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September 6, 2017 | Author: Francis Mary | Category: Sociology, Preschool, Learning, Pedagogy, Science
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PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM FUNDAÇÃO CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLA BOSQUE PROFESSOR EIDORFE MOREIRA

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM FUNDAÇÃO CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLA BOSQUE PROFESSOR EIDORFE MOREIRA

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: UMA AÇÃO COLETIVA

Equipe Coordenadora: Ana Wilma Cordeiro da Luz Cilene Maria Valente da Silva Kátia do Socorro S. Homobono Maria do Socorro Pereira Lima Maria de Fátima Costa e Silva Maria do Socorro Monteiro Cabral Sônia Maria dos Anjos Mendes

Outeiro-Belém-Pa 1999 SUMÁRIO

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JUSTIFICATIVA I.

OBJETIVOS

II.

CONTEXTUALIZANDO A ESCOLA BOSQUE • Origem e Denominação • Localização e Entorno • Arquitetura

III.

O FAZER PEDAGÓGICO NO COTIDIANO DA ESCOLA BOSQUE • Uma concepção de Educação Ambiental • Revendo a concepção de Educação Infantil • Ensino Fundamental: Em busca de uma escola inclusiva • Ensino Médio Profissionalizante: Uma Experiência em Construção • Redes de Conhecimentos: Uma Proposta em Construção para a Educação de Jovem e Adultos

PROJETOS E ESPAÇOS ALTERNATIVOS • Laboratório de Informática • Sala de Leitura • Projeto Herbário • Coleção Zoológica • Educação Nutricional • Plantas Medicinais • Horta • Viveiro de mudas • Escritório Piloto de Ecoturismo • Núcleo de Linguagem arte e cultura – NULAC • Laboratório Pedagógico • Videoteca • Biblioteca • Brinquedoteca 3

BIBLIOGRAFIA Anexos

INTRODUÇÃO As novas exigências da cidadania que é identificada por avançar idéias da educação científica dos modelos prontos, ressalta a necessidade de um novo cenário para a educação, através da reflexão coletiva na construção do Projeto-Político Pedagógico. Compreendê-lo é o passo inicial para efetivá-lo.

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“A construção do Projeto Pedagógico pelo coletivo, objetiva a democratização do ensino, cujo núcleo é a democratização do saber que passa agora a se diferenciar da democratização das relações internas, sem no entanto se desvincular delas” (Pimenta apud Silva [s/d]) Observa-se, portanto, a importância da democratização do ensino e essa concepção, para permear no convívio educacional só será possível através da integração das idéias que outrora eram fragmentadas. A construção do Projeto Político Pedagógico implicará a explicitação da filosofia que a escola vai expressar com esse novo perfil, pois deve-se verificar o que está contido no Regimento Escolar, enquanto crença filosófica que poderá contribuir na construção de tão almejado projeto. A reflexão crítica do grupo participante na efetivação do Projeto Político Pedagógico, deverá acontecer permanentemente a reflexão acerca do currículo e outros componentes do fazer escolar. Na certeza de que a essência da escola é a realização do seu próprio Projeto Político Pedagógico, ressalta-se que esse propósito estará sempre em elaboração, tendo em vista que ele poderá ter vários pontos de partida mas não existirá um ponto final, isto é, a escola deverá ter consciência do que pretende, do que há, do que precisa, de onde vai partir e para onde quer ir. Inclui também nessa efetivação do projeto, os conceitos que se tem de educação, de escola, de ensino, de pessoa, de sociedade, etc. Isso significa a necessidade de fundamentos teóricos a respeito do que se vai pôr em prática, partindo da concepção de que escola é instituição que precisa se organizar através de um trabalho voltado para pessoas que vão construir conhecimentos. I. JUSTIFICATIVA Entendemos hoje a escola como uma instância de luta para transformação social. Assim, é concebida como lugar que reflete as contradições da sociedade na qual ela está inserida, logo, nela estão presentes os processos sociais contraditórios de reprodução e transformação. Nesse contexto, ela sofre também múltiplas determinações: tanto contém o que há de conservador na sociedade, quanto os germens da transformação social. Desse modo, a escola está envolvida nos jogos das contradições e, por isso, deve ser um espaço de ação na luta por uma sociedade mais justa. No entanto, nada na história e na sociedade é feita repentinamente, e a transformação tão almejada não é construída somente na escola, mas num movimento recíproco: escola – 5

sociedade / sociedade – escola e, em uma instância educacional, a direção determinante será do social para a escola. Desse modo, nem a sociedade, nem a escola são neutras. Querendo ou não a ação educativa em geral, a escola em particular, estão comprometidas com determinada perspectiva filosófico-política. Se a escola e a sociedade não têm clara essa concepção filosófica pautada na visão de homem, mundo e sociedade, a ação educativa tende a esvaziar-se e apoiar-se no senso comum, que muitas vezes perpassa a ideologia dominante. Ou seja, uma ideologia respaldada pelo autoritarismo, descompromisso, alienação, divisão de classe, etc. Historicamente foi essa a trajetória educacional dessa sociedade, tendo como resultado indivíduos inquestionáveis, alienantes e alienados, acríticos e desprovidos de qualquer noção criativa. Em função desse resultado é que pesquisadores, professores e estudiosos da área educacional têm tido atualmente como objeto de estudo o Projeto Político-Pedagógico, tanto no âmbito nacional, estadual como municipal, em busca da melhoria de ensino. É comum ouvirmos falar sobre a necessidade do Projeto Político-Pedagógico, não somente no contexto educacional macro, mas principalmente no escolar. Daí surgirem os questionamentos do que venha a ser o Projeto Político-Pedagógico. É certo, que para alguns a resposta a tal questionamento está clara, entretanto, para a maioria, ainda se faz presente a importância de sua definição como marco que norteará a ação pedagógica de todos que fazem a escola, de acordo com suas necessidades. Mas afinal, o que é o Projeto Político-Pedagógico? No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere que significa lançar para diante, plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento, redação provisória de lei. Plano geral de identificações (Ferreira, 1995: 144). Projeto Político-Pedagógico logo, é a projeção dos fins da educação, dos objetivos a serem atingidos, dos caminhos a serem percorridos, dos meios a serem adotados. Desse modo torna-se claro a necessidade de uma nova postura, no sentido de reverter a equivocada função que a escola vem efetivando. Partindo do entendimento do que seja o pensar e o agir do Projeto Político-Pedagógico para a instituição educativa possa tornar-se agente de mudanças, que objetive a transformação social. Nessa premissa, vê-se que a escola tem a necessidade de construir um projeto que tenha sempre em seu bojo a vinculação estreita com a realidade, com o contexto social mais amplo, exigindo portanto, um compromisso com a prática educativa e que assim construa cidadãos conscientes, críticos e participativos, capazes de questionar os seus direitos com conhecimento de causa e assim conquistar seu espaço na sociedade. Assim sendo, o Projeto Político-Pedagógico contempla um duplo objetivo. Segundo Marx, “os homens são produtos das circunstâncias sociais e da educação e, portanto, os novos 6

homens são produtos de circunstâncias distintas e de uma educação distinta. Mas não se deve esquecer que as circunstâncias são mudadas precisamente pelos homens e que o próprio educador precisa ser educado”. Portanto, só haverá mudanças na estrutura social se houver formação de um novo homem para atuar nesta sociedade. Entretanto, essa estrutura social só irá mudar se houver a formação desse novo homem. O projeto é educacional e também político porque de alguma forma tem que impulsionar a concretização do projeto histórico nacional, já que os educadores têm que tomar consciência de que seu trabalho é uma das formas de politização mais efetiva. Essa conscientização não é e nem pode ser fruto do espontaneísmo ou do voluntarismo, mas conseqüência da organização e participação política como pré-requisitos, tanto da elaboração como da execução de um projeto alternativo. Compreende-se que na construção do Projeto Político-Pedagógico, o educador deve ter consciência do que pretende, do que há, do que precisa, de onde vai partir e para onde quer ir. Deve-se, contudo, principiar definindo o tipo de homem que interessa educar e o tipo de sociedade que se quer promover. O objetivo prioritário do Projeto Político-Pedagógico é o homem, até porque o homem é projeto, significando essencialmente um ser inacabado em sua plena realização “o homem, cada homem e qualquer homem, pode ser e será criador de sua própria história e não mais objeto da história de algum outro” (Garaudy, 1977 : 36) É o homem e seu pleno desenvolvimento como ser transcendente que deve ocupar todo o horizonte de nossas preocupações. A concepção de homem que permeia o projeto educativo deve considerar todas as dimensões e as potencialidades do ser e assentar-se em suas possibilidades reais e na compreensão de sua situação específica no mundo. Portanto, temos que projetar a imagem do homem que buscamos necessariamente, através dos traços e contradições do presente, somamos aos que permitam vislumbrar esse caminho até a sociedade do futuro. É no presente – que nos amarra fortemente à realidade – e no futuro – que nos impulsiona a superar os paradoxos do presente – que se encerra a popularidade que nos obriga à conquista de “um homem cada vez mais homem” e de “uma vida mais humana”. Na construção do novo Projeto Político-Pedagógico implica explicitar a filosofia que a escola vai expressar nesse novo perfil de homem tomando como ponto de partida a proposta original da Escola Bosque enquanto linha filosófica que poderá contribuir nessa almejada construção. Deste modo, esta linha procura desenvolver na Escola Bosque um trabalho que alia currículo mínimo obrigatório a currículos específicos que abarcam a questão ambiental, questão esta, prioritária de nosso tempo uma vez que a educação ambiental visa destacar “que 7

o indivíduo torna-se consciente de sua condição humana, ao estabelecer relação com os outros seres humanos e com o meio ambiente onde está inserido.

É relacionando-se com o

semelhante e com a natureza que esse indivíduo objetiva-se em essência enquanto ser histórico e social, produtivo, criador, que transforma a si próprio e ao mundo”. (Ponte, 1994 : 12) Neste contexto a educação ambiental permeará todo o trabalho pedagógico e de pesquisa buscando as inter-relações entre o ambiente natural , social e cultural, objetivando envolver crianças, jovens e adultos, que terão deste modo, condições e responsabilidades em pensar, discutir e agir a favor da melhoria do ambiente em que vivem. Assim sendo, esta linha de trabalho chama a atenção para que possamos perceber que a ameaça à natureza e à miséria são decorrentes da crise de percepção humana, que nos tem levado a um olhar inadequado do mundo. Neste enfoque, temos que adquirir um novo olhar, baseado na cientificidade e na sistematicidade que nos mostra os sistemas vivos integrados, desde a menor bactéria até a sociedade, e sobre esta nova ótica obviamente estamos integrados. É propósito desta linha de trabalho também, fazer refletir sobre nosso papel como integrante deste sistema. O que estamos fazendo para o progresso que ora vivenciamos chegue até nós de forma menos desastrosa? O que fazer para minimizar a crise ecológica que vivemos no planeta terra? Sabemos que o que se observa ao longo da história é que em nome do progresso, da ciência e do desenvolvimento notamos a instauração de imensas zonas de miséria, fome, destruição ambiental, desemprego, marginalidade opressiva, ociosidade, solidão, angustia, exclusão social, etc. Logo é preciso que se diga que não haverá verdadeira resposta à crise ecológica a não ser em escala planetária e com a condição de que se opere uma autêntica revolução política, social e cultural reorientando os objetivos da produção de bens materiais e imateriais, o que resume em um novo conceito de crescimento econômico, contrariando o atual que tem como finalidade do trabalho social regulada de maneira unívoca por uma economia baseada no lucro e em relações de poder nem sempre democráticos, levando assim a dramáticos impasses como a que pesa sobre o Terceiro Mundo conduzindo a algumas de suas regiões a uma pauperização absoluta e de certa forma irreversível. OBJETIVOS •

Construir uma gestão democrática com vistas a conferir à escola a importância estratégica que lhe é devida como espaço legítimo das ações educativas e como agente de prestação

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de serviços educacionais de boa qualidade, consolidada na implantação de seu Projeto Político-Pedagógico; •

Conhecer melhor a realidade da Escola Bosque de modo a construir uma gestão democrática conferindo a mesma a importância estratégica que lhe é devida como Centro de Referência em Educação Ambiental, cujo marco norteador do processo educativo, visando a melhoria da qualidade de vida de sua clientela nos diversos níveis de ensino;



Encaminhar um processo de diagnose com a comunidade intra e extra escolar através de pesquisas sócio-antropológicas; • Construir e ampliar ações que possibilitem a participação de todos os segmentos da Comunidade escolar;



Garantir que a Educação Ambiental seja o fio condutor do processo educativo;



Fortalecer o Conselho Escolar enquanto mecanismo de viabilização da gestão democrática;



Dinamizar o Conselho de Ciclo como elemento integrador da ação pedagógica entre técnicos, professores, pais e alunos visando o aperfeiçoamento do processo educativo de modo participativo e qualitativo.

III. CONTEXTUALIZANDO A ESCOLA BOSQUE •

Origem e Denominação: A Escola Bosque assim inicialmente designada, pelos primeiros que a conceberam

possível, os membros do CONSILHA (Conselho de representantes da Ilha de Caratateua) o qual surgiu em 1991 como uma nova expressão de luta popular, uma vez que este nasceu da necessidade de fortalecer a luta popular pela melhoria da qualidade de vida dos moradores da ilha. Quando o CONSILHA se estabeleceu oficialmente em 06/01/91 estavam presentes diversos representantes do movimento popular organizado da Ilha, entre os quais podemos citar o Sociólogo Mariano Klautau que muito contribuiu com a efetivação do Projeto. Luta essa que foi encampada por outros membros do CONSILHA como a Arquiteta Dula de Lima, a qual idealizou o projeto arquitetônico compatível com a região. Era preciso contribuir respeitando a fauna e a flora nativa dos 120.000 m² onde hoje é a Escola Bosque. O Centro de Referência em Educação Ambiental – Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, instituído pela Lei Municipal Nº 7.747 de 02 de janeiro de 1995, reordenada pelas Leis Delegadas nº 002 de 20 de novembro de 1995 e Nº 003 de 28 de dezembro de 1995, criado pelo Decreto Municipal Nº 2883/96 de 13 de junho de 1996, com sede neste município, na rua Nossa Senhora da Conceição, s/n, Distrito de Outeiro – Ilha de Caratateua, é uma

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Fundação de direito público, sem fins lucrativos, com prazo de duração indeterminado, vinculada ao Gabinete do Prefeito. É relevante antes de prosseguirmos, saber quem foi o homem que deu nome a Escola. Um homem do qual ele mesmo afirmava ter “Tendências Solitárias”, temperamento retraído, esquivando-se sempre de todas as homenagens que lhe quiseram prestar, bem como à participação em instituições culturais científicas ou literárias. O filósofo da geografia, que tão bem estudou e conceituou a Amazônia dedicando especial atenção à Belém, sem esquecer de sua parte insular, o qual se chamou Eidorfe Moreira. Eidorfe Moreira (morreu em 2 de janeiro de 1899 aos 77 anos de idade), professor, geógrafo, filósofo e escritor, debruçou-se especificamente sobre a região amazônica, mas produziu ainda obras de cunho geográfico-literário e sobre a história cultural do Pará, como bem fala o professor e filósofo Dr. Benedito Nunes – em nota crítica escrita para a edição de suas obras reunidas: “Eidorfe Moreira considerou o que há de mais específico nessa ciência (a Geografia) e, sem recorrer a elementos que lhe sejam estranhos, distendeu até suas extremas possibilidades o ponto de vista geográfico. Esse ponto de vista que permite um contato em extensão e profundidade tanto com a extensão exterior quanto com a realidade humana, torna-se uma posição problemática que força o pensamento a iniciar a sua trajetória filosófica, no intuito de interpretar a vida tomando por base a amplitude cósmica do universo, onde o homem está em constante diálogo com a natureza”. Eidorfe Moreira foi o mais Paraense dos Paraibanos que aqui viveram e razões não faltam para essa justa homenagem. Esta Escola objetiva desenvolver atividades educativas que preparem indivíduos para conviver de maneira propositiva dentro do contexto em que vivemos, reconhecendo que é necessária a formação de cidadãos que tenham por objetivo fundamental a compatibilização entre desenvolvimento e respeito ao meio ambiente, tendo o homem como mediador dessa relação. Neste sentido, isso se inicia na Escola Bosque, no âmbito da Educação Básica – compreendendo-se Ensino Infantil, Fundamental e Médio – tendo ainda a opção de Técnico Profissionalizante em Meio Ambiente com habilitação em Ecoturismo, Fauna e Flora (cuja instalação dos cursos foi imprescindível para preencher lacuna existente no Sistema Formal de 10

Ensino da Região Norte, devendo preparar jovens para o bom gerenciamento dos bens naturais da Amazônia, tão carente de pessoas especializadas – técnicos – para lidar com a sua fauna, flora e meio físico) tendo como apoio para essa realização: laboratórios, biblioteca, auditório, espaço para exposições e área de plantio. A escola é principalmente, um espaço aberto à população. A Escola Bosque como Centro de Referência em Educação Ambiental, também se dedica à Educação não Formal buscando fornecer subsídios à pesquisa e atuando em programas especialmente voltados à demanda comunitária. •

Localização e Entorno: A Escola Bosque localiza-se na Ilha de Caratateua, à 35 Km do centro urbano do

município de Belém, à rua Nossa Senhora da Conceição, s/nº, bairro de São João do Outeiro. A Ilha de Caratateua, possuí uma área total de

31.449.074.467 m², sendo

11.934.297.051 m² de área urbana e 19.514.777.416 m² de área rural, distante 20 Km de Belém ao Norte do Centro Urbano de Belém, possui uma área de 3.226.66 hª, com acesso pela Rodovia Augusto Montenegro, situando-se a área estudada, entre os paralelos de 01º 13’ e 01º e 17’, entre os meridianos de 48º 25’ e 48º 30’. É separada da sede do Distrito de Icoaraci a sudoeste, e da Ilha de Mutum, a sudeste pelo Furo do Rio Maguari, da Baía de Santo Antônio, e da Ilha de Mosqueiro, a noroeste do município. O Distrito Administrativo de Outeiro teve seu início na história, quando várias de suas áreas serviram de cemitérios para os índios nos tempo antes da fundação de Belém (especialmente no bairro que hoje chama-se Itaiteua) A ilha era chamada por eles de Caratateua, que no dialeto Tupi-guarani, quer dizer, “lugar das grandes batatas”). Os Portugueses batizaram de Outeiro, que para eles quer dizer “pequenos morros”. Em abril de 1731, o Governador da Província do Grão-Pará, Capitão Geral Alexandre de Souza Freire, concedeu Outeiro à terceiros (através da carta das sesmarias, que oficializava a doação de terras a particulares, objetivando sua ocupação). A segunda fase da colonização de Outeiro deu-se no ano de 1893, quando foi criada a colônia de Outeiro (Núcleo Modelo de Colonização), uma segunda hospedaria em Outeiro foi implantada na antiga colônia agrícola, onde funcionava as dependências do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças – CFAP, que recebeu em 14 de abril de 1893, 14 famílias Italianas, que deram o pontapé definitivo na colonização de Outeiro. Até meados de 1990, Outeiro era subordinada ao Distrito de Icoaraci. No ano de 1994 aos 12 de janeiro, foi decretado pelo prefeito Hélio Gueiros a criação das 8 (oito) 11

Administrações Regionais de Belém, assim Outeiro passaria a ser Distrito e teria sua própria autonomia (inclusive foi criado o plano diretor das ilhas de Outeiro e Mosqueiro) O intuito só passou a vigorar à partir da gestão do Prefeito Edmilson Rodrigues em 1997, que oficializou a de Belém em 08 distritos. Observando a forma geográfica da Ilha de Caratateua, onde se localiza a Escola Bosque, a mesma pode ser comparada a uma taça, com maior largura de 10 km voltada para a Baía de Santo Antônio e a menor de 6 km ladeada pelo Furo do Maguari, que a liga com a Baía de Guajará, fazendo parte do contexto insular de Belém. A referida ilha é mais conhecida como Outeiro, cuja denominação é usada por geomorfólogos para descrever os aspectos geográficos e as pequenas elevações que a ilha possui. A Lei nº 7806, de julho de 1996, dispõe apenas sobre a existência de quatro bairros na ilha: bairro da Brasília, de São João do Outeiro, do Itaiteua e da Água Boa. Entretanto, existem também os bairros do Fidélis, do Fama e do Tucumaeira. O bairro mais antigo é o de Itaiteua onde se originou a concentração populacional na ilha. Composta de sete praias: do Amor, do Outeiro (do Barro Branco, dos Artistas e Praia Grande), da Brasília e do Redentor, a Ilha de Caratateua se constitui numa alternativa de lazer à população de Belém. Com a construção da ponte Enéas Pinheiro, que liga Belém a Outeiro, a ilha sofreu um processo de ocupação intensa, facilitando o acesso da população aos balneários existente na ilha, chegando a registrar taxa de crescimento de 13,15%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE , senso de 1993 Caratateua sofreu um processo de ocupação sem precedentes, pois em 1991, o número de habitantes correspondia a 7.682; em 1993 aumentou para 12.461; segundo dados fornecidos pela Agência Distrital local, o número de habitantes estava estimulado em 35.000, o que já era preocupante naquele momento, tendo em vista que a ilha não possuía infra-estrutura para atender nem metade daquele quantitativo. Atualmente, segundo o senso do IBGE/2000,o Distrito de Outeiro-DAOUT, possui uma população de 26.225 habitantes, sendo sua área de extensão de 111,395 e densidade demográfica 235,42, distribuídas em sete bairros (Brasília, São João do Outeiro, Água Boa, Fama, Tucumaeira , Fidelis e Itaiteua) Dentre estes, temos quatro bairros que apresentam grandes índices populacionais: Brasília: área de 2.776.779,051 m², população 5.158; São João do Outeiro: área 5.587.524,047 m², população 7.693; Itaiteua: área 2.112.567,153 m², população 1.245; Água Boa: área 1.457.434,972 m², população 5.676; No momento da inauguração da Escola Bosque, em 1996, a estrutura econômica local era de baixa renda das famílias. As condições de vida da população eram precárias e 12

deficientes. A mão-de-obra vinculava-se ao emprego informal, condicionada à venda de alimentos nas praias, com inúmeras tabernas, pequenos armarinhos e mercearias que compunham o perfil econômico da ilha. No que se refere à saúde, o distrito possui apenas uma Unidade de Saúde (Programa Família Saudável), com 12 leitos, urgência e emergência, e o ambulatório (São João do Outeiro) e extensão do programa para os bairros do Fama e do Fidélis, para atender toda a população local, assim como uma Unidade Fluvial Pedro Pomar (Intinerante) No que tange à educação, a comunidade outeirense conta com: Unidades Escolares Municipais: -

Escola Bosque Prof. Eidorfe Moreira (São João do Outeiro)

-

Escola Municipal Monsenhor José Maria Azevedo (Itaiteua)

-

Escola Municipal da Brasília (Brasília)

-

Escola Municipal Helder Fialho (Brasília), possuindo um anexo no bairro do Fidelis.

Unidades Escolares Estaduais: -

Escola Estadual do Outeiro (São João do Outeiro)

-

Escola Estadual Geny Gabriel (Água Boa)

-

Escola Estadual da Brasília (Brasília)

Unidades de Educação Infantil: -

U.E.I de Itaiteua (Itaiteua)

-

U.E.I Comunidade Estrelisa

Unidades Conveniadas com a rede municipal: -

Escola de produtores rurais (Itaiteua)

-

Escola Colônia do Fidelis (Itaituea)

Quanto à Segurança Pública, observamos uma grande carência deste serviço, uma vez que temos apenas uma delegacia para atender a demanda da Ilha, que vem se agravando devido ao aumentando desordenado da populaçãoo e ao grande índice de violência, principalmente na segunda -feira , quando da realização de festas no Areião , Caldeirão do Alan entre outros. Apesar de tudo temos apenas dois órgãos responsáveis pela segurança na Ilha: -

Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praça (CFAP)

-

Delegacia de Polícia Civil do Outeiro.

A economia da ilha de Caratateua esta representada pelo comércio varejista (mercadinhos, armarinhos, farmácias, estâncias, etc...) , por atividades comerciais (hotéis, pousadas, restaurantes, bares, casas noturnas, etc...), e por prestadores de serviços autônomos, possuindo 3 pequenas feiras livres: São João do Outeiro, comunidade água boa, e Brasília.

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ARQUITETURA O Projeto arquitetônico da Escola Bosque, elaborado por Dula Maria Bento de Lima e Milton José Pinheiro Monte, caracteriza-se por sua estrutura leve e elementos vazados integrando o espaço construído ao espaço natural. As instalações físicas ocupam 3% de uma área total de 12ha de floresta tropical preservada. A arquitetura dos prédios valoriza e adapta-se às condições ambientais de maneira a permitir uma consistência harmônica entre o homem e o meio ambiente. Priorizou-se o aspecto octogonal para as salas de aula característica diferenciada da escola. Os módulos que integram a estrutura física da escola, compreendem: •

pórtico (entrada principal da escola):



bloco administrativo: composto de (vários) cinco espaços onde funcionam: a secretaria da escola, o setor administrativo da Fundação com sala de espera, sala de computação, sala da direção e sala de reuniões;



setor

pedagógico:

sala

dos

professores,

coordenação

pedagógica,

sala

de

acompanhamento em orientação educacional, cinco banheiros. •

o prédio denominado multiuso, possui forma octogonal, com seis salas conjugadas, janelas envidraçadas, dois banheiros, ao centro um jardim de inverno , funcionam como laboratório pedagógico, sala de leitura e as demais salas para a educação infantil, podendo sofrer novas adaptações conforme sejam necessárias;



do mesmo formato, octogonal, existe o espaço cultural Chico Mendes, com alguma alteração na forma das salas, pois as mesmas possuem portas largas de treliça em madeira, sem janelas mas com ventilação, nestas salas funcionam o Escritório Piloto de Ecoturismo, sala do curso de Ecoturismo, Atelier de arte,

lanchonete, a Coordenadoria de

Desenvolvimento Comunitário – CDC – espaço reservado à comunidade, dois banheiros . •

a escola possui ainda, como parte de sua estrutura física: uma biblioteca, uma brinquedoteca, 15 salas de aula divididas em três blocos, além de três salas de aula separadas umas das outras , todas as salas de aula são de formato octogonal. Os 3 blocos possuem banheiros e pátios para recreação e estão divididos entre si por alamedas sem calçamento e ajardinadas denominando-se de trilhas:



em seqüência aos espaços físicos, há um prédio que comporta a videoteca e uma sala de aula;



outro prédio com um Laboratório Multidisciplinar onde são realizados diversos cursos e oficinas;



ao lado deste encontra-se o Laboratório de Biologia com Coleção Zoológica e o Herbário;

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uma área de alimentação com um restaurante amplo, aberto nas laterais, com vista para o lago em formato de borboleta que o liga ao espaço Chico Mendes; possui uma cozinha ampla. No mesmo prédio da cozinha há sala do nutricionista e um almoxarifado com recepção. Este prédio possui dois banheiros e bebedouros;



caminhando pelas trilhas da Escola Bosque pode-se ainda visualizar os alojamentos compostos de dois prédios com 8 quartos com banheiros;



um pouco distante do portão principal da escola, num segundo portão, localiza-se o auditório, cuja arquitetura define-se como moderna, possuindo escadaria na entrada, banheiros nas laterais receptivas, camarins com banheiros, uma sala para reuniões e outra para o setor de educação física O auditório possui infra-estrutura física para comportar 300 pessoas;



próximo ao auditório há espaços alternativos para a prática da educação física ainda sem edificações. Além dos espaços já mencionados, a escola dispõe ainda de seis anexos distribuídos

em: três unidades em Cotijuba, uma unidade em Jutuba I e uma unidade em Jutuba II. Fazendo o atendimento em Educação Infantil, Ciclo Básico I, II e III. Para finalizar sobre a estrutura física da Escola Bosque, convém ressaltar que a escola possui um local denominado "bosquinho" que é considerado histórico, pois foi onde toda a história de criação da mesma começou. Este lugar serve como alternativa para variadas atividades lúdicas / pedagógicas. Atrelado a tudo isso, faz parte do patrimônio da Escola o Parque Zoobotânico, uma área de 13ha localizada próximo à sede da Instituição, constituindo-se num laboratório vivo para o desenvolvimento de pesquisas e atividades desenvolvidas pelo Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira. O FAZER PEDAGÓGICO NO COTIDIANO DA ESCOLA BOSQUE “Reconhecendo que a Escola não é o único local de aprendizado e que o processo educativo não se inicia nem se esgota no espaço escolar, torna-se fundamental dialogar com o conhecimento que as pessoas têm acerca do ambiente, aprendido informalmente e empiricamente em sua vivência e prática social, respeitando-as, questionando-as, levando-as a repensarem o aprendido. Enfim, possibilitando que elas formulem e expressem suas ideias e descobertas, e elaborem seus enunciados e propostas” (Meyer, 1991, p. 42)



UMA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 15

As relações entre o homem e o meio ambiente em que vive, deve ser entendida como o lugar onde mora o outro além de si próprio, e que se repartido, pode vir a ser “mundo” não só para a sobrevivência, mas também um lugar de emancipação de um número cada vez maior de pessoas. Porém, o que se observou, foi que com o surgimento da sociedade moderna o homem transpôs todos os limites naturais através do uso indiscriminado de tecnologias pesadas, marcadas pela utilização excessiva do espaço natural, o que se agravou com o advento da sociedade industrial, onde o homem começa a gerar para si, a qualquer custo, maior conforto e benefícios. Vivemos aí a centralização na individualidade, característica do Renascimento, que permeia até hoje as relações entre os seres humanos. Isso reflete um estilo de vida insustentável dos segmentos mais ricos que exercem imensa pressão sobre o meio ambiente, enquanto os segmentos mais pobres não têm condições de serem atendidos em suas necessidades de alimentação, saúde, moradia e educação. “(...) Ao avanço tecnológico-industrial, com a integração seletiva

de

determinados

contingentes

de

população,

corresponde o retrocesso econômico em regiões periféricas e a exclusão de um amplo expectro do grupo social, aos quais é negado o acesso ao emprego, a educação e a uma renda familiar estável.

Torna-se importante frisar que segundo a

dinâmica

sistema,

deste

não

existiriam

possibilidades

concretas de melhoria das condições e da qualidade de vida para a maioria da humanidade” (Rattner, 1993, p. 178) Esse modelo de desenvolvimento, apoiado na modernização econômica, mas sem contrapartidas sociais e políticas, gerou a concentração de riquezas e desigualdades econômicas e sociais em nível mundial, o que é agravado pelo capitalismo que atribui a cada região da vida social uma independência que na realidade não existe, gerando entre outras coisas a compartimentalização do conhecimento científico como se a sociedade pudesse ser apreendida em fatias econômicas, sociológicas, tecnológicas e psicológicas. A educação, como não poderia deixar de ser, padece desse mal social intrínseco à sua existência, uma vez que vivenciamos um processo de fragmentação na nossa prática cotidiana, na separação entre o econômico e o simbólico numa sociedade gerada sob o capitalismo e essa fragmentação é parte constitutiva do conhecimento produzido sobre a realidade. Esse modelo civilizatório está sendo questionado, uma vez que os problemas atuais, entre eles o ambiental, exige uma visão mais global que supere as abordagens fragmentadas, disciplinares, mecanicistas, as quais não conseguem atacar os problemas em suas raízes, 16

acabando por escamoteá-los e é nessa perspectiva que reside a emergência da Educação Ambiental, que surge como um instrumento democrático, participativo, transformador da realidade enquanto processo conscientizador do ser humano, contribuindo para a formação de postura reflexiva para com a problemática ambiental global. A problemática sócio-ambiental, em amplitude e complexidade anima o ser humano a elaborar variadas explicações a questões ainda não resolvidas, o que ratifica a necessidade de transformação na estrutura e processo do conhecimento científico ocidental, arraigado à visão pontual,

caracteristicamente

mecanicistas,

reducionista

o

que

implica

mudanças

comportamentais, formas de pensar e agir. Nesse sentido, a democracia é condição, e meta fundamental, que permite a todos proporem alternativas e soluções, e a educação ambiental como educação política está empenhada na formação da cidadania local, nacional, continental e planetária, baseando-se no diálogo de culturas e de conhecimento entre povos, gerações e gêneros, buscando a mudança de valores, atitudes, como forma de superação de um estágio de desenvolvimento forjado pela cultura humana, incompatível com suas necessidades atuais. “Como pode o homem utilizar os elementos da situação se ele não é capaz de intervir nela, decidir, engajar-se e assumir pessoalmente a responsabilidade de suas escolhas? Sabemos quão precárias são as condições de liberdade do homem brasileiro, marcado por uma tradição de inexperiência democrática, marginalização econômica, política, cultural. Daí a necessidade de uma educação para a libertação: é preciso saber escolher e ampliar as possibilidades de opção”. (Saviani – 1986, p.43) Em razão dessa necessidade de transformação, a Educação ambiental, é instrumento para a transformação gradual do homem e da sociedade capitalista em que está inserido, para uma sociedade pautada dentro de um desenvolvimento com bases sustentáveis visando a melhoria da qualidade de vida da população. Sustentabilidade

pressupõe o tratamento concomitante das dimensões econômica,

social, ecológica, sob uma postura ética que visa equidade social entre as nações ricas e pobres, assim como entre gerações e segundo esse raciocínio, não se pode falar em igualdade entre nações, quando inúmeros países são carecedores de infra-estrutura e serviços a oferecer como saneamento básico, educação, moradia e lazer “A maior parte dos problemas ambientais têm suas raízes na miséria, que, por sua vez, é gerada por políticas e modelos econômicos concentradores de riquezas e geradores de 17

desemprego e degradação ambiental.

Tais modelos são

adotados nos países pobres como os nossos por imposição dos países ricos, interessados na exploração dos nossos recursos naturais.” (DIAS, 1994, p.9). Uma das recomendações de Tibilisi assegura o caráter transformador da Educação Ambiental uma vez que possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades capazes de induzir mudanças de atitudes, objetivando a construção de uma nova visão das relações dos seres humanos com o seu meio e adoção de novas posturas individuais e coletivas em relação ao ambiente. Ela estimula a formação de uma sociedade socialmente justa e ecologicamente equilibrada. Neste contexto, surgiu a necessidade de dar-se respostas através da educação ambiental à alguns problemas sócio-ambientais que afligem a sociedade, uma vez que a grandeza territorial da Amazônia, as pressões internas e externas exigem a conservação de sua biodiversidade aliada a um gerenciamento de seus recursos naturais em bases sustentáveis e duradouras. Sendo o Estado do Pará, a sua parte mais significativa, por ocupar uma área que reúne em diversidade e volume, quase todos os recursos naturais renováveis ou não, presentes na Amazônia e sendo sua capital, Belém, a única capital do país que possui um conjunto de ilhas adjacentes, cerca de 100, entre ilhas e ilhotas, ficou presente a necessidade de implantar-se no Pará, unidade de transformação de recursos humanos habilitados, comprometidos com o equilíbrio ambiental e com as formas de produção e trabalho. A complexidade das questões ambientais nos colocou frente ao grande desafio de construir uma proposta de Educação ambiental que levasse em conta todas as contradições inerentes ao processo histórico social vivenciado cotidianamente pela sociedade moderna. Nesse Sentido, o processo de construção pedagógica de educação ambiental no contexto da globalização fundamenta-se no diálogo entre as diferentes áreas do conhecimento reformulou das práticas e concepções que permitam uma maior aproximação do real em sua multidimensionalidade. Azevedo, enfatiza a que cada indivíduo tece ao longo de suas vidas, múltiplas e complexas relações que podem ser expressivas através das redes sociais onde se dão as relações interpessoais, culturais e das relações de poder existente na sociedade e que atravessam todas essas outras relações. O desafio do processo pedagógico, segundo os trabalhos de Paulo Freire, enfatiza que a leitura do mundo que de cada indivíduo faz é construída a partir da sua realidade concreta e virtual, concebendo assim, validade às leituras populares, sem por isso desconsiderar as leituras

18

mais elaboradas e assim, permitindo interpretações de problemas ambientais mediante horas dialógicas entre pessoas com distintas leituras. Pensar a problemática ambiental na sua multiplicidade e complexidade é o ponto de partida do processo pedagógico, que segundo Reigota (1999) é um processo aberto, em permanente mutação, sem respostas fechadas e verdades absolutas, sem um conhecimento específico a ser adotado, mas idéias a serem discutidas, desconstruídas e reconstruídas. A proposta pedagógica da Escola Bosque, enquanto síntese dialética, configura-se a partir das seguintes premissas: a inserção da Educação Ambiental de caráter propositivo; A formação do sujeito holístico, sujeito da totalidade histórica, capaz de compreender-se no meio ambiente como aquele que propõe e intervém qualitativamente nesse ambiente buscando a sustentação econômica, política e social. “Nesse contexto a Educação

Ambiental como instrumento

propiciador de transformação de valores, atitudes, atividades práticas ante os problemas concretos, trabalhará no domínio cognitivo, por meio de informações que permitam o conhecimento de fatos, conceitos e necessariamente no domínio afetivo, quando promove a conscientização crítica, através da percepção do meio e da sensibilização ante a realidade.” (Tanner, 1978) Essas premissas nos remetem aos eixos temáticos que nortearão as ações pedagógicas em sala de aula: SER HUMANO-NATUREZA-SOCIEDADE-TRABALHO-CULTURA. A integração entre esses elementos se faz necessária para o desenvolvimento das ações educativas uma vez que buscamos a concepção de homem, enquanto sujeito da natureza que constrói a si mesmo e a sociedade, o que não pode ser concebido de maneira desarticulada do modo como esse sujeito se relaciona com o seu meio ambiente. O trabalho desenvolvido na Escola Bosque tem como linha norteadora a discussão e o repensar da ação humana no meio ambiente e das condições sócio-históricas dessa intervenção, uma vez que toda forma de pensar e agir se insere numa situação sócio-histórica concreta e deve ser compreendida sempre, tendo-se em vista configuração coletiva específica. Esse trabalho tem a pesquisa como princípio metodológico, como atitude, que significa base da produção científica e base da educação, ancorada no manejo e produção do conhecimento, capaz de construir um diálogo crítico com a realidade. O educando sujeito de sua história que pensa a realidade, que tem direito de conhecer e transformar com autonomia a tempo e o espaço no qual se insere. Esse sujeito deve e precisa conhecer o saber sistematizado para não ser por ele dominado. O educando necessita conhecer a arte, a filosofia, as ciências e a cultura da humanidade para afirmar sua cultura , deve 19

conhecer sua história e assumir-se enquanto sujeito que faz história, e para tanto a escola deve assegurar a unidade do conhecimento constituindo-se num movimento de ação-reflexão-ação, prática-teoria-prática, e dentro da práxis pedagógica, ele é o sujeito que busca uma nova determinação em termos de patamar crítico da cultura elaborada. Ou seja, o educando é o sujeito que busca adquirir novos conhecimentos , habilidades e modo de agir. É para isso que busca a escola. Ir à escola, forma institucionalizada de educação da sociedade moderna, não tem por objetivo a permanência no estágio cultural em que está, mas sim, a aquisição de um novo patamar, a partir da ruptura que se processa pela (re) construção ativa do conhecimento sistematizado. Dentro dessa perspectiva, o educando não deve ser considerado, pura e simplesmente, como uma massa a ser informada, mas sim como sujeito, capaz de construir a si mesmo, através de atividades, desenvolvendo seus sentidos, entendimentos, inteligência etc. pois são as experiências e desafios externos que possibilitam ao ser humano, através da ação-reflexãoação, o crescimento, o amadurecimento, o descobrir-se enquanto cidadão. As atividades baseadas nesses aspectos proporcionam atitudes de pesquisa que subsidiam a prática pedagógica na escola de forma regular e progressiva que no processo a construir um currículo vivo de trabalho. Os alunos da Escola Bosque desde os níveis iniciais da Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante, estão vinculados a pesquisa e análise dos problemas sócio-ambientais da Ilha de Caratateua e para tanto se utilizam de todo o instrumental científico na compreensão desses problemas e sua superação. Assim, a Escola Bosque busca trabalhar a (re) construção do conhecimento a partir de metodologias, que visam a resignificação deste espaço escolar, transformando-o em um espaço vivo de interações, aberto ao real e as suas múltiplas dimensões. O trabalho desenvolvido nos projetos traz uma nova perspectiva para entendermos o processo da construção do conhecimento. O ato de aprender deixa de ser um simples ato de memorizar, de repassar conteúdos. Todo conhecimento é construído em estrita relação com o contexto onde o (a) aluno (a) está inserido (a), sendo por isso, impossível separar os aspectos cognitivos, emocionais e sociais presentes no processo. Considerando a criança como pertencente a uma família que seta inserida numa sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico, torna-se necessário ao pensar/construir uma proposta curricular que respeite essa realidade , a partir do desvelamento da mesma, possibilitando o surgimento de discussões das questões prementes

à

formação

da

cidadania.

Traduzir

esses 20

sentimentos, que norteiam as diretrizes de uma educação de qualidade

em

uma

proposta

curricular,

implica

no

comprometimento político de respeito a criança como sujeito de direito. (Projeto Político-pedagógico da Escola Cabana. Prefeitura municipal de Belém,2002) Essa prática busca enfatizar o respeito e a valorização das diferenças individuais a e pluralidade sócio-cultural, contrapondo-se às propostas segregacionistas e excedentes. A efetivação da inclusão social, implica em lutas sociais , mudanças de mentalidade e valores, inscrição em leis e legislação social, planejamento e implementação de políticas públicas. •

REVENDO A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL : Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós

ignoramos alguma

coisa. (Paulo freire) A Educação Infantil constitui hoje, um segmento importante do processo educativo. Na reflexão que se faz no momento atual. acerca da evolução deste segmento de ensino, percebese que ela configurou-se ao longo da história, apenas para abrigar, guardar e proteger a criança em espaço pouco estruturado sem nenhum objetivo educativo, retirando assim suas possibilidades de participação na sociedade, enquanto cidadãos. A partir do século XVII, com as mudanças na organização da sociedade, surge um outro sentimento de infância que ocorre com a "cumplicidade sentimental da família" (Aries, 1991). A criança passa a ser considerada um ser incompleto e puro que necessita de um período de preparo e aprendizagem antes de ingressar no mundo adulto, porém em razão de sua pureza (natural da essência infantil) essa aprendizagem precisaria também cumprir um papel moral, preservando-a da corrupção do meio e fortalecendo seu caráter. Entre nós, o atendimento às crianças provindas de famílias de baixa renda já nasceu obedecendo parâmetros assistencialistas quando muito procurou reproduzir uma pálida e distorcida visão da prática pedagógica das pré-escolas frequentadas por crianças de classe média, que procuravam pautar-se em procedimentos "mais científicos". Assim surgem as diferentes tendências, como nos fala Sônia Kramer. A Tendência Romântica concebe a pré-escola como um "jardim de infância", onde a criança é "sementinha" ou "plantinha" que brota e a professora a "jardineira". Tal concepção, demonstra que a criança por ser inocente necessita ser educada, moralizada, com isto deixam de considerar os aspectos sociais e culturais que interferem tanto nas crianças quanto nas professoras e até mesmo, no próprio papel que exerce a pré-escola. 21

A Tendência Cognitivista trata a criança como sujeito que pensa e a pré-escola é o lugar de tornar as crianças inteligentes: "A educação deve favorecer o desenvolvimento cognitivo" (idem Kramer, 1989). Nesta concepção a finalidade maior está na preparação da criança, visando o sucesso no desempenho escolar principalmente das crianças de baixo nível sócio-econômico, evitando os fracassos futuros. Assim, os objetivos da educação, nesta concepção, consistem na formação de homens criativos, inventivos e descobridores e "não a criança histórica e socialmente situada, com suas atividades reais e significativas, em função do seu contexto sócio-cultural de origem". (idem Kramer) Ainda, segundo Kramer, na Tendência Crítica a pré-escola é lugar de trabalho, a criança e o professor são cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis - a educação deve favorecer a transformação do contexto social. Aqui privilegia-se os fatores sociais e culturais, como os mais relevantes para o processo educativo visto que toda a vida humana está impregnada de significados e influências do meio social e cultural por meios de processos que ocorrem em diversos níveis. Então, educar na pré-escola, tem um significado importante, por considerarmos a interação entre crianças e seus pares, tendo como mediador o professor para que conduza o processo de aprendizagem partindo dessa vivência cotidiana de conhecimentos da realidade dessas crianças, no sentido de construir a autonomia, a cooperação crítica e criativa. As diferentes formas de considerar a criança, têm implicações na construção de sua subjetividade. A inserção direta no mundo dos adultos, a convivência com eles, suas histórias, suas crenças, suas festas, enriquecia a experiência da criança, ao lado disso, a convivência mais coletiva, possibilitava uma maior rigidez nas trocas afetivas e nos papéis sociais. Essa retrospectiva histórica da pré-escola nos leva a questionar sobre o que significa ser criança hoje e qual o lugar a elas reservado na sociedade atual.? Que "tipo" de educação realiza o que acredito necessário? Essas são questões que nos puxam maior reflexão e nos levam a discutir e rever um pouco nossas idéias de criança e de escola, que são na verdade, nossas idéias sobre a pessoa humana. "Ela é alguém hoje, em sua casa, na rua, no trabalho, no clube, na igreja, na creche, na pré-escola, ou na escola, construindo-se a partir das relações que estabelecem cada uma destas instâncias ou em todas elas geradas por homens e mulheres que pertencem a classe sociais, têm e produzem cultura, vinculam-se a uma religião, possuem laços étnicos e perspectivas diversas segundo seu sexo. As crianças já nascem com uma história. Assim elas fazem e se fazem na cultura, pertencem a uma classe social e vão

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se fazendo nessa história, cidadãs de pouca idade que são..."(Kramer e Souza, 1991, p. 70) Refletir sobre o que Sônia Kramer nos fala, tem sido um pouco do que estamos discutindo com as professoras deste segmento de ensino e nossa Escola, buscando melhor entender e atender nossas crianças, que para muitas destas, a infância é uma fase bastante reduzida, uma vez que precocemente estão inseridas no mundo adulto e do trabalho. Portanto, pensar que a escola precisa aprender a trabalhar com a criança concreta que está aí inserida numa classe social, determina condições de acesso com permanência de sucesso ou não, mas que devemos respeitá-la em sua diversidade cultural e social. Educação Infantil: buscando significado na interação entre sujeitos Embora a educação pré-escolar exista no Brasil há bastante tempo, somente agora ela aparece numa lei geral de educação. Ganhou um capítulo próprio, é tratada na seção II, do capítulo II da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sancionada em 20 de dezembro de 1996. A Educação Infantil é entendida como a primeira etapa de educação básica, é o reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade, afirmada no Art. 22 da Lei: "A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornece-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores". O pressuposto de que a educação escolarizada é importante para crianças de 0 a 6 anos, é fundamental, pois nos permite reconhecer que essa função deve atender as peculiaridades das crianças , bem como as características da pré-escola. A criança se desenvolve antes e fora da instituição de educação infantil: na família, no contexto social, em toda parte onde esteja, em decorrência de fatores genéticos, ambientais, culturais e humanos. A educação infantil não pode ser mais vista apenas pela aprendizagem x desenvolvimento. Hoje parece-nos válido falar simultaneamente em desenvolvimento, aprendizagem e em construção do conhecimento. Levar em conta o sujeito singularizado significa arriscar-se em uma perspectiva diferente, esquecendo práticas de conformização, ajustada a modelos preestabelecidos, substituindo-as

23

por práticas que ofereçam condições para afirmação da competência comunicativa do sujeito capaz de fala e ação. Vygotsky afirma que o bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento, ou seja, à capacidade de promoção, de avanços no desenvolvimento do aluno. Por isso é necessário repensar o agir pedagógico da educação infantil que muitas vezes se apresenta alienante ou espontaneísta, transformando naquele que atenda às necessidades reais das crianças de classes populares. Este novo agir pedagógico supõe pensar na função social da pré-escola, pensar em porque ela é necessária, a quem ela se dirige, que contribuições ela deve dar às crianças e que benefício social ela deve oferecer à comunidade como um todo. É preciso esclarecer que função é essa e como ela se caracteriza na prática. Kramer enfatiza que "reconhecer o papel social da pré-escola significa justamente reconhecer como legítimos e, mais do que isso, assumir, junto com a escola pública, a tarefa de universalização dos conhecimentos. Reconhecer o papel social da pré-escola significa compreender que ela tem função de contribuir com a escola. Nem inútil, nem incapaz de resolver todos os problemas futuros, nem tão pouco importante em e por si mesma, a pré-escola tem sim , como papel social o de valorizar os conhecimentos que as crianças possuem e garantir a aquisição de novos conhecimentos, exercendo o que me acostumei a chamar de função pedagógica da pré-escola para diferenciá-la das demais". Encarar a educação infantil na sua função pedagógica, é a nosso ver, considerarmos as crianças como seres sociais e portanto, indivíduos que vivem em sociedade. Por isso, precisamos atentar para o modo como elas se inserem no grupo social e seus valores, para sua história de vida, linguagem, para os trabalhos que executam e os brinquedos com os quais brincam, para que cada uma seja valorizada e possa desenvolver sua autonomia, criatividade, responsabilidade, criticidade e solidariedade com os demais, integrando a escola, família e a comunidade. Para Kramer uma proposição de educação infantil em que as crianças desenvolvam, construam, adquiram conhecimento e se tornem autônomas, implica pensar ainda, a formação permanente dos profissionais que atuam. Eles precisam de condições capazes de viabilizar, um tipo de educação que não apenas eleve seus números, ou seja o acesso e permanência, a qualidade do serviço prestado à população. É preciso que esses profissionais tenham acesso ao conhecimento produzido na área de educação infantil e da cultura geral, pois assim, poderão 24

repensar sua prática e reconstruir seu novo agir pedagógico, visto que, a partir de reflexão sobre o desenvolvimento infantil e a aprendizagem escolar, os profissionais vão conhecendo as condições em que esta se dá, de modo a proporcionar proveitosas situações de ensino. Enfim, a pré-escola que queremos deve ser a que forma seres pensantes, reflexivos e capazes de desencadear significados de suas manifestações, tornando-os sujeitos autônomos, críticos e solidários, como nos diz ainda Vygotsky, "é nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental". Segundo este teórico, na medida em que o sujeito interage com o objeto e o seu meio sócio-cultural, ele vai produzindo sua capacidade de conhecer. Portanto, é fundamental que a educação infantil parta de atividades que tenham um significado concreto para a vida das crianças, que as faça progredir cada vez mais, levando-as por uma visão nova e diferente, assim, ao mesmo tempo em que estão aprendendo, as crianças estão reformulando seus próprios mecanismos de aprender, bem como a construção do conhecimento ultrapassa o localismo e pode favorecer o acesso aos conhecimentos da cultura dominante. Esta, sim, é a verdadeira função pedagógica a que referimos para a pré-escola. Neste sentido e diante do que foi observado nos itens anteriores, as áreas de conhecimento e expressões integrantes na pré-escola deve trabalhar "simultaneamente no contexto sócio-cultural em que as crianças estão inseridas, no seu desenvolvimento e no seu processo de construção dos conhecimentos, bem como no saber acumulado historicamente" (Kramer, 1989). É preciso, no entanto, definir os pontos básicos a serem trabalhados, tais como: Linguagem, Afetividade, Raciocínio Lógico e Ludicidade, por acreditar que é nas interrelações entre aprendizado e desenvolvimento que o professor pode criar um enfoque que corresponda as característica de globalização e as necessidades de concretização apresentado pelo pensamento da criança na faixa de 4 a 6 anos. Linguagem A fala infantil indica, a forma como a criança pode expressar e relacionar elementos de sua experiência. Por trás da fala, que às vezes achamos engraçado, há toda a seriedade do pensamento das crianças, que procura conhecer o mundo conversando sobre ele com outras pessoas. Segundo Vygotsky, a conquista da linguagem representa um marco no desenvolvimento do homem: "A capacitação especificamente humana para a linguagem habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superarem a ação impulsiva, a planejarem a solução para um problema antes de sua execução e a controlarem seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem para as crianças primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas. As funções cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se então base de uma forma nova e superior 25

de atividade nas crianças, distinguindo-as dos outros animais (Vygotsky, 1984). Sendo assim, a linguagem tanto expressa o pensamento da criança como age como organizadora desse pensamento. Afetividade A vida emocional sadia contribui muito para o desenvolvimento satisfatório. Na educação infantil a sociabilidade exerce um papel essencial, visto que, é na infância que desencadeiam-se sentimentos hostis e defensivos que se bem analisados podem responder por boa parte das resistências à aprendizagem. Não será tarefa fácil, exige que o educador desmonte e depois remonte a rede de relações com a aprendizagem que a criança traçou no decorrer de seu desenvolvimento bio-psico-afetivo. Como nos fala, Zilma de Oliveira "Cognição não é, pois um processo apenas mental, mas parte da ação e dos significados que ela aponta, ou seja, desejos, portanto plenos de Afetividade". Esta posição é desafiante para nós educadores de crianças pequenas, mas acreditamos que é na relação dialógica que será possível proposições e transformações que deverão proporcionar novas perspectivas na relação com crianças em sala de aula e prover um melhor aprendizado.

Raciocínio Lógico Na pré-escola através da interação entre as crianças e o seu modo de brincar, elas aprendem a jogar, a contar, a distribuir, a distinguir e a organizar, desenvolvendo noções e representações matemáticas. É nessa etapa que a práxis pedagógica deve estar voltada para a organização e o aprofundamento dessas idéias no sentido de incentivar e desafiar: ♦

A interiorização das ações-construção das imagens mentais. Este processo redimensiona seu curso com a aquisição da noção de que os objetos têm permanência, independente de estarem ou não, sendo vistos (mais ou menos aos 8 meses de idade). A permanência do objeto dá novo salto de desenvolvimento com aquisição da linguagem, quando esta se torna processo interdependente do pensamento.



Análise de situações, fenômenos e fatos no sentido de estabelecer relações e superar a leitura bruta dos mesmos.



Levantamento, investigação, estabelecimento de princípios de causalidades.



Discussão, realização de agrupamentos e inclusões ( I Fórum de Educação da Rede Municipal de Belém – 1997, p. 42). 26

Atividades Lúdicas Brincar é uma atividade cotidiana na vida das crianças. Desde as épocas mais antigas crianças brincam, procuram decifrar o mundo através de adivinhas, faz-de-conta, jogos com bolas, arcos, cordas, bonecos e outras ações lúdicas. O brinquedo é a estrada que a criança percorre para entender os conflitos, para desfazer os temores, para explorar o desconhecido. A repetição, o fazer sempre de novo, tão presente e intrínseco no brinquedo "Favorece o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança, dado que contem todas as tendências do desenvolvimento de forma condensada". (Vygotsky, 1993. P. 117). Quem ensina, sabe que o ambiente lúdico é o mais propício para a aprendizagem. Aliás é o único que produz verdadeira aprendizagem e por conseguinte o que promove o desenvolvimento da criança. Segundo Walter Benjamen "A essência do brincar não é um simples fazer, mas um fazer sempre de novo, transformação da experiência mais comovente em hábito". Brincando as crianças recriam o mundo, refazem os fatos, para não mudá-los simplesmente ou para contestá-los, mas para adequá-los à capacidade de assimilação, aos filtros de compreensão. "E aí há dois filtros: o cognitivo e o afetivo. Algo pode caber no cognitivo, mas não no afetivo. O brinquedo e o jogo facilitam o trânsito do cognitivo para o afetivo (Vital Dionet). Portanto, brincar é típico da criança, se a infância é uma idade de jogo, se a atividade mais extensa, mais intensa, mais característica da infância é a ludicidade, não se pode conceber a infância sem o brinquedo. Impedir-lhe o brincar, equivale a roubar-lhe a infância, a antecipar a vida adulta. Avaliação A avaliação é uma questão polêmica, mais ainda quando se trata da criança, pois é mais fácil avaliar conteúdos de aprendizagem do que comportamentos. Por isso, uma Proposta Pedagógica deve ser fundamentada e orientada por princípios que redimensionem os diversos aspectos da ação humana. Nesta sentido, na avaliação do desenvolvimento global da criança o que importa não é a quantidade de comportamentos evidenciados, mas a qualidade das experiências vivenciadas que levam à construção de novos conhecimentos.

27

Não se trata, contudo, de categorizar os alunos em relação a estágios de desenvolvimento que eles teriam ou não cumprindo plenamente, atribuindo-lhes qualificativos problemáticos como 'imaturo" e outros, mas de melhor conhecer o nível evolutivo apresentado pelas crianças no decorrer do processo de escolarização. O acompanhamento da criança é uma responsabilidade permanente de todos os adultos que convivem com ela. Nesse sentido, deve ser considerado um processo de múltiplas dimensões que ocorre de modo contínuo durante o ano escolar. Importa avaliar não uma conduta isolada do aluno, um procedimento específico do professor ou uma característica da escola, mas um conjunto de evidências, tentando articulá-las qualitativamente, no decorrer de um certo período. Nesse acompanhamento sistemático, cada criança é vista como parâmetro de si mesma, pois aquilo que uma criança compreenda ou realiza não pode servir de base para avaliação de outras crianças embora da mesma idade cronológica Concordamos com Jussara Hoffmann, ao apontar que "Redimensionar a prática avaliativa da pré-escola compreende avaliar sua própria especificidade, ou seja, refletir sobre a dimensão em que aborda a problemática da educação infantil em nosso país, e em que medida a criança garante, no Projeto político-social, seu direito de ser verdadeiramente criança.”

"A própria legislação no que diz respeito à Educação Infantil, estabelece o ato de avaliar enquanto processo de inclusão, ao estabelecer na Lei 9.394/96 (LDB-Art.31), que a avaliação neste nível de ensino, far-se-á através do acompanhamento de registro do desenvolvimento da criança, sem o objetivo de promoção, mesmo para o ensino fundamental, assim como, a resolução 003/96 do Conselho Municipal de Educação (Art.16), que estabelece avaliação enquanto processo contínuo de obtenção de informações, visando ao aprimoramento do trabalho da escola". ( I Fórum de Educação da Rede Municipal de Belém – 1997). Neste sentido, sugerimos que a prática de avaliação na Educação Infantil torne-se uma ação permanente, processual, numa perspectiva de acompanhamento, onde o educador possa observar atento o curioso sobre as manifestações de cada criança e refletir sobre o significado dessas manifestações em termos de seu desenvolvimento (Hoffmann, ). 28

A prática avaliativa necessita ser entendida como um processo promotor de avanços, como espaços de reflexão sobre as práticas pedagógicas e da vida, do professor e dos alunos, que ao retornarem a elas, mais que julgá-las, as aperfeiçoam e reformulam, tornando-as mais comprometidas e qualificadas. Na Educação Infantil, constituem em recurso de avaliação a observação e os registros de certos episódios que ocorrem em classe, visto que, na relação cotidiana com os alunos, o professor encontra valiosas oportunidades para compreender a forma pelo qual eles a prendem diferentes situações e reagem a elas, e como essa forma se modifica ou não no decorrer da escolarização. A observação e o relatório servem como memória pedagógica de cada turma. O professor muito aprende ao registrar a caminhada de cada aluno, pois, testemunha os sucessos, os avanços, conquistas e dificuldades, ao invés de só permanecer nas constatações frias. Um trabalho assim, fruto de observações diárias registradas em anotações contínuas, reflete a ação educativa, presta atenção às manifestações do aluno, encaminha novas buscas. Assim, estaremos nos empenhando em construir algo novo, em nos reconstruirmos enquanto educadores e cidadãos responsáveis coletivamente pelas nossas ações. ENSINO FUNDAMENTAL: EM BUSCA DE UMA ESCOLA INCLUSIVA Vivemos em um mundo de constantes mudanças, as quais se fazem sentir em diversos níveis e aspectos. Mudam os ordenamentos econômicos e sociais, os modelos teóricos e com eles os conceitos, as práticas, as relações entre as pessoas. Enfim, a forma de interagir com o mundo. Na educação não poderia ser diferente. No processo histórico da educação no Brasil, por exemplo, percebe-se que, de acordo com o contexto que se apresenta, o sistema educacional modifica-se para atender as necessidades emergentes daquele momento. Assim a educação acaba não recebendo a atenção que deveria ter e não é tratada com a devida seriedade. A realidade vivenciada tradicional de

educação,

no cotidiano das escolas sob influência da concepção

traz-nos

a

visão

de

propostas

pedagógicas construída

predominantemente sob a ótica em que o aluno é um sujeito passivo, subordinado ao professor, que detém os conhecimentos e os transmite aos poucos para assimilação acrítica pelos alunos. Na realidade essa assimilação constitui-se numa pseudo-aprendizagem caracterizada pela simples memorização que logo se extingue, haja vista não traduzir questões significativas para o aluno. Os currículos sob a ótica dessa concepção tradicional, estão engajados em uma proposta elitista que prima e defende a cultura erudita como única e verdadeira, portanto como única fonte de conhecimento e saber. 29

Essa prática pedagógica revela em seu fazer o “adestramento” como pré-requisito para a aprendizagem, o que reflete no seu ensinar os condicionamentos de uma escolarização que sempre recorrerá à memória e à repetição. O professor nessa concepção, ainda se coloca e é colocado na posição daquele que possui o conhecimento e tem a tarefa de transmitir aos alunos conhecimentos cristalizados. A relação tende a ser unilateral e linear, prevalecendo o que o professor diz, monopolizando com isso o espaço de sala de aula. Em outro extremo, vemos propostas pedagógicas pela não diretividade do processo de construção do conhecimento, cujo espontaneísmo é a marca principal. Nessas práticas o professor não ocupa o espaço de orientador do processo, de problematizador da experiência, mas tão somente de facilitador. Se por um lado, é equivocado ter-se o processo de ensino aprendizagem centrada no professor, por outro, centrá-lo tão somente no aluno, sem a relação dialética e dialógica entre sujeito que aprende e sujeito que ensina, constitui-se também num equívoco. Mais adiante, predominou o aspecto reprodutivo da educação, ou seja, caiu-se num pessimismo quando se afirmava que a educação servia apenas para reproduzir uma estrutura social desigual. Difundiu-se que a escola apenas reproduzia relações de poder e dominação. É importante compreender-se que o sistema escolar constitui-se numa construção histórica que não teve como preocupação atender os interesses da camada popular ou dos indivíduos, mas da própria sociedade, da classe dominante. Apesar de se constatar

o caráter reprodutivo da educação, vislumbrou-se a

possibilidade desta também gerar o novo. Nesta perspectiva encontra-se alguns importantes teóricos como Gramsci, Willis, Gadotti, Freire, entre outros. Segundo Willis (1989) não existia uma reprodução pura, uma vez que as pessoas não absorvem os materiais simbólicos e culturais da forma como são repassados, mas fazem uma reelaboração do mesmo, assimilando-os de acordo com sua própria bagagem cultural, há presente a subjetividade do indivíduo. Já com o construtivismo, enfoque pedagógico influenciado pela obra de Piaget é enfatizado o papel ativo do aluno na construção do conhecimento. O que se pode constatar no fato, foi a grande ênfase no cognitivismo na prática pedagógica construtivista, desconsiderando-se outras dimensões importantes no processo pedagógico, como a dimensão social e afetiva. É com a teoria sócio-interacionista cuja base encontra-se em Vygotsky que propaga-se um novo enfoque com relação ao pensamento e a linguagem, aprendizagem e desenvolvimento, escola e vida. A questão da aprendizagem deixa de ser colocada na relação

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sujeito x objeto e passa a enfocar as questões de interação sujeito x meio e das linguagens que fazem a mediação desta interação. A partir de Vygotsky, passamos a entender melhor a relação existente entre a cooperação dentre pares e o potencial de aprendizagem. Ele cria os conceitos de “desenvolvimento real” e “zona de desenvolvimento proximal”, para estabelecer uma visão mais adequada da relação entre desenvolvimento e aprendizagem. Para aquele autor, “desenvolvimento real”, seriam as funções mentais do indivíduo, que já estão estabelecidas, decorrentes das etapas de desenvolvimento já inteiramente compridas pelo sujeito, seria o desenvolvimento observável, verificável. A interatividade também está presente no conceito de zona de desenvolvimento proximal, ao se afirmar que aquilo que podemos fazer em parceria é aquilo que seremos capazes de fazer sozinho amanhã . Vygotsky concebe a relação pensamento x linguagem como auto-constitutiva, considerando a linguagem organizadora do pensamento e vice-versa, numa interatividade permanente. A linguagem, portanto, teria um papel muito importante, pois para ele, a criança percebe o mundo não só através dos olhos, mas também com a fala. A diferença entre as duas é que a primeira implica uma percepção globalizada, integral, enquanto a fala essencial analítica, requer processamento sequencial. Isso significa dizer que, cada elemento percebido é rotulado separadamente e, em seguida, estes elementos são conectados, gerando uma sentença estruturada. Portanto, a criança usa a fala não só para perceber, mas para pensar. A fala solitária é uma forma da criança organizar suas percepções do mundo e planejar soluções para os problemas que tem de resolver. Com base nestas considerações é que apresentamos a proposta pedagógica dos Ciclos Básicos I, II, III e IV da Escola Bosque. A proposta que defendemos concebe a escola como um espaço no qual o aluno possa desenvolver-se física, afetiva e intelectualmente com liberdade, desenvolvendo seu senso crítico, conhecendo e conquistando seus direitos, exercitado sua organização e vivenciando sua historia e sua cultura. “Os ciclos representam a possibilidade de construção de um espaço efetivo de continuidade, de percepção do trabalho pedagógico enquanto processo, não amarrado a tempos anuais e conteúdos sequenciados, em uma linearidade e fragmentação que comprometam a compreensão dos fenômenos sociais enquanto totalidades. Partimos da compreensão de que o desenvolvimento humano não ocorre através de um caminho previsível, universal e linear. Ao contrário, se processa de forma dialética, através de sucessivos movimentos de rupturas e situações de desequilíbrio que provocam reorganizações na 31

formação global dos indivíduos” (Projeto Político-pedagógico da Escola Cabana 2003 pag. 36).

Entendemos que a formação do aluno não se limita a aquisição dos primeiros hábitos ou de conhecimento de forma acrítica e passiva, mas deve corresponder a um plano de desenvolvimento do cidadão participante, crítico e responsável. O principal papel reservado ao educando consiste no redescobrimento do conhecimento que já dispõe, no sentido de aperfeiçoá-lo, generalizá-lo, aproximando-os progressivamente do conhecimento científico e universal. Esta reformulação do conhecimento que o educando deverá viabilizar dará condições de interagir positivamente em sua realidade, tanto a curto como a médio e a longo prazos. Ele deixa de ser um receptáculo passivo de informações para tornar-se um ser que se transforma inteiro junto com a renovação dos seus conhecimentos. O movimento cognitivo constante deverá ser o que parte do cotidiano do aluno em direção ao conhecimento universal e sistemático, retornando ao cotidiano para reexplicá-lo no sentido de uma leitura crítica de sua realidade local, possibilitando uma intervenção propositiva nessa realidade e, a partir do local, refletir as questões que desafiam a possibilidade de um futuro sustentável para o planeta. Nesse movimento ocorre a permanente formação de conceitos que irão se reformular tantas vezes quanto forem necessários, e em função do processo de captação e compreensão do mundo por parte dele. O professor será o mediador dessa integração, estimulando o educando a recuperar em seu cotidiano fenômenos e problemas relevantes social e cientificamente orientando-o a observá-los criteriosamente e a investigar suas relações e interações, proporcionando assim, situações apropriadas a tais estudos. Isto sem perder de vista a necessidade de dosar o aprofundamento e os limites espaço-temporal de abordagem de cada assunto, de acordo com as possibilidades intelectuais do educando. O professor deixa, assim, de ser um transmissor de conhecimentos prontos, para tornar-se o orientador da aprendizagem de seus alunos. O direito ao exercício da cidadania, numa perspectiva inclusiva, abrange os aspectos pessoal, social, cultural, econômico e político e , sendo a Escola Bosque/ Escola Cabana comprometida com a aprendizagem para todos, há a implicação de não se ignorar que existem crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais, e para assegurar esse direito, estamos investindo na superação de práticas segregacionistas no contexto escolar através da efetiva inclusão das crianças nas turmas de ensino regular, considerando cada uma delas em sua diversidade e potencialidades. Compreendendo o trabalho pedagógico como articulador do processo de desenvolvimento dos educandos, não trabalhamos na ótica de valorização apenas dos bens 32

sucedidos, por isso desenvolvemos um trabalho articulado onde o conjunto de profissionais da escola possam ser responsável pelo conjunto de educandos que nela estudam através do Plano Pedagógico de Apoio PPA, o qual constitui-se de suma importância para que a escola trabalhe na lógica da aprendizagem com sucesso, da valorização dos educandos e de que o trabalho já realizado possa ser

aprimorado, redimensionado, no sentido de considerar as reais

necessidades dos educandos. Nesse contexto estamos oportunizando a inclusão de propostas que garantam o processo, concebendo os educandos como sujeitos fundamentais para a consolidação de uma educação inclusiva e de qualidade. Nesta perspectiva temos a concepção de homem como sujeito do processo histórico, de construtor do conhecimento coletivo a partir de sua vivência, partindo do pressuposto de que a educação é um ato coletivo, solidário, construindo a partir de uma ação dialógica, onde professor e aluno, mediatizados por esta realidade buscam entendê-las para nela atuarem, transformando-a . Para alcançar estes objetivos a escola precisará fazer uso de uma metodologia participativa, pois o aprendizado deverá ser caracterizado de forma prática, ativa e crítica, oferecendo ao aluno um acompanhamento individualizado, respeitando o seu ritmo de aprendizagem, com vista a um crescimento pessoal e coletivo. Neste aspecto vemos a importância da organização do ensino em ciclos, pois garantimos mais dinamicidade ao processo. Convém ressaltarmos que a opção pela organização em ciclos procura dar conta também das particularidades presentes na passagem do Ciclo Básico II para o III, evidenciadas pela ampliação da quantidade de disciplinas pelo caráter pluridoscente de organização do espaço de sala de aula e ainda, pela presença mais dirigida e acentuada no que se refere à ciência. A decisão sobre o que e como ensinar em relação a determinada área do conhecimento está diretamente ligada ao modo como pensamos o mundo e a ciência. Se concebermos a ciência como neutra e o mundo como uma somatória das partes que o constituem, constituiremos um ensino em que a ciência é apresentada como um conjunto de fatos, hipóteses e teorias, desvinculados do social, um ensino em que as teorias assumem a dimensão de verdades absolutas, inalteráveis e nas quais se desconsidera o fato de que o conhecimento é produzido por indivíduos, em determinada época , em determinado contexto político-sócioeconômico. Tão fundamental quanto definir quais conteúdos e metodologias serão desenvolvidos ao longo do ensino fundamental é ter claro que tratamento daremos a esses conteúdos, de maneira a garantir a apropriação do conhecimento pelos alunos. 33

Nesse contexto, o conteúdo pedagógico proposto pelas disciplinas não vêm preso a um modelo diretivo, ao contrário, ele propicia uma participação mais efetiva do educando, dando a ele o direito de concorrer com o erro e de utilizar as suas habilidades seguindo seu próprio ritmo, suas percepções das reais possibilidades biopsíquicas. Os procedimentos e materiais didáticos apropriados a tal perspectiva de ensino serão necessariamente variados. Mas, o fundamental será a maneira como deverão ser selecionados, utilizados e combinados. O principal material didático será a própria realidade do educando e a técnica de ensino básica constituirá na observação, problematização e investigação da mesma, tendo como suporte o panorama político, econômico e cultural da sociedade em que está inserido. Do ponto de vista prático, o conteúdo pedagógico dá ao professor condições de elaborar atividades que coloca o educando diante de situações reais, com a tarefa concreta a desempenhar, para lhe deixar tempo de apreciar as dificuldades e resolvê-las e permitir, também, escolher a situação mais eficaz, considerando suas próprias possibilidades. A escola deverá tornar-se o espaço de integração entre o conhecimento produzido pelo senso comum, presente na realidade cotidiana do aluno e o conhecimento sistemático e universal produzido pelas diferentes ciências. Deverá ser o espaço de ampliação da compreensão que o educando traz da sua própria realidade, na medida em que proporciona condições para conhecê-la e analisá-la criticamente através de formas mais elaboradas do conhecimento. “Esta concepção rompe radicalmente com a lógica da escola seriada, mudando os critérios para a enturmação dos alunos, que jamais se justificam pela diferença de classe, etnia, gênero e/ou ritmos da aprendizagem homogeneizadas na composição das turmas no s ciclos” ( Projeto PolíticoPedagógico da Escola Cabana 2003, p 36) Visando a superação da retenção, evasão escolar, fragmentação do saber, enfim, do processo de exclusão que está posto, é que nos propusemos a implementar na organização do Ensino Fundamental os ciclos de formação, constituídos em Ciclos Básicos I (6,7 e 8 anos), II (9 e 10 anos), III (11 e 12 anos) e IV (13 e 14 anos), com duração de 3, 2 ,2 e 2 anos respectivamente. Pretende-se que a não retenção seja viabilizada , não apenas pela qualidade social do ensino desenvolvido cotidianamente , mas também por estratégias que permitam um acompanhamento constante daquele que revelarem maior dificuldade.

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A organização do Ensino Fundamental em ciclos promove uma continuidade no processo de aprendizagem no qual toda a comunidade escolar é sujeito interativo. Os ciclos por seu caráter , contribuem para que sejam respeitados o ritmo, o tempo e as experiências de cada aluno, favorecem o trabalho coletivo dos educadores, a ação interdisciplinar

e a

participação de pais no acompanhamento e avaliação do aluno e da instituição escolar. “Não se trata de simples reorganização do tempo cronológico da escola; é, antes, a possibilidade de construção de um espaço efetivo de continuidade, de percepção do trabalho pedagógico enquanto processo, não amarrado a tempo anuais,

a

conteúdos

fragmentação

que

sequenciados numa

comprometem

a

liberdade e

compreensão

da

totalidade”. ( I Fórum de Educação da RMB, 97 ) Acreditar que é possível transformar a realidade pela qual passa a educação brasileira é condição básica para se ir ao encontro de propostas inovadoras na área educacional , pois se faz necessário o compromisso no acompanhamento sistemático dos educandos, tomando como base uma avaliação reflexiva e processual que venha contribuir para o desenvolvimento efetivo do mesmo. “ A noção de ciclo é pedagogicamente funcional por corresponder melhor a evolução de aprendizagem de competências

específicas,

mediante

uma

organização

curricular mais coerente com a distribuição dos conteúdos ao longo do período de escolarização ( ... ) assegurando a continuidade do processo educativo adaptando-se ações pedagógicas aos diferentes ritmos de aprendizagem dos educandos ( MEC, in Caderno Pedagógico 9 ). Em cada ciclo existe um conjunto de princípios e conhecimentos que norteiam e aprofundam o trabalho pedagógico e o caminho percorrido desde o primeiro ano do primeiro ciclo até o último ano do quarto ciclo, atentando para o fato de que cada educando tem suas características próprias em suas diferentes idades e situações sócio-cultural, fazendo com que a escola tenha um movimento pedagógico flexível voltado sempre para o sucesso escolar dos seus educandos. A escola deve entender que o aluno só aprende bem aquilo que está, de alguma forma, relacionado com a sua realidade, com a sua vivência. Por isso a escola deve preocupar-se com o “para quê” e “ por quê” determinados conteúdos precisam ser estudados pelos alunos; em 35

que situações ele irá utilizá-los, não simplesmente no aspecto prático deste conteúdo, mas de sua relevância social para a vida destes. Para isto deverá ser operacionalizado um currículo que esteja centrado na coletividade em relação com o meio concreto onde está inserida. O conteúdo programático, então, deverá partir da reflexão, análise e entendimento das experiências desta coletividade, buscando a sistematização e produção de novos conhecimentos. Neste sentido, a proposta da Escola Bosque vem trazer novas perspectivas, uma vez que tem como princípio filosófico a formação de uma ética e consciência ambiental, norteada pelo desenvolvimento econômico com justiça social, sem que implique na degradação ambiental, sob pena de promover danos irreparáveis ao homem, a vida. Acreditamos que há perspectivas reais de se realizar um movimento de produção com vistas a atender aos interesses da camada popular, pois, a partir de uma leitura mais dialética pode-se perceber que a reprodução traz em seu bojo um movimento de produção que terá determinado resultado de acordo com os interesses que se defendem. O trabalho pedagógico vivenciado nos ciclos de formação da Escola Bosque fundamenta-se no rompimento com a lógica fragmentadora do processo escolar e na flexibilização dos tempos de aprender-ensinar-desenvolver, possibilitando aos educando uma formação integral, humanizadora, socializadora e facilitadora da constuição de sua identidade cultural, ambiental e auto-estima positiva. Na Escola Bosque, o currículo tem o tema gerador como concepção para o estudo da realidade e a Pedagogia de Projetos como princípio metodológico em todos os níveis de ensino da escola, acreditando que os projetos desenvolvidos pela Instituição contemplam as necessidades dos educandos no processo de construção do conhecimento. Nessa perspectiva, o fazer pedagógico na escola funamenta-se nas seguintes fases: 1. Fundamentação teórica – viabilizada através de estudos periódicos e seminários internos, acompanhados e orientados por professores da escola, convidados e ciclos de formação da COED. 2. Levantamento bibliográfico – Organizado pela equipe de professores da escola, objetivando organizar um acervo do material disponível sobre a região estuarina para suporte na elaboração de material didático. 3. Pesquisa sócio-antropológica/ Estudo da realidade. 4. Organização e aplicação dos conhecimentos num processo norteado no conceito de interdisciplinalidade e viabilizado através dos projetos desenvolvidos pela escola. E nesse processo a atuação do educador é fundamental: “ ( ... ) os profissionais da educação desviaram-se do que é nuclear, essencial, para fixar-se apenas nas questões da 36

escola ( ... ) Os profissionais da escola foram reduzidos a seres competentes apenas em educação escolar e sem entenderem os processos sociais e educativos mais amplos, consequentemente acabam por não ser competentes nem mesmo em educação escolar. Para mim, a competência do educador, tem como pré-requisito básico a capacidade de entender muito bem por onde passa o educativo na sociedade (Arroyo 1987 , p 18).” Faz-se necessário não só considerar o potencial de intelectualidade do professor , como auxiliá-lo a desvendar o seu real papel na sociedade, fazê-lo ver a dimensão social de seu trabalho. Esse repensar precisa envolver uma reflexão da teoria educacional que deve ser vista como teoria social que irá contribuir para a compreensão do espaço educacional como esfera pública engajada no fortalecimento pessoal e social na perspectiva de formar líderes e não apenas mão-de-obra qualificada. Com relação a essa dimensão, Giroux (1992, p 32 ), faz interessante colocação: “A

tarefa

central

para

a

categoria

de

intelectual

transformadores é tornar o pedagógico mais político e o político em pedagógico. No primeiro caso, isto significaria inserir

a

educação

diretamente

na

esfera

política,

aprimorando tanto uma disputa por significado como uma luta a respeito de relações de poder (...), por outro lado tornar o político mais pedagógico significa utilizar formas da pedagogia que tratem os estudantes como agentes críticos, que problematizem o conhecimento , utilizem o diálogo e tornem o conhecimento significativo, de tal modo a fazê-lo crítico para que seja emancipatório” Portanto, cabe-nos desvelar o papel desempenhado pela linguagem e pelo poder nas escolas e uma delas consiste na transmissão do conhecimento de forma acrítica. Questionar, refletir acerca desse papel no âmbito educacional levaria a busca de uma proposta educacional que valorizasse a linguagem , as experiências , enfim, a cultura das classes populares, entendida como esfera de luta, como representação de um povo que anseia pela emancipação. Para Giroux, o que necessitamos é combinar esperança com árdua prática e trabalho intelectual. Esperança que Paulo Freire considera fundamental: “Eu

não

posso desistir da esperança porque eu sei,

primeiro , que ela é ontológica. Eu sei

que não posso 37

continuar sendo humano se eu faço desaparecer de mim a esperança e a briga por ela . A esperança não é uma doação . Ela faz parte de mim como o ar que respiro. Se não houver ar, eu

morro. Se não houver esperança, não tem porque

continuar a história.” Sendo assim, há que se resgatar esse elemento ao ato pedagógico, a esperança de que se pode no espaço cultural reproduzir algo e não apenas ficar restrito à reprodução. A pedagogia precisa estar associado a uma política cultural, a qual prima pela valorização da bagagem cultural do indivíduo, para que este tenha uma leitura mais clara, consciente e crítica de si e da sua realidade. O espaço escolar também deve estar engajado na produção e luta por expressão . Que se ouça não só a voz do aluno, como também a do professor ,da escola e da comunidade, não como elementos antagônicos mas em interação, numa perspectiva dialética em que estão presentes especificidades, relações de dominação, subordinação em busca de autonomia, poder e significado. Avaliação Comumente a avaliação vem sendo compreendida como um instrumento de poder, que pune o erro dentro de um contexto de ensino onde a função do professor é “dar a aula, dar a matéria e a nota”. Utilizar a avaliação dessa forma representa uma dura ameaça para os alunos gerando infelicidade enormes, castigos familiares, baixa da auto-estima e desestímulos em prosseguir os estudos. Desta forma, mede-se o conhecimento do aluno através de instrumentos apropriados ( estes, provas, exercícios de verificação), numa visão de mundo harmônico, onde os indivíduos devem adaptar-se como seres passivos. A necessidade de cumprirem o programa impede que se considerem as proposições dos alunos, forjando uma ação do conhecimento em favor da memorização e do condicionamento. A avaliação, em nossas escolas, infelizmente, ainda está voltada para um modelo educacional que visa, conscientemente ou não, a reproduzir uma sociedade autoritária. (...) Quando se deixa para avaliar no final de determinado processo, corre-se o risco de, em não se alcançando os resultados desejados, perderem-se os recursos e desperdiçar-se o tempo despendido no decurso da ação. ^prevendo-se avaliações mais freqüentes, têm-se a oportunidade de corrigir os rumos e aperfeiçoar os procedimentos com um custo de tempo e de recursos cada vez menor. (Paro, p 35 ) 38

Logo, o educador não pode agir inconscientemente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde está encaminhado os resultados de sua ação. Daí ser necessário, portanto, repensar a avaliação. Para tal, devemos ver a educação como um instrumento de transformação social que se volta para a compreensão e superação da realidade, a partir do apropriar-se de informações que possibilitem o pensar, o refletir e o dirigir as ações, de acordo com as necessidades historicamente sentidas pelo homem. Nesta perspectiva, temos de nos utilizar da avaliação democrática, voltada para as potencialidades e possibilidades de crescimento dos alunos, descartando, assim, a visão meramente classificatória. Temos que transformá-la em um instrumento de diagnóstico do processo de ensino, a partir de uma atitude de permanente observação e reflexão sobre a prática, para realimentá-la . Portanto, os

“erros” e “fracassos” dos alunos devem ser

considerados como fatos que fornecem pistas para indicar novas formas de ação. A questão que se coloca Comumente é : como viabilizar esta questão no cotidiano da sala de aula? Inicialmente devemos buscar mecanismos que envolvam diferentes sujeitos do processo educativo ( responsáveis, técnicos professores ), enquanto agentes que contribuem para a formação dos (as) alunos (as), nas suas diferentes dimensões: afetiva, social, cultural e política, que devem, continuamente, indicar novos rumos, redimensionando a prática pedagógica. Faz-se necessário, que o compromisso com o processo, leve o professor a registrar todos os dias, do primeiro ao último dia de aula, fatos relevantes, relacionados a construção do conhecimento. Os conteúdos essenciais e significativos, eleitos como fundamentais para aquele momento e explicitado pelos objetos, ajudarão o professor nas anotações dos avanços e dificuldades dos alunos. Além deste tipo de registro, o professor deve oportunizar que se faça a auto-avaliação, na qual o aluno terá a oportunidade de demonstrar os conhecimentos construídos, além de discutir as suas dificuldades. Assim, o professor necessita utilizar no seu dia-a-dia um instrumento que possibilite avaliar o seu aluno constantemente, Para tal propomos uma ficha de acompanhamento que garanta esse processo de forma bastante satisfatória. Essa avaliação contínua, estarão presentes aspectos de caráter formal e político, pois não basta que o aluno elabore e reelabore conhecimentos, mas que ele saiba o que fazer com tais conhecimentos no sentido de garantir sua cidadania. Além da ficha de acompanhamento individual propomos a utilização sistemática de um diário de classe redefinido nas discussões da Escola Cabana, o qual oportuniza o registro e 39

acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno. Assim como a utilização da observação sistemática do aluno nesse processo. Outro instrumento que poderá ser utilizado consiste no conselho de ciclo, enquanto instância avaliativa, possibilitando a superação de práticas fragmentadas, em especial nos Ciclos III e IV, onde o trabalho tem como desafio a efetivação de uma prática interdisciplinar, garantindo uma avaliação mais abrangente da escola em seus vários aspectos, infra-estrutura, organização e outros fundamentais para se buscar a retomada e resignação do espaço educacional, ajudando a romper com práticas avaliativas centradas no (a) aluno (a), sob a ótica de um único professor de forma a construir alternativas pedagógicas que auxiliem educandos e educadores na superação das dificuldades apresentadas. ( individuais e coletivas). •

ENSINO MÉDIO/PROFISSIONALIZANTE: uma experiência em construção O trabalho no contexto mundial passa por profundas transformações, exigindo, a cada

dia, um trabalhador mais preparado para enfrentar as mudanças que se apresentam. Nessas circunstâncias, a responsabilidade dos educadores consiste em repensar novos meios para definir o perfil do profissional capaz de enfrentar o avanço tecnológico e o processo de globalização da economia. A década de 90, coloca novos desafios aos educadores no impasse de rever suas prioridades para a educação nos marcos de novas dinâmicas de desenvolvimento que implicam em avanços tecnológicos e intercâmbios científicos em perspectivas regional, nacional e internacional. A prática educativa e suas relações com o mercado, a competitividade, as formas de gestão, a democratização do saber são aspectos críticos que requerem atenção renovada. Nesse panorama, a educação e a aquisição de conhecimentos passam a ser vista como elementos fundamentais com possibilidade de desenvolvimento econômico, político e social. Com o mundo em desenfreado processo de transformação causado entre outros fatores, pelas mudanças no processo produtivo, provocadas pelo rápido crescimento científicotecnológico, pela urbanização crescente e desordenada, provocando uma revolução ambiental de tal que mais parece um filme de ficção com cenários de horror e destruição. Nessa visão, como pano de fundo onde a relação ser humano-natureza passa por diversas reflexões, surge a Educação ambiental como geradora de outros sentidos de se estar no mundo, de repensar o homem como sujeito historicamente construído. A relação ser humano com a natureza e a sociedade se expressa através do trabalho. E é no trabalho que se intensificam as relações do homem com outros homens. Portanto acreditamos está no ser humano todo o suporte da mudança e transformação da sociedade,

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neste sentido, o trabalho deve ser desalienante, onde o homem é sujeito e não objeto executor de ordens cegas. Neste contexto, a proposta pedagógica do ensino Médio e Profissionalizante da Funbosque deve ser aquela que proporcione ao educando acesso ao saber científico e tecnológico, que fundamenta o trabalho e que possibilita a participação na sua vida social e política. Compreendemos que a verdadeira dimensão social da educação está pautada numa concepção político-filosófica, através da qual se busca propiciar o desenvolvimento integral do educando, devendo ser um dos instrumentos que possibilitem à este educando o pleno exercício de seus direitos de cidadão. O Ensino Médio e Profissionalizante da Escola Bosque busca oportunizar aos alunos o acesso a habilitações profissionais voltadas para o desenvolvimento de novas formas de manejo de recursos naturais renováveis; dar acesso a um ensino de qualidade, voltado aos interesses ambientais e capaz de propor modelos de desenvolvimento socialmente sustentáveis nas áreas de atuação de seus futuros profissionais e desenvolver ações curriculares que proporcionem a construção do conhecimento, através de pesquisa crítica, criativa e participativa, visando a autonomia dos sujeitos. conceber a escola como um espaço de múltiplas possibilidades é também entendê-la como um terreno fértil para a construção de sujeitos sociais cientes de seu papel na história e no mundo. a escola é palco que reune diversos atores, cada um representante de um desejo, de um saber, de valores , individuos dividindo o espaço físico das contradições ideológicas e sociais em que se constiui a escola. ao longo do seu processo histórico o homem busca consolidar através da educação sua formação, objetivando superar os instintos e humanizar a pessoa, ou por outro lado, a própria deformação da condição de humano que deve ser

cotidianamente fortalecida apesar dos

apelos de desumanização da pessoa humana.

a realidade social na atualidade faz emergir como necessidade determinante a constante formação do individuo, exigência esta cada dia mais pungente. hoje, uma verdade absoluta impulsiona o homem: o desafio de estar preparado para enfrentar as transformações que se apresentam.

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a razão primeira da escola bosque implantar o ensino médio responde a um desejo da própria comunidade, comunidade esta carente de escolas que oportunizassem a continuidade na formação escolar. outro fator relevante corresponde ao poder público, uma vez que a premissa norteadora das políticas públicas de educação implantadas a partir de 1997 pela secretaria municipal de educação

vem ao encontro dos anseios da comunidade de caratateua, ávida por uma escola

que viabilize os seus sonhos e mude sua realidade. o ensino médio ofertado na escola bosque segue as orientações da ceb e do cne, procurando dessa forma consubstancia-se em conformidade com a legislação em vigor, como também, reconhece a especificidade da temática ambiental ser o eixo da pesquisa basilar prevista na proposta pedagógica em todos os segmentos educaionais ofertados na referida escola .

num cenário mundial marcado por conflitos étnicos, desemprego e vertiginosa substituição tecnólogica, as atenções colocam a escola no centro das discussões, com um destaque para a formação a nível médio, pois acredita-se que esta contribua para a aprendizagem de competências, o desenvolvimento de habilidades, visando á formação de indivíduos mais criticos, sensíveis as diferenças de qualquer natureza e dispostos aceita-las a fim de possiblitar o convívio pacifico entre os povos. como em outros países com indicadores sóciais contrastrantes e injustos, surgem , no brasil, outros focos de atenção: o desafio de promover o desenvolvimento sustentável, mesmo sob os ditames da globalização.tecer o fio condutor de uma sociedade equilibrada sob o tripé da sustentabilidade, não parece tarefa fácil ou que possa ser atingida a curto prazo. por outro lado, esta mesma perspectiva impulsiona reforça a necessidade de individuos propositivos. na proposta pedagógica adotada na escola bosque, o cuurriculo procura assegurar a formação humanista de alunos aptos a atuar com modelos alternativos de gestão dos recursos naturais, com qualidade social suficiente para compreender as novas formas de organização do trabalho, capazes de enfrentar a dinâmica do mercado e idenrtificar novas oportunidades, para discutir políticas publicas regulares que de fato beneficiem toda a comunidade.

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REDES DE CONHECIMENTOS: Uma Proposta em Construção para a Educação de Jovem e Adultos Os (as) alunos (as) trabalhadores (as) carregam a respeito da escola uma visão que a

concebe como fonte de instrumentos que lhes possibilitam melhorias no âmbito profissional, o que corresponde à uma compreensão que reafirma uma percepção de organização social sustentada numa atribuição diferenciada de prestígio e status tendo como referência a divisão social do trabalho, demonstrando uma aceitação da educação como único meio disponível de ascensão e mobilidade social, o que corrobora para a legitimação da ordem dominante, diz CAPORALINI. Entretanto, apesar de compreendermos que a escola não pode trabalhar resumidamente em cima das aspirações profissionais dos alunos, não podemos descartar a visão construída por eles sobre o papel da instituição, assim como não podemos negar a real necessidade que eles possuem em adquirir instrumentos que lhes possibilitem lutar por melhorias de vida. Assim acreditamos que o educador enquanto articulador do processo ensino e aprendizagem, deve contribuir da melhor maneira possível e inovador, instrumentalizar os seus alunos através dos conhecimentos básicos da leitura e da escrita, oportunizando uma ação integrada entre teoria e prática, priorizando estratégias metodológicas na formação da competência formal e política do (a) aluno (a) enquanto cidadão (a). Neste caso, compreendemos que cabe a Escola Bosque, contribuir para a fomentação de princípios que primem pela sólida construção de valores, fortemente sedimentados sobre uma ética ambiental que vislumbre a relação ser humano e natureza sob uma perspectiva que transcenda a mera visão harmônico-preservacionista, com o intuito de colaborar para o florescimento de discussões comunitárias, que tenham como objetivo apontar meios concretos para que a apropriação das riquezas naturais da região se dêem de uma forma não-predatória, mas através de práticas economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente equilibradas. Nas condições de vida do (a) aluno (a) trabalhador (a) o maior espaço que ele tem é dedicado ao trabalho. O espaço que lhe estar a par das coisas do mundo é bem reduzido e a escola não pode deixar de proporcionar a ele relacionamento aos conteúdos formais, conteúdos com possibilidades de tratar assuntos relativos a seu dia-a-dia, a seu trabalho e as informações atuais. De acordo com os ideais Freiriano, o movimento de libertação das classes oprimidas está ligado ao sentido libertador da ação educativa que se concretiza na instauração do processo de reflexão de sua realidade.

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Agrava-se na Educação Brasileira o desânimo que dificulta o processo de ensinoaprendizagem dos (as) alunos (as) do Ensino Noturno, quando a escola não estimula a ousadia de práticas docentes adequadas para quebrarem o medo que esses alunos (as) têm de se expressarem, falando ou escrevendo, o medo que eles têm de errarem. O currículo em construção da Educação de Jovens e Adultos, traz em sua essência ao ideais da Escola Cabana, cuja a ação político-pedagógica e cultural está comprometida com o resgate da cidadania dos nossos educandos. Nesse processo cremos que nos são fundamentais os ensinamentos construtivistas Freirianos e sócio-interacionista de Vygotsky, que não ensinam receitas prontas, mas apontam para importância de se reconstruir a prática pedagógica continuamente, criando oportunidades para que a equipe de atores envolvidos no processo de criação e construção do conhecimento, reconstruam o seu fazer pedagógico voltado de fato para uma ação sócio-político-cultural, que esteja comprometida com a formação do ser humano integral e possibilite a construção de uma sociedade justa. Pensar uma nova proposta curricular para a Educação de Jovens e Adultos, significa primeiro, definir a concepção de escola, que se quer, para quem e para que. Valores e princípios

que orientam a construção que queremos precisam estar,

intrisicamente ligados a concretização dessa escola, pelo seu instrumento básico de organização, que é o currículo. Essa perspectiva de pensar no currículo, traduz uma visão progressista e emancipatória, ou seja, passa-se de uma escola cristalizada, à escola cuja construção do currículo em processo não abre mão do tempo histórico onde vive os alunos. Só faz sentido pensar currículo como forma de problematizar as questões econômicas, sociais e culturais, como aglutinador vivido. As vivências do indivíduo se fazem com o sentido da totalidade, e, como tal, precisam ser recuperadas de modo a considerar essa totalidade como elemento fundamental e necessário à construção do currículo. Deve-se ter essa totalidade como referência da organização das disciplinas e do conhecimento, vistos até então como fatos fragmentados e hierarquizados, que refletem a escola e uma sociedade de classes. Essa totalidade busca um trabalho integrado dos diferentes sujeitos da educação, chegando a implementar uma atitude interdisciplinar, pois entende-se que o conhecimento se constrói a partir da relação com o outro e com o objeto a ser conhecido. “(...) e as várias áreas do conhecimento se articulam entre si, formando uma totalidade, que procuram dar conta de estabelecer relações cada vez mais ampla da realidade local, onde o educando passa a compreender as totalizações que 44

permitem revelar as contradições mais amplas, presentes nas relações locais” (Anézia Viero). Tradicionalmente o currículo da educação de Jovens e Adultos tem assumido um caráter técnico consensual baseado na seqüência de conteúdos, distribuição de carga horária e grades curriculares, onde a apropriação do conhecimento tem se dado de forma estanque e fragmentada. O saber sistematizado dos conhecimentos das Ciências, Filosofia e Artes, que expressam a ação humana e possibilite ao aluno trabalhador se relacionar com diversas dimensões do conhecimento, somado aos que trazem de suas experiências sócio-políticoculturais, constituem nossa proposta de Currículo Interdisciplinar, proporcionando ao aluno um processo de ensino-aprendizagem em condições para ele recriar e relembrar estes conhecimentos. Essa proposta curricular que trata as vivências escolares de forma crítica, democrática, libertadora e transformadora, está pautada na participação dos sujeitos na construção de uma nova prática educativa. E essa prática se amplie para dimensão social, onde todos disponham de possibilidades de viver a igualdade de direitos de escolher, de decidir, tendo à disposição as atividades culturais e os conhecimentos científicos e técnicos. É importante trazer para a escola, a realidade em que vive os alunos trabalhadores e trabalhadoras, para que possam refletir melhor sobre a cidade, o país, o mundo, as relações de trabalho, as relações de gênero, os direitos humanos, os valores ambientais dentre outros. Que a escola do jovens e adultos possa ser um espaço de encontros onde possam falar de si de suas experiências, e que sejam valorizados como pessoas, como trabalhadores (as) com uma função social digna. Tendo em vista a construção coletiva do Currículo Interdisciplinar, é que propomos a organização da Educação de Jovens e Adultos em Ciclos de formação denominados de Redes de Conhecimento, tendo como principio as Totalidades de Conhecimento, que segundo Konder, 1995: Para dialética marxista o conhecimento é totalizante e atividade humana em geral e um processo de totalização que nunca alcança uma etapa definitiva e acabada (...) Qualquer objeto que o homem possa perceber ou criar e parte de um todo. Em ação empreendida o ser humano se defronta, inevitavelmente com problemas interligados. Por isso para encaminhar uma solução o ser humano precisa ter noção de conjunto. A visão de conjunto permite ao homem descobrir a estrutura significativa da realidade com que se defronta, 45

numa situação dada. E é essa estrutura significativa – que a visão de conjunto proporciona - que é chamada de totalidade. A totalidade é mais que a soma das partes que a constituem. A maneira que se articula uma totalidade os elementos que a compõe, assumem características que não teriam, caso permanecessem fora do conjunto. Há totalidades mais importantes

mais

abrangentes

e

totalidades

menos

abrangentes: as menos abrangentes, é claro, fazem parte das outras. A maior ou menor abrangência de uma totalidade depende do nível de generalização do pensamento e dos objetivos concretos dos homens em cada situação dada. Se eu estou empenhado em analisar as questões sendo vividas pelo país, o nível de totalização que me é necessário é o da visão de conjunto da sociedade brasileira, da sua economia, da sua história, das suas contradições atuais. Se, porém, eu quiser aprofundar a minha analise e quiser entender a situação do Brasil no quadro mundial, vou precisar de um nível de totalização mais abrangente: vou precisar de uma visão de conjunto do capitalismo, a sua gênese, da sua evolução, dos seus

impasses

no

mundo

de

hoje.

Para

trabalhar

dialeticamente com conceito de totalidade é muito importante sabermos qual é o nível de totalização exigidos pelo conjunto de problemas com estamos nos defrontando, e é muito importante, também, nunca esquecermos que a totalidade é apenas um momento de um processo de totalização que nunca alcança uma etapa definitiva e acabada... .

Em síntese, Redes de Conhecimentos: (Anexo II) Buscam assegurar a unidade do conhecimento constituindo-se num movimento de açãoreflexão-ação de apreensão do mundo; ♦ Constituem o Ciclo de Educação de Jovens e Adultos proporcionando a estes a continuidade dos seus estudos no Ensino Médio; ♦ Cada Rede de Conhecimento tem a duração de um semestre, desta forma o educando pode a cada período semestral pode avançar em seus estudos, se por acaso precisa afastar-se da escola, recomeçará do ponto interrompido sem precisar iniciar novamente; 46

♦ Tem na perspectiva da avaliação emancipatória sua ação de contínuo processo de diagnóstico do processo de construção do conhecimento e outro; ♦ A ação interdisciplinar das Redes de Conhecimento do Ciclo de Educação de Jovens e Adultos precisa constituir-se através de projetos de trabalho, organizados coletivamente pelos professores das Redes; ♦ Os conteúdos significativos das diversas áreas do conhecimento deverão constituir-se para o aluno enquanto desveladores da realidade; Nas totalidades de 01 (um) a 04 (quatro), os educadores deverão desenvolver o processo educativo nos campos conceituais, onde a iniciação do processo ensinoaprendizagem possa ser construído por um profissional “generalista”, para que a fragmentação seja rompida neste momento. Nas totalidades de 05 (cinco) a 08 (oito), a ação interdisciplinar, começará a ser introduzida com profissionais das áreas de conhecimento e a construção e reconstrução de conceitos seja estabelecida no cotidiano da sala de aula, e os conteúdos desenvolvidos devem ter o propósito de estarem a serviço destes conceitos. A freqüência do aluno (a) em relação ao processo de apropriação construção do conhecimento, não deve ser considerada como uma dificuldade ao avanço do aluno (a). Por este motivo é que o Poder Público deve buscar meios para, quando o mesmo (a) estiverem ausentes, seja garantido o direito a aprendizagem. AVALIAÇÃO “A avaliação tem perspectiva, emancipatória, onde professores e alunos envolvidos no processo do conhecimento. Que de acordo com Ana Maria Saul, ela tem dois objetivos: “iluminar o caminho da transformação e beneficiar as audiências no sentido de torná-las auto-determinantes”. (SEMED –1996, p. 61) A avaliação

perde o caráter classificatório e ganha possibilidades de perceber as

dificuldades, necessidades interesses e avanços quanto ao processo de aprendizagem. A avaliação não é para rotular e/ou eliminar aqueles que não conhecem os códigos, mas para que o (a) professor (a) crie desafios cognitivos que confluem os (as) alunos (as), fazendo com que se apropriem do saber. (SEMED – 1996, p.15) Com isso propomos que o (a) aluno (a) seja avaliado (a) de forma global e permanente, em todos os componentes curriculares das totalidades, superando com a fragmentação. 47

Com este processo estão envolvidos todos do grupo: professor avalia alunos, os alunos avaliam o professor e ambos se auto-avaliam. A efetivação deste processo acontece de várias formas, envolvendo trabalhos individuais e em grupo, através de reuniões com professores com ou sem a presença dos alunos. Para fins de transferência, o aluno receberá o histórico escolar da Totalidade concluída, com parecer descritivo, especificando todos os conceitos e sua validação detalhada em todas áreas de conhecimento. O registro detalhado facilitará o estudo, a avaliação e a classificação do aluno pela instituição que o receber. No caso de transferência do (a) aluno (a) que estiver cursando a Totalidade, deve ser emitida a transferência, com a observação da série ou etapa equivalente a ser matriculado (a).

1

2

REDES DE CONHECIMENTO 3 4 5 6

7

8

V. PROJETOS INTERDISCIPLINARES E ESPAÇOS ALTERNATIVOS O paradigma positivista, durante décadas, orientou o conhecimento dividido em partes. Esse propósito simplificava a elaboração curricular educacional em um certo número de disciplinas importantes à organização do ensino na escola. No entanto, a idéia da fragmentação do conhecimento se contrapõe ao entendimento de fenômenos científicos mais complexos discutidos no mundo pós-moderno.

Portanto, a necessidade de repensar a concepção

curricular na escola é pertinente, sobretudo no que tange a relação das várias disciplinas no currículo e de que forma elas podem explicar a complexidade do saber sob diferentes pontos de vista. O entendimento que Piaget aborda sobre a problemática, é, que, as disciplinas podem se relacionar considerando três aspectos: multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. A discussão sobre esses três níveis de ensino, se confundem quando da efetivação de práticas educacionais que procuram conceituá-los, pois tratam-se de concepções que podem corresponder a uma novo paradigma educacional. Assim, ao conceber a multidisciplinaridade como a contribuição de várias disciplinas para estudar um objeto, sem a preocupação de relaciona-las entre si; a interdisciplinaridade quando houver interação entre várias áreas do conhecimento, proporcionando um estudo mais estruturado do objeto, considerando vários conceitos em torno de unidades mais globais atrelados por diferentes disciplinas; e, o estudo macro da tessitura do conhecimento que gerou 48

um determinado elemento como a transdiscipinaridade, a Escola Bosque se sobressai com práticas interdisciplinares por meio da efetivação de projetos, que dismistificam o pensamento positivista do saber fragmentado. Nessa perspectiva, a Escola Bosque, por apresentar estudos e práticas pertinentes às questões ambientais, procura a efetivação de projetos interdisciplinares que propiciem tanto ao educador quanto ao educando uma visão global do conhecimento, seja na teoria ou na prática do fazer pedagógico. Ao discutir a concepção interdisciplinar nos horários de estudos, os professores da Escola Bosque buscam desenvolver projetos que permitam o total envolvimento do sujeito com questões que problematizem a realidade da qual ele faz parte. Assim, vários projetos já implantados na Escola dizem respeito a perspectiva da qualidade de vida da comunidade da ilha de Caratateua, o que é visualizado pela responsabilidade individual de cada agente que integra as ações que dizem respeito aos projetos. Não seria diferente o pensar no trabalho interdisciplinar para a Escola Bosque, tendo em vista o seu ambiente físico, a sua proposta de ensino, a concepção integral do ser humano e os seus objetivos

pautados na qualidade de ensino e em melhorar, através de práticas

educativas, a vida daqueles que fazem o dia-a-dia da escola. A concepção de interdisciplinaridade conduz o sujeito à busca de novos conhecimentos através da pesquisa, diluída na troca, no diálogo no respeito ao pensamento do outro, no passar do subjetivo ao coletivo. Segundo Fazenda (1988), “ no projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vivese, exerce-se”. Nessa perspectiva, os projetos efetivados na Escola Bosque é concebido como metodologia educacional que procura trabalhar as áreas do conhecimento, sem privilegiar esta ou aquela, mas priorizar todas, pois entende-se que a interdisciplinaridade é uma perspectiva que conduz à pesquisa de novos conhecimentos. •

PROJETO: LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA "Mais que uma tendência, uma realidade".

Justificativa Toda proposta educativa para ser consistente, deve estar respaldada em um princípio básico que é o compromisso de todos aqueles que vão através do seu exercício diário, efetivá-la. Este compromisso passa também pela questão metodológica. A Escola Bosque, dentro de sua proposta filosófico-metodológica, inclui a busca permanente de 49

alternativas pedagógicas que possam contribuir com o processo de construção do conhecimento do educando. Diante de tal pressuposto, o Programa de Informática Educativa surge como uma alternativa concreta na busca por melhores condições de ensino no âmbito educacional. Através dessa alternativa norteamos nossas práticas educativas tendo como ponto de sustentação as linhas pedagógicas e científicas inseridas no Projeto da Escola, as quais se referem respectivamente aos conhecimentos adquiridos através de práticas diárias sistematizadas em sala de aula e aos conhecimentos produzidos através de projetos de pesquisa científica conveniados com outras Instituições. Nessa perspectiva, a Escola Bosque procura alicerçar suas linhas pedagógicas e científicas na construção do conhecimento dentro de uma didática voltada para a educação ambiental, visando a formação do sujeito em sua totalidade. Para tanto, propõe uma metodologia interdisciplinar e multidisciplinar, que possa romper com o tradicionalismo característico das propostas educacionais conhecidas historicamente. Na verdade, a metodologia interdisciplinar pressupõe a busca da totalidade, isto é, a articulação entre todos os saberes. Trabalhar interdisciplinarmente é situar o educando no contexto no qual está inserido, buscando relacionar o que ele aprende com o processo histórico-cultural. Essa relação é fundamental para o fortalecimento de uma sociedade do conhecimento, onde o funcionamento cognitivo do ser humano passa a ser o resultado de toda uma herança cultural, estabelecida ao longo das relações sociais e afetivas vivenciadas por ele. Tomando como base o projeto de Informática Educativa, em consonância com o Projeto da Escola, as atividades no laboratório de informática devem favorecer o aspecto participativo e proporcionar a interação educando× educador× máquina. Esta interação garante ao educando refletir sobre o que está construindo, elaborar seu pensamento, reestruturando-o, e de modo gradativo ir produzindo conhecimentos cada vez mais complexos. Nesse processo vários aspectos fundamentais ao desenvolvimento do educando são envolvidos, tanto ao nível do cognitivo como ao afetivo e social. O educando ao interagir com o computador adquire sentido de domínio sobre um elemento de tecnologia mais moderna e poderosa, ao mesmo tempo em que estabelece contatos íntimos com algumas das idéias mais profundas das ciências, da matemática e da arte de construção de modelos intelectuais. Ao ensinar o computador a pensar, embarcam numa exploração do mundo como pensam, e pensar sobre o pensamento, envolve a criança numa experiência que outrora não foi vivida nem pela maior parte dos adultos. Assim sendo, a informática educativa tem dado importantes contribuições ao processo ensino-aprendizagem, uma vez que, além de oferecer ao educando a oportunidade de construir seu conhecimento através da tecnologia informatizada, interagindo com recursos 50

avançados na exploração de programas educativos, possibilita a interação de vários processos que o levam a uma produção final. Objetivos ♦ Favorecer o acesso da comunidade escolar às novas tecnologias, possibilitando uma formação crítica e conectada com o mundo moderno. ♦ Promover práticas interdisciplinares fundamentadas na pesquisa como princípio educativo a partir da realização de projetos de ensino e/ou de aprendizagem facilitados pelos recursos de informática; ♦ Favorecer o desenvolvimento do pensamento lógico, a criatividade, a concentração e a memória dos educandos; ♦ Propiciar ambiente que favoreça a atitude de diálogo, participação, cooperação e socialização entre os diversos atores do processo educativo. Metodologia de Atendimento O trabalho será realizado em conjunto com os demais professores, afim de integrar as atividades de sala de aula com o laboratório. De acordo com o objetivo do PROINFO, os computadores tem como prioridade atender os alunos do ensino fundamental, entretanto oportunizamos o acesso aos alunos dos outros segmentos da escola. EDUCAÇÃO INFANTIL: Os alunos deste segmento são atendidos uma vez por mês. Como são alunos que provavelmente continuarão na escola nos anos seguintes, terão a oportunidade de freqüentar as aulas na sala de informática, são atendidas 04 turmas. SOFTWARE UTILIZADO: É fundamental termos clareza da importância na escolha dos software utilizado, visto que alguns são co-responsáveis pela melhoria da aprendizagem, enquanto outros não indicam evidências favoráveis neste sentido. Desta forma utilizamos softwares que desenvolvem a percepção visual, coordenação motora fina óculo-manula, concentração e raciocínio lógico. CBI, CBII, CBIII e CBIV: Todos os alunos deste segmento tem horário garantido na sala de informática sessões de atendimento que variam de 1(uma) hora a 45´ uma vez por semana. São atendidos num total de 31 turmas SOFTWARE UTILIZADO: Colocamos a disposição desses alunos os seguintes softwares: Editor

de

Texto(Microsoft

Word),

Planilha

de

cálculo(Excel),

Programa

de

Apresentação(Power Point), Paint, Micromundos, Cd-rom interativos e a Internet como recurso no auxílio da pesquisa. 51

EJA: Os alunos (as) da I, II totalidades são atendidos semanalmente na sala de informática, com sessões de atendimento que variam de 1 (uma) hora e ½ até 3 horas, no total de três turmas. Os alunos (as) da III e IV totalidades são atendidos (as) a partir do agendamento e necessidade do (a) professor (a) . SOFTWARE UTILIZADO: : Colocamos a disposição desses alunos os seguintes softwares: Editor de Texto(Microsoft Word), Excel, Paint, Cd-rom interativos e a Internet como recurso no auxílio a pesquisa. ENSINO TECNICO E MÉDIO: Os alunos deste segmento não possuem atendimento fixo semanal na sala de informática, disponibilizamos o horário de 17:00 às 18:30 para que estes alunos digitem seus trabalhos e realizem suas pesquisas orientadas por algum professor (a) de acordo com a necessidade da turma e podem ser atendidos no 3º turno conforme a disponibilidade de horário da sala. Foram atendidas todas as turmas de médio e técnico. SOFTWARE UTILIZADO: Editor de Texto(Microsoft Word), Excel, Power - Point,

e

Internet



PROJETO BRINQUEDOTECA: ESPAÇO DE LAZER E CULTURA

Justificativa A brinquedoteca da Escola Bosque, denominada Sapucaia, surge com o objetivo de garantir o espaço físico e temporal suprimido do brincar, bem como a sua expressão, garantindo a preservação histórico-cultural das brincadeiras tradicionais. A brinquedoteca é um dos lugares em que a atividade lúdica é permitida e reforçada, que pode ter como instrumentos: brinquedos, jogos e outros materiais lúdicos. Entretanto este não se caracteriza como único lugar para brincar ou se expressar dentro de uma instituição escolar, mas um lugar em que se pode generalizar a prática das atividades ocorridas para além das paredes desse espaços servindo apenas de referência. É um espaço preparado para estimular a criança a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade de brinquedos dentro de um ambiente lúdico. È um ambiente onde tudo convida a explorar, a sentir e a experimentar. Oferece um espaço físico e temporal, terá como decorrência natural a possibilidade das crianças interagirem umas com as outras, assim como com os adultos, perpetuando-se de forma paralela a cultura lúdica tradicional. Ao mesmo tempo, a criança estará se 52

desenvolvendo de forma integral e aprendendo, constituindo os objetos e os brinquedos a ela disponíveis, meios através dos quais poderá descobrir o mundo e construir seus conhecimentos a respeito dele. Assim, a brinquedoteca é um espaço privilegiado que reúne a possibilidade e o potencial para desenvolver as características lúdicas assim mencionadas. È hoje um dos caminhos mais interessantes que pode ser oferecido às crianças de qualquer idade. O intuito é resgatar, na vida dessas crianças, o espaço fundamental da brincadeira que vem progressivamente se perdendo e comprometendo de forma preocupante o desenvolvimento infantil como um todo. Objetivos Desenvolver ações que possibilite aos educandos trabalhar o seu imaginário lúdico através do brincar, do dramatizar, do criar , do refletir a fim de que possa tornar-se um sujeito global que relaciona-se com o social, respeitando a sua individualidade buscando construir seus conhecimentos a partir das brincadeiras promovidas no grupo. Como também: ♦ Resgatar brincadeiras e jogos folclóricos que anteriormente eram desenvolvidos nas ruas ou na família e que, atualmente, estão sem espaço para se manifestar; ♦ Criar um espaço de convivência que propicie interações espontâneas e desprovidas de preconceitos; ♦ Valorizar os brinquedos e as atividades lúdicas e criativas; ♦ Valorizar a infância e as brincadeiras como as necessidades intrínsecas ao ser humano, porém , aprendidas no convívio social; ♦ Desenvolver o senso de responsabilidade; ♦ Propiciar um espaço agradável que contribua para que a criança seja mais feliz; Metodologia O trabalho a ser desenvolvido no espaço

da brinquedoteca se dará da seguinte

maneira: Brincadeiras livres, dando oportunidade às crianças par explorarem o espaço, bem como jogos e brincadeiras existentes. Nessas ocasiões, as intervenções dos brinquedos será o mínimo possível, fazendo a mediação no tocante às relações aluno x aluno. Atividades dirigidas, como jogos e recreações internas e externas. Realizações de mini oficinas (confecção de brinquedos com sucatas, jogos educativos, dobraduras.

53



PROJETO: HERBÁRIO

Justificativa A Amazônia como verdadeiro e diversificado banco genético do mundo, mostra-nos a todos instantes que precisa ser descoberta a fim de podermos usá-la, mas sempre com a perspectiva de um desenvolvimento sustentável para esta e as futuras gerações. O município de Belém, tem sua localização na foz do rio amazonas, é privilegiada em detrimento a outras cidades, por possuir uma parte continental e outra insular. O fato de Belém estar inserida na Amazônia não significa que não tenha peculiaridades, tanto na área da Flora como da Fauna, que a tornam ímpar no mundo. A melhor forma de se vê a Flora é por certo ao natural, porém pelo porte e pela diversidade de espécies fica inviável preservar uma área que contenha todas as espécies vivas. Neste sentido é que criaram formas de manter as plantas secas e conservadas, em herbários. Herbário é a coleção taxonômica cientifica que adiciona, em armário ou caixa pronta coleção cientifica de plantas inteiras ou ramos com folhas, flores e, se possíveis frutos dissecadas e preparadas para estudo, e procurando manter, o melhor possível a forma e posição de seus órgãos, como quando vivas. Grandes quantidades de material botânico coletado pôr vários pesquisadores e grandes expedições, que são conservados através da criação de herbários, estes além de guardar espécimes já extintos, conserva a memória de vários ambientes que já foram descaracterizado pela ação do homem. O herbário de hoje é uma fonte de informações que atende não só a botânica sistemática, a anatomia, a ecologia, a dendrologia e etc., mas também a áreas afins que necessitam trabalhar com plantas, como zootecnia, fitotecnia, química e etc., que fornece instrumentos de trabalho para o taxonomista. O herbário da Fundação escola Bosque busca atender não somente a instituição, como também se dedica a prestar outros serviços para a comunidade local. Com o fornecimento de informações adicionais sobre plantas coletadas, identidade e catalogada, como também sobre floração, frutificação, usos, sinônimos, autores dos nomes científicos, ocorrência geográfica e freqüência. Terá informações sobre plantas medicinais, florestais, frutíferas, tóxicas, ornamentais etc... Objetivos Geral: Implantar uma coleção de referência didático-científica de amostras botânicas (exsicatas, carpoteca, sementeca e xiloteca), representativas da flora do Município de Belém. 54

Específico: ♦ Especializar professores e alunos em inventários florísticos e coleta de material botânico; ♦ Coletar, identificar, catalogar e conservar amostras botânicas da flora de região para subsidiar pesquisas relacionadas à biodiversidade vegetal . Colecionar espécimes identificados se possível, representativo da vegetação do município de Belém desde a parte continental e até a insular ; Adquirir material botânico através de coletas realizadas periodicamente pela Escola, como também com outras instituições e/ ou através de doações ou trocas com outros herbários. ♦ Deter conhecimento de aspectos botânicos da Flora belenense, principalmente aquelas de interesse humanitário, cultural e místico religioso; ♦ Identificar as plantas nativas, frutíferas, medicinais, tóxicas e ornamentais, com nomes populares, científicos, famílias etc... ♦ Manter um arquivo sobre as características dos ambientes do município; ♦ Identificar plantas tóxica, objetivando o seu controle ou, no caso de intoxicação, auxiliando na identificação; ♦ Confeccionar Kits pedagógicos para apoio das escolas da rede municipal; ♦ Servir como centro de treinamento em botânica, especialmente em taxonomia e dendrologia e ♦ Apoiar os alunos e professores do ensino fundamental, principalmente na disciplina de ciências e do ensino profissional em Meio ambiente da Escola; Metodologia 1- Coleta de material botânico: a aquisição de material botânico consiste na coleta através de Inventários e excursões periódicas, em áreas previamente selecionadas do município de Belém. Essa coleta é realizada por professores e alunos, com o apoio de pesquisadores de outras instituições, na qual é retirado uma parte (galho) do espécime vegetal vivo, preferencialmente fértil, isto é, o material tem de conter flores e/ou frutos, que através da utilização de tesoura de poda, podão ou facão. Também é feita a coleta de frutos e sementes, assim como de amostras de madeiras para incrementar a xiloteca, sementeca e carpoteca do herbário. 2- Posteriormente a secagem do material é feita sua identificação, classificação e nomeclatura da espécie Herborizacão: esta técnica consiste na prensagem, secagem e preparação do

material coletado em campo. Após a coleta, o material é prensado da 55

seguinte forma; ♦ Coloca-se a amostra do material botânico entre papel jornal previamente

cortado no

tamanho adequado (30cm X 42cm) a largura da estufa; ♦ Coloca-se essa amostra entre duas folhas de papel panamá (chupão), em seguida entre as folhas de alumínio (corrugado), sendo estas do mesmo tamanho do papel jornal; ♦

Após sucessivas

camadas desse processo, amarra-se o lote, numa prensa (treliça de

madeira) a qual será colocada na estufa, na posição vertical para favorecer a convecção do ar quente, retirando a umidade. Em seguida. este material é colado em cartolina branca de tamanho padrão (30cm x 42 cm) de modo que o material seja visto tanto de seu lado superior (ventral) e inferior (dorsal). No canto inferior direito da cartolina coloca-se uma etiqueta contendo informações gerais da amostra e no canto superior esquerdo, um pequeno envelope no qual será colocado pedaços da amostra que se desprende. ♦ As excicatas são depositadas em prateleiras horizontais, dentro dos armários de aço. Tendo uma organização geral (Sistema de Cronquist), cada família é enumerada e os gêneros e espécies são arrumados em ordem alfabética dentro de cada famílias. Todo o material adquirido pelo herbário, receberá um número no livro registro de incorporação de material. ♦ A organização também será feita por espécies de interesse específicos de grupos como: ♦ Espécies vegetais de interesse comercial para silvicultura. manejo florestal. conservação, indústria madeireira e para recuperação de áreas degradadas ♦ Espécies vegetais de interesse medicinal, tóxico, religioso e místico. ♦ Espécies vegetais de interesse alimentar e condimentar. ♦ Espécies vegetais de interesse folclórico artesanal especialmente cestaria transados e artesanato de madeira. ♦ Espécies para conservação, especialmente aquelas raras, endémicas vulneráveis, ameaçadas e em perigo de extinção. •

PROJETO: COLEÇÕES ZOOLÓGICAS

Justificativa O projeto Coleções Zoológicas da FUNBOSQUE é resultante de inventários realizados em duas ilhas pertencentes ao município de Belém, são elas: Cotijuba e Mosqueiro. Os exemplares coletados durante os invetários são de fundamental relevância por representarem parte da biodiversidade das ilhas de nosso município. Dessa forma, o referido projeto tem como objetivo tornar-se uma coleção de referência, documentando o acervo representativo da fauna das ilhas de Belém, bem como uma coleção didática, utilizando exemplares como recurso didático de Educação Ambiental, 56

destinados a todos os alunos das habilitações técnicas e do Ensino Fundamental desta Instituição, assim como à comunidade escolar da Rede Municipal de Ensino, instituições particulares ou Comunidade de Caratateua e adjacências e Belém, tendo a Educação Ambiental como eixo Central. •

PROJETO: CLUBE DE CIÊNCIAS

Justificativa A Escola bosque enquanto Centro de referência em Educação Ambiental, tem por finalidade possibilitar o diálogo entre homem e ambiente promovendo uma interação equilibrada entre os interlocutores, entendendo que qualquer mudança entre eles, afetará necessariamente este equilíbrio, comprometendo a qualidade de vida. Considerando que só uma educação propositiva permitirá uma verdadeira internalização de valores e atitudes que permitam uma intervenção de maneira crítica na resolução dos problemas sócio-ambientais e que tal só será possível mediante

uma

compreensão multidisciplinar e científica dos processos naturais, políticos , sociais e culturais. Nesse cenário, surge o Clube de Ciências, enquanto projeto aglutinador da Escola e comunidade, proporcionando um espaço para o desenvolvimento científico básico, que permita a compreensão e integração do ser humano com seu meio. A autonomia do Clube permite a professor e aluno a liberdade de deixar a sala de aula e partir ao encontro do ambiente natural, orientando-o para a solução de questões científicas, o que neste caso especificamente, se traduz na observação, estudo, levantamento de hipóteses e análise

dos problemas sócio-ambientais. O aluno enquanto agente participativo do processo ensino aprendizagem, constrói seu

próprio conhecimento de maneira livre e espontânea, ganhando autonomia e gosto pela formação científica, tornando-se um indivíduo íntegro, participativo e criativo capaz de se inserir numa sociedade dinâmica que exige mais a cada dia que passa e na qual a qualidade de vida das gerações presentes e futuras é direito e responsabilidade de cada indivíduo. Objetivos ♦ Demonstrar a evolução da ciência ao longo dos anos; ♦ Transmitir saberes sobre a forma como a Ciência interpreta o meio envolvente; ♦ Desenvolver procedimentos e métodos inerentes à forma como a ciência analisa e estuda os fenômenos e situações; 57

♦ Aquirir competência e prática de recolha, seleção, interpretação, organização, apresentação e tratamento de informações; ♦ Desenvolver atitudes de persistência, rigor, gosto pela investigação, autonomia, argumentação coerente e objetiva, cooperação, trabalho em grupo, respeito pelos outros e apreço pela sua colaboração; ♦ Aumentar o interesse e o desejo de aprender, formando no aluno uma atitude científica diante dos fatos e fenômenos da natureza. Metodologia Formas de dinamização através do desenvolvimento de projetos, excursões, visitas a feiras, indústrias, jornais, museus e outros clubes de ciências, assim como realização de experiências variadas.

PROJETO: VIVEIRO DE MUDAS Justificativa A região Amazônica, rica em espécies vegetais, inclui-se nossas florestas nativas, que com sua grandeza, biodiversidade que asseguraram o equilíbrio entre a população de insteis, plantas e o manejo natural de pragas. Neste contexto o estimulo ao (re) plantio de essências florestais e frutíferas é a de melhorar a forma de resgatas a valorização da terra como mantenedora de vida, assim como a preservação de espécies regionais. Suprindo-se essa necessidade desenvolveu-se na área da Escola Bosque o projeto para a produção de mudas de espécies florestais e frutíferas, englobando-se a necessidade do conhecimento básico e a conscientização de produzir mudas para conservar, enriquecer, dando alternativas de melhoria das condições de vida através de realizações trabalhos educativos com os alunos e comunitários, sempre voltados ao ensinamento concreto da importância da educação ambientai para o nosso meio e como fonte de matéria prima para a agricultura resultando cm produto de valor comercial e industrial. Objetivos: Geral: A escola como formadora de profissionais técnicos e voltados sua linha e diretrizes para a educação ambiental torna-se necessário para o aprendizado ações concretas. Neste parâmetro associar a produções de miúdas dando ênfase a educação ambiental realizando práticas com alunos do CB 1 ao 2º grau. É de suma importância para esse profissional se 58

habilitar ao mercado de trabalho e despertar a fundamental necessidade de se praticar no dia-adia. Das espécies e desta maneira estará concretizando a educação ambiental. Específicos: ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦

Melhorar a qualidade de vida; Enriquecer o ambiente; Oferecer sombra, abrigo e alimento; Organizar e embelezar áreas; Proporcionar conforto ambiental no meio urbano; Fornecer matéria prima; Aumentar a fonte de renda.

Metodologia Para proporcionar condições didáticas as aulas praticas da habilitação flora, dando condições de aprendizagem mais completa associando a necessidades de produção de mudas com práticas de conservação e educação ambiental, implantando-se um viveiro com uma sementeira e cinco canteiros cobertos de palha e sombúte onde toda metodologia de produção é passada aos alunos desde a colheita de frutos e sementes, seu preparo, germinação na sementeira e sua repicagem como os cuidados de viveiro. Atendendo a necessidades de associar a produção de mudas como práticas de conservação e Educação Ambiental, para enriquecer as áreas da escola e da ilha. A clientela é formada por alunos do CB ao 2º grau e nos cursos para comunidade e outras escolas.



PROJETO: HORTA A Horta como eixo norteador da Construção do conhecimento nos Ciclos BásicosI eII.

Justificativa O Projeto Horta busca promover a integração entre o currículo formal e a educação ambiental nos ciclos básicos I e II, através da dinamização de atividades em horticultura. Nesse contexto o trabalho desenvolvido oportuniza ao educando a articulação entre os conhecimentos teóricos-práticos relevantes a efetivação de atividades que poderão vir a ser úteis à melhoria da sua qualidade de vida, uma vez que a partir deste projeto, serão sistematizados em sala de aula atividades envolvendo situações problemas onde será trabalhado o mapeamento do terreno, o reconhecimento da área, unidades de medida, produção de textos, o valor nutricional das hortaliças, higiene, o que favorecerá o desenvolvimento de novos hábitos alimentares e o conhecimento interdisciplinar e sistemático

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do valor nutricional as diversas culturas, procurando sempre ampliar essas discussões até o espaço familiar. Essa relação entre o conhecimento científico e prático é um dos objetivos do projeto maior que fundamenta a prática pedagógica, o qual baseia-se num estudo sócio-ambiental da Ilha de Caratateua. •

PROJETO: PLANTAS MEDICINAIS A Região amazônica é rica em aspectos vegetais com grande poder medicinal.

Justificativa A busca de novos medicamentos nas florestas tropicais compreende a esperança concreta para muita gente e o caminho mais curto para pesquisadores que resgatam através da ciência, o saber popular. Na perspectiva de utilização das plantas medicinais que se perpetua de geração a geração, se integra aos projetos da Escola Bosque o Projeto de Plantas Medicinais, envolvendo alunos da educação infantil ao ensino médio profissionalizante. O projeto objetiva resgatar, no âmbito escolar o conhecimento popular, no sentido de resgatar os aspectos da medicina popular, o conhecimento empírico da comunidade; sua tradição quanto ao uso das plantas medicinais, incentivando seu cultivo; a utilização das técnicas de manipulação de remédios caseiros como forma natural de preservar a medicina alternativa. As ações no projeto, possibilitam à comunidade conhecer e ter acesso aos benefícios da flora medicinal, de forma que se faça o levantamento da farmacopéia natural em Outeiro e nas ilhas adjacentes para contribuir no estudo da medicina científica, na cura de doenças que vão do sofrimento natural ao social. Portanto, a execução deste projeto, além de incentivar o cultivo das plantas medicinais e a utilização correta das técnicas de manejo, que possibilita às populações menos privilegiadas a aquisição de medicamentos sem efeito colaterais; medicamentos de baixo custo, proporcionando uma atividade lucrativa, através da venda de sua produção.

PROJETO : ALIMENTAÇÃO ALTERNATIVA Justificativa 60

A região amazônica, devido suas características peculiares, apresenta uma grande variedade de alimentos que são consumidos pela população, como as proteínas que vêm dos animais, peixes, mariscos e quelônios; as frutas que são rica em vitaminas, sais minerais e os carboidratos que vêm de outras fontes vegetais. Pensando na perspectiva de valorizar e explorar essa biodiversidade dessas espécies vegetais e animais, surge na Escola Bosque, como ação educativa, o Projeto de Educação Alimentar. Essa proposta cria condições de desenvolvimento econômico, social e cultural às comunidades das ilhas que compõem o município de Belém. Condizente com a proposta educacional da Escola Bosque, tendo em vista que a mesma objetiva principalmente contribuir para a formação de uma nova ética social e ambiental, a alimentação alternativa propicia o aproveitamento máximo dos alimentos, oportunizando à comunidade escolar um cardápio variado, de alto valor nutritivo com produtos regionais. Esclarece ainda, sobre os meios pelos quais esses alimentos são adquiridos, verificando junto à comunidade, a existência de espaços para a sua produção. Assim, o projeto de Alimentação Alternativa contribui para que a comunidade possa estabelecer uma fonte de informação dos alimentos mais convenientes para uma boa saúde, sobretudo porque uma boa saúde está interligada através de uma boa alimentação, até porque sabe-se que comer bem não significa comer tudo e que o bom aproveitamento dos alimentos melhora a qualidade de vida humana. Objetivos Gerais: Contribuir para que a Educação Alimentar que seja integrada por hábitos saudáveis, estabelecendo uma fonte de informação dos alimentos mais convenientes para uma boa saúde, Diagnosticando os princípios básicos da alimentação escolar e comunitária, como também intensificar na escola um programa de Educação Alimentar, com o aproveitamento integra! dos alimentos. Propiciando na prática alimentar um cardápio variado, de alto valor nutritivo, com produtos de nossa região. Detectando os hábitos alimentares da comunidade, os meios pelo qual são adquiridos esses alimentos, como também verificar a existência de espaços ( quintais,), para sua produção. Pois desta maneira, podemos produzir e conseguir alimentos de fácil aquisição, por um preço menor. Específicos: ♦ Diagnosticar os princípios básicos da alimentação escolar, introduzindo na escola a merenda alternativa, tendo o aproveitamento integral dos alimentos, com um cardápio variado, de alto valor nutritivo, de componentes de nossa região. 61

♦ Criar para os pais, professores e alunos, um ponto de apoio, por intermédio do qual possam modificar o destino das novas gerações, tornando-as mais bem alimentadas e portanto, mais sadias. ♦ Incentivar a produção de alimentos, assim cimo utilizar os mesmos na safra pela fácil aquisição, por um preço menor. . Metodologia Este projeto foi efetivado na escola no ano de 1996, tendo a participação dos alunos, professores e cornunitários, onde são realizadas ações de intercâmbio tais como cursos de: Alimentação Alternativa, Horta Comunitária, Pomar Doméstico, Plantas Medicinais, nas comunidades de Outeiro, como também nas ilhas adjacentes, para ocorrer a verdadeira função da Escola, que é Educar para a vida. A partir de uma diagnose foi constatado que a grande maioria das comunidades desconhecem o valor nutricional dos alimentos e por falta de informações, jogam fora as partes mais ricas dos alimentos, que são as cascas, talos, folhas de tubérculos e sementes, olhando que é lixo. Desenvolvemos ações, pela qual a Escola Bosque, juntamente com sua Coordenação

Comunitária,

uniu

forças

para

desenvolver

projetos,

para

o

bom

desenvolvimento dessas comunidades

PROJETO : LABORATÓRIO PEDAGÓGICO Justificativa O Projeto do Laboratório Pedagógico está articulado a uma proposta maior de educação ambiental na formação de educandos críticos, criativos, capazes de atuar no meio social numa perspectiva de melhoria na qualidade de vida tanto individual como coletiva. Nesta concepção situa-se a proposta do Laboratório Pedagógico, dentro de um trabalho voltado para subsidiar a prática cotidiana do professor e o sucesso na construção do conhecimento do educando. Objetivos ♦ Propiciar um espaço de construção de materiais pedagógicos interdisciplinares, visando o intercâmbio de idéias de profissionais da rede em benefício da melhoria da prática educativa. ♦ Investigar o processo de construção do conhecimento do educando; ♦ Criar estratégias de atendimento educacional complementar as atividades de sala de aula; 62

♦ Integrar as atividades desenvolvidas no laboratório de aprendizagem com o trabalho de sala de aula; ♦ Construir jogos pedagógicos dentro do enfoque da educação ambiental para subsidiar a prática pedagógica do professor de sala de aula. ♦ Realizar atividades pedagógicas dentro do enfoque da Educação Ambiental, possibilitando a aquisição do conhecimento do educando. ♦ Atender aos alunos do P.P.A- Plano Pedagógico de Apoio. Metodologia Entre outras atividades desenvolvidas, são oferecidas oficinas diversas que envolvem a teoria e a prática, buscando o aprender de forma lúdica, criativa, afetiva intensificando e ampliando o conhecimento socializado, confeccionando também, jogos pedagógicos dentro de uma perspectiva sócio-ambiental, onde são articulados as três habilitações (fauna,flora e ecoturismo) existentes na escola, os quais servirão de recursos alternativos aos educadores. •

PROJETO: NULAC – Núcleo de Linguagem Arte e Cultura

• Justificativa Uma escola alegre, prazerosa e educativa seria o espaço ideal para nossos alunos de classes populares onde muitas vezes por diversos fatores, trazem uma carga de agressividade muito grande, auto-estima abalada, algumas dificuldades de aprendizagem devido a fatores sociais, culturais e econômicos por que passam suas famílias como: desnutrição, separação de pais, semi-analfabetismo, situação econômica precária que obriga esses pais a saírem para o trabalho o dia todo deixando seus filhos sem um devido acompanhamento e com isso a mercê de más companhias que muitas vezes levam ao envolvimento com drogas e gangues. Essa realidade nos remete a um modelo de escola adequado a esse tipo de clientela, sendo assim, a Escola Bosque tendo como eixo norteador em seu projeto Pedagógico a Educação Ambiental, se preocupa com o tipo de homem (mulher) que se quer formar e cumprir sua função social na construção de cidadãos para atuarem nesta sociedade. Neste sentido o NULAC se propõe a oportunizar a vivência e o desenvolvimento das diversas linguagens, possibilitando a pesquisa e a divulgação das manifestações culturais, regionais e universais numa pesquisa sócio-ambiental. Busca resgatar a história do povo que aos poucos vem sendo esquecida e que tem grande riqueza cultural. A arte chega para expressar esta história, envolvendo os alunos, professores e comunidade, com a música, o teatro, a pintura, a cultura, a dança, poesia , etc, como fontes emanadoras de alegria, prazer e conhecimento numa perspectiva sócio-ambiental. 63

Objetivos ♦ Enfatizar a temática ambiental nas diversas atividades desenvolvidas pelo grupo. ♦ Promover e incentivar as produções artísticas pelos alunos e professores. ♦ Pesquisar, resgatando e valorizando a cultura amazônica e universal. ♦ Possibilitar o aprimoramento da sensibilidade estética através da ampliação da vivência artística. Metodologia O projeto NULAC tem suas ações desenvolvidas através dos subprojetos os quais buscam oportunizar o despertar da sensibilidade dos alunos enquanto ser humano. CRIARTE -

Através do teatro desenvolve atividades

GINGA DA LIBERDADE UIRAPURU –

– Através da capoeira

Através da música

MEHACRAN -

PROJETO: VIDEOTECA Justificativa Como a Escola Bosque pressupõe uma metodologia mais construtiva dentro de uma visão interdisciplinar voltada para a Educação Ambiental, é fundamental que utilize também, como apoio didático de sua prática metodológica, os recursos tecnológicos. Porém, não basta apenas eleger o (s) recurso (s), sem reconhecer sua eficiência na contribuição do processo de educação formal do educando. Entendendo que os recursos audiovisuais ocupam um lugar de hierarquia em relação a outros recursos, o Projeto Videoteca: um espaço de entretenimento, cultural e conhecimento, assume um lugar importante no processo ensino-aprendizagem dos alunos da Escola Bosque, podendo inclusive, provocar mudanças no contexto escolar, tornando-o mais atualizado e dinâmico. O acervo reúne aproximadamente 500 vídeos sobre questões relacionadas a preservação ambiental, História, Geografia, Ciências, Artes, O Negro, A Mulher, Racismo, a Ocupação do Solo Urbano e Rural, Saúde, Violência e outros. Objetivos 64

Tendo como objetivo a utilização do vídeo como recurso didático e auxiliar do professor no processo ensino-aprendizagem, a Videoteca é um espaço educativo para complementar as atividades desenvolvidas em sala de aula. O trabalho da Videoteca, se programado seletivamente, permite o desenvolvimento maior do potencial do educando, o que aliás é o objetivo de todo educador. No âmbito das artes, o espaço da videoteca servirá de divulgador da produção cinematográfica nacional e estrangeira, visto que a "sétima arte" constitui a linguagem artística visual mais completa e freqüentada de nossa época, constituindo importante fator

de

desbloqueio ou bloqueio ideológico. Outros Acervos ♦ TV Escola ♦

- Projeto Arte na Escola da Fundação Ioschp e a Universidade Federal do Pará., CEAL da Prefeitura Municipal de Belém.

Metodologia ♦

Firmará convênio com uma locadora, para subsidiar as sessões especiais como: Infantis, Cinema Brasileiro, Festival Oscarito, Relembrando o Oscar, Festival Charles Chaplin, Musicais e outros que acontecerá no auditório em dias alternados dependendo da disponibilidade do referido espaço.

♦ Apresentar vídeos educativos e produções cinematográficas; ♦ Atualizar a catalogação das fitas por temática; ♦ Reproduzir as fitas que já estão gravadas para ampliação do acervo da videoteca; ♦ Registrar as atividades realizadas nos diversos espaços da escola, para serem posteriormente editadas em fita. ♦ Empréstimo de acervo mediante preenchimento de um cadastro. PROJETO: BIBLIOTECA Projeto Organização e administração da Biblioteca O projeto tem por finalidade estabelecer a política de serviços da Biblioteca da Escola Bosque, da sua administração, atendimento e organização.

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Nele é exposto a importância deste organismo de informação voltado para uma nova visão do espaço, afastando a idéia apenas de guarda, empréstimo e consulta de livros, e indo além destes serviços. A Biblioteca é vista então como um espaço educativo com variedades de ações que devem ser efetivados a serviço de seu(s) usuário(s). É um espaço que se propõe a informar e produzir informação, que são fatores de desenvolvimento que movem o mundo com este trabalho, a Biblioteca objetiva proporcionar à comunidade escolar e profissional, acesso as informações sobre Educação Ambiental e Formal, despertando em ambos a construção do conhecimento da educação pela pesquisa, numa atitude dialógica. Assim também, como propiciar aos alunos e demais usuários, um leque de atividades culturais que estimule a construção e reconstrução do conhecimento cientifico, fomentando a iniciativa e inovando o cotidiano educativo.

PROJETO: ESCRITÓRIO PILOTO DE ECOTURISMO A iniciativa de implementar o Escritório Piloto de Ecoturismo, insere-se no contexto de fortalecimento do processo de formação e aprimoramento técnico-científico dos estudantes da Escola Bosque, aliada a busca de maior inserção na comunidade, ênfase nas ilhas de Belém, a efetivação de parcerias com órgãos públicos, iniciativas privada e entidade da Sociedade civil, articulação com a Rede Municipal de Ensino e ações integradas com a Prefeitura Municipal de Belém. A perspectiva é de que enquanto uma experiência piloto, o Ecoturismo possa constituir-se num locus de diálogo e trocas permanentes com outras agências formadoras, a exemplo da U.F.Pa, CEFET, CESEP, SENAC, e outros, com os órgãos e instâncias oficiais de turismo - Belemtur, Paratur e Conselho Municipal de Turismo, entidades da sociedade civil e iniciativa privada. Importante destacar que os objetivos, bem como as atividades a serem desenvolvidas ora propostos, são resultantes das atividades curriculares desenvolvidas, das pesquisas de campo como o Inventário da Oferta Turística e Pesquisa de Demanda na Ilha de Cotijuba, o Inventário Ambiental e Cultural da Ilha de Mosqueiro, da participação em eventos, do planejamento e condução de Trilhas Interpretativas nas ilhas de Jutuba, Mari-Mari e no Parque Ambiental de Mosqueiro, da recepção de grupos de visitantes e de escolas na Escola Bosque. O Escritório Piloto de Ecoturismo objetiva contribuir para o processo de formação e aprimoramento técnico-científico dos estudantes da Habilitação Técnico em Ecoturismo da Escola Bosque; Busca o estabelecimento de parceiros com órgãos públicos, iniciativa privada e

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entidades das sociedade civil; Promover ações integradas com a Rede Municipal de Ensino e órgãos da PMB e valorizar o patrimônio natural e cultural das ilhas de Belém. ECOTURISMO E CULTURA: A EXPERIÊNCIA DO AUTO DO CÍRIO DA ESCOLA BOSQUE Justificativa A Prefeitura Municipal de Belém através da Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira realiza pelo 6º ano consecutivo o Projeto Auto do Círio – com o tema: “Nas Trilhas da Fé”, que propõe como forma de exercitar e tornar próximo do aluno as manifestações culturais amazônidas, oportunizando o preparo de sua clientela para a função turística do Círio, uma vez que está localizada numa região onde a riqueza natural e cultural são os principais fatores para desencadear um desenvolvimento econômico, alicerçado pelo turismo, em lugar, da exploração direta de seus recursos naturais. Nessa perspectiva, a Escola Bosque com sua prática voltada para a Educação Ambiental, vem por meio do Escritório Piloto de Ecoturismo desenvolver neste projeto oficinas objetivando a fabricação de produtos que fazem parte da quadra nazarena como a confecção de terços de cerâmica e sementes, brinquedos populares entre outros, proporcionando assim o resgate e a valorização do artesanato paraense; palestras com temáticas alusivas ao Círio de Nazaré, além da celebração da trasladação e do círio, sob forma de cortejo pelas trilhas da Escola Bosque incluindo várias paradas nas quais são apresentadas diversas expressões culturais. Nesse conjunto, buscar a integração da questão ambiental em harmonia com a pluralidade cultural, aliada a fé emanada do povo, leva-nos a refletir, discutir e amadurecer a assertiva de que a humanidade necessita abrandar seus sentimentos em prol do bem comum, convergindo para um único destino: A Paz Mundial. Objetivo Proporcionar aos professores, alunos, funcionários da FUNBOSQUE, aos moradores da Ilha de Caratateua, aos visitantes e turistas e a comunidade belenense, um maior contato com as manifestações artístico-culturais paraense, como também mostrar a importância do Círio de Nazaré para o fomento da atividade turística. Metodologia O Projeto Auto do Círio envolve a comunidade escolar, moradores da Ilha de Caratateua e convidados de diversas instituições envolvidas com a preservação do patrimônio natural e 67

cultural, assim como o desenvolvimento regional, e outros órgãos, empresas voltadas para o fomento da atividade turística no Estado do Pará. Com o intuito de inicialmente realizarmos um planejamento participativo, o Escritório Piloto de Ecoturismo – EPE tem como premissa básica, a definição de ações educativas que contribuam para a soma de atividades direcionadas a realização do Auto do Círio, que inclui a realização de diversas oficinas destacando-se: produção de textos e gravuras, as de brinquedos populares; os de terços de cerâmica e sementes; arranjos com flores tropicais; expressões corporais.....; palestras com temáticas referentes a história do Círio, como também a relação do Círio de Nazaré com o turismo e a cultura popular além da trasladação e do Círio Ecológico realizada sob forma de cortejo pelas trilhas da Escola Bosque, no qual são apresentadas no percurso da romaria diversas performances que demonstram a visão poética e artística protagonizada por professores, alunos, funcionários, comunidade local, e distintos grupos culturais que retratam a magnitude da cultura regional amazônida.

Diagnóstico Participativo ♦ Envolvimento e participação efetiva dos alunos de todos os segmentos da Escola Bosque no cortejo da trasladação e do Círio Ecológico; ♦ Participação e envolvimento de professores, alunos funcionários da Escola Bosque, membros da comunidade de Tucumaeira e Cotijuba na realização das oficinas; ♦ Parcerias com diversas instituições do setor público e da iniciativa privada que apóiam a realização do Projeto Auto do Círio. Palestras E Oficinas ♦ Palestra: “A História do Círio de Nazaré” ♦ Palestra: “ O Círio de Nazaré e o Turismo” ♦ Palestra: “O Círio de Nazaré e a Cultura Popular” ♦ Oficina: Brinquedos Populares ( uso de material reciclado, garrafas pet, miriti....); ♦ Oficina: Terços de Cerâmica e Sementes; ♦ Oficina: Arranjos com Flores Tropicais; ♦ Oficina: Dicção e Expressão Corporal.

Resultados Obtidos

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♦ Elaboração de painéis com produção de textos e gravuras feitos pelos alunos da educação infantil até o ensino técnico profissional, incluindo os alunos do anexo da ilha de Cotijuba; ♦ Formação de agentes multiplicadores, na perspectiva de disseminar os condicionantes culturais que identificam o resgate e a valorização da cultura paraense no Auto do Círio; ♦ Sensibilização da comunidade escolar, acerca da relevância do Círio de Nazaré para o fomento da atividade turística; ♦ Valorização dos diversos grupos culturais que expressam a identidade cultural amazônida e colaboram nas apresentações do Projeto Auto do Círio. PROJETO: SALA DE LEITURA Justificativa: A leitura não se inicia somente quando entramos na escola; este processo se inicia na família e no meio sócio-histórico, onde esta se insere. O processo de leitura quando estimulado desde a infância propicia a formação de um ser mais criativo e crítico que expõe idéias e compreende o mundo que o cerca. Assim sendo observa-se que a sala de leitura tem muito a contribuir neste processo. Nesse sentido, todo investimento feito neste processo de estimulação será de suma importância para a melhoria da qualidade de vida do indivíduo, conscientizando-o ao uso racional dos recursos da natureza estabelecendo uma relação de respeito com meio o ambiente. Entendendo a sala de leitura como espaço privilegiado de construção do conhecimento e da cidadania buscaremos desenvolver atividades que desenvolvam a abordagem sócioambiental no e para além do espaço escolar. A Escola Cabana propõe o desenvolvimento de ações pedagógicas capazes de proporcionar aos alunos(as) uma educação integral voltada para a cidadania , para um processo dinâmico de transformação do conhecimento, uma vez que a escola poderá constituir-se num espaço-tempo de estímulo a reflexão, à troca de experiências, à leitura, ao debate e à produção própria numa linguagem interdisciplinar. Nessa perspectiva a sala de leitura é um espaço educativo que se destina `a construção do conhecimento; visando um fazer pedagógico significativo e compartilhado “ Mesmo numa época em que proliferam os recursos audiovisuais e as “máquinas” ou “mecanismos” de ensinar..., mesmo numa época em que a informática se impõe com todo o seu poder econômico e processual, pode-se (re) afirmar: Nada – equipamento algum – substitui a leitura” (RANGEL, 1995)

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O conceito de leitura vem se aprimorando no cotidiano acadêmico e prático: “ Vista num sentido amplo, independente do contexto escolar, e para além do texto escrito, permite compreender e valorizar melhor cada passo do aprendizado das coisas, cada experiências” (MARTINS,1991) “ Ler é saber que o sentido pode ser outro” (ORLANDI,1988) “Aprender a ler significa também aprender a ler o mundo, dar sentido a ele e nós próprios” (MARTINS, 1988) Esta perspectiva para o ato de ler permite a descoberta de características comuns e diferenças entre indivíduos, grupos sociais, as várias culturas, incentivando então a postura crítica do leitor. Podemos dizer então, que a leitura favorece a remoção de barreiras educacionais de que tanto se fala concedendo oportunidades mais justas de educação principalmente através da promoção do desenvolvimento da linguagem e do exercício intelectual. O trabalho interdisciplinar exige uma mudança de postura metodológica; e para isto é preciso estarmos em constante estudo em busca de fundamentar cada vez mais nossa prática pedagógica. A partir de estudos e debates realizados no nosso cotidiano escolar compreendemos que a Pedagogia de Projetos possibilita um trabalho mais contextualizado à realidade dos alunos(as), o que se configura no dia a dia na qualificação do nosso fazer pedagógico. Neste ano de 2002 o tema escolhido pelo coletivo da escola a ser trabalhado foi: “A vida na Terra: o futuro depende de nós”; o referido tema será o eixo central de nossas atividades na perspectiva de buscar uma interação com os projetos desenvolvidos pelos professores(as) no cotidiano da sala de aula. Objetivos: ♦ Proporcionar uma maior interação com o mundo da leitura formal e informal; ♦ Desenvolver o hábito e o gosto pela leitura; ♦ Contribuir na formação da cidadania interativa com o meio sócio-ambiental; ♦ Incentivar a criatividade e a ludicidade; ♦ Desenvolver a criticidade, a sensibilidade e a auto-estima; ♦ Contribuir para a superação das dificuldades dos alunos do P.P.A. (Plano Pedagógico de apoio); 70

♦ Propiciar maior interação entre o Projeto Sala de Leitura e as temáticas desenvolvidas nos projetos das turmas a serem atendidas. Plano de Ação: Entendemos que a metodologia é um dos pilares para atingirmos nossos objetivos . Neste sentido, faz-se necessário realizarmos um trabalho vinculado aos projetos desenvolvidos nas salas de aula, procurando envolver os alunos(as) como partícipe do processo da construção do conhecimento, apresentando as atividades de forma didática e clara, trabalhando com seu imaginário e espírito crítico e criativo. Procurando, sempre, sensibilizá-los para importância da Leitura nas nossas vidas. A nossa proposta de ação se apresentará como

uma fonte de contribuição e

interlocução dos projetos a serem desenvolvidos nas sala de aula pelos professores: Educação Infantil, CBI e CBII - 1º semestre 2002 Subtema: A Ilha de Caratateua e suas diversidades Inicialmente começaremos uma conversa informal e construção das regras de convivência na sala de Leitura. Em seguida conversaremos sobre o projeto da referida turma e apresentaremos nossa proposta de trabalho buscando o apoio desta para formatarmos e desenvolvermos as atividades propostas Educação Infantil: As professoras das turmas de Educação Infantil definiram no planejamento 2002 que trabalhariam com o Projeto: Cultura e Lazer na Ilha de Caratateua. Com o objetivo de trabalhar fazendo interlocução com o projeto destas turmas a Sala de leitura propõe: Trabalhar com contos e lendas regionais ( Boto, curupira, Açaí, Vitória Régia e Matinta Perera). Onde faremos a apresentação, interpretação e dramatização das referidas lendas. Tendo como culminância um livro com a coletânea dos melhores desenhos que retratam as lendas trabalhadas. CBI 2º ano CBI concluinte e CBII Projeto: Brincando e aprendendo com as diversidades da Ilha de Caratateua. Neste sentido propomos estar trabalhando com rimas poéticas, trava-línguas, histórias relacionadas à temática e culminaremos nosso trabalho com a confecção coletiva de um livro sobre as brincadeiras que eles(as) mais gostam. CBI concluinte e CBII iniciante 71

Projeto:

O processo de Colonização da Ilha de Caratateua.

O trabalho será

desenvolvido com temática identidade utilizando alguns livros do nosso acervo: O menino mais bonito do mundo; Diversidade; Eu nunca vou Crescer. Após este trabalho inicial, pretendemos construir coletivamente um mapa de identidade familiar das referidas turmas. CBII iniciante e CBII concluínte Projeto: Água . Começaremos nosso trabalho estudando a temática utilizando os seguintes livros do nosso acervo: Para Que serve a Água; O Ciclo da Água; A nuvem; Sou o Pingo d” Água. Faremos também uma interpretação da música de Guilherme Arantes : Planeta Água. A culminância deste trabalho será a construção coletiva de um livro com seguinte título: O Passeio da Gotinha CII iniciante e CBII concluinte Projeto: Turismo . Propomos estar trabalhando a produção textual a partir de cartões postais de Belém e Outeiro e revista VER-O-PARÁ. Como culminância propomos fazer um livro com coletânea dos melhores textos produzidos pelos alunos(as) CBII iniciante Projeto: Plantas Medicinais. Trabalharemos com produções textuais sobre a temática e culminaremos com a construção coletiva de um atlas das Plantas medicinais estudadas pelos alunos(as). CBI Projeto: Animais. Com esta turma, propomos trabalhar produções textuais sobre a temática a partir de alguns livros de nosso acervo que abordam o referido tema e, em especial, trabalharemos a metamorfose da Borboleta; seus aspectos psicológicos, a questão da identidade..., a transformação de comportamentos ... fazendo a culminância com a construção coletiva de um livro com o seguinte título: A história da Borboleta. CBII Projeto: Atividades Econômicas da Ilha de Caratateua. Neste sentido estaremos trabalhando produções textuais sobre a temática que culminará com uma cartilha sobre o assunto. 72

CBII Projeto Ocupação da Ilha de Caratateua. Logo, trabalharemos textos a cerca da temática que culminará com um álbum seriado sobre o assunto. Anexos (ILHAS) Projeto: A Ilha de (Cotijuba, Jutuba e Paquetá) e suas diversidades. Considerando a dificuldade de deslocamento dos professores da Sala de Leitura para as referidas Ilhas propomos duas atividades: 1ª

- Álbum seriado com o conto “Uma História meio ao

contrário”/2ª – Árvore Ambiental CBIII Considerando que existe um número muito grande de turmas deste ciclo faremos opção de trabalhar com duas turmas neste semestre e mais duas no próximo. Foi definido pelo coletivo dos professores(as) deste ciclo juntamente a Coordenação Pedagógica que as turmas a serem trabalhadas neste 1º semestre é a 504 e 604. O projeto destas turmas é O processo de colonização da Ilha de Caratateua. Diante desta temática trabalharemos produções textuais voltados para o tema assim como alguns aspectos sócio-linguísticos observados na comunidade das referidas turmas. A culminância do trabalho será a construção coletiva de uma revista de história em quadrinho com a referida temática. Vale ressaltar que o atendimento na sala de leitura será por turma, de 15 em 15 dias. Ou seja semanas alternadas: a primeira e a terceira semana de cada mês estaremos com as turmas e a Segunda e última semana de cada mês estaremos com os alunos(as) indicados pelo P.P.A (Plano Pedagógico de Apoio) PROJETO: BOM VERÃO LIXO NÃO Justificativa O acúmulo do lixo é um dos problemas mais sério em nossa sociedade desde o surgimento das primeiras cidades a cerca de 10 mil anos atrás. Ao longo desse período, as cidades cresceram significativamente , o que agravou o problema do lixo. As primeiras cidades tinham entre 3 a 5 mil habitantes, enquanto hoje as cidades possuem até 20 milhões de habitantes. Com o advento da revolução Industrial, no século XIX ( por volta de 1840-1850 ), o tipo 73

de lixo produzido pelos centros urbanos foi modificado. A sociedade industrial passou a produzir bens materiais inorgânicos e não biodegradáveis. Além disso, com o crescimento populacional, o volume de lixo nas cidades aumentou. Na metade do século XX, com a explosão populacional, o crescimento das cidades e o aumento do consumo, a produção de lixo aumentou consideravelmente. Todos nós produzimos lixo como resultado de nossas atividades ( restos de alimentos, embalagens descartáveis, papel, etc). Sabemos que algumas pessoas produzem mais lixo do que outras, mas no final todos nós somos responsáveis pelo lixo produzido. Cada pessoa em Belém produz mais de um quilo de lixo por dia ( exatamente 1,3 kg) e como sabemos o lixo urbano é um problema para a sociedade na medida em que ocupa espaços, prejudica o meio ambiente e ocasiona doenças. Todos os cidadãos podem contribuir com suas ações para a redução do lixo urbano. Ações individuais podem, ao longo do tempo, influenciar as políticas públicas locais, estaduais e federais. Nesse contexto a Escola Bosque enquanto Centro de Referência em Educação ambiental, oportunizou a efetivação do presente projeto que emergiu da necessidade de um trabalho na perspectiva de uma ação inversa a lógica urbana do aumento da produção e mau acondicionamento do lixo, que revela já fazer parte do cotidiano das Ilhas de Caratateua e Cotijuba e que se agrava no período de veraneio, em virtude da grande procura destes balneários por parte da população da região metropolitana de Belém e cidades circunvizinhas, possibilitando a sensibilização da comunidade através do reconhecimento dos problemas e conseqüências do tratamento incorreto para com o lixo produzido nas praias. Objetivos ♦ Sensibilizar a comunidade para os problemas sócio-ambientais das Ilhas; ♦ Intervir na problemática ambiental na busca de uma sociedade sustentável; ♦ Oportunizar práticas pedagógicas na educação formal e não formal; ♦ Fomentar atitudes corretas em relação a produção e acondicionamento do lixo; ♦ Divulgar formas de redução, reutilização e reciclagem do lixo produzido; ♦ Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos que residem e freqüentam a orla de Belém. Metodologia Teve como princípio a ação educativa e a participação de professores e alunos da Escola Bosque na Ilha de Caratateua e do Anexo da Faveira na Ilha de Cotijuba, sendo desenvolvido em etapas interdependentes. 74

1- Sensibilização ♦ Conversa com os alunos sobre os prováveis problemas sócio-ambientais das ilhas e possíveis forma de intervenção; ♦ Conversa com os coletores de lixo que atuam nas praias das Ilhas de Caratateua e cotijuba, visando a integração entre estes e os envolvidos no projeto. ♦ 2- Diagnóstico participativo ♦ Pesquisa de campo desenvolvida por alunos e professores; ♦ Reconhecimento da realidade local em suas múltiplas dimensões histórica, cultural e sócioeconômica; ♦ Mobilização de alunos, professores, coletores de lixo e comunidade, para discussão e adequação das propostas na busca de soluções para os problemas detectados nas praias. 3- Intervenção ♦ Palestra a comunidade: “Causas e conseqüências do acumulo de lixo nas praias”, ♦ Distribuição de cartazes educativos para serem afixados em restaurantes, bares e barracas da orla; ♦ Sensibilização corpo a corpo e entrega de material informativo sobre o lixo; ♦ Limpeza das praias e melhor acondicionamento do lixo produzido pelos veranistas; ♦ Integração entre escola , comunidade e veranistas através de passeio ciclístico, corrida ecológica, torneio esportivo, gincana e luau.. Resultados obtidos ( Em Anexo)

VI - AÇÕES COMPLEMENTARES •

Produção do livro e da peça “ RAÍZES DA AMAZÔNIA” A produção do livro e da peça teatral é o resultado do programa de cooperação entre a

Prefeitura Municipal de Belém e a Prefeitura de Pontassieve - Itália SINOPSE As vezes, o homem, movido pela ambição de ter se esquece do ser; quando procura o bem material só provoca o mal; quando não pensa, não sente; quando não reflete, não sabe que pode estar doente. 75

O homem ambicioso, na corrida pela riqueza acaba matando a natureza; na ânsia de desmatar, se esquece de plantar e, se ele não preservar, pode não se curar. “ Raízes da Amazônia “ procura mostrar a história de um homem ambicioso que só pensava em si próprio mesmo que tivesse que destruir para construir suas riquezas. Ignorava aos apelos da única filha que tanto amava a natureza. Um certo dia, seu destino e sua vida mudaram totalmente. Perdido, na imensa floresta e doente, defrontou-se com as entidades mitológicas e, na figura do índio, profundo conhecedor da flora amazônica tratou o homem com plantas medicinais e o salvou das doenças que o atormentava e de sua ambição. Ambientada na riqueza das figuras do Curupira, da sedução do Boto, da beleza da Vitória-régia e da força do Uirapuru, além dos poderes do Pajé e das plantas medicinais e de toda a floresta amazônica, encenamos “Raízes da Amazônia”. I Seminário Sócio-Ambiental nas Ilhas de Caratateua e Cotijuba O Projeto MEGAM, desenvolvido no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, sob a coordenação da Professora Edna Castro, tem como objetivo compreender as transformações ocorridas pela ação humana no Estuário Amazônico, prioriza abordagens no território da Região Metropolitana de Belém, sendo que algumas de suas pesquisas se desenvolveram e interagiram com atividades nas ilhas de Caratateua e Cotijuba. Tendo a escola Bosque anexos na porção insular de Belém, local onde se desenvolvem atividades de diversos órgãos de pesquisa e ensino, as quais resultam em produções e que, socializadas com professores da rede municipal de ensino, poderão ser instrumentos no processo de construção do conhecimento, a FUMBOSQUE o MEGAM o NAEA/UFPA organizaram este seminário que teve como objetivo repertoriar os estudos feitos e intensificar a interatividade sistemática entre pesquisadores e professores da rede municipal de ensino. •

Plano Emergencial Pedagógico: Uma alternativa ao sucesso escolar. O Plano Emergência Pedagógico –PEP. Surgiu a partir de discussões realizadas em

reunião pedagógica, no início do segundo semestre letivo, onde foram levantadas questões referentes a aprendizagem de alguns educandos oriundos principalmente de CBI e CBII. O plano foi desenvolvido pelos espaços e projetos da escola: Laboratório Pedagógico, Laboratório de Informática, Sala de Leitura, Clube de Ciências e NULAC ( Núcleo de Linguagem, Arte e Cultura) durante sete semanas.

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Pensamos num trabalho pedagógico voltados para atender os interessados educandos, algo que estimulasse o desejo de aprender. Nessas condições nos apoiamos em algumas lendas Amazônicas como por exemplo: Curupira, Açaí, Vitória Régia, Boto e Matinta Perera. As lendas se constituem, para muitos de nossos alunos em bagagem cultural própria de sua realidade, uma vez que o místico da ilha de Caratateua, onde fica a escola é muito presente. O próprio ambiente escolar possui aspectos que favorecem a relação com o cenária imaginário de muitas lendas. Outro condicionamento para a escolha do trabalho com lendas é que através delas os educandos, além de sistematizarem conhecimentos acadêmicos, estariam valorizando e resgatando aspectos de nossa cultura, uma vês que as lendas são narrações que apresentam caráter maravilhoso, onde fatos históricos são reelaborados pela imaginação popular. Objetivo Envolver os projetos e espaços num mutirão pedagógico utilizando as lendas amazônicas como importante fator de contribuição no processo ensino/aprendizagem dos alunos que seriam atendidos pelo PEP, desenvolvendo a leitura, a escrita e o raciocínio lógico matemático. Metodologia Iniciamos o projeto com uma conversa informal com todos os educandos envolvidos, no sentido de esclarecermos o significado do PEP, a necessidade de estarem fazendo parte do mesmo e a forma como o projeto estava organizado e a importância de algumas lendas, envolvendo as várias áreas do conhecimento. Feito isso os alunos foram distribuídos em grupos de 08 a 10 alunos, perfazendo um total de 117 , atendidos em horário inverso ao da sala de aula. Esses grupos foram denominados de Água, Fogo, Terra, Ar, Luz e Sol, acompanhados pelos professores para os respectivos espaços pedagógicos. ♦ Laboratório de Informática Educativa Desenvolveu suas atividades a partir de lenda amazônica “O Curupira” . Inicialmente era feita a leitura da lenda, posteriormente o aluno descrevia oralmente o que havia entendido sobre a lenda, o texto produzido oralmente ia para o computador para ser estruturado na linguagem escrita e receber os desenhos sobre a história. Ainda no computador, exploramos o software “Cidade da Matemática”, onde trabalhamos a interpretação e a resolução de problemas matemáticos. ♦ Laboratório Pedagógico 77

O

trabalho iniciou com uma conversa informal sobre a “Lenda do Açaí”, onde cada aluno

falou o que sabia sobre o assunto, em seguida reconstruíram a lenda através de textos ilustrativos. Exploramos o açaí como alimento, seu valor nutritivo e protéico bem como a cultura alimentar do povo paraense, quando foi elaborado o texto “Como eu gosto do açaí” . Após o entendimento sobre a lenda, os alunos refletiram sobre os impactos ambientais provocados pela retirada dos açaizais. Após essas considerações, os alunos elaboraram um texto sobre a importância dos açaizeiros para o homem e sua vida na terra. O conhecimento lógico matemático foi trabalhado de forma contextualizada. ♦ Brinquedoteca Inicialmente oportunizamos aos alunos explorarem o espaço de forma bem descontraída, para sua satisfação pessoal de prazer e alegria, satisfazendo a necessidade primeira do ser humano, que é a felicidade. Em seguida apresentamos a lenda a ser trabalhada “Lenda da Mandioca”, levando em consideração os conhecimentos prévios trazidos pelos alunos. Enfatizamos a importância que a mandioca exerce na alimentação em nossa região. Após isso, os alunos recriaram o texto, oralmente, na forma de desenho, bem como na produção textual. ♦ Clube de Ciências Iniciamos as atividades explorando o espaço Biologia, com visitas monitoradas, por ser este bastante estimulante para a prendizagem dos alunos. Em seguida, fizemos um breve diálogo, e atividades com bingos dos invertebrados, treino ortográfico, etc. Após esse primeiro momento apresentamos a “Lenda da Vitória-Régia”, quando foram feitas leituras e interpretações orais, assim como pesquisa das palavras desconhecidas no dicionário., após o que, cada aluno recriou o texto a partir de seu entendimento. Fizemos ainda, a abordagem de problemas matemáticos a partir da lenda. •

Sala de Leitura Desenvolvemos nosso trabalho a partir da “Lenda da Matinta Perera”com a qual

introduzimos atividades condizentes com as dificuldades dos alunos. A partir daí realizamos atividades votadas para a linguagem oral e escrita, imaginação e fantasia, atividades de concentração e raciocínio lógico individual e coletivo, atividades de recortes e colagens de jornais e revistas. A ludicidade também foi valorizada como meio de amenizar a “falta de interesse” presente em alguns alunos. •

Curso Militância Sócio Ambiental

78

Justificativa: O Centro de referencia em Educação Ambiental Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira ao longo de sua existência ,tornou-se não somente um centro de referencia em Educação Ambiental para a rede municipal de ensino ,como para além da fronteira do município de Belém ,Estado do Pará e até do Brasil , comprovado através de conquista de vários projetos premiados nacionalmente.

Nesse cenário ,o presente projeto “Militância Socio-Ambiental’ surgiu com a necessidade de instrumentalizar nossos alunos e comunidade a maior qualificação do “Exercício da Cidadania Ecológica” além de contribuir para participarem de eventos locais ,nacionais e, porque não internacionais como foi a “Rio + 10” que na época foi nosso tema gerador do projeto, onde alguns de nossos alunos foram selecionados a participarem dessa conferência. Nessa perspectiva o curso de Militância socio-ambiental tem como justificativa principal a formação socio-ambiental e política (“ética ecológica”), envolvendo não só alunos da Escola Bosque mas toda a comunidade da ilha de Caratateua e adjacentes, utilizando uma pedagogia crítica e ambientalista onde os educandos possam ter a competência de saber relacionar os elementos e conceitos sócio, históricos, ambientais e políticos transmitidos e construídos na relação processo ensino-aprendizagem, com seu cotidiano. Potencializando e qualificando esse educando ao “exercício da cidadania ecológica” , tendo a compreensão do desenvolvimento do Sistema Capitalismo Moderno ou sem fronteiras( processo de Globalização) tipicamente contraditório em seus vários aspectos. Diante dessa realidade descrita, nós professores da Escola Bosque propomos o projeto Militância Sócio-ambiental para contribuir positivamente no avanço da consciência crítica e sensibilização diante as questões da Educação Ambiental da população de nossa comunidade, além de atender os encaminhamentos de suas lutas com maior qualificação e obterem melhores resultados. Objetivos: O fazer pedagógico da Escola Bosque em consonância com os princípios da Escola Cabano prioriza o estudo da realidade da ilha de Caratateua e adjacentes no processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido a escola tem efetuado estudos relevantes a respeito da organização social da ilha, e seus efeitos em situações práticas de seu cotidiano, como por exemplo a relação da sociedade organizada da ilha com várias esferas de poder. Nessa perspectiva o projeto Militância Sócio-ambiental tem como objetivos gerais : ♦ Proporcionar oportunidades de socialização dos conhecimentos produzidos na Escola Bosque.

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♦ Integra de forma definitiva a Escola com a comunidade das ilhas através de práticas pedagógicas de ensino, pesquisa e extensão. ♦ Oportunizar a comunidade à comunidade escolar e sociedade civil organizada, eventos diversos direcionado a uma militância política objetivando conquistas sociais mais urgentes, assim como a formação de cidadãos com uma visão crítica global, contribuindo assim no processo de construção de uma sociedade sustentável dentro do conceito de “ecocidadania”. ♦ Buscar parcerias com organizações governamentais e não governamentais para o desenvolvimento de eventos, caracterizando assim um projeto de extensão. Objetivos Específicos : ♦ Cursos de capacitação dos alunos para participarem de eventos de abrangência local, nacional e internacional, como foi o caso da “Rio+10”. ♦ Curso de formação de agentes ambientais, capacitando nossos alunos à participarem do projeto “Bom Verão, Lixo não, desenvolvido pela escola durante o período de férias nas praias de Caratateua e Cotijuba. ♦ Cursos de capacitação dos representantes de turmas da Escola objetivando o processo de eleição do Conselho Escolar.

Metodologia : ♦ Os cursos são realizados na própria escola, com duração mínima de 80 horas, efetuadas através de blocos com temas específicos. ♦ Seminários com duração mínima de 8 horas realizadas tanto por professos da Escola Bosque, como convidados de outras instituições governamentais ou não governamentais. ♦ Oficinas envolvendo alunos da escola, comunidade monitorados por professores da escola e lideres comunitários.



NAP - NÚCLEO DE ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO

Justificativa : O NAP atua de forma interdisciplinar buscando atender os objetivos propostos, atendendo e orientando os alunos da escola, assim como suas famílias. Objetivos : ♦ Acompanhar de forma sistemática a aprendizagem dos alunos nos vários aspectos que envolvem o sujeito no processo do conhecimento, tais como: Cognitivo, Social, Afetivo e Comportamental. ♦ Proporcionar momentos de reflexão, auto conhecimento e acompanhamento, dos(as) alunos(as) para melhor relação com a escola e a inclusão deste neste espaço. 80

♦ Acompanhar os adolescentes e as crianças., buscando orienta-los para que possam superar as fases conflituosas, inerentes ao desenvolvimento humano. Metodologia : Através de oficinas, dinâmica de grupos, mini-cursos, participação em reuniões, palestras e atendimentos individuais e em grupo os nossos alunos; Além de visitas domiciliares às famílias de nossos alunos.



I Caminhada Ecológica Pela Paz A I Caminhada Ecológica pela Paz, coordenada pela Escola Bosque, encerrou a

programação da Semana do Meio Ambiente promovida por vário órgãos da Prefeitura Municipal de Belém. O evento aconteceu numa segunda –feira, por uma razão preocupante para toda a comunidade da Ilha, pois neste dia a violência sempre aumenta em Outeiro, em virtude das aparelhagens de som que se instalam na localidade para promover festas públicas. O evento teve a participação de aproximadamente mil alunos, além dos alunos da escola Bosque tivemos a participação das Escolas Municipais Monsenhor Azevedo do bairro de Itaiteua e Helder Fialho do bairro da Brasília e das Escolas Estaduais do Outeiro do bairro de São João do Outeiro e Geni do Bairro de Água Boa. •

PRÊMIOS RECEBIDOS



1999 - Projeto Açaí . Prêmio de incentivo ao ensino Fundamental – Mec e Fundação BUNGE.



200 – Projeto Ilha de Caratateua : um estudo sócio-ambiental .



2001 – Projeto A questão do lazer na Ilha de Caratateua.



PARCERIAS



SESAN – Projeto Biorremediação do aterro Sanitário do Aura.



SEMMA: PDAVE – Plano Diretor de Arborização (áreas verdes) com estágio remunerados para alunos do ensino profissionalizante.



EIDAI – Estágio remunerado para alunos do ensino técnico profissionalizante.



MPEG – Capacitação de professores.



NAEA/MEGAM – Pesquisa Sócio-Ambiental na ilha de Caratateua.



PREFEITURA DE PONTASIEVE E PMB – Produção de livro e peça sobre a cultura Amazônica.

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BIBLIOGRAFIA ARROYO, Miguel G. Da Escola Carente à Escola Possível,São Paulo – SP: Loyola, 1991. BOM TEMPO, E. Psicologia do brinquedo: Aspectos teóricos e metodologicos. Nova Stella, SP, 1986. CUNHA, N.H.S. Brinquedoteca: Um mergulho no brincar. Maltese, SP, 1992. DEMO, P. Política Social do Conhecimento: sobre futuros do combate à pobreza. Petrópoles, RJ: vozes, 2000. _______________Pobreza Política. 4 ed. São Paulo – SP: Autores Associados, 1994. ____________. Educação e Qualidade. 2 ed. Campinas - SP: Papirus, 1995. DIAS, G.F. Atividades interdisciplinares em Educação Ambiental. SP: Global, 1994. FREIRE – P. Conscientização: Teoria e Prática da Libertação – Uma Introdução ao Pensamento de Paulo Freire. 3. ed São Paulo – SP: Moraes, 1980. _____________. Pedagogia da Autonomia. SP: Paz e Terra, Coleção Leitura, 1996. GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã. 3 ed. São Paulo – SP: Cortez, 1994. _______________.Educação e Compromisso. 5 ed. São Paulo – SP: Papirus, 1995. GADOTTI, M e ROMÃO, J. E. Educação de Jovens e Adultos: Teoria Prática e Proposta. Cortez, SP, 1995. GIROUX, Henry. Escola Crítica e Política Cultural. 2 ed. São Paulo – SP: Cortez, 1988. KRAMER, S. POR ENTRE AS PEDRAS: ARMA E SONHO NA ESCOLA. Ática – SP. 1993. 82

__________. A POLÍTICA DO PRÉ-ESCOLAR NO BRASIL. 5ª edição, ed. Cortez, SP, 1993. LOUREIRO, C. F.; LAYRARGUES, P. P. & CASTRO, R. S. (org.). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. SP: Cortez. 2002. MEYER. M. A A Educação Ambiental : uma proposta pedagógica. Em aberto, Brasília. V. 10, n 49, p. 41-6, jan/mar. 1991. MOREIRA, E. OBRAS RESUMIDAS DE IDORFE MOREIRA. CEJUP, Belém –Pa. 1ª edição, 1989 . PILLETI, Nelson. Sociologia da Educação. 8 ed. São Paulo – SP: Moraes Ltda, 1989. RATTNER, H. Globalização, Pobreza e Meio Ambiente. In: VIEIRA, P. F. & MAIMON, D. (org.). As Ciências Sociais e a Questão Ambiental: rumo à interdisciplinaridade. Belé – APE, UFPA, NAEA, 1993, p. 175-88. REIGOTA, M. A Floresta e a Escola: por uma educação ambiental pós-moderna. SP: Cortez. 1999 ____________ Meio Ambiente e Representação Social. SP: Cortez. 1995 SAVIANI, D. Educação: do senso comum a consciência filosófica. SP: Cortez, 1996, p 224. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Projeto Político-Pedagógico: Um olhar que resignifique a Educação Municipal de Belém. Documento do I Fórum deEducaçãoda Rede Municipal de Ensino de Belém realizado de 15 a 17 de dezembro de1997. SECRETARIA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. Em busca da Unidade Perdida:Totalidades de Conhecimento – Um Currículo em Educação Popular. Cadernos Pedagógicos nº 8, 2ª edição Revista ampliada, 1996. BRASILEIRO, A.L.P. Proalfa-Relatório de Avaliação da 1ª etapa, Belém-Pará,1998. SILVA, L.H e AZEVEDO, J.C. (org.) Reestruturação Curricular: Teoria e prática no 83

Cotidiano da Escola. VEIGA, Ilma Passos A (org.) Projeto Político Pedagógioco: Uma construção possível. 2ª ed. Campinas – SP: Papirus, 1996. VYGOTSKY, L.S, .A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE. 5ª edição. SP. Martins Fontes, 1994. ________________.PENSAMENTO E LINGUAGEM. SP. Martins Fontes, 1993.

WEBER, Max. Conceitos Básicos de Sociologia. São Paulo – SP: Moraes Ltda, 1989.

84

A N E X O S

85

ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

1 Português

Á R E A S D O C O

REDES DE CONHECIMENTOS 2 2 3 4 5 6 7 4 4 4

8 4

Conhecimento

Ling. Estrang.

2

2

2

2

Da

Arte

2

2

2

2

ção Ed. Física

2

2

2

2

Ciências

3

3

3

3

Matemática

4

4

4

4

História

3

3

3

3

Linguagem e Expressão

Conhecimento

Educa

Do Mundo FisicoNatural

N H

Conhecimentos Históricos

86

E

Geograficos,

C

Político e Social

Geografia

Complemento

Informática

Curricular

Educativa

3

3

3

3

2

2

2

2

25

25

25

25

I M E N T

TOTAL

O

ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL

Área com dimensão interdisciplinar

Linguagem

CBI

CBII

CBIII

CBIV

Língua Portuguesa

X

X

4

4

Língua Estrangeira Moderna

-

-

2

2 87

Educação Física

-

-

2

2

Educação Artística

-

-

2

2

X

X

3

3

X

X

4

4

Estudos sociais

X

X

-

-

Ciências

História

-

-

3

3

Da

Geografia

-

-

3

3

Sociedade

Cultura Religiosa

-

-

1

1

Informática Educativa

X

X

X

X

Carga Horária Semanal

20

20

24

24

Carga horária Anual

800

800

880

880

Ciências da Natureza

Ciências Matemática

Complemento Curricular

88

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