurar meios mais amplos de autodesenvolvimento através do trabalho, de modo a fazer dele alguma coisa "grande" e sentir que seu significado ultrapassa a satisfação da necessidade. Esse planeta simboliza o principio criador de mitos, no sentido mais positivo da palavra mito. Júpiter, assim esta ligado a necessidade da psique de criar símbolos

e isso nos leva a níveis profundos quando

consideramos o poder criativo que moldou os grandes mitos, as lendas e as religiões do mundo. O poder criativo que molda o simbolismo de nossos sonhos não é menor, de modo que cada sonho é uma obra-prima de significado, que não pode ser alterado para melhorar, de forma nenhuma. Nesse sentido, Júpiter é realmente um deus do caminho de entrada, pois constituí um eIo entre o consciente e o inconsciente, através a criação e da compreensão intuitiva dos símbolos. Como já vimos, os sim os símbolos são a linguagem primordial da vida, e Júpiter simboliza a função que os cria no indivíduo e intui seu significado.

Os Planetas Exteriores Uma vez ultrapassadas as fronteiras de Saturno, estamos no reino do inconsciente coletivo o repositório das imagens arquetípicas – e de impulsos que não apenas nada tem a ver com as tendências da personalidade, mas também muitas vezes são contrários a elas. Quase poderíamos considerar os planetas interiores, pessoais, e os planetas exteriores, transpessoais, como mais um par de opostos, simbolizando, respectivamente, a vida do ego e a vida da matriz maior da qual surge o ego, com sua ilusão de separatividade. Os impulsos que os três planetas exteriores conhecidos simbolizam raramente são acessíveis a consciência do indivíduo, pois marcam a transição de uma para outra fase da consciência, e a consciência não pode apreender tais transições. Ela só pode apreender a fase na qual esta operando em dado momento. Saturno é o grande Senhor da Fronteira e Mestre da Ilusão, fazendo o papel de Lúcifer e nos sussurrando que o mundo pessoal que experimentamos é o perímetro da realidade, e ultrapassá-lo é, no melhor dos casos, bobagem e, no pior, loucura. Muitas vezes acreditamos nesse sussurro e nos identificamos com o que chamamos realidade “objetiva", deixando de ver que ela é completamente subjetiva e que só estamos criando nossa própria interpretação da vida. E, como Lúcifer, que – como Goethe ressalta – é secretamente a mão direita de Deus, Saturno nos impulsiona a nos identificarmos mais e mais com nossas interpretações, de modo que no fim nos isolamos tão completamente que ficamos de fato no Inferno – um inferno de dissociação das correntes subjacentes mais profundas da vida. Nesse sentido, Saturno é o grande mestre, disfarça o como o portador da dor e da limitação, pois é apenas no ponto de escuridão e decadência – que os alquimistas chamavam nigredo ou Caput Mortuum, Cabeça Morta, o primeiro estagio do trabalho alquímico – que nos tornamos cientes do Outro dentro de nós, o verdadeiro poder criativo do self . Isso pode parecer mais e mais uma visão mística; entretanto, é um processo psicológico empiricamente observável na vida de qualquer indivíduo, embora as formas em que as pessoas o concretizam sejam muito diferentes. Urano e Netuno formam outra dupla macho-fêmea, sendo Urano o pólo masculino e Netuno, o feminino. Podemos aprender muito sobre esses dois planetas, ou "deuses", quando vemos suas personificações na mitologia. Urano é o antigo deus dos céus, marido de sua mãe Géia, a Terra, e neto de Chaos, a noite primordial da qual emergiu a realidade manifesta – ou consciência. Urano é um símbolo do mundo das idéias arquetípicas, os padrões subjacentes daquilo que algumas correntes teológicas chamam Mente de Deus e que na doutrina platônica é o arcabouço das idéias divinas que sustenta a estrutura do universo. Não é de surpreender que tenhamos dificuldade em chegar a um acordo sobre o significado desse planeta na psique individual. No mapa individual, Urano, o primeiro deus dos céus e do espirito, parece personificar a necessidade da mente de se

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libertar da identificação com a realidade material e vivenciar o mundo da mente arquetípica. Assim, a astrologia tradicional diz que Urano simboliza o impulso para a mudança, para a liberdade para a invenção e para a liberação, e para o desenvolvimento da mente além do reino do pensamento concreto limitado pelos fatos e pelo conhecimento empírico. Urano tem sido chamado o Desperta dor, porque o impulso que simboliza, como todos os conteúdos inconscientes, é projetado. Parece voltar ao indivíduo como um súbito evento emanando "de fora" e que despedaça a estrutura do que era até então identificado como sua realidade, muitas vezes de forma altamente dolorosa. Ao mesmo tempo, permite ao indivíduo vislumbrar a idéia coletiva subjacente sobre a qual se construiu sua pequena experiência pessoal. O fato de o próprio indivíduo atrair esse tipo de experiência geralmente escapa a sua percepção; parece mais como a mão do "fado". Mas é preciso admitir que a própria psique é o fado, se se quiser entender o significado do que ocorreu e utilizar a experiência como ela deve ser utilizada: como um despertar para uma consciência maior. É menos "coincidência" que sincronismo que Urano, símbolo ligado à liberação,

à liberdade e à invenção, tenha sido

"descoberto" em 1781. Esse ano cai entre duas grandes revoluções políticas – ambas envolvendo idéias de liberdade, igualdade e libertação do indivíduo em relação as limitações dos privilégios ou penalidades hereditirias – e :io alvorecer do que denominamos Era Industrial, que, através do poder da mente para descobrir, dominar e aplicar tecnologicamente as leis do universo fisico, procurou libertar o homem da escravidão da matdria. Pode parecer incon cebivel que a descoberta de um planeta tenha qualquer ligação com a Era da Tecnologia e com as Revoluções Americana e Francesa; mas precisamos nos lembrar que a descoberta do planeta não "causou" esses aconteci mentos. Simplesmente refletiu a sua ocorrencia. As mesmas alterações na consciência que produziram as duas revoluções e o impulso em direção a descoberta cientifica e sua aplicação também produziram os meios téc aicos pelos quais o planeta fisico tornou-se perceptivel a visão consciente do homem; e o significado simbolico do planeta, por seu lado, se refere ao espirito de aventura, exploração e liberação que tornou todos esses acontecimentos fisicos possiveis. O planeta e o estado do mundo na época de sua descoberta refletem-se mutuamente: são sincronicos.

A libertação da identificação com uma experiência especifica, ou um aspecto de uma experiência, pode se aplicar a qualquer coisa. Podemos observar Urano no impulso para mudar a compreensão de nós mesmos, o nosso trabalho, as nossas crenças, ou os nossos relacionamentos. Os relacionamentos são experiências que cada indivíduo interpreta a sua maneira – e existe, na psique de cada indivíduo, um impulso para mudar constantemente as interpretações, de modo que possam tornarse mais inclusivas e mais conscientes. Na mitologia grega e romana, Urano – ou Ouranos – é o pai de Saturno (Cronos), e Saturno, um deus da Terra, incentivado por sua mãe terrestre, castrou o pai e tomou seu trono. Diz-se que esses acontecimentos se deram porque Urano ficou horrorizado com sua progênie; ele era um deus das regiões superiores, e assustou-se com as criaturas escuras e restritas a Terra, que havia gerado. Pode-se intuir muitas coisas desse trecho do mito. O ato de violência de Saturno contra o pai pôs fim ao reinado do céu e iniciou o reinado dos titãs terrestres; e podemos ver o mesmo padrão encenado na civilização humana através dos nossos milhares de anos de historia. Mas se prosseguirmos, veremos que dos pingos de sangue da terrível ferida

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derramados sobre a Terra surgiram as Erineas, as Fúrias ou deusas da justiça e da retribuição (carma); e dos genitais cortados, arremessados no oceano, surgiu Afrodite-Vênus, deusa do amor e da beleza e, astrologicamente, símbolo do impulso para o relacionamento. Diríamos que através do relacionamento podemos encontrar um caminho através do qual reviveremos – ou tomaremos consciente – o mundo dos céus. Não se compreende a linguagem da mitologia somente com o intelecto; ela deve ser ouvida com a intuição e com o coração, e só então vai revelar seus segredos. Quando se considera essa trindade de planetas: Urano, Saturno e Vênus, no mapa de nascimento, à luz do mito, há algo implícito sobre um processo, um ciclo, que existe em cada pisque. Também podemos examinar a bem conhecida historia da Bela e da Fera na qual a Fera rouba a Bela de seu pai e a mantém prisioneira até que ela aprende a amá-la pelo que ela é; isto também nos fala do mesmo processo. Algo dentro de nós repudia alguma outra coisa, e a parte repudiada procura a vingança. É questão de uma confrontação dolorosa, muitas vezes violenta, dentro de nós: com nossas origens e nosso patrimônio hereditário, com o que somos e o que geramos ou criamos. Mas, desse choque discordante, surge a possibilidade de uma nova harmonia e uma nova integração. Ao contrario do deus das regiões celestiais, Netuno é uma divindade da água, e, embora seja uma figura masculina na mitologia, personifica uma energia feminina. Deus dos oceanos e das profundezas – e, como Poseidon-Hipios, senhor dos terremotos e dos cursos de água subterrâneos –, Netuno é um símbolo do mar do sentimento coletivo debaixo de nós, impulsionando-nos a mergulhar na massa, sacrificando a nossa precária e duramente conquistada individualidade, de modo que possamos nos purificar através da dissolução. Pode-se vislumbrar essa energia funcionando em qualquer multidão, motivada por um único foco emocional: não há mais indivíduos na multidão, apenas um único organismo em ebulição , motivado por uma emoção dominante que precisa se liberar – em geral violentamente – antes que a individualidade possa ser reivindicada. Aparente mente, o impulso para esse tipo de desintegração

da consciência individual

existe em todos nós, e é altamente

contagioso – basta ir a um jogo de futebol para ver uma de suas manifestações relativamente inofensivas, ou considerar a Alemanha de quarenta anos atrás para

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localizar uma manifestação bastante mais sinistra. Netuno também está associado a If!i si deus do extase, e o extase sagrado da imersão nas profundezas antigarnente fazia parte da maioria dos antigos rituais de mistérios. De certa forma, o indivíduo que houvesse

/

experimentado

essa

"benção do deus" era purificado, nascia de novo, era limpo do seu passado; podia oferecer ao deus tudo o que tinha acumulado de si mesmo, e era devolvido nu a Terra, pronto para iniciar uma nova etapa de sua jornada. Embora uma face de Netuno seja inquestionavel mente destrutiva em relação ao que chamamos civilização, uma outra face é profundamente necessaria para a psique, pois a experiência da limpeza através da imersão no mar do inconsciente é verdadeiramente uma expe riência religiosa"no. tido mais profundo deste termo – cujas raizes latinas significam Qe-ligar."-. iVuma escala muito menor, executamos esse ritual todas as noites, guando sacrificamos a nossa consciência e descemos ao inconsciente para "dormir". Também podemos verVetuno em funcionam.ento em todos os sim bolos da vida de sentimentos coletivos que chamamos odag Seja uma moda de musica, de vestimentas, de idéias ou de arte, o im pu só irresistivel . para fazer o todo mundo está fazendo esta presente em odos nos – por muito que alguns lutem contra ele, as vezes bem justifica

amente, ja que ele diminui a supremacia do ego individual.

Nessas modas

assa eiras ue em culturas – uit vezes as cren as as tem também

caracteristicas

odemos ver simbolos das correntes da vida emocion ta

eternamente se desviando e mudando as omo as correntes do oceano. De muitas formas, ser varrido durante algum tempo por essas correntes é uma experiência revigorante, pois através dcla se descobre o tespeito pelo poder do inconsciente e se adquire uma perspec tiva mais equilibrada do papel do ego. No mapa individual de nascimento, Netuno simboliza o im uIso para o sacrificio do "eu" pessoal e dõ sentunen o pessoal ao sentimento coletivo. Existem idéias arquetípicas e sentimentos arquetipicos – e Netuno personifica esses ultimos, que todos nos vivenciamos em algum momento. Fantasia, mm, e e visão mistica – tudo isso é Netuno; c embora uma dieta ininterrupta de algum esses fatores acabe sendo

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destrutiva, esses aspectos da realidade são necessarios para a psique e precisam de espaco para expressar-se na vida pessoal. Netuno, como Urano, geralmente é inconsciente na maioria dos indivíduos. Como poderia o ego ter consciência daquilo que mina sua supremacia, e mais, seus alicerces? Seria uma admissão de que existem outras forças na psique além da vontade pessoal, uma admissão muito desagraKvel para o ego. Assim, Netuno, como Urano, em geral é projetado e vivenciado como um acontecimento que o indivíduo inconscientemente atraiu para sua vida e que novamente assume a aparência de "fado". Os "acontecimentos" netunianos são, em eral, aqueles ue enredam o indi- vid o numa situa ao cu lica o c a lgla. ele não consegue enxer ar. Em conseqiiencia, a certa altura ele se ve impotente para fazer qualquer coisa além de sacrificar um dese muito acalentado. Ele é d.Q submetido a um nivel de sentimento coletivo que o muda, o transforma, o escraviza durante algum tempo, e depois o libera gentilmente, deixando -o o mesmo, porém diferente, pois foi tocado pelo poder do deus e não pode, nunca mais, dizer honestamente a si mesmo que tem seus senti mentos totalmente sob controle. Netuno foi descoberto em 1846, com uma ambigiiidade bem carac teristica da qualidade do simbolo: houve dois descabridores, e existe uma grande confusão a respeito de quem é responsivel pelo que. Coincidiu com a descoberta o surgimento de um generalizado interesse pelo espiri tualismo e pelos fenámenos psiquicos, a hipnose, a sugestão e a associação livre, e o verdadeiro começo da investigação, que foi gradualmente sendo aperfeiçoada, testada, verificada e re-verificada, até eventualmente aparecer

como psicanalise, o estudo da psique inconsciente.

Também coincidiu com uma onda de revoluções traumiticas que varreu a Europa toda, irremedia velmente minando a ordem estabelecida, porém menos coerente e menos estruturada que a do século anterior. Com a descoberta de Netuno, a própria revolução – muitas vezes uma revolução pela revolução – se tornou uma "moda". É aprópriado dar ao mais distante planeta até agora conhecido do sistema solar o nome do pcuIar Sénhoi do Reino Subteãaneo,,como tam bém é compreensivel o fato de que os astronomos não estejam nem mesmo certos se Plutão é de fato um

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planeta ou uma lua perdida de algum outro corpo celeste. Existe também muita incerteza a respeito de Plutão,

porque sua densidade é completamente

desproporcional ao seu pequeno tamanho, o que poderia sugerir que ele seja, na realidade, muito maior do que o que foi possivel averiguar até hoje com os nossos telescopios. Plutão tem essa caracteristica na mitologia, residindo debaixo da terra, gover nando os mortos e a abundância da Terra, nunca se aventurando acima da superficie a não ser com seu capacete magico, que o torna invisivel aos olhos humanos. Nos mitos de todas as nações, assim como em muitos contos de fadas, existe um Senhor dos Mortos, e esse simbolo parece estar ligado I experiência arquetípica dos começos e fins, da morte e renascimento. Joseph Campbell, no seu livro Creative Mithology, afirma: ... Esta area da existencia, que é tanto doadora como tomadora

das formas que aparecem e

desaparecem no espaço e no tempo, embora sombria, não pode ser denominada ma, a não ser que assim denominemos todo o mundo. A lição de Hades-Plutão... não é que nossa parte mortal seja ignobil, mas que dentro dela – cn ou unificada com ela – esta aquela Pessoa imortal quc os cristãos dividiram em Deus e Demonio e julgam estar "lá fora" . O "doador e tomador das formas que aparecem e desaparecem no espaço e no tempo" é o arquétipo do incessante ciclo de morte e renasci mento personificado pelo pianeta Plutão, e o processo da interminavel jornada e retomo esta presente em todos os aspectos da vida. A vida ine rente a todas as formas é sempre vida; mas a vida, por estar incessante mente mudando, inevitavelmente ultrapassa todas as formas, que por seu tumo precisam morrer de modo que a vida possa ser liberada num novo nascimento, numa nova forma. A natureza também pode nós falar sobre esse processo arquetipico de milhares de formas. e se alguém exa minar a sua própria vida verá que toda experiencia, toda atitude, todo rela cionamento, todo sentimento, toda idéia – tudo, na realidade – tem um começo, um meio e um fim, e um novo começo de alguma outra forma. Instintivamente, fugimos desse ciclo porque, como Fausto, queremos

que

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alguns momentos durem para sempre. A mudança é aceitavei quando é agradável, mas quando chega aquela fase inevitivel do ciclo de mudança

que requer a

passagem pela escuridao, nos recuamos: não confiamos no Senhor dos Mortos. Sob muitos aspectos, a era cristK nos privou da com preensfo dele. porque o cristianismo, recuando diante da perspectiva da perpétua renovacao, fixou nossa atenção em apenas uma e delimitada vida apos a morte, com punição ou recompensa; e substituiu o processo vital e dinamico por uma estase decididamente paralisadora. O ego, carac teristicamente, deseja acreditar que a vida é constante. Feliz ou infelizmen te, entretanto, a unica coisa constante que existe é a mudança. Plutão, con seqiientemente, simboliza um impulso da psique que geralmente é incons ciente e, como Urano e Netuno, o planeta parece operar por meio de expe riências que "acontecem" ao indivíduo e que, de alguma forma, o forçam a sofrer uma morte interior. Sempre Há um renascimento depois da morte, e a nova forma é sempre maior que a velha; mas, quando posta a prova, a maioria dos indivíduos não acredita nisso e sente que sofreu uma perda irremediável. Geralmente essa perda é de alguma coisa (ou pessoa) com a qual existe um intenso vinculo emocional, e através da qual, de alguma forma, o indivíduo esteve vivendo uma parte de sua vida – uma parte que precisou ser resgatada para que ele pudesse vive-la por si mesmo. De algu má maneira o vinculo é perdido, o relacionamenta é mudado, e existe a 6 Creative Mythology, Joseph Campbell, Londres, Souvenir Press, 1974. experiência de uma morte. E se a pessoa procurar, vai descobrir entre as cinzas uma nova perspectiva e um novo nascimento. Plutão é particularmente significativo na esfera dos relacionamentos, pois é nessa esfera que muitas pessoas passam por mortes e renascimentos emocionais. Plutão esta também ligado i sexualidade, na medida em que o ato sexual significa – ou simboliza, em potencial – a morte do senso da separatividade individual pela experiência do "outro" e pela nova força vital criativa que flui através de ambos. A criação de uma nova vida sempre envolve algum tipo de morte, uma mudança na atitude psicologica; a pro criação de filhos inevitavelmente vai produzir esse tipo de mudança na psique, pois a pessoa passa de filho a pai que deu nascimento a um filho, e começa uma nova fase da vida. A morte também, da forma mais literal, é

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dominio de Plutão, pois ela, enquanto fim de um ciclo, marca o começo de um novo ciclo. Embora o Ocidente como um todo custe a levar em consideração o principio da reencamação, muitas grandes mentes iadivi duais – e o pensamento oriental em geral – tem-no considerado aceitivel Há muitos séculos, ou como experiência literal ou como um simbolo da vida etema do ser, da "esseidade", brilhando através da transitoriedade dos ciclos individuais de vida e morte. Plutão também é um simbolo do impulso para a autotransformação. Em outras palavras, existe na psique um impulso em direção ao cresci mento, que requer uma constante mudança das formas através das quais é realizado o crescimento. O indivíduo precisa crescer, querendo ou não, e o ciclo de crescimento exige um periodo de morte, decadencia, nova

germinação, gestação

e novo

nascimento. Toda a natureza sustenta esse principio. Q fato de o ser humano rejeitálo e tentar nega-lo é caracteristico da falta de contato com as raizes da vida, tão tipica da época em que vivemos. Como o Parsifal de Wolfram von Eschenbach, a alquimia descreve o processo r.o qual a astrologia denomina Plutão um belo mito. Existe um rei, diz o simbolismo alquimico, que está velho, estéril, e ja não pode reinar eficazmente porque perdeu o poder de criar vida nova. Suas terras não dão frutos, e seu povo esta morrendo de fome e sede. É preciso que ele realize um casamento sagrado – com sua mae, ou com sua filHá ou sua irma, e o tema do incesto sugere que se trata do casamento de duas ener gias ou principios que emanam da mesma fontc. É preciso que ele desça até as profundezas do mar, ou da terra, para consumar a união. No mo mento do extase da consumação, ele morre e é feito em pedaços e devo rado pela mulher misteriosa com quem se uniu. A rainha fica gravida e, depois do periodo de gestação, da origem á vida nova – que é o rei, mas ( o rei renascido, com a juventude e a virilidade restauradas, com nova vida fluindo através de si e de tudo que ele govema . Somente o que pode destruir a si mesmo esta realmente vivo . Os planetas, como vimos, são simbolos dos poderes do inconsciente; simbolizam experiências ou energias arquetípicas, que existem em toda a vida e

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também no homem, que é parte da vida. Uma vez que aprendemos o vocabulirio dos planetas e seu significado no mapa individual de nasci mento, podemos examinar o mapa e conseguir algumas indicações de como cada uma dessas energias vai se expressar individualmente. O signo em que um planeta esta colocado é como um adjetivo em relacão a um substan tivo, o omamento sobre o corpo: manifesta o modo ou qualidade da expressão do planeta. Podemos agora começar a aprender alguma coisa dos práprios signos zodiacais e de sua divisão entre as polaridades masculina e feminina, c ampliada pela quadruplicidade dos elementos. Essa estrutura basica de quatro também é, como veremos, arquetípica, e precisamos

retomar nossa

investigação da psique pelos olhos do psicóllogo para adquirir uma maior compreensão dos reinos do ar"da agua, da terra e do fogo. 7 Psychology and Alchemy, C. G. Jung. Londres, Routledge & Kegan Paul, 1953. 8 Ibid. C2 3 Ar, Agua, Terra, Fogo – Os Tipos Psicológicos A pessoa ve aquilo que consegue ver melhor. – C. G. Jung Muito antes de a psicologia desenvolver seu divertido passatempo interminável de dividir os seres humanos em tipos, a filosofia do Renas cimento postulou quatro temperamentos básicos fundamentados na teoria dos "humores" do sangue. Eram o melancolico (terra), o fleumático (água), o sanguineo (ar) e o colérico (fogo). George Herbert, num dia de bom humor, escreveu em 1640: O Colérico bebe, o Melancolico come, o Fleumatico dorme. O que o Sanguineo faz fica por conta da imaginação, mas como ele é "etéreo" ou de ar, supoe-se que provavelmente filosofe. Hoje em dia, uma pessoa ficaria horrorizada se o seu psicoterapeuta

lhe

anunciasse num tom solene: "Estou virtualmente seguro de que seu problema reside no fato de voce ter um temperamento colérico", e sem duvida haveria a imediata exigência da devolução do pagamento. Mas ainda encontramos esses termos em uso na linguagem coloquial, ainda CC 1 que como adjetivos insultuosos, mantendo ainda a conotação original. A

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despeito da atual voga de "cada um ficar na sua", a idéia dos tipos ainda persiste. Como Jung demonstrou, o fato aparentemente extraordinário de as pessoas tenderem realmente a cair em certos grupos, conforme o temperamento, é uma antiga preocupação da medicina, da filosofia e das artes. Antes disso, fai uma preocupação da astrologia, que proporcionou,

talvez, a primeira descriq o da

tipologia. Por isso, não é surpreendente – exceto para algumas escolas de psicologia que insistem em que somos totalmente produtos da hereditariedade e do meio ambiente – que os

1 quatro tipos funcionais de Jung se ajustem perfeitamente a

antiga divisão astrologica dos quatro elementos. Não se trata de uma visão ser explicada pela outra, ou derivar da outra; em vez disso, cada uma é uma forma dife rente de descrever a observação empirica do mesmo fenomeno. Esse fenomeno é o simples fato de, embora unicas, todas as pessoas também se agruparem em catcgorias gerais baseadas numa forma funda mental de ver, avaliar, apreender e interpretar a vida. Além de ser um meio divertido de rotular amigos e parentes, entendcr um pouco dessa tipologia basica é uma excelente maneira de aprendcr a mais dificil das lições: nem todas as pessoas são iguais a mim. Todas as pessoas acham que a psicologia é o que conhecem melhor – a psicologia é sempre a sua psicologia, o que somente elas sabem e, ao mesmo tempo, a sua psicologia é a psicologia de todos os outros. Instintivamente, elas supoem que a sua própria constituição psiquica seja generalizada, e que todas as pessoas são essencialmente semelhantes as outras, isto é, a elas práprias... como se a sua própria psique fosse uma espécie de psique-matriz que servisse para todas as situações, e as autorizassem a supor que a sua própria situação fosse a regra geral. As pessoas Gcam pro fundamente espantadas, ou mesmo horrorizadas, quando essa

regra, muito obviamente, não se aplica – quando

descobrem que outra pessoa é, na verdade, muito diferente delas. De forma geral, não consideram essas diferenças psiquicas, de modo nenhum curiosas e muito menos atraentes, mas, sim, falhas desagradáveis dificeis de tolerar, ou defeitos insuportáveis que devem ser condenados . 1 Psychological Types, C. G. Jung.

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Londres, Routledge & Kegan Paul, 1971. 2 Ibid. S6 .gpf JgX(.Qv(%"

Torna-se de imediato evidente o que essa tipica atitude

humana pode fazer para uniformizar o mais promissor dos relacionamentos. Em relacio namentos mais desiguai, cc o o de pa a filho, seus efeitos podem ser positivamente tra os Um casal, ou um par de amigos, pode ser c de ngar por causa disso e chegar a uma maior aceitação dos pontos de vist um do outro, mas uma criança não é capaz de se defender. Ela está a merce das expectativas e suposições que os pais projetam nela, e po agar por isso pelo resto O pro ema existente em qualquer estu o de tipologia é que ela parece ser um sistema, mesmo que seja um sistema natural; e embora pos samos aceitar as classificações por espécies nos reinos animal e vegetal, temos um horror instintivo a sermos lembrados de nossa própria falta de individualidade. É uma verdade que não é bem-vinda. Poucos de nós podemos realmente alegat que somos seres humanos plenamente conscien tes, expressando todo o nosso potencial; a maior parte do tempo, prefe rimos fingir que somos, enquanto escorregamos com absoluta facilidade para um ou outro tipico padrão de conduta. Parece que imaginamos que a individualidade, como realização , não é apenas um potencial nosso, mas um direito automatico que não reçoer qualquer esforco; e faremos virtual mente qualquer coisa para evitar encarar a realidade de que é preciso trabalhar nesse sentido. Conseqiientemente, qualquer coisa que implique que podemos ser agrupados, como a tipologia de Jung ou qu4quer outro exemplo da observação psicologica empirica, é pejorativamento consi derada uma rigida estrutura que não dá espaço para as diferenças indivi duais. Absolutamente não se trata disso. O próprio fato de partilharmos uma base comum com outro segmento da humanidade, de acordo com

certas semelhanças na

constituiyão psicoloyca, nos proporciona um am bito muito maior de expressio criativa do nosso potencial unico enquanto representa o país. A tipologia

indivíduos. Alérn do mais, nenhum mapa

de Sung, como qualquer outra, é apenas uma

ináicação que nos permite vislumbrar os padrões basicos de percepção, avaliação e resposta que tiramos da mesma fonto coletiva. Como a astrologin é um sistema simbolico, ela tenta expressar, através de sua

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imagética e de sua estrutura, os padrões de energia que estão na base da vida e da psique humana, como um aspecto da vida. A rimeira afirmação que a astrolo afaz sohre a vida é ao mesmo tem o infantil mente simples e indescritivelmente profunda: tudo deriv elaciona mento de dois opostos polares, que podem ser denominados macho e femea, ativo e passivo, ym e yang. O zodiaco, que simboliza, pela sua divisão dos.doze signos, todo ( - o espectro do potencial da experiência humana, é assim dividido em dois grupos de seis si os: seis sjiinos mãsculinos ou positivos, retratando dife rentes aspectos do arquétipo do macho, e seis signos femininos ou nega: tivos, rMeratando eren es asjéctõs do arquétipo da femea. MascuTino e feminino, em astrologia, não se referem, é claro, a definição atual dos ter mos em nossa sociedade, e sim a qualidades da energia, conforme exemplifi cam os hexagramas iniciais do Criativo e do ece tivo no I Ching. Os sigtlos ositivos estão associados as ualidades d exirgversão manifestação, luz, mente, atmdade, orientaggg déias o mundo objetivo e o futuro. s signosqlegativos estão asso dos á introversão, recolhimento, escu s4ao, sentimento, sensualidade, estabiTi ade, onentãjão para o mundo subjetivo é o passadõ. Isso, na verdade, não nos diz muita coisa, pois esta grande polarização simbolica da vida e de nós mesmos em masculino e feminino só faz uma alusão ao que cada pessoa deve vivenciar diretamente dentro de si – os opostos dentro de sua própria natureza, perpetuamente em luta porém, num sentido oculto, identicos. A astrologia faz outra afirmação, de que ja falamos: toda pessoa c ntem em si esma a semente dã aãé, s bolizada peIa roda zodiac . as embora ésta seja sua herança e seu potencial, ela previvel mente só vai manifestar uma parte dela, e se especializar coaforme sua gslção intrinsecaQ Sabemos que o indivíduo nunca pode ser outra coisa simultanea mente, nunca pode ser completo – ele sempre desenvolve certas qualidades em detrimento de outras, e a totaHdade nunca é :, gà atingiaa . Já vimos que a-dispo mão inerent conforme encarada tanto pela trologia como pela psicologia analitica, existe desde o começo da vida. Essa disposição é espelhada naquelas frações da totalidade do zodiaco que, ! no mapa natal, estão diferenciadas, acentuadas e tomadas acossiveis á consciência

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ou pela colocação

de algum planeta num determinado signo,

( ou pelo

posicionamento de um determinado signo cm um dos quatro j angulos do mapa . A interação dos dez planetas e dos quatro angulos da o esquema geral das areas de experiência e dos aspectos da consciP.ncia

Qque provavelmente serão

desenvolvidos pelo individuo. Se podemos ou não

5 3 Modern Man in Search o f

a Soul. 4 Para a descrição dos angu!os, veja o capitulo VIII. CQ ir além disso é uma questão em aberto, ja que a maioria das pessoas nunca chega sequer perto da expressão do potencial psiquico simbolizado pelo mapa, muito menos de ultrapassá-lo. p essas rmggões a astro ogia acre snta mais llma 44acha

fe a odem ser

subdivididos, de modo que Há dois os de si os mas culinos e ois grupos de si os enuninos. Essa estrutura basica de quatro é a pedra angular da astrologia, re etid aelos quatro elemento ;. ar, agua, terra e fogo. Sabemos que essa estrutura é ar uetipica e inerente a todos os seres umanos, através do trabalho da psicologia profunda nos ultimos cinquenta anos. Todos no ossuimos as funções da consciência que Jung deno Illlll

ensamento

sentimento, sensacão e intui (Um objeto) ... é percebido como algo que existe (sensação) ; é reconhecido como isto e distinto daquilo (pensamonto) ; é avaliado como agradivel ou desagradavel etc. (sentimento) ; e, finalmente, a intuição nos diz de onde ele veio e para onde vai . Que nos não preenchemos a totalidade dessa estrutura, também sabemos. Em vez disso, desenvolvemos primeiro uma função, depois outra. Talvez desenvolvamos parcialmente uma terceira, mas nunca realmente chegamos a um acordo com a quarta, que permanece em grande medida inconsciente. E muitas vezes procuramos, nos relacionamnitos, alguém que personifique ou represente em nosso lugar aqueles aspectos da totalidade que nós mesmos somos incapazes de expressar, ou não estamos dispostos a faze-lo. A sua moda, aparentemente ingenua, os contos de fadas também nos falam

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dessa quaternidade bisica das funções da consciencia. Em contos originarias de todas as partes do mundo e de todas as épocas da h!storia, encontramos vezes e vezes o mesmo motivo. Era uma vez um rei que tinha tres filhos. Qs dois mais velhos eram sábios, bonitos e fortes, mas o terceiro era um idiota, de quem todos riam. Este é um esplendido simbolo da forma de funcionamento da psique humana, pois a função principal da consciência é o rei – que inevitavelmente, nesses contos, tem algum tipo de problema, em geral envoIvando doença, esterilidade, ou proximidade da morte, ou ataque de um inimigo cujas manobras eie não consegue superar. Os dois filhos mais vo]hos tentam resolver o problema, e falham; 5 The BoundÁries of the Soul, June Singer. Nova Iorque, Anchor Books, 1973. e cabe ao idiota, o Louco Sagrado, o menos valorizado, o mais humilde, nossa aspecto aparentemente mais inadequado, encontrar a solução e salvar o reino. Agora, é muito divertido definir que sou do tipo pensativo e voce é do tipo sentimental, e é por isso que eu sou inteligente, observador, articulado e razoavel, enquanto voce é sempre tfo emocional, intransigente e irracior.al. Esse é um jogo que todos nós jogamos quando iniciamos o estudo da tipologia, de um modo muito semelhante ao que os leigos jogam o jogo do zodiaco. É claro que sou sempre encantador, cortes e tolerante porque sou Libra, enquanto voce é obviamente exigente, supercritico,

autocentrado e de mente estreita porque é Virgem. Na

astrologia ou na psicologia, a tipologia pode ser usada como um maravilhoso "explica -tudo" em relação aos defeitos dos outros, e na maioria das vezes é empre gada dessa forma deturpada. Em primeiro lugar, tcmos medo de leva-la a sério; em segundo, geralmente só captamos suas partes confortáveis, e ignoramos suas implicações mais profuodas; e em terceiro, todo mundo,

na verdade, esta

secretamente convencido de que as coisas que mais valo riza – de acordo com seu tipo – são na verdade as melhores de todas, e tudo o mais é, de fato, um pouco inferior. Entretanto, existe uma penalidade autom4tica nesse jogo de classifi cação de tipos. O problema de entender que funções da consciência foram enfatizadas com a possivel exclusão das outras, e a eterna batalHá para conhecer o Outro que existe em nos e chegar a um acordo com ele condu zem a aguas muito mais profundas do

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que poderia sugerir uma interpre tação superficial dos tipos funcionais. E, de repente, a, pcssoa percebe que não esta mais jogando um jogo, ou, se esta, as apostas são muito mais altas subjacente da

do que imaginava. A psique luta pela inteireza. A verdade psicologia é uma afirmação terrivelmente simplista, porém

esmagadora mente importante, que deve ser vivenciada para ser plenamente compre endida. Inteireza não significa perfeição. A pessoa que passou muitos anos cultivando uma snfisticação da expressão e percepção intelectuais, mas que não é capaz nem de expressar nem de compreender sua natureza senti mental, não é inteira. Nem é aquela que desenvolvou uma rica e plena vida sentimental e muitos relacionamentos pessoais significativos, se não con seguir raciocinar ou vcr o ponto de vista "objetivo" e josto que pode justi ficar principios e permitir as diferenças individuais. Nem é a realista pra tica, com o mundo dos faios i sua disposição, que expressou o desabro chamento pleno de suas capacidades organizacionais, mas não consegue enxergar para cnde elas estaa camirAando, ou não consegve achar signifi

cado ou um sentido espiritual interior em sua vida. Nem é a visionária ou a artista, que vive num mundo de infindáveis possibilidades, mas não conse que lidar com a mecanica simples da vida terrena, nem concretizar seus inu meros sonhos. Quantos de nós podemos alegar que operamos livre e satis fatoriamente com todas as possibilidades da psique? Por que sontimos uma atração – ou repulsa – tão compulsiva em relação as pessoas que parecem personificar estilos de vida, ou valorizar a importância e o funcionamento daquilo que, de alguma forma, nos escapa? Embora o zodiaco seja um simbolo da inteireza, essa inteireza não esta contida em nenhum mapa, porque só há dez planetas para manejar, dos quais apenas sete sio reahnente "pessoais", no sentido de que se referem a personalidade ou a estrutura do ego do individuo; e existem doze signos e doze Casas ou setores no mapa de nascimento nos quais os planetas podem estar localizados. Também existem inumeras combinações possiveis das relações angdares entre os planetas. Todo mapa contém uma superenfase e uma subenfase, assirn como toda psique humana; é a natu reza do animal. A compreensão da tipologia, portanto, não equivale

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a um sistema de classificação. 8 o mapa de uma estrada que pode lhe dizer onde começar, onde provavelmente seri a sua primeira curva, onde é possivel que o seu carro quebre e o que pade ser feito para conserta-lo e aonde, se tudo der certo, voce podera chegar no tompo certo. Inerente ao agradavel reconhecimento das funções da consciência que são "superiores" – isto é, bern desenvolvidas, confiaveis, sob o con trole da vontade do indivíduo – esta o reconhecimento muito menos

agradavel de que existe um

problema com as funções opostas, que são "inferiores". Essas funções, muitas vezes, são ingovernaveis, erraticas, imprevisiveis, excessivas, um pouco infantis ou primitivas, e matizadas por uma peculiar qualidade de autonomia que, quando afioram, fazem as pessoas dizer coisas tais como: "Desculpe, eu estava fora de mim", ou "Alguma coisa tomou conta de mim." Essas desculp s tem o objetivo de esconder o fato de que ficamos mais mortificados que os outros quando

o

inconsciente se afirma por conta própria e nos leva a comportamentos que não podemos explicar e não desejamos. As funções opostas são assim chamadas porque não podem funcionar juntas. O sentimento e o pensamento, por exemplo, são dois modos total mente diferentes de avaliar ou reconhecer a experiencia; um deles, o sentimento, é totalmente mbjetivo e realizado sem lágica, com base na

resposta pessoal, enquanto o outro, o

pensamento, é totalmente "obje tivo" e dependente da logica, em detrimento da resposta pessoal. Pos suimos as duas funções em potencial, mas vamos usar principalmente 1 uma e não a outra; elas não podem ser usadas ao mesmo tempo. Os valores inerentes a cada uma são totalmente diferentes e não se mesclam. É pos sivel secundar uma com a outra, mas não usa-las simultaneamente. Muitas pessoas baseiam seus valores completamente em uma fungo e fingem que a outza não existe. A intuição e a sensação, da mesma forma, são funções opostas, porque representam dois modos totalmente diferentes de percepção. A intuição é muitas vezes chamada percepção via inconsciente, e envolve a

nãowonsideração da

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realidade fisica de uma experiência ou objeto, de forma que o significado, as ligações, o passado e as possibilidades futuras do objeto possam ser englobadas em uma visão unificada. A sensação, por outro lado, é precisamente o que a palavra sugere: significa perceber através dos sentidos, e os sentidos só vão registrar o que é tangivel e possui forma. Portanto, a sensação olHá a superficie das coisas detalhadamente, examinando meticulosamente o que é a coisa de acordo com sua forma, enquanto a intoição olHá além, através, em volta e por tras da superficie, de modo que o proposito e as implicações possam ser discernidos. Quando o sentimento é o principal mado de avaliar a experieneia, a função pensativa tem uma qualidade "inferior", o que geralmente é expressado como dogmatismo. Quando o pensamento é o principal modo de avaliar a experiencia, a função sentimental tem uma oualidade "inferior*, o que é geralmente expresso ou como frieza ou sentimentalisino. Quando a intuir,ão é o modo principal de percepção, a função da sensação tem uma qualidade "inferior", muitas vezes expressa como falta de cui dado ou de senso prático; e quando a sensação é o modo principal de percepção, a intuição tem uma qualidade "inferior", muitas vezes demonstrada como credulidade ou fanatismo. As funções "inferiores", aldm de serem um pouco primitivas, tem

outra

caracteristica interessante: são habitualmente projetadas, e nos aparecem sob o disfarce de outra pessoa ou situação que nos atormenta exatarnente com aquele aspecto da vida que somos menos capazes de

mancjar. Então, é claro, a

inferioridade (ou o que algumas vezes parece uma sólida superioridade) parece pertencer a outra pessoa, o que é sempre mais agradavel do que se estivesse em nos. O inconsciente dc uma pessoa é projetado sobre outra, de modo que a primeira acusa a segunda do que não ve em si própria. Esse principio tem uma validade tio alarmantemente genera lizada, que todo mundo faria melhor, antes de denunciar os 67

J

outros, se sentasse e ponderasse cuidadosamente se a pedra não deveria ser atirada em sua prápria cabeça . Qualquer que seja a função da consciência com a qual nos identifi camos,

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precisamos aceitar a existência do seu oposto em nos. Quase sempre isto é muito dificil, porque – diferentemente dos "defeitos" dos quais estamos confortavelmente conscios, não os sentindo de fato como defeitos – a inépcia das funções inferiores 8 uma genuina fonte de dor e inadequação, mesmo quando é parcialmente consciente. Em consequen cia, encontramos muitas pessoas que criam um conjunto artificial de res t postas a que dão o nome de sentimento, pensamento, sensação ou intui po, mas que são desajeitados simulacros que não enganam ninguém, a não ser o próprio individuo, e que tem uma flagrante marca de insinceridade. A admissão da própria identificação com um determinado aspecto

da

consciência não significa que a pessoa esteja condenada a expressar apenas aquele aspecto a vida inteira. As pessoas não são estiticas, e a pique sempre trabalHá para obter o eçolhbrio. A pessoa cresce em direção ao seu oposto. Isto constitui, ao mesmo tempo, uma das maiores batalhas,I uma das maiores alegrias e um dos aspectos mais significativos da expe dincia de vida.l O Elemento Ar: o Tipo Eensativo O intelecto é Deus em cada um de nos. – Menander O elemento ar é outra forma de expressar, numa linguagem maisI tipicamente produto de uma era em que o ser humano estava mais pro ximo da imagética do inconsciente, o que Jung quer dizer pela função do pensamento. O ar, considerado astrologicamente, é elemento positivo e masculino, e os signos aéreos – Gêmeos, Libra e Aquario – são geral mente descritos nos manuais astrológicos como desprendidos, comunica tivos, interessados no mundo das idéias e privilegiando a racionalidade. São, em resumo, civilizados. O ar é o unico elemento da roda zodiacal que não contém nenhum simbolismo animal: Gêmeos e Aquário são representados por figuras humanas, respectivamente os Gêmeos e o aguadeiro, e Libra é retratado por um objeto inanimado, a balança. O ar é o elemento mais 6 Qvilisation in Transirion, C. G. Jung. Londres, Routledge K Kcgan Paul, 1964. tipicamente humano, mais distânciado da natureza instintiva; e é o reinado humano que desenvolveu – ou talvez superdesenvolveu nos ultimos duzen tos anos: a função do pensamento como o seu grande dom.

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Os tres signos aéreos, embora diferentes nos seus modos de expres são, partilham a necessidade de relacionar as experiências da vida com um parametro de idéias preconcebido. Esse parametro pode vir do exterior,

extraida de livros,

ensinamentos e conversas com os outros, ou pode vir de dentro, cuidadosamente criado pelo trabalho mental do próprio indi viduo; mas a existência do parametro é de importância fundamental, e há uma tendenciz a procurar em todas as experiências o padrão lágico subja cente que faz com que elas se encaixem i estrutura preconcebida. Fundamentalmente, o pensamento estabelece a diferença, através da logica, entre "isto" e "aquilo", e toma-se evidente a razão de os signos aéreos serem associados com um temperamento que coleta e classifica a informação, pesando uma coisa contra a outra, e compondo um parametro filosofico a partir dos pedaços e fragmentos. O tipo aéreo – e isso não significa necessariamente o indivíduo nas cido com o Sol num signo de ar, mas sim alguém cujo mapa, como um todo, contdm uma predominância dos fatores aéreos – em geral se asseme lha, no todo e nos detalhes, ás qualidades do tipo pensativo conforme des crito por Jung. Tem todas as bençãos desse tipo: a mente altamente desen volvida, o senso de justiça e a capacidade de avaliação impessoal das situa ções, o amor pela cultura, a valorização da estrutura e do sistema, a cora josa adesão a principios, o refinamento. Também tem todos os defeitos do tipo – em termos da função "inferior –, que são eufemisticamente expressos nas caracteristicas atribuidas aos tres signos aéreos: Gêmeos tem horror a se definir em reiacionamentos pessoais, Libra é notorio por ficar em cima do muro e se recusar a se comprometer, e Aquirio é conhecido por seu frio distânciamento e aversão a demonstrações emocionais, que com tanta freqiiência fazem parte do relacionamento pessoal. Em outras palavras, o tipo aéreo tem um problema com o senti mento. Com a preponderância de ar num napa, esta implicita a proba bilidade de o mundo das trocas emocionais pessoais ser o maior problema da vida do indivíduo – embora ele possa não saber disso até ser aban donado pela esposa –, porque o sentmento, ao contr5rio de tudo o mais

que cai sob seu olhar microscopico, não pode ser

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classifiaado, estruturado, analisado ou encaixado no parametro. Há muitos aquarianos, mulheres e homens, que se orgulham do fato ãe que nunca choram, porque encaram as demonstrações de emoção corno fr.aqueza. Esta é uma virtude mais ou menos questionavel, conside

r rando-se o que inevitavelmente vai se acumulando no inconsciente através dessa subestimação injustificada da função do sentimento. Pergunte a um geminiano tipico o que sente a respeito de alguma coisa, e ele vai começar assim: "Bom, eu penso..." Quando voce lhe diz que quer seus sentimentos, não seus pensamentos, em geral ele simplesmente não sabe o que sente e precisa sair por meia hora para descobrir. Gêmeos, sendo geminiano, provavelmente não vai voltar, e voce o perdeu porque foi muito "possessivo" e "exigente". Ou temos o hábito caracteristicamente libriano de simplesmente evitar qualquer contato com as subcorrentes emocionais obscuras dos relacionamentos porque não são "bonitas"; o libriano prefere morar na torre de marfim dos seus ideais romanticos, calculando exata mente como gostaria que seus relacionamentos fossem e imaginando por que as coisas nunca tem o resultado que ele almejou. E é preciso não esquecer a classica citação aquariana, dita a uma mulher que reclamava de nunca ter recebido flores ou qualquer outra demonstração de afeto, em quarenta anos de casamento: "Mas eu lhe disse que a amava quando nos casamos. Não é suficiente?" Será que esse problema, na verdade. pertence aos outros? Ou será que o tipo adreo, cuja fria objetividade e sociabilidade lhe valeram a repu tação de parecer ser o mais "normal" dos tipos, tem uma abordagem um tanto infantil do mundo do sentimento? Pode ser que ele precise parecer desprendido, controlado e razoável porque na realidade esta apa vorado com o que estaria fervendo la embaixo, nas profundezas? Algumas pessoas de ar são demasiadamente cánscias da desconfortavel autonomia de sua função sentimental, e a tratam como uma espécie de besta sombria que de vez em quando foge por descuido, mas nos dias bons permanece atrás das grades de modo a não perturbar a placida ordem da vida racional.

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Outras pessoas de ar são completamente inconscientes de seus sentimentos, e confundem o que não podem autenticamente expressar com uma série

de

substitutos superficiais: demonstrações de sentimentos, doações mone tarias bem divulgadas para caridade e uma espécie de resposta aqucarada tipo "lágrimas nos olhos" em relação a "crianças e cachorros". Pode-se, é claro, perguntar qual a necessidade de despertar a besta; sem duvida, a vida não seria melhor se ficasse mansa, e a gente não fosse incomodada com a bagunça toda das emogões? Quando se examina a grande dádiva do comportamento coerente e harmonioso que o tipo aéreo geralmente expressa, por que complicar as coisas? Otimo, se estiver pronto para viver numa caverna como o Ioguim Milarepa, concentrando suas energias para derreter neve – mas não quando voce vive no mundo com as outras pessoas. Não é que haja alguma coisa "errada" com o tipo aéreo, ou 66 5

que ele seja "anormal"; ele é ele, e como tal tem o direito de ser ele.

Mas,a

a não ser que aprenda alguma coisa a respeito do mundo do sentimento

e desenvolva alyuna capacidade de se relacionar com os outros no nivel

do

sentimento, ele permanecera inapelavelmente cego aos valores do sentimento e capaz de muita crueldade não-intencional. Um exemplo não O muito agradável da repressão (e do subseqiiente surgimento) da função do sentimento é a Republica de Weimar e o desenvolvimento do Terceiro is

Reich, antes da ultima guerra – um

probiema sobre o qual Jung escreveu extensamente em OviIisation in Transition. Na atual década, a ciencia, construida sobre principios do pensamento, corre o perpétuo risco de ver suas descobertas utilizadas para a destruição maciça, se não conseguir conservar alguma consciência da realidade do sentimento e do fato de que o conhecimento, isoladamente, sem a sabedoria do coração, é não apenas incompleto, como também decididamente perigoso. Se é possivel des culpar a inferioridade do sentimento na vida pessoal porque "não machuca ninguém", deve-se levar em conta as implicações sociais mais amplas. Em geral, entretanto, existe alguém machucado no nivel pessoal, e na maioria dos casos é o próprio tipo aéreo. n

Um dos aspectos mais trigicos de tudo isso, no nivel pessoal, é que e

a personalidade do signo de ar, por estar raramente em contato com seus

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sentimentos mais profundos, em geral é indiferente aos dos outros. Assim, leva um choque brusco quando alguém mais istimo começa a expressar sua insatisfação com o reiacionamento, ou parte batendo as portas e dando a

o tiro de misericordia a

respeito de sua frieza e insensiblhdade. Se ela é

a pessoa que termina o

relacionamento, em geral acredita que "conti nuando amigos" tudo está em ordem, e raramente percebe a dor que pode causar. Se é a pessoa rejeitada, ern geral é forçada a aprender o que mais teme sobre si proprio: por baixo da fria mente jaz uma dependência do

sentimento que, embora muitas vezes não admitida e não

expressa, é tão poderosa, que a partida de um parceiro ou de um filho pode destruir completamente os alicerces de sua vida. L;

Outro perigo que freqiientemente espreita o tipo aéreo é a espécie de

fascinação fatal que o professor Rath, o pedagogo ernpertigado e a

pedante,

sente por Lola Lola, a cantora de cabaré no filrne O anjo azul. O como ,O LS

Nenhum tipo de personalidade é tão dado a esse excesso emocional o ar, porque, quando os sentimentos tomam conta dele, fazem-no com

flhia. Seus pensamentos, antes tão cristaiinos e claros, agora sio domi IS nados por seus sentimentos e pelo indivíduo que recebeu a projeção do Q lado inconsciente dele mesmo; e enquanto ele permanecer ignorante dos

niveis mais profundos de sua própria natureza, o outro vai parecer pmpor K7 cionalmente mais amoroso, mais caloroso, mais complacente e mais simpa tico – uma caracteristica do sentimento –, ou inconstante, caprichoso, im pxevisivel e uma verdadeira personificação da natureza elemental em todas as suas variantes. O aspecto maternal do sentimento e sua fascinação pela pessoa de ar também estão retratados em muitos contos de fadas, nos quais o ser amado esta sofrendo Há muito tempo e pode ser redimido pela pacien cia, como Griselda, a Paciente; o aspecto mais explosivo do sentirnento é retratado nos contos em que o herói se apaixona desesperadamente por

uma ondina, uma sereia, uma misteriosa criatura das

profundezas com corpo de mulher e cauda de peixe que, no final, ou o deixa ou o destroi. Alguns dos objetos das fantasias das pessoas de ar podem leva-la a

ir

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dancando até o inferno – o inferno de sua própria natureza sentimental vulneravel e infantil. Mas nos criamos o nosso destino através do poder criativo do inconsciente, e, quando um indivíduo se encontra nesse tipo de situação, é muito provável que seja exatamente porque ela é necessária para ajuda-lo a se tornar consciente de sua função do sentimento. O ar sente uma atração magnética pela agua, que sirnboliza a função oposta: o sentimento. Mesmo que o parceiro não seja de fato uma ligação ade quada – isto e, mesmo que o mapa do outro não mostre uma forte enfase em planetas em signos de agua –, de alguma forma ele ou ela vai parecer idealmente aquoso quando vestido pela projeção inconsciente. O ar é famoso por ser um mau julgador de parceiros, porque escolhe tudo de acordo com a razao, até que Eros o escolha. Ai ele não tem escolha, pois fica sob o dominio do inconsciente. Sua insistência na logica e coerência

em todas as coisas inevitavelmente provoca

tamanho stress no incons ciente, que ele se condena a uma explosão da função inferior quando a pressão se torna demasiada. Mesmo em relacionamentos menos dramaticos entre os tipos de pensamento e sentimento, como os herois e as sereias, podemos ouvir esse dialogo tradicional: Por que esta de tão mau humor, querido? Voce foi frio comigo a noite inteira. – Do que está falando? Que humor? Estou otimo. – Mas sei que voce esta de mau humor. Eu sinto isso. Diga-me o que esta errado. – Estou lhe dizendo que estou perfeitamente bem. Por que voce sempre exige minha atenção canstante? – Mas não estou sendo exigente, é só que voce esta sendo tão mal-humorado comigo... KQ bem escuro. No sentimento não Há linhas nitidas de distinção baseadas

l em

principios – "isto" não é diferente "disto". Em vez disso, tudo é um aspecto de um mar em constante fluxo e mudança, no qual tudo é um e todas as diferenças se fundem. A unica diferenciação que a agua faz é se um sentimento lhe parece aprópriado; mas não é nem "bom" nem "mau". O simbolismo dos signos de agua mostra tres criaturas de sangue frio: o caranguejo, o escorpião e o peixe. Nos sonhos, essas imagens geralmente estão

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associadas a energias instintivas, inconscientes, proximas das antigas raizes naturais do homem, e muito distantes do mundo do pensamento humano diferenciado e racional. A maior parte da avaliação da vida feita pela agua ocorre em nivel inconsciente; a respeito desses signos, pode-se realmente dizer que a mão direita não sabe o que a esquerda faz. A agua simplesmente responde, e suas respostas a qualquer situação pessoal são

quase infalivelmente corretas e adequadas. As

respostas do ar, ao con trario, são inventadas, baseadas em principios, em geral aprópriadas em teoria mas completamente erradas na situação particular em que o indivíduo se encontra. Enquanto o ar se ocupa forçando-se a comporta mentos coerentes com um parametro preconcebido, a água é imprevisivel e responde a cada situação como se nunca tivesse acontecido antes. O tipo de agua geralmente conhece bem o lado mais sombrio da natureza hmnana, o que garante a esses signos a reputação de compaixão e empatia. Existe uma capacidade de sentir o que o outro sente e de avaliar as coisas de modo que aparenta ser uma forma inteiramente irracio nal, capaz de enfurecer o tipo de ar, que precisa raciocinar sobre tudo. "Por que voce não gosta dele?" diz o ar, e a agua responde: "Não sei, não me sinto bem com relação a ele." "Mas voce deve ter um motivo!" "Não preciso de motivos; eu simplesmente sei." "Mas certamente voce não espera que eu aceite o seu julgamento scm uma razao!" Numa situação

dessas, a agua, em geral

intimidada diante dacapacidade logica superior do ar, normalmente inventa uma razão tão cheia de opiniões imaturas, genera lidades e uma pretensa perspicácia intelectual, que não é de surpreender

que o ar a encare como um tipo não

particularmente inteligente. Entre tanto, o problema não é de inteligencia; na verdade, em geral a agua é mais inteligente que o ar, em termos de sabedoria e compreensão áas pessoas. Quando pressionada, entretanto, ela revela o seu pensamento inferior; e como a nossa época da um grande valor a destreza intelectual, a agua tende

a ser

subestimada. Nas nossas modernas instituições educacionais, os dons da mente é que são alimentados e estimulados, e não os dons do coração .

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A agua tem todas as benção s do tipo sentimental: sensibilidade ao ambiente, sutileza, encanto e compreensão, um forte senso de valores nos 7A relacionamentos e a capacidade de juntar indivíduos e instintivamente entender suas necessidades. Mesmo Escorpião, tão caluniado por causa de sua impenetravel fachada de fria crueldade e sua fama, geralmente imerecida, de cometer excessos sexuais – seria melhor dizer excessos emocionais –, é um signo verdadeiramente sentimental, com um coração mole sob a carapaça dura. ao mesmo tempo, é claro, a agua tem os de feitos do tipo, também expressos nas classicas descricões dos signos que herdamos da antiga astrologia. Cincer, tradicionalmente, tende a se apegar, ser possessivo, desconfiado e receoso do futuro; Escorpião tem fama de fanatismo emocional e uma espécie de atmosfera sombria, pesada. fermen tadora, que faz todo relacionamento parecer uma cena de Otelo; e Peixes é notorio pelo efusivo sentimentalismo, o escapismo romantico, vacilação , falta de pontualidade e de principios, e indefinição. A agua, em resumo, tem um problema com a razao, e em geral é completamente inconsciente do constante fluxo de opiniões, julgamentos e criticas negativas irresponsáveis e de segunda mão – tanto a seu respeito como a respeito dos outros – e idéias fixas que saem de sua boca e se introduzem sorrateirarnente nos seus relacionamentos de sentimentos. A agua, as vezes, é um pouco infantil em relação ao mundo das idéias. Muitos homens podem achar encantador ter uma esposa quer"não sabe absolutamente nada sobre esse negácio de politica", por "esta muito além" dela, mas "sabe preparar uma boa refeição". Essa inferioridade inconsciente do pensamento tem uma face particularmente feia quando se mostra como fofocas maldosas, difamação e uma espécie de fanatismo ideológico. Na sua forma mais suave, essas caracteristicas produzem uma pessoa que constantemente diz aos outros como deveriam viver; na forma mais extremada, são esplendidos ingredientes para a criação de um bom terrorista. Existe uma historia tipica, a respeito de uma mulher que tinha uma associação intima, porém inocente, com um terrorista do IRA pro curado por varios assassinatos

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e atentados a bomba. Quando lhe pergun taram por que não entregava o homem a policia, ela respondeu: "Mas, na realidade, é uma pessoa otima quando se conversa com ele, e nunca fez nada que me magoasse." Esse pequeno exemplo diz mu!ta coisa a respeito das conseqiiências menos agradáveis do pensamento inferior. A agua carece de objetividade, e tudo que não caia no campo de visão pessoal do tipo de agua, tudo com que não se possa relacionar através do sentimento não tem significado real. Da medo imaginar o que seria um mundo habitado somente por tipos sentimentais. Provavelmente não haveria mundo, pois qualquer preocupação objetiva em relação a huma 71 nidade seria secundaria em relação ao que é bom "para mim e para os meus". Assim como o tipo pensativo precisa adquirir uma consciência dos valores pessoais, para evitar a brutalidade inconsciente, o tipo senti mental precisa adquirir a consciência dos valores objetivos, para evitar uma brutalidade semelhante, embora com motivação diferente. Um dos maiores problemas que a agua encontra é que, através da superenfase no sentimento, ela pode facilmente afastar aqueles que lhe são mais caros – simplesmente porque não consegue entender que la fora existe um mundo que lhe solicita energia e atenção . Embora seja sempre suscetivel a dor dos outros, muitas vezes é incapaz de entender objetiva mente que as pessoas pensam de forma diferente e tem diferentes neces sidades e valores, e tenta colocar o sufocante manto de sua solicitude sobre tudo que perturbe da mesma maneira, o seu senso de h.armonia. Assim fazendo, ela pode não perceber que algumas pessoas acham que isso não é harmánico, e sim sufocante. Nos relacionamentos pessoais, a agua muitas vezes é quem cai fora por se sentir ferida ou emocionalmente rejeitada; nesses casos, o mais comum é ter encontrado um parceiro ainda mais "suscetivel", para acabaz descobrindo, horrorizada, que o novo amante tem um rosto diferente, mas é a mesma velHá pessoa. A agua tenta tomar conta de todos – e isso é valido para os homens verdadeiramente de água e também para as mulheres – sem ver que alguns filhos querem que os deixem crescer. E o tipo de água pode desencadear

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a critica destrutiva de seu pensamento não-aceito sobre seus próprios filhos, sob o disfarce do que é "melhor" para eles – receando, inconscientemente, o dia em que vio partir e cortar o elo sentimental que o sustenta. O tipo de agua é, com mais frequencia, a pessoa rejeitada nos rela cionamentos, em grande parte porque, se o seu pequeno mundo pessoal estiver lhe parecendo bom, ela não se da ao trabalho de imaginar que seu parceiro tem necessidade de um alimento intelectual mais estimulante para poder crescer. A agua tem uma tendência a viver através dos outros, o que é sempre uma empresa altamente perigosa; o seu efeito sobre o outro é seme lhante ao do visgo sobre o carvalho. O parasita sufoca seu hospedeiro. A agua é magneticamente atraida pelo ar, e se esses dois tipos pudessem terminar com suas infindáveis escar uças, aprenderiam muito um com o outro sobre suas próprias vidas inconscientes. O maior desafio da agua residc nos indivíduos que não conseguem responder prontamente através da linguagem do sentimento, pois o tipo pensativo inevitavelmente proporciona uma oportunidade para que seu parceiro sensitivo desperte, abra os olhos e faça uma boa e refrescante inalação áo ar limpido das alturas. 71 O Elemento Terra: o Tipo Sensorial O problema de ter sempre os dois pés firmemente plantados no chão é que voce nunca consegue tirar as calcas. – J. D. Smith O elemento terra se correlaciona com a função da sensa jao; e como um dos propositos dessa função é determinar que algo existe, a terra da a impressão de ser um tipo razoavelmente acessivel e mesmo simples. Relacionamo-nos com o mundo dos objetos através dos sentidos, e é dificil diminuir ou reprimir nossa resposta aos objetos da maneira que muitas pessoas diminuem ou reprimem pensamentos, sentimentos ou intuições – principalmente numa era em que a maioria das ciências empiricas só da o seu selo de aprovação ao que tem forma concreta. Em consequencia, a maioria das pessoas acHá o elemento terra relativamente facil de entender – exceto as próprias pessoas de terra. O tipo de terra geralmente é descrito nos manuais astrológicos como pratico,

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eficiente, cheio de senso comum, sensual, "realista", bem organizado e amante do dinheiro, da segurança e do status. Essa descrição se aplica aos tres signos de terra: Touro, Virgem e Capricornio. A sensação tem a "função da realidade", e nessa esfera o tipo de terra se sobressai, conseguindo de alguma forma ordenar a bateria aleatória de estimulos que individualmente,

assaltam os sentidos, relacionando-se com cada um

saboreando-o, aprendendo sua natureza, e passando para o

seguinte. Dessa forma, constroi um conjunto de fatos que lhe permite lidar suces sivamente com todas as situações da maneira mais eficiente. O tipo de terra tem todas as caracteristicas de sensações tipicamente junguianas. Esta a vontade com seu corpo, identifica-se freqiientemente com ele e, em geral, é saudavel porque consegue expressar diretamente seus desejos fisicos. Esta a vontade com as coisas, e geralmente consegue lidar com o dinheiro e com as responsabilidaes sem esforço, o que é um assombro para as pessoas mais intuitivas por temperamento. Tem o dom de concretizar seus desejos, e essa capacidade de "realização" mostra seu melhor lado quando combinada ou com o pensamento, que resulta no pen sador cuidadoso, empirico, o estatistico ou pesquisador impecavel, ou com o sentimento, que da origem ao sibarita feliz, o amante ou pai afetuoso, o patrono da natureza e de todas as coisas bonitas. O tipo de terra também tem todos os defeitos potenciais da su perenfatização da sensação associada com a intuição inferior, mais uma vez corretamente resumidos nas descrições tradicionais dos signos de terra. 7Z Touro é famoso pela dogmatica estreiteza mental, superpossessividade em relação ao que julga ser sua propriedade e pela tendência a subordinar as mais sutis e complexas experiências da vida á seguinte filosofia: "Ou eu vejo ou não existe." Virgem, proverbialmente, não consegue "ver a floresta por causa das arvores", e se perde num labirinto de detalhes e minucias irrelevantes, sem nunca perceber a razão de seu labor incessante, ou que algumas pessoas gostam de um pouco de caos em sua vida. E Capricornio tem a reputação um pouco desagradavel de justificar os meios pelo fim e moldar seu comportamento de acordo com as expectativas sociais;

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isto lhe permite desfru o status que procura, sem sacrificar qualquer coisa de si mesmo. Em outras palavras, enquanto o tipo de terra se sobressai na acumu lação de fatos, deixa de ver o significado das ligações entre eles, as relações que os unem num significado comum; e embora se mova com facilidade entre a complexidade do mundo dos objetos, esta sujeito a deixar de ver o significado interior de sua própria vida. Sendo orientado para a sensação, o tipo de terra possui como função inferior um senso intuitivo mais ou menos primitivo. Em alguns casos, essa intuição atrofiada o cerca de medos irracionais e apreensões vagas de uma espécie negativa, que constantemente interferem no seu simples mundo em brancow-preto. Em outros casos,

ele reprime inteiramente a intuição e vive num interminavel crepusculo

cinzento de trabalho e rotina que gradualmente aumenta a pilHá de objetos a sua volta, mas não faz nada para aliviar o espaço vazio dentro dele – que clama por algum sentido de propásito, por um sentimento de fazer parte de uma vida maior, por alguma esperança no futuro que lhe permita descansar de seu trabalho e aproveitar o presente de forma criativa. Outra maneira de descrever o problema do tipo de terra é que ele não sabe ser criança, não sabe brincar. É velho na juventude; e a não ser que consiga se soltar da rotina de sua escravidão do que considera realidade, fica parti cularmente propenso a recear a morte como o juizo final – a somatoria definitiva de sua vida, cujo significado subjacente lhe escapa, de alguma forma. A terra sente um anseio pelo que chama de espiritual, embora isso muitas vezes seja expresso como uma crença ou uma fascinação

secreta

por fantasmas,

psiquismo e outros fenomenos parapsicológicos, sem qualquer compreensão das implicações da existência desse tipo de mundo "sobrenatural". É muito comum ve-lo no encalço de um objeto de amor que personifica sua idéia do médium, do inspirador, do guia, que possa, de alguma forma, partilhar com ele os segredos do cosmos e aliviar sua pesada dor. Infelizmente, aqueles que estão em contato com os mistérios interiores não podem distribui-los como se fosse pão e queijo, pois essa experiência intuitiva é totalmente individual, intensamente pessoal e não pode ser explicada da forma concreta como a terra gosta das expli cações. O tipo de terra não aceita nada que não esteja apoiado no teste munho de seus sentidos. Há tipos de

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terra que parecem cães amarrados a um poste com uma trela comprida; eles ficam dando voltas, mas nunca conseguem ultrapassar o comprimento da corrente, que é forjada por sua insistência em que os sentidos são o unico meio de aprender a realidade. O tipo de terra pode ser um maravilhoso construtor, provedor, admi nistrador da casa e consciencioso servo das necessidades daqueles que ama. Seu pior pecado, nesse caso, é a falta de visão, capaz de sufocar as pessoas práximas a ele e esmagar a sua nascente criatividade e a dos outros, insistindo exageradamente no lado pratico. Tor que esta perdendo tempo com essa besteira?" diz o pai preso a terra a seu filho, que está aprendendo a pintar/tocar piano/estudar filosofia/dominar a arquitetura dos anéis de fumaça. "Voce devia estar la fora aprendendo a ganhar dinheiro." O dano realmente sério que essa atitude pode ocasionar aos filhos é bem conhecido. Temos toda uma geração de marginais e fugitivos que se rebelaram violentamente contra os valores terrenos constantemente impin gidos por pais bem-intencionados – pais que, tendo passado por duas guerras mundiais e uma aguda depressão economica, esqueceram que o futuro sempre contém novas possibilidades. A sensação valoriza apenas o que pode perceber e, em conseqiiencia, esta destinada a perder muita coisa. O fato de alguém querer "desperdiçar" seu ultimo centavo em jacintos para a alma é um ultraje e insulto as horas de labuta que o tipo terra gastou para proporcionar aos outros as coisas que acredita que eles querem, porque ele próprio as deseja. A terra, se estiver razoavelmente satisfeita sexualmente e com uma situação satisfatoria em termos de sua necessidade de estabilidade material, geralmente vai permanecer em relacionamentos que deixariam os outros tipos loucos. Pelo fato de basear a realidade no que esta á sua frente, o fato de o parceiro estar fisicamente presente significa, para ela, que o relacio namento existe. ao mesmo tempo, as nuanças mais sutis lhe escapam, como muitas vezes também acontece com o seu parceiro. Por outro lado, a face intuitiva inconsciente, as vezes, surge como um fascinio por alguém que personifica a vida, a vitalidade e o caos, o que naturalmente

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introduz o caos no seu mundo cuidadosamente ordenado. Muitas vezes esse fascinio é por algum tipo de movimento religioso ou espiritual, e essa é uma das expressões mais estranhas da intuição inferior: um fervor religioso intenso e sincero, porém crédulo. Aqui, a busca intuitiva inconsciente de um significado na vida é estruturada e cristalizada pelos sentidos como dogma, que tenta definir Deus, colocar a realidade espiritual numa forma concreta, e transferir o numinoso para objetos sagrados – em outras palavras, uma adesão a letra da lei, e esquecimento do seu espirito. A Inquisição espanhola talvez seja um bom exemplo da intuição inferior irrompendo numa cultura alta mente orientada para a sensação. A rigorosa e fanatica coerção da crença dentro de uma estrutura, fora da qual qualquer um se torna um herege que deve ser fisicamente destruido, exemplifica admiravelmente a face mais feia da intuição inferior. A maior parte das caças as bruxas – quer sejam dirigidas por um bando de puritanos do século XVII, por um bando de puritanos do século XX usando a máscara do "realismo" exagerado, ou por um bando de velhos dos dois sexos compelidos a enfiar a mensagem cristK pela garganta dos pobres paçãos ignorantes, dos vizinhos e amigos – cheira a intuição inferior projetado em um bode expiatorio conveniente. Mais comumente, a intuição inferior nos tipos de terra mais bem equilibrados se mostra como vagos pressentimentos negativos. O tipo de terra tenta ver o futuro, que volta para ele enegrecido pela fuligem das suas próprias projeções inconscientes, de modo que invariavelmente os outros querem "pega-lo", nada "nunca vai funcionar", e ninguém é digno de confiança. Touro é famoso por seu horror a perder o que possui; Virgem fica imobilizado de terror quando qualquer coisa do seu mundo cuidadosamente arrumado fica ligeiramente desarrumada por causa da intromissão de algum elemento irracional, inesperado; e Capricornio é bem conhecido pelas suas suspeitas das pessoas que possam querer tira-lo da posição que conquistou. Esses, naturalmente, são exemplos extremos. Mas podemos considerar o caso de Richard Nixon que, com o Sol em Capricornio e Virgem no ascendente, tem uma função de sensação forte mente desenvolvida; e é plausivel sugerir que a paranoia e as suspeitas exageradas de uma

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intuição inferior o levaram a adotar os métodos que tiveram como conseqiiência inevitavel a sua queda. A maioria dos tipos de terra não leva vidas tão dramaticas, nem é tão exagerada; mas o mundo obscuro da fantasia é sempre um terror e um fascinio para esse tipo enga nosamente simples. A busca de alguma espécie de realidade espiritual interior é absolutamente necessaria para o tipo de terra para que encontre sua própria inteireza, pois sua mais profunda necessidade inconsciente é a sede de significado, que, se não receber espaço para viver, vai danificar os alicerces concretos sobre os quais construiu sua vida. A terra sente uma atração magnética pelo fogo, e é comum encontrar pessoas com uma preponderância de terra no horoscopo procurando inspi 7Z ração e drama num parceiro de fogo. Os relacionamentos terra-fogo fre quentemente são menos dificeis que os relacionamentos ar-água, porque a sensação e a intuição são o que Jung chama fungões irracionais – isto é, não são irracionais no sentido coloquial, mas não estão preocupadas com o julgamento, quer através de principios ou de sentimento, mas simples mente pegam a experiência e a experimentam. São, portantn, menos pro pensos a tentar mudar um ao outro e, embora haja aljuns diilogos tipicos nesses relacionamentos, geralmente centrados em acusações de um parceiro ser muito confuso e pouco pratico (fogo) e o outro ser muito estreito de mente e escravizado a habitos (terra), este par parece ser mais facil – mas não necessariamente melhor – que o ar-agua. A terra se inclina a achar que esta sempre atras do fogo fazendo a limpeza, e o fogo, que está sendo repreendido e criticado por coisas que considera pequenas e sem impor tância. A terra quer garantias de que o futuro sera seguro, e o fogo ve a vida como um jogo no qual nada é seguro e a verdadeira alegria de viver é dirigir as mudanças criativamente. A terra geralmente se sente a doadora em qualquer relacionamento, porque expressa sua afeição de formas tan giveis; o fogo, por outro lado, geralmente é mais autocentrado e acHá que ele mesmo é sua melhor dadiva. Mas existe um interminavel fascinio entre esses dois tipos opostos, pois o fogo procura a estabilidade e a forma da terra, enquanto a terra anseia pelo drama e pela espontaneidade da grande visão do fogo. O Elemento Fogo: o Tipo Intuitivo

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As percepções do homem não estão limitadas pelos orgfos de percepção: ele percebe mais do que o sentido (embora aguçado) pode registrar. – William Blake

Chegamos finalmente ao elemento fogo, que na realidade começa o ciclo zodiacal com Áries, e provavelmente seja o elemento que mais con funde quando se tenta correlacionar seus atributos tradicionais com os do tipo intuitivo de Jung. Isso acontece em parte porque muitos manuais astro lógicos parecem aceitar literalmente as tradicionais afirmativas de que o fogo é "quente", "manifestativo", "autocentrado" e "afortunado" sem questionar por que ele é assim e o que realmente motiva esse curioso temperamento. Também existe uma confusão consideravel em torno do que Jung quer dizer com intuicao. Ela é comumente associada a médiuns, 77 sessões espiritas e varias outras excentricidades que pertencem mais ao reino do sentimento. Como a intuição é principalmente um processo inconsciente, sua natureza é muito dificil de apreender. A funcão intuitiva

é representada na

consciência por uma atitude de expectativa, pela visão e penetração... a intuição não é a mera percepção ou visão, mas um processo ativo, criativo, que coloca tanto no objeto quanto dele retira . June Singer assim descreve a intuição : ...um processo que extrai a percepção inconscientemente... Assim como... a sensação se empenha em atingir a mais correta percepção da atualidade, a intuição tenta abranger as mais amplas possibilidades . Se isso não é claro para o leitor, não o é ainda mais para muitos

tipos intuitivos que não

conseguem compreender sua constituição psiquica por meio da ciência e da educação ortodoxas – e geralmente alegam que essa função não existe – muitas vezes se sentem inseguros e desconfiados exafamente com relação ao aspecto deles que é mais altamente desenvolvi do. Em geral, a intuição é admitida para as mulheres com certa postura paternalista, pois nunca é levada muito a sério pelos que não estão cientes

de possui-la; entretanto, há tanto homens como mulheres

intuitivos, e eles sofrem por causa dessa falta de entendimento. Os signos de fogo – Áries, Leão e Sagitario – partilham uma vita lidade e uma

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espontaneidade que muitas vezes é alvo da inveja e do res sentimento por parte dos signos mais tranqiiilos. Por dentro são crianças, e tendem a viver num mundo de fantasia em que as pessoas são de fato cavaleiros com cavalos brancos, ou princesas aprisionadas em castelos, ou dragões que precisam ser desafiados e mortos. O tipo de fogo tem uma forte necessidade de mitologizar suas experiências e relaciona-las a um mundo interior que pertence mais ao mundo dos contos de fadas do que a "realidade". Não é de surpreender que tantos tipos de fogo sejam atraidos para o mundo do teatro. O comportamento do tipo de fogo é muitas vezes exagerado, mas é injusto acusa-lo de fazer isso unicamente para se exibir. 8 Psychological Types. 9 BoundÁries of the Soul. 7Q Em geral, esta perfeitamente ciente de sua propensão ao exagero, dramati zação e gosto pelo colorido, mas age mais para si do que para os outros, e é mais importante para ele viver dramaticamente do que aceitar o mundo aparentemente monotoão e algumas vezes ameaçador que os tipos mais pragmaticos querem que ele aceite como o unico mundo real. "Temos mais

facilidade em aceitar o

desagradável do que o inconseqiiente " como diz Goethe. O fogo, na astrologia tradicional, é considerado um pouco insensivel

e

egocentrico, o que sem duvida parece ser quando se trata dos detalhes praticos da vida. Ele possui uma função de sensação inferior, e tende a reprimir sua consciência dos objetos para chegar mais perto da esséncia de

sua situação, de suas

possibilidades e de seu significado num contexto mais amplo. Não é que não possa ser incomodado com detalhes; na realidade, eles ameaçam sua forma de perceber o mundo. O tipo de fogo esta interes sado no futuro e no seu interminavel potencial. O passado, para ele, é como uma novela escrita por outra pessoa, e o presente, uma série de portas que podem levar a qualquer lugar e precisam ser abertas uma a uma. Em confronto com as desagraMveis exigencias do mundo material, o tipo de fogo pode muitas vezes abandonar uma situação e passar para outra, o que lhe vale a reputa@o de irresponsabilidade ou insensibilidade. Ele não é nem uma coisa nem outra; simplesmente não suporta ser aprisionado.

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O tipo de fogo tem uma aptidão para pereeber as subcorrentes de uma situação e chegar a uma conclusão num nivel totalmente incons ciente, de modo que, de repente, eie tem um "palpit " muitas vezes não corroborado pela evidência dos sentidos, mas infalivelmente correto. Isto envolve uma apreciacão dos componentes de uma determinada situação simultaneamente e como um todo, em vez do processo seqiiencial envol vido no raciocinio. Ele aparenta ter uma extraordinaria confiança na "sorte", o que é mais uma convicção inata de que "alguma coisa" – o inconsciente – vai acabar elaborando uma solução para tira-lo de suas dificuldades e preparar o caminho para um futuro roseo. Isto enfurece os outros tipos, pois as bem-sucedidas espiadelas que o fogo dá na esquina do futuro os desconcertam, e seus fracassos os desconcertam ainda mais – porque ele não fica nem um pouco embaraçado. Tudo "vai se ajeitar" mais tarde. Todos os signos de fogo partilham uma espécie de joie de vivre, uma irreprimivel confiança infantil na generosidade do destino; e quem tem deficiência desse elemento pode perfeitamente ficar pasmo com a iI forma como o fogo joga com dinheiro, tempo, emoção, energia e as vezes com pessoas. Tudo para ele é um grande jogo, e o objetivo não é vencer, mas ter estilo. Muitas vezes o fogo evita os caminhos mais convencionais da aspi ração religiosa, porque não suporta ver a vida aprisionada na forma, e também esta instintivamente mais proximo do centro por causa de sua inconscientc. Muitas vezes, vamos encontra-lo no mundo

aberiura para o

dos negócios e das

fina.nças, no qual ele pode satisfazer seu instinto de jogo elaborando magicas com empresas e fortunas. É frequente ele chegar ao topo nessas areas, porque não está muito seriamente preocupado com os resultados. O tipo fogo mais introvertido tende a expressar sua percepção das correntes invisiveis da vida através da devoção ao seu próprio e singular caminho espiritual, ou através das artes, em que o mundo interior das imagens e simbolos prende sua atenção. Através da arte, consegue criar uma realidade que exirai a essência da experiência diaria de vida e forma um mito que transcende as limitações da época historica na qual vive. ão lado dessas virtudes incomuns, o tipo de fogo também possui alguns vicios um tanto dramaticos, bem exprimidos nos atributos tradi cioaais dos signos de fogo: Áries tem a fama de ter um individualismo exa gerado e uma tendência quixotesca a

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investir contra moinhos de vento quando todas as outras pessoas só querem um pouco de paz e sossego; Leão é conhecido por seu autocentrismo algumas vezes ditatorial e pela suposição tacita de que, como é um filho dos deuses, ninguém mais pode ser; e Sagitirio é notorio pela irresponsabilidade de suas promessas, o horror a rotina e a sua tendência ao exagero e aos "modismos". Em outras palavras, o fogo tem problemas em lidar com o mundo

que,

infelizmente para ele, esta cheio de objetos e da presença de outras pessoas; e precisa conquistar o mundo em grande estilo ou retirar-se dele e refugiar-se em suas visões. O mundo pode parecer frustra-lo a toda hora. Essas frustrações podem assumir a forma de estruturas governamentais, leis de transito, hnpostos, contas, necessidade de ganhar dinheiro e do problema de lembrar de se alimentar, vestir e cuidar do corpo. O mundo da sensação é frequentemente uma verdadeira pedra no caminho do tipo de fogo. Isto não se aplica somente a objetos, mas também i sociedade, que em geral é conservadora, pelo menos vmtc a cinqiienta anos atras da veloz intuição do fogo, e consequentemente insensivel as promessas de suas idéias e visões. O tipo de fogo pode ser maravilhosamente bem-sucedido nos negocios – se o deixarem especular em vez de ficar preso a detalhes – ou pode ter uma clara percepção

dos mais profundos manânciais da sua vida

espiritual; entretanto,

freqiientemente, não consegue sair de casa sem esquecer as chaves do carro ou a carteira, ou passar por uma rua sem come ter alguma infração de transito – se ele conseguir fazer o carro pegar. É esse tipo de comportamento que muitas vezes lhe da a sensação de que a sociedade está contra ele, ou esta denegrindo seus esforços. Mas, na ver dade, seus sentidos inconscientes é que estão contra ele. Também Há mui tos tipos de fogo que conseguem funcionar satisfatoriamente em socie dade, mas encontram o seu maior inimigo em seu próprio corpo. Nesse caso, isso aparece como apreensão com a doenca fisica ou hipocondria,

que precisa ser compensada por umz enérgica

disciplina atlética ou dieté tica; ou como um sentimento subjacente, e muitas vezes profundamente inconsciente, de fracasso sexual, o que cria muita dificuldade nós rela

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cionamentos. O tipo de fogo é mais propenso ao que gostamos de chamar pro blemas sexuais, que não são tanto problemas mas sim um indicio do quanto ele próprio e os outros não entendem suas necessidades. Quase sempre, o sexo para ele significa algo diferente de um simples ato fisico; é um simbolo, como o é tudo que afcta seus sentidos, e o elemento de fantasia em seus relacionamentos em geral é muito forte. Isto geralmente parece, de alguma forma, "pervertido" para os tipos mais prosaicos. Na verdade, os elementos de expectativa, antecipação e fantasia romantica e erotica muitas vezes são muito mais importantes para o tipo de fogo do que o ato fisico em si mesmo. Isto se torna um problema quando Há extre mismo, e ele não consegue mais se relacionar a não ser através da fantasia. Como é comum que escolHá um parceiro orientado para a sensação , sobre o qual ele projeta sua função inferior, o fogo pode ficar ressentido porque acHá que se espera dele um bom desempenho – essa situacão pode

ter conseqiiências

desastrosas. A impotência e a frigidez, termos que tendemos a usar em relação a problemas fisicos, são comuns com os tipos extremamente igneos, mas a dificuldade não é realmente fisica. O fogo simplesmente não consegue ter um bom desempenho a não ser que sua imaginação o acompanhe, e se não conseguiz aprender a apreciar a experiência sexual como um prazer, ele pode culpar o parceiro pelo seu fracasso. É preciso que ele aprenda a se relacionar com o corpo pelo corpo; de outra forma, pode ser levado a procurar sucessivos relacionamentos, sempre buscando a imagem ideal que, no fim das contas, existe em sua própria psique; e nenhum parceiro vai satisfaze-lo, porque a experiência fica sempre abaixo da expectativa. O fogo muitas vezes supercompensa seus sentimentos de inferio ridade sexual "provando-se"; assim, temos o Don Juan nos dois sexos, procurando a confiança por meio da conquista. Como as situações romanticas, para os tipos extremamente igneos, podem começar como um conto de fadas e terminar como uma prisão, as vezes ele não é confiável nos relacionamentos. E como também tem um problema para articular suas neces sidades – sendo muitas vezes incapaz de objetiva-las, seu parceiro pode ficar sem saber as razões por que ele começou a se afastar. Em geral a res posta é: "Não sei"d sá que esta faltando alguma coisa nesse relaciona mento."

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O que está faltando é sua crença de que não Há mais possibili dades para explorar. Também é o tipo de fogo que receia ser controlado através de sua sexualidade, e que muitas vezes se envolve em lutas de poder nos relacio namentos, pois precisa estar no comando para se proteger. Ou ele pode ser altamente inibido na expressão do afeto fisico, o que é aceitável para um parceiro compreensivo, mas altamente destrutivo para um filho. O tipo de fogo é mais propenso que qualquer outro a subitas pai xões fisicas – que ele chama amor –, que o fazem romper os relaciona mentos existentes um tanto brutalmente, para ir ao encalço do objeto desejado. Esse entrecho lamentavel freqiientemente termina com a triste descoberta de que "de noite todos os gatos são pardos", e o novo objeto de amor não é mais satisfatório que o antigo. Qualquer pessoa familia rizada com a vida de Henrique VIII vai reconhecer esse padrao, que parece

corresponder bem a seu ascendente sagitariano e seu temperamento

intuitivo extrovertido. Também existe um tipo de fogo ascético, intensamente motivado espiritualmente e capaz de reprimir ferozmente sua sensualidade por acreditar que ela seja ma. A classica historia de Lewis, The Monk, é um excelente exemplo desse padrao, assim como da tipica vingança de um inconsciente violentado. Podem-se ver facilmente, a partir dessa descrição, os problemas tipicos dos relacionamentos terra-fogo, já mencionados. Esses relaciona mentos muitas vezes tem uma qualidade altamente magica ou compulsiva, mas, uma vez firmados, surge um padrão comum. O coração do tipo de fogo é sincero mas é sincero em relação a um ideal e não a um individuo;e, a não ser que consiga estabelecer algum contato com a realidade dos senti dos, ele esta sujeito a perder sua confiança infantil no felizes-para-sempre. O resultado vai ser uma série de relacionamentos rompidos e uma sensação de não ter construido nada permanente em sua vida. Se o fogo não quiser que suas experiências sejam "como uma historia contada por um idiota, cheia de sons e furia, sem nenhum significado", precisa aprender a enten der seu lado sombrio, para poder ancorar suas visões e construir algo de

t

valor no mundo. Seus sonhos são

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necessários para o mundo, mas precisam ser comunicados com alguma adaptação aos termos do mundo. 82 Podemos, agoza, ver mais claramente os problemas dos quatro temperamentos: cada um deles ve, e valoriza, um diferente aspecto da realidade e tende a presumir que a sua é a unica realidade. As descrições que demos dos quatro tipos são caricaturais, e foram propositalmente

exageradas; raramente serão

encontradas no mundo real, porque nenhum indivíduo é totalmente composto apenas de um elemento, ou de uma função psicológica. 8 preciso lembrar que possuimos todas as quatro, mas inevitaveImente havera um desequilibrio para mais ou para menos, e uma função vai ser muito mais desenvoIvida, enquanto outra perma necera relativamente inconfiavel. Também é preciso lembrar que, por volta dos trinta anos, a maioria das pessoas tem pelo menos duas dessas

funções da consciência

desenvolvidas em grau razoavel, uma função "superior" e uma "auxiliar"; a segunda respalda e enriquece a primeira, de modo que nossa visão se toma mais extensa. Essa função "auxiliar" nunca é oposta a função dominante; por exemplo: se o pensamento é o principal modo de se relacionar com a vida, ele sera respaldado pela sensação ou pela intuição, mas nunca pelo sentimento. O mapa de nasci mento muitas vezes da uma clara indicação desse padrão de desenvolvi mento através da proeminência relativa de um segundo elemento. Assim, podemos falar de mapas ar – fogo, sugerindo o pensador intuitivo; mapas ar – terra, descrevendo o pensador empirico; mapas agua – fogo, expres sando o sentimento intuitivo; e mapas água – terra, retratando o senti mento sensorial. Algumas vezes o mapa de nascimento mostra um predominio de dois elementos, implicando um equilibrio de duas funções opostas, como ar-agua ou fogo – terra. Isso quase sempre sugere uma grande tensão dentro do individuo, pois um dos lados desse par de opostos provavel mente vai ser expresso como função dominante e o outro como função inferior. Os impulsos psicológicos simbolizados pelos planetas no elemento "perdedor" vão então operar inconscientemente, mas, como são poderosos no mapa de nascimento, não podem ser evitados, e o problema da inte gração da função inferior se torna critico. Quando um elemento é fraco ou

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esta ausente no mapa, a função simbolizada por eie geralmente vai ser fra ca; mas o indivíduo pode conseguir evitar o problema durante muito tempo. Quando os opostos estão presentes no mapa, geralmente o problema é identificado no começo da vida e permanece até o fim, muitas vezes de modo altamente criativo. Somos sempre inconscientemente atraidos pelo que nos falta, e esses quatro temperamentos são inexoravelmente atraidos por seus opostos

porque os

relacionamentos desse tipo proporcionam a oportunidade de desenvolver uma maior integração interior. Existe, quase sempre, muita projeção nessa espécie de relacionamento, e os problemas começam quando cada um dos indivíduos tenta reformar seu parceiro. Na verdade, eles estão tentando reformar a si proprios, o que é totalmente possivel desde que percebam o significado de suas etemas criticas. Se conseguis semos ficar no topo de nossa pequena montanha e olhar a paisagem perce bendo que os outros ficam em topos diferentes vendo paisagens diferentes, poderiamos compreender que a riqueza da vida só se torna acessivel quando existe uma partilHá de diferentes realidades e quando se admite o mérito dos valores dos outros. E não podemos fazer isso enquanto não pararmos de desdenhar, rejeitar e recear a nossa "inferioridade" interior. O fogo aprendera a viver com seu parceiro de terra, e aprendera com ele, somente quando se dispuser a vivenciar ao maximo os seus sentidos, reco nhecenda a sua importância; a texra só aceitara seu parceiro de fogo, e aprenderá com ele, quando enfrentar seu práprio anseio profundo pela liberdade e admitir que a visão é tão importante quanto a forma que a hospeda. A água poderá aprender a se relacionar com o ar. e a valorizá-lo, quando entender que nem tudo na vida é avaiiado em termos das próprias respostas emocionais pessoais; e o ar começara a entender a agua e apren dera com ela quando admitir suas próprias necessidades emocionais e reco nhecer que os relacionamentos são um campo de experiência humana tio valido quando o mundo das idéias. O iMapa de Aascimento e os Tipos Psicológicos É sempre dificil "tipificar" um mapa, e isto geralmente não pode ser feito sem algom conhecimento pessoal do

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individuo. Na verdade, se quisermos usar a astrologia de uma maneira produtiva para ajudar no processo de autocompreensão, primeiro precisaremos ser capazes de nós relacionar com o indivíduo e experimentar diretamente alguma coisa de

sua

identidade, antes de examinar o mapa natal para ver como essa reali dade vai ser expressa. A pessoa vem antes do mapa, fato que muitos astro logos tem tendência a esquecer. Deve-se lembrar que esse mapa poderia igualmente ser o de uma galinha, um cavalo, um prédio, uma companhia de opera; é o refiexo de um ponto no tempo. O mapa não é humano; o individuo, sim. O horoscopo mapeia um conjunto de potenciais, mas não se pode dizer o que o indivíduo fez com aquele potencial. E Há muitos fatores importantes que não estão refletidos no mapa, sendo o mais impor tante o sexo do individuo. 84 Homens e mulheres tendem a reagir a diferentes aspectos do mapa natal, e criam uma vida real muito diferente a partir desse mapa de pos sibilidades. Não se trata simplesmente de contar o numero de planetas que ocupam um detenninado elemento, pois os planetas especificos, assim como o sexo do individuo, vão afetar essa contagem. Para um homem, os planetas masculinos, como o Sol e Marte, parccem ser mais "acessfveis" – isto é, as energias que esses planetas simbolizam são mais prontamente acessiveis a consciência masculina. Os planetas femininos, como a Lua e Vênus, parecem ser mais acessiveis a consciência feminina. Como já t

vimos, os planetas se agrupam em masculinos e femininos, da mesma forma

que os signos, e pode-se dizer que o principio da feminilidade é simboli zado pelos seis signos fcmininos: Touro, Câncer, Virgem, Escorpião, Capri cornio e Peixes, e pelos quatro planetas femininos: Lua, Vênus, Netuno e Plutão. Pode-se dizer que o principio da masculinidade é simbolizado

pelos seis signos masculinos: Azies,

Gêmeos, Leao, Libra, Sagitario e Aquario, e pelos quatro planetas masculinos: Sol, Marte, Jupiter e Urano. Mercurio é um planeta androgino e parece relacionar-se com a sintese; e Saturno, o mais misterioso dos planctas, pode ser considerado feminino

mas

aparentemente passa de um lado para outro e também é um pouco andrógino. Muitos outros fatores afetam o equilibrio de elementos no mapa natal. Não se pode desenvolver uma fármula para extrair o tipo psico lágico de um indivíduo a partir

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do horáscopo; primeiro deve-se sentir o individuo, e então aplicar esse conhecimento ao mapa. De outra forma, a tipologia de Jung se torna estrutura inanimada, e não uma realidade viva que serviu de base ao seu trabalho. É preciso muita intuição para ver que partes do mapa foram "acentuadas" pelo desenvolvimento na consciencia. As pessoas, às vezes, também se supercompensam quando percebem uma carência em si mesmas, e essa tendência é peculiar a natureza humana mas não refletida no próprio mapa. Por essa razao, um horáscopo vindo pelo correio, baseado nos dados de nascimento mas sem o conhecimento direto do individuo, tem a proba bilidade de ser um triste fracasso do ponto de vista da investigação psico logica. A astrologia usada dessa forma é um interessante mapa caracterolo gico, mas de pouca valia como irmtrumento para ajudar o indivíduo em sua jornada para o desenvolvimento pessoal. Mas, uma vez que haja alguma noção da orientação do individuo, o que deve vir do contato pessoal e não do mapa, é fácil ver como os planetas nos elementos "inconscientes" pro vavelmente vão funcionar e o que pode ser feito para ajudar a integra-los. Sem duvida, o predominio de um determinado elemento sugere que essa j l função da consciência precisa ser desenvolvida, mas ela pode não se prestar a tal desenvolvimento sem um esforço consciente, principalmente se for uma função "indiferenciada". Existe outro problema na "tipificação" do mapa, fenomeno que June Singer, em The BoundÁries of the Soul, c4ama o tipo virado. Esse é o indivíduo que, por temperamento natural, deveria ter desenvolvido uma determinada função, mas que, por causa da influência de um genitor particularmente poderoso, ou das pressões sociais ou educacionais, foi forçado a violar sua inclinação e a desenvolver uma outra função em seu lugar, freqiientemente a "inferior", para sobreviver psicologicamente. Isto sempre acarreta grandes prejuizos e um forte sentimento de inferio ridade, pois se a pessoa se identifica com o que ela faz de pior, é inevitavel pagar um preço. O processo de romper as camadas que mascaram a iden tidade verdadeira não é ficil, e muitas vezes o indivíduo não é capaz de realizá-lo sozinho. Aqui, o mapa fornece

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pistas significativas, pois, quando Há predominância de um dado elemento, não desafiado por uma enfase simultanea do elemento oposto e, entretanto, o indivíduo não está usando a primeira, Há uma forte sugestão de que algo interferiu na linha natural de desenvolvimento. Por exemplo: um indivíduo cujo mapa mostra uma inclinação para o elemento agua e nenhuma enfase em ar, mas que está alienado de sua natureza sentimental e acHá dificil lidar com suas emoções, pode ser suspeito de ser um "tipo virado". Algumas vezes o "tipo virado" é produzido por algo mais complexo que um genitor insensivel. Em nossa sociedade, tendemos a presumir – possivelmente não sem razões historicas e biolágicas, mas talvez com expectativas injustificadamente rigidas – que o mundo do pensamento e da sensação pertence aos homens, e o mundo do sentimento e da intui ção as mulheres. Isso pode ser verdadeiro em geral, num nivel arquetipico; pode ter sido verdadeiro na maior parte da nossa historia. Mas é possivel que a divisão esteja menos acentuada do que antes e pode não se aplicar ao individuo, que sempre contém todas as potencialidades em sua natu reza. Existem razões para supor que quanto mais dominados somos por nossa herança biolágica e historica, menos somos capazes de usar o es quema individual do mapa de nascimento; e também existem razões para supor que parte do que o Zeitgeist contemporaneo envolve é a capacidade

de equilibrar essa herança com uma

crescente percepção do potencial de desenvolvimento individual. Há tantos homens nascidos com tendência a função do sentimento quanto mulheres, e tantas mulheres com incli nação para a função do pensamento quanto homens. Embora antiga mente possa ter sido dificil para o indivíduo transcender os fatores circuns RC tânciais e lançar mão dessa inclinação para a sua própria expansão, tal transcendência parece ser cada vez mais possivel na medida em que iagres samos numa nova era do desenvolvimento da consciência humana. O apelo do passado cria sua prápria dor. O homem orientado pelo sentimento, por exemplo, com preponderância de igua no mapa natal, ou o intuitivo, com preponderância de fogo, em geral aprende bem cedo na vida que os outros vão

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considera-lo fraco, afeminado, covarde, irracional ou um homossexual latente se der livre curso i sua predisposição natural. Esses homens, as vezes, aprendem a ser muito diferentes de seu tempe ramento natural, para se portar como um homem "deve". O próprio pensamento negativo do tipo sentimental vai ajuda-lo a chegar a essa con clusão, ja que ele é terrivelmente dado a absorver os valores sociais em bloco, sem refietir sobre eles e sem questionar a aplicabilidade a sua situa ção particular. E o sentimento de inadequação do tipo intuitivo a respeito de sua "capacidade" freqiientemente vai levalo a questionar o valor de suas visões. Ocorre, então, uma enorme divisão entre a identidade real e a mascara e uma carência muito desagradavel que a pessoa sente que precisa supercompensar. Isto também se aplica i mulher yensativa e i sensorial, muitas vezes descritas como "brutais", frias, ambiciosas, sem coração, sem

feminilidade, diffceis e

neuráticas, se seguem suas inclinagões rio mundo das idéias e da realização mundana. O sentimento inferior conspira para ajudar a mulher de pensamento em sua faJta de auto-aceitação, porque ela se sente inadequada nos relacionamentos; e a intuição inferior muitas vezes vai convencer a mulher com a sensação de que ela é apagada, cansativa, sem imaginação e capacitada apenas a servir os que possuem maiores dons. Essas mulheres podem se tornar amazonas encouraçadas, ou tentar desenvolver a função "inferior" desempenhando o papel da mae e esposa arrogante e ambiciosa, usando uma mascara de sentimento e efusiva demonstração emocional sobre a determinação fria e dura de fazer alguma coisa de seus filhos, de seu marido e de qualquer pessoa que venha a ser sua propriedade. De alguma forma, é preciso encontrar o delicado equilÃ)rio entre o sexo fisico, com sua concomitante inclinação psicoIo gica, e a disposição intrinseca sugerida pelo horoscopo no nascimento. Esta não é uma tarefa pequena, principalmente se esses fatores estiverem em oposição. Entretanto, essas oposições, se tratadas gentilmente, com compreensão e sem vioIentar qualquer um dos polos, podem levar a um indivíduo verdadeiramente equilibrado e enriquecido. O mundo esta cheio de "tipos virados", que causam danos a si e aos outros sem

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perceber que o verdadeiro ser esta aprisionado e sofrendo sob a impenetravel armadura das expectativas dos outros. O conselho de Jung é "seja o que voce sempre foi", e este é o verdadeiro caminho para a integração interior e para o relacionamento com os outros. Uma das maiores vantagens do mapa, com seus padrões entremesclados, principal mente se tomado em conjunto com a tipologia, é que pode proporcionar um quadro mais rico e mais abrangente daquilo que a pessoa sempre foi – que é também o que ela potencialmente seria. nn 4 A Belae a Fera 8 vão tentar endireitar a sombra, se o corpo que faz a sombra é torto. – Stefano Guazzo 1

Alguma compreensão da natureza dos tipos psicológicos nos facilita

l

a

abordagem do ambiguo dominio do lado destrutivo da natureza humana, que Jung chama sombra e na astrologia esta associado a Saturno, o Habi tante do Umbral. "Ve bastante quem de fato ve sua escuridao", t diz Lord Herbert de Cherbury, mas embora esta pareça uma tarefa I relativamente simples, a maioria de nós faz de tudo para evita-la. Diversas pessoas, muito compreensivelmente, desejam deixar em paz os caes ador mecidos, e contanto que as coisas não se tornem muito insuportáveis, existe uma certa sabedoria nessa atitude – até um certo ponto. E muito mais agradavel achar que se é um sujeito bom e decente – talvez com alguns defeitos, mas hasicamente corrcto –, é muito mais facil, também, supor que o governo, os negms, os hippies, os comunistas ou os imigrantes criaram iodo o mal no mundo. Para algumas pessoas, é mais ficil supor que o Demonio criou todo o mal no rnundo, tirando wsim dessa questão, ao rnesmo tempo, a responsabilidade humana. Infelizmente, as conseqiiências desse tipo de apatia e cegueira podem, embora não atingindo o indivíduo durante muitos anos e as vezes mesmo durante a vida toda, desembocar na formação

de um problema

social importante e mesmo

devastador. Todos estamos bem familiarizados com esse tipo de atitude – se não acontece na porta da minha casa, não há hipotese de ser minha responsabilidade; e

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é só quando sua própria escuridão o alcança e o submerge que o indivíduo começa a se questionar. Edward Whitmont descreve o fenomeno da "proje@o da sombra", como é conhecido na psicologia analitica, de forma muito adequada, em seu livro The Symbolic Quest: Esse tipo de situação é tão clássico que quase se poderia fazer um jogo de salão com ele – se se quisesse procurar a ruina social. Peça a alguém para dar uma descrição do tipo de personaiidade com quem acHá mais impossivel se entender, e ele vai fazer uma descrição de suas próprias caracteristicas reprimidas – uma

autodescrição totalmente inconsciente e quo,

portanto, sempre e em toda parte o tortura, a medida que recebe a sua influência vinda da outra pessoa. Infelizmente, embora esse lado sombrio da personalicade costume ser "totalmente" inconsciente no individuo, não é tão oculto para os outros, e quanto mais inconsciente e reprimido for, tanto mais obvio sera para os outros. Muitas vezes ouvimos um homem declarar: "Sirnplesmente detesto as pessoas despoticas; elas tornam a vida dos outros miserivel" e, então, em outra ocasião, sua esposa ou um amigo diz: "Bom, ele ás vezes realmente se comporta como um tirano, mas sempre que tento lhe dizer isso, ele fica furioso e não Há jeito de eu me fazer entender." Pode ser

alguém autoritario, pregu!çoso, estupido, egoista,

preconceituoso, de mau genio, dominador ou insensivel que nos deixa loucos, mas a cegueira quanto ao próprio lado sombrio – e a projeção desse lado sobre os outros – é incrivelrnente comum, e poucos de nós estão isentos dessa expressão. O que geralmente não fazemos, com ocasianais exceções, é entender o que significa. É importante compreender um pouco das implicações da sombra antes de examinarmos o mapa astrológico para ver que indicações podem ser tiradas dele. O ideal, talvez, fosse não precisarmos de coisas como horoscopos para nos ajudar a ver nossas sombras: mas a sombra, como seu l. 17ie Symbolic Quest, Edward Whitmont, Nova Iorque, GZ. Putnams Sons, 1969.

OA

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nome implica, é quase sempre inconsciente, e não é uma questão de vontade ou perspicácia intelectual, nem de boas intenções, quando se tenta lidar com esse aspecto extremamente desagradavel da personalidade. Naturalmente, o caminho para o inferno esta cheio de boas intenções e, com certeza, também de perspicacia intelectual. A sombra é um probiema moral que desafia toda a personalidade rio. O modo particular de expressão de cada uma dessas energias dinamicas é refletido pelo signo no qual o planeta esta colocado. Por exemplo: Venus em Libra sugere que o impulso para o relacionamento se expressa com a coloração do equihbrio estético,

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do refinamento, da gentiIeza e das "boas maneiras" – por causa da qualidade leve, aérea de Libra. Como caracteristica geral de sua natureza, o indivíduo com Venus em Libra se relaciona com as coisas e com as pessoas (quer a relação seja fisica, emocional, mental ou intuitiva) com uma certa graça e estilo, seguindo certos principios estéticos. Por outro lado, colocado em Touro, um signo de terra, Venus tende a expressar o impulso para o relacionamento de uma forma sensual, terrena, fisica, "natural", simples. A expressão de um planeta através de um signo, assim, reflete certas qualidades da composição psicológica do individuo, certos valores de determinados aspectos da vida; e é um fator importante na comparação de mapas. A vida é, em geral, mais facil quando um parceiro é suscetivel ao modo de expressão especifico do outro, ou pelo menos capaz de aceitá-lo. Uma mulher com Venus em Libra pode ser sexualmente suscetivel num ambiente harmonioso, com luz de velas, Çores, um cenario romantico, uma poética declaraqão de amor; uma mulher com Venus em Touro pode descobrir que responde sexualmente na proximidade da natureza a um parceiro que manifeste o amor ao prazer, ao efeito que tem sobre seus sentidos a visão, o cheiro, o tato de um saudavel corpo masculino. Isto 8 uma questão de estilo; isto nos diz algo sobre os valores da pessoa, suas inclinaqões naturais nos relacionamentos, mas somente de uma maneira geral, devendo ser considerado no contexto do mapa. Como já vimos, cada temperamento experimenta a vida diferentemente, e a sexualidade é um componente integral da vida. Nenhum julgamento de valor, principalmente em termos de "normalidade" ou "anormalidade", pode ser imposto a colocação do signo de Venus no mapa de nascimeato. Ele simboliza uma determinada expressão de energia, que o indivíduo pode utilizar como bem quiser ou, algumas vezes, como é compelido a usar por fatores inconscientes da psique. De acordo com a astrologia tradicional, a compatibilidade sexual é geralmente indicada pelo Venus de uma pessoa contatando o Marte da outra de maneira harmoniosa; o refinamento romantico da mulher com Venus em Libra pode despertar a resposta em um homem com Marte em Libra, que expressa sua masculinidade com o mesmo tipo de refinamento. Mas isso não nos fala das correntes mais profundas operando no relacionamento, ou do relacionamento

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interior que os dois parceiros tem, ou nfo, com a anima e o animus. Os dois parceiros podem gostar de velas e lençois de cetim, rnas muitos casamentos naufragaram na cama por causa de ressentimentos e raiva enterrada originarios de uma fonte totalmente diferente – muitas vezes nada tendo a ver com o parceiro, e sim com o fantasma de um genitor. Na astrologia ortodoxa, determinadas configuraqões planetarias tem uma reputação mais ou menos desagradivel, preiensamente significando "anormalidades" sexuais. Ler os velhos textos sobre o assunto é mais ou menos como ler uma compilação médica de doenças; quando voce termina, tem certeza de que sofre de todos os sintomas enumerados. O seguinte aforisma inestimavel aparece num livro impresso recentemente, em 1963: Quando Venus está em conjunqão com Saturno e aspectando o regente do ascendente, o nativo se inclina a sodomia, ou gosta de mulheres velhas e de feiqões duras, ou de moças pobres e sujas . Devemos lembrar que a astrologia não deve ser culpada pela duvidosa objetividade de tal afirmação, mas sim o indivíduo que formulou sua curiosa interpretação de determinados dados. Podemos ouvir afirmativas semelhantes – em trabalhos psicológicos, sociológicos, médicos, mesmo teológicos, mais do que astrológicos – partindo de muitas outras mentes modernas estudadas e esclarecidas. Nos velhos manuais de astrologia, Saturno e os planetas exteriores – Urano, Netuno e Plutão – são notorios por "causar perversões", principalmente se estão em aspecto com Venus. De fato, essas combinaqões realmente surgem com suspeita freqiiência no mapa de indivíduos que procuram aconselhamento para problemas sexuais. Mas alguns aspectos também ocorrem freqiientemente quando o problema é expresso através de alguma área da vida emocional, e não através das atividades sexuais. Exceto para quem esta acorrentado ao pensamento freudiano, no qual tudo é, em ultima analise, o simbolo de alguma coisa sexual, o que esta implicito é simplesmente que contatos entre Venus e esses quatro planetas afetam a função de relacionamento da psique de uma forma especial. Não são necessariamente indicativos de disturbio sexual, embora este possa ser um modo possivel de

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expressão da energia gerada. Os aspectos Venus-Saturno – principalmente a conjunpo, a oposiqão e a quadratura – assim como os aspectos Marte-Saturno – realmente parecem ter alguma ligaq o com a impotencia e a frigidez. Mas por que? Os planetas não nos tornam nada; são simbolos de determinados padrões de energia psiquica. Entretanto, se nos lembrarmos das coisas as quais esses planetas remetem, o eniyna se torna mais compreensivei, pois en2 Astrology and Human Sex Life, Vivian Robson. Londres, W. Foulsham & Co., Ltd., 1963. quanto Marte e Venus são simbolos da expressão masculina e feminina, Saturno simboliza, entre outras coisas, o medo, a necessidade de autoproteção, a compulsão para a defesa. A mulher cujo mapa de nascimento mostra uma quadratura VenusSaturno pode se sentir profundamente inadequada e incerta de si mesma enquanto mulher, quer esteja ou não consciente desse sentimento; sua capacidade de se reIacionar – principalmente como companheira amorosa representada pelo homonimo arquetipico, mitológico do planeta – foi apanhada pela sombra. Pode, assim, ser inconscientemente usada peio lado sombrio inferior de sua natureza como um instrumento de controle nos relacionamentos, um fator inibidor, mais do que como uma expressão consciente de partilHá e participação. Venus-Saturno não diz nada sobre o desempenho sexual da mulher; mas sugere, efetivamente, alguma coisa sobre sua atitude para consigo mesma enquanto mulher, que em geral é de alguma forma prejudicada. Assim, podemos facilmente compreender a frigidez quando lembramos que é o simbolo fisico de um estado psiauico, a própria palavra é uma imagem descritiva não do corpo, mas dos sentimentos, que de alguma forma esfriaram e permanecem não apenas inconscientes, mas muitas vezes também muito infantis. Para compensar, a mulher pode encobrir esse fato, tomar emoção por sentimento, exibir aparente insensibilidade, rudeza ou sofisticaqio; ao mesmo ternpo, entretanto, permanece sem contato com a criança amedrontada e vulneravel aprisionada na escuridão do inconsciente. Não é de surpreender que o corpo não responda. A união sexual é a forma mais

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completa de partilHá que conhecemos, mas requer um grau de maturidade que a criança amedrontada não possui. Por outro lado, a mulher com Venus-Saturno pode funcionar muito adequadamente no nivel puramente fisico, pois a combinação, como já observamos, não reflete necessariamente uma condição fisica. Contudo, muitas vezes Há alguma limitaqão, alguma restrigão ou autodefesa nos relacionamentos, alguma recusa de sua capacidade de partilhar com o outro. Que Venus-Saturno tenha a fama de egoismo se toma assim compreensivel, se lembrarmos que é o egoismo da criança insegura – que, não tendo certeza de ser amada, se recusa até obter provas concretas de estar a salvo. Os aspectos Marte-Saturno no mapa de uma mulher sugerem uma coisa muito diferente. Aqui, o problema não é a relação com a feminilidade, mas com a masculinidade; é o animus que precisa ser trazido à consciencia. Nesse caso, a imagem do homem como amante, simbolizada por Marte, esta matizada pela sombra. Em conseqiiencia, a mulher pode perceber a imagem através da escuridão do seu próprio lado inferior, de modo que a imagem e a escuridio que a tolda se tomam sinonimos; e, se as duas coisas forem projetadas nos homens, eles não vão parecer muito simpaticos. O animus pode parecer ser brutal, violento, repressivo, tiranico e insensivel, ou, alteznativamente, fraco, abjecto e ineficaz. A não ser que se torne consciente, a sombra se aprópria, para suas próprias finalidades, dos dons inerentes ao lado masculino da natureza da mulher, e os emprega como instrumentos de autoridade ou controle. A frigidez sexual, então, toma-se um meio de impedir o homem de ser homem, um meio de paralisar o seu poder, de privá-lo daquela submissão final que, inconscientemente, a mulher teme que ele procure, nunca chegando a perceber que, para ele, o ato sexual também pode ser uma experiência de submissão. As mulheres Venus-Saturno podem ser frias porque não aprenderam a confiar na própria feminilidade, a admiti-la ou aceita-la. As mulheres MarteSaturno, por outro lado, podem ser frias porque nunca aprenderam a confiar nos homens; se deparam constantemente com a projeção da sua própria figura do animus, não muito confiavel. Ou pode ser que elas funcionem perfeitamente na área sexual, tendo aprendido a discutivel habilidade de desvincular a resposta fisica do sentimento, mas sempre vão

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procurar controlar o relacionamento em outros niveis, com o intuito de se proteger da dominação projetada. Esses aspectos de Saturno raramente são faceis de lidar, e geralmente exigem muita auto-reQexão e a investigação das imagens e motivaqões inconscientes, antes que o planeta "preso" – Venus ou Marte – possa ser libertado. Mas aqui, como sempre, Saturno desempenha o papel de Lucifer. Muitas vezes ele refiete a frustraqão, a solidão e o desapontamento através dos relacionamentos sexuais, colocando a mulher de joelhos, mas isto tem um proposito: que ela possa começar a olhar para dentro de si mesma e aprender o verdadeiro significado de sua sexualidade de forma consciente. Como nos dizem os contos de fadas, a sombra é, em segredo, um amigo e um guia, e quando determinados aspectos aparecem no mapa de nascimento, a sexualidade pode ser um reino que exige ser explorado em beneficio do autodesenvolvimento Vistos por este prisma, os aspectos de Saturno a Venus ou Marte podem ser instrumentos valiosos para o crescimento e o auto-enriquecimento; e a expressão sexual, talvez prejudicada a principio, pode se tomar um caminho através do qual a mulher pode descobrir uma satisfacão muito maior e um significado para a sua vida. No mapa de um homem, a situação se inverte. Marte, no mapa de um homem, é um simbolo de sua virilidade, de sua expressio masculina, e quando esta associado a Saturno, ele pode estar nas garras de sua sombra. Isto pade gerar uma passividade incficaz, com ressentimentos fervendo em segredo no inconsciente. Alternativamente, pade provocar superagressividade, para compensar o sentimento debilitador de inadequação. Os aspectos Marte-Saturno parecem ter uma ligaqão com a impotencia, porém novamente consideramos o termo como simbolo de uma atitude psicológica – a impotência do ego consciente de expressar o principio masculino na vida. A impotencia fisica pode ser um subproduto, mas o Don Juan não é nem um pouco menos tipico Tampouco é o valentao, ou o homem dominado emocionalmente por suas mulheres.

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Masculinidade significa saber o que se quer e o que é necessario fazer para atingi-lo . É esta capacidade de saber e agir que é prejudicada quando o homem perde contato com sua masculinidade, ou quando esta sendo usada pela sombra para conseguir poder. Mas Marte-Saturno reflete a dificuldade com o principio masculino, não com o desempenho sexual – quo, afinal, é um entre muitos simbolos usados pelo indivíduo para expressar sua condição de homem. Parafraseando a observação citada acima, até o penis é um simbolo fálico. Os aspectos Martc-Saturno também parecem ter alguma ligação com a violencia e com aquele par de opostos que chamamos sadismo e masoquismo. Precisamos lembrar da função compensatória do inconsciente; assim, um polo dessa dualidade não pode existir em nivel consciente sem que seu oposto seja constelado no inconsciente, aprisionado na escuridão e projeiado. Mais uma vez, essas duas manifestaqões do comportamento sexual são simbolos de estados psiquicos: se vace se sente impotente e desamparado diante da realidade, pode au abaixar a caber,a e pedir punição por seus pecados, ou sair para conquistar e, se necessario, destruir o mundo, com o intuito de superar o senso de inadequação. Como "perversões" sexuais, o sadismo e o masoquismo são um tanto ambiguos; também podem ser percebidos em outras areas além da sexual. Podem ser expressos através de sentimentos e palavras, por exemplo, e muitas vezes sob o disfarce do amor. Em ultima análise, refletem uma atitude psicologica em relaqão a vida e a expressão do principio masculino; e o comportamento sexual, especificamente, é apenas um dos muitos subprodutos possiveis. Em qualquer caso, o que todos esses padrões demandam é que a raiz da atitude afiore i consciencia. e então toda a personalidade é transformada. Tratar a atitude em si, entretanto, é como tratar qualquer outro 3 Contributions to Analytical Psyehology, C. G. Jung. Londres, Kegan Paul, 1928. sintoma. Simplesmente obriga a doença a encontrar expressão de alguma outra forma – que pode ser mais destrutiva que a anterior. Os aspectos Venus-Saturno no mapa de um homem reQetem uma atitude em relação ao feminino que, por estar colorida pela sombra, freqiientemente é um pouco

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escura. O homem com tais aspectos pode perceber a anima, sua imagem interior da mulher e sua capacidade para se relacionar, através das lentes de sua própria inferioridade inconsciente. Em conseqiiencia, projeta essa qualidade sinistra em sua parceira. Geralmente seus relacionamentos tem algum elemento de medo ou restrição, e uma frieza nitida; pode ser até que ele manipule a parceira através do sentimento, com o intuito de conseguir o controle, embora geralmente acredite que é a parceira que está manipulando. Isto pode ou não estar relacionado com problemas de expressão sexual. Com mais frequencia, os efeitos serão sobre o tom de sentimento do ato sexual e não do desempenho fisico real, mas as mulheres são altamente sensiveis aos tons de sentimento, e podem responder a sua ausencia ou deficiência de formas que ameaçam o relacionamento. A despeito da atraqio consciente por mulheres, além disso, um homem que enxergue através das lentes de sua projeção pode, no fundo, ve-las como inferiores ou sedentas de poder. Nesse caso, ele vai tratá-las de acordo com isso, embora sutilmente. Todo tipo de subproduto pode resultar – desde a frieza, a falta de sentimento e o retraimento, até a homossexualidade. Em todos esses casos, a anima precisa ser desvinculada da sombra, e ambas trazidas a consciencia. só então o homem vai deixar de projetar em suas parceiras seu estranho casamento de componentes psiquicos sombrios. Torna-se evidente, a partir desses exemplos, que certas combinaqões planetarias simbolizam uma imagem psicologica e uma quantidade de possiveis respostas, e não uma peculiaridade sexual. Como ja observamos, a sexualidade é tão dificil de definir no mapa como o Self, e possivelmente por uma razão semelhante: é um grande principio de energia criativa, um intercambio arquetipico entre as forças vitais masculina e feminina, e, sobre o grande esforço de uniio dessas forças, constroi-se toda a existencia. A atraqão sexual humana e os problemas que a acompanham é um reflexo miniaturizado do que os antigos chamavam grande casamento de Urano e Gaia, origem de todas as coisas manifestas; também é um microcosmo do que os alquimistas queriam dizer com Casamento Sagrado, o Coniunctio. Assim, ela remete tanto ao esforço psiquico para a união dos opostos dentro do individuo, quanto às relaqões fisicas que ele estabelece com os outros. Até a descoberta de Urano, Netuno e Plutao, a astrologia tradicional atribuia a

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maioria das "aberraçoes" sexuais a Saturno. Mais recentemente, entretanto, os tres planetas exteriores se tornaram os principais culpados, e, assim, vale a pena examina-los, nem que seja só por esta razao. Se nos lembrarmos de que eles são transpessoais, servindo ao ego coletivo e não individual, perceberemos sua ligação com formas de comportamento altamente mitologizadas. A pessoa que, através do Sol, da Lua, de Venus ou de Marte, esta iigada a um dos planetas exteriores vai tender a vivenciar, muito mais que seus semelhantes, o mito arquetipico ao qual o planeta esta associado; ela é atraida por uma força maior que ela mesma e precisa, de alguma forma, sacrificar seu ponto de vista puramente pessoal. No tocanie ao comportamento sexual, os tres planetas exteriores refletem, assim, algo muito diferente de Saturno – que tem mais relação com a sombra, o inconsciente pessoal e as fixaqões e complexos parentais. Urano é uma poderosa figura coletiva do animus. No mapa de uma mulher, se ele estiver aspectando Venus ou a Lua – os dois simbolos da expressão feminina –, pode haver alguma distorção da expressão instintiva natural. Urano é um deus, irresistivel e numinoso. Como componente do animus, tem um poder muito maior do que a figura mais pessoal do pai, e pode invadir a consciência de forma violenta e mesmo traumática, estourando as ligaqões da mulher com suas raizes instintivas e reclamando a posse de sua psique. Um tal animus prccisa ser reconhecido e ter a possibilidade de expressão criativa; dificilmente pode sn ignorado. Mas se a mulher deseja conservar a sua relação com o seu corpo e com os seus sentimentos, precisa aprender a andar numa corda bamba que vai lhe permitir preservar sua ligação com o seu centro feminino. Com contatos Urano-Lua ou Urano-Venus no mapa de nascimento, a muiher pode sentir que precisa optar entre sua independencia e criatividade, de um lado, e a necessidade de se relacionar, de outro; mas é preciso que aprenda a dar espaço, em sua vida, aos dois valores, não permitindo nunca a violentacão das necessidades do coração pela clareza do intelecto. Se o animus, nesse caso, é suprimido, sem duvida vai explodir com força destrutiva; se a natureza instintiva é reprimida, os resultados podem ir do isolamento e da autodestruiqio até a doença fisica, principalmente do sistema reprodutor. Netuno e Plutio cm aspecto com o Sol ou Marte nQ B12pQ dC UIll homem

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refletem uma influencia mitica semelhante iquela simbolizada por Urana. Os dois simbolizam facetas da anirraz coletiva, e quando liga- dos à expressão consciente pessoal da masculinidade, os arquétipos que eles personificam podem invadir a consciencia. Netuno é a Mae gentil, totalmente difusa, oceanica; Plutão é a Mae devoradora, voraz, inexorável e implacavel, a terra em oposiqão ao mar. As duas figuras marcam a consciência como imagens coletivas do feminino, e são muito mais poderosas que as associaqões com a mae pessoal. Se um contato Marte-Netuno ou Sol-Netuno reflete a homossexualidade no mapa de um homem, a energia envolvida é muito diferente daquela refletida por Saturno. Esta ultima significa medo, ressentimento e hostilidade. A prmeira indica a sedução pelo arquétipo, a sereia magica e encantadora que afasta o homem de sua condição masculina e o toma sua posse. Diante do poder dos arquétipos e da imagens mitologicas que eles trazem a consciência individual, dificilmente se podem fazer julgamentos morais. só se pode tentar, da melhor forma possivel, manter uma inquieta paz entre a psicologia consciente, enraizada na sexualidade corporal, e a energia transexual inconsciente simbolizada pelos planetas exteriores. E se se fracassar, de certa forma isto não é realmente um fracasso, pois juntamente com os problemas vem muitas grandes dádivas, das quais o homem "normal" não pode sequer ter um vislumbre. O animus pode ser um destruidor implacavel do sentimento e da relação feminina, mas também é um deus, um iluminador, um facho que alumia a consciência do mundo; e a anima pode ser um vampiro que suga o sangue vital do homem, mas é uma deusa que confere a poesia, a musica, a visao, a profecia, a comunhão com os manânciais ocuitos da vida. Os antigos acreditavam que os deuses destruiam os objetos de seu amor. Para alguns, as dadivas valem o preço a ser pago – assim como faziam antigamente os sacerdotes de Atis, que renunciavam a sua condição de homens por amor a deusa e aos segredos de seus mistérios. É tanto pueril como presunçoso atirar pedras no sopro do numinoso. k + O mapa ao lado apresentado é de um jovem ator chamado Vitor, que se define como um homossexual que nunca foi outra coisa. Fazendo-se um retrospecto,

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e conhecendo-se alguma coisa a respeito do individuo, é facil apontar no mapa configuraqões que remetem a "propensões" sexuais, mas se o mapa fosse apresentado como exemplo de qualquer outra coisa, é de se duvidar que mesmo o mais sabio dos astrologos pudesse, sem conhecer o homem, fazer qualquer afirmaqão definitiva sobre sua sexualidade. Vitor veio de uma familia judia da classe média de Nova Iorque, e recebeu a discutivel benqio daquela famosa figura celebrizada em O complexo de Portnoy – a MKe Judia. (Se esta figura é um mito fabricado pelos anti-semitas, é também a maior realidade empatica empirica do mundo.) O pai de Vitor, proprietário de uma cadeia de mercearias razoavelmente bem-sucedidas, era uma figura apagada, que, nas raras ocasiões em que estava em casa, delegava toda a autoridade doméstica a esposa, que era muito capaz. Esta era uma mulher altamente inteligente e perspicaz, dotada da capacidade de fazer chantagem emocional (um talento peculiar as mulheres do tipo sentimento e aos homens possuidos pela anima), e ela amava seu filho unico com um amor feroz e devorador. Nada era suficientemente bom para ele, a quem aparentemente dava completa liberdade, mas eh sempre conseguia sutilmente manejar as decisões dele, mantendo-o num estado de eterna infantilidade e sufocando suavemente seu direito de fazer escolhas debaixo de um manto de cuidado solicito. Vitor aceitava o papel passivo que lhe era imposto, ja que isso, afinal, tornava sua vida mais facil. Em criança, era timido, gentil, sensivel e refinado. Gostava das coisas bonitas e era muito apegado ao lar; era fácil manipula-lo através de seus sentimentos, já que ele não gostava de ferir ninguém e, principalmente, detestava cenas emocionais violentas. A trama favorita da sua mae era trabalhar em cima da gentileza dele, ostensivamente dando-lhe liberdade e, ao mesmo tempo, podando-a – fazendo com que ele tivesse medo de causar-lhe sofrimento emocional. Assim, ela apoderou-se da anima, da alma, e prendeu-a a si. Quando Vitor tinha dezessete anos e estava prestes a cursar a universidade, ja percebia que odiava a mae. Esse ódio era nao-declarado e obsessivo, e ela ainda tinha o poder de faze-lo sentir-se culpado, e ele também se odiava por isso. O que ele não percebia era que, odiando-a tão passionalmente, estava lutando contra uma identificação secreta com ela; de fato, ele estava se tomando ela, pois o odio é um

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laço tão potente como o amor, e quanto maior é a oposição que se faz a alguma coisa, mais essa coisa nos subjuga. Ele lutava com a mae usando as taticas dela, mas, como diz o velho ditado, é preciso uma colher muito comprida para cear com o diabo. Atribuindo um poder tão grande a mKe, Vitor atribuia um crescente poder a mae nima dentro dele, que lenta e gradualmente, comecou a possui-lo. Sem perceber a mudança gradual, começou a se tornar afeminado, e adquiriu os classicos maneirismos, aparentemente os mesmos em todo o mundo entre os homens possuidos pela anima: "desmunhecar", falar suave, balançar a cabeça, o andar insinuante, rebolado, afetado – em resumo, uma parodia da condição de mulher inferior. Quando saiu de casa para estudar arte dramática na universidade, com dezessete anos, já tinha tido várias experiências homossexuais; essas aventuras eram faceis de conseguir em Nova Iorque, e Vitor era um rapaz muito bonito. Em pouco tempo, ja tinha se transformado numa indiscutivel "bicha". Sua mae, entretanto, parecia não perceber, embora todo o mundo percebesse, pois, em casos assim, o preço da verdade é a descoberta da própria responsabilidade, o que em geral é muito dificil de assumir. Ela falava muitas vezes que esperava que ele conhecesse uma "boa" moça na universidade, e ele, secretamente, ficava feliz em saber que ela ficaria desapontada para senipre. Mas, num nivel inconsciente, ela o queria como ele era; era a garantia de que eIe pertencia inteiramente a ela. Ele, por seu lado, estava bastante satisfeito em aceitar esse conluio inconsciente, que lhe poupava qualquer confrontação com a masculinidade perdida que seu pai jamais o ajudou a desenvolver. Na realidade, Vitor desprezava a fraqueza do homem. A carreira romantica de Vitor foi previswel. O meio social gay especifico do qual se tomou parte – enquanto adolescente em Nova Iorque, na universidade, e depois – tinha suas próprias leis de relacionamento: a paquera no bar, a rapida transa, a breve fantasia, as brigas entre duas animas melindrosas e vaidosas, o subito rompimento, a busca de um novo caso. Vitor nunca tinha tocado uma mulher; a idéia o revoltava e o deixava doente, embora não soubesse explicar por que. Nas ligaqões com homens, geralmente fazia o papel feminino. Entretanto, a aprovaqão das mulheres era

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terrivelmente importante para ele, que ficava profundamente ferido quando elas o evitavam por causa de seus maneirismos. Ele nunca tinha percebido claramente o seu comportamento caricato, que tinha tomado conta delc inconscientemente; nunca percebeu que até a decoração do seu apartamento, quando ja possuia seu alojamento independente na universidade, era exatamente como a de sua mae – desde as cortinas combinando com os abajures até os bichos de porcelana sobre a lareira. Ficava chocado quando as pessoas que conhecia socialmente o detectavam de imediato e o tratavam de acordo; acreditava que sua vida sexual fosse um segredo bem guardado. Depois de se formar na universidade, a carreira de Vitor como ator foi moderadamente bem-sucedida. Baixo e esguio, com um rosto aberto, ingenuo, era camum que o escalassem para papéis de criança em varias peças. Mudou-se de Nova Iorque para a California, com a esperança de entrar no cinema; trabalhava duramente, possuia um notavel dom para o humor e a mimica, e um acentuado talento para cantar e dançar. Quando não estava rancoroso, também demonstrava uma natureza muito doce e intensa lealdade e generosidade no relacionamento com os amigos. Mas o papel que cobiçava era o do lider, do heroi – por razões óbvias, para quem entende um pouco de sua psicologia. Esse sonho continuava inacossivel para ele, não apenas por causa do seu talhe pequeno, mas também porque, inconscientemente e com incontrolável exagero, era tão afeminado que escalá-lo para um papel desses resultaria num travestismo. Quando se aproximou dos trinta anos, Vitor começou a questionar sua vida sériamente. Até entao, dava um jeito de rir de tudo, evitando assim qualquer confronto com seus sentimentos. Então começou a ver não apenas as limitaqões de sua carreira como ator, mas também – com algum sofrimento – de sua vida pessoal. A aceitaqão social por parte dos outros significava muito para ele, e o ostracismo constantemente o feria. Por ser tão completamente apartado de sua natureza de sentimentos, não conseguia desfrutar um relacionamento significativo ou duradouro nem com homens nem com mulheres. Se tivesse conseguido abrir seu coração a outro homem, possivelmente pudesse ter estabelecido algum relacionamento

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autentico; mas destravar sua natureza de sentimentos teria sido abrir a porta do fosso. Além disso, estava preso ao culto da juventude e da beleza, o aspecto mais sombrio do cenario gay, e aos trinta anos é preciso encarar o fato de que a juventude e a beleza não duram para sempre. Com muita ingenuidade mesmo para um mortal, Vitor tinha procurado encenar o antigo mito do puer, o belo jovem preso a mae-deusa devoradora, destinado a um breve momento de voo e luz, e depois atraido novamente para o ventre onivoro. Diante dessa ultima perspectiva, começou a pensar em suicidio. No momento em que escrevo, ele ainda esta atvando e desfrutando, ao que parece, sua mais recente aventura romantica. ao mesmo tempo, entretanto, sente-se desesperadamente infeliz, recusa ajuda profissional de qualquer tipo, e está convencido de que a soluqão final de sua vida – e o ato final dc vingança contra sua mãe – seri, algum dia, autodestruir-se. O mapa de Vitor não reflete, de forma alguma, a evolução mais ou menos deprimente de sua vida, ou o ponto de crise no qual ele atualmente se encontra. Não é um mapa "mau", não existem configuraqões planetarias horrendas, nem são visiveis terriveis infiuencias malignas. O que esta refletido é um temperamento gentil e refinado, exposto aos aspectos menos agradiveis da matemidade, que nunca perdoou nem a sua mae nem a si mesmo por sua juventude. N o se pode deixar de achar que Uitor teve muitas oportunidades em sua vida, mas se recusou a aproveita-las. Entretanto, seu mapa não é o "mapa de um homossexual"; é um mapa de uma particular sensibilidade que acabou se acorrentando a um poderoso arquétipo c não consegue – ou não deseja – se libertar, porque tal atitude acarretaria uma dolorosa confrontação consigo mesmo. Sua mae, com certeza, não é uma figura que ajuda, e provavelmente se justifique que alguém não goste dela. Mas ninguém tem o poder de destruir o outro da forma como eia fez, sem algum conluio inconsciente. A figura que realmente esta controlando Vitor não é sua mae, mas o arquétipo feminino dentro dele, cuja sombria face de Gorgona o mantém como que hipnotizado. Ele continua a culpar a mae por seu temperamento, como se ela o tivesse contagiado com alguma doença. Talvez, em certo sentido, ela o tenha feito a principio – mas agora ele é um homem, não uma criança. O mapa de Vitor pode refletir cegueira e relutância em aceitar as responsabilidades da opção – a dificuldade em focalizar sua vontade e sua

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capacidade de tomada de decisão masculina para libertar-se dos laços da Mae. Mas o fado que criou para si é dele mesmo. O refinamento e a falta de agressividade de Vftor,assim como as qualidades intelectuais e estéticas de seu temperamento, são refletidas pelo Sol em Virgem na terceira Casa, do desenvolvimento mental, e por quatro planetas – Venus, Marte, Jupiter e Netuno – em Iibra. Cinco planetas em ar e a ausencia de agua no mapa – embora o ascendente (Câncer) e o Meio-do
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