REALISMO E NATURALISMO - Conceitos, Tipos, Características, Objectivos, Diferenças

July 26, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Alberto Félix Traquinho Saué

REALISMO E NATURALISMO: conceitos, características, tipologias, objectivos e diferenças

Quelimane, 2018

 

 

Índice Introdução ........................................................................................................................................ 3 1. Realismo / Naturalismo ............................................................................................................... 4 1.1. Contexto histórico .................................................................................................................... 4 1.2. Surgimento e evolução ............................................................................................................. 4 1.3. Conceito de realismo ................................................................................................................ 6 1.3.1. Objectivos do realismo .......................................................................................................... 6 1.3.2. Características do Realismo................................................................................................... .................................................... ............................................... 7 1.3.3. Tipos de realismo................................................................................................................... 7 1.3.3.1. Realismo optimista: Robert Browning, "Fra Lippo Lippi" (1855) ..................................... 7 1.3.3.2. Realismo russo: Fyodor Dostoyevsky, The Devils (1871)............................................... .................................................. ... 8 1.3.3.3. Realismo social ................................................................................................................... 8 1.4. Conceito de naturalismo ........................................................................................................... 9 1.4.1. Surgimento do naturalismo ..................................................... .................................................................................................... ............................................... 9 1.4.2. Características do Naturalismo ............................................................................................ 10 1.4.3. Crítica ao naturalismo..................................................... ......................................................................................................... ...................................................... 10 1.5. Alguns dos princípios aceitos pelos realistas e naturalistas, no que diz respeito à criação .... 11 1.6. Diferença entre Realismo e Naturalismo ..................................................... ................................................................................ ........................... 14 1.7. Realismo/Maturalismo no mundo .......................................................................................... 15 2. Conclusão .................................................................................................................................. 17 Bibliografia .................................................................................................................................... 18

 

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Introdução A presente pesquisa versa sobre Realismo e Naturalismo. Pretende-se com a mesma trazer os  principais contornos co ntornos sobre estes dois temas, com intuito de conhecer o contexto de surgimento e evolução, características, representantes, estabelecer diferenças, entre outros aspectos. O Realismo foi uma uma escola  escola literária que combatia os ideais românticos. O surgimento ocorreu enquanto o mundo vivenciava o nascimento do socialismo e da segunda Revolução Industrial. A partir da segunda metade do século XX, as concepções estéticas que nortearam o ideário romântico começaram a perder espaço. Uma nova tendência, baseada na trama psicológica e em  personagens inspirados na realidade, toma conta da literatura ocidental. Estava inaugurado o Realismo-Naturalismo O realismo e o naturalismo eram muitas vezes definidos por seu assunto: a escolha de pessoas simples por pessoas mais ricas e mais "interessantes", súditos em vez de agradáveis, contos trágicos em vez de histórias com finais convencionalmente felizes. Durante o debate um tanto confuso sobre o realismo, os adversários da escola que se chamavam realistas muitas vezes declararam que a realidade é tanto espiritual quanto material, e que, portanto, um escritor ou  pintor que exclui a alma é culpado de falsificar a realidade; e um romancista que descreve apenas  pessoas sórdidas e degradadas é falso para a natureza, porque há muitas pessoas boas no mundo. O realista poderia argumentar que há mais pessoas pobres, infelizes e degradadas do que pessoas ricas, felizes e elevadas 

 

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1. Realismo / Naturalismo 1.1. Contexto histórico   Revolução Industrial (Inglaterra);



  Amplo progresso científico e tecnológico;



  Movimentos de origens popular com idéias liberais, nacionalistas e liberais;



  Publicado o Manifesto comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels;



  Extinção do tráfico negreiro (1850);



  Guerra do Paraguai (1864-1870);



  Abolição dos escravos (1888).



1.2. Surgimento e evolução  Na Segunda metade do século XIX, a concepção espiritualista de mundo, que tinha caracterizado o período romântico, foi cedendo lugar a uma concepção científica e materialista. Tal visão de mundo decorre do enorme valor que se atribuiu à ciência, vista na época como o único instrumento seguro para explicar a realidade e também gerar riquezas. O espírito científico era considerado como critério supremo na compreensão e análise da realidade. A ciência vai determinar as novas maneiras de pensar e viver. Para ter uma idéia da atmosfera dominante, atente para as palavras do filósofo francês Taine: "Pouco importa que os fatos sejam físicos ou morais; eles sempre têm as suas causas. Tanto causas para a ambição, a coragem, a veracidade, como para a digestão, o movimento muscular e o calor animal. O vício e a virtude são produtos químicos como o açúcar e o vitríolo ". Em 1859 Darwin publica A origem das espécies. Nessa obra, a evolução das espécies é considerada como resultado do mecanismo de seleção natural. A idéia básica de tal mecanismo é a de que o meio ambiente condiciona todos os seres, deixando sobreviver os mais fortes e eliminando os mais fracos. A natureza de todos os seres, o homem inclusive, seria determinada

 

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 por circunstâncias externas. O meio ambiente passa a ter enorme importância, pois condiciona matéria e espírito. Essa concepção biológica de vida, chamada darwinismo, seria responsável por grandes mudanças no campo científico, repercutindo na economia, na filosofia e na política. O positivismo, corrente filosófica baseada no método das ciências naturais, traduziu essa visão de mundo, pois concentrava-se nos fatos, rejeitando qualquer explicação metafísica para a atuação do homem no mundo, além de propagar a idéia de que somente o progresso material já seria suficiente para neutralizar os desequilíbrios sociais. Segundo os positivistas, todos os fenômenos podem ser explicados pela ciência, o que os reduz,  portanto, ao aspecto simplesmente material. A  p  psico sicolo logi gia a  também apresenta mudanças, subordinando os fenômenos psíquicos aos fisiológicos, estes sim considerados de grande importância, por serem observáveis e analisáveis.  pla lano no econô conôm mi co, nota-se acentuado interesse pelo liberalismo da época anterior.  No p Politicamente, defendem-se idéias republicanas e socialistas. É bom lembrar que o Manifesto do

Partido Comunista, data de 1848. Em resumo: a ciência, que tinha conseguido revelar as leis naturais, extremamente objetivas, suplanta o idealismo do período romântico, formulando uma concepção predominantemente materialista da vida.  No Brasil assinalam-se fatos importantes nesse período: 

  a abolição do tráfico de negros coloca em disponibilidade grandes capitais, que passam a

ser empregados em atividades urbanas, levando as cidades ao crescimento

  a lavoura cafeeira prospera, possibilitando a expansão de novas áreas de povoamento,



assim como como o aquecimento das ati atividades vidades produtora e consumidora;

surge o

telégrafo;inaugura-se, em 1874, o cabo telegráfico submarino entre o Brasil e Europa;   aparecem os primeiros jornais publicados regularmente



A burguesia volta-se para a ciência, enxergando nela respostas e soluções para os problemas do momento histórico que o país vivia. O pensamento europeu, principalmente o positivista, encontra, por isso, grande ressonância entre nós. Por volta de 1870, a Faculdade de Direito de

 

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Recife está em plena atividade. A partir dela formam-se grupos que consideram a atividade científica como base para um renovação do pensamento, utilizando revistas e jornais como veículo de divulgação de suas idéias.

1.3. Conceito de realismo De acordo com BARRISH (2004), alguns comentários sobre o significado de "realismo" e "naturalismo" literário estão em ordem. Esses termos são bastante difíceis de definir, parecem vagos, contraditórios e inconsistentes se pensarmos em uma definição abstracta. "O realismo existe desde que a literatura existe", declarou um dos entusiastas franceses do realismo na década de 1850, e passou a reivindicar para sua escola praticamente todos os escritores importantes dos tempos modernos. Todos os escritores descrevem algo que é "real", pois mesmo sonhos e experiências místicas são reais em alguns sentidos; e aquele que abjurou a realidade material e física pode estar em sintonia com a realidade psicológica. Embora se diga que o realismo é o oposto do romantismo, alguns falaram de um "realismo romântico" (Dickens, Balzac, Stendhal, Dosteyevsky); talvez os maiores escritores sejam sempre os dois. Segundo STROMBERG (1968), “ Realismo designa o conjunto de características que marcam a literatura e as outras artes na Segunda metade do século XIX ”  “O

realismo é a forma de apresentar ou considerar as coisas tal como são. Uma postura realista

não exagera nem atenua os acontecimentos/factos.”1   Num sentido amplo, realismo aplica-se a toda obra em que o artista procura representar a realidade de maneira objetiva, quase fotográfica.

1.3.1. Objectivos do realismo O objectivo do realismo foi por vezes afirmado como a representação imediata, directa e sem mácula do discurso das pessoas. Alguns escritores recentes usaram gravadores em suas pesquisas; https://conceito.de/realismo

 

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mas mesmo eles obviamente tiveram que seleccionar seu material e, portanto, estruturá-lo. A combinação de imagens em movimento e gravação de som para reproduzir a reacção exacta de  pessoas que não sabem que estão sendo observadas, como em um programa, pode dar um realismo ou naturalismo.

1.3.2. Características do Realismo   Objectivismo;



  Veracidade;



  Descrições e adjectivações objectivas, tentando captar o real como ele é;



  Linguagem culta e directa;



  Mulher não idealizada, mostrada com defeitos e qualidades;



  Amor e outros sentimentos subordinados aos interesses sociais;



  Casamento como instituição falida, como contrato de interesses e conveniências;



  Herói problemático, cheio de manias e incertezas;



   Narrativa lenta, acompanhando o tempo psicológico;



  Personagens trabalhadas psicologicamente;



  Universalismo.



1.3.3. Tipos de realismo 1.3.3.1. Realismo optimista: Robert Browning, "Fra Lippo Lippi" (1855) O realismo pode significar várias coisas. Críticos alegaram que alguns "realistas" usaram o termo como uma desculpa para a fraude. Para outros, como Flaubert, o realismo significava mais quase a atitude amoral, mostrando que a vida como sempre acontece com o distanciamento clínico.

 

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Outros realistas, como o poeta inglês Robert Browning, glorificavam-se na "abundância de Deus" e se deleitavam em captar, da maneira mais exata possível, a verdadeira forma e matiz de tudo

1.3.3.2. Realismo russo: Fyodor Dostoyevsky, T he D evils (1871) Erich Auerbach comenta sobre o romance realista russo que mostrava uma "intensidade passional de experiência" além da Europa Ocidental, como se as emoções nessa imensa terra fossem tão grandes quanto a geografia russa. A

observação

de

Auerbach

leva

a

pensar,

acima

de

tudo,

em

Fyodor

Dostoiévski, artista, psicólogo, metafísico e até mesmo profeta, como romancista. A combinação de Dostoiévski da percepção aguda de detalhes físicos e psicológicos com grande profundidade de pensamento faz dele talvez o maior de todos os romancistas do século XIX. Sua capacidade de nos conduzir directamente a uma cena e dentro de um personagem, um talento verdadeiramente dickensiano, é complementada por um interesse sério em uma ampla gama de ideias. O mundo de Dostoiévski, com seus personagens intensos e melancólicos, pode parecer estranho a princípio, mas poucos leitores podem deixar de ficar fascinados por ele. Dostoiévski escreveu The Devils (ou The Possessed, como é frequentemente traduzido) entre 1869 e 1871 contra um pano de fundo de fermentação política na Rússia. Surgiram movimentos terroristas revolucionários, organizados por liberais desiludidos com o programa de reforma do czar, que havia começado bravamente com a libertação dos servos em 1861, mas que depois vacilara. Embora desdenhoso da aristocracia russa, Dostoiévski era hostil a esse espírito revolucionário.

1.3.3.3. Realismo social "Hoje, quando o romance assumiu os métodos e os deveres da ciência, tem o direito de reivindicar as liberdades e a franqueza da ciência." Edmond e Jules Goncourt,  Prefácio a Germinie Lacerteux  (1864). A parceria do inseparável Edmond e Jules Goncourt terminou

tragicamente em 1870, quando Jules, o irmão mais novo, morreu com apenas quarenta anos.

 

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Os Goncourts eram extraordinariamente versáteis. Eles escreveram história, crítica de arte, peças de teatro e romances e muitos outros tipos de livros. Durante algum tempo eles editaram um  jornal literário, e eles sempre man mantiveram tiveram o famoso Jornal que, qu quando ando foi publicado em parte na vida de Edmond, escandalizou Paris por sua franqueza. Mas os Goncourts nunca foram um sucesso popular. Parte do ácido no Journal é obviamente a inveja de Edmond daqueles que, como seu amigo e protegido Emile Zola, usaram o método de Goncourt de sondar as profundezas inferiores para ganhar fama e fortuna. O Jornal Goncourt oferece mais informações sobre os letrados franceses do século XIX do que qualquer outro documento. Embora aspirassem a um realismo quase proletário, os Goncourts eram aristocratas intelectuais exigentes, cujo estilo era demasiado estético para as massas. Mas eles poderiam alegar ter inaugurado o romance verdadeiramente naturalista com

“Germinie Lacerteux”  em

1864. Este

romance é um conto sincero de vida nas profundezas inferiores.

1.4. Conceito de naturalismo Segundo STROMBERG (1968: 22), o "naturalismo" era frequentemente visto como uma subdivisão ou desdobramento do realismo, às vezes uma escola separada e bastante diferente. O naturalismo tendeu a tornar-se importante em uma data um pouco posterior ao realismo: a partir de 1860, dominou a década de 1870, mas na década de 1880 enfrentou um forte desafio dos simbolistas. O impressionismo na pintura é um fenômeno paralelo, e a proximidade dos dois movimentos é sublinhada pela amizade de Emile Zola, o fundador e líder do naturalismo, com o  pintor impressionista Paul Cézanne e pelo grande interesse de Zola pela pintura.

1.4.1. Surgimento do naturalismo David Masson (1822-1907) foi um historiador e biógrafo literário escocês, um estudioso do que hoje chamaríamos de história das idéias, e escritor em cujas prosa ocasionalmente levemente explícita pode-se ouvir facilmente ecos de seu grande escocês Thomas Carlyle, a quem ele admirava grandemente. Sua avaliação das tendências da filosofia britânica em 1867 enfatizou John Stuart Mill e William Hamilton, os principais representantes do empirismo britânico e do transcendentalismo alemão. Mas ele viu que as novas descobertas científicas e as teorias-

 

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evolução eram as maiores delas, mas havia também a descoberta da segunda lei da termodinâmica e outras teorias sobre o cosmo - mudou completamente os termos do discurso e

tornou obsoletos os antigos sistemas. O naturalismo foi principalmente influenciado por essas idéias científicas, revelando o homem nas dimensões do determinismo cósmico, não mais uma criatura única que possui uma alma imortal e o objeto da providência especial de Deus. Professor Márcio Santiago refere que o Naturalismo, intensificando as tendências básicas do Realismo, aplica à literatura as descobertas e métodos da ciência do século XIX.

1.4.2. Características do Naturalismo   Enfoque das teorias científicas e filosóficas;



  Incorporação de termos científicos e profissionais;



  Temas de patologias sociais (personagens mórbidos, adúlteros, psiquicamente



desequilibrados, assassinos, bêbados, miseráveis, doentes, prostitutas etc.);   Observação e análise da sociedade;



  Descrição animalesca e sensual do ser humano;



  Despreocupação com a moral;



  Linguagem simples;





   Narrativa lenta.

1.4.3. Crítica ao naturalismo Uma crítica ao naturalismo mencionada na Introdução é que, uma vez que visava apenas descrever o mundo e reter julgamentos morais, não oferecia base para uma crítica da sociedade. Os naturalistas, por exemplo, Thomas Hardy, Joseph Conrad e Theodore Dreiser, eram  pessimistas: em seus livros, um destino inescrutável derrota o homem, ridicularizando cruelmente suas patéticas esperanças e sonhos.

 

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Além disso, o colapso do gênio de Zola em seus trabalhos posteriores parecia apontar para um defeito em seu método. O naturalismo parecia carecer de qualquer princípio lógico de seleção e, assim, resultar em obras sem forma. Nietzsche argumenta que a arte precisa escapar do naturalismo e se ligar por regras e padrões.

1.5. Alguns dos princípios aceitos pelos realistas e naturalistas, no que diz respeito à criação literária. osição ção do ar artitista sta d dii ante da r eali alida dade de   P osi



O artista procura nivelar sua atitude à do cientista. Daí decorre a objetividade que o escritor  procura manter du durante rante a narrativa, não idealizando a realidade, mas limitando-se a registrá-la, o que nem sempre consegue. Por isso, o artista não emite julgamentos a respeito de fatos ou  personagens. O escritor naturalista francês Émile Zola, por exemplo, afirmou, a respeito de duas personagens de um de seus romances: "Limitei-me a fazer em dois corpos vivos aquilo que os cirurgiões fazem em cadáveres". osição ção d do o arti artista sta d dii ante da ob obrr a d de ea arr te   P osi



O romance é encarado como um instrumento de denúncia e combate, uma vez que focaliza os desequilíbrios sociais. É o que se chama de "arte engajada". Observe no fragmento seguinte como o narrador analisa e denuncia o problema da escravidão e do preconceito racial, A disciplina militar, com todos os seus excessos, não se comparava ao penoso trabalho da fazenda, ao regímen terrível do tronco e do chicote. Havia muita diferença. (...) Ali ao menos, na fortaleza, ele tinha sua maca, seu travesseiro, sua roupa limpa, e comia bem, a fartar, como qualquer pessoa. (...) Depois, a liberdade, minha gente, só a liberdade valia por tudo! Ali não se olhava a cor ou a raça do marinheiro: todos eram iguais, tinham as mesmas regalias  –  o   o mesmo serviço, a mesma folga.   C once oncepç pção ão de hom home em ( A do dolf lfo o Cam Camii nha. B om om-C -C r i oulo oulo))



Para o romântico, o homem é a medida de todas as coisas. Para o escritor realista/naturalista, o homem é apenas uma peça na engrenagem do mundo, com funções semelhantes às das demais

 

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 peças pertencentes p ertencentes ao reino animal ou vegetal. Decorre daí que, principalmente pr incipalmente nos escritores de tendência naturalista, o narrador enfatiza comportamentos instintivos das personagens e as compara com animais. Ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos... sonage nagens ns ((A A luí luísi sio o Aze Azeve ved do. O corti cortiço ço))     P er so



As personagens deveriam ser moldadas de acordo com a realidade observada de fora pelo narrador, sem idealizações. Obedecendo a esse princípio, o escritor toma duas direções: retrato do corpo e dos comportamentos exteriores da personagem (tendência naturalista, principalmente) e retrato do espírito e da vidas interior da personagem (predominante na tendência realista). O comportamento das personagens decorre de causas biológicas e sociais que o determinam. Suas ações nunca são gratuitas.  Nos escritores de tendência naturalista, é comum aparecerem personagens que representam casos  patológicos. Não porque o escritor as considere excepcionais, mas porque elas podem funcionar como índices dos males que corrompiam a sociedade. Para os naturalistas, a personagem está condicionada ao meio ambiente em que vive, nada  podendo fazer contra o peso p eso das influências externas, tornando-se vítima da fatalidade das cegas leis naturais. Por isso, é comum que tais personagens se vejam reduzidas a meros joguetes de forças biológicas ou sociais. Cada uma é um caso a ser analisado com os recursos da ciência, para comprovar uma tese aceita pelo escritor. oncepçã pção o de amor amor e casame casamento nto ( A luí luí si sio o A ze zeve vedo do.. O C Cor ortitiço) ço)    C once



Se os românticos geralmente se detinham na análise dos antecedentes do casamento, o realista/naturalista está preocupado, principalmente, em focalizar o adultério, que é encarado como causa da destruição da família e, consequentemente, da sociedade. O amor, sobretudo para os naturalistas, é visto como um ato fisiológico. Amara-o a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e canalha que predominava em ambos (...) mas desde que Jerônimo propendeu para ela,

 

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fascinando-a com a sua tranqüila serenidade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior.   E spa spaço foc foca aliza li zad do (A luísi luí sio oA Azzeved vedo. O C or tiço) 



Existe uma preferência nítida pelo espaço urbano, pois a burguesia fixou-se sobretudo nas cidades. Os bondes passavam. Senhoras vinham à janela, compondo os cabelos numa ânsia de novidade. Latiam cães. Um movimento cheio de rumores, uma balbúrdia... Chegavam soldados, marinheiros, policiais. Fechavam-se portas com estrondo. histórico co focali focalizzad ado o (A do dolf lfo o Cam Camii nha. B om om-C -Crr i oulo oulo))     T empo históri



O escritor realista/naturalista preocupa-se sobretudo com personagens que retratem pessoas de sua época, diferindo assim de alguns procedimentos românticos de volta ao passado ou de  projeção para o futuro. Encarando o seu presente histórico, o autor capta os conflitos do homem da época, os seus  problemas concretos, dando preferência aos dramas cotidianos de gente simples. Falava-se da chamada dos conservadores ao poder, e da dissolução da Câmara. Rubião assistira à reunião em que o Ministério Itaboraí pediu os orçamentos. Tremia ainda ao contar suas impressões, descrevia a Câmara, tribunas, galerias cheias que não cabia um alfinete, o discurso de José Bonifácio, a moção, a votação... 

atii va ( M ac achad hado o de A ssi ssis. s. Qu Quii ncas B orba, p publi ublica cado do pe pela la pri mei r a vez vez em 1891. 1891.))     N arr at

O romancista propõe-se criar enredos em que os conflitos se resolvam com determinadas forças que estejam em ação. O processo narrativo, obedecendo à lógica, elimina os acasos e milagres, comuns nos romances românticos. Por vezes, o desenlace de uma trama é  previsível e raramente ocorrem sobressaltos ou surpresas para o leitor.   Linguagem



A linguagem utilizada pelos realistas/naturalistas é mais simples que a linguagem dos românticos. O detalhismo é uma das características desta linguagem, pois o narrador pretende conseguir o retrato fiel da realidade focalizada.

 

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 Nos escritores que tendem para o naturalismo, ocorrem muitas expressões tomadas às ciências físicas e biológicas. Desses princípios resultam as características fundamentais do texto realista/naturalista: a)  Objetividade por parte do narrador;  b)   Nivelamento do homem aos demais seres do universo; c)   Não idealização das personagens; d)  Condicionamento das personagens ao meio físico e social; e)  Concepção de amor como um fato predominantemente fisiológico; f)  Predominância do espaço urbano; g)  Preocupação do escritor em focalizar seu tempo histórico; h)  Linguagem mais simples que a dos românticos;

1.6. Diferença entre Realismo e Naturalismo O Naturalismo surge como um segmento do Realismo, uma vez que ambos fundamentam-se nos mesmos princípios científicos, filosóficos e artísticos. O Naturalismo apresenta uma visão de mundo mais mecanicista, mais determinista, pois aceita o  princípio segundo o qual somente as leis de ciência são válidas. Qualquer tipo de visão espiritualizada do mundo não tem, para o naturalista, grande valor. Enquanto o drama das personagens realistas tem origem moral ou decorre de algum desequilíbrio social, as personagens naturalistas têm a origem dos seus dramas em heranças de ordem biológica ou psicológica que, num determinado momento, em determinado ambiente, acabam por vir à tona. Por isso, uma personagem naturalista é muito parecida com outra personagem naturalista, uma vez que todas estão submetidas à mesmas leis. Para os naturalistas, a ação no romance é importante, pois o drama vivido pelas personagens se

exterioriza através dessa ação. Para o realista, a ação é secundária, já que ele se preocupa mais em sugerir o mundo interior das personagens.

 

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Quanto à temática, observa-se nos naturalistas uma tendência a retratar temas de patologia sexual ou social. Nota-se ainda que o escritor naturalista não vacila em trazer para a literatura os aspectos mais repulsivos da vida, além de tender a focalizar as camadas mais baizas da sociedade.

1.7. Realismo/Maturalismo no mundo  No Brasil, o Realismo/Naturalismo teve início oficialmente em 1881, com a publicação de O mulato (Aluísio Azevedo) e Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis). O primeiro representa a tendência naturalista, e o segundo, a tendência realista. É importante assinalar ainda, neste período (1881  –  1893),   1893), o surgimento de algumas obras que dão seqüência ao regionalismo. O romance regionalista de fins dos século XIX vai utilizar os  princípios realistas/naturalistas, diferenciando-se, portanto, pela sua objetividade, dos romances do regionalismo romântico. São obras importantes da tendência regionalista: Luzia-Homem, de Domingos Olímpio, e Dona Guidinha do poço, de Manuel Oliveira Paiva. A poesia do período está reunida sob o nome geral de Parnasianismo, sendo que a produção em  prosa permite a seguinte esquematização didática: Tendência realista: 1.  Machado de Assis 2.  Raul Pompéia 3.  Tendência naturalista 4.  Aluísio Azevedo 5.  Inglês de Sousa 6.  Adolfo Caminha   Realismo em Portugal



 

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Poesia realista - As publicações em poesia realista portuguesa dividem-se em vários tipos: algumas com foco na realidade e na vida cotidiana de diversas camadas sociais ( poesia do

cotidiano); outras tem foco político, sendo uma poesia engajada, com crítica social e um caráter revolucionário (poesia realista  propriamente dita); outras tem foco nos questionamentos sobre vida, morte e Deus (poesia metafísica).

Autores   Antero de Quental: adotando uma postura oposta ao lirismo ultra-romântico, defende a



missão social da poesia e apresenta em sua obra uma busca filosófica da verdade através da própria experiência.    Cesário Verde:  também se afasta do lirismo tradicional português, sobretudo pelo



tratamento que dá a temas como cidade, amor e mulher. Buscando espontaneidade, usa estilo que valoriza a linguagem concreta e o tom coloquial. "Poeta dos sentidos", constrói imagens com muitas cores, formas e sons. Essa visão plástica do mundo antecipa a  postura assumida por Fernando Pessoa na pele de seu s eu Heterônimo Alberto Caeiro.   Eça de Queirós: admirador de Gustav Flaubert, Émile Zola e Honoré de Balzac, produz



romances marcados pelo uso do determinismo e do impressionismo para construir críticas (à burguesia e ao clero, por exemplo). Dono de um estilo direto e contundente, é hábil na descrição de locais e comportamentos. O pessimismo, o humor e a ironia com que constrói personagens são tipicamente realistas. 

 

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2. Conclusão O Realismo e subsequentemente naturalismo na literatura destinavam-se a descrever com firmeza os horrores da civilização moderna, como se vê nas vidas dos pobres infelizes que trabalhavam em minas ou fábricas, de prostitutas, degeneradas e criminosas. O movimento realista não estava apenas reagindo contra o romantismo da era anterior, mas também o idealismo filosófico da escola alemã, em particular de Hegel. O herói eloquente do romance inicial de Turgenev, Rudin, publicado em 1856, lida com confiança em abstracções como Humanidade, Liberdade, Dever, mas não pode fazer nada quando confrontado com situações reais. O Naturalismo apresenta uma visão de mundo mais mecanicista, mais determinista, pois aceita o  princípio segundo o qual somente as leis de ciência são válidas. Qualquer tipo de visão espiritualizada do mundo não tem, para o naturalista, grande valor.

 

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Bibliografia BARRISH, Phillip.  American Literary Realism, Critical Theory, and Intellectual Prestige , 1880  –  1995.  1995.

Cambridge University Press, 2004.

STROMBERG, Roland N.  Realism, Naturalism, and Symbolism: modes of thought and  Expression in Europe, 1848 –  1914  1914. Palgrave Macmillan, 1968

Sítios da internet [ONLINE] https://conceito.de/realismo [ONLINE]  https://conceito.de/realismo - acesso em 12 de Agosto de 2018. [ONLINE https://pt.wikipedia.org/wiki/Realismo - acesso em 12 de Agosto de 2018 

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