Recensão Crítica - 'A Improbabilidade da Comunicação' Niklas Luhmann

May 21, 2019 | Author: Micaela Tavares | Category: Theory, Communication, Media (Communication), Sociology, Ciência
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Universidade da Beira Interior Departamento de Comunicação e Artes Licenciatura em Ciências da Comunicação Ano Lectivo 2009/2010  – 2ºSemestre Teoria da Comunicação Recensão Crítica

“A Improbabilidade da Comunicação” Niklas Luhmann

Nascido a 8 de Dezembro de 1927 em Lunenburg, Canadá, Niklas Luhmann,   jurista e sociólogo alemão, considerado mesmo como um dos melhores nesta mesma sociologia, frequentou o curso de Direito, entre 1946 e 1949, na Universidade Friburgo. Já entre 1960-1961 frequentou, novamente, outro curso, mas desta vez, de Políticas Públicas e Gestão na Universidade de Harvard, onde começou a dedicar-se à sociologia, por influência do seu professor Talcott Parsons. Pars ons. A 6 de Novembro de 1998 falece vítima de cancro. Segundo o autor, a comunicação é algo indispensável, ou seja, sem ela qualquer ser humano não poderia, nem conseguia relacionar-se e até mesmo viver. Por isso devese analisa-la esta mesma comunicação, podendo assim considerar a improbabilidade da comunicação fazendo com seja esclarecedora. Posto isto, considera-se duas correntes teóricas: uma primeira onde se “estabelece a possibilidade de melhorar as condições” (pág.39), partindo de que a

comunicação para ser perfeita, deve através dessa mesma análise conseguir fazer os recuos de que se necessita e eliminar os defeitos, para assim se poder avançar da melhor forma possível, favorecendo uma progressão “das condições de vida da humanidade” (pág.40); e uma segunda em que a “teoria  parte da tese da improbabilidade” (pág.40) o que faz com que seja prejudicial para a comunicação, devido a esta improbabilidade, que tenta dar respostas à grande complexidade aliada à comunicação, desencadear muitos factores negativos. “Não se pode já continuar a pensar ingenuamente que ex istem possibilidades ilimitadas de aperfeiçoamento a partir da «natureza»..” (pág.41), pois a natureza é

considerada improvável, mas que pode ser superada, onde remete para uma dimensão que valoriza o que está concebido e o que ainda está por conceber. Pos teriormente “toda a destruição de uma ordem remete para a impossibilidade de uma reconstrução”

(pág.41). Tendo isto em conta, uma teoria da comunicação implica que a comunicação seja improvável, mesmo lidando (experimentando e praticando) com ela diariamente e o facto de nos ser indispensável. Sendo assim, a comunicação tem de superar uma série de problemas e dificuldades para chegar a produzir-se. O autor vai examinando as razões e obstáculos que impossibilitam o processo da comunicação. Esses obstáculos (que surgem como problemas e dificuldades) são divididos em três impossibilidades: “Em primeiro lugar, é improvável que alguém compreenda o que o outro quer dizer, tendo em conta o isolamento e a individualização da sua consciência.” (pág.42), ou seja, se alguém se individualizar é improvável que o compreenda, tendo em conta que depende do contexto e do meio onde está inserido; “A Micaela Ribeiro Tavares Nº24756 13 de Maio de 2010

Universidade da Beira Interior Departamento de Comunicação e Artes Licenciatura em Ciências da Comunicação Ano Lectivo 2009/2010  – 2ºSemestre Teoria da Comunicação segunda improbabilidade é a de aceder aos receptores. É improvável que uma comunicação chegue a mais pessoas do que as que se encontram presentes numa situação dada. O problema assenta na extensão espacial e temporal.” (pág.42), ou seja, uma determinada comunicação não consegue chegar, nas devidas condições, a mais pessoas do que as que estão presentes, numa situação ou meio, devido ao tempo e espaço dessa mesma comunicação; “A terceira improbabilidade é a de obter o resultado

desejado. Nem sequer o facto de que uma comunicação tenha sido entendida garante que tenha sido também aceite.” (pág.43), ou seja, apesar da comunicação ser entendida não quer dizer que é aceite por unanimidade, o que de facto acontece, e faz com que não se obtenha o pretendido. Com isto, estas improbabilidades não são consideradas como sendo apenas meros obstáculos que impossibilitam a chegada da comunicação ao destinatário, porém também “actuam como «factores de discussão» que induzem a abster-se de uma comunicação que se considerada utópica” (pág.43), ou seja, contribuem para que a comunicação não seja tão interessante, clara e informativa. A comunicação está totalmente relacionada com os sistemas sociais, pois se não houver comunicação, estes também não existem. Sendo assim, as três improbabilidades, mencionadas anteriormente, reforçam-se entre si, levando assim a que não se possam reduzir e se tornarem em probabilidades. Deste modo, quando, a comunicação, é devidamente compreendida, maior é o motivo para a rejeitar. Em todo o caso, se a comunicação transborda as pessoas presentes num dado meio ou contexto, a sua compreensão fica mais difícil e, por sua vez, é mais fácil produzir a rejeição. “Esta lei, segundo a qual as improbabilidades se reforçam mutuamente e as soluções dos problemas num aspecto reduzem as possibilidades de solução noutros…”

provoca a ideia de que não há nenhum meio que facilita directamente o processo constante de entendimento entre seres humanos. Acerca dos meios, esta teoria trata da totalidade de formar a comunicação que é improvável em provável, considerando três problemas básicos. No geral, o autor aborda o facto dos meios de comunicação de massas, estendendo, assim, a comunicação para lá das pessoas presentes, ou seja, uma comunicação presencial, dando como referência a imprensa e a rádio. Luhmann toma como exemplo a criação do conceito de meios de intercâmbio, concebido pelo sociólogo Parsons, onde o meio que mais destaca, o que mais “eleva a compreensão das comunicações” é a linguagem. A invenção comunicação escrita é considerada como a função que transcende a comunicação presencial. Contudo só se inclina nos dois tipos de meios, os mais generalizados, que foram referidos anteriormente (linguagem e a escrita), embora só surgem devido à técnica de difusão, que permite exceder os limites da comunicação entre os presentes e ainda programar informações para número desconhecido de pessoas que estão ausentes, assim Micaela Ribeiro Tavares Nº24756 13 de Maio de 2010

Universidade da Beira Interior Departamento de Comunicação e Artes Licenciatura em Ciências da Comunicação Ano Lectivo 2009/2010  – 2ºSemestre Teoria da Comunicação como para situações não exactas. Requer, então, a criação de uma escrita que chegue a todo, de uso universal. O autor, em jeito de conclusão, aponta que a concepção teórica tem dupla face: por um lado, a comunicação que era improvável passa a ser possível e regulariza-se nos sistemas sociais; por outro lado, a improbabilidade, quanto à difusão, se a técnica lhe permitir vence-la faz com que o êxito seja alcançado. As transformações que a técnica de comunicação produz, aplicam novas exigências à cultura. Quanto à acessibilidade dos meios de comunicação modernos, mas em relação aos meios de comunicação de massas provam que os problemas são demasiado limitados, tendo em conta que estes meios têm um método individualista. Este individualismo deforma a imprensa, o cinema e a rádio, o que leva a consequências sociais. É claro que também se têm que ter em conta que este ramo está sempre em expansão. “O problema da improbabilidade da comunicação em si e o conceito de sociedade como sistema diferenciado…” (pág.51) tendem, porque as improbabilidades transforma-se em probabilidades. Os meios de comunicação estão associados a todos os meios que, de igual forma, passam informação. O autor exemplifica dizendo o aumento das possibilidades de êxito da comunicação não se dá da mesma maneira, e que, por sua vez, a comunicação está interligada com três distintas áreas: a ciência, economia e política, áreas estas com grande importância para a sociedade. O sociólogo Parsons, também ele, considera que “parte da suposição que todos os sectores funcionais …dispõem em idêntica medida de um meio de comunicação” (pág.53). A sua teoria considera que as necessidades essenciais dão liberdade para os tipos de comunicação. Tal modo, que a comunicação não pode ser generalizada pela sua variabilidade, mas pelo contrário, pode pela sua complexidade que está associada. Este exemplo é uma forma visível do desequilíbrio do progresso. A transformação do improvável no que é quase certo prejudica “as possibilidades de estabelecer um controlo técnico de sistemas complexos…” (pág.54). Contudo, o progresso mantêm-se, uma vez que “surgem vagas desanimadoras de improbabilidade…” até nos sistemas mais simples de interacção. Niklas aponta também outros exemplos onde dirige-nos para os meios de comunicação de massa, onde a comunicação nem sempre é o reflexo e às vezes se pode tirar conclusões que são totalmente opostas umas às outras e que não vão de encontro aos ideais e de onde não se extrai nenhum contributo pessoal.

Micaela Ribeiro Tavares Nº24756 13 de Maio de 2010

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