Propaganda Brasileira: _ Uma História da
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Marcondes
História
Propaganda Brasileira e lh o r e s c a m p a n h a s
Génios
Edição
criação
Personagens
Um Pouco
História
Este não é um livro de história.
ão nasceu co
essa pretensão.
as tem, sim, o objetivo de traçar uma
linha do tempo, em que se sucedem os principais
momentos da propaganda brasileira e
ua relação co
uma influenciando
nossa sociedade,
outra, e a duas
influenciando todos nós.
publicitária. Em 1908,
realizado um concurso (possivelmente
pri-
meiro) de cartazes publicitários, com a utilização de poesias, para o Bromilum, xaro pe contra tosse. Participa dele, entre outros p oetas coanúncio, formato tão habitual na mídia impressa contemporânea, nasce assim de uma colagem de recursos conhecidos.
ciedade moderna e da comunicação de massa. final do século XIX, essa evolução apenas começa. Os anúncios deixam de ser meros classificados para assu mirem um
nhecidos, Olavo Bilac.
existentes
origem que se transforma rá, por si próprio, num ícone cultural da so-
manifestações pre-
literatura e do jornalismo,
publicidade
personalidade
mais parecida com a que conhecemos hoje. Crescem de tamanho
ganham qualidade gráfica. início de 1900, aparecem no país as primeiras revistas, menos
importou o texto; do desenho e da pintura, trouxe as ilustrações
voltadas
dando origem a algo diverso e novo, mas de certa forma já incorpora-
sonetos, fatos diversos comentados. Aí vamos encontrar os primeiros
do ao universo conhecido da pessoas.
anúncios de páginas inteiras, com ilustrações apura das, em até duas
armadilha para assegurar
eficácia ao objetivos publicitários de comunicar Ao longo de sua história, no entanto,
nhar ta personalidade
vender.
anúncio publicitário vai ga-
independência em relação
suas formas de
notícia clássica
mais
crónicas sociais, sátiras, charges,
cores. Também o espírito do anúncio já é outro, bem mais leve (como veículo no qual se insere e
sociedade para
qual se dirige), irreve-
rente, solto, eventualmente com um toque de humor e
sença daquilo qu
primeira pre-
mais tarde se chamaria de criatividade publicitária:
não mais a mensagem com forma e conteúdo de um comun icado di-
DEIXA
reto, mas embrulhada num pacote de elementos, que requerem a par-
ticipação inteligente e
cumplicidade do consumidor para decifrá-los.
agência de
propaganda
Um modelo importado de comunicação
comercial invade
Brasil.
registros históricos dão conta de que a primeira agência de propaganda brasileira, surgida especifiAntárctica: o mais importante dos
camente com o fim de produzir comunicação co-
anunciantes nacionais
mercial, foi fundada um pouco antes da Primeira Guerra
uma campanha, com peças em sequência e
Mundial, por volta de 1913, em São Paulo. Cham ava-s
objetivo estratégico planejado.
Eclética. Depois da guerra, havia já outras quatro em funcionamento.
Do
anunciantes nacionais que conhecemos hoje,
mais importante dos primeiros dez anos do século XX é
cervejaria Antárctica, que produziu no período peças de qualidade, com espírito
Também
General Motors começa a s
profissionalizar
forma inspirados no art-
nouveau. São todas feitas pela própria com panhia e pro-
duzidas internamente.
mantém um departa-
mento de propaganda em operação
desde 1925. Credita-se a ela um importante passo na profissionalização
da propaganda feita no Brasil naquele período.
Genericamente, os anúncios da
Nesse primeiro quarto do século passado, surgem
companhias internacionais são já de
também os primeiros grandes anunciantes multinacio-
melhor padrão do que a maior parte
nais, entre eles Mappin
da comunicação das empresas brasilei
Webb (nosso conhecido
extinto magazine que, embora estivesse no país há al-
ras. Importam know-how e técnicas de-
gu
senvolvidas nos Estados Unidos, onde
tempo, começa a anunciar apenas nesse período),
Nestlé, Colgate-P almolive, Gen eral Electric, Souza Cru (British Am erican Tobacco)
Ford.
Bayer faz um tra-
publicidade consolidou modelos
pro-
cessos comprovadamente eficazes desde
balho de destaque, concebendo propaganda não co-
inicio de sua história. Fazem algumas (poucas)
mo um conjunto de mensagens eventuais, mas como
adaptações locais
publicam.
nos primeiros anos do século XX
Sem jeito de Brasil or se assim,
propaganda
as empresas estrangeiras, embora
correta para os padrões da época, não tem muito a ver com a cultura
brasileira, nem com os hábitos de consumo n acionais. Funcionava porque a comunicação publicitária tende a gerar resultados, mesmo
ff
(campanhas publicitárias de baixa elaboração ou campanhas globali-
zadas, elaboradas nos grandes centros, acabam por produzir, ainda assim, algum efeito sobre o público-alvo). O consumidor brasileiro desenvolveria seu repertório particular anos depois (nas décadas de
1960 e 1970, mais propriamente), a partir do interesse de alguns Em 1916,
Nestléjá fa propaganda de sua farinha láctea
í'-!""
consagrado
presíigío das afamadas meias
náo se Iteifa somcwfe á» aristocráticas reumdfes os grandes o«de «tias já eonquiafaram um togar proeminente definido. Mesmo nos bosques ou «as florestes a sua radiante belleza fascinar; um forma irrssisfjvel. cançflíío i«gé»úldad«. rudes camponezes simp!«a
anunciantes e do trabalho específico de algumas agências (e profissionais de criação) nacionais, que tentarão, teimosamente, descobrir
como é quese az propaganda tado - comsotaque
formato
comu nicação imp or
Brasil.
Por volta de 1930, c h e g a ao país
primeira agê nci de propagan-
da norte-am ericana, a Ay er, que vem para atende r a Ford, seu cliente
internacional, roubando
conta pu blicitária da pioneira Eclética. Tam-
bém a GM faz seu movimento, trazendo ao Brasil su
co
dial, a J.
Thompson,
parceira mun-
mais antiga agê ncia de propaganda hoje
operação no país. Me smo assim, não estamos ainda diante de u m negócio constituído.
propaganda não é, como viria a ser chamada
depois, uma "indústria". Até porque a indústria de verdade, base de sustentação
razão da existência da pu blicidade, ape nas se insinua no
Brasil, como um setor. Estamos, portanto, diante de uma atividade
embrionária, que vai sofrer nesse período economia e país baque crise de 1930 e constitucionalista de 1932.
CALÇA AMERICANA
Em novo tipo especial
m\m-m
'Andar pelo mato... Bondar
os poucos, no entanto, va evoluir se
de
cavalo...
pescarias, èxcorsões, piqueniques,,. Fenos!...
Um par das maéics Alpiargatas. Roda "nos pés, calças arnericanas bem fortes e confortáveis...
'f..
§•'''
"deixe o barco correr".)
k m m t m à o suos moos... não esqueço Alpargatas Roda Calças
Americanos For-West! Boas
para as férias... boas para
grtançes
oeasiõol
PAULO 41PAR6ATAÍS
Ru Ru Ru Suo
Paulo Ot, AlmeWa Um 1130 t223 - B e C — R b d e janeiro Porto Alegre do» AhaVadas, 1409Beo,
Imperial,
43
Recfo
como,
1929, parar.
resto, toda
revoluç ão ge tulista
cara
e a voz
primeiras fotos e a chegada do rádi mudam o rosto da propaganda no Brasil. (WARNER)
atam dessa época turbulenta as primeiras fotos não mais apenas ilustrações
brasileiros. Tanto
começam
traço - dos anúncios
Ayer como a J. W. Thompson
recurso, já consagrado e m s e u pafs
utilizar
de origem.
Uma vez mais,
conquistas
propaganda incorpora os avanços e as
sociedade, e os coloca
nicação comercial.
serviço
comu-
evolução as técnicas e dos recursos
da fotografia produz um impacto enorme na sociedade
O jornalismo incorpora rapidamente esses avanços e, em pouquíssimo tempo, tem sua própria forma de abordagem fotográfica,
fotojornalismo.
propaganda ainda
não. Utiliza fotos padrão, pré-produzidas, ainda com modelos norte-americanos. Algo como as fotos de arquivo (stock photos) que a propaganda us
Iríamos começar jeito, caras
Brasil ainda nesse início
cores
ma
grande inovação para
seria
chegada
cada
hoje.
nossa produção fotográfica co país
para
década,
propaganda
rádio, que se insinuou no final da dé-
1920 e oficializou-se no início dos anos 1930.
Veículo de difusão
informação e
cultura alter-
nativo ao onipresente jornal, o rádio não experimentaria
um
evolução paulatina
gradual, como os veículos impressos. Cres-
Ctrla de forma vertiginosa, numa velocidade at
então desconhecida,
arrebataria, em suas ondas, gerações de fãs, constituindo audiência de massa do século. Para
primeira
propaganda, isso significou
maior impacto de desenvolvimento de sua ainda incipiente história. Representou, também, um desafio inovador sem precedentes, até
Novo
propaganda teria voz.
tocaria música. Teria, portanto, qu Como na vida real
•ERFUMADfSSfMO Sabonete
partir daquele momento,
porque,
lons.
Lever
aprender
falar e
teria tocar,
no discos.
propaganda, bem da verdade, não
sabe, poij el« tunbcm um A» estrflas. time teu «tonce, novo Leva envolve Unte perfume, sais mdorável, m»i$ adviote, noite ««mói D* «MMiiM pureza Und* ettb*I*gem to», «m sempre com fi€QHÒiilÍ€K* heitKf al bí «tbooete anis tuxaoto pMchMclo do que Q O T O t*K*i. Agor» «aã «UBaãfco».
Inbonete «k
Contribuiria com novas
bete*
descobertas, nesse inílO de história do rádio
como meio
comuni-
cação no Brasil. Iria, •O
poucos, incorporar conquistas de forma que ele
descobriria po conta própria ou importaria da Europa e dos Estados Unidos.
rádio po
aqui seria, em seu início, um grande palavrório.
Noticiários, crónicas, posteriormente radionovelas e, claro, música. propaganda foi tímida e, em seu primeiro movimento, apenas reproduziu na nova mídia os mesmos textos desenvolvidos para os jor-
nais e as revistas.
em graça e sem imaginação.
empresas falam ^
Em dois ou três anos, contudo,
linguagem publicitária no rádio
criaria seus primeiros formatos próprios: os spoís (peças co
textos
Interpretados, acompanhados ou não de música) e os jingles (trilhas wnoras curtinhas, desenvolvidas especificamente para
Ambos VOC5 poder» cativi-to com um» cúd» »UTC
formatos foram importados do
haviam provado se
poder de comunicação.
anunciante).
Estados Unidos, onde já
idílio c x c r i c griindf j s < / n / o
sobre vida brasileira desde os anos 1930, lançando artistas e exercendo pape! de primeiro grande veiculo de comunicação de massa
mar;
No rádio, as grandes indústrias já presentes na economia brasileira encontrariam espaço privilegiado para su
nomes encontrados nos jornais
comunicação.
mesmos
revistas, seguidos de outros que
chegariam aos poucos (Coca-Cola, entre eles), eles), estariam est ariam também preGessy: uma das primeiras marcas anunciadas em jornais revistas que se torna grande beneficiada c o m a chegada do rádio (ver também página seguinte)
sentes no novo meio, utilizando-se utiliz ando-se não só d dos os recém-chegados spofs jingles como, também, de uma nova modalidade de presença comercial na mídia:
patrocínio. As novelas Gessy e
Repórter Esso se
transformariam em marcos dessa nova fórmula, em que o anunciante
Urabs
apresenta e oferece oferec e aos telespectadores telespe ctadores o conteúdo editorial e/ou ar-
tístico
programação
veiculo. Ficaram décadas no ar, sendo que co
Su
absoluto sucesso para a TV, assim que ela s
primeiro migrou co instalou no país.
Já se sabia então que, quanto mais próximo estiver
nome
anunciante do conteúdo veiculado no meio, mais eficaz tende a ser comunicação comercial. ia ao ar e ao longo mente
consumidor
patrocínio, citado sempre que o programa
toda a sua duração, registrava co imagem da marca, com simpatia
eficácia na seriedade.
Fo nesse momento, em que a comunicação ganhava voz, que o so
Segunda Guerra Mundial fe calar todo
mundo. El causaria
grande impacto na economia brasileira no final dos anos 1930 e na
sã
«punw, »t
Um do primeiros anúncios de Coca-Cola: mares americana invade não só as publicações, c o m o também meio radiofónico
la transforma tudo.
nunca mais seríamos
os mesmos.
om
acontecera no
cionaria
Estados Unidos, a T
mais que o rádio -
portamento,
revolu-
cultura,
com-
economia e, consequentemente,
publicidade brasileira de uma forma como nunca havíamo
visto. No
ia 18
setembro
ra de W do Brasil,
quarto
atraso
1950, co
horas, às 22h, em São Paulo, nasceu
PRF-3 PRF-3,, ou a TV Tupi.
mundo
duas
primeira emisso-
país seria
transmitir imagens de televisão.
responsável pela façanha foi Assis Chateaubriand, proprietário do
maior
Diários Associados,
portante rede brasileira de rádios e, com a chegada do rádio,
mais im
jornais. desafio era dar voz às
mensagens publicitárias, agora se tratava do desafio fi-
primeira metade da década seguinte.
propaganda, apesar de conti-
nuar sua natural evolução no país, país, aprimorando linguagem também seria afetada.
técnicas,
volumes investidos investidos cairiam, c airiam, e o setor experi-
mentaria uma estagnação considerável, como negócio negócio e nos números de seu desempenho comercial.
nal: da imagem. E em movimento. Assim como no rádio, contudo,
início fo apenas ex-
perimental, e
propaganda criou um
comunicador,
garota-propaganda (sempre mulher, já
que as mulheres eram
figura básica de
público-alvo preferencial da pu-
blicidade em geral), cuja função era demonstrar, como numa conversa doméstica doméstica com a consumidora, as maravilhas do
produtos anunciados.
mulheres cabe ficar em casa, conversando com as garotas-propaganda, enquanto seu adónis não vem. Ou, ainda, ir ao paraíso das compras, o supermercado, que introduz grandes novidades da culinária no rte-americana, como os alimentos enlatados e os de preparo Instantâneo. versão de mulher moderna da época é a da que sabe fazer compras, domina o uso dos mais novos lançamentos eletroeletrônicos (ba»tedeiras, enceradeiras, liquidificadores, todos novos personage ns da [.cozinha) e... atualiza-se sobre as novidades, vi garotas-propaganda. Mas lá fora, na ruas da grandes metrópoles qu começam surno mapa do Brasil, principalmente no bailes vespertinos noturfftos, um importante mudança de compo rtamento começa a aconteICêr. Uma jovem rebeldia ocupa espaços, num cenário social até então previsível bem-comportado.
VIDA PARECE
Tipões...
ão os homens que vão começar quebrar os primeiros tabus. darlon Brando James Dean são os modelos da nova raça, que es•nja virilidade, adora velocidad e não respeita o status quo. São no-
PANHIA
E
MA
causa. eles. De eu canto, também elas irão em busca de um comportamento •nos servil. Para desespero do pais e da moral vigente, passam Br calças compridas justas no corpo, pintam-se co maquiagem imDrtada, usam ousados m aio na praias (alguns feitos já com as noIS fibras sintéticas, o náilon e o rayorí), além de andarem lado a lado 9m os "brilhantinados" garotões em seus carrões. Todos vão, juntos, rebolar ao som de um novo ritmo, qu mudará história da juventude para sempre: rock and mil. Elvis Presley é fiodelo e, no requebro de sua cintura, dezenas de anos de compos|ura e correção irão bailar. Garotos e garotas nunca mais serão os ismos. Adeus, inocência perdida. No B rasil, na mesm a época em que rock destrói modelos de comBrtamento com sua batida qu parece buscar inspiração na violêní l l ,um outro movimento, totalmente intimista, ocupa as salas bem (licoradas da classes mais ricas. É a bossa nova de João G ilberto, qu adicionar um toque de Jazz, samba violão ao agitado cenário mu IICll do anos 1950.
Todas essas imagens são,
claro, um grande estereótipo
que, no
entanto, têm o didatismo e o poder de síntese dos valores e costumes
!STE CASAL IASCEU
iLUMENAUJ CATARINA.
Você percebe, B» hora, qiw s» ttftte ", de um «asai roper-avançudo, Sempre pronto a lançar ideia» novas, ou um desenho totalmente inédito. ou uma cA mais arrojada. somente em duas coisas ste easal te
(HMístao de manter twdiçftw, (Is padtm»$ tí q u < " ser Impecáveis. cores Ja toalha dête.tèm qu comWnar perfeitamente com as
cores e o desenhos da toalha cielt. Como acontece com lodo» os casai» d» nova colecto Artex El» El*'.
juarrmx
da época.
Uma vez mais,
propaganda va reproduzir todas essas mudan-
um pouco depois. A publicidade da época cuida de venerar o
ça
bom-mocismo dos homens e difundir os padrões convencionais da dona-de-casa-modelo para as mulheres. Sexo antes ou fora do casamento, nem pensar. Anunciavam-se já os recém-in-
ventados absorventes higiénicos femininos (Modéss),
as
nã
se dizia claramente para
qu
eles serviam. Confiava-se
na sutileza e na capacidade de
dedução da moças. ...e
seus
carrões
A industrialização toma conta do país no governo Juscelino
Kubitscheck, que prometeu (e medida cumpriu) 50 inos em 5. O espírito desenvolVlmentista invade as empresas, tm bo
•S cidades,
casa e
compor-
plano de metas ousado te como foco a infra-estrutura da economia (energia, transportes, indústria de base). Enquanto os tamento da
/l/í///, (/(/i vitt.t se ,i ni.iitn d// torci (},) Anu" !!! ,i
,1
pessoas.
costumes eram abalados pelos novos modismos do consumo e do
compo rtamento mais liberal, JK tratava de mudar po dentro.
Brasil po baixo
presidente também planeja e constrói Brasília, símbolo concreto expressão estética de uma modernidade planejada.
expoente dessa nova dinâmica nacional é, sem dúvida,
tomobilística, que vê sua planta industrial crescer
as grande indústria au
se sofisticar, além
Latino, (oni(\.i SUd
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